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Ministério da Saúde Fundação Oswaldo Cruz
Centro de Pesquisas René Rachou Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
Análise comparativa de métodos parasitológicos, sorológicos e moleculares na confirmação do diagnóstico em cães com sorologia
positiva para leishmaniose visceral canina
por
Shara Regina da Silva
Belo Horizonte
Junho/2009
DISSERTAÇÃO MDIP – CPqRR S.R. SILVA 2009
II
Ministério da Saúde Fundação Oswaldo Cruz
Centro de Pesquisas René Rachou Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
Análise comparativa de métodos parasitológicos, sorológicos e moleculares na confirmação do diagnóstico em cães com sorologia
positiva para leishmaniose visceral canina
por
Shara Regina da Silva
Dissertação apresentada com vistas à obtenção do Título de Mestre em Ciências, na área de concentração
Doenças Infecciosas e Parasitárias
Orientação: Dr. Edelberto Santos Dias Co-orientação: Dr. João Carlos França-Silva
Belo Horizonte
Junho/2009
III
Catalogação-na-fonte Rede de Bibliotecas da FIOCRUZ Biblioteca do CPqRR Segemar Oliveira Magalhães CRB/6 1975 S586a 2009
Silva, Shara Regina da.
Análise comparativa de métodos parasitológicos,
sorológicos e moleculares na confirmação do diagnóstico em cães com sorologia positiva para leishmaniose visceral canina / Shara Regina da Silva. - Belo Horizonte, 2009.
xvii, 93 f.: il.; 210 x 297mm. Bibliografia: f. 91-110. Dissertação (mestrado) – Dissertação para obtenção do
título de Mestre em Ciências pelo Programa de Pós - Graduação em Ciências da Saúde do Centro de Pesquisas René Rachou. Área de concentração: Doenças Infecciosas e Parasitárias.
1. Leishmaniose visceral/prevenção e controle 2. Leishmaniose visceral/diagnóstico 3. Leishmaniose visceral/epidemiologia 4. Cães/parasitologia 5. Reservatórios de doenças/parasitologia I. Título. II. Dias, Edelberto Santos (Orientação). III. França-Silva, João Carlos (Co-orientação).
CDD – 22. ed. – 616.936 4
IV
Ministério da Saúde Fundação Oswaldo Cruz
Centro de Pesquisas René Rachou Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde
Análise comparativa de métodos parasitológicos, sorológicos e moleculares na confirmação do diagnóstico em cães com sorologia
positiva para leishmaniose visceral canina
por
Shara Regina da Silva
Foi avaliada pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:
Prof. Dr. Edelberto Santos Dias (presidente) Prof. Dr. Olindo Assis Martins Filho Prof. Dr.George Luís Lins Machado Coelho
Suplente: Dr. Márcio Sobreira Silva Araújo Dissertação defendida e aprovada em 26/06/2009
V
Eu prefiro ser...
...essa metamorfose ambulante
...do que ter aquela velha opinião
...formada sobre tudo.
Paulo Coelho e Raul Seixas
VI
Dedicado ao melhor amigo do homem...
...na infinita esperança que tenho, de um dia, não ter que lhe tirar a vida só para proteger a nossa.
VII
Agradecimentos Agradeço às instituições financiadoras que viabilizaram a execução desse projeto: Em Paracatu Edital Universal MCT/CNPq, 15/2007 Edital PPM/Fapemig, 03/2007 Em Montes Claros Edital CNPq - PIBIC, 2007 a 2009 Edital PPM/Fapemig, 03/2007 Em Janaúba Edital Universal/CNPq, processo 474543/2004-2008 Edital Jovens Doutores/Fapemig, 005/2004, processo EDT 315/05 Fiocruz - Centro de Pesquisas René Rachou
VIII
Agradecimentos
Agradeço primeiramente aos meus pais, Maria Alves e Antônio Gonçalves, por terem me educado com a dose ideal de oportunidades e desafios. Meus méritos são resultados das circunstâncias que vocês me proporcionaram. Agradeço ao meu irmão pelo apoio “logístico” na vida pessoal e pelo exemplo de autonomia; aos meus avós, Maria e José (in memorian) pelo mais perfeito exemplo de vida familiar, conjugal e social que conheço.
Agradeço ao meu orientador, Dr. Edelberto Santos Dias por ter me recebido de forma tão receptiva, mesmo sabendo da minha inexperiência com pesquisa e por permitir a autonomia que resultou em imenso aprendizado durante esses dois anos;
Agradeço ao meu co-orientador Dr. João Carlos França-Silva pelo apoio imprescindível nesse e em outros trabalhos de campo, pelas idéias enriquecedoras e pela sensibilidade;
Agradeço aos meus colegas do laboratório de Leishmanioses - os egressos e os que permanecem. Sem a contribuição de vocês esse trabalho não se realizaria. Sou profundamente grata por tudo que aprendi e ainda aprendo com vocês. TODOS contribuíram de diversas formas, mas gostaria de agradecer especialmente ao Rafael e à Patrícia, pelo apoio nos experimentos de biologia molecular, à Ana Cristina por ter me ensinado a “arte” da cultura de leishmanias, à Drª Célia por ter compartilhado sua experiência e pela boa vontade em colaborar e à Simone, por ter me “carregado no colo”, nos últimos instantes !!
Agradeço à Fernanda Oliveira e Drª Raquel Pacheco pela técnica de PCR para complexo mexicana; ao Sr. Jair Cecílio de Paula, pelos exames parasitológicos em lâmina; ao Dr. Evaldo Nascimento pelo testes do Kalazar detectTM ;
Agradeço aos moradores das cidades de Janaúba, Montes Claros e Paracatu, pela colaboração com o programa de retirada de cães infectados, entendendo que essa é uma ação lamentável, mas que ainda permanece como necessária para o controle da doença. Obrigada por abrir mão dos seus companheiros em função do bem da coletividade;
Agradeço aos funcionários das Secretarias Municipais de Saúde dos municípios trabalhados, pela boa vontade, motivação e comprometimento com os nossos trabalhos e com a saúde pública;
Agradeço ao Centro de Pesquisas René Rachou pela oportunidade de fazer parte dessa instituição. Á biblioteca do CPqRR por prover acesso gratuito local e remoto à informação técnico-científica em saúde custeada com recursos públicos federais, sendo rol de referências dessa dissertação, também pela catalogação e normalização da mesma.
Agradeço à minha família, Alves-Rocha e Gonçalves, por sempre ter me recebido com muito carinho;
Agradeço aos veterinários, José Luís, Emírcio e Sandra por minha formação como veterinário clínico. Tudo que aprendi com vocês tem sido surpreendentemente útil na pesquisa com cães;
Agradeço a todos os meus amigos e amigas, que sempre estiveram presentes, mesmo que virtualmente, trazendo palavras de apoio e incentivo. Obrigado Daniela, por abrir mão do conforto de casa e me fazer companhia nos trabalhos de fim de semana;
Agradeço aos cães por essa co-evolução e parceria de milhares de anos.
IX
Sumário Lista de Figuras.............................................................................................................. XIILista de Tabelas............................................................................................................. XIIILista de Abreviaturas e Símbolos.................................................................................. XIVResumo........................................................................................................................... XVIAbstract.......................................................................................................................... XVII1 Introdução.................................................................................................................. 192 Justificativa............................................................................................................... 223 Objetivos................................................................................................................... 24 3.1 Objetivo geral......................................................................................................... 24 3.2 Objetivos específicos.............................................................................................. 244 Revisão de literatura................................................................................................. 264.1 As leishmanioses.................................................................................................... 264.2 A leishmaniose visceral.......................................................................................... 30 4.2.1 O parasito......................................................................................................... 30 4.2.2 Os vetores......................................................................................................... 32 4.2.3 Os reservatórios................................................................................................ 33 4.2.4 Ciclo biológico................................................................................................. 34 4.2.5 A leishmaniose visceral no homem.................................................................. 35 4.2.6 A leishmaniose visceral canina (LVC)............................................................. 364.3 O diagnóstico da LVC............................................................................................ 38 4.3.1 Diagnóstico clínico........................................................................................... 38 4.3.2 Diagnóstico sorológico..................................................................................... 39 4.3.3 Diagnóstico parasitológico............................................................................... 40 4.3.4 Diagnóstico por testes imunocromatográficos................................................. 41 4.3.5 Diagnóstico molecular...................................................................................... 42 4.3.5.1 Reação em cadeia da polimerase - PCR .................................................... 42 4.3.5.1.a PCR RFLP kDNA .............................................................................. 43 4.3.5.1.b PCR RFLP hsp70................................................................................ 445 Métodos..................................................................................................................... 465.1 Área de estudo....................................................................................................... 465.2 Amostras biológicas.............................................................................................. 465.3 Caracterização clínica dos animais........................................................................ 475.4 Coleta de amostras biológicas................................................................................ 475.5 Realização do teste rápido Kalazar detect™.......................................................... 485.6 Exames parasitológicos........................................................................................... 48 5.6.1 Impressão e esfregaço em lâmina..................................................................... 48 5.6.2 Mielocultura...................................................................................................... 485.7 Métodos moleculares.............................................................................................. 49 5.7.1 Extração de DNA para realização de PCR..................................................... 49 5.7.2 Reação em cadeia da polimerase - PCR.......................................................... 49 5.7.2.1 PCR para o gene da β globina do cão.......................................................... 50 5.7.2.2 PCR kDNA para o gênero Leishmania....................................................... 50 5.7.2.2.a Visualização dos resultados ................................................................. 51 5.7.2.3 PCR RFLP kDNA ....................................................................................... 51 5.7.2.3.a Visualização dos resultados ................................................................. 52 5.7.2.4 PCR RFLP hsp70......................................................................................... 52
X
5.7.2.5 PCR kDNA para complexo mexicana......................................................... 52 5.8 Cepas de Referência de Leishmania spp................................................................. 53 5.9 Análise estatística.................................................................................................... 546 Resultados.................................................................................................................. 57 6.1 Caracterização clínica dos animais........................................................................ 57 6.2 Relação dos animais amostrados........................................................................... 58 6.3 Resultados do exame parasitológico em lâmina.................................................... 60 6.3.1 Exame parasitológico total ............................................................................... 60 6.3.1.1 Sorologia (RIFI e ELISA) como padrão-ouro............................................. 61 6.3.2 Exame parasitológico por órgão avaliado....................................................... 616.4. Resultados do teste rápido Kalazar detectTM.......................................................... 61 6.4.1 Sorologia (RIFI e ELISA) como padrão-ouro...................................................... 626.5 Resultados da PCR.................................................................................................. 62 6.5.1 Resultados da PCR por órgão avaliado........................................................... 62 6.5.1.1 Sorologia (RIFI e ELISA) como padrão-ouro............................................. 63 6.5.2 Resultados da PCR por município e órgão avaliado........................................ 636.6 Resultados do isolamento em mielocultura............................................................ 64 6.6.1 Sorologia (RIFI e ELISA) como padrão-ouro................................................... 656.7 Concordância entre os métodos utilizados............................................................... 65 6.7.1 Parasitológico e Kalazar detectTM.................................................................... 65 6.7.2 Parasitológico e PCR......................................................................................... 66 6.7.3 Kalazar detectTM e PCR..................................................................................... 66 6.7.4 Parasitológico e isolamento em cultura............................................................ 66 6.7.5 Kalazar detectTM e isolamento em cultura......................................................... 67 6.7.6 PCR e isolamento em cultura............................................................................ 676.8. Resultados por grupo de cães: Sintomáticos........................................................... 67 6.8.1 Parasitológico e PCR - cães sintomáticos......................................................... 67 6.8.2 Parasitológico e Isolamento em cultura - cães sintomáticos............................ 68 6.8.3 PCR e Isolamento em cultura - cães sintomáticos............................................. 68 6.8.4 Resultado geral dos métodos diagnósticos para cães sintomáticos.................. 686.9 Resultados por grupo de cães: Assintomáticos........................................................ 69 6.9.1 Parasitológico e Kalazar detectTM - cães assintomáticos.................................. 69 6.9.2 Parasitológico e PCR - cães assintomáticos..................................................... 69 6.9.3 Parasitológico e Isolamento em cultura - cães assintomáticos......................... 69 6.9.4 Kalazar detectTM e PCR - cães assintomáticos.................................................. 69 6.9.5 Kalazar detectTM e Isolamento em cultura - cães assintomáticos..................... 70 6.9.6 PCR e Isolamento em cultura - cães assintomáticos......................................... 70 6.9.7 Resultado geral dos métodos diagnósticos para cães assintomáticos.............. 706.10 Resultado geral dos métodos entre grupos clínicos............................................... 716.11 Identificação espécie-específica nas amostras de mielocultura............................. 716.12 Identificação espécie-específica para o total de amostras nos municípios............ 726.13 Metodologias utilizadas para visualização dos resultados..................................... 727 Discussão.................................................................................................................... 767.1 O diagnóstico da LVC: observações relevantes....................................................... 767.2 Métodos sorológicos............................................................................................... 777.3 Métodos parasitológicos......................................................................................... 787.4 Testes imunocromatográficos................................................................................. 797.5 Métodos moleculares - PCR.................................................................................... 80
XI
7.6 Identificação de espécie(s) de Leishmania............................................................... 817.7 Sensibilidade dos métodos e formas clínicas........................................................... 837.8 Considerações finais................................................................................................ 838 Conclusões.................................................................................................................. 869 Anexos........................................................................................................................ 88 9.1 Certificado CEUA - Fiocruz................................................................................. 88 9.2 Certificado CETEA - UFMG................................................................................ 8910 Referências bibliográficas......................................................................................... 91
XII
Lista de Figuras Figura 1: Discriminação espécie-específica de leishmanias que ocorrem no Novo Mundo pela PCR RFLP hsp70........................................................................................................ 45 Figura 2: Localização geográfica da área de estudo........................................................... 47 Figura 3: Valores de Kappa e nível de concordância.......................................................... 55 Figura 4: Sinais clínicos sugestivos de leishmaniose visceral, encontrados nas amostras caninas selecionadas, nos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu................... 58 Figura 5: Resultados do exame parasitológico em lâmina total dos cães amostrados nos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu.............................................................. 61 Figura 6: Resultados do exame parasitológico em lâmina, por órgão, dos cães amostrados nos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu................................... 62 Figura 7: Resultados do teste rápido Kalazar detectTMTM, segundo município de origem...... 63 Figura 8: Percentual de positividade da PCR, distribuído por órgão avaliado.................... 64 Figura 9: Percentual de positividade da PCR, distribuído por município e por órgão avaliados............................................................................................................................. 64 Figura 10: Resultados percentuais do isolamento em mielocultura, nos municípios estudados.............................................................................................................................. 66 Figura 11: Porcentagem de resultados positivos, por método diagnóstico, no grupo de cães sintomáticos, dos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu........................ 69 Figura 12: Porcentagem de resultados positivos, por método diagnóstico, no grupo de cães assintomáticos, dos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu..................... 71 Figura 13: Identificação da espécie de Leishmania, em porcentagem, nas amostras caninas dos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu.......................................... 73 Figura 14: Visualização de produtos da PCR com os iniciadores M1M2 para complexo mexicana, em amostras de mielocultura.............................................................................. 74 Figura 15: Visualização de produtos da PCR RFLP hsp70 em amostras de mielocultura........................................................................................................................ 74 Figura 16: Visualização de produtos da PCR para gene da β globina em amostras de tecido dos cães..................................................................................................................... 75
XIII
Lista de Tabelas Tabela 1: Tamanho dos fragmentos obtidos após digestão do kDNA de L. amazonensis, L. braziliensis e L. chagasi pela enzima HaeIII.................................................................. 45Tabela 2: Relação dos animais amostrados nos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu, segundo sexo, raça e sinais clínicos ................................................................... 60Tabela 3: Relação percentual de animais amostrados conforme clínica e origem............... 61Tabela 4: Relação dos resultados positivos do isolamento em mielocultura (número do cão) para os municípios de estudo...................................................................................... 65Tabela 5: Concordância entre resultados dos métodos parasitológico e Kalazar detectTM, para a amostra total de animais............................................................................................ 66Tabela 6: Concordância entre resultados dos métodos parasitológico e PCR, para a amostra total de animais...................................................................................................... 67Tabela 7: Concordância entre resultados dos métodos Kalazar detectTM e PCR, para a amostra total de animais...................................................................................................... 67Tabela 8: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e Isolamento em cultura, para a amostra total de animais.............................................................................. 67Tabela 9: Concordância entre resultados dos métodos Kalazar detectTM e Isolamento em cultura, para a amostra total de animais............................................................................... 68Tabela 10: Concordância entre resultados dos métodos PCR e isolamento em cultura, para a amostra total de animais............................................................................................ 68Tabela 11: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e PCR para cães sintomáticos......................................................................................................................... 68Tabela 12: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e isolamento em cultura, para cães sintomáticos............................................................................................ 69Tabela 13: Concordância entre resultados dos métodos PCR e isolamento em cultura, para cães sintomáticos......................................................................................................... 69Tabela 14: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e Kalazar detectTM para cães assintomáticos...................................................................................................... 70Tabela 15: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e PCR para cães assintomáticos...................................................................................................................... 70Tabela 16: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e isolamento em cultura para cães assintomáticos.......................................................................................... 70Tabela 17: Concordância entre resultados dos métodos Kalazar detectTM e PCR para cães assintomáticos.............................................................................................................. 70Tabela 18: Concordância entre resultados dos métodos Kalazar detectTM e isolamento em cultura para cães assintomáticos.................................................................................... 71Tabela 19: Concordância entre resultados dos métodos PCRe isolamento em cultura para cães assintomáticos...................................................................................................... 71Tabela 20: Identificação da espécie de Leishmania, em amostras de mielocultura, pelos métodos PCR RFLP kDNA, PCR RFLP hsp70 e PCR para complexo mexicana.............................................................................................................................. 72
XIV
Lista de Abreviaturas e Símbolos
AIDS: Acquired ImunoDeficience Sindrome, síndrome da imunodeficiência humana BOD: Biochemical Oxygen Demand, demanda bioquímica de oxigênio CETEA: Comitê de Ética em Experimentação Animal CEUA: Comissão de Ética no Uso de Animais CPqRR: Centro de Pesquisas René Rachou DEVEP/SVS/MS: Departamento de Vigilância Epidemiológica, Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde DNA: Ácido desoxirribonucléico dNTP´s: desoxirribonucleotídeos fosfatados EDTA: Ethylene Diamine Tetra Acetic Acid, ácido etilenodiamino tetra-acético ELISA: Enzyme Linked ImmmunoSorbent Assay FIOCRUZ: Fundação Oswaldo Cruz gp63: glicoproteína 63 HIV: Human Immunodeficience Virus, vírus da imunodeficiência humana HSP: Heat Shock Proteins, proteínas de choque térmico IFLA: Insecta flaviscutellata KCl: Cloreto de potássio kDNA: DNA do cinetoplasto LDPC: Leishmaniose Dérmica Pós-Calazar LIT: Liver Infusion Tryptose, infusão de fígado e triptose LT: Leishmaniose Tegumentar LTA: Leishmaniose Tegumentar Americana LV: Leishmaniose Visceral LVA: Leishmaniose Visceral Americana LVC: Leishmaniose Visceral Canina LVH: Leishmaniose Visceral Humana M: Molar MgCl2: Cloreto de magnésio MHOM: Mamífero Homem mL: mililitro MLEE: Multilocus enzyme electrophoresis, eletroforese de enzimas multilocais mM: mili Molar NaCl: cloreto de sódio NaOH: hidróxido de sódio NNN: meio de cultura Novy McNeal e Nicolle PAGE: PolyAcrylamide Gel Electrophoresis, eletroforese em gel de poliacrilamida pb: pares de bases PBS: Phosphate Buffered Saline, solução de fosfato tamponada PCR: Polymerase Chain Reaction, reação em cadeia da polimerase pH: potencial hidrogeniônico pmol: picomol PV: Peso Vivo RAPD: Ramdomly Amplified Polimorphic DNA, amplificação aleatória de DNA polimórfico RFLP: Restriction Fragment Length Polymorphism, polimorfismo por tamanho de fragmento de restrição RIFI: Reação de Imuno-Fluorescência Indireta RNA: Ácido ribonucléico SDS: Sodium Dodecyl Sulfate, dodecil sulfato de sódio SES/MG: Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais
XV
SFM: Sistema Fagocítico Mononuclear SUS: Sistema Único de Saúde TBE: Tris Borato EDTA TDR: Tropical Disease Research TE: Tris-EDTA TRALd: Teste Rápido Anti Leishmania donovani WHO: World Health Organization, Organização Mundial de Saúde μg: Micrograma μL: Microlitro
XVI
Resumo
No presente trabalho foram selecionados quarenta e quatro cães soropositivos para leishmaniose visceral canina, provenientes de Janaúba, Montes Claros e Paracatu, municípios endêmicos para a doença, em Minas Gerais. Esses animais foram recolhidos e eutanasiados, tendo como critério o resultado da sorologia para LVC, realizada pelos municípios ou pela Gerência Regional de Saúde, como parte das ações do Programa de Controle da Leishmaniose Visceral. Os animais foram submetidos à necrópsia para coleta de amostras de tecidos, posteriormente utilizadas para exame parasitológico em lâmina, isolamento em meio de cultura, PCR e teste imunocromatográfico, com o objetivo de confirmar o diagnóstico sorológico inicial e identificar a espécie de Leishmania. O valor do percentual de positividade do método parasitológico foi de 67%, quando comparado ao padrão-ouro sorologia (ELISA e RIFI). O isolamento em mielocultura foi positivo em 25 amostras, com percentual de positividade de 58%, quando comparado ao padrão-ouro sorologia. A identificação da espécie de Leishmania foi possível em 38 animais (86,4%). Um cão foi encontrado infectado por L. braziliensis, em Montes Claros; cinco por L. amazonensis, em Paracatu; nos demais animais o parasito identificado foi L. chagasi. O teste imunocromatográfico Kalazar detectTM identificou 80% dos animais soropositivos, porém foi capaz de detectar 100% daqueles que eram animais sintomáticos. A técnica da PCR obteve percentual de positividade de 64%, quando comparado ao padrão-ouro sorologia. Em 93,2% da amostra total de cães foi possível a confirmação da sorologia por pelo menos uma das técnicas de diagnóstico utilizadas. Em 43,2% dos animais a sorologia foi confirmada por todos os métodos utilizados. O percentual de positividade foi maior para o grupo dos animais sintomáticos do que para os assintomáticos, em todos os testes. Em três animais (6,8%), um proveniente de Paracatu e dois de Janaúba, não houve confirmação da sorologia (RIFI ou ELISA) por nenhuma das técnicas; todos eles pertenciam ao grupo de cães assintomáticos, admitindo-se então a possibilidade de reações cruzadas com outras patologias. Esses resultados comprovam que L. chagasi é a principal espécie envolvida na epidemiologia da LVC na área de estudo e que o diagnóstico diferencial com a infecção por outras espécies de Leishmania deve ser considerado, evitando assim, resultados falso positivos.
XVII
Abstract
In the present study were selected forty-four visceral leishmaniasis seropositive dogs from Janaúba, Montes Claros and Paracatu, disease endemic counties in Minas Gerais. These animals were collected and euthanized, using as the result LVC serology held by municipalities or by the Regional Health Management, as part of efforts under the Control of Visceral Leishmaniasis. The animals underwent necropsy to collect tissue samples subsequently used for stool examination in a slide, culture isolation, PCR and immunochromatographic test in order to confirm the initial serological diagnosis and identify the species of Leishmania. The percentage of positivity of the parasitological method was 67% compared to the gold standard serology (ELISA and IFA). The mielocultura isolation was positive in 25 samples, the percentage of positivity of 58% compared to the gold standard serology. The identification of species of Leishmania was performed in 38 animals (86.4%). A dog was found infected by L. braziliensis, in Montes Claros, five by L. amazonensis in Paracatu; in other animals the parasite was identified as L. chagasi. The immunochromatographic test Kalazar detectTM identified 80% of positive animals, but was able to detect 100% of those who were symptomatic animals. The obtained PCR positivity rate of 64% compared to the gold standard serology. In 93.2% of the total sample of dogs was possible to confirm the serology for at least one of the diagnostic techniques used. In 43.2% of the animals serology was confirmed by all methods used. The percentage of positivity was higher for the group of symptomatic animals than for asymptomatic patients, in all tests. In three animals (6.8%), one from Paracatu and two from Janaúba, there was no confirmation of serology (ELISA or IFA) for any of the techniques, all of them belonged to the group of asymptomatic dogs, then admitting the possibility of cross-reactivity with other diseases. These results show that L. chagasi is the main species involved in the epidemiology of CVL in the study area and the differential diagnosis of infection with other Leishmania species should be considered, thus avoiding false positive results.
18
Introdução
19
1 Introdução
A leishmaniose visceral (LV) é uma doença de grande importância médico-veterinária,
causada por parasitos pertencentes à Ordem Kinetoplastida, Família Trypanosomatidae,
Gênero Leishmania, ROSS (1903).
A leishmaniose visceral é uma zoonose que tem como reservatórios acidentais os
humanos e os cães, por apresentarem sinais clínicos sugestivos da doença (HOMMEL et al.,
1995). Entretanto, nas formas antroponóticas, os humanos são os únicos reservatórios
(DESJEUX, 1996).
A cadeia epidemiológica da leishmaniose visceral inclui a presença, concomitante, do
vetor, do reservatório, do parasita e do hospedeiro susceptível. Cada elo dessa cadeia tem sido
estudado em detalhes, objetivando obter maior compreensão da doença para otimizar o seu
controle (ALMEIDA-SILVA, 2002).
Classicamente, são empregadas três frentes de ações conjuntas para controlar a LV: a
utilização de inseticidas para diminuir a densidade da população de flebotomíneos, a
notificação e o tratamento dos casos humanos além da eliminação de todos os cães
soropositivos, que tem sido amplamente utilizada na China e América do Sul sendo, porém,
inaceitável na Europa, onde se utiliza protocolos de tratamentos com drogas antimoniais para
humanos e cães (Dye, 1996).
No Brasil são sacrificados, anualmente, mais de 25.000 cães soropositivos (Dye,
1996) sendo que, ultimamente, tem sido discutido muito sobre um problema grave, que é a
questão do tratamento da leishmaniose visceral canina (LVC), principalmente, na região
metropolitana de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais (Brasil), onde foram
instituídos, inadvertidamente, protocolos de tratamentos para cães soropositivos por vários
médicos veterinários, que adotaram esta medida na rotina de atendimento a clientes, copiando
o modelo europeu.
Há, ainda, um outro problema a ser enfrentado relacionado com a eliminação de cães
soropositivos para controlar a leishmaniose visceral no Brasil: alguns autores enfatizam a
importância dessa medida associada às medidas clássicas, já citadas, sobre o tratamento dos
casos humanos e a utilização de inseticidas para controlar o vetor. O trabalho de Alencar
(1991) mostra em um estudo ecológico ou de correlação que a eliminação de cães
soropositivos está correlacionada com o decréscimo da prevalência da LV em humanos,
comparando áreas onde cães soropositivos não foram sacrificados, não foi confirmado por
Dietze et al. (1997) ao avaliarem a importância epidemiológica de cães infectados na
20
aquisição de leishmaniose visceral americana (LVA) por humanos, através de um estudo
controlado em três vales situados em uma área endêmica no Estado do Espírito Santo, Brasil.
Toda essa situação, além do panorama vigente da qualidade dos serviços de saúde no
Brasil, tornou a LVA uma das patologias mais extensamente discutida nos meios acadêmicos
e pelo Ministério da Saúde, traduzindo-se, ultimamente, em um grave problema de saúde
pública e médico-veterinário (FRANÇA-SILVA, 1997).
A retirada de cães soropositivos, uma das ações de controle da LV, depende
diretamente da qualidade, confiabilidade, sensibilidade e especificidade dos testes
diagnósticos utilizados. Testes com baixa sensibilidade podem implicar em permanência de
cães falso-negativos, com a possibilidade de manutenção do ciclo de transmissão. Já testes
com baixa especificidade podem resultar na retirada de cães falso-positivos, não infectados; o
que descredibiliza as ações de controle junta à população, especialmente para àqueles que
possuem vínculo afetivo com o animal.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de quatro diferentes
testes de diagnóstico, para confirmar a sorologia convencional realizada pelo serviço de saúde
dos municípios. Utilizou-se testes parasitológicos, sorológicos e moleculares, variando de
técnicas simples de baixo custo à métodos complexos de custo elevado. Também foi realizada
a identificação da espécie de Leishmania em partes das amostras estudadas, investigação
bastante importante para a melhor compreensão da epidemiologia da doença, uma vez que
ainda é desconhecido o possível papel do cão como reservatório de outras espécies de
Leishmania, que não a L. chagasi.
Nossos resultados apontaram para a necessidade de evolução dos métodos de
diagnóstico da LVC; para alguns animais não foi possível a confirmação do diagnóstico por
nenhuma das técnicas utlizadas; a concordância entre resultados foi baixa; a sensibilidade
demonstrou ser sempre inferior para o grupo dos animais assintomáticos, ou seja, a
identificação destes pode ser apontada como um dos aspectos críticos das ações de controle.
Maiores estudos são necessários para direcionar a evolução da metodologia de controle da
LVC.
21
Justificativa
22
2 Justificativa Considerando a importância do cão como reservatório de L. chagasi, e seu papel
essencial no ciclo de transmissão da leishmaniose visceral zoonótica; a impossibilidade de
diagnóstico clínico da LVC devido às manifestações clínicas diversas e não patognomônicas;
os diferentes perfis epidemiológicos da doença, em diferentes regiões biogeográficas; o
crescente processo de urbanização, expansão e reemergência da LVC e LVH e finalmente, a
dificuldade de conciliar métodos de diagnóstico sensíveis e específicos com praticidade,
adequação às condições de campo, reprodutibilidade e baixo custo, esse estudo objetivou
avaliar o percentual de positividade por diferentes métodos de diagnóstico de LVC, desde
métodos tradicionais e de baixo custo, como o exame parasitológico em lâmina, passando por
métodos laboriosos como o isolamento em cultura, testes rápidos que utilizam antígenos
recombinantes, como o Kalazar detect™, até chegar aos métodos moleculares (PCR), sendo
realizado em cães soropositivos de áreas endêmicas. Esse estudo também objetivou identificar
a(s) espécie(s) de Leishmania encontrada nas amostras caninas, através da técnica de PCR
RFLP kDNA, com o propósito de confirmar a espécie L. chagasi como o agente etiológico da
LVC nas áreas de estudo.
23
Objetivos
24
3 Objetivos
3.1 Objetivo geral
Realizar análise comparativa de métodos parasitológicos, sorológicos e moleculares na
confirmação do diagnóstico em cães com sorologia positiva para LVC.
3.2 Objetivos específicos
Avaliar a positividade por método parasitológico em lâmina, em amostras de baço,
linfonodo, medula óssea e pele.
Avaliar a positividade em cultura de amostras de medula óssea.
Avaliar a positividade do teste rápido Kalazar detectTM em amostras de soro.
Avaliar a positividade da PCR em amostras de baço, linfonodo e pele.
Identificar a espécie de Leishmania nas amostras isoladas em mielocultura e em
amostras positivas na PCR.
Avaliar a concordância entre os métodos utilizados.
25
Revisão de literatura
26
4 Revisão de literatura 4.1As leishmanioses
As leishmanioses são um complexo de doenças infecciosas causadas por parasitos
pertencentes ao gênero Leishmania (Ross, 1903), o qual agrupa espécies de protozoários
unicelulares, digenéticos (heteroxenos), pertencentes à ordem Kinetoplastida e a família
Trypanosomatidae, encontrados nas formas flagelada promatisgota, no trato digestivo dos
hospedeiros invertebrados e, amastigota, semiflagelo livre, parasito intracelular obrigatório do
sistema fagocítico mononuclear dos hospedeiros vertebrados.
Os hospedeiros invertebrados vetores das leishmanioses parecem estar limitados
estritamente a insetos hematófagos conhecidos como flebotomíneos (Diptera: Psychodidae:
Phlebotominae); todavia, a possível participação de outros grupos de artrópodes tem sido
objeto de investigação nos últimos anos (Coutinho et al., 2005, Coutinho e Linardi, 2007, Paz
et al., 2007). Os hospedeiros vertebrados incluem uma grande variedade de mamíferos e,
embora a infecção seja mais comumente encontrada em roedores e canídeos, também é
conhecida entre edentados, marsupiais, procionídeos, ungulados primitivos, primatas e, entre
estes, o homem (Ashford, 2000). A infecção em aves e anfíbios nunca foi descrita, e os
organismos encontrados parasitando os répteis, até bem pouco tempo considerados do gênero
Leishmania, são atualmente aceitos como pertencentes ao subgênero Sauroleishmania,
conforme descrito por Lainson e Shaw (1987); estes parecem estar restritos ao Velho Mundo.
A transmissão ocorre através da picada da fêmea de flebotomíneo infectada; outras
formas possíveis têm sido questionadas, como a transmissão por transfusão sangüínea (Owens
et al., 2001, Freitas et al., 2006), por via transplacentária (Meinecke et al., 1999, Rosypal et
al., 2005) e por contato sexual (Symmers, 1960, Riera e Valladares, 1996, Silva et al., 2008).
De acordo com o tropismo apresentado pelo parasito, as leishmanioses podem ser
classificadas em leishmaniose tegumentar (LT), quando as leishmanias se direcionam para a
pele e mucosas (principalmente nasal e orofaríngea), e leishmaniose visceral (LV), quando os
parasitos apresentam acentuado tropismo pelo sistema fagocítico mononuclear (SFM) do
baço, fígado, medula óssea e tecidos linfóides. Espécies distintas de Leishmania têm
preferências e causam lesões maiores ou menores, produzem ou não metástases e podem ser
ou não auto-curáveis; apresentam características clínicas, patológicas e epidemiológicas
diversas, em cada área geográfica, sendo então consideradas entidades nosológicas distintas
(Ashford, 2000).
Classifica-se a leishmaniose tegumentar de acordo com a manifestação clínica das
lesões: formas que produzem lesões cutâneas, ulcerosas ou não, úmidas ou secas, porém
27
limitadas são denominadas leishmaniose cutânea (LC) (Brasil, 2006); formas que se
complicam frequentemente, com o aparecimento de lesões destrutivas e mutilantes nas
mucosas do nariz, boca e faringe, oriundas de metástases de lesão inicial cutânea e, associadas
à infecção por Leishmania (Viannia) braziliensis (Vianna, 1911), são designadas por
leishmaniose mucosa (LM) ou cutâneo-mucosa (LCM). Estas podem ocorrer meses ou anos
após remissão ou cura da lesão inicial cutânea, ou em alguns casos se apresentarem
concomitantemente (Boaventura et al., 2006). Por último, existem formas cutâneas
disseminadas, que ocorrem em indivíduos anérgicos com deficiente resposta imune celular,
conhecidas como leishmaniose cutânea difusa (LCD), (Ashford, 2000; Martinez et al., 2002;
Brasil, 2006).
A forma clínica da leishmaniose onde ocorre a visceralização do parasito é conhecida
por leishmaniose visceral (LV) ou calazar, uma enfermidade de evolução crônica,
caracterizada por febre irregular, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, anemia e estado de
debilidade progressivo, que pode levar o paciente à morte se este não for submetido ao
tratamento específico (WHO/TDR, 2007). A leishmaniose dérmica pós-calazar (LDPC), uma
entidade distinta comum na Índia, se caracteriza por manifestações cutâneas que surgem após
o tratamento e cura da leishmaniose visceral clássica (Ashford, 2000).
Atualmente as leishmanioses encontram-se entre as seis endemias consideradas
prioritárias no mundo, afetando populações de 88 países, em quatro continentes, sendo que
somente em 32 destes a notificação de casos da doença é compulsória, contribuindo para a
deficiência no conhecimento da real magnitude do problema. Espera-se a ocorrência de 2
milhões de novos casos de leishmanioses por ano (cerca de 500.000 novos casos de LV e
1.500.000 casos de LT), com uma prevalência estimada de 12 milhões de pessoas infectadas
em todo o mundo e uma população de 350 milhões de indivíduos expostos ao risco de contrair
a doença (Desjeux, 2004).
Detecção recente de lesões de leishmaniose tegumentar em cangurus vermelhos, na
região norte da Austrália, deixou a comunidade científica intrigada, uma vez que esse
continente era, até então, considerado área livre de quaisquer espécies de Leishmania e
também de flebotomíneos que as transmitem (Stein e Dyce, 2002; Rose et al., 2004).
Dentre os 88 países onde a doença ocorre, 76 são subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento. As mudanças sócio-econômicas decorrentes do fenômeno de globalização
dificultam o controle da doença, uma vez que criam ou possibilitam processos como
migrações, êxodo rural, ocupação desordenada do ambiente urbano, guerras, nos quais as
leishmanioses apresentam novos padrões epidemiológicos (Genaro, 1993).
28
Mais de 90% dos casos de leishmaniose tegumentar ocorrem no Irã, Afeganistão,
Síria, Arábia Saudita, Brasil, Peru e Argélia e aproximadamente 90% dos casos de
leishmaniose visceral ocorrem no Brasil, Índia, Bangladesh, Nepal e Sudão (Desjeux, 2004).
A LT tem sido descrita em quase todos os países americanos, do sul dos Estados
Unidos ao norte da Argentina, com exceção do Uruguai e do Chile (Lainson, 1983; Shaw et
al., 1976). O termo leishmaniose tegumentar americana (LTA) foi criado pelo médico
Eduardo Rabello, em 1923, para designar a doença que ocorre nas Américas, a qual envolve
agentes etiológicos, reservatórios e perfil epidemiológico distintos da leishmaniose
tegumentar no Velho Mundo. No início da década de 80 a LT já havia sido registrada em 19
unidades federadas; em 2003 todos os estados apresentavam autoctonia, dados que
comprovam a expansão geográfica da doença (Brasil, 2006). De 2001 a 2008 foram
notificados e confirmados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)
177.067 casos de LT, distribuídos por todos os estados; destes 161.440 foram da forma
cutânea e 11.036 da forma mucosa; 611 evoluíram para óbito e 135.016 tiveram alta por cura
(Datasus/MS, 2008).
A LV, dada a sua incidência e alta letalidade, principalmente em indivíduos não
tratados e crianças desnutridas, é também considerada emergente em indivíduos portadores da
infecção pelo HIV (WHO/TDR, 2007).
Na América Latina, a doença já foi descrita em pelo menos 12 países, sendo que 90%
dos casos ocorrem no Brasil, especialmente na Região Nordeste. Duprey e colaboradores
(2006) relataram a ocorrência de cães sorologicamente positivos para LV, predominantemente
em animais da raça foxhound, nos Estados Unidos e no Canadá. Ainda não existem registros
de casos humanos autóctones nos EUA e a transmissão por flebotomíneos ainda não foi
demonstrada.
O registro do primeiro caso da doença no Brasil ocorreu em 1913, quando Migone, no
Paraguai, descreveu o caso em material de necrópsia de paciente oriundo de Boa Esperança,
Mato Grosso (Alencar et al. 1991). A partir de um estudo realizado para o diagnóstico e
distribuição da febre amarela no Brasil, encontraram-se 41 casos positivos para Leishmania,
sendo identificados em lâminas de viscerotomias praticadas post-mortem, em indivíduos
oriundos das regiões Norte e Nordeste (Pena et al, 1934).
De 1990 a 2008 foram notificados e confirmados 56.785 casos de LVH em todo o
país. Nesse mesmo período o coeficiente de incidência da doença, por 100.000 habitantes
variou de 1,0 a 2,9 casos. O índice de letalidade pela LVH variou de 3,2 no ano 2000 a 8,5 no
ano de 2003 (período avaliado: 2000 a 2008). De 2001 a 2006 registraram-se 13.463 casos
(65,6%) em área urbana. Só no ano de 2006 foram registrados 278 óbitos pela doença.
29
Atualmente, somente os estados de Rondônia, Amazonas, Amapá, Paraná e Santa
Catarina não apresentam autoctonia da doença (DEVEP/SVS/MS, 2009; Datasus/MS, 2009).
Casos de LVC foram identificados nos municípios de Santa Maria, Porto Xavier, Uruguaiana
e São Borja, no Rio Grande do Sul, na região de divisa com a Argentina. No município de
São Borja foram notificados e confirmados três casos autóctones de LVH (SES/RS, 2009).
Na região sudeste notifica-se 6% dos casos de LV do Brasil, sendo Minas Gerais o
estado de maior incidência do agravo. A doença tem ocorrência registrada desde a década de
40, quando foram detectados os primeiros casos humanos na região norte de Minas. Nessa
época a LV era doença típica de ambientes rurais, mas atualmente 84% dos casos confirmados
em Minas Gerais são de pacientes residentes em áreas urbanas (Resende, 2007). Em meados
dos anos 80, constatou-se uma transformação drástica na distribuição geográfica da LV. A
doença, antes restrita às áreas rurais do nordeste brasileiro, avançou para outras regiões
indenes alcançando a periferia de grandes centros urbanos (Gontijo e Melo, 2004). Em 2004 a
Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais registrou uma epidemia de LV, com 692 casos
humanos confirmados em 81 municípios; destes 75 evoluíram para óbito. No período de 2000
a 2007, foram confirmados 3.201 casos de LVH em Minas Gerais; as regionais com maior
registro da doença foram as macrorregiões Centro (54% dos casos), Norte (26,4% dos casos)
e Noroeste (10,7% dos casos) (SES/MG, 2008).
Minas Gerais é também o oitavo estado brasileiro em número de casos de LT e o
primeiro da região sudeste em volume de casos/ano. Dos 853 municípios do estado, 401 já
registraram a ocorrência de transmissão de LT, sendo que a forma clínica predominante em
95% dos casos é a cutânea, seguida pela forma mucosa em 3% dos casos (SES/MG, 2006).
De 2001 a 2007 foram notificados e confirmados 12.450 casos de leishmaniose tegumentar
em Minas Gerais. Foram registrados também, no período de 2000 a 2006, 110 óbitos de
pacientes que estavam em tratamento específico para LTA. A prevenção ao óbito tem sido
objeto de atenção da SES, uma vez que a doença é teoricamente não letal, e que os óbitos
estão relacionados ao tratamento (SES/MG, 2008).
O Programa Especial para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais
(TDR/WHO) estabelece a lista das 10 doenças infecciosas prioritárias no mundo; destas, 8 são
doenças transmitidas por vetores. Essas doenças são responsáveis por um grande número de
DALYs (“Disability Adjusted Life Years”-anos de vida potenciais perdidos), um indicador
econômico que mede o número de anos de vida produtiva perdidos devido à morte prematura,
incapacidade ou deficiência. Nessa lista as leishmanioses ocupam o terceiro lugar,
contabilizando 59.000 mortes anuais, e 2.357.000 anos potenciais de vida perdidos (DALYs),
perdendo apenas para a malária e filariose linfática (WHO, 2002). Do ponto de vista
30
epidemiológico, as mudanças ambientais, o crescimento demográfico e o deslocamento de
animais e seres humanos são fatores que contribuem para a modificação da distribuição
biogeográfica das leishmanioses, assim como para a incorporação de novos hospedeiros
(Solano-Gallego et al., 2007). Essas mudanças confirmam as leishmanioses como sendo
zoonoses reemergentes (Ashford, 2000).
4.2 A leishmaniose visceral
4.2.1 O parasito
Os agentes etiológicos da leishmaniose visceral são protozoários tripanossomatídeos
do gênero Leishmania, parasito intracelular obrigatório de células do sistema fagocítico
mononuclear (SFM) de mamíferos, são eles: L. (L.) donovani, L. (L.) infantum (= L. (L.)
chagasi) todos pertencentes ao complexo L. (L.) donovani (Lainson e Shaw, 1987). L. (L.)
donovani (Laveran e Mesnil, 1903) é agente causador de uma antroponose na Índia, Paquistão
e Bangladesh e em algumas regiões da África Oriental, onde o homem é o único hospedeiro
mamífero encontrado infectado, sendo, portanto o único reservatório; acomete principalmente
indivíduos adultos e é também conhecida por calazar indiano (WHO/TDR, 2007). A L. (L.)
infantum (Nicole, 1908) encontrada em parte do continente asiático, africano e europeu, é
agente etiológico de uma antrozooponose de canídeos silvestres (raposas e chacais), tendo o
cão como principal reservatório doméstico do protozoário, atinge acidentalmente o homem,
principalmente crianças, por isso é também conhecida por calazar infantil (WHO/TDR, 2007).
L. (L.) chagasi (Cunha e Chagas, 1937), é agente causador de uma antropozoonose no novo
mundo (Sul do México ao norte da Argentina, exceto Chile), de forma semelhante a L. (L.)
infantum; é também denominada de Leishmaniose Visceral Americana (LVA) ou calazar
neotropical. Existe uma grande polêmica em torno da origem da LV no Novo Mundo – se ela
foi introduzida recentemente, na época da colonização européia e causada pela espécie L.
infantum, ou há vários milhões de anos, juntamente com a introdução dos canídeos, devendo a
espécie ser identificada como L. chagasi (Maurício et al., 2000). Os achados de altas taxas de
infecção em canídeos originários da Amazônia sugerem a origem autóctone (Lainson e Shaw,
1987). Entretanto, estudos utilizando técnicas bioquímicas e moleculares consideram a L.
chagasi e a L. infantum uma única espécie e aceitam a hipótese de origem recente nas
Américas (Maurício, 2000; Gontijo e Melo, 2004). O termo leishmaniose visceral zoonótica
(LVZ) é também comumente utilizado em referência à leishmaniose visceral com
reservatórios animais definidos, em distinção ao calazar antroponótico indiano, africano e
asiático (Borja-Cabrera et al., 2008).
31
A posição taxonômica da espécie L. (L.) chagasi, agente causador da LVA, é a
seguinte:
Reino: Protista (Haekel, 1887)
Sub-Reino: Protozoa (Goldfuss, 1817)
Filo: Sarcomastigophora (Honiberg e Balamuth, 1963)
Subfilo: Mastigophora (Diesing, 1866)
Classe: Zoomastigophora (Calkins, 1909)
Ordem: Kinetoplastida (Vickkerman, 1976)
Subordem: Trypanosomatina (Kent, 1880)
Família: Trypanosomatidae (Grobben, 1905)
Gênero: Leishmania (Ross, 1903)
Subgênero: Leishmania (Saf`Janova, 1982)
Espécie: Leishmania (Leishmania) chagasi (Cunha e Chagas, 1937) (= L. infantum).
Segundo Maurício e colaboradores (2000) as cepas de L. chagasi não podem ser
distinguidas das cepas de L. infantum, o que indica que as mesmas sofreram uma separação
geográfica recente. Baseados em estudos usando diferentes métodos, como RAPD combinado
com RFLP, sequenciamento de DNA da protease de superfície (gp63) e hibridização com
sondas de DNA, esses autores sugerem que os termos L. chagasi e L. infantum sejam usados
como sinonímia. Já outro autor sugere que seja adotada a denominação Leishmania (L.)
infantum chagasi, considerando que ainda existem muitas questões a serem esclarecidas sobre
a origem, identidade e epidemiologia do parasito causador da LVA (Shaw, 1994). Shaw
(2006) afirma que uma das grandes falhas na validação da nomenclatura de parasitos é o
exame de um número limitado de cepas. Ele cita um exemplo ocorrido na África, quando
somente após um grande número de isolados de Leishmania terem sido examinados é que se
pôde concluir que na região circulava mais de um parasito.
Os protozoários do gênero Leishmania são parasitos que possuem duas formas
evolutivas básicas: promastigotas, presentes no trato digestivo dos insetos e em meios de
cultura, são alongadas, fusiformes, possuem um flagelo livre, móvel, extracelular e medem
em torno de 15 a 20µm; amastigotas, presentes no interior de células do SFM de várias
espécies de mamíferos, são arrendondadas ou ovais, com flagelo rudimentar, imóvel e
intracelular, medem de 2 a 5µm, com cinetoplasto visível em forma de bastão. Ambas as
formas se reproduzem por divisão binária, em hospedeiros vertebrados e invertebrados,
embora existam algumas evidências da possibilidade de troca de material genético sexual
(Bastien et al., 1992; Lawyer at al. 2008).
32
4.2.2 Os vetores
Os vetores da leishmaniose visceral são insetos pertencentes à ordem Diptera, família
Psychodidae, sub-família Phlebotominae (Young e Duncan, 1994). No Velho Mundo (regiões
paleártica, etiópica e oriental) pertencem ao gênero Phlebotomus e, no Novo Mundo
(Américas), gênero Lutzomyia. O vetor do calazar indiano é o Phlebotomus argentipes, inseto
essencialmente antropofílico que se infecta a partir de lesões cutâneas ricas em parasitos,
principalmente em pessoas adultas. O Phlebotomus perniciosus, vetor da leishmaniose
visceral na Europa, Oriente Médio e Sul da Rússia, pica preferencialmente o cão, atingindo o
homem acidentalmente. Na África, onde há presença concomitante de L. infantum e L.
donovani, os vetores de LV são, predominantemente, Phlebotomus martini e Phlebotomus
orientalis, de hábitos ecléticos (Lewis, 1971).
Nas Américas é conhecida a existência de pelo menos 400 espécies de flebotomíneos,
das quais cerca de 40 foram relatadas como possíveis vetores de Leishmania (Lainson e
Rangel, 2005). O principal vetor de leishmaniose visceral americana é a espécie Lutzomyia
longipalpis (Lutz e Neiva, 1912), cuja distribuição espacial se superpõe às áreas endêmicas ou
aos focos conhecidos, sendo encontrado em todas as cinco regiões do Brasil. Na região do
estado do Mato Grosso do Sul a espécie Lutzomyia cruzi (Mangabeira Filho, 1938) tem sido
incriminada como vetor da doença (Santos et al., 1998), tendo importância epidemiológica
restrita àquela região (Galati et al., 1997). Na Colômbia, em foco endêmico da doença onde
não há presença de L. longipalpis, o vetor considerado é o Lutzomyia evansi (Travi et al.,
1996).
Os flebotomíneos são insetos muito pilosos cor de palha a castanho, facilmente
reconhecidos pela atitude que adotam quando pousados, pois as asas permanecem
entreabertas e ligeiramente levantadas, em vez de se cruzarem sobre o dorso (Forattini et al.,
1973). São conhecidos por “mosquito palha”, “cangalhinha”, “birigui” ou “tatuíra”, em
diferentes regiões brasileiras.
A L. longipalpis, vetor consagrado da LV no Brasil, possui hábito de vôo crepuscular
e abriga-se em locais úmidos e sombrios, desenvolvendo-se em solo úmido com matéria
orgânica em decomposição. Apenas as fêmeas são hematófagas, com hábitos alimentares
ecléticos, podendo se alimentar em diferentes espécies de mamíferos e aves encontrados no
peridomicílio, tais como suínos, cães, galinhas, eqüinos, bovinos, roedores (Barata et al.,
2005), podendo ainda picar o homem tanto dentro do domicílio como fora dele (Barata et al.,
2005; Michalsky et al., 2005).
O fenômeno do aquecimento global é capaz de possibilitar a expansão
geográfica dos flebotomíneos (Cross e Hyams, 1996). Em um modelo para simular os efeitos
33
do aquecimento do planeta sobre a distribuição geográfica e sazonal do Phlebotomus.
papatasi, no sudoeste da Ásia, Cross e Hyams (1996) demonstraram que “de 115 estações
climáticas, 71 (62%) são consideradas endêmicas com as atuais condições de temperatura; 14
(12%) estações adicionais se tornariam endêmicas com o aumento de 1°C; 17 (15%) a mais
seriam adicionadas com aumento de 3°C; e 12 (10%) a mais, com aumento de 5°C (todas,
exceto uma se tornariam endêmicas)”. Somando-se à expansão geográfica, a sazonalidade de
transmissão da doença poderia se estender por 12 meses no ano em 7 (6%) das localidades
com aumento de 3°C na temperatura, e em 29 (25%) localidades com um aumento de 5°C.
4.2.3 Os reservatórios
Os hospedeiros primários de L. chagasi são mamíferos silvestres das ordens Carnívora
e Marsupialia. No Velho Mundo os hospedeiros silvestres descritos são o chacal (Canis
aureus), o lobo (Canis lupus) e a raposa vermelha (Vulpes vulpes); na China foi encontrado
infectado o canídeo Nyctereutes procyonides; na Geórgia e Arzebaijão foram encontrados
também infectados o texugo (Meles meles) e a raposa Vulpes corsak (Lainson e Shaw, 1987).
A infecção por L. infantum também foi descrita, utilizando-se métodos moleculares (PCR),
em carnívoros selvagens (Herpestes ichneumon) no Sudão (Elnaiem et al., 2001), em chacais
do Irã, Iraque e Kazaquistão (Baneth et al., 1998; Mohebali et al., 2005), em genetas -
mamíferos carnívoros (Genetta genetta), linces (Lynx pardinus) e outros felinos (Mustela
putorius) na Espanha (Sobrino et al., 2008).
Nas Américas, a raposa conhecida como cachorro-do-mato (Cerdocyon thous,
Linneaus, 1766; Lainson, 1976; 1969), encontrada na Amazônia, e a raposa-do-campo
(Dusicyon vetulus, Lund, 1842), encontrada no Nordeste, Sudeste e Centro-oeste do Brasil,
são os hospedeiros canídeos identificados, considerados reservatórios; os mesmos apresentam
intenso parasitismo cutâneo, o que permite fácil infecção do flebotomíneo (Deane e Deane,
1962; Lainson e Shaw, 1987, Silva et al., 2000). Na Bahia, Sherlock e colaboradores (1984)
encontraram o gambá-da-orelha-branca (Didelphis albiventris) naturalmente infectado; esse
foi o primeiro registro de um hospedeiro silvestre marsupial para L. (L.) chagasi.
Posteriormente foi encontrado na Colômbia o gambá sul-americano, o Didelphis marsupialis,
também infectado por esse parasito (Corredor et al., 1989).
Silva e colaboradores (2005) enfatizam, oportunamente, que a identificação de DNA
do parasito no sangue ou nas vísceras é uma forte evidência de infecção do hospedeiro;
contudo não é suficiente para que o mesmo seja considerado reservatório da doença, havendo
necessidade de se comprovar, inclusive, se os hospedeiros são realmente infectivos para os
flebotomíneos. Seguindo a mesma linha de pensamento, Dantas-Torres (2007) reitera que
34
definir o que é um reservatório não é uma tarefa fácil; resumidamente, um reservatório seria
um hospedeiro que possui vários atributos que favorecem a manutenção e disseminação de
determinado agente infeccioso, o que vai muito além da simples identificação de material
genético do parasito nesse ou naquele animal.
Devido à sua íntima relação com o homem, o cão doméstico tem sido apontado como
principal reservatório de L. infantum na China e no Mediterrâneo; e de L. chagasi nas
Américas (Ashford, 1996; Moreno e Alvar, 2002; Desjeux, 2004; Lainson e Rangel, 2005).
No Brasil, Deane (1955) estudando o calazar em Sobral, no Ceará, já apontava,
precocemente, o importante papel do cão, não só como reservatório doméstico da doença, mas
como elo essencial na manutenção da cadeia epidemiológica da leishmaniose visceral. Ao
longo dos anos, fortes evidências foram se somando aos achados de Deane, o que corrobora
para a conclusão dele: cães soropositivos, mesmo assintomáticos, apresentam intenso
parasitismo cutâneo por formas amastigotas (Reis et al., 2006); cães assintomáticos, sem
nenhum achado de sinal clínico da doença, podem ser fonte de infecção para flebotomíneos
(da Costa-Val et al., 2007; Michalsky et al., 2007); em regiões onde a LV é endêmica a
prevalência canina supera e precede a prevalência humana da doença (Oliveira et al., 2001);
alguns animais podem permanecer por longos períodos sem apresentar nenhuma
sintomatologia da doença, mesmo estando infectados, e na ausência de inquéritos sorológicos
e programa de retirada de cães tornam-se importante fonte de infecção para flebotomíneos
(Michalsky et al., 2007); até mesmo cães tratados podem ser infectivos para os flebotomíneos
(Ribeiro et al., 2007); sabidamente em cidades onde houve retirada sistemática de todos os
cães sororeativos a incidência do calazar humano diminuiu (Palatnik-de-Souza et al., 2001);
apesar de algumas raças aparentemente serem mais resistentes à infecção por leishmania, de
um modo geral, todas são vulneráveis (Solano-Gallego et al., 2000; Miranda et al., 2008).
4.2.4 Ciclo biológico
Durante o repasto sanguíneo no hospedeiro infectado, as fêmeas dos flebotomíneos
ingerem macrófagos teciduais contendo em seu interior formas amastigotas de Leishmania, as
quais, após ruptura celular, são liberadas no lúmen do trato digestivo dos insetos, quando o
sangue ingerido ainda permanece fresco. Ainda dentro do bolo alimentar (matriz peritrófica)
as leishmanias começam a se dividir por fissão binária e se diferenciam em formas
promastigotas, alongadas com flagelo livre, colonizando o intestino dos flebotomíneos. Essas
formas se transformam, então, em paramastigotas, aderidas ao epitélio por junções chamadas
hemidesmossomas. Posteriormente ocorre nova transformação para promastigotas, dessa vez
formas extremamente ágeis que nadam livremente – as promastigotas metacíclicas; ao exercer
35
outro repasto sobre um hospedeiro susceptível o flebotomíneo inocula esses parasitos
presentes no trato digestivo anterior, probóscide, faringe e esôfago. No local onde ocorreu a
picada do inseto vetor as formas promastigotas são fagocitadas por células do SFM,
macrófagos teciduais e granulócitos neutrófilos. As formas promastigotas se transformam em
amastigotas, dentro do vacúolo fagocitário, se dividem rapidamente e quando o macrófago
está densamente parasitado o vacúolo se rompe liberando as amastigotas, que serão
novamente fagocitadas por outros macrófagos (Lainson e Shaw, 1988).
4.2.5 A leishmaniose visceral no homem
A LVH ou calazar clássico é uma doença com período de incubação variável e de
difícil definição, em média de 2 a 8 meses, existindo casos com até 4 anos de evolução. Ela
acomete, principalmente, crianças mal-nutridas e pessoas imunocomprometidas, embora
possa ocorrer em qualquer faixa etária, com discreta predominância em indivíduos do sexo
masculino. O primeiro sintoma da visceralização do parasito é febre baixa, irregular e
prolongada; posteriormente, ocorrem hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, anemia com
leucopenia, hipergamaglobulinemia, hipoalbuminemia, emagrecimento e, em sua fase
terminal, caquexia e morte, se não instituído o tratamento adequado. Antes da introdução dos
antimoniais no arsenal terapêutico, por Gaspar Vianna (1912), estimava-se que a taxa de
letalidade estava entre 75 a 95% (Deane, 1955; Amato Neto, 1978).
A LVH tem sido associada a transfusões de sangue; o primeiro relato de calazar
transmitido por transfusão foi na China, em 1948. Outros episódios têm sido registrados na
França, Suécia, Bélgica, Reino Unido, Índia e Brasil (Dey e Singh, 2006; Chomel, 2008). O
número de casos de LVH, entre pacientes transplantados, quadruplicou desde o início dos
anos 90, com a maioria dos registros vindos de pacientes que vivem em países do
Mediterrâneo (Antinori et al., 2008). A leishmaniose é mais comumente associada a
transplantes de fígado (77%) e a forma visceral é a entidade clínica mais observada. Mais de
60 casos de LV em transplantes de órgãos sólidos já foram descritos na literatura (Martín-
Dávila et al., 2008).
Casos graves de infecções por Leishmania spp. têm emergido em pacientes com
AIDS. Em algumas regiões da África, o número de co-infecções vém aumentando
drasticamente, devido à fenômenos sociais como migrações em massa e guerras. No noroeste
da Etiópia, mais de 30% dos casos de leishmaniose visceral são de pacientes também
infectados com HIV. Na Ásia, co-infecções são crescentemente relatadas na Índia, agravadas
pelos altos índices de resistência aos antimoniais (Alvar et al., 2008). A ocorrência nas áreas
urbanas de infecções subclínicas decorrentes da permanente exposição do homem às picadas
36
infectantes prenuncia um grave problema associado à circulação do vírus HIV, transformando
a LV em parasitose oportunista. No Brasil, estima-se que a proporção de indivíduos
assintomáticos para os que apresentam a doença é de 18:1; na Espanha essa proporção chega a
ser 50:1 (TDR/WHO, 2007). Realmente, a LV apresenta comportamento diferente na co-
infecção com HIV, que se reflete principalmente na resposta irregular ao tratamento e
alteração do padrão diagnóstico. Tem sido constatado o crescente número de casos de co-
infecção Leishmania/HIV em áreas urbanas do Brasil, ganhando destaque novas formas de
transmissão pelo compartilhamento de agulhas contaminadas, com risco de instalação do ciclo
antroponótico artificial (Gontijo e Melo, 2004) o que é possível que já esteja ocorrendo na
Europa (Cruz et al. 2002).
4.2.6 A leishmaniose visceral canina (LVC)
A LVC é uma doença multisistêmica, com sinais clínicos muito variáveis. A maioria
dos cães apresenta pobre condição corporal, atrofia muscular generalizada, linfoadenomegalia
e descamação excessiva da pele. O achado histopatológico típico em seus tecidos é uma
reação inflamatória granulomatosa, associada com a presença de formas amastigotas dentro
de macrófagos. As mudanças dérmicas na LVC incluem dermatite exfoliativa, nodular,
pustular e ulcerativa; ocorre decréscimo na produção de colágeno tipo I e aumento do
colágeno tipo III proporcional à gravidade das lesões de pele e destruição dos tecidos
(Koutinas et al., 1999; Giunchetti et al., 2006).
O cão representa um importante elo na manutenção do ciclo de transmissão da
leishmaniose visceral e seu papel como reservatório tem sido objeto de estudo de muitos
autores. Cães infectados por L. chagasi podem desenvolver lesões cutâneas e viscerais, ricas
em parasitos, muito embora peles sadias de cães assintomáticos também sejam fonte de
amastigotas, possibilitando a infecção de flebotomíneos (Manna et al., 2004, Michalsky et al.,
2007). A infecção no cão não significa, necessariamente, doença ativa (Moreno et al., 2002).
A doença é de evolução lenta e insidiosa. A LVC é uma enfermidade sistêmica grave,
cujo espectro de manifestações clínicas depende do tipo de resposta imunológica expressa
pelo animal infectado (Barbiéri, 2006). As características clínicas do calazar canino variam
muito, devido a numerosos mecanismos patogênicos envolvidos na evolução da doença e à
diversidade de resposta imune desenvolvida pelos diferentes indivíduos (Mancianti et al.,
1988). Os sinais clínicos e o tempo transcorrido até o aparecimento da doença variam
enormemente, de dois meses a sete anos, podendo o cão nunca desenvolver a doença
(Slappendel e Greene, 1990; Gaeta et al., 1994). Em um estudo de infecção experimental,
37
Rodriguéz-Cortés e colaboradores (2007) observaram que os sintomas da LVC apareciam
entre 4 e 7 meses após a inoculação dos parasitos.
Mancianti e colaboradores (1988), estudando a leishmaniose visceral canina por L.
infantum na ilha de Elba, na Itália, classificaram a doença de acordo com a sintomatologia
clínica: animais sem sinais clínicos foram denominados assintomáticos; os que demonstravam
adenopatia, pequena perda de peso e pêlo opaco foram denominados oligosintomáticos; por
último aqueles que mostravam todos ou parte dos sinais graves da enfermidade (perda de
pêlo, eczema furfuráceo, úlceras, onicogrifose, ceratoconjuntivite, entre outros) foram
classificados como cães sintomáticos.
Em estudos de infecção experimental, Genaro (1993) verificou que cães inoculados
com L. chagasi podem evoluir de quatro formas basicamente diferentes:
1- Evolução frusta: os animais não apresentam qualquer alteração visível. São detectados
parasitos, em algum momento após a inoculação, mas estes desaparecem em seguida.
2- Evolução regressiva espontânea: os animais apresentam, durante a fase inicial da
doença, parasitismo transitório de medula óssea, coincidente com o período de
emagrecimento. Em seguida ocorre retomada do ganho de peso, sem apresentação de
qualquer outro tipo de alteração.
3- Evolução aguda: os cães apresentam parasitismo de medula óssea e pele,
emagrecimento acentuado durante todo o curso da infecção, associado com alopecia,
descamações e lesões crostosas por todo o corpo, onicogrifose, envolvimento ocular e
nasal, e, finalmente, evolução para caquexia, com sobrevida curta.
4- Evolução crônica: os animais apresentam parasitismo de medula óssea e pele,
emagrecimento leve ou moderado durante todo o curso da infecção, alopecia, lesões
crostosas, onicogrifose, apatia, edema de membros, adenopatia, todos os sinais com
intensidade de leve a moderada; possuem sobrevida longa.
No caso de cães que desenvolvem a doença, ocorre uma depleção da região das células
T dos seus órgãos linfóides, enquanto a zona de células B desses órgãos prolifera. A excessiva
proliferação de células B e macrófagos resulta em hepatoesplenomegalia, linfadenopatia
generalizada e hipergamaglobulinemia (Strauss-Ayali et al., 2000). O aumento de produção
de gamaglobulinas não conduz à proteção mas, ao contrário, é potencialmente prejudicial. Um
importante dano causado pela hipergamaglobulinemia é a produção de grande quantidade de
imunocomplexos circulantes, que, uma vez depositados nas paredes dos vasos sanguíneos,
resultam em vasculites, poliartrites, uveítes e glomerulonefrites. Essas manifestações são
acompanhadas por alterações hematológicas e bioquímicas, como anemia normocítica
38
normocrômica, trombocitopenia, leucopenia e aumento das proteínas totais do soro com
inversão da relação albumina-globulina. Eletroforese de proteínas revela um decréscimo na
concentração de albuminas, com aumento combinado de beta e gama-globulinas (Burillo et
al., 1994; Campino, 2003).
A epidemiologia da leishmaniose visceral canina passa por um processo de mudança,
desde os anos 80, em íntima associação com o processo de urbanização. Contudo, as medidas
de controle dessa zoonose continuam as mesmas: redução da população vetorial por
inseticidas residuais e manejo ambiental, diagnóstico da infecção canina com eliminação dos
cães positivos e tratamento dos casos humanos (Nunes et al., 2008).
Em estudo realizado no município de Araçatuba/SP, área endêmica para LV,
observou-se que, em um período de 2 anos (2002-2004), 60,9% da população canina foi
recolhida e eliminada pelo serviço de Controle de Zoonoses do município, sendo que destes,
somente 26,7% tinham sorologia positiva para calazar. A reposição dos animais foi realizada
em 39% dos casos, em muitos por dois ou mais cães, na maioria filhotes, sabidamente mais
susceptíveis a várias doenças infecciosas, incluindo a LVC. Dentre os animais de reposição,
ou seja, os que foram introduzidos na residência dos que foram recolhidos, 13% já eram
soropositivos no primeiro exame; após um período de observação de 32 meses, 42% se
tornaram positivos. É interessante a observação dos autores que, apesar da ocorrência prévia
de cães com LVC nas residências acompanhadas, nenhuma medida de prevenção contra a
doença foi adotada pelos proprietários (Nunes et al., 2008).
4.3 O diagnóstico da LVC
4.3.1 Diagnóstico clínico
De um modo geral o diagnóstico da LVC vem se apresentando como um problema
para os serviços de saúde pública, principalmente devido à inexistência de testes com alta
sensibilidade e especificidade, de baixo custo e de fácil implantação e operacionalização na
rotina dos serviços.
O diagnóstico clínico da LVC é bastante difícil, principalmente devido à grande
ocorrência de animais assintomáticos; segundo Genaro (1993), esses animais podem passar
despercebidos, mesmo quando examinados pelo mais experiente especialista. Além disso,
pode-se dizer que nenhum dos sinais da LVC é patognomônico, podendo ser confundidos
com inúmeras outras patologias caninas, como hemoparasitoses, dermatopatias, desnutrição,
entre outras. Brener (1957) observou oportunamente que, sobretudo em zonas rurais, diversos
39
fatores podem estar associados, especialmente endo-ectoparasitoses e desnutrição, o que pode
modificar ou mascarar o quadro clínico da LVC.
Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda que o diagnóstico laboratorial da LVC
seja baseado nos exames sorológico ou parasitológico (MS/SVS, 2006).
4.3.2 Diagnóstico sorológico
Devido à maior rapidez e menor custo, os testes sorológicos são os mais empregados
pelos programas de controle sendo seu uso recomendado em inquéritos caninos amostrais ou
censitários para avaliar a soroprevalência canina. Os testes utilizados são o ELISA e a RIFI.
Animais doentes manifestam uma intensa resposta imune humoral, apresentando altos níveis
de IgG anti-Leishmania spp.. A soroconversão pode ocorrer, em média, após 3 meses de
infecção e os títulos podem permanecer altos por, pelo menos, dois anos. Contudo, os testes
sorológicos devem ser interpretados com cuidado, pois não são 100% sensíveis e falham em
identificar animais no período pré-patente e antes da soroconversão, em alguns cães que
nunca farão a soroconversão e outros que, após a soroconversão, se convertem em
soronegativos, ainda que permaneçam infectados (Ferrer et al., 2002; Leontides et al., 2002;
Feitosa, 2006). Animais com até 3 meses de idade podem apresentar anticorpos maternos e,
portanto, apresentarem resultados falso-positivos (Braga et al., 1998).
O ELISA é utilizado para triagem de cães cujos níveis de anticorpos circulantes são
desconhecidos e a RIFI para confirmação de resultados positivos triados pelo ELISA,
podendo também ser utilizado sozinho na rotina diagnóstica (MS/SVS, 2006).
Na RIFI, os resultados considerados positivos são aqueles que apresentam títulos
iguais ou maiores que a diluição de 1:40 (ponto de corte). Costa e colaboradores (1991)
observaram que a RIFI apresenta reação cruzada em amostras de cães com leishmaniose
tegumentar em 75% dos casos e com amostras de cães com doença de Chagas em 83,3%. Já
para a ocorrência de outras enfermidades, como erliquiose e babesiose, Vercammen et al.
(1997) e Zanette (2006), não observaram resultados falso-positivos (reações cruzadas). Além
da ocorrência de reações cruzadas a RIFI possui o inconveniente de exigir pessoal altamente
treinado para leitura das lâminas, incluindo o fato de a tarefa ser demorada e o critério de
interpretação dos resultados muito subjetivo, principalmente em caso de baixos títulos.
O ELISA é uma técnica altamente sensível, quantitativa, automatizada, porém com
algumas limitações como níveis de especificidade baixos, principalmente quando se utilizam
antígenos brutos (Reed, 1996); costuma apresentar sensibilidade maior e especificidade
menor, em comparação com a RIFI. O ELISA é capaz de identificar baixos níveis de
40
anticorpos, porém é pouco preciso na detecção de casos pré-clínicos ou assintomáticos (El-
Amim et al., 1986)
Os antígenos utilizados nesses dois testes diagnósticos são quase sempre derivados de
promastigotas de cultura, parasitos totais, parasitos lisados ou antígenos recombinantes.
Dependendo do antígeno empregado, a sensibilidade pode variar de 95 a 99,5% e a
especificidade de 97,1 a 100% (Mancianti et al., 1995; Badaró, 1996; Laurenti et al., 2005).
Além disso, o tipo de antígeno utilizado (forma evolutiva ou espécie) e possíveis mudanças
no protocolo padrão utilizado (tempo de incubação ou tipo de microplacas utilizadas) podem
alterar os resultados referentes à sensibilidade e à especificidade desses exames (Reinthinger
et al., 2002).
Outros testes sorológicos utilizados no diagnóstico da LVC são a reação de fixação do
complemento, o teste de hemaglutinação direta e indireta e o DAT - teste de aglutinação
direta (Oskam et al., 1996). Ferreira e colaboradores (2007) demonstraram que a técnica do
DAT se compara à técnica de ELISA em índices de sensibilidade e especificidade, sendo
superior quando comparada à RIFI; é de fácil execução, mas tem uso limitado devido ao alto
custo do antígeno importado.
4.3.3 Diagnóstico parasitológico
O exame parasitológico é o método de eleição, considerado padrão-ouro para
diagnóstico da LVC. É baseado na visualização de formas amastigotas do parasito por punção
aspirativa de órgãos-alvo (baço, fígado, linfonodos e medula óssea) ou por fragmentos de
biópsia dos mesmos (Ferrer et al., 1999). Do material aspirado ou do fragmento é realizado
esfregaço ou impressão em lâminas, respectivamente, coradas por derivados de Romanowsky,
Giemsa ou Leishman. Segundo Ashford (2000), o diagnóstico microscópico de lâminas
coradas pode se tornar difícil se o animal apresentar baixa carga parasitária; além disso, a
leitura completa da lâmina exige tempo e treinamento adequados.
Outro método de detecção do parasito é o isolamento de promastigotas em meios de
cultura como o NNN (Novy-McNeal-Nicole) e o Schneider (Schneider's Drosophila
Medium), a partir dos aspirados ou fragmentos dos órgãos (Reiter et al., 1985;Genaro, 1993).
Mesmo sendo uma técnica de certeza, pois a visualização do parasito não deixa dúvida sobre
a infecção, ainda assim possui limitações pois é um método laborioso, de alto custo, lento,
além de necessitar de pessoal altamente treinado e acompanhamento sistemático (Ferrer,
1997).
Outros métodos parasitológicos são a inoculação experimental em mamíferos
susceptíveis, como o hamster Sírio (Mesocricetus auratus) e xenodiagnóstico, ambos
41
extremamente laboriosos e demorados; estes devem ser realizados com extrema cautela e,
portanto, ficam restritos à centros de referência (Alvar et al., 2004).
A análise histopatológica de órgãos infectados também pode ser utilizada para a
detecção dos parasitos intracelulares (Keenan et al., 1984; Tafuri et al, 2001). Esses métodos
podem apresentar baixa sensibilidade e requerem mão-de-obra altamente especializada
(Badaró, 1996).
O diagnóstico por imunohistoquímica, seja pelo método de revelação pela
imunoperoxidase ou pela imunofluorescência direta em tecidos, facilita a visualização de
formas amastigotas nos tecidos, devido à utilização de anticorpos específicos marcados que se
ligam aos antígenos presentes nos cortes histológicos (Tafuri et al., 2004).
4.3.4 Diagnóstico por testes imunocromatográficos
Testes imunocromatográficos são baseados na ligação de anticorpos específicos a
antígenos que, após interação, migram por uma superfície, possibilitando a visualização dos
resultados. O teste comercial Kalazar detect TM é um exemplo de teste rápido, qualitativo, que
se tornou disponível recentemente. Ele é baseado em um polipeptídeo recombinante,
denominado de rK39, o qual contém 39 aminoácidos repetidos, sendo parte de uma grande
proteína da família das kinesinas, as quais se apresentam de forma altamente conservada em
espécies de Leishmania viscerotrópicas: L. donovani, L. chagasi (=L. infantum) (Burns et al.,
1993). A região repetitiva desse antígeno é mais abundante no estágio de amastigota do
parasito, a forma responsável pela doença. Esse teste utiliza um formato com proteína A
conjugada com ouro coloidal; a ligação antígeno-anticorpo ocorre em segundos e a totalidade
do teste pode ser completada em até 10 minutos.
Esses testes têm-se demonstrado sensíveis e específicos no diagnóstico da LVH
(Sundar et al., 1998; Jelinek et al., 1999; Bern et al., 2000; Zijlstra et al., 2001; Carvalho et
al., 2003), e existem algumas publicações citando seu uso no diagnóstico da LVC (Mohebali
et al., 2004; Otranto et al., 2004; Toz et al., 2004; Mettler et al., 2005).
Badaró e colaboradores (1996), utilizando uma variante desse teste, denominado
TRALd, que utiliza o mesmo antígeno e mesmo mecanismo, produzido para utilização em
pesquisa somente, observou índices de sensibilidade e especificidade de 100%. França-Silva
(1997), trabalhando em condições de laboratório, observou que a sensibilidade do mesmo
método foi de 92% e a especificidade de 99,5%, em soro de cães da cidade de Montes
Claros/MG. Em estudo recente, Lemos e colaboradores (2008), utilizando a versão comercial
do método, demonstraram que o Kalazar detectTM apresentou sensibilidade de 83% e
especificidade de 100%, quando comparado à técnica de ELISA com antígenos brutos, a
42
última com sensibilidade de 95% e especificidade de 100%. Testando o Kalazar detect TM em
cães com outras patologias, esses autores identificaram a ocorrência de reação cruzada com
erliquiose e doença de Chagas, reduzindo a especificidade para 93%.
4.3.5 Diagnóstico molecular
Parasitos dos gêneros Leishmania, Crithidia e Trypanossoma, entre outros
pertencentes à ordem Kinetoplastida (Vickerman, 1976) possuem uma organela única, situada
na base do flagelo, denominada cinetoplasto (Simpson, 1987).
O cinetoplasto contém uma rede concatenada de DNA (kDNA) que pode ser dividido
em dois grupos: os maxicírculos e os minicírculos. Os maxicírculos são encontrados em
número de 20 a 50 unidades e os minicírculos em cerca de 10.000 unidades (Rodgers, 1990).
Os maxicírculos são moléculas de DNA homogêneas, que tem entre 20-35 kb.
Possuem muitas das características de DNA mitocondrial convencional, com proteínas
envolvidas na produção de energia. Os minicírculos, em contraste, são moléculas
heterogêneas, de 0.5-1.5 kb, que podem ser separadas em seqüências distintas, que diferem
em número e tipo entre as espécies. Cada minicírculo do gênero Leishmania possui uma
região denominada conservada, apresenta uma seqüência nucleotídica de 120 a 200 pares de
base (pb), nessa região encontram-se 3 pequenos blocos conservados de seqüência
(Conserved Sequence Block) numerados de 1 a 3, sendo que um desses blocos (CSB-3)
contém a “seqüência universal dos minicírculos” (UMS-universal minicircle sequence:
GGGGTTGGTGTA), presente em todos os minicírculos de todas as espécies de Leishmania
(Ray, 1989).
4.3.5.1 Reação em cadeia da polimerase - PCR
O advento da tecnologia da reação em cadeia da polimerase (PCR), em meados da
década de 80, representou um importante marco para estudos genético-moleculares
envolvendo várias espécies de seres vivos. Diversas técnicas baseadas na PCR foram descritas
com a possibilidade de realização automatizada da reação (Saiki et al.,1985, Mullis et al.,
1986)
Rodgers e colaboradores (1990) foram os pioneiros na utilização da técnica de PCR
para identificação de DNA de Leishmania, tendo como alvo as moléculas do minicírculo do
kDNA. Esses autores demostraram a sensibilidade do método, capaz de detectar o kDNA
equivalente a um único parasito.
Diversos protocolos já foram descritos para detecção de Leishmania em amostras de
humanos (Volpini et al., 2004; Ferroglio et al., 2006), cães (Ferroglio et al., 2006; Quaresma
43
et al., 2007; Teixeira-Neto, 2008; Queiroz et al., 2008; Maia et al., 2009), flebotomíneos
(Carvalho, 2006; Michalsky et al., 2007; Saraiva, 2008) e animais silvestres (Sastre et al.,
2008) tendo como alvo a região conservada do minicírculo do kDNA. Outros alvos, além do
kDNA, também têm sido utilizados na PCR, como o DNA ribossomal e o espaçador interno
transcrito 1 (Internal transcribed spacer – ITS 1). Os métodos de PCR que utilizam como alvo
regiões do kDNA têm demonstrado ser mais sensíveis do que os que utilizam DNA
genômico. Essa maior sensibilidade parece estar relacionada ao número de cópias do alvo,
que no caso do DNA dos minicírculos chega a cerca de 10.000 cópias; para o RNA
ribossomal (rRNA) o número de cópias é significativamente menor, cerca de 40-200 cópias
(Lachaud et al., 2002; Nasereddin et al., 2006).
O DNA de Leishmania também pode ser identificado por PCR em outras amostras
biológicas que não são usualmente utilizadas na rotina diagnóstica, como pulmão, coração,
pênis, vagina, testículos, sêmen, útero, placenta, rim, intestinos, leite, urina e mucosa
conjuntival (Andrade et al., 2002; Reithinger et al., 2002; Barrouin-Melo et al., 2005, Diniz et
al., 2005; Rosypal et al., 2005; Franceschi et al., 2006; Ferreira et al., 2008).
Embora a PCR seja considerada uma ferramenta muito útil, dada à sua alta
sensibilidade e versatilidade de uso, alguns autores relatam suas limitações, como o elevado
custo e a baixa adaptabilidade do método às condições de campo (Reed, 1996). A redução dos
custos dessa técnica permanece como um dos maiores desafios à sua utilização em países em
desenvolvimento (Gomes et al., 2008).
4.3.5.1.a PCR-RFLP kDNA
A técnica de RFLP, associada à PCR, pode ser utilizada para o propósito de
identificação de algumas espécies de Leishmania. Esse método utiliza uma ou mais enzimas
de restrição que cortam o DNA em sítios específicos, possibilitando a diferenciação das
espécies, de acordo com o tamanho dos fragmentos gerados. Após a descrição de um
protocolo de PCR RFLP em Trypanosoma cruzi (Ávila et al., 1990), a técnica começou a ser
empregada na identificação de espécies de Leishmania (Kapoor et al., 1998; Volpini et al.,
2004; Andrade et al., 2006; Ferroglio et al., 2006).
A tabela a seguir descreve os fragmentos gerados após digestão do kDNA de
Leishmania, pela endonuclease HaeIII.
44
Tabela 1: Tamanho dos fragmentos, obtidos após digestão do kDNA de L. amazonensis, L. braziliensis e L. chagasi pela enzima HaeIII.
Espécie Fragmentos gerados após digestão por HaeIII (pb)
L. amazonensis 116
L. braziliensis 80,40
L. chagasi 120, 80, 60, 40
4.3.5.1.b PCR RFLP hsp70
A PCR RFLP de fragmento do gene hsp70 é útil para a identificação das espécies de
Leishmania que ocorrem no Novo Mundo, em amostras clínicas tais como biópsia de pele ou
tecidos de insetos. O gene hsp70 codifica as proteínas de choque térmico (HSP70), um grupo
protéico de elevado interesse para estudos de diferentes doenças infecciosas. Elas são as mais
abundantes proteínas intracelulares e estão presentes em todos os compartimentos de todos os
tipos celulares de procariotos e eucariotos. Essas proteínas têm suas sínteses aumentadas em
situações consideradas estressantes para a célula do parasito (Campos, 2007).
A PCR RFLP do gene hsp70 pode permitir a sondagem da variabilidade genética das
moléculas possivelmente envolvidas na imunopatologia da doença. A sensibilidade da técnica
é em torno de 95% e a digestão dos produtos da PCR do hsp70 com a enzima HaeIII
discrimina seis espécies ou grupos (figura 1). A PCR RFLP hsp70 também identifica e
distingue infecções por T. cruzi, que freqüentemente ocorrem em sobreposição às áreas
endêmicas para leishmanioses.
Figura 1: Discriminação espécie-específica de leishmanias que ocorrem no Novo Mundo pela PCR RFLP hsp70.
PCR RFLP hsp70
L.lainsoni
L.amazonensis L.mexicana L.garnhami
L.infantum~ L.chagasi
L.naiffi
L.braziliensis L.peruviana
L.guyanensis L.panamensis
45
Métodos
46
5 Métodos 5.1 Área de estudo Foram escolhidas, para a realização do presente trabalho, amostras caninas
provenientes dos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu, estado de Minas Gerais,
Brasil. Montes Claros (16°44`02``S, 43°51`23``O) e Janaúba (15º47`50``S, 43º18`31``O) são
localizados na mesorregião Norte do estado e possuem população de 358.271 e 67.941
habitantes, respectivamente (IBGE, 2008). Paracatu é localizado na mesorregião Noroeste de
Minas Gerais (17º13`01``S, 46º52`17``O), sua população é de 82.850 habitantes (IBGE,
2008).
Figura 2: Localização geográfica da área de estudo.
Os três municípios são classificados, segundo o Ministério da Saúde, em áreas de
intensa transmissão de leishmaniose visceral (MS/SVS, 2006) e todos possuem programas de
controle da doença inseridos na rotina dos serviços das respectivas Secretarias Municipais de
Saúde, incluindo retirada de cães soropositivos, identificação e tratamento de casos humanos
e controle químico da população vetorial, associado ao manejo ambiental.
5.2 Amostras biológicas
De cada um dos municípios foram selecionados 15 cães (Canis familiaris) , de ambos
os sexos, preferencialmente com idade de 6 meses ou mais, de raças variadas ou sem raça
definida (SRD), todos com sorologia positiva para LVC, por ELISA e RIFI, de acordo com os
critérios do Ministério da Saúde (Brasil, 2006). O diagnóstico sorológico dos animais foi
realizado pelas Secretarias Municipais de Saúde, para os cães provenientes de Montes Claros
Paracatu
Janaúba
Montes Claros
47
e Paracatu; para os animais provenientes de Janaúba, o exame foi realizado pela Gerência
Regional de Saúde de Montes Claros.
5.3 Caracterização clínica dos animais
Os animais foram avaliados por dois médicos veterinários e classificados
clinicamente conforme as formas polares da doença: assintomáticos, sem nenhum sinal
sugestivo, e sintomáticos, presença de pelo menos um sinal.
Os cães provenientes dos municípios de Janaúba e Montes Claros foram avaliados e
posteriormente necropsiados no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Montes Claros; os
animais provenientes do município de Paracatu foram necropsiados em instalações da
FUNASA do município de Paracatu.
5.4 Coleta de amostras biológicas
Após a avaliação clínica inicial, que classificou os indivíduos em assintomáticos ou
sintomáticos, foi coletada uma amostra de 5ml de sangue periférico, por punção da veias
cefálica ou jugular, em tubos para coleta de sangue sem anticoagulante, para separação do
soro. Os animais foram então sedados com solução de cloridrato de xilazina (Dopaser® - Lab.
Hertape Calier), na dose de 1,1-2,2 mg/kg PV, por via intramuscular, músculo semitendinoso,
utilizando-se seringa de 1, 3 ou 5ml e agulha 25 X 8. Após apresentarem estado de
relaxamento muscular, os animais foram anestesiados com solução de thionembutal
(Thiopentax® - Lab. Cristália), sendo 1grama ressuspendido em 40 ml de soro fisiológico,
dose de 5-15 mg/kg PV, por via endovenosa, veia cefálica, usando scalp nº 21, 23 ou 25G, de
acordo com o tamanho do animal e seringa de 3, 5 ou 10ml, de acordo com o volume a ser
administrado; foram aguardados cerca de 2-5 minutos até que o animal apresentasse plano
anestésico profundo, evidenciado pela rotação de globo ocular, ausência de reflexos
interdigitais profundos, superficiais e corneal e respiração abdominal. Em plano anestésico, o
animal foi submetido à punção de medula óssea, na região da crista tibial, com agulha estéril
de metal e seringa estéril de 20 ml; o material aspirado foi imediatamente inoculado em meio
de cultura NNN/LIT, em microambiente estéril (bico de bunsen). A eutanásia foi realizada
logo após a punção de medula óssea, utilizando-se para isso uma dose extra de thionembutal,
via endovenosa e, logo após, injeção de 20ml de solução de cloreto de potássio saturada (20%
de cloreto de potássio em água bidestilada), via endovenosa. Uma vez atestado o óbito do
animal foi realizada incisão no flanco esquerdo para exposição dos intestinos, para coleta de
dois fragmentos de linfonodo mesentérico, e baço, para coleta de dois fragmentos de borda,
sendo uma amostra para impressão em lâmina e outra para PCR. Da borda distal da orelha
48
foram retirados dois fragmentos para as mesmas técnicas. A carcaça do animal foi
acondicionada em saco plástico e destinada ao aterro sanitário do respectivo município. Todos
os procedimentos envolvendo os animais foram aprovados pelos comitês de Ética, CEUA -
FIOCRUZ e CETEA - UFMG (anexos 1 e 2).
5.5 Realização do teste rápido Kalazar detect™
O sangue em tubos sem anticoagulante foi centrifugado a 3000 rpm, por 10 minutos,
para separação do soro. O teste rápido Kalazar detect™ - InBios International Inc. USA foi
realizado utilizando-se duas gotas de soro (aproximadamente 20µl), gotejadas na ponta do
teste, e duas gotas da solução tampão, conforme instruções do fabricante. As fitas foram
mantidas em posição vertical, até a visualização da(s) banda(s). Resultados duvidosos foram
repetidos pelo menos uma vez.
5.6 Exames parasitológicos
5.6.1 Impressão e esfregaço em lâmina
Foram realizadas impressões em lâmina de fragmentos de linfonodo mesentérico,
borda de baço e ponta de pele de orelha e esfregaço em lâmina de amostras de medula óssea
de todos os animais amostrados. As lâminas foram coradas pelos métodos Giemsa e Panótico
e visualizadas em microscópio ótico, objetiva de imersão (100X), à procura de formas
amastigotas.
5.6.2 Mielocultura
As amostras de medula óssea dos animais amostrados, inoculadas em meio de cultura
imediatamente após a coleta, foram armazenadas em caixa de isopor, à temperatura ambiente
por dois dias e posteriormente em estufa tipo B.O.D, à temperatura de 25ºC ± 1ºC. Após 3 ou
4 dias as amostras foram submetidas à limpeza para retirada de coágulo, em ambiente estéril
(capela de fluxo laminar). O exame foi realizado em intervalo de quatro a sete dias, em
microscópio ótico, objetiva de 10X ou 40X, colocando-se uma gota sobre lâmina; a cultura foi
considerada positiva quando foi observada a presença de pelo menos uma forma promastigota
de Leishmania. As amostras isoladas foram expandidas em meio NNN/LIT, passando de
tubos de ensaio para erlenmeyers de 50 a 150ml até atingir o volume final de 100.000.000
células, em aproximadamente 40ml de meio de cultura, para realização da PCR. A contagem
dos parasitos foi realizada em câmara de Neubauer. Quando a amostra atingiu o volume de
células desejado o meio líquido foi centrifugado a 3000 rpm, 4ºC, por 15 minutos, para
sedimentação das células, lavado e resuspendido em PBS por 2 ou 3 vezes, posteriormente
49
congelado a – 20ºC. Amostras negativas foram acompanhadas por pelo menos quatro
semanas; se após esse período permaneciam negativas eram descartadas.
5.7 Métodos moleculares
5.7.1 Extração de DNA para realização de PCR
Para extração de DNA das amostras de pele, baço, linfonodo e massa de cultura de
Leishmania foi utilizada a técnica de extração pelo método do fenol-clorofórmio descrita por
Sambrook e Maniatis (1989). Uma pequena amostra (2 mm) do tecido (pele, baço, linfonodo)
ou um pequeno volume de massa de cultura congelada (2,5 x 106 células/ml) foram
macerados em tubos tipo eppendorf de 1,5 ml, com auxílio de pistilo. Após formação de uma
massa homogênea foi adicionada solução de lise (100mM de Tris-HCl, 100mM de NaCl ,
25mM de EDTA, 0,5% de SDS, pH 8,0) seguido de agitação suave. Foram acrescentados
10µl de solução de proteinase K (10mg/ml) ao conteúdo, posteriormente incubado a 37ºC, por
24 horas. Após a incubação, foram adicionados aos tubos 500 a 700µl de solução de fenol
ultrapuro (USB®). Os tubos foram agitados manualmente até formar uma emulsão, por 10
minutos e, posteriormente, centrifugados a 14.000 rpm, por 10 minutos. O sobrenadante foi
retirado e transferido para outro tubo, onde foi acrescentada solução de fenol-clorofórmio-
álcool isoamílico (25:24:1) (USB®), numa proporção de 1:1. O conteúdo foi novamente
homogeneizado e centrifugado a 14.000 rpm, por 10 minutos. O sobrenadante foi novamente
retirado e transferido para novo tubo, adicionado de solução de clorofórmio-álcool isoamílico
(24:1) (USB®), repetida a centrifugação e nova retirada do sobrenadante nas mesmas
condições. O DNA foi precipitado utilizando-se 1/10 de volume de solução de acetato de
sódio 3M, pH 5.2 e um volume de 1/50 de etanol absoluto gelado, armazenado a – 20ºC, por
24 horas, ou a – 70ºC, por uma hora. Posteriormente a amostra foi centrifugada a 14.000 rpm,
por 30 minutos, a 4ºC, para sedimentação do DNA e descarte do sobrenadante. A amostra foi
lavada com 500 µl de álcool 70% gelado e centrifugada a 14.000 rpm, por 15 minutos, por
duas vezes, e o sobrenadante descartado. O DNA foi mantido à temperatura ambiente, por
24h, resuspendido em TE 1X ou água Milli Q e submetido a leitura em espectrofotômetro
(Nanodrop - Thermo Fisher Scientific Inc.), na faixa de 260 a 280nm, para avaliar grau de
pureza da amostra e quantidade de DNA extraído; o DNA foi posteriormente armazenado a –
20 ºC.
5.7.2 Reação em cadeia da polimerase - PCR
As amostras de DNA extraído de pele de orelha, linfonodo mesentérico e baço foram
utilizadas primeiramente em reações de PCR para identificação do gene constitutivo da β
50
globina do cão (PCR da β globina), para confirmar o sucesso da extração e, uma vez
positivas, para detecção de DNA de Leishmania spp. (PCR para kDNA).
As amostras de DNA obtidas a partir de massa de promastigotas isoladas em
mielocultura foram utilizadas somente em PCR para kDNA. A extração de DNA foi repetida
em amostras onde não houve amplificação na PCR para o gene da β globina.
5.7.2.1 PCR para o gene da β globina do cão
Com objetivo de verificar o sucesso na extração de DNA das amostras clínicas
utilizadas foi efetuada a amplificação de um fragmento do gene constitutivo do cão que
codifica a subunidade protéica β globina da proteína transportadora de oxigênio em
mamíferos, a hemoglobina, a qual é composta de duas cadeias α (alfa) globina e duas cadeias
β (beta) globina. Os iniciadores utilizados foram os seguintes: 5´ CAA CTT CAT CCA
CGT TCA CC 3´ e 5` ACA CAA CTG TGT TCA CTA GC 3` (Greer et al., 2001;
Quaresma et al., 2009).
As reações foram preparadas para um volume final de 20µl por amostra contendo 2µl
de DNA (de 50 a 1000ng), 0,95µl (10 pmol) de cada iniciador (Bioneer), 13,38µl de água
ultra-pura (GibcoTM), 0,32 µl (12,5mM) de dNTP (InvitrogenTM), 2µl de tampão 10X (com
1,5mM MgCl2 -InvitrogenTM) e 0,4µl (2U) de DNA polimerase (InvitrogenTM).
A reação foi realizada no termociclador automático (Perkin-Elmer Geneamp PCR
Sistem 2400) e as condições de amplificação foram as seguintes: 94ºC por 3 minutos,
seguidos de 30 ciclos de 94ºC por 30 segundos para desnaturação, 45ºC por 30 segundos para
anelamento e 72ºC por 45 segundos para extensão; a extensão final foi realizada a 72ºC por
cinco minutos.
5.7.2.2 PCR kDNA para o gênero Leishmania
O par de iniciadores utilizado foi previamente desenhado para o gênero Leishmania, a
partir da região conservada do minicírculo do DNA do cinetoplasto (kDNA) do parasito. Os
iniciadores A: 5´ (C/G) (C/G) (G/C) CC(C/A) CTA T(T/A)T TAC ACC AAC CCC 3´ e
iniciador B: 5´ GGG GAG GGG CGT TCT GCG AA 3´ (Degrave et al., 1994)
amplificam um segmento de 120 pb.
As reações foram preparadas para um volume final de 50µl contendo 1,0µl de DNA
(de 10 a 20 ng, para amostras de DNA de cultura e de 30 a 300 ng, para amostras de DNA de
tecidos), 1,0µl (10 pmol) de cada iniciador (Bioneer), 46µl de água ultra-pura (GibcoTM) e
uma “bead” (Ready-to-go PCR beads - GE Healthcare) contendo, após reconstituição para
50µl, uma concentração de 100 µM de cada dNTP em 5 mM de Tris-HCl (pH 9.0 em
51
temperatura ambiente), 25mM de KCl, 1,5 mM de MgCl2, BSA, aproximadamente 2,5
unidades de DNA polimerase e tampão de reação.
A amplificação foi feita em equipamento termociclador automático (Perkin-Elmer-
Geneamp PCR Sistem 2400) utilizando-se o seguinte programa: 94ºC por 4 minutos seguidos
de 35 ciclos de: 94ºC por 30 segundos para desnaturação, 60ºC por 30 segundos para
anelamento e 72ºC por 30 segundos para extensão; extensão final a 72ºC por dez minutos.
5.7.2.2.a Visualização dos resultados
Os produtos amplificados resultantes da PCR kDNA e PCR β globina foram
visualizados através de eletroforese em gel de poliacrilamida 6% (10ml de solução de
bisacrilamida 6%, 125µl de PSA, 12,5µl de TEMED) submetido a corrente de 60V e 110V
(Fonte BioRad), antes e após separação das bandas, respectivamente, imerso em tampão TBE.
O gel foi incubado em com solução fixadora (10% de álcool p.a., 0,5% de ácido acético) por
10 minutos, solução de nitrato de prata 0,2% por 10 minutos, lavagem com água tipo I por 2
minutos e solução reveladora (NaOH a 3%) até visualização das bandas. Todas as soluções
foram preparadas com água tipo I - bidestilada.
Foram aplicados no gel 5 µl do produto amplificado misturados a 5 µl de tampão de
corrida (azul de bromofenol). O marcador de peso molecular utilizado foi o ØX 174
(InvitrogenTM) que, digerido pela enzima HaeIII, apresenta 11 fragmentos variando de 72 a
1357 pb.
5.7.2.3 PCR RFLP kDNA
A técnica de RFLP utiliza enzimas que cortam a dupla fita de DNA pelo
reconhecimento de uma pequena seqüência de nucleotídeos, usualmente de quatro a seis pares
de bases de tamanho. O kDNA das espécies L. L. amazonensis, L. V. braziliensis e L. L.
chagasi (=L. infantum) apresenta seqüências suficientemente distintas para ser utilizado na
diferenciação destas espécies. Segundo Volpini (2004), a digestão com a endonuclease HaeIII
(Haemophilus aegyptius) possibilita a distinção das três espécies; já a enzima ApaI
(Acetobacter pasteurianus) diferencia apenas os complexos Leishmania e Viannia. Para a
identificação das espécies de Leishmania nas amostras de cães “PCR positivos” para o gênero
Leishmania foi utilizada a enzima HaeIII , que digere L. (L). amazonensis em um fragmento
de 116 pb; L. (V.) braziliensis em dois fragmentos, de 80 e 40 pb; L. (L.) chagasi em
fragmentos de 120, 80, 60 e 40 pb (Tabela 1).
A técnica foi realizada conforme descrito por Andrade e colaboradores (2006). Uma
mistura prévia contendo 2U (0,2µl) da enzima de restrição HaeIII (Invitrogen™), 2,0µl do
52
tampão da enzima (Invitrogen™), 7,8µl de água ultra-pura (GibcoTM) foi posteriormente
adicionada de 10µl de produto amplificado, homogeneizada e incubada a 37ºC, por 3 horas,
em banho-maria.
5.7.2.3.a Visualização dos resultados
A visualização das bandas foi por eletroforese em gel de poliacrilamida 10% (10ml de
solução de bisacrilamida 10%, 125µl de PSA, 12,5µl de TEMED), seguindo o procedimento
descrito no item 7.2.2.a.. Foram aplicados no gel 5 a 7µl da amostra do produto amplificado
digerido pela enzima, misturados a 5 µl de tampão de corrida (azul de bromofenol). O
marcador de peso molecular utilizado foi o 25 pb (InvitrogenTM) que gera 19 bandas de 25 a
450 pb, mais uma banda de 500 pb.
5.7.2.4 PCR RFLP hsp70
A técnica de PCR RFLP do gene hsp70 foi utilizada com o objetivo de confirmar as
amostras de Leishmania isoladas em cultura que, na PCR RFLP do kDNA, apresentaram
perfil de L. amazonensis. A PCR do gene hsp70 amplifica uma região de 1.300 pb do DNA
genômico e a respectiva RFLP é realizada com a enzima HaeIII (Garcia et al., 2004; Garcia et
al., 2006; Garcia et al., 2007).
Os iniciadores utilizados foram os seguintes: hsp70 senso
5`GACGGTGCCTGCCTACTTCAA3` e hsp70 anti-senso
5`CCGCCCATGCTCTGGTACATC3` (Garcia et al., 2004; Garcia et al., 2006). As reações
foram preparadas para um volume final de 25µl por amostra contendo 2µl de DNA (de 20 a
200ng), 1,0µl (10 pmoles) de cada iniciador, 18,48µl de água ultra-pura (GibcoTM), 0,4µl de
dNTP (12,5mM - InvitrogenTM), 0,375µl de MgCl2 (50mM - InvitrogenTM), 2,5µl de tampão
10X (sem MgCl2 - InvitrogenTM) e 0,25µl de Taq polimerase Platinum®(5U/µl- InvitrogenTM).
Utilizou-se o termociclador automático (Perkin-Elmer Geneamp PCR Sistem 2400) e
as condições de amplificação foram: 94ºC por 5 minutos, 35 ciclos de: 94ºC por 30 segundos
para desnaturação, 61ºC por 1 minuto para anelamento, 72ºC por 3 minutos para extensão;
extensão final a 72ºC por 10 minutos. Os produtos da PCR foram visualizados em gel de
agarose 2%, corado pelo brometo de etídio, sob luz ultravioleta.
5.7.2.5 PCR kDNA para complexo mexicana
A técnica de PCR kDNA para complexo L. mexicana foi utilizada como metodologia
extra, para confirmação das amostras identificadas como L. amazonensis; foi realizada em
outro laboratório, com objetivo de confirmar imparcialmente os achados dessa espécie. Os
53
iniciadores M1 5` CCAGTTTCGAGCCCCGGAG 3` e M2
5`GGTGTAAATAGGGGCGGATGCTCTG 3` amplificam uma região variável das
moléculas do minicírculo do kDNA (Eresh et al., 1994).
As condições de amplificação foram as seguintes: 95ºC por 3 minutos, seguidos de 33
ciclos de 94ºC por 30 segundos para desnaturação, 45ºC por 30 segundos para anelamento e
72ºC por 1 minuto para extensão; a extensão final foi realizada a 72ºC por 5 minutos. Os
resultados da PCR foram visualizados em gel de agarose 2%, corado pelo brometo de etídio.
Essa técnica foi realizada no Laboratório de Sistemática Bioquímica, Departamento de
Bioquímica e Biologia Molecular do Instituto Oswaldo Cruz - Fundação Oswaldo Cruz, sob
responsabilidade da Drª Raquel Pacheco.
5.8 Cepas de Referência de Leishmania spp.
As cepas de referência utilizadas como controle positivo das reações de PCR e como
perfil padrão de digestão nas RFLP’s foram:
- L. amazonensis (IFLA/BR/67/PH8)
- L. braziliensis (MHOM/BR/75/M2903)
- L. chagasi (MHOM/BR/74/PP75)
- L. guyanensis (MHOM/BR/75/M4147)
54
5.9 Análise estatística
Nas análises foram realizados testes para comparação dos resultados obtidos
utilizando-se diferentes técnicas. Foi adotado o método de sorologia como “padrão ouro”, ou
atributo conhecido.
As análises estatísticas utilizadas foram: Análise de Concordância de Kappa (1), o
teste do qui-quadrado e teste exato de Fisher (2) e o teste para duas proporções binomiais (3).
1) Para descrevermos a intensidade da concordância entre dois ou mais juízes, ou entre
dois métodos de classificação (por exemplo: dois testes de diagnóstico), utiliza-se a medida de
concordância Kappa que é baseada no número de respostas concordantes, ou seja, no número
de casos cujo resultado é o mesmo entre os juízes. O Kappa é uma medida de concordância
inter-observador e mede o grau de concordância além do que seria esperado tão somente pelo
acaso. Esta medida de concordância tem como valor máximo o 1, onde este valor 1 representa
total concordância e os valores próximos e até abaixo de 0, indicam nenhuma concordância,
ou a concordância foi exatamente a esperada pelo acaso. Para avaliar se a concordância é
razoável, fazemos um teste estatístico para avaliar a significância do Kappa. Neste caso a
hipótese testada é se o Kappa é igual a 0, o que indicaria concordância nula, ou se ele é maior
do que zero, concordância maior do que o acaso (teste monocaudal: H0: K = 0; H1: K > 0). Se
o p-valor do teste de Kappa for maior que o nível de significância tem-se evidências de que o
valor da estatística é igual a zero, ou seja, os juízes são não concordantes. As diretrizes para a
interpretação (sempre subjetiva) de Kappa, segundo Fleiss (1981) são dadas na seguinte
tabela:
Valor de Kappa Concordância -1 ____ 0,4 Pobre
0,4 ____ 0,75 Razoável ou Boa 0,75 ____ 1,0 Excelente
Figura 3: Valores de Kappa e nível de concordância.
2) Naturalmente, os valores específicos obtidos para os indicadores acima numa
determinada situação de pesquisa podem surgir aleatoriamente, por pura coincidência, sendo
necessário aplicar um teste estatístico, mais comumente o Teste Qui-Quadrado ou o Teste
Exato de Fisher, aceitando os resultados da análise quando a probabilidade do acaso for
menor ou igual a 5%. Se os testes forem estatisticamente significativos, (p-valor menor que
0,05) têm-se evidências de que as variáveis são correlacionadas ou não independentes. O p-
55
valor do teste exato de Fisher é exato para todos os tamanhos de amostra, enquanto resultados
de testes Qui-Quadrado que examinam as mesmas hipóteses podem ser inexatos quando as
contagens das células são pequenas.
3) Realizou-se também um teste de hipóteses para a diferença entre duas proporções
binomiais. Para tal diferença calculou-se um intervalo de confiança (IC 95%). O resultado
oferece dois testes de hipóteses para a diferença entre duas proporções: Teste Exato de Fisher,
e um teste baseado em uma Aproximação Normal. O teste da Aproximação Normal pode ser
inexato para amostras nas quais o número de eventos em qualquer amostra é menor que cinco,
ou se a diferença entre o número de ensaios e eventos em qualquer amostra é menor que
cinco. O Teste Exato de Fisher é exato para todos os tamanhos de amostra, mas só é indicado
como forma de decisão quando a hipótese nula declara que as proporções populacionais são
iguais. Assim, para os demais casos, utiliza-se a Aproximação Normal.
56
Resultados
57
6 Resultados
6.1 Caracterização clínica dos animais
Os animais amostrados foram agrupados conforme classificação descrita por
Mancianti e colaboradores (1988) com modificações. Em nossa abordagem, utilizou-se
somente as formas polares da doença (cães sintomáticos e cães assintomáticos).
Figura 4: Sinais clínicos sugestivos de leishmaniose visceral, encontrados nas amostras caninas selecionadas, nos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu, MG. A, B, C, D - Lesões de baço; E - Dermatite e emaciação; F - ceratoconjuntivite e opacificação de córnea.
A B
C D
E F
58
Figura 2: Sinais clínicos sugestivos de leishmaniose visceral, encontrados nas amostras caninas selecionadas, nos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu, MG. G - Onicogrifose; H - Dermatite periocular e de ponta de orelha, hiperqueratose de focinho; I - Ceratoconjuntivite purulenta, onicogrifose, hiperqueratose de focinho; J - Ceratoconjuntivite purulenta, onicogrifose, hiperqueratose de focinho, tumefação óssea na região do focinho.
Observou-se que os aspectos clínicos dos animais variaram em um amplo espectro,
desde casos totalmente assintomáticos, com animais hígidos, ativos, com bom escore
corporal, pêlos e olhos brilhantes, até indivíduos totalmente debilitados, caquéticos, com
dermatopatias generalizadas, emaciação, expressão triste e outros sinais e sintomas sugestivos
de doença em estágio terminal. Constatou-se também a presença de intensas lesões em órgãos
internos, principalmente no baço, em animais totalmente assintomáticos. Dos 44 animais
amostrados, 29 (66%) eram cães sem raça definida (SRD); 72,7% eram machos e 27,3% eram
fêmeas.
6.2 Relação dos animais amostrados A tabela 2 descreve os animais amostrados nos respectivos municípios. Em Janaúba
foram selecionados, inicialmente, 15 animais, como nos demais municípios, mas dois deles
morreram, um durante a anestesia, impossibilitando somente a punção de medula óssea, outro
durante o transporte para o CCZ de Montes Claros; este último foi descartado da amostra.
G H
I J
59
Município Número Sexo Raça Sinais clínicos 1 M SRD Sintomático 2 M SRD Sintomático 3 M SRD Sintomático 4 M Pinscher Sintomático 5 M Pinscher Sintomático 6 M Pinscher Assintomático 7 F SRD Sintomático 8 M SRD Assintomático 9 M SRD Assintomático 10 M SRD Assintomático 11 M SRD Sintomático 12 M SRD Assintomático 13 M SRD Sintomático
Janaúba
14 M SRD Assintomático 1 F SRD Sintomático 2 M SRD Assintomático 3 M SRD Sintomático 4 M SRD Assintomático 5 F SRD Assintomático 6 F SRD Sintomático 7 M SRD Sintomático 8 M Husky Siberiano Assintomático 9 F Pastor Alemão Assintomático 10 F Pastor Alemão Sintomático 11 F Rottweiler Assintomático 12 M Pastor Alemão Assintomático 13 F A. Pit Bull Terrier Sintomático 14 M A. Pit Bull Terrier Sintomático
Montes Claros
15 M SRD Sintomático 1 M pit bull Assintomático 2 M SRD Assintomático 3 M SRD Assintomático 4 M pit bull Assintomático 5 M SRD Assintomático 6 M SRD Assintomático 7 M SRD Assintomático 8 F SRD Assintomático 9 F SRD Sintomático 10 M pinscher Assintomático 11 M SRD Assintomático 12 M pinscher Assintomático 13 F SRD Assintomático 14 F poodle Sintomático
Paracatu
15 M SRD Sintomático Legenda: (F) fêmea; (M) macho; (SRD) cão sem raça definida.
Tabela 2. Relação dos animais amostrados nos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu, segundo sexo, raça e sinais clínicos.
60
A tabela 3 mostra a relação percentual de animais amostrados, segundo caracterização
clínica e município de origem.
Município Clínica Número de cães Percentual de cães
Janaúba Sintomáticos
Assintomáticos
8
6
57,1%
42,9%
Montes Claros Sintomáticos
Assintomáticos
8
7
53,3%
46,7%
Paracatu Sintomáticos
Assintomáticos
3
12
20%
80%
TOTAL Sintomáticos
Assintomáticos
19
25
43,2%
56,8%
6.3 Resultados do exame parasitológico em lâmina.
6.3.1 Exame parasitológico total.
A figura 3 mostra os resultados do exame parasitológico total em lâmina dos animais
amostrados nos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu. Foram considerados
animais positivos aqueles que apresentaram pelo menos um resultado positivo (visualização
de amastigota) em uma das lâminas de tecidos. Em lâminas de dois, dos quatorze cães
selecionados em Janaúba não foi possível a leitura (cães número 8 e 9)1.
33,0
80,0 80,0
67,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
Janaúba n=121
Montes Clarosn=15
Paracatun=15
TOTAL*n=42
Per
cen
tual
(%
) d
e p
osit
ivid
ade
Figura 5: Resultados do exame parasitológico em lâmina total dos cães amostrados nos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu. * TOTAL: para os três municípios.
Tabela 3: Relação percentual de animais amostrados conforme clínica e origem.
Municípios
61
6.3.1.1 Sorologia (RIFI e ELISA) como padrão-ouro:
O percentual de positividade do exame parasitológico em lâmina, considerando-se a
sorologia (RIFI e ELISA) como padrão-ouro, para os 3 municípios em conjunto, foi de 67%;
quando a amostra total de cães foi subdividida entre grupo de cães assintomáticos e
sintomáticos, o percentual de positividade foi de 61% e 74%, respectivamente.
6.3.2 Exame parasitológico por órgão avaliado.
Quando avaliou-se o desempenho de cada tecido separadamente, concluiu-se que não
existem diferenças estatísticas entre os exames parasitológicos de pele, baço, linfonodo e
medula óssea, ou seja, os testes indicaram que eles são concordantes (Kappa = 0,451,
concordância razoável ou boa) nas amostras estudadas (p-valor = 0,000).
6.4 Resultados do teste rápido Kalazar detectTM
Os resultados da figura 3 referem-se ao teste rápido Kalazar detectTM, realizado em
soro dos animais amostrados em Janaúba, Montes Claros e Paracatu.
33
73 73
3340
53
16
26
53
8
20
46
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Janaúba n=12
Montes Clarosn=15
Paracatu n=15
Per
cen
tual
(%
) d
e p
osit
ivid
ade
Baço
Pele
Linfonodo
medula
Municípios
Figura 6: Resultados do exame parasitológico em lâmina, por órgão, dos cães amostrados nos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu.
62
*TOTAL: para os três municípios.
6.4.1 Sorologia (RIFI e ELISA) como padrão-ouro:
O percentual de positividade pelo teste rápido Kalazar detectTM foi de 77%
considerando-se o grupo total de animais. Avaliando-se o desempenho do teste por subgrupo
de animais, o percentual de positividade foi de 61% e 100%, para animais assintomáticos e
sintomáticos, respectivamente.
6.5 Resultados da PCR.
6.5.1 Resultados da PCR por órgão avaliado.
A figura 6 mostra o desempenho do método da PCR, nos três tecidos avaliados: baço,
linfonodo e pele, para a amostra total de cães estudados dos três municípios.
78,6
60
93,377
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Janaúba n=14
Montes Clarosn=15
Paracatun=15
TOTAL*n=44
Per
cen
tual
(%
) d
e p
osit
ivid
ade
Figura 7: Resultados do teste rápido Kalazar detectTM, segundo município de origem.
Municípios
63
6.5.1.1 Sorologia (RIFI e ELISA) como padrão-ouro:
O percentual de positividade da PCR foi de 64% (para os três órgãos em conjunto),
considerando-se a amostra total de animais dos três municípios. Avaliando-se o desempenho
do teste por subgrupo de animais, o percentual de positividade foi de 57% e 74%, para
animais assintomáticos e sintomáticos, respectivamente.
6.5.2 Resultados da PCR por município e órgão avaliado.
53,3
33,3
21,4
13,320
5053,3
73,3
21,4
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70
80%
Janaúban=14
Paracatu n=15
Montes Claros n=15
Per
cen
tual
(%
) d
e p
osit
ivid
ade
baço
linfonodo
pele
36,4
27,3
50
0
10
20
30
40
50
60
baço n=44
linfonodo n=44
pelen=44
Per
cen
tual
(%
) d
e p
osit
ivid
ade
Figura 9: Percentual de positividade da PCR, distribuído por município e por órgão avaliados.
Órgão
municípios
Figura 8: Percentual de positividade da PCR, distribuído por órgão avaliado. .
64
Avaliando-se o desempenho da técnica de PCR por órgão analisado, observou-se que
não há concordância entre os resultados do teste para os três tecidos selecionados (baço
linfonodo e pele). Essa diferença refere-se ao tecido linfonodo, pois o teste estatístico de
Kappa apresentou diferença ou não concordância entre linfonodo e baço (Kappa = 0,170; p-
valor = 0,303, concordância pobre), e linfonodo e pele (Kappa = 0,182; p-valor = 0,310
concordância pobre). O resultado do teste para pele e baço foi considerado concordante
(Kappa = 0,455; p-valor = 0,004, concordância razoável ou boa).
6.6 Resultados do isolamento em mielocultura.
Origem Número do cão com isolamento em cultura positivo
1 3 4 10
Janaúba
11 1 3 5 6 7
Montes Claros
13 1 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14
Paracatu
15
A figura 8 mostra os resultados percentuais do isolamento em mielocultura nos três
municípios. Em Janaúba, ocorreu a perda da amostra de medula óssea de um animal, que
morreu durante a anestesia.
Tabela 4: Relação dos resultados positivos do isolamento em mielocultura (número do cão) para os municípios de estudo.
65
6.6.1. Sorologia (RIFI e ELISA) como padrão-ouro:
O percentual de positividade do isolamento em mielocultura foi de 58% considerando-
se a amostra total de animais dos três municípios. Avaliando-se o desempenho do teste por
subgrupo de animais, o percentual de positividade foi de 52% e 68%, para animais
assintomáticos e sintomáticos, respectivamente.
6.7 Concordância entre os métodos utilizados. O índice de concordância de Kappa foi calculado para comparar o desempenho dos
métodos diagnósticos utilizados, aos pares, para o grupo total de animais, conforme tabelas
abaixo.
6.7.1 Parasitológico e Kalazar detectTM
Kalazar detectTM N P Total
N 6 8 14 Parasitológico
P 3 25 28 Total 9 33 42 Kappa geral 0.353 (concordância pobre) P-valor geral 0.017
38%46%
86%
58%
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Janaúban=13
Montes Clarosn=15
Paracatun=15
TOTAL
Per
cen
tual
(%
) d
e p
osit
ivid
ade
municípios
Figura 10: Resultados percentuais do isolamento em mielocultura, nos municípios estudados.
Tabela 5: Concordância entre resultados dos métodos parasitológico e Kalazar detectTM, para a amostra total de animais.
66
6.7.2 Parasitológico e PCR
PCR N P Total
N 9 5 14 Parasitológico
P 6 22 28 Total 15 27 42 Kappa geral 0.421(concordância razoável ou boa) P-valor geral 0.0060
6.7.3 Kalazar detectTM e PCR.
PCR N P Total
N 6 4 10 Kalazar detectTM®
P 8 26 34 Total 14 30 44 Kappa geral 0.32(concordância pobre) P-valor geral 0.03
6.7.4 Parasitológico e isolamento em cultura.
Isolamento em cultura N P Total
N 10 4 14 Parasitológico
P 7 21 28 Total 17 25 42 Kappa geral 0.441(concordância razoável ou boa) P-valor geral 0.004
Tabela 6: Concordância entre resultados dos métodos parasitológico e PCR, para a amostra total de animais.
Tabela 7: Concordância entre resultados dos métodos Kalazar detectTM e PCR, para a amostra total de animais.
Tabela 8: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e Isolamento em cultura, para a amostra total de animais.
67
6.7.5 Kalazar detectTM e isolamento em cultura
Isolamento em cultura
P N Total P 24 9 10
Kalazar detectTM N 1 9 33
Total 25 18 43 Kappa geral 0,491(concordância razoável ou boa) P-valor geral 0,001
7.6. PCR e isolamento em cultura.
Isolamento em cultura
P N Total P 21 6 27
PCR N 4 12 16
Total 25 18 43 Kappa geral 0,496(concordância razoável ou boa) P-valor geral 0,003
6.8 Resultados por grupo de cães: Sintomáticos.
No grupo de cães sintomáticos (n = 19) foi possível a confirmação da sorologia por
pelo menos um dos testes realizados em 100% dos animais.
O índice de concordância de Kappa foi calculado para comparar o desempenho dos
métodos diagnósticos utilizados, aos pares, conforme tabelas abaixo.
6.8.1 Parasitológico e PCR - cães sintomáticos.
PCR N P
Total
P 2 12 14 Parasitológico
N 3 2 5 Total 5 14 19 Kappa 0,457 (concordância razoável ou boa) P-valor 0,084
Tabela 10: Concordância entre resultados dos métodos PCR e isolamento em cultura, para a amostra total de animais.
Tabela 9: Concordância entre resultados dos métodos Kalazar detectTM e Isolamento em cultura, para a amostra total de animais.
Tabela 11: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e PCR, para cães sintomáticos.
68
6.8.2 Parasitológico e Isolamento em cultura - cães sintomáticos.
Isolamento em cultura
N P
Total
P 3 11 14 Parasitológico
N 3 2 5 Total 6 13 19 Kappa 0,362 (concordância fraca) P-valor 0,262
6.8.3 PCR e Isolamento em cultura - cães sintomáticos.
Isolamento em cultura
N P
Total
P 1 12 13 PCR
N 4 2 6 Total 5 14 19 Kappa 0,617 (concordância razoável ou boa) P-valor 0,017
6.8.4 Resultado geral dos métodos diagnósticos para cães sintomáticos.
A figura 9 refere-se ao resultado geral dos métodos diagnósticos utilizados, separando
a amostra de cães de acordo com a forma clínica: somente cães sintomáticos.
a
b
b
Cães sintomáticos
74
100
74 68
100
0
20
40
60
80
100
120
Parasitológico em lâmina
Kalazar detectTM PCR Isolamento emcultura
Geral*
Método
Per
cen
tual
(%
) d
e p
osit
ivid
ade
Figura 11: Porcentagem de resultados positivos, por método diagnóstico, no grupo de cães sintomáticos, dos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu. * Geral: porcentagem de animais positivos em pelo menos um dos métodos utilizados.
Tabela 12: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e isolamento em cultura, para cães sintomáticos.
Tabela 13: Concordância entre resultados dos métodos PCR e isolamento em cultura, para cães sintomáticos.
69
6.9 Resultados por grupo de cães: Assintomáticos.
Para o grupo de cães assintomáticos (n = 25), a confirmação da sorologia por pelo
menos um método utilizado ocorreu em 88% dos animais.
6.9.1 Parasitológico e Kalazar detectTM - cães assintomáticos.
Kalazar detectTM N P Total
N 6 3 9 Parasitológico
P 2 11 13 Total 8 14 22 Kappa 0,522 P-valor 0,026
6.9.2 Parasitológico e PCR - cães assintomáticos.
PCR N P Total
N 6 3 9 Parasitológico
P 4 9 13 Total 10 12 22 Kappa 0,353 P-valor 0,192
6.9.3 Parasitológico e Isolamento em cultura - cães assintomáticos.
Isolamento em cultura
N P Total N 7 2 9
Parasitológico P 3 10 13
Total 10 12 22 Kappa 0,538 P-valor 0,027
6.9.4 Kalazar detectTM e PCR - cães assintomáticos.
PCR N P Total
N 6 2 8 Kalazar detectTM P 4 10 14
Total 10 12 22 Kappa 0,441 P-valor 0,074
Tabela 17: Concordância entre resultados dos métodos Kalazar detectTM e PCR, para cães assintomáticos.
Tabela 16: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e isolamento em cultura, para cães assintomáticos.
Tabela 15: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e PCR, para cães assintomáticos.
Tabela 14: Concordância entre resultados dos métodos Parasitológico e Kalazar detect, para cães assintomáticos.
70
6.9.5 Kalazar detectTM e Isolamento em cultura - cães assintomáticos.
Isolamento em cultura
N P Total N 7 1 8 Kalazar
detectTM P 3 11 14 Total 10 12 22 Kappa 0,627 P-valor 0,006
6.9.6 PCR e Isolamento em cultura - cães assintomáticos.
Isolamento em cultura
N P Total N 7 3 10 PCR P 3 9 12
Total 10 12 22 Kappa 0,450 P-valor 0,084
6.9.7 Resultado geral dos métodos diagnósticos para cães assintomáticos.
A figura 10 refere-se ao resultado geral dos métodos diagnósticos utilizados,
separando a amostra de cães de acordo com a forma clínica: somente cães assintomáticos.
a
a
b
a
Cães assintomáticos
61 61 5752
88
0 102030405060708090
100
Parasitológico em lâmina
Kalazar detect PCR Isolamento em cultura
Geral*
Método
Per
cen
tual
(%
) d
e p
osit
ivid
ade
Figura 12: Porcentagem de resultados positivos, por método diagnóstico, no grupo de cães assintomáticos, dos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu.
* Geral: porcentagem de animais positivos em pelo menos um dos métodos utilizados.
Tabela 19: Concordância entre resultados dos métodos PCR e isolamento em cultura, para cães assintomáticos.
Tabela 18: Concordância entre resultados dos métodos Kalazar detectTM e isolamento em cultura, para cães assintomáticos.
71
6.10 Resultado geral dos métodos entre grupos clínicos
O desempenho dos métodos de diagnótico utilizados, entre os grupos clínicos -
sintomáticos e assintomáticos, quando avaliado pelo teste de hipóteses entre duas proporções
binomias demonstrou haver diferença estatística somente para o teste Kalazar detectTM ou
seja, o teste apresenta resultados diferentes entre o grupo de animais sintomáticos e
assintomáticos (p-valor = 0,004). Os demais testes foram considerados estatísticamente iguais
entre grupos de animais sintomáticos e assintomáticos.
Dos 44 animais amostrados, 19 (43,2%) obtiveram resultados positivos em todos os
testes utilizados. Destes, 11 (57,9%) eram cães sintomáticos e 8 (42,1%) eram cães
assintomáticos.
6.11 Identificação espécie-específica nas amostras de mielocultura.
A tabela 20 refere-se aos resultados da identificação da espécie de Leishmania em
amostras isoladas em mielocultura, nos três municípios estudados.
Origem Isolamento em cultura nº do cão
Espécie de Leishmania
RFLP kDNA
Espécie de Leishmania
RFLP hsp 70
Espécie de Leishmania complexo mexicana
1 L.chagasi NR NR 3 L.chagasi NR NR 4 L.chagasi NR NR 10 L.chagasi NR NR Ja
naúb
a
11 L.chagasi NR NR 1 L.chagasi NR NR 3 L.chagasi NR NR 5 L.chagasi NR NR 6 L.chagasi NR NR 7 L.chagasi NR NR 13 L.chagasi NR NR M
onte
s C
laro
s
14 L.chagasi NR NR 1 L.chagasi L.chagasi NA 2 L.amazonensis L.amazonensis L.amazonensis 3 NI NI L.amazonensis 4 L.amazonensis L.amazonensis L.amazonensis 5 L.chagasi L.chagasi NA 6 NI NI L.amazonensis 9 NI NI NA 10 NI NI NA 11 NI NI NA 12 L.amazonensis L.amazonensis L.amazonensis 14 NI NI NA
Par
acat
u
15 NI NI NA
Tabela 20: Identificação da espécie de Leishmania,em amostras de mielocultura pelos métodos PCR RFLP kDNA, PCR RFLP hsp70 e PCR para complexo mexicana, em amostras de medula óssea
Legenda: (NI) não identificada, (NA) não se aplica a esse método, (NR.) não realizada.
72
6.12 Identificação espécie-específica para o total de amostras nos municípios.
A figura 13 refere-se à identificação das espécies de Leishmania para o total de
amostras de tecidos dos cães (medula óssea, linfonodo, pele e baço) nos municípios
estudados. Utilizou-se primeiramente a técnica de PCR RFLP kDNA. Nas amostras com
perfil semelhante ao de L. amazonensis realizou-se uma segunda confirmação pelas técnicas
de PCR RFLP hsp70 e PCR para complexo mexicana.
26,3%
94,1%
73,7%
100%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Janaúba Montes Claros Paracatu
Municípios
Per
cent
ual (
%) d
e po
siti
vida
de
L. chagasi
L.braziliensis
L.amazonensis
6.13 Metodologias utilizadas para visualização dos resultados
As figuras 14, 15 e 16 referem-se à visualização dos produtos da PCR kDNA para
complexo mexicana, PCR RFLP hsp70 e PCR β globina.
A figura 14 mostra os resultados da visualização dos produtos de PCR para o
complexo mexicana, em gel de agarose 2%. Observa-se que todas as amostras testadas
(Amostra 1: cão 2; amostra 2: cão 3; amostra 3: cão 4; amostras 4 e 5: cão 6; amostras 6, 7 e
8: cão 12 - todos os cães provenientes de Paracatu) possuem perfil semelhante ao da cepa de
referência para L. amazonensis.
Figura 13: Identificação da espécie de Leishmania, em porcentagem, nas amostras caninas dos municípios de Janaúba, Montes Claros e Paracatu.
73
A figura 15 mostra os resultados da visualização dos produtos de PCR RFLP hsp70
em gel de agarose 2%. Observa-se que duas amostras (Amostra 5: cão 1; amostra 8: cão 5,
ambos provenientes de Paracatu) possuem perfil semelhante ao da cepa de referência para L.
chagasi (MHOM/BR/74/PP75) e 5 amostras (cães 2, 3, 4, 6 e 12 - em seqüência no gel)
possuem perfil semelhante ao da cepa de referência para L. amazonensis
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Figura 14: Visualização de produtos da PCR com os iniciadores M1 e M2 para complexo mexicana, em amostras de mielocultura. Canaletas: 1 a 8 - amostras teste. 9 -Controle Negativo (sem DNA) 10 - Controle Positivo: L. amazonensis (IFLA/BR/67/PH8).
750 pb
Figura 15: Visualização de produto da PCR RFLP hsp70 em amostras de mielocultura. Canaletas: M - Marcador de peso molecular. 1 - L.amazonensis (IFLA/BR/67/PH8), 2 - L.braziliensis (MHOM/BR/75/M2903) 3 - L. chagasi (MHOM/BR/74/PP75), 4 - L. guyanensis(MHOM/BR/75/M4147). 5 a 11 - amostras teste.
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
74
A figura 16 mostra os resultados da visualização dos produtos da PCR para gene da β
globina do cão em gel de poliacrilamida 6%. Todas as amostras de DNA extraído de tecido
dos animais (baço, linfonodo e pele) tiveram resultados positivos para a amplificação de
fragmento do gene da β globina, o que confirmou a presença de DNA de cão. Amostras 1 a 7:
cães 1 a 7, amostras de baço, cães provenientes de Janaúba.
Figura 16: Visualização de produto da PCR para gene da β globina em amostras de tecido dos cães. Canaletas: M - Marcador de peso molecular. 1 a 7 - Amostras positivas para gene da β globina. 8 - Controle positivo da reação. 9 - Controle negativo da reação (sem DNA).
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9
118 pb
75
Discussão
76
7 Discussão.
7.1 O diagnóstico da LVC: observações relevantes
Os métodos de diagnóstico da leishmaniose visceral canina (LVC) têm sido
exaustivamente explorados desde que a doença foi pela primeira vez identificada nesses
animais. Em uma busca rápida pelos termos “diagnóstico da leishmaniose visceral canina”,
em site de periódicos, pode-se encontrar cerca de 520 trabalhos publicados, da década de 60,
até os dias atuais, o que evidencia a magnitude com que o tema tem sido objeto de estudos.
Muitos avanços têm ocorrido nos últimos anos, mas apesar do grande número de testes
disponíveis para o diagnóstico da LVC, nenhum apresenta 100% de sensibilidade e
especificidade (Gontijo e Melo, 2004).
No Brasil, grandes foram as contribuições de pesquisadores como Leônidas Deane e
Maria Deane que, estudando o calazar canino em Sobral, no Ceará, esclareceram os aspectos
mais importantes da epidemiologia da doença, e delinearam a tríade de controle da
leishmaniose visceral, a qual permanece com os mesmos fundamentos básicos até os dias de
hoje (Deane e Deane, 1955b; Deane, 1956).
Baneth e colaboradores (2008) discorrem sobre os dois principais conceitos sobre a
leishmaniose visceral canina, introduzidos graças à associação de estudos epidemiológicos
com técnicas de diagnóstico molecular. O primeiro deles: “A infecção por L. chagasi está
muito difundida em áreas endêmicas, mas nem todos os cães infectados desenvolvem a
doença”. Em um modelo de infecção experimental demonstrou-se que os cães apresentam um
padrão bastante variado de resposta imune; alguns evoluem para a doença, enquanto que
outros permanecem assintomáticos por um período de observação de até cinco anos ou mais
(Killick-Kendrick et al., 1994). Estudos usando a PCR em áreas endêmicas têm confirmado
que a prevalência da infecção nos cães é muito maior do que a proporção daqueles que
desenvolvem a forma sintomática da doença (Solano-Gallego et al., 2001; Alvar et al., 2004).
Estudos longitudinais em áreas endêmicas indicam que a história natural da LVC pode evoluir
de diferentes formas. Em alguns casos, graves sinais clínicos da doença aparecem logo após a
infecção. Já é conhecido o fato que animais com a doença na forma grave são incapazes de
desenvolver uma resposta imune celular efetiva, muito embora eles apresentem uma forte,
mas ineficaz, resposta imune humoral (Pinelli et al., 1994; Barbieri et al., 2006). Em outros
casos, os animais permanecem infectados por longos períodos de tempo (por anos, ou até pela
vida toda), mas são capazes de evitar o aparecimento de sinais ou doença clínica. Contudo, a
mudança no status imune desses cães, ou a administração de drogas imunossupressoras, ou
77
ainda uma grave doença imunodepressora poderão ativar a infecção latente e então surgirem
os sinais clínicos.
O segundo conceito, segundo Baneth e colaboradores (2008), afirma que: “uma vez
que existam as condições favoráveis para a transmissão da doença (alta densidade vetorial e
alta concentração de cães), a infecção irá se espalhar de forma rápida e extensiva entre a
população canina”. Em um estudo de coorte realizado em Nápoles, na Itália, cães não
infectados foram submetidos a 3 estações consecutivas de transmissão da doença e, no final
do estudo, 97,3% dos animais apresentavam resultados positivos para Nested-PCR de medula
óssea e 75,7% eram positivos na sorologia (Quinnell et al., 1997; Oliva et al., 2006).
Esses dois conceitos enfatizam que a doença clínica é apenas o “topo do iceberg” em
áreas endêmicas, e que a maior parte da população canina exposta se torna infectada sem
demonstrar evidências ou sinais clínicos, nem anticorpos anti-Leishmania.
O diagnóstico preciso da LVC pode ser considerado bastante complexo, uma vez que
nem todos os animais infectados por promastigotas metacíclicas a partir da picada de um
flebotomíneo irão desenvolver a doença; alguns podem evoluir para cura espontânea, tendo ou
não passado por período de soroconversão (Genaro, 1993; Alvar, 2004).
Um teste diagnóstico efetivo, quer seja para confirmar um suspeita clínica em um
único paciente, quer seja para identificar infecção em cães assintomáticos em inquéritos, deve
ter alta sensibilidade, especificidade, reprodutibilidade; deve ser simples, de custo viável,
disponível em laboratórios regionais ou adaptável às condições de campo; deve
preferencialmente utilizar métodos não-invasivos para a coleta das amostras biológicas (Maia
e Campino, 2008).
7.2 Métodos sorológicos
As técnicas sorológicas convencionais são limitadas pela possibilidade de ocorrência
de reações-cruzadas com outras doenças parasitárias, como relatado no trabalho de Ferreira e
colaboradores (2007); nesse estudo os autores observaram a ocorrência de reação cruzada
tanto na RIFI quanto no ELISA em amostras de soro de cães infectados com Trypanossoma
cruzi, L. braziliensis e Erliquia canis. Além disso, com a liberação da comercialização da
vacina Leishimune®, composta por antígeno fucose-manose-ligante (ou glicoproteína gp63),
tornou-se necessário considerar com cautela resultados soropositivos, uma vez que o perfil
sorológico de cães vacinados e infectados é semelhante. O único método disponível
atualmente para a distinção entre cães vacinados com Leishimune® e infectados é a técnica
de citometria de fluxo, disponível apenas no âmbito da pesquisa (Andrade et al., 2007).
78
7.3 Métodos parasitológicos
O diagnóstico da leishmaniose visceral canina pode ser obtido a partir de métodos
simples e de baixo custo, como o parasitológico direto, até os mais avançados e de custo
elevado, como os moleculares. Classicamente, o diagnóstico da LVC é confirmado pela
demonstração direta do parasito. Formas intracelulares de Leishmania spp. podem ser
identificadas em diferentes preparações, como as impressões de pele, baço, fígado, linfonodo
e esfregaços de sangue e medula óssea, muito embora seja grande a possibilidade de
resultados falso-negativos, uma vez que o número de parasitos pode ser muito baixo,
principalmente em animais assintomáticos (Chulay e Bryceson, 1983), além da técnica não
permitir a identificação em nível de espécie (Gomes et al., 2007).
Segundo Gomes e colaboradores (2008) o método parasitológico direto pode fornecer
resultados falso-negativos pela possibilidade de baixo número de parasitos em amostras
clínicas ou pela dificuldade na identificação morfológica; além disso, esse método é realizado
a partir de procedimentos invasivos, tornando-se inviável sua utilização em inquéritos
censitários dos programas de vigilância e controle da doença.
De acordo com Ferrer (1999) e Alvar e colaboradores (2004), a microscopia de
impressões de baço e linfonodo apresenta sensibilidade de 60-75% e 30-50%,
respectivamente. Contudo, em um estudo conduzido por Rosypal e colaboradores (2005),
amastigotas foram observadas em 93% das amostras em lâmina de baço e linfonodo de cães
naturalmente infectados. Em nossos resultados o valor da sensibilidade do exame
parasitológico direto foi de 67%, quando comparado ao padrão-ouro sorologia (ELISA ou
RIFI); quando comparado ao padrão-ouro isolamento em cultura o valor da sensibilidade do
teste subiu para 84%.
Outro método convencional é a cultura in vitro de fragmentos ou aspirados de órgãos,
em meio bifásico (Palma e Gutierrez, 1991), ou a inoculação em animais de laboratório,
principalmente hamsters (Herwaldt, 1999). O isolamento em meio de cultura é um método
bastante válido, embora laborioso, porque permite a produção de massa de promastigotas de
parasitos, possibilitando a identificação dos isolados através da técnica de isoenzimas,
metodologia considerada pela Organização Mundial de Saúde como padrão-ouro para
identificação específica de amostras de Leishmania (WHO, 1990).
A cultura in vitro de diferentes tecidos pode aumentar a sensibilidade de detecção do
parasito; contudo, nem todas as cepas de Leishmania crescem com a mesma facilidade e nem
todos os tecidos ou órgãos do mesmo animal têm a mesma carga parasitária (Evans, 1989).
Em estudo conduzido por Maia e colaboradores (2007), 77% das amostras de cultura
de baço, linfonodo, pele e medula óssea se tornaram positivas na primeira semana após o
79
inóculo, 23% positivaram após a segunda ou terceira semana. No presente trabalho, as
culturas de Leishmania se tornaram positivas em média na segunda semana, variando no
período entre a primeira e a quarta semana de cultivo. De acordo com Madeira e
colaboradores (2006) e Maia e colaboradores (2007) amostras de baço, linfonodo e medula
óssea são os tecidos/órgãos com maiores índices de positividade em cultura. Em nosso
trabalho optamos por utilizar unicamente amostras de medula óssea, uma vez que, sendo a
coleta desse material asséptica, diminui a possibilidade de contaminações e aumenta as
chances de isolamento. Apesar das limitações desse método, como a demora em se obter
resultados (de 1 a 4 semanas), a susceptibilidade às contaminações microbiológicas-
principalmente quando a coleta não é estéril, a dependência da carga parasitária e, às vezes, a
baixa adaptação do isolado ao meio de cultura, ele ainda permanece como pré-requisito
essencial para a obtenção de número suficiente de parasitos para identificação isoenzimática,
para a produção de antígenos usados em diagnósticos imunológicos, para modelos de infecção
experimental, testes in vitro de drogas e ainda em algumas metodologias moleculares (Maia e
Campino, 2008). Em nosso trabalho foram produzidas massas de promastigotas das amostras
isoladas em mielocultura para futura caracterização isoenzimática das cepas. O valor da
sensibilidade do isolamento em cultura foi de 52% para o grupo de cães assintomáticos e 68%
para os sintomáticos, tendo como padrão-ouro a sorologia. A sensibilidade do método de
isolamento em cultura no município de Paracatu atingiu o elevado índice de 86%, achado que
talvez esteja relacionado à ocorrência de L. amazonensis, uma espécie que sabidamente tem
bom crescimento em meio artificial.
7.4 Testes imunocromatográficos
Testes imunocromatográficos baseados na ligação de anticorpos específicos a
antígenos, que após interação, migram por uma superfície, possibilitando a visualização dos
resultados têm sido utilizados, no âmbito da pesquisa, para diagnóstico da LVC (Mohebali et
al., 2004; Otranto et al., 2004; Toz et al., 2004; Mettler et al., 2005; Lemos et al., 2008). O
interesse nesses testes deve se principalmente a rapidez com que se obtém o resultado - cerca
de 10 minutos. Para alguns autores, um teste rápido como o Kalazar detectTM tem formato
ideal para uso em campo, porque além de rápido e simples ele não requer um treinamento
extensivo do operador. Mohebali e colaboradores (2004) utilizando um teste rápido
imunocromatográfico com o antígeno recombinante rK39 (Cypress Diagnostic Company,
Bélgica) para diagnóstico da LVC encontraram sensibilidade de 70,9% e especificidade de
84,9%, em amostras de soro de cães provenientes de área endêmica no noroeste do Irã. Nesse
estudo o padrão ouro utilizado foi o DAT (direct agglutination test – teste de aglutinação
80
direta), com ponto de corte de 1:320. Um mesmo teste rápido utilizando o rK39 para
diagnóstico da leishmaniose visceral humana demonstrou sensibilidade de 87,8% e
especificidade de 100% (Delgado et al., 2001). Mettler e colaboradores (2005) concluíram
que o teste rápido pode ser útil para confirmar casos clinicamente suspeitos devido à sua alta
especificidade em animais sintomáticos.
Em nossos estudos, o valor da sensibilidade do teste rápido imunocromatográfico
Kalazar detectTM foi considerado bastante elevado - 96%, quando comparado ao padrão-ouro
isolamento em meio de cultura. O valor da sensibilidade do teste reduziu para 80%, quando o
padrão-ouro adotado foi a sorologia; ainda assim o teste permaneceu com sensibilidade
elevada - foi capaz de detectar 100% dos animais sintomáticos, em relação ao grupo dos
animais assintomáticos, cujo valor de sensibilidade foi de 61%. Esta maior sensibilidade do
teste em animais sintomáticos provavelmente esteja relacionada à maior concentração de
anticorpos, uma vez que nesses indivíduos predomina uma resposta imune padrão TH 2.
Lemos e colaboradores (2008), utilizando a mesma versão comercial desse método,
demonstraram que o Kalazar detect TM apresentou sensibilidade de 83%; nesse trabalho foi
utilizado como padrão-ouro o exame parasitológico direto. Reithinger e colaboradores (2002)
encontraram baixa especificidade (61-75%) no desempenho do teste rápido, o que leva a crer
que uma grande proporção de cães poderiam ser erroneamente diagnosticados como positivos;
em nossos estudos a especificidade do Kalazar detectTM não foi calculada, uma vez que não
trabalhamos com animais sabidamente negativos para LVC.
Em todos os animais cuja infecção foi identificada como sendo por L. amazonensis o
resultado do teste rápido Kalazar detectTM foi positivo, o que deixa dúvida sobre a
especificidade do mesmo para o complexo donovani. Ainda assim não pode-se excluir a
possibilidade de infecções mistas, mesmo quando não são identificados duas espécies de
Leishmania distintas.
7.5 Métodos moleculares - PCR
A eficácia da PCR é influenciada pelo tipo de iniciadores, número de cópias do alvo,
método de extração do DNA, qualidade do material biológico e protocolo de PCR (Alvar et
al., 2004; Cortes et al., 2004; Baneth e Aroch, 2008). Em nossos estudos a PCR obteve um
valor de sensibilidade de 64%, variando de 57% para os assintomáticos a 74% para os
sintomáticos, quando a sorologia foi considerada o padrão-ouro. Quando avaliou-se o
desempenho da PCR, tomando-se como padrão-ouro as amostras positivas na mielocultura, o
valor da sensibilidade elevou-se para 84%. Um único resultado PCR negativo, em um cão
clinicamente suspeito, não é suficiente para excluir a possibilidade de infecção. Estudos que
81
avaliaram o desempenho da PCR em diferentes tecidos de cães infectados têm demonstrado
resultados variáveis e às vezes conflitantes (Baneth e Aroch, 2008). Parte da ampla variação
da sensibilidade observada entre os diferentes estudos pode ser explicada pela distribuição
heterogênea dos parasitos em cada tecido ou pela carga parasitária por órgão associada ao
tropismo das diferentes cepas de Leishmania, além da resposta imune local ( Maia et al.,
2007).
Gomes e colaboradores (2007), trabalhando com cães provenientes do estado de São
Paulo, encontraram uma concordância de 95% entre os métodos parasitológico (isolamento
em cultura e exame de lâmina) e molecular (PCR), no grupo de cães sintomáticos; para o
grupo de cães assintomáticos a concordância entre esses métodos foi de 90%. Em nossos
resultados, o exame parasitológico foi não concordante com a PCR.
7.6 Identificação de espécie(s) de Leishmania
A identificação da(s) espécie(s) de Leishmania em áreas sabidamente endêmicas para
o calazar contribui para uma melhor compreensão da epidemiologia da doença, e
consequentemente para a elaboração de estratégias de controle da mesma. Oliveira e
colaboradores (2005), trabalhando na cidade de Araçuaí, Vale do Jequitinhonha/MG,
encontraram DNA de Leishmania dos complexos L. braziliensis, L. mexicana e L. donovani
em roedores silvestres (Thrichomys apereoides) e sinantrópicos (Rattus rattus) em amostras
de sangue e pele. A região é endêmica para LV e LT e o achado corrobora para a conclusão
de que L. amazonensis também circula em Minas Gerais. Barral e colaboradores (1986),
trabalhando na região Nordeste do Brasil, isolaram Leishmania da medula óssea de um
paciente humano com a forma clássica da leishmaniose visceral; após a caracterização por
isoenzimas e anticorpos monoclonais, concluíram que tratava-se de Leishmania Mexicana
amazonensis. Esse foi o primeiro relato de caso de leishmaniose visceral causada por essa
espécie. Madeira e colaboradores (2006) descreveram o primeiro caso de infecção mista com
L. (V.) braziliensis e L. (L.) chagasi em um cão naturalmente infectado na cidade do Rio de
Janeiro. Os parasitos isolados das lesões cutâneas foram caracterizados como L. braziliensis e
os isolados de sangue e linfonodos como L. chagasi, utilizando-se a técnica de isoenzimas. A
análise por PCR, seguida de hibridização para identificação específica, também demonstrou a
presença de DNA de Leishmania (V.) braziliensis na amostra de lesão cutânea e DNA de L.
(L.) chagasi, nas amostras de baço e linfonodo poplíteo. Na região metropolitana de Belo
Horizonte/MG, área endêmica para LV e LT, Quaresma e colaboradores (2007) encontraram
DNA de L. braziliensis em amostra de sangue de um cão, e amostra de medula, de outro cão;
Teixeira-Neto e colaboradores (2008) encontraram DNA de L. chagasi e L. braziliensis
82
concomitantemente em amostras de pele de 4 cães, também em Belo Horizonte; ambos
utilizaram a técnica de PCR-RFLP descrita por Volpini e colaboradores (2004) para
caracterizar o parasito. Em Araçatuba/SP, foram identificados dois cães com infecção por
Leishmania (L.) amazonensis, em área endêmica para LV, ambos com diagnóstico clínico de
leishmaniose visceral (Tolezano et al., 2007). Nesse caso a infecção por L. amazonensis foi
identificada por SSU rDNA-PCR (Small Subunit Ribossomal - pequena subunidade do DNA
ribossomal) associada à hibridização com sondas (Uliana et al., 1994), em amostras de
linfonodo dos 2 animais.
Na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Souza e colaboradores (2005)
encontraram um gato doméstico (Felis catus) infectado com L. L. amazonensis em região
onde a LV é endêmica. Na Bolívia, Martinez e colaboradores (2002) publicaram um relato de
caso de uma criança de 5 anos de idade com diagnóstico de leishmaniose cutânea difusa
(LCD) com infecção mista. A análise isoenzimática dos parasitos isolados a partir da amostra
de lesão de pele demonstrou a presença de L. amazonensis e L. chagasi. Esse foi o primeiro
relato de infecção mista onde foram encontradas duas espécies distintas de Leishmania na
mesma lesão. Gomes e colaboradores (2007) encontraram cães positivos para leishmaniose
visceral, em regiões até então consideradas endêmicas somente para leishmaniose tegumentar.
Da amostra de 114 animais trabalhados, 58 foram positivos na PCR para o gênero Leishmania
e por métodos parasitológicos; destes, 53 foram positivos em PCR para L. chagasi e os 5
restantes foram positivos em PCR para L. braziliensis. Gontijo (2000), estudando isolados de
Leishmania provenientes de casos humanos de LTA do estado de Minas Gerais encontrou
uma amostra com perfil isoenzimático de L. amazonensis, proveniente de paciente com forma
clínica cutânea, residente em Lagoa Santa/MG.
Em todos esses estudos, assim como no nosso, o diagnóstico molecular teve grande
contribuição para a identificação de espécie de Leishmania em locais onde sua ocorrência não
era esperada, o que não seria possível utilizando-se somente métodos imunológicos ou
parasitológico direto.
Pacheco e colaboradores (1987) observaram que, quando se conduzem culturas mistas,
com a presença de mais de uma espécie de parasito, pode ocorrer uma melhor adaptação de
uma das espécies ao meio utilizado; essa leishmania irá se destacar em crescimento, enquanto
que a outra poderá desaparecer. Esse relato pode explicar o fato dos nossos estudos não terem
sido capazes de identificar infecções mistas nas amostras isoladas em meio de cultura, a partir
da punção de medula óssea dos cães.
Todos esses achados reforçam a necessidade de se identificar as espécies de
Leishmania que infectam cães soropositivos em áreas endêmicas, com conseqüente
83
reavaliação das medidas de controle e vigilância epidemiológica das leishmanioses. O
fenômeno de expansão geográfica das leishmanioses possibilita a sobreposição de áreas
endêmicas e a ocorrência de casos de infecção mista, em humanos e cães, como demonstrado
em vários trabalhos (Madeira et al., 2006; Martinez et al., 2002; Oliveira-Neto et al., 1986;
Silveira et al., 1984).
7.7 Sensibilidade dos métodos e formas clínicas
Segundo Saridomichelakis e colaboradores (2005), os esfregaços de medula óssea e de
aspirado de linfonodo são métodos sensíveis e específicos para o diagnóstico da LVC,
contudo sua sensibilidade é significativamente menor (< 30%) em animais assintomáticos. As
amastigotas de Leishmania são mais frequentemente encontradas nos cães sintomáticos, o que
sugere que o status clínico e o número de parasitos nos órgãos-alvo possam estar
correlacionados (Quinnel et al., 2001; Solano-Gallego et al., 2001a; Travi et al., 2001). Um
estudo longitudinal conduzido em cães naturalmente infectados demonstrou que a
infectividade está positivamente correlacionada com as concentrações de anticorpos
específicos anti-Leishmania, a presença de DNA do parasito na medula óssea e o escore
clínico (Courtenay et al., 2002). Esses resultados sugerem que, embora seja possível a
detecção de Leishmania em animais assintomáticos, com baixos níveis de anticorpos e
resposta imune celular específica, provavelmente o número de parasitos em diferentes órgãos
será inferior ao detectado em cães sintomáticos (Killick-Kendrick et al., 1994). Reis e
colaboradores (2005) também encontraram uma associação positiva entre a intensidade do
parasitismo em impressões em lâmina de baço, fígado, medula óssea e pele, e o estado clínico
dos animais. Em nossos estudos a sensibilidade de todas as metodologias empregadas foi
maior para o grupo de animais sintomáticos, do que para os assintomáticos, em concordância
com os achados desses autores.
7.8 Considerações finais
Como obstáculos às ações de controle da LV podem ser citados: o deslocamento de
animais infectados para áreas indenes, o tratamento de cães, a reposição canina muito rápida,
sem a adoção das medidas preventivas, a grande capacidade adaptativa do vetor, a falta de
cumprimento à legislação sanitária, o grande intervalo de tempo entre a coleta de amostras
caninas e o diagnóstico laboratorial, a resistência da população ao controle do reservatório
canino e à borrifação intradomiciliar, a crescente urbanização do agravo, a co-infecção com o
HIV e outras morbidades imunodepressoras, a falta de controle de qualidade dos exames e
kits utilizados por serviços de saúde privados (SES/MG, 2006). Somam-se a esses fatores o
84
fenômeno do aquecimento global, que sabidamente está mudando o perfil epidemiológico das
doenças e a postura passiva da população, que não se percebe como agente promotor de sua
própria saúde, integrado em um sistema de saúde que só funciona plenamente com a sua
participação, esperando sempre que venham do poder público as ações de controle das
endemias e de outras doenças.
As evidências de cães infectados com outras espécies de Leishmania, que não L.
chagasi, demonstradas nesse trabalhado apontam para mais um aspecto vulnerável do
controle da LVC: a eliminação desses cães ocorre sem que existam estudos que comprovem o
papel epidemiológico do cão na manutenção do ciclo de LTA. A simples identificação do
parasito no animal não é o suficiente para que se concluir que o mesmo se comporta como
reservatório da doença. São necessários novos estudos, acerca das espécies de flebotomíneos
encontrados nesses locais, estudos de infecção natural nas espécies vetoras e permissivas,
experimentos de xenodiagnóstico com cães infectados com L. braziliensis e L.amazonensis,
entre outros.
Um dos objetivos do presente trabalho - a confirmação da infecção por Leishmania
spp., por pelo menos um método diagnóstico utilizado, não foi possível em três (6,8%) dos
quarenta e quatro animais. Como um deles tratava-se de um filhote, ainda com dentes de
“leite”, especula-se a possibilidade de identificação de anticorpos maternos pela sorologia.
Com relação aos outros dois animais, uma possibilidade seria a ocorrência de reações
cruzadas com outras hemoparasitoses, principalmente as transmitidas por ectoparasitos, uma
vez que a prevalência de ectoparasitoses nessas regiões é elevada.
A identificação da espécie L. amazonensis, em cães provenientes do município de
Paracatu, sugere a necessidade de estudos posteriores de fauna flebotomínica, contemplando
investigação de infecção natural por Leishmania amazonensis e estudos de infectividade de
cães para as espécies de flebotomíneos do complexo flaviscutellata ou outras.
85
Conclusões
86
8 Conclusões
Dos quarenta e quatro cães avaliados, quarenta e um (93,2%) tiveram a sorologia, RIFI
e ELISA, confirmada por pelo menos um dos métodos diagnósticos utilizados. Não foi
possível a confirmação da infecção por Leishmania spp., por métodos parasitológicos,
imunológicos e moleculares, em três animais soropositivos (6,8%).
Todas as metodologias utilizadas apresentaram maior sensibilidade na análise do
grupo de cães sintomáticos.
O percentual de positividade pelo método parasitológico em lâmina, em amostras de
baço, linfonodo, medula óssea e pele foi de 67%.
O percentual de positividade por cultura de amostras de medula óssea foi de 58%.
O percentual de positividade pelo teste rápido Kalazar detectTM, em amostras de soro,
foi de 80%.
O percentual de positividade pela PCR em amostras de baço, linfonodo e pele foi de
64%.
Os métodos de PCR RFLP kDNA e PCR RFLP hsp70 e PCR M1M2 possibilitaram a
identificação das espécies L. chagasi em cães provenientes de Janaúba, L. chagasi e L.
braziliensis, em cães provenientes de Montes Claros e L. chagasi e L. amazonensis em cães
provenientes de Paracatu. O achado de cão infectado com Leishmania amazonensis,
apresentando sinais clássicos de LVC, sugere que essa espécie possa demonstrar
comportamento viscerotrópico nesses animais.
As amostras de tecido dos cães soropositivos, submetidas à PCR kDNA,
demonstraram que o tecido linfonodo foi não concordante com os tecidos baço e pele, nas
amostras estudadas.
Somente o teste rápido Kalazar detectTM demonstrou ter desempenho diferente entre
grupos de animais sintomáticos e assintomáticos. Este teste foi capaz de identificar 100% dos
animais sintomáticos, contra apenas 61% dos animais assintomáticos.
87
Anexos
88
9 Anexos 9.1 Certificado CEUA – Fiocruz.
89
9.2 Certificado CETEA – UFMG.
90
Referências bibliográficas
91
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