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FERNANDO DURANTE BANCI
AVALIAÇÃO DE UMA EMPRESA DO SETOR GRÁFICO E
DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS DE INVESTIMENTO
Trabalho de formatura apresentado
à Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo para obtenção do
Diploma de Engenheiro de Produção
São Paulo
2008
FERNANDO DURANTE BANCI
AVALIAÇÃO DE UMA EMPRESA DO SETOR GRÁFICO E
DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS DE INVESTIMENTO
Trabalho de formatura apresentado
à Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo para obtenção do
Diploma de Engenheiro de Produção
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Schneck de Paula Pessôa
São Paulo
2008
FICHA CATALOGRÁFICA
Banci, Fernando Durante
Avaliação de uma empresa do setor gráfico e desenvolvi- mento de estratégias de investimento / F.D. Banci. -- São Paulo, 2008.
95 p.
Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção.
1.Investimentos (seleção) 2.Engenharia econômica I.Uni-
versidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Produção II.t.
Á minha família e aos meus amigos.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Nadir e Luiz, por terem me ensinado o valor dos estudos, por sempre
terem me acompanhado e dado força nas etapas da minha vida e nos momentos em que mais
precisei durante todos esses anos, sempre com carinho e amor. Agradeço também por terem
me dado a oportunidade de estudar sempre nas melhores escolas.
À Suelem pelo apoio, carinho e por ter sido mais que uma companheira durante todos
esses anos.
Aos meus colegas de faculdade que tanto me ajudaram durante os anos de faculdade e
em especial durante a execução deste trabalho.
Ao pessoal da A.T. Kearney pelas orientações e apoio durante o estágio e no Trabalho
de Formatura.
E ao Professor Marcelo Pessôa pelos preciosos conselhos e orientação durante a
realização do trabalho.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo a análise do posicionamento estratégico e uma
análise financeira de uma empresa que realiza acabamentos gráficos. A empresa encontrava-
se em processo de due diligence sendo pretendida por uma empresa estrangeira que desejava
entrar no mercado brasileiro. A análise do posicionamento estratégico foi feita baseando-se
nas cinco forças de Porter, sendo posteriormente utilizada como base para as premissas da
avaliação financeira, que foi realizada utilizando-se do método do fluxo de caixa
descontado.O trabalho tem a intenção de analisar a empresa pelo ponto de vista do
comprador, portanto estratégias alternativas de entrada nesse mercado foram indicadas para o
comprador.
Palavras chave: Mercado Gráfico. Engenharia Econômica. Posicionamento
Estratégico.
ABSTRACT
The purpose of this assignment is to develop a strategic positioning analysis and a
financial valuation for a company present in the Brazilian printing and finishing business. The
company was passing through a due diligence process, being considered for an acquisition by
a foreign company. The strategic positioning analysis is mostly based on Porter‟s 5 forces,
with its output being used to validate the assumptions used in the financial evaluation. The
valuation is mostly based on the free discounted cash flow, being further validated by an
EBITDA multiples approach. The assignment evaluates the company by looking on the
buyer‟s side, therefore alternative market entry strategies are developed.
Keywords: Printing and Finishing Market. Financial Engineering. Strategic
Positioning.
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 1: DETALHAMENTO DO ESCOPO DE CADA UM DOS TRABALHOS (ELABORADO PELO AUTOR). .................................... 24
FIGURA 2: FORÇAS COMPETITIVAS DA INDÚSTRIA, PORTER (1979). .......................................................................... 26
FIGURA 3: COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS (HAMEL; PRAHALAD, 1995). ...................................................................... 31
FIGURA 4: MATRIZ DO PODER (COX; SANDERSON; WATSON, 2001)..................................................................... 33
FIGURA 5: MÉTODO DE CÁLCULO DO FLUXO DE CAIXA LIVRE (GITMAN, 2004). ............................................................ 34
FIGURA 6: MÉTODO DE CÁLCULO DO VALOR DA EMPRESA (DAMODARAN, 2002). ...................................................... 34
FIGURA 7: VALOR DE MERCADO DE UMA EMPRESA (DAMODARAN, 2002). ............................................................... 35
FIGURA 8: MÉTODO DE CÁLCULO DO WACC (DAMODARAN, 2002). ...................................................................... 35
FIGURA 9: MÉTODO DE CÁLCULO DO CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO (DAMODARAN, 2002). ............................................ 36
FIGURA 10: EXEMPLO DE LIVRO LOMBADA QUADRADA (WRAPUPS, 2008). .................................................................. 40
FIGURA 11: MÁQUINA DE ENCADERNAÇÃO “LOMBADA QUADRADA” (ON DEMAND, CONFERENCE & EXPOSITION, 2008). ..... 40
FIGURA 12: EXEMPLO DE ENCADERNAÇÃO “LOMBADA CANOA” (INTERNATIONAL PAPER, 2008). ...................................... 41
FIGURA 13: EXEMPLO DE ENCADERNAÇÃO TIPO COSTURA (FLICKR, 2008). ................................................................... 41
FIGURA 14: MÁQUINA DE ENCADERNAÇÃO TIPO COSTURA (GRAFOSALE.CZ, 2008) ........................................................ 42
FIGURA 15: DIVISÃO DAS UNIDADES DE NEGÓCIO DA PEIXES (ELABORADO PELO AUTOR). ................................................. 43
FIGURA 16: DISTRIBUIÇÃO DA RECEITA DA EMPRESA ENTRE AS LINHAS DE NEGÓCIO (ELABORADO PELO AUTOR). ................... 43
FIGURA 17: EVOLUÇÃO DA UTILIZAÇÃO DAS MÁQUINAS DE ENCADERNAÇÃO EM 2007 (ESTIMADO PELA GERÊNCIA DA PEIXES).44
FIGURA 18: EVOLUÇÃO DA UTILIZAÇÃO DAS MÁQUINAS DE BENEFICIAMENTO EM 2007 (GERÊNCIA DA PEIXES). ................... 44
FIGURA 19: CONSUMO ANUAL PER CAPTA DE LIVROS (CBL, 2000). ............................................................................. 45
FIGURA 20: CADEIA DE FABRICAÇÃO DE UM LIVRO DIDÁTICO PARA O SETOR PRIVADO (ELABORADO PELO AUTOR). ................. 46
FIGURA 21: CADEIA DE PRODUÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO PARA O GOVERNO (ELABORADO PELO AUTOR). ............................... 46
FIGURA 22: EVOLUÇÃO DAS VENDAS DE LIVROS NO BRASIL. (FIPE, 2001-2007). .......................................................... 48
FIGURA 23: COMPOSIÇÃO DAS VENDAS DE LIVROS DIDÁTICOS (FIPE, 2001-2007). ....................................................... 49
FIGURA 24: ESTRUTURA DA COMPRA DE LIVROS DO GOVERNO (ELABORADO PELO AUTOR). ............................................... 50
FIGURA 25: EVOLUÇÃO DAS COMPRAS DO GOVERNO EM MILHÕES DE CADERNOS TIPOGRÁFICOS (FNDE,2008). .................. 51
FIGURA 26: COMPRAS DO SETOR PRIVADO EM MILHÕES DE CADERNOS TIPOGRÁFICOS (FIPE, 2002-2008). ....................... 51
FIGURA 27: RECEITA DO SETOR GRÁFICO EM R$ BILHÕES (ABIGRAF, 2003-2008). ...................................................... 52
FIGURA 28: EXEMPLO DA CADEIA DE PRODUÇÃO DE PRODUTOS GRÁFICOS EM GERAL (ELABORADO PELO AUTOR). ................. 53
FIGURA 29: PARTICIPAÇÃO RELATIVA DAS VENDAS DA PEIXES PARA AS EDITORAS (FORNECIDO PELA GERÊNCIA DA PEIXES). ..... 55
FIGURA 30: INTENSIDADE DAS FORÇAS QUE ATUAM NO SETOR GRÁFICO (ELABORADO PELO AUTOR). .................................. 62
FIGURA 31: MATRIZ DO PODER PARA O MERCADO DE ACABAMENTOS GRÁFICOS (ELABORADO PELO AUTOR). ....................... 64
FIGURA 32: METODOLOGIA DE OBTENÇÃO DA PROJEÇÃO DE EBITDAS (ELABORADO PELO AUTOR). ................................... 65
FIGURA 33: EVOLUÇÃO DOS ALUNOS MATRICULADOS EM ESCOLAS PÚBLICAS (VALORES EM MILHÕES) (INEP, 2000-2007). .. 67
FIGURA 34: NÚMERO MÉDIO DE CADERNOS TIPOGRÁFICOS POR LIVRO PARA NO PNLD 2007 (FNDE, 2008). .................... 68
FIGURA 35: ESTRUTURA DA PROJEÇÃO DE COMPRA DE LIVROS DO GOVERNO (ELABORADO PELO AUTOR). ............................ 69
FIGURA 36: PROJEÇÃO DE LIVROS DO PNLD EM MILHÕES DE CADERNOS TIPOGRÁFICOS (ELABORADO PELO AUTOR). ............. 70
FIGURA 37: NÚMERO MÉDIO DE CADERNOS TIPOGRÁFICOS POR LIVRO DO PNLEM 2007 (FNDE,20008). ........................ 70
FIGURA 38: PROJEÇÃO DE LIVROS DO PNLEM EM MILHÕES DE CADERNOS TIPOGRÁFICOS (ELABORADO PELO AUTOR). .......... 71
FIGURA 39: PROJEÇÃO DA COMPRA DE LIVROS PELO GOVERNO EM MILHÕES DE CADERNOS TIP. (ELABORADO PELO AUTOR). ... 72
FIGURA 40: EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MATRÍCULAS EM ESCOLAS PARTICULARES (EM MILHARES) (INEP, 2000-2007). ...... 73
FIGURA 41: PROJEÇÃO DO MERCADO DE LIVROS DIDÁTICOS EM MILHÕES DE CADERNOS TIP. (ELABORADO PELO AUTOR). ........ 74
FIGURA 42: EXPECTATIVA DE CRESCIMENTO DO PIB BRASILEIRO (MCM, 2008). ........................................................... 74
FIGURA 43: PROJEÇÃO DE RECEITAS DO SETOR GRÁFICO EM R$ BILHÕES (ELABORADO PELO AUTOR). ................................. 75
FIGURA 44: PROJEÇÃO DE RECEITAS DA PEIXES EM R$ MIL (ELABORADO PELO AUTOR)..................................................... 76
FIGURA 45: DIVISÃO ENTRE CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS (ELABORADO PELO AUTOR). ........................................................ 77
FIGURA 46: PROJEÇÃO DOS CUSTOS DA PEIXES EM R$ MIL (ELABORADO PELO AUTOR). ................................................... 78
FIGURA 47: PROJEÇÃO DE EBITDAS EM R$ MIL (ELABORADO PELO AUTOR). ................................................................. 78
FIGURA 48: CÁLCULO DA TAXA LIVRE DE RISCO PARA O BRASIL (BLOOMBERG, DAMODARAN ONLINE). ...................... 80
FIGURA 49: CÁLCULO DO WACC DA PEIXES (ELABORADO PELO AUTOR). ...................................................................... 80
FIGURA 50: FLUXOS DE CAIXA FUTUROS DA PEIXES (ELABORADO PELO AUTOR). .............................................................. 81
FIGURA 51: PROJEÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA PARA O CENÁRIO ALTERNATIVO (ELABORADO PELO AUTOR). ............................. 83
FIGURA 52: VALOR DA PEIXES NOS DOIS CENÁRIOS ANALISADOS (ELABORADO PELO AUTOR). ............................................ 83
FIGURA 53: MÚLTIPLOS DE EBITDA OBTIDOS PELOS DOIS CENÁRIOS (ELABORADO PELO AUTOR). ...................................... 84
FIGURA 54: MÚLTIPLOS DE EBITDA DAS EMPRESAS SELECIONADAS (DAMODARAN ONLINE). ..................................... 85
FIGURA 55: HISTOGRAMA DOS MÚLTIPLOS DE EBITDA PARA O SETOR EDITORIAL. (DAMODARAN ONLINE). .................. 86
FIGURA 56: HISTOGRAMA DOS MÚLTIPLOS DE EBITDA PARA O SETOR DE IMPRESSÃO. (DAMODARAN ONLINE). ............ 86
FIGURA 57: RESUMO DAS ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTO PARA ENTRADA NO MERCADO (ELABORADO PELO AUTOR). ......... 90
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 21
1.1 OBJETIVO DO TRABALHO ......................................................................................................... 21
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .................................................................................................. 22
1.3 ESTÁGIO............................................................................................................................... 22
1.4 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA .................................................................................................. 23
2 REVISÃO TEÓRICA ............................................................................................................ 25
2.1 ANÁLISE DO POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO .............................................................................. 25
2.1.1 Análise das Forças Competitivas ............................................................................. 25
Poder dos Atuais Competidores ....................................................................................................... 26
Poder de Negociação dos Clientes ................................................................................................... 27
Poder de Negociação dos Fornecedores .......................................................................................... 28
Ameaça de Produtos Substitutos ..................................................................................................... 28
Ameaça dos novos entrantes ........................................................................................................... 29
2.1.2 Análise das Competências Essenciais ...................................................................... 30
2.1.3 Análise SWOT .......................................................................................................... 31
2.1.4 Matriz do Poder ....................................................................................................... 32
2.2 AVALIAÇÃO FINANCEIRA .......................................................................................................... 33
2.2.1 Fluxo de Caixa Descontado ...................................................................................... 34
2.2.2 Múltiplos de EBITDA ................................................................................................ 37
3 AVALIAÇÃO DA EMPRESA ................................................................................................ 39
3.1 VISÃO GERAL DA EMPRESA E DO MERCADO ................................................................................ 39
3.1.1 Descrição da Empresa Analisada............................................................................. 39
3.1.2 Visão Geral do Mercado Gráfico ............................................................................. 45
O mercado Brasileiro de Livros ......................................................................................................... 45
Mercado de Produtos Gráficos ......................................................................................................... 52
3.2 AVALIAÇÃO DO POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO ......................................................................... 53
3.2.1 Análise SWOT .......................................................................................................... 54
Pontos Fortes ................................................................................................................................... 54
Pontos Fracos ................................................................................................................................... 54
Oportunidades .................................................................................................................................. 56
Ameaças ........................................................................................................................................... 56
3.2.2 Atratividade do Mercado ........................................................................................ 57
Poder dos Atuais Competidores ....................................................................................................... 57
Clientes ............................................................................................................................................. 58
Fornecedores .................................................................................................................................... 60
Produtos Substitutos ........................................................................................................................ 61
Ameaça de Novos Entrantes............................................................................................................. 61
3.2.3 Análise das Competências Essenciais ...................................................................... 62
3.2.4 Matriz do Poder ....................................................................................................... 63
3.3 DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE NEGÓCIOS ............................................................................. 64
3.3.1 Projeção de EBITDAs ................................................................................................ 65
Mercado de Livros Didáticos ............................................................................................................ 66
Mercado de Beneficiamento de Folhas ............................................................................................ 74
Projeção de Receitas ........................................................................................................................ 75
Projeção dos Custos ......................................................................................................................... 76
3.3.2 Fluxo de Caixa Descontado ...................................................................................... 79
Estimativa do WACC ......................................................................................................................... 79
Cenário Alternativo .......................................................................................................................... 82
3.3.3 Múltiplo de EBITDA .................................................................................................. 83
4 AVALIAÇÃO DA AQUISIÇÃO.............................................................................................. 89
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 91
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 93
21
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresenta a avaliação de uma empresa do setor gráfico que se
encontrava em processo de aquisição. A avaliação é feita do ponto de vista do comprador,
sendo feitas análises qualitativas e quantitativas. Após a avaliação são delineadas algumas
possíveis ações que podem ser tomadas pela empresa compradora para a entrada nesse
mercado, qualificando cada uma delas.
Primeiramente é feita uma revisão bibliográfica com toda a teoria necessária para a
compreensão do modelo, assim como uma discussão das visões dos principais autores.
Posteriormente, é realizada uma análise profunda das cinco forças de Porter para o
setor em que a empresa está inserida, assim como uma análise das forças e fraquezas da
empresa analisada. As análises qualitativas são válidas para posteriormente validar as
premissas do modelo quantitativo. Tal modelo é desenvolvido com o objetivo de se avaliar
financeiramente a empresa, sendo realizado de duas formas diferentes (o método do fluxo de
caixa descontado e o método dos fluxos de EBITDA).
Devido a questões de confidencialidade, o nome da empresa é mantido em sigilo,
sendo neste trabalho denominada de Peixes.
1.1 Objetivo do Trabalho
A Peixes encontrava-se em processo de due diligence sendo pretendida por uma
empresa estrangeira que desejava ampliar a sua atuação no Brasil. O trabalho tem como
objetivo a avaliação da Peixes e do seu mercado de atuação, tendo como resultado um parecer
a respeito da aquisição assim como estratégias alternativas de entrada nesse mercado.
Vale lembrar que paralelamente a esta avaliação foi feita uma auditoria da
contabilidade da Peixes, atividade indispensável em um processo de aquisição. Sendo esse
trabalho apenas focado no potencial de crescimento de mercado da empresa, assumindo
corretas as informações contábeis fornecidas pela empresa.
22
1.2 Organização do Trabalho
O primeiro capítulo do trabalho está dedicado à introdução e definição do problema,
sendo definido o escopo do trabalho.
O segundo capítulo trata de um revisão e discussão dos principais autores do tema
estudado, sendo portanto toda a teoria necessária para o correto entendimento do problema e
da solução proposta.
O terceiro capítulo apresenta o desenvolvimento das análises qualitativa e quantitativa,
descrevendo as características da Peixes e do mercado em que ela atua.
O quarto capítulo mostra possíveis estratégias que a empresa compradora pode tomar
para a entrada no mercado brasileiro.
O quinto capítulo apresenta a conclusão do trabalho como um todo, explicitando as
lições aprendidas e relembrando as etapas realizadas.
1.3 Estágio
Entre 2007 e 2008 o estágio foi realizado na A.T. Kearney, uma consultoria
internacional de gestão estratégica, que atua em projetos com grandes empresas nacionais e
multinacionais. Um dos diferenciais da A.T. Kearney é a sua atuação nos diferentes níveis da
organização: estratégico, tático e operacional.
23
A A.T. Kearney, foi fundada em Chicago em 1926, e atua no Brasil desde 1990,
contando atualmente com 3.500 profissionais distribuídos em escritórios em mais de 30
países.
O estágio na A.T. Kearney acontece de forma bastante dinâmica, com a participação
efetiva em projetos desde o primeiro dia, oferecendo ao estagiário exposição a situações
práticas do dia a dia. O presente trabalho foi realizado em conjunto com a participação no
projeto de uma empresa de acabamentos gráficos.
A empresa que será avaliada possuía duas atividades principais:
1. Acabamentos de livros: consiste em unir as páginas do miolo do livro entre
si, assim como unir a capa do livro ao miolo. Esse acabamento pode ser feito
de diversas formas, sendo a costura de linha e a lombada quadrada os
principais métodos utilizados pela empresa;
2. Beneficiamento de folhas: consiste em tornar mais vistosas folhas já
impressas, por meio de aplicação de resinas. Esse tipo de processo é utilizado
principalmente em materiais promocionais.
1.4 Formulação do Problema
A Peixes encontrava-se em processo de aquisição, necessitando-se assim a
determinação do seu valor financeiro, assim como uma análise do seu posicionamento
estratégico no mercado.
A análise do valor financeiro da empresa é feita detalhadamente através do método do
fluxo de caixa descontado, sendo essa abordagem posteriormente validada pelo múltipo de
EBITDA implícito na operação, sendo comparado com empresas semelhantes:
1. Fluxo de caixa descontado: feito projetando-se fluxos de caixa no horizonte
de análise e os trazendo a valor presente utilizando-se a taxa média de
retorno da empresa em questão (WACC);
24
2. Múltiplos de EBITDA: feito calculando-se o EBITDA da empresa em
questão e o comparando com empresas do mesmo setor de atuação através de
um múltiplo de mercado.
Além da análise financeira, será feita uma análise do posicionamento estratégico da
empresa no mercado em que atua. Essa análise será útil para se identificar as alavancas de
valor da empresa e avaliar o potencial de crescimento da empresa no futuro, assim como
possíveis ameaças de seus concorrentes.
Algumas análises são realizadas em conjunto com o projeto realizado na A.T.
Kearney, enquanto outras serão desenvolvidas visando o trabalho de formatura, segundo a
figura 1. Vale ressaltar que mesmo as atividades realizadas no âmbito do projeto na A.T.
Kearney foram realizadas com participação ativa do estagiário.
Avaliação da Aquisição da
Empresa
Avaliação do Potencial de
Crescimento do Mercado
Análise da Sinergia após a
Aquisição
Projeção de Fluxos de Caixa
Análise das Tendências Futuras do Mercado
Evolução Histórica dos dados
financeiros das empresas envolvidas
Elaboração do Plano de
Negócios para a Empresa
Análise do Posicionamento
Estratégico
Avaliação do Potencial de
Crescimento da Empresa
Análise SWOT
Análise das 5 forças de Porter
Análise do Mercado e da
Cadeia de Valor
PROJETO A.T. KEARNEY TRABALHO DE FORMATURA
Definição de estratégias alternativas
Figura 1: Detalhamento do escopo de cada um dos trabalhos (elaborado pelo autor).
25
2 REVISÃO TEÓRICA
2.1 Análise do Posicionamento Estratégico
2.1.1 Análise das Forças Competitivas
Segundo Porter (1979), as forças competitivas são um instrumento importante de
análise da atratividade de determinado mercado. Mercados que possuem muitos agentes com
poder costumam apresentar rentabilidade menor que mercados em que as forças competitivas
atuam de forma mais branda. As principais forças a serem analisadas estão representadas na
figura 2:
1. Poder dos Atuais Competidores
2. Poder de Negociação dos Clientes
3. Poder de Negociação dos Fornecedores
4. Ameaça de Produtos Substitutos
5. Ameaça dos Novos Entrantes
26
Poder de Negociação dos Fornecedores
Poder de Negociação dos Clientes
Ameaça de Produtos Substitutos
Ameaçados NovosEntrantes
Poder dos Atuais
Competidores
Figura 2: Forças Competitivas da Indústria, PORTER (1979).
Poder dos Atuais Competidores
O poder dos atuais competidores pode ser entendido como o grau de rivalidade entre
os principais players do mercado. Tal rivalidade, pode ter diversas formas, dentre elas a
guerra de preços, uma estratégia agressiva de introdução no mercado de novos produtos ou
ainda uma campanha publicitária agressiva. Em qualquer uma das formas, mercados que
possuem uma rivalidade elevada tendem a possuir uma rentabilidade menor.
As principais causas que levam um determinado mercado a possuir uma rivalidade
acirrada são (PORTER, 1979):
Número elevado de competidores de tamanhos parecidos: denotam uma
indústria ainda num estágio inicial de consolidação e portanto os diversos
players tendem a buscar uma posição de liderança visando o futuro.
Barreiras de saída elevadas: quanto mais custoso é para uma empresa deixar
determinado mercado mais provável é que ela permaneça competindo mesmo
obtendo retornos negativos, o que prejudica as empresas saudáveis. Alguns
exemplos de barreiras de saída podem ser: elevado investimento em ativos
27
fixos, maquinário dedicado a determinado produto ou imposição do governo
para que a empresa atue no mercado.
Produtos muito parecidos: se os competidores do mercado possuem produtos
muito parecidos, maior é a chance de desencadear uma guerra de preços.
Produtos com ciclo de vida muito curto: levam as empresas a diminuir suas
margens para vender produtos que se encontram no fim do seu ciclo de vida, o
que também pressiona os preços do mercado.
Poder de Negociação dos Clientes
O poder de negociação dos clientes é uma força importante para a análise de um
mercado já que quanto maior for esse poder, menor será o poder dos vendedores e
conseqüentemente menos atrativo se tornará o mercado.
Segundo Porter (1979) os principais fatores que podem influenciar o poder de
negociação dos clientes são:
O número de possíveis clientes: em mercados com um restrito número de
clientes o vendedor possui menos poder de negociação já que o cliente é mais
importante para ele do que ele para o cliente.
O grau de similaridade dos produtos: em mercados em que as empresas
produzem produtos ditos commodities o cliente possui maior poder já que esse
pode facilmente trocar de fornecedor sem perder qualidade no produto final.
A possibilidade de integração vertical: em mercados em que os clientes têm
a possibilidade de se integrar verticalmente e passar a produzir os produtos que
antes comprava os fornecedores possuem menor poder de negociação já que
sempre podem ser ameaçados com a perda do negócio.
28
Poder de Negociação dos Fornecedores
Quanto maior for o poder de negociação dos fornecedores, mais fácil será para que
esses negociem preços maiores com seus clientes e conseqüentemente diminua a rentabilidade
do mercado.
Segundo Porter (1979) os fatores que levam a um maior poder de negociação dos
fornecedores:
O grupo de fornecedores é mais concentrado que o grupo para o qual esse
vende: a concentração do mercado diminui as possibilidades de compra por
parte do cliente e com isso aumenta o poder dos fornecedores.
Os fornecedores de determinado mercado não dependem fortemente
daquele mercado: para fornecedores que vendem para diversos mercados, a
perda de volume em um mercado secundário não impactará fortemente o seu
resultado.
O custo de mudança (switching cost) de fornecedor é muito elevado: com
isso o fornecedor acaba tendo um poder maior já que ele sabe que o cliente não
poderá mudar de fornecedor tão facilmente.
Os fornecedores têm a possibilidade de se integrar verticalmente e passar
a competir com os seus clientes: ou seja, em mercados desse tipo se as
empresas operarem com margens muito elevadas podem incentivar os
fornecedores a entrarem no mercado.
Ameaça de Produtos Substitutos
Empresas que produzem produtos que podem ser facilmente trocados por substitutos
tendem a estarem mais pressionadas por preços ou por buscarem produtos mais diferenciados.
Segundo Porter (1979), alguns fatores podem determinar o grau de ameaça dos
produtos substitutos:
29
Relação custo benefício: se o produto substituto conseguir alcançar uma
relação custo benefício que suplante o produto de determinada empresa, pode
se dizer que a ameaça desse produto é elevada.
Custo de mudança (switching cost) : se o custo de mudança por parte do
cliente for baixo, este estará mais livre para comprar o produto que lhe ofereça
o melhor resultado, aumentando o grau de ameaça dos produtos substitutos.
Ameaça dos novos entrantes
As empresas tendem a ser atraídas para mercados com taxas de rentabilidade maiores,
portanto, se determinado mercado não possui barreiras à entrada de novas empresas a
atratividade do mesmo é menor.
Segundo Porter (1979), as principais barreiras de entrada que empresas que já atuam
no mercado podem ter em relação aos novos entrantes:
Economia de escala: em mercados em que a economia de escala é muito
acentuada, novos entrantes devem estrear no mercado com volumes muito
grandes para serem competitivos;
Economia de rede: a economia de rede acontece quando a propensão que
determinado consumidor tem a comprar determinado produto aumenta com o
número de pessoas que já compraram o produto, por exemplo um garoto terá
uma probabilidade maior de comprar o mesmo videogame que seus amigos
possuem, já que com isso ele poderá trocar jogos com eles. Mercados que
possuem economia de rede constituem uma barreira à entrada de novas
empresas, já que essas deverão, logo na entrada, conquistar uma fatia
significativa do mercado para serem competitivas;
Alto custo de mudança (switching cost) por parte dos clientes: a empresa
entrante deverá oferecer uma vantagem muito superior às empresas já atuantes
no mercado para que os clientes considerem trocar de fornecedor;
Alto investimento: o custo do capital diminui a possibilidade de entrada de
novas empresas;
30
Patentes: se a empresa atuante no mercado possuir a patente sobre o produto
ou sobre o processo produtivo dificultará muito a entrada de algum
concorrente;
Acesso desigual aos canais de distribuição: nesse caso, a empresa entrante
deverá procurar outros meios para fazer com que seus produtos cheguem ao
consumidor final;
Restrições governamentais: em mercados muito regulados, a dependência de
concessões por parte do governo constitui uma barreira à entrada relevante.
2.1.2 Análise das Competências Essenciais
A análise das competências essenciais da empresa visa identificar quais são as
competências da empresa mais valorizadas pelos clientes assim como possibilidades futuras
de melhorias e aperfeiçoamento (HAMEL; PRAHALAD, 1995).
Complementarmente à análise das cincos forças de Porter, a análise das competências
essenciais está focada nos processos internos da empresa, e portanto fornece uma visão mais
do interior da empresa, assim como a análise de Porter fornece uma visão da empresa do
ponto de vista externo (clientes, fornecedores, etc.). Portanto, pode-se dizer que as duas
análises se complementam.
Visando um crescimento sustentável e a identificação de potenciais oportunidades no
futuro, as empresas precisam saber identificar as competências essenciais que as mesmas
possuem no presente e as competências que serão demandadas pelo mercado no futuro. Assim
como perceber possibilidades de entrada em novos mercados, muitas vezes utilizando as
competências que já possuem internamente.
A figura 3 apresenta um mapa das possíveis competências presentes em uma empresa,
assim como a sua relação com o mercado de atuação.
31
CompetênciaEssencial
Mercado
Espaços embranco
Preenchimentodos espaços
Nova
Existente
Mega-oportunidades
Liderança em10
Existente Novo
Figura 3: Competências Essenciais (HAMEL; PRAHALAD, 1995).
O quadrante superior esquerdo (“liderança em 10”) representa as competências que a
empresa precisa possuir para garantir ou aumentar o seu market share nos mercados em que já
atua, além disso, esse quadrante também suscita a dúvida de quais novas competências irão
surgir para substituir as competências utilizadas atualmente. O quadrante “espaços em
branco” representa as competências que a empresa já possui e que eventualmente pode utilizar
em mercados novos, desenvolvendo novos produtos, sendo assim, esse quadrante se refere às
oportunidades que a empresa pode seguir. O quadrante “mega-oportunidades”, trata das
competências que a empresa pode desenvolver e que criarão um novo mercado para ela, sendo
portanto competências mais difíceis de identificar e desenvolver. O quadrante “preenchimento
dos espaços” representa as competências que a empresa já possui e utiliza em seus mercados
de atuação (HAMEL; PRAHALAD, 1995).
2.1.3 Análise SWOT
A análise conhecida como SWOT (strengths, weaknesses, opportunities and threats)
aplicada à determinada empresa procura identificar os seus pontos fortes e fracos, da mesma
forma que as suas oportunidades futuras ou potenciais riscos.
A tabela 1 apresenta alguns fatores que podem ser enquadrados em cada uma das
categorias.
32
S Pontos Fortes
Fatores que reforçam o poder de
negociação da empresa com
compradores e fornecedores
Custos menores que os dos concorrentes
Produto diferenciado
W Pontos Fracos
Fatores que enfraquecem o poder de
negociação da empresa com
compradores e fornecedores
Custos mais elevados que os dos
concorrentes
Escala menor
O Oportunidades
Fortalecimento da posição estrutural da
empresa
Entrada em um novo mercado
Criação de barreiras de entrada para os
concorrentes
T Ameaças
Entrada de outras empresas no
mercado
Fatores que reduzam as barreiras à
entrada de novas empresas
Mudança estrutural na cadeia de valor
da indústria
Tabela 1: Análise SWOT (adaptado de LAURINDO; CARVALHO,2007).
2.1.4 Matriz do Poder
Complementarmente à análise das cinco forças de Porter, pode-se fazer uma análise
mais profunda sobre duas forças extremamente relevantes na análise de um mercado:
fornecedores e compradores. A figura 4 apresenta a matriz do poder proposta por Cox et al.
(2001), para análise dessas duas forças.
33
Alt
oB
aix
o
AltoBaixo
Dominância do Fornecedor
Independência
PODER DO FORNECEDOR SOBRE O COMPRADOR
PO
DE
R D
O C
OM
PR
AD
OR
SO
BR
E O
FO
RN
EC
ED
OR
InterdependênciaDominância do Comprador
Figura 4: Matriz do poder (COX; SANDERSON; WATSON, 2001).
O eixo horizontal representa o poder de barganha do fornecedor sobre o comprador, já
o eixo vertical representa o poder de barganha do comprador sobre o fornecedor, existindo
portanto, para um determinado mercado, quatro posições possíveis:
Independência: nenhuma das duas forças exerce um poder significativo sobre a outra;
Dominância do Fornecedor: o fornecedor possui um poder de barganha maior sobre
o comprador, conseguindo portanto um melhor posicionamento no mercado (sendo
mais fácil obter aumentos de preço por exemplo);
Dominância do Comprador: o comprador apresenta poder de barganha maior sobre
o fornecedor, conseguindo por exemplo menores reajustes de preço dos seus insumos;
Interdependência: nesse caso, tanto comprador como fornecedor apresentam poderes
relevantes o que caracteriza um mercado mais equilibrado.
2.2 Avaliação Financeira
Como dito anteriormente, a avaliação financeira será realizada utilizando-se o método
do fluxo de caixa descontado e o método de múltiplos de EBITDA, sendo o segundo realizado
para validar o resultado do primeiro.
34
2.2.1 Fluxo de Caixa Descontado
O método do fluxo de caixa descontado é um dos métodos mais populares de
avaliação de empresas. Por ele, a empresa é vista como um investimento, cujo valor é o valor
presente líquido de seus fluxos de caixa previstos ao longo de sua vida (DAMODARAN,
2002).
O cálculo do fluxo de caixa livre da empresa através dos seus dados contábeis será
realizado conforme a figura 5.
+ Receita Bruta Total
-Abatimentos
= Receita Líquida
-Custos e Despesas
= EBITDA
-Provisão para Imposto de Renda
ΔCapital de Giro
-Investimentos
= Fluxo de Caixa Livre
Figura 5: Método de cálculo do fluxo de caixa livre (GITMAN, 2004).
A valoração da empresa será realizada conforme a figura 6.
Valor da EmpresagWACC
FCL
WACC
FCL tni
tt
t
1
1 )1(
Figura 6: Método de cálculo do valor da empresa (DAMODARAN, 2002).
Na figura 6:
FCL: Fluxo de caixa livre
35
WACC: taxa de desconto media da empresa em questão (weighted average
cost of capital).
g: taxa de crescimento esperada para os fluxos de caixa na perpetuidade
A segunda parte da fórmula na figura 6 é chamada de valor da perpetuidade, devendo
ser calculada separadamente já que, por se tratar de um horizonte de tempo muito distante, é
de mais difícil previsão.
Vale lembrar que a dívida líquida da empresa deve ser subtraída do valor da empresa
para se chegar ao seu valor de mercado, que é o valor justo a ser pago aos acionistas da
empresa no momento de uma aquisição, como pode ser visto na figura 7.
Valor de Mercado = Valor da Empresa –Dívida Líquida
Figura 7: Valor de mercado de uma empresa (DAMODARAN, 2002).
Devido ao fato de a valoração da empresa ser realizada descontando os fluxos de caixa
livre da empresa, a taxa de desconto utilizada deve ser o WACC, que nada mais é do que a
média ponderada dos retornos esperados pelos acionistas e terceiros que eventualmente
tenham capital investido na empresa. Quanto maior o WACC maior é o risco da empresa e
portanto maiores são os retornos esperados.
O WACC pode ser definido conforme a figura 8, (DAMODARAN, 2002):
WACC = )1( CDE TRV
DR
V
E
Figura 8: Método de cálculo do WACC (DAMODARAN, 2002).
Onde:
E: valor de mercado do capital próprio da empresa
V: E+D
RE: custo do capital próprio
36
D: valor de mercado do capital de terceiros da empresa
RD: custo de capital de terceiros
TC: alíquota de imposto de renda
A estimativa para o custo do capital próprio da empresa (RE) será realizada utilizando-
se o CAPM (capital asset pricing model), metodologia muito utilizada para esse tipo de
análise. O CAPM relaciona os retornos médios do mercado e o risco da empresa analisada. A
fórmula do custo do capital próprio é apresentada na figura 9.
RE))(( FMF RRER
Figura 9: Método de cálculo do custo de capital próprio (DAMODARAN, 2002).
Onde:
RF: taxa de retorno livre de risco, sendo comumente utilizados os retornos dos
títulos do tesouro americano ajustados pelo risco país de cada país. São
utilizados os títulos americanos por se tratar, apesar das turbulências recentes,
de um país com economia mais estável. Além disso, por se tratar de títulos de
longo prazo, o seu retorno tende a não ser tão afetado por crises.
β: beta da empresa, é uma medida do grau de risco da empresa, quanto maior o
beta, maior o risco. Para o seu cálculo, pelo fato de a Peixes não possuir capital
aberto, será calculada a média do beta do setor em que a empresa está inserida
(mercado gráfico).
E(RM): taxa de retorno média do mercado de ações. O fator E(RM)-RF,
representa o prêmio pelo investimento em ações. Esse fator será estimado pela
diferença do retorno médio das ações de grandes companhias, estimado pelo
S&P 500 americano, do retorno dos títulos T-Bond do governo americano. Os
retornos médios serão estimados pela média geométrica, já que esse tipo de
média reflete melhor o resultado de períodos longos. O período utilizado para o
cálculo será de 1928 até 2007.
37
Para a determinação do valor da empresa através deste método, é necessária, além da
projeção dos fluxos, algumas considerações importantes:
Taxa de desconto: a determinação da taxa que será utilizada para se trazer a
valor presente os fluxos de caixa é de extrema importância, sendo o valor da
empresa muito sensível a ela. Como dito anteriormente, para o cálculo do
valor presente do fluxo de caixa livre da empresa deve ser utilizado o
WACC.
Valor da perpetuidade: uma atenção especial deve ser dada ao horizonte de
análise. As projeções de fluxos de caixa costumam ser mais confiáveis para
horizontes temporais menores o que gera o risco de se supervalorizar uma
empresa quando se extrapola os seus fluxos de caixa na perpetuidade. “Uma
boa estimativa do valor contínuo é essencial para qualquer avaliação porque
muitas vezes o valor contínuo responde por uma grande parte do valor total
da empresa” (COPELAND; KOLLER; MURRIN, 2006).
O método do fluxo de caixa descontado é particularmente útil em empresas que
apresentam linhas de negócios distintas, sendo possível uma valoração por linha de negócio e
uma valoração global, combinando-se os fluxos de caixa de cada linha de negócio
(COPELAND; KOLLER; MURRIN, 2006).
2.2.2 Múltiplos de EBITDA
Os métodos de avaliação utilizando múltiplos são muito utilizados no mercado
financeiro. Eles se baseiam na premissa de que ativos semelhantes devem possuir preços
semelhantes.
A abordagem de múltiplos de EBITDA tem como necessidade primeira, a
determinação de um múltiplo para a empresa em questão. Essa determinação é usualmente
feita utilizando empresas do mesmo setor que são listadas em bolsa, para efeito desse
trabalho, serão levados em consideração os múltiplos de EBITDA de empresas listadas em
38
bolsa nos seguintes setores: editorial e impressão. Por não necessitar a realização de
projeções, o método de valoração utilizando múltiplos é mais simples que os outros métodos,
já que todas as informações necessárias para o seu cálculo são prontamente disponíveis.
Entretanto, um ponto negativo deste método, é o fato de não levar em conta o
potencial de crescimento da empresa e os riscos envolvidos, o que pode fazer com que se
supervalorize empresas mal posicionadas e sub-valorize empresas bem posicionadas e com
grandes chances de crescimento no futuro. Além disso, pelo fato de não considerar as
particularidades de cada empresa, essa abordagem deve ser utilizada com o devido cuidado.
A avaliação utilizando um método relativo se baseia na premissa de que na média o
mercado é eficiente na forma com que ele precifica os ativos, entretanto comete erros na
precificação de ativos individuais (DAMODARAN, 2002).
Portanto, o trabalho será desenvolvido baseado em dois autores principais Porter, na
análise qualitativa da Peixes e Damodaran, na análise quantitativa, sendo a análise qualitativa
realizada para suportar as premissas assumidas na análise quantitativa.
39
3 AVALIAÇÃO DA EMPRESA
Após a revisão bibliográfica, é possível se aplicar os conceitos citados na avaliação da
empresa e do mercado em questão. A análise da Peixes será segmentada em três partes:
primeiramente será feita uma introdução com a caracterização do mercado em que a empresa
atua, assim como uma descrição da Peixes, posteriormente será realizada uma análise do seu
posicionamento estratégico assim como uma avaliação da atratividade do mercado de atuação.
Finalmente, será feita a valoração da empresa através do método do fluxo de caixa
descontado, sendo feita uma comparação com os múltiplos de mercado de empresas
semelhantes.
3.1 Visão Geral da Empresa e do Mercado
3.1.1 Descrição da Empresa Analisada
As atividades da Peixes podem ser divididas em dois tipos de clientes distintos:
1. Mercado Livreiro: a Peixes realiza a encadernação dos livros, ou seja, trata do
processo de junção das páginas do miolo do livro entre si assim como a
junção do miolo com a capa, o que pode ser feito de diversas formas, de
acordo com a qualidade que se deseja no produto final. A empresa em
questão atualmente possui três produtos nessa área:
a) Lombada Quadrada: é o processo de encadernação em que a junção
dos cadernos tipográficos (unidade de medida tradicional do setor
gráfico, corresponde a uma folha com 16 páginas) é feita utilizando-
se cola quente. Esse tipo de produto apresenta uma qualidade inferior
devido ao risco de descolamento da capa, sendo comumente utilizado
em livros de capa mole. Os livros didáticos vendidos ao governo são
um exemplo desse tipo de produto. A figura 10 ilustra um livro com
acabamento lombada quadrada. A Peixes atualmente possui três
40
máquinas capazes de fazer a encadernação “lombada quadrada”, a
figura 11 ilustra uma dessas máquinas.
Figura 10: Exemplo de livro lombada quadrada (Wrapups, 2008).
Figura 11: Máquina de encadernação “lombada quadrada” (On demand, conference &
exposition, 2008).
41
b) Lombada Canoa: processo em que a junção dos cadernos com a capa
é feita através de grampos. É amplamente utilizado em materiais
promocionais, revistas, livros e outros produtos com capa mole, como
mostra a figura 12. Possui uma qualidade melhor do que a
encadernação utilizando cola. A Peixes possui uma máquina para
realizar esse tipo de encadernação.
Figura 12: Exemplo de encadernação “lombada canoa” (International Paper, 2008).
c) Encadernação costura: nesse tipo de processo, a junção é feita através
de uma costura a linha, podendo ser feito tanto para livros de capa
dura como capa mole. Esse tipo de produto apresenta uma qualidade
muito superior aos outros, como ilustrado na figura 13. A empresa
possui duas máquinas para realizar esse tipo de encadernação. A
figura 14 ilustra uma dessas máquinas.
Vale notar que os clientes da Peixes nesse segmento podem ser divididos em dois
principais clientes: Governo e setor privado.
Figura 13: Exemplo de encadernação tipo costura (Flickr, 2008).
42
Figura 14: Máquina de encadernação tipo costura (Grafosale.cz, 2008)
2. Gráficas: a Peixes realiza o processo de beneficiamento de folhas, ou seja,
trata do processo de tratamento das folhas já impressas para torná-las mais
atrativas ao público, sendo portanto muito utilizado em materiais
promocionais. A empresa analisada possui três diferentes processos nessa
área:
a) Hot Stamping: trata-se do processo de aplicação de um material
brilhante e metálico no material impresso, sendo comumente
utilizado em capas de livros.
b) Plastificação e Laminação: trata-se do processo de aplicação de uma
folha plástica em cima do material impresso. Esse tipo de processo
deixa a folha mais resistente e chamativa ao público, sendo utilizado
quase que exclusivamente em materiais promocionais.
c) Envernizamento: é um processo similar à laminação porém em vez da
aplicação de uma folha plástica, é passado um verniz em cima do
material impresso.
Os dois principais tipos de clientes (mercado livreiro e gráficas) citados possuem
características muito específicas e portanto serão tratados de forma separada para fins das
análises. A figura 15 ilustra a divisão dos principais grupos de clientes da Peixes.
43
Peixes
Mercado
Livreiro
Gráficas
Setor
Privado
Governo
Figura 15: Divisão das unidades de negócio da Peixes (elaborado pelo autor).
A figura 16 apresenta a divisão das receitas da Peixes nas suas três unidades de
negócio.
50%Gráficas
18%
Livros Governo
31%
Livros Setor Privado
Receita Total em 2007
R$ 106,9 milhões
Figura 16: Distribuição da receita da empresa entre as linhas de negócio (elaborado pelo autor).
Pelo fato de a Peixes não possuir uma gráfica própria, o material impresso deve ser
transportado da gráfica à empresa e posteriormente ao cliente, o que gera um custo logístico
para a empresa de acabamento e representa uma desvantagem dessa empresa em relação aos
seus concorrentes, fato que será melhor explorado na análise do posicionamento estratégico
da empresa.
A unidade que atende o mercado livreiro tem como principal produto os livros
didáticos, o que gera uma sazonalidade, com um forte aumento da demanda no final do ano
44
devido às compras para o ano letivo seguinte. Por esse motivo, as máquinas de encadernação
costumam operar ociosas quase o ano inteiro, aumentando a sua utilização no final do ano,
como ilustrado na figura 17. A gerência da empresa alega que não haverá restrição de
capacidade produtiva até 2012, se mantidas as atuais taxas de crescimento.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
J F M A M J J A S O N D
Figura 17: Evolução da utilização das máquinas de encadernação em 2007 (estimado pela
gerência da Peixes).
Já a área que atende às gráficas possui como principais produtos os materiais
publicitários e promocionais. A utilização das máquinas nessa unidade têm apresentado uma
evolução nos últimos anos, como mostra a figura 18, entretanto, a gerência da empresa não
acredita que haverá restrição de capacidade para os próximos anos.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
J F M A M J J A S O N D
Figura 18: Evolução da utilização das máquinas de beneficiamento em 2007 (estimado pela
gerência da Peixes).
45
3.1.2 Visão Geral do Mercado Gráfico
Após a descrição da Peixes, se faz necessário um melhor entendimento do mercado
em que ela está inserida. Por a empresa estar dividida em dois tipos de clientes distintos, a
análise do mercado também será segmentada em duas partes: a primeira falando sobre o
mercado de livros e a segunda sobre o mercado de produtos gráficos em geral.
O mercado Brasileiro de Livros
O brasileiro é um povo que não possui em sua cultura o hábito da leitura, fazendo com
que o mercado brasileiro de livros seja ainda muito pequeno se comparado com países
desenvolvidos. Dados de um estudo da Câmara Brasileira do Livro (CBL), ilustrado na figura
19 mostram que o consumo anual per capta de livros no Brasil é de apenas 1,8 se comparado
com 11 livros per capta do Japão.
11
9
76
5 5
1.8
Figura 19: Consumo anual per capta de livros (CBL, 2000).
O mercado brasileiro ainda apresenta uma estrutura muito fragmentada, com várias
empresas fazendo uma etapa muito pequena do processo, as figura 20 e 21 ilustram a cadeia
do livro para o setor privado e para o setor público. Tendo em vista esse cenário, uma empresa
46
que consegue fazer uma integração vertical na cadeia adquire uma vantagem competitiva
importante em relação às outras.
Compra os direitos autorais do autor
AUTOR
EDITORA
GRÁFICA
ACABAMENTO
ALUNO
LIVRARIA
Escreve o livro
Contrata uma gráfica
Imprime o livroContrata uma empresa de acabamento
Acaba o livro e o devolve para a
editora
Recebe o livro pronto e o vende
para a livraria
Recebe o livro e o vende para o aluno
Compra o livro na livraria
Figura 20: Cadeia de fabricação de um livro didático para o setor privado (elaborado pelo autor).
Compra os direitos autorais
do autor
AUTOR
EDITORA
GRÁFICA
ACABAMENTO
GOVERNO
Escreve o livro
Contrata uma gráfica
Imprime o livroContrata uma empresa de acabamento
Acaba o livro e o devolve para a
editora
Escolhe o livro e compra junto as
editoras
Recebe o livro e o distribui para
as escolas
Figura 21: Cadeia de produção do livro didático para o governo (elaborado pelo autor).
Através das figuras 20 e 21, pode-se identificar quais são os principais agentes que
atuam em cada mercado, do ponto de vista de uma empresa de acabamentos gráficos:
47
Para o setor privado:
o Clientes: editoras e gráficas;
o Fornecedores: produtores de papel e outros insumos de acabamento
como verniz, linha de costura, cola, etc.
Para os livros vendidos para o governo:
o Clientes: editoras e gráficas;
o Fornecedores: produtores de papel e outros insumos de acabamento
como verniz, linha de costura, etc.
As editoras, por questão de simplificação na sua cadeia de fornecedores, preferem
contratar apenas uma empresa, ficando essa responsável tanto pela impressão como pelo
acabamento do livro, por esse motivo, as editoras preferem empresas que possuem capacidade
de impressão e acabamento in house sem necessidade portanto de terceirização do serviço.
Além disso, para as empresas gráficas e de acabamento é interessante ficar responsável por
toda a confecção do livro já que, mesmo terceirizando parte da produção, a margem nesse tipo
de operação é maior.
A figura 22 apresenta a evolução das vendas dos diferentes tipos de livros, pode-se
notar que os livros didáticos representam mais da metade dos livros vendidos, apresentando
um crescimento anual médio de 6% desde 2000 até 2006.
48
1.079 1.155 1.093 1.267 1.254 1.323 1.488
429 506 527512 638 633
731402
433 378393 346 385
419
150173 183
192 238 231242
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Didáticos
Religiosos Conhecimento Técnico e Prof issional
Literatura Geral
-3%2.060
CAGR
2.364
1%
9%
6%
2.880
8%
Vendas (R$ milhões)
Figura 22: Evolução das vendas de livros no Brasil. (FIPE, 2001-2007).
O mercado de livros didáticos pode ser dividido em dois principais clientes finais:
Setor Privado: são as compras feitas por crianças que estudam em escolas
particulares, da primeira série do ensino fundamental à terceira série do
ensino médio, costumam evoluir segundo o número de crianças matriculadas
em escolas particulares. Os livros vendidos ao setor privado costumam ser
melhor acabados e proporcionam às empresas da cadeia produtiva uma
margem melhor.
Governo: são as compras feita pelo governo destinada aos alunos de ensino
fundamental e médio da rede pública, evoluem de acordo com os programas
de compras de livros do governo. Os livros vendidos ao governo são muitas
vezes os mesmos que são comprados pelo setor privado, entretanto possuem
um acabamento de pior qualidade, o que barateia o livro. Além disso, devido
ao seu alto volume de compras, o governo consegue preços ainda melhores,
o que diminui a margem das empresas do setor. A figura 23 ilustra esse fato,
já que apesar de o governo ser o maior comprador em termos de unidades
vendidas, ele não é o maior comprador em faturamento.
49
59%
41%
Vendas por tipo de cliente (2006)
Total = R$ 1.5 bilhão
Governo Setor Privado
41%
59%
Unidades vendidas (2006)
Total = 164 milhões
Figura 23: Composição das vendas de livros didáticos (FIPE, 2001-2007).
O mercado de livros didáticos apresenta ainda uma particularidade, já que ele é
sazonal, apresentando um forte aumento da demanda no fim do ano, o que se explica pela
preparação por parte das editoras dos livros que serão vendidos no ano letivo seguinte. Além
disso, as editoras se baseiam bastante no seu relacionamento com os fornecedores no
momento da compra dos seus serviços, por esse motivo, empresas que já estão estabelecidas
há certo tempo no mercado e que já possuem certo relacionamento com as editoras costumam
ter a sua preferência.
As compras do governo são realizadas através de dois programas:
PNLD: programa nacional do livro didático, compra livros para alunos da 1ª à
8ª série do ensino fundamental. O PNLD funciona num ciclo de três anos:
Primeiro ano: o governo realiza a compra de livros novos para todos os
alunos da 1ª série à 5ª série do ensino fundamental, e faz a reposição dos
livros de 5ª a 8ª série comprados anteriormente;
Segundo ano: o governo compra livros novos para todos os alunos da 1ª
série, repõe os livros danificados da 2ª a 4ª série comprados no ano
anterior e compra livros novos para todos os alunos da 5ª a 8ª série;
Terceiro ano: o governo compra livros novos para todos os alunos da 1ª
série e repõe os livros danificados dos alunos da 2ª à 8ª série. Portanto, o
50
terceiro ano do programa normalmente é um ano em que o governo
compra uma quantidade de livros bem menor que os dois anos
anteriores.
PNLEM: programa nacional do ensino médio, compra livros para alunos do
ensino médio da rede pública. O PNLEM fez a sua primeira compra em 2004
e espera-se que ele também entre num ciclo de três anos, o que equilibraria
as compras do governo.
A figura 24 ilustra os anos de compra de livros através dos dois programas do
governo, quando o PNLEM já estiver totalmente implantado.
PNLD – 1a
série
PNLD – 2a a
4a série
PNLD – 5a a
8a série
PNLEM
1o ano COMPRA COMPRA REPÕE REPÕE
2o ano COMPRA REPÕE COMPRA REPÕE
3o ano COMPRA REPÕE REPÕE COMPRA
Figura 24: Estrutura da compra de livros do governo (elaborado pelo autor).
Vale ressaltar que os livros comprados pelo governo não são de propriedade dos
estudantes, o que possibilita a utilização do livro por três anos, passando de estudante para
estudante.
A figura 25 mostra o histórico das compras do governo divididas por cada programa.
Desde 2002, as compras do governo cresceram a uma taxa muito elevada, de 31% ao ano.
Vale notar que a unidade de medida usada no gráfico é cadernos tipográficos, que é a unidade
de medida mais usada no setor.
51
PNLEM
PNLD605
1.267 1.448
530
1.3511.739
84
408
283
563
2002 2003 2004 2005 2006 2007
938
2.302
1.634
1.532
1.267
605
31%
Figura 25: Evolução das compras do governo em milhões de cadernos tipográficos (FNDE,2008).
As compras feitas pelo setor privado apresentam um comportamento mais estável
(como mostra a figura 26), crescimento de apenas 1% ao ano, o que já era esperado uma vez
que essas deveriam seguir o número de crianças matriculadas em escolas particulares.
1.341 1.013 1.169
1.444 1.380 1.388
2002 2003 2004 2005 2006 2007
1%
Figura 26: Compras do setor privado em milhões de cadernos tipográficos (FIPE, 2002-2008).
52
Mercado de Produtos Gráficos
O mercado de produtos gráficos apresenta um portfólio de produtos muito diverso,
desde materiais promocionais até embalagens. Dados da ABIGRAF (Associação Brasileira de
Indústrias Gráficas), indicam um mercado com um crescimento anual alto (acima do PIB
brasileiro), como se pode ver na figura 27.
9,8
2002
10,0
2003
12,2
2004
13,0
2005
12,3
2006 2007
+6%
12,9
Figura 27: Receita do setor gráfico em R$ bilhões (ABIGRAF, 2003-2008).
Vale notar que a queda na receita do setor em 2006 se deve principalmente à lei
“Cidade Limpa” na cidade de São Paulo, que reduziu o material publicitário que veiculava em
São Paulo.
O mercado gráfico apresenta uma dinâmica diferente do mercado de livros, já que esse
é mais constante ao longo do ano, somente apresentando um leve aumento nos últimos meses.
Além disso, para as empresas do setor, o mercado de produtos gráficos não apresenta a
mesma previsibilidade do mercado de livros didáticos, já que a demanda oscila mais ou
menos em conjunto com a economia. A figura 28 apresenta a cadeia de produção típica desse
setor.
53
Define mix publicitário
EMPRESA
AGÊNCIA DE PUBLICIDADE
GRÁFICA
ACABAMENTO
Contrata uma agência de publicidade
Contrata uma gráfica
Imprime o materialContrata uma empresa de acabamento
Realiza o acabamento
Faz a distribuição do
material
Figura 28: Exemplo da cadeia de produção de produtos gráficos em geral (elaborado pelo autor).
Para a unidade de negócio que fabrica os demais produtos gráficos, através da figura
28 pode-se identificar os principais agentes:
Clientes: agências de publicidades, fabricantes de embalagens e empresas em
geral;
Fornecedores: produtores de papel e outros insumos de acabamento como
verniz, linha de costura, etc.
3.2 Avaliação do Posicionamento Estratégico
Uma vez realizada uma descrição das principais características da empresa analisada e
do seu mercado de atuação é possível se proceder à análise dos pontos fortes e fracos da
empresa, assim como uma análise mais profunda a respeito da atratividade do mercado. As
análises dos pontos fortes e fracos e da atratividade do mercado servirão posteriormente para
balizar as premissas adotadas no plano de negócios. Conforme explicitado anteriormente, a
atuação da Peixes pode ser dividida em três unidades de negócios distintas (figura 15): a que
atende ao mercado livreiro privado e público e a que atende às gráficas, que por possuírem
características distintas, serão tratadas de forma diferenciada nas análises.
54
3.2.1 Análise SWOT
A análise SWOT para a empresa analisada será útil para posteriormente se conseguir
assumir premissas mais próximas da realidade da empresa, levando em consideração os seus
pontos fortes e fracos, assim como as oportunidades e ameaças futuras.
Pontos Fortes
1. Para o Mercado de Livros Privado e para o Governo
A empresa analisada já está presente no mercado há certo tempo, o que a permitiu
possuir uma marca reconhecida pela editoras, constituindo assim o seu principal ponto forte.
Além disso, o relacionamento que esta possui com as editoras facilita muito o processo de
negociação já que a compra dos serviços por parte das editoras é feita muitas vezes na base da
confiança e no relacionamento.
2. Para o Mercado de Produtos Gráficos em Geral
Analogamente às outras unidades de negócio, o relacionamento com as gráficas
representa para a Peixes um dos seus principais pontos fortes, sendo reconhecida pela
qualidade dos seus produtos.
Pontos Fracos
1. Para o Mercado de Livros Privado e para o Governo
Como pontos fracos da empresa, pode-se citar a concentração da sua receita em
apenas três editoras, como mostra a figura 29, isso a deixa vulnerável e com pouco poder de
negociação frente aos seus clientes, já que a perda de algum clientes causa um impacto muito
grande no seu resultado.
55
9%
19%
72%
Moderna
Saraiva
Ática Scipione
Figura 29: Participação relativa das vendas da Peixes para as editoras (fornecido pela gerência da
Peixes).
Outro ponto que vale ser acrescentado é a preferência das editoras por players
integrados (que possuam tanto serviços gráficos como de acabamento), isso ocorre devido ao
fato de empresas desse tipo facilitarem a gestão de fornecedores das editoras, já que essas
necessitam contratar apenas uma empresa.
A compra de máquinas de impressão seria uma movimento arriscado para a empresa,
já que boa parte dos seus clientes são empresas gráficas, que podem entender nesse
movimento uma ameaça para o seu mercado e deixar de comprar serviços de acabamento da
empresa.
2. Para o Mercado de Produtos Gráficos em Geral
O principal ponto fraco da Peixes nesse mercado é o fato de a empresa não fornecer
diretamente ao cliente final, no caso às empresas, e sim fornecer às gráficas, o que faz com
que as gráficas possuam um poder de barganha maior na negociação com as empresas de
acabamento, já que essas tem contato com o cliente final.
56
Oportunidades
1. Para o Mercado de Livros Privado e para o Governo
Pode-ser entender como uma oportunidade para a empresa a entrada no mercado de
impressão, porém, como dito anteriormente, devido aos riscos inerentes a essa decisão, a
empresa precisa conseguir gerar volume suficiente de acabamento através das editoras, já que
é possível que as gráficas deixem de comprar seus serviços.
Além disso, a diversificação dos seus clientes pode trazer à empresa um melhor
posicionamento para negociar com as editoras, para isso, a empresa precisa criar
relacionamento com outras editoras.
2. Para o Mercado de Produtos Gráficos em Geral
Analogamente às outras unidades de negócio, a compra de máquinas de impressão
pode ser considerada uma boa oportunidade também para esse mercado, porém a empresa
deve ter claro os riscos associados a essa decisão.
Ameaças
1. Para o Mercado de Livros Privado e para o Governo
Assim como a empresa analisada pode realizar uma integração vertical comprando
máquinas de impressão, as gráficas também pode se integrar comprando máquinas de
acabamento, o que reduziria significativamente o mercado da empresa.
Um ponto a ser considerado é que as editoras dificilmente entrarão no mercado de
impressão, já que para isso elas teriam que conseguir internamente volume suficiente para não
deixar suas máquinas de impressão ociosas, já que, por questões estratégicas, dificilmente
outras editoras comprariam serviços de impressão de outra editora.
57
2. Para o Mercado de Produtos Gráficos em Geral
Uma ameaça importante a ser considerada pela Peixes nesse mercado, é a mudança no
mix publicitário das empresas, ou seja, a diminuição de divulgação através de panfletos, o que
faria com que o mercado da Peixes diminuísse.
3.2.2 Atratividade do Mercado
A análise SWOT realizada possibilitou identificar algumas características importantes
da empresas analisada, o que conjuntamente com a análise da atratividade do mercado tornará
possível um melhor entendimento do mercado e das suas alavancas de valor.
A análise da atratividade do mercado será realizada com base nas cinco forças de
Porter, o que dará uma noção de como se espera que o mercado evolua e quais podem ser os
movimentos estratégicos relevantes para o futuro. Como dito anteriormente, a análise das
forças de Porter compreende cinco forças básicas: clientes, fornecedores, produtos
substitutos, ameaça de novos entrantes e grau de rivalidade das empresas que já atuam no
mercado.
Vale ressaltar, que para algumas dimensões, a análise será segmentada nas três
unidades de negócio da empresa (conforme figura 15): mercado de livros privado, mercado de
livros para o governo e mercado de produtos gráficos em geral. Nas dimensões em que não
houver a segmentação, pode-se considerar que as três unidades de negócio se comportam de
forma semelhante.
Poder dos Atuais Competidores
Devido às características dos produtos oferecidos pelas empresas do setor gráfico,
pode-se classificar o poder dos atuais competidores como uma força relevante, diminuindo a
atratividade do mercado gráfico. Alguns fatores que levam a essa conclusão são:
58
Presença de um número elevado de empresas de tamanho semelhante, o que
indica um mercado num estágio inicial de consolidação, fazendo com que as
empresas busquem uma posição de liderança visando o futuro.
Produtos padronizados, ou seja, os produtos não variam muito de uma gráfica
para outra, fazendo com que a estratégia básica do setor seja liderança em
custos e não diferenciação.
Barreiras de saída elevadas, causadas principalmente pelos altos investimentos
em maquinário, necessário para o início da operação.
Clientes
1. Mercado de Livros Privado e para o Governo
Os principais clientes do setor gráfico nesses mercados são:
Editoras: contratam os fornecedores para a impressão e acabamento de livros
e revistas.
Gráficas: terceirizam o processo de acabamento de livros para as empresas de
acabamento.
Alguns fatores indicam que o poder das editoras e gráficas sobre as empresas do setor
gráfico são uma força relevante, ou seja, esse alto poder reduz a atratividade do setor. Dentre
esse fatores pode-se citar:
O número de editoras é muito menor que o número de gráficas e empresas de
acabamento. Segundo dados da ABIGRAF, existem no Brasil 38 editoras, e
aproximadamente 4.600 empresas gráficas ou de acabamento gráfico, o que
faz com que o poder de negociação das editoras seja muito maior.
É muito mais fácil para uma editora adquirir capacidade de impressão do que
uma gráfica (ou empresa de acabamento) se tornar uma editora, ou seja, nesse
mercado é mais provável uma integração vertical da cadeia a montante do que
59
a jusante. Um fato que comprova essa constatação é a editora FTD, que possui
uma gráfica própria.
O produto oferecido pelas empresas gráficas é mais ou menos padrão, não
variando substancialmente entre uma gráfica e outra. Já o produto das editoras
possui uma diferenciação maior.
São as editoras que possuem os direitos autorais dos livros ou das revistas, o
que aumenta o seu poder de negociação, já que elas podem escolher quais
empresas gráficas utilizar.
O governo não é considerado um cliente das empresas gráficas já que ele não as
contrata diretamente, e sim através das editoras. Entretanto vale ressaltar que no caso dos
livros vendidos para o governo, o poder de negociação do governo perante as editoras é muito
grande, fazendo com que a margem dos livros vendidos ao governo seja menor,
conseqüentemente as editoras procuram repassar a margem menor para as gráficas, reduzindo
ainda mais a atratividade do mercado.
2. Mercado de Produtos Gráficos em Geral
Os principais clientes do setor gráfico nesse mercado são:
Gráficas: normalmente terceirizam o acabamento do material para uma
empresa de acabamento.
Fabricantes de Embalagens: se utilizam do setor para a impressão de
embalagens. Entretanto, muitos desses fabricantes já possui capacidade de
impressão in house.
A impressão em embalagens requer um know how e máquinas especializadas, não
sendo o caso da Peixes. Por esse motivo, empresas que realizam esse tipo de serviço acabam
60
se especializando e não atendendo aos outros clientes, portanto esse tipo de cliente não
pertence ao escopo dessa análise.
Alguns fatores indicam que o poder das gráficas sobre as empresas de acabamento é
uma força relevante, ou seja, esse alto poder reduz a atratividade do setor. Dentre esse fatores
pode-se citar:
São as gráficas que em geral possuem o contato com o cliente final, ficando
elas responsáveis pela terceirização do serviço de acabamento.
É mais fácil para uma gráfica adquirir capacidade de acabamento do que uma
empresa de acabamento adquirir capacidade de impressão.
Fornecedores
Os fornecedores do setor gráfico podem ser divididos em três categorias: fornecedores
de papel, fornecedores de tinta e fornecedores de outros tipos de insumos. Pode-ser considerar
o poder dos fornecedores como sendo uma força de baixa intensidade no mercado, não
afetando portanto a sua atratividade, dentre alguns fatores que confirmam essa afirmação é
possível citar:
Alta padronização dos produtos oferecidos, fazendo com que seja
relativamente fácil para uma gráfica trocar de fornecedor, não havendo custos
de mudança (switching costs).
Impossibilidade dos fornecedores de realizarem uma integração vertical na
cadeia, por se tratarem de negócios muito distintos.
Presença de fornecedores globais, aumentando a oferta de produtos.
61
Produtos Substitutos
Os produtos substitutos dos materiais gráficos ainda não apresentam um grau de
desenvolvimento adequado para se tornarem uma ameaça a esse mercado, sendo portanto uma
força de intensidade baixa, não diminuindo portanto a atratividade do mercado. Como
produtos substitutos podemos citar:
Livros e revistas digitais: ainda muito pouco difundidas e caras, fazendo com
que atinjam um público muito restrito, não apresentando portanto um risco
muito elevado no curto ou médio prazos.
Outras formas de publicidade (televisão, internet, rádio, etc.): possui um poder
de substituição mais elevado, entretanto é muito pouco provável que a
divulgação através de material impresso deixe de existir.
Ameaça de Novos Entrantes
A ameaça de novos entrantes, como dito anteriormente, está relacionada com as
barreiras de entrada de um determinado mercado. No setor gráfico, as barreiras de entrada
possuem uma intensidade média, não alterando significativamente a atratividade do mercado.
Algumas características que levam a essa conclusão são:
Alto investimento em maquinário, reduzindo o número de empresas que
podem dispor desse capital.
Presença de ganhos de escala, devido ao alto investimento, empresas que
conseguem uma maior utilização do seu maquinário também conseguem diluir
o seu custo fixo, produzindo produtos com o custo unitário mais baixo.
Após uma análise detalhada das forças que atuam no mercado de produtos gráficos, é
possível se ter uma noção completa do seu funcionamento. A figura 30 apresenta um resumo
da intensidade das forças que atuam no mercado.
62
Força Intensidade
Atuais Competidores
Clientes
Fornecedores
Produtos Substitutos
Novos Entrantes
Figura 30: Intensidade das forças que atuam no setor gráfico (elaborado pelo autor).
Nota-se, pela figura 30, que a atratividade do mercado gráfico é média, apresentando
duas forças prejudiciais ao mercado, atuais competidores e clientes, portanto, essas serão as
forças que terão maior relevância no desenvolvimento do plano de negócios para a empresa.
3.2.3 Análise das Competências Essenciais
Como dito anteriormente, as competências essenciais de uma empresa representam as
competências valorizadas pelo mercado e que sem elas a empresa não conseguiria entregar os
produtos com a qualidade que os clientes demandam.
Para o caso da Peixes, podemos citar as seguintes competências essenciais,
enquadrando-as conforme apresentado na figura 3.
Entrega dos produtos no prazo: competência que é muito valorizada por parte
dos clientes, se enquadrando no quadrante de “preenchimento de espaços” da
figura 3.
Qualidade no acabamento de livros: sendo reconhecida por parte dos seus
clientes como uma das melhores no setor, se enquadrando no quadrante de
“preenchimento de espaços” da figura 3.
63
Bom relacionamento com os clientes: competência essa que é muito
importante em um mercado baseado na confiança entre as partes, se
enquadrando no quadrante de “preenchimentos de espaços” da figura 3.
Boa qualidade de impressão: a aquisição de capacidade de impressão por parte
da Peixes é uma competência atualmente não existente na empresa, se
enquadrando no quadrante de “liderança em 10”.
3.2.4 Matriz do Poder
O enquadramento do mercado de produtos gráficos na matriz do poder indica qual é o
elo dominante da cadeia produtiva. Como feito anteriormente, a análise estará dividida nos
dois principais mercados de atuação da Peixes: mercado livreiro e gráficas em geral.
1. Mercado livreiro
Dentro do mercado livreiro a Peixes atua como fornecedora para as editoras, que por
sua vez fornecem os livros prontos para as livrarias ou para o governo. No caso dos livros
fornecidos para as livrarias, pode-se enquadrar o mercado como dominado pelas editoras, ou
seja, quadrante “dominância do comprador” da figura 4. Isso ocorre devido ao fato de as
editoras possuírem os direitos autorias sobre o livro, fazendo com que as mesmas possam
optar quais gráficas utilizar.
Para os livros fornecidos diretamente ao governo, pode-se dizer que o governo
apresenta um papel fundamental devido ao alto volume de suas compras. Fazendo com que a
cadeia seja novamente dominada pelo comprador.
64
2. Gráficas em geral
Para os materiais promocionais, pode-se dizer que a cadeia é novamente dominada
pelo comprador, ou seja, as gráficas, isso decorre do fato de que na maioria dos casos são elas
que possuem o contato com o cliente final.
Mais uma vez constata-se que a Peixes encontra-se numa posição desfavorável na
cadeia produtiva, já que é constantemente pressionada pelos compradores. A figura 31
apresenta um resumo da análise da matriz de poder.
Mercado Livreiro Gráficas em
Geral
Dominância COMPRADOR COMPRADOR
Implicação para a
Peixes
NEGATIVA NEGATIVA
Figura 31: Matriz do poder para o mercado de acabamentos gráficos (elaborado pelo autor).
3.3 Desenvolvimento do Plano de Negócios
Após a avaliação do posicionamento estratégico da empresa e das principais
características do mercado é possível se desenvolver o seu plano de negócios levando-se em
conta as particularidades, tanto do mercado como da empresa.
Como dito inicialmente, o plano de negócios da empresa será realizado de duas formas
distintas, primeiro será feita uma projeção de fluxos de caixas e posteriormente será realizada
a avaliação da empresa através de múltiplos de EBITDA. Para ambos os casos será necessária
uma projeção de EBITDAs da empresa, para tanto, será utilizada uma abordagem top down,
ou seja, se partirá de uma projeção para o mercado, e posteriormente assumindo-se premissas
de market share se chegará à receita da empresa. A figura 32 representa a metodologia de
trabalho utilizada.
65
Divisão do faturamento da
empresa em linhas de negócio
Didáticos -Governo
Mercado Gráfico
Didáticos -Privado
Projeção do crescimento do
mercado para cada linha de negócio
2007 2008 2009 2010
Premissas de ganho de market
share
2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010
2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010
Faturamento por linha de negócio Faturamento A Faturamento B Faturamento C
Divisão entre custos fixos e
variáveis
Projeção de Custos
Projeção de EBITDA’s
2007 2007 2007
2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010
2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010
Figura 32: Metodologia de obtenção da projeção de EBITDAs (elaborado pelo autor).
3.3.1 Projeção de EBITDAs
Considerando os dois principais produtos da empresa analisada, as suas operações
serão divididas em duas unidades de negócio diferentes, que atendem a dois clientes distintos:
o mercado de livros didáticos (representado tanto pelos livros vendidos ao setor privado como
aos livros vendidos ao governo) e o mercado de beneficiamento de folhas (representado pelas
gráficas).
66
Mercado de Livros Didáticos
Pelas características bastante diversas entre os dois principais clientes desse mercado,
a análise será dividida entre as compras realizadas pelo governo e as compras realizadas pelo
setor privado.
Como demonstrado no figura 25, as compras do governo seguem uma lógica trienal,
no primeiro ano ocorrendo a seleção dos livros das editoras e a compra completa para todos
os alunos da rede pública, posteriormente, no segundo e terceiro anos ocorre a reposição dos
livros que não podem mais ser aproveitados para os anos seguintes. Atualmente as compras
são feitas da seguinte forma:
1ª série: dois livros (português e matemática) consumíveis, ou seja, não podem
ser aproveitados nos anos seguintes, para cada aluno;
2ª a 8ª série: três livros (ciências, história, geografia) não consumíveis, ou seja,
podem ser utilizados por outros alunos nos próximos dois anos e dois livros
consumíveis (português, matemática);
Ensino médio: três livros (biologia, física, geografia) não consumíveis, ou seja,
podem ser utilizados por outros alunos nos próximos dois anos e dois livros
consumíveis (português, matemática);
Através da realização de entrevistas com grandes executivos do setor, percebe-se um
consenso em relação a algumas modificações que o governo realizará nas suas compras:
A partir de 2009, os alunos da escola pública entrarão na escola um ano antes,
com isso, o governo deverá comprar mais dois livros para cada um desse
alunos entrantes, por conta disso, o ensino fundamental terá nove anos e não
oito anos como ocorre atualmente.
A partir de 2010, para as séries de 5ª à 9ª, o governo aumentará uma matéria no
currículo escolar, inserindo o ensino de língua estrangeira. Com isso, para
essas séries, será adicionado a compra de mais um livro;
67
A partir de 2011, é esperado que o governo realize a compra de livros para
todos os alunos do ensino médio da rede pública através do PNLEM. Com
isso, as compras do governo permanecerão mais equilibradas durante os três
anos.
Como era de se esperar, o grande driver do número de livros comprados pelo governo
é o número de crianças matriculadas em escolas públicas. Pode ser observado pela figura 33
que o número das matrículas tem caído a uma média de 3% ao ano desde 2000, apresentando
aumento apenas nos alunos do ensino médio.
7.13 7.40 7.728.10
8.25
7.93 7.847.96
2002
15.55
16.67
5.08
45.40
2003
15.30
5.31 4.54
44.88
2004
13.50
12.34 12.32
4.11
37.65
16.79
2006
13.12
11.53
3.91
36.53
13.38
Ensino Médio
5a a 8a série
4.31
2a a 4a série
2005
1a série
15.08
18.30
5.55
46.05
2000
15.34
38.09
5.46
45.89
2001
15.69
-3%
2007
17.20
45.92
17.69
2%
-2%
-6%
-5%
Figura 33: Evolução dos alunos matriculados em escolas públicas (valores em milhões) (INEP,
2000-2007).
A projeção das compras realizadas pelo governo serão divididas nos seus dois
programas, PNLD e PNLEM.
Para a realização da projeção de compras para o programa PNLD, algumas premissas
serão adotadas:
68
A média anual de crescimento do número de crianças matriculadas em escolas
públicas, da 1ª à 8ª série, se manterá a mesma observada entre 2000 e 2007;
A média do número de cadernos tipográficos por livro dos livros do PNLD
será a mesma observada em 2007, a figura 34 apresenta esses valores;
Cadernos Tipográficos
110,241,724
Livros
1,738,870,073
Figura 34: Número médio de cadernos tipográficos por livro para no PNLD 2007 (FNDE, 2008).
A projeção de livros comprados em 2008 será feita com base nos valores já
negociados pelo governo com as editoras;
A reposição dos livros inutilizados seguirá a média histórica (25% no primeiro
ano e 30% no segundo ano);
As alterações no programa esperadas pelo mercado se realizarão (aumento de
um ano letivo e mais uma matéria no currículo escolar);
A lógica de compras do governo se manterá a mesma, portanto:
o 2008:
1ª série: compra de livros novos para todos os alunos;
2ª a 4ª série: reposição dos livros inutilizados (30%);
5ª a 8ª série: reposição dos livros inutilizados (25%);
o 2009:
1ª série: compra de livros novos para todos os alunos;
69
2ª a 4ª série: compra de livros novos para todos os alunos;
5ª a 8ª série: reposição dos livros inutilizados (30%);
o 2010:
1ª série: compra de livros novos para todos os alunos;
2ª a 4ª série: reposição dos livros inutilizados (25%);
5ª a 8ª série: compra de livros novos para todos os alunos;
o 2011:
1ª série: compra de livros novos para todos os alunos;
2ª a 4ª série: reposição dos livros inutilizados (30%);
5ª a 8ª série: reposição dos livros inutilizados (25%);
o 2012:
1ª série: compra de livros novos para todos os alunos;
2ª a 4ª série: compra de livros novos para todos os alunos;
5ª a 8ª série: reposição dos livros inutilizados (30%);
A figura 35 apresenta um resumo da estrutura das compras de livros do governo.
PNLD – 1a
série
PNLD – 2a a
4a série
PNLD – 5a a
8a série
2008 COMPRA REPÕE REPÕE
2009 COMPRA COMPRA REPÕE
2010 COMPRA REPÕE COMPRA
2011 COMPRA REPÕE REPÕE
2012 COMPRA COMPRA REPÕE
Figura 35: Estrutura da projeção de compra de livros do governo (elaborado pelo autor).
Seguindo as premissas citadas, a projeção de livros a ser adquiridos pelo PNLD
encontra-se na figura 36.
70
235 324
956
224 251
828
1.388
370 358
1.170
287 341
274 261 223 212 202 193
PN
LD
1a Série
2a a 4a Série
5a a 8a Série
1.739 954 1.537 1.606 740Compra Total 1.361
2007 2008P 2009P 2010P 2011P 2012P
Compra integral Reposição
Figura 36: Projeção de livros do PNLD em milhões de cadernos tipográficos (elaborado pelo
autor).
Pode-ser perceber pela figura 36 que em geral o número de livros a serem adquiridos
cai no decorrer dos anos, esse fato de deve ao número de crianças matriculadas em escolas
públicas também estar diminuindo no decorrer dos anos.
Para a projeção de livros do programa PNLEM, as premissas adotadas foram:
A média anual de crescimento do número de matrículas em escolas públicas,
do ensino médio, se manterá a mesma observada entre 2000 e 2007;
A média do número de cadernos tipográficos por livro, dos livros do PNLD,
será a mesma observada em 2007, sendo os valores ilustrados na figura 37.
18,248,846
Cadernos TipográficosLivros
563,485,270
Figura 37: Número médio de cadernos tipográficos por livro do PNLEM 2007 (FNDE,20008).
71
A projeção de livros comprados em 2008 será feita com base nos valores já
negociados pelo governo com as editoras;
A reposição dos livros inutilizados seguirá a média histórica (25% no primeiro
ano e 30% no segundo ano);
As alterações no programa, esperadas pelo mercado, se realizarão (compra
integral de livros em 2011);
A lógica das compras realizadas pelo governo se manterá a mesma, portanto:
o 2008: compra parcial
o 2009: compra parcial
o 2010: compra parcial
o 2011: compra para todos os alunos
o 2012: reposição dos livros inutilizados
Seguindo as premissas adotadas, pode-se observar a projeção de compras pelo
PNLEM na figura 38.
Compra integral Reposição
563
1.331 1.352 1.374 1.650
399
2007 2008P 2009P 2010P 2011P 2012P
Figura 38: Projeção de livros do PNLEM em milhões de cadernos tipográficos (elaborado pelo
autor).
A figura 39 apresenta a junção das projeções dos dois programas do governo.
72
1.361,4
2012
PNLD
465,5
1.826,9
PNLEM
1.738,9
563,5
2.302,4
2007
955,0
1.331,1
2.286,0
2008
1.537,2
1.352,2
2.889,5
2009
1.605,9
1.373,7
2.979,6
2010
739,8
1.649,6
2011
2.389,4
Figura 39: Projeção da compra de livros pelo governo em milhões de cadernos tipográficos
(elaborado pelo autor).
As compras de livros do setor privado seguem uma lógica mais estável, já que não há
revezamento de livros, ou seja, todos os anos todos os alunos compram os livros didáticos que
usarão ao longo do ano. Portanto pode-se esperar que o número de livros vendidos acompanhe
o número de alunos matriculados no ensino particular. A figura 40 apresenta a evolução do
número de matrículas no ensino fundamental particular, pode-se observar que o número de
matrículas cresceu muito pouco desde 2000 (crescimento médio anual de 1%).
73
4.386
2000
4.369
2001
4.404
2002
4.454
2003
4.492
+1%
20072006
4.566
2005
4.537
2004
4.474
Figura 40: Evolução do número de matrículas em escolas particulares (valores em milhares)
(INEP, 2000-2007).
Para a projeção do mercado de livros do setor privado algumas premissas serão
adotadas:
O número médio de cadernos tipográficos por livro se manterá o mesmo;
O crescimento do mercado acompanhará o crescimento médio do número de
estudantes observado entre 2000 e 2007 (1% ao ano);
A figura 41 apresenta a projeção do mercado de livros didáticos adquiridos pelo setor
privado (em cadernos tipográficos). Como era de se esperar o crescimento acompanha o
crescimento no número de matrículas (1% ao ano).
74
+1%
1.404
2012
1.396 1.428
20112009
1.420
2007 20102008
1.4121.388
Figura 41: Projeção do mercado de livros didáticos em milhões de cadernos tipográficos
(elaborado pelo autor).
Mercado de Beneficiamento de Folhas
O mercado de beneficiamento de folhas está muito ligado às gráficas, que são os
principais clientes desse setor. Pelas características desse mercado, pode-se esperar que as
receitas do setor evoluam de acordo com a economia brasileira, ou seja, com as expectativas
de crescimento do PIB brasileiro, a figura 42 apresenta a expectativa de crescimento do PIB
brasileiro.
4,7%
20122010
4,5%4,5% 4,5%
20112009
4,3%
2008
Figura 42: Expectativa de crescimento do PIB brasileiro (MCM, 2008).
75
Assumindo-se as mesmas taxas de crescimento para a receita total do setor gráfico,
tem-se a projeção de evolução do setor, como pode ser visto na figura 43.
12,9
2007
13,5
2008
14,1
2009
14,7
2010
15,4
2011
16,1
2012
+4%
Figura 43: Projeção de receitas do setor gráfico em R$ bilhões (elaborado pelo autor).
Projeção de Receitas
Conforme a metodologia apresentada, após as projeções de mercado, é necessário
assumir premissas de market share para se obter a receita da empresa analisada. Devido às
características da empresa e do mercado analisadas anteriormente através da análise SWOT e
das cinco forças de PORTER, é mais provável se assumir que a empresa não conseguirá
ganhos de market share no curto prazo, por esse motivo, as suas receitas, em cada unidade de
negócio, terão taxas de crescimento semelhantes às do mercado, a projeção das receitas da
empresa pode ser vista na figura 44.
Vale ressaltar que as projeções são realizadas a preços constantes, não tendo portanto
influência da inflação.
76
120.919
2010
53.703
33.535
19.726
106.964
2007
56.227
33.725
19.586
109.538
2008
58.645
33.915
24.756
117.316
2009
61.284
34.107
25.528Livros - Governo
+2%
Livros - Setor Privado
64.042
34.300
20.472
118.813
2011
66.923
34.494
15.653
117.070
2012
Setor Gráfico
Figura 44: Projeção de receitas da Peixes em R$ mil (elaborado pelo autor).
Projeção dos Custos
A projeção de custos da Peixes, conforme a metodologia apresentada, será realizada
com base na divisão dos seus custos fixos e variáveis, essa divisão foi realizada em conjunto
com a gerência da empresa e é apresentada na figura 45. Como já era de se esperar, os itens de
custo mais relevantes são as matérias primas utilizadas na produção e o custo com a mão de
obra direta na produção, já que existe pouca automação dentro da Peixes.
77
Custo Total - 2007( RS mil) Fixo Variável % Variável
Matéria Prima X
Mão de Obra Direta X X 20%
Despesas Gerais X
Logística X X 90%
Mão de Obra Indireta X X 20%
Horas Extras X
Serviços Terceirizados X
Comissões X
Aluguel X
Energia Elétrica/ Água X X 80%
Encargos sobre Salários X X 20%
Outros Materiais X X 20%
Manutenção X X 50%
Embalagens X
Telefone X258
616
675
974
1,414
1,750
1,910
1,920
2,752
2,934
3,638
3,858
10,041
14,817
42,987
Figura 45: Divisão entre custos fixos e variáveis (elaborado pelo autor).
Para a projeção dos custos, devido ao curto tempo de projeção (cinco anos), não serão
assumidas mudanças nos custos fixos e os custos variáveis manterão a mesma proporção das
receitas. As projeções de custo podem ser vistas na figura 46. Pode-se perceber que os custos
crescem a uma taxa inferior à taxa de crescimento das receitas, isso se deve ao fato de parte
dos custos terem sido considerados fixos. Após a projeção de receitas e de custos é possível
apresentar a projeção de EBITDAs, que é mostrada na figura 47.
78
14.817
10.041
3.8583.638
2.9352.751
9.518
90.546
2007
44.021
14.888
9.657
3.9413.656
3.005
2.817
98.345
2010
47.749
15.140
9.820
4.241
3.7173.260
15.095
9.791
3.056
10.130
97.112
2011
47.048
9.651
91.638
2008
47.147
15.100
9.794
4.193
3.7083.219
3.018
10.053
96.230
2009
48.595
15.192
9.854
4.308
42.987
3.318
4.185
3.7063.212
3.011
10.040
2012
Matéria Prima
Mão de Obra Direta
3.730
Logística
Mão de Obra Indireta
Horas extras
Serviços Terceirizados
Outros
+1%
96.090
3.110
10.237
Despesas Gerais
Figura 46: Projeção dos custos da Peixes em R$ mil (elaborado pelo autor).
2010
21.701
2011
16.418
2007
17.900
2008
21.086
2009
22.574
2012
EBITDA
+5%
20.980
Figura 47: Projeção de EBITDAs em R$ mil (elaborado pelo autor).
79
3.3.2 Fluxo de Caixa Descontado
Posteriormente à projeção de EBITDAs, é possível se realizar a projeção de fluxos de
caixa considerando algumas premissas, conforme a fórmula apresentada anteriormente:
+ Receita Bruta Total
-Abatimentos
= Receita Líquida
-Custos e Despesas
= EBITDA
-Provisão para Imposto de Renda
ΔCapital de Giro
-Investimentos
= Fluxo de Caixa Livre
Estimativa do WACC
Conforme apresentado anteriormente, para o cálculo do WACC são utilizadas duas
fórmulas principais:
WACC = )1( CDE TRV
DR
V
E
RE))(( FMF RRER
Pelo fato de a Peixes não possuir dívida, ou seja, ela é financiada totalmente com
capital próprio, para o cálculo do WACC é apenas necessário calcular o custo do capital
próprio (RE), a metodologia de cálculo de cada variável será:
80
RF: para efeito deste trabalho, a taxa de retorno livre de risco será estimada
como sendo a média aritmética do retorno da metade 2007 até a metade de
2008 do título T-Bond de cinco anos (para ser coerente com o horizonte de
projeção) do tesouro americano acrescida do spread adicional pago pelo risco
Brasil. O spread adicional será estimado como sendo o retorno adicional de
acordo com o rating do Brasil ajustado pela volatilidade média do mercado, os
valores para o cálculo são apresentados na figura 48.
Retorno médio do US
Treasury de 5 anos
Spread médio do risco
Brasil
Volatilidade média Taxa de retorno
livre de risco
para o Brasil
3,69%
A
2,5%
B
1,5
C
7,44%
A+B*C
Figura 48: Cálculo da taxa livre de risco para o Brasil (BLOOMBERG, DAMODARAN
ONLINE).
β (beta): o beta da Peixes será estimado como sendo uma média do setor em
que ela está inserida. A média do beta para o setor Editorial segundo
Damodaran, é de 1,58. (DAMODARAN ONLINE).
E(RM)-RF: o prêmio pelo investimento em ações foi obtido por uma média
geométrica de 1928 a 2007 da diferença do retorno de investimento em ações
(S&P 500) para o retorno dos títulos do governo americano (T-Bond). O
prêmio de mercado será portanto de 4,79% (DAMODARAN ONLINE).
Tendo em vista os dados obtidos e as fórmulas apresentadas, pode-se calcular o
WACC da Peixes, como pode ser visto na figura 49.
Taxa de retorno livre de
risco para o Brasil
BETA Prêmio de Mercado
(E(RM)-RF)
WACC
7,44% 1,58 4,79% 15,01%
Figura 49: Cálculo do WACC da Peixes (elaborado pelo autor).
Portanto, para a obtenção dos fluxos de caixa serão assumidas as seguintes premissas:
81
Variação do capital de giro: a relação do capital de giro com a receita se
manterá constante, ou seja, o capital de giro crescerá à mesma taxa das
receitas.
Investimentos: conforme dito anteriormente, a Peixes possui capacidade
produtiva suficiente para suportar o crescimento dos próximos anos, o que
torna razoável admitir que ela não realizará investimentos dentro do período de
projeção.
Provisão para o imposto de renda: a alíquota de imposto de renda será a
mesma verificada nos anos anteriores.
WACC: calculado anteriormente, será utilizado o valor de 15,01%
G (taxa de crescimento da empresa após o período de projeção explícita):
observando-se o crescimento histórico dos fluxos e o crescimento esperado no
período de projeção explícita, a taxa g foi fixada em 2%.
A figura 50 apresenta os valores das principais premissas e os valores dos fluxos de
caixa futuros:
R$ mil 2008 2009 2010 2011 2012
EBITDA 17.900 21.086 22.574 21.701 20.980
(-) Provisão para IR -2.257 -2.659 -2.847 -2.737 -2.646
ΔCapital de Giro -257 -778 -360 +211 +174
(-) Investimentos - - - - -
= Fluxo de Caixa Livre 15.385 17.649 19.367 19.175 18.509
WACC=15,01%
Figura 50: Fluxos de caixa futuros da Peixes (elaborado pelo autor).
82
Utilizando-se da fórmula apresentada na figura 6, chega-se ao valor do período de
projeção explícita: R$ 68,556 milhões. Já o valor da perpetuidade é igual a : R$ 145,113
milhões, somando-se os dois valores, chega-se ao valor total da empresa de: R$ 213,669
milhões.
Cenário Alternativo
Após ser realizada a projeção pelo cenário base, é necessária a avaliação da
sensibilidade do modelo em relação às mudanças nas premissas de entrada. O cenário base foi
calculado tomando-se como premissa a manutenção do market share da Peixes.
Alternativamente a esse cenário será realizada a avaliação da empresa considerando-se ganhos
de market share nos diferentes mercados de atuação.
Mercado de livros didáticos destinados ao governo: incremento anual de 0,5
p.p. no market share da Peixes. O racional por trás desse aumento são
negociações que a gerência da Peixes está realizando com outras editoras.
Mercado de livros didáticos destinados ao setor privado: incremento anual de
0,5 p.p. no market share.
Mercado de produtos gráficos em geral: incremente anual de 0,5 p.p. no market
share.
Todas as demais premissas são mantidas tal qual o cenário base, a projeção de fluxos
de caixa é apresentada na figura 51.
83
R$ mil 2008 2009 2010 2011 2012
EBITDA 18.858 23.442 26.241 25.798 25.157
(-) Provisão para IR -2.378 -2.956 -3.309 -3.253 -3.173
ΔCapital de Giro -492 -1.117 -674 +106 +154
(-) Investimentos - - - - -
= Fluxo de Caixa Livre 15.987 19.369 22.258 22.650 22.138
WACC=15,01%
Figura 51: Projeção de fluxos de caixa para o cenário alternativo (elaborado pelo autor).
Com os dados da figura 51, chega-se ao valor de R$ 77,197 milhões para o período de
projeção explícita e R$ 173,563 milhões para o valor da perpetuidade, chegando-se ao valor
total da empresa de R$ 250,760 milhões. A figura 52 apresenta um resumo do valor da Peixes
nos dois cenários analisados.
Valor no Horizonte de
Projeção
Valor da
Perpetuidade
Valor Total da Peixes
Cenário Base R$ 68,556 milhões R$ 145,113 milhões R$ 213,669 milhões
Cenário Alternativo R$ 77,197 milhões R$ 173,563 milhões R$ 250,760 milhões
Figura 52: Valor da Peixes nos dois cenários analisados (elaborado pelo autor).
3.3.3 Múltiplo de EBITDA
A partir do valor da empresa calculado utilizando-se dos dois cenários apresentados, é
possível se avaliar o quão próximo esse valor está da precificação praticada pelo mercado.
Essa avaliação será realizada através da comparação de múltiplos de EBITDA, sendo
realizada conforme as etapas:
84
1. Identificação de empresas do mesmo setor no mercado brasileiro e
internacional.
2. Comparação do múltiplo de EBITDA implícito no valor da empresa com os
múltiplos de EBITDA praticados pelo mercado para empresas semelhantes.
Para a seleção das empresas foi utilizado o seguinte critério:
a. Empresas que atuam em setores relacionados com o mercado de
atuação da Peixes (impressão e editorial).
A figura 53 apresenta os múltiplos de EBITDA implícitos na avaliação feito através
dos dois cenários apresentados.
R$ mil Valor da Empresa
(R$ milhões)
EBITDA
(R$ milhões 2007)
Múltiplo
Cenário Base 213.669 16.418 13,01
CenárioAlternativo 250.760 16.418 15,27
Figura 53: Múltiplos de EBITDA obtidos pelos dois cenários (elaborado pelo autor).
A figura 54 apresenta os múltiplos de EBITDA das empresas selecionadas para a
comparação. Vale notar que os setores de atuação escolhidos foram:
Impressão: setor que mais se parece com o mercado de atuação da Peixes,
porém existem poucas empresas com capital aberto.
Editorial: setor cliente da Peixes.
Devido ao fato de existirem poucas empresas desses setores listadas em bolsa no
Brasil, será utilizada para a comparação a média dos múltiplos de empresas dos mais variados
mercados.
85
Nome da Empresa País Setor de
Atuação
Múltipo de
EBITDA
CAXTON AND CTP P Africa do sul Editorial 8,93
KAGISO MEDIA LTD Africa do sul Editorial 6,94
SAUDI RESEARCH A Arabia saudita Editorial 14,99
FAIRFAX MEDIA LT Australia Editorial 15,79
SAI GLOBAL LTD Australia Editorial 12,41
WEST AUST NEWSPA Australia Editorial 13,79
SARAIVA LIVREIRO Brasil Editorial 12,15
GLACIER VENTURES Canada Editorial 13,13
MCGRAW-HILL RYER Canada Editorial 3,70
TORSTAR CORP -B Canada Editorial 13,30
BEIJING CCID-A China Editorial 185,03
CHENGDU B-RAY-A China Editorial 33,99
DLX China Editorial 6,60
LIAONING PUBLI-A China Editorial 143,22
IAR Cingapura Editorial 7,65
POPULAR HLDGS Cingapura Editorial 3,62
RRD Cingapura Editorial 5,52
SINGAP PRESS HGS Cingapura Editorial 14,68
VPRT Cingapura Editorial 31,40
YELLOW PAGES (S) Cingapura Editorial 12,36
DAEKYO CO LTD Corea Editorial 7,45
DAILY SPORTS INC Corea Editorial 162,26
PEDH Corea Editorial 23,23
WOONGJIN HOLDING Corea Editorial 13,35
WOONGJIN THINKBI Corea Editorial 7,84
DZS REDNE Eslovenia Editorial 16,63
EKSPRESS GRUPP A Estonia Editorial 2,48
Bowne & Co. EUA Editorial 5,88
Consolidated Graphics EUA Editorial 3,81
Courier Corp. EUA Editorial 6,14
Deluxe Corp. EUA Editorial 6,60
Dolan Media EUA Editorial 24,48
Donnelley (R.R) & Sons EUA Editorial 5,52
Educational Devel. EUA Editorial 5,46
Idearc Inc. EUA Editorial 7,65
Laser Master International Inc EUA Editorial 7,00
McGraw-Hill EUA Editorial 8,42
McGraw-Hill Ryerson Ltd. EUA Editorial 4,21
Meredith Corp. EUA Editorial 8,82
Peoples Educational Holdings EUA Editorial 23,23
Playboy Enterprises 'B' EUA Editorial 4,05
Presstek Inc. EUA Editorial 8,83
PRIMEDIA Inc EUA Editorial 7,61
PUBLISHING EUA Editorial 9,01
Quebecor World EUA Editorial 2,59
Reuters ADR EUA Editorial 31,30
Scholastic Corp. EUA Editorial 6,35
Source Interlink Cos EUA Editorial 4,20
VistaPrint Limited EUA Editorial 31,40
Wiley (John) & Sons EUA Editorial 14,37
MANILA BULLETIN Filipinas Editorial 5,13
PLA Filipinas Editorial 4,05
ALMA MEDIA CORP Finlandia Editorial 14,97
ATTICA PUBLISH Grecia Editorial 63,65
HK ECONOMIC TIME Hong kong Editorial 12,14
JADE DYNASTY GRO Hong kong Editorial 51,65
MING PAO ENTERPR Hong kong Editorial 9,66
NEXT MEDIA LTD Hong kong Editorial 11,58
ORIENTAL PRESS G Hong kong Editorial 12,06
SCMP GROUP LTD Hong kong Editorial 8,79
CGX India Editorial 3,81
CRRC India Editorial 6,14
DECCAN CHRONICLE India Editorial 21,10
HT MEDIA LTD India Editorial 26,44
JAGRAN PRAKASHAN India Editorial 40,99
JW/A India Editorial 14,37
LMTI India Editorial 7,00
MACMILLAN INDIA India Editorial 10,36
MHP India Editorial 8,42
MHR.TO India Editorial 4,21
PRST India Editorial 8,83
RTRSY India Editorial 31,30
BLOOMSBURY PUBL Inglaterra Editorial 22,05
MAARIV HOLDINGS Israel Editorial 193,07
Nome da Empresa País Setor de Atuação Múltipo de EBITDA
PRM Israel Editorial 7,61
GLEANER CO LTD Jamaica Editorial 27,46
BUNKEIDO CO LTD Japão Editorial 7,33
CHINTAI CORP Japão Editorial 2,12
GAKKEN CO LTD Japão Editorial 92,60
GENTOSHA INC Japão Editorial 3,75
IMPRESS HOLDINGS Japão Editorial 3,61
KADOKAWA GROUP H Japão Editorial 5,18
SHOBUNSHA PUBLIC Japão Editorial 4,41
JORDAN PRESS FOU Jordania Editorial 35,61
MDP Malasia Editorial 8,82
NEW STRAITS TIME Malasia Editorial 3,09
NEXNEWS BHD Malasia Editorial 66,85
SCHL Malasia Editorial 6,35
SIN CHEW MEDIA Malasia Editorial 8,04
STAR PUBLICATION Malasia Editorial 11,20
ADRESSEAVISEN Noruega Editorial 8,26
ASKER OG BAERUMS Noruega Editorial 20,84
BNE Peru Editorial 5,88
EDITORA EL COM-I Peru Editorial 6,36
AGORA Polonia Editorial 20,49
PPWK Polonia Editorial 100,52
WSIP Polonia Editorial 12,49
NATION MEDIA GRP Quenia Editorial 19,68
EDUC Russia Editorial 5,46
AMARIN PRINTING Tailandia Editorial 5,29
MATICHON PUB CO Tailandia Editorial 6,10
POST PUBLISH PCL Tailandia Editorial 15,89
SE-EDUCATION PCL Tailandia Editorial 8,46
DM Taiwan Editorial 24,48
IQW Taiwan Editorial 2,59
DOGAN GAZETECILI Turquia Editorial 153,18
HURRIYET Turquia Editorial 10,99
SORC Ucrania Editorial 4,20
ZIMBABWE NEWPAP Zimbabue Editorial 200,00
SAUDI PRINTING & Arabia saudita Impressão 19,91
BOLDT SA Argentina Impressão 2,47
WELLCOM GRP LTD Australia Impressão 7,67
AMERICAN BANKNOT Brasil Impressão 6,70
QUEBECOR INC-A Canada Impressão 5,56
TRANSCONTINENT-A Canada Impressão 4,47
SHANG JIELONG-A China Impressão 49,74
FUNG CHOI MEDIA Cingapura Impressão 1,76
SHANGHAI ASIA HO Cingapura Impressão 1,41
SNP CORP LTD Cingapura Impressão 8,65
SHOROUK PRINTING Egito Impressão 10,61
AMVIG HOLDINGS Hong kong Impressão 32,88
CHUNG TAI PRINT Hong kong Impressão 24,85
MIDAS INTL HOLDI Hong kong Impressão 6,81
ALLAMI NYOMDA Hungria Impressão 9,81
INFOMEDIA INDIA India Impressão 33,55
NAVNEET PUBL India Impressão 16,90
DAI NIPPON PRINT Japão Impressão 5,04
KOSAIDO CO LTD Japão Impressão 7,88
KYODO PRINTING Japão Impressão 5,13
KYORITSU PRINTIN Japão Impressão 4,56
MITSUMURA PRINTI Japão Impressão 6,46
MIURA PRINTING Japão Impressão 27,91
NISSHA PRINTING Japão Impressão 9,32
PRONEXUS INC Japão Impressão 6,14
SANKO SANGYO CO Japão Impressão 6,81
SEKI CO LTD Japão Impressão 6,01
SUN MESSE CO LTD Japão Impressão 6,34
TAKARA PRINTING Japão Impressão 6,01
TAKEDA PRINTING Japão Impressão 3,95
TOPPAN FORMS CO Japão Impressão 4,07
TOPPAN PRINTING Japão Impressão 6,37
TOSHO PRINTING Japão Impressão 4,60
VIA HOLDINGS INC Japão Impressão 12,92
ZENRIN CO LTD Japão Impressão 15,51
FIMA CORP BHD Malasia Impressão 4,42
KOZA DAVETIYELER Turquia Impressão 5,78
HUNYANI HOLDINGS Zimbabue Impressão 200,00
Figura 54: Múltiplos de EBITDA das empresas selecionadas (DAMODARAN ONLINE).
A partir dos dados da figura 54 é possível se fazer algumas análises de acordo com o
setor de atuação. As figuras 55 e 56 apresentam o histograma do múltiplo de EBITDA para o
setor de editorial e impressão respectivamente.
86
20
8
4
19
40
18
De 5-10 De 20-25De 10-15De 0-5 De 15-20 Acima de
25
Fre
qu
ên
cia
Múltiplo de Ebitda
Número de Empresas: 109
Média: 23,36
Máximo: 200,00
Mínimo: 2,12
Figura 55: Histograma dos múltiplos de EBITDA para o setor editorial. (DAMODARAN
ONLINE).
5
1
3
2
18
9
De 20-25 Acima de
25
De 15-20De 10-15De 0-5 De 5-10
Fre
qu
ên
cia
Múltiplo de Ebitda
Número de Empresas: 38
Média: 15,76
Máximo: 200,00
Mínimo: 1,41
Figura 56: Histograma dos múltiplos de EBITDA para o setor de impressão. (DAMODARAN
ONLINE).
87
Como pode ser visto nas figuras 55 e 56 o setor editorial apresenta uma média de
múltiplos melhor que o setor de impressão, fato que corrobora a análise qualitativa feita
anteriormente, já que o setor editorial apresenta uma posição mais favorável na cadeia
produtiva. Os múltiplos de EBITDA da Peixes ficaram entre 13,01 e 15,27, muito próximos
da média de mercado do setor de impressão.
88
89
4 AVALIAÇÃO DA AQUISIÇÃO
Depois de realizadas todas as análises, tanto a qualitativa como a quantitativa e tendo-
se determinado o valor da Peixes, é possível se ter um parecer a respeito da aquisição. Vale
lembrar que o trabalho foi focado no potencial de mercado da Peixes, assumindo-se que os
dados contábeis da empresa estejam em ordem, fato esse que deve ser verificado caso se tome
a decisão pela aquisição.
A avaliação do posicionamento estratégico da Peixes demonstrou se tratar de uma
empresa que atua no elo mais fraco da cadeia produtiva, ou seja, é constantemente
pressionada pelas empresas situadas tanto a montante como a jusante da cadeia. Fato esse
muito difícil de alterar, dependendo de uma mudança nas competências essenciais da
empresa, que a levaria a outros mercados. O fato de o mercado de atuação da Peixes ser
altamente dominado pelo governo é outro agravante para a empresa, já que a mudança de
governantes pode acarretar a mudança dos programas do livro, o que impactaria fortemente o
mercado da empresa.
A avaliação financeira demonstrou que o mercado da Peixes não apresenta um
potencial muito grande de crescimento, principalmente pelo fato de a empresa não ser um
fornecedor integrado, ou seja, possuir tanto capacidade de impressão como de acabamento, o
que faz com que ela não tenha a preferência das editoras no momento da contratação dos
fornecedores.
Devido a todos esses fatores, pode-se traçar três diferentes estratégias para a empresa
compradora, cada estratégia tento os seus riscos e retornos inerentes:
Compra da Peixes: a empresa compradora pode optar pela compra da Peixes e
posteriormente realizar investimentos em capacidade de impressão, para que a
empresa se torne um fornecedor integrado e com isso melhore
substancialmente o seu posicionamento no mercado. Vale notar que para essa
possibilidade, deve ser deduzido do valor da Peixes calculado anteriormente os
investimentos necessários para a aquisição de capacidade de impressão por
parte da empresa.
90
Compra de uma empresa integrada: busca no mercado de uma empresa
integrada, ou seja, que já fornece serviços de impressão e acabamento gráfico.
Essa alternativa provavelmente acarretará à empresa compradora um custo
maior, já que esse tipo de empresa está melhor posicionada no mercado.
Constituição desde o início de uma nova empresa gráfica. Essa alternativa é
bastante ariscada devido à característica do mercado de ser fortemente
influenciado por relacionamentos de longo prazo, o que pode fazer com que a
empresa a ser constituída tenha dificuldade para atrair os clientes. Além disso,
a nova empresa teria dificuldade de conseguir uma escala que a permitiria
concorrer com as grandes empresas do setor.
A figura 57 apresenta um resumo das principais possibilidades, com os pontos fortes e
fracos de cada uma.
Alternativa Pontos fortes Pontos Fracos
Compra da Peixes
• Empresa já estabelecida no mercado
• Já possui contato e relacionamento
com os clientes
• Possui uma escala considerável
• Necessidade de investimentos em
capacidade de impressão
• Necessidade de adequação da cultura
da empresa
Compra de uma empresa
integrada (gráfica +
acabamento)
• Empresa já estabelecida no mercado,
possuindo escala de produção
considerável
• Empresa melhor posicionada
estrategicamente
• Necessidade de maiores investimentos
• Necessidade de adequação da cultura
da empresa
Constituição de uma nova
empresa
• Empresa constituída já de acordo com
a cultura da empresa compradora.
• Falta de relacionamento com os
clientes
• Dificuldade em conseguir escala
Figura 57: Resumo das alternativas de investimento para entrada no mercado (elaborado pelo
autor).
Ao final do projeto, a empresa compradora optou pela não realização da aquisição, já
que se do ponto de vista comercial a Peixes não apresenta um potencial significativo, do
ponto de vista contábil (análise que não fez parte do escopo deste projeto), a empresa
apresentou problemas com o recolhimento de impostos. Tendo em vista esse fato, a aquisição
de uma empresa integrada (que possua tanto serviços de impressão como de
acabamento) se torna a melhor alternativa para a empresa compradora.
91
5 CONCLUSÃO
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de se avaliar uma empresa do setor
gráfico dando um parecer a respeito da aquisição da mesma, sendo primeiramente realizada
uma avaliação do posicionamento estratégico da empresa e posteriormente uma avaliação do
seu potencial de crescimento.
A análise do posicionamento estratégico foi focada principalmente na análise do setor
proposta por Porter e na análise das competências essenciais proposta por Prahalad. As duas
análises foram extremamente úteis para posteriormente ser possível assumir premissas para a
avaliação financeira. Como resultado da análise, se conclui que a Peixes não se encontra
numa posição muito favorável no mercado, sendo constantemente pressionada tanto por seus
fornecedores como por seus clientes. O fato de a Peixes não possuir capacidade de impressão
dificulta o seu relacionamento com as editoras, que preferem comprar de empresas integradas
(que forneçam impressão e acabamento).
A avaliação financeira foi realizada conforme uma abordagem top down, ou seja,
primeiramente se construiu o crescimento esperado do mercado e posteriormente, assumindo
premissas de market share, se chegou à projeção de receitas da empresa. Os custos da
empresa foram divididos entre variáveis e fixos e também projetados, chegando-se assim na
projeção de fluxos de caixa para a empresa.
A avaliação financeira não serviu apenas para se chegar ao valor da Peixes, mas
também para se conhecer melhor a empresa estudada e identificar as alavancas de valor no
mercado em que ela atua. Além disso, a avaliação da empresa possibilitou a formulação de
estratégias diferentes de entrada no mercado para a empresa estrangeira, sendo a compra de
uma empresa integrada a melhor alternativa.
A dificuldade de se conseguir dados a respeito do mercado e das empresas que atuam
nele foi um limitante importante para esse trabalho, já que poucas empresas desse setor
possuem ações listadas em bolsa de valores.
Foram aplicados princípios da engenharia econômica (fluxo de caixa descontado e
análise de investimentos) e de estratégia (cinco forças de Porter, análise de posicionamento
estratégico).
92
93
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIACAO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA GRÁFICA (ABIGRAF). Anuário
estatístico da indústria gráfica. ABIGRAF. São Paulo, 2003-2008.
CAMARA BRASILEIRA DO LIVRO (CBL). Diagnóstico do setor editorial brasileiro. São
Paulo, 2000.
CASAROTTO, N. C.; KOPITTKE, B. H.. Análise de investimentos. 9ª Ed. São Paulo:
Editora Atlas S.A., 2000. 458 p.
COPELAND, T.; KOLLER, T.; MURRIN, J.. Avaliação de empresas - Valuation:…. 3ª
Ed. Tradução de Allan Vidigal Hastings. Sao Paulo: Pearson Makron Brooks, 2002. 499 p.
COX, A; SANDERSON, J; WATSON, G.. Supply chain and power regimes:…. The
journal of Supply Chain Management, v.37, 2001.
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