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Ano XII | Nº 153 | Maio de 2018
pág. 16
REVISTA DA ARQUIDIOCESE DE VITÓRIA - ES
A busca do símbolo perdido
Uma análise sobre o portede arma ao cidadão
Especial - 38 Entrevista - 34 Reportagem - 05 Cantando a gente
Aprende a transformarA lembrança de um Brasil
que não queremos
TESTEMUNHAR A FÉ
EDITORIAL
A corrida eleitoral já deu sinal de partida e, se ainda existem
indecisões ou indefinições o fato é que nem os mais otimistas
olham com confiança para a eleição de 2018.
Faltam líderes, faltam propostas, faltam perfis de candidatos
apaixonados pela nação e pelo povo. Sobram discursos engano-
sos e radicalismos extremos que na prática não introduzem
nenhuma mudança expressiva para a realidade que está posta. A
classe política está desacreditada e em casos como este a tendên-
cia das pessoas é procurar alternativas radicais, que façam
rupturas com o modelo que não satisfaz. Por onde seguir?
Esta edição propõe algumas reflexões para o momento atual
tanto do ponto de vista religioso quanto civil, afinal a fé só existe
em humanos que estão inseridos na realidade atual e é nela que
faz sentido ter e testemunhar a fé.
Boa leitura!
Maria da Luz Fernandes
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Editora
arquivitoria
Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela – Bispo Nomeado de Bauru: Dom Rubens Sevilha – Editora:
Maria da Luz Fernandes / 3098-ES – Repórter: Andressa Mian / 0987-ES – Conselho Editorial: Alessandro Gomes,
Edebrande Cavalieri, Vander Silva, Lara Roberts, Marcus Tullius e Rômulo Benha – Colaboradores: Pe. Andherson
Franklin, Arlindo Vilaschi, Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Fr. José Moacyr Cadenassi- Revisão de texto: Yolanda
Therezinha Bruzamolin – Publicidade e Propaganda: vlorenzetto@redercres.com.br – (27) 3198-0850 Fale com a
revista vitória: mitra.noticias@aves.org.br – Projeto Gráfico e Editoração: Blend Criativo - Designer: Gustavo Belo
- Impressão: Gráfica e Editora GSA – (27)3232-1266.
DIÁLOGOS 24
31. Pensar
33. Sugestões
34. Entrevisa
36. Mundo litúrgico
40. Viver Bem
05. Reportagem
Espiritualidade11.
Economia política13.
Fazer bem14.
Catequese21.
Ideias22.
Aspas27.
Caminhos da bíblia28.
Porte de arma aocidadão comum.
38
ESPECIAL
ATUALIDADE 16
42. Lições de Francisco
44. Acontece
46. Arquivo e memória
REPORTAGEM
maio/2018 | vitória | 05
A LEMBRANÇA DE UMBRASIL QUE NÃO QUEREMOS
conturbado momento político do Brasil, faz com que Oalguns pensem em repetir experiências que, na visão
de grande maioria e de todos os nossos entrevistados,
traria ao país novamente os desrespeitos às pessoas e cercea-
mento da liberdade. O país vive algumas semelhanças com o
período pré-ditadura militar, que teve início com o Golpe 1964 e
durou mais de 20 anos. Naquela época havia um governo enfra-
quecido e um parlamento extremamente conservador, denúnci-
as de corrupção, uma imprensa conivente e manipuladora agindo
em concordância com o governo. Também havia manobras para
tentar conter o crescimento da oposição no país e o clamor de
alguns grupos para que os miliares tomassem o poder, com a
justificativa que somente eles colocariam ordem no país.
Os brasileiros estão assustados e a aparente apatia da popula-
ção gera um clima de insegurança e de desorientação. Um apelo
pelo retorno dos militares ronda o Brasil. Pesquisa de opinião
realizada em dezembro de 2017 pelo Instituto Paraná Pesquisas
mostrou que 43, 1% dos brasileiros defendem a volta da interven-
ção militar. O apoio à volta do regime militar é maior entre os
jovens de 16 a 24 anos, chegando a
46,1% e menor entre os mais velhos,
de 60 anos ou mais, com 37,2%.
Para entendermos o que se desenro-
la no atual contexto, é necessário
relembrarmos a história a partir do
Golpe Civil e Militar de 64, um golpe
apoiado pela sociedade civil, por
donos de veículos de comunicação,
empresários, pelo governo dos
Estados Unidos, pela Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) e por
setores conservadores da Igreja
Católica, que em nome do combate ao
Comunismo e à corrupção, e em nome
de Deus e da família, defenderam a
tomada do poder pelos militares, com
a destituição do presidente João
Goulart. Na época Jango pretendia
realizar diversas reformas no Brasil,
como a reforma agrária, a reforma
política, a urbana, a bancária e a
universitária, e tal situação não
agradava os interesses dos grupos
dominantes.
O que se viu depois da tomada do
governo pelos militares foi uma
sequência de atos desumanos,
conhecidos como Atos Institucionais
(AI), que afetaram toda a sociedade,
deixando sequelas físicas e psicológi-
cas nos brasileiros, além de muitos
mortos e desaparecidos.
O AI 5, instalado em dezembro de ...
REPORTAGEM
06 | vitória | maio/2018
1968 durante o governo do general Arthur da Costa
Silva, foi considerado o mais perverso, concedendo
ao general e a seus sucessores poderes absolutos
como o direito de pôr em recesso, por tempo
indeterminado o Congresso Nacional, as Câmaras
de Vereadores e Assembleias Legislativas. Com
isso, o Poder Executivo ficou autorizado a legislar
em todas as matérias e a exercer todas as atribui-
ções previstas nas Constituições e nas Leis
Orgânicas dos Municípios.
Foi neste período que se acirraram as persegui-
ções políticas e qualquer manifestação, reunião e
até mesmo um encontro entre amigos poderia
gerar desconfiança e acabar em prisão, tortura e
morte. Estudantes, intelectuais e engajados
políticos, foram as principais vítimas do sistema
que contestavam. Um clima de terror se instalou no
país e os brasileiros foram impedidos de votar, de
emitir opiniões sobre o regime, e até mesmo de sair
de casa após determinado horário. A imprensa e a
classe artística sofreram perseguições e censura.
Em 2014, depois de dois anos e sete meses de
trabalho, a Comissão Nacional da Verdade (CNV)
confirmou, em seu relatório final, 434 mortes e
desaparecimentos de vítimas da ditadura militar
no país. O documento comprovou a prática siste-
mática de detenções ilegais e arbitrárias, tortura,
execuções, desaparecimentos forçados e oculta-
ção de cadáveres por agentes do Estado brasileiro
da época.
No Espírito Santo não era diferente, lembramos
aqui que a prisão e a tortura aconteceu para um
grupo de jovens de Colatina que participavam da
Igreja de Vila Lenira no qual, além do estudo do
Evangelho eram feitas discussões sobre a realidade
social. Renato C. Gama era um desses jovens. “Era
um grupo sem nenhuma pretensão de reação ao
sistema, apenas discutíamos temas sociais, mas
fomos denunciados por ligações ao
comunismo. Fomos presos e sofremos
todo o tipo de tortura psicológica
possível. Nada foi provado contra nós,
mas o fato trouxe repercussões que
levamos para toda a vida”, relata.
A lembrança deste período também
é difícil para Perly Cipriano, que foi
preso e torturado neste período,
cumprindo uma pena de 10 anos após
ser julgado e condenado por subver-
são.
Fui preso três vezes, a terceira no
Nordeste, sendo condenado a 94 anos
e oito meses de prisão. Passei por
muitas prisões e a última foi o ...
REPORTAGEM
Complexo Penitenciário Frei Caneca, no Rio. Foram .
anos terríveis, com maus tratos, tortura e nenhuma
dignidade. Quando eu saí da cadeia, no terceiro dia,
voltei para a militância. Eu só pensava nisso, em
continuar a luta contra o regime”, conta.
A professora de História do Instituto Federal do
Espírito Santo e mestre em História Política pela
Universidade Federal do Espírito Santo, Dinorah
Lopes Rubim Almeida, explica que após o golpe, a
reação passou a acontecer quando as bases sociais
se organizaram, e é o que vem acontecendo no
Brasil novamente.
“Contra a forte repressão do regime surge a luta
armada, organizada de maneira muito forte em
várias partes do Brasil, inclusive no Espírito Santo,
na região do Caparaó. No entanto, esta reação não
consegue atingir o objetivo, que era de derrubar o
governo. Em 1975 a gente começa a organizar outro
tipo de resistência à ditadura, a chamada resistên-
cia democrática com a participação do movimento
estudantil, da imprensa alternativa, das associa-
ções de moradores, da associação de profissionais
liberais, do movimento sindical, dos movimentos
sociais, da classe artística, do movimento feminista,
e também da Ordem dos Advogados do Brasil e da
Igreja Católica, que ao verificar as atrocidades do
regime começaram a combatê-lo.
Aqui temos que destacar o papel da Igreja no
Espírito Santo, que nas figuras de Dom João Batista
da Mota e Albuquerque, Dom Luiz Gonzaga
Fernandes e Dom Aldo Gerna realizaram uma
grande luta em favor dos direitos humanos, da
liberdade de expressão, contra a tortura e contra a
desigualdade social vividos no regime.
A mestre em História Social das Relações Políticas
pelo Programa de Pós Graduação em História da
Ufes, Erilaine Ribeiro da Silva, teve acesso aos
arquivos da Delegacia de Ordem Político Social ...
...temos que destacar o
‘‘
papel da Igreja no Espírito
Santo, que nas figuras de
Dom João Batista da Mota
e Albuquerque, Dom Luiz
Gonzaga Fernandes e Dom
Aldo Gerna realizaram
uma grande luta em favor
dos direitos humanos, da
liberdade de expressão,
contra a tortura e contra
a desigualdade social
vividos no regime.’’
maio/2018 | vitória | 07
(DOPS), e é enfática ao afirmar
que a atuação eclesial destes
bispos incomodou o regime.
Segundo seus levantamentos,
Dom João, chegou a ser taxado
como elo de vários movimentos
no estado. Ela concluiu que as
comunidades Eclesiais de Base
(CEBs) deram sustentabilidade a
muitos movimentos que ainda
hoje lutam a favor dos direitos
humanos e de igualdade social.
“Em meio a esse tempo de
intolerância e a essa ameaça à
democracia que estamos nova-
mente vivendo, é importante
frisar a postura que a Igreja teve. O
legado incansável de lutas dos
bispos repercute não só nas
comunidades eclesiais, mas
também nos Centros de Defesa
dos Direitos Humanos (CDDH), na
luta por liberdade de expressão,
nas pastorais sociais que ainda
mantém reflexões, na luta das
mulheres, e principalmente,
repercute na ideia que a gente tem
hoje de ditadura nunca mais”,
comenta.
Ainda dentro deste contexto de
atuação da Igreja no Estado, 12
jovens foram convidados por Dom
João para trabalhar no Centro de
Documentação da Arquidiocese
de Vitória (Cediv), atuando nas
áreas social, econômica e política,
orientando a Arquidiocese de
Vitória nessas áreas e produzindo
material que eram usados nas
f o r m a ç õ e s d o s l e i g o s . . . . .
“Dom Luiz Fernandes era um
gênio. Ele sabia que esta atitude ...
REPORTAGEM
08 | vitória | maio/2018
REPORTAGEM
maio/2018 | vitória | 09
ajudaria a criar uma consciência política nas
pessoas mais simples. O Cediv produzia cartilhas
informativas para esta função. Então, quando os
bispos lançaram a cartilha nacional “Exigências
cristãs para uma ordem política”, em 1976, nós a
lançamos em linguagem popular em 1977, aqui. A
Arquidiocese lançou também o manual do eleitor,
que começava a desenhar o papel do cristão na
política, e as pessoas começaram a entender a
importância de escolher o programa dos partidos,
de analisar esses programas, de conhecer as
histórias e os projetos dos candidatos”, comenta
Dante Pola.
Para Dante, a Igreja de Vitória produzia um
arsenal teórico e teológico voltado para o
Evangelho com grande poder de conscientização
política, econômica e social.
O ex-deputado Claudio Vereza afirma que a
resposta ao trabalho da Igreja de Vitória, acontece
quando começam a aparecer por todos os lados os
movimentos populares de bairro e os grupos de
oposição na área sindical e urbana.
“Por exemplo, a Comissão Pastoral da Terra se
organiza a partir desse trabalho. Com relação à
Pastoral Operária, o Cediv foi responsável pelos
primeiros boletins e informativos. A partir desse
trabalho iam surgindo os grupos de oposição
sindical para tomar as diretorias dos sindicatos
rurais, que teve início com os trabalhadores rurais
de Colatina, e urbanos, que começa com a constru-
ção civil.
O movimento foi pegando força e foi se desenvol-
vendo”, conta.
Renato lembra que o Movimento Pela Moradia,
muito forte em Vila Velha, foi outro retorno do
trabalho começado pela Igreja.
“A vinda de trabalhadores do interior do Espírito
Santo para trabalhar na construção dos complexos
industriais que chegavam ao estado colaborou para
a problemática da moradia e para um grande
problema social. Milhares de pessoas vinham para a
Grande Vitória à procura de emprego e não tinham
lugar para morar” lembrou Renato.
Pela atuação em todas essas frentes, Dante
afirma que, no ES a redemocratização passou
quase que integralmente pela Igreja Católica.
“Para a Comissão de Justiça e Paz, Dom Luiz
Fernandes chamava até pessoas que não eram
ligadas a Igreja, muitas nem tinham religião, mas
ele chamava, pois era uma luta do ser humano. Isso
foi fundamental aqui”, afirma.
Na opinião da professora Dinorah, a atuação de
todas essas frentes que se organizaram com a ajuda
da Igreja em várias partes do Brasil, e que a partir de
1975 se unem aos estudantes e tomam as ruas,
colaboraram fortemente para o fim da ditadura e
para a conquista da democracia.
“Não podemos dizer que esta resistência demo-
crática conseguiu tudo que queria, porque todo o
processo de abertura política no Brasil, foi domina-
da pelos militares. No entanto, não podemos
menosprezar esses movimentos que exerceram
muita pressão. A anistia não foi a anistia sonhada e
planejada, pois era esperado que acontecessem
eleições através do voto direto em 1985 e ela não ...
A resistência é demorada, é construída,
‘‘
o processo é lento, mas ela acontece de
boca a boca, dentro das universidades,
dentro de movimentos. Devemos ter a
atitude da não conformidade, mas
não é simplesmente ir para a rua
desordenadamente. Isso tem que ser
muito bem organizado.’’
JornalistaAndressa Mian
REPORTAGEM
10 | vitória | maio/2018
acorreu, mas todo esse movimento teve um certo
peso histórico. Esse reflexo se dá em 1988 com
muitas reivindicações desta resistência sendo
incorporadas à Constituição”, observa.
Com relação ao atual momento político do Brasil,
a professora Dinorah afirma que há novamente um
golpe. Mas, destaca que a resistência contra tudo
isso está acontecendo também, com as bases
sociais se organizando e acrescenta “seria muito
bom ver o povo de novo na rua”.
Segundo Perly Cipriano a população ganhou certo
grau de consciência e quem conquista direitos não
quer perdê-los. Também para ele a reação contra
tudo o que tem ocorrido no Brasil está em andamen-
to, mas é lenta e por isso é necessário paciência.
Dante também vê esperança, mesmo que as
circunstâncias pareçam dizer o contrário. “Esses
movimentos que a gente vê nas praças, que chama-
mos de a turma da poesia marginal, a turma da
periferia, coisas que os jovens da periferia têm feito
por aí, e que muitos de nós não está nem sabendo,
também surtirão efeito. O pessoal que se expressa
através da arte, da música, da poesia também está
passando seu recado”, comentou.
A reação acadêmica, segundo Dinorah, já come-
çou. Quatorze universidades brasileiras estão
oferecendo o curso “O Golpe de 2016”, para ela é de
grande importância que os historiadores se mobili-
zem, abrindo uma discussão, esclarecendo fatos e
explicando como o golpe foi articulado para chegar
ao impeachment da presidente Dilma em 2016. Em
sua opinião, isso também contribui para que os
movimentos estudantis e os diretórios acadêmicos
se organizem, queiram resistir, queiram conflitar,
queiram debater.
“Está tendo muito debate nas universidades e é
claro que isso não está sendo divulgado pela grande
mídia, porque isso alerta e informa a população”,
comenta Dinorah.
Para ela, o que precisa acontecer agora é que os
movimentos sociais, estudantis e associações de
base se politizem ainda mais, e é necessário tempo,
talvez um tempo que não temos paciência para
esperar.
“A resistência é demorada, é construída, o proces-
so é lento, mas ela acontece de boca a boca, dentro
das universidades, dentro de movimentos.
Devemos ter a atitude da não conformidade, mas
não é simplesmente ir para a rua desordenadamen-
te. Isso tem que ser muito bem organizado” defen-
de.
Quanto ao apoio de parte dos brasileiros à volta
do militarismo, a professora é enfática em dizer que
temos uma sociedade ainda muito conservadora,
que não aceita mudanças, e por isso, essa mentali-
dade de que os militares resolveriam o problema.
“Sabemos que eles não resolvem nada. Como
políticos nós sabemos que eles foram cruéis em
todos os países que atuaram como governantes.
Não acredito que eles venham a tomar o poder,
porque Temer não é bobo e fez logo um acordo com
os militares colocando-os na intervenção do Rio de
Janeiro para tentar se aproximar deles e evitar que
agissem contra o Estado. O que está faltando
mesmo é conhecimento por parte dos brasileiros de
saber, de conhecer a própria história. Eu como
professora de história lamento profundamente que
essa ignorância venha a se espalhar pelo país.”,
conclui.
SUA VIDA TEM SENTIDO?
A vida não é fácil pra ninguém, mas para
quem tem fé, ela é bem menos complica-
da. Por exemplo, toda pessoa em algum
momento da vida vai se perguntar: Por que eu
nasci? Qual o sentido da vida? Como viver o dia a
dia? O que é essencial ou secundário? O que é certo
ou errado?
Na realidade são somente duas as questões
fundamentais para o homem: qual o sentido da
vida, isto é, onde ela vai terminar; e a segunda é o
que fazer no dia a dia entre o berço e o túmulo, ou
seja, ter um sentido na vida.
Para nós que cremos ambas as questões são
claras e definidas. Quanto ao sentido do final da
existência a resposta é simples e direta: o final da
nossa existência é o céu, a vida eterna. Porém, é
inútil querer entender e explicar com palavras
humanas como será o céu. Simplesmente cremos.
O dom da fé exige de nós uma boa dose de humilda-
de, inclusive humildade intelectual. O orgulho
intelectual do homem moderno é um dos empeci-
lhos à fé.
Quem não acolhe e não cultiva o dom da fé,
caminha na vida sem rumo exatamente como um
andarilho de beira de estrada: caminha o dia inteiro
de lugar nenhum para lugar algum! Logo ela vai se
cansar de caminhar e desanimar. Quando a maturi-
dade, a velhice e a morte vão se aproximando, cai
no desespero.
Quanto à segunda questão, isto é, como conduzir
a vida, a resposta para quem tem fé é também
muito simples, podendo ser resumida numa frase:
Fazer o bem é o que dá sentido à vida de alguém!
Para nós cristãos o que preenche o nosso dia a dia
é combater o bom combate em todas e quaisquer
circunstâncias, ou seja, seguir Jesus que “passou
fazendo o bem” (Atos 10,38).
Se você vive angustiado e enrolado perguntando-
se sobre o sentido da sua vida, trocando os pés
pelas mãos, tomando decisões erradas, etc., isso
pode ser por dois motivos: falta de fé ou falta do que
fazer. Tome a decisão de buscar a Deus e saia da sua
preguiça e egoísmo, comece a ajudar toda pessoa
que cruzar o seu caminho que, lhe garanto, você vai
ser a pessoa mais feliz desse mundo. Faça o teste.
Obs. O Papa Francisco nomeou-me bispo diocesano de Bauru – SP, por
isso encerro minha participação na Revista Vitória. Se algum artigo
que escrevi lhe fez bem peço-lhe, como pagamento, duas coisas:
agradeça a Deus e reze por mim.
Dom Rubens Sevilha, ocdBispo nomeado da Diocese de Bauru
ESPIRITUALIDADE
maio/2018 | vitória | 11
A celebração de primeiro de maio, alude a
manifestações em 1886 de trabalhadores na ruas
de Chicago, EEUU, reividicando a redução da
jornada para oito horas semanais. Ganhou densi-
dade política fora dos Estados Unidos e passou a
simbolizar a luta por melhores condições de
trabalho e remuneração compatível para trabalha-
doras e trabalhadores.
Melhorias e ganhos que foram conquistados ao
longo de boa parte do século XX através de ações
políticas mobilizadas por sindicatos de trabalha-
dores, com apoio de partidos defensores do
estado de proteção social. Ações políticas e apoio
de partidos que perderam impacto a partir dos
anos 1980 com a ascensão da ideologia neoliberal
e do encantamento conservador como as virtudes
do mercado globalizado.
Mercado globalizado que reduziu preço de bens
e serviços às custas da diminuição da participação
da massa salarial na renda em praticamente todos
os países e de uma exponencial exploração de
recursos naturais sem possibilidades de renova-
ção.
Massa salarial reduzida pelas possibilidades
crescentes de substituição do trabalho humano
por processos cada vez mais executados por
máquinas. Máquinas que substituem tanto a mão
de obra em esforços repetitivos quanto cabeças
pensantes em serviços baseados no processamen-
to de dados vindos de fontes diversas.
O salto da produção determinada pelas possibi-
lidades no início do século XX da automação
mecânica – bem caracterizada por Chaplin em
'Tempos modernos' – para aquelas da automação
digital é significativo. Salto com implicações
sociais intrigantes como mostradas na série 'Black
mirror' que fala sobre a forma como a sociedade
lida com tecnologias e faz constatações negativas
sobre como aquelas disponíveis já impactam
muitos.
Impactos sociais, culturais e econômicos que
deixados por conta do arbítrio do altar do merca-
do financeiro certamente tenderão à concentra-
ção de renda, à alienação política e à exclusão
social. Concentração, alienação e exclusão
sempre debitadas aos perdedores no chamado
jogo de mercado.
Entender o que legitima o arbítrio do mercado
financeiro – destaque para a ideologia incorpora-
da no que é veiculado pela mídia de mercado e
pela academia produtivista – é importante.
Importante para que o enfrentamento com o que
interessa a uma minoria diminuta de pessoas no
mundo, seja feito com a participação de gente
comprometida com o bem comum.
Bem comum em termos das relações entre
humanos e de nós com os demais seres viventes.
Bem comum cada vez menos considerado nos
discursos e nas práticas de sistemas políticos,
sociais e econômicos desenhados e operacionali-
zados pela classe dominante, em escala global /
nacional / local.
Desvendar e se opor ao desenho e à operaciona-
lização de políticas voltadas aos interesses
maiores da classe dominante são grandes desafio
do trabalho nesta segunda década do século XXI.
Professor de Economia
arlindo@villaschi.pro.br
Arlindo Villaschi
ECONOMIA POLÍTICA
DESAFIOS AOTRABALHO
maio/2018 | vitória | 13
FAZER BEM
14 | vitória | maio/2018
U m m e n i n o d e 5 a n o s
emocionou o médico que
curou sua mãe de câncer. O
menino entregou ao médico
u m e n v e l o p e co m s u a s
economias (45 centavos) e
fez um pedido: que o médico
u s a s s e o d i n h e i r o e m
pesquisas para encontrar
c u ra p a ra a d o e n ç a . O
m é d i c o i t a l i a n o P e t e r
Caldarella operou a mãe do
menino que tinha câncer de
mama no ano passado.
Máquinas que eram usadas para o jogo foram transformadas em
computadores para crianças carentes. As máquinas caça-níqueis foram
apreendidas em cassinos clandestinos no Espírito Santo e seriam
destruídas, por serem frutos de apreensões. O Instituto Nacional de
Erradicação da Carência Escolar e Social (Ineces), em Vitória, é o
responsável pela reutilização das máquinas, vinte delas já viraram três
computadores para a sala de informática do projeto social Arca de Noé,
em Cariacica. O projeto atende cerca de 70 crianças e adolescentes, que
frequentam o espaço quando não estão em aulas.
Caças níqueis transformad o s em computadores para crianças
AGRADECIMENTO DE FILHOMenino dá economias a médico que curou sua mãe de câncer
“ Esta manhã o filho
de um dos meus
pacientes de cinco
anos deu-me este
envelope para
agradecer pelo
cuidados com sua
mãe, e no interior
estava suas economias,
que ele queria me
dar para pesquisa
do câncer.”
Peter Caldarella, Médico
TRANSFORMANDO PARA MELHOR
FAZER BEM
Jogo é disponibilizado para estimulare educar autistasAplicativo para ajudar na inclusão e na alfabetiza-
ção de crianças autistas é lançado pela brasileira
Ana Sarrizo. O jogo Brainy Mouse, trabalha a
leitura da esquerda para direita, formação de
palavras usando sílabas, interação com cores,
sons e outros “dispositivos cognitivos”. Ele auxilia
na autonomia desses jovens por meio da escrita e
da leitura, disse a criadora do game. “Ele é
indicado crianças em fase de alfabetização e que
precisam desenvolver interação. Pode ser
adotado por profissionais de saúde, professores,
pais e cuidadores de crianças autistas”. O jogo
estará disponível na Google Play e na Apple Store.
Uma máquina que disponibiliza contos literários está
fazendo muito sucesso pelo mundo. A Short Édition,
empresa francesa criou uma espécie de caixa eletrô-
nico para incentivar a leitura. O display da máquina
oferece três opções para os visitantes: leitura de um,
três ou cinco minutos de duração. Em seguida, um
conto é impresso em um papel em formato de recibo
de acordo com o tamanho escolhido. As histórias são
escolhidas por meio de um concurso virtual onde o
escritor interessado envia seu material e um júri
escolhe quais contos serão disponibilizados nas
máquinas. A ideia é que o aparelho seja levado para
outros países e que ocorra um intercâmbio cultural.
HONESTIDADE
Um frentista do Kansas, nos Estados Unidos, deu uma lição de honestidade. Enquanto trabalhava encon-
trou um bilhete de loteria premiado, que valia 1 milhão de dólares, e saiu procurando pelo dono para
devolvê-lo. Ele verificou se havia o nome do proprietário escrito, mas não estava, o que significa que
qualquer um poderia sacar o dinheiro. Mesmo assim, em vez de ficar com o bilhete premiado, o atendente
ligou para a loja marcada no recibo para ver se poderiam encontrar o comprador e conseguiu. O dono foi
encontrado, ele contou como perdeu o bilhete e ficou muito grato ao trabalhador.
Frentista acha bilhete premiado e devolve ao dono.
CONTOS À LA CARTECaixa automático substitui recibos porcontos literários
BRAINY MOUSE
maio/2018 | vitória | 15
ATUALIDADE
“ Vocês vieram aqui
porque querem se casar.
Poderiam fazê-lo no civil, mas
querem fazê-lo na Igreja, então,
por que casar na Igreja? ”
Com essas palavras ou semelhantes,
um jovem casal foi interrogado no momento
do juramento, isto é, um diálogo entre os noivos
com o pároco para verificar as predisposições
necessárias para assumir o matrimônio religioso
validamente. Esta frase por um lado é gravemen-
te errônea; por outra, esconde uma grande
verdade. Casar-se no civil não é o mesmo que se
casar na Igreja, ao menos não o é para duas
pessoas que, tendo sido batizadas na Igreja
católica, não a tenham abandonado mediante
um ato formal.
Desde o Concílio de Trento, 1545, a Igreja
estabeleceu que os casamentos dos católicos
fossem celebrados, em princípio, na presença de
um sacerdote e de duas testemunhas comuns.
Daí tornar-se necessário enfatizar que entre
católicos não
t e m o m e s m o
significado casar-se
na Igreja “no Senhor”
e casar-se no Estado,
perante um seu funcionário.
Contudo, um casamento celebrado com todas
as bênçãos do bispo e na catedral de uma cidade
pode ser perfeitamente nulo, quer dizer, inexis-
tente, caso as partes não se entreguem
16 | vitória | maiol/2018
A BUSCA DOSÍMBOLO PERDIDO
um casamento, pode
ocorrer que tal união
venha a se constituir
s o m e n t e n i s s o ,
um casamento aparente
e nada mais. O casamen-
to, portanto, não é concretizado pelas
aparências sociais, pelos ritos civis,
sagrados ou outros inventados da moda
atual, e sim pelo consentimento dos
cônjuges. E assim é precisamente porque
o casamento não é cerimônia, mas a união
do homem e da mulher nascida pelo
consentimento matrimonial, ou seja, do
pacto em que um e outro se entregam e se
reciprocamente, ou seja, deixem de prestar um
consentimento interior livre, verdadeiro e real. Um
casamento com muito luxo, não só porque se
desenrola na catedral e é presidido pelo
bispo, mas também porque é celebrado
diante de uma multidão de convida-
dos e que se torna público porque
dele dão notícia todos os
meios de comunicação.
Ora, apesar de todas as
aparências de que
ali começa a existir
a c e i t a m
mutuamen-
te. Se esse
“sim” não é
d i t o co m o
coração, se
e s s e “ s i m ”
n ã o s e f a z
acompanhar da
verdadeira vontade
de se entregarem e se
aceitarem mutuamen-
te, estamos na presença
de uma pura cerimônia,
m a s a l i n ã o h a v e r á
casamento. Não é cerimô-
nia que faz o casamento, são
os cônjuges, com seu consenti-
mento real, com mútua entrega de
suas pessoas.
Tem se tornado cada vez mais
comum pedidos dos jovens casais de
namorados ou noivos realizar a celebra-
ção do seu matrimônio fora da Igreja, ou
seja, fora do espaço sagrado. Há também os
pedidos mais “criativos” (para não chamar de
criatividade selvagem ou fantasia) para se incluir
na celebração. O que achamos “legal” incluir na
liturgia do casamento pode ser uma visão
enganosa da cultura dominante nos últimos
séculos que acentua como mais importante do
casamento um elemento que não tem relevância
maio/2018 | vitória | 17
ATUALIDADE
18 | vitória | maio/2018
humana e existencial. Não são poucas vezes que a
cerimônia “legal”, seja religiosa seja civil, não possui
absolutamente conteúdo matrimonial. Por exem-
plo, o uso de placas que precedem a noiva ou o noivo
com a seguinte frase: “fuja enquanto é tempo”,
“como é que eu vim parar aqui?” e “agora é tarde
para fugir, amor!”.
No casamento, deve-se distinguir o nível interpes-
soal – o poder soberano dos esposos - do nível social.
Ambos os níveis são essenciais, e por isso se pode
falar de dois co-princípios constitutivos do casa-
mento: o principio consensual e o principio formal.
Para que um casamento possa ser considerado
válido, é necessário que se cumpram esses dois
princípios. Portanto, eu não posso manipular a
liturgia do matrimônio ao meu bel-prazer.
Então, como fazer para que os elementos rituais do
sacramento do matrimônio sejam experiências
verdadeiras e conduzam os casais à sua finalidade
última? Como fazer para que o barco não naufrague
num mar de “criatividades” vazias?
A experiência quando é verdadeiramente huma-
na, não pode separar-se da reflexão e da busca de
um sentido. O poeta T.S. Eliot exprime essa ideia na
sua obra Quatro Quartetos: “Tínhamos a experiên-
cia, mas tínhamos perdido o sentido. Mas aproxi-
mar-se ao sentido restabelecia a experiência de
modo diferente”. Tínhamos a experiência, mas era
incompleta, pois faltava uma reflexão, uma luz;
somente a compressão do sentido consente uma
real experiência da vida e do mundo. Assim, pode-
mos concluir que experiência e a reflexão sobre o
significado não se opõem; antes, o significado faz
parte da experiência e a faz plenamente humana.
O matrimônio tem um significado próprio
enquanto implica uma entrega mútua dos
esposos, de caráter pessoal e corporal, e
abrange um projeto de vida aberto à comunida-
de familiar. Essa união é fruto do amor e da
decisão voluntária do casal, mas se insere na
vontade da própria natureza humana e na
intenção do Criador.
O sacramento do matrimonio significa e
realiza o “mistério” da Igreja num momento e
numa situação singular da vida humana.
Quando os noivos cristãos se sentem chamados
a unir-se em matrimônio, a “tornar-se um só
corpo”, para realizar o projeto que Deus teve ao
criar o homem e a mulher, convertem-se em
sinal da união que existe entre Cristo e sua
esposa, a Igreja. Quem realmente se entrega e
aceita ao outro como esposo (ou esposa) está
respondendo a uma vocação divina, ainda que
não esteja consciente disso.
O número 68 da Exortação Familiaris
Consortio oferece diversas orientações pastora-
is para a celebração do matrimônio e a evangeli-
zação dos batizados não-crentes. O núcleo
central desse número consiste em recordar a
peculiaridade do matrimônio com respeito aos
demais sacramentos: “... ser o sacramento de
uma realidade que já existe na economia da
criação: o mesmo pacto conjugal instituído pelo
Criador 'desde o princípio'. A decisão do homem
e da mulher de se casarem segundo este projeto
divino, a decisão de empenharem no seu
irrevogável consenso conjugal toda a vida num
amor indissolúvel e numa fidelidade incondicio-
nal, implica realmente, mesmo que não de
modo plenamente consciente, uma disposição ..
Pe. Renato Criste CovreMestre em teologia do matrimônio
e família
de profunda obediência à vontade
de Deus, que não pode acontecer
sem a graça. Portanto, inserem-se
já num verdadeiro e próprio
caminho de salvação, que a
celebração do sacramento e a sua
imediata preparação podem
completar e levar a termo, dada a
retidão da intenção deles”.
A Igreja recorda, ainda, a todos
os membros a urgente “...necessi-
dade de uma evangelização e
catequese pré e pós-matrimoniais,
feitas por toda a comunidade
cristã, para que cada homem e
cada mulher que se casam o
possam fazer de modo a celebra-
rem o sacramento do matrimonio
não só vál ida, mas também
frutuosamente” (FC, n. 68).
maio/2018 | vitória | 19
ATUALIDADE
16 | vitória | abril/2018
SALVE, RAINHA!
CATEQUESE
Nossa Senhora da Vitória! Nas
comemorações do Jubileu de 60 anos
da Arquidiocese de Vitória do Espírito
Santo, a imagem de sua Padroeira está
peregrinando pelas Paróquias.
Maria a caminho, mais uma vez.
Maria que vem a nós...E no nosso
encontro carinhoso, momentos de fé,
amor, devoção, louvor, agradecimen-
to. De confiança irrestrita, de alegria
pela proximidade da imagem da Mãe,
que nos remete a Jesus, nosso
Salvador.
Ao voltar nosso olhar para Maria,
lembramos que “(...) na simplicidade
das mil ocupações e preocupações
quotidianas de cada mãe, como
providenciar a alimentação, a roupa, o
cuidar da casa… Precisamente essa
existência normal da Nossa Senhora
foi o terreno onde se desenvolveu uma
relação singular e um diálogo profun-
do entre Ela e Deus, entre Ela e o Seu
Filho.” (Papa Francisco).
Nela vemos o amor, o comprometi-
mento e confiança plena em Deus. A
coragem em aceitar a maternidade
divina, a preocupação com os
necessitados e aflitos.
Do encontro com Maria aprende-
mos a nos doar, a olhar com
misericórdia para o irmão, a servir
com amor. É um caminho de
santidade que fazemos com ela, a
peregrina.
Que esta peregrinação de Nossa
Senhora da Vitória nos mostre que
“(...) crer Nele significa “oferecer
sua carne” com a coragem de
Maria, para que Ele possa continu-
ar habitando entre nós. Significa
oferecer nossas mãos, nossos pés,
nossos braços, nossa mente e
s o b retu d o o fe re ce r o n o s s o
coração… Assim somos instru-
mentos de Deus, porque Jesus age
no mundo através de nós”. (Papa
Francisco)
“Salve Rainha, mãe de Deus, és Senhora, nossa mãe,Nossa doçura, nossa luz, doce Virgem Maria.
Nós a ti clamamos, filhos exilados, Nós a ti voltamos nosso olhar confiante.
Volta para nós, oh mãe, Teu semblante de amor. Dá-nos teu Jesus, oh mãe, quando a noite passar.
Salve Rainha, mãe de Deus, és auxílio do cristão, Oh mãe clemente, mãe piedosa, doce Virgem Maria.“
Fabíola Gouveia LimeiraProfessora e leiga
maio/2018 | vitória | 21
Tanto queremos companhia, tanto
queremos estar com outros e
conectados por imagens e mensa-
gens que, afinal, haveremos de admitir:
temos andado sozinhos. Vamos conversar?
Pois bem, pra começar, bom é dizer que há
saberes que nos são acessíveis somente
quando damos voz ao que se movimenta em
nós. Certos saberes não se configuram em
atitudes a não ser que antes elaboremos em
conversas o que se passa em nós e no mundo.
E outro motivo para isso é que, de um modo
ou de outro, esta é uma realidade que nos
atinge a todos, ainda mais nos tempos atuais.
Na verdade a proposta da conversa sobre
solidão através deste texto (ou sobre qual-
quer outro assunto) não necessariamente
tem o “ideal” de chegar a acordos ou conclu-
sões. Antes, a conversa quer ser a tentativa de
aproximar corações, pois que tão difícil
quanto admitir a solidão é a experiência de
defini-la, explicá-la, dar-lhe sentidos e
encontrar-lhe potências. A alternativa que
restará se dela não falarmos é carregá-la
como peso pela vida afora. E sabemos que ao
nos indagarmos sobre a vida e o mundo
estaremos, no fundo, nos perguntando sobre
o que estamos fazendo de nós mesmos.
Bem, sobre a solidão, o que cada um pode ...
VAMOS CONVERSAR SOBRE SOLIDÃO?
IDEIAS
22 | vitória | maio/2018
IDEIAS
romantismo como solução aos solitários. O amor
romântico não é solução para tudo. É preciso
prestar atenção às outras forças que falam no e
pelo solitário. Ao invés de choro a solidão pode
estar a cantar um protesto às mortificações
constantes e permanentes aplicadas a todos pelos
modos contemporâneos de viver.
A falta (carência) para a qual a solidão remete
talvez evidencie que a sociedade com o consumis-
mo que lhe é inerente não é capaz de preencher,
saciar, dar sentido à vida humana. A solidão de
tantos desmascara essas exageradas propostas de
felicidades que são vendidas de infinitas maneiras.
Ao invés de pensar no que falta ao solitário talvez
fosse interessante observar de que outros possíve-
is mundos ele está belamente povoado.
Ainda, a solidão não deixa de se configurar nas
suas dobras e redobras como poderosa resistência
aos controles a que estamos submetidos. Quando
mais integrados no mundo contemporâneo mais
controlados, disciplinados e adoecidos estamos. O
solitário ao se manter um pouquinho à parte do
mundo que aí está pode ser portador - não de um
adoecimento ou uma síndrome qualquer que
passa pela inabilidade de convívio e integração
social - mas de um movimento de saúde a que
haveríamos de prestar atenção.
constatar? A Solidão é uma experiência de todo
ser humano, mas parece ser vendida como se
fosse a realidade apenas de alguns infelizes. Ela
é difícil de ser confessada, pois sempre é
associada com aspectos negativos tais como
lamúria, sentimentalismo, incompetência,
fraqueza e fracassos. Ignora-se em decorrência
dessa dissimulação da realidade toda uma
potência de vida que pode estar no solitário. A
ignorância dessas realidades faz com que se
proponham ilusões românticas permanente-
mente às pessoas, vendidas às tortas e às
direitas, como se o romantismo fosse capaz de
dar conta de toda uma situação de sofrimento
que tem suas raízes em muitas outras causas.
Mas fica assim: parece que é só encontrar sua
cara (barata) metade e tudo está resolvido.
É preciso (se pudermos falar assim sem ser
arrogante) desvincular a solidão desses aspec-
tos negativos que lhe são sempre postos e do
“Ao invés de choro a
solidão pode estar a
cantar um protesto às
mortificações constantes
e permanentes aplicadas
a todos pelos modos
contemporâneos de viver.“
Padre, psicólogo e Mestre em
Psicologia Institucional
Dauri Batisti
maio/2018 | vitória | 23
DIÁLOGOS
24 | vitória | maio/2018
mês de maio, além de Oser o mês de Maria vai se
tornando também o
mês da comunicação cristã. Aliás,
Maria é a Mãe do Comunicador
por excelência: Jesus que se
revelou como Caminho Verdade e
Vida.
Pois bem, o Santo Padre neste
mesmo assunto, comunicação,
manifestou sua preocupação com
as falsas notícias que estão
tornando-se comuns como se
fossem verdadeiras. Isto é muito
grave e poderá causar graves
consequências. Porém, na mídia,
além da preocupação com as
falsas notícias tenho ouvido e
visto propagandas exaltando a
importância e a necessidade do
respeito que devemos ter entre
nós seres humanos.
Não sei se trata de uma reação
às falsas notícias ou defesa de
certas atitudes que marginalizam
pessoas e grupos específicos da
sociedade. Contudo, tenho para
mim que o comunicador cristão
ou não cristão, mas pelo menos
ético, na sua maneira de ser, para
exercer bem sua profissão e
tornar-se, por isso, um verdadeiro
anunciador de notícias, precisa
cultivar no seu coração a verdade.
A verdade é uma virtude que pode
ser expressa nas atitudes de respeito
e de honestidade. O cidadão cristão
ou não cristão, responsável e
empenhado em comunicar bem,
obedece três princípios que nortei-
am a sua vida plasmada na verdade:
O primeiro princípio é: honestidade
consigo mesmo. Comunicador que
não é honesto consigo mesmo não
merece crédito! A pessoa humana
aprende desde o berço valores
inegociáveis que influenciam na
maneira de se comunicar. Por
exemplo ser honesto não é uma
virtude, mas uma obrigação que ele
aprendeu desde o seio materno.
Costuma-se dizer “é uma questão de
caráter”.
O segundo princípio é: honestida-
de com o outro, seja quem for este
outro. Ele, honesto jamais será um
devastador de um outro ser humano
como ele. Ele sabe que não tem
direito de violar ou destruir o outro
com sua comunicação. Não seria
comunicação e sim destruição de
u m s e u s e m e l h a n te . O n o s s o
semelhante é nosso espelho, tratá-
lo mal é projetarmos nossos proble-
mas nele. A Sagrada Escritura diz:
Não faças a ninguém o que não...
COMUNICAÇÃO: MENTIRA OU VERDADE
queres que te façam” Tb 4,15.
“Tudo aquilo, portanto, que
quereis que os homens vos façam,
fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e
os Profetas” Mt 7,12.
O terceiro princípio é: honestida-
de com Deus. Deus é Amor, Verdade
e Vida. O comunicador cristão deve
ser portador da verdade com amor
e cultivador da vida!
Arcebispo Metropolitano de Vitória
Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc.
maio/2018 | vitória | 25
DIÁLOGOS
No coração deste comunicador
não há lugar para falsas notícias.
A referência do comunicador
cristão é Deus. O comunicador
não é dono da verdade. Ser
honesto com Deus é reconhecer
sua limitação diante do Absoluto
n o a p re n d i za d o co n s ta n te
daquele que se revelou amor e
não ódio ou destruição. O
comunicador é um construtor de
pontes da vida.
Penso, pois, que além de
gastarmos muito tempo com as
falsas notícias parece-me mais
urgente a formação de bons
comunicadores e autênticos
veículos de comunicação que
levem a sério a auto-censura e a
boa comunicação.
maio/2018 | vitória | 27
‘‘O AMOR VIROU CONSÓRCIO,
COMPROMISSO DE NINGUÉM’’
Pe. Zezinho, SCJ
Diácono Permanente
Arquidiocese de Vitória-ES
Carlos José Fernandes
Alguns compositores cristãos em suas
canções, falam da seriedade do matrimô-
nio cristão, e uma das que mais nos leva a
uma profunda reflexão é a canção “Utopia”, de
autoria do Padre José Fernandes de Oliveira, SCJ,
conhecido Popularmente como Pe Zezinho que na
décima estrofe nos diz :“O amor
virou consórcio, compromis-
so de ninguém”..
Se prestarmos atenção, a
frase nos remete à ideia do
desrespeito do amor entre o
c a s a l . E n t e n d e - s e p o r
Consórcio um tipo de compra
desejada, onde paga-se um
lance recebe-se o produto e
quando o mesmo não tem mais
serventia, vende-se, tentando-se outra
compra, como um objeto qualquer.
Tal pensamento tem produzido uma verdadeira
calamidade na sociedade pelo crescente número de
divórcios a cada dia, causando o aniquilamento da
família e tendo como consequências crianças e
jovens desorientados na vida.
O matrimônio não pode e nem deve ser consór-
cio... O matrimônio deve partir de uma vocação
(chamado) e de uma decisão planejada (a dois)
firmada nos sólidos alicerces do compromisso e da
fidelidade.
Um casal tido como cristão não vive seu
Matrimônio "de qualquer jeito", como se o casamen-
to fosse uma formalidade que serve aos desejos
egoístas de duas pessoas que querem apenas “Uma
celebração dos Sonhos”...
O casamento não é uma invenção criativa da
mente humana e sim uma instituição divina, uma
dádiva pelo qual Deus demonstra o seu propósito
para a humanidade. Podemos dizer então que a
união do casal é a esperança de se ter famílias
comprometidas com a construção, não de casas, mas
de corações abertos à vida, à doação e ao compro-
misso vivido no dia a dia, mediante o exercício da
paternidade / maternidade responsável ao redor da
mesa buscando alimento e força
n a Pa l a v ra d e D e u s , n a
E u c a r í s t i c a , e o u t r a s
celebrações.
Infelizmente muitos que
se dizem cristãos parecem
não entender este propósito
divino concebendo uma visão
equivocada de que o enlace
matrimonial seria apenas um
evento social marcado por uma bela
festa, roupas especiais, fotos, flores e
com ideias como “vamos experimentar, para
ver se dá certo” ou “Se não der certo separa”.
O casamento não é um consórcio e o amor muito
menos. E sabe porquê? Consórcio a gente faz para
adquirir objetos. Consórcio não se aplica a pessoas e
amor jamais será um negócio. Pe. Zezinho, sabia-
mente, percebeu isso em 1975. Já passou um bom
tempo, não deixemos o amor virar consórcio.
ASPAS
28 | vitória | maio/2018
DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS SEGUNDO AS ESCOLHAS DO BOM PASTOR
ão faltam na história da Nhumanidade homens
interessados em serem
seguidos e amados, reverencia-
dos por seus feitos e realizações,
por suas palavras e grandes
propostas. Aqueles que concla-
mam os seus seguidores a darem
as suas vidas pelos ideais que
apresentam, pelas propostas que
trazem e pelas palavras que
proferem. Todavia, o que emerge
do relato do Quarto Evangelho é
bem diferente, visto que, Jesus,
ao se apresentar como o Bom
Pastor, não pede que ninguém dê
a vida por Ele, ao contrário, é Ele
mesmo que afirma oferecer a sua
vida pelos que o seguem.
Em suas palavras e atitudes, o
Bom Pastor se coloca à frente do
rebanho, expõe-se aos perigos,
assume as consequências de
conduzir as suas ovelhas nos
caminhos tortuosos do mundo.
Sendo assim, o seu pastoreio é
verdadeiro, pois assume o lugar
daquele que é capaz e, de fato o
foi, de dar a sua vida para que as
suas ovelhas tenham a vida em
plenitude. Desse modo se verifica
a diferença entre o mercenário e o
Bom Pastor, já que o primeiro,
preocupa-se consigo mesmo e
com os seus próprios interesses,
ele, ao ver o perigo, abandona o
rebanho e foge. Os verbos aban-
donar e fugir são significativos
para determinar a postura dos
mercenários e revelam ainda mais
a sua preocupação consigo
mesmo e o seu descuido para com
o rebanho.
Já o Bom Pastor, por sua vez, é
determinado pela sua decisão em
proteger as ovelhas diante dos
perigos e, por isso, é capaz de dar
a sua vida pelo rebanho a ele
confiado. Isso porque Ele tem uma
relação de intimidade e conheci-
mento com as suas ovelhas, é
capaz de compadecer-se e de
cuidar, algo impossível para o
mercenário. Assim se dá a presen-
ça do Bom Pastor, que oferece a
sua vida para que as ovelhas
tenham vida em abundância.
Os discípulos de Cristo, forma-
dos na escola do Bom Pastor,
recebem nos cuidados do seu
pastoreio os maiores ensinamen-
tos para a sua missão. De fato, em
sua intimidade com Cristo e
confiando em seu grande amor,
todos são introduzidos na comu-
nhão com o Pai. Nessa relação
contínua e constante são também
formados, pelas palavras e gestos
do Pastor a terem o mesmo
cuidado para com os irmãos e
irmãs. Sendo assim, a missão do
cuidado para com o outro, por
meio de um amor fraterno e
solidário, nasce da relação de
profunda intimidade com o
Pastor, que nos revela o infinito
amor do Pai. É o Pastor que
conhece as ovelhas, sabe de suas
necessidades e se coloca ao lado
delas, pr incipalmente das . .
Formados na escola do amor e solidariedade
‘‘
do Bom Pastor, são capazes de gestos e atitudes
concretos de amor, solidariedade e compaixão,
principalmente com os excluídos e necessitados’’
CAMINHOS DA BÍBLIA
Professor de Sagrada Escritura no
IFTAV e doutor em Sagrada Escritura
Pe. Andherson Franklin
pequenas e pobres. Por isso, na
relação contínua com o Pastor, os
filhos e filhas de Deus, chamados
a serem discípulos de Cristo,
aprendem a reconhecer as dores
dos que vão perdidos e são
capazes de se colocarem ao lado
dos que sofrem, com compaixão e
solidariedade. Desse modo, o
amparo recebido, os cuidados e a
proteção do Pastor se tornam
"lugar" de aprendizado e forma-
ção para todos os que do Bom Pastor se aproximam. Pois, forma-
dos na escola do amor e solidariedade do Bom Pastor, são capazes
de gestos e atitudes concretos de amor, solidariedade e compai-
xão, principalmente com os excluídos e necessitados. Em momen-
tos tão difíceis, nos quais se multiplicam diante dos olhos os
muitos mercenários em todos as esferas da sociedade, é urgente
que os cristãos se aproximem do Bom Pastor e assumam para si
mesmos a sua missão de cuidar e defender os pequenos dessa
terra. Que Deus, por sua graça, toque nos corações de todos,
fazendo surgir em todos os ambientes verdadeiros filhos e filhas
seus, capazes de gestos próprios daqueles que foram formados na
escola do amor do Bom Pastor que é Cristo.
maio/2018 | vitória | 29
20 | vitória | abril/2018
PENSAR
maio/2018 | vitória | 31
Foto
: An
dré
Fa
chet
ti
SUGESTÕES
PRAÇA DOS NAMORADOSPARA TODOS OS GOSTOS
O local “praça” cumpre
uma função milenar em
todas as culturas urbanas. As
praças em nossas cidades eram
muitas, mas a ganância imobiliá-
ria foi aos poucos decretando sua
morte quase imperceptível. Não é
o caso da Praça dos Namorados,
especialmente o que nela aconte-
ce aos sábados e domingos à
noite há mais de 20 anos. Virou
tradição mencionar “feira da
Praça dos Namorados”.
Pois é! Ali nestes dias quase 200
expositores apresentam produtos
como brinquedos, artesanato,
objetos de decoração, esculturas
em metais e pedras, muitos
espaços para crianças e jovens
brincarem e, sobretudo, muitas
co m i d a s d e l i c i o s a s . E ca s o
alguém queira ampliar sua
diversão e cultura, ao lado
também tem outra praça com
nome sugestivo – “da ciência”.
Desta forma, o que parecia ser um
lugar apenas para encontro de
namorados, acabou virando um
espaço de encontro de cultura e
ciência.
Tudo isso faz desta praça um
convite permanente para ser
ocupada por pessoas de todos os
bairros, pois situa-se num dos
lugares de maior acesso e por
onde praticamente metade da
frota de ônibus circula. A praça é
sempre o lugar para as pessoas
vivenciarem experiências diver-
sas. É preciso viver a praça e não
passar por ela ou deixar que ela
seja apenas uma referência de
localização.
A praça é nossa! Este não é o
programa da TV de tempos
passados. É o programa que cada
pessoa pode fazer e ser um ator
com papel central no dia-a-dia
deste lugar. Encontro entre
amigos, entre famílias, entre
casais, entre crianças e jovens,
com muita cultura popular e
maravilhosas comidas! Este é o
roteiro para os sábados e domin-
gos à noite.
maio/2018 | vitória | 33
Edebrande CavalieriDoutor em Ciências da Religião
34 | vitória | maio/2018
ENTREVISTA
CANTANDO A GENTE APRENDE A TRANSFORMAR
Todo mundo pode cantar ou é necessário ter
uma voz bonita, um dom?
Alice - Sim, todo mundo pode cantar. A música não é
apenas para quem tem uma linda voz. Nós somos seres
musicais, nosso coração bate de forma musical, rítmica, a
gente caminha de forma rítmica, a gente fala de forma
melódica. Acontece que algumas pessoas demonstram mais
facilidade para a música, um carisma vocal maior, mas somos
musicais e a desafinação, é na maior parte das vezes, apenas
falta de experiência musical, de orientação musical.
Você trabalha a música dentro de um contexto
social, com jovens de periferia que convivem com
problemas sociais complexos. A música tem um
papel transformador?
Alice - Eu tenho certeza. A música transforma, a arte
transforma, a expressão artística transforma. A música
vem, entra e move de uma forma que é impossível não se
modificar, porque ela sensibiliza, ela vai tocar em todos
os pontos sensíveis das pessoas e vai ajudar a questionar,
a refletir. Quando se trata da música vocal, isso é
potencialmente mais forte, porque é impossível você
cantar sem olhar para si. É impossível aprender técnica
vocal sem ter que olhar para dentro. As pessoas até
conseguem tocar um instrumento por bastante tempo
sem olhar para dentro de si, mas cantar não, elas têm que
olhar. O som precisa passar pela traqueia, precisa vibrar
na cabeça, a gente precisa ouvir a voz do outro porque
também cantamos em grupo e isso tudo é uma constru-
ção como pessoa e é um crescimento fantástico.
Os jovens ou as crianças que chegam para cantar no
coral têm essa consciência? O que você acha que as
faz chegar até você?
Alice - Elas estão lá para cantar. A música é fascinante e
está inserida em todo o contexto da nossa sociedade. Ela
está inserida nos ritos religiosos, nos meios de comunica-
ção e em todos os meios de entretenimento. Então é
natural que as crianças e os jovens tenham esse fascínio,
de querer lançar mão da música para se expressarem
através dela. Acredito que é isso que os faz ir até alguém
que os oriente. Agora, o que os faz permanecer, que é a
essência do projeto, é eles experimentarem acessar a
expressão artística musical. Essa é a minha teoria.
bairro de periferia onde nasceu e as dificuldades Osociais que vivenciou na infância não impediram
a maestrina Alice Nascimento de fazer da música
uma ferramenta para modificar o contexto em que estava
inserida. Aos cinco anos ela colocou na cabeça que queria
aprender a tocar piano e na adolescência, quando
conseguiu trabalhar e pagar um curso, desenhava em
uma tábua o teclado do instrumento para não esquecer a
lição. Atualmente Alice é regente do Algazarra Coral, um
projeto social que possibilita dezenas de jovens a
também encontrar um caminho diferente através da
música.
Alguma transformação nesses jovens e crianças
marcaram você?
Alice - Sim, em muitos. Teve uma história que me
marcou muito, a experiência que tive com um menino
que era muito fechado, que ninguém conseguia se
aproximar dele no coral. Essa criança estava lá porque
era um projeto social e enquanto ele estava ensaiando a
mãe podia trabalhar. Não era algo que ele queria, mas era
muito importante que ele ficasse lá porque ele não podia
ficar sozinho em casa. Na época eu sugeri que a gente
iniciasse um trabalho de coro para os pais das crianças
que participavam do projeto para tentarmos acessar
melhor a comunidade, e para a felicidade de todo mundo
a mãe dessa criança veio participar. Aos poucos eu fui
entendendo a história. O menino, uma criança que não
foi muito aceita, fruto de um relacionamento que não
tinha dado certo. Na época, a mãe estava vivendo outro
relacionamento e tinha tido uma outra criança. Então,
quando a gente percebeu isso, após criar vínculos com
ela, comecei a conversar até que lá na frente, ela enten-
deu o que estava acontecendo com o menino. Eu lembro
como se fosse hoje; ela desabou chorando e falou “eu vou
para minha casa porque eu amo meu filho”. Essa família
tem contato comigo até hoje e em vários outros momen-
tos essa mãe verbalizou que o contato deles com o coral
mudou a vida da família inteira.
A música tem função de resgate?
Alice - Olha, eu acho sim. Eu acredito que, por exemplo,
uma pessoa que se sabota, que se machuca, que se
agride usando algum tipo de entorpecente, algum tipo
de droga, está pedindo socorro. Eu acredito que a
linguagem artística tem a função de despertar no ser
humano o seu lado sensível, colaborando para que ele
faça escolhas positivas. A música é uma forma de
expressão, independente de ser uma profissão ou não, e
penso que o ser humano que não tem a oportunidade de
trabalhar a sua expressão artística, fica incompleto. Não
estou dizendo que trabalhar esta expressão é suficiente
para livrar as pessoas de qualquer coisa, mas quando
isso acontece a pessoa vai ter olhado muito mais para
ela, vai ter se conhecido, conhecido seus limites, suas
vontades, sua essência.
Quando olha para a juventude você vê esperança?
Alice - Olha, apesar de eu ser bastante racional por um
lado, eu vejo sim. Eu vejo bastante esperança porque é
uma juventude que discute preconceito. Quando eu
tinha 16 anos, a gente não discutia preconceito, é uma
juventude que está discutindo política, do jeito deles,
mas está. Quando eu tinha a idade dessa meninada, eu
sequer sabia o que acontecia no mundo. E olha que eu
era bastante preocupada com o meu futuro por causa da
minha história, do contexto em que eu estava inserida,
de menina de favela que precisava batalhar para vencer.
Então, eu vejo uma juventude um pouco menos encana-
da, um pouco menos estressada no sentido de regras,
dessas regras que realmente não ajudam muito e ao
mesmo tempo discutindo coisas de fato importantes,
como por exemplo, o preconceito em todas as suas
formas. A juventude de hoje em dia discute o respeito e
eu acho isso fascinante.
ENTREVISTA
maio/2018 | vitória | 35
Andressa MianJornalista
MUNDO LITÚRGICO
O ESPÍRITO SANTO NA AÇÃO LITÚRGICA
A liturgia é obra que se dá
p e l o d o m d a I g r e j a ,
realizada pelo Pai em Cristo, na
unidade do Espírito Santo. É a
vitalidade do corpo de Cristo,
formado pelos batizados.
O Espírito Santo é que potenciali-
za as ações litúrgicas da comunida-
de de fé, para que a memória dos
feitos criadores de Deus, por
intermédio do seu Filho Jesus
Cristo, sejam reconhecidos em
cada etapa da história (cf. Jo 14,26).
Ao focar a dimensão do Espírito,
não se trata de declarar uma ação
isolada do mesmo, mas de reco-
nhecer a unidade da ação trinitária,
na distinção de cada pessoa e na
mesma natureza divina, ou seja, os
Três são um só Deus.
B e m ce l e b ra o p re fá c i o d a
Santíssima Trindade, conforme o
Missal Romano: “Tudo o que
revelastes e nós cremos a respeito
de vossa glória atribuímos igual-
mente ao Filho e ao Espírito Santo.
E, proclamando que sois o Deus
eterno e verdadeiro, adoramos
cada uma das pessoas, na mesma
natureza e igual majestade.” A
assembleia reunida para celebrar é
ação do Espírito: ele conclama e ao
mesmo tempo move a interiorida-
de dos que se dispõe a celebrar o
mistério de Cristo. Ele, ainda, reúne
e inclui, em consciência e eficácia,
os que andam dispersos, a fim de
que vivam a unidade do único povo
de Deus, em Cristo (cf. Jo 11,52 e Jo
12,32).
Ao preparar a comunidade para
reviver a obra ressuscitadora de
Cristo – o seu mistério pascal, pelo
ápice da liturgia, o Espírito Santo dá
legitimidade e eficácia às ações
sacramentais celebradas pela
Igreja. O gesto ritual de invocação
ao Espírito sobre as pessoas e os
elementos materiais, denominado
de epíclese (do grego “epi-kaleo”,
“c h a m a r s o b re” ) , s i g n i fi ca a
transformação dos mesmos.
Na liturgia eucarística há duas
epícleses. A primeira é a que o
presbítero pronuncia sobre os dons
de pão e vinho, com as mãos
estendidas sobre eles, dizendo:
“Por isso, nós vos suplicamos:
santificai pelo Espírito Santo as
oferendas que vos apresentamos
para serem consagradas, a fim de
que se tornem o Corpo e o Sangue
de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor
nosso, que nos mandou celebrar
este mistério.”
A segunda epíclese, depois do
memorial e da oferenda, é a que o
presbítero pede a Deus que envie o
seu Espírito sobre a comunidade
que vai participar da Eucaristia, a
fi m d e q u e e l a ta m b é m s e j a
transformada: “Olhai com bondade
a oferenda da vossa Igreja, reconhe-
cei o sacrifício que nos reconcilia
convosco e concedei que, alimen-
tando-nos com o Corpo e o Sangue
do vosso Filho, sejamos repletos do
Espírito Santo e nos tornemos em
Cristo um só corpo e um só espírito.”
Ainda, o gesto da epíclese é
vivenciado sobre a água, os óleos, os
crismandos, os ordenandos, os
doentes e os noivos, dando eficácia
a todos os sacramentos.
A comunicação do Espírito Santo
é a obra continuada da salvação, e
memorial da Paixão, Morte e
Ressurreição do Senhor, ápice e
magnitude da criação!
36 | vitória | maio/2018
Fr. José Moacyr CadenassiOFMCap
38 | vitória | maio/2018
ESPECIAL
Em meio à crise institucional da segurança
pública em todo o Brasil, cidadãos passam,
dentre outras soluções, a pensar na
possibilidade de portar armas de fogo para se
proteger da criminalidade. Uma onda armamentis-
ta que ecoa também a insatisfação com a ineficiên-
cia do Estado no enfrentamento à violência.
Centrar a análise apenas na possibilidade de
venda legal de armamento pode ser, contudo, um
foco muito simplista para uma temática complexa.
O papel institucional da segurança pública guarda
relação com o monopólio legítimo da força, e tem
ligação com a formação do Estado moderno e com o
pacto social, em busca da paz. Abrindo mão de
parcela de sua liberdade individual, teriam os
cidadãos a garantia de segurança, e não um estado
de guerra e seus inevitáveis conflitos sociais.
Da ineficiência estatal em cumprir sua parte do
contrato, contudo, o inconsciente coletivo busca, na
individualidade, sanar o problema que se apresenta
no cotidiano. A liberação do porte de armas surge
como panaceia para a segurança pública. Contudo,
armar o cidadão é solução?
Importante registrar que em 2005, a sociedade
rejeitou, no referendo sobre o desarmamento, a
proibição da venda de armas de fogo. Ficou posteri-
ormente regulamentado que poderia ser adquirido
o armamento, para posse em sua residência ou
trabalho, desde que preenchidos certos requisitos.
Para portar a arma requisitos mais rígidos são
exigidos, contudo a critério discricionário da
autoridade policial, o que frustra aqueles que
pensaram poder transitar livremente com armas de
fogo.
Em termos pragmáticos, e observado o contexto
histórico, há coerência na concessão do direito ao
cidadão - cumpridos requisitos rígidos - em ter ...
PORTE DE ARMAS PARA O CIDADÃOUma discussão sobre a eficiência do Estado.
maio/2018 | vitória | 39
Edmar CamataEspecialista em Gestão Integrada de
Segurança Pública, ex-Secretário Geral
da ONG Transparência Capixaba
armamento em casa ou no trabalho, especialmente áreas rurais.
Porém expandir tal entendimento para o porte, onde o cidadão
estará com a arma em pronto emprego a seu alcance, nos trará
uma volta a realidade de “todos contra todos”, o “velho oeste” em
que qualquer discussão, por mais tola que seja, pode ensejar a
morte de um pai de família - inclusive do que porta a arma.
Ademais, temos que lembrar: Cristo
pregou o pacifismo.
Dessume-se então que o cidadão
quer na verdade é segurança, e não a
arma de fogo em si. Pede arma de
fogo por acreditar que ela proverá
sua segurança, o que acaba por ser
em grande contrassenso. Cabe
então, ao Estado, ser assertivo na
segurança pública, sem conclusões
simplistas e de pouco efeito, como a
recente criação do Ministério da
Segurança Pública.
No passado, outro exemplo: a
gratificação por ato de bravura
instituída pelo governo Moreira
Franco no Rio de Janeiro, quando o
criminoso, ao perceber que em vez
de preso seria morto, fortaleceu seu
poder bélico, gerando uma corrida
armamentista que contribuiu para o
caos atual.
Para além das soluções simplistas,
a segurança pública deve ser vista
como política pública. No Brasil,
reinventar a roda é característico de
cada novo Governo. Esquece-se o
arcabouço de proteção social,
muda-se o nome de programas
anteriores e se projeta o marketing
de ocasião. O mantra da sensação de
segurança tem sido a nova miopia a
nos dificultar enxergar saídas reais.
40 | vitória | maio/2018
TOLERÂNCIAPARA CHEGARBEM EM CASA
uando era mais novo uma Qcampanha de trânsito
ficou em minha cabeça.
Nela era dito “Perca um minuto de
sua vida, mas não perca sua vida
em um segundo”. Já nos idos dos
anos 80 era pedido aos motoristas
mais paciência no trânsito.
Hoje, possivelmente devido aos
e s t r e s s e s p r o v o c a d o s p e l a s
exigências e imediatismos de
nossa vida moderna, parece que
estamos cada vez mais apressados
e insensíveis às campanhas que
nos pedem mais serenidade.
A intolerância dos motoristas e
pedestres no trânsito chegou a
níveis absurdos que provocam
situações surreais. Parece anedota,
mas já vi gente buzinando para o
sinal fechado. Observe bem, a
pessoa em questão não estava
tocando a buzina para outro
motorista que estava parado no
sinal, ele era o primeiro na “fila” e
direcionava a raiva dele ao insensí-
vel semáforo.
Você já observou no trânsito
aqueles motoristas que trocam
constantemente de faixa, às vezes
arriscando ultrapassagens mas
co n t i n u a m p ra t i ca m e n te n o
mesmo lugar no engarrafamento?
Não adianta se estressar, hoje em
dia as cidades têm mais carros do
que elas comportam, portanto, a
conta é simples, perderemos
tempo no trânsito cada vez mais.
Falta aquela empatia de nos
colocarmos no lugar do outro. Uma
desatenção não pode ser punida
com xingamentos, uma ultrapassa-
gem descuidada não é necessaria-
mente uma fechada e muito menos
um convite para a briga, e também
ninguém está a salvo de um pneu
furado ou de uma falha mecânica.
O que pode amenizar o estresse
é a conscientização de todos sobre a
n e ce s s i d a d e d e s e r m o s m a i s
tolerantes, sermos menos rigorosos
com os outros motoristas e com os
pedestres. Não vai causar um
estrago em nosso dia se esperarmos
alguém passar pela faixa de pedes-
tre, ou aguardarmos o veículo da
frente se movimentar, ou respeitar a
preferência estabelecida no código
brasileiro de trânsito, mas pode
causar uma dor de cabeça para toda
uma vida cedermos ao estresse,
mesmo por um curto momento e
p ro v o ca r u m a c i d e n te s é r i o.
VIVER BEM
maio/2018 | vitória | 41
Em 2007, A Santa Sé emitiu para a boa convivência nas estradas o que a
impressa logo apelidou de “Os dez mandamentos do trânsito”.
N o t râ n s i to, p e n s e n a s
pessoas que lhe querem
bem e que esperam que você
chegue sem problemas em
casa e lembre que cada
motorista e cada pedestre
q u e v o cê e n co n t ra r n o
c a m i n h o t a m b é m s ã o
amados por alguém.
Os dez mandamentosdo trânsito.
Vander SilvaProfessor e jornalista
1. Não matar.
2. A estrada deve ser para ti um meio de
conexão entre pessoas e não um local com risco de vida.
3. Cortesia, sinceridade e prudência te ajudarão a lidar
com eventos importantes.
4. Seja caridoso e ajude o próximo em necessidade,
especialmente vítimas de acidentes.
5. Carros não devem ser para ti uma expressão de poder
e dominação, e uma ocasião para pecar.
6. Caridosamente convença os jovens e os não tão jovens
a não dirigir quando não estiverem em condições de fazê-lo.
7. Ajude as famílias de vítimas de acidentes.
8. Una motoristas culpados e suas vítimas, no momento
oportuno, para que possam passar pela libertadora
experiência do perdão.
9. Na estrada, proteger os mais vulneráveis.
10. Sinta-se responsável pelos outros.
TRABALHO E JUSTIÇA SOCIAL
LIÇÕES DE FRANCISCO
Doutor em Ciências da Religião
LIÇÕES DE FRANCISCO
Edebrande Cavalieri
A temática do trabalho tem preocupado o
Papa Francisco desde os primeiros dias do
pontificado e sempre ele correlaciona com
as questões da economia atual e não tem dúvidas
de que “o trabalho é a base da democracia”.
Somente assim podemos pensar a justiça social a
partir do mundo do trabalho. Mas a “economia
atual está doente” porque grande parte dos empre-
sários, que são a base fundamental para o trabalho,
tornaram-se especuladores, incapazes de criar
trabalho e produtos.
Portanto, o desemprego é a chaga que não
cicatriza no mundo globalizado de hoje. Muitos
empresários, segundo o Papa, “vêem a empresa e
os trabalhadores como meios para obter lucro.
Demitir, fechar, mudar a empresa constitui nenhum
problema para eles, porque o especulador usa,
instrumentaliza, alimenta-se de pessoas e meios
para alcançar os seus objetivos de lucro".
Em alguns comentários Francisco nos garante
que o “trabalho é sagrado”, pois expressa o fato de
sermos criados à imagem de Deus. O mercado
divinizado não pode ser posto como único agente
para dar direção às relações de trabalho; trata-se de
uma responsabilidade humana e social. A perda de
postos de trabalho tende a se constituir em grave
dano social. E o Papa nos diz que nas famílias onde
há desempregados nunca é domingo ou dia de
festa, pois se sabe que na segunda-feira ou no dia
seguinte não há trabalho. Por isso, os governantes
devem envidar todos os esforços para encontrar
postos de trabalho para que todos possam estar
contemplados com este direito de cidadania.
A luta por um trabalho é compromisso fundamental
de cada cristão, pois tem a ver com a dignidade das
pessoas. Infelizmente nos dias atuais vemos
decrescer esta dignidade quando uma pessoa é
obrigada a aceitar um trabalho escravo ou com
valores remunerativos extremamente reduzidos. A
diferenciação salarial por motivo de sexo ou raça é a
comprovação da prática da injustiça e da falta de
democracia em qualquer sociedade.
Não é possível que com tanta tecnologia à
disposição do homem ainda há no mundo 767
milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, ou
seja, que sobrevivem com menos de dois dólares
por dia. Não é possível que num país como o Brasil
quase 1/5 da população sobrevive abaixo da linha
da pobreza, mesmo trabalhando no campo onde
“plantando-se, dá”.
Na Encíclica Laudato Si está escrito: “A beleza da
terra e a dignidade do trabalho são feitas para
estarem juntas”. No Brasil, em tempos passados,
um Documento Episcopal dizia que o “Grito da Terra
era o Grito dos Pobres”. Em nosso meio, a ausência
de terra para cultivar representa o equivalente à
falta de trabalho. Então a equação ficaria formada
desta forma: TRABALHO – SALÁRIO – TERRA. É o
tripé da justiça social para a qual a fé cristã compro-
mete todos os batizados.
42 | vitória | maio/2018
ACONTECE
SEMANA DE ORAÇÃO PELAUNIDADE DOS CRISTÃOS"A mão de Deus nos une e liberta"(Êxodo 15
1-21) é o tema da Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos 2018, que conta
a n u a l m e n te co m a o rga n i za çã o d o
Conselho das Igrejas Cristãs (CONIC). Este
ano a Semana será realizada de 13 a 20 de maio e as celebrações acontecem com a participação das igrejas Presbiteriana Unida, Luterana, Católica e ainda com o Centro de Estudos Bíblicos (CEBI). Para alcançar um número maior de participan-tes, a celebração de abertura, marcada às 19 horas do dia 13, será realizada em dois locais; na Igreja Presbiteriana Unida, na Rua Sete de Setembro, Centro de Vitória e na
Igreja Evangélica de Confissão Luterana, em
Bento Ferreira. A importância de celebrar a
Semana está em orientar os cristãos para
uma espiritualidade de acolhida, escuta,
aproximação e respeito entre diferentes
formas de viver a fé em Jesus Cristo.
maio/2018 | vitória | 45
ACONTECE
FORMAÇÃO PARA O LAICATO
Para aprofundar o conhecimento da doutrina entre
os leigos e leigas da Igreja, a Comissão para o laicado
promove uma formação no dia 05 de maio, no
Centro de Treinamentos Dom João Batista, em
Ponta Formosa com o tema “O laicato nos diversos
areópagos”. A assessoria do encontro, que acontece
de 8 às 12 horas, será do Pe. Kelder José Figueira, pároco da Paróquia Santa Teresa de Calcutá. Serão disponibilizadas 120 vagas e as inscrições, cujo valor é de R$ 15,00, devem ser feitas pelo e-mail mitra.fo-lhetocaminhada@aves.org.br
Para vivenciar o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais,
celebrado este ano no dia 13 maio, a Comissão para a
Comunicação do Departamento Pastoral, realiza no dia 05 de
maio, o Encontro de Comunicadores da Arquidiocese de Vitória, com a assessoria do Pe. Rafael Vieira, assessor da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB. O evento será realizado de 9 às 16 horas no Centro de Treinamento Dom João Batista, em Ponta Formosa, e é direcionado aos mem-bros da Pastoral da Comunicação (PASCOM), do Ministério de Comunicação da RCC em nossa Arquidiocese e a profissionais da área de comunicação. O investimento dos participantes é de R$ 20,00 e o pagamento será feito via boleto bancário enviado à Paróquia. As inscrições devem ser feitas através e-
mail: mitra.pastoral@aves.org.br
ENCONTRO DE COMUNICADORES
ARQUIVO E MEMÓRIA
Giovanna ValfréCoordenação do Cedoc
Em 1966, Dom João Batista
da Mota e Albuquerque,
então arcebispo de Vitória,
depois de ter participado ativa-
mente do Concílio Vaticano II,
conversou com vários grupos
sobre os rumos da Igreja e a
formação das comunidades
Eclesiais de Base. Nessa foto em
reunião da Acares - Associação de
Crédito e Assistência Rural do
Espírito Santo, organização que
trabalhava pela melhoria das
condições de vida e saúde das
famílias rurais, Dom João fala aos
lavradores e trabalhadores do
interior do Estado.
OS ENSINAMENTOS DEDOM JOÃO BATISTA
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