Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 70-71

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Critérios de correção

Grupo I 100 pontos

A

1 20 (12 + 8)

2 20 (12 + 8)

3 15 (9 + 6)

4 15 (9 + 6)

B 30 (18 + 12)

1. A resposta deve contemplar três destes aspectos:

[condições climatéricas adversas:] «voltou a chover» (l. 1); «esta chuva» («este frio») (l. 11);

[consequência da precipitação:] «os atoleiros» (ll. 1-2);

[desgaste dos meios de transporte:] «eixos» que se partem e «raios das rodas» que se racham «como gravetos» (l. 2);

visão perturbadora de «um pardo ajuntamento de homens, alinhados [...] e atados uns aos outros por cordas» (ll. 7-8).

1.

Na viagem de Montemor a Évora, a princesa e a sua comitiva confrontam-se com vários imprevistos: o primeiro é constituído pelas condições climatéricas adversas que degradam o estado das estradas, assim dificultando a viagem e aumentando o des-conforto dos viajantes: «voltou a chover» (l. 1); «já não chegava o péssimo tempo que faz, esta chuva, este frio» (l. 11); o segundo tem a ver com os efeitos da chuva no estado da es-trada e nos meios de transporte: «tornaram os atoleiros» (l. 1), «partiram-se eixos, racha-vam-se como gravetos os raios das rodas» (l. 2); o terceiro consiste na descoberta,

pela princesa, de um grupo de homens amarrados uns aos outros, recrutados à força para irem trabalhar nas obras do convento de Mafra: «viu parado um pardo ajuntamento de homens, alinhados na beira do caminho e atados uns aos outros por cordas, seriam talvez uns quinze» (ll. 9-10), que mandou saber «que homens eram aqueles e o que tinham feito, que crimes, e se iam para o Limoeiro ou para África» (ll. 13-14); e D. Maria Bárbara acabará por ficar a saber que «aqueles homens vão trabalhar para Mafra, nas obras do convento real (...), vão atados (...) porque não vão de vontade, se os soltam fogem» (ll. 17-19).

2. A resposta deve contemplar

a ideia de contraste entre

a vontade de festejar a anunciada felicidade «das suas bodas» (l. 10)

e a visão da realidade brutal (a constatação da escravatura de homens no trabalho e construção do convento) negativamente conotada pelo adjectivo «lastimoso» e pelo nome «grilhetas».

2.

O excerto estabelece um contraste entre o estado de espírito da princesa D. Maria Bárbara, profundamente incomodada pela visão daquele grupo de homens amarrados, vítimas de grande violência, roubados às suas famílias, e o ambiente festivo criado à volta do seu casamento. Tudo devia ser «ledice e regozijo» (l. 10), mas era-o só no círculo restrito da corte que integrava o cortejo nupcial; lá fora, o povo, triste, agrilhoado, é forçado a trabalhar para que um rei vaidoso e megalómano veja cumprida a sua promessa no prazo marcado.

3. A resposta deve contemplar apenas um dos recursos e o comentário à respectiva expressividade:

A construção anafórica — «Maria Bárbara não viu, não sabe, não tocou [...] não serviu, não aliviou, não enxugou» (ll. 26-29) — realça o forte contraste negativo entre a indiferença da princesa face à construção do convento e essa construção como fonte de desgosto e de sofrimento para os trabalhadores.

A comparação — «o convento é para si como um sonho sonhado» (ll. 30-31) — sublinha que o convento não faz parte da realidade de Maria Bárbara. É um sonho inconsistente, sem imagens; «sonho sonhado» — redundância que reforça o afastamento do real.

A metáfora — «uma névoa impalpá-vel» (l. 31) — traduz a incapacidade de Maria Bárbara para representar o convento. Este, apesar de existir porque Maria Bárbara existe, não é, para a princesa, mais do que essa «névoa» abstracta.

3.

O recurso de estilo mais visível é a construção anafórica — «Maria Bárbara não viu, não sabe, não tocou com o dedinho rechonchudo a primeira pedra, nem a segunda, não serviu com as suas mãos o caldo dos pedreiros, não aliviou com bálsamo as dores que Sete-Sóis sente no coto do braço quando retira o gancho, não enxugou as lágrimas da mulher que teve o seu homem esmagado» (ll. 25-29) —, que realça o contraste entre a indiferença da princesa face à construção do convento e o sofrimento que essa mesma construção acarreta para trabalhadores e suas famílias.

4. A resposta deve apresentar frases que sintetizem o conteúdo da cada uma das partes encontradas:

• os contratempos surgidos durante a viagem da princesa de Montemor a Évora (1.º e 2.º períodos do 1.º parágrafo);

• a curiosidade e a perturbação que a princesa revela perante o «pardo ajuntamento» (l. 7) e o amor do oficial pela princesa (último período do 1.º parágrafo e o 2.º parágrafo);

• a reflexão em torno do desinteresse da princesa por um convento que está a ser construído para celebrar o seu nascimento.

4.

O texto divide-se em três partes lógicas: os primeiro e segundo períodos do primeiro parágrafo constituem a primeira parte, em que se enumeram os contratempos e alguns dos imprevistos surgidos durante a viagem de D. Maria Bárbara de Montemor a Évora; já a segunda parte inclui o terceiro período do primeiro parágrafo e todo o segundo parágrafo, que se referem ao aparecimento de um

grupo de homens amarrados a caminho das obras do convento e ao amor impossível de um jovem oficial pela princesa, a quem presta informação sobre o «pardo ajuntamento de homens, alinhados na beira do caminho»; finalmente, a terceira parte é constituída pelo terceiro parágrafo e nela deparamos com uma reflexão em torno do desinteresse da princesa por um convento que está a ser construído para celebrar o seu nascimento.

Grupo I 100 pontos

A

1 20 (12 + 8)

2 20 (12 + 8)

3 15 (9 + 6)

4 15 (9 + 6)

B 30 (18 + 12)

Cumpre o ponto 1 («sintetiza o seu assunto numa expressão sugestiva [título-frase-slogan-máxima-lema-epígrafe»), mas evita «A força do destino».

Reescreve o primeiro verso do poema, trocando apenas cada um dos «cumpre» por outro verbo (com isso se perceberá que «cumprir» é polissémico e cada uma das formas verbais tem sentido diferente). Não uses nenhum dos verbos que estão em nota à direita.

Cada um segue o destino que lhe calhou vive foi marcado

Ilustra graficamente o quiasmo nos vv. 3-4:

Nem cumpre o que deseja,

XNem deseja o que cumpre.

 

O uso do quiasmo — a troca da posição de «cumpre» e «deseja» — acaba por servir para destacar a insatisfação dos seres humanos face ao seu destino e a inutilidade de se lhe tentar fugir.

Comenta o valor expressivo da comparação nos vv. 5-6.

A comparação dos homens com «as pedras nas orlas dos canteiros» visa acentuar a impossibilidade de se lutar contra o destino.

Que atitude nos é aconselhada no último quarteto?

É-nos aconselhada uma atitude de resignação e luto por Eusébio.

Respondendo à pergunta 4 [lê-a antes de completares o que ponho a seguir]:

O texto, como sucede tanto com Ricardo Reis, é fundamentalmente diretivo. Essa índole imperativa socorre-se, nos primeiros quatro versos, de um sujeito aparentemente singular («cada um [dos homens]»), através do qual se faz uma generalização, vincando-se um facto universal. A mudança para a 1.ª pessoa do plural dá-se quando se explicita melhor, mais próximo de nós, o efeito do destino (vv. 5-8) e, sobretudo, quando se usa o conjuntivo enquanto forma de imperativo. Através de uma ordem que nos é dada exacerba-se a impossibilidade de se proceder de outro modo.

Na p. 110 do manual, no ponto 1, temos dois textos de José Gomes Ferreira. Analisa um deles (ou ambos), tendo como termo de contraste — ou de analogia — a escrita, a ideologia, de Ricardo Reis.

Evita, porém, um comentário constantemente repartido (‘enquanto X é assim, Y é assado’).

Sugiro de cem a cento e quarenta palavras.

TPC — Resolve o ponto 1, de Escrita, no cimo da p. 105. (Nota que o assunto desta dissertação, embora seja sugerido por citação de Ricardo Reis, não é, no essencial, literário. Trata-se de um tema ao estilo de grupo III de exames nacionais.)

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