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Apresentação da Professora Leila Maria Fonseca Barbosa, no IV Encontro de Pesquisadores do Caminho Novo.
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Belmiro Braga: uma cidade no meio do Caminho NovoProfessora Leila Maria Fonseca Barbosa, pesquisadora da História Literária de Juiz de
Fora, escritora e membro da Academia Juiz-Forana de Letras.
Há dois anos, em São João del Rei, Leila Barbosa falou do poeta Belmiro Braga e este
ano, conforme declarou ao se apresentar, abordaria a cidade que recebeu o nome do poeta.
Assim, ao lado do trecho de um de seus poemas, projetou a imagem da urbe.
Em seguida, trouxe a letra do Hino de Belmiro Braga, letra de Dormevilly Nóbrega e
música de seu filho Daltony Nóbrega, contando a história da interrelação da cidade com o
caminho novo:
Margeando o caminho novo,
Veio habitar outro povo,
Na antiga Minas Gerais
E num sonho que ainda expande
Fez nascer a vargem grande,
Cheia de força e ideais.
Ao chamar-se Ibitiguaia,
Um novo sonho se espraia
Da própria vida cuidar - (bis)
E, no ideal que se afaga,
Escolher Belmiro Braga,
Nilza Cantoni e Joana Capella
Protetor deste lugar
Segundo a professora Leila, na bandeira da cidade de Belmiro Braga, o vermelho
significa intrepidez; o azul (Blau), serenidade e o verde (Sinople), abundância. O escudo,
quando criado, evidenciava os três distritos municipais: Belmiro Braga, Porto das Flores e Três
Ilhas; a lira destacava a presença do grande poeta mineiro, nascido na localidade; as três faixas
de prata a topografia hidrográfica da região, constituída pelos rios Paraibuna, Rio Preto e
Peixe; a Flor de Liz, Nossa Senhora Sant’Ana,
padroeira da localidade.
Serras virentes que não mais transponho,
Na retina fiel ainda eu vos tenho
E revejo através de um grande sonho,
A casa onde nasci, as mansas reses,
A várzea, a horta, o laranjal, o engenho
E a cruz onde eu rezava tantas vezes...
Belmiro Braga
O município recebeu o nome em homenagem ao poeta nascido aos 7 de janeiro de
1872, na Fazenda da Reserva, em Vargem Grande, depois chamada Ibitiguaia e finalmente
Belmiro Braga. A fazenda ficava "entre altos morros, nas abas da serra Criminosa”, conforme
descreve o poeta em seu livro de memórias Dias idos e vividos.
Ali, prossegue Leila Barbosa, Belmiro residiu com seus pais, que possuíam, além do
sítio, uma venda à beira do caminho. E continuou:
“A cidade localiza-se na região da Zona da Mata Mineira e abrange os distritos de São
José das Três Ilhas, Porto das Flores e Sobragy, além das localidades de Vila São
Francisco, Vila Operária Klabin, Santa Mafalda e Fortaleza. Abrange uma área de 381
km². Sua estrutura, quanto à saúde, é simples, com atendimentos ambulatoriais, e os
casos de maior complexidade são encaminhados para as cidades de Juiz de Fora - MG,
Valença, Vassouras e Barra do Piraí-RJ. Em relação à educação, todas as escolas são
públicas, com ensino médio e fundamental, mas apresenta grande evasão escolar,
Nilza Cantoni e Joana Capella
sobretudo nas escolas rurais. Os interessados em cursos de 3º grau são direcionados a
Valença, Rio das Flores e Juiz de Fora. Destacam-se, na região, atividades típicas do
meio rural, como pecuária (rebanhos bovinos, suínos e aves) e agricultura. Na área
urbana, o setor de serviços absorve parte da mão de obra, sendo importante destacar
a influência direta e indireta gerada pelas atividades das Usinas Hidrelétricas de
Sobragy e Picada, da empresa Votorantim Energia.
A Associação de Moradores da Vila Klabin, Belmiro Braga, em parceria com outras
entidades e com o apoio da Votorantim, desenvolveu o projeto BELMIRO NA TRILHA –
FORMAÇÃO DE MONITORES, liderados pelas professoras Maria Goretti Simões e Sônia
Maria Heckert, de Juiz de Fora.
Os alunos da cidade foram treinados para fazerem o levantamento bibliográfico da
área do município, a partir do Inventário desenvolvido pelo PERMEAR (Programa de
Estudos e Revitalização da Memória Arquitetônica e Artística) e do Diagnóstico,
elaborado pelo GAIA – Grupo de Aplicação Interdisciplinar à Aprendizagem. E,
com participação coletiva ou em pequenos grupos,
utilizaram um formulário do Ministério da Cultura,
realizando visitas e entrevistas com informantes
qualificados; fazendo pesquisa de campo;
registrando fotograficamente os bens e
sistematizando as informações coletadas.
Visualizou-se, então, o turismo, como alternativa
para dinamizar a economia local e gerar receitas,
especialmente a partir do resgate de tradições e
valorização das particularidades locais, como as
festas; e os referenciais históricos, como as igrejas e
as fazendas de café da região.
O resultado das ações foi transformado no
CATÁLOGO TURÍSTICO: BELMIRO BRAGA que reúne e
apresenta os bens histórico-culturais mapeados:
Conjunto Arquitetônico;
Capela e Igrejas;
Fazendas;
Artesanato;
Manifestações Culturais.
Nilza Cantoni e Joana Capella
O objetivo de reter os jovens na cidade, ensinando-os a serem guias e incentivarem o
turismo, em Belmiro Braga, foi, então, atingido.
Sobre os distritos, foi informado que no Centro Histórico de São José das Três Ilhas
destaca-se o casario construído pelos Barões, residentes nas fazendas, que vinham, com suas
famílias, para as missas e manifestações religiosas da Igreja de São José. Já em Sobragy, a
Estação Ferroviária é atualmente o Centro Comunitário de Sobragy, sendo utilizada como
posto médico, aulas de capoeira e reuniões da Associação de Moradores.
Passando à sede do município, a palestrante informou que a Praça de Sant’Anna foi
inaugurada em 1962, tendo uma fonte hoje desativada e um belo coreto, tombado em 2002.
Na praça, existem ainda bancos, parquinho, banheiros e telefone público.
Em outra praça, denominada Getúlio Vargas, há restaurantes, bares e lanchonetes,
além da Igreja Nossa Senhora do Rosário.
E quantas rezas não balbucia
ali sozinho num gesto mudo !
Ao longe os sinos – Ave Maria
tangem na sua melancolia
e a noite desce cobrindo tudo.
Ao lembrar este poema de Belmiro Braga, a professora informou que a Igreja do
Rosário foi construída na década de 1970, sendo utilizada para cerimônias fúnebres e, no mês
de outubro, há festa para Nossa Senhora do Rosário. Já a Capela do Divino Espírito Santo foi
construída em 1902, seu altar é de 1924 e a imagem do Divino é proveniente de uma capela
que ruiu. Foi tombada em 2002.
A Igreja Matriz de Sant’Ana, edificada por volta de 1885 é atualmente mantida pela
Mitra Arquidiocesana de Juiz de Fora. Fica no centro de Belmiro Braga e, no seu interior,
existem imagens, como a da padroeira (Sant’Ana), altar e sacristia. Tem capacidade para cerca
de 280 pessoas. Anexos à igreja, localizam-se o salão e a casa paroquial. Além das missas
rotineiras, acontecem celebrações de casamentos, batizados, crismas, velórios, cerimônias da
Semana Santa e festividades pelo dia da padroeira.
Também foram citadas a Igreja Nossa Senhora das Dores e a Igreja do Asilo. A
primeira, em Porto das Flores, com piso em ladrilhos hidráulicos, uma imagem do Sagrado
Coração de Jesus e, outra, de Nossa Senhora das Dores. A segunda, construída por volta de
1911, localiza-se na Fazenda Patrocínio, em São José das Três Ilhas. Era parte de um colégio
interno para crianças pobres, daí seu nome de “asilo”. O colégio foi demolido e a fazenda
vendida. Lá, foi filmada A terceira morte de Joaquim Bolívar, em 2000, escrito e dirigido por
Flávio Cândido.
Nilza Cantoni e Joana Capella
Entretanto, mais conhecida é a Igreja de São José das Três Ilhas, construída em 1878,
em pedra, durante o ciclo do café. Seu mestre de obras foi o português Joaquim Rodrigues. Em
sua parte externa há um chafariz e, no interior, imagens, altar, um órgão ainda em
funcionamento, pintura nas paredes e vitrais. Possui desenhos
de Quintiliano Nery Ribeiro. Em setembro de 1997 foi cenário
do filme O menino Maluquinho II. É importante destacar os
passinhos, utilizados pela Via Sacra, constituídos por
capelinhas localizadas nas proximidades da igreja.
No município existem ainda outros templos católicos
como a Igreja de São Sebastião, construída em 1944, no Distrito de Fortaleza, local onde se
realizam leilões e almoços em prol da comunidade. Já a Igreja do Sagrado Coração de Jesus,
em Três Ilhas, tem sua principal festa no mês de julho.
Entre as diversas fazendas do município, a
professora Leila citou as seguintes:
FAZENDA BOA ESPERANÇA
Construída pelo Barão de Três Ilhas, em 1874, é
fazenda de café e sua senzala foi extinta em
1931. Tem 14 cômodos e 5 salões, mobiliário do
tempo do Barão, louça, quadros, vestuário e decoração. Possui uma capela. Hoje tem,
como atividade econômica, a criação de gado leiteiro. Pelas informações, o Barão das
Três Ilhas chegou a ser a segunda maior fortuna do
império, mas morreu falido, sem o saber.
FAZENDA DA VARGEM (FAZENDA DO BOLÃO)
Da época do ciclo do café, é uma sede histórica e seus
proprietários recebem visitantes para o café e outras
refeições.
Possui gado leiteiro, galinhas e porcos. Cultivam horta e pomar para consumo próprio.
A fazenda possui trilhas, uma cachoeira e um açude.
FAZENDA DOS MONGES ou FAZENDA ANANDA KÜRTANA
Edificada no século XIX, fica na Estrada Juiz e Fora-Belmiro Braga e é mantida pela
Associação Ananda Marga (ACIAM). Com cerca de 1000 visitas por ano, recebe pessoas
do Brasil, além de turistas da Argentina, Portugal, Estados Unidos, Alemanha e da
Índia. A alimentação oferecida é a vegetariana. Na casa sede, do século XIX, hoje,
funcionam atividades espirituais. Possui uma horta orgânica coletiva e um templo onde
são desenvolvidos projetos sociais, como a manutenção da escolinha infantil Sol
Nilza Cantoni e Joana Capella
Nascente. Possui ainda um campo de futebol. Para manutenção, foram vendidas
glebas e existem casas particulares no local. Aos domingos, é oferecido um almoço com
cardápio vegetariano, pago mediante uma doação. Possui ainda espaço para
caminhadas e para a produção e venda de produtos artesanais, como bonecas
pedagógicas, doce de leite, queijo e mel.
Há, em Belmiro Braga, uma boa produção de aguardente de cana, especialmente a
Cachaça Du Botti e a Pinga du Neném. Em Porto das Flores o destaque fica com a fábrica de
ladrilhos hidráulicos.
Entre as manifestações culturais, Leila Barbosa mencionou o Festival São José das
Culturas, realizado anualmente em São José das Três Ilhas, e a Folia de Reis Estrela da Paz que
em 2010 foi registrada como Bem Imaterial.
Nilza Cantoni e Joana Capella
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