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Hospital de Santa Maria
Projecto Individual Serviço de Cirurgia Vascular
Elaborado por: Enfª Cátia Costa
Janeiro/Fevereiro 2009
Tratamento das Úlceras de Pressão
Hospital de Santa Maria
Projecto Individual Serviço de Cirurgia Vascular
Elaborado por: Enfª Cátia Costa
Janeiro/Fevereiro 2009
Projecto 6
Tratamento das Úlceras de Pressão
Agradecimentos
Quero agradecer a todos os enfermeiros do Serviço de Cirurgia Vascular pela simpatia e disponibilidade ao longo da elaboraçao
deste projecto.
A todos aqueles que de uma forma indirecta me ajudaram na realização deste projecto.
A todos o meu sincero JBRIGADO!
Projecto 7
Tratamento das Úlceras de Pressão
O que vêem, senhoras enfermeiras?
O que vêem, senhoras enfermeiras, o que vêem?Pensam, quando me olham:Uma mulher, rezingona, não muito rápida,Insegura nos seus hábitos, com olhar ausente, Que se suja toda quando come, que não respondeQuando resmungam com ela, porque não se despachou novamente a tempo.Que não parece notar que se ocupam dela.Que deixa que lhe façam tudo sem vontade própria:“Alimentar, lavar, etc”…Pensam então assim de mim, senhoras enfermeiras, quando me vêem, digam?Abram os olhos e olhem para mim!
Quero-vos contar quem eu sou, aquela que aqui está sentada tão sossegada, Que faz o que vocês mandam, que come e bebe, quando vocês querem.
A natureza é cruel,Quando envelhecemos e ficamos arqueadas e de aspecto louco.
Sou agora uma mulher velha, que vê declinar as suas forçasE o seu charme desaparecer.Mas neste corpo velho habita ainda uma raparigaJovem e de vez em quando o meu coração fatigado sente-se realizado.Lembro-me das minhas alegrias, lembro-me das minhas dores, e amo e revivo a minha vida mais uma vez.Se abrirem os olhos, senhoras enfermeiras, não vêem apenas uma mulher velha e rezingona.
Aproximem-se, vejam-me com olhos de ver.
(Poema de uma mulher com síndrome demencial. Anónimo)
Projecto 8
Tratamento das Úlceras de Pressão
Índice ........................................................................................................................... 9 1. Introdução ....................................................................................................... 10 2. Caracterização do Serviço .............................................................................. 12 3. Objectivos ....................................................................................................... 13 4. Actividades ...................................................................................................... 14
4.1-O conceito de Úlcera de Pressão.............................................................144.2-Fluxo sanguíneo prejudicado....................................................................164.3-Factores que contribuem para diminuir a tolerância à pressão...............17 4.4-Caracterizar os diferentes graus das Úlceras de Pressão ....................194.5-Fisiopatologia da Cicatrização..................................................................214.6-Escolher o tratamento ideal para as Úlceras de Pressão .......................22
5. Actividades ...................................................................................................... 25 5.1-Como realizar a limpeza das Úlceras de Pressão?..................................26
5.1.1-Outro processo de limpeza das Úlceras de Pressão.........................27 Desbridamento da úlcera: O desbridamento é a remoção do tecido desvitalizado/necrosado húmido da ferida. Este fundamenta-se na necessidade de remover um meio favorável à infecção, facilitar a cicatrização e avaliar a profundidade da ferida. É também um modo de limpeza. .................................. 27
5.2-Tipos de feridas e respectivos pensos que podem ser utilizados............285.3-Tipos de pensos:.......................................................................................30
6. Actividades ...................................................................................................... 36 6.1-Factores negativos que atrasam a cicatrização das Úlceras de Pressão366.2-Aspectos positivos que contribuem para a cicatrização...........................37
7. Actividades ...................................................................................................... 39 8. Conclusão ....................................................................................................... 41 9. Bibliografia ...................................................................................................... 42 10. Anexos I ........................................................................................................ 43 11. Anexos II ........................................................................................................ 44 Normas realizadas por alunos do 1º CLE da Universidade Atlântica ............... 44 13. É Importante que o utente esteja esclarecido acerca das intervenções que lhe são efectuadas, o que pode promover, se possível, a sua colaboração. .... 45 14. Anexo III ........................................................................................................ 48
Índice de Figuras
Figura 1 - Estrutura da Pele................................................................................15Figura 2 - Os diferentes tipos de graus das Úlceras de Pressão.......................20Figura 3 - Possíveis zonas de pressão..............................................................23O filme transparente, assim denominada uma membrana de poliuretano com uma camada adesiva que é permeável ao vapor. Pode ser usado em úlceras de grau I, II e III com pequena quantidade de exudado. Tem como vantagem o serem impermeáveis à água e bactérias mantendo um ambiente húmido para a ferida, e a mudança de penso pode ser feita entre 3 a 5 dias. A grande desvantagem deste penso é que se não for retirado adequadamente pode provocar lesões na pele. Figura 4 - Filme transparente ............................................................................................................................30
Projecto 9
Tratamento das Úlceras de Pressão
Deve ser utilizado nas úlceras de pressão com tecido de granulação/epitelização, ou com Figura 5 - Penso hidrocolóide.........................................................................................................32
1.INTRODUÇÃO
O presente projecto tem vindo a ser realizado no âmbito da minha prestação de
cuidados como enfermeira, sendo “ construido “ e desenvolvido no Serviço de Cirurgia
Vascular sendo um serviço que na sua marioria os utentes apresentam Úlceras de
Pressão.
Durante a minha prestação de cuidados tive oportunidade de observar a realidade
dos utentes que desenvolvem Úlceras de Pressão e que são submetidos aos diversos
tipos de tratamento, após a observação desta realidade verifiquei que no serviço não
existe um protocolo para a realização do Tratamento das Úlceras de Pressão tendo em
conta as suas características. Assim sendo e de modo a dar resposta a uma carência do
serviço e responder de alguma forma às nossas dificuldades durante a prestação de
cuidados realizei o presente projecto com o tema “ O tratamento das Úlceras de
Pressão”, situação que é prática corrente no nosso dia a dia devido às características do
serviço pelo facto da maioria dos utentes serem idosos acamados e constituírem uma
população com maior probabilidade para o desenvolvimento de Úlceras de Pressão.
Como tal, considero extremamente importante o desenvolvimento deste tema.
A metodologia que utilizei foi a metodologia de realização de projecto. Comecei
por identificar o tema que pretendo desenvolver, de seguida tracei o objectivo geral do
projecto e os objectivos específicos que me irão ajudar na concretização do tema. Para
cada objectivo específico identifiquei e desenvolvi os recursos, o objectivo específico e
realizei a respectiva análise.
Como objectivo geral deste projecto:
• Adquirir/aprofundar conhecimentos sobre o tratamento das Úlceras de
Pressão;
Objectivos específicos:
• Definir o conceito de Úlcera de Pressão;
- Caracterizar os diferentes graus das Úlceras de Pressão;
Projecto 10
Tratamento das Úlceras de Pressão
- Dar a conhecer os produtos que podem ser utilizados no tratamento das
Úlceras de Pressão;
• Identificar o tratamento/terapêutica a realizar consoante o grau das
úlceras de pressão;
• Reconhecer os factores positivos e negativos que contribuem para a
cicatrização das úlceras de pressão;
• Sensibilizar para a importância da implementação de um protocolo para
o tratamento das Úlceras de Pressão consoante a sua classificação, no
serviço onde estou a realizar o respectivo ensino clínico;
Projecto 11
Tratamento das Úlceras de Pressão
2.CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO
O Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Santa Maria, localiza-se no piso 4.
Este Serviço é constituído por duas unidades de internamento, a consulta externa (de
cirurgia vascular), uma sala de pequena cirurgia e sala de realização de exames
auxiliares de diagnostico (angiografia e eco dopler). Cada unidade de internamento tem
características semelhantes. A primeira com lotação de 14 camas e uma unidade de
cuidados diferenciados com capacidade para 5 camas. Por sua vez a segunda, possui a
mesma lotação, ambas possuem uma sala de trabalho, uma sala de tratamentos, uma
arrecadação, uma sala de desinfecção de material, o WC ( utentes e funcionários), um
refeitório e uma copa.
É constituído ainda por 1 sala de reuniões, gabinetes médicos, 1 gabinete do
Enfermeiro Chefe e 2 gabinetes da secretária de unidade.
Este Serviço encontra-se equipado com todo o material necessário à prestação de
cuidados de enfermagem, inclusive 3 carro de emergência uma na unidade de cuidados
diferenciados e outros dois nas duas unidades de internamento.
Quanto à equipa multidisciplinar é constituída por: médicos, enfermeiros
(distribuídos pelos três turnos, estando normalmente 3 enfermeiros nas manhãs, um
enfermeiro à tarde e à noite na enfermaria. Em relação à unidade de cuidados
diferenciados (UCD) 2 enfermeiros nas manhãs e 2 enfermeiros nas tardes e noites,
auxiliares de acção médica (AAM), secretárias de unidade, assistente social,
fisioterapeutas, empregada de limpeza e neste momento, por alunos de enfermagem.
As patologias apresentadas pelos utentes admitidos no serviço de Cirurgia
Vascular são essencialmente Distúrbios Vasculares, (sobretudo doença arterial e
Problemas de Circulação Periférica) diabetes mellitus tipo II, insuficiência cardíaca
congestiva, AVC, HTA, anemia e insuficiência renal aguda.
Projecto 12
Tratamento das Úlceras de Pressão
3.OBJECTIVOS
Geral
• Adquirir/aprofundar conhecimentos sobre o tratamento das Úlceras de
Pressão;
Específicos:
• Definir o conceito de Úlcera de Pressão;
- Caracterizar os diferentes graus das Úlceras de Pressão;
- Avaliar as Úlceras de Pressão de modo a escolher o tratamento
ideal;
• Identificar o tratamento/terapêutica a realizar consoante o grau das
úlceras de pressão;
• Reconhecer os factores positivos e negativos que contribuem para a
cicatrização das úlceras de pressão;
• Sensibilizar para a importância da implementação de um protocolo para
o tratamento das Úlceras de Pressão consoante a sua classificação, no
serviço onde estou a realizar o respectivo ensino clínico.
Projecto 13
Tratamento das Úlceras de Pressão
4.ACTIVIDADES
• Definir o conceito de Úlcera de Pressão;
- Caracterizar os diferentes graus das Úlceras de Pressão;
- Avaliar as Úlceras de Pressão de modo a escolher o tratamento
ideal;
Recursos:
- Material: Livros, Revistas e Internet.
BERKOW, Robert, et., Manual Merck – Saúde para a Família, Porto, Editorial
Oceano, 1997, ISBN: 84-4941184-x
BOLANDER, V. Enfermagem Fundamental, abordagem psicofisiológica.
Lusodidacta; Lisboa; 1994; ISBN: 972-96610-6-5
MORISON, Moya, Prevenção e Tratamento das Úlceras de Pressão, Lusociência,
Loures; 2001; ISBN: 972-8383-68-1
PHIPPS, Enfermagem Médico Cirúrgico, 6ª edição, 2003, Editora Lusociência
ISBN 972-8383-65-7
SCHAFFLER, Medicina Interna e Cuidados de Enfermagem, 2ª edição, 2004,
Editora Lusociência, Loures; ISBN: 972-8383-78-9
Apontamentos das aulas da Enf.ª Kátia Furtado
- Humano: Enfermeiros do Serviço.
4.1-O conceito de Úlcera de Pressão
As úlceras de pressão são definidas como “ uma lesão em qualquer superfície da
pele que ocorre em resultado da pressão e inclui hiperemia reactiva bem como flictenas,
ruptura ou necrose tecidular” (Parish et al, 1983). São lesões complexas da pele e
estruturas subjacentes e variam consideravelmente em tamanho e gravidade.
Projecto 14
Tratamento das Úlceras de Pressão
No desenvolvimento das úlceras de pressão estão envolvidos diversos tecidos
como a pele, tecido adiposo subcutâneo, fáscia profunda, músculo e osso. A pele
desempenha um papel muito importante, esta é descrita como o
órgão mais extenso do corpo humano. A pele é uma estrutura dinâmica na qual a
substituição e modificação celular em resposta às necessidades locais, este é um
processo contínuo ao longo da vida. Estruturalmente a pele é constituída por três
camadas: a epiderme, a derme e hipoderme ou camada subcutâneo.
Figura 1 - Estrutura da Pele
Epiderme – esta consiste essencialmente em epitélio escamoso estratificado e
um número pequeno de melanócitos (para a síntese da melanina), células de Langerhans
(células de apresentação antigénica) e células de Merkel (apresentam a função
neuroendócrina). As células do epitélio escamoso apresentam-se dispostas em quatro
camadas: o estrato córneo, camada granular, estrato espinhoso e estrato germinativo (ou
camada basal).
O estrato córneo consiste em células que não têm núcleo ou organelos
citoplasmáticos, contêm pouca água, estão firmemente encaixados promovendo uma
barreira física contra a água, bactérias e substâncias químicas.
Derme – esta possui duas camadas, a derme papilar e a derme reticular. A
primeira é configurada em séries de papilas que estão separadas por projecções da
epiderme conhecidas como filamentos reticulares. O colagénio/ matriz de elastina da
derme papilar é “laxo” e orientado em ângulos rectos para a epiderme. Este serve de
Projecto 15
Tratamento das Úlceras de Pressão
suporte aos nós dos vasos sanguíneos, conhecidos como capilares e fibras nervosas
responsáveis pelo toque, dor e temperatura.
Camada Subcutâneo – esta camada separa a derme das estruturas mais
profundas da faísca profunda, músculo e osso. Esta varia dependendo da estrutura
corporal, sexo e localização no corpo humano.
Fáscia Profunda – esta fáscia é uma membrana densa não elástica,
essencialmente avascular, que cobre o músculo e proeminências ósseas podendo
confundir-se com a camada externa do osso.
4.2-Fluxo sanguíneo prejudicado
As úlceras de pressão desenvolvem-se maioritariamente como resultado da
ruptura da rede vascular de artérias, arteríolas e capilares.
A obstrução do fluxo sanguíneo leva a isquémia tecidual. Se a pressão for
removida após um curto período de tempo, o fluxo sanguíneo é restaurado. O sinal local
observado é a hiperémia reactiva ou eritema que embranquece. Se houver persistência
do sinal, deve-se suspeitar de um dano mais profundo e o surgimento da úlcera de
pressão.
A pressão é mais elevada no ponto de contacto entre o tecido mole e o osso. O
dano muscular é um problema sério e os músculos são mais sensíveis aos efeitos da
isquémia. As úlceras de pressão profundas desenvolvem-se inicialmente na interface
osso-tecidos moles e não na pele. Este problema é chamado de “ponta do iceberg” já
que a maior parte do dano é localizado nos tecidos profundos e superficialmente pode
ser percebido inicialmente, apenas pelo edema, endurecimento, aumento de temperatura
ou mudança na cor da pele.
Outros factores além da pressão interferem na situação e incluem a formação de
trombos venosos, danos nas células endoteliais, redistribuição do aporte sanguíneo aos
tecidos isquémicos e alteração na composição dos fluidos intersticiais.
O resultado final do dano nos tecidos é a privação de oxigénio e nutrientes e a
acumulação de produtos metabólicos tóxicos. A acidose tecidual, permeabilidade capilar
e edema contribuem para a morte celular.
Projecto 16
Tratamento das Úlceras de Pressão
4.3-Factores que contribuem para diminuir a tolerância à pressão
Os factores podem ser externos ou internos
Factores externos:
Pressão – é o factor mais importante no desenvolvimento das úlceras de pressão.
A pressão exercida continuamente por um tempo pode ser suficiente para desencadear
um processo de isquémia que impede o aporte de oxigénio e de nutrientes aos tecidos,
provocando alterações cutâneas que, por sua vez, podem conduzir à necrose e morte
tecidular.
Forças de deslizamento – ocorrem quando o doente escorrega ao longo do leito
ou da cadeira. O corpo move-se mas a pele permanece no mesmo sítio. As forças de
deslizamento causam destruição dos pequenos vasos sanguíneos com interrupção do
aporte sanguíneo local, que poderá originar isquémia e morte celular.
Fricção – surge quando duas superfícies roçam em si ( Krouskop, 1978). O
exemplo que pode ser dado nesta situação é um doente a ser arrastado ao longo do leito.
Isto faz com que as células epiteliais das camadas superiores sejam “varridas”. A
humidade aumenta o efeito da fricção.
Factores internos:
Os factores internos que se encontram associados às úlceras de pressão são a
idade, limitação da mobilidade, desidratação, peso corporal, incontinência urinária/
fecal, deficiente irrigação sanguínea (doenças/fármacos) e estado nutricional deficiente.
Idade- tem-se revelado um dos principais factores desencadeadores das U.P.. À
medida que as pessoas envelhecem, a pele torna-se mais fina e menos elástica. Isto
deve-se, em parte, à redução de colagénio (promotor da protecção contra a ruptura da
microcirculação) em quantidade e qualidade. Poderá haver perda de massa corporal com
consequente diminuição da
elasticidade da pele. Existe igualmente uma maior probabilidade de surgirem
doenças crónicas, muitas das quais podem também predispor ao desenvolvimento de
Projecto 17
Tratamento das Úlceras de Pressão
úlceras de pressão, após o surgimento de uma úlcera de pressão é muito difícil a sua
cicatrização quer num idoso ou num jovem.
Limitação da mobilidade - a mobilidade é o factor de risco mais importante a
considerar já que o aparecimento e desenvolvimento de úlceras de pressão depende da
força e duração da pressão que causa isquémia no tecido comprimido. Isto porque a
capacidade de aliviar a pressão de forma eficaz pode estar comprometida, daí que, se o
doente permanecer numa cama ou cadeira, há uma maior predisposição para o
desenvolvimento de úlceras. A menor mobilidade pode estar igualmente associada a um
défice neurológico como na paraplegia, mas nem sempre, pois o diabético pode sofrer
de neuropatia sem perder a mobilidade. A perda da sensibilidade significa que o doente
deixa de ter a percepção da necessidade de aliviar a pressão, mesmo que não esteja
incapacitado de o fazer.
Desidratação - o estado de desidratação e consequentemente o desequilíbrio
hidroelectrolítico contribui para o agravamento do estado geral de saúde do doente,
predispondo-o mais ao surgimento de úlceras de pressão. Uma pele desidratada é menos
resistente que uma pele hidratada.
Deficiente estado de nutrição - doentes hiponutridos com hipoproteinémia,
anemia e carências vitamínicas estão mais sujeitos a formação de úlceras de pressão. A
desnutrição favorece a formação de úlceras de pressão porque o balanço negativo de
azoto é um dos factores que mais contribuem para a perda de peso. É por este motivo
que é importante promover a adequada concentração de proteínas séricas uma vez que
favorecem o processo de cicatrização das úlceras de pressão e ajudam a prevenir a
formação das mesmas. O Colagénio é, como já foi referido anteriormente, um
elemento fundamental para a cicatrização dos tecidos, e o Ácido Ascórbico para a
formação do Colagénio.
O défice de vitaminas conduz à inibição da hidroxilação de certos aminoácidos, como a
prolina e a serina, que são essenciais para a formação de colagénio.
As anemias primárias e secundárias (p.ex. por hemorragia) e os défices de ferro,
contribuem, por si só, para a perda de massa corporal. Para além disso, retardam o
processo de cicatrização. De uma forma geral, os doentes com úlceras de pressão
apresentam hipoalbuminémia, o que poderá estar relacionado com a doença de base ou
com a alimentação.
Peso corporal - Os doentes emagrecidos, por se encontrarem desprovidos de
gordura localizada sobre as proeminências ósseas, têm uma menor protecção contra a
Projecto 18
Tratamento das Úlceras de Pressão
pressão. Inversamente, nos doentes muito obesos que apresentam grandes dificuldades
de mobilidade, observam-se lesões tecidulares muitas vezes precipitadas pelo
posicionamento por arrastamento, dado o peso tornar difícil a sua elevação. Outro
problema que é importante salientar nos doentes obesos é a humidade resultante da
sudorese que, ao acumular-se nas pregas cutâneas causa a maceração da pele.
Incontinência urinária e fecal - contribuem igualmente para a maceração da
pele e consequente aumento do risco de infecção. Para além disso, as lavagens
constantes removem os óleos naturais da pele secando-a.
Deficiente irrigação sanguínea- o deficiente aporte de sangue periférico, leva a
uma diminuição da pressão capilar local com consequente má nutrição dos tecidos. A
causada pode ser as doenças cardíacas, doenças vasculares periféricas, diabetes ou
drogas como os beta-bloqueantes.
As úlceras de pressão podem estar associadas a patologias que constituem factores de
risco. As patologias são as seguintes que passo a nomear:
•Anemia
•Insuficiência Renal
•Caquexia
•Coma
•Diabetes
•Alterações neurológicas
•Doenças cardiovasculares
•Vasoconstrição periférica
•Infecção
•Neoplasia
•Lesões ortopédicas
4.4-Caracterizar os diferentes graus das Úlceras de Pressão
As úlceras de pressão podem ser classificadas da seguinte forma, tendo em conta
os tecidos lesados ou destruídos:
Projecto 19
Tratamento das Úlceras de Pressão
Grau I - Eritema não branqueável em pele intacta, apresentando descoloração da pele,
calor, edema, induração ou rigidez que podem ser indicadores, particularmente em
utentes de “raça” negra.
Grau II – Destruição parcial da pele envolvendo a epiderme, derme ou ambas. A úlcera
é superficial e apresenta-se clinicamente como um abrasão ou uma flictena.
Grau III – Destruição total da pele envolvendo necrose do tecido subcutâneo que pode
estender-se até atingir a camada subjacente.
Grau IV- Destruição extensa, necrose tecidular, ou dano muscular, ósseo ou das
estruturas de suporte com ou sem destruição total da pele (tendões, cápsulas articulares,
etc). Estas lesões podem apresentar trajectos sinuosos e socavados.
Grau I – Eritema não Branquéavel.
Grau II – Destruição parcial da pele.
Flictena
Grau III – Destruição total da pele.
Úlcera Superficial
Grau IV – Destruição extensa, necrose.
Úlcera Profunda
Figura 2 - Os diferentes tipos de graus das Úlceras de Pressão
Projecto 20
Tratamento das Úlceras de Pressão
4.5-Fisiopatologia da Cicatrização
A cicatrização das úlceras de pressão, consiste numa série de etapas encadeadas
e de elevada complexidade. As fases que constituem na cicatrização das úlceras de
pressão são as seguintes fase inflamatória ( 0 a 4 dias), fase proliferativa ou de
reconstrução ( 4 a 21 dias) e a fase de remodelação ou maturação ( 21 dias a 2 anos).
Fase Inflamatória ( 0 a 4 dias) – nesta fase o principal objectivo é a remoção
das bactérias, tecido necrosado e outros possíveis contaminantes. A reacção inflamatória
pode ser observada pela presença de:
- Eritema
- Calor
- Edema
- Desconforto
- Alterações funcionais (estes são devido ao aumento da corrente sanguínea na
área lesionada.
Contudo podemos concluir que esta fase é essencial para estimular as outras
fases de cicatrização.
Fase proliferativa ou de reconstrução ( 4 a 21 dias) – os processos que se
encontram envolvidos nesta fase são:
๛ Granulação – formação de novos capilares no leito da ferida, que irão
suportar o desenvolvimento do tecido conjuntivo.
๛Contracção – depois da formação do tecido conjuntivo a cicatrização é
acelerada reduzindo a quantidade de tecido cicatricial que é necessário.
๛ Epitelização – esta é essencial para o restabelecimento da barreira
protectora da pele, é um processo delicado e depende de várias pré-
condições como a humidade, temperatura, oxigenação e pH.
Fase de remodelação ou maturação ( 21 dias – 2 anos) – é uma fase de
cicatrização que começa quando a ferida “fecha” devido à formação de tecido conectivo
Projecto 21
Tratamento das Úlceras de Pressão
e à re-epetilização. A pele apresenta uma cor avermelhada. A cicatrização depende
essencialmente da oxigenação e da nutrição.
4.6-Escolher o tratamento ideal para as Úlceras de Pressão
Uma avaliação correcta do grau das úlceras de pressão pelos enfermeiros é essencial
para o tratamento que deve ser dado às úlceras de pressão.
A avaliação das úlceras de pressão tem dois objectivos essenciais esses objectivos são:
•Fornecer a informação inicial sobre o estado da úlcera, de modo a monitorizar o seu
progresso.
•Assegurar uma selecção apropriada dos produtos a utilizar.
Os factores que devem ser considerados na avaliação das úlceras de pressão são:
a) A localização da úlcera;
b) A forma e o tamanho da úlcera;
c) A quantidade de exsudado presente;
d) A profundidade da úlcera;
e) O aspecto (estádio) da úlcera.
a) Localização das Úlceras de Pressão
A localização das Úlceras de Pressão é um potencial problema, como por exemplo:
risco de contaminação de feridas localizadas na região sagrada ou problemas de
mobilidade provocados pela presença de úlceras nos pés. Outro aspecto a ter em conta é
a maior ou menor dificuldade de manutenção do penso na mesma posição nalgumas
partes do corpo (ex. regiões articulares).
Projecto 22
Tratamento das Úlceras de Pressão
Figura 3 - Possíveis zonas de pressão.
b) Forma e tamanho das Úlceras de Pressão
A forma e o tamanho das Úlceras de Pressão variam durante o processo de cicatrização.
No inicio as feridas geralmente apresentam tecido desvitalizado ou grande quantidade
de exsudado quando estes são removidos, a ferida aparentemente apresenta um aumento
do tamanho. Isto ocorre porque a extensão da ferida encontra-se “encoberta” pelo tecido
necrosado.
A avaliação da ferida é essencial para a escolha do penso adequado.
Outra medida que é essencial na avaliação das úlceras de pressão são por exemplo a
medição, delineador e fotografia das feridas.
Medições simples : em úlceras de aspecto regular pode fazer-se a medição da maior
largura e do maior comprimento e, se possível, a profundidade, com uma régua. Nas de
forma irregular este método é pouco preciso e de difícil aplicação, embora seja o
método mais usado pelos enfermeiros por ser de fácil utilização.
Delineador de feridas : são utilizados acetatos onde se demarca a configuração da
lesão. Podem igualmente ser utilizados cartões com círculos concêntricos, espaçados em
2 cm, onde se demarca a forma da úlcera e o seu diâmetro.
Fotografia : possibilita a evidência do aspecto da úlcera e dá uma ideia do seu tamanho
e aspecto. É aconselhável incluir na fotografia uma régua ou escala para se poder ter
uma noção da dimensão.
Projecto 23
Tratamento das Úlceras de Pressão
c) Quantidade de exsudado presente
A quantidade de exsudado varia ao longo do processo de cicatrização na fase
inflamatória existe uma quantidade considerável de exsudado por sua vez na fase de
epitelização existe muito pouco exsudado.
A quantidade de exsudado é também determinante na selecção do penso uma vez que
pode ser necessário aplicar um penso mais absorvente.
d) Profundidade da úlcera
As úlceras são descritas de acordo com os tecidos que estão destruídos ou lesados como
já foi referido anteriormente.
e) Aspecto da Úlcera de Pressão
A aparência da úlcera dá-nos a indicação da fase de cicatrização em que se encontra, ou
da presença de alguma complicação.
As úlceras de pressões podem ser caracterizadas quanto ao aspecto estas podem ser
caracterizadas da seguinte maneira:
Úlcera necrosada;
Úlcera com presença de células mortas ou exsudado;
Úlcera em fase de granulação;
Úlcera em fase de epitelização;
Úlcera infectada.
Análise: Este objectivo específico foi concretizado no prazo estabelecido. Ao
investigar o tema consegui obter grande quantidade de informação o que me ajudou a
adquirir mais conhecimentos e a desenvolver as actividades em questão.
Para mim este objectivo especifico é de extrema importância, isto porque sem o seu
desenvolvimento inicialmente não poderia dar continuidade à parte final do projecto.
Projecto 24
Tratamento das Úlceras de Pressão
5.ACTIVIDADES
• Identificar o tratamento/terapêutica a realizar consoante o grau das
úlceras de pressão;
Recursos:
- Material: Livros, Revistas e Internet.
BOLANDER, V. Enfermagem Fundamental, abordagem psicofisiológica .
Lusodidacta; Lisboa; 1994; ISBN: 972-96610-6-5
MORISON, Moya, Prevenção e Tratamento das Úlceras de Pressão, Lusociência,
Loures; 2001; ISBN: 972-8383-68-1
Apontamentos das aulas da Enf.ª Kátia Furtado
- Humano: Enfermeiros do Serviço.
Actualmente existe um leque variado de produtos modernos, a maioria deles
disponíveis na farmácia hospitalar, destinados à prevenção e tratamento das Úlceras de
Pressão.
Estes novos produtos oferecem numerosas vantagens em termos de eficácia
terapêutica e segurança para o doente conseguindo-se deste modo uma redução de
custos (diminuição de complicações das Úlceras de Pressão, o que implicará uma
redução do período de internamento).
Estes produtos proporcionam um microambiente adequado para a cicatrização
das Úlceras de Pressão possuindo um papel activo na sua evolução.
É importante realçar que não existe um penso ideal para todos os tipos de
Úlceras de Pressão, daí ser imprescindível o reconhecimento das diferentes fases da
cicatrização, a fim de seleccionar o penso apropriado a cada tipo de Úlcera de Pressão.
Segundo Turner o penso ideal para uma Úlcera de Pressão é aquele que é capaz
de:
Manter a humidade interface úlcera/penso;
Remover o excesso de exudado;
Projecto 25
Tratamento das Úlceras de Pressão
Permitir as trocas gasosas;
Promover a insulação térmica;
Ser permeável às bactérias;
Estar livre de partículas e contaminantes tóxicos;
Remoção sem trauma;
O penso ideal deve ainda interagir no leito da úlcera, protegendo a pele
circundante, ser indolor e de fácil utilização.
Os pensos devem ser mantidos o tempo suficiente para causar o efeito esperado
na úlcera de pressão. Por vezes a sua remoção frequente pode causar lesões no leito da
ferida. No entanto pode ser necessário efectuar a sua mudança diariamente para
assegurar que não há agravamento da ferida devido a um inadequado alívio da pressão.
Caso se verifique um extravasamento ou repasse, dá-se uma quebra na barreira de
protecção da ferida, facto que nos leva a mudar o penso de imediato.
Nos dias que vivemos já existem produtos para prevenção das Úlceras de
Pressão é por exemplo o Óxido de Zinco.
5.1-Como realizar a limpeza das Úlceras de Pressão?
O soro fisiológico é o soluto de eleição para a limpeza das Úlceras de Pressão.
O soro fisiológico ao ser utilizado vai permitir a irrigação da ferida, desta
maneira vai possibilitar a remoção de detritos do leito da ferida.
Estudos realizados provam que o soro fisiológico deve estar a uma temperatura de 37º,
isto porque a actividade mitótica da ferida ocorre favoravelmente numa temperatura
aproximadamente a 37º, e que depois de arrefecer, esta leva cerca de 45 minutos a
recuperar a temperatura, e 3 horas a recuperar a actividade mitótica, pelo que se
utilizarmos soro morno estamos a minimizar esse arrefecimento e o atraso na
cicatrização.
Que quantidade de soro se deve utilizar?
À semelhança da pressão, a quantidade também varia consoante o tamanho da ferida e
se esta está mais ou menos “suja”. Assim, para uma ferida com muitas células mortas e
de dimensões razoáveis pode ser necessário 1 litro de soro fisiológico, para uma ferida
“limpa” com muita granulação uma irrigação suave de 25cc de soro fisiológico pode ser
Projecto 26
Tratamento das Úlceras de Pressão
suficiente. O importante é que a irrigação vá removendo as várias camadas de detritos
que se depositaram no leito da ferida.
5.1.1-Outro processo de limpeza das Úlceras de Pressão.
Desbridamento da úlcera: O
desbridamento é a remoção do tecido
desvitalizado/necrosado húmido da ferida.
Este fundamenta-se na necessidade de
remover um meio favorável à infecção,
facilitar a cicatrização e avaliar a
profundidade da ferida. É também um
modo de limpeza.
A remoção deste tecido deve ser adequado às condições e de acordo com os
objectivos preconizados pelo enfermeiro/doente.
Em termos gerais existem dois métodos de desbridamento:
Selectivo – o que elimina somente o tecido não viável;
Não selectivo – elimina o tecido viável e não viável.
O desbridamento cirúrgico é um método selectivo que pode ser realizado no leito do
doente ou no bloco cirúrgico. Consiste na remoção de tecido necrosado mediante o uso
de material cortante, como o bisturi, a tesoura ou mesmo o laser.
Está indicado para feridas com extenso tecido necrosado, ou quando haja infecção ou
risco de compromisso de outros tecidos (osteomielite) e em casos em que seja
imperativo o desbridamento urgente. Tem como desvantagem o risco de lesões
iatrogénicas.
No desbridamento enzimático o tecido necrosado é removido mediante a aplicação de
enzimas que degradam a fibrina, o cologéneo, e a elastina. Deve ser efectuado em
tecidos com extenso tecido necrosado, ou em feridas com formação de crosta. Tem
como desvantagens o poder ocorrer inflamação.
Existe ainda o desbridamento autolítico e mecânico.
A autólise consiste na degradação natural dos tecidos desvitalizados, utilizando as
enzimas do organismo e a humidade do leito da ferida para reidratar, amolecer e
Projecto 27
Tratamento das Úlceras de Pressão
liquidificar o tecido necrosado. Deve ser efectuado em feridas com tecido necrosado
com ligeiro ou moderado exsudado. Tem como desvantagens o ser mais lento que o
desbridamento cirúrgico.
O desbridamento mecânico consiste na aplicação de compressas embebidas em soro
fisiológico sobre o tecido desvitalizado. Este irá aderir às compressas aquando da
remoção das mesmas. Está indicado nas feridas com moderado tecido necrosado, tendo
como desvantagem o ser muito doloroso e exigir muito tempo e face ás alternativas que
existem hoje em dia está pouco aconselhado.
Por fim temos o desbridamento com larvas que consiste na colocação de larvas dentro
do penso, que se vão alimentar do tecido desvitalizado. É muito importante proteger o
tecido são com penso para as larvas não terem acesso a ele.
As larvas permanecem no leito da Úlceras de Pressão durante 3 dias.
Esta técnica não é realizada em Portugal, uma vez que é uma técnica que os doentes
consideram repugnante e alem disso é necessária uma cultura de larvas em condições
especiais.
5.2-Tipos de feridas e respectivos pensos que podem ser utilizados
Tipos de Feridas Possíveis pensos a ser utilizadoso Úlceras de Pressão com sinais
infecciosos ou mau odor.
o Limpeza com Soro Fisiológico;
o Desbridamento (SOS);
o Aplicar – Carvão activado com
prata (prata tem acção
bacteriana);
- Carvão activado permite
absorver microrganismos e elimina
os odores.
o Penso fechado.
Projecto 28
Tratamento das Úlceras de Pressão
o Úlceras de Pressão com tecido
necrosado/ desvitalizado.
o Limpeza com Soro Fisiológico;
o Desbridamento
- Cirúrgico;
- Autolítico/ hidrogel;
- Enzimático;
o Penso fechado.
o Úlceras de Pressão com
exsudado moderado/ abundante
o Limpeza com Soro Fisiológico;
o Carboxilmetilcelulose Sódica;
o Alginato de Cálcio;
o Penso hidrófilo Poliuretano;
o Emulsão lipídica enriquecida
com vitaminas;
o Carvão Activado;
o Penso fechado.o Úlcera de Pressão moderada/
pouco exsudativa.
o Limpeza com Soro Fisiológico;
o Hidrocolóide;
o Hipropolímero;
o Hidroactivo;
o Emulsão lipídica com vitaminas;
o Carvão activado (exsudado
moderado);
o Penso hidrófilo poliuretano. o Úlcera de Pressão com tecido de
Granulação.
o Limpeza com Soro Fisiológico;
o Penso fechado;
o Hidrocolóide;
o Hidropolímero;
o Hidroactivo;
o Emulsão lipídica enriquecida
com vitaminas;
o Penso hidrófilo de poliuretano.
o Úlcera de Pressão com tecido de o Limpeza com Soro Fisiológico;
Projecto 29
Tratamento das Úlceras de Pressão
Epitelização. o Penso fechado:
o Película de poliuretano;
o Hidrocolóide;
o Hidropolímero;
o Hidroactivo;
o Emulsão lipídica enriquecida
com vitaminas.
5.3-Tipos de pensos:
Um dos materiais mais comuns usados nos pensos é a gaze.
Existem vários tipos de gaze, sendo que a verdadeira é 100% algodão. Esta pode
ser usada seca, ou colocada húmida sobre a ferida e removida quando seca, o que
provoca um desbridamento mecânico, o que não é recomendável. Não deve ainda ser
usada na protecção de úlceras de grau I. È muito usada para feridas com grande volume
de exudado, tendo ainda como vantagens um baixo custo.
A grande desvantagem destas são o deixarem pequenas partículas ou fibras nas
feridas e causar lesões no tecido de granulação. Exige um grande dispêndio de tempo
nos cuidados de enfermagem uma vez que exige a sua mudança diária.
O filme transparente, assim denominada uma membrana de poliuretano com
uma camada adesiva que é permeável ao vapor. Pode ser usado
em úlceras de grau I, II e III com pequena quantidade de
exudado. Tem como vantagem o serem impermeáveis à água e
bactérias mantendo um ambiente húmido para a ferida, e a
mudança de penso pode ser feita entre 3 a 5 dias. A grande
desvantagem deste penso é que se não for retirado
adequadamente pode provocar lesões na pele. Figura 4 - Filme transparente
Projecto 30
Tratamento das Úlceras de Pressão
Temos ainda os pensos de hidrogel, as espumas de poliuretano, os alginatos e os
pensos de carvão activado com prata.
Enquanto que os pensos de hidrogel são eficazes na remoção do tecido
necrosado em úlceras de grau III ou IV. As espumas de poliuretano podem ser usadas
em feridas com grande quantidade exsudado. Já os pensos de alginato derivado
essencialmente de algas são usados especialmente em feridas com grande quantidade de
exudado ou cavitárias.
Hidrogel: é um gel transparente, formado por redes tridimensionais de polímeros e
copolímeros hidrofílicos compostos de água (78 a 96%),
uretanos, polivinil pirrolidona (PVP) e polietileno glicol.
Requer a utilização de cobertura secundária.
Reduz significativamente a dor, dando uma sensação refrescante,
devido à sua elevada humidade que evita a desidratação das
terminações nervosas. Esse ambiente ajuda na autólise, ou seja
amolece e hidrata tecidos desvitalizados, facilitando sua
remoção. Em feridas livres de tecidos desvitalizados, propicia o
meio ideal para a reparação tecidual.
Figura - Hidrogel
São indicadas em úlceras de pressão com tecido necrosado duro ou viscoso e em úlceras
de pressão com tecido desvitalizado.
Devido à reduzida capacidade de absorção, é contra indicada em feridas exsudativas. No
entanto existem alguns produtos que associam o hidrogel ao alginato de cálcio,
ampliando seu uso para feridas com moderado exsudado.
As trocas devem ser realizadas entre 1 a 3 dias ou sempre que hajam fugas do gel que
cobre a úlceras de pressão. A aplicação do hidrogel deve ser feita directamente na úlcera
de pressão
Enzimas proteolíticas: são uma preparação enzimática obtida do Clostridium
histolyticum que contém como componentes principais a colagenase clostridiopeptidase
A e como enzimas acompanhantes outras peptidases formadas durante o processo de
formação.
Projecto 31
Tratamento das Úlceras de Pressão
Encontra-se indicado no uso das úlceras de pressão com tecido necrosado duro ou
viscoso. A frequência da mudança de penso deve ser diária podendo aumentar-se o
efeito enzimático aplicando a pomada duas vezes por dia.
Penso de alginato de cálcio: estes pensos são constituídos por fibras de alginato de
cálcio as quais são extraídas das algas marinhas.
Estão indicadas para úlceras de pressão altamente exudativas, sendo contra indicadas
nas úlceras de pressão cavitárias muito estreitas, com moderado a pouco exudado e com
tecido necrosado.
A mudança do penso deve ser efectuada diariamente em úlceras de pressão infectada, ou
de 1 a 4 dias dependendo da quantidade de exudado até um máximo de 7 dias.
Penso de carboximetilcelulose sódica: é um penso constituído por fibras de
carboximetilcelulose.
Está indicado para úlceras de pressão altamente exudativas, podendo estar ou não
infectadas. Mas está contra indicado nas úlceras com pouco exudado , com tecido
necrosado ou em doentes com sensibilidade a algum dos componentes deste penso.
A mudança do penso deve ser efectuada diariamente em úlceras infectadas. De 1 a 4
dias, dependendo da quantidade de exudado, podendo permanecer até 7 dias.
Penso hidrocolóides: são constituídas por uma matrix
hidrocoloide à base de pectina, gelatina e
carboximetilcelulose, revestida por uma lâmina de
poliuretano que lhe confere propriedades oclusivas aos gases,
bactérias e líquidos.
Deve ser utilizado nas úlceras de pressão com tecido de
granulação/epitelização, ou com Figura 5 - Penso hidrocolóide
moderado a pouco exsudado. Está no entanto contra indicado nas úlceras infectadas e
com tecido necrosado.
A frequência da mudança do penso deve variar entre os 6 e os 9 dias, dependendo da
quantidade de exudado, ou sempre que o gel atinja os bordos do apósito ou quando
existam fugas de exudado.
Projecto 32
Tratamento das Úlceras de Pressão
Penso hidrocolóide fino: com a mesma composição do penso hidrocoloide acima
referido, mantém um microclima húmido ao nível da úlcera de pressão
de uma forma constante favorecendo a cicatrização e impedindo a formação de crosta.
Está indicado na prevenção das úlceras de pressão, eritema/flictena e úlceras de pressão
com tecido de epitelização.
São critérios para a mudança de penso o facto de este estar enrugado ou descolado, ou
terem passado mais de 7 dias.
Penso de hidropolímero: penso de gel esponjoso contendo 4 camadas, uma zona
central de poliuretano fortemente absorvente, compressa em falso tecido para transporte
de fluído, uma camada não agressiva à pele e um revestimento em polietileno permeável
ao vapor da água, mas impermeável à água.
Está indicado para úlceras de pressão com pouco a moderado exudado e com tecido de
granulação/epitelização. Mas encontra-se contra indicado nas úlceras de pressão
infectadas e com tecido necrosado.
Os critérios de mudança dizem respeito ao aparecimento de uma bolha amarela que
ocupa toda a superfície da úlcera de pressão, ou até 7 dias dependendo da quantidade de
exudado.
Penso hidrófilo de poliuretano: a utilização deste penso proporciona um ambiente
húmido na interface úlcera/penso promovendo a sua cicatrização. A camada exterior de
poliuretano do penso adesivo é impermeável tanto à água como às bactérias. Impede
também a passagem de exudado através do penso minimizando as hipótese de
contaminação e infecção da úlcera.
Está indicado nas úlceras de pressão com exudado moderado a leve e ainda com tecido
de granulação/epitelização, estando contra indicado em doentes com sensibilidade ao
poliuretano do penso.
Pode estar até 7 dias na ferida (dependendo da quantidade de exudado) e da alteração da
cor do penso.
Projecto 33
Tratamento das Úlceras de Pressão
Penso hidroactivo: este penso é constituído por uma película fina de poliuretano. Este
permite a passagem do vapor de água de modo a promover o ambiente húmido na
interface úlcera/penso, sendo impermeável tanto à água
como às bactérias. Outra das suas características é o facto de ao absorver o exudado da
ferida fá-lo de uma forma selectiva pois deixa os enzimas e factores de crescimento
essenciais ao processo de cicatrização.
Está indicado para úlceras de pressão com exudado moderado a elevado, não devendo
ser usado em doentes sensíveis ao poliuretano.
Dependendo da quantidade de exudado, pode ser mudado até 5 dias.
Penso em película: cobertura estéril, composta por filme transparente de poliuretano
com espessura de 0,2mm, semi-permeável, ou seja, possui permeabilidade a gases como
o O2, CO2 e vapor de água e é impermeável a líquidos e bactérias. Devido à sua
transparência, permite a inspecção contínua da ferida. A película possui propriedade
elastomérica e distensível, sendo, portanto facilmente adaptável a áreas de contorno do
corpo. É constituída por adesivo acrílico hipoalergénico, permitindo aderência somente
à pele íntegra e não aderindo à superfície húmida, evitando o trauma durante a sua
remoção.
Os filmes transparentes são versáteis, podendo ser utilizados tanto como coberturas
primárias como secundárias. Estas coberturas são indicadas para tratamento de úlceras
de pressão:
•Com tecido de epitelização
•Erictema/flictena
•Prevenção das UP.
Pode ser utilizado como penso secundário sobre gaze,
alginato de Cálcio e hidrocolóides.
Os filmes de poliuretano reduzem a dor e promovem a epitelização das feridas.
A cobertura deve ser avaliada diariamente, podendo permanecer no local por tempo
indeterminado quando em uso profilático de lesões de pele, e deve ser trocada quando
houver acumulação de exsudado ou descolamento do mesmo.
Se manipulado de maneira incorreta, pode aderir a si próprios. A mudança do penso
pode ser realizada até 7 dias, este pode ser mudado caso esteja enrugado ou descolar-se.
Projecto 34
Tratamento das Úlceras de Pressão
Carvão activado com Prata: Apósito estéril, composto por tecido de carvão activado
impregnado com prata, envolvido externamente por invólucro de não
tecido poroso feito de fibras de nailon, selado em toda sua extensão. É produzido pela
carbonização de raiom de viscose. Possui um sistema de poros no tecido capaz de reter
bactérias, que são inactivadas pela acção da prata, diminuindo a contagem bacteriana e,
consequentemente odores desagradáveis. É uma cobertura primária e requer cobertura
secundária, sendo usualmente com gazes, que deve ser trocada diariamente ou mais de
uma vez ao dia, porém o carvão deverá ser trocado assim que atingir o ponto de
saturação.
É indicado para úlceras de pressão com odor intenso; úlceras de pressão infectadas e
úlceras de pressão com exsudado de moderado a elevado.
É contra indicado em feridas secas e recobertas por escara. Em lesões com pouco
exsudado, o carvão activado pode aderir e causar traumatismo durante sua remoção,
principalmente nas áreas com tecido de granulação. Não deve ser cortado, pois tem
risco de dispersão de partículas de carbono no leito da ferida que actuarão como corpos
estranhos.
Penso de carvão activado: Este penso tem a capacidade de absorver exsudado,
proporcionando um ambiente húmido favorável à cicatrização das úlceras de pressão. O
carvão activado absorve os microrganismos e imobiliza-os no penso. Também elimina
odores desagradáveis.
O penso de carvão activado deve ser protegido por uma compressa absorvente, adesivo
ou ligadura e uma placa hidrocolóide.
A mudança do penso deve ser realizado diariamente em úlceras de presão infectadas.
No inicio do tratamento deve ser mudado cada 3 a 4 dias, dependendo do volume de
exsudado.
À medida que a cicatrização se desenvolve, os intervalos podem ser semanais.
A frequência de mudança varia se utilizado em associação com outros pensos.
Análise: Este objectivo específico foi devidamente concretizado. Ao investigar o tema
consegui ter uma maior noção das actividades subjectivas que poderia aprofundar e
desenvolver, no âmbito do tratamento das Úlceras de Pressão, consegui deste modo me
Projecto 35
Tratamento das Úlceras de Pressão
aperceber do vasto leque que existe produtos que podem ser utilizados no tratamento
das Úlceras de Pressão.
Para mim a realização deste objectivo específico foi muito importante visto que pode
aprofundar conhecimentos sobre o tratamento das Úlceras de Pressão e durante a minha
prestação de cuidados colocar em prática os conhecimentos adquiridos.
6.ACTIVIDADES
• Reconhecer os factores positivos e negativos que contribuem para a
cicatrização das úlceras de pressão;
Recursos:
- Material: Livros, Revistas e Internet.
BOLANDER, V. Enfermagem Fundamental, abordagem psicofisiológica .
Lusodidacta; Lisboa; 1994; ISBN: 972-96610-6-5
MORISON, Moya, Prevenção e Tratamento das Úlceras de Pressão, Lusociência,
Loures; 2001; ISBN: 972-8383-68-1
PHIPPS, Enfermagem Médico Cirúrgico, 6ª edição, 2003, Editora Lusociência
ISBN 972-8383-65-7
SCHAFFLER, Medicina Interna e Cuidados de Enfermagem, 2ª edição, 2004,
Editora Lusociência, Loures; ISBN: 972-8383-78-9
Apontamentos das aulas da Enf.ª Kátia Furtado
- Humano: Enfermeiros do Serviço
6.1-Factores negativos que atrasam a cicatrização das Úlceras de
Pressão
Factor Motivo de risco acrescido
Projecto 36
Tratamento das Úlceras de Pressão
Idoso
Alterações fisiológicas do processo de envelhecimento
alteram o sistema imunitário, resultando em diminuição da
resistência aos agentes patogénicos e, ainda, em perda de
tecido celular subcutâneo.
Obesidade
Tecido adiposo subcutâneo é menos irrigado, torna mais
difícil a aproximação dos bordos da lesão e cria tensão na
lesão.
Diabetes
As alterações vasculares associadas reduzem a vascularização
dos tecidos periféricos;
O deficiente funcionamento leucocitário é resultante da
hiperglicémia.Compromisso
circulatório
Resulta em desadequado aporte de nutrientes, células
sanguíneas e oxigénio à úlcera.
Deficiente nutrição
Doenças crónicas ou etanolismo provocam, com frequência,
uma deficiência nutricional, o que altera o processo
inflamatório normal e a formação de novo tecido.Terapêutica
imunossupressoraDiminui a síntese de colagénio e a resposta inflamatória.
QuimioterapiaInterfere com a produção de leucócitos e com a resposta
imunitária.
EsteróidesAtrasam o crescimento dos tecidos e o desenvolvimento de
novos capilares sanguíneos.Radiação Radiação na zona da lesão diminui a irrigação dos tecidos.
Altos níveis de stresseNíveis aumentados de costisol reduzem o número de
leucócitos e a resposta inflamatória.
6.2-Aspectos positivos que contribuem para a cicatrização
Factor Justificação
Nutrição
Os utentes com /sem úlceras de pressão
devem realizar uma alimentação
equilibrada rica em nutrientes e
proteínas para uma melhor cicatrização
das úlceras de pressão e o seu não
aparecimento.
Projecto 37
Tratamento das Úlceras de Pressão
Mobilidade
Os utentes devem realizar caminhas a
pé de modo a estimular a circulação
sanguínea, caso a mobilidade esteja
prejudicada e os utentes se encontram
acamados devem frequentemente
alterar os decúbitos. A pele deve ser
observada diariamente de modo a
verificar a existência de úlceras de
pressão/ eritemas não branqueáveis
nestas situações deve-se
aplicar vitamina A ou óxido de zinco e
fazer a massagem das zonas de pressão.
Higiene/ Hidratação
A higiene diária é importante sendo
uma altura em que é possível verificar a
integridade cutânea, aproveitando o
momento para aplicar um produto
hidratante.
Análise: Com a realização do projecto senti necessidade de colocar este
objectivo, sendo este um objectivo que diariamente é “realizado” pelos profissionais de
saúde, ou seja, é um objectivo que está direccionado para a prevenção que deve ser feita
aos utentes que desenvolveram Úlceras de pressão e aos que não tem mas podem vir a
desenvolver. Foi um objectivo que tive alguma dificuldade a desenvolver isto porque
em questão de pesquisa bibliográfica não foi fácil encontrar informação. No entanto o
objectivo foi desenvolvido no prazo estipulado inicialmente.
Projecto 38
Tratamento das Úlceras de Pressão
7.ACTIVIDADES
• Sensibilizar para a importância da implementação de um protocolo para
o tratamento das Úlceras de Pressão consoante a sua classificação, no
serviço onde estou a realizar o respectivo ensino clínico;
Recursos:
- Material: Livros, Revistas e Internet.
BOLANDER, V. Enfermagem Fundamental, abordagem psicofisiológica .
Lusodidacta; Lisboa; 1994; ISBN: 972-96610-6-5
MORISON, Moya, Prevenção e Tratamento das Úlceras de Pressão, Lusociência,
Loures; 2001; ISBN: 972-8383-68-1
Apontamentos das aulas da Enf.ª Kátia Furtado
- Humano: Enfermeiros do Serviço.
Com a realização deste projecto tive a possibilidade de perceber a importância
da existência de um protocolo para o tratamento das úlceras de pressão, isto pelas
características do serviço que recebe na sua maioria utentes idosos que são um alvo no
desenvolvimento das úlceras de pressão.
Deste modo em primeiro lugar, o enfermeiro deve tentar controlar os factores
contribuintes para o aparecimento das úlceras através da prevenção. É certo que nos
serviços de medicina, onde se tratam muitas vezes doentes crónicos, acamados por
longos períodos, é difícil fazer-se a prevenção na totalidade, uma das principais medidas
é a utilização de colchões anti escaras com mais frequência.
Projecto 39
Tratamento das Úlceras de Pressão
Outro ponto essencial é o apoio ao utente com úlceras de pressão que muitas vezes
fica um pouco comprometido. É certo que os recursos humanos, no que diz respeito ao
número de enfermeiros a trabalhar por enfermaria, são escassos, e que muitas vezes
estes se encontram sobrecarregados de trabalho, mas não deveria ser este também um
aspecto onde se deveria apostar mais?
Outro cariz de maior importância são os conhecimentos científicos que o enfermeiro
deve ter. Este deve ser possuidor de conhecimentos que lhe permitam escolher o
tratamento mais adequado para determinada ferida. Não se pode esquecer que se tratam
pessoas e que só o facto de se estar a “tentar” escolher o penso em vez de se analisar a
ferida e estabelecer um plano de cuidados para aquele utente, se está a prolongar o
sofrimento não só físico mas psicológico. Assim o profissional de saúde deve procurar
obter todo o conhecimento científico possível dentro da sua área, procurando coordená-
lo com a prática.
Último aspecto fundamental a ter em conta é que sendo o enfermeiro possuidor de
conhecimentos científicos torna-se capaz de o transmitir aos outros, não só profissionais
de saúde, mas também ao próprio utente, fazendo deste modo educação para a saúde
contribuindo para a prevenção e tratamento das mesmas.
Contudo pode verificar que a existência de um protocolo vai possibilitar a
uniformização no tratamento de feridas, não havendo uma mudança de tratamento
consoante o enfermeiro que estivesse a fazer o penso. Alguns estudos feitos referiram
que o uso de protocolos de tratamento de feridas baseados em evidências evitaria a
mudança de pensos desnecessários
Por último o protocolo vai servir de guia de orientação para os prestadores de
cuidados - enfermeiros dando – lhes orientações sobre como agir e quais os materiais a
utilizar perante determinada úlcera de pressão.
Projecto 40
Tratamento das Úlceras de Pressão
8.CONCLUSÃO
A realização de projecto para mim foi muito importante pelo que pode adquirir mais
conhecimentos sobre o tratamento das úlceras de pressão. Os objectivos traçados para a
elaboração deste projecto foram alcançados através da pesquisa bibliográfica realizada e
com ajuda dos colegas - enfermeiros que me apoiaram durante a realização deste
projecto.
Este tema é um sério problema de enfermagem por todos os factos já referidos
anteriormente, cada vez mais o aparecimento de úlceras de pressão é mais frequente,
sendo de enorme importância a avaliação do grau de risco de cada doente para
prevenção das mesmas. A sua classificação constitui uma importante forma de
sistematização, necessária para o processo de avaliação e registo.
Deste modo verificamos que o processo de cicatrização necessita ser bem conhecido
pelos profissionais de saúde – enfermeiros, uma vez que o conhecimento do processo
fisiológico normal facilita o reconhecimento do anormal, permitindo assim identificar
problemas mais graves, assim como para seleccionar os pensos apropriados para cada
úlcera.
Os enfermeiros têm um papel muito importante no tratamento das úlceras de
pressão.
Projecto 41
Tratamento das Úlceras de Pressão
9.BIBLIOGRAFIA
⇒ BOLANDER; V. Era, Sorensen e Luckmann, Enfermagem Fundamental, 3ª Edição
em Inglês e 1ª Edição em Português. Editora Lusodidacta. ISBN 972-96610-6-5
⇒FRADA, Cussio Guia prático para a elaboração de trabalhos científicos, Editora
Microcosmos 11ª edição 2001, ISBN972-762-227-5
⇒MORISON, Moya, Prevenção e Tratamento das Úlceras de Pressão, Lusociência,
Loures; 2001; ISBN: 972-8383-68-1
⇒PHIPPS, Enfermagem Médico Cirúrgica, 6ª edição, 2003, Editora Lusociência ISBN
972-8383-65-7
⇒SCHAFFLER, Medicina Interna e Cuidados de Enfermagem, 2ª edição, 2004,
Editora Lusociência, Loures; ISBN: 972-8383-78-9
Apontamentos da Enf.ª Kátia Furtado
PUCLAS, Katia Furtado
http:/www.convatec.com (07/02/09)
http://www.gaif.net/artigos/demografia.pdf(04/02/09)
http://www.gaif.net/artigos-rev.html (04/02/09)
Projecto 42
Tratamento das Úlceras de Pressão
11.ANEXOS II
Normas realizadas por alunos do 1º
CLE da Universidade Atlântica
1. Não fique muito tempo na mesma posição
2. As pessoas que cuidam de si deverão ajudá-lo regularmente
de posição, virando-o ora para um lado, ora para outro, de
costas ou de barriga para baixo
3. Mexa com frequência os braços, as pernas e o corpo
4. Mude de posição quando de sentir dorido
5. Se for preciso, peça ajuda às pessoas que tratam de si
6. Se possível, observe as zonas do seu corpo em que há maior
risco de aparecerem escaras, como os calcanhares e as
cruzes.
7. Uma vermelhidão que não desaparece é o primeiro sinal de
uma escara
8. Se tiver zonas da pele vermelhas, mas sem feridas, ponha-
lhes pomada, de preferência com vitamina A, e faça uma
massagem suave, com as pontas dos dedos
9. Use uma almofada para diminuir a pressão do seu corpo
sobre a cama ou a cadeira
10. As pessoas que cuidam de si deverão pôr almofadas nos
sít ios onde está mais sujeito a fazer escaras
Projecto 44
Tratamento das Úlceras de Pressão
11.Procure manter as almofadas numa posição em que se sinta
cómodo
12.Peça ajuda quando não se sentir confortável
13.Se tem de ficar mais de duas horas na mesma posição,
prefira estar semi-sentado, em vez de completamente
sentado. Assim, distribui melhor o seu peso sobre a cadeira
ou a cama
14.Evite escorregar na cama ou na cadeira
15.A fricção do seu corpo contra o lençol ou a almofada pode
ferir a pele e provocar escaras
16.As almofadas evitam que escorregue para os pés da cama
17.Para mudar de posição, levante-se l igeiramente em vez de
se deixar escorregar
PROCEDIMENTOS JUSTIFICAÇÃO
1. Ensino ao utente acerca dos procedimentos que irão ser efectuados e precisar quais os momentos em que a sua participação será solicitada.
12.13.É IMPORTANTE QUE O UTENTE ESTEJA ESCLARECIDO ACERCA DAS INTERVENÇÕES QUE LHE SÃO EFECTUADAS, O QUE PODE PROMOVER, SE POSSÍVEL, A SUA COLABORAÇÃO.
2. Lavar as mãos com sabão neutro ou solução neutra.
Para prevenir infecções cruzadas.
3. Colocar o utente numa posição que lhe seja confortável e que permita um fácil acesso à úlcera.
Facilitar a execução do procedimento ao profissional e proporcionar o bem-estar do utente.
4. Preconizar a privacidade do utente, expondo unicamente a região onde serão prestados os cuidados.
É fundamental que o utente se sinta confortável e sem constrangimentos.
Projecto 45
Tratamento das Úlceras de Pressão
5. Se necessário colocar uma fonte suplementar de luz.
Criar as condições mais favoráveis para a execução das técnicas.
6. Verificar previamente os registos do utente, afim de planear os cuidados de forma a permitir a realização dos procedimentos correctamente. Valorizar os registos referentes à dor e ponderar administração de antiálgicos.
Permite um melhor acompanhamento e o desempenho dos cuidados, de forma adequada e personalizada.
7. Preparar o material necessário, numa mesa ou local de apoio. Nesta fase, deixar todo o material esterilizado e não esterilizado necessário preparado.
Ter o material completamente organizado e agrupado ajuda o profissional na execução do procedimento.
8. Colocar um resguardo de protecção.O local da intervenção deve estar apoiado num local limpo, para evitar a contaminação e manter o local de trabalho limpo.
9. Calçar as luvas limpas e vestir avental (descartáveis) para retirar o penso e expor o local da lesão.
Desta forma são respeitados os princípios de assepsia e o risco de infecção fica diminuído.
10.Avaliar o estadio da UP.
O estadio em que se encontra a lesão vai condicionar o tratamento da mesma. Assim quanto melhor a avaliação mais objectivo se tornará o nosso procedimento.
11. Lavagem das mãos. Calçar luvas esterilizadas.
Respeitar os princípios de assepsia e de protecção.
Projecto 46
Tratamento das Úlceras de Pressão
12.Limpar a solução de continuidade com compressas esterilizadas humedecidas em soro fisiológico, evitando friccionar e pressionar a ferida.
Limpar a ferida com uma solução de limpeza permite remover microorganismos, assim como parte de tecidos que dificultam a cicatrização.
13. Observar e descrever o estado da pele que circunda a lesão.
A pele que circunda a lesão é um indicador do estado de evolução da ferida. É importante intervir no sentido de manter e/ou melhorar o seu estado.
14. Seleccionar o penso em função do estado da lesão ou da fase de cicatrização, de forma a permitir uma evolução da cicatrização da UP.
O penso seleccionado e adequado à lesão é o
principal factor para uma boa evolução. Desta forma
é importante garantir a protecção da UP de
agressões externas físicas, químicas e bacterianas.
15. Aplicar penso de protecção. È importante proteger a região para evitar novas
lesões.
16. Valorizar a dor expressa pelo utente, no decorrer do tratamento da lesão. Avaliar e registar a intensidade da dor (5º Sinal Vital) através de uma escala.
É uma forma de minimizar o desconforto do utente e de
forma consciente automatizar e melhorar a
intervenção.
Projecto 47
Tratamento das Úlceras de Pressão
14.ANEXO III
Material de tratamento das Úlceras de Pressão
Projecto 48
Tratamento das Úlceras de Pressão
Quadro 1: Material utilizado para o tratamento de feridas consoante o seu estadío
SOLUÇÃO ACÇÕES CONSIDERAÇÕES
ACIDO ACÉTICO Efectivo contra Pseudomonas Altera cor do exsudado o que
Projecto
MATERIAL ADEQUADO AO TRATAMENTO DAS ÚLCERAS
Grau
Caracterização
Grau I Grau II Grau III Grau IV
PROTECÇÃO Hidrocolóides
EPITELIZAÇÃO
Hidrocolóides
Pastas hidrocolóides
INFECÇÃO
(NÃO TERAPÊUTICA)Álginato de cálcio
Carvão activado
Álginato de cálcio
Carvão activado
Tiras de álginato de cálcio
Carvão activado
GRANULAÇÃO
Hidrocoloiides
Pasta hidrocolóide
Hidrocelulares Álginato de cálcio
NECROSE SECA
Hidrogel
Hidrocolóides
Hidrogel
Pasta Hidrocolóide
NECROSE HÚMIDA
Hidrogel
Hidrocolóides
Álginato de cálcio
Hidrogel
Hidrocelulares
Pó e Pasta Hidrocolóide
EXSUDADAS
Álginato de cálcio
Hidrocelulares
Álginato de cálcio
Hidrocelulares
Hidrocolóides
Tiras de álginato de cálcio
PROFUNDAS
Álginato de cálcio
Hidrocelulares
Hidrocolóides
Tiras de álginato de cálcio
SINUOSAS
Álginato de cálcio
49
Tratamento das Úlceras de Pressão
aeruginosa em feridas superficiais
pode induzir no erro de supor eliminação da infecção.
PERÓXIDO DE HIDROGÉNIO Acção efervescente causa limpeza mecânica e algum desbridamento.
Pode causar ulceração do tecido neoformado. Não irrigar com muita pressão.
PREPARAÇÕES DE POLIVIDONA IODADA.
Eficácia de largo espectro quando em pele intacta ou feridas limpas de pequenas dimensões.
Nem sempre é efectiva em feridas infectadas. Uso continuado pode causar sensibilização ao iodo.
HIPOCLORITO DE SÓDIO Eficaz contra estafilococos e estreptococos. Dissolve tecido necrótico.Controla o odor.
Necessidade de proteger pele circundante intacta par prevenir lesões.
Quadro 2: Soluções utilizadas na limpeza de feridas.
Projecto 50
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