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Boletim da Pastoral Familiar do Regional Sul II da CNBB - Paraná - abril de 2012
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Caros amigos e irmãos
Viva a Pastoral Familiar.
Nossos olhos e corações
voltam-se para a 4ª Peregrinação Nacional da Família
e para o Encontro Mundial das Famílias e para Milão.
Trabalho e festa, são temas que prometem muito,
porque promovem ou prejudicam a família. Depende
como são vividos nas famílias.
Quero saudar todos os agentes da Pastoral Familiar do
nosso Paraná e agradecer os trabalhos e apoio de Dom
João Bosco em favor da Pastoral Familiar no
Regional Sul II. Parabenizo os organizadores deste
Boletim. Está muito bom porque traz formação e
informação. Contem uma riqueza teológica e pastoral
que certamente servirá para nossa vida em família e
para a Pastoral familiar.
Desejo a todos, Feliz Páscoa. Como poderia ser a
páscoa da família? O que é negativo e mau deve
morrer, o que é bom deve ser conservado, melhorado,
vivido e testemunhado. Sejamos pois, amigos da
família ajudando-a a promover o reacionamento
conjugal, filial, fraternal, paternal, eclesial e social.
O que faz a família é o amor, um amor que se
expressa no relacionamento, na comunicação, no
diálogo, na comunhão.
Viva a Sagrada Família.
Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina
02 O paradoxo do nosso
tempo – George Denis
Patrick Carlin
03 Ressuscita em nós
04 Pós-Matrimonial foi o
Tema da III Etapa da
Escola Diocesana da
Pastoral Familiar de
Toledo-PR
05 Formação e Espirituali-
dade (4) – As persegui-
ções no Império Roma-
no
08 Da exortação apostólica
Familiaris consortio a
nossos dias –
Jean Lafitte
13 Concluído processo
diocesano da causa de
canonização de Jérôme
Lejeune
17 Encontro Diocesano em
Campo Mourão
19 Arquidiocese de
Cascavel oferece
Encontro de Formação
da Pastoral Familiar
20 Pastoral Familiar
Diocesana de
Guarapuava em Retiro
de Formação
CCNNBBBB –– RREEGGIIOONNAALL SSUULL IIII – BOLETIM ON LINE – AABBRRIILL DDEE 22001122
EEDDIITTOORRIIAALL
Leia nesta edição
AABBRRIILL DDEE 22001122
Pastoral Familiar – CNBB – Regional Sul II 22
BBoolleettiimm OONN LLIINNEE ddaa PPaassttoorraall
FFaammiilliiaarr ddoo RReeggiioonnaall SSuull IIII -- CCNNBBBB
RRuuaa SSaallddaannhhaa MMaarriinnhhoo,, 11226666 –– 8800443300--116600
CCuurriittiibbaa –– PPRR –– TTeell..::((4411)) 33222244--77551122
DDoomm OOrrllaannddoo BBrraannddeess AArrcceebbiissppoo ddee LLoonnddrriinnaa -- PPRR
RReepprreesseennttaannttee EEppiissccooppaall
EE--mmaaiill:: ddoo..bbrraannddeess@@uuooll..ccoomm..bbrr
DDiiáácc.. JJuuaarreess CCeellssoo KKrruumm AAsssseessssoorr RReeggiioonnaall
EE--mmaaiill:: jjcckkrruumm@@yyaahhoooo..ccoomm..bbrr
OO PPaarraaddooxxoo ddoo nnoossssoo tteemmppoo!! GGeeoorrggee CCaarrlliinn ((**))
Nós bebemos demais, gastamos sem critérios.
Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até
muito mais tarde, acordamos muito cansados,
lemos muito pouco, assistimos TV demais e
raramente estamos com Deus.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos
nossos valores.
Nós falamos demais, amamos raramente,
odiamos freqüentemente.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver;
adicionamos anos à nossa vida e não vida aos
nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade
em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho.
Conquistamos o espaço, mas não o nosso
próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssi-
mas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; domina-
mos o átomo, mas não nosso preconceito;
escrevemos mais, mas aprendemos menos;
planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar
mais informação, produzir mais cópias do que
nunca, mas nos comunicamos cada vez menos.
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta;
do homem grande, de caráter pequeno; lucros
acentuados e relações vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios,
casas chiques e lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral
descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e
das pílulas 'mágicas'.
Um momento de muita coisa na vitrine e muito
pouco na dispensa.
Uma era que leva essa carta a você, e uma era
que te permite dividir essa reflexão ou simples-
mente clicar 'delete'.
Lembre-se de passar tempo com as pessoas que
ama, pois elas não estarão aqui para sempre.
Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus
pais, num amigo, pois não lhe custa um centavo
sequer.
Lembre-se de dizer 'eu te amo' à sua companhei-
ra(o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro
lugar, se ame... se ame muito.
Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm
de lá de dentro.
Por isso, valorize sua família e as pessoas que
estão ao seu lado, sempre.
(*) George Denis Patrick Carlin (12-05-1937 —
22/06/2008) foi um humorista, autor e ator norte-americano. Carlin foi pioneiro na crítica a socieda-
de, o que lhe tornou famoso e ao mesmo tempo fez
com que fosse preso diversas vezes quando atuava, nos anos. setenta. Participou de diversos filmes e sé-
ries de TV, tais como "Car Wash", "Dogma", "Todo
mundo em pânico 3", "Carros", e muitos outros, e
"Deu a louca na Cinderela" foi seu último filme.
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Pastoral Familiar – CNBB – Regional Sul II 33
SSeennhhoorr,, rreessssuusscciittaa eemm nnóóss!!
Senhor, Como peregrinos na história e mergulhados na páscoa da vida, nós te pedimos com toda confiança:
Ressuscita em cada um de nós a verdadeira vida, ressuscita a capacidade criativa de ser, de amar, de servir... Ressuscita em cada um de nós gestos de fé, carícias de ternura, olhar de misericórdia. Faze-nos olhar nos olhos daqueles que puseste em nosso caminho, faze-nos passar para o sentido mais profundo do viver.
Senhor da vida, contigo caminhamos no mesmo hori-zonte. Contigo aprendemos a nos descentralizar. Aprendemos a viver solidários, como filhos do mesmo Pai. Estar contigo é desfrutar dos mesmos resultados. Con-tigo nosso coração se sensibiliza, busca transparência.
Obrigado, Senhor, pelos muitos gestos de vida que desfrutamos em nossa história. Obrigado pelo milagre diário da solidariedade, pelo mi-lagre da partilha, do amor gratuito. Obrigado pelo dom da fé que nos faz filhos e irmãos, obrigado por teu espírito que nos lança ao outro e para o céu, obrigado pela luz e pela força de tua palavra, palavra viva que eco, palavra eficaz, palavra para todos.
Senhor da luz e Senhor da esperança, tua Páscoa é a lâmpada que ilumina nossos passos. Cremos e confiamos em ti e por isso não conseguimos viver na paz enganadora, paz que não quer ver a dor, que esquece os outros.
Senhor, te pedimos a graça de sabermos olhar a vida com teus olhos, de contemplar o mundo com os valores
e critérios de teu Filho Jesus, de nunca desanimarmos, de recomeçarmos sempre de novo. Ajuda-nos a nos olharmos com humildade, com miseri-córdia e total confiança em ti.
Senhor da Páscoa, contigo aprendemos que a cruz arrastada é muito mais pesada que a cruz carregada com decisão. Contigo também aprendemos que cair é humilhante, mas que se reerguer tem algo de divino, de mais forte que tudo. Obrigado por teres vencido a morte com a vida! Obri-gado por nos testemunhares que a vida tem a última palavra, obrigado por nos teres revelado o verdadeiro sentido de todas as coisas.
Ajudai-nos, Senhor ressuscitado e forte, a não ter-mos medo de ti, a não termos medo das surpresas do viver, a não ter-mos medo dos desafios da vida, a não termos medo de nossa missão neste mundo, a não termos medo de nada, de ninguém, pois confia-mos que tu estás conosco. Tu és nossa força, nossa luz, nossa vida, nosso cami-nho, nossa paz...
Senhor, mais uma vez te pedimos, ressuscita em cada um de nós esta fé sincera que faz tudo novo, fé capaz de transpor grandes dificuldades, este fogo da esperança que aquece nosso coração e nos abrir os o-lhos, esta esperança da utopia, da solidariedade, de dias mais dignos para todos. Esta certeza de confiarmos em ti, certeza que vai ao encontro do outro e que faz a vida acontecer.
Ressuscita, Senhor, em cada um de nós esta coragem que vem de teu espírito vivificador, esta força que nos leva a dizer sim a tua palavra, a dizer sim ao próximo... Esta luz que nos aponta o caminho certo, o caminho da vida, vivido com prazer.
Senhor, ressuscita em nós os desejos sinceros da paz, da justiça e da fraternida-de... E conduze-nos pelos caminhos do amor e da vida. Amém.
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Pastoral Familiar – CNBB – Regional Sul II 44
PPóóss--MMaattrriimmoonniiaall ffooii oo TTeemmaa ddaa IIIIII EEttaappaa ddaa EEssccoollaa
DDiioocceessaannaa ddaa PPaassttoorraall FFaammiilliiaarr ddee TToolleeddoo--PPRR
Pós-Matrimonial foi o conteúdo da III Etapa da Escola Diocesana da Pastoral Familiar realizado nos dias 10 e 11 de Março de 2012 em Toledo, foi de muita valia para os participan-tes. Participaram 147 agentes de Pastoral Familiar.
Assessorado pelo casal André e Rita Kawahala da Pastoral Familiar do Regional Sul 1 – São Paulo, que discorreu sobre o Pós-Matrimonial destacando a relação entre casais de forma prática e ao mesmo tempo com testemunho de vida, carregado de experiência adquirida na própria família.
A Diocese de Toledo agradece ao casal pela dedicação na evangeliza-ção das famílias católicas.
André e Ritinha conseguiram dar subsídios para que os agentes possam ajudar as famílias na difícil tarefa de educar as famílias na fé, mas também que consigam resolver
ou evitar graves problemas dentro de suas próprias casas.
A escola serviu de motivação para os agentes de pastoral de nossa Diocese.
A III Etapa da Escola Diocesana da Pastoral Familiar aconteceu na Casa de Formação Instituto João Paulo II, onde esteve presente o Assessor pe. Ademir Alves Teixeira e também o Bispo Dom Francisco Carlos Bach.
A próxima etapa da Escola já está agendada para dia 22 e 23 de Setembro de 2012.
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Pastoral Familiar – CNBB – Regional Sul II 55
44.. PPEERRSSEEGGUUIIÇÇÕÕEESS NNOO IIMMPPÉÉRRIIOO
RROOMMAANNOO
((JJeessuuss CCrriissttoo 331133))
As perseguições começam com Cristo e vão até o
ano de 313. São datadas de uma forma bem precisa.
Nós temos mais ou menos dois séculos e meio de
perseguições à Igreja. Quando falamos de
perseguições, precisamos considerar as seguintes
questões:
a) As perseguições não foram contínuas. Houve
momentos de tolerância, de trégua, de
perseguições fortes e também momentos de paz.
b) Quando se fala de perseguições devemos
distinguir que elas foram em determinadas
regiões, portanto regionais ou locais e outras
vezes por todo o império.
c) Não havia nenhuma lei que determinasse as
perseguições. Elas dependiam exclusivamente
do imperador.
No século I temos três instituições políticas com
enfoque diferente: o Império Romano, o Judaísmo e
o Cristianismo.
Quando falamos do Império Romano sob o aspecto
religioso temos o politeísmo, com o aval do
imperador. Favorecia, exigia a idolatria e “ai de
quem não freqüentasse o culto dos pagãos”. O
Judaísmo tem uma conotação nacional. Tornou-se
alvo de vida para o povo judeu. E o Cristianismo
tinha como meta pregar a todos. É o Universalismo.
A todos os povos. E mais ainda – o Cristianismo
exigia o exclusivismo – somente um Deus que se
revelou em Jesus Cristo. Não admitia outros deuses.
PPoorr qquuee ooss ccrriissttããooss ffoorraamm ppeerrsseegguuiiddooss??
Vamos buscar no texto de At 4, 1-35 respostas as
três perguntas abaixo:
- Quem persegue? Por que motivo? Quais as
formas, os meios utilizados nas perseguições?
PPeeddrroo ee JJooããoo ddiiaannttee ddoo SSiinnééddrriioo – 1Falavam eles ao povo, quando sobrevieram os sacerdotes, o oficial do
Templo e os saduceus, 2contrariados. por vê-los ensinar
ao povo e anunciar, em Jesus, a ressurreição dos
mortos. 3Lançaram as mãos neles e os recolheram ao
cárcere até a manhã seguinte, pois já estava
entardecendo. 4Entretanto, muitos dos que tinham
ouvido a Palavra abraçaram a fé. E seu número, contando-se apenas os homens, chegou a cerca de cinco
mil. 5No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém seus
chefes, anciãos e escribas. 6Estava presente o sumo
sacerdote Anás, e também Caifás, Jônatas, Alexandre e
todos os que eram da linhagem do sumo sacerdote. 7Mandaram então comparecer os apóstolos e
começaram a interrogá-los: “Com que poder ou por meio de que nome fizestes isso?”
8Então Pedro, repleto
do Espírito Santo, lhes disse: “Chefes do povo e
anciãos! 9Uma vez que hoje somos interrogados
judicialmente a respeito do benefício feito a um enfermo
e de que maneira ele foi curado, 10
seja manifesto a todos
vós e a todo o povo de Israel: é em nome de Jesus
Cristo, o Nazareu, aquele a quem vós crucificastes, mas a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, é por seu
nome e por nenhum outro que este homem se apresenta
curado, diante de vós. 11
É ele a pedra desprezada por vós, os construtores, mas que se tornou a pedra angular.
FFoorrmmaaççããoo && EEssppiirriittuuaalliiddaaddee
- 4 -
-
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Pastoral Familiar – CNBB – Regional Sul II 66 12
Pois não há, debaixo do céu, outro nome dados aos
homens pelo qual devamos ser salvos”. 13
Ao ver a
intrepidez de Pedro e de João, e verificando que eram homens iletrados e sem posição social, ficaram
admirados. Reconheceram-nos, é verdade, como os que
estiveram com Jesus; 14
mas, vendo com eles, de pé, o homem que fora curado, nada podiam dizer em
contrário. 15
Mandaram-nos, pois, sair do Sinédrio e
puseram-se a deliberar, 16
dizendo: “Que faremos com
estes homens? Que por eles realizou-se um sinal notório é claramente manifesto a todos os habitantes de
Jerusalém, e não podemos negá-lo. 17
Mas, para que isto
não se divulgue ainda mais entre o povo, proibamo-los, com ameaças, de tornarem a falar neste nome a quem
quer que seja.” 18
Chamando-os, pois, ordenaram-lhes
que absolutamente não falassem nem ensinassem mais em nome de Jesus.
19No entanto, Pedro e João
responderam: “Julgai se é justo, aos olhos de Deus,
obedecer mais a vós do que a Deus. 20
Pois não podemos,
nós, deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”. 21
Então, depois de novas ameaças, soltaram-nos, não
encontrando nada em que puni-los, também por causa
do povo: todos glorificavam a Deus pelo que acontecera.
22Ora, tinha mais de quarenta anos o
homem no qual se verificara o sinal desta cura.
OOrraaççããoo ddooss aappóóssttoollooss nnaa ppeerrsseegguuiiççããoo – 23Uma vez
soltos, foram para junto dos seus e referiram tudo o que
lhes disseram os chefes dos sacerdotes e os anciãos. 24
Ouvindo isto, todos juntos elevaram a voz a Deus, dizendo: “Soberano Senhor, foste tu que fizeste o céu, a
terra, o mar, e tudo o que neles existe; 25
foste tu que
falaste pelo Espírito Santo, pela boca de nosso pai Davi,
teu servo: Porque esta arrogância entre as nações e estes vãos projetos entre os povos?
26Os reis da terra
apresentaram-se e os governantes se coligaram de
comum acordo contra o Senhor, e contra o seu Ungido. 27
De fato, contra o teu santo servo Jesus, a quem
ungiste, verdadeiramente coligaram-se nesta cidade
Herodes e Pôncio Pilatos, com as nações pagãs e os povos de Israel,
28para executarem tudo o que, em teu
poder e sabedoria, havias determinado de antemão. 29
Agora, pois, Senhor, considera suas ameaças e
concede a teus servos que anunciem com toda a intrepidez tua palavra,
30enquanto estendes a mão para
que se realizem curas, sinais e prodígios, pelo nome do
teu santo servo Jesus. 31
Tendo eles assim orado, tremeu o lugar onde se achavam reunidos. E todos ficaram
repletos do Espírito Santo, continuando a anunciar com
intrepidez a palavra de Deus.
AA pprriimmeeiirraa ccoommuunniiddaaddee ccrriissttãã – 32A multidão dos
que haviam crido era um só coração e uma só alma.
Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum.
33Com grande poder os
apóstolos davam o testemunho da ressurreição do
Senhor, e todos tinham grande aceitação. 34
Não havia
entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam os valores das
vendas 35
e os depunham aos pés dos apóstolos.
Distribuía-se então, a cada um, segundo sua necessidade.
As respostas são: O Sinédrio, porque 1) os
apóstolos falavam e faziam prodígios em nome de
Jesus, 2) pregavam Jesus como Filho de Deus
(Divindade) e que este Jesus ressuscitou e está vivo.
A terceira idéia é que os cristãos eram considerados
pelos judeus como traidores da religião judaica. E
4) a Razão – Os judeus não aceitaram o caráter
renovador das tradições judaicas (sábado, comer
com os pecadores e publicanos, o perdão dos
pecados etc). As formas de perseguição eram
prisões, proibições de pregar e ensinar, ameaças,
silêncio (não deixar falar...).
Outro texto, At 5, 17-42: PPrriissããoo ee lliibbeerrttaaççããoo
mmiirraaccuulloossaa ddooss aappóóssttoollooss – 17Interveio então o sumo
sacerdote com toda a sua gente, isto é, o partido dos
saduceus. Tomados de inveja, lançaram as mãos sobre os apóstolos e os recolheram à prisão pública.
19º Anjo
do Senhor, porém, durante a noite, abriu as portas do
cárcere, e, depois de havê-los conduzido para fora,
disse: 20
“Ide e, apresentando-vos no Templo, anunciai com ousadia ao povo tudo o que se refere àquela Vida!” 21
Tendo ouvido isto, entraram no Templo ao raiar do
dia e começaram a ensinar.
CCoommppaarreecciimmeennttoo ddiiaannttee ddoo SSiinnééddrriioo – Chegou
então o sumo sacerdote com a sua gente. Convocaram o
Sinédrio e todo o Senado dos israelitas, e mandaram buscar os apóstolos no cárcere.
22Mas os servos, que lá
foram, não os encontraram na prisão. voltaram,
portanto, dizendo: 23
“Encontramos o cárcere fechado com toda segurança e os guardas, junto às portas, de
sentinela. Mas, abrindo, não achamos ninguém lá
dentro”. 24
Ouvindo estas palavras, o oficial do Templo
e os chefes dos sacerdotes ficaram perplexos a respeito deles, pensando no que poderia isto significar.
25 Foi
quando alguém chegou com a notícia: “Aqueles
homens, que metestes na prisão, estão no Templo, ensinando o povo”.
26 Partiu então o oficial do Templo
com seus subalternos e trouxe os apóstolos, mas sem
violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo. 27
Tendo-os, pois, trazido, fizeram-nos comparecer
perante o Sinédrio. O sumo sacerdote os interpelou: 28
“Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis
nesse nome. No entanto, enchestes Jerusalém com a vossa doutrina, querendo fazer recair sobre nós o
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Pastoral Familiar – CNBB – Regional Sul II 77
sangue desse homem!” 29
Pedro e os apóstolos, porém,
responderam: “É preciso obedecer antes a Deus do que
aos homens. 30
º Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, suspendendo-o no madeiro.
31Deus,
porém, o exaltou com a sua direita, fazendo-o chefe e
Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.
32Nós somos testemunhas
destas coisas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu
aos que lhe obedecem”. 33
Ouvindo isto, eles tremiam de
raiva e pretendiam matá-los.
IInntteerrvveennççããoo ddee GGaammaalliieell – 34Então levantou-se, no
Sinédrio, certo fariseu, chamado Gamaliel. Era doutor da Lei, respeitado por todo o povo, Ele mandou retirar
os homens por um instante 23
e falou: “Varões de Israel,
atentai bem no que fareis a estes homens.
As respostas a este texto são: o Sinédrio, a pregação
e castigo (açoites), ameaças de morte, respectiva-
mente.
Portanto, há perseguição aos cristãos pelos judeus
como vimos nos dois textos acima e pelos romanos
nos textos seguintes: At 16, 20: 20
Apresentando-os
aos estrategos, disseram: “Estes homens
perturbam nossa cidade. São judeus.
- Agitando a cidade
At 17, 6: 6 Não os tendo encontrado, arrastaram Jasão
e alguns irmãos para diante dos politarcas, vociferando: “Estes são os que andaram revolucionando o mundo
inteiro. Agora estão também aqui.
- Revolucionando o mundo
At 17, 7: 7 e Jasão os recebe em sua casa. Ora, todos
eles agem contra os decretos de César, afirmando que há outro rei, Jesus.
- Contra as leis de César.
18 Até mesmo alguns filósofos epicureus e estóicos o
abordavam. E alguns diziam: “Que quer dizer este
palrador?” E outros: “Parece um pregador de
divindades estrangeiras”. Isto porque ele anunciava Jesus e a Ressurreição.
- Pregavam novas divindades na ótica dos romanos
que resumia-se na ressurreição de Jesus.
Outro motivo das perseguições era pelo princípio
de vida, pela conduta dos cristãos. E qual era a
conduta ou princípio de vida dos cristãos? Eles
valorizavam a mulher, o doente, o pobre, o escravo.
Todas as pessoas que “não valiam nada para os
romanos”.
Outra coisa era o discurso dos cristãos. Eles
falavam de fraternidade, humildade, solidariedade,
caridade. E essas virtudes não eram cultuadas pelo
Império Romano.
Terceiro motivo – o culto ao Imperador. Os cristãos
não prestavam culto ao Imperador. E assim fazendo
estavam indo contra os deuses. E assim esses
deuses se revoltavam e mandavam doenças,
enchentes, desgraças, sendo que a culpa era
colocada nos cristãos.
CCaallúúnniiaass ccoonnttrraa ooss ccrriissttããooss..
Dentre as muitas calúnias contra os cristãos,
podemos destacar:
a) Antropofagia – comiam carne humana.
Especialmente quando celebravam a eucaristia
estavam comendo o corpo de Cristo.
b) Praticavam incesto – porque diziam-se irmãos e
se amavam (Portanto, já que eram todos irmãos
e se amavam com certeza praticavam o incesto)
c) Adoravam um Asno – Diziam isto em relação à
crucificação de Jesus, que era considerado um
asno justamente por ter morrido na cruz.
d) Ateísmo – porque não cultuavam os deuses dos
romanos.
e) Maus cidadãos – porque não obedeciam as leis
do Imperador.
f) Pretensiosos – ignorantes.
Diante destas calúnias alguém precisava dar uma
resposta. Quem fez isso foram os Padres
Apologetas.
FFuunnddaammeennttoo JJuurrííddiiccoo ddaass ppeerrsseegguuiiççõõeess
Não existia nenhuma lei escrita que determinasse
que os cristãos deveriam ser perseguidos. A
primeira Lei que aparece para perseguir os cristãos
foi em 250 d.C. com o Imperador Décio. Diante
disso dependia do rei perseguir ou não. É por isso
que nestes dois séculos e meio tivemos um pouco
de tudo.
(na próxima edição: Cronologia das perseguições)
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Pastoral Familiar – CNBB – Regional Sul II 88
Da exortação apostólica Familiaris Consortio
a nossos dias ( II ) O aprofundamento teológico e pastoral do matrimônio
e da família segundo o Magistério Sua Eminência Monsenhor Jean LAFFITTE
IIII –– AA bbeelleezzaa ddoo aammoorr
hhuummaannoo ee aa ccoonnttrriibbuuiiççããoo ddoo
MMaaggiissttéérriioo rreecceennttee
O amor humano não permite que seu
caráter absoluto seja questionado. Ele não
permite ser reduzido, diminuído. A insis-
tência dos Papas sobre o caráter natural do
amor humano e da instituição familiar teve
a intenção de responder à necessidade
urgente de preservar as bases estruturais
da sociedade.
AA)) JJooããoo PPaauulloo IIII:: nnããoo hháá
ffaammíílliiaa sseemm ffuunnddaammeennttoo nnaa
vveerrddaaddee ddoo aammoorr ccoonnjjuuggaall
1. Para João Paulo II, é uma questão
essencial saber se o amor humano é,
verdadeiramente, uma boa nova. No caso
do amor humano, temos, de fato, uma
revelação, ilustrada pelo diálogo surpreen-
dente entre Jesus e os Fariseus, no Capítu-
lo 19 do Evangelho de São Mateus. A
questão dos Fariseus, sobre a liberdade
concedida por Moisés para repudiar-se a
esposa, situa-se unicamente no plano do
permitido/proibido, da obrigação da Lei.
Por consequência, ela é superficial e mos-
tra bem que eles não têm idéia alguma de
que o amor possua um sentido, que exista
uma beleza do amor.
No que diz respeito ao amor humano,
possuímos uma revelação, que o próprio
Cristo nos manifesta nas Escrituras. O
conteúdo dessa revelação é um convite a
contemplar a beleza presente na própria
natureza do amor, beleza inscrita na
Criação, e na qual se desvela, pelo simbo-
lismo nupcial, o indefectível amor que une
o Cristo à Igreja. Os dois mistérios, amor
humano e amor divino, não se confundem,
mas chegam a reunir-se e a penetrar-se um
ao outro. O amor humano, vivido em sua
exigente verdade, leva os homens a
compreender algo do dom irrevogável que
Cristo faz de sua vida aos homens; e o
dom de Cristo, transmitido aos esposos,
santifica sua união, tornando-a um sacra-
mento.
Já tivemos ocasião,
aliás, de desenvol-
ver, extensamen-
te, esse aspecto
nesta obra1.
2. Tornou-se
lugar comum
designar-se o Pa-
Papa João Paulo
II como o Papa do
matrimônio e da família. Parece-me neces-
sário dissipar um mal-entendido, que
reduziria o Magistério do Papa polonês,
em matéria de matrimônio e de família, a
um ensinamento moral. É verdade que
João Paulo II conhecia perfeitamente (e
por uma boa razão!) a problemática da en-
cíclica Humanae Vitae, da qual ele sempre
reivindicou a herança. A instrução da CDF
1 Conferir, abaixo, Créés pour aimer (Criados para amar).
AABBRRIILL DDEE 22001122
Pastoral Familiar – CNBB – Regional Sul II 99
Donum Vitae e, em seguida, a encíclica
Evangelium Vitae parecem constituir,
juntamente com a encíclica de Paulo VI,
um verdadeiro tríptico. A seus olhos,
entretanto, tal conjunto devia ser compre-
endido na estrita continuidade dos núme-
ros 47 a 52 da Constituição Pastoral Gau-
dium et Spes, do Concílio Vaticano II. O
texto conciliar, de fato, fornecera uma
síntese muito completa do matrimônio:
partia da santidade do matrimônio, dotado
de leis divinas pelo seu Autor e estrutura-
da sob o modelo da união do Cristo com a
Igreja. É nessa luz sobrenatural da carida-
de divina que foram, em seguida, exami-
nadas as dimensões naturais e morais do
amor conjugal. As intervenções do início
do seu pontificado2 exprimirão, com fre-
quência, a preocupação do Papa, em insis-
tir sobre a necessidade de que os esposos
renovem sua fé na graça do sacramento.
Todos os aprofundamentos antropológicos
subsequentes serão feitos no âmago de
uma perspectiva, que remonta sempre ao
Autor do matrimônio e ao mistério das
origens.
3. O conjunto das “Catequeses da Quarta-
feira sobre o amor humano” é, sem
dúvida, a contribuição mais original e,
também, mais substancial do Magistério
de João Paulo II. Contentar-me-ei,
simplesmente, em atrair a atenção dos se-
nhores sobre quatro elementos específicos
de tais ensinamentos, que permanecerão
recorrentes no conjunto dos textos
magisteriais de João Paulo II:
— O nexo, estabelecido por João Paulo II,
entre o amor do homem e da mulher e a
criação de todo homem à imagem de
Deus. A seus olhos, a plenitude do homem
criado manifesta-se por uma comunhão de
pessoas, expressa por uma complementa-
ridade sexual. O relato bíblico fala do
desejo profundo de Adão, por uma ajuda
que lhe fosse semelhante. O fato da
presença de Eva ao seu lado enche-o de
2 João Paulo II, Homilia em Limerick (1º de outubro de 1979)
alegria e de admiração: Eis agora aqui a
carne de minha carne e os ossos de meus
ossos. Desta forma, a corporeidade do
homem e da mulher está inscrita como um
chamado original à comunhão. Sabe-se
que essa análise, já extraordinariamente
esclarecedora por uma visão teológica do
amor humano, abriu grandes perspectivas
para a própria antropologia. O mistério da
família é visto como uma extensão desta
comunhão.
— A compreensão do ato conjugal,
contemplado em sua estrutura ontológica,
feita de duas dimensões indissociáveis:
união e procriação. A afirmação, já
presente em Gaudium et Spes3 et Huma-
nae Vitae4, servirá ao Papa, a um só
tempo, para fundamentar a argumentação
da Instrução Donum Vitae, que julga
ilícito o recurso ao procedimento da fe-
cundação artificial (fecundação sem uni-
ão), e para retomar o ensinamento de Hu-
manae Vitae sobre o ato contraceptivo (u-
nião sem abertura para a procriação). O
que é original na formulação de João
Paulo II é apresentar o ato dos esposos que
se unem como a apropriação do bem
inscrito no ato que eles se preparam para
realizar. A união conjugal exige a presença
dos valores objetivos e subjetivos da
sexualidade.
— O respeito pela verdade ontológica do
ato conjugal pressupõe um coração puro e
compromete, deste modo, a interioridade
do homem e da mulher. A castidade é a
virtude que permite uma integração de
amor; é uma forma do verdadeiro amor.
Compreende-se, então, que ela se revista
de duas formas diferentes do dom de si
mesmo no amor: a castidade conjugal e a
castidade virginal. O Papa consagra oito
catequeses à virgindade consagrada. Sua
visão permite, por um lado, não confundir-
se castidade com abstinência; por outro
lado, compreender a virgindade consagra-
3 Conc. Oecum. Vat. II, Cost Past. Gaudium et Spes, 51. 4 Paul VI, Carta encíclica Humanae Vitae, 12
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Pastoral Familiar – CNBB – Regional Sul II 1100
da como um autêntico dom de si. As duas
vocações se iluminam, uma a outra5.
— O laço entre corpo e sacramento: a
partir do amor nupcial entre o Cristo e a
Igreja, João Paulo II retoma, de forma
revigorada, a analogia de São Paulo entre
a relação homem-mulher e a relação
Cristo-Igreja. É desta forma que ele aclara
a sacramentalidade do matrimônio cristão.
Não posso voltar a desenvolver tais temas,
de extrema riqueza, desejando concentrar-
me, agora, na contribuição magisterial de
João Paulo II sobre a família, em particu-
lar, em dois textos principais: Familiaris
Consortio e Gratissimam sane.
FFaammiilliiaarriiss CCoonnssoorrttiioo
A exortação pós-sinodal Familiaris
Consortio é, sem dúvida, o documento
sobre a família que mais teve repercussão.
A estrutura do texto volta a ressaltar a
necessidade de auxiliar a sociedade dos
homens a redescobrir os verdadeiros valo-
res da família, num tempo de crise moral.
A primeira parte evidencia as luzes e som-
bras da família hoje (a exortação se situa
em 1981). Diante de uma consciência
mais viva da liberdade pessoal e uma
maior atenção à qualidade das relações
interpessoais no matrimônio, bem como à
promoção da dignidade da mulher, sinais
às vezes ambíguos, mas positivos em si
mesmos, as sombras representam uma
verdadeira ameaça à família. O Papa cita,
entre outros sinais preocupantes: as
dificuldades concretas em transmitir os
valores, o número crescente de divórcios,
a chaga do aborto, a instalação de uma
mentalidade verdadeira e propriamente
contraceptiva. São mencionadas, também,
as dificuldades próprias aos países pobres,
onde as famílias carecem dos meios
fundamentais para sobreviver e exercer as
liberdades mais elementares.
5 VIVES L., La renovación teológica y su incidência sobre la relación Matrimonio-Virgindad, in “Anthroponotes” 2003, XIX (2), p. 343.
A segunda parte é consagrada ao desígnio
de Deus sobre o matrimônio e sobre a
família, tema que já ilustramos e que, na
exortação, serve de fundamento aos
deveres da família cristã, objeto da já
referida 2ª Parte. É interessante notar que
o plano adotado para mostrar a natureza e
as tarefas da família é a mesma que João
Paulo II utiliza, todas as vezes em que
desejou mostrar a natureza da comunhão
conjugal e dos atos próprios que a expri-
mem. Primeiro, ele contempla, na família,
uma comunhão de pessoas; em seguida,
ressalta suas finalidades: o serviço à vida,
isto é, a transmissão da vida e a educação
dos filhos. Assim, fica demonstrado ser
impossível, a João Paulo II, pensar a
família de maneira distinta do amor conju-
gal. Isto parece óbvio, mas, no concreto,
as legislações de hoje legitimam, juridi-
camente, modelos alternativos de família,
que a amputam de sua raiz mais profunda,
o amor de um homem e de uma mulher,
ligados por uma união indissolúvel.
Em Familiaris Consortio, é realizando
suas missões peculiares que a família, de
maneira bem lógica, exerce seu papel de
cimento da sociedade, de cujo desenvol-
vimento participa. Tal é o conteúdo do
terceiro parágrafo desta parte central do
texto. Torna-se evidente que o conceito
que está no âmago do pensamento do Papa
é a comunhão das pessoas, expressão de
natureza filosófica, certamente, que será
retomada de maneira teológica no 4º
Parágrafo. Até aí, o Papa mostrou que o
fruto da comunhão dos esposos é uma
comunhão nova, que se estende aos
membros da família. O amor permite que
os membros da família formem uma
comunhão viva.
Contudo, tal comunhão só atinge sua
plenitude ao abrir-se a uma comunhão de
outra ordem: A família cristã é chamada a
fazer a experiência de uma comunhão
nova e original, que confirma a experiên-
cia nova e humana. Na realidade, a graça
de Jesus Cristo, “o primogênito de uma
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multidão de irmãos”, é uma graça de
fraternidade, por sua natureza e seu
dinamismo interno, como repete João
Paulo II, na esteira de Santo Tomás de
Aquino6. Será toda a parte espiritual da
exortação que detalhará o papel da família
no mistério da Igreja. Assim como o
Concílio Vaticano II já utilizara a expres-
são de S. João Crisóstomo, a idéia de uma
Igreja doméstica é retomada da Tradição e
ampliada: além da função cultual do lar
familiar, lugar de oração e de santifica-
ção, é ressaltada sua relação com o batis-
mo e a Eucaristia. A fórmula extremamen-
te adotada do nº 57, “a Eucaristia é a fonte
o matrimônio cristão”, abriu caminho a
inúmeras pesquisas teológicas, nos planos
eclesiológico e sacramental7, assim como
preparou aprofundamentos magisteriais
posteriores. Dessa forma, na exortação
pós-sinodal Ecclesia in Africa, a Igreja é
qualificada como Família de Deus.
Uma das originalidades de Familiaris
Consortio é ter tornado a instituição
familiar o local de uma reflexão funda-
mental sobre a sociedade. A família parti-
cipa do desenvolvimento desta última e,
por isso, não pode ser desnaturada: ela tem
a vocação de enriquecer a sociedade com
sua experiência dos laços de comunhão e
de solidariedade, que a tornam apta à
formação de uma nova ordem mundial.
Diante da dimensão mundial que, em nos-
sos dias, caracteriza os diferentes proble-
mas sociais, a família vê ampliar-se, de
modo inteiramente novo, seu papel relati-
vo ao desenvolvimento da sociedade:
trata-se de cooperar, também, com a rea-
lização de uma nova ordem mundial
internacional... A comunhão espiritual das
6 Familiaris Consortio, 21. 7 Cfr. Scola A., Ouellet M. : Il sacramento del Matrimonio e il Mistero
nuziale di Cristo in Bonetti R. Eucaristia e Matrimonio. Unico mistero
nuziale, Città Nuova, Roma 2000, pp 97-124, Rocchetta, Il sacramento
della coppia. Saggio di teologia del matrimonio, EDB, Bologna 1997;
Pilloni, F., Danza nuziale, Effatà Editrice, Cantalupa (To) 2002, voir
aussi Laffitte J., Vocation à la communion et théologie du corps, in Je-
an-Paul II face à la question de l’homme, Guilé Foundation Press-
Thesis Verlag, Zürich 2004, 215-232.
famílias cristãs, enraizadas na fé e na
esperança, e vivificadas pela caridade,
constitui uma energia interior, de onde
jorram e se espalham a justiça, a reconci-
liação, a fraternidade e a paz entre os
homens... Enquanto “pequena” Igreja, a
família cristã é chamada a ser, à imagem
da “grande” Igreja, um sinal de unidade
para o mundo, bem como a exercer, deste
modo, seu papel profético, testemunhan-
do o Reino e a paz de Cristo, para os
quais o mundo inteiro caminha (nº 48).
Para ser capaz de prestar esse serviço à
sociedade, importa que a família veja
reconhecidos seus direitos e que seja
promulgada uma Carta de Direitos da
família, que os garanta.
Por fim, na última parte, o texto fornece os
fundamentos de uma verdadeira pastoral
familiar, antes de examinar um determina-
do número de questões particulares:
casamentos civis, separações, divórcios,
divorciados em segunda união. Temos que
nos limitar a apenas mencionar estes
diferentes pontos.
GGrraattiissssiimmaamm ssaannee
Mais conhecida com o nome de Carta às
Famílias, esse texto quis acompanhar o
Ano Internacional da Família, promovido
em 1984 pelas Nações Unidas. O tom é
familiar: o Papa se dirige, diretamente, às
famílias, à maneira de uma meditação. É
arriscado pretender fazer uma síntese de
um texto meditativo sem o trair. Gostaria,
apenas, de citar os dois elementos que, aos
meus olhos, fizeram a originalidade do
conteúdo desta Carta:
— O fato de que João Paulo II una um
tema recorrente durante seu pontificado,
ou seja, a civilização do amor, ao mistério
da paternidade e da maternidade. Expres-
sões desta Carta se tornaram célebres,
como ―genealogia da pessoa‖, que per-
mitiu ligar a aspiração natural de todo
homem, fundar uma família, à sua dimen-
são mais original: cada ser humano se
descobre como o fruto de um amor
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Pastoral Familiar – CNBB – Regional Sul II 1122
misterioso. Neste ponto, pode-se reconhe-
cer a influência da profunda reflexão feita
pelo filósofo Gabriel Marcel, na obra Ho-
mo Viator, sobre o mistério da família e
sobre a paternidade. Para João Paulo II, a
família depende da civilização do amor, na
qual encontra as razões de ser de sua exis-
tência como família. Ao mesmo tempo, a
família é o centro e o coração da civiliza-
ção do amor. Uma sociedade sem famílias
é uma sociedade sem amor. Observemos,
aliás, que as legislações que pretenderam
destruir os laços familiares, submetendo-
os ao controle violento do Estado (stali-
nismo), ou suprimindo-os literalmente
(Camboja), transformaram-se em infernos,
isto é, em sociedades sem amor. Sem citar
exemplos, o Papa fala da possibilidade de
uma contra-civilização destrutiva (Gratis-
simam sane, n° 13). Mais adiante, o Papa
empregará uma nova expressão: cultura
da família, durante um encontro com to-
dos os professores do Instituto Pontifical
João Paulo II de estudos sobre o matrimô-
nio e a família (agosto 1999).
— O segundo elemento é ver, nas palavras
do consentimento entre os esposos, no dia
de seu matrimônio, o bem que lhes é co-
mum: elas os orientam em direção ao
mesmo bem, visto que os esposos se com-
prometem a tornar-se disponíveis, para
que a comunhão que os une se torne uma
comunhão de pessoas. Os filhos são, por
conseqüência, o bem comum, do qual nin-
guém pode dispor por si mesmo, e ao qual
ninguém pode renunciar, sem lesar o bem
do outro. O uso da expressão bem comum
permite, desta forma, o direcionamento
para além das fronteiras cristãs, aos ho-
mens de boa vontade, formulando, em
termos diretamente acessíveis, os bens e as
finalidades do matrimônio.
Em suma, existe no conjunto desses tex-
tos, por um lado, a convicção de que o
amor humano nos coloca em presença do
mistério insondável do amor e da vida de
Deus; e, por outro lado, a preocupação
com o fato de que as sociedades podem
fazer escolhas contra o amor verdadeiro,
que as conduzam à morte.
(continua na próxima edição...)
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CCoonncclluuííddoo pprroocceessssoo ddiioocceessaannoo ddaa ccaauussaa ddee ccaannoonniizzaaççããoo ddee
JJéérrôômmee LLeejjeeuunnee Cerimônia acontece na catedral de Nôtre-Dame em Paris
PARIS, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012 (ZENIT.org) - No próximo dia 11 de abril será encerrado o processo dio-cesano da causa de beatificação e ca-nonização de Jérôme Lejeune, com a missa pela vida na catedral de Nôtre-Dame, na capital francesa. Casado e pai de família, Lejeune (13 de junho de 1926 - 3 de abril de 1994) era médico e pesquisador. Pai da genética moderna, recebeu o prêmio Kennedy 1962 pela descoberta da causa cromos-sômica da trissomia 21 (Veja à p.14 al-gumas notas sobre isso). Conhecido por tratar e acompanhar pacientes com deficiência intelectual e pelo compromisso em favor da vida huma-na, foi membro da Academia de Ciên-cias Morais e Políticas e reconhecido com numerosos títulos internacionais.
Em 1997, durante a Jornada Mundial da Juventude na França, o papa João Paulo II foi rezar em Châlo Saint Mars (Essonne) diante do túmulo do amigo, a quem tinha nomeado como o primei-ro presidente da Academia Pontifícia para a Vida.
Quatro anos e meio depois da abertura da causa de beatificação e canonização (28 de junho de 2007) e dezoito anos depois do falecimento de Lejeune (3 de abril de 1994), chega ao fim a etapa di-ocesana do processo de beatificação e canonização, que consiste em um tra-balho de instrução realizado com o a-poio assíduo de voluntários, peritos historiadores, cientistas e teólogos, cu-ja tarefa é reunir todas as informações sobre a vida e as virtudes do servo de Deus, provenientes de arquivos e de-poimentos, além de relatórios dos pe-ritos.
“Chegamos ao fim da fase informati-va. Neste estágio não há nenhuma conclusão da Igreja ainda, porque o estudo qualitativo da vida e das vir-tudes será feito na etapa romana, de-pois do encerramento do processo di-ocesano”, explica o padre Jean-Charles Nault, postulador da causa e pároco de Saint-Wandrille.
“Muitos testemunhos de oração pela beatificação de Jérôme Lejeune che-gam até nós do mundo inteiro, envia-dos pelas famílias que o conheceram e por uma nova geração de jovens comprometidos com o Serviço da Vi-da, além de pessoas sábias que estão felizes por manifestar que não existe contradição entre a fé e a ciência”, a-crescenta Mayté Varaut, presidente da Associação de Amigos do Professor Jé-rôme Lejeune. “É um impulso que vai além de nós mesmos”.
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TTrriissssoommiiaa 2211((**)) O que é??
A Trissomia 21 é uma alteração genética, que ocorre durante a divisão das células do
embrião.
O indivíduo com Trissomia 21 possui 47
cromossomas (e não 46), sendo o cromossoma extra ligado ao par 21.
Intimamente ligada a um excesso de material cromossómico, tem nítida relação com a idade
dos pais. Quanto mais idosos eles forem maior
a probabilidade de terem um filho com trissomia 21, que vem necessariamente
associada a uma hipotonia, a redução do tônus
muscular e não está vinculada a consan-
güinidade, isto é, laços de parentesco entre os pais.
A descoberta
O síndrome de Down foi descoberto em 1866 por John Langdon Down. Este médico inglês
descreveu as características deste síndrome, que acabou por ser batizado com o seu nome.
Ele descobriu que a causa da síndrome de
Down era genética, pois até então a literatura relatava apenas as características que
indicavam a síndrome.
Foi identificada pela primeira vez pelo geneticista francês Jérôme Lejeune em 1958.
O Dr. Lejeune dedicou a sua vida à pesquisa
genética visando melhorar a qualidade de vida
dos portadores da Trissomia do 21.
Desde então campanhas têm sido realizadas para a divulgação do nome síndrome de Down
ou Trissomia 21.
Como se reconhece??
Existem sinais físicos que acompanham em geral a T21 e por isso ajudam a fazer um diagnóstico. Os principais sinais físicos nos
bebes são:
- Hipotonia
- Abertura das palpebras inclinada com a parte externa mais elevadas
- olhos em "bico" como "chineses" e
"japoneses" - Lingua de fora
- prega única na palma da mão
- outros que variam de criança para criança
Como é a vida dos portadores de T21??
A pessoa com T21 quando adolescente e adulta tem uma vida semi-independente.
Embora possa não atingir níveis avançados de escolaridade, pode trabalhar em diversas
outras funções, de acordo com seu nível
intelectual. Pode ter a sua vida social como
outra pessoa qualquer, trabalhar, praticar desporto, frequentar festas....
Poderam as pessoas com T21 ter filhos??
Não se conhecem casos de homens com T21 que tenham conseguido reproduzir. As
mulheres têm menstruação e podem engravidar. A gravidez é, no entanto,
desaconselhada, porque a mãe terá dificuldade
em cuidar da criança adequadamente. Além de correrem o risco da criança ter também T21
(quase 50% dos casos). Convém que os pais
procurem orientações com um ginecologista
aquando da primeira menstruação das filhas.
É contagioso??
Não, A trissomia 21 é originada numa alteração genética que ocorre no inicio da
gravidez.
Existem muitos casos??
A trissomia21 é relativamente frequente, estima-se que existam 12 a 15 mil portadores
de trissomia 21 em Portugal.
Como agir quando nos fazem perguntas??
Apesar do choque inicial em Aceitar uma Criança com T21, é importante dizer as pessoas que a Trissomia 21 é um atraso no
desenvolvimento e não é uma doença
contagiosa ou infecciosa. Desta maneira
poderá evitar situações desagradáveis.
O que dizer aos irmãos??
Se os irmão forem pequenos, não evite a presença do portador de T21. Evite cochichos
e choramingos, pois assim irá criar uma
atemosfera artificial.
Ouvindo os pais conversarem com naturali-
dade eles irão aceitar naturalmente a medida que vão crescendo, se os irmão forem mais
crescidos poderá ser dito que o irmão com T21
irá aprender as coisas que eles aprenderam mas ao seu ritmo.
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Qual o sistema de ensino mais adequado??
A Escola comum, de carater geral (publica ou privada) que deverá ser escolhida pelos pais, e
pelos Terapeutas dos seus filhos.
A ultima decisão deverá ser sempre a dos pais,
na nossa legislação atual assegura que uma pessoa com necessidades especias tem os
mesmos direitos que os demais. Não importan-
do a raça, credo ou religião. Tendo todos os mesmos direitos perante a lei. Todos os
Estabelecimentos de ensino são obrigados a
matricular todas as pessoas portadoras de necissidades especiais, caso não o façam
podem sofrer as consequencias legais.
Existe cura??
Não, pelo menos até ao momento, apesar das pesquisas efetuadas pelo mundo afora nesse sentido.
A Trissomia 21 é uma anomalia das células e não existe qualquer tipo de Drogas, vacinas,
medicamentos, escolas ou terapeutas com
técnicas milagrosas.
Infelizmente alguns pais deixam se enganar
por charlatões pensando que os mesmos puderam fazer curas milagrosas, o desenvol-
vimento
que a criança vai tendo com a idade é indevidamente atribuído a essas curas, que em
muitas das vezes deixa as famílias em
autenticas batalhas financeiras inúteis.
Atualmente existem programas de intervenção precoce que visam favorecer o desenvolvi-mento motor e intelectual das crianças com
T21.
A estimulação precoce não é a cura, mas nos primeiros é muito importante pois oferece
oportunidades relevantes para o desenvolvi-mento da criança.
(*)http://www.dragteam.info/forum/saude/81237-trissomia-21-sindrome-de-down.html
LLeejjeeuunnee:: AA ggeennééttiiccaa ccoommoo aarrttee ddee ccuurraarr Evaristo Eduardo de Miranda(*)
Muitas pessoas conhecem o nome do Dr. Le-jeune, o pesquisador francês que identificou a origem genética da chamada Síndrome de Down. Mas, no Brasil, pouco se sabe sobre sua vida, suas pesquisas e sua personalidade. O Dr. Lejeune foi uma pessoa extraordinária e um exemplo de servidor fiel. Este pequeno artigo reúne algumas informações sobre sua vida e seu exemplo.
O professor Jérôme Lejeune nasceu em 1926, na cidade de Montrouge, França. Cresceu no seio de uma família muito unida, o que lhe permitiu desenvolver suas aptidões físicas, intelectuais e espirituais. Muito reconhecido, ele manifestou uma constante veneração por seus pais, que permitiram a cada filho reali-zar seus talentos com toda liberdade. 'Minha família foi a maior recompensa recebida em minha vida', dizia Lejeune.
Durante seus estudos, seu pai sempre o ori-entou, não no sentido de armazenar conhe-cimentos enciclopédicos, mas a desenvolver suas capacidades intelectuais pelo exercício das mesmas. Nessa perspectiva, sua formação humanística foi muito grande. Ele se consa-grou particularmente aos estudos de latim, grego, religião, filosofia, literatura, matemá-tica e geometria. Concluiu seus estudos se-cundários em 1946. Sua adolescência foi mar-
cada pela guerra. Como a de todos de sua ge-ração.
O Dr. Lejeune começou seus estudos de me-dicina, desejando ser um médico de zona ru-ral. Isso determina, durante certo tempo, su-as escolhas de estágios de formação. Mas, ra-pidamente, ele se interessou pelo enigma do mongolismo e manifestou sua vontade de tra-balhar sobre os mecanismos e a caracteriza-ção dessa doença. Uma doença cujos segre-dos ele desejava penetrar, como explicou, em 1951, para um colega médico que cum-pria o serviço militar com ele, o Dr. Lucien Is-rael, do Pelotão de Oficiais da Reserva para os Serviços de Saúde. Ao aprofundar seus es-tudos de genética, o Dr. Lejeune seguirá o objetivo de toda sua carreira: aliviar o sofri-mento, tratando - e curando - na medida do possível, fiel ao juramento de Hipócrates.
Apresentamos aqui, um resumo das princi-pais etapas de sua carreira como pesquisa-dor: Em 1952, ele decidiu se dedicar à pesquisa científica e começou sua carreira como esta-giário no Centro Nacional de Pesquisas Cientí-ficas da França, o CNRS. Progressivamente, ele galgou todos os cargos, até o de diretor de pesquisas.
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Pastoral Familiar – CNBB – Regional Sul II 1166
Em 1953, ele descreveu as anomalias palma-res nos portadores da síndrome de Down. Es-sas pesquisas acabaram por levá-lo a descre-ver a primeira doença genética conhecida.
Em 1958, como conta sua esposa, ao levar a família de férias para a Dinamarca, ele não parava de comentar: - Eu fiz uma descoberta! E é na Dinamarca que ele fará revelar as fo-tos de cromossomos, obtidas em seu labora-tório na França. Entusiasmado, ele as publi-cou num jornal local, em agosto de 1958! Em setembro, na Universidade de S. Gill, de Montreal, Canadá, ele expõe sua hipótese do determinismo cromossômico da síndrome de Down. Em dezembro, ao estudar os cromos-somos de três meninos 'mongolóides', ele con-firmou sua hipótese. Ainda em 1958, ele já foi chamado para ensinar genética humana, como professor convidado da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
Em janeiro de 1959, ele publicou seus resul-tados na revista da Academia de Ciências da França, junto com dois colegas: Marthe Gau-thier e Raymond Turpin. Pela primeira vez no mundo estabelecia-se um vínculo entre um estado de deficiência mental e uma aberra-ção cromossômica.
Em 1960, todos os resultados desses trabalhos de pesquisa foram o objeto de seu doutorado (Doctorat es Sciences).
Em 1961, apareceu um famoso artigo, no The Lancet, assinado por 19 pesquisadores. Eles propuseram a substituição do termo mongolismo por trissomia 21. Uma reação dos autores anglo-saxãos insistirá na denomina-ção síndrome de Down, em homenagem à-quele que assimilou, em 1866, a distrofia congenital a uma tara racial! Lejeune não busca associar seu nome à descoberta. Ele mantém o termo trissomia 21, para colocar em evidência, que a doença é causada por um acidente genético, no qual os pais não têm nenhuma responsabilidade.
Em 1963, ele demonstra diante da Academia de Ciências da França, que a falta de um de-terminado segmento do genoma (monossomi-a) poderia determinar uma doença clinica-mente identificável. Nisso, é reconhecido como um dos fundadores da citogenética hu-mana.
Ele esperou até 1964 para que sua descoberta da trissomia 21 lhe abrisse as portas da Fa-culdade de Medicina de Paris, beneficiando-se do Código de Napoleão (algo muito fran-
cês!). O código abre a possibilidade da carrei-ra universitária para quem faz avançar os co-nhecimentos de forma notável. Ele foi pro-fessor de genética humana na Faculdade de Medicina Necker e dirigiu pesquisas em cito-genética e patologia cromossômica humana. Também ajudou na formação de centenas de pesquisadores, sendo mais de 200 estrangei-ros, de mais de 30 países.
As pesquisas do professor Lejeune não se li-mitaram a trissomia 21. Ele descobriu, em 1964, que uma enfermidade conhecida como 'Miado do Gato' resultava da falta de um seg-mento no cromossomo 5.
Em 1966, identificou a síndrome do cromos-somo 18 q- e descobriu o fenótipo Dr, sín-drome de malformação ligada ao cromossomo 13. O Dr. Lejeune e sua equipe identificaram, ainda, diversas outras trissomias (a do 9 em 1970 e a do 8 em 1971).
No início dos anos 70, a comparação sistemá-tica das conseqüências respectivas dos exces-sos (trissomias) ou faltas (monossomias) de um segmento de genoma o levaram a propor a noção de tipo e contratipo. Ele emitiu a hi-pótese de que um cromossomo sobrenumerá-rio deveria levar a um excesso das enzimas que ele controlava e vice versa.
Em 1974, essa hipótese foi verificada quando ele constatou um excesso de atividade da en-zima superóxido-dismutase nos portadores da trissomia 21. O Dr. Lejeune e sua equipe ex-ploraram uma série de correlações entre dé-ficit de inteligência e atividade enzimática. Suas pesquisas abriram várias pistas terapêu-ticas, como a da regularização do metabolis-mo dos monocarbonos etc.
Esses resultados inspiraram e ainda inspiram uma série de terapias, no campo das multivi-taminas e da medicina ortomolecular, já e-xistentes e em desenvolvimento atualmente. Apesar de ser uma doença genética, o Profes-sor Lejeune nunca desistiu da idéia de encon-trar uma cura para a doença, uma forma de 'desativar' ou 'desligar'o cromossomo sobre-numerário. 'Pouco importa que seja eu ou ou-tro que descubra como curar os trissômicos. O importante é de encontrar a cura o mais rápido possível. (...) Colocar ao serviço dos pacientes os progressos técnicos de cada dia é certamente uma das tarefas mais difíceis da pesquisa médica, mas ela é ao mesmo tempo sua nobreza e sua única razão de ser', lembrava sempre o Dr. Lejeune.
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Ele também pesquisou sobre o câncer, já que a leucemia aguda atinge vinte vezes mais as crianças portadoras da trissomia 21. Várias relações inéditas entre as células constitu-cionais e as neoplásicas foram identificadas pelo Dr. Lejeune. Nos últimos dias de sua vi-da, no leito de hospital, ele insistia em reunir e discutir com seus colegas alguns eixos de pesquisa sobre os mecanismos de apareci-mento das células neoplásicas e sobre deter-minismos, que ligam a vulnerabilidade ao câncer ao funcionamento do sistema nervoso.
O professor Lejeune faleceu no sábado da Páscoa de 1994.
Um único critério mede a qualidade de uma civilização: o respeito que ela prodiga aos mais fracos de seus membros. Uma sociedade que esquece disso está ameaçada de destrui-ção. A civilização está, muito exatamente, no fornecer aos homens o que a natureza não lhes deu. Quando uma sociedade não admite os deserdados, ela dá as costas à civilização' (J. Lejeune).
Suas posições éticas e morais, em defesa da vida e dos indefesos, fizeram-no odiado pelos que pretendem mudar a sociedade atribuin-do-se o direito de vida e de morte sobre seus semelhantes. Lejeune dizia: 'A história nos
demonstra, que não são os que aceitam que se matem doentes e indefesos os que apor-tam as soluções para esses problemas.'
O professor Lejeune obteve, entre várias honrarias e títulos, os de doutor Honoris Cau-sa das universidade de Dusseldorf (Alema-nha), Pamplona (Espanha), Buenos Aires (Ar-gentina) e da Universidade Pontifícia do Chi-le. Ele era membro da Academia de Medicina da França, da Academia Real da Suécia, da Academia Pontifícia do Vaticano, da Ameri-can Academy of Arts and Sciences, da Aca-demia de Lincei (Roma) entre outras. Partici-pou e presidiu várias comissões internacionais da ONU e OMS. Foi o primeiro presidente da Academia Pontifícia para a Vida.
Sua morte foi objeto de numerosas manifes-tações: uma longa carta do Papa João Paulo II à sua família, elogios em várias academias de ciências, discursos de autoridades políticas, científicas e culturais. Milhares de cartas chegaram do mundo inteiro. Uma frase apa-receu, em comum, entre muitas cartas de pais: 'Ele nos ensinou a amar nossa criança.' (*) Evaristo Eduardo de Miranda: Doutor em ecologia,
professor da USP, pesquisador do Núcleo de Monitora-mento Ambiental da EMBRAPA, conselheiro da Fundação
Síndrome de Down e autor dos livros 'Água, Sopro e Luz -
Alquimia do Batismo' e 'Agora e na Hora - Ritos de passa-
gem à Eternidade' (Ed. Loyola).
EEnnccoonnttrroo DDiioocceessaannoo eemm CCaammppoo MMoouurrããoo
O primeiro encontro diocesano da Pas-toral Familiar, aconteceu no Salão do Santuário Diocesano Nossa Senhora Aparecida. Estiveram conosco, o casal coordenador da Pastoral Familiar no Regional Sul II, Paulo e Clarice, e tam-bém o casal coordenador do Setor Pré Matrimonio no Regional Sul II, Sergio e Maria Aurora. Os agentes da Pastoral
Familiar lotaram o salão do Santuário (mais de cem pessoas). Lembrando: a implantação da Pastoral Familiar em todas as paróquias é um dos projetos da Prioridade Família do 19º PDAE.
Começando os trabalhos do dia, o pa-dre Roberto fez a acolhida aos presen-tes e a oração inicial. Lafaete e Antoni-nho Bardini (vice coordenador do Se-tor Família), falaram sobre os projetos
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do 19º PDAE (Plano Diocesano da A-ção Evangelizadora). Em seguida, Paulo e Clarice falaram sobre os traba-lhos no Regional Sul II, a composição da Comissão Regional da Pastoral Fa-miliar (CRPF) e o calendário do Regi-onal.
Padre Roberto apresentou a nova co-ordenação do setor pré matrimônio na Diocese, Ademir e Adriana, e do setor pós matrimonio, Luciano e Valdeiza, e seus projetos.
O projeto do pré, é fazer uma formação com os agentes que trabalham neste setor, especialmente para os que tra-balham com os noivos, para essa for-mação ainda será definida uma data.
O projeto para o setor pós é de um re-tiro espiritual, cuja data foi agendada para 23 e 24 de junho e, a principio, esse retiro será para os agentes da pas-toral familiar que já estão trabalhando.
Sobre o calendário diocesano: foi can-celado o retiro dos casais em segunda união que seria dias 12 e 13 de maio. No lugar teremos uma formação para os agentes (provavelmente dia 19 de maio) e será estudada junto com o ca-sal Sednir e Maristela, uma nova data para o retiro de segunda união, a acon-tecer no segundo semestre do ano.
Agradecemos ainda a presença dos pa-dres: Carlos Cesar, Reitor do Santuá-rio, padre Apolinário, vigário do San-tuário, e padre Edinaldo, pároco da Paróquia São Francisco de Assis; as-sim como de todos os presentes e dos casais do Regional Sul II, que se colo-caram a disposição da Pastoral Famili-ar da Diocese. Que Deus os abençoe e a Sagrada Família oriente seus passos.
Fonte: http://pastoralfamiliardiocesecampomourao.blogspot.com.br/
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A família é a primeira escola de evangeli-zação e de relacionamentos humanos na sociedade, mas infelizmente isto não está acontecendo, e a situação vem se agravan-do em todos os sentidos. Hoje vemos inú-meras famílias desestruturadas, milhares de filhos sem pais, aumento significativo da violência e ainda um alto índice de pes-soas com estresse e depressão.
Diante desta realidade, e da prioridade do Plano de Ação Evangelizadora, a Arquidio-cese de Cascavel/PR, através da Pastoral Familiar e do Setor Família, sentiu a gran-de necessidade da formação e capacitação de novos agentes, com o objetivo de forta-lecimento e maior excelência no trabalho das pastorais e movimentos que trabalham a “Família”.
Cerca de 120 pessoas pertencentes aos de-canatos da Arquidiocese de Cascavel parti-ciparam do Encontro de Formação do INAPAF, Instituto Nacional da Família e da Pastoral Familiar, representado pelo casal João Bosco e Eunides, que conduzi-ram o encontro com grande sabedoria e espiritualidade.
O encontro aconteceu nos dias 03 e 04 de março na Paróquia São Cristóvão com a assessoria do Padre Divo de Conto e parti-cipação e apoio do Arcebispo Dom Mauro
Aparecido dos Santos. Além da Pastoral Familiar, estavam presentes outros movi-mentos, Movimento Lareira, Convívio Damasco, Equipes de Nossa Senhora, Caminho Neocatecumenato, Movimento Renovação Carismática Católica, Pastoral Catequética, Pastoral da Juventude, Rosá-rio Perpétuo, Pastoral da Criança, Aposto-lado da Oração, Movimento dos Focolares e Movimento do Rosário Perpétuo.
Esta formação acontecerá em quatro etapas, e nesta primeira foi explanado o que é a Pastoral Familiar em uma visão global. Os agentes puderam perceber a importância, o objetivo e o amplo trabalho da pastoral junto às pessoas e famílias de uma comunidade.
Dentro deste próprio conceito foram tratados assuntos como os comportamen-tos que dificultam os relacionamentos, os problemas que desestruturam as famílias, a deficiência na evangelização, as gravida-des da ausência paterna, a gravidez inde-sejada e suas consequências na criança concebida, a falta de diálogo, o matrimô-nio na visão da igreja, entre outros.
Mesmo quem não participou desta 1ª eta-pa poderá participar das demais, que acontecerão nas seguintes datas:
Dias 28 e 29 de julho de 2012 “Setor Pré-Matrimônio”
Dias 22 e 23 de setembro de 2012 “Setor Pós-Matrimônio”
Dias 24 e 25 de novembro de 2012 “Setor Casos Especiais”.
Colaboração: Elisete Lorenzi
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PPaassttoorraall FFaammiilliiaarr DDiioocceessaannaa ddee GGuuaarraappuuaavvaa eemm RReettiirroo ddee FFoorrmmaaççããoo
Aconteceu nos dias 10 e 11 de março no
Centro de Formação Juan Diego, o 1º Re-
tiro de Formação de capacitação para
Agentes do Setor Casos Especiais da Pas-
toral Familiar da Diocese de Guarapuava.
Foram recebidos agentes vindos de 33
paróquias dos diversos municípios que
compõe nossa Diocese, também participa-
ram deste retiro casais do Movimento
Lareira e GFSC, o Retiro foi ministrado
pelo casal Sednir e Maristela (Setor Casos
Especiais do Regional Sul II) e, o casal
Luiz e Elisabete. Contamos também com a
intercessão da Legião de Maria, RCC
Jovem, e agentes da Pastoral Familiar, e a
participação dos padres Carlos Egler e Ari
Marcos Bona, que presidiu a Celebração
Eucarística.
Os 105 participantes acolheram esta for-
mação como uma grande graça de Deus.
Os Agentes saíram motivados a acolher
com misericórdia e amor, dentro das nor-
mas da Igreja, e, muito entusiasmados a
dar continuidade aos trabalhos em suas pa-
róquias, porque este Retiro serviu de co-
nhecimento a ser aplicado nos demais Se-
tores da Pastoral Familiar. O assunto tra-
tado foi desenvolvido com tanta compe-
tência, sabedoria e, ao mesmo tempo, sim-
plicidade, que só poderia ter vindo do “al-
to” e vai nos ajudar e muito em todas as
áreas da Pastoral Familiar e não só no
Setor Casos Especiais.
Fator importantíssimo para nós agentes de
Pastoral que comprometidos somos desa-
fiados a dar conta dos trabalhos na comu-
nidade e manter também uma família, o
que fez com que aproveitássemos bem o
tempo que estivemos em formação – tem-
po precioso.
A equipe Diocesana se sente honrada por
estar à frente deste trabalho que vai abrir
portas a muitas famílias e podem dizer que
Deus proverá tudo que nós, simples
agentes, precisarmos para o bom êxito dos
trabalhos, afinal, a obra não é nossa,
somos simples instrumentos, deixando que
Deus realize tudo que precisar através de
nós missionários para as famílias em
situações difíceis.
Sob o olhar de Nossa Senhora de Guada-
lupe demos início a uma nova caminhada.
Nosso próximo passo será preparar o 1º
Retiro Diocesano de Casais em Segunda
União. Comissão Diocesana da Pastoral Familiar
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