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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
SANJAY VEIGA MENDONÇA
CARACTERIZAÇÃO HEMATOLÓGICA, BIOQUÍMICA, MORFOMÉTRICA E MICROBIOLÓGICA DE FALCÕES-
PEREGRINOS (Falco peregrinus) DE VIDA LIVRE
FORTALEZA-CE 2015
2
SANJAY VEIGA MENDONÇA
CARACTERIZAÇÃO HEMATOLÓGICA, BIOQUÍMICA, MORFOMÉTRICA E MICROBIOLÓGICA DE FALCÕES-
PEREGRINOS (Falco peregrinus) DE VIDA LIVRE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Veterinárias. Orientador: Prof. Dr. William Cardoso Maciel
FORTALEZA-CE 2015
5
Ao rei santo Ramacandra filho de Dazaratha
descendente direto da dinastia solar, que nos
ensinou sobre o darma.
A todos aqueles que dedicam sua vida a
conservação da diversidade biológica do nosso
planeta.
Ao meu filho e melhor amigo Jayram Dasa
Pompeu Veiga, que me esperou e apoiou
enquanto passei diversos dias em campo.
Aos meus pais que sempre me apoiam em
minhas pesquisas, e me fazem acreditar que
não existem fronteiras para o conhecimento.
A todos os grandes mestres cientistas com
quem aprendi e me inspirei, grande Felix
Rodriguez de la Fuente, Steve Irwin, Weber
Girão, Roberto Otoch e vários outros. Muitas
vezes analfabetos nas ciências tradicionais.
Porém, grandes mestres da natureza.
6
AGRADECIMENTOS Ao amigo e professor Dr. William Cardoso Maciel por acreditar em meu potencial e permitir
que eu realizasse meu sonho de trabalhar com falcões-peregrinos de vida livre.
Ao Prof. Dr. Isac Neto Goes da Silva que me coorientou e processou as amostras de sangue
coletadas, alem das diversas conversas e conselhos que me ajudaram muito.
Aos falcoeiros do mundo inteiro com quem posso dividir essa paixão pela natureza.
Ao amigo Alex Teixeira que me ajudou com o planejamento das armadilhas. A toda Equipe
do Laboratório de Estudos Ornitológicos.
Ao programa de pós-graduação em Ciências veterinárias da Universidade Estadual do Ceará –
UECE.
7
“Nossas virtudes e nossos defeitos são inseparáveis, como a força e a matéria. Quando separadas, o homem não existe”.
NIKOLA TESLA
8
RESUMO
Falcões-peregrinos (Falco peregrinus) são conhecidos por empreenderem grandes migrações
através do globo, sendo uma espécie topo de cadeia alimentar tornam-se mais suscetíveis a
contaminação por micro-organismos patógenos que são muito comuns em suas presas, algumas
características evolutivas transformaram esses falcões em grandes oportunistas capturando na
maioria das vesses animais fracos e doentes, aumentando o risco de contaminação. Devido ao
seu comportamento errante carreia importante papel na dispersão de micro-organismos ao
longo de sua rota migratória. Considerada endêmica, a salmonelose é uma das zoonoses mais
prevalentes no mundo, relacionada comumente a animais de sangue quente como aves e
mamíferos silvestres, em estudos recentes foi isolado um novo soro tipo de Salmonella entérica
Pajala de um falcão-peregrino no continente europeu. Teoricamente amostras bacterianas
isoladas de animais de vida livre tendem a apresentar maior sensibilidade a antibióticos
clássicos, hipótese que será testada no presente estudo. A hematologia vem sendo muito
utilizada para monitorar a saúde de populações e ambientes, mostrando se de grande
importância no estudo metabólico de aves migratórias que empreendem grandes esforços em
suas viagens, estabelecendo padrões para populações saudáveis que podem ser utilizados para
monitorar futuras alterações ou relacionar desvios no padrão normal. No presente trabalho
objetivou isolar e identificar enterobacterias, traçar seu perfil de sensibilidade e documentar
parâmetros hematológicos e bioquímicos dessas aves. Os falcões foram capturados no Nordeste
do Brasil durante duas temporadas migratórias. Sendo isoladas 21 cepas de enterobactérias,
entre elas uma Salmonella Saintpaul e treze E. colis diferentes, nas quais demonstraram baixo
perfil de sensibilidade. Parâmetros hematológicos, bioquímicos e biométricos foram
estabelecidos para população de falcões-peregrinos migrantes no Nordeste do Brasil.
Palavra-chaves: Falco peregrinos, Salmonela, Microorganismo.
9
ABSTRACT
Peregrine falcons (Falco peregrinus) are known to undertake great migrations across the globe, with a kind top of food chain become more susceptible to contamination by microorganisms pathogens that are very common prey, some evolutionary characteristics transformed these hawks in major opportunistic capturing most vesses weak and sick animals, increasing the risk of contamination. Due to its errant behavior carries important role in the dispersion of microorganisms along their migratory route. Considered endemic, salmonellosis is one of the most prevalent zoonoses in the world, commonly related to warm-blooded animals such as birds and wild mammals, in recent studies was isolated a new serum type of Salmonella enterica of a peregrine falcon in Europe. Theoretically isolated bacterial samples from wild animals tend to have higher sensitivity to classical antibiotics, hypothesis which will be tested in this study. Hematology is being widely used to monitor the health of populations and environments, showing is of great importance in the metabolic study of migratory birds that undertake great efforts in their travels, setting standards for healthy populations that can be used to monitor future changes or deviations relate in the normal pattern.
Key-word: Falco pilgrims, Salmonella, microorganism
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Caparrão.................................................................................................................38
Figura 02 - Bolsa de imobilização............................................................................................38
Figura 03 - Falco peregrinus com anilha..................................................................................38
Figura 04 - Falco peregrinus adulto........................................................................................39
Figura 05 - Falco peregrinus jovem.........................................................................................39
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Salmonelas e seus Sorotipos.........................................................................................16
Tabela 02 - Valores de referencia para falcão-peregrino (Hemograma, Bioquímicos)..............19
Tabela 03 - Isolation and antimicrobial susceptibility profiles of enterobacteria isolated from
free-living Falco peregrines…………………………………………………………………………….28
Tabela 04 - Hemograma de Falco peregrinus........................................................................41
Tabela 05 - Perfil bioquímico de Falco peregrinus..................................................................41
Tabela 06 - Morfometria de Falco peregrinus.........................................................................42
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AG – Agregados Plaquetários
APEC –Avian pathogenic Escherichia coli
BHI - brain heart infusion
CE – Estado do Ceará, Brasil
DA – Discreta Anisocitose
DH – Discreta Hipocromia
DP – Discreta Policromasia
EDTA - Ácido etilenodiaminotetracético
EUA – Estados Unidos da America
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
LR – Linfócitos Reativos
N – Normal
NHS – Neutrófilos Hipersegmentados
RE – Rouleaux Eritrocitário
RPM – Rotações por minuto
PG – Plaquetas Gigantes
OIE - Office Internacional des Epizooties
TGP – transaminase glutâmico pirúvica
TGO - transaminase glutâmico oxalacética
UECE - Universidade Estadual do Ceará
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
13
SUMARIO
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................14
2. REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................16
2.1 Falco peregrinus.............................................................................................................16
2.2 FALCOARIA..................................................................................................................17
2.3 MICROBIOLOGIA......................................................................................................18
2.3.1 Salmonellose...........................................................................,....................................19
2.3.2 Escherichia coli...........................................................................................................20
2.3.3 Contaminação por alimento vivo.........................................................................20
2.4 RESISTÊNCIA BACTERIANA........................................................................................20
2.5 HEMATOLOGIA................................................................................................................21
2.6 DOENÇA DE NEWCASTLE.............................................................................................21
3. JUSTIFICATICA.................................................................................................................23
4. HIPÓTESE CIENTÍFICA...................................................................................................25
5 OBJETIVOS...........................................................................................................................26
5.1 Objetivo geral.......................................................................................................................26
5.2 Objetivo específico...............................................................................................................26
6. CAPITULO 01.......................................................................................................................27
7. CAPITULO 02.......................................................................................................................38
8. CONCLUSÕES......................................................................................................................52
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................53
14
1 INTRODUÇÃO
Pessoas convivem com falcões a milhares de anos, adorados como deuses no antigo
Egito ou na Índia, utilizado como símbolo de brasões militares e de famílias nobres,
representação a vida ativa. Muitos povos antigos utilizavam de suas técnicas de caça em seu
beneficio, capturando falcões e treinados para caça, essa atividade é muito antiga e complexa e
teve declínio depois da revolução francesa e difusão das armas de fogo pelo mundo. Deixando
de ser uma atividade de subsistência em muitos locais, passando a ser hobby de nobres e
entusiastas da natureza, suas técnicas de captura e treinamento pouco mudaram com o passar
dos anos nas quais podem ser adaptadas aos dias modernos para facilitar a pesquisa cientifica
voltada as aves de rapina (LA FUENTE 1986; CRESPO 1999).
O falcão-peregrino (Falco peregrinus) é o maior representante do gênero Falco nas
Américas, pertence à família Falconidae e ocorre em quase todo o mundo, capaz de sobreviver
em todos os climas e latitudes, chega ao Brasil como ave migratória vinda do hemisfério norte.
No Brasil, foram recapturados 19 dos 37 falcões anilhados na América do Norte entre 1973 e
1985. Sendo uma espécie de grande importância ecológica, topo de cadeia alimentar
responsável pelo controle de muitas espécies de aves, são especialistas em detectar animais
doentes e fracos, expondo-se a um maior risco de contaminação por patógenos (LA FUENTE
1986; SICK 1997). As subespécies de falcões-peregrinos que se reproduzem em áreas mais
meridionais geralmente são sedentárias muito apegadas aos seus territórios de caça, onde
podem ser encontradas ao longo de todo o ano. Já as populações mais setentrionais são
migratórias voando para o sul no outono do hemisfério norte e regressando aos seus pontos de
nidificação no começo da primavera (CRESPO, 1999).
Devido ao seu comportamento migratório o falcão-peregrino (Falco peregrinus), se
mostra de grande importância em relação a estudos de dispersão natural de microrganismos,
levando em consideração que a migração de algumas subespécies de F. peregrinus dentro
continente americano podem ter suas rotas passando do extremo norte ao extremo sul do
continente, migrando por ambientes diversificados, evitando grandes florestas e trechos muito
longos por oceano (MENQ & HEMISF, 2012). Animais que se encontram no nível trófico do
falcão-peregrino, podem servir como indicadores da saúde do ambiente. Sabe-se que o falcão
peregrino quase foi extinto pela utilização de organoclorados na década de 60. Mesmo com a
recuperação positiva da espécie é necessário monitorar o estado de saúde geral da população.
Pois, se albergam patógenos, os mesmo podem ser disseminados ao longo de sua rota
15
migratória e devido a características evolutivas os falcões mostram-se muito resistentes a
patogenia causada por microrganismos existentes em suas presas cotidianas. Nas quais a
maioria se encontra em animais fracos e doentes, teoricamente aumentando a possibilidade de
contato com microrganismos causadores de patogenias em aves e morcegos. Dentro desse
contexto, a hematologia tem se mostrado uma boa ferramenta no monitoramento da saúde de
populações de aves silvestres, podendo detectar alterações que podem estar diretamente ligadas
a patogenia causada por alguns migro-organismos ou mesmo contaminação por bioacumulação.
16
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Falco peregrinus
Pertencente a família Falconidae sendo da ordem dos Falconiformes, são diferentes
dos gaviões pela maneira na qual realizam a muda além de características anatômicas. Fazem
parte de uma família muito diversificada, composta por 10 gêneros. O gênero Falco é
representado por seis espécies no Brasil, são aves de rapina que preferem caçar em áreas
abertas, sendo F. deiroleucus grande caçador sobre copa das árvores (CRESPO, 1999;
FERGUSON-LEES & CHRISTIE, 2001).
Conhecido por atingir grandes velocidades e realizar grandes migrações, o falcão-
peregrino é considerado um protótipo perfeito de aerodinâmica sendo muito utilizado como
inspiração para veículos que atingem grandes velocidades, como aeronaves e motos. Servindo
também de inspiração a brasões militares e de famílias nobres. São os animais mais rápidos do
planeta, podendo atingir mais de 300 km por hora em seu voo picado (CRESPO, 1999).
Durante a última metade do século XX a população de falcões-peregrinos (Falco peregrinus)
declinou em todas as regiões Norte Americanas devido a resíduos tóxicos e químicos usados na
agricultura e na silvicultura (HICKEY, 1969), esse declínio foi detectado primeiramente nos
EUA na década de 60 em regiões de agricultura onde eram utilizadas grandes quantidades de
organoclorados como pesticidas (CADÊ et al., 1968).
Por encontrar-se no topo da cadeia alimentar o Falco peregrinus se torna vulnerável a
contaminação por pesticidas e metais pesados (biomagnificação). No Brasil a utilização de
organoclorados na agricultura e pecuária foi proibida apenas na década de 80, mesmo assim
continuou sendo utilizada para outros fins, como para controles de vetores de zoonoses como
Anopheles darlingi, sendo adquirido em 1991, três mil toneladas de organoclorados para
Fundação Nacional de Saúde – Funasa (D’AMATO et al., 2002).
No continente americano ocorrem quatro subespécies, das quais duas chegam ao
Brasil durante movimentos migratórios: Falco p. tundrius White, 1968 e Falco p. anatum
Bonaparte, 1838 (ANTAS, 1986; SICK, 1997; JAMES 1970). Alimenta-se quase que
exclusivamente de aves e morcegos capturados no ar em arremetidas rápidas e precisas
(GWYNNE et al., 2010). Em áreas urbanas o falcão-peregrino comumente caça pombos-
domésticos (Columba livia), presa fácil e abundante, tornando-se assim o seu principal
alimento (SILVA & SILVA, 1996).
17
Subespécies de Falco peregrinus e sua distribuição global:
F. p anatum (Sul EUA/America Central e do Sul);
F. p brookey (Mediterrâneo/Norte Iran);
F. p cassini (Chile/Argentina/Ilhas-Falk Norte Equador);
F. p ernesti (Sul Tailândia/Indonesia/Phillipinas/Nova Guiné);
F. p macropus (Austrália);
F. p madens (Cabo verde);
F. p minor (Saara Africa);
F. p pealei (Ilha Rainha Charlote/Sul Califórnia);
F. p peregrinator (Índia/China);
F. p peregrinus (Norte Europa/Ásia);
F. p radama (Madagascar);
F. p tundrius (Américas)
(FERGUSON-LEES & CHRISTIE, 2001).
2.2 FALCOARIA
Há milhares de anos pessoas treinam aves de rapina para caça de subsistência, não se
sabe ao certo a sua origem. A maioria dos autores diz ter nascido nas grandes planícies
asiáticas. Provavelmente pelo mesmo povo responsável pela domesticação dos cavalos
(HOLLINSHEAD, 1995). De acordo com Crespo (1999) essa pratica com o tempo foi
ganhando espaço entre os nobres e imperadores do oriente. Sendo os falcoeiros os primeiros
homens a tirarem seu sustento buscando o entendimento das relações naturais entre presas e
predadores, os mesmos eram pessoas cultas que dedicavam sua vida ao conhecimento das
interações entre aves de rapina, suas presas, homens e outros animais como cavalos, cães,
18
furões, ambientes onde nidificavam e caçavam, aprimorando técnicas de captura, amansamento
e treino. Foi considerada em 2011 como patrimônio imaterial da humanidade, devido ao tempo
que essas técnicas são repassadas sem modificações (UNESCO, 2011).
Os falcões-peregrinos sempre mantiveram um status de nobreza dentro da falcoaria
(ROGER, 2002). Sendo o animal mais rápido do planeta, consegue capturar presas que atingem
grandes velocidades de voo como aves das famílias Columbidae e Anatidae, devido a essas
habilidades de caça, pessoas convivem de maneira bem próxima com aves de rapina á muito
tempo. Na Europa a falcoaria chegou com as cruzadas, onde cavaleiros se encantaram com a
dedicação empreendida por nobres árabes a caça com aves de presa, já na região norte veio
com os germanos (SICK, 1997; GOMEZ, 1998).
A técnica de falcoaria vem sendo utilizada para o beneficio da ciência e das aves de
rapina em geral. Além de proteção a aviação, controle de espécies problema e reabilitação e
recuperação de rapinantes, as armadilhas utilizadas, a doma, contenção, enxerto de penas e
manuseio em geral são universais entre os falcoeiros. Nos quais são responsáveis pelas
primeiras publicações compiladas pela humanidade tratando sobre animais e relação presa
predador como mostra o livro ‘A Arte da Falcoaria’ (De Arte Venandi cum Avibus) publicado
no ano de 1274, escrito por Freederico II e continha gravuras de 900 espécies de pássaros, 170
figuras humanas, 12 cavalos e 36 outros animais, essa obra é conhecida por ter estabelecido as
bases da ornitologia (CRESPO, 1999).
2.3 Microbiologia
Entre as bactérias apontadas como importantes patógenos aviários, destacam-se as
pertencentes à família Enterobacteriaceae. Esses micro-organismos Gram-negativos podem fazer
parte da microbiota normal do trato gastrointestinal ou serem patogênicos podendo causar tanto
infecções intestinais como extra intestinais (RITCHIE et al., 1994; CAMPOS & TRABULSI,
2002; SEGABINAZI, 2004).
O Gênero Salmonella é dividido em duas espécies, Salmonella bongori e Salmonella
entérica. S. bongori esta mais relacionada com animais de sangue frio como repteis e anfíbios.
Possuindo apenas uma subespécie e vinte e dois sorotipos, sendo Salmonella entérica comumente
isolada de varias espécies de animais de sangue quente como aves e mamíferos, possui seis
19
subespécies e dois mil quinhentos e dezenove sorotipos diferentes, como mostra o quadro a baixo
(Reeves et al., 1989).
Tabela 01; Salmonelas e seus Sorotipos
Espécie Subespécie Nº de sorotipos
S. entérica enterica 1504
salamae 502
arizonae 95
diarizonae 333
houtenae 72
indica 13
S.bongori 22
Total 2541
O ciclo simples da salmonelose aviária que ocorre em aves carnívoras e onivoras
selvagens que adquirem Salmonella spp.. Começa como resultado da ingestão de presas
infectadas (RECHE et al., 2003), de 310 rapinantes analizados, 13 aves ou(4,19%) das aves de
rapina de vida livre foram positivas para Salmonella ssp., Hawever, estas aves foram infectadas
por muitos sorotipos de Salmonella spp. no qual foram confirmados diversos sorotipos
incluindo Enteritidis, Adeloide, Brandenburg, Newport, Typhimurium, Hadar, Saintpaul e
Virchow. Recentemente foi isolado um novo sorotipo de Salmonella ssp., de Falcão-peregrino
(Falco peregrinus) sorotipo da variedade Pajala (PALMGREN et al., 2002, HERNÁNDEZ et
al., 2012). Este padrão de vários sorotipos indica que as infecções foram adquiridas a partir de
uma ampla variedade de fontes, como seria de se esperar na ingestão de presas infectadas
(PALMGREN et al., 2002). Segundo Battisti (1998), a salmonellose pode ser responsalvel pela
morte neonatal em aves de rapina cativas. A ciência atualmente conhece mais de 2500
sorotipos de Salmonella enterica das quais 90 deles são considerados zoonoses (LUTFUL
KABIR, 2010).
20
2.3.2 Escherichia coli
A E. coli. é considerada normal no sistema digestivo de animais de sangue quente
sendo considerada comensal, podendo existir grandes diferenças entre as cepas. Sendo que uma
boa porcentagem pode ser consideradas patogena, devido a fatores de virulencia,
multiresistencia a antibioticos, aderência, presença dos plasmideo CoIV, e citotoxinas
(BRENER, 1984). Cepas patogenas em aves são conhecidas por APEC (avian pathogenic
escherichia coli), sendo causadoras da colibacilose em aves, geralmente relacionada a situações
imunossupressivas (GONZÁLEZ et al.,1990; DHO-MOULIN, 1993; GISMONDI, 1995;
FUDGE, 2001).
2.4 Contaminação por alimento vivo.
No que se refere a micro-organismos, vários pesquisadores concordam que os pombos
urbanos albergam bactérias como a Salmonella ssp. e as linhagens patogênicas de Escherichia
coli (MORABITO et al., 2001; HAAG-WACKERNAGEL & MOCH, 2004; NARASIMHA et
al., 2005). Uma ave infectada é predominantemente colonizada no trato intestinal e se o pássaro
sucumbir à infecção, se capturado por um predador, as bactérias podem ser transmitidas a
outros animais que consomem a carcaça, como as aves de rapina: gaviões, corujas, águias e
falcões (HERNÁNDES et al., 2012). Segundo Morrison (1993) esses animais podem ter seu
trato intestinal colonizado por Salmonella ssp., podendo não causar patogenia na ave sendo
albergada em seu organismo e disseminada em sua rota migratoria.
Dentre essas enterobactérias podemos destacar Salmonella sp., e Escherichia coli que
faz parte da microbiota normal das aves, mas pode causar doença clínica em aves imuno-
comprometidas. Algumas vezes associada a outras enterobactérias (CUBAS, 2006). Tal
contexto de dispersão de micro-organismos por Falco peregrinus revela um forte problema
epidemiológico e de saúde publica, dado seu amplo curso migratório.
Aves como a pertencente ás famílias Columbidae e Anatidae, carreiam uma grande
variedade de enfermidades infecciosas que podem ser protozoários, vírus, fungos e bactérias.
Sendo alguns de caráter zoonóticos (RITCHIE et al., 1994; RUPIPER, 1998; TIZARD, 2004).
21
2.5 RESISTENCIA BACTERIANA
Mudanças no perfil de resistência a antibioticos relacionado à micro organismos podem
ser atribuídas a resistencia natural ou ação antropica. Muitos micro-organismos possuem
resistencia natural a alguns antibioticos. Na maiora dos casos, está ligado a transferência de
genes de resistência, ou relacionado ao contato e a pressão de seleção exercida pela utilização
inadequada desses farmacos. Que contribui com a multiresistencia. Fato que não aconteceria
em animais silvestres. Já que teoricamente nunca foram tratados com antibióticos
(FERNANDES et al., 2010). Cepas resitentes pondem tornar-se assim um risco maior a saúde
pública. Considerando a falta de conhecimento sobre a disseminação de cepas bacterianas
resistentes a antibióticos inserida na vida silvestre (GIBBS, 2007).
2.6 HEMATOLOGIA
Estudos hematológicos têm sido muito utilizados para monitorar a saúde de aves em
geral. Segundo Cooper (1989), existe uma grande importancia do monitoramento do estado de
saúde de aves migratorias. Devido ao grande esforço desprendido, pouca ingestão de alimentos,
alteraçoes no metabolismo e maior exposição à patogenos influênciados por uma variedade de
presas capturadas durante a migração (Shmueli, Izhaki, Zinder, & Arad, 2000). Sendo viável
para monitoramento da saúde geral de uma população, além de alterações ambientais que
também podem ser detectadas com utilização da hematologia. Como podemos observar nos
estudos realizados no I.C.O.N.A (El Instituto para la Conservación de la Naturaleza) em Madri
onde a saúde das aves de rapina ameaçadas de extinção da Península Ibérica como águias
(Aquila sp.) e abutres (Gyps sp., Neophron pernopteru) é motirorada utilizando a hematologia
como uma das ferramentas principais (I.C.O.N.A, 1986).
Os padrões hematológicos encontrados na espécie Falco sparverius na América do
Norte se mostram muito similares aos padrões encontrados em Falco peregrinus. No entanto
existe uma grande variação se compararmos com valores hematológicos obtidos de outras aves
que não sejam de rapina (GEE et al., 1981). Pesquisadores atribuem essa diferença a dieta
diferenciada em relação a outras espécies (PEINADO et al., 1992; PERRY et al., 1986). Porém,
mesmo dentro da mesma espécie podem ocorrer grandes variações. Podemos atribuir algumas
dessas variações a idade do animal, se o mesmo se encontra em muda ou na época reprodutiva
ou mesmo em migração (REHDER et al., 1982).
22
Tabela 02; Valores de referencia para falcão-peregrino (Hematológicos, Bioquímicos)
Parâmetro (unidade) Media + desvio padrão
Eritrócitos (x 10 / mm³) 3,1 + 0,4
Hematócrito (%) 44 + 4
Hemoglobina (g/dl) 14,5 + 1,3
HCM (ng) 46 + 6
CHMC (%) 34,1 + 06
Leucócitos (%) 8.743 + 2.206
Heterofilos (%) 65 + 12
Linfócitos (%) 35 + 13
Eosinófilos (%) 0
Monócitos (%) 0
Basófilos (%) 0
Proteína total (g/dL) 2,63+0,48
Albumina (g/dL) 0,96+0,13
Cálcio (mg/dL) 8,93+0,46
Fósforo (mg/dL) 3,55+0,70
Colesterol (mg/dL) 162ª812,7
Glicose (mg/dL) 366+29
Lactato desidrogenase 870+224
Aspartato transferase 78+31
Alamina aminotransferase 62+56
Bilirrubina total (mg/dL) 0,35+0,37
Ácido úrico (UI/L) 11,4+2,3
Creatinina (mg/dL) 0,51+0,22
(GEE et al., 1981).
23
2.7 DOENÇA DE NEWCASTLE
Doença de Newcastle é uma doença altamente contagiosa e de ocorrência cosmopolita.
Afeta aves silvestres e domésticas, além de ser um dos problemas sanitários mais importantes
da avicultura no Brasil (PAULILLO, 2000; DEMÉTRIO, 2002). Causada por um vírus da
família de paramixovírus. A doença aparece em três formas: lentogênicas ou leves, moderados
ou mesogênicose e velogénica ou muito virulenta, também chamada de doença de Newcastle
(CARRASCO, 2005). As cepas lentogênicas são muito difundidas, mas causam poucos surtos,
ele geralmente se apresenta como uma doença respiratória, mas a depressão, as manifestações
nervosas, ou diarreia podem ser a forma clínica predominante. Doença de newcastle, em sua
forma altamente patogênica, é uma doença incluída na “lista A” das enfermidades infecciosas
do “Office Internacional des Epizooties - OIE”. Doença de newcastle foi responsável por vários
surtos com prejuízos calculados em milhões de dólares, como no surto ocorrido na Venezuela
que resultou no sacrifício de mais de quinhentas mil aves (FRANZO 1997), segundo dados da
OIE, apenas nos anos de 2005 e 2006, foram registrados surtos em 19 países diferentes.
24
3 JUSTIFICATIVA
O falcão-peregrino, ave que se alimenta de aves e mamíferos nos quais esses animais
podem possivelmente está infectados com enterobacterias ou vírus, e por serem aves
migratórias estas podem ser potenciais disseminadores de microrganismos patógenos em sua
rota de migração. Pelas suas características endêmicas, a salmonelose das aves é considerada a
zoonose de maior importância mundial em saúde pública. O grande deslocamento que realizam
estes animais, as presas possivelmente contaminadas e a escassez de literatura geram a
necessidade de verificar a presença de enterobactérias através do isolamento e tipificação
bacteriana, além de conhecer o papel destas aves na disseminação deste patógeno ao meio
ambiente.
25
4 HIPÓTESE CIENTIFICA
Devido a suas características de predador topo de cadeia, acredita-se que o Falcão
peregrino (Falco peregrinus) é bastante resistente a patogenia causada por microrganismos
normalmente encontrados em suas presas, podendo assim albergar micro-organismos patógenos
adquiridos ao longo de sua rota migratória, sendo assim um potencial disseminador desses
microrganismos.
26
5 OBJETIVOS
5.1 - Objetivo geral
Isolar enterobactérias e testar sua sensibilidade antimicrobiana, investigar marcadores
imunológicos para doença de Newcastle, monitorar parâmetros hematológicos e bioquímicos de
falcões-peregrinos (Falco peregrinus) de vida livre.
5.2 - Objetivos Específicos
Isolar e a tipificar Salmonella spp e outras enterobactérias de amostras de swabs
cloacais e fezes dos falcões-peregrinos de vida livre;
Avaliar o nível de resistência a antimicrobianos das Salmonellas e E.colli isoladas dos
falcões-peregrinos (Falco peregrinus); Azitromicina, Sulfazotrim, Amoxilina,
Tetraciclina, Oxacilina, Cipofloxacina, Penicilina, Ceftriaxona, Acido Nalidixico,
Polimixina B, Vancomicina, Estreptomicina.
Investigar parâmetros hematológicos e bioquímicos de Falco peregrinus de vida livre;
Realizar e catalogar a biometria das aves capturadas, levantamento do gênero e
informações acerca da idade reprodutiva dos indivíduos, bem como realizar
anilhamento.
27
6 CAPÍTULO 1
Antimicrobial susceptibility profile of bacterial samples isolated from free-living peregrine falcons (Falco peregrinus)
ABSTRACT
Peregrine falcons (Falco peregrinus) migrate long distances around the globe and are on top of
their food chain, which exposes them to pathogens commonly found causing disorders to their prey.
Evolution transformed these falcons in great opportunists capturing most of the times weak and ill
animals, increasing this contamination hazard. Salmonellosis is one of the most frequent zoonosis
worldwide, often related to hot-blooded animals, such as wild birds and mammals. Theoretically,
bacteria isolated from free-living birds tend to present high antimicrobial susceptibility levels.
Therefore, this study aimed to investigate the presence of Salmonella sp. and other enterobacteria
isolated from peregrine falcons captured during two migration seasons (16/10/2013 to 15/04/2014
and 16/10/2014 to 15/04/2015) in Ceará State, Brazil. Cloacal and crop swabs were submitted for
microbiological procedure collected from eight peregrine falcons, which were captured using classic
falconry trapping techniques. Microbiological procedure was performed to isolate Salmonella sp. and
other important enterobacteria, which were identified with biochemical tests. Antimicrobial
susceptibility testing was performed in all strains isolated with the following antibiotics:
azithromycin, sulfazotrim, amoxicillin, tetracycline, oxacillin, ciprofloxacin, penicillin, ceftriaxone,
nalidixic acid, polymyxin B, vancomycin and streptomycin. Thirteen E. coli strains were isolated,
followed by three Citrobacter sp., two Serratia sp., one Salmonella Saintpaul, one Proteus sp. and
one Enterobacter sp. No isolate was susceptible to azithromycin, oxacillin, penicillin or vancomycin,
which presents an epidemiological importance, since Gram negative bacteria are known to possess F
plasmids and therefore are capable of transferring resistance through plasmidial conjugation to other
bacteria. In conclusion, peregrine falcons may host Salmonella sp. and other important enterobacteria
with antimicrobial resistance and, therefore could be important disseminators of these pathogens due
to their wide range of migration.
INTRODUCTION
The peregrine falcon (Falco peregrinus) is a bird of prey that performs the longest migration
route of the Americas. Four subspecies are found in this continent and two of these appear in Brazil
28
during migration: Falco p. tundrius and Falco p. anatum (ANTAS 1986, SICK 1997, JAMES 1970).
In urban areas, this bird frequently hunts domestic pigeons (Columba livia), since they are abundant
and an easy prey, which makes this species their main source of food, (SILVA e SILVA 1996).
Peregrine falcons are on top of their food chain; therefore, this species is exposed to pesticides, heavy
metals and several microorganisms.
Several researchers agree that urban pigeons host bacteria such as Salmonella sp. and
pathogenic strains of Escherichia coli (MORABITO et al., 2001; HAAG-WACKERNAGEL &
MOCH, 2004; NARASIMHA et al. 2005). According to Hernández et al. (2012), an infected bird has
the intestinal tract predominantly colonized by the pathogen and if it succumbs to the disease or is
captured by a predator, the bacteria may be transmitted to other animals that eat the carcass, such as
birds of prey: hawks, owls, eagles or falcons. These animals may host Salmonella without causing
disease and shed this pathogen throughout their migration route (MORRISON 1993).
Also, Escherichia coli is a species that may be transmitted in similar cases, since it is a part of
the microbiota of some birds, but may cause clinical disease in immunocompromised birds, sometimes
associated with other enterobacteria (CUBAS, 2006). The dispersion of microorganisms by Falco
peregrinus reveals an important issue for epidemiological and public health concerns, due to their long
migratory course.
Therefore, this study aimed to investigate the occurrence of Salmonella and other enterobacteria
in migrating peregrine falcons of northeast Brazil, as well as to evaluate trace an antimicrobial
susceptibility profile of the isolated strains.
MATERIAL AND METHODS
This study was submitted and approved by the local Ethics Committee for the use of Animals
of the State University of Ceará (CEUA – UECE) with the following protocol number CEUA –
Proc. Nº 5150437 . Also, the Brazilian Institute of Environment (IBAMA) authorized the capture,
sampling and release of peregrine falcons for this study, with the following document number 40985-
1.
The population studied was captured during two migrations to the south hemisphere,from
16/10/2013 to 15/04/2014 and 16/10/2014 to 15/04/2015, in Sabiaguaba beach, located in Fortaleza
city, Ceará State, Brazil. Birds were captured using traditional falconry trapping methods with pigeons
used as live baits wearing vests filled with nooses and connected to an anchor. The captured falcons
29
were restrained using falconry material (immobilizing vest and hood). Biometrical data was measured
and blood samples were collected from the brachial vein for DNA sexing and plumage evaluation
determined age, divided into juveniles (one to two years old), subadults (two to three years old) and
adults (more than three years old). Birds were released back into the wild as soon as sampling was
performed.
For microbiological analyses, cloacal and crop samples were collected using sterile swabs,
which were sent to the Laboratory of Ornithological Studies at the State University of Ceará (UECE).
Samples were incubated with the pre enrichment broth buffered peptone water, after which aliquots
were transferred to BHI (brain heart infusion) and Selenite-Cystine broths, following bacterial
incubation. Then, a loopful from each broth was streaked in plates containing MacConkey agar and
Hektoen agar and incubated. After this step, colonies were selected according to their morphological
characteristics and Gram aspect, and then submitted for biochemical identification. All incubation
steps were performed in bacteriological incubator at 37ºC for 24h. Slide agglutination test was
performed in Salmonella sp. strains using O somatic antiserum for confirmation and then submitted to
the Laboratory of Enterobacteria at the Oswaldo Cruz Foundation (LABENT-FIOCRUZ in Rio de
Janeiro, Brazil) for serotyping.
Antimicrobial susceptibility test was performed with all isolates using the disk-diffusion
method originally described by Kirby-Bauer. Strains were inoculated in BHI broth, after incubation
streaked in MacConkey agar plates and colonies were selected and diluted in 2mL of saline solution
until a 0.5 McFarland turbidity was achieved. Using a sterile swab, the bacterial solution was equally
spread in Mueller-Hinton plates, after which discs containing antibiotics were placed. After incubation,
inhibition zones were measured and compared to the standards established by the Clinical and
Laboratory Standards Institute (CLSI, 2012). Disks with the following antibiotics were used:
azithromycin, sulfazotrim, amoxicillin, tetracycline, oxacillin, ciprofloxacin, penicillin, ceftriaxone,
nalidixic acid, polymyxin B, vancomycin and streptomycin.
RESULTS
Eight peregrine falcons (Falco peregrinus susp. tundrius) were captured throughout the study,
and after sampling was performed, all were released back into the wild unharmed. All cloacal swab
samples were positive for E. coli, while strains from this species isolated from crop were detected in
five birds (62.5%). Second most isolated bacteria was Citrobacter sp., from two birds, followed by:
Enterobacter sp. (cloacal swab); Salmonella Saintpaul (Cloacal swab); Serratia sp. (cloacal and crop
swab); Proteus sp. (crop swab). All results are displayed in Table 1. Antimicrobial susceptibility tests
30
revealed that, from 21 tested strains, 18 (85.7%) were susceptible to ceftriaxone and ciprofloxacin,
followed by polymyxin B with 14 (66.6%), sulfazotrim 13 (61.9%), nalidixic acid and tetracycline 11
(52.4%), streptomycin 6 (28.6%), amoxicillin 5 (23.8%). Additionally, no strain was susceptible to
azithromycin, oxacillin, penicillin or vancomycin.
11
Table 1. Isolation and antimicrobial susceptibility profiles of enterobacteria isolated from free-living Falco peregrines
Bacteria
Positive birds n (%)
Isolates Antibiotics cloacae crop AMO AZI CIP CRO EST NAL OXA PEN POL SUT TET VAN
n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)
Escherichia coli 8(100.0) 8 (100.0) 5 02(15.4) 00 10 ( 76.9) 10 (76.9 ) 02 (15.4 ) 06 (46.1 ) 00 00 09 (69.2) 07 (53.8) 07 (53.8 ) 00
Enterobacter 1(12.5) 1 - 01( 100.0) 00 01(100.0) 01(100.0) 00 01(100.0) 00 00 01(100.0) 01(100.0) 00 00
Proteus sp. 1(12.5) - 1 00 00 01(100.0) 01(100.0) 00 00 00 00 00 00 00 00
Salmonella sp. 1 (12.5) 1 - 01( 100.0) 00 01(100.0) 01(100.0) 01(100.0) 01(100.0) 00 00 01(100.0) 01(100.0) 01(100.0) 00
Citrobacter sp. 2(25.0) 2 1 00 00 03(100.0) 03(100.0) 01(50.0) 01(33.3) 00 00 02(66.6) 03(100.0) 02(100.0) 00
Serratia sp. 2(25.0) 1 1 01(50.0) 00 02(100.0) 02(100.0) 02(100.0) 02(100.0) 00 00 01(50.0) 01(50.0) 01(50.0) 00
Azithromycin – AZI, Sulfazotrim – SUT, Amoxicillin – AMO, Tetracycline – TET, Oxacillin – OXA, Ceftriaxone – CRO, Ciprofloxacin – CIP, Penicillin - PEN, Nalidixic Acid - NAL, Polymyxin B - POL, Vancomycin – VAN , Streptomycin - EST. (Proteus sp. are naturally resistant to Polymyxin B).
31
32
DISCUSSION
To the best of the authors’ knowledge, this is the first study performed with
peregrine falcons (Falco peregrinus subsp. tundrius) in the Americas involving
enterobacteria isolation. The hypothesis that these birds may harbor bacteria important
for public health and animal production was confirmed. In this sense, the most
important finding was the isolation of Salmonella Saintpaul from one captured
peregrine falcon. This serotype was responsible for an outbreak in USA in 2008, when
1,500 cases were confirmed (Chen et al., 2011). Recently, a new serotype of Salmonella
was isolated from a peregrine falcon, which is S. Pajala, but S. Amager was also isolated
from this avian species in Sweden (HERNÁNDEZ et al. 2012., PALMGREN et al.
2004., PALMGREN et al. 2002).
Studies show that the bacterial infection in raptors by important pathogens is
directly related to their diet, and the falcon preys on different species during their
migration route (HERNÁNDEZ et al. 2012). These birds live in different environments
and due to their broad diet of flying animals, such as bats, pigeons and other migratory
birds, during their migration route, they become important bacterial disseminators
throughout almost all of the American continent. This fact may present a risk for the
poultry industry, as well as the public health, since these bacteria can often be found in
their feces or be transmitted to other animals that eat the dead falcon carcass.
The basic avian salmonellosis cycle that occurs in carnivorous or omnivorous
wild birds initiates with the ingestion of the microorganism in contaminated food sources
(RECHE et al. 2003). Palmgren et al. (2002) suggests that the several Salmonella
serotypes isolated from raptors may be related to the wide variety of preys that these birds
hunt. According to Battisti (1998), salmonellosis may be responsible for neonatal
mortality in captive birds of prey.
In addition, the high E. coli isolation rates observed in this study is an important
finding. This bacteria is considered normal in the digestive tract of hot-blooded animals,
often characterized as commensal (Brener, 1984), however differences can be observed
among strains. Some strains may be considered pathogenic due to virulence factors and
may present multidrug resistance, adherence, CoIV plasmids and cytotoxins. Avian
33
pathogenic Escherichia coli strains, named APEC, cause avian colibacillosis, often
related to immunosuppressive conditions (FUDGE, 2001., GISMONDI, 1995., DHO-
MOULIN, 1993; GONZÁLEZ et al.,1990). Studies show that multidrug resistance is
related to previous antibiotic contact, and it is one of the main causes of antimicrobial
therapy failures, having a mutation or gene transfer origin (SPINOSA, 2006, BLANCO et
al., 1997).
The low antimicrobial susceptibility rates to azithromycin, oxacillin, penicillin
and vancomycin, to which no strain in this study was susceptible reveals an
epidemiological importance. Since Gram negative bacteria, and enterobacteria as well,
harbor the F plasmid (fertility) and, therefore, can transfer through plasmidial conjugation
resistance to other bacteria, such as Staphylococcus, explaining the occurrence of
Staphylococcus aureus strains resistant to β-lactam and glycopeptide antibiotics such as
penicillin, oxamycin and vancomycin.
In conclusion, the results of this study show that the population of migrating
Falco peregrinus tundrius captured present their cloacal and crop microbiotas composed
by several enterobacteria genera, including Salmonella in 12.5% of the birds. Also,
multidrug resistance may be a problem in the future, considering the high resistance rates
to different antibiotics observed in some strains of this study.
ACKNOWLEDGMENTS
The authors would like to thank the support provided by the Ceará State
Foundation for the Support of Scientific and Technological Development for this study.
34
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7 CAPÍTULO 2
Falcões-peregrinos de vida livre capturados no Nordeste do Brasil:
Parâmetros hematológicos, bioquímicos e biométricos.
RESUMO
Falcões-peregrinos (Falco peregrinus) são conhecidos por empreenderem grandes
migrações através do globo, essa espécie, já quase foi extinta nas Américas na década
de 70 pela utilização de organoclorados na agricultura. Algumas características
evolutivas transformaram esses falcões em grandes oportunistas, uma vez que tem
preferencia por animais fracos e doentes. Tal fato que sugere seu risco de contaminação
por magnificação ou patógenos dessas aves possivelmente doentes. Foram capturados
oito falcões durante sua migração ao hemisfério sul do Continente Americano, essa
mesma população, já quase foi extinta pela utilização de organoclorados na década de
70. Conhecer a biologia e o aspecto clinico dessas aves torna-se imprescindível no
estudo de animais silvestres e seus ambientes., ajudando a compreender as alterações
ocorridas em aves migratórias, que empreendem grandes esforços em suas viagens,
podem sofrer com fadiga ou pouca ingestão de alimentos. Portanto esse trabalho tem
como objetivo traçar parâmetros hematológicos, bioquímicos e biométricos de falcões
capturados no Nordeste do Brasil.
INTRODUÇÃO
Falcão-peregrino é uma ave de rapina que se encontra no topo da cadeia
alimentar, na qual ocorrem quatro sub espécies nas três Américas. Sabe-se que das
39
quatro sub espécies americanas, somente duas chegam ao nordeste brasileiro durante
sua migração, Falco p. tundris, Falco p. anatum. Estudos mostram que a subespécie
tundris realiza a maior migração entre as aves de rapina das Américas (Crespo 1999;
ANTAS 1986; SICK 1997; JAMES 1970). Por encontrar-se no topo da cadeia alimentar
o Falco peregrinus se torna vulnerável a contaminação por pesticidas e metais pesados
(biomagnificação). No Brasil a utilização de organoclorados na agricultura e pecuária de
foi proibida apenas na década de 80, mesmo assim continuou sendo utilizada para
outros fins, como para controles de vetores de zoonoses como Anopheles darlingi,
sendo adquirido em 1991, três mil toneladas de organoclorados para Fundação Nacional
de Saúde – Funasa ( D’AMATO et al., 2002). Diante do exposto, a monitoração da
saúde desses animais é de fundamental importância. Assim avaliações hematológicas e
bioquímicas constituem nos primeiros recursos disponíveis nesse monitoramento.
Estudos hematológicos têm sido muito utilizados para monitorar a saúde de aves
em geral, segundo Cooper 1989 existe uma grande importância do monitoramento do
estado de saúde de aves de migratorias. Devido ao grande esforço desprendido, pouca
ingestão de alimentos, alterações no metabolismo e maior exposição a patógenos
relacionados a variedade de presas capturadas durante a migração (Shmueli et al.,
2000). Sendo viável para monitoramento da saúde geral de uma população além de
alterações ambientais que também podem ser detectadas com utilização da hematologia.
Como pode-se observar nos estudos realizados no I.C.O.N.A em Madri onde a saúde
das aves de rapina ameaçadas de extinção da Península Ibérica como águias (Aquila sp.)
e abutres (Gyps sp., , Neophron pernopteru) são motiroradas utilizando a hematologia
como uma das ferramentas principais (I.C.O.N.A, 1986).
Existe uma grande variação nos hematológicos e bioquímicos obtidos de outras
aves que não sejam de rapina (Gee et al. 1981). Pesquisadores atribuem às diferenças à
dieta carnívora das aves de rapina (Peinado et al., 1992, Perry et al., 1986). Mas mesmo
dentro da mesma espécie podem ocorrer grandes variações, podemos atribuir algumas
dessas variações a idade do animal, se o mesmo se encontra em muda ou na época
reprodutiva ou mesmo em migração (Rehder et al. 1982). Tendo em vista à importância
do monitoramento dos padrões hematológicos de aves de migratórias. Este trabalho tem
como objetivo estabelecer parâmetros hematológicos, bioquímicos e biométricos para
falcões-peregrinos de vida livre, capturados no Nordeste do Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
40
Falcões-peregrinos foram capturados em duas temporadas de migração, a
primeira sendo em 15 de outubro de 2013 a 15 de abril de 2014, a segunda em; 15 de
outubro de 2014 a 15 de abril de 2015. Procedimentos de captura acontecerão no Parque
das Dunas, praia da Sabiaguaba, município de Fortaleza CE.
Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética local para o uso de
Animais da Universidade Estadual do Ceará (CEUA - UECE) com o seguinte número
de protocolo CEUA - Proc. Nº 5.150.437. Além disso, o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente (Ibama) autorizou a captura, coleta de amostras e liberação de falcões
peregrinos para este estudo, com o seguinte número 40.985-1.
O presente estudo aconteceu com oito falcões, que foram contidos com
utilização de material de falcoaria (bolsa para aves e caparrão) para coleta de dados
biométricos e amostras de sangue, coletadas através da via veia braquial. A idade dos
falcões foi determinada pela plumagem dividida em jovens (um a dois anos), subadultos
(dois a três anos) e adultos (mais de três anos). As aves foram devolvidas a natureza
logo após às coletas.
ARMADILHAS
As armadilhas utilizadas nessa pesquisa tem sua origem na falcoaria clássica,
datando de mais de 3 mil anos de idade, sendo considerada uma forma de patrimônio
cultural da humanidade pela UNESCO em 2011.
Primeiramente foi confeccionando um colete feito de couro ou com cordões
grossos. O qual se encaixa como uma espécie de camisa que veste o pombo. Esse colete
é amarrado a um peso de chumbo, de maneira que o pombo possa arrastar com
pequenos voos, evitando assim trancos e machucados nos pombos ou falcões que por
ventura sejam capturados. Sobre o colete são colocados alguns laços os quais tem a
função de enganchar nos pés dos falcões que venham a tentar capturar o pombo.
CONTENÇÃO
A contenção foi realizada utilizando técnicas e equipamentos de falcoaria, como
máscaras para evitar estímulos visuais, trelas em seus tarsos para evitar que se corte
41
com suas próprias garras e uma camisa de contenção para evitar que danifique suas
penas ou até mesmo alterações hematológicas relacionas ao estresse de captura.
Caparrão Bolsa de imobilização
MARCAÇÃO
A marcação foi realizada utilizando padrões internacionais de anilhamento, cada
ave recebe uma anilha com: número de registro, iniciais do autor e sigla do laboratório
responsável pela pesquisa (LABEO). O número de registro que vai para um banco de
dados onde é relacionado com outras informações do individuo, sexo do animal, data de
coleta, biometria, fotos, resultados hematológicos e microbiológicos, datas e hora da
captura.
Anilha com iniciais do pesquisador
SEXAGEM
A sexagem foi realizada inicialmente com uma balança. Posteriormente
confirmada através de exames de DNA (Laboratório ONCELLS BIOTECNOLOGY).
42
IDADE DOS FALCÕES
Animais são diferenciados de acordo com a idade reprodutiva (jovem, subadulto
e adulto), de acordo com a coloração da plumagem.
Adulto Jovem
.
BIOMETRIA
Foi realizada com utilização de um paquímetro no qual foram coletadas as
medidas de cumem, diâmetro do tarso, tarso, bico. Com a fita-métrica coletados dados
de envergadura, comprimento total e cauda. Uma balança com precisão de 0,5g foi
utilizada para coleta do peso dos falcões.
COLETA DE SANGUE
As amostras de sangue foram obtidas por punção da veia ulnar na asa do falcão.
A amostra foi colhida com seringa e agulha num total de 1 ml por ave. O material foi
fracionado em dois sendo um colocado em frascos pediátricos contendo EDTA como
anticoagulante e outra em frasco da tampa vermelha, sem anticoagulante. O material foi
acondicionado em caixas térmicas e encaminhado imediatamente ao laboratório de
patologia clinica da faculdade de veterinária para análise. Por ocasião da coleta foi
preparado também dois esfregaços sanguíneos. Os esfregaços foram corados com
panótipo rápido (LABORCLIN). No laboratório, a amostra destinada a hematologia foi
processada da seguinte forma:
43
Para obter o valor do volume globular ou hematócrito, foram utilizados tubos
capilares para micro-hematócrito. Após a centrifugação a 11000 rpm utilizou-se um
cartão de leitura padrão para a obtenção do resultado. Desta mesma amostra utilizou-se
a refratometria para obter a determinação da concentração plasmática de proteínas
totais. Além disso, também foi possível notar alterações no aspecto do plasma dos
animais.
A determinação do número de hemácias, leucócitos e trombócitos foi realizada a
partir de uma única diluição que evidencia eritrócitos, leucócitos e trombócitos,
utilizando-se a solução de Natt-Herrick. Em um tubo de ensaio, pipetou-se 2 ml da
solução diluente em temperatura ambiente; logo em seguida, descartou-se 0,02 ml da
mesma, perfazendo um volume total de 1,98 ml; acrescentou-se então 0,02 ml (20μl) de
sangue total homogeinizado, obtendo-se então a solução final de 2 ml. Foi então
retirada, uma alíquota para o preenchimento de um dos receptáculos
do hemocitômetro de Neubauer.
Após este passo, esperou-se de 5 a 10 minutos para sedimentação dos glóbulos
no hemocitômetro e então procederam-se as contagens, em aumento de 400 x. Os
eritrócitos foram contados utilizando 5 dos 25 quadrados centrais, contabilizando, desta
forma, 1/5 do mm³ . A contagem dos trombócitos foi realizada nos 25 quadrados
centrais, contabilizando 1 mm³ . A leucometria global foi realizada nos 4 quadrados
laterais, contabilizando os leucócitos em 4 mm³.
A leucometria diferencial foi realizada através de hematoscopia em aumento de
1000 x (imersão) dos esfregaços corados pelo panótico. Os leucócitos foram observados
seguindo-se a técnica de leitura de esfregaço sanguíneo, em que se utiliza o terço médio
de cada extremidade lateral do esfregaço corado, contando-se 50 leucócitos em cada
lateral, obtendo-se assim, a leucometria específica relativa (em porcentagem), para
posterior cálculo da leucometria específica absoluta expressa, em milhares de leucócitos
por microlitro de sangue (x 10³ /μl).
A determinação da hemoglobina foi realizada em contador veterinário
automático (BC2800 vet) por técnica de espectrofotometria. Os índices hematimétricos
foram obtidos por cálculo matemático simples (formulas próprio padrão).
A análise bioquímica foi realizada em aparelho bioquímico automatizado
Metrolab (Winner) onde foram avaliados os seguintes parâmetros: albumina, creatinina,
ácido úrico, fosfatasse alcalina, ALT (TGP), AST (TGO) , ureia e colesterol. Cada um
deles seguiu as recomendações do fabricante no que se refere a programação da
44
máquina. Os valores de referencia utilizados tanto na avaliação hematológica quanto
bioquímica foram retirados de artigos científicos e de literatura de patologia clinica
veterinária (PEREIRA 2006)
RESULTADOS
Dos oito falcões avaliados foi observado um hematócrito médio de 46,8%, seguido de uma concentração media de hemácias de 9 milhões e 8 mil hemácias por centímetro cúbico do sangue. Somente em uma ave, os parâmetros entrocitarios revelam discreta anisocitose com eritrofilos policromatofilos. Os valores reais encontrados estão demonstrados na tabela 01.
No que se refere a parâmetros leucocitários foi observado uma media de 5,7, um dos indivíduos apresentou um desvio maior que o padrão sendo seus leucócitos totais em 19,5. Foi observado um predomínio de heterofilos sobre os demais grupos celulares. As proteínas totais plasmáticas mensuradas no refratômetro revelaram uma baixa concentração, torno de 4,2mg/dL.
Quanto aos valores bioquímicos pode-se destacar os seguintes achados: hipoalbuminessia, fosfatasse alcalina acima de 250 UI; função renal aparentemente normal, fígado em atividade de TGO elevado e colesterol dentro dos níveis esperados para aves e rapina.
Tabela 01; Hemograma de Falco peregrinus
Falcões 01 02 03 04 05 06 07 08 REFERENCIAS
HE 8,87 9,18 9,45 9,82 10,95 7,64 7,69
HB 14,8 16,0 16,0 15,2 17,9 13,0 13,4
HT 46 51 50 47 55 39 40
VCM 51,8 55,5 52,9 47,8 50,2 51,0 52,0
CHCM 32,1 31,3 32,0 32,3 32,5 33,3 33,5
MORFOLOGIA N DA/DP N N N N N
BASÕES 00 00 00 00 00 00 00
SEGMENTADOS 74 64 88 69 68 65 60
LINFOCITOS 22 26 05 18 25 30 25
45
MONÓCITOS 04 10 07 13 07 05 15
Leuc. Totais 2,0 19,5 3,5 2,1 2,4 2,8 4,2
Prot. Totais 3,0 5,4 6,0 3,6 3,4 3,8 4,0
Tabela 02; Perfil bioquímico de Falco peregrinus
BIOQUIMICO 01 02 03 04 05 06 07 08 Referencias
ALBUMINA 0,7 0,9 1,8 0,8 0,4 0,2 0,6
FOSFATASE 316 352 813 142 297 193 260
AC ÚRICO 22,4 8,9 6,0 5,9 10,8 4,2 9,7
COLEST 254 239 218 209 230 233 230
CREAT 0,24 0,4 0,5 0,7 0,7 0,4 0,4
TGO 342 237 535 120 308 100 220
TGP 36 54 43 48 37 51 44
TRIGLIC 65 125 72 93 89 84 88
UREIA 20,6 19 8 8 13 10 13
LEGENDA ; N – Normal; DA – Discreta Anisocitose; DP – Discreta Policromasia.
Seguindo a metodologia acima foram coletados os dados da tabela 03.
Tabela 03; MORFOMETRIA de Falco peregrinus
Parâmetros
01 02 03 04 05 06 07 08 referencias
Peso 523,5 815 583,5 855 555 919,5 555,5 892 G
Comp. Total
41,5 45,5 42,5 47 42 37,5 40,3 43 cm
Cauda 16,5 19 18,5 18 16 20 16 17 cm
Asa 31 35 33 37 32 35 33 35,5 cm
Bico 26 28,5 25,5 27,5 20 23,5 24,5 22 mm
46
Cumem 46 49 49 52,5 44 50,5 45 32 mm
Tarso 49 63 56 57 53 61 53 60 mm
Diamt. Tarso
7,5 9,5 8 9 8 11 mm
Envergadura
90 110 88 108,5 94 107 94 105 cm
Sexagem
Macho
Fêmea
macho
Fêmea
Macho
Fêmea
macho
fêmea
Período manha
manha
manha
Tarde Tarde Tarde manha
manha
Data 25/11/13
04/12/13
06/12/13
17/12/13
23/01/13
29/01/13
28/01/15
03/01/15
Dia/mês/ano
Ecto Parasitas
s/coleta
Sim Sim não sim Sim nao não
Anilha 001 0026 002 027 SEO SVM 2014
Idade reprodutiva
Jovem Jovem Jovem Jovem Adulto
Jovem Adulto
Sub-adulto
DISCUSSÃO
Todos os falcões capturados no presente estudo apresentavan-se clinicamente
normais. O peso apresentou uma media entre 523g a 555g dos machos(4) e nas
fêmeas(4) de 815g a 919g, não fugindo dos padrões normais da espécie. (Ferguson-Lees
& Christie 2001). Os dados biométricos obtidos são de grande importância no
entendimento da disperção migratória das sub-espécies de falcões-peregrinos
Americanos (Tjorve & Tjorve 2010).
O monitoramento da saúde de aves de rapina migratórias tem importância tanto
ecológicas como de saúde publica, existindo a possibilidade de dispersão de
microorganismos patógenos em sua rota. Cooper (1989) enfatizou fatores importantes
47
que podem trazer mudanças no padrão hematológico de aves migratórias; stress
competitivo, contato com presas contaminadas, fadiga e redução na ingestão de
alimentos. Portanto os resultados obtidos mostram-se de grande importância no
monitoramento da saúde e demarcação de rota migratória de sub-espécies de Falco
peregrinus oriundos do hemisfério norte.
Valores de hematócrito baixos podem indicar anemia, resultante do trauma,
infestação parasitaria, intoxicação, oplasia, parasita de eritrócitos e doenças crônicas
(SCHMIDT et al. 2007). Diante dos nossos resultados onde os valores de hematócrito
não se mostraram baixos, sugerem o estado de higidez das aves estudadas. Os valores
de hemoglobina encontrados neste estudo foram menores do que aqueles encontrados
em outros grupos de aves, e mais baixo do que aqueles encontrados nas aves de rapina
(CEALDRÁN et al. 1994, PEREIRA 2006), e similares aos encontradas em Harpia
harpyja.(OLIVEIRA et al., 2014).
A variabilidade intraespecífica de valores hematológicos é causada pela
influência de fatores fisiológicos como gênero, atividade metabólica, idade, estado
reprodutivo, estação do ano, dieta e habitat. (JERZAK et al. 2010). A maioria dos
parâmetros obtidos nesse estudo foi significativamente diferente dos parâmetros
encontrados em ISIS (2002). Isso pode ter ocorrido porque todas as amostras desse
estudo foram obtidas em aves de vida livre clinicamente saudável. Enquanto na base de
dados ISIS amostras são de animais em condições clínicas indefinidas. Além disso, o
número da amostra do ISIS (2002) é bastante irregular, e os valores médios para alguns
parâmetros são apenas a partir de uma amostra.
Ureia e ácido úrico são os principais produtos do metabolismo do nitrogênio
aves. Em mamíferos, nível de ureia no plasma é 10-20 vezes maior que a do ácido úrico
enquanto em aves, eles geralmente compreendem uma proporção de 1: 1 (STRURKIE
1986). Os valores de ureia, creatina e triglicerídeos obtidos dos falcões-peregrinos se
mostraram similares com de pelicanos migrantes ou privados de alimentação, diferente
da albumina que se mostrou (SHMUELI et al., 2000). No presente estudo não existiu
controle de jejum, pois as aves foram capturadas e seus dados coletados em seguida.
Os níveis de colesterol e albumina foram encontrados nos falcões se mostraram
bem mais baixos que de pardais (Passer domesticus), refletindo os maiores teores de
48
gordura e de proteína de sua dieta urbana (GAVETT E WAKELEY, 1986). Outros
estudos apontam que elevações na atividade TGP se relacionam diretamente com lesões
hepáticas ou musculares(GRUNKEMEYER, 2010), que no presente estudo se mostram
similares entre os indivíduos analisados (n=7), sugerindo um padrão normal.
De um dos indivíduos foi obtido uma taxa maior de TGO, que segundo a
literatura pode sugerir danos musculares (HARR, 2002). Já que em aves pode ser
considerado normal valores como 275 UI/L, e moderadamente elevados350 UI/L
(THRALL et al. 2004; CAPPITELLI & CROSTA, 2013)
49
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52
CONCLUSÕES
Com os resultados obtidos no presente trabalho, concluí-se, que a população de
Falco peregrinus tundrius migrantes estudada, apresenta sua microbiota cloacal e de
papo, composta por vários gêneros de enterobacterias, inclusive Salmonella em (12,5%) e
que a multirresistencia pode ser um problema no futuro, considerando que algumas cepas
isoladas mostraram elevados de percentuais resistência a diferente antimicrobianos,
existindo assim um risco de disseminação em sua rota migratoria. A cepa de Salmonella
isolada foi identificada com sendo do sorotipo Saintpaul, fato de relevancia para saúde
publica de todos os paises nos quais o Falco peregrinus atravesa em sua rota migrantoria,
considerando que esse mesmo sorotipo foi responsavel por um surto com centenas de
pessoas na America do Norte. Outro resultado importante foi estabalecer um padrão
hematologico, bioquimico e morfometrico dos falcões-peregrinos migrantes no Nordeste
do Brasil.
53
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