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Experiência e memória: a escuta sobre o fazer-se pescador
BIANCA SANTOS BENTO DA SILVA *
O trabalho que apresentamos representa um recorte de nossa pesquisa de
doutoramento, sendo resultante de discussões teórico-acadêmicas sobre a pesca artesanal no
Amazonas e, também, das análises de relatos orais coletados por meio do diálogo livre com
pescadores e pescadoras da Comunidade Sagrada Família - Remanso, interior do município de
Parintins/AM.
Sustentado pela abordagem qualitativa de pesquisa o estudo utiliza as narrativas de
pescadores (as) sobre suas compreensões acerca do fazer-se pescador (a) artesanal.
Consideramos que a construção desse ofício está diretamente ligada aos saberes experienciais
de vida e de trabalho constituídos a partir: do processo de ensino e aprendizagem da profissão;
da confecção de seus apetrechos de captura e dos desafios do ofício que envolvem (aqui neste
estudo) a comercialização do pescado e os perigos a que pescadores (as) estão exposto. Esses
aspectos serão tratados, aqui, por meio da escuta das memórias contidas nas trajetórias de vida
desses sujeitos.
De maneira estrutural o artigo é composto pela sistematização parcial dos dados
coletados no ano de 2011 quando participávamos da equipe multidisciplinar do Programa de
Reconhecimento e Certificação de Saberes – Rede CERTIFIC1, desenvolvido pelo Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM - Campus Parintins. O
Programa tinha por objetivo avaliar e certificar profissionalmente os saberes construídos pelos
(as) pescadores (as) aqui referidos (as). Na ocasião foi ouvido um total de 27 pescadores e 12
pescadoras da Comunidade do Remanso, mas para esse recorte utilizaremos as narrativas de
oito pescadores e cinco pescadoras que possuem entre 20 e 50 anos de idade e têm entre 10 e
42 anos dedicados à pesca. A nossa participação como Pedagoga no Programa Rede
* Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS. Doutoranda em Educação. Apoio: Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM. 1 A Rede CERTIFIC é uma Política Pública de Educação Profissional e Tecnológica, criada por meio da Portaria
Interministerial nº. 1.082, de 2009 e reorganizada por meio da Portaria Interministerial nº 05, de 25 de abril de
2014, entre o Ministério da Educação - MEC e o Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, voltada
exclusivamente para o atendimento de trabalhadores jovens e adultos que buscam o Reconhecimento e a
Certificação de Saberes adquiridos em processos formais e não formais de ensino-aprendizagem.
CERTIFIC contribuiu significativamente na construção do objeto da pesquisa que estamos
desenvolvendo no doutorado desde o ano de 2014.
2
Dessa forma, é por meio do questionamento: de que maneira as experiências de vida e
de trabalho dos moradores da Comunidade do Remanso ajudam a compreender o processo
de formação do fazer-se pescador (a)?, que buscamos dar sentido ao nosso estudo.
Breve contextualização da Comunidade do Remanso
A pesca é uma atividade secular na Amazônia, herdada dos povos indígenas e integra
o cotidiano dos ribeirinhos que habitam o Amazonas ao longo de seus rios, constituindo o
modo de ser, de viver e organizando as rotinas dessas populações que fazem dela sua
atividade de subsistência e renda, proporcionada pela vastidão hídrica da região, já dito, entre
outros autores, por Leandro Tocantins: “A Amazônia impressiona logo à primeira vista pela
água” (TOCANTINS, 1988:124).
O município de Parintins dista 369 km da capital Manaus. Possui uma população de
aproximadamente 102.100 habitantes2, sendo 31,5% localizados na zona rural, distribuídos
em 186 comunidades rurais3 que mantem-se economicamente por meio do desenvolvimento
das atividades de agropecuária, agricultura e da pesca artesanal.
A Comunidade Sagrada Família - Remanso situa-se na localidade do Mocambo do
Arari, interior de Parintins. É composta por cerca de 50 famílias que desenvolvem o cultivo de
mandioca, macaxeira e milho. Alguns moradores trabalham na produção de farinha de
mandioca, produção de piracuí (farinha de peixe), possuem criação de aves de pequeno porte
(galinhas e patos) e desenvolvem a pesca artesanal. Em pelo menos 80% das famílias do
Remanso, um membro exerce a atividade da pesca4, sendo esta última que será tratada por nós
durante esta exposição.
A comunidade possui uma escola municipal que atende à Educação Infantil e ao
Ensino Fundamental com professores destacados pela prefeitura de Parintins. Para dar
continuidade aos estudos é necessário sair da comunidade deslocando-se até outras
localidades próximas e maiores, como a comunidade do Mocambo e, até mesmo, Parintins, o
que acaba por dificultar o acesso ao ensino Médio e a outros níveis de ensino, principalmente
em razão do único acesso à região ser por via fluvial.
2 Dados do Censo do IBGE de 2010. Disponível em: <
http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/webservice/frm_urb_rur.php?codigo=130340>. Acesso em 23 de
abril de 2016. 3 Dados da Secretaria Municipal de Produção e Abastecimento de Parintins. Disponível em
<http://postweb.com.br/noticias/3984.pdf>. Acesso em 23 de abril de 2016. 4 Fonte: Arquivos CERTIFIC/IFAM - Campus Parintins.
3
Narrativas da experiência: o trabalho na/da pesca artesanal
A comunidade do Remanso desenvolve a atividade de pesca em regime de produção
familiar. Os pescadores quando não vão para a pesca sozinhos, recebem ajuda de filhos (as),
esposas, cunhados (as), tecendo uma rede familiar de produção. Esse tipo de pesca possui
pequena escala de produção, mas considerando-se as atividades de pesca artesanal em todo o
país, estas somam cerca de 45% da produção pesqueira nacional 5.
A pesca artesanal é definida pela Lei nº 11.959/2009, do Ministério da Pesca e
Aquicultura (MPA), como sendo uma atividade:
[...] exercida por produtores autônomos, em regime de economia familiar ou
individual, ou seja, contempla a obtenção de alimento para as famílias dos
pescadores ou para fins exclusivamente comerciais. É uma atividade baseada em
simplicidade, na qual os próprios trabalhadores desenvolvem suas artes e
instrumentos de pescas, auxiliados ou não por pequenas embarcações, como
jangadas e canoas. Esses pescadores atuam na proximidade da costa, dos lagos e
rios (MPA, 2014).
Apesar de ser uma atividade baseada na “simplicidade”, de acordo com a própria
definição do MPA (2014), a pesca artesanal se faz complexa e exige de seus (as)
protagonistas conhecimentos diversos para o seu exercício. Esses conhecimentos são
construídos ao longo da vida dos (as) pescador (as), por meio do processo do saber-fazer
construído de geração a geração pela experiência vivenciada diariamente, desde a infância,
nas comunidades localizadas ao longo dos rios, braços e afluentes amazônicos, “através da
ampliação e agudeza de um saber sensível, de uma estética pesqueira, cujo contato direto com
a natureza aquática exige isso enquanto condição insuprimível do viver nas (e das) águas”
(RAMALHO, 2011:316).
Diegues (1983) nos indica uma compreensão de pescadores artesanais como sendo
aqueles que “se identificam com um grupo possuidor de uma profissão. Esta é entendida
como o domínio de um conjunto de conhecimentos e técnicas que permitem ao produtor
subsistir e se reproduzir enquanto pescador” (DIEGUES, 1983:197).
A pesca artesanal não se constrói por meio de saberes formais, escolarizados, mas sim
na relação do homem com a natureza e na socialização de experiências vivenciadas pelos
sujeitos com sujeitos de outras gerações de pescadores, no enfrentamento dos desafios diários
para a captura nos rios.
O pescador é sempre resultado de várias gerações, de ancestralidades
corporificadas em suas técnicas (manejo das águas, das armadilhas e do barco e
formas de sociabilidades) repassadas, aperfeiçoadas e constantemente renovadas
5 Dados do Ministério da Pesca e Aquicultura. Disponível em < http://www.mpa.gov.br/pesca/artesanal>. Acesso
em 23 de abril de 2016.
4
nos campos material e simbólico, que são também patrimoniais (RAMALHO,
2015:19).
O modo de vida da comunidade do Remanso organiza-se a partir do trabalho pesqueiro
que desenvolvem. A organização das rotinas, dos horários, dos lazeres, das saídas, do
calendário está relacionada à organização das atividades e dos tempos de pesca, que possui
uma relação direta com a natureza, visto ser o ritmo das enchentes/cheias, secas/vazantes que
ordenam o oficio desenvolvido na comunidade.
Apesar de estarmos no século XXI ainda encontramos nas rotinas das populações
tradicionais do Amazonas a organização por tarefas, tão bem descrita por Thompson no
ensaio Tempo, disciplina de trabalho e o capitalismo industrial, que compõe a obra Costumes
em comum (1998), quando retrata a organização temporal do trabalho na fase pré-industrial.
Durante a escuta das trajetórias de vida dos sujeitos deste estudo todos afirmaram que a
aprendizagem da pesca foi adquirida por meio da observação e participação nas atividades
com seus pais, padrastos, irmãos mais velhos e com os maridos:
Aprendi só de olhar. Eu praticava comigo mesmo. Via meu pai e os outros
pescadores. Tem que prestar atenção. ‘Vê’ direitinho como eles fazem. Aí fica fácil!
Eu também já ensinei o trabalho de pesca aos colegas e aos meus irmãos. Não tem
como ‘sê’ de outro jeito (Edi Carlos, 20 anos, 12 anos de pesca).
Desde os oito anos aprendi com meu pai. Com 15 anos já pescava sozinho no
Amazonas (rio). Aprendi de tudo: arpão, caniço e flecha. Só observando... só
olhando... Depois, com outros pescadores, aprendi a usar malhadeira e espinhel
(Seu Jorge, 50 anos, 42 anos de pesca).
Fizemos questão de trazer aqui dois relatos que têm uma distância temporal de
vivência na pesca de trinta anos. Propositalmente isso foi feito para demarcar, também
temporalmente, que essa prática persiste pela aprendizagem experiencial, pelos ritos de
observação, pelo processo do saber-fazer, pelas relações de partilha de saberes, pelo costume.
Ou seja, a prática pesqueira artesanal está assentada no costume, na transmissão geracional
por via da oralidade e da observação direta. Não há escritos, não há manuais entre os
pescadores artesanais. Os conteúdos são assentados na memória. A memória que se traz
traduzida em palavras e que transmite uma experiência vivida por meio dos diálogos, por
meio do fazer.
A priori, a memória parece ser um fenômeno individual, algo relativamente íntimo,
próprio da pessoa. Mas Maurice Halbwachs, nos anos 20-30, já havia sublinhado
que a memória deve ser entendida também, ou sobretudo, como um fenômeno
coletivo e social, ou seja, como um fenômeno construído coletivamente e submetido
a flutuações, transformações, mudanças constantes (POLLACK, 1992:201).
Recorremos à Pollack e Halbwachs para compreender o conceito de memória como
um fenômeno construído por acontecimentos, personagens e lugares. Construída individual e
5
coletivamente a memória, como fenômeno, participa da construção do sentimento de
identidade. É a partir dessa compreensão que entendemos a memória como aspecto, elemento
constituinte do processo de fazer-se pescador (a).
Em continuidade aos relatos do aprendizado da/na pesca, entre as mulheres
pescadoras, constatamos que elas tiveram sua iniciação com o pai, mas dão sequência ao
aprendizado, inclusive de outras técnicas de captura, no trabalho junto aos maridos. A figura
masculina (seja do pai, padrasto ou marido) é predominante nos ensinamentos do ofício aos
familiares, exercendo papel principal nesta relação de aprendizagem: “Aprendi a pescar
primeiro com meu pai... depois... quando casei... continuei com meu esposo” (Maria Iluzilma,
47 anos, 37 anos de pesca). “Aprendi a pescar com meu pai... pescava de arpão e espinhel.
Com 16 anos, quando casei, passei a pescar com meu marido... na beira do Amazonas (rio)...
de malhadeira e espinhel” (Helen, 31 anos, 17 anos de pesca).
Dentre os relatos das pescadoras apenas uma delas contou que seu marido, também
pescador6, não sabia pescar quando se casaram, sendo ela que havia lhe ensinado, mas que o
fazia “disfarçadamente”, sem que o mesmo “percebesse” estar sendo ensinado por uma
mulher:
Meu pai foi meu incentivador. Quando fui pescar com meu marido vi que ele não
sabia botar a malhadeira. Não fazia como meu pai tinha ensinado. Fiquei com
medo de ensinar. Aí, tive que fazer isso disfarçadamente, sem que ele percebesse
que ‘tava’ sendo ensinado (Alcilene, 41 anos, 22 anos de pesca).
Mesmo não sendo nosso objeto de estudo, não há possibilidade de passar por esse
relato sem fazer menção à questão de gênero inserida no processo do fazer-se pescador (a).
O tema gênero e pesca está relacionado ao conceito de patriarcado, que nos
fornece subsídios para compreender tal assunto a partir das desigualdades entre as
subjetividades relacionadas aos comportamentos considerados masculinos e
femininos na sociedade, ou seja, na cadeia produtiva que consiste em diferenças
sociais historicamente construídas e legitimadas em função das desigualdades
vivenciadas e organizadas pela sociedade (LEITÃO, 2015:139).
Nas narrativas das pescadoras fica evidente que, na pesca artesanal, o papel de quem
ensina é predominantemente masculino. Parece não ter espaço à subversão dessa lógica do
costume e, quando se faz necessário que aconteça, é realizado de maneira “mascarada”,
reforçando a definição de papéis dentro da atividade da pesca artesanal.
O saber, a prática é legitimada pelo saber-fazer e este parece ser de domínio
masculino. Em nenhuma narrativa apareceu a pescadora como aquela que ensina o ofício da
pesca. Mesmo que ocorra, não nos foi relatado. Mesmo tendo ciência da existência de
6 Um dos relatos mais interessantes, pois o marido autodenominava-se pescador, e assim era tido pela
comunidade, mas aos olhos da esposa, que aprendera o ofício com o pai, ele não possuía os requisitos
necessários a um pescador.
6
mulheres pescadoras, inclusive na comunidade em estudo, que realizam todo o processo da
cadeia produtiva da pesca sozinhas, o papel do ensino ainda está muito atrelado à figura do
homem, do pescador.
Desde cedo, por volta dos cinco anos de idade, os meninos já começam a ir com
seus pais ou parentes para a pescaria, para ajudar nas pequenas tarefas. Ajudar a
transportar um remo para a canoa, ajudar a pilotar a montaria, escoar a água
acumulada no fundo da canoa, vigiar uma malhadeira que ficou arriada num
determinado lugar para capturar o peixe; ajudar na gapuia ou na tapagem de um
igarapé para pegar peixes, ou ainda, simplesmente para ir com o pai para aprender
a pescar, são algumas das tarefas realizadas pelos meninos. (FURTADO apud
RAMALHO, 2011:33).
Contudo, a atuação da mulher no processo produtivo é constante e fundamental.
Quando não acompanha o marido na saída para o rio é responsável pelo preparo do rancho
para a pesca, ajuda na organização do material nas rabetas7, além da realização de toda
atividade doméstica e cuidado com os filhos. Quando sai para pescar é responsável por
preparar a comida dentro das embarcações e cuidar da limpeza, beneficiamento inicial e
acondicionamento do pescado. Verificamos que, mesmo nas saídas de pesca, as atividades
que se assemelham às tarefas domésticas são realizadas pelas mulheres enquanto aos homens
cabe, preponderantemente, as atividades de esforço físico, propriamente da captura. Estas
“desigualdades e diferenças de gênero repousam sobre uma norma social que associa o
feminino à domesticidade e que se expressa na divisão sexual do trabalho, atribuindo
prioritariamente às mulheres a responsabilidade com os cuidados da família” (SORJ,
2010:57).
Ainda sobre esse aspecto o relato do pescador Francisco (42 anos, 30 anos de pesca),
sinaliza mais uma dessas diferenças. Ele nos conta que a produção de piracuí é uma atividade
das mulheres. “Não é serviço de homem”. Seu relato é ratificado pela pescadora Alcilene (41
anos, 22 anos de pesca): “... quando a captura é boa e não tem venda eu faço piracuí, que
aprendi com a minha mãe e ensino aos meus filhos”. O processo de ensino de situações de
desdobramentos da pesca, principalmente relacionadas às atividades domésticas, é exercido
pelas mulheres. Não ouvimos de nenhum dos sujeitos, neste espaço/tempo, relatos da mulher
como a que ensina a pesca, que ensina a captura.
Entre outras tarefas, as mulheres auxiliam na confecção e conserto dos apetrechos de
captura do pescado, tal como as malhadeiras. Entre os (as) pescadores (as) há os que tecem
suas próprias malhadeiras, os que as compram prontas para economia de tempo, e apenas
7 Tipo motor de popa utilizado nos pequenos barcos de pesca. Pescadores (as) costumam referir-se a essas
embarcações apenas como rabeta.
7
passam a consertá-las e, os que confeccionam e consertam. Entre as narrativas coletadas
vimos que as mulheres, em sua maioria, mais consertam do que confeccionam as malhadeiras.
A confecção fica, na maioria das vezes, sendo uma tarefa realizada pelos homens.
O processo de confecção e conserto dos apetrechos de captura é, para além do tempo de
trabalho, um momento para a construção de relações sociais na comunidade e, também, um
espaço/tempo de aprendizado em que pescadores mais antigos ensinam a arte de tecer e de
entralhar aos pescadores (as) mais novos (as). Geralmente essa atividade é realizada por um
homem, um pescador, dando continuidade à divisão de tarefas masculinas e femininas e
ratificando a figura masculina como a figura legitimada daquele que sabe e que ensina.
Nas horas e momentos em que pescadores (as) reúnem-se para a tessitura das
malhadeiras vão sendo construídas as discussões políticas, de trabalho, socializadas as
insatisfações e as expectativas, vão sendo contados os “causos” familiares, religiosos, as
peripécias vivenciadas na pesca. Assim, a vida também vai sendo tecida junto às malhas que
daqui a alguns dias estarão sendo jogadas na “toalha líquida”, referência que Leandro
Tocantins (1988) faz ao grande rio-mar (rio Amazonas). Esse não é apenas o simples
momento do tecer.
A rede como metáfora, com seus fios, seus nós, e seus espaços esgarçados, nos
permite historicizar a nós mesmos, a nossos pensamentos e a nossos atos, se
entendemos que nada surge do nada, que tudo, de alguma forma está ligado a tudo,
aí incluídos os imprevistos, os acasos, os lapsos, as fraquezas (AZEVEDO,
2001:60).
A vida também vai sendo organizada nestes momentos, de modo individual e coletivo,
pela atividade do trabalho. É pela atividade do trabalho, categoria fundante e fundamental do
ser social, que Lukcács (2007) nos ajuda a compreender o homem em seus fundamentos e na
construção da práxis social em suas ações e reflexões no mundo e sobre o mundo8.
O contato com esses (as) protagonistas e as leituras teóricas realizadas permitiu-nos
verificar que eles (as) possuem experiências comuns ao ofício da pesca, que demonstram toda
uma perícia, todo um saber construído pela experiência compartilhada com as gerações
anteriores e atuais, sendo esses saberes apresentados em um vasto conhecimento sobre os
locais de pesca9, sobre a geografia local, os apetrechos de pesca construídos, o conhecimento
matemático não formal, a geometria, a botânica, as localidades em que se encontram
8 Para aprofundamento ver LUKÁCS, G. As bases da atividade e do pensamento do homem. In: O jovem Marx
e outros escritos de Filosofia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2007:230. 9 Dentre todos os pescadores (as) entrevistados (as), nenhum (a) utiliza algum instrumento de localização. As
rotas e trajetos de pesca são feitos por meio de mapas mentais construídos no exercício do trabalho e pelos
astros, quer seja durante o dia, quer seja durante a noite.
8
determinadas espécies de pescado, saberes que se constroem pela experiência vivenciada,
mais uma vez, nas relações de trabalho e em compartilhamento com seus pares: “Eu me guio
pelas matas das paragens. À noite tem que ser pela lua e pelas estrelas mesmo. Sei dos lugares
porque observo as árvores, os caminhos de ida e de volta” (Seu Laurenildo - “Xibil”, 35 anos,
20 anos de pesca).
Até pelas árvores que têm perto a gente sabe que peixe que tem lá. Dependendo do
fruto, da semente tem peixe diferente. Tem que observar! Conheço as cabeceiras, as
enseadas e as bocas de lago, também pela experiência que ‘juntou’ com o que
aprendi na escola. Mas eu guardo melhor mesmo com o que aprendi na pesca! (Edi
Carlos, 20 anos, 12 anos de pesca).
O fazer-se pela prática requer do (a) pescador (a) uma sensibilidade muito grande.
Uma relação de saber ver, ouvir, sentir, escutar a natureza para a construção da excelência no
saber-fazer exigido na profissão. Diferenciar os sons, reconhecer a cor das águas para a
identificação do tipo de peixe que ali se encontra são saberes construídos na prática diária.
Um conjunto amplo e multifacetado de práticas sensitivas une-se como ações
manifestas da vida de pescador, da condição de trabalhador das águas, onde o pôr
teleológico transforma-se em alternativa ao se externalizar pela atuação ampla dos
sentidos, dos usos e da fruição das energias físicas, graças à rica complexidade que
compõe, e ao dar razão de ser ao fazer artesanal da pesca em seu ato criativo e não
aprisionado de sua prévia ideação (RAMALHO, 2011:341).
Iremos mais uma vez citar Leandro Tocantins quando, de forma poética, aborda o
fazer do (a) pescador (a) e suas habilidades:
A faculdade apurada de descobrir o pescado, de ir aos seus sítios preferidos, de
conhecer, pelo marulho10 da água, pelo canto dos pássaros, pelas plantas
marginais, pelo cair dos frutos junto à toalha líquida, a presença e a qualidade do
peixe, a vinte, a cem a mil léguas dali, são outros ouvidos afinados, outros tatos
sensíveis, outra inteligência penetrante, outros braços e mãos habilidosos, a afirmar
a identidade cultural (TOCANTINS, 1988:124 -125).
Todas essas experiências buscam aqui ser entendidas a partir de um conceito
thompsoniano que supera a noção de empiria e privilegia a noção de experiência em
articulação com a cultura, constituindo um ponto de junção entre estrutura e processo, entre as
determinações objetivas do ser social e a possibilidade do agir e da intervenção humanos pela
via do pensamento e do sentimento11: “os valores não são apenas ‘pensados’, nem
‘chamados’, são vividos e emergem no interior do mesmo vínculo com a vida material e as
10 Agitação permanente das águas do mar, constituída pelo movimento incessante de vagas curtas e pouco altas,
às vezes imperceptível. 11 Para aprofundar o conceito de experiência em Thompson, verificar Thompson, E. P. A miséria da teoria ou
um planetário de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1978:362.
9
relações materiais em que surgem nossas idéias” (THOMPSON, 1978:367), assim, tornam-se
elementos que contribuem na construção da identidade do pescador (a) artesanal e na
formação dessa classe de trabalhadores (as).
Para Thompson, não é possível compreender a formação da classe a não ser pelo viés
social e cultural, o que implica diretamente em entender essa formação por meio dos
processos construídos pelas experiências vivenciadas, dentro e fora do mundo do trabalho.
Não basta ser classe, mas é necessário sentir-se classe e, esse sentir-se só é possível por força
da construção da consciência de pertencimento por meio de experiências que possibilitem
uma identidade de classe a partir da partilha de vivências e experiências.
A classe acontece quando alguns homens, como resultado de experiências comuns
(herdadas ou partilhadas) sentem e articulam a identidade de seus interesses entre
si, e contra outros homens cujos interesses diferem (e geralmente se opõem) dos
seus. A experiência de classe é determinada, em grande medida, pelas relações de
produção em que os homens nasceram ou entraram involuntariamente. A
consciência de classe é a forma como essas experiências são tratadas em termos
culturais: encarnada em tradições, sistemas de valores, idéias (c.f) e formas
institucionais (THOMPSON, 1987:10).
Na relação com seu cotidiano pescadores (as) vão, por meio de seu ofício, construindo
saberes resultantes das experiências advindas do seu trabalho, de suas partilhas, do contato e
compreensão da natureza por meio da observação, da sensibilidade, do saber ouvir, olhar
em/na relação com ela. Esses são entendidos como saberes sociais, visto que “é pelo trabalho
que nos constituímos como seres sociais” (ALVES; ARAÚJO, 2003:63-64). Na relação com
esses saberes e na convivência com o outro vão se construindo formas de ver o mundo por
meio de suas experiências que, ao longo do tempo e na interação com seus parceiros de ofício
e de classe passam a compreender e, muitas vezes, contestar a realidade em busca de uma
transformação.
As condições do ofício: comercialização, segurança e novas aprendizagens
Para o (a) pescador (a) artesanal o pescado possui valor de uso, pois se constitui como
principal fonte de proteína animal do ribeirinho, mas também é constituído pelo valor de
troca, pois serve de mercadoria geradora de recursos financeiros para aquisição de produtos
necessários a sua existência e à própria manutenção de seu ofício pesqueiro (MARX, 1985).
Dessa maneira, o pescado tem parte destinada à subsistência e parte destinada à
comercialização. É comum, após a captura os pescados maiores, com melhor aparência, sem
“machucados12”, as espécies mais procuradas e os peixes de escama serem separados para a
12 Termo comumente utilizado pelos (as) pescadores (as).
10
comercialização. Os demais peixes que por sua aparência, seu baixo peso e medida, possuem
menor valor de troca, são destinados ao consumo pela família.
A comercialização do pescado do Remanso dá-se de duas formas: a) por meio da venda
direta no município de Parintins; b) por meio da venda ao atravessador. A venda ao
atravessador faz cair o lucro dos (as) pescadores (as), mas como o custo com a conservação e
o transporte do pescado é elevado, esses “optam” por ter um lucro menor e vender ao
atravessador.
Registramos a preocupação de grande parte dos (as) pescadores (as) em relação à figura
do atravessador, muito falada e problematizada na comunidade, além de serem apontados
como uma das principais causas do baixo lucro na comercialização do pescado. Contudo, nos
utilizamos do pensamento de Fraxe ao afirmar que as maneiras como acontecem a
comercialização dos produtos da pesca, demonstram a inexistência de políticas eficientes
voltadas para a região amazônica, favorecendo, dessa maneira, o surgimento e ação de
diferentes agentes no processo de comercialização dos produtos pesqueiros13 (FRAXE, 2011).
A insatisfação em relação a essa figura é notória, pois o fato de parte dos (as)
pescadores (as) não terem acesso a financiamentos para a compra de suas embarcações e a
inexistência de uma cooperativa na comunidade, visando entre outras coisas a construção de
um frigorífico para o armazenamento do pescado, fortalece a venda aos atravessadores: “A
gente sente falta de organizar uma cooperativa... uma associação aqui... pra ‘tê’ melhorias.
Mas tá difícil de organizar” (Seu Francisco, 42 anos, 30 de pesca). Ainda sobre esse aspecto
ouvimos: “Seria bom se a gente tivesse um frigorífico". Mas tem que se ‘organizá’ pra isso.
(Seu Ernandes, 43 anos, 25 anos de pesca).
A venda aos atravessadores faz com que esses (as) trabalhadores (as) submetam-se a
pesar seus pescados na balança dos próprios atravessadores, muitas vezes, alterada, lesando
esses (as) pescadores (as) em seu processo de trabalho. Um dos relatos sobre isso foi do
pescador Hildo (23 anos, 17 anos de pesca):“Muitas vezes tiramos pouco dinheiro na pesca
porque temos que passar ao atravessador por um preço que ele ‘dá’”. Em outro relato: “A
gente sabe que a balança do atravessador é ‘viciada’... mas a gente pesa tudo lá mesmo” (Seu
Laurenildo – “Xibil”, 35 anos, 20 anos de pesca).
Aqui retomamos a ideia de classe de Thompson (1987), quando esta se opõe ao outro
na contestação da realidade pela sua consciência de classe, pela sua experiência de grupo.
Entendemos que essa é uma das grandes lutas desses (as) pescadores (as) que, ao se
13 A falta de políticas adequadas ocorre também para a comercialização de produtos da agricultura ribeirinha.
11
identificarem como profissionais da pesca, vendo-se em condições desfavoráveis de trabalho
tentam resistir à exploração a que são submetidos (as) nos processos de comercialização de
seus produtos.
A respeito da necessidade do frigorífico na comunidade relataram existir, também, a
necessidade de novas aprendizagens para a melhoria de seus produtos e a maior lucratividade.
Assim, ao serem perguntados sobre o que gostariam de aprender elencaram os cursos de
filetamento, beneficiamento de pescado, conserto de motor rabeta, construção de tanques de
piscicultura, novas técnicas de captura.
Verificamos que ao mesmo tempo em que o fazer-se pescador (a) dá-se na dimensão
do saber-fazer, na transmissão tradicional dos saberes pelos mais velhos, na retomada da
memória como elo na construção dessa identidade pesqueira, esses (as) trabalhadores (as) têm
seus olhos atentos à necessidade de novas tecnologias que estão fora da comunidade.
Tecnologias e aprendizagens com que necessitam dialogar com vistas a um refazer-se diante
das novas (e também antigas e não resolvidas) demandas de suas realidades. Assim, mesmo
sendo um fazer-se de base tradicional não significa um fazer-se estático e meramente
repetitivo.
[...] o conhecimento patrimonial pesqueiro14 é dialético, porque interage com as
condições de mudanças vivenciadas pelos pescadores, sejam essas naturais, sejam
sociais e econômicas, no intuito de tentar buscar respostas aos limites encontrados
(sociais e ecológicos) (RAMALHO, 2012:23).
Outro desafio enfrentado no processo de fazer-se pescador (a) são os perigos a que são
expostos durante os momentos de pesca. Uma saída de pesca pode durar até três dias,
dependendo do que o “rio der”. Alguns (as) pescadores (as) afirmaram que só voltam para
casa quando as caixas de pescado estão cheias.
Foi sinalizado o medo que têm das tempestades, da chuva, dos ventos enfrentados no
rio. Principalmente nos relatos das mulheres está presente o medo de acidentes, de animais e o
medo de não voltar para casa e não saber como ficarão os filhos: “Tenho medo mesmo é de
cobra e jacaré... se a rabeta vira... Hum! Não tem jeito não” (D. Maria, 30 anos de idade, 10
anos de pesca). “Tenho medo dos perigos da pesca, do sofrimento... da fome... do frio.
Algumas pessoas se ‘admira’ de ‘vê’ mulher pescadora” (Rogliane, 24 anos, 10 anos de
pesca).
14 O conceito de conhecimento patrimonial pesqueiro utilizado pelo autor enquadra-se no universo do que
Diegues (2004) trata por conhecimento tradicional, caracterizado pelas práticas do saber-fazer transmitidas
oralmente nas comunidades de pescadores. Para aprofundamento consultar DIEGUES, Antonio Carlos. (org.).
Enciclopédia caiçara: o olhar do pesquisador. Vol. I. São Paulo: Hucitec/Nupaub/CEC-USP, 2004.
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Em outros relatos encontramos:
Tenho medo das balsas engolir a rabeta... ‘passá’ por cima da gente... de ‘dá’ um
prego15 ... de faltar gasolina, por isso levo sempre o remo. É sofrida a profissão de
pescador... principalmente à noite... o sereno e o frio ‘acaba’ a saúde da gente. O
sol quente também, mas os perigos da pesca à noite ‘é’ maior. É muito sacrifício!
(Seu Rocy, 45 anos, 40 anos de pesca).
A vida do pescador é triste. A pescaria envelhece a gente. O sol mata. A pescaria é
boa por uma parte e ruim por outra. Quando eu pego o peixe tiro logo o bucho16 e
coloco no gelo arrumado em camadas. Acho muito lindo um peixe bem tratado! Isso
é bom! (Maria Iluzilma, 47 anos, 37 anos de pesca).
Sobre o uso de equipamentos de proteção individual (epi), apenas um pescador, Seu
Laurenildo – Xibil (35 anos, 20 anos de pesca), disse utilizar luvas feitas com câmara de
borracha e por baixo luvas de tecido. Dentre as outras doze narrativas foi relatado apenas o
uso de chapéu, camisa de manga comprida e calça para proteção do sol.
A não utilização dos epi’s acontece, principalmente: pela falta de hábito; por uma
resistência construída na certeza da perícia pelos anos de experiência na profissão; por uma
resistência física que só a prática pesqueira - junto à exposição constante ao sol, ao vento -
permite o “endurecimento do couro”, como eles dizem. Mesmo relatando os perigos e os
medos do trabalho a maioria dos (as) pescadores (as) diz já estar acostumado (a) com a
realidade do rio. Alguns dizem que esses equipamentos acabam “atrapalhando” o trabalho. A
confiança na perícia do ofício, adquirida pela experiência, nem sempre é positiva.
Considerações Finais
Apesar do ofício da pesca artesanal ser considerado por muitos como uma atividade
“simples”, na prática isso não se configura como uma verdade. Tal atividade se faz complexa
e exige de seus trabalhadores (as) uma dedicação quase que exclusiva e durante todo o tempo,
visto terem suas vidas organizadas pela atividade pesqueira. Mesmo quando não estão no rio
estão preparando seus apetrechos, planejando suas viagens, provendo seus mantimentos.
Assim, o trabalho da/na pesca exige uma dedicação intensa daqueles que dela tiram, quase ou
exclusivamente, seu sustento.
Verificamos a forte presença dos saberes experienciais, da memória, dos costumes em
que está pautado o processo do fazer-se pescador (a) e, como esses elementos constituem os
modos de vida e de trabalho da comunidade aqui referida.
15 Termo comumente utilizado para as panes a que estão sujeitas as embarcações. 16 Vísceras do peixe.
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Percebemos que a divisão de trabalho baseada em uma divisão de gênero ainda é
presente na atividade pesqueira, principalmente em relação aos que ensinam de forma
legitimada o ofício da pesca.
Apesar da não haver a necessidade de conhecimentos escolares formais como pré-
requisito para o desempenho da atividade da pesca artesanal, sabemos que estes estão
presentes, na forma de saberes do fazer, durante: a organização do trabalho da pesca, o
provimento e planejamento das saídas, a mobilização de diferentes conhecimentos para a
construção dos apetrechos adequados às diferentes formas de captura, o domínio geográfico
por meio de elaborações mentais de trajetos, o observar os movimento da natureza, o sentir, o
olhar e o ouvir a vida objetivando que o ofício da pesca seja desenvolvido com excelência.
Percebemos que o processo de comercialização do pescado ainda é um processo
injusto, em que pescadores (as) ainda ficam com a menor parte do lucro, sendo expropriados
(as) do valor real do produto de seu trabalho.
Ao mesmo tempo em que ouvimos as dificuldades relatadas por esses sujeitos
verificamos que muitos que há tempo estão na pesca e os que ingressaram há pouco, desejam
melhorar suas práticas por meio da participação em capacitações, pelo acesso às novas
tecnologias, por meio da participação em novas organizações do trabalho e de organizações
reivindicatórias que possibilitem a melhoria das condições de trabalho e, consequentemente,
de vida.
Constatamos que, para além de ter um fim em si mesmo, os encontros de trabalho são
tempo/espaço que agregam sujeitos com semelhanças e diferenças na construção de um
coletivo que se quer mais fortalecido por meio da compreensão da necessidade de
transformação da realidade em que estão inseridos, reafirmando, assim, que o homem se
funda e se constrói por meio de sua práxis social, em meio às suas reflexões e ações e que, a
existência do outro é fundamental para essa construção.
Percebemos que a importância das experiências compartilhadas pela comunidade, para
além de estarem vinculadas somente aos saberes necessários à pesca, constituem-se como
saberes para a vida, representando mudanças de olhares e de posturas e construindo a
capacidade de questionamento na busca por formas mais dignas do fazer-se e existir como
pescador (a).
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