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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – São Paulo - SP – 05 a 09/09/2016
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Bela, Recatada e do Lar : o estereótipo da mulher perfeita1
Bárbara Rodrigues NUNES
2
Vitor Silva RAMOS3
Márcio de Oliveira GUERRA4
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG
Resumo
Este trabalho visa analisar o artigo “Bela, Recatada e do Lar”, publicado na edição extra de
abril de 2016, da Revista Veja. O texto traçou o perfil da então vice-primeira-dama,
Marcela Temer, tendo o título da matéria causado repercussão principalmente nas redes
sociais em todo o Brasil. Mulheres e movimentos feministas não se viram representados
pela construção do modelo ideal feminino apresentado na revista, e se rebelaram, postando
fotos que mostravam atitudes não tidas tradicionalmente como sendo femininas.
Palavras-chave: patriarcalismo, mulher, cultura, política.
Introdução
Atualmente, as mulheres ocupam lugares, no contexto social que antes pertenciam
aos homens. Na sociedade patriarcal do Brasil colônia, as funções e papéis eram
determinados e justificados por diversos fatores, como o biológico e também o jurídico. As
mulheres eram consideradas seres inferiores, e por isso, não poderiam assumir atividades
previstas como masculinas. Foram séculos de lutas reivindicando direitos e maior inserção
em diferentes esferas públicas e sociais.
Embora as mulheres tenham conseguido adentrar o espaço antes reservado somente
aos homens, a presença deles ainda é maior. Muitas vezes, isso é causado por conta do
histórico de estereótipos que foram construídos ao longo da história. Elas precisam saber
conciliar várias funções como o papel de mãe e cuidadora do lar, que são os principais,
1 Trabalho apresentado no GP Comunicação e Culturas Urbanas XVI Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação,
evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
2 Mestranda em Comunicação e Poder no Programa de Pós Graduação da Faculdade de Comunicação da UFJF, email:
barbara.nunes26@gmail.com
3 Mestrando em Comunicação e Poder no Programa de Pós Graduação da Faculdade de Comunicação da UFJF, email:
vitorsr@yahool.com.br
4 Orientador e coautor do trabalho, doutor em Comunicação pela UFRJ; mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ e
membro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação e Esporte, da Intercom, e de Comunicação, Esporte e Cultura da UFJF
e professor da Faculdade de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCOM) da
UFJF. email: marcio.guerra@ufjf.edu.br
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destinados e tidos como femininos. Uma vez que isso não é cumprido, ou o trabalho é posto
como prioridade, abre-se brecha para que haja julgamentos contra o que elas deveriam ou
não fazer.
Uma sociedade mais igualitária, onde se tenha respeito pelas funções
desempenhadas por cada um, independente do sexo, e que tenha liberdade para exercer
ofícios sem distinção entre masculino e feminino, contribui para a construção de um
modelo livre de estereótipos e preconceitos. Isto também favorece o campo político, uma
vez que a diversidade resulta em políticas públicas que possam abranger, cada vez mais, as
minorias que foram, por muitos anos, esquecidas.
A formação da imagem feminina na sociedade patriarcal brasileira
O estudo de temáticas como as relações de gênero e o papel da mulher na sociedade
brasileira contemporânea pode ser analisado a partir da revisão bibliográfica de obras
clássicas de Gilberto Freyre, como “Casa Grande e Senzala” e “Sobrados e Mucambos”; e
Sérgio Buarque de Holanda em “Raízes do Brasil”. A observação desses estudos demonstra
que a tradição da família patriarcal brasileira, que se desenvolveu a partir da tradição ibérica
portuguesa, tem até hoje resquícios em diversos ramos sociais do Brasil, podendo também
ser observado no tratamento que é dado às mulheres no país. Entender como se deu esse
enraizamento cultural, tão característico da nossa sociedade, abre um horizonte mais nítido
para se observar que, apesar dos avanços no que tange o papel da mulher na sociedade,
ainda remetem àquela formação social que se iniciou no século XVI.
Ao analisar a colonização portuguesa no Brasil no clássico “Raízes do Brasil”,
Sérgio Buarque de Holanda aborda a questão da cultura da personalidade, herdada da
tradição do povo da Península Ibérica, uma das principais características formadoras das
estruturas sociais do Brasil. Sobre este particular, Holanda (1995, p.33) afirma que a
frouxidão da estrutura social aliada à falta de hierarquia organizada gera falta de coesão
social e elementos anárquicos, “com a cumplicidade ou a indolência displicente das
instituições e costumes. As iniciativas, mesmo quando se quiseram construtivas, foram
continuamente no sentido de separar os homens, não de os unir”.
A sociedade colonial no Brasil, que tinha como principal símbolo representativo a
família patriarcal rural, iniciou seu desenvolvimento dentro de um contexto de grandes
propriedades rurais, principalmente de plantações de açúcar, tendo como importante
impulsionador para seu funcionamento a mão-de-obra escrava. É dentro dessa formação da
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social que Freyre (2003, p.44) relaciona a casa-grande e a senzala com aspectos do
comportamento do brasileiro e de suas representações, “da sua vida doméstica [...] sob o
patriarcalismo escravocrata e polígamo; da sua vida de menino; do seu cristianismo
reduzido à religião de família e influenciado pelas crendices da senzala”. A família
patriarcal tradicional tinha sua estrutura composta, no grupo principal, pelo patriarca
(grande chefe de família), a esposa, filhos e descendentes; e por um segundo grupo formado
por outros parentes, filhos bastardos, empregados e escravos. Essa estrutura representava
não somente o sistema social, mas também o político e o econômico da época.
Vivo e absorvente órgão da formação social brasileira, a família colonial reuniu,
sobre a base econômica da riqueza agrícola e do trabalho escravo, uma variedade de
funções sociais e econômicas. Inclusive, como já insinuamos, a do mando político:
ou oligarquismo ou nepotismo, que aqui madrugou, chocando-se ainda em meados
do século XVI com o clericalismo dos padres da Companhia. (...) Pela presença de
um tão forte elemento ponderador como a família rural ou, antes, latifundiária, é que
a colonização portuguesa do Brasil tomou desde cedo rumo e aspectos sociais tão
diversos da teocrática, idealizada pelos jesuítas [...]. (FREYRE, 2003, p.84)
É neste contexto que a autoridade patriarcal se desenvolve, inicialmente dentro da
família, refletindo depois em diversos ramos da sociedade. Dentro do cotidiano da vida
doméstica enraíza-se o princípio de autoridade do chefe da família, poder este que é alijado
de contestações. Como ressalta Holanda (1995, p.11), “não existe [...] outra sorte de
disciplina perfeitamente concebível além da que se funde na excessiva centralização do
poder e na obediência". Assim, há uma transposição do modo de agir familiar para o da
administração do Estado brasileiro.
O quadro familiar torna-se, assim, tão poderoso e exigente, que sua sombra
persegue os indivíduos mesmo fora do recinto doméstico. A entidade privada
precede sempre, neles, a entidade pública. A nostalgia dessa organização compacta,
única e intransferível, onde prevalecem necessariamente as preferencias fundadas
em laços afetivos, não podia deixar de marcar nossa sociedade, nossa vida pública,
todas as nossas atividades. Representando, como já se notou acima, o único setor
onde o principio de autoridade e indisputado, a família colonial fornecia a ideia
mais normal do poder, da respeitabilidade, da obediência e da coesão entre os
homens. O resultado era predominarem, em toda a vida social, sentimentos próprios
à comunidade doméstica, naturalmente particularista e antipolítica, uma invasão do
público pelo privado, do Estado pela família. (HOLANDA, 1995, p.84)
Dentro desse contexto da família patriarcal rural do século XVI, a mulher tem seu
papel diretamente ligado à vida doméstica, do lar, devotada ao marido. Além do trabalho
familiar, a mulher observava as atividades que eram ligadas ao funcionamento da casa-
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grande. Saffioti (1979, p.170) ressalta que a mulher “supervisionava a confecção de rendas
e o bordado, a feitura da comida dos escravos, os serviços do pomar e do jardim, o cuidado
das crianças e dos animais domésticos”. Além dos costumes, a moral também é concebida
de maneira diferente de acordo com o gênero. Freyre (2013, p.258) afirma que, nesse
sentido, havia um padrão de moralidade diferenciado “dando ao homem todas as liberdades
de gozo físico do amor e limitando o da mulher a ir para a cama com o marido, toda a santa
noite que ele estiver disposto a procriar”.
As mulheres também eram analisadas pela sociedade conforme o comportamento.
Elas deveriam se portar de forma discreta e recatada, antes e depois do casamento. A
virgindade e a reputação de uma mulher eram diretamente ligadas a sua honra, se
estendendo consequentemente à honra de suas famílias, pais ou maridos se fosse o caso.
Toda essa vigilância em torno da mulher era necessária para se resguardar a
virgindade, a fidelidade e a honra. Caso fosse solteira, a mulher era vigiada para que
mantivesse essa qualidade, pois de sua castidade e pureza dependia a honra de todos
os homens da família, ou seja, irmãos e pai. Quando casada a mulher era vigiada
porque dela também dependia a honra do marido, tanto no que dizia respeito à
fidelidade e a legitimidade da prole, quanto no que se referia à própria
masculinidade do marido. Assim, cabia à mulher, em parte, a responsabilidade pela
manutenção da honra dos homens da família a qual pertencia. (FOLLADOR, 2009,
p.7)
Outro objeto de diferenciação entre o masculino e o feminino era o sexo. Nesse
sentido, o corpo da mulher era visto como sendo frágil, de apreciação e servidão do homem.
O adjetivo do belo ligado ao corpo feminino e o de força ligado ao masculino configuravam
modelos imperativos de caracterização dos gêneros.
A extrema diferenciação e especialização do sexo feminino em “belo sexo” e “sexo
frágil” fez da mulher de senhor de engenho e de fazenda e mesmo da iaiá de
sobrado, no Brasil, um ser artificial, mórbido. Uma doente, deformada no corpo
para ser a serva do homem e a boneca de carne do marido. Ainda assim, houve
figuras magníficas de mulheres criadoras, dentro dos sobrados, como no interior das
casas-grandes. (FREYRE, 2013, p.129)
Mesmo com todos os avanços sociais, políticos e culturais obtidos pelas mulheres
através dos anos que se desdobraram após o século XVI, características tão presentes na
estereotipização e formação de uma imagem feminina da sociedade patriarcal - mulher bela,
recatada e do lar - ainda prevalecem, mesmo que seja de forma velada.
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O Papel da mulher na sociedade
O patriarcalismo culminou para as mulheres injustiças e desigualdades,
principalmente pelo fator biológico, que a colocou, por muitos anos, como um ser inferior.
A formação desse estereótipo estipulou ao longo dos tempos a diferenciação de papéis tanto
para os homens como para as mulheres. Na pré-história, entretanto, elas eram quase
endeusadas, consideradas a origem da vida, por ainda ser desconhecido o papel do homem
na reprodução humana, e assim possuíam grande força nos conjuntos familiares. Nessa
época, era permitido o matrimônio por grupos, ou seja, não se sabia quem seria o pai de
uma criança, só podia-se conhecer a mãe, identificando somente a descendência materna
(ENGLES, 1978). “Caíram do pedestal, quando se tomou conhecimento da imprescindível,
mesmo que efêmera, colaboração masculina no engendramento de uma nova vida (...)”
(SAFFIOTI, 2004, p.33).
No Brasil colonial, os índios configuravam um modelo de família muito diferente
para os padrões europeus. A liberdade sexual antes do casamento não era motivo de
espanto; os casamentos não arranjados eram comuns, podendo ser desfeitos por ambas as
partes; a poligamia para os homens era normal e prestigiosa; somente o adultério era razão
para penalidades, como a morte da mulher e se engravidasse, da criança fruto da desonra. A
índia cuidava da roça, na fabricação de algodão, da casa e da preparação de alimentos. De
certo modo não era submissa ao homem, apenas depois do casamento, que a função
primordial era servir e obedecê-lo. Com a chegada dos missionários à colônia, reforçava-se
o modelo patriarcal: “a todo-poderosa Igreja exercia forte pressão sobre o adestramento da
sexualidade feminina. O fundamento escolhido para justificar a repressão da mulher era
simples: o homem era superior, e portanto cabia a ele exercer autoridade”(DEL PRIORE,
2012, p. 45 e 46).
À escrava cabia tomar conta da casa, fazer as vontades da sinhá e também dos
sinhôs, servindo a eles de amantes, como as índias também o fizeram, e sendo
posteriormente vítimas dos castigos das esposas deles, por ciúme ou da inveja pelo corpo
que chamava atenção. Já a mulher branca tinha como dever zelar pela casa, tutelar a
educação dos filhos e se manter resguardada, a fim de manter a honra e o nome da família:
“a mulher podia ser mãe, irmã, filha, religiosa, mas de modo algum amante” (DEL
PRIORE, 2012, p. 73). Essa preocupação com a castidade feminina tinha como finalidade
preservar o patrimônio que pertenciam à prole futuramente, e assim, repassar além dos
bens, o nome da família para os herdeiros.
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O movimento iluminista no século XVIII trouxe novas vertentes, colocando a
educação como ponto de partida para o progresso. Com isso, as mulheres puderam, mesmo
que ainda de modo inferior aos homens, estudar e ganhar instrução, e posteriormente, servir
ao magistério, resultando no aumento da liberdade e autonomia feminina. Para Bourdieu
(2005), a educação foi um fator decisivo para as transformações que mudariam o destino
das mulheres, como a independência econômica, reformulações dos modelos de família e
também da inserção da mulher no espaço público. Embora com as conquistas deste século,
de acordo com Beauvoir (2009), foi com a revolução industrial que o papel da mulher
realmente veio a se modificar, sobretudo com a expansão contínua do período, que viu na
mulher uma ferramenta de trabalho oportuna, alcançando de maneira lenta e gradual, sua
dignidade como ser humano.
Com os processos que se desenvolveram ao longo do século XIX, como a abolição
da escravatura e a urbanização, o patriarcado perde um pouco de sua força, a mulher que
pertence ao espaço privado, ganha novos lugares:
Com a urbanização e a industrialização, a vida feminina ganha novas dimensões não
porque a mulher tivesse passado a desempenhar funções econômicas, mas em
virtude de se terem alterado profundamente os papéis, no mundo econômico. O
trabalho nas fábricas, nas lojas, nos escritórios rompeu o isolamento em que vivia
grande parte das mulheres, alterando, pois sua postura diante do mundo exterior.
(SAMARA, 1986, p. 179).
Sob uma perspectiva de avanços significativos, como o de maior instrução e
emancipação da mulher, que decorreram desde o século XIX e se concretizaram no decorrer
do século seguinte, surgiram então, movimentos feministas que contestavam os direitos
ainda não obtidos e as atrocidades cometidas por uma sociedade ainda machista e
exploradora.
A luta pela emancipação consistia na exigência da igualdade (jurídica, política e
econômica) com o homem, mas mantinha-se na esfera dos valores masculinos,
implicitamente reconhecidos e aceitos. Com o conceito de libertação, prescinde-se
da “igualdade” para afirmar a “diferença” da mulher, entendida não como
desigualdade ou complementaridade, mas como assunção histórica da própria
alteridade e busca de valores novos para uma completa transformação da sociedade
(ODORISIO, 1994, p. 486).
Embora o século XX tenha sido de tamanha importância para as mulheres, que
apoderaram-se de diversos espaços sociais, alcançando direitos, mesmo com vários
empecilhos (ditadura militar e preconceitos enraizados), ainda há um caminho muito longo
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a ser trilhado, visto que espaços como a política, são considerados “(...) a última fortaleza
masculina, a esfera mais machista, mais fechada às mulheres” (LIPOVETSKY, 2000,
p.279). Essa diferenciação, ainda existente, entre espaço público sendo dos homens, e
privado das mulheres, culmina no enfraquecimento da democracia, que só será fortalecida
quando houver participação igualitária nos campos políticos.
A Mulher na Política
Atualmente, as mulheres representam a maioria da população (51,5%) e do
eleitorado brasileiro (52,1%), de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entretanto, na esfera política,
embora a participação feminina tenha crescido desde a promulgação da Constituição de 88,
ainda é uma “profissão de homens, concebida e organizada no masculino” (PERROT, 1998,
p.129). A luta feminina por um lugar no espaço de poder no Brasil é antiga, se destacando,
nesse contexto, três importantes momentos históricos: a conquista do direito ao voto, em
1932; o movimento feminista da década de 70 e a Constituição de 1988.
A batalha para poder integrar o sistema político, começou ainda no Brasil Império e
foi vencida depois de acentuada campanha nacional. Em um primeiro momento, em 1932,
delimitava-se que somente as mulheres casadas ou que comprovassem renda própria
poderiam votar. Dois anos após a homologação do decreto 21.076 do Código Eleitoral
Provisório, a delimitação foi retirada, e todas as mulheres passaram a constituir o quadro de
eleitores. Mas a obrigatoriedade feminina só foi estipulada em 1946 (TRE, 2014). A
demora em incorporar a mulher nas esferas públicas se deve, principalmente, pelo fato de
ter se criado papéis e funções femininas estereotipadas:
O espaço público moderno foi definido como esfera essencialmente masculina, do
qual as mulheres participavam apenas como coadjuvantes, na condição de
auxiliares, assistentes, enfermeiras, secretárias, ou seja, desempenhando as funções
consideradas menos importantes nos campos produtivos que lhes eram abertos.
As autoridades e os homens de ciência consideravam a participação das mulheres na
vida pública incompatível com a sua constituição biológica. (...) Só muito
recentemente a figura da “mulher pública” foi dissociada da imagem da prostituta e
pensada sob os mesmos parâmetros pelos quais se pensa o “homem público”, isto é,
enquanto ser racional dotado de capacidade intelectual e moral para a direção dos
negócios da cidade. (DEL PRIORE, 2012, p. 603 e 604).
Embora o movimento feminista já existisse, foi na década de 70 que ele ganhou
relevância, principalmente em função de em 1975, ser decretado o Ano Internacional da
Mulher pela Organização das Nações Unidas (ONU). A partir disso, alguns documentos
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foram produzidos com o intuito de garantir a igualdade de direitos e o fim da discriminação
entre homens e mulheres, sobretudo, na Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Contra as Mulheres, em 1979, e posteriormente Recomendações e
Plataformas de Ação das Conferências Mundiais de Nairóbi (1985) e Beijing (1995)
(RANGEL, 2012, p. 79).
A participação feminina na política é um fenômeno recente, visto que, após a
conquista do sufrágio feminino em 32, o país passou por momentos de conflito e restrições
de direitos, tanto na era Vargas e anos depois com a Ditadura Militar. As mulheres só
começaram a se envolver efetivamente nas esferas de poder com a redemocratização do
Brasil. Na década de 80 surgiram vários mecanismos de forma protetiva à mulher, como
leis, delegacias, eventos, convenções, e também, os primeiros conselhos para traçar
políticas públicas para as mulheres. O “lobby do batom”, como ficou conhecida a
organização de mulheres recrutadas, defendia os direitos femininos e tentava sensibilizar os
políticos sobre as demandas femininas:
Os avanços realizados pela participação política das mulheres, desde então, podem
ter sido menores que os desejados, mas a mudança de patamar da presença feminina
no meio parlamentar já não admitia retrocessos. Não mudou apenas o número de
mulheres na Câmara dos Deputados e na política brasileira. Mudou o nível de
articulação entre elas, mudou a agenda legislativa, mudou a qualidade das políticas
públicas. (AZEVEDO e RABAT, 2012, p.124).
Desde então, o número de mulheres nas esferas de poder vem aumentando, embora
o número de homens ainda prevaleça. Contudo, a participação feminina é importante,
justamente porque “a mulher na política abre uma brecha nos persistentes discursos da
cultura patriarcal, que ainda reserva lugares marcados para homens em instâncias decisórias
do poder” (PAIVA, 2008, p. 19). Além disso, “o que está levando em conta hoje, no mundo
inteiro, é a preocupação em tornar os centros decisórios mais democráticos, com
representações diversas, e a participação da mulher é um dos tópicos de grande influência
nesse processo” (PAIVA, 2008, p. 29).
Dilma: a primeira mulher presidente
O histórico de Dilma Rousseff é marcado pelo engajamento político, tendo
pertencido a movimentos de luta armada, ainda jovem, contra a ditadura militar. Foi presa,
condenada e torturada, teve diversos codinomes enquanto esteve na clandestinidade. Após
ser absolvida, se formou em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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(UFRGS), onde se estabeleceu junto do marido e da filha. Seu envolvimento político não
parou, nos anos 80 participou de vários cargos do governo do Rio Grande do Sul e atuou na
campanha de Brizola.
Em 2001 se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT), sendo nomeada Ministra de
Minas e Energia em 2003 e, posteriormente, comandou a Casa Civil.
À frente de ambos os ministérios, tornou-se conhecida por ter um perfil tido como
centralizador e técnico, bem como por suas fortes cobranças a ministros e
assessores. Em sua gestão, também ganhou popularidade ao ser indicada pelo
presidente Lula como gestora do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)
(UOL, 2010).
Após o fim de seu governo, Lula apoiou a candidatura de Dilma para ser sua
sucessora no cargo executivo. Ela por sua vez, mantinha uma boa imagem em relação ao
eleitorado, justamente por conta das ações realizadas anteriormente pelo presidente petista.
Dilma Rousseff, aos 63 anos, é eleita Presidenta da República Federativa do Brasil,
com mais de 55,7 milhões de votos (56,05%). É a primeira mulher a chegar ao
Palácio do Planalto, como já fora a primeira mulher secretária da Fazenda de Porto
Alegre, a primeira secretária estadual de Energia, a primeira ministra de Minas e
Energia, e a primeira chefe da Casa Civil.(BRASIL, 2015).
A sucessora de Lula seguiu os projetos implementados por ele, dando continuidade
às obras de inclusão social e redução das desigualdades inaugurada na gestão
anterior. Aperfeiçoou políticas voltadas para saúde, educação e mobilidade urbana. No final
de seu primeiro mandato, a presidenta se reelege, em 2014, e começa a enfrentar forte
oposição às medidas praticadas, sobretudo no campo social, e não consegue manter a
popularidade que tinha, se comparada ao seu primeiro mandato. No ano passado, a instabilidade
política e a insatisfação popular abalaram seu governo.
Neste ano, ocorreram várias manifestações, pró e contra governo. As investigações
da operação “Lava-Jato” pautaram a mídia e o cotidiano da população. A expressão “tchau
querida” ganhou a boca do povo e dos políticos contrários à Dilma, após a divulgação de
um grampo telefônico, de uma conversa entre Lula e Dilma, propagada para a mídia pelo
Juiz Sérgio Moro.
A expressão, que na tarde desta quarta-feira, 11, está no trending topics do Twitter e
é fruto de vários memes, em função da votação do processo de impeachment da
presidente por parte do Senado, virou motivos de camisetas, se fez presentes nas
manifestações de rua contrárias ao governo Dilma e transformou-se em um recurso
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de citação por parte de diversos veículos nacionais e também pela imprensa
estrangeira (MEIO E MENSAGEM, 2016).
O tom irônico quanto à desaprovação da gestão Dilma fica evidente, revelando um
caráter machista quanto à sua rejeição. Atualmente, a presidenta está afastada de seu cargo
devido a um processo de impeachment que avalia se ela cometeu, ou não crime de
responsabilidade civil.
O modelo ideal de mulher: Um estudo de caso
No artigo intitulado “Bela, recatada e do lar”, publicado na edição especial da
Revista Veja5, do dia 20 de abril de 2016, a autora Juliana Linhares traça o perfil de Marcela
Temer, mulher do então Vice-Presidente da República, Michel Temer. A publicação foi
veiculada três dias após a votação que teve como resultado favorável o impeachment da
Presidenta Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados Federais, em Brasília. A edição extra
da revista é dividida em três seções: a primeira, intitulada “Como é”, fala da votação do
impeachment6 e do “desarranjo” do Governo Dilma; a segunda, chamada de “Como será”,
ressalta a Era de recomeços que virão com o possível Governo Temer7, exaltando diversas
qualidades do político, de sua família e de seu partido, além discutir perspectivas que
garantam o fim da impunidade no Brasil; a última seção, denominada “Como Foi”, fala de
importantes manifestações relacionadas à política na história do país, como as “Diretas Já”,
a vitória de Tancredo Neves, o impeachment de Collor, as manifestações de 2013 e de
2016, além de trazer algumas considerações negativas sobre a administração petista dos
últimos catorze anos.
Antes de evidenciar o modo como o artigo “Bela, recatada e do lar” tenta retratar o
modelo ideal de mulher, primeiramente é importante observar que este texto em particular,
está inserido, entre outros, em uma seção da revista que busca evidenciar algumas
qualidades de Michel Temer, exaltando a base familiar sólida constituída pelo político
atualmente. É nesse contexto que aparece a figura de Marcela Temer, que na época estava
próxima de se tornar a primeira-dama do país. O artigo aborda a história do casal, desde o
começo do relacionamento, mostrando hábitos familiares e particulares de Marcela. Nesse
sentido, vale destacar que o papel de mulher que é ressaltado da esposa de Temer, é de
alguém que vive à sombra do marido, dedicada ao bem estar da família e da casa.
5 O artigo está disponível em:<http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/bela-recatada-e-do-lar>.
6 O artigo está disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasil/folga-de-25-votos/>.
7 O artigo está disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasil/a-hora-e-a-vez-do-vice/>.
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O próprio título “Bela, recatada e do lar” já remete a um modelo ideal de mulher,
que foi construído nos moldes da família patriarcal brasileira do início da colonização do
país. Os três adjetivos relacionados à beleza, comportamento e dedicação à família e a casa,
são destacados ao logo de todo o texto, enaltecendo os hábitos e qualidades de Marcela, que
também refletem o padrão feminino que ainda é idealizado no imaginário de parte da
sociedade.
A beleza física de Marcela é salientada pela autora em diversas passagens do texto.
Linhares (2016, p.29) destaca a carreira profissional da esposa de Temer: “Marcela
comporta em seu curriculum vitae [...] dois concursos de miss no interior de São Paulo
(representando Campinas e Paulínia, esta sua cidade natal). Em ambos, ficou em segundo
lugar”. Além disso, mostra que, a então vice-primeira-dama, é vaidosa por cuidar de seu
físico, considerada, por seu cabeleireiro, a “nossa Gracie Kelly”.
O comportamento recatado é evidenciado na descrição dos hábitos e roupas
utilizadas.
Em todos esses anos de atuação política do marido, ela apareceu em público
pouquíssimas vezes. "Marcela sempre chamou atenção pela beleza, mas sempre foi
recatada", diz sua irmã mais nova, Fernanda Tedeschi. "Ela gosta de vestidos até os
joelhos e cores claras", conta a estilista Martha Medeiros. (LINHARES, 2016, p.29)
A autora também sobressalta o pudor que Marcela e sua família tiveram desde o começo
deste relacionamento, relatando que além de Michel ter sido seu primeiro namorado, mostra
o cuidado que sua mãe teve ao acompanha-la no primeiro encontro.
A dedicação e o zelo ao lar e à família podem ser observados no fragmento do texto
onde a autora relata o amor e a atenção que Marcela dispõe ao filho: “Marcela é uma vice-
primeira-dama do lar. Seus dias consistem em levar e trazer Michelzinho da escola, cuidar
da casa, em São Paulo, e um pouco dela mesma também (nas últimas três semanas, foi duas
vezes à dermatologista tratar da pele)” (LINHARES, 2016, p.29).
O papel de mulher submissa e que aparece em um segundo plano na vida do casal é
nítido quando a autora do artigo descreve um programa familiar organizado pela esposa,
mas que foi desfeito pela vontade do marido em não expor a família em um momento que
julgava ser de ânimos acirrados no país, e que foi aceito sem discussão por Marcela:
No Carnaval, Marcela planejou uns dias de sol e praia só com o marido e o filho e
foi para a Riviera de São Lourenço, no Litoral Norte de São Paulo. Temer iria
depois, mas, nos dias seguintes, o plano foi a pique: o vice ligou, dizendo que estava
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receoso de expor a família, devido aos ânimos acirrados no país. Pegou Marcela,
Michelzinho, e todo mundo voltou para casa. (LINHARES, 2016, p.29)
Além do texto apresentado no artigo, a então vice-primeira-dama é ilustrada em uma
fotografia em que aparece com um vestido discreto e sem decotes, com os cabelos presos,
pouca maquiagem e um sorriso tênue, posando de forma distinta. Todas essas formas de
caracterização de Marcela retomam ao velho padrão social de comportamento construído de
maneira patriarcal no Brasil ao longo dos anos.
Considerações finais
A partir da análise do texto, é possível observar que as qualidades atribuídas a
Marcela Temer no artigo “Bela, recatada e do lar”, da Revista Veja, revelam o estereótipo
de modelo ideal de mulher, entranhado na cultura brasileira desde o início da colonização
do país. Sobressai também a cultura do machismo, pelo fato de enaltecer características a
Michel Temer como sendo de um homem pertencente ao espaço público, e a de Marcela
como de alguém que cuida do espaço privado. Nesse contexto, a revista tenta enquadrar a
figura de Michel como a de um político que, além de possuir capacidade administrativa, é
também um homem de sorte, por ser chefe de família e ter uma esposa que se encaixa nos
padrões conservadores herdados da família patriarcal brasileira do século XVI, onde a
mulher tinha o papel diretamente ligado à vida doméstica, do lar, devotada ao marido.
Mesmo com os avanços alcançados pelas mulheres ao longo dos séculos, como a
independência econômica e igualdade de direitos, culminando em maior inserção no espaço
público e reformulações dos modelos de família, o artigo da Revista Veja demonstra que
ainda hoje é possível observar uma caracterização das mulheres como sendo cuidadoras das
famílias, inferiores aos homens e incapazes de exercer, com a mesma excelência, atividades
realizadas por eles.
Um exemplo dessa caracterização preconceituosa pode ser observado ao analisar a
maneira como a construção da imagem da Presidenta Dilma Rousseff é feita pela revista em
alguns artigos, como sendo uma administradora incapacitada, sem os atributos necessários
para exercer um cargo, que pela primeira vez na história do país, é ocupado por uma
mulher. Na mesma publicação, a história, os atributos e a intimidade de Michel Temer são
exaltados, dando uma perspectiva de que ele seja o homem certo para a presidência.
Há também no texto, de maneira velada, uma comparação entre os perfis de Marcela
Temer e de Dilma Rousseff. Ao exaltar a beleza, o recato, o papel de mulher cuidadora do
lar e submissa ao marido, da mulher de Michel Temer, a autora traça um perfil totalmente
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oposto do que é associado à Dilma em outros artigos da mesma publicação. Na edição,
Rousseff é tida como uma mulher soberba e incapaz de gerir o país. Além disso, as fotos
mostradas na revista mostram a Presidenta com um tom mais arrogante e com gestos que
não são esperados de uma mulher, como por exemplo, falar rispidamente durante um
discurso. Ao mesmo tempo em que a publicação demonstra o sucesso que Marcela tem em
suas atividades dedicadas ao marido e ao lar, mostra o suposto fracasso que Dilma teve ao
exercer uma função que, ainda majoritariamente, é realizada por homens no país.
O fator biológico ainda está presente, mesmo que de forma invisível, quando a
Revista Veja valoriza a excelência do tipo de mulher que Marcela representa, uma
caracterização conservadora que liga a reputação e o comportamento feminino a um modelo
familiar “perfeito”. Em contrapartida, a mulher que utiliza-se do espaço e de características
tradicionalmente pertencentes aos homens dentro do contexto social brasileiro, caso de
Dilma Rousseff, não é vista como uma mulher bem sucedida.
A repercussão que a publicação teve em todo o país, principalmente nas redes
sociais, com parte da população repudiando um conteúdo com viés conservador e
preconceituoso, demonstra a importância dos meios de comunicação no cotidiano do
brasileiro, chamando atenção para o combate a uma imprensa parcial e que busca a
manipulação da grande massa através de publicações tendenciosas.
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