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ANÁLISE DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE 5
ATERROS DE RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS
ABRANGIDOS PELO REGIME PCIP
Marta Alexandra Ribeiro Pedroso
Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia do Ambiente
Júri Presidente: Prof. Júlio Maggiolly Novais Orientador: Prof. Susete Martins Dias
Co-Orientador: Eng. Paula Gama Vogal: Eng. Afonso Lobato Faria
Setembro de 2007
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço antes de mais à Professora Susete Dias, pela total disponibi l idad e que sempre apresentou
durante a elaboração desta tese.
Agradeço também às Engenheiras Paula Gama e Ana Teresa Borralho , pelo tempo dispendido na
orientação do trabalho de estágio.
E por últ imo, agradeço a todos os que, das mais variadas formas, me ajudar am e apoiaram, em
part icular ao colega de curso e amigo, André Barata.
ii
RESUMO
Este trabalho incide sobre a avaliação do desempenho ambiental de cinco aterros de R esíduos Sólidos
Urbanos (RSU) l icenciados no âmbito do Regime da Prevenção e Control o Integrado de Poluição . Os
Relatór ios Ambientais Anuais entregues nos últ imos cinco anos estiveram na base deste estudo .
Considerando a gestão dos l ixiviados produzidos em aterros da maior relevância, procedeu-se a uma
análise comparat iva do desempenho das respectivas Estações de Tratamento de Águas Lixiviantes
(ETAL ’s).
Na análise crít ica dos resultados obtidos inclui -se uma revisão do estado da arte do tratamento de
l ixiviados de aterros sanitários e um breve estudo sobre a representatividade dos aterros seleccionados
no contexto nacional.
Avalia-se ainda a adequabilidade da est rutura e dos conteúdos dos relatórios, relat ivamente ao exigido
na sua l icença ambiental e à função a que estes se prestam, verif icando-se a necessidade de criar um
template que permita uma análise comparativa ágil no espaço e no tempo.
A informação disponível indica que a percentagem de Resíduos Industr iais Banais na massa de
resíduos depositados varia, de aterro para aterro , entre 0,4% e 39%.
Os l ixiviados são tratados em ETAL ’s dedicadas, recorrendo quatro delas a sistemas de osmose inversa.
No entanto, um número signif icativo de amostras na descarga apresenta teores superiores aos valores
l imite de emissão.
Verif ica-se ainda uma relação entre as elevadas cargas de poluentes inorgânicos (azotados, sulfatos e
cloretos) nos l ixiviados, não expectáveis em aterros de RSU jovens e a prática de recirculação para o
aterro do concentrado das unidades de osmose inversa.
Palavras-chave: Prevenção e controlo integrado de poluição, Aterros de resíduos sól idos urbanos,
Lixiviados, Recirculação do concentrado da osmose inversa.
iii
ABSTRACT
The present work deals with the environmental performance evaluation of f ive Municipal Solid Waste
(MSW) landfi l ls, permitted under the Integrated Pollut ion Prevention and Control legisl at ion. The Annual
Environmental Reports delivered in the last f ive years, were on the basis of this study.
Considering the management of landfi l l leachates an issue of major importance, a n analysis was carr ied
out, comparing the performance of their landfi l l leachate treatment faci l it ies .
The results analysis comprised a revision of the state of the art for the leachate treatment systems in
Europe and a brief study on the selected landfi l ls representativeness in a national context.
An assessment has also been made on how far the structure and the contents of the analysed reports
meet the environmental permit demands and the role they play . Thereupon, a conclusion has been drawn
about the need to develop a template, al lowing an easy comparative space and t ime analysis.
According to the available information, the deposited waste mass reveals non -hazardous industr ial
wastes percentages which differ between 0.4% and 39%, depending on the landfi l l . Four of the f ive
landfi l l leachate treatment plants include reverse osmosis systems. However complying with the
discharge emission l imit values was not achieved in several occasions.
The leachates characterization showed pollut ing loads of nitrogen compounds, sulphates and chlorides
far superior to those expected in young MSW landfi l ls.
Finally, a connection was established between the high inorganic loads in the leachates and the
recirculation to the landfi l l of the reverse osmosis concentrate.
Keywords: Integrated Pollut ion Prevention and Control, Municipal solid waste landfi lls, Landfi l l leachate,
Reverse osmosis concentrate recirculation.
iv
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................. I
RESUMO .............................................................................................................................................. II
ABSTRACT ...........................................................................................................................................III
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................ VI
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................... VII
LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................................................... VIII
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
1.1. OBJECTIVOS .......................................................................................................................................................... 1
1.2. REGIME PCIP NO CONTEXTO EUROPEU ...................................................................................................................... 1
1.2.1. Enquadramento Geral ........................................................................................................... 1
1.2.2. BREF ............................................................................................................................... 2
1.2.3. EPER e PRTR .................................................................................................................... 3
1.2.4. Acompanhamento da Aplicação da Directiva ............................................................................... 5
1.2.5. Alterações Introduzidas na Directiva ......................................................................................... 5
1.2.6. Transposição pelos Estados-Membros ....................................................................................... 6
1.2.7. Processo de Revisão da Directiva ............................................................................................ 6
1.3. REGIME PCIP NO CONTEXTO NACIONAL ..................................................................................................................... 7
1.3.1. Introdução ......................................................................................................................... 7
1.3.2. Actividades e Instalações Abrangidas ........................................................................................ 8
1.3.3. Entidades Envolvidas ........................................................................................................... 9
1.3.4. Processo de Licenciamento .................................................................................................. 10
1.3.5. Condições do Licenciamento ................................................................................................ 11
1.3.6. Renovação, Actualização, Caducidade ou Novo Pedido de Licença Ambiental .................................... 12
2. SECTOR EM ANÁLISE – ATERROS DE RSU (5.4 ANEXO I) ....................................................................... 13
2.1. ENQUADRAMENTO LEGAL – ATERROS/RESÍDUOS ........................................................................................................ 13
2.1.1. Legislação de Aterros ......................................................................................................... 13
2.1.2. Legislação de Resíduos ...................................................................................................... 17
2.2. CARACTERIZAÇÃO DO ACTUAL ESTADO DO SECTOR .................................................................................................... 19
2.2.1. Sistemas de Gestão de RSU ................................................................................................. 19
2.2.2. Produção e destino final de RSU ............................................................................................ 19
3. METODOLOGIA ADOPTADA .............................................................................................................. 23
v
4. UNIVERSO DE ANÁLISE – 5 ATERROS DE RSU ..................................................................................... 24
4.1. SELECÇÃO DO UNIVERSO DE ANÁLISE....................................................................................................................... 24
4.2. CARACTERIZAÇÃO DOS 5 SISTEMAS DE GESTÃO DE RSU ............................................................................................. 26
4.3. CARACTERIZAÇÃO DOS ATERROS DE RSU EM ANÁLISE ................................................................................................ 27
4.3.1. Métodos de Deposição e Estação de Tratamento Águas Lixiviantes (ETAL) ........................................ 27
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................................................ 34
5.1. INTRODUÇÃO - LIXIVIADOS ...................................................................................................................................... 34
5.2. RESÍDUOS DEPOSITADOS ....................................................................................................................................... 45
5.3. LIXIVIADOS PRODUZIDOS ........................................................................................................................................ 50
5.4. EFLUENTE TRATADO.............................................................................................................................................. 64
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 76
ANEXO A ... . . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . .8 3
ANEXO B ... . . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . .. . . .85
ANEXO C ... . . . . . . . . . . . . .. . . . . .. . . .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . .. .. . . . . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . .8 7
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Limites de deposição de RUB --------------------------------------------------------------------------- 17
Tabela 2.2 – Metas a cumprir na gestão dos RSU [16, 33]. ---------------------------------------------------------- 18
Tabela 2.3 – Evolução da tipologia e número de infra-estruturasde gestão de resíduos no período 1996–2005 [31].
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21
Tabela 4.1 – Estado de cumprimento da LA emitida ([35, 37], Ago.2007). ------------------------------------------- 25
Tabela 4.2 – Dados relativos ao Universo de Análise, para o ano de 2005 [34, 35]. -------------------------------- 27
Tabela 4.3 – Técnicas de deposição adoptadas nos 5 Aterros Sanitários em análise [38-42]. ---------------------- 28
Tabela 4.4 - ETAL do Aterro Sanitário 1 [38, 43, 44]. ----------------------------------------------------------------- 29
Tabela 4.5 – ETAL do Aterro Sanitário 2 [39, 43, 45]. ---------------------------------------------------------------- 30
Tabela 4.6 - ETAL do Aterro Sanitário 3 [40 (2006), 43, 46]. --------------------------------------------------------- 30
Tabela 4.7 – ETAL do Aterro Sanitário 4 [43, 47]. -------------------------------------------------------------------- 31
Tabela 4.8 – ETAL do Aterro Sanitário 5 [42 (2003), 43, 48, 49]. ---------------------------------------------------- 32
Tabela 4.9 – Principais características dos 5 Aterros em análise e respectivas ETAL’s [38 -42] .------------------- 33
Tabela 5.1 – Composição típica de lixiviados em diferentes fases, de acordo com duas fontes [50, 55]. ---------- 36
Tabela 5.2 – Composições características de três tipos de Águas Residuais Domésticas [56]. -------------------- 37
Tabela 5.3 – Concentrações de metais pesados presentes num lixiviado e numa ARD [45, 55, 56]. --------------- 37
Tabela 5.4 – Métodos de tratamento de águas lixiviantes. ----------------------------------------------------------- 39
Tabela 5.5 - Eficiências de Remoção em função do número de estágios [45] --------------------------------------- 42
Tabela 5.6 – Desempenho típico de um sistema HPRO de 2 estágios no tratamento do concent. da OI [45]. ----- 43
Tabela 5.7 – Composição física média dos RSU [35, 36, 63]. -------------------------------------------------------- 45
Tabela 5.8 – Dados base relativos a 1995 [30]. ----------------------------------------------------------------------- 46
Tabela 5.9 – Quantitativo de RUB admissível em aterro. ------------------------------------------------------------- 46
Tabela 5.10 – Resíduos admissíveis em aterro [48, 64-67, 38-42]. -------------------------------------------------- 46
Tabela 5.11 –Quantitativos e percentagens anuais dos resíduos depositados nos 5 Aterros em análise [38-42]. - 47
Tabela 5.12 – Percentagens totais de RIB e ROB depositados ------------------------------------------------------ 49
Tabela 5.13 – Caudais anuais dos lixiviados produzidos e caudal de projecto da ETAL [38-42]. ------------------- 50
Tabela 5.14 – Dados Estatísticos do universo de amostras recolhidas nos 5 lixiviados [38 -42]. ------------------- 51
Tabela 5.15 – Concentrações de inorgânicos inibitórias da actividade microbiológica num processo anaeróbio [69].
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 60
Tabela 5.16 – Composição de lixiviado resultante de aterro com recirculação do concentrado da OI [71]. -------- 63
Tabela 5.17 – Tipologia e Eficiências de Remoção das 5 ETAL’s em análise, -------------------------------------- 64
Tabela 5.18 - Dados Estatísticos do universo de amostras recolhidas nos 5 efluentes tratados [38 -42]. ----------- 65
vii
LISTA DE F IGURAS
Figura 2.1 – Produção anual de RSU em Portugal Continental em 1995 -2005 [35]. ........................................ 20
Figura 2.2 – Produção total de RSU em 2005, por Sistema [35]. .................................................................. 20
Figura 2.3 – Destino final dos RSU em Portugal Continental no período 1999 – 2005 [35]. ............................... 21
Figura 4.1 – Estado do licenciamento dos Aterros Municipais de RSU em Agosto de 2007 [9]. .......................... 24
Figura 4.2 – Localização dos 5 Sistemas de Gestão de RSU alvo de estudo [35]. .......................................... 26
Figura 5.1 – Fases da decomposição de resíduos num aterro [50]. ............................................................... 34
Figura 5.2 – Percentagens mássicas de RIB e ROB, em relação ao total depositado [38-42]. ............................ 48
Figura 5.3 – Evolução do pH nos lixiviados [38-42]. ................................................................................... 52
Figura 5.4 – Evolução da CQO nos lixiviados [38-42]. ................................................................................ 53
Figura 5.5 – Evolução da razão CBO5/CQO nos lixiviados [38-42]. ............................................................... 54
Figura 5.6 – Evolução da concentração de azoto amoniacal nos lixiviados [38-42]. ......................................... 55
Figura 5.7 – Evolução da concentração de nitratos nos lixiviados [38-42]. ..................................................... 56
Figura 5.8 – Evolução da concentração de sulfatos nos lixiviados [38-42]. ..................................................... 57
Figura 5.9 – Evolução da concentração de sulfuretos nos lixiviados [38-42]. .................................................. 58
Figura 5.10 – Evolução da concentração de cloretos nos lixiviados [38-42]. ................................................... 59
Figura 5.11 – Evolução da concentração de sódio nos lixiviados [38-42]. ....................................................... 60
Figura 5.12 – Evolução da concentração de Zinco total nos lixiviados [38-42]. ................................................ 61
Figura 5.13 – Evolução da condutividade nos lixiviados [38-42].................................................................... 62
Figura 5.14 – Evolução do pH nos efluentes tratados [38-42]. ...................................................................... 66
Figura 5.15 – Evolução da CQO nos efluentes tratados [38-42]. ................................................................... 67
Figura 5.16 – Evolução da CBO5 nos efluentes tratados [38-42]. .................................................................. 68
Figura 5.17 – Evolução da razão CBO5/CQO nos efluentes tratados [38-42]. .................................................. 69
Figura 5.18 – Evolução da concentração de N-NH4 nos efluentes tratados [38-42]. ......................................... 70
Figura 5.19 – Evolução da concentração de azoto total nos efluentes tratados [38 -42]. .................................... 71
Figura 5.20 – Evolução da concentração de sulfatos nos efluentes tratados [38-42]. ....................................... 72
Figura 5.21 – Evolução da concentração de sulfuretos (A, B, C e D) e H2S (E) nos efluentes tratados [38 -42]. .... 73
Figura 5.22 – Evolução da condutividade nos efluentes tratados [38-42]. ....................................................... 74
Figura 5.23 – Evolução da concentração de cloretos nos efluentes tratados [38-42]. ....................................... 74
viii
LISTA DE ABREVIATURA S
AIA – Avaliação de Impacte Ambiental
ANR – Autoridade Nacional de Resíduos
APA – Agência Portuguesa do Ambiente
ARD – Águas Residuais Domésticas
BAT – Best Available Techno logy
BREF – BAT Reference Documents
CBO5 – Carência Bioquímica de Oxigénio
CCDR – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional.
CCPCIP – Comissão Consult iva para a Prevenção e Controlo Integrado de Poluição.
CER – Catálogo Europeu de Resíduos
CQO – Carência Química de Oxigénio
COT – Carbono Orgânico Total
DALA – Departamento de Avaliação e Licenciamento Ambiental
ECL – Entidade Coordenadora de Licenciamento
EIPPCB – European Integrated Pollut ion Prevention and Control Bureau
ENRRUBDA – Estratégia Nacional para a Redução dos Resíduos Biodegradáveis Destinados aos Aterros
EPER – European Pollutant Emission Register
E-PRTR – European Pollutant Release and Transfer Registers
ETAL – Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes
GEE – Gases com Efeito Estufa
HPRO – High Pressure Reverse Osmosis
IA – Instituto do Ambiente
IGAOT – Inspecção-Geral do Ambiente e Ordenamento do Terr itór io
INR – Instituto dos Resíduos
LA – Licença Ambiental
LE – Licença de Exploração
LER – Lista Europeia de Resíduos
LI – Licença de Instalação
MTD – Melhores Técnicas Disponíveis
OI – Osmose Inversa
PCIP – Prevenção e Controlo Integrado de Poluição
PDA – Plano de Desempenho Ambiental
PERSU – Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos
PIRSUE – Plano de Intervenção de Resíduos Sóli dos Urbanos e Equiparados
RAA – Relatório Ambiental Anual
RIB – Resíduos Industr iais Banais .
RINP – Resíduos Industr ias Não Perigosos
ROB – Resíduos Orgânicos Biodegradávies
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos
ix
RUB – Resíduos Urbanos Biodegradáveis
SBR – Sequencing Batch Reactor.
UE – União Europeia
VEA – Valores de Emissão Associados
VLE – Valores Limite de Emissão
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 . OB J E C T IV O S
No âmbito de um estágio académico realizado no Instituto do Ambiente (actual Agência Portuguesa do
Ambiente) inserido na Divisão de Prevenção e Controlo Integrado de Poluição – PCIP (actual
Departamento de Avaliação e Licenciamento Ambiental), é feita a avaliação do estado de cumprimento
em relação ao Regime PCIP no sector dos aterros de resíduos não perigosos, em part icular, aterros de
deposição de resíduos sólidos urbanos (RSU).
Através da análise dos relatórios entregues anualmente na APA pelas instalações l icenciadas no âmbito
da PCIP, procede-se à avaliação do desempenho ambiental das mesmas, incidindo o estudo sobre a
relevante questão dos l ixiviados produzidos e respectivas opções de gestão.
Para tal, além de se proceder à caracterização da massa de resíduos depositados, caracteriza -se
também a qualidade do l ixiviado e do efluente tratado, com o intuito f inal de avaliar a eficácia das
opções tomadas e, tendo presente o state of the art , propor melhorias às mesmas.
1.2 . RE G IM E PCIP N O CO N T E X T O EU R O P E U
1.2.1. Enquadramento Geral
Na União Europeia (UE), com a aprovação em 1993, do Quinto Programa Comunitário de Polít ica e
Acção em Matér ia de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (1993 – 2000), surge uma nova
abordagem no controlo da poluição resultante da actividade de processos industr iais. Sendo estes
responsáveis por uma signif icativa parcela da poluição global da Europa, nas suas di ferentes formas
(emissões de gases com efeito estufa - GEE, produção de resíduos, descargas de águas residuais),
tornou-se imperativo dedicar uma especial atenção ao desempenho das referidas actividades
económicas, estruturantes da actual sociedade.
Assim, a UE, munida do referido Programa, cujo período de aplicação se estenderia até 2000,
empenhou-se na implementação de “uma nova orientação e impulso à interface das polít icas ambiental e
industr ial através do estabelecimento de um pacote global e integrado de medidas”, entres as quais se
destaca, no presente contexto, a “melhoria dos processos de gestão e controlo da produção, incluindo
um sistema de l icenciamento renovável associado à prevenção e controlo integrado da poluição,
auditor ia ambiental, avaliação e contabil ização eficaz do ambiente, ut i l ização da melhor tecnologia
disponível [ .. . ] ” [1].
O objectivo central era, portanto, combater a existência de diferentes abordagens no combate à
poluição, de polít icas de protecção do ambiente compartimentadas que, por si só, não constituíam
ferramentas capazes de prevenir a transferência de poluição entre os diferentes meios físicos – ar,
água, solo.
É neste contexto que, em 1996, o Conselho Europeu adopta a Directiva n.º 96/61/CE, de 24 de
Setembro, relat iva à Prevenção e Controlo Integrado da Poluição (Directiva PCIP ) produzida por um
largo espectro de actividades industr iais e agrícolas. Estavam assim criadas as condições base para o
2
estabelecimento de um elevado nível de protecção do ambiente, de carácter i mpreterivelmente holíst ico.
A efectiva implementação deste inovador instrumento da Polít ica Ambiental Europeia, responsável pelo
controlo do desempenho das cerca de 50 000 instalações abrangidas pela Directiva PCIP em toda a UE
[2], assenta num processo obrigatório de l icenciamento único das instalações que desenvolvam
actividades (distr ibuídas por seis sectores) constantes no Anexo I da mesma (actividades PCIP) [3]. A
ideia é incluir no regime PCIP todas as actividades económicas que apresentem associados impactes
que, após avaliação de acordo com a natureza e/ou a capacidade de produção das instalações, sejam
considerados part icularmente signif icativos.
A prevenção, al iada ao carácter integrado desta nova abordagem, permite reduzir e, se possível até,
evitar muitos dos impactes associados a estas actividades (emissões poluentes, produção de resíduos,
ruído), sem contudo descurar as suas necessidades de desenvolvimento económico. É por este motivo
que, na determinação das condições do l icenciamento ambiental, a exigência do cumprimento de valores
l imite de emissão (VLE) vem explicitamente associada à aplicação das melhores técnicas disponíveis
(MTD), sem que contudo seja imposta a uti l ização de uma técnica ou tecnologia específ icas (ver n.º 4 do
art.º 9.º). Transcrevendo parcialmente o n.º 11 do art.º 2.º da Directiva PCIP, por «disponíveis»
entende-se “técnicas desenvolvidas a uma escala que possibi l i te a sua aplicação no contexto do sector
industr ial em causa, em condições económica e tecnicamente viáveis [. . . ] , quer essas técnicas sejam ou
não uti l izadas ou produzidas no terr itór io do Estado -Membro em questão [.. .]” [3].
1.2.2. BREF
Com o intuito de tornar efectiva a implementação das MTD por parte das actividades económicas, sem
contudo desconsiderar as disparidades existentes entre estas no espaço europeu, a Directiva PCIP
prevê, no seu art.º 16.º, a cr iação de um sistema de intercâmbio de informação entre os diversos
Estados-Membros e indústrias, essencialmente dedicado à determinação, sector a sector, das MTD e
das medidas de monitorização dos parâmetros ambientais, incluindo a evolução de ambas as técnicas.
Sendo este processo coordenado e assist ido pelo Gabinete Europeu de PCIP 1 (de sigla inglesa
EIPPCB2), sediado em Sevilha, o mesmo é frequentemente designado “Processo de Sevilha”. Esta
ambiciosa tarefa apresenta como resultado principal a elaboração e publicação, por sector, de
documentos de referência sobre as MTD - os chamados “BREF” (BAT 3 Reference Documents).
Produzidos conjuntamente por peritos indicados pelos vários países e por representantes da Indústr ia e
das Organizações Não Governamentais de Ambiente - Fórum de Intercâmbio de Informação -, estes
documentos são publicados pela Comissão ao abrigo do n.º 2 do art.º 16.º da Directiva PCIP,
encontrando-se ainda citados no seu Anexo IV, onde se definem os elementos relevantes a considerar
na determinação das MTD.
Pelo referido, apesar de os BREF constituírem uma ferramenta essencial para a difusão das MTD, estes
não estabelecem normas vinculativas nem defin em os VLE a aplicar, l imitando -se a fornecer informação
1 Parte integrante do Instituto de Estudos de Tecnologia Prospectiva de Centro Comum de Investigação da Comissão. 2 European IPPC Bureau. 3 Best Available Technology , sigla inglesa de MTD.
3
de referência. É por isso fundamental que as autoridades competentes PCIP de cada Estado -Membro
recorram a estes documentos aquando da análise dos processos de pedido de l icenciamento e,
consequentemente, na definição das suas condições, em part icular, na determinação dos VLE.
Completando o primeiro ciclo de 33 BREF, foram publicados e adoptados pela Comissão 6 destes
documentos a 3 de Agosto de 2007. De referir que, em média, são necessários dois a tr ês anos para o
grupo de trabalho ult imar um BREF [ 4].
Actualmente e desde 2005, está já em curso o processo de revisão de determinados BREF, de forma a
incorporar os importantes novos conhecimentos resultantes da investigação. A versão inglesa destes
documentos e informações relativas ao estado de elaboração dos mesmos, poderão ser consultadas na
página do EIPPCB 4, estando disponível no site do Instituto do Ambiente a tradução para português dos
Sumários Executivos dos BREF já concluídos.
Outro aspecto também fundamental da directiva é o seu carácter f lexível, já que as condições de
l icenciamento das instalações (art.º 9.º da Directiva PCIP) - VLE e/ou parâmetros ou medidas técnicas
equivalentes - além de deverem ter por base as MTD, devem também tomar em consideração as
característ icas técnicas da instalação em causa, a sua implantação geográfica e as condições locais do
ambiente (ver n.º 4 do art.º 9.º).
1.2.3. EPER e PRTR
Após a emissão da l icença ambiental (LA), outras importantes ferramentas da directiva entr am em
acção. São exemplos disso, a obrigação por parte do detentor da l icença de, após o cessar da
actividade, repor o local de exploração em estado satisfatório ( alínea f do art.º 3.º); a existência de
revisões periódicas da l icença e/ou a possibi l idade d e alterar as condições da mesma (ver art.º 13.º); a
realização de monitorização ambiental adequada (ver art.º 14.º), etc.
Relativamente a este últ imo ponto, e na sequência do disposto no n.º 3 do art.º 15.º da directiva,
segundo o qual “A Comissão publica de três em três anos um inventário das principais emissões e
fontes responsáveis, com base nos elementos transmit idos pelos Estados -Membros.” [3], surge a
Decisão da Comissão n.º 2000/479/CE, de 17 de Julho, relat iva à cr iação de um registo europeu das
emissões poluentes (Decisão EPER 5). Segundo esta decisão, os Estados-Membros passariam a estar
constrangidos a enviar à Comissão, de três em três anos, um relatório onde constassem as emissões
das instalações abrangidas pelo regime PCIP, para uma l ista de 50 poluentes da atmosfera e da água,
no caso de serem excedidos os valores l imiar definidos no Anexo A1 da referida decisão [5].
Dando cumprimento ao estipulado na Decisão EPER, a primeira apresentação destes registos ocorreu
em Junho de 2003, com os dados relativos a 2001 (ou, em alternativa, 2000 ou 2002), tendo o segundo
relatório sido entregue em Junho de 2006 (dados relativos a 2004).
A consulta de informações relativas às emissões das cerca de 9200 e 12000 instalações industr iais,
4 http://eippcb.jrc.es/ 5 European Pollutant Emission Register
4
referentes, respectivamente, aos anos de 2001 (UE a 15) e 2004 (UE a 25) [ 6], encontra-se
disponibi l izada no site inglês da Agência Europeia do Ambiente 6.
Em todo este processo, inclusive na adopção da Decisão EPER, a Comissão conta com a colaboração
do comité referido no art .º 19.º da Directiva PCIP [3] - Comité dos mecanismos de implementação da
directiva -, também designado, Comité EPER.
Pelo anteriormente referido, os registos EPER apresentam -se como um poderoso instrumento de
monitorização da eficiência da Directiva PCIP , em part icular, no que se refere à contr ibuição da mesma
para a redução das emissões para ar e água, já que os mesmos constituem um retrato do universo de
actividades PCIP, antes e depois da efectiva implementação da directiva.
Ainda relativamente à Decisão EPER, refira -se que nesta (n.º 4 do art.º 2.º) [5] é incentivada a entrega
dos relatórios com uma periodicidade anual, a part ir do ano 2008 e seguintes, com dados relativos ao
ano precedente. No ano de 2007, a inventariação de emissões poluentes na UE d eixará de se basear na
Decisão EPER, dando esta lugar a nova regulamentação comunitária.
Assim, a 21 de Maio de 2003, a Comunidade Europeia (CE) assina o Protocolo da UN -ECE sobre
Registos de Emissões e Transferência de Poluentes (Protocolo PRTR 7), o qual visa implementar uma
das directr izes constantes na Convenção de Aarhus 8, onde se reconhece que “o maior acesso do público
à informação sobre ambiente (…) contr ibui para uma maior sensibi l ização da população para as
questões ambientais (…) e, f inalmente, p ara um ambiente melhor” [7].
A aprovação do Protocolo PRTR surge com a Decisão da Comissão n.º 2006/479/CE, de 17 de Julho
(Decisão PRTR), tendo a implementação do mesmo sido definida através do Regulamento (CE) n.º
166/2006, de 18 de Janeiro (Regulamento PRTR).
O Inventário PRTR, que se assume então como o sucessor do EPER, apesar de ter por base os mesmos
princípios do Inventário que irá substituir , apresenta objectivos bastante mais ambiciosos. Os pontos de
divergência entre ambos assentam essencialment e nos seguintes aspectos:
- A t ipologia das emissões a monitorizar é mais abrangente, já que o Regulamento PRTR contempla
adicionalmente as emissões para o solo, as transferências para fora do local da instalação de águas
residuais e de resíduos perigosos/não perigosos e emissões de fontes difusas;
- A l ista de poluentes PRTR passa a incluir 91, em vez de 50, no caso dos registos EPER;
- A l ista de actividades abrangidas pelo Inventário PRTR encontra -se subdividida em 9 sectores (Anexo I
do Regulamento PRTR) e inclui ainda 9 novas actividades, não incluídas pelo regime PCIP/EPER. No
total, são 45 as actividades abrangidas por este novo regulamento;
- A part icipação do público passa a ser contemplada neste novo regulamento;
- A periodicidade da entrega destes registos passa a ser anual [9].
6 www.eea.europa.eu/ 7 Pollutant Release and Transfer Registers. 8 Convenção da UN-ECE sobre o Acesso à Informação, Participação do Público no Processo de Tomada de Decisão e Acesso. à Justiça em Matéria de Ambiente, assinada a 25 de Junho de 1998 pela CE.
5
Relativamente a esta últ ima alteração imposta pelo Regulamento PRTR, refira -se apenas que, no seu
art.º 21.º [7] é revogado o n.º 3 do art.º 15.º da Directiva PCIP [3], anteriormente transcrito.
O primeiro Inventário PRTR apresentará dados relativos ao ano de 2007 e será publicado pela Comissão
em Setembro de 2009, 3 meses após a apresentação do mesmo pelos Estados -Membros.
1.2.4. Acompanhamento da Aplicação da Directiva
No que se refere ao processo de acompanhamento da aplic ação da directiva, além dos já referidos
instrumentos (EPER, PRTR) e grupos de trabalho da CE (Fórum de Intercâmbio de Informação/Gabinete
Europeu PCIP, Comité EPER), a UE apoia -se ainda no trabalho desenvolvido pelo Grupo de Peritos
PCIP. Este, composto por representantes dos Estados -Membros, terá sido originalmente cr iado para
aprofundar o debate sobre questões relat ivas à transposição da directiva. Posteriormente, o referido
grupo de trabalho, dando cumprimento ao nº. 3 do art.º 16.º da Directiva PCIP [3], concentrou-se na
preparação dos questionários relat ivos à aplicação da Directiva PCIP, elaborados em conformidade com
os art.o s 5.º e 6.º da Directiva 91/692/CEE 9.
A Decisão da Comissão n.º 1999/391/CE de 31 de Maio, veio aprovar o primeiro dos menciona dos
questionários, respeitante ao período compreendido entre 2000 e 2002, inclusive [10]. Após a
elaboração do relatório que tomaria por base este questionário, os Estados -Membros dispuseram de “um
prazo de nove meses a contar do f inal do período de três a nos a que se refere” (art.º 5.º da Directiva
91/692/CEE10) para o enviar à Comissão.
No ano de 2003, a Comissão aprova um novo questionário mais completo através da sua Decisão n.º
2003/241/CE, de 26 de Março. O relatório resultante do preenchimento deste questionário teve como
período de referência os anos de 2003 a 2005 inclusive, apresentando o mesmo prazo de entrega que o
anterior, o que neste caso correspondeu a 30 de Setembro de 2006 [11].
Em Novembro de 2005, em resultado da análise do primeiro ciclo de questionários entregues pelos
Estados-Membros, a Comissão adoptou o seu primeiro Relatório PCIP [ 12], no qual incluiu um Plano de
Acções para apoiar os Estados -Membros, assegurando desta forma o pleno cumprimento da directiva.
1.2.5. Alterações Introduzidas na Directiva
Desde a entrada em vigor da Directiva PCIP, a 30 de Outubro de 1996, exactamente 20 dias após a sua
publicação no Jornal Oficial das Comunidades Europeias, esta foi submetida a algumas alterações.
A primeira, introduzida pela Directiva n.º 2003/ 35/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de
Maio, pretendeu reforçar a part icipação do público no processo de l icenciamento e cr iar disposições
sobre o acesso à justiça, contr ibuindo desta forma para a implementação das obrigações decorrentes da
Convenção de Aarhus (art.º 6.º e n. o s 2 e 4 do art.º 9.º, respectivamente).
Seguiu-se a alteração resultante da adopção, pelo Parlamento Europeu e o Conselho, da Directiva n.º
2003/87/CE, de 13 de Outubro, relat iva à criação de um regime de comércio de l icenças de emissão de
9 Directiva do Conselho, de 23 de Dezembro de 1991, relativa à normalização dos relatórios sobre a aplicação de determinadas directivas respeitantes ao ambiente. 10 Referência feita a este artigo no n.º 3 do art.º da Directiva PCIP.
6
GEE na Comunidade. A alteração introduzida por esta directiva visou garantir que não fossem
estabelecidos pela Directiva PCIP VLE relativos às emissões directas de GEE provenientes de
instalações abrangidas pela Directiva n.º 2003/87/CE. Foi ainda concedido aos Estados -Membros o
direito de optar por não impor normas relativas à eficácia energética de unidades de combustão
emissoras de dióxido de carbono (CO2) no local.
Com a publicação do Regulamento (CE) n.º 1882/2003 do Parlamento Europ eu e do Conselho, de 29 de
Setembro, é ainda alterado o art.º 19.º da Directiva PCIP, relat ivo ao Comité que assiste a Comissão
sempre que a esse mesmo art igo se faça referência.
Por últ imo, e sublinhando o anteriormente mencionado, ref ira -se a revogação do n.º 3 do art.º 15.º da
Directiva PCIP, pelo art.º 21.º do Regulamento PRTR.
1.2.6. Transposição pelos Estados-Membros
Em resultado de todo este enquadramento, torna -se evidente que a aplicação da directiva não subsiste
sem uma acção de âmbito comunitário e, de acordo com o princípio de subsidiariedade, essa aplicação
é da exclusiva responsabil idade dos Estados -Membros, cabendo-lhes a maioria das tomadas de decisão
relativas a normas ambientais vinculativas.
O prazo concedido pela Comissão para a transposição da Directiva PCIP pelos Estados -Membros foi de
três anos após a data de entrada em vigor da mesma (30 de Outubro de 1996), tendo por isso expirado
a 30 de Outubro de 1999 (art.º 21.º) [3].
Segundo o disposto no art.º 5.º desta directiva, o funcionamento de ac tividades PCIP, existentes 11 antes
da data de transposição para a ordem jurídica nacional, f ica condicionado à obtenção de uma l icença
ambiental até 30 de Outubro de 2007 (8 anos após a entrada em vigor da directiva). Relativamente a
instalações que pretendam iniciar actividade, a respectiva autorização de laboração está sujeita à
atr ibuição prévia de uma l icença no âmbito do regime PCIP.
1.2.7. Processo de Revisão da Directiva
Actualmente, encontra-se a decorrer um processo de revisão da Directiva PCIP e da legisl ação relativa
a emissões provenientes de instalações industr iais. Iniciada pela Comissão no f inal de 2005 [ 2], esta
revisão, que f icará concluída em 2007, não pretende alterar os princípios base da directiva nem as
exigências nela constantes, não deixando por isso os Estados-Membros e a indústr ia de estar sujeitos
ao pleno cumprimento da directiva até ao prazo por ela f ixado – 30 de Outubro de 2007. O objectivo
principal da revisão passa por melhorar a funcionalidade da directiva e a sua coerência e
complementaridade com outra legislação relativa a emissões industr iais.
Em suma, a Directiva PCIP, munida do seu sistema de licenciamento obrigatório, não se l imita a garantir
que sejam adoptadas pelos operadores de instalações PCIP medidas que, tanto quanto pos sível,
previnam a poluição, em part icular, mediante a aplicação das MTD. Os objectivos desta directiva
11 Na acepção do disposto no n.º 4 do art.º 2º da Directiva PCIP.
7
passam ainda pela implementação de uma gestão eficiente do consumo de energia e água; pela
prevenção da ocorrência de acidentes e l imitação das respectiv as consequências; pela reposição em
estado satisfatório do local de exploração, aquando da desactivação definit iva da instalação, entre
outros.
O processo de revisão/actualização das l icenças emit idas; uma monitorização ambiental mais efectiva e
eficaz; o acesso à informação e ainda a part icipação do público no processo de l icenciamento são
alguns dos pontos fortes que actuam durante a implementação deste instrumento da polít ica europeia. O
mesmo apresenta-se portanto como um elemento essencial de diversas estratégias temáticas em
desenvolvimento no âmbito do Sexto Programa Comunitário de Acção em Matéria de Ambiente 12 (2002-
2012), onde é reiterado o carácter prior itár io de uma execução mais eficaz da legislação comunitária em
matéria de ambiente [13].
Pelo anteriormente referido, a Directiva PCIP, na sua génese, conduziu a um corte radical com o
passado, em termos da respectiva metodologia e conteúdo, marcando o f im de um ciclo legislat ivo onde
o ambiente era abordado de forma compartimentada. Desde então, a poluição passou a ser prevenida na
sua origem, evitando-se ainda a transferência desta entre os diferentes meios.
1.3 . RE G IM E PCIP N O CO N T E X T O NA C IO N A L
1.3.1. Introdução
A transposição do regime PCIP para a ordem jurídica nacional ocorreu com a publicação do Decreto -Lei
n.º 194/2000, de 21 de Agosto (Diploma PCIP), cerca de 4 anos após a entrada em vigor da Directiva
PCIP, tendo-se excedido desta forma o prazo estipulado nessa regulamentação europeia - 30 de
Outubro de 1999.
Com a entrada em vigor do Diploma PCIP a 1 d e Setembro de 2000 (art.º 44.º) [14], f ica instituído em
Portugal a obrigatoriedade de obtenção prévia de l icença ambiental por parte das actividades
abrangidas pelo Anexo I do referido diploma, sem a qual não poderá ser concedida ao operador a
l icença ou autorização de instalação por este pretendida (art.º 22.º 13) .
De referir que, o princípio do l icenciamento ambiental encontra -se consagrado na legislação portuguesa
já desde 1987, com a publicação da Lei de Bases do Ambiente (Lei n.º 11/87, de 7 de Abri l): “A
construção, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e o exercício de actividades efectivamente
poluidoras dependerão do prévio l icenciamento pelo serviço competente do Estado responsável pelo
ambiente e ordenamento do terr itór io, sem prejuízo de outras l icenças exigíveis.” [15].
A actual redacção do Diploma PCIP resulta das várias alterações que têm vindo a ser introduzidas ao
longo do tempo:
- Revogação das disposições constantes da alínea e) do n.º 1 e o n.º 2 do art.º 31.º do Diploma PCIP,
12 Estabelecido a 22 de Julho de 2002, pela Decisão n.º 1600/2002/CE do Parlamento Europeu e do Conselho. 13 “O licenciamento ou a autorização da instalação integra a licença ambiental atribuída a essa instalação.” (n.º 2) [14].
8
segundo o Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio (art.º 55.º), relat ivo à d eposição de resíduos em
aterro [16];
- Alteração dos art.os 21.º e 40.º, introduzida pelo Decreto -Lei n.º 69/2003, de 10 de Maio (art.º 29.º) –
Licenciamento Industr ial [17];
- Alteração do art.º 10.º pelo Decreto -Lei n.º 233/2004, de 14 de Dezembro 14 (art.º 37.º) [18], o qual
transpõe a Directiva n.º 2003/87/CE, de 13 de Outubro (cr iação de um regime de comércio de l icenças
de emissão);
- Alteração dos art.o s 2.º, 17.º, 24.º, 25.º e 26.º e aditamento do art.º 25.º -A, pelo Decreto-Lei 130/2005,
de 16 de Agosto (art.o s 1.º e 2.º) [19] que adopta as alterações introduzidas na Directiva PCIP pela
Directiva 2003/35/CE, de 26 de Maio (acesso à informação e part icipação do público);
- Alteração dos art.o s 12.º, 20.º e 31.º do Diploma PCIP pelo Decreto -Lei 178/2006, de 5 de Setembro
(art.º 77.º), relat ivo ao actual regime geral da gestão de resíduos [20].
1.3.2. Actividades e Instalações Abrangidas
A l ista de actividades contempladas no Anexo I do Dip loma PCIP [14], em adaptação à realidade
nacional, difere apenas em algumas das subcategorias relat ivamente à Directiva que transpõe. As 6
categorias constantes neste anexo são as seguintes:
1) Indústr ias do sector da energia;
2) Produção e transformação de metais;
3) Indústr ia mineral;
4) Indústr ia química;
5) Gestão de resíduos;
6) Outras actividades.
Assim, uma dada instalação diz -se PCIP caso desenvolva uma actividade que corresponda exactamente
a uma das seis referidas categorias, seja ela activ idade principal (à qual normalmente corresponde o
código CAE15) ou secundária.
Na aplicação do Diploma PCIP, um dos aspectos fundamentais e já anteriormente referido no âmbito da
respectiva directiva, é a dist inção entre instalações “existentes” 16 e “novas” , relativamente à data de
entrada em vigor do diploma – 1 de Setembro de 2000.
O l icenciamento ambiental de novas instalações encontra -se contemplado nos art. o s 11.º e 12.º do
Diploma PCIP17.
Relativamente às instalações existentes, o art igo 13.º deste di ploma estabelece dois momentos dist intos
no seu processo de l icenciamento. Em resultado da criação de um procedimento de registo obrigatório
14 Alterado pelos Decretos-Lei n.º 243-A/2004, de 31 de Dezembro e n.º 230/2005, de 29 de Dezembro e posteriormente republicado em anexo ao Decreto-Lei n.º 72/2006, de 24 de Março. 15 Classificação Portuguesa das Actividades Económicas. 16 Na acepção do disposto na alínea g) do n.º 1 do art.º 2º do Diploma PCIP. 17 Actual redacção do art.º 12º dada pelo art.º 77º do Decreto -Lei n.º 178/2006, de 21 de Agosto [20].
9
dir igido às instalações existentes abrangidas pelo regime PCIP (alínea (a) do n.º 2), os respectivos
operadores f icaram sujeitos ao envio à autoridade competente da Ficha de Identif icação PCIP (Anexo V
do Diploma PCIP), até 28 de Novembro de 2000 (60 dias após entrada vigor). Ao cumprimento desta
exigência segue-se a obtenção obrigatória da l icença ambiental pelos oper adores até 30 de Outubro de
2007 (n.º 1 do mesmo art igo).
Refira-se que, apesar de o Diploma PCIP não estipular uma data l imite para a apresentação do pedido
de l icenciamento ambiental de instalações existentes, a antecipação do mesmo foi incentivada desde
2000 e até ao f inal de 2006, pela possibi l idade de candidatura ao Sistema de Incen tivos à Modernização
Empresarial18, podendo a obtenção desta l icença constituir uma majoração para a atr ibuição de
f inanciamento no âmbito do Programa de Incentivos à Moderni zação Empresarial (PRIME).
De referir que a efectiva implementação do regime PCIP assenta no enquadramento do procedimento de
l icenciamento ambiental nos regimes jurídicos existentes para o l icenciamento ou autorização das
actividades PCIP (art.º 27.º con jugado com os art. o s 28.º a 32.º), algo patente no n.º 2 do art.º 18.º do
Diploma PCIP: “O pedido de l icença ambiental faz parte integrante do correspondente pedido de
l icenciamento da actividade” [14].
1.3.3. Entidades Envolvidas
Em Portugal, o processo de l icenciamento ambiental de uma instalação PCIP tem por base a intervenção
de três entidades competentes definidas no Capítulo II do Diploma PCIP (em part icular, no seu art.º 3.º):
- Autoridade competente para a l icença ambiental, função atr ibuída ao Instituto d o Ambiente (IA);
- Entidade coordenadora do l icenciamento (ECL) – 22 possíveis19 [21];
- Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) – 5 no total.
A manutenção das suas competências é garantida pelo disposto nos art igos 5.º, 4.º e 6.º,
respectivamente [14].
Assim, ao IA (autoridade competente) cabe, não só a decisão sobre os pedidos de l icenciamento
ambiental, como também a coordenação e gestão administrativa de todo o procedimento, incluindo a
consideração de recomendações da Comissão Consult iva para a Prevenção e Controlo Integrado de
Poluição (CCPCIP) e a publicação/comunicação da referida decisão à CCDR envolvida e à Inspecção -
Geral do Ambiente e do Ordenamento do Terr itór io (IGAOT). O IA é ainda responsável pela comunicação
e intercâmbio de informação com a Comissão Europeia no âmbito do Diploma PCIP (ver art.º 5.º).
Atr ibuída consoante a t ipologia da actividade desenvolvida na instalação PCIP em causa, a ECL, além
de manter as competências relat ivas à concessão das autorizações ou l icenças de instalação (LI),
exploração (LE) e alterações da instalação, é ainda a responsável pela coordenação do processo de
l icenciamento no âmbito do Diploma PCIP. Assumindo -se como o interlocutor único do operador, entre
outras obrigações, compete à ECL remet er à CCDR a documentação apresentada pelo operador, à qual
18 Portaria n.º 687/2000, de 31 de Agosto. 19 Instituto dos Resíduos, Direcção Nacional da Polí tica de Segurança Pública, Direcção Geral (DG) de Geologia e Energia, DG de Veterinária, DG da Saúde, 5 CCDR, 5 Direcções Regionais (DR) da Economia, 7 DR da Agricultura.
10
a ECL pode acrescentar respectivo parecer eventualmente elaborado (ver art.º 4.º).
À CCDR localizada na área da instalação cabe, em conjunto com o IA, avaliar os pedidos de
l icenciamento ambiental e de renovação das l icenças, comunicando à ECL a decisão f inal sobre os
mesmos. (ver art.º 6.º e n.º 1 do art.º 20.º 20). A análise da “conformidade dos resultados das
monitorizações das emissões da instalação com as condições estabelecidas na l icença ambie ntal”
[alínea e) do art.º 6.º] é também da responsabil idade das respectivas CCDR.
Além das entidades anteriormente mencionadas, refira -se ainda a existência de uma Comissão
Consult iva para a Prevenção e Controlo Integrado de Poluição , cr iada pelo art.º 7.º do Diploma PCIP e
regulamentada pela Portaria n.º 1252/2001 (2ª série), de 20 de Julho, à qual foram atr ibuídas, entre
outras, competências relat ivamente ao estudo, selecção e estabelecimento das MTD a aplicar por sector
de actividade, para efeitos da emissão da l icença ambiental [22].
Por últ imo e, sem prejuízo das competências próprias das ECL ’s , a f iscalização do cumprimento das
condições impostas em sede de l icenciamento bem como a instrução de processos de contra -ordenação,
são da responsabil idade da IGAOT (art.º 33.º do Diploma PCIP) [14].
Em resultado da aprovação da nova Lei Orgânica do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do
Terr itór io e do Desenvolvimento Regional pelo Decreto -Lei n.º 207/2006, de 27 de Outubro [23], é
operada a fusão do IA e do Instituto de Resíduos (INR) na Agência Portuguesa do Ambiente (APA) pelo
Decreto Regulamentar n.º 53/2007, de 27 de Abri l [24]. Nesse diploma são definidas a missão,
atr ibuições e t ipo de organização interna da APA. Enquanto Autoridade Nacional de Resíduo s (ANR), a
APA exerce as funções anteriormente exercidas pelo INR. De acordo com a Portaria n.º 573 -C/2007, de
30 de Abri l [25], o novo Departamento de Avaliação e Licenciamento Ambiental (DALA) da APA passa a
exercer as funções de autoridade competente de l icenciamento ambiental.
1.3.4. Processo de Licenciamento
De acordo com o disposto no n.º 1 do art.º 18.º do Diploma PCIP [14], a abertura de um processo de
l icenciamento ambiental neste contexto ocorre aquando da apresentação, pelo respectivo operador à
ECL, do pedido de l icença ambiental segundo o modelo previsto no referido diploma (n.º 3 do mesmo
art igo) e aprovado pela Portaria n.º 1047/2001, de 1 de Setembro – Formulário PCIP21 [26].
Após o envio do Formulário PCIP da ECL para a CCDR terr itor ialmente compete nte e desta para o
IA/APA, segue-se um período de dez dias de avaliação preliminar conjunta por parte da CCDR e do
IA/APA (art.º 19.º) [14], ao f im do qual este Instituto se deverá pronunciar sobre a conformidade dos
elementos apresentados pelo operador re querente. A suspensão deste prazo está prevista no n.º 5 do
art.º 19.º, aplicável apenas nos casos em que, durante o referido período de 10 dias, ocorra um pedido
de elementos em falta. Terminada esta fase, a CCDR deverá conduzir a consulta pública do pedi do de
l icença e assegurá-la pelo período de 15 ou 30 dias, consoante se trate de um projecto sujeito a
avaliação de impacte ambiental (AIA) ou não (art.º 24.º 22). Simultaneamente decorre a avaliação técnica
20 Segundo a nova redacção do art.º 20º, introduzida pelo Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro (art.º 77º). 21 Existe para este documento um Guia de Apoio ao Preenchimento. 22 Segundo a nova redacção do artigo, dada pelo Decreto-Lei n.º 130/2005, de 16 de Agosto.
11
do processo pelo IA/APA, devendo os elementos resultantes do processo de consulta pública fazer parte
integrante desta análise.
Neste contexto e, tendo em vista a elaboração conjunta de uma proposta de decisão sobre o
l icenciamento, cabe à CCDR pronunciar -se no que respeita aos descritores ambientais água e ar; ao
INR/ANR, no caso de l icenciamento de actividades de gestão de resíduos, cabe a análise relat iva ao
descritor resíduos; competindo ao IA/APA a verif icação dos pressupostos legais face aos requisitos
PCIP e o estabelecimento das demais condições da l icença a emit ir .
Considerando todos os contr ibutos das entidades envolvidas, o IA/APA dispõe de um prazo total de 60
ou 90 dias23, consoante o projecto em causa tenha ou não sido sujeito a prévia AIA, para emissão da
decisão sobre o pedido de licenciame nto ambiental, a qual deverá ser comunicada à IGAOT e à CCDR
que, por sua vez, a deve transmit ir à ECL (ver nova redacção do art.º 21.º 24) .
Em síntese, a interacção entre os principais intervenientes na emissão de uma l icença ambiental
processa-se, simpli f icadamente e em ambos os sentidos, da seguinte forma: «operador - ECL - CCDR -
IA/APA». Ao IA/APA competirá a coordenação de todo o processo, cabendo exclusivamente à CCDR a
orientação da consulta pública e à ECL a concessão de autorização ou l icença de
instalação/laboração/alteração da instalação, as quais constituirão parte integrante da l icença a emit ir.
A Figura A.1 do Anexo A pretende esquematizar e explicitar o anteriormente referido.
1.3.5. Condições do Licenciamento
Em termos das condições de l icenciamento propriamente ditas e segundo o art.º 10.º do Diploma PCIP,
a l icença ambiental f ixa os VLE para o ar e para a água relativamente aos poluentes característ icos da
instalação (especialmente para os constantes na l ista de substâncias reunidas no Anexo III d o presente
diploma). Esta determinação deverá ter por base os valores de emissão associados (VEA) às MTD
l istadas nos documentos de referência (BREF). De referir que, no presente contexto, o cumprimento dos
VLE corresponde ao grau de exigência mínimo, deve ndo os VEA às MTD ser posteriormente aplicados.
Assim, estabelecida caso a caso, a l icença ambiental define pormenorizadamente as diversas
obrigações do operador relat ivas às questões associadas a toda a gestão ambiental na fase de
exploração e de encerramento da instalação. Com esse intuito, na l icença constam os procedimentos a
adoptar nas diversas tarefas de gestão da actividade, em part icular, no que se refere ao controlo de
qualidade do meio hídrico (águas subterrâneas e superf iciais), à gestão de res íduos, ao controlo das
emissões para o ar e água, ao controlo do ruído, entre outros. O operador da instalação l icenciada
f icará sujeito à aplicação do plano de monitorização dos poluentes associados à actividade,
estabelecido na LA, bem como à obrigatorie dade de comunicar periodicamente à CCDR os dados
resultantes dessas análises e de enviar a resposta anual ao formulário EPER/PRTR (n.º 4 e 5 do art.º
8.º).
O operador f ica ainda obrigado a apresentar à autoridade competente documentação que reúna a
23 Prazos a contar a partir da data de recepção da documentação nesse Instituto. 24 Segundo a alteração introduzida pelo Decreto-Lei n.º 69/2003, de 10 de Abril.
12
informação necessária à verif icação do cumprimento das condições impostas na l icença - Relatório
Ambiental Anual (RAA) - e ainda um plano de acções a implementar no sentido da contínua melhoria do
desempenho da instalação l icenciada, nomeadamente através da apro ximação às MTD - Plano de
Desempenho Ambiental (PDA) 25.
Assim, além de integrar todas as exigências da l icença ambiental, o PDA deverá incluir a calendarização
das acções propostas, para um período de três a cinco anos, e respectivos prazos e meios envolvi dos.
Relativamente ao RAA, a enviar anualmente à autoridade competente, este documento deve incluir os
seguintes elementos:
- Âmbito;
- Ponto de situação relativamente às condições de operação (gestão resíduos, alterações
topográficas, controlo dos l ixiv iados, etc.) e à gestão de recursos (consumo água, energia);
- Ponto de situação relativamente aos sistemas de tratamento e pontos de emissão;
- Relatórios síntese da monitorização das emissões da instalação e monitorização ambiental, com
respectivas i lustrações gráficas da sua evolução;
- Síntese das emergências verif icadas e, subsequentes acções correctivas implementadas;
- Síntese das reclamações apresentadas;
- Ponto de situação relativamente à execução das metas do PDA previstas para o ano a que se
refere o relatório ambiental;
- Relatório síntese dos registos E-PRTR.
1.3.6. Renovação, Actualização, Caducidade ou Novo Pedido de Licença Ambiental
Segundo o disposto na alínea g) do art.º 10.º do Diploma PCIP [14], o período de validade atr ibuído à
l icença ambiental não pode em qualquer circunstância ser superior a dez anos, nem deverá ser inferior
a cinco anos, exceptuando os casos em que se considere necessário sujeitar a referida l icença a um
processo de actualização (n.º 2 do art.º 14.º), renovação antecipa da (n.º 3 do art.º 16.º) ou até,
anulação da mesma, a qual terá de ser acompanhada da formulação de um novo pedido de l icença
ambiental (n.º 3 do art.º 14.º).
Caso contrário, e f indo o prazo de validade da l icença, o operador da instalação PCIP deverá requ erer a
renovação da mesma (n.º 1 do art.º 16.º).
Por últ imo, ref ira-se que o operador estará sujeito à caducidade da l icença ambiental concedida sempre
que “decorr idos dois anos sobre a data da sua notif icação à entidade coordenadora do l icenciamento,
não t iver sido dado início à execução do respectivo projecto” (n.º 3 do art.º 23.º).
As l icenças ambientais emit idas até à data encontram -se disponíveis em
www.iambiente.pt/APA/index.htm .
25 A apresentar à autoridades competente (IA/APA) num prazo de seis meses após a data de emissão da licença, para respectiva aprovação.
13
2. SECTOR EM ANÁL IS E – ATERROS DE RSU (5 .4 ANEXO I )
2.1 . EN Q U A D R A M E N T O LE G AL – AT E R R O S /RE S ÍD U O S
2.1.1. Legislação de Aterros
- Directiva e Diploma Aterros:
Com o intuito de reduzir e/ou prevenir tanto quanto possível os impactes resultantes da deposição de
resíduos em aterro, evitando em part icular a poluição das águas de superfície, subterrâneas, o solo e a
atmosfera, foi aprovada a Directiva 1999/31/CE do Conselho, de 26 de Abri l (Directiva Aterros).
Um dos seus aspectos fundamentais assenta no seu carácter complementar relat ivamente ao Regime
PCIP. Segundo o n.º 2 do art.º 1.º [ 27], a regulamentação técnica reunida nesta directiva permite aos
aterros abrangidos pela Directiva PCIP, a concretização dos requisitos gerais constantes nesta últ ima.
Em part icular, a material ização dos instr umentos referidos nos n. o s 3 e 4 do art.º 9.º da Directiva PCIP
(VLE e MTD) baseia-se no cumprimento dos requisitos técnicos estabelecidos no Anexo 1 da Directiva
Aterros.
De sublinhar o facto de a aplicação da Directiva Aterros se concretizar ao longo de todo o ciclo de vida
da instalação, desde a sua construção até à obrigatória fase de manutenção após encerramento, algo
patente nos requisitos operacionais e técnicos reunidos nos seus anexos (Anexo I – Condições gerais
para todas as classes de aterros; An exo II – Critér ios e processos de admissão de resíduos; e Anexo III
– Processos de acompanhamento e controlo nas fases de exploração e após encerramento).
Para a transposição da Directiva Aterros para a ordem jurídica nacional os diferentes Estados -Membros
dispuseram de um período de dois anos, entre 16 de Julho de 1999 e a mesma data em 2001 (art.º
18.º). No caso de aterros existentes 26 à data de transposição da referida Directiva, foram concedidos
oitos anos (16 de Julho de 2009) para o total cumprimento d os requisitos impostos pela Directiva 27,
dependendo disso a manutenção do funcionamento destas instalações de gestão de resíduos (art. 14.º).
Falhando o prazo l imite para a transposição da Directiva Aterros, foi aprovado em Portugal o Decreto -
Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio, referente à deposição de resíduos em aterro (Diploma Aterros). Este
instrumento lega estabelece não só os requisitos gerais a observar nas fases de concepção, construção,
exploração, encerramento e manutenção pós -encerramento, bem como as característ icas técnicas
específ icas para cada classe de aterros (ver art.º 1.º) [16].
Com a publicação em 2006 do já mencionado Decreto -Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro [20], o
Diploma Aterros viu o seu art igo 49.º revogado, alteração única sofr ida po r este diploma até aos dias de
hoje.
26 Aterro em exploração ou com concessão de licença. 27 Exceptuando os requisitos do ponto 1 do anexo I – Localização do aterro.
14
- Âmbito de aplicação:
Um aspecto de elevada relevância prende -se com a complementaridade verif icada entre o Regime PCIP
e o Diploma Aterros. Assim, do cruzamento entre os respectivos âmbitos de aplicação resultarão as
instalações de aterros abrangidas pelos pontos 5.1 e 5.4 do Anexo I do Diploma PCIP [14]:
- Sector 5.1: “Instalações de eliminação (…) de resíduos perigosos l istados no anexo II da Portaria
n.º818/9728, de 5 de Setembro”, que realizem a operação de elimi nação D1 (deposição em aterro),
definida no anexo IIA dessa Portaria;
- Sector 5.4: “Aterros de resíduos urbanos ou de outros resíduos não perigosos, com excepção dos
aterros de resíduos inertes, que recebam mais de 10 t por dia ou com uma capacid ade tota l superior a
25 000 t.”.
Relativamente à definição de “aterro”, a alínea i) do art.º 2.º do respectivo Diploma [16] considera como
tal toda a “instalação de eliminação para deposição de resíduos acima ou abaixo da superfícies natural,
incluindo:
- As instalações de eliminação internas (…);
- Uma instalação permanente (…);” (duração superior a um ano).
As instalações onde se processem as seguintes actividades encontram -se excluídas da definição
anterior:
- Descarga de resíduos com o objectivo de os preparar para serem transportados para outro local de
valorização, tratamento ou eliminação”;
- Armazenagem de resíduos previamente à sua valorização ou tratamento, por um período geralmente
inferior a três anos;
- Armazenagem de resíduos previamente à sua elimina ção, por um período inferior a um ano.
Também o Diploma Aterros contempla a dist inção entre as diferentes classe de aterros, mediante os
resíduos neles recebidos. Assim sendo, no seu art.º 4.º, consideram -se:
- Aterros para resíduos inertes (Secção I do C ap. II) ;
- Aterros para resíduos não perigosos – RNP (Secção II do Cap. II) ;
- Aterros para resíduos perigosos (Secção III do Cap. II) .
- Licenciamento:
Consequentemente, as instalações de aterros que se encontrem abrangidas por ambos os Diplomas
f icam sujeitas às condições neles impostas, sendo portanto necessário que a preceder a ob tenção
obr iga tór ia das l i cenças de ins ta lação e de exp loração (n . º3 do ar t . º 10 . º e a r t . º 11 . º do Dip loma
Ater ros) es te ja a a t r ibu i ção da l icença amb ien ta l (Reg ime PCIP) . Para os aterros sujeitos a
28 Portaria que aprovou o Catálogo Europeu de Resíduos (CER) e que foi posteriormente revogada pela Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março, na qual é aprovada a nova Lista Europeia de Resíduos (LER) [28].
15
l icenciamento municipal, a emissão da l icença de construção pela respectiva câmara municipal depende
da prévia emissão da l icença de instalação (art.º 12.º do mesmo Diploma).
No caso dos aterros alvo de análise no âmbito deste traba lho, aterros para RNP, em part icular, para
deposição de RSU, a emissão das respectivas l icenças de instalação e de exploração é da competência
da APA, enquanto ANR (art.º 37.º) [16].
Após a obtenção da l icença de instalação ao abrigo do art igo 14.º do Dip loma Aterros, há que dist inguir
duas situações possíveis. No caso de se tratar de uma instalação que pretenda iniciar actividade (aterro
novo), a sua l icença de exploração é emit ida ao abrigo do art igo 18.º. Os aterros existentes ( l icenciados
ou em funcionamento) à data de entrada em vigor do Diploma Aterros dispuseram do período de 1 ano
para regularizar a sua situação, devendo para tal ter entregue um plano de adaptação do aterro às
condições de funcionamento impostas no Diploma Aterros. Após aprovação do referido plano, segue-se
uma vistoria às instalações pela ANR (art.º 17.º) tendo em vista a posterior emissão da l icença de
exploração do aterro, desta vez, ao abrigo do art igo 50.º.
- Requisitos gerais/Característ icas técnicas específ icas:
No que se refere ao carácter admissível ou não dos resíduos a depositar em aterros, bem como às
regras a respeitar no controlo da sua admissão em aterro, o Diploma considera não só critér ios de
admissibi l idade gerais, como também específ icos para cada classe de aterro . Assim sendo, vejam-se:
- Art igo 5.º: Resíduos admissíveis nas diferentes classes de aterros;
- Art igo 6.º: Restr ições à deposição de resíduos em aterros;
- Secção V, do Cap. I: Controlo dos resíduos recebidos nos aterros;
- Art igo 32.º: Resíduos admissíveis em aterros para resíduos inertes;
- Art igo 35.º: Resíduos admissíveis em aterros para resíduos não perigosos;
- Art igo 41.º: Resíduos admissíveis em aterros para resíduos perigosos;
- Anexo III : Critér ios e processos de admissão de resíduos (cr i tér ios gerais e específ icos).
Refira-se que, posteriormente à publicação em Diário da República do Decreto -Lei n.º 152/2002, de 23
de Maio, surgiu a aprovação da Decisão do Conselho n.º 2003/33/CE, de 19 de Dezembro de 2002, na
qual são estabelecidos com maior pormenor os cr itér ios de admissão de resíduos em aterro a cumprir
em todos os Estados-Membros [29].
Na Secção VI do Capítulo I e no Anexo IV do Diploma Aterros [16] encontram-se reunidos os requisitos
gerais a satisfazer nas fases de exploração, ence rramento e pós-encerramento, já que esta ferramenta
legislat iva visa regular todo o ciclo de vida deste t ipo de instalações. Para uma melhor compreensão das
questões abordadas, expõe-se a síntese do referido anexo:
Anexo IV – Processos de acompanhamento e controlo nas fases de exploração e após encerramento:
Parte I – Processo de controlo na fase de exploração:
1. Controlo de assentamentos e enchimento;
2. Controlo dos l ixiviados;
3. Controlo das águas subterrâneas;
16
4. Controlo das águas superf iciais;
5. Bacias de l ixiviados;
6. Gases;
7. Outros requisitos;
Parte II – Processos de manutenção e controlo após encerramento:
8. Planta topográfica do local à escala de 1:1000;
9. Controlo ( l ixiviados, águas subterrâneas, assentamentos, etc.);
10. Manutenção (cobertura final do aterro, sistemas de drenagem e tratamento, etc.).
Chama-se a atenção para o facto de na Parte II do anexo em causa se fazerem dist inções entre as três
classes de aterros, no que se refere aos procedimentos a adoptar nas suas fase s de pós-encerramento.
Assim, após a data de encerramento da instalação, o t i tular da l icença f ica responsável pela
manutenção e controlo do aterro por um período não inferior a 30 anos no caso de aterros de resíduos
perigosos e não perigosos e 5 anos, par a os aterros de resíduos inertes (ponto 8.3 da Parte II do Anexo
IV).
Por últ imo, ref ira-se o Anexo II do Diploma Aterros onde são apresentadas as condições gerais e
part iculares para cada classe de aterro. Abaixo transcrevem -se as questões desenvolvidas nesse anexo:
Anexo II – Condições gerais para todas as classes de aterros:
1. Localização;
2. Controlo de emissões e protecção do solo e das águas;
2.1 Sistema de protecção ambiental passiva;
2.2 Sistema de protecção ambiental activa.
3. Estabil idade;
4. Equipamentos, instalações e infra -estruturas de apoio;
5. Encerramento e integração paisagística;
- Apresentação de relatórios:
De acordo com o disposto na alínea b) do art igo 18.º, o operador da instalação licenciada f ica ainda
obrigado a apresentar semestralmente à ANR relatórios que reúnam informação detalhada relativa aos
resíduos depositados, bem como os resultados do programa de controlo desenvolvido na fase de
exploração do aterro. Relembra -se que, no caso de aterros também abrangidos pelo Regime PCIP, os
seus operadores f icam simultaneamente sujeitos ao envio obrigatório à autoridade competente do
l icenciamento ambiental (APA – DALA) dos já referidos RAA´s e PDA’s ( ponto 1.2.5 do presente
trabalho), documentos que visam comprovar o cumprimento do estabelecido na l icença ambiental
emit ida.
17
- ENRRUBDA:
A Directiva Aterros, no seu art igo 5.º, estabelece ainda novas orientações relat ivas à gestão de resíduos
biodegradáveis. Assim, comprometeu -se os Estados-Membros à definição de uma estratégia nacional
para a redução dos resíduos biodegradáveis destinados aos aterros (ENRRUBDA) [30], que
ambicionasse e permit isse o cumprimento faseado dos objectivos definidos e transpostos para o art igo
7.º do Diploma Aterros [14]. Segundo este, os resíduos urbanos biodegradáveis (RUB) destinados a
aterros deveriam ser reduzidos de acordo com as seguintes percentagens (em peso e relat ivamente ao
quantitat ivo de RUB produzido em 1995) de admissão em aterro:
Tabela 2.1 – Limites de deposição de RUB
em Aterro (art.º 7.º, Diploma Aterros) [14].
Data % RUB Admissível
Janeiro de 2006
Janeiro de 2009
Janeiro de 2016
75
50
35
A intenção subjacente a esta disposição era não só diminuir a produção de gás metano proveniente dos
aterros e, consequentemente, contr ibuir para a diminuição do aquecimento global , como ainda prolongar
a vida úti l destas estruturas . A promoção das operações de valorização, reciclagem, compostagem,
produção de biogás, tr iagem e/ou recolha selectiva dos materiais estaria na base do sucesso deste
tarefa.
- BREF’s:
Por últ imo, destaque-se o facto de a Directiva Aterros e o decreto -lei que a transpõe se apresentarem
de extrema importância no âmbito da apl icação do Regime PCIP neste sector, já que funcionam como
substitutos do BREF ainda por desenvolver. No âmbito da gestão de resíduos (ponto 5 do Anexo I do
Diploma PCIP) existe apenas um documento de referência direccionado às Indústr ias de Tratamento de
Resíduos, o qual não abrange o ponto 5.4 do referido anexo da Directiva PCIP e, consequentemente, do
Diploma PCIP, já que este é menos abrangente (refere -se apenas a aterros de resíduos não perigosos).
2.1.2. Legislação de Resíduos
Em Portugal, na base do sistema normativo que suporta a gestão de resíduos está o Decreto -Lei n.º
178/2006, de 5 de Setembro (Diploma Resíduos), responsável pela transposição para a ordem jurídica
interna das Directiva n.º 2006/12/CE, de 5 de Abri l e n.º 91/689/CEE, de 12 de Dezembro, e sta últ ima
relativa aos resíduos perigosos.
Como objectivo prior itár io da polít ica de gestão de resíduos, o respectivo Diploma elege a redução da
produção destes e do seu carácter nocivo (art.º 6.º) [20], a qual deve anteceder as também
18
hierarquizadas operações de gestão de resíduos: a reuti l ização, a reciclagem/valorização e, como últ ima
opção, a el iminação definit iva do resíduo, nomeadamente a sua deposição em aterro (art.º 7.º).
Com a publicação deste diploma, é revogado o seu antecessor, o Decreto -Lei n.º 239/97, de 9 de
Setembro.
De acordo com o disposto no art igo 15.º do Diploma Resíduos, cabe aos planos específ icos de gestão
de resíduos a definir , estabelecer no domínio das diferentes áreas de actividades geradoras de resíduos
( industr ial, urbana, agr ícola e hospitalar) as prior idades estratégicas da respectiva área, as metas a
atingir, as acções a implementar e as regras orientadoras da discipl ina.
No que se refere à gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) – área de interesse no âmbito do
presente t rabalho (deposição de RSU em aterro) – é de destacar a aprovação do novo Plano Estratégico
para os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU II) para o período de 2007 a 2016, pela Portaria n.º
187/2007, de 12 de Fevereiro [31]. A elaboração deste instrumento de ref erência na gestão dos RSU
veio consubstanciar a revisão do seu antecessor, aprovado em 1997, e da ENRRUBDA, apresentada em
Julho de 2003.
Também na base de parte das orientações estratégicas do PERSU II esteve o Plano de Intervenção de
Resíduos Sólidos Urbanos e Equiparados (PIRSUE). A aprovação deste plano pelo Despacho n.º
454/2006 (2.ª série), de 9 de Janeiro [32], pretendeu contr ibuir para o cumprimento das metas europeias
de reciclagem e valorização, decorrentes das Directivas, relat ivas a embalagens e resíduos de
embalagens:
- Directiva n.º 94/62/CE, de 20 de Dezembro, transposta pelos Decretos -Lei n.º 366-A/97, de 20 de
Dezembro e n.º 162/2000, de 27 de Julho;
- Directiva n.º 2004/12/CE, de 11 de Fevereiro, transposta pelo Decreto -Lei n.º 92/2006, de 25 de Maio
[33].
Desta forma, o PERSU II vem incorporar uma série de requisitos e directr izes constantes nos diversos
instrumentos de gestão de RSU, apresentando -se abaixo os de maior relevância no contexto do
presente trabalho:
Tabela 2.2 – Metas a cumprir na gestão dos RSU [16, 33].
Metas a cumprir (%) (*1) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Em
bala
ge
ns
Valorização 50 60
Reciclagem 25 55 - 80
P/C 25 60
Plást. 15 22,5
Vidro 15 60
Metais 15 50
Madeira 15 15
RUB admissível em aterro (*2) 75 50 35
(*1) Valor de percentagem em peso dos resíduos.
(*2) Valores relat ivos ao ano de referência de 1995.
19
Para f inalizar a contextualização em termos legislat ivos, há ainda a referir a actual Lista Europeia de
Resíduos (LER), aprovada pela Decisão n.º 2000/532/CE, da Comissão, de 3 de Maio 29, a qual classif ica
os resíduos de acordo uma subdivisão em 20 grandes capítulos, atr ibuindo a cada resíduo um código de
6 dígitos. A existência de um asterisco (*) associado ao referido código indica que o resíduo em causa é
considerado perigoso, na acepção da alínea cc) da alínea u) do art.º 3.º do Diploma Resíduos [20]. A
Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março é a responsável pela transposição da referida decisão e
respectivas alterações por esta sofr idas [28].
2.2 . CA R A C T E R IZ A Ç Ã O D O AC T UA L ES T A D O D O SE C T O R
2.2.1. Sistemas de Gestão de RSU
Em Portugal, a gestão de resíduos processa -se de acordo três grupos dist intos:
- Gestão de resíduos por entidades públicas ou por concessionários (RSU);
- Gestão de resíduos integrados em fluxos específ icos/f i leiras (pneus, embalagens, veículos em fim de
vida, pi lhas, entre outros);
- Gestão descentral izada (resíduos não urbanos: industr iais, agrícolas e hospitalares).
No presente contexto, interessa -nos focar a atenções sobre os dois modelos de gestão integrada de
RSU, sustentados pela existência de dois t ipos de entidades gestoras que, de acordo com o constante
no PERSU II são definidos da seguinte forma:
- Os Sistemas Municipais (SM) ou Intermunicipais (Municípios isolados ou em associação): aqueles que
poderão ter operação directa ou concessionada, por concurso, a entidade pública ou privada de
natureza empresarial;
- Os Sistemas Mult imunicipais – SMM (por atr ibuição e concessão): os que apresentam gestão de
natureza empresarial atr ibuída pelo Estado a sociedades concessionárias de cap itais exclusiva ou
maioritar iamente público, resultantes da associação de entidades do sector público, designadamente a
Empresa Geral de Fomento (EGF) e as autarquias.
Os sistemas gestores de RSU hoje existentes Portugal Continental perfazem um total de 29 , 15 SMM e
14 SM, servindo uma população que em 2006 rondava os 10 110 271 habitantes e distr ibuindo -se pelos
cerca de 89 000 km2 [34] do terr itór io nacional continental de acordo com o apresentado na Figura B.1
do Anexo B do presente trabalho .
2.2.2. Produção e destino final de RSU
Segundo a definição adoptada pelo Diploma Resíduos, por “Resíduo urbano” deve entender -se “o
resíduo proveniente de habitações bem como outro resíduo que, pela sua natureza ou composição, seja
semelhante ao resíduo proveniente de habitações” (alínea dd) da al iena u) do art.º 3.º) [20]. Nesta
designação encontram-se abrangidos os materiais não só de origem doméstica, como também os que
provêm do sector de serviços, de estabelecimentos industr iais ou mesmo de unidades prestadoras de
29 Decisão posteriormente alterada pelas Decisões n.os 2001/118/CE, de 16 de Janeiro, 2001/119/CE, de 22 de Janeiro e 2001/573/CE, de 23 de Julho.
20
cuidados de saúde, desde que apresentem uma composição característ ica de resíduo doméstico.
Concretamente, a produção diária de resíduos não superior a 1100 l i tros por produtor corresponde a
uma produção de resíduo urbano, pelo que a respectiva gestão é assegur ada pelos municípios (n.º 2 do
art.º 5.º do Diploma Resíduos).
Dados estatíst icos reunidos no site do INR /ANR [35], indicam que a produção de RSU em Portugal
Continental excedeu, no ano de 2005, os 4,7 milhões de toneladas, o equivalente a uma capitação di ária
de 1,30 kg por habitante, por dia (cerca de 475 kg/hab.ano) 30. A evolução verif icada desde 1995 até
2005 foi a indicada na Figura 2.1.
4.100.000
4.200.000
4.300.000
4.400.000
4.500.000
4.600.000
4.700.000
4.800.000
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Pro
dução d
e R
SU
(to
n)
Figura 2.1 – Produção anual de RSU31 em Portugal Continental em 1995 -2005 [35].
Na Figura 2.2 pode-se observar a demarcada heterogeneidade apresentada pelos valores de produção
de RSU em Portugal Continental, para os diferentes Sistemas. Sem surpresas, os valores mais elevados
correspondem às cidades de Lisboa e Porto e regiões envolventes.
Figura 2.2 – Produção total de RSU em 2005, por Sistema [35].
30 Considerando uma população de 9.927.441 habitantes [35]. 31 A produção de RSU corresponde à soma das recolhas indiferenciada e selectiva (multimaterial e de RUB).
21
Na Tabela 2.3 abaixo apresentada está bem patente a evolução verif icada na área da gestão de
resíduos desde a aprovação em 1997 do PERSU I (aprovado em 1997), no qual fo ram definidas como
prior itár ias as seguintes medidas: a erradicação de l ixeiras, a execução de infra-estruturas de
tratamento e destino f inal de RSU e o apoio à reciclagem e recolha selectiva.
Tabela 2.3 – Evolução da tipologia e número de infra-estruturasde gestão de resíduos no período 1996–2005 [31].
Infra-estrutura 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Aterros de RSU 13 18 28 32 34 38 37 35 34 33
Lixeiras act ivas 341 324 115 85 56 30 0 0 0 0
Estações de Triagem 1 1 4 11 14 18 22 23 25 26
Estações de Transferência 1 2 13 23 41 54 67 75 75 78
Unidades de Valorização Orgânica 5 4 4 4 4 5 5 6 7 8
Unidades de Incineração c/ recup. energ. 0 0 0 0 1 2 2 2 2 2
Fonte: PERSU II.
De sublinhar que, a par com o progressivo aumento do número de aterros e restantes infra -estruturas de
apoio à gestão de resíduos preconizada no PERSU I, está o encerramento desde 1996 das 341 l ixeiras
existentes no terr itór io português e a sua total erradicação alcançada no ano de 2002. Refira-se ainda
que o aumento verif icado no número de aterros ex istentes permit iu a cobertura de 100% da população,
opostamente à reduzida percentagem de 26% em 1996 [ 36].
Dados consultados no site do INR/ANR [35], apontam ainda para a actual existência de cerca de 179
ecocentros e 26 806 ecopontos distr ibuídos pelo país.
No que se refere ao destino f inal atr ibuído aos RSU em Portugal Continental, a tendência verif icada no
período entre 1999 e 2005 (Figura 2.3) acompanha a evolução apresentada na Tabela 2.3: total
desaparecimento de l ixeiras até 2002 (categoria “Outros”), por oposição ao aumento da deposição em
aterros sanitár ios (72% nesse mesmo ano) e do aumento das restantes alternativas – recolha selectiva
mult imaterial, valorização energética e valorização orgânica.
62%
57%
60%
72%
69%
66%
65%
22%
12%
10%
8%
22%
21%
21%
20%
20%
20%
7%
0%
0%
0%
0%
3%
6%
2%
4%
3%
7%
7%
5%
4%
6%
4%
8%
5%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Aterros de RSU OutrosIncineração c/ recup. energia Valoriz. Org./CompostagemRecolha Selectiva
Figura 2.3 – Destino final dos RSU em Portugal Continental no período 1999 – 2005 [35].
Fonte: INR, Julho de 2007.
22
Ainda relativamente à informação constante na f igura anterior há que clarif icar algumas questões:
- A part ir de 2005 a valorização orgânica é também referente aos RUB recolhidos selectivamente ;
- A recolha selectiva inclui a recolha em ecopontos, porta-a-porta e ecocentros. Em 2005 iniciou-se a
recolha selectiva dos RUB (19 079 toneladas declaradas e 21 474 toneladas efectivamente valorizadas
organicamente) [35].
23
3. METODOLOGIA ADOPTADA
Apesar de a categoria 5.4 do Anexo I do Diploma PCIP (ver ponto 2.1.1, página 13) incluir 2 classes
dist intas de Aterros de RNP, os de RSU e os de RIB , o objecto de estudo do presente trabalho cinge -se
à análise do desempenho ambiental de Aterros de RSU que disponham já de Licença Ambiental.
Os Relatórios Ambientais Anuais (RAA) que os o peradores destas instalações têm de enviar anualmente
à autoridade competente do l icenciamento (IA/APA) funcionaram como a principal fonte de informação a
que se recorreu para a execução do presente trabalho. Refira-se que nenhum dos documentos se
encontrava disponível em formato digital.
Tendo em conta que se pretendia que a análise do desempenho das instalações seleccionadas incidisse
sobre um período não inferior a 3/4 anos de actividade, a data de emissão das l icenças ambientais
apresentou-se como o cri tér io preponderante na selecção das instalações de Aterros de RSU alvo de
estudo no presente trabalho.
Para cada instalação, o acompanhamento temporal dos documentos entregues ao longo dos anos pelo
respectivo operador teve por base critér ios comparativos que orientaram todo o processo . Assim, após
um estudo preliminar dos diferentes RAA’s, optou-se por analisar cada um dos aspectos ambientais de
relevância de forma sistemática, através do seu varr imento ao longo dos anos para cada uma das
instalações.
Em resultado do referido estudo preliminar, a questão da gestão dos l ixiviados destacou -se desde logo
como aspecto ambiental de elevada relevância neste t ipo de instalações, já que se verif icou a
dif iculdade em cumprir todos os requisitos exigíveis a uma adequada gestão deste t ipo de efluentes, em
part icular, o cumprimento dos VLE na descarga para a linha de água.
Nos casos em que se considerou necessário complementar a informação reunida nos RAA´s consultados
com dados de fontes dist intas, assinala-se devidamente este facto .
Dada a inexistência de documentos de referência, os usualmente designados BREF, dedicado s a este
part icular sector da gestão de resíduos, os aterros, procurou -se colmatar este vazio com outro
documento que pudesse nortear o trabalho a real izar. De uma extensiva pesquisa resultou a descoberta
de um completo guia, datado de Fevereiro de 2007 e elaborado pela Environment Agency (EA), pelo
Environment and Heritage Service (EHS) e pela Scott ish Environment Protection Agency (SEPA) ,
exclusivamente dedicado ao tratamento de l ixiviados: “Guidance for the Treatment of Landfi l l Leachate ”.
24
4. UNIVERSO DE ANÁLISE – 5 ATERROS DE RSU
4.1 . SE L E C Ç Ã O D O UN IV E R S O D E AN Á L IS E
No que se refere ao número de Aterros de RSU existentes em Portugal Continental abrangidos p elo
ponto 5.4 do Anexo I do Diploma PCIP (ver ponto 2.1.1, pág.13), e de acordo com dados disponíveis no
site do IA/APA [9], pela sua capacidade o total das 39 infra-estruturas deve dar resposta aos requisitos
impostos pelo Regime PCIP. Neste número estão incluídos 2 Aterros de RSU de gestão por parte de
empresas privadas, sendo os restantes 37 aterros geridos por 28 Sistemas Municipais/Mult imunicipas de
gestão de RSU. Daqui sobressai o facto de alguns dos sistemas serem responsáveis pela gestão de
mais de um Aterro Sanitário , até um máximo verif icado de três destas instalações. N a Tabela B.1 do
Anexo B do presente trabalho pode ser consultada a l istagem das 37 instalações de aterros municipais
actualmente existentes e abrangidos pelo Regime PCIP , as quais se poderão apresentar num dos vários
estados de desenvolvimento: em fase de obra, em exploração ou desactivadas.
Um aspecto importante a destacar é o facto de, apesar de estas insta lações possuírem l icença apenas
para a deposição de RSU, casos se verif icaram em que os Aterros de RSU receberam temporariamente
outro t ipo de RNP, como sendo os RIB, de forma a colmatar o défice de infra -estruturas existentes de
gestão municipal, exclusivamente dedicadas à deposição destes resíduos .
Na Figura 4.1 podem ser visualizados os números associados ao estado de l icenciamento (LE e/ou LA)
dos Aterros Municipais de RSU, à data – f inal de Agosto de 2007.
A conhecer, para a correcta interpretação da f igura, a data l imite est ipulada pelo IA/APA 32 para a
entrada do pedido de l icenciamento na ECL – 2 de Junho de 2007, após a qual não é possível garantir a
emissão da LA nos prazos estabelecidos pela lei – relembra-se, 30 de Outubro de 2007.
73%
38% 41%37 A
terr
os R
SU
Munic
ipais
8%
32%
0%
25%
50%
75%
100%
Com LE Com LA PCIP Em fase de
licenciam.
Pedido até
2.Jun.2007
S/ pedido até
Ago.2007
Figura 4.1 – Estado do licenciamento dos Aterros Municipais de RSU em Agosto de 2007 [9].
Legenda: LE – Licença de Exploração; LA – Licença Ambiental .
32 Autoridade Competente do Licenciamento Ambiental.
25
Da análise da Figura 4.1 ressalta o facto de apenas 38% das 37 instalações em causa estarem já
ambientalmente l icenciadas (14), sendo contudo expectável que até 30 de Outubro de 2007 este valor
at inja os 70% (38% + 32%), já que 32% do total das instalações se encontra actualmente em fase de
l icenciamento, tendo estas entregue na ECL o respectivo pedido até 2 de Junho de 2007 .
A assinalar que 92% de todas as instalações existentes procedeu já à entrega do seu p edido de
l icenciamento no âmbito PCIP.
A maioria dos Aterros de RSU é detentora de uma Licença de Exploração, cerca de 73%.
Nas Tabelas B.2 e B.3 do Anexo B constam as l istas de l icenças de exploração e ambientais emit idas,
respectivamente, pelo INR/ANR e pelo IA/APA.
Na Tabela 4.1 estão resumidos os dados relativos ao estado de cumprimento das LA’s emit idas até à
data (Agosto de 2007) às 14 das 37 instalações existentes, nomeadamente no que se refere à entrega
anua l dos RAA’s na autoridade competente de l icenciamento (IA/APA).
Tabela 4.1 – Estado de cumprimento da LA emitida ([35, 37], Ago.2007).
Operador da
instalação
Local ização da
Instalação
Data Emissão RAA
Licença
Ambiental
Licença de
Exploração 2002 2003 2004 2005 2006
RESIOESTE Cadaval 02.Set.2005 ( b ) - x x x x x
REBAT Celorico de Basto 30.Out.2001 13.Jan.2006 x x x x
RESAT Boticas 05.Nov.2001 26.Abr.2007 x x
RESIDOURO Lamego 13.Nov.2001 03.Nov.2005 x x x x x
Resialentejo Beja 30.Nov.2001 - x x x x
Gesamb Évora 04.Dez.2001 30.Mai .2005 x x x x x(a )
Ambi l i tal Sant iago do Cacem 15.Out.2004 26.Jan.2005 n.a. n.a. n.a. x
Lipor Maia 10.Ago.2005 15.Abr.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. x
VALNOR Avis 21.Out.2005 14.Abr.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. x
BRAVAL Póvoa do Lanhoso 12.Mai .2006 07.Out.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. x
ALGAR Loulé (Sotavento) 28.Jun.2006 29.Dez.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. x
VALORLIS Leir ia 08.Jun.2007 12.Abr.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a.
ERSUC Figueira da Foz 24.Ago.2007 10.Ago.2005 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a.
Ambisousa Penafiel 30.Ago.2007 15.Fev.2006 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a.
Legenda:
x – Relatório entregue.
n.a. – não apl icável . ( a ) – Relatório referente apenas ao 1.º semestre de 2006. ( b ) – Actual ização de l icença emit ida a 20 de Setembro de 2001.
Dos critér ios de selecção expostos na Metodologia (ponto 3, pág. 23), resultaram as 5 instalações cujo
operador se encontra assinalado a negrito na Tabela 4.1: RESIOESTE, REBAT, RESIDOURO,
Resialentejo e Gesamb. Consequentemente, o número de RAA’s analisados no conjunto dos 5 Aterros
de RSU perfez um total de 23 documentos.
26
4.2 . CA R A C T E R IZ A Ç Ã O D O S 5 S I S T E M A S D E GE S T Ã O D E RSU
Os 5 Aterros de RSU que serão alvo de estudo no presente trabalho são aqueles que servem os
municípios que integram cada um dos 5 Sistemas de Gestão de RSU salientados na Figura 4.2.
Figura 4.2 – Localização dos 5 Sistemas de Gestão de RSU alvo de estudo [35].
A representatividade da amostra escolhida relat ivamente à realidade nacional está patente na
percentagem do terr itór io nacional continental coberto pelos 5 Sistemas, cerca de 20%, com densidades
populacionais a variar entre 18 e 143 hab/km2 , valores que enquadrarem a média de Portugal
Continental (112 hab/km 2). A realidade observada nas regiões geridas pela Lipor (zona do Porto ) e pela
VALORSUL (zona de Lisboa) difere bastante da média nacional, verif icando -se, respectivamente,
valores que rondam os 1500 hab/km 2 e os 2000 hab/km 2.
A Tabela 4.2 resume os dados relativos ao ano de 2005 considerados relevantes na análise da
relevância estatíst ica da amostra escolhida.
27
Tabela 4.2 – Dados relativos ao Universo de Análise, para o ano de 2005 [34, 35].
Sistema Área População Produção de Capi tações Densid. Pop.
(km2 ) (hab) RSU (ton) (kg/hab.ano) (kg/hab.dia) (hab/km2 )
REBAT 1 271 181 380 50 693 279,5 0,77 143
RESIDOURO 1 715 112 747 34 745 308,2 0,84 66
RESIOESTE 2 749 387 781 195 800 504,9 1,38 141
Gesamb 6 400 158 323 81 221 513,0 1,41 24
Resialentejo 6 653 116 852 47 068 402,8 1,10 18
5 Sistemas 18 788 957 083 409 527 - - -
Portugal Continental 88 967 9 927 441 4 721 458 475,6 1,30 112
% (5 Sistemas/Total) 21,1 % 9,6% 8,7%
Em 2005, o conjunto do 5 Sistemas abrangia 21,1% da área de Portugal Continental, servindo 9,6% da
sua população, o equivalente à gestão de 8,7% dos RSU produzidos nesse ano.
4.3 . CA R A C T E R IZ A Ç Ã O D O S AT ER R O S D E RSU E M AN Á L IS E
Neste ponto do trabalho, iniciou -se a análise detalhada dos 4/5 RAA´s entregues por cada um dos
operadores dos 5 Aterros de RSU em estudo , desde 2002 até 2006 (Tabela 4.1, pág. 25). Esta análise,
além de ter t ido por objectivo obter uma caracterização detalhada destas instal ações e do respectivo
desempenho ambiental, visou também verif icar a correcção destes documentos, relat ivamente ao
exigido na Licença Ambiental – conteúdo e estrutura . Estes requisitos serão também alvo de avaliação
no âmbito do presente trabalho.
Deste ponto do trabalho em diante recorre -se a uma designação numérica das 5 Instalações (Aterro
Sanitário 1 a 5) com o intuito de manter a confidencial idade dos dados recolhidos nos RAA’s entregues
pelas respectivas entidades gestoras. A correspondência entre as diferentes designações pode ser
consultada na Tabela S.1 do Anexo Suplementar (S) , que pelas referidas razões, é mantido confidencial.
Nas Tabelas S.2 a S.6, 5 a 9 do Anexo S encontra-se compilada a caracterização geral dos 5 Sistemas
e dos Aterros de RSU por estes geridos. A sua elaboração teve por base a análise de 23 RAA´s e, no
que se refere à primeira das referidas caracterizações, os dados aí reunidos resultaram também da
consulta de fontes complementares: sites do INR /ANR e das respectivas entidades gestoras.
Na Tabela 4.9 pode ser consultada a informação que, por ter sido considerada bastante relevante, foi
recolhida do Anexo S e al i sintetizada, nomeadamente, a data de início de laboração das instalações e
as respectivas capacidades de encaixe , ou seja, o volume total do aterro disponível para a deposição .
4.3.1. Métodos de Deposição e Estação de Tratamento Águas Lixiviantes (ETAL)
Tendo sempre em vista o estudo da produção e gestão dos l ixiviados produzidos nas in stalações em
análise, é desenvolvido neste ponto do trabalho a forma como são explorados os 5 Aterros, em
part icular, qual o método de deposição adoptado em cada um deles . O grau de compactação dos
resíduos, as dimensões da frente de trabalho expostas à pr ecipitação, a frequência da cobertura dos
resíduos com uma camada de terra, entre outros, são factores de elevada importância que interferem
28
fortemente na qualidade e quantidade do l ixiviado produzido.
A jusante da produção do l ixiviado, é fundamental abordar dois importantes aspectos: o sistema de
tratamento adoptado – ETAL – e o destino dado aos respectivos produtos. Nos casos em que a
informação constante nos RAA’s não se mostrou suficiente, optou -se por consultar outras fontes, de
forma a colmatar algumas das falhas verif icadas.
Na Tabela 4.3, a caracterização dos métodos de deposição uti l izados em cada uma das cinco
instalações estudadas é feita de acordo com aspectos escolhidos pela sua potencial inf luência na
formação do l ixiviado.
Tabela 4.3 – Técnicas de deposição adoptadas nos 5 Aterros Sanitários em análise [38-42].
Técnicas Uti l izadas Instalações Estudadas
na Deposição de Resíduos AS-1 AS-2 AS-3 AS-4 AS-5
A granel com compactação in -s i tu x x x x x
Enfardados x x x
Cobertura diária com terra x x x x x
Densidade Projecto da massa de resíduos 0,65 ton/m3 0,65 ton/m3 (-) (-) 0,8 ton/m3
Dimensões da frente trabalho e célula (-) 500m2 x (1 – 2)m (-) 441m2 x 3m 144m2 x 0,5m
Al tura máxima da camada de resíduos (-) 80 cm (-) 80 cm ( a ) (-)
Camada de terras de cobertura diária (-) 15 – 20 cm (-) 5 – 6 cm ( b ) 10 – 15 cm
Volume das terras de cobertura 10% 10 % (-) (-) 10%
Legenda:
(-) Sem informação. ( a ) 20 cm, após compactação. ( b ) Cobertura semanal de terra de 15 – 20 cm.
AS – Aterro Sani tário.
Por “frente de trabalho” deve entender -se a área sobre a qual os trabalhos de deposição e compactação
se desenvolvem. O termo “célula” designa o volume de material depos itado (resíduos e terras de
cobertura) durante um período de laboração, geralmente um dia.
Refira-se que a análise dos RAA’s das diferentes instalações não se apresentou conclusiva
relat ivamente às razões que conduziram os respectivos operadores a optar entre uma deposição a
granel com posterior compactação e/ou uma deposição de fardos previamente compactados. A evolução
desta opção ao longo dos anos de exploração destes aterros também não se apresentou clara .
A apontar a área considerável da frente de trabalho no Aterro Sanitário 2, a qual torna a instalação mais
susceptível aos fenómenos de precipitação, um dos principais factores a considerar na quantidade de
l ixiviado formado.
Ainda relativamente à informação reunida na Tabela 4.3 e reportada nos RAA’s , chama-se a atenção
para o facto de, apesar de conforme com o exigido nas l icenças ambientais emit idas, em alguns casos
esta apresenta-se insuficiente, não permit indo o completo acompanhament o do desempenho da
instalação.
Nas cinco tabelas que se seguem são, tanto quanto possível, detalhadamente descritas as Estações de
Tratamento de Lixiviados existentes nas instalações analisadas, especif icando -se ainda qual a origem
do afluente aos sistemas e ainda o destino dos p rodutos resultantes dos processos de tratamento.
29
Tabela 4.4 - ETAL do Aterro Sanitário 1 [38, 43, 44].
Estação de Tratamento de Lixiv iados
Capacidade da Instalação: 200 m3 /dia (a )
Órgãos da ETAL:
- 3 Lagoas Arejadas (capacidade: 35.000 m 3 /dia) ( b ) :
- Lagoa de Homogeneização;
- Lagoa de Regularização de caudal ;
- Tratamento Biológico ( lamas act ivadas com arejamento prolongado);
- Pré-Tratamento da Osmose Inversa ( c ) :
- Crivo (malha de 1 mm);
- 2 F i l t ros de Areia pressurizados, em paralelo;
- 2 Fi l t ros de Cartucho, em paralelo.
- Unidade de Osmose Inversa, em 2 fases, contentorizada e em contínuo (Capacidade: 200 m 3 /dia).
Afluentes ao Sistema:
- Águas residuais domésticas
- Águas pluviais contaminadas;
- Ef luente proveniente de três separadores de hidrocarbonetos;
- Lix iv iados gerados no aterro.
Destino dos produtos do Sistema:
- Descarga do permeado na l inha de água – r ibeira da Amieira;
- Recirculação do concentrado da 1ª fase OI para in ício do tratamento e da 2ª di rectamente para o aterro ( d ) .
Legenda : ( a ) Valor l imi tado pela capacidade de tratamento da Osmose Inversa. ( b ) Aumento da capacidade de regularização da ETAL concluída em Agosto de 2004 (mais 2 lagoas). ( c ) De acordo com [43]. ( d ) Informação constante em: [43, 44].
Está prevista a substituição do actual esquema de tratamento em funcionamento nas instalações do
Aterro Sanitário 1. O objectivo é aumentar a capacidade de tratamento para 250 m 3 /dia e alterar o
destino dado ao efluente tratado, sendo este futuramente descarregado no respectivo colector
municipal.
O novo Sistema de Tratamento de Lixiviados deverá ser composto pelos seguintes elementos:
- Lagoa 1: de homogeneização;
- Lagoa 2: de regularização de caudais;
- Tratamento Físico-Químico: Coagulação/Floculação/Decantação;
- Decantador Secundário;
- Unidade de Tratamento de Lamas: Silo e Sistema de Desidratação.
A conjugação entre os Tratamentos Físico -Químico e Biológico será a substituta da actual Unidade de
Osmose Inversa. Apesar de estarem já concluídas a obras de reformulação da ETAL (desde Março de
2006) e de o operador dispor já da l icença para a descarga das águas residuais tratadas no colector
municipal, falta ainda f inalizar a construção da l igação da ETAL ao referido colector, a qual está
prevista para Setembro de 2007. Até lá, permanece activado o tratamento baseado na Unidade de
Osmose Inversa [40, 2006].
30
Tabela 4.5 – ETAL do Aterro Sanitário 2 [39, 43, 45].
Estação de Tratamento de Lixiv iados
Capacidade da Instalação: 96 m3 /dia (69,4 m3 /dia até ao f inal de 2005) ( a )
Órgãos da ETAL:
- Lagoa de Arejamento/Depuração (tempo retenção: 39 dias) ;
- Lagoa de Armazenamento/Regularização de caudal (desde Setembro de 2006);
- Pré-Tratamento da Osmose Inversa ( b ) :
- Crivo;
- 2 Fi l t ros de Areia, em paralelo;
- 2 Fi l t ros de Cartucho, em paralelo.
- 2 Sistemas de Osmose Inversa – OI (Q_max OI I : 96 m 3 /dia; Q_max OI I I : 221,2 m 3 /dia) ( c ) .
Afluentes ao Sistema:
- Águas residuais domésticas (edi f íc io administrat ivo);
- Águas da prensagem dos resíduos/ lavagem do equipamento;
- Lix iv iados gerados no aterro.
Destino dos produtos do Sistema:
- Descarga do permeado da OI na l inha de água – r ibeira de Fiães (bacia hidrográf ica do Douro);
- Recirculação do concentrado da OI para o aterro ( d ) .
. Legenda : ( a ) Valor constante em [39, 2005]. De acordo com [45], a capacidade da instalação é de 120 m 3 /dia. ( b ) De acordo com [43]. ( c ) Segunda unidade alugada em Dezembro de 2005. ( d ) Informação com origem em di ferentes fontes: [ 43, 45], além de [39, 2006].
Tabela 4.6 - ETAL do Aterro Sanitário 3 [40 (2006), 43, 46].
Estação de Tratamento de Lixiv iados
Capacidade da Instalação: (-)
Órgãos da ETAL:
- 2 Lagoas Arejadas de Regularização de caudal e Homogeneização;
- 2 Reactores Biológicos :
- Tanque Anóxico (Desni tr i f icação);
- Tanque de Lamas Activadas com arejamento prolongado (Ni tr i f ic ação).
- Decantador Secundário ( a ) ;
- Pré- Tratamento da Osmose Inversa ( b ) :
- Crivo;
- 2 Fi l t ros de Areia, em paralelo;
- 2 Fi l t ros de Cartucho, em paralelo.
- 2 Unidades de Osmose Inversa em paralelo, com 3 fases de tratamento (capacidade: 320 m 3 /dia) ( c ) ;
- Espessamento e desidratação das lamas.
Afluentes ao Sistema:
- Águas residuais domésticas (provenientes das instalações do aterro e do aglomerado de Bigorne);
- Águas da prensagem dos resíduos/ lavagem do equipamento;
- Lix iv iados gerados no aterro.
Destino dos produtos do Sistema:
- Descarga do permeado na l inha de água – r ibeira de Poldras (bacia hidrográf ica do Douro);
- Recirculação do concentrado da OI para o aterro ( c ) .
Legenda : ( a ) Construído em 2004. ( b ) De acordo com [43]. ( c ) Segunda Unidade de Osmose Inversa instalada em Setembro de 2002. ( d ) De acordo com [40, 2006] e Relatório de Inspecção em 2004, pela IGAOT [ 46].
31
Tabela 4.7 – ETAL do Aterro Sanitário 4 [43, 47].
Estação de Tratamento de Lixiv iados ( a )
Capacidade da Instalação: (-)
Órgãos da ETAL antes da remodelação:
- Lagoa Arejada de Equal ização/Regularização ;
- Decantador Primário (volume út i l : 17 m 3 , tempo de retenção: 4h) ;
- Tratamento Físico-Químico (b ) ;
ou
- F i l t ro EPI (f i l t ro de areia com vent i lação forçada);
- 3 Tanques (s infonado, anóxico, de arejamento com recirculação);
- Decantador Secundário;
- Espessador de Lamas;
- Lei tos de Secagem.
ou
- Recirculação ao aterro.
ou
- Tratamento Físico-Químico (b ) :
- Tanque de Mistura Rápida (400 l i t ros);
- Tanque de Mistura Lenta (1000 l i t ros);
- Decantador F -Q (igual ao Dec. Prim.);
- Tanque de Neutral ização (400 l i t ros). ----> Linha de Água
Capacidade da Instalação: 100 m3 /dia
Órgãos da ETAL após remodelação:
- Lagoa Arejada de Equal ização/Regularização;
- Lagoa de Equal ização/homogeneização com elevação (volume út i l : 578 m 3 );
- Decantador Primário (sem al terações);
- Tratamento Físico-Químico (sem al terações);
- Tratamento Biológico com Nitr i f icação/Desni tr i f icação – Lamas Activadas (do tipo SBR ( c ) ).
ou
- Tratamento Biológico com Nitr i f icação/Desni tr i f icação – Lamas Activadas (do tipo SBR ( c ) );
- Lagoa de Maturação/Reuti l ização (volume út i l : 629 m 3 );
- Lei tos de Macróf icas (volume út i l : 1.411m 3 ). . ---> Linha de Água.
e
- F i l t ro de Banda (espessamento das lamas).
Afluentes ao Sistema:
- Águas residuais domésticas produzidas nas instalações do aterro;
- Águas residuais resul tantes de lavagens;
- Lix iv iados gerados no aterro.
Destino dos produtos do Sistema:
- Descarga do ef luente na l inha de água – af luente ao Barranco do Louredo (bacia hidrográf ica do Guadiana) .
Legenda: ( a ) De acordo com o Projecto da Al teração da ETAL, de Dezembro de 2003 [ 47]. ( b ) Aplicado como Tratamento Secundário ou como Afinação no f inal de processo. ( c ) SBR: Sequencing Batch Reactor.
As alterações introduzidas na ETAL do Aterro Sanitário 4 deveram-se ao facto de esta infra -estrutura vir
de futuro a ser part i lhada com um Aterro de Resíduos Industr iais Não Perigosos instalado no mesmo
concelho e em exploração desde Janeiro de 2005.
Salienta-se aqui o facto de nos RAA’s entregues não ter sido notif icada a intenção destas alterações.
32
Tabela 4.8 – ETAL do Aterro Sanitário 5 [42 (2003), 43, 48, 49].
Estação de Tratamento de Lixiv iados
Capacidade da Instalação: 60 m3 /dia (caudal médio) ( a )
Órgãos da ETAL:
- 4 Lagoas Anaeróbias de Regulariza ção, em paralelo (capacidade: 2 x 5000 m 3 ) (b ) ;
- Pré-Tratamento da Osmose Inversa ( c ) :
- 2 Fi l t ros de Areia, em paralelo;
- 3 Fi l t ros de Cartucho de 10 m, em paralelo.
- Unidade de Osmose Inversa, em 2 fases e contentorizada.
- 1.ª Fase: 3 estágios de tratamento;
- 2.ª Fase: Af inação do permeado.
Afluentes ao Sistema:
- Águas residuais domésticas produzidas nas instalações do aterro;
- Águas residuais resul tantes de lavagens;
- Lix iv iados gerados e recolhidos no aterro.
Destino dos produtos do Sistema:
- Descarga do permeado na l inha de água – af luente à r ibeira de Viscossa (bacia hidrográf ica do Sado);
- Recirculação do concentrado: - da 1ª fase OI para as lagoas de regularização;
- da 2ª fase da OI para o tanque de entrada da Unidade de OI ( d ) .
Legenda: ( a ) Dado apenas encontrado na l icença ambiental emitida a esta instalação no ano de 2001 [48]. ( b ) Número resul tante da dupl icação da capacidade de regularização da ETAL no 2.º semestre de 2003 [ 42, 2003]. ( c ) De acordo com [43].
( d ) Contudo, e segundo o Relatório de Inspecção , efectuada em Abri l 2004 [49], o operador do aterro tencionava
passar a injectar este efluente na célula de deposição.
Da análise das 5 tabelas anteriores, é evidente a predominância da preferência pelos Sistemas d e
Osmose Inversa (OI) como tratamento f inal dos l ixiviados produzidos. Apenas no caso do Aterro
Sanitário 4 este sistema é preterido, tendo o operador optado p ela combinação entre um Tratamento
Físico-Químico e um Tratamento Biológico.
Outro aspecto part icularmente relevante refere-se ao destino dado ao concentrado resultant e dos
sistemas de OI. Na quase total idade dos casos, verif icou -se a recirculação directa deste produto do
tratamento por OI para o corpo do aterro , sendo que em apenas um deles exist ia a intenção de adoptar
esta prática (de acordo com [49]).
Sublinha-se ainda o facto de se ter apresentado como necessária a consulta de fontes dist intas dos
RAA’s, dada a dif iculdade em caracterizar detalhadamente os diferentes Sistemas de Tratamento dos
Lixiviados.
A Tabela 4.9 seguidamente apresentada sintetiza a informação apresentada no presente capítulo.
33
Tabela 4.9 – Principais características dos 5 Aterros em análise e respectivas ETAL’s [38-42] .
Insta lações
em aná l ise
Data de
In íc io de
Exp loração
Capacidade
de Enca ixe
(m 3 ) ( a )
Dimensões
da Frente de
Traba lho (m 2 )
Capacidade de
Tra tamento da
ETAL (m3 /d ia )
Capacidade de
Tra tamento da
OI (m 3 /d ia )
AS-1 Jan. 2002 3 .316.923 - 200 ( b ) 200
AS-2 Nov. 2001 1 .394.600 500 96 ( c ) I : 96 e I I : 221,2
AS-3 Nov. 2001 548.000 - - 320
AS-4 Dez. 2001 841.624 441 100 n .a .
AS-5 Jan. 2002 1 .320.000 144 60 -
Legenda:
( a ) Informação ret i rada das Tabelas S.2 a S.6 no Anexo S (conf idencial ) do presente trabalho.
( b ) O valor da capacidade do sistema de Osmose Inversa é o l imi tante da capacidade global da ETAL. ( c ) 69,4 m3 /dia até a instalação da 2ª Unidade de OI, em Dezembro de 2005.
AS – Aterro Sani tário .
ETAL – Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes.
OI – Osmose Inversa.
Os dados reunidos na Tabela 4.9 evidenciam critérios de dimensionamento muito dist intos, com
capacidades de encaixe a oscilar entre os 548.000 m3 e os 3.316.923 m3 e frentes de trabalho de ordem
nunca inferior à centena de m 2 .
34
5. DISCUSSÃO DOS RESULT ADOS
5.1 . IN T R O D U Ç Ã O - L IX IV IA D O S
Elaborada a caracterização dos 5 Aterros Sanitários em análise e respectivos sistemas gestores, no que
se refere às suas dimensões e aos seus modos de operar, segue-se o estudo detalhada do desempenho
ambiental destas 5 instalações de eliminação de resíduos, incidindo a análise sobre os l ixiviados
produzidos e gestão adoptada.
O termo “l ixiviados” denomina o líquido que, tendo estado em contacto com a massa de resíduos
depositados num aterro, dissolveu os seus contaminantes, transferindo-os da fase sólida para a fase
líquida. Estes podem incluir elementos/compostos orgânicos e inorgânicos, muitos dos quais resultantes
da degradação biológica sofr ida pelos resíduos. A origem deste líquido percolador está na própria
humidade contida nos resíduos 33 ( l ixiviado primário) bem como nas águas que penetram no aterro –
precipitação34, escoamentos superf iciais ( l ix iviado secundário).
A qualidade e a quantidade de l ixiviado formado varia grandemente de aterro para aterro, dependendo
de uma série de importante factores: cl ima, topografia do terreno, cobertura do aterro, vegetação na
área envolvente e, evidentemente, t ipo de resíduos depositados , em part icular, a respectiva fracção
biodegradável .
Além da referida variação verif icada em termos espaciais, há ainda a considerar a variação temporal
sofr ida pelo l ixiviado de um qualquer aterro. As suas característ icas irão oscilar durante toda a vida do
aterro, ao longo das diferentes fases da decomposição progressiva dos resíduos depositados, a qual se
pode prolongar por décadas. Este aspecto é de extrema importância quando se pretende seleccionar o
método mais adequado para o tratamento do l ixiviado, devendo ter sempre presente que a escolha
poderá implicar alterações ao longo da vida úti l do aterro, no sentido da adaptação às modif icações das
característ icas desta água residual bem part icular.
No processo de decomposição dos RSU depositados e simultânea produção de biogás e l ixiviado podem
considerar-se 4 fases dist intas: Aerobiose, Acidogénese, Metanogénese e Maturação (ver Figura 5.1).
Figura 5.1 – Fases da decomposição de resíduos num aterro [50].
33 Alguns investigadores apontam para uma produção de lixiviados em torno dos 5 – 10% do teor em água dos resíduos [51]. 34 De acordo com um estudo efectado na Alemanha em 15 Aterros Sanitários, 3,3 – 58,2% da precipitação média anual foi responsável pela produção dos respectivos lixiviados [51].
35
Na maior parte dos aterros de RSU não é invulgar que as referidas fases se processem nos primeiros 15
anos de vida da instalação [52].
Durante a primeira fase, que pode durar alguns dias ou semanas, mas que geralmente não excede um
mês [52], a humidade contida nos resíduos e l ibertada devido à sua compactação assume um papel
importante na formação inicial dos l ixiviados. A decomposição biológica da componente orgânica
biodegradável do RSU ocorre em condições aeróbias graças ao ar que f ica retido no aterro . O solo
usado na cobertura diária dos resíduos é a principal fonte de microorganismos responsáveis por esta
decomposição.
Segue-se uma fase anaeróbia, a Acidogénese, na qual o abaixamento do pH do lixiviado até um valor
mínimo próximo de 5 se deve ao efeito das elevadas concentrações de CO 2 no aterro e à presença de
ácidos orgânicos dissolvidos [50], resultantes da decomposição compostos orgânicos degradáveis,
sobretudo macromoléculas . Atingido o valor mínimo de pH, os valores de CBO 5 35, CQO36 e da
condutividade do l ixiviado apresentam o seu pico ( devido às elevadas concentrações de ácidos
orgânicos dissolvidos) . Valores de CBO 5 > 10.000 mg/l e maiores que 0,737 para a razão CBO 5 /CQO, a
qual ref lecte as variações na biodegrabil idade do l ixiviado , são característ icos desta fase [52]. Também
a solubil ização de muitos constituintes inorgânicos, como sendo metais pesados e azoto amoniacal, é
maximizada pela elevada acidez do l ixiviado. A Acidogénese pode desenvolver-se durante vários meses
ou mesmo anos [45].
Na Metanogénese, dá-se a conversão de ácido acético (CH3COOH) e gás hidrogénio em metano e
dióxido de carbono – biogás (CH4 , CO2) , acompanhada pela subida gradual do s pH, até à estabil ização
em valores neutros ou l igeiramente alcalinos (6,8 – 8,0) [50]. Esse aumento do pH do l ixiviado à medida
que os ácidos são consumidos, conduz à redução da condutividade e carga orgânica e inorgânica
(metais pesados) deste líquido . Associada à mais célere redução da CBO5 relat ivamente à CQO, está a
diminuição da razão CBO5 /CQO. Apesar da diminuição generalizada das concentrações no l ixiviado,
alguns poluentes, como o azoto amoniacal, podem ainda permanecer consideravelmente concentrados
[45, 52].
A últ ima das 4 fases de decomposição dos resíduos depositados, a Maturação, ocorre a pH constante,
quando toda a matéria orgânica faci lmente biodegradável foi já degradada. A produção de biogás
decresce, à medida que os ácidos vão sendo consumidos , sendo que as baixas concentrações de CQO
no l ixiviado se devem sobretudo à presença de matéria refractária, os ácidos húmico e f lúvico de
elevado peso molecular [50, 52]. No l ixiviado estabil izado, são de esperar valores da razão CBO 5 /CQO
inferiores a 0,1 [53].
De acordo com Tchobanoglous (1993) [50], no início da vida do aterro a referida razão, apresenta
geralmente valores superiores a 0,5. No caso de se tratar de um l ixiviado de um aterro na fase da
maturação, serão de esperar valores contidos no intervalo 0,05 – 0,2.
Além da razão CBO5 /CQO, também outras entre algumas das principais característ icas físico -químicas
do l ixiviado, tal como CQO/COT e SO 4 2 - /Cl - , podem reflectir a composição da matéria orgânica contida
35 Carência Bioquímica de Oxigénio. 36 Carência Química de Oxigénio. 37 Valor indicativo de uma avantajada predominância de materiais orgânicos biodegradáveis.
36
neste, a qual, por sua vez, está int imamente relacionada com a idade do l ixiviado, ou seja, com o seu
grau de estabil ização. Em part icular, elevados decaimentos do valor da razão SO 4 2 - /Cl - fornecem
valiosas indícios relat ivamente às avançadas condições de anaerobiose verif icadas no aterro [ 54].
Comum às três referidas razões, é o facto de todas decrescerem com o avançar da idade do aterro.
A elevada variabil idade da qualidade/quantidade do l ixiviado produzido , tanto de aterro para aterro como
na escala temporal , dif iculta a sistematização de dados, de extrema importância na difíci l tarefa da
escolha do tratamento mais adequado a esta part icular água res idual.
Nas Tabelas 5.1 e 5.3 estão reunidos dados relativos à composição típica de l ixiviados de aterros em
diferentes fases da sua vida. Refira -se, contudo, que a compilação destes dados reporta à década de
90, sendo por isso de esperar que a mesma esteja já um pouco desactualizada já que, a acompanhar a
progressiva evolução ao longo das décadas da composição do resíduo doméstico está um l ixiviado
também em permanente mutação.
Para melhor compreender a força da carga poluente de um l ixiviado, é feita a c omparação entre as
concentrações típicas encontradas num lixiviado e numa Água Residual Doméstica - ARD (Tabela 5.2 e
Tabela 5.3) .
Tabela 5.1 – Composição típica de lixiviados em diferentes fases, de acordo com duas fontes [50, 55].
Parâmetros
medidos em
mg/l ( a )
Adaptado de [55] (1989) Adaptado de [50] (1993)
Fase Ácida Fase Metanogénica Aterro jovem
(< 2 anos)
Aterro velho
(> 10 anos)
Intervalo Média Intervalo Média Intervalo V. Típico Intervalo
pH 4,5 – 7,5 6,1 7,5 – 9,0 8 4,5 – 7,5 6 6,6 – 7,5
CBO5 4.000 – 40.000 13.000 20 – 550 180 2.000 - 30.000 10.000 100 – 200
CQO 6.000 – 60.000 22.000 500 – 4.500 3.000 3.000 - 60.000 18.000 100 – 500
CBO5 /CQO - 0,58 - 0,06 0,5 – 1,0 - 0,05 – 0,2
COT - - - - 1.500 - 20.000 6.000 80 – 160
SST - - - - 200 - 2.000 500 100 – 400
N Amoniacal 30 – 3.000 750 * * 10 – 800 200 20 – 40
Ni tratos 0,1 – 50 3 * * 5 – 40 25 5 – 10
N Total 50 – 5.000 1.250 * * 10 – 800 200 -
Cloretos 100 – 5.000 2.100 * * 200 – 3.000 500 100 – 400
Sul fatos 70 – 1.750 500 10 – 420 80 50 – 1.000 300 20 – 50
Fósforo total 0,1 - 30 6 * * 5 – 100 30 5 – 10
Ferro total 20 – 2.100 780 3 – 280 15 50 – 1.200 60 20 – 200
Magnésio 50 – 1.150 470 40 – 350 180 50 – 1.500 250 50 – 200
Cálcio 10 – 2.500 1.200 20 – 600 60 200 – 3.000 1.000 100 – 400
Potássio 10 – 2.500 1.100 * * 200 – 1.000 30 50 – 400
Sódio 50 – 4.000 1.350 * * 200 – 2.500 500 100 – 200
Dureza ( b ) - - - - 300 – 10.000 3.500 200 - 500
Alcal in idade ( b ) 300 – 11.500 6.700 - - 1.000 – 10.000 3.000 200 – 1.000
Legenda: ( a ) Excepto para o pH que não apresenta unidades (escala Sorensen) e para a razão CBO 5 /CQO (adimensional). ( b ) Grandeza medida em mg/l de CaCO 3 .
* De acordo com a respect iva fonte, as concentrações destes parâmetros não variam entres as duas fases.
37
Apesar das discrepâncias verif icadas entre os valores de concentração de ambas as fontes, é evidente
uma tendência de evolução comum para os diferentes parâmetros. As concentrações e o carácter ácido
do l ixiviado decrescem (ver Tabela 5.1 e Tabela 5.3) .
Tabela 5.2 – Composições características de três tipos de Águas Residuais Domésticas [ 56].
Parâmetros
medidos em mg/l
Água Residual Doméstica
Fraca Intermédia Forte
CQO 250 500 1.000
COT 80 160 290
SST 100 220 350
SDT 250 500 850
N Amoniancal 12 25 50
Cloretos 30 50 100
Sul fatos 20 30 50
Fósforo total 4 8 15
Alcal in idade 50 100 200
Tabela 5.3 – Concentrações de metais pesados presentes num lixiviado e numa ARD [45, 55, 56].
Parâmetros
medidos em mg/l
[55] (1989) [56] [45] (1995)
Valor Médio (a ) Jovem Lix iv iado – Fase do Aterro Água Residual
Doméstica Acidogénica Metanogénica
Arsénio 0,16 0,0002 – 1,6 - - -
Cádmio 0,006 0,0007 – 0,15 0,01 < 0,01 0,001 – 0,03
Chumbo 0,09 0,005 – 1,6 0,30 0,13 0,03 – 0,395
Mercúrio 0,01 0,0002 – 0,05 - - -
Níquel 0,2 0,02 – 2,227 0,23 0,14 0,01 – 0,19
Cobre 0,08 0,004 – 9 0,07 0,07 0,06 – 0,50
Zinco 0,6 – 5 - 6,85 0,78 0,10 – 1,65
Crómio 0,3 - 0,12 0,07 0,01 – 0,17
Legenda: ( a ) De acordo com a fonte, as concentrações dos metais da tabela mantêm -se constantes ao longo das di ferentes
fases de desenvolvimento do aterro , excepto no caso do Zinco.
De um modo geral, as concentrações da ARD mais fortemente carregada assemelham -se às do l ixiviado
produzido num aterro de idade avançada, ou seja, produzido numa fase em que apresenta uma atenuada
carga orgânica (ver Tabela 5.2 e Tabela 5.3) .
No que se refere às concentrações de metais pesa dos no l ixiviado, especialmente no caso de aterros
que recebem maioritar iamente resíduos de origem doméstica, estas não representam um elevado r isco
para o ambiente já que são da ordem dos g – mg. Na base destas baixas concentrações estão as
reacções de precipitação, adsorção e complexação verif icadas no aterro em condições anaeróbias, a
valores de pH elevados. Sublinhe-se que as concentrações de Zinco no l ixiviado podem, contudo,
assumir valores mais preocupantes.
38
Pelo anteriormente referido, torna -se evidente a necessidade de minimizar os impact es deste efluente
fortemente carregado por um largo espectro de contaminantes. A gestão de l ixiviados é hoje
considerada um dos maiores problemas associados à actividade de aterros sanitár ios, pelo potencial
perigo de contaminação do solo envolvente e das águas subterrâneas e superf iciais.
Uma eficaz gestão deve integrar o controlo a montante e a jusante da produção do l ixiviado. Assim,
além da sua recolha e posterior tratamento, é também f undamental actuar sobre a quantidade de
l ixiviados produzidos, prevenindo as diferentes formas de entrada de água no aterro – precipitação,
escoamento superf icial e infi l tração de águas subterrâneas.
Especial relevância merece também a questão da escolha do adequado tratamento dado aos l ixiviados
produzidos, entre o vasto leque de opções existentes. Às ETAL’s é exigida uma maior f lexibi l idade que a
apresentada pelas estações de tratamento de efluentes domésticos, dada a variabil idade temporal da
qualidade e quantidade de l ixiv iados produzidos.
O desafio é part icularmente signif icativo já que os l ixiviados, além de conterem elevadas cargas
orgânicas, estes apresentam-se bastante carregados com poluentes inorgânicos , fenómeno não
verif icado nos efluentes domésticos.
A Tabela 5.4 (pág. 39) sumariza os diferentes t ipos de tratamento de l ixiviados disponíveis e respectiva
aplicabil idade, organizando-os de acordo com a sua t ipologia: processos físicos, químicos e biológicos e
alternativos.
Importa ter presente que, no acto da escolha do tratamento mais adequado para um dado l ixiviado deve
não só ter-se em conta as próprias característ icas desta água residual como também o valor dos VLE´s
autorizados na descarga do efluente tratado, a idade do aterro, as f lutuações temporais da quantidade e
qualidade do l ixiviado devido às variações do cl ima e ainda, parâmetros de carácter económico
( investimento, custos de manutenção) [ 53].
39
Tabela 5.4 – Métodos de tratamento de águas lixiviantes.
Método Âmbito de Actuação Ef ic iências Remoção (%) Condições
de actuação Prob lemas Associados/Desvantagens Vantagens
Fís
ico
s
Air Str ipp ing COV (CH4 ) - -
Tra tamento da corrente gasosa Economicamente v iáve l (V e C e levadas) Azoto amoniaca l (N -NH 4 ) 85-95 ( a ) pH = 11-12
Osmose MO suspensa e d isso lv ida (re fract. ) 95-100 (CQO) ( b ) P = 10 – 120 bar ( c ) Colmatação membranas (pré - t ra t . d ispend ioso) ( d ) Permite descarga d i recta
Inversa Matér ia inorgân ica suspensa 82-100 (N-NH 4 ) ( b ) 1, 2 a 3 un idades Custos (pressão, manutenção das membranas) Adapta -se a var iações de carga e temp.
(OI) e disso lv ida (c lore tos, MP) 90 (MP) ( b ) em sér ie Dest ino a dar ao concentrado Remoção de Matér ia orgânica reca l c i t rante
Nanof i l t ração Iões b iva lentes (So 42 - ,Ca 2 + Mg2 + ) 90 ( iões b iv.) ( e ) P = 5 – 10 bar ( c ) Reduzida re tenção de N -NH4
( f ) Concentrado sem NaCl (menos mat. só l ida)
CQO dura, CBO 5 , MP 95 (CQO) ( e ) , 88-100 (MP) ( g ) Correntes cruzadas Colmatação do f i l t ro
U l t ra f i l t . (UF) Compostos org . de e levado PM 75 – 98 (CQO), 99 (SST) ( h ) P = 1 – 10 bar ( c ) Aplicab i l idade reduzida em l ix iv iados [ 50 . ] . Produz lamas e não um concentrado
Micro f i l t . Só lidos suspensos - P = 0 ,2 – 5 bar ( c ) - Depois de pp metá l ica
F i l t . Cartucho Só lidos suspensos 3 -17 (CQO), 27–34 (SST) ( i ) - -
F i l t ros EPI ( j ) Sólidos suspensos 47–66 (CQO),55–73 (SST) ( k ) - Tra tamento complementar (não garante VLE) ( l ) Caudal de ar em contracorrente reduz co lmat.
F lo tação Matér ia suspensa f ina 28(CQO),95(CBO 5 ) ,14(N-NH 4 ) ( m ) - - Reduzido consumo energ. e vo lume de lamas
Adsorção em Min residua l (azoto , MP, SO 42 - ) 30 – 40 (N-NH 4 ) ( n ) Em pó (PAC) ( o ) ou Reduzida remoção de azoto .
- Carvão Act iv. e MO re fractár ia , Cor, Odor 87 – 95 (CQO) ( n ) granu lar (GAC) ( p ) Custos e levados (GAC e sua regeneração).
Permuta Ión ica Matér ia d isso lv ida (re fractár ia ) 90 – 99 (MP) ( q ) - Custos e levados (compensador para a l tas conc.) ( r )
- Exige remoção prévia de matér ia suspensa
Evaporação/ Concentração do l ix iv iado (ou do 97–99 (CQO), 99–100 (N-NH 4 ) , pH =3–4, P=10mbar Dest ino a dar ao produto da concentração. Factores concentração e levados (10 -35 vezes
Concentração concentrado da Osmose Inversa ) 98 – 100 (condut iv idade) ( s ) Ad ição ácidos (redução pH); E levado consu mo en. para l ix iv iado) ( c ) .
Qu
ímic
os
Oxidação MO re fractár ia , toxic idade inorg . - Com O 3 , H2O 2
Aplicab i l idade l imi tada pe los e levados custos. Oxid . O 3 : e f icaz na destruição de pest ic idas
Exige remoção prévia dos só l idos suspensos. pouco b iodegradáveis, AOX
Precip i tação MO reca lc i t rante , MP, N -NH 4
20-53 (CQO), 90 -98 (N-NH 4 ) ( t )
Cal, estruvi te ( v ) Deposição correcta das lamas produzidas
- Química 46 – 97 (MP) ( u ) Fraca ap l icab i l idade para meta is (custos, pH)
Coag./F locu l . SS ( turb idez), MP, MO reca lc i t rante 38-96 (CQO), 74 -97 (MP) ( w ) pH ópt imo var iáve l Pouco adequado a reduzidos cauda is a f luentes -
( a ) Af luente a pH~11 e [N-NH3 ] i = 220 – 3260 mg/l [53]. ( b ) P = 3 – 52 bar; [CQO] i = 97,4 – 3840 mg/l ; [N-NH4 ] i = 33,7 – 3.350 mg/l ; [MP] i = 0,02 – 4,77 mg/l [53]. ( c ) [45]. ( d ) Fi l t ração ou processo biológico a montante. ( e ) [43]. ( f ) Podendo ser necessário um processo biológico a montante ou um sistema de OI a jusante [43]. ( g ) P = 3 – 20 bar; [MP] i = 0,03 – 0,69 mg/l [53]. ( h ) Ef ic iências resul tantes da combinação da Ul traf i l t ração e Fil t ros de cartucho, no pré -tratamento da OI [59].
40
(Continuação da Tabela 5.4 – Métodos de tratamento de águas lixiviantes.)
Método Âmbito de Actuação Ef ic iências Remoção (%) Condições
de actuação Prob lemas Associados/Desvantagens Vantagens
Bio
lóg
ico
s
Lagoa/Digestor
Compostos orgân icos CBO 5 : 22% (11ºC), 87% (23ºC) T ~ 20 ºC
Menor ve locidade de reacção que Proc. Aerób ios . Menor produção de lamas e consumo energ ia
Anaeróbio In ib ição por pH ácidos e p resença de meta is. Produção de b iogás (CH 4 ) .
Ine f ic iência na remoção de N -NH 4 . Ausência de custos com are jamento .
Lagoa Aerób ia MO - T ~ 20 ºC ( c ) E levados tempos de re tenção (várias semanas). Degradação MO e não apenas concentração.
Desn i t r i f icação/ MO, NO3- ( redução a N 2 ) 60 – 80 (CQO), 75 – 94 (CBO 5 ) pH=7–7,5 ;T=40ºC ( c ) Ad ição fonte de C orgân ico faci lmente degrad. ( x )
- N i t r i f icação MO, N-NH 4 (oxidação a n i t ra to ,NO 3
- ) e 45 – 95 (azoto to ta l ) ( e ) pH=7,5–8,0 ( c ) In ib ição da Ni t r i f icação para [N -NH 4 ] > 80 mg/ l ( c )
Lamas
Act ivadas (LA) MO CBO 5 < 70%, CQO<<70% ( e ) -
Não remove a CQO dura.
Desn i t r . não contro lada, causando a sub ida de
f locos de lama (evi tado usando micro /UF) .
Pode possu ir p rocessos de n i t r i f ic. -desn i t r . a
montante para remoção de N.
t r e t e n ç ã o ( lamas act . ) < t r e t e n ç ã o ( lagoas aerób ias)
SBR
(Sequencing
Batch Reactor)
MO, N-NH 4
95-99 (CQO), 99 (CBO 5 ) ,
99 (N-NH 4 ) – p roc. em lagoas
50-82 (CQO), 69 -99 (CBO 5 ) ,
99 (N-NH 4 ) – p roc. em tanques ( c )
Cargas a l tas de MO
e N-NH 4 . -
Processo sem clar i f icador.
Resistente a p icos de carga.
Processo baseado em tanques ou lagoas.
MBR (membrane
b ioreactors) MO 77 – 99 (CQO), 99 -100 (N-NH 4 ) - Exige e levado grau de moni tor ização .
UF subst i tu i a necessidade de sed imentador,
(passo l imi tante das LA)
F i l t ros Perco l . MO - Ba ixas cargas de N -
NH4 e MO
Obstrução do crescimento da b iomassa por
depósi tos de Ca, Fe e Mn.
In ib ição de n i t r i f icação a ba ixas temperaturas.
Menor consumo de energ ia .
N i t r i f icação mais e f icaz do que com b iomassa
suspensa.
B iod iscos MO - Ba ixas cargas de N -
NH4 e MO
Obstrução do crescimento da b iomassa por
depósi tos de Ca, Fe e Mn.
N i t r i f icação mais e f icaz do que com b iomassa
suspensa.
Alt
ern
ati
vo
s Zonas Húmidas
Art i f ic ia is MO, N-NH 4 , SS -
Adequado para
l ix iv iados com
cargas ba ixas.
Possib i l idade de n i t r i f icação def ic iente .
Ba ixos custos operat ivos.
Vanta joso para a f inação de l ix iv iados ou como
tra tamento de l ix iv iados estab i l izados.
Recircu lação do
l ix iv iado
(b ioreactores)
- - -
N i t r i f icação e correcção de pH necessár ias [51] .
Maiores custos de invest imento , operação e
manutenção.
Ace leração da degradação anaerób ia dos
resíduos no a terro (devido aumento humidade).
Maiores taxas de produção de b iogás.
( i ) Eficiências resul tantes da combinação de Fi l t ros de cartucho e e EPI, n o pré-tratamento da OI [57]. ( j ) F i l t ro de areia com venti lação forçada. ( k ) [57]. ( l ) Como pré-tratamento OI ou af inação de l ixiviados biologicamente tratados. ( m ) Resul tados obtidos em l ixiviado tratado biologicamente (SBR): [CQO] i = 1470 mg/l , [CBO5 ] i = 20 mg/l , [N-NH4 ] i = 3,7 mg/l [45]. ( n ) [CQO] i = 940 – 7000 mg/l , [N-NH4 ] i = 700 – 1909 mg/l [53].
41
( o ) PAC adicionado no tratamento biológico, a jusante deste ou ao tratamento f ís ico -químico [43].
( p ) O GAC é geralmente uti l izado em colunas de lei to fixo (processo em contracorrente). ( q ) pH = 8,3; [MP] = 0,02 – 0,940 mg/l [53]. ( r ) [Cloretos] e [Ni tratos] > 2000 mg/l , [Na + ] e [Ca2 + ] > 1000 mg/l [45]. ( s ) Ef ic iências obt idas a part i r de uma evaporação do l ix iviado t ipo MSF (mul ti -stage flash): [CQO] i = 4060 mg/l , [N-NH4 ] i = 2000 mg/l , Condutividade = 12.000 S/cm [45]. ( t ) Efic iências resul tantes do uso de Ca(OH) 2 : [CQO] i = 4024 – 47.800 mg/l , [N-NH4 ] i = 2240 – 5618 mg/l . ( u ) Ef ic iências resul tantes do uso de estruvi te: [MP] i = 0,11 – 2,00 mg/l . ( v ) Fosfato de amónio e magnésio (NH 4MgPO4 ). ( w ) pH = 4,5 – 12; [CQO] i = 4100 – 70.900 mg/l , [MP] i = 0,5 mg/l . ( x ) Apenas necessária quando a desni tr i f icação é fei ta a jusante da ni tr i f icação (metanol é frequentemente ut i l izado, CH 3OH).
CA – Carvão Act ivado.MO – Matéria Orgânica
GAC – CA granular (Granular act ivated carbone).
LA – Lamas Activadas.
Min – Matéria inorgânica
MO – Matéria Orgânica.
MP – Metais pesados.
OI – Osmose Inversa.
PAC – CA em pó (Powdered act ivated carbon).
SBR – Sequencing Batch Reactor.
SS – Sólidos Suspensos.
UF – Ul traf i l t ração.
42
Da análise da Tabela 5.4 é clara a propensão dos tratamentos biológicos para a redução das
cargas orgânicas, enquanto que os tratamentos físico -químicos combatem mais eficazmente as
elevadas concentrações dos contaminantes inorgânicos. Por esta razão, é por muitos defendida
como a solução mais adequada ao tratamento de águas l ixiviantes de aterros, a combinação entre
duas t ipologias de tratamento [51, 53, 54].
De acordo com dados reunidos em [43], das 32 ETAL´s existentes em 2004, cerca de 35% destas
instalações recorr ia ao processo de osmose inversa (OI) como trata mento secundário dos
l ixiviados, optando 31% pela combinação de um tratamento físico -químico com um processo
biológ ico do t ipo “lamas activadas”.
O sucesso da difundida tecnologia de f i l tração pelas membranas de osmose inversa 38, capaz de
remover solutos de um solvente, resulta das elevadas eficiências de remoção associadas, as
quais são função do número de estágios con stituintes do sistema, até um máximo de 3 em série.
Tabela 5.5 - Eficiências de Remoção em função do número de estágios [45]
Parâmetro Ef iciências Médias de Remoção (%)
1 estágio 2 estágios 3 estágios
CQO 91,5 99,89 99,999
CBO5 88,5 99,78 99,996
COT 91,5 99,90 99,999
AOX 87,5 99,81 99,998
N-NH4 85,0 99,65 99,987
P-PO4 96,5 99,90 99,998
O resultado das sucessivas passagens do permeado ( líquido f i ltrado) pelos diferentes estágios
existentes é um efluente de elevada qualidade em condições de ser sujeito a descarga directa no
meio hídrico, sem que seja necessário recorrer a um tratamento adicional.
Uma questão de maior importância a considerar quando se opta por este processo é a relat iva ao
adequado destino a dar ao concentrado formado, massa com 10% - 25% do volume do l ixiviado
[45] onde se acumula a maioria dos contaminantes deste removidos bem como os químicos
necessários à operação da OI 39.
Até à data e na maioria dos casos, o concentrado é reintro duzido no corpo do aterro, noutros é
sujeito a um tratamento num sistema de OI adicional de altas pressões (> 100 bar) e com 2
estágios (HPRO – High Pressure Reverse Osmosis ), no qual o seu volume é signif icativamente
reduzido, permit indo a sua posterior d eposição em locais dist intos. A Tabela 5.6 apresenta dados
relativos ao desempenho deste processo.
38 Mais de 100 instalações de osmose inversa instaladas por toda a Europa (Alemanha, França, Holanda, Bélgica, Suíça Espanha, Itália, Grécia e Portugal) para o tratamento de lixiviados [45] 39 O equivalente a 0,3% de volume por cada m3 de lixiviado tratado [45].
43
Tabela 5.6 – Desempenho típico de um sistema HPRO de 2 estágios no tratamento do concent. da OI [45].
Parâmetro Unidades Lix iv iado Permeado Concentrado
Rendimento % 100 89 11
CQO mg/l 835 15,0 7300
N-NH4 mg/l 406 6,11 2480
Ni tratos mg/l 0,2 < 0,1 -
Condutiv idade mS/m 1125 20 5110
pH - 7,45 6,8 7,36
Em alternativa a este tratamento, o concentrado pode ser sujeito a processo de evaporação e
secagem ou inert ização. No primeiro caso, é aumentado o seu teor de matéria seca até à
obtenção de um granulado, o qual deverá ser depositado num aterro de resíduos perigosos [ 43].
Na inert ização é adicionado um produto químico e cimento ao concentrado, podendo este de
seguida ser também depositado em aterro.
Em Portugal o acto de recircular directamente para o aterro o concentrado resultante do
tratamento do l ixiviado por OI é par t icularmente vulgar e alvo de polémica. De acordo com o
art igo 6.º do Diploma Aterros [16] este procedimento não é autorizado já que o concentrado é
definido como “resíduo líquido” (valores l imite de l ixiviação apresentados na Decisão n.º
2003/33/CE40 [29]).
Além disso, o concentrado pode ainda ser considerado um “resíduo perigoso” caso as
concentrações dos contaminantes neste contidos excedam os critér iso de aceitação de resíduos
não perigosos apresentados nas Tabelas n.º 2 e 3 (análise sobre o resíduo e el uato41,
respectivamente) do Anexo III ao Diploma Aterros [ 16].
A discussão instalou-se já que, em tom de contra-argumentação, alguns apoiam-se no facto de o
concentrado ser um resíduo resultante do tratamento do l ixiviados produzidos no aterro e por
isso um seu produto, devendo por essa razão poder retornar à origem.
Os dados reunidos em [43], apontam para a i legalidade desta prática já que, de acordo com as
análises laboratoriais efectuadas, a percentagem de humidade e as concentrações de azoto total,
nitratos e azoto amoniacal não cumprem os l imites impostos na legislação. As concentrações de
metais pesados apresentaram-se nalguns dos aterros também signif icativas.
Apesar da actual inexistência de aterros de resíduos industr iais perigosos em actividade no nosso
País, a sustentabil idade desta prática deveria ser avaliada e, de acordo com [ 45] deveria
processar-se apenas mediante as seguintes condições:
- Após a avaliação de qualquer possível alteração das concentrações do l ixiviado;
- O aterro tem de se apresentar preparado em termos estruturais para a recepção do
concentrado, afastando a possibi l idade de impactes negativos sobre o meio, em part icular, sobre
as águas subterrâneas;
40 Decisão do Conselho que estabelece os critérios e processos de admissão de resíduos em aterros. 41 Solução obtida a partir de um ensaio de lixiviação em laboratório, segunda a norma DIN 38414-S4.
44
- O sistema de tratamento de l ixiviados deve mostrar -se capaz de tratar ef icazmente qualquer
eventual alteração da qualidade do afluente ao sistema;
- A escolha dos químicos necessários à completa operação do sistema de tratamento deve ser tal
que não compromete esta prát ica.
Relativamente à recirculação do próprio l ixiviado , existem já vários estudos publicados em torno
desta questão na tentativa de averiguar as vantagens associadas a esta práticas, as condições de
operação e os respectivos impactes esperados a longo prazo.
Esta técnica contraria o princípio de minimização da humi dade que entra no aterro e f ica retina
nos resíduos, o qual norteia a maioria dos sistemas de gestão de l ixiviados actualmente
adoptados. O object ivo era reduzir o r isco de contaminação das águas subterrâneas já que se
evitava desta forma a sobrecarga das estruturas do aterro.
Filosofia bem dist inta da seguida pelos defensores dos chamados aterros “bioreactores”, aos
quais se adiciona uma fonte suplementar de humidade aos resíduos (água, l ixiviados e/ou outros
líquidos não perigosos), de forma estimular a actividade microbiológica no aterro, acelerarando o
processo de decomposição dos resíduos e desta forma antecipando a estabil ização da massa
depositada [58, 59].
Com a introdução dos “bioreactores” espera -se uma redução do período mínimo actualmente
estipulado para a manutenção do aterro após o seu encerramento (30 anos) para 5 - 10 anos
após a implementação desta prática [60].
Estudos revelam maiores taxas de produção de biogás associadas à técnica de recirculação do
l ixiviado42, com a inerente vantagem de recuperação de energia, bem como períodos totais de
produção mais curtos.
Relativamente à qualidade do l ixiviado produzido em resultado do recurso à recirculação, não
existem ainda dados consensuais . Uns apontam para a obtenção de cargas orgânicas mais
elevadas nos 2 - 3 primeiros anos de recirculação, com as concentrações de amónia a manterem -
se elevadas após esse período [59], outros não observaram variações signif icativas na qualidade
do l ixiviado (à excepção do pH e da amónia) [ 58] , outros ainda associaram ao fenómeno de
recirculação numa instalação piloto anaeróbia a redução da carga poluente orgânica do l ixiviado
produzido [61].
Consensual é o facto de o sucesso desta prática depender do respeito de requisitos mínimos de
controlo deste procedimento, como sendo:
- Localização da área de recirculação;
- Adequado sistema de recolha de l ixiviados;
- Programa de análises regulares à qualidade do l ixiviado;
- Especif icações técnicas da recirculação (volume/caudal a recircular, condições cl imatéricas ,
etc.) [62].
42 De acordo com os resultados reunidos em [58], ao longo dos 6 anos de recirculação acompanhada, a produção de biogás mostrou-se cerca de 11 vezes superior ao verificado na célula teste onde não se recirculou lixiviado.
45
5.2 . RE S ÍD U O S DE P O S IT A D O S
Dado que o t ipo de res íduos depositados é um dos principais factores que inf luencia as
característ icas do l ixiviado formado e as quantidades produzidas, torna -se fundamental conhecer
a composição física desta heterogénea mistura de materiais em decomposição.
Como termos comparativos, seleccionaram-se dados de três fontes, reportando-se cada uma
delas a períodos dist intos. Numa delas é inclusive feita a dist inção entre RSU de origem urbana e
de origem rural, tendo o estudo em causa considerado os dados referentes à região da
SULDOURO (l i toral norte) para o primeiro cenário referido e os dados da região da ERSUC
(l i toral/ interior centro) para o segundo (Figura B.1 do Anexo B).
Esse mesmo estudo inclui na fracção biodegradável dos resíduos – RUB – as suas componentes
fermentáveis, o papel/cartão e 70% dos f inos [63].
Tabela 5.7 – Composição física média dos RSU [35, 36, 63].
Componentes
do RSU
INR ( a ) RUSSO ( b ) Urbana ( c ) Rural ( d )
(1996 –
2001) (2000)
(estudo de
Junho de 2004) ( e )
Fermentáveis 26,50 % 35,9 % 38,3 % 33,9 %
Papel /Cartão 26,40 % 23,7 % 23,3 % 25,4 %
Plásticos 11,10 % 11,1 % 11,3 % 10,0 %
Vidro 7,40 % 5,6 % 7,6 % 7,9 %
Metais 2,75 % 2,4 % 2,2 % 2,2 %
Têxteis 2,60 % 3,4 % 4,0 % 3,9
Madeira 0,50 % 0,3 % 0,1 % 0,1 %
Verdes 3,15 % - - -
F inos 14,25 % 12 % 7,9 % 11,9 %
Outros 5,35 % 5,7 % 5,7 % 4,7 %
Total RUB - - 66,8 % 33,9 %
Fontes: ( a ) Dados INR (de acordo com os dados do estudo “Resíduos Sól idos Urbanos – Concepção, Construção e
Exploração de Tecnossistemas”, referente ao período 1996 – 2001). ( b ) Dados reunidos em [36] e est imados com base em estudos das 29 entidades gestoras de RSU do país
(2000). ( c ) Composição dos RSU produzidos na região da SULDOURO (n.º 7 da f ig. 1). ( d ) Composição dos RSU produzidos na região da ERSUC (n.º 14 da f ig. 1). ( e ) Dados ret i rados do “Estudo Comparat ivo de Custos de Soluções de Tratamento e Dest ino Final de RSU”,
de Junho de 2004 [63].
No que se refere à quantidade de RUB depositad os em aterro, importa ter presente os valores de
referência relat ivos ao ano de 1995, nos quais se baseia o cálculo da quantidade de RUB
admissíveis em aterro em 2006, 2009 e 2016 – Tabela 5.8 e Tabela 5.9, respectivamente.
46
Tabela 5.8 – Dados base relativos a 1995 [30].
RSU produzidos em 1995 (ton): 3.884.000
Caracterização dos RSU:
- Resíduos al imentares e de jardim 35 %
- Papel e cartão 23 %
Fracção Biodegradável dos RSU 58 %
RUB produzidos em 1995 (ton): 2.252.720
Tabela 5.9 – Quantitativo de RUB admissível em aterro.
Data Limite RUB Admissível em Aterro
% Quantidade (t)
Janeiro de 2006
75
1.689.540
Janeiro de 2009
50 1.126.360
Janeiro de 2016 35 788.542
De acordo com as respectivas l icenças ambientais emit idas pelo IA/APA, aos 5 aterros em análise
foi- lhes autorizada a deposição das seguintes t ipolo gias de resíduos:
Tabela 5.10 – Resíduos admissíveis em aterro [48, 64-67, 38-42].
Instalação
Licenciada
Códigos LER
– Licença Ambiental –
Data de Emissão da
Autorização do INR/ANR
20.00.00 ( a ) 15.00.00 ( b ) RIB
AS-1 x x -
AS-2 x x 22.Jan.2002
AS-3 x x 16.Set.2002
AS-4 x x -
AS-5 x x 4.Fev.2002 ( c )
Legenda: ( a ) 20 00 00 – Resíduos urbanos e equiparados ( resíduos domésticos, do comércio, indústr ia e serviços),
incluindo as fracções recolhidas select ivament e. ( b ) 15 00 00 – Resíduos de embalagens; absorventes, panos de l impeza, materiais f i l t rantes e vestuário de
protecção não anteriormente especi ficados . ( c ) Licença anulada 1 de Março de 2006 (RIB´s passaram a ser enviados para o Aterro de Resíduos Não
Perigosos mais próximo) [41, 2006].
Apesar de se tratarem de aterros destinados à deposição de RSU, em 3 dos casos foram
concedidas pelo INR/ANR autorizações temporárias para a deposição de RIB , enquanto as
instalações especialmente dedicadas à recepção deste t ipo de resíduos não se apresentarem em
número suficiente.
A tabela que se segue pretende resumir os dados recolhidos nos sucessivos RAA ’s entregues
pelas 5 instalações ao longo dos anos, relat ivamente às quantidades e t ipologia de todos os
resíduos depositados anualmente.
Assim, na Tabela 5.11 além de se expor a macro-composição do total depositado (quantidade de
RSU versus quantidade de RIB), atenta -se ainda sobre a composição dos resíduos colocados no
aterro (quantidade de resíduos 20 03 01 e de R esíduos Orgânicos Biodegradáveis - ROB,
relat ivamente ao total depositado ).
47
Sublinhe-se a dist inção aqui feita entre RUB e ROB, necessária já que a fracção biodegradável
dos resíduos depositados nestes aterros tem origem urbana e industr ial .
Tabela 5.11 –Quantitativos e percentagens anuais dos resíduos depositados nos 5 Aterros em análise [38-42].
Va lores em kg Va lores percentua is
Insta lações
em aná l ise
Tota l
deposi tado
Tota l
RIB
Tota l
RSU ( a )
RSU
20 03 01 ( b ) ROB
%
RIB
%
RSU
%
20 03 01
%
ROB
AS
-1
2001 4.494.000 0 4.494.000 4.494.000 2.539.110 0,0 100,0 100,0 56,5
2002 174.469.874 3.242.080 171.227.794 171.144.794 96.696.809 1,9 98,1 98,1 55,4
2003 176.978.670 0 176.978.670 175.896.000 99.381.240 0,0 100,0 99,4 56,2
2004 177.555.890 0 177.555.890 175.896.460 99.381.500 0,0 100,0 99,1 56,0
2005 167.296.540 0 167.296.540 164.590.800 92.994.102 0,0 100,0 98,4 55,6
2006 171.827.580 0 171.827.580 167.547.000 94.705.055 0,0 100,0 97,5 55,1
Tota l 872.622.554 3.242.080 869.380.474 859.569.054 485.697.816 0,4 99,63 98,50 55,7
AS
-2
2003 59.998.680 14.014.500 45.984.180 45.968.080 26.045.445 23,4 76,6 76,6 43,4
2004 75.209.880 16.172.160 59.037.720 58.869.820 33.329.308 21,5(c) 78,5 78,3 44,3
2005 105.832.170 14.454.690 91.377.480 - - 13,7 86,3 - -
2006 73.541.062 15.774.002 57.767.060 - - 21,4 78,6 - -
Tota l 314.581.792 60.415.352 254.166.440 - - 19,2 80,8 - -
AS
-3
2002 39.950.330 408.880 39.541.450 39.535.390 22.337.495 1,0 99,0 99,0 55,9
2003 41.739.320 7.748.300 33.991.020 33.991.020 19.204.926 18,6 81,4 81,4 46,0
2004 44.050.330 8.214.160 35.836.170 35.787.690 20.220.045 18,6 81,4 81,2 45,9
2005 43.942.774 9.996.960 33.945.814 33.811.580 19.103.543 22,7 77,3 76,9 43,5
2006 47.214.609 11.990.440 35.224.169 35.098.400 19.830.596 25,4 74,6 74,3 42,0
Tota l 216.897.363 38.358.740 178.538.623 178.224.080 100.696.605 17,7 82,3 82,2 46,4
AS
-4
2001 10.836.420 10.836.420 0 0 0 100 0,0 0,0 0,0
2002 95.379.745 52.773.921 42.605.824 42.491.804 24.076.589 55,3 44,7 44,6 25,2
2003 69.146.222 23.896.580 45.249.642 44.270.212 25.290.090 34,6 65,4 64,0 36,6
2004 80.056.630 29.375.640 50.680.990 44.747.890 25.787.308 36,7 63,3 55,9 32,2
2005 44.210.370 194.620 44.015.751 39.910.150 23.040.755 0,4 99,6 90,3 52,1
Tota l 299.629.387 117.077.181 182.552.207 171.420.056 98.194.742 39,1 60,9 57,2 32,8
AS
-5
2002 126.358.991 28.558.640 97.800.351 95.108.220 55.628.434 22,6 77,4 75,3 44,0
2003 147.111.833 54.661.090 92.450.743 90.917.463 52.835.687 37,2 62,8 61,8 35,9
2004 115.922.300 36.140.300 79.782.000 78.203.830 45.589.154 31,2 68,8 67,5 39,3
2005 80.350.520 1.430.240 78.920.280 76.978.000 44.835.610 1,8 98,2 95,8 55,8
2006 40.542.280 0 40.542.280 39.416.880 23.099.097 0,0 100,0 97,2 57,0
Tota l 510.285.924 120.790.270 389.495.654 380.624.393 221.987.982 23,7 76,3 74,6 43,5
Legenda: ( a ) RSU com códigos LER 15 00 00 e 20 00 00 , de origem municipal .
( b ) Código LER 20 03 01 – Outros resíduos urbanos e equiparados, incluindo misturas de resíduos. ( c ) 36,7%, de acordo com o [39, 2004] .
AS: Aterro Sani tário.
RIB: Resíduo Industr ial Banal .
RSU: Resíduo Sól ido Urbano.
ROB: Resíduo Orgânico Biodegragável .
Refira-se antes de mais que, para o cálculo da quantidade de ROB depositados anualmente em
cada aterro, se considerou como uma das parcelas 56,5% do RSU do t ipo 20 03 01, de acordo
com dados do INR/ANR – Estudo do Centro de Engenharia Biológica e Química (IST) [ 68].
Inclui-se na fracção orgânica biodegradável os resíduos verdes, papel e cartão, têxteis, madeiras
e respectivas embalagens.
48
0% 0% 0% 0%1,9% 0,4%0%
55,4% 56,2% 56,0% 55,6% 55,1% 55,7%56,5%
0%
20%
40%
60%
2001 2002 2003 2004 2005 2006 Total
% RIB % ROB
(A)
23,4%21,5%
13,7%
21,4%19,2%
43,4% 44,3%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
2003 2004 2005 2006 Total(B)
1,0%
18,6% 18,6%
25,4%
17,7%
46,0% 45,9%43,5% 42,0%
46,4%
22,7%
55,9%
0%
20%
40%
60%
2002 2003 2004 2005 2006 Total
(C)
55,3%
0,44%
39,1%
52,1%
34,6%
36,7%
100%
32,8%32,2%
36,6%
25,2%
0%0%
20%
40%
60%
80%
100%
2001 2002 2003 2004 2005 Total(D)
22,6%
31,2%
0,0%
23,7%
44,0%
39,3%43,5%
37,2%
1,8%
35,9%
57,0%55,8%
0%
20%
40%
60%
2002 2003 2004 2005 2006 Total
(E)
Figura 5.2 – Percentagens mássicas de RIB e ROB, em relação ao total depositado [38-42].
Legenda: (A) Aterro Sani tário (AS)-1; (B) AS-2; (C) AS-3; (D) AS-4; (E) AS-5.
49
Da observação destes dados, torna-se evidente a constante presença de RIB nestas instalações
especialmente dedicadas à deposição de RSU. Ao f im de 5 anos de exploração, exceptuando o Aterro
Sanitário 1 (AS-1), os restantes apresentam percentagens consideráveis deste tipo de resíduos não
perigosos: 39,1% (AS-4), 23,7% (AS-5), 19,2% (AS-2) e 17,7% (AS-3). Em resultado, será expectável a
obtenção de um l ixiviado que refl icta esta forte presença, apresentando este certamente característ icas
dist intas das de um l ixiviado resultante de uma aterro exclusivamente de RSU.
A Tabela 5.12 ordena por ordem decrescente as percentagens de RIB depositados, verif icando -se que
as percentagens de ROB apresentam uma tendência contrária.
Tabela 5.12 – Percentagens totais de RIB e ROB depositados nas 5 instalações no período de 2001–2006 [38-42].
Instalação
em anál ise
Total RIB
(%)
Total ROB
(%)
AS-4 39,1 32,8
AS-5 23,7 43,5
AS-2 19,2 43,9 ( a )
AS-3 17,7 46,4
AS-1 0,4 55,7
Legenda: ( a ) Valor resul tante da média de dois anos (2003 e 2004) e não do somatório completo das percentagens anuais .
AS: Aterro Sanitário.
50
5.3 . L IX IV IA D O S PR O D U Z ID O S
Feita a caracterização dos resíduos depositados em cada uma das 5 Instalações em análise, segue -se o
estudo da quantidade e qualidade dos l ixiviados aí produzidos anualmente. Os valores dos caudais
anuais e do caudal de projecto das 5 ETAL’s encontram -se apresentados na Tabela 5.13.
Tabela 5.13 – Caudais anuais dos lixiviados produzidos e caudal de projecto da ETAL [38-42].
AS-1 ( a ) AS-2 AS-3 As-4 AS-5
Caudal
Anual de
Lix iv iado
(m3 )
2002 - - 21.534 - 2326(d)
2003 35.508 8658(b) 40.932 9841(c) 11.572
2004 32.366 22.772 55.347 13.010 11.513
2005 30.678 18.068 55.347 10.546 -
2006 47.309 59.052 53.727 - 8507
Caudal
Projectado
da ETAL
(m3 /dia) 200 96 - 100 60
(m3 /ano) 73.000 35.040 - 36.500 21.900
Legenda : ( a ) Valores resul tantes de est imativas, devido a atrasos na instalação do medidor de caudal à entrada da lagoa de
regularização e posteriores avarias no aparelho ( b ) Valor incompleto, referente ao período Agosto – Dezembro (caudel ímetro instalado em Agosto). ( c ) Valor incompleto (não incluí o volume produzido em Janeiro – Fevereiro). ( d ) Valor incompleto, referente ao período Junho – Dezembro.
AS – Aterro Sani tário.
Da análise da Tabela 5.13, apesar das imprecisões verif icadas n as medições dos caudais de l ixiviados
anualmente produzidos, sobressai o facto de, na maior parte dos casos, este valor não exceder o valor
inicialmente projectado.
No que se refere à caracterização qualitat iva dos l ixiviados produzidos , anualmente são reportados nos
RAA’s os resultados das análises efectuadas nesta carregada água residual. O conjunto de parâmetros
a analisar, bem como a respectiva frequência de amostragem encontram-se estipulados nas l icenças
ambientais emit idas a cada uma das 5 instalaçõ es estudadas.
De entre o total de parâmetros alvo de amostragem, optou-se por incidir a análise deste trabalho sobre
aqueles que permit issem aferir quanto à idade do l ixiviado (pH, biodegrabil idade), ao seu grau de
toxicidade (N-NH4 , metais pesados), à sua carga orgânica (CQO, CBO 5), ao teor de sais dissolvidos
(condutividade), etc.
Assim, para cada um dos 5 aterros estudados, pode ser visualizada nos gráficos que se seguem, os
chamados “gráficos de bigodes” , a evolução temporal (2002 43 – 2006) das concentrações/valores dos
parâmetros pH, CQO, razão CBO5 /CQO, N-NH4 , nitratos, sulfatos, sulfuretos, cloretos, sódio, zinco e
condutividade, com a indicação do número de amostras associado a cada ano de análises (n) .
Aos 5 l ixiviados analisados é atr ibuído o número usado na designação da respectiva instalação.
43 As 5 instalações iniciaram a sua actividade no final de 2001/início de 2002.
51
A Tabela 5.14 resume, em forma de tratamento estatíst ico, os dados resultantes das diferentes
campanhas de amostragem realizadas no período de análise (2002 -2006) nas 5 instalações.
Tabela 5.14 – Dados Estatísticos do universo de amostras recolhidas nos 5 lixiviados [38-42].
Nº de
amostras
% de amostras
< LD
Valores de concentração (mg/l)*
Mínimo Média Mediana Máximo
pH 202 1,0 5,9 7,9 7,9 9,0
Condutiv idade 203 1,0 1,2 2661 3165 8520
CQO 201 1,0 2,4 6661 3550 36000
CBO5 137 0,7 5,0 2025 520 15000
CBO5 /CQO - - 0,009 0,31 0,35 0,83
N-NH4 173 1,2 0,09 1709 1376 15600
Cloretos 165 0,6 5,0 4954 3500 68000
Sul fatos 86 5,8 0,28 2088 480 24000
COT 110 0,9 1,1 2519 2013 19050
SST 50 12,0 2,0 3885 251 14800
Azoto total 96 2,1 15 1420 890 9600
Ni tratos 46 43,5 0,20 282 4,5 9750
Ferro total 87 4,6 0,47 222 15,7 9100
Fósforo total 98 3,1 0,06 47 9,0 1000
Arsénio total 91 57,1 0,001 0,11 0,01 1,4
Chumbo total 95 71,6 0,004 0,38 0,10 4,7
Cádmio total 94 92,6 0,0001 0,05 0,02 0,10
Cobre total 82 59,8 0,006 0,17 0,20 0,90
Crómio total 95 23,2 0,008 1,1 0,45 13
Mercúrio total 93 94,6 0,0002 0,01 0,005 0,04
Níquel total 77 39,0 0,009 0,35 0,24 1,3
Zinco total 72 18,1 0,02 0,80 0,42 4,4
Sódio 22 0,0 24 2983 3120 11900
Cálcio 19 0,0 32 213 180 670
Magnésio 19 0,0 36 186 165 398
Bário 15 20,0 0,03 0,18 0,18 1,0
Potássio 44 0,0 23 2730 2810 10800
Carbonatos 53 26,4 0,50 5314 5935 15000
Bicarbonatos 23 0,0 152 8414 8825 18000
Legenda:
* Excepto para os valores de pH (Esc. Sor.), condut iv idade (mS/m) e razão CBO5 /CQO (-).
LD: l imi te de detecção do respect ivo método.
A realização dos já referidos “gráficos de big odes” que a seguir se apresentam foi precedida pela
determinação das seguintes variáveis estatíst icas, para cada uma das cinco instalações analisadas:
valor mínimo, 1.º quart i l , mediana, 3.º quart i l e valor máximo.
52
5,5
6,5
7,5
8,5
9,5pH
(E
sc.
Sor
ense
n)
2002
n = 4
2003
n = 11
2004
n = 11
2005
n = 12
2006
n = 12
(A)
5,5
6,5
7,5
8,5
9,5
pH
(E
sc.
Sore
nsen)
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 12
2005
n = 12
2006
n = 12
(B)
5,5
6,5
7,5
8,5
9,5
pH (
Esc
. S
oren
sen)
2002
n = 5
2003
n = 9
2004
n = 122005
n = 12
2006
n = 12
(C)
5,5
6,5
7,5
8,5
9,5
pH (
Esc
. S
oren
sen)
2002
n = 4
2003
n = 10
2004
n = 11
2005
n = 11
2006
n = 0
(D)
5,5
6,5
7,5
8,5
9,5
pH (
Esc
. Sor
ense
n)
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 6
2005
n = 3
2006
n = 6
(E)
Figura 5.3 – Evolução do pH nos lixiviados [38-42].
Legenda: (A) Lix iviado 1 (L1), (B) Liv iviado 2 (L2), Lixiviado 3 (L3), Lix iviado 4 (L4), Lixiv iado 5 (L5).
Nos 5 l ixiviados, a maioria dos valores concentra -se na gama dos 7,5 – 8,5, facto indicativo do seu
carácter ainda bastante jovem. Apenas no caso do L1 e L3 se observam valores menos alcalinos (6,5 –
7,5) no primeiro/segundo ano de vida destes l ixiviados, algo expectável nesta fase.
Refira-se que o reduzido/nulo número de amostragens efectuadas nos anos de arranque das instalações
confere um menor signif icado aos valores obtidos nesses anos. A part ir de 2004, verif ica -se uma
tendência decrescente dos valores de pH nos l ixiviados L2, L3 e L4, fenómeno ainda não verif icado nos
restantes l ixiviados até 2006.
53
0
10.000
20.000
30.000
40.000C
QO
(m
g/l
O2)
2002
n = 4
2003
n = 11
2004
n = 11
2005
n = 12
2006
n = 12
(A)
0
10.000
20.000
30.000
40.000
CQ
O (
mg/l O
2)
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 12
2005
n = 12
2006
n = 12
(B)
0
10.000
20.000
30.000
40.000
CQ
O (
mg/l O
2)
2002
n = 5
2003
n = 8
2004
n = 12
2005
n = 11
2006
n = 12
(C)
0
10.000
20.000
30.000
40.000
CQ
O (
mg/l O
2)
2002
n = 4
2003
n = 12
2004
n = 12
2005
n = 12
2006
n = 0
(D)
0
10.000
20.000
30.000
40.000
CQ
O (
mg/l O
2)
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 6
2005
n = 3
2006
n = 6
(E)
Figura 5.4 – Evolução da CQO nos lixiviados [38-42].
Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.
Contrariamente ao verif icado nos l ixiviados L2,
L4 e L5, cuja maioria de amostras apresenta
valores inferiores a 10.000 mg/l de O 2 , para L1
e L3 é evidente uma acentuada variabil idade da
carga orgânica do l ixiviado , de cerca de 25.000
mg/l de O2 . Em 2006 a CQO no L3 revelou -se
bastante mais estável. Perante estas oscilações
são de prever dif iculdades na operação dos
sistemas de tratamento destes l ixiviados, sendo
importante averiguar a capacidade dos sistemas
minimizarem essas variações.
Nestes casos, o volume da lagoa de equali zação existente à cabeça do sistema de tratamento é uma
questão fulcral, da qual depende o bom funcionamento de todo o sistema.
Associando a observação destes gráficos à informação contida na Tabela 5.12 (pág. 49), é possível
constatar que os valores de CQO e a sua variabil idade no l ixiviado se apresentam inversa e
directamente proporcionais às percentagens de RIB e de ROB, respectivamente, depositados no aterro.
54
0,0
0,3
0,6
0,9C
BO
5/C
QO
(-)
2002
n = 4
2003
n = 11
2004
n = 11
2005
n = 12
2006
n = 12
(A)
0,0
0,3
0,6
0,9
CB
O5/C
QO
(-)
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 12
2005
n = 3
2006
n = 0
(B)
0,0
0,3
0,6
0,9
CB
O5/C
QO
(-)
2002
n = 4
2003
n = 8
2004
n = 12
2005
n = 11
2006
n = 0
(C)
0
0,3
0,6
0,9
CB
O5/C
QO
(-)
2002
n = 4
2003
n = 4
2004
n = 4
2005
n = 4
2006
n = 0
(D)
0,0
0,3
0,6
0,9
CB
O5/C
QO
(-)
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 62005
n = 3
2006
n = 0
(E)
Figura 5.5 – Evolução da razão CBO5/CQO nos lixiviados [38-42].
Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.
De acordo com os respectivos gráficos, a
biodegrabil idade dos l ixiviados L2 e L3 tem
apresentado uma grande variabil idade, com
oscilações de cerca de 0,6 . Nos restantes casos
a razão CBO5 /CQO tendeu a manter-se mais
estável (aproximadamente, entre 0,2 e 0,5), à
excepção do verif icado em 2006 em L1, cuja
variabil idade, por alguma razão, disparou.
Apesar das referidas diferenças, e de grosso
modo , os valores da mediana do conjunto de
amostras tendem a baixar ao longo do tempo.
Refira-se que, na análise da evolução da biodegrabilidade se atr ibuiu pouca relevância estatíst ica à
informação relativa a universos de amostragem compostos por menos de 3/4 amostras anuais.
Nos casos em que numa campanha de amostragem o valor reportado de CBO 5 era superior ao de CQO,
optou-se por remover as respectivas amostras pela certeza de se estar p erante um erro.
55
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
100000A
zoto
Am
onia
cal (
mg/l
NH
4+)
2002
n = 4
2003
n = 11
2004
n = 4
2005
n = 12
2006
n = 12
(A)
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Azoto
Am
onia
cal (
mg/l
NH
4+)
2002
n = 0
2003
n = 4
2004
n = 4
2005
n = 9
2006
n = 12
(B)
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Azoto
Am
onia
cal (
mg/l
NH4
+)
2002
n = 42003
n = 7
2004
n = 12
2005
n = 12
2006
n = 12
(C)
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Azoto
Am
on. (m
g/l
NH
4+)
2002
n = 4
2003
n = 12
2004
n = 12
2005
n = 12
2006
n = 0
(D)
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Azoto
Am
onia
cal (m
g/l N
H4
+)
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 6
2005
n = 3
2006
n = 6
(E)
Figura 5.6 – Evolução da concentração de azoto amoniacal nos lixiviados [38-42].
Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.
O teor de azoto amoniacal presen te no l ixiviado
é de extrema importância já que a part ir de
determinados níveis a actividade biológica f ica
comprometida, tanto a nível da decomposição
dos resíduos dentro do aterro (digestão
anaeróbia), como a jusante, em tratamentos do
l ixiviado baseados em processos biológicos.
As concentrações de N-NH4 observadas nos
l ixiviados L1, L2 e L3, apesar de pouco
oscilantes, revelam-se muito superiores às
previstas pela bibl iografia (Tabela 5.1, pág. 36),
variando entre 1000 mg/l e 10.000 mg/l.
De acordo com os dados da Tabela 5.15 (pág.60), a part ir de 3000 mg/l de N-NH4 a inibição da
actividade biológicas em processos anaeróbios passa de moderada a forte.
No caso do L3, a maioria dos valores distr ibui-se com elevada estabil idade entre os 1000 e 5000 mg/l.
56
0,1
1
10
100
1000
10000N
itra
tos (
mg/l N
O3
- )
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 0
2005
n = 1
2006
n = 2
(A)
0,1
1
10
100
1000
10000
Nitra
tos (
mg/l N
O3
- )
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 0
2005
n = 2
2006
n = 2
(B)
0,1
1
10
100
1000
10000
Nitra
tos (
mg/l N
O3
- )
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 2
2005
n = 2
2006
n = 2
(C)
0,1
1
10
100
1000
10000
Nitra
tos (
mg/l N
O3
- )
2002
n = 4
2003
n = 6
2004
n = 6
2005
n = 6
2006
n = 0
(D)
0,1
1
10
100
1000
10000
Nitra
tos (
mg/l N
O3
- )
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 6
2005
n = 3
2006
n = 0
(E)
Figura 5.7 – Evolução da concentração de nitratos nos lixiviados [38-42].
Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.
Apesar do generalizado reduzido número de amostras disponíveis, as concentrações de nitratos
apresentam valores part icularmente elevados nos L2 e L3.
Na maioria das amostras, observam-se teores de nitratos inferiores a 100 mg/l, observando -se os
valores mais baixos e a decrescer no L4 (menores que 10 mg/l).
57
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Sulfa
tos (
mg/l
SO
42
- )
2002
n = 4
2003
n = 11
2004
n = 4
2005
n = 4
2006
n = 2
(A)
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Sulfa
tos (
mg/l
SO
42
- )
2002
n = 0
2003
n = 4
2004
n = 4
2005
n = 3
2006
n = 2
(B)
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Sulfato
s (
mg/l S
O4
2- )
2002
n = 3
2003
n = 4
2004
n = 4
2005
n = 4
2006
n = 2
(C)
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Sulfa
tos (
mg/l
SO
42
- )
2002
n = 4
2003
n = 6
2004
n = 6
2005
n = 6
2006
n = 0
(D)
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Sulfa
tos (
mg/l
SO
42
- )
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 6
2005
n = 3
2006
n = 0
(E)
Figura 5.8 – Evolução da concentração de sulfatos nos lixiviados [38-42].
Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.
De acordo com a bibl iografia consultada
(Tabela 5.1, pág. 36), os teores máximos de
sulfatos esperados num lixiviado jovem rondam
os 1000 - 2000 mg/ l, valores bastante
discrepantes dos verif icados nos l ixiviados
analisados. No caso de L1, L2 e L3, a maioria
das amostras apresenta valores contidos no
intervalo 100 – 10.000 mg/l, com tendência a
aumentar.
Tendo em conta que o L4 é aquele que
apresenta menores teores de sulfatos ( entre 10
e 1000 mg/l) e que os l ixiviados mais carregados são os provenientes dos aterros que apresentam
menor percentagem de RIB (Tabela 5.12, pág. 49), sugere-se a relação entre os elevados teores de
sulfatos no l ixiviado e a prática de recirculação para o aterro do concentrado resultante do tratamento
por OI, usado nas instalações 1, 2, 3 e 5.
58
0,01
0,1
1
10
100
1000S
ulfure
tos (
mg/l S
2- )
2002
n = 4
2003
n = 11
2004
n = 4
2005
n = 4
2006
n = 2
(A)
0,01
0,1
1
10
100
1000
Sulfure
tos (
mg/l S
2- )
2002
n = 0
2003
n = 4
2004
n = 4
2005
n = 3
2006
n = 2
(B)
0,01
0,1
1
10
100
1000
Sulfure
tos (
mg/l S
2- )
2002
n = 5
2003
n = 3
2004
n = 4
2005
n = 4
2006
n = 2
(C)
0,01
0,1
1
10
100
1000
Sulfure
tos (
mg/l S
2- )
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 2
2005
n = 2
2006
n = 0
(D)
Figura 5.9 – Evolução da concentração de sulfuretos nos lixiviados [38-42].
Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4 .
As concentrações de sulfuretos, além de se caracteriz arem por uma acentuada variabil idade,
especialmente nos l ixiviados L1 e L3 (superior a 300 mg/l no caso do L1), apresentam valores bastante
elevados, oscilando a maioria das amostras entre 1 e 100 mg/l.
Novamente, as concentrações mais reduzidas são as v erif icadas no L4, com 4 amostras próximas de
valores nulos e um máximo inferior a 5mg/l em 2004.
59
1
10
100
1.000
10.000
100.000
Clo
reto
s (
mg/l
Cl- )
2002
n = 4
2003
n = 11
2004
n = 4
2005
n = 6
2006
n = 12
(A)
1
10
100
1.000
10.000
100.000
Clo
reto
s (
mg/l
Cl- )
2002
n = 0
2003
n = 4
2004
n = 4
2005
n = 9
2006
n = 12
(B)
1
10
100
1.000
10.000
100.000
Clo
reto
s (
mg/l
Cl- )
2002
n = 1
2003
n = 7
2004
n = 12
2005
n = 12
2006
n = 12
(C)
1
10
100
1.000
10.000
100.000
Clo
reto
s (
mg/l
Cl- )
2002
n = 4
2003
n = 12
2004
n = 12
2005
n = 12
2006
n = 0
(D)
1
10
100
1.000
10.000
100.000
Clo
reto
s (
mg/l
Cl- )
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 5
2005
n = 2
2006
n = 5
(E)
Figura 5.10 – Evolução da concentração de cloretos nos lixiviados [38-42].
Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.
Também o teor de cloretos apresenta valores elevadíssimos, superiores nos l ixiviados L1, L2, L3 e L5,
distr ibuindo-se a maioria das amostras de forma crescente pela gama dos 1000 – 10.000 mg/l de Cl - . A
maior variabil idade das concentração de cloretos observa -se no l ixiviados L3 e L4.
60
0
3.000
6.000
9.000
12.000
Sódio
(m
g/l N
a+)
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 0
2005
n = 1
2006
n = 2
(A)
0
3.000
6.000
9.000
12.000
Sódio
(m
g/l
Na+
)
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 0
2005
n = 2
2006
n = 2
(B)
0
3.000
6.000
9.000
12.000
Sódio
(m
g/l N
a+
)
2002
n = 0
2003
n = 3
2004
n = 2
2006
n = 2
2005
n = 2
(C)
0
3.000
6.000
9.000
12.000
Sódio
(m
g/l N
a+)
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 2
2005
n = 2
2006
n = 0
(D)
Figura 5.11 – Evolução da concentração de sódio nos lixiviados [38-42].
Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4.
Tabela 5.15 – Concentrações de inorgânicos inibitórias da actividade microbiológica num
processo anaeróbio [69].
Substância Concentrações de Inibição (mg/l )
Moderada Elevada
Sódio 3500 – 5500 8000
Potássio 2500 – 4500 12.000
Cálcio 2500 – 4500 8000
Magnésio 1000 – 1500 3000
N-NH4 1500 – 3000 3000
Sul furetos 200 200
Cobre 0,5 (dissolv ido)
Crómio (VI) 50 – 70 (total )
3,0 (dissolv ido)
Crómio (I I I ) 200 – 600 (total )
180 – 420 (total )
Níquel 2,0 (solúvel)
30 (total )
Z inco 1,0 (dissolv ido)
De acordo com os dados da Tabela 5.15, nos
l ixiviados analisados os teores passíveis de
inibição foram encontrados no caso do sódio,
azoto amoniacal, sulfuretos e zinco.
Apesar do reduzido número de amostras
disponíveis, pode verif icar -se a habitual
tendência crescente dos valores de
concentração, fenómeno part icularmente
evidente no L3, onde 25% das amostras se
situava já acima de 10.000 mg /l de sódio em
2006 (valor acima do patamar de inibição
elevada).
Sistematicamente,as concentrações observadas
no L4 são as mais reduzidas, apresentando
todas as amostras valores inferiores a 3000
mg/l em 2005, com tendência crescente.
61
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
Zin
co tota
l (m
g/l Z
n)
2002
n = 3
2003
n = 11
2004
n = 4
2005
n = 4
2006
n = 2
(A)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
Zin
co tota
l (m
g(l Z
n)
2002
n = 0
2003
n = 4
2004
n = 0
2005
n = 3
2006
n = 2
(B)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
Zin
co tota
l (m
g/l Z
n)
2002
n = 1
2003
n = 22004
n = 2
2005
n = 2
2006
n = 2
(C)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
Zin
co tota
l (m
g/l Z
n)
2002
n = 4
2003
n = 5
2004
n = 6
2005
n = 6
2006
n = 0
(D)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
Zin
co tota
l (m
g/l Z
n)
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 6
2005
n = 3
2006
n = 0
(E)
Figura 5.12 – Evolução da concentração de Zinco total nos lixiviados [38-42].
Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.
De forma repetida, é nos l ixiviados L1 a L3 que se encontram as maiores concentrações , apesar do
reduzido número de amostras disponíveis para L2 e L3.
Na comparação destas concentrações com a apresentada na Tabela 5.15, deve ter-se em atenção o
facto de esta últ ima se referi r ao zinco sob a forma dissolvida (1,0 mg/l) .
62
0
1.500
3.000
4.500
6.000
7.500
9.000C
ondutivid
ade (
mS
/m, 20ºC
)
2002
n = 4
2003
n = 11
2004
n = 11
2005
n = 12
2006
n = 12
(A)
0
1.500
3.000
4.500
6.000
7.500
9.000
Condutivid
ade (
mS
/m, 20ºC
)
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 12
2005
n = 12
2006
n = 12
(B)
0
1.500
3.000
4.500
6.000
7.500
9.000
Condutivid
ade (
mS
/m, 20ºC
)
2002
n = 5
2003
n = 9
2004
n = 12
2005
n = 12
2006
n = 12
(C)
0
1.500
3.000
4.500
6.000
7.500
9.000
Condutivid
ade (
mS
/m, 20ºC
)
2002
n = 4
2003
n = 12
2004
n = 12
2005
n = 12
2006
n = 0
(D)
0
1.500
3.000
4.500
6.000
7.500
9.000
Condutivid
ade (
mS
/m, 20ºC
)
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 6
2005
n = 6
2005
n = 6
(E) Figura 5.13 – Evolução da condutividade nos
lixiviados [38-42].
Legenda: (A) L1, (B) L2, (C) L3, (D) L4, (E) L5.
O teor em sais dissolvidos nos l ixiviados,
medido em mil isiemens por metro, é também
caracterizado por uma enorme variabil idade e
por valores continuamente crescentes em todos
os l ixiviados analisados, à excepção do L4
onde, além de bastante estável, a condutividade
não excede os 1500 mS/m na generalidade das
amostras. O caso que exigirá maior atenção é o
do L3, já que apresenta os valores de
condutividade mais elevados e nit idamente a
aumentar de ano para ano , com uma
variabil idade também crescente. Dados de um
estudo sobre a aplicação de um sistema de OI
ao tratamento de um dado l ixiviado, indicam um
l imite de 10.000 mS/m para as condições de operação desse sistema [70]. Uma análise comparativa
entre a tendência evolutiva das concentrações dos parâmetros estuda dos, faz prever uma relação entre
os crescentes teores de sais dissolvidos e de sulfatos.
63
Da análise conjunta do total de parâmetros aqui reportados , sobressai o facto destes apresentarem no
l ixiviado concentrações bastante superiores às avançadas pela bibl iografia, nomeadamente os teores de
azoto amoniacal, sulfatos , cloretos. O L3 apresentou, de uma forma geral, as concentrações mais
elevadas e variáveis, apesar de o fenómeno da variabil idade ter também caracterizado o perf i l de
concentrações do L1.
Apesar do L4 resultar do aterro com maiores percentage ns de RIB’s depositados, foi neste l ixiviado que
geralmente se observaram as menores e mais estáveis concentrações. Facto que leva a crer que as
elevadas concentrações encontradas nos restantes l ixiviados estão associadas à prática comum de
recirculação para o aterro do concentrado da OI (sistema não uti l izado no tratamento do L4).
De acordo com Gerdes et al. (2006) [ 71], alguns estudos afastam as preocupações com os efeitos a
longo prazo desta prática, defendendo que a mesma apresenta claros benefícios (aumento da produção
de biogás, diminuição do período de manutenção pós -encerramento) e considerando ainda pouco
signif icativas as variações nos teores dos contaminantes dissolvidos no l ixiviado (ver Tabela 5.16).
Tabela 5.16 – Composição de lixiviado resultante de aterro com recirculação do concentrado da OI [ 71].
Aterro Sani tário do Oeste (gerido pela RESIOESTE)
Parâmetro Unidades 2002 2003 2004 2005
pH (-) 7,2 7,4 7,7 7,8
Condutiv idade mS/m 17.000 28.600 27.500 30.000
CBO5 mg/l 2890 4441 4909 5650
CQO mg/l 10.535 13.589 11.045 13.000
N-Total mg/l 1273 3527 3125 3900
N-NH4 mg/l 1618 3291 4750 4600
Contrariamente à interpretação realizada pelo referido estudo, considera -se que a visível tendência
crescente dos valores reunidos na Tabela 5.16 assume contornos bastante preocupantes. Verif icando-se
em apenas 3 anos aumentos superiores a 60% nos compostos azotados, próximos de 50% na CBO 5 e
em torno de 40% na condutividade.
Os efeitos do aumento progressivo da salinidade do l ixiviado, associado à prática da sua recirculação,
sobre os processos de biodegradação aeróbia e anaer óbia foram já alvo de estudo . Apesar de
apresentarem origens dist intas (recircul ação do concentrado da OI e não do l ixiviado), os aterros em
análise no presente trabalho deparam-se com problemas semelhantes.
De acordo com Rolle et al. (1997) [72], embora se tenham observado rendimentos de mineralização da
fracção orgânica do RSU superiores sob condições anaeróbias optimizadas, a mineralização aeróbia
apresentou-se menos sensível ao aumento da salinidade no l ixiviado . À variação da salinidade de 0,8%
p/p para 1,5% p/p (o equivalente a 1250 mS/m e 2344 mS/m, respectivamente 44) , corresponderam
decaimentos da biodegradação aeróbia e anaeróbia de 20% e 90%, respectivamente.
Saliente-se o facto de a condutividade observada nos l ixiviados L1, L2, L3 e L5 (com recirculação do
concentrado da OI) apresentou teores médios de 2000 - 4000 mS/m e máximos de 5500 - 8500 mS/m.
44 De acordo com a relação: SDT (mg/l) = Condutividade (dS/m) x 640 [73].
64
5.4 . EF L U E N T E TR A T A D O
Na Tabela 5.17 é feita a caracterização da qualidade do efluente tratado para alguns importa ntes
parâmetros, referindo-se ainda as eficiências de remoção associadas a cada tratamento.
Os VLE’s apresentados são os estipulados nas respectivas l icenças ambientais, sendo que, em alguns
casos, estes se apresentam mais exigentes que a legislação em vigor.
Tabela 5.17 – Tipologia e Eficiências de Remoção das 5 ETAL’s em análise, obtidas a partir do valor da mediana anual [38-42, 48, 64-67, 74].
Parâmetros
Ef iciências de Remoção (%) Ef luente VLE Tipologia
2002 2003 2004 2005 2006 Média (mg/l )* (mg/l ) da ETAL
AS-1
CQO 99,6 99,9 99,7 99,6 99,3 99,6 39,0 125
3 LAr
1 OI
CBO5 99,3 99,8 99,6 99,8 99,5 99,6 18,0 25
Azoto Amoniacal 99,4 99,6 99,6 99,8 99,7 99,6 12,5 10
Azoto total - 99,5 99,6 - - 99,6 12,3 15
Sulfuretos 99,6 99,8 99,4 99,6 99,9 99,7 0,04 1,0
Sulfatos 97,9 92,5 95,5 99,1 99,7 96,9 19,5 2000
Cloretos - - - - - - - -
AS-2
CQO 97,3 97,4 98,7 99,4 97,3 98,2 37,0 150
2 LAr
2 OI
(2 unidades
desde Dez. 2005)
CBO5 98,0 97,9 99,0 - 98,0 98,3 6,0 40
Azoto Amoniacal 96,4 98,9 99,0 99,1 96,4 98,3 16,0 10
Azoto total 96,8 98,7 99,1 - 96,8 98,2 16,0 15
Sulfuretos 99,9 99,1 83,3 83,3 99,9 91,4 1,0 1,0
Sulfatos 92,6 99,7 100,0 100,0 92,6 98,1 8,0 2000
Cloretos - - - - - - - -
AS-3
CQO 99,4 98,9 99,1 99,6 99,7 99,3 36,0 125
2 LAr
D - N/LA
2 OI
(2 unidades
desde Set. 2002)
CBO5 99,2 99,5 99,6 99,8 - 99,5 4,0 25
Azoto Amoniacal 98,8 99,7 99,8 - 99,4 6,7 10
Azoto total 97,9 99,6 99,9 99,8 - 99,3 7,1 15
Sulfuretos 86,8 71,0 69,2 90,9 97,1 83,0 2,0 1,0
Sulfatos 91,1 99,9 100,0 100,0 100,0 98,2 1,0 2000
Cloretos 90,9 - - - - 90,9 305,0 -
AS-4
CQO
-
95,2 92,7
- -
93,9 67,0 125
1 Lar
LA (SBR)
TFQ
CBO5 96,1 96,1 96,1 22,0 25
Azoto Amoniacal 70,3 96,4 83,3 5,2 10
Azoto total -51,7 95,5 21,9 9,8 15
Sulfuretos 0,0 98,6 49,3 0,03 1,0
Sulfatos -94,3 -73,5 -83,9 1000 2000
Cloretos - -39,4 -39,4 1650 -
AS-5
CQO
- -
97,3 98,5 99,7 98,5 20,0 150
4 LAn
1 OI
CBO5 97,0 98,4 97,7 5,0 40
Azoto Amoniacal 23,5 97,7 94,5 71,9 19,0 10
Azoto total 27,4 96,9 - 62,1 27,0 15
Sulfuretos - - - - 1,0 1,0
Sulfatos 20,8 98,8 - 59,8 11,0 2000
Cloretos 95,0 100,0 98,5 97,8 59,0 -
Legenda :
* Valor da mediana da concentração n a descarga do efluente tratado.
AS: Aterro Sanitário. ETAL: Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes.
LAr: Lagoa Arejada. OI: Osmose Inversa.
D – N/LA: Desnitr i f icação – Nitr i f icação/Lamas Activadas.
LA (SBR) - Lamas Activadas do t ipo Sequencing Batch Reacto r. TFQ: Tratamento Físico-Químico.
LAn: Lagoa Anaeróbia.
65
Da observação da Tabela 5.17 ressaltam os valores de eficiências de remoção negativas resultantes do
Tratamento Físico-Química usado na Instalação 4, o qual concentrou os sais presentes no l ixiviado. As
restantes eficiências apresentam-se bastante elevadas e, de um modo geral os VLE são cumpridos,
verif icando-se contudo algumas excepções no caso dos compostos azotados .
Em semelhança com o realizado na aná lise dos l ixivados, é reunida na Tabela 5.18 informação relativa a
todo o universo de amostras real izadas aos efluentes tratados.
Tabela 5.18 - Dados Estatísticos do universo de amostras recolhidas nos 5 efluentes tratados [38-42].
Nº de amostras
% amostras % amostras Valores de Concentração (mg/l)*
< LD > VLE Mínimo Média Mediana Máximo
pH 360 - 28,3% 4,4 6,8 7,2 9,0
Condutividade 59 0,0% - 0,0 324,2 54 1800
CQO 360 39,2% 10,8% 6,0 60 37 412
CBO5 359 34,8% 20,9% 1,0 15 6,0 233
CBO5/CQO 359 - - 0,013 0,29 0,25 1,0
COT 48 8,3% - 0,50 15 7,25 61
SST 361 83,4% 0,9% 0,0 7,4 5,0 72
SDT 50 59,2% - 0,68 5543 193 123000
N-NH4 162 8,0% 46,4% 0,03 21 13 500
Azoto total 165 4,2% 47,5% 0,80 94 12 5000
Nitratos 102 69,6% 2,6% 0,30 5,5 2,0 97
Nitritos 44 64,4% 0,0% 0,01 2,5 0,15 97
Cloretos 39 10,3% - 0,09 814 305 5100
Cl resid. livre 86 72,2% 0,0% 0,01 0,06 0,05 0,20
Cl residual total 48 60,4% 3,5% 0,0 1,8 0,13 144
Sulfatos 181 39,8% 2,0% 1,0 279 11 10886
Sulfuretos 177 4,0% 21,3% 0,02 2,3 1,0 108
Sulfitos 48 0,0% 21,6% 0,30 1,9 0,85 45
Ferro total 150 77,3% 4,9% 0,025 0,59 0,36 8,2
Fósforo total 183 61,7% 3,3% 0,02 2,3 0,25 110
Sódio 42 0,0% - 0,30 682 549 3600
Cálcio 43 51,2% - 1,0 133 31 1200
Magnésio 43 39,5% - 1,0 53 10 580
Potássio 43 2,3% - 2,1 249 102 2000
Alumínio 129 27,3% 0,0% 0,02 1,4 1,0 10
Fosfatos 49 76,6% - 0,05 0,48 0,35 1,0
Arsénio total 147 96,6% 0,0% 0,003 0,46 0,003 25
Chumbo total 170 98,2% 0,0% 0,003 0,27 0,30 1,0
Cádmio total 169 98,8% 0,0% 0,0005 0,09 0,05 1,0
Cobre total 167 95,8% 0,0% 0,001 0,15 0,20 0,50
Crómio total 171 99,4% 0,0% 0,001 0,17 0,10 0,50
Crómio VI 86 97,7% 0,0% 0,005 0,05 0,05 0,10
Mercúrio total 171 98,8% 0,0% 0,0002 0,01 0,005 0,03
Níquel total 171 95,9% 0,5% 0,003 0,28 0,20 24
Zinco total 81 54,3% 0,0% 0,025 0,09 0,049 0,57
O&G 176 0,0% 2,2% 0,03 3,5 2,0 58
HC totais 94 80,1% 0,0% 0,10 2,4 0,70 15
Fenóis 176 94,6% 1,9% 0,001 0,12 0,10 1,0
Manganês total 100 0,0% 0,0% 0,0017 0,22 0,20 2,0
Cianetos 140 62,5% 0,7% 0,005 0,49 0,027 69
Óleos minerais 66 100% 0,0% 0,03 3,2 4,0 12
Legenda:
* Excepto para os valores de pH (Esc. Sor.), condut iv idade (mS/m) e razão CBO5 /CQO (-).
LD: l imi te de detecção. VLE: valor l imi te de emissão.
66
Por não resultar de um tratamento por osmose inversa, o efluente tratado da instala ção 4 assume uma
designação mais generalista: Efluente Tratado 4 (ET4) e não Permeado (P1, P2, P3 e P5) .
Relativamente aos gráficos referentes ao ET4, as indicações (a) e (b) referem -se à qualidade do
efluente à saída da primeira e da segunda unidade de OI, respectivamente.
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
pH
(E
sc.
Sore
nsen)
2002
n = 3
2003
n = 10
2004
n = 7
2005
n = 11
2006
n = 13
(A)
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
pH
(E
sc.
Sore
nsen)
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 32
2005
n = 31
2006(a)
n = 29
2006(b)
n = 51
(B)
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
pH
(E
sc. S
ore
nsen)
2002
n = 3
2003
n = 4
2004
n = 45
2005
n = 43
2006
n = 43
(C)
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
pH
(E
sc. S
ore
nsen)
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 11
2005
n = 0
2006
n = 0
(D)
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
pH
(E
sc. S
ore
nsen)
2002
n = 0
2003
n = 11
2004
n = 10
2005
n = 12
2006
n = 6
(E)
Figura 5.14 – Evolução do pH nos efluentes tratados [38-42].
Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4, (E) P5.
De acordo com os dados reunidos na Tabela
5.18, cerca de 28% das 360 amostras
analisadas apresentava um pH inferior ao
permit ido na descarga, 6,0 (VLE inferior),
verif icando em todos os casos o cumprimento
do VLE superior (9,0). A referida percentagem
sobe para 58% e 65% quando se consideram
separadamente o P2 e o P3, respectivamente.
No caso do P1, observa-se uma evolução no
sentido de uma maior alcalinidade do efluente
com tendência a estabil izar em valores de pH
próximos de 8,0.
Assinale-se ainda a grande variabil idade verif icada no P2, especialmente em 2005 e em 2006 (5,0 –
9,0), na descarga, em oposição ao observado em 2004 no ET4 (7,5 – 8,5).
67
0
100
200
300
400
500C
QO
(m
g/l
O2)
2002
n = 4
2003
n = 10
2004
n = 7
2005
n = 11
2006
n = 13
(A)
0
100
200
300
400
500
CQ
O (
mg/l
O2)
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 32
2005
n = 31
2006(a)
n = 29
2006(b)
n = 51
(B)
0
100
200
300
400
500
CQ
O (
mg/l
O2)
2002
n = 3
2003
n = 7
2004
n = 43
2005
n = 43
2006
n = 43
(C)
0
100
200
300
400
500
CQ
O (
mg/l
O2)
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 11
2005
n = 0
2006
n = 0
(D)
0
100
200
300
400
500
CQ
O (
mg/l
O2)
2002
n = 0
2003
n = 11
2004
n = 10
2005
n = 12
2006
n = 5
(E)
Figura 5.15 – Evolução da CQO nos efluentes tratados [38-42].
Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4, (E) P5.
Considerando os diferentes VLE estipulados para cada uma das 5 i nstalações nas respectivas LA’s,
resulta um incumprimento deste valor na descarga dos efluentes tratados por parte de quase 11% do
total das 360 amostras analisadas (Tabela 5.18).
Associados à maior variabilidade da CQO, estão os valores mais elevados deste indicador, verif icados
em P1 e part icularmente em P3. Cenário bem dist into do observado para o P2 e
P4, onde a maioria das amostras apresenta valores de CQO abaixo dos 50 – 100 mg/l de O2 , com
aparente tendência a descer abaixo do VLE (150 mg/l).
68
0
50
100
150
200
250C
BO
5 (
mg/l O
2)
2002
n = 4
2003
n = 10
2004
n = 7
2005
n = 11
2006
n = 13
(A)
0
50
100
150
200
250
CB
O5 (
mg/l
O2)
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 32
2005
n = 31
2006(a)
n = 29
2006(b)
n = 51
(B)
0
50
100
150
200
250
CB
O5 (
mg/l O
2)
2002
n = 1
2003
n = 7
2004
n = 44
2005
n = 43
2006
n = 43
(C)
0
50
100
150
200
250
CB
O5 (
mg/l
O2)
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 11
2005
n = 0
2006
n = 0
(D)
0
50
100
150
200
250
CB
O5 (
mg/l O
2)
2002
n = 0
2003
n = 11
2004
n = 10
2005
n = 12
2006
n = 5
(E)
Figura 5.16 – Evolução da CBO5 nos efluentes tratados [38-42].
Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4, (E) P5.
No que se refere aos valores de CBO 5 medidos
na descarga, verif ica-se um incumprimento dos
VLE´s na descarga da ordem dos 21%, de entre
as 359 amostras disponíveis (Tabela 5.18).
A acentuada variabil idade verif icada no P3
evidencia a existência um tratamento ineficaz
no controlo dos picos de concentração
verif icados no respectivo l ixiviado .
Os valores de CBO 5 nos restantes efluentes,
apesar de por vezes superiores ao respectivo
VLE, apresentam uma estabil idade bastante
considerável, abaixo dos 50 mg/l de O2 .
69
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0C
BO
5/C
QO
(-)
2002
n = 4
2003
n = 10
2004
n = 7
2005
n = 11
2006
n = 13
(A)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
CB
O5/C
QO
(-)
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 32
2005
n = 31
2006(a)
n = 29
2006(b)
n = 51
(B)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
CB
O5/C
QO
(-)
2002
n = 3
2003
n = 7
2004
n = 43
2005
n = 43
2006
n = 43
(C)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
CB
O5/C
QO
(-)
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 11
2005
n = 0
2006
n = 0
(D)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
CB
O5/C
QO
(-)
2002
n = 0
2003
n = 11
2004
n = 10
2005
n = 12
2006
n = 4
(E)
Figura 5.17 – Evolução da razão CBO5/CQO nos efluentes tratados [38-42].
Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4,(E)P5.
Ainda que apresentando um valor médio de 0,29
no total das amostras (359), a razão
CBO5 /CQO, à excepção do verif icado no ET4
apresenta uma enorme variabil idade, nalguns
casos, muito próxima da variabil idade máxima
(L1 e L3) , o que por si revela prováveis
dif iculdades na manutenção do bom
funcionamento dos seus sistemas de
tratamento. Contudo, na grande maioria das
amostras os valores desta razão são inferiores
a 0,6. Também nas análises aos efluentes
tratados, não foram consideradas as amostras
cuja razão CBO5 /CQO resultasse em valores
superiores à unidade.
70
0,01
0,1
1
10
100
1000A
zoto
Am
onia
cal (m
g/l N
H4+
)
2002
n = 4
2003
n = 10
2004
n = 7
2005
n = 11
2006
n = 13
(A)
0,01
0,1
1
10
100
1000
Azoto
Am
onia
cal (m
g/l N
H4
+)
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 11
2005
n = 12
2006(a)
n = 9
2006(b)
n = 12
(B)
0,01
0,1
1
10
100
1000
Azoto
Am
onia
cal (m
g/l N
H4+
)
2002
n = 3
2003
n = 52004
n = 0
2005
n = 10
2006
n = 0
(C)
0,01
0,1
1
10
100
1000
Azoto
Am
onia
cal (m
g/l N
H4+
)
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 11
2005
n = 0
2006
n = 0
(D)
0,01
0,1
1
10
100
1000
Azoto
Am
onic
al (m
g/l N
H4+
)
2002
n = 0
2003
n = 11
2004
n = 10
2005
n = 12
2006
n = 6
(E)
Figura 5.18 – Evolução da concentração de N-NH4 nos efluentes tratados [38-42].
Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4,(E)P5.
Dado um VLE igual a 10 mg/l de azoto
amoniacal, cerca de 46% das 162 amostras
analisadas apresentou teores superiores a este
l imite, situação sistematicamente repetida ao
longo dos anos, em particular no caso do
efluentes P1, P2 e P5.
A necessidade de prestar part icular atenção
sobre as concentrações de azoto amoniacal no
efluente a descarregar (sob a forma ionizada,
NH4 +) prende-se com o facto de este ião
estabelecer um equilíbr io , dependente do pH e
da temperatura do meio, com a amónia l ivre(gás
amoníaco, NH3), forma consideravelmente mais
tóxica para os organismos vivos, tal como os peixes. A percentagem de azoto amoniacal total presente
no meio como NH3 aumenta com o pH e temperatura.
71
0,1
1
10
100
1000
10000A
zo
to T
ota
l (m
g/l)
2002
n = 0
2003
n = 10
2004
n = 7
2005
n = 92006
n = 0
(A)
0,1
1
10
100
1000
10000
Azoto
tota
l (m
g/l)
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 11
2005
n = 12
2006(a)
n = 9
2006(b)
n = 12
(B)
0,1
1
10
100
1000
10000
Azoto
tota
l (m
g/l)
2002
n = 3
2003
n = 7
2004
n = 10
2005
n = 10
2006
n = 10
(C)
0,1
1
10
100
1000
10000
Azoto
tota
l (m
g/l)
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 11
2005
n = 0
2006
n = 0
(D)
0,1
1
10
100
1000
10000
Azoto
tota
l (m
g/l)
2002
n = 0
2003
n = 11
2004
n = 10
2005
n = 12
2006
n = 6
(E)
Figura 5.19 – Evolução da concentração de azoto total nos efluentes tratados [38-42].
Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4, (E) P5.
Num total de 165 amostras no conjunto das 5 instalações , o VLE de 15 mg/l de azoto total foi excedido
em cerca de 48% dessas amostras. Associado a este incumprimento está um valor médio da
concentração de azoto total superior a 93 mg/l ( Tabela 5.18).Dada a dif iculdade comum aos 5 sistemas
de tratamento em não exceder os VLE tanto para o azoto total como para o amoniacal, o controlo dos
parâmetros azotados destaca -se aqui como um dos aspectos de maior relevância neste contexto.
72
0,1
1
10
100
1000
10000
100000S
ulfato
s (
mg/l S
O42-)
2002
n = 3
2003
n = 10
2004
n = 7
2005
n = 11
2006
n = 13
(A)
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Sulfato
s (
mg/l S
O4
2- )
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 11
2005
n = 12
2006(a)
n = 92006(b)
n = 12
(B)
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Sulfato
s (
mg/l S
O4
2- )
2002
n = 2
2003
n = 6
2004
n = 11
2005
n = 10
2006
n = 10
(C)
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Sulfa
tos (
mg/l
SO
42
- )
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 11
2005
n = 0
2006
n = 0
(D)
0,1
1
10
100
1000
10000
100000
Sulfa
tos (
mg/l
SO
42
- )
2002
n = 0
2003
n = 11
2004
n = 10
2005
n = 12
2006
n = 5
(E)
Figura 5.20 – Evolução da concentração de sulfatos nos efluentes tratados [38-42].
Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4,(E) P5.
Apesar dos elevados teores de sulfatos
presentes nos l ixiviados L1, L2, L3 e L5 (entre
100 e 10.000 mg/l) , foi no ET4 que se
verif icaram as maiores dif iculdades no
cumprimento do VLE de descarga de 2000 mg/l
de sulfatos, facto já observado aquando da
análise da Tabela 5.17 (pág. 64). Na mesma
são dadas a conhecer eficiências de remoção
do tratamento físico-químico negativas para
alguns dos compostos analisados (azoto total,
sulfatos e cloretos).
Em resultado, num total de 181 amostras, cerca
de apenas 2% apresentava na descarga teores
de sulfatos superiores a 2000 mg/l de s ulfatos
(Tabela 5.18, pág. 65).
73
0,01
0,1
1
10
100
1000S
ulfu
reto
s (
mg/l
S2
- )
2002
n = 3
2003
n = 10
2004
n = 7
2005
n = 11
2006
n = 13
(A)
0,01
0,1
1
10
100
1000
Sulfu
reto
s (
mg/l
S2
- )
2002
n = 0
2003
n = 12
2004
n = 11
2005
n = 12
2006(a)
n = 9
2006(b)
n = 12
(B)
0,01
0,1
1
10
100
1000
Su
lfu
reto
s (
mg
/l S
2- )
2002
n = 3
2003
n = 6
2004
n = 11
2005
n = 10
2006
n = 10
(C)
0,01
0,1
1
10
100
1000
Su
lfu
reto
s (
mg
/l S
2- )
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 11
2005
n = 0
2006
n =
(D)
0,01
0,1
1
10
100
1000
Sulfu
reto
de H
idrp
génio
(m
g/l)
2002
n = 0
2003
n = 11
2004
n = 10
2005
n = 12
2006
n = 0
(E)
Figura 5.21 – Evolução da concentração de sulfuretos (A, B, C e D) e H2S (E) nos efluentes tratados [38-42].
Legenda: (A) P1, (B) P2, (C) P3, (D) ET4, (E) P5.
No total das amostras reunidas nas 5 instalações (177), cerca de 21% não cumpriram o VLE de 1,0 mg/l
de sulfuretos. Esta percentagem deve-se sobretudo aos incumprimentos por parte das instalações 2 e 3
(32% e 60% das amostras, respectivamente).
A Figura 5.21 refere-se aos teores de sulfureto de hidrogénio (H 2S), ácido conhecido pelo seu odor
agressivo.
74
0,1
1
10
100
1000
10000C
on
du
tivid
ad
e (
mS
/m)
2002
n = 3
2003
n = 4
2004
n = 0
2005
n = 0
2006
n = 0
(A)
0,1
1
10
100
1000
10000
Condutivid
ade (
mS
/m)
2002
n = 0
2003
n = 2
2004
n = 11
2005
n = 0
2006
n = 0
(B)
0,1
1
10
100
1000
10000
Condutiv
idade (
mS
/m)
2002
n = 0
2003
n = 11
2004
n = 10
2005
n = 12
2006
n = 5
(C)
Figura 5.22 – Evolução da condutividade nos efluentes tratados [38-42].
Legenda: (A) P3, (B) ET4, (C) P5.
A condutividade nos efluentes a descarregar
apresenta valores part icularmente elevados no
ET4, onde a total idade das amostras se
distr ibui no intervalo 470 – 1800 mS/m.
Nos restantes casos analisados os teores de
sais dissolvidos não excedem os 36 e 166 mS/m
(P3 e P5, respectivamente).
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
Clo
reto
s (
mg/l
Cl- )
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 10
2005
n = 0
2006
n = 0
(A)
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
Clo
reto
s (
mg/l
Cl- )
2002
n = 0
2003
n = 0
2004
n = 10
2005
n = 12
2006
n = 6
(B)
Figura 5.23 – Evolução da concentração de cloretos nos efluentes tratados [38-42].
Legenda:(A) ET4, (B) P5.
Nos casos em que as concentrações de cloretos foram analisadas verif icam -se teores muito elevados. O
total de 39 amostras apresenta um valor médio superior a 800 mg/l, reunindo o ET4 os teores de
cloretos mais elevados (maioria das amostras entre 1000 e 5000 mg/l).
75
A análise aos 5 efluentes tratados deixa transparecer teores na descarga ainda excessivamente
elevados, especialmente nos compostos azotados (N-NH4, em part icular), na carga orgânica e nos sais
dissolvidos. Já as concentrações de metais pesados mostraram -se dentro dos l imites impostos pela
legislação em vigor.
De sublinhar o facto de, no compto geral, o tratamento físico-químico usado no tratamento do L4, se ter
mostrado menos eficaz, apresentando eficiências bastante inferiores às verif icadas no tratamento dos
restantes l ixiviados (tratamento biológico reforçado com sistemas de OI). Casos houve em que as
eficiências de remoção do tratamento físico -químico se revelaram negativas (N-NH4 , sulfatos, cloretos) ,
conduzindo às maiores concentrações na descarga no conjunto do 5 efluentes analisados ( Tabela 5.17,
pág. 64 e respectivos gráficos).
Os resultados aqui obtidos re forçam a convicção de que tratamentos que combinem processos
biológicos ( lamas activadas, lagoas aeróbias) e processo físico -químicos (osmose inversa) são bastante
adequados ao tratamento de águas l ixiviantes.
No que se refere ao bom funcionamento dos sistemas de tratamento adoptados, prevê-se que este seja
comprometido pelos elevados teores de alguns dos contaminantes existentes nos l ixiviados. São
exemplos disso os níveis de toxicidade associados à presença de N -NH4 , responsáveis por fenómenos
de inibição dos microorganismos intervenientes nos processo biológicos, bem como os altos teores de
salinidade, os quais estão na origem de problemas de colmatação das membranas da OI. Os elevados
teores de sais dissolvidos (sulfatos, cloretos) no afluente ao sistema de tratamento afectam também o
desempenho dos organismos biológicos, sendo necessário um processo de aclimatização a estes meios
por parte das bactérias dos tratamentos biológicos, o qual pode prolonga r-se por meses até que sejam
atingidas taxas máximas de rendimento biológico [45].
76
6. CONCLUSÕES
A realização deste estudo sobre 5 Aterros Sanitários em exploração no nosso País revelou realidades
consideravelmente dist intas das expectáveis.
Apesar de serem aterros l icenciados para a deposição exclusiva de RSU, as percentagens totais de RIB
neles depositados entre 2002 e 2006 rondaram os 20 – 40% em 4 dos Aterros analisados e, sendo que
em apenas uma destas instalações o valor se mostrou inferior a 1%, com as inevitáveis implicações na
qualidade do l ixiviado.
No que se refere à qualidade observada nos l ixiviados analisados, além de acentuadas variabil idades
anuais nas concentrações, verif icaram -se ainda teores de contaminantes muito superiores aos previstos
pela bibl iografia , em part icular no caso da CQO, do N-NH4 , dos sulfatos e dos cloretos (condutividade).
Estas discrepâncias revelaram-se especialmente evidentes para 4 das 5 instalações analisadas, aquelas
em que se recorr ia à prática de recirculação do concentrado da OI.
Os resultados aqui obtidos fundamentam a teoria, já defendida em outros estudos, de que a recirculação
para o aterro do concentrado da OI coincide com um aumento da carga poluente do l ixiviado,
considerando-se por isso desaconselhável a prossecução desta prática.
Um destino adequado a dar a este produto passaria pela sua exportação, apenas até à existência em
Portugal de aterros de resíduos perigosos, antecedida ou não pelo seu tratamento
(evaporação/secagem, inert ização, concentração com HPRO) .
Contudo, dadas as incertezas em torno desta temática, são essenciais futuros desenvolvimentos no
sentido de melhor conhecer as vantagens e os efeitos associados a recente, e ainda pouco difundida,
prática de recircular o concentrado da OI.
Relativamente ao tratamento do l ixiviado , as respectivas ef iciências de remoção revelaram-se em alguns
casos muito insuficientes, resultando efluentes cujas concentrações excediam sistematicamente os VLE
estabelecidos. Foi o caso dos compostos azotados, compostos de enxofre e a carga orgânica.
Os 4 sistemas de tratamento que recorrem a unidade(s) de osmose inversa foram os que maiores
eficiências de remoção apresentaram.
Em relação ao estado do cumprimento do Regime PCIP, a realidade nacional revela números
preocupantes, tendo em conta o prazo l imite para a obtençã o de l icença ambiental – 30 de Outubro de
2007. No f inal de Agosto deste ano apenas 38% dos aterros de deposição de RSU abrangidos por este
regime dispunham de LA, sendo que até ao f inal de Outubro a autoridade competente para o efeito
(APA) garante apenas um total de 70% de instalações ambientalmente l icenciadas, dados os atrasos
verif icados no pedido de l icenciamento.
A análise dos RAA’s entregues pelos operadores das 5 instalações estudadas deu a conhecer uma
elevada diversidade, em termos estruturais e de conteúdos. Apesar de, de uma forma geral, serem
cumpridos os requisitos especif icados na respectiva LA, a informação reportada nos RAA’s não se
mostrou suficiente, já que não reúne a total idade de dados necessários ao completo acompanhamento
do desempenho ambiental destas instalações.
Em part icular, e no que se refere à questão da gestão dos l ixiviados e efluentes tratados, o reduzido
número de amostras anuais comprometia a relevância dos resultados obtidos.
77
Perante a confirmação da prática de recirculaç ão para o aterro do concentrado da OI, deve ser exigido
nas respectivas LA’s a inclusão nos RAA’s de toda a informação associada a este procedimento
(volumes produzidos e volumes recirculados, análises à sua qualidade, etc.).
Após a extensiva análise de um total 23 RAA’s entregues em formato impresso pelo conjunto das 5
instalações estudadas, sobressai antes de mais a elevada heterogeneidade entre estes documentos
relat ivamente à forma em que a informação reunida é apresentada. Na respectiva LA deveria
estabelecer-se uma estrutura modelo, desenvolvida em formato digital, que permita agil izar e nortear
não só o processo de exposição dos dados por parte de quem elabora os relatórios, bem como o
processo de posterior análise destes documentos.
Por últ imo, de forma a não sobrecarregar desnecessariamente as entidades gestoras dos aterros
abrangidos pelo regime PCIP, sugere -se uma maior complementaridade entre as autoridades
competentes para a emissão da LA (APA-DALA) e das LI/LE (APA, enquanto ANR), em part icular, no
que se refere à entrega a cada uma destas entidades de dois documentos que, apesar de dist intos,
contêm informação comum.
78
BIBLIOGRAFIA
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79
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88
Tabela C.1 - Aterros geridos por SM ou SMM e abrangidos pelo Regime PCIP (37).
SM ou SMM Designação da Infra -estrutura Local ização
ÁGUAS ZÊZERE E COA Centro de Tratamento de RSU da Cova da Beira Fundão
ALGAR Aterro Sani tário do Barlavento Algarvio Port imão
Aterro Sani tário do Sotavento Algarvio Loulé
AMARSUL Aterro Sani tário de Palmela Palmela
Aterro Sani tário do Seixal Seixal
Amave Aterro Sani tário de Santo Tirso a Santo Tirso
Aterro Sani tário de Guimarães b Guimarães
Ambi l i tal Aterro Sani tário do Alentejo Li toral , Al justrel e Ferrei ra do Alentej . Sant iago do C.
Ambisousa/Valsousa Aterro Sani tário de Lustosa Lousada
Aterro Sani tário de Penafiel Penafiel
Amcal Aterro Sani tário do Alentejo Central (Cuba) Cuba
BRAVAL Aterro de Resíduos Urbanos do Baixo Cavado Póvoa Lanhoso
Ecobeirão Centro de Tratamento e El iminação de Resíduos do Planal to Beirão Tondela
ERSUC
Aterro Sani tário de Aveiro Aveiro
Aterro Sani tário de Coimbra Coimbra
Aterro Sani tário da Figueira da Foz Figueira da Foz
Gesamb (AMDE) Aterro Sani tário Intermunicipal do Distr i to de Évora Évora
Lipor Central de Tratamento de Resíduos Urbanos do Grande Porto c Maia
Aterro Sani tário Intermunicipal da Lipor d Póvoa do Varzim
Raia-Pinhal Aterro Sani tário - Monte de São Mart inho Castelo Branco
REBAT Aterro Sani tário do Baixo Tâmega Celorico de Basto
RESAT Aterro Sani tário do Al to Tâmega Boticas
Resialentejo (AMALGA) Aterro Intermunicipal do Sistema de RSU do Distr i to de Beja Beja
RESIDOURO Aterro Sani tário do Vale do Douro Sul Lamego
Resíduos do Noroeste Aterro Sani tário de Urjais Mirandela
RESIOESTE Aterro Sani tário do Oeste Cadaval
Resi tejo Aterro Sani tário da Resi tejo Chamusca
Resiurb Aterro Sani tário da Resiurb Almeir im
RESULIMA Aterro Sani tário do Vale do Lima e Baixo Cávado Viana do Castelo
SULDOURO Aterro Sani tário de Vila Nova de Gaia e St.ª Maria da Feira Vi la Nova Gaia
Vale do Douro-Norte Aterro Sani tário Intermunicipal do Vale do Douro -Norte Vi la Real
VALNOR
Aterro Sani tário da Herdade da Torre e Campo Maior
Aterro Sani tário de Abrantes Abrantes
Aterro Sani tário de Avis Avis
VALORLIS Aterro Sani tário de Leir ia Leir ia
VALORMINHO Aterro Sani tário do Vale do Minho Valença
VALORSUL Aterro Sani tário de Mato da Cruz Vi la Franca Xira
Legenda:
a Aterro em opt imização, de acordo com fonte.
b Aterro reaberto em Fevereiro de 2006 [http:/ /www.guimaraesdigi tal .com e contacto telefónico Amave].
c Apenas parte da instalação é abrangida pelo ponto 5.4 do Anexo I do Diploma PCIP (actividade principal é 5.3).
d De acordo com a fonte, esta instalação encontra -se em fase de obra.
e Instalação desactivada, de acordo com si te do sistema que a gere.
Fonte: Si te INR – “Sistemas de Gestão de RSU em Portugal Continental (formato verde) ”, consul tado em Julho de
2007.
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Tabela C.2 - Aterros de RSU licenciados de acordo com o Art igo 50.º
do Decreto-lei n.º 152/2002, de 23 de Maio (27) [INR, Lista de Abril de 2007].
Licença de
Exploração Designação da Infra -estrutura
01/2005 Aterro Sani tário de Palmela (AMARSUL)
02/2005 Aterro Sani tário do Seixal (AMARSUL)
04/2005 Aterro Sani tário do Alent. Li toral , Aljustrel e Ferrei ra do Alent. (Ambi l i tal )
05/2005 Aterro Sani tário de Mato da Cruz (VALORSUL)
06/2005 Aterro Sani tário de Leir ia (VALORLIS)
07/2005 Aterro Sani tário do Vale do Lima e Baixo Cávado (RESULIMA)
08/2005 Aterro Sani tário de Avis (VALNOR)
09/2005 Aterro Sani tário Intermunicipal da Maia (Lipor)
10/2005 Aterro Sani tário Intermunicipal do Distr i to de Évora (Gesamb/AMDE)
12/2005 Aterro Sani tário do Fundão (ÁGUAS DO ZÊZERE E CÔA)
13/2005 Aterro Sani tário de Coimbra (ERSUC)
14/2005 Aterro Sani tário de Urjais (Resíduos do Noroeste)
15/2005 Aterro Sani tário do Alentejo Central - Cuba (Amcal)
16/2005 Aterro Sani tário da Figueira da Foz (ERSUC)
17/2005 Aterro de Resíduos Urbanos do Baixo Cavado (BRAVAL)
20/2005 Aterro Sani tário do Vale do Douro Sul (RESIDOURO)
22/2005 Aterro Sani tário do Sotavento Algarvio (ALGAR)
23/2005 Aterro Sani tário de Vila Nova de Gaia e St.ª Maria da Feira (SULDOURO)
01/2006 Aterro Sani tário do Baixo Tâmega (REBAT)
03/2006 Aterro Sani tário de Penafiel (Valsousa/AMBISOUSA)
05/2006 Aterro Sani tário de Aveiro (ERSUC)
11/2006 Aterro Sani tário de Lustosa (Valsousa/AMBISOUSA)
01/2007 Aterro Sani tário de Guimarães (Amave)
02/2007 Aterro Sani tário - Monte de São Mart inho (Raia -Pinhal)
04/2007 Aterro Sani tário do Barlavento Algarvio (ALGAR)
05/2007 Aterro Sani tário do Al to Tâmega (RESAT)
07/2007 Aterro Sani tário de Abrantes (VALNOR)
Tabela C.3 – Licenciamento Ambiental de Aterros de RSU
no âmbito do Regime PCIP (14) [IA/APA, Agosto 2007].
Licença
Ambiental Designação da Infra -estrutura
2/2002 Aterro Sani tário do Baixo Tâmega (REBAT)
3/2001 Aterro Sani tário do Al to Tâmega (RESAT)
4/2002 Aterro Sani tário do Vale do Douro Sul (RESIDO URO)
5/2001 Aterro Sani tário Intermunicipal de RSU do Distr i to de Beja (Resialentejo)
6/2002 Aterro Sani tário Intermunicipal do Distr i to de Évora (Gesamb/AMDE)
20/2004 Aterro Sani tário do Alent. Li toral , Aljustrel e Ferrei ra do Alent. (Ambi l i tal )
22/2005 Aterro Sani tário Intermunicipal da Maia (Lipor)
1A.1/2001 Centro de Tratamento de Resíduos do Oeste (RESIOESTE)
28/2005 Aterro Sani tário de Avis (VALNOR)
14/2006 Aterro de Resíduos Urbanos do Baixo Cavado (BRAVAL)
20/2006 Aterro Sani tário do Sotavento Algarvio (ALGAR)
18/2007 Centro Integrado de Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A. (VALORLIS)
33/2007 Aterro Sani tário da Figueira da Foz (ERSUC)
36/2007 Aterro Sani tário de Penafiel (Ambisousa/Valsousa)
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