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APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO
ESPAÇOFelipe Eduardo Hideo
Hayashi
Newton Pereira GiraldOrientador
Copyright © 1999 LINJUR. Reprodução e distribuição autorizadas desde que mantido o “copyright”. É vedado o uso comercial sem prévia autorização por escrito dos
autores.
Aplicação da Lei Penal no Espaço 2
A IMPORTÂNCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO
• Os princípios orientadores da aplicação da lei penal no espaço possibilitam definir o campo de atuação do ordenamento jurídico de certos países e territórios
• Objetiva definir a competência para decidir questões penais que violem interesses de dois ou mais países
Aplicação da Lei Penal no Espaço 3
• Alguns destes casos são– quando a ação é praticada no território de um
país e a consumação ocorre no de outro– quando o delito atinge bem jurídico de um
Estado embora praticado no exterior– quando necessita-se da extradição para
aplicação da lei penal
A IMPORTÂNCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO
Aplicação da Lei Penal no Espaço 4
PRINCÍPIOS DE APLICAÇÃO
• Territorialidade
• Nacionalidade
• Proteção
• Competência Universal
• Representação
Aplicação da Lei Penal no Espaço 5
TERRITORIALIDADE
• Prevê a aplicação da lei nacional ao fato praticado no território do próprio país
• Existência de uma Soberania Estatal
• Estão sujeitas à jurisdição todas as pessoas que se encontram no seu território
Aplicação da Lei Penal no Espaço 6
• Princípio adotado pelo Brasil
• Art. 5° do Código Penal
• Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no território nacional
• Exceções– tratados, convenções e regras internacionais– praticados por agentes diplomáticos
TERRITORIALIDADE
Aplicação da Lei Penal no Espaço 7
NACIONALIDADE • Cogita da aplicação da lei do país de origem
do agente, pouco importando o local onde o crime foi cometido
• Pune-se o autor do delito, se nacional, tanto em seu país como fora dos limites territoriais
• O Estado tem o Direito de exigir que seu cidadão no estrangeiro tenha determinado comportamento
Aplicação da Lei Penal no Espaço 8
NACIONALIDADE
• Ativa– aplica-se a lei somente se o autor do delito é
nacional, sem se cogitar da vítima
• Passiva – é necessário que sejam nacionais o autor e a
vítima do ilícito penal, para a aplicação da lei
Aplicação da Lei Penal no Espaço 9
PROTEÇÃO• Aplica-se a lei do país ao fato que atinge
bem jurídico nacional
• Exclui-se a competência do local onde foi praticado o crime, assim como a nacionalidade do agente
• O princípio da proteção defende os Direitos que o Estado considera fundamentais
Aplicação da Lei Penal no Espaço 10
COMPETÊNCIA UNIVERSAL
• O criminoso deve ser julgado e punido onde for detido, segundo as leis desse país
• Não se levam em conta– o lugar do crime – a nacionalidade do autor – o bem jurídico lesado
Aplicação da Lei Penal no Espaço 11
COMPETÊNCIA UNIVERSAL• O fundamento desta teoria segundo João
Mestieri é – “ ser o crime um mal universal, e por isso todos
os Estados têm interesse em coibir a sua prática e proteger os bens jurídicos da lesão provocada pela infração penal”
• Algumas restrições desta são– problemas de diversidade de legislação penal
entre países, a dificuldade na busca de provas
Aplicação da Lei Penal no Espaço 12
REPRESENTAÇÃO
• Serve de subsídio na aplicação da lei penal do país quando – há uma deficiência legislativa ou desinteresse
do Estado que deveria reprimir o crime, ausentando-se
– abrange os crimes cometidos em aeronaves ou embarcações
Aplicação da Lei Penal no Espaço 13
CONCEITO DE TERRITÓRIO
• Em sentido estrito (material), território abrange:– Solo ( e subsolo), sem solução de continuidade
e com limites reconhecidos– Águas interiores– Mar territorial– Plataforma continental – Espaço aéreo
Aplicação da Lei Penal no Espaço 14
ÁGUAS INTERIORES
• São as compreendidas entre a costa do Estado e a linha de base do mar territorial
• Havendo a ocupação soberana de dois ou mais países sobre rios, lagos, baías e golfos internacionais, o território estender-se-á até a fronteira
Aplicação da Lei Penal no Espaço 15
MAR TERRITORIAL
• Constitui-se da faixa ao longo da costa, incluindo o leito e o subsolo respectivos (plataforma continental)
• Lei n° 8617, de 4-1-1993– O mar territorial brasileiro compreende uma
faixa de doze milhas marítimas de largura – medidas a partir da linha de baixa-mar do
litoral continental e insular brasileiro
Aplicação da Lei Penal no Espaço 16
ESPAÇO AÉREO
• Três teorias– da absoluta liberdade do ar
• pode ser utilizado por todos países, sem restrições, não existindo domínio por nenhum Estado
– da soberania• caracteriza-se até os possíveis sinais concretos de
domínio do Estado, ou seja, os prédios mais elevados ou o alcance das baterias anti- aéreas
Aplicação da Lei Penal no Espaço 17
ESPAÇO AÉREO• Três teorias
– soberania sobre a coluna atmosférica pelo país subjacente
• linhas imaginárias que se situam perpendicularmente aos limites do território físico, incluindo o mar territorial
– Código Brasileiro do Ar– art. 11 do Código Brasileiro da Aeronáutica
(Lei n° 7565 de 19-12-1986)
Aplicação da Lei Penal no Espaço 18
EXTENSÃO DO TERRITÓRIO
• § 1° do art. 5° do CP – As embarcações (navios, barcos, iates, etc.)
• de natureza pública
• a serviço do governo
– As aeronaves • públicas
• públicas civis
Aplicação da Lei Penal no Espaço 19
EXTENSÃO DO TERRITÓRIO
• As embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada que se acham em alto-mar ou o estejam sobrevoando
• “Lei da bandeira” ou “princípio do pavilhão”
• Crimes praticados nos barcos salva-vidas ou destroços do navio naufragado
Aplicação da Lei Penal no Espaço 20
EXTENSÃO DO TERRITÓRIO
• Crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada
• Em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente a estas em porto ou mar territorial do Brasil
Aplicação da Lei Penal no Espaço 21
CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO DA REGRA DA
TERRITORIALIDADE
• Para que se aplique esta regra, é necessário a definição do lugar do crime, sendo que existem três teorias a respeito desse assunto
Aplicação da Lei Penal no Espaço 22
LUGAR DO CRIME• A teoria da atividade(ou da ação)
– o lugar do crime é o local da conduta criminosa (ação ou omissão)
• A teoria do resultado (ou do efeito)– aplica-se a lei no local da consumação do crime
• A teoria da ubiqüidade(da unidade, ou mista) – lugar do crime é tanto o local da conduta como o do
resultado
Aplicação da Lei Penal no Espaço 23
LUGAR DO CRIME
• A legislação nacional adotou a teoria da ubiqüidade, nos casos de crimes a distância
• Art. 6° do CP– “Considera-se praticado o crime no lugar em
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado”
Aplicação da Lei Penal no Espaço 24
LUGAR DO CRIME
• Exclui-se a aplicação da lei brasileira nos casos de– interrupção da execução – antecipação involuntária da consumação
ocorridos fora do Brasil, ainda que a intenção do agente fosse obter o resultado no território nacional
– ocorrência de apenas efeitos secundários do crime no território
Aplicação da Lei Penal no Espaço 25
CRIMES COMETIDOS NO ESTRANGEIRO
• Art. 7 ° do CP
• Aplica-se a lei brasileira à estes de acordo com a extraterritorialidade da lei penal– Extraterritorialidade incondicionada – Extraterritorialidade condicionada
Aplicação da Lei Penal no Espaço 26
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
• Inciso I do art. 7° do CP
• § 1° CP
• É obrigatória a aplicação da lei brasileira ao crime cometido fora do território nacional, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro
Aplicação da Lei Penal no Espaço 27
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
• Inciso I - os crimes– “contra a vida ou a liberdade do Presidente da
República”– “contra o patrimônio ou a fé pública da União,
do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público”
Aplicação da Lei Penal no Espaço 28
– “contra a administração pública por quem está a seu serviço”
– “de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil”
– o crime perpetrado com a intenção de destruir grupos étnicos, sociais, religiosos ou nacionais
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
Aplicação da Lei Penal no Espaço 29
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
• Inciso II do art. 7° do CP
• § 2° deste artigo
• Crimes cometidos no estrangeiro, sujeitos também a aplicação da lei brasileira desde que preenchidos certos requisitos
Aplicação da Lei Penal no Espaço 30
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
• II - os crimes – “que, por tratado ou convenção, o Brasil se
obrigou a reprimir”– princípio da justiça ou competência universal,
para repressão aos delitos que atingem vários países como
• os atos de pirataria
• o tráfico de mulheres e entorpecentes
Aplicação da Lei Penal no Espaço 31
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
– “praticados por brasileiro”– princípio da nacionalidade ou personalidade
ativa – “praticados em aeronaves ou embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados”
Aplicação da Lei Penal no Espaço 32
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
• § 2° art. 7° do CP– “entrar o agente no território nacional”
• A saída do agente não prejudicará o andamento da ação penal instaurada
– “ser o fato punível também no país em que foi praticado”
Aplicação da Lei Penal no Espaço 33
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
– aplica-se a lei brasileira na hipótese de o crime ter sido praticado em um local onde nenhum país possui jurisdição
• Alto-mar , certas regiões polares
– “estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição”
Aplicação da Lei Penal no Espaço 34
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
– “não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena”
– “não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável”
Aplicação da Lei Penal no Espaço 35
• § 3° do art. 7°
• Aplica-se a lei brasileira também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil
• Duas condições– que não tenha sido pedida ou negada a
extradição– que haja requisição do Ministério da Justiça
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MIRABETE, Júlio Frabbrini. Manual de direito penal. 16.ed. São Paulo:
Atlas, 2000.
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 8.ed.São Paulo: Saraiva, 1983. V.1.
NORONHA, E. Magalhães. Direito penal.15.ed. São Paulo: Saraiva, 1978.v.1.
INFORMAÇÕES FINAISUniversidade Federal de Santa
Catarina
Centro de Ciências Jurídicas
Disciplina de Informática Jurídica
Aires José RoverProfessor
Felipe Eduardo Hideo HayashiAcadêmico
Florianópolis, 28 de Junho de 2000
Florianópolis, 26 de junho de 2000.
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