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A administração como fato e sistema Natureza da ação administrativa Que é fato administrativo? Elementos do fato administrativo A decisão como elemento estruturante do fato administrativo A decisão e seus pressupostos sistemáticos A eficácia: lógico-matemático A comunicação: social O tempo: histórico Funções do tempo social O fato administrativo é um fato social Administração como sistema Problemas éticos da organização Ética da responsabilidade e consentimento Alienação, novo tema da teoria administrativa A auto-alienação no trabalho “Lealdades e identificação organizativa” (Simon) A organização e o ambiente externo A informação como unidade do processo organizativo Os perigos da superconformidade Qual a moral das organizações?
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ADMINISTRAÇÃO E CONTEXTO BRASILEIRO
Guerreiro Ramos (1983)
Capítulos 1 e 2
Compilado por: Givanildo Silva
Livro
• Capítulo 1: A administração como fato e sistema
• Capítulo 2: Natureza da ação administrativa
• Capítulo 5: Natureza e as funções da burocracia do ponto de vista estratégico
Administração como fato e sistema
• O estudo científico da administração é uma categoria de totalidade, com a superação da anarquia de escolas e correntes, com aspectos parciais.
• Imperativo considerar a sua concreta complexidade, como as suas relações com as outras esferas da vida social.
Administração como fato e sistema
• A administração é pluridimensional devido a complexidade do fenônemo, aos seus distintos elementos em recíproca relação.
• Uma visão integrada de diferentes pontos de vista.
• Elementos não materiais, como a decisão (Herbert Simon).
• A nota teoria administrativa tende a ser integrativa e estruturalista (Etzioni).
Que é fato administrativo?
• É um complexo de elementos e de suas relações entre si, resultante e condicionante da ação de diferentes pessoas, escalonadas em diferentes níveis de decisão, no desempenho de funções que limitam e orientam atividades humanas associadas, tendo em vista objetivos sistematicamente estabelecidos.
Ação administrativa
• Max Weber chamou “ação social com relação a fins”, tem limites e orientação, visto que seleciona e combina meios para atingir objetivos, devendo ser arguida pelo critério da racionalidade funcional. Divergente a racionalidade substantiva de Weber (capítulo 5).
Elementos do fato administrativo
• Fato administrativo como aspecto particular da realidade social, três ordens de elementos:
1.Aestruturais
2.Estruturais
3.Estruturantes
Os elementos aestruturais
a) A morfologia material do fato administrativo: as instalações de toda espécie, ferramentas, máquinas, aparelhos, prédios, móveis, acomodações, veículos, matérias primas
b) A força de trabalho.
c) As atitudes individuais e coletivas.
Os elementos estruturais ou configurativos
• Internos: a estrutura organizacional, linhas de autoridade, as competências, as hierarquias funcionais, e os grupos.
• Externos:
1.Grau: associações, sindicatos e classes sociais.
2.Grau: a sociedade global (ação direta)
3.Grau: a sociedade mundial (totalidade)
A decisão como elemento estruturante do fato administrativo
• Elemento dinâmico e intervencionista. Articula os elementos aestruturais e os estruturais entre si e uns com os outros, assim, asseguram a forma da empresa.
• “Os processos administrativos [...] são processos decisórios” (Simon).
• A decisão é variável-dependente e seu peso específico muda a grandeza de uma situação para outra.
A decisão e seus pressupostos sistemáticos
• A eficácia: lógico-matemático
• A comunicação: social
• O tempo: histórico
Eficácia como pressuposto matemático da decisão
• Eficiência: “modelo da máquina”, maximização da produtividade, Taylor, homem autômato, estrutura autoritária, maximização do lucro
• Eficácia (mais além da eficiência): motivação do indivíduo, qualidade democrática, um serviço à coletividade. Atitudes positivas em relação à empresa, funcionários, cliente e público.
Comunicação como pressuposto social da decisão
• A comunicação é necessária para que a decisão obtenha a relativa estabilidade do equilíbrio entre os elementos da organização.
• Fluxo de mensagens, informações e sinais
• Vertical: descendente e ascendente
• Horizontal: interdepartamental
Comunicação como pressuposto da decisão
• Controle retroativo ou feedback
• Circuito ou corrente circular de informações de que resulta o comportamento.
• A decisão bem-sucedida se baseia no princípio da retroação ou controle retroativo.
Tempo como pressuposto histórico da decisão
• Extrínseco: mero parâmetro ou quadro dos fenômenos.
Galileano, newtoniano e einsteiniano
• Intrínseco: ou essencial, complexo, dos fenômenos sociais e humanos.
Depende da intensidade, confiança e reciprocidade.
Tempo social
• “O tempo é um conceito, e este conceito é construído pelo indivíduo sob a influência da sociedade em que vive” (Mary Sturt).
• A percepção do tempo é afetada por fatores sociais e culturais.
Funções do tempo social
I. Sincronizar ou coordenar as sequenciais ligações de um fenômeno sócio-cultural, por meio de outros que são tomados como ponto de referência
II. Organizar o tempo-sistema de modo a se estabelecer a sua continuidade sócio-cultural
III. Refletir a pulsação dos sistemas sócio-culturais, facilitando os ritmos necessários ao seu funcionamento
Tempo como pressuposto histórico da decisão
• Quanto mais se torna efetivo o processo de mundialização da vida dos povos, menor é a vigência do padrão local de temporalidade, e mais urgente se torna a uniformização, em escala universal, dos critérios de medir o tempo (Sorokin).
Tempo como pressuposto histórico da decisão
• O homem cordial brasileiro não procura apenas deixar para amanhã as resoluções que deve tomar; ele descaracteriza o que existe de mais típico na burocracia, pois não age segundo os padrões racionais inerentes à burocratização.
Tempo como pressuposto histórico da decisão
• O fatalismo e a passividade dos brasileiros são efeitos de suas experiências de socialização, a qual desencoraja a iniciativa independente e a autoconfiança dos indivíduos (Rosen).
• “Pontualidade, ordenação, persistência não estão profundamente enraizadas no Brasil. [...] os brasileiros não estão acostumados a trabalhar em situações altamente organizadas (Rosen).
Reflexão sobre o tempo
• “Medir, contar o tempo é próprio da linha de produção, e acaba por transferir-se para a esfera privada dos seres humanos, principalmente em sociedades industrializadas. O tempo não despendido com a produção, ou não controlado pelo mercado, é considerado perdido, e nesse sentido a velocidade é estimulada. Para quê?, dever-se-ia acrescentar. Anda-se depressa para chegar aonde?” A nova ciência das organizações. Guerreiro Ramos.
O fato administrativo é um fato social
• Características do fato social:
1.Sua exterioridade em relação às consciências dos indivíduos
2.A ação coercitiva que exerce ou é suscetível de exercer sobre tais consciências
• Distorção: fisicalismo, a equiparação da sociologia a uma física social
(Durkheim, “as regras do jogo metodológico”)
O fato administrativo é um fato social
• Aos fatos sociais é atribuída uma “existência própria, independente de suas manifestações individuais”
• É inadmissível uma reificação do fenômeno social.
(Durkheim, Les Règles)
O fato administrativo é um fato social
• Os fatos administrativos satisfazem o requisito que Dukheim sintetiza com o termo coerção. Eles se incluem entre os mais impositivos dos fatos sociais.
• Ninguém logra furtar-se ao alcance de sua força coercitiva. São, pois, fatos sociais.
(Theodoro Litt)
Administração como sistema
• Consideramos o fato administrativo como totalidade aberta, ou totalização, isto é, como conjunto de elementos e interações, conjunto no qual um aspecto interno e outro externo são teoricamente distintos mas, de fato, se influenciam reciprocamente.
(Durkheim, Les Régles de la méthode sociologique)
Administração como sistema
• A teoria administrativa só atingirá maturidade científica quando assimilar a categoria de totalidade.
• Examinar o fato administrativo à luz da totalidade significa dizer:
1.Que sua estrutura interna consta de elementos e camadas distintas, em recíproca relação.
2.Que o constituem também as suas relações externas com outros elementos sociais.
Capítulo 2 – Conceito de ação administrativa
• Alguns aspectos do conhecimento:
1.Os estatutos normativos do trabalho não se podem confundir com os estatutos normativos da vida humana em geral.
2.A percepção de que eficiência e produtividade são fenômenos mais complexos do que supunha a teoria tradicional (Elton Mayo).
3.A consciência de que é necessário conhecer de modo sistemático a influência do ambiente externo sobre as organizações.
Tipos de ação social
1. Racional no tocante aos fins
2. Racional no tocante aos valores
3. Afetiva: estados emotivos, sentimentais
4. Tradicional: por costumes
• A racionalidade substantiva é estreitamente relacionada com a preocupação em resguardar a liberdade.
Natureza da ação administrativa
• O fazer carreira implica auto-domínio, auto-racionalização da conduta de quem a pretende, que afeta sua vida fora do trabalho e até a sua vida interior.
• Onde a divisão social do trabalho se encontra em avançado estágio, torna-se predominante o princípio da “carreira”.
Natureza da ação administrativa
• A racionalidade que a tecnologia e a industrialização difundem, quando entregues a um processo cego, é a que submete o homem a critérios funcionais, antes que substanciais, de entendimento e compreensão.
Natureza da ação administrativa
• A industrialização tem agravado o caráter concentracionário de nossa época.
• Restringe a propriedade a poucos.
• Concentra o poder de decidir e organizar.
• Excluindo a maioria dos indivíduos a possibilidade de decidir.
• Debilitando a racionalidade substancial.
Problemas éticos da organização
• A estruturação do “consentimento” com o objetivo de torná-lo menos alienativo, pode beneficiar-se de orientações, diretrizes, métodos e processos, indicados pelos estudiosos de organização e de administração, preocupados com esta sorte de problemas humanos.
Ética da responsabilidade e consentimento
• A ética da responsabilidade é ingrediente de toda ação administrativa. É o seu conteúdo subjetivo por excelência.
• A ética da organização é a ética da responsabilidade, embora ela nunca deixe de ser, de certo modo, influenciada pela ética da convicção.
Ética da responsabilidade e consentimento
• Seis esferas de consenso:
1.Valores gerais da sociedade
2.Objetivos da organização
3.Meios, normas ou táticas
4.Participação na organização
5.Especificações de execução
6.Perspectivas de conhecimento dos fatos
Ética da responsabilidade e consentimento
• “Relação na qual um ator se conduz de acordo com uma diretiva formulada por um agente de poder, ou como orientação de ator subordinado no tocante ao poder aplicado” (Etzioni).
• Conceitos das estruturas de consentimento: poder, envolvimento, alienação e compromisso.
Definição de ação administrativa
• É a modalidade de ação social, dotada de racionalidade funcional, e que supõe estejam os seus agentes, enquanto a exercem, sob a vigência predominante da ética da responsabilidade.
• A razão da ação administrativa é a eficácia, a operação produtiva de uma combinação de recursos e meios, tendo em vista alcançar objetivos predeterminados e contingentes.
Definição de ação administrativa
• A organização e a ação administrativa tendem, com o progresso histórico-social, a procurar como objetivo limite, conciliar a eficiência com a racionalidade substantiva.
Alienação, novo tema da teoria administrativa
• Condições estruturais de nossa época, em que a ciência e a cultura, democratizando-se, em escala nunca vista, estimula crescente número de pessoas a pretender projetar o curso de suas vidas.
• Contudo, as relações entre indivíduos, e entre grupos, na organização, não se passam “antissepticamente limpas” de política e de vontade de poder (Pfiffner-Sherwood).
Alienação, novo tema da teoria administrativa
• Dois polos de envolvimento (Etzioni):
1.Compromisso ou envolvimento positivo
2.Alienação ou envolvimento negativo
• A concepção do envolvimento está permeada por um julgamento ético, e numa “sadia organização”, o compromisso prevalece sobre a alienação.
A auto-alienação no trabalho
• Estado psicológico que se verifica em organizações em que o indivíduo é tratado como unidade abstrata, força de trabalho, mero instrumento passivo que, em troca de salário, cumpre tarefas, segundo especificações autocraticamente determinadas.
• A organização se conduz com restrita tolerância às convicções do indivíduo.
“Lealdades e identificação organizativa” (Simon)
• “A sociedade organizada impõe ao indivíduo por meio da identificação, o esquema de valores sociais em lugar de seus motivos pessoais.
• Uma estrutura organizada é socialmente útil na medida em que o modelo de identificação que cria, produz uma correspondência entre os valores sociais e os valores da organização”.
Alienação e poder
• A mais grave alienação consiste em não ter consciência da alienação.
• Representa privação de poder, ou em que os alienados nada mais são que agentes passivos de comandos, ordens e decisões.
• Processo decisório que não exclua nenhum agente da ação administrativa de um papel ativo.
A organização e o ambiente externo
• Organização é “pluraridade de partes que se mantêm a si mesmas mediante suas interrelações e realizam objetivos específicos, e que, ao lograr e, adaptam-se ao ambiente externo, desse modo assegurando o estado interrelacionado de suas partes” (Argyris).
A informação como unidade do processo organizativo
• “Relação sistemática entre fatos” (Deutsch).
• Não existe, pois, informação desvinculada de um sistema ou esquema de relações.
• A informação não é um dado portador de sentido imanente.
A informação como unidade do processo organizativo
• A direção (consciência da organização) são transmitidas informações que lhe habilitam avaliar o seu grau de eficácia e, portanto, a corrigir os desajustamentos emergentes, mediante a emissão de novas instruções.
Os perigos da superconformidade
• Viciando o sistema de informações da organização, acaba constituindo-se em fator de resistência a mudanças, ou em fator de imobilismo (Merton).
• “Sensibilidade” é o reconhecimento do caráter criador da tensão entre a ética da responsabilidade e a ética da convicção.
• Os grupos informais introduzem um elemento de flexibilidade na organização e, por isso, devem ser tolerados.
Qual a moral das organizações?
• Qual a razão das organizações? Numa sociedade onde se apresentam como porta-vozes do mercado, e onde este perde os seus limites para confundir-se com ela, sociedade, a moral e a razão vigentes nas organizações são as da produção, conforme ditadas pela conveniência do mercado.
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