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UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Campus Experimental de Ourinhos
BRUNA REGINA DE OLIVEIRA LIMA
A INFLUÊNCIA DOS HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAs) NA MORBIDEZ
POPULACIONAL E DOS SISTEMAS METEOROLÓGICOS NA DISPERSÃO DOS
POLUENTES DA ATMOSFERA URBANA DE OURINHOS/SP
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Avaliação de TCC do Curso de Graduação em Geografia – Bacharelado, do Campus Experimental de Ourinhos – UNESP, como parte das exigências para o cumprimento da disciplina Estágio Supervisionado e Trabalho de Graduação no 2º semestre letivo de 2010.
Orientador: Jonas Teixeira Nery
Ourinhos (SP) / 2010
UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Campus Experimental de Ourinhos
BRUNA REGINA DE OLIVEIRA LIMA
A INFLUÊNCIA DOS HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAs) NA MORBIDEZ
POPULACIONAL E DOS SISTEMAS METEOROLÓGICOS NA DISPERSÃO DOS
POLUENTES DA ATMOSFERA URBANA DE OURINHOS/SP
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Avaliação de TCC do Curso de Graduação em Geografia – Bacharelado, do Campus Experimental de Ourinhos – UNESP, como parte das exigências para o cumprimento da disciplina Estágio Supervisionado e Trabalho de Graduação no 2º semestre letivo de 2010, sob orientação do Prof. Dr. Jonas Teixeira Nery.
Ourinhos (SP) / 2010
Banca Examinadora
Prof. Dr. Jonas Teixeira Nery
_____________________________________________________
(assinatura do membro)
Prof. Mcs. Ana Cláudia Carfan
_____________________________________________________
(assinatura do membro)
Prof. Dr. Rodrigo Lilla Manzione
_____________________________________________________
(assinatura do membro)
Ourinhos, 02 de agosto de 2010.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
3 OBJETIVO
4 REVISÃO DE LITERATURA
5 MATERIAL E MÉTODOS
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Análises químicas dos banners e a saúde da população nos períodos de
coleta: Primeira coleta – janeiro de 2008
6.2 Segunda coleta – agosto de 2009
6.3 Análise sinótica dos períodos e sua relação com a dispersão dos HPAs na atmosfera urbana de Ourinhos 6.4 Janeiro de 2008
6.5 Agosto de 2009 6.6 A Legislação e os HPAs
7 CONCLUSÃO
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
9. REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
10. ANEXOS
RESUMO
A quantidade significativa de substâncias nocivas à saúde humana, tendo os compostos derivados do carbono, com principal agente é relevante no município de Ourinhos. O principal objetivo deste trabalho consistiu na compreensão de como a anomalia da precipitação pluvial, nos meses de janeiro de 2008 e agosto de 2009, influenciou na dispersão dos HPAs na atmosfera urbana de Ourinhos/SP. Para a coleta dos materiais analisados foram utilizados banners de tecido em alguns pontos do município de Ourinhos. Os bairros nos quais ocorreram as coletas foram a região central da cidade, Jardim Ouro Verde e Paineiras. Juntamente com estes banners foi enviada uma amostra de tecido não exposta na atmosfera. Estes materiais foram enviados ao laboratório de Química Ambiental, na USP de São Carlos. Além disso, buscou-se correlacionar a ocorrência de enfermidades do aparelho respiratório com a incidência de precipitação. Para tanto, os dados da morbidez populacional foram coletados através do DATASUS, site organizado pelo Ministério da Saúde. Dessa maneira, foram analisadas as concentrações dos particulados com parâmetros meteorológicos com o intuito de verificar como o aumento da precipitação pode influenciar na distribuição e dispersão destes compostos na atmosfera e nas enfermidades do aparelho respiratório desta população.
Palavras - chaves: Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, precipitação, morbidez
populacional
ABSTRACT A significant amount of substances harmful to human health, taking the derivative compounds of carbon, with the main agent is relevant in Ourinhos. The main objective of this study was to understand how the anomaly of rainfall during the months of January 2008 and August 2009, influenced the dispersion of PAHs in urban atmosphere of Ourinhos / SP. To collect the materials analyzed were banners used tissue in some parts of Ourinhos. The neighborhoods in which occurred the collections were the central city, Jardim Ouro Verde and Paineiras. Along with these banners was sent a sample of tissue not exposed to the atmosphere. These materials were sent to the Laboratory of Environmental Chemistry at USP São Carlos. In addition, we attempted to correlate the occurrence of respiratory diseases and the incidence of rainfall. For this, the morbidity data were collected from the population DATASUS site organized by the Ministry of Health Thus, we analyzed the concentrations of particulates with meteorological parameters in order to see how the increase in precipitation can influence the distribution and dispersion of these compounds in the atmosphere and respiratory diseases in this population.
Key–words: Polycyclic aromatic hydrocarbons, rainfall, population morbidity
1. INTRODUÇÃO
Com o processo da industrialização, crescimento e desenvolvimento das
cidades de modo desenfreado, isto é, sem um planejamento adequado às
necessidades de sobrevivência do homem, os estudos interdisciplinares referentes
ao clima urbano têm ganhado destaque devido a inúmeras conseqüências que este
diferenciado processo de uso e ocupação do solo desencadeiam (Andrade, 2005).
Estes apresentam diferentes canais de percepção: termodinâmico (conforto
térmico), químico (qualidade do ar) e hidrometeórico (meteoros de impacto),
Monteiro (1976). Ainda segundo o autor:
Não se trata aqui, de uma redução ao nível de elementos, mas de uma
aglutinação em conjuntos que, mantendo associação intrinsecamente
atmosférica – composição, comportamento e produção meteórica – são
dirigidos á percepção sensorial e comportamental do habitante da cidade
(p. 125).
Esta visão de complementaridade de Monteiro permite entender que embora
assim classificados, um determinado canal de percepção atua de forma a influenciar
os demais. Um exemplo notável trata-se da alteração dos componentes químicos do
ar (quantidade e qualidade): a concentração de poluentes atmosféricos pode
influenciar a formação de ilhas de calor (LOMBARDO, 1985).
O trabalho realizado por Sant’anna Neto e Aleixo (2008) observou que no
caso de Ourinhos, município de médio porte localizado no sudoeste paulista, a sua
população tem sofrido com os fenômenos advindos da camada limite, a qual tem
sido diretamente influenciada pela produção do espaço urbano. Entende-se, assim,
que a população é afetada com as transformações ambientais, sendo que na maioria
das vezes a causa está nas próprias funções que o ambiente urbano desempenha.
Dessa forma é necessário continuar a investigar os problemas e suas causas para
então propor soluções.
Embora o município em questão concentre as atividades industriais e
comercias (tipicamente urbanas) em sua região de governo, percebe-se que sua
economia está concentrada nos agronegócios, dos quais o setor sucroalcooleiro é o
que mais produz rendimentos econômicos (IBGE, 2008). Entretanto é durante a
época de colheita da cana de açúcar que se torna mais sensível para a população
os problemas advindos dos latifúndios canavieiros, uma vez que a poluição
atmosférica lançada pela queima da cana tem sido associado a sérios problemas da
saúde, entre eles os de ordem respiratória (ARBEX, 2001).
A presente pesquisa está baseada na teoria do Sistema Clima Urbano da qual
apresenta uma abordagem geográfica da dinâmica climática, mas que permite
estabelecer uma relação interdisciplinar com as demais áreas do conhecimento
(naturais e humanas). Relação esta que Megale apud Sorre (1984, p. 13) percebe
através dos conjuntos físico, biológico e social (complexo patogênico) sobre o meio,
delineando a Geografia Médica.
2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
A cidade de Ourinhos compreende uma área de 296 Km² (IBGE, 2008) e
localiza-se ao Sudoeste do Estado de São Paulo (Figura 1), divisa com o Norte do
Estado do Paraná. O ponto central da cidade apresenta as seguintes coordenadas
geográficas: 22º58’28’’ de latitude Sul e 49º52’19’’ de longitude Oeste. Limita-se ao
Norte com o município de São Pedro do Turvo; ao Sul com o município de
Jacarezinho (PR); à Leste com Canitar; à Oeste com Salto Grande; à Nordeste com
Santa Cruz do Rio Pardo; à Noroeste com Salto Grande; à Sudeste com Chavantes
e à Sudoeste com Cambará, dados disponíveis no site da Prefeitura Municipal de
Ourinhos, 2008.
Figura 1: Localização da área de estudo.
Fonte: ZACHARIAS, 2006
A área de estudo situa-se sobre uma faixa de transição entre os climas
subtropical e tropical, onde se predomina dois períodos climáticos bem marcados:
úmido (verão) e seco (inverno), segundo dados do CEPAGRI.
O clima quente e úmido “de acordo com a classificação climática de Strahler,
a bacia do rio Paranapanema está enquadrada no grupo dos climas controlados
pelas massas de ar tropical e polar, em permanente alteração e no subgrupo do
clima subtropical úmido com costas ocidentais e subtropicais dominadas largamente
pela massa tropical marítima”, (PERUSI, 2006).
No que se referem aos solos de Ourinhos, a cidade está localizada
predominantemente em domínios do Grupo São Bento, Formação Serra Geral. Esta
formação caracteriza-se por apresentar rochas vulcânicas em derrames basálticos
de coloração cinza a negra, textura afanítica, com intercalações de arenitos
intertrapeanos finos a médios, de estratificação cruzada tangencial (IPT, 1981). Os
Latossolos são típicos de relevos suavemente ondulados a ondulados, assim como a
transição entre seus horizontes é observada de modo gradual ou difusa.
Baseado neste fato, o presente estudo aborda as diferenciações climáticas,
dentro do perímetro urbano, considerando as peculiaridades e rugosidades espaciais
que culminam em divergências climáticas, no espaço urbano de Ourinhos.
3. OBJETIVOS
Os principais objetivos deste trabalho consistiram:
I. Na quantificação e análise química dos Hidrocarbonetos Policíclicos
Aromáticos (HPAs) na atmosfera urbana de Ourinhos;
II. Relacionar os resultados obtidos através das análises químicas com a
incidência de enfermidades no aparelho respiratório da população local
(dados do DATASUS, Ministério da Saúde);
III. Identificar e entender os sistemas meteorológicos atuantes nos períodos de
coleta com o intuito de compreender a dinâmica de dispersão dos poluentes.
4. JUSTIFICATIVA
O quadro de degradação dos recursos naturais, entre eles o climático, tem
despertado a atenção para a potencialização dos problemas ambientais do mundo
moderno. Ourinhos está localizada em uma região entre limites regionais e
estaduais, sendo verificado constante fluxo no decorrer do cotidiano da cidade.
Estudos sobre Clima Urbano têm sido realizados no município de
Ourinhos/SP, no entanto este trabalho busca comprovar ou refutar a existência
especificamente dos HPAs na atmosfera urbana assim como analisar o aumento da
morbidez populacional nos períodos de coletas.
Com base nesse raciocínio, busca-se também, através de uma análise
sinótica verificar os sistemas meteorológicos atuantes e como estes podem
influenciar na precipitação, consequentemente, na dispersão dos poluente.
Além disso, através da compreensão das peculiaridades microclimáticas
assim como das concentrações desses poluentes neste município, torna-se possível
oferecer subsídios para o planejamento municipal.
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O processo de evolução das cidades promoveu transformações, cujas
conseqüências repercutem não só no equilíbrio do meio ambiente, como também na
qualidade de vida das populações, devido à alta concentração de atividades e
densidade construtiva e demográfica. Este processo vem provocando modificações
substanciais na paisagem, no balanço de energia e na concentração de poluentes
acentuando a escalada nos processos de deterioração ambiental (LOMBARDO,
1985).
Fruto do longo processo de evolução da sociedade humana e representante
mais bem acabada daquelas condições de vida que o homem tem buscado
constituir, as cidades vêm se desenvolvendo rapidamente, numa constante
transformação; iniciando o século XXI com enormes desafios a superar. Estima-se
que a população urbana continuará a crescer, devendo chegar a mais de 60% do
total mundial em 2025, segundo as Nações Unidas (OKE, 1986).
Entende-se por Clima Urbano o resultado da ação antrópica juntamente com
os aspectos geoambientais do sítio urbano, insere-se nesse contexto (...) variando
quanto às dimensões do espaço geográfico/atmosférico e quanto ao dinamismo das
atividades desenvolvidas pelo homem nas cidades (OLIVEIRA, 1988, p. 13). Os
elementos e fatores do clima urbano, denominados de componentes bioclimáticos
considerados no desenho urbano são predominantemente os mesmos do clima em
geral, que, no seu conjunto, recebe influências das mudanças ocorridas no meio
ambiente, devido ao processo de urbanização. Nas mesmas condições estão
inseridos os componentes não bioclimáticos ou atributos urbanos, isto é, as
características da forma urbana (rugosidade e porosidade, densidade de construção,
tamanho, ocupação do solo, orientação, permeabilidade do solo e propriedades
termodinâmicas dos materiais constituintes).
Para Oke (1986), o clima urbano é uma modificação substancial de um clima
local, resultado de condições particulares do meio ambiente urbano, seja pela
rugosidade do tecido urbano, pela sua ocupação, permeabilidade ou pelas
propriedades térmicas dos materiais que o compõem.
OLIVEIRA (1988, p.30) considera como fatores condicionantes do clima
urbano a radiação solar, as características e peculiaridades da forma urbana
(constituídas pelos elementos morfológicos da cidade) e as áreas verdes.
A investigação e a análise do clima urbano proporcionam benefícios que
visam tornar a vida nas cidades mais agradável e saudável para seus habitantes. O
estudo do clima urbano é fundamental para o desenho urbano, apresentando
subsídios para que se possa desenvolver outros estudos apropriados para o
planejamento e ordenação do espaço urbano, enfocado em sua totalidade.
Desde a Antiguidade constatou-se o fato da atmosfera urbana ser diferente
das condições atmosféricas do campo ou dos arredores das cidades (Figura 2). O
processo de urbanização juntamente com a Revolução Industrial marca o início não
só de um novo modo de produção, mas também se atrelam com a expansão do uso
de combustíveis fósseis para a manutenção deste novo modo de vida.
Figura 2: Composição do ar nos ambientes rural e urbano.
Fonte: García, 1999, pág. 20.
O uso generalizado de combustíveis fósseis em algumas cidades na Idade
Média foi denunciado como principal fonte de poluição urbana. Esse tema despertou
desde essa época o interesse de estudiosos, destacando-se o trabalho do
naturalista inglês John Evelyn, que escreveu o livro intitulado Fumifugium, publicado
em 1661, no qual critica severamente o uso do carvão como combustível para a
indústria, em Londres, e descreve as conseqüências prejudiciais da fumaça para a
saúde humana, as espécies vegetais e animais. Segundo GARCIA (1999, p.10),
esse trabalho pode ser considerado como o primeiro trabalho sobre a poluição
atmosférica.
O clima característico do ecossistema urbano é resultado de uma série de
modificações e alterações climáticas originadas no processo de urbanização.
GARCÍA (1999, p.13) refere-se a essas modificações ou alterações climáticas:
a) A substituição da superfície natural quando recoberta por diversos tipos de
construções, constitui um conjunto compacto e denso, formando uma rugosidade,
que provoca mudanças no movimento do ar na superfície;
b) A substituição do solo natural por diversificados tipos de revestimento;
c) Os materiais de construção urbanos possuem propriedades físicas diversas das
do solo natural, menor albedo e uma capacidade calorífica maior, além de uma boa
condutividade térmica o que provoca alterações no gradiente de radiação urbano, e
conseqüentemente, o que acarreta influências sobre a temperatura do ar;
d) O calor oriundo das atividades humanas na cidade constitui um aspecto relevante,
que provoca alterações no nível de energia. Esse calor antropogênico, acrescido dos
aspectos comentados nas letras a e c, causa incremento na temperatura do ar, em
relação à temperatura dos arredores. Além disso, também ocorre um aumento do
processo de convecção, o que causa um incremento da nebulosidade, e, portanto,
possíveis precipitações;
e) A turvação atmosférica é aumentada devido à presença de um grande número de
partículas oriundas dos processos de combustão urbanos e industriais. Isso provoca
uma redução da visibilidade, os raios solares são interceptados, aumentando, a
possibilidade de formação de névoa.
As cidades passaram a possuir características específicas, assim as
transformações na paisagem alteram o balanço de energia e o balanço hídrico
urbano. Assim ambientes construídos geram a sua própria dinâmica climática,
interferindo na qualidade de vida da população, “o clima próprio gerado pela cidade
provoca efeitos que são sentidos pela população através do desconforto térmico, da
qualidade do ar (cada vez mais poluído nos grandes centros) e das crescentes
inundações urbanas ocasionadas pelas chuvas concentradas” (AMORIM, 2000, p
25.).
Desta forma, a cidade e, consequentemente, sua expansão, modifica o clima
em função da alteração da superfície e como conseqüência produz um aumento de
calor, pois há modificações na ventilação (edificações verticalizadas), na umidade do
ar e ainda sobre as precipitações, podendo ser mais acentuadas. Ressalta-se, que
dentre as conseqüências do crescimento dos centros urbanos destacam-se as
alterações da atmosfera, pois a poluição atmosférica tem um efeito direto sobre a
saúde humana podendo causar graves problemas.
Segundo Fonseca 2004, a saúde se vincula diretamente com o ambiente,
entendido como a interação da sociedade com a natureza, de forma indissociável,
pois as condições e/ou alterações do meio natural só têm importância para o homem
quando passam a ser por ele percebidas ou quando afetam o seu bem estar e o seu
modo de vida. E o clima, com suas alterações cíclicas e, recentemente, com
alterações inesperadas e danosas para o homem e o meio social de forma geral,
certamente é um fator que interage diretamente com a saúde humana.
Compreende-se que poluição é a emissão de resíduos sólidos, líquidos e
gasosos, em quantidade superior à capacidade de absorção do meio ambiente ou
maior do que a quantidade existente no meio. Quando tratamos de poluição
atmosférica, são lançamentos na atmosfera de vastas quantidades de poluentes
resultantes de atividades humanas Os veículos automotores emitem gases como o
monóxido e o dióxido de carbono, o óxido de nitrogênio, o dióxido de enxofre e os
hidrocarbonetos. As refinarias de petróleo, indústrias químicas e siderúrgicas,
fábricas de papel e cimento emitem óxidos sulfúricos e nitrogenados,
hidrocarbonetos, enxofre, diversos resíduos sólidos e metais pesados (como
chumbo, zinco e níquel). Aerossóis e outros produtos liberam clorofluorcarbonos
(CFCs) produtos químicos sintéticos (CARVALHO, 2001).
Esta mesma atmosfera contaminada pode contribuir para a dispersão ou não
destes poluentes através dos elementos do clima. A precipitação atua na “lavagem”
da atmosfera, às vezes causando chuva ácida, porém diminui a concentração destes
sobre alguns centros urbanos. Os ventos podem dispersá-los em um determinado
local e levando-os para outro. A umidade torna a atmosfera densa, não deixando
ocorrer a dissipação dos poluentes e das bactérias e dos vírus, que no período de
baixa umidade sobrevivem com facilidade. A temperatura tem ações parecidas com
a umidade, porém quando está alta espalha para vários locais os particulados de
poluição e influi na sobrevivência de vírus e bactérias, e quando diminui o índice isto
não ocorre.
A emissão excessiva de poluentes tem provocado sérios danos à saúde
pública, como vários distúrbios respiratórios, alergias, lesões degenerativas no
sistema nervoso ou em órgãos vitais e câncer. Em cidades com alto índice de
poluição atmosférica, esses distúrbios agravam-se no inverno com a inversão
térmica, onde uma camada de ar frio forma uma redoma na alta atmosfera,
aprisionando o ar quente e impedindo a dispersão dos poluentes (Mesquita, 2005).
Os HPAs são compostos semivoláteis que se formam pela fusão de dois ou
mais anéis benzênicos, nos quais são insolúveis em água e se adsorvem com as
partículas atmosféricas. Pesquisadores do mundo todo têm concentrado a atenção
nestes compostos, pois alguns destes são cancerígenos, principalmente os
compostos com cinco anéis benzênicos (DICHUT et al, 2000). Além disso, ressalta-
se que os HPAs são produzidos por um processo pirolítico durante a combustão
incompleta de combustíveis fósseis (SANDERSON Y FARANT, 2000).
Devido ao crescimento da urbanização e da taxas de gases estufa, na
atmosfera, provenientes da queima de combustíveis fósseis, se reconhece o
potencial de risco a saúde que estes compostos oferecem a população. Dessa
maneira, verificou-se a existência de inúmeros estudos sobre a presença destes
compostos nas atmosferas urbanas (CARICCHIA et al, 1999).
Para Bettin e Franco, 2005:
Até o começo do século XX havia um equilíbrio entre a produção e a degradação natural de HPAs, sendo a sua concentração baixa e constante. Com o aumento do desenvolvimento industrial, esse balanço natural foi perturbado e a razão entre a produção e a degradação de HPAs tem aumentado constantemente. O mecanismo de formação de HPAs durante a combustão incompleta de material orgânico é conhecido há muito tempo. Acredita-se que estejam envolvidos dois processos distintos: a pirólise e a pirossíntese. Em altas temperaturas, compostos orgânicos são convertidos em moléculas pequenas não estáveis (pirólise). Estas e outros radicais se recombinam para produzir moléculas maiores e mais estáveis de HPAs (pirossíntese). Uma vez formados os HPAs podem sofrer reações pirossintéticas, originando estruturas mais complexas com anéis altamente condensados. Os HPAs não são obrigatoriamente fracionados em fragmentos menores antes da pirossíntese, podendo resistir á fragmentação parcial seguida pela hidrogenação dos seus radicais primários. Em geral, todos os compostos orgânicos contendo carbono e hidrogênio, podem servir como precursores de HPAs.
A área de estudo é uma cidade em crescimento e sua economia está pautada
principalmente nas atividades comerciais que demanda a aglomeração de serviços,
na área central de Ourinhos e também na agricultura, na qual se destaca a produção
canavieira.
A queima canavieira, na cidade de Ourinhos, é um fato freqüentemente é
evidenciado. Com a queima da cana-de-açúcar, ocorre o aumento dos particulados
na atmosfera, o que é visivelmente observado pela população do local. Este
trabalho, em parte, busca verificar a existência de compostos nocivos a saúde
humana nos compostos emitidos pela queima canavieira. Dessa maneira, buscou-se
coletar amostras em algumas localidades específicas através da instalação de
banners (de tecidos), o que englobou a localidade central desta cidade.
De acordo com Alvarez et al,(2004) os compostos mais encontrados na
atmosfera de cidades grandes devido a emissão veicular foi o Benzo (g,h,i) Pirileno e
os menos abundantes foram o Benzo(a) Antraceno e o Fenatreno. Ainda para este
autor, destacou-se que, os HPAs mais freqüentemente observado estão
relacionados a queima incompleta de combustíveis fósseis, sendo mais evidenciado
nos gases emitidos por motores movidos a diesel.
Ainda para Alvarez, et al., (2004):
Los tres HPA reconocidos como los más tóxicos son el benzo (a) pireno, el dibenzo (a,h) antraceno y el benzo (b) fluoranteno, los cuales han sido reconocidos con suficiente evidencia de carcinogeneidad en animales y probables cancerígenos en humanos (IARC 1987) El porcentaje de los cancerígenos potenciales representó entre el 25 y el 32% con un promedio de 28.3% ± 0.02 ng/m3 de la mezcla total de HPA. El riesgo potencial de los HPA puede ser determinado en términos del benzo(a)pireno que es un indicador de carcinogeneidad.
Dessa maneira, verificou-se que há a tendência na piora da qualidade do ar,
conforme a cidade se desenvolve, o que associado à inexistência de um
planejamento sustentável, em uma projeção para o futuro, esta população sofrerá
com os danos causados pela emissão de poluentes e outros produtos tóxicos.
Na área de estudo, a queimada canavieira torna-se mais intensa nos meses
de inverno (junho, julho e agosto), isto é, nos meses mais secos do ano. As regiões
Sudeste e Centro-Oeste “sofrem influência tanto de sistemas tropicais como de
latitudes médias, com estação seca bem definida no inverno e estação chuvosa no
verão com a presença de chuvas convectivas” (NERY, 2005, p. 62). Com a baixa
precipitação e umidade relativa do ar, evidencia-se o aumento das ocorrências de
enfermidades do aparelho respiratório nesta época, sendo estas possivelmente
agravadas pelo aumento das partículas.
A cidade de Ourinhos está em crescimento e sua economia está atrelada aos
serviços comerciais e agrícolas, estes valores encontrados nas concentrações dos
HPAs são indícios que existe a emissão de compostos na atmosfera que são
capazes de propiciar problemas na morbidez da população. A área de estudo trata-
se de um local ainda em processo de expansão, no entanto, há incidência de
compostos que são geralmente encontrados em grandes cidades como em São
Paulo e Cidade do México (Figura 3), locais onde a poluição já degrada a saúde da
população residente. Dessa maneira, destaca-se a importância do planejamento
urbano, visto que, o não investimento de políticas públicas na infra-estrutura
municipal acarreta, de médio a longo prazo, no aumento das enfermidades da
população.
Figura 3: HPAs de maior incidência em grandes metrópoles em picos cromatográficos.
Fonte: ALVAREZ, et al, 2004.
6. MATERIAIS E MÉTODOS
No que se refere à morbidez da população de Ourinhos foram realizadas
pesquisas no site do DATASUS (responsável pelo tratamento dos dados referentes
às enfermidades da população no Brasil, administrado pelo Ministério da Saúde).
Após as coletas, estes dados foram relacionados com o índice de pluviosidade de
Ourinhos (dados fornecidos pela estação meteorológica automática da Usina São
Luiz e CIIAGRO).
Outra etapa realizada no período consistiu na instalação e coleta dos banners,
também executada no mês de agosto de 2009. Destaca-se que no período
considerado seco deste ano ocorreu anomalia climática, visto que choveu acima da
média climática, para o mês analisado.
Após a coleta dos tecidos, estes foram encaminhados para o Instituto de
Química Ambiental, na USP de São Carlos, para análise química das concentrações
dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos nas amostras. Foram enviadas quatro
amostras, sendo três expostas e uma em branco (sem contaminação).
Com base nas análises químicas foram realizados estudos comparativos para
que melhor se compreendesse a questão da dispersão dos HPAs na atmosfera
urbana de Ourinhos. Para tanto, foram utilizadas análises sinóticas através de dados
do CPTEC/INPE para observar a dinâmica em que se encontrava a atmosfera no
período de coleta. Já para os HPAs alguns dados foram obtidos através da
CETESB. Nesta etapa, buscou-se o embasamento legal de normas e limites de
emissão destes compostos através da Resolução CONAMA.
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Análises químicas dos banners: saúde da população nos períodos de
coleta e análises dos dados: Primeira coleta – Janeiro de 2008
Com base nos resultados obtidos nas análises químicas dos banners faz-se
necessária uma compreensão da dinâmica atmosférica que ocorreu no município,
onde foram coletadas as amostras e quais os sistemas meteorológicos que estavam
atuando e, dessa forma, observar a possibilidade de interferência nos resultados
obtidos. Uma vez que, os Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) estavam
em suspensão qualquer incidência de chuva poderia ocasionar diferentes resultados
nas concentrações desses compostos nas amostras, isto por que a chuva tem a
capacidade de limpar a atmosfera dos particulados, que em condições de período
longo de estiagem, poderiam ser encontrados nela.
O mês de janeiro de 2008, segundo o CPTEC/INPE, houve uma diminuição
da atividade frontal sobre o Brasil, como resultado da persistência de uma anomalia
anticiclônica sobre o oceano Atlântico e Leste do Brasil. Desta forma, apesar da
configuração de três episódios da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS),
choveu abaixo da média em grande parte das regiões Sudeste, Centro-Oeste,
Nordeste e no sul da região Norte, com destaque para o Norte de Rondônia e o
Noroeste do Mato Grosso, onde o déficit de chuva excedeu 200 mm.
A cidade de Ourinhos se encontra em uma região de transição climática
entre as regiões Sudeste e Sul do país. Com base nisso, deve-se entender que
sistemas meteorológicos que tenham grande área de atuação na região Sul podem
influenciar na dinâmica desta cidade. De acordo com o gráfico disponibilizado pela
Usina São Luiz, nota-se que apesar da regiao Sudeste ter apresentado chuvas
abaixo da média histórica, Ourinhos em relação a este parâmetro, em janeiro, houve
maior incidência de precipitação, ultrapassando a média histórica (Figura 4).
USINA SÃO LUIZ - OURINHOSChuva 2008 x Média Histórica
0
50
100
150
200
250
300
350
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro DezembroMeses do Ano
Chu
va (m
m)
Chuva 2008 (mm)
Chuva Histórica (mm)
Figura 4: Média histórica de precipitação e o ano de 2008
Fonte: Usina São Luiz, 2008
Em comparação com janeiro de 2009, este ano vem continuando a dinâmica
já ocasionada em dezembro de 2008. Segundo o CPTEC/INPE, ocorreu episódios
de chuvas intensas que afetaram principalmente a região Sudeste do Brasil, sendo a
Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) o principal sistema meteorológico
responsável pela ocorrência dos totais pluviométricos acima da média histórica em
grande parte desta região. A atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT),
das linhas de instabilidade (LI’s), ao longo da costa norte da América do Sul e a
configuração da Alta da Bolívia, nesta época do ano também contribuíram para as
chuvas acima da média em grande parte da região Norte do Brasil.
Com base nisso, é possível inferir que a cidade de Ourinhos está em uma
região onde a incidência de precipitação foi intensa durante o mês de janeiro de
2009. Segundo a Figura 5, que reúne dados de precipitação total nos meses de
janeiro de 2008 e 2009, fica evidente que esta cidade esteve inserida às dinâmicas
atmosféricas que ocasionaram maior precipitação. No ano de 2008, Ourinhos estava
inserida na faixa de 200mm de chuva, enquanto em 2009 esteve na faixa de 400mm.
Figura 5: Precipitação nos meses de janeiro de 2008 e 2009
Fonte: CPTEC/INPE, organizado pela autora, 2009.
As chuvas atuam como “filtros” atmosféricos, isso quer dizer que, quanto maior a
ocorrência de chuvas, maior serão as chances de obtenção de resultados menos
contaminados pelos HPAs, uma vez que estes estão em suspensão na superfície, a
probabilidade de capturar estes compostos em uma atmosfera “limpa” é menor.
De acordo com os resultados obtidos nas análises químicas, verificou-se o
aumento das concentrações de alguns compostos nas amostras expostas aos HPAs
e particulados atmosféricos em relação ao tecido branco enviado ao laboratório.
Destacam-se os compostos:
� Naftaleno (amostras 1, 2 e 3);
� Acenaftileno (amostras 1, 2, e 3);
� Fluoreno ( amostras 1, 2 e 3);
� Antraceno (amostras 1, 2 e 3);
� Pireno (amostras 1, 2 e 3);
� Benzo (a) Antraceno ( amostras 1 e 2);
� Criseno (amostra 3);
� Benzo (a) Pireno (amostras 1, 2 e 3)
� Benzo (g, h, i) Pirileno (amostra 3)
� Fenantreno (amostras 1 e 2).
Nos valores encontrados para a amostra não exposta, a ocorrência destes
compostos se apresentava em números menores que 0,001. Para tanto, a incidência
das concentrações para as substâncias citadas acima são fortes indicadores que os
particulados atmosféricos da área de estudo contem HPAs, sendo estes geralmente
observados em metrópoles em maiores concentrações. Porém, não se tratam dos
únicos particulados suspensos no ar, visto que, é conhecida a existência de
substâncias nocivas, mas que são voláteis. Devido a esta volatilidade os compostos
se tornam dificultosos para a análise devido à distância entre a cidade de coleta,
Ourinhos e o de análise, em São Carlos.
Na área de estudo, a queimada canavieira torna-se mais intensa nos meses
de inverno (junho, julho e agosto), isto é, nos meses mais secos do ano. Com a
baixa precipitação pluvial e umidade relativa do ar, evidencia-se o aumento das
ocorrências de enfermidades do aparelho respiratório nesta época, sendo estas
possivelmente agravadas pelo aumento das partículas.
A cidade de Ourinhos está em crescimento e sua economia está atrelada aos
serviços comerciais e agrícolas, estes valores encontrados nas concentrações dos
HPAs são indícios que existe a emissão de compostos na atmosfera que são
capazes de propiciar problemas na morbidez da população. A área de estudo trata-
se de um local ainda em processo de expansão, no entanto, há incidência de
compostos que são geralmente encontrados em grandes cidades como em São
Paulo e Cidade do México, locais onde a poluição já degrada a saúde da população
residente. Dessa maneira, destaca-se a importância do planejamento urbano, visto
que, o não investimento de políticas públicas na infra-estrutura municipal acarreta,
de médio a longo prazo, no aumento das enfermidades da população.
No se refere às condições climáticas do município de Ourinhos no período de
coleta, de acordo com CPTEC/INPE, as anomalias positivas de chuvas mais
significativas registradas ao longo deste mês estiveram concentradas de maneira
heterogênea sobre algumas regiões do país. São Paulo foi um dos estados afetados
por este evento climático, com chuvas acima da média, principalmente no mês de
agosto. O município de Ourinhos apresentou quantidades de chuva maiores que a
média histórica registrada para a cidade. Ainda assim, o município apresentou
alguns dias com poucas chuvas e baixa umidade, o que possibilitou a ocorrência de
desconforto térmico e atmosfera carregada de particulado prejudicial a saúde da
população.
Dessa maneira, o que se pode evidenciar em relação à incidência de HPAs
nas amostras é que a atmosfera esteve “limpa” na maior parte das coletas, uma vez
que, com a elevada incidência de precipitação os compostos se dispersavam com
maior facilidade, sendo um ano atípico, comparado ao padrão de dinâmica climática
da região.
Ao verificar a dinâmica da cidade de Ourinhos, observa-se que há a tendência
na piora da qualidade do ar, principalmente pelo manejo do solo, para a plantação
de cana de açúcar e pela instalação de indústria na região. À medida que a cidade
se desenvolve, associado à inexistência de um planejamento sustentável, em uma
projeção para o futuro, esta população sofrerá com os danos causados pela emissão
de poluentes e outros produtos tóxicos, caso não seja tomada nenhuma medida
pelos poder público da região.
Entretanto, o que se destaca nesta situação é que mesmo com ocorrência
frequente de chuvas, as amostras apresentaram contaminação por estes compostos,
o que pode ser evidenciado através dos resultados das análises químicas. Neste
caso, a ocorrência de anomalia positiva de precipitação proporcionou melhores
condições atmosféricas, no que se refere aos compostos e particulados em
suspensão presentes no ambiente urbano.
De acordo com os dados do DATASUS, no mês de janeiro de 2008 foi
possível verificar 58 casos de internações devido a problemas respiratórios (Tabela
1). Para tanto, foram selecionados alguns meses posteriores ao de coleta (fevereiro,
março, abril) para observar a recorrência das doenças, uma vez que certas
enfermidades podem demorar a manifestar os sintomas e, consequentemente
prolongar seu tratamento.
Doenças como pneumonia, bronquite, enfisemas e outras doenças crônicas
foram observadas em todos os meses de análise, porém nota-se que em fevereiro o
número de internações por estas doenças apresentou-se em menor quantidade, com
apenas um caso.
Tabela 1: Doenças respiratórias no período de coleta
Doenças Janeiro Fevereiro Março Abril
Pneumonia 26 24 25 23
Bronquite/ enfisemas /doenças
crônicas
8 1 6 7
Asma 1 1 1 1
Doenças crônicas das amígdalas e 0 0 9 2
adenóides
Outras infecções agudas das vias
aéreas superiores
1 2 1 0
Outras doenças do aparelho
respiratório
22 14 17 13
Total 58
42
59
46
Fonte: DATASUS, 2008. Dados Organizados pela autora.
Segundo a tabela xx, é possível identificar também que o mês de março
apresentou mais casos de internações que os demais analisados. De modo geral, o
que se observa é o aumento de casos de enfermidades do aparelho respiratório no
mês de janeiro, com 58 internações, contudo é somente no mês março que este
valor é ultrapassado, com 59 internações.
No que se refere à precipitação para esses meses, fica evidente que para
mês de janeiro, no qual ocorreu a amostragem, o número de internações foi bastante
elevado, descartando a incidência de precipitação como fator amenizante de tais
enfermidades (Gráfico 1). Já em fevereiro, pode-se observar que as doenças
diminuíram, porém a precipitação também foi inferior ao mês de janeiro, mostrando
novamente que a chuva pode não ter sido a única forçante que culminou neste
decréscimo, ou seja, outros agentes proporcionaram melhores condições à
população, o que não exclui a precipitação, mas acrescenta outros parâmetros.
Gráfico 1: Doenças do aparelho respiratório e precipitação.
Fonte: Dados do CIIAGRO e DATASUS. Organizado pela autora.
Em março, nota-se que os valores de prepipitação foram os menores
verificados para o período, entretanto a incidencia de doenças respiratórias foram as
maiores em comparação aos demais meses. Neste mês, a chuva atua como fator
acentuante no que refere-se as doenças. A precipitação juntamente com outros
fatores e parâmetros afetam sistematicamente a população de Ourinhos, o que fica
evidente tanto no mês de março quanto no mês de abril, pois com o aumento da
chuva neste último, as doenças diminuiram de 59 casos de internações para 46 (
Tabela 1).
6.2 Segunda coleta – Agosto de 2009
De acordo com as análises químicas realizadas foi possível verificar que
nesta amostragem não houve incidências de HPAs nos banners. Para tanto, com
base nos resultados, é necessário compreender a dinâmica atmosférica da área de
estudo, buscando entender como as relações superfície-atmosfera podem ter
influenciado na dispersão dos poluentes. Nesse sentido, é nesta etapa do estudo
que os elementos climáticos ganham destaque, principalmente a precipitação.
Nesta segunda fase de coletas, faz-se necessário uma análise conjunta do
período seco dos anos de 2008 e 2009 devido à anomalia climática que este último
ano apresentou em relação à média histórica para a precipitação pluvial. Para
melhor compreensão desta dinâmica buscou-se relacionar os meses de julho e
agosto destes anos, na intenção de comparar as diferentes situações.
Ressalta-se que, com a maior incidência de precipitação, os resultados das
análises químicas sofrem modificações devido à instabilidade atmosférica.
Figura 6: Precipitação total dos meses de julho nos anos de 2008 e 2009 Fonte: CPTEC/INPE, organizado pela autora, 2009.
De acordo com o CPTEC/INPE o mês de julho de 2008 foi marcado pela
persistência de uma massa de ar seco, que inibiu a ocorrência de chuva na maior
parte do Brasil, conseqüentemente ocorreram baixos valores de umidade relativa do
ar, principalmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do Brasil, o que
inclui a área de estudo em questão.
Já em julho de 2009, ainda segundo O CPTEC /INPE, o que se evidencia é a
presença de uma acentuada anomalia positiva de precipitação nos Estado de São
Paulo e Leste do Paraná, associadas a dois sistemas frontais nas regiões Sul e
Sudeste do Brasil e a atuação das massas de ar frio na região Sul. Fica evidente que
tais dinâmicas proporcionaram a área de estudo um quadro diferenciado do mês de
julho do ano de 2008 (Figura 6).
Figura 7: Precipitação total dos meses de agosto de 2008 e 2009
Fonte: CPTEC/INPE, organizado pela autora, 2009
De acordo com o CPTEC, outro fenômeno de destaque foi a atuação do El
Niño que continua em evolução na região do Pacífico Equatorial, com a expansão da
área de anomalias positivas de temperatura da Superfície do Mar (TSM), cujo valor
foi superior a 1ºC. Considerando o escoamento em 200hPa, a maior atividade do
jato subtropical sobre a América do Sul favoreceu a ocorrência de chuvas acima da
média nas regiões Sul e Sudeste do Brasil e já refletiu o início da atividade do El
Niño na região do Pacífico Equatorial.
Com base nisso, ao relacionar os meses de agosto dos anos de 2008 e 2009,
pode-se observar que os valores de precipitação total (Figura 7) foram maiores para
o ano de 2008, porém o que se buscou evidenciar neste mês foi o efeito que a
anomalia positiva existente no período ocasionou para o mês de coleta, uma vez que
este não apresentava uma atmosfera com significativas quantidades de particulados
em suspensão devido ao aumento pluviométrico, as amostragens não acusaram a
ocorrência de HPAs nas análises químicas.
Segundo dados do DATASUS, no mês de agosto de 2009, em comparação
ao mês de janeiro de 2008, ressaltou-se o acentuado aumento das enfermidades do
aparelho respiratório desta população. De acordo com a Tabela 2, é possível
observar que não só os totais das doenças aumentaram, mas também as tipologias,
ou seja, doenças que no mês de janeiro não houve incidência podem ser verificadas
como, por exemplo, as doenças do trato superior, faringite e amigdalite agudas,
laringite e traqueíde agudas, outros tipos de bronquite e bronquiolite agudas,
doenças dos paranasais, influenza e, principalmente, doenças crônicas das
amígdalas e adenóides.
Os casos de internações em conseqüência das doenças crônicas das
amígdalas e adenóides, que são responsáveis pela produção de anticorpos para a
proteção contra bactérias e vírus que causam infecções no organismo, destacam-se
no período de análise, sendo verificado principalmente em julho o aumento dessa
enfermidade, com 29 casos (Tabela 2).
Tabela 2: Doenças respiratórias no período de coleta
Doenças Junho Julho Agosto Setembro
Pneumonia 54 55 66 41
Bronquite/ enfisemas /doenças crônicas 3 5 8 3
Asma 6 0 1 3
Doenças do trato superior 1 1 5 4
Faringite e amigdalite agudas 0 1 0 0
Laringite e traqueíde agudas
2 0 0 0
Bronquite aguda e bronquiolite aguda 0 0 4 2
Doenças crônicas das amígdalas e adenóides 8 29 10 12
Doenças do nariz e seios paranasais 1 4 0 6
Outras infecções agudas das vias aéreas
superiores
0 0 0 1
Influenza [gripe] 0 0 1 0
Outras doenças do aparelho respiratório 13 14 15 11
Total 88 109 110 83
Fonte: DATASUS, 2009. Dados Organizados pela autora.
Ao observar os totais de doenças, pode-se inferir que houve o aumento
significativo em comparação ao primeiro período de análise. Novamente foram
selecionados alguns meses (junho, julho, agosto e setembro) para que se pudesse
compreender a ocorrência das doenças respiratórias.
Em julho foi verificado os valores mais elevados de doenças crônicas das
amígdalas e adenóides, entretanto foi em agosto que se observou o maior número
de internações (total). Outras doenças também podem ser notadamente observadas
devido ao acentuado aumento, como no caso da pneumonia que, durante todos os
meses do período de análise apresentou valores elevados (Tabela XX).
Com a comparação dos casos de internações com a incidência de
precipitação pluvial, nota-se que tanto as doenças quanto as chuvas estiveram mais
concentradas nos meses de julho e agosto. No mês de julho, a precipitação esteve
acima da média, entretanto os casos de internações também estiveram entre os
mais elevados neste período, com 109 incidências. Já em agosto, em contraposição
ao mês anterior, a precipitação decai, porém as doenças se mantém elevadas, com
110 casos de internações (Gráfico XX).
Gráfico 2: Doenças do aparelho respiratório e precipitação.
Fonte: CIIAGRO e DATASUS, 2009. Dados organizados pela autora.
É somente no mês de setembro que se pode observar a diminuição das
enfermidades, para 83 casos, e o aumento acentuado da chuva. Dessa maneira, o
que se pode verificar neste mês é que tanto as doenças quanto a precipitação
apresentaram valores diferenciados dos demais meses, isto é, os casos de
internações estiveram mais elevados em todos os outros meses do período
enquanto a precipitação oscila com valores elevados em julho e setembro e baixos
para junho e agosto.
6.3 Análise sinótica dos períodos e sua relação com a dispersão dos HPAs na
atmosfera urbana de Ourinhos
Atualmente sabe-se que sistemas meteorológicos atuantes, assim como a
combinação entre os parâmetros superficiais geram diferentes situações temporais.
A combinação destes parâmetros com os sistemas meteorológicos condicionam
situações de dispersão dos particulados em suspensão específicas.
Nos estudos de clima urbano, nos quais o foco está concentrado na atmosfera
deste ambiente, fica evidente a importância da precipitação e dos ventos na
dispersão dos particulados e, principalmente, dos poluentes. Como as coletas das
amostras foram realizadas em períodos diferenciados (verão e inverno), nesta etapa
do estudo faz-se necessário uma análise sinótica dos meses de janeiro de 2008 e
agosto de 2009.
De acordo com a caracterização climática da área de estudo, a precipitação é
mais abundante nos meses de verão com temperaturas elevadas. Já no inverno,
esta estação se define por temperaturas amenas e com baixa precipitação. Dessa
forma, fica evidente que as amostras foram estrategicamente coletadas em períodos
diferentes com o intuito de verificar se a quantidade de precipitação influencia as
concentrações dos HPAs na atmosfera da área estudo.
6.4 Janeiro de 2008
De acordo com o CPTEC, o mês de janeiro deste ano foi caracterizado por
uma intensa atividade convectiva sobre o centro – sul do Brasil com ocorrência de
chuvas abundantes, descargas elétricas, granizo, enchentes e deslizamentos de
terra em várias cidades. Por outro lado, em alguns municípios no interior da Região
Nordeste, a estiagem se prolonga desde o final de 2007.
Durante o mês de janeiro, embora ainda tenha predominado uma situação de
chuvas abaixo da média histórica em grande parte do território brasileiro, houve a
formação de intensas áreas de instabilidade associadas principalmente ao
escoamento da Alta da Bolívia e à configuração de três episódios da Zona de
Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). De modo geral, destacaram-se as chuvas
acima da média em grande parte da Região Norte e em áreas isoladas do Mato
Grosso e no setor leste dos Estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo no
período de 01 a 19. A partir deste período, as chuvas tornaram-se mais
generalizadas, como resultado de uma mudança no padrão atmosférico que
favoreceu a atuação de um sistema frontal em latitudes mais ao norte, a
configuração do segundo e terceiro episódios de ZCAS e o deslocamento dos
Vórtices Ciclônicos em Altos Níveis (VCAN), que se posicionaram preferencialmente
sobre o Oceano Atlântico e causaram aumento das chuvas sobre a parte norte da
Região Nordeste.
No que se refere a Temperatura Superficial do Mar (TSM), segundo dados do
CPTEC, os campos oceânicos e atmosféricos de escala global destacaram a
atuação mais intensa do fenômeno La Niña no setor oeste do Pacífico Equatorial,
onde as anomalias negativas da TSM atingiram -3ºC (Figura 7). Houve aumento das
anomalias negativas de Pressão ao Nível do Mar (PNM) sobre o setor oeste do
Pacífico, Austrália e região da Indonésia, se comparado ao mês anterior, denotando
a maior atividade da La Niña nesta região. O Índice de Oscilação Sul (IOS)
apresentou o valor mais positivo dos últimos meses, igual a 1.9. Destacou-se o forte
sinal da Oscilação Intrasazonal Madden-Julian1 (OMJ) sobre os oceanos Pacífico e
Índico e sua influência favorável à ocorrência de chuvas sobre as Regiões Sudeste e
Nordeste do Brasil em janeiro de 2008.
1 Estas oscilações caracterizam-se por um deslocamento para leste de uma célula zonal de grande
escala termicamente direta, que causa variações na convecção tropical. Sobre a América do Sul, a
OMJ tem sido relacionada às variações na posição e intensidade da Zona de Convergência do
Atlântico Sul (ZCAS) (i.e., Casarin e Kousky 1986; Kousky e Kayano 1993, 1994), por sua vez
associadas às flutuações na escala de tempo intrasazonal da circulação atmosférica global da alta
troposfera e da convecção tropical (i.e., Casarin e Kousky 1986; Weickmann et al. 1985; Kayano e
Kousky 1992; Kousky e Kayano 1993, 1994).
Figura 7: Temperatura superficial do mar (TSM) e anomalia de temperatura.
Fonte: CPTEC, 2008. Dados organizados pela autora.
As temperaturas elevadas e o transporte de umidade em direção ao
continente sul - americano são fatores importantes para a intensificação dos
sistemas convectivos, que são frequentemente observados nesta estação. Estes
sistemas são responsáveis pela ocorrência de chuvas intensas, raios e granizo em
grande parte do Brasil.
No início de janeiro, as chuvas mais intensas estiveram associadas à atuação
da Alta da Bolívia e ao primeiro episódio de ZCAS, entre os dias 6 a 9, com
destaque para as chuvas acumuladas no interior e litoral de São Paulo. Segundo o
CPTEC, além das ocorrências de granizo e inundações, registraram-se mortes e um
incêndio causados pelos raios nas cidades do interior paulista (Sorocaba e Cristais
Paulista).
Com a entrada do segundo sistema frontal, os temporais continuaram
causando transtornos à população das regiões Sul e Sudeste entre os dias 14 e 19.
Já o segundo episódio de ZCAS teve início no dia 20 e afetou principalmente as
regiões Sudeste e Centro-Oeste. O terceiro episódio de ZCAS ocorreu no final de
janeiro até o início do mês seguinte, afetando principalmente as cidades de Minas
Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Sabe-se que o Brasil devido sua extensão territorial possui uma grande
variabilidade climática, além de outros elementos que caracterizam diferentes
dinâmicas e consequentemente, paisagens e espaços únicos. Convencionalmente, é
possível verificar que durante os meses de verão faixas de nebulosidades são mais
freqüentes e intensas devido à climatologia local.
Dentre os vários sistemas meteorológicos que atuam no vasto território
brasileiro, nota-se que em grande parte do verão os sistemas convectivos e,
principalmente a Zona de Convergência do Atlântico Sul são os responsáveis pela
precipitação em grande parte do Brasil.
Esta persistente faixa de nebulosidade orientada no sentido noroeste-sudeste
(NO-SE), associada a uma zona de convergência na baixa troposfera que se
estende desde o sul da Amazônia até a região do Atlântico Sudeste nos meses de
verão (novembro a março), quando há maior convecção tropical. Estes episódios
podem ser facilmente identificados por imagens de satélite.
Com base nisso, para melhor entendimento da dinâmica atmosférica, ou seja,
visualização dos sistemas atuantes na época das coletas, as Figuras 8, 9 e 10
ilustram através das imagens de satélite as ocorrências dos sistemas e da ZCAS, a
principal responsável pela precipitação neste período,
6.5 Agosto de 2009
Segundo dados do CPTEC, durante o mês de agosto, destacaram-se a
ocorrência de chuvas acima da média na maior parte do Brasil, porém com períodos
de estiagem e baixos valores de umidade relativa do ar no interior do País,
especialmente durante a primeira quinzena. Ressalta-se, contudo, que este é um
mês de transição entre os períodos seco e chuvoso nas Regiões Centro-Oeste e
Sudeste do Brasil.
O fenômeno El Niño continua se desenvolvendo na região do Pacífico
Equatorial, onde se notou o enfraquecimento dos alísios e a expansão da área com
valores de TSM acima da normal climatológica (Figura 11).
Figura 11: Temperatura superficial do mar e anomalia de temperatura.
Fonte: CPTEC, 2008. Dados organizados pela autora.
Sobre a América do Sul, a presença de uma circulação ciclônica anômala
enfraqueceu a corrente de jato em altos níveis, invertendo a situação favorável à
incursão de massas de ar frio e à maior atividade dos sistemas frontais, marcantes
no mês anterior.
Para melhor entendimento da dinâmica atmosférica que se observou no mês
de agosto, fez-se necessário uma breve caracterização em âmbito nacional das
conseqüências que as chuvas acima da média trouxeram para algumas regiões do
Brasil. Ressalta-se que, neste mês houve grandes estragos com muitas perdas
econômicas, além de, principalmente afetar diretamente a população como, por
exemplo, deslocamentos de massa, enxurradas, enchentes e mortes.
Em agosto, a formação de sistemas frontais favoreceu a ocorrência de chuva
forte e granizo em algumas localidades no centro-sul do Brasil. Destacaram-se os
totais diários de precipitação, superiores a 90 mm, em Itajaí (SC) e Indaial (SC) no
dia 02.
Sete sistemas frontais atuaram sobre o território brasileiro no decorrer do mês
de agosto. Este número ficou dentro da climatologia para este mês, considerando as
latitudes entre 25°S e 35°S. A maioria dos sistemas originou-se de processos
ciclogenéticos e apenas o quinto e sétimo deslocaram-se desde o território
argentino.
O primeiro sistema frontal originou-se de uma baixa pressão que se formou
no leste do Rio Grande do Sul. O centro deste sistema deslocou-se pelo Rio Grande
do Sul em direção ao oceano adjacente, causando chuva e vento fortes. Na cidade
de Rio Grande (RS), a chuva acumulada foi igual a 77,2 mm e as rajadas de vento
atingiram 80 km/h (Fonte: INMET e CIRAM).
Segundo o CPTEC, foi pelo litoral, que o ramo frio deste sistema frontal
posicionou-se no Rio de Janeiro (RJ) e, pelo interior, atingiu Campo Grande (MS), no
dia 03. Ressalta-se que a maior ocorrência de chuva associada à passagem deste
sistema ocorreu em Santa Catarina, com prejuízos especialmente à população do
Vale do Itajaí.
O segundo sistema frontal originou-se de outro centro de baixa pressão que
se formou sobre o oceano, a leste da Argentina, no dia 05. No dia seguinte, o ramo
frio deste sistema posicionou-se sobre o Rio Grande do Sul, causando chuva mais
acentuada neste Estado e no sul de São Paulo. No dia 07, este sistema posicionou-
se no litoral de Ubatuba (SP). No dia seguinte, o terceiro sistema frontal configurou-
se a partir de uma baixa pressão que se formou no Rio Grande Sul. Este sistema
deslocou-se até Florianópolis-SC, indo posteriormente para o oceano. Em algumas
localidades do Rio Grande do Sul, os acumulados de chuva ultrapassaram 100 mm
entre os dias 08 e 10.
O quarto sistema também foi resultado de uma ciclogênese que se formou
próximo ao litoral do Paraná, no dia 10. Este sistema deslocou-se rapidamente até o
litoral do Espírito Santo, onde se posicionou no dia 11. Este quarto sistema também
atuou no interior da Região Centro-Oeste e a massa de ar frio associada causou
declínio de temperatura no sul da Região Norte, favorecendo a ocorrência do
primeiro episódio de friagem de agosto.
O quinto sistema frontal deslocou-se desde a Argentina e ingressou em Santa
Vitória do Palmar (RS) no dia 17. Houve registro de granizo no Uruguai e ventos que
atingiram 80 km/h no Rio Grande do Sul.
No dia 20, o sexto sistema frontal também se originou de uma baixa que se
formou próximo ao Rio Grande do Sul. O ramo frio associado deslocou-se até o sul
da Bahia, posicionando-se em Ilhéus no dia 23. Pelo interior, este sistema deslocou-
se até Diamantino (MT). Durante a sua trajetória, este sistema foi fortalecido pela
atuação mais intensa do jato subtropical, o que resultou em chuva acompanhada por
descargas elétricas e rajadas de vento em áreas das Regiões Sul e Sudeste e no
Mato Grosso do Sul. No dia 21, registrou-se ocorrência de granizo no Espírito Santo.
O anticiclone que atuou na retaguarda deste sistema também foi intenso e causou
mais um episódio de friagem.
O sétimo sistema frontal deslocou-se desde Baía Blanca, na Argentina, até
Santa Vitória do Palmar (RS), onde se posicionou na noite do dia 31.
Com base nisso, pode-se inferir que o mês de agosto foi composto por um
divergente quadro de precipitação, no qual nota-se a grande quantidade de chuvas
envolvidas neste mês. Para tanto, coloca-se através das imagens de satélite os
casos mais expressivos de faixas de nebulosidade observados para este período
(Figuras 12 e 13).
Figura 12: Principais sistemas meteorológicos em agosto de 2009.
Fonte: CPTEC, 2009. Dados organizados pela autora.
Figura 13: Principais sistemas meteorológicos em agosto de 2009.
Fonte: CPTEC, 2009. Dados organizados pela autora.
6.6 A Legislação e os HPAs
No início deste estudo foram realizadas análises químicas no Laboratório de
Química Ambiental, na USP de São Carlos, sendo a interpretação dos resultados
obtidos com o auxílio da professora adjunta do Departamento de Química,
pesquisadora Mary Rosa Rodrigues de Marchi, do Instituto de Química da UNESP,
campus de Araraquara. As análises consistiram na quantificação das concentrações
e incidências de compostos do grupo dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs).
Os HPAs são compostos semivoláteis que se formam pela fusão de dois ou
mais anéis benzênicos, nos quais são insolúveis em água e se adsorvem com as
partículas atmosféricas. Pesquisadores do mundo todo têm concentrado a atenção
nestes compostos, pois alguns destes são cancerígenos, principalmente os
compostos com cinco anéis benzênicos (Dichut et al., 2000). Além disso, ressalta-
se que os HPAs são produzidos por um processo pirolítico durante a combustão
incompleta de combustíveis fósseis (Sanderson y Farant, 2000).
Devido ao crescimento da urbanização e da taxas de gases estufa, na
atmosfera, provenientes da queima de combustíveis fósseis, se reconhece o
potencial de risco a saúde que estes compostos oferecem a população. Dessa
maneira, verificou-se a existência de inúmeros estudos sobre a presença destes
compostos nas atmosferas urbanas (Caricchia et al., 1999).
A área de estudo é uma cidade em crescimento e sua economia está
pautada principalmente nas atividades comerciais que demanda a aglomeração de
serviços, na área central de Ourinhos e também na agricultura, na qual se destaca a
produção canavieira.
A queima canavieira, na cidade de Ourinhos, é um fato freqüentemente é
evidenciado. Com a queima da cana-de-açúcar, ocorre o aumento dos particulados
na atmosfera, o que é visivelmente observado pela população do local. Este
trabalho, em parte, busca verificar a existência de compostos nocivos a saúde
humana nos compostos emitidos pela queima canavieira. Dessa maneira, buscou-se
coletar amostras em algumas localidades específicas através da instalação de
banners (de tecidos), o que englobou a localidade central desta cidade.
Além do ponto central foram selecionados outros locais para a instalação dos
banners, que ficaram expostos de maneira que as fuligens da queima da cana de
açúcar se depositassem no tecido. Ressalta-se que, foram enviadas ao laboratório
quatro amostras, sendo um padrão, sem exposição a estes ambientes (sem contato
com os particulados) e três amostras que expostas às fuligens. As amostras foram
coletadas no período úmido (mês de janeiro).
De acordo com a professora pesquisadora Mary Marchi, a melhor maneira de
capturar os compostos presentes na atmosfera urbana que afetassem a saúde da
população de Ourinhos deveria ser realizada através de outras experiências, no
entanto, os contatos com essa professora foram posteriores as amostragens. Dessa
forma, como as coletas já haviam sido realizadas, esta procurou interpretar os
resultados de acordo com a ocorrência destas substâncias, isto é, da incidência dos
HPAs na região, chegando à conclusão que são freqüentemente provenientes da
combustão incompleta de combustíveis fósseis.
Com base nisso e na própria dinâmica econômica que a cidade apresenta, foi
possível observar que a produção de cana-de-açúcar pode afetar diretamente as
concentrações dos HPAs, uma vez que, os veículos utilizados são movidos a diesil
e, portanto, realizam a combustão incompleta de combustíveis fósseis.
Segundo a Resolução CONAMA nº 5, de 15 de junho de 1989 -
complementada pelas Resoluções CONAMA nos 3 e 8/90 – em anexo, é disposto o
Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar, o PRONAR, que, através de
estratégias que incluem a adoção de limites máximos de emissão, a padronização
da qualidade do ar, a prevenção da deterioração significativa da qualidade do ar, o
monitoramento, o gerenciamento do licenciamento das fontes de emissão, o
inventário nacional de fontes de poluentes, gestões políticas, desenvolvimento
nacional na área de poluição ao ar e ações de curto, médio e longo prazo, sendo a
CETESB o órgão técnico responsável pelas medidas de fiscalização.
Essas medidas têm sido gerenciadas na intenção de conter os dados que a
atmosfera tem sofrido com as constantes emissões de poluentes, o que inclui os
hidrocarbonetos provenientes dos veículos automotivos e de processos industriais.
Para tanto, a padronização dos índices e das taxas de emissões tem proporcionado
melhores parâmetros para este programa de monitoramento, acarretando na
sustentabilidade ambiental.
Sabe-se que alguns hidrocarbonetos são nocivos a saúde. É reconhecido
também que seu potencial como agente poluidor não se restringe a poluição do ar,
uma vez que estes compostos são resultantes da combustão incompleta de
combustíveis fósseis, muitos desses acabam por contaminar os corpos hídricos e o
solo devido à falta de limítrofes e medidas de fiscalização. Um exemplo disso trata-
se do escoamento superficial que ocorre nas áreas urbanas através das
microdrenagens, que transportam a água até o corpo hídrico.
Segundo dados da CETESB, nas áreas metropolitanas, o problema da
poluição do ar tem-se constituído numa das mais graves ameaças à qualidade de
vida de seus habitantes. As emissões causadas por veículos carregam diversas
substâncias tóxicas que, em contato com o sistema respiratório, podem produzir
vários efeitos negativos sobre a saúde. Essa emissão é composta de gases como:
monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos (HC),
óxidos de enxofre (SOx), material particulado (MP), entre outras substâncias.
Destaca-se que, o monóxido de carbono (CO) é uma substância inodora,
insípida e incolor - atua no sangue reduzindo sua oxigenação. Já os óxidos de
nitrogênio (NOx) são uma combinação de nitrogênio e oxigênio que se formam em
razão da alta temperatura na câmara de combustão (participa na formação de
dióxido de nitrogênio e na formação do "smog" fotoquímico).
No que se refere aos hidrocarbonetos (HC), entende-se que estes são gases
e vapores resultantes da queima incompleta e evaporação de combustíveis e de
outros produtos orgânicos voláteis. Diversos hidrocarbonetos como o benzeno são
cancerígenos e mutagênicos, não havendo uma concentração ambiente totalmente
segura. Além disso, estes compostos participam ativamente das reações de
formação da “névoa fotoquímica” juntamente com os óxidos de nitrogênio.
Outro tipo de particulado observado com bastante freqüência é a fuligem
(partículas sólidas e líquidas), sob a denominação geral de material particulado (MP)
que, segundo a CETESB, devido ao seu pequeno tamanho, mantém-se suspensa na
atmosfera e pode penetrar nas defesas do organismo, atingir os alvéolos
pulmonares e ocasionar:
� Mal estar;
� Irritação dos olhos, garganta e pele;
� Dor de cabeça e enjôo;
� Bronquite
� Asma
� Câncer de pulmão.
Além dos particulados em suspensão, a concentração de poluentes está
fortemente relacionada às condições meteorológicas. Alguns dos parâmetros que
favorecem altos índices de poluição são: alta porcentagem de calmaria, ventos
fracos, inversões térmicas a baixa altitude e ausência de precipitação.
Com base nisso, foi possível verificar que no município de Ourinhos ocorreu
uma forte influência das anomalias de precipitação que proporcionou resultados
diferenciados para o mês de janeiro de 2008 (anomalia positiva moderada), no qual
ocorreu a primeira amostragem, e para o mês de agosto de 2009 (anomalia positiva
acentuada).
Na primeira coleta Ourinhos esteve acima da média histórica de precipitação,
no entanto este período foi caracterizado com ocorrência de uma anomalia negativa
para a Região. No entanto, ao se verificar os resultados obtidos através das análises
químicas, observou-se que ainda sim foi possível encontrar a presença dos HPAs
nos banners.
O que se pretende demonstrar é que no período de amostragem no mês de
agosto de 2009, as análises químicas não acusaram a presença destes compostos
nas amostras enviadas ao laboratório. Com base nisso, o que se verifica é a forte
influência da anomalia positiva que ocorreu nos meses de estiagem. De acordo com
os resultados, nas amostras expostas não foi possível encontrar a presença dos
HPAs nos tecidos.
Os HPAs podem ser encontrados nas formas gasosa, particulada e
dissolvidos, o que facilita a dispersão de tais compostos no ambiente, tornando a
atmosfera um meio importante de transporte e distribuição.
Dessa maneira, o que se pode evidenciar é que os sistemas meteorológicos e
a dinâmica atmosférica podem ocasionar diferenciações das concentrações de
poluentes em suspensão. A chuva é o principal agente “filtrante” da atmosfera, uma
vez que sua incidência torna-se mais intensa e freqüente, a tendência é que a
atmosfera fique menos concentrada e poluída.
7. CONCLUSÕES
A cidade de Ourinhos e região, por sua localização, próximo ao trópico de
Capricórnio e próximo a recursos hídricos apresenta períodos muito quentes e
úmidos e outros mais secos e frios. Estes padrões propiciam situações de
desconforto térmico para a população e gastos consideráveis de energia, pois, no
verão, a utilização de ar condicionado, se torna necessário para diminuir as
temperaturas. Por outro lado, com a entrada de frentes frias, no inverno, a
temperatura sofre um declínio acentuado e as residências não estão preparadas
para proporcionar um ambiente confortável para os seus moradores. Assim a
situação é inversa, mas gerando desconforto aos habitantes da região.
O poder público não planeja a cidade, que apresenta aumento de
impermeabilização, com a diminuição de árvores e aumento de edificações. Tudo
isto leva a mudança do balanço de energia, provocando aumento de desconforto
térmico pela população.
Com base nos resultados obtidos, o que se pode evidenciar é que sistemas
meteorológicos atuantes, assim como a combinação entre os parâmetros superficiais
geram diferentes situações temporais. Através das análises químicas foi observado
que tais combinações entre superfície – atmosfera proporciona quadros divergentes.
O mês de janeiro de 2008, normalmente, trata-se de um período com grande
incidência de chuvas, o que resultaria em condições mais amenas nas
concentrações dos HPAs. Entretanto, na segunda coleta que ocorreu no período
seco, agosto de 2009, foi possível observar que devido à anomalia positiva de
precipitação pluvial os resultados das análises químicas não apresentaram o
resultado esperado.
Estas análises demonstraram que, no período de coleta não foi possível
detectar a presença destes compostos nas amostras enviadas. Entretanto, devido à
elevada incidência de chuvas que ocorreu neste período pode ter influenciado tais
amostras devido às condições em que a atmosfera se encontrava.
Os HPAs podem ter dispersado de inúmeras maneiras como, por exemplo,
através do escoamento superficial com as macro e microdrenagens urbanas ou até
mesmo com a infiltração no solo. Ainda que, não foi possível encontrar tais
compostos nas amostras, fica evidente que os HPAs podem não estar em
suspensão na atmosfera, no entanto, é através destes mecanismos que o ambiente
urbano distribui e transporta as substâncias, nocivas ou não, para outros ambientes.
Em uma próxima fase deste estudo, será realizada outra coleta no período
seco de 2010 para a melhor compreensão e detalhamento das análises químicas e,
dessa maneira poder comparar os resultados obtidos e entender até que ponto uma
anomalia (positiva ou negativa) pode influenciar na concentração dos HPAs e,
consequentemente, na morbidez da população. Os dados referentes à saúde
populacional serão disponibilizados pelo DATAUSUS.
Dessa forma, conclui-se até o momento que, apesar do excesso de chuvas no
período seco terem causado diversas perdas econômicas e sociais, no que se refere
à qualidade do ar a precipitação proporcionou melhores condições de bem estar
para a população no sentido do aumento da umidade relativa do ar e dispersão dos
particulados que estavam presentes na atmosfera.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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USINA SÃO LUIZ S/A – Fernando Luiz Quagliato e outros. Índices de precipitação
mensais para o ano de 2008. Dados obtidos em janeiro de 2009
10. ANEXOS
RESOLUÇÃO CONAMA nº 5, de 15 de junho de 1989
Publicada no DOU, de 25 de agosto de 1989, Seção 1, páginas 14713-14714
Correlações:
Complementada pelas Resoluções CONAMA nos 3 e 8/90
Dispõe sobre o Programa Nacional de Controle da Poluição
do Ar – PRONAR.
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das
atribuições que lhe confere o inciso VII, do art. 8o, da Lei no 6.938, de 31 de agosto
de 1981 e o art. 48, do Decreto no 88.351, de 1 de junho de 198387,
Considerando o acelerado crescimento urbano e industrial brasileiro e da frota de
veículos automotores;
Considerando o progressivo e decorrente aumento da poluição atmosférica,
principalmente nas regiões metropolitanas;
Considerando seus reflexos negativos sobre a sociedade, a economia e o meio
ambiente;
Considerando as perspectivas de continuidade destas condições e,
Considerando a necessidade de se estabelecer estratégias para o controle,
preservação e recuperação da qualidade do ar, validas para todo o Território
Nacional, conforme previsto na Lei no 6.938, de 31/08/81, que instituiu a Política
Nacional do Meio Ambiente, resolve:
I - Instituir o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar - PRONAR, como
um dos instrumentos básicos da gestão ambiental para proteção da saúde e bem-
estar das populações e melhoria da qualidade de vida com o objetivo de permitir o
desenvolvimento econômico e social dos Pais de forma ambientalmente segura, pela
limitação dos níveis de emissão de poluentes por fontes de poluição atmosférica,
com vistas a:
a) uma melhoria na qualidade do ar;
b) o atendimento aos padrões estabelecidos;
c) o não comprometimento da qualidade do ar em áreas consideradas não
degradadas.
2 - ESTRATÉGIAS
A estratégia básica do PRONAR e limitar, a nível nacional, as emissões por tipologia
de fontes e poluentes prioritários, reservando o uso dos padrões de qualidade do ar
como ação complementar de controle.
2.1 - LIMITES MAXIMOS DE EMISSAO
Entende-se por limite máximo de emissão a quantidade de poluentes permissível de
Ser lançada por fontes poluidoras para a atmosfera.
Os limites máximos de emissão serão diferenciados em função da classificação de
Usos pretendidos para as diversas áreas e serão mais rígidos para as fontes novas
de poluição.
2.1.1 - Entende-se por fontes novas de poluição aqueles empreendimentos que não
tenham obtido a licença previa do órgão ambiental licencia dor na data de publicação
Desta Resolução. Os limites máximos de emissão aqui descritos serão definidos
através de Resoluções especificas do CONAMA.
2.2 - ADOCAO DE PADROES NACIONAIS DE QUALIDADE DO AR
Considerando a necessidade de uma avaliação permanente das ações de controle
estabelecidas no PRONAR, e estratégica a adoção de padrões de qualidade do ar
como ação complementar e referencial aos limites máximos de emissão
estabelecidos.
2.2.1 - Ficam estabelecidos dois tipos de padrões de qualidade do ar: os primários e
Os secundários.
a) São padrões primários de qualidade do ar as concentrações de poluentes que,
ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população, podendo ser entendidos como
níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-
se em metas de curto e médio prazo.
b) São padrões secundários de qualidade do ar, as concentrações de poluentes
atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar
da população, assim como o mínimo dano a fauna e flora aos materiais e meio
ambiente em geral, podendo ser entendidos como níveis desejados de concentração
de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo.
Os padrões de qualidade do ar aqui escritos serão definidos através de Resolução
Especifica do CONAMA.
2.3 - PREVENCAO DE DETERIORACAO SIGNIFICATIVA DA QUALIDADE DO AR
Para a implementação de uma política de não deterioração significativa da qualidade
Do ar em todo o território nacional, suas áreas serão enquadradas de acordo com a
Seguinte classificação de usos pretendidos:
Classe I: Áreas de preservação, lazer e turismo, tais como Parques Nacionais e
Estaduais, Reservas e Estações Ecológicas, Estâncias Hidrominerais e
Hidrotermais. Nestas áreas devera ser mantida a qualidade do ar em nível o mais
próximo possível do verificado sem a intervenção antropogênica.
Classe II: Áreas onde o nível de deterioração da qualidade do ar seja limitado pelo
Padrão secundário de qualidade.
Classe III: Áreas de desenvolvimento onde o nível de deterioração da qualidade do
ar seja limitado pelo padrão primário de qualidade.
Através de Resolução especifica do CONAMA serão definidas as áreas Classe I e
Classe III, sendo as demais consideradas Classe II.
2.4 - MONITORAMENTOS DA QUALIDADE DO AR
Considerando a necessidade de conhecer e acompanhar os níveis de qualidade do
ar nos pais, como forma de avaliação das ações de controle estabelecidas pelo
PRONAR, e estratégica a criação de uma Rede Nacional de monitoramento da
Qualidade do Ar.
Nestes termos, será estabelecida uma Rede Básica e Monitoramento que permitira o
Acompanhamento dos níveis de qualidade do ar e sua comparação com os
respectivos padrões estabelecidos.
2.5 - GERENCIAMENTOS DO LICENCIAMENTO DE FONTES DE POLUICAO DO
AR
Considerando que o crescimento industrial e urbano, não devidamente planejado,
Agrava as questões de poluição do ar, e estratégico estabelecer um sistema de
disciplinamento da ocupação do solo baseado no licenciamento prévio das fontes de
poluição. Por este mecanismo o impacto de atividades poluidoras poderá ser
analisado previamente, prevenindo uma deterioração descontrolada da qualidade do
ar.
2.6 - INVENTARIAM NACIONAL DE FONTES E POLUENTES DO AR
Como forma de subsidiar o PRONAR, no que tange as cargas e locais de emissão
De poluentes, e estratégica a criação de um Inventaria Nacional de Fontes e
Emissões objetivando o desenvolvimento de metodologias que permitam o
cadastramento e a estimativa das emissões, bem como o devido processamento dos
dados referentes às fontes de poluição do ar.
2.7 - GESTOES POLITICAS
Tendo em vista a existência de interfaces com os diferentes setores da sociedade,
que controle da poluição do ar - provar RESOLUÇÃO CONAMA nº 5 de 1989
RESOLUÇÕES DO CONAMA se criam durante o estabelecimento e a aplicação de
medidas de controle da poluição do ar e estratégia do PRONAR que o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IB AMA
coordene gestões junto aos órgãos da Administração Publica Direta ou Indireta.
Federais, Estaduais ou Municipais e Entidades Privadas, no intuito de se manter um
permanente canal de comunicação visando viabilizar a solução de questões
pertinentes.
2.8 - DESENVOLVIMENTOS NACIONAIS NA AREA DE POLUICAO DO AR
A efetiva implantação do PRONAR esta intimamente correlacionada com a
capacitação técnica dos órgãos ambientais e com o desenvolvimento tecnológico na
área de poluição do ar.
Nestes termos, e estratégia do PRONAR promover junto aos órgãos ambientais
meios de estruturação de recursos humanos e laboratoriais a fim de se
desenvolverem programas regionais que viabilizarão o atendimento dos objetivos
estabelecidos.
Da mesma forma o desenvolvimento cientifico e tecnológico em questões
relacionadas com a poluição atmosférica envolvendo órgãos ambientais,
universidades, setor produtivo e demais instituições afetas a questão, devera ser
propiciado pelo PRONAR como forma de criar novas evidencias cientificas que
possam ser uteis ao Programa.
2.9 - ACOES DE CURTO, MEDIO E LONGO PRAZO.
Considerando que os recursos disponíveis para a implementação do PRONAR são
Finitos, e estratégico que se definam metas de curto, médio e longo prazo para que
se de prioridade a alocação desses recursos. Nestes termos, fica definida como
seqüência de ações:
a) Em Curto Prazo:
• Definição dos limites de emissão para fontes poluidoras prioritárias;
• Definição dos padrões de qualidade do ar
• Enquadramento das áreas na classificação de usos pretendidos;
• Apoio a formulação dos Programas Estaduais de Controle de Poluição do Ar;
• Capacitação Laboratorial;
• Capacitação de Recursos Humanos.
b) Em Médio Prazo:
• Definição dos demais limites de emissão para fontes poluidoras;
• Implementação da Rede Nacional de Monitoramento da Qualidade do Ar;
• Criação do Inventário Nacional de Fontes e Emissões;
• Capacitação Laboratorial (continuidade);
• Capacitação de Recursos Humanos (continuidade).
c) Em Longo Prazo:
• Capacitação laboratorial (continuidade):
• Capacitação de Recursos Humanos (continuidade);
• Avaliação e Retro-avaliacao do PRONAR.
3 - INSTRUMENTOS
Para que as ações de controle definidas pelo PRONAR possam ser concretizadas a
nível nacional, ficam estabelecidos alguns instrumentos de apoio e
operacionalização.
3.1 - SAO INSTRUMENTOS DO PRONAR:
• Limites máximos de emissão;
• Padrões de Qualidade do Ar;
• PROCONVE - Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores,
Criado pela Resolução CONAMA No 018/86;
• PRONACOP - Programa Nacional de Controle da Poluição Industrial;
• Programa Nacional de Avaliação da Qualidade do Ar; role da Poluição Sonora e
• Programa Nacional de Inventario de Fontes Poluidoras do Ar
• Programas Estaduais de Controle da Poluição do Ar.
4 - DISPOSIÇÕES GERAIS
• Compete ao IBAMA o gerenciamento do PRONAR.
• Compete ao IBAMA o apoio na formulação dos programas de controle, avaliação
E inventario que instrumentalizam o PRONAR.
• Compete aos estados o estabelecimento e implementação dos Programas
Estaduais de Controle da Poluição do Ar, em conformidade com o estabelecido no
PRONAR.
• Sempre que necessário, os limites máximos de emissão poderão ter valores mais
Rígidos, fixados a nível estadual.
• Sempre que necessário, poderão ser adotadas ações de controle complementares.
As estratégias de controle de poluição do ar estabelecidas no PRONAR estarão
sujeitas a revisão a qualquer tempo, tendo em vista a necessidade do atendimento
dos padrões nacionais de qualidade do ar.
5 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
JOÃO ALVES FILHO - Presidente do Conselho
FERNANDO CÉSAR DE MOREIRA MESQUITA - Secretário
Este texto não substitui o publicado no DOU, de 25 de agosto de 1989.
CIIAGRO - Estatística Descritiva - Dados Diários ���������������� � ������� ��
Local: Ourinhos Mês de janeiro
���������� ������� Observações 30 Dias com Chuva 15 Máximo de Dias Consecutivos com Chuva 6 Dias sem Chuva 16 Máximo de Dias Consecutivos sem Chuva 7
�������������� Menor Valor 0,0 Maior Valor 53,0 Amplitude 53,0 Total 274,0 Média 8,84 Mediana 0,00 Moda 5,30 Média Ponderada 6,09 Variância 182,3398 Desvio Padrão 13,5033 Êrro Padrão 2,4253 Coeficiente de Variação 152,77 Coeficiente de Skewness 1,63 Coeficiente de Kurtosis 5,07 Intervalo de Confiança 5% para a Média 4,95
���������������������� Menor Valor >0 1,0 Maior Valor 53,0 Amplitude 52,0 Total 274,0 Média 18,27 Mediana 0,00 Moda 6,20 Média Ponderada 0,00 Variância 206,2095 Desvio Padrão 14,3600 Êrro Padrão 3,7077 Coeficiente de Variação 78,61 Coeficiente de Skewness 0,87 Coeficiente de Kurtosis 3,27 Intervalo de Confiança 5% para a Média 7,95
CIIAGRO - Estatística Descritiva - Dados Diários �������������� ��� ����� ����
Local: Ourinhos Mês de agosto
���������� ������� Observações 30 Dias com Chuva 6 Máximo de Dias Consecutivos com Chuva 4 Dias sem Chuva 25 Máximo de Dias Consecutivos sem Chuva 14
�������������� Menor Valor 0,0 Maior Valor 37,0 Amplitude 37,0 Total 72,5 Média 2,34 Mediana 0,00 Moda 3,70 Média Ponderada 1,82 Variância 51,2898 Desvio Padrão 7,1617 Êrro Padrão 1,2863 Coeficiente de Variação 306,22 Coeficiente de Skewness 3,97 Coeficiente de Kurtosis 19,12 Intervalo de Confiança 5% para a Média 2,63
���������������������� Menor Valor >0 0,5 Maior Valor 37,0 Amplitude 36,5 Total 72,5 Média 12,08 Mediana 0,00 Moda 4,15 Média Ponderada 0,00 Variância 166,4417 Desvio Padrão 12,9012 Êrro Padrão 5,2669 Coeficiente de Variação 106,77 Coeficiente de Skewness 1,37 Coeficiente de Kurtosis 3,52 Intervalo de Confiança 5% para a Média 13,56
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