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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO
INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL
DEPARTAMENTO DE EPIDEMIOLOGIA
VARIAÇÃO TEMPORAL DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM IDOSOS:
ESTUDO NAS REGIÕES NORDESTE E SUDESTE DO BRASIL
Adriana Simone da Cunha
Dissertação apresentada como requisitopara obtenção do grau de Mestre emSaúde Coletiva – área de concentraçãoem Epidemiologia – Instituto deMedicina Social da Universidade doEstado do Rio de Janeiro.
Orientadora: Prof. Dra. Rosely Sichieri
Rio de Janeiro
2002
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO
INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL
DEPARTAMENTO DE EPIDEMIOLOGIA
VARIAÇÃO TEMPORAL DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM IDOSOS:
ESTUDO NAS REGIÕES NORDESTE E SUDESE DO BRASIL
Mestranda: Adriana Simone da Cunha
Orientadora: Rosely Sichieri
Banca examinadora:
Carlos Augusto Monteiro – FSP/USP
Gulnar Azevedo e Silva Mendonça – IMS/UERJ
Inês Rugani Ribeiro de Castro – SMS/RJ
Banca Suplente:
Cláudia de Souza Lopes – IMS/UERJ
Maurício Teixeira Leite de Vasconcellos – IBGE
Renato Peixoto Veras – IMS/UERJ
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“... não estamos sós, porque Deus existe, eme chamou à existência, e me mantémnela, e me dá fortaleza. Além disso,escolheu-me com predileção e, se eu tiverconfiança, me concederá a constância e afirmeza no meu caminho, porque, quandoEle começa uma obra, acaba-a: Ele fazsempre as coisas perfeitas.”
(Mons. Josemaría Escrivá, 29 – IX – 1957)
4
Dedico :
Aos meus pais, Jorge da Cunha eHenriqueta Dalva da Cunha, queme incentivam e se realizam emmim.
5
AGRADECIMENTOS
A Rosely Sichieri, um exemplo de dedicação e responsabilidade, pela
cumplicidade no trabalho diário com os bancos de dados e na elaboração da
dissertação.
Às amigas Kamile dos Santos Siqueira, Márcia Pereira da Silva, Magna Fabiana
Souza da Silva, Enilce de Oliveira Fonseca Sally, Maria Lúcia Alves Cavaliere e
Márcia Luiza dos Santos por partilharmos tão intensamente nossas vidas e por
serem uma fonte constante de estímulo e aprendizado.
Às colegas do grupo de epidemiologia nutricional - “epi-nutri” - por acompanharem
e me auxiliarem nos vários momentos da dissertação.
Aos colegas de classe, pelas infindáveis horas de estudo em grupo e discussões
dos trabalhos.
Aos colegas, funcionários do Instituto, que vivenciaram e auxiliaram o trabalho
diário.
À banca examinadora do projeto e da dissertação: Gulnar Azevedo e Silva
Mendonça, Maurício Teixeira Leite de Vasconcellos, Inês Rugani Ribeiro de
Castro e Carlos Augusto Monteiro; pelas críticas, sugestões e pelo material
fornecido que auxiliaram na elaboração da dissertação.
Aos professores Inês Rugani Ribeiro de Castro, Elda Lima Tavares, Eliane de
Abreu Soares, Emilson Souza Portella, Maria Inês Barreto Silva Chvaicer, Marina
da Silva Teles Naegeli, M. Fátima G. de Menezes, Conceição de M. Sintz, Mara
Lúcia Penna Queiroz, José Augusto Adler Pereira e Ângela Corrêa de Freitas, pelo
exemplo de profissionalismo e dedicação que marcaram a minha graduação.
6
APRESENTAÇÃO
Esta dissertação encontra-se nos padrões requeridos para apresentação, no
formato de manuscrito, conforme proposto pelo Departamento de Epidemiologia
do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ). Assim, o artigo elaborado com o
objeto do estudo da dissertação, é parte integrante do trabalho apresentado.
Os capítulos contidos neste trabalho estão organizados da seguinte forma: o
primeiro capítulo (Introdução) contém informações gerais sobre o envelhecimento
da população brasileira e mundial, aponta a necessidade de avaliação e
monitoração do estado nutricional em idosos. A magnitude do baixo-peso e
sobrepeso na população, e especificamente em idosos, também é abordada. No
segundo e terceiro capítulos são apresentados a justificativa e os objetivos,
respectivamente. A amostragem e os procedimentos antropométricos dos
inquéritos estudados (Estudo Nacional da Despesa Familiar - ENDEF, 1974/75;
Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição - PNSN, 1989; e Pesquisa sobre Padrões
de Vida - PPV, 1996/97) são abordados no quarto capítulo. Ainda neste capítulo,
expõem-se os procedimentos para a análise estatística, considerando-se o
desenho complexo das amostras. No quinto capítulo encontra-se o artigo da
dissertação, que contém, entre outros itens, os resultados e a discussão deste
trabalho. Já as conclusões encontram-se no sexto capítulo.
7
RESUMO
(Introdução) No Brasil, não se conhecem as prevalências mais recentes de baixo-
peso e sobrepeso em idosos, bem como a variação temporal do Índice de Massa
Corporal (IMC - kg/m2). O presente trabalho se propõe a preencher parte desta
lacuna ao avaliar a variação temporal do IMC em idosos das regiões Nordeste e
Sudeste do Brasil. (Metodologia) Para a análise da variação temporal do IMC
utilizaram-se três inquéritos domiciliares: o Estudo Nacional de Despesa Familiar
(ENDEF, 1975), a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN, 1989) e a
Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV, 1997). O ENDEF (1974/75) e a PNSN
(1989) são inquéritos de abrangência nacional e a PPV (1997) restringe-se às
regiões Sudeste e Nordeste. Assim, a análise deste estudo se restringiu a estas
regiões e foi estratificada por: região (Nordeste ou Sudeste), situação de domicílio
(rural ou urbano), sexo e faixa etária (60-69, 70-79, > 80). A evolução do estado
nutricional dos idosos foi avaliada através da comparação das curvas de
distribuição do IMC e das prevalências de baixo-peso (IMC < 18,5 kg/m2) e
sobrepeso (IMC > 25 kg/m2) estimados para cada inquérito. Para avaliar a
magnitude e a significância estatística no aumento do IMC, foi realizada análise de
regressão linear que considerou o desenho complexo da amostra. Utilizou-se o
procedimento proc surveyreg em SAS (Statistical Analysis System) que permite
considerar os fatores de expansão de cada pesquisa e o desenho amostral.
(Resultados) No período de 1975 a 1997, a prevalência de baixo-peso diminuiu
em 70% para as mulheres e em 50% para os homens. Em 1997, atingiu 4,8% para
as mulheres e 6,8% para os homens. O sobrepeso aumentou em 100% para os
homens e em 50% para as mulheres (36,0% em homens e 49,1% em mulheres
em 1997). Embora tenha ocorrido uma importante redução na prevalência de
baixo-peso, estes percentuais apresentam-se ainda elevados na região Nordeste
(14%) para ambos os sexos. Ainda neste período, o aumento no IMC (β) foi
significativo para os diferentes grupos etários, com exceção de homens com 80
anos ou mais, cujo valor p foi limítrofe (p= 0,05). Observou-se um maior aumento
(β) do IMC para as mulheres do que para os homens, sendo que para estes não
8
houve uma diferença importante entre as áreas e regiões (β = 0,08, Sudeste
urbano; β = 0,07, Sudeste rural; β = 0,07, Nordeste Urbano; 0,05, Nordeste Rural).
Para as mulheres o maior aumento ocorreu no Nordeste rural (β = 0,15). Quando
se considera os intervalos entre as pesquisas (1975-1989 e 1989-1997), o
incremento no IMC (β) mostrou-se significativo somente no período de 1975 a
1989, com exceção do grupo de homens do Sudeste rural, que foi o único grupo
com aumento significativo no período mais recente (1989 – 1997). (Conclusões)
Não há tendência recente (1989-1997) de aumento do sobrepeso, com exceção
dos homens do Sudeste rural. Contudo, há uma alta prevalência de sobrepeso
entre idosos. O baixo-peso ainda é um importante agravo nutricional no Nordeste
rural.
9
01 - INTRODUÇÃO
1.1 Envelhecimento: conceito e demografia
O envelhecimento é um processo multifatorial resultante da combinação de
diferentes elementos, dentre eles o estilo de vida. Neste sentido, a sua definição
engloba aspectos cronológicos, biológicos, funcionais, psíquicos, sociais e a
percepção da própria idade (Veras, 1994).
Segundo critério cronológico proposto pela Organização Mundial de Saúde
(WHO, 1995), constituem o grupo de idosos, os indivíduos com idade igual ou
superior a 60 anos. Este mesmo critério é adotado no Brasil, sendo estabelecido
pela legislação que dispõe sobre a Política Nacional de Saúde do Idoso (Brasil,
1994) de 04/01/94. A existência de um contingente significativo de idosos na
população era, até período recente, atributo dos países mais desenvolvidos da
América do Norte, Europa e Japão. A partir da década de 70 esta situação se
modifica, os idosos passam a ser também um importante segmento da população
nos países do terceiro mundo. A difusão de dados relativos ao crescimento da
população idosa nos países do terceiro mundo, em particular naqueles de grande
extensão territorial, levou `a necessidade de um maior conhecimento sobre a
população idosa desses países (Veras, 1992).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, existe atualmente cerca de 600
milhões de indivíduos idosos no mundo, dos quais, dois terços situam-se em
países em desenvolvimento. No Brasil, os idosos representam mais de 8 % da
população, com um número absoluto maior que 14 milhões (Brasil, 2002).
As projeções demográficas revelam que no ano de 2025 o grupo de idosos
corresponderá a 15% da população brasileira (32 milhões). Este crescimento é o
mais acelerado do mundo (1,1514%) e só comparável ao México e a Nigéria
(UNO, 1985b). Espera-se também que no ano de 2020, cerca de 70% da
10
população idosa mundial esteja em países em desenvolvimento, com um número
absoluto maior que 700 milhões. A estimativa para os países desenvolvidos é de
318 milhões (WHO, 1987).
Mantendo-se a tendência brasileira demográfica atual, a expectativa de vida
média da população chegará a 72 anos em 2025, com o aumento em termos
absolutos e proporcionais do número de pessoas atingindo idades avançadas. As
projeções indicam que, em 23 anos, 75% da população terá mais de 15 anos e o
número de idosos superará os 30 milhões (UNO, 1985a). Em termos de saúde, o
aumento do número de idosos numa população se traduz em um aumento de
problemas crônicos, de longa duração, que dependem de intervenções mais
complexas e caras.
Uma particularidade brasileira, decorrente do crescimento da população
idosa, é o fato de que a grande proporção de idosos brasileiros é “jovem” (entre 60
e 69 anos), em contraste com os países europeus ou da América do Norte, onde o
segmento desse grupo etário que mais cresce é o de mais de 70 anos (Veras,
1992).
Segundo Barreto & Carmo (1998), o Brasil atravessa um processo de
mudança na estrutura demográfica bastante acentuado, tendo como principais
características a queda da fecundidade, o aumento da expectativa de vida, a
diminuição dos óbitos, devidas a causas infecciosas. Tal realidade tem
implicações sérias, no que se refere ao complexo de problemas de saúde do país,
uma vez que se soma aos problemas já existentes, como a alta incidência das
doenças infecciosas, os problemas de saúde na infância, bem como a crescente
situação dos problemas ambientais e da violência, o processo de envelhecimento
populacional, com o aumento das doenças crônico-degenerativas.
Apesar do envelhecimento ser mais frequentemente relatado em regiões
mais desenvolvidas do país, um aumento expressivo e rápido da população idosa
11
pode também já ser percebido, nas últimas décadas, em áreas com indicadores
socioeconômicos mais desfavoráveis e cujas estruturas etárias apresentam
caracteristicamente maior proporção de jovens. Na região Nordeste, por exemplo,
a população com 60 anos de idade ou mais era da ordem de 3% da população
total em 1970 (IBGE, 1970), 6% em 1991 e 8,4% em 2002 (Brasil, 2002; IBGE,
1992). Este último é similar ao percentual de idosos do país. Estas transformações
demográficas ocorridas no Nordeste são atribuídas tanto à emigração de pessoas
em idade produtiva, como também a declínios nas taxas de mortalidade e
fecundidade.
Cerca de 75% dos idosos brasileiros vivem nas regiões Nordeste e Sudeste
do país (Brasil, 2002). As marcantes diferenças entre essas regiões, em termos de
indicadores socioeconômicos e situação de saúde, são bem conhecidas. A região
Nordeste, por exemplo, apresentava no período de 1984 a 1994, taxas de
mortalidade infantil 72% maiores do que a região Sudeste, e as doenças
infecciosas e parasitárias ainda ocupavam a segunda causa de internação. A taxa
de analfabetismo no Nordeste (33,74%) representava, em 1991, mais do dobro da
região Sudeste (13,07%) e a renda per capita, pouco mais de um terço dessa
região (IBGE, 1992). Portanto, as precárias condições de vida e oportunidades de
emprego têm motivado a emigração de muitos jovens do Nordeste para outras
regiões do país, acarretando efeitos sobre a rede de suporte familiar a idosos de
nível socioeconômico mais baixo.
As características demográficas para a terceira idade provavelmente serão
diferentes no futuro. Estas mudanças demográficas terão grande impacto na
demanda dos serviços de saúde em todos os países, mas especialmente em
países em desenvolvimento, onde há um menor desenvolvimento econômico e as
pesquisas com idosos são escassas (WHO, 1995). O envelhecimento da
população tende a proporcionar, nas próximas décadas, desafios cada vez
maiores aos serviços de saúde, particularmente em regiões onde a polarização
epidemiológica faz-se mais presente. O delineamento de políticas específicas para
12
pessoas idosas vem sendo apontado como altamente necessário, sendo
imprescindível o conhecimento das necessidades e condições de vida desse
segmento etário, onde se inclui a necessidade de conhecer as prevalências de
baixo-peso e sobrepeso e avaliar a tendência de modificação destas prevalências
no tempo.
13
1.2 Idosos: Saúde e Nutrição
O crescente aumento da população idosa no mundo, e particularmente, nos
países em desenvolvimento (WHO, 1989), um problema emergente na área de
saúde, impõe a necessidade de análise dos diversos fatores associados e/ou de
risco para o perfil de morbidade, mortalidade e de qualidade de vida desta
população, dentre os quais a nutrição assume importante papel (Tavares, 1997).
A avaliação nutricional no segmento populacional de idosos é matéria
complexa e ainda em desenvolvimento metodológico na maioria dos países que já
contam com uma história de pesquisa na área. Sua especificidade torna a
interpretação de resultados sobre estado nutricional e relação com indicadores de
saúde um grande desafio, pelas dificuldades tanto no desenho de estudos
epidemiológicos sobre o envelhecimento, como na seleção de métodos e
indicadores adequados (WHO, 1995).
A antropometria tem sido utilizada preferencialmente para a avaliação
nutricional, por apresentar relação com o processo saúde-doença (WHO, 1995) e
vantagens operacionais sobre outros métodos como: relativa simplicidade, maior
adequação aos estudos de campo e maior possibilidade de comparações em
diferentes períodos históricos e populações diversas (Gibson, 1990).
1.3 Mudanças corporais na terceira idade
O envelhecimento é acompanhado de mudanças na maioria dos sistemas
orgânicos. As modificações corporais relacionadas ao envelhecimento incluem:
redução das estruturas celulares, água corporal, tonicidade, peso, estatura, massa
muscular e percentual de tecido muscular (Incalzi et al, 1996). Ocorre também
14
aumento (Bouchard et al., 1993) e redistribuição da gordura corporal (Paolisso et
al, 1995).
A perda da massa muscular está muito associada à redução da atividade
física. Estudo realizado com aposentados revela que os homens em países
desenvolvidos tendem a gastar uma maior quantidade de tempo em atividades
sedentárias, o que pode explicar a perda de massa magra relacionada a idade
(Patrick et al, 1982). Uma correlação significativamente negativa entre idade e
circunferência da panturrilha é notada em homens idosos, mas não em mulheres.
Isto pode ser devido à perda muscular geral em resposta à maior redução
reportada de atividade física entre homens (WHO, 1995), uma vez que as
mulheres, independentemente da idade, apresentam menor atividade física
(Gomes et al, 2000)
A taxa de declínio da estatura é de 1-2 cm/década e mais rápida para
idades mais avançadas (Eveleth & Turner, 1990). O declínio é usualmente
observado através da medida da estatura de um indivíduo sentado e é o resultado
da compressão da coluna vertebral, mudança na altura e forma dos discos
vertebrais, perda do tônus muscular e mudanças posturais. Adicionalmente, por
conta da redução da estatura nos idosos, o IMC fica influenciado por esta
modificação (WHO, 1995).
O peso se altera com a idade e o ganho de peso tende à estabilização dos
50 a 60 anos e geralmente declina após os 65 anos. Em mulheres, o aumento de
peso é frequentemente maior e a estabilização do peso ocorre cerca de 10 anos
mais tarde que nos homens (WHO, 1995).
O declínio da massa corporal e mudanças nos compartimentos continuam
até uma idade muito avançada. Um estudo longitudinal de composição corporal
em idosos examinados entre os 70 e 80 anos demonstrou a intensa perda de
massa corporal em ambos os sexos (7 kg em homens e 6 kg em mulheres),
15
sugerindo que o fato de pessoas muito idosas serem muito magras não seria
apenas devido à mortalidade seletiva das pessoas obesas (Steen, 1988). Segundo
o estudo, a redução da massa corporal correspondeu mais à perda de massa
muscular em homens e de gordura corporal em mulheres, enquanto que a
redução da água corporal foi a causa mais importante deste decréscimo na oitava
década de vida, com os homens apresentando menos de 60% e as mulheres
menos de 50% de água corporal. Contudo, mudanças ponderais involuntárias e
rápidas podem alertar para a presença de processos mórbidos ou estado
nutricional comprometido em idosos (Willett, 1997; Harris et al., 1997).
1.4 Índice de Massa Corporal (IMC)
A principal mudança no estado nutricional de idosos caracteriza-se por uma
alteração na composição corporal do indivíduo, especialmente no que se refere à
proporção de tecido adiposo. Dispõe-se hoje de recursos precisos para a medição
da gordura corporal que, de modo geral, são complexos e custosos, sendo mais
apropriados para uso clínico e individual.
Historicamente, referências que combinam um valor de massa corporal
para estatura são utilizadas para a obtenção da massa corporal ideal ou desejável,
definida como aquela associada com a menor mortalidade, morbidade e/ou melhor
qualidade de vida.
A necessidade de um indicador adequado para avaliações epidemiológicas
levou ao desenvolvimento de métodos indiretos, que expressam a proporção de
gordura. Estes indicadores indiretos baseiam-se principalmente na relação do
peso e a estatura. Um bom indicador indireto é aquele que seja independente da
estatura do indivíduo, isto é, que seja tão preciso para pessoas altas como para as
baixas e que se correlacione com outras medidas de gordura corporal. Análises de
grandes bancos de dados antropométricos foram realizadas, na tentativa de
16
encontrar a melhor relação peso/estatura que preenchesse os requisitos
mencionados (Coitinho et al., 1991).
A relação peso(kg)/estatura(m2) denominada de Índice de Massa Corporal
(IMC) tem sido reconhecida como o indicador que melhor avalia o estado
nutricional de adultos em estudos populacionais. Entretanto, a relação do IMC com
a massa gorda e muscular muda com a idade. Estudos transversais e longitudinais
de avaliação da composição corporal têm demonstrado mudanças como o declínio
da massa magra e acúmulo de gordura com o decorrer da idade. Dados do
National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) I e II, revelam que o
IMC é mais correlacionado com gordura subcutânea em jovens do que em idosos
(Miccozzi & Harris, 1990). Assim, o IMC pode ter diferentes significados em idosos
e jovens adultos e segundo a OMS (WHO, 1995), na avaliação do grupo de
idosos, o IMC deve ser utilizado para o rastreamento de grupos populacionais e
não como critério de diagnóstico individual.
Estudo longitudinal realizado em idosos nos EUA (Sorkin et al., 1999) revela
que a taxa de decréscimo na estatura é maior para mulheres do que homens.
Para ambos os sexos, a perda da estatura inicia-se aos 30 anos e acelera-se com
o aumento da idade. A perda de estatura entre as idades de 30 a 70 anos foi em
média de 3 cm para homens e 5 cm para mulheres; após os 80 anos, esta perda
foi de 5 cm para homens e 8 cm para mulheres. Segundo os autores, este grau de
perda de estatura leva a um aumento “artificial” no IMC de aproximadamente 0,7
kg/m 2 em homens e 1,6 kg/m2 em mulheres até os 70 anos quando aumenta para
1,4 e 2,6 kg/m2, respectivamente, na idade de 80 anos.
Grande parte dos trabalhos utilizados para a definição dos pontos de corte
da OMS (Organização Mundial de Saúde) foram importantes para consolidar na
área da avaliação nutricional o uso de índices de massa corporal, mas estes
analisaram dados referentes a populações adulta jovem ou de meia-idade. A
própria OMS destaca que os pontos de corte de IMC são recomendados para a
17
avaliação de idosos na faixa de 60 a 69 anos, havendo limitação para seu uso no
grupo acima de 70 anos (WHO, 1995).
Nos estudos longitudinais há uma tendência de associação positiva do IMC
e/ou massa gorda com a mortalidade. Contudo a magnitude desta associação
parece tornar-se menor com o aumento da idade. Assim, estudo longitudinal
prospectivo de 3741 idosos americanos na faixa de 71 a 93 anos, revelou uma
associação inversa entre IMC e dobras cutâneas e mortalidade (Kalmijn et al.,
1999). Bender et al (1999) em estudo longitudinal contemplando 6.193 pacientes
obesos (>36,6 kg/m2) na Inglaterra, indicam que a associação de obesidade com
mortalidade diminui com a idade para todos os níveis de obesidade. Análises, que
incluíram a avaliação de massa magra e gorda e o IMC em estudo de coorte com
787 homens (> 60 anos), revelam que indivíduos no 3o quinto de IMC
apresentaram menor risco relativo de mortalidade e que o IMC está associado
positivamente com massa gorda e negativamente com massa magra (Heitman et
al., 2000). Em estudo de seguimento realizado em uma amostra de 262.019
mulheres e 62.116 homens americanos, o IMC se associou positivamente com
mortalidade em homens e mulheres até 75 anos, mas o risco relativo associado
com maior IMC declinou com a idade (Stevens et al., 1998).
Vários pontos de corte têm sido sugeridos para expressar a melhor relação
do IMC com morbidade, mortalidade e/ou capacidade funcional em idosos. Alguns
autores propõem limites de normalidade de IMC maiores conforme o aumento da
idade, com o acréscimo de uma unidade a cada década principalmente em
mulheres (Bray, 1991).
A própria classificação proposta pela Organização Mundial de Saúde
(WHO, 1995) reconhece que não há consenso nas definições de pontos de corte
apropriados para idosos. Alguns autores destacam que o sobrepeso moderado
poderia associar-se à menor mortalidade em faixas etárias mais avançadas, dada
a grande incidência de morbidade que leva à perda de peso neste grupo. Assim, o
18
baixo-peso tem sido considerado mais relevante como preditor de risco de morte
em idosos (Andres, 1985; Matilla et al., 1986; Tayback et al., 1990; Campbell et
al., 1990; Heiat et al., 2001) do que o sobrepeso. Por outro lado, estudos têm
verificado aumento de risco em ambos extremos de massa corporal, mesmo
quando controlados por fumo, colesterol e pressão arterial. Nestes estudos, os
riscos relativos foram maiores para o baixo-peso do que para o sobrepeso (Harris
et al., 1988; Cornoni-Huntley et al., 1991).
Ainda nesta linha da redução do risco associado ao sobrepeso com a idade,
estudo realizado na Noruega, contemplando 1,7 milhões de indivíduos, constatou
uma associação entre IMC e mortalidade em formato de U, que se aplainava com
o aumento da idade. As causas de morte associadas com baixo IMC foram
tuberculose, doença obstrutiva pulmonar e câncer de estômago e pulmão. Aquelas
associadas com alto IMC foram doença cerebrovascular, doença cardiovascular,
diabetes e, em homens, câncer de colon. Em idosos, as faixas de IMC onde
ocorreu a menor mortalidade foram 21-27 para homens e 23-27 para mulheres
(Waaler, 1984; Waaler, 1988).
Uma associação em formato de U entre IMC e mortalidade também foi
reportada para jovens adultos filandeses (Rissanen et al., 1989). Restringindo-se
aos indivíduos com idade superior a 75 anos, maiores valores de IMC associaram-
se a menor taxa de mortalidade. Nas mulheres idosas, verificou-se pouca
variação da mortalidade com o IMC. Ainda nesta população, o sobrepeso não
reduziu a expectativa de vida em mulheres filandesas na idade de 65-75 anos
(Rissanen et al., 1991). De fato, um modesto grau de sobrepeso apresentou-se
como fator protetor para a morte. A faixa de IMC mais favorável foi de 27 - 31, que
é consideravelmente maior do a encontrada para a Norurega.
Estudo longitudinal realizado na Finlândia com 95 homens e 431 mulheres
acima de 85 anos revelou que baixo IMC foi um melhor preditor de risco para
morte do que alto IMC (Mattila et al., 1986). A maior mortalidade, em cinco anos
19
de seguimento, foi observada no grupo com IMC menor que 20 e a menor para o
grupo com IMC maior que 30, indicando que o sobrepeso não é fator de risco
neste grupo.
Em recente revisão sistemática de 13 estudos longitudinais, Heiat et al
(2001) avaliaram a associação entre IMC e mortalidade em idosos e concluiram
que idosos de ambos os sexos, com sobrepeso na faixa de 25 a 27 kg/m2, não
apresentaram risco aumentado de morte. Três estudos indicaram o sobrepeso (>
27 kg/m2) como fator prognóstico importante para mortalidade entre indivíduos de
64-74 anos, e um estudo mostrou uma associação significativamente positiva
entre sobrepeso (> 28 kg/m2) e mortalidade entre indivíduos com 75 anos ou mais.
Há que se considerar ainda que pequenas variações nos valores de IMC
usados como pontos de corte, seja para sobrepeso ou para baixo-peso, tem
grande impacto nas prevalências, como pode ser observado na comparação entre
diferentes indicadores de baixo-peso e sobrepeso baseados no IMC aplicados à
população adulta norte-americana (Sichieri et al., 1992; Kuczmarski et al., 1997).
Variações de prevalência de sobrepeso de até 100% nestas classificações
implicam em gastos consideráveis do Sistema de Saúde e com impacto
particularmente importante quando tratamos de idosos que são os grandes
usuários.
1.5 Magnitude e tendências de baixo-peso e sobrepeso em idosos no Brasil
Não há estudo em idosos que tenha comparado os três inquéritos
realizados no Brasil em relação aos idosos. Os dados existentes, que se referem
as diferentes faixas etárias, não levam em conta a mudança demográfica
importante entre idosos e utilizaram pontos de corte variáveis para definição de
baixo-peso. Assim, segundo o inquérito nacional de 1989 (PNSN) o baixo-peso já
se mostrava um problema grave para o grupo de idosos, tendo 20,7% dos idosos
20
e 17% das idosas apresentado baixo-peso. Em termos absolutos, o país tinha 1
milhão e 300 mil idosos com baixo-peso (Coitinho et al., 1991). Um outro estudo
utilizando este mesmo banco de dados revelou que 7,8% dos homens e 8,4% das
mulheres apresentaram déficit de massa corporal (IMC < 18,5 kg/m2). A
prevalência de baixo-peso atingiu percentuais de 13% na área rural (Tavares &
Anjos, 1999) .
Sichieri et al (1994) avaliando a variação temporal do IMC, apontam para a
redução da prevalência de baixo-peso (IMC < 20) de 30% para 20% em homens
idosos (> 65 anos) brasileiros no período de 1975-1989. As autoras relataram o
aumento do sobrepeso/obesidade, de 18% para 28%, em homens idosos no
período de 1975-1989.
Tavares & Anjos (1999), estudando indivíduos com idade igual ou superior
a 60 anos na PNSN (1989), revelaram que 30,4% dos homens e 50,2% das
mulheres apresentam algum grau de excesso de peso. Estudo recente avaliando a
variação temporal da obesidade nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, aponta
para o aumento do risco em idosos (> 65 anos) do sexo masculino no período de
1975-1997. Para o sexo feminino, a prevalência aumenta de 1975-1989, mas há
um declínio no período de 1989-1997 (Monteiro et al, 2000).
27
2. JUSTIFICATIVA:
A terceira idade é um período da vida dos indivíduos em que o estado
nutricional se associa diretamente com várias morbidades. Por um lado, o estado
nutricional é um dos mais importantes fatores de risco para doenças que se
manifestam nesta fase da vida, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Por outro lado, o estado nutricional sofre consequências destas mesmas
patologias. Cabe salientar, ainda, as importantes mudanças na composição
corporal que vão se acentuando entre os idosos.
No Brasil, tem-se demonstrado, cada vez mais, o aumento da prevalência
de sobrepeso e redução de baixo-peso em adultos e pouco se sabe sobre os
padrões de mudança mais recente do IMC em idosos brasileiros. Adicionalmente,
a realidade brasileira apresenta extrema heterogeneidade socioeconômica que
pode ser forte determinante dos agravos nutricionais encontrados em idosos.
Tanto o baixo-peso quanto o sobrepeso estão intimamente ligados a doenças
neste grupo, seja como fator de risco ou em consequência de doenças, sendo
importante aprofundar informações nutricionais para estabelecer práticas de
monitoramento.
As regiões Nordeste e Sudeste do Brasil concentram três quartos da
população brasileira, sendo as mais heterogêneas das regiões. Justifica-se,
portanto, descrever a variação temporal do índice de massa corporal de idosos
nestas regiões, de forma a contribuir com informações que auxiliem o
planejamento das ações de saúde voltadas para a terceira idade.
29
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Avaliar a variação temporal do IMC de idosos das regiões Nordeste e Sudeste
do Brasil.
3.2 Objetivos específicos
• Avaliar as prevalências de baixo-peso e sobrepeso em idosos das regiões
Nordeste e Sudeste do Brasil, segundo sexo, faixa etária, região geográfica e
situação de domicílio (urbano, rural), em três períodos de tempo: 1974/75,
1989 e 1996/97.
• Avaliar a variação temporal do IMC em idosos das regiões Nordeste e Sudeste
do Brasil, segundo sexo, faixa etária, região geográfica e situação de
domicílio, no período de 1974 a 1997.
31
4 - METODOLOGIA
Para a avaliação da evolução temporal do IMC foram utilizadas as
seguintes pesquisas: Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF, 1974/75),
Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN, 1989) e a Pesquisa sobre
Padrões de Vida (PPV, 1996/97). As duas primeiras são de abrangência
nacional, sendo que, no ENDEF, não foram pesquisados os estratos rurais não
metropolitanos das regiões Norte e Centro-Oeste e na PNSN, o Norte rural. A
PPV restringiu-se às regiões Nordeste e Sudeste. Assim, para fins de
comparação as análises foram restritas a essas regiões.
4.1 Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF, 1974/75)
A Pesquisa de orçamento familiar cobre ampla faixa de dados
socioeconômicos, com ênfase em informações sobre o consumo alimentar.
Conduzida pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
em convênio com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura (FAO), objetivou a obtenção de um fluxo mais completo das
estatísticas sociais. O ENDEF (1974/75) foi conduzido no período de agosto de
1974 a agosto de 1975. O entrevistador visitou cada uma das famílias por oito
dias consecutivos, para pesar e registrar os dados de consumo alimentar e
antropometria (Vasconcellos, 1983).
Amostragem
O desenho da amostra utilizado no ENDEF é probabilístico e com quatro
estágios de seleção para os domicílios não auto-representativos: municípios,
setores censitários, subsetores e domicílios; ou três estágios de seleção para os
municípios auto-representativos: setores censitários, subsetores e domicílios.
Para efeito de representatividade e de seleção da amostra, o Brasil foi dividido em
sete regiões, assim constituídas: 1. Estado do Rio de Janeiro; 2. Estado de São
Paulo; 3. Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; 4. Estados de
32
Minas Gerais e Espírito Santo; 5. Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio grande
do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia; 6. Distrito Federal; e
7. Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, 8. Estados do Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Tocantins.
Os municípios foram divididos em auto-representativos e não auto-
representativos. Foram considerados auto-representativos os seguintes
municípios:
1. das capitais de Estados e territórios;
2. pertencentes às regiões metropolitanas (definidas pela Lei
Complementar no 14 de 18/06/73) e;
3. todos cuja população, em 01/09/70 (data de referência do Censo
Demográfico de 1970), não era menor que o valor do corte
populacional (valor de população que assegura a seleção do município
na amostra) calculado para cada região (Vasconcellos, 1983).
Todos os municípios auto-representativos foram incluídos na amostra. Os
municípios não auto-representativos, foram agrupados em estratos geográficos
(formados por municípios adjacentes) que respeitavam os limites de microrregiões
homogêneas. A probabilidade de seleção nestes municípios foi proporcional à sua
população em 01/09/70. Foram selecionados 846 municípios entre auto-
representativos e não auto-representativos (Vasconcellos, 2001).
Nos setores censitários selecionados, foi feita a operação de contagem
rápida, que consistia na contagem dos domicílios particulares (e de moradores em
domicílios coletivos) do setor censitário e na sua divisão em áreas menores
denominadas subsetores de aproximadamente 50 domicílios. Os setores
censitários foram selecionados com probabilidade proporcional ao seu número de
domicílios particulares, no censo demográfico de 1970, e os subsetores, de
acordo com a probabilidade proporcional ao seu número de domicílios
particulares, neste mesmo censo. Ao todo, foram selecionados 4.602 setores e
9.795 subsetores censitários (Vasconcellos, 1983).
33
Em cada subsetor selecionado (denominado área de listagem), foi feita
uma listagem das estruturas residenciais e não residenciais para estabelecer o
cadastro básico sobre o qual foram selecionados os domicílios. A seleção de
domicílios foi sistemática, com início aleatório. Foram selecionados 63.866
domicílios e, devido à recusa em 1.009 (1,6%) e à perda de 8.534 (fechados, não
particulares, vagos ou não habitáveis), foram efetivamente entrevistados 54.323
domicílios. Alguns destes foram retirados da amostra, após a análise de
consistência, sendo o número de domicílios pesquisados de 53.311(Vasconcellos,
2001). Nestes, constam 13.923 idosos residentes nas regiões Nordeste e
Sudeste. O fator de expansão expande para a população vigente em 1/02/1975.
Esquema 1: Fluxo da amostra do ENDEF (1975)
846 municípios
4.602 setores censitários
9.795 subsetores
77.477 domicílios listados
63.866 domicílios selecionados
1.009 recusas 8.354 perdas 1.012 retirados
53.311 domicílios entrevistados
13.923 idosos (regiões NE e SE)
34
Medida do peso e estatura no ENDEF (1974/75)
Para a tomada do peso, o entrevistador utilizou balança mecânica, do tipo
balança de banheiro, com capacidade máxima de 125 kg (IBGE, 1974). As
balanças foram aferidas pelo Instituto Nacional de Pesos e Medidas. Os
indivíduos foram pesados sem sapatos, em seus domicílios. O peso foi registrado
em quilos, desprezava-se as frações inferiores a 500 gramas e, para as frações
iguais ou maiores a 500 gramas, arredondava-se para a unidade superior. Já a
estatura foi registrada em centímetros e, desprezava-se as frações inferiores a 5
milímetros. (Vasconcellos, 1983).
4.2 Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN, 1989)
Conduzida pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), associado
à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e ao Instituto de
Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), com o intuito de descrever a condição
de nutrição e saúde da população brasileira no seu contexto sócio-econômico na
base de uma amostra probabilística de abrangência nacional. A PNSN (1989) foi
conduzida no período de junho a setembro de 1989, sendo que 99% das
entrevistas ocorreram nos meses de julho e agosto (INAN, 1990).
Amostragem
A amostra da PNSN abrange as cinco grandes macrorregiões do país,
excluindo apenas o Norte rural, de difícil acesso. Na sua estrutura, a amostra
inclui a investigação de 17.920 domicílios, encontrados em 486 setores
censitários. A população pesquisada foi de 63.123 pessoas de todas as idades,
residentes em 363 municípios brasileiros.
A amostra de seleção e probabilística, foi independente por macrorregião e
situação (urbano e rural), contou com dois estágios de seleção e fornece
35
estimativas da população brasileira e de suas características para os anos de
1980 (PNSN) e 1989 (IBGE).
Para as cinco grandes regiões e as duas situações de domicílio, excluído
apenas o Norte rural, obtém-se 9 estratos geográficos. Cada estrato geográfico da
pesquisa tornou-se um estrato da amostra e, em média, cada estrato contém
observações sobre 54 setores censitários, 1.991 domicílios e 7.024 pessoas.
Em cada estrato da amostra, procedeu-se ao primeiro estágio de seleção,
referente aos setores censitários. Depois de ordenar os setores censitários
segundo sua renda domiciliar mensal média em 1980, seguiu-se uma seleção
sistemática de setores, com probabilidades proporcionais ao número de
domicílios existentes em 1980.
Cada âmbito da amostra foi previamente estratificado em três grupos
socioeconômicos, resultando em 27 estratos em todo o país (9 âmbitos X 3
estratos). Para cada um destes, foram sorteados, em média, 18 setores
censitários, perfazendo um total de 486 setores. Este procedimento constituiu-se
na primeira etapa de seleção da amostra. Todos os 486 setores censitários foram
devidamente listados.
Numa segunda etapa, em cada setor censitário, selecionou-se 30
domicílios, em média, totalizando 17.920 domicílios, com probabilidades
proporcionais ao número de domicílios no setor. Destes, 1.680 apresentavam-se
em condições de serem habitados, mas estavam vagos ou ocupados,
exclusivamente, por pessoas não abrangidas pela pesquisa (ex.: hotéis, hospitais
, asilos e similares). Excluiu-se, também, a população residente em aldeias
indígenas. A amostra definitiva foi composta de 16.262 domicílios. O número de
recusas foi de apenas 55 domicílios e em 1.752 (10,8%) não foi possível localizar
os ocupantes ou não havia moradores (casa em reformas, ruínas ou de uso
ocasional). Na PNSN foram pesquisados efetivamente 14.555 domicílios, 63.200
pessoas de todas as idades, sendo 4.650 idosos em todo o Brasil e 2.326 idosos
nas regiões Nordeste e Sudeste.
36
A não-resposta para as variáveis peso e estatura foi extremamente
reduzida. Apenas 1.144 (2%) de todos os indivíduos entrevistados, não foram
medidos.
Medida de peso e estatura na PNSN (1989)
As medidas de peso e estatura foram coletadas no domicílio do
entrevistado, por uma dupla de entrevistadores treinados
(antropometrista/anotador). As medidas foram tomadas com as pessoas usando
roupas leves e com os pés descalços. As balanças eram calibradas em cada
domicílio e, para cada pessoa, o peso era mensurado duas vezes. Para a
obtenção do peso, foi utilizada uma balança microeletrônica portátil, da marca
nacional Filizola com capacidade de 150 kg e precisão de 100g. O peso foi
registrado em quilogramas (kg) e uma casa decimal. Para a aferição da estatura
foi utilizada uma fita métrica com precisão de 0,1 cm, afixada numa superfície
plana e vertical do domicílio. A estatura foi registrada em centímetros e uma casa
decimal (INAN/IPEA/IBGE, 1988).
37
Esquema 2: Fluxo da amostra da PNSN (1989)
9 estratos geográficos
27 estratos geográficos e de renda
486 setores censitários
17.920 domicílios
1.658 55 1.752
(vazios/instituições) (recusa) (sem moradores)
14.455 domicílios
63.213 indivíduos
4.650 idosos
2.326 idosos (regiões NE e SE)
38
4.3 Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV, 1996/97)
Levantamento multitemático, integrado em uma mesma amostra de
domicílios. A PPV foi conduzida pelo IBGE, em convênio com o Banco Mundial,
com o objetivo de fornecer informações adequadas para o planejamento,
acompanhamento e análises de políticas econômicas e programas sociais, em
relação aos seus impactos nas condições de vida domiciliar, em especial nas das
populações mais carentes.
A PPV (1996/97) foi conduzida de março de 1996 a março de 1997. O
questionário da pesquisa foi aplicado em duas visitas ao mesmo domicílio em um
intervalo de duas semanas.
Amostragem
A PPV (1996/97) foi realizada nas regiões Nordeste e Sudeste do país. A
amostragem em duas etapas tem como unidade primária de amostragem os
setores do censo demográfico de 1991 e a unidade de secundária é o domicílio.
As unidades primárias de amostragem foram obtidas através de
estratificações, que foram realizadas em duas etapas. A primeira resultou na
definição de 10 estratos geográficos: Região Metropolitana de Fortaleza, Região
Metropolitana do Recife, Região Metropolitana de Salvador, o restante da área
urbana do Nordeste, o restante da área rural do Nordeste, Região Metropolitana
de Belo Horizonte, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Região Metropolitana
de São Paulo, o restante da área urbana do Sudeste e o restante da área rural do
Sudeste. A segunda estratificação considerou as informações sobre a renda
média mensal do chefe do domicílio, obtida no Censo Demográfico 1991. Cada
estrato geográfico foi subdividido em 3 níveis de renda, perfazendo um total de
30 estratos geográficos e de renda.
39
O tamanho da amostra para cada estrato geográfico foi fixado em 480
domicílios. Em cada estrato geográfico, foi fixado em aproximadamente 60, o
número de setores a serem selecionados e foram sorteados 8 domicílios em cada
setor. Para os dois estratos rurais (Quadro 1) fixou-se em 30 o número de setores
e em 16 o número de domicílios a serem selecionados, conforme quadro que
segue e que foi parte do plano de amostragem da PPV. Obteve-se assim, uma
amostra de 4.944 domicílios e 19.409 indivíduos, sendo 1.661 idosos.
Medida do peso e estatura na PPV (1996/97)
Foram avaliadas, na segunda visita ao domicílio, por entrevistadores
treinados, com o indivíduo vestindo roupas leves. Utilizou-se balança
microeletrônica de origem dinamarquesa, marca Seca, modelo 890, calibrada até
150 kg, que permitiu o registro do peso com precisão de 100 gramas (IBGE,
1998).
Para a estatura, os indivíduos foram mensurados em posição vertical,
devidamente encostados numa superfície vertical, lisa e plana. Foram utilizados
microestadiômetros, que permitiram o registro da estatura, em uma única medida,
com precisão de décimos de centímetros.
40
Quadro 1 - Número de domicílios esperados na amostra e fração amostral de
domicílios, por estrato geográfico e estrato de renda. Pesquisa sobre padrões de
vida (PPV, 1996/97).
Estrato Geográfico Estrato de RendaNúmero desetores naamostra
Número dedomicílios
esperados naamostra
Fraçãoamostral
domicílios(por 10.000)
1 – RM Fortaleza
I II III
46 11 5
368 88 40
9,85 10,22 10,83
2 – RM Recife
I II III
45 9 7
360 72 56
7,32 7,41 8,00
3 – RM Salvador
I II III
46 9 6
368 72 48
8,49 8,61 9,38
4 – Restante Nordeste Urbano
I II III
47 11 3
376 88 24
1,22 1,22 1,30
5 – Restante Nordeste Rural
I II III
26 5 2
416 80 32
1,48 1,82 7,42
6 – RM Belo Horizonte
I II III
45 11 6
360 88 48
5,94 6,26 6,33
7 – RM Rio de Janeiro
I II III
44 10 7
352 80 56
1,80 1,81 1,91
8 – RM São Paulo
I II III
44 12 5
352 96 40
1,23 1,23 1,21
9 – Restante Sudeste Urbano
I II III
33 20 8
264 160
64
0,71 0,72 0,75
10 – RestanteSudeste Rural
I II III
19 9 3
304 144
48
3,10 3,20 3,96
Total
I II III
------------- Total
395 107 52
------ 554
3.520 968 456
---------- 4.944
2,03 1,77 2,21
--------- 1,99
Fonte: [CD-ROM]. Documentação. Rio de Janeiro (IBGE, 1998).
41
Esquema 3: Fluxo da amostra da PPV (1996/97)
10 estratos geográficos
30 estratos geográficos e de renda
554 setores censitários
4.944 domicílios
19.409 indivíduos
1.661 idosos (regiões NE e SE)
42
4.4 População de estudo
Este estudo restringiu-se aos indivíduos com idade igual ou superior a 60
anos, de ambos os sexos, residentes nas regiões Nordeste e Sudeste do país e
participantes das pesquisas: Estudo Nacional de Despesas Familiares (ENDEF,
1975), Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN, 1989) e a Pesquisa sobre
Padrões de Vida (PPV, 1996/97).
4.5 Variáveis e Índice estudados
O índice de massa corporal (IMC) é expresso pela relação do peso em
quilogramas (kg) dividido pela estatura em metros ao quadrado (kg/m2). A
Organização Mundial de Saúde (WHO,1998) propõe que sejam considerados os
seguintes pontos de corte: baixo-peso igual ou abaixo de 18,5 kg/m2, faixa normal
de 18,6 a 24,9 kg/m2 e sobrepeso igual ou acima de 25 kg/m2. A análise para o
IMC nos 3 inquéritos foi estratificada por faixa etária, sexo, região geográfica e
situação de domicílio.
Nas três pesquisas calculou-se a idade a partir do mês e ano do nascimento
das pessoas. Os idosos foram classificados quanto à idade, de acordo com a
recomendação da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995), em idosos de:
60 a 69 anos; 70 a 79 anos; e 80 anos ou mais.
A taxa de não resposta para o IMC em idosos foi de 21,1% em 1975, 0,8% em
1989 e 8,8% em 1997. A alta taxa de não resposta em 1975 decorre da exclusão
de todos os moradores para os quais não houvesse todos os dados
antropométricos.
O IMC utilizado como variável contínua e como variável categórica. Para os
cálculos de prevalência de baixo-peso e sobrepeso, a referência foi os pontos de
corte para IMC propostos pela OMS (WHO, 1995).
43
Para a avaliação da evolução temporal, o IMC como variável contínua, foi
ajustado por idade, e a variável para o inquérito (quadro 2) foi analisada como: .
1. variável numérica, assumindo os valores 75, 89 e 97, mantendo o intervalo
de anos entre as pesquisas;
2. variável categórica, com a inclusão de duas variáveis indicadoras na
pesquisa, sendo 75 o valor de referência;
3. variável categórica, com a inclusão de duas variáveis indicadoras na
pesquisa, sendo 1989 o valor de referência, quando se tem interesse na
variação entre 1989 e 1997.
44
4.6 Análise dos dados
A evolução do estado nutricional dos idosos foi avaliada através das
comparações das prevalências de baixo-peso e sobrepeso; das distribuições, das
médias e das estimativas (β) de aumento do IMC, estimados para cada inquérito.
Todas as análises foram expandidas para a população idosa das regiões
Nordeste e Sudeste do Brasil. Para cada inquérito utilizou-se o fator de expansão
(inverso da probabilidade de seleção), correspondente. No ENDEF (1974/75) e na
PNSN (1989) a variável de expansão para a antropometria está corrigida para as
perdas de peso e estatura. No ENDEF, foram excluídos todos os domicílios que
não incluíram a totalidade dos moradores. Assim, existe no banco de dados 977,
idosos com valores de peso e altura que, contudo, foram excluídos porque a
expansão corrigiu para estes indivíduos, que foram considerados como perdas.
Estes casos estão como missing para a variável de expansão. Para a PPV
(1996/97) utilizou-se a variável de expansão da amostra tendo em vista a
substituição de domicílios (amostra reserva), devido a recusas, domicílios vagos
ou fechados, na realização da entrevista. Na PNSN, utilizou-se a variável de
expansão para antropometria IBGE, que expande a amostra para a população em
1989.
Pressupondo que houve aumento da prevalência de sobrepeso em idosos
ao longo do tempo, como demonstrado em outras pesquisas (Monteiro et al.,
2000; Sichieri et al., 1994 e Coitinho et al., 1991), as curvas de distribuição do
IMC para os três inquéritos serão apresentadas de forma a visualizar se a curva
moveu-se como um todo, ou se houve uma maior dispersão à direita dos valores
de IMC.
Para investigar a magnitude e a significância das mudanças na distribuição
do IMC através das pesquisas, corrigindo para a amostragem complexa dos três
inquéritos, foi realizado modelo de regressão linear através do procedimento proc
surveyreg (SAS, 2000) em SAS (Statistical Analysis System). Para tanto foi
elaborado um único banco de dados com todos os indivíduos estudados nos três
45
inquéritos, contendo uma variável para os inquéritos (Quadro 2). No modelo de
regressão linear, ajustado por idade, o IMC é a variável dependente e a variável
para o inquérito ou a indicadora da pesquisa, a independente.
Para comparar as pesquisas considerando seu desenho complexo e, tendo
em vista que os desenhos não são similares, com diferentes estratificações e de
dois a quatro estágios de seleção, os setores censitários foram classificados em
decis de renda familiar per capita. As análises foram conduzidas utilizando a
classificação em decil dos setores e os setores censitários, na forma apresentada
nos inquéritos, como conglomerado. Este procedimento foi comparado a um
procedimento mais simples, de utilizar somente o setor censitário como
conglomerado. Como os dois procedimentos não mostraram efeitos diferentes, as
análises estão apresentadas utilizando os setores censitários dos inquéritos. A
unidade primária de amostragem (setor censitário) foi aninhada ao estrato que é a
variável para o inquérito. Assim, o estimador da variação do IMC (â) no período,
os p valores e os intervalos de confiança foram calculados, considerando o
desenho complexo da amostra.
Quadro 2 – Simulação do banco de dados.
Variável inquérito Ano do Inquérito Setor censitário Idade Sexo
75
.
89
.
97
.
1974/75
.
1989
.
1996/97
.
0000
.
0000
.
0000
.
65
.
88
.
70
.
1
.
2
.
2
.
47
VARIAÇÃO TEMPORAL DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM IDOSOS:
ESTUDO NAS REGIÕES NORDESTE E SUDESTE DO BRASIL
Adriana Simone da Cunha
Rosely Sichieri
Endereço para correspondência:
Adriana Simone da Cunha
Estr. dos Bandeirantes, 8.325, bloco 5, apartamento 902. Jacarepaguá, Rio de
janeiro, RJ. CEP: 22783115.
Email: cunha@ims.uerj.br / cunhaas@ig.com.br
Palavras chave: tendência temporal, idosos, Indice de Massa Corporal;
sobrepeso e baixo-peso; Brasil.
48
5.1 RESUMO
(Introdução) No Brasil, não se conhecem as prevalências mais recentes de
baixo-peso e sobrepeso em idosos, bem como a variação temporal do Índice de
Massa Corporal (IMC - kg/m2). O presente trabalho se propõe a preencher parte
desta lacuna ao avaliar a variação temporal do IMC em idosos das regiões
Nordeste e Sudeste do Brasil. (Metodologia) Para a análise da variação temporal
do IMC utilizaram-se três inquéritos domiciliares: o Estudo Nacional de Despesa
Familiar (ENDEF, 1975), a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN,
1989) e a Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV, 1997). O ENDEF (1974/75) e a
PNSN (1989) são inquéritos de abrangência nacional e a PPV (1997) restringe-se
às regiões Sudeste e Nordeste. Assim, a análise deste estudo se restringiu a
estas regiões e foi estratificada por: região (Nordeste ou Sudeste), situação de
domicílio (rural ou urbano), sexo e faixa etária (60-69, 70-79, > 80). A evolução do
estado nutricional dos idosos foi avaliada através da comparação das curvas de
distribuição do IMC e das prevalências de baixo-peso (IMC < 18,5 kg/m2) e
sobrepeso (IMC > 25 kg/m2) estimados para cada inquérito. Para avaliar a
magnitude e a significância estatística no aumento do IMC, foi realizada análise
de regressão linear que considerou o desenho complexo da amostra. Utilizou-se o
procedimento proc surveyreg em SAS (Statistical Analysis System) que permite
considerar os fatores de expansão de cada pesquisa e o desenho amostral.
(Resultados) No período de 1975 a 1997, a prevalência de baixo-peso diminuiu
em 70% para as mulheres e em 50% para os homens. Em 1997, atingiu 4,8%
para as mulheres e 6,8% para os homens. O sobrepeso aumentou em 100% para
os homens e em 50% para as mulheres (36,0% em homens e 49,1% em
mulheres em 1997). Embora tenha ocorrido uma importante redução na
prevalência de baixo-peso, estes percentuais apresentam-se ainda elevados na
região Nordeste (14%) para ambos os sexos. Ainda neste período, o aumento no
IMC (β) foi significativo para os diferentes grupos etários, com exceção de
homens com 80 anos ou mais, cujo valor p foi limítrofe (p= 0,05). Observou-se um
maior aumento (β) do IMC para as mulheres do que para os homens, sendo que
para estes não houve uma diferença importante entre as áreas e regiões (β =
0,08, Sudeste urbano; β = 0,07, Sudeste rural; β = 0,07, Nordeste Urbano; 0,05,
49
Nordeste Rural). Para as mulheres o maior aumento ocorreu no Nordeste rural (β
= 0,15). Quando se considera os intervalos entre as pesquisas (1975-1989 e
1989-1997), o incremento no IMC (β) mostrou-se significativo somente no período
de 1975 a 1989, com exceção do grupo de homens do Sudeste rural, que foi o
único grupo com aumento significativo no período mais recente (1989 – 1997).
(Conclusões) Não há tendência recente (1989-1997) de aumento do sobrepeso,
com exceção dos homens do Sudeste rural. Contudo, há uma alta prevalência de
sobrepeso entre idosos. O baixo-peso ainda é um importante agravo nutricional
no Nordeste rural.
50
5.2 ABSTRACT
(Objective) To evaluate body mass index (BMI - kg/m2) trend in the elderly (> 60
y) in the Northeast and Southeast regions of Brazil. (Method) Three cross-
sectional randomly selected samples of households from Brazilian surveys were
included in this study: the “Estudo Nacional de Despesa Familiar” (ENDEF, 1975),
the “Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição” (PNSN, 1989) and the “Pesquisa
sobre Padrão de Vida” (PPV, 1997). The ENDEF (1974/75) and the PNSN (1989)
were nationwide surveys, while PPV (1997) was restricted to the Southeast and
Northeast regions. Thus, the analyses of this study covered only Southeast and
Northeast regions. Prevalences of underweight (BMI < 18,5 kg/m2) and overweight
(BMI > 25 kg/m2) were estimated for each survey taking into account the sample
weights and the complex design of the sample. Changes in the BMI distribution
were evaluated through linear regression by using the proc surveyreg procedure in
SAS (Statistical Analysis System). All analysis was stratified by sex, region
(Southeast and Northeast) and area rural and urban. (Results) From 1975 to
1997, the prevalence of underweight decreased 70% for women and 50% for men.
In 1997, the prevalence of underweight reached 4.8% for women and 6.8% for
men, whereas the prevalence of overweight increased 100% for men and 50% for
women, reaching 36.0% in men and 49.1% in women in 1997. The increase in
BMI in the period from 1975 to 1989 was significant for all subgroups, except for
the men living in the rural area of Southeast. This group was the only one that
presented a significant increase in the BMI in the 1989-1997 period. Although
there was an important reduction in the prevalence of underweight, these
percentages were still high in the Northeast region for both sexes in 1997 (14%).
There was a higher BMI increase (β) for women than for men, although for men
there was not important difference between areas and regions (β = 0.08, urban
Southeast; β = 0.07, rural Southeast; β = 0.07, urban Northeast; β = 0.05, rural
Northeast). The BMI increase was the highest for women living in the rural
Northeast (β = 0.15). The BMI increase in the whole period (1975-1997) was
significant for the three age groups (60-70, 70-80, and > 80), except for eighty-
year and older men, whose p value was borderline (p = 0.05). (Conclusions)
There was a high prevalence of overweight among elderly, particularly among
51
women, however there was no trend of increasing BMI in the last period except for
men living in the rural area of Southeast. Underweight is still an important
nutritional problem in the Northeast.
52
5.3 INTRODUÇÃO
A faixa etária de 60 anos ou mais, representa mais de 8 % da população
brasileira, com um número absoluto maior que 14 milhões (IBGE, 2002). As
projeções demográficas revelam que no ano de 2025 o grupo de idosos
corresponderá a 15% da população brasileira (32 milhões). Este crescimento é o
mais acelerado do mundo (1,1514%) e só comparável ao do México e da Nigéria
(UNO, 1985b). Espera-se também que no ano de 2020, cerca de 70% da
população idosa mundial esteja em países em desenvolvimento, com um número
absoluto maior que 700 milhões.
A terceira idade é um período da vida dos indivíduos em que o estado
nutricional se associa diretamente com várias morbidades. Por um lado, o estado
nutricional é um dos mais importantes fatores de risco para doenças que se
manifestam nesta fase da vida, como o diabetes tipo 2 e as doenças
cardiovasculares. Por outro lado, o estado nutricional sofre consequências destas
mesmas patologias. Cabe salientar, ainda, as importantes mudanças na
composição corporal que vão se acentuando entre os idosos.
No Brasil, tem-se demonstrado, cada vez mais, o aumento da prevalência
de sobrepeso e redução de baixo-peso em adultos. Contudo, pouco se sabe
sobre os padrões de mudança mais recente do IMC em idosos brasileiros.
Adicionalmente, a realidade brasileira apresenta extrema heterogeneidade
socioeconômica que pode ser forte determinante dos agravos nutricionais
encontrados em idosos. As regiões Nordeste e Sudeste do Brasil concentram três
quartos da população brasileira, sendo as mais heterogêneas das regiões. Assim,
o presente trabalho se propõe a avaliar a variação temporal do Índice de Massa
Corporal (IMC - kg/m2) em idosos das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, de
forma a contribuir com informações que auxiliem o planejamento das ações de
saúde.
53
5.4 METODOLOGIA
Para a avaliação da evolução temporal de baixo-peso e sobrepeso foram
utilizadas as seguintes pesquisas: Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF,
1974/75), Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN, 1989) e a Pesquisa
sobre Padrões de Vida (PPV, 1996/97). As três pesquisas foram conduzidas pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) e para estas foi utilizado o
desenho da amostra estratificado (multi-estágios) por conglomerado. Para o
ENDEF, não foram pesquisados os estratos rurais não metropolitanos das regiões
Norte e Centro-Oeste e na PNSN, o Norte rural. A PPV restringiu-se as regiões
Nordeste e Sudeste. Assim, para fins de comparação, as análises foram restritas
a estas regiões.
A medida de peso e estatura foi realizada de forma similar nas três
pesquisas. Indivíduos treinados utilizaram balanças calibradas (mecânica em
1975 e microeletrônica em 1989 e 1997) com os indivíduos vestindo roupas leves
e sem sapatos. Para a classificação do estado nutricional utilizou-se o Índice de
Massa Corporal (IMC - kg/m2) e os pontos de corte propostos pela OMS (WHO,
1998): baixo-peso = < 18,5 kg/m2, faixa normal = 18,5 – 25,0 kg/m2, sobrepeso =
> 25,0 kg/m2.
Todas as análises foram expandidas para a população idosa das regiões
Nordeste e Sudeste. Para cada inquérito, utilizou-se o fator de expansão
correspondente. No ENDEF (1974/75) e na PNSN (1989), a variável de expansão
para a antropometria está corrigida para as perdas de peso e estatura. No
ENDEF, foram excluídos todos os domicílios que não incluíram a totalidade dos
moradores, porque a expansão está corrigida para estes indivíduos.
A evolução do estado nutricional dos idosos foi avaliada através da
comparação da distribuição do IMC e das prevalências de baixo-peso e
sobrepeso estimados para cada inquérito. Para investigar a magnitude e a
significância das mudanças na distribuição do IMC através das pesquisas,
corrigindo para a amostragem complexa dos três inquéritos, foi realizado modelo
54
de regressão linear através do procedimento proc surveyreg (Statistical Analysis
System - SAS, 2000), com todas as análises estratificadas por sexo, região e
áreas urbana e rural.
55
5.5 RESULTADOS
Nas três pesquisas, o número de mulheres foi maior do que o de homens.
Assim, em 1975, 42,3% dos idosos eram do sexo masculino e 52,7% do sexo
feminino. Já em 1989, estes percentuais foram de 44,1% e 55,9% e, em 1997, de
44,9% e 55,1%, respectivamente (tabela 1).
Observou-se um aumento do percentual de idosos nas faixas etárias mais
avançadas para ambos os sexos. Assim, os idosos acima de 80 anos que
representavam 6,9% (homens) e 8,6% (mulheres) da população idosa em 1975,
passaram a corresponder a 11,4% (homens) e 14,6% (mulheres) em 1997 (tabela
1).
Tabela 1 - Distribuição (%) dos idosos residentes na região Nordeste e Sudeste
do Brasil, segundo faixa etária e sexo. (ENDEF – 1974/75, PNSN - 1989, PPV –
1996/97).
Homem (%) Mulher (%)Faixa etária
1975
(N=5.102)
1989
(N=1.080)
1997
(N=662)
1975
(N=5.887)
1989
( N=1.228)
1997
( N=853)
60-69 anos 65,4 61,4 57,6 62,7 59,7 55,1
70 a 79 aos 27,7 29,3 31,0 28,7 29,8 30,4
Acima de 80 anos 6,9 9,3 11,4 8,6 10,6 14,6
> 60 anos 42,3 44,1 44,9 52,7 55,9 55,1
56
A prevalência de baixo-peso ao longo das pesquisas reduziu-se
intensamente, com exceção para os homens do Nordeste rural onde a
prevalência era de 14,3% em 1975 e passou para 13,1% em 1997. Assim, a
prevalência de baixo-peso passou de 27% para 7% nas mulheres do Nordeste
urbano e de 20% para 6% nos homens do Sudeste rural. As prevalências de
baixo-peso em mulheres foram sempre maiores na região Nordeste (23,5% em
1975; 11,8% em 1989; e 9,2% em 1997) do que a na região Sudeste (11,5% em
1975; 6,0% em 1989; e 2,4% em 1997). Para os homens, as diferenças foram
menos acentuadas. Em relação à faixa etária, para quase todas as regiões e
áreas geográficas, a prevalência de baixo-peso aumentou com a idade (tabela 2).
Confirmou-se a predominância de baixo-peso nas áreas rurais nos três
períodos estudados, em todas as regiões e para ambos os sexos. A pior situação
foi verificada em mulheres no Nordeste rural, cujos percentuais de baixo-peso
foram de 28,6% em 1975, 17,7% em 1989 e 14,1% em 1997 (tabela 2).
57
Tabela 2 - Prevalência expandida de baixo-peso (OMS, 1995) segundo região, situação
de domicílio, sexo e faixa etária em idosos (> 60 anos) residentes nas regiões Nordeste
e Sudeste do Brasil. ENDEF (1975), PNSN (1989) e PPV (1997).
Homem (%)
(<18,5 kg/m2)
Mulher (%)
( <18,5 kg/m2)
Regiões e faixa
etária1975
(N=4.613)
1989
(N=1.080)
1997
(N=662)
1975
(N=5.402)
1989
( N=1.228)
1997
( N=853)
Nordeste 14,1 8,7 8,2 23,5 11,6 9,2
Rural (N) (976) (330) (98) (961) (285) (100)
60 - 69 anos 13,9 10,3 11,1 27,5 17,7 7,9
70 - 79 aos 15,6 11,6 19,9 29,9 17,4 21,0
Acima de 80 anos 12,4 13,1 - 32,5 18,6 28,3
> 60 anos 14,3 11,0 13,7 28,6 17,7 14,1
Urbano (N) (1.027) (274) (214) (1.391) (380) (317)
60 - 69 anos 12,6 4,6 0,5 15,0 6,5 6,9
70 -79 anos 15,5 9,7 11,8 18,0 9,6 6,2
Acima de 80 anos 15,4 5,0 1,5 25,5 12,5 6,5
> 60 anos 13,7 6,6 4,2 16,8 8,3 6,6
Sudeste 13,9 6,8 5,9 11,5 6,0 2,4
Rural (N) (711) (271) (73) (616) (264) (67)
60 - 69 anos 18,1 15,8 5,0 19,0 7,8 2,5
70 -79 anos 22,8 18,3 5,7 27,2 14,6 8,7
Acima de 80 anos 39,0 19,6 9,9 15,0 28,7 26,0
> 60 anos 20,7 16,8 5,6 21,0 11,2 6,1
Urbano (N) (1.899) (205) (277) (2.434) (299) (369)
60 - 69 anos 10,2 2,3 4,4 7,1 2,6 1,5
70 - 79 anos 13,6 10,2 7,7 12,7 11,3 2,4
Acima de 80 anos 9,8 5,5 9,3 9,6 4,5 4,5
> 60 anos 11,1 4,6 6,0 9,0 5,2 2,1
Total 14,0 7,7 6,8 16,1 8,3 4,8
58
Situação inversa ao que ocorreu com o baixo-peso observou-se para o
sobrepeso tendo as prevalências praticamente dobrado no período de 1975 a
1997. Na pesquisa mais recente, 36,0% dos idosos e 49,1% das idosas
apresentaram sobrepeso. A magnitude do sobrepeso foi sempre mais elevada
para as mulheres nas três pesquisas. Entretanto, o aumento foi maior entre os
homens do que entre as mulheres. Para os homens, houve aumento crescente,
entre as três pesquisas, na prevalência de sobrepeso, independente de região e
área, sendo que o maior aumento ocorreu no Nordeste rural (192%) e o menor no
Sudeste urbano (53,1%). Já para as mulheres, este tipo de aumento ocorreu
apenas no Nordeste rural (172,2%) e urbano (67,3%); no sudeste rural (22,8% -
1975; 38,8% - 1989; 38,9% - 1997) houve estagnação e no sudeste urbano
(45,6% - 1975; 59,2% - 1989; 52,2% - 1997) diminuição nas prevalências de
sobrepeso, quando se considera as pesquisas mais recentes. Há uma tendência
de diminuição das prevalências de sobrepeso, ao contrário do que se observou
para o baixo peso (tabela 3).
Ainda em relação ao sobrepeso, a comparação entre os três estudos
nacionais indica que os diferenciais por sexo aumentam (15,0% – 20,8%) no
período de 1974 a 1989 e diminuem (20,8% - 13,1%) no período de 1989 a 1997.
No período de 15 anos (1975 – 1989), a prevalência de sobrepeso para os
homens idosos cresceu em 64% e em 50% para as idosas. No mesmo período a
média, ajustada por idade, do IMC aumentou 1,17 kg/m2 para os idosos do sexo
masculino e 2,08 kg/m2 para as idosas. O sobrepeso em homens idosos
continuou a aumentar de 1989 a 1997, a prevalência cresceu em 25,0%,
enquanto a média do IMC aumentou 0,81 kg/m2. O sobrepeso em idosas,
entretanto, praticamente não se alterou no período mais recente: a prevalência foi
de 49,3% para 49,1% e a média do IMC de 25,5 kg/m2 para 25,22 kg/m2. Nota-se
que, enquanto a prevalência de sobrepeso aumenta mais que o dobro (105,7%)
para os homens em 23 anos, esse aumento foi menor (51,1%) para as mulheres.
Nos três períodos estudados a prevalência de sobrepeso foi maior na região
Sudeste e na área urbana, para ambos os sexos e mais frequente entre as
mulheres (tabela 3).
59
Tabela 3 - Prevalência expandida de sobrepeso (OMS, 1995) segundo região, área e
faixa etária em idosos (> 60 anos) residentes nas regiões Nordeste e Sudeste do
Brasil. ENDEF (1975), PNSN (1989) e PPV (1997).
Homem (%)
(>25,0 kg/m2)
Mulher (%)
( >25,0 kg/m2)
Regiões e faixa
etária1975
(N=4.613)
1989
(N=1.080)
1997
(N=662)
1975
(N=5.402)
1989
( N=1.228)
1997
( N=853)
Nordeste 10,0 23,7 26,2 20,8 38,7 45,2
Rural (N) (976) (330) (98) (961) (285) (100)
60 - 69 anos 5,7 14,6 24,4 16,0 29,1 51,6
70 - 79 anos 7,6 19,1 12,1 14,8 31,0 26,2
Acima de 80 anos 9,5 11,5 17,6 9,4 21,3 25,9
> 60 anos 6,6 15,7 19,3 15,1 28,9 41,1
Urbano (N) (1.027) (274) (214) (1.391) (380) (317)
60 - 69 anos 17,7 33,4 37,6 30,6 47,9 49,5
70 - 79 anos 12,3 26,2 26,8 27,2 41,6 46,6
Acima de 80 anos 13,6 37,1 10,7 16,8 34,6 43,3
> 60 anos 15,7 31,0 31,2 28,4 44,1 47,5
Sudeste 23,1 32,7 41,7 40,8 56,5 51,2
Rural (N) (711) (271) (73) (616) (264) (67)
60 - 69 anos 10,4 11,2 19,3 27,8 39,6 51,1
70 - 79 anos 9,0 18,5 34,5 13,9 40,1 19,0
Acima de 80 anos 1,0 13,0 14,7 12,0 14,3 27,7
> 60 anos 9,5 13,3 22,4 22,8 38,0 38,9
Urbano (N) (1899) (205) (277) (2.434) (299) (369)
60 - 69 anos 28,9 41,4 50,1 48,6 62,3 56,3
70 - 79 anos 29,3 29,2 40,3 43,4 56,1 47,5
Acima de 80 anos 22,7 25,6 21,5 33,2 47,7 44,4
> 60 anos 28,6 36,9 43,8 45,6 59,2 52,2
Total 17,5 28,7 36,0 32,5 49,3 49,1
60
Uma outra abordagem para avaliar as variações do IMC nas três pesquisas
é a de comparar as curvas de distribuição desta variável. Para os homens, as
diferenças na distribuição do IMC entre as pesquisas foram menores para os que
tinham 80 anos ou mais, tendo em vista que as curvas praticamente se
sobrepõem. Já para as mulheres as mudanças mais marcantes na distribuição do
IMC ocorreram entre o ENDEF e as duas pesquisas mais recentes. Como era de
se esperar, estas figuras encontram-se sempre desviadas para a direita devido as
altas prevalências de sobrepeso entre as mulheres (figura 1). Os valores de p
nestas figuras indicam que pelo menos uma das médias é estatisticamente
diferente das demais. Exceção para os homens com 80 anos ou mais, cujo valor
de p foi limítrofe e a variação do IMC mínima. As figuras indicam, ainda que, para
as mulheres, a grande variação ocorreu de 1975 para 1989. Estas variações
foram testadas e estão apresentadas na figura 2 e detalhadas na tabela 4.
Na figura 2, pode-se observar que, para ambos, os sexos as maiores
médias de IMC foram obtidas para o Sudeste urbano seguido do Sudeste rural,
Nordeste rural e urbano. Esta figura inclui as pesquisas como uma única variável,
de forma que os β representam a taxa de aumento do IMC no período (1974 -
1997). O maior aumento (β = 0,15) ocorreu para as mulheres do Nordeste rural e
o menor aumento (β = 0,05), entre as mulheres do sudeste urbano e homens do
nordeste rural. Entre os homens, a tendência de aumento variou de 0,05 unidades
de IMC a 0,08. Todas as variações foram estatisticamente maiores do que zero.
70-79 anos (homens)
0
10
20
30
40
50
10 15 20 25 30 35 40 45 50
%
P= <0,0001
IMC
0
10
20
30
40
50
10 15 20 25 30 35 40 45 50
% 60-69 anos (mulheres)
IMC
P= <0,0001
0
10
20
30
40
50
10 15 20 25 30 35 40 45 50
IMC
> 80 anos (homens)%
P= 0,05
1975 1989 1997
Figura 1 – Distribuição do Índice de Massa Corporal de idosos das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, segundo sexo efaixa etária. ENDEF (1975), PNSN (1989) e PPV (1997). Valor de ANOVA comparando os três inquéritos.
0
10
20
30
40
50
10 15 20 25 30 35 40 45 50
% > 80 anos (mulheres)
IMC
P= 0,001
60-69 anos (homens)
0
10
20
30
40
50
10 15 20 25 30 35 40 45 50
%
P= <0,0001
IMC
%
0
10
20
30
40
50
10 15 20 25 30 35 40 45 50
70-79 anos (mulheres)
P= <0,0001
IMC
Figura 2 – Média e estimativa (β) do aumento do Índice de Massa Corporal ao longo do tempo (1975 a 1997), ajustadas por idade, em
idosos brasileiros, segundo região e situação de domicílio. ENDEF (1974/75), PNSN (1989) e PPV (1996/97).
Homens
20
22
24
26
28
30
1975 1989 1997
IMC
Ano da pesquisa
Mulheres
β = 0,05
β = 0,1
β = 0,11β = 0,15
Legenda:
∆ Sudeste Urbano
× Sudeste Rural
l Nordeste Urbano
� Nordeste Rural
β = 0,08
β = 0,07
β = 0,07β = 0,05
20
22
24
26
28
30
1975 1989 1997
IMC
Ano da pesquisa
63
Os mesmos dados da figura 2 estão apresentados na tabela 3, quando,
inicialmente, contrastou-se as duas pesquisas mais recentes (PNSN, 1989 e PPV,
1996/97) com o ENDEF (1974/75) e, posteriormente, a PNSN (1989) com a PPV
(1996/97). Assim, considerando-se o ENDEF (1974/75) como linha de base, os
maiores aumentos estimados do IMC se deram para as mulheres, como sugerido
pelos dados da figura 2. Para estas, o maior incremento de massa corporal, de
1975 a 1989, ocorreu no Nordeste urbano (β=2,27) e de 1975 a 1997, (β=3,26) no
Nordeste rural. Excetuando-se os homens do Sudeste rural (β=0,48; IC95%= -
0,01;0,97), no período de 1974 a 1989, os demais intervalos das estimativas não
incluíram o zero. Concluindo-se que em praticamente todas as áreas e regiões
houve aumento do IMC. Tendo a PNSN (1989) como referência, comparou-se as
pesquisas de 1989 e 1997 e observou-se que, para ambos os sexos, só ocorreu
aumento para homens do Sudeste rural (β=1,29), pois para todas as outras
situações os intervalos incluíram o zero (Tabela 4).
64
Tabela 4 – Estimativa (â ) do aumento do Índice de Massa Corporal e Intervalo de
Confiança de 95% (IC95%), ajustados por idade, segundo região e situação de
domicílio. ENDEF (1975), PNSN (1989) e PPV (1997).
Homem MulherRegião, situação
de domicílio e
ano da pesquisa â (IC95%) â (IC95%)
Linha de base - 1975
Nordeste Rural
1989 0,70 (0,21 – 1,19) 1,70 (1,01 – 2,39)
1997 1,19 (0,34 – 2,03) 3,26 (1,46 – 5,04)
Nordeste Urbano
1989 1,22 (0,59 – 1,85) 2,27 (1,56 – 2,98)
1997 1,72 (1,05 – 2,39) 2,50 (1,52 – 3,48)
Sudeste Rural
1989 0,48 (-0,03 – 0,99) 1,91 (1,00 – 2,85)
1997 1,77 (0,82 – 2,71) 1,93 (0,66 – 3,22)
Sudeste Urbano
1989 1,14 (0,47 – 1,81) 1,51 (0,80 – 2,22)
1997 1,69 (1,00 – 2,38) 1,25 (0,60 – 1,90)
Linha de base - 1989
Nordeste rural
1997 0,49 (-0,45 – 1,43) 1,56 (-0,28 – 3,40)
Nordeste urbano
1997 0,50 (-0,34 – 1,34) 0,23 (- 0,89 – 1,35)
Sudeste rural
1997 1,29 (0,27 – 2,31) 0,02 (-1,45 – 1,49)
Sudeste urbano
1997 0,55 ( -0,37 – 1,47) - 0,26 (-1,16 – 0,64)
65
5.6 DISCUSSÃO
A situação nutricional dos idosos brasileiros sofreu uma grande alteração
no período de 1975 a 1997. Estimou-se uma redução de 51% para homens e 70%
para mulheres na prevalência de baixo-peso e um aumento do excesso de peso
(IMC > 25 kg/m2) da ordem de 100% para os homens e 50% para as mulheres. A
redução da incidência de doenças infecciosas, a modificação dos hábitos
alimentares e a alteração da atividade física são os possíveis fatores explicativos
(Coitinho et al, 1991).
No Brasil, assim como em vários países o percentual de mulheres idosas é
maior do que o de homens idosos (Costa et al, 2000; Filho & Ramos, 1999;
Ramos et al; 1998) e esta diferença aumenta com o avançar da idade. Segundo
Veras (1994) a maior sobrevida em mulheres se dá por conta da diferença na
exposição ao risco de acidentes de trabalho, de trânsito, homicídios e suicídios;
os homens também consomem mais tabaco e álcool, fatores de risco bem
estabelecidos e associados à mortalidade; há o maior cuidado das mulheres em
relação à própria saúde, e a diminuição importante da mortalidade materna, antes
uma das principais causas de morte prematura em mulheres.
Da presente análise, destaca-se os altos índices de excesso de peso entre
a população idosa brasileira, chegando a 50% em mulheres e a 40% entre os
homens no inquérito mais recente. Comparando ao ENDEF (1975), evidenciou-se
um importante ganho de peso entre os idosos no período. Como esperado,
observou-se também uma maior prevalência de baixo-peso em idosos de idade
mais avançada e de sobrepeso em idosos mais jovens, independente de sexo,
região e situação de domicílio. Estudos longitudinais mostram que os idosos
tendem a perder massa muscular ao longo do tempo (Andres, 1985). Além disto,
ocorre redução das estruturas celulares, água corporal e peso (Incalzi et al, 1996).
Contudo, ocorre aumento (Bouchard et al., 1993) e redistribuição da gordura
corporal (Paolisso et al, 1995).
As prevalências de baixo-peso encontradas no último inquérito realizado
(PPV, 1996/97) foram baixas, 5% em mulheres idosas e 7% em homens idosos,
66
porém com variações regionais importantes. No Nordeste rural, cerca de 14% dos
idosos apresentaram baixo-peso. A Organização Mundial de Saúde utiliza como
marcador de situação de pobreza, entre população adulta, os valores de 10 a
19% (WHO, 1995). Adicionalmente, o baixo-peso em idosos tem sido apontado
como fator mais fortemente associado à mortalidade do que o excesso de peso
(Harris et al., 1997; Sichieri et al., 1992; Andres, 1985). O baixo-peso é também
fator de risco para infecções e importante causa de morbidade e mortalidade em
idosos (Tayback et al, 1990; Chandra, 1990). Assim, é preocupante a alta
prevalência encontrada no Nordeste rural.
No presente estudo o sobrepeso foi mais frequente na área urbana do
Sudeste, enquanto que o baixo-peso na área rural do Nordeste, evidenciando que
importantes diferenças socioeconômicas persistem entre as áreas geográficas
avaliadas, refletindo, conforme salientado por Tavares & Anjos (1999) a presença
de fatores relacionados a condições de vida, história ocupacional e estilos de
vida.
Utilizando a classificação de idosos aos 65 anos, Monteiro et al. (2000),
avaliaram a tendência temporal de obesidade em adultos e idosos (> 20 anos) da
região Nordeste e Sudeste do Brasil (1974/75 – 1996/97) e evidenciaram o
aumento de obesidade (IMC > 30 kg/m2) entre homens e mulheres de todas as
faixas etárias, com exceção dos homens residentes em áreas rurais. Para os
idosos do sexo masculino, as prevalências de obesidade foram crescentes: 3%
em 1975, 5% em 1989 e 6% em 1997. Para as idosas, esses valores foram
sempre maiores: 10% em 1975, 18% em 1989 e 13% em 1997. Outra análise da
variação temporal do IMC em adultos (> 20 anos) brasileiros, no período de 1975
a 1989, revelou que, em 1989, os idosos (> 80 anos) apresentavam um risco,
cerca de 3 vezes maior de baixo-peso (< 20 kg/m2) que adultos de 40 a 50 anos.
Neste período, para os homens idosos, a prevalência de baixo-peso reduziu-se de
30 para 20% e de sobrepeso (> 25 kg/m2) aumentou de 18 para 28% (Sichieri et
al, 1994).
Os pontos de corte para baixo-peso e para a definição de idosos têm sido
variáveis. Assim, para Coitinho et al. (1991) as prevalências de baixo-peso (IMC <
67
20 kg/m2) em idosos (> 65 anos) brasileiros na Pesquisa Nacional de Saúde e
Nutrição (1989) foram de 20% nos homens e 17% nas mulheres. Anderson
(1997), neste mesmo inquérito, utilizando ponto de corte para idade de 60 anos e
para baixo-peso de 20 kg/m2 verificou que 18,5% dos homens e 14,6% das
mulheres apresentaram baixo-peso. Observa-se que há um importante diferencial
nas prevalências de baixo-peso, em relação ao nosso estudo, que foram de 7,7%
para os homens e de 8,2% para as mulheres. Para o sobrepeso, os valores
obtidos por Anderson (1997) foram de 30,4% para os homens e de 50,4% para as
mulheres, enquanto que no presente estudo, estes valores foram de 28,7% e
49,5%, respectivamente. Assim, deduz-se que as prevalências são muito
sensíveis à alterações no ponto de corte.
Ainda em relação à PNSN (1989), Tavares & Anjos (1999) utilizaram
pontos de corte para idade, baixo-peso e sobrepeso iguais aos utilizados neste
estudo e observaram, para o Brasil como um todo, prevalências semelhantes
(baixo-peso: 7,8 - homens idosos, 8,4% - mulheres idosas; sobrepeso: 30,0% -
homens idosos, 50,2% mulheres idosas). Estes achados indicam que o Nordeste
e Sudeste brasileiros nos dão estimativas bastantes aproximadas para o Brasil.
A adoção de pontos de corte mais altos do Índice de Massa Corporal de
acordo com o aumento da idade, tanto para baixo-peso como para sobrepeso tem
sido sugerida há vários anos (Heiat et al, 2001; Andres, 1985). As questões sobre
qual o peso que está associado à menor mortalidade e morbidade em diferentes
idades, e os efeitos da perda e variação do peso na mortalidade e morbidade
permanecem controversos (Troiano et al, 1996; Pamuk et al, 1992; Willett et al,
1991). Se novos limites de IMC fossem adotados, as prevalências de baixo-peso
e sobrepeso sofreriam importantes alterações. Assim, estudar avaliações da
distribuição do IMC ao longo do tempo mostram um retrato mais claro das
modificações do estado nutricional.
Uma vez que a tendência de aumento do sobrepeso, tem sido
acompanhado de redução da mortalidade em países desenvolvidos, questiona-se
suas implicações na morbidade e mortalidade, particularmente em populações
que envelhecem (Kuczmarski et al, 1994).
68
Nos Estados Unidos, a prevalência de sobrepeso (IMC > 25 kg/M2)
aumentou para homens idosos e manteve-se estável para as mulheres idosas de
1960 a 1994. Para homens de 60 a 69 anos, a prevalência aumentou de 52%
para 70% e de 70 a 79 anos, de 36% para 63%. Para as mulheres, a tendência de
aumento foi mínima. Assim, a prevalência variou de 63% em 1960, para 64% em
1994, mantendo-se igual para as mais idosas na faixa de 60%. Para os indivíduos
com idade igual ou superior a 80 anos, as prevalências foram avaliadas somente
na pesquisa mais recente (NHES III) e foram similares para os ambos sexos:
50,7% para homens e 50,1% para mulheres (Flegal et al, 1998). Estes valores
são consideravelmente maiores que os achados para a população idosa
brasileira. Estes inquéritos evidenciaram, também, menores aumentos do IMC
nos grupos etários mais avançados, principalmente entre as mulheres (Flegal &
Troiano, 2000), assim como observado no presente estudo.
O aumento de sobrepeso tem ocorrido em todos os continentes e tende a
ser menor nas idades mais avançadas, possivelmente, devido a um efeito de
sobrevida. Em países em desenvolvimento, estudos recentes, também apontam
para o aumento do sobrepeso. Estudo realizado em Maurício, na África, mostrou
que a proporção de homens obesos cresceu de 3,4%, em 1987, para 5,3%, em
1992, enquanto que a proporção de mulheres obesas cresceu de 10,4% a 15,2%
no mesmo período (Dowse et al, 1995; Hodge et al, 1996).
No Brasil, o deslocamento para a direita das distribuições do IMC,
indicando um ganho de peso da população idosa em 22 anos, pode estar
relacionado a mudanças na atividade física. No município do Rio de Janeiro,
observou-se que na população como um todo e particularmente entre os idosos a
atividade física de lazer é de baixa prevalência. Assim, 77,4% dos homens idosos
e 82,0% das idosas relataram não realizar nenhuma atividade física de lazer
(Sichieri, 1998). Os idosos e os indivíduos de baixa escolaridade são os grupos
onde a realização de atividade física de lazer é menos frequente. Adicionalmente,
o grupo de idosos refere assistir televisão por mais horas do que o de adultos
(Gomes et al., 2001). Na PPV somente 18% da população referiu realizar alguma
69
atividade física de lazer, sem diferença entre o Nordeste e o Sudeste (Castro,
2001).
É importante destacar que, o aumento no IMC ocorreu de forma importante
e significativa entre os inquéritos de 1975 e 1989. No período mais recente (1989
-1997), o aumento se deu somente para homens do Sudeste rural, o único grupo
que não apresentou aumento do IMC no período de 1975 a 1989.
Possíveis limitações desta análise decorrem de diferenças no período de
coleta de dados (um ano para o ENDEF e a PPV, e aproximadamente dois
meses, para a PNSN), sendo que a variação sazonal poderia ter influenciado a
variável peso de forma diferenciada, entre os dois estudos. Contudo, não existem
evidências de que ocorra sazonalidade no peso de idosos no Brasil e na
realidade, esse fenômeno é mais característico de sociedades
predominantemente rurais e de países frios (Davidson et al., 1979).
Adicionalmente, combinar dados de diferentes inquéritos com planos complexos
de amostragem é uma tarefa de difícil execução, uma vez que, nos diferentes
inquéritos, foi necessário restringir a análise, somente para as regiões que o
inquérito mais recente contemplou. A estratificação não foi a mesma entre os
inquéritos e a amostragem por conglomerado altera a variância, pois os
elementos do mesmo conglomerado tendem a ser mais semelhantes do que a
população como um todo. Assim, dados provenientes de planos complexos
devem ser analisados através de métodos que considerem o desenho de estudo,
uma vez que a informação, a partir de uma amostra por conglomerados, traduz-se
em estimativas que são menos precisas do que as obtidas usando amostragem
simples. Na nossa pesquisa observamos que o efeito de desenho (erro padrão
bruto/ erro padrão corrigido) foi de aproximadamente dois.
Outra possível limitação deste estudo decorre de sobrevivências seletivas e
desiguais nos três inquéritos. Considera-se ainda que, a população idosa,
provavelmente apresenta uma proporção maior de pessoas vivendo em
instituições, e estes percentuais podem estar aumentando mais recentemente.
70
Como os inquéritos avaliados não contemplam indivíduos institucionalizados, a
exclusão de uma proporção diferenciada de indivíduos institucionalizados de
acordo com o inquérito, pode ter influenciado nas estimativas do estado
nutricional.
71
6.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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76
7. CONCLUSÕES
Conclui-se que há uma alta prevalência de sobrepeso entre idosos,
principalmente no sexo feminino. Contudo, a tendência de aumento do sobrepeso
tem se dado de forma mais intensa entre os homens do que entre as mulheres.
Como as mulheres ganharam peso, no primeiro período do estudo, sofrem um
efeito-limite para o ganho de peso. Dada a importância do sobrepeso como fator
de risco para a doença cardiovascular e o diabetes tipo 2, muito frequentes neste
grupo de idade, medidas de prevenção entre adultos jovens possivelmente
contribuirão para a saúde dos idosos.
As altas prevalências de baixo-peso ainda encontradas no Nordeste rural e
a de sobrepeso no Sudeste urbano revelam que estudos para a população idosa
brasileira devem considerar a heterogeneidade socioeconômica do país, que,
certamente, é um forte determinante dos agravos nutricionais para os idosos.
Tendo em vista que o problema do baixo-peso continua existindo de forma
importante para a população idosa do Nordeste rural, há que se considerar
análises mais detalhadas, pois é possível que tais casos possam ser secundários
ou concomitantes às patologias. Para isto, ressalta-se a importância de se
aprofundar informações nutricionais para o estabelecimento de práticas de
monitoramento e direcionamento de intervenções adequadas às diferentes
necessidades dos grupos de idosos. As diferenças relativas a sexo, faixa etária,
região geográfica e situação de domicílio remetem também, à necessidade de se
estabelecerem políticas diferenciadas de atuação, de acordo com as
características demográficas, sociais e regionais.
O acompanhamento da situação nutricional dos idosos bem com a geração
de mais informações que auxiliem no entendimento da questão, são fundamentais
para o planejamento e monitoramento das ações de saúde para a terceira idade e
devem ser enfocados como atividades prioritárias na área de alimentação e
nutrição, pois, mantida a tendência demográfica atual, em 23 anos, o número de
idosos superará 30 milhões (UNO, 1985a).
77
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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