View
220
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
1
AS COMPETÊNCIAS E O SUCESSO DO PROFESSOR NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Solange Passamani da Cruz1
Solange Franci Raimundo Yaegashi2
RESUMO O presente artigo teve como objetivo estudar as dificuldades inerentes ao processo ensino-aprendizagem nas séries finais do ensino fundamental. Oportunizando conhecimentos que permitam ao professor compreender e intervir em sua prática pedagógica, refletindo a respeito da motivação e dos fatores que dificultam tal processo, como relacionamento professor-aluno, sua atuação profissional e o sucesso em sua tarefa de ensinar. Para tanto, no desenvolvimento do trabalho foram realizados estudos e análise da situação atual dos professores e, em seguida, foi elaborado um Caderno Didático Pedagógico denominado “As Competências e o Sucesso do Professor no Processo Ensino-Aprendizagem”. Após a elaboração desse material realizamos um curso de extensão de 32 horas no 2º semestre de 2011, direcionado aos gestores, pedagogos, professores, funcionários e os participantes do GTR, o qual ocorreu no Colégio Estadual Presidente Castelo Branco - Ensino Fundamental e Médio, na cidade de Tapira. Verificou-se que o trabalho realizado favoreceu a reflexão a respeito dos entraves que dificultam o processo ensino-aprendizagem. Chegou-se à conclusão que é de suma importância que os professores se capacitem profissionalmente a fim de que tenham sucesso profissional e possam melhorar a qualidade da educação. Palavras-chave: Dificuldades; Sucesso; Professor; Ensino-Aprendizagem;
INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresentamos os resultados da Implementação do
Caderno Didático Pedagógico, realizado no Colégio Estadual Presidente Castelo
Branco – Ensino Fundamental e Médio do município de Tapira, Núcleo Regional de
Umuarama, no segundo semestre de 2011. Esta atividade fez parte do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Ensino de Estado da
Educação do Paraná (SEED), turma de 2010.
1 Especialista em Metodologia Científica, graduada em Pedagogia, Professora Pedagoga da Rede
Estadual de Educação do Colégio Estadual Presidente Castelo Branco Ensino Fundamental e Médio, do município de Tapira – PR, e- mail: solangenunes@seed.pr.gov.br 2 Pós-doutora em Psicologia, Doutora e Mestre em Educação, graduada em Psicologia, Professora
Associada do Departamento de Teoria e Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá, e-mail: sfryaegashi@uem.br
2
O itinerário destas reflexões ensejou a elaboração do material didático que
procurou fornecer o aporte necessário ao tema escolhido: "As dificuldades
Enfrentadas pelo Professor no Processo Ensino-Aprendizagem”. Os rápidos
avanços tecnológicos, científicos e as mudanças sociais, perpassam os muros
escolares, colocando novos desafios à educação, exigindo novas competências,
capacidade para resolver situações não previstas, até mesmo desconhecidas e uma
renovação dos princípios e métodos de trabalho nas escolas.
Ao longo dos anos de trabalho constatamos no cotidiano escolar situação tais
como: dificuldades e divergências entre professores e alunos, impaciência,
irritabilidade, falta de motivação, ausência de limites, desrespeito, baixa autoestima,
alunos e professores faltosos, descompromissados, agressões verbais, problema no
âmbito familiar, falta de afetividade, atenção, interesse, diálogo, indisciplina,
incompreensão das diferenças culturais, sociais e econômicas, problemas na
instituição escolar, entre outros fatores que dificultam o processo ensino-
aprendizagem.
Assim, esse cenário tem sido alvo de inúmeras pesquisas que buscam novas
metodologias para inovar o trabalho realizado em sala de aula e desenvolver uma
prática docente criativa e adequada às necessidades da sociedade do século XXI
(BECKER, 2001).
A escola precisa buscar inovações em diversos aspectos, fazendo conchavos
que envolvam o campo científico (pesquisa), a sociedade e as mudanças culturais.
Deve ainda, buscar a qualidade da educação, a conscientização dos profissionais, a
necessidade de uma nova postura e acreditar em uma escola que possa renovar e
transformar a sociedade.
Os professores são os principais responsáveis pelo processo ensino-
aprendizagem. Diante desta responsabilidade precisam estar constantemente
avaliando e reavaliando o seu trabalho, articulando métodos para que cumpram os
objetivos do trabalho escolar, buscando renovação pessoal e metodológica e
estabelecendo relações pessoais com os alunos, companheiros de trabalho, família
e sociedade.
É importante ressaltar que o professor é o mediador e o motivador da
aprendizagem, devendo trabalhar com entusiasmo, levando os alunos a identificar-
se como pessoa, incorporando traços culturais e sociais do grupo ao qual pertence.
Em função de novos saberes, há a necessidade de um novo tipo de
3
profissional. Professor e aluno são “peças chave“ no centro da aprendizagem e
coparticipantes no processo de sua formação. Assim, o professor deve transmitir
uma imagem de competência e confiabilidade, entusiasmo, bem como desenvolver a
capacidade de inovação, criatividade e adaptação.
A educação ocorreu através de diferentes meios e espaços sociais e à
medida que a sociedade tornou-se complexa, é preciso articular a relação professor-
aluno de forma a favorecer o processo ensino-aprendizagem, numa reflexão crítica e
consciente da sociedade, da relação familiar, dos meios de comunicação, da
informatização, acreditando que uma nova educação é urgente.
Sendo, necessário, repensar a prática pedagógica na sala de aula, trocar
experiências, leituras e pesquisas, renovar os conhecimentos, se desprender dos
conhecimentos adquiridos, aquilo que considera “verdade absoluta” para adquirir
novos conhecimentos, trilhando novos caminhos.
Segundo Freire (1996), o professor precisa de uma nova práxis pedagógica,
criar dispositivos múltiplos, fazer uso de instrumentos diferenciados e de novas
metodologias. Sabemos que os alunos que mais precisam aprender, são aqueles
que contribuem mais para desorganizar a turma, dificultar o trabalho em classe e
retardar a ação coletiva. Para a maioria dos alunos aprenderem exige tempo,
esforço, emoções dolorosas, angústia do fracasso, frustração por não conseguir
aprender, sentimento de chegar ao limite, medo do julgamento.
Tomar a decisão de aprender é imprescindível. Portanto, é preciso que se
criem situações que facilitem a verdadeira aprendizagem, tomadas de consciência,
construção de valores, encontrar prazer no conhecimento, ver mudança no seu
interior pessoal e emocional e se auto reconhecer como ser capaz de aprender
(PAQUAY; PERRENOUD; ALTET; CHARLIER, 2001).
Nesta perspectiva, é necessário que ocorra, ações em parceria com os
educadores e profissionais da educação, no sentido de assegurar a melhoria do
processo ensino-aprendizagem, considerando as mudanças causadas pelo rápido e
espantoso avanço da tecnologia que se amplia dia a dia a serviço do homem, torna-
se urgente (re) pensar a maneira de ensinar e aprender na Escola Pública do
Paraná.
Neste sentido, o presente artigo teve como objetivo estudar as dificuldades
inerentes ao processo ensino-aprendizagem nas séries finais do ensino
fundamental, a fim de que fosse possível, após o diagnóstico dessas
4
dificuldades, refletir sobre a prática pedagógica.
Para tanto, o trabalho foi subdivido em quatro partes. Na primeira
apresentamos a fundamentação teórica, na qual enfocamos o papel da escola e do
professor, a questão da indisciplina, o processo ensino-aprendizagem e a
importância do diálogo no contexto escolar. Na segunda parte, apresentamos a
forma como foi realizada a implementação. Na terceira parte, por sua vez,
discutimos a análise e interpretação dos resultados. Por fim, na quarta parte
apresentamos as considerações finais, nas quais tecemos algumas reflexões sobre
o processo ensino-aprendizagem.
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 ESCOLA
Estamos vivendo um momento histórico de grandes inovações. Os avanços
tecnológicos, econômicos e sociais influenciam direta ou indiretamente o cenário na
escola, onde os educadores encontram-se envolvidos com diferentes concepções
culturais e intelectuais, o que os obriga a lidar com uma nova sociedade
multicultural. É necessário reconstruir o saber da escola e a formação do professor.
Segundo Gadotti e Romão (2004, p.117),
Não haverá um papel cristalizado tanto para a escola quanto para o educador. Em vez de arrogância de quem se julga dono do saber, o professor deverá ser mais criativo e aprender com o aluno e com o mundo. Numa época de violência, de agressividade, o professor deverá promover o entendimento com os diferentes e a escola deverá ser um espaço de convivência onde os conflitos são trabalhados e não camuflados.
A escola é um espaço onde professores e alunos constroem o conhecimento
científico, os valores sociais, éticos e culturais. Não deve ser só atribuída à escola o
desenvolvimento de competências enquanto espaço de apropriação do
conhecimento científico, mas que referencie as necessidades e dificuldades da
prática pedagógica, viabilizando as condições para a transmissão e assimilação dos
conhecimentos.
É necessário que o professor incentive o aluno a pensar, descobrir,
pesquisar, criar novas possibilidades de realizar os trabalhos, propiciando o
conhecimento, mobilizando os alunos para a construção de uma sociedade justa e
5
democrática (PERRENOUD, 2001).
A escola é o local onde o conhecimento científico é construído, para tanto é
necessário que haja uma reestruturação dos seus princípios. O objetivo da escola se
funde com a metodologia porque elas estão intimamente relacionadas, isto é, se o
objetivo do professor é formar um aluno disciplinado, passivo, obediente, a prática
do professor será voltada para esse objetivo, refletindo uma postura autoritária, mas
se o objetivo é formar um aluno consciente, envolvido com as questões sociais e
críticas, a postura deverá possibilitar espaço para discussão e reflexão, fazendo
relação com o meio de vida do aluno.
A escola e a educação só atingem seu objetivo pleno quando somam todas
as forças, o professor sozinho, isolado do seu grupo de trabalho não consegue a
meta de transformar a realidade intra e extraescolar (TARDIF, 2002).
Mas mesmo num trabalho conjunto, o professor sempre realçará a sua
importância, o seu peso específico, a sua marca humana. Tanto é verdade que em
nossas memórias de experiências vividas na infância e adolescência ficaram
gravadas a imagem, a saudade, as lembranças dos professores que marcaram
nossa evolução intelectual, moral, política e social.
Diante da desestruturação familiar e social, muitos alunos vêm para a escola
com uma autoestima negativa, demonstram um comportamento diferente dos
demais colegas, como apatia ou agressividade. Muitas vezes é considerado
irresponsável, desatento, preguiçoso, briguento, descompromissado ou aquele que
está distante, alheio, um ”aluno problema”. Como este aluno com baixa autoestima,
que não acredita em sua capacidade vai superar sozinho o grande desafio da
aprendizagem e do conhecimento?
A escola como segmento social, que tem a função de transmitir os
conhecimentos científicos deve promover o resgate do aluno como ser social capaz
de interagir no contexto escolar e no processo ensino aprendizagem. Buscando
como elo primordial o afeto, o respeito e o conhecimento.
É importante que a escola permita a presença e a existência de diferentes
valores culturais, princípios de vida procurando construir criticamente os
conhecimentos individuais e coletivos e entenda que o processo educativo deve ser
dinâmico, que o professor transmita o saber e o aluno receba de forma ativa,
relacionando aos saberes já assimilado e construa outros saberes.
A formação e a instrução de um cidadão crítico devem ter início nos anos
6
iniciais do ensino fundamental. Somente por meio de uma formação reflexiva sobre
o mundo em que vive é que o aluno poderá agir sobre este, fazendo transformação
e transformando-se ao mesmo tempo, conseguindo superar a sua condição humana
nos aspectos sociais, históricos e culturais. E para possibilitar essa transformação
crítica é necessário que o professor entenda a importância da história e a
experiência de vida do aluno como instrumento do seu trabalho e objeto de estudo.
É neste espaço escolar que professores e alunos passam grande parte de sua vida,
devem redobrar seus sonhos de realizações e conquistas, pessoais e profissionais
que vão se transformando ao longo da história (FREIRE, 1994).
Diante dos desafios da escola, que é educar todos os alunos, desenvolver
suas potencialidades precisamos nos centrar nas dificuldades e capacidades de
cada um. Segundo Boff (2000, p. 51), “[...] o grande desafio histórico é certamente
este: fazer das massas anônimas, deserdadas e manipuláveis um povo brasileiro de
cidadãos conscientes e organizados no processo político, social e cultural”.
Muitos professores estão enfrentando a profissão com atitude de desilusão e
renúncia. O desencanto profissional está afetando hoje muitos profissionais em
comparação à situação do ensino-aprendizagem de anos atrás, a insegurança está
na dificuldade dos professores reverem as novas políticas educacionais.
Contudo, muitos professores apresentam certo receio frente às mudanças
curriculares numa atitude imobilista, descompromissada. Além disso, devido à
massificação do ensino e à fragmentação das atividades docentes, os professores
entram em choque com a realidade, apresentando um mal-estar profissional e
pessoal. Como consequência da insatisfação e dos desajustes, ocorre pedidos de
transferência, desejo manifesto de abandonar a docência, esgotamento, estresse,
depressão, ansiedade, culpa pelo insucesso no ensino, reações neuróticas,
depressão, entre outros sintomas (ESTEVE, 1995).
É necessário um planejamento que retifique erros e busque novas
metodologias articulando estruturas de apoio aos professores, a fim de lidar com as
contradições no ensino e apaziguar as situações de ansiedade. Os professores
apresentam domínio de conteúdo, mas as dificuldades se configuram na dinâmica
de classe e na forma como transmitem os conteúdos que devem ser acessíveis e
respeitados os diferentes níveis e tipos de alunos. Há, portanto, a necessidade do
professor apresentar diferentes formas de linguagens, habilidades, identificarem-se
com novos estilos de ensino, ser solidário, estudando e melhorando o envolvimento
7
da turma, bem como identificando os problemas de organização do trabalho na sala
de aula. O aluno não deixou de querer aprender, só não aceita mais a imposição de
conceitos e regras sem o diálogo.
A escola tem que assegurar aprendizagem de qualidade, ser um lugar
aconchegante e acolhedor para os alunos, pais e comunidade, onde o conhecimento
tenha guarida e as pessoas estejam comprometidas, com o trabalho em grupo, em
lidar com as diferenças e com o bem comum.
É nesse espaço que o aluno vivencia situações diversificadas estimulando o
aprendizado para o diálogo, aprende a respeitar e a ser respeitado, a ouvir e ser
ouvido, a reivindicar seus direitos e cumprir deveres.
A escola como parte integrante e fundamental no contexto da sociedade
precisa de ações pedagógicas que busquem transformar a relação professor aluno
em um momento rico no processo ensino-aprendizagem.
1.2 ENSINAR
No Dicionário Global da Língua Portuguesa Ilustrado, o termo “ensinar”
significa dar instrução, ministrar conhecimento, indicar, mostrar, educar, castigar,
punir, instruir, doutrinar (RIOS, 2007). Encontramos ainda para o verbo “ensinar”
definições como: fazer aprender, perseguir fins, ter uma interação social, reforçar e
estimular desejos, intervir no mundo geográfico e social dos alunos, fazer as ações
serem constituídas de múltiplas interações e gerir relações com o saber.
É na escola que o ser humano é ensinado, sociabilizado e preparado para
viver em sociedade. Contudo, os primeiros ensinamentos são de responsabilidade
dos pais que são a chave mestra para que filhos adquiram e compreendam limites,
ordens, gestos, palavras, respeito, ser respeitado, não ser agredido para não
agredir, ser incentivado, motivado a ser melhor.
Ensinar deve ser para o professor mais do quer uma arte ou ocupação. O
processo ensino-aprendizagem deve abranger todo contexto escolar e social dos
alunos, ultrapassando os seus muros, não sendo apenas sala de aula o espaço
único. Gostar de ensinar deve ser uma paixão e compartilhar deve ser como o pintor
que gosta de pintar, criar, recriar e inventar e o cientista que gosta de estudar,
pesquisar, criar, recriar e inventar.
Para Chalita (2001), é na sala de aula o espaço onde o professor deve criar,
8
recriar, reinventar e inventar, e ao amanhecer deve pensar positivamente em seu
trabalho, buscando o entusiasmo, o sucesso e o êxito de sua vida. A persistência
constante em fazer o melhor, faz com que o melhor realmente aconteça.
Na vida não há destino, cada um constrói a sua história, e para que ela seja
positiva, de sucesso ou de fracasso depende do resultado das atitudes e do trabalho
do professor. Muitas vezes será necessário que como profissional, ele se angustie,
para que haja reflexão da ação a ser tomada como decisão. Toda decisão demanda
uma escolha e toda escolha é angustiante, exige mudança de ações e atitudes
(CARNEGUE, 2003).
Na construção da identidade do professor, há a necessidade do
aprofundamento teórico, superando as dificuldades, valorizando os conteúdos,
adequando-os ao processo de desenvolvimento, organizando resultados do seu
saber e do seu trabalho. Por isso, é importante que o professor sempre faça o uso
de bons materiais, construa com bases sólidas os conhecimento e a disciplina, ou
seu trabalho será abalado pelas menores tempestades. O sucesso profissional na
maioria das vezes não é alcançado pelas pessoas mais inteligentes ou competentes,
mas por aqueles que combinam amor, razão, emoção e conhecimento (CHALITA,
2001).
Ressaltar a vida e o conhecimento é a nossa missão:
Toda a vida humana, por mais religiosa que seja se não tiver diante dos olhos o fim para o qual nasceu, é navio sem norte, é cego sem guia, é dia sem sol, é noite sem estrelas, é república sem lei, é labirinto sem fio, é armada sem farol, é exercito sem bandeira, enfim, é vontade às escuras, sem luz de entendimento, que lhe mostre o mal e o bem, e lhe dite o que há de querer, ou do que fugir (PADRE ANTONIO VIEIRA apud CHALITA, 2001, p.93).
Segundo Freire (1996, p.23), “quem ensina aprende ao ensinar e quem
aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém”. Todas
essas atitudes devem ser direcionadas a novas competências e meios, não se
restringindo apenas a tarefas e transmissões de conteúdos.
Portanto, Freire (1996) argumenta que precisamos de profissionais
inovadores em suas metodologias, que apresentem rigor metodológico, respeito ao
conhecimento dos alunos, sejam críticos, que forneçam exemplos nas ações e
palavras, aceitem o risco pelo novo, busquem uma reflexão crítica sobre a prática,
rejeitem qualquer tipo de discriminação, tenham bom senso, lutem por seus ideais e
9
do aluno, sejam tolerantes, alegres, tenham esperança, criem ideias encantadoras e
tenham a convicção de que mudar é possível.
Segundo Altet (1994, apud PAQUAY; PERRENOUD; ALTET; CHARLIER,
2001, p.27):
É no interior dessa vivência interativa de comunicação, em uma situação contextualizada, complexa e incerta de ensino-aprendizagem finalizada, com alunos específicos, que se realizam as tarefas do professor. Daí a dificuldade de defini-las inteiramente e de tê-las todas previstas antecipadamente. O professor pode planejar preparar seu roteiro, mas continua havendo uma parte de “aventura”, ligadas aos imprevistos que têm origem nestas ações em andamento e no desconhecido proveniente das reações dos alunos. Isto requer uma grande quantidade de tomada de decisões, uma mobilização dos conhecimentos dentro da ação e, até mesmo, uma modificação de decisões na ação em sala de aula.
Educar é uma ação complexa, que precisa de vínculo afetivo, aceitação das
limitações e dificuldades, a fim de que os obstáculos sejam superados. Não existe
manual de magias na educação, cada um precisa acreditar em sua sensibilidade
(CURY, 2007).
Como profissional competente, o professor é “peça chave” do processo
ensino-aprendizagem na escola pública que prima pela qualidade de ensino, precisa
compreender favorecer e desenvolver a consciência crítica, visando à superação
das dificuldades na relação professor-aluno. A ação do professor faz eco na alma e
na memória dos alunos, modifica construtivamente ou negativamente todos os dias.
Aprendemos, pouco a pouco, durante toda a nossa vida num processo constante e
contínuo. Portanto, cada indivíduo tem seu ritmo próprio de aprendizagem.
Para Paquay, Perrenoud, Altet e Charlier (2001, p.86), “o ensino é uma
atividade intelectual que envolve a responsabilidade daquele que a exerce. É um
trabalho criativo que implica também o domínio de um bom número de técnicas”.
Ensinar é uma especificidade humana. E ensinar exige: segurança, competência profissional, generosidade, comprometimento, compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo, exige liberdade e autoridade, tomada consciente de decisões, saber escutar, reconhecer que a educação é ideológica, ter disponibilidade para o diálogo, querer bem aos educandos (FREIRE, 1996, p.8).
Portanto, é preciso partir da realidade imediata dos alunos, sem deixar de
lado o conhecimento científico. É preciso provocar o conhecimento porque ele é
revolucionário, quanto mais se ensina e bem, maior será a aprendizagem dos
10
alunos.
1.3 O PROFESSOR
Um educador, artesão do conhecimento, não atua apenas na construção de
conceitos científicos, mas forma o aluno em relação a valores morais e éticos, além
de servir como modelo a ser seguido. Sua pessoa, seu comportamento, suas ideias,
influenciarão na formação do seu aluno como um todo (TARDIF, 2002).
O professor como direcionador concreto do processo ensino-aprendizagem é
o alicerce do conhecimento. Assim, dependendo de sua prática pedagógica o
professor pode ser (re) conhecido, admirado, temido ou rejeitado, deixará marcas na
memória dos alunos positivas ou negativas, grandes tristezas ou alegrias
(FERACINE, 1990).
Somos responsáveis pelo que falamos, a fala emite uma onda sonora positiva
ou negativa que vai ao cérebro, podendo fazer uma diferença enorme na vida de
quem ouvir. Na transição da pedagogia tradicional para a pedagogia nova, temos
que focalizar um momento importante em que a afetividade passou a ser
considerada algo de grande relevância para a aprendizagem. É importante
considerar o aluno como um ser constituído de emoção e razão, por isso, para o seu
sucesso é imprescindível que as relações sociais sejam permeadas por ações
afetivas como: sorriso, o toque, o incentivo, o abraço, a compreensão, a amizade, a
brincadeira entre outras ações tão necessárias no cotidiano escolar (ROSSINI,
2003).
Temos que identificar e reconhecer em nossos alunos as suas dificuldades e
potencialidades, compreendendo o processo de transformação pelo qual cada um
passa. É preciso ainda que o professor estabeleça uma relação afetiva com seus
alunos, considerando a diversidade étnica, cultural e pessoal (PERRENOUD, 2001).
O professor precisa ser um profissional competente, ter excelência técnica,
moral e responsabilidade, ser capaz de avaliar e de autoavaliar o seu trabalho, tomar
decisões, ser pesquisador, problematizar a realidade, dialogar com os colegas de
trabalho, seduzir a turma, dar provas de imaginação, ter uma personalidade firme,
ser ativo participante e integrador. Além disso, deve produzir com qualidade, ter
compromisso com o aluno, realizar seu trabalho com amor, deixando transparecer
através dos seus olhos, da sua fala e dos seus gestos a segurança do conhecimento
11
criando o desejo de aprender, mobilizando a atenção na construção da
aprendizagem e estimulando os alunos a abrirem a janela da mente, a ter ousadia
para pensar, questionar, debater, romper as barreiras do conhecimento (FREIRE,
1994).
Segundo Paquay, Perrenoud, Altet e Charlier (2001, p.25), o professor pode
ser definido como:
[...] uma pessoa autônoma, dotada de competências específicas e especializadas que repousam sobre um saber de conhecimentos racionais, reconhecidos, oriundos da ciência, legítimo pela universidade, ou de conhecimentos explícitos, oriundos da prática. Quando sua origem é de uma prática contextualizada, esses conhecimentos passam a ser autônomos isto é, explícitos oralmente de maneira racional e o professor é capaz de relatá-los.
O professor precisa mostrar para o aluno o valor da sua disciplina,
desenvolver estratégias, oportunizando o conhecimento, procurar contornar
dificuldades, amenizar possíveis incompatibilidades entre as informações
apresentadas e o conhecimento adquirido. Por isso, não é sempre que o professor
ensina e o aluno aprende muitas vezes a maneira como o professor ensina não é a
maneira como o aluno aprende. Assim, variando a maneira como ensinamos
podemos ter mais sucesso na aprendizagem. O professor precisa ser um
profissional responsável no trabalho, viabilizar metodologias inovadoras envolvendo
o conhecimento com arte, propiciando à sociedade um serviço valioso com técnicas
de formação, organização e uma grande coerência no ensinar.
Para Freire (1994, p.53),
[...] nada disso é fácil, mas isso tudo constitui uma das frentes de luta maior de transformação profunda da sociedade brasileira. Os educadores progressistas precisam convencer-se de que não são puros ensinantes isso não existe - puros especialistas da docência. Nós somos militantes políticos porque somos professores e professoras. Nossa tarefa não se esgota no ensino de matemática, da geografia, da síntese da história. Implicando a seriedade e a competência com que ensinamos estes conteúdos, nossa tarefa exige o nosso compromisso e engajamento em favor da superação das injustiças sociais.
A escola é o espaço privilegiado para o desenvolvimento da aprendizagem,
através dela o aluno convive com indivíduos oriundos de diversos meios sociais, não
basta o professor proporcionar apenas uma atmosfera envolvente e encantatória. É
necessário também ser perseverante na busca de objetivos, na exploração de
12
currículos alternativos e na estruturação de tarefas.
A tarefa de ensinar exige do professor a estruturação do conhecimento, e do
aluno, por sua vez, a apropriação desses conteúdos. Nesse processo, é preciso que
ocorram trocas cognitivas e sócio afetivas num trabalho de ajuste e adaptações
interpessoais.
Segundo Leinhardt (1986, apud PAQUAY; PERRENOUD; ALTET; CHARLIER,
2001, p. 27),
[...] de fato, em sua prática de sala de aula, todo professor exerce duas funções ligadas entre si e complementares, as quais abrangem diferentes tipos de tarefas: uma função didática de estruturação e gestão de conteúdos; uma função pedagógica de gestão e regulação interativa dos acontecimentos em sala de aula.
Quando o professor apresenta uma forte relação com os alunos seu trabalho
flui com mais harmonia e conhecimento. Por outro lado, se o professor não tem
amor à profissão, e apresenta diferentes posturas sem um compromisso real e
necessário à tarefa de ensinar, acaba por comprometer seu trabalho.
O professor é testado constantemente por si próprio, pelos alunos, pela
família e sociedade. Professor e aluno precisam reforçar o bom desempenho, o bom
sentimento. Cada sucesso alcançado contribui para o resgate de competências e da
pessoa como ser humano e o professor em sala de aula é o espelho para a conduta
presente e futura dos seus alunos, o reflexo a ser admirado e imitado. O momento
reclama por um professor diferente que combata a discriminação, aceite as
diferenças e direcione os alunos a trilhar novos caminhos.
Portanto, é preciso que o professor reconstrua o seu trabalho com encanto e
prazer, não ficando à espera de mudanças. Ele não deve duvidar de sua
capacidade. Mesmo com diversos defeitos e qualidades, dificuldades e instantes de
insegurança, a vida, a escola, a ciência, a pesquisa, as descobertas, os alunos e o
universo não seriam o mesmo sem o “professor” (CURY, 2007).
1.4 INDISCIPLINA
A indisciplina pode ser caracterizada como: comportamento
inadequado, sinal de rebeldia, intransigência, desencanto pelas atividades
propostas, desrespeito aos professores e autoridades, falta de limite, bagunça,
13
dificuldade em se ajustar ao grupo, e compreender valores e normas de conduta,
falta de consciência da posição que ocupa na sociedade, na família e na escola
(AQUINO, 1996).
A indisciplina remete a uma pluralidade de entendimentos conceituais quando
comparados à disciplina. Assim, esse conceito está relacionado à noção de ruptura e
negação de regras norteadoras das escolas, transgressões a parâmetros,
geralmente se manifesta através da desatenção, conversas paralelas, agressões
verbais e/ou físicas aos colegas e docentes, resistência a normas tais como: sentar-
se no lugar, manter a limpeza da classe, gesticulações ou pronúncia de palavras
obscenas, pichações e/ou destruição de paredes carteiras ou materiais alheios,
recusa a realizar as tarefas propostas e trazer material necessário às aulas.
Muitas vezes o aluno faz, ainda, uso de material tecnológico alheio à aula
(celular, míni games, walkman com fone de ouvido, etc.), demonstrando dificuldade
em se integrar ao grupo (AQUINO, 1996).
A dificuldade dos professores no relacionamento com os alunos já vem
abalada por embates e desafios. Dessa forma, a incompreensão destes desajustes,
muitas vezes leva os professores ao saudosismo. A escola do passado é para
muitos ainda o modelo almejado, sonhado, relembrado.
Arroyo (1995, apud, AQUINO, 1996), questiona esse olhar voltado para o
passado que ele define como um saudosismo romântico misturado ao medo e
prevenção quanto ao futuro. Como educar para o futuro, para a realidade sócio-
política, com esse olhar constante voltado para o passado?
No passado a disciplina não era uma conquista e sim uma imposição à base
de castigos e ameaças, medo e coação. Não é esta educação repressiva e
castradora que almejamos hoje, por isso o professor precisa conquistar o respeito e
a participação dos alunos num trabalho harmonioso e significativo.
Não há espaço para aulas passivas, sem desafios educacionais, sem uso de
material pedagógico ou dos meios tecnológicos adequados ao desenvolvimento do
trabalho em classe. Melhorar as práticas pedagógicas e os parâmetros de conduta
exige mudanças na proposta curricular de forma a problematizar e não subestimar a
capacidade dos alunos com assuntos pouco interessantes ou difíceis demais. É
preciso adequar a organização e a cobrança dos conteúdos da aula ao tempo de
realização das atividades. Para tanto, a sala de aula deve ser um contexto
privilegiado do conhecimento.
14
O aluno está sujeito a comparações e rótulos de indisciplinado, alienado,
rebelde, inquieto, desatento e preguiçoso. Na verdade, o aluno como sujeito ativo do
processo de aprendizagem, precisa de orientação, de líderes que possam direcionar
caminhos ao desenvolvimento, social, intelectual e pessoal.
O professor precisa ter autonomia e respeito aos conhecimentos e
experiências que cada aluno traz do seu universo, auxiliando e sinalizando a
capacidade intelectual de cada um deles.
Assim, melhorar estes parâmetros de conduta exige mudanças de hábito,
rever posturas da escola e dos profissionais, (re) estabelecer fortes vínculos com a
família e procurar chegar às verdadeiras causas deste comportamento. A indisciplina
é um indicador da necessidade de renovação da relação professor/aluno/escola
(GARCIA, 1999).
Muitas vezes o professor não consegue perceber esse envolvimento e centra
o conflito em si próprio, no aluno, ou em alguns alunos. “Como não há
reversibilidade de posições, forma-se uma rígida divisão entre aquele que sabe e
impõem e aquele que obedece e se revolta” (COLOMBIER, 1989 apud AQUINO,
1996, p. 79).
É necessário oferecer aos professores e alunos condições para que a
indisciplina deixe de ser um fantasma que assombra as salas de aula e se torne o
que de fato deve ser uma manifestação natural das crianças e jovens, que pode e
deve ser controlada através da restauração da ordem com respeito, admiração e
responsabilidade.
Isso não significa que a paz reinará na escola, mas que alunos e professores numa
ação conjunta de princípio, harmonia, conflito, normas e regras poderão negociar e
viver com mais intensidade a relação escola-professor-aluno. A escola deve primar
por um ambiente harmonioso, onde o conhecimento científico e da sociedade
ultrapasse os limites do encontro com os amigos.
1.5 APRENDIZAGEM
Só se aprende quando a atividade mental é provocada, quando o aluno tem
uma situação problema a ser desenvolvida. Aprender é uma atividade intelectual,
criativa, que implica responsabilidade e reflexão sobre a ação. A aprendizagem
requer um ambiente adequado, agradável, uma relação em que predomine a
15
sensibilidade, a sinceridade, a confiança, a aceitação, o respeito mútuo e a
participação individual ou em grupo.
Para tanto, o professor deve mediar às situações em sala a fim de que os
alunos formem conceitos científicos. O processo educacional que não transforma o
aluno em sujeito ativo caracteriza-se por um processo ensino-aprendizagem de
mera transmissão. Assim, de acordo com Becker (2001), o professor peca ao fazer o
aluno repetir, recitar, memorizar o que já está pronto, em vez de fazê-lo agir, operar,
criar, construir a partir da realidade vivida.
Uma excelente forma de dar sabor ao conhecimento é contar histórias,
confrontar o mundo do professor e dos alunos, sendo um alpinista do conhecimento,
da ciência, das mudanças de valores e princípios, das emoções, pensando antes de
responder, semeando sementes do conhecimento, plantando o desenvolvimento,
revolucionando o saber.
“A educação deve ser um processo de construção de conhecimento o qual
ocorre, em condição de complementaridade, por um lado, alunos e professores, e
por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já construído (‘acervo
cultural da humanidade’)” (BECKER, 2001, p.73).
O Ensino-aprendizagem só é significativo quando o aluno apresenta mudança
de comportamento e atitude. O conhecimento oportuniza novas relações e rupturas
entre o conhecimento diário e o científico. Ambos os conhecimentos precisam ser
entrelaçados com novas e sucessivas abordagens e dimensões dos conteúdos
científicos e da vida diária. O aluno com a mediação do professor estabelece
construtivamente para si o conhecimento dos conteúdos, contextualizando-os
socialmente.
Segundo Gasparin (2009, p.103),
Na sala de aula, a ação do professor tem como objetivo criar as condições para a atividade de análise e das demais operações mentais dos alunos, necessárias para a realização do processo de aprendizagem. Depois, ambos seguem juntos numa ação interativa na qual o professor, como mediador, apresenta o conteúdo científico ao educando, enquanto este vai, aos poucos, tornando seu o novo objeto de conhecimento.
A efetiva ação do professor no processo ensino-aprendizagem exige clareza
nos conteúdos, objetivos definidos, postura de trabalho, valorização e interpretação
dos conteúdos a serem transmitidos. O conhecimento científico necessita da
reconstrução dos conhecimentos espontâneos articulando e transformando
16
conjuntamente o que o aluno ouve e vê, na tarefa da aprendizagem que é o fazer, o
que ouvimos esquecemos, o que vemos nos lembramos e o que fazemos
aprendemos.
Para Gasparin (2009, p. 105), “toda a ação do professor deve, pois, centrar-se
na organização do conteúdo e dos processos pedagógicos para que o aluno,
trabalhando, atue sobre os seus processos mentais em desenvolvimento e
concretize sua aprendizagem”.
Para que o professor identifique e verifique se o aluno realmente aprendeu é
necessário à definição de instrumentos de avaliação, onde o aluno deve apresentar
seus conhecimentos em várias situações concretas, conforme as metodologias e os
conteúdos trabalhados, podendo a avaliação ser realizada de maneira informal ou
formal.
De acordo com Gasparin (2009, p.132),
Na avaliação informal, o aluno, por iniciativa própria e espontânea, manifesta o quanto incorporou dos conteúdos e dos métodos de trabalho utilizados. Na avaliação formal, o professor seleciona e apresenta as diversas maneiras que oferecem ao educando a oportunidade de se manifestar sobre o quanto suas respostas se aproximam das questões básicas que orientam a aprendizagem.
O professor deve fazer uso de diferentes instrumentos de avaliação:
informalmente através de mudança de comportamento do aluno, desenvolvimento
das atividades propostas, participação significativas nas aulas. Formalmente o
professor pode proporcionar verificações orais, seminários, redações, debates,
maquetes, resumos, elaboração de textos, pesquisa, provas escritas do tipo
dissertativas, objetivas, subjetivas entre outras formas que expressem os
conhecimentos aprendidos ou não assimilados pelos alunos. As avaliações devem
realmente ser instrumentos de verificação da aprendizagem e do trabalho
desenvolvido pelo professor com os alunos (GASPARIN, 2009).
A avaliação deve possibilitar ao aluno que reelabore e expresse o conteúdo
aprendido não só nas provas e atividades propostas em classe, mas em função da
necessidade social e mudança de comportamento.
1.6 O DIÁLOGO
O diálogo é a maneira de facilitar a relação professor-aluno. Dessa forma,
17
constitui-se como ferramenta educacional insubstituível ao conhecimento, primordial
à vida em sociedade. O professor com muita lucidez, objetividade, compreensão e
benevolência deve favorecer o diálogo de maneira espontânea, procurando interagir
com os alunos não impondo suas ideias e princípios, mas procurando fazer a
conciliação dos objetivos da escola com a vontade dos alunos. Dialogar implica em
honestidade, saber ouvir, ter respeito pelo outro, refletir, falar com convicção e
responsabilidade ao crescimento de ideias, transmitir confiança, encorajando-os no
trabalho educativo, discutir com os alunos problemas surgidos na escola e em sala
de aula, traçar metas conjuntas de trabalho, mantendo sua autoridade. Isso requer
por parte do professor um conhecimento aberto a novas ideias, formas de pensar,
ver o mundo e conhecer a turma que trabalha (FREIRE, 1996).
Esta mediação é reconhecidamente um desafio ao professor e não é inata,
mas obtida pelo preparo, pelo estudo, pelo amor, pelo respeito às diferenças e pela
coerência entre o que faz e o que diz. O professor não deve poupar oportunidades
para testemunhar aos alunos segurança ao discutir um tema e ao analisar um fato.
Contudo, deve ter a humildade para reconhecer quando não domina um assunto,
não ignorando a influência da mídia, da televisão, devendo usá-la, sobretudo discuti-
la buscando desenvolver a consciência crítica em seus alunos. Conversar e falar
sobre o mundo e contar experiências é adentrar no coração e desenvolver a
inteligência e afetividade.
Segundo Hernández (2002, p.15),
O diálogo implica a honestidade e a possibilidade de intervir em um clima de confiança. Ou seja, ele é entendido como intercâmbio e reflexão entre os sujeitos. Entretanto, favorecer a aprendizagem a partir do diálogo é algo que não ocorre de maneira espontânea, pois requer por parte do professor, ter uma escrita e conhecimento atento da turma, uma vez que o diálogo implica que as pessoas estejam abertas a novas ideias e formas de pensar, a nova maneira de ver, que não estejam fechados em seu próprio ponto de vista.
No entanto, é necessário ter limites, pois nada anda sem esses limites, a
autoridade do professor é o elo essencial para o desenvolvimento coerente e
democrático. Não é prudente cercear a liberdade, pois o verdadeiro conhecimento
não é estagnado no silêncio dos silenciados, mas no alvoroço dos inquietos, na
dúvida que investiga e na esperança que desperta. A falta de limite é apontada como
um dos fatores determinantes do insucesso do aluno. A família muitas vezes está
despreocupada em determinar os limites e regras aos filhos e estão deixando esta
18
responsabilidade para os professores que não têm como abraçar todas essas
incumbências (HERNANDES,2002).
Muitos pais não sabem como educar seus filhos, estão isolados em ilhas de
ideias e conceitos sem ação diante de toda a vastidão social, muitos destes pais já
são vítimas de uma família e de uma educação sem estrutura. Diante de cenário
temos o professor autoritário, tradicional, que cultua as tradições e convenções
conferidas pela escola e que hoje está se deparando com grande divergência
educacional. Por outro lado, temos o professor com autoridade carismática, o qual
apresenta qualidade de líder e chefe, consegue a adesão dos alunos, apresenta
uma autoridade racional e trabalha os regulamentos formais da organização escolar
e da sala de aula, conseguindo formar um elo harmonioso entre o conhecimento e a
aprendizagem (FREIRE, 1991).
Como professor, o limite e a autoridade residem no respeito que se dá aos
alunos, sem coerção, ligando ao seu trabalho à missão que a escola lhe confere.
Quando o professor é capaz de impor a partir daquilo que ele é como pessoa, este
será respeitado e até amado, já venceu a mais temível etapa do seu ofício e pode a
partir de então avançar e com sucesso alcançar suas metas na educação.
Não é fácil ser professor, muitas vezes os problemas começam na própria
casa do educando, onde os pais não procuram ter uma relação afetiva com os filhos,
nem demonstram nem um ou pouco de interesse em relação às “descobertas”
educacionais do filho, ou seja, nem um interesse com a educação. O professor deve
propiciar o estabelecimento de regras de trabalho em sala de aula, partindo do
levantamento das necessidades dos alunos e da escola, não deixando de avaliar as
regras já existentes.
A ordem na sala de aula é direcionada pela ação e organização do professor
e interação com os alunos, através desta construção pedagógica o professor deve
fazer um julgamento profissional, tomar decisões, pensar e agir em função das
exigências do seu trabalho, normalmente o professor não precisa tomar decisões a
respeito do que já está determinado: sistema escolar, ambiente físico, as relações
sociais, mas deve refletir sobre o que depende da sua ação.
Uma vez elaboradas as regras ou reelaboradas estas não devem ser muitas,
as regras propostas devem ser fixadas em lugar visível ou de fácil recorrência, bem
como registradas no caderno, caderneta, ou encadernação de uso comum.
Numa educação transformadora o professor deve conciliar harmoniosamente
19
conhecimento, pesquisa, respeito e prazer em exercer sua profissão. Sabemos que
o homem educa-se e não é educado pelos outros, o professor precisa se abrir para
receber voluntária, consciente e concretamente os novos valores, caso contrário
sofrerá violência e não se humanizará. Somos seres sociais, por isso não podemos
nos educar sozinhos, temos que estar e caminhar em passos comunitários. Quanto
mais diversificadas forem nossas ações sociais ativas, maior será nosso leque de
conhecimento, educação e cultura (TARDIF, 2002).
Criar, recriar e transformar a realidade e o lugar onde vive, é a tarefa do
homem como sujeito e agente de mudança constante é o professor, o qual exerce a
função de despertar a curiosidade, o gosto e o prazer pela aprendizagem. Como a
vida o conhecimento também deve ser constante e renovável, cabe a nós fazermos
esta renovação ser pouco significativa, pior, ou melhor. Como agentes de
transformação social têm que ter um perfil diferente e galgar pelo conhecimento
científico, garantindo assim não somente o nosso sucesso enquanto professores,
mas também do aluno e da sociedade.
1.7 POSTURAS E TIPOS DE PROFESSORES
Um bom mestre prepara os alunos para passar em concurso, um excelente mestre os prepara para ser pensadores na sinuosa escola da vida (CURY, 2007, p. 65).
São inúmeros os tipos de profissionais, mas os professores mais apreciados
pelos alunos, não são exatamente aqueles que empregam técnicas e recursos
didáticos mais acurados e sim os que sabem envolver e contagiar o interesse dos
alunos pelo modo como se comunica, participando, integrando por inteiro, dando
tudo de si.
São professores que vivem o que realizam, através da metodologia praticada
em sala de aula, deixa transparecer uma mentalidade, um estilo de vida, um sistema
de valores comprometido com a realidade. Em suma, o professor é uma pessoa que
pode instigar o aluno para o conhecimento, para a vida. Dependendo de sua
postura, o aluno pode desejar se identificar com este ser humano capacitado que
está à sua frente lhe transmitindo experiências valiosas, ajudando a refletir sobre a
vida e a programá-la.
Portanto, o professor não pode deixar para o segundo plano esta
20
oportunidade única, de criar laços afetivos com seus alunos, de poder conversar,
brincar, sorrir, descobrir a vida ao lado deles e passar a fazer parte da vida deles. O
professor deve e pode falar com emoção, mudar a tonalidade da voz enquanto falar,
deixar transparecer o prazer em ensinar, para assim ser lembrado não por dias, mas
por décadas, por palavras e atitudes que marcaram seu trabalho e sua vida.
Para Antunes (1996, p.56), a relação professor-aluno deve ser alicerçada com
afetividade e sinceridade, pois,
Se o professor assume aulas para uma classe e crê que ela não aprenderá, então está certo e ela terá imensas dificuldades. Se ao invés disso, ele crê no desempenho da classe, ele conseguirá uma mudança, porque o cérebro humano é muito sensível a essa expectativa sobre o desempenho.
A escola como parte integrante e fundamental no contexto da sociedade
precisa de ações pedagógicas que busquem transformar a relação professor-aluno
em um momento rico no processo ensino-aprendizagem. De acordo com Gadotti
(apud FERACINE, 1990), qualquer método, por si só oferece garantias ilusórias. Os
melhores métodos jamais poderão salvar um mau professor, ao passo que os
métodos mais grosseiros e arcaicos poderão dar os melhores resultados nas mãos
de um professor respeitado e estimado pelos seus alunos.
O segredo de ensinar bem está no entusiasmo pessoal do professor, que vem
do seu amor à ciência e aos alunos. Esse entusiasmo pode e deve ser canalizado
para o planejamento de metodologias adequadas, estimulando a iniciativa, o esforço
intelectual, respeitando o processo natural de aprendizagem, facilitando e
incrementando, deixando marcas profundas na construção da identidade pessoal e
social dos alunos.
Nas palavras de Freire (1994, p.10),
[...] é impossível ensinar sem esta coragem de querer bem, sem a valentia dos que insistem mil vezes antes de uma desistência. É impossível ensinar sem a capacidade forjada, inventada, bem cuidada de amar. [...] É preciso ousar, no sentido pleno desta palavra, para falar em amor sem temer ser chamado de piegas, de meloso, de o científico, senão anticientífico. É preciso ousar para dizer, cientificamente e não bla-bla-blantemente, que estudamos, aprendemos, ensinamos, conhecemos com o nosso corpo inteiro. Com os sentimentos, com as emoções, com os desejos, com os medos, com as dúvidas, com a paixão e também com a razão crítica. Jamais com esta apenas. É preciso ousar para jamais dicotomizar o cognitivo do emocional. É preciso ousar para ficar ou permanecer ensinando ao risco de cair vencido pelo cinismo. É preciso ousar, aprender a ousar, para dizer não à burocratização da mente a que os expomos diariamente. É preciso ousar para continuar quando às vezes se pode deixar de fazê-lo, com vantagens materiais.
21
Devemos ser poetas na batalha da educação. Podemos chorar, mas jamais
desanimar. Podemos nos ferir, mas jamais deixar de lutar. Devemos ver aquilo que
ninguém vê. Enxergar um tesouro soterrado nas rústicas rochas do coração dos
nossos alunos. Enxergar o mundo com os olhos de uma águia. Somos criadores e
vítimas do sistema social que valoriza o ter e não o ser, o consumo e não as ideias.
O tempo pode passar e as dificuldades podem surgir, mas as sementes semeadas
por bons professores nunca serão destruídas. A confiança é difícil de ser construída,
fácil de ser demolida e muito difícil de ser reconstruída (FREIRE, 1994).
Portanto, é preciso reconhecer entre os diversos tipos de professores quais
são as características e os pontos positivos e negativos das atitudes tomadas por
esses educadores que harmonizam ou desestruturam o trabalho em classe.
2 IMPLEMENTAÇÃO
Com o intuído de efetivar a implementação elaboramos o Caderno Didático
Pedagógico e apresentamos o mesmo à Direção, Equipe Pedagógica, Professores e
Funcionários do Colégio Estadual Presidente Castelo Branco - Ensino Fundamental
e Médio, de Tapira, na semana Pedagógica de julho de 2011. Ficou definido o
objetivo da implementação e que esta aconteceria por meio de um curso de
extensão de 32 horas com certificação da UEM, a os interessados que se
inscreveram. O curso de extensão ocorreu na escola supracitada nas manhãs de
sábado, foram seis encontros presenciais de quatro horas, e oito horas foram
destinadas à leitura do Caderno Didático Pedagógico, material da implementação e
reflexão dos questionamentos disponibilizados por e-mail, no qual procuramos
abordar inúmeros aspectos da temática “As Dificuldades Enfrentadas pelo Professor
no Processo Ensino-Aprendizagem”. O curso tinha como objetivo estudar as
dificuldades inerentes ao processo ensino-aprendizagem, nas séries finais do ensino
fundamental, a fim de que fosse possível compreender e intervir na prática
pedagógica. Durante os encontros foram realizadas estudos, reflexões envolvendo,
os diferentes temas apresentados em slide no data show.
3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Este trabalho foi direcionado pela seguinte pergunta: “Quais as principais
22
dificuldades encontradas e as competências necessárias para o sucesso do
professor no processo ensino-aprendizagem”? Sendo necessário para isso o estudo
reflexivo da temática apresentada na implementação e no GTR.
Iniciamos a implementação do projeto no segundo semestre de 2011, com a
presença da Professora Doutora Solange Franci Raimundo Yaegashi, orientadora da
professora PDE, que proferiu, no primeiro encontro, uma palestra aos participantes
do curso de extensão. Durante a palestra, a Professora Doutora abordou o Tema
“Família e Escola: Repensando os Transtornos do Comportamento”. Destacando a
evolução da família ao longo dos tempos, a família como responsável na construção
do desenvolvimento físico, cognitivo estéticos, religiosos e sociais, do processo
evolutivo de diferentes aprendizagens.
A professora ressaltou vários transtornos do desenvolvimento infanto-juvenil,
condutas de aprendizagem escolar, linguagem, sono, ansiedade, fobia social,
transtornos.
Psicossomáticos, inclusão de famílias especiais, abusos psicológicos e as
dificuldades encontradas pelos professores no cotidiano de sua prática e ação
pedagógica.
No segundo encontro apresentamos aos participantes do curso o projeto de
implementação seus objetivos, a fim de esclarecermos o plano de trabalho e que
passaríamos por encontros estudando e refletindo sobre a temática em estudo.
No encontro trabalhamos os seguintes assuntos: As habilidades requeridas
do professor na atualidade, articulação entre escola e cidadania. Concepção de
escola. O diálogo entre os professores, espaço escolar e o processo ensino-
aprendizagem. As tecnologias e os desafios da educação. Quem é o profissional
professor? Desafios, requisitos e diferentes competências da profissão docente.
No terceiro encontro foram desenvolvidos os seguintes temas: Ensinar um
grande desafio. O que é ensinar? Quem é desafiado. O que é conhecimento?
Distúrbios e dificuldades de aprendizagem. Aprendizagem mudança de
comportamento. Educação ensino-aprendizagem.
No quarto encontro foram discutidos os seguintes temas: O diálogo e a
relação professor aluno. Ações do professor no diálogo. Indisciplina um problema ou
sinal de alerta. Causas da indisciplina escolar. Maiores dificuldades dos professores
com a indisciplina. Como entender a educação professor do século XVIII e o
professor do século XXI. Como superar estas dificuldades.
23
No quinto encontro discutimos os seguintes temas: Postura e tipos de
professores. O professor. O “segredo” para o “sucesso” na profissão docente. Como
ativar o cérebro. Estresse, depressão, desânimo. O que o professor pode fazer para
melhorar sua vida e o seu trabalho.
Por fim, no sexto encontro abordamos os seguintes temas: A família está
vindo para a escola. Que tipo de família tinham e qual família temos hoje. Relação
família e escola. Transtornos de conduta e aprendizagem escolar.
As reflexões foram desenvolvidas simultaneamente à apresentação das
temáticas em estudo, e no final de cada encontro os participantes recebiam os
conteúdos trabalhados na implementação por e-mail, juntamente com as questões
reflexivas que foram respondidas individualmente e reenviadas também por e-mail.
Vale salientar, que em todos os encontros as atividades foram realizadas com
os conteúdos apresentados em slides no data show, nos quais aconteceram
momentos valiosos de discussões e reflexões coletivas e individuais sobre os
inúmeros problemas que atingem nossas crianças e jovens no processo ensino-
aprendizagem.
Nesse curso de extensão os participantes puderam conhecer refletir e
aprender juntos, direcionar novas metodologias de trabalho pautadas por
perspectivas políticas e sociais da educação. Durante as discussões percebeu-se
que os participantes foram unânimes ao reconhecerem suas limitações, falta de
conhecimento e entrosamento para o bom desenvolvimento do trabalho em classe e
extraclasse em muitas situações do processo ensino-aprendizagem. Tanuri et al
(2003, p.215) afirmam:
A formação de um professor é um processo que ocorre ao longo da vida, ou seja, o professor começa a ser formado antes da licenciatura e continua a ser formado depois dela. É um processo de formação intelectual e cultural e que envolve aspectos de natureza ética e política. Dessa forma, é importante que um curso de formação de professores ofereça aos seus alunos, além de uma aproximação com o campo epistemológico da pedagogia e da área específica na qual atua experiências diversificadas de formação e de cultura geral.
Isso mostra a necessidade e a importância da relação entre a teoria e a
prática dos conhecimentos.
As reflexões realizadas e os resultados obtidos reforçaram a importância do
trabalho de implementação. É importante destacar que são muitos caminhos que
podem ser percorridos e estudados, buscando o sucesso profissional e do processo
24
ensino-aprendizagem.
Trabalhamos também no segundo semestre no GTR/11, de forma virtual com
os participantes do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), de vários Municípios do
Estado do Paraná, os quais, mesmo distantes, puderam estudar e refletir o tema em
questão (As dificuldades Enfrentadas pelo Professor no Processo Ensino-
Aprendizagem).
Os participantes do GTR conheceram os temas pesquisados e através de
atividades virtuais, fizeram análises dos textos, tendo a oportunidade de socializar as
ideias com os outros colegas, aprimorando o conhecimento do tema estudado,
contribuindo com depoimentos e experiências realizadas na escola de atuação.
Os participantes relataram dificuldades e angústias que foram compartilhadas,
várias experiências foram trocadas, a fim de construir propostas significativas e
viabilizar alternativas a o processo ensino-aprendizagem.
É importante destacar que os resultados obtidos na implementação e no GTR,
foram muito significativos para todos os participantes, inclusive para a nossa
formação pessoal e profissional. Ficou claro que no processo ensino-aprendizagem,
não existe uma fórmula mágica para ensinar e aprender, que as dificuldades são
semelhantes, nos diversos estabelecimentos públicos de educação.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste artigo buscamos destacar a forma como ocorreu o processo
de implementação do projeto proposto. Para tanto, utilizamos o Caderno Didático
Pedagógico, que oportunizou diálogos e reflexões. Foi sem dúvida, um trabalho
muito gratificante, pois houve aprendizagem, buscas, erros e acertos, os quais
permitiu-nos constatar que são muitos os desafios e limitações do trabalho dos
professores e dos segmentos da escola.
Pode-se, porém, considerar que esse estudo, não só levantou as causas, mas
encontrou possíveis alternativas para atrair os alunos como verdadeiros parceiros no
processo de ensino-aprendizagem, visto que a união de professores, alunos e
profissionais da educação são de suma importância para a formação do aluno, o
bom desenvolvimento do trabalho dos professores e demais segmentos da escola,
ressaltando sempre a ligação entre o conhecimento científico e a prática social.
25
No decorrer do curso de extensão ficou evidente nas discussões em grupo e
individualmente que é grande a falta de harmonia entre os segmentos que compõe a
escola. A escola e a educação precisam mudar suas práticas consideradas
tradicionais e praticar o respeito à diversidade cultural, uma educação inclusiva,
mediante o desenvolvimento de competências e habilidades exigidas pelo mundo
globalizado para o desenvolvimento e acesso ao conhecimento científico,
envolvendo uma gestão compartilhada, democrática.
É importante que o trabalho da equipe pedagógica esteja verdadeiramente
comprometido com a educação, que dê apoio aos professores e condições para que
possam lidar com as dificuldades enfrentadas e proporcione condições pedagógicas,
emocionais, físicas e psicológicas no tocante à indisciplina enfrentada com relação
aos alunos e os próprios pais. Fazer o professor perceber que não está sozinho, e
que estando alicerçado possa desenvolver o seu trabalho com tranquilidade,
paciência, responsabilidade e amor.
Portanto, é necessário que o professor ao entrar em sala de aula, se
preocupe em transmitir o melhor conhecimento para seus alunos, pois mediar
situações faz parte da profissão. A disciplina não deveria ser vista como algo
imposto pelo professor ou como obrigação do aluno, mas como necessidade das
relações sociais existentes e de aprendizagem.
Neste sentido, o professor precisa refletir o processo de ação-reflexão-ação, e
tomar consciência, de que não pode parar no tempo, que o conhecimento que
possui não deve ser descartado, mas sim associado ao novo paradigma: promover
mudança enquanto educador. Para isso, dever refletir sobre seu agir
constantemente, podendo modificar sua ação em prol de uma educação. Neste
sentido, as Políticas Públicas na Educação, também são de suma importância para
podermos traçar os objetivos e a fundamentação do trabalho na escola.
Acreditamos que, o que impede a mudança de postura da escola e dos
profissionais da educação é o fato de “não se abrirem e inovarem”. Não cabe mais
na escola aquela mesmice de aula, o professor precisa mostrar para o aluno a
importância de sua disciplina e do conhecimento em si. Os profissionais precisam
resgatar o que deu certo nos materiais pedagógicos, meios tecnológicos,
adequando-os ao desenvolvimento do trabalho em sala de aula, fazendo com que os
alunos obtenham o conhecimento da melhor forma possível, tornando-se, um sujeito
26
capaz de construir seu conhecimento, desenvolvendo seus sentidos, entendimentos
e a inteligência.
Vale salientar para que isto ocorra, a função do professor é crucial, pois com
sua teia de palavras, alicerçadas nas paredes do seu saber pedagógico, ele ajudará
os seus alunos a protagonizarem uma grande revolução, primeiramente dentro de si
e, consequentemente, na sua comunidade. Não a revolução do ódio, da guerra, da
violência ou da alienação, mas a revolução do argumento, da persuasão, do
conhecimento eficiente e eficaz, capaz de promover a inovação e nos dar motivo
para acreditar que, realmente, os dias vindouros nascerão mais felizes.
Portanto, a escola atual requer professores capacitados com conhecimento
profundo, práticas inovadas, competentes, responsáveis, que trabalhem com amor e
motive seus alunos a aprender, tenha como objetivo assegurar aprendizagem do
conhecimento científico e da vida diária, com qualidade a todos os alunos.
Entretanto, educar exige enorme responsabilidade, requer equilíbrio,
compromisso, habilidades, organização, flexibilidade, reunir saberes e competências
que permitam a construção do ensino com qualidade e conhecimento científico.
Enfim, é necessário redescobrir como trabalhar com acúmulo de
conhecimento, que diante da rapidez das mudanças que o mundo de hoje traz, o
professor deve estar sempre buscando o novo, mas não pode perder suas raízes,
seus conhecimentos, seu valor e sua vivência, repensando continuamente sua
prática pedagógica, sendo capaz de ensinar, e de aprender com alunos
cooperativamente.
Chegamos à conclusão que não existe nada pronto ou acabado, tudo é uma
constante redescoberta. Assim, devemos dar continuidade ao que já existe com
novas estruturas de sustentação, não jogando fora o que está dando certo, e sim
programando e reconstruindo um novo momento social e histórico.
Sendo assim, o estudo da temática apresentada visou contribuir com os
professores e profissionais da educação na melhoria e no sucesso do seu trabalho.
Ficou clara a necessidade de estudos complementares ao bom desenvolvimento do
processo ensino-aprendizagem nas escolas públicas.
27
REFERÊNCIAS ANTUNES, Celso. Alfabetização emocional. São Paulo: Terra, 1996. AQUINO, Julio Groppa (org). Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas. 12º ed. São Paulo: Summus, 1996. BECKER, Fernando. Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001. BOFF, Leonardo. Cidadania, com - cidadania, cidadania nacional e cidadania terrenal. In: BOFF, Leonardo. Depois de 500 anos: que Brasil queremos? Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. CARNEGIE, Dale. Como evitar preocupações e começar a viver. 37° ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003. CHALITA, Gabriel. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Editora Gente, 2001. CURY, Augusto. Treinando a emoção para ser feliz: nunca a autoestima foi tão cultivada no solo da vida! São Paulo: Ed. Planeta do Brasil, 2007. ESTEVE, J. M. Mudanças sociais e função docente. In: NOVOA, A (org). Profissão Docente. Porto: Porto Editora, 1995. Cap. IV, p.95-120. FERACINE, Luiz. O professor como agente de mudança social. São Paulo: EPU, 1990. FREIRE, Paulo. Professor sim tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d' Água, 1994. FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo, Cortez, 1991. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. GARCIA, J. Indisciplina na Escola: uma reflexão sobre a dimensão preventiva. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n. 95, p. 101-108, jan./abr. 1999. GADOTTI, Moacir; ROMÃO José E. Autonomia na escola na escola: princípios e propostas (orgs). 6. ed. São Paulo: Cortez: 2004. GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico critica. 5°. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2009. (Coleção educação contemporânea) HERNÁNDEZ, Fernando. O diálogo como mediador de aprendizagem e da construção do sujeito na sala de aula. Revista Pátio, vol. 6, n.22, p.18- 21, 2002.
28
PAQUAY. Leopoldo; PERRENOUD, Philippe; ALTET, Marguerite; CHARLIER, Évelyne. Formando Professores Profissionais. 2º ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. PERRENOUD, Plilippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2001. REGO, T.C. Vygotsky, uma perspectiva histórica cultural da educação.12. ed. Petrópolis. Vozes, 2001. RIOS, Demerval Ribeiro. Novo dicionário global da língua portuguesa ilustrado. São Paulo: DCL, 2007. ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Aprender tem que ser gostoso. Petrópolis: Vozes, 2003. TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. Petrópolis: Vozes, 2002. TIBA, Içami. Ensinar aprendendo. 4° ed. São Paulo: Editora Gente, 1996. TANURI, L.M. et al. Pensando a Licenciatura na Unesp. Nuances: estudos sobre educação. Ano IX, v.09, n.9/10, jan/jun e jul/dez, 2003. p. 211–229.
Recommended