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Identificar os acontecimentos principais e distingui-los dos
secundários
Descrição espacio-temporal da vida lisboeta. (1 – 15)
Lojas, escritórios, Àquela hora uma vida atribulada e agitada
Algumas oficinas, às cinco horas
Ruas, praças,
Paragens de eléctrico
Largos, passeios das
Grandes praças, eléctricos,
As ruas da Baixa, casas de chá
Acomodação das pessoas no interior de um eléctrico. (16 – 28)
Multidão
Os elegantes Muitos homenzinhos pouco correctos
As elegantes Homenzinhos
Mulheres vulgares
MAR DE GENTE
(hipérbole/ metáfora)
O início da viagem do eléctrico. (29 – 65)
O comportamento das pessoas no interior do eléctrico.
A interrupção da “aparente calma” que pairava no eléctrico.
Destaca-se a presença de um homenzinho no meio da multidão. Ele
instala a indignação no rosto dos restantes passageiros, quando,
empurrando as pessoas, afirmava que havia um lugar vago à frente,
ao lado de uma “velhota por sinal opulenta”. (66 – 82)
O espanto dos passageiros face à atitude do “homenzinho”. (83 –
85)
O incómodo explicito da senhora opulenta face à presença do seu
novo “vizinho”. (86 – 94)
O comportamento do “homenzinho” no eléctrico: ele começa a
assobiar como se nada fosse. (94 – 98)
A reacção dos passageiros ao assobio do “homem”:
(desprezo/ indiferença)
No entanto estes sossegaram quando o condutor deu indícios que ía
interpelar o “homem”. No entanto a intervenção deste não
correspondeu às expectativas dos passageiros. (98 – 107)
Caracterização do assobio do “homenzinho”. (108 – 114)
Reacções dos passageiros. (115 – 130) // (152 – 157)
Atitude de uma criança presente no eléctrico.
ingenuidade muito pálida
pureza cabelos louros e encaracolados
vestida de azul
começou a bater palmas
Repreensão da mãe face ao acto da filha. (131 – 139)
Reflexão da mãe da criança: (139 – 151)
avaliação da sua repreensão pensando na sua infância (157 – 160)
a voz da sua consciência (173 – 175)
A saída do “homenzinho” do eléctrico. A reacção dos passageiros
principalmente da criança. (161 – 172)
O voltar de tudo ao normal. (176 – 183)
Acontecimentos Secundários
Descrição espácio-temporal da vida Lisboeta.
Acomodação das pessoas no interior do eléctrico.
O inicio da viagem do eléctrico.
Reacção: - dos passageiros face a atitude do “homem”;
- da “senhora opulenta”
Reacção dos passageiros quando o “homem” sai do eléctrico.
Acontecimentos Principais
O destacamento de um “homem” no meio dos passageiros do
eléctrico.
Os comportamentos do “homem”.
A reacção/ atitude de uma criança face ao assobio do “homem”.
Reflexão de “uma senhora nova e bonita”.
a sua infância face ao comportamento da filha e ao do “homem”.
Fazer o levantamento das expressões indiciadoras do espaço
(geográfico e social), referidas no conto
CIDADE RUAS DA BAIXA ELÉCTRICO
1- “… Àquela hora, o trânsito complicava-se” (l. 1)
2- “… as lojas, os escritórios, algumas oficinas” (l. 1/2)
3- “… e as ruas, as praças, as paragens dos eléctricos” (l. 2/3)
4- “Nos largos dos passeios das grandes praças” (l. 5)
5- “… os eléctricos apinhavam-se na linha” (l. 8)
6- “… as ruas da baixa” (l. 12)
7- “… pelas lojas de novidades e pelas casas de chá…” (l. 13/14)
8- “… pessoas penduradas no eléctrico…” (l. 18)
9- “… numa das várias linhas que ligavam o centro da cidade aos
bairros relativamente novos…” (l. 63/64)
10- “… conseguiu entrar no interior do eléctrico…” (l. 78/79)
11- “… foi sentar-se num lugar de lado…” (l. 80)
12- “… no silêncio do carro” (l. 122)
13- “… uma criança que ia sentada junto de uma janela…” (l.
131)
14- “A plataforma do carro ia-se esvaziando” (l. 152/153)
15- “… sentada num banco de lado…” (l. 157/158)
Espaço Físico: exterior cidade Baixa
interior: eléctrico
Espaço Social: vida citadina
Descobrir o Tempo na narrativa
Expressões do Texto indiciadoras de tempo
“Àquela hora” (l. 1)
(a + aquela = àquela) – locução prepositiva de tempo
“planeadas quando não havia…” (l. 3)
conjunção temporal
“… de um momento para o outro…” (l. 5)
(= de repente) locução adverbial de tempo
“… praguejar algumas vezes…” (l. 7/8)
Locução adverbial de tempo
“… àquela hora…” (l. 19/11)
“às cinco horas…” (l. 13)
(a+a = à)
“… à hora do jantar…” (l. 15)
Locução prepositiva de tempo
“… o carro seguia morosamente…” (l. 29)
Adverbio de modo
“Nos primeiros momentos da viagem…” (l. 34)
Locução adverbial
“… depois as pessoas…” (l. 38)
Adverbio de tempo
“… depois guardavam os espelhos…” (l. 49)
“… embora de vez em quando…” (l. 55)
Locução adverbial de tempo
“Quando alguém tinha…” (l. 56)
Conjunção temporal
“em dada altura…” (l. 66)
Locução temporal
“… primeiro, foi um assobio…” (l. 96)
Adverbio de tempo
“Depois, a pouco e pouco, o sujeitinho…” (l. 97)
Adverbio de tempo
Locução adverbial
“Mas quando o homem olhou…” (l. 106)
Conjunção temporal
“… o assobio, umas vezes, era baixo…” (l. 108)
Locução adverbial temporal
“… outras vezes, alto…” (l. 108)
Locução adverbial temporal
“Às vezes, repetia os sons…” (l. 111)
Locução adverbial temporal
“… outras vezes, porém, a maior parte das vezes…” (l. 112)
De repente, uma criança…” (l. 131)
Locução adverbial temporal
“Quando era da idade da filha…” (l. 145)
Conjunção temporal
“De vez em quando, um passageiro saia…” (l. 152)
Locução adverbial de tempo
“E, a pouco e pouco, os que ficavam…” (l. 153)
Locução adverbial
“Em dada altura, o homem, sem deixar de assobiar…” (l. 161)
(= entretanto) Locução adverbial de tempo
“… um minuto de simplicidade…” (l. 169)
Locução de tempo
“Só então a senhora nova e bonita…” (l. 173)
Advérbio de tempo
“… ela agora é que dizia à filha…” (l. 174)
Adverbio de tempo
“Depois esse sorriso foi-se apagando…” (l. 177)
Adverbio de tempo
Conhecer a importância das personagens
As personagens intervenientes
Nas ruas da Baixa:
- “centenas de pessoas”;
- “as pessoas”;
- “elegantes”
No eléctrico:
- “a multidão”;
- “a gente”;
- “mar de gente”;
- “os passageiros”;
- “as pessoas”
- os elegantes - homenzinhos
- as elegantes - mulheres vulgares
- cavalheiros - um homenzinho
- senhores respeitáveis - o homenzinho
- senhoras - o passageiro
- a senhora opulenta - o homem do chapéu
coçado
- uma criança - homenzinho patusco
- uma senhora nova e bonita - dos populares
(- amigos do pai) - homenzinhos pouco
correctos
( - mãe)
- o condutor
2 grupos de
Personagens Colectivas
Os passageiros
Média sociedade Baixa sociedade
Destaca-se: Destaca-se:
Personagens Individuais Personagens
Individuais
- a criança - “o homenzinho
patusco”
- a sr.ª nova e bonita
- a sr.ª opulenta
Personagens Principais:
- o homenzinho
- a criança
A sr.ª nova e bonita ( sobre quem o assobio teve um efeito mais forte,
mais significativo)
Personagens Secundárias:
- sr.ª opulenta
- passageiros
Figurantes:
- o condutor
- (amigos do pai/mãe da senhora nova e bonita)
Os passageiros
Esta personagem colectiva apresenta uma subdivisão:
- passageiros de média classe;
- passageiros de classe baixa.
Os passageiros da média sociedade revelam neste conto a sua
prepotência (abuso de poder), o seu ar de superioridade para com a
classe mais baixa. No entanto, é pertinente focar o facto de estas
duas estirpes sociais se encontrarem no mesmo local: um eléctrico.
Através desta classe social temos a oportunidade de tomar
conhecimento da opinião que eles têm sobre a classe mais baixa: “
homenzinhos e mulheres vulgares com um cheiro insuportável”.
Essa mesma opinião ajusta-se à caracterização do passageiro que
assobia, sendo esta sempre feita num tom depreciativo (recorrendo
para tal ao uso do diminutivo: “um homenzinho”).
Dentro desta classe, destaca-se a senhora opulenta (personagem
tipo), que acarreta todo o pensamento e maneira de ser da classe a
que pertence.
A criança
A criança contribui para pôr em evidência a mensagem que o conto
quer exteriorizar, pois pela simbologia que ela acarreta (ingenuidade,
pureza e simplicidade) ela é a única personagem que não sente a sua
dignidade afectada pelo facto de bater palmas quando lhe apetece.
Ela representa a liberdade dos comportamentos humanos.
Se na criança, certos comportamentos patenteiam uma carga
negativa ( recriminação sexual) pelo facto de ela ser menina (“uma
menina bonita não fazia barulho”), no sr. que assobia, tal acto é
recriminado pela falta de compostura de um homem num lugar
público (“um eléctrico não é o local mais próprio para exibições
daquelas”).
A sociedade tem sempre tendência em criticar os outros, mas Nini,
por ser criança, torna-se cúmplice deste sr. que a sociedade
recrimina.
A Senhora nova e bonita
Esta personagem representa a voz da consciência de uma sociedade,
mas apesar dessa tomada de consciência nada faz para tentar alterar
o curso dos factos ou para expor aos outros o seu verdadeiro ponto
de vista.
Ela “abriu os olhos” e através dos seus pensamentos faz também
abrir os olhos ao leitor, mas infelizmente não os abriu a todos aqueles
passageiros que irradiavam acusações e indignações. O seu
comodismo, e exagerando um pouco, a sua hipocrisia, é fruto dessa
mesma sociedade que a criou e da qual ela hoje faz parte e na qual
está a criar a sua filha. Há certos valores sociais que a sociedade
(“amigos do pai… mãe…”) lhe incutiu desde pequena e que
permanecem nela, elevando-se mais alto do que a sua consciência.
(Remete-nos para a intemporalidade da mensagem do conto –
universal e intemporal).
O homem do assobio
Representa a classe mais baixa mas, contrariamente à opinião que a
média sociedade deixava transparecer (“esses homenzinhos e
mulheres vulgares” com “um cheiro insuportável”) não era o cheiro
que mais os incomodava mas sim o seu simples e espontâneo
assobio.
É pela reacção dos passageiros a este mesmo assobio, que o conto
expõe o snobismo da média sociedade ridicularizando o seu
comportamento.
Este homem do assobio contribui para a divulgação da máxima “sê tu
mesmo” pois apesar dos olhares recriminadores dos que o rodeiam,
ele continua a assobiar indiferente a tudo e a todos.
Afinal, que mal tem um simples assobio, quando comparado a tanta
falta de sociabilidade desses homens ditos correctos, elegantes e
respeitáveis?
O homem do assobio
Um “homenzinho” de chapéu coçado e um sobretudo castanho
bastante lustroso nas bandas (vestuário já muito usado), ainda novo
embora tivesse cabelo grisalho e de barba por fazer, destaca-se entre
os passageiros.
Revela-se aos restantes quando decide empurrar quem encontra pela
frente, para se sentar num lugar que estava vago, precisamente ao
lado de uma senhora “opulenta”.
Não se importando com o furor e a indignação que provoca, começa a
assobiar, e quase se pode afirmar que assobia numa atitude de
desprezo. O som paira no eléctrico. E, é sempre assobiando à vontade
que ele sai do carro. É uma saída altiva e irónica.
O seu gesto foi só: assobiar, uma atitude simples , mas que causou
um escândalo, feriu as susceptibilidades dos restantes.
A criança
Nini, é a criança de 5 anos, muito pálida, de cabelos louros e
encaracolados e vestida de azul, que simpatizando com o
“homenzinho2 do assobio, começa a bater palmas no meio do
eléctrico.
Esta criança é o símbolo da infância que toda a gente teve. É o
símbolo da ingenuidade, da simplicidade que tanto as crianças como
os adultos devem ter e manter.
Senhora nova e bonita
Chamou-se também Nini na sua infância, esta senhora casada, nova e
bonita, mãe da pequena Nini.
E é como mãe que cessa a espontaneidade do bater palmas da sua
filha.
Esta senhora, contrariamente aos restantes passageiros, admirou a
atitude do homem que assobiava. Este som fê-la voltar à sua infância.
É com esta personagem que se faz o contraponto do que vai sendo
admitido na infância e depois é censurado sem nenhuma razão
plausível, quando já se é adulto.
Senhora opulenta
A senhora opulenta é a companheira/ a vizinha do senhor do assobio,
é o alvo directo do gesto daquele senhor.
A senhora sente-se incomodada, tanto fisicamente, dado o seu
tamanho relativamente ao espaço que ocupa, como moralmente,
visto que se sente o centro de todas as atenções, facto que a
envergonha e a faz sentir ainda mais indignada em relação ao
homem do assobio.
Os passageiros
Comportamento:
- incomodados com a multidão;
- distinção entre “elegantes” / “homenzinho”; “srs. respeitáveis” /
vizinhos;
- indignados com o comportamento do “homenzinho” do assobio;
- há um momento de “descontracção” quando se dá a saída do sr.
(…) afinal era um simples assobio;
- volta-se à compostura inicial: “silêncio e dignidade”.
Homem do assobio
Fisicamente:
- chapéu coçado e um sobretudo castanho bastante lustroso nas
mangas;
- novo, embora tivesse a barba por fazer e o cabelo grisalho.
Psicologicamente:
- decidido;
- de forte personalidade;
- natural;
- irónico;
- descontraído.
A criança
Fisicamente:
- criança de 5 anos, muito pálida, de cabelos louros e encaracolados
- vestida de azul.
Psicologicamente:
- ingénua;
- pura;
- natural.
Senhora nova e bonita
Fisicamente:
- nova e bonita.
Psicologicamente:
- sensata;
- consciente.
Senhora opulenta
Fisicamente:
- gorda.
Psicologicamente:
- hipócrita.
Marcas da presença ou da ausência do narrador, da sua
parcialidade ou imparcialidade
Narrador não participante
Omnisciente
Narra na 3ª pessoa
Relata os factos de uma forma irónica e crítica (imparcial).
Não é personagem da história porque não encontramos a 1ª pessoa
“eu”.
Narra na 3ª pessoa:
- “A multidão propunha uma…” (l. 16)
- “os elegantes e as elegantes” (l. 21)
- “as pessoas voltavam-se” (l. 34)
- “as senhoras respeitáveis” (l. 43)
- “cabeças voltaram-se no interior” (l. 68/69)
Relata os factos de forma irónica e crítica:
- “Era preciso … pela gente que nunca se tinha visto antes e apetecia
insultar” (2º parágrafo)
- “Muitos homenzinhos pouco correctos e onde esses mesmos
homenzinhos e mulheres vulgares deitavam um cheiro insuportável”
(l. 24/25)
- “Felizmente, ainda havia alguns homens correctos na cidade e
algumas mulherzinhas que conheciam o seu lugar” (l. 30/31)
- “Onde a separação entre a chamada classe média e as camadas
mais baixas da população não fora ainda convenientemente
estabelecida” (7º parágrafo)
- “Que sujeito…” (10º parágrafo)
- “viu-se um homenzinho a empurrar toda a gente” (l. 70/71)
- “todos os atrevidos têm sorte” (l. 85)
- “… A que uma pessoa está sujeita” (l. 119/121)
- “… talvez no fundo aquele gorjeio ridículo não fosse desagradável
de todo” (l. 122/123)
- “… uma criança… já se sentia enfastiada” (l. 131/132)
- “Era um homenzinho insignificante” (l. 162)
- “Que patetice… Que tolice…” (l. 180)
- “As pessoas de aprumo tinham que fechar os olhos àquele
desacato” (l.. 6)
- “As ruas da Baixa, enchiam-se de elegantes” (l. 12)
- “Os elegantes e as elegantes achavam naturalmente tudo isto muito
aborrecido” (l. 21)
Conclusão
O narrador é não participante na história, mas é omnisciente (sabe
tudo), porém verificamos que ele toma determinadas posições
relativamente à vida citadina e ainda a toda a situação no eléctrico,
pois ele relata os factos, isto é, o que vê com uma certa carga
“irónica” e mesmo crítica.
Quando fala de “homenzinhos e mulheres vulgares” dá-nos a
conhecer através deste tom depreciativo o que ele próprio considera
(acha/pensa) desses homens e mulheres de condição social inferior,
que “deitavam um cheiro insuportável”.
Mas este tom irónico aparece também e ainda mais explicito quando
ele diz “… onde a separação … não fora ainda convenientemente
estabelecida”.
Para ele talvez fosse importante separar em 2 grupos os
frequentadores do eléctrico.
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