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A COEVOLUÇÃO DOS CONTEXTOS
MACROAMBIENTAL E SETORIAL DAS
ORGANIZAÇÕES
SUCROALCOOLEIRAS NO PERÍODO
2000 A 2010
Candice Belmiro Burin (UFGD)
candiceburin@hotmail.com
Claudia Fabiana Gohr (UFPB)
claudiagohr@ct.ufpb.br
Luciano Costa Santos (UFPB)
luciano@ct.ufpb.br
O setor sucroalcooleiro é considerado estratégico para a economia
brasileira e recentemente passou por um processo de reestruturação
que ocorreu em função de transformações na conjuntura econômica
mundial. Dessa forma, este artigo teve comoo principal objetivo
analisar os contextos macroambiental e setorial das organizações
sucroalcooleiras no período 2000 a 2010. Por meio da revisão
efetuada verificou-se que a teoria da coevolução é considerada nova e
seu desenvolvimento concentra-se ainda em um plano
predominantemente conceitual. Em relação à dimensão temporal, a
pesquisa seguiu a lógica de um estudo longitudinal que identifica as
transformações ocorridas em um longo prazo. Para a coleta de dados,
a pesquisa utilizou dois procedimentos básicos: pesquisa bibliográfica
e análise documental. Por meio da pesquisa foi possível constatar que
as variáveis macroambientais exerceram impactos no ambiente
setorial, assim como as variáveis do setor influenciaram nas variáveis
do macroambiente, e ambas impactaram nas estratégias das
organizações do setor. Esse relacionamento de influência recíproco foi
compreendido por meio da identificação e caracterização das
propriedades da teoria da coevolução. Assim, os efeitos
coevolucionistas ocorreram entre diversos níveis, com relacionamentos
de influência recíprocos entre os ambientes, o que resultou em um
feedback positivo que impactou na adaptação estratégica das
organizações do setor.
Palavras-chaves: Teoria da coevolução; Setor sucroalcooleiro;
Contexto externo.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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1. Introdução
Recentemente, a pesquisa sobre fenômenos organizacionais têm se modificado e perspectivas
estáticas vêm sendo substituídas por perspectivas dinâmicas (LIN et al., 2010). A teoria da
coevolução pode ser considerada uma perspectiva teórica dinâmica, pois, de acordo com
Lewin, Long e Carrol (1999) ela considera que as organizações, as indústrias (população) e o
ambiente (institucional e extrainstitucional) coevoluem, que seus passos e padrões de
mudança são distintos e independentes, e a direção das mudanças não é unidirecional, mas
multidirecional. O termo “coevolução” foi cunhado por pesquisadores evolucionistas para
descrever situações nas quais as organizações e as populações não respondiam somente à
influência do meio, mas também afetavam o meio ao qual pertenciam (ALDRICH, 1999).
Existem na literatura vários trabalhos que têm adotado a teoria da coevolução como
abordagem de análise para diferentes fenômenos. Por exemplo, Barnett e Hansen (1996)
aplicaram a teoria da coevolução para estudar a gestão estratégica, Inkpen e Curral (2004) e
Koza e Lewin (1999), aplicaram a teoria da coevolução para estudar joint ventures e alianças
estratégicas e Lewin e Volberda (1999) a utilizaram para estudar novas formas
organizacionais.
Enfim, embora existam pesquisas recentes que adotam a perspectiva da coevolução, ela ainda
é um tema recente, especialmente em estudos empíricos (WILSON; HYNES, 2009, PORTER,
2006). Dessa forma, este trabalho procurará contribuir para a temática procurando responder a
seguinte questão de pesquisa: de que forma o macroambiente exerceu influência no ambiente
setorial das organizações sucroalcooleiras e vice-versa nos anos de 2000 a 2010? Em linhas
gerais, o objetivo deste artigo se concentra na análise da coevolução dos contextos
macroambiental e setorial das organizações sucroalcooleiras no período 2000 a 2010.
Portanto, o desenvolvimento deste trabalho poderá contribuir para a teoria da coevolução, por
meio de sua aplicação como abordagem de análise em um importante setor da economia
brasileira, que tem sido objeto de estudos recentemente, conforme pode ser observado nos
trabalhos de Guimarães, Turetta e Coutinho (2010), Masquietto, Sacomano Neto e Giuliani,
(2010), Molony e Smith (2010), Jacovine et al. (2009), Bragato et al. (2008), Rosegrant et al.
(2008), entre outros.
A estrutura do artigo inclui, além desta introdução, uma breve revisão de literatura sobre a
teoria da coevolução. Posteriormente, são relatados os procedimentos metodológicos que
guiaram a coleta e a análise dos dados necessários para a realização da pesquisa. Em seguida,
a coevolução dos contextos macroambiental e setorial das organizações do setor
sucroalcooleiro é descrita. Ao final, as discussões dos resultados e as conclusões sobre o
trabalho são apresentadas.
2. Teoria da coevolução
A teoria da coevolução foi utilizada pela primeira vez na década de 1960 pelo biólogo
populacional Paul Ralph Ehrlich e pelo botânico Peter Hamilton Raven para se referir às
mudanças evolucionárias que ocorrem em espécies geneticamente não relacionadas e como
elas se inter-relacionam umas com as outras em seu ambiente (FUTUYMA, apud PEPPARD;
BREU, 2003). A noção de simultaneidade ou “coevolução” de organismos e seus ambientes
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têm sido aplicada para analisar o relacionamento entre organização e ambiente com a
finalidade de compreender o processo de adaptação organizacional, reconhecendo que a
evolução de uma organização não ocorre de forma independente, isto é, ela também depende
da evolução simultânea do seu ambiente (MCKELVEY, 1997).
Existem na literatura diferentes definições para o termo coevolução, conforme pode ser
observado no quadro 1.
Autor(es) Definição de Coevolução
Safarzyńsk e Van Den
Bergh (2010)
Refere-se a dois ou mais sistemas evolutivos que são ligados de tal forma que eles determinam
as trajetórias evolutivas de uns aos outros por meio de pressões recíprocas e resultantes de
processos de adaptação mútuos.
Burgelman (2003, p.40)
Refere-se ao processo pelo qual unidades de análises se envolvem em um relacionamento de
influência recíproco, afetando uns aos outros sob um aspecto evolucionista.
Baum e Singh apud Flier
(2003, p.15)
Procura compreender a evolução simultânea das organizações e seu ambiente.
Lewin e Volberda (1999,
p.526)
É um resultado conjunto de intenção gerencial, efeitos ambientais e institucionais. Assume que a
mudança pode ocorrer em toda população de organizações que interagem entre si, permitindo
que a mesma seja dirigida tanto pela interação direta das firmas como pelo feedback do resto do
sistema.
Lewin, Long e Carrol
(1999, p.535)
Considera organizações, sua população e seu ambiente como resultados interdependentes de
ações gerenciais, influências institucionais e mudanças extrainstitucionais.
McKelvey (1997, p.359) É uma interdependência fundamental entre as firmas, competidores e seu nicho, na qual a
mudança é um resultado de outras mudanças.
Quadro 1 - Teorias de coevolução
Ao contrário das teorias evolucionárias que consideram organizações, populações e outras
entidades de forma isolada, a emergente teoria da coevolução enfatiza a evolução acoplada de
múltiplas populações (AMBURGEY; SINGH, citados PEPPARD; BREU, 2003). Dessa
forma, verifica-se que a coevolução não é somente sobre “co”, mas decisivamente sobre
evolução (NORGAARD, citado por KALLIS 2007). Dois sistemas coevoluem quando eles
têm um impacto causal sobre a evolução de um sobre o outro. Assim, a coevolução envolve
relacionamentos entre entidades nas quais afetam a evolução de outras entidades e traz
feedback positivo continuamente entre os componentes dos sistemas em evolução
(NORGAARD, citado por KALLIS 2007).
Além da definição de coevolução, é fundamental reconhecer as suas propriedades que são
decorrentes de sua própria definição, conforme pode ser visualizado no quadro 2.
Propriedades Significado
Multinível Efeitos coevolucionistas podem ocorrer em múltiplos níveis, dentro e entre as firmas.
Causalidades multidirecionais As firmas coevoluem umas em relação às outras e também com um ambiente
organizacional mutante.
Não linearidade Mudanças em uma variável podem ocasionar uma série de mudanças em outras variáveis.
Feedback Positivo Interação mútua entre organizações e ambiente e vice-versa.
Trajetória e história de
dependência
A adaptação estratégica em um processo coevolucionista é histórico-dependente, sendo que
a sua trajetória é influenciada pelos aspectos institucionais.
Quadro 2 - Propriedades da coevolução
Quando se deseja estudar mudanças segundo a teoria da coevolução, além do reconhecimento
das propriedades, alguns critérios que levam em consideração a teoria da coevolução são
fundamentais (GOHR; SANTOS, 2010), conforme se verifica no quadro 3. Considerando que
um dos critérios para a pesquisa coevolucionista (quadro 3) diz respeito à seleção de teorias
para a análise do fenômeno que está sendo pesquisado, é necessário conhecer as teorias,
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especificamente as teorias de seleção ambiental, pois esta pesquisa se concentra na análise do
contexto externo das organizações sucroalcooleiras (quadro 4).
Por meio da análise do quadro 4 verifica-se que as teorias de seleção ambiental podem ser
provenientes de diferentes correntes de pensamento, como, por exemplo, da sociologia (teoria
da ecologia das populações e a teoria institucional) da economia (teoria da organização
industrial, teoria evolucionista) e da gestão organizacional (teoria da contingência) (LEWIN;
VOLBERDA, 1999). As teorias de seleção ambiental veem a mudança como uma
consequência das restrições causadas pela escassez de recursos, convergente com as normas
da indústria e a inércia estrutural. Na próxima seção são apresentados os procedimentos
metodológicos que nortearam o desenvolvimento desta pesquisa.
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Critérios Características
1. Estudar a organização ao longo do
tempo
Os estudos longitudinais são essenciais, seja por meio de acompanhamento direto
com a organização, ou pela coleta de dados fornecidos pela própria empresa.
2. Definir os aspectos do contexto,
conteúdo e processo que serão
considerados
O triângulo da mudança proposto por de Pettigrew (1987) mostra as três
dimensões da mudança, sendo que o contexto representa o “porquê”, o conteúdo
representa o “o que”, e o processo representa o “como” da mudança.
3. Identificar aspectos dos ambientes
Que influenciaram, influenciam ou poderão influenciar na mudança ao longo do
tempo.
4. Selecionar teorias relacionadas à
seleção ambiental, aos aspectos
institucionais e à intenção gerencial
As teorias de seleção devem ser escolhidas devido ao fato de serem analisados
aspectos do ambiente externo e as teorias de intenção gerencial devem ser
selecionadas visto que as variáveis das organizações também são analisadas.
5. Identificar os efeitos
multidirecionais e simultâneos dos
aspectos macroambientais sobre o
ambiente setorial e a organização e
vice-versa
A organização coevolui com um ambiente em constante mutação e vice-versa.
6. Identificar as mudanças resultantes
dos aspectos ambientais e os efeitos
multidirecionais e simultâneos, por
meio das teorias selecionadas
Identificar as propriedades da teoria da coevolução.
Quadro 3 - Critérios para uma pesquisa coevolucionista
TEORIA AUTORES Características
Eco
log
ia d
as
Po
pu
laçõ
es
Hannan e
Freeman
(1977),
Aldrich e
Pfeffer (1976)
O ambiente é um fator crítico determinante da sobrevivência das organizações. A adaptação ocorre
por meio da variação, seleção e retenção. A variação diz respeito às formas organizacionais, que
podem ser planejadas ou não. A seleção separa a forma organizacional mais adequada para a
sobrevivência. E a retenção entre as formas organizacionais sobreviventes são alinhadas com o
ambiente e seus nichos, que são conjuntos de condições físicas, biológicas e sociais que fornece
recursos e coloca restrições para o desempenho de uma população. A estratégia é determinada pelo
ambiente e o gerente é inativo.
Inst
itu
cio
nal
Dimaggio e
Powell (1983)
Reflete na congruência das empresas com as mudanças nas normas da indústria. Possui duas
abordagens: (i) institucional clássica (analisa porquê as organizações apresentam características
similares dentro de uma determinada população; (ii) neo-institucional (o processo de mudança varia
através e dentro dos setores e também de acordo com o grau de poder normativo exercido pelos
ambientes institucionais). As características similares dentro da população são chamadas de
isomorfismo: coercitivo (representado pelas forças coercitivas do ambiente, como as regulações
governamentais e as expectativas culturais), mimético (as empresas agem de acordo com as do setor
como um meio de fugir das incertezas do ambiente) e normativo(tendência de homogeneidade das
ideias dos gerentes devido à participação da força de trabalho nas mesmas associações.
Org
aniz
ação
Indu
stri
al
Porter (1991),
Scherer e
Ross (1990)
Uma das primeiras contribuições dessa teoria originou-se do paradigma estrutura-conduta-
desempenho (ECD), em que o desempenho da organização depende do comportamento (estratégia)
dos compradores e vendedores, e a conduta é adotada segundo a estrutura da indústria, que é
caracterizada pelo número de compradores, vendedores e concorrentes, pelo tamanho, pela
diferenciação de produtos, pelas barreiras de entrada, entre outros aspectos. Esse paradigma dá
maior ênfase à estrutura (contexto) do que à conduta (estratégia).
Ev
olu
cio
-
nis
ta
Nelson e
Winter (1982)
Tem afinidade com a teoria da ecologia das populações. A estrutura da indústria está em constante
evolução e as firmas adaptam-se ao longo do tempo como um processo schumpeteriano de
destruição criativa. O foco principal é no mercado e nas pressões externas que fazem com que a
empresa tenha que se adaptar. As rotinas são responsáveis pelas mudanças. A adaptação depende
das habilidades e do conhecimento tácito.
Co
nti
n-
gên
cia
Lawrence e
Lorsch (1972)
As configurações organizacionais diferem em resposta ao ambiente. São necessárias formas
organizacionais mais flexíveis para lidar com ambientes em mudança. Situações diferentes originam
comportamentos diferentes. Segundo essa teoria, tamanho, meio ambiente e tecnologia afetam a
estrutura organizacional.
Quadro 4 - Teorias de seleção ambiental
3. Procedimentos metodológicos
A pesquisa relatada neste artigo se propôs a analisar a coevolução dos contextos
macroambiental e setorial das organizações sucroalcooleiras no período 2000 a 2010. Para
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tanto, foram selecionadas algumas variáveis macroambientais e setoriais que exerceram
influência nas organizações, conforme pode ser verificado no quadro 5.
Variáveis Características
Ma
cro
am
bie
nte
Desempenho da
economia
Informações relacionadas ao desempenho do país, tais como inflação, taxa de juros,
tendência do Produto Nacional Bruto, crescimento econômico, taxas de câmbio, déficit da
balança comercial, etc., que estimularam ou não a necessidade de mudanças no quadro
macroambiental, ou seja, nos planos dos governos, na ideologia e nos objetivos políticos.
Planos
governamentais
Informações relacionadas aos planos e programas adotados pelos governos.
Ideologia e
objetivos políticos
(i) ideologia: postura adotada pelo governo em relação a sua atuação na economia;
(ii) objetivos políticos: metas adotadas pelo governo em relação à economia e que são
formulados de acordo com a postura ideológica e com base no desempenho.
Legislação Leis e regulamentações que podem afetar o setor, questões ambientais, etc.
Set
or
Aspectos
regulatórios
Instituições que regem o setor e aspectos que dizem respeito à regulação específica.
Entrantes
tecnologias
Entrada de novas empresas, barreiras de entrada, adoção de novas tecnologias.
Objetivos do setor
Informações relacionadas às metas estabelecidas para o setor. Os objetivos elaborados para
os setores são provenientes dos aspectos macroambientais, geralmente estabelecidos nos
Planos de Gestão Pública e nos Planos Plurianuais.
Estrutura do
mercado e
dinâmica
competitiva
Informações relacionadas ao número de empresas, à maneira pela qual as empresas estão
organizadas e também à forma de competição dessas empresas no setor.
Desempenho do
setor
Investimentos no setor, nível de preços, consumo, resultado das empresas, etc.
Quadro 5 - Variáveis macroambientais e setoriais analisadas
Neste trabalho também foram adotados os critérios para o desenvolvimento de uma pesquisa
que adota a perspectiva da coevolução como abordagem de análise e que foram apresentados
na seção anterior. No entanto, eles foram adaptados para este trabalho, pois nem todos os
critérios são essenciais nos estudos coevolucionistas (GOHR; SANTOS, 2005). O quadro 6
descreve os critérios adotados nesta pesquisa.
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Critérios Características
1. Estudar os aspectos
macroambientais e setoriais que
exerceram influência nas
organizações do setor sucroalcooleiro
longo do tempo.
Os estudos longitudinais são essenciais para a realização das pesquisas cuja
ótica de análise é a teoria da coevolução.
2. Definir os aspectos do contexto
macroambiental e setorial que serão
considerados na pesquisa.
O modelo de Pettigrew (1987) mostra as três dimensões da mudança, sendo que
o contexto externo representa o “porquê” das transformações. Tais aspectos
foram definidos e podem ser observados no Quadro 4.
3. Selecionar teorias relacionadas à
seleção ambiental.
As teorias de seleção devem ser escolhidas devido ao fato de serem analisados
aspectos do ambiente externo que causam impacto nas organizações
sucroalcooleiras. As teorias adotadas nesta pesquisa são:
- Teoria da contingência: as condições ambientais são as principais causas de
variação e transformação das organizações.
- Teoria da ecologia das populações: o ambiente é um fator crítico na
determinação de quais organizações sobreviverão.
- Teoria institucional: existe uma congruência das firmas com as mudanças nas
normas da indústria e na lógica compartilhada entre os indivíduos.
4. Descrever os aspectos do
macroambiente e do ambiente
setorial.
Identificar quais as variáveis do macroambiente que influenciaram ou poderão
influenciar no ambiente setorial e vice-versa ao longo do tempo
5. Identificar e caracterizar as
propriedades da coevolução.
Identificar os efeitos multidirecionais e simultâneos dos aspectos
macroambientais sobre o ambiente setorial e vice-versa. Convém destacar que
nem todas as propriedades precisam estar presentes nas pesquisas cuja ótica de
análise é a coevolução.
Quadro 6 - Critérios adotados na pesquisa cuja ótica de análise é a teoria coevolucionista
Fonte: Baseado em Gohr e Santos (2010)
Em relação à dimensão temporal, a pesquisa segue a lógica de um estudo longitudinal, em que
o interesse está no desenvolvimento do fenômeno ao longo do tempo, o que permite a
identificação das transformações no fenômeno que está sendo estudado (VIEIRA, 2006). A
análise compreende o período de 2000 a 2010. A delimitação do período ocorreu em função
do processo de liberalização dos preços a partir de 2000, da introdução do veículo
biocombustível em 2003, do aumento das exportações de etanol, da demanda crescente no
mercado internacional, do aumento do preço do petróleo no mercado internacional, e das
pressões geopolíticas e ambientais. Além disso, foi feito um corte transversal em função do
aumento da produção devido ao lançamento comercial de carros flexfuel no Brasil no ano de
2003. Assim, a análise é desenvolvida em dois períodos: 2000 a 2002 (reestruturação do
setor) e 2003 a 2010 (expansão do setor).
Durante a pesquisa foram desenvolvidas duas fases de investigação, conforme se verifica no
quadro 7.
Fases Atividades realizadas
(i) Pesquisa
bibliográfica
Foi atualizado o conhecimento na área (feito primordialmente em artigos recentes de periódicos
internacionais e nacionais, acessados por meio das bases de dados que compõem o Portal de Periódicos
da Capes).
(ii) análise
documental
Para identificar informações acerca do contexto macroambiental e setorial. Foi feita nos seguintes órgãos:
UNICA (União da Indústria de Cana-de-açúcar), ANP (Agência Nacional do Petróleo - que atua como
fiscalizadora das atividades de produção do álcool etílico), CIMA (Conselho Interministerial do Açúcar
de Álcool - responsável pelas medidas reguladoras para setor sucroalcooleiro), Ministério de Minas e
Energia (MME), BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Ministério do
Planejamento, entre outros.
Quadro 7 - Fases da pesquisa
4. A coevolução do setor sucroalcooleiro no período de 2000 a 2010
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Para analisar a coevolução dos contextos macroambiental e setorial das organizações, em um
primeiro momento as variáveis desses contextos foram identificadas (quadros 8 e 9).
Variáveis Macroambientais Variáveis Setoriais
Des
emp
e-
nh
o d
a
eco
no
mia
Rígidas políticas fiscais e monetárias para o
controle da inflação; abertura comercial e
financeira da economia; privatizações; melhoria
no saldo da balança comercial; participação do
setor nas exportações.
Asp
ecto
s
reg
ula
tó-
rio
s
Preços definidos pelo mercado; instituição do
CIDE, do Conselho Nacional de Política
Energética e da ANP para manter o álcool
competitivo frente à gasolina.
Pla
no
s
go
ver
na-
men
tais
Plano Real; programas especiais e de
financiamento com subsídios do BNDES; criação
do PROINFA para incentivar a produção de
energia por meio da biomassa.
En
tran
-
tes
e
tecn
olo
-
gia
s
Concentração de capital, fusões e aquisições,
grupos com dificuldades sendo adquiridas;
inclusão de novas técnicas de adubação e
correção do solo.
Ideo
lo-
gia
s e
ob
jeti
-
vo
s
- Ideologia neoliberal, tendo o governo o papel de
regulador.
Ob
jeti
-
vo
s d
o
seto
r
Regular a oferta e manter a estabilidade dos
preços; minimizar os efeitos meteorológicos;
diminuir as barreiras à exportação; aumentar
a competitividade do setor.
Leg
isla
ção
Isenção do IPI para produtos de exportação; ISS a
cargo dos municípios, criando vantagens para as
empresas do setor; Protocolo de Quioto;
desregulamentação do setor até 2000; 2001:
criação do CIMA, responsável pelas políticas para
o setor.
Est
rutu
ra
de
mer
cad
o
e d
inâm
ica
com
pet
itiv
a - Reestruturação do setor; produzir açúcar
além do álcool; destaque para as empresas
que conseguiram reduzir seus custos, por
meio da utilização de novas tecnologias. D
esem
-
pen
ho
do
seto
r Desaceleração no desempenho do setor no
início de 2000 devido à conclusão do
processo de desregulamentação total, seguido
de um período de maior crescimento.
Quadro 8 - Variáveis macroambientais e setoriais verificadas no período de 2000 a 2002
Estes quadros foram elaborados com base em ANP (2011), Araújo, Goes (2009), Azevedo
(2008), Baccarin (2005), BNDES (2011 a,b) Brasil (2009, 2011a,b) CIMA (2010), Faveret
Filho, Lima e Paula (2000) Goes, Marra e Silva (2008), Guimarães, Turetta, Coutinho (2010),
Lins e Saavedra (2007), Marques e Mendez (2006), MAPA (2011), PAC (2011), Paulillo et
al. (2007,) PNA (2006), Rosa e Garcia (2009), Rodrigues (2011), Simão Júnior (2003),
UNICA (2007, 2011), Vanderlei (2003).
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Variáveis Macroambientais Variáveis Setoriais
Des
emp
enh
o d
a
eco
no
mia
Influência das eleições, elevação do
risco, redução dos investimentos, da
taxa de câmbio e do emprego;
recuperação a partir de 2002; aumento
das exportações, aquecimento das
commodities; aceleração da economia;
manutenção de superávits na balança
comercial; crise de hipotecas nos EUA e
elevação dos preços dos alimentos;
recuperação da crise em 2009.
Asp
ecto
s re
gu
lató
rio
s
- Regulamentação da ANP; Lei n.8.723/93 obriga a mistura
do álcool anidro à gasolina; resoluções da ANP, que obrigam
a mistura de um corante laranja ao etanol anidro e regula a
comercialização do etanol a distribuidores; resoluções do
CIMA; Projeto de Lei n.630/2003 ganhou um substituto em
2007, que visa à mudança gradual das energias termelétricas
para as de fontes renováveis; redução do IPI para carros flex;
adição de biodiesel ao óleo diesel; criação do Compromisso
Nacional das Melhores Práticas na Agroindústria;
padronização da nomenclatura do combustível.
Pla
no
s
go
ver
nam
-
enta
is
Manutenção do Plano Real; PAC a
partir de 2007; programas especiais e de
financiamento com subsídios do
governo através do BNDES; incentivo à
produção em áreas degradadas;
expansão sustentável da cana. E
ntr
ante
s e
tecn
olo
gia
s
Incentivos do governo; motores flexíveis; desenvolvimento
técnicas de melhoramento genético; criação de uma unidade
de Agroenergia da Embrapa; pesquisas com transgênicas;
avanços tecnológicos para a utilização e destinação adequada
dos resíduos e subprodutos: co-geração; desenvolvimento da
alcoolquímica, bioplásticos.
Ideo
log
ias
e
ob
jeti
vo
s
Fortalecimento do Estado, empresas
estatais voltadas para o interesse
público; Estado responsável pela
redução das desigualdades; REUNI e
PROUNI.
Ob
jeti
vo
s do
seto
r Ampliação das exportações; preservação de recursos
naturais; ampliação da participação da agroenergia na matriz
energética nacional; crescimento do desenvolvimento
sustentável; aumento da competitividade do agronegócio
brasileiro; projeto da UNICA e Apex; projetos de
sustentabilidade.
Leg
isla
ção
- Redução dos tributos para vários
produtos; Bolsa Família; Lei
n.11.101/05 facilita a transferências de
obrigações e traz novas exigências para
pedidos de falência; definição de metas
(outros países), para a adição de
biocombustíveis à gasolina.
Est
rutu
ra d
e
mer
cad
o e
din
âmic
a
com
pet
itiv
a
Destaque no mercado para os grandes grupos e as
cooperativas; dinâmica determinada pela redução de custos e
desenvolvimento de novas tecnologias; retração do crédito
em 2008 e movimentação intensa em 2009; necessidade de
harmonização dos padrões; maior quantidade de cana
destinada ao açúcar; novas fronteiras de produção de cana;
transformação do etanol em commodity.
Des
emp
enh
o d
o
set
or
Taxas de elevação de desenvolvimento, a partir da
introdução do motor flex; salto nas exportações e no
consumo; criação de usinas; desaceleração do crescimento
em 2008; taxas significativas de crescimento de açúcar e
etanol; contribuições à balança comercial; imagem do etanol
brasileiro mundialmente; adoção de políticas públicas em
vários países exigindo o uso de etanol; necessidade de criar
diretrizes com objetivos claros.
Quadro 9 - Variáveis macroambientais e setoriais verificadas no período de 2003 a 2010
Em seguida, foi analisada a influência do macroambiente sobre o ambiente setorial das
organizações sucroalcooleiras e vice-versa, segundo a teoria da coevolução, conforme pode
ser observado nos quadros 10 e 11. Para esta análise foram utilizadas teorias de seleção
ambiental: teoria institucional, teoria da ecologia das populações e teoria da contingência.
Essas teorias foram fundamentais para estudar o fenômeno das mudanças que ocorreram nas
variáveis macroambientais e setoriais no período segundo a teoria da coevolução.
A figura 1 apresentada a seguir ilustra a influência que o macroambiente exerceu sobre o
ambiente setorial e vice-versa. Por meio da figura 1 pode-se verificar que dentre as variáveis
macroambientais analisadas, as que exerceram maior influência no setor sucroalcooleiro
foram:
- No período de 2000 a 2002: abertura comercial e financeira da economia; manutenção do
Plano Real; adoção de políticas fiscais e econômicas restritivas; superávit na balança
comercial; subsídios do BNDES; criação do PROINFRA; governo como regulador; redução
de IPI/ISS; e, a criação do Protocolo de Quioto.
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Teoria Coevolução no período de 2000 a 2002
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- A diferenciação das empresas ocorreu pela mecanização da produção agrícola, parcerias com os fornecedores, automação do processo, pesquisas para variedades, implementação de estratégias de fusão e aquisição e profissionalização. Esses aspectos foram influenciados pelo macroambiente (abertura comercial e financeira da economia e desregulamentação do setor). Tal aspecto caracteriza a pressão exercida pelo ambiente sob as empresas, enfatizando o isomorfismo coercivo representado pelas forças
coercivas do ambiente, como, as regulações/desregulamentações governamentais e as expectativas das empresas que são capazes de impor uniformidade às organizações. - O isomorfismo mimético levou as empresas a copiar determinados aspectos organizacionais de outras,
que, no caso do setor sucroalcooleiro foi caracterizado pela criação de variedades mais produtivas, pela implementação de estratégias de fusão e aquisição e pela profissionalização usinas. - O governo pretendia ser regulador e não mais intervencionista. A ANP e o MAPA se tornaram os responsáveis pela regulação, enfatizando a pressão exercida pelas regulamentações, caracterizando o isomorfismo coercivo; e, normativo, devido às novas normas estabelecidas para a indústria.
- Por meio do Protocolo de Quioto houve aumento da necessidade de combustíveis limpos em todo o mundo. A concentração de capital foi grande, uma vez que os grandes grupos nacionais e internacionais passaram a adquirir pequenas empresas, ao mesmo tempo em que não houve instalação de novas usinas, devido à falta de incentivos. Tal aspecto pode ser explicado pelo isomorfismo mimético, pois a aquisição
de pequenas empresas pelas grandes estrangeiras foi um movimento generalizado em diferentes regiões.
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es - A criação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFRA), após a crise
de 2001, foi um estímulo para o setor, se tornando fundamental para a expansão do setor sucroalcooleiro e para as empresas que dele fazem parte, o que pode ser explicado pela teoria da ecologia das populações. Para esta teoria, o ambiente tem importância crucial para as organizações de determinado
setor, pois este é conceituado como um conjunto de condições físicas, biológicas e sociais que provê recursos e coloca restrições para o desempenho de uma determinada população organizacional.
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- O desempenho do setor até o início do ano de 2000 foi baixo, devido à sua desregulamentação. A partir do ano de 2000, houve aumento do rendimento da cana e das exportações dos derivados, principalmente do açúcar. Tal aspecto pode ser explicado pela teoria da contingência, que considera as condições
ambientais como as principais causas de variação das empresas de determinado setor. Como nesse período o setor passou por uma forte reestruturação, as empresas também sofreram variações de suas formas (aquisição de pequenas empresas por grandes empresas, fusões, entre outros aspectos).
Quadro 10 – Coevolução no período de 2000 a 2002
- No período de 2003 a 2010: criação de motores flexfuel em 2003; manutenção do Plano
Real; superávit da balança; criação do PAC; crise mundial em 2008 e aquecimento da
economia em 2009; fortalecimento do Estado; criação do REUNI, PROUNI e Bolsa-Família;
mudança na legislação dos países; redução de impostos; e, aumentos de incentivos
governamentais.
Já em relação às variáveis setoriais as que exerceram maior influência no macroambiente
foram:
- No período de 2000 a 2002: definição de preços pelo mercado; aumento da competitividade
do setor sucroalcooleiro; criação de novas tecnologias; realização de pesquisas para novas
variedades e novas técnicas de adubação; aumento das exportações dos derivados da cana;
criação da ANP e do MAPA; e redução de custos para aumentar a eficiência e a
sustentabilidade do setor.
- No período de 2003 a 2010: incentivos ao setor; novas variedades de cana mais resistentes;
expansão da produção agrícola; aumento da sustentabilidade do setor; melhoria da imagem do
etanol brasileiro; aumento da necessidade mundial por combustíveis limpos; aumento da
competitividade do setor; padronização da nomenclatura; taxas significativas de crescimento
das exportações de álcool e açúcar; e, necessidade da criação de diretrizes claras quanto ao
setor.
Para finalizar a análise da coevolução dos contextos macroambiental e setorial das
organizações sucroalcooleiras no período 2000 a 2010 foi necessário identificar e analisar as
propriedades da teoria da coevolução: multinível, causalidades multidirecionais, não
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linearidade, feedback positivo e trajetória e história de dependência. Essas propriedades
podem ser visualizadas no quadro 12. Analisando este quadro, pode-se observar que:
Teoria Coevolução no período de 2003 a 2010
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- O ano de 2009 foi de recuperação devido à crise internacional. As medidas nacionais contra a crise foram o estímulo ao crédito e a redução de impostos. Como consequência, o setor passou por uma fase de retração de crédito. Contudo, o ano de 2009 foi marcado por movimentação intensa do setor, devido ao aumento da demanda doméstica por etanol, o que influenciou nas decisões do governo no que tange aos estímulos contra a crise. No ano de 2010, as maiores contribuições para o superávit da balança comercial foram provenientes do setor. Esses aspectos explicam o isomorfismo coercitivo, em que as forças do
ambiente geraram uniformidade nas organizações. Todas elas sofreram as consequências da escassez de recursos em 2008. Da mesma forma, no ano seguinte, as regulamentações governamentais mudaram totalmente o contexto, por meio de estímulos às empresas, que puderem se recuperar, apresentando bons resultados nos anos seguintes, contribuindo para o agronegócio nacional, e, consequentemente, para o desempenho da economia brasileira. - A Agência de Proteção Ambiental Norte-americana (EPA) considerou o combustível brasileiro como uma variedade de baixo carbono, melhorando a imagem do Brasil como produtor mundial. Tal aspecto pode ser explicado pela teoria institucional, uma vez que as medidas regulatórias moldaram a configuração das
organizações, ou seja, as ações do governo estavam focadas em um objetivo (melhorar a imagem do etanol brasileiro) e as empresas tiveram que se adaptar para que pudessem alcançar um bom desempenho no setor, refletindo também positivamente sobre o desempenho da economia. - Os avanços das novas tecnologias e dos melhoramentos genéticos por meio de pesquisas podem ser explicados pelo isomorfismo mimético, em que as firmas copiam determinadas características de outras
para que tenham um bom desempenho. Com esses avanços, as organizações eram obrigadas a desenvolverem produtos e processos, buscando, inclusive, vantagens competitivas.
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- Um apoio fornecido pelo governo foi o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2007. As liberações de crédito dos financiamentos do BNDES para a instalação de novas usinas visavam o aumento da eficiência e da sustentabilidade da produção. O governo financiou a estocagem de álcool, para o abastecimento na entressafra, permitindo às empresas minimizarem as variações de preços. Esse aspecto pode ser explicado pela teoria da ecologia das populações, pois o ambiente foi o responsável pelo
fornecimento de recursos, assim como de restrições, que influenciam no desempenho das empresas. - A crescente demanda por petróleo e o aumento dos problemas ambientais forçaram os países a mudarem sua matriz energética, o que favoreceu o Brasil. Automaticamente as empresas compreenderam essa pressão do ambiente e ampliaram a sua produção. A teoria da ecologia das populações explica o
sucesso do Brasil no mercado. Os problemas ambientais e a produção de petróleo surgiram como restrições à sobrevivência das organizações do setor, resultando em uma seleção natural das empresas que foram favorecidas por essas mudanças e que conseguiram se adequar ao novo contexto. - A criação do Compromisso Nacional das Melhores Práticas na Agroindústria teve como objetivo melhorar as condições de trabalho. Tal aspecto contribuiu para vários aspectos do macroambiente. Dessa forma, verifica-se que o ambiente não oferecia apenas restrições ao desempenho da população organizacional. A teoria da ecologia das populações considera que o meio também fornece recursos e condições, como a
diminuição de tributos e a criação de melhores práticas trabalhistas, para que as empresas consigam sobreviver.
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- A teoria da contingência afirma que situações diferentes resultam em comportamentos diferentes. O
ambiente externo dinâmico criou uma situação em que as empresas se depararam com a necessidade de mudanças em sua configuração devido à mudança na matriz energética s. Portanto, as variações nas formas organizacionais foram causadas por condições ambientais. - Com o aumento das vendas de carros e os problemas climáticos na produção de cana, houve uma grande redução da oferta de etanol no segundo semestre de 2009. O mix das empresas desfavorecia o álcool, visto que o açúcar passou a apresentar maior atratividade. O sucesso das organizações perante esse novo contexto de incerteza dependeu diretamente da habilidade dos gerentes que, de acordo com a teoria da contingência, precisavam interpretar as condições ambientais e delinear ações que garantiriam à sua
empresa um bom desempenho.
Quadro 11 – Coevolução no período de 2003 a 2010
- A propriedade de multinível ocorreu nos dois períodos, pois a coevolução aconteceu em
diversos níveis, entre os ambientes macro e setorial, entre o ambiente macroambiental e as
empresas, entre o setor e a organização, e também entre as organizações. As mudanças
contextuais ocorreram ao longo do tempo, influenciando as organizações, e vice-versa, o que
demonstra o relacionamento recíproco entre os ambientes, aspecto principal da propriedade de
causalidades multidirecionais.
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- A não linearidade também foi verificada, pois em ambos os períodos, as mudanças em uma
variável ocasionaram mudanças em mais de uma variável, tanto no macroambiente, como no
ambiente setorial. A interação entre os ambientes, e entre os ambientes e as firmas,
permitiram que as mudanças fossem dirigidas por interação direta mútua e pelo feedback do
sistema. Esse feedback positivo foi resultado da interação mútua entre organização e
ambiente e vice-versa, e foi caracterizado pela interdependência e causalidade circular.
Propriedades Período de 2000 a 2002 Período de 2003 a 2010
Multinível
Em função dos objetivos estabelecidos pelo
MAPA e dos incentivos governamentais
(estímulo a produção agrícola, por meio de
programas e financiamentos do BNDES), o setor
aumentou a sua competitividade, pois aumentou a
produtividade da cana, e viabilizou soluções
tecnológicas, caracterizando os efeitos
coevolucionistas que ocorreram nos múltiplos
níveis dos ambientes (contexto macroambiental e
setorial).
A coevolução ocorreu entre o ambiente setorial
e o macroambiente, por meio de aspectos como
a expansão dos incentivos governamentais para
o setor, o que possibilitou o alcance dos
objetivos do setor, assim como proporcionou às
organizações melhorarem o seu desempenho.
Isso demonstra a coevolução entre os ambientes
macro e setorial, e entre as empresas e seus
ambientes.
Causalidades
multidirecionais
Houve um relacionamento de influência recíproco
entre o macroambiente e o ambiente setorial no
período, forçando as organizações a mudarem
simultaneamente com o ambiente.
Nesse período também houve a reciprocidade
entre os ambientes e entre as firmas e os
ambientes, resultado de um contexto externo em
constante mutação.
Não linearidade
A abertura da economia influenciou em diversos
aspectos do setor (aumento da competitividade,
redução de custos, novas tecnologias, etc.). A
desregulamentação setorial também teve impacto
em diversos outros aspectos do setor, além de
influenciar em variáveis macroambientais
(incentivos do governo, mudanças na legislação,
etc.)
A introdução de motores flex foi a maior
mudança nesse período. Essa variável
ocasionou diversas mudanças nos ambientes
tanto macro como setorial. No macroambiente,
criando grandes expectativas de crescimento
para o setor.
Feedback positivo
Houve um feedback positivo de um ambiente para
o outro, já que ocorreu interação mútua entre
macroambiente e setor, impactando sobre as
organizações na formação de suas estratégias.
Com os objetivos do governo para o
crescimento econômico, o setor sucroalcooleiro
foi muito beneficiado, recebendo diversos
incentivos, o que influenciou no bom
desempenho das organizações atuantes no setor.
Trajetória e história
de dependência
Nesse período os aspectos institucionais tiveram
um grande impacto no setor e também na
adaptação estratégica das empresas, devido às
importantes mudanças geradas pela
desregulamentação.
Também nesse período as variáveis
institucionais resultantes das mudanças
macroambientais impactaram nos objetivos
setoriais, que por sua vez, influenciaram na
adaptação das organizações do setor.
Quadro 12: Propriedades da teoria da coevolução no setor sucroalcooleiro no período de 2000 a 2010
- As organizações sucroalcooleiras, por estarem em um ambiente institucionalizado, sofreram
influência dos aspectos institucionais, por isso o processo de adaptação estratégica aconteceu
ao longo do tempo, caracterizando a propriedade de trajetória e história de dependência.
5. Discussão dos resultados e conclusões
A perspectiva da coevolução por ser considerada uma teoria recente e que ainda apresenta
desafios metodológicos para a sua execução, se tornando um trabalho difícil, uma vez que não
existem muitas pesquisas que adotam esta abordagem. Dessa forma, pode-se afirmar que
aplicar a coevolução não é uma tarefa fácil, pois para isso é necessário identificar sistemas
que coevoluem uns em relação aos outros, definir critérios que envolvem interações causais
mútuas entre os diferentes sistemas que atuam em diferentes níveis temporais, espaciais e
organizacionais (KALLIS, 2007).
Este trabalho teve como principal objetivo analisar os contextos macroambiental e setorial das
organizações sucroalcooleiras no período 2000 a 2010. Para tanto, foi adotada a teoria da
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coevolução como abordagem de análise. Na análise da literatura sobre a teoria da coevolução
verificou-se que o desenvolvimento dessa teoria ainda está situado em um plano
predominantemente conceitual. Portanto, este artigo contribuiu para a literatura acerca da
teoria da coevolução e também para a pesquisa empírica, que em última análise, realimenta o
desenvolvimento da teoria.
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Figura 1 - A coevolução do macroambiente e do ambiente setorial das organizações sucroalcooleiras referente ao
período de 2000 a 2010
Por meio da pesquisa realizada foi possível constatar que as variáveis do macroambiente
desempenho da economia, planos governamentais, ideologia e objetivos políticos e legislação
tiveram grande influência no setor sucroalcooleiro, principalmente em relação às variáveis
aspectos regulatórios, novos entrantes e novas tecnologias, objetivos do setor, estrutura do
mercado, dinâmica competitiva e desempenho do setor. Tais aspectos também exerceram
influência nas organizações do setor. Dessa forma, as variáveis macroambientais impactaram
no ambiente setorial, de forma a conduzir mudanças dentro das organizações. Da mesma
forma, os aspectos setoriais influenciaram no macroambiente, o que também impactou nas
estratégias das organizações, forçando a sua adaptação estratégica para alcançar um bom
desempenho no setor.
Para compreender esse relacionamento de influência recíproco foram identificadas as
propriedades da teoria da coevolução. Essas propriedades foram identificadas e caracterizadas
em todo o período estudado, destacando-se a não linearidade das variáveis nos anos de 2000 a
2002, devido às grandes mudanças ocorridas no setor e no macroambiente, que se
influenciaram de forma mútua. No período de 2003 a 2010, destacam-se as propriedades de
feedback positivo e de causalidades multidirecionais que foram as mais presentes, pois o
ambiente externo apresentou constante mutação durante todo o período, e a interação mútua
entre macroambiente e setor beneficiou ambos.
Existe um consenso na literatura de que a realização de pesquisas empíricas que adotem a
teoria da coevolução é necessária (LEWIN; VOLBERDA 1999). Portanto, para ampliar as
pesquisas empíricas sobre a teoria, sugere-se que sejam desenvolvidos estudos que adotem a
coevolução como abordagem de pesquisa para: analisar as mudanças estratégicas em
diferentes organizações, estudar as relações de confiança entre diferentes agentes
organizacionais; estudar a coevolução entre cadeias produtivas e redes de empresas, entre
outras pesquisas.
Além disso, como esta pesquisa foi direcionada para o setor sucroalcooleiro, especificamente
para o contexto externo (macroambiente e setor), sugere-se que sejam estudadas as mudanças
nas organizações do setor objeto de pesquisa por meio de estudos de caso simples ou
múltiplos. Para complementar, se sugere que as mudanças identificadas nas empresas sejam
analisadas por meio da teoria da coevolução. Para finalizar, também é interessante que sejam
realizadas pesquisas sobre mudanças estratégicas em organizações de outros setores, com o
objetivo de testar a aplicação da teoria e verificar as propriedades da coevolução em um setor
diferente, contribuindo para o desenvolvimento de trabalhos dentro da área.
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