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Seminário Iberoamericano sobre o Processo de Criação nas Artes, promovido pelo LEENA - Laboratório de Extensão e Pesquisa em Artes, pelo LABARTES e pelo Programa de Pós-graduação em Artes da UFES, em parcerias com a Universidade de Buenos Aires, Universidad de Granada e Universidade de Lisboa.
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POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
1
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
2
Seminário Poéticas da Criação, ES 2012 - “territórios, memórias e
identidades na arte”
CADERNO DE RESUMOS
Seminário Poéticas da Criação, ES 2012 - “territórios, memórias e
identidades na arte”
Organizado dentro das diretrizes internacionais dos estudos do processo de criação nas artes, este Seminário é organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Artes
da UFES – PPGA , em parceria com as Pró-reitorias de Extensão e de Pesquisa da
Universidade Federal do Espírito Santo (PROEX e PRPPG) e grupos de pesquisa
em arte dos Programas de Pós-graduação em Artes das Universidades de Buenos
Aires (Argentina), de Granada (Espanha) e da Faculdade de Belas Artes de Lisboa
(Portugal); conta ainda com a colaboração de membros de grupos de investigação
da UNICAMP e da PUC- SP.
A ação busca fortalecer os estudos sobre arte, sua produção, história, crítica e
processo de criação, evidenciando a dinâmica da ação criadora especialmente nas
artes visuais, mas também em diferentes áreas de ação da Universidade Federal do Espírito Santo.
O POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 objetiva refletir sobre as interações
possíveis do processo de criação realizadas nos espaços, demarcando fazeres e
saberes que constituem territórios simbólicos ou físicos que fazem parte do
cotidiano pessoal (do artista), social e cultural. A diversidade de suas
manifestações e a simultaneidade de ocorrências e de suportes exige um enfoque
que as considere tanto em aspectos éticos quanto estéticos da memória, da
identidade e da territorialidade.
As interações e suas dimensões estéticas, ideológicas, políticas e históricas
inseridas nas práticas criadoras e discursos culturais são tratadas neste seminário a partir de diferentes contextos e direções com a pretensão de problematizar uma
gama considerável de recortes da ação criadora no que ela tem de mais particular
ao coletivo, num movimento contínuo que não se atrela mais a um centro, mas às
várias vertentes e modelos gerados nelas e a partir delas.
Com um vasto programa de pesquisa de caráter cultural, técnico e científico, os
pesquisadores da arte e do processo de criação são convidados ao estudo das
interações da ação criadora pelos diversos modos de suas manifestações nos mais
diferentes meios.
Comissão Organizadora
Vitória - ES, Brasil
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
3
SUMÁRIO
PATRIMÔNIO E SALVAGUARDA - O JONGO/ CAXAMBU NO SUL DO ES
Aissa Afonso Guimarães
07
O SUJEITO ATIVO E AS PROPOSIÇÕES DE HO
Rodrigo Hipólito / Ângela Grando
07
HÁ UM DEVIR-ESCRITOR? A TRANSPOSIÇÃO DE IMPOSSÍVEIS NO ATO DE
CRIAÇÃO LITERÁRIA.
Caroline D’ávila
08
EL “APRE(HE)NDIDO” ARTE DEL TATUAJE CARCELARIO: CENTRO DE
READAPTACIÓN SOCIAL SAN FRANCISCO KOBÉN (CERESO)
Cecilia Aguilar Castillo
08
DUALIDADE POÉTICA: GESTUALIDADE E MATERIALIDADE NAS OBRAS DE FLÁVIO
SHIRÓ
Claudia Stringari Piassi
09
AMERICAN PHOTOGRAPHS DE WALKER EVANS: O FOTÓGRAFO ARTISTA E A
CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE AMERICANA
Tom Boechat
09
SONOMÓRFICO 22: CONSIDERAÇÕES SOBRE UM CORPO PRESENTE E UMA
CONSCIÊNCIA AUSENTE
Daniele Neves / Rebeca Stumm
10
DRAMATURGIA MUSICAL: A ENCENAÇAO MELÓDICA
Dori Sant’ana
10
APONTAMENTOS SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE VASCONCELOS MAIA
Edna Maria Viana Soares
11
CÓDIGOS ESCRITOS: RELAÇÃO PALAVRA E IMAGEM NA PRÁXIS ARTÍSTICA
Eliane Cristina Testa
11
A INFLUÊNCIA DO LOCAL NO ATO DE CRIAÇÃO LITERÁRIA POR CLARICE
LISPECTOR
Ellen dos Santos Oliveira / Vilma Mota Quintela
12
A ESCUTA DO ESPAÇO SONORO NA OBRA DE CILDO MEIRELES
Elton Pinheiro / Angela Grando
12
IDENTIDADES TRANSITÓRIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA
Emerson Nascimento
13
OPACIDADE E TRANSPARÊNCIA: A RELAÇÃO SUJEITO/NÃO-OBJETO
Fabiana Pedroni Favoreto
13
POÉTICAS DO ACASO: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO CRIATIVO DO GRUPO DE
ARTE COMPUTACIONAL [+ZERO]
Fabrizio Poltronieri / Nicolau Centola
14
A INSERSÃO DO CONHECIMENTO ARTÍSTICO NO CORPO PERFORMATIVO
Gisela Reis Biancalana
14
O ATO DE ESPERA EM UMA POÉTICA DO DESENHO.
Glayson Arcanjo
15
POSSIBILIDADES, IDÉIAS E AÇÕES. ESTUDO DE UM PROCESSO ARTÍSTICO
Iara Cerqueira
15
CINEMA NOVO: A ANTROPOFAGIA COMO MODO DE PRODUÇÃO ARTÍSTICO-
CULTURAL – E A CONDIÇÃO DO ARTISTA E INTELECTUAL LATINO-AMERICANO
Isabel Regina Augusto
16
AS REPRESENTAÇÕES DO PAPEL DO ARTISTA: NOVOS PARADIGMAS
Jacqueline Belotti
16
COLAGEM E DISPERSÃO NO PROCESSO PICTÓRICO DE REGINA CHULAM
Jorge Mies / Ângela Grando
17
O CINEMA COMO DISPOSITIVO SIMBÓLICO DE IDENTIDADES: RENDERIZAÇÃO DA
ALTERIDADE/IMAGEM SOBRE O ESPECTADOR-TELA ESPECULAR.
J. C. Santos / Rosa Berardo
17
PROCESSOS DE CRIAÇÃO EM ARTE EM CONTEXTOS COLETIVOS E
TRANSDISCIPLINARES
Kennedy Piau Ferreira / Juliano Reis Siqueira
Fábio Parra Furlanete / Tania Cristina Rumi Sugeta
18
APANHADORES DE DESPERDÍCIOS: ENSAIO SOBRE INVENÇÕES E INUTENSÍLIOS
Laila Loddi 18
A POÉTICA DO RESTO E A DIGNIDADE DE PERTENCER: CHAVES ESTÉTICAS PARA
A (RE)CONSTRUÇÃO DO CIDADÃO
Liana González
19
TEATRO BIDIMENSIONAL: INTERFACES CRIATIVAS ENTRE FOTOGRAFIA E
CARACTERIAZAÇÃO DE ATORES
Marcela Lima
19
ESFORÇO – Casa de Rugas
Marcos Martins
20
PRESSÁGIO, PELES GRÁFICAS E PERSONIFICAÇÕES: DAR E TOMAR LEITURA EM
CALDAS E THOREAU
Marcus Motta / Marcelo Lins
20
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
4
AUTORREFERENCIALIDADE EM TERRITÓRIO PARTILHADO DIÁLOGO COM A
PINTURA DE RUI MACEDO
Marilice Corona
21
ESCRITOS DE EXISTÊNCIAS: UMA FALA SOBRE VIDA COMO OBRA DE ARTE.
Oriana Duarte
21
LEONILSON – ARQUIVO COMO ESPAÇO PROCESSADOR DE SENTIDOS
Renata Perim / Ângela Grando
22
O UNIVERSO DAS IMAGENS TÉCNICAS E AS ESTRATÉGIAS ATUAIS DE
APROPRIAÇÃO NA ARTE
Rodrigo Hipólito
22
O LIVRO INVISÍVEL: UM “SOLO” AMAZÔNICO
Rômulo N Pereira / Luciane Viana Barros Páscoa
23
DEIXE-ME VER
Sandra Correia Favero
23
DESDOBRAMENTOS DAS RELAÇÕES ENTRE PERFORMANCE E AUDIOVISUAL NA
CENA CONTEMPORÂNEA
Walmeri Ribeiro
24
A POÉTICA E O JOGO DA MEMÓRIA
Adriane Hernandez
25
O USO DO TEATRO DE BONECOS COMO INSTRUMENTO POTENCIALIZADOR DO
PROCESSO CRIATIVO E LÚDICO EM DISCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL
Adriano De Almeida Ferraiuoli
25
DIANTE DO ENCONTRO COM O ARQUIVO: NARRATIVAS DA MEMÓRIA
Ana Maio
26
HUDINILSON JR. E OS ARQUIVOS PESSOAIS
C.G.Hünninghausen
26
MEMÓRIA VISUAL E PROCESSO CRIATIVO NA PRODUÇÃO IMAGÉTICA DO FOTO
CLUBE DO ESPÍRITO SANTO (1946-1978)
Cláudia Milke Vasconcelos
27
DESDOBRAMENTOS [SUSPIROS]: INTERSECÇÕES POÉTICAS
Cristiano Sousa / Eder Rodrigues / Samira Margotto
27
IN MEMORIAM OU POÉTICAS DA DESTRUIÇÃO: A HISTÓRIA COMO PROCESSO DE
CRIAÇÃO
Diego Kern Lopes / Silfarlem Junior De Oliveira
28
POÉTICAS DA CRIAÇÃO DAS PANELEIRAS DE GOIABEIRAS
Geyza D. Muniz
28
O PROCEDIMENTO DIAGRAMÁTICO NOS DESENHOS DE GLAYSON ARCANJO
Gustavo Torrezan
29
REGISTROS DE UM PATRIMÔNIO GRÁFICO. DEAMBULAR E Capturar Imagens
Helena Kanaan / Roberta Rossato
29
A MITOLOGIA E O LIVRO DE ARTISTA NO PROCESSO REFLEXIVO / CRIATIVO
Helga Correa
30
MEMÓRIA AFETIVA: LUGARES E REGISTROS (O PROCESSO CRIATIVO DE DOIS
ARTISTAS)
Inah Durão
30
O POÉTICO DA IMAGEM SINTÉTICA: A IDENTIDADE VISUAL DE COIMBRA CRIADA
POR FRANCISCO PROVIDÊNCIA
Laís Guaraldo
31
A COR EM PROCESSO NAS CARTAS DE VAN GOGH
Letícia Da Silva
31
ELEMENTOS NEOBARROCOS NA POÉTICA DE DEREK JARMAN
Luiz Andreghetto
32
IDENTIDADE CULTURAL: A IMIGRAÇÃO DE WILLEM DE KOONING EM ANALOGIA
AOS CONCEITOS DE STUART HALL
Luiz Carlos Leite
32
PROCESSO DE CRIAÇÃO E CRÍTICA INFERENCIAL NA CONSTRUÇÃO DE UMA OBRA
MURAL
Marcela Gonçalves / José Cirillo
33
IDENTIDAD, MEMORIA Y CONSTRUCCIÓN COLECTIVA DESDE ACCIONES
ARTÍSTICAS DIRECTAS EN EL CONTEXTO URBANO.
María Nazarena
33
AS NARRATIVAS DE MEMÓRIAS PESSOAIS EM “OBJETOS NARRADORES”
Mariana Resende / Cláudia França
34
A TEMPESTADE: A MESMA E A OUTRA
Marieli Pereira
34
ULISSES ENTRE A PINTURA E A LITERATURA. UM ESTUDO DAS PINTURAS O
GIGANTE POLIFEMO E MEU NOME É NINGUÉM
Mário Cavalcante
35
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
5
A ARQUITETURA NEOGÓTICA NO PERÍODO DA BORRACHA: PROCESSOS DE
CRIAÇÃO NO ESTUDO TIPOLÓGICO DAS CONSTRUÇÕES DE MANAUS
Pollyanna D´Avila
35
ESTUDO ICONOGRÁFICO DE TRÊS PINTURAS DE EDGAR DEGAS COMO PROCESSO
CRIATIVO EM DANÇA CLÁSSICA
Raíssa Costa / Luciane Páscoa
36
A IDEOLOGIA PRESENTE NA CHARGE DE MARIOSAN E SUA RELAÇÃO COM O
TEXTO VERBAL
Renato Ferreira
36
ARTE E CULTURA UCRANIANA: HISTÓRIA, MEMÓRIAS E REPRESENTAÇÃO
Sandra Borsoi Gilmara Pereira
37
UM DOSSIÊ CRIATIVO E A ESTÉTICA DA MOBILIDADE:
ONE ART POR ELIZABETH BISHOP
Sílvia Anastácio / Sandra Corrêa / Raquel Dias
Sirlene Góes / Chantal Herskovic
37
MEMÓRIA E ARTE: UM CONTEXTO PARA REFLEXÃO
Sonia Monego
38
A ANIMAÇÃO COMO EXPRESSIVIDADE DA IMAGINAÇÃO MATÉRICA:
PENSAMENTO DE VOCÊ
Thais Fernanda Martins Hayek
38
PROCESSO CRIATIVO: “ENCARGO” E “DIRETRIZES” DO DÉTOURNEMENT
SITUACIONISTA
Vitor Maciel / Gentil Porto Filho
39
ARTES VISUAIS NO CONTEXTO URBANO: A PERFORMANCE, PROCESSO E
REALIZAÇÃO
Andressa Rezende Boel / Heliana Ometto Nardin
40
ESPAÇO ÍNTIMO: FRAGMENTO DA OBRA DE REGINA VATER VISTO POR UMA
ÓTICA BACHELARDIANA.
Arethusa de Paula
40
REDES DE CRIAÇÃO: PRODUÇÃO, PERFORMANCE E COMUNICAÇÃO
Carolina Lôbo
41
EL TRIUNFO DE LA REPÚBLICA
Constanza Carolina Varela / Verónica Inés Diego
41
CRIAÇÃO E COMPARTILHAMENTO: A CULTURA REMIX, A
DESTERRITORIALIZAÇÃO DO AUTOR E A APROPRIAÇÃO COMO BASE DE UM
DISCURSO LEGITIMADOR DA CRIAÇÃO ARTÍSTICA
Daniela Zanet t i
42
CRIAÇÃO POÉTICA AUDIOVISUAL ENTRE TERRITÓRIOS
Deborah Rosenfeld
42
ESPAÇOS REAIS E ESPAÇOS FICCIONAIS EM DIÁLOGO: UM ESTUDO DO PROCESSO
DE CRIAÇÃO DE ELIZABETH BISHOP COMO REGISTRO DE MEMÓRIA E
IDENTIDADE
Elisabete Barbosa
43
A IMAGEM ARQUETÍPICA NO DESENVOLVIMENTO DE APROPRIAÇÃO TEXTUAL
Elyzangela Alencar
43
ARTISTAS DA WEB E SUAS PERSONAS: ALGUMAS REFLEXÕES
Fábio Oliveira Nunes
44
CINEMA INDUSTRIAL ARGENTINO CONTEMPORÂNEO E AS NOVAS
REPRESENTAÇÕES DA LATINOAMERICANIDADE
Gabriela Sandes
44
AS NARRATIVAS DO RAP E SUAS FRONTEIRAS
Geyza R. O. N. Vidon
45
ECONOMIAS DE QUINTAL: COZINHAS TEMPORÁRIAS
Ines Linke
45
OS ESPAÇOS DA INTIMIDADE E A TRANSCENDÊNCIA DAS LINGUAGENS NA
POÉTICA ARTÍSTICA
Joedy Marins
46
DUALIDADE VIDA E MORTE: TRANSITANDO ENTRE LINGUAGENS.
Kárita Gonzaga
46
MAPA, CÓDIGO E MAR: PROCESSO DE CRIAÇÃO DO PROJETO MA:RES
Karla Brunet / Toni Oliveira
47
ATLÂNTICA: FICÇÕES EXPERIMENTADAS E CARTOGRAFIAS POÉTICAS
Leandra Lambert
47
PAISAGENS BIOGRÁFICAS – TERRITÓRIO FRONTEIRIÇO, MEMÓRIAS
BIOGRÁFICAS E IDENTIDADES CULTURAIS NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE
PINTURAS
Marcos Bessa
48
REMIX VIA REDES SOCIAIS: PROCESSO INTERACIONAL DA PRÁTICA CRIATIVA
DISTRIBUÍDA NA CULTURA DIGITAL
Maria Dalva Ramaldes
48
ASSONÂNCIAS DE SILÊNCIOS [ENTRE BIBLIOTECAS]
Maria Raquel Stolf
49
HISTÓRIAS DE OBSERVATÓRIOS: UMA POÉTICA DA CONSTRUÇÃO DE LUGARES
Mayra Martins Redin
49
POÉTICAS DO PROCESSO: BRUCE NAUMAN E DAN GRAHAM
Michel Masson
50
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
6
INVENÇÕES: LABORATÓRIO CROMÁTICO PARA AS CORES E SUA APLICAÇÃO
MATERIAL PARA ALÉM DA PINTURA
Nívia Santos
50
MAPAS POÉTICOS: REGISTRANDO O “PEQUENO TERRITÓRIO”
Renata Azevedo Requião
51
NO ENCONTRO DAS ÁGUAS O DESENHO: ANA SILVA, MINEIRA, MODERNA,
KADIWÉU
Ricardo Maurício
51
BRASÍLIA: ENTRE O DESEJO DE MODERNIDADE E A DESCONSTRUÇÃO POÉTICA
DO URBANO
Sainy C. B. Veloso / Eloiza G. Pires
52
LUCIO COSTA E A NOVA POÉTICA MODERNA: RENOVAÇÃO DOS PARADIGMAS DE
PROJETO NA CASA FONTES (1930)
Samuel Brito
52
TERRITORIALIDADES DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA CONTEMPORÂNEA: ENTRE O
ATELIÊ-CASA E O CHANTIER.
Sylvia Furegatti
53
A CIDADE POR BAIXO DA LINHA
Vinicius Gonzalez / José Cirillo
53
NARRATIVAS VISUAIS, VAZIOS URBANOS E TERRITÓRIOS CRIADOS
Waldemar Zaidler Jr.
54
PROGRAMAÇÃO GERAL
55
IDENTIDADES: transposições e
mediações
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
7
PATRIMÔNIO E SALVAGUARDA - O Jongo/ Caxambu no sul do ES
Aissa Afonso Guimarães
PPGA/ UFES
Este trabalho tem como objeto de pesquisa o jongo ou caxambu, tradição afro-
brasileira registrada como patrimônio cultural imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, em 2005. Investigaremos esta
prática em comunidades rurais e pequenas cidades, na região do sul do estado do
Espírito Santo, cujos grupos não foram identificados e contemplados pelo IPHAN
na ocasião do registro, em 2005.
O jongo/caxambu, é uma dança de roda da qual participam homens e mulheres,
reúne percussão de tambores, danças, cantigas e todo um conjunto de elementos
mágico-simbólicos, que tem sua origem nos saberes, ritos e crenças dos negros
escravizados, de língua bantu, que trabalhavam nas lavouras de café e de cana-de-
açúcar, na região sudeste do Brasil.
Nossa investigação vincula-se ao Projeto de Extensão “Territórios e
territorialidades rurais e urbanas: processos organizativos, memórias e patrimônio
cultural afro-brasileiro nas comunidades jongueiras do Espírito Santo”, (PROEXT 2011 - UFES), no qual estão sendo estruturadas e realizadas diversas ações para
acompanhamento da salvaguarda em comunidades jongueiras no estado do
Espírito Santo.
A metodologia constará da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo através
de visitas às comunidades da região sul capixaba, entrevistas com os mestres e
detentores deste saber e do acompanhamento das atividades para salvaguarda
desta tradição, junto com as lideranças jongueiras, das comunidades da região
especificada.
Deste modo, investigaremos o jongo/caxambu como elemento de identidade e
resistência cultural, através do conceito de patrimônio e da construção de
políticas públicas para o patrimônio imaterial, fundamentais para o processo de reinvenção desta prática cultural na contemporaneidade.
Palavras-Chave: Jongo/Caxambu; Patrimônio; Espírito Santo
O SUJEITO ATIVO e as proposições de HO
Rodrigo Hipólito PPGA/ UFES
Palácio Anchieta Espaço Cultural
Ângela Grando
PPGA/ UFES
Hélio Oiticica constrói um programa no qual encontra-se a aproximação entre arte
e quotidiano através da valorização do conhecimento perceptivo em seu sentido
mais amplo. Em sua obra é possível sentir um acúmulo de proposições com o que
se pode chamar de “arte participativa”: no novo aprisionamento da cor
(pigmentos)dos Bólides e os Núcleos, passando pela experiência central dos
Parangolés (1964), até o aparecimento de verdadeiros ambientes de múltiplas
propostas, como é o caso de Tropicália (1967) e de Experiência Whitechapel
(1969). Com o pensamento auxiliado pelas conjecturas de Merleau-Ponty,
influência basal nas conceituações do artista, relaciona-se aqui a investigação pela
essência da percepção (e reconhecimento do conhecimento intuitivo como
pareado a reflexão) com o “convite” para vivência do experimental através do descondicionamento comportamental.
Palavras-chave: Oiticica, Percepção, Espectador, Autor.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
8
HÁ UM DEVIR-ESCRITOR? A transposição de impossíveis no ato de
criação literária.
Caroline D’Ávila
UFF
A arte é a linguagem das sensações e a literatura não só é um campo da arte, como
é também uma expressão da linguagem. Ao avançarmos nos estudos de Deleuze sobre a literatura, embarcamos em uma sinuosa viagem pelos caminhos da
criação, do devir e da resistência. Deparamo-nos com a impossibilidade de pensar
a arte da escrita fora da articulação entre todos esses elementos que
complementam-se indistintamente. Nesta investigação, buscamos observar os
componentes subjetivos presentes na criação de uma obra literária. Qual o
envolvimento do autor com sua própria produção? É possível separar o criador de
sua obra? O ato de escrever denota a possibilidade de traduzir sensações em
palavras, revelando um estilo próprio de expressar-se através delas, em
construções sintáticas e estilísticas que seguem o devir da linguagem. O conceito
de ‘devir’, por definição, é um elogio à resistência, pois para algo manter-se
existindo, deve ser realizado um trabalho, como o de resistir ao controle e à
submissão a uma força dominante. Podemos entender dessa forma o escrever como um ato de resistência do autor. No entanto, a afirmação “o escritor é devir,
ou mesmo, escrever é exercer um devir-escritor” deve ser questionada. Há algo
que impossibilita a existência do devir-escritor, que é a própria escrita em seu
caráter de desterritorialização. Se a escrita é um processo constante, eterno, sem
fim, nomear-se escritor, assim categoricamente, é uma grande questão a ser
discutida. Há sempre um novo impossível a ser transposto. Transposição, palavra
que atesta a desterritorialização, indica ir além do posicionamento anterior. O
escritor é inesgotavelmente impelido a novas buscas, reinventando a existência no
ato de criar.
Palavras-chave: Literatura, Ato de criação, Estilo, Ética e Devir.
El “apre(he)ndido” arte del TATUAJE CARCELARIO: Centro de
Readaptación Social San Francisco Kobén (CERESO)
Cecilia Aguilar Castillo
UIA, México
Este documento representa el vínculo entre el arte y la marginalidad a través de la experiencia artística dentro de una prisión mexicana en el contexto de la violencia
sumerja el país. En virtud de una acción performativa que reconoce la importancia
de las marcas del cuerpo: sus tatuajes.
Palabras clave: Photoperformance, improvisación, tatuaje, arte del cuerpo, el rendimiento, la cárcel, prisionero, comunidad desventaja, exclusión, estás en prisión, proceso creativo
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
9
DUALIDADE POÉTICA: Gestualidade e materialidade nas obras de Flávio
Shiró
Claudia Stringari Piassi
FAPES / PPGA/ UFES
A atitude visceral nas pinturas do artista Flavio-Shiró, das décadas de 1950, 1960
e 1970, destaca uma poética de criação, absorvida por diversas culturas e
experimentos artísticos. A construção de sua obra apresenta posicionamentos os
mais diversos na maneira de pintar, e estão interligadas pelas práticas da ação, do
gesto, e das experiências matéricas, que consequentemente, está implícito nas
influências familiares. A gestualidade, fenomenologicamente analisada, por
diversos críticos de arte, na década sugerida, é de fundamental importância para a
construção pictural, pois interliga a ação, que está explícita ao movimento
abstracionismo informal, buscando nas reminiscências japonesas, na escrita
automática, e nos ideogramas japoneses e o que mais sua mão/mente pode
expressar seu referencial artístico. A ação ligada ao gesto, explora particularidades pictóricas que somente o pintor pode exprimi-lo. O punho, e a posição do corpo
sobre a pintura, revelam vestígios do gesto vigoroso, e ao mesmo tempo,
demonstram as origens do artista.
Palavras-chave: Criação. Familiaridade. Ação. Gesto. Corpo
AMERICAN PHOTOGRAPHS DE WALKER EVANS: o fotógrafo artista e
a construção de uma identidade americana
Tom Boechat
PPGA/ UFES
Investiga alguns aspectos da influência de Eugène Atget e de Mathew Brady,
assim como de Gustave Flaubert e de Charles Baudelaire na construção do estilo
documental de Walker Evans em American Photographs e como este conjunto de
fotografias contribui na construção de uma identidade americana. Analisa a
relação que o fotógrafo constrói entre as imagens e com os distintos espaços
discursivos da fotografia documental e da fotografia autoral.
Palavras-chave: Walker Evans, fotografia, documentário, Fotografia norte-
americana
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
10
SONOMÓRFICO 22: considerações sobre um corpo presente e uma
consciência ausente
Daniele Neves
PPGART/UFSM
Rebeca Stumm PPGART/UFSM
Este artigo apresenta um relato do processo de criação e desenvolvimento da
performance Sonomórfico 22, realizada junto ao evento intitulado 24 HORAS –
uma ocupação artística ininterrupta da Casa Manoel Ribas, patrimônio histórico
da cidade de Santa Maria - RS. Articulando os conceitos de sono e morte, na
performance a artista desenvolve a ação de dormir continuamente durante as 24h
em que o evento acontecia, situação posta em meio ao público da Casa.
Palavras-chave: corpo; sono; tempo
DRAMATURGIA MUSICAL: A Encenaçao Melódica
Dori Sant’Ana
FAMES
UVV
Este trabalho pretende apresentar uma visão sobre a criação melódica a partir da perspectiva da encenação teatral, cuja função é delinear o movimento de atores
para o espetáculo. “Desenhar” movimentos dos sons em um espaço sonoro –
lugar onde os sons possam se manifestar como elementos artísticos –, por meio de
certas combinatórias de sons, é uma função que exige do criador uma ótica
voltada sobre as questões do movimento, e não apenas um conhecimento
aprofundado a respeito das teorias da linguagem musical. Para que a linha
melódica apresente o pensamento do seu compositor, é necessário que ele delineie
os movimentos sonoros com a mesma maestria com que o corpo se movimenta
para realizar uma ação. Os movimentos corporais são a ilustração mais objetiva do
pensamento do homem. Ao pensar o corpo ele se movimenta, pensando ele age.
Ao movimentar-se, o ser humano demonstra o que pensa e como pensa. Criando
melodias, o compositor realiza com os sons – no lugar do corpo –, ações que representam a sua maneira ilustrada de pensar os movimentos. Com o objetivo de
demonstrar essa possibilidade, será apresentada uma análise das primeiras páginas
do capitulo “modulação”, do livro Harmonia de Arnold Shoenberg e a discussão
sobre os paralelos possivelmente existentes entre a criação de melodias e a
encenação atoral/teatral.
Palavras-chave: melodia, encenação e movimento.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
11
Apontamentos Sobre o Processo de Criação de VASCONCELOS MAIA
Edna Maria Viana Soares
PPGLL / UFBA
Este trabalho aborda o processo de criação do escritor baiano Vasconcelos Maia.
Intenciona-se pensar a interação e articulação da memória cultural e da identidade
no processo de criação do escritor a partir de um diálogo estabelecido com
documentos escritos, textos de terceiros e depoimentos do autor sobre o seu fazer
literário. Vasconcelos Maia retratava a cidade do Salvador nos anos 50/60,
período em que esta passava por acentuadas mudanças e rompia o longo marasmo
em que estivera mergulhada por mais de um século. O ato criador do cronista é
sincronicamente ligado às mudanças vividas por Salvador. Tem-se que os relatos
de Vasconcelos Maia, atos culturalmente criadores “autorizam” um campo,
delimitam uma cidade, traçam-lhe um mapa e criam-lhe um “teatro de ações” que
se repetem. Dotada de autoridade, a sua ação narrativa não apenas realiza a
operação demarcatória de espaço. Reflexão transformadora, legitimada pela repetição e fundada na força da memória cultural de um povo, ela tem como
função primeira a construção de uma “moderna tradição soteropolitana”.
PALAVRAS-CHAVE – Vasconcelos Maia. Processo Criativo. Memória e
Identidade.
Códigos Escritos: RELAÇÃO PALAVRA E IMAGEM NA PRÁXIS
ARTÍSTICA
Eliane Cristina Testa
UFT
O presente artigo propõe apresentar uma pesquisa de doutoramento que está em andamento desde o início de 2011. Esta pesquisa tem como foco a investigação
dos processos de criação de um conjunto de artistas visuais brasileiros
contemporâneos, são eles: Leonilson, Lenora de Barros, Edith Derdyk, Elida
Tessler, Marilá Dardot, Fabio Morais, Nuno Ramos, Constança Lucas, Monica
Barth, Mira Schendel e Bispo do Rosário. Artistas esses que foram selecionados
como corpus do estudo e que lidam com os códigos escritos (palavras, signos,
grafismos, números, letras, códigos, tipografias, entre outros) em suas produções
visuais. O artigo em questão também apresentará uma leitura do processo de
montagem da exposição Grafar o buraco, de Elida Tessler e Donaldo Schüler,
ocorrida em São Paulo, na Intermeios Casa de Artes e Livros, em setembro de
2012.
Palavras-Chave: grafar o buraco, processo de criação, arte contemporânea,
relação palavra e imagem.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
12
A INFLUÊNCIA DO LOCAL NO ATO DE criação literária por Clarice
Lispector
Ellen dos Santos Oliveira
FSLF
Vilma Mota Quintela
FSLF
Este trabalho traz à discussão a influência do local no processo de criação literária,
sobre a qual fala a autora em entrevista com o escritor Jorge Amado, que compõe
o livro Entrevistas (2007), organizado por Claire Williams. A edição reúne
entrevistas feitas por Clarice para a revista Manchete, publicadas entre maio de
1968 e outubro de 1969, na seção “Diálogos possíveis com Clarice Lispector”.
Nessas conversas, a autora já formula algumas das inquietações que,
possivelmente, motivaram-na a compor o romance A Hora da Estrela, em que, por
meio de Rodrigo S.M., ela questiona sobre o ato de escrever ficção. Em A Hora da
Estrela, última obra publicada em vida pela escritora, Clarice demonstra sua
maturidade enquanto escritora não alienada da realidade social na qual estava inserida. Já na coletânea Entrevista, Clarice, não só diz que o Rio de Janeiro, com
o seu ar poluído, coloca o indivíduo frente a frente com condições adversas, como
também afirma que dessa luta surge a escrita literária. Essa mesma luta fez nascer,
em A Hora da Estrela, o escritor carioca, intelectual e burguês, que torna possível
à escritora extravasar a experiência por ela vivenciada durante sua passagem pelo
Rio. É desse convívio social, dos embates com a cidade e da experiência advinda
desses conflitos existenciais que nasce o escritor. Nesse processo, portanto, o Rio
de Janeiro, com seu ar poluído e com todas as suas adversidades é um espaço
favorável para esse nascimento. Tendo isso em vista, neste artigo, procura-se
refletir sobre o ponto de vista do narrador-escritor Rodrigo SM, criado por Clarice
para contar a história da nordestina Macabéa. Além disso, busca-se aqui indagar os motivos que levaram Clarice, uma escritora com significativa vivência no
ambiente nordestino, ter escolhido para compor seu romance um narrador
masculino, isto é, um narrador-escritor nascido no Rio de Janeiro.
Palavras – Chave: Clarice Lispector. A Hora da Estrela. Criação Literária.
A ESCUTA DO ESPAÇO SONORO NA OBRA DE CILDO MEIRELES
Elton Pinheiro
PPGA/ UFES
Angela Grando
PPGA/ UFES
Pretende-se discutir sobre a problemática da sonoridade na produção do artista
brasileiro Cildo Meireles, a partir de seu trabalho dos anos 1960. Sob este eixo
verificar como nesta questão a condensação de ações deste mesmo artista
responderia ao conceito de “experimentalidade livre”, cunhado por Mário
Pedrosa, conceito este que corresponderia, principalmente, a uma profunda
reavaliação da presença do objeto na arte. Considerando que no campo das artes a
subjetivação da produção artística se declinou também no âmbito político, dos
anos 1960 e 1970, queremos verificar como se expressou a concepção e a
‘discussão crítica da ideia convencional de espaço em que se desenrola a vida
humana’ elaborados por Cildo Meireles, questionando quais paradigmas emprestam sentido à experimentação com as relações sensoriais e mentais
deflagradas pelo objeto de arte, e se porventura tornam-se capazes de coexistir
simultaneamente na fruição do espectador. A pesquisa também investiga a
interferência do som nas instalações como diálogo com a arte sonora (sound art), e
com a possibilidade de criar, na poética do artista, um discurso que elabora através
da sonoridade o próprio corpo da obra, permitindo ao expectador atravessá-lo e
ser por ele desafiado a absorvê-la. A fronteira entre artes visuais e a música assim
é pesquisada e, a nosso ver, é expressa nas obras Mebs/Caraxia (1970-1971), Sal
sem Carne (1975) e Babel (2001-2006). Nessa investigação, a pesquisa sobre os
limites do espaço sonoro e suas possibilidades de alcance e irradiação alcança
questionamentos sobre o processo criativo de Cildo Meireles no que tange ao rigor estabelecido desde os projetos que vão gerando a obra. Para tal, um eixo de
apoio reflexivo parte do questionamento às diretrizes do Construtivismo, afim de
que também se possa apreender sobre quais aspectos o som pode propagar, narrar,
deslocar, influenciar, endossar ou mesmo questionar o caráter construtivista das
obras.
Palavras-chave: Cildo Meireles; arte contemporânea; arte brasileira
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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IDENTIDADES TRANSITÓRIAS na arte contemporânea
Emerson Nascimento
UNICAMP/IA
Esta pesquisa pretende entender as novas propostas que emergem na arte
contemporânea a partir da reflexão teórica das últimas décadas sobre identidade
e gênero.
A identidade nesta produção contemporânea torna-se uma temática constante que
perpassa o fazer estético e constrói novas narrativas. A identidade vincula-se a
questões de construção de gênero e se efetivam na obra do artista contemporâneo
como tema principal.
Partindo desse fragmento do fazer artístico a identidade propõe diversos debates
que são apresentados na obra de artistas nas mais variadas formas.
Essa nova estética produz novas formas de pensar a arte e suas categorizações,
sendo a identidade e gênero condutores desse entendimento do fazer artístico.
Portanto, a análise desses conceitos de identidade e gênero que emergem destas obras torna-se de suma importância para compreender as novas dinâmicas da arte
contemporânea e suas relações com a sociedade e o mundo.
Palavras chave: arte contemporânea – identidade – gênero – posmodernidade –
Eva&Adele
OPACIDADE E TRANSPARÊNCIA: A RELAÇÃO SUJEITO/NÃO-
OBJETO
Fabiana Pedroni Favoreto
CNPq / UFES
LATHIMM / USP
O conceito de não-objeto cunhado por Ferreira Gullar surge como base para a
compreensão das especificidades da produção neoconcreta, bem como se insere
nos questionamentos essenciais para o surgimento da arte contemporânea
brasileira. As características de opacidade e transparência que diferenciam objetos
de não-objetos são aqui utilizadas no esclarecimento das relações possíveis entre
sujeito/não-objeto. A partir destas referências, busca-se um acesso à lacuna que se
abre na obra de arte à participação do espectador e de que modo estas relações
influenciam no trabalho de artistas como Hélio Oiticica e Lygia Clark.
Palavras-chave: não-objeto; transparência; sujeito
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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POÉTICAS DO ACASO: um estudo sobre o processo criativo do grupo de
arte computacional [+zero]
Fabrizio Augusto Poltronieri
Centro Universitário SENAC
UNESP
Nicolau André Campanér Centola
Centro Universitário SENAC UNESP
O presente artigo propõe um estudo sobre o acaso como elemento central da
produção no campo do fazer artístico mediado por computadores. Defendemos a
hipótese de que o jogo livre com o acaso pode auxiliar a compreensão e o
esclarecimento do momento contemporâneo, marcado pela onipresença e, ao
mesmo tempo, desconhecimento acerca do modo de funcionamento interior dos
aparelhos computacionais. Outro eixo central para a formulação de nossa tese é
encontrado no conceito de jogo. Utilizar o acaso como meio criativo faz parte de
um procedimento que visa um jogar lúdico desinteressado e não um processo de trabalho, entendido em seu sentido marxista de produção de bens e objetos.
Propomos a compreensão destes conceitos a partir de diálogos construídos com as
teorias de Vilém Fluser a respeito dos aparelhos e de Friedrich Schiller e Hans-
Georg Gadamer no campo conceitual dos jogos.
Palavras-chave: Acaso, estética, jogo, arte computacional.
A INSERSÃO DO CONHECIMENTO artístico no corpo performativo
Gisela Reis Biancalana
CAL/UFSM
A presente investigação toma o corpo enquanto obra, resultante efêmera de um processo criador na Arte da Performance. Ao empreender estudos sobre o corpo,
nesta linguagem, é fundamental conhecer o contexto híbrido e o panorama
sociocultural em que ela se insere. No intuito de traçar um perfil da atividade
criadora de artistas tão plurais, a reflexão está ancorada nos saberes articuladores
do conhecimento artístico a ser instaurado no corpo. Estes contextos tendem à
transdisciplinaridade situando-se em territórios que confluem para uma espécie de
entre-lugares. Assim, o corpo-arte se coloca diante do desafio de conviver, trocar,
unir, fundir-se com incontáveis manifestações do saber. Este trânsito traz
consequências na prática performativa devido à fluência dos saberes
entrecruzados se expandindo e desencadeando uma gama de recortes advindos de
diversas vertentes de pensamento. Os sujeitos da ação criadora, imersos no
turbilhão de possibilidades provenientes do diálogo, permeiam as intersecções discursivas demarcando seus territórios. Os olhares daqueles que têm se
apropriado deste fazer, orientam-se a partir do viés advindo de seu saber que é
alicerçado pelo processo formativo ao qual se submetem. Esta reflexão mergulha
nos territórios demarcados para avançar em direção aos entre-lugares nos quais a
Performance depara-se com sua vocação maior: a dissolução de fronteiras. Esta
abordagem atenta para os discursos sobre a presença corporal nestas práticas que
condensam o percurso formativo antecedente dos artistas. Ao pressupor que os
processos de criação na Performance abarcam a construção de um corpo-arte,
acredita-se que o desenvolvimento de um trabalho corporal que remeta a uma ação
presencial, é tarefa árdua que transita por objetividades conceituais e
subjetividades.
Palavras-chave: performance; corpo; presença
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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O ATO DE ESPERA em uma poética do desenho.
Glayson Arcanjo
Fav / UFG
Esse artigo se propõe a apresentar a Espera como estratégia e procedimento para a
realização de Desenho na Espera, trabalho produzido em 2007, na Galeria Ido
Finotti em Uberlândia, Minas Gerais. O trabalho relaciona Desenho, Texto e
Fotografia, e aborda questões do Tempo e Espaço presentes nas etapas do fazer e
na materialização dos atos criativos.
Palavras-chave: Desenho, Processo criativo, Imagem, Texto.
POSSIBILIDADES, IDÉIAS E AÇÕES. estudo de um processo artístico
Iara Cerqueira
Escola Municipal Artur de Sales – Salvador/Bahia
Esse artigo apresenta o relato de um processo de criação em dança contemporânea e a importância do estudo de um processo como potência e ampliação ao universo
artístico/criativo para estudantes e pesquisadores de artes em geral. Como artista
da dança, partindo do ato de observação e reflexão em conjunção com ações
teórico/práticas, parece pertinente pensar o estudo de um processo artístico como
um percurso poético, e esse refletir ajuda a compreender o processo de criação
com suas singularidades, complexidades e como um sistema não linear.
Pensando nas implicações e nos modos do fazer compartilhado dessa ação
composicional e articulando teoria à prática durante o processo criativo, o artista
articula procedimentos, consequentemente pensamentos que conduzem a
associações testadas e posteriormente definidas como possibilidades e produtoras
de sentido na dança. Na cena um testemunho especial, o corpo provocado se
transforma e coreograficamente interage nas condições e possibilidades de encontros à atuação cênica partindo de uma parceria e acordos que somente é
possível em um ambiente em que criar dança se constrói a partir de negociações,
possibilidades e na conjunção de ideias. Os rastros se encontram nessa escrita, no
corpo dos artistas criadores e dos colaboradores. Os pesquisadores José Cirillo e
Adriana Bittencourt Machado nos ajudam a pensar produto como processo e a
existência de acordos na produção de novos signos que estão/são corpos como
ações contínuas e transitórias.
Palavras-chave: rastros, procedimentos e percurso poético
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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CINEMA NOVO: a antropofagia como modo de produção artístico-
cultural – e a condição do artista e intelectual latino-americano
Isabel Regina Augusto
FACITEC / PPGHIS/UFES
Este artigo apresenta as últimas reflexões resultantes da tese de doutoramento
defendida junto ao European University Institute, na Itália, que tratou das
influências do Neo-realismo italiano no surgimento do Cinema Novo brasileiro.
Estudo que conduziu a uma leitura do Movimento brasileiro como um passo
fundamental do intelectual e artista nacional na direção da sua emancipação do
“complexo colonial”, augurada por Glauber Rocha nos idos dos anos 1960 e 1970,
identificada por Adelio Ferrero e Ismail Xavier em ótica fanonista nesta direção.
Analisamos, nesta sede, as características e implicações do referido modo de
produção artístico-cultural operada pelos cinemanovistas e o que dizem sobre os
processos e a identidade brasileira e latino-americana, em particular do artista e intelectual, ontem como hoje. A perspectiva adotada é a da História Cultural tendo
como base as proposições de Luisa Passerini em torno dos estudos da
subjetividade no campo histórico, tendo em foco a mesma como patrimônio
herdado e continuamente renovado, num processo em que se entrelaçam criação e
repetição.
Palavras-Chave: Cinema-Novo, Antropofagia Cultural, Artista-Intelectual,
Emancipação.
AS REPRESENTAÇÕES DO PAPEL DO ARTISTA: Novos Paradigmas
Jacqueline Belotti
UFES
UFRJ
O artigo analisa os novos paradigmas para o que se convencionou definir como
prática artística, abordando as configurações atuais que representam esse papel,
por meio de um resgate histórico, listando as contribuições herdadas do passado.
Situa a questão apondo as contribuições de Nicolas Bourriaud para trazer questões
em torno da autoria e das novas praticas de criação. Articula textos basilares para
rever a equação autor-obra-criação. Emprega as formulações de Walter Benjamim
para tratar do problema da autonomia do autor, e os escritos de Joseph Kosuth,
nos quais o autor defende o abandono do campo da arte em privilégio ao da
cultura. Articula os conceitos de Hal Foster por atualizar questão, e Clifford
Geertz, que polemiza ao identificar a etnografia como uma espécie de texto
autoral e o examinar nesses termos. Jacques Rancière comparece no debate por propor pensar estética como modo de percepção e sensibilidade.
O artigo abrange ainda a estratégia de atuação no circuito instituído de exposição-
público-mercado, trazendo o antropólogo Clifford Geertz para falar dos
mecanismos que incidem na interpretação dos discursos que se impõem no campo
da cultura. Para dizer da lógica empresarial que incide na criação apresenta as
considerações da artista ativista Andrea Fraser, concluindo por trazer o exemplo
paradigmático do artista Ai Weiwei que atua ubiquamente no campo expandido da
arte defendendo o papel do artista como um agente soberano.
Palavra-chave: criação artística, circuito da arte, arte política, mercado
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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COLAGEM E DISPERSÃO no processo pictórico de Regina Chulam
Jorge Mies
PPGA/ UFES
Ângela Grando
PPGA/ UFES
Este texto trata de uma questão pontual no conjunto da obra da artista capixaba
Regina Chulam, buscando analisar obras nas quais a colagem se converte no
elemento norteador da estrutura geral da linguagem pictórica da artista.
Acreditamos que ao trabalhar com os princípios que deram vida à colagem cubista
e ao transitar pela expressividade informalista, a artista engenha um espaço que se
retroalimenta da pluralidade de problemas pictóricos herdados e, sem dúvida,
assinala um estilo que se afirma.
Palavras-chave: Regina Chulam, colagem, matéria, processo de criação.
O CINEMA COMO DISPOSITIVO SIMBÓLICO DE IDENTIDADES:
renderização da alteridade/imagem sobre o espectador-tela especular.
J. C. Santos
FAV / UFG Rosa Berardo
FAV / UFG
Neste artigo faz-se uma reflexão teórica sobre dispositivos cinematográficos que
possibilitam a experiência da alteridade gerada na instância da ubiquidade, do
ponto de vista especular. Foi construído um “dispositivo” que buscou fazer uma
releitura dos primeiros cinemas, do “kinetoscópio” de Thomas Edson: um artefato
tecnológico que permitia que apenas um espectador por vez assistisse a uma
projeção cinematográfica no interior de uma câmara escura. A câmara escura é, simbolicamente, o interior do outro, ou seja, uma câmara de alteridade, onde é
possível assistir a uma contra-projeção que é vista refletida num espelho. A face
do espectador funciona como tela, a imagem funciona como máscara que se
renderiza à pele do espectador que se olha num espelho e se vê com uma outra
face, que, como cinema, é fugaz, fantasmagórica. A projeção tem uma duração, é
proposta como arte e tecnologia. O projetor colocado sobre o espelho projeta
sobre os olhos do espectador, a imagem em tamanho natural de uma cabeça
humana, uma face feminina negra. O que se busca fazer é imergir o espectador no
efeito de real da imagem impressa sobre sua pele-tela tornando-a ao mesmo tempo
sua (olhos) e de outro indivíduo (mulher negra). Trata-se de uma experiência de
alteridade radical a partir do sentido de especularização do cinema. Em teoria, discorre-se sobre a possibilidade de estar dentro do outro e ver-se no mundo sob
seu ponto de vista, revestindo-se de sua identidade, ou de outro modo, tendo-a a
sua identidade plasmada, renderizada à própria pele.
Palavras-chave: Identidade, cinema, renderização, dispositivo, arte e tecnologia.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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PROCESSOS DE CRIAÇÃO EM ARTE em contextos coletivos e
transdisciplinares
Kennedy Piau Ferreira
DAV/ CECA / UEL
Juliano Reis Siqueira
DAV/ CECA / UEL
Fábio Parra Furlanete DAV/ CECA / UEL
Tania Cristina Rumi Sugeta
DAV/ CECA / UEL
O projeto “Processos de criação em arte em contextos coletivos e
transdisciplinares” aborda, a partir das perspectivas de professores e estudantes da
Universidade Estadual de Londrina (UEL), o seguinte problema: como ocorre a
criação de caráter coletivo em situação de transdisciplinaridade? O processo de
intervenções artísticas se iniciou a partir de oficinas de arte e de intervenções
espaciais e sonoras em espaços de circulação de público. Problematiza-se neste
projeto a disciplinaridade e a ideia de autor individual e abrem-se possibilidades para que, a partir de experimentações e diálogos entres os diferentes campos de
conhecimento, possam-se estimular as formas colaborativas de criação,
considerando um conceito ampliado de território, que considera as relações sociais
e o espaço público como espaço político.
Palavras chave: Arte Coletiva, Processos de criação, Território.
APANHADORES DE DESPERDÍCIOS: Ensaio Sobre Invenções e
Inutensílios
Laila Loddi
UFG
PUC/GO
O presente artigo, fruto de devaneios cotidianos e investigações acadêmicas, busca
se aproximar do universo criativo, abundante no espaço urbano brasileiro, das
inutilezas subvertidas e reinventadas, investidas de novos significados. Inutilezas,
para o poeta Manoel de Barros, são as grandezas do ínfimo, as coisas que passam
despercebidas ao olhar desatento; os inutensílios que servem à poesia. Na poesia
urbana dos anônimos inventores, objetos descartados ou de pouco valor são
reutilizados e transformados em matéria artística, através de processos de coleta,
ajuntamento e reinvenção. Neste ensaio, são especificamente três inventores –
Gabriel, Estevão e Luis Davi – que nos convidam a conhecer suas casas construídas e decoradas com sobras, refugos e fragmentos da sociedade de
consumo, em um processo criativo para muito além da simples necessidade de
reciclagem. Emerge ali a criatividade como potencial inerente ao homem; como
um agir integrado ao viver/ser. Contínuo work in progress, estas casas consomem
todo o tempo de seus moradores, que se dedicam fiel e permanentemente à sua
criação, e acabam se confundindo com a própria construção. Em uma quase
obsessão, os inventores afirmam que é tudo caquinho transformado em beleza, e
se aproximam dos procedimentos do poeta quando este diz que a invenção é uma
coisa que serve para aumentar o mundo.
Palavras-chave: invenção, fragmento, lixo, processo criativo.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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A POÉTICA DO RESTO E A DIGNIDADE DE PERTENCER: chaves
estéticas para a (re)construção do cidadão
Liana González
UGR/UFES
Considerando que o espaço urbano é uma rede de interesses e conflitos entre partes de um todo unificado através do universo simbólico do consumismo; e
considerando que é neste espaço, duro e flexível, onde produzimos e acumulamos
lixo, lançamos um olhar aos homens que fazem do lixo seu trabalho, sua fonte de
“riqueza”. Sujeitos que caminham e se relacionam invisíveis dentro do e-mundo
contemporâneo, gestam uma realidade inédita de configuração social e cultural.
Através do lixo se relacionam com o universo do consumismo, suas logomarcas,
seus produtos. Longe de suas origens, referências, recriam suas histórias na
atualidade, e tecem uma nova malha sociocultural através do “resto”. Seu
cotidiano de não cidadão é a reciclagem. A arte se apropria deste universo do resto
seja em obras que “empalham” o lixo; seja em obras que o estetizam; ou ainda
naquelas que tomam esses sujeitos do resto e os colocam no confronto com a
criação artística a serviço de um criador. Partindo do pressuposto de que a arte estimula e desenvolve a percepção e a criatividade, acredita-se ser possível
verificar se o envolvimento e capacitação desses sujeitos invisíveis em práticas
artísticas lhes dará as ferramentas para analisar, questionar e transformar este
cotidiano, construindo-se culturalmente. Mas, parece ser necessária uma mudança
de foco. Olhar o mundo do resto sugere olhar o feio, ao sem significado, sem
conteúdo, sem utilidade. Olhar o mundo da estética do resto, sugere lançar um
olhar à construção do mundo contemporâneo, ao universo destas pessoas
transformadas em resto, e apresentar uma questão sem resposta, como um
enfrentamento: Que pode construir o homem desconstruído socialmente, que se
nutre com a estética de um universo simbólico desconstruído e lhe confere
sentido, organização e valor, dentro de um emaranhado de nadas? Barbosa (2009), Balman (1998), Canclini (2005), Certeau (1995), Freire (2001), Vattimo (1985).
Palavras-chave: espaço urbano; consumo; lixo; estética; resto; universo
simbólico; cotidiano; arte contemporânea; práticas artísticas; cidadania.
TEATRO BIDIMENSIONAL: Interfaces criativas entre fotografia e
caracteriazação de atores
Marcela Lima
URCA
Este estudo baseia-se em processos de construção criativa desenvolvidos na disciplina Elementos Visuais do Espetáculo II, a qual ministro na Universidade
Regional do Cariri - URCA. O objetivo deste artigo é o de refletir sobre o corpo e
as criações de imagens advindas de releituras de obras de arte por meio da
caracterização de atores (maquiagem e figurino) e suas relações com a fotografia,
mas, sobretudo, a construção e a busca de novas formas expressivas e perceptivas
no trabalho criativo do ator. Teatro Bidimensional, portanto, é objeto deste estudo
e ganha corpo quando relacionamos este termo com outras abordagens como a
“Fotografia Encenada”. Essa abordagem, não necessariamente nova, realiza
conexões com o campo das Artes Cênicas, principalmente no que se refere à
encenação. Ou seja, tanto o Teatro Bidimensional, quanto a “Fotografia
Encenada”, imbricam-se com determinados elementos característicos do meio
teatral. Sabemos que toda arte é específica, mas é necessário pensar na nossa contemporaneidade sobre o lugar híbrido entre as linguagens. Nessa cartografia,
fazendo-se acontecer, o Teatro Bidimensional encontra-se no âmbito da
“Fotografia Encenada”, na qual o processo se identifica e se aproxima da criação
cênica, sendo necessário em ambos, pensar o cenário, a luz, o figurino e a
maquiagem para a realização do registro fotográfico, este, por sua vez, assume um
grande poder de teatralização nos abrindo as potencialidades a múltiplas leituras.
Os registros fotográficos, estes, enquanto imagens assumem a narrativa e o drama
de uma única cena. Sendo assim, o Teatro Bidimensional possui como suporte
para a sua criação os conhecimentos e construtos dos elementos visuais do
espetáculo e traduz a partir da “Fotografia Encenada” a imagem enquanto texto,
corpo-imagem enquanto caracterização de atores, corpo-imagem-persona, corpo-imagem-memória.
Palavras-chave: Teatro; Fotografia; Construção de imagens.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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ESFORÇO – Casa de Rugas
Marcos Martins
UFES
A partir de um olhar para as cidades e suas construções esquecidas, objetivou-se a
experiência da arquitetura como memoria e da casa como corpo de um outro
corpo que o habita. Nesse sentido apresentamos o processo da instalação
“Esforço”, realizada em Fortaleza (2005); Salvador (2006). Como metodologia
adotamos a etnografia, a pesquisa-ação e o caminhar como ação poetica. A obra
“Esforço” estabeleceu seu lugar de fala a partir do pronunciamento do corpo como
agente que interfere na arquitetura, evocando memórias e lugares outros
(Foucault, 1967) e embriagando esse corpo de consciência e sensibilidade.
Projetando assim, as transformações nas paisagens urbanas. Como resultado
discutiu-se a ideia de construção de um corpo-crítico e da arquitetura como corpo
que se ampara na vida e na memoria, transformando as vivenciadas na
contemporaneidade.
Palavras-chave: Intervenção Urbana, Corpo-Crítico, Paisagem, Site-Specific Art.
Presságio, Peles Gráficas e Personificações: DAR E TOMAR LEITURA EM
CALDAS E THOREAU
Marcus Motta
IEL / UERJ
Marcelo Lins
Faperj nota 10 / IEL / UERJ
A presente proposta assume como hipótese expositiva uma passagem da obra de
Thoreau, Walden, (mas enquanto nos limitamos aos livros... e lemos apenas
determinadas linguagens escritas... corremos o risco de esquecer a linguagem que
todas as coisas e acontecimentos falam sem metáfora... O que é o curso da
história, a filosofia, ou a poesia, por mais selecionada que seja... em comparação
com a disciplina de olhar incessantemente o que existe para ser visto? Leitor,
mero estudioso, observador, o que se há de ser? Lede vosso destino, vede o que
está a vossa frente e marchai para o futuro). Tal passagem é apreendida como
presságio literário que ganha envergadura de herança artística nos objetos de
Waltércio Caldas. Trata-se, portanto, de pensar, a partir do presságio, os estados
da imagem em dois trabalhos: O Livro de Carbono e o Livro Crítica do Milagre. Assim, o presságio de Thoreau aviva as indeterminações, que convocam a criação
poética como peles gráficas, os trabalhos de Caldas em destaque, que presumem o
intercâmbio de personificações estéticas, cujo anseio artístico é, continuamente,
indicar o ininterrupto como condição. Denomina-se tal condição de silêncio,
linguagem ou apresentação do presente.
Assim, o presságio abre os trabalhos plásticos, denunciando a obrigação artística
de devolver a arte à arte. Ou seja: os “livros” de Caldas ditam a duração do
silêncio, da linguagem e da apresentação do presente como uma seção de leitura,
que há de ser, continuamente, interrompida pela necessidade poética de dar e
tomar leitura de cada um que se ponha diante das obras; sendo isso que recupera o
fragmento da passagem de Thoreau, risco de esquecer a linguagem que todas as coisas e acontecimentos falam sem metáfora, como situação artística
contemporânea, pois devolver a arte à arte é: vede o que está a vossa frente e,
então, experimentar sua leitura.
Palavras-chave: Ralph Waldo Emerson, Waltercio Caldas, Omen, herança
artística
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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Autorreferencialidade em território partilhado DIÁLOGO COM A
PINTURA DE RUI MACEDO
Marilice Corona
UFRGS
Este artigo tem como objetivo analisar e demonstrar como a autorreferencialidade
em pintura tem sido utilizada como tema e recurso para a problematização da
linguagem pictórica na obra de Rui Macedo.
Palavras-chaves: pintura, autorreferencialidade, representação
ESCRITOS DE EXISTÊNCIAS: uma fala sobre vida como obra de arte.
Oriana Duarte
CAC/ UFPE
O encontro de processo artístico com um pensamento filosófico é feito via de reflexão crítica da nossa atualidade. Partindo do conceito de “estética da
existência”, proposto por Michel Foucault (1985; 2006; 2011) enquanto modo de
operar uma vida como obra de arte, o artigo explora a idéia nele sugerida de
“escrita de si” como ferramenta do emergir de outras possibilidades da fala do
artista.
Palavras-chave: processos – performatividade – escrita de si.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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LEONILSON – Arquivo como espaço processador de sentidos
Renata Perim
Capes / PPGA/UFES
DPZ Propaganda
Ângela Grando
PPGA/UFES
Este texto busca nos arquivos de referencias pessoais de José Leonilson,
elementos para reflexão de um espaço constitutivo de sentidos. Empreende-se
uma análise da obra deste artista apoiando-se no pensamento de autores, como
Walter Benjamin, que entendem os arquivos como construtores de imagem no
processo artístico do artista.
Palavras-chave: Leonilson; arte e memória; arte e coleções
O UNIVERSO DAS IMAGENS TÉCNICAS e as estratégias atuais de
apropriação na arte
Rodrigo Hipólito
PPGA / UFES
Palácio Anchieta Espaço Cultural
Com vistas para o “elogio” da superficialidade de Vilém Flüsser, a presente
comunicação versa sobre processos de produção atual da arte que lidam com as
imagens técnicas e sintéticas através da apropriação. Pensa-se especificamente a
estrutura de construção da obra em unidade e em série diante do apagamento do
“original” e da ascensão dos simulacros. De modo mais amplo visa-se melhor
entender como é possível dar profundidade para imagens que tendem à nulidade.
Palavras-chave: unidade, série, imagens técnicas, simulacro, apropriação.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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O Livro Invisível: UM “SOLO” AMAZÔNICO
Rômulo Nascimento
Luciane Viana Barros Páscoa
Fapeam / UEA
: Livros de artistas são, em maior ou menor medida, sempre não-livros, livros
dentro de livros. Eles quebram o acordo entre o objeto, o texto-idéia e o leitor.
Misturam os papéis: do livro e do editor, designer, revisor, impressor e
principalmente do leitor. Nossa investigação parte deste conceito, do “não-
visível”, da miragem, que trazemos dos textos de Vicente Franz Cecim, e sobre o
olhar da gênese desta produção no Brasil, sobretudo nas décadas de 1950-60. Esta
escolha nos permite navegar pelas inconstantes águas da produção de livros
experimentais e de artista, tendo como porto de chegada a produção de uma obra,
intitulada “solo”.
Palavras chave: Artes visuais, livro de artista, Amazônia
DEIXE-ME VER
Sandra Correia Favero
DAV / CEART / UDESC
A série de trabalhos que proponho apresentar neste artigo integra meu processo
artístico. As questões mais relevantes para o recorte feito estão concentradas no
olhar. Olhar em volta, reconhecer o espaço vivido, despertar para um mundo de
certa forma oculto. Para a maioria das pessoas pode ser irrelevante, mas propicia
diálogos, remete a ideias e pensamentos que se desdobram sobre vida e morte,
beleza e feiura, delicadeza e brutalidade, memória, abandono e tempo.
Palavras-chave: olhar, paisagem, objetos achados, desdobramento de
pensamentos.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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Desdobramentos das relações entre PERFORMANCE E AUDIOVISUAL
NA CENA CONTEMPORÂNEA
Walmeri Ribeiro
UFC
Este artigo discute as relações entre performance e audiovisual na criação artística
contemporânea partindo da análise do processo de criação das obras Frágil (2011).
Frágil é uma obra telemática, resultante de uma pesquisa artística, desenvolvida
entre o Laboratório de poéticas cênicas e audiovisuais (LPCA -ICA|UFC), o GP
Poéticas tecnológicas (IHAC|UFBA) e o NANO (EBA|UFRJ).
Palavras-chave: Processo de criação; Performance; Frágil; Desdobramentos
MEMÓRIAS: territórios do tempo
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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A POÉTICA E O JOGO DA MEMÓRIA
Adriane Hernandez
UFPel
O texto proposto apresenta uma reflexão sobre o meu processo de criação em artes
visuais, dando ênfase para minha produção em fotografia e fotografia-objeto. As
imagens focam elementos visuais e objetos do cotidiano, que estão de algum
modo atrelados a uma memória de infância, pessoal e em certa medida coletiva,
assim como: o pão, a toalha de mesa, o banquinho de madeira, o sapato, a
sombrinha e outros. O olhar fenomenológico é lançado para os objetos, estes são
colocados no centro da visão que desvela inúmeras possibilidades poéticas do
objeto. Uma fragmentação que nada mais é do que um jogo de montar, desmontar
e remontar. Esse jogo é o jogo dos sentidos que é criado a partir de infinitos
desdobramentos, reais e metafóricos, com os objetos desvelando possibilidades
poéticas que surgem pela qualidade da imagem dialética, da imagem aberta.
Palavras-chave: 1. Poéticas visuais 2. Processo de criação 3. Fotografia 4.
Memória 5. Jogo
O USO DO TEATRO DE BONECOS como instrumento potencializador do
processo criativo e lúdico em discentes do ensino fundamental
Adriano de Almeida Ferraiuoli
UNIFLU
O presente trabalho científico, relacionado ao programa de Mestrado em Cognição
e Linguagem da UENF, utilizou a ludicidade do teatro de bonecos como
instrumento potencializador da criatividade, abordando a formação integral de
sujeitos históricos. Neste contexto, buscamos descobrir de que formas vivências
teatrais associadas à utilização das linguagens corporal, plástica e textual puderam
desenvolver potencialidades estéticas de educandos numa Escola Pública de
Campos dos Goytacazes. Com uma metodologia baseada na abordagem
qualitativa, de pesquisa-ação e observação participante. Tendo como categorias: a
criatividade e o processo criativo e os aspectos lúdicos do teatro de bonecos na
educação.
Palavras-chave: Teatro de Marionetas, Criatividade, Estética.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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DIANTE DO ENCONTRO COM O ARQUIVO: NARRATIVAS DA
MEMÓRIA
Ana Maio
URFGs
Este artigo centra-se na problemática da memória e da sua reconstrução. Trata-se de tramar e apresentar a memória pessoal e histórica, e compartilhar uma experiência por
meio de narrativas que apresentam histórias que ouvi no decorrer da infância, e que em viagem à Póvoa de Varzim – Portugal, em 2010, implicaram o encontro com
arquivos dessa memória. A origem desse processo são elementos da cultura material, que ativaram a minha memória, pelo fato de eu estar em um lugar e deparar-me com
um monumento, uma fachada de azulejos, um cartão-postal e outros marcos de memória. Tais elementos serão abordados em sua capacidade de testemunhar aspectos
simbólicos de uma história de vida, inventariar a memória e possibilitar a reconstrução de experiências pretéritas. A primeira fase é a apropriação, resultante da escolha que
atende a uma intenção específica. A segunda é a pesquisa em fontes primárias que aportam informações desses elementos. Aqui nos fundamentamos na análise da
materialidade da cultura, em seus aspectos de representação, como forma de acesso à valores sociais que aludem à memória e às identidades. Posteriormente, transcrevemos
fragmentos de textos dos periódicos portugueses e constituímos um dossiê da pesquisa, que opera como arquivo de dados e base informacional. Nessa perspectiva,
realizamos um estudo sobre José Rodrigues Maio (1817-1884), conhecido pelo apelido “Cego do Maio”, em referência à sua coragem ao salvar pescadores em perigo,
e por “não enxergar” riscos ao lançar-se ao mar. A história desse herói constitui um território socialmente estabelecido nas representações e na memória coletiva dos
poveiros e, particularmente, na minha memória de descendente do Maio. Assim,
reunimos um repertório de formas – o monumento ao Cego do Maio; o documento “Memorial” que narra a construção do monumento; uma parede de azulejos com
símbolos poveiros; a fotografia de Agnés Varda, intitulada “Sofia Loren em Portugal”, de 1956, editada em cartão-postal – e criamos outros protocolos de uso para essas
estruturas. Dessas ações poéticas, cito a cartografia móvel, em que irei refazer o percurso do cortejo de colocação da primeira pedra do monumento ao Cego do Maio,
de 18 de abril de 1909, narrado no “Memorial” elaborado pela Comissão do Club Naval Povoense. Nesse contexto de delineação de geografias estéticas, aludimos às
diferentes formas com que a memória e a identidade são abordadas na arte contemporânea, a partir de relações transterritoriais entre nacionalidades e culturas. Os
resultados da pesquisa serão apresentados na forma de uma instalação, que reunirá
documentos, fotografias, filmes e cartões-postais da Póvoa de Varzim.
Palavras-chave: memória, história, arquivo, narrativa, arte contemporânea.
HUDINILSON JR. E OS ARQUIVOS PESSOAIS
C.G.Hünninghausen
Faculdades Energia, SC
Repletas de imagens em ambos os lados, as pranchas de Hudinilson Jr. se tornam um análogo orgânico daquela experiência hipertextual, não linear e,
aparentemente, infinita que uma vez foi a “Internet”.
Palavras-Chave: arquivo pessoal, meios de comunicação, fluxo de virtualização
de assuntos, internet.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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MEMÓRIA VISUAL E PROCESSO CRIATIVO NA PRODUÇÃO
IMAGÉTICA DO FOTO CLUBE DO ESPÍRITO SANTO (1946-1978)
Cláudia Milke Vasconcelos
UFES
Este artigo busca refletir sobre a atuação do Foto Clube do Espírito Santo e sua
contribuição no desenvolvimento da cultura e da arte capixabas, assim como no
entendimento da fotografia como um instrumento de criação.
Palavras-Chave: processo criativo, fotoclube, fotografia artística.
DESDOBRAMENTOS [SUSPIROS]: INTERSECÇÕES POÉTICAS
Cristiano Sousa
Eder Rodrigues
Samira Margotto
UNIR / FARO
As intersecções poéticas que fundamentam a criação do projeto
DESDOBRAMENTOS abrangem diferentes linguagens em uma poética híbrida
que engloba a imagem, a palavra e a sonoridade, sem hierarquias processuais de
concepção e execução. O projeto parte do conto Suspiros da obra Livro de
Receitas e constrói diálogos entre as interpretações poéticas que se multiplicam, se
sobrepõem e se contrastam diante de um mesmo ponto (a palavra), porém se
desdobrando em reinterpretações da linguagem sonora, visual e do próprio texto
em constante tensão interrogativa. A referência para a criação é um texto literário,
no entanto, os sons e imagens não são ilustrações na sequência dos frames, já que
exploram correspondências distintas das estratégias ilusionistas da produção de sentido. O resultado comunga do processo enquanto produto, além de uma vídeo-
instalação e de um livro que registra o processo e instaura provocações
performáticas em torno da palavra suspiros e os segmentos poéticos que a
desdobram enquanto textura, significados e diálogos artísticos.
Palavras-chave: texto; som, imagem; diálogos contemporâneos
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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IN MEMORIAM OU POÉTICAS DA DESTRUIÇÃO: a história como
processo de criação
Diego Kern Lopes
Silfarlem Junior de Oliveira
PPGA/ UFES
O presente trabalho tem como objetivo analisar a História como processo de
criação que se elabora através de uma poética que tem por base a destruição.
Deste pressuposto, elencamos duas possibilidades de ações discursivas que se
manifestam na construção histórica: uma que será designada por “escrever” e
outra que será designada por “inscrever”. A partir das possibilidades relacionais
destas categorias de discurso dá-se a História como poética de criação.
Palavras-chave: História – discurso – alteridade – arte–destruição.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO DAS PANELEIRAS de Goiabeiras
Geyza D. Muniz
CAPES/ PPGA /UFES
Este artigo investiga o processo criativo das paneleiras de Goiabeiras e a
influência da apropriação do território no qual esse saber é transmitido e
continuamente produzido. Goiabeiras é definido como o lugar onde esse ofício de
fabricar panelas ocorre por tradição, conforme apontado por Carla Dias (2006).
Goiabeiras se transformou em um bairro urbanizado de Vitória, entretanto, ali
continuam sendo feitas tradicionalmente as panelas pretas. Enquanto a cidade
crescia, as paneleiras progressivamente se profissionalizavam e faziam do seu
ofício uma visível atividade cultural e econômica do lugar, fortificando o
sentimento de pertencimento dessas pessoas. A relação do território, das
memórias e da identidade das paneleiras com seu saber fazer dentro da cultura
popular na qual estão inseridas é abordada no presente texto. Portanto, a natureza
dos estudos sobre o processo de criação artística e dos sujeitos envolvidos na ação criadora das panelas de barro de Goiabeiras é pesquisada, e também como se dá a
interação e articulação da memória e da identidade nesses processos criativos.
Palavras-chave: Poéticas da criação; paneleiras de Goiabeiras; panelas de barro;
memória; identidade cultural.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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O procedimento diagramático nos desenhos de GLAYSON ARCANJO
Gustavo Torrezan
OLHO/FE/UNICAMP
SESC SP
Este artigo aborda a série “A(i)nda desenho” e o processo de criação que a motiva,
dando especial atenção a como o artista cria uma escrita delirante para fazer dela
desenho, e, por conseguinte, um modo de traçar um diagrama. Um diagrama que
se coloca como vestígio de um combate corpóreo com o suporte e
consequentemente no ato de criar, fazendo restar desse enfrentamento a pulsão,
vestígios que se fazem como obra.
Interessa-nos a maneira como o artista lança gestos, como solta o lápis sobre a
superfície cindindo traços inesperados, deixando que este seja guiado quase por si
só, e ainda como ele esfrega a borracha, as mãos e as unhas sobre as marcas de
grafite para fazer delas manchas ou borrões, conferindo ao seu processo criativo
um caráter diagramático, em que o artista traça um diagrama, aqui entendido a partir do pensamento de Gilles Deleuze (2007) e também de Gilles Deleuze e
Felix Gattari (1992). Ambos os filósofos apontam que o diagrama recorta um
território onde se engendra um experimento como plano de composição da arte.
Destaca-se os procedimentos que Glayson Arcanjo utiliza como artista desenhista
e às tensões levantadas ao conspirar sobre as habilidades ou as inabilidades no ato
de desenhar; ato realizado de modo que se misturam a escrita e o desenho como
produtores de deslocamentos que favorecem a invenção de uma língua nova e
singular.
Palavras-chave: diagrama, procedimento artístico, desenho.
REGISTROS DE UM PATRIMÔNIO GRÁFICO. deambular e capturar
imagens
Helena Kanaan
UFPel
Roberta Rossato
UFPel
O presente texto pretende apresentar vivências que se configuram a partir do
sensível frente a elementos do patrimônio artístico-cultural de uma cidade. Da
reverberação do olhar observador que percebe a potência da imagem diante de um
contexto poluído, surge o projeto de extensão e pesquisa ancorado na poética
urbana, na estética do habitual, do cotidiano, do que sempre está ante nossos
olhos, abaixo de nossos pés, ao contrario de algo rebuscado, exótico, espetacular.
Incorporando o conceito de deambulação dos Situacionistas Franceses e a
importância dessa passagem do artista pelas ruas da cidade, o grupo criou seu
território, cartografando o lugar onde refaz a história, através de frotagens. A
reflexão acompanha a ideia de anti-monumento, fazendo repensar as ruas e vê-las
como espaço museal e como espaço carregado de memoria e identidade.
Palavras-chave: Deambulação, Patrimônio gráfico, Frotagem-documento.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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A MITOLOGIA E O LIVRO DE ARTISTA no processo reflexivo / criativo
Helga Correa
UFSM
O trabalho com livros de artista está plenamente redimensionado à realidade atual.
Recentes modificações, integrações e interações trouxeram uma expansão e
transformação de seu conceito inicial. Hoje em dia editores, artistas e coletivos de
arte utilizam livros de artista para dar maior visibilidade a produções e projetos
que abordam, sob diferentes ângulos, o tema da edição e da multiplicidade em
arte. A associação do livro de artista com a temática mitológica foi a estratégia
que encontrei para sensibilizar alunos de disciplinas da área gráfica a aprofundar
reflexões sobre suas próprias produções poéticas. Neste trabalho discutimos como
se dá esse estímulo à reflexão conceitual, parte inerente às produções pessoais
discentes. Focalizamos narrativas que têm na expressão visual ênfase textual ou
plástica. Simultaneamente refletimos sobre temas que reiteradamente vem sendo sinalizados pela mitologia, como objeto de estudo e discussão humana.
Palavra-chave: livro de artista, mitologia, arte.
MEMÓRIA AFETIVA: lugares e registros (o processo criativo de dois
artistas)
Inah Durão
UFES/NEAAD
O trabalho proposto é o resultado de uma experiência curatorial realizada na
ocasião de uma exposição com foco na produção de dois artistas plásticos
capixabas com o título “Memória Afetiva: lugares e registros”. Trabalho esse
norteado pelos registros em cadernos de desenho onde cada artista (des) organiza
frequentemente seu cotidiano afetivo.
O que nos importa é perceber a produção de ambos como uma espécie de pistas
deixadas para um não-esquecimento. A obra vista como um lado de fora físico a
denunciar um lado de dentro afetivo dos artistas. A noite e seus labirintos
tortuosos, nos traços de Luciano Boi e os espaços tectônicos, vazios, de Luciano
Cardoso escapando dos seus invólucros para os espaços provisórios de suas
memórias (os cadernos).
Palavras-chave: Processo de criação, arte, caderno de artista, memória, registros.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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O POÉTICO DA IMAGEM SINTÉTICA: a identidade visual de Coimbra
criada por Francisco Providência
Laís Guaraldo
PUC-SP
Instituto ID+ (Universidade de Aveiro)
Fapesp
Esse artigo analisa o processo criativo da elaboração de uma nova identidade
visual para a cidade de Coimbra, ocorrido em 2003. O trabalho partiu de um
concurso proposto pela câmara municipal da cidade, com o mote: “Coimbra-
cidade do conhecimento”. A proposta aqui analisada foi a vencedora do concurso,
realizada pelo designer português Francisco Providência. A nova identidade
visual partiu da tradição heráldica da cidade, mas também buscou ressignificar e
atualizar a sua dimensão simbólica.
A análise tem como propósito contribuir para a reflexão sobre os desafios de
traduzir sinteticamente a representação de uma cidade: um signo híbrido de imagem e texto que interpreta, com força simbólica, um território e o conjunto de
experiências ali vividas e significadas.
Palavras-chave: Identidade visual, design, Francisco Providência, Processo de
criação.
A COR EM PROCESSO NAS CARTAS DE VAN GOGH
Letícia da Silva
PUC/SP
A proposta desta pesquisa é analisar as cartas de Van Gogh como um ato
comunicativo necessário ao artista ao longo do percurso criativo. Partindo da
abordagem da criação como rede, as cartas são documentos de processo, que
registram vestígios do caminho percorrido pelo artista em seu processo de criação.
Foi dado um tratamento empírico aos documentos a partir de uma leitura crítica,
estabelecendo relações entre as questões significativas do projeto do artista. As
recorrências nos levaram a dois aspectos mais relevantes: a necessidade de
interação comunicacional e a importância da cor em seu trajeto artístico. Deste
modo, estes se tornaram os recortes da pesquisa, buscando compreender as cartas
como meio comunicativo e o modo como a cor é construída ao longo do percurso do artista. Essa construção é discutida não apenas sob o viés da materialidade e da
manipulação de tintas, mas também sob o aspecto subjetivo de sua busca pela cor.
Palavras-chave: processo de criação, redes da criação, cartas, cor, Van Gogh.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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Elementos neobarrocos na poética de DEREK JARMAN
Luiz Andreghetto
ESAMC
O texto a seguir propõe uma aproximação maior entre as teorias Neobarrocas,
proferidas por Omar Calabrese e Severo Sarduy, com a imagem audiovisual e suas
especificidades. Os elementos e as figuras Neobarrocas servem de estrutura para
analisarmos a poética do cineasta inglês Derek Jarman, mais especificamente o
filme Caravaggio, de 1986. Jarman trafega em suas obras pelo universo
Neobarroco, sendo uma constante dentro de sua filmografia o apreço pelas artes
plásticas, pelo experimentalismo, pela polêmica e pela construção poética
amparada nesses elementos barrocos: o excesso, o caos, a multiplicidade, a
dramaticidade, a sexualidade, a intertextualidade, etc.
Palavras-chave: Neo-barroco, Cinema, História da Arte, Caravaggio, de Derek
Jarman.
IDENTIDADE CULTURAL: a imigração de willem de kooning em analogia
aos conceitos de stuart hall
Luiz Carlos Leite
PPGA-UFES
O Texto propõe uma análise reflexiva sobre a trajetória do artista holandês Willem
de Koonning, e a identificação associativa à terra de origem Rotterdam, em uma
imigração rumo a um novo centro cultural na esperança de prosperidade, o que é
inerente a muitos artistas até os dias de hoje lhes atribuindo uma condição de
artistas internacionais. Em uma abordagem teórica, serão analisadas as
conseqüências culturais geradas por um processo de imigração, com um recorte
que abrange a década de 30 ao pós-segunda guerra. Para isto serão utilizados os
conceitos de diáspora e identidade contidos na publicação “Da diáspora:
identidades mediações culturais” de Stuart Hall, e na publicação “Willem de
Kooning” do crítico de arte Thomas B. Hess no intuito de compreender aspectos
pontuais que permeiam a relação entre cultura e lugar.
Palavras-chave: Identidade cultural; Arte contemporânea; Imigração; Willem de
Kooning.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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PROCESSO DE CRIAÇÃO E CRÍTICA INFERENCIAL na construção de
uma obra mural
Marcela Gonçalves
PPGA/ UFES
José Cirillo
CNPQ/FAPES/PPGA-UFES
A proposta deste estudo dedica-se à análise do processo de criação do artista
plástico brasileiro Raphael Samú, tendo como recorte sua obra mural em mosaico,
mais especificamente o mural presente na entrada da Universidade Federal do
Espírito Santo – UFES, em Vitória.
Tal análise tem como base os pressupostos da Crítica Genética que busca apontar
a intencionalidade do projeto poético do artista no momento da concepção da obra
de arte. Como base metodológica também será considerada a Crítica Inferencial,
ou seja, o que podemos inferir quando historiamos as causas de um quadro, do historiador Michael Baxandall, proposta em seu livro Padrões de intenção: a
explicação histórica dos quadros.
Palavras-chave: Processo de criação. Arte Pública. Mosaico.
IDENTIDAD, MEMORIA Y CONSTRUCCIÓN COLECTIVA desde
acciones artísticas directas en el contexto urbano.
María Nazarena
Facultad de Bellas Artes. Universidad Nacional de La Plata
En el proceso de creación artística contemporánea los colectivos de artistas
impulsan a través de estrategias directas, la creación nuevos espacios de trabajo,
en donde indagar social, política e históricamente sobre acontecimientos que los
involucra, directa o indirectamente, estableciendo en la acción la búsqueda de
conceptos de identidad y memoria.
Los artistas o colectivos de artistas buscan en la construcción de estos espacios
generar a través de las acciones artísticas directas la Memoria Colectiva,
provocando transformaciones que incidan en la ciudad y la resignificación de los
espacios.
Generando dogmáticamente intersticios identitarios en la conceptualización de
aquel que se concibe como espectador/ transeúnte/publico/ habitante de la ciudad.
La reflexión va a centrarse en la crítica al poder a través de la producción artística, en las ampliaciones conceptuales que se van a plantear en el objeto artístico a
partir de los diferentes recorridos estéticos/espaciales y en la transformación
espacial, en donde todos los sujetos sociales se verán involucrados a partir de la
reflexión y activación de la memoria individual/colectiva.
Así el Arte se transforma en una acción cargada de sentido, concibiendo los usos
políticos del Espacio Urbano.
Esta transformación espacial establece la dualidad producción-interpretación
simbólica, entre lo público/colectivo-privado/individual, en donde, el público
resignifica el objeto artístico interpelándolo mediante sus propios aprioris y sus
códigos perceptuales.
Palabras claves: Identidad, memoria, espacio, contexto urbano.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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AS NARRATIVAS de memórias pessoais EM “OBJETOS NARRADORES”
Mariana Resende
UFU
Cláudia França
UFU
Este trabalho analisa parte da pesquisa de mestrado sobre o processo de criação de
Objetos Narradores, uma série de objetos, especificamente móveis, sobre os quais
eu interfiro, dando-lhes outra significação em função de conteúdos
autorreferenciais agregados à sua fisicalidade. A função que lhes é dada, qual seja,
a de guardarem partes de memórias pessoais, principalmente as de infância, torna-
os portadores destas memórias materiais, que por sua vez portam narrativas
latentes. Esta é a razão de nomeá-los como objetos “narradores” os quais,
contando de minhas experiências, contam também de si próprios. O presente texto
visa, portanto, a tramar considerações sobre os conceitos de memória e narrativa,
tendo como ponto de partida a série Objetos Narradores, em processo.
Palavras-chave: processo de criação; narração; memória; autobiografia.
A TEMPESTADE: a mesma e a outra
Marieli Pereira
UFBA
O objetivo deste trabalho é investigar o processo criativo da encenação do
espetáculo Outra Tempestade, apresentado em Salvador, 2011. Seu texto foi
inspirado na peça A Tempestade (The Tempest) de William Shakespeare, escrita
por volta de 1611. O texto Otra Tempestad foi escrito pelas dramaturgas cubanas
Raquel Carrió e Flora Lauten, em 1997, traduzido para o português e encenado
pelo diretor cubano Luis Alberto Alonso. O dossiê genético dessa pesquisa é
composto por uma entrevista com o encenador concedida a pesquisadora, fotos
dos ensaios, croquis do figurino e do cenário concedidos pela equipe de produção
da peça. Percebe-se, nesse conjunto de registros, que o sentido de identidade e de
pertencimento territorial aparece diluído, considerando que as ideias formuladas,
descartadas ou executadas durante a sua produção têm autoria coletiva. Trata-se
de uma rede de ações complexas em que as trocas de informação se multiplicam entre os sujeitos envolvidos na construção da obra, o que dificulta a definição dos
limites de autoria de tal processo de criação.
Palavras-chave: Crítica genética; produção teatral; autoria coletiva.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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ULISSES ENTRE A PINTURA E A LITERATURA. Um estudo das pinturas
o gigante polifemo e meu nome é ninguém
Mário Cavalcante
PUC-Goiás
O objetivo desse artigo é discutir as possíveis relações entre pintura e literatura a
partir do estudo das obras“O Gigante Polifemo”de José Aguilar (1941-)e “Meu
Nome é Ninguém” de Lenir de Miranda(1945-). Ambos se apropriaram do
personagem Ulisses, da Odisseia de Homero, e produziram séries de pinturas –
das quais selecionamos essas duas. Com base em uma revisão bibliográfica
centrada na história da arte, na teoria da arte contemporânea e nos estudos de
tradução intersemiótica, centramos nosso estudo em torno dos conceitos de
apropriação, signo estético e signo plástico. Concluímos que aqui, no caso dessas
duas obras, os signos literários foram apropriados pelas artes visuais dentro
dapintura como uma possibilidade poética.
Palavras-chave: pintura; signo estético; literatura; Ulisses.
A ARQUITETURA NEOGÓTICA NO PERÍODO DA BORRACHA:
processos de criação no estudo tipológico das construções de Manaus
Pollyanna D´Avila
UEA/ Semed
Apresentação de estudo sobre arquitetura Neogótica em Manaus entre os anos de
1890 a 1920 a partir da análise tipológica destas construções para dissertação de
mestrado e catálogo artístico com fotos, textos e desenhos.
Palavras-chave: arquitetura neo-gótico; Revivalism; Manaus no Período da
borracha.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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ESTUDO ICONOGRÁFICO DE TRÊS PINTURAS DE EDGAR DEGAS
como processo criativo em dança clássica
Raíssa Costa
UEA
Luciane Páscoa
UEA
A pesquisa e a compreensão de aspectos interdisciplinares para compor o universo
da criação em dança, fazem-se importantes para o desenvolvimento de suas
tendências coreográficas. Foi a partir da proposta de agregar novas configurações
estéticas para processos criativos em dança clássica e da busca de ruptura com
alguns cânones vigentes na cidade de Manaus, que surgiu esta pesquisa. Propõem-
se através de uma análise iconográfica de pinturas de Edgar Degas, a realização de
experimentos em dança clássica resultando em uma composição coreográfica. O
resultado revela uma possibilidade de relacionar imagem e dança, mostrando que
processos criativos podem se utilizar de elementos observados através da
iconografia.
Palavras-chave: Processo criativo, dança, iconografia, Edgar Degas.
A ideologia presente na charge de MARIOSAN E SUA RELAÇÃO COM O
TEXTO VERBAL
Renato Ferreira
PUC-Goias
Abordando uma perspectiva da relação texto e imagem, propomos a análise de
algumas charges da qual tentaremos interpretar as mesmas sem a intenção de
buscar um sentido “verdadeiro”, mas um sentido estabelecido por padrões
históricos e ideológicos, materializados no discurso da charge política e
construídos pelo chargista.
Sendo assim, entendemos que a ideologia exposta na charge, utilizando o discurso
humorístico, possui relação com as visões de mundo do autor, a qual descrevem
Fiorin (2001) e Pêcheux (1987) como formações ideológicas que são apreendidas
ao longo da existência através da língua inserida em um curso sócio-histórico e a
charge não é um reduto específico de áreas como a linguística ou a comunicação,
tampouco um produto exclusivo das artes plásticas, mas um terreno hibrído, um dispositivo transdisciplinar.
Palavras chave: charge goiana, mariosan, ideologia
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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ARTE E CULTURA UCRANIANA: história, memórias e representação
Sandra Borsoi
UEPG/PPGE
Gilmara Pereira
UEPG/PR
A presente pesquisa desenvolveu-se a partir da temática: Arte, Memória e Cultura
Ucraniana: história, memórias na representação artística cultural em Ponta
Grossa/PR/BR. O objetivo geral desse trabalho foi apresentar os artistas
ucranianos e sua arte através das Pêssankas; Investigaram-se os imigrantes e
descendentes Ucranianos de PG/PR/BR; Pesquisou-se artistas que se inspiraram
na cultura e arte dos ucranianos para produzir suas obras artísticas. O objetivo
específico da pesquisa foi construir e investigar a história dos ucranianos no
Paraná e os artistas com suas produções artístico-culturais através de suas
memórias; A pesquisa é de cunho qualitativo e os instrumentos foram: diário de
campo, entrevistas, portfólio e relatos das histórias a partir da memória dos
entrevistados. Optou-se dar contexto a essa pesquisa e através dela encontrar artistas que reverenciam na arte cultural da tradição de criação das pêssankas,
sendo ela uma arte de influência bizantina. A arte cristã foi a inspiração para
representação cultural dos ucranianos, dando novas formas de conceituar as suas
obras artísticas, contendo nelas símbolos com diversos significados, que traziam
as memórias e a religiosidade representacional de um povo. As pêssankas são de
origem pagã e tiveram a influência bizantina na Ucrânia, sendo ela uma arte que
pode ser desenvolvida em vários momentos principalmente no período da páscoa.
Assim, conclui-se que o artista precisa voltar às origens para poder produzir a arte
de forma mais pura e “inovadora”, para transcrever o que sente e pensa nas suas
proposições artísticas, seja ela uma realidade vivida, real ou virtual,
imagéticamente ou idealizadora. Os ucranianos vieram pautados na sua religiosidade presente em sua “terra natal”, e trouxeram para esse novo território
brasileiro, local onde eles mantiveram em suas colônias, os ritos bizantinos e
costumes referentes à religião ortodoxa. Assim, uma produção artística pautada
em suas memórias e costumes.
Palavras-chave: Arte Ucraniana, Memória, história, Pêssankas.
UM DOSSIÊ CRIATIVO E A ESTÉTICA DA MOBILIDADE:
ONE ART POR ELIZABETH BISHOP
Sílvia Anastácio
Professora Titular UFBA.
Sandra Corrêa
Mestre em Literatura e Cultura, UFBA.
Raquel Dias
Mestranda em Literatura e Cultura, UFBA.
Sirlene Góes
Mestranda em Literatura e Cultura, UFBA.
Chantal Herskovic
Professora do Centro Universitário, B. Horizonte
A partir de uma perspectiva em que a mobilidade, a interatividade, a liberdade e o
dinamismo dos espaços são palavras-chave, este trabalho pretende discutir o uso
de tecnologias mediadoras e recursos midiáticos para facilitar a apresentação, a
observação e a análise de manuscritos. Para refletir sobre essa estética da mobilidade, uma amostra do dossiê criativo do poema One Art (1976), Elizabeth
Bishop, será apresentado e um diálogo estabelecido entre esses manuscritos
literários e uma multiplicidade de paratextos: a peça Um Porto para Elizabeth
Bishop (2001), o vídeo-poema Bishop in Art (2012) e os quadrinhos The art of
losing isn´t hard to master (2012).
Palavras-chave: Intermidialidade. Bishop. One Art.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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MEMÓRIA E ARTE: um contexto para reflexão
Sonia Monego
UNOCHAPECO
Este artigo faz uma reflexão sobre a memória, tendo como principais referências
os autores, Maurice Halbwachs, Jacques Le Goff e Jõao Carlos Tedesco.Na
sequência será discutido como a memória se manifesta na arte e a linguagem
estudada será a fotografia, tendo em vista que a fotografia é o registro cristalizado
da imagem para a posteridade. Segundo Barthes, “a fotografia é a imagem viva de
uma coisa morta”, uma vez que este momento não se repetirá jamais . Neste
contexto, apontamos a artista mineira, Rosangela Rennó, com a obra denominada
“Imemorial”, e o artista Uruguaio Juan Angel Urruzola, com a obra “Miradas
Ausentes”. A partir desta analise concluímos que, inúmeros artistas pesquisam em
arquivos públicos ou privados a matéria prima para a realização de seus trabalhos,
que surgem da tensão entre os arquivos recolhidos do passado com suas memórias
e a interpretação dos artistas produzindo histórias e consequentemente memórias.
Palavras Chaves: Arte, Memória, Fotografia
A ANIMAÇÃO COMO EXPRESSIVIDADE DA IMAGINAÇÃO
MATÉRICA: PENSAMENTO DE VOCÊ
Thais Fernanda Martins Hayek
Universidade Presbiteriana Mackenzie
O presente artigo pretende analisar, a animação Thought of You
(http://ryanwoodwardart.com/my-works/thought-of-you/), de 2010, de Ryan
Woodward, e sua interdisciplinaridade com a dança contemporânea. Busca
também possibilidades de leitura que permitem fazer relações diretas com a
análise dos fatores expressivos do movimento, propostos pelo dançarino e
pesquisador austro húngaro Rudolph Laban (1879-1958), sendo possível analisar
o desenho como uma extensão da dança. E também nos aventurarmos pela análise
dos efeitos da animação, através da imaginação material proposta pelo filósofo e
ensaísta francês Gaston Bachelard (1884-1962).
Palavras chave: Animação 2D, Dança, Laban, Bachelard.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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PROCESSO CRIATIVO: “ENCARGO” E “DIRETRIZES” DO
DÉTOURNEMENT SITUACIONISTA
Vitor Maciel
UFPE
Gentil Porto Filho
UFPE
O presente artigo tem o objetivo de discutir o processo criativo do détournement
situacionista a partir do texto “Um guia prático para o détournement”, de Debord e
Wolman (1956). Segundo o movimento de vanguarda Internacional Situacionista,
o détournement consiste na subversão de elementos estéticos preexistentes para a
materialização de um novo arranjo significativo. Utilizou-se para esta discussão,
os conceitos de Encargo e Diretriz, de Michael Baxandall (2006). Para o autor,
não é possível explicar um artefato histórico, é possível explicar apenas as
observações sobre ele.
Palavras-chave: Processo criativo; Internacional Situacionista; détournement; Encargo e Diretriz.
Palavras-chave: processo criativo; Internacional Situacionista; détournement;
carga e Orientação
TERRITÓRIOS: espaços de
memória
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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ARTES VISUAIS NO CONTEXTO URBANO: a performance, processo e
realização
Andressa Rezende Boel
CNPQ
Heliana Ometto Nardin
UFU
A ocupação do espaço urbano pela arte é evidente na contemporaneidade. Nessa
perspectiva, a Secretaria de Cultura de Uberlândia desenvolveu o projeto Arte
Móvel – Urbana, lançando um edital em 2010 para selecionar cinco propostas de
intervenções artísticas urbanas. Tendo como objeto de estudo os documentos de
processo - memorial descritivo, anotações, registros da gênese e a execução dos
trabalhos - discutimos especificamente Do Silêncio da Concha, performance de
Ana Reis e Cássia Nunes. Consideramos nesse artigo as questões de ordem
estética, social e cultural abordadas no trabalho, explicitando os sentidos e
significados emergentes na leitura da intervenção artística.
Palavras-chave: Arte urbana, performance, processo de criação
espaço íntimo: FRAGMENTO DA OBRA DE REGINA VATER VISTO
POR UMA ÓTICA BACHELARDIANA.
Arethusa de Paula
UFMG
O presente trabalho tem por escopo apresentar duas obras da artista Regina Vater,
quais sejam, Parisse e X-Rangers, sob uma ótica baseada na teoria de Gaston
Bachelard, em especial seu livro A poética do espaço. No caso do espaço poético,
Bachelard percebe que alguns artistas descrevem imagens que fazem com que o
leitor, ou no caso das artes visuais, o espectador, sejam absorvidos pelo ambiente
descrito, como se pudesse ser ele mesmo quem habita aquele espaço.
Palavras-chave: espaço poético, imaginação, fotografia, Regina Vater.
Palavras-chave: espaço poético, fotografia, imaginação, Regina Vater.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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REDES DA CRIAÇÃO: produção, performance e comunicação
Carolina Lôbo
PUC – SP
Cecília Almeida Salles
COGEA/PUC_SP
A pesquisa propõe um estudo sobre os processos de criação do artista plástico e
arquiteto baiano Juraci Dórea, que se dedica às artes desde a década de 60, tendo
como objeto de estudo um dos seus trabalhos, o multifacetado Projeto Terra. Com
a base criativa em pinturas e esculturas, produzidas e fixadas em pleno sertão, o
Terra é composto ainda por fotos, gravações de áudio, vídeos, livros e um diário
que registram não apenas as obras, como também a presença e o depoimento de
sertanejos nos locais de exposição. O objetivo deste trabalho é discutir as relações
de interação e de comunicação do Projeto Terra com os ambientes geográficos e
socioculturais onde está inserido, realçando a diversidade de recursos utilizados para seu registro documental, em acervo de caráter multimidiático. Tal objetivo
reflete-se na hipótese de que a obra é impulsionada por uma força de expressão
que busca unir memória e tradição, com renovação e invenção, e especialmente,
por um desejo de comunicação que vai do estético ao antropológico, do discurso
ao diálogo, da representação à autoexposição, formando uma complexa rede.
Sendo assim, a opção metodológica adotada se configura num estudo de caso, a
partir da perspectiva da crítica de processo de base semiótica, que discute a
criação como rede em construção.
Palavras-chave: comunicação; redes da criação; crítica de processo; memória;
Juraci Dórea; Projeto Terra.
EL TRIUNFO DE LA REPÚBLICA
Constanza Carolina Varela
Museo Casa de Yrurtia
Verónica Inés Diego
Museo Casa de Yrurtia
Rogelio Yrurtia comienza a trabajar en el “Triunfo de la República” en 1923
como una síntesis de sus reflexiones y trabajo sobre la temática de la Revolución
de Mayo, la Independencia y el ser argentino, luego de percibir que el país no
contaba con un monumento que conmemorara la Independencia Argentina.
Concibe un proyecto con el que busca representar la unidad geográfica del país, su
historia, (presente y futuro), brindando un espacio de interacción social, buscando
crear un sentido de pertenencia para el pueblo: conceptos innovadores para la
época, pero que considera indispensables para representar a la patria y a su
pueblo. Fue pensada por el escultor para ser emplazada en la Plaza de Mayo
(Buenos Aires), lugar de gran significado histórico, apropiación y participación
social. Concebido como un espacio cultural y de participación, según el cobraría sentido cuando hubiese gente en su interior; albergaría tanto un salón de usos
múltiples, y además de una serie de templetes, el Templo de la Patria, con
capacidad para albergar a cuatro mil personas. En la Cripta central se conservaría
la primitiva Pirámide de Mayo (primer monumento patrio realizado en 1811) y las
banderas de la historia, destacando así la importancia del rescate de nuestro
patrimonio simbólico. Pero no solo piensa este proyecto para estar emplazado en
un lugar geográfico estratégico, sino que representa en el interior toda nuestra
unidad territorial (24 provincias) por medio de 24 columnas ubicadas en diferentes
espacios.
Su Proyecto del Monumento Homenaje a la Patria denotan no solo su saber
escultórico, sino además de estudios arquitectónicos y de ingeniería, vocación social Realizó más de 800 dibujos, croquis, planos, fragmentos y vistas generales
del monumento, pero el destino no le permitió completar su ideal, que quedó
proyectado en una maqueta en yeso.
Palabras-clave: Monumento conmemorativo, identidad, pertenencia, unidad
geográfica, memoria, espacio social, participación, Pueblo
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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CRIAÇÃO E COMPARTILHAMENTO: a cultura remix, a
desterritorialização do autor e a apropriação como base de um discurso
legitimador da criação artística
Daniela Zanetti
UFES
Por meio da análise de dois vídeos disponíveis na Internet, este paper coloca em
evidência a disputa entre duas concepções de criação artística, pois parte-se do
princípio de que há uma embate discursivo que coloca em xeque duas visões
antagônicas do processo artístico: uma que considera o fazer artístico
fundamentado na originalidade e na autenticidade, e outro que se assume como
fruto de um processo de permanente intertextualidade, de apropriações e de
remixagens. Essa disputa ocorre no próprio campo artístico por meio da
instauração de novas formas de reconhecimento e legitimação do fazer artístico.
Palavras-chaves: audiovisual, Internet, cibercultura remix, criação artística.
Criação Poética Audiovisual ENTRE TERRITÓRIOS
Deborah Rosenfeld
UFES
Tomando como ponto de partida o flâneur descrito por Walter Benjamin, busca-se
refletir sobre o processo de criação de imagens audiovisuais que se dá nas cidades,
sob a perspectiva da cultura da mobilidade. Procura-se discutir o contexto em que
se inscrevem estas poéticas.
Palavras-chave: audiovisual, flâneur, mídia móvel, nômade, trânsito
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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ESPAÇOS REAIS E ESPAÇOS FICCIONAIS EM DIÁLOGO: um estudo
do processo de criação de Elizabeth Bishop como registro de memória e
identidade
Elisabete Barbosa
UNEB
Elizabeth Bishop (1911-1979) foi uma escritora norte-americana que viveu no
Brasil intermitentemente por vinte anos. Vivenciando uma história marcada por
deslocamentos tanto no nível geográfico como no simbólico, acaba transpondo
para sua criação a mobilidade a qual foi submetida. Pensamos que os documentos
de processo dialogam com a construção do sujeito, o qual vai se elaborando por
intermédio de práticas discursivas e, por isso, deve-se levar em conta a
transitoriedade de tais posicionamentos. Em se tratando de Elizabeth Bishop, a
concepção de território inevitavelmente ganha conotações plurais e dinâmicas, se
apresentando na trajetória da autora nas diversas dimensões apontadas por
Rogério Haesbaert (2007): material, política, econômica, cultural, simbólica,
afetiva (e acrescentamos, a ficcional). Remontar o processo criativo se torna possível, pois a memória é sempre guardada em um espaço (o do papel, de
lugares, de objetos, ou ainda do próprio corpo), o que possibilita que o
pesquisador siga seus rastros.
Palavras-Chave: Elizabeth Bishop; Criação; Espaço; Memória.
A IMAGEM ARQUETÍPICA NO DESENVOLVIMENTO DE
APROPRIAÇÃO TEXTUAL
Elyzangela Alencar
URCA
Este artigo vem tratar do desenvolvimento e apropriação do texto teatral “Perdoa-
me por me traíres”, do autor Nelson Rodrigues. A princípio a construção da cena
foi através do uso da memória individual, que se manisfesta através do acesso as
nossas mémórias conscientes e cria ramificações e conexões dentro do processo
criativo. A escolha pela memória e repetição singularizou o processo e nos deu
uma menção da importância de um processo de criação bem elaborado e conciso,
superando limites e abrindo a porta do universo invisível, onde estão guardadas
todas as possibilidades do oficio do ator. Chamaremos de ponto de mutação essa
relação, que já tornou-se o “movimento criador”. O uso da memória individual
dentro do processo criativo, foi estabelecendo uma conexão e identificação dos
atores com suas esperiências de vida, pois a memória é uma junção de toda a
nossa construção como ser social. O movimento criador teve como obstáculo barreiras construídas de forma inconsciente pelos atores, a atenção voltava-se
agora para uma forma de trabalhar a subjetividade e construir de forma objetiva a
vida do personagem. Essa rede de criações através do uso da memória, nos fez
pensar como o ser está intimamente incrustado em seu tempo e espaço e que ao
concentrar um processo criativo somente no sujeito se fazia ineficiente nessa
tentativa de pluralidade. O uso da imagem arquetípica, que é a representação de
algo inconsciente que se manifesta através da conscientização, na qual poderíamos
então explorar esse ser social pluralizado, dissipando as suas unicidades no
processo criativo, foi a solução para a construção de situações que favorecessem
os personagens, o que resultou em um trabalho cheio de nuances e conflitos.
Palavras-chave: apropriação textual; memória; imagem arquetípica.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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ARTISTAS DA WEB E SUAS PERSONAS: ALGUMAS REFLEXÕES
Fábio Oliveira Nunes
UNESP/FAPESP
Em Identidade (Jorge Zahar Ed.,2005), Zigmunt Bauman acredita que não
existiria uma “identidade verdadeira”, já que somos incessantemente forçados a
torcer e moldar nossas identidades, ou mesmo, adotar novas identidades, sem que
nos fixemos a uma delas, mesmo querendo. A noção contemporânea de identidade
trazida por Bauman está bastante próxima da ideia de persona – assumir uma
“máscara” de um dado contexto. Nesta perspectiva, o presente artigo mapeia
situações em que artistas das artes tecnológicas – em especial, em
experimentações na web – lançam novas personas em rede, fazendo uso das
especificidades dos meios de comunicação para criar verossimilhança,
questionando as relações sociais mediadas pelas redes e operando nos limites
tênues entre ficção e realidade.
Palavras-chave: web arte, personas, perfis falsos, Internet.
CINEMA INDUSTRIAL ARGENTINO CONTEMPORÂNEO e as novas
representações da latinoamericanidade
Gabriela Sandes
PUC/SP
Instituto Século 21 - São Paulo/SP
A presente comunicação tem por objetivo divulgar a primeira etapa do estudo de
doutorado “Cinema industrial argentino contemporâneo e as novas representações
da latinoamericanidade”, desenvolvido no Programa de Comunicação e Semiótica
da PUC-SP, dentro da área de concentração “Signo e Significação nas Mídias” e
linha de pesquisa “Processos de criação nas mídias”. O objeto refere-se ao
processo de criação do cinema industrial argentino recente, a partir de roteiros
cinematográficos ficcionais. O corpus do trabalho é composto por quatro longas-
metragens daquele país que obtiveram êxito de público no Brasil ao longo da
década de 2000, a saber: “Nove rainhas”, do diretor Fabián Bielinsky, “Elsa e
Fred – um amor de paixão”, do diretor Marcos Carnevale, e “O filho da noiva” e
“O segredo dos seus olhos”, ambos do diretor Juan José Campanella. Além do
mapeamento e da crítica processual dos percursos criativos dos três diretores nas obras em questão, o estudo visa, também, à identificação de novas representações
da latinoamericanidade.
Palavras-chave: cinema industrial argentino, processo criativo, roteiro
cinematográfico, representações, latinoamericanidade.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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AS NARRATIVAS DO RAP E SUAS FRONTEIRAS
Geyza R. O. N. Vidon
UFES
Das muitas questões culturais e discursivas envolvidas no espaço físico e social do
hip hop, opto, neste momento, por colocar em discussão, principalmente, as
tensões entre valores universais e particulares relacionados diretamente a
processos de rupturas e permanências e à (des)construção de uma identidade
discursiva, de uma subjetividade. Nesse sentido, a fragilidade das fronteiras entre
um EU (marginalizado) e um OUTRO (elitizado) revela a complexidade dos seus
discursos e de suas narrativas, apontando-os para um aspecto de caráter espiral,
movediço e de interpretação opaca, em que por mais que se tente demarcar os
territórios, estes se mostram penetráveis, permeáveis e quiçá “negociáveis”. Já
que, de alguma forma, o lugar discursivo e cultural desse EU marginalizado é
diferente do meu lugar enquanto sujeito-pesquisador, o que se propõe é aprofundar o meu encontro com esse lugar discursivo-cultural, buscando analisá-
lo como um espaço discursivo “singular” de uma Narrativa (BENJAMIN, 1996) e
de uma Dialogicidade (BAKHTIN, 2003). E, é nesse sentido, que a aposta se faz:
buscar um diálogo entre esses espaços físicos ou não-físicos diversos, com seus
sujeitos e identidades distintas, tentando apontar para a educação outras formas de
ouvir os seus educandos, principalmente as suas narrativas (ou histórias). Se há
uma crise na educação, talvez ela se localize, especialmente, nas relações
dialógicas, de escuta, fundamentalmente, entre educadores e educandos. Quando,
então, esses educandos são marginalizados, sócio-historicamente, atravessados
pelos estigmas da cor e da condição sócio-econômica, a situação parece se
complicar ainda mais.
Palavras-chave: Rap; Narrativa; Discurso; Identidade.
ECONOMIAS DE QUINTAL: cozinhas temporárias
Ines Linke
DELAC/UFSJ
Esta comunicação enfoca os processos criativos de Estudos para a
hospitalidade, da organização austríaca seminômade AO&, e Cozinha temporária
– Jardim Canada, do grupo mineiro Thislandyourland. Nesses trabalhos os dois
coletivos criam agenciamentos que sinalizam alternativas aos sistemas
econômicos existentes. Eles projetam estruturas que buscam a sustentabilidade
socioambiental e discutem os parâmetros de autonomia e dependência. Enquanto
AO& usa apenas ingredientes de origem conhecida, o grupo Thislandyourland
cria suas receitas a partir de ingredientes coletados em quintais de áreas
delimitadas. Ambos ofertam seus serviços e produtos a vizinhos, pessoas
conhecidas e estranhas, num circuito externo ao campo das artes, no intuito de
estabelecer uma discussão acerca da produção de alimentos e da soberania alimentar. Em parceria, locais e transeuntes, criam instâncias coletivas para o
preparo dos alimentos, para a troca de experiências, bem como para o encontro
entre o privado e o público, o aberto e o fechado, o móvel e o estático.
Palavras-chave: processo criativo, arte contemporânea, economias alternativas,
produção de alimentos
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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OS ESPAÇOS DA INTIMIDADE e a transcendência das linguagens na
poética artística
Joedy Marins
DARG/FAAC – UNESP
O espaço na arte contemporânea é também o espaço da intimidade. Com base
nessa afirmação, apresenta-se criações geradas nesse contexto sob o foco da
presença feminina. Remetem a conteúdos presentes há mais de duas décadas na
produção da artista, em uma continuidade que busca o olhar na produção atual.
Observa-se como o assunto é tratado plasticamente tendo como fio condutor a
imaginação poética de Gaston Bachelard e os valores atribuídos por ele ao espaço
interior. Os espaços da casa física e da casa interior são abordados enquanto parte
de um processo colaborativo que resulta em criações artísticas. Nesse processo,
destacam-se o olhar sobre o outro como referência criativa e enquanto produtor
artístico.
Palavras-chave: Processos de criação – arte contemporânea – poéticas artísticas -
espaços da intimidade - Gaston Bachelard
DUALIDADE VIDA E MORTE: TRANSITANDO ENTRE LINGUAGENS.
Kárita Gonzaga
FAV/UFG
O que se propõe neste texto é pensar sobre o trânsito entre diferentes linguagens
na representação de um tema comum, que constitui a proposta poética de quatro
trabalhos artísticos desenvolvidos por meio de fotografia, instalação e
performance. Nesta proposta, interessa-nos a tensão que se estabelece na
abordagem da dualidade vida e morte, a questão da existência efêmera e a
denúncia da fragilidade do corpo.
Palavras-chave: Fotografia, performance, instalação, corpo, morte.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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Mapa, Código e Mar: PROCESSO DE CRIAÇÃO DO PROJETO MA:RES
Karla Brunet
UFBA
Toni Oliveira UFBA
Este artigo propõe uma discussão acerca do processo de criação do ma:res
(Mapeamento Artístico: Rota Entorno de Salvador), um projeto coletivo criado
pelo grupo de arte e pesquisa X da universidade Y. Ma:res é um mapa conceitual
do mar, seu imaginário, sua simbologia e seu impacto na vida dos moradores da
cidade. Ma:res fala sobre a forma como este mar é visto e sentido, sua
espiritualidade, sua força e seu ímpeto.
Palavras-chave: mapa, código, mar, arte.
ATLÂNTICA: ficções experimentadas e cartografias poéticas
Leandra Lambert
UERJ
A partir da série em curso Atlântica, a pesquisa se desenvolve em processos que
envolvem relações entre caminhadas, escuta expandida, fotografias e desenhos, a
palavra falada ou escrita: a elaboração de ficções experimentadas e cartografias
poéticas através de múltiplos meios. A articulação se dá também em contato com
uma perspectiva teórica transdisciplinar. A construção do sensorial e das
subjetividades e suas possibilidades de transformação e emancipação, através de
uma arte vinculada à vida, são questões centrais, articulando intersensorialidade,
imaginação, memória e esquecimento.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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PAISAGENS BIOGRÁFICAS – território fronteiriço, memórias biográficas
e identidades culturais no processo de criação de pinturas
Marcos Bessa
IESF-Funlec / IAR-Unicamp
Quatro artistas plásticos sul-mato-grossenses – Wega Nery (191202007),
Henrique Spengler (1958-2003), Jorapimo (1937-2009) e Ilton Silva (1943) –
retrataram em “paisagens” o locus cultural fronteiriço Brasil-Paraguai-Bolívia.
Ora um valeu-se mais da ideia de “Paisagens Imaginárias”; ora outro abstraiu a
paisagem em pinturas geometrizadas conceituando uma opinião de paisagem;
outro se valeu de um certo realismo estético; e, por fim, o último se vale ainda de
“traços” “bugrescos” da cultura sul-mato-grossense das fronteiras Brasil-Paraguai
e Brasil-Bolívia – aqui posto sem sentido dicotômico ou preferencial – extraindo
traços “bugres” dos sujeitos transeuntes desses espaços geo-culturais, para, cada
um à sua maneira artístico-cultural, fazer da paisagem sul-mato-grossense pinturas
“retratos” dos sujeitos e do espaço geoistórico cultural. Respectivamente, Nery,
Spengler, Jorapimo e Ilton Silva, fizeram da pintura de paisagem “retratos biográficos” valendo-se do território geográfico fronteiriço; das memórias
biográficas e das identidades culturais dos sujeitos dos loci geoespacais culturais
de “contatos” fronteiriços com Mato Grosso do Sul como parte de seus processos
de criação pictural. Levando em consideração que a relação geoespacial do sujeito
que produz é “retratada” na sua produção artística, bem como a ideia que a crítica
biográfica sugere de que, grosso modo, o sujeito que produz está cercado em todo
o instante e por todos os lados pelas suas memórias e das dos outros, como
também se inscreve na produção artística enquanto sujeito repleto de memórias,
territórios, identidades e “paisagens”, com caráter eminentemente teórico este
trabalho pretende discutir a presença do território fronteiriço, das memórias
biográficas (próprias e alheias) e das identidades culturais dos sujeitos sul-mato-grossenses enquanto marcas que rasuram (Jacques Derrida) ou provocam uma
fissura (Alberto Moreiras) nas respectivas pinturas dos artistas citados. Ou seja,
qual é a relação dessa produção artística, aqui nominada de “paisagens biográficas
como retratos das identidades e memórias culturais dos sujeitos sul-mato-
grossenses”, que se deu nas décadas de 1980, 1990, 2000 e se dá na década de
2010, levando em consideração o trabalho de Ilton Silva que está em franca
produção, respectivamente, com os sujeitos desse mesmo locus geoespacial
cultural contemporâneos?
Palavras-chave: Paisagens Biográficas; Retratos Culturais; Mato Grosso do Sul
REMIX VIA REDES SOCIAIS: processo interacional da prática criativa
distribuída na cultura digital
Maria Dalva Ramaldes
Ufes
No cenário contemporâneo das estéticas tecnológicas, a pesquisa reflete sobre o
panorama da cultura digital ambientada na internet, favorecida por uma nova
lógica processual e interacional, que tem dado origem a redes sociais criativas
como espaços virtuais para a co-criação no campo da Arte. Experiências desta
natureza vêm consolidando a prática colaborativa no ciberespaço e confirmando a
reterritorialização da cultura e da vida social. Pelo viés semiótico, a pesquisa
examina a dinâmica comunicacional inerente a essa modalidade de criação
distribuída, utilizando como recorte a chamada “crowd fotografia” patrocinada
pela rede criativa “It’s Noon” para o remix de fotografias de Cristian Cravo. Este
exemplo da prática colaborativa é observado à luz da Estética da Comunicação e
da Endoestética, pois é moldada por novos padrões de interação e pelo hibridismo
de linguagens que liquefazem o conceito de autoria, alterando o paradigma da obra de arte como um objeto fim e exclusivo.
Palavras-chaves: Artes; cultura digital; semiótica; fotografia; hibridismo
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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ASSONÂNCIAS DE SILÊNCIOS [entre bibliotecas]
Maria Raquel Stolf
UDESC
Propõe-se investigar dois desdobramentos da publicação sonora Assonâncias de
silêncios [coleção] e como eles amplificam e fazem reincidir algumas operações de seu processo, dialogando com concepções de J. Cage, M. Duchamp, G. Perec,
M. Neuhaus e G. Deleuze. Desenvolvida entre 2007 e 2010, a publicação integra
um projeto homônimo no qual investiga-se usos do som no campo das artes
visuais e seus processos intermídia. Assonâncias de silêncios [coleção] consiste
numa coletânea de silêncios gravados em diferentes contextos, agrupados num CD
juntamente com material impresso, reunindo algumas “espécies de silêncios”:
silêncios preparados; silêncios acompanhados; silêncios ruidosos e ruídos
silenciosos; silêncios com falhas; silêncios empilhados; fundo do mar sob ruído de
fundo. A tipologia foi construída durante o processo de escuta, gravação e edição
digital do disco, sendo que sua construção envolveu relações de interdependência
entre os áudios e uma série de textos, “palavras-partituras”, “notas-desenhos de
escuta” e fac-símiles “preparados”. Dois desdobramentos da publicação sonora agenciam também intersecções,
ressonâncias e deslocamentos entre som, texto e contextos de inscrição e
circulação: Assonâncias de silêncios [biblioteca] (2011) e Assonâncias de
silêncios [bibliotecas] (2012). Assonâncias de silêncios [biblioteca] consistiu
numa intervenção (desenvolvida para o Projeto Diálogos Abertos - Perdidos no
Espaço, em Porto Alegre) que propôs a ativação da paisagem sonora da Biblioteca
da Faculdade de Direito da UFRGS através do cruzamento entre a leitura de
impressos lá distribuídos e a audição em fones de ouvido de fragmentos de
silêncios pré-gravados da Biblioteca. Houve também uma versão do trabalho
deslocada para um jornal, que se cruza com a publicação dos áudios numa
plataforma on-line. Em Assonâncias de silêncios [bibliotecas], propõe-se a escuta dos silêncios pré-gravados da Biblioteca da Faculdade de Direito da UFRGS
dentro da Biblioteca do David Rockefeller Center for Latin American Studies, na
Universidade de Harvard (Boston-EUA), durante a exposição coletiva Through
the surface of the pages (curadoria de Júlio Martins).
Silêncios coincidem entre uma biblioteca e outra? Pulsam aqui outras perguntas:
como articular ressonâncias entre silêncio e palavra, entre leitura e audição? O que
acontece ao se colocar a escuta (num/de um lugar silencioso) em suspensão?
Como deslocar silêncios (díspares e infra-ordinários) entre escutas?
Palavras-chave: publicação sonora; escuta porosa; leitura; silêncio; som; ruído.
HISTÓRIAS DE OBSERVATÓRIOS: uma poética da construção de lugares
Mayra Martins Redin
UERJ
O artigo aborda o processo e as poéticas envolvidas na feitura de quatro livros intitulados Histórias de observatórios. Os livros surgem de quatro proposições de
observação de fenômenos naturais, vivenciados em cidades e momentos diferentes
(2007 – 2010). A observação neste trabalho é entendida como um recorte do
olhar que dá sentido às experiências nascidas no lugar onde se está. Os
observatórios são mecanismos provisórios e simbólicos que propõem que a
experiência constrói lugar a partir da imaginação. Paralelo a essas proposições,
esse texto aborda a questão do livro e da leitura como experiências corporais que
reconstroem lugares. A ação de contar e mostrar estes experimentos através de
livros, fazendo uso de narrativas escritas e visuais e instruções de “como fazer”,
busca construir limiares entre as Artes Visuais e a Literatura.
Palavras-chave: observatório, experiência, lugar, livro, arte contemporânea
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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Poéticas do processo: BRUCE NAUMAN E DAN GRAHAM
Michel Masson
PUC-Rio
EBA/UFRJ
A partir de meados da década de 1960, a arte norte americana adentrou num
período de extrema heterogeneidade, genericamente denominado como “pós-
minimalista”. Nesse regime de aguda mobilidade experimental, a ênfase no
processo de produção em detrimento do objeto de arte final corresponderia menos
a uma tendência isolada do que a uma espécie de modus operandi que atravessou
diversas vertentes naquele momento. Tomando como ponto de partida a análise de
trabalhos-chave de Bruce Nauman e de Dan Graham, o artigo pretende demonstrar
de que modo o direcionamento para a processualidade não apenas erodiu a noção
tradicional de escultura como matéria coesa, como também introduziu uma
temporalidade nas artes visuais para além dos parâmetros minimalistas,
fornecendo, ao nosso ver, as condições de possibilidade para um segundo
deslocamento: do objeto que expõe o seu processo de vir a ser para a criação de situações que visam explorar o processo de autopercepção do observador.
Palavras-chave: processo, temporalidade, instalação, self-perception
INVENÇÕES: laboratório cromático para as cores e sua aplicação material
para além da pintura
Nívia Santos
Ne@ad-UFES.
Hélio Oiticica (1937-1980) produziu essa série de pinturas monocromáticas,
posteriormente nomeadas Invenções (1959), pouco antes dos Bilaterais (1959), em paralelo com os Relevos Espaciais (1960) e os Núcleos (1960-63), até 1962. São
placas de 30 cm2, que aderem à parede e incluem um componente estrutural
importante: pequenos pedaços de madeira são unidos à parte de trás. Esta
estratégia dissolve as bordas dos painéis e lança as cores para o espaço. “São
invenções, porque elas contêm a carga total da pintura: porque elas antecipam
possibilidades além da pintura” (OITICICA, 1957-58). Contêm o cerne da técnica
especial que o artista desenvolveu para aplicar a cor nos Núcleos, Bólides (1963-
69) e na série dos Parangolés (1964-79). Nesse sentido, as Invenções viriam a ser
um laboratório cromático para as cores e a sua aplicação material para além da
pintura. A chave para o entendimento desta série, no entanto, reside no fato de
que, quando colocada contra a luz, a camada superior conduz a percepção às camadas cromáticas subjacentes, pois a cor é sobreposta em camadas verticais em
tonalidades tão próximas que são simultaneamente percebidas tanto em um como
em vários tons. Portanto, a série Invenções representa “a verticalidade da cor no
espaço e na estruturação de sua superposição” (OITICICA, Doc. nº 0004, p1-4.
CR-PHO).
Palavras-chave: Hélio Oiticica, laboratório, cor, superposição, espaço.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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MAPAS POÉTICOS: registrando o “pequeno território”
Renata Azevedo Requião
PPG Artes Visuais / UFPel
A vida é espantosamente curta. [...] se contrai tanto na lembrança [...] não compreendo como um jovem pode ir a cavalo à próxima aldeia sem temer que [...]
até o tempo de uma vida comum não seja nem de longe suficiente. Franz Kafka,
A próxima aldeia, 1920. Habitar o espaço [...] é ter o seu lugar. Michel Serres,
Jouvences sur Jules Verne, 1974. Um bom mapa é coisa maravilhosa, nele olha-se
o mundo visto de um outro mundo, graças à arte do desenho. Samuel Van
Hoogstraten, 1678
Este é um trabalho de reflexão sobre procedimentos de pesquisa em arte
intimamente atrelados à prática da escrita, que se dá, inicialmente, através de
exercícios de escritura ensaística, pessoal e inalienável – escritura que se constitui
como antecipação/frustração de sentidos. Aproximo radicalmente procedimentos e
percursos envolvidos pela “leitura do mundo” (produção de sentidos através de
imagens oriundas das mais diversas experiências), dos caminhos da escrita de “ensaios verbo-visuais” – em experiência de “territorialização da página branca” –
, o que permite a redescoberta da escrita como “exercício de demarcação
tipográfica”. Em outro procedimento, o registro do “mapa poético” incita ao
reconhecimento do “lugar”, do “pequeno território” construído pela prática
poética. Vivemos num mundo de imagens, cada vez mais afastados da sintaxe
narrativa, por entre “cenas urbanas” vislumbradas na deambulação pela cidade – o
“lugar” na contemporaneidade. Na configuração do “mapa poético”, na conquista
do “território da página”, a tensão por entre palavra escrita e imagem fortalece o
encontro com renovada capacidade narrativa.
Palavras-chave: mapas poéticos; ensaio verbo-visual; registro/representação”;
literatura/poesia; “pequeno território
No encontro das águas o desenho: ANA SILVA, MINEIRA, MODERNA,
KADIWÉU
Ricardo Maurício
PPGA/UFES
O texto analisa o processo de criação da artista plástica Ana Silva, mineira
radicada em Vitória, graduada pelo Departamento de Artes Visuais da UFES.
Descendente de índios kadiwéus, Ana Silva apresenta em sua obra, composta até
aqui basicamente por desenhos, as influências dessas raízes culturais que se
elaboram nos ritmos de superfícies all over, em processos que fundem a herança
moderna à ancestral, com resultados gráficos surpreendentes que renovam de
forma orgânica e espontânea a vertente construtivista da arte latino-americana.
Palavras-chave: desenho; construtivismo; escrita; arte latino-americana;
identidade.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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BRASÍLIA: entre o desejo de modernidade e a desconstrução poética do
urbano
Sainy C. B. Veloso
FAV/UFG
Eloiza G. Pires
UNB
A arquitetura enquanto grafia - traço, desenho, escrita – das cidades assume
diferentes formas narrativas pautadas pelas possibilidades de recuperar ou apagar
memórias, legitimar ou transformar as identidades. Logo, os tempos e os espaços
das cidades movem-se entre a tradição e a modernidade, tanto em uma paisagem
urbana constituída quanto no ato radical de fundar uma cidade. Brasília, tentou
romper com a tradição instaurando uma nova utopia de cidade. No entanto, sob a
fachada de seu conjunto arquitetônico moderno, há indícios que permanecem
como símbolos fantasmáticos de uma anterioridade no ambiente urbano. Símbolos
estéticos da política nos espaços urbanos da cidade que se realiza pelo eterno
retorno do mesmo – fantasmagoria da tradição dos vencedores (BENJAMIN,
2006) evidenciada na linguagem poética de Nicolas Behr e na dimensão artística de Pedrinho. Poéticas que tornam visíveis e dizíveis a dimensão da criação da
cidade, cuja arquitetura – como qualquer outra - se sustenta na inclusão da fantasia
ao processo de invenção (BACHELARD, 1993).
Palavras-chave: cidade, fantasmagoria, arquitetura, poética.
LUCIO COSTA E A NOVA POÉTICA MODERNA: renovação dos
paradigmas de projeto na Casa Fontes (1930)
Samuel Brito
UPC
Este artigo analisa a mudança dos paradigmas de projeto do arquiteto Lucio Costa,
durante a elaboração das duas propostas de residência para o casal Maria Cecília e
Ernesto Gomes Fontes. O primeiro projeto, em estilo neocolonial, foi a última
obra eclética desenhada pelo arquiteto, e contrasta plenamente com a segunda
proposta elaborada, que se tornou célebre no conjunto de sua obra por se tratar do
primeiro projeto moderno de Lucio Costa. As características de sua posterior obra
moderna estão todas insinuadas neste projeto inaugural, mostrando o quão
importante é deter-nos em analisar esta sua estréia na nova poética moderna.
Palavras-cheve: Lucio Costa; Modernity; House Fontes.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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Territorialidades da produção artística contemporânea: ENTRE O ATELIÊ-
CASA E O CHANTIER.
Sylvia Furegatti
Unicamp
Esta pesquisa apresenta uma análise sobre os elementos que conectam os
diferentes lugares ocupados pelo artista visual contemporâneo em suas etapas
construtivas de produção e apresentação. Partindo da compreensão de que o lócus
de trabalho/habitat do artista de hoje é território fundador tanto quanto
apresentador de suas proposições artísticas, elabora-se uma investigação sobre os
vetores espaço-temporais que conjugam, numa mesma direção, o ateliê e o
chantier.
Palavras-chave: lócus do trabalho contemporâneo, ateliê, canteiro de operações.
A CIDADE POR BAIXO DA LINHA
Vinicius Gonzalez
PMV/ Sec. Assistência Social/PPGA-UFES
José Cirillo
CNPQ/FAPES/PPGA-UFES
Este artigo é resultado do processo de construção da dissertação de mestrado pelo
Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Espírito Santo,
e tem como objetivo pesquisar/confrontar a intencionalidade artísticas, proposta
por Michael Baxandal, com a recepção/percepção do espectador/transeunte de
obras de arte produzidas no espaço urbano; e como essa relação – antagônica ou
não, colabora na produção de obras capazes de ativar novas paisagens urbanas.
Palavras chaves: Intencionalidade / Espaço Urbano / Paisagem urbana
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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NARRATIVAS VISUAIS, vazios urbanos e territórios criados
Waldemar Zaidler Jr.
FAAP
Neste artigo, examinam-se duas intervenções visuais artísticas realizadas em
superfícies inexpressivas ou degradadas da cidade. O objetivo é investigar como
operam nos processos criativos das duas obras analisadas a intertextualidade e
princípios e técnicas narrativas. Procura-se também identificar repercussões
desses recursos na linguagem, assim como no potencial de interatividade das
obras, verificando relações entre procedimentos artísticos e estímulos à (re)criação
de territórios simbólicos e concretos na cidade.
Palavras-chave: territórios, narrativa visual, arte pública.
POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES 2012 - Territórios, memórias e identidades
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