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Análise do panorama jornalístico brasileiro em relação ao advento da cibercultura: como os jornais realizam a transição do impresso para o online; redes sociais; mobile; interação com o leitor; práticas emergentes. Análise dos jornais Folha de SP, Estadão, O Globo, Estado de Minas, G1 e New York Times. Projeto de Pesquisa realizado por Denise Eler, Dunya Azevedo, Francisco Machado, Karine, Pedro Leone e Rosi Benini. Universidade Fumec. cibercultura-e-jornalismo arroba googlegroups.com
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1
UNIVERSIDADE FUMEC
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E
FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA
Coordenadores: Denise Eler, Dunya Azevedo
Bolsistas: Francisco Machado, Karine Feibelmann, Pedro Leone , Rosiane Benini
Cibercultura e práticas estabelecidas e
emergentes no jornalismo impresso e online Propic 2009/2010
Belo Horizonte
2010
2
Sumário
I. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 06
II. REFERENCIAL TEÓRICO: DA CULTURA ORAL À CIBERCULTURA ....................... 10
2.1 Cultura oral e cultura escrita ............................................................................................ 11
2.2 Cultura de massas e cultura de mídias .............................................................................. 15
2.3 Cibercultura – Convergência de mídias .......................................................................... 20
2.3.1 O hipertexto ............................................................................................................... 21
2.3.2 Elementos originais da cibercultura – bancos de dados, imagens de síntese e programas ............................................................................................................................ 23
2.3.3 Cibercultura ............................................................................................................... 25
III. ESTUDO EMPÍRICO .......................................................................................................... 30
3.1. Estado de Minas ............................................................................................................. 32
3.1.1 Posicionamento da marca .......................................................................................... 43
3.1.2 Estrutura do jornal – Impresso .................................................................................. 44
3.1.2.1 Cadernos ............................................................................................................ 44
3.1.2.2 Primeira Página ................................................................................................. 45
3.1.3 Estrutura do jornal - Online ....................................................................................... 46
3.1.4 Elementos de hipertextualidade – Impresso .............................................................. 50
3.1.5 Elementos de hipertextualidade – Online .................................................................. 50
3.1.6 Códigos de superfície – Impresso ............................................................................. 51
3.1.7 Códigos de superfície – Online ................................................................................. 54
3.1.8 Interação com o leitor – Impresso ............................................................................. 54
3.1.9 Interação com o leitor – Online ................................................................................. 54
3.1.10 Convergência de mídias – Impresso ........................................................................ 56
3.1.11 Convergência de mídias – Online ........................................................................... 56
3.1.12 Presença online extra site ........................................................................................ 57
3.1.13 Formas opcionais de visualização e filtros de conteúdo ......................................... 57
3.1.14 Publicidade – Impresso ........................................................................................... 58
3.1.15 Publicidade – Online ............................................................................................... 58
3.2. Folha de São Paulo .......................................................................................................... 59
3.2.1 Posicionamento da marca .......................................................................................... 59
3.2.2 Estrutura do jornal – Impresso .................................................................................. 60
3.2.2.1 Cadernos ............................................................................................................ 60
3.2.2.2 Primeira Página ................................................................................................. 60
3
3.2.3 Estrutura do jornal – Online ...................................................................................... 61
3.2.3.1 Seções ................................................................................................................ 61
3.2.3.2 Primeira Página ................................................................................................. 63
3.2.4 Elementos de hipertextualidade - Impresso .............................................................. 64
3.2.5 Elementos de hipertextualidade – Online .................................................................. 65
3.2.6 Códigos de superfície – Impresso ............................................................................. 67
3.2.7 Códigos de superfície – Online ................................................................................. 71
3.2.8 Interação com o leitor – Impresso ............................................................................. 74
3.2.9 Interação com o leitor – Online ................................................................................. 74
3.2.10 Convergência de mídias – Impresso ........................................................................ 75
3.2.11 Convergência de mídias – Online ........................................................................... 76
3.2.12 Presença online extra site ........................................................................................ 77
3.2.13 Formas opcionais de visualização e filtros de conteúdo ......................................... 78
3.2.14 Publicidade – Impresso ........................................................................................... 79
3.2.15 Publicidade – Online ............................................................................................... 80
3.3. Estado de São Paulo ........................................................................................................ 80
3.3.1 Posicionamento da marca .......................................................................................... 80
3.3.2 Estrutura do jornal – Impresso .................................................................................. 82
3.3.2.1 Cadernos ............................................................................................................ 82
3.3.2.2 Primeira Página ................................................................................................. 82
3.3.3 Estrutura do jornal – Online ...................................................................................... 83
3.3.3.1 Seções ................................................................................................................ 83
3.3.3.2 Primeira Página ................................................................................................. 85
3.3.4 Elementos de hipertextualidade - Impresso .............................................................. 86
3.3.5 Elementos de hipertextualidade – Online .................................................................. 86
3.3.6 Códigos de superfície – Impresso ............................................................................. 87
3.3.7 Códigos de superfície – Online ................................................................................. 89
3.3.8 Interação com o leitor – Impresso ............................................................................. 91
3.3.9 Interação com o leitor – Online ................................................................................. 91
3.3.10 Convergência de mídias – Impresso ........................................................................ 92
3.3.11 Convergência de mídias – Online ........................................................................... 92
3.3.12 Presença online extra site ........................................................................................ 92
3.3.13 Formas opcionais de visualização e filtros de conteúdo ......................................... 92
3.3.14 Publicidade – Impresso ........................................................................................... 93
3.3.15 Publicidade - Online ................................................................................................ 93
3.4. O Globo ........................................................................................................................... 94
4
3.4.1 Posicionamento da marca .......................................................................................... 94
3.4.2 Estrutura do jornal – Impresso .................................................................................. 95
3.4.2.1 Cadernos ............................................................................................................ 95
3.4.2.2 Primeira Página ................................................................................................. 95
3.4.3 Estrutura do jornal – Online ...................................................................................... 96
3.4.3.1 Seções ................................................................................................................ 96
3.4.3.2 Primeira Página ................................................................................................. 98
3.4.4 Elementos de hipertextualidade - Impresso .............................................................. 99
3.4.5 Elementos de hipertextualidade – Online .................................................................. 99
3.4.6 Códigos de superfície – Impresso ........................................................................... 101
3.4.7 Códigos de superfície – Online ............................................................................... 102
3.4.8 Interação com o leitor – Impresso ........................................................................... 105
3.4.9 Interação com o leitor – Online ............................................................................... 105
3.4.10 Convergência de mídias – Impresso ...................................................................... 106
3.4.11 Convergência de mídias – Online ......................................................................... 107
3.4.12 Presença online extra site ...................................................................................... 108
3.4.13 Formas opcionais de visualização e filtros de conteúdo ....................................... 110
3.4.14 Publicidade – Impresso ......................................................................................... 110
3.4.15 Publicidade - Online .............................................................................................. 111
3.5. The New York Times .................................................................................................... 112
3.5.1 Posicionamento da marca ........................................................................................ 112
3.5.2 Estrutura do jornal ................................................................................................... 112
3.5.2.1 Seções .............................................................................................................. 112
3.5.2.2 Primeira Página ............................................................................................... 113
3.5.3 Elementos de hipertextualidade .............................................................................. 114
3.5.4 Códigos de superfície .............................................................................................. 114
3.5.5 Interação com o leitor .............................................................................................. 117
3.5.6 Convergência de mídias .......................................................................................... 120
3.5.7 Presença online extra site ........................................................................................ 120
3.5.8 Formas opcionais de visualização e filtros de conteúdo ......................................... 120
3.5.9 Publicidade .............................................................................................................. 123
3.6. G1 ................................................................................................................................... 123
3.6.1 Posicionamento da marca ........................................................................................ 123
3.6.2 Estrutura do jornal ................................................................................................... 124
3.6.2.1 Primeira Página ............................................................................................... 124
3.6.3 Elementos de hipertextualidade ............................................................................... 128
5
3.6.4 Códigos de superfície .............................................................................................. 132
3.6.5 Interação com o leitor .............................................................................................. 133
3.6.6 Convergência de mídias .......................................................................................... 137
3.6.7 Presença online extra site ........................................................................................ 137
3.6.8 Formas opcionais de visualização e filtros de conteúdo ......................................... 140
3.6.9 Publicidade .............................................................................................................. 141
IV. PRÁTICAS ESTABELECIDAS E TENDÊNCIAS NO JORNALISMO IMPRESSO E ONLINE .................................................................................................................................... 142
V. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 151
VI. BIBLOGRAFIA ................................................................................................................. 154
VII. ANEXOS ................................................................................................................................
7.1. Wireframes e Gráficos ..........................................................................................................
7.2. Glossário...............................................................................................................................
6
I. INTRODUÇÃO
Uma transformação tecnológica de dimensões comparáveis ao surgimento do alfabeto está
mudando profundamente o caráter da comunicação na sociedade contemporânea. Por integrar
textos, imagens, áudio em uma rede interativa global, que pode ser acessada e modificada de
vários pontos do planeta, a internet altera de forma fundamental a nossa cultura.
A informação é a matéria prima da sociedade globalizada, definida por Manuel Castells como
sociedade informacional - caracterizada por toda a conjuntura que permeia o mundo a partir dos
anos 1990 e que possibilita a convergência das mídias de forma ampla e multicêntrica, em um
sistema comunicacional interativo. Vivemos em uma sociedade profundamente influenciada
pela cibercultura - conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, atitudes, de modos
de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento da rede mundial
de computadores (LEVY, 1999).
De acordo com Castells (1999, p. 79), a produção, distribuição e intercâmbio de dados
digitalizados através de um sistema integrado de comunicação traz conseqüências importantes
para os processos sociais. A inclusão da maioria das expressões culturais na internet
“enfraquece de maneira considerável o poder simbólico dos emissores tradicionais fora do
sistema, transmitindo por meio de hábitos sociais historicamente codificados: religião,
moralidade, autoridade, valores tradicionais, ideologia política”.
Neste contexto, em que a informação é o maior bem simbólico e espinha dorsal da sociedade, o
jornalismo sofre profundas transformações. O advento da internet está provocando grandes
mudanças nas empresas jornalísticas, deslocando leitores e anunciantes para o ambiente online,
onde a participação do usuário e a interatividade ganham dimensões sem precedentes. O
segmento está passando por um período de transição para se adaptar às novas configurações do
mercado e a um novo perfil de público. Paralelamente à expansão do jornalismo online a partir
da década de 1990, inicia-se um movimento de redefinição das funções do jornal impresso. A
redução das receitas com publicidade tem provocado uma crise no setor editorial, onde várias
publicações têm procurado solucionar seus problemas financeiros com fusões e aquisições de
empresas.
Tendo como base estudos teóricos para a compreensão do fenômeno da cibercultura, esta
pesquisa investiga as práticas emergentes relativas aos aspectos formais e interativos de quatro
7
grandes jornais brasileiros, em suas vertentes impressas e online (Estado de S. Paulo, Folha de
S.Paulo, Estado de Minas, O Globo), e também o jornal nativo da web G1 O estudo é completo
com uma análise da versão online do The New York Times, por ter sido precursor no uso da
internet em 1970 e por ser referência nas formas de apropriação do ambiente web.
A partir de categorias de análises definidas na fase de estudos teóricos, fazemos uma descrição
de como os elementos se estruturam no meio digital e no impresso para entendermos como estes
se relacionam, ou não, para ampliar as potencialidades da informação. É nosso objetivo também
verificar como o jornalismo online explora o potencial que o novo suporte oferece. Embora o
conteúdo textual tenha tomado características específicas no meio digital, esta pesquisa se
concentra na estrutura e na visualização do conteúdo jornalístico. Um estudo do texto
demandaria maior tempo de pesquisa.
Com quase duas décadas de existência, o jornal online ainda está explorando formas de
melhorar a interatividade com o leitor. Também o jornal impresso, assim como todos os outros
veículos de comunicação, vem passando por várias transformações ao longo de sua história,
para se adequar a novas necessidades de uma sociedade em constante transformação. De longos
blocos de texto, cuja ênfase era dada ao conteúdo escrito, o jornal diário impresso - muito
influenciado pela TV, principalmente na década de 1960 - passou a apresentar blocos menores
de textos intercalados com fotos, intertítulos, títulos secundários e outros elementos editoriais,
quebrando a lógica da linearidade textual rígida. A divisão dos jornais em seções, cadernos,
encartes, suplementos dirigidos a públicos específicos, o aumento dos recursos
editoriais/visuais, a capa construída como uma espécie de mosaico modernizaram o jornal e o
tornaram um produto de consumo massivo. No ambiente online, o hipertexto cujos elementos
essenciais são os links, reforça o processo de fragmentação iniciado pelo jornal moderno e pela
TV. A interatividade, já latente na mídia tradicional, ganha contornos inéditos.
Um dos indicadores de mudança na forma de tratamento da informação pode ser notado no uso
crescente de infográficos no jornal impresso, apontados como um novo gênero jornalístico por
diversos autores (CAIRO, 2008; DE PABLOS, 1999). No ambiente online, fala-se dos
infográficos de segunda geração, onde o acesso instantâneo a um banco de dados amplia as
possibilidades de manipulação das informações, elevando-o ao nível de simuladores de
situações, como no caso dos premiados infográficos do New York Times. “As infografias dos
meios digitais se tornaram peças jornalísticas depuradas, que integram textos, imagens estáticas
e dinâmicas, 3D, sons, e cada vez maiores doses de interatividade” (SALAVERRIA, 2007, p.
3). Tendo o New York Times como referência, as análises de versões online dos grandes jornais
impressos citados e do G1, nesta pesquisa, têm como objetivo também constatar se esses
recursos são explorados ou não pelos nacionais.
8
Ampliando ainda mais os espaços de interação entre os participantes do processo de
comunicação, a Web 2.0, como segunda geração de serviços online, caracteriza-se por
potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações. A Web
2.0 refere-se não apenas a uma combinação de técnicas informáticas, mas também a um
conjunto de novas estratégias mercadológicas e a processos de comunicação mediados pelo
computador. (PRIMO, 2007). Como advento da segunda geração de tecnologias web,
destacam-se os blogs (sites pessoais ou corporativos atualizados diariamente, abertos a
comentários de usuários e à postagem de novos tópicos por seus membros), o tagging (sistema
que permite ao usuário identificar documentos na internet segundo próprio vocabulário), o
podcasting (produção e publicação de arquivos de áudio e vídeo que podem ser descarregados
automaticamente na internet) e o microblogging (blog de mensagens curtas e disseminação
instantânea para a rede de seguidores do serviço, via web ou celular) (ELER, 2007).
Estas tecnologias têm provocado uma mudança cultural e econômica sem precedentes ao
ampliar e pulverizar as fontes de conteúdo na internet, dotando qualquer usuário de poder para
criação, publicação, distribuição, edição e interação com outros usuários. O fenômeno é
conhecido como “A Cauda Longa” (ANDERSON, 2006) e descreve modelos de negócio e de
comportamentos viabilizados pela internet, onde as barreiras físicas para estocagem de produtos
são superadas pela natureza digital destes e, principalmente, onde mercados de nichos são
potencializados. O estudo de Anderson mostra como a tecnologia digital em redes está
“convertendo o mercado de massa (hits) em milhões de nichos”. Se o primeiro modelo é
pautado pela escassez na oferta, pela concentração de títulos e de distribuidores de produtos, a
economia da Cauda Longa é sustentada justamente pela abundância de oferta de produtos, pela
pulverização das fontes de informação (os distribuidores) e pela liberdade de escolha dos
usuários, agora elevados, a interatores. No caso do jornalismo, o fenômeno pode ser notado no
surgimento do jornalismo colaborativo, onde pessoas sem formação específica colaboram com
profissionais na produção de notícias, utilizando-se de ferramentas como blogs, wikis, celulares
e câmeras digitais. Esta prática se insere em um novo conceito de produção baseado na
contribuição coletiva, descentralizada e autônoma de indivíduos, intitulada Crowdsourcing
(HOWE, 2006).
Nosso trabalho de pesquisa contempla então estas duas etapas: o estudo teórico e a observação
empírica. A revisão bibliográfica nos auxiliou na compreensão do fenômeno da cibercultura,
segundo quatro autores principais: Castells (1999; 2003), Levy (1993; 1996; 1999; 1998),
Lemos (1999; 2004) e Santaella (2007). No segundo capítulo, primeiramente, procuramos
definir como o desenvolvimento tecnológico estrutura e molda o pensamento de determinada
época em que se insere. Para isso, foi necessário o entendimento do modo de armazenamento de
informações e o efeito das tecnologias desenvolvidas para tais armazenamentos na estrutura do
9
pensamento desde as sociedades orais, passando pelo surgimento da escrita alfabética, o
desenvolvimento dos meios de comunicação de massa até a cultura digital. Na segunda parte
deste capítulo, nos concentramos nos conceitos ligados à Cibercultura: convergência de mídias,
hipertexto, bancos de dados, imagens de síntese e programas. Esta etapa nos auxiliou na
identificação de categorias de análise para a pesquisa empírica, cujos resultados são
apresentados no Capítulo 2 e analisados criticamente no Capítulo 3, onde são identificados
padrões de comportamento e práticas emergentes no jornalismo contemporâneo, segundo o
observado nas amostras dos jornais já mencionados. Se muitas das questões iniciais foram
satisfatoriamente respondidas por esta pesquisa, outras tantas surgiram à medida que ideias pré-
concebidas foram desmistificadas, gerando o desejo de aprofundamento em assuntos específicos
como a infografia analítica de segunda geração, a produção de conteúdo específico para
telefones celulares, os novos perfis profissionais demandados pela área e o papel da Educação
Superior neste processo. Estas e outras inquietações são compartilhadas no último capítulo.
10
II. REFERENCIAL TEÓRICO: DA CULTURA ORAL À CIBERCULTURA 2.0
Tanto a linguagem - como instrumento de propagação da memória social e de suas
representações -, quanto os processos materiais - que tornam possíveis o armazenamentos destas
informações - atuam como modeladores do tempo. Se a sociedade contemporânea é
caracterizada pelo ritmo acelerado das transformações, pelo obsoletismo das informações e dos
artefatos, pelas crises de ansiedade e déficit de atenção das pessoas e pela necessidade de estar
conectado a tudo e a todos sob o risco de estar desatualizado, certamente há uma relação com as
tecnologias que suportam tais comportamentos. Este é o cerne do pensamento do filósofo Pierre
Lévy (1993) que procura responder de que forma as tecnologias moldam o estilo de pensamento
e a temporalidade. Para o autor, as novas maneiras de pensar e de representar o mundo na
atualidade são conseqüências das inovações tecnológicas oriundas das telecomunicações e da
informática e representam um momento histórico similar ao Renascimento, quando a imprensa
alterou profundamente a forma de pensar medieval.
No entanto, o autor ressalta que a sucessão da oralidade, da escrita e da informática como
modos fundamentais de gestão social do conhecimento não se dá por simples substituição, mas
antes por complexificação1 e deslocamento de centros de gravidade. Sua tese é a de que certas
técnicas de armazenamento e de processamento das representações tornam possíveis ou
condicionam certas evoluções culturais. Lévy propõe então uma teoria de interfaces, onde,
ambos, dispositivos sociotécnicos e informações, constituem elementos indissociáveis de uma
ecologia cognitiva. Dito de outra forma, o significado de uma informação está intimamente
condicionado pela natureza de seu suporte: “traduzir antigos saberes em novas tecnologias
intelectuais equivale a produzir novos saberes” (LEVY, 1993, p. 184). Este pensamento foi
sintetizado na célebre colocação “o meio é a mensagem”, de Marshall McLuhan (2005) outro
importante teórico da comunicação. Tanto Levy (ênfase na linguagem e nas interações sociais),
quanto McLuhan (ênfase nas mídias), defendem a premissa de que as tecnologias condicionam
nossa percepção do mundo (LEVY,1993, p.19) (MCLUHAN, 2005, p.102). Para completar
nosso referencial teórico, recorremos aos estudos de Lucia Santaella sobre a cultura de massa e
a cultura de mídias, ambas essenciais no esforço de entender o advento e particularidades da
Cibercultura, e André Lemos como principal pesquisador desta área no Brasil.
1 Complexificação: processo pelo qual “uma nova formação comunicativa e cultural vai se integrando na anterior, provocando nela reajustamentos e refuncionalizações.” (Santaella, 2008: 13)
11
2.1. Cultura oral e cultura escrita
Levy, em As tecnologias da Inteligência (1993), lembra que nas sociedades orais, onde não
existe modo para armazenamento das representações verbais para futuras reutilizações, as
comunidades recorrem à prática da repetição das informações sob pena de que estas deixem de
existir. As limitações da memória humana, por sua vez condicionam as formas de apresentação
destas informações. Predominam as representações de causa e efeito, carregadas de carga
emotiva e elementos audiovisuais e sensoriomotores, como os rituais de dança. É sabido hoje,
pelos estudos da psicologia cognitiva, que estes artifícios auxiliam os processos mnemônicos
de retenção e recuperação de informações. Por sua vez, os agentes da comunicação
compartilham uma mesma rede de significados (hipertexto), produzem um conhecimento local
e encontram-se geograficamente próximos. Dada à baixa confiabilidade da memória humana
em relação ao registro original e as elaborações posteriores acrescidas pelo sujeito em função
de condições emocionais, as informações nas sociedades orais são sempre subjetivas e
dependentes do contexto e dos indivíduos que as transmitem. O uso das interfaces
mente/fala/gestos, para o armazenamento e a comunicação de informações condiciona a
percepção do tempo como algo circular, onde a redução das singularidades dos acontecimentos
a estereótipos (construção de mitos) auxilia na perenidade das preposições de uma dada
cultura. Após esta análise, Levy demonstra como o estilo de temporalidade e os modos de
conhecimento então vigentes, foram radicalmente alterados pelo advento de uma nova
tecnologia: a escrita. (Quadro 1)
"Quando uma circunstância como uma mudança técnica desestabiliza o antigo equilíbrio das forças e das representações, estratégias inéditas e alianças inusitadas tornam-se possíveis.” (LEVY, 1993, p.16)
A possibilidade de separar o discurso das circunstâncias particulares em que este foi produzido
só foi possível a partir do momento que a humanidade passou a utilizar signos escriturários
transmitidos em suportes materiais, tais como cerâmicas, pergaminhos, papiros etc. O uso
destas tecnologias provocou uma revolução na forma como a sociedade da época percebia o
mundo e seus reflexos são vividos até hoje quando as tecnologias digitais começam a
engendrar novas formas de relacionamento com o saber. Ao separar as mensagens das
situações de uso originais, as sociedades letradas tiveram como ambição a criação de um texto
teórico, ou seja, abstrato e conceitual, cujo sentido não dependesse de um contexto específico.
Uma vez deslocados no tempo e no espaço, os sujeitos da comunicação não tinham mais,
necessariamente, um hipertexto em comum, nem a possibilidade de interação entre si. Porém,
esta objetivação da memória, possibilitou o acúmulo de informações que poderiam ser
12
acessadas, comparadas e transportadas em suportes materiais, criando a noção do tempo linear,
ou histórico.
TIPO DE CULTURA
ORAL
ESCRITA
Manuscritos
Impressa
TIPO DE INTERFACE
(suportes de registro e transmissão
de informações)
1.MENTE HUMANA
2.FALA E GESTOS
SIGNOS ESCRITURÁRIOS transmitidos em papiro, cerâmica, pergaminho, etc.
EXPOSIÇÃO ESCRITA E ORAL (ainda ligada à forte intermediação humana)
SIGNOS ESCRITURÁRIOS transmitidos em
PAPEL / LIVRO.
PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO
Agentes compartilham hipertextos (rede de significados) próximos e encontram-se em um mesmo contexto geográfico e histórico.
Dissociação do contexto de produção da informação
e do tempo e local de recepção da mesma.
Pressão pelo universalismo e pela objetividade.
Compartilhamento de abstrações conceituais.
Hiato entre letrados e analfabetos
CARACTERÍSTICA DA MEMÓRIA
MEMÓRIA SUBJETIVA
1. Memória encarnada em pessoas
MEMÓRIA OBJETIVA
13
A escrita fonética significou a ruptura entre as experiências auditiva, tátil, e visual do homem e
a fragmentação da experiência em unidades uniformes aptas a produzir ações e mudanças
formais mais rápidas e menos suscetíveis a interpretações subjetivas de seus destinatários.
Mcluhan credita ao alfabeto fonético a criação do “homem civilizado”, na medida em que esta
promoveu a separação do indivíduo da tribo, a continuidade do espaço e do tempo e a
uniformidade dos códigos - marcas das sociedades letradas e civilizadas. (p.103).
vivas e grupos atuantes
2. Predominância da memória de longo prazo.
3. Associação da memória semântica a memórias musicais e sensoriomotoras.
Problema com a qualidade das reproduções (dependência do talento humano para manuscritos e imagens)
1. Grande volume de publicações impossibilita a exposição oral, fim das intermediações humanas diretas.
2. Criação de elementos de
interface: paginação, cabeçalho, índice etc
3. Instauração da cultura visual: facilidade de reprodução técnica de imagens
PERCEPÇÃO
DO TEMPO
TEMPO CIRCULAR:
redução das singularidades dos acontecimentos a estereótipos atemporais (construção de mitos)
TEMPO LINEAR, HISTÓRICO
VALORES Tradição, humano, local, imaginação
Pensamento científico,, universalismo,
literacia, registro escrito como documento
LINGUAGEM
Discurso indissociável do contexto
Narrativas míticas,
atemporais
Representação do mundo por imagens
Objetividade
Predominância do texto sobre a imagem
Narrativas históricas
14
Ambos (planejamento industrial e planos militares) são moldados pelo alfabeto, em sua técnica de transformação e controle e que consiste em tornar todas as situações uniformes e continuas. (MCLUHAN, 2003, p. 105)
Este processo foi intensificado pelo advento de outra tecnologia, a prensa mecânica de
Gutenberg, em 1445. Os antigos manuscritos imitavam a comunicação oral e dependiam muito
do talento do copista para manter a fidedignidade das reproduções à obra original (LEVY, 1993,
p. 99). O autor sustenta que a prensa permitiu a instauração de um novo estilo cognitivo porque
a partir de então houve uma inspeção periódica de mapas, esquemas, gráficos, tabelas e
dicionário, elementos que são o centro da atividade científica. Passou-se da discussão verbal,
característica da Idade Média, para a demonstração visual.
A escrita inaugurou também o pensamento racional a partir do momento em que o
conhecimento passou a ser representado de forma modular. Levy afirma que, “com a escrita, as
representações perduram em outros formatos que não o canto ou a narrativa”, como no caso das
observações astronômicas dos sumérios ou os bancos de dados atuais. Historicamente, estas
micro-representações “livres” - fórmulas, símbolos, números, tabelas etc – permitiram uma
passagem da dramatização para a sistematização dos saberes que constitui a base do
conhecimento científico.
Neste ponto, Levy enfatiza o papel dos elementos de interface criados com a popularização do
livro impresso, a partir do século XVI, para facilitar a relação do texto com o leitor: índice,
títulos, sumário, numeração regular, notas de rodapé, etc. Estes dispositivos lógicos criaram
uma experiência de leitura diferente da proporcionada pelos manuscritos, tais como
“possibilidade de exame rápido do conteúdo, de acesso não linear e seletivo do texto, de
segmentação do saber em módulos, de conexão múltipla a uma infinidade de outros livros”
(LEVY, 1993, p. 34). Além disso, a redução do peso dos livros e de seus tamanhos, alcançada
por uma nova forma de dobradura das folhas, possibilitou sua rápida difusão na sociedade.
Como o computador, afirma Levy, “o livro só se tornou uma mídia de massa quando as
variáveis de interface - “tamanho” e “massa” - atingiram um valor suficientemente baixo.”
(1993, p. 35). Comparativamente, a interface gráfica dos jornais e revistas impressos é
organizada através de manchetes, chamadas, fotos, legendas de forma a guiar o leitor por suas
notícias, até fisgar a atenção para uma matéria específica.
As características da leitura nos suportes impressos e digitais serão estudadas em breve, porém
recorreremos a outros autores para preenchermos um hiato deixado por Levy ao analisar os
modos de cultura engendrados por “tecnologias intelectuais”.
15
2.2 Cultura de massas e cultura de mídias
Segundo Santaella (2003, p. 79), a cultura de massas (Quadro 2) originou-se com o jornal,
acentuou-se com o cinema (recepção coletiva) e solidificou-se com a televisão, na década de
1960. Embora o termo seja evocativo de uma grande quantidade de indivíduos alienados e
acríticos quanto às mensagens recebidas, Castells (1999; p. 360), relembra os estudos de
Humberto Eco sobre o papel do espectador no processo de comunicação televisiva:
“A conseqüência dessa análise é que aprendemos uma coisa: não existe uma cultura de massa no sentido imaginado pelos críticos apocalípticos das comunicações de massa, porque esse modelo compete com outros (constituídos por vestígios históricos, cultura de classe, aspectos da alta cultura transmitidos pela educação, etc).” (ECO, apud CASTELLS, 1999, p. 360)
O impacto desta descoberta, leva Castells (1999, p.360) a considerar que o conceito de mídia de
massa refere-se, na verdade, a um sistema tecnológico, e não a uma forma de cultura. Temos
assim, tecnologias de massa, e não, uma cultura de massa. Esta afirmação será especialmente
importante para entendermos a cultura de mídias mais à frente, onde mostraremos que este
modelo de comunicação tem características próprias e importantes para a compreensão do
fenômeno da Cibercultura.
Thompson (2002, 32-37) esclarece que, em um sistema de comunicação de massa, o fluxo de
comunicação tem um caráter transmissionista, não-dialógico. Ainda que os receptores possam
interferir com eventos e conteúdos durante o processo comunicativo, a profundidade desta
participação é circunscrita. Esta capacidade de intervenção limitada deriva do modo de
estruturação do fluxo de mensagens em sistemas em que a emissão e recepção da mensagem
ocorrem em contextos distintos. Como conseqüência negativa, tem-se a privação da interação
direta, face a face e a riqueza de feedbacks que esta permite. Por outro lado, ocorre uma
“ampliação na disponibilização das formas simbólicas no tempo e no espaço.” O caráter
institucionalizado de produção e difusão generalizada de informações, a pluralidade de
destinatários e o aumento em escala da mercantilização pública de bens simbólicos (a exemplo
dos espaços publicitários em jornais) marcam este processo comunicativo.
Como reflexo do advento das tecnologias de telecomunicação nos meados do Século XIX, em
especial o telégrafo, temos a disjunção entre o espaço e o tempo (“onde o distanciamento
espacial não mais implicava em distanciamento temporal”) e a conseqüente descoberta da
simultaneidade não-espacial (a separação da experiência de simultaneidade de seu
condicionamento geográfico). Os efeitos do telégrafo sobre as práticas jornalísticas foram
analisados por McLuhan, conforme veremos a seguir.
16
Com o telégrafo, deu-se uma revolução no método de captar e apresentar as notícias. Naturalmente, foram espetaculares os efeitos causados na linguagem, no estilo literário e nos assuntos (2005, p.282).”
McLuhan (2005, p. 238) enfatiza que o jornal, desde o início, tendeu para uma forma
participante, em mosaico – e não para a forma livresca. O fato mais importante para a
estruturação das informações em “massa de tópicos descontínuos e desconexos”, foi o uso do
telégrafo para a recepção das notícias. A relação direta entre a forma de diagramação do
veículo com a era tecnológica vigente é exemplificada pela diferença estrutural de jornal
literário (era mecânica) para um jornal telegráfico (era da eletricidade). Enquanto no primeiro,
temos colunas representando um ponto de vista, no segundo “são expostos recortes desconexos
num campo unificado por uma data.” O autor afirma que esta tecnologia libertou a imprensa
provinciana marginal da dependência da grande imprensa metropolitana, descentralizando o
poder de comunicação. Tratava-se, então, de um meio que abolia a noção de distância espacial
por permitir a troca instantânea de mensagens. Este poder de aceleração dos processos foi, para
McLuhan, a causa do enfraquecimento do sistema de jornalismo então vigente, orientado pelas
opiniões editoriais, um reflexo da dinâmica natural do livro. No seu lugar, presenciamos o
aumento do volume de notícias e a consagração da estrutura mosáiquica.
É necessário declarar, de vez, que o ‘interesse humano’ é um termo técnico que designa o que é que acontece quando muitas páginas de um livro ou os múltiplos itens informacionais são dispostos em mosaico numa página. O livro é uma forma provada e confessional que induz ao “ponto de vista”. O jornal é uma forma confessional de grupo que induz à participação comunitária.. (....) é a exposição comunitária diária de múltiplos itens de justaposição que confere ao jornal a sua complexa dimensão de interesse humano. (p.231)
Holtzman reconhece no telégrafo um catalisador do desenvolvimento das mídias mosáiquicas
(expressão de McLuhan), ou seja, aquelas que apresentam a mensagem de forma descontínua.
Para o autor,
(...) a primeira página do jornal é um ícone das notícias feitas de muitos momentos e eventos do dia anterior em todo um país e mesmo no mundo. (...) O jornal moderno, enformado pelo telégrafo, pressagiou as qualidades da era digital. (HOLTZMAN 1997, apud SANTAELLA, 2008, p.96)
Santaella (2007, p. 82-83) relembra que o jornal impresso foi também percussor na criação de
sintaxes híbridas, unindo palavra, foto e diagramação para a criação de uma espacialidade
informacional. A hibridização de meios, códigos e sistemas sígnicos desenvolveu-se
especialmente com o cinema e com a TV, dadas as características audiovisuais destes meios.
17
Como relembra Castells (1999, p. 358), foi a TV que inaugurou uma modalidade de
comunicação totalmente nova, “caracterizada pela sedução, estimulação sensorial da realidade e
fácil comunicabilidade, na linha do menor esforço psicológico”. Esta última característica tem
sido transformada após o advento de tecnologias que permitem maior controle do usuário sobre
o sistema comunicativo, a exemplo do videocassete e os aparelhos de DVD, e mais,
recentemente, dos games, conforme defende Steven Jhonson, em Surpreendente! - A televisão e
o videogame nos tornam mais inteligentes (2005).
(...) somos uma nação de viciados em reallity shows e maníacos por Nintendo. Perdida nesse relato, encontra-se a tendência mais interessante de todas: a de que a cultura popular tem se tornado cada vez mais complexa durante as últimas décadas, exercitando nossas mentes de forma mais poderosa. (2005, p.11)
De qualquer forma, a televisão representou o fim da predominância de um sistema de
comunicação formatado pelo sistema tipográfico de Gutenberg e pela ordem do alfabeto
fonético. (MCLUHAN, 2005; POSTMAN; 1985). Mais que isso, a TV reestruturou todos os
outros meios de comunicação que a antecederam.
O rádio perdeu sua centralidade, mas ganhou em penetrabilidade e flexibilidade, adaptando modalidades e temas ao ritmo da vida cotidiana das pessoas. Filmes foram adaptados para atender às audiências televisivas. Jornais e revistas especializaram-se no aprofundamento de conteúdos ou enfoque de sua audiência. Os livros continuaram sendo os livros, embora o desejo inconsciente atrás de muitos deles fosse tornar-se roteiro de TV. (CASTELLS, 1999, p. 355-6)
Com a introdução da TV, na década de 1960, e do acirramento da concorrência entre os jornais,
grandes periódicos se engajaram em processos de reformas editoriais e gráficas. Essas reformas
incluíam mudanças na forma de cobrir os acontecimentos e de redigir as matérias, introdução do
planejamento visual das páginas, edição das fotografias e antecipação do fechamento das
edições. Os jornais aprimoraram a apresentação gráfica, principalmente das capas, onde os
elementos editoriais fragmentavam a página, que deixaram de apresentar a monótona exposição
de matérias em colunas verticais, tornando-se vitrines de conteúdos desenvolvidos no miolo
(AZEVEDO, 2007).
A TV potencializou a lógica da fragmentação, que se acirrou com o zapping. A mídia de massa
passa a segmentar seu público. Conforme CASTELLS (1999):
(...) o fato de a audiência não ser objeto passivo, mas sujeito interativo, abriu o caminho para sua diferenciação e subseqüente transformação da mídia que, de comunicação de massa, passou à segmentação, adequação ao público e
18
individualização, a partir do momento em que a tecnologia, empresas e instituições permitiram essas iniciativas. (CASTELLS, 1999, p. 362)
Santaella (1992) propõe o termo “Cultura de Mídias” para definir um período posterior à
Cultura de Massas, caracterizado por fenômenos emergentes que flexibilizaram a dinâmica de
comunicação midiática, a partir da década de 1970 e mais notadamente na década de 80. Como
exemplos de tecnologias promotoras destes novos processos comunicacionais, a autora cita as
máquinas de fotocópias e de fax, o videocassete, os videogames, os walkmans e a tv a cabo. O
que todos estes meios tinham em comum? Elas ampliavam as escolhas do público, criando a
segmentação da audiência, e, consequentemente, minando a experiência massiva. Em síntese,
estes meios possibilitaram a descentralização da comunicação. Santaella (2001) lembra que a
prática do zapping (mudança de canais através do controle remoto) tornou-se, desde então, uma
preocupação central na indústria da publicidade e dos programas de TV. Sabbah (1985, apud
Castells 1990) analisou a nova situação da seguinte forma: embora a audiência continuasse
quantitativamente massiva, dois pilares da comunicação de massa haviam sido abalados - a
simultaneidade e a uniformidade da mensagem recebida. Desta forma, a cultura de mídias
deixou de ser mídia de massa “no sentido tradicional do envio de um número limitado de
mensagens a uma audiência homogênea de massa”.
Como vimos, este período é marcado pela convivência de mídias, pela hibridização de
linguagens, e pela ampliação das ações do receptor da mensagem. Para Santaella, os processos
de recepção surgidos por estas tecnologias segmentadoras, prepararam a sensibilidade dos
usuários para as formas alineares e participativas da cultura digital. Ao citar esses processos
comunicativos considerados constitutivos de uma cultura das mídias, a autora afirma:
Foram eles que nos arrancaram da inércia da recepção de mensagens impostas de fora e nos treinaram para a busca da informação e do entretenimento que desejamos encontrar. Por isso mesmo, foram esses meios e os processos de recepção que eles engendram que prepararam a sensibilidade dos usuários para a chegada dos meios digitais cuja marca principal está na busca dispersa, alinear, fragmentada, mas certamente uma busca individualizada da mensagem e da informação. (SANTAELLA, 2003,p. 15-16).
19
TIPO DE CULTURA
CULTURA DE MASSA
CULTURA DE MÍDIAS
TECNOLOGIAS
Tecnologias massivas: jornal impresso, tv, radio, telégrafo
Tecnologias segmentadoras:
fotocopiadoras, videoclipes, TV a cabo, videocassete, jogos eletrônicos, walkman, etc
PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO
Agentes são expostos aos mesmos hipertextos, simultaneamente, via um número reduzido de fontes institucionalizadas de produção e difusão de informação. As mídias não permitem interações de mão-dupla, criando a dicotomia emissor-receptor, prevalecendo a pluralidade dos destinatários e a prática transmissionista de mensagens. O contexto de produção é separado do contexto de recepção de mensagens.
Algumas tecnologias permitem
que os usuários do sistema midiático tenha uma experiência
de comunicação mais segmentada
e individualizada, devido à diversidade de escolha de canais.
Prevalece a lógica emissão-recepção.
CARACTERÍSTICA DA MEMÓRIA
A memória social é objetivada, mas compartilhada por letrados e analfabetos
A memória individual também é passível de registro pela popularização das novas tecnologias, como gravadores de videocassete.
Construção da memória individual.
Escolha e registro individualizado da informação.
PERCEPÇÃO
DO TEMPO
Disjunção tempo/espaço e simultaneidade não-espacial
Fragmentação
VALORES Simultaneidade e uniformidade Escolha/Seletividade / Experiências invidualizadas
LINGUAGEM Cultura do audiovisual Sintaxes híbridas
20
2.3 Cibercultura – Convergência de mídias
Para Levy (1999, p.17), um novo meio de comunicação surgiu a partir da interconexão mundial
de computadores – o ciberespaço. O conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas,
de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o
crescimento desta rede, é chamado de cibercultura.2 O avanço tecnológico desestabilizador do
sistema então vigente é o processo de digitalização, segundo o qual todas as fontes de
informação são passíveis de codificação em dados binários (0 e 1), armazenamento e
visualização em dispositivos informáticos. Este processo possibilitou o fenômeno da
convergência de todas as mídias anteriores em um único dispositivo, uma vez que dissociou a
informação de um suporte específico: papel, película, fita magnética, etc. (SANTAELLA, p. 83-
84). Uma das vantagens da codificação digital, é a manutenção da integridade das informações
quando copiadas e transmitidas, infinitamente. Além disso, em seu estado numérico, as
informações podem se manipuladas, e produzidas, automaticamente, em grande escala e
rapidez. (LEVY, 1999, p. 52-3).
O pixel é a expressão visual, materializada na tela, de um cálculo efetuado pelo computador, conforme as instruções de um programa. Se alguma coisa pré-existe ao pixel e à imagem é o programa, isto é, linguagem e números, e não mais o real. Eis porque a imagem numérica não representa mais o mundo real, ela o simula. (COUCHOT, 1993, p.42)
Santaella lembra, no entanto, que o ciberespaço se apropria de todas as linguagens pré-
existentes e deste hibridismo emerge uma ordem simbólica específica que “afeta nossa
constituição como sujeitos culturais e os laços sociais que estabelecemos.” (p.125). Esta nova
linguagem estrutura a visão de mundo do homem pós-moderno: um sujeito múltiplo
disseminado, descentrado e com uma identidade instável. A autora afirma que o advento das
comunidades virtuais e da inteligência coletiva são as principais conseqüências da cibercultura.
Embora as comunidades virtuais não sejam uma particularidade desta (STONE, apud
SANTAELLA, 2003), a World Wide Web, as potencializa. Por comunidades virtuais, entende-se
grupos de pessoas conectadas globalmente na base de interesses e afinidades, em lugar de
conexões acidentais ou geográficas. Para Levy (1999, p.129), estas comunidades ampliam as
formas de debate público e as possibilidades de interação social, incluindo as presenciais. Ele
afirma também que o objetivo último de toda comunidade virtual é desfrutar de uma inteligência
coletiva. Estes dois fatores – comunidades virtuais e inteligência coletiva - somados à
interconexão dos computadores constituem os três princípios básicos da cibercultura. “A
2 Para maiores informações das origens históricas da cibercultura, consultar Cibercultura, de Pierre Levy. 1999
21
interconexão condiciona a comunidade virtual, que é uma inteligência coletiva em potencial.”
(Ibid, p. 134).
Levy pondera que o processo de virtualização do mundo teve início com a escrita, que permitiu
a telecomunicação, a telepresença e a comunicação assíncrona. A novidade, segundo o autor,
está na possibilidade de compartilhamento de uma memória comum por determinado grupo, em
tempo real, independente da localização geográfica, horários ou número de participantes (1999,
p. 43)
2.3.1 O hipertexto
O termo hipertexto foi criado por Theodore Nelson para representar a ideia de uma escrita e de
uma leitura não linear em um sistema de informática. Porém, de acordo com Lévy (1993, p. 25),
o hipertexto pode ser uma metáfora válida para todos os âmbitos da realidade onde significações
e interpretações estejam presentes. O autor identificou seis princípios do hipertexto, enquanto
modelo teórico:
I. Principio de metamorfose o A rede hipertextual possui uma configuração dinâmica.
II. Princípio de heterogeneidade o Os nós e as conexões de uma rede hipertextual são de natureza heterogênea:
analógica, digital, multimodais, etc
III. Princípio de multiplicidade e de encaixe das escalas o O hipertexto possui uma estrutura fractal, ou seja, a análise de cada um de seus
nós pode revelar uma rede análoga em escala.
IV. Princípio de exterioridade o A modificação da rede depende de um agente exterior indeterminado.
V. Princípio de topologia o A forma da rede é determinada pelas associações entre os nós.
VI. Princípio de mobilidade dos centros o A rede possui diversos centros móveis, trazendo ao redor de si diversas
ramificações.
Todos estes princípios se aplicam à forma como o ser humano cria, mentalmente, redes de
significados por associação de informações. Não por acaso, este foi o modelo proposto pelo
22
cientista Vannevar Bush (1945) para solucionar o já crescente problema de armazenamento e
recuperação de documentos. Em seu ensaio visionário, “As We May Think”, Bush idealiza um
aparato tecnológico constituído por uma rede hipertextual de informações em diversos formatos,
chamado Memex.
Nossa principal dificuldade em encontrar as informações de que precisamos estão relacionadas à superficialidade dos sistemas de indexação adotados. A informação é normalmente indexada ou em ordem alfabética ou em ordem numérica. Mas a mente humana não funciona dessa forma. Ela não opera por ordenamento alfabético ou numérico. Ela opera por associação. Quando ela apreende um item, ela salta imediatamente para o próximo que lhe é sugerido por associação de idéias, em função de algum processo complexo de elaboração de "trilhas" que é executado pelo seu cérebro. (Bush, 1945, p.)
A aliança da metáfora de rede com o suporte informático, deu origem a um tipo de interface que
“retoma e transforma antigas interfaces da escrita.” (Levy, 1993, p. 34). Uma interface é
constituída por uma série de dispositivos lógicos, classificatórios e espaciais que determinam o
tipo de relação do leitor com a informação. Por exemplo, os elementos de interface
desenvolvidos a partir da técnica de impressão de Gutenberg, tais como páginas de títulos,
cabeçalhos, numeração regular, sumários, notas e referências cruzadas possibilitaram o acesso
não linear às informações, a segmentação do saber em módulos, a conexão a outras referências
bibliográficas, etc. Além destes elementos visuais, Levy considera determinantes para a
experiência cognitiva: a natureza do suporte da informação (papiro, papel, argila, pergaminho,
etc), a forma como este se apresenta (organização do livro em códex ou em rolos, por exemplo)
e a portabilidade dos suportes (favorecendo ou não a mobilidade).
A partir dos exemplos de Levy (1993, p.56-57) concluímos que o termo hipertexto – ou
texto em rede – é um mecanismo de estruturação de informações que flexibiliza o
acesso aos documentos de um dado sistema. Os nós (elementos de informação), os
conectores (elementos de orientação) e a estrutura não-linear caracterizam um
documento hipertextual, a exemplo das bibliotecas, notas de rodapé, índices, etc. O
suporte digital em rede possibilitou: a navegação instantânea em hipertextos (e a
ampliação da escala), a associação de vários formatos de informação (imagem, texto,
áudio, vídeo) e a mistura de fusão entre leitura e escrita (na medida em que os
documentos digitais na web podem ser editáveis por seus leitores). Dentre os problemas
do uso do hipertexto como interface da cibercultura, o autor pontua a perda da noção de
totalidade (não há totalidade no ciberespaço). A interface digital da tela dos
computadores oferece uma visão parcial do conteúdo, levando ao aumento da dispersão
23
da atenção, e conseqüente necessidade de elementos de orientação para melhor acesso
aos documentos. Por sua capacidade de tornar os hipertextos “explicitamente
disponíveis, diretamente visíveis e manipuláveis à vontade”, Levy considera “os
esquemas, mapas ou diagramas interativos as interfaces mais importantes das
tecnologias intelectuais de suporte informático.”
O jornal encontra-se todo em open Field, já quase inteiramente desdobrado. A interface informática, por outro lado, nos coloca diante de um pacote terrivelmente redobrado, com pouquíssima superfície que seja diretamente acessível em um mesmo instante. A manipulação deve então substituir o sobrevôo. (LEVY, P. 36)
2.3.2 Elementos originais da cibercultura – bancos de dados, imagens de síntese e
programas
Além da peculiaridade da codificação digital, sistema fundamental de gravação e transmissão de
informações na cibercultura, Levy (1999, p. 62) aponta dois conceitos originais em relação às
mídias já estudadas: a informação em fluxo e o mundo virtual. Ambos são considerados
dispositivos informacionais, pois qualificam a estrutura da mensagem.
O espaço de fluxos diz respeito aos dados armazenados em bancos digitais, passíveis de
atualização a qualquer momento (tempo real), e recuperáveis graças a sistemas especialistas e a
programas de simulação. Se comparada à oralidade primária, quando não se dispunha de
técnicas de armazenamento exterior ao corpo, e à sociedade histórica, fundada sobre a escrita,
LEVY conclui que o saber informatizado afasta-se tanto da memória (o saber de cor), que o
conceito de verdade (no sentido de exatidão) perde sua importância em função de outros valores
como a operacionalidade e a velocidade. (Ibid, p.119). Desta forma, critérios de pertinência
local e temporal substituem os de universalidade e objetividade, instaurados pelo pensamento
científico. Se a função do pensamento teórico é a de explicar ou esclarecer um fenômeno, cabe
aos simuladores dizer “como”. (Ibid, p.121)
Por analogia com o tempo circular da oralidade primária e o tempo linear das sociedades históricas, poderíamos falar de uma espécie de implosão cronológica, de um tempo pontual instaurado pelas redes de informática. (LEVY 1999, p. 115)
24
O segundo conceito original da cibercultura é o mundo virtual, formado por imagens de síntese,
também chamadas de infografias3, imagens de terceira geração (PLAZA, 1993). Uma imagem é
classificada desta forma se for obtida por processos de síntese numérica digital e, portanto, por
ter um caráter originalmente virtual4, não mantendo nenhuma relação física com algo pré-
existente. O resultado da digitalização de uma fotografia (imagem analógica) não é, portanto,
uma imagem de síntese, mas, uma imagem digital. Toda imagem de síntese é também uma
imagem digital, mas nem toda imagem digital é uma imagem de síntese. (PARENTE, 1993, p.
284). Este método original de produção de imagens, “subverte os conceitos de cópia, de original
e de reprodutibilidade” (PLAZA, 1993, p. 284). Quéau (1993, p.93), por sua vez, chama nossa
atenção o fato de que estas imagens são essencialmente linguagens com potencial para a
visualização, e que nisto reside seu poder: “em sua capacidade de interação com o espectador e
na possibilidade de geração em tempo real”.
Flusser (2007) propõe um estudo das formas de codificação da informação em duas categorias:
linha e superfície. O registro linear foi propiciado pela tecnologia da escrita, como já foi dito
também por Levy (1999). Os códigos de superfície, por sua vez, propiciam um tipo de
experiência diferente entre sujeito e informação, e caracterizam o modelo predominante de
nossa época (Ibid, p.102). São imagens de todos os tipos, analógicas ou digitais, dinâmicas ou
estáticas e também as cores, por seu poder de transmitir mensagens. O filósofo destaca ainda a
natureza numérica das imagens de síntese que propiciou um novo modo de produção imagético.
Sobre este fenômeno, Flusser adverte: “temos que aprender a renunciar as explicações causais
em favor do cálculo de probabilidades...” O mundo virtual pode ser considerado, então, como a
quarta dimensão da imagem (PARENTE, 1993), um espaço contínuo, com o propósito de
favorecer a exploração de simuladores ou modelos por usuários. Este tipo de conhecimento por
simulação digital de um sistema modelado (planilhas, simuladores, games, etc) favorece uma
forma de conhecimento distinta do “conhecimento teórico, da experiência prática e do acúmulo
de uma tradição oral” (LEVY, p.122). Enquanto a escrita é uma tecnologia intelectual que
expande a memória de curto prazo, a informática de simulação e visualização expande a
imaginação e a intuição (Ibid, p.126). Trata-se de um conhecimento de cunho operatório, onde a
interpretação (requisito da escrita) dá lugar à exploração.
3 Não confundir com o termo infografia (gráfico informativos), usado para definir uma representação diagramática de dados. (Cairo, 2008; 21). 4 Segundo LEVY, "(...) o virtual não se opõe ao real, mas sim ao atual. Contrariamente ao possível, estático e já constituído, o virtual é como o complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução: a atualização." (1996, p.16)
25
Sobre a infra-estrutura técnica do virtual, Levy destaca os programas
(em inglês, software) que são listas de instruções codificadas destinadas a fazer com que os
processadores cumpram determinadas tarefas. O ciberespaço está repleto de programas com as
mais diversas funcionalidades. Os programas aplicativos permitem ao computador prestar
serviços específicos aos usuários, como editores de textos, planilhas, calculadoras, envio de e-
mails, navegadores web, buscas em bancos de dados e blogs5. Por meio de “knowbots”, ou
“agentes inteligentes” os usuários podem delegar tarefas para os computadores, substituindo a
interação por manipulação direta por interação com assistentes automatizados. (SANTAELLA,
2003, p.109). Este paradigma emergente tem sido chamado de gerenciamento indireto (COSTA,
1999) e parece ser uma tendência de interface.
Por fim, é importante lembrar que a compatibilidade entre softwares e hardwares6 na rede
depende da adoção de padrões como os estabelecidos e regulamentos pela W3C7. Esta
interconexão, como vimos, é um dos princípios básicos da cibercultura. É ela quem torna
possível uma civilização de telepresença generalizada.
2.3.3 Cibercultura 2.0
Santaella (2009) e Lemos (2005) defendem que o advento de um conjunto de processos e de
tecnologias inauguraram uma nova fase de desenvolvimento da cibercultura, marcada pela
computação móvel e pervasiva associada aos sistemas de localização geográfica (GIS). Esta
combinação deu origem às mídias locativas digitais, em que conteúdos são agregados a um
lugar específico, “servindo para funções de monitoramento, vigilância, mapeamento,
geoprocessamento, localização, anotação ou jogos.” (LEMOS, 2008).
Mídia Locativa. Tecnologias e serviços baseados em localização cujos sistemas infocomunicacionais são atentos e reagem ao contexto. (...) Dimensão atual da cibercultura constituindo a era do “ciberespaço vazando para o mundo real” (Russel, 1999), a era da “internet das coisas”. (Manifesto sobre Mídia Locativa, Lemos, 2009, online)
5 Blog: Abreviação de “web blog” (registro de informações na web), o termo inicialmente se referia a uma plataforma tecnológica que permitia atualização fácil e rápida de conteúdo na web. Cada vez mais, passou a se referir a uma forma de publicação de origem alternativa, em resposta a informações que circulam em outros blogs ou nas mídias comerciais. (Jenkins; 2008, 330) 6 Software: conjunto de instruções em lingaugem de máquina que controlam e determinam o funcionamento do computador e de seus periféricos. Hardware: qualquer componente físico de um computador. (LEVY, 199, 259) 7 O Consórcio World Wide Web (W3C) é um consórcio internacional no qual organizações filiadas, uma equipe em tempo integral e o público trabalham juntos para desenvolver padrões para a web. A missão do órgão é conduzir a World Wide Web para que atinja todo seu potencial, desenvolvendo protocolos e diretrizes que garantam seu crescimento de longo prazo. Acessível em: http://www.w3c.br/sobre/
26
Novas práticas sociais têm emergido deste cenário em que o indivíduo tem acesso à rede por
meio de dispositivos sem fio, e onde intervenções virtuais podem ressignificar a percepção de
determinado espaço geográfico, como no caso da realidade aumentada. As principais diferenças
entre mídias locativas digitais e análogicas estão dispostas no quadro 6.
Santaella aponta que nesta segunda fase da cibercultura, a dicotomia real/virtual deixa de fazer
sentido. O que está em jogo é a emergência de espaços interticiais.
Os espaços intersticiais referem-se às bordas entre espaços físicos e digitais, compondo espaços conectados, nos quais se rompe a distinção tradicional entre espaços físicos, de um lado, e digitais, de outro. Assim, um espaço intersticial ou híbrido ocorre quando não mais se precisa “sair” do espaço físico para entrar em contato com ambientes digitais. (Santaella, 2008, p.21)
MÍDIA LOCATIVA DIGITAL
MÍDIA LOCATIVA ANALÓGICA
Personalização da informação, identificação
do usuário. Mídia “smart”.
Informação massiva genérica sem feedback ou processamento.
Dados digitais e bancos de dados com
informações de contexto local.
Dados primários estáticos.
Emissão por redes sem fio e captação em dispositivos
móveis. Pervasiva e sensitiva.
Estática, “vista ao acaso”.
Processamento e customização da informação
(controle, monitoramento, personalização).
Não processa informação.
Dados variáveis e modificáveis em tempo real.
Dados estáveis.
Quadro 6 - Comparação entre mídias locativas digitais e analógicas – Lemos (2008)
27
Lemos (2008) prefere o termo “territórios informacionais” para definir estas “áreas de controle
do fluxo informacional digital em uma zona de intersecção entre o ciberespaço e o espaço
urbano”. “O ciberespaço é, ao mesmo tempo, lócus de territorialização (mapeamento, controle,
máquinas de busca, agentes, vigilância) mas também de reterritorialização (blogs, chats, P2P,
tecnologias móveis)” (LEMOS, 2006, p. 15). Se antes as trocas informacionais eram originadas
em meios massivos, com a cibercultura a interação entre pessoas passa, também, a ser efetuada
pela internet fixa, mas limitada a lugares com estrutura de fios de eletricidade (escritório, lares,
escolas). Na fase emergente, a troca de informações emerge de objetos que emitem localmente
informações, processadas através de artefatos móveis conectados à rede mundial de
computadores. Os próprios artefatos comunicam-se automaticamente entre si, realizando o que
tem sido chamado de “internet das coisas”, internet 3.0 e Web 3.0.
Dentre as principais tecnologias relacionadas a este feito, destacam-se: “dispositivos móveis
(telefones celulares, smartphones, GPS), redes telemáticas sem fio (Wi-Fi, Wi-Max, Bluetooth,
GPS) e sensores (RFID, principalmente)” (Lemos, 2009, p. 623). Estes artefatos permitem que
informações locais sejam armazenadas em bases de dados remotos, e recuperadas quando o
usuário estiver em uma posição geográfica específica. Em 2008, o jornal New York Times e o
Google fecharam uma parceira para possibilitar a indexação de notícias no Google Earth,
inaugurando a prática do geo-jornalismo online. Desta forma, os leitores do jornal podem
navegar
pelas notícias de uma forma completamente nova: geograficamente. Outra prática emergente e
em ascensão, é o jornalismo “hiperlocal” que une colaboração de usuários e cobertura
comunitária, como o Bairros.com8, do Jornal O Globo.
8 http://oglobo.globo.com/rio/bairros/
28
TIPO DE CULTURA
CIBERCULTURA
Primeira Fase
Segunda Fase
TECNOLOGIAS
Computador desktop (fixo)
(digitalização da informação)
+
Telecomunicações (rede)
Convergência de mídias
Internet das pessoas
Computadores móveis
+
Redes sem fio
+
Sistemas GIS (tecnologia de mapeamento geográfico)
Advento das mídias locativas digitais
Convergência de mídias
Internet das coisas
PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO
Agentes compartilham hipertextos próximos, mesmo estando geograficamente dispostos.
Forma de socialização: comunidades virtuais/redes sociais
Exploração da realidade virtual
Desterritorialização
Ciberespaço
Exploração da realidade móvel aumentada
no espaço urbano
Hibridação do espaço físico com o ciberespaço
CARACTERÍSTICA DA MEMÓRIA
A memória social é objetivada, mas em constante transformação, construída e desconstruída coletivamente, intermediada por computadores em rede
PERCEPÇÃO TEMPO REAL
29
DO TEMPO
VALORES
Declínio do estatuto de verdade e da crítica (uso de simuladores e modelos operacionais) Valorização da imediatez e da mudança Pertinência local das informações (diminui a pressão pelo universalismo) Simultaneidade e descentralização Multiplicidade de escolhas / exploração Autoria e co-autoria / negociação Fragmentação, dispersão, alinearidade Cultura de acesso e não de posse Identidade instável Interação e iteração Imaginação Registros em bancos de dados
Desterritorialização
Acesso por redes fixas
Apropriação do ciberespaço
Reterritorializações (territórios informacionais): Novas formas de apropriação do urbano
Importância do Contexto (hiperlocal)
Mobilidade
Conectividade
LINGUAGEM
Hipertextual / hibridização / Interação
30
III. ESTUDO EMPÍRICO
O referencial teórico aqui estudado nos permitiu compreender melhor que caminhos
seguir no trabalho de campo, pois algumas características do jornalismo impresso que
julgávamos ser decorrentes do advento da internet são devidas a tecnologias mais
remotas, como o telégrafo, por exemplo. Em decorrência do exposto, foram então
discriminadas seis categorias de análise das interfaces impressa e online de O Estado de
S. Paulo, Folha de S.Paulo, Estado de Minas e O Globo, e apenas online para os jornais
G1 e New York Times. Por interface, adotamos a definição de Levy: “Uma série de
dispositivos lógicos, classificatórios e espaciais que determinam o tipo de relação do ser
humano com a informação” (1993, p. 34)
Categorias de análise de interface
Posicionamento da marca: público, história, marca (símbolo, slogan e nome) endereço
na web. Observar a correlação entre o posicionamento impresso e online e se a forma de
acesso online é intuitiva, como o nome do domínio, por exemplo. Verificar se há uma
identidade corporativa entre as duas presenças ou se a imagem da marca é fragmentada.
Estrutura do jornal
- Cadernos e suplementos: (nomes e número de cadernos e suplementos).
Observa se as versões online mantêm a mesma categorização que os impressos e se
surgiram novas categorias como advento da web.
- Primeira capa - As capas de jornais impressos sofreram alguma mudança
estrutural e simbólica que possa ser atribuída à cibercultura? (Para jornais em que foi
possível analisar edições anteriores à web, comparar antes e depois.) Observar também:
o Variedade de assuntos por página
o Tamanho dos textos (informação por texto + informação por imagens)
Elementos de hipertextualidade: elementos que quebram a
sequencialidade/linearidade do texto ampliando as informações relativas ao assunto.
31
Códigos de superfície: (cores, gráficos, ilustrações, fotografias, infográficos, etc)
Alguma transformação pode ser notada nos jornais em relação ao uso de recursos
imagéticos?
Por infográficos, adotamos a definição de Cairo (2008: 21), para o qual infografia é uma
“representação diagramática de dados”; bem como sua proposta de classificação (p.29),
em infográficos estetizantes (predomínio de ilustrações informativas) e analíticos
(visualização de dados; gráficos estatísticos).
Interação com o leitor: Observar se há opções para o leitor interagir com o Jornal e
com outros leitores e a presença do Jornal em mídias sociais.
Convergência de mídias (tv/rádio/revistas/web etc) O fenômeno da convergência de
mídias é notada? Por quais indicadores?
Presença online extra site – Observar se há formas de o conteúdo do jornal ser
acessado por outros meios além do site e do jornal impresso
Formas opcionais de visualização e filtro do conteúdo - Observar se o jornal online
oferece outras formas de visualização de seu conteúdo: como simulação da versão
impressa (flip page) ou acesso por filtros prévios ou livres (ferramenta de busca)
Publicidade – Observar os tipos de anúncios em cada meio, a quantidade e o espaço
dedicado à publicidade.
A seguir, serão apresentadas as respostas a estas perguntas para cada um dos jornais
analisados. Para fins didáticos, cada categoria será analisada primeiro para a versão
impressa e, logo depois, para a versão online. No capitulo 4, será feita uma análise
crítica dos resultados aqui apresentados, uma vez que nossa intenção não é comparar os
jornais entre si, mas encontrar padrões de comportamento e tendências em suas práticas
mais emergentes que nos mostrem qual o estágio de apropriação da web por este
segmento.
32
3.1. Jornal Estado de Minas
Nos jornais do período de 1985 a 2001 não foram aplicadas os critérios as categorias de analise
definidas no item três (estudo empírico). Essas categorias só se aplicam aos jornais analisados
em 2009 por estarem inseridos no contexto da web 2.0.
Em 2008 o jornal Estado de Minas comemorou 80 anos de existência. Publicado pela primeira
vez no dia 7 de março de 1928, esse periódico, considerado um dos mais importantes jornais
mineiros, faz parte dos Diários Associados, um poderoso grupo de comunicação, criado por
Francisco de Assis Chateaubriand em 1924. Ao longo dos anos, o EM foi, diversas vezes,
premiado internacionalmente pelo seu design gráfico e até hoje é referência nessa área.
Nessa pesquisa analisamos exemplares do jornal do período que vai de 1985 até 2009.
Iniciamos a analise a partir de 1985 para observar o impresso antes do advento da Internet. A
análise de edições de 1988 teve como objetivo observar o início da utilização de imagens em
policromia em algumas páginas do jornal, contudo, tirando este fato, a estrutura diagramática
desse período é muito similar à de 1985. As análises se referem aos anos das reformas
ocorridas no Estado de Minas.
Em 1996 houve uma reforma gráfica (que normalmente ocorre ao mesmo tempo em que a
reforma editorial), contudo a reforma editorial ocorreu apenas em 1998, portanto levantamos
dados sobre esses dois períodos. Em 2001 houve outra reforma gráfica e editorial. E a última foi
em 2004. Como o projeto gráfico de 2004 está vigente até hoje, optamos por incluir na
pesquisas as edições de 2009, ano de publicação deste artigo. Com a finalidade de estudar todos
os cadernos publicados em cada período, decidimos analisar edições de todos os dias da
semana, com exceção de 1985 e 1988, quando o jornal não era publicado nas segundas. Dessa
forma procuramos entender como a estrutura diagramática do jornal foi se transformando com o
objetivo de adequar a leitura a uma nova dinâmica.
As datas das edições analisadas são:
1985 – 26/11/85 – 27/11/85 – 28/11/85 – 29/11/85 – 30/11/85 – 01/11/85
1988 – 20/03/88 – 22/03/88 – 23/03/88 – 24/03/88 – 25/03/88 – 26/03/88
1996 – 07/03/96 – 08/03/96 – 09/03/96 – 10/03/96 – 11/03/88 – 12/03/88 – 13/03/88
1998 – 31/05/98 – 01/06/98 – 02/06/98 – 03/06/98 – 04/06/88 – 05/06/88 – 06/06/88
2001 - 07/03/01 – 08/03/01 – 09/03/88 – 10/03/88 – 11/03/88 – 12/03/88 – 13/03/08
2009 – 27/10/09 – 28/10/09 – 29/10/09 – 30/10/09 – 31/10/09 – 01/11/09 – 02/11/09
2009 (edições complementares de domingo) – 31/05/09 – 14/06/09 – 21/06/09 – 05/07/09 –
19/07/09 – 20/07/09 – 26/07/09 – 23/08/09 – 13/09/09
33
O Estado de Minas em 1985
Os cadernos existentes na época eram: Turismo, (figura 01) 2º Seção, Agropecuário
(complemento), Dinheiro Vivo, Feminino, Fim de Semana, Classificados especiais, Veículos e
Pequenos anúncios.
Figura 1 - Caderno De Turismo Em 1985
Na capa do jornal havia algumas notas completas: nesse caso, toda a notícia se encontrava na
capa, não havia indicação para o miolo. Contudo a maior parte delas contava com indicações
para a página onde se encontra a matéria completa. Os elementos gráficos na capa se
restringiam às fotografias (figura 2).
Figura 2 - Capa 1985
Os textos da capa eram extensos e organizado em seis colunas. No geral, havia uma
hierarquização das notícias. Para destacar alguns elementos na página, eram utilizados alguns
títulos em itálico, quadros informativos, linhas e tipografia em tamanhos variados. Neste
período, o jornal ainda não era impresso em policromia.
34
O uso de fotos e recursos gráficos não era tão freqüente quanto no jornal atual, porém em
cadernos como “fim de semana” e “feminino” (figura 3) havia uma preocupação maior com o
uso de imagens e outros recursos. A maior parte desses elementos eram ilustrações. Havia
também algumas charges, que ocupavam um espaço ainda tímido na página. Na época já existia
um infográfico sobre previsão do tempo (figura 4).
Figura 3 - Caderno Feminino – 1985
Figura 4
O espaço para diálogo com o leitor era reduzido, a seção ‘Cartas à redação’ ocupava apenas
uma coluna (figura 5).
Figura 5 - Cartas à Redação (em destaque)
A interação com outros meios de comunicação era grande. Cinema, TV, teatro e música eram
assuntos recorrentes na publicação e também havia muita publicidade sobre esses meios. Havia
35
uma seção chamada “telemania” com novidades sobre o universo televiso, além de comentários
feitos por um especialista. Às vezes eram publicadas cartas de leitores, que opinavam sobre um
programa de TV. Essa interação era voltada principalmente para a divulgação de filmes e
programação das principais emissoras, também havia dicas sobre peças de teatro em cartaz.
O Estado de Minas de 1988
Em 1988 o jornal usa, pela primeira vez, imagens em policromia na capa do impresso e na capa
de alguns cadernos (Figura 6). O miolo continuava monocromático. Os cadernos eram os
mesmos de 1985, contudo o estilo tipográfico de alguns títulos foi alterado. A capa continuava
apresentando uma predominância textual com poucos recursos gráficos.
Os anúncios publicitários eram frequentes, alguns ocupando a página inteira. Os mais
recorrentes eram sobre o Governo de Minas Gerais, no caderno de política, eletrodomésticos e
eletrônicos e comunicados.
Figura 6 - Imagem policromia – Caderno De Esportes (20/03/1988)
36
O Estado de Minas de 1996
Foi a partir da queda da “Lei de reserva de mercado para Informática” em 1992, que o Estado
de Minas começou a investir em páginas visualmente mais atrativas. Foi nessa época também
que as editorias de arte, infografia e ilustração foram criadas no EM.
Com a chegada da internet e de tecnologias gráficas, alguns pontos, como informações visuais e
interatividade ganharam importância e projeção. Em 1996 podemos perceber várias mudanças
no Estado de Minas. No dia 07 de março de 1996, foi implementada uma reforma gráfica, feita
pelo designer cubano Mario Garcia. A reforma começou em novembro e 1995, atingindo,
primeiramente, o caderno “Informática” e “Telecomunicações” para depois ser implantada no
restante do jornal.
Nessa época, a organização das editorias do jornal foi modificada, existia o caderno principal,
que era dividido em várias seções, como: Economia, Esportes, Exterior, Indicadores e dólar,
Nacional, Opinião, Policia e Política, Local, Ciência e Tecnologia e Consumidor. Além disso,
havia vários outros cadernos e suplementos. Eram eles: Especial, Esportes (Figura 7)
Espetáculo, Gerais, Pequenos anúncios, Turismo, Gabarito, Gurilândia, Feminino, Veículos,
Final de semana, Informática, Agropecuário. As cores eram utilizadas em alguns títulos com o
objetivo de destacar e evidenciar determinados conteúdos.
Figura 7 - Capa de caderno em 1996
A capa (figura 8) deste período apresenta elementos de alinearidade como índice e chamadas
com indicação da página da matéria. Notamos aí a introdução da indicação do site do Estado de
37
Minas, que aparece bem timidamente no final da última coluna, no rodapé da página (marcação
1).
Figura 8 - Capa de 1996
Nessa época, os recursos gráficos utilizados nas páginas do impresso ganharam mais espaço,
como forma de atrair o leitor e facilitar a absorção do conteúdo. A hierarquização dos elementos
torna-se mais evidente, recursos como tabelas, cores, títulos de retrancas (Figura 9) foram
introduzidos com o objetivo de hierarquizar o texto e facilitar a leitura.
O tamanho da fonte do titulo e do subtítulo na página também reflete a hierarquização. Notamos
claramente a presença de notas, matérias e reportagens, mas os textos se tornaram mais enxutos,
já que havia mais elementos gráficos como ilustrações. Nesse momento, a internet já estava em
fase de crescimento, e o processo de informatização das redações já havia começado.
As imagens passaram a ser usadas mais freqüentemente em todo jornal e o espaço ocupado por
elas também passa a ser maior. Havia diversos elementos gráficos que destacavam o texto como
linhas e espaçamentos maiores. Havia também ilustrações, quadros de informações, além de
alguns infográficos (figura 10).
38
Figura 9
Figura 10 - Infográfico
A interatividade com o leitor também aumenta nesse período. O jornal passa a dedicar mais
espaço para a seção Cartas à Redação. Foi criado o Tell Service Cidadão, que permite a
interação do leitor através de pesquisas de opinião, além disso, o Tell Service também é
utilizado como um serviço de apoio à sociedade, disponibilizando informações sobre saúde,
educação, lazer, entre outros. Por último, através do Tell Service, o EM divulga informações,
que por questão de horário, não foram publicadas na edição do jornal do dia anterior, chamado
de Jornal Interativo (figura 11). Também há a seção fale com o editor, espaço para que o leitor
tire dúvidas e dê sugestões. O número do telefone comercial de vários departamentos e
funcionários do EM também foram incluídos ao lado do título de algumas seções e cadernos,
39
como economia e esportes. Esses novos recursos têm como objetivo suprir uma necessidade de
interação maior com o leitor que a internet já começava a possibilitar.
Figura 11 - Tell Service
O diálogo com outros tipos de mídia englobava agora, além das mídias tradicionais, como
cinema e TV, a Internet. Inclusive o Estado de Minas inaugurou um provedor de acesso à
internet, chamado de Net Service, (figura 12) que posteriormente passou a se chamar Uai.
Figura 12 - Net Service
A reforma editorial de 1998
Em 1998 houve ume reforma editorial no Estado de Minas. Normalmente a reforma editorial
acontece simultaneamente à reforma gráfica, porém esse caso foi uma exceção. Essa reforma
consistiu em um processo no qual as diretrizes editoriais foram revistas.
As seções dentro do primeiro caderno eram: Exterior, Nacional, Opinião, Política, Ultimas,
Ciência e Tecnologia, Economia, Esportes e Indicadores. Os outros cadernos eram:
Classificados, Economia, Espetáculo, Esportes, Feminino, Final de semana, Gerais, Guia de
negócios, TV, Veículos, Informática, França 98, Campus, Agropecuário, Onde Morar, Turismo,
Ecológico, Gabarito, Viver BH e Pensar.
40
A utilização de recursos gráficos passa a ser mais frequente. Algumas matérias de destaque, seja
pela sua importância ou pelo interesse que ela poderia despertar no público, recebiam um
espaço maior e um tratamento gráfico mais complexo.
Havia vários elementos gráficos como linhas coloridas que separavam textos, cores aplicadas de
forma a destacar o texto e fontes estilizadas. A hierarquização dos elementos da página era
evidente através de contraste entre tipos de corpos maiores e menores, imagens em destaque e
títulos de retrancas. Assim como em 1996, o uso do bigode era freqüente (figura 13).
Figura 13
A interação com outras mídias continuava existindo, especialmente com a TV, através de
anúncios, além da sessão Telemania. A internet também era um tema recorrente no jornal,
embora em menor escala que os dias atuais, O Estado de Minas, nessa época, dedicava muita
atenção para a seção Cartas à edição (marcação 01), que ocupava um espaço maior na página e
ficava dentro de seção de Opinião (figura 14).
41
Figura 14
A reforma de 2001
No período de 04 a 07 de março de 2001 houve a implantação de mais uma reforma gráfica,
feita por Chico Amaral em 2000. Em relação ao planejamento gráfico podemos perceber a
continuidade da tendência que o impresso começou a seguir nos anos 90.
A organização das editorias do jornal continuou a mesma, contudo o caderno principal agora era
chamado oficialmente de Primeiro caderno. As seções disponíveis no período analisado são:
Economia, Esportes, Gerais, Indicadores, Internacional, Nacional, Opinião e Politica. Os
cadernos e suplementos eram: Agropecuário, Classificados, EM Cultura, EM 74, Veículos,
Turismo, Informática, Viver BH, Gurilândia, Pensar, Economia, Feminino e Masculino,
Negócios, TV, Veículos e D+.
Havia uma preocupação crescente com a organização visual das páginas, com a finalidade de
facilitar a absorção do conteúdo pelo leitor e de tornar a publicação mais agradável de ser lida e
mais atrativa. As páginas do jornal se tornaram mais leves, os elementos gráficos e as imagens
ocupavam um espaço maior (Figura 15). As infografias também ganharam mais espaço (figura
16).
42
Figura 15
Figura 16 - Infografias
A interação com a internet foi incorporada no impresso (figura 17). A internet estava
começando a atrair cada vez mais a atenção dos leitores, a velocidade e rumos de sua evolução
estava levando a internet a tomar a forma que ela tem hoje. Outra característica que ganhou
mais importância foi a possibilidade de interação com os leitores. Os e-mails dos editores
passaram a ser publicados junto com os telefones de contato.
43
Figura 17 - Publicidade do Uai no impresso
Jornal em 2009
A última reforma gráfica foi implantada em 2004. Até então, o projeto gráfico continua o
mesmo, mas alterações foram implementadas ao longo dos anos até 2009 com o objetivo de
tornar o jornal mais contemporâneo.
3.1.1 Posicionamento da marca – Impresso e online
O Estado de Minas tem uma relação de apoio com o provedor UAI de internet (é criador do
Uai), portanto há uma referência a esse portal na capa do jornal (figura 18). O Estado de Minas
possui uma tiragem de 104.365 exemplares distribuídos em diversos estados brasileiros. Em
Minas Gerais o jornal distribuiu 1932 exemplares do impresso (dados do mês de dezembro de
2009). Por fazer parte do grupo Diários Associados, o Estado de Minas, não possui distribuição
significativa fora de Minas Gerais, já que nos outros estados o grupo conta com outros
impressos.
Figura 18 - Logo do Uai
44
A primeira presença do EM na internet foi em novembro de 1995, quando foi criado um site
para a seção de informática do jornal Estado de Minas. Em janeiro de 1996 esse site foi
reformulado e passou a hospedar todo o conteúdo do jornal impresso.
No início de 1996 o Estado de Minas criou o ‘Net Service’, um provedor de acesso a Internet. O
EM foi o primeiro jornal do Brasil a oferecer esse tipo de serviço. No final de 1996 o nome foi
trocado para ‘Uai’(figura 19). No dia 18 de novembro de 2009 o site do Uai foi reformulado por
uma empresa terceirizada, e apresentou um novo layout, além de novas ferramentas.
Figura 19 - Logo do Portal Uai
Para o Estado de Minas, atualmente, existem dois sites que podem ser acessados, que possuem
domínios diferentes. Um deles é o www.em.com.br, e o outro é o
http://estadodeminas.ideavalley.com.br/autenticacao/. Os dois sites apenas reproduzem o
conteúdo publicado na edição impressa. Não há um jornalista que se dedica exclusivamente à
produção de conteúdo online.
O logotipo do Estado de Minas, nos dois sites utiliza a mesma tipografia do impresso, contudo
há uma inversão de cores (figura 20); No impresso o nome do jornal está em azul e o fundo é
branco. No em.com.br o logo é branco e o fundo azul.
Figura 20
3.1.2. Estrutura do Jornal - Impresso
3.1.2.1 Cadernos
A divisão dos cadernos ficou mais organizada a partir do projeto gráfico de 1996 com a criação
do caderno principal, chamado de Primeiro Caderno desde 2001, com várias seções como:
Ciência, Economia, Nacional, Internacional, Opinião, Política. Os outros cadernos e
suplementos de 2009 são: Bem viver, Especiais, EM cultura, Masculino e Feminino, Gerais,
45
TV, Esportes, Turismo, Veículos, Imóveis, Informática, Ragga Drops, Divirta-se, Pensar,
Gurilândia, Trabalho, Agropecuário, Direito e Justiça e Classificados.
3.1.2.2 Primeira Página
Na capa, as chamadas para os cadernos da edição utilizam uma fonte com o mesmo estilo e cor
do nome do caderno referente (figura 21). Essas chamadas podem vir tanto na margem esquerda
da capa, como também no topo ou na margem direita, algumas vezes elas ocupam mais de um
desses espaços (figura 22).
Figura 21 - Chamadas com o padrão de cores do Caderno referente.
Figura 22
Na capa também encontramos índice em uma parte das edições (figura 23), endereço do site do
Estado de Minas na Internet, telefones de contato, e diversos elementos gráficos.
46
Figura 23 - Índice na capa
3.1.3 Estrutura do Jornal – Online
O Portal Uai (figura 24) conta com vários recursos, como notícias de outros meios dos Diários
Associados e conteúdo exclusivo. O site é atualizado diariamente por uma equipe de jornalistas,
que trabalha em turnos. Esses jornalistas também são responsáveis pela criação de conteúdo
exclusivo para o Uai. Alguns desses jornalistas são encarregados dos sites associados ao Uai,
como o Divirta-se, o Vrum e o Lugar certo. O Uai também oferece acesso rápido aos sites dos
veículos dos Diários Associados, em Minas Gerais (rádio Guarani FM, Aqui, Ragga e TV
Alterosa), redes sociais exclusivas, links para acompanhar o Uai em outras mídias sociais,
(figura 25), classificados, um sistema de oferta e procura de empregos, um guia de utilidades,
enquetes, entre outros. Um dos recursos adicionados na última reforma, e que foi destacado pela
própria equipe do Uai, é a possibilidade de o usuário comentar matérias dentro do site do Uai.
Além disso, também é possível compartilhar matérias através de mídias sociais. Como o Uai faz
parte dos Diários Associados, parte do conteúdo dos outros veículos associados também é
publicada nesse portal.
Figura 24 - Portal Uai
47
Figura 25 - Mídias Sociais
Dentro do portal Uai existem duas seções, o canal de esportes, chamado de Super Esportes; e o
canal Dzaí, que funciona como uma rede social. O Super Esportes é atualizado diariamente a
partir do conteúdo do próprio Estado de Minas impresso, isso ocorre na parte da manhã, por
volta das 8 horas. Ao longo do dia, à medida que novos fatos vão ocorrendo, jornalistas do Uai
produzem conteúdo exclusivo para o Super Esportes. Várias são as formas de o consumidor de
conteúdos interagir com as informações, com a equipe ou com outros consumidores, entre elas
estão; blogs, salas de bate-papo, podcast e-mail dos jornalistas e o próprio Dzaí.
O Dzaí (figura 26) é o canal que funciona como uma rede social. É um site onde os internautas
podem postar vídeos, imagens, áudio, criar blogs, podcast e comunidades, é um site
colaborativo, ou seja, no caso de um acontecimento especial, os internautas são convocados a
participar da produção de conteúdo através de matérias hospedadas no site do Uai. Além disso,
o conteúdo produzido pelo internauta pode ser publicado no Uai, tanto dentro de uma matéria,
exercendo o papel de complemento, como na própria página inicial do site. O Dzaí conta com
colaboradores, chamados de “blogueiros parceiros”, que produzem conteúdo regularmente, e
constantemente recebem um espaço no box do Dzaí (figura 27), na página inicial do Uai. O
conteúdo produzido por internautas só é censurado se for considerado ofensivo a algum grupo
social. A única forma de edição que esse material recebe é referente a pequenas expressões que
podem confundir o internauta. (por exemplo, a utilização de palavras como “aconteceu ontem”
são substituídas por expressões como “ocorreu na quarta-feira, dia do mês”)
48
figura 26 - Site Do ‘Dzaí’
Figura 27 - “Box” do ‘Dzaí’ na página principal do Uai
O Uai muitas vezes funciona como uma ‘vitrine’ para a próxima edição do Estado de Minas
impresso, revelando assuntos e matérias que serão abordados no dia seguinte.
O site www.em.com.br tem o conteúdo praticamente igual ao jornal impresso, faltando apenas o
recurso de infografias. O conteúdo é apresentado em um grid fixo (figura 28).
49
Figura 28 - Grid do Em.com.br
No menu superior da página principal há um link para a central de assinantes do Estado de
Minas. Nela encontramos ofertas especiais, alguns serviços oferecidos para os assinantes e um
campo onde podemos postar reclamação caso alguma edição do jornal não tenha sido entregue.
O site do Estado de Minas possui links para o conteúdo do Uai e para alguns serviços que o
portal oferece, como Classificados.
50
3.1.4 Elementos de hipertextualidade - Impresso
Além das chamadas de capa, existem chamadas em algumas matérias para complementos, referentes ao mesmo assunto, hospedados no site do Uai (figura 29).
Figura 29
3.1.5 Elementos de hipertextualidade – Online
No site, há hiperlinks com o nome de todos os cadernos, seções e complementos do impresso
(figura 30). Contudo, como o Estado de Minas impresso não publica todos os suplementos e
seções em todas as edições, alguns links não são atualizados diariamente, esses links só serão
atualizados quando o EM publicar novamente um conteúdo dentro dessa editoria. As seções e
suplementos também estão organizadas de forma alfabética. O em.com.br utiliza uma barra
superior com alguns recursos do provedor Uai (figuras 31 e 32).
Figura 30 - Página Principal
Figura 31 - Barra de ferramentas do Uai
51
Figura 32 - Barra de ferramentas do Estado de Minas On Line
Dentro da página de uma seção ou suplemento existem links que levam a outras notícias
similares, e todas elas também são publicadas na versão impressa.
3.1.6 Códigos da Superfície – Fotografias, Ilustrações e Infografias – Impresso
A maior parte do jornal é impressa em policromia, variando em torno de 47 páginas coloridas e
63 em preto e branco. As cores são usadas para organizar o conteúdo e identificar os cadernos.
Os nomes dos cadernos vêm em boxes coloridos e a palavra vem em letras vazadas de acordo
com as cores de cada caderno. Além disso, alguns cabeçalhos de cadernos vêm acompanhados
de ícones (figura 33), que ajudam o leitor a identificar a editoria.
Figura 33
52
No miolo do jornal, (figura 34). São usados recursos imagéticos na capa, como, por exemplo,
uma foto que ocupa um grande espaço na página, acompanhada de um título em corpo grande, e
que muitas vezes utiliza mais de duas cores diferentes e uma fonte estilizada que faça referência
ao tema tratado na matéria (figura 35). O texto também interage com a imagem (figura 36). São
também utilizados outros recursos para atrair a atenção do leitor como, por exemplo, boxes
coloridos (figura 37).
Figura 34
Figura 35
53
Figura 36
Figura 37
As infografias atuais são complexas e bem trabalhadas (figura 38). A evolução das ferramentas
de ilustração gráfica permite que as infografias sejam mais detalhadas. Em alguns exemplos
podemos perceber que a ilustração se destaca na página, em relação ao texto.
54
Figura 38
3.1.7 Códigos da Superfície – Fotografias, Ilustrações e Infografias - Online
O em.com.br, utiliza um padrão de cores muito simples. O fundo é cinza, o cabeçalho e a maior
parte dos detalhes é o azul utilizado pelo EM. O vermelho é utilizado em títulos e legendas de
fotos. As cores dos cadernos do impresso não são mantidas no online.
Os recursos imagéticos utilizados no online não têm tanta evidência quanto no impresso. Nas
matérias, encontramos, normalmente, uma das imagens utilizadas na mesma matéria em sua
versão impressa. Na primeira página do jornal online também há uma imagem, que
normalmente é a mesma utilizada na versão impressa da mesma matéria. Contudo não foram
encontradas infografias na versão online.
3.1.8 Interação com o leitor - Impresso
Em relação ao diálogo com o leitor, na capa há o endereço do jornal na Internet, telefone de
contato para assinaturas (0800 para várias localidades). A seção Cartas à redação ocupa um
espaço um pouco maior que meia página e se localiza no caderno Opinião, que normalmente
ocupa duas páginas. No caderno Opinião há vários telefones para diversos departamentos do
jornal. Em cada editoria ou caderno do jornal podemos encontrar o nome da equipe responsável
pela sessão em questão, além do seu e-mail e do telefone de seu departamento (esses e-mails
foram disponibilizados a partir de 2001).
3.1.9 Interação com o leitor – Online
O recurso de RSS está disponível no site do EM e no Uai. Com ele podemos ser atualizados toda
vez que o site publicar uma notícia sobre qualquer um dos vários temas que o usuário escolher.
Além disso, o EM disponibiliza um breve tutorial (figura 39) sobre RSS, inclusive indicando
55
agregadores que são necessários para o uso desse recurso. Não existe espaço para o leitor deixar
uma comentário sobre a matéria no site.
Figura 39 - RSS
O Portal UAI possui um Twitter (http://Twitter.com/portaluai) onde são divulgadas chamadas
do Portal UAI escritas especificamente para o Twitter (atendendo ao limite de 140 caracteres do
serviço). As #hashtags³ (nota rodapé), um dos recursos básicos de postagem no Twitter, são
utilizadas na redação. Através do Twitter também é feita a interação com os usuários,
convidando para chats, deixar opiniões e enviar perguntas para entrevistados (figura 40).
Figura 40 – Interação com usuários através do Twitter
O Portal UAI possui uma seção específica para Blogs, onde jornalistas, músicos e outros
especialistas convidados mantém páginas sobre temas variados (viagens, economia, futebol,
música, cotidiano etc).
O UAI possui uma comunidade oficial no Orkut
(http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=96121773&refresh=1) e no Facebook
(http://www.facebook.com/people/Portal-Uai/100000307414191), porém o número de usuários
e as interações em ambos são muito pequenos
56
3.1.10 Convergência de mídias – Impresso
A interação com outras mídias é grande. Um exemplo disso, que também serve como exemplo
de interatividade com o leitor, é o Painel do leitor (figuras 41 e 42) e que funciona da seguinte
forma: O leitor acessa o site “paineldoleitor.uai.com.br” e avalia a edição impressa do dia,
dando notas e sugestões, o resultado é publicado diariamente na sessão Opinião, do Primeiro
Caderno.
Figura 41
Figura 42 – Anúncio do Painel do Leitor no impresso
3.1.11 Convergência de mídias – Online
A convergência de mídias ainda não é muito explorada dentro do www.em.com.br. Contudo,
dentro do site do Uai podemos encontrar vários links referente a outros meios do Grupo Diários
Associados, como emissoras de TV e rádio.
57
O Portal UAI possui também uma rede própria, o DZAI (http://www.dzai.com.br/), com
conteúdo multimídia enviado somente por usuários.
Para divulgação de vídeos, utiliza-se um player próprio com vídeos da TV Alterosa (figura 43).
Figura 43 – Player da TV Alterosa
3.1.12 Presença Online extra site
O Estado de Minas possui serviços de RSS em seu site, o conteúdo desse serviço pode ser
acessado tanto através de leitores de RSS, quanto por mídias móveis. Na rede social Orkut, o
EM conta com duas comunidades oficiais e várias não oficiais.
3.1.13 Formas opcionais de visualização e filtro do conteúdo
No Estado de Minas digital, o usuário pode visualizar a edição mais recente do impresso. Para
acessar essa versão, é necessário um login e uma senha fornecidos para assinantes da versão
digitalizada do impresso.
Na página vemos um “leitor manuseando uma página de jornal impresso na tela de um laptop”,
mostrando para o leitor a semelhança entre a edição impressa e a digital.
O conteúdo desse site se limita a versões digitalizadas do Estado de Minas impresso e sua
própria organização é feita de maneira a aproximar o site do formato impresso.
58
Os links presentes ao longo dessas páginas podem ser divididos em duas categorias: os
primeiros são de acesso, ou seja, ferramentas que facilitam a leitura, como busca, zoom,
mudança de páginas (figura 44, item 1). Os outros são links referentes ao conteúdo do jornal,
como nome dos cadernos e das seções (figura 44, item 2).
Figura 44
É possível mudar a página clicando no link com desenho de setas no topo da página. Quando
fazemos isso, as páginas passam com um efeito de flip, simulando o movimento que ocorre
quando manuseamos a página de um impresso.
Todas essas ferramentas exemplificam a transição que está ocorrendo das mídias impressas para
a mídia digital. O conteúdo é organizado de forma que simule a experiência de ler um jornal
impresso. Os links são reduzidos ao máximo, para que o usuário se sinta “em controle” da
informação.
3.1.14 Publicidade – Impresso
A maior parte dos anunciantes do impresso são de grandes lojas de eletrodomésticos. Bancos e
publicidade estatais também são recorrentes. Outro tipo de publicidade muito comum é do
próprio Estado de Minas.
Podemos encontrar anúncios publicitários menores do que meia página e também outros
ocupando páginas inteiras e até duas páginas.
3.1.15 Publicidade – Online
Na página principal do em.com.br, a espaço para a publicidade se resume a dois boxes. Os
anunciantes mais recorrentes são construtoras e o próprio Estado de Minas.
59
3.2 Jornal Folha de São Paulo
3.2.1 Posicionamento da marca – Impresso e Online
Fundada em 1921, a Folha de São Paulo é o jornal de maior circulação no Brasil9. A Folha
sempre foi um Jornal pioneiro no país: em 1967, foi o primeiro a utilizar impressão offset em
cores; em 1980, foi o primeiro jornal no Brasil a informatizar sua redação e, nessa época,
começou também a investir em infográficos; foi o primeiro jornal no Brasil a criar, em 1989, a
função de "ombudsman", profissional contratado para receber, investigar e encaminhar as
queixas dos leitores; realizar a crítica interna do jornal e, aos domingos, produzir uma coluna de
comentários críticos sobre os meios de comunicação, na qual a Folha é o maior alvo.
O Grupo Folha é formado por várias mídias, incluindo jornais, editoras, gráficas e provedor de
acesso à internet. O diferencial do jornal são os produtos e suplementos que o acompanham,
como a Revista da Folha e o caderno Folhateen. Em 1995, a Folha lançou o "CD-ROM Folha",
com o texto integral das edições do jornal do ano anterior. No mesmo ano, foi lançado o "Folha
Online", cujo primeiro serviço oferecido foi o "Folha Web", uma sinopse diária das reportagens.
Em 1996, o Grupo Folha lançou o Universo Online (UOL), primeiro serviço online de grande
porte no país. O site permitia consultas ao banco de dados da jornal nos últimos três anos. A
Folha foi o primeiro10 jornal em tempo real em língua portuguesa, com uma equipe de
reportagem própria para o conteúdo online.
Desde sua criação, há 80 anos, a Folha de São Paulo passou por 5 grandes reformas, a última
delas em 2006. Nessa reforma, o periódico procurou focar em aspectos da vida moderna: a falta
de tempo dos leitores, a internet e a rapidez na difusão das notícias. Seu novo formato pode ser
lido em "duas velocidades": 5 minutos (pelo ‘leitor que folheia’) ou 50 minutos (pelo ‘leitor
profundo’)11.
Para esta pesquisa, foram analisadas as seguintes edições da Folha de São Paulo impressa:
03/05/09, 10/05/09, 24/05/09, 31/5/09, 7/6/09, 21/6/09, 5/7/09/09, 12/7/09, 9/7/09, 2/8/09 e
14/9/09, todos de domingo, por ser a edição mais completa da semana.
9 Segundo dados da Folha: A Folha é hoje o jornal brasileiro de maior tiragem e circulação. Os números auditados pelo IVC (Instituto Verificador de Circulação) são: Circulação Paga - Junho/2009: Domingos: 343.542 exemplares. Dias úteis: 289.381 exemplares. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/conheca/circulacao.shtml, consultado em 11/09/2009 10 De acordo com a Redação da Folha: “É o primeiro jornal em tempo real em língua portuguesa. Com uma equipe de reportagem própria, tem por objetivo a criação, produção e desenvolvimento de conteúdo jornalístico on-line, além de serviços com destaques para áreas de interatividade.” Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/conheca/folha_online.shtml, consultado em 11/09/2009 11 Texto de Marcelo Beraba, disponível em http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=383VOZ001, consultado em 11/09/2009
60
O Jornal impresso circula com o slogan "Um jornal a serviço do Brasil" e utiliza a seguinte
marca:
Figura 45a
A análise do site da Folha foi realizada no dia 11 de setembro de 2009. O Site do jornal utiliza o
slogan "Primeiro jornal em tempo real e em língua portuguesa" e a marca:
Figura 45b
O nome do jornal passa a ser Folha Online ao invés de Folha de São Paulo, e seu endereço é
www.folha.com.br
3.2.2 Estrutura do Jornal - Impresso
3.2.2.1 Cadernos
A edição impressa circula com 7 cadernos diários divididos em 80 páginas: Folha Brasil,
Ciência, Cotidiano, Dinheiro, Esporte, Ilustrada e Folha Mundo. Os suplementos são publicados
ao longo da semana: Folha Informática, Equilíbrio, Turismo, Folhinha, Folhateen, Mais!,
Revista da Folha, Veículos, Construção, Empregos, Negócios, Imóveis, Guia e Moda.
3.2.2.2 Primeira Página
No cabeçalho da página da capa, há a marca do Jornal, endereço do site, data da publicação,
hora em que a edição foi fechada e informações editoriais. Sempre há 2 ou mais imagens de
tamanho médio ilustrando as notícias ou reportagens em destaque; a chamada principal é escrita
com uma fonte de tamanho maior (figura 46). As capas utilizam boxes coloridos enfatizando e
delimitando algumas chamadas, aleatoriamente (figura 47, item 1); as cores não correspondem à
cor do respectivo caderno interno. Um recurso utilizado é a interação da imagem com o texto
(figura 47, item 2). Em torno de 1/5 do espaço da capa é destinado para publicidade. As
chamadas da capa englobam basicamente um destaque de cada caderno, algumas se restringindo
somente à chamada e outras incluindo também um texto. Na capa também há a previsão do
tempo do dia, com um pequeno resumo, e o número da página indicando a previsão completa
nas páginas internas (figura 47, item 3).
61
Figura 46
Figura 47
3.2.3 Estrutura do Jornal - Online
3.2.3.1 Seções
O site é diagramado em três colunas, sendo a da direita destinada à busca e publicidade. O Grid
é fixo, variando somente no tamanho vertical das colunas (figura 48).
62
Figura 48 - Grid do Jornal Online
A divisão do menu superior do site abrange grandes categorias: Notícias, Especiais, Serviço,
Galeria, Colunas, Erramos, Fale Conosco, Atendimento ao Assinante, Grupo Folha e Assine
Folha. O submenu Notícias contém os links com o mesmo nome dos editoriais do impresso:
Ambiente, Bichos, Brasil, Ciência e Saúde, Comida, Cotidiano, Dinheiro, Educação, Equilíbrio,
Esporte, Ilustrada, Informática, Mundo e Turismo, além da seção exclusiva do jornal Online Em
63
cima da hora. O caderno impresso "Guia" passa a se chamar Guia da Folha Online no site. Na
versão impressa, o caderno oferece a programação cultural de eventos na cidade, enquanto na
versão digital oferece uma busca com várias opções de filtros: por local, evento, preço, somente
de São Paulo. Os cadernos especiais têm uma versão online, normalmente uma página com um
apanhado de todas as notícias sobre determinado assunto, além de vídeos e imagens. Para
identificar a página, o diferencial é um banner no topo com uma imagem relacionada ao assunto
(figura 49). Alguns especiais têm hotsites, páginas tematizadas com um tratamento apurado
visualmente (figura 50).
Figura 49
Figura 50
3.2.3.2 Primeira Página
Nas colunas da esquerda e do meio do site, as notícias estão divididas por assunto de acordo
com as editorias. Na área visível do browser, sem necessitar da rolagem do mouse, há a seção
Em cima da hora, onde chamadas das últimas notícias publicadas atualizam-se em intervalos de
64
segundos (figura 51, item 1). Abaixo, estão as chamadas das notícias mais importantes do dia ou
que receberam maior destaque (figura 51, item 2); no começo do dia, algumas dessas chamadas
são as mesmas do jornal impresso, porém ao longo do dia são substituídas por novidades
(notícias produzidas exclusivamente para a versão online). As imagens aparecem em poucos
casos: em um box com uma chamada e uma fotografia, que é rotacionada automaticamente
(figura 51, item 3), e thumbnails que ilustram chamadas aleatórias ao longo da página inicial. O
box "multimídia" oferece vídeos, podcasts e enquete, utilizando ícones de som e tv para
identificar o conteúdo (figura 51, item 4). Os links dos editoriais levam para páginas internas
que seguem a mesma disposição de elementos da página inicial: uma imagem destacada, em
tamanho maior, e alguns thumbnails em outras notícias (figura 51, item 5).
Figura 51
3.2.4 Elementos de hipertextualidade - Impresso
É utilizado um recurso parecido com o hiperlink: após uma notícia, são listadas outras notícias
parecidas no mesmo jornal, contendo uma pequena chamada e o número da página em que a
matéria se encontra (figuras 52 e 53).
65
O leitor é guiado pela página por elementos como chamadas, olhos, intertítulos e títulos de
retranca. Nas chamadas, a indicação das páginas correspondentes às matérias ou reportagens é
feita pelo número da página e letra correspondente ao caderno.
Figura 52 Figura 53
3.2.5 Elementos de hipertextualidade - Online
A página interna das notícias possui um grid padrão para todas as editorias. No começo do
texto, é informada a hora em que foi realizada a última atualização da notícia (figura 54, item
1); Intercalando o corpo do texto, são linkadas outras matérias que se relacionam com a atual
(figura 54, item 2); no decorrer do texto da notícia, são incorporados links no próprio texto de
outras notícias que já foram publicadas no jornal ao qual o texto se refere (figura 55). No final
da notícia, são oferecidas opções de compartilhamento em redes sociais (figura 54, item 3),
envio de matérias por e-mail e postagem de comentários na própria página da notícia (somente
em algumas seções, como Política e Economia. Na de variedades, por exemplo, não é possível
comentar) (figura 54, item 5). Após as opções de compartilhamento, há links para “Leia mais”
(com outras matérias sobre o tema), link para ler outras notícias do mesmo caderno, link para
especiais e links para publicações sobre o assunto da PubliFolha (editora do Grupo Folha)
(figura 54, item 4).
66
Figura 54
Figura 55
67
3.2.6. Códigos da Superfície – Pictogramas e ícones, Diagramas, Fotografias e Infográficos
- Impresso
As cores são usadas para diferenciar títulos, subtítulos, chamadas e nome dos cadernos e,
juntamente com o tamanho das fontes e as imagens, hierarquizam o espaço da página (figura
56). No Caderno Classificados, especificamente, as cores são usadas em um recurso gráfico em
analogia às abas de websites (figura 57).
Figura 56 – Página hierarquizada por imagens, boxes, cores e fontes
Figura 57
Ao longo da notícia, as cores destacam citações e trechos do texto; boxes e elementos
tipográficos adquirem a função de imagem (figura 58 e figura 59). As capitulares, quando
usadas, são da mesma cor do caderno a qual pertencem (figura 60).
68
Figuras 58 e 59 – Elemento tipográfico adquire a função de imagem
Figura 60
A Folha utiliza ícones para indicar principalmente conteúdos disponíveis na versão online
(figura 61).
Figura 61 – Ícones na Folha impressa
As fotografias são muito valorizadas: são sempre coloridas, interagindo com o texto (figura 62)
e se tornando um elemento tão importante quanto ele. No caderno Mais!, cuja proposta é mais
livre em termos de linguagem gráfica, as fotografias ocupam até meia página e, em alguns
casos, a página inteira (figura 63); são contornadas por áreas brancas de respiro, técnica que
aumenta a visibilidade da imagem (figura 64). Ilustrações e charges também interagem com o
texto (figura 65).
69
Figura 62
Figura 63
70
Figura 64
Figura 65 – Ilustração interagindo com o texto
Os Infográficos sempre são ilustrados, contextualizando a imagem com o assunto (figura 66).
Os infográficos com um nível de complexidade maior são utilizados quando é necessária uma
71
explicação esquematizada ou mais detalhada, principalmente para as matérias de capa. Nas
edições analisadas, todas de domingo, as matérias de capa que traziam um apanhado semanal de
um evento importante possuiam infográficos (figura 67).
Figura 66
Figura 67 – Infográfico em matéria de Capa
3.2.7. Códigos da Superfície – Pictogramas e ícones, Diagramas, Fotografias e Infográficos
– Online
A hierarquia visual se dá através do tamanho da fonte, principalmente; a cor é utilizada somente
nos títulos das seções, que correspondem à cor dos cadernos impressos e utilizam a mesma
72
tipografia do título (figura 68). Os títulos das notícias têm a mesma cor padrão dos links do site
(azul).
Figura 68 - Título do caderno impresso e online são correspondentes
São utilizados ícones para o conteúdo multimídia, indicando podcasts, áudio e vídeo. (figura 69)
Figura 69 – Ícones para conteúdo multimídia da Folha Online
As fotografias incorporadas nas matérias ocupam um espaço de destaque menor do que no
jornal impresso (figura 70). Porém, há uma seção específica para fotos no site, chamada
“Galeria” (figura 71).
Figura 70 – Fotografia incorporada em matéria
73
Figura 71 – Galeria de imagens
Os infográficos não possuem uma seção específica no site; são encontrados através das matérias
que os contém. Alguns são animados, porém nenhum deles é interativo (figura 72).
Figura72
74
3.2.8. Interação com o Leitor - Impresso
A comunicação com o Leitor é feita pela seção "Painel do Leitor", onde há algumas cartas de
leitores enviadas por correio, e-mail ou fax; também há um link para mais opiniões online
(figura 73).
Figura 73 – Painel do Leitor
3.2.9. Interação com o Leitor - Online
A interação com o leitor proporciona um conteúdo dinâmico ao site, podendo ser instantânea, o
que não é possível no impresso. Na Home do site, há uma sessão com notícias mais lidas e mais
enviadas, que variam de acordo com a visitação dos usuários. Há enquetes em que pode-se votar
e ver o resultado parcial na hora, diferente do jornal impresso, onde normalmente é necessário
esperar a próxima edição para checar o resultado.
No link "Serviço", o leitor pode enviar sua notícia (“Envie sua notícia”), que será publicada
após revisão do editor do site; reclamar no canal de defesa do consumidor (“A cidade é sua”);
corrigir dados das notícias (“Comunicar erros”); reclamar no “Atendimento ao assinante”;
receber notícias do mercado financeiro assinando especificamente o Folhanews e acessar outros
sites do Grupo Folha.
A Folha de São Paulo possui um Twitter (http://Twitter.com/FolhadeSP), onde uma função
automática publica as últimas notícias do site. As chamadas não são adaptadas e, por isso,
frequentemente não atendem ao requisito de no máximo 140 caracteres do Twitter (figura 74);
um dos recursos básicos de interação no Twitter, as hashtags (nota de rodapé/ glossário), não
são utilizadas. O jornal não interage com seus seguidores respondendo à dúvidas, por exemplo.
75
Figura 74 - Twitter da Folha de São Paulo
A Folha de SP possui uma seção específica para Blogs, onde jornalistas convidados mantém
páginas sobre temas variados (viagens, economia, futebol, música, cotidiano etc). O Jornal não
divulga comunidades do Orkut ou Facebook no site oficial, porém há comunidades nessas redes,
não-oficiais, feitas por usuários.
3.2.10. Convergência de mídias - Impresso
O jornal impresso apresenta interações com a internet: Em algumas notícias, há ícones (figura
75) que representam um conteúdo disponível no site do jornal, podendo ser uma informação
complementar, a continuação de determinada matéria ou outro recurso multimídia como vídeo
ou animação. Para acessar esse conteúdo online, especificado na edição impressa, não é
necessário ser assinante do jornal. Na seção Folha Corrida, há o item "Hits da web",
representado pelo ícone de um mouse, indicando conteúdos que foram destaque na Internet
(figura 76).
76
Figura 75 – Indicação de material complementar à notícia
Figura 76 – Seção “Hits da Web”
3.2.11. Convergência de Mídias - Online
A interação com o jornal impresso se dá através de notas em algumas notícias, como "Leia a
matéria na íntegra na Folha desta sexta-feira, que já está nas bancas" (figura 77). No site,
também estão disponíveis na íntegra algumas matérias que saíram no jornal impresso sem
necessidade de ser assinante para visualizar.
Figura 77
77
O Jornal oferece opções de interagir com as notícias através das redes sociais Twitter, Facebook,
Delicious, Myspace, Google e Digg (figura 78)
Figura 78
Para divulgação de vídeos, utilizam o player da TV Uol (Parceiro do site) (figura 79).
Figura 79 – Player da UOL no site da Folha de SP
3.2.12. Presença Online Extra Site
O jornal possui a opção de assinar o serviço de RSS, assim o leitor não precisa entrar no site
para ter acesso às notícias (figura 80). A Folha possui versão para celular, podendo ser acessada
por celulares e smartphones através do endereço wap.folha.com.br. Também há a opção de
enviar notícias por mensagem de texto, sendo cobrada a taxa de envio da mensagem.
Figura 80 – Visualização por RSS
78
3.2.13. Formas opcionais de visualização e filtro do conteúdo
É possível filtrar notícias por Mais lidas, Mais comentadas e Mais enviadas. A ferramenta de
busca do site separa o conteúdo entre a Folha Online e a Folha de S. Paulo (figura 81); quem
busca pela Folha Online, encontra um conteúdo que só pode ser acessado por assinantes do
jornal (seja da versão impressa, digital ou assinantes do portal UOL).
Figura 81
A versão digital do jornal impresso pode ser acessada pela Home do site, na opção "acesse a
edição de hoje online". O leitor pode escolher entre a versão digital (que utiliza um Plugin para
visualização com animações e interações) ou então a versão “somente texto” (figura 82). O
conteúdo do jornal impresso é restrito a assinantes da Folha impressa, online ou do Portal Uol.
Até o dia 11/09/09, essa versão digital era uma reprodução apenas do texto da edição impressa,
sem a diagramação do impresso (figura 83). A partir do dia 12/09/09, a Folha substituiu essa
forma de visualização por outra: passou a disponibilizar uma versão igual à impressa, acrescida
de opções de busca, impressão, adição de notas a uma página, além de ser possível favoritar
matérias e implementar o efeito de "flip" ao virar uma página do Jornal (figura 84).
Figura 82 – Versão “Somente Texto” do Jornal impresso
79
Figura 83 – Interface antiga de visualização do Jornal Impresso
Figura 84 – Visualização da versão digital do Jornal atualmente
3.2.14 Publicidade - Impresso
A publicidade é muito explorada, ocupando páginas duplas, espaços entre notícias e por vezes
interferindo graficamente em uma notícia. O conteúdo publicitário não é relacionado com os
assuntos da página, mas são estrategicamente inseridos em cadernos cujo leitor seja o público-
80
alvo do anunciante em questão; nota-se uma grande publicidade de eletrodomésticos, imóveis e
eletrônicos, no geral. (figura 85)
Figura 85
3.2.15 Publicidade - Online
Além do próprio Grupo Folha, que utiliza uma grande parte do espaço publicitário do site,
também há a publicidade direcionada por palavras-chave, assim o conteúdo é modificado
dependendo do histórico do usuário que navega no site. Os anúncios são mesclados com o
conteúdo jornalístico, utilizando uma hierarquia parecida com a das notícias (como cores
iguais). Os banners também utilizam animações e ações invasivas, como popups que surgem na
tela. São anunciados principalmente produtos eletrônicos, livros e serviços de telefonia.
3.3. Jornal Estado de São Paulo
3.3.1 Posicionamento da marca
A história do jornal Estado de São Paulo se iniciou em janeiro de 1875, ainda sob o
nome de “A Província de São Paulo”. Dez anos após sua fundação, passou a ser
comandado por Júlio Mesquita, o primeiro editor da família que controla o jornal até
hoje. Em 1889, com a proclamação da república, passou a se chamar “O Estado de São
Paulo” e, desde então, tem tomado grande importância no cenário político nacional, se
posicionando em todos os grandes momentos da história do país.
Em 1966 o jornal criou sua versão vespertina, denominada Jornal da Tarde, que
representou um grande impacto no jornalismo brasileiro em termos gráficos e editorial.
Em 1993 o jornal passa por sua mais profunda reforma gráfica, na qual adota o logotipo
81
atual, em azul, além de aumentar significativamente o uso de cores em suas páginas. No
ano 2000 o Estado de São Paulo começa a investir na internet, criando o portal
Estadao.com.br, que em três anos se torna liderança em sites de jornalismo no Brasil.
Em 2004 o jornal adota o formato utilizado hoje com uso de cores e grande variedade de
cadernos. Por fim, em 2007, o portal Estadão também se reforma, se aproximando do
projeto do próprio jornal impresso, ampliando o conteúdo disponível e se tornando mais
dinâmico.
Segundo maior jornal paulista, o Estado de São Paulo usa, desde 1993, a logomarca
atual (figura 86), na cor azul. O nome do jornal, no entanto, é o mesmo desde 1889, e
também é conhecido como “Estadão”. Por essa razão, o portal do Estado de São Paulo
na internet, criado no ano 2000, utiliza, mesmo que em cores diferentes, essa alcunha
(figura 87).
Figura 86
Figura 87
A seguir, analisaremos 12 edições do jornal, veiculadas no período entre 21 de junho e
23 de agosto de 2009, sendo dez delas veiculadas em domingos, nos dias 21 e 28 de
junho, 5, 12,19 e 26 de julho, 2, 9, 16 e 23 de agosto, uma edição de segunda-feira e
outra de sexta-feira, nos dias 3 de agosto e 26 de junho, além do portal estadao.com.br,
acompanhado diariamente no período de 7 de outubro a 5 de dezembro do mesmo ano,
com o intuito de comparar os dois veículos em busca de indicadores da influência
digital no formato dos periódicos atuais.
82
3.3.2 Estrutura do jornal - impresso
3.3.2.1 Cadernos
Hoje, o Estado de São Paulo conta com 6 cadernos: Primeiro caderno se subdivide em Opinião,
Nacional, Internacional, Vida; Economia; Cidades; Esportes; Caderno 2 e Link, além de outros
7 suplementos (Paladar, Agrícola, Aliás, Autos, Casa, Feminino, TV e Lazer, Viagem e
Aventura e PontoEdu). Do ponto de vista editorial, os textos do Estado de São Paulo se
caracterizam por analisar os fatos, aprofundando no assunto tratado. Já a disposição gráfica
dessas informações é feita sob um padrão rígido, seguindo o modelo (figura 88).
Figura 88
3.3.2.2 Primeira Página
Nas capas principais do jornal (Figuras 89 e 90), predominam chamadas que não
ultrapassam um parágrafo, e uma grande ilustração para um dos destaques principais. A
grade de seis colunas é fixa em todas as páginas do jornal. A organização gráfica dessas
capas, no entanto, não segue estritamente uma mesma ordem.
83
Figura 89 Figura 90
3.3.3 Estrutura do jornal online
3.3.3.1 Seções
A estrutura do portal do Estadão, principalmente no que se refere aos cadernos e
suplementos, é similar ao que é feito no jornal impresso, já que os mesmos se repetem
nas seções do site, com o mesmo tipo de conteúdo, mesmas cores padrão e logotipo de
cada seção. O acréscimo, em termos de conteúdo se faz nas seções “Link” e “Blog”.
Voltados para a divulgação de conteúdo digital, ambos dialogam com as várias mídias
presentes na internet.
Em “Link”, o portal Estadão.com.br amplia o conteúdo do caderno de mesmo nome da
versão impressa, publicado às segundas-feiras. Enquanto o caderno impresso se dedica à
publicação de notícias sobre tecnologia e o mundo digital, a seção online
correspondente se desdobra em notícias, vídeos, áudios, blogs e matérias especiais, além
do conteúdo proveniente do impresso. Além disso, apresenta perfis do jornal em
diversas redes sociais: Limão, Orkut, Youtube, FaceBook, Flickr, Twitter, MySpace e
Del.icio.us (Figura 91, item 1). O uso dessas redes, no entanto, com exceção do Flickr e
Youtube, não trazem conteúdo extra, servindo apenas para divulgação, através de
chamadas, de materiais publicados no portal.
84
Figura 91
O desdobramento de uma seção, mesmo que não faça uso de outras mídias, é outra
característica do portal do Estadão. Mesmo que correspondentes a um caderno da
versão impressa do jornal, cada seção possui sub-seções como forma de categorizar o
conteúdo e facilitar a navegação. A seção “Nacional”, por exemplo, possui as sub-
seções “Política”, “Questões Sociais”, “Amazônia” e “Eleições” (figuras 92 e 93).
Figura 92 Figura 93
A seção “Blog” apresenta uma variedade de endereços onde se encontram informações,
comentários, textos e outros conteúdos sobre diversos temas. É uma seleção de blogs
feita pela Redação e escritos por jornalistas (figura 94).
1
85
Figura 94
3.3.3.2 Primeira Página
Já a apresentação das notícias no site se difere do jornal impresso. Tanto a página
principal quanto as seções internas apresentam uma profusão de chamadas, todas com
fotos e textos de até duas linhas, além de uma grande imagem para o destaque principal.
Nas páginas das matérias em si é rara a utilização de imagens, geralmente apresentando
um texto objetivo. (figura 95)
Figura 95
86
3.3.4 Elementos de hipertextualidade - Impresso
Os elementos hipertextuais encontrados no impresso, além das chamadas de capa, com a
indicação das páginas correspondentes às matérias ou reportagens, é utilizado um
recurso parecido com o hiperlink. Pequenos ícones com referência ao site do jornal na
internet aparecem após uma matéria (figura 96).
Figura 96
3.3.5 Elementos de hipertextualidade - Online
Já o portal Estadao.com.br utiliza de tags como recurso para reordenar a busca por
conteúdos. Ao final de cada texto, uma lista com as tags relativas à matéria lida é
apresentada, podendo o leitor, a partir dali, realizar uma busca de conteúdos ligada aos
termos presentes. Nas capas de cada seção, as tags aparecem em uma “nuvem”, recurso
da cibercultura, em que as tags mais buscadas aparecem com mais destaque do que as
demais (figura 97).
Além das tags, vários links são encontrados na página principal e nas capas de cada
seção. Títulos, chamadas e inclusive versais acima das chamadas para matérias levam a
páginas com matérias a respeito, ou ao texto completo da notícia referida.
Figura 97
87
3.3.6 Códigos de superfície - Pictogramas e ícones, Diagramas, Fotografias e Infográficos -
Impresso
A maior parte das informações gráficas contidas no jornal se apresentam sob a forma de
fotografias, sendo estas presentes em quase todas as páginas do jornal. Em menor
quantidade, as infografias apresentadas são de cunho estetizante, o que significa que são
predominantemente figurativas. Imagens (figura 98 e 99), ilustrações e elementos
gráficos são recursos utilizados para explicar os dados apresentados. Durante o período
pesquisado, foi constatada uma média de duas infografias por edição, sendo o caderno
de economia o que teve maior número encontrado, havendo infografia em todas as
edições analisadas, e o de política o que obteve menor registro do elemento, com apenas
duas infografias ao longo das edições analisadas.
Figura 98
Figura 99
Além desses recursos, o uso da cor tem grande importância no Estado de São Paulo.
Cada caderno é representado por uma cor (figura 100, item 2 e figura 101, item 1) que é
88
utilizada no nome do caderno, na capa de cada um e ao longo do mesmo, em cabeçalhos
de matérias, notas, gráficos ou entrevistas. As versais das matérias também são
destacadas por cor, no caso, vermelho (figura 100, itens 3 e 4 e figura 101, item 2).
Todas as páginas do jornal utilizam cores, o que reforça também o amplo uso de
fotografias que intercalam com os textos do jornal, geralmente extensos (figura 100,
item 5).
Figura 100 – Fotografia, infografia e publicidade
Figura 101
Em cada caderno do jornal, outro elemento gráfico se destaca: as capas internas
mostram o nome do caderno, cada um com uma cor respectiva. (figura 102). Além
disso, a capa de cada caderno apresenta, além de chamadas no topo da página, seguindo
1
3
4
5
2
1
2
89
o mesmo padrão de tamanho da capa principal, uma matéria completa sobe o assunto de
destaque.
Figura 102
3.3.7 Códigos de superfície - Pictogramas e ícones, Diagramas, Fotografias e Infográficos -
Online
No site, grande parte dos elementos gráficos faz constante referência ao jornal impresso.
Mesmo com um formato de texto diferente, com matérias curtas e mais objetivas, as
cores predominantes seguem o mesmo padrão da versão impressa do Estado de São
Paulo, tanto em relação às versais em vermelho quanto ao uso do azul da logomarca
utilizada em vários elementos como nas abas de cada seção (Figura 103).
90
Figura 103
O portal estadao.com.br faz, como o jornal impresso, amplo uso de fotografias, e usa
uma cor específica para cada seção (as mesmas dos cadernos impressos (Figura 104).
Figura 104
Alguns ícones são utilizados no site para identificar o tipo de conteúdo, podendo ser
vídeo, fotografia ou texto (figura 105). Esses ícones aparecem junto ao link para o
conteúdo especificado, sempre na cor vermelha.
Figura 105
91
3.3.8. Interação com o leitor - Impresso
A versão impressa é bastante limitada quanto à participação do leitor. A interatividade
com o Estado de São Paulo está na Seção de Cartas, que traz comentários de leitores
enviados via e-mail ou correio, com resposta da redação. Tem também uma coluna no
caderno Cidades chamada SP reclama, onde reivindicações da população da cidade são
publicadas.
3.3.9. Interação com o leitor - Online
O site do Estadão busca sempre uma interatividade maior com o leitor. Ferramentas
como espaço para comentários, a possibilidade de avaliar a matéria, em uma escala de 0
a 5, o uso de tags e a possibilidade de se enviar fotos para a redação são as principais
formas utilizadas para aprimorar a experiência de quem visita o portal. Um dos recursos
utilizados com maior freqüência é o Foto-Repórter. Em matérias de grande relevância
jornalística, a redação do Estadão abre espaço para o envio de fotografias de leitores
sobre o tema, que são dispostas em uma galeria. As fotografias poderão ser publicadas
também no jornal impresso ou comercializadas para a Agência Estado, sendo, nesses
casos, o autor da foto remunerado. O Estado de São Paulo também faz amplo uso de
redes sociais para interagir com seus leitores, o que será tratado em outro tópico. (figura
106)
Figura 106 – tags e cometários
92
3.3.10 Convergência de mídias - Impresso
Existe um diálogo constante entre os dois veículos. O Estadão impresso traz, ao final de
algumas matérias, a logomarca do portal Estadao.com.br com um breve texto,
chamando o leitor a participar do site. Além disso, a marca do portal aparece em outras
páginas do jornal, como nas capas dos cadernos.
3.3.11 Convergência de mídias - Online
Já a versão digital possui um forte diálogo com o jornal impresso. Além das cores e de
elementos gráficos, como ícones em vermelho, as marcas e cores dos cadernos, o
Estadao.com.br traz o recurso de visualização do jornal impresso em reprodução digital.
No site, todos os dias, à meia noite, são publicadas chamadas para as notícias que sairão
no jornal impresso do dia seguinte, com links que levam o leitor à versão digital da
matéria que será publicada.
O portal busca em redes sociais, recursos hipertextuais e interatividade com o leitor,
uma maior convergência, apresentando, inclusive, conteúdos em áudio e vídeo. Há,
inclusive, um canal de vídeos no site chamado TV Estadão, com matérias sobre assuntos
variados.
3.3.12. Presença online extra site
O Estadão se faz presente em redes sociais que vão além do website do jornal. É possível
acompanhar a produção jornalística através de RSS e do Twitter.
3.3.13 Formas opcionais de visualização do conteúdo e filtros de conteúdo
O Estadão Digital, acessível somente para assinantes, disponibiliza a partir de um link no
cabeçalho do Estadao.com.br arquivos digitais das páginas impressas, em uma reprodução fiel
do jornal na internet.
Por fim, é possível também acompanhar as notícias do Estadão através de um aplicativo
para o Desktop do usuário, no qual chamadas para as notícias no site são dispostas na
área de trabalho do computador do leitor (figura 107, item 3), e através do celular, com
versões do site adaptadas a telas menores, e também através de alertas em mensagens de
texto, obtidas através de uma assinatura mensal (figura 107, item 4).
93
Figura 107
3.3.14 Publicidade - Impresso
O Estado de São Paulo mantém vários anúncios em suas páginas. De origens variadas,
a publicidade no jornal chega a ocupar, em algumas páginas, mais espaço do que o
próprio texto, inclusive, apresentando alguns anúncios de página inteira. Os principais
anunciantes registrados no jornal impresso foram uma loja de eletrodomésticos e uma
marca de carros. (figura 108)
Figura 108 – capa com anúncio de marca de carros
3.3.15 Publicidade - Online
O portal do Estadão dedica um espaço fixo, ao lado direito da página, para anúncios
publicitários. Tanto nas capas quanto nas páginas internas, sempre há uma publicidade,
geralmente animada, na página visitada. Ao entrar na página principal, um pop-up
também aparece com um anúncio. O principal anunciante registrado durante a pesquisa
foi a Sky. Há também uma parceria com a Zap Móveis, que resulta na incorporação de
94
uma barra de buscas da empresa na página principal do portal. Por essa barra o usuário
pode pesquisar imóveis no banco de dados da Zap.
3.4 Jornal O Globo
3.4.1 Posicionamento da marca – Impresso e Online
Em 1925, o jornalista Irineu Marinho, então proprietário do jornal A Noite, fundava o jornal “O
Globo”. Era o início de uma trajetória vertiginosa, responsável pela atual Organizações Globo,
detentora do maior conglomerado de mídias do Brasil. Com a morte de Irineu, 23 dias após a
publicação da primeira edição do jornal, seu filho Roberto Marinho assume os negócios e dá
continuidade ao O Globo. Inicialmente com apenas oito páginas em preto em branco, o jornal
evoluiu ao longo de sua existência de acordo com as inovações da época. O uso de imagens se
iniciou em 1936, com as primeiras radiofotos. A primeira fotografia colorida, no entanto, só
veio a surgir e 1979, sendo o primeiro jornal do Brasil a utilizar o recurso.
O jornal O Globo só veio a tomar a forma atual, no entanto, em 1995, quando passou pela sua
mais drástica reforma gráfica. Assinado por Milton Glaser e Walter Bernard, o novo projeto
trazia uma quantidade bem maior de cores, graças aos novos computadores que passaram a
ganhar espaço nas redações, e o logotipo do jornal passou a ser o que é utilizado até hoje.
(figura 109)
Figura 109 – Logotipo O Globo
A análise apresentada se baseia nesse projeto atual, que pouco se difere do proposto em 1995.
Para o estudo, foram utilizadas 12 edições de domingo de O Globo, nos dias 21 e 28 de junho,
5, 12, 19 e 26 de julho e 2 de agosto, além de duas edições de sábado, dos dias 20 de junho e 18
de julho, além da edição do dia 3 de agosto, segunda-feira.
Já a análise do site do Jornal O Globo foi realizada no dia 18/10/09. O Site do O Globo mostra
notícias online dos Jornais O Globo, Extra e Diário de São Paulo. A Marca utilizada é a mesma
do impresso: (110)
95
Figura 110
3.4.2 Estrutura do Jornal - Impresso
3.4.2.1 Cadernos
O jornal O Globo é distribuído nacionalmente, e não tem sua tiragem divulgada. As edições de
domingo, as mais completas, possuem 80 páginas, que se dividem nos cadernos Opinião, País,
Rio, Cidades, Economia, Mundo, Ciência, Esportes, Cultura, Educação, Saúde, Tecnologia e
Viagem. As capas dos cadernos não se diferenciam pelo conteúdo, não possuem chamadas
como na capa principal do jornal, mas sim matérias com páginas internas. Há, porém, um
logotipo para cada editoria, que se assemelham entre si e aparecem com cor na primeira página
de cada editoria e em preto e branco no restante. (figura 111)
Figura 111 – logotipo editorias
3.4.2.2 Primeira Página
A primeira página do jornal é constituída por alguns elementos que, por padrão, se repetem em
suas edições. Uma coluna vertical à esquerda e uma linha horizontal na parte superior da página
trazem pequenas chamadas. No restante da página, aparecem outras chamadas maiores, duas
manchetes, uma textual com letras grandes e uma com uma grande imagem. (figura 112)
96
Figura 112 - Capa de O Globo. Endereço na web aparece no topo da página
O grid é de seis colunas, podendo se encontrar, em uma mesma página, matérias diagramadas
em cinco colunas. O layout do jornal tem predominância textual. (figura 113)
Figura 113 - Colunagem diferenciada e predominância textual
3.4.3 Estrutura do Jornal - Online
3.4.3.1 Seções
O grid do jornal é formado por 4 colunas (figura 114). O conteúdo é dividido em boxes,
utilizando o tamanho da fonte para hierarquizar as informações, sem fazer uso de cores ou
diferenciação em relação a qual seção o conteúdo pertence.
97
Figura 114
O site tem uma seção específica para especiais, que são hotsites contendo material textual,
animações, vídeos e som sobre um determinado tema. Alguns permitem uma interação maior
com o leitor, como o caso do especial “Futebol” (figura 115), onde o leitor pode arrastar os
jogadores e montar seu próprio time de futebol.
Figura 115
Na opção Serviços, são encontrados serviços para o cidadão brasileiro, como cálculo de IPVA,
previsão do tempo e assinatura do jornal. A opção Guia de Serviço também está incluída, mas
possui a observação "Rio" (figura 116), indicando que o conteúdo é específico da cidade. No
Guia de Lazer do jornal, o conteúdo do Rio de Janeiro e São Paulo recebe destaque, enquanto as
demais cidades aparecem listadas abaixo (figura 117).
98
Figura 116
Figura 117
3.4.3.2 Primeira Página
No menu superior da home do site, há links para os serviços que podem ser encontrados na
versão online e os links para as seções do jornal (figura 118 - item 1). O primeiro link desse
menu se chama “Capa” (figura 118 - item 2), aludindo à capa do jornal impresso. Há a opção de
aumentar/diminuir a fonte da página para melhorar a legibilidade (figura 118 – item 3). São
usados ícones para diferenciar notícias e indicar qual o formato da mesma, como fotografia,
vídeo, aúdio, enviada pelo leitor, escrita por um blogueiro do O Globo (figura 119), além do
ícone de comentário.
Figura 118
99
Figura 119
3.4.4 Elementos de hipertextualidade - Impresso
O único elemento hipertextual utilizado no jornal impresso é o link feito em alguns textos para o
website oglobo.com.br. (figura 120)
Figura 120
3.4.5 Elementos de hipertextualidade - Online
A página de notícias apresenta a data e a hora em que a notícia foi publicada. Logo no começo
do texto, há opções para votar e inserir comentários (figura 121 – item 1). No decorrer do texto,
há hiperlinks que remetem a outras notícias publicadas sobre o mesmo assunto (figura 121 –
item 2). Em Mais Notícias, ao lado da notícia, aparecem mais notícias sobre o mesmo tema (são
buscadas por palavras-chave) (figura 121 – item 3). No final do texto, há opção para
compartilhar o conteúdo da notícia em redes sociais (figura 121 – item 4) e visualizar os
comentários de outros leitores (figura 121 – item 5). Na coluna da direita, há mais uma opção de
interação, uma enquete para votação e uma pergunta solicitando a opinião do leitor (figura 121 –
item 6).
100
Figura 121
As matérias que têm chamadas na capa podem ser acessadas sem cadastro. Já as matérias dos
cadernos internos exigem um cadastro (gratuito) no site (figura 122).
Figura 122
101
3.4.6 Códigos da Superfície - Pictogramas e ícones, Diagramas, Fotografias e Infográficos -
Impresso
O jornal se destaca no uso de novos recursos gráficos pelo uso de infografias. Considerando a
amostragem utilizada nessa pesquisa, podemos observar em torno de 7 a 10 infografias por
edição. Com tipos e utilidades variadas, as infografias são sempre coloridas e, na maioria das
vezes, ilustradas. O predomínio de infográficos analíticos é notório, mesmo que, em algumas
ocasiões, mescle os tipos de informação. (figura 123 e 124)
Figura 123 - Infográfico
Figura 124 – Infográfico mescla dados estatísticos, analíticos, ilustração e fotografia
A cor principal utilizada pelo O Globo, por ser a cor da marca do jornal, que aparece na capa do
mesmo, é o azul. Nas páginas internas, no entanto, não há predominância de uma cor específica.
Em referência a seu formato original, em preto e branco, O Globo mantém uma grande
102
quantidade de textos em suas páginas, configurando uma aparência acinzentada ao jornal. Nos
cabeçalhos de algumas editorias, usa-se o laranja junto ao azul da marca (figura 125). As cores
também são utilizadas no jornal em fotografias e ilustrações, além de anúncios publicitários,
com caráter estético.
Figura 125
3.4.7 Códigos da Superfície - Pictogramas e ícones, Diagramas, Fotografias e Infográficos -
Online
Na seção multimídia, há destaque para as últimas fotos, vídeos e áudios publicados no site (figura 126). O Globo não possui um menu específico para infográficos; é possível acessá-los através das notícias que os contém (figura 127). Há infográficos animados (figura 128), porém nenhum em que se possa interagir com o conteúdo, acrescentando dados ou realizando simulações.
Figura 126
103
Figura 127
Figura 128
O site utiliza, como cor principal, o mesmo azul utilizado na versão impressa. As cores das
chamadas e dos links também são azuis (figura 129, item 1). Quando há um conteúdo para ser
destacado, ele é representado pelo laranja (figura 129, item 2).
104
Figura 129
Os cadernos Esportes (figura 130) e Tecnologia (figura 131) ganham cores diferentes e um
destaque maior na parte gráfica.
Figura 130 – Caderno Esportes
Figura 131 – Caderno Tecnologia
105
3.4.8 Interação com o Leitor - Impresso
A parte destinada à opinião do leitor no jornal impresso segue o padrão de outras publicações.
Cartas e e-mails são dispostos em uma página específica, intitulada Cartas dos Leitores, em que
não há um diálogo efetivo, limitando-se a respostas de algumas das mensagens.
3.4.9 Interação com o Leitor - Online
Na página inicial, além das últimas notícias publicadas pela redação do jornal, há espaço para
notícias enviadas pelos leitores e para aquelas que foram mais votadas/mais visualizadas. Na
seção Eu-Repórter (figura 132), o conteúdo é todo enviado pelos leitores. Para enviar, deve ser
realizado um cadastro no site do O Globo (gratuito) e, após o envio dos dados escolhidos (fotos,
textos ou vídeos), o conteúdo é submetido à equipe do site para aprovação prévia e posterior
publicação no site (ou no jornal impresso, como é salientado das regras para envio de material).
É possível para as outras pessoas interagirem comentando e compartilhando o conteúdo
em redes sociais (figura 133), votando nas matérias lidas, enviando por email ou mesmo
comprando os direitos de reprodução do texto e imagem. É possível, também, enviar correções
do texto, que são avaliadas pela redação, que pode alterar o conteúdo.
Figura 132
Figura 133
Na seção "Blogs", o jornal reúne blogs separados por assunto (figura 134). Não é informado
qual critério é utilizado para a escolha os blogueiros e nem há informações sobre quem são. No
Blog "Bairros.com", especificamente, é exibido o conteúdo enviado pelos leitores somente da
cidade do Rio de Janeiro.
106
Figura 134
3.4.10 Convergência de mídias - Impresso
Quanto aos aspectos relativos à convergência do jornal O Globo com diferentes mídias, ressalta-
se a tentativa de expandir o conteúdo do jornal através do site. O jornal impresso faz recorrentes
menções ao online, com textos que incitam o leitor a freqüentar o endereço eletrônico como
maneira de compreender melhor o assunto tratado na matéria ou opinar sobre o tema proposto
(figura 135).
Figura 135 – Chamada para o site de O Globo
Outra forma encontrada pelo jornal para integrar outras mídias consiste no envio de notícias por
celular. A iniciativa de trabalhar as mídias móveis, por mais que escassas no Brasil, é
experimentada por O Globo através do envio de até seis mensagens com as principais notícias
do dia, além da manchete do dia seguinte, enviada assim que a edição é fechada. O serviço é
oferecido por pequenas chamadas próximas a essas notícias. (figura 136)
107
Figura 136 – Notícias enviadas por SMS
3.4.11 Convergência de mídias - Online
A difusão convergente das notícias no site do Globo ocorre, basicamente, a partir de vídeos e do
Podcast, com boletins em áudio das notícias veiculadas no site. Os vídeos são produzidos pela
redação do jornal e veiculados através do player do site Globo.com (figura 137)
Figura 137 - Player da Globo
O periódico também integra seu conteúdo com o Twitter. Além de permitir que o leitor siga o
perfil do jornal no microblog, os leitores podem enviar tweets com a hashtag #narua e os textos
irão aparecer na seção específica do O Globo online (figura 138).
108
Figura 138
Algumas reportagens são publicadas somente no Jornal Impresso; elas aparecem no jornal
online acompanhadas de notas com "Leia a íntegra da matéria na Edição de sexta-feira do jornal
O Globo" (figura 139).
Figura 139
3.4.12 Presença online extra-site
O Jornal O Globo possui vários perfis no Twitter, direcionados para assuntos específicos
(Mundo, Cultura, Saúde, Esporte, etc - http://oglobo.globo.com/globoTwitter/), além de um
perfil geral do Jornal (http://Twitter.com/jornaloglobo). No perfil, são divulgadas
principalmente as chamadas do Jornal (escritas especificamente para o Twitter, respeitando o
limite de 140 caracteres). Além disso, o perfil também “retuita” notícias de seus seguidores
(figura 140) e convida o leitor para participar e interagir com o jornal (figura 141).
Figura 140 – RT de notícia enviada por leitor
109
Figura 141 – Convite para interação
A seção Blogs do Jornal possui colunistas que tratam de assuntos variados (futebol, música,
cotidiano, economia, opinião, etc). Não há nenhuma comunidade oficial no Orkut divulgada no
site, porém há um aplicativo (http://www.orkut.com.br/Main#AppInfo?appId=81280780673).
Ao adicionar o aplicativo ao perfil, o usuário exibe para os amigos os comentários que ele fez
nos blogs e matérias do site do O Globo, além de ler notícias do Eu-Repórter (figura 142).
Figura 142 - Aplicativo do Orkut
Além disso, na página de notícias, é possível compartilhar o conteúdo em várias redes sociais
(figura 143).
Figura 143
110
3.4.13 Formas opcionais de visualização e filtro de conteúdo
A versão digital do jornal impresso pode ser acessada pela Home do site, na opção "Edição
digital". O endereço é modificado para http://www.oglobodigital.com.br. O conteúdo é
disponível para assinantes do jornal impresso para acessar somente o online. A versão digital é
igual à impressa, acrescida de opções de busca, impressão, adicionar notas a uma página e
favoritar matérias, além de implementar o efeito de "flip" ao virar uma página do Jornal (figura
144).
O jornal oferece também opções para acompanhar o conteúdo por RSS, Mobile, Widgets, Kindle, Newsletter. Esses veículos, no entanto, são experiências recentes do Globo, e recebem diversas reclamações de usuários quanto a atrasos na publicação e conteúdo incompleto.
Figura 144
3.4.14 Publicidade - Impresso
Como a maioria dos jornais em circulação no Brasil, um dos fatores que mais chama atenção
em O Globo é a grande quantidade de anúncios publicitários presentes. A dificuldade dos
jornais em se pagarem sem o espaço comercial fica clara quando se encontram publicidades
ocupando 70% a 80% de algumas páginas. (figura 145)
111
Figura 145
3.4.15 Publicidade - Online
A publicidade é direcionada por palavras-chave, gerando conteúdo dependendo do histórico do
usuário. Os anúncios são mesclados com o conteúdo jornalístico, utilizando uma hierarquia
parecida com a das notícias (como cores iguais). Os banners também utilizam animações e
ações invasivas, como popups que surgem na tela (figura 146). São anunciados principalmente
imóveis, produtos eletrônicos, serviços bancários e de telefonia.
Figura 146 – Pop up publicitário
112
3.5 Jornal New York Times
3.5.1 Posicionamento da marca
Inspirado na tradição, credibilidade do The New York Times impresso - um dos maiores jornais
impressos do mundo - o site nytimes.com pode ser considerado pioneiro por diversas razões.
Inovação no conteúdo, no formato, a integração com novas ferramentas da rede como Twitter,
FaceBook, Youtube, além de ser um dos sites de jornalismo mais acessados no mundo.
Importada do jornal impresso, fundado em 1857, a marca The New York Times se tornou
símbolo de qualidade jornalística nos Estados Unidos e no mundo, e seu tradicional logotipo
(figura 147) foi apropriado ao site, abrindo mão, somente, do slogan, All that fits to print (tudo o
que cabe no papel).
Figura 147 - Logo do The New York Times
A marca se tornou, hoje, tão forte, que tanto o logotipo como os estilos de fontes utilizadas,
quantidade de cores, além do rigor editorial se tornaram características marcantes do produto
oferecido. O New York Times sempre optou por um visual sóbrio, com uma grande
predominância do preto e branco, utilizando de cores apenas nas fotos.
3.5.2 Estrutura do jornal
3.5.2.1 Seções
As seções principais do portal do NYT são: World, U.S., Politics, N.Y., Business, Technology,
Sports, Science, Health, Opinion, Arts, Style e Travel, cada uma com algumas respectivas
subdivisões. Há também um espaço de serviços, com aplicativos, itens à venda e recursos como
alertas de notícias via email e venda de ingressos para cinema e teatro. Todas essas opções, além
de informações institucionais e sobre a versão impressa, podem ser acessadas em uma barra
lateral presente na primeira página. Além das seções principais, outros espaços, com menos
destaque na barra lateral, também podem ser acessados. Blogs, palavras cruzadas, classificados,
113
podcasts, vídeos, conteúdo multimídia, obituário, previsão do tempo, são algumas das opções
presentes. Já nas páginas internas, uma versão reduzida da barra de seções, com apenas as 12
principais e os classificados, passa a integrar a página na parte superior
3.5.2.2 Primeira página
A primeira página do site do nytimes.com é composta por uma grande quantidade de elementos,
principalmente textuais, sobre assuntos variados. Os espaços são definidos, com grandes
destaques do dia na parte superior esquerda, com o destaque maior, com imagem, para a
manchete, artigos em destaques na parte superior direita, destaques de menor relevância abaixo
da parte de destaques principais, logo abaixo uma matéria em vídeo e, na parte inferior da
página, links para os destaques de cada seção separadamente, com apenas o título de cada
matéria. Há também um quadro com o ranking de notícias mais populares entre os leitores.
A hierarquização dos itens é feita priorizando as matérias principais na parte superior, com
imagens, enquanto outras informações ficam abaixo, sem destaque, em pequenas chamadas
(figuras 148 e 149).
Figura 148 Figura 149
114
3.5.3 Elementos de hipertextualidade
Além das barras, lateral e superior, do site, que são links para as seções do nytimes.com, outros
itens hipertextuais são encontrados em textos na cor azul. Títulos e chamadas, na respectiva cor,
além das imagens, são links para as devidas matérias.
3.5.4 Códigos de superfície - Pictogramas e ícones, Diagramas, Fotografias e Infográficos
O nytimes.com faz uso de cores em ícones, a partir do preto, azul e vermelho. O azul se refere
aos elementos hipertextuais. Já a cor vermelha é menos utilizada, normalmente em elementos
temporais como o horário em que a navegação acontece e há quanto tempo determinada notícia
foi postada. O restante do texto é preto, com créditos e legendas em cinza, sendo predominante
nas páginas internas. O uso mais consistente de cores, no entanto, é feito nas fotografias e
infografias.
Um dos maiores diferenciais do site do The New York Times reside em sua seção multimídia,
onde se encontra todo o conteúdo referente a imagens, vídeos e infográficos.
O conteúdo de fotos é dividido em slideshows, que agrupam galerias de imagens de diferentes
assuntos (figura 150). As chamadas para esse conteúdo sempre vêm acompanhadas por um
ícone de uma máquina fotográfica (figura 151).
Figura 150
115
Figura 151
Já os denominados interactive features, categoria criada pelo portal onde se encaixam os
infográficos, possui uma seta como ícone (figura 152). O conteúdo interativo, no entanto, é bem
mais amplo do que apenas infografias. Áudios e vídeos de correspondentes e leitores, fóruns de
discussão sobre um assunto determinado, todo um vasto conteúdo interativo ampliam a noção
multimídia do site aumentando assim a interação do leitor com o portal.
Figura 152 - Infografia com imagens, sons e dados sobre o Haiti
116
Figura 153 - Infografia com textos subdivididos em um glossário
Os infográficos abrangem todas as categorias, variando em forma e conteúdo. Desde mapas com
links para imagens e artigos de texto sobre um assunto até jogos interativos (figura 154), o site
inova pela variedade e qualidade de seus infográficos. É possível, por exemplo, assistir a uma
série de vídeos feitos sobre um assunto específico, separados em uma galeria própria, na ordem
em que escolher, criando uma linha de tempo personalizada.
Figura 154 - Infográfico permite leitor jogar e testar seus reflexos na direção, com informações sobre acidentes nas estradas americanas
117
3.5.5 Interação com o leitor
De forma a ampliar a interatividade com o leitor, o NYT12 aposta na quantidade de ferramentas
próprias da cibercultura, sendo a principal delas o TimesPeople. Com essa ferramenta, usuários
cadastrados gratuitamente criam uma rede social para, dentro dela, recomendar matérias e
artigos do NYT. A partir dessas recomendações, o jornal é capaz de ranquear seu material de
acordo com a opinião de seus leitores. A ferramenta também pode ser utilizada a partir de um
aplicativo para o FaceBook e através do Twitter.
Figura 155 - TimesPeople: rede social em torno das notícias do NYT
Figura 156 - Usuários podem recomendar e comentar as notícias
Em cada matéria, também, é possível realizar uma série de ações que envolvem o
compartilhamento da notícia. Apresentados em uma caixa na lateral do texto, as ferramentas
possibilitam recomendar a notícia no TimesPeople, twittar, comentar, enviar por email,
imprimir em diferentes formatos, e compartilhar a notícia nas redes sociais LinkedIn, Digg,
FaceBook, Mixx, MySpace, Buzz e em blogs (figura 157).
12 Abreviatura da palavra New York Times
118
Figura 157 - Formas de compartilhamento de uma notícia do NYT
No Twitter, há um perfil principal do veículo (Twitter.com/nytimes) (figura 158), que traz como
slogan Where the conversation begins (Onde começa a conversação) e possui mais de 2.317
milhões de seguidores. Nele, as principais notícias são divulgadas e comentadas. Além desse
perfil, cada editoria, além de repórteres, comentaristas e correspondentes do jornal possuem
uma conta na rede social, formando um núcleo de grande presença na web. O mesmo ocorre
com o FaceBook. Há também um canal do veículo no YouTube.
Figura 158 - Perfil do The New York Times no Twitter
Já um projeto pioneiro realizado pelo The New York Times no campo da participação interativa
dos leitores com a produção de notícias em si, é o projeto The Local, executado em conjunto
pelo jornal e pela Escola Graduação em Jornalismo da City University of New York. O projeto,
119
que envolve comunidades das regiões de Maplewood, Millburn, South Orange, Fort Greene e
Clinton Hill, consiste em blogs, hospedados no site nytimes.com, onde são publicados textos e
notícias sobre as respectivas comunidades, muitos deles escritos pelos próprios moradores, em
um processo que pode ser denominado de jornalismo colaborativo. Há, inclusive, um espaço
nos blogs onde moradores dos locais podem fazer reclamações e sugestões de melhoria na
região, sugerir pautas ou mesmo escrever artigos para o projeto (figura 159).
Figura 159 – Report a problem
Figura 160 – The Local
120
Figura 161 - Blogs do The Local trazem notícias de pequenas comunidades em New York
3.5.6 Convergência de mídias
A grande ferramenta do nytimes.com em relação às mídias convergentes é a seção multimídia.
Nela, todo o conteúdo de imagens, áudios e vídeos é utilizado para contemplar diversos
aspectos de um mesmo assunto. Galerias de imagens ou vídeos, infográficos com comentários
em texto áudio e vídeo, feitos por especialistas sobre o determinado assunto, são alguns recursos
utilizados. O New York Times possui também um canal no YouTube, com matérias em vídeo
sobre variados temas. Há aplicativos mobile que permitem acesso ao conteúdo do site em
aparelhos celulares. Existe, também, uma versão para Kindle do NYT, mas essa traz apenas o
conteúdo do jornal impresso, e não chega a ser mencionado no portal.
3.5.7 Presença online extra site
O portal do The New York Times está presente no Twitter, YouTube, LinkedIn, Digg, FaceBook,
Mixx, MySpace, Buzz, além de poder ser acessado em celulares e, em sua versão impressa, no
Kindle.
3.5.8 Formas opcionais de visualização e filtro do conteúdo
O nytimes.com permite que o leitor filtre o conteúdo do site de diversas formas. Além da
ferramenta global de busca por palavras, o portal elenca suas notícias de acordo com a
popularidade. É possível selecionar as matérias em uma lista com as que mais foram enviadas
por e-mail, as mais publicadas em blogs ou as mais pesquisadas, em um formato padrão
encontrado na primeira vez que se acessa o site. Após um registro gratuito, é possível
personalizar essa lista, com as seções e assuntos preferidas do portal (figura 162).
121
Figura 162 - Lista dos mais populares em blogs, emails e buscas
Figura 163 - A lista pode ser personalizada, adicionando seções e formas de visualização
Há também um programa disponível para instalação no computador que apresenta uma outra
formatação (figura 164). Sem precisar se manter conectado à internet, o TimesReader 2.0
permite navegar pelas notícias do dia, atualizadas com freqüência determinada pelo usuário, e
estocada por até uma semana. Alguns conteúdos são restritos a assinantes, requerendo o
pagamento de uma taxa para o acesso completo.
122
Figura 164 - Programa TimesReader 2.0
Com o pagamento de uma taxa periódica é possível, também, acessar uma versão digitalizada
do impresso diário do NYT. O nytimes.com possui também uma ferramenta chamada
TimesSkimmer, através da qual é possível alterar a disposição gráfica das notícias segundo
categorias e tópicos estabelecidos, dentro de padrões gráficos personalizáveis. As categorias se
definem nas seções do próprio site, enquanto os tópicos se dividem em assuntos escolhidos pela
redação. Entre as possibilidades gráficas, é possível segmentar a visualização em uma lista com
somente chamadas em texto ou com imagens, com fundo claro ou escuro, ou até mesmo em
uma lista em que as matérias mais relevantes aparecem em tamanho de texto maiores (figura
165). É possível também listar os blogs feitos pela redação do jornal.
Figura 165 - TimesSkimmer
123
3.5.9 Publicidade
Além de um vasto uso dos espaços publicitários do site para divulgação de ferramentas do
próprio NYT, o portal oferece um cardápio personalizado de publicidade. Os anúncios são
distribuídos segundo a proximidade do produto vendido com o assunto da página em que é
publicado. Um anúncio de um filme que será lançado, por exemplo, pode ser encontrado nas
páginas que tratam de cinema, artes ou de algum assunto pertinente ao enredo do filme. O
espaço dedicado a esses anúncios, no entanto, é pequeno, sendo o único local fixo para
propagandas as laterais da logo do portal (figura 166).
Figura 166 - Anúncios juntos à logotipo do jornal
3.6 Portal de notícias G1
3.6.1 Posicionamento da marca
Fundada em 1965 a Rede Globo de Televisão é, hoje, uma das maiores empresas de comunicação do mundo, e a maior cadeia da América Latina. A globo.com é a empresa da Rede Globo responsável pela criação dos produtos voltados para internet. A globo.com desenvolveu todos os portais da emissora, inclusive o G1, que foi criado em 2006. O logo do G1 utiliza o mesmo vermelho que serve como padrão no site (figura 167)
Figura 167
124
3.6.2 Estrutura do jornal
3.6.2.1 Primeira Página
O portal de notícias G1 é planejado de acordo com algumas tendências existentes na Web. Na
parte superior do site encontramos links de navegação geral e uma ferramenta de busca. O
primeiro link é para a globo.com e os quatro seguintes são das editorias noticias, esportes,
entretenimento e vídeos e ainda há mais três para a central de relacionamento, para a página de
assinaturas e para um índice, com todos os sites produzidos pela globo.com.
O site é organizado em três colunas (figura 168), a primeira com um menu, onde encontramos
as seguintes opções: Editorias, G1 Especiais, Serviços, TV Globo, Globo News, Outras Mídias,
Classificados, além de link para o índice com todos os sites da globo.com (esse link leva à
mesma página com o índice citado no menu superior).
125
Figura 168
Uma característica importante desse site é o fato de existirem múltiplas formas ou caminhos
para se chegar a uma mesma página. Por exemplo, existem pelo site, vários links que levam à
seção de RSS, para o guia cultural entre outros. Essa estratégia pode estar relacionada com a
questão da acessibilidade, por exemplo, um internauta que acabou de ler uma matéria, e deseja
126
assinar o RSS ligado àquela editoria, vai encontrar essa opção na mesma página da notícia, sem
precisar voltar a página principal, para depois procurar o link ligado à pagina de RSS.
A segunda coluna (subdividida em duas outras) é dedicada às noticias do site, Além disso, ela
também é dividida na horizontal, ou seja, são pequenos quadros organizados de uma forma que
mesmo com a rolagem da tela o usuário visualiza várias notícias ao mesmo tempo. Na segunda
coluna existe um recurso que chama a atenção por sua simplicidade e praticidade. É uma janela
com duas abas, ‘mais lidas’ e ‘plantão’. Com essa aba o internauta consegue visualizar as cinco
notícias mais lidas dentro de toda a rede globo.com. Na aba Plantão pode-se acessar as últimas
notícias. Essas notícias são atualizadas à medida que são produzidas, isso significa que elas
podem ser atualizadas até de minuto em minuto. Além disso, existe um link para assinar o RSS
referente aos plantões e um link para a página com todas as notícias de plantão. No final da
segunda coluna, existem três divisões que não seguem o padrão de subdivisão em duas colunas.
A primeira é a seção Em foco, a segunda se chama direto das editorias, e a terceira conta com
seis links: RSS, Newsletter, guia cultural, previsão do tempo, trânsito e mapas. Contudo apenas
3 são exibidas de cada vez, e as opções variam ao longo do dia.
A terceira coluna conta com uma diversidade muito grande de conteúdo. Primeiramente são
exibido três destaques de algum noticiário televisivo, como o Jornal Hoje ou Jornal Nacional, e
também um link para o globo.com/vídeos (Figura 169 item 5). Uma outra característica
importante do G1 é referente ao conteúdo publicado no site. Por ser uma divisão da Rede Globo,
grande parte do conteúdo do G1 vem de outras mídias ou outros sites, inclusive vários links
levam para páginas que não são do G1, mas de outros canais da Globo. Ainda na terceira
coluna, temos um box do Globo Shopping, com ofertas especiais e uma ferramenta de busca,
Arquivo G1, Blogs e Colunas, Previsão do tempo, Guia cultural e Assina já.
127
Figura 169
128
3.6.3 Elementos de hipertextualidade
Ao acessar a página referente a uma notícia, percebemos que a primeira coluna da página
principal permanece a mesma (figura 170 item 1) já que essa coluna é referente à navegação
local que se refere a notícias, reportagens, especiais e outros sites da globo.com.
No topo da página há links para receber noticias por celular e RSS (figura 170 item 2) (em todos
os dois há possibilidade de assinar uma editoria específica ou todo o conteúdo). A terceira
coluna é modificada dentro dessa página. Primeiramente encontramos uma publicidade, depois
um box com dicas sobre o novo acordo ortográfico da língua portuguesa (figura 170 item 3).
Por último, existem dois boxes nessa coluna, um para o plantão e outro para a primeira página
(figura 170 item 4)
No topo da coluna, depois do titulo e subtítulo, encontramos a opção de aumentar e reduzir o
tamanho da fonte do corpo da matéria (figura 170 item 5). A foto ocupa um espaço que pode ser
discreto, dependendo da foto, ou maior, se houver necessário. Contudo, o usuário pode clicar
nela e visualizar a imagem em um tamanho maior. No corpo da matéria há um menu com o
titulo Saiba mais (figura 170 item 6), onde o leitor pode acessar outras matérias sobre o mesmo
assunto. No final da matéria há outro link que leva a uma página com mais notícias sobre a
mesma editoria e uma barra com várias opções de compartilhamento (figura 170 item 7). Após
essas opções, há um último menu, com o histórico referente à matéria ou com um histórico de
matérias relacionadas (figura 170 item 8).
129
Figura 170
Os especiais são tópicos que podem contem várias matérias, funciona quase como uma editoria,
contudo com algumas diferenças. Cada um dos especiais possui sua própria página que é
atualizada de acordo com a produção de novo material. Essas páginas, muitas vezes, possuem
cores e elementos próprios, de acordo com o tema. Um exemplo muito interessante é o especial
sobre a Amazônia, que conta com diversos recursos, além das matérias propriamente ditas. O
130
recurso que mais chama a atenção é um mapa interativo da Amazônia (figura 171 item 1), aonde
são exibidos pontos de queimadas, desmatamentos e grupos de noticias. O mapa é atualizado
diariamente com dados do Instituto nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), o mapa conta também
com zoom. Nesse mapa também podemos vizualizar vídeos produzidos pela Rede Globo, que
tratam sobre o assunto (figura 172). Outro recurso é o Amazônia.vc (figura 171 item 2), um
aplicativo que quando instalado no Orkut, permite que o internauta proteste contra cada uma das
queimadas ou desmatamentos exibidos no mapa. Existe ainda um ranking (figura 171 item 3),
com os internautas que mais realizaram protestos até hoje e dois contadores, um que mostra
quantas pessoas já instalaram o aplicativo no Orkut e quantos protestos já foram realizados ao
todo. No site também podemos encontrar blogs de especialistas no assunto, um plantão sobre a
Amazônia e uma seção chamada de Amazônia 360 graus(figura 171 item 4), onde podemos
visualizar panorâmicas da Amazônia. Esse especial ainda conta com um microblog no Twitter
(figura 171 item 5) e uma versão em inglês.
131
Figura 171
132
3.6.4 Códigos da Superfície – Pictogramas e ícones, Diagramas, Fotografias e Infográficos
As cores são utilizadas de uma forma que ajuda o leitor a se situar dentro do site. Isso é muito importante nesse caso, como o G1 faz parte da globo.com e publica regulamente conteúdo de outros sites da mesma empresa, as core servem para mostrar ao internauta para qual site da globo.com ele foi encaminhado após clicar em um link e serve também para criar identidade do produto.
As páginas com conteúdo produzido pelo G1 utiliza a cor vermelha como padrão, já o globo esporte.com utiliza o verde, o laranja fica para notícias de entretenimento e o azul para a seção de vídeos.
Alguns especiais produzidos pelo G1, como um especial sobre Amazônia, produzido em conjunto com o Fantástico, possuem cores próprias que variam de acordo com o tema, nesse caso a cor escolhida foi verde.
O link para a seção de infografias se encontra na primeira coluna da primeira página. A página de infográficos (Figura 172) é similar à página de matérias, com a primeira e terceira coluna com as mesmas características. A segunda coluna, de conteúdo, mostra os infográficos mais recentes, abaixo disso há um link para o ‘making of’ dos infográficos e para infográficos mais antigos.
Alguns dos infográficos utilizam o Google maps como recurso. (Figura 172)
133
O G1 produz infográficos dos três tipos, que são: estetizantes, analíticos e de segunda geração.
Contudo os de segunda geração são mais raros.
A página especifica de cada infografia é muito similar às páginas de noticia, no que diz respeito
às opções de compartilhamento e indicação para matérias relacionadas.
3.6.5 Interação com o leitor
Outra editoria muito interessante, localizada na primeira coluna da primeira página, é o Vc no
G1. Como o próprio nome diz, essa editoria é dedicada ao jornalismo participativo. Quando
acessamos essa página, percebemos que a primeira coluna continua a mesma, porém a terceira
coluna é diferente, (figura 173 item 1) ela possui dois boxes, o primeiro serve como publicidade
para o Vc no G1 com um link para o envio de material no final, o segundo Box é uma chamada,
aonde o G1 incentiva os leitores a participarem de determinados temas. Podemos encontrar, na
página do Vc no G1, várias matérias produzidas pelos leitores. Todo tipo de mídia é valida, foto,
textos e vídeos. Há um menu com abas, similar ao da primeira página (Figura 173 item 2),
contudo com os títulos ‘mais lidas’ e ‘melhores matérias’ nas abas.
134
Figura 173
135
Espaço em que o usuário pode preencher campos com seus dados e enviar uma mensagem ao G1.
O site do G1 disponibiliza diversos serviços para seus leitores, na primeira coluna da primeira
página. A foto abaixo mostra o menu de serviços. Cada um dos serviços possui sua própria
página. (figura 174)
Figura 174
Como o próprio nome já diz, esse guia mostra as principais atrações culturais do Rio de Janeiro
e São Paulo. O usuário pode visualizar as atrações através de um sistema de buscas. (figura 175)
Figura 175
136
A página de downloads oferece possibilidade de baixar arquivos gratuitamente. A maioria é
entretenimento, como papéis de parede, proteções de tela, jogos e aplicativos. Contudo alguns
downloads como O sistema operacional do Google (Google OS) também esta disponível.
(figura 176)
Figura 176
Além de mostrar as condições de trânsito em São Paulo e Rio de janeiro, essa página oferece
mais duas abas, chamadas ‘localizar endereço’ e ‘traçar rota’, que funcionam de maneira similar
ao Google Maps. (figura 177)
Figura 177
137
3.6.6 Convergência de mídias
Por fazer parte da maior emissora de televisão do Brasil, que também é referência em outras
áreas do jornalismo, como rádio, jornais impressos e revistas, o G1 oferece ao leitor diversos
links que levam a outros meios. O menu que contém essas opções se localiza na primeira coluna
do site. O internauta também pode acessar vários vídeos da Rede Globo pelo portal Globo
vídeos (figura 178)
Figura 178
3.6.7 Presença online extra site
O G1 conta com dezesseis perfis no Twitter, cada um deles corresponde a uma editoria.
Contudo nem todas as editorias do site estão presentes no Twitter (o site conta com 23 editorias)
(figura 179).
138
Figura 179
No Orkut o número de comunidades é superior a 10, contando comunidades oficiais,
comunidades de funcionários e de leitores do Portal. (figura 180).
Figura 180
Na página do G1, o leitor pode assinar uma grande variedade de recursos extra sites. Como, por
exemplo, um pacote de notícias no seu celular, que envia o conteúdo via SMS. Na página ainda
139
existe um breve tutorial sobre WAP, e uma explicação sobre como acessar o portal WAP do
globo.com. (figura 181)
Figura 181
Recurso muito interessante e curioso. Nessa página existem dois códigos HTML livres, que o
internauta pode incluir em sua página (figura 182). Dessa forma ele terá o plantão do G1
exibido em seu site. O Newsletter é um sistema de envio de notícia via e-mail (figura 183).
Figura 182
140
Figura 183
Página do Really Simple Syndication do G1. Permite que o usuário acesse o conteúdo do G1 (ou
de outras fontes que utilizem o mesmo recurso) sem acessar a página do G1 propriamente dita.
(figura 184)
Figura 184
3.6.8 Formas opcionais de visualização e filtro do conteúdo
No portal do G1 podemos encontrar ferramentas de busca e um plantão geral e outros para cada
uma das principais editorias. Na página principal há um box, com duas abas, uma chamada de
‘mais lida’ e a outra o plantão. Além disso, o G1 possui um arquivo de suas notícias antigas.
(figura 185)
141
Figura 185
3.6.9 Publicidade
Na página principal há dois espaços destinados a publicidade, sendo que um é visível no
primeiro scroll. Na primeira página também existe um espaço dedicado ao globo shopping,
aonde são apresentadas algumas ofertas. Na página de noticias também há dois espaços para
publicidade, um no inicio da terceira coluna e outro no final da matéria. Na página de especiais
há apenas um espaço para publicidade. Os anunciantes mais frequentes são: Companhias de
seguro, bancos, TV por assinatura, mega sena e a própria Globo.
142
IV PRÁTICAS ESTABELECIDAS E TENDÊNCIAS NO JORNALISMO IMPRESSO E
ONLINE
Este capítulo descreve as práticas estabelecidas e emergentes no jornalismo impresso e online a
partir da análise das respostas encontradas para as questões levantadas no Capítulo 2. Para
facilitar a identificação de padrões de comportamento, foram explicitados os wireframes13das
primeiras páginas dos impressos e de suas correspondentes digitais – as homes dos sites -, bem
como algumas telas internas, de acordo com a necessidade do estudo (Ver imagens em maiores
dimensões no Anexo I).
Analisando a figura 191, podemos perceber que o espaço informacional nas homes é
proporcionalmente maior que os das capas dos jornais impressos, devido ao uso de barras de
rolagem. À exceção do Jornal O Estado de Minas, nota-se este padrão de dimensão entre todos
os jornais estudados. A despeito de possuírem esta vantagem, os jornais online apresentam uma
maior densidade de informações em suas homes. Há também um maior número de imagens
(destaque em ciano, com os quadros cortados em x) que nas capas dos impressos. Neste quesito,
o G1, jornal nativo da web, sem correspondente na mídia impressa, foge à regra, com uma
estrutura menos densa que os demais. Embora não seja possível ver o corpo do texto pelo
wireframe, no Cap.3, foram mostradas imagens que comprovam esta afirmação. Nota-se
também o privilégio do texto escrito sobre o uso de imagens na home do The New York Times.
A estrutura mosáiquica acentua-se, portanto, na web, bem como a quantidade de anúncios
publicitários na primeira página do jornal online, a home (destaques em vermelho). Se na mídia
impressa prevalecem anunciantes dos segmentos imobiliário, automobilístico e de alta
tecnologia, nos correspondentes online destacam-se também a oferta de livros, CDs e DVDs. O
posicionamento dos anúncios concentra-se na base da estrutura nos impressos e pulveriza-se nos
online, concentrando-se em seu canto direito superior, antes que haja necessidade de rolagem da
página.
13 Wireframes são formas de visualização da estrutura gráfica de um layout, sem o tratamento gráfico que o diferencia o produto enquanto uma marca específica. No caso dos layouts de sites, os wireframes também exibem os elementos funcionais de navegação e de interação.
143
Fig. 186 – Comparativo dos wireframes das primeira-páginas com as homes dos sites dos jornais Estado de Minas, Folha de São Paulo/ Folha Online, O Globo, O Estado de São Paulo/Estadão.com.br, The New York Times e G1
Embora pela home já seja possível verificar a preocupação de alguns jornais em abrir canais de
interação14 com o leitor (destaques em rosa), é nas páginas internas que este comportamento
torna-se evidente (figura. 187). O Gráfico 1 mostra os canais de interação mais utilizados pelos
jornais. Entre estes, destacam-se os blogs dos próprios jornais, (administrados por seus
colunistas), seguido pelo microblog Twitter.
14 Nesta pesquisa, não fazemos distinção entre os tipos de interações propiciadas pela mídia, se homem- homem ou homem-máquina.
144
Fig. 187 – Comparativo dos wireframes das primeira-páginas com as homes dos sites dos jornais Estado de Minas, Folha de São Paulo/ Folha Online, O Globo, O Estado de São Paulo/Estadão.com.br, The New York Times e G1
No Gráfico 2, temos o detalhamento de como estes jornais estão utilizando estas e outras redes
sociais como canais de interação com seu público e como estratégia de presença online extra
site, uma tendência da web 2.0. O uso da rede social Facebook, a maior do mundo, começa a
despontar como uma tendência também no Brasil (presente em O Estado de Minas), onde o
Orkut é ainda muito popular. Segundo dados de fevereiro deste ano da empresa Alexa, que
classifica os principais sites do mundo a partir do volume de tráfego, no Brasil15, o Orkut só
perde para o Google.com em número de acessos. Em 16º lugar está o Facebook e em 18º o
Twitter. Na classificação global16, a rede Orkut não aparece dentre os 20 primeiros colocados.
Google.com mantém a liderança, seguido pelo Facebook, Yahoo.com e Youtube.com. Sobre o
uso do Twitter, nota-se a popularidade muito superior do G1 em relação aos demais jornais
brasileiros estudados. (Gráfico 3). Para efeitos apenas de curiosidade, temos no Gráfico 4, a
comparação da popularidade dos jornais brasileiros com o número de seguidores do The New
York Times. O Gráfico 5 mostra que o principal uso do Twitter tem sido na divulgação das
chamadas dos jornais e na interação com seu público.
15 http://www.alexa.com/topsites/countries/BR 16 http://www.alexa.com/topsites/global
145
Gráfico 1 – Principais redes sociais utilizadas pelos jornais Estado de Minas, O Globo, O Estado de São Paulo/Estadão.com.br, Folha de São Paulo/ Folha Online, G1 e The New York
Gráfico 2 – Uso de redes sociais por jornal - Estado de Minas, O Globo, O Estado de São Paulo/Estadão.com.br, Folha de São Paulo/ Folha Online, G1 e The New York Times
146
Gráfico 3 – Popularidade no Twitter - O Globo, O Estado de São Paulo/Estadão.com.br, Folha de São Paulo/ Folha Online, G1
Gráfico 4 – Popularidade no Twitter - O Globo, O Estado de São Paulo/Estadão.com.br, Folha de São Paulo/ Folha Online, G1 e The New York Times
147
Gráfico 5 – Uso do Twitter pelos Jornais - O Globo, O Estado de São Paulo/Estadão.com.br, Folha de São Paulo/ Folha Online, G1 e The New York Times
Um comportamento observado nos sites diz respeito ao destaque dado às formas de interação
com o leitor (comentários, recomendação, envio para redes sociais, etc) e de facilidades para
que este tenha algum controle sobre a visualização e acesso ao conteúdo (impressão, aumento
de fonte, assinatura por RSS). Além do uso de ícones, algumas funcionalidades são agrupadas
em uma mesma região, o que facilita a identificação dos pontos de interatividade. O Gráfico 6
mostra que o leitor de livros da Amazon, o Kindle, começa a despertar o interesse dos jornais
brasileiros17, neste caso, preconizado por O Globo. Os comentários deixados pelos assinantes
deste jornal, no site da Amazon, revelam entusiasmo pela comodidade de acessar o Jornal antes
mesmo que a versão impressa seja entregue e por ser a única forma de acesso para quem está
viajando ou mora fora dos grandes centros urbanos do País. Alguns relataram estar lendo mais
páginas do Jornal na nova mídia, o que acreditamos ser uma conjunção de
dois fatores: a portabilidade do aparelho aliada à tecnologia utilizada em seu display, que não
emite luz, evitando a fadiga visual provocada por telas de LCD.
De qualquer sorte, é uma incrível sensação de liberdade de poder ler meu
jornal diário onde eu quiser. Não substitui a leitura no jornal, mas funciona
nesses momentos de total ausência de acesso à informação.
Sem dúvida, esse é o prenúncio de que outros veículos seguirão esse moderno
17 Na finalização desta pesquisa, já havia cinco outros jornais brasileiros disponibilizando sua assinatura para o Kindle, são eles: Zero Hora, A Notícia, Pioneiro, Diário Catarinense e Jornal de Santa Catarina.
148
e funcional formato.( Depoimento do Assinante A, de O Globo, versão para o
Kindle).
Estou lendo bem mais por meio do equipamento. Há pouco tempo, como moro
no interior do Brasil, eu lia o jornal o Globo apenas no final da tarde, as vezes
noite. Hoje, com o Kindle, logo cedo tenho a jornal em minhas mãos.
(Depoimento do Assinante B, de O Globo, versão para o Kindle).
Gráfico 6 – Formas de acesso ao conteúdo do Jornal, além do site
Enquanto a disponibilização do conteúdo para o Kindle pode ser apontada como uma prática
emergente, nota-se outras prática já estabelecidas como:
a oferta do conteúdo em versão que simula a experiência de folhear os cadernos
impressos,
a assinatura do conteúdo por email e por RSS,
a formatação em arquivo de áudio (podcasts)
versões para celulares, PDAs e smarphones, como o Blackberry e o IPhone.
Em formas alternativas de acesso ao conteúdo no próprio site, a maior tendência é a de
agrupamento (clusterização) das notícias em categorias que refletem um registro dos
149
comportamentos dos usuários dos sites: as mais populares, as mais recomendadas, as mais
comentadas e as mais enviadas por e-mail, só para citar algumas das possibilidades encontradas.
Um tipo de cluster que não relacionado ao comportamento de usuário, e que se apresenta como
forma de filtro do conteúdo, é definido pelo critério “tempo de publicação”. Logo, o usuário
pode escolher navegar pelo conteúdo pelo filtro “as mais recentes”. Esta prática é potencializada
ao máximo no The New York Times, na sessão Times People, onde o conteúdo do site é todo
reestruturado segundo os critérios de recomendações dos usuários do site. É importante
enfatizar em este modo de editoria popular, bottom-up, foi preconizado pelo site Digg.com, um
agregador de notícias e de outros conteúdos, onde a relevância das postagens, e o conseqüente
destaque destas na home, são definidos pelos votos da comunidade. Esta tendência no
jornalismo é genuinamente uma prática nativa na cibercultura.
You won’t find editors at Digg — we’re here to provide a place where people can collectively determine the value of content and we’re changing the way people consume information online. (Digg .com)
No quesito “Convergência de Mídias”, nota-se que a grande tendência é a produção de
aplicativos para telefones celulares e outras mídias móveis, como vemos no The New York
Times e em O Estadão.com. O uso de vídeos mostrou-se muito evidenciado em O Globo.com e
no G1, provavelmente, por pertencerem às Organizações Globo e terem acesso ao acervo
audiovisual da Rede Globo de Televisão.
O G1 destaca-se também por ter criado editorias que são indicadores claros de cibercultura:
“Blogs e Colunas”, “Vídeos” (caráter multimídia) e “Vc no G1” – a editoria alimentada por
conteúdo gerado pelos leitores do Jornal. Esta mesma prática é compartilhada por O Globo, na
editoria “Eu Repórter” e pelo The New York Times.
O uso de infográficos analíticos de segunda geração, por sua vez, ainda não é uma prática do
jornalismo brasileiro. Embora o G1 tenha uma editoria só de infográficos, estes são meramente
narrativos, não possuindo funcionalidades de simuladores de situações e manipulação de bancos
de dados, como tem sido explorado pelo The New York Times.
Para sintetizar, concluímos que as práticas emergentes no jornalismo online são:
produção de aplicativos para mídias móveis;
registro e estudo do comportamentos dos usuários para tomada de decisões quanto às
melhorias de experiências de navegação e de interação oferecidas pelo Jornal;
ampliação da presença online extra-site, em especial, em Redes Sociais;
reconhecimento da inteligência coletiva (contar com o usuário para corrigir erros do
Jornal, por exemplo, e incentivo ao jornalismo colaborativo);
150
oferta de diversas formas de acesso ao conteúdo do jornal no próprio site: busca geral,
navegação por clusters derivados do comportamento dos usuários ou propostos pelo
próprio jornal;
disponibilização do conteúdo em diversas mídias: impressa, email, celulares, leitores
de livros, etc.
Como tendência mais proeminente, acreditamos que uma vez popularizados o leitores de livros
com telas próprias para leitura, como o Kindle, não haverá justificativa para continuar a
impressão dos Jornais em papel. Portanto, acreditamos que o computador pessoal (do tipo
desktop, especialmente) não é, como muitos já polemizaram, uma ameaça ao modelo jornal
impresso. A resposta está em outro hardware: um artefato que alie a portabilidade e mobilidade
do suporte celulose com a conectividade, comodidade e usabilidade do suporte digital. Como
esta pesquisa atesta, as questões de interface (um dos componentes do software) encontram-se
bem resolvidas, com práticas já estabelecidas, em quinze anos de jornalismo online.
Finalmente, consideramos importante salientar que embora o jornal O Estado de Minas tenha se
mostrado alienado à maioria das tendências citadas, na semana do fechamento desta pesquisa,
uma nova versão do Portal Uai foi lançada, em conformidade com as práticas emergentes e
estabelecidas aqui descritas. O mesmo ocorreu com o A Folha Online e O Estadão, o que
confirma nossas percepções, uma vez que o Jornal O Globo, que demonstrou maior número de
práticas estabelecidas e emergentes no jornalismo online, manteve-se inalterado, assim como o
G1 e o The New York Times.
151
V CONCLUSÃO
“A televisão oferece seus produtos para serem consumidos. A Internet atende a
uma demanda para ser utilizada.” (Dominique Wolton, sociólogo francês, no
VII Encontro Internacional de Televisão)
Esta pesquisa foi finalizada num momento em que os veículos impressos e suas versões online -
ainda muito dependentes um do outro - estão em ajustes constantes com o objetivo de facilitar a
relação do texto com o leitor e ampliar a leitura. Novo projeto gráfico editorial, melhoramentos
na navegação e nas formas de acesso ao conteúdo, e acréscimos de mecanismos de interação
foram ações promovidas por alguns dos Jornais, por nós analisados, durante a pesquisa. Estas
mudanças ocorreram no sentido já previsto neste estudo, tendo as práticas do The New York
Times como referência, o que reitera a posição do jornal americano como radar das tendências
em práticas de jornalismo online. Instantaneidade e utilidade são os conceitos perseguidos pelos
jornais na cibercultura. "Ser mais legível, interessante e útil se tornou um imperativo" num
ambiente marcado pela oferta cada vez maior e caótica de informações. Este depoimento de
Otávio Frias Filho, diretor de Redação de Folha de S. Paulo, em 28 de fevereiro de 2010,
resume o processo pelo qual a maioria dos jornais impressos está vivendo no sentido de
repensar a forma de produção, estruturação e apresentação das notícias.
A interface atual, seja no ambiente impresso ou online, está em processo de experimentação. A
leitura hipertextual, reforçada pelo ambiente online, possibilitou uma experiência de leitura que
não se ajusta mais à linearidade textual imposta pela mídia impressa por longos anos. A
“possibilidade de exame rápido do conteúdo, de acesso não linear e seletivo do texto, de
segmentação do saber em módulos, de conexão múltipla (...)” (Levy, 1993, 34) é o que estimula
as mudanças. No sentido de amenizar o caráter essencialmente transmissionista da mídia
impressa (THOMPSON, 2002), o jornal busca uma convergência com sua versão online através
do que definimos nesta pesquisa como “elementos de hipertextualidade”, direcionando o leitor
para o ambiente web, seja para complementar informações, seja para provocá-lo a interagir com
o veículo. Da mesma forma, o jornal online estimula o leitor a buscar informações mais
completas no impresso, enquanto este está nas bancas, e no arquivo digital, quando este está
fragmentado nos bancos de dados e é atualizado (no sentido levyriano de potencializar-se) de
acordo com as relações com as novas notícias.
Fica claro na análise dos jornais Estado de Minas, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo e O
Globo e suas versões online que há uma forte relação de complementação e interdependência
entre os dois veículos. O indicador mais forte desta época de transição de cultura do impresso
152
para cibercultura é a disponibilização da versão digitalizada do jornal impresso em formato
“flip” - simulação da experiência de passar as páginas do jornal impresso. Esse recurso ameniza
a perda de totalidade do material, característica da leitura hipertextual, segundo Levy (1993) e
mostra que a forma de leitura do impresso ainda é paradigma nesse momento de transição.
Outro exemplo é a coexistência de editorias clássicas com novas, no joranl online, tais como
“Eu Repórter”, “Times People” e “Vc no G1” (jornalismo colaborativo) e “Vídeos’,
“Infográficos’ e “Mobile”.
Por outro lado, uma das maiores tendências verificadas nesta pesquisa é o crescimento do uso
de celulares como mídia, tanto no Brasil como no resto do mundo. Isto aponta a necessidade de
se conhecer as especificidades das experiências propiciadas por diferentes tipos de artefatos
digitais. Se para o computador pessoal, temos a conectividade e a interatividade como
possibilidades inerentes à mídia, com os telefones celulares, ganha-se também em mobilidadade
e maior pervasividade, mas perde-se em dimensões de interface. Os celulares são a segunda
forma de acesso mais comum à internet no Brasil18 (66%), seguidos por smartphones 3G (
21%). Segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), das 175,6 milhões de linhas
móveis no Brasil, 82,55% são contas pré-pagas, mas as operadoras começam a oferecer pacotes
de acesso à internet nestes planos, confirmando a tendência de crescimento desta mídia. Estes
dados confirmam o movimento dos jornais em disponibilizarem parte de seu conteúdo para esta
mídia. Em sua recente reforma, o jornal O Estadão.com, destacou no alto de todas as telas do
site as opções de acesso ao seu conteúdo: “Receba O Estado em: Casa, Edição digital, RSS,
Twitter, Celular”. Este comportamento é emblemático e resume as principais práticas
estabelecidas no ciberjornalismo: a convergência de mídias (impresso/celular/desktop), o uso de
redes sociais, a presença online extra-site e a simulação da tatilidade do impresso por meio de
versões “flip” do jornal.
Quanto às práticas mais emergentes, destacamos três consideradas de maior relevância: a
substituição do suporte papel/celulose pelo papel digital19, a gestão da participação do público
como diferencial competitivo e o jornalismo hiperlocal.
O principal indicador da primeira tendência é a oferta de assinatura dos jornais brasileiros para o
leitor de livros Kindle, e os depoimentos dos assinantes no site da Amazon.com. Acreditamos
que a grande virada de substituição do suporte à base de celulose para o digital, deverá ocorrer
18 Dados do Relatório da Akamai Technologies, no terceiro trimestre de 2009. Disponível em http://www.avellareduarte.com.br/projeto/conceituacao/conceituacao1/conceituacao14_internetBrasil2009.htm 19 Maiores detalhes da tecnologia na Wikipedia. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Papel_eletr%C3%B4nico
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quando este e outros aparelhos similares se popularizarem, acrescentando o importante atributo
ergonômico “conforto visual”, à já indispensável tríade interatividade/
portabilidade/conectividade.
A segunda prática emergente tem como indicador a organização do conteúdo segundo o
comportamento dos usuários (compartilhamento, comentários, classificação de relevância de
conteúdo). Este deverá ser cada vez mais um fator crítico de diferenciação das experiências em
jornalismo online. Em outras palavras, o uso da inteligência coletiva e a gestão das
comunidades virtuais será cada vez mais um fator competitivo para os Jornais, como já vem
sendo percebido em outros setores produtivos.
A terceira prática emergente, o jornalismo hiperlocal presente no The New York Times (The
Local) e pelo Bairros.com (vinculado à Globo.com) é uma inovação no sentido de disponibilizar
conteúdo de interesse específico para uma dada comunidade, utilizando as tecnologias próprias
da cibercultura para sua produção, disseminação e compartilhamento. Dito de outra forma, é a
expressão do fenômeno da Cauda Longa, onde a rede mundial de computadores torna
operacionalmente factível e economicamente viável modelos de negócios focados em nichos de
mercado, antes sacrificados pelas tecnologias de massa, como a televisão.
Os resultados desta pesquisa apontam para a necessidade de aprofundamento no estudo das
práticas emergentes por nós identificadas. Este seria o desdobramento natural deste trabalho.
Também, gostaríamos de testar a validade de nossas proposições em uma segunda gama de
jornais brasileiros e de outras nacionalidades. Do ponto de vista da educação, confirma-se a
necessidade de investimento na formação de profissionais de jornalismo e de design,
preparando-os para entender o novo contexto instaurado pelas tecnologias digitais e de
telecomunicações, discutidas nos capítulos 1 e 2. Os desafios colocados pela economia
contemporânea exigem dos novos profissionais a capacidade de criação de novos modelos de
comunicação e de negócios, o que significa orientar as grades curriculares destes cursos para
que estas demandas sejam supridas de forma criativa e sustentável a longo prazo.
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