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Custo engenharia clínica
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AVALIAO DE CUSTOS DA GERNCIA DE BIOENGENHARIA DO HOSPITAL DE CLNICAS DE UBERLNDIA
Daniel Baldoino de Souza1
Roberto Costa Moraes2
RESUMO A imagem dos hospitais brasileiros est sendo associada diretamente com a qualidade da assistncia mdica prestada, influenciando abertamente em seu share de mercado. Essa relao est ligada complexidade dos equipamentos do hospital, podendo ainda se estender infra-estrutura hospitalar. No que tange gesto de um hospital, pouco se conhece sobre a influncia de um servio de apoio de manuteno hospitalar bem estruturado na relao de custos da instituio. Por isso, este trabalho teve por objetivo analisar os custos de manuteno do Hospital de Clnicas de Uberlndia antes e aps a implantao da Gerncia de Bioengenharia. Entre os resultados alcanados pela Gerncia de Bioengenharia esto a implementao de indicadores de produo, centralizao dos custos de manuteno, maior confiabilidade nos equipamentos eletromdicos, reduo significativa dos custos de manuteno, alm de estimular os funcionrios do setor a buscar capacitao profissional. Tais resultados comprovam a importncia do apoio da Direo do Hospital em estimular mudanas bem estruturadas, realizando assim uma gesto de qualidade com objetivos bem definidos.
Palavras-chave: custos, engenharia clnica, engenharia hospitalar, bioengenharia INTRODUO Atualmente, a imagem dos hospitais brasileiros est sendo associada diretamente com a
qualidade da assistncia mdica prestada, influenciando abertamente em seu share de
mercado. Essa relao est ligada complexidade dos equipamentos do hospital, podendo
ainda se estender infra-estrutura hospitalar (ANTUNES et al., 2002).
A necessidade de garantir a utilizao de equipamentos mdicos hospitalares dentro de
padres mnimos de segurana, tanto para pacientes quanto para os profissionais de sade,
j uma prtica exigida pela Organizao Nacional de Acreditao (ONA). Assim, as
instituies de sade devem garantir rotinas de calibrao, manuteno preventiva e
corretiva, alm da realizao de testes de segurana eltrica e de desempenho conforme
normas vigentes (BRASIL, 2004).
Com essas exigncias, cria-se um imperativo para as instituies de sade: devem possuir
ou contratar um servio de apoio em manuteno que fornea todos os relatrios e
informaes solicitadas pelos rgos de apoio qualidade, devendo a clnica avaliar a
relao custo/benefcio entre terceirizar a manuteno ou implant-la internamente
(BRASIL, 2002). Uma das maneiras de simplificar o clculo do custo de implantao e 1 Ps-Graduao em Engenharia de Telecomunicaes, Engenheiro Clnico da Gerncia de Bioengenharia do Hospital de Clnicas de Uberlndia. E-mail: baldoino@yahoo.com2Mestre em Administrao, Professor da Universidade Federal de Uberlndia. E-mail: rcm_professor@terra.com.br
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manuteno do grupo, e de facilitar a apresentao de relatrios, enquadrar cada um dos
pontos em duas classes, ou seja, itens de custo varivel e itens de custo fixo.
Diante disso, este trabalho prope-se a demonstrar a influncia da Gerncia de
Bioengenharia (GB) na relao de custos do Hospital de Clnicas de Uberlndia da
Universidade Federal de Uberlndia (HCU/UFU), mostrando sua evoluo de 2001 at
2006. Assim, investiga-se se a GB, por meio dos servios tcnicos prestados, desde o
transporte de mveis entre clnicas at a manuteno de equipamentos de Raios-x, contribui
para a reduo de custos deste hospital.
No que tange gesto de um hospital, pouco se conhece sobre a influncia de um servio
de apoio de manuteno hospitalar bem estruturado na relao de custos da instituio. Por
isso, este trabalho visa a demonstrar um caso real de gesto de manuteno, podendo ser
utilizado como referncia para outras instituies.
De outra forma, essas medidas, sendo conduzidas com a eficincia adequada podem
proporcionar uma sobra de recursos ou reserva financeira que pode ser direcionada para o
foco do negcio hospital: a prestao de servios de sade comunidade.
Assim, a relevncia deste tema est diretamente relacionada com a questo da
possibilidade de uma reduo significativa (pelo menos de maneira aparente) nos custos
operacionais, viabilizando uma melhor administrao hospitalar, o que requer, desta forma,
uma avaliao mais aprofundada.
Com isso, formula-se como hiptese principal o fato de que os servios tcnicos prestados
pela gerncia de bioengenharia promovem uma reduo significativa nos custos
operacionais do HCU. Existem alguns fatores que direta ou indiretamente podem influenciar
no resultado dessa hiptese. O primeiro desses fatores o apoio da direo, visto que a
terceirizao j estava implantada e a inverso do processo, necessariamente, precisa do
apoio dos diretores devido s presses dos fornecedores em no prover treinamentos e
manuais tcnicos nos processos de compra (inviabilizando a formao da equipe tcnica).
Um segundo fator o envolvimento da equipe em todas as fases do processo. Caso isso
no ocorresse, todo o processo seria prejudicado. Esses funcionrios exerciam apenas
atividades administrativas e tecnicamente no estavam capacitados. Assim, a capacitao
se deu de maneira que todos retomassem seus estudos, terminando cursos tcnicos, em
escolas reconhecidas pelo Ministrio da Educao.
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O terceiro fator que influencia diretamente no resultado desse estudo a disponibilidade de
recursos para implantao do processo. notrio que, para conseguir o retorno esperado,
deve-se realizar investimento em treinamento do pessoal interno, contratao de pessoal
especializado, aquisio de equipamentos e ferramentas prprias.
Para o desencadeamento da pesquisa, formulou-se como objetivo geral analisar os custos
de manuteno do Hospital de Clnicas de Uberlndia antes e aps a implantao da GB, e
como objetivos especficos: identificar a importncia do apoio da Direo do HCU na
obteno do resultado esperado; verificar o aprimoramento dos profissionais j existentes no
setor ao longo da evoluo do processo; e, estimar quantitativamente a contribuio da GB
para o HCU.
DESENVOLVIMENTO ASPECTOS TERICOS
As instituies de sade, assim como o prprio sistema de sade, de maneira geral tm
apresentado, no ltimo sculo, uma dependncia crescente e contnua em relao s novas
tecnologias mdicas (RAMREZ, 2002). Isso traz para discusso a questo da terceirizao
do setor de Engenharia Clnica (EC) cujo procedimento vem sendo adotado por diversas
instituies hospitalares, funcionando como um processo alternativo para as unidades
realizarem o gerenciamento de seus recursos tecnolgicos quando a mesma no possui um
setor prprio para isso (GOMES; DALCOL, 2001).
A EC possibilita a reduo de custos e ainda melhora a eficcia de procedimentos
relacionados com tecnologia em sade, alm de trazer consigo a questo da melhoria
contnua da qualidade dos servios prestados (RAMREZ, 2002). Mas deve ser
recomendado que a reduo de custos no prejudique a qualidade no atendimento
fornecido, mas sim altere os processos de forma a torn-los menos onerosos e mais
otimizados (GOMES; DALCOL, 2001).
Quando se fala em qualidade, vrias definies podem ser analisadas. Crosby (1994) afirma
que a qualidade a conformidade com os requisitos, ou seja, as caractersticas
cuidadosamente analisadas e detalhadas que definem o trabalho.
O termo qualidade poderia ser descrito tambm como o ato de satisfazer os clientes de uma
organizao. Conforme descrio de Deming (1990), a qualidade deve ser entendida como
atendimento s necessidades atuais e futuras do consumidor. O autor acredita que as
empresas devem compreender e oferecer produtos que satisfaam as necessidades dos
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clientes. proposto tambm, por este autor, um direcionamento empresarial voltado para a
melhoria da qualidade atravs do controle dos processos produtivos.
Desta forma, a EC procura associar uma busca constante da qualidade com a reduo dos
custos hospitalares. Assim, como demonstrado por Gomes e Dalcol (2001), e tambm por
Ramrez (2002), o programa de gerncia de equipamentos eletromdicos abrange as
seguintes etapas:
1 aquisio: anlise da viabilidade, especificao e do planejamento da aquisio;
2 instalao: layout e estrutura para o correto funcionamento;
3 treinamento: capacitao de operadores para a utilizao;
4 manuteno: continuidade e confiabilidade na operao;
5 resultado: avaliao do desempenho e da real eficincia.
O que se pode verificar a tendncia de levar-se em conta a confiabilidade e a facilidade de
manuteno do sistema, servio ou equipamento ao projet-lo, visto que os sistemas de
produo esto cada vez mais complexos e interdependentes (COUTO et al., 2003).
Os programas de manuteno preventiva e calibrao de equipamentos eletromdicos so
executados para diminuir a ocorrncia de eventos perigosos, porm, no existe um modelo
de gerenciamento especfico que aborde tais problemas de maneira abrangente, envolvendo
as diversas questes de segurana (FLORENCE; CALIL, 2006).
Webster e Cook (1979 apud COUTO et al. 2003), relata que a manuteno preventiva, at
1979, somente era praticada em indstrias, e que nos hospitais era realizada apenas em
equipamentos como caldeiras e ar-condicionado. Ento, essas novas rotinas de
atendimento nas manutenes vo ao encontro das necessidades de reduzir o tempo de
atendimento e custos.
Para garantir a qualidade nos servios de manuteno realizados pelo prprio HCU/UFU,
deve-se levar em conta a questo de investimento, conforme Ramrez (2002), atravs da
aquisio de ferramentas, compra de equipamentos de teste para calibrar e testar, aquisio
dos manuais de servio e de operao, alm dos treinamentos para qualificao da equipe
tcnica. Estes pontos tambm foram levantados pelo Device Bulletin (2006), publicao do Departamento de Sade do Reino Unido, onde apresentada no quadro resumo (QUADRO
1) das comparaes entre a manuteno interna e a manuteno externa dos
equipamentos.
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QUADRO 1 Comparao entre manuteno interna e manuteno externa de uma Unidade de Sade
referente Engenharia Clnica TIPOS VANTAGENS DESVANTAGENS
Manuteno Externa
Custos previsveis; Possibilidade de especificar
tempo de resposta; Possvel especificar tempo de
quebra do equipamento.
Dificuldade em realizar uma resposta rpida em situaes de emergncia, ou em caso de equipamentos com alto ndice de quebra;
Equipamento pode precisar ser enviado para fora da instituio para reparo ou servio;
Emprstimo de equipamento pode ser necessrio.
Manuteno Interna
Resposta rpida em caso de quebra;
Curto espao de tempo at o local de reparo;
Pode representar um menor custo para um dado nvel de servio.
Dificuldade em manter estoque de peas para substituio, devido variedade de equipamentos;
Ferramentas e equipamentos especficos podem no estar disponveis;
Custo de treinamento de especialista pode ser alto
Fornecedores podem criar dificuldades para fornecer os treinamentos.
Com a manuteno externa, tem-se a vantagem de realizar a previso de custos, tempo de
resposta e tempo de quebra de equipamento. Contudo, o tempo de resposta a uma
necessidade urgente alto. J a manuteno interna permite uma resposta rpida ao
chamado com um menor custo por atendimento, mas apresenta dificuldades em manter
estoque mnimo de peas, ferramentas e treinamento da equipe interna. Os fornecedores
tambm criam dificuldades em fornecer os treinamentos tcnicos e os manuais tcnicos.
O custo da manuteno tem papel importante quando da substituio de partes ou peas de
equipamentos. Pode-se tentar recorrer por componentes no originais trazendo um prejuzo
muito grande tanto para o operador do equipamento quanto para o paciente. Alm de ser
um risco direto por meio de uma possvel falha, ou de um pequeno choque, representando
em alguns casos um diagnstico no confivel. Estes pontos tambm foram levantados pelo
Device Bulletin (2006), servindo de recomendao para os profissionais de sade
acompanhar de perto a manuteno de seus equipamentos, seja ela realizada internamente
ou por empresa contratada. Existem relatos de que o custo de manuteno dos
equipamentos varia em torno de 10% do custo de aquisio do equipamento anualmente
(VIEIRA; IANISKI, 2000).
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METODOLOGIA Trata-se de um estudo quantitativo, documental, onde foi realizado um exaustivo
levantamento de dados por meio da anlise de relatrios e documentos referentes ao
perodo de 2001 a 2006, arquivados na Gerncia de Bioengenharia (GB) do HCU e na
Fundao Assistncia, Estudo e Pesquisa de Uberlndia (FAEPU).
Dentre estes, foram verificados os cadernos de controle existentes na secretaria e no
almoxarifado da GB, controles de cadastro de pessoal e os contratos de prestao de
servio da FAEPU. Alm disso, obtiveram-se informaes do software Sistema de
Gerenciamento de Equipamentos (SGE). Os dados obtidos abrangeram custos e servios e
foram analisados de acordo com a estatstica descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSO Por meio do levantamento realizado junto GB, foram identificados pontos importantes no
que tange gesto de um setor de manuteno e, que, at ento so ainda pouco
difundidos na rea hospitalar, como pode ser verificado por meio de um nmero reduzido de
trabalhos publicados na rea. E todos os parmetros analisados, dentre eles a quantidade
de servios, os custos de contratos e os custos de recursos humanos, so importantes, pois
auxiliam no controle da qualidade na prestao do servio.
Para facilitar o entendimento, os resultados encontrados foram divididos em dois grupos:
servios e custos. Os servios incluem a quantidade de pedidos de servio de manuteno
realizados, enquanto que os custos referem-se quantidade de recursos gastos para
executar os servios, seja financeiro, material ou humano.
1. Servios De imediato implantao da GB foi desenvolvida uma forma de registrar a produo do
setor de manuteno. Esse registro tem seu incio a partir do desenvolvimento de um
software por onde os setores, no ambiente da intranet do hospital, preenchem um pedido de
servio de manuteno (PSM). O PSM at ento era feito de forma manual e nem todo
servio realizado possua um PSM, impossibilitando o controle dos mesmos.
Desta forma, foi feito um acompanhamento dos servios realizados pela equipe da
Bioengenharia (manuteno realizada internamente ao HCU), e dos servios realizadas por
empresas terceiras ou contratadas (manuteno realizada externamente). Esses valores
esto apresentados no quadro 2 como uma evoluo mdia mensal dos servios realizados
pela GB no perodo de 2001 a 2006. Portanto, somou-se a quantidade de servios
realizados ao ms e dividiu-se pela quantidade de meses referente ao ano analisado. Com
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exceo do ano de 2006 (perodo no qual a anlise foi feita nos primeiros nove meses), os
demais anos foram realizadas mdias dos 12 meses.
QUADRO 2 Quantidades Mdias Mensais de Servios de Manuteno Realizados
no HCU no perodo de 2001 a 2006
ANO MANUTENO INTERNA MANUTENO
EXTERNA TOTAL
2001 510,08 202,25 712,33 2002 1056,25 190,92 1247,17 2003 1266,83 127,17 1394,00 2004 1229,75 98,17 1327,92 2005 1529,50 116,33 1645,83 2006* 1607,11 120,78 1727,89
*Valores contabilizados at o ms de setembro/2006.
O nmero de servios enviados para empresas terceirizadas e contratadas (manuteno
externa) tem reduzido significativamente (QUADRO 2). Em 2001, quase 29,0% do total de
servios era realizado por empresas externas. Este nmero em valores absolutos era na
mdia pouco maior que 202 servios/ms. Diminuiu de maneira significativa, em torno de
15,0% (190 servios/ms) em 2002, chegando em 2006 com quase 7,0% (aproximadamente
121 servios/ms) do total de servios realizados. Quando comparados os nmeros
absolutos, mesmo com a ampliao do parque tecnolgico e com o recebimento pelo HCU
da classificao de alta complexidade, alm do aumento da idade mdia dos equipamentos,
ocorreu uma reduo de aproximadamente 40,0% no envio de equipamentos para contratos
e terceiros.
Outro ponto analisado foi a comparao de servios realizados das manutenes
preventivas e corretivas. O quadro 3 apresenta a evoluo mensal dos servios de
preventiva realizados pela GB (estes valores so mdias dos 12 meses do respectivo ano).
A evoluo das preventivas ocorreu a partir da criao dos Procedimentos Operacionais
Padro (POPs) dos equipamentos. Neste caso foram criadas rotinas quinzenais, mensais,
semestrais, anuais ou de acordo com as necessidades de cada equipamento conforme
indicado em manual operacional ou em norma especfica.
O quadro 3 representa um fator que vem contribuir para a qualidade no atendimento da
Instituio. No perodo de 2001 at 2003, no eram realizadas manutenes preventivas
nos equipamentos. A partir de 2004 iniciou-se a elaborao de Procedimentos Operacionais
Padres (POPs) com a finalidade de auxiliar os tcnicos a realizarem as manutenes
preventivas dos equipamentos de maior nvel crtico, ou seja, aqueles ligados diretamente
com a vida do paciente como ventiladores mecnicos e bisturis, por exemplo, acordando
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assim com Lima (2006) que ajusta a periodicidade conforme varia a mdia de tempo entre
falhas do equipamento (Mean Time Between Fail (MTBF)).
QUADRO 3 Quantidades Mdias Mensais de Servios de Manuteno
realizados no perodo de 2001 a 2006
ANO MANUTENO CORRETIVA MANUTENO PREVENTIVA TOTAL
2001 712,33 - 712,33 2002 1247,17 - 1247,17 2003 1394,00 - 1394,00 2004 1105,92 222,00 1327,92 2005 1153,33 492,50 1645,83 2006* 1217,33 510,56 1727,89
*Valores contabilizados at o ms de setembro/2006.
Assim, em 2004, cerca de 16,0% dos servios executados referiam-se as manutenes
preventivas. Em 2005, esse nmero subiu para 29,9% e em 2006, at o ms de setembro,
este nmero estava em torno de 29,0% (valores em mdia/ms). Essa estabilizao
ocorreu, pois o SGE no liberou por dois meses (junho/julho de 2006) seguidos os Pedidos
de Servio de Manuteno (PSMs) para as preventivas (por uma falha no sistema). Mas
avaliando em nmeros absolutos, em 2006, na mdia mensal, foi realizado um maior
nmero de manutenes preventivas, 510 em 2006 versus 492 em 2005 (QUADRO 3).
Verifica-se que a quantidade mensal de manuteno corretiva em 2006 est 12,7% menor
do que a apresentada em 2003 (na mdia de servio/ms, 1394 servios em 2003 versus
1217,33 em 2006). O nmero de corretivas diminuiu mesmo aps um maior controle sobre o
preenchimento de PSMs para a realizao dos servios. Isto pode demonstrar um efeito
positivo das manutenes preventivas sobre os servios realizados. Cabe dizer, que um dos
objetivos da GB realizar um maior nmero de manutenes preventivas em detrimento s
manutenes corretivas.
importante lembrar que as manutenes preventivas podem diminuir o tempo de parada
de um equipamento. Quando o equipamento fica avariado, tem-se o prejuzo de um exame
que no ir ser completado (quebra durante um procedimento), ou que os resultados no
so confiveis (equipamento apresentando falhas intermitentes ou mesmo funcionando de
maneira debilitada), ou os exames sero adiados, pois no se sabe em quanto tempo o
equipamento voltar a funcionar. Assim, as preventivas tm paradas agendadas e previstas,
no interferindo nos exames e procedimentos, promovendo um aumento da vida til do
equipamento permitindo uma maior confiabilidade nos resultados apresentados.
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Portanto, atualmente, com a necessidade de executar o controle de qualidade, a EC
necessita cada vez mais de informaes contnuas, padronizadas e eficientes para
maximizar a eficcia de uso dos equipamentos (GUEDERT; GARCIA, 2006). Tem-se, assim,
a necessidade de realizar um trabalho de conscientizao junto aos agentes de manuteno
da importncia de manter os histricos dos equipamentos atualizados (MORAIS, 2004).
Com relao manuteno por terceiros (contratos e terceiros propriamente ditos) verifica-
se uma queda no nmero de manutenes realizadas nos primeiros trs anos de GB (2001
a 2003). Nos anos seguintes, observa-se uma estabilizao nas manutenes realizadas
por terceiros. Essa estabilizao ocorre pelo fato de equipamentos complexos como
tomgrafos e ecocardigrafos, por exemplo, apresentarem tecnologias complexas e
fechadas impossibilitando a manuteno por uma equipe interna.
Os quadros 2 e 3 ainda demonstram um nmero crescente dos servios realizados. Isto
decorre devido ao maior controle das atividades realizadas atravs do uso do software
(SGE), alm das normas da GB de realizar servios apenas com PSMs encaminhados pelas
clnicas.
2. Custos Depois de apresentados os indicadores de servios realizados, ser demonstrado um
levantamento relativo aos custos da GB. Para isso, trabalhou-se com: contratos, pedidos de
manuteno de terceiros (PMTs), solicitao de despesas (SDEs), almoxarifado interno da
GB, alm dos recursos humanos (RH). Alguns desses indicadores de custo tiveram seu
levantamento realizado apenas a partir de maro de 2003 e seu fechamento em setembro
de 2006.
2.1 Custos Gerais Os valores gastos com as SDEs incluem treinamentos tcnicos, pagamento de contratos,
compra de peas e outras despesas do setor. As SDEs so solicitadas quando j se tem
uma nota a ser paga, ou compromissos que exigem menor tempo de pagamento. Os gastos
de SDEs foram extrados do caderno de acompanhamento localizado na secretaria da GB e
esto apresentados no quadro 4.
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QUADRO 4 Controle das Solicitaes de Despesas (SDEs) realizado pela
Gerncia de Bioengenharia no perodo de 2003 a 2006 ANO TOTAL PARCIAL (R$) MDIA MENSAL (R$) TOTAL*** (R$) 2003* 187.045,83 18.704,58 224.455,00 2004 176.954,08 14.746,17 176.954,08 2005 251.898,90 20.991,58 251.898,90
2006** 186.912,16 20.768,02 249.216,21 *Dados coletados a partir de maro/2003. **Dados coletados at setembro/2006. ***Mdia mensal multiplicada por 12.
J em relao aos PMTs tem-se relevante participao nos custos do setor. Aqui esto
inclusos os gastos com peas de carter preventivo, ou de peas cuja compra pode ser
programada (por exemplo, para o ms seguinte) sem prejuzo para a instituio (prejuzo no
sentido de previsibilidade). Os pedidos de PMTs so realizados mediante emisso de
oramentos. O quadro 5 apresenta o acompanhamento desses gastos. Os gastos de PMTs
foram extrados do caderno de acompanhamento localizado na secretaria da GB.
Alm das despesas com PMTs e SDEs existem ainda peas adquiridas pelo almoxarifado
da GB. Quando as compras so realizadas pelo almoxarifado, o pedido de compra vai direto
para a Diretoria Financeira do HCU, no sendo necessrio o preenchimento de PMTs e
SDEs. O quadro 6 apresenta os custos do almoxarifado. Os dados de gastos do
almoxarifado foram recolhidos no caderno de acompanhamento localizado no prprio setor.
QUADRO 5
Controle das Solicitaes de Despesas PMTs realizado pela Gerncia de Bioengenharia no perodo de 2003 a 2006
ANO TOTAL PARCIAL (R$) MDIA MENSAL
(R$) TOTAL***
(R$) 2003* 192.290,54 19.229,05 230.748,65 2004 208.180,45 17.348,45 208.180,45 2005 506.976,59 42.248,05 506.976,59
2006** 457.122,18 50.791,35 609.496,24 *Dados coletados a partir de Maro/2003. **Dados coletados at Setembro/2006. ***Mdia mensal multiplicada por 12. Os dados de almoxarifado, SDEs e PMTs esto todos registrados no SGE. A preferncia
pela obteno desses dados nos respectivos cadernos de controle (localizados no
almoxarifado e secretria respectivamente) deve-se ao fato de que os dois primeiros anos
de implantao do software terem sofrido alteraes para correo de erros, sendo esses
corrigidos em 2006.
Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.
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QUADRO 6 Controle de Custos do Almoxarifado da Gerncia de
Bioengenharia no perodo de 2003 a 2006
ANO TOTAL PARCIAL (R$) MDIA / MS
(R$) TOTAL***
(R$) 2003* 276.749,34 27.674,93 322.099,16 2004 415.379,75 34.614,98 415.379,75 2005 598.870,93 49.905,91 598.870,93
2006** 460.613,28 51.179,25 614.151,00 *Dados coletados a partir de Maro/2003. **Dados coletados at Setembro/2006. ***Mdia mensal multiplicada por 12.
Os quadros 4, 5 e 6 representam os custos internos da GB referentes aquisio de peas
ou componentes eletrnicos, alm de equipamentos, como analisadores de segurana ou
de calibrao, utilizados em manuteno preventiva. Esses custos, juntamente com
contratos e recursos humanos, iro compor o custo total do setor de manuteno sendo por
isso apresentados.
2.2 Custos Contratos Para garantir uma comparao de custos com a presena e com a ausncia da GB,
medida que o contrato no era renovado, foi aplicado o ndice geral de preo de mercado
(IGP-M) para corrigir o valor do contrato com as empresas. Desta forma foi possvel estimar
para quanto iria esse valor de contrato, caso o HCU ainda o mantivesse. O IGP-M foi
escolhido, pois nos contratos esse era o primeiro ndice utilizado para renovao de valor.
Os valores do IGP-M de 2001 at 2005 aplicados esto apresentados na quadro 7.
QUADRO 7
ndice geral de preo de mercado (IGP-M), perodo 2001-2005
ANO % 2001 10,372002 25,302003 8,692004 12,422005 1,21
Fonte: http://www.portalbrasil.eti.br/igpm.htm , Acessado em 27
dez. 2006.
Desta forma, realizou-se um comparativo de gastos da GB incluindo: custo sem a GB; custo
com a GB; economia acumulada ms; e, economia acumulada total. Para facilitar a anlise
foi divido os contratos em trs grupos: gerais; de imagem e radiao; e, de gases.
Os quadros 8, 9 e 10 apresentam os custos com contratos. Esses valores foram extrados
do arquivo da GB, que foram encaminhados pela Diretoria Financeira do HCU. Os valores
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totais pagos, s empresas contratadas, so representados como valores anuais e valores
mdios mensais. Os contratos foram divididos em trs grupos.
O primeiro deles refere-se equipamentos comuns, como eletrocardigrafo, monitores
multiparmetros entre outros sendo denominado por contratos gerais (QUADRO 8).
QUADRO 8
Levantamento dos Custos dos Contratos Gerais realizados pelo HCU, no perodo de 2001 a 2006
ANOS CONTRATOS GERAIS
TOTAL (R$) MDIA / MS(R$) 2001 339.560,80 31.495,60 2002 367.516,40 34.462,70 2003 118.716,29 14.113,02 2004 44.184,78 4.496,23 2005 83.101,32 6.968,44 2006 87.871,23 7.492,60
Fonte: Diretoria Financeira do HCU.
O segundo grupo inclui os equipamentos de Raios-x, tomografia, ultra-sonografia entre
outros contratos de imagem e radiao (QUADRO 9).
QUADRO 9 Levantamento dos Custos dos Contratos de Radiao e Imagens realizados pelo HCU,
no perodo de 2001 a 2006 ANOS CONTRATO IMAGEM E RADIAO
TOTAL (R$) MDIA / MS (R$) 2001 137.502,36 11.458,53 2002 163.444,08 13.620,34 2003 249.600,96 20.800,08 2004 287.811,06 23.984,26 2005 282.200,48 23.516,71 2006 225.305,76 18.775,48
Fonte: Diretoria Financeira do HCU.
O terceiro grupo de contratos refere-se a toda a rea de gases do Hospital de Clnicas de
Uberlndia (QUDRO 10). O controle desses contratos passou a ser administrados pela GB
apenas a partir de Maro de 2003.
Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.
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QUADRO 10 Levantamento dos Custos dos Contratos de Gases realizados
pelo HCU, no perodo de 2003 a 2006 ANOS CONTRATO DE GASES
TOTAL (R$) MDIA / MS (R$) 2003* 1.376.460,29 114.705,02 2004 1.478.489,15 123.207,43 2005 1.313.908,90 109.492,41 2006 771.013,03 64.251,09
Fonte: Diretoria Financeira do HCU. *Controle iniciado a partir de maro de 2003.
Esses dados tambm esto representados nos grficos 1, 2 e 3, em que possvel
visualizar o acompanhamento dos custos com a interferncia e sem a interferncia da GB,
alm de ser possvel a visualizao da economia gerada pela GB anualmente e a economia
acumulada ao longo dos anos.
Nota-se no grfico 2 que o processo de reduo de custos visualizado apenas a partir do
ano de 2005. A atuao da GB em imagem e radiao tornou-se evidente apenas a partir de
2005 com a no renovao do contrato com uma das duas empresas que realizavam a
manuteno.
R$ 0,00 R$ 250.000,00 R$ 500.000,00 R$ 750.000,00
R$ 1.000.000,00 R$ 1.250.000,00 R$ 1.500.000,00 R$ 1.750.000,00 R$ 2.000.000,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006 BIOENGENHARIA SEM BIOENGENHARIA ECONOMIA GERADA ANUAL ECONOMIA ACUMULADA
GRFICO 1 - Evoluo dos Custos de Contratos Gerais e da Economia Gerada com a atuao da GB. No incluindo os setores de imagem e radiao e de gasoterapia, no perodo de avaliao 2001 a 2006 Um estudo do Departamento de Radiologia do Hospital Universitrio de Denver, Colorado
demonstrou que nos anos de 1987 e 1988 ocorreu uma reduo de 57,6% com o custo de
manuteno e reparos dos equipamentos de imagem desse hospital (ROSSI, 1989). No
HCU no perodo de 2005/2006 observa-se uma reduo nos custos dos equipamentos de
imagem e radiao em torno de 21,7%, comparados aos valores gastos em 2004 (QUADRO
9).
Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.
94
R$ 0,00
R$ 50.000,00
R$ 100.000,00
R$ 150.000,00
R$ 200.000,00
R$ 250.000,00
R$ 300.000,00
R$ 350.000,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006 BIOENGENHARIA SEM BIOENGENHARIA ECONOMIA GERADA ANUAL ECONOMIA ACUMULADA
GRFICO 2 - Evoluo dos Custos de Contratos Imagem e Radiao e da Economia gerada com a atuao da GB. No incluindo os setores de contratos gerais e de gasoterapia, no perodo de avaliao 2001 a 2006
Observando o grfico 3, constata-se que ao final do ano de 2006, a economia acumulada
totalizou aproximadamente R$ 1.000.000,00. Vale lembrar que at o ano de 2003, o controle
do contrato de gases no era centralizado na GB.
Outro ponto interessante foi a negociao no valor do metro cbico dos gases adquiridos em
2005 que representou uma reduo nos custos hospitalares. A instalao da central de ar
comprimido no HC em fevereiro de 2006 gerou uma economia considervel, visto que de
imediato, o HCU teve uma reduo de custos de aproximadamente 46,0% (R$ 130 mil para
R$ 70 mil por ms, aproximadamente).
R$ 0, 00 R$ 200.000,00 R$ 400.000,00 R$ 600.000,00 R$ 800.000,00
R$ 1.000.000, 00 R$ 1.200.000, 00 R$ 1.400.000, 00 R$ 1.600.000, 00 R$ 1.800.000, 00
2003 2004 2005 2006
BIOENGENHARIA SEM BIOENGENHARIA ECONOMIA ANUAL ECONOMIA ACUMULADA
GRFICO 3 - Evoluo dos Custos dos Contratos de Gases e da Economia Gerada com a atuao da GB. No incluindo os setores de contratos gerais e de imagem e radiao, no perodo de avaliao 2003 a 2006
O HCU tem um parque tecnolgico de pouco mais de 5000 equipamentos cadastrados no
SGE. Para cuidar da manuteno deste parque, eram necessrios contratos com empresas
ou mesmo terceirizar alguns servios que as contratadas no faziam, ou que no era
interessante possuir um contrato. Basicamente, os servios internos ficavam restritos a
Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.
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pequenas manutenes nas instalaes eltricas, chuveiros, entre outros equipamentos de
baixa complexidade tecnolgica.
A partir de 2001, iniciou-se um processo de ajuste dos contratos, ou seja, foi feito um
levantamento dos equipamentos que se encontravam em contrato, mas antes disso foi feito
um levantamento do parque tecnolgico do HCU. Verificou-se que muitos equipamentos
listados em contrato, j haviam sido baixados do patrimnio do HCU, e os novos
equipamentos no estavam includos em listagem nenhuma.
Com este levantamento, a GB negociou os novos contratos, e incluiu os equipamentos
necessrios excluindo os baixados de patrimnio. Com isso, o HCU j garantiu uma reduo
(no mensurada) de custos, visto que estes equipamentos tinham suas manutenes pagas
a parte. Alm do que, no existia um controle da garantia dos equipamentos novos. Muitos
eram enviados para as empresas que cobravam pelo custo da manuteno desses
equipamentos ainda em garantia.
O custo anual do contrato para equipamento de uso hospitalar, normalmente gira em torno
de 8,0 a 10,0% do valor de um equipamento novo (NASCIMENTO; CALIL; HERMINI, 2006).
Um estudo realizado por Cohen (1982) em 19 grandes hospitais nos Estados Unidos, o
custo da manuteno chega a 7,4% do custo de aquisio de novos equipamentos. Tendo o
parque tecnolgico do HCU valor de R$ 40.373.271,50 (SGE, novembro/2006) estima-se um
custo de manuteno em torno de R$ 3.229.861,72. importante lembrar que o SGE
calcula a taxa de depreciao dos equipamentos, algo em torno de 10,0% em mdia por
ano, podendo assim, termos um custo subestimado do apresentado acima.
2.3 Custos com Recursos Humanos A evoluo dos custos com Recursos Humanos (RH) est representada no grfico 4, em
que foram consideradas as contrataes realizadas e as mudanas de cargos dos
funcionrios (concurso interno) da antiga manuteno. Lembrando que mais de 90% dos
funcionrios da GB so contratados pela FAEPU.
Em 2001, os valores de salrios considerados se referem somente aos dos funcionrios que
ao longo da gesto da GB receberam alguma gratificao ou alterao de cargos por
concurso interno. E a evoluo desses valores tambm se deve s novas contrataes
realizadas por essa Gerncia. Um resumo de todos estes custos pode ser encontrado no
grfico abaixo.
Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.
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R $ 41.275,00 R $ 37.570,00 R $ 28.275,00 R $ 22.230,00 R $ 14.807,00 R $ 12.350,00
R $ 495.300,00
R$ 450.840,00 R $ 339.300,00
R $ 266.760,00
R $ 177.684,00 R $ 148.200,00
R $ 0,00
R $ 100.000,00
R $ 200.000,00
R $ 300.000,00
R $ 400.000,00
R $ 500.000,00
R $ 600.000,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006 M EN SAL AN U AL
GRFICO 4 - Evoluo dos custos com pessoal da GB, no perodo de 2001 a 2006
O custo da mo-de-obra inclui funcionrios que j atuavam no setor e buscaram se qualificar
atravs de cursos tcnicos e, atravs de concurso interno conseguiram melhorar sua
qualificao profissional, ou mesmo cuja funo tenha recebido acrscimo de horas extras
ou plantes. Funcionrios de setores que no mudaram de funo ou no tenham recebido
algum tipo de benefcio no entraram na composio de custos, visto que o interesse era
verificar qual foi o acrscimo em recursos humanos. Outros funcionrios que entraram para
a listagem tiveram sua origem das novas contrataes.
A formao de um grupo de manuteno interna foi necessria medida que os contratos
com as empresas no eram renovados, assim a folha de pagamentos da GB apresentou um
crescimento expressivo nos ltimos anos, conforme pode ser avaliado no grfico 4. O
grfico apresenta a evoluo mensal e anual dos custos com folhas de pagamentos dos
funcionrios.
As equipes formadas recebem treinamento em fbrica dos novos equipamentos adquiridos
pelo HCU. Isto decorre do fato de que nos editais de compra de novos equipamentos, a GB
solicita alm dos treinamentos operacionais e dos manuais de operao, tambm os
treinamentos tcnicos e manuais de servio, conforme manual de Boas Prticas de
Aquisio de Equipamentos Mdico-hospitalares (ANVISA, 2006), garantindo assim, que a
equipe realize um trabalho de qualidade.
No Hospital Universitrio de Denver, Colorado, Estados Unidos, o custo com pessoal tcnico
somente na rea de imagem e radiao chegou a aproximadamente U$ 70.000,00 (dlar
americano), conforme descrito por Cohen (1982). O custo de manuteno dessas novas
reas para o HCU chega a aproximadamente R$ 44.000,00. Salienta-se que, no caso do
HCU, existem outros grupos de manuteno includos, no somente de imagem e radiao.
Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.
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2.4 Totalizao dos Custos Um resumo de todos estes custos pode ser encontrado no quadro 11. Os custos de
almoxarifado, SDEs e PMTs foram registrados no perodo de maro de 2003 at setembro
de 2006.
QUADRO 11 Quadro resumo dos custos totais da GB, no perodo de 2001 a 2006
AN0/ CUSTO
PESSOAL EM (R$)
CONTRATOS (R$)
ALMOXARIFADO + PMT + SDE (R$)
TOTAL (R$)
2001 148.200,00 477.063,16 - 625.263,16 2002 177.684,00 530.960,48 - 708.644,48 2003 266.760,00 1.744.777,54 787.302,86* 2.798.840,39 2004 339.300,00 1.810.484,99 800.514,28 2.950.299,27 2005 450.840,00 1.679.210,70 1.358.746,42 3.487.797,12 2006 495.300,00 1.084.190,02 1.472.863,49* 3.052.353,51
*Dados baseados em mdia mensal.
Outro dado pesquisado foi o valor do parque tecnolgico do hospital, com o auxlio do
Sistema de Gesto de Equipamentos (SGE) que armazena o histrico dos equipamentos
existentes no HCU. O montante encontrado foi de R$ 40.373.271,50. Esse valor representa
os equipamentos cadastrados no SGE. Podem existir equipamentos ainda no cadastrados,
mas representariam uma parcela bem pequena da importncia encontrada.
Caso a GB no tivesse sido criada, ter-se-ia um setor de manuteno hospitalar com os
custos conforme apresentado no quadro 12. Lembre-se que os contratos tiveram seu valor
alterado conforme variao do IGP-M do ano anterior (QUADRO 7).
Como pode ser observado no quadro 12, o custo com contratos muito mais alto, e o custo
de pea se manteve estvel quando comparado com o quadro 11. Isso acontece, pois os
contratos eram de prestao de servio e no tinham as peas includas sendo essas pagas
parte do contrato. O custo com pea se manteve estvel mesmo com implantao das
manutenes preventivas, onde algumas peas so substitudas antes mesmo de
apresentarem algum tipo de defeito, garantindo a qualidade e confiabilidade no uso do
equipamento.
Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.
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QUADRO 12 Variao nos custos gerais do setor de manuteno hospitalar
sem a influncia da GB ANO/CUSTO PESSOAL
(R$) CONTRATOS
(R$) ALMOXARIFADO +
PMT + SDE (R$) TOTAL (R$)
2001 148.200,00 477.063,16 - 625.263,16 2002 163.571,75 586.395,71 - 749.967, 46 2003 204.528,48 2.105.560,95 580.302,86 3.097.392,28 2004 222.304,87 2.281.376,18 800.514,28 3.304.195,33 2005 249.915,13 2.275.783,35 1.357.746,42 3.883.444,90 2006 252.916,11 2.294.176,82 1.472.863,49 4.019.956,43
Avaliando o custo total da GB em 2006, estima-se algo em torno de R$3.052.353,51 como
pode ser observado no quadro 11. No quadro 12, observa-se o custo de manuteno do
HCU, caso a GB no existisse, estimado em R$4.019.956,43, ou seja, R$967.602,91 acima
do que gasto hoje na GB. O quadro 13 apresenta um resumo desses valores.
QUADRO 13
Comparativo de custos Com Bioengenharia versus Sem Bioengenharia, no perodo de 2001 a 2006
ANO SEM
BIOENGENHARIA (R$)
COM BIOENGENHARIA
(R$)
ECONOMIA GERADA ANUAL
(R$)
ECONOMIA ACUMULADA
(R$) 2001 625.263,16 625.263,16 - - 2002 749.967,46 708.644,48 41.322,98 41.322,98 2003 3.097.392,28 2.798.840,39 298.551,89 339.874,87 2004 3.304.195,33 2.950.299,27 353.896,06 693.770,93 2005 3.883.444,90 3.487.797,12 395.647,78 1.089.418,71 2006 4.019.956,43 3.052.353,51 967.602,91 2.057.021,62
Como se pode perceber, a Medicina est sempre em busca da qualidade no atendimento,
seja atravs da evoluo de novos procedimentos, seja atravs de novos frmacos ou at
mesmo com a ajuda da tecnologia para o diagnstico precoce de inmeras enfermidades. E,
quando se baseia nas definies de qualidade, entende-se que todas caminham para o
mesmo lado, oferecer o produto da maneira que satisfaa o cliente (DEMING, 1990),
tambm por meio de processos produtivos e da capacidade de seguir procedimentos pr-
definidos (CROSBY, 1994). E a GB busca com a otimizao de suas aes e com a
implementao de novos projetos contribuir com a melhora na qualidade do atendimento
sem comprometer financeiramente a instituio.
CONCLUSES Como podem ser observados, muitos foram os benefcios alcanados pela GB, o que trouxe
grandes melhorias para o HCU. A implementao dos indicadores de produo possibilitou
Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.
99
conhecer o que realmente acontece no setor podendo definir objetivos e metas a partir
desses novos dados.
A centralizao do controle de custos de manuteno do hospital, bem como a centralizao
e controle dos contratos de manuteno permitiu que fosse gerada uma economia anual de
quase R$ 1.000.000,00 em 2006 e acumulado de 2001 at 2006 de pouco mais de R$
2.000.000,00.
Alm desses aspectos, a GB consegue apresentar uma maior confiabilidade no uso de
equipamentos eletromdicos atravs de seu laboratrio de aferio e calibrao e das
preventivas que so realizadas de acordo com o indicado pelo fabricante, ou por normas.
O aprimoramento profissional dos funcionrios tambm foi notvel, visto que todos voltaram
a estudar; sendo que muitos j terminaram seus respectivos cursos. Isto possibilita equipe
maior conhecimento, competncia e conscincia da importncia de seu trabalho.
A mudana de paradigma permitida pela Direo do HCU foi fundamental para que todos
esses benefcios fossem alcanados. Sem a autorizao e o apoio da Diretoria e da Reitoria
da Universidade Federal de Uberlndia nada disso teria sido possvel. E hoje, tem-se uma
economia gerada e uma melhor qualificao dos funcionrios que prestam servio de apoio
em manuteno hospitalar, garantindo uma melhor qualidade dos equipamentos e
confiabilidade para a equipe clnica e para os usurios da Instituio.
EVALUATION OF COSTS OF BIOENGINEERING MANAGEMENT AT THE UBERLNDIA HOSPITAL OF CLINICS
ABSTRACT The image of the Brazilian hospitals is being associated directly with the quality of the given medical assistance, openly influencing in its share of market and, this relation, is on to the complexity of the equipment of the hospital being able still to extend itself to the hospital infrastructure. In what it refers to the management of a hospital, little is known on the influence of a service of well structuralized support of hospital maintenance in the relation of costs to the Institution. Therefore, this work had for objective to analyze Uberlndia Hospital of Clinics maintenance costs, before and after the implementation of Management of Bioengineering. It enters the results reached for her are the implementation of production pointers, centralization of the maintenance costs, greater trustworthiness in the medical electro equipment, significant reduction of the maintenance costs, beyond stimulating the employees of the sector to search qualification professional. Such results prove the importance of the support to the direction of the Hospital in stimulating well structuralized changes, thus carrying through a management of quality with well defined objectives.
Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.
100
Key words: costs, clinical engineering, hospital engineering, bioengineering REFERNCIAS AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIA. Manual de boas prticas de aquisio de equipamentos mdico-hospitalares. Disponvel em: http://www.anvisa.gov.br/produtosaude/auto/boas.htm Acesso em: 24 dez. 2006. ANTUNES, E., DO VALE, M., MORDELET, P. E GRABOIS, V. Gesto da tecnologia biomdica: tecnovigilncia e engenharia clnica. Cooperao Brasil-Frana: ditions Scientifiques ACODESS, 2002. BRASIL, Ministrio da Sade. Equipamentos mdico-hospitalares e o gerenciamento da manuteno: capacitao distncia. Secretaria de Gesto de Investimentos em Sade. Projeto REFORSUS. Braslia: Ministrio da Sade, 2002. 709 p. BRASIL, Ministrio da Sade, Organizao Nacional de Acreditao. Manual das organizaes prestadoras de servios hospitalares. Braslia: Ministrio da Sade, 2004. v.1. 224 p. Ministrio da Sade. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. COHEN, T. The cost of biomedical equipment repair and maintenance: results of a survey. Medical Instrumentation, v.16, n. 5, p.269-271, sep./oct.,1982. Disponvel em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?itool=abstractplus&db=pubmed&cmd=Retrieve&dopt=abstractplus&list_uids=7176994. Acesso em: 5 jan. 2007. COUTO, N. F.; RIBEIRO, R. S.; AZEVEDO, A. C. P; CARVALHO, A. C. P. Modelo de gerenciamento da manuteno de equipamentos de radiologia convencional. Radiologia Brasileira. So Paulo, v. 36, n. 1, p. 353-361, jan./fev. 2003. CROSBY, P. B. Qualidade investimento. 6. ed. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1994. DEMING, W. E. Qualidade: a revoluo da administrao. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990. DEVICE BULLETIN. Managing medical devices: guidance for healthcare and social services organizations. Medicines and Healthcare products Regulatory Agency. Department of Health, U.K., nov. 2006. FLORENCE, G.; CALIL, S.J. Programa de segurana aplicado utilizao de equipamentos eletro mdicos. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Biomdica, XX, Anais, 2006. p. 479-482. GOMES, L. ; DALCOL, P. O papel da engenharia clnica nos programas de gerncia de equipamentos mdicos: estudo em duas unidades hospitalares. In: Congresso Latinoamericano de Ingenera Biomdica, II, Habana, Cuba, Anais, Artculo 131, 2001. GUEDERT, D. ; GARCIA, R. Sistema de gerenciamento de equipamentos eletro mdicos ferramentas de TI para a engenharia clnica. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Biomdica, XX, Anais, p. 527-530, 2006. LIMA, M. A. D. Priorizao da manuteno planejada em equipamentos hospitalares de criticidade elevada. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Biomdica, XX, Anais, p. 604-606, 2006.
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Interseo, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p.81-101, out., 2007.
ASPECTOS TERICOS 1. Servios 2. Custos 2.1 Custos Gerais 2.2 Custos Contratos 2.3 Custos com Recursos Humanos 2.4 Totalizao dos Custos
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