Acidentes por Animais Peçonhentos – Parte II

Preview:

Citation preview

Acidentes por Animais Peçonhentos – Parte II

Cynthia ChavesR2 DIP

Acidentes por Mariposas e Lagartas

Lepdopterismo (Lepdo = escama + Ptero = asa)• Envolve a forma alada Erucismo (Erucae = larva)

DERMATITE URTICANTE POR LARVAS DE MARIPOSAS (ERUCISMO URTICANTE)

• Lagartas dos gêneros Lonomia e Automeris (família Saturniidae): espinhos ramificados, pontiagudos e com glândulas venenosas nos ápices

• Lagartas do gênero Podalia (família Megalopygidae): Lagartas de fogo, taturanas-gatinho ou sauí; cerdas longas e inofensivas e outras menores, não ramificadas, pontiagudas, com glândulas de veneno

Lonomia - larvaLonomia - adulto

Automeris - larva

Automeris - adulto

FAMÍLIA SATURNIIDAE

FAMÍLIA MEGALOPYGIDAE

Podalia - larva Podalia - adulto

Acidentes por Mariposas e Lagartas

• Venenos presentes na hemolinfa do animal e secretados pelas glândulas são misturas de toxinas semelhantes à histamina

• O contato induz a sensação de “agulhada” -> ardor intenso -> eritema/edema; adenomegalia dolorosa -> pápulas isoladas ou agrupadas -> prurido; escoriações -> infecção secundária

• Após 24h = vesículas, flictenas ou bolhas com necrose superior e posterior hiperpigmentação

• Mal-estar, febre, náuseas, cefaléia, diarréia, mialgias, lipotímia, e mais raramente dores abdominais, hipotermia e hipotensão.

TRATAMENTO:• Lavagem imediata do local com água fria; Compressas frias intermitentes• Manter elevado o membro afetado• Anti-histamínicos VO e corticóides tópicos; infiltração com lidocaína a 2%

Acidentes por Mariposas e Lagartas

ACIDENTE URTICANTE POR MARIPOSAS DO GÊNERO HYLESIA (LEPDOPTERISMO URTICANTE)

• Fêmeas atraídas pela luz artificial ao colidir com superfícies duras podem liberar espículas tóxicas

• Causam dermatite aguda pápulo-pruriginosa que pode persistir por até 2 semanas

TRATAMENTO• Banho com água fria misturada com amido; compressas frias• Anti-histamínicos• Corticóide tópico

Acidentes por Mariposas e LagartasSÍNDROME HEMORRÁGICA POR LAGARTAS DE LONOMIA SPP

(ERUCISMO HEMORRÁGICO)• Lagartas de Lonomia obliqua (orugas) e Lonomia achelous (beijus de

tapurus de seringueira)• Vivem agrupadas no chão ou em troncos de árvores; contato com vários

animais exacerba o efeito tóxico• Efeito urticante e ativador da protrombina -> Erucismo urticariforme com

ou sem sintomas gerais• Após 48h = discrasia sanguínea, seguida ou não de hemorragias de

extensão variável, espontâneas ou traumáticas, como: equimose, hematoma, gengivorragia, epistaxe, hematêmese, enterorragia, hematúria macroscópica, hemorragia intra-articular, pulmonar, glandular e cerebral

Acidentes por Mariposas e Lagartas

ALTERAÇÕES LABORATORIAIS:• Aumento do tempo de coagulação, de protrombina e TTPA• Redução acentuada do fibrinogênio plasmático com elevação

dos produtos de degradação do fibrinogênio e da fibrina• Plaquetopenia eventual

ACIDENTES LEVES/MODERADOS: Hemorragias em pele e mucosas

ACIDENTES GRAVES: Hemorragias viscerais e alterações hemodinâmicas progressivas, evoluindo para a falência de múltiplos órgãos

Acidentes por Mariposas e Lagartas

TRATAMENTO:• Repouso, evitando-se traumas mecânicos• Banho com água fria misturada com amido; compressas frias• Anti-histamínicos• Corticóide tópico• Contra-indicadas transfusões de sangue, plasma e hemoderivadosÁcido épsilon-aminocapróico (Ipsilon®) via EV (amp 1g/20ml)• Dose inicial: 30mg/Kg• Manutenção: 15mg/Kg de 4/4h Soro anti-lonômico: • Casos moderados: 5 ampolas EV• Casos graves: 10 ampolas EV

Acidentes por Mariposas e LagartasPARARAMOSE ou PERIARTERITE FALANGIANA POR PARARAMA

(ERUCISMO ARTICULAR)• Larvas da mariposa Premolis semirufa (família Arctiidae), conhecida na

Amazônia como Pararama• Considerado acidente de trabalho no Pará entre seringueiros ( local mais

atingido é o dorso da mão direita)

Acidentes por Mariposas e Lagartas• As cerdas da lagarta entram na pele provocando um erucismo urticante agudo,

que cura após 3 a 7 dias• Às vezes alguns fragmentos dessas cerdas penetram um pouco mais a pele

atingindo a membrana sinovial, cartilagens articulares e periósteo, causando reação inflamatória intensa

• A reincidência desses acidentes causa a progressão da tumefação das articulações interfalangianas, sobretudo a 3ª, levando a uma limitação funcional temporária

• O edema crônico pode evoluir com a formação de granulomas e fibrose periarticular -> anquilose (simulando artrite reumatóide)

Tratamento Clínico:• Lavagem imediata do local com água fria; Compressas frias intermitentes• Manter elevado o membro afetado• Anti-histamínicos VO e corticóides tópicos; infiltração com lidocaína a 2%

Tratamento Cirúrgico: • Remoção de granulomas articulares

Acidentes por abelhas, vespas e formigas (Himenopterismo)

Ordem Hymenoptera: insetos com ferrões ligados a glândulas de veneno• Abelhas e mamangavas (Família Apidae), marimbondos ou vespas (Família

Vespidae) e formigas (Família Formicidae)• A reação urticante se deve à presença de substâncias com atividade

semelhante às aminas vasoativas e à liberação de histamina, bradicinina e serotonina pelas células da vítima

• O veneno da abelha é hemolítico, miotóxico e bloqueador da junção neuromuscular

Acidentes por abelhas, vespas e formigas (Himenopterismo)

ACIDENTES POR ABELHAS E VESPAS (MARIMBONDOS)• No acidente por abelha o ferrão fica preso na pele com restos da glândula venenosa,

o que não ocorre no acidente com vespa• A dor (queimação ou ferroada) costuma ser intensa e efêmera• Persistem pápula, eritema, edema e prurido• Eventualmente surgem vesículas, bolhas e raias linfangíticas• Se inoculação maciça ou a vítima for alérgica: edema de lábio, face e glote,

hipotensão e choque anafilático• No acidente grave com abelhas, com hemólise intravascular e rabdomiólise ->

torpor ou agitação, icterícia, metahemoglobinúria e IRA• Neurite tardia: nn raquianos e cranianos – n. óptico (papiledema)• Casos fatais: alterações renais (NTA) e do SNC (meninges com hiperemia, edema e

petéquias cerebrais e hemorragia intraventricular)• LABORATÓRIO: Uréia, Creatinina, Hb, haptoglobina sérica, Bilirrubinas T e F,

Creatinoquinase e Aldolase

Acidentes por abelhas, vespas e formigas (Himenopterismo)

TRATAMENTOPACIENTES NÃO ALÉRGICOS COM POUCAS PICADAS• Analgésico e anti-histamínicos (dextroclorofeniramina 2 a 6mg VO de 8/8h)• Remover o ferrão da abelha com uma lâmina (nunca com pinça)• Corticosteróides tópicos associados ou não ao mentol, por 3 a 5 dias

PACIENTES NÃO ALÉRGICOS COM MUITAS PICADAS• Analgésicos e anti-histamínicos EV• Hidratação• Alcalinização da urina (como no acidente crotálico)

ANAFILAXIA• Adrenalina milesimal SC 0,01ml/Kg (máximo 0,5ml) que deve ser repetida após 10

minutos, e posteriormente em 3 séries de 30 minutos• Hidrocortisona 4mg/Kg (máximo 500mg) EV de 12/12h• Assistência respiratória e monitoramento da função renal

Acidentes por abelhas, vespas e formigas (Himenopterismo)

ACIDENTES POR FORMIGAS• Gênero Solenopsis: “lava-pés” causam acidentes alérgicos e citotóxicos• Pápula urticante, com dor intensa e efêmera• Após 24h: pústula estéril que desaparece em < 7dias caso não haja

infecção secundária• Caso infecção, surgem abscessos, celulite ou erisipela

TRATAMENTO:• Uso imediato de compressas frias• Analgésicos e anti-histamínicos VO• Corticóides tópicos

Acidentes por LacraiasMIRIÁPODES DA SUBCLASSE CHILOPODA (QUILOPODISMO): Gêneros

Cryptoqs (Lacraia), Hostigmus (Centopéia) e Scolopendra (Escolopendra)

• Podem variar de 3 a 30cm de comprimento• 10 a 130 segmentos ou metâmeros, com 1 par de patas cada• Na cabeça, 4 maxilares e 2 possantes mandíbulas com fortes dentes

dilacerantes, 2 garras grandes, móveis, vigorosas e ocas em cujas bases há glândulas de veneno envoltas por fibras musculares que se contraem quando cravadas na vítima

• Mecanismo de ação do veneno é pouco conhecido; secreção ácido-urticante; acidentes benignos com evolução para a cura espontânea

Acidentes por Lacraias

QUADRO CLÍNICO• Dor instantânea, em queimação, com intensidade variada, com ou sem

prurido, hiperemia, edema e necrose superficial tardia• Linfangite e linfadenite regional; cefaléia, ansiedade, vômitos e pulso

irregular

TRATAMENTO• Lavar o local com água e sabão, sulfato de magnésio ou amônia 1: 1000• Analgésicos VO• Não são indicados anti-histamínicos nem coricóides• Raramente bloqueio anestésico local ou troncular

Acidentes por Besouros• Alguns Coleópteros possuem na hemolinfa e em secreções glandulares a

pederina, uma substância cáustica e bloqueadora da mitose celularDERMATITE LINEAR POR POTÓS:• O potó é um besouro pequeno e alongado que contém pederina na

hemolinfa e nas glândulas pigidiais que se abrem em poros perianais• A pederina é mais abundante nas fêmeas; o inseto atraído pela luz

artificial pode causar acidente em várias pessoas simultaneamente• Tocada pelo inseto, a vítima acaba por esfregá-lo na pele sem querer e

espalha a pederina linearmente• Algumas horas depois surge um ardor contínuo, que pode permanecer

por 48h

Acidentes por besourosCASOS LEVES:• Eritema local, que dura até 48hCASOS MODERADOS:• Prurido, ardor e eritema mais intensos, formando vesículas, que secam em 6-8

dias; hiperpigmentação por 1 mês ou maisCASOS GRAVES:• Exposição simultânea a vários espécimes• Febre, artralgia e vômitos• Lesão cutânea persiste por mesesTRATAMENTO:• Lavar imediatamente o local com água e sabão• Uso imediato de Tintura de iodo destrói a pederina• Compressas de Permanganato de K+ em lesões já instaladas• Colírios com corticóide e ATB quando olhos atingidos

Acidentes por besouros

ACIDENTES POR ESCARAVELHOS E ALGUMAS MOSCAS (CANTARIDISMO)• Escaravelhos (pederina) e Moscas espanholas (cantaridina) da espécie Cantharis

vesicatoria• Toxinas que inibem o metabolismo dos glicídios• Atritadas contra a pele produzem ação cáustica e urticante: irritação dolorosa,

eritema, prurido e bolhas -> hiperpigmentação local• Na conjuntiva podem levar à cegueira• Se ingeridas, levam a dor abdominal, diarréia e vômitos• Excretadas via urinária, causam ardor e urgência miccional e priapismo (uso na

Grécia antiga como afrodisíaco). A absorção de 60mg leva a NTA, choque e morte

TRATAMENTO:• Aplicação tópica de Sulfato de Mg++ diluído em álcool metílico• Nas ingestões: lavagem gástrica• Manifestações sistêmicas: hidratação vigorosa para forçar o débito urinário

Acidente por carrapato (ACARIDISMO)• Geralmente limita-se a pápula pruriginosa, mas a permanência de peças

bucais do carrapato na pele pode levar a nódulos pruriginosos e em casos raros podem levar a manifestações neurotóxicas

• As fêmeas de certos carrapatos produzem uma toxina que inoculam junto com saliva em suas vítimas; mais frequentes em crianças do sexo ♀

• A toxina interrompe a liberação de acetilcolina nas junções neuromusculares, mas sua fixação no sítio de atuação é instável e sua excreção é rápida, e o quadro desaparece à extração do carrapato

• Gêneros Dermacenter, Amblyoma e Ixodes:

Acidente por carrapato (ACARIDISMO)• A doença começa de 5 a 7 dias depois da fixação do carrapato• Irritação, dores e parestesias (MMII), perda da coordenação motora e quedas.

Horas ou dias depois => paralisia flácida em MMII com acelerada progressão ascendente

• Os nn cranianos são atingidos, levando a paralisia facial, estrabismo, disfagia, dislalia, nistagmo, respiração irregular e insuficiência respiratória grave

• Pode ocorrer PNM por aspiração• Manifestações atípicas: paralisias isoladas, mioclonias, coréia, visão borrada e

anestesias ou hiperestesias.• Não há febre, espasmos musculares ou alterações no LCR• D≠: Poliomielite, Guillain-Barré, mielite transversa, siringomielia, polineurite,

tumor medular, porfiria, paralisia espinhal ascendente peridural por flebite e necrose de medula espinhal por uso de drogas

• TTO: consiste na retirada correta do carrapato => tocar o ácaro com gelo seco ou com a ponta acesa de um cigarro; pode ser necessária assistência ventilatória

ACIDENTES POR ANIMAIS AQUÁTICOSACIDENTES POR PEIXES MARINHOS E FLUVIAIS (ICTISMOS)• Tipos de acidentes:ACANTOTÓXICOS: acidentes ativosSARCOTÓXICOS: acidentes passivos • Tetrodontóxico: peixe naturalmente venenoso• Ciguatóxico: peixe que ingere alga produtora de toxina ciguatera• Escombrotóxico: peixe deteriorado por ação bacteriana• Químico: Doença de Minamata (contaminação por mercúrio)

ACIDENTE ACANTÓXICO• Ferrões ou esporões geralmente serrilhados em barbatanas peitorais, dorsais ou

na cauda do animal, recobertos por glândulas venenosas• Lesões facilitam o acesso da ictiotoxina e de microrganismos nos tecidos da

vítima

ACIDENTES POR ANIMAIS AQUÁTICOS

Acidentes acantóxicos são causados por bagres, arraias marinhas e fluviais, peixe-escorpião, peixe-sapo e mandis

ACIDENTES POR ANIMAIS AQUÁTICOS• Os venenos desses peixes são termolábeis e de ação principalmente necrotizante• A dor é imediata, de intensidade variável podendo ser lancinante (peixe-escorpião

= desmaios) e com irradiação centrípeta. Quando cessada, pode haver parestesia ou hiperestesia local

• Eritema, edema, linfangite, linfadenite, vesículas, bolhas => abscessos e necrose• Manifestações sistêmicas: sudorese, adinamia, náuseas, vômitos, vertigens• Casos graves: dispnéia, hipotensão, cianose e colapso vascular => óbito

TRATAMENTO• Banho em água fria por alguns minutos (vasoconstrição) e depois compressas

mornas (50°C) por 30 a 90 minutos para decompor o veneno e aliviar a dor• Bloqueio anestésico local ou troncular• Desbridamento e profilaxia do tétano

ACIDENTES POR ANIMAIS AQUÁTICOSACIDENTES SARCOTÓXICOS

O veneno pode estar nos músculos, nas vísceras, na pele ou nas gônadas dos peixes

ACIDENTES TETRODONTÓXICOS:• Acidentes em que os peixes em si são venenosos• A tetrodotoxina (TXT) do baiacu é inodora, incolor, insípida e

termorresistente, e bloqueia o transporte de íons Na+ na junção neuromuscular

ACIDENTES POR ANIMAIS AQUÁTICOS• Logo após a ingestão, ocorrem sintomas neurológicos (parestesia ou

paresias na face ou ao redor da boca, língua e dedos das mãos e pés) e gastrointestinais (náuseas, vômitos, dores abdominais e diarréia)

• Depois surgem disartria, fraqueza muscular, ataxia, mialgias, paresias, paralisias zumbidos, vertigens e estrabismo; convulsões, dispnéia e depressão respiratória => PCR

TRATAMENTO: • Lavagem gástrica• Eméticos purgativos salinos ou catárticos mais potentes• Hidratação• Anticonvulsivantes• Suporte ventilatório

ACIDENTES POR ANIMAIS AQUÁTICOS

ACIDENTES CIGUATÓXICOS• Acidentes por peixes intoxicados por dinoflagelados• Os peixes robalo, garoupa e barracuda se alimentam diretamente de

peixes herbívoros e indiretamente do fitoplâncton e podem ingerir algas dinoflageladas (ciguateras) que nos meses quentes produzem ciguatoxinas, termoestáveis e que não alteram o sabor do peixe

ACIDENTES POR ANIMAIS AQUÁTICOS

• Os sintomas podem iniciar imediatamente ou algumas horas após a ingestão; náuseas e vômitos => parestesias na face, boca e membros, vertigens, ataxia, mialgia e fraqueza muscular

• Alguns pacientes apresentam prurido generalizado potencializado pela ingestão de álcool e/ou distorção na perpepção de frio/calor

• A maioria dos pacientes morre nas primeiras 24h por paralisia respiratória e os sobreviventes podem apresentar os sintomas neurológicos por semanas

TRATAMENTO: igual ao do acidente tetrodontóxico• Lavagem gástrica• Eméticos purgativos salinos ou catárticos mais potentes• Hidratação• Anticonvulsivantes• Suporte ventilatório

ACIDENTES POR ANIMAIS AQUÁTICOS

ACIDENTES ESCOMBROTÓXICOS• Acidentes causados por peixes contaminados por bactérias• Alguns peixes, como o bonito, são suscetíveis a decomposição por

bactérias como a Morganella morganii• A histidina do músculo do animal é convertida em saurina, toxina

semelhante à histamina

ACIDENTES POR ANIMAIS AQUÁTICOS

• Minutos depois de ingerida, a saurina provoca náuseas, vômitos, epigastralgia, disfagia, cefaléia, ressecamento da boca, urticária intensa, rubor facial e edema labial

• A cura é espontânea após 24h• O tratamento consiste em lavagem gástrica, hidratação e uso

de anti-histamínicos

ACIDENTES POR MOLUSCOS (MOLUCISMO ou MALACOCISMO)

Acidentes ativos por Conus sp• Conus sp: concha em espiral, cônica e assimétrica. Encontrados nos fundos

rochosos ou coralinos do litoral brasileiro• Para capturar peixes pequenos, ele contamina com neurotoxina os dardos

existentes no interior de uma tromba ou probóscide e o lança com grande velocidade na vítima

ACIDENTES POR MOLUSCOS (MOLUCISMO ou MALACOCISMO)

• Sintomas variados; pequeno prurido• Casos mais graves nos oceanos Índico e Pacífico -> Conus geographus ->

dor, edema, parestesia em todo o membro, ataxia, tremores, paralisia ascendente, dispnéia, coma e morte por apnéia

Tratamento: • Repouso• Manter a região afetada pressionada por um chumaço de gaze e depois se

mergulha o membro afetado em água morna de 30 a 90 minutos• Assistência respiratória e circulatória

ACIDENTES POR MOLUSCOS (MOLUCISMO ou MALACOCISMO)

Acidentes por moluscos venenosos ou contaminados por toxinas de algas• Mexilhão Neptunea antigua (red whelk): efeito semelhante ao curare• Tetramina: hidróxido de tetrametilamônio; toxina nas glândulas salivares• Mexilhões do Pacífico: tóxicos no final da primavera e durante o verão

(alimentam-se de algas dinoflageladas) – Maré vermelha• Brasil: Santa Catarina (moluscos cultivados)

ACIDENTES POR MOLUSCOS (MOLUCISMO ou MALACOCISMO)

• Gymnodrium brevis (Flórida EUA)

4 grupos de toxinas:• ASP: ácido domóico -> neurônios do hipocampo (memória). Em 24h provoca

gastroenterite, confusão mental, neuropatia periférica, amnésia para fatos recentes• DSP: ácido okadóico -> cólicas e diarréia• NSP: brevetoxinas -> distúrbios da percepção de frio/calor, manifestações

gastrointestinais e neurológicas -> óbito• PSP: 20 toxinas derivadas da saxitoxina – de 30 min a 2h -> dormência nos lábios

que progridem para os membros, sonolência, torpor, ataxia, confusão mental, tonturas -> parada respiratória de 2 a 25h após a ingestão

Tratamento:• Eliminação renal• Lavagem gástrica• Suporte

ACIDENTES POR MOLUSCOS (MOLUCISMO ou MALACOCISMO)

Acidentes por polvos (Octopus sp)• Encontrados em todo o litoral brasileiro• Acidentes de pequeno porte -> mordedura• Blue ringed octopus – Austrália – saliva com tetradotoxina (TXT) – parada

respiratóriaTratamento: • Repouso• Manter a região afetada pressionada por um chumaço de gaze e depois se

mergulha o membro afetado em água morna de 30 a 90 minutos• Assistência respiratória e circulatória

ACIDENTES POR MOLUSCOS (MOLUCISMO ou MALACOCISMO)

Acidentes provocados por água-viva e outros celenterados (Cnidarismo)• Águas-vivas (medusas), caravelas (fisálias) e anêmonas-do-mar (actinas)• Cnidoblastos: células especiais no epitélio, especialmente nos tentáculos• Ao contato com a vítima, os cnidoblastos se contraem expulsando um

filamento (cnidocílio)• Dor imediata em queimadura ou alfinetada e prurido• Eritema, edema, vesículas e bolhas

ACIDENTES POR MOLUSCOS (MOLUCISMO ou MALACOCISMO)

• O acidente por Fisália (mais grave) cursa com sudorese, lacrimejamento, sialorréia, náusea, vômito, mialgia, artralgia, vertigem, contratura muscular, bradicardia e hipotensão -> Midríase, fibrilação, insuficiência respiratória e/ou choque anafilático -> Morte

Tratamento:Casos leves: • Lavar o local com água do mar• Remover cuidadosamente os tentáculos (usando luvas, uma pinça ou uma faca

limpa)• Aplicar vinagre por 30 min para neutralizar o veneno• Uso intermitente de bolsa de gelo ou compressas frias por 5 a 10 minutos• Geléia anestésica

Casos graves:• Tratar como anafilaxia (adrenalina milesimal, hidrocortisona, assistência respiratória

e monitoramento da função renal)

ACIDENTES POR MOLUSCOS (MOLUCISMO ou MALACOCISMO)

Acidentes por ouriço do mar (Equinodermismo)• Trauma sem envenenamento• Espículas penetram a pele causando dor, eritema e ulceração• Pode evoluir com infecção secundária• Lythechinus sp (raro no Brasil): neurotoxinas termorresistentes em

glândulas venenosas -> dor e parestesias que diminuem após 15 minutos• Diadema sp: mais graves, paresias e paralisias de lábio, língua e face,

distúrbios respiratórios que desaparecem após algumas horas

ACIDENTES POR MOLUSCOS (MOLUCISMO ou MALACOCISMO)

Tratamento:• Remover os espinhos com pinça• Radiografia local para verificar a existência de fragmentos – remoção

cirúrgica• Lavar com água e sabão• Imersão da lesão em solução aquosa de sulfato de Mg++ a 50°C por 20

minutos ou água a 50°C por 30 a 60 minutos -> alívio da dor• Reações alérgicas: adrenalina, anti-histamínicos e corticóides• Profilaxia do tétano• Infecções secundárias: tto com penicilinas

ACIDENTES POR MOLUSCOS (MOLUCISMO ou MALACOCISMO)

Acidentes por ingestão de pepino do mar:• Raros• Lavagem estomacal

Acidentes por esponjas (Poriferismo)• Raros• Tedania e Neofibularia: espículas embebidas de substância irritante• Dermatite eczematosa dolorosa e irritante -> fortes dores, edema e flictenas• Irrigar a lesão com vinagre por 15 minutos, depois secar o local e depilá-lo com

lâmina ou fita adesiva para remover as espículas. Repetir a aplicação de vinagre por 5 minutos e iniciar corticóide tópico 2x/dia

• Em casos mais graves utilizar anti-histamínicos e corticóides VO• Infecção secundária: tto com penicilinas

ACIDENTES POR MOLUSCOS (MOLUCISMO ou MALACOCISMO)

Acidentes por poliquetas• Vermes de fogo – anéis achatados• Costa do Atlântico e Mediterrâneo, sob pedras ou enterrados na areia• Parápodes com cerdas que contêm minúsculos arpões que o animal dispara diante

de ameaça• Irritação e ardor na pele, evoluindo com inflamação, prurido intenso e parestesia

após alguns diasTratamento: • Retirar as cerdas com pinça ou fita adesiva• Compressas com vinagre ou amônia diluída a 1:40.000

Acidentes por anfíbios e lagartos

Acidentes por sapos e outros anfíbios (Frinoísmo)• Sapos (família Bufonidae)• Rãs (famílias Dendrobatidae e Ranidae)• Salamandras

Acidentes por anfíbios e lagartosCrianças: acidentes por contato• Os sapos do gênero Bufo têm inúmeras verrugas duras e ressecadas que são glandulas

de veneno e 4 glândulas maiores, 2 ao redor das órbitas e e em suas patas traseiras -> contato com gotículas de aminas biogênicas (adrenalina, dopamina, noradrenalina e epinina) e ricas em esteróides neurotóxicos e cardiotóxicos semelhantes aos digitálicos. Causam arritmias, parada cardíaca e despolarização das membranas em SNP

Adultos: acidentes por ingestão (rituais de curandeirismo) e contato com os olhos• Sialorréia, broncorréia, náuseas e vômitos, vertigens, hipertensão, taquiarritmias,

paralisias e convulsões. O óbito é raro.• Congestão ocular, conjuntivite, ceratite e cegueira• Tratamento:• Lavagem gástrica• Uso de purgativos salinos• Hidratação para forçar a diurese• Se olhos, lavagem abundante

Acidentes por lagartos• Gênero Heloderma• México e Sul dos EUA • Saliva produzida em glândulas

submandibulares• Veneno de ação neurotóxica, proteolítica

e hemolítica• Dor e edema local, perspiração, adinamia,

paralisia focal e hipotensão• O óbito é raro

Obrigada!

Recommended