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8/20/2019 Abordagem Da Fisioterapia Na Avaliação de Melhorias
1/10
Rev. Bras. Fisiot.
Vol.
4, No. 2 (2000), 83-92
©Associação Brasileira de Fisioterapia
ABORDAGEM DA FISIOTERAPIA NA AVALIAÇÃO DE MELHORIAS
ERGONÔMICAS DE
UM
SETOR INDUSTRIAL
Barbosa, L. H.,
1
Sturion, H. C.,
1
Walsh,
I.
A P.,
2
Alem, M. E. R.
2
e Gil Coury, H.
J.
C.
1
'Laboratório de Fisioterapia Preventiva Ergonomia, Dfisio, Universidade Federal de
São
Carlos
2
AW Faber Castell S.A.
Correspondência para: L. H. Barbosa, Laboratório de Fisioterapia Preventiva Ergonomia, Dfisio, Universidade Federal de
São Carlos, Rodovia Washington Luiz, Km 235, CEP 13565-905, São Carlos,
SP,
e-mail: helenice@power.ufscar.br
Recebido:
02/07/99
Aceito: 29/01/00
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar posturas adotadas no trabalho, cargas manuseadas, características da atividade e desconfortos músculo
esqueléticos em um setor industrial de escolha de lápis antes e após uma intervenção ergonômica. Dois grupos de trabalhadores
participaram deste estudo: um grupo de 61 indivíduos que participou do estudo I, e outro de 20 indivíduos, escolhidos aleatoriamente
a partir do primeiro grupo, que participou do estudo 2. Os desconfortos percebidos antes e após a intervenção foram avaliados por
um procedimento cego de avaliadores. As atividades do setor antigo (pré) e do novo (pós-intervenção) foram filmados e observados
diretamente. As posturas foram registradas. O ciclo de trabalho foi cronometrado, as subetapas descritas e as cargas manuseadas e
a produtividade foram medidas. Foi realizada uma entrevista para o registro da percepção dos funcionários sobre a intervenção. O
teste qui-quadrado foi utilizado para o estudo dos desconfortos. Os resultados indicaram que os trabalhadores passaram a adotar posturas
mais favoráveis após a intervenção para os segmentos: pescoço, cotovelo e coluna lombar. No entanto, as posturas do ombro e punho
não apresentaram melhora. O manuseio de cargas foi completamente eliminado com a automação do transporte dos feixes de lápis
e o trabalho muscular isométrico reduzido em 88%. A duração total do ciclo de trabalho
foi
levemente reduzida e a natureza das tarefas
tornou-se mais esteriotipada. A análise dos desconfortos mostrou uma redução significativa para todas as regiões estudadas p
<
0,00001
).
Considerando os resultados deste estudo, é possível observar que a redução da força exercida e das posturas extremas durante as tarefas
parece ter recebido maior impacto na redução dos desconfortos do que outros fatores, como ritmo de trabalho e controle da tarefa,
os quais pioraram após a intervenção.
Palavras chave:
fisioterapia preventiva, ergonomia, desconforto, postura, biomecânica, cinesiologia.
ABSTRACT
The purpose of this study was to evaluate working postures, handled loads, task characteristics and perceived musculoskeletal dis
comforts
in
an industrial sector of sorting products (pencils) before and after an ergonomic intervention. Two groups of workers were
studied: one with 61 subjects who took part in the study I and other with 20 subjects recruited from the first group for study 2. The
perceived musculoskeletal discomforts before and after the intervention were evaluated by a blind procedure. The activities from the
old (pre) and new (post intervention) sectors were observed and recorded by vídeo. The postures were recorded. The work cycle period
was timed, its sub-cycles described and the productivity was measured. The handled loads were evaluated. An interview was car
ried out to assess the workers' perception about the improvements brought by the intervention. A
c h i ~ s q u r e
test was applied in order
to compare the musculoskeletal discomforts pre and post intervention. The results showed that more satisfactory postures of the neck,
the elbows and the lumbar spine occurred after intervention. However, postures
of
shoulder and wrist showed no improvements. The
new sector the handling of bundles of pencils were completely eliminated and the products' transportation was automated. The sustained
muscle contractions was reduced in 88%. The total duration of the work cycle was slightly decreased and the nature
of
the tasks became
more stereotyped. The was a significant decreased in the number o f the musculoskeletal discomforts for ali body regions (p
<
0.00001
).
Considering the results of this study, the reduction in exerted forces and extreme postures during the taks, seemed to have had more
influence in the reduction
of
the musculoskeletal discomforts than others factors, such as, repetitiveness, pace rhythm and task control,
which in fact got worse.
Key words: physical therapy, ergonomics, discomfort, posture, biomechanics.
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Avaliação da Eficácia de uma Intervenção Preventiva
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Figura 1. Escolhendo defeitos nas pontas dos lápis no posto antes
da remodelação.
Figura 2. Escolhendo defeitos nas laterais dos lápis no posto antes
da remodelação.
Posto de trabalho pós intervenção
Os
lápis saem diretamente
da
máquina
por
uma esteira
e são conduzidos à frente do primeiro posto, onde um fun
cionário escolhe suas
laterais. A seguir, os lápis são
con-
duzidos para
um segundo
posto
onde
outro funcionário
sentado no lado oposto
à
esteira, levanta um compartimento
que expõe uma das pontas dos lápis para a escolha por meio
de um dispositivo a sua esquerda Figura 3). Após escolher
os lápis, o funcionário abaixa o compartimento permitin
do que os
mesmos
sigam
para
o terceiro posto, onde um
funcionário,
sentado
do
mesmo
lado do primeiro,
escolhe
as
outras pontas
dos lápis
utilizando mecanismo similar
e
invertido
ao
segundo
posto.
Há
um rodízio de tarefas en
tre os funcionários dos três
postos
no
setor remodelado
a
cada uma hora durante a jornada de trabalho. Nessa pau
sa os funcionários realizam
exercícios
de alongamento.
Figura
3.
Escolhendo defeitos nas pontas dos lápis no posto remodelado.
Todas essas mudanças foram conduzidas após um estudo
diagnóstico realizado por uma equipe formada por pesqui
sadores
do Departamento de Engenharia de Produção e
Departamento
de
Fisioterapia da UFSCar que
identificou
aspectos críticos no setor antigo relacionados a posturas,
manuseios de carga e trabalho muscular isométrico contínuo
na
realização das tarefas. As mudanças físicas nos postos
foram coordenadas pelos pesquisadores do Departamento
de Engenharia de Produção juntamente com equipe da em
presa,
que
adotaram uma
abordagem participativa
na pro
posição e testes das reformulações. Participaram do projeto
dois fisioterapeutas contratados pela empresa após o es
tudo
diagnóstico
inicial,
os quais participaram do
projeto
e
agora coordenam
as
atividades
dos funcionários duran-
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Barbosa, L. H et
ai.
Rev
Bras. Fisiot.
víduos que adotavam
uma postura
lateralizada maior
que
15°. Esta também é
uma mudança
favorável, visto que a
lateralização do pescoço, assim como a rotação, que diminuiu
expressivamente no setor novo, não é recomendada (Hagberg
et al. 1995).
Os
movimentos
de rotação,
por sua
vez,
aumentaram
no setor pós-intervenção.
Neste
caso, a literatura não apre
senta informações sobre esse movimento em termos de faixas
de amplitude. No entanto, tem sido reconhecido que a ma
nutenção de posturas estáticas na região cervical configura
se como um problema para os músculos desta região (Hunting
et al.
1980).
Tabela 3. Caracterização do desconforto físico na região dos ombros.
Desconforto físico
na
região dos ombros
Setor
Com
desconforto Sem desconforto Total
N(%) N(%) N(%)
Antigo 48 (79) 13 (21) 61 (100)
Novo lO (16) 51 (84)
61
(100)
p ~ 0 0 0 0 0 1
Verifica-se,
por
meio da Tabela 3, que houve um
aumento significativo dos valores referentes à ausência de
desconforto quando comparados o setor de trabalho pré e pós
intervenção para a região do ombro. Ou seja, enquanto no
setor antigo (pré) de 61 funcionários apenas 13 (21%) não
apresentavam desconforto físico, no setor novo essa população
era de
51
(84%);
uma diferença
bastante significativa.
Tabela 4. Posturas adotadas pelos ombros nos dois postos de trabalho.
Movimentos do ombro
Flexão
1
Abdução
2
Adução
3
Elevação
4
Setor O a >30 O a
> 30
Sim
Não Sim Não Total
30 30
Pré
42 58 22 78 17 83
21
79 120
Pós 33 67 8 92 67 33 25 75 60
1
NS,
2
p
<
NS,
3
p
<
0,00001,
4
NS
Conforme
é
possível
observar na Tabela 4, não
ocor
reram alterações
significativas
nas faixas de amplitude do
ombro entre os dois setores para os movimentos de flexão,
adução e elevação.
Há
que se mencionar, no entanto, que
houve um aumento discreto de algumas amplitudes para dois
movimentos críticos
para
desconforto no ombro, que são
a flexão e a
abdução.
Esse aumento no número de postu
ras críticas para o ombro supostamente
deveriam ocasio
nar maior número de desconfortos, já que para um trabalho
contínuo alguns autores recomendam amplitudes para o
ombro muito
pequenas,
de até 25 para
flexão
e abdução
(Chaffin &
Anderson,
1984) ou
ainda menores que
15
(Aarast et al. 1984).
Entretanto, na prática isso não ocorreu, já que, con
forme mostram os resultados, os desconfortos diminuíram.
Possivelmente, o aumento significativo do movimento de
adução possa ter compensado os efeitos negativos do discreto
aumento
dos outros movimentos
indesejáveis. No
entan
to, outras hipóteses podem também ser levantadas, conforme
mencionado a seguir.
Cabem aqui algumas considerações pertinentes sobre
o ombro, que é a raiz proximal do membro superior, sobre
o qual incidem importantes torques e forças de reação ·às
forças externas geradas durante manuseio de cargas.
Com as
melhorias
ergonômicas introduzidas no setor
pós-intervenção
tornou-se desnecessária
a manipulação e
transporte de pesados feixes de
produtos
(de aproximada
mente 8 kg). Esses feixes eram manuseados unilateralmente
por
um dos membros superiores e criavam altos torques e
forças musculares reativas na articulação do ombro
(Bertoncello
et al.
1998).
Esse manuseio
foi eliminado no
setor pós-intervenção, o que reduziu consideravelmente a
sobrecarga músculo-esquelética no membro superior e cintura
escapular. Além disso, a
presença
de rodízio de atividade
e de posição durante o trabalho, introduzida no setor novo,
pode também ter influenciado
positivamente
este resultado.
Tabela 5. Caracterização do desconforto físico na região dos braços.
Desconfo rto físico na região dos braços
Setor Com Sem
Total
desconforto desconforto
N(%) N(%) N(%)
Pré
45 (74) 16 (26) 61 (100)
Pós
12 (20)
49 (80)
61 (100)
p 0,00001
Como
se
observa na Tabela 5, a região
dos
braços
apresentou o mesmo compor tamento observado para a região
dos ombros. Isso é melhor evidenciado atentando-se para os
valores referentes à ausência de desconfortos físicos, em que,
de 61 indivíduos, apenas 16 (26%) não referiram desconforto
no setor pré-intervenção;
enquanto
no setor pós-intervenção
49 (80%) indivíduos eram assintomáticos, o que represen
tou uma diferença estat isticamente significativa (p 0,0001).
Por meio da análise cinesiológica das posições do co
tovelo constatou-se, como
se
observa na Tabela 6,
que
no
posto pré-intervenção 41,7% realizavam uma flexão de coto
velo dentro de
uma
faixa de amplitude de 80° a
11 o
Já
no
setor pós-intervenção, a grande maioria dos funcioná
rios
(98,3%)
passaram
a
adotar essa mesma
faixa de am
plitude.
De acordo com Grandjean
(1988), a faixa de
amplitude de 85° a 11
o
é
uma
faixa de conforto e maior
vantagem biomecânica para os flexores do antebraço e braço.
O aumento do tempo gasto nessa faixa de amplitude, mais
recomendável para evitar fadiga no setor pré-intervenção,
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pode apresentar relação com a redução de desconfortos na
região do braço, sítio do ventre muscular do bíceps, um dos
responsáveis primários pela flexão do braço. Há que se con
siderar ainda que a eliminação do manuseio de peso (fei
xes) também deve ter contribuído favoravelmente para a
redução dos desconfortos no braço.
Tabela 6. Amplitudes de cotovelo adotadas nos dois postos de trabalho.
Ângulo de flexão cotovelo
Setor
80
a no· <
8o·
ou >no·
Total
Pré
41,70 58,30 120
Pós
98,3 1,70
60
p
:5
0,00001
Tabela
7.
Caracterização
do desconforto físico nas regiões punho,
mãos e dedos.
Setor
Pré
Pós
Desconforto físico na região do punho, mãos e
dedos*
Com
desconforto
N( )
36 (59)
li (18)
Sem
desconforto
N( )
25 (41)
50 (82)
Total
N( )
61
(100)
61 (100)
p
:5
0,00001
Considerando os desconfortos registrados para a re
gião do punho, mãos e dedos, observa-se na Tabela 7 que
no setor pré-intervenção apenas
11 sujeitos (18 ) apresen
tavam algum desconforto físico, enquanto no setor pós-in
tervenção praticamente o triplo de funcionários (36 indivíduos
ou 59 ) relataram algum desconforto físico nestas regiões.
Essa diferença entre ambos revelou-se estatisticamente sig
nificativa (p 0,0001).
Tabela 8. Posturas adotadas pelo punho nos dois postos de trabalho.
Punho*
Setor
Neutro Flexo-
Desvios
Total
extensão
ulnar/radial
Pré
27,50 72,50
55 120
Pós
25
75 98,30 60
NS*
Pela Tabela 8 pode-se observar que cinesiologicamente
não houve variação porcentual importante nas posições de
flexão, extensão e neutra do punho quando se compara a
realização das atividades do setor pré e pós-intervenção. O
mesmo não foi verificado quanto ao desvio ulnar ou radial,
em que houve um aumento de 43,3 dos indivíduos que
adotavam esta postura, ou seja, de 55 passou-se a 98,3 .
No que tange aos movimentos do punho não foram registradas
faixas de amplitudes desses movimentos, mas sim a ocor
rência ou não dos mesmos. Assim sendo, é possível que
pequenos graus de amplitude de desvios não tenham alcan
çado o limite necessário
para
gerar desconfortos. Outra
alternativa é que o benefício gerado pela eliminação do
manuseio de cargas e da sustentação de conjuntos do produto
no ar, por meio de trabalho muscular estático de músculos
da mão, possam ter compensado os desvios de punho e, apesar
destes, reduzido o índice de desconfortos na região após a
intervenção.
Tabela
9. Caracterização do desconforto físico na região da coluna.
Desconforto físico na região da coluna*
Setor
Com Sem Total
desconforto desconforto
N( )
N( ) N( )
Pré
38
(62) 23 (38)
61
(100)
Pós
18
(30)
43 (70)
61
(100)
p
:5
0,001
Como se observa na Tabela 9, o comportamento dos
valores registrados para a coluna foi o mesmo observado
nas regiões corporais anteriormente estudadas, ou seja, houve
uma diminuição de desconforto físico ao comparar os se
tores pré e pós. Portanto, houve um aumento do número de
indivíduos assintomáticos no setor remodelado, ou seja, de
23 indivíduos (38 ) sem desconforto passou-se a 43 (70 );
diferença esta estatisticamente significativa (p 0,001). Na
Tabela 1
O
é possível observar pelas amplitudes de tronco
registradas que houve uma importante diminuição porcentual
da flexão anterior do setor antigo, no qual mais de 20,8
das posturas foram registradas há mais de 15° para
5
dessas
posturas registradas no novo setor.
Tabela 10.
Comparação entre as posturas adotadas pelo tronco nos
setores pré e pós-intervenção.
Amplitudes
do
tronco
Setor
Flexão
Rotação
Lateralização
o• a
15°
> ts•
Sim Não o• a
15°
> ts•
Total
Pré
73,30 20,70
15,80 84,20
99,20 0,80 120
Pós
95 5
58,30 41,70
81,70
18,30
60
De acordo com Corlett (1983), a flexão anterior do
tronco apresenta uma relação direta com níveis de desconforto
na região das costas, havendo uma associação positiva entre
o aumento da amplitude de flexão e o aumento nos níveis
de desconforto. Posturas extremas do tronco em flexão são
associadas a lombalgias e disfunções lombares (Niosh, 1998).
Já os movimentos de rotação e lateralização são conside-
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Avaliação da
Eficácia de
uma
Intervenção Preventiva
91
mente reduzidas, senão numericamente, certamente em diver
sidade. A demanda cognitiva aumenta e
pode
ter efeito
negativo quando o número de decisões que o funcionário
tem de tomar é muito grande,
especialmente
quando o re
sultado de eventuais decisões incorretas acarreta conseqüên
cias adversas ao funcionário.
Apesar das mudanças no conteúdo da tarefa, que foi
empobrecido, e na duração do ciclo, discretamente dimi
nuído, não houve alteração na taxa de produtividade registrada
pela empresa para esses funcionários do setor pré para o pós
intervenção.
Manuseio de Carga
No setor pré-intervenção os lápis chegavam e deixavam
o setor em feixes de aproximadamente 8 kg, que eram manu
seados com freqüência pelos funcionários. Com a remodelagam
do setor, o transporte do produto foi alterado e o manuseio
de feixes foi totalmente eliminado. O manuseio foi manti
do apenas em um posto particular da escolha, no qual, após
a escolha de ponta, o funcionário acondiciona os lápis em
um caixote (não em feixe). Porém, o período de manuseio
de lápis corresponde a apenas 17% da etapa de trabalho de
manuseio, enquanto na situação pós-intervenção esse período
correspondia a 63% da etapa de manuseio.
Ainda no que tange a manipulação do produto e carga
é necessário mencionar que no setor antigo, para escolher
as pontas dos lápis, os funcionários precisavam manter gran
des conjuntos de lápis em pé. Isso requeria uma preensão
palmar aberta e mantida ao longo do tempo, envolvendo um
grande trabalho muscular estático dos músculos e tendões
flexores do
punho
e dedos.
Essa preensão
de força foi também
completamente
eliminada no setor novo, no qual os lápis são posicionados
automaticamente para a escolha.
CONSIDER ÇÕES FIN IS
Vários aspectos biomecânicos, ocupacionais e clíni
cos foram avaliados no setor industrial de escolha de lápis
antes a após uma intervenção ergonômica realizada. A análise
cinesiológica
indicou
que
as
posturas
tenderam a melho
rar para a maioria dos segmentos analisados. Parte da carga
física foi completamente eliminada e a carga remanescente
foi consideravelmente minimizada. No entanto, o ciclo de
trabalho tornou-se mais curto e a natureza da tarefa mais
estereotipada e monótona, enquanto o controle do ritmo do
trabalho passou do indivíduo para a máquina. Apesar disso,
a análise dos desconfortos músculo-esqueléticos percebi
dos no setor pós-intervenção apresentaram uma redução
significativa em todas as regiões corporais estudadas. Os
principais motivos mencionados pelos funcionários para
explicar a melhora
percebida
foram a redução do esforço
físico nos membros superiores (36,3%) e a eliminação do
manuseio
de feixes (33,5%).
De
acordo
com
os resultados relatados, as modifica
ções na postura e forças exercidas parecem ter produzido
maior impacto na redução dos desconfortos músculo-esque
léticos do
que
os fatores de ritmo, repetitividade e mono
tonia da tarefa. No entanto, parece aconselhável que o setor
seja acompanhado ao longo do tempo para um melhor
dimensionamento
da
influência
dos fatores biomecânicos
e organizacionais sobre o nível do esforço e sintomas per
cebidos pelos trabalhadores.
Agradecimentos Este estudo
foi
parcialmente financiado
pelo CNPq
(Proc.
n 523127/96-0). Os autores agradecem o acesso e facilidades oferecidas pela
Faber-Castell S.A.
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