apostila direitos humanos

Preview:

Citation preview

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 1/63

 

APOSTILA DE DIREITOS HUMANOS

INTRODUÇÃO

Os Direitos Humanos não possuem um conceito padrão, seus conceitos variam de autor para autor, de pessoa por pessoa. Mas o que todos concordam é que os Direitos Humanos são uma forma de proteção para o homem, que visa manter sua dignidade enquanto cidadão de uma sociedade. E concordam tambémque é obrigação do Estado consagrar e garantir os Direitos Humanos.

Os Direitos Humanos acompanham o processo histórico e desde a Antigüidade até os dias atuais vem passando por um longo processo de formação e aprimoramento. Na Idade Antiga, com a civilizaçãogreco-romana, já se via o que poderia ser considerado como o começo da liberdade política. Na IdadeMédia, com o modo de produção feudal, os Direitos Humanos não apresentaram muita evolução (excetona Inglaterra). E a partir da Idade Moderna, com a Independência dos Estados Unidos, os ideaisiluministas, a Revolução Francesa, o processo de formação dos Direitos Humanos foi acelerado e seus

 princípios começaram a ser disseminados pelo mundo.

Em Histórico do Brasil, vimos que a história brasileira está diretamente vinculada com asConstituições do Brasil. A primeira Constituição ocorreu em 1821 durante o Império, entretanto esta foirepudiada pois ia de desencontro com os Direitos dos Cidadãos, culminando com a Consagração dosDireitos Humanos. A segunda foi a Constituição Republicana de 1821 que ampliou os Direitos Humanose manteve os direitos já consagrados na Constituição Imperial. Durante a Revolução de 1930 foramviolados os Direitos Humanos que culminaram na Revolução Constitucionalista de 1932. A partir daí,deram-se as Constituições de 1934 que visava contudo o bem estar geral; a Constituição de 1946 queredemocratizou o país dos direitos que haviam sido violados pelo Estado Novo, a Constituição de 1967que trouxe inúmeros retrocessos nos direitos humanos, resultando na Constituição de 1969 que começoua vigorar apenas em 1978 com a queda do AI-5, e finalmente a Constituição de 1988, que vigora até hoje,com algumas modificações, chamada de Constituição Cidadã que redefiniu o Estado brasileiro.

A Constituição da República Federativa do Brasil é bem enfática quanto à defesa dos direitos

fundamentais da pessoa humana. Nela encontra-se expressamente evidenciados a prevalência dos direitoshumanos em todas as relações que o Estado brasileiro estabelece com outros países e sobretudo, com oscidadãos brasileiros.

De uma forma geral, os direitos humanos fundamentais pelos os quais o Estado éresponsável são a igualdade, liberdade, direito à vida, à segurança e à propriedade, porém não bastagarantir formalmente a existência deles em nosso convívio, cabe ao Estado garantir as condiçõesmateriais para que esses direitos sejam exercidos plenamente.

 Neste estudo será observado como está prevista e como funciona os direitos humanos em algumaslocalidades mundiais. Pois cada país trata dos direitos do homem de um modo específico, devido asdiferenças de sistemas sociais, aos níveis de desenvolvimento econômico, suas tradições históricas eculturais, portanto é natural que suas observações e métodos de pó em prática os direitos humanos nãosejam iguais. São estas maneiras específicas de aplicação dos direitos do homem que serão observadasneste tópico, baseando nas constituições e realidade de alguns países do mundo.

Em atualidades, o leitor encontra três artigos (um retirado da internet, um retirado do jornalFolha de São Paulo, e outro retirado da revista Carta Capital). Os dois primeiros tratam em geral daenorme crescente expropriação dos Direitos Humanos e a essência de sociedade em promoção daintensificação da globalização capitalista e suas ideologias. Já o terceiro texto ataca uma reforma queatuará no Judiciário, pois não elimina o seu maior problema: a morosidade.

3

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 2/63

 

1. CONCEITO

Os direitos humanos fundamentais, em sua concepção atualmente conhecida, surgiram como produto dafusão de várias fontes, desde tradições arraigadas nas diversas civilizações, até a conjugação dos

 pensamentos filosófico-juridicos, das idéias surgidas com o Cristianismo e o Direito Natural.

Essas idéias encontravam um ponto fundamental em comum, a necessidade de limitação econtrole dos abusos de poder do próprio Estado e de suas autoridades constituídas e a consagração dos

 princípios básicos da igualdade e da legalidade como regentes do Estado moderno e contemporâneo.

Assim, a noção de direitos fundamentais é mais antiga que o surgimento da idéia deconstitucionalismo, que tão somente consagrou a necessidade de insculpir um rol mínimo de direitoshumanos em um documento escrito, derivado diretamente da soberana vontade popular.

Os direitos humanos fundamentais, portanto, colocam-se como uma das previsõesabsolutamente necessárias a todas as Constituições, no sentido de consagrar o respeito à dignidadehumana, garantir a limitação de poder e visar o pleno desenvolvimento da personalidade humana.

 Na visão ocidental de democracia, governo pelo povo e limitação de poder estãoindissoluvelmente combinados. O povo escolhe seus representantes, que, agindo como mandatários,

decidem os destinos da nação. O poder delegado pelo povo a seus representantes, porém, não é absoluto,conhecendo várias limitações, inclusive com a previsão de direitos humanos fundamentais, do cidadãorelativamente aos demais cidadãos e ao próprio Estado. Assim, os direitos fundamentais cumprem, nodizer de Canotilho,

“a função de direitos de defesa dos cidadãos sob uma dupla perspectiva: 1.Constituem, num plano jurídico-objetivo, normas de competência negativa

 para os poderes públicos, proibindo fundamentalmente as ingerências destesna esfera jurídica individual; 2. Implicam, num plano jurídico-subjetivo, o

 poder de exercer positivamente direitos fundamentais (liberdade positiva) ede exigir omissões dos poderes públicos, de forma a evitar agressões lesivas

 por parte dos mesmos”1. 

Como sintetiza Miguel Angelo Ekmikdjian, o homem, para poder viver em companhia deoutros homens, deve ceder parte de sua liberdade primitiva que possibilitará a vida em sociedade. Essas

 parcelas de liberdades individuais cedidas por seus membros, ao ingressar em uma sociedade, seunificam, transformando-se em poder, o qual é exercido por representantes do grupo. Dessa forma, o

 poder e a liberdade são fenômenos sociais contraditórios, que tendem a anular-se reciprocamente,merecendo por parte do direito uma regulamentação, de forma a impedir tanto a anarquia quanto aarbitrariedade. Nesse contexto, portanto, surge a Constituição Federal, que, além de organizar a forma deEstado e os poderes que exercerão as funções estatais, igualmente consagra os direitos fundamentais aserem exercidos pelos indivíduos, principalmente contra eventuais ilegalidades e arbitrariedades do

 próprio Estado.

A constitucionalização dos direitos humanos fundamentais não significou mera enunciaçãoformal de princípios, mas a plena positivação de direitos, a partir dos quais qualquer indivíduo poderáexigir sua tutela perante o Poder Judiciário para a concretização da democracia. Ressalte-se que a

 proteção judicial é absolutamente indispensável para tornar efetiva a aplicabilidade e o respeito aosdireitos humanos fundamentais previstos na Constituição Federal e no ordenamento jurídico em geral.

Como ressaltado por Afonso Arinor de Mello França, “não se pode separar oreconhecimento dos direitos individuais da verdadeira democracia. Com efeito, a idéia democrática não

 pode ser desvinculada das suas origens cristãs e dos princípios que o Cristianismo ligou à cultura políticahumana: o valor transcendente da criatura, a limitação do poder pelo Direito e a limitação do Direito pela

 justiça. Sem respeito à pessoa humana, não há justiça e sem justiça não há direito”.

O respeito aos direitos humanos fundamentais, principalmente pelas autoridades públicas, é

 pilastra-mestra na construção de um verdadeiro Estado de direito democrático. Como bem salientou oministro Marco Aurélio, “reafirme-se a crença no direito; reafirme-se o entendimento de que, sendo umaciência, o meio justifica o fim, mas não este aquele, advindo a almejada segurança jurídica da observância

1 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1994.p.62.

4

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 3/63

 

do ordenamento normativo. O combate ao crime não pode ocorrer com atropelo da ordem jurídicanacional, sob pena de vir a gramar regime totalitário, com prejuízo para toda a sociedade”.

A previsão dos direitos humanos fundamentais direciona-se basicamente para a proteção àdignidade humana em seu sentido mais amplo.

O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e oestabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana pode ser definido como direitos humanos fundamentais.

A Unesco, também definindo genericamente os direitos humanos fundamentais, considera-os por um lado uma proteção de maneira institucionalizada dos direitos da pessoa humana contra osexcessos do poder cometido pelos órgãos do Estado, e por outro, regras para se estabelecer condiçõeshumanas de vida e desenvolvimento da personalidade humana.

Pérez Luño apresenta-nos uma definição completa sobre os direitos fundamentais dohomem, considerando-os um conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico,concretizam as exigências da dignidade, da liberdade e da igualdade humana, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional.

José Castan Tabeñas, por sua vez, define direitos humanos como aqueles direitosfundamentais da pessoa humana “considerada tanto em sua aspecto individual como comunitário” quecorrespondem a esta em razão de sua própria natureza (de essência ao mesmo tempo corpórea, espiritual esocial) e que devem ser reconhecidos e respeitados por todo poder e autoridade, inclusive as normas

 jurídicas positivas, cedendo, não obstante, em seu exercício, ante as exigências do bem comum.

Assim, inúmeros e diferenciados são os conceitos de direitos humanos fundamentais, noque concordamos com Tupinambá Nascimento que, ao analisar esse conceito, afirma que não é fácil adefinição de direitos humanos, concluindo que qualquer tentativa pode significar resultado insatisfatório enão traduzir para o leitor a exatidão, a especificidade de conteúdo e a abrangência, pois como aponta JoséAfonso da Silva, a ampliação e a transformação dos direitos fundamentais do homem no envolver histórico dificulta definir-lhes um conceito sintético e preciso. Aumenta essa dificuldade a circunstância

de se empregarem várias expressões para designá-la, tais como: direitos naturais, direitos humanos,direitos do homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades fundamentais, liberdades

 públicas e direitos fundamentais do homem.

Para após breve análise das diversas terminologias concluir que: direitos fundamentais dohomem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de referir-se a princípios queresumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, éreservada para designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que eleconcretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.

O importante é realçar que os direitos humanos fundamentais relacionam-se diretamentecom a garantia de não ingerência do Estado na esfera individual e a consagração da dignidade humana,tendo um universal reconhecimento por parte da maioria dos Estados, seja em nível de direito

consuetudinário ou mesmo por tratados e convenções internacionais.

A previsão desses direitos coloca-se em elevada posição hermenêutica em relação aosdemais direitos previstos no ordenamento jurídico, apresentando diversas características:imprescritibilidade, inalienabilidade, irrenunciabilidade, inviolabilidade, universalidade, efetividade,interdependência e complementariedade:

Imprescritibilidade: os direitos humanos fundamentais não se perdem pelo decurso do prazo;

Inalienabilidade: não há possibilidade de transferência dos direitos humanosfundamentais, seja a título gratuito, seja a título oneroso;

Irrenunciabilidade: os direitos humanos fundamentais não podem ser objeto derenúncia. Dessa característica surgem discussões importantes na doutrina e

 posteriormente analisadas como a renúncia ao direito à vida e a eutanásia, o suicídio eo aborto;

5

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 4/63

 

Inviolabilidade: impossibilidade de desrespeito por determinações infraconstitucionaisou por atos das autoridades públicas, sob pena de responsabilização civil,administrativa e criminal;

Universalidade: a abrangência desses direitos engloba todos os indivíduos,independente de sua nacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção política-filosófica;

Efetividade: a atuação do Poder Público deve ser no sentido de garantir a efetivaçãodos direitos e garantias previstas, com mecanismo coercitivo para tanto, uma vez que aConstituição Federal não se satisfaz com o simples reconhecimento abstrato;

Interdependência: as várias previsões constitucionais, apesar de autônomas, possuemdiversas intersecções para atingirem suas finalidades. Assim, por exemplo, a liberdadede locomoção está intimamente ligada à garantia do habeas corpus, bem como previsãode prisão somente por flagrante delito ou por ordem da autoridade judicial competente;

Complementariedade: os direitos humanos fundamentais não devem ser interpretadosisoladamente, mas sim de forma conjunta com a finalidade de alcance dos objetivos

 previstos pelo legislador constituinte.

O valor atribuído à pessoa humana, fundamento dos direitos humanos, é parte integrante datradição, que se viu rompida com a irrupção do fenômeno totalitário.

A Bíblia começa com a história das origens da humanidade e, no Gênesis, está dito que“Deus criou o homem à sua imagem”. Ensina, desta maneira, o Velho Testamento, que o homem assinalao ponto culminante da criação, tendo importância suprema na economia do Universo. Observa, nestesentido, Hannab Arendt que os hebreus “sempre sustentaram que a própria vida é sagrada, mais sagradaque tudo mais no mundo, e que o homem é o ser supremo sobre a terra”. Todo homem, portanto, é oúnico e quem suprime uma existência, afirma o Talmud – é como se destruísse o mundo na sua inteireza.

 Na elaboração judaica deste ensinamento isto se traduz numa visão da unidade do gênero humano, apesar da diversidade de nações, que se expressa através do reconhecimento e da firmação das leis de Naí. Estassão um direito comum a todos, pois constituem a aliança de Deus com a humanidade e representam um

conceito próximo do  jus naturae et gentium, inspirados dos ensinamentos do Cristianismo e, posteriormente, da Grécia e Selden, que são uma das fontes das Declarações dos Direitos das RevoluçõesAmericana e Francesa.

A expressão Direitos Humanos já diz, claramente, o que este significa. Direitos Humanossão os direitos do homem. Diria que são direitos que visam resguardar os valores mais preciosos da

 pessoa humana, ou seja, direitos que visam resguardar a solidariedade, a igualdade, a fraternidade, aliberdade, a dignidade da pessoa humana. No entanto, apesar de facilmente identificado, a construção deum conceito que o defina, não é uma tarefa fácil, em razão da amplitude do tema.

Direitos humanos são as ressalvas e restrições ao poder político ou as imposições a este,expressas em declarações, dispositivos legais e mecanismos privados e públicos, destinados a fazer respeitar e concretizar as condições de vida que possibilitem a todo o ser humano manter e desenvolver suas qualidades peculiares de inteligência, dignidade e consciência, e permitir a satisfação de suasnecessidades materiais e espirituais.

Os Direitos Humanos colocam-se como uma das previsões absolutamente necessárias atodas as Constituições, no sentido de consagrar o respeito à dignidade humana, garantir a limitação de

 poder e visar o pleno desenvolvimento da personalidade humana.

Por direitos humanos ou direitos do homem são, modernamente, entendidos aquelesdireitos fundamentais que o homem possui pelo fato de ser homem, por sua própria natureza humana,

 pela dignidade que a ela é inerente. São direitos que não resultam de uma concessão da sociedade política.Pelo contrário, são direitos que a sociedade política tem o dever de consagrar e garantir.

Concluindo, entende-se por direitos humanos, aqueles direitos inerentes à pessoa humana,que visam resguardar a sua integridade física e psicológica perante seus semelhantes e perante o Estado

em geral. De forma a limitar os poderes das autoridades, garantindo, assim, o bem-estar social através daigualdade, fraternidade e da proibição de qualquer espécie de discriminação.

6

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 5/63

 

2. HISTÓRICO

2.1 Histórico Geral dos Direitos Humanos

Os Direitos Humanos passaram por um longo processo de “evolução”, desde uma fase embrionária, emque eram confundidos com o direito individual e, muitas vezes, mais fundamentados em interesseeconômicos e políticos do que humanitários, até o século XX.

Esses direitos não eram conhecidos na Antigüidade, embora a noção de igualdade, pelo menos entre osque eram considerados cidadãos daquilo que se entendia por Estado, tenha florescido no Oriente. Comefeito, a Grécia e a Roma republicana concediam participação política a determinadas classes sociais, oque pode ser considerado o começo da liberdade política.

Quando do esfalecimento do Império Romano, um novo modo de produção, o feudal, iriadominar a Europa, e o processo de transformação e formação dos Direitos Humanos sofreria umainvolução (exceto na Inglaterra). Porém, com a Independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesae os ideais iluministas, o processo de formação dos Direitos Humanos tomaria novo fôlego e suadisseminação pelo mundo já não poderia ser contida.

2.1.1 Os direitos humanos na Antigüidade

Os povos primitivos da Antigüidade – e até mesmo alguns de nossos dias – não possuíamcódigos ou declarações escritas que especificassem os direitos e deveres de cada elemento da suacomunidade. As normas de organização do grupo ou da sociedade e os direitos individuais tinhamalgumas características.

Eram baseados nos costumes da comunidade;

Quase sempre representavam a vontade do governante (chefe de tribo ou rei) e dos

sacerdotes;

Eram de base religiosa.

Desta forma, não havia nenhuma participação dos indivíduos na elaboração das leis e nemmesmo luta ampla na defesa dos direitos naturais da pessoa.

 Neste tipo de sociedade se aceitava, então, a escravidão, a servidão, a pena de morte emnome de Deus ou dos deuses, a discriminação, etc.

Um dos primeiros códigos escritos da Antigüidade é o “Código de Hamurabi”, publicadohá cerca de 3800 anos (entre 2000 e 1700 a.C). O código do rei da Babilônia (Hamurabi), composto de282 parágrafos, assegurava aos cidadãos certos direitos fundamentais como o direito à vida, à

 propriedade, a constituir família, etc, apesar de aceitar a escravidão. Portanto, não era um códigoigualitário.

O rei Hamurabi conquistou e unificou a Mesopotânia. Sexto rei da primeira dinastia, todosreis absolutos, Hamurabi tudo podia, sem necessidade de dar satisfação de seus atos a ninguém. Mas ele

 preferiu limitar, pela lei, os seus próprios poderes e de seus descendentes ou sucessores. Nas disposiçõesfinais do Código de Hamurabi, além de se auto-elogiar, o rei Hamurabi diz que deu bem-estar aos seussúditos, que lhes deu moradia, justiça, habitação adequada, segurança contra os perturbadores, saúde e

 paz.

Como observa Fernando Barcellos de Almeida,

7

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 6/63

 

“o que incentivou o Rei Hamurabi a autodelimitar seus poderes foi a perspicácia, a inteligência de perceber que ele cumpriria melhor suas funçõesdivinas e terrenas, se agisse dentro de regras conhecidas e respeitadas”2.

Outra forma de pregar os direitos da pessoa era através dos textos religiosos, como as“Escrituras Sagradas” (a Bíblia), o “Vedas” dos hindus, o “Livro dos Mortos” dos egípcios, o “Avesta”dos persas. Tais livros fundamenta a moral do comportamento humano na religião, na premiação (céu) eno castigo (doenças e inferno) e no dever pessoal de ser bom. Não havia uma preocupação maior com osocial. “Respeitar os direitos dos outros era importante, não tanto para a ordem social se desenvolver egarantir a plenitude da existência humana, mas para garantir uma recompensa”, é o que observa AriHerculano de Souza3.

O primeiro povo que estruturou uma legislação social foi o povo grego. Fruto das lutassociais, acontecidas principalmente em Atenas (a partir do século V a.C), da organização da “pólis”(cidade-Estado) e dos pensadores gregos, a legislação grega representou um significado avanço na defesados direitos humanos.

Apesar de a Grécia merecer o título de “mãe da democracia”, ao mesmo tempo ela defendia

a escravidão e excluía da participação as mulheres, os escravos e os estrangeiros, isto é, bem mais dametade da população. O direito fundamental da pessoa à liberdade era desigual. Por aí se vê bem claroque o direito de alguns de possuir, de viver bem, de constituir família, de ser feliz impedia outros – quasesempre a maioria – de realizar seus direitos fundamentais.

O estoicismo nasceu na Grécia (século IV a.C), idealizado por Zenon de Citium, difundiu-se pelo século III a.C, e teve grande influência no mundo latino (através de Cícero, Epicteto, Sêneca,Marco Aurélio). Essa filosofia foi pródiga quanto às perspectivas cosmopolita e à crença na fraternidadeentre todas as pessoas, para o que não importava a classe social, etnia ou estágio cultural.

Os romanos, aproveitando-se das leis que outros povos conquistados por eles fizeram,criaram novas leis e tornaram-se os “pais do Direito”. Mas também entre eles o Direito era uma ciênciaque aceitava e legitimava as desigualdades.

As constantes lutas sociais de Roma forçaram mudanças na legislação, em busca de umamaior igualdade entre os cidadãos e um mínimo respeito aos direitos fundamentais da pessoa. Era o queos romanos chamavam de “Ius Civite” (Direito Civil) e de “Ius Naturate” (Direito Natural).

Mas foi o Cristianismo que veio romper a estrutura antiga dos povos euroasiáticos. Adoutrina de Cristo da justiça social, da fraternidade e da igualdade, de início, não foi bem entendida pelosromanos. A ameaça da doutrina cristã se tornou séria dentro do Império quando os adeptos docristianismo passaram a lutar pela prática de sua filosofia social. Para a classe dominante, os cristãos, oumelhor, suas idéias e seus comportamentos, colocavam em risco “seus direitos”, suas vantagens, seus

 poderes. Daí se explicam as terríveis perseguições aos cristãos do Império Romano. Até que, não podendo derrotar o cristianismo, o governo romano o transformou em religião oficial do Império. Segui-se, então, uma gradual e profunda deturpação da filosofia cristã.

Apesar de segregacionista, racista e elitista, o direito romano significou um considerávelavanço no Direito, que influenciou toda a legislação ocidental, em vários aspectos. Três princípios

 jurídicos sintetizavam o Direito Privado Romano:

Viver honestamente;

 Não lesar a outrem; e

Dar a cada um o que é seu.

2 BARCELLOS, Fernando de Almeida. Teoria Geral dos Direitos Humanos. Porto Alegre: SergioAntonio Fabris Editor, 1996, p. 44.

3 SOUZA, Ari Herculano de. Os direitos humanos. São Paulo: Editora do Brasil S/A, 1989, p. 16.

8

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 7/63

 

2.1.2 Os Direitos Humanos na Idade Média

O imperador Justiniano, do Império Romano do Oriente, no século VI, mandou reestruturar toda a legislação romana publicando o famoso “Corpo de Direito Civil”.

 Na Europa ocidental, com as profundas transformações ocorridas pelas invasões bárbaras e pela queda do Império Romano, surgiu uma nova ordem econômica, política e social. Mudaram asrelações de produção e de trabalho. Surgia uma nova moral. Consolidava-se o poder da Igreja Católica,que funcionava como centro da moral e da cultura medieval. Apesar de, em parte, desvirtuado doCristianismo primitivo, o Cristianismo medieval era a força moral e a base mais forte do Direito.

Surgiram os pensadores cristãos que fizeram uma síntese entre Direito Romano e a moral bíblica. A igreja criou, assim, o “Código de Direito Canônico”, que condenava a usura e a violência,defendia alguns direitos fundamentais da pessoa, como os direitos de família, de proteção, etc. porém,como o clero fazia parte da sociedade dominante da época e a igreja se intitulava “mãe” de toda verdade,a prática dos direitos humanos era dificultada e desrespeitada pela própria Igreja. Impedir a liberdade de

 pensamento, de crença, de expressão; condenar pessoas inocentes ou culpadas sem direito de defesa,discriminar mulheres; perseguir os que não aceitassem sua autoridade; e até mesmo explorar populações

através de “doações” forçadas e explorar a boa-fé das pessoas foram algumas das atitudes que mancharama história da igreja medieval.

A mulher, por exemplo, era considerada como um ser inferior, sem razão, dotada deespírito menos desenvolvido que o homem, incapaz, submissa e fonte de todo pecado.

A moral medieval na qual se assentava o Direito Natural ou positivo era sempre uma moralreligiosa, mística e compensatória (que prometia recompensa).

Paralelamente a tudo isso, a sociedade medieval vivia seus conflitos. E um deles era a lutaentre a burguesia – a classe composta em geral de comerciantes e artesãos que moravam nas cidades – eos senhores feudais, latifundiários. Os reis tentavam consolidar seus poderes absolutistas. E foi numdesses confrontos que, na Inglaterra, a burguesia e a nobreza impuseram um documento que limitava o

 poder do governante e defendia alguns direitos do cidadão: foi a “Carta Magna” de 1215. Na prática, porém, a Carta Magna não estabelecia a participação de toda a população inglesa de modo igual.

2.1.3 A Carta Magna

A idéia de direitos humanos há muito tempo já existia na Europa, porém costumava-seafirmar que foi com o rei John Landless, da Inglaterra, e sua Magna Carta (Great Charles, 1215) quesurgiu o embrião do que seriam os direitos humanos. Não que esse documento tratasse especificamentedisso, mas havia menções à liberdade da Igreja em relação ao Estado (embora de maneira nenhuma

consagrasse a tolerância religiosa) e à igualdade do cidadão perante a lei.O Rei John foi pressionado a assinar a Carta Magna, para evitar as constantes violações às

leis e aos costumes da Inglaterra. A partir de então, a sucessão hereditária de bens foi permitida a todos oscidadãos livres, assim como ficou proibida a cobrança de taxas excessivamente altas.

Afirma João Baptista Herkenhoff que a imposição da Carta Magna ao rei João Landless(João sem-terra) “era o primeiro freio que se opunha ao poder dos reis”4.

2.1.4 Os Direitos Humanos na Idade Moderna

4 HERKENHOFF, João Baptista. Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Acadêmica, 1994, p. 55.

9

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 8/63

 

Os direitos humanos que hoje a humanidade luta para que sejam respeitados estão citadosnuma série de documentos ou declarações de direitos elaborados quase sempre após uma época deconflitos.

Foi a Inglaterra, da última fase da Idade Média até o século XVIII (já Idade Moderna) quedesencadeou a iniciativa de afirmações sócio jurídicas de contenção do poder e proteção dos indivíduos,que podem ser consideradas precursoras das grandes Declarações de Direitos e sua incorporação naordem jurídica.

Um dos documentos organizados pelos ingleses após a Revolução Gloriosa de 1689chamou-se “Bill of Rights” (Declaração de Direitos).

Segundo Ari Herculano de Souza, “ele ainda não tratava especificamente dos direitoshumanos fundamentais, mas estabelecia algumas idéias fundamentais na relação entre os cidadãos e ogoverno”5. 

A Inglaterra foi, assim, o berço do pensamento democrático moderno. No entanto, foi naFrança que as idéias sobre os direitos humanos e a democracia se desenvolveram e evoluíram, com ummovimento intelectual chamado Iluminismo.

O Iluminismo condenava:

O absolutismo, no aceitando a idéia de que o poder do governante vem de Deus;

A intolerância religiosa, segundo a qual todos os cidadãos deveriam ter a mesma religiãodo Estado;

As desigualdades, nas quais se fundamentavam a divisão de classes e os direitos das pessoas;

A política mercantilista, pela qual o governo absolutista controlava toda a economia econcedia as vantagens a quem ele quisesse.

O ideal iluminista estava expresso no seu famoso lema: “Liberdade, Igualdade,Fraternidade”. Sua filosofia trouxe toda uma nova visão do mundo, da pessoa humana e da sociedade.

 No entanto, é importante notar que, juntamente com a Iluminismo, surgiram idéiaseconômicas fundamentadas na Revolução Industrial, que serviram aos interesses da burguesia industrial.Assim, mo movimento iluminista teve, entre outras contradições, a de por um lado defender a pessoahumana, seus direitos, a igualdade, a liberdade, a fraternidade; e por outro lado consolidar os interesses da

 burguesia.

Os patrões interpretavam a liberdade como sendo a liberdade para eles poderem lucrar semnenhuma barreira a prejudicar seus lucros; liberdade nas relações com seus empregados, sem quenenhuma lei limitasse seus poderes sobre eles; liberdade para que tinha dinheiro nas mãos: era a doutrinado “laissez faire, laissez passer” (“deixar fazer, deixar passar”). Desta forma, o ideal iluminista da

igualdade ficou comprometido: igualdade para alguns – os que tinham o poder econômico nas mãos – exploração para outros – os operários.

Apesar disso, “as idéias iluministas tornaram possíveis os primeiros movimentos popularesda História Contemporânea por uma sociedade mais justa”, é que observa Ari Herculano de Souza 6.Foram vários estes movimentos. Alguns merecem destaque pelo que criaram, produziram, inovaram ouconsolidaram em termos de direito humanos.

Um desses movimentos foi a “Independência dos Estados Unidos” , no qual se lançou umadeclaração que, pela primeira vez, afirmava que a felicidade é um direito natural e inalienável (que não

 pode ser tirado).

A “Declaração de Independência dos Estados Unidos” (1776) apresenta também uma

contradição, já que declara que é um direito de um povo a “busca da felicidade” e na prática impede quemuitos povos a busquem por suas próprias mãos, impede que um país seja realmente livre. É o

5 SOUZA, Ari Herculano de. Op.cit. p. 20.6 SOUZA, Ari Herculano de. Op.cit. p. 20.

1

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 9/63

 

imperialismo reinante no planeta que também impede – e muito – a plena prática dos direitos humanos.Um povo não pode garantir saúde, moradia, educação e outros direitos, quando o fruto do seu trabalho,sua riqueza, é explorada por nações mais poderosas.

Em 1789, estourou a Revolução Francesa. O povo francês exigia mudanças. A populaçãotomara consciência de seus direitos naturais e civis. Assim, logo no início da revolução, foi elaborada a“Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”.

Segundo Celso Ribeiro Bastos,

“Enquanto as Declarações abglo-saxônicas apresentavam-se eminentementevinculadas às circunstâncias históricas que as precederam e, por essa razão,se afiguravam como limitadas ao próprio âmbito sobre a qual vigiam, aDeclaração Francesa se considerava válida para toda a humanidade”7.

A luta que se travou durante a Revolução Francesa não foi tanto da democracia contra oabsolutismo monárquico, mas uma luta de classes, na qual a burguesia venceu. Ela consolidou seu poder 

 político e econômico. O povo se viu novamente explorado pelo novo governo burguês em toda a Europa e

nas Américas, onde as colônias se libertavam nas mãos da burguesia.

 No século XIX e primeira metade do século XX, surgiram novas lutas sociais em busca dagarantia dos direitos humanos, baseados em novas idéias sociais.

Assim, em 1948, a ONU publicou a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”.

 

2.1.5 Declaração Universal dos Direitos Humanos

Desde a Carta Magna de 1215 até a Carta das Nações Unidas, mais de 700 anos se passaram. Muitos documentos legislativos, declarações e resoluções versaram sobre Direitos Humanos.

 Nenhum deles foi tão longe e tão amplo quanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.O mundo inteiro, chocado com o genocídio e as barbaridades cometidas durante a Segunda

Guerra Mundial, sentiu a necessidade de algo que impedisse a repetição destas fatos. Organizados eincentivados pela ONU, 148 nações se reuniram e redigiram a Declaração Universal dos DireitosHumanos. Ela representou um enorme progresso na defesa dos Direitos Humanos, Direitos dos Povos edas Nações.

A Declaração foi subscrita por todos os países membros da ONU, com abstenção dos paísesalinhados à União Soviética (8 abstenções dentre os 58 países membros).

A Conferência do Teerã de 1968 completou e reafirmou a indivisibilidade einterdependência dos Direitos Humanos e o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais eCulturais fortificaram os artigos da declaração.

Seguiram-se várias outras Convenções. Entre elas, destacam-se as seguintes: ConvençãoInternacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, Convenção contra aDiscriminação da Mulher; Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas cruéis, Desumanosou Degradantes e Convenção sobre os Direitos das Crianças.

Estes Pactos, Tratados e Convenções nem sempre foram aprovados facilmente mas foram oresultado de árduos, longos e profundos debates. Com a aceitação da universalidade, datransnacionalidade dos Direitos Humanos, reconhece-se que o ser humano sempre possuirá direitosfundamentais, independentemente da sua nacionalidade, raça, situação de refugiado ou de apátrida. CelsoRibeiro Bastos observa que a “Declaração, por ter de agradar tanto as concepções ideológicas dos paísesdo Leste como do Oeste, finda por ocorrer uma certa falta de rigor na demarcação dos direitos”8.

Os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos estão inseridos em todas asConstituições do mundo moderno e constituem parâmetros para a democracia. A Declaração Universal

7 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 17.ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 153.8 BASTOS, Celso Ribeiro. Op.cit. p. 161.

1

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 10/63

 

dos Direitos Humanos, aprovada em 10 de dezembro de 1948 pela Assembléia Geral das Nações Unidas,foi o mais importante e completo documento concedido em favor da humanidade até esta data. Atravésdos tempos, por ocasião de conclaves internacionais, continuaram sendo elaborados documentosobjetivando a melhoria nas relações entre os homens e os povos.

Em seus 30 artigos, essa Declaração de caráter internacional contém uma súmula dosdireitos e deveres fundamentais do homem, sob os aspectos individual, social, cultural e político. Mas de1948 até hoje, diversos outros documentos têm sido formados no sentido de ampliar a noção e a vigênciados direitos humanos.

2.1.6 Gerações de Direitos Humanos

 Na evolução histórica dos direitos, considera-se três gerações de Direitos Humanos.

A primeira geração corresponde aos direitos civis e políticos: as liberdades individuais, odireito à vida, segurança, igualdade de tratamento perante a lei, e o direito de propriedade, de ir e vir.

A segunda geração compreende os direitos econômicos e sociais, como direito à saúde,educação, moradia, trabalho, lazer e os direitos trabalhistas. Constituíram-se pactos que completaram eampliaram a declaração de 1948. Eles concretizam os direitos humanos, estabelecendo medidasobrigatórias para os Estados. Entre eles estão o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos e Sociais e oPacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos.

A terceira geração é a dos chamados direitos dos povos, que correspondem aos direitos básicos dos povos, ais como o direito ao desenvolvimento, à paz, e a participação no patrimônio comumda humanidade. Está representada especificamente na Declaração de Argel, em 1977.

As três gerações de direitos não são categorias que se excluem, mas se completam.

Em 1993, o Congresso de Viena ressaltou que os direitos são universais, inalienáveis,invioláveis, iguais e indivisíveis. Os países que ratificaram a Declaração de 1948 reconheceram ser essencial a ‘Consciência moral da Humanidade’ ; quase sessenta anos depois, mais do que nunca, osdireitos humanos representam o horizonte dos povos. Única forma da humanidade pode alcançar relações

 justas e pacíficas.

As convenções definem o conteúdo de alguns direitos ou grupo de direitos, estabelecendosistemas para protegê-los e controlas para assegurar-lhes o cumprimento, entre elas a Convenção para aPrevenção e Sanções de Delito do Genocídio, Tortura e Outros Tratos Cruéis, Sub-humanos eDegradantes.

 Na América Latina, a Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1969, aprovou aConvenção Americana sobre Direitos Humanos, pelo Pacto de San José da Costa Rica, vigente deste 1978e a Corte Internacional de Direitos Humanos, uma instância judicial autônoma cuja finalidade é estudar osdesníveis e a violação de direitos humanos na América Latina.

As Organizações Não-Governamentais (ONGs) têm uma função essencial de defesa e promoção dos Direitos Humanos, pois tal tarefa não pode limitar-se aos Estados. No Congresso de Viena,em 1993, as ONGs foram reconhecidas como interlocutoras e suas opiniões levadas em consideração.

A História é movimento dialético, a ampliação de direitos não se esgota. Novos direitosestão sendo reclamados, minorias tomam consciência de sua dignidade. Essa dinamismo criativo de novosdireitos deve ser mantido e é indispensável a criação de mecanismos eficazes que promovam esalvaguardem o império desses direitos na civilização atual.

2.2 A história dos Direitos Humanos no Brasil

1

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 11/63

 

O mais vil, o mais infame, o mais bárbaro dos delinquentes tem ainda omesmo direito que eu e o nobre senador à sua vida, à sua conservação e à suadefesa” (Senado Federal – DF).

A história dos Direitos Humanos no Brasil está vinculada, de forma direta com a históriadas Constituições brasileiras. Portanto, para falarmos a respeito de tal assunto, abordaremos, brevemente,a história das várias Constituições no Brasil e a importância que as mesmas deram aos Direitos Humanos.

A primeira Constituição Brasileira já surgiu provocando o repúdio de inúmeras pessoas,falamos da Constituição Imperial de 1824, que foi outorgada após a dissolução da Constituinte, razão darejeição em massa que acarretou protestos em vários Estados brasileiros, como em Pernambuco, Bahia,Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Essas reivindicações de liberdade, culminaram com a Consagração dos Direitos Humanos, pela Constituição Imperial, que apesar de autoritária (por concentrar uma grande soma de poderes nasmãos do imperador), revelou-se liberal no reconhecimento dos direitos. 

De acordo com a Constituição Imperial Brasileira de 1824, a inviolabilidade dos direitos

civis e políticos baseavam-se na liberdade, na segurança individual e, como não poderia deixar de ser, na propriedade (valor de certa forma, questionável).

Em 24 de fevereiro de 1821, surgiu a primeira Constituição Republicana que tinha comoobjetivo, como ensina Herkenhoff 9, “corporificar juridicamente o regime republicano instituído com aRevolução que derrubou a coroa”.

Foi essa Constituição que instituiu o sufrágio direto para a eleição dos deputados,senadores, presidente e vice-presidente da República, no entanto, determinava, também, que os mendigos,os analfabetos, os religiosos, não poderiam exercer tais direitos políticos. Além disso, ela aboliu aexigência de renda como critério de exercício dos direitos políticos.

O sufrágio direito estabelecido por esta Constituição, no entanto, não modificou as regras

de distribuição ao poder, já que a propriedade da força econômica nas mãos dos fazendeiros e oestabelecimento do voto, a descoberta contribuíram para que estes pudessem manipular os mais fracoseconomicamente, de acordo com seus interesses políticos.

Apesar disso, podemos afirmar que a primeira Constituição Republicana ampliou os Direitos Humanos, além de manter os direitos já consagrados pela Constituição Imperial.

Em 1926, com a reforma constitucional, procurou-se em primeiro lugar remediar os abusos praticados pela União em razão das intervenções federais nos Estados, no entanto, não atendeu, de forma plena, as exigências daqueles que entendiam que a Constituição de 1891 não se mostrava adequada à realinstauração de um regime republicano no Brasil.

A Revolução de 1930 provocou um total desrespeito aos Direitos Humanos, que foram

 praticamente esquecidos. O Congresso Nacional e as Câmaras Municipais foram dissolvidos, amagistratura perdeu suas garantias, suspenderam-se as franquias constitucionais e a habeas corpus ficourestrito à réus ou acusados em processos de crimes comuns. Não foram poucos os que se rebelaram contraessa “prepotência”, culminando com a Revolução Constitucionalista de 1932, que acarretou na nomeação,

 pelo governo provisório, de uma comissão para elaborar um projeto de Constituição, comissão esta que, por reunir-se no Palácio do Itamarati, recebeu o nome de “a comissão do Itamarati”. A comissão popular,no entanto, ficou por demais reduzida em razão da censura à imprensa. Entretanto, apesar desta censura, aConstituição de 1934 estabeleceu algumas franquias liberais, como por exemplo determinou que a lei não

 poderia prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; vedou a pena de caráter  perpétuo; proibiu a prisão por dívidas, multas ou custas; criou a assistência judiciária para os necessitados(assistência esta que ainda hoje, não é observada por grande parte dos Estados brasileiros), instituiu aobrigatoriedade de comunicação imediata de qualquer prisão ou detenção ao juiz competente para que arelaxasse, se ilegal, promovendo a responsabilidade da autoridade coatora, além de várias outras franquias

estabelecidas.

9 HERKENHOFF, João Baptista. Op.cit. p.59.

1

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 12/63

 

Além dessas garantias individuais, a Constituição de 1934 inovou ao estatuir normas de proteção social ao trabalhador, proibindo a diferença de salário para um mesmo trabalho, em razão deidade, sexo, nacionalidade ou estado civil, proibindo o trabalho para menores de 14 anos de idade, otrabalho noturno para os menores de 16 anos e o trabalho insalubre para menores de 18 anos e paramulheres; determinando a estipulação de um salário mínimo capaz de satisfazer às necessidades normaisdo trabalhador, o repouso semanal renumerado e a limitação de trabalho a oito horas diárias que só

 poderão ser prorrogadas nos casos legalmente previstos, além de inúmeras outras garantias sociais dostrabalhadores.

A Constituição de 1934 não esqueceu-se também dos direitos culturais. Tratava-se de umaConstituição que tinha como objetivo primordial, o bem-estar geral. Ao instituir a Justiça Eleitoral e ovoto secreto, essa Constituição abriu os horizontes do constitucionalismo brasileiro, como bem ensinaHerkenhoff, para os direitos econômicos, sociais e culturais. Ela respeitou os Direitos Humanos e vigoroudurante mais 3 anos, até a introdução do chamado “Estado Novo”, em 10 de novembro de 1937, queintroduziu o autoritarismo no Brasil.

Foi no “Estado Novo” que foram criados os tão polêmicos Tribunais de exceção, quetinham a competência para julgar os crimes contra a segurança do Estado. Nesta época, foi declaradoestado de emergência no país, ficaram suspensas quase todas as liberdades a que o ser humano temdireito, dentre elas, a liberdade de ir e vir, o sigilo de correspondência (uma vez que as mesmas eramvioladas e censuradas) e de todos os outros meios de comunicação, sejam orais ou escritos, a liberdade dereunião e etc).

Os Direitos Humanos praticamente não existiram durante os quase oito anos em quevigorou o “Estado Novo”.

Com a Constituição de 1946, o país foi como diz Herkenhoff, “redemocratizado”, já queessa Constituição restaurou os direitos e garantias individuais, sendo estes, até mesmo ampliados, domesmo modo que os direitos sociais. De acordo com estes, foi proibido o trabalho noturno a menores de18 anos, estabeleceu-se o direito de greve, foi estipulado o salário mínimo capaz de atender asnecessidades do trabalhador e de sua família, dentre outros demais direitos previstos.

Os direitos culturais também foram ampliados e essa Constituição vigorou até o surgimentoda Constituição de 1967, no entanto sofreu várias emendas e teve a vigência de inúmeros artigos suspensa

 por muitas vezes por força dos Atos Institucionais de 09 de abril de 1964 (AI-1) e de 27 de outubro de1965 (AI-2), no golpe, autodenominado “Revolução de 31 de março de 1964”. Apesar de tudo isso,

 podemos afirmar que, durante os quase 18 anos de duração, a Constituição de 1946 garantiu os DireitosHumanos.

A Constituição de 1967, porém, trouxe inúmeros retrocessos, suprimindo a Liberdade de publicação, tornando restrito o direito de reunião, estabelecendo foro militar para os civis, mantendo todasas punições e arbitrariedade decretadas pelos Atos Institucionais. Hipocritamente, a Constituição de 1967determinava o respeito à integridade física e moral do detento e do presidiário, no entanto na prática, tal

 preceito não existia.

 No que pertine aos demais direitos, os retrocessos continuaram, reduziu a idade mínima de

 permissão para o trabalho, para 12 anos; restringiu o direito de greve; acabou com a proibição dediferença de salários, por motivos de idade e de expressão; recuou no campo dos chamados direitossociais, etc.

Essa Constituição vigorou, formalmente, até 17 de outubro de 1969, com a novaConstituição, porém, na prática, a Constituição de 67 vigorou apenas até 13 de dezembro de 1968, quandofoi baixado o mais terrível Ato Institucional, o que mais desrespeitou os Direitos Humanos no país,

 provocando a revolta e o medo de toda a população, acarretando a ruína da Constituição de 1967, o AI-5.

O AI-5 trouxe de volta todos os poderes discricionários do presidente, estabelecidos peloAI-2, além de ampliar tais arbitrariedades, dando ao governo a prerrogativa de confiscar bens,suspendendo, inclusive o habeas-corpus nos casos de crimes políticos contra a segurança nacional, aordem econômica e social e a economia popular.

Foi um longo período de arbitrariedades e corrupções. A tortura e os assassinatos políticosforam praticados de forma bárbara, com a garantia do silêncio de imprensa, que encontrava-se

 praticamente amordaçada às determinações e “proteções legais” do AI-5. Tanto foi assim, que aConstituição de 1969 somente começou a vigorar, com a queda do AI-5, em 1978. A Constituição de

1

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 13/63

 

1969, retroagiu ainda mais, já teve incorporadas ao seu texto legal, as medidas autoritárias dos AtosInstitucionais. Não foram respeitados os Direitos Humanos.

 A anistia conquistada em 1979, não aconteceu da forma que era esperada, já que anistiou,em nome do regime, até mesmo os criminosos e torturadores. No entanto, representou uma grandeconquista do povo. 

Para João Baptista Herkenhoff 10 e inúmeros brasileiros, a luta pela anistia representou “umadas páginas de maior grandeza moral escrita na história contemporânea do Brasil”, juntamente com aconvocação e o funcionamento da Constituinte.

A Constituição de 1988 veio para proteger, talvez tardiamente, os direitos do homem.Tardiamente, porque isso poderia ter se efetivado na Constituição de 1946, que foi uma bela Constituição,mas que, logo em seguida, foi derrubada, com a ditadura. É por isso que Ulisses Guimarães afirmava quea Constituição de 1988 era uma “Constituição cidadã”, porque ela mostrou que o homem tem umdignidade, dignidade esta que precisa ser resgatada e que se expressa, politicamente, como cidadania.

O problema da dignidade da pessoa humana, vem tratado na Constituição de 1988, já no preâmbulo, quando este fala da inviolabilidade à liberdade e, depois, no artigo primeiro, com osfundamentos e ainda, no inciso terceiro (a dignidade da pessoa humana), mais adiante, no artigo quinto,

quando fala da inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à igualdade.

Mas o que significa esta dignidade? Significa que o homem não pode ser tratado como umanimal qualquer, pois ele tem a sua individualidade. Tem uma essência, que é própria dele. Cadaindivíduo é totalmente diferente de outro, e o que nos identifica é essa essência e a igualdade.

A única coisa capaz de garantir a dignidade da pessoa humana é a justiça. A dignidade é umvalor supremo. O homem é digno, pelo simples fato de ser racional, o que o diferencia dos outrosanimais. A dignidade é, portanto, um valor fundamental.

Flávia Piovisan ensina que,

“a ordem constitucional de 1988 apresenta um duplo valor simbólico, é ela omarco jurídico da transição democrática, bem como da institucionalizaçãodos direitos humanos no país. A carta de 1988 representa a ruptura jurídicacom o regime militar autoritário que perpetuou no Brasil de 1964 a 1985”11.

Com a Constituição de 1988, houve uma espécie de “redefinição do Estado Brasileiro”, bem

como de seus direitos fundamentais.

Ao ler os dispositivos constitucionais, podemos deduzir o quanto foi acentuada a preocupação do legislador em garantir a dignidade, o respeito e o bem-estar da pessoa humana, de modo ase alcançar a paz e a justiça social.

3. LEGISLAÇÃO

3.1 Direitos e garantias fundamentais: diferenciação

A idéia de direitos fundamentais está associada a prerrogativa de todos os cidadãos,enquanto que a idéia de garantias fundamentais está ligada a questão dos meios utilizáveis para fazer 

valer aqueles direitos, ou seja, salienta-se o caráter material dos direitos fundamentais e o caráter instrumental das garantias fundamentais.

10 HERKENHOFF, João Baptista. Op.cit, p.62. 11 ?

1

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 14/63

 

Portanto, as garantias seriam o reconhecimento dos meios processuais adequados afinalidade de assegurar os direitos.

“Os direitos representam por si só certos bens, as garantias destinam-se a assegurar afunção desses bens; os direitos são principais, as garantias são acessórios” (MIRANDA, jurista

 português).

Tal jurista ainda fornece exemplos elucidativos: ao direito à vida correspondem as garantiasque consistem na proibição da pena de morte; ao direito à liberdade e segurança as garantias deirretroatividade da lei penal e do habeas corpus.

3.2 Natureza e eficácia das normas sobre Direitos Fundamentais

Direitos fundamentais do homem são situações jurídicas, objetivas e subjetivas, definidasno direito positivo, em prol da dignidade, igualdade e liberdade da pessoa humana. São direitos quenascem e se fundamentam, portanto, no princípio da soberania popular.

A eficácia e aplicabilidade das normas que contêm os direitos fundamentais dependemmuito do seu enunciado, pois se trata de assunto que está em função do Direito Positivo.

As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tem aplicação imediata, porémisso não resolve todas as questões em razão de algumas normas definidoras dos direitos sociais depender de legislação ulterior para serem aplicados.

Em regra, as normas que consubstanciam os direitos fundamentais democráticos eindividuais são de eficácia contida e aplicabilidade imediata, enquanto as que definem os direitoseconômicos e sociais tendem a sê-lo, mas algumas, especialmente as que mencionam uma lei integradora,são de eficácia limitada, de princípios programáticos e de aplicabilidade indireta, mas são tão jurídicoscomo os outros exercendo relevante função social.

Os direitos fundamentais contém tais caracteres:

1.  Historicidade: são históricos como qualquer direito. Nascem, modificam-se edesaparecem. Sua historicidade rechaça toda fundamentação baseada no Direito

 Natural, na essência do homem e da natureza das coisas.

2.  Inalienabilidade: são direitos instranferíveis, inegociáveis, porque não tem umconteúdo econômico-patrimonial.

3.  Imprescribilidade: em relação a eles não se verificam requisitos que importem em sua prescrição, nunca deixam de ser exigíveis.

4.  Irrenunciabilidade: não se renunciam direitos fundamentais, alguns deles podem não

ser exercidos, mas não se admite que sejam renunciados.

3.3 Classificação dos Direitos Fundamentais:

1. Direitos Individuais (art. 5º, CF de 1988) : direito à vida / direito à igualdade / direito àliberdade / direito à segurança / direito à prosperidade.

2. Direitos Coletivos (art. 5o da CF de 1988)

3. Direitos Sociais (art. 6

o

da CF de 1988)4. Direitos a Nacionalidade (art. 12 da CF de 1988)

5. Direitos Políticos (arts. 14 a 17 da CF de 1988)

1

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 15/63

 

3.4 Constituição da República Federativa do Brasil

Título IIDos Direitos e Garantias Fundamentais

Capítulo IDos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-seaos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, àigualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”:

O caput  do art. 5o da CF de 1988 corresponde ao asseguramento, por parte do Estado, aigualdade de condições de toda pessoa humana natural ou estrangeira residente no país, sem distinção desexo, cor, etnia, religião, enfim este caput  é a premissa que garante a existência e a manutenção dadignidade humana.

Assim, junto com a formalidade do texto constitucional, vêm, em contrapartida, anecessidade da ciência em relação ao Poder Público, do dever deste assegurar às pessoas as condiçõesmateriais para que estes direitos fundamentais sejam efetivamente reais e de eficácia concreta. Pois denada adiantaria a Constituição dizer que todos tem direito à vida se não se garantem as condiçõesmateriais para se viver.

A igualdade é igual para todos, mesmo que um more em um enorme castelo e outrodebaixo da ponte. A igualdade, portanto, não é real, mas apenas uma formalidade.

“inciso I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos destaConstituição”;

A finalidade deste inciso é atenuar os desníveis em relação a diferença sexual, sendo assimtorna-se inaceitável a utilização do discrimem sexo, sempre que este seja usado com o propósito dedesnivelar materialmente o homem da mulher. Poderá a legislação infraconstitucional pretender atenuar os desníveis de tratamento em razão do sexo; nunca, porém, beneficiando um deles.

Segundo Vicente Paulo:

“... o princípio constitucional da igualdade não veda que a lei estabeleçatratamento diferenciado entre pessoas que guardem distinções de gruposocial, de sexo, de profissão, de condição econômica ou de idade, entreoutros; não se admite é que o parâmetro diferenciador seja arbitrário,desprovido de razoabilidade, ou deixe de atender a alguma relevante razão deinteresse público”12.

“inciso II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude

de lei”;

12 PAULO, Vicente, ALEXANDRINO, Marcelo. Direitos Fundamentais. Teoria Geral e art. 5o daCF/88. Rio de Janeiro: Impetus, 2003, p.54.

1

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 16/63

 

Este princípio visa combater o poder arbitrário do Estado. Só por meio das leisdevidamente elaboradas, conforme as regras do processo legislativo constitucional, podem se criar obrigações para o indivíduo, pois são expressão de vontade geral.

O Princípio da Legalidade mais se aproxima de uma garantia constitucional do que umdireito individual, já que ele não tutela, especificamente, um bem de vida, mas assegura ao particular a

 prerrogativa de repelir as injunções que lhe sejam impostas por uma outra via que não seja a da lei.

Segundo Vicente Paulo:

“... o princípio da legalidade confere maior garantia ao direito de liberdade, porquanto assegura que o único instrumento hábil para, de forma legítima,restringir a esfera de autonomia do indivíduo é a lei”.13 

“inciso III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”;

Assim como o tráfico ilícito de entorpecentes, o crime de tortura é considerado pela leicrimes inafiançáveis e insusceptíveis de graça ou anistia, assim como o terrorismo e os definidos comocrimes hediondos.

A tortura é assim definido: “qualquer ato que gerar dor ou sofrimentos agudos, físicos oumentais, são inflingidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa,informações ou confissões”.

Quem for condenado pelo crime de tortura será preso e, além de perder seu cargo, funçãoou emprego público, não poderá exercer outro cargo, função ou emprego público, durante o dobro do

 prazo de sua pena privativa de liberdade.

“inciso IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”;

“inciso V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”;

A manifestação do pensamento é livre e garantida em nível constitucional, não referindo-se a censura prévia em diversões e espetáculos públicos.

Entretanto, os abusos provindos da liberdade de manifestação do pensamento estão sujeitosà apreciação do Poder Público com a conseqüente responsabilidade civil e penal de seus autores.

A democracia somente existe a partir da consideração do pluralismo de idéias e opiniões edo espírito aberto ao diálogo. A liberdade de expressão, portanto, representa um dos fundamentosessenciais de uma sociedade democrática.

Proibir a livre manifestação do pensamento representa a obtenção da unanimidadeautoritária, arbitrária e irreal.

“inciso VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livreexercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suasliturgias”;

13 PAULO, Vicente, ALEXANDRINO, Marcelo. Op.cit. p.56.

1

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 17/63

 

“inciso VIII -  ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou deconvicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta erecusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”;

A Constituição prevê que a revisa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestaçãoalternativa acarretará perda de direitos políticos.

Um exemplo claro de objeção de consciência é a escusa de cumprir a obrigação de serviçomilitar obrigatório ante à determinada religião que, eventualmente, pertença.

A liberdade religiosa é a verdadeira consagração de maturidade de um povo, é elaverdadeiro desdobramento da liberdade de pensamento e manifestação.

O constrangimento à pessoa humana, de forma a constrangê-lo a renunciar sua fé,representa o desrespeito à diversidade democrática de idéias, filosofias e a própria diversidade espiritual.

“inciso VII  - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nasentidades civis e militares de internação coletiva”;

Este inciso tutela um direito subjetivo à assistência religiosa daquele que se encontrainternado em estabelecimento coletivo.

Assim, cabe ao Estado a obtenção das condições materiais para a prestação de talassistência religiosa, que deverá ser multiforme, ou seja, tantos credos quanto aqueles solicitados pelosinternos. Obviamente, não se poderá obrigar nenhuma pessoa que se encontre nesta situação, utilizar-seda referida assistência religiosa face à total liberdade religiosa vigente no país.

A idéia do legislador constituinte foi de fornecer um amparo espiritual às pessoas que seencontram em situações menos favorecidas, afastadas do convívio familiar e social.

 Nos estabelecimentos prisionais será também fornecida essa assistência, tendo um lugar 

específico no estabelecimento prisional para a realização de tal prática, assegurando o acesso dos presos àlivros de ideologia religiosa, e assegurando a não obrigação da participação de nenhum deles a atividadesde cunho religioso.

“inciso IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,independentemente de censura ou licença”;

Censura prévia significa controle, exame, a necessidade de permissão que se submete. Ocaráter vinculante é o traço marcante da censura prévia, sendo a restrição à livre manifestação do

 pensamento sua finalidade de caráter anti-democrático. A Constituição repele a possibilidade de censura prévia.

Entretanto isto não quer dizer que a liberdade de imprensa é absoluta, cabendo a quem temum direito violado pleitear em juízo, em relação a notícias difamantes, injuriosas e mentirosas, a fim derequerer a reparação de tal violação através de indenização em relação a eventuais danos morais emateriais.

A proibição da censura prévia, portanto, não impede a responsabilização posterior emvirtude do abuso no exercício desse direito.

Segundo Vicente Paulo:

“a censura pode assumir caráter eminentemente preventivo quando ela nega

autorização para determinado espetáculo ou publicação de certa matéria,como pode assumir uma feição até certo ponto a posteriori quando leva aefeito apreensões de revistas e de jornais”14.

14 PAULO, Vicente, ALEXANDRINO, Marcelo. Op.cit. p.63.

1

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 18/63

 

“inciso X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”;

Esta garantia representa a proteção constitucional à vida privada, protegendo um espaçoíntimo intransponível por intromissões ilícitas externas. Essa proteção refere-se, inclusive, a necessária

 proteção à própria imagem frente aos meios de comunicação em massa.

Assim a divulgação de fotos, imagem ou notícias apelativas e injuriosas que acarreteminjustificado dano à dignidade humana autoriza a ocorrência de indenização por danos materiais e morais,além do respectivo direito à resposta.

“inciso XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar semconsentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,durante o dia, por determinação judicial”;

A violação domiciliar não é permitida, salvo em casos expressos pela Constituição Federal.

-Dia:  flagrante delito ou desastre ou para prestar auxílio, ou ainda por determinação judicial.

- Noite: flagrante delito ou desastre ou prestar socorro.

A noção de domicílio é mais ampla no sentido jurídico do que senso comum; é lá que a pessoa adquire seus direitos e contrai suas obrigações, portanto não se limitando tão-somente à noção deresidência. No entanto a inviolabilidade domiciliar corresponde concomitantemente com a proteção à vida

 privada e sobretudo proteção à intimidade.

“inciso XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, dedados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na formaque a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”;

Deve entender-se que em um Estado de Direito, nenhuma liberdade individual é absoluta,sendo então relativa quando o interesse público o exigir.

A interpretação deste inciso deve ser feito de modo a entender que a lei ou decisão judicial poderão, excepcionalmente, estabelecer hipóteses de quebra de inviolabilidade, de correspondência, dascomunicações telegráficas e de dados, sempre objetivando o interesse público, evitando, assim, oincentivo à prática de atividades ilícitas.

“inciso XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas asqualificações profissionais que a lei estabelecer”;

Este inciso estabelece a fixação de um dos critérios democráticos de um Estado de Direito.

A legislação somente poderá estabelecer condicionamentos capacitórios que apresentemnexo lógico com as funções a serem exercidas, jamais qualquer requisito discriminatório ou abusivo, sob

 pena de ferimento do princípio da igualdade.

“inciso XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,quando necessário ao exercício profissional”;

A livre divulgação dos fatos devem ser interpretados em conjunto com a inviolabilidade àhonra e à vida privada, bem como com a proteção à imagem.

2

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 19/63

 

O direito de receber informações verdadeiras é um direito de liberdade e caracteriza-seessencialmente por estar dirigido a todos os cidadãos, sem qualquer tipo de discriminação.

Este preceito objetiva proporcionar subsídios aos cidadãos para a formação de convicçõesrelativas a assuntos públicos e sobretudo construção de opinião crítica.

A proteção à informação é relativa, havendo a necessidade de distinguir-se informações defatos de interesse público, da divulgação de informações de caráter íntimo e pessoal que, no entanto,violaria a proteção à vida íntima.

“inciso XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer  pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”;

O direito de locomoção resulta da própria natureza humana, sendo totalmente tutelada emtempos de paz e, a contrário sensu (guerra), haverá possibilidades de restrição legal, objetivando asegurança nacional e a integridade do território.

A liberdade de locomoção interna, residência e liberdade de locomoção externa constituem

simples corolários do direito à liberdade.

Segundo Vicente Paulo:

“A liberdade de locomoção é assegurada não só às pessoas, mas inclui o seu patrimônio; é uma norma de eficácia contida, uma vez que a lei poderáestabelecer exigências – desde que razoáveis e relacionadas à soberaniaestatal e proteção da população”15.

“inciso XVI  - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormenteconvocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”;

Trata-se de um asseguramento de direito individual de coligar-se com outras pessoas, parafim lícito.

O direito à reunião é uma manifestação coletiva da liberdade de expressão, portanto taldireito representa um dos princípios basilares de um Estado Democrático e a garantia de liberdade em“lato sensu”.

“inciso XVII  - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter 

 paramilitar”;

“inciso XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independemde autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento”;

“inciso XIX  - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suasatividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado”;

“inciso XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado”;

15 PAULO, Vicente, ALEXANDRINO, Marcelo. Op.cit. p.80.

2

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 20/63

 

“inciso XXI  - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têmlegitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente”;

A liberdade à associação é plena, desde que para fins lícitos, sendo vedadaconstitucionalidade da associação de caráter paramilitar. Assim, ninguém será compelido a associar-se ou

 permanecer associado.

O direito à livre associação, embora atribuído a cada pessoa, só se perfaz de forma coletiva. Nas associações a interferência do Poder Público é proibida, entretanto estabelece requisitos objetivos para a criação das associações.

Acerca das características das associações tuteladas pela Constituição, José Afonso da Silvaensina:

“Seus elementos são: base contratual, permanência (ao contrário de reunião),fim lícito (fim não contrário ao direito). A ausência de fim lucrativo não

 parece ser elemento de associação, pois parece-nos que o texto abrangetambém as sociedades lucrativas. Então, a liberdade de associação incluitanto as associações em sentido estrito (coligações de fins não lucrativos), eas sociedades (coligações de fins lucrativos)”16.

“inciso XXII - é garantido o direito de propriedade”;

“inciso XXIII - a propriedade atenderá a sua função social”;

“inciso XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ouutilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os

casos previstos nesta Constituição”;Toda pessoa, física ou jurídica, goza do direito de propriedade, podendo a legislação estatal

estabelecer suas modalidades de aquisição, perda, uso e limites.

Este preceito constitui a base da lógica capitalista-liberal dos tempos modernos. Do direitode propriedade ninguém poderá ser privado arbitrariamente, pois somente a necessidade ou utilidade

 pública ou o interesse social permitirão a desapropriação.

A referência a finalidade social da propriedade diz respeito à contração de um conjunto deobrigações por ela firmada, para com os interesses da coletividade, visando também a utilidade social quecada bens de objeto deve cumprir.

“inciso XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”;

Através desse texto notamos claramente a enfatização do bem comum público em detrimento, por ora, dointeresse particular.

Trata-se de um direito de dupla titularidade, Estado e Particular, pois enquanto garante-seao Poder Público a realização de suas tarefas em casos de iminente perigo público, resguardando-se desua forma o bem-estar social, não permite que o particular seja espoliado de seus bens e, eventualmente,sofre prejuízos.

O Poder Público, em algumas hipóteses de iminente perigo público, está autorizado pela

Lei Maior a utilizar-se de propriedade alheia, sem necessidade de prévia indenização, salvo se de algumaforma, o uso do “res” gerar um prejuízo a seu proprietário, evitando-se que este empobreça em virtude doforça estatal.

16 PAULO, Vicente, ALEXANDRINO, Marcelo. Op.cit. p.83 e 84.

2

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 21/63

 

O Professor Hely Lopes conceitua desapropriação ou expropriação como:

“A transferência compulsória de propriedade particular (ou pública deentidade de grau inferior para a superior) para o Poder Público ou seusdelegados, por utilidade ou necessidade pública ou, ainda, por interessesocial, mediante prévia e justa indenização em dinheiro...”17

“inciso XXVII  - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação oureprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar”;

“inciso XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem evoz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

 b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas”;

Os direitos autorais, também conhecidos como COPYRIGHT, são considerados bensmóveis, podendo ser alienados, doados, cedidos ou locados, sendo a permissão da utilização por terceirosdireito do autor.

Além da responsabilização civil, a violação de tal direito mediante a reprodução por qualquer meio, com intuito comercial, sem expressa autorização do autor constitui crime, ensejando a

 propositura de ação penal pública incondicionada.

“inciso XXIX  - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes deempresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológicoe econômico do País”;

A patente confere a seu titular o direito de impedir terceiro, sem seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos o produto objeto da patente,assegurando-lhe o direito de obter indenização pela exploração de seu objeto.

A lei ressalta ser patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividadeinventiva e aplicação industrial.

Cognitivamente a lei prevê proteção especial, em todos os ramos de atividade, à marcaregistrada no Brasil considerada de alto renome, bem como a marca notoriamente conhecida em seu ramode atividade, independente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil.

“inciso XXX - é garantido o direito de herança”;

O direito de herança faz correspondência direta com o direito de propriedade, deste é provido o direito de herança;

Todos os filhos terão os mesmos direitos sucessórios, atendido o princípio da igualdade,

sendo vedado qualquer tipo de discriminação relativa à filiação em relação a eles.

17 PAULO, Vicente, ALEXANDRINO, Marcelo. Op.cit. p.88.

2

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 22/63

 

“inciso XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”;

Tal norma constitucional protege os herdeiros brasileiros em relação à sucessão de bens deestrangeiros residentes situados no país.

Este preceito engloba todas as normas referentes à transmissão de bens em virtude damorte, ou seja, a sucessão legítima ou testamentária, evoluindo-se os direitos dos herdeiros naturais.

“inciso XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”;

Este preceito da CF de 1988 demonstra a preocupação do legislador constituinte com asmodernas relações de consumo, e com a necessidade de proteção do hipossuficiente economicamente.

Essa nova visão constitucional, em termos de violação do rol dos direitos humanosfundamentais, de proteção ao consumidor, deve ser compatibilizado com preceitos tradicionais em nossasConstituições, com a livre iniciativa e a livre concorrência, em razão dessas liberdades o Código de

Defesa do Consumidor veio à tona para evitar que tais liberdades de iniciativa sejam abusivas em relaçãoao consumidor.

“inciso XXXIII  - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seuinteresse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena deresponsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e doEstado”;

“inciso XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

 b)  a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos eesclarecimento de situações de interesse pessoal”;

O direito de expedição de certidão engloba o esclarecimento de situações já ocorridas, jamais sob hipóteses ou conjecturas relacionadas a situações ainda a serem esclarecidas.

A negativa estatal ao favorecimento das informações englobadas pelo direito decertidão configura o desrespeito a um direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder,

 possível de correção através de mandado de segurança.

“inciso XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidadeou abuso de poder”;

Tal direito é correspondido pelo direito de ação, que é o direito subjetivo de invocar atutela jurisdicional do Estado para a reparação de um bem material ou imaterial violado.

A petição é o instrumento pelo qual se exerce o direito de ação. O direito de petição éuma garantia de manutenção da liberdade e dignidade humana. Esse direito constitui uma

 prerrogativa democrática, de caráter essencialmente informal, apesar de sua escrita, e independe do pagamento de taxas.

A finalidade do direito de petição é dar-se notícia do fato ilegal ou abusivo ao Poder 

Público, para que ele providencie medidas adequadas.

2

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 23/63

 

“inciso XXXV  - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça adireito”;

O princípio da legalidade é basilar na existência do Estado de Direito, determinando aConstituição Federal sua garantia, sempre que houver violação do direito, mediante lesão ou ameaça.

Dessa forma, será chamado a intervir o Poder Judiciário, que, no exercício da jurisdição,deverá aplicar o direito ao caso concreto.

Importante, igualmente, salientar que o Poder Judiciário, desde que haja plausividade daameaça ao direito, é obrigado a efetivar o pedido de prestação jurisdicional requerida pela parte de formaregular, pois a indeclinabilidade da prestação judicial é princípio básico que rege a jurisdição, uma vezque a toda violação de um direito deve-se haver uma ação correlativa, independentemente de lei especialque a outorgue.

“A toda violação de um direito responde uma ação correlativa, independentemente de leiespecial que a outorgue”.18 

“inciso XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”;

Esses três aspectos objetivam limitar a retroatividade de lei nova, resguardando assim, atodos os cidadãos submetidos à tutela jurisdicional, as situações jurídicas já consolidadas, seus direitosadquiridos em relação ao assunto tratado.

O Estado cumpre o seu papel exatamente na medida em que atualiza as suas leis. Noentanto, sua utilização em caráter retroativo, em muitos casos, fere situações jurídicas já consolidadas notempo.

O ato jurídico perfeito é aquele que se aperfeiçoou, que reuniu todos os elementosnecessários a sua formação, debaixo da lei velha.

Por fim, a coisa julgada é a decisão judicial transitada em julgado de que já não caiba maisrecursos.

Através destes três artifícios se protege os direitos fundamentais, em qualquer circunstância, do homem vulnerável à proteção do Poder Público, não tendo, dessa forma, a lei nova maisforça e seriedade que a lei revogada.

“inciso XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção”;

“inciso LIII -  ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridadecompetente”;

O povo encontra no Princípio do Juiz Natural uma garanti indispensável contra o arbítrioestatal e até não-estatal, encontrando na imparcialidade do judiciário sua plena segurança. O Juiz Naturalé somente aquele integrado no Poder Judiciário, portanto investido de jurisdição, com todas as garantiasinstitucionais e pessoais previstos na Constituição Federal.

O referido princípio deve ser interpretado em sua plenitude, de forma a não só proibir-se acriação de Tribunais ou juízos de exceção, como também exigir-se respeito absoluto a regras objetivas dedeterminação de competência.

O direito a um juiz imparcial constitui garantia fundamental na administração da justiça em

uma Estado Democrático de Direito.

Conforme nos ensina o professor Alexandre de Morais, o princípio do Juiz Natural,

18 PAULO, Vicente, ALEXANDRINO, Marcelo. Op.cit. p.92 e 93.

2

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 24/63

 

“deve ser interpretado em sua plenitude, de forma a proibir-se, não só acriação de tribunais ou juízos de exceção, mas também de respeito absolutoàs regras objetivas de determinação de competência, para que não sejamafetadas a independência e imparcialidade do órgão julgador”19. 

“inciso XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,assegurados:

a) a plenitude de defesa;

 b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida”;

A instituição do júri, de origem anglo-saxônica, é vista como uma prerrogativademocrática do cidadão, que deverá ser julgado por seus semelhantes membros da sociedade.

O júri é um tribunal popular, de essência e obrigatoriedade constitucional,regulamentado na forma da legislação ordinária, atualmente composto por um Juiz de Direito, que

 preside, e por 21 jurados, que serão sorteados entre cidadãos que constem do alistamento eleitoral doMunicípio, formando o Conselho de Sentença com 7 deles.

“inciso XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem préviacominação legal”;

Esses princípios, como garantia essencial de um Estado de Direito, asseguram que aregulamentação da amplitude do exercício do direito do Estado, e consequentemente da liberdade doindivíduo, depende exclusivamente de prévia manifestação de vontade dos representantes populares,defensores de mandatos eletivos, diretamente eleitos pelo povo. Este princípio exige a existência de leiformal devidamente elaborada pelo Poder Legislativo, por meio das regras de processo legislativo; que alei seja anterior ao fato sancionado; e, que a lei descreva especificamente um fato determinado.

“inciso XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”;

A regra geral em matéria de direito penal é a irretroatividade da lei penal, porém, admite-seconstitucionalidade, sempre a favor do agente da prática do fato delituoso, a retroatividade da lei penalmais benigna.

“inciso XLI  - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdadesfundamentais”;

Este texto é o que protege explicitamente e especificadamente os direitos humanosfundamentais, imprescindíveis à plena manutenção da dignidade humana, cabendo, portanto ao Poder Judiciário se valer dos instrumentos necessários ao combate à discriminação atentória dos direitos eliberdades fundamentais.

Trata-se de garantia constitucional de eficácia limitada, portanto não auto-executável edepende de integração legislativa ordinária.

“inciso XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”;

19 PAULO, Vicente, ALEXANDRINO, Marcelo. Op.cit. p.97 e 98.

2

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 25/63

 

Constitui proteção à igualdade de todos perante a lei, a proibição de discriminação denatureza racista-étnica, que por sua vez se presentifica através do pré-julgamento do caráter e dadignidade humana, pelo grau de tonalidade que a cutis de cada cidadão apresenta. A prática de racismo éa fundamentação da desigualdade humana, que ainda presenciamos com mais rigor, após a discriminaçãode natureza étnico-nazista ao término da II Guerra Mundial.

Dessa forma, serão punidos os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor, etnia,religião ou procedência nacional.

“inciso XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos comocrimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, seomitirem”;

São considerados crimes hediondos: homicídio, latrocínio, extorsão qualificada pela morte,extorsão mediante seqüestro, estupro, atentado violento ao pudor e epidemia com resultado morte e ocrime de genocídio. Os crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo não são crimeshediondos, como podemos verificar pelo próprio texto constitucional, porém a eles se aplicam as regras

 previstas na lei.

É constitucionalmente obrigatório o cumprimento integral em regime fechado dos crimeshediondos e assemelhados, em razão disso não ofende o princípio de individualização da pena, uma vezque trata-se de matéria infraconstitucional a ser disciplinada por lei ordinária.

“inciso XLIV  - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados,civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático”;

Ao estabelecer mais um mecanismo protetivo da ordem constitucional e do EstadoDemocrático, o legislador constituinte pretendeu solidificar a idéia de democracia na República

Federativa do Brasil, no intuito de afastar qualquer possibilidade futura de quebra de normalidade.

A norma constitucional, porém, não tem aplicabilidade imediata, uma vez que não édefinidora do tipo penal, mas tão-só estabeleceu um instrumento de defesa da democracia econsequentemente protege o princípio fundamental da liberdade de todos os cidadãos democráticos.

“inciso XLV  - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação dereparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores econtra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”;

“inciso XLVI  - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, asseguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

 b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos”;Dessa forma, garante-se tanto a proibição de transmissão da pena para familiares, parentes,

amigos ou terceiros em geral, quanto exige-se que a lei infraconstitucional preveja a extinção da

2

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 26/63

 

 punibilidade em caso de morte do agente, uma vez que não haveria sentido na continuidade, por parte doEstado, na persecução penal.

A culpabilização da pena depende do juízo individualizado da culpa do agente, assimimpondo-a.

Segundo Vicente Paulo:

“o princípio da individualização da pena exige estreita correspondência entrea responsabilização da conduta do agente e a sanção a ser aplicada, demaneira que a pena atinja suas finalidades de prevenção e repressão. Assim, aimposição da pena depende do juízo individualizado da culpabilidade doagente (censurabilidade de sua conduta)”20.

“inciso XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do Art. 84, XIX;

 b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis”;

A Constituição Federal de 1988 consagrou como garantia individual do sentenciado aimpossibilidade de aplicação de determinadas penas, a saber nas alíneas do referido inciso.

Essa previsão decorre criteriosamente da proteção dos direitos humanos por parte do Poder 

Público, as finalidades das penas tuteladas constitucionalmente não devem ser de cunho vingativo, emvirtude do necessário respeito à dignidade humana.

“inciso XLVIII  - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com anatureza do delito, a idade e o sexo do apenado”;

“inciso XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”;

Segundo Vicente Paulo,

“o maior problema atinente a este dispositivo diz respeito à questão deencontraram-se os meios assecuratórios do seu cumprimento. As próprias

 prisões muitas vezes superlotadas já configuram em si mesmas, umaagressão, se não física, ao menos moral ao detento”21.

“inciso L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer comseus filhos durante o período de amamentação”;

20 PAULO, Vicente, ALEXANDRINO, Marcelo. Op.cit. p.108.21 PAULO, Vicente, ALEXANDRINO, Marcelo. Op.cit. p.109.

2

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 27/63

 

A Constituição Federal ao proclamar o respeito à integridade física e moral dos presos, emque pese a natureza das relações jurídicas estabelecidas à Administração Penitenciária e os sentenciados a

 penas privativas de liberdade, consagra a conservação de todos os direitos fundamentais reconhecidos à pessoa livre, com exceção obviamente daqueles incompatíveis com a condição peculiar de preso, taiscomo liberdade de locomoção, livre exercício de qualquer profissão, inviolabilidade domiciliar emrelação à cela, exercício dos direitos políticos, entretanto o preso continua exercendo os demais direitos e

garantias fundamentais. Ex: integridade física e moral, liberdade religiosa, direito de propriedade e emespecial o direito à vida e à dignidade humana.

“inciso LI  - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crimecomum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito deentorpecentes e drogas afins, na forma da lei”;

“inciso LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou deopinião”;

A extradição é o ato pelo qual um Estado entrega um indivíduo, acusado de um crime ou jácondenado como criminoso, à justiça do outro país que o reclama. O indivíduo é extraditado em razão deser seu país de origem naturalmente competente para julgá-lo e puni-lo.

“inciso LIII  - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridadecompetente”;

“inciso LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processolegal”;

“inciso LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geralsão assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”;

Corresponde à Declaração Universal dos Direitos do Homem: “todo homem acusado deum ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que sua culpabilidade tenha sido provado deacordo com a lei, em julgamento público no qual se tenham sido assegurados todas as garantiasnecessárias à sua defesa.

O devido processo legal configura dupla proteção ao indivíduo, atuando tanto no âmbitomaterial de proteção ao direito de liberdade e propriedade quanto no âmbito formal, ao assegurar-lhe

 paridade total de condições com o Estado-persecutor e plenitude de defesa.

O devido processo legal tem como pressupostos a ampla defesa e o contraditório, quedeverão ser asseguradas aos litigantes em todos os processos de quaisquer natureza.

A garantia do devido processo legal , do contraditório e da ampla defesa são garantiasfundamentais de justiça e, ainda sobretudo mantenedores da dignidade humana.

“inciso LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”;

A inadmissibilidade das provas ilícitas deriva da posição preferente dos direitos

 fundamentais no ordenamento jurídico, tornando impossível a violação de uma liberdade pública para

obtenção de qualquer prova.

A existência de provas obtidas através de artifícios fraudulentos, leva a formação de umconvencimento equívoco, produzindo um processo injusto que afronta os direitos e garantiasfundamentais da pessoa humana.

2

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 28/63

 

“inciso LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”;

Este inciso consagra a  presunção da inocência, um dos princípios basilares do Estado de Direito comogarantia processual penal, visando a tutela da liberdade pessoal.

Dessa forma, há a necessidade de o Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo, que éconstitucionalmente presumido inocente, sob pena de voltarmos ao total arbítrio estatal.

A presunção da inocência só é afastada através de um mínimo necessário de provas produzidas por meio de um devido processo legal e com a garantia da ampla defesa. Esta garantia está prevista na Declaração Francesa de Direitos Humanos.

“inciso LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvonas hipóteses previstas em lei”;

Trata-se de norma constitucional de eficácia contida que apresenta um direito fundamentalde eficácia imediata e uma exceção consubstanciada em regra cuja eficácia depende de regulamentação.

Assim, o direito fundamental consiste na impossibilidade de identificar-se criminalmente a pessoa que encontra-se civilmente identificada.

“inciso LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal”;

 No sistema jurídico brasileiro, o processo criminal somente pode ser deflagrado por denúncia ou por queixa, sendo a ação penal pública privativa do MP.

Portanto será instaurada a ação ainda que o MP arquive o inquérito ou se omita,objetivando assegurar direitos de ordem coletiva eventualmente violados que, raramente, poderá não ser tutelado.

Este mecanismo também representa um contrapeso constitucional ao exercício doMinistério Público, que assim constitui ato de soberania, nunca permitido se o titular da ação penal

 pública manifestar-se. Só será promovida pelo ofendido quando o Ministério Público não propor a açãono prazo legal.

“inciso LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa daintimidade ou o interesse social o exigirem”;

Um regime democrático em um Estado de Direito exige, como regra, a publicidade dos atos processuais, tendo mandamento constitucional de eficácia contida, uma vez que se possibilita a edição delei ordinária que, excepcionalmente, nas hipóteses de defesa da intimidade ou do interesse social, arestrinja.

Esta regra garante a fiscalização popular em relação ao trabalho dos juízes, promotores de justiça e advogados que tendo por finalidade a defesa dos direitos fundamentais do homem, só poderão defato serem defendidos pela própria coletividade.

“inciso LXI  - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e

fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”;

3

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 29/63

 

“inciso LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir aliberdade provisória, com ou sem fiança”;

A tutela à liberdade com a conseqüente limitação do poder estatal sobre o status libertatis

do indivíduo consiste em uma das maiores conquistas do Direito Constitucional.

 Magna Carta (João Sem-Terra – Inglaterra 15-06-1215): “Ninguém sendo livre será detidoou sujeito a prisão, ou privado de seus bens, ou colocado fora da lei, ou exilado, ou de qualquer modomolestado, e nós não procederemos nem mandaremos proceder contra ele senão mediante um julgamentoregular pelos seus pares ou de harmonia com a lei do país”.

O direito a liberdade engloba fundamentalmente os seguintes subdireitos:

a) direito de não ser detido ou preso pelas autoridades públicas, salvo nos casos e termos previstos neste artigo;

 b) direito de não ser aprisionado ou fisicamente impedido ou constrangido por pare deoutrem;

c) direito a proteção do Estado contra os atentados de outrem à própria liberdade.

A regra constitucionalmente prevista, portanto, é a liberdade, com inúmeros direitos egarantias tuteladores da manutenção desse preceito básico em um Estado de Direito.

“inciso LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicadosimediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”;

“inciso LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”;

“inciso LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial”;

“inciso LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”;

A Constituição determinou que o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado.

O preso, igualmente, tem o direito de saber os motivos de sua prisão, qual a identificação

das autoridades ou agentes de autoridade policial que estão efetuando sua privação de liberdade, para que possam ser responsabilizados por eventual ilegalidade e abusos.

“inciso LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável peloinadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”;

Em regra não haverá prisão civil por dívida, excepcionalmente, porém, em dois casos será permitida tal sanção.

É válido lembrar e ter por critério de consideração de determinado assunto, a situaçãoeconômica do país, o nível de desemprego é presente até em países com desenvolvimento avançado,assim se há desemprego, certamente irá ter a incidência de inadimplentes em contratos feitos por 

 particulares, portanto se houvesse uma prescrição formal através de lei positiva determinando emqualquer hipótese a prisão por dívida, esta lei teria efeito averso à sua finalidade, certamente estadescrição legal causaria uma desordem social.

3

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 30/63

 

“inciso LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos quecomprovarem insuficiência de recursos”;

Este inciso pretende efetivar materialmente diversos outros princípios constitucionais, taiscomo, igualdade, devido processo legal, ampla defesa, contraditório e, principalmente, pleno acesso àJustiça.

Sem assistência jurídica aos hipossuficientes não haveria condições de aplicação imparciale equânime de Justiça.

“inciso LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o queficar preso além do tempo fixado na sentença”;

É uma nova espécie de direito fundamental , o direito à indenização por erro judiciário, ouainda excesso ilegal de tempo de prisão fixado pela sentença;

Portanto, nota-se que não são só os erros judiciários os únicos atos jurisdicionaissusceptíveis de provocar graves danos morais e materiais aos cidadãos, também a prisão preventiva ilegalou injustificada pode originar lesões graves e ilegítimas, devendo merecer igual proteção o ressarcimentodos danos provocados.

“inciso LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

 b) a certidão de óbito”;

A Constituição Federal, igualmente, prevê que a lei federal estabelecerá normas gerais parafixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.

A lei maior consagra o direito a Registro Civil de Nascimento e a Certidão de Óbitogratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, seguindo os princípios de igualdade de todossem qualquer critério distintivo.

CAPÍTULO II

DOS DIREITOS SOCIAIS

“Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, asegurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, naforma desta Constituição”. 

O constituinte, neste artigo, não atendeu aos melhores critérios metodológicos, mas dá ao jurista a possibilidade de extrair, daqui e de lá, aquilo que constitua o conteúdo dos direitos relativos acada um daqueles objetos sociais.

Os direitos sociais disciplinam situações subjetivas pessoais ou grupais de caráter concreto,eles são prestações positivas proporcionadas pelo Estado, direta ou indiretamente, enunciadas em normasconstitucionais que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem arealizar a igualização de situações sociais desiguais.

Os direitos sociais, inclusive este artigo, se ligam ao direito de igualdade, são pressupostosde gozo dos direitos individuais, uma vez que existem objetivando criar situações materiais propícios aoauferimento da igualdade real, que assim sendo proporciona condição mais compatível com o exercícioefetivo da liberdade.

3

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 31/63

 

“Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem àmelhoria de sua condição social”:

“inciso I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nostermos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos”;

“inciso II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário”;

“inciso III - fundo de garantia do tempo de serviço”;

“inciso IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender asuas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”;

“inciso V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho”;

“inciso VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo”;

“inciso VII- garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebemremuneração variável”;

“inciso VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor daaposentadoria”;

“inciso IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno”;

“inciso X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa”;

“inciso XI -  participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e,excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei”;

“inciso XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa rendanos termos da lei”; 

“inciso XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta equatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ouconvenção coletiva de trabalho”;

3

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 32/63

 

“inciso XIV -  jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos derevezamento, salvo negociação coletiva”;

“inciso XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos”;

“inciso XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal”;

“inciso XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do queo salário normal”;

“inciso XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração decento e vinte dias”;

“inciso XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei”;

“inciso XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nostermos da lei”;

“inciso XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias,nos termos da lei”;

“inciso XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higienee segurança”;

“inciso XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas,na forma da lei”;

“inciso XXIV – aposentadoria”;

“inciso XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos deidade em creches e pré-escolas”;

“inciso XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho”;

“inciso XXVII  proteção em face da automação, na forma da lei”;

3

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 33/63

 

“inciso XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir aindenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”; 

“inciso XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após aextinção do contrato de trabalho”; 

“inciso XXX -  proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério deadmissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil”;

“inciso XXXI -  proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios deadmissão do trabalhador portador de deficiência”;

“inciso XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos”;

“inciso XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito ede qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorzeanos”; 

“inciso XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso;

Parágrafo único - São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social”.

O artigo 7o relaciona os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, mas seu parágrafo únicoassegura à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos indicados nos incisos: IV, VI, VIII, XV,XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV.

A questão da distinção sobre o que são trabalhadores urbanos e rurais perde boa parte daimportância que tinha antes, porque agora todos gozam dos mesmos direitos (igualdade).

 Nem o art. 6o e nem o 7o trazem norma expressa conferindo o direito ao trabalho.

Este, porém, versa do conjunto de normas da Constituição sobre o trabalho.

O art. 1, IV, se declara que a República Federativa do Brasil tem como fundamento, entreoutros, os valores sociais do trabalho; o art. 170 estatui que a ordem econômica funda-se na valorizaçãodo trabalho, tudo isso tem o sentido de reconhecer o direito social ao trabalho, como condição daefetividade da existência digna e, pois, da dignidade da pessoa humana.

“Art. 8º - É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte”:

“inciso I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato,ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção naorganização sindical”;

3

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 34/63

 

“inciso II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau,representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelostrabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município”;

“inciso III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais dacategoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”;

“inciso IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindicalrespectiva, independentemente da contribuição prevista em lei”;

“inciso V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato”;

“inciso VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas detrabalho”;

“inciso VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizaçõessindicais”;

“inciso VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro dacandidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano apóso final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único - As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos ruraise de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer”.

“Art. 9º - É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre aoportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”.

Ao verificarmos os arts. 8o e 9o percebemos um outro ramo dos direitos dos trabalhadores,os direitos coletivos, podemos verificar também nesse rol os arts. 10o e 11º.

O art. 8o mensiona os tipos de associação.

 No ordenamento brasileiro, até agora, não se formava sindicato diretamente. Hojerespectivo artigo dá inteira liberdade de fundação de sindicato que objetiva, por sua vez, os cumprimentosdos direitos fundamentais dos trabalhadores, servindo ele de órgão fiscalizador e reinvindicador dascondições fundamentais impostas expressamente pela Constituição Federal.

O art. 9o tutela o direito de greve, que é assim definido: “exercício de um poder de fato dostrabalhadores com o fim de realizar uma obtenção coletiva de trabalho subordinado”.

Ela, assim, se desencadeia e se desenvolve sob a égide do poder de representação dosindicato, pois a greve é um instrumento dos trabalhadores coletivamente organizados para a realizaçãode melhores condições de trabalho para toda categoria profissional envolvida.

Se o sindicato é o órgão reinvidicador dos direitos sociais dos trabalhadores, a greve é amedida tomada por eles para que se cumpra o direito violado.

3

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 35/63

 

“Art. 10 - É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiadosdos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão edeliberação”.

“Art. 11 -  Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de umrepresentante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com osempregadores”.

Percebemos que neste artigo se tutelam também os interesses coletivos dos trabalhadores,conjuntamente com os arts. 8 e 9 º. O art. 10 existe tendo por base a igualdade de condições entretrabalhadores e empregadores permitindo assim que tanto os empregadores, como os trabalhadores têm aigualdade de direitos e a liberdade de discutir seus interesses diretos nos colegiados dos órgãos públicos.

Já o art. 11 permite que em empresas de mais de 200 funcionários se eleja um representante para que o elo entre eles e os empregadores sejam exercidos com maior clareza, rapidez e eficácia possibilitando que os interesses dos trabalhadores sejam efetivamente conferidos.

CAPÍTULO III

DA NACIONALIDADE

“Art. 12 - São brasileiros”:

“inciso I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde queestes não estejam a serviço de seu país;

 b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer delesesteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham aresidir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira”;

“inciso II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de

 países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

 b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasilhá mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade

 brasileira”.

“§ 1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade emfavor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nestaConstituição”.

“§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvonos casos previstos nesta Constituição”.

3

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 36/63

 

“§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas;

VII - de Ministro de Estado da Defesa”.

 

“§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nocivaao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

 b) de imposição de naturalização, pela forma estrangeira, ao brasileiro residente em Estadoestrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis”.

“Art. 13 - A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil”.

“§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selonacionais.

“§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios”.

O direito à nacionalidade é um direito inerente ao homem vivendo em sociedade, o direito ànacionalidade integra o direito público.

Ela pode ser primária ou secundária: é primária quando resulta de fato natural (nascimento)e é secundária quando se adquire por fato voluntário.

A nacionalidade corresponde diretamente, aonde o indivíduo irá receber e exercer seusdireitos e obrigações no tocante à vida, em sociedade, representa também um artifício, que faz todos oscidadãos subordinados aos respectivos ordenamentos legais, receber de forma equânime o que lhe é dedireito. É o denominador comum dos cidadãos pertencentes ao mesmo país.

O art. 13 cuida dos símbolos irrepetíveis de nação para nação, cada país adota uma línguarespectiva, um hino que o representa e assim sendo uma bandeira que o corporifica.

CAPÍTULO IV

DOS DIREITOS POLÍTICOS

3

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 37/63

 

“Art. 14 - A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto esecreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante”:

“inciso I –  plebiscito”;

“inciso II – referendo”;

“inciso III - iniciativa popular”.

“§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

 b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos”

“§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviçomilitar obrigatório, os conscritos”.

“§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária; 

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

 b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador”.

“§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos”.

“§ 5º - O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, osPrefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para umúnico período subseqüente”.

3

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 38/63

 

“§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores deEstado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antesdo pleito”.

“§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentesconsangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador deEstado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seismeses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição”.

“§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, seeleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade”.

“§ 9º - Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de suacessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato,considerada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influênciado poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ouindireta”. 

“§ 10 -O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinzedias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção oufraude”.

“§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo oautor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé”.

“Art. 15 - É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará noscasos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos doArt. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do Art. 37, § 4º”.

Todo poder irmana do povo, e em seu nome será exercido.

Os direitos políticos acima descritos é a representação formal da participação popular naformulação das leis e distribuição dos direitos através do poder executivo.

Obviamente, o povo não redige e nem executa nenhuma lei, decreto ou medida provisória,e sim participa desse processo de uma forma secundária por meio de eleição de quem irá representá-losnestes órgãos.

4

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 39/63

 

Os direitos políticos, também tomam por critério os princípios de  Igualdade (todo voto temvalor igual), liberdade (todos são livres para fazer sua escolha em que irá votar) e também de intimidade,em virtude do voto ser direto e ser secreto.

Os direitos políticos são o reconhecimento constitucional da soberania popular, sãoimportantes para a concretização da existência de um Estado Democrático de Direito.

CAPÍTULO V

DOS PARTIDOS POLÍTICOS

“Art. 17 - É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentaisda pessoa humana e observados os seguintes preceitos”: 

“inciso I - caráter nacional”;

“inciso II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governoestrangeiros ou de subordinação a estes”;

“inciso III - prestação de contas à Justiça Eleitoral”;

“inciso IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei”.

“§ 1º - É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,organização e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina

 partidárias”.

“§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil,registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral”.

“§ 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito aorádio e à televisão, na forma da lei”.

“§ 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar”.

Partidos políticos são a união de pessoas estavelmente organizadas e juridicamentevinculadas para a consecução de fins políticos comuns.

Como toda a instituição social, os Partidos Políticos devem respeitar e estar sobretudo aserviço para a plena consecução distributiva dos direitos humanos fundamentais, inclusive esses fotos se

encontram expressamente instituído no texto constitucional.

 No Brasil sobressai-se o pluripartidarismo, no qual a democracia é explicitada através dalivre escolha de diversas opiniões conflitantes entre si, defendidas pelos diversos partidos políticos.

4

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 40/63

 

É através deles que se realiza todo processo eleitoral brasileiro e, por conseqüência, o processo governamental. Os partidos somente prestam serviços públicos quando no exercício das funçõesgovernamentais, mas aí não são instrumentos da prestação de serviços, que não são deles, mas do Estado,dos órgãos governamentais que, com eles, não se confundem.

A sua livre criação, fusão, incorporação e extinção, se correlaciona com o princípio deliberdade de associação sobretudo.

Encontramos análogo princípio no art. 8o da Constituição Federal que garante a liberdadeirrestrita de associação profissional ou sindical.

4. DIREITOS HUMANOS COMPARADO

4.1 Os direitos humanos nos países em geral

Um quadro bastante diverso, mas igualmente em conflito com os direitos humanos tal comodefinidos nas formulações universalistas que as Nações Unidas têm endossado, nos é oferecido pelos

 países muçulmanos e por alguns ao menos dos países asiáticos.

Em resumo, pode-se afirmar que, também no Norte da África, no Oriente Próximo e na Ásiao relativismo cultural cria um fosso entre a universalidade dos Direitos Humanos – tal como emergem daDeclaração dos Direitos Humanos de 1948, da Proclamação do Teerã de 1968 e da Declaração de Vienade 1993 – e a realidade prática da sua aplicação naqueles territórios.

Mais conhecida será certamente a situação dos países mulçumanos, em decorrência daaplicação da “shari ah” – que o novo fundamentalismo islâmico tende a enfatizar.

4.2 Direitos Humanos no Estado Islâmico

4.2.1 Garantia da Vida e da Propriedade:

•  No Sermão que o Profeta proferiu por ocasião do último Hajj (Sermão da Despedida),ele disse: "Vossas vidas e bens são invioláveis até que vos encontreis diante de vosso

Senhor no Dia da Ressurreição”.O Profeta também disse sobre os dhimmis (os cidadãosnão muçulmanos do estado islâmico): "Aquele que mata um homem sob proteção de um

 pacto (isto é, dhimmi) não sentirá, sequer, o perfume do Paraíso.”

4.2.2 Proteção da Honra: 

• O Alcorão estabelece:

1. “Ó fiéis, que nenhum povo zombe do outro; 

22  Não vos difameis; 

22  Não vos insulteis com apelidos; 

22  Não vos espreiteis, nem vos calunieis mutuamente.”(49:11-12)

4.2.3 Santidade e Segurança da Vida Privada: 

4

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 41/63

 

• O Alcorão estabeleceu:

1."Não vos espreiteis" (49:12)

2."Não entreis em casa alguma além da vossa, a menos que estejais certos do consentimentodo seu morador." (24:27)

4.2.4 Segurança da Liberdade Pessoal: 

• O Islam estabeleceu o princípio de que nenhum cidadão pode ser preso a menos que suaculpa tenha sido provada em julgamento público. O Islam não permite prender uma

 pessoa pela simples suspeita e levá-la à prisão, sem ser precedido dos procedimentoslegais cabíveis, e sem propiciar a oportunidade de produzir sua própria defesa.

4.2.5 Direito de Protestar contra a Tirania: 

• Entre os direitos que o Islam conferiu aos seres humanos está o de protestar contra atirania do governante. Quanto a isso, diz o Alcorão: "Deus não aprecia que sejam

 proferidas palavras maldosas publicamente, salvo por alguém que tenha sidoinjustiçado." (4:148)  Desde os seus primórdios o Islam sustentou que todo poder eautoridade pertencem a Deus e que o ser humano exerce apenas uma delegação de

 poder; todo aquele que recebe o poder tem que permanecer em extrema reverênciadiante de seu povo, e será chamado a prestar contas pelo exercício desse poder. Isto foireconhecido por Abu Bakr que disse em seu primeiro discurso: "Cooperem comigo se

eu estiver certo, mas corrijam-me se eu estiver errado; obedeçam-me sempre que eu

 seguir os mandamentos de Deus e de Seu Profeta, mas afastem-se de mim quando eu medesviar”.

4.2.6 Liberdade de Expressão: 

• O Islam concede o direito de liberdade de pensamento e expressão a todos os cidadãosdo estado islâmico, sob a condição de que deve ser usado para a propagação da virtudee da verdade e não para espalhar o mal ou a iniqüidade. O conceito islâmico deliberdade de expressão é muito superior ao conceito que prevalece no ocidente. O Islamnão permite, sob qualquer hipótese, que o mal e a iniqüidade sejam propagados.Também, ninguém tem o direito de usar uma linguagem ofensiva ou abusiva a título decrítica. Os muçulmanos costumavam indagar do Profeta se um determinado assunto erauma injunção divina que tinha sido revelada a ele. Se ele respondesse que não, osmuçulmanos, então, expressavam livremente sua opinião a respeito.

4.2.7 Liberdade de Associação: 

• O Islam também concedeu às pessoas o direito de se associarem livremente e deformarem partidos ou organizações. Este direito também está sujeito a certas regrasgerais.

4.2.8 Liberdade de Consciência e Crença: 

• O Islam estabeleceu a seguinte injunção, inteiramente diferente das sociedades

totalitárias, que privam os indivíduos de suas liberdades: "Não há compulsão emmatéria de fé”.(2:256). Na verdade, esta exaltação indevida da autoridade do estado,curiosamente postula uma série de obrigações, de servidão por parte do homem.Durante muito tempo a escravidão significou o controle total do homem pelo homem -

4

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 42/63

 

agora que este tipo de escravidão foi abolido legalmente, as sociedades totalitáriasimpuseram, em seu lugar, um tipo de controle sobre os indivíduos.

4.2.9 Proteção dos Sentimentos Religiosos: 

• Juntamente com a liberdade de crença e liberdade de consciência, o Islam concedeu odireito ao indivíduo de que seus sentimentos religiosos serão respeitados e que nadaserá dito ou feito que possa usurpar esse direito.

4.2.10 Proteção contra o Encarceramento Arbitrário: 

• O Islam também reconhece o direito de o indivíduo não ser detido e preso pelos crimesde outros. O Alcorão decretou este princípio muito claramente:  "Nenhum pecador arcará com culpa alheia”.(35:18)

4.2.11 Direito às Necessidades Básicas da Vida:

• O Islam reconhece o direito do necessitado a ajuda e assistência:  "E há em seus bensuma parte para o mendigo e o desafortunado”(51:19)

4.2.12 Igualdade Perante a Lei: 

•  No Islam, todos os cidadãos têm o direito à igualdade total e absoluta perante a lei.

4.2.13 Os Governantes não estão acima da Lei: 

• Certa vez, uma mulher, que pertencia a uma família nobre, foi presa por conexão comroubo. O caso foi trazido ao Profeta e foi recomendado que ela fosse poupada da

 punição de roubo. O Profeta disse: "As nações que vos precederam foram destruídas por 

 Deus porque puniam o homem comum por suas ofensas e deixavam seus dignitáriosimpunes de seus crimes. Juro por Aquele em Cujas mãos minha alma se encontra, que,

mesmo se fosse Fátima, a filha de Mohammad, quem tivesse cometido este crime, euteria amputado sua mão”.

4.2.14 Direito de participar das questões de Estado: 

• "... E resolvem os seus assuntos em consulta..."  (42:38) A "shura", ou assembléialegislativa não tem outro significado senão o de que o chefe do governo e os membrosda assembléia devem ser eleitos por escolha livre e independente do povo”.

Em 1988 o Representante Permanente do Irã junto às Nações Unidas escrevia que...“Não há problema insolúvel decorrente da compatibilidade do direito islâmico internacional”.

Trata-se, contudo, de uma apreciação um tanto otimista, pois parecia ser difícil dar acolhida,à base dos direitos humanos tal como definidos nos instrumentos da ONU, há pena de morte por apostasia, ou execução por apedrejamento para o adultério cometido pela mulher casada, ou ainda aamputação da mão direita para o roubo – apenas para menciona alguns exemplos.

Por alimentarem justamente uma visão diferente dos direitos humanos, e alegarem nãohaverem participado com raras exceções das negociações que conduziram à Declaração Universal dosDireitos Humanos, de 1948, os países muçulmanos, em Reunião de Chanceleres da Organização deViena, o referido documento não sobreviveu conteúdo à pressão dos países industrializados, inflexíveis nainsistência da universalidade dos direitos humanos. Face ao fundamentalismo inaugurado com o regime

4

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 43/63

 

de Khomeini e hoje bastante expandido, no Oriente Próximo e no norte da África, é de perguntar-se,entretanto, que efeito pratico poderá ter, nos países islâmicos mais engajados o consenso que acabou

 prevalecendo na conferência de 1993.

4.3 Os Direitos do Homem na China

 Nesta breve amostragem do relativismo cultural, a China merecia também uma atençãoespecial.

O Governo chinês aprecia muito a "Declaração Universal sobre os Direitos Humanos" econsidera que está declaração é o primeiro documento internacional que se exprime sistematicamentesobre o respeito e a proteção dos direitos humanos fundamentais, assentando a base prática dos direitoshumanos internacionais. Ao mesmo tempo, considera que deve-se combinar a aplicação dos princípiosgerais dos direitos humanos com a situação nacional dos diversos países. Devido à diferença de sistemassociais, aos níveis de desenvolvimento econômico, às tradições históricas e culturais dos diversos países,é natural que suas observações e métodos de pôr em prática os direitos humanos não sejam iguais.

A partir da situação nacional e da tradição, de acordo com as experiências adquiridasdurante longo tempo, a China formou seu próprio conceito sobre os direitos humanos e formula a lei e a

 política apropriada.

Suas características são:

1. Caráter amplo: Todo o povo chinês desfruta dos direitos humanos, em vez de uma partedas pessoas, ou algumas classes e os estratos sociais. O domínio dos direitos humanos dos cidadãoschineses é amplo. Gozando dos direitos à subsistência, à liberdade individual e à política, o cidadãochinês desfruta dos direitos econômicos, culturais e sociais. O Estado concede muita atenção e garante osdireitos humanos individuais e os coletivos;

2. Caráter justo: Todos os cidadãos são iguais perante a lei. Os cidadãos gozam igualmentede todos os diversos direitos civis estabelecidos pela Constituição e a lei, sem ser restringidos a tomar como norma a diferença de posses, a situação econômica ou a etnia, a raça, o sexo, a profissão, a origemfamiliar, a crença religiosa, o grau de instrução ou o tempo de residência.

3. Caráter real: O Estado garante o sistema, a lei e a matéria para a realização dos direitoshumanos. Na vida real, os direitos gozados por todos são iguais aos diversos direitos dos cidadãosestabelecidos pela Constituição e a lei. Por isso, o Estado conseguiu o apoio do povo das diversasnacionalidades e estratos e dos diversos partidos, das agrupações populares e dos setores sociais.

Porém, na prática, a situação dos direitos humanos é bem diferente no País.

Com um sistema judiciário primitivo, no qual o direito de defesa é limitado ou inexistente,com a pena capital sendo aplicada após julgamentos sumários; com prisioneiros de consciência sendosentenciados à “reeducação” sobre a forma de trabalhos forçados; com a prática do aborto imposta à todasas mulheres que não obedecerem às regras do planejamento familiar; com restrições à liberdade demovimento no país, inclusive para a obtenção de melhores empregos – para mencionar apenas algumasdas situação mais pessoais.

Para um país ou nação, os direitos humanos significam antes de tudo os direitos do povo àsubsistência e o desenvolvimento é à base de promoção e proteção dos direitos humanos. Depois dafundação da República Popular da China, o Governo procurou sempre a resolução do problema dovestuário e do alimento do povo como preocupação principal e a tarefa mais importante e fez grandesesforços neste sentido. Mas, em 1979, a China transferiu a preocupação principal de seu trabalho para odesenvolvimento econômico, pôs em prática a política de reforma e abertura e impulsionou muito odesenvolvimento das forças produtivas nacionais. No fim da década de 80 se haviam solucionado

 basicamente os problemas do vestuário e do alimento do povo e ao mesmo tempo o problema do direitodo povo à subsistência. Com muita confiança, a China impulsiona a reforma e abertura, desenvolve aeconomia para que a vida do povo alcance nível de vida modestamente acomodado.

4

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 44/63

 

Visão coletivista vem convencionando a percepção que os dirigentes chineses (e até mesmoalguns dos grupos dissidentes do país têm dos direitos humanos). Passada a fase pioneira do regimecomunista na China, presenciamos hoje naquele país o culto da ciência, do poder econômico e, de certaforma, do capitalismo. Interessante será ver agora se a abertura da economia conduzirá a uma políticamais afirmativa e individualista em matéria d direitos humanos, e s o novo consumismo contribuirá(como se espera) para a afirmação dos direitos individuais.

A China tomou atitude positiva para participar das atividades internacionais sobre osdireitos humanos e incorporou-se às 17 convenções internacionais sobre direitos humanos. Através demedidas legislativas, judiciárias, administrativas e outras, o Governo pratica estritamente o previsto nasconvenções e entrega a tempo informes sobre sua aplicação a todos os órgãos de supervisão e execução.Em 1977, o Governo chinês firmou a "Convenção Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais eCulturais". Em outubro de 1998, firmou a "Convenção Internacional sobre Direitos Civis e Políticos" , emabril de 1999, publicou "Avanço dos Direitos Humanos na China em 1998".

4.4 Os Direitos do Homem na Índia

Bem diversa é a situação da Índia, a justo titulo considerada a maior democracia do mundo.Graças a visão de Gandhi e de Nehru o país nasceu com um governo secular, e na verdade, o Mahatmasacrificou a vida no ideal de construir uma sociedade em que não houvesse distinções de casta ou dereligião. O êxito obtido foi marcante, mas o sistema de castas não foi ainda totalmente erradicado, com os“intocáveis”, sujeitos por vezes a tratamento discriminatório – não na lei, mas na pratica.

Outras características de uma cultura milenar também perduram, como os casamentos decrianças, contratados pelos pais. Com o poder crescente dos partidos nacionalistas, usualmenteidentificados com as correntes hinduístas mais radicais, é possível que a coexistência de indianos dediferentes religiões se torne mais difícil, com pressões sendo exercidas sobre a minoria muçulmana.

Em tal contexto, grande parecia ser o risco de um retrocesso em matéria de direitos

humanos.

4.5 Os Direitos do Homem na Europa

A região do continente europeu, abrangida pelo Conselho da Europa é parte da sociedadeInternacional que se encontra mais adiantada no tocante aos direitos do homem e sua proteção. Nela estáem vigor a Convenção Européia de Direitos do Homem, concluída em 04-11-1950 e vigente desde 1953.

A grande vantagem dessa convenção é que, alem de enunciar os direitos do homem, tambémdetermina as garantias de sua execução e contem uma restrição à soberania estatal.

A convenção prevê a existência de dois órgãos destinados à sua garantia e execução:

a) Comissão Européia de Direitos do Homem: composta de um mínimo de membros igualao dos Estados – parte da convenção, com a função de ouvir as partes interessadas em procurar umasolução amigável. Qualquer particular pode apresentar uma reclamação à Comissão por ter sido violada aconvenção, após terem esgotado os recursos internos. Se não for possível uma solução amigável, ela

 prepara um relatório a ser enviado ao Conselho de Ministros, que decidirá por maioria de 213. A sua sedeé em Estrasburgo.

 b) Corte Européia dos Direitos do Homem: tem um número de juízes igual ao dos Estados-membros do Conselho da Europa. Somente atuam como partes o Estado e a comissão. Uma questão podeser a ela submetida se a solução amigável for impossível, devendo tal litígio ser levado a seuconhecimento no prazo de três meses.

A sua decisão é definitiva. A sede é em Estrasburgo.

4

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 45/63

 

Em 1961, ainda no âmbito do Conselho da Europa, foi assinada a Carta Social Européia, quetrata dos direitos econômicos e sociais, como o direito ao trabalho, à previdência, à remuneração justa.Em 1983, o Conselho da Europa concluiu um protocolo abolindo a pena de morte em tempo de paz.

4.5.1 Portugal

A Constituição Portuguesa de 1976, com as revisões resultantes da Lei Constitucional n01/89  de 8 de julho de 1989 classificou os direitos humanos fundamentais em direitos, liberdades egarantias pessoais. Subdivide-se em direitos pessoais, direitos pessoais, direitos, liberdades e garantias de

 participação política, direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores e direitos econômicos, sociais eculturais.

Os direitos, as liberdades e as garantias são qualificadas na Constituição Portuguesa comodireitos positivos as ações e prestações do Estado. Os destinatários dos direitos, das liberdades, e dasgarantias são os poderes públicos e as entidades privadas (art 360, referentes aos direitos dos cônjuges; art53, relativamente aos direitos dos trabalhadores; art 57, relacionado com o direito de greve). Outros

direitos à prestação estadual das condições de exercício de liberdade (exemplo: direito à vida, art 240,significam para Canotilho, “não somente o direito a não ser morto, mas também o direito a viver, nosentido do direito a dispor de condições de subsistência mínima”22. 

Os direitos econômicos, sociais e culturais estão distribuídos em três capítulos dedicadosaos direitos e deveres econômicos (cap I, arts 580 a 620), aos direitos e deveres sociais (cap II, arts 630 a720) e aos direitos e deveres culturais (cap III, arts 720 a 790).

Alguns destes direitos têm, como destinatários, não apenas o Estado, mas também ageneralidade dos cidadãos (arts 60, 68 e 69).

Da mesma forma que a constituição brasileira, alem dos direitos fundamentais formalmenteconstitucionais, ou seja, aqueles consagrados e reconhecidos pela Constituição, a Constituição Portuguesa

admite, no art 60, outros direitos fundamentais constantes das leis e das regras aplicáveis de direitoconstitucional. São designados direito materialmente fundamentais, tratando-se de “norma de fattispecieaberta”, abrangendo não só as positivações concretas, como também todas as possibilidades de direitos.

A normatização expressa de direitos sociais, econômicos e culturais na Constituição de 1976significa o reconhecimento do principio de democracia econômica, social e cultural não apenas como

 principio objetivo, conformador das medidas tomadas pelo Estado, mas, sobretudo, como principiofundamentador de pretensões subjetivas.

4.5.2 Alemanha

Após a Primeira Guerra Mundial, a situação da Alemanha era muito grave, pois asinstituições políticas estavam derruídas, a economia em fase de recessão e a sociedade enfrentava todasessas dificuldades. A esquerda radical segundo Manoel Gonçalves Ferreira Filho lutava para tomar o

 poder em favor dos conselhos de operários e soldados – os Societs – a moda bolchevique – 96.

Com não havia condições para que a Assembléia Constituinte convocava para estabelecer nova constituição se reunisse em Berlim, reuniu-se “em Weimar, de passado intelectual em que scultivava (e ainda se cultiva) a figura de Goethe” – 97.

A Constituição Republicana de Weimar previa, na parte II, os direitos fundamentais,dedicando-se a primeira sessão a indivíduo, a segunda à vida social e a terceira religião e a sociedadesreligiosas, a quarta à vida social à instrução e ao estabelecimento de ensino e a quinta à vida econômica.

Todas essas seções eram marcadas, segundo Ferreira Filho, por novo espírito, caracterizado por social, mesmo quanto as liberdades. Havia normas sobre o casamento e a juventude, a obrigatoriedade

22 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Op.cit. p. 86.

4

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 46/63

 

da instrução escolar, com a previsão de estabelecimentos públicos de ensinos e, por fim a sujeição da propriedade à sua função social.

Os direitos fundamentais são consagrados nos arts 10 a 19 da atual Constituição Alemã,sendo previsto os seguintes direitos:

“(...) a proteção à dignidade do homem, os direitos de liberdade, a igualdade perante a lei, a liberdade de crença, de consciência e da confissão, o direitode livre expressão do pensamento, o matrimônio, a família e a igualdade dosfilhos naturais, o ensino, a liberdade de reunião, a liberdade de associação, osegredo de correspondência e de comunicação, a liberdade de circulação e de

 permanência, a liberdade de escolha de profissão, o serviço militar e outrosserviços obrigatórios e a escassa de consciência e a inviolabilidade dedomicilio, o direito de propriedade, de sucessão e a previsão deexpropriação, a socialização indenizável, a proteção contra a perda danacionalidade, a extradição e ao direito de asilo, o direito de petição, ashipótese de perda e restrição dos direitos fundamentais”.

Outros direitos assemelhados aos fundamentais, são previstos no art 20, item 4 (direito deresistência à subversão da ordem), art 33 (direito ao acesso a cargos públicos e políticos e de expressãoreligiosa); art 38 (eleição por sufrágio universal, direto, livre, igual e secreto); art 101 (proibição detribunais exceção); art 103 (devido processo legal) e art 104 (disposições sobre prisão).

 Na atual Constituição alemã, a norma mais expressa sobre direitos fundamentais sociais estáContida no art 60, onde está previsto que a mãe tem direito à proteção e à assistência da comunidade. Talnorma, representa a concretização que falta aos demais direitos sociais.

 No entanto, enquanto a Constituição Federal Alemã não prevê os direitos fundamentaissociais, as constituições estaduais do pós-guerra incorporaram catálogos mais ou menos extensos de

direitos fundamentais econômicos.

 Nesses catálogos, estão previstos, entre outros, a proteção de mulheres e das mães; pagamento igual para trabalho de homens, mulheres e menores; o direito a uma habitação adequada; odireito à formação profissional e escolar; o acesso à segurança social e a garantia a salário mínimo; afiscalização pelo Estado da economia quanto à distribuição de bens, bem como, em alguns casos, direitoao trabalho, ou pelo menos, direito ao auxilio por desemprego involuntário – art 105.

Weber entende que a europeização e a internacionalização dos direitos fundamentais, bemcomo o direito comparado comprovam que com a consolidação dos direitos fundamentais como mandato

 para agir, proteção social pode ser continuamente garantida, porem não em seu valor. Ele ainda colocaque:

“(...) no conjunto, considerando o Direito Comparado, a consolidação de principio do Estado social na Constituição Federal e a consolidação dosdireitos fundamentais sociais no âmbito das Constituições estaduaisapresentam como uma peculiaridade constitucional, a qual nesta forma, quasenão se encontra em outras constituições”.

4.6 Os Direitos do Homem no Continente Americano

Desde a Conferência de Chapultelpec pensava-se em formular uma declaração sobre oassunto. Na conferência de Bogotá (1948) foi assinada a Declaração Americana dos Direitos e Deveres doHomem e a Carta Interamericana de Direitos Sociais. A Carta do OEA colocou os direitos do homemcomo um dos princípios dos Estados Americanos.

4

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 47/63

 

A Convenção Americana do Direitos Humanos (1969) faz uma longa enumeração dosdireitos protegidos dentre os quais: direito à vida, direito à integridade pessoal, direito de não ser submetido à escravidão, garantias jurídicas, liberdade de pensamento e expressão, direito à propriedade

 privada; prevê ainda a criação de dois órgãos de proteção:

Comissão Interamericana de Direitos Humanos – CIDH: com sete membros eleitos a

titulo pessoal pelo Conselho do OEA. Criada em 1964 ela promove a observância e orespeito aos direitos humanos, recebe denúncia de pessoas físicas ou jurídicas sobreviolação de direitos do homem, desde que esgotados os recursos internos e funcionacomo órgão consultivo do OEA. Sua sede é em Washington.

Corte Internacional de Direitos Humanos: é uma instituição judicial autônoma,objetivando a aplicação e a interpretação da Convenção Americana de DireitosHumanos. Constituída por sete juizes eleitos a titulo pessoal, pele Assembléia Geral daOEA, uma questão só poderá a ela se submetida depois de esgotados os prazos daComissão, podendo ser parte os Estados e a Comissão. Ao contrário da Corte Européia,dá pareceres e pedidos dos Estados ou dos órgãos da OEA. A sentença é definitiva einapelável. As línguas de trabalho são o espanhol e o inglês. A sua sede é em São Joséda Costa Rica.

4.6.1 Colômbia

A situação dos direitos humanos na Colômbia é uma das piores da América Latina.

Execuções sem julgamentos, seqüestros, violência contra mulheres e crianças chegaram nosúltimos anos a uma difusão epidêmica. O país tem uma taxa de homicídios entre as mais altas daAmérica: 100 pessoas foram morta diariamente nos últimos anos, 96% dos delitos permanecem impunes(conforme dados do próprio governo). Dentre esse homicídios, muitos têm conotação política: nosúltimos 10 anos, formam 30 mil assassinatos políticos. Não é por acaso que a Colômbia detém o triste

recorde de assassinato dos sindicalistas, jornalistas e educadores. Tudo isso justifica a definição queafirma que a Colômbia “é a mais perigosa democracia do mundo”. Isso não é por causa do povo,geralmente vitima dessa violência, mas porque o crime é incentivado ou, ao menos, tolerado pelas altasesferas do poder.

Conforme denuncia algumas ONGs que protegem os direitos humanos, os maioresresponsáveis por esses desplazamuntos forçados dos campezimos são os parlamentares da AutodefesaUnida da Colômbia – AUC.

Uma trágica igualdade.

 Nessa situação incandescente, em 200, inseriu-se o Plam Colômbia, plano de luta contra adroga, proposto e financiado pelos Estados Unidos, pela União Européia e pele própria Colômbia. O

 plano foi acusado de aumentar a militarização da Colômbia, mais do que combater o narcotráfico.

4.7 Os Direitos do Homem na África

Os estados africanos membros da Organização da Unidade Africana, partes na presente cartaque tem titulo “Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos”.

Lembrando a decisão 115 (XVI) da Conferencia de Chefes de Estado e de Governo na suaXVI sessão ordinária realizada em Monaona (Libéria) de 17 a 20 de julho de 1979, relativa a elaboraçãode um antiprojeto de Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, prevendo nomeadamente ainstituição de órgãos de promoção e proteção dos Direitos Humanos e dos Povos.

4

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 48/63

 

Considerando a (data) Carta de Organização da Unidade Africana, nos termos da qual “aliberdade, a igualdade, a justiça e a dignidade são objetivos essenciais para a realização das legitimasaspirações dos povos africanos”.

Reafirmando o compromisso que eles solenemente assumiram, no art 2 da dita Carta, deeliminar sobre todas as formas o colonialismo na África, de coordenar e de intensificar a sua cooperação eseus esforços para oferecer melhores condições de existência aos povos da África, de favorecer acooperação internacional tendo na devida atenção a Carta das Nações Unidas e a Declaração Universaldos Direitos Humanos.

Tendo em conta as virtudes de suas tradições históricas e os valores de sua civilizaçãoafricana, que devem inspirar caracterizar as suas reflexões sobre a concepção dos direitos dos homens edos povos;

Reconhecendo que, por um lado, os direitos fundamentais do ser humanos se baseiam nosatributos da pessoa humana, o que justifica a sua proteção internacional, e que por outro lado, a realidadee o respeito dos direitos dos povos devem necessariamente garantir os direitos humanos.

Considerando que o gozo dos direitos e liberdades implica o cumprimento dos deveres decada um.

Convencidos de que, para o futuro, é essencial dedicar uma particular atenção ao direito aodesenvolvimento; que os direitos civis e políticos são indissociáveis dos direitos econômicos, sociais eculturais, tanto na sua concepção quanto na sua universalidade, e que satisfação dos direitos econômicos,sociais e culturais garante o gozo dos direitos civis e políticos;

Conscientes do seu dever de libertar totalmente a África cujos povos continuam a lutar pelasua verdadeira independência e pela sua dignidade, e comprometendo-se a eliminar o colonialismo, oneocolonialismo, o apartheid, o sionismo, as bases militares estrangeiras de agressão e quaisquer formasde discriminação nomeadamente as que se baseiam na raça, sexo, etnia, cor, língua, religião ou opinião

 política.

Reafirmando a sua adesão às liberdades e aos direitos humanos e dos povos contidos nas

declarações, convenções e outros instrumentos adotadas no quadro da Organização da Unidade Africana,do Movimento dos Países Não-Alinhados e da Organização das Nações Unidas.

Firmemente convencidos do seu dever de assegurar a promoção e a proteção dos direitos eliberdades do homem e dos povos, tendo na devida conta a primordial importância tradicionalmentereconhecida na África a esses direitos e liberdades.

4.7.1 Angola

Titulo II: Direitos e deveres fundamentaisArt 17o “O Estado respeita e protege a pessoa e dignidades humanas. Todo o cidadão tem

direito ao livre desenvolvimento da sua personalidade, dentro do respeito devido aos direitos dos outroscidadãos e aos superiores interesses do povo angolano. A lei protegerá a vida, a liberdade, a integridade

 pessoal, o bom nome e a reputação de cada cidadão”.

Art 18o  “Todos os cidadãos são iguais perante a lei e gozam dos mesmos direitos e estãosujeitos aos mesmos deveres sem distinção de sua cor, raça, etnia, sexo, lugar de nascimento, religião,grau de instrução, condição econômica ou social”.

“A lei punirá severamente todos os atos que visem prejudicar a harmonia social ou criar 

discriminações e privilégios com bases nesses fatores”.

5

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 49/63

 

Art 19º “Participar na defesa da integridade territorial do país é defender e alargar asconquistas revolucionárias, é o direito e o dever mais alto e indeclinável de cada cidadão da RepúblicaPopular de Angola”.

Art 20o  “Todos os cidadãos, maiores de 18 anos, com exceção dos legalmente privados dosdireitos políticos, têm o direito e o dever de participar ativamente na vida pública, votando e sendo eleitosou nomeados para qualquer órgão do Estado, e desempenhando os seus mandatos com inteira devoção àcausa da Pátria e do povo angolano”.

Art 21o “Todo o cidadão tem o dever de prestar contas do exercício do seu mandato peranteos eleitores que o escolheram, assistindo a estes o direito de, a qualquer momento, revogaremfundamentalmente o mandato concedido”.

Art  22o  “No quadro de realização dos objetivos fundamentais da República Popular de

Angola, a lei assegurará o direito de livre expressão, reunião e associação”.

 

Art 23o “Nenhum cidadão pode ser preso e submetido a julgamento senão nos termos dalei, sendo garantido a todos os argüidos o direito de defesa”.

Art 24o “A República Popular de Angola garante as liberdades individuais, nomeadamentea inviolabilidade do domicílio e o sigilo da correspondência, com os limites especialmente previstos nalei”.

Art  25o  “A liberdade de consciência e da crença é inviolável. A República Popular deAngola reconhece a igualdade de todos os cultos e garante o seu exercício compatível com a ordem

 pública e o interesse nacional”.

Art  26o  “O trabalho é um direito e um dever de todos os cidadãos, devendo cada um produzir segundo a sua capacidade e ser remunerado de acordo com o seu trabalho”.

Art 27o “O Estado promoverá as medidas necessárias para assegurar aos cidadãos o direito

à assistência médica e sanitária, bem como o direito à assistência na infância, na maternidade, nainvalidez, na velhice e em qualquer situação de incapacidade para o trabalho”.

Art 28o “Os combatentes de guerra de libertação nacional que ficaram diminuídos na suacapacidade e as famílias dos combatentes que morreram na luta, têm, por dever de honra da RepúblicaPopular de Angola, o direito a especial proteção”.

Art 29o “A República Popular de Angola promove e garante o acesso de todos os cidadãosà instrução e à cultura”.

5

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 50/63

 

Art 30o “A República Popular de Angola deve criar as condições políticas, econômicas eculturais necessárias para que os cidadãos possam gozar efetivamente dos seus direitos e cumprir integralmente os seus deveres”. 

4.7.2 Cabo Verde

Título II:

Dos Direitos, Liberdades, Garantias e Deveres Fundamentais dos Cidadãos 

Art 22o  “Todos os cidadão são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estãosujeitos aos mesmos deveres, sem distinção de sexo, nível social, intelectual ou cultural, crença religiosaou convicção filosófica”. 

Art 23o “O homem e a mulher são iguais perante a lei em todos os planos da vida política, econômica,social e cultural”.

Art 24o :

“I- O Estado reconhece a constituição da família e assegura a sua proteção.

II- Os filhos são iguais perante a lei, independentemente do estado civil dos progenitores”.

Art 25o:

“I- Todo o cidadão nacional que resida ou se encontre no estrangeiro goza dos mesmosdireitos e está sujeito aos deveres que os demais cidadãos, salvo no que seja incompatível com a ausênciado país”.

“II- Os cidadãos cabo-verdianos residentes no estrangeiro gozam do cuidado e da proteçãodo Estado”.

Art 26:

“I- Os estrangeiros na base da reciprocidade, e os apátridas, que residam ou se encontramem Cabo Verde, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres que o cidadão cabo-verdiano, exceto no que se refere aos direitos políticos, ao exercício das funções públicas e aos demaisdireitos e deveres expressamente reservados por lei ao cidadão nacional’’.

“II- O exercício de funções públicas só poderá ser permitido aos estrangeiros que tenhamcaráter predominantemente técnico, salvo acordo ou convenção internacional”.

Art 27o:

“Os direitos liberdades, garantias e deveres consagrados nesta Constituição não excluem

quaisquer outros que sejam previstos nas demais leis da República”.

Art 28o :

5

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 51/63

 

“Os direitos, liberdades, e garantias fundamentais só poderá ser suspenso ou limitado emcaso de estado de sítio ou de estado de emergência declarados nos termos da lei”.

Art 29o :

“Todo o cidadão tem direito de recorrer aos órgãos jurisdicionais contra atos que violem osseus direitos reconhecidos pela Constituição e pela lei, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência de meios econômicos”.

Art 30o :

“Nenhum dos direitos e liberdades garantidas aos cidadãos pode ser exercido contra aindependência da Nação, a integridade do território, a anuidade nacional, as instituições da República e os

 princípios e objetivos consagrados na presente Constituição”.

Art 31o :

“I- Todo o cidadão tem direito à vida e à integridade física e moral”.

“II- Todo o cidadão goza da inviolabilidade da sua pessoa, não podendo ser preso nemsofrer qualquer sanção, senão nos casos, pelas formas e com as garantias previstas na lei. A todo oacusado ou argüido é assegurado o direito de defesa”.

“III- Ninguém pode ser submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanose degradantes”.

“IV- Em caso algum haverá pena de morte, de prisão perpétua, de trabalhos forçados, nemmedidas de segurança privativas de liberdades de duração ilimitada ou indefinida”.

Art 32o :

“A lei penal não pode ser retroativa. Exceptuam-se unicamente os casos em que aretroatividade possa beneficiar o condenado ou acusado”.

Art 33o :

“Em caso algum é admissível a extradição ou a expulsão do País, do cidadão nacional”.

Art 34o :

“I- É honra e dever supremo do cidadão participar na defesa da independência, soberania eintegridade territorial da Nação”.

“II- Todo o cidadão tem o dever de prestar serviço militar, nos termos da lei”.

“III- A traição à Pátria é crime punível com as sanções mais graves".

Art 35o :

“I- Todo trabalho é um direito e um dever de todo o cidadão”.

5

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 52/63

 

“II- O Estado cria gradualmente condições para o pleno emprego dos cidadãos em idade detrabalhar”.

“III- O Estado reconhece e garante a todo o cidadão o direito de escolher a sua profissão ougênero de trabalho de acordo com as necessidades e imperativos fundamentais da Reconstrução

 Nacional”.

“IV- O princípio da remuneração de acordo com a quantidade e qualidade do trabalho deveser aplicado em conformidade com as possibilidades da economia nacional”.

Art 36o :

“I- Aquele que trabalha tem direito à proteção, segurança e higiene no trabalho”.

“II- O trabalhador só poderá ser despedido nos casos e nos termos previstos na lei”.

“III- O Estado criará gradualmente um sistema capaz de garantir ao trabalhador segurançasocial na velhice, na doença ou quando lhe ocorra incapacidade de trabalho”.

Art 37o :

“O Estado reconhece o direito do cidadão à inviolabilidade do domicílio, dacorrespondência e dos outros meios de comunicação privada, excetuados os casos expressamente

 previstos na lei em matéria do processo criminal”.

Art 38o :

“Todo o cidadão tem direito à proteção da saúde e o dever de a promover e defender”.

Art 39o : “A infância, a juventude e a maternidade têm direito à proteção da sociedade e do Estado”.

Art 40o :

“I- Todo o cidadão tem o direito e o dever da educação”

“II- O Estado promove gradualmente a gratuidade e a igual possibilidade de acesso detodos os cidadãos aos diversos graus de ensino”.

Art 41o : “É livre a criação intelectual, artística e científica que não contrarie a promoção do progressosocial. A lei protegerá os direitos de autor”.

Art 42o :

“I- Todo o cidadão tem o direito e o dever de participar na vida política, econômica ecultural do país, nos termos da lei”.

“II- Todo o cidadão pode apresentar sugestões, queixas, reclamações e petições aos órgãos

de soberania ou a quaisquer autoridades nos termos e pela forma determinados na lei”.

5

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 53/63

 

Art 43o : “A liberdade de expressão do pensamento, de reunião, de associação, de manifestação, assimcomo a liberdade de ter religião, são garantidas nas condições previstas na lei”.

Art 44o : “Em conformidade com o desenvolvimento do país, o Estado criará progressivamente ascondições necessárias à realização integral dos direitos de natureza econômica e social reconhecidos nesteTítulo”.

3.10 Coréia do Sul

Título II: Direitos e Deveres dos Cidadãos

Art. 10o “A todos os cidadãos serão assegurados o valor e a dignidade humana e o direito à

 busca da felicidade. Será dever do Estado confirmar e garantir aos indíviduos os direitos humanosfundamentais e invioláveis”.

Art. 11o :

“I – Todos os cidadãos serão iguais perante a lei, e não haverá discriminação na vida política, econômica, social ou cultural em razão de sexo, religião ou ´status´ social.

II – Não será reconhecida ou mesmo estabelecido, em forma alguma, qualquer casta privilegiada.

III – A outorga de decorações ou distinções de honra em qualquer forma produzirá efeito

apenas para os seus receptores, não podendo quaisquer privilégios daí resultar”.

Art. 12o :

“I – Todos os cidadãos gozarão de liberdade pessoal. Ninguém será preso, detido, revistadoou interrogado, exceto de acordo com as determinações da lei e através do procedimento legal.

II – Nenhum cidadão será torturado ou compelido a prestar testemunho contra si próprio emações penais.

III – O mandato emitido por um juiz através de procedimento legal, a pedido de um

 promotor público, deverá ser apresentado em caso de prisão, detenção, apreensão ou busca, salvo quandoo suspeito for surpreendido em flagrante delito, ou nos casos onde haja perigo de que uma pessoa suspeitade prática de crime punível com pena de três anos ou maior possa escapar ou destruir as provas. Nestecaso poderão as autoridades encarregadas da investigação solicitar um mandado “ex post facto”.

IV – Qualquer pessoa objeto de prisão ou detenção terá direito a imediata assistência judiciária. Quando um réu em uma ação penal, estiver impossibilitado de obter assistência judiciária por si próprio, deverá o Estado fornecer esta assistência, conforme dispõe a lei.

V – Ninguém será preso ou detido sem que seja informado da razão para tal e do seu direitoà assistência judiciária. A família, etc, conforme designa a lei, de pessoa que haja sido presa ou detidaserá notificada sem demora da razão e da hora e lugar da prisão ou detenção.

VI – Qualquer pessoa presa ou detida terá o direito de solicitar ao tribunal que examine alegalidade da prisão ou detenção.

VII – Naqueles casos onde se considere que a confissão foi obtida contra a vontade do réuem virtude de tortura, violência, intimação, prisão indevidamente prolongada, fraude, etc, ou nos casos

5

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 54/63

 

onde a confissão for a única prova contra o réu em um julgamento formal, esta confissão não seráadmitida como prova de culpa e nem será o réu punido em razão de tal confissão”.

Art. 13o :

“I - Nenhum cidadão será processado por ato que não constitua crime de acordo com alegislação em vigor à época de sua realização, e nem será julgado duas vezes pelo mesmo crime.

II – Restrição alguma será imposta aos direitos políticos de qualquer cidadão, e nem seráqualquer pessoa privada de seus direitos de propriedade através de legislação retroativa.

III – Nenhum cidadão sofrerá tratamento desfavorável em virtude de ato que não tenhacometido, mas cuja autoria seja de familiar seu” 

Art 14o : “Todos os cidadãos gozarão da liberdade de residência e do direito de mudaram-se conforme sua vontade”. 

Art 15o : “A privacidade dos cidadãos não será desrespeitada”.

Art 16o : “Todos os cidadãos estarão livres de intrusão em seu lugar de residência. No casode busca ou apreensão em uma residência, deverá ser apresentado mandado expedido pelo juiz mediantea solicitação do promotor”.

Art 17o : “Todos cidadãos gozarão da liberdade de escolha da sua ocupação”;

Art 18o : “Não será desrespeitado a privacidade de correspondência dos cidadãos”;

Art 19o : “Todos os cidadãos desfrutarão de liberdade de consciência”;

Art 20o :

“I – Todos os cidadãos desfrutarão da liberdade de religião.

II – Nenhuma religião será tido como oficial, e igreja e Estado manter-se-ão separados”.

Art 21o :

“I – Todos os cidadãos gozarão da liberdade de expressão e de imprensa, assim como dereunião e associação.

II – A censura ou a concessão de licenças para fins de expressão ou publicação, assim como para reuniões ou associações, não serão reconhecidas.

III – Os padrões das facilidades destinadas aos serviços de notícias e de transmissão e omaterial necessário à garantia do funcionamento dos jornais serão determinados por lei.

IV – Nem através de expressão verbal e nem através da imprensa serão violados a honra ouos direitos de outras pessoas ou solapadas a moral pública ou a ética social. Se porventura forem a honra

5

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 55/63

 

ou os direitos de outrem violados por expressões verbais ou pela imprensa, poder-se-á reclamar indenização pelos danos daí resultantes”. 

Art 22o :

“I – Todos os cidadãos desfrutarão das artes e da liberdade de aprendizagem

II – Os direitos dos autores, inventores, cientistas, engenheiros e artistas serão protegidos pela lei”.

Art 23o :

“I – Será assegurado o direito de todos os cidadãos à propriedade.

II – O exercício dos direitos de propriedade deverá coadunar-se com o bem-estar público.

III – A desapropriação, o uso ou restrição à propriedade privada em razão de necessidade pública e a indenização daí resultante serão regulados por dispositivo legal. Entretanto, neste caso, será paga a justa indenização”.

Art 24o : “Todos os cidadãos terão direito ao voto conforme determina a lei”

Art 25o : “Todos os cidadãos terão o direito de ocupar cargos públicos conforme determinaa lei”

Art 26o :

“I – Todos os cidadãos terão o direito de dirigir petição, na forma escrita, a qualquer órgãogovernamental conforme determina a lei.

II – O Estado estará obrigado a examinar todas as petições”.

Art 27o :

“I - Todos os cidadãos terão o direito de serem julgados em conformidade com a lei por  juizes qualificados de acordo com a Constituição e com a lei.

II – Os cidadãos que não estiverem no serviço militar ativo ou empregados nas forçasarmadas não serão julgados por Corte Marcial dentro do território da República da Coréia salvo nos casosdaqueles crimes, determinados pela lei, que envolverem importante informação militar classificada,sentinelas, postos de vigilância, o fornecimento de alimentos deteriorados e bebidas, prisioneiros deguerra e artigos e equipamento militar e no caso de proclamação de lei marcial extraordinária.

III – Todos os cidadãos terão direito a um julgamento sumário. O acusado terá direito a um julgamento público sem demora, dada a ausência da razões que justifiquem o contrário.

IV – O acusado terá direito à presunção de inocência até que seja proferida a sentençacondenatória.

V – A vítima de um crime terá o direito de emitir uma declaração durante os procedimentosdo julgamento do caso em questão, conforme determina a lei”. 

5

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 56/63

 

Art 28o : “Nos casos onde uma pessoa suspeita ou acusada de crime, que haja sido detida,não for indicada conforme determina a lei ou for absolvida por um tribunal, terá ela o direito de exigir uma indenização justa do Estado, de acordo com a lei”.

Art 29o :

“I – No evento de haver uma pessoa sofrido dano em virtude de ato ilícito perpetrado por autoridade pública no desempenho de seus deveres funcionais, poderá ela exigir uma justa indenização doEstado ou órgão público conforme a lei. Neste caso, a autoridade pública envolvida não estará imune àresponsabilidade.

II – Caso uma pessoa no serviço militar ativo, ou um membro das Forças Armadas, oficialde polícia ou outros, de acordo com a determinação legal, sofra danos em virtude do desempenho de seusdeveres funcionais tais como ação de combate, exercício, etc, não terá ela o direito de processar o Estadoou órgão público sob a alegação de atos ilícitos cometidos por autoridades públicas no desempenho desuas funções oficiais, entretanto terá direito apenas às indenizações determinadas pela lei”.

Art 30o : “Os cidadãos que houverem sofrido danos físicos ou tenham falecido em virtudede atos criminosos de outrem poderão receber assistência do Estado conforme estabelece a lei”.

Art 31o :

“I – Todos os cidadãos terão direitos iguais de receber uma educação correspondente àssuas habilidades.

II – Todos os cidadãos que tenha menores a sustentar serão responsáveis pelo menor por sua educação primária e demais espécies de educação conforme as disposições.

III – Será gratuita a educação compulsória.

IV – A independência, o profissionalismo e a imparcialidade política da educação e aautonomia das instituições de ensino superior serão garantidas pela lei.

V – O Estado promoverá a educação em todas as etapas da vida.

VI – As questões fundamentais relativas ao sistema educacional, inclusive a educaçãoescolar e acadêmica ao longo da vida assim como a administração, finanças, e o status dos professoresserão determinados através de dispositivo legal”.

Art 32o :

“I – Todos os cidadãos terão direito a uma atividade remunerada. O Estado empenhar-se-ána promoção do pleno emprego para todos os trabalhadores e enviará esforços para garantir salários ideaisatravés de instrumentos sociais e econômicos e implantará um sistema de salários mínimos conformedetermina a lei.

II – Todos os cidadãos terão o dever de trabalhar. O Estado determinará, através dedispositivo legal, a extensão e as condições do dever de trabalhar em conformidade com os princípiosdemocráticos.

III – Os padrões referentes às condições de trabalho serão determinados pela lei de maneiraa garantir a dignidade humana.

IV – Será concedido especial proteção à mulher que trabalha, que não será submetida adiscriminação injusta em termos de emprego, salário e condições de trabalho.

V – Será concedido proteção especial à criança que trabalha.

5

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 57/63

 

VI – A oportunidade de trabalho será concedida, de preferência, conforme determina a lei,àqueles que tenham prestado relevantes serviços ao Estado, aos veteranos de guerra e policiais feridos, eaos membros das famílias de policiais e militares mortos em combate”. 

Art 33o :

“I – Os trabalhadores, a fim de que sejam melhorados as condições de trabalho, terãodireito a associação independente à negociação e ação coletivas.

II – Apenas os membros do funcionalismo público designados por lei terão direito à livreassociação, e a negociação e ações coletivas.

III – O direito a ação coletiva dos trabalhadores empregados em importantes indústrias dearmamentos poderá ser restringido ou negado conforme a lei”. 

Art 34o :

“I – Todos os cidadãos terão direito a uma vida digna de seres humanos.

II – Ao Estado caberá o dever de promover a seguridade social e o bem-estar.

III – O Estado procurará promover o bem-estar e os direitos das mulheres.

IV – Ao Estado caberá o dever de implementar as políticas destinadas a promover o bem-estar dos idosos e dos jovens.

V – Os cidadãos incapacitados para o trabalho devido a defeito físico, idade avançada ou aoutras razões terão a proteção do Estado conforme a lei.

VI – O Estado tudo fará para evitar as catástrofes e para proteger os cidadãos destes

eventos”. 

Art 35o :

“I – Todos os cidadãos terão direito a um meio ambiente saudável. Caberá ao Estado e atodos os cidadãos esforçarem-se para proteger o meio ambiente.

II – O conteúdo do direito relativo ao meio ambiente será determinado pela lei.

III – O Estado esforçar-se-á para assegurar a todos os cidadãos uma habitação confortávelatravés de políticas de desenvolvimento habitacional e similares”.

Art 36o :

“I – O casamento e a vida familiar serão iniciados e terão continuidade com base nadignidade individual e na igualdades dos sexos, e o Estado fará todo o possível para alcançar aqueleobjetivo.

II – O Estado envidará todos os esforços para proteger as mães.

III – A saúde de todos os cidadãos contará com a proteção do Estado”.

Art 37o :

“I – As liberdades e os direitos do cidadão não poderão ser negligenciados sob o pretextode não estarem enumerados na Constituição.

5

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 58/63

 

II – As liberdades e os direitos do cidadão poderão sofrer restrições legais apenas quandonecessário em razão da segurança nacional, para a manutenção da lei e da ordem ou para o bem-estar 

 público. Mesmo ao ser imposta uma restrição, não deverá sofrer violação qualquer aspecto essencial dasliberdades ou dos direitos”.

Art 38o : “Todos os cidadãos terão a obrigação de pagar impostos, conforme determina alei”.

Art 39o :

“I – Todos os cidadãos terão o dever de participar da defesa nacional confirme dispõe a lei.

II – Nenhum cidadão será tratado desfavoravelmente em virtude do cumprimento de suaobrigação relativa ao serviço militar”. 

Muitos países são condenados por desrespeitarem os direitos humanos, como é o caso de

Cuba e China. Esses direitos também são desrespeitados dependendo da situação política no país, por exemplo em países que passam ou passaram por guerras civis como a Angola. Nos países que sãogovernados por governos tiranos a constituição do país é “rasgada” junto com os direitos humanos, e osgovernantes passam a exercê-la de acordo com os seus interesses como aconteceu no Chile de Pinochet enos vários países que passaram por ditaduras.

Portanto, os Direitos Humanos são exercidos de maneira diferente em cada país.

5. ATUALIDADES

5.1 A “Primeira Planetária”. Para construir uma “outra globalização”: o Welface Mundial

Os fenômenos de expropriação se multiplicaram e ampliaram em toda parte.

Expropriou-se:

A pessoa humana em direitos fundamentais: “recurso humano” somente tem direito àexistência em sua função de sua rentabilidade e do que doravante se chama “aempregabilidade”, conceito que substituiu o de “direito do trabalho”;

A sociedade em razão de ser enquanto sistema de organização e de valoração dos laços

interpessoais e interinstitucionais e das interações e transações correspondentes: foisubstituída pelo mercado e levado ao nível de sistema que garante a forma eorganização ótimas das transações entre indivíduos;

O trabalho de seu papel na criação e de valor de história: “mercadoria” colocada emconcorrência no mercado global, seus custo deve baixar sem cessar;

O social de suas funções de identidade e de solidariedade: não se valoriza senão oindividualismo, a lógica de sobrevivência e as relações de força em um contexto decompetição de guerreira.

O político do seu papel fundamental de poder de regulação, representação, controle elegitimação, bem entendido, democrático: este papel foi confiado ao financeiro e à

tecnocracia;

O cultural de sua variedade, dramaticidade e socialidade: em seu lugar foi colocada atecnologia, a estandardização embrutecedora, a violência dos instintos, da barbárie e daforça;

6

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 59/63

 

A cidade de sua função de espaço das comunidades: fizeram dela lugar de não pertencimento, de fluxos, de velocidade, por onde se passa e se perde em umnomadismo permanente sem memória;

A democracia de seus valores de liberdade, igualdade e solidariedade: o poder efetivofoi dado a uma nova classe oligárquica mundial da qual se começa a ver os traços

característicos, os valores e os modos de funcionamento. Não há globalização da sociedade. A “aldeia global” não existe. Assistiu-se à emergência

do “arquipélago capitalista mundial”.

Esta vasta ação de expropriação faz com que falar de globalização como o faz “a gente deDavos”, seja simplesmente retórica na medida em que se trata, abertamente, de impostura. A realidade éque não há globalização da sociedade, da economia, da condição humana. Não há globalização daregulação política, do Estado, das instituições democráticas, assegurando garantias e excedendo umcontrole sobre as decisões que afetam as diversas regiões e populações do mundo, isto no interesse geral.

O que “a gente de Davos” construiu nestes últimos 30 anos não foi uma economiaglobalizada, mas o arquipélago capitalista mundial de ilhas grandes ou pequenas – onde estãoconcentradas as capacidades científicas e tecnológicas mundiais (mais de 92% dos gatos de R&D domundo, mais de 90% das patentes e da potência informática instaladas), a potência financeira, o poder simbólico e da midia do tempo presente. Umas trinta cidades representam a infra-estrutura, o cérebro e ocoração do arquipélago: Nova Iorque, Los Angeles, Chicago, São Francisco, Detrait, Miami, Toronto,Montreal, Houston, Londres, Paris, Frankfurt, Munique, Stuttgart, Roma, Estocolmo, Tóquio, Xangai,São Paulo, Hong Kong, Cingapura, etc. Encontra-se ai localizado os principais centros de negócios domundo, os núcleos das redes de comunicação e de informação, os assentos sociais das maioresmultinacionais industriais, financeiras e comerciais. A liberação, a desregulamentação, a privatização, acompetitividade apertaram os laços entre elas mais do que entre elas e o resto do mundo. A famosa“aldeia global” é apenas o arquipélago.

A “gente de Davos” diz que a inovação que conta é gerada e produzida nestas ilhas, dasquais algumas foram elevadas ao nível de paradigmas a universalizar. Segundo eles, estas ilhas estão naorigem da “nova sociedade da informação” e estariam parindo a “sociedade do conhecimento”, o universoda riqueza desmaterializado, os novos saberes. Daí a única opção realista para outras regiões do mundoseria a de tentar, a qualquer preço, agarrar-se a uma das ilhas do arquipélago e tornar-se em seguida parteintegrante. Aqueles que não conseguem articulação serão “a gente de Davos” inevitavelmenteabandonados não serão nem mesmo periferia mas estarão “fora do futuro”.

A alfabetização “internáutica” torna-se, para eles, uma passagem obrigatória para oestabelecimento de passarelas e pontes para o arquipélago. Por esta razão, a construção de canais de redesde ciberespaço torna-se, em qualquer lugar, uma das prioridades maiores ainda mais importantes que acriação de água potável das quais, no entanto, mais de dois bilhões de pessoas tem atualmentenecessidade vital.

 Apropriar-se do devir, juntos. O objetivo prioritário há vinte, trinta anos: o wellface mundial  por uma nova representação política e controle da produtividade.

Hoje, as lutas sociais “cidadãs” mais significativas e duras pelo mundo tratam do acesso àvida, às fontes de vida, para satisfazer necessidades individuais e coletivas de base para existência.

Tratam da ocupação, utilização e distribuição da Terra, do direito de alimentar-se, de ter acesso a água potável, de aquecer-se. Tratam da habitação, habitat digno de seres humanos. Tratam dodireito ao trabalho, condições de trabalho, nível dos salários e, mais geralmente do direito a uma rendadigna de um “cidadão”. Concernem do direito as crianças (Convenção Nacional de 1989) e em particular,os direitos e organização e educação das crianças para o trabalho, assim como o direito de greve e asliberdades sindicais cada vez mais restritas pelo fechamento de empresas frente às quais os poderes

 públicos se declaram de mais a mais impotentes. Tratam do acesso aos cuidados de saúde e a umaeducação de base para todos. Tratam da democracia, a vida em comum, o respeito, conhecimento dosdireitos humanos elementares dos imigrantes, refugiados. Devem tratar, ainda freqüentemente demais, da

liberação da mulher e da igualdade dos direitos entre homem e mulher. Tratam, enfim, da proteção domeio ambiente e do direito das gerações futuras a herdar um planeta habitável.

6

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 60/63

 

O welface para todos, em todos os níveis, é o grande desafio das sociedades nos próximostrinta anos. É como no fim do século XIX, as lutas pelo welface nacional tratam do controle darepresentação política e da produtividade, assim como neste começo de novo século, as lutas pelo welfacemundial se traduzem pela pesquisa de uma nova política em escala local e mundial tanto quanto por umanova regulação mundial da redistribuição dos lucros da produtividade.

A “primeira planetária” tira sua razão histórica-ideológica e política destes dois campos daluta. Por “a gente de Davos” entendo as classes dirigentes do “Norte” (notadamente), mas também do“Sul” – que em todos os domínios professam na sua ação cotidiana credo da globalização inevitável eirresistível fundada sobre as regras da liberalização, da desregulamentação, da privatização, dacompetitividade e da dupla primazia do financeiro e da tecnologia23. 

5.2 Povos dominados do mundo: uni-vos!

A revolta dos povos dominados em geral é permanente e implacável: contra a globalizaçãocapitalista é absolutamente necessária. Mas ela não é suficiente. É preciso organizá-la sob a forma de uma

força política, capaz de derrotar no espaço de uma geração, o dominador onipotentes.

Para tanto e antes de tudo devemos ter em mente as três grandes indagações preliminares detoda luta política: quem somos? O que queremos? Contra quem lutamos?

Somos a maioria esmagadora e crescente da humanidade, à qual se nega, sistematicamente,o direito de viver com a dignidade de seres humanos.

Ao contrário do que proclama a mentirosa propaganda capitalista, não somos isolacionistasretrógados nem anarquistas depredadores. Queremos libertar os povos da condição degradante de massasconsumíveis e descartáveis, a serviço da acumulação de capital, para dela fazer-mos povos livres, iguais esolidários, sempre mais fortes e ricos em sua esplendida diversidade.

Vamos à luta, sem tréguas contra a globalização devastadora, montada pelas forçascapitalistas internacionais, inimigas da humanidade.

O combate decisivo será travado não por meios militares nem mesmo como vulgarmente se pensa, no campo econômico, mas no terreno das idéias, dos valores e das justificações éticas. Dominador nenhum, em nenhum momento da história, sobreviveu sem alimentar nos súditos o sentimento dalegitimidade do seu mando ou pelo menos da inutilidade da revolta. “O forte”, disse lucidamenteRousseau, “não é nunca bastante forte para estar sempre no poder não faz de sua força um direito e daobediência um dever”.

Vamos impedir que essa fraude ideológica se perpetue. Hoje não podendo mais esconder asdevastações que a globalização capitalista vem provocando no mundo inteiro, seus ideólogos já nãoousam louvar o sistema, mas limitam-se a concentrar suas baterias intelectuais contra os adversários.

Toda a sua argumentação, que já trai um recurso sintomático em relação à arrogânciatriunfalista inicial, é orquestrada em torno de três temas.

Primeiro tema: atacar a globalização capitalista é prejudicar os pobres.

É a tese lançada pela influentemente britânica “The Economist” e repetida em uníssono pelos grandes atores políticos que exercem o poder mundial, a começar pelo presidente dos EUA, GeorgeW. Bush, às vésperas da conturbada reunião em Genebra. A refutação dessa falsidade é simples. Funda-senos fatos. Segundo o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) de 1960 a 1997, a

 proporção da diferença entre a renda média auferida pela quinta parte mais rica e a auferida pela Quinta parte mais pobre da humanidade mais que dobrou: era de 30 para 1 e passou a ser 74 para 1.

23 Texto escrito por Ricardo Petrella, tradução de Miriam Giannella. Este texto retoma e desenvolve atrama do documento Expropriés du monde, construisons ensemble une “auto globalization” assinado por Ricardo Petrella, Charles-André Volry e Christophe Aguiton e que constitui um dos documentos de basede “I´Cutre Davos”. Encontra-se o documento em duas partes, in F. Houtant et F. Polit I´Cutre Davos.Globalization dés résistances et des luttes, I´Harmattan Paris, 1994, pp. 33-39, et pp. 76-81.

6

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 61/63

 

Esse abismo entre ricos e pobres aprofunda-se rapidamente desde o final dos anos 80, como avanço da globalização. De 1990 a 1998, 50 países conheceram uma redução dos seus PIB per capita.

Registre-se que essa agravação da pobreza não se deu apenas na vasta área subdesenvolvidado planeta. Nas últimas décadas do século 20, o grau de desigualdades econômicas aumentou em 16%nos EUA, na Suécia e no Reino Unido. Neste, pela primeira vez, após quase dois séculos de graças aeficiência neoliberal, o número absoluto de miseráveis aumentou.

Segundo tema: os contestadores da globalização capitalista não possuem legitimidade parafalar em nome dos povos. Elas não tem mandato eletivo. O argumento é único. Quem elegeu os líderes doG-7 como donos do mundo, para decidir sobre a vida e a morte dos povos? O povo brasileiro porventuraautorizou seus governantes, todos eleitos desde o regime militar, a colocar em prática uma políticadeliberada de eliminação dos direitos econômicos e sociais a começar pelo direito ao trabalho e à

 previdência social?

Terceiro tema: não há alternativa á globalização capitalista. A essa outra falsidade da propaganda neoliberal, centros de estudos no mundo inteiro começa, hoje, a dar competentes respostas.Entre nós, um grupo de pesquisa que acaba de ser criada, no Instituto de Estudos Avançados da USP,contribuirá para esse esforço comum com a apresentação de propostas concretas, nos planos nacional einternacional, para que a humanidade possa, enfim, livrar-se definitivamente do flagelo capitalista.

O capitalismo globalizante venceu em quase todos os quadrantes da orbe terrestre porquetinha poderio militar e econômico mais do que suficiente para tanto. Venceu, mas não convenceu. E é issoque o levará à derrota final, pois, para convencer como lembrou Unamuno aos franquistas logo no inícioda Guerra Civil Espanhola, é preciso ter a justiça e a razão do seu lado. O capitalismo nunca teve e jamaisterá. A grande tarefa que incube agora a todos os educadores é fazer com que os jovens do mundo inteironão sejam captados pelas forças da morte; que escolham o bom lado combate e se engajem, de corpo ealma, na luta universal em favor da vida24. 

4.3 Uma vitória de Pirro. Não se pode enaltecer uma reforma que não resolve o problemafundamental da Justiça Brasileira: a morosidade

O Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos assumiu a pasta prometendo empenho naReforma do Judiciário, incluído um conselho de controle externo, para a sociedade acompanhar efiscalizar o poder judiciário e os seus juízes. Na semana passada, a Reforma ganha aprovação do Senadoe, em breve, voltará à Câmara.

O ministro exultou com a Reforma a aprovação do Conselho externo. Na sua cruzada, teveapenas de engolir o ´sapo´ da chamada Súmula Vinculante.

Para o ministro, Reforma aprovado no Senado “é suficiente para ajudar a Justiça limpar, perante a sociedade, a imagem elitista, corrupta, lenta e ineficiente”. Quando ao Conselho, será “um

órgão de coordenação e governança, para que valores republicanos possam prevalecer”.

A euforia do ministro parece exagerada e, passados 12 anos de tramitação do projetolegislativo de reforma judiciária, a sociedade assistiu seus representantes colherem uma vitória de Pirro(318-272 a.C.).

Isso sem esquecer na imortal fase, ao vencer os romanos na batalha de Cusculum: “Umaoutra vitória como esta e estaremos perdidos”.

 Não se pode enaltecer uma Reforma que não resolve o problema fundamental do problemada Justiça brasileira: a morosidade.

Até porque o monopólio da administração da Justiça pertence ao Estado, que proíbe a justiça de mão própria. Rui Barbosa, na Oração aos Moços, já advertia para a injustiça decorrente no

24 Fábio Konder Comparato, 64, jurista, doutor “honoris causa” da Universidade de Coimbra, é professor titular da Faculdade de Direito da USP. Artigo publicado no Jornal Folha de São Paulo, em17 de agosto de 2001, página A-3.

6

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 62/63

 

atraso na prestação jurisdicional: o tardar dos anos para dar resposta aos que buscam o reconhecimentodos direitos subjetivos.

O Conselho Nacional de Justiça contará com 15 membros. E deles, nove serão Juízes.Trocado em miúdos, uma maioria corporativa. Os controladores serão os próprios controlados.

O Conselho não contará com poder disciplinar impositivo de sanções aos magistrados por desvios funcionais. Portanto, o controle correcional será subsidiário, limitado a recomendação de

 providências aos tribunais.

Além disso, a centralização e o número de 15 conselheiros não são suficientes à vista daquantidade de juízes e tribunais federais e estaduais espalhados pelo país. A sua função de administraçãogeral e “governança” das Justiças poderá resultar na criação de uma megaestrutura. Ao certo, um novotipo de Tribunal de Contas, com a criação de cargos técnicos e “cabides” à profusão.

Por outro lado, as súmulas vinculantes – que representam enunciados da Jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal (STF) foram apresentadas, nessa Reforma, como o principalmecanismo para a agilização dos processos.

As súmulas representam criação do direito brasileiro (1963) e, à época jamais se pensou em

engressar os julgadores das instâncias inferiores. O STF conta com um pouco mais de 700 súmulas.Examinando a pletora de feitos que congestionam a Justiça, existem muito mais de 700 matériasenvolvendo teses interpretativas. Só o novo Código Civil possui 2046 artigos. Fora ele, existem leisespeciais, a Constituição da República, os códigos, os regulamentos e as consolidações.

Pela reforma os Juízes não estarão obrigados a aplicar súmulas do STF. Assim, ointeressado terá de apresentar recurso (reclamação) – mais um – para aplicação da súmula diretamente

 pelo STF.

Como se nota, ao STF bastará legislar por súmulas. Já o Presidente da República, no casode medida provisória, necessita da aprovação do Legislativo.

Com ou sem reforma, aquele que ganhar uma ação civil continuará a não contar com a

execução breve da decisão condenatória. Por exemplo, os vencedores de ações indenizatórias contra aUnião, os Estados e os Municípios, permanecerão a aguardar décadas para receber os valoresestabelecidos nos precatórios. Não bastasse, o STF já decidiu não caber intervenção federal no Estadodevedor de precatórios, quando o mesmo não tiver dinheiro para pagar.

A morosidade processual, no âmbito penal, aniquila o próprio conceito de Justiça, cujameta é não deixar impunes os crimes e não punir os inocentes. O excesso de prazo na tramitação

 processual já deu causa “a soltura de Sérgio Naya, personagem que dispensa comentários.

Faltou ao Ministro da Justiça ao levantar a bandeira da Reforma, refletir sobre recentedecisão da Corte de Direitos Humanos da União Européia, sediada em Estrasburgo.

A corte de Estrasburgo reconheceu que o atraso na solução dos processos judiciais acarreta

grave violação de direitos humanos. E determinou, pela injusta espera, o pagamento de indenização por danos morais25. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 História Geral:

Ao analisar a evolução histórica dos Direitos Humanos percebemos que o homem, desde asmais antigas civilizações, procura ideais e aspirações que respondem à variedade de suas condiçõesmateriais de existência, de seu desenvolvimento cultural, de suas circunstâncias políticas. Pode se

constatar que muitos princípios de convivência, de justiça e a própria idéia de dignidade da pessoa

25 MAIEROVITH, Fanganiello. Artigo publicado na Revista Carta Capital, edição de 21/07/2004 , ano X,n. 300.

6

5/17/2018 apostila direitos humanos - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/apostila-direitos-humanos-55ab5933bd4ee 63/63

 

humana, aparecem em circunstâncias muito diversas no histórico da humanidade, coincidindo entre povosseparados pelo tempo.

O processo de ampliação de direitos não se esgota, novos direitos estão sendo reclamados,novas consciências estão sendo formadas na busca pela dignidade humana. A dinâmica da criação denovos direitos deve ser mantida, assim como os mecanismos que garantam a aplicação dos direitoshistoricamente conquistados.

 Direitos Humanos no Brasil:

O primeiro passo para uma mudança realmente concreta na realidade brasileira se verificará a partir de uma prévia transformação cultural, principalmente no que tange à auto-estima nacional. O Brasilnecessita, primeiramente, desfazer-se da idéia que ora predomina no inconsciente coletivo de que odesenvolvimento pleno do país fundado em bases nacionais não é mais viável. O chamado “país dofuturo” deu lugar a um país sem esperanças imediatas, apenas uma leve predisposição para melhorar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARCELLOS, Fernando de Almeida. Teoria Geral dos Direitos Humanos. Porto Alegre: SergioAntonio Fabris Editor, 1996.

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 17.ed. São Paulo: Saraiva, 1996.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1994.

COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação histórica dos direitos humanos. 12.ed. São Paulo: Saraiva,001.

COMPARATO, Fábio Konder. Povos dominados do mundo: uni-vos! Jornal Folha de São Paulo, A-3, julho.2004.

FERREIRA FILHO, Manuel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. 3.ed. São Paulo: saraiva,1999.

FERREIRA, Wolgran J. Direitos e garantias individuais. Bauru: Edipro, 1997.

GALINDO, Bruno. Direitos fundamentais. 1.ed. Curitiba: Juruá, 2003.

HERKENHOFF, João Baptista. Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Editora Acadêmica, 1994.

MAIEROVITCH, Fanganiello. Uma vitória de Pino. Revista Carta Capital, ano X, n. 300, edição21.07.2004.

6

Recommended