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Universidade Federal de Minas Gerais
Departamento de Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo – Escola de Arquitetura
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Ref.: Pericia técnica para condomínio do Edifício Pierre Bonnard: relatório técnico sobre
anomalias identificadas no edifício.
1. CLIENTE Condomínio do Edifício Pierre Bonnard Rua Serranos, 61 – Serra Belo Horizonte, Minas Gerais
2. EQUIPE TÉCNICA A equipe técnica da empresa contratada. Fundep – Fundação de desenvolvimento e Pesquisa, representada por: Prof. Dr. Eduardo Cabaleiro Cortizo Doutor em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais Mestre em Tratamento da Informação Espacial - Perícia Ambiental – PUC/MG, Engenheiro Civil – UFMG/MG, Professor de "Materiais de Construção", "Patologias da Construção" e "Perícias Civis e Ambientais" Departamento de Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo, Escola de Arquitetura - UFMG, Belo Horizonte – MG 31130-140 Email: cabaleiro@gamil.com Graduanda Marina Lima Vecchio Curso de Arquitetura e Urbanismo - 7º período E-mail: marinavecchio@arq-urb.grad.ufmg.br Graduanda Cecília Vecchi Machado Curso de Arquitetura e Urbanismo - 3º período E-mail: ceciliavm@arq-urb.grad.ufmg.br Graduanda Camille Lopes Lanzer Curso de Arquitetura e Urbanismo - 2º período E-mail: camillelanzer@hotmail.com Escola de Arquitetura – UFMG
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3. APRESENTAÇÃO
Apresentação de laudo parecer técnico do processo AUTOS Nº 1242469-05.2010.8.13.0024 - 26ª Vara Cível de Belo Horizonte/MG - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, tendo como Autor o condomínio do Edifício Pierre Bonnard e Ré a Construtora Somattos Engenharia Ldta.
4. OBJETIVO Identificar e caracterizar as anomalias e patologias interna e externa da edificação localizada a Rua Serranos, 61 no bairro Serra no Município de Belo Horizonte.
5. JUSTIFICATIVA A realização da perícia teve como objetivo a caracterização dos problemas presentes nos apartamentos e fachada do edifício, estabelecendo uma relação entre as ocorrências de problemas na fachada com as anomalias vistas no interior dos apartamentos
6. DESCRIÇÃO
6.1. ENTORNO
Edifício Pierre Bonnard está localizado à Rua Serranos, 61 – Serra, em um quarteirão entre as ruas Caraça e Trifana, na cidade de Belo Horizonte, MG. O bairro é predominantemente residencial, com comércio local ocorrendo de forma espaçada pelo bairro. O acesso ao mesmo é possibilitado por vias coletoras, sendo o tráfego escoado das principais vias arteriais adjacentes ao bairro – Av. Afonso Pena e Av. do Bandeirantes. Quanto ao entorno mais próximo ao edifício em questão, a tipologia das construções varia desde residências unifamiliares a multifamiliares verticais acima de 4 pavimentos, mas predominando o uso residencial. O bairro é contemplado pela presença de equipamentos urbanos e serviços comunitários. A localização do edifício na cidade de Belo Horizonte e no entorno próximo está ilustrada abaixo.
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Figura 01 - Mapa 01 – Mapa de localização do edifício. Fonte: Google Maps – acessado em 01/04/2013
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6.2. EDIFÍCIO A descrição da edificação é apresentada a seguir: Sua estrutura física é basicamente composta de uma estrutura de concreto armado, com vedação em alvenaria revestida internamente por argamassa com acabamento em sistema de pintura, fórmica, cerâmica, pastilha e pedras. Os pisos internos são de pedras, cerâmicas, laminados e taboa corrida sintecada, pisos externos são compostos de cerâmica, pedra e cimentado liso. As fachadas externas são compostas de: alvenaria revestida com argamassa e acabamento em granitos e cerâmicas (cores: azul e bege claro). Forros internos são de aplacado de gesso, gesso e nas varandas em réguas de madeiras envernizadas. Sua estrutura arquitetônica pode-se ser descrita, como:
Nível térreo: garagem, hall de entrada e portaria;
15 (quinze) pavimentos. i. O 1º pavimento equivale ao salão de festas do edifício; ii. Apartamento-tipo do 2º ao 7º; iii. Apartamento 8º apresenta varanda diferenciada; iv. e do 9º ao 16º outro apartamento-tipo; v. 17 pavimento: a cobertura (apresenta planta diferenciada);
Pavimento térreo é composto de hall de entrada e acesso a garagem;
Nível pilotis: central de gás, salão de festas, cozinha/bar, sauna e ducha, banheiros, churrasqueira, área de lazer.
Internamente as unidades a habitacionais são compostas por:
1 (um) apartamento por andar i. 1 (uma) suíte, ii. 03 quartos iii. Banheiro social, iv. Sala de estar, v. Duas salas, vi. Lavabo, vii. Cozinha, viii. Área de serviço, Despensa, ix. Dependência de empregada.
A cobertura possui 2 (dois) andares
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7. HISTÓRICO Segue a descrição dos fatos relacionados ao Edifiício Pierre Bonnard desde sua construção até a efetuação da perícia em questão:
28/08/1993: Alvará de construção nº 9311401
22/10/1996: Habite-se. Construtora Somattos Engenharia Ltda. efetua a entrega das chaves do edifício e o Habite-se é concedido. A partir desse momento, os condôminos notaram deficiências no prédio devido ao aparecimento de infiltrações e estabeleceu-se um diálogo com a construtora, sendo que esta última interveio no problema com a parte hidráulica do edifício, o qual, no entanto, não foi sanado.
2004: Desprendimento do revestimento cerâmico em uma área na fachada à altura do 14º pavimento.
Dez/2004: Contratado o engenheiro civil e perito do exeqüente, Élcio Avelar Maia – CREA-MG 12.478/D – para a realização de uma primeira perícia no edifício, na qual foram vistoriados os apartamentos 200, 400, 500, 600, 700, 800, 900, 1000, 1100, 1200, 1300, 1400 e 1600, foram registradas “infiltrações antigas e reincidentes”, como consta no laudo pericial de autoria desse engenheiro.
7 a 15/fev/2005: A Ré conjuntamente com a empresa de engenharia Consultare realizou análises nas fachadas do edifício, por meio de exames com aparelhos óticos e do tato (quando em áreas acessíveis), quanto à presença do – como relatado – “som cavo”, bem como executou testes de resistência no revestimento das fachadas devido ao desprendimento do mesmo ocorrido no ano anterior.
No período que se seguiu, a construtora realizou intervenções na fachada, instalando novas cerâmicas a tais áreas, agora, desprovidas de revestimento. Conforme declarações do síndico do condomínio, a moradora do 4º andar, Norah Renault, as peças cerâmicas da fachada que se diferem pelo tom de azul daquelas originais tenham sido empregadas durante essa intervenção.
07/05/2010: Frente à adversidade e à perduração dos problemas, o condomínio decidiu por acionar a construtora Somattos Engenharia
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Ltda. na Justiça, dando início ao processo jurídico.
junho/2011: Execução do laudo pelo perito oficial contratado pelo condomínio.
20 e 27/03/2013: Em decorrência da necessidade de complementação da primeira perícia, o perito auxiliar e engenheiro
Eduardo Cabaleiro Cortizo, representando aqui a Fundação de Desenvolvimento e Pequisa (FUNDEP), realizou a inspeção no edifício.
14/04/2013: Em decorrência de um fato novo: queda de cerâmica da fachada frontal nos jardins frontais
8. MÉTODO DE PESQUISA
O método de procedimento adotado foi dedutivo-qualitativo. Avaliando-se as situações passadas, constroem-se narrativas, que são verificadas, segundo os padrões falseabilidade predominantes para a verificação da verdade real e factual. A pesquisa centra-se no levantamento de evidências empíricas, para a reconstrução do cenário proposto.
9. TÉCNICA UTILIZADA Os dados e informações apresentadas neste trabalho são sustentadas por meio de inspeção de campo para identificação de patologias e anomalias tanto no interior, quanto no exterior do Edifício Pierre Bonnard. O perito autor lança mão de registros fotográficos para documentar a inspeção de campo e caracterizar o estado da arte com recursos de imagem.
10. INSPEÇÃO DE CAMPO
A inspeção de campo foi realizada em 03 momentos, o primeiro no dia 20/03/2013, no período da tarde, o segundo no dia 27/03/2103 e o terceiro no dia 14/04/2013, requisitada pela síndica do prédio imediatamente após a ocorrência de um evento que escalou as patologias do edifício. A primeira inspeção foi acompanhada pelo perito oficial e por representantes da empresa ré. Durante essa inspeção, foram identificadas anomalias, cujas prováveis causas e consequências serão expostas abaixo e sustentadas por informações
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provenientes das seguintes normas da ABNT: NBR 7200:1998, NBR 8214:1983, NBR 14037:2011, NBR 13572, NBR 15846:2010, NBR 15079:2011, NBR 5674:2012, NBR 13818:1997, bem como o disposto na norma internacional ISO 15686.
10.1.1. REGISTROS FOTOGRÁFICOS
Os registros são apresentados em dois segmentos: o primeiro segmento aborda a inspeção externa das fachadas da edificação; o segundo apresenta as patologias internas, ou seja, no interior de cada unidade habitacional. Vale ressaltar que as evidências documentadas durante a realização da terceira perícia serão utilizadas como acréscimo àquelas já levantadas nas duas primeiras, uma vez que elas decorreram de um episódio de chuva em Belo Horizonte, que resultou em outro desprendimento cerâmico na fachada. Os registros digitais estão expostos no Apêndice C deste laudo, precedido dos Apêndices A e B, nos quais estão as fotografias tomadas nas duas primeiras visitas.
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10.1.1.1. FACHADAS
As fachadas são identificadas na forma a seguir:
Figura 02 – planta de identificação das fachadas Fonte: Projeto arquitetônico
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As patologias serão detalhadas na tabela que segue.
Apto
Fachada
Cômodo de
onde foi tirada
a foto
Descrição da Patologia
Fotografias
(Apêndice)
300
33
Suíte
Desprendimento do revestimento cerâmico
134
31 Espessura desigual do rejunte entre as cerâmicas
135
400 33
Varanda
Desprendimento do revestimento cerâmico
136
Ausência de rejunte entre algumas cerâmicas do revestimento
137
Suíte
Desprendimento do revestimento cerâmico
138
Espessura desigual do rejunte entre as cerâmicas
139
Ausência de rejunte entre as peças cerâmicas
140
Desprendimento do revestimento cerâmico
141
Desnivelamento do revestimento cerâmico
142
Desprendimento do revestimento cerâmico
143
500
3 Varanda
Descolamento do revestimento cerâmico
144
Irregularidade no assentamento da cerâmica de revestimento
145
1 Área de serviço
Irregularidade no assentamento da cerâmica de revestimento
146
Irregularidade no assentamento da cerâmica de revestimento
147
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Apto
Fachada
Cômodo de
onde foi tirada
a foto
Descrição da Patologia
Fotografias
(Apêndice)
Largura irregular do rejunte 148
600
2 Hall de entrada
Irregularidade no assentamento da cerâmica de revestimento
149
3 Varanda Descolamento do rejunte e do revestimento cerâmico
150
1 Quarto 1 Presença de manchas escuras do rejunte
151
3 Suíte Desprendimento das peças do revestimento cerâmico e detalhe da argamassa
152
900
1 Varanda Precariedade do rejunte entre as cerâmicas
153
1
Varanda Assentamento irregular das peças do revestimento cerâmico
154
Área de serviço
Variação do tamanho do rejunte 155
2 Hall de entrada
Irregularidade no assentamento da cerâmica de revestimento
156
Irregularidade no assentamento da cerâmica de revestimento
157
1000
2 Hall de entrada
Desprendimento do revestimento cerâmico
158
Desprendimento do revestimento cerâmico
159
Desprendimento do revestimento cerâmico
160
Desprendimento do revestimento cerâmico
161
3 Varanda Desprendimento do revestimento cerâmico; instalação de revestimento cerâmico de cor diferente da original
162
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Apto
Fachada
Cômodo de
onde foi tirada
a foto
Descrição da Patologia
Fotografias
(Apêndice)
Ausência de parte do rejunte entre o revestimento de pedra
163
1100 3 Suíte
Desprendimento do revestimento cerâmico
164
Desprendimento do revestimento cerâmico
165
Desprendimento do revestimento cerâmico
166
Desprendimento do revestimento cerâmico
167
1200 3 Varanda
Instalação de revestimento cerâmico de cor diferente da original
168
Ausência de parte do rejunte entre peças cerâmicas do revestimento
169
1300
2 Varanda
Descolamento de peças cerâmicas do revestimento; Peças estufadas; Precariedade do rejunte entre as peças.
170, 171
3 Suíte
Descolamento das peças cerâmicas de revestimento à altura do 12º pavimento; Peças estufadas
172, 173
Assentamento do revestimento cerâmico desnivelado
174
Trinca em peça cerâmica do revestimento
175
2 Hall de entrada
Desprendimento da peça cerâmica do revestimento
176
1 Cozinha Precariedade do revestimento entre peças do rejuntamento
177
2 Varanda Peças cerâmicas do revestimento estufadas; precariedade do rejuntamento
178, 179
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Apto
Fachada
Cômodo de
onde foi tirada
a foto
Descrição da Patologia
Fotografias
(Apêndice)
Hall de entrada
Peças cerâmicas de revestimento estufadas, em detalhe; precariedade do rejuntamento e do assentamento
180, 181
Hall de entrada
Peças cerâmicas do revestimento estufadas
182, 183
1400 3 Quarto 3 Rejuntamento espesso 184
1500
3 Suíte
Rejuntamento espesso - detalhe 185
Diferenciação clara das espessuras dos rejuntamentos
186
1
Área de serviço
Presença de mancha escura no rejunte das peças de revestimento
187
Cozinha
Presença de mancha branca no rejunte entre as peças de revestimento
188
Presença de mancha branca no rejunte do revestimento
189
Presença de mancha escura no rejunte das peças de revestimento
190
Presença de manchas brancas e escuras no rejuntamento do revestimento à altura do 16º pavimento
191
Presença de manchas escuras no rejuntamento do revestimento à altura da cobertura
192
Presença de manchas brancas no rejuntamento do revestimento à altura do 14º pavimento
193
1600 2 Varanda
Presença de manchas no rejuntamento do revestimento
194
Presença de manchas brancas e escuras no rejuntamento do revestimento à altura do 17º pavimento
195
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Apto
Fachada
Cômodo de
onde foi tirada
a foto
Descrição da Patologia
Fotografias
(Apêndice)
1700
1
Primeiro andar - sala (apartamento distinto do restante)
Presença de manchas brancas e escuras no rejuntamento do revestimento.
196
3
Área externa
Presença de manchas brancas no rejuntamento do revestimento.
197
1 Presença de manchas brancas e escuras no rejuntamento do revestimento.
198
Externas 3 Área externa Frontal
Áreas de destacamento de fachadas – ocorrência dia 13/04
216, 217
Peças de Cerâmicas destacadas da fachadas - ocorrência dia 13/04
212, 213, 214, 215
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INTERIOR A inspeção visual foi realizada em todos os apartamentos do edifício. Entretanto, no 2º e 8º andares não foram detectadas anomalias visíveis e significativas, dado que esses apartamentos sofreram alterações, a fim de solucionar provisória e temporariamente as anomalias, com vistas a promover a venda dessas unidades. Nos demais apartamentos, todas as anomalias visíveis e significativas, bem como as patologias, foram identificadas, caracterizadas e documentadas, na forma do Apêndice.
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Apto. Cômodo Descrição da Patologia Fotografias
(Apêndice)
200 D.C.E Quarto Pedra de acabamento do peitoril da janela: trinca. Parede com janela: infiltração - fissura no revestimento; formação de bolha.
1, 2
300 Sala Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película; desprendimento de argamassa
3, 4
Varanda Parede baixa: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
5, 6, 7
Quarto 2 Parede com janela: fissura no revestimento 8
Quarto 3 Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
9
D.C.E Quarto
Parede com janela: infiltração com formação de bolha Parede à esquerda da janela: infiltração - formação de bolha com rompimento de película; desprendimento de argamassa
10, 11
400 Varanda Parede baixa: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película; desprendimento de argamassa
12, 13, 14
Suíte Parede com janela à esquerda do Banheiro: fissura no revestimento
15
D.C.E Quarto Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
16
500 Quarto 3 Obs.: integrado com a Sala Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película; fissura na argamassa
17, 18
D.C.E Quarto Parede com janela: infiltração descolamento de pintura com formação de bolha
19, 20
600 600
Entrada Pedra de acabamento do peitoril da janela: trinca. 21, 22
Sala Parede com janela à direita da Varanda: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
23
Varanda Parede baixa: fissura no revestimento 24
Quarto 3 Parede lateral esquerda: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha.
25, 26
Suíte Parede com janela à esquerda do Banheiro: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha; mofo
27 28
D.C.E Quarto Parede à esquerda da janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha Parede de divisa com o Banheiro: infiltração - desprendimento de argamassa
29, 30, 31
Escada de Incêndio entre os aptos 600 e 700
Parede com janela: infiltração - formação de bolha 32
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Apto. Cômodo Descrição da Patologia Fotografias
(Apêndice)
700 Quarto 2 Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
33
D.C.E Quarto Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento da película; Obs.: fissura na argamassa
34
Banheiro de empregada
Forro: enclausurado - desprendimento de juntas 35
Escada de incêndio entre os aptos 700 e 800
Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
36
800 Obs.: Não foi possível ter acesso a este apartamento pois está desocupado, à disposição para locação. O porteiro não está na posse da chaves e o dono não estava presente durante a perícia.
900 Sala Coluna entre varanda e Parede com janelas: infiltração - descolamento de pintura com rompimento de película. Parede com janelas: infiltração com formação de bolha e rompimento de película
37, 38, 39
Varanda Parede baixa: infiltração - descolamento de tinta com formação de bolha e rompimento da película
40, 41
Quarto 2 Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha. Parede lateral direita (parte interna do armário, à esquerda): sinal de humidade; mofo.
42, 43, 44
Quarto 3 Parede lateral esquerda: fissura no revestimento 45
Suíte Parede com Janela à esquerda do banheiro: infiltração - descolamento de pintura com rompimento de película
46
D.C.E Quarto Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película; fissura no revestimento. Pedra de acabamento do peitoril da janela: trinca
47, 48, 49
Banheiro de Empregada
Forro: enclausurado - juntas de dilatação
50
1000 Sala Parede à esquerda da varanda: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película
51, 52
Varanda Parede baixa: infiltração - descolamento de tinta com formação de bolha e rompimento da película. Pedras de acabamento da Parede baixa - desprendimento de rejunte.
53, 54, 55, 56
Quarto 1 Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com rompimento de película; mofo; desprendimento de argamassa.
57, 58
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Apto. Cômodo Descrição da Patologia Fotografias
(Apêndice)
Suíte Parede com janela próxima ao Banheiro: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
59
Banheiro Social Forro: infiltração - nó cego (abertura circular na placa de gesso, proveniente de vazamento sobre o Forro); descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película.
60, 61
D.C.E Quarto Parede com janela: infiltração - descolamento de tinta com formação de bolha e rompimento de película; mofo; desprendimento de argamassa infiltração se alastra para as Paredes lateral esquerda e direita.
62, 63, 64
1100 Lavabo Peitoril da janela: Pedra trincada 65
Varanda Parede baixa: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película. Sinais de oxidação em elemento de iluminação
66
Suíte Parede com janela à direita do armário: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha; mofo.
67
Quarto3 Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película.
68
D.C.E Quarto Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
69, 70
1200 Sala Parede de divisa com lavabo: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha próximo à tomada
71
Suíte Parede com janela à direita do Banheiro: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
72
D.C.E Quarto Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
73, 74
1300 Sala Parede à esquerda da Varanda: infiltração próxima à tomada - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película; Desprendimento de argamassa Parede com janelas à direita da varanda: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha Parede de divisa com Lavabo: infiltração: descolamento de pintura com formação de bolha
75, 76, 77
Varanda Parede baixa da Varanda: infiltração - descolamento de tinta com formação de bolha
78, 79
Quarto 1
Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
80
Quarto 2 Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
81, 82
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Apto. Cômodo Descrição da Patologia Fotografias
(Apêndice)
Suíte Parede com janela à esquerda do Banheiro: fissura na argamassa
83
Banheiro Suíte Forro: enclausurado - juntas de dilatação 84
D.C.E Quarto Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
85, 86
1400 Sala Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película; desprendimento de argamassa
87, 88
Quarto 1 Parede lateral esquerda: fissura no revestimento 89
Quarto2 Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha; fissura no revestimento
90, 91
Banheiro Suíte Forro: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha.
92
D.C.E Quarto Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha. Parede lateral esquerda: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
93, 94
D.C.E Banheiro Forro: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película
95
Escada de Incêndio entre 1400/1500
Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
96
1500 Sala Parede com janela à direita da Varanda: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película; desprendimento de argamassa
97, 98
Varanda Pedras de acabamento superior da Parede baixa: desprendimento de revestimento. Parede baixa: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película; fissura e desprendimento da argamassa.
99, 100, 101, 102
Suíte Parede de divisa com Banheiro : infiltração - retirada da placa de revestimento devido à infiltração
103, 104
Banheiro Suíte Forro: infiltração - parte do gesso acartonado retirado; sinais de oxidação na junção de laje e pilar sobre o a placa de gesso; Obs.: bacia metálica colocada abaixo da goteira, sobre a placa de gesso, como medida provisória.
105, 106
D.C.E Quarto Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento da película
107, 108
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Apto. Cômodo Descrição da Patologia Fotografias
(Apêndice)
Banheiro de empregada
Forro: infiltração - desprendimento de juntas; descolamento de pintura com rompimento de película; furo na placa de gesso proveniente de vazamento na laje.
109
Escada de incêndio entre 1500 e 1600
Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
110
1600 Sala Parede com janela à direita da Varanda: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento da película. Parede à esquerda da Varanda: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento da película (Obs.: parte elétrica danificada)
111, 112
Varanda Parede baixa: infiltração - descolamento de pintura com rompimento de película
113, 114
Quarto 2 Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película
115, 116
Quarto 3 (Obs.: integrado à Suíte) -
Suíte Parede com janela à direita do Banheiro: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película
117, 118
D.C.E Quarto Parede lateral esquerda: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película
119
1700 Varanda Parede baixa: infiltração - fissura no revestimento; mofo. Pedras de acabamento da Parede baixa: desprendimento de rejunte
120, 121
Sala de TV (2º andar)
Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película
122
Quarto 1 (2º andar)
Parede com janela: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha e rompimento de película; fissura na argamassa
123
Quarto 2 (2º andar)
Parede com janela: fissura no revestimento; Parede lateral direita: infiltração - descolamento de pintura com formação de bolha
124, 125
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10.2. SÍNTESE DAS PATOLOGIAS IDENTIFICADAS Impende, para fins de elucidação das patologias identificadas nos apartamentos da edificação e também nas fachadas externas, promover a consolidação dos fenômenos patológicos, coligindo suas causas, suas balizas temporais, bem como o grau de intensidade de cada fenômeno observado. Nesse passo, foram elaborados dois quadros resumos, quais sejam: (a) o primeiro apresenta as patologias por apartamento e por cômodo; (b) o segundo apresenta as patologias nas fachadas externas da edificação.
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Manifestação Mecanismo Causa Origem
empolamento de pintura
descasmento de pintura
fissuras e trincasmovimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
falta de materiais e sistemas construtivos para compatibil izar
as dilatações e contrações dos materiais empregados
empolamento de pintura
descasmento de pintura
fissuras e trincasmovimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
falta de materiais e sistemas construtivos para compatibil izar
as dilatações e contrações dos materiais empregados
empolamento de pintura
descasmento de pintura
fissuras e trincasmovimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
falta de materiais e sistemas construtivos para compatibil izar
as dilatações e contrações dos materiais empregados
empolamento de pintura
descasmento de pintura
fissuras e trincasmovimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
falta de materiais e sistemas construtivos para compatibil izar
as dilatações e contrações dos materiais empregados
empolamento de pintura
descasmento de pintura
fissuras e trincasmovimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
falta de materiais e sistemas construtivos para compatibil izar
as dilatações e contrações dos materiais empregados
banho fissuras e trincasmovimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
falta de materiais e sistemas construtivos para compatibil izar
as dilatações e contrações dos materiais empregados
fase de projeto e
construção
empolamento de pintura
descasmento de pintura
fissuras e trincasmovimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
falta de materiais e sistemas construtivos para compatibil izar
as dilatações e contrações dos materiais empregados
banho
suítefissuras e trincas
movimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
falta de materiais e sistemas construtivos para compatibil izar
as dilatações e contrações dos materiais empregados
fase de projeto e
construção
empolamento de pintura
descasmento de pintura
fissuras e trincasmovimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
falta de materiais e sistemas construtivos para compatibil izar
as dilatações e contrações dos materiais empregados
exposição da base (emboço/massa única) - material sem
propriedades de impermeabilização
PatologiaCômodoApartamento
1700 1600
1500 1400
1300 1200
1100 1000
900 800
700 600
500 400
300 200
fase de projeto e
construção
exposição da base (emboço/massa única) - material sem
propriedades de impermeabilizaçãosala
fase de projeto e
construção
exposição da base (emboço/massa única) - material sem
propriedades de impermeabilização
quarto de
empregada
fase de projeto e
construção
exposição da base (emboço/massa única) - material sem
propriedades de impermeabilizaçãopassagem de água do meio exterior para o meio interior
exposição da base (emboço/massa única) - material sem
propriedades de impermeabilização
fase de projeto e
construção
exposição da base (emboço/massa única) - material sem
propriedades de impermeabilização
fase de projeto e
construção
exposição da base (emboço/massa única) - material sem
propriedades de impermeabilização
fase de projeto e
construção
passagem de água do meio exterior para o meio interior
suíte
quarto 3
quarto 2
quarto 1
varanda
PLANILHA SINTESE DAS PATOLOGIAS PREDOMINANTES NOS APARTAMENTOS
passagem de água do meio exterior para o meio interior
passagem de água do meio exterior para o meio interior
passagem de água do meio exterior para o meio interior
passagem de água do meio exterior para o meio interior
passagem de água do meio exterior para o meio interior
fase de projeto e
construção
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Manifestação Mecanismo Causa Origem
manchas brancas hidratação das argamassa - base, fixação e rejunte
desconhecimento de tecnologia construtiva, baixo
controle tecnológico de execução e supervisão de
obra
mofomeio e condições ambientais propiciais a formação de mofo: umidade,
temperatura e substrato
acumulo e retenção de água nos poros do
revestimento
desprendimento
de cerâmica
perda de aderência entre camadas: base/chapisco, chapisco/emboço,
emboço/argamassa colante, argamassa colante/cerâmica
movimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
destacamento de
cerâmicarompimento da ligação da cerâmica com a fachada - queda da cerâmica desprendimento de cerâmica
perda de cor produto cerâmico com baixa solidez de corbaixa solidez a raios ultra violeta, floculação de
pigmentos, abrasão de águas pluviais
alteração estética substituição de cerâmica por cerâmica de tonalidade mais clara que original inexistência de material igual para substituição,
manchas brancas hidratação das argamassa - base, fixação e rejunte
desconhecimento de tecnologia construtiva, baixo
controle tecnológico de execução e supervisão de
obra
mofomeio e condições ambientais propiciais a formação de mofo: umidade,
temperatura e substrato
acumulo e retenção de água nos poros do
revestimento
desprendimento
de cerâmica
perda de aderência entre camadas: base/chapisco, chapisco/emboço,
emboço/argamassa colante, argamassa colante/cerâmica
movimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
manchas brancas hidratação das argamassa - base, fixação e rejunte
desconhecimento de tecnologia construtiva, baixo
controle tecnológico de execução e supervisão de
obra
mofomeio e condições ambientais propiciais a formação de mofo: umidade,
temperatura e substrato
acumulo e retenção de água nos poros do
revestimento
desprendimento
de cerâmica
perda de aderência entre camadas: base/chapisco, chapisco/emboço,
emboço/argamassa colante, argamassa colante/cerâmica
movimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
manchas brancas hidratação das argamassa - base, fixação e rejunte
desconhecimento de tecnologia construtiva, baixo
controle tecnológico de execução e supervisão de
obra
mofomeio e condições ambientais propiciais a formação de mofo: umidade,
temperatura e substrato
acumulo e retenção de água nos poros do
revestimento
desprendimento
de cerâmica
perda de aderência entre camadas: base/chapisco, chapisco/emboço,
emboço/argamassa colante, argamassa colante/cerâmica
movimentação térmica associada a higroscópica do
revestimento da fachada
PLANILHA SÍNTESE DAS PATOLOGIAS PREDOMINANTES NAS FACHADAS DA EDIFICAÇÃO
Fachada revestimentoPatologia
fase de projeto
e construção
frontalcerâmica
azul
fase de projeto
e construção
fase de projeto
e construção
fase de projeto
e construção
lateral
direita
cerâmica
bege
cerâmica
bege
lateral
esquerda
fundocerâmica
bege
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11. CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DA ARTE
A identificação visual das patologias internas e externas foi realizada nos apartamentos do edifício, documentada por registros fotográficos. As anomalias registradas para o presente laudo são as seguintes:
I. Desprendimento, destacamento, II. Revestimento cerâmico descolado e estufado
III. Deficiência do Rejunte IV. Infiltrações nas paredes externas do edifício, que se tornam visíveis na
face interna por meio de alteração na camada de revestimento - pintura; V. Presença de cerâmicas de revestimento com tonalidade clara da
cerâmica original; VI. Presença de manchas de coloração branca na fachada;
VII. Mofo nas alvenarias; VIII. Forro de Varandas em decomposição;
IX. Fissuras em alvenarias; X. Fissuras em forros de gesso
11.1. FACHADA As principais patologias supramencionadas passarão a ser analisadas neste laudo, de modo a apontar (a) suas causas (principais e sinergéticas) e (b) suas consequências no elemento base e (c) no ambiente em que estão inseridos.
I. Desprendimento cerâmico
a) Causas:
Técnica inadequada de execução do assentamento da cerâmica: a técnica padrão para o assentamento de cerâmicas prevê a aplicação de argamassa colante, que promove a aderência das peças ao substrato de embosso. A argamassa colante tolera exposição breve ao ambiente, quando aplicada sobre o substrato (chamado “tempo em aberto”). Entretanto, em caso de exposição prolongada, inicia-se a cura da argamassa, o que compromete sua função de promover a aderência. A aplicação de área excessiva de argamassa, para, posteriormente, assentamento das peças de cerâmica, leva à ultrapassagem do “tempo em aberto”, com a consequente precipitação da cura. Hipótese mais provável de ocorrência no local. Técnica inadequada de aplicação das diversas camadas de massas (chapisco, emboço, argamassa de assentamento e de fixação): a observação da camada
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exposta permite concluir qual camada fora inadequadamente executada. Em alguns casos, a cerâmica pode se desprender diretamente da argamassa colante (mencionado no item anterior) ou pode ocorrer o desprendimento do conjunto cerâmica-argamassa do emboço, fato também verificado.
b) Consequências No caso do edifício inspecionado, as observações realizadas no dia da inspeção evidenciam que houve desprendimento entre a cerâmica e a argamassa de assentamento (figura 03) e também entre a camada da argamassa e do emboço ( figura 04).
Figura 03 – Foto do detalhe da Argamassa Colante
Figura 04 – Foto do detalhe do desprendimento da cerâmica
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II. Revestimento cerâmico descolado e estufado
a) Causas: Infiltração de água, em função de expansão volumétrica, por absorção de água. Verifica-se que as juntas de movimentação (“rejunte”) foram inadequadamente executadas, pelo que a expansão das cerâmicas gera fissuras, que permitem a infiltração de água.
b) Consequências: Comprometimento da aderência entre as camadas de assentamento das cerâmicas, devido à presença de água em quantidade acima da permitida para seu bom desempenho, ocasionando seu descolamento e estufamento, com prejuízo para o aspecto estético e impermeabilização da fachada, figura 05.
Figura 05 – Foto do revestimento cerâmico descolado e estufado
III. Deficiência do Rejunte
a) Causas:
Pode-se supor1 as seguintes causas para a deficiência do rejunte: materiais inadequados; traço inadequado (proporções diversas daquelas especificadas pelos fabricantes); utilização de material, cuja validade fora ultrapassada; ultrapassagem do “tempo em aberto” dos substratos.
1 Não se pode detectar com certeza plena as causas da deficiência do rejuntamento, embora sejam patentes os defeitos. É cientificamente impossível precisar a causa preponderante, em face da provável concorrência de múltiplos fatores para a degradação do material.
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b) Consequências:
Em função do descolamento do rejunte, a argamassa de assentamento fica exposta tanto à água da chuva, quanto à umidade presente no ar. Logo, essa umidade é transmitida ao interior da parede e, consequentemente, ao interior da edificação. Caso a face interior da parede esteja revestida com pastilhas ou fórmica, a patologia permanecerá oculta e latente. Naqueles casos em que a parede interna é revestida com pintura látex (acrílica ou PVA), a patologia manifesta-se de modo mais efetivo, levando ao aparecimento de bolhas, desprendimento da película, com a exposição do substrato, figura 06.
Figura 06 – Foto detalhe da patologia do rejuntamento
IV. Infiltrações nas paredes externas do edifício, que se tornam visíveis na face interna por meio de alteração na camada de revestimento – pintura.
a) Causas:
A precariedade da estanqueidade da vedação externa (alvenaria + Revestimento) possibilitada a passagem de água no seu estado liquido e a gasoso (vapor d’água) através da vedação.
b) Consequência:
Quando a água do meio exterior entra em contato com a face interna o revestimento interno sofre uma serie de anomalias e patologias dentre elas:
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bolhas, destacamento, fissuras e trincas nos acabamentos internos (pinturas), figura 07.
Figura 07 – Foto das patologias em revestimento de pintura
V. Presença de cerâmica de revestimento com tonalidade mais clara
em relação à cerâmica original
a) Causas: Substituição de cerâmicas que desprenderam da fachada frontal, por cerâmicas de tonalidade muito distinta à das originais.
b) Consequências: A recolocação de peças cerâmicas de um tom de azul claro, que diverge das peças originais apenas agrave o prejuízo estético. Configurou-se assim descaracterização do projeto arquitetônico e da fachada original do edifício e alteração do aspecto estético da fachada. Alteração, também, na configuração econômica e social da edificação com perda de valor venal do imóvel, figura 08.
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Figura 08 – Foto da presença de cerâmicas com tonalidades diversas
VI. Presença de manchas de coloração branca na fachada
a) Causas:
A higroscopia (capacidade de absorção água dos materiais) resulta no contato de água com os sais presentes: alvenaria, argamassa de revestimento e colante, o que causa uma reação de hidratação dos sais livres promovendo uma expansão volumétrica do material.
b) Consequências: Alteração da aparência original, aparecimento de manchas esbranquiçadas e enfraquecimento ou redução da fixação do revestimento, figura 09.
Figura 09– Foto de presença de manchas de coloração branca na fachada
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VII. Mofos e fungos
a) Causas: Presença de umidade (água no estado liquido e gasoso) em substrato cimentícios.
b) Consequências: Aparecimento de manchas escuras nos pontos atingidos pela patologia, bem como a alteração de padrão social e econômico do edifício, figura 10.
Figura 10 – Foto presença de mofo e fungos
VIII. Forros de Varandas em decomposição
a) Causas:
Exposição de material – madeira – em ambientes externos e baixa proteção contra absorção de água em estado líquido e gasoso por meio vegetal (réguas de madeira).
b) Consequências: Expansão volumétrica da madeira e, consequentemente, desprendimento do revestimento. Em estado avanço de absorção ocorre delaminação ou
apodrecimento do material vegetal, figura 11.
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Figura 11– Foto de patologia em forros de madeira
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11.2. INTERIOR
Para o interior adotou-se os mesmo critérios e técnicas anteriores
I. Desprendimento, destacamento
a) Causas:
As infiltrações no interior do edifício têm como causa a percolação de água, pela parede, proveniente do exterior. Assim, conclui-se que as patologias da fachada que envolvem a estanqueidade da parede levaram a essa ocorrência. É pertinente apontar que a origem recai sobre a etapa de construção do edifício.
b) Consequências: A infiltração de água na parede ocasiona aparecimento de bolhas, fissuras, rompimento da película e destacamento do revestimento. Figura 12.
Figura 12 – Foto de patologia de pintura: desprendimento, destacamento.
VII. Mofos e fungos
a) Causas: Presença de umidade em meio propicio (substrato cimentícios).
b) Consequências: Ambiente salubre e prejudicial à saúde e alteração de padrão social e econômico, figura 13.
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Figura 13– Foto presença de Mofos e fungos
IX. Fissuras em alvenarias
a) Causas: As principais causas presentes são: movimentação térmica, expansão volumétrica por absorção de água e calor, retração.
b) Consequências: Aberturas em revestimentos e fissuras em formato irregular, ao longo da superfície de acabamento surgimento de alteração de aparência, estética, desconforto visual, mofo e fungos, figura 14
Figura 14 – Fotos de fissuras em alvenarias
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X. Fissuras em forros de gesso (banhos)
a) Causas:
Técnica inadequada de execução, movimentação térmica e inexistência de juntas de movimentação: a dilatação e retração constante do material de base e de revestimento.
b) Consequências: Aparecimento de fissuras em formato regular, preferencialmente ao longo da junta de assentamento das placas de gesso instaladas nas áreas de banho, mais precisamente nos banhos: suíte, social, e lavabo, figura 15.
Figura 15 – Foto das fissuras em forros de gesso (banhos)
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12. ANÁLISE DOS RESULTADOS O levantamento de campo, documentação fotográfica, e o trabalho de consolidação do estado da arte são capazes de: apresentar um panorama das presenças de inúmeras patologias e formar um juízo de valor técnico para análise para da edificação objeto da perícia.
No decorrer dos trabalhos foi possível identificar que os materiais e sistemas utilizados apresentavam comprometimento de desempenho, já descritos anteriormente nos autos: folha 74, relatório nº 3604/05, empresa Consultare: “[...] verificou-se falhas na interface, predominantemente entre as camadas de argamassa colante e a placa cerâmica, e emboço e argamassa colante, caracterizando assim o comprometimento do sistema de revestimento cerâmico.” (Consultare, Rel.3604/05, p. 74).
Cabe ressaltar que o comprometimento do revestimento cerâmico nas fachadas, (desprendimento, destacamento, descolamento e fissuração) foi causa dos problemas e patologias nos revestimentos internos (fissuras, trincas, empolamento, descasmento da pintura, mofo e outras), pois o sistema de revestimento externo não foi capaz de proporcionar uma estanqueidade à vedação interna, permitindo, assim, a passagem de água e de vapor d’água da face externa para a interna. Observando os problemas na linha temporal verifica-se que o inicio ocorre durante o período de obra e estão atuantes ate presente data, uma vez que ainda hoje esta ocorrendo destacamento de cerâmica. Na inspeção do dia 14 de Abril de 2013 foi constatada queda de cerâmica da fachada ocorrida no dia 13/04/2013, (Apêndice, figura 212 a 217) durante o período de chuva, figura 16.
Figura 16: Foto o local da queda da cerâmica no dia 13/04/2013
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13. CONCLUSÃO As anomalias e patologias caracterizam vícios construtivos ocultos, pois seu mecanismo de ocorrência tem início na etapa construtiva e, sua intensidade e sua velocidade estão diretamente relacionadas ao seu posicionamento (externo), as condições ambientais de exposição e ao tempo de exposição. O intemperismo e as condições ambientais promovem um esforço solicitante adicional que deve ser analisado previamente, para equacionamento de uma solução capaz de resolver o problema. A proposta de solução deve ser apresentada na etapa de projeto e, sua implementação na etapa de execução (construção/obra). Uma vez não realizada a solução, acarreta o comprometimento dos sistemas de revestimentos (externo e interno) gerando implicações que terão manifestações em tempo posterior (vício oculto), causando patologias, desconforto, redução da qualidade dos ambientes internos e a perda de valor venal das unidades habitacionais. Objetivamente pode-se concluir que as anomalias e patologias presentes na edificação em análise têm como origem temporal as etapas de projeto e construção e, como causa principal e predominante, a falta de rigor e cuidado técnico de execução. É importante e preponderante a urgência na intervenção corretiva, pois o destacamento de cerâmica da fachada pode ocasionar risco a integridade e a vida dos pedestres circulando no passeio frontal ao imóvel e também aos usuários do imóvel nas áreas externas da edificação.
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14. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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15. TERMO DE ENCERRAMENTO
Este documento é composto de 37 páginas rubricadas pelo autor e uma final assinada e datada pelo mesmo. Compõe também este trabalho, Apêndice A (fotos internas), com 71 páginas, Apêndice B (fachadas), com 48 páginas e Apêndice C (vistoria 14/04), com 17 páginas. À data de 22/04/2013 o presente relatório é assinado pelo Professor Doutor Eduardo Cabaleiro Cortizo.
______________________________________ Prof. Dr. Eduardo Cabaleiro Cortizo
Engenheiro Civil Professor do Departamento de Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo
Coord. do Curso de Especialização em Sistemas Tecnológicos e Sustentabilidade Aplicados ao Ambiente Construído.
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