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As Mudanças Ocorridas nas Normas Internacionais de
Contabilidade na Percepção de seus Usuários
Área temática: Gestão Econômica e Financeira
Marco Aurélio Ramos
marco.ramos@unihorizontes.br
Raquel Salge Silva Antunes
aquelsalge@terra.com.br
Cristiana Fernandes de Muylder
cristiana.muylder@fumec.br
Lousanne Cavalcanti
Lousanne.barros@unihorizontes.br
Resumo: Esta pesquisa aborda as alterações na Estrutura das Demonstrações Contábeis – Balanço Patrimonial – BP
e Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, promovidas na Lei 6.404/76, pelas Leis nº 11.638/07 e nº
11.941/09. A adoção destas novas regras visou padronizar as Técnicas Contábeis Brasileiras às Internacionais e obter
harmonização perante a elaboração e divulgação das informações contidas nas Demonstrações para que seja possível
efetuar análises e tomar decisões de forma confiável.O objetivo principal deste trabalho foi apresentar o grau de
conhecimento dos profissionais que se utilizam das Demonstrações Contábeis quanto às mudanças. Para o
desenvolvimento da pesquisa utilizou-se a abordagem quantitativa e descritiva. A coleta de dados foi realizada com a
aplicação de um questionário com perguntas fechadas e uma pergunta aberta, de caráter facultativo. Os resultados
apontam que os profissionais que elaboram e analisam os resultados econômico-financeiros das empresas têm
conhecimento das Normas, bem como das novas estruturas propostas.
Palavras-chaves:
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1 INTRODUÇÃO
As Normas Internacionais de Contabilidade – IFRS, emitidas pelo Conselho de Normas
Internacionais de Contabilidade – IASB, representam um conjunto de normas que atendem às
exigências do mercado mundial, tornando-se fonte de referência para práticas contábeis mundiais. A
implantação das Normas Internacionais de Contabilidade, no Brasil, deu-se início com a publicação da
Lei 11.638/07 e consolidou-se com a emissão de Pronunciamentos Contábeis, pelo Comitê de
Pronunciamentos Contábeis – CPC, sobre procedimentos que convergem a Contabilidade Brasileira às
Normas Internacionais.
Essa convergência visou unificar as normas para que as Demonstrações Contábeis e a
escrituração contábil passassem a obedecer padrões mundiais uniformes e essas mudanças geraram
alguns impactos importantes, entre eles na Análise das Demonstrações Contábeis Balanço Patrimonial
– BP e Demonstração do Resultado do Exercício – DRE.
Este projeto visa pesquisar e apresentar o grau de conhecimento dos principais profissionais que se
utilizam das referidas Demonstrações Contábeis, para Análise Econômica e/ou Financeira.
Diante das mudanças sócio-econômico-financeiras ocorridas no mundo, com a globalização, a
contabilidade torna-se, a cada dia, uma ferramenta fundamental como fornecedora de informações no
processo de tomada de decisões gerenciais.
Com a abertura da economia mundial, surgiu a necessidade de padronização das Normas
Contábeis, internacionalmente, facilitando o processo de decisão dos investidores, viabilizando a
comparação, a precisão e a transparência de informações, fortalecendo as relações comerciais e
financeiras entre países e maior segurança aos usuários dessas informações, sejam eles internos ou
externos.
A padronização das Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC às Normas Internacionais de
Contabilidade – IFRS, apresentou mudanças, entre outras, na forma de elaboração das Demonstrações
Contábeis – Balanço Patrimonial - BP e Demonstração do Resultado do Exercício - DRE, configuradas
na Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09.
As normas internacionais de contabilidade, que servem de base para elaboração das
demonstrações contábeis, são emitidas pelo IASB (International Accounting Standards Board –
Conselho de Normas Contábeis Internacionais). Essas normas são denominadas de IFRS (International
Financial Reporting Standard – Normas Internacionais de Relatório Financeiro) e de IAS
(International Accounting Standard – Normas Internacionais de Contabilidade). No Brasil essas
normas internacionais de contabilidade são emitidas em português pelo Comitê de Pronunciamentos
Contábeis – CPC. (ALMEIDA, 2014, pag. 2)
As alterações na elaboração das Demonstrações Contábeis – BP e DRE contribuíram para que
os usuários de tais informações pudessem analisar a posição patrimonial e financeira das entidades,
bem como o andamento de desempenhos e resultados, de forma mais segura, visto que as
demonstrações passaram a apresentar seus dados de forma mais consistente e fidedigna,
proporcionando menor risco nas análises e decisões.
Após vários casos de escândalos, envolvendo empresas americanas, europeias, brasileiras,
dentre outras, referentes a condutas antiéticas e fraudulentas, maquiagem de balanços e manipulação
das Demonstrações Contábeis, e com a necessidade de estabelecimento de um padrão contábil
internacional, foram instituídas, pelo IASB, as Normas Internacionais de Contabilidade - IFRS e
posteriormente, os Pronunciamentos Contábeis, pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, no
Brasil.
As Normas Contábeis eram baseadas somente em regras, com o intuito de demonstração de
números para atendimento ao Fisco. As novas normas baseiam-se em princípios, e não somente em
regras.
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Há que se ressaltar que os profissionais envolvidos na gestão das empresas, hoje, têm a
oportunidade de utilizar demonstrativos e relatórios que estão sendo a cada dia aperfeiçoados em
decorrência da atualização constante das normas de acordo com as exigências do mercado mundial.
Assim sendo, a aplicação da contabilidade padronizada em todos os países gerará qualidade das
normas aplicadas na elaboração das informações contábeis, trazendo confiabilidade aos usuários
dessas informações e principalmente, fácil entendimento tanto para os empresários brasileiros
investirem em negócios em outros países quanto para interessados do exterior em investir no Brasil.
A convergência das Normas Brasileiras às Normas Internacionais preenche a lacuna de
necessidades de padronização das Demonstrações Contábeis, da centralização de emissão de normas
de natureza contábil e de confiabilidade dos usuários nas Demonstrações Contábeis.
A globalização, bem como as novas normas contábeis, teve um aspecto extremamente
importante no papel dos profissionais da contabilidade, haja visto que se preocupavam, em um passado
não muito distante, na maioria das vezes com a elaboração de procedimentos contábeis com a
exclusiva finalidade de atendimento ao fisco. Hoje, esta realidade é bem diferente, a atuação desses
profissionais tornou-se mais dinâmica, passaram a preocupar-se, também, com a apresentação, aos
seus clientes, de análises das demonstrações mais detalhadas e úteis para tomada de decisão.
Há, porém, que se ressaltar a importância do conhecimento, referente às Normas Internacionais
de Contabilidade, dos profissionais que se utilizam do BP e da DRE, com a finalidade de elaboração
de relatórios de análises econômico-financeiras mais consistentes e mais confiáveis.
Esta pesquisa tem como objetivo apresentar os impactos na Análise das Demonstrações
Contábeis – BP e DRE para as organizações, após a alteração da Lei das SA nº 6.404/76 pelas leis
11.638/07 e 11.941/09 (antiga MP nº 449/08), bem como apresentar um levantamento do
conhecimento, referente a essas mudanças, dos profissionais que utilizam dessas demonstrações.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Normas Internacionais de Contabilidade
A Contabilidade está sofrendo grandes transformações, consolidando-se cada vez mais como
principal fonte de informações econômicas e financeiras. Com a globalização, vem buscando
inovações em suas práticas contábeis para que se adaptem de acordo com as atuais condições
econômicas do mundo, satisfazendo, de forma mais eficiente, as necessidades de seus usuários.
De acordo com Iudícibus et.al., (2010b, p. 1), a contabilidade é uma ciência social aplicada,
com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os
fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer entidade.
A Contabilidade apresenta uma nova finalidade; além de divulgação das informações
financeiras usuais, apresenta, também, a divulgação de informações econômicas destinadas a diversos
níveis de usuários, tanto internos como externos.
As mudanças, ocorridas no cenário mundial, decorrentes da globalização que é um fenômeno
que atinge os setores social, cultural e econômico, trouxeram a necessidade de padronização das
normas contábeis, proporcionando uma linguagem universal no mundo dos negócios.
De acordo com a Receita Federal do Brasil, em seu sítio oficial, a definição de IASB –
International Accounting Standards Board (Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade) é:
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Entidade do setor privado, independente, criada em 1973 para estudar, preparar e emitir normas
de padrões internacionais de contabilidade, com sede em Londres, Grã-Bretanha, constituída
por mais de 140 entidades profissionais de todo o mundo, incluindo o Brasil representada pelo
Instituto Brasileiro de Contadores - IBRACON e o Conselho Federal de Contabilidade - CFC.
Relativamente a sua estrutura, o IASB é vinculado à Fundação para o Comitê de Normas
Internacionais de Contabilidade, com sede em Delaware, Estados Unidos da América. (RFB,
2014)
No Brasil, o processo de convergência da contabilidade, deu-se início em 1990 quando a
Comissão de Valores Mobiliários – CVM criou comissões para propor alterações na Lei 6.404/76 –
Lei das SA. Foi criado, então, um anteprojeto que foi encaminhado ao Congresso Nacional, para
apreciação. Em Dezembro de 2007, foi sancionada a Lei 11.638/07, que instituiu alterações nos
padrões de contabilidade em vigor no Brasil.
De acordo com Almeida e Braga (2008, p.6): É importante ressaltar que a Lei 11.638/07 introduz importantes modificações nas regras
contábeis brasileiras, sendo o seu principal objetivo a convergência aos pronunciamentos
internacionais de contabilidade, em especial os emitidos pelo IASB (International Accounting
Standards Board), através dos IFRS (International Financial Reporting Standards) e dos IAS
(International Accounting Standards).
Em dezembro de 2008, foi elaborada a Medida Provisória -MP 449, que propunha alguns
ajustes na Lei 11.638/07 e essa MP 449/08 foi sancionada para a Lei 11.941/09, tornando a legislação
brasileira preparada para a convergência aos padrões internacionais.
Em função das necessidades de convergência das normas contábeis, da centralização na emissão de
normas de natureza contábil e da fidedignidade das informações nas Demonstrações Contábeis, o
Conselho Federal de Contabilidade – CFC criou, em outubro de 2005, através da resolução nº 1.055, o
Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC que tem como objetivo estudar, preparar e emitir
Pronunciamentos Técnicos para aplicação da Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09, sobre procedimentos
contábeis convergentes às normas contábeis internacionais.
O Comitê é composto por profissionais de seis entidades. São elas: Associação Brasileira das
Companhias Abertas (ABRASCA), Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON),
Fundação e Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financiamento (FIPECAFI), Bolsa de
Valores de São Paulo (BOVESPA), Associação Nacional dos Analistas e Profissionais de
Investimentos do Mercado de Capitais (APIMEC) e Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
Segundo a Resolução nº 1.055/05, o CPC tem por objetivo: O estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre Procedimentos de
Contabilidade e a divulgação de informações dessa Natureza, para permitir a emissão de
normas pela entidade reguladora Brasileira, visando à centralização e uniformização do seu
processo de Produção, levando sempre em conta a convergência de Contabilidade Brasileira
aos padrões internacionais.
Desde sua constituição, o CPC emitiu um conjunto de mais de 40 Pronunciamentos Técnicos,
Orientações e Interpretações Técnicas voltadas a orientar o registro, mensuração e evidenciação
contábil.
Conforme Iudícibus, et. al. (2010a, p.21), as Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo
IASB, e agora também implementadas no Brasil pelo CPC, pelo CFC e pela CVM, têm como
características básicas:
São baseadas muito mais em princípios do que em regras: não possuem previsões e
respostas para todos os casos concretos. Com isso, faz-se necessária uma maior análise e um maior
julgamento, exigindo uma maior preparação dos profissionais responsáveis pela contabilidade. Os
contadores brasileiros estavam acostumados apenas em cumprir as regras mecanicamente e,
atualmente, terão que olhar mais os princípios contábeis, permitindo que se produzam informações
contábeis com maior qualidade e utilidade.
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São baseadas na Prevalência da Essência sobre a Forma: o profissional que contabiliza ou
audita qualquer operação deve conhecer muito bem todos os procedimentos e as circunstâncias que a
cercam, não basta simplesmente contabilizar o óbvio, é relevante conhecer e ter certeza de que o
documento formal represente, de fato, a essência econômica dos fatos a serem registrados.
O conceito da Prevalência da Essência sobre a Forma é o pilar básico das Normas Internacionais de
Contabilidade emitidas pelo IASB, e tem como grande objetivo: maior transparência, que redunda em
menor custo do capital e menores riscos nas decisões. (IUDÍCIBUS, et.al., 2010b, p. 13)
São muito mais importantes os conceitos de controle, de obtenção de benefícios e de
incorrência em riscos do que a propriedade jurídica para registro de ativos, passivos, receitas e
despesas. Há a prevalência da transferência do controle, dos riscos e dos benefícios sobre a titularidade jurídica.
A contabilidade passa a ser de toda a empresa, não só do Contador: em virtude das
alterações na Lei das S.A., para a realização de alguns procedimentos contábeis, a contabilidade, hoje,
necessita do envolvimento de toda a empresa (Diretoria, Conselho Administrativo, Conselho Fiscal,
etc.) e não apenas do Departamento de Contabilidade ou contador responsável.
Para Iudícibus, et.al., (2010b, p. 13), o contador precisa conhecer a operação, consultar e obter
dados dos que participaram das operações para produzir informações contábeis necessárias, úteis e
relevantes. Ele é o centro do processo, mas não o único a dele participar.
Sobre a adoção das novas normas, ressalta Eliseu Martins (2008, 21º Eescon), “Suas
consequências mais relevantes são as relacionadas à mudança da postura do profissional contábil:
essência sobre a forma; controle sobre a propriedade, transferência de risco e benefícios e normas
baseadas em princípios".
A adoção inicial das Normas Internacionais, está definida no Pronunciamento Técnico CPC 37 –
Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade, que orienta as entidades a elaborarem
suas demonstrações contábeis de acordo com os conceitos das IFRS, garantindo que essas
demonstrações possuam informações de qualidade e que contenham transparência para que os usuários
possam compará-las em relação a períodos anteriores.
As novas normas contábeis são aplicáveis a todas as entidades. A contabilidade, por ser uma
ciência social, é única, independentemente do tamanho ou da natureza da entidade. Em alguns casos,
torna-se necessário a adoção de procedimentos específicos, levando-se em consideração, o porte da
empresa, a complexidade de suas operações e o ramo de negócios em que está inserida.
Em 2009, foi emitido pelo o IASB, um documento a ser aplicado às Pequenas e Médias
Empresas (PMEs). Posteriormente, o CPC, emitiu o Pronunciamento Técnico PME - “Contabilidade
para Pequenas e Médias Empresas”, aprovado por meio da Resolução CFC nº 1.255/09, denominada
também de NBC TG 1000, que simplifica procedimentos dos CPCs, considerando somente
documentos e procedimentos próprios à realidade destas entidades. Por opção, podem ainda adotar as
normas contábeis de caráter geral aplicáveis às companhias abertas. Pequenas e médias empresas, conforme conceito adotado pelo IASB e pelo CPC, são empresas
que não têm obrigação pública de prestação de contas e elaboram demonstrações contábeis,
além de para fins internos de gestão, para usuários externos, mas para finalidades gerais, como
é o caso de sócios que não estão envolvidos na administração do negócio, credores existentes e
potenciais, e agências de avaliação de crédito. Note-se que inúmeras sociedades por ações
brasileiras estão enquadradas nessa condição, bem como as limitadas e todas as demais
sociedades que não captam recursos junto ao público. (IUDÍCIBUS, et. al., 2010a, p.26)
Portanto, a NBC TG 1000 deve ser adotada por todas as empresas de pequeno e médio porte (não
companhias abertas ou de grande porte) e que não possuem obrigação pública de prestação de contas e
elaboram as demonstrações contábeis para fins gerais aos diversos usuários contábeis.
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2.2 Alterações na Lei 6.404/76 de acordo com as Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09
1.1.1 Balanço Patrimonial - BP
2.2.1.1 Ativo
Almeida (2014a, p.38-40 apud CPC 00) traz novas definições de ATIVO: o benefício econômico futuro incorporado a um ativo é o seu potencial em contribuir,
direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a entidade;
a forma física não é essencial para a existência de ativo;
o direito de propriedade também não é essencial para a existência de ativo. Será um
ativo se a entidade controlar os benefícios econômicos esperados que fluam da propriedade
mesmo que não haja controle legal;
o ativo da entidade resulta de transações passadas ou de outros eventos passados. As
transações ou eventos previstos para ocorrer no futuro não dão origem, por si só, ao surgimento
de ativos;
a associação entre incorrer em gastos e gerar ativo não são necessariamente
indissociáveis.
O Ativo que antes era subdividido em três grupos de contas: Circulante, Realizável a Longo
Prazo e Permanente, após alterações na Lei 6.404/76, pela Lei 11.941/09 passou a ser subdividido em
apenas dois grupos: Circulante e Não Circulante.
Almeida (2014a, p. 36) aborda que no ATIVO CIRCULANTE são classificadas as transações que
serão realizadas nos próximos 12 meses.
Braga (2009, p.71) define ATIVO CIRCULANTE: Esse grupo contempla os investimentos circulantes, ou seja, as aplicações em disponibilidades
financeiras [...], bem como os direitos de crédito sobre clientes e outros devedores por
operações realizadas a prazo [...], os estoques [...] e outros bens e direitos realizáveis no curso
do exercício seguinte, isto é, até 12 meses da data do balanço [...]
Para Marion (2009, p. 68), “o Ativo Circulante é o grupo que gera dinheiro para a empresa
pagar suas contas a curto prazo. Esse grupo é conhecido como Capital de Giro, pois seus itens estão
sempre se renovando.”
De acordo com a Lei 11.638/07, as contas do grupo Ativo Circulante permaneceram
inalteradas.
O grupo Realizável a Longo Prazo passou a ser um subgrupo do Ativo Não Circulante. O
ATIVO NÃO CIRCULANTE abrange as aplicações em ativos de longo prazo ou de caráter
permanente.
ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO compreende itens que serão transformados em
dinheiro a longo prazo, ou seja, em período superior a um ano, ou de acordo com o ciclo operacional
da atividade predominante. (MARION, 2009, p.69)
A divisão do ativo em dois grupos de contas, o Circulante e o Não Circulante, corrobora com o
processo de análise da posição financeira da empresa, visto que a diferença entre o Ativo Circulante e
o Passivo Circulante nos faz conhecer o Capital Circulante Líquido, ou a capacidade que a entidade
possui de quitar suas obrigações a curto prazo.
O que se torna importante distinguir, para fins de análise, são aqueles que vão se realizar
durante os próximos doze meses (circulante) daqueles que possuam realizações mais longa (não
circulante).
O grupo ATIVO PERMANENTE que antes era subdividido em Investimento, Imobilizado e
Diferido, foi extinto. Essa alteração deve-se ao fato de que em termos econômicos e contábeis, não
existe Ativo Permanente. Todos os ativos, independentemente de sua espécie, são realizáveis em
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moeda, seja através do direito de recebimento (aplicações financeiras, títulos e contas a receber), seja
através de venda (estoques) ou da sua utilização e consumo no processo produtivo (imobilizado,
diferido). O que existe, de fato, são ativos que se realizam em prazos menores que outros. Os
subgrupos Investimentos e Imobilizado foram transferidos para o grupo Não Circulante.
“No Ativo IMOBILIZADO serão classificados os ativos de longa duração e utilizados na manutenção
dos negócios da entidade.” (ALMEIDA, 2014a, p.37)
A Lei 6.404/76 definia Ativo Imobilizado como “os direitos que tenham por objeto bens
destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade,
inclusive os de propriedade industrial ou comercial.”
Marion (2009, p.70 apud Lei 11.638/07) ressalta o novo conceito de Imobilizado: São bens corpóreos destinados à manutenção da atividade principal da empresa ou exercidos
com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à empresa os
benefícios, riscos e controle desses bens. Os bens que auxiliam a empresa na consecução de
suas atividades pertencem ao imobilizado [...].
A reavaliação espontânea de bens corpóreos do ativo imobilizado foi excluída, dando lugar aos
ajustes decorrentes de avaliação patrimonial, enquanto não computados no resultado, em razão do
regime de competência, em função de aumentos ou diminuições de ativos avaliados a valor de
mercado. (BRAGA e ALMEIDA, 2008, p. 9)
Se os ativos não se destinarem à manutenção da atividade da empresa, comporão o grupo
INVESTIMENTOS.
Para Marion (2009, p. 70), Investimentos são aplicações que nada têm a ver com a atividade da
empresa [...] não melhoram em nada o volume de vendas ou de produção.”
A mudança de classificação do Ativo em Circulante e Não Circulante, a extinção do grupo Realizável
a Longo Prazo que passou a ser um subgrupo do Ativo Não Circulante e do grupo Permanente deve-se
ao fato que essa é a forma de classificação aceita internacionalmente, inclusive pelos países integrantes
do Mercosul, em que se busca oficialmente uma harmonização em diversos campos, inclusive na
contabilidade. (CVM, 2000, p.55)
A Lei 6.404/76, definia ATIVO DIFERIDO como sendo “as aplicações de recursos em
despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social, inclusive os
juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações
sociais.”
A redação dada pela lei 11.638/07 trouxe nova definição de Ativo Diferido: “as despesas pré-
operacionais e os gastos de reestruturação que contribuirão, efetivamente, para o aumento do resultado
de mais de um exercício social e que não configurem tão-somente uma redução de custos ou acréscimo
na eficiência operacional.”
O grupo DIFERIDO foi revogado pela Lei 11.941/09. Era composto pelos gastos de
implantação, reestruturação e pelas despesas pré-operacionais que são gastos efetuados antes do início
das operações da empresa e apropriados a resultados quando do início de suas operações e também
pelos gastos com pesquisa e desenvolvimento de produtos que serão amortizados durante o período em
que tais produtos produzirem resultados para a empresa. Esses gastos poderão ser reclassificados em
outro grupo de contas do Ativo ou baixados como despesas ou permanecer como diferido até a
completa amortização.
Os bens incorpóreos, denominados Intangíveis, eram classificados no Imobilizado. Com as
alterações, criou-se um subgrupo denominado ATIVO INTANGÍVEL compondo, também, o Ativo
Não Circulante. Classifica-se neste subgrupo o fundo de comércio, direitos de exploração, direitos de
concessão ou permissão delegada do poder público.
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A inclusão, separadamente, no Balanço Patrimonial, do subgrupo Intangível, possibilitou a
contabilização e divulgação de forma clara das concessões de serviços públicos obtidas através das
privatizações de empresas geradoras de energia, serviços de telefonia móvel e fixa e rodovias.
Outro aspecto importante que ocorreu com a mudança da lei 6.404/76 foi sobre a forma de
contabilização de bem adquirido por arrendamento financeiro. Antes da Lei 11.638/07, nenhum ativo
ou passivo era registrado pelo fato de a empresa não possuir o título de propriedade dos bens
arrecadados.
A partir da Lei 11.638/07, esse bem será contabilizado no imobilizado da arrendatária que o
depreciará normalmente, e o passivo decorrente de tal operação imediatamente reconhecido pela
entidade. As razões que definem essa forma de contabilização, entre outras, estão no aspecto de que
apesar de o bem ser juridicamente de propriedade da arrendadora, ele está na posse e em plena
utilização por parte da arrendatária e que ao final do contrato, a arrendatária acaba formalizando a
transferência da propriedade.
Essa mudança faz com que a informação contábil fique mais completa, pois as empresas
estarão evidenciando em seu ativo todos os bens sobre os quais detenha seus benefícios, riscos e
controle, além do respectivo passivo assumido. O importante a destacar, também, é que o Balanço
Patrimonial é uma ferramenta eminentemente econômica e não jurídica e sempre que houver um
choque entre esses dois aspectos, prevalece o econômico. (FIPECAFI, 2010, p. 252)
Assim, conforme Braga e Almeida (2008, p.9) a Demonstração do Resultado do Exercício
contemplará as despesas de depreciação do Ativo Imobilizado arrendado e as despesas financeiras da
dívida do arrendamento.
2.2.1.2 Passivo
No passivo são apresentadas as obrigações da companhia. Almeida (2014a, p.40 apud CPC 00)
traz novas definições de PASSIVO: uma característica essencial para a existência de passivo é que a entidade tenha uma
obrigação presente que pode ser legalmente exigível em consequência de contrato ou de
exigências estatutárias [...] obrigações surgem também de práticas usuais do negócio, de usos e
costumes e do desejo de manter boas relações comerciais ou agir de maneira equitativa;
a obrigação normalmente surge somente quando um ativo é entregue ou a entidade
ingressa em acordo irrevogável para adquirir o ativo;
passivo resulta de transações ou outros eventos passados;
alguns passivos somente podem ser mensurados por meio do emprego de significativo
grau de estimativa, denominados de provisões;
De acordo com a Lei 6.404/76, subdividia-se em Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo.
Com promulgação da Lei 11.941/09, todas as obrigações não classificadas no Passivo Circulante
devem ser classificadas no Passivo Não Circulante, isto é, obrigações cuja liquidação não se espera
que ocorra dentro do prazo de doze meses, serão classificadas no Passivo Não Circulante antes
classificado como Exigível a Longo Prazo.
“No PASSIVO CIRCULANTE são classificadas as dívidas que serão liquidadas nos próximos
12 meses.” (ALMEIDA, 2014a, p.37)
“No PASSIVO NÃO CIRCULANTE são registradas as obrigações que irão vencer após 12
meses.” (ALMEIDA, 2014a, p.37)
Dentre as classificações do Passivo, a mais significativa mudança está na extinção do subgrupo
RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS, pela Lei 11.941/09, o qual possuía como objetivo
abrigar Receitas Recebidas Antecipadamente, que efetivamente deveriam ser reconhecidas em
Resultados de Exercícios Futuros. Eram subtraídos os custos e as despesas já incorridos ou vinculados,
correspondentes a tais receitas. (MARION, 2009, p. 74)
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Este grupo foi mantido nas escriturações apenas por um período de transição.
Deverá ser reclassificado no Passivo Não Circulante, no subgrupo Receita Diferida e o registro do
saldo da mencionada conta deve evidenciar a receita diferida e o respectivo custo diferido.
2.2.1.3 Patrimônio Líquido
“Demonstra o total de recursos aplicados pelos proprietários na empresa. As aplicações dos
proprietários normalmente são compostas de capital e lucros retidos, ou seja, a parte do lucro não
distribuída aos donos mas reinvestida na empresa.” (MARION, 2009, p. 72)
Iudícibus et. al. (2010b, p.19) descreve, também, que o Patrimônio Líquido pode ser
proveniente dos investimentos dos sócios, efetuados pelos proprietários em troca de ações e pelos
lucros acumulados e não distribuídos aos sócios como fonte de financiamento.
O FIPECAFI define Patrimônio Líquido como: Valor residual composto por dois grandes conjuntos: transações com os sócios (divididas em
capital e reservas de capital), e resultados abrangentes (estes últimos divididos em reservas de
lucros – ou prejuízos acumulados – e outros resultados abrangentes). Mas não têm critério
próprio de avaliação, dependendo dos critérios de avaliação atribuídos aos ativos e passivos.
(FIPECAFI, 2010, p. 3)
Para Almeida (2014 p. 41 apud CPC 00), embora o Patrimônio Líquido seja definido como
algo residual, ele pode ter subclassificações no balanço patrimonial [...] a constituição de reservas é,
por vezes, exigida pelo estatuto ou por lei para dar à entidade e a seus credores uma margem maior de
proteção contra os efeitos de prejuízos.
O Patrimônio Líquido com as alterações da Lei 11.638/07 e 11.941/09, deverá ser estruturado
de acordo com os seguintes subgrupos: Capital Social, Reservas de Capital, Ajustes de Avaliação
Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados.
Segundo o FIPECAFI (2010, p. 342), o CAPITAL SOCIAL representa valores recebidos pela
empresa dos sócios, ou por ela gerados e que foram formalmente incorporados ao Capital (lucros a que
os sócios renunciaram e incorporaram como capital). O valor do Capital que deve constar no Patrimônio Líquido é o realizado, ou seja, o total
efetivamente integralizado pelos proprietários. Dessa forma, se existir parcela do capital não
integralizada pelos proprietários, a empresa apresentará a conta de Capital Social Subscrito e a
conta devedora de Capital a integralizar, sendo que o líquido entre ambas representa o capital
realizado. (MATARAZZO, 2008, p.65)
De acordo com e a Lei 11.638/07, o subgrupo Capital Social permaneceu sem alterações.
O subgrupo RESERVAS DE CAPITAL, com definição de classificação no § 1º do art.182 da
Lei 6.404/76 que teve sua redação alterada pela Lei 11.638/07, apresenta as seguintes contas:
Ágio na emissão de ações;
Reserva especial de ágio na incorporação;
Alienação de partes beneficiárias;
Alienação de bônus de subscrição; As Reservas de Capital são constituídas de valores recebidos pela companhia e que não
transitam pelo Resultado como receitas, por se referirem a valores destinados a reforço de seu
capital, sem terem como contrapartidas qualquer esforço da empresa em termos de entrega de
bens ou de prestação de serviços. (FIPECAFI, 2010, p. 347)
Ficaram cancelados, pela Lei 11.638/07, os registros de PRÊMIO RECEBIDO NA EMISSÃO
DE DEBÊNTURES como Reservas de Capital. Essas reservas compreendem o valor ganho pela
sociedade na venda de debêntures, no mercado mobiliário, acima de seu valor nominal e essas
transações não eram computadas no resultado do exercício. O prêmio recebido configura uma receita
não realizada que deve ser classificada na conta Receita Diferida do grupo Passivo Não Circulante.
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As contas DOAÇÕES E SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTOS também ficaram extintas,
pela Lei 11.638/07, como Reservas de Capital. Pelo novo dispositivo legal deverão ser reconhecidas
como receitas na Demonstração do Resultado do Exercício, por possuírem custos e deverão ser
apropriadas ao resultado proporcionalmente ao reconhecimento das despesas, atendendo ao princípio
da competência.
A Lei 11.638/07 possibilita que os valores de Doações e Subvenções para Investimentos sejam
destinados para reserva específica de lucros, denominada de Reserva de Incentivos Fiscais, e excluídos
do cálculo do dividendo obrigatório.
Procedimento esse que já ocorria anteriormente, já que os valores das doações e das subvenções
governamentais para investimentos registrados diretamente em reservas de capital também não eram
computados no cálculo do dividendo obrigatório. (BRAGA e ALMEIDA, 2008, p.140)
Os valores das Doações e das Subvenções Governamentais para Investimentos, em função do
registro pela antiga sistemática diretamente em Reserva de Capital, também não eram computados no
cálculo do dividendo obrigatório.
O subgrupo RESERVAS DE REAVALIAÇÃO foi extinto pela Lei 11.638/07, devendo ser
classificado como Ajuste de Avaliação Patrimonial que representa acréscimos derivados da diferença
entre o valor contábil e o valor de mercado, em decorrência de sua avaliação a valor justo.
Redação dada pela Lei 6.404/76, referente às reservas de reavaliação, em seu art. 182, § 3º:
“Serão classificadas como reservas de reavaliação as contrapartidas de aumentos de valor atribuídos a
elementos do ativo em virtude de novas avaliações com base em laudo nos termos do artigo 8º,
aprovado pela assembleia geral.”
A Lei 11.638/07, trouxe nova redação para esse artigo: “Serão classificados como ajustes de
avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de
competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo.”
Posteriormente, a Lei 11.941/09, alterou novamente esse artigo, constando da seguinte redação:
“Serão classificados como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado do
exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de
valores atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência de sua avaliação a valor justo,
nos casos previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários [...].”
Portanto, há obrigação de se ajustar o valor não somente do ativo, mas do passivo e do
patrimônio líquido inclusive, a preços de mercado sempre que houver incorporação ou fusão que seja
realizada entre partes independentes.
O FIPECAFI em concordância com o proposto, considera que: O princípio de avaliação de bens do Ativo Imobilizado por seu custo de aquisição pode, em
determinadas situações, não ser o mais adequado. Há ocasiões em que a avaliação de bens pelo
justo valor de mercado é desejável, tais como quando da:
a) transformação, incorporação, fusão e cisão. (FIPECAFI 2010, p. 190)
A contrapartida deste ajuste será na conta chamada “AJUSTES DE AVALIAÇÃO
PATRIMONIAL”, que poderá ser utilizada para absorção de prejuízos ou incorporação ao capital. A conta Ajuste de Avaliação Patrimonial não corresponde a uma conta de reserva uma vez que
seus valores não transitaram pelo resultado. [...] Como regra geral, os valores registrados nessa
conta deverão ser transferidos para o resultado do exercício à medida que os ativos e passivos
forem sendo realizados. (FIPECAFI, 2010, p. 348)
O objetivo da reavaliação é cobrir a defasagem entre seus valores de custo e mercado. De
acordo com a Lei 6.404/76, o aumento do valor de elementos do ativo em virtude de novas avaliações,
arrolados como Reserva de Reavaliação, poderia ser registrado como lucro para efeito de distribuição
de dividendos ou participações depois de realizado.
Os saldos das Reservas de Reavaliação foram mantidos até a sua efetiva realização ou
estornados no final do exercício social em que esta Lei entrou em vigor.
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O subgrupo Lucros e/ou Prejuízos Acumulados não existirá mais, mas somente PREJUÍZOS
ACUMULADOS.
Os Lucros Acumulados serão contabilizados em Reservas de Lucros. Para o FIPECAFI (2010,
p. 342), RESERVAS DE LUCROS representam lucros obtidos pela empresa, retidos com finalidade
específica. Iudícibus et. al. (2010, p. 168), define Reservas de Lucros: As contas constituídas pela apropriação de lucros da empresa. Essas reservas podem ser
constituídas por imposição legal (Reserva Legal), por determinação estatutária (Reservas
Estatutárias) e por propostas aprovadas pelos proprietários, com finalidades específicas
(Reservas para Contingências, Reservas para Expansão, etc.). O FIPECAFI (2010, p. 348) ressalta que:
As reservas de lucros são as contas de reservas constituídas pela apropriação de lucros da
companhia, [...], caso ainda existam lucros remanescentes, após a segregação para pagamentos
dos dividendos obrigatórios e após a destinação para as diversas reservas de lucros, estes
devem ser também distribuídos como dividendos. [...] as companhias sempre deem destinação
total para os lucros auferidos.
O art. 199 da Lei 6.404/76, alterado pela Lei 11.638/07, estabelece que o somatório das
Reservas de Lucros, excetuando-se as Reservas para Contingências, de Incentivos Fiscais e de Lucros
a Realizar, não poderá ser superior ao montante do Capital Social da sociedade. (FIPECAFI, 2010, p.
349)
Caso o valor da Reserva de Lucros ultrapassar o valor do Capital Social deverá ser distribuído
como dividendos ou ser utilizado para integralização ou aumento de capital. Antes, a Lei 6.404/76
excetuava, nesse caso, o saldo de duas reservas: de Contingências e de Lucros a Realizar. Com a
mudança, três reservas são excetuadas dessa soma: de Contingências, de Lucros a Realizar e de
Incentivos Fiscais. A Reserva de Incentivos Fiscais foi criada pela Lei 11.638/07, com a seguinte redação: “A
assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar para a reserva de
incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações e subvenções
governamentais para investimentos. Feito isso poderá essa reserva ser excluída do cálculo do
dividendo obrigatório. (FIPECAFI, 2010, p. 356)
De acordo com o FIPECAFI (2010, p. 363): A Lei 11.638/07, ao modificar a estrutura do Patrimônio Líquido, também alterou a forma de
registro das doações e subvenções para investimentos, não mais permitindo o seu registro
diretamente em uma Reserva de Capital, devendo transitar pelo resultado para a sua posterior
transferência à Reserva de Lucros – Reserva de Incentivos Fiscais. Os saldos existentes
deverão ser mantidos até a total destinação nas formas previstas pela Lei 6.404/76.
Alterações significativas são propostas no cálculo da RESERVA DE LUCROS A REALIZAR.
Esta reserva foi criada visando postergar o pagamento dos dividendos dos lucros reconhecidos
contabilmente, princípio da competência, porém não realizados financeiramente.
O FIPECAFI (2010, p. 352) nos traz a seguinte definição de Reservas de Lucros a Realizar: O
objetivo de constituí-la é não distribuir dividendos obrigatórios sobre a parcela de lucros ainda não
realizada financeiramente (apesar de contábil e economicamente realizada) pela companhia, quando
tais dividendos excederem a parcela financeiramente realizada do lucro líquido do exercício.
Para Braga e Almeida (2008, p. 136), o valor a ser destinado para a Reserva de Lucros a
realizar deve corresponder ao montante do dividendo obrigatório que ultrapassar a parcela realizada do
lucro líquido do exercício.
2.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE
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A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é uma demonstração contábil dinâmica que
se destina a evidenciar a formação do resultado líquido em um exercício, através do confronto das
receitas, custos e despesas, apuradas segundo o princípio contábil do regime de competência, gerando
informações significativas para a tomada de decisão.
Dentre as modificações ocorridas na estrutura da DRE, uma delas é que nas publicações deve-
se começar a Demonstração com a RECEITA LÍQUIDA, ficando a conciliação entre esse valor e a
Receita Bruta evidenciada apenas em nota explicativa. A Receita Bruta compreende o valor total de vendas e produtos ou serviços pela entidade
durante o período. Para apuração da Receita Líquida são deduzidos da Receita Bruta os
seguintes itens: (a) Vendas Canceladas e Devoluções de mercadorias realizadas no período; (b)
Abatimentos, realizados geralmente por defeitos nas mercadorias ou pagamentos antecipados;
e (c) Impostos Incidentes (ICMS, IPI, ISS, COFINS, etc.), os quais serão retidos pela
organização e repassados à esfera pública. (MARTINS, et. al., 2014, p. 41)
Almeida (2014, p. 229 apud CPC 30) ressalta que: De acordo com o CPC 30 – Receitas, as receitas são apresentadas na demonstração do
resultado pelo seu valor líquido dos impostos incidentes (ICMS, IPI, ISS, etc.) e das
devoluções e dos abatimentos. Em nota explicativa, a entidade faz uma reconciliação entre a
receita bruta e a receita líquida apresentada na demonstração do resultado.
A diferença entre deduções (ajustes realizados para se apurar a receita líquida) e despesas é que
deduções não são sacrifícios financeiros para a empresa (impostos sobre vendas quem paga é o
consumidor) enquanto despesas são sacrifícios, esforços, onerando a empresa. (MARION, 2009, p.
100)
Outra mudança que houve foi na nomenclatura de “LUCRO OU PREJUÍZO
OPERACIONAL.” Conforme o Art. 187 da Lei 6.404/76, a Demonstração do Resultado do exercício
discriminará: IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; Almeida
(2014a, p. 228) aborda que, conforme o CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, as
rubricas da demonstração do resultado, não faz menção ao lucro ou prejuízo operacional, e sim ao
lucro ou prejuízo das operações continuadas.
Fica dispensado de evidenciar na Demonstração do Resultado do Exercício o saldo da conta de
correção monetária. De acordo com a Lei 6.404/76, nas Demonstrações Financeiras deveriam ser
considerados os efeitos da modificação no poder de compra da moeda nacional sobre o valor dos
elementos do patrimônio e os resultados do exercício.
Houve alterações, também, na classificação das DESPESAS NÃO OPERACIONAIS e
RECEITAS NÃO OPERACIONAIS. Essas receitas e despesas não operacionais classificadas após a
mensuração que resulta o lucro ou prejuízo operacional, serão considerados como OUTRAS
RECEITAS e OUTRAS DESPESAS OPERACIONAIS.
Para Marion (2009, p. 102), o grupo Outras Receitas e Despesas Operacionais é composto pelas
despesas e receitas não relacionadas diretamente com o objetivo do negócio da empresa que
anteriormente eram classificadas como Não Operacionais.
Assim, as companhias deverão apresentar as “outras receitas/despesas” no grupo operacional e
não após a linha do “resultado operacional”.
No que diz respeito às participações nos lucros, a redação da Lei 6.404/76, determinava em seu
Art. 187, como discriminantes da Demonstração do Resultado do Exercício:
VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e as
contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados;
A Lei 11.638/07, alterou o grupo de participações, ficando com a seguinte redação:
VI – as participações de debêntures, empregados, administradores, mesmo na forma de instrumentos
financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se
caracterizem como despesa.
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A Lei 11.941/09, modificou novamente o inciso VI, voltando a incluir as “partes beneficiárias”:
VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na
forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de
empregados, que não se caracterizem como despesa.
As participações previstas nesse inciso são aquelas que tenham, unicamente, “o lucro como
base de cálculo”, independentemente da forma de remuneração prevista.
A inclusão da frase “que não se caracterizem como despesa” visa enfatizar que somente as
participações de debêntures, de empregados, administradores e partes beneficiárias são classificadas no
grupo de contas de Participações na Demonstração do Resultado do Exercício.
Deste modo, remunerações a empregados e administradores que não forem definidas em
função, direta ou proporcionalmente, do lucro da entidade, serão classificadas como custo ou despesa
operacional. Algumas companhias pagam participações no lucro através de instrumentos financeiros de
capital, ou seja, mediante a entrega de ações de sua própria emissão aos beneficiários das
participações. [...] De acordo com a nova norma contábil essas ações deverão ser valorizadas
pelo seu valor de mercado, com registro contábil a crédito diretamente no patrimônio líquido,
em contrapartida com débito no grupo de contas de Participações na demonstração do resultado
do exercício. (BRAGA e ALMEIDA, 2008, p. 135)
O § 2º da Lei 6.404/76 que tratava da reavaliação de ativos, foi revogado. O procedimento de
reavaliação espontânea de bens do ativo imobilizado foi eliminado pela Lei 11.638/07.
Art.187, § 2º - O aumento do valor de elementos do ativo em virtude de novas avaliações,
registrados como reserva de reavaliação, somente depois de realizado poderá ser computado como
lucro para efeito de distribuição de dividendos ou participações. (Revogado pela Lei 11.638/07)
3. METODOLOGIA
Esta pesquisa é desenvolvida por meio de pesquisa bibliográfica, cuja importância já foi
defendida por inúmeros pesquisadores, entre eles, Cervo e Bervian (2007, p.60): A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas
publicadas em artigos, livros, dissertações e teses. Pode ser realizada independentemente ou
como parte da pesquisa descritiva ou experimental [...] busca-se conhecer e analisar as
contribuições culturais ou científicas do passado sobre determinado assunto, tema ou problema.
Pode ser caracterizada como Descritiva, pois, de acordo com Cervo e Bervian (2007, p. 61), “a
pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos sem manipulá-los.
Procura descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e
conexão, com os outros, sua natureza e características.”
Também se caracteriza como pesquisa de campo, em que foram aplicados 27 questionários a
um grupo de profissionais que utilizam das Demonstrações Contábeis – BP e DRE. A opção pelo
questionário deu-se em virtude do grande número de sujeitos investigados e também pelo objetivo de
traçar um perfil de conhecimento técnico dos profissionais. Elaborado com 11 questões fechadas e
uma aberta, será entregue aos participantes de forma a garantir o anonimato que conforme Minayo
(1999, p. 105) “Entendemos por campo, [...], o recorte espacial que corresponde à abrangência, em
termos empíricos, do recorte teórico correspondente ao objeto da investigação [...] a pesquisa social
trabalha com gente, com atores sociais em relação, com grupos específicos.”
Segundo Cervo e Bervian (2007, p. 52), o questionário pode ser definido como “a forma mais
usada para coletar dados, pois possibilita medir com mais exatidão o que se deseja. [...] ele contém um
conjunto de questões, todas logicamente relacionadas com um problema central.”
Os dados coletados na pesquisa de campo foram abordados sob a ótica quantitativa, que para
Marconi e Lakatos (2010, p. 269 apud Sabino 1966, p. 204) “a análise quantitativa se efetua com toda
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informação numérica resultante da investigação, que se apresentará como um conjunto de quadros,
tabelas e medidas.”
O questionário utilizado abordava questões fechadas sobre Faixa Etária, Grau de Instrução,
Formação Acadêmica, Local de Exercício da Profissão, Tempo de Atuação na área, Nível de
Conhecimento das Normas, Grau de Preparação do Profissional quanto às Normas, Grau de
Confiabilidade com relação às Mudanças, Grau de Segurança na Análise dos Resultados e uma
questão aberta, com resposta opcional, em que o respondente pudesse considerar qual(is) aspecto
considerava mais relevante quanto à Introdução das Novas Normas Contébeis, conforme anexo.
Dentre os profissionais que atuam no mercado contábil-financeiro, foram escolhidos, para
responder o referido questionário, Contadores, Administradores e Economistas, pois são os que mais
se utilizam das Demonstrações Contábeis para o exercício de suas atividades profissionais.
Foram distribuídos 27 questionários, dentre eles, 9 foram respondidos por Contadores, 13 por
Administradores e 5 por Economistas.
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Inicialmente, a fim de traçar o perfil dos respondentes, foi perguntado sobre sua faixa etária.
Verificou-se que dos Contadores, 22% dos entrevistados estão entre 25 e 30 anos, 22% entre 30 e 40
anos, 44% entre 40 e 50 anos, 11% entre 50 e 60 anos e nenhum se encontra na faixa etária acima de
60 anos.
Dos Administradores, 31% dos respondentes estão entre 25 e 30 anos, 46% entre 30 e 40 anos,
23% entre 40 e 50 anos, 11% estão entre 50 e 60 anos e nenhum se encontra na faixa etária acima de
50 anos.
Dos Economistas, nenhum se encontra na faixa etária entre 25 e 40 anos, 60% estão entre 40 a
50 anos, 20% estão entre 50 a 60 anos e 20% se encontra na etária acima de 60 anos.
Quando se procurou identificar a formação profissional dos Contadores, foi verificado que 22%
dos respondentes possuem formação acadêmica como Bacharel em Contabilidade e 78% são
Especialistas. Não houve nenhum com formação de Técnico em Contabilidade e nenhum com
Doutorado. Os resultados chamam a atenção pelo fato de o maior percentual dos respondentes
possuírem a formação de Especialista. Percebe-se que a maioria desses profissionais não se limitaram
à formação técnica e nem à graduação. Analisando concomitantemente esses dados, com os dados da
TABELA 1, pode-se observar que os fatores que motivam são o ingresso do profissional, também,
como docente e como funcionário público, duas áreas incentivadoras para o crescimento acadêmico do
profissional
Dos Administradores, 15% possuem formação acadêmica como Bacharel em Administração,
77 % são Especialistas e 8% são Mestres. Não houve Técnicos nem Doutores. Analisando-se a
TABELA 1, percebe-se que a grande maioria, também, exerce a profissão como docente, somente, ou
paralelamente em outros setores.
Dos Economistas, 20% são Especialistas e 80% são Mestres. Não houve Técnicos, Graduados e
nem Doutores. Da mesma forma, percebe-se que a grande maioria é Professor Universitário.
A pergunta que abordava como o profissional exerce suas atividades profissionais na área,
ficou assim demonstrada:
TABELA 1 – Local de atuação profissional dos entrevistados.
LOCAL DE ATUAÇÃO CONTADO
R
ADMINISTRADO
R
ECONOMIST
A
Empresa Privada 22% 23% 20%
Escritório Próprio 11% - -
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Universidade 22% 38% 40%
Órgão Público 11% - 20%
Empresa Privada e Órgão
Público
11% - -
Escritório Próprio e
Universidade
22% 8% -
Empresa Privada e Universidade - 15% 20%
Empresa Privada, Universidade
e Escritório Próprio
- 8% -
Universidade e Órgão Público - 8% - Fonte: Dados obtidos na pesquisa elaborada pela autora.
A pergunta seguinte abordava o tempo de atuação de cada profissional em sua área. As
respostas estão demonstradas na tabela abaixo.
TABELA 2 – Tempo de atuação profissional dos participantes da pesquisa.
TEMPO DE ATUAÇÃO CONTADOR ADMINISTRADO
R ECONOMISTA
Até 5 anos 33% 23% -
Entre 5 e 10 anos 33% 46% -
Entre 10 e 15 anos - 15% 20%
Entre 15 e 20 anos - 8% 40%
Mais de 20 anos 33% 8% 40% Fonte: Dados obtidos na pesquisa elaborada pela autora.
Tratando-se especificamente da convergência das Normas Contábeis, procurou-se saber, de
uma forma geral, se os profissionais possuíam algum conhecimento sobre a existência das Normas
Internacionais de Contabilidade. A grande maioria dos Contadores (67%) disse que tem apenas o
conhecimento de algumas normas, 22% tem conhecimento amplo e 11 % responderam que possui
pouco conhecimento. Nenhum deles desconhecem da existência das Normas Internacionais de
Contabilidade.
Dos Administradores, 46% responderam que tem apenas o conhecimento de algumas normas e
39% que possuem pouco conhecimento. A minoria (15%) responderam que desconhece das Normas.
Não houve resposta que contemplasse um conhecimento amplo e nem o desconhecimento das Normas.
Dos Economistas, 40% responderam que conhecem apenas algumas das Normas e 40%
possuem pouco conhecimento. A minoria (20%) tem um conhecimento amplo. Nenhum dos
entrevistados responderam o desconhecimento das Normas.
A seguir, foi perguntado ao profissional se sentia-se preparado para utilizar as Novas Normas
na elaboração e análise das Demonstrações Contábeis. As respostas estão apresentadas na tabela e no
gráfico que seguem abaixo.
TABELA 3 – Grau de preparação do profissional quanto à utilização das Normas.
SENTE-SE PREPARADO? CONTADO
R
ADMINISTRADO
R
ECONOMIST
A
Preparado e Seguro 45% 8% 20%
Possui certo conhecimento. (insuficiente para atuação segura)
33% 15% 20%
Possui noção sobre o assunto.
(pouco domínio)
11% 62% 20%
Despreparado 11% 15% 40% Fonte: Dados obtidos na pesquisa elaborada pela autora.
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A próxima pergunta abordava a opinião dos entrevistados, se concordavam ou não que houve
melhoramentos na qualidade das informações contábeis com a convergência das Normas Brasileiras às
Normas Internacionais.
Apesar de somente os Contadores responderem que estavam preparados e seguros para
utilização das novas Normas (TABELA 3), a maioria dos três profissionais (67% dos Contadores,
46% dos Administradores e 60% dos Economistas) responderam considerar que a qualidade das
Demonstrações Contábeis está muito melhor. 22% dos Contadores, 39% dos Administradores e 20%
dos Economistas responderam que desconhecem das melhorias ocorridas na qualidade das
Demonstrações Contábeis. Nenhum dos respondentes considerou que não houvesse melhorias na
qualidade das informações das Demonstrações Contábeis.
Quando perguntados se as alterações contábeis trouxeram influência benéfica e relevante para
todas as empresas ou apenas para as grandes empresas e sociedades anônimas, a maioria dos
Contadores (45%) responderam que trouxe benefícios somente para as grandes empresas, 33%
disseram que foi para todas as empresas, 11% responderam que foi somente para as sociedades
anônimas e 11% responderam que trouxe tanto para as grandes empresas quanto para as sociedades
anônimas.
Dos Administradores, a maioria (54%) respondeu que trouxe benefícios para todas as empresas,
23% responderam que desconhecem sobre esses benefícios, 15% disseram que foi somente para as
sociedades anônimas e 8% responderam que foi somente para as grandes empresas.
Dos Economistas, a maioria (60%) respondeu que as alterações contábeis trouxeram benefícios
para todas as empresas, 20% responderam que foi somente para as grandes empresas e 20%
desconhecem sobre esses benefícios.
Com o intuito de conhecer mais um pouco como os participantes da pesquisa avaliam as
alterações decorrentes do processo de convergência das normas contábeis em relação à prática contábil
e à análise dos resultados nas empresas, foram questionados se as mudanças nas Demonstrações
Contábeis trouxeram maior transparência e confiabilidade às práticas contábeis no mundo (TABELA
4) e se as demonstrações contábeis baseadas em princípios e não em regras dão mais segurança aos
usuários dessas informações na análise dos resultados das empresas (TABELA 5).
As respostas estão representadas nas tabelas e gráficos que seguem abaixo:
TABELA 4 – Grau de confiabilidade dos profissionais com relação às mudanças.
MAIOR TRANSPARÊNCIA
E CONFIABILIDADE?
CONTADO
R
ADMINISTRADO
R
ECONOMIST
A
Sim 56% 62% 60%
Em alguns casos 33% 23% -
Não - - -
Desconhece 11% 15% 40% Fonte: Dados obtidos na pesquisa elaborada pela autora.
TABELA 5 - Grau de segurança na análise dos resultados dos profissionais com relação às mudanças.
MAIS SEGURANÇA NA
ANÁLISE DOS
RESULTADOS?
CONTADO
R
ADMINISTRADO
R
ECONOMIST
A
Sim 56% 54% 20%
Em alguns casos 33% 23% 20%
Não - - 20%
Desconhece 11% 23% 40%
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Fonte: Dados obtidos na pesquisa elaborada pela autora.
Somente 11% dos Contadores desconhecem que as mudanças nas Demonstrações Contábeis
trouxeram transparência e confiabilidade às práticas contábeis do mundo, 33% reconhecem que
aconteceu somente em alguns casos e a grande maioria (56%) responderam sim, trouxeram mais
transparência e confiabilidade. Consequentemente, 11% também desconhecem que as demonstrações
baseadas em princípios e não em regras dão mais segurança aos usuários na análise dos resultados;
33% reconhecem que aconteceu somente em alguns casos e a grande maioria, representada por 56%,
consideram que obtiveram mais segurança na análise dos resultados das empresas.
Já, quanto aos administradores, a maioria (62%) reconheceu que as mudanças trouxeram
transparência e confiabilidade e consequentemente, 54%, que também foi a maioria, consideram que
há mais segurança na análise dos resultados.
No caso dos Economistas, constata-se que a grande maioria (60%), reconhecem que as
mudanças trouxeram mais transparência e confiabilidade às práticas contábeis, mas ao mesmo tempo,
40% (a maioria) desconhecem que essas mudanças trouxeram maior segurança aos usuários na análise
das demonstrações contábeis.
Finalizando o questionário, foi elaborada uma pergunta aberta, com resposta opcional, sobre o
que consideram como aspecto mais relevante em relação à introdução das novas Normas Contábeis.
Dos 27 profissionais que aderiram a responder o questionário, somente 13 responderam à
pergunta aberta, sendo que desses 13 profissionais, 5 foram Contadores, 6 Administradores e 3
Economistas.
Dentre as respostas dadas, a uniformidade e a padronização dos procedimentos contábeis
brasileiros aos internacionais foi o aspecto positivo considerado como mais relevante, mencionado por
80% dos entrevistados.
Também foram abordados os seguintes aspectos, considerados relevantes e positivos pelos
profissionais:
Transparência Contábil;
Mudança no registro dos bens no Ativo Imobilizado;
Valorização dos profissionais da área contábil;
Fidedignidade das informações para fins de gerenciamento e tomada de decisões;
Agilidade nas tarefas contábeis;
Aumento de investimentos internos;
DRE mais próxima das necessidades gerenciais;
Maior transparência aos procedimentos aplicados ao setor público, possibilitando aos
interessados analisar e entender os balanços das entidades públicas;
Mudança na classificação das contas do Ativo e Passivo em Circulante e Não Circulante;
Mudança na alocação dos valores a realizar que antes apropriados como juros a apropriar
causava confusão;
Maior clareza na identificação da capacidade de pagamento das organizações.
Foi detectado somente um aspecto negativo. Em um dos questionários, o entrevistado
mencionou a necessidade de informações mais claras e diretas e de melhor explicação das técnicas a
serem utilizadas na convergência dos procedimentos.
Um dos respondentes do grupo dos Economistas que se encontra na faixa etária de 40 a 50
anos, com formação de Mestre e que exerce suas atividades como Professor Universitário de 15 a 20
anos, respondeu à pergunta aberta que não pôde contribuir com a pesquisa, pois não possuía
conhecimento sobre a convergência das Normas Internacionais Brasileiras às Normas Internacionais.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Contabilidade é uma ciência em constante evolução e seu desenvolvimento está relacionado
com as mudanças do ambiente em que a empresa está inserida e com a sua forma de organização.
A globalização vem, aos poucos, exigindo que a Contabilidade seja a linguagem universal dos
negócios e que os usuários que se utilizam dessa Contabilidade busquem o entendimento e
aperfeiçoamento com relação às mudanças propostas pelo Conselho de Normas Internacionais de
Contabilidade - IASB, adaptadas, no Brasil, pelo CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis, para
uma melhor tomada de decisões.
Esta pesquisa visou demonstrar algumas das alterações na Lei 6.404/76 e, concentrar-se nas
alterações propostas para o Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado do Exercício das
companhias e discutir sua influência nos indicadores econômico-financeiros extraídos destas
demonstrações.
Percebe-se que esta pesquisa respondeu aos objetivos inicialmente propostos, uma vez que foi
possível analisar a percepção dos profissionais que se utilizam das Demonstrações Contábeis – BP e
DRE, em relação ao processo de convergência contábil, bem como mensurar o conhecimento que esses
profissionais possuem sobre o assunto.
Verificou-se que os profissionais percebem o processo de convergência como sendo importante
para a prática contábil e consideram que as mudanças trazidas por esse processo representam uma
etapa importante no processo de evolução da contabilidade, principalmente no aspecto de
padronização, trazendo melhoras na qualidade das Demonstrações Contábeis. Em relação ao
conhecimento dos profissionais sobre as novas Normas, identificou-se que a maioria dos Contadores,
Administradores e Economistas possuem apenas o conhecimento de algumas normas e que o
conhecimento amplo somente foi respondido por poucos Contadores e Economistas. Um aspecto
importante a ressaltar é que dos administradores entrevistados, nenhum mencionou possuir um
conhecimento amplo.
Foi possível detectar que a maioria dos profissionais possui um conhecimento teórico que pode
ser considerado satisfatório em relação à Lei nº 11.638/07 e nº 11.941/09 e que com relação à
aplicabilidade da convergência somente a maioria dos Contadores sentem-se preparados e seguros,
enquanto que a maioria dos Administradores possuem pouco domínio e a maioria dos Economistas
sentem-se despreparados.
Observa-se, na pesquisa, um paradoxo quanto à percepção dos Economistas com relação às
mudanças ocorridas nas Demonstrações Contábeis, pois, a maioria reconhece que houve muitos
melhoramentos, porém, ao mesmo tempo, desconhecem que essas Demonstrações tornaram-se mais
seguras para os usuários extraírem informações para análise dos resultados das empresas.
Embora a pesquisa apontasse um conhecimento por parte dos respondentes em relação às novas
normas e procedimentos contábeis, percebe-se que a maioria dos profissionais, exceto os Contadores,
ao serem questionados quanto à confiabilidade das Demonstrações demonstraram insegurança, o que a
meu ver caracteriza uma contradição; tal constatação pode ser devido à complexidade do referido
assunto e também à falta de consenso em determinados procedimentos até mesmo entre os
profissionais da contabilidade. Acredita-se que um maior empenho por parte do Conselho Federal de
Contabilidade, bem como dos Conselhos Regionais de Contabilidade, no sentido de proporcionar
reuniões, congressos e seminários, com o propósito de provocar debates e discussões, possa acarretar
repercussão positiva na disseminação da informação. As Demonstrações Contábeis, conforme citações
anteriores, mantiveram a sua estrutura, e os procedimentos contábeis, permaneceram os mesmos desde
a promulgação da Lei nº 6.404/76 até a promulgação das Novas Normas Contábeis. É compreensível
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que a adaptação dos profissionais e usuários às mudanças demande um certo tempo para ser melhor
compreendida e implementada.
Diante dos resultados obtidos nesta pesquisa, vislumbra-se a necessidade de uma nova
pesquisa, relacionada ao referido assunto, que será de grande relevância para a busca de novas
respostas. Haja visto que houve um índice satisfatório de conhecimento sobre as novas normas dos
profissionais que se utilizam das referidas Demonstrações seria importante pesquisar quais as
dificuldades, incertezas e procedimentos que serão apontados por eles a fim de proporcionar maior
esclarecimento e consequentemente, melhor preparo.
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