View
1
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
BIANCA ROCHA SALES
POTENCIAL ANTITUMORAL DO COMPOSTO 7-EPI-CLUSIANONA EM
LINHAGENS CELULARES DE CÂNCER DE MAMA HUMANO CULTIVADAS
COMO MONOCAMADAS E ESFEROIDES
Dissertação apresentada ao Departamento de
Biologia Celular e do Desenvolvimento do
Instituto de Ciências Biomédicas da
Universidade de São Paulo, para obtenção do
Título de Mestre em Ciências.
Área de concentração: Biologia Celular e
Tecidual
Orientadora: Profa. Dra. Gláucia Maria
Machado Santelli
Versão Original
São Paulo 2015
RESUMO
ROCHA-SALES, B. Potencial antitumoral do composto 7-epi-clusianona em linhagens celulares
de câncer de mama humano cultivadas como monocamadas e esferoides. 2015. 78 f. Dissertação
(Mestrado em Biologia Celular e Tecidual). Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São
Paulo, 2015.
A biodiversidade de plantas brasileiras é uma fonte muito rica de moléculas bioativas, e dentro da
proposta da busca por novas drogas antitumorais, avaliamos neste estudo o potencial antiproliferativo
do composto 7-epi-clusianona, extraído de Garcinia brasiliensis, planta popularmente conhecida como
bacupari. Foram utilizadas duas linhagens celulares derivadas de tumor de mama humana, Hs 578T e
MCF-7, sendo a primeira derivada de tumor mais agressivo, cultivadas em monocamada e como
esferoides (cultura 3D). Os esferoides representam modelos de interação celular mais próximos dos
tumores in vivo, são atualmente propostos para screening de drogas anticâncer. Neste estudo foi pela
primeira vez estabelecida a cultura de esferoides com as células Hs 578T, sem a adição de
componentes de matriz extracelular, o que possibilitou a comparação com os da linhagem MCF-7.
Microscopia eletrônica de transmissão possibilitou mostrar que as células dos esferoides de MCF-7 são
coesas, concordando com maiores níveis de expressão de caderina-E nestas condições de cultura do
que em monocamada. As células Hs 578T se organizam concentricamente com morfologia similar a
fibroblasto e os níveis proteicos de caderina-E não detectáveis por Western Blotting. O IC50 após 48
horas de tratamento das células é de 20 μM para Hs 578T e 6 μM para MCF-7. A análise do ciclo celular
por citometria de fluxo mostrou que o composto é capaz de reter as células em fase G1/G0 em ambas
as linhagens em 2D, mas não em 3D. O tratamento com 7-epi-clusianona não altera a organização de
actina-F e a integridade nuclear, como observado em preparações de imunofluorescência ao
microscópio confocal de varredura a laser. Algumas vias de sinalização envolvidas com proliferação
celular (PCNA, ERK) e de controle do ciclo celular (ciclina D1 e p53) foram analisadas por Western
Blotting e PCR em tempo real, após 24 horas de tratamento. O composto é capaz de induzir as células
a senescência celular, como mostrado pelo ensaio de detecção de β-galactosidase. Não houve indução
de apoptose após tratamento com composto. Esses dados indicam que o composto 7-epi-clusianona
é uma molécula promissora, que demonstrou potencial antitumoral em células de tumor de mama. A
cultura tridimensional se mostrou mais resistente ao tratamento com 7-epi-clusianona, portanto estudos
mais abrangentes são necessários para melhor entendimento dos efeitos do composto sobre esse tipo
de cultura.
Palavras-chave: produtos naturais anticâncer. Garcinia brasiliensis. 7-epi-clusianona. Cultura
tridimensional. Bloqueio no ciclo celular. Senescência celular. Células de tumor de mama humano.
ABSTRACT
ROCHA-SALES, B. Antitumoral potential of 7-epi-clusianone in human breast cancer cell lines
cultured in monolayer and as spheroids. 2015. 78 p. Master Thesis (Cell Biology and Tissue).
Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, 2015.
Brazilian flora is considered one of the most diverse in the world and natural products are some of the
important sources of new antitumoral compounds. The aim of this study was to evaluate the
antiproliferative potential of 7-epi-clusianone, extracted from Garcinia brasiliensis, named bacupari in
folk medicine. Two cell lines derived from human breast tumor were used, Hs 578T, derived from more
aggressive tumor and MCF-7, both cultured in monolayer and as spheroids (3D culture). The spheroids
are closer to in vivo tumors than cells cultured as monolayers and are currently proposed for screening
of anticancer drugs. It was the first time that Hs 578T cells were cultured as spheroids without the
addition of extracellular matrix components, which enabled us to analyze morphological differences
between both spheroids. Transmission electron microscopy enabled us to show that cells in MCF-7
spheroids are cohesive, in accordance with higher expression levels of E-cadherin in these culture
conditions than monolayer. Hs 578T cells assumed fibroblast-like morphology, were organized
concentrically and E-cadherin protein levels were not detectable by Western blotting. The IC50 after 48
hours of treatment was 20 µM for Hs 578T cells and 6 µM for MCF-7 cells. Cell cycle analysis by flow
cytometry showed induction of cell cycle arrest in G1/S phase due to the treatment with 7-epi-clusianone
in cells cultured in monolayers, but not in 3D culture model. 7-epi-clusianone treatment did not change
the organization of F-actin and nuclear integrity, as observed in laser scanning confocal microscopy
preparations. Some proteins involved with cell proliferation pathways (PCNA and ERK) and cell cycle
control (cyclin D1 and p53) were analyzed by Western blotting and real-time PCR, after 24 hours of
treatment. The amount of cells in senescence after treatment with 7-epi-clusianone is higher than the
control group, as seen by the senescence β-galactosidase staining assay. Apoptosis was not detected.
Altogether, these data suggest that 7-epi-clusianone is a promising molecule against tumor cells, which
demonstrated antitumoral potential against breast cancer cells. The three-dimensional culture was more
resistant to treatment with the compound than the monolayer, therefore more comprehensive studies
are needed to better understand the effects of 7-epi-clusianone on this type of culture.
Keywords: natural products anticancer. Garcinia brasiliensis. 7-epi-clusianone. Three-dimensional
culture. Cell cycle arrest. Cellular senescence. Human breast cancer cell lines.
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Câncer
O câncer pode ser definido como um conjunto de mais de centenas de doenças,
cujo principal fator é a disfunção no ciclo celular normal das células que constituem os
tecidos (Instituto Nacional do Câncer - INCA, 2015). Portanto, o câncer é o resultado
de várias alterações no nível molecular que conferem à célula modificações em seu
comportamento e, por conseguinte, resultam em alterações na fisiologia da célula e
também mudança no fenótipo celular, como o aumento do tamanho do núcleo da
célula cancerosa em relação ao da célula normal (GINZBERG; KAFRI; KIRSCHNER,
2015).
Hanahan e Weinberg (2011) listaram as principais alterações que as células
precisam adquirir para mudarem seu fenótipo normal e alcançarem o fenótipo tumoral.
A inativação de genes supressores de tumor, como TP53 que codifica uma das
principais proteínas supressoras tumorais, a p53 e a perda da expressão de caderina-
E podem conferir à célula fenótipo tumoral. As células tumorais também se tornam
independentes aos sinais de indução de apoptose e de senescência celular (fase
irreversível do ciclo celular onde a célula está viável, porém não prolifera mais).
De acordo com as estatísticas publicadas por Saika e Sobue (2013) o câncer é
uma das principais causas de morte no mundo, ficando atrás somente de doenças
cardiorrespiratórias. A Sociedade Americana de Câncer (AMERICAN CANCER
SOCIETY, 2015) divulgou as estimativas para o ano atual, que apontam a quantidade
de novos casos que serão diagnosticados e também a quantidade de mortes previstas
para 2015 na América do Norte. Segundo essas estimativas, serão diagnosticados
aproximadamente 220 mil novos casos de câncer de próstata, por outro lado as
mulheres são acometidas principalmente pelo câncer de mama, que de acordo com
essa pesquisa serão aproximadamente 230 mil novos casos em 2015.
Segundo a última estatística feita pelo o INCA (2014) que também é válida para
o ano atual, no Brasil seriam diagnosticados 576 mil novos casos de câncer, sendo
que os mais incidentes são para homens, o câncer de próstata com 68.800 mil novos
15
casos, e assim como na América do Norte, o tipo de câncer que mais acomete o sexo
feminino é o de mama, de acordo com o INCA foram aproximadamente 57 mil casos
diagnosticados (figura 01).
Figura 01 - Estimativas dos 10 tipos de câncer mais incidentes para o ano de 2014 separados por sexo, excluindo pele não melanoma (modificado de INCA, 2014).
Devido à alta incidência do câncer de mama na população feminina, essa
doença tem sido bastante estudada. Alguns tipos de câncer de mama podem ser
listados, como carcinoma ductal de mama (que acomete os ductos glândulares) que
é o mais frequente atingindo aproximadamente 80% dos casos, outros subtipos são
mais raros, como o carcinoma lobular, que acomete os lóbulos produtores de leite
(PEROU et al., 2000). Os tumores de mama podem também ser classificados de
acordo com a presença ou não dos receptores hormonais. Os tumores de mama
classificados como triplo-negativo são aqueles que não respondem aos tratamentos
com drogas hormonais, por não expressarem os receptores de estrógeno (ER-), os
receptores de progesterona (PgR-) e a proteína HER-2 (fator de crescimento
epidérmico humano do tipo 2). Esses tumores estão associados a um pior prognostico
dos pacientes por serem mais agressivos (FOULKES; SMITH; REIS-FILHO, 2010).
Apesar de vários estudos demonstrarem que a taxa de sobrevivência de
pacientes com câncer aumenta expressivamente quando a doença é descoberta mais
precocemente, a taxa de mortalidade ainda é muito alta, no Brasil e no mundo. Tendo
em vista que há grande heterogeneidade dos tumores de mama, tanto genotípica
quanto fenotípica, a busca por novos fármacos que tenham potencial antitumoral está
intensificada (DESANTIS et al., 2014; SIEGEL; NAISHADHAM; JEMAL, 2013).
Esses dados indicam a importância da busca por novos fármacos, sendo que
a biodiversidade da fauna e flora brasileiras pode se tornar uma ferramenta importante
na descoberta de novas moléculas bioativas contra a progressão tumoral.
16
1.2 Compostos naturais anticâncer: 7-epi-clusianona
Os fármacos derivados de diferentes organismos, como plantas e animais
marinhos tem sido de grande importância para humanidade, no que diz respeito à
alívio de dores musculares até o combate de células cancerosas. Há séculos busca-
se por novas moléculas que tenham bioatividade, tem se obtido grande sucesso,
graças a vasta heterogeneidade de compostos secundários e substâncias que esses
organismos produzem, na sua maioria para sua própria defesa (DEMAIN; VAISHNAV,
2011).
No combate ao câncer essa busca é incessante, atualmente, a busca por novos
fármacos que sejam menos tóxicos para as células normais (aquelas que não foram
acometidas pela doença), que tenham a capacidade de reverter o fenótipo maligno ou
que evitem a disseminação do tumor pelo organismo (metástase) têm sido
intensificadas. Neste contexto, podemos destacar os estudos que tem como alvo a
busca por novos compostos naturais, principalmente aqueles derivados de plantas.
Alguns fármacos já consolidados na indústria farmacêutica foram
primeiramente extraídos de plantas e atualmente são sintetizados em laboratório,
como os taxanos, extraídos do teixo, Texus baccata, que atua nas células como
hiperpolimerizador de microtúbulos, impedindo a divisão mitótica, são altamente
utilizados como quimioterápico contra os cânceres de ovário e próstata, por exemplo
(KAMPAN et al., 2015). Outro quimioterápico sintetizado em laboratório, bastante
utilizado e que também interfere na dinâmica dos microtúbulos, impedindo a
proliferação das células cancerosas, é a vincristina, originalmente extraída da planta
Vinca rosea (JORDAN, 2002).
Outros compostos que também exibiram potencial anticâncer, mas que ainda
estão em fase de estudos demonstram ser muito promissores. Dentre eles está o
ácido cinâmico, encontrado em frutos cítricos e outros vegetais, que exibe baixa
citotoxicidade e demonstrou potencial antiproliferativo em células de melanoma
humano (HT-144 e NGM), alterando a organização do citoesqueleto com posterior
indução de apoptose (NIERO; MACHADO-SANTELLI, 2013). O pterocarpano,
extraído de árvores da espécie Platymiscium floribundum, interage com os
microtúbulos e aumenta o número de células MCF-7 em pró-metáfase, demonstrando
importante atividade antitumoral (MILITÃO et al., 2014).
Dentre os compostos que já foram isolados, o composto 7-epi-clusianona tem
17
sido bastante estudado. Trata-se de uma benzofenona poliprenilada, extraída
inicialmente do pericarpo dos frutos de Garcinia brasiliensis (figura 02) (SANTOS et
al., 1999).
A espécie Garcinia brasiliensis (Mart.) Planchon & Triana, sinonímia Rheedia
brasiliensis Mart., é conhecida na medicina popular como “bacupari”, “bacuri”,
“laranjinha”, entre outros, pertence à família Clusiaceae (antiga Guttiferae), apresenta
ampla distribuição geográfica: Guiana, Argentina, Bolívia e Brasil (CORRÊA, 1978;
OLIVEIRA et al., 2011). Na medicina popular, os frutos já foram utilizados para dores
musculares, infecções urinárias, úlceras pépticas e tumores (CORRÊA, 1978). Vários
compostos de interesse farmacológico já foram isolados das espécies pertencentes à
esta família, por isso tem sido alvo de estudos (SANTOS, 1996).
Figura 02 – Garcinia brasiliensis e 7-epi-clusianona. A e C - frutos de Garcinia brasiliensis; B –
árvore, atinge de 5 a 7 metros de altura; D - estrutura química da molécula 7-epi-clusianona (modificado de Alves et al., 1999).
Algumas atividades farmacológicas do composto 7-epi-clusianona vêm sendo
descritas como potencial antimicrobiano (BRANCO DE ALMEIDA et al., 2011;
MURATA et al., 2008, 2010a), ação vasoconstritora/vasodilatadora (CRUZ et al.,
2006), antianafilático (NEVES et al., 2007), anti-inflamatório (SANTA-CECÍLIA et al.,
2012) e antiparasitário (ALVES et al., 1999).
18
Outro estudo investigou o efeito do composto 7-epi-clusianona sobre algumas
linhagens de células cancerosas humanas in vitro e comparou com o efeito da
doxorubicina, foi demonstrado que para a linhagem de mama humana MCF-7, o
composto 7-epi-clusianona foi mais agressivo, onde o índice de citotoxicidade que
inviabiliza 50% das células (IC50) foi de 6,3 µM em detrimento da doxorubicina, que
para esta linhagem ficou em 17,1 µM (MURATA et al., 2010b).
Ionta et al. (2015) verificaram o potencial antitumoral do composto 7-epi-
clusianona sobre células da linhagem A549 (carcinoma de pulmão) e mostraram que
após 48 horas de tratamento a viabilidade das células foi reduzida, apresentando o
IC50 de 16,13 µM, houve também mudanças na organização do citoesqueleto,
paralelamente a este efeito, as células eram encaminhadas para apoptose.
1.3 Cultura tridimensional: esferoides
Embora os resultados obtidos a partir de estudos com a 7-epi-clusianona no
modelo clássico (monocamada ou bidimensional) sejam muito promissores, eles não
refletem características importantes no microambiente tumoral in vivo, como por
exemplo a interação célula-célula e célula-matriz, outra característica como a
polaridade celular, também é perdida no modelo de cultivo em monocamada
(CZARNECKA; RUSIN, 2013; XU; FARACH-CARSON; JIA, 2014; KITEL).
Contudo, por muito tempo, a técnica de cultura de células em monocamada foi
o único método in vitro que possibilitou o entendimento do funcionamento das células
e sua complexa biologia molecular. O pioneiro no que tange o desenvolvimento da
cultura de células in vitro, foi Harrison, que em 1907 manteve pela primeira vez, células
de embrião de anfíbios vivas em cultura. A partir disso, tudo foi se aprimorando, desde
a confecção de meio de cultura apropriado para cada tipo celular, até o
desenvolvimento de culturas tridimensionais. Cultivando células de coração de
galinha, Alexis Carrel, notou que havia diferenças na viabilidade das células que
ficavam em contato com o meio de cultura, essas células viviam por mais tempo em
cultura, então Carrel começou a cultivar todas as células sobre uma superfície
formada por fios de seda, o que permitiu melhor interação das células com o meio de
cultura. Talvez, esse tenha sido o primeiro registro de cultura de células em três
dimensões. Anos depois, Johannes Holtfret, cultivou as células em placas contendo
ágar e submeteu essas culturas à rotação, daí surgiu de fato, o primeiro método de
19
cultura tridimensional, que desde 1950 até os dias atuais, é cada vez mais utilizado e
aprimorado (AMARAL; MACHADO-SANTELLI, 2011a).
Existem vários métodos para se cultivar células tridimensionalmente, alguns
modelos de estudo utilizam arcabouço, como moléculas da matriz extra-celular, onde
as células se ancoram, outros métodos não submetem as células à ancoragem, como
o método da gota pendente e os esferoides multicelulares, onde as células ficam livres
no meio de cultura (MONTANEZ-SAURI; BEEBE; SUNG, 2015).
As células, quando cultivadas em esferoides (3D) rearranjam seu citoesqueleto,
alteram o nível de proteínas envolvidas com adesão célula-célula e aumentam
expressivamente a sinalização entre célula-matriz (ELLIOTT; YUAN, 2011). Ainda que
seja uma técnica desenvolvida in vitro e não alcance completamente as características
celulares in vivo, os esferoides são importante ferramenta de estudo para o
entendimento da biologia celular e molecular de tumores sólidos (AMARAL et al.,
2011b; AMARAL; URABAYASHI; MACHADO-SANTELLI, 2010; SANTINI; RINALDI,
1999).
A própria arquitetura dos esferoides multicelulares lhes confere diferenças na
captação de oxigênio entre as células. As células que estão na periferia têm maior
acesso ao oxigênio do que as que estão alojadas no interior do esferoide e o mesmo
ocorre com a disponibilidade de nutrientes. Foi observado que as células da periferia
dos esferoides apresentam uma taxa de proliferação muito maior que as células
encontradas do centro. O oposto ocorre com o processo de morte celular. As células
do interior dos esferoides tendem a morrer, geralmente por necrose, devido à
escassez de fatores fundamentais para a manutenção da sobrevivência e proliferação
celulares (FRIEDRICH; EBNER; KUNZ-SCHUGHART, 2007; PAGE; FLOOD;
REYNAUD, 2013).
Os esferoides têm ganhado bastante espaço no que se refere a estudos para
testes com drogas anticâncer, devido ao seu arranjo multicelular e a similaridade com
o microambiente tumoral in vivo, tem sido amplamente utilizado para o screening de
novas drogas antineoplasticas (PATEL et al., 2015). Segundo alguns estudos, a
resistência às drogas aumenta à medida que a complexidade estrutural aumenta
(ELLIOTT; YUAN, 2011; NIERO et al., 2014).
Partindo-se dos dados apresentados, o objetivo do presente estudo foi
investigar a ação da 7-epi-clusianona sobre células de câncer de mama humano
cultivadas em monocamada ou em sistema tridimensional (esferoides). Esperamos
20
que o uso desses dois sistemas nos permitam fazer inferências sobre mecanismos
envolvidos com a quimioresistência das linhagens celulares estudadas.
21
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os dados expostos no presente estudo, podemos fazer algumas
inferências em relação aos efeitos do 7-epi-clusianona sobre as linhagens celulares
estudadas e também sobre a cultura tridimensional feita com as células Hs 578T:
As células Hs 578T e MCF-7 foram sensíveis ao tratamento com 7-epi-clusianona,
pois as concentrações do IC50 para ambas as linhagens são baixas, em relação a
outros compostos com potencial quimioterápico. Contudo, entre as duas linhagens
estudadas, a MCF-7 é mais sensível do que a Hs 578T.
O composto apresenta efeito antiproliferativo nas linhagens estudadas em
monocamada, via retenção de células em fase G0/G1 do ciclo celular. Para as
células MCF-7 cultivadas em esferoides não houve alteração na população em fase
específica do ciclo celular em relação ao grupo controle.
A diminuição da expressão de ciclina D1 e o aumento de p53 na linhagem MCF-7
tratada com o composto podem estar relacionados com o processo de reparo no
DNA. O mesmo não pode ser inferido para a linhagem Hs 578T, visto que essa
célula apresenta mutação em p53.
O tratamento com 7-epi-clusianona não foi capaz de induzir apoptose em nenhuma
das linhagens cultivadas em monocamada ou na linhagem MCF-7 cultivada em
esferoides.
Houve aumento da frequência de células senescentes na população de células de
ambas as linhagens cultivadas em monocamada em função do tratamento com 7-
epi-clusianona.
Os microfilamentos não sofreram alteração após tratamento com o composto, em
nenhuma das linhagens cultivadas em monocamada, assim como não houve
mudanças na disposição da lâmina B1 após tratamento.
Os esferoides de ambas as linhagens são arredondados, visto ao microscópio de
luz, mas apresentam diferenças morfológicas quando observados ao microscópio
eletrônico. As células da linhagem MCF-7 se organizam de forma coesa e as
células da linhagem Hs 578T se apresentam de forma concêntrica na periferia do
esferoide.
22
O aumento da expressão de PCNA no grupo controle da linhagem MCF-7 cultivada
como esferoide indica que essa linhagem, quando cultivada em 3D prolifera mais
que na monocamada e como houve diminuição nos grupos tratados com 7-epi-
clusianona, pode ser um indício de que há diminuição da proliferação também nos
esferoides devido ao tratamento, assim como acontece na monocamada.
Os maiores níveis de expressão de caderina-E nos esferoides da linhagem MCF-7
indicam que há maior interação célula-célula nos esferoides, como já era esperado.
A linhagem Hs 578T apresenta baixos níveis de caderina-E, mas expressa
caderina-N, por ser uma linhagem que já sofreu transição epitélio-mesenquima.
O tratamento com o composto induziu as células Hs 578T a diminuir a expressão
de proteínas de matriz extracelular, alterando o microambiente tumoral que as
células estabelecem quando cultivadas em esferoides.
23
REFERÊNCIAS*
ALVES, T. M. et al. Biological activities of 7-epiclusianone. J. Nat. Prod., v. 62, n. 2, p. 369-371, 1999. AMARAL, J. B.; MACHADO-SANTELLI, G. M. A cultura de células em 3 dimensões e suas aplicações em estudos relacionados a formação do lúmen. Naturalia, v. 34, p. 1-20, 2011a.
AMARAL, J. B. et al. Cell death and lumen formation in spheroids of MCF-7 cells. Cell Biol. Int., v. 34,
n. 3, p.267-274, 2010. AMARAL, J. B. et al. MCF-7 cells as a three-dimensional model for the study of human breast cancer. Tissue Eng Part C Methods, v. 17, n. 11, p. 1097-1107, 2011b.
AMERICAN CANCER SOCIETY. Cancer facts & figures. Atlanta: American Cancer Society. Disponível em: <http://www.cancer.org/acs/groups/content/@editorial/documents/document/acspc-044552.pdf> Acesso em 26 de julho de 2015. BENIEN, P.; SWAMI, A. 3D tumor models: history, advances and future Perspectives. Future Oncol.,
v. 10, n. 7, p. 1311-1327, 2014. BRANCO DE ALMEIDA, L. S. et al. Effects of 7-epiclusianone on Streptococcus mutans and Caries Development in Rats. Planta Med., v. 77, p. 40-45, 2011.
CORRÊA, M.P. Dicionário de plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1978, v. 3, 747 p. CRUZ, A. J. et al. Vascular effects of 7-epiclusianone, a prenylated benzophenone from Rheedia garderiana, on the rat aorta. Phytomedicine, v. 13, n.6, p.442-445, 2006. DANTAS, B. B. et al. Effects of curine in HL-60 leukemic cells: cell cycle arrest and apoptosis induction. J. Nat. Med., v. 69, p. 218-223, 2015. DEMAIN, A. L.; VAISHNAV, P. Natural products for câncer chemotherapy. Microb. Biotechnol., v. 4,
n. 6, p. 687-699, 2011. DESANTIS, C.E. et al. Cancer treatment and survivorship statistics, CA Cancer J. Clin., v.64, n.4, p.252-271, 2014. ELLIOTT, N.T.; YUAN, F. A review of three-dimentional in vitro tissue models for drug discovery and transport studies. J. Pharm. Sci., v. 100, n. 1, p. 59-74, 2011. FOULKES, W. D. et al. Triple-negative Breast Cancer. N. Engl. J. Med., v. 363, n. 20, p. 1938-1948, 2010. FREITAS, V.M. et al. Thegeodiamolide H, derived from Brazilian sponge Geodia corticostylifera, regulates actin cytoskeleton, migration and invasion of breast cancer cells cultured in three-dimensional environment. J. Cell Physiol., v. 216, n. 3, p.583-594, 2008.
FRIEDRICH J. et al. Experimental anti-tumor therapy in 3-D: spheroids--old hat or new challenge?. Int J. Radiat. Biol., v. 83, n. 11-12, p. 849-871, 2007. GAO, J. et al. Evaluation of cytotoxic and apoptotic effects of individual and mixed 7-ketophytosterol oxides on human intestinal carcinoma cells. J. Agric. Chem., v. 63, p. 1035-1041, 2015.
*De acordo com: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
24
GASPAROTTO, J. Hecogenin acetate inhibits reactive oxygen species production and induces cell cycle arrest and senescence in the A549 human lung cancer cell line. Anticancer Agents Med. Chem., v. 14, n. 8, p. 1128-1135, 2014. GHATE, N. B. et al. An antioxidant extract of tropical lichen, Parmotrema reticulatum, induces cell cycle arrest and apoptosis in breast carcinoma cell line MCF-7. PLoS One, v. 8, n. 12, 2013. GINZBERG, M. B. et al. Cell Biology. On being the right (cell) size. Science, v. 348, p. 771-778, 2015. GOMES, D. L. et al. Methanolic extracts from brown seaweeds Didtyota cilliolata and Dictyota menstrualis induce apoptosis in human cervical adenocarcinoma HeLa cells. Molecules, v. 20, p. 6573-
6591, 2015. HAHM, S. W. et al. Anticancer properties of extracts from Opuntia humifusa against human cervical carcinoma cells. J. Med. Food, v. 18, n. 1, p. 31-44, 2015.
HAMILTON, G. Multicellular spheroids as an in vitro tumor model. Cancer Letters, v. 131, p. 29-34,
1998. HANAHAN, D.; WEINBERG, R. A. The hallmarks of cancer: next generation. Cell, v. 144, p.646-674, 2011. HANEMANN, S. S. L. Estudo in vitro da atividade antiproliferativa de 7-epiclusianona sobre linhagens celulares de carcinoma de mama humana. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciências). Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Alfenas, Minas Gerais, 2015. HYUN, M. K. CG0009, a novel glycogen synthase kinase 3 inhibitor, induces cell death through cyclin D1 depletion in breast cancer cells. PloS One, v. 8, n. 4, 2013. INSTITUTO NACIONAL DO CANCER. Estimativas 2014. Rio de Janeiro: INCA. Disponível em <http://www.inca.gov.br/estimativa/2014> Acesso em 15 de maio de 2015. INSTITUTO NACIONAL DO CANCER. O que é o câncer? Rio de Janeiro: INCA. Disponivel em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cance r/site/oquee> Acesso em de 15 maio de 2015. IONTA, M. et al. 7-Epi-Clusianone, a Benzophenone from Garcinia brasiliensis (Clusiaceae) Acts as an Inductor of Cell Cycle Arrest in G1/S Transition and Induces Apoptosis in A549 Cells. Molecules, v. 20,
p. 1-13, 2015. ITAHANA, K.; DIMRI, G.; CAMPISI, J. Regulation of cellular senescence by p53. Eur. J. Biochem., v. 268, p. 2784-2791, 2001. JORDAN, M. A. Mechanism of action of antitumor drugs that interact with microtubules and tubulin. Curr. Med. Chem. – Anti-Cancer Agents, v. 2, n. 1, p. 1-17, 2002. KAMPAN, N. C. et al. Paclitaxel and its evolving role in the management of ovarian cancer. Biomed. Res. Int., v. 2015, n. 413076, p. 1-21, 2015.
KAN, W. L. et al. Antitumor effects of novel compound, guttiferone K, on colon cancer by p21Waf1/Cip1-mediated G(0)/G(1) cell cycle arrest and apoptosis. Int. J. Cancer, v. 132, n. 3, p. 707-716, 2013. KENNY, P. A. et al. The morphologies of breast cancer cell lines in three-dimensional assays correlate with their profiles of gene expression. Mol. Oncol., p. 84-96, 2007. KIM, B. W. Sustained ERK activation is involved in the kaempferol-induced apoptosis of breast cancer cells and is more evident under 3-D culture condition. Cancer Biol. Ther., v.7, p. 1080-1089, 2008.
KITEL, R. et al.Three-dimensional cell cultures. Applications in basic science and biotechnology. Postepy. Biochem., v. 59, n. 3, p. 305-14, 2013.
25
LAKSHMI, R. V. et al. Design, synthesis, and anticancer properties of novel benzophenone-conjugated coumarin analogs. Arch. Pharm., v. 346, n. 12, p. 901-11, 2013. LEE, S. Y. Implication of necrosis linked p53 aggregation in acquired apoptotic resistance to 5-FU in MCF-7 multicellular tumor spheroids. Oncol. Rep., v. 24, p. 73-79, 2010.
LI, M. et al. Antiproliferative activity and apoptosis-inducing mechanism of L-securinine on human breast cancer MCF-7 cells. Pharmazie, v. 69, n. 3, p. 217-223, 2014. MEHTA, G. et al. Opportunities and challenges for use tumor spheroids as models to test drug delivery and efficacy. Journal of Controlled Release, v. 164, p. 192-204, 2012.
MILITÃO, G. C. et al. Pterocarpans induce tumor cell death through persistent mitotic arrest during prometaphase. Biochimie, v. 104, p.147-155, 2014. MOMBACH, J. C. M.; BUGS, C. A.; CHAOUIYA, C. Modelling the onset of senescence at the G1/S cell cycle checkpoint. BMC Genomics, v. 15, n. 7, p. 1-11, 2014.
MONTANEZ-SAURI, S. I. et al. Microscale screening systems for 3D cellular microenvironments: platforms, advances, and challenges. Cell. Mol. Life Sci., v. 72, p. 237-249, 2015. MURATA, R. M. et al. Antiproliferative effect of benzophenones and their influence on cathepsin activity. Phytother Res, v. 24, n. 3, p. 379-383, 2010b.
MURATA, R. M. et al. Inhibition of Streptococcus mutans biofilm accumulation and development of dental caries in vivo by 7-epiclusianone anf fluoride. Biofouling, v. 26, n. 7, p. 865-872, 2010a. MURATA, R. M. et al. Inhibitory effects of 7-epiclusianone on glucan synthesis, acidogenicity and biofilm formation by Streptococcus mutans. Microbiol. Lett., v. 282, n. 2, p. 174-181, 2008.
NEUZILLET, C. et al. MEK in cancer and cancer therapy. Pharma Therapeutics, v. 141, p. 160-171,
2014. NEVES, J. S. et al. Antianaphylactic properties of 7-epiclusianone, a tetraprenylated benzophenone isolated from Garcinia brasiliensis. Planta Med., v. 73, n. 7, p. 644-649, 2007.
NIERO, E. L. et al.The multiple facets of drug resistance: one history, different approaches. J. Exp. Clin. Cancer Res., v. 28, p. 33-37, 2014. NIERO, E. L. O; Machado-Santelli, G. M. Cinnamic acid induces apoptotic cell death and cytoskeleton disruption in human melanoma cells. J. Exp. Clin. Cancer Res., v. 23, p. 32-31, 2013.
OLIVEIRA, A. K. M. et al. Potencial alelopático de folhas frescas de bacupari (Rheedia brasiliensis (Mart.) Planch. & Triana) na germinação de alface. R. Bras. Bioci., v. 9, n.4, p. 550-553, 2011. PAGE, H. et al. Three-dimensional tissue cultures: current trends and beyond, Cell Tissue Res., v. 352, n. 1, p. 123-131, 2013. PATEL, N. R. et al. Cancer cell spheroids for screening of chemotherapeutics and drug-delivery systems. Ther. Devil., v. 6, n. 4, p. 509-520, 2015. PAYDAR, M. et al. Evaluation of cytotoxic and chemotherapeutic properties of boldine in breast cancer using in vitro and in vivo models. Drug Des. Devel. Ther., v. 8, p. 719-33, 2014. PEROU, C. M. et al. Molecular postraits of human breast tumours. Nature, v.406, n. 6797, p. 747-752, 2000. PINHATTI, A. V. et al. Antiproliferative activity of the dimeric phloroglucinol and benzophenone derivatives of Hypericum spp. native to southern Brazil. Anticancer Drugs, v. 24, n. 7, p. 699-703, 2013.
26
REIS, F. H. Clusianone, a naturally occurring nemorosone regioisomer, uncouples rat liver mitochondria and induces HepG2 cell death. Chem. Biol. Interact., v. 212, p. 20-29, 2014.
RIZZO, C. L. Avaliação da proliferação e migração celular mediadas pela ativação do EGFR em linhagens celulares de câncer de pulmão cultivadas como monocamada e esferoides. 2015. 158 f. Tese (Doutorado em Biologia Celular e Tecidual). Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. SAIKA, K.; SOBUE, T. Cancer statistics in the world. Gan To Kagaku Ryolho, v.40, n.13, p. 2475-2480, 2013. SANTA-CECÍLIA, F. V. et al. 7-epiclusianone, the natural prenylated benzophenone, inhibits suproxide anions in the neutrophil respiratory burst. J. Med. Food, v. 15, n. 2, p. 200-5, 2012. SANTINI, M. T.; RAINALDI, G. Three-dimensional spheroid model in tumor biology. Pathobiology, v. 67, n. 3, p. 148-157, 1999. SANTOS, M. H. Estudo químico dos frutos de Rheedia gardneriana (PL. E TR.) e aplicações
biológicas dos seus constituintes. 1996. 135 f. Tese (Doutorado em Ciência). Curso de
Agroquímica, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 1996.
SANTOS, M. H. et al. 7-epiclusianona, a nova benzofenona tetraprenilada e outros constituintes químicos dos frutos de Rheedia gardneriana. Quim. Nova, v. 22, p. 654-660, 1999. SHAH, P.; GAU, Y.; SABNIS, G. Histone deacetylase inhibitor entinostat reverses epithelial to mesenchymal transition of breast cancer cells by reverse the repression of E-cadherin. Breast Cancer Res. Treat., v. 143, p. 99-111, 2014. SHIMURA, T.; FUKUMOTO, M.; KUNUGITA, N. The role of cyclin D1 in response to long-term exposure to ionizing radiation. Cell Cycle, v. 12, n. 17, p. 2738-2743, 2013.
SHIN, C. S. et al. Development of an in vitro 3D Tumor Model to Study Therapeutic Efficiency of an Anticancer Drug. Mol. Pharm., v. 10, n. 6, 2013. SIEGEL, R. et al. Cancer statistics, 2013. CA Cancer. J. Clin., v. 63, n. 1, p. 11-30, 2013. SONG, H. H. G. et al. Hydrogels to model 3D in vitro microenvironment of tumor vascularization. Adv. Drug Deliv. Rev., v. 79-80, p. 19–29, 2014.
STRZALKA, W.; ZIEMIENOWICZ, A. Proliferating cell nuclear antigen (PCNA): a key factor in DNA replication and cell cycle regulation. Annals of Botany, v. 1, n. 107, p. 1127-1140, 2011. SZOT, C. S. et al. 3D in vitro bioengineered tumors based on collagen I hydrogels. Biomaterials, v. 32,
n. 31, p. 7905–7912, 2011. TANNER, K.; GOTTESMAN, M. M. Beyond 3D culture models of cancer. Sci. Transl. Med., v. 7, n. 283, p. 1-4, 2015. WAGNER, J. et al. Overexpression of the novel senescence marker β-galactosidase (GLB1) in prostate cancer predicts reduced PSA recurrence. PloS One, v. 15, n. 10, 2015. XU, X. et al. Three-dimensional in vitro tumor models for cancer research and drug evaluation. Biotechnol. Adv., v. 10, 2014.
YOUNG, S. G. et al. Nuclear Lamins and Neurobiology. Mol. Cell Biol., v. 34, n. 15, p. 2776, 2014.
ZHENG, H. et al. Rotary culture promotes the proliferation of MCF-7 cells encapsulated in three-dimensional collagen-alginate hydrogels via activation of the ERK1/2-MAPK pathway. Biomed. Mater., v. 7, n. 1, 2012.
Recommended