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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
ADRIANO SCHIBINSKI PRESTES FERNANDO PARTICA DA SILVA
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO TRANSPORTE E MANUSEIO DE FORMAS DE ALUMÍNIO UTILIZADAS PARA MOLDAGEM DE PAREDES DE CONCRETO NA
CONSTRUÇÃO CIVIL
PONTA GROSSA 2009
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ADRIANO SCHIBINSKI PRESTES FERNANDO PARTICA DA SILVA
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO TRANSPORTE E MANUSEIO DE FORMAS DE ALUMÍNIO UTILIZADAS PARA MOLDAGEM DE PAREDES DE CONCRETO NA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Estadual de Ponta Grossa, como parte das exigências para a obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.
Orientador: Prof. Dr. Jose Adelino Krüger
PONTA GROSSA 2009
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RESUMO
A atividade da construção civil no Brasil, para manter-se competitiva no mercado, busca constantemente a adoção de novas tecnologias e métodos construtivos. A utilização do sistema construtivo utilizando fôrmas ou moldes torna-se uma ferramenta crucial para empresas que buscam maximizar recursos, mão-de-obra e insumos para a construção. A adoção dessas novas tecnologias implica no surgimento de novos riscos para os trabalhadores, sendo necessários estudos para a resolução dos mesmos. A análise ergonômica do sistema construtivo utilizando fôrmas ou moldes é o objetivo proposto no presente trabalho, no qual o Diagrama de Corlett e Manenica, o método OWAS e a equação de NIOSH foram as ferramentas ergonômicas utilizadas para o levantamento dos dados. Utilizando o método OWAS, verificou-se que as atividades mais prejudiciais aos trabalhadores são as de levantamento, manuseio e abaixamento das peças. A equação de NIOSH caracterizou que as cargas das peças FA91,5 e CA30 podem gerar comprometimento no sistema musculoesquelético do trabalhador. Com o uso do Diagrama de Corlett e Manenica, sugere que as dores lombares, das mãos e dos joelhos são provenientes do transporte da peças FA91,5 e CA30. No entanto, as reais origens dos desconfortos e dores dos trabalhadores no canteiro de obras são de difícil identificação, uma vez que este se apresenta como um cenário hostil onde os riscos para os trabalhadores são originados de inúmeras fontes. Os resultados extraídos nesta pesquisa podem servir como recomendações e sugestões para futuros estudos visando a melhoria e o bem-estar do trabalhador. Palavras-chave: Construção Civil. Análise Ergonômica. Novos Métodos Construtivos.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 FIGURA 2 FIGURA 3 FIGURA 4 FIGURA 5 FIGURAS 6, 7 e 8 FIGURA 9 FIGURA 10 FIGURA 11 FIGURA 12 FIGURA 13 FIGURA 14 FIGURA 15 FIGURA 16 FIGURA 17 FIGURA 18 FIGURA 19 FIGURA 20 FIGURA 21 FIGURA 22 FIGURA 23 FIGURA 24 FIGURA 25 FIGURA 26 FIGURA 27 FIGURA 28 FIGURA 29 FIGURA 30 FIGURA 31 FIGURA 32 FIGURA 33 FIGURA 34 FIGURA 35 FIGURA 36 FIGURA 37 FIGURA 38 FIGURA 39 FIGURA 40 FIGURA 41 FIGURA 42 FIGURA 43 FIGURA 44 FIGURA 45 FIGURA 46 FIGURA 47 FIGURA 48 FIGURA 49 FIGURA 50 FIGURA 51 FIGURA 52 FIGURA 53 FIGURA 54 FIGURA 55 FIGURA 56
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EXECUÇÃO DA COMPACTAÇÃO DO SOLO................................. TERRAPLENAGEM.........................................................................MONTAGEM DO GABARITO.......................................................... MEDIÇÃO DO GABARITO............................................................... COLOCAÇÃO DAS TUBULAÇÕES................................................. MONTAGEM DAS FÔRMAS DO RADIER...................................... COLOCAÇÃO DA LONA PLÁSTICA............................................... MONTAGEM DA ARMAÇÃO........................................................... POSICIONAMENTO DAS MESTRAS DE CONCRETAGEM.......... RETIRADA DAS FÔRMAS.............................................................. CURA DO CONCRETO................................................................... MARCAÇÃO DO RADIER................................................................ INSTALAÇÃO DAS CANTONEIRAS............................................... ARMADURAS DE REFORÇO......................................................... INSTALAÇÃO DE REDE ELÉTRICA............................................... MONTAGEM DOS PAINÉIS ........................................................... APLICAÇÃO DO DESMOLDANTE.................................................. INSTALAÇÃO DAS FÔRMAS DE BATENTE.................................. MONTAGEM DAS FÔRMAS........................................................... TRAVAMENTO DOS PAINÉIS........................................................ POSICIONAMENTO DOS ANDAIMES............................................ PREENCHIMENTO COM CONCRETO........................................... CURA DAS PAREDES DE CONCRETO......................................... FIXAÇÃO DA ESTRUTURA DE APOIO DO TELHADO.................. MONTAGEM DA ESTRUTURA DO TELHADO............................... INSTALAÇÃO DAS TELHAS........................................................... MONTAGEM DA CUMEIRA............................................................. MONTAGEM DAS TESTEIRAS, CALHAS E RUFOS..................... INSTALAÇÃO DE ELETRUDUTOS................................................. INSTALAÇÃO DE INTERRUPTORES............................................. CAIXA DE DISTRIBUIÇÃO.............................................................. INSTALAÇÃO DO FORRO.............................................................. APLICAÇÃO DA TINTA SELADORA DO FORRO.......................... APLICAÇÃO DA TEXTURA DO FORRO......................................... APLICAÇÃO DA MASSA CORRIDA NAS PAREDES..................... REGULARIZAÇÃO DO PISO........................................................... INSTALAÇÃO DAS PORTAS.......................................................... INSTALAÇÃO DAS JANELAS......................................................... ASSENTAMENTO DO PISO CERÂMICO....................................... ASSENTAMENTO DE AZULEJOS.................................................. PINTURA DE PORTAS.................................................................... PINTURA DAS PAREDES INTERNAS............................................ PINTURA DAS TABEIRAS E TESTEIRAS...................................... APLICAÇÃO DE IMPERMEABILIZANTE........................................ PINTURA DAS PAREDES EXTERNAS.......................................... INSPEÇÃO E LIMPEZA GERAL...................................................... POSIÇÃO STANDART SEGUNDO NIOSH..................................... FLUXOGRAMA PARA DEFINIÇÃO DE QUALIDADE DA PEGA... CLASSIFICAÇÃO DAS POSTURAS PELO SISTEMA WINOWAS... MAPA DAS REGIÕES CORPORAIS PARA AVALIAÇÃO DE DOR/DESCONFORTO.................................................................... TRENA UTILIZADA NA PESQUISA................................................ BALANÇA ELETRÔNICA UTILIZADA NA PESQUISA.................... CÂMERA FOTOGRÁFICA UTILIZADA NA PESQUISA.................. TRABALHADORES COM TREINAMENTO E SEM TREINAMENTO...............................................................................
15 15 16 16 16 17 17 17 18 18 18 19 19 19 19 20 20 20 20 20 21 21 21 22 22 22 22 22 23 23 23 24 24 24 24 24 24 25 25 25 25 25 25 26 26 26 40 42 45
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FIGURA 57 FIGURA 58 FIGURA 59 FIGURA 60 FIGURA 61 FIGURA 62 FIGURA 63 FIGURA 64 FIGURA 65 FIGURA 66 FIGURA 67 FIGURA 68 FIGURA 69 FIGURA 70 FIGURA 71 FIGURA 72 FIGURA 73 FIGURAS 74 a 89 FIGURA 90 FIGURA 91 FIGURA 92 FIGURA 93 FIGURA 94 FIGURA 95 FIGURAS 96 a 103 FIGURA 104 FIGURA 105 FIGURA 106 a 118 FIGURA 119 FIGURA 120 FIGURA 121 FIGURA 122 FIGURA 123 FIGURA 124 FIGURA 125 FIGURA 126 FIGURA 127 FIGURA 128 FIGURA 129 FIGURA 130
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IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO SOBRE TRANSPORTE DE CARGAS.......................................................................................... CONFECÇÃO DO GABARITO........................................................ INSTALAÇÃO DA TUBULAÇÃO ELÉTRICA E HIDRÁULICA DO PISO................................................................................................. CONFECÇÃO DO RADIER............................................................. COLOCAÇÃO DAS CANTONEIRAS............................................... MONTAGEM DA ARMADURA DA PAREDE................................... INSTALAÇÃO DA TUBULAÇÃO ELÉTRICA E HIDRÁULICA DA PAREDE........................................................................................... MONTAGEM DAS FÔRMAS........................................................... CONCRETAGEM ............................................................................ DESMONTAGEM DAS FÔRMAS.................................................... PAR DE CASAS E PAREDE GEMINADA....................................... CONJUNTO DE FÔRMAS DE ALUMÍNIO ...................................... FÔRMA DE ALUMÍNIO 91,5 CM X 280 CM.................................... CANTONEIRA DE ALUMÍNIO 30 CM X 280 CM X 30 CM.............. FLUXOGRAMA DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA........... ESQUEMA DOS TRAJETOS REALIZADOS DURANTE O TRANSPORTE DA PEÇA FA91,5................................................... ESQUEMA DOS TRAJETOS REALIZADOS DURANTE O TRANSPORTE DA PEÇA CA30...................................................... ESQUEMA DAS ATIVIDADES DA TAREFA 01.............................. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.1................. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.1................................................................................ CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.2............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.2............................................................................... CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.3............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.3................................................................................ ESQUEMA DAS ATIVIDADES DA TAREFA 02.............................. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 2.1............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 2.1................................................................................ ESQUEMA DAS ATIVIDADES DA TAREFA 03.............................. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.1............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.1................................................................................ CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.2............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.2................................................................................ CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.4............. CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.4................................................................................ POSIÇÃO DE INÍCIO DE LEVANTAMENTO DA PEÇA FA91,5..... SUSPENSÃO TOTAL DA PEÇA FA91,5 ....................................... POSIÇÃO DE INÍCIO DE LEVANTAMENTO DA PEÇA CA30........ SUSPENSÃO TOTAL DA PEÇA CA30 .......................................... INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE DOR/DESCONFORTO NAS 28 REGIÕES CORPORAIS............................................................. LOCALIZAÇÃO DO DISCO L5-S1 DA COLUNA VERTEBRAL......
52 53
53 54 54 54
54 54 54 55 55 56 56 57 58
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 TABELA 2 TABELA 3 TABELA 4 TABELA 5 TABELA 6 TABELA 7
– – – – − – –
COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS CONSTRUTIVOS................ CÁLCULO DO FATOR FREQUÊNCIA DE LEVANTAMENTO............. FATOR QUALIDADE DE PEGA........................................................... VARIÁVEIS PARA CADA SITUAÇÃO.................................................. COEFICIENTES PARA A EQUAÇÃO DE NIOSH................................ VALORES DOS PESOS DAS PEÇAS, LIMITE DE PESO RECOMENDADO E ÍNDICE DE LEVANTAMENTO............................. RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA ESCALA DE NÍVEIS DE DOR/DESCONFORTO DE CORLETT E MANENICA..........................
15 41 41 87 87
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LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 QUADRO 2 QUADRO 3 QUADRO 4 QUADRO 5 QUADRO 6 QUADRO 7
– − – – – – –
CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.1.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.2.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.3.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 2.1.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.1.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.2.......................................................... CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.4..........................................................
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 1.1 OBJETIVOS.............................................................................................. 1.1.1 Objetivo Geral........................................................................................ 1.1.2 Objetivos Específicos............................................................................ 1.2 JUSTIFICATIVA........................................................................................ 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 2.1 CONSTRUÇÃO CIVIL.............................................................................. 2.2 SISTEMA CONSTRUTIVO UTILIZANDO FÔRMAS............................... 2.2.1 Descrição do Sistema Construtivo......................................................... 2.2.1.1 Fundações.......................................................................................... 2.2.1.2 Estruturas e paredes de concreto...................................................... 2.2.1.3 Coberturas.......................................................................................... 2.2.1.4 Instalações.......................................................................................... 2.2.1.5 Acabamento........................................................................................ 2.3 ERGONOMIA........................................................................................... 2.3.1 Segurança, saúde e bem-estar no trabalho.......................................... 2.3.2 A adaptação e projeto do posto de trabalho.......................................... 2.4 POSTURAS NO TRABALHO................................................................... 2.5 TRANSPORTE E LEVANTAMENTO MANUAL DE CARGAS................. 2.6 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO – A.E.T................................. 2.7 FERRAMENTAS ERGONÔMICAS.......................................................... 2.7.1 Método de NIOSH................................................................................. 2.7.2 Sistema OWAS...................................................................................... 2.7.3 Diagrama de áreas dolorosas de Corlett e Manenica (1980)................ 3 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................... 4 ANÁLISES E DISCUSSÕES...................................................................... 4.1 O PROCESSO PRODUTIVO EM ESTUDO............................................. 4.2 ANÁLISE ATRAVÉS DO MÉTODO OWAS.............................................. 4.2.1 Descrição da Tarefa 01 – Transporte (para interior da casa), montagem, desmontagem e transporte (para exterior da casa) da peça FA91,5 realizadas por apenas um trabalhador durante todo o ciclo da atividade......................................................................................................... 4.2.2 Descrição da Tarefa 02 – Transporte (para interior da casa com dois trabalhadores), montagem (um trabalhador), desmontagem (um trabalhador) e transporte (para exterior da casa por dois trabalhadores) da peça FA91,5................................................................................................... 4.2.3 Descrição da Tarefa 03 – Transporte, montagem, desmontagem e transporte da peça CA30 realizada por apenas um trabalhador durante todo o ciclo da atividade................................................................................. 4.3 SOFTWARE WINOWAS ........................................................................ 4.3.1 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 01............... 4.3.2 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 02............... 4.3.3 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 03............... 4.4 AVALIAÇÃO DO LEVANTAMENTO DE CARGAS – NIOSH.................. 4.4.1 Situação 01 - Levantamento da peça FA91,5 realizada por um trabalhador...................................................................................................... 4.4.2 Situação 02- Levantamento da peça CA30 realizada por um trabalhador......................................................................................................
09 10 10 10 11
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4.5 AVALIAÇÃO DE NÍVEIS DE DESCONFORTO − DIAGRAMA DE CORLETT E MANENICA (1980).................................................................... 5 CONCLUSÃO............................................................................................. REFERÊNCIAS.............................................................................................. ANEXO A....................................................................................................... ANEXO B.......................................................................................................
88
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101
9
1 INTRODUÇÃO
A construção civil é responsável por 14,8% do PIB (Produto Interno Bruto)
do país. O setor de construção, que engloba edificações e construções pesadas,
responde por cerca de 9% do PIB e, dentro desse, estima-se que a construção de
edificações residenciais – objeto do estudo deste trabalho - represente cerca de 6%
do PIB (CIC/TREVISAN, 1999).
Internacionalmente, a atividade relacionada à produção habitacional assume
magnitudes diferenciadas em cada país, em função do seu estágio de
desenvolvimento. Porém, estima-se que sua participação seja também majoritária
dentro do valor agregado ou renda gerada pela construção civil (MCT/FINEP, 2000).
Além da importância econômica, a atividade da construção civil no país tem
relevante papel social, particularmente em função de dois aspectos. O primeiro é
relacionado à geração de empregos proporcionada pelo setor. Os dados disponíveis
mostram que o número de pessoas ocupadas no setor da construção era de 3,5
milhões em 1996, tendo sido de 4 milhões, no início da década de 90, representando
6 % do total do pessoal ocupado no período. O segundo relaciona-se ao elevado
déficit habitacional no país (CARDOSO, ABIKO E GONÇALVES, 2002).
Um estudo elaborado pela Fundação João Pinheiro em 2005, em parceria
com a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, gerou
informações sobre o déficit habitacional e a inadequação dos domicílios no Brasil.
Os números apontados pelo IBGE na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
- PNAD 2005 mostram que o déficit habitacional no Brasil passou de 7,2 milhões em
2004 para 7,9 milhões de domicílios em 2005 (DÉFICIT, 2006).
A construção civil é fortemente influenciada pelo desempenho global da
economia com grande sensibilidade a mudanças, reagindo favoravelmente e de
maneira rápida quando a economia se aquece. De maneira inversa, se houver
quadro de recessão na economia, a construção civil certamente sofrerá estagnação
nas suas atividades.
Conforme Iida (1992), a construção civil é um ramo de atividade que
emprega um grande contingente de mão-de-obra, principalmente daquela semi-
qualificada. Apesar de ser uma das mais antigas atividades produtivas do homem,
ela ainda é pouco estudada. É uma atividade que possui tarefas árduas e complexas
e o índice de acidentes desse setor é relativamente alto, devido à grande variedade
10
de tarefas executas pelos trabalhadores, que apresentam pouco ou nenhum
treinamento prévio para a realização das mesmas.
Outro problema que ocorre entre os trabalhadores da construção civil é o
fato dos mesmos subestimarem os riscos existentes no ambiente de trabalho, fato
esse que ocasiona uma necessidade de treinamento e conscientização quanto aos
riscos existentes em cada situação de trabalho bem como a forma correta de
prevenção de acidentes do mesmo (RIBEIRO, SOUTO E ARAÚJO, 2005).
Além da grande importância no setor habitacional, a construção civil,
segundo Picchi (1993) e Franco (1993) apud Krüger (2002), gera toda infra-estrutura
física para o funcionamento das atividades dos outros setores de mercado.
Percebe-se que, de maneira direta ou indireta, a construção civil participa do
processo produtivo de geração de riquezas do país, despertando interesse da
comunidade científica, que sob a forma de pesquisa suporta a melhoria constante
desta importante atividade.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
A partir dos conceitos e conhecimentos da Engenharia de Segurança do
Trabalho, aplicar os princípios da Ergonomia para analisar o processo de construção
de casas com a utilização de fôrmas metálicas.
1.1.2 Objetivos Específicos
Analisar ergonomicamente parte do processo da atividade de construção de
casas com a utilização de fôrmas, utilizando as seguintes ferramentas ergonômicas:
• Diagrama de dores e desconforto de Corlett e Manenica para verificar
a incidência de dor e ou desconforto musculoesqueléticos nos
trabalhadores de construção civil;
• Critério do NIOSH para estabelecimento do limite de peso
recomendado e índice de levantamento a fim de avaliar a carga (kg) a
que são submetidos os trabalhadores;
11
• Sistema OWAS para analisar as posturas adotadas pelos
trabalhadores durante suas atividades diárias;
• Sugerir de forma superficial, soluções para a atenuação e
neutralização de riscos, mostrando como a Ergonomia pode
solucionar problemas e contribuir para a melhoria das condições de
trabalho numa atividade da construção civil.
1.2 JUSTIFICATIVA
No Brasil, a construção civil tem como característica a forma artesanal de
atividades, principalmente com o uso de ferramentas manuais. O processo
construtivo desta atividade apresenta algumas características interessantes e
peculiares, que o diferenciam dos demais processos industriais (KRÜGER, 2002).
Krüger (2002) ressalta que muitas atividades da construção civil são
realizadas sob a influência das intempéries, intensificando a insalubridade e as más
condições de trabalho, sendo notória a precariedade do setor em termos de higiene
e segurança do trabalho, com elevados índices de acidentes. Os operários são
submetidos a esforços físicos excessivos causados pelas elevadas cargas que
manuseiam e transportam, além das posturas inadequadas e desgastantes às quais
são submetidos, devido às características das tarefas.
Corroborando as afirmações de Krüger (2002), Silva (1995) acredita que
ocorre marginalização da força de trabalho, caracterizada pelo desprovimento de
conhecimentos relativos à utilização de novas tecnologias.
Por esta atividade possuir tais características, mesmo não sendo intencional,
o processo dificilmente apresentará padronização nos resultados, acarretando o
pensamento de não se esperar o mesmo resultado anterior.
Segundo Oliveira (1993) apud Krüger (2002), há a necessidade de se buscar
novas tecnologias para baratear as habitações, bem como para construí-las de
forma mais rápida e com maior qualidade.
Para minimizar tal despadronização sem esquecer a rentabilidade,
atualmente muitas empresas vêm buscando diferentes técnicas de construção,
realizando diferentes atividades e utilizando novos materiais, exigindo novas formas
12
de execução no canteiro de obras e conseqüentemente criando novos riscos para o
trabalhador.
Dentre os vários sistemas construtivos empregados atualmente na execução
de habitações de interesse social no Brasil, destaca-se o sistema construtivo
utilizando fôrmas no qual os painéis monolíticos de concreto armado são moldados
in loco. Esse sistema é utilizado no Brasil desde os anos 80 e pode ser empregado
tanto em edificações térreas como de múltiplos pavimentos (IPT, 1998).
Nesse sistema construtivo as vedações das edificações possuem função
estrutural e são executadas no local de utilização empregando o concreto armado.
Na execução das vedações utiliza-se fôrma dupla (madeira, metálica ou mista), na
conformação desejada dos painéis, com as esquadrias e parte do sistema elétrico e
hidráulico, como tubulações, quadros, registros e caixas de passagem, já
posicionados no local de utilização no interior da fôrma. Esse sistema apresenta alta
produtividade, baixo índice de perdas, rapidez na execução; economia no uso de
revestimentos, ou mesmo a eliminação do revestimento de regularização e
diminuição da mão-de-obra (LORDSLEEM JUNIOR, 1998).
Tendo ciência da importância da construção civil na economia, e que
atualmente novas tecnologias estão sendo utilizadas nos canteiros de obras para
melhoria de resultados e maximização de lucros, gerando novos conceitos, novos
processos produtivos e novos riscos ao trabalhador, é que se justifica este trabalho.
A finalidade deste trabalho é analisar ergonomicamente um novo processo produtivo
a fim de caracterizar se esta atividade está sendo desenvolvida de forma saudável e
digna, trazendo para o trabalhador menor sofrimento, maior segurança, maior
produtividade e organização no trabalho.
13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 CONSTRUÇÃO CIVIL
A construção civil no Brasil, segundo pesquisa do SINDUSCON – SP criou
entre agosto de 2007 e agosto de 2008 357.000 novas oportunidades formais de
emprego. Estes dados mostram que este setor apresenta um grande crescimento,
sendo um negócio muito atrativo para investidores.
(http://www.catenaecastro.com.br/news/construcao-civil-cria-vagas-no-brasil).
No Brasil mais de quatro milhões de brasileiros vivem longe das grandes
cidades; estes compartilham do mesmo sonho, a casa própria num condomínio, com
churrasqueira no jardim e acabamento interno que satisfaça esta classe,
considerada como classe C embora tenha alcançado o ensino superior, a renda
familiar não ultrapassa 3.500 reais mensais (REVISTA VEJA, 2008).
A maior competitividade estimula as empresas a buscarem exaustivamente
técnicas de construção que diminuam o custo, o tempo e conseqüentemente aumentem
a rentabilidade da obra além de buscar nichos de mercados que ainda não são tão
explorados pelo setor imobiliário.
Uma das várias tecnologias que atendem à otimização dos recursos,
tornando a obra mais econômica e conseqüentemente mais acessível para o
consumidor brasileiro, é o processo de construção de paredes de concreto por meio
de moldes (fôrmas), no próprio local. Em vez de construir paredes erguendo tijolo
sobre tijolo, os moldes são colocados sobre a base e a parede é formada no próprio
local onde será erguida. O método, utilizado atualmente no Chile e na Colômbia,
serve tanto para a construção de casas populares de médio como de alto padrão
(http//: www.concretshow.com.br).
2.2 SISTEMA CONSTRUTIVO UTILIZANDO FÔRMAS
Usar módulos (fôrmas) para construção de casas é uma tecnologia que
provém da Europa devastada, após a Primeira Guerra Mundial. Foi com essa
tecnologia que países como a Alemanha conseguiram se reestruturar num período
14
de quinze anos de um déficit habitacional de cinco milhões de casas. Esse modelo
chegou ao Brasil na década de 60, quando o governo decidiu investir em fábricas de
peças modulares para a construção de casas populares, funcionando até meados de
1986, quando o Banco Nacional da Habitação fechou as portas. Então, algumas
construtoras brasileiras acumularam patrimônios milionários com a adoção desse
bem sucedido sistema, fato que explica por que mais de 25 empresas atualmente
possuem capital na bolsa para acumular recursos para seus projetos milionários de
expansão de mercado (REVISTA VEJA, 2008)
Entre as vantagens apontadas no método de construção de casa utilizando
fôrmas está a rapidez na execução, a utilização de pouca mão-de-obra, o menor
desperdício – uma vez que cada espaço é construído no tamanho certo, e a grande
redução de entulho proveniente de paredes quebradas. A tecnologia mostra que os
benefícios são ainda maiores quando os imóveis são produzidos em larga escala,
como os condomínios horizontais.
Os moldes dos imóveis podem ser feitos de duas maneiras: pelo sistema de
fôrmas de alumínio ou formas de PVC. Empresas especializadas alugam ou vendem
o material de acordo com a necessidade do cliente. O custo compensa em
construções acima de cem unidades. Atualmente são produzidos três tamanhos
padrões de fôrmas, sendo possível confeccioná-las de acordo com a necessidade
de cada cliente. (REVISTA VEJA, 2008)
O processo tem como principal objetivo a redução do tempo de construção,
pois após a instalação dos moldes é necessária apenas a injeção do concreto
pastoso por meio de tubos de mangueiras para o preenchimento da fôrma já na
posição desejada.
Em casas, por exemplo, é possível erguer uma moradia popular com cerca
de 70 metros quadrados em apenas 30 dias, com reduzido contingente de mão-de-
obra, com custo aproximado de R$ 20 mil reais. Metade do tempo de construção, se
comparado com as casas feitas de tijolo, além da redução de mão-de-obra,
conforme a tabela a seguir.
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TABELA 1 − COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS CONSTRUTIVOS
Método com Moldes Método Convencional
Tempo para construir uma casa 01 mês 02 meses
Número funcionários/casa 11 18
Custo da Construção (m²) 540 reais 615 reais
Margem de Lucro 18% 15%
Preço do Imóvel (70m²) 85.000 reais 120.000 reais
FONTE: Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio e Poli/Usp (Veja 2008).
2.2.1 Descrição do Sistema Construtivo
O sistema construtivo utilizando fôrmas é dividido nas seguintes etapas:
fundações, estrutura, paredes de concreto, cobertura, instalações e acabamentos.
2.2.1.1 Fundações
Neste primeiro momento é executada a compactação do solo para evitar
possíveis deformidades do radier, se este sofrer algum tipo de sobrecarga durante a
execução da obra (Figura 01). Em seguida é efetuada a terraplenagem, na qual o
nivelamento e acerto do terreno deve ser o mais próximo possível da cota do
projeto, evitando a correção manual do terreno e consequentemente desperdício de
tempo (Figura 02).
FIGURA 2 – TERRAPLENAGEM FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 1 − EXECUÇÃO DA COMPACTAÇÃO DO SOLO FONTE: Os autores (2009)
16
Os próximos passos após a terraplenagem são a montagem e a marcação
do gabarito; nessa etapa é realizado o nivelamento, assim não há possibilidade de
erros de instalações e fôrmas, caracterizando essa etapa como um importante ponto
de controle (Figuras 03 e 04).
A colocação da tubulação elétrica e de esgoto (Figura 05) é a próxima etapa.
O posicionamento das tubulações deve ser criterioso, uma vez que estas são
embutidas nas paredes; o não atendimento deste item leva ao retrabalho na
montagem das fôrmas das paredes.
FIGURA 4 − MEDIÇÃO DO GABARITO FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 3 − MONTAGEM DO GABARITO FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 5 − COLOCAÇÃO DAS TUBULAÇÕES FONTE: Os autores (2009)
17
Nessa etapa de trabalho, com o terreno previamente preparado é realizada a
montagem das fôrmas do radier seguindo criteriosamente as espessuras e
dimensões especificadas no projeto (Figuras 06, 07 e 08).
Para garantir uma eficiente cura do concreto, evitando que este não entre
em contato com a terra, é realizada nesta etapa a instalação da lona plástica (Figura
09). Logo após este passo é feita a montagem da armação, cuja finalidade é
proporcionar resistência ao radier (Figura 10).
Para o recebimento do concreto é imprescindível o correto posicionamento
das mestras de concretagem, como mostra a Figura 11. Neste momento é definida a
correta espessura do radier, especificada no projeto. A próxima tarefa é o
lançamento, a vibração e o sarrafeamento do concreto.
FIGURAS 6, 7 E 8 − MONTAGEM DAS FÔRMAS DO RADIER FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 9 − COLOCAÇÃO DA LONA PLÁSTICA FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 10 − MONTAGEM DA ARMAÇÃO FONTE: Os autores (2009)
18
Com o concreto seco é realizada a retirada das formas do radier (Figura 12),
e se faz a cura do concreto por no mínimo três dias, evitando assim o risco de
fissuras e trincas no mesmo por retração plástica (Figura 13).
2.2.1.2 Estruturas e paredes de concreto
A próxima etapa desse sistema de construção é a confecção das paredes
utilizando as fôrmas ou moldes. O primeiro passo é a marcação do radier, devendo
ser feita com grande precisão, levando em conta o gabarito e a posição das
tubulações, que serão embutidas na parede (Figura 14). Posteriormente são
FIGURA 11 − POSICIONAMENTO DAS MESTRAS DE CONCRETAGEM FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 12 − RETIRADA DAS FÔRMAS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 13 − CURA DO CONCRETO FONTE: Os autores (2009)
19
instaladas as cantoneiras, como mostra a Figura 15, e em seguida as armaduras de
reforços, instalações de rede elétrica e rede hidráulica (Figuras 16 e 17).
Depois de instalado todo o esqueleto estrutural da casa e quando suas
instalações elétricas e hidráulicas estiverem preparadas, é o momento da montagem
dos painéis, constituindo assim as fôrmas que receberão o concreto.
As fôrmas de alumínio sempre serão montadas aos pares, o painel interior e
o painel exterior; estes receberão uma solução de desmoldante que facilitará o
desmonte dos painéis quando o concreto estiver seco. Essa etapa é de vital
importância para as fôrmas, uma vez que possibilita o desmonte sem a necessidade
de uso de materiais que poderiam danificar os painéis, além de reduzir o tempo que
seria gasto se houvesse a necessidade de limpá-los (Figuras 18 e 19).
FIGURA 14 − MARCAÇÃO DO RADIER FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 15 − INSTALAÇÃO DAS CANTONEIRAS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 17 − INSTALAÇÃO DE REDE ELÉTRICA FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 16 − ARMADURAS DE REFORÇO FONTE: Os autores (2009)
20
Após a montagem dos painéis internos, são instaladas as formas de
batentes das janelas e portas, como mostra a Figura 20. Em seguida é iniciada a
montagem dos travamentos entre estes painéis, para a estabilização da estrutura e
posterior recebimento do concreto (Figuras 21 e 22).
Com o término da montagem das placas, estas constituindo as fôrmas, é
necessária uma conferência criteriosa das mesmas, corrigindo o alinhamento e o
prumo se necessário, caso contrário o retrabalho será muito grande, pois as
correções das paredes de concreto só poderão ser feitas com a aplicação de
argamassa.
Com toda a estrutura travada e bem posicionada, o próximo passo é o
posicionamento dos andaimes de serviço nos quase as treliças são apoiadas e
travadas (Figura 23) permitindo que os trabalhadores possam montar o restante dos
painéis e em seguida preencher as fôrmas com o concreto (Figura 24).
FIGURA 18 − MONTAGEM DOS PAINÉIS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 19 − APLICAÇÃO DO DESMOLDANTE FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 20 − INSTALAÇÃO DAS FÔRMAS DE BATENTE FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 21 − MONTAGEM DAS FÔRMAS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 22 − TRAVAMENTO DOS PAINÉIS FONTE: Os autores (2009)
21
Uma vez aplicado o concreto e este estando seco, a atividade subseqüente
é a desmontagem das fôrmas. Neste momento é realizada a retirada dos andaimes
de serviço, dos fixadores de conexões hidráulicas e caixas elétricas, dos pinos e
travamentos. Durante a desforma é realizado o transporte dos painéis; estes serão
deslocados manualmente pelos operários até a próxima construção. Neste
momento, o trabalhador realiza grande esforço físico, pois o transporte é realizado
individualmente na maioria dos casos.
Depois de executada a desmontagem dos painéis, o processo de cura das
paredes é de suma importância (Figura 25), caso contrário, devido às altas
temperaturas, poderá ocorrer o aparecimento de fissuras nas paredes.
FIGURA 23 − POSICIONAMENTO DOS ANDAIMES FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 24 − PREENCHIMENTO COM CONCRETO FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 25 − CURA DAS PAREDES DE CONCRETO FONTE: Os autores (2009)
22
2.2.1.3 Coberturas
Com as paredes erguidas, o item que segue é a instalação de cobertura,
subdividida em 5 etapas, descritas nas Figuras 26 a 30, a seguir:
FIGURA 27 − MONTAGEM DA ESTRUTURA DO TELHADO FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 26 − FIXAÇÃO DA ESTRUTURA DE APOIO DO TELHADO FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 30 − MONTAGEM DAS TESTEIRAS, CALHAS E RUFOS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 29 − MONTAGEM DA CUMEIRA FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 28 − INSTALAÇÃO DAS TELHAS FONTE: Os autores (2009)
23
As Figuras 26 e 27 apresentam a estrutura de fixação da estrutura do telhado.
As Figuras 28 e 29 ilustram a etapa de instalação das telhas e da cumeira
respectivamente. A montagem da testeira é apresentada pela Figura 30.
2.2.1.4 Instalações
Realizada a etapa de cobertura da casa, a próxima atividade construtiva é a
instalação dos eletrodutos, a passagem dos fios para as tomadas, interruptores,
chuveiros, a montagem da caixa de distribuição e a ligação dos circuitos (Figuras 31
a 33). A colocação dos espelhos e placas, a ligação à rede externa e o teste do
sistema elétrico finalizam esta etapa do processo.
A instalação do sistema hidráulico é a atividade sequencial das descritas
acima; começa pela montagem do cavalete de entrada de água, logo após vem a
instalação da pia da cozinha, do vaso sanitário, do tanque da área de serviço,
terminando na instalação do lavatório.
2.2.1.5 Acabamento
Para finalizar o processo construtivo, o acabamento é a última etapa a ser
realizada, subdividindo-se em 15 passos, conforme as figuras a seguir (Figuras 34 a
48):
FIGURA 31 − INSTALAÇÃO DE ELETRUDUTOS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 33 − CAIXA DE DISTRIBUIÇÃO FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 32 − INSTALAÇÃO DE INTERRUPTORES FONTE: Os autores (2009)
24
FIGURA 34 − INSTALAÇÃO DO FORRO FONTE: Os autores (2009)0
FIGURA 35 − APLICAÇÃO DA TINTA SELADORA DO FORRO FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 36 − APLICAÇÃO DA TEXTURA DO FORRO FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 37 − APLICAÇÃO DA MASSA CORRIDA NAS PAREDES FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 39 − INSTALAÇÃO DAS PORTAS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 38 − REGULARIZAÇÃO DO PISO FONTE: Os autores (2009)
25
FIGURA 42 − ASSENTAMENTO DE AZULEJOS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 43 − PINTURA DE PORTAS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 44 − PINTURA DAS PAREDES INTERNAS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 45 − PINTURA DAS TABEIRAS E TESTEIRAS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 40 – INSTALAÇÃO DAS JANELAS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 41− ASSENTAMENTO DO PISO CERÂMICO FONTE: Os autores (2009)
26
2.3 ERGONOMIA
Etimologicamente, Ergonomia vem das palavras gregas ergon (trabalho) e
nomos (regras), e significa “Estudo das leis do trabalho”. Laville (1977) define
Ergonomia como uma disciplina que procura a melhoria das condições de trabalho.
Iida (1990) a define como um estudo da adaptação do trabalho ao homem. Partindo do pensamento de que o trabalho deve ser adaptado ao homem, e
não o contrário, é que só através do diagnóstico encontrado na análise de uma
atividade do trabalhador em seu posto de trabalho é possível atingir mais
rapidamente, de forma mais segura e a um menor custo, os objetivos visados em
termos da melhoria das condições de trabalho e, sobretudo, em termos
operacionais: confiabilidade, qualidade e produtividade.
FIGURA 47 − PINTURA DAS PAREDES EXTERNAS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 46 − APLICAÇÃO DE IMPERMEABILIZANTE FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 48 − INSPEÇÃO E LIMPEZA GERAL FONTE: Os autores (2009)
27
Segundo Sell (1990), a Ergonomia atua na adaptação do trabalho, da
técnica e do meio ambiente às pessoas e também contribui na adaptação das
mesmas ao trabalho, propondo esta análise sob dois ângulos, o trabalho e o
trabalhador. Stuebbe & Houshmand (1995), afirmam que o objetivo primário da
Ergonomia é balancear as exigências do trabalho com as capacidades do
trabalhador. Franco & Santos (1996) apud Krüger (1997) destacam que ao se
considerar o homem como apenas mais um elemento do sistema de produção, ele
tem que se adaptar às mudanças do processo, muitas vezes inadequadas, e que a
Ergonomia desponta com uma nova proposta: a adequação deste sistema ao
homem.
A Ergonomia pode ser definida, de maneira mais abrangente, como a
aplicação de conhecimentos científicos e de tecnologia no desenvolvimento de
ferramentas, máquinas, equipamentos, utensílios, dispositivos, sistemas e tarefas,
visando o conforto, a segurança, a saúde, a satisfação, o bem-estar e a eficiência no
trabalho e na vida cotidiana. Há que se considerar que o desenvolvimento de novas
tecnologias, como no presente trabalho, a construção de casas através da utilização
de fôrmas, implica progressivamente em novos constrangimentos impostos aos
trabalhadores. Também devem ser considerados os usuários indiretos, como por
exemplo, os consumidores, o pessoal da limpeza e da manutenção.
Segundo Falcão (2007), na Ergonomia leva-se em conta a sua abrangência
e o seu caráter interdisciplinar, pois exige a intervenção de estudiosos de vários
campos de atuação: Antropometria, Biomecânica, Fisiologia, Psicologia, Toxicologia,
Engenharia Mecânica, Desenho Industrial, Eletrônica, Informática, Gerência
Industrial, Engenharia de Produção. Esse amplo leque de disciplinas envolvidas
ressalta a complexidade da situação de trabalho, não sendo rara a seguinte
pergunta: a Ergonomia seria ciência ou tecnologia?
A Norma Regulamentadora NR 17 do Ministério do Trabalho e do Emprego,
intitulada “Ergonomia”, visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das
condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de
modo a proporcionar o máximo conforto, segurança e desempenho eficientes.
Condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao mobiliário, aos
equipamentos, à organização do trabalho e ao levantamento, transporte e descarga
de materiais. Estes últimos são focos do presente trabalho.
28
A construção civil é um dos setores da economia que possui grande
capacidade de gerar empregos diretos e indiretos, contudo apresenta sérios
problemas em relação às condições de trabalho dos operários, baixa qualificação e
altos índices de acidentes.
As tarefas necessárias para a execução dos serviços na construção civil são
inúmeras, submetendo o trabalhador a executá-las em várias posições e alturas,
posturas incorretas e ações que Smallwood (1997) apud Krüger (1997) relaciona como:
flexão, trabalho em posições agachadas, alcance de posições distantes do corpo e
acima da cabeça, movimentos repetitivos, carregamento de materiais e equipamentos
pesados, uso de força física, exposição a vibrações e ruídos, subidas e descidas.
Avellan Paniagua (1995) apud Krüger (1997), ressalta que na construção
civil a aplicação da Ergonomia assume grande importância devido à forte demanda
de atividades manuais, que submetem os operários a trabalhos com alto grau de
penosidade.
A utilização da Ergonomia como ferramenta de estudos visando a melhoria
da qualidade de serviços na construção civil é um grande desafio. A dificuldade da
aplicação de resultados, face ao nível de diversidade de tarefas, a precariedade e a
improvisação encontrados dentro do ambiente de trabalho da construção civil são
obstáculos ao desenvolvimento de idéias e planos para o alcance na qualidade de
serviços e produtos. A obtenção da qualidade significa para as empresas a sua
sobrevivência num mercado cada vez mais exigente e competitivo (GONÇALVES e
DEUS, 2001)
2.3.1 Segurança, saúde e bem-estar no trabalho
Atualmente a modernização traz às empresas elevado número de padrões,
que desafiam os modelos organizacionais, a qualidade, a produtividade e a
aplicação dos talentos humanos. A satisfação desses padrões é um dos desafios
enfrentados pelo administrador, já que “o desenvolvimento tecnológico da
atualidade, fator irreversível e irrefutável, tem lançado no ambiente empresarial uma
dose cada vez maior de desafios” (BERGAMINI, 1980, apud PONTES, 2005).
Chiavenato (1999) afirma que as diferenças individuais fazem com que as
pessoas tenham as suas próprias características de personalidades individualizadas,
29
suas aspirações, seus valores, suas atitudes, suas motivações, suas aptidões. Cada
pessoa é um fenômeno ímpar sujeito às influências de variáveis.
Quando as aspirações são afetadas, há a possibilidade de desencadear uma
série de descontentamentos que, por sua vez, poderão afetar o processo produtivo,
sendo que, nos dias atuais, “o ser humano, na busca da satisfação de suas
necessidades como um ser histórico e social, produz seus próprios bens através do
trabalho” (DETONI, 2001).
O significado do bem-estar individual e social se traduz no entendimento e
no conhecimento do trabalho numa perspectiva não somente do próprio posto de
trabalho, como também no posto de trabalho dos outros trabalhadores. Esse estado
proporciona ao empregado a sensação de satisfaçãor, já que expõe ao indivíduo a
valorização de seu trabalho. Desperta ainda o interesse pela organização, o que
resulta em empregados mais eficientes e eficazes.
Sob o ponto de vista homem/organização, o sentimento de inutilidade e
discriminação pode acarretar ao trabalhador insatisfação resultando em baixa
produtividade, maior número de rejeitos, acidentes de trabalho, declínio da qualidade
e consequentemente declínio da competitividade.
Botelho (1991) apud Pontes (2005) define a empresa ideal como sendo:
“aquela que produz o máximo possível, ao menor custo possível, gerando satisfação
para seus clientes e realizações para seus funcionários”.
Boog (1991) afirma que as organizações precisam tratar as pessoas como
pessoas e não como recursos, tais como equipamentos, prédios, mesas e cadeiras;
defende o autor que o bem-estar dos empregados nas organizações é de
fundamental importância, e para ocasionar tal mudança a cultura das organizações
deve acompanhar as novas posturas administrativas, nos quais novos padrões
organizacionais são exigidos pelo mercado.
2.3.2 A adaptação e projeto do posto de trabalho
Iida (2005) define o posto de trabalho como uma configuração física do
sistema homem-máquina-ambiente, uma unidade produtiva envolvendo um homem
e o equipamento que ele utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que o
circunda.
30
Muitos autores defendem a adaptação do posto de trabalho ao trabalhador.
Elola et al. (1996) fundamentam esta idéia a partir de algumas afirmações: que há a
melhoria das condições físicas e psicológicas no posto de trabalho, levando a um
ambiente ótimo para o trabalhador e que também há a melhoria da produtividade, na
medida em que são reduzidos os períodos não produtivos no trabalho e a
ineficiência.
Segundo Krüger (2002), o homem trabalha cerca de um terço de sua vida, e
esse período é muito longo para se exigir que o trabalhador seja permanentemente
produtivo se o mesmo trabalha em condições penosas e desgastantes. Este mesmo
autor lembra que implantando um ambiente de trabalho satisfatório e digno haverá
melhoria física e psicológica do trabalhador resultando no aumento de motivação e
acréscimo da produtividade.
Iida (2005) afirma que é necessário obter informações sobre a natureza da
tarefa, equipamentos, posturas e ambiente, para se ter um projeto adequado do
posto de trabalho. Neste projeto, será realizada a análise da tarefa, dividindo-a em
três fases:
• primeira fase - descrição da tarefa: abrange os aspectos principais da
tarefa e as condições em que ela é executada;
• segunda fase - descrição das ações: devem se descritas em um nível
mais detalhado do que o da tarefa, concentrando-se mais nas
características que influem no projeto da interface homem-máquina e se
divide em informações e controles;
• terceira fase - revisão crítica: visa principalmente avaliar as condições que
poderiam provocar dores e lesões osteomusculares nos postos de
trabalho, levando-se em consideração principalmente as tarefas
altamente repetitivas (com ciclos menores que 90 s) e as ações estáticas.
Após a análise da tarefa deve-se identificar o grupo de usuários para que
as medidas antropométricas relevantes se realizem.
31
2.4 POSTURAS NO TRABALHO
Segundo Aguiar (1996) apud Krüger (2002), postura é definida como a
maneira de permitir o melhor funcionamento das estruturas corporais, com o melhor
aproveitamento das forças e com o mínimo de desgaste. Também como a
resistência muscular ativa ao deslocamento do corpo pela gravidade ou pela
aceleração.
Krüger (2002) ressalta que a constante busca do equilíbrio corporal pela
melhor localização do centro de gravidade nem sempre resulta numa postura ideal
de trabalho e que o estabelecimento de uma postura e a possibilidade de sua
manutenção é função dos mecanismos de equilíbrio geral do corpo.
Muito pesquisadores associam as tarefas com manuseio de cargas e
posturas incorretas de trabalho com lesões nas costas, como por exemplo, alcançar
um objeto que está muito baixo força o trabalhador a girar as costas e o pescoço, ou
ainda alcançar um objeto que está muito alto força o trabalhador a elevar
exageradamente os braços e a cabeça.
Krüger (2002) afirma que para a minimização das lesões nas costas é
recomendável que todos os objetos estejam ao alcance dos braços, abaixo da altura
dos ombros e acima da altura dos joelhos, em frente ou imediatamente ao lado do
trabalhador. Sabe-se que esta disposição nem sempre ocorre, sendo que, apenas
os objetos mais leves devem ser manuseados fora desses limites e que também
devem ser eliminadas quaisquer posturas torcidas.
De acordo com Dul & Weerdmeester (1995) devem ser seguidas algumas
recomendações com relação às posturas:
− manter conservadas as articulações o tanto quanto possível em
posições neutras para a manutenção de uma postura ou realização de
um movimento. Nessa condição os músculos são capazes de liberar
força máxima; são exemplos de más posturas, nas quais as articulações
não estão em posição neutra, os braços erguidos, a perna levantada, a
cabeça abaixada e o tronco inclinado;
− evitar, sempre que possível, períodos prolongados com o corpo
inclinado. A parte superior do corpo de um adulto, acima da cintura, pesa
40 kg, em média; quando o tronco pende para frente, há contração dos
32
músculos e dos ligamentos das costas para manter essa posição; a
tensão é maior na parte inferior do tronco, onde surgem dores;
− a cabeça do adulto pesa de 4 a 5 kg, quando esta se inclina mais de 30
graus para frente, os músculos do pescoço são tensionados para manter
essa postura e começam a aparecer dores na nuca e nos ombros;
portanto, a cabeça deve ser mantida o mais próximo possível da postura
vertical;
− evitar posturas torcidas do tronco, pois causam tensões indesejáveis nas
vértebras. Os discos elásticos que existem entre as vértebras são
tensionados e as articulações e os músculos que existem nos dois lados
da coluna vertebral são submetidos a cargas assimétricas, que são
prejudiciais.
Todo o processo produtivo e sua organização devem buscar constantemente
a adaptação do trabalho ao trabalhador através de equipamentos, técnicas e
tecnologias, evitando sempre que possível as improvisações, pois estas, ao invés de
proporcionar melhorias das condições de trabalho, muitas vezes atuam como mais
uma fonte de risco à saúde do trabalhador.
2.5 TRANSPORTE E LEVANTAMENTO MANUAL DE CARGAS
Segundo a Norma Regulamentadora 17, transporte manual de cargas
designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado por um só trabalhador,
compreendendo o levantamento e a deposição de carga. De maneira complementar,
essa mesma norma define que transporte regular de cargas é toda atividade
realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o
transporte manual de carga.
Durante a situação de trabalho, a necessidade de exercer força tem como
consequência ao trabalhador o aparecimento de tensões mecânicas localizadas.
Essa exigência incrementada de energia conduz à sobrecarga nos músculos, no
coração e nos pulmões.
A exigência incrementada de energia é influenciada pelo tipo de carga
manuseada: a sua forma, o seu peso, as pegas que apresenta. Por exemplo, uma
33
elevada carga nas costas, agindo continuamente, não exige somente dos músculos,
levando também ao desgaste dos discos intervertebrais.
Segundo Merino (1996) um dos principais problemas que enfrentam os
trabalhadores que manuseiam e movimentam cargas pesadas é a dor lombar,
derivando-se em problemas crônicos e agudos.
No âmbito nacional não existe uma verdadeira consciência dos sérios
problemas que acarreta para a saúde dos trabalhadores o manuseio de cargas
acima dos níveis máximos que o ser humano pode suportar. Segundo pesquisas, a
principal dor sentida pela população é a dor nas costas. No panorama mundial, em
1995, 80% da população, segundo Oliveira (1995), apresentaram dor nas costas.
Verbeek (1991) apud Merino (1996) afirma que as pessoas que apresentam
problemas na coluna vertebral constituem-se numa faixa cada vez maior. Segundo o
autor diversos estudos em vários países têm mostrado a relação entre as atividades
de manuseio e movimentação manual de cargas e a incidência de grande número
de acidentes e lesões osteoarticulares, sobretudo na região lombar.
Segundo estudo publicado em 1976, por Finocchiaro, de um levantamento de
5.000 perícias médicas no Estado de São Paulo, 32,44% destas correspondiam a
casos de espondilopatia lombar (inflamação do tecido ósseo), devido ao esforço
físico indevido ou ao esforço físico em flexão (posição errada para o esforço físico).
Os problemas lombares dos trabalhadores, em geral, continuam
aumentando. Merino (1996), citando Hildebrandt (1995), afirma que foi realizado um
levantamento na Holanda, com 8.748 trabalhadores de ambos os sexos e diferentes
profissões e ofícios, e verificou-se que 26,6% apresentaram dores nas costas de
forma frequente e que as atividades que apresentaram maior grau de incidência são
às relacionadas com o transporte e manuseio de materiais (construção civil,
serventes, estivadores, transportadores de peso em geral). Verificou-se também que
21% dos trabalhadores desse país tiveram licença por doença relacionada a
problemas nas costas durante esse ano, e 32% destes com incapacidade
permanente.
Assim, observa-se que apesar dos avanços da tecnologia e a mecanização
das tarefas, muitas atividades continuam sendo realizadas manualmente. Ainda
hoje, cargas além dos limites tolerados são manuseadas e movimentadas pelo
homem. Este é o caso dos sacos de adubo, farinhas, cimento, atividades portuárias,
34
da construção civil, agrícolas e florestais, nos quais o trabalho manual com cargas
pesadas é uma constante.
A atual legislação brasileira, apresentada na Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT (CAMPANHOLE & CAMPANHOLE, 1994), referente às atividades de
levantamento e transporte de cargas (artigo 198 da Seção XIV, da prevenção da
fadiga, do Capítulo V) diz que é de 60 kg o peso máximo que um empregado pode
remover individualmente. Isto é aplicado a trabalhadores do sexo masculino. As
mulheres possuem uma capacidade menor que o homem para um trabalho que exija
muito esforço e seja contínuo. Os principais problemas apresentados pelas mulheres
que realizam este tipo de atividade estão relacionados a transtornos da circulação
sanguínea nos órgãos pelvianos e extremidades inferiores, transtornos na
menstruação, prolapso, aborto e parto. Este quadro fica acentuado se a mulher tiver
realizado este tipo de atividade desde a infância (MARÇAL, 1991).
No caso de crianças e adolescentes, este tipo de trabalho poderá afetar seu
desenvolvimento físico, especificamente o esquelético, podendo-se produzir
deformações na coluna vertebral, pélvis e tórax (MOURA, 1978).
Existe também uma disposição legal para a proteção da saúde dos
trabalhadores que diz: "Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de
cargas, por trabalhador, cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou
segurança". Já a Norma Regulamentadora NR 17, de Ergonomia, que faz menção
ao levantamento, transporte e descarga individual de materiais, não estipula nenhum
valor máximo para a realização deste tipo de atividade.
Marçal (1991) afirma que para situações de levantamento de pesos algumas
recomendações são importantes:
− deve ser restringido o número de tarefas com necessidade de carga
manual;
− devem ser criadas condições favoráveis;
− devem ser utilizadas as técnicas corretas;
− o posto deve ser projetado adequadamente para trabalho pesado;
− a carga deve ter a forma correta.
Com estatísticas em mãos, fica nítida a necessidade de leis, e neste caso,
devem ser consideradas muitas variáveis para definir as cargas limites a serem
manuseadas e movimentadas manualmente. As variáveis a serem consideradas
35
são: idade e sexo dos trabalhadores, características da carga, condições de
percurso (distância e inclinação), frequência da atividade e posturas, treinamento.
No caso do Brasil, a atual legislação define um valor limite de carga máxima para o
homem de 60 kg e de 20 kg em trabalho ocasional; para o caso das mulheres, não
existem detalhes precisos das variáveis que influenciam este tipo de atividade, e se
realmente estas cargas são adequadas para atividades deste tipo.
A comunidade científica possui grande responsabilidade neste ínterim, uma
vez que já existem métodos qualitativos e quantitativos que mensuram cargas limites
a serem manuseadas pelo trabalhador. Porém, para a adoção destes métodos como
referência para a solução desses problemas, é necessária a conscientização dos
empregados e empregadores, tendo em mente que a ciência e a legislação podem
caminhar juntas para a solução de problemas do dia-a-dia, no trabalho.
2.6 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO
A Ergonomia é uma tecnologia que estuda e analisa as relações entre o
homem e o trabalho. Sob o ponto de vista da ação ergonômica, esta se divide em
Ergonomia de Concepção e a Ergonomia de Intervenção (MAIA, 2008).
O mesmo autor acredita que seja inconcebível conduzir uma Análise
Ergonômica do Trabalho (A.E.T.) de todo um complexo industrial de grande porte,
pois se trata de um meio a serviço de um laudo ou de uma recomendação. No que
se entende que há de haver um foco, torna-se necessária a identificação de pontos
problemáticos para então trabalhar-se caso a caso.
No primeiro instante, quando ocorre a análise macroscópica, o ambiente de
trabalho é visualmente analisado e nele são identificados detalhes como
carregamento de cargas e utilização incorreta de equipamentos. Em geral este
primeiro contato com o ambiente de trabalho é superficial, necessitando de um
estudo mais detalhado, mais microscópico. Neste momento, faz-se uma avaliação
de posturas, métodos de trabalho e também alguns fatores ocultos que não são
perceptíveis na área estudada, como carga horária dos trabalhadores, horas extras,
dados do ambulatório médico, revezamentos, entre outros.
36
Embora não exista um modelo oficial de Relatório de Análise Ergonômica do
Trabalho (A.E.T.), Couto (1996) sugere a seguinte sequência:
• introdução: justifica-se o porquê da análise naquela área;
• explicitação dos objetivos da pesquisa: descreve-se o que se pretende
com a pesquisa;
• descrição da tarefa: detalha-se a tarefa realizada naquele ambiente;
• descrição da metodologia da tarefa;
• descrição dos resultados encontrados;
• conclusões;
• recomendações.
Segundo Maia (2008), devido à sua superficialidade, a análise macroscópica
geralmente precisa ser completada com uma análise mais microscópica, quando o
problema será visualizado mais detalhadamente. Nesse contexto serão avaliadas
posturas e suas consequencias.
Couto (1996) lista algumas recomendações que atentam a cinco critérios
essenciais a uma solução ergonomicamente correta:
• biomecânico: a mecânica do ser humano funciona melhor na nova
situação?
• fisiológico: o indivíduo se cansa menos?
• epidemiológico: ocorre redução de lesões na nova situação?
• psicofísico: os trabalhadores aceitam bem a situação?
• critério de produtividade: aumenta o rendimento?
Maia (2008) afirma que deve-se observar a reação do trabalhador, visto que,
em geral, as recomendações em sua maioria alteram sua rotina de trabalho. O laudo
deve relatar o que deve ser feito e o que não deve ser feito, utilizando clareza e
objetividade. A bibliografia deve ser sempre apresentada, pois é ela que fornece
suporte técnico ao trabalho.
Embora utilize dados quantitativos em suas análises, a A.E.T. é uma
avaliação qualitativa, que é composta de uma sequencia de coletas de dados e
37
informações criando suporte para mudanças necessárias, sendo a melhoria do
ambiente de trabalho, a satisfação e a integridade do trabalhador os objetivos
requeridos. (DUL e WEERDMEESTER, 1995).
A A.E.T. é um instrumento de avaliação pontual, no qual serão analisados
problemas de forma individual para proporcionar que a maior quantidade das
recomendações posteriores seja implementada com sucesso.
Segundo Vidal (2001) apud Maia (2008), o que caracteriza uma intervenção
ergonômica é a construção que vai viabilizar a mudança necessária, e que possa
inserir os resultados da Ergonomia nas crenças e nos valores das organizações que
as demandam e recebem seus resultados.
2.7 FERRAMENTAS ERGONÔMICAS
A Ergonomia contemporânea sugere métodos de análise de trabalho ou a
Análise Ergonômica do Trabalho (A.E.T.) que prevê mecanismos de identificação de
dores, desconforto e insatisfação do trabalhador (MAIA, 2008).
Segundo Maia (2008), as maiores dificuldades quando se trata de analisar e
corrigir as más posturas do trabalho são a identificação e o registro dos dados ou
componentes de atividade a serem estudadas, levando alguns pesquisadores a
proporem métodos práticos de registro e análise de postura que possam validar os
resultados das pesquisas nessa área.
O mesmo autor caracteriza como uma atitude científica a terminologia
inicialmente utilizada pelo motivo de que os estudos ergonômicos não possuíam
referenciais teóricos, desenvolvendo-se somente com base em experimentos. O
nascimento da Ergonomia deu-se pela necessidade de apresentar soluções para os
problemas originários de situações de trabalho que não correspondem com a
satisfação e aprovação do trabalhador no momento da realização da tarefa.
Abrahão e Pinho (1999) definem que os critérios de avaliação do trabalho
são sustentados por três eixos:
1. a segurança dos homens e equipamentos;
2. a eficiência do processo produtivo;
3. o bem-estar dos trabalhadores nas situações de trabalho.
38
Adotando estes itens como referenciais para a real percepção das situações
reais de trabalho, faz-se necessária a sondagem do modelo de trabalho, das
características dos trabalhadores e da relação homem-trabalho na situação
estudada.
Segundo Wisner (1994), os métodos experimentais permitiram avanços
significativos na concepção e no melhoramento das situações de trabalho. Em
muitos casos, a observação do trabalho favorece a identificação e solução de
problemas que tendem a afetar a saúde do trabalhador.
A seguir serão descritas as ferramentas ergonômicas utilizadas no presente
trabalho.
2.7.1 Método de NIOSH
Sob iniciativa do National Institute for Ocupational Safety and Health –
NIOSH (Estados Unidos), em 1980, ocorreu o desenvolvimento de um método para
determinar a carga máxima a ser manuseada e movimentada manualmente numa
atividade de trabalho (NIOSH, 1981).
Pesquisadores reuniram-se para estabelecer um método consistente através
de referências bibliográficas de todo o mundo concluindo que neste método levam-
se em conta quatro aspectos básicos.
a) epidemiológico: estudo das doenças, sua incidência, prevalência,
efeitos e os meios para sua prevenção ou tratamento (BARBANTI,
1994);
b) psicológico: considera o comportamento humano numa determinada
situação.
c) biomecânico: estuda as estruturas e funções dos sistemas biológicos,
usando conceitos, métodos e leis da mecânica. A biomecânica do
movimento humano trata do estudo do movimento durante o trabalho,
na vida diária e nos esportes. (BARBANTI, 1994);
d) fisiológico: estuda as funções do organismo vivo. O fenômeno do
crescimento, digestão, respiração, reprodução e excreção são
primordialmente fisiológicos. A fisiologia do exercício estuda as
funções do organismo em relação ao trabalho físico.
39
Em 1991, o método NIOSH foi revisto, sendo proposto o Limite de Peso
Recomendado (L.P.R.) e o Índice de Levantamento (I. L.).
O grupo decidiu estabelecer um critério não baseado em determinada carga,
acima da qual seria problemático e abaixo da qual haveria segurança, nem se
basearam em estabelecer uma frequencia máxima, nem uma técnica especifica para
se fazer um esforço. O método utilizado estabeleceu que, para uma situação
qualquer de trabalho, no levantamento manual de cargas, existe um Limite de Peso
Recomendado (L.P.R.). O L.P.R., uma vez calculado, é comparado com a carga real
levantada no trabalho, obtendo-se então o Índice de Levantamento (I.L).
Assim, estipula-se que se o valor do I.L. for menor que 1.0, a chance de
lesão será mínima e o trabalhador estará em situação segura; se o valor for de 1.0 a
2.0, aumenta-se o risco; e se a situação de trabalho for maior que 2.0, aumentará o
risco de lesões na coluna e no sistema músculo-ligamentar.
A seguir, é apresentada a equação de cálculo utilizada para determinar o
Limite de Peso Recomendado:
LPR = 23 x FDH x FAV x FDVP x FRLT x FFL x FQPC
O valor 23 corresponde ao peso limite ideal, aquele que pode ser
manuseado sem risco particular, quando a carga está idealmente colocada, isto é,
nas melhores condições. Tais condições são definidas como: carga próxima ao
corpo (DH< 25 cm), elevação da carga a cerca de 75 cm (AV=75 cm), carga a ser
pega simetricamente, com boa pega que permita segurá-la em preensão da mão,
levantamento de uma pequena distância entre a origem e o destino e frequência de
levantamento não maior do que uma vez a cada 5 minutos. (COUTO, 1995).
A Figura 49 a seguir mostra o esquema da Posição Standart:
40
FIGURA 49 − POSIÇÃO STANDART SEGUNDO NIOSH FONTE: Couto (1995)
Os fatores da equação são explicados a seguir:
• FDH - fator de distância horizontal do indivíduo à carga: (25/H)
DH - Distância Horizontal - é a distância em centímetros da linha do
tornozelo até o ponto em que as mãos seguram o objeto.
• FAV - fator de altura vertical da carga: 1 – 0.003 x (V – 75)
AV – Altura Vertical da Carga – é a altura em centímetros do chão ao
ponto em que as mãos seguram o objeto.
• FDVP - fator de distância vertical percorrida desde a origem até o
destino: (0,82+4,5/Dc)
Dc – Distância Vertical Percorrida – corresponde à diferença de altura
em centímetros da carga entre a origem e o destino.
• FRLT - fator de rotação lateral do corpo: 1- (0,0032A)
A – Ângulo de Rotação Lateral do Tronco – em graus
• FFL - fator de freqüência de levantamento
A Tabela 2 a seguir contém o fator de freqüência de levantamento e a
Tabela 3 a seguir demonstra os fatores de qualidade de pega.
41
TABELA 2 – CÁLCULO DO FATOR FREQUÊNCIA DE LEVANTAMENTO
FONTE: Couto (1995)
• FQPC – fator de qualidade da pega da carga
TABELA 3 – FATOR DE QUALIDADE DE PEGA
Fator Qualidade da Pega da Carga - FQPC
Pega Vc < 75 (cm) Vc > 75 (cm)
Boa 1,00 1,00
Razoável 0,95 1,00
Pobre 0,90 0,9 FONTE: Couto (1995)
A definição da qualidade de Pega da Carga é caracterizada pelo fluxograma
de Herrin (apud MERINO, 1996) a seguir:
Fator de Freqüencia de Levantamento - FFL
FREQUENCIA DURAÇÃO DA MANUTENÇÃO CONTÍNUA
Até 8 horas Até 2 horas Até 1 hora
Levantamento(s) por minuto
Vc < 75 (cm)
Vc ≥ 75 (cm)
Vc < 75 (cm)
Vc ≥ 75 (cm)
Vc < 75 (cm)
Vc ≥ 75 (cm)
0,2 0,85 0,85 0,95 0,95 1,00 1,00
0,5 0,81 0,81 0,92 0,92 0,97 0,97
1 0,75 0,75 0,88 0,88 0,94 0,94
2 0,65 0,65 0,84 0,84 0,91 0,91
3 0,55 0,55 0,79 0,79 0,88 0,88
4 0,45 0,45 0,72 0,72 0,84 0,84
5 0,35 0,35 0,60 0,60 0,80 0,80
6 0,27 0,27 0,50 0,50 0,75 0,75
7 0,22 0,22 0,42 0,42 0,70 0,70
8 0,18 0,18 0,35 0,35 0,60 0,60
9 0,00 0,15 0,30 0,30 0,52 0,52
10 0,00 0,13 0,26 0,26 0,45 0,45
11 0,00 0,00 0,00 0,23 0,41 0,41
12 0,00 0,00 0,00 0,21 0,37 0,37
13 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,34
14 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,31
15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,28
> 15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
42
FIGURA 50 – FLUXOGRAMA PARA DEFINIÇÃO DE QUALIDADE DA PEGA FONTE: Merino (1996)
Estabelecimento do Peso Máximo Recomendado de 23 kg (método NIOSH):
Ao estabelecer o limite de peso em 23 kg, os especialistas destacam que
este é o Limite de Peso Recomendado que 99% dos homens e 75% das mulheres
podem levantar sem causar problemas.
Em alguns países da Comunidade Européia, por exemplo, define-se 25 kg
como limite de carga; na Itália, trabalha-se com o valor de 30 kg para os homens e
20 kg para as mulheres.
Assim, é recomendado que para que uma pessoa possa levantar uma carga
de 23 kg, a situação de levantamento deve estar nas condições ideais anteriormente
citadas.
Segundo Couto (1995), o método de NIOSH possui algumas limitações:
• a equação não é aplicável a tarefas envolvendo elevação de objetos com
uma só mão, ou na posição sentado, ajoelhado ou agachado, ou ainda
elevações em espaços confinados que obriguem a posturas
desfavoráveis;
• também não contempla a elevação de pessoas, ou de objetos
extremamente quentes ou frios, sujos ou contaminados;
• também não estão incluídas tarefas como a elevação muito rápida e
frequente de objetos. Para estes tipos, serão necessárias avaliações
NÃO
NÃO
43
biomecânicas, metabólicas e psicofísicas especificamente para cada
tarefa;
• a equação assume que a superfície de contato do calçado de trabalhador
com o solo tem um coeficiente de fricção estática, no mínimo, de 0,4 (de
preferência de 0,5). Se as condições de aderência forem inferiores, os
riscos e o acréscimo de esforços resultantes serão imprevisíveis;
• a equação assume que as tarefas de levantamento e de abaixamento de
pesos têm idêntico potencial para causar lesões lombares, isto é, levantar
uma caixa do chão e colocá-la sobre uma mesa comporta o mesmo risco
que descer essa caixa desde a mesa até ao chão. Esta afirmação anterior
pode não ser verdadeira se, em vez de manter a caixa nas mãos até
pousar no chão, o trabalhador apenas conduzir ou orientar a descida ou
mesmo deixá-la deslizar até ao chão. Pode ser necessário efetuar
avaliações psicofísicas, caso a caso, para tarefas específicas de descida
de pesos, pois as condições podem ser muitas variadas;
• a equação não inclui fatores para as consequências de circunstâncias
imprevistas, tais como pesos inesperadamente grandes, escorregamento
ou queda durante a execução das tarefas. Se o ambiente físico for
desfavorável será necessário avaliar o acréscimo metabólico resultante
desses fatores ambientais;
• a equação assume que quaisquer outras atividades de manipulação ou
movimentação efetuadas pelo trabalhador são mínimas e não requerem
dispêndio energético significativo. São exemplos de tarefas não
elevatórias segurar, empurrar, puxar, transportar objetos, andar e subir.
Se existirem atividades destes tipos, poderão ser necessárias medidas ou
estimativas da energia despendida ou da frequencia cardíaca a fim de
avaliar as exigências metabólicas das várias tarefas.
Apesar de ainda apresentar algumas importantes limitações, a Equação
NIOSH 91 tem, contudo, o mérito de se apoiar na compilação rigorosa de uma
grande quantidade de dados empíricos obtidos durante anos de investigação, dados
esses que a tornaram utilizável para a resolução de muitos problemas concretos de
concepção e análise de postos de trabalho e avaliação de riscos. A equação pode
ser considerada uma ferramenta que, bem utilizada, pode ser útil na prevenção das
dores e lesões.
44
O método de NIOSH não considera o fator elevação com apenas uma das
mãos, fato muito frequente em atividades de movimentação de cargas. Para fins
práticos, a equipe técnica da Clínica del Lavoro, em Milão apud Couto (1995), faz a
seguinte recomendação: aplicar ao valor encontrado pela formula NIOSH o
multiplicador 0,6, obtendo-se assim uma aproximação mais real, ao se realizar uma
destas atividades com uma das mãos.
Segundo Couto (1995), uma das maiores vantagens do método NIOSH, é a
visualização de cada item integrante do cálculo, permitindo assim a atuação da
Ergonomia de forma efetiva sobre cada um.
2.7.2 Sistema OWAS
O sistema OWAS (Ovako Working Posture Analysing System) foi
desenvolvido na Finlândia para analisar as posturas de trabalho na indústria de aço,
sendo proposto por pesquisadores finlandeses em conjunto com o Instituto
Finlandês de Saúde Ocupacional, seu nome deriva de OVAKO Working Posture
Analysing System.
Segundo Silva (2001), este método possibilita que a atividade seja
subdividida em diversas fases e posteriormente classificada, em seus diversos
momentos, para a análise das posturas no trabalho.
Ribeiro et al. (2004) ressaltam que o método OWAS tem como principal
objetivo analisar as posturas de trabalho que se apresentam inadequadas, identificar
as posturas mais prejudiciais e ainda identificar as regiões que são mais atingidas.
Para o registro dos dados, pode-se utilizar a observação direta ou
observação indireta (registro por vídeo ou registro fotográfico) possibilitando a
análise através da aplicação do método pelo pesquisador ou usando softwares
específicos, como o programa WinOWAS (2009).
Segundo o Manual WinOWAS (2009), este método possibilita o estudo e a
avaliação da postura do homem durante o ciclo de trabalho podendo ser uma
ferramenta para o planejamento e desenvolvimento de um novo método ou posto de
trabalho, para estudos ergonômicos e de saúde ocupacional.
45
As quatro categorias de ação são classificadas conforme o grau de esforço
exigido pela atividade:
a) categoria 1 - Postura normal; não necessita de ação corretiva;
b) categoria 2 - Carga física da postura levemente prejudicial ao
trabalhador; há a necessidade de futuras ações corretivas;
c) categoria 3 - Carga física da postura prejudicial; há a necessidade de
ações corretivas a curto prazo;
d) categoria 4 - Carga física da postura extremamente prejudicial; há a
necessidade de correções imediatas.
Guimarães e Portich (2002) intitulam o método OWAS como uma ferramenta
de amostra que possibilita catalogar as posturas combinadas entre as costas,
pernas, braços e forças exercidas, determinando o efeito resultante sobre o sistema
musculoesquelético e possibilita também o exame do tempo relativo gasto em uma
postura específica para cada região corporal, determinando o efeito resultante sobre
o sistema musculoesquelético.
A Figura 51 a seguir mostra a combinação das posições das costas, dos
braços, das pernas.
FIGURA 51 – CLASSIFICAÇÃO DAS POSTURAS PELO SISTEMA WINOWAS. FONTE: Iida (2005)
46
A ação a ser tomada depende dos resultados das combinações entre estes
membros. A frequência das diferentes posturas e a proporção que as representam,
durante o tempo de atividade, se determinam pela observação da atividade que se
analisa em intervalos de tempos iguais e em atividade normal de trabalho (PONTES,
2005)
2.7.3 Diagrama de áreas dolorosas de Corlett e Manenica (1980)
Para facilitar a identificação e localização das áreas dolorosas Corlett e
Manenica (1980) apud Iida (2005) desenvolveram um diagrama no qual a imagem
do corpo humano de costas está dividida em vários segmentos e após a jornada de
trabalho o trabalhador é abordado pelo pesquisador que faz com que ele aponte as
regiões nas quais sente dores e desconfortos.
O índice de desconforto é classificado em 5 níveis, com variação de 1
(nenhum desconforto) a 5 (intolerável desconforto), com base na localização feita
pelo trabalhador no diagrama apresentado na Figura 52 a seguir.
FIGURA 52 − MAPA DAS REGIÕES CORPORAIS PARA AVALIAÇÃO DE DOR/DESCONFORTO FONTE: Iida (2005)
47
Maia (2008) afirma que através deste diagrama o pesquisador pode
identificar máquinas, equipamentos e postos de trabalho que promovem maior
desconforto postural.
Segundo Maia (2008), este método pode ser aplicado com ou sem auxílio de
softwares específicos, podendo ser vantajoso em algumas situações de pesquisa,
sendo esta uma metodologia simples, que dispensa interrupção do trabalho na
coleta de dados. Todavia, seus resultados baseiam-se exclusivamente na
colaboração do trabalhador entrevistado, podendo este omitir ou aumentar o índice
de desconforto no momento da avaliação.
48
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A presente pesquisa foi realizada em um período de dezembro de 2008 a
abril de 2009 num canteiro de obras de um dos 100 maiores grupos empresariais do
Brasil que atua há mais de 20 anos nas áreas da construção, incorporação e
administração de carteira imobiliária. O canteiro de obras localiza-se na cidade de
Ponta Grossa. A obra apresenta-se na fase um, num total de três fases, na qual
estão sendo construídas 140 casas, se caracterizando assim como o maior
condomínio particular horizontal da cidade.
O tema desta pesquisa são as atividades executadas em parte do sistema
produtivo de construção das casas utilizando fôrmas. As atividades analisadas em
questão são o levantamento, a montagem, a desmontagem, o manuseio e o
transporte dos componentes deste processo produtivo, as posturas assumidas na
execução das tarefas, assim como a análise de desconforto físico, utilizando o
diagrama de dores.
Corroborando o pensamento de Lakatos e Marconi (2001) a pesquisa é um
procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um
tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para
descobrir verdades parciais.
Esta pesquisa constituiu-se de referencial bibliográfico, uma vez que toda
pesquisa deve ser fundamentada num arcabouço de informações, sendo este o
suporte teórico para a realização da pesquisa em questão.
Foi realizado um estudo de caso, caracterizado como um estudo intensivo e
profundo de um ou de poucos objetos. Buscou-se compreensão de todo o assunto
investigado tendo como base o ambiente de trabalho e o processo de construção de
casas utilizando fôrmas.
Primeiramente foi necessária a identificação das etapas do processo
produtivo nas quais os trabalhadores se submetem às piores condições de trabalho,
tendo como perspectiva o manuseio e transporte de cargas, desconforto/dor postural
e levantamento de cargas.
Com as etapas definidas, houve a necessidade de caracterizar qual a
população inerente às etapas eleitas.
No presente trabalho, durante as visitas realizadas no canteiro de obras,
percebeu-se que existiam diversas eq
Três dimensões de moradias estavam sendo construídas: casas com 47, 57 e 67 m².
Foi definido que a população a ser estudada seria toda a equipe (12 trabalhadores)
responsável pela montagem e desmontagem das cas
justificativa de que o conjunto de fôrmas relacionadas a esta dimensão de casa
apresentaria as maiores e mais pesadas peças
assim condições mais desgastantes de trabalho.
Sabendo que o conjunto de
de peças, foi necessário estabelecer quais peças seriam o alvo de estudo da
presente pesquisa. Para tal definição
estudada.
Definidas as peças
dimensões e pesos; para isto
eletrônica da marca Toledo modelo 2090
Com os valores de pesos e dimensões das peças, foi necessário estabelecer
quais cômodos das casas seria
estava presente em vários cômodos
posturais, formas de transporte
FIGURA 53 − TRENA UTILIZADA NA PESQUISA FONTE: Os autores (2008)
No presente trabalho, durante as visitas realizadas no canteiro de obras,
se que existiam diversas equipes responsáveis pelos conjuntos de fôrmas.
Três dimensões de moradias estavam sendo construídas: casas com 47, 57 e 67 m².
Foi definido que a população a ser estudada seria toda a equipe (12 trabalhadores)
responsável pela montagem e desmontagem das casas com 67 m², sob a
justificativa de que o conjunto de fôrmas relacionadas a esta dimensão de casa
apresentaria as maiores e mais pesadas peças, além de maior número
condições mais desgastantes de trabalho.
Sabendo que o conjunto de fôrmas era composto de uma grande quantidade
de peças, foi necessário estabelecer quais peças seriam o alvo de estudo da
te pesquisa. Para tal definição foi realizada uma pesquisa entre a população
as peças FA91,5 e CA30, foi necessária a medição de suas
dimensões e pesos; para isto foram utilizada trena de 3 metros (Figura
eletrônica da marca Toledo modelo 2090 (Figura 54).
Com os valores de pesos e dimensões das peças, foi necessário estabelecer
quais cômodos das casas seriam cenários de estudo, uma vez que uma das peças
presente em vários cômodos, permitindo uma infinidade de movimentos
posturais, formas de transporte etc.
TRENA UTILIZADA NA
FIGURA 54 − BALANÇA ELUTILIZADA NA PESQUISAFONTE: Os autores (2008)
49
No presente trabalho, durante as visitas realizadas no canteiro de obras,
uipes responsáveis pelos conjuntos de fôrmas.
Três dimensões de moradias estavam sendo construídas: casas com 47, 57 e 67 m².
Foi definido que a população a ser estudada seria toda a equipe (12 trabalhadores)
as com 67 m², sob a
justificativa de que o conjunto de fôrmas relacionadas a esta dimensão de casa
além de maior número, ocasionando
fôrmas era composto de uma grande quantidade
de peças, foi necessário estabelecer quais peças seriam o alvo de estudo da
foi realizada uma pesquisa entre a população
ssária a medição de suas
Figura 53) e balança
Com os valores de pesos e dimensões das peças, foi necessário estabelecer
o, uma vez que uma das peças
permitindo uma infinidade de movimentos
BALANÇA ELETRÔNICA A
s autores (2008)
Para a definição dos cômodos foi realizada uma pesquisa com toda
população em estudo, os 12 trabalhadores. Após definidas as etapas do processo
produtivo, as peças e os cômodos fo
transporte e os movimentos posturais executados pelos trabalhadores para
manuseio, levantamento, montagem e desm
realizadas observações e registros fotográficos utilizando câmera digit
PC 1060 (Figura 55), durante as 8 visitas realizadas no canteiro de obras.
FIGURA 55 NA PESQUISAFONTE: Os
Com todas as variáveis definidas e todos os dados em mãos, p
realização desta pesquisa
classificação das posturas inadequadas e conseq
ergonômicos; para isto utilizou
computadorizada do sistema OWAS (Ovako Working Posture An
Para avaliação das zonas de dor/desconforto foi utilizado o Diagrama de
Corlett e Manenica (Anexo A)
fornece respostas com
intensidade.
Por fim, para o Limite de Peso Recomendado (L.P.R.) e o Índice de
Levantamento (I.L.) foi
foram extraídos de dados de campo com a utilização de observações, medições e
registros fotográficos.
Para a definição dos cômodos foi realizada uma pesquisa com toda
população em estudo, os 12 trabalhadores. Após definidas as etapas do processo
produtivo, as peças e os cômodos foi necessário estabelecer as formas de
transporte e os movimentos posturais executados pelos trabalhadores para
manuseio, levantamento, montagem e desmontagem das peças; para isso foram
observações e registros fotográficos utilizando câmera digit
durante as 8 visitas realizadas no canteiro de obras.
– CÂMERA FOTOGRÁFICA UTILIZADA NA PESQUISA
s autores (2008)
s as variáveis definidas e todos os dados em mãos, p
squisa foi utilizada uma análise ergonômica mais completa de
classificação das posturas inadequadas e conseqüentemente dos riscos
para isto utilizou-se o software WinOWAS
computadorizada do sistema OWAS (Ovako Working Posture An
Para avaliação das zonas de dor/desconforto foi utilizado o Diagrama de
nexo A), sendo este um instrumento de fácil utilização e que
fornece respostas com relação à existência de dor, sua localização e sua
Por fim, para o Limite de Peso Recomendado (L.P.R.) e o Índice de
utilizada a equação de NIOSH, cujos valores da equação
foram extraídos de dados de campo com a utilização de observações, medições e
50
Para a definição dos cômodos foi realizada uma pesquisa com toda
população em estudo, os 12 trabalhadores. Após definidas as etapas do processo
i necessário estabelecer as formas de
transporte e os movimentos posturais executados pelos trabalhadores para
ontagem das peças; para isso foram
observações e registros fotográficos utilizando câmera digital Canon Slim
durante as 8 visitas realizadas no canteiro de obras.
s as variáveis definidas e todos os dados em mãos, para a
foi utilizada uma análise ergonômica mais completa de
entemente dos riscos
se o software WinOWAS (2009), versão
computadorizada do sistema OWAS (Ovako Working Posture Analysing System).
Para avaliação das zonas de dor/desconforto foi utilizado o Diagrama de
sendo este um instrumento de fácil utilização e que
existência de dor, sua localização e sua
Por fim, para o Limite de Peso Recomendado (L.P.R.) e o Índice de
os valores da equação
foram extraídos de dados de campo com a utilização de observações, medições e
51
4 ANÁLISES E DISCUSSÕES
Neste capítulo apresentam-se as análises dos dados coletados durante a
pesquisa realizada no canteiro onde foram utilizadas fôrmas para a construção de
edificações populares. As coletas de dados constituíram-se de registros e
observações de imagens, entrevistas, aplicações de formulários como o diagrama
de áreas dolorosas de Corlett e Manenica, medições das dimensões e pesos dos
componentes para a instalação das fôrmas. Foi utilizado o critério de NIOSH para o
estabelecimento do L.P.R. (limite de peso recomendado) em situações de
levantamento manual de cargas, e para análise postural das atividades, foi utilizado
o Sistema OWAS (Ovako Working Analysis System) através da aplicação do
software WinOWAS.
Para a construção das casas utilizando a tecnologia descrita no Capítulo 2
faz-se necessária a execução de várias fases. Entre estas fases, a montagem e
desmontagem das fôrmas são consideradas pelos trabalhadores as atividades que
requerem maior esforço físico e pior condição postural. Este relato levanta as
seguintes questões:
Esta etapa do processo produtivo é realizada corretamente tendo a postura
como perspectiva de estudo?
A técnica utilizada para o levantamento das peças considera o peso que as
mesmas possuem?
O trabalhador sente dor ou desconforto após a jornada de trabalho?
Para a resposta e esclarecimento destas questões foram analisados os
trabalhadores responsáveis pela montagem e desmontagem das placas que
segundo o mestre-de-obras, eram 12 trabalhadores por conjunto de fôrmas.
Observou-se que a população pesquisada é caracterizada por trabalhadores do
sexo masculino, na faixa etária entre 19 e 55 anos, alfabetizados, com grau de
escolaridade entre curso fundamental incompleto e curso médio completo.
Todos os trabalhadores são registrados com o cargo de servente e com
média de 5,4 meses de serviço local. Quanto à jornada de trabalho, esta é de
segunda a sexta-feira das 08 horas às 12 horas, com uma hora de intervalo para
almoço, retornando às 13 horas até às 17:30 horas, com 15 minutos para o lanche
da tarde. Eventualmente, são realizadas horas
cumprimento das metas estipuladas pela empresa contratante.
Juntamente com
Corlett e Manenica (1980)
• Você teve treinamento e instruções
utilizadas no processo produtivo em questão?
• Você acha importante treinamento e instruções para o transporte das
peças utilizadas no processo produtivo em
Como mostram as
treinamento e 91,6% dos trabalhadores acham importante o treinamento de
transporte de cargas.
FIGURA 56TREINAMENTOFONTE: O
FIGURA 57TRANSPORTE DE CARGASFONTE: O
almente, são realizadas horas extras, conforme a necessidade do
cumprimento das metas estipuladas pela empresa contratante.
Juntamente com a apresentação do formulário de diagrama de dores de
(1980) foram realizadas as seguintes perguntas:
ocê teve treinamento e instruções para o transporte das peças
utilizadas no processo produtivo em questão?
Você acha importante treinamento e instruções para o transporte das
peças utilizadas no processo produtivo em questão?
Como mostram as Figuras a seguir, 66% dos trabalhadores não tiveram
treinamento e 91,6% dos trabalhadores acham importante o treinamento de
FIGURA 56 – TRABALHADORES COM TREINAMENTO E SEM TREINAMENTO FONTE: Os autores (2008)
FIGURA 57 – IMPORTÂNCIA DO TREINAMENTO SOBRE TRANSPORTE DE CARGAS FONTE: Os autores (2008)
Com treinamento
34%Sem
treinamento66%
Acham importante treinamento
91,6%
Não acham importante treinamento
8,4%
52
extras, conforme a necessidade do
a apresentação do formulário de diagrama de dores de
am realizadas as seguintes perguntas:
para o transporte das peças
Você acha importante treinamento e instruções para o transporte das
, 66% dos trabalhadores não tiveram
treinamento e 91,6% dos trabalhadores acham importante o treinamento de
INAMENTO E SEM
AMENTO SOBRE
53
Os resultados destas questões são também uma justificativa para a
realização deste trabalho, uma vez que a grande maioria da população pesquisada
neste contexto admite que o treinamento e que as informações sobre transporte e
levantamento de cargas sejam de grande importância para
“...manter a saúde em dia e ser mais produtivo no trabalho...”
D.V., servente de obras responsável pela montagem e desmontagem das fôrmas.
Os resultados das análises são apresentados sob três perspectivas:
a) resultados das análises dos eventos posturais individuais localizados a
partir das atividades identificadas como propensas a risco biomecânico;
b) resultados do limite de peso recomendado e índice de levantamento das
peças classificadas pelos trabalhadores como as piores peças para
transporte, levantamento e manuseio;
c) resultados do formulário de diagrama de dores e desconforto.
4.1 O PROCESSO PRODUTIVO EM ESTUDO
A metodologia de construção de casas é apresentada de forma resumida
conforme entrevista realizada com o mestre-de-obras responsável pela execução do
projeto:
FIGURA 58 – CONFECÇÃO DO GABARITO FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 59 – INSTALAÇÃO DA TUBULAÇÃO ELÉTRICA E HIDRÁULICA DO PISO FONTE: Os autores (2009)
54
FIGURA 60 – CONFECÇÃO DO RADIER FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 61 – COLOCAÇÃO DAS CANTONEIRAS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 61 – INSTALAÇÃO DA TUBULAÇÃO ELÉTRICA E HIDRÁULICA DA PAREDE FONTE: Arquivos dos autores (2009)
FIGURA 64 – MONTAGEM DAS FÔRMAS FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 65 – CONCRETAGEM FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 62 – MONTAGEM DA ARMADURA DA PAREDE FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 63 – INSTALAÇÃO DA TUBULAÇÃO ELÉTRICA E HIDRÁULICA DA PAREDE FONTE: Os autores (2009)
Embora o processo produtivo utilizando fôrmas apresente muitas tarefas, a
montagem e desmontagem foram o alvo do presente
que ainda não sejam tarefas convencionais
além de serem as atividades consideradas pelos trabalhadores como as que
requerem maior esforço físico e pior condição postural.
O processo construtivo das casas utilizando fôrmas realiza
pares, isto é, duas casas de cada vez
67).
FIGURA 66 FONTE:
FIGURA 67 – PAR DE CASAS E PAREDFONTE: Os autores (2009)
Casa A
Embora o processo produtivo utilizando fôrmas apresente muitas tarefas, a
montagem e desmontagem foram o alvo do presente trabalho, sob a justificativa de
que ainda não sejam tarefas convencionais, no setor de construção civil no Brasil
além de serem as atividades consideradas pelos trabalhadores como as que
requerem maior esforço físico e pior condição postural.
onstrutivo das casas utilizando fôrmas realiza
pares, isto é, duas casas de cada vez, sendo uma das paredes
FIGURA 66 – DESMONTAGEM DAS FÔRMAS FONTE: Os autores (2009)
PAR DE CASAS E PAREDE GEMINADA s autores (2009)
A
Parede Geminada
55
Embora o processo produtivo utilizando fôrmas apresente muitas tarefas, a
trabalho, sob a justificativa de
no setor de construção civil no Brasil
além de serem as atividades consideradas pelos trabalhadores como as que
onstrutivo das casas utilizando fôrmas realiza-se sempre aos
ndo uma das paredes geminada (Figura
Casa B
56
Para a montagem das fôrmas são utilizadas inúmeras peças, acessórios,
pinos, cunhas, fechamentos, cantos, cantoneiras, alinhadores, grampos e
espaçadores, conforme tabela no Anexo B.
Assim como foram eleitas as atividades (pelos próprios trabalhadores) alvo
desta pesquisa, o mesmo aconteceu com as peças. Entre os doze trabalhadores
envolvidos na montagem e desmontagem, cem por cento da população entrevistada
elegeu entre as peças que compõem o conjunto do projeto para execução de 02
unidades residenciais de 67 m² (Figura 68), as fôrmas de 91,5 cm X 280 cm, com a
média de peso de 49,80 kg, e as cantoneiras de 30 cm X 30 cm X 280 cm, com a
média de peso de 51,60 kg,(Figuras 69 e 70) como as peças mais difíceis de serem
levantadas, transportadas e manuseadas.
FIGURA 69 – FÔRMA DE ALUMÍNIO 91,5 CM X 280 CM FONTE: Os autores (2009)
FIGURA 68 – CONJUNTO DE FÔRMAS DE ALUMÍNIO FONTE: Os autores (2009)
280 cm
91,5 cm
57
As duas peças mencionadas anteriormente foram eleitas por motivos
distintos; a peça FA91,5 (fôrma de alumínio 91,5 cm X 280 cm e peso médio de
49,80 kg) foi eleita pois é considerada uma peça pesada, de difícil transporte e
manuseio, escolha justificada pela sua grande dimensão e seu peso; a peça CA30
(cantoneira de alumínio 30 cm X 30 cm X 280 cm e peso médio de 51,60 kg) foi
eleita pois é considerada uma peça pesada.
Analisando o projeto da casa, observa-se que as peças anteriormente
descritas estão presentes em grande parte dos cômodos das casas. A peça FA91,5
está presente em maior número (94 peças por conjunto), formando grande parte das
paredes internas e externas que constituem a casa; a peça CA30 está presente em
dois cantos externos da casa (2 peças por conjunto). Percebendo a grande
variabilidade de situações de trabalho realizadas com a peça FA91,5, realizou-se a
seguinte indagação para os trabalhadores:
“Qual é o cômodo da casa em que o transporte, levantamento e manuseio
das peças FA91,5 torna-se mais restrito e submete `as piores posturas e condições
de trabalho?”
Todos os trabalhadores elegeram o banheiro como a pior situação de
trabalho para a peça, sob a justificativa de que o acesso para o transporte desta
peça a este pequeno cômodo os submete a condições posturais comprometedoras à
saúde.
Para a peça CA30 não houve a necessidade de analisar qual o pior cenário
pois não há variabilidade quanto à sua localização na casa.
FIGURA 70 – CANTONEIRA DE ALUMÍNIO 30 CM X 280 CM X 30 CM FONTE: Os autores (2009)
30 cm
30 cm
280 cm
58
Para demonstração mais clara e objetiva da estrutura adotada para
desenvolvimento desta pesquisa, é apresentado na Figura 71 a seguir, o fluxograma
de desenvolvimento da pesquisa, que demonstra os critérios adotados para a
seleção das amostras a serem estudadas.
FIGURA 71 – FLUXOGRAMA DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA FONTE: Os autores (2009)
59
Uma vez escolhidas as peças e os cômodos para a presente pesquisa, foi
necessário estabelecer as formas de transporte realizadas pelos trabalhadores,
durante movimentação das peças FA91,5 e CA30.
Para a peça FA91,5 localizada no banheiro observaram-se as seguintes
tarefas realizadas pelos trabalhadores conforme o esquema da Figura 72, a seguir.
FIGURA 72 – ESQUEMA DOS TRAJETOS REALIZADOS DURANTE O TRANSPORTE DA PEÇA FA91,5 FONTE: Os autores (2009)
Tarefa 01
• Trajeto 01 (linha tracejada) – transporte da peça FA91,5 realizado por 01
trabalhador;
• Trajeto 02 (linha cheia) – transporte da peça FA91,5 realizado por 01
trabalhador;
• Trajeto 03 (linha tracejada) – transporte da peça FA91,5 realizado por 01
trabalhador.
Tarefa 02
• Trajeto 01 (linha tracejada) – transporte da peça FA91,5 realizado por 01
trabalhador;
Banheiro A Banheiro B
Trajeto 02
Trajeto 01 Trajeto 03
60
• Trajeto 02 (linha cheia) – transporte da peça FA91,5 realizado por 02
trabalhadores;
• Trajeto 03 (linha tracejada) – transporte da peça FA91,5 realizado por 01
trabalhador.
Para a peça CA30 localizada nos dois cantos externos da casa observou-se
a tarefa realizada durante o transporte da peça CA30 conforme o esquema da
Figura 73, a seguir.
FIGURA 73 – ESQUEMA DOS TRAJETOS REALIZADOS DURANTE O TRANSPORTE DA PEÇA CA30 FONTE: Os autores (2009)
Tarefa 03
• Trajeto 01 (linha cheia) – transporte da peça CA30 realizado por um
trabalhador durante todo o percurso de transporte.
Canto externo A Canto externo B
Trajeto 01
61
4.2 ANÁLISE ATRAVÉS DO MÉTODO OWAS
Com as etapas do processo produtivo, as peças do conjunto e as formas de
transporte selecionadas, foram observadas as tarefas que os trabalhadores realizam
durante o processo de transporte, montagem e desmontagem das peças:
Tarefa 01 (peça FA91,5): Transporte para o interior da casa, montagem,
desmontagem e transporte para o exterior da casa da peça FA91,5, todas as
atividades realizadas por um trabalhador.
Tarefa 02 (peça FA91,5): Transporte para o interior da casa, montagem,
desmontagem e transporte para o exterior da casa da peça FA91,5, sendo que as
atividades de transporte são realizadas por dois trabalhadores e as atividades de
montagem e desmontagem continuam sendo realizadas por apenas um trabalhador.
Tarefa 03 (peça CA30): Transporte até o local da instalação da peça,
montagem, desmontagem e transporte para retirada da peça do local de instalação,
todas as atividades realizadas por um trabalhador.
As atividades que compõem as tarefas mencionadas anteriormente são
descritas a seguir:
4.2.1 Descrição da Tarefa 01 – Transporte (para o interior da casa), montagem, desmontagem e transporte (para o exterior da casa) da peça FA91,5 realizadas por apenas um trabalhador durante todo o ciclo da atividade.
Observou-se durante a pesquisa que esta tarefa se desenvolve a partir de 6
atividades:
atividade 1.1 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça
FA91,5 do exterior da casa para o interior da nova casa (sala), esta com as
armaduras previamente confeccionadas;
atividade 1.2 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça
FA91,5 da sala para o interior do banheiro;
atividade 1.3 - Montagem da peça FA91,5 na parede do interior do banheiro
da nova casa;
atividade 1.4 - Desmontagem da peça FA91,5 da parede do interior do
banheiro;
atividade 1.5 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça
FA91,5 do interior do banheiro para o exterior do banheiro (sala da casa);
62
atividade 1.6 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça
FA91,5 da sala da casa para o exterior da próxima casa que está pronta para
receber as fôrmas.
4.2.2 Descrição da Tarefa 02 – Transporte (para o interior da casa por dois trabalhadores), montagem (um trabalhador), desmontagem (um trabalhador) e transporte (para o exterior da casa por dois trabalhadores) da peça FA91,5.
Esta tarefa se desenvolve a partir de 6 atividades:
atividade 2.1 - Carregamento (transporte por dois trabalhadores) da peça
FA91,5 do exterior da casa para o interior da nova casa (sala), esta com as
armaduras previamente confeccionadas;
atividade 2.2 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça
FA91,5 da sala para o interior do banheiro;
atividade 2.3 - Montagem da peça FA91,5 na parede do interior do banheiro
da nova casa;
atividade 2.4 - Desmontagem da peça FA91,5 da parede do interior do
banheiro;
atividade 2.5 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça
FA91,5 do interior do banheiro para o exterior do banheiro (sala da casa);
atividade 2.6 - Carregamento (transporte por dois trabalhadores) da peça
FA91,5 da sala da casa para o exterior da próxima casa.
4.2.3 Descrição da Tarefa 03 – Transporte, montagem, desmontagem e transporte da peça CA30 realizada com apenas um trabalhador durante todo o ciclo da atividade.
Observou-se durante a pesquisa que esta tarefa se desenvolve a partir de
04 atividades:
atividade 3.1 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça CA30
até o local onde se iniciará a montagem da peça, na cantoneira da casa, esta com
as armaduras previamente confeccionadas;
atividade 3.2 - Montagem da peça CA30;
atividade 3.3 - Desmontagem da peça CA30;
atividade 3.4 - Carregamento (transporte por um trabalhador) da peça CA30
até o local onde se iniciará novo ciclo da tarefa.
63
4.3 SOFTWARE WINOWAS
O software WinOWAS, assim como seu método originário OWAS, classifica
as posturas em 04 posições de dorso, 03 posições de braço, 07 posições de pernas
e 03 intervalos de peso. As combinações dessas posições, o intervalo do peso
selecionado e o tempo das posturas realizadas numa determinada atividade,
fornecem informações a partir de gráficos que classificam as atividades em 04
níveis, estes citados anteriormente no Capítulo 2.
4.3.1 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 01
Para a análise postural utilizando o software WinOWAS, as atividades
pertencentes à Tarefa 01 descritas anteriormente, foram divididas em sub-atividades
como ilustram o esquema das Figuras 74 a 89 e seus movimentos posturais
correspondentes, a seguir.
64
64
65
Analisando atentamente o esquema, nota-se que as atividades 1.1 e 1.2
(carregamento da peça FA91,5 para o interior da casa) são semelhantes às
atividades 1.5 e 1.6 (carregamento para o exterior da casa), pois nas suas sub-
atividades correspondentes, os trabalhadores sujeitam-se às mesmas condições
posturais e intervalos de tempo. O mesmo acontece com a montagem e
desmontagem das fôrmas (atividades 1.3 e 1.4), suas sub-atividades possuem as
mesmas posturas e mesmo intervalo de tempo.
Assim para a aplicação do software WinOWAS, as atividades
representativas da Tarefa 01, para fins de análises posturais foram:
• atividade 1.1 representando as atividades de carregamento tanto para o
interior quanto para o exterior da casa da peça FA91,5;
• atividade 1.2 representando as atividades de carregamento da peça
FA91,5 para o interior e exterior do banheiro;
• atividade 1.3 que representa tanto a atividade de montagem quanto a
atividade de desmontagem da peça FA91,5 no interior do banheiro.
Na atividade 1.1, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS
classificaram-se em 25% risco 1 (não necessita ação corretiva), 25% risco 2 (há a
necessidade de futuras ações corretivas), 25% risco 3 (há a necessidade de ações
corretivas a curto prazo) e 25% risco 4 (ações corretivas imediatas).
A Figura 90 a seguir apresenta a interface do software utilizado com a
classificação geral da atividade estudada.
FIGURA 90 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.1 FONTE: Software WinOWAS
66
A posturas 2143, 1243, 1273 e 4243 representam as seguintes sub-
atividades:
• postura 2143 – erguer a peça na posição vertical em relação ao solo
(Figura 73);
• postura 1243 – suspender a peça FA91,5 (Figura 74);
• postura 1273 – transporte da peça (Figura 75);
• postura 4243 – acomodar a peça no solo no interior da construção (Figura
76).
Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se
que a sub-atividade 1.1.4 apresenta o máximo risco ergonômico, ou seja risco 4
(Quadro 1).
QUADRO 1 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.1
Atividade Sub-
atividades Posturas
Coluna Braços Pernas Cargas
Categoria Geral
1.1
1.1.1 2143
Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1
Risco 3
1.1.2 1243
Risco 1 Risco 3 Risco 4 Risco 1
Risco 2
1.1.3 1273
Risco 1 Risco 3 Risco 2 Risco 1
Risco 1
1.1.4 4243
Risco 4 Risco 3 Risco 4 Risco 1
Risco 4
FONTE: Os autores (2009)
Observou-se que o maior risco durante a execução dessas sub-atividades é
proveniente da posição de flexão das duas pernas. A Figura 91 a seguir apresenta a
divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas, e seus enquadramentos
gerais dentro das categorias de risco.
67
FIGURA 91 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.1 FONTE: Software WinOWAS
Para a execução dessa atividade, observou-se como ponto crítico a sub-
atividade em que o trabalhador realiza movimentos combinados de um dos braços
acima da linha dos ombros, flexão de pernas, torção e inclinação de dorso. Ressalta-
se também que a trabalhador executa todo o trabalho levantando, transportando e
manuseando cargas de até 50 quilogramas.
Para a redução dos riscos ergonômicos torna-se necessária a correção
imediata para os posicionamentos dos membros inferiores e correções futuras para
os posicionamentos de dorso e braços.
Na atividade 1.2, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS
classificaram-se em 50% risco 1 e 50% risco 3. A Figura 92 a seguir apresenta a
interface do software utilizado com a classificação geral da atividade estudada.
68
FIGURA 92 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.2 FONTE: Software WinOWAS
A posturas 1173 e 2153 representam as seguintes sub-atividades:
• postura 1173 – transporte da peça para o interior do banheiro (Figura 78);
• postura 2153 – no interior do banheiro, posicionar a peça FA91,5 para
posterior montagem (Figura 79).
Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se
que a sub-atividade 1.2.2 apresenta o risco ergonômico 3, necessita de correções
tão logo quanto possível. (Quadro 2)
QUADRO 2 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.2
Atividade Sub-
atividades Posturas
Coluna Braços Pernas
Cargas
Categoria Geral
1.2 1.2.1 1173
Risco 1 Risco 1 Risco 2
Risco 1 Risco 1
1.2.2 2153
Risco 3 Risco 1 Risco 4
Risco 1 Risco 3
FONTE: Os autores (2009)
Notou-se que os maiores riscos durante a execução destas sub-atividades
foram o movimento de flexão de uma das pernas e flexão da coluna vertebral. A
69
Figura 93 apresenta a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas, e seus
enquadramentos gerais dentro das categorias de risco.
FIGURA 93 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.2 FONTE: Software WinOWAS
Para a execução da atividade 1.2, o trabalhador executa movimentos
posturais concomitantes de flexão de perna e coluna. A duração do período de
tempo em que o trabalhador sofre constrangimentos posturais nas sub-atividades
que compõem esta atividade é relativamente grande se comparado com as demais
sub-atividades analisadas. Esses dados corroboram as declarações dos
trabalhadores, que ressaltaram que o banheiro, por apresentar pequena dimensão, é
um cômodo onde as dificuldades de manuseio e manobras das peças são maiores.
Na atividade 1.3, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS
classificaram-se em 50% risco 1 e 50% risco 3. A Figura 94 a seguir apresenta a
interface do software utilizado com a classificação geral da atividade estudada.
70
FIGURA 94 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 1.3 FONTE: Software WinOWAS
A posturas 1223 e 2243 representam as seguintes sub-atividades:
• postura 1223 – levantamento da peça FA91,5 para início da montagem
(Figura 80);
• postura 2243 – posicionamento e montagem da peça FA91,5 (Figura
81).
Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se
que a sub-atividade 1.3.2 apresenta o máximo risco ergonômico, ou seja risco 4
(Quadro 3).
QUADRO 3 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 1.3
Atividade
Sub-
atividades Posturas Coluna
Braços Pernas Cargas
Categoria Geral
1.3 1.3.1 1223 Risco 1
Risco 3 Risco 2 Risco 1 Risco 1
1.3.2 2243 Risco 3
Risco 3 Risco 4 Risco 1 Risco 4
FONTE: Software WinOWAS
71
O Quadro 3 demonstra que na sub-atividade 1.3.2, a coluna e os braços
apresentam risco 3, necessitando de correções logo que possível.
A Figura 95 apresenta a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e
pernas, seus enquadramentos dentro das categorias de risco e sugestões para
ações.
FIGURA 95 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 1.3 FONTE: Software WinOWAS
A flexão de ambas as pernas nesta atividade é caracterizada como uma
condição postural de risco 3, na qual a correção ergonômica deve ocorrer o mais
rápido possível.
O movimento realizado com um dos braços acima da linha do ombro se
caracteriza como um movimento postural de risco 3 e também merece atenção, pois
essa condição se mantém em 100% do tempo desta atividade.
4.3.2 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 02
Para a análise de posturas utilizando o software WinOWAS, as atividades
pertencentes à Tarefa 02 foram divididas em sub-atividades como ilustram as
Figuras 96 a 103 e seus movimentos posturais correspondentes.
72
72
73
Nas observações realizadas no canteiro de obras, constatou-se que as
atividades das Tarefas 01 e Tarefa 02 são semelhantes, diferenciando-se apenas
nas atividades 1.1 e 1.6 pertencentes à tarefa 01 (transporte da peça FA91,5
realizado por 01 trabalhador) com as atividades 2.1 e 2.6 pertencentes à tarefa 02
(transporte da peça FA91,5 realizado por 02 trabalhadores).
Analisando o esquema das Figuras 91 a 98 percebe-se que nas atividades
2.1 e 2.6 os trabalhadores realizam os mesmos movimentos posturais em intervalos
semelhantes, portanto as posturas analisadas no software WinOWAS da Tarefa 02
foram somente as posturas correspondentes da atividade 2.1.
Na atividade 2.1, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS
classificaram-se em 25% risco 1 e 75% risco 3 . A Figura 104 a seguir apresenta a
interface do software utilizado com a classificação geral da atividade estudada.
FIGURA 104 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 2.1 FONTE: Software WinOWAS
A posturas 2143, 2153, 1173 e 2123 representam as seguintes sub-
atividades:
• postura 2143 – pegar a peça FA91,5 do solo (Figura 96);
• postura 2153 – suspender a peça FA91,5 (Figura 97);
74
• postura 1173 – iniciar o transporte da peça (Figura 98);
• postura 2123 – acomodar a peça FA91,5 no solo no interior da
construção (Figura 99).
Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se
que as sub-atividades 2.1.1, 2,1,2 e 2.1.4 apresentam o risco ergonômico 3. (Quadro
4).
QUADRO 4 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 2.1
Atividade
Sub-
atividades Posturas Coluna Braços Pernas Cargas
Categoria Geral
2.1
2.1.1 2143 Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 3
2.1.2 2153
Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1
Risco 3
2.1.3 1173
Risco 1 Risco 1 Risco 2 Risco 1
Risco 1
2.1.4 2123 Risco 3 Risco 1 Risco 2 Risco 1 Risco 3
FONTE: Os autores (2009)
Verificou-se que nas sub-atividades 2.1.1 e 2.1.2 os movimentos posturais
combinados de flexão de coluna e flexão das duas pernas e de uma das pernas
respectivamente atribuíram a essas sub-atividades o risco 3. Essa mesma
classificação aconteceu na atividade 2.1.4, na qual a flexão de coluna elevou essa
sub-atividade a uma situação em que há a necessidade de intervenções e correções
tão logo quanto possível.
Na sub-atividade 2.1.3 (carregamento da peça), nota-se que o maior risco
acontece nas pernas; a coluna e os braços são classificados como risco 1, não
necessitando de medidas corretivas para esta sub-atividade. A Figura 105 apresenta
a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas, e seus enquadramentos
gerais dentro das categorias de risco.
75
FIGURA 105 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 2.1 FONTE: Software WinOWAS
Para a execução desta atividade, o trabalhador realiza movimentos
combinados de flexão de coluna vertebral e pernas, acentuando a classificação geral
das sub-atividades que compõem a atividade 2.1. A acima demonstra que em 100%
desta atividade, os braços realizam movimentos posturais que não oferecem riscos
ao trabalhador.
4.3.3 Aplicação do Software WinOWAS para análise da Tarefa 03
Para a análise de posturas utilizando o software WinOWAS, as atividades
pertencentes à Tarefa 03 descritas anteriormente, foram divididas em sub-atividades
como ilustram as Figuras 106 a 118 e seus movimentos posturais correspondentes.
76
76
77
No canteiro de obras, observou-se que na Tarefa 03 há duas formas
distintas de carregamento da peça CA30 (atividades 3.1 e 3.4). Na presente
pesquisa essas diferentes formas de transporte permitiram duas interpretações
posturais com relação à análise do software WinOWAS.
Em se tratando das atividades de montagem e desmontagem representadas
pelas atividades 3.2 e 3.3 respectivamente, os trabalhadores as realizam de forma
similar, isto é, as condições posturais e os intervalos de tempo de execução são os
mesmos.
Assim, para a aplicação do software WinOWAS, as atividades
representativas da Tarefa 03, para fins de análises posturais foram:
• atividade 3.1 representando a atividade de carregamento para o local
onde se iniciará a montagem da peça CA30;
• atividade 3.2 representando as atividades de montagem e desmontagem
da peça CA30;
• atividade 3.4 representando a atividade de carregamento para o local
onde se iniciará novo ciclo da tarefa 03.
Na atividade 3.1, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS
classificaram-se em 20% risco 1, 40% risco 3 e 40% risco 3 . A Figura 119 a seguir
apresenta a interface do software utilizado com a classificação geral da atividade
estudada.
FIGURA 119 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.1 FONTE: Software WinOWAS
78
A posturas 2143, 1143, 1173 e 1153 representam as seguintes sub-
atividades:
• postura 2143 – pegar a peça CA30 do solo para início do levantamento
(Figura 106) e colocar a peça no solo (Figura 109);
• postura 1143 – suspender a peça CA30 (Figura 107);
• postura 1173 – iniciar o transporte da peça CA30 (Figura 108);
• postura 1153 – acomodar a peça CA30 no solo, próximo da região onde a
mesma será montada (Figura 110).
Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se
que as sub-atividades de maior risco foram as 3.1.1 e 3.1.4 apresentando o risco
ergonômico 3 (Quadro 5).
QUADRO 5 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.1
Atividade Sub-
atividades Posturas
Coluna Braços Pernas Cargas
Categoria Geral
3.1
3.1.1 2143
Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1
Risco 3
3.1.2 1143
Risco 1 Risco 1 Risco 4 Risco 1
Risco 2
3.1.3 1173
Risco 1 Risco 1 Risco 2 Risco 1
Risco 1
3.1.4 2143
Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1
Risco 3
3.1.5 1153 Risco 1 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 2
FONTE: Os autores (2009)
Verificaram-se maiores riscos durante estas atividades devidas
principalmente às posições de flexão realizadas pela coluna vertebral e flexão das
pernas. A Figura 120 a seguir apresenta a divisão dos riscos gerais para coluna,
braços e pernas, e seus enquadramentos gerais dentro das categorias de risco.
79
FIGURA 120 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.1 FONTE: Software WinOWAS
Notou-se que as costas e as pernas são as regiões corporais que se
submetem aos maiores constrangimentos durante a execução desta atividade. Isso
se deve aos movimentos demasiados de flexão da coluna vertebral em que o
trabalhador realiza ao iniciar o levantamento da peça CA30 (Figura 101), repetindo
esta condição postural no momento em que o trabalhador realiza a deposição da
peça no solo (Figura 103). Nesta atividade, o transporte da peça CA30 mostrou-se
como uma sub-atividade que não submete o trabalhador a constrangimentos
posturais.
Na atividade 3.2, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS
classificaram-se em 50% risco 2 e 50% risco 3 . A Figura 121 a seguir apresenta a
interface do software utilizado com a classificação geral da atividade estudada.
80
FIGURA 121 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.2 FONTE: Software WinOWAS
A posturas 2143 e 1153 representam as seguintes sub-atividades:
• postura 2143 – levantamento da peça CA30 para início da montagem
(Figura 111);
• postura 1153 – posicionamento e montagem da peça CA30 (Figura 112).
Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se
que a sub-atividade 3.2.1 apresenta o risco ergonômico 3 necessitando de correção
o mais rápido possível (Quadro 6).
QUADRO 6 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.2
Atividade Sub-
atividades Posturas
Coluna Braços Pernas Cargas
Categoria Geral
3.2 3.2.1 2143
Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 3
3.2.2 1153
Risco 1 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 2
FONTE: Os autores (2009)
81
Observou-se que os maiores riscos durante esta atividade se devem à
combinação de flexão da coluna vertebral e das pernas. Estes movimentos são
realizados durante o levantamento da peça CA30, para em seguida realizar-se a
montagem da mesma. A Figura 122 a seguir apresenta a divisão dos riscos gerais
para coluna, braços e pernas, e seus enquadramentos gerais dentro das categorias
de risco.
FIGURA 122 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.2 FONTE: Software WinOWAS
Observou-se que ao analisar individualmente as pernas em cada sub-
atividade, o risco é 4 (Quadro 6). Porém ao analisar os enquadramentos gerais
como demonstra o gráfico acima, a classificação dos riscos das pernas enquadra-se
em risco 3 (Gráfico 8). Esse decréscimo de risco ergonômico se deve à combinação
de posturas, pois a realização concomitante das posturas das pernas com o trabalho
realizado dos braços abaixo da linha dos ombros resulta na atenuação dos riscos
ergonômicos.
Na atividade 3.4, as categorias de risco avaliados pelo software WinOWAS
classificaram-se em 25% risco 1 e 75% risco 3 . A Figura 123 a seguir apresenta a
interface do software utilizado com a classificação geral da atividade estudada.
82
FIGURA 123 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS PARA A ATIVIDADE 3.4 FONTE: Software WinOWAS
A posturas 2143, 1173 e 2153 representam as seguintes sub-atividades:
• postura 2143 – levantar a peça CA30 do solo para início do transporte
(Figura 115) e acomodar a peça paralelamente em relação ao nível do
solo (Figura 118);
• postura 1173 – transportar a peça CA30 (Figura 116);
• postura 2153 – iniciar o abaixamento da peça CA30 (Figura 117).
Subdividindo-se os riscos nas 4 categorias avaliadas pelo software nota-se
que as sub-atividades de maior risco foram as 3.4.1, 3.4.3 e 3.4.4 apresentando o
risco ergonômico 3. (Quadro 7).
QUADRO 7 – CATEGORIA DE RISCO OBTIDA ATRAVÉS DO SOFTWARE WINOWAS DA ATIVIDADE 3.4
Atividade Sub-
atividades Posturas Coluna Braços Pernas Cargas Categoria
Geral
3.4
3.4.1 2143 Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 3
3.4.2 1173
Risco 1 Risco 1 Risco 2 Risco 1
Risco 1
3.4.3 2153
Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1
Risco 3
3.4.4 2143 Risco 3 Risco 1 Risco 4 Risco 1 Risco 3
FONTE: Os autores (2009)
83
Analisando o quadro anterior percebe-se que a sub-atividade 3.4.2
(carregamento da peça CA30) não necessita de medidas corretivas, pois a
combinação postural desta sub-atividade resulta em risco 1. A Figura 124 a seguir
apresenta a divisão dos riscos gerais para coluna, braços e pernas, e seus
enquadramentos gerais dentro das categorias de risco.
FIGURA 124 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO RISCO ERGONÔMICO DA ATIVIDADE 3.4 FONTE: Software WinOWAS
Notou-se que a flexão da coluna nas atividades de erguer a peça CA30
juntamente com a flexão das pernas resulta em situações onde há necessidade de
intervenções ergonômicas para a atenuação dos riscos.
Mesmo com cargas de aproximadamente 50 kg, a combinação dos braços
abaixo da linha dos ombros com a movimentação da peça, classificou a sub-
atividade 3.4.2 como uma situação que não é necessária a adoção de medidas
corretivas.
84
4.4 AVALIAÇÃO DO LEVANTAMENTO DE CARGAS – NIOSH
Para avaliar a manipulação de cargas por parte dos trabalhadores
responsáveis pela montagem e desmontagem das fôrmas, foi utilizado o método de
NIOSH. De acordo com o Work Practices Guide for Manual Lifting (apud MERINO,
1996), o método NIOSH foi desenvolvido em 1980 e revisado em 1991, nos Estados
Unidos, sob iniciativa do National Institute for Ocupational Safety and Health –
NIOSH, a fim de determinar a carga máxima a ser manuseada e movimentada
manualmente numa atividade de trabalho. Este método trabalha com equações no
sentido de prevenir ou reduzir a ocorrência de lombalgia relacionada ao
levantamento de cargas entre os trabalhadores.
Na presente pesquisa foram adotados alguns critérios para se estabelecer
quais as situações seriam analisadas para o emprego da equação de NIOSH. Um
dos critérios foi atender às limitações descritas no item 2.7.1 do capítulo 2, no
emprego da equação de NIOSH para o estabelecimento do limite de peso. Outro
critério de seleção das situações de levantamento de cargas foi o seguinte
questionamento aos 12 trabalhadores envolvidos no processo produtivo:
“Qual a pior situação de levantamento de cargas no processo de transporte,
montagem e desmontagem das peças FA91,5 e CA30?”
Para a peça FA91,5, 100% dos trabalhadores elegeram como pior situação
de levantamento de carga, o levantamento individual da peça, pois a mesma fica
suspensa, sem nenhuma das extremidades apoiadas no solo, como demonstram as
Figuras 125 e 126.
A peça CA30 erguida individualmente, totalmente suspensa e sem o apoio
das extremidades também foi considerada a pior situação com relação ao
levantamento de carga (Figuras 127 e 128).
As duas peças e suas respectivas situações eleitas pelos trabalhadores
possuem características que permitem o emprego da equação de NIOSH para o
estabelecimento do Limite de Peso Recomendado e Índice de Levantamento de
Carga.
4.4.1 Situação 01- Levantamento da peça FA91,5 realizada por um trabalhador.
Características da peça FA91,5:
• Peso médio: 49,8 quilogramas;
• Dimensões: 91,5 X 280 cm.
Características do
Com a peça FA91,5 em pé
trabalhador realiza flexão das duas pernas até que seus membros superiores
estejam situados a uma altura média de 1,40 m
metade do comprimento da placa, esta com 2,80 m (
manobra é que ao erguer a peça
facilitando o levantamento e transporte da mesma. Em seguida, com o corpo
tocando uma das bordas da placa e uma
apoiando a peça, o trabalhador realiza a pega das placas, utilizando o outro braço
para alavancar a peça e suspendê
As Figuras 125 e 1
FIGURA 125 – POSIÇÃO DE INÍCIO DELEVANTAMENTO DA PEÇA FA91,5FONTE: Os autores (2009)
Levantamento da peça FA91,5 realizada por um trabalhador.
Características da peça FA91,5:
Peso médio: 49,8 quilogramas;
Dimensões: 91,5 X 280 cm.
Características do levantamento da carga:
Com a peça FA91,5 em pé, isto é, na posição vertical em relação ao solo, o
trabalhador realiza flexão das duas pernas até que seus membros superiores
uma altura média de 1,40 m; tal medida corresponde com
mento da placa, esta com 2,80 m (Figura 125
guer a peça torna-se necessária, a simetria de cargas,
facilitando o levantamento e transporte da mesma. Em seguida, com o corpo
tocando uma das bordas da placa e uma das mãos alinhadas na linha dos ombros
apoiando a peça, o trabalhador realiza a pega das placas, utilizando o outro braço
para alavancar a peça e suspendê-la ao ar (Figura 126).
e 126 ilustram os movimentos acima descritos.
POSIÇÃO DE INÍCIO DE FA91,5
FIGURA 126 – SUSPENSÃO TOTAL DA PEÇA FA91,5 FONTE: Os autores (2009)
85
Levantamento da peça FA91,5 realizada por um trabalhador.
, isto é, na posição vertical em relação ao solo, o
trabalhador realiza flexão das duas pernas até que seus membros superiores
tal medida corresponde com à
125). O motivo desta
, a simetria de cargas,
facilitando o levantamento e transporte da mesma. Em seguida, com o corpo
das mãos alinhadas na linha dos ombros
apoiando a peça, o trabalhador realiza a pega das placas, utilizando o outro braço
ilustram os movimentos acima descritos.
SUSPENSÃO TOTAL DA
s autores (2009)
4.4.2 Situação 02- Levantamento da peça CA30 realizada por um trabalhador.
Características da peça
• Peso médio: 51,6 quilogramas;
• Dimensões: 30 X 280 X 30 cm.
Características do levantamento da carga:
Verticalmente em relação ao solo, assim como a situação 01, o trabalhador
flexiona as pernas de modo que a pega da peça CA30 seja a 1,40 m de altura,
corresponde à metade do comprimento da mesma
situação encontram-se de forma simétrica com relação à peça e o movimento de
suspensão da carga é concomitante ao levantamento do tronco do trabalhador este,
com as pernas retas (Figura
As Figuras 127 e 128
FIGURA 127 – POSIÇÃO DE INÍCIO DELEVANTAMENTO DA PEÇAFONTE: Os autores (2009)
Levantamento da peça CA30 realizada por um trabalhador.
Características da peça CA30:
Peso médio: 51,6 quilogramas;
Dimensões: 30 X 280 X 30 cm.
Características do levantamento da carga:
Verticalmente em relação ao solo, assim como a situação 01, o trabalhador
flexiona as pernas de modo que a pega da peça CA30 seja a 1,40 m de altura,
corresponde à metade do comprimento da mesma (Figura 127
se de forma simétrica com relação à peça e o movimento de
suspensão da carga é concomitante ao levantamento do tronco do trabalhador este,
Figura 128).
s 127 e 128 ilustram os movimentos acima descritos.
POSIÇÃO DE INÍCIO DE LEVANTAMENTO DA PEÇA CA30
FIGURA 128 – SUSPENSÃO TOTAL DA PEÇA CA30 FONTE: Os autores (2009)
86
Levantamento da peça CA30 realizada por um trabalhador.
Verticalmente em relação ao solo, assim como a situação 01, o trabalhador
flexiona as pernas de modo que a pega da peça CA30 seja a 1,40 m de altura, o que
127). Os braços nesta
se de forma simétrica com relação à peça e o movimento de
suspensão da carga é concomitante ao levantamento do tronco do trabalhador este,
ilustram os movimentos acima descritos.
SUSPENSÃO TOTAL DA
s autores (2009)
87
Com os dados acima, obtidos a partir de registros fotográficos, relativos à
postura do operário - ângulos das articulações dos braços, tronco, coxofemurais,
joelhos e tornozelos - foi possível obter informações como a carga-limite e índice de
levantamento de carga recomendada, que corresponde ao peso que mais de 99%
dos homens e 75% das mulheres conseguem levantar (COUTO,1995).
A Tabela 4 a seguir apresenta as variáveis para as situações 01 e 02 e a
Tabela 5, adiante, traz os valores dos coeficientes da equação do NIOSH para cada
atividade.
TABELA 4 – VARIÁVEIS PARA CADA SITUAÇÃO
Variável Situação 01 Situação 02
Carga (kg) 49,8 kg 51,6 kg
H (cm) 45,75 cm 20 cm
V (cm) 140 cm 140 cm
D (cm) 30 cm 40 cm
A (graus) 0 graus 0 graus
F (levant./min.) 0,2 vezes por minuto 0,2 vezes por minuto
Qualidade de pega boa boa
FONTE: Os autores (2009)
TABELA 5 – COEFICIENTES PARA A EQUAÇÃO DE NIOSH
Coeficiente Situação 01 Situação 02
CH = 25 / H 0,546 1,25 (considera 1)
CV = 1 - 0,003(V-75) 0,805 0,805
CD = 0,82 + 4,5/D 0,97 0,932
CA = 1 - 0,0032A 1 1
CF = TABELA 2 0,85 0,85
CM = TABELA 3 1 1
FONTE: Os autores (2009)
88
Resultados obtidos
Aplicando-se a equação do NIOSH, com os coeficientes da Tabela 5, obtêm-
se os seguintes valores para a carga máxima de trabalho (L.P.R.) e o índice de
levantamento (I.L.), para cada situação (Tabela 6):
TABELA 6 – VALORES DOS PESOS DAS PEÇAS, LIMITE DE PESO RECOMENDADO E ÍNDICE DE LEVANTAMENTO
Peso da peça L.P.R. I.L.
Situação 01 (peça FA 91,5) 49,8 kg 8,33 kg 5,97
Situação 02 (peça CA30) 51,6 kg 14,66 kg 3,51 FONTE: Os autores (2009)
Análise dos Resultados
Os valores da Tabela 6 demonstram que nas condições em que a peça
FA91,5 é levantada, o limite de peso recomendado (situação 01) não pode
ultrapassar 8,33 kg. O peso médio da peça é 49,8 kg e calculando o índice de
levantamento obtêm-se o valor de 5,97. Com este valor de índice de levantamento,
a situação 01 está acima de 2,0, que segundo Couto (1995) caracteriza-se como
uma situação na qual a chance de lesão musculoesquelética é alta.
Para a situação 02, verifica-se que o limite de peso recomendado é de 14,66
kg. A peça CA30 pesa em média 51,6 kg, nesta situação, o índice de levantamento é
3,51, caracterizando-se também como uma situação na qual a chance de lesão
musculoesquelética é alta.
4.5 AVALIAÇÃO DE NÍVEIS DE DESCONFORTO − DIAGRAMA DE CORLETT E
MANENICA (1980)
A avaliação foi realizada a partir dos resultados obtidos da aplicação da
escala de níveis de desconforto/dor de Corlett e Manenica. Ao final da jornada de
trabalho dos doze trabalhadores responsáveis pela montagem e desmontagem das
89
fôrmas, foi solicitado que cada trabalhador avaliado mencionasse através de um
questionário (Anexo A), as regiões doloridas/desconfortáveis, começando sempre
pela pior e assim por diante, até que todas as regiões corporais fossem
mencionadas.
Para a escala de dores foram usados cinco pontos em ordem crescente de
níveis de desconforto ou dor, sendo que “01” representa nenhum desconforto/dor,
“02” representa algum desconforto/dor, “03” representa moderado desconforto/dor,
“04” representa bastante desconforto/dor e “05” representa intolerável
desconforto/dor.
Na Tabela 7 a seguir, estão os resultados da aplicação da escala de níveis
de desconforto/dor de Corlett e Manenica nos 12 trabalhadores.
TABELA 7 – RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA ESCALA DE NÍVEIS DE DOR/DESCONFORTO DE CORLETT E MANENICA Níveis de Desconforto/Dor
Partes do Corpo (1) Nenhum (2) Algum (3) Moderado (4) Bastante (5) Intolerável
00 - pescoço (11) 91,67% (01) 8,33% 01 - cervical (12) 100% 02 - dorsal (12) 100% 03 - cintura (11) 91,67% (01) 8,33% 04 - lombar (09) 75,01% (02) 16,66% (01) 8,33% 05 - região púbica (12) 100% 06 - ombro (esq.) (12) 100% 07 - ombro (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 08 - braço (esq.) (12) 100% 09 - braço (dir.) (12) 100% 10 - cotovelo (esq.) (10) 83,34% (01) 8,33% (01) 8,33% 11 - cotovelo (dir.) (12) 100% 12 - antebraço (esq.) (12) 100% 13 - antebraço (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 14 - punho (esq.) (11) 91,67% (01) 8,33% 15 - punho (dir.) (12) 100% 16 - mão (esq.) (10) 83,34% (02) 16,66% 17 - mão (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 18 - coxa (esq.) (12) 100% 19 - coxa (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 20 - joelho (esq.) (11) 91,67% (01) 8,33% 21 - joelho (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33%) 22 - perna (esq.) (12) 100% 23 - perna (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 24 - tornozelo (esq.) (12) 100% 25 - tornozelo (dir.) (11) 91,67% (01) 8,33% 26 - pé (esq.) (12) 100% 27 - pé (dir.) (12) 100% FONTE: Os autores (2009)
90
Analisando os dados da Tabela 7, pode-se observar que das 28 partes
analisadas do corpo, dentre os trabalhadores questionados, 14 partes (50%) do
corpo não foram apontadas como regiões que apresentassem algum nível de
dor/desconforto.
A região do corpo que apresentou maior freqüência de reclamações quanto
ao nível de desconforto foi a região lombar, representada pelo número quatro no
mapa de regiões corporais da Figura 52, sendo que 16,66% dos trabalhadores
indicaram como uma região de algum desconforto/dor e 8,33% dos trabalhadores
indicaram como uma região de moderado desconforto/dor (Figura 129).
Estes resultados suportam a afirmação de que segundo Merino (1996) a
compressão no disco L5-S1 da coluna vertebral, visualizada na Figura 130 a seguir,
pode ser suportada normalmente, sendo da ordem de 3400 Newton. Uma situação
de trabalho na qual exista uma força de compressão maior que 6600 Newton, é
8,33%
8,33%
8,33%
8,33%
8,33%
8,33%
8,33%
8,33%
8,33%
8,33%
8,33%
8,33%
16,66%
16,66%
8,33%
8,33%
91,67%
100,00%
100,00%
91,67%
75,01%
100,00%
100,00%
91,67%
100,00%
100,00%
83,34%
100,00%
100,00%
91,67%
91,67%
100,00%
83,34%
91,67%
100,00%
91,67%
91,67%
91,67%
100,00%
91,67%
100,00%
91,67%
100,00%
100,00%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
0123456789
101112131415161718192021222324252627
Par
tes
do C
orpo Nivel de dor/desc. 5
Nivel de dor/desc. 4
Nivel de dor/desc. 3
Nivel de dor/desc. 2
Nivel de dor/desc. 1
FIGURA 129 – INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DE DOR/DESCONFORTO NAS 28 REGIÕES CORPORAIS. FONTE: Os autores (2009)
91
capaz de provocar microtraumas ou mesmo a ruptura no disco na maioria das vezes,
dentre outras lesões.
Entre os trabalhadores avaliados, 24,99% apresentaram algum desconforto
nas mãos (regiões 16 e 17), e segundo declaração dos mesmos, o motivo do
desconforto é a exigência de força requerida para o transporte das fôrmas.
O Gráfico 10 demonstra que não houve região corporal com classificação 5
(intolerável desconforto/dor). O maior nível de desconforto observado foi o nível 4
(bastante desconforto/dor) representado pelas seguintes regiões corpóreas:
• 00 – pescoço;
• 10 – cotovelo esquerdo;
• 13 – antebraço direito;
• 23 – perna direita;
• 25 – tornozelo direito.
Nenhum dos trabalhadores que apresentaram resultados de nível 4 de
desconforto/dor correlacionaram a origem do desconforto com o transporte,
FIGURA 130 – LOCALIZAÇÃO DO DISCO L5-S1 DA COLUNA VERTEBRAL FONTE:http://legal-anatomical.medicalillustration.com
92
levantamento ou instalação das fôrmas, uma vez que os mesmos ressaltaram que a
origem dos desconfortos das regiões 00, 10, 13, 23 e 25 são de origens diversas,
como quedas, lesões provocadas fora do canteiro de obras, torcicolo etc.
Analisando o Gráfico 10 observou-se que há seis registros de moderada
dor/desconforto (nível 3) nas seguintes regiões corporais:
• 04 – região lombar;
• 07 – ombro direito;
• 10 – cotovelo esquerdo;
• 14 – punho esquerdo;
• 20 – joelho esquerdo;
• 21 – joelho direito.
Os trabalhadores que declaram sentir dor moderada nas regiões corporais
07, 10 e 14 explicam que tais desconfortos provêm de outros eventos e que o
transporte, levantamento e instalação das fôrmas não são os agentes causadores de
tais desconfortos. No entanto, os trabalhadores que declararam sentir dor nas
regiões corporais 04, 20 e 21 representadas pela região lombar, joelho esquerdo e
joelho direito respectivamente, informaram que tal dor ou desconforto teve início
quando os mesmos começaram as atividades de levantamento, transporte e
instalação das fôrmas.
Embora a metodologia do uso de diagrama de dores seja uma ferramenta
muito eficiente para a análise de desconforto e dor (EKLUND, 1984 apud PEQUINI,
2005), para se estabelecer se um determinado tipo de trabalho é responsável por tal
desconforto ou dor postural, torna-se necessária a utilização concomitante de outras
metodologias e ferramentas ergonômicas.
93
5 CONCLUSÃO
No presente trabalho concluiu-se que a construção civil é uma atividade na
qual existem os mais variados tipos de trabalho, submetendo o trabalhador a
diversas formas de constrangimentos posturais.
Poucas indústrias apresentam a diversidade de riscos que a indústria da
construção civil destaca. Estes riscos têm maior repercussão em virtude das
condições de trabalho e dos aspectos específicos desta indústria, em cada país,
região e localidade. Dentre estes aspectos, podem ser citados os relativos ao
tamanho das empresas, à curta duração das obras, `a sua diversidade e à
rotatividade da mão-de-obra.
A adoção de novas tecnologias e sistemas construtivos tem como objetivo a
otimização de mão-de-obra e insumos, tornando nas obras o custo-benefício maior,
resultando em imóveis mais acessíveis e com maior lucratividade. Porém, a adoção
de novas tecnologias e sistemas construtivos acarreta novos riscos para o
trabalhador, sendo necessário apoio da comunidade científica para a atenuação ou
neutralização dos mesmos, através de estudos oficiais e formais.
A Ergonomia tem como objetivo a redução das doenças ocupacionais, fadiga
muscular, situações de riscos e acidentes, proporcionando uma redução nas perdas,
danos e custos à empresa e um melhor conforto, produtividade e desempenho do
trabalhador. Na presente pesquisa, a Ergonomia apresentou-se como uma
ferramenta crucial para a resolução de diversos problemas das mais variadas
origens, tendo a construção civil como cenário.
A construção de casas utilizando fôrmas oferece diversos riscos ao
trabalhador, por se tratar de uma atividade na qual é executada uma infinidade de
tarefas para a obtenção do produto final e por fornecer uma série de variáveis,
situações e modos de execução do trabalho. A presente pesquisa exigiu que os
autores do trabalho participassem do dia-a-dia no canteiro de obras, a fim de
selecionar qual ou quais seriam os objetos de estudo que fossem representativos
para uma análise fidedigna das tarefas e atividades em questão.
Quanto à avaliação das posturas adotadas pelos trabalhadores para a
execução das 3 tarefas alvo do estudo, algumas considerações foram possíveis:
94
Na tarefa 1, a atividade 1.1 é executada de maneira que os trabalhadores
se submetem a constrangimentos posturais de nível 4, principalmente nos membros
inferiores; e em 50% das sub-atividades que compõem esta atividade, a flexão de
coluna para pegar e acomodar a peça FA91,5 no solo merece atenção e correções o
mais rápido possível.
As atividades 1.2 e 1.3 merecem atenção e necessitam de correções o mais
rápido possível, pois a flexão de coluna e pernas, se combinados, são movimentos
posturais constrangedores para os trabalhadores.
A tarefa 2 apresentou na atividade 2.1 o risco máximo, o risco 3. A
combinação das posturas que caracterizaram esta atividade foi a flexão de coluna e
pernas.
A tarefa 3 apresentou como risco máximo nas atividades 3.1, 3.2 e 3.4, o
risco 3 merecendo atenção com relação às medidas corretivas.
Em todas a tarefas, o momento em que o trabalhador se desloca com peça
apresentou risco 1, este não necessitando de medidas corretivas. Com esses dados
em mãos, conclui-se que as sub-atividades que originam as piores condições
posturais são as que o trabalhador realiza o levantamento, manuseio e abaixamento
das peças.
Quanto à análise do limite de peso recomendado e índice de levantamento,
as duas peças estudadas apresentam peso maior do que o recomendado. A peça
FA91,5 é 5,97 vezes mais pesada do que a recomendação e a peça CA30 é 3,51
vezes mais pesada do que a recomendação proposta pela equação de NIOSH.
Embora sejam peças com pesos aproximados, a discrepância dos índices de
levantamento se deve principalmente pelas dimensões das peças; a diferença de
distância horizontal da peça FA91,3 é de 45,75 cm e da peça CA30 é de 20 cm;
estes valores são os principais responsáveis por tal discrepância.
Com a aplicação da equação de NIOSH conclui-se que as peças estudadas
possuem características de dimensões e pesos nas quais a chance de lesão
musculoesquelética é alta.
Na aplicação do diagrama de dor e desconforto, percebeu-se que as dores
são de diversas origens, explicitando que a construção civil é uma atividade de
infindáveis fontes agentes causadores de dor ou desconforto.
O diagrama utilizado no presente trabalho não pôde elucidar se as dores e
desconfortos são originários do sistema construtivo utilizando fôrmas, embora as
95
tendências de dores lombares, nas mãos e nos joelhos sugerem serem originadas
no processo produtivo em questão.
Os dados obtidos no presente trabalho esclarecem que o processo produtivo
estudado pode provocar danos à saúde, uma vez que os dados das ferramentas
ergonômicas utilizadas mostram que o peso limite e algumas posturas assumidas
são prejudiciais ao sistema musculoesquelético da população pesquisada.
Analisando os objetivos do presente trabalho verificou-se que estes foram
atingidos, mostrando que os métodos utilizados na pesquisa em questão foram
ferramentas eficazes para a resolução do problema proposto.
A partir dos resultados obtidos na presente pesquisa e utilizando os
conhecimentos de Ergonomia, para melhoria da condição de trabalho e
consequentemente o aumento da produtividade do trabalhador sugere-se:
• treinamento dos trabalhadores sobre transporte e manuseio de cargas;
• no momento do levantamento, abaixamento e manuseio das peças, realizá-
los de forma que reduza ou anule a flexão do dorso e pernas;
• minimizar o trabalho de manuseio das peças CA30 e FA91,5 com os
braços acima da linha dos ombros;
• evitar o máximo possível a realização dos movimentos posturais
combinados de flexão de pernas e dorso;
• no transporte das peças CA30 e FA91,5, realizá-lo com dois trabalhadores;
• instalação de alças nas peças CA30 e FA91,5;
• redução das dimensões e das cargas das peças CA30 e FA91,5.
No canteiro de obras, na perspectiva da Engenharia de Segurança do
Trabalho, as intervenções realizadas num posto de trabalho ou canteiro de obras
devem ser aceitas, entendidas e atendidas pelos trabalhadores.
96
REFERÊNCIAS
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100
ANEXO A
DIAGRAMA DE CORLETT E MANENICA
FONTE: Adaptado de Corlett e Manenica (1980).
101
ANEXO B
RELAÇÃO DAS PEÇAS – CASAS COM 67 M2
Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²)
Dimensões 91,5 cm x 280 cm 94 240,83
88,5 cm x 280 cm 4 9,91
88 cm x 280 cm 4 9,86
86,5 cm x 280 cm 4 9,69
85 cm x 280 cm 4 9,52
84 cm x 280 cm 4 9,41
78 cm x 280 cm 4 8,74
77 cm x 280 cm 4 8,62
74 cm x 280 cm 4 8,29
68,5 cm x 280 cm 4 7,67
68 cm x 280 cm 4 7,62
65 cm x 280 cm 4 7,28
62,5 cm x 280 cm 4 7
56,5 cm x 280 cm 4 6,33
55 cm x 280 cm 4 6,16
54 cm x 280 cm 4 6,05
50 cm x 280 20 28
41,5 cm x 280 cm 2 2,32
41 cm x 280 cm 2 2,3
40 cm x 280 cm 6 6,72
38,5 cm x 280 cm 10 10,78
37,5 cm x 280 cm 2 2,1
36,5 cm 280 cm 4 4,09
36 cm x 280 cm 1 1,01
33 cm x 280 cm 2 1,85
32 cm x 280 cm 3 2,69
30 cm x 280 cm 8 6,72
28,5 cm x 280 cm 4 3,19
28 cm x 280 cm 8 6,27
22,5 cm x 280 cm 2 1,26
20 cm x 280 cm 2 1,12
18,5 cm 280 cm 4 2,07
18 cm x 280 cm 2 1,01
29 cm x 220 cm 2 0,88
18 cm x 220 cm 2 0,79
18 cm x 60 cm 2 0,22
91,5 cm x 180 cm 4 6,59
35 cm x 180 cm 2 1,26 FONTE: Arquivos dos autores (2009)
102
Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²) Dimensões
Canto Externo de 30 x 30 (Montado)
60 cm x 280 cm 2 3,36
Canto Externo de 20 x 32 (Montado)
52 cm x 280 cm 2 2,91
Canto Externo de 20 x 20 (Montado)
40 cm x 280 cm 10 11,2
Canto Externo de 18 x 20 cm (Montado)
38 cm x 280 cm 6 6,38
Fôrmas Abaixo/ Acima de Janelas
50 cm x 185 cm 4 3,7
60 cm x 160 cm 4 3,84
60 cm x 160 cm 4 3,84
60 cm x 100 cm 8 4,8
57,5 cm x 100 cm 8 4,6
60 cm x 120 cm 8 5,76
55 cm x 100 cm 8 4,4
60 cm x 60 cm 4 1,44
60 cm x 60 cm 8 2,88
60 cm x 60 cm 4 1,44
60 cm x 60 cm 8 2,88
57,5 cm x 60 cm 8 2,76
55 cm x 60 cm 8 2,64
50 cm x 60 cm 4 1,2
Fôrmas Superiores de Porta
60 cm x 70 cm 8 3,36
91,5 cm x 60 cm 4 2,2
87 cm x 60 cm 4 2,09
85 cm x 60 cm 4 2,04
84 cm x 60 cm 2 1,01
74 cm x 60 cm 2 0,89
73,5 cm x 60 cm 4 1,76
70 cm x 60 cm 4 1,68
68,5 cm x 60 cm 4 1,64
63,5 cm x 60 cm 4 1,52
60 cm x 60 cm 4 1,44
Fôrmas de Viga
42 cm x 124 cm 4 2,08
32 cm x 42 cm 1 0,13
Fôrmas de Oitão (Acima do nível + 2,8m)
32 cm x 214 cm 1 0,68
87 cm x 179,7 cm 4 6,25
29,5 cm x 179,7 cm 2 1,06
19,5 cm x 179,7 cm 2 0,7
57,5 cm x 113,8 cm 8 5,23
103
32 cm x 113,8 cm 1 0,36
29 cm x 113,8 cm 2 0,66
55 cm x 63 cm 8 2,77
32 cm x 63 cm 2 0,4
20 cm x 63 cm 2 0,25
40 cm x 60 cm 8 1,92
30 cm x 40 cm 2 0,24
30 cm x 40 cm 2 0,24
FONTE: Arquivos dos autores (2009)
104
Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²) Dimensões
Fôrmas Especiais de Oitão (Acima de 2,8m)
12,44 m2 2 24,88
11,93 m2 2 23,86
4,19 m2 2 8,38
1,32 m2 2 2,64
0,5 m2 1 0,5
0,5 m2 2 1
Fechamento (parede) de 12 cm
12 cm x 280 cm 1 0,34
12 cm x 100 cm 1 0,12
Fechamento (portas, janelas e viga) de 10 cm
10 cm x 218,7 cm 14 3,06
10 cm x 160 cm 2 0,32
10 cm x 120 cm 6 0,72
10 cm x 133 cm 2 0,27
10 cm x 117,4 cm 8 0,94
10 cm x 112,4 cm 4 0,45
10 cm x 100 cm 4 0,4
10 cm x 110 cm 4 0,44
10 cm x 87 cm 2 0,17
10 cm x 73,5 cm 2 0,15
10 cm x 70 cm 6 0,42
10 cm x 63,5 cm 2 0,13
10 cm x 60 cm 8 0,48
10 cm x 60 cm 2 0,12
10 cm x 57,4 cm 8 0,46
10 cm x 47,4 cm 4 0,19
10 cm x 35 cm 4 0,14
Fechamento (parede e porta) de 8 cm
8 cm x 280 cm 2 0,45
8 cm x 220 cm 2 0,35
8 cm x 218,7 cm 2 0,35
8 cm x 89,5 cm 2 0,14
Fechamento para Parede Dupla
16 cm x 280 cm 1 0,45
Fechamento Superior de Oitão de 12 cm
12 cm x 136 cm 1 0,16
Fechamento Superior de Oitão de 10 cm
10 cm x 266 cm 2 0,53
10 cm x 259,5 cm 2 0,52
10 cm x 219 cm 2 0,44
10 cm x 209 cm 2 0,42
10 cm x 136 cm 2 0,27
10 cm x 125 cm 2 0,25
105
Fechamento Superior de Oitão de 8 cm
8 cm x 231 cm 2 0,37
8 cm x 224 cm 1 0,18
8 cm x 191 cm 4 0,61
8 cm x 74,5 cm 2 0,12
8 cm x 10 cm 2 0,02
FONTE: Arquivos dos autores (2009)
106
Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²) Dimensões
Canto Interno 20 x 20 cm
40 cm x 280 cm 2 2,24
40 cm x 48 cm 2 0,38
Canto Interno 12 x 12 cm
24 cm x 280 cm 6 4,03
24 cm x 180 cm 2 0,86
Canto Interno 11,5 x 11,5 cm
23 cm x 280 cm 4 2,58
23 cm x 195,8 cm 2 0,9
Canto Interno 10 x 22 cm
32 cm x 280 cm 2 1,79
Canto Interno 10 x 20 cm
30 cm x 280 cm 4 3,36
30 cm x 40 cm 2 0,24
Canto Interno 10 x 19,5 cm
29,5 cm x 280 cm 2 1,65
29,5 cm x 179,7 cm 2 1,06
Canto Interno 10 x 19 cm
29 cm x 280 cm 2 1,62
29 cm x 113,8 cm 2 0,66
Canto Interno 10 x 10 cm
20 cm x 280 cm 58 32,48
20 cm x 63 cm 2 0,25
20 cm x 60 cm 4 0,48
20 cm x 48 cm 2 0,19
20 cm x 42 cm 4 0,34
Fôrmas Negativas de Janela - 5 cm de espessura
10 cm x 120 cm 6 0,72
10 cm x 220 cm 20 4,4
Total 705,31
FONTE: Arquivos dos autores (2009)
107
Colunas1 Colunas 2 Colunas 3
Acessórios Quantidade Quantidade
Cantoneira 2" x 2" x 280 cm 20
Cantoneira 2" x 2" x 220 cm 2
Cantoneira 2" x 2" x 179,7 cm 4
Cantoneira 2" x 2" x 113,80 cm 2
Cantoneira 2" x 2" x 63 cm 2
Cantoneira 2" x 2" x 60 cm 2
Cantoneira 2"x 2" x 40 cm 4
Pino 3.200
Cunha 3.200
Suporte de Andaime 30
Suporte de Alinhador 400
Suporte Tipo "L" para apoio de forma de 100 cm 8
Saca Espaçador Tipo Martelo 1
Alinhador Duplo Vazado 340 cm 1
Alinhador Duplo Vazado 300 cm 22
Alinhador Duplo Vazado 200 cm 20
Alinhador Duplo Vazado 220 cm 6
Alinhador Duplo Vazado 235 cm 8
Alinhador Duplo Vazado 135 cm 4
Alinhador Duplo Vazado 335 cm 6
Alinhador Duplo Vazado 360 cm 8
Alinhador Duplo Vazado 265 cm 4
Alinhador Duplo Vazado 175 cm 2
Alinhador Duplo Vazado 155 cm 4
Alinhador Duplo Vazado 170 cm 4
Alinhador Duplo Vazado 270 cm 6
Alinhador Duplo Vazado 100 cm 16
Alinhador Duplo Vazado 250 cm 6
Alinhador Duplo Vazado 305 cm 2
Espaçador duplo de 8 cm 100
Espaçador de 12 cm 100
Espaçador de 10 cm 700
Espaçador de 8 cm 450
Fonte: Arquivos dos autores (2009)
108
Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²) Dimensões
Canto Externo de 20 x 20 cm (montado)
40 cm x 280 cm 2 2,24
Canto Interno 10 x 10 cm
20 cm x 113,8 cm 2 0,46
20 cm x 108 cm 2 0,43
Canto Interno 10 x 10 cm 4 0,82
TOTAL 57,16
Acessórios
Cantoneira 2" x 2" x 280 cm (montadas nos cantos externos)
4
Fonte: Arquivos dos autores (2009)
109
Fôrmas de Alumínio Quantidade Área (m²) Dimensões
88cm x 280 cm 4 9,86
71,5 cm x 280 cm 4 8,01
60 cm x 280 cm 4 6,72
45 cm x 280 cm 4 5,04
36,5 cm x 280 cm 4 4,09
32 cm x 280 cm 1 0,9
22 cm x 280 cm 4 2,46
30 cm x 220 cm 2 1,32
Fôrmas de Oitão (Acima do nível 2,8 m)
52,5 cm x 113,8 cm 4 2,39
29 cm x 113,8 cm 2 0,46
Abaixo/Acima de Janelas
52,5 cm x 100 cm 4 2,1
52,5 cm x 60 cm 4 1,26
Fôrmas de Vigas
55 cm x 102 cm 8 4,49
32 cm x 102 cm 1 0,33
Fôrmas Negativas de Janela – 5 cm de espessura
8 cm x 220 cm 2 0,35
10 cm x 120 cm 2 0,24
Fechamento (parede) de 12 cm
12 cm x 280 cm 1 0,34
12 cm x 40 cm 1 0,05
Fechamento (portas, janelas e vigas) de 10 cm
10 cm x 119,5cm 2 0,24
10 cm x 110 cm 4 0,44
Fechamento (parede e porta) de 8 cm
8 cm x 85 cm 2 0,14
Canto Externo de 18 x 18 cm (montado)
36 cm x 280 cm 2 2,02
FONTE: Arquivos dos autores (2009)
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