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2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Localizada no litoral norte do Estado de Santa Catarina, a Baía de Babitonga é umasa
das principais formações estuarinas do Sul do Brasil. Formada entre o continente e a Ilha de
São Francisco, a baía possui uma lâmina d'água com extensão de 154 km2.
O complexo hídrico da Baía de Babitonga, com 1.400 km2, abrange parte dos
municípios de Joinville, São Francisco do Sul, Garuva, Araquari e Itapoá. A cidade de
Joinville, localizada às margens da Baía da Babitonga, é o maior aglomerado urbano da
região, com uma população de, aproximadamente, 412.000 habitantes. Outro destaque da
Baía da Babitonga é o Porto de São Francisco do Sul, importante pólo viário da região.
2.1. Uso do Solo
O uso do solo na região da Baía da Babitonga é caracterizado pela existência de grandes
áreas de florestas nativas remanescentes, mescladas com áreas alteradas pela ação antrópica.
Tabela 2 – Uso do solo do complexo hídrico da Baia da Babitonga
Natural Km2 % Floresta Atlântica 657 52,6 Mangue 80 6,4 Campos de altitude 26 2,1 Antrópico Km2 % Agropecuária 381 20,4 Uso Urbano 85 6,8 Reflorestamento 21 1,7
Fonte: Departamento de Geografia da UNIVILLE (2005).
A bacia hidrográfica da Baía da Babitonga possui 61,1 % de sua área coberta pela
vegetação natural, representada pela Floresta Atlântica, pelos manguezais e pelos campos de
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altitude. As maiores frações de Floresta Atlântica existentes estão concentradas nas encostas
da Serra do Mar e na região do planalto, desde a Serra do Quiriri, até a região do Rio do Júlio,
totalizando 657 km². Os manguezais ocorrem nas bordas da baía, num total de 80 km², com
destaque para os maciços localizados na região dos rios Palmital e Cubatão. Os campos de
altitude, como o nome já diz, ocorrem nos locais mais altos da região, em áreas que somam 26
km². Destacam-se os campos de altitude da Serra do Quiriri e da Serra Queimada. Esses
campos são utilizados para criação de bovinos. As áreas alteradas pelo uso antrópico estão
localizadas na planície costeira, estendendo-se pelos fundos dos vales em direção à serra. As
áreas alteradas pelo homem somam 487 km², representando 38,9% da área do complexo
hídrico da Baía da Babitonga. As áreas urbanizadas ocupam 85 km² (6,8%), com destaque
para a cidade de Joinville, localizada, quase que totalmente, na bacia do Rio Cachoeira, às
margens da baía. As áreas de uso agropecuário ocupam um total de 381 km² e concentraM-se
principalmente no continente, nas Bacias hidrográficas dos rios Cubatão e Palmital, onde são
desenvolvidas a pecuária e a horticultura, dentre outras atividades. As áreas de
reflorestamentos comerciais, principalmente de pinus, ocupam 21 km², destacando-se os
reflorestamentos localizados na bacia do rio Cubatão, no alto da Serra Dona Francisca, e na
região do Paranaguamirim.
Analisando-se o uso atual do solo na região, em comparação com a aptidão de uso dos
diversos setores que compõem o complexo hídrico da Baía da Babitonga, podem ser
identificados vários conflitos de uso. Na área urbanizada, o avanço da ocupação sobre os
manguezais, encostas dos morros e fundos de vales são os principais problemas. Na zona
rural, os principais conflitos de uso são verificados nas encostas da serra e margens de rios,
ocupados pela atividade agropecuária.
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2.1.1. Pedologia
• Combinado
Estes solos apresentam certo grau de evolução do horizonte B, porém, não o suficiente
para alterar completamente minerais primários de fácil intemperização (B incipiente). Não
possuem acumulação suficiente de argila iluvial que permita classificá-los como solos com
horizonte B textural. Muitas vezes, apresentam características morfológicas e mesmo
químicas similares às dos Latossolos, porém, deles diferenciam-se por apresentarem altos
teores de silte em relação à argila e/ou maior proporção de minerais primários facilmente
intemperizáveis
• Cambissolo Álico
Os Cambissolos dos depósitos aluviais antigos, normalmente ocorrem sob relevo plano
ou suave ondulado, mas com algum impedimento de drenagem que dificulta lixiviação e
intemperização maiores. Os Cambissolos, assim como os Podzólicos, constituem-se num
grupo bastante heterogêneo em termos de ambiente, embora apresentem uma relativa
uniformidade morfológica.
Os materiais de origem de muitos destes Cambissolos são rochas pelíticas, ricas em
potássio e freqüentemente em manganês, mas muito pobres em cálcio, magnésio, fósforo,
entre outros. Muitos possuem vegetação campestre e, em períodos secos, tem facilidade de
encrostamento por conta dos altos teores de silte. Na região, os Cambissolos ocorrem
associados aos Podzólicos Vermelho-Amarelos e aos Litólicos, principalmente.
Sob condições subtropicais, estes solos têm altos teores de matéria orgânica, possuem
caracteristicamente altos teores de Al3+ , muita vermiculita aluminizada e ocorrem em relevo
bem suave, não se distinguindo muito, neste aspecto, dos Latossolos, que lhes são associados.
28
• Cambissolo Húmico Álico
Nas partes mais elevadas e úmidas ocorrem esses Cambissolos gibsíticos originados de
rochas gnáissicas. Neste caso, os teores de matéria orgânica são maiores e as perdas por
lixiviação também. A própria gênese da gibsita requer um ambiente com intensa lixiviação.
• Podzólico
Formam uma classe bem heterogênea, que tem em comum um aumento substancial no
teor de argila com profundidade e/ou evidências de movimentação de argila do horizonte A
para o horizonte B, expressas na forma de cerosidade ou cutãs. Podem ser eutróficos,
distróficos ou álicos, muito arenosos ou muito argilosos; e as transições de textura entre os
horizontes A e B podem ser bruscas ou mais graduais; as espessuras dos horizontes podem
também variar e, além disto, a atividade da fração argila pode ser alta ou baixa, o que é mais
comum, confundindo-se, freqüentemente, neste aspecto, com aquela dos Latossolos. Os
Podzólicos, mais que os Latossolos, tendem a ter menor perda de nutrientes por lixiviação e a
sofrerem perdas mais drásticas de partículas de solo com pequeno.
• Podzólico Vermelho-Amarelo Latossólico Álico
Ligados aos platôs litorâneos, são bons exemplos de conservação dos nutrientes da
vegetação original por um período longo. Mais profundos, com menor diferenciação de
horizontes e usualmente com menor gradiente textural que os Podzólicos Vermelho-Amarelos
típicos. Apresentam baixa fertilidade natural, com baixos teores de bases trocáveis e teores de
alumínio em níveis prejudiciais às plantas. O relevo dominante é forte ondulado, com altitude
variando entre 15 e 100m.
• Podzólico Vermelho-Amarelo Álico
A identificação dos horizontes é relativamente fácil. Possuem características
morfológicas heterogêneas, devido às diferenças de cor, textura e estrutura, entre os
horizontes, dentro do mesmo perfil. Situam-se em relevo ondulado a forte ondulado. São
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solos pesados, com argila de baixa atividade e teores significativos de alumínio trocável. Na
região ocorrem em altitudes maiores que 100m.
• Podzol
São bastante arenosos, com acúmulo de uma camada mais espessa e rica em matéria
orgânica. A maior concentração desses solos estão ao longo das restingas, associados à Areias
Quartzosas. A presença de solos arenosos, praticamente sem material mais fino como silte e
argila, muito pobres e com lençol freático elevado, está relacionada com águas escuras e pH
muito baixo. Apresenta acúmulo iluvial de material orgânico e óxido de alumínio. É formado
a partir de material essencialmente arenoso. Os compostos iluviados agem como cimentantes,
conferindo diversos graus de dureza, chegando a ser impermeável (ortsein).
• Podzol Hidromórfico Álico
Difere do Podzol Álico por terem sido formados na presença de água, ou seja, com
deficiência de oxigênio. Ambos são muito mal drenados, ácidos, com teores extremamente
baixos de nutrientes disponíveis e altos teores de Al+3.
• Gleissolo Distrófico
Ocupam, geralmente, as partes depressionais da paisagem e, como tal, estão
normalmente sujeitos a inundações. Apresentam espessa camada escura de matéria orgânica
mal decomposta (quando húmicos) sobre camada acinzentada (gleisada, 60 cm da superfície).
Devido ao ambiente de oxi-redução, muitos elementos tornam-se solúveis, podendo atingir,
inclusive, níveis tóxicos. São distróficos ou álicos com argila de baixa atividade, baixa
fertilidade natural e textura argilosa a muito argilosa. O uso com pastagem natural e com
cultura de arroz irrigado são os mais comuns. Na unidade geomorfológica planícies litorâneas,
estes solos estão desenvolvidos sobre sedimentos do Quaternário.
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• Gleissolo Distrófico
Ocupam, geralmente, as partes depressionais da paisagem e, como tal, estão
normalmente sujeitos a inundações. Apresentam espessa camada escura de matéria orgânica
mal decomposta (quando húmicos) sobre camada acinzentada (gleisada, 60 cm da superfície).
Devido ao ambiente de oxi-redução, muitos elementos tornam-se solúveis, podendo atingir,
inclusive, níveis tóxicos. São distróficos ou álicos com argila de baixa atividade, baixa
fertilidade natural e textura argilosa a muito argilosa. O uso com pastagem natural e com
cultura de arroz irrigado são os mais comuns. Na unidade geomorfológica planícies litorâneas,
estes solos estão desenvolvidos sobre sedimentos do Quaternário.
• Solos Orgânicos Álicos
Compreende solos hidromórficos, de coloração preta ou cinzenta muito escura,
essencialmente orgânicos, pouco evoluídos, resultantes de depósitos de restos vegetais em
grau variável de decomposição, em ambiente mal a muito mal drenado. São desenvolvidos
sobre sedimentos paludais ou lacustres do holoceno, em áreas planas, sujeitas a inundações
freqüentes, com lençol freático próximo a superfície durante todo o ano. Caracteriza-se por
possuir alta capacidade de troca de cátions e baixa densidade aparente em conseqüência dos
altos teores de matéria orgânica.
• Solos Indiscriminados de Mangue
Podem ser considerados mais tipo de terreno do que de solos. São predominantes em
condições de halomorfismo e de alagamento. Estão situados nas áreas mais baixas, perto da
foz dos rios, com influência do movimento das marés. Possuem granulometria fina nos
horizontes superficiais, com alto teor de matéria orgânica. A presença de sais elevam o pH,
tornando esses solos bastante alcalinos.
• Areias Quartzosas
Compreendem solos arenosos, com distribuição granulométrica que os enquadra nas
classes texturais areia e areia franca, e seqüência de horizontes A-C, apresentam teores muito
baixos de matéria orgânica e de nutrientes, sendo dominados mineralogicamente pelo quartzo,
não tendo, portanto, reserva mineral para as plantas. Ocorrem nas áreas de deposição marinha,
ao longo da costa.
As características aqui indicadas, estão dispostas na Figura 4 , a seguir.
Fig
Fo
PVLA
C
CA
LE
31ura 4 – Características dos solos da região.
nte: Departamento de Geografia da UNIVILLE
RA
PVA
A
GENDA
Cambissolo Eutrófico
Podzólico Vermelho Amarelo Latossólico Álico
Podzólico Vermelho Amarelo Álico
Podzol Álico
Cambissolo Húmico Álico
Litólico Álico
Gleissolo Distrófico
Solos Orgânicos Álicos
Podzol Hidromórfico Álico
Solos Indiscriminados de Mangues
Areias Quartzosas Marinhas Álicas
Areias de Praias
Afloramentos de Rochas
CE
PVLA
PVA
PA
CHA
RA
GD
HOA
HPA
SM
AMA
AP
AR
Cambissolo ÁlicoCA
Já existe uma nova nomenclatura (CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE SOLOS -EMBRAPA-CNPS, 1999) para designar as classes de solos. Esta dá ênfase às características principais dos tipos pedológicos, contudo a nomenclatura aqui utilizada não deixa de colocar, explicitamente, os aspectos marcantes capazes de definir os tipos de solo. Numa nova edição já teremos as classes de solo colocadas de acordo com a atual nomenclatura.
32
2.1.2 Hipsometria
A Baía de Babitonga está inserida na Planície Costeira, ou Planície Quaternária,
formada pela sedimentação flúvio-marinha. Nesta área plana, que ocupa uma faixa de
aproximadamente 35 km de largura, encontram-se rios meandrantes, depósitos de seixos
rolados e areia, manguezais e terraços arenosos - restingas. A altitude na planície varia desde
o nível do mar, até a cota aproximada de 50 metros de altitude.
O relevo é predominantemente plano, podendo ser suave ondulado, com declividade
inferior a 20%, o que proporcionou o uso intensivo do solo. Na planície estão instalados os
centros urbanos e as áreas agrícolas da região.
Destacados na planície encontram-se também serras e morros isolados, como por
exemplo a Serra da Tiririca, em Itapoá, os morros Cantagalo e Pão de Açúcar em São
Francisco do Sul, que ultrapassam 600 metros de altitude, e os morros do Boa Vista e Iririú
em Joinville, com mais de 200 metros de altitude.
Ocorre também na planície uma formação conhecida como "mar de morros",
composta por um conjunto de pequenos morros agrupados, formando um setor com relevo
ondulado a forte ondulado ( 8 a 45 % de declividade).
A planície estende-se, para oeste, até ser interceptada pela Serra do Mar. Na base da
serra existem áreas de depósitos de tálus (material oriundo do deslizamento das encostas),
onde o relevo é forte ondulado, com declividade normalmente entre 20 a 45 %. Esses
33
depósitos podem atingir altitude de 300 metros e são compostos por blocos de rocha de
diversos tamanhos envoltos por material intemperizado.
As encostas da vertente leste da serra apresentam relevo predominantemente escarpado,
com declividade acima de 75%, marcada por cristas e vales encaixados, por onde descem os
rios encachoeirados. A formação é rochosa, compostas pelos embasamentos existentes na
região, tais como o gnaisse e o granito. Nas escarpas ocorrem freqüentes deslizamentos, com
exposição da rocha matriz.
A Serra do Mar tem presença marcante na região, devido à sua proximidade ao litoral e
suas grandes altitudes, conforme a tabela 3, a seguir.
Tabela 3 - Pontos culminantes da região
Serra Altitude Serra do Quiriri 1.538 m Serra Queimada 1.325 m Serra da Tromba 967 m Pico Jura PG 1.149 m Fonte: Departamento de Geografia da UNIVLLLE (2005)
A planície estende-se, para oeste, até ser interceptada pela Serra do Mar. Na base da
serra existem áreas de depósitos de tálus (material oriundo do deslizamento das encostas),
onde o relevo é forte ondulado, com declividade normalmente entre 20 a 45 %. Esses
depósitos podem atingir altitude de 300 metros e são compostos por blocos de rocha de
diversos tamanhos envoltos por material intemperizado.
As encostas da vertente leste da serra, apresentam relevo predominantemente escarpado,
com declividade acima de 75%, marcado por cristas e vales encaixados, por onde descem os
rios encachoeirados. A formação é rochosa, compostas pelos embasamentos existentes na
região, tais como o gnaisse e o granito. Nas escarpas ocorrem freqüentes deslizamentos, com
exposição da rocha matriz.
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A Serra do Mar tem presença marcante na região, devido à sua proximidade ao litoral e
suas grandes altitudes.
A Baía de Babitonga está inserida na Planície Costeira, ou Planície Quaternária,
formada pela sedimentação flúvio-marinha. Nesta área plana, que ocupa uma faixa de
aproximadamente 35 km de largura, encontram-se rios meandrantes, depósitos de seixos
rolados e areia, manguezais e terraços arenosos - restingas. A altitude na planície varia desde
o nível do mar, até a cota aproximada de 50 metros de altitude.
O relevo é predominantemente plano, podendo ser suave ondulado, com declividade
inferior a 20%, o que proporcionou o uso intensivo do solo. Na planície estão instalados os
centros urbanos e as áreas agrícolas da região.
Destacados na planície encontram-se também serras e morros isolados, como por
exemplo, a Serra da Tiririca, em Itapoá, os morros Cantagalo e Pão de Açúcar em São
Francisco do Sul, que ultrapassam 600 metros de altitude, e os morros do Boa Vista e Iririú
em Joinville, com mais de 200 metros de altitude. Ocorre também na planície uma formação
conhecida como "Mar de Morros", composta por um conjunto de pequenos morros agrupados,
formando um setor com relevo ondulado a forte ondulado (8 a 45 % de declividade).
Figura 5 – Perfil esquemático do relevo.
Fonte: Departamento de Geografia da UNIVILLE
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2.2. Hidrografia
A Baía da Babitonga, com lâmina d´água de 153,7 km², é a mais importante formação
de águas marinhas interiores do litoral norte de Santa Catarina, ligando-se ao Oceano
Atlântico através de uma barra principal ao norte, com abertura de 1.850 metros, entre a Praia
Figueira do Pontal (Itapoá) e a Praia de Capri (São Francisco do Sul). A baía possuía uma
segunda ligação com o oceano, através do Canal do Linguado e da Barra do Sul, ligação esta
que foi interrompida com o aterro do canal, em 1935 , para facilitar a ligação viária entre a
Ilha de São Francisco e o continente.
O acesso hidroviário a Joinville ocorreu com intensidade até meados da década de 70,
para transporte de cargas e passageiros. Atualmente, com o assoreamento do Rio Cachoeira e
da Lagoa de Saguaçu, o trânsito de embarcações de grande porte no local está impossibilitado.
O complexo hídrico da Baía da Babitonga abrange uma área total de 1.400 km² e é
composto pelas bacias hidrográficas do Rio Cubatão, Rio Palmital, Rio Cachoeira e Rio
Parati, além de outras pequenas sub-bacias que deságuam diretamente na Baía da Babitonga e
Lagoa de Saguaçu.
Esse complexo atinge parcialmente 6 municípios (Joinville, São Francisco do Sul,
Garuva, Araquari, Itapoá e Barra do Sul), e sua grande extensão territorial também pode ser
observada pela diversidade ambiental existente na área. Com nascentes no alto das serras,
entre campos de altitude e matas de galeria, os rios descem as encostas da Serra do Mar, e
atingem a planície quaternária, protegidos pela densa Floresta Atlântica, até desaguar na Baía
da Babitonga, passando pela região dos manguezais.
2.2.1. Recursos hídricos subterrâneos
Os recursos hídricos subterrâneos são aqueles que se acumulam no solo ou nas rochas.
A água que infiltra no solo é, em grande parte, proveniente da água da chuva (figura 6). A
água próxima da superfície é denominada lençol freático e, devido a esta proximidade, sofre
36
influência direta da precipitação pluviométrica e de outras fontes de poluição, como por
exemplo os esgotos domésticos, os aterros sanitários etc.
• AQÜÍFERO SEDIMENTAR
As águas subterrâneas mais profundas formam os chamados aqüíferos e dependendo da
litologia da região este aqüífero pode ser sedimentar ou cristalino. Este último é um termo
usado para rochas ígneas e metamórficas. O fluxo da água do aqüífero sedimentar segue as
estratificações sedimentares, diferentemente do que ocorre nos aqüíferos cristalinos, onde o
fluxo segue pelas grandes fendas, fraturas e planos da rocha (figura 6).
SOL
Radiação solar
Evaporaçãodos oceanos
OCEANO
Água salinasubterrânea
Infil tração e percolação INTERFACE
Recarga
Poço
Armazenagemem lagos
Nuvens
Precipitação
Umidadeatmosférica
Uso humano
Escorrimentosuperficial
Evaporação e transpiração dasuperfície de corpos d’água,
solo e vegetação
Águasubterrânea
Total da água superficiale subterrânea escoada
para os oceanos
Figura 6 - Aqüífero sedimentar da região
Fonte: Departamento de Geografia da UNIVILLE
A água subterrânea é de grande importância para o abastecimento quando analisada em
relação ao volume total de água do planeta. De toda água existente, 97,25% é salgada 2,14%
está retida nas calotas polares e geleiras sob a forma sólida; 0,595% está no subsolo em
profundidades de até cinco mil metros; 0,009% está presente nos rios e lagos; 0,0049% está
presente nos solos e 0,00095% está disperso atmosfera sob forma de vapor.
37
A região da Baía de Babitonga possui o substrato rochoso composto por rochas ígneas e
metamórficas, do embasamento que é dividido em dois complexos de rochas: o Complexo
Granulítico de Santa Catarina e o Complexo Guaratubinha.
Estas rochas foram dobradas, falhadas, fraturadas durante 2,7 bilhões de anos ( 2,7Ba ),
permitindo a subida de magmas graníticos ao final da colisão entre o continente africano
(Complexo Garatubinha) e o continente sul-americano (Complexo Granulítico de Santa
Catarina), originando os granitos, Dona Francisca e Morro Alto. Posteriormente, estas rochas
foram soerguidas e passaram a sofrer a ação do clima, gerando materiais que vieram a se
depositar nas bacias sedimentares do Cubatão, do Cachoeira e em outras tantas pequenas
bacias hidrográficas que drenam para o Complexo Estuarino da Baía de Babitonga.
De acordo com as rochas e estruturas identificadas na porção norte/nordeste do estado, a
região da Baía de Babitonga apresenta dois tipos de aqüíferos: o freático e o cristalino.
Aqüífero freático ou sedimentar, associado à zona saturada da camada do solo e rocha
alterada e aos sedimentos recentes encontrados na área, onde estão localizados a maioria dos
poços rasos da região, com profundidade máxima é de 17 metros.
Aqüífero cristalino, associado às rochas do Complexo Granulítico de Santa Catarina,
onde estão localizados os poços profundos tubulares da região, cujas profundidades variam
entre 50 e 217 metros.
A delimitação da área de ocorrência destes dois tipos de aqüíferos, corresponde à área
de ocorrência dos sedimentos e manto de intemperismo para o aqüífero sedimentar, e das
rochas granulíticas propriamente ditas, para o aqüífero cristalino. Os aqüíferos da região tem
sido explorados através da instalação de poços rasos (freáticos) e de poços profundos
(cristalinos).
As áreas de recarga do aqüífero sedimentar são aquelas topograficamente elevadas e
com cobertura vegetal. Estas áreas foram delimitadas pelo cadastramento de 477 poços rasos
em toda a região, sendo 98 na zona rural e 379 na zona urbana da cidade de Joinville e
arredores.
As profundidades dos poços rasos mostram um predomínio entre 2,1 e 4,0 metros.
Quanto ao uso, constatou-se que 48% dos poços são utilizados para abastecimento doméstico;
38
o uso ocasional, ou seja quando há falta de água da rede, verificou-se em 17%. Houve, no
entanto, 19% de poços que não estavam sendo utilizados.
2.2.1.1. Forma de exploração
A maioria das casas (78%) dispõe de caixa d'água e bomba, enquanto 32% opera o poço
com baldes para o uso imediato, fato que por si só pode se transformar em um veículo
transmissor de doenças. sendo 98 na zona rural e 379 na zona urbana da cidade de Distâncias
dos pontos críticos.
As distâncias predominantes entre a fossa e o poço variam de 05 a 10 metros, em 35%
dos poços levantados, o que contraria as normas que determinam uma distância de 20 metros
para solo do tipo síltico argiloso.
O histórico dos poços aponta para uma variação do nível da água do poço relacionada
com a precipitação pluviométrica, desmatamentos, perfuração de poços profundos e extrações
de minerais em áreas próximas. Nos períodos de estiagem, que vem se tornando freqüentes
nos últimos trinta anos, muitas vezes se estendendo entre abril e agosto, muitas famílias vêm
passando por necessidades, utilizando água mesmo barrenta para suprir suas necessidades.
Em alguns casos os poços chegaram a secar totalmente, necessitando recarga com
caminhão pipa. A maioria dos poços, quando esgotados para limpeza, em condições normais
de chuva, exibe uma reposição do nível em média de seis horas. O nível da água dentro dos
poços varia desde o nível do terreno até um metro abaixo da superfície, na região de Joinville,
comprovando a baixa drenagem do solo da região, além do alto índice pluviométrico de cerca
de 2.000mm por ano, o que permite a recarga do aqüífero rapidamente.
Nas regiões próximas à Baía de Babitonga, onde ocorre influência da maré, é comum a
entrada da cunha salina, causando um gosto de água salobra nos poços rasos. A exploração
excessiva da água subterrânea tem levado a uma migração da cunha salina em direção ao
continente.
39
• Bacteriologia
A análise bacteriológica da água dos poços foram feitas utilizando-se a técnica de
Colilert com base nos padrões de potabilidade, descritos na portaria GM 36/MS, e tiveram o
seguinte resultado:
a) 84,7% apresentaram-se inadequados para consumo. Os microrganismos identificados
foram: Escherichia coli, Pseudomonas aeroginosas e Chromobacterium violaceum;
b) 9,4% mostraram-se adequadas para consumo, mas com restrições, ou seja,
necessitam de tratamento antes de serem utilizadas; e
c) 5,9% foram consideradas boas para consumo.
Os resultados das análises bacteriológicas acima expostos espelham a falta de
saneamento básico da região da Baía de Babitonga e a falta de orientação da comunidade
sobre a localização do poço em relação às fossas, seja em relação à sua própria residência,
seja em relação à de seus vizinhos. A maior parte dos poços está situada a menos de 10
metros das fossas, além de geralmente estar no mesmo nível topográfico.
Esta localização facilita a contaminação do poço pelo esgoto da própria residência ou
pelos seus vizinhos, se agravando nas regiões de solo arenoso. Outro fator que determina este
quadro caótico de contaminação é o fato do aqüífero freático estar muito superficial, com
profundidade média de um metro, o que condiciona um contato direto com as fossas, mesmo
que seja obedecida a distância mínima de 20 metros dos poços.
• Análise físico-química
As análises físico-químicas foram realizadas nas mesmas amostras analisadas para
bacteriologia. Os resultados foram enquadrados segundo as normas da Portaria nº 36, de 19 de
janeiro de 1990, do CONAMA. Os resultados obtidos foram, resumidamente, os seguintes:
a) Alcalinidade, cloretos, dureza, gás carbônico e manganês estão dentro das normas;
b) Cor, fluoretos, e ferro ocorreram fora dos padrões numa única amostra;
c) Oxigênio consumido, oxigênio dissolvido, turbidez e pH apresentaram resultados
fora dos padrões para 15% das amostras.
40
Os aqüíferos freáticos, reabastecidos pela infiltração direta das precipitações,
principalmente na região de Joinville, onde existem índices pluviométricos tão elevados,
podem ser mantidos, seguramente, até o limite de recarga natural.
No entanto, pela espessura delimitada do manto de intemperismo, há de se administrar o
seu bombeamento conforme o volume de recarga médio, principalmente na região sul da
cidade e nos períodos de inverno, que além do bombeamento ser menor a recarga é muito
menor em proporção do que é bombeado.
998.998.
FIGURA 2 - Aqüífero cristalino (fraturas) -Desenho adaptado de MURCK et alli, 1FIGURA 2 - Aqüífero cristalino (fraturas) -Desenho adaptado de MURCK et alli, 1
Figura 7 – Aqüífero cristalino (fraturas)Fonte: Departamento de Geografia da UNIVILLE
• AQÜÍFERO CRISTALINO
Grandes falhas e/ou fraturas regem a dinâmica do aqüífero cristalino. Mais da metade
dos poços profundos cadastrados foram perfurados nos últimos dez anos. A profundidade dos
poços profundos varia entre 80 e 120 metros. Quando o poço é bombeado, a profundidade do
nível da água é chamado de nível estático e se situa em torno de 6,5 metros. Quando o poço
profundo está sendo bombeado o nível da água dentro do poço é chamado de nível dinâmico e
este em média está na profundidade de 60,3 metros.
Em função da profundidade do nível dinâmico, o crivo da bomba possui profundidade
média de 59,0 metros.
41
Vazões superiores a 20m³/h foram encontradas em somente 2% dos poços profundos
que estão posicionados ao longo de zonas de fraturas e/ou falhas. No entanto, 63,3% dos
poços profundos apresentam vazões abaixo de 5,0m³/h, fato que denota a ausência de controle
geológico-estrutural quando da locação do poço profundo.
Vale esclarecer que poços artesianos são aqueles onde a água jorra pela diferença
depressão entre a superfície do terreno e o aqüífero, dispensando o uso de bombas.
Como na região da Baía de Babitonga é comum a ocorrência de turfas, o bombeamento
de poços profundos tem causado acomodação dos terrenos nessas áreas, causando algumas
vezes recalques de fundações das construções próximas.
O excessivo bombeamento dos poços profundos tem provocado a entrada de cunha
salina nas áreas baixas adjacentes a Baia de Babitonga. O aqüífero cristalino de Joinville
possui capacidade de complementar o suprimento de água superficial, principalmente junto as
indústrias e comércio. Há necessidade de se controlar a perfuração dos poços profundos para
evitar a interferência dos cones de depressão e, também, a entrada da cunha salina.
A locação dos poços profundos preferencialmente nos lineamentos E-W e N35-50E,
tem grandes chances de vazões superiores a 20m³/h.
Com relação a hidroquímica, foi diagnosticado para a maioria dos poços profundos as
seguintes características físico-químicas tais como: pH entre 6,0 e 8,5; nitratos se encontram
entre 0,1 e 1,0mg/l; cloretos variam conforme a influência de maré; sulfatos entre 10 e 20
mg/l; ferro total menor que 0,3mg/L; dureza moderada (50 e 150mg/l); sódio entre 5 e
15mg/l, potássio 2 a 3mg/l, magnésio 2 a 6mg/l e bicarbonatos de 30 a 80mg/l.
Estas composições refletem o pouco tempo de permanência do aqüífero fraturado e
moderado a baixa mineralização.
Tanto o aqüífero sedimentar quanto o cristalino estão sujeitos a contaminação, sendo
que no sedimentar, o grau de exposição é maior. As fontes de poluição mais freqüentes são:
esgoto doméstico, vazamentos de postos de combustíveis, cemitérios, efluentes industriais,
aterros com resíduos tóxicos e lixões.
42
2.3. Qualidade Ambiental
Choques de interesse derivados da gestão de território: as instituições públicas
competentes municipais, estaduais e federais no intuito de fiscalizar os recursos naturais,
acabam criando impasses entre si e com os interesses das atividades econômicas locais e dos
cidadãos.
A maior parte das divergências da gestão do território origina-se de questões relativas à
expansão urbana desordenada. Igualmente observa-se a atuação de forma isolada e
desarticulada dos órgãos públicos, gerando freqüentemente ações conflitantes, com sérios
prejuízos ao meio natural. Exemplos de conflitos de interesses:
• JOINVILLE
Administração Pública X Administração Pública
Ocupação de áreas de preservação permanente com a conivência dos órgãos públicos
que acabam “legalizando” invasões. Isto ocorre porque os mesmos expandem sua infra-
estrutura básica (luz, água, estradas, etc.).
Administração Pública X Turismo
Poluição do Rio Cachoeira não permite instalações de áreas de recreação e lazer em
suas margens. O Rio Cachoeira e seus afluentes são considerados como verdadeiros lixões.
Administração Pública X Cidadão
Conflitos decorrentes da proposta de implantação de hidrelétrica no rio Cubatão, com
risco de grave degradação ambiental.
Expansão urbana em áreas de preservação permanente e/ou áreas de risco.
• GARUVA
Administração Pública X Agricultura
43
Código Florestal aplicado com extremo rigor em área de Mata Atlântica inviabiliza a
ampliação das áreas das lavouras
Administração Pública X Extração Vegetal
Extração clandestina de palmito e madeira em área de Mata Atlântica
• BALNEÁRIO BARRA DO SUL
Administração Pública X Turismo
Implantação de loteamentos em áreas de Mata Atlântica
Ocupação desordenada da zona costeira
• ITAPOÁ
Administração Pública X Pesca
Falta de fiscalização junto às peixarias localizadas inadequadamente em áreas de
preservação
• SÃO FRANCISCO DO SUL
Administração Pública X Cidadão
Denúncia de poluição do rio Acaraí (praia de Enseada) por resíduos provenientes da
estação de tratamento de efluentes do terminal de petróleo, deixa a população apreensiva.
Processo de instalação de uma grande indústria siderúrgica multinacional gera polêmica
e dúvidas na comunidade
Administração Pública X Administração Pública
Área de mangue invadida com a conivência da administração pública local (praia de
Enseada) notificado pela instituição Federal.
44
Abertura de estrada para acesso ao ferry boat sobre área de mata, com aterro de rios e
destruição de mananciais que abastecem São Francisco do Sul.
Administração Pública X Cidadão
A exigência de conservação do patrimônio histórico sem a disponibilização de recursos
e investimentos em reformas de edificações antigas tombadas, gera conflitos, pois os
proprietários estão impedidos de realizar obras de recuperação de imóveis alterando os
projetos originais.
Administração Pública X Turismo Comércio/Prestação de Serviços (Porto)
Conflitos fundiários ligados a loteamentos irregulares, com duplicidade de registro
(Praia Grande).
Administração Pública X Indústria
- Indústrias são prejudicadas devido às quedas no fornecimento de energia elétrica.
- Falta de saneamento básico.
- Aqui há poluição de rios através do lançamento de esgoto.
- Água não disponível para a indústria.
2.3.1 Qualidade da água
O monitoramento realizado através do Projeto FATMA/GTZ para caracterizar a
qualidade das águas compreende, entre outros, a análise da DBO5 (Demanda Bioquímica de
Oxigênio de 5 dias), a DQO (Demanda Química de Oxigênio), Coliformes Fecais e
Toxicidade.
DBO e DQO são parâmetros de fundamental importância na caracterização do grau de
poluição de um corpo d'água por matéria orgânica e inorgânica quimicamente oxidável,
proveniente principalmente de esgotos domésticos, efluentes industriais e dejetos animais.
Quanto maior o grau de poluição, maior a DBO e a DQO. A DBO e a DQO são medidas da
45
quantidade de oxigênio consumido na degradação da matéria orgânica através de processos
biológicos e químicos respectivamente. Por isso, altos teores de matéria orgânica levam a
uma redução ou até mesmo a ausência de oxigênio, provocando assim uma diminuição ou o
desaparecimento de formas de vida aquática dependentes de oxigênio (organismos
aerobióticos, p.ex peixes)
O parâmetro "coliformes fecais" é utilizado como indicador de poluição por matéria
orgânica de origem animal. Os coliformes são bactérias do grupo coli encontradas no trato
intestinal de animais e homens. Cada pessoa, por exemplo, elimina aproximadamente de 100
- 400 bilhões de coliformes por dia. Embora esses organismos não sejam patogênicos sua
presença inclui também a possibilidade da existência de microrganismos responsáveis pela
transmissão de doenças.
A qualidade dos recursos hídricos monitorados na Bacia Hidrográfica da Baía da
Babitonga é, de modo geral, alarmante. Na área urbana de Joinville as águas já atingem um
nível crítico de poluição, refletindo-se em rios biologicamente quase mortos. Na área rural a
contaminação dos rios já é preocupante. Este quadro gera uma situação conflituosa no
sentido que, numa região com grande potencial hídrico, as águas estão sendo usadas
inadequadamente, priorizando-as como corpos receptores de rejeitos de origem antrópica,
consequentemente ameaçando usos vitais, como por exemplo, o suprimento de água própria
para o consumo humano, dessedentação de animais e produção de alimentos. Além do
aspecto estético de um rio visualmente sujo e fétido, como por exemplo, o Rio Cachoeira.
Outro ponto a ser considerado é seu potencial como fonte de doenças.
O panorama atual dos recursos hídricos da Bacia Hidrográfica da Baía da Babitonga é
conseqüência da falta de um sistema de gerenciamento que regule e garanta seus usos
múltiplos e sustentáveis.
Toxicidade é a medida dos efeitos nocivos e do potencial tóxico de substâncias
químicas. Essas chegam aos rios, principalmente, através de efluentes industriais e do
lixiviamento de agroquímicos.
Os efeitos só podem ser identificados por matéria viva, isto é, p. ex. por plantas e
animais ou por partes deles (p. ex. células). Por isso, a toxicidade é avaliada através de testes
biológicos com organismos indicadores (bioindicadores), que respondem a todas as
46
intervenções e perturbações diretas e indiretas, causadas por substâncias nocivas, com reações
específicas em cada espécie. Isto inclui também, as substâncias que surgem a partir de
interações entre elas e não são detectadas pela análise química.
Os testes biológicos também são chamados de testes ecotoxicológicos, biotestes ou
bioensaios.
47
DQO 0 - 20 mg/lDQO 20 - 30 mg/lDQO 30 - 60 mg/lDQO 60 - 100 mg/lDQO > 100 mg/lTrecho não analisadoLimite de sub-bacias
DQO 0 - 20 mg/lDQO 20 - 30 mg/lDQO 30 - 60 mg/lDQO 60 - 100 mg/lDQO > 100 mg/lTrecho não analisadoLimite de sub-bacias
O rio Cachoeira e seus afluentes são altamente poluídos. Os valores de DBO encontra-
se em quase todos os trechos muito acima dos padrões estabelecidos. A DQO mostra
igualmente altos valores, variando entre 60 e >100mg/L. As concentrações mais altas foram
registradas na área do Distrito Industrial Norte e nos rios Morro Alto e Matias, que deságuam
o centro de Joinville com o maior conglomerado de pequenas indústrias e comércio. Embora
48
não haja padrões definidos de DQO na legislação brasileira, índices internacionais definem
para rios moderadamente poluídos um valor de até 15mg/L de DQO. O Cachoeira e seus
afluentes também estão altamente contaminados por coliformes fecais, atingindo níveis
máximos no centro e bairros vizinhos, onde há maior concentração de prédios e residências.
Essa área corresponde exatamente àquela servida pela rede de esgoto, demonstrando o
pequeno número de ligações na rede. Além disso, todos os rios apresentam toxicidade, com
exceção do afluente Itaúm-açú que percorre uma região sem atividades industriais. A maior
contaminação por agentes tóxicos concentra-se no curso superior do Cachoeira, na região do
principal pólo industrial do município.
Este quadro da bacia do rio Cachoeira mostra, de um lado, claramente, através dos
parâmetros DBO5 e coliformes fecais, a grande deficiência do sistema de saneamento básico
no município. De outro lado, os altos valores de DQO e toxicidade indicam a ineficiência ou
até mesmo a ausência de estações de tratamento de efluentes industriais, principalmente
provenientes dos setores de galvanoplastia, têxtil, farmacêutico e metal mecânico. Desta
forma o uso dessas águas, previsto pela legislação, não é possível.
No rio Cubatão, da Serra até a foz, incluindo o Canal do Cubatão, não foram registradas
concentrações de DBO5 fora dos limites legais. Porém, os valores da DQO dão os primeiros
sinais de uma leve poluição, que vai aumentando consideravelmente no leito antigo, a medida
que se aproxima da área urbana. Através do rio do Braço e seus afluentes, importantes corpos
receptores do pólo industrial do Norte de Joinville, o Cubatão também recebe uma carga
considerável de poluentes. Por outro lado suas águas estão comprometidas por coliformes
fecais provenientes de esgotos domésticos e dejetos animais.
Referente ao parâmetro toxicidade, o Cubatão não mostra efeitos nocivos até o ponto
em que recebe as águas tóxicas do rio do Braço.
Os rios da área rural entre Joinville e Garuva, Pirabeiraba, Bonito, Sete Voltas e da
Onça são contaminados por substâncias químicas que causam um aumento da DQO e
provocam efeitos tóxicos. Como estes rios não recebem efluentes industriais, a origem dessas
substâncias deve ser proveniente das atividades agrícolas, principalmente da rizicultura, onde
são aplicadas grandes quantidades de agrotóxicos. Embora os valores da DBO5 estejam
dentro do limite legal, a concentração de coliformes fecais demonstra poluição desses rios por
49
esgotos domésticos e/ou dejetos animais. Sendo o Sete Voltas e o curso inferior do
Pirabeiraba os mais afetados.
As leis em vigor não impedem que muitos recursos hídricos em Santa Catarina, como
também em todo o país, sejam usados em desacordo com os critérios estabelecidos. Isto
levou a uma considerável poluição e conseqüentemente aos conflitos de uso.
Em Santa Catarina uma das regiões mais comprometidas é a bacia hidrográfica da Baía
da Babitonga com os municípios de São Francisco do Sul, Araquari, Garuva e Joinville, o
maior e mais industrializado do estado.
Para quantificar e avaliar o comprometimento dos recursos hídricos desta região e em
virtude da escassez e confiabilidade dos dados existentes a Fundação do Meio Ambiente do
Estado (FATMA), e a Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ), atuando na bacia
hidrográfica da Babitonga desde 1994, iniciaram em 1997 um programa de monitoramento
em rios representativos da região.
Na área urbana de Joinville foram selecionados o rio Cachoeira e seus afluentes Bom
Retiro, Morro Alto, Matias, Jaguarão, Bucarein, Itaum-açu e Itaum-mirim. Na área rural os
rios Pirabeiraba, Sete Voltas, Bonito e da Onça e na transição entre estas duas os rios
Cubatão e do Braço. O rio Cachoeira tem apenas 14 km de extensão e deságua na Lagoa
Saguaçu da Baía da Babitonga. O Cachoeira drena uma área de aproximadamente 85 km2,
que corresponde a maior parte da área urbana da cidade de Joinville e, em sua função como
principal corpo receptor de efluentes, se transformou ao longo dos anos num canal de
despejos. O lançamento de inúmeros efluentes industriais, tratados ou não tratados, nos rios
de Joinville, somado ao fato de que somente cerca de 10% dos esgotos domésticos da área
urbana recebem tratamento da ETE municipal, são responsáveis pela poluição hídrica, que
segundo a Agenda 21 de Joinville é o principal problema de ordem ambiental do município.
As águas poluídas do Cachoeira comprometem seriamente a baía da Babitonga e os
manguezais ao redor. Com o fechamento do Canal do Linguado em 19...., que ligava a baía
ao mar, houve uma diminuição significativa da circulação da água, provocando um grande
acumulo de poluentes na baía.
50
O rio Cubatão com sua bacia de aproximadamente 490Km2, é responsável por cerca de
78% do abastecimento de água potável de Joinville. O Cubatão oferece, próximo a sua
nascente, nas encostas da Serra do Mar, água de boa qualidade. Ao alcançar a planície suas
águas mostram os primeiros sinais de poluição provocados pelo lançamento de esgotos
domésticos, entrada de agro químicos e atividades extrativistas de mineração. Na área urbana
de Joinville, recebe também, principalmente através de seu afluente o rio do Braço, efluentes
industriais.
Os rios Pirabeiraba, Bonito, Sete Voltas e da Onça nascem na Serra do Mar e drenam a
área rural entre Joinville e Garuva. Servem de corpos receptores de esgotos domésticos de
vilas e casas isoladas. São utilizados também na agropecuária, principal atividade econômica
da região, com predomínio das culturas de arroz e banana, onde são utilizadas grandes
quantidades de agrotóxicos, que direta ou indiretamente atingem os rios.
INGESTÃO DE ÁGUA CONTAMINADA Doenças Causa Sintomas
Desinteria bacilar Bactéria (shigella dysenteriae) Forte diarréia
Coléra Bactéria (Vibrio cholarae) Diarréia extremamente forte, desidratação,
alta taxa de mortalidade Leptospirose Bactéria (Leptospira) Icterícia, febre Salmonelose Bactéria (Salmonella) Febre, náuseas, diarréia
Febre tifóide Bactéria (Salmonila typhi) Febre elevada, diarréia, ulceração do
intestino delgado Desinteria amebiana
Protozoário (Entamoeba histolytica)
Diarréia prolongada, com sangramento, abscessos no fígado e intestino fino
Hepatite infecciosa Vírus (Vírus da hepatite A) Icterícia, febre Gastroenterite Vírus (enterovírus, parvovírus, rotavírus) Diarréia leve a forte
Paralisia infantil Vírus (Poliomielites virus) Paralisia CONTATO COM ÁGUA CONTAMINADA
Escabiose Sarna (Sarcoptes scabieí) Úlceras na pele
Tracoma Clamídea (chlamydia tracomatis) Inflamação dos olhos, cegueira completa ou
parcial VERMINOSES, TENDO A ÁGUA COMO ESTÁGIO NO CICLO
Esquistissomose Helminto (Schistosoma) Diarréia, aumento do baço e do fígado, hemorragias
TRANSMISSÃO ATRAVÉS DE INSETOS, TENDO A ÁGUA COMO MEIO DE PROCRIAÇÃO
Malária Protozoário (Plasmodium) Febre, suor, calafrios, gravidade variável com o tipo de Plasmodium
Febre amarela Vírus (flavivírus) Febre, dor de cabeça, prostação, náuseas, vômitos
Dengue Vírus (flavivírus) Febre, forte dor de cabeça, dores nas juntas e músculos, erupções
Filariose Helminto (wuchereria bancrofti) Obstrução de vasos, deformação de tecidos
Quadro 2 – Ingestão de água contaminada Fonte: Departamento de Geografia da UNIVILLE
51
De toda de água existente no planeta apenas 0,8% correspondem às reservas de água
doce. Desse montante, 97% são águas subterrâneas e somente 3% estão disponíveis na forma
de água superficial.
O Brasil dispõe de 16% das águas superficiais do planeta. Em virtude desta abundância
a água é, geralmente, considerada um recurso ilimitado e gratuito e assim, utilizada
abusivamente. Atualmente essa visão está mudando, em função de crescentes problemas de
disponibilidade de água de boa qualidade, em muitas regiões. Os principais fatores
responsáveis por esta situação são o crescimento populacional nas áreas urbanas e o
crescimento da indústria e agricultura. Estes aumentam consideravelmente o consumo de
água e comprometem sua qualidade, uma vez que, a implantação de sistemas adequados de
tratamento de água e esgotos não ocorre paralelamente. Isto reflete a deficiência e
ineficiência dos instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos, necessários para garantir
seus múltiplos usos.
Os usos múltiplos dos corpos d'água tais como preservação de ecossistemas,
abastecimento doméstico e industrial, irrigação, dessedentação de animais, recreação e lazer,
geração de energia elétrica, navegação, e corpos receptores de efluentes, exigem diferentes
critérios de qualidade.
Estes critérios estão definidos a nível federal através da Resolução CONAMA Nº 20/86,
que estabelece várias classes de enquadramento de corpos d'água de acordo com seus usos
preponderantes. Para cada classe são definidos padrões de qualidade característicos. Em
Santa Catarina a classificação e utilização das águas superficiais estão regulamentadas pelo
Decreto N º14.250/81 e o enquadramento dos rios pela Portaria Nº 0024/79.
52
Classificação dos rios monitorados de acordo com a Portaria Intersetorial n. 024/79 de
Santa Catarina:
Rios e seus afluentes Classe 1 Classe 2 Classe 3 Bonito Bucarein
Das nascentes até a foz
Cachoeira Cubatão
Das nascentes até a captação de água da
CASAN
Das nascentes até a fozcaptação de água da CASAN até a foz
Itaum, Itaum-mirim Das nascentes até a foz
Pirabeiraba Das nascentes até a cota 300
Da cota 300 até a foz
Sete Voltas Das nascentes até a cota 300
Da cota 300 até a foz
Rio da Onça Das nascentes até a cota 300
Da cota 300 até a foz
Quadro 3 – Classificação das águas, conforme Portaria Nº 024/79 Fonte: Departamento de Geografia da UNIVILLE
53
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS
(Conforme Portaria Nº 024/79)
Usos dos rios de acordo com a RESOLUÇÃO CONAMA Nº20/86 (3)
LEGENDA
Rios de Classe 1
Rios de Classe 2
Rios de Classe 3Estações de tratamento de Água
LEGENDA
Rios de Classe 1
Rios de Classe 2
Rios de Classe 3Estações de tratamento de Água
USOS
Classe 01 Classe 02 Classe 03 Abastecimento doméstico após
tratamento simplificado Abastecimento doméstico após
tratamento convencional Proteção das comunidades
aquáticas Recreação de contato primário:
esqui aquático, natação e mergulho
Abastecimento doméstico após
tratamento convencionalIrrigação de hortaliças que são consumidas cruas e frutas que crescem rente ao solo e são
ingeridas cruas e sem remoção de película
Proteção das comunidades aquáticas. Recreação de contato primário: esqui
aquático, natação e mergulho. Irrigação de hortaliças e plantas frutíferas
Criação natural e intensiva (aqüicultura) de espécies
destinadas à alimentação humana
Criação natural e intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação
humana)
Irrigação de culturas arbóreas, cerealistas e
forrageiras. Dessedentação de
animais
54
2.3.2. Pressões socioeconômicas sobre o meio natural – águas
• JOINVILLE
. Ocupação ao longo da Baia da Babitonga, com presença de áreas urbanas consolidadas em ambientes de mangue; . Desmontes de encostas de morros para retirada de material para construção civil; . Invasões e construções nas margens de rios; . Desmatamento para implantação de loteamento; . Expansão urbana horizontal excessiva, apesar da presença elevada de glebas não ocupadas na cidade; . Desmatamento das encostas contribui para o assoreamento dos rios.
• GARUVA
. Ocupação irregular nas margens do rio Palmital.
• ARAQUARI
. Instalações de loteamentos irregulares e inadequados (Porto Grande).
. Privatização da orla costeira na barra do rio Itapocú.
. Edificações irregulares nas margens do rio Itapocú.
55
• ITAPOÁ
. Ocupação irregular e acelerada em áreas de mangue.
Loteamentos clandestinos.
Edificações irregulares nas praias.
56
• SÃO FRANCISCO DO SUL
Ocupação irregular de áreas de mangues, promontórios, dunas e praias.
Privatização de praias.
Loteamentos irregulares em áreas de restinga.
Desmatamentos para abertura de pátios para contêineres.
Ocupação irregular de áreas de mangues, promontórios, dunas e praias.
Privatização de praias.
Loteamentos irregulares em áreas de restinga.
Desmatamentos para abertura de pátios para contêineres.
57
• BALNEÁRIO BARRA DO SUL
Presença de edificações irregulares em áreas de mangue,dunas e praias.
BALNEÁRIO BARRA DO SUL
Privatização da orla costeira.
Loteamentos inadequados na linha de praia.
Desmatamento da vegetação nativa para implantação de novos loteamentos.
Presença de edificações irregulares em áreas de mangue,dunas e praias.
BALNEÁRIO BARRA DO SULBALNEÁRIO BARRA DO SUL
Privatização da orla costeira.
Loteamentos inadequados na linha de praia.
Desmatamento da vegetação nativa para implantação de novos loteamentos.
2.4. Coleta e Tratamento de Esgoto Sanitário
• JOINVILLE
A rede de drenagem pluvial é insuficiente (não atende ao conjunto do sítio urbano) e
inadequada (ocorre enchentes freqüentes em períodos de chuvas mais intensas) e no centro da
cidade, onde existe rede coletora de esgotos.
Somente 15% da cidade de Joinville está ligada ao sistema coletivo de tratamento de
esgoto; nas demais áreas predominam a utilização de fossas sépticas e os lançamentos de
58
efluentes na rede de drenagem pluvial e nas valas negras, principalmente em bairros da
periferia (Jardim Paraíso, Espinheiros, Vila Paraná, etc.) e no centro da cidade, onde existe
rede coletora de esgoto.
• BALNEÁRIO BARRA DO SUL
Falta suficiente rede de drenagem pluvial e o escoamento é realizado por valas
contaminadas por esgotos.
Existência dominante de fossas sépticas e sumidouros, mas elevada presença de valas
negras poluindo o canal do Linguado.
• SÃO FRANCISCO DO SUL
Grande parte da cidade apresenta rede de drenagem. Em algumas áreas como a praia da
Enseada ocorre o transbordamento de fossas, principalmente na alta temporada de verão.
Verifica-se a presença predominante de fossas sépticas e sumidouros, entretanto há
valas negras e lançamentos de efluentes na rede pluvial, com contaminação de algumas
praias.
• GARUVA
Devido à precariedade da rede de drenagem pluvial ocorrem alagamentos e enchentes
no centro da cidade, e nas áreas periféricas as valas com fraco escoamento inundam as ruas
em períodos de chuvas.
Prevalece a utilização de fossas sépticas, entretanto algumas áreas apresentam valas
negras à céu aberto e lançamento direto nos rios.
• ARAQUARI
Existência de rede de drenagem de águas pluviais apenas no centro da cidade. Nas áreas
urbanas periféricas há drenagem pluvial à céu aberto.
59
No município prevalecem as fossas sépticas, entretanto há elevada presença de valas
negras à céu aberto em Porto Grande e Barra do Itapocú. Em dias de intensas chuvas ocorre o
transbordamento das fossas, causando mau cheiro e poluição do Rio Parati.
• ITAPOÁ
Como não existe rede de drenagem, o escoamento é feito por valas à céu aberto,
contaminados por esgotos. Verifica-se alagamentos quando chove mais intensamente.
Predominância do uso de fossas sépticas, ocorrência de valas negras à céu aberto e
lançamento direto nos rios.
2.4.1 Coleta e Eliminação do Lixo
• JOINVILLE
Falta de um programa oficial de coleta seletiva de lixo.Coleta de lixo insuficiente.
Ocorrência de lançamentos nas margens de resíduos nos manguezais, e dentro dos rios.
Aterro de lixo sem o devido tratamento do chorume, escoamento assim para a rede
hidrográfica e percolando no solo.
Joinville produz cerca de trocar por 30 mil toneladas de lixo mensais de detritos.
• ARAQUARI
Presença de lixo nas margens do Rio Parati, no centro da cidade.
Depósito de lixo a céu aberto com presença de catadores.
• BALNEÁRIO DE BARRA DO SUL
Poluição dispersa causada pela presença de lixo nas margens do canal do linguado e nas
praias.
60
Depósito de lixo a céu aberto com presença de catadores.
• GARUVA
Depósito de lixo à céu aberto com presença de catadores.
• SÃO FRANCISCO DO SUL
Depósito de lixo à céu aberto com presença de catadores, criação de animais e
poluição dos recursos hídricos.
Ocorrência de lixo disperso nas praias.
• ITAPOÁ
Presença de lixo disperso nas praias.
. Coleta e eliminação de lixo (1991)
Gráficos relativos aos percentuais do destino do lixo produzido de acordo com cada localidade e suas respectivas formas de emissão:
Col
Col
Qu
Ent
Jog
Ou
Legenda
Col
Col
Qu
Ent
Jog
Ou
Legenda
222
eta Direta
eta Indireta
eimado
errado
ado
tro
eta Direta
eta Indireta
eimado
errado
ado
tro
ITAPOÁ S
41%41%10%10%
37%10%10%
37%
%
Araquari
41%41%10%10%
37%10%10%
37%
%41%41%
10%10%
37%10%10%
37%
%
Araquari
ANTA CATARINA
61
37%37%41%41%
4% 18%18%
Garuva
37%37%41%41%
4% 18%18%
37%37%41%41%
4% 18%18%
Garuva
1%1%1%
2.
fu
di
fu
ór
su
se
ap
m
ob
ec
vi
co
m
M
10%10%
54%54%27%27%
São Francisco do Sul
10%10%
54%54%27%27%
10%10%
54%54%27%27%
São Francisco do Sul
4.2 Gestão Ambiental
A educação ambiental, como processo permanente
ndamentalmente "sensibilizar". De caráter multidisci
mensões sócio-econômica, política, cultural e hist
ndamental para alcançar o desenvolvimento sustentável
gãos como a FUNDEMA e as Secretarias de Meio Am
as principais funções, as quais são desenvolvidas através
minários, onde busca-se discutir os problemas existente
resentadas aos tomadores de decisão.
No âmbito do Município de Joinville, é importante
ais específicos, nestes incluído, por exemplo, o PROJET
jetivo principal é o esclarecimento da população sobre
ossistema no desenvolvimento de espécies animais e ve
da humana; que tem como público alvo os profess
munitários situados próximos aos locais de ocorrência em
enção é, também, o PROGRAMA DE EDUCAÇÃ
UNICIPAL MORRO DO FINDER, cujo objetivo p
62
91%91%2%5%1%1%
Joinville
91%91%2%5%1%1%
91%91%2%5%1%1%
Joinville
de ensino-aprendizagem, procura
plinar, deve incorporar todas as
órica, como proposta ecológica
. Com estes princípios norteadores,
biente têm nesta atividade uma de
da realização de cursos, palestras e
s e deles extrair soluções que são
mencionar os trabalhos de caráter
O ABC DO MANGUEZAL, cujo
a importância da preservação deste
getais essenciais à manutenção da
ores de 1º e 2º graus e líderes
Joinville e região. Digno de
O AMBIENTAL NO PARQUE
rincipal é despertar na população,
63
sobretudo a estudantil, a conscientização sobre a importância da preservação da Mata
Atlântica nos espaços urbanos como estratégia para alcançar melhor qualidade de vida.
Dentro desta visão de trabalho, é importante mencionar, ainda, as campanhas que visam
esclarecer a população dos bairros mais carentes sobre o perigo de ocupação das chamadas
áreas de risco, utilizando-se para isto cartilhas educativas contendo informações úteis ao seu
dia-a-dia.
A pressão urbana exercida sobre as áreas de mangue é objeto de especial interesse dos
diversos órgãos ambientais da região, os quais, através de ações realizadas diretamente com a
população situada ao seu redor, buscam sensibilizá-la sobre os benefícios da preservação
desse ecossistema, que tem na região norte a maior ocorrência no Estado.
Em parceria com outras instituições, a Fundação Municipal do Meio Ambiente -
FUNDEMA, tem como meio para atingir a população em geral e despertá-la para os
principais problemas existentes em Joinville e região, realizando eventos nas mais diversas
áreas de interesse ambiental, alguns deles demonstrados ao lado.
Os passeios por trilhas ecológicas são, também, uma atividade de educação ambiental,
uma vez que proporciona o contato direto com a natureza. Esta atividade, tal a sua
importância na conscientização da população, é prevista em todos os projetos desenvolvidos
pela SAMA e FUNDEMA, sobretudo no Programa de Proteção dos Mananciais - SOS
Nascentes.
2.4.2.1 Instrumentos de Gestão Ambiental
Preceito municipal escrito, que obriga os munícipes a cumprir certos deveres de ordem
pública; contém medidas de polícia administrativa em matéria de higiene, de segurança,
ordem e costumes públicos. Institui normas disciplinadoras do funcionamento dos
estabelecimentos industriais, comerciais e prestadores de serviços e também as necessárias
relações jurídicas entre o poder público e os munícipes, visando disciplinar o uso e o gozo
dos direitos individuais e do bem-estar geral.
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São dispositivos dos quais se valem a administração pública, e o próprio cidadão, na
consecução dos seus objetivos na área ambiental. Dentre estes, podemos destacar os planos
diretores, os quais devem estabelecer o zoneamento das cidades; a avaliação dos impactos
ambientais; e o licenciamento ambiental, este último, uma das inovações trazidas pela Lei
6.938/81 e um dos principais instrumentos de gestão ambiental utilizados atualmente.
Além destes, podemos citar o estabelecimento de penalidades disciplinares ou
compensatórias e a criação de unidades de conservação, que são espaços de significativo valor
histórico, natural ou paisagístico.
• ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA
O EIA é um diagnóstico aprofundado sobre as condições ambientais da área de
influência de um projeto. Deve considerar o solo, o subsolo, o ar, os recursos hídricos, os
ecossistemas naturais e o meio sócio-econômico; a análise das conseqüências de sua
implantação ou não, considerando os impactos positivos e negativos; as formas de
acompanhamento e monitoramento e, fundamentalmente, as medidas mitigadoras (ou
compensatórias) dos impactos negativos.
• RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL – RIMA
O RIMA é um resumo do Estudo de Impacto Ambiental e de suas conclusões. Deve ser
elaborado em linguagem clara, acessível a qualquer cidadão. Deve-se valer de todos os
recursos e simulações que facilitem a sua compreensão. Ficam normalmente à disposição dos
interessados nas bibliotecas dos órgãos ambientais e também nas bibliotecas públicas.
• PLANO DIRETOR
É a lei que institucionaliza, ou seja, que cria, que fundamenta, que estabelece o
planejamento físico-territorial do município e fixa os objetivos e as estratégias do
desenvolvimento. É, ao nível municipal, uma das leis mais importantes, pois dela depende a
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garantia do equilíbrio entre o crescimento demográfico e econômico e a preservação dos
recursos naturais e do patrimônio histórico e cultural.
• LEI DO ZONEAMENTO, DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO
É um conjunto de normas que se destinam a fixar os usos dos terrenos e edificações e
suas densidades, como meio de promover a distribuição racional da população nos diversos
setores, em função da topografia, do sistema viário e da infra-estrutura existente e proposta.
No município de Joinville esta é a L.C. 27/96. É nessa lei que são estabelecidos os parâmetros
referentes à taxa de ocupação, afastamentos, gabaritos, enfim, tudo aquilo que tem por
objetivo disciplinar a vida urbana.
• LEI DO PARCELAMENTO DO SOLO
É a lei que regula, ou seja, que normatiza, que controla a subdivisão do solo nas áreas
urbanas. Nesta lei é definida a área mínima dos lotes bem como as "testadas" (frentes) dos
mesmos, destinados à edificação no município. Em Joinville, este assunto está inserido na
própria Lei do Zoneamento, e obedece os as determinações da Lei Federal 6.766/79 e da Lei
Estadual 6.063/82, as quais tratam deste assunto.
• CÓDIGO DE OBRAS
É o dispositivo legal que define e regulamenta as construções, reconstruções, reformas,
ampliações e demolições das edificações no município. Tem como objetivo a segurança, a
higiene, a salubridade e o conforto da população.
• O CÓDIGO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE – JOINVILLE
Instituído pela LC 29/96, confere à FUNDEMA não apenas a função, mas o dever de
implementar a política ambiental do nosso município. Nesta lei são ratificadas as áreas de
preservação permanente estabelecidas pelo Código Florestal (Lei 4.771/65), assim como
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outros espaços que devem ser protegidos, além de estabelecer parâmetros de controle
ambiental, tudo dentro das diretrizes propostas pela Política Nacional do Meio Ambiente.
2.4.2.2 Unidades de conservação locais e regionais
• ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO BRACINHO
Com área total de 4.606ha. Abrange os municípios de Schroeder, Guaramirim e
Joinville (3.423ha). Foi criada através do Decreto Estadual nº 22.768/84.
• ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL SERRA DONA FRANCISCA
Com área total de 40.700ha, foi criada através do Decreto Municipal nº 8.055/97.
• ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL SERRA DO QUIRIRI
Com área total de 9.600ha, foi criada através do Decreto Municipal nº 055/97.
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2.5. Diagnóstico
Quadro 4: Diagnóstico Comitê de Desenvolvimento Sustentável
AMBIENTE INTERNO POTENCIALIDADES PROBLEMAS
. Preservação as nascentes e mananciais. . Saneamento deficiente
. Bioma diversificado. . Impactos dos resíduos industriais
. Presença de aqüíferos. . Impactos dos resíduos agricolas
. Plano de desenvolvimento regional sustentável . Contaminaçao das bacias hidrográficas e da baia babitonga
. Grau de consciência preservacionista . Ocupação desordenada ou irregular do solo/ invasões em ecossistemas frágeis
. Presença de unidades de conservação ambiental. . Fechamento do canal do Linguado.
. Presença de cursos de nível superior na área ambiental . Impactos ambientais das atividades de mineração
. Presença de ONGs ambientalistas atuantes . Deficiência nas estruturas de fiscalização.
. Educação ambiental na rede de ensino fundamental . Falta de articulação na atuação das procuradorias do MA e órgãos de planejamento do desenvolvimento sustentável.
. Coleta seletiva de lixo
. Insuficiência na coleta e destinação dos resíduos sólidos (depósitos de lixo a céu aberto) .
. Coleta de resíduos em aterros sanitários . Proliferação de borrachudos e outros insetos.
. Aterro sanitário industrial . Desconhecimento, por parte da população, da forma de participação no controle ambiental.
. Coleta de resíduos sólidos da área de saúde . Deficiências na gestão ambiental nos municípios.
. ConscienIa ecológica empresarial . Ausência de planos de controle e gestão das unidades de conservação da região.
. Paisagem natural exuberante
. Maior área de manguesais preservados do país.
. Recursos minerais
. Sais minerais marinhos
. Baia da babitonga/ estuário.
. Policia ambiental AMBIENTE EXTERNO
OPORTUNIDADES AMEAÇAS . Programa de creditos de carbono do Banco Mundial . Turismo desordenado . ICMS verde . A generalidade da lei impede aproveitamento sustentável . RPPNs . Efeito estufa . Captação de investimentos de ONGs, Empresas etc. . Emissão de gazes . Profissionais competentes na área . Degradação . Desenvolvimento do turismo . Maricultura . Gerenciamento Costeiro . Gerenciamento de Microbacias . Certificações Selo verde
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