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Revista Ampla de Gestão Empresarial, Registro, SP, V. 5, N° 1, art. 2, p 17-58 maio 2016, ISSN 2317-0727
Revista Ampla de Gestão Empresarial www.revistareage.com.br
A LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS DE
AGROTÓXICOS: UM ESTUDO DE CASO NA REGIÃO DO VALE DO RIBEIRA - SP
Fernanda Yukari Hashiguchi1 Heitor Pacheco Kozikowski1
Luiz Carlos Aguemi1 Mario Miashita1
Carlos Eduardo Pinto2 RESUMO O presente estudo teve como principal objetivo o de estudar e analisar a logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos praticadas na região do Vale do Ribeira, buscando compreender os mecanismos e agentes envolvidos no ciclo de vida útil de tais produtos. Em virtude do crescente numero de instituições voltadas ao tratamento de resíduos sólidos no Brasil, os canais de distribuição reversos tornaram-se instrumentos pontuais para a preservação ambiental e desenvolvimento sustentável das firmas e do país. Para a análise proposta, foram empregados questionários direcionados aos agricultores e comerciantes envolvidos no uso de agrotóxicos na referida região, bem como entrevistas a órgãos públicos e privados competentes na destinação final de tais produtos. Constatou-se um gargalo informativo entre os mecanismos dispostos pelos órgãos responsáveis e a sociedade civil, no que tange o recolhimento e destinação das referidas embalagens, além da falta de cooperação, entre ambas as partes, na realização de ações coletivas voltadas ao tratamento de resíduos sólidos nos municípios abordados pela pesquisa em questão. Para contornar tal adversidade, foi proposta a implantação de dispositivos informativos voltados aos produtores agropecuários e o fomento de ações, coletivamente planejadas, destinadas ao recolhimento, armazenamento e destinação das embalagens vazias de agrotóxicos na região do Vale do Ribeira. Palavras-chave: Logística Reversa; Embalagens de Agrotóxicos; Logística de Pós-Consumo.
1 Alunos Curso Técnico em Logística. Instituto Federal de São Paulo (IFSP) - Campus Registro. 2 Mestre em Administração pela Universidade de Extremadura (Espanha) reconhecido pela UFSC. Especialista em Administração de Marketing (FESP). Graduado em Administração (UFPR). Professor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP).
A Logística Reversa de Embalagens de Agrotóxicos: Um Estudo de Caso na Região do Vale do RIBEIRA – SP Hashiguchi, F. Y.; Kozikowski, H. P.; Aguemi, L. C.; Miashita, M.; Pinto, C. E.
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1 INTRODUÇÃO
Esta seção foi destinada a um proêmio referente a presente pesquisa, com o
intuito de expor considerações gerais relacionadas ao cerne temático anteposto para
o seu desenvolvimento, bem como a problemática e os objetivos por ela fixados. Tal
seção conta, por fim, com a justificativa que sustenta a consecução deste estudo.
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
A agricultura representa um significativo setor na atividade produtiva do Brasil
e tem estado amplamente familiarizada com a utilização de agrotóxicos como
condição indispensável à tutela e produtividade das práticas agrícolas. Segundo o
Ministério do Meio Ambiente (2016), para o modelo de desenvolvimento da
agricultura do Brasil, maior consumidor de produtos agrotóxicos no mundo, a
aplicação dos agrotóxicos tornou-se bastante expressiva.
No entanto, tais defensivos agrícolas são mundialmente reconhecidos por
apresentarem composições químicas relativamente tóxicas, envolvendo
periculosidade em seu manuseio e exigindo determinada competência e sua
aplicação e na destinação final de suas embalagens pós-consumo. Os agrotóxicos
possuem um vasto amparo estabelecido na Constituição nacional, apresentando um
amplo número de normas legais e instituições direcionadas tanto à sua toxicidade
quando à escala de uso de tais produtos no Brasil.
Nesse sentido, as práticas de logística reversa de embalagens de defensivos
agrícolas se fazem indispensáveis à preservação da saúde humana e ao meio
ambiente, estabelecendo processos destinados à prevenção de possíveis
intoxicações e monitoramento na utilização de tais produtos. Com a implantação da
Política Nacional de Resíduos Sólidos, tais práticas ganharam reforço constitucional
na estruturação e desenvolvimento de sistemas e canais de distribuição reversos
destinados às embalagens dos agrotóxicos de pós-consumo.
Para Leite (2009) a logística reversa de pós-consumo compreende o
planejamento, operação e controle do fluxo de retorno de materiais descartados pela
sociedade em geral, visando perspectivas estratégicas adotadas por parte das
firmas e auxiliando no desenvolvimento de uma sustentabilidade ambiental e
sensibilidade ecológica por parte da sociedade.
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Frente ao exposto, a presente pesquisa buscou investigar os procedimentos
de logística reversa de pós-consumo destinados às embalagens vazias de
agrotóxicos descartadas em uma região do sul do Estado de São Paulo, com o
intuito de conferir como tais práticas podem contribuir na gestão ambiental e
comercial de produtos nocivos como os defensivos agrícolas. Mediante os
procedimentos metodológicos empregados na realização desta pesquisa, buscou-se
compreender a atuação e relacionamento praticado pelos agentes envolvidos no
ciclo de vida útil de tais produtos, visando perceber possíveis gargalos no
cumprimento das Leis e medidas necessárias para a adequada destinação final das
referidas embalagens.
A problemática alavancada neste estudo visa abarcar questões relacionadas
ao fluxo reverso de materiais em municípios do sul do estado de São Paulo. Frente a
uma relevante produção agropecuária derivada do cultivo da banana em cidades da
referida região e do consequente uso de defensivos agrícolas no desenvolvimento
de tal semeadura, a pergunta de partida para este trabalho foi definida como “Como
são desempenhadas as práticas de logística reversa de embalagens vazias de
agrotóxicos na região do Vale do Ribeira/SP?”.
Em vista do problema de pesquisa apresentado anteriormente, o objetivo
geral proposto para a presente pesquisa foi o de observar e analisar a logística
reversa das embalagens vazias de agrotóxicos na região do Vale do Ribeira/SP.
Tendo em vista a consecução do objetivo geral acima referido, foram
estabelecidos os seguintes objetivos específicos:
Levantar um referencial bibliográfico acerca da legislação vigente e das
instituições que regulamentam os processos de logística reversa de
embalagens vazias de agrotóxicos no país.
Identificar os processos de logística reversa dos referidos materiais efetuados
em municípios da região do Vale do Ribeira, Estado de São Paulo.
Analisar os dados levantados por meio de procedimentos metodológicos
aplicados durante o progresso do estudo.
Apesentar as informações resultantes obtidas por meio do desenvolvimento
da pesquisa em questão.
Devido ao impacto nocivo causado pelo descarte inconsequente de
embalagens vazias de defensivos agrícolas no meio ambiente, a logística reversa de
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pós-consumo de tais materiais tornou-se uma prática de necessidade salientada por
administradores e ambientalistas, recebendo um papel de devido destaque em
questões ambientais e de saúde pública. Nesse sentido, a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, ou PRNS, transformou-se numa ferramenta legislativa poderosa
na conscientização da sociedade e no desenvolvimento de tecnologias e processos
ligados a reciclagem e reutilização destes materiais no país.
Empregando uma visão sistêmica acerca do material consumido e descartado
pela sociedade, a logística reversa de pós-consumo pode ser considerada como
uma das chaves para seu desenvolvimento sustentável. No entanto, a identificação e
caracterização dos agentes envolvidos no ciclo de vida dos materiais são
fundamentais para conceder responsabilidades e determinar o planejamento e a
promoção das operações que formataram o fluxo reverso dos mesmos.
Tendo em vista o acima descrito e o contexto do Vale do Ribeira, região de
grande relevância ambiental em virtude de sua inserção em zona de mata atlântica e
reservas ecológicas, mas cuja produção de banana ainda constitui destaque
econômico, assinalando um uso elevado de agrotóxicos em sua produção, o
presente trabalho de pesquisa torna-se relevante para a compreensão dos
mecanismos utilizados na logística reversa das embalagens vazias de agrotóxicos
na região, possível sugestões de ações que sirvam como base de auxílio para
futuras tomadas de decisões no que tange ao referido processo, bem como para
enriquecer a literatura relacionada ao referido tema.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Nesta seção apresentar-se-á o referencial bibliográfico utilizado para o
desenvolvimento desta pesquisa, buscando expor conceitos referentes a cada um
dos assuntos abordados na mesma, sendo estes: a logística empresarial, a logística
reversa e a legislação vigente relativa ao descarte e destinação final de resíduos
sólidos no país.
2.1 DA LOGÍSTICA EMPRESARIAL
O conceito de logística é relativamente arcaico dentro da história e costumava
ser relacionado, a princípio, a processos de aquisição e suprimento de materiais nos
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períodos de guerras e combates militares. Com o passar dos anos e, especialmente,
após a Segunda Guerra Mundial, sua concepção tomou maior amplitude dentro das
atividades produtivas das organizações, passando a exercer funções decisivas no
planejamento e controle do trânsito de bens e serviços em diversas fases da cadeia
de suprimentos (LEITE, 2009; CHING, 2010).
Segundo Salgado (2013), algumas definições correlacionam a logística
apenas com atividades ligadas ao transporte, efetuado em um determinado modal,
ou ao armazenamento de produtos em locais específicos. Porém, trata-se da
implementação e administração de uma série de ações sistemáticas inerentes às
mercadorias, serviços e informações geradas durante os processos produtivos das
empresas e que visam atender as condições impostas pelos clientes de maneira
eficiente e eficaz. Não obstante, tal atividade atinge um carácter empresarial ao
compreender a logística de compras, de produção, de distribuição física ou de
armazenagem das instituições, visando à disponibilidade dos materiais em cada um
dos setores onde são necessários.
Uma concepção mais bem definida sobre a logística empresarial é
apresentada por Ballou (2013), sendo ela: “A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.” (BALLOU, 2013, p. 24).
Trata-se da estruturação e gerenciamento de um sistema de procedimentos
relacionados aos materiais necessários em todas as fases que compõe a
transformação da matéria-prima em produtos acabados, planejados com o intuito de
formatar, de modo estratégico e com a devida exatidão, os canais que conectam os
produtores aos consumidores e que visam auxiliar na projeção e controle do
transporte, movimentação e armazenamento dos estoques de tais materiais nas
organizações. (COOPER, M. Bixby; CLOSS, David J.; BOWERSOX, Donald J.;
BOWERSOX, John C., 2014).
Para Novaes (2015), cada processo logístico institui-se de forma única e
sistêmica dentro das organizações, nas quais cada parte de tais processos é
dependente das demais partes que o compõe seu sistema de operações. Esta
multiplicidade de ligações efetuadas pelo ciclo operacional da logística busca
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conferir os resultados como um todo, garantindo condições reais pelas quais os
consumidores finais podem demandar e usufruir de um determinado produto ou
serviços no momento desejado.
De acordo com Ching (2010), ao congregar atividades pertinentes às
operações de produção e de distribuição das empresas, a logística permite a maior
integração entre os diversos departamentos que compõem as mesmas,
possibilitando a realização de práticas produtivas com um maior nível de
rentabilidade e competividade.
Decorrente de um processo espontâneo de desenvolvimento do pensamento
administrativo, a logística tornou-se primordial às ações empresariais em uma
dimensão global, congregando as atividades ligadas ao fluxo de materiais e
serviços, remetendo um carácter coletivo em seu gerenciamento. Uma atividade de
logística efetuada de maneira eficiente possibilita conceder a regiões geográficas
uma exploração de vantagens competitivas inerentes à especialização de seus
processos industriais, bem como a exportação dos bens produzidos em tal região
para demais localidades. (BALLOU, 2013).
2.2 DA LOGÍSTICA REVERSA
A Logística Reversa é definida por Leite (2009) como o setor compreendido
pela logística empresarial que administra o fluxo reverso de materiais, de pós-venda
e de pós-consumo, bem como das informações logística correlacionadas a esses
produtos, por meio de canais reversos de distribuição que possibilitam a
reintegração destes bens ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, acrescendo-
lhes valores econômico, ecológico, de imagem corporativa, dentre outros de
naturezas distintas.
Assim como a logística constitui um processo producente em todas as partes
que compõe as cadeias de produção das organizações, desde a aquisição da
matéria-prima até o consumo final efetuado pelos clientes, a logística reversa é o
processo inverso, iniciando-se no ponto de consumo dos produtos e sendo finalizado
no ponto de origem dos mesmos. Este caminho inverso de materiais pode ser
efetuado por meio de âmbitos, os quais a logística reversa de pós-venda e a
logística reversa de pós-consumo. A primeira compreende o planejamento, controle
e fluxo dos bens pouco utilizados ou sem uso, que retornam pelos canais de
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distribuição reversos por motivos diversos, os quais por questões ligadas a
garantias, avarias, expiração do prazo de validade, entre outros. Já a logística
reversa de pós-consumo é destinada aos bens em fase final do ciclo de vida, com
possibilidade, ou não, de reutilização, reciclagem ou remanufatura (SEHNEM,
Simone; SIMIONI, Elisete; CHIESA, Jaqueline. 2009; LACERDA, 2016).
Segundo Leite (2009), a distinção entre as logísticas reversas de pós-venda e
pós-consumo se faz necessária em decorrência dos objetivos estratégicos visados e
técnicas operacionais efetuadas em cada área de atuação na consecução de tais
processos logísticos, embora exista ainda a interdependência operacional entre
estas áreas de atividade. Figura 1 – Logística Reversa - área de atuação e etapas reversas
Fonte: Leite (2009, p. 19).
Apesar de operarem sob o mesmo conceito de fluxo reverso de materiais e
informações, as ações voltadas para o setor de pós-consumo possuem um caráter
direcionado a gestão de resíduos descartados pelos consumidores, enquanto as
voltadas para o setor de pós-venda refletem ações destinadas ao suporte das
necessidades e requisições dos clientes. Para Leite (2009), em ambas as áreas de
atuação, devem ser levadas em consideração as perspectivas estratégicas visadas
pelas organizações, buscando garantir competitividade e sustentabilidade nos eixos
econômico e ambiental de suas atividades produtivas.
Frente à rigidez institucional proporcionada pela implantação de legislação
específica voltada as práticas empresariais, bem como a integração de custos
ambientais, sociais e de imagem corporativa das empresas no custeio total de seus
processos produtivos, elevaram a necessidade da adoção de operações de logística
reversa pelas organizações. A perda de fidelidade mercadológica por questões
ligadas a poluição ambiental e colaboração social proporcionaram as firmas buscar,
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dentre as cadeias produtivas, oportunidades para ampliar os recursos disponíveis
para suas atividades. Um exemplo de tal influência legislativa foram às medidas
tomadas após a implementação da Lei 9.974/2000, em relação à responsabilização
dos agentes envolvidos no uso de agrotóxicos no Brasil (COMETTI e ALVEZ, 2010;
CAVANHA FILHO, 2001 apud SEHNEM, SIMIONI E CHIESA, 2009).
De acordo com Cometti e Alvez (2010), a logística reversa apresenta-se como
um dos mecanismos que podem colaborar para um desenvolvimento sustentável,
tanto das firmas quanto para as nações como um todo, conferindo influência em
âmbitos ambiental, devido à diminuição do consumo de matéria-prima virgem e
redução dos riscos de contaminação do meio ambiente; social, gerando empregos
ao criar canais de distribuição reversos; econômico, viabilizando a reutilização e
reciclagem dos produtos retornados; e cultural, disseminando a responsabilização
ambiental necessária aos indivíduos geradores de resíduos.
O presente trabalho focou a logística reversa de pós-consumo, visto que o
cerne temático dessa refere-se às embalagens vazias de agrotóxicos. Segundo Leite
(2009), o aumento do volume de descarte de materiais, em vista da diminuição do
ciclo de vida dos produtos e de um consumo exacerbado praticado pelos
consumidores, exige uma maior eficiência na estruturação e aplicação das
operações desenvolvidas nos setores de logística reversa, principalmente os
mecanismos destinados ao setor de pós-consumo, no qual há maior exaustão dos
meios tradicionais de disposição final.
2.3 DAS INSTITUIÇÕES QUE REGEM A LOGÍSTICA REVERSA DE
EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS
Devido ao progresso tecnológico voltado aos mecanismos e procedimentos
de produção agropecuária brasileira, bem como do desenvolvimento dos processos
de importação e distribuição de produtos destinados ao suprimento de tal tipo de
atividade, o setor agrícola tomou grande proporção no que tange o produto nacional,
ampliando, consequentemente, o volume de agrotóxicos circulando dentro do país.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(2014), a venda de defensivos agrícolas no mercado interno aumento cerca de 70%
do ano de 2009 a 2013.
Os efeitos tóxicos, tanto ao meio ambiente como a saúde humana,
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acarretados pelo uso de produtos com características químicas nocivas, caso dos
defensivos agrícolas, não têm sido relevados com a devida necessidade e
dissimulados por discursos de aumento na produtividade que tais produtos
acarretam nas culturas agrícolas (PORTO e SOARES, 2012).
Frente às medidas necessárias na destinação final de materiais tóxicos, o
governo brasileiro buscou implementar Leis e Decretos que estruturassem o ciclo de
vida dos agrotóxicos dentro do mercado nacional, buscando controlar e contornar
possíveis problemas ambientais e sanitários que o descarte indevido de tais
produtos pode acarretar.
A Lei n. 7.802, promulgada em julho de 1989, foi uma das primeiras criadas
para apontar medidas referentes ao uso de agrotóxicos no Brasil. Tornou-se
conhecida como “Lei dos Agrotóxicos” e visava fortalecer a legislação e os serviços
dos órgãos responsáveis pela fiscalização e controlo das operações ligadas aos
defensivos agrícolas, seus componentes e afins, dando providências desde a
pesquisa, experimentação e produção, até a sua comercialização, transporte,
utilização e o destino final dos resíduos e embalagens.
A Lei n. 7.802 definiu os agrotóxicos e afins em seu Artigo 2º como: “a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos; b) substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento” (BRASIL, 1989).
Em fevereiro de 1998, foi promulgada a Lei n. 9.605, dispondo acerca de
sanções penais e administrativas direcionadas aos agentes que praticam condutas e
atividades que visam causa danos ao meio ambiente, com o intuito de
responsabilizar as pessoas, jurídicas e físicas, administrativa, civil e penalmente. Tal
Lei prevê um amplo leque de penalidades aos crimes praticados contra o meio
ambiente, porém não conta com peculiaridades relativas aos defensivos agrícolas e
afins.
A obrigatoriedade acerca da devolução e a destinação das embalagens
vazias dos agrotóxicos foi institucionalizada somente em agosto de 2000, pela Lei n.
9.974, que estabeleceu providências acerca da responsabilidade dos agentes
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envolvidos na comercialização e utilização dos defensivos agrícolas em território
nacional, bem como os procedimentos que devem ser realizados para o descarte
correto das embalagens desses materiais.
De acordo com a Lei n. 9.974, as responsabilidades dos usuários são
definidas como:
“Art. 6o, § 2o: Os usuários de agrotóxicos, seus componentes e afins deverão efetuar a devolução das embalagens vazias dos produtos aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, de acordo com as instruções previstas nas respectivas bulas, no prazo de até um ano, contado da data de compra, ou prazo superior, se autorizado pelo órgão registrante, podendo a devolução ser intermediada por postos ou centros de recolhimento, desde que autorizados e fiscalizados pelo órgão competente.” (BRASIL, 2000).
A referida Lei define as responsabilidades aos produtores e comerciantes dos
defensivos agrícolas:
“Art. 6o, § 5o: As empresas produtoras e comercializadoras de agrotóxicos, seus componentes e afins, são responsáveis pela destinação das embalagens vazias dos produtos por elas fabricados e comercializados, após a devolução pelos usuários, e pela dos produtos apreendidos pela ação fiscalizatória e dos impróprios para utilização ou em desuso, com vistas à sua reutilização, reciclagem ou inutilização, obedecidas as normas e instruções dos órgãos registrantes e sanitário-ambientais competentes.” (BRASIL, 2000).
Essa mesma Lei regulamenta ainda responsabilidades destinadas ao Poder
Público:
“Art. 12A. Compete ao Poder Público a fiscalização: I – da devolução e destinação adequada de embalagens vazias de agrotóxicos (...) II – do armazenamento, transporte, reciclagem, reutilização e inutilização de embalagens vazias (...). Art. 19. Parágrafo Único. As empresas produtoras e comercializadoras de agrotóxicos, seus componentes e afins, implementarão, em colaboração com o Poder Público, programas educativos e mecanismos de controle e estimulo à devolução das embalagens vazias por parte dos usuários (...)” (BRASIL, 2000).
Dentre as providências promulgadas pela Lei n. 9.974, foram estabelecidas
também as responsabilidades administrativas, civil e penal aos usuários, prestadores
de serviços, comerciantes e produtores por danos causados ao meio ambiente e a
saúde pública, em decorrência das atividades que envolvem o uso de agrotóxicos.
Posteriormente, o Decreto Federal n. 4074, de janeiro de 2002, foi criado com
o intuito de regulamentar as operações definidas na Lei n. 7.802/89, traçando
detalhadamente os procedimentos e meios necessários para a execução da referida
lei. Tal Decreto conta com uma seção direcionada especificamente a destinação final
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de sobras e de embalagens dos agrotóxicos, regulamentando devidamente os
métodos para a correta inutilização das embalagens, sua devolução aos
estabelecimentos responsáveis pela destinação final, o recebimento e
armazenamento de tais materiais, dentre outras providências.
O referido dispositivo prevê especificações que visam auxiliar as operações
de logística reversa de pós-consumo dos agrotóxicos, como os seguintes: “Art. 54. Os estabelecimentos comerciais deverão dispor de instalações adequadas para recebimento e armazenamento das embalagens vazias devolvidas pelos usuários, até que sejam recolhidas pelas respectivas empresas titulares do registro, produtoras e comercializadoras, responsáveis pela destinação final dessas embalagens (...) Art. 56. Os estabelecimentos destinados ao desenvolvimento de atividades que envolvam embalagens vazias de agrotóxicos, componentes ou afins, bem como produtos em desuso ou impróprios para utilização, deverão obter licenciamento ambiental (...) Art. 53. Os usuários de agrotóxicos e afins deverão efetuar a devolução das embalagens vazias, e respectivas tampas, aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, observadas as instruções constantes dos rótulos e das bulas, no prazo de até um ano, contado da data de sua compra.” (BRASIL, 2002).
O Decreto n. 4.074/2002 compreende ainda procedimentos referentes à
inutilização das embalagens vazias dos defensivos agrícolas, promulgando a
necessidade, pelos usuários de tais produtos, das operações de tríplice lavagem, ou
tecnologia equivalente, conforme orientações que devem estar presentes nos
rótulos, bulas ou folhetos complementares.
Em 2006, o Decreto Federal n. 5.981, dispôs uma nova redação e inclui novos
dispositivos ao Decreto n. 4.074, relacionados ao registro, pesquisa e
experimentação dos agrotóxicos, prevendo ainda novas medidas penais para
práticas irregulares com tais produtos.
Apesar de todos os dispositivos legais promulgados acerca dos agrotóxicos, a
necessidade e busca pelas devidas medidas para a destinação final dos resíduos
descartados pela sociedade culminou na criação da Política Nacional de Resíduos
Sólidos, ou PNRS, que foi estabelecida pela Lei Federal n. 12305, em agosto de
2010. Por meio desta Lei, o Governo Federal, além de alterar as medidas previstas
na Lei n. 9.605/1998, buscou ampliar os objetivos e instrumentos legais relacionados
à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos
sólidos, incluindo os perigosos.
Reunindo um conjunto de princípios e diretrizes as ações adotadas em todas
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as esferas do Estado, isoladamente ou em regime de cooperação, a PNRS elevou a
necessidade de implementação dos processos de logística reversa como
instrumento operacional de auxilio na gestão dos materiais descartados no país,
buscando ainda enaltecer a responsabilidade compartilhada dos agentes no que
tange a redução e reaproveitamento de resíduos sólidos. Tal dispositivo possibilitou
ainda a criação de acordos setoriais para a efetiva consecução das medidas
previstas para o gerenciamento de tais resíduos, estabelecendo obrigatoriedade na
prevenção e precaução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais.
Outro ponto primordial na implantação da PNRS foi o reconhecimento dos
resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis como bens de valor econômico e social,
com o intuito de estimular a geração de empregos e renda a população, bem como
da adoção de tecnologias limpas na minimização dos impactos ambientais. Nesse
sentido, o incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e
empresariais direcionadas a gestão dos resíduos sólidos tornou-se um combustível
importante para a funcionalidade de tal política.
Os instrumentos previstos na PNRS para o gerenciamento dos resíduos
sólidos compreendem: planos destinados ao tratamento de resíduos sólidos;
inventário e sistemas declaratórios de tais materiais; coletas seletivas; sistemas de
logística reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; incentivo à criação
de cooperativas e formas de associação relacionadas ao recolhimento, reutilização e
reciclagem destes produtos; incentivos fiscais, financeiros e creditícios; além da
utilização do Sistema Nacional de Informações sobre Gestão de Resíduos Sólidos
(SINIR), do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA), do
Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental, do
Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente (SINIMA) na avaliação dos
impactos ambientais, licenciamento e revisão das atividades potencialmente
poluidoras.
As diretrizes aplicáveis pela referida Lei busca seguir uma ordem de
prioridade, a qual estrutura-se em: não geração, redução, reutilização, reciclagem,
tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos
rejeitos. Nesse contexto, o Poder Público deverá auferir medidas indutoras para
atender as iniciativas de prevenção e redução dos resíduos sólidos em território
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nacional, criando linhas de financiamentos e implantação de infraestrutura para as
cooperativas e associações formadas por pessoas físicas de baixa renda,
fomentando ainda a concessão de incentivos creditícios destinados a atender as
diretrizes propostas por esta Lei.
Dentre as devidas responsabilidades exploradas na promulgação da PNRS,
faz-se presente a necessidade de desenvolvimento da logística reversa, como o
artigo exposto a seguir: “Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes importadores, distribuidores e comerciantes de agrotóxico, seus resíduos embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem após o uso constitua se em resíduo perigoso, observados as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previsto em lei o regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA, do SNVS e do SUASA, ou em formas técnicas.” (BRASIL, 2010).
Essa mesma Lei institui proibições às formas inadequadas de destinação final
dos resíduos sólidos, como o lançamento destes em praias, no mar ou em quaisquer
corpos hídricos, lançamento ou queima a céu aberto ou em recipientes, instalações
e equipamentos não licenciados para tal finalidade.
Em 2010, o Decreto Federal n. 7.404 foi promulgado para regulamentar as
medidas previstas na PNRS, criando o Comitê Interministerial da Política Nacional
de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de
Logística Reversa, auxiliando no relacionamento entre as esferas do Estado e no
desenvolvimento dos sistemas de fluxo reversos dos resíduos sólidos.
Em uma análise da esfera estadual das legislações vigentes, o Estado de São
Paulo conta com dispositivos como a Lei Estadual n. 12.300, de março de 2006. Tal
Lei institui a criação da Política Estadual de Resíduos Sólidos, definindo os objetivos
e as diretrizes para a gestão compartilhada de resíduos sólidos no estado, visando à
prevenção e o controle da poluição dos recursos naturais. Não obstante da PNRS,
as medidas previstas na referida Lei estipulam condições e procedimentos
necessários ao cumprimento dos objetivos da política nacional por meio da
regulamentação estadual dos serviços de logística reversa, reciclagem, recolhimento
e destinação final dos resíduos descartados.
O Decreto Estadual n. 54.645, regulamentada em 2009, institui os dispositivos
previstos na Lei Estadual n. 12.300/2006, estreitando as relações entre as regiões
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que compõe o estado, elevando a participação da Secretaria Estadual do Meio
Ambiente na formulação de planos, estaduais e municipais, de gestão integrada dos
resíduos sólidos. Frente a tal participação, foi promulgada, em 2015, a Resolução
Estadual da Secretaria do Meio Ambiente (SMA) n. 45, definindo diretrizes para a
implementação e operacionalização da responsabilidade pós-consumo no Estado de
São Paulo e sujeitando à logística reversa de agrotóxicos, bem como de outros
produtos.
Foi possível perceber uma quantidade relevante de instituições voltadas ao
tratamento dos resíduos sólidos em todas as esferas do Estado brasileiro,
especificando os procedimentos adequados para o descarte das embalagens dos
agrotóxicos, além dos demais produtos necessariamente problemáticos a população
em níveis ambientais e de saúde pública. A responsabilidade compartilhada pelos
usuários, produtos e comercializadores dos agrotóxicos foi um dos principais
fundamentos formulados para a efetivação da logística reversa de tais produtos, em
vista da ampla influencia que cada um dos agentes envolvidos no ciclo de vida
destes materiais possui para o logro da destinação final adequada dos mesmos.
Juntamente com as Leis e Decretos, diversas organizações foram criadas e
desenvolvidas com o intuito de conferir a atuação da logística reversa dos resíduos
sólidos que necessitam de tal tratamento. Para o caso das embalagens vazias de
agrotóxicos, o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, ou
INPEV, é uma sociedade sem fins lucrativos, fundada em 2002 pelas indústrias de
defensivos agrícolas no Brasil e com o intuito de agir no processo de destinação das
embalagens vazias de agrotóxico, além de apoiar e orientar às indústrias na
formulação e administração dos canais de distribuição reversos, bem como os
agricultores no cumprimento das responsabilidades definidas pela legislação.
O principal objetivo do INPEV é auxiliar na preservação do meio ambiente por
meio da gestão autossustentável da destinação final de embalagens vazias de
produtos fitossanitários, bem como mediante a prestação de serviços na área de
movimentação, armazenagem e processamento de resíduos sólidos, com
envolvimento e integração dos elos que compõe a cadeia produtiva agrícola
nacional.
A infraestrutura de recebimentos de embalagens de agrotóxicos vazias
estrutura-se por meio de sazonamento, contando com a associação de mais de 100
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empresas fabricantes de defensivos agrícolas do Brasil, as quais são sócios
contribuintes e com a devida influência administrativa no que tange as atividades da
instituição. Embora os principais custos estejam relacionados à infraestrutura
(unidades de recebimento), à logística e à destinação final das embalagens, todos
os elos da cadeia produtiva agrícola arcam com parte dos custos, os quais o
agricultor é responsável por arcar com os custos de levar as embalagens até a
unidade ou ponto de devolução indicado na nota fiscal de venda; os revendedores e
cooperativas são responsáveis pelos custos envolvidos na construção e
administração das unidades de recebimento, bem como da logística e destinação
final que competem a tais unidades; e o governo, por sua vez, apoia os esforços de
educação e conscientização do agricultor em conjunto com fabricantes e
comerciantes.
Grande parte das associações foi formada mediante a promulgação da Lei n.
9.974/2000, quando o sistema de comercialização passou a ser responsável por
fornecer um local para que os agricultores devolvessem suas embalagens vazias,
além de gerenciar as unidades de recebimentos e no desenvolvimento de
campanhas educativas voltadas ao produtor rural.
O INPEV é responsável pelo gerenciamento do Sistema Campo Limpo,
programa destinado à realização da logística reversa de embalagens vazias de
defensivos agrícolas no Brasil, compreendendo todas as regiões do país e com base
no conceito de responsabilidade compartilhada entre agricultores, indústria, canais
de distribuição e poder público. Tal Sistema reúne mais de 400 unidades de
recebimento, entre centrais e postos, geridos por associações e cooperativas. As
unidades de recebimento devem ser ambientalmente licenciadas para efetuar o
processamento de tais embalagens e são classificadas como postos ou centrais
conforme o porte e o tipo de serviço efetuado.
Todas as instituições referidas anteriormente serviram de base teórica e
prática para o desenvolvimento da presente pesquisa, auxiliando na formulação dos
procedimentos metodológicos utilizados no recolhimento de informações
relacionadas as atividades de logística reversa no Vale do Ribeira, os quais foram
detalhadamente descriminados no item seguinte.
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3 METODOLOGIA
A partir de um interesse de cunho investigativo acerca dos processos de
logística reversa, do tipo pós-consumo, realizados com embalagens vazias de
agrotóxicos na região do Vale do Ribeira, o presente estudo se propôs a desenvolver
uma pesquisa descritiva, visando apurar o tema selecionado e entender a realidade
envolvida nas instituições que regem o fluxo reverso de tais materiais na referida
localidade.
A pesquisa do tipo descritiva tem como objetivo observar e assinalar
fenômenos, fatos ou variáveis, sem que haja interferências durante o processo de
investigação, buscando analisar, com máxima precisão possível, características e
peculiaridades dos objetos selecionados para estudo. Tal modelo de pesquisa não é
voltada para a determinação de causalidade dos fenômenos e recorre à reunião de
informações derivadas da própria realidade, coletadas de forma isolada ou coletiva,
utilizando dispositivos como observação, entrevistas, questionários e formulários.
(CERVO, BERVIAN e SILVA, 2007; BIAGI, 2012).
Com o intuito de explanar a problemática escolhida para este estudo de
maneira mais detalhada, optou-se pela utilização da metodologia de pesquisa
denominada Estudo de Caso, com o intuito de possibilitar uma abordagem mais
significativa acerca dos processos ligados ao retorno das embalagens vazias de
defensivos agrícolas nos municípios do sul paulista.
Segundo Marconi e Lakatos (2011) o estudo de caso pode ser classificado
como um exame minucioso acerca de um determinado fato ou evento, associado a
uma ou a um conjunto de pessoas, com características e comportamentos
específicos, ou semelhantes entre si, limitado a sua singularidade e de inviável
generalização. Tal conceito é complementado por Yin (2001), para quem a pesquisa
no modelo de um estudo de caso tem como finalidade de estudar um determinado
fenômeno hodierno no íntimo de suas circunstâncias e realidade, na qual não se
encontram notoriamente delimitados os limites entre fenômeno e o contexto.
Ainda que sejam considerados tipos de pesquisa com um traçado de
consecução relativamente menos complexo que os encontrados em pesquisas do
tipo experimental, os estudos de caso exigem um conhecimento preciso acerca do
assunto a ser examinado, bem como das teses que o fundamentam, alavancando a
validade científica em tais tipos de pesquisa. (GIL; LICHT e OLIVA, 2005).
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Para a ordenada consecução dos objetivos propostos para esta pesquisa, os
procedimentos metodológicos foram organizados em três momentos distintos,
visando corroborar na elaboração e condução do estudo.
Em um primeiro momento, optou-se por uma pesquisa bibliográfica, por meio
da qual foram levantadas informações acerca de conceitos ligados a logística
empresarial; a logística reversa de materiais; informações específicas referentes ao
processamento de embalagens vazias de agrotóxicos após o seu consumo; e da
legislação e instituições vigentes na regulamentação dos processos de descarte e de
logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos no país, visando estruturar o
embasamento teórico que conduziu a formatação deste trabalho e das demais
práticas metodológicas aplicadas durante o desenvolvimento do estudo.
De acordo com Cervo, Bervian e Silva (2007), a pesquisa bibliográfica institui-
se, geralmente, como parte inicial de qualquer pesquisa científica, tendo como foco o
esclarecimento de um determinado assunto, por meio de análises efetuadas em
contribuições culturais ou científicas precedentes, referências teóricas publicadas em
artigos científicos, livros e trabalhos acadêmicos.
Todas as informações reunidas pela metodologia acima disposta foram
obtidas por meio de canais de consulta eletrônica, livros e trabalhos acadêmicos,
buscando instruções sobre a prática da logística reversa de embalagens vazias de
agrotóxicos, os agentes envolvidos no ciclo de vida de tais produtos, alguns dos
mecanismos existentes e o funcionamento desses dentro das relações percebidas
na sociedade. O desenvolvimento deste processo metodológico foi registrado na
revisão de literatura, exposta anteriormente. No segundo momento que compõe a sistemática aplicada no presente
estudo, foram elaborados questionários que serviram de instrumentos para a coleta
de informações específicas acerca dos processos efetuados com embalagens vazias
de agrotóxicos na região do Vale do Ribeira.
Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007), a utilização de questionários
possibilita a medição, com assente precisão, de informações requeridas acerca de
um determinado assunto, sendo comumente utilizado como instrumentos de coleta
de dados. Podem ser compostos por perguntas abertas ou fechadas, devendo estar
limitadas a sua dimensão, finalidade e serem racionalmente direcionadas a um tema
central. Tais instrumentos devem constituir-se de natureza impessoal, a fim de
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certificarem uniformidade na avaliação das informações, possibilitando acarretar
determinada vantagem na coleta de respostas mais reais.
A região do Vale do Ribeira foi selecionada como área de aplicação dos
questionários por apresentar peculiaridades referentes a determinadas atividades
agrícolas no estado de São Paulo e, consequentemente, à utilização de defensivos
agrícolas. Dentre tais características, está presente a semeadura da banana, cultura
agrária que possui números expressivos de produção na região e serviu como
variável seletiva de análise para o estudo, visando parametrizar as informações
aceca da utilização de agrotóxicos e o descarte de suas embalagens após o uso nas
lavouras de tal fruto.
A referida região é formada por vinte e quatro municípios, dentre os quais se
encontram: Apiaí, Juquiá, Cananéia, Cajati, Itariri, Registro, Jacupiranga, Tapiraí,
Pedro de Toledo, Barra do Chapéu, Iguape, Eldorado, Itapirapuã Paulista, Miracatu,
Ribeirão Grande, Ribeira, Barra do Turvo, Ilha Comprida, Iporanga, Taóca, Juquitiba,
Pariquera-Açú, São Lourenço da Serra e Sete Barras. Apresenta clima de
características subtropicais, com índices considerados moderados de chuvas e
grande amplitude térmica, contando também com uma vegetação específica de tipo
Mata Atlântica, relativamente abundante por todo o seu território, e que passou a ser
considerado patrimônio natural da humanidade pelo UNESCO (Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em 1999.
Com relação à semeadura da banana, apesar de apresentar uma disposição
de características consideradas modestas em relação ao solo e clima, grande parte
da produção paulista está localizada na região mencionada anteriormente, na qual
treze municípios representam cerca de 80% da área cultivada do fruto no estado,
sendo estes: Cajati, Miracatu, Registro, Itariri, Sete Barras, Eldorado, Pedro de
Toledo, Itanhaém, Jacupiranga e Juquiá. (PINO et al, 2000; CRUZ e GALEAZZI,
1997).
A Figura 2, exposta a seguir, ilustra o dimensionamento da cultura da banana
no estado de São Paulo, indicando o número de produtores envolvidos em sua
produção e a área destinada ao cultivo de tal fruto. Por meio da seguinte figura é
possível perceber ainda relevante discrepância entre a região do Vale do Ribeira e
outras regiões do estado de São Paulo, quando relacionadas à quantidade de
produtores e área destinada ao cultivo da banana, ilustradas por números
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expressivos referentes aos municípios do sul paulista. Figura 2: Distribuição Geográfica de área cultivada e número de produtores em 2007/2008.
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Projeto LUPA. Disponível em: <http://www.cati.sp.gov.br/>. Acesso em 07/05/2016. Elaborado pelos autores.
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Os questionários elaborados visaram conferir questões direcionadas a duas
esferas distintas envolvidas na utilização dos agrotóxicos na região, as quais foram
os produtores agropecuários e os revendedores de tais defensivos agrícolas. Para
ambas as esferas, a aplicação destes instrumentos de pesquisa foi efetuada nas
cidades de Registro, Sete Barras e Eldorado Paulista, as quais constituíram a
amostra da presente pesquisa.
Na tabela a seguir é possível perceber o dimensionamento da cultura da
banana nos municípios mencionados.
Tabela 1: Área cultiva e número de UPAs nos municípios selecionados para amostra.
Eldorado Paulista Sete Barras Registro
Área Cultivada (Em hectares) 5711,6 3785,5 3178,9
Número de UPAs* 642 363 199
UPAs = Unidades de Produção Agropecuária
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Projeto LUPA. Disponível em: <http://www.cati.sp.gov.br/>. Acesso em 13/05/2016. Elaborado pelos autores.
Não houve um processo exato de amostragem estabelecido estatisticamente
para a aplicação dos questionários, tanto para os produtores agropecuários quanto
para os estabelecimentos de comércio agropecuário, pelo fato de que alguns dos
questionamentos referentes aos devidos procedimentos de logística reversa,
estipulados por Leis e Decretos de níveis federal, estadual e municipal; trouxeram
determinado receio aos entrevistados, visto que estes responderam as perguntas de
forma voluntária. Uma vez que tal procedimento metodológico não intenciona
estruturar hipóteses específicas acerca de causalidades que entornam o problema
evidenciado nesta pesquisa, as informações reunidas por meio de tais instrumentos
foram formatas e apresentadas no quarto item que compõe o presente trabalho.
Em um último momento, com o intuito de abranger informações mais
detalhadas acerca das operações referentes os processos de estocagem,
armazenagem, movimentação, fiscalização e interação entre os agentes envolvidos
na utilização de agrotóxicos na região do Vale do Ribeira, foram empregadas
entrevistas com organizações e associações ligadas diretamente às ações de
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logística reversa de embalagens de agrotóxicos no município, na região e no Estado
de São Paulo.
De acordo com Marconi e Lakatos (2011), bem como Biagi (2012), o
procedimento de entrevista é entendido como uma conversa oral entre duas ou mais
pessoas e tem como principal objetivo o de reunir informações e dados específicos
relacionados a experiências e concepções das pessoas entrevistadas, tornando
pertinente a utilização de tal procedimento quando os assuntos abordados têm ou
tiveram relação com o entrevistado. As entrevistas podem ser classificadas como
estruturadas, quando são guarnecidas de roteiro estruturado previamente, e
semiestruturadas, quando há determinada liberdade na exploração dos
questionamentos durante o desenvolvimento da entrevista.
As referidas entrevistas foram feitas com: a Unidade de Recebimento de
Embalagens Vazias de Defensivos Agrícolas Palmiro de Souza Thiburcio, unidade
gerida pela ADIAESP, responsável por administrar o processo de recebimento de
embalagens vazias de agrotóxicos no Estado de São Paulo; o Posto de
Recebimento de Embalagens vazias de Agrotóxicos de Registro, gerenciado pela
ARAVALE, responsável por coordenar o processo de recebimento de embalagens
vazias de agrotóxicos no município de Registro e região; e o Escritório da Defesa
Agropecuária de Registro, organismo ligado a Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo e parte da Coordenadoria de Defesa
Agropecuária, representante da administração pública direta do Governo do Estado
de São Paulo e atuante nas questões ligadas a defesa agropecuária do estado.
Além das entrevistas, foram efetuadas visitas técnicas aos locais onde são
desempenhados os processos ligados à logística reversa das embalagens vazias
dos agrotóxicos, resultando em uma observação mais próxima dos agentes
envolvidos nas práticas de logística reversa e em uma coleta de dados específicos
acerca dos métodos utilizados no processamento das embalagens vazias de
defensivos agrícolas. Tais dados estão registrados também no quarto item que
compõe o presente trabalho.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Este item foi destinado à apresentação dos resultados obtidos mediante a
aplicação dos procedimentos metodológicos mencionados anteriormente.
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4.1 DO QUESTIONÁRIO AOS AGRICULTORES
O questionário aplicado aos agricultores teve como principal objetivo perceber
as peculiaridades relativas aos usuários dos defensivos agrícolas na região do Vale
do Ribeira, traçando um perfil dos referidos. O número total de questionários
respondidos foi de 47.
Os dados permitiram observar que, em sua totalidade, os agricultores em
questão são naturais da região, sendo que 17% são do município de Eldorado
Paulista, 30% do município de Sete Barras e o restante 53%, são naturais do
município de Registro. A faixa etária predominante, englobando 51%, gira entre 50 a
75 anos, sendo que 36% estão entre 25 e 50 anos e 13% com mais de 75 anos. Em
relação ao grau de escolaridade, 38% contam com o Ensino Fundamental (1º Grau)
completo, 34% contam com o Ensino Médio (2º Grau) completo e 28% contam com
o Ensino Superior ou outros.
Por meio de perguntas direcionadas as culturas agropecuárias praticadas
pelos agricultores, observou-se um predomínio no cultivo singular da banana,
formado por 55% dos que responderam ao questionário. Os demais respondentes
que especificaram as demais culturas cultivadas foram de 28% que cultivam o
palmito da pupunha, 2% que cultivam a goiaba, 2% que cultivam plantas
ornamentais. 13% destes não detalharam outros tipos de semeadura praticados.
Com relação ao cultivo da banana, foi questionado acerca do tempo de
produção, obtendo os dados de que 89% produzem tal fruto há mais de 10 anos, 9%
estão no ramo de 5 a 10 anos e 2% produzem a cerca de 1 a 5 anos. Foi
questionado ainda acerca do tempo de utilização de agrotóxicos nas plantações, na
qual se obteve a mesma proporção de resposta percebida na questão anterior,
sendo 89% os que utilizam há mais de 10 anos, 9% os que utilizam a cerca de 5 a
10 anos e 2% os que utilizam a cerca de 1 a 5 anos.
Relacionadas às práticas efetuadas com as embalagens vazias de
agrotóxicos nas plantações, foram obtidas as seguintes informações:
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Gráfico 1 – Questionário aplicado aos Agricultores: procedimentos de pós-consumo
Fonte: Elaborado pelos autores.
Analisando os dados referentes ao Gráfico 1, foi possível perceber que cerca
de metade, mais especificamente 51%, disseram realizar a devolução das
embalagens vazias de agrotóxicos aos revendedores ou distribuidores. Entretanto,
36% destes realizam a queima das embalagens em suas propriedades e 11%
utilizam tais materiais para outros fins, atividades estas que são consideradas
indevidas e veementemente condenadas pela legislação vigente. Apenas 2% dos
que responderam ao questionário registraram a utilização das embalagens vazias
para outras atividades não especificadas, ainda que essas também sejam
condenadas pelas autoridades competentes na destinação final de resíduos sólidos.
Com relação aos procedimentos de lavagem das embalagens vazias dos
agrotóxicos, 89% dos agricultores responderam que realizam pelo menos uma das
lavagens, tríplice lavagem ou lavagem sob pressão, necessárias e indicadas pelos
órgãos especializados, e 11% responderam não realizar tais procedimentos após o
uso dos defensivos agrícolas nas plantações. Quanto à inutilização de tais
embalagens, 77% dos que responderam ao questionário relataram que inutilizam
todas as embalagens vazias presentes nas propriedades e 23% responderam que
não são realizados os procedimentos de inutilização de tais materiais.
Quando perguntados acerca dos métodos destinados a armazenagem das
embalagens vazias nas propriedades, 51% dos agricultores relataram armazenar as
embalagens em local separado de outros produtos, 28% destes relataram não
armazenar as embalagens vazias em suas propriedades, 11% relataram armazenar
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tais materiais a céu aberto e 10% responderam que armazenam os referidos
resíduos em um mesmo local onde são estocados outros produtos.
As últimas questões direcionadas aos agricultores foram referentes à efetiva
logística reversa das embalagens vazias de agrotóxicos, visando perceber os níveis
de aplicação e de conscientização da necessidade do devido descarte de tais
materiais.
Quando questionados sobre o recebimento de orientações acerca da logística
reversa e reciclagem das embalagens de agrotóxicos, foram concebidos os
seguintes dados: Gráfico 2 – Questionário aplicado aos Agricultores: informações sobre a logística reversa e reciclagem.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Mediantes as informações dispostas no Gráfico 2, foi possível perceber a
dimensão tomada pela falta de informações destinadas aos agricultores no que
tange a logística reversa ou a reciclagem das embalagens vazias de agrotóxicos, no
qual 55% relataram que já receberam informações relativas a tais temas, 43% dos
que responderam ao questionário relataram que não receberam tais informações,
mas tem interesse em receber, e 2% demonstraram não ter interesse em tal assunto.
Os dados relacionados ao referido gráfico realçam uma relevante falta de
informações específicas destinadas aos agricultores, visto que estes constituem o
produtor inicial de resíduos que são destinados ao fluxo reverso das embalagens
vazias dos agrotóxicos. Uma vez que os produtores agrícolas não dispõem de
devida competência para a gestão integrada e compartilhada das embalagens
vazias, a logística reversa de tal produto fica comprometida e limitada apenas aos
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produtores que receberam as informações necessárias para o desempenho
adequado de tais processos.
Quando questionados acerca de orientações referentes à Política Nacional de
Resíduos Sólidos, 70% responderam que nunca receberam informações sobre tal
instituição, e o restante, 30%, responderam que já receberam alguma informação
sobre tal norma, tornando mais evidente a análise comentada anteriormente acerca
da falta de informações destinadas aos produtores agropecuários.
Com relação os dispositivos existentes para a efetiva logística reversa das
embalagens vazias de agrotóxicos, foram obtidos os seguintes dados:
Gráfico 3 – Questionário aplicado aos Agricultores: informações sobre P.E.V.
Fonte: Elaborado pelos autores.
No Gráfico 3, foi questionado sobre o conhecimento dos agricultores acerca
do Ponto de Entrega Voluntária, ou PEV, existente no município de Registro,
registrando que 45% dos que responderam ao questionário já realizaram entregas
no referido local, 19% conhecem a devida localidade, porém não realizam a entrega
das embalagens na mesma, e 36% não tem conhecimento acerca do local,
adequadamente destinado, para a devolução das embalagens vazias dos defensivos
agrícolas, confirmando o desconhecimento de informações essenciais aos
processos de logística reversa praticados na região do Vale do Ribeira.
A falta de informação percebida por parte dos agricultores que responderam o
referido questionário parece estruturar um gargalo relevante dentre as operações de
logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos na região onde se
desenvolveu a presente pesquisa. Apesar de parte dos entrevistados apresentarem
consciência acerca da necessidade de devolução de tais materiais aos canais de
distribuição reversos existentes, existe ainda a necessidade de uma maior
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divulgação e orientação direcionada aos agricultores para que os processos de
inutilização, lavagem, armazenagem e devolução dos resíduos gerados no uso de
agrotóxicos sejam efetuados de maneira adequada e em conformidade com as Leis
e Decretos vigentes, visando ampliar a consecução da devida logística reversa dos
mesmos.
4.2 DO QUESTIONÁRIO ÀS AGROPECUÁRIAS
O questionário formulado para as agropecuárias teve como principal objetivo
perceber as características e o envolvimento dos agentes responsáveis pela
comercialização dos agrotóxicos na região do Vale do Ribeira com a logística
reversa das embalagens de tais produtos após o seu consumo. Foram oito
questionários respondidos pelos agentes envolvidos nas atividades comerciais das
agropecuárias.
Quanto às funções desempenhadas pelos que responderam ao questionário,
50% relataram serem colaboradores nas agropecuárias abordadas pela pesquisa,
25% relataram serem os gerentes responsáveis pelas atividades desenvolvidas em
tais empreendimentos, e 25% relataram serem os proprietários das mesmas.
Referente à idade dos que responderam ao referido questionário, sua grande
maioria, 87%, possuem entre 25 e 50 anos, e 13% possuem de 50 a 75 anos. Já
com relação ao grau de escolaridade, 50% relataram ter Ensino Médio (2º Grau)
completo e 50% relataram ter Ensino Superior ou outros.
Com o intuito de analisar as medidas tomadas pelas agropecuárias em
relação a capacitação de seus colaboradores no que tange a logística reversa e a
reciclagem das embalagens vazias de agrotóxicos, foram obtidos os seguintes
resultados:
Gráfico 4 – Questionários as Agropecuárias: capacitação de funcionários.
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Conforme as informações dispostas no Gráfico 4, foi possível perceber que,
apesar da não periodicidade, os agentes envolvidos na comercialização dos
agrotóxicos na região do Vale do Ribeira apresentam alguma capacitação
direcionada aos processos de logística reversa ou de reciclagem das embalagens
vazias dos defensivos agrícolas. Tal dado permite enaltecer a competência
disponibilizada por tais agentes no que tange a necessidade da realização da
devolução e recolhimento dos referidos materiais, ainda que estas operações sejam
mais sensíveis aos comerciantes por questões ligadas a legislação vigente.
Quando questionados sobre a capacitação referida anteriormente, porém
ofertada pelos distribuidores que fomentam os estoques das agropecuárias, foram
obtidos os seguintes dados: Gráfico 5 – Questionários as Agropecuárias: capacitação dos comerciantes.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Observou-se, por meio das informações que compõe o Gráfico 5,
determinada semelhança no que tange a frequência de cursos de capacitação
voltadas as agropecuárias que revendem os defensivos agrícolas, no qual 50%
relataram que recebem os treinamentos dos fornecedores, porém realizados com
baixa frequência, 25% relataram uma frequência maior na disponibilidade de tal
capacitação, 12% relataram não receber tais cursos, porém contestam interesse, e
13% relataram não estarem interessados em tal tipo de atividade.
Com relação ao tempo de comercialização de agrotóxicos praticada pelas
agropecuárias, 50% relataram realizar a venda de tais produtos há mais de 10 anos,
25% relataram comercializa-los a cerca de 5 a 10 anos e 25% relataram efetuar tal
atividade há menos de um ano.
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Quando questionados sobre o conhecimento acerca do Ponto de Entrega
Voluntária das embalagens vazias de agrotóxicos no município onde atuam, todos
os que responderam o referido questionário relatam conhecer a localidade,
afirmando ainda que já visitaram o devido estabelecimento. Tal informação
possibilitou perceber novamente a devida influencia ocasionada pelas legislações
vigentes, em vista das penalidades previstas na falta de cumprimento dos devidos
procedimentos destinados a destinação final dos resíduos sólidos.
Foram realizados questionamentos relacionados às atividades de apoio a
logística reversa das embalagens vazias dos defensivos agrícolas, das quais 62%
das agropecuárias abordadas relataram não prestar serviços ou auxilio no
recolhimento das embalagens, enquanto 38% relataram auxiliar ou prestar algum
tipo de serviços para tal atividade. Foram feitos também questionamentos acerca da
responsabilidade no armazenamento das embalagens vazias pelas agropecuárias,
das quais 75% relataram não efetuarem tal tipo de serviço, visto que não fazem
parte das atividades da empresa, e 25% responderam que realizam o
armazenamento de tais materiais, afirmando que tal processo é compreendido pelas
atividades da firma.
Quanto à disponibilização de informações referentes aos locais de devida
devolução das embalagens vazias dos agrotóxicos, todas as agropecuárias
abordadas pela pesquisa relaram orientar seus clientes acerca de tal localidade. Já
quando questionados acerca da procura dos clientes pelas informações relativas ao
local de devolução das embalagens, foram obtidas os seguintes dados: Gráfico 6 – Questionários as Agropecuárias: informações no processo de venda.
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Mediante as informações dispostas no Gráfico 6 foi possível perceber que
apesar da falta de informações especificas acerca das operações de logística
reversa, evidenciadas nos questionários efetuados aos agricultores, há pouca
procura, por parte dos clientes, pelas devidas informações referentes ao local de
devolução das embalagens vazias dos agrotóxicos. Tais dados apareceram em
contraste com alguns dos dados analisados no item anterior, relevando um
determinado conflito no que tange o gargalo informativo referente à consecução das
operações de logística reversa operacionalizadas na região em questão.
Foram realizados questionamentos acerca das informações disponibilizadas
aos agentes envolvidos nas atividades das agropecuárias sobre o INPEV e de suas
unidades de recebimento, dos quais 62% relataram já terem recebido informações
sobre o assunto e 38% relataram não terem recebido tais informações, porém
demonstram interesse.
Quando questionados sobre a sensibilidade em perceber a consciência de
seus clientes da necessidade das operações de logística reversa das embalagens
de agrotóxicos, todas as agropecuárias abordadas relataram que seus consumidores
demonstram consciência acerca do assunto.
Por fim, as agropecuárias foram questionadas acerca dos dispositivos
ofertados pelo Setor Público, de seu respectivo município, para que sejam realizados
os processos de logística reversa das embalagens vazias dos defensivos agrícolas,
os quais 75% relataram que são disponibilizados meios para a efetiva prática de tais
atividades, enquanto 25% relataram não terem recebido informações a respeito de
tais processos em seu município.
Mediante a aplicação do questionário direcionado as agropecuárias, foi
possível perceber determinada influência acarretada pela atuação da legislação
destinada ao fomento e regularização das práticas de logística reversa na região do
Vale do Ribeira. Apesar da baixa frequência de cursos voltados a capacitação dos
agentes envolvidos na comercialização de agrotóxicos na referida região, a
conscientização destes para com a necessidade e obrigatoriedade da logística
reversa de tais materiais é, aparentemente, alta. Foi possível ainda perceber
determinada falta de interesse, por parte dos clientes que frequentam as
agropecuárias abordadas pela presente pesquisa, no que tange as informações
referentes aos locais de devolução das embalagens vazias. Apesar de tal dado
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aparentar uma contrapartida aos dados expostos no subitem anterior, as
informações necessárias para a efetiva inicialização do fluxo reverso das
embalagens aparentam ser repassadas aos consumidores no ato da compra dos
produtos nas agropecuárias.
4.3 DA ENTREVISTA COM O ESCRITÓRIO DA DEFESA AGROPECUÁRIA DE
REGISTRO
A entrevista foi realizada no estabelecimento destinado às atividades do
Escritório da Defesa Agropecuária no município de Registro/SP, na qual os
questionamentos referentes à problemática selecionada para a presente pesquisa
foram direcionados a um dos agrônomos responsáveis pela fiscalização e
coordenação das ações do referido órgão estadual. Tal escritório, com um caráter de
poder executivo do Estado, é direcionado a defesa das atividades de agropecuária e
agricultura na região do Vale do Ribeira.
Inicialmente, foi perguntado ao entrevistado acerca das ações realizadas pelo
referido órgão estadual, com o intuito de entender quais as providências, efetuadas e
necessárias, para a fiscalização, e possível penalização, dos produtores rurais e
comerciantes de agrotóxicos na região do Vale do Ribeira.
Segundo o entrevistado, a logística reversa de embalagens vazias de
agrotóxicos é um dos poucos processos de logística reversa que efetivamente
funciona no país, tendo como principal fator motivador de tais ações as Leis e
Decretos estipulados em todos os âmbitos das esferas públicas. A Lei Nº
7.802/1989, ou popularmente conhecida como “Lei dos Agrotóxicos”, possibilitou o
enriquecimento das ações de fiscalização e, consequentemente, do fluxo reverso de
embalagens de tais defensivos agrícola no território nacional.
As ações de fiscalização são realizadas tanto no âmbito comercial, em
agropecuárias e revendedores de defensivos agrícolas, quanto no âmbito produtivo,
em propriedades rurais onde os produtores desenvolvem atividades agrárias.
A fiscalização da comercialização dos agrotóxicos é realizada junto aos
estabelecimentos registrados e envolvidos em tal mercado, por meio da apreciação
e acompanhamento do controle de estoque das referidas lojas, das notas fiscais
geradas na compra e venda de defensivos agrícolas e das receitas técnicas emitidas
para o comércio de tais produtos. Conforme o entrevistado, tal fiscalização trouxe
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uma maior necessidade de aprimoramento nos métodos de controle de estoque às
lojas, uma vez que complicações de natureza judicial poderiam prejudicar a
sobrevivência de tais firmas no mercado. Porém ainda é necessária uma maior
evolução por parte das lojas, em questões administrativas, a fim de tornar menos
embaraçoso e demorado o processo de fiscalização, visto que existe um numero
reduzido de colaboradores envolvidos em tais atividades, limitando assim o poder de
fiscalização na região.
Já a fiscalização realizada nas propriedades rurais é efetuada de maneira não
periódica, de modo a dificultar a ocultação de práticas criminosas pelos produtores,
estando tais práticas condicionadas também a possíveis denúncias recebidas pelo
escritório. Nesse tipo de procedimento, é verificada se existe a guarda de
embalagens vazias de agrotóxicos pelos produtores dentro das propriedades rurais,
estando esses produtores sujeitos a autuações emitidas pelo referido órgão público
em caso de armazenamento ou reutilização das embalagens para fins indevidos.
Segundo o entrevistado, apesar da legislação vigente, ainda é possível
verificar o descarte e a reutilização inconsequente das embalagens vazias de
agrotóxicos pelas propriedades da região.
A partir de uma determinada incoerência verificada em algum dos
procedimentos estipulados por Lei, o órgão em questão tem a responsabilidade de
emitir uma autuação ao proprietário envolvido em tal desordem. De acordo com o
entrevistado, em casos como estes, em um primeiro momento, é emitido um aviso
ao proprietário, buscando corrigir o erro registrado de maneira espontânea (Casos
como o acondicionamento de embalagens vazias, a reutilização das embalagens e
queima destes produtos). Caso seja verificada a reiteração de tais erros, o órgão em
questão tem a responsabilidade de emitir uma autuação ao determinado proprietário,
registrado junto ao Ministério Público e publicada no Diário Oficial da União, sem
caráter pecuniário e de competência institucional do referido Ministério, qualificado
como crime ambiental e sujeito as penalidades previstas por Lei.
Para um maior esclarecimento acerca das possíveis penalidades envolvidas
em tais atividades, o entrevistado informou que somente a Polícia Ambiental tem
competência para aplicar multas de caráter pecuniário aos produtores ou
comerciantes que estejam irregulares em qualquer um dos procedimentos previstos
em Lei.
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A Defesa Agropecuária costuma ainda realizar fiscalização rotineira na
Unidade de Recebimento das Embalagens Vazias de agrotóxicos do município,
verificando se os processos de armazenagem e lavagem estão de acordo com a
legislação vigente e exercendo diligência sobre os comprovantes de devolução das
embalagens, gerados em atos de entrega de tais embalagens na referida localidade.
De acordo com o entrevistado, para o funcionamento de tal tipo de estabelecimento
é necessário licença ambiental e outros trâmites judiciais estipulados por Lei.
Num segundo momento, foram realizados questionamentos referentes à
conscientização ambiental da população, em questões do uso e descarte dos
agrotóxicos, atualmente percebida pelo entrevistado em suas atividades durante seu
serviço.
Segundo o entrevistado, existe ainda a falta de conscientização ambiental por
parte dos produtores agrários da região, visto que a divulgação de informações e a
implementação de programas e práticas de recolhimento ou de logística reversa das
embalagens de agrotóxicos, efetuadas tanto por parte da indústria como por parte do
setor público, é, ainda, relativamente escassa. Um exemplo citado pelo entrevistado
foi o “Recebimento Itinerante” realizado por determinadas prefeituras dos municípios
do Vale do Ribeira, porém pouco empenhado nas demais localidades da região.
Finalmente, foram feitas perguntas ao entrevistado acerca de possíveis
soluções aos problemas encontrados nos processos de logística reversa de
embalagens de agrotóxicos na região.
De acordo com o entrevistado, futuramente, será desenvolvido programa junto
às indústrias produtoras de agrotóxicos, os revendedores destes produtos no
mercado e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São
Paulo, que visa compilar todas as informações referentes à: dados do produto
(quantidade, tipo de embalagem, princípio ativo do produto), dados do produtor (nota
fiscal de venda, codificação da embalagem e do produto contido em tal recipiente,
quantidade vendida), dados dos revendedores (CNPJ, quantidade comprada e
quantidade revendida) e dados dos produtos rurais (CPF ou CNPJ, quantidade
comprada, código das embalagens, receita técnica, nota fiscal). A partir da
organização desses dados junto a um sistema eletrônico (TI), as práticas de
fiscalização tenderão a se tornar mais eficientes, no sentido que possibilitaram um
controle mais sistemático do ciclo de vida de defensivos agrícolas em circulação nas
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propriedades rurais, consequentemente auxiliando no retorno correto das
embalagens de agrotóxicos. Tal tecnologia faz parte do projeto conhecido como
“Sistema GEDAVE”, porém este ainda não se encontra totalmente estruturado para
operar.
4.4 DA ENTREVISTA COM A UNIDADE DE RECEBIMENTO DE EMBALAGENS
VAZIAS DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS “PALMIRO DE SOUZA THIBURCIO”
A Unidade de Recebimento está localizada no município de Piedade, há cerca
de 120 km do município de Registro, e é gerida pela Associação dos Distribuidores
de Insumos Agrícolas do Estado de São Paulo, ou ADIAESP. Tal associação tem
como foco gerir o processo de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos no
estado e atuar operacionalmente, representando os associados perante os Órgãos
Públicos, contribuindo no cumprimento da legislação vigente.
Tal unidade é composta por uma estrutura simples, contando com um prédio
destinado ao escritório, que administra a unidade com dois funcionários, e um
galpão destinado ao acondicionamento e preparação das embalagens que serão
destinadas à reciclagem e/ou incineração, no qual trabalham mais quatro
funcionários.
O recolhimento das embalagens vazias entregues por produtores agrícolas
deve ser feito mediante a apresentação de documentação, constando nome e CPF,
ou CPNJ, para que seja emitida uma certidão de devolução das embalagens, na
qual estão dispostas as informações referentes ao produtor e a quantidade devolvida
pelo mesmo.
A referida unidade apenas recebe embalagens vazias de produtos vendidos
por agropecuárias ou fornecedores cadastrados no sistema da ADIAESP.
Já no caso da devolução realizada pela ARAVALE, associação que foi
detalhada no subitem seguinte, ou outras empresas e associações que tem cadastro
na ADIAESP, o principal operador logístico envolvido no transporte de tais materiais
é a empresa LUFT Ltda., responsável pelo transporte das embalagens
disponibilizadas pela ARAVALE até a unidade de recolhimento, e pelo transporte de
tal unidade até a central de recolhimento, onde os materiais terão sua destinação
final tratada com a devida tecnologia necessária conforme sua necessidade.
(reciclagem ou incineração).
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O transporte das embalagens das associações até a unidade de
recolhimento, ou da unidade até a central, muitas vezes não é realizado com
caminhões pertencentes a LUFT. Porém, tais serviços são terceirizados pela
empresa, condicionando o fluxo reverso destas embalagens.
Segundo o entrevistado, as despesas de transporte das empresas até a
unidade de recolhimento é geralmente terceirizada pela LUFT, e paga pelos
responsáveis pela empresa que quer realizar a devolução. Já o transporta da
Unidade até as demais Centrais, é paga pela ADIAESP, em parceria com o INPEV.
Existe um sistema de controle interno do volume de embalagens
acondicionadas na Unidade. Tal sistema é capaz de ativar os serviços de transporte
por meio da tonelagem disposta na Unidade. Segundo o entrevistado, em média
14000 kg por caminhão.
Ao receber as embalagens, a Unidade faz a separação por “Embalagens
Lavadas” e “Embalagens Não Lavadas”.
As “Embalagens Não Lavadas” são prensadas e unitizadas de maneira
semelhantes as demais embalagens e destinadas à incineração, por conta dos
produtos tóxicos restantes no conteúdo da embalagem.
Já as “Embalagens Lavadas”, são separadas conforme o material de
composição das embalagens, para facilitar o manuseio posterior em sua reciclagem.
Cada tipo de material é separado e armazenado separadamente, de modo a
facilitar sua posterior unitização. O Entrevistado comentou que ao receber as
embalagens de produtores ou de empresas associadas, esta separação não
costuma ser feita previamente.
Segundo o entrevistado, há também uma seleção por cor do plástico de um
determinado tipo de embalagem (PEAD). Cada material conta ainda com um
diferente tipo de reciclagem conforme o material que compõe a embalagem, portanto
a Unidade faz tal separação antes de destinar tais materiais as centrais de
recolhimento. Na visita técnica foi possível averiguar a presença de três prensas
industriais utilizadas na unitização das embalagens vazias. Tal material é
empacotado sem distinção de tamanho ou tipo.
Após a prensa, os pacotes de embalagens são amarrados com fitas de
plástico resistentes (fita verde), e selados com alicate industrial, para que tal
unitização não sofra avarias durante o transporte.
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Segundo o Entrevistado, todos os investimentos realizados na Unidade,
desde o pagamento de seus colaboradores, até o patrimônio adquirido para a
execução das atividades é fruto da revenda das embalagens e da parceria da
ADIAESP com o INPEV. Ainda segundo o entrevistado, não há nenhum auxílio da
prefeitura local ou dos órgãos estaduais, na execução das atividades da Unidade.
A ADIAESP costuma distribuir panfletos e informações, via sms e e-mail,
acerca da responsabilidade dos produtores para com a devolução das embalagens,
informando os cuidados e documentos necessários para que seja feita a devolução
institucionalmente correta das embalagens.
Segundo o entrevistado, grande parte das devoluções feitas na Unidade não é
de produtores agrícolas, seja da própria região ou de regiões próximas. Para ele,
ainda é necessário um avanço na conscientização da população, primeiramente,
acerca da possibilidade de devolução das embalagens vazias, e posteriormente, de
uma conscientização ambiental acerca da necessidade da devolução da
embalagem.
4.5 DA ENTREVISTA NO POSTO DE RECEBIMENTO DE EMBALAGENS VAZIAS
DE AGROTÓXICOS EM REGISTRO/SP
De forma semelhante à visita realizada na unidade de recebimentos de
embalagens vazias operante em Piedade/SP, foi realizada uma visita no Posto de
Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos do município de Registro,
visando conferir as instalações disponíveis para a realização da logística reversa das
embalagens na região abordada pela presente pesquisa.
Tal Posto de Recolhimento é gerido pela Associação dos Revendedores de
Agrotóxicos do Vale do Ribeira, ou ARAVALE, e tem como principal objetivo o de
gerir os procedimentos e operações de recolhimento e armazenamento de
embalagens vazias de agrotóxicos no município de Registro e região.
O posto em questão realizada a separação das embalagens recebidas pela
litragem que cada embalagem apresenta, sendo separados ainda os lacres e os
folhotes que compõe a estrutura da embalagem dos defensivos agrícolas. Não
contanto com equipamento de prensa ou unitização dos referidos materiais, as
embalagens são armazenadas em bags, conforme seus tipos, e destinadas a
unidade de recebimento operante em Piedade/SP, consumidor posterior dentro da
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cadeia de distribuição reversa de tais embalagens.
Na visita em questão não foi possível à entrevista com o responsável pela
gerência das ações desempenhadas no Posto de Recolhimento das embalagens
vazias em Registro/SP, porém foi possível, por meio de informações disponibilizadas
por colaboradores relacionados a tal estabelecimento, anotar que tais embalagens
são transportadas mediante um volume, periodicamente registradas, de entrada de
tais embalagens no referido posto.
Em todas as entrevistas e visitas realizadas durante a consecução da
presente pesquisa, foi possível perceber o devido envolvimento e preocupação das
entidades responsáveis pela articulação e implantação de sistemas de logística
reversa na região do Vale do Ribeira e no Estado de São Paulo. Independentemente
da esfera estatal a qual são ligadas, os órgãos públicos e associações procuram
disponibilizar recursos e meios para a realização dos processos necessários para
viabilizar a destinação final adequada de produtos nocivos à sociedade. Foi possível
perceber também uma relativa relação entre os mecanismos de fiscalização e de
realização da logística reversa de tais materiais, visto que ambos se organizam
mediante as instituições que regulamentam esse tipo de atividade no país.
Outro fator percebido na análise realizada na referida região foi a falta de
ações coletivas, partindo tanto dos órgãos públicos como da sociedade civil, em
atividades de recolhimento ou tratamento dos resíduos sólidos produzidos nos
municípios abordados. Apesar da relevante união dos comerciantes envolvidos na
venda e distribuição dos defensivos agrícolas, não são praticados atos planejados
que visem à coleta de tais materiais nas propriedades rurais ou até mesmo na zona
urbana. A introdução de tal cultura de gestão dos resíduos sólidos gerados poderia
minimizar os efeitos nocivos que as propriedades químicas dos agrotóxicos
apresentam ao meio ambiente e a saúde pública. Porém tal iniciativa carece ainda,
aparentemente, de uma conscientização e cooperação entre os agentes que utilizam
tais produtos para a produção agropecuária.
Apesar da estrutura disponibilizada aos agricultores para que seja realizada a
devolução das embalagens, as entidades responsáveis, abordadas neste estudo,
possuem uma opinião singular de que são necessários maiores investimentos que
visem à conscientização dos produtores agropecuários quanto à necessidade de
efetuarem a logística reversa de pós-consumo dos defensivos agrícolas, bem como
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do reforço em enaltecer a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vidas de tais
produtos no mercado atual.
Contudo, as operações de logística reversa destinadas ao pós-consumo dos
agrotóxicos na região do Vale do Ribeira apresentam devida importância à gestão
ambiental dos municípios que a compõe, porém ainda são percebidos
procedimentos condenados pela legislação que regulamenta acerca de tais
produtos, em vista da ampla zona ambiental que a referida região dispõe. Foi
possível creditar, em parte, a incapacidade de operacionalizar tal tipo de logística na
falta de consciência, por parte dos agricultores, e de recursos, por parte tanto dos
comerciantes e distribuidores, quanto dos órgãos responsáveis por tal atividade.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa teve como principal objetivo proposto o de estudar e
analisar a logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos na região do Vale
do Ribeira. Para tanto, foram estruturados os objetivos específicos de levantar um
referencial teórico acerca das instituições que regem tal tipo de atividade na referida
região, aplicar instrumentos metodológicos para levantar dados acerca das práticas
realizadas pelos agentes envolvidos no uso de tais produtos e apresentar as
informações levantadas pelo estudo.
Como mecanismos de investigação, foram empregados questionários,
formatados e direcionados aos agricultores e ao comércio de produtos
agropecuários da região do Vale do Ribeira, visando caracterizar e analisar o
envolvimento de tais agentes no ciclo de vida dos defensivos agrícolas. Foram
realizadas entrevistas com representantes da Secretária de Defesa Agropecuária do
Estado de São Paulo e da Associação de Distribuidores de Insumos Agrícolas do
Estado de São Paulo. A pesquisa contou ainda com uma visita técnica ao Posto de
Recolhimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos do município de Registro/SP.
Os dados analisados e apresentados no quarto item do presente estudo
possibilitaram conferir as práticas e medidas realizadas e disponíveis, tanto aos
agricultores quanto aos comerciantes de agrotóxicos, no que tange a logística
reversa das embalagens vazias após o consumo desses produtos. Apesar da falta
de informações divulgadas aos consumidores dos defensivos agrícolas, há um
sistema de recolhimento, fiscalização e destinação final adequada estruturado na
A Logística Reversa de Embalagens de Agrotóxicos: Um Estudo de Caso na Região do Vale do RIBEIRA – SP Hashiguchi, F. Y.; Kozikowski, H. P.; Aguemi, L. C.; Miashita, M.; Pinto, C. E.
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região em questão, contando com um posto de recolhimento, gerenciado pela
Associação dos Revendedores de Agrotóxicos do Vale do Ribeira; uma unidade de
recebimento das embalagens vazias, localizada foi da referida região, porém
destinada ao apoio as atividades desenvolvidas no Vale do Ribeira; bem como a
presença de órgãos públicos responsáveis pela fiscalização nas unidades
produtivas, regularizando e penalizando, em casos necessários, os produtores
agropecuários e comercializadores dos agrotóxicos que estejam em desacordo com
a legislação que rege as atividades que envolvem tais produtos.
Por meio dos dados levantados, foi possível perceber também a insuficiência
de estrutura, cultural e financeira, para cobrir toda a produção de resíduos sólidos
provenientes das atividades agropecuárias desenvolvidas na região. Em vista do
grande volume de produção de banana conferida pela região abordada, os
mecanismos de logística reversa destinados às embalagens de agrotóxicos
utilizados em tal cultura não cobrem a totalidade dos materiais comercializados em
tal localidade. Tal ineficiência pode ser creditada tanto pela falta de conscientização
dos agricultores, que não dispõem das devidas informações sobre o tema, quanto
pela falta de cooperação entre os agentes envolvidos no ciclo de vida de tais
produtos, visto que a maior parte das embalagens vazias destinadas aos canais de
distribuição reversos disponíveis é fomentada por associações criadas pelos
revendedores e distribuidores dos defensivos agrícolas.
Mediante as analises realizadas, foram propostas determinadas medidas que
visassem aprimorar os processos de logística reversa conferidos, as quais: uma
ampliação na divulgação de informações aos agricultores, em vista do gargalo
informativo evidenciado pelos dados referentes ao questionário respondido pelos
referenciados; e a estruturação de ações coletivas, como mutirões ou ações sociais
de conscientização e recolhimento das embalagens vazias, abrangendo tanto o
Setor Público, quanto a sociedade civil, visto que não são realizadas ações
cooperativas entre tais setores para tal.
Contudo, foi possível constatar a importância ambiental que as práticas de
logística reversa possuem no desenvolvimento da região do Vale do Ribeira.
Favorecida por grande quantidade de reserva ambiental e com uma relevante
produtividade relacionada à semeadura da banana no Estado de São Paulo, a
referida região ganha qualidade de vida em virtude dos processos de recolhimento e
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destinação final dos defensivos agrícolas. Ainda que os desafios sejam,
relativamente, grandes no que tange a plena gestão dos resíduos sólidos nos
municípios abordados pela presente pesquisa, a logística reversa foi implantada
como instrumento primordial para a conservação ambiental e limpeza dos canais de
distribuição diretos aos consumidores, contribuindo para o avanço, ainda que
mínimo, de um desenvolvimento sustentável por parte das cidades situadas no sul
paulista.
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