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a invenção do desa�oa história da LPR
A LPRO sonho de tornar-se uma das maiores montadoras de estandes
do Brasil tornou-se realidade. Aos 25 anos de idade, a LPR, nascida
em Londrina, Norte do Paraná, conquistou o Brasil e foi longe na
prestação de serviços a empresas em diversos pontos do planeta.
Ao realizar seu sonho, a LPR tornou realidade também um atendi-
mento inovador, oferecendo ao cliente - além da montagem -, um
leque de opções, como a locação de móveis, os painéis de led para
shows e eventos e a tecnologia da impressão digital em grandes
imagens, entre outros produtos. Isso graças à rede de empresas
parceiras que montou em torno de si e que possibilitou oferecer
novidades e inovações ao longo de sua trajetória no mercado.
A expansão do negócio abriu-se em várias frentes de trabalho e
hoje a LPR atua com �liais em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio
de Janeiro, onde já possui duas �liais em centros de convenções
que são referência na capital �uminense.
Em 2011, a empresa rea�rma sua capacidade para produzir e
colocar em prática estruturas para grandes eventos. A matriz,
localizada em Londrina, conta com departamento de criação,
marcenaria, serralheria e setores administrativos. Em uma área de
15 mil m² os projetos se tornam realidade e a LPR mantém seu
compromisso de buscar novos caminhos e soluções para seus
clientes.
A história da LPR tem muitas outras histórias junto dela e, por
isso, traz um pouco de cada coração e de cada vida em sua própria
trajetória. Vale a pena conhecer esses homens e mulheres que
participam desse sonho iniciado em 1985, tornado possível pela
coragem de acreditar na invenção do desa�o.
LPR | 1
“Nunca fiquei preso ao que já foi feito, ao que já foi experimentado.”
Francesco Matarazzo (1854-1937)Imigrante italiano, criador do maior império empresarial
da América Latina entre os séculos XIX e XX, no Brasil
rpL
LPR | 2A matriz da LPR, em Londrina (PR), em 2011: fábrica de projetos ousados
LPR | 3
Este livro foi idealizado conforme seu título sugere, “Invenção
do desafio”, mas uma invenção baseada no trabalho, na seriedade e
na honestidade. Conceitos como planejamento e estratégia vieram
mais tarde, pois num primeiro momento, há 25 anos, tudo estava
por fazer, as oportunidades brotavam por todos os lados, o espírito
empreendedor, aliado à vontade de fazer acontecer, somados a cola-
boradores empenhados e comprometidos bastavam.
O funcionário ideal era aquele que dedicava 100% do seu tempo
à empresa, o melhor currículo era no qual constavam 10, 15, 20
anos de “casa”. Hoje, inúmeras mudanças ocorreram, faz-se neces-
sário definir metas, objetivos, integrar conhecimento teórico e práti-
co. As palavras-chave nos dias de hoje são inquietação, insatisfação,
observadas nos jovens, porém com persistência, necessária em tudo
o que fazemos na vida. Persistência, insisto, não teimosia, pois a
teimosia nos paralisa, não nos permite ver que a direção precisa
ser mudada, que os ventos não estão mais favoráveis e, quando isso
acontece, é necessário humildade e inteligência emocional.
Estar aberto a novas oportunidades, ser arrojado, acreditar que
é possível e estar disponível para ver o futuro, somados à experi-
ência do passado, faz de nós a maior montadora de estandes do
Brasil. Com esse pensamento e atitudes, rompemos fronteiras, não
só físicas, como culturais. Saímos do Norte do Paraná, conhecido
por seu pioneirismo e, com esse mesmo sentimento, fomos montar
estandes em três continentes, e assim caminhamos, acreditando ser
possível inventar e se reinventar a cada dia.
A reinvenção de todos os dias, há 25 Anos
PEdrO SPErANdiO LOPESLondrina, novembro de 2011.
LPR | 4
A HISTÓRIA DA LPR
a força do nome
a semente da LPR
os primeiros sonhos
os primeiros estandes
histórias para contar
a invenção do desafio
7
18
33
41
11
www.lpr.com.br
www.lprlocacoes.com.br
www.lprleds.com.br
Londrina, novembro de 2011
TexTo e eDIçãoTeresa Godoy (teresagodoy@teresagodoy.com.br)
IMAGeNS ANTIGAS Arquivo LPR, arquivo pessoal Pedro Lopes, arquivo Folha de Londrina, acervo histórico de Londrina.
CAPAFoto: Montagem no pavilhão, de Saulo Ha-ruo ohara.
FoToS ATUAISNil Gonçalves, Saulo Haruo ohara, equipe LPR e filial LPR do Rio de Janeiro.
ReALIZAçãoDepartamento de Comunicação LPR
MATRIZLondrina - PR - Av. Dr. Francisco xavier Toda, 525 - Pq. Ind. Cacique - CeP 86072-410 - Fone: + 55 (43) 2104-9000 - Fax: + 55 (43) 2104-9009
FILIAISNova Petrópolis - RS - Rua Erwinio Roloff, 63 - Bairro Bavária - CeP 95150-000 - Fone: + 55 (54) 3281-1896
São Paulo - SP - Rua Sampaio Corrêa, 311 - Bairro do Limão - CeP 02710-080 - Telefax: + 55 (11) 3951-7290.
Rio de Janeiro - RJ - Av. Salvador Allen-de, 6555 - Riocentro - Barra da Tijuca - CeP 22780-160 - Fone: + 55 (21) 3545-4150 - Fax + 55 (21) 3345-4170
Rio de Janeiro - RJ - Av. Paulo de Frontin nº 1 - espaço Solar - Centro de Convenções Su-lAmérica - CeP 20260-010 - Fone: + 55 (21) 2213-4414.
LPR | 5
a construção desta história
os que vieram primeiro56a tecnologia da transformação62a genética da evolução76no mundo das feiras89a LPR, o Brasil e o mundo102na velocidade dos anos 2000118uma lição de ousadia129o desafio145a invenção do desafio
diário de bordo
171176
Em 2010, a equipe de monta-gem da LPR trabalhou vestindo o uniforme dos 25 anos da empresa,
orgulhosamente exibido Brasil afora.
Vestindo a camisa
LPR | 6
LPR | 7
Março de 2010. Ao voltar para o pavilhão do
Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em
Brasília, o funcionário da empresa de montagem
se dá conta de que está sem sua credencial. dei-
xara no próprio pavilhão, antes de sair, sua re-
ferência como membro da montadora oficial da-
quele evento.
Faz calor no Planalto Central do Brasil e o suor
que cola a camiseta ao corpo é amenizado, em
parte, com a conversa travada com o segurança.
- Amigo, sou da LPr e faço parte da equipe
que montou praticamente todos os estandes des-
sa feira.
O guarda permanece impassível, ouvindo o
jovem sôfrego.
- Pois é... – continuou o rapaz - por incrível
que pareça, esqueci minha credencial lá dentro e
preciso entrar.
Preparado para dizer não, o segurança olha
detidamente para o trabalhador, bem mais jovem
do que demonstra sua responsabilidade. Mede-o de
cima abaixo, detendo o olhar na manga da camiseta,
cuja estampa não deixa dúvidas: lá está a logomarca
dos 25 anos da empresa na qual o funcionário traba-
lhou nos últimos 13 anos de sua vida.
O segurança ouvira falar da empresa o suficiente
para entender como resolver aquela situação.
- rapaz, se você trabalha na LPr - com esses 25 anos
todos de estrada - você pode entrar como quiser aqui.
Orgulhoso e agradecido, o funcionário levanta a ca-
beça e entra pelo grande portal, de onde pode ver em
grande angular boa parte da primeira fachada da feira
que ajudou a estruturar. Ao pisar novamente naquele
imenso pavilhão, há poucos dias completamente va-
zio, sente a força do trabalho que realiza e o quanto
aquilo tudo representa para os dezenas de colegas de
Londrina, São Paulo, rio de Janeiro e rio Grande do
Sul. Essa feira gigantesca que ajudou a erguer faz parte
de uma história que começou há 25 anos, tempo em
que um evento desse porte ninguém imaginava exis-
Capítulo I
o orgulho
A força do nome
LPR | 8
A forçA do nome
Empresas de alto conceito no mercado brasileiro e
mundial compõem o portfólio da LPR em seus 25 anos
de atuação em eventos nacionais e internacionais.
O II Salão Nacional dos Territórios Ru-
rais é uma promoção do Ministério do
Desenvolvimento Agrário, criado para
apresentar os avanços da política terri-
torial em todas as regiões brasileiras.
O evento, realizado em março de 2010,
em Brasília, teve a montagem da em-
presa LPR, de Londrina.
Nomes de peso
LPR | 9
empresa paranaense, nascida em Londrina.
Como o ii Salão Nacional dos Territórios
rurais, realizado em Brasília naquele março
de 2010, muitos outros eventos e feiras haviam
sido montados pela equipe da LPr, recheando
um currículo de 25 anos, uma trajetória que não
começou do dia para a noite mas que fez dias e
noites de muito trabalho se transformarem numa
empresa com homens e mulheres acreditando na
força de um desafio. Era gente que se orgulhava
de cada conquista diária estampada na camiseta
cuja logomarca queria dizer:
Orgulhosamente, a serviço da LPR.
A forçA do nome
tir. Não havia feiras tão profissionais e os eventos
corporativos e de negócios ainda engatinhavam
nos diversos estados brasileiros.
Quantas centenas de milhares de metros qua-
drados haviam sido montados pela LPr desde en-
tão? O que mudou desde que os primeiros estan-
des de madeira haviam sido implantados e, depois,
substituídos por tecnologias realmente avançadas?
Tudo isso fora criado na fábrica de ideias cha-
mada LPr. Aquele imenso cenário também signi-
ficava a realização de toda uma equipe que ali,
na capital do Brasil, representava uma tradição
de duas décadas e meia. Era a história de uma
As primeiras conquistas da LPR são lembradas com alegria e saudade por aqueles que participaram das primeiras montagens da empresa em sua trajetória de 25 anos.
na ponta do lápis
LPR | 10
Capítulo II
Histórias para contar
oi de Londrina que saíram os
primeiros tímidos estandes
com a marca LPr para parti-
cipar de eventos fora do eixo
Norte do Paraná. A cidade foi
o terreno ideal para o início
das atividades da empresa.
Embora o setor de eventos
jamais tenha conquistado
status econômico considerá-
vel na ex-Capital Mundial do Café, a área de
montagem nasceu ali com um espírito empre-
endedor e ganhou notoriedade no país, com a
qualidade oferecida pela primeira empresa do
setor na região.
dos pioneiros eventos promovidos pela
LPr a empresa migrou naturalmente para a
montagem de estandes, prestando serviços,
então, aos promotores de eventos de todo o
país. Quando se deu conta, a LPr havia con-
quistado de vez a preferência de grandes e importan-
tes empresas na montagem de feiras e congressos, até
alcançar o status de destacada montadora dos jogos
Pan-Americanos sediados no rio de Janeiro, em 2007.
Mas os primeiros dos 25 anos não foram nada fáceis,
como é de praxe em todo início de jornada. Ainda assim,
os mais antigos se recordam dessa época com muita ale-
gria pela oportunidade de vencer as dificuldades. Muni-
dos da coragem, da intuição e de muito improviso, os pri-
meiros funcionários eram valorosos soldados da brigada
LPr que abria picadas no setor de eventos paranaense.
Saudando a reputada fama da LPr de hoje, os fun-
cionários mais antigos acompanharam as mudanças que
viram acontecer na empresa. São boas e saudosas lem-
branças, diz o pioneiro Aparecido Lopes Samuel, o Seu
Cido. Ele ri muito quando se lembra da timidez vergo-
nhosa com que ele e seus colegas desciam os materiais
da velha F-4000 para montar os tacanhos primeiros es-
tandes nas feiras pelo Paraná e interior de São Paulo. “do
nosso lado, bem ali, estavam grandes empresas do setor
fLPR | 11
LPR | 12
na época, com materiais diferentes e bonitos, e
gente especializada. Ficávamos acanhados com
aquelas montadoras importantes do nosso lado.
Eles tinham umas carretonas bonitas, eram todos
bem vestidos, uniformizados... Nossa Senhora!
Nós montávamos seis, sete estandes, enquanto
eles montavam aquele mundaréu!”
Esses primeiros percalços, entretanto, torna-
ram-se alavancas para as conquistas da empre-
sa, foram exemplos que a pequena equipe da
LPr usou para se espelhar e fazer mais e me-
lhor. “É impressionante olhar para a LPr hoje e
ver como tudo se transformou!”, confirma Seu
Cido. de repente, 25 anos se passaram “como
um tiro” – expressão muito utilizada naqueles
anos 1980 de tantas transformações.
O homem que desfia essas lembranças é o
mesmo Cido de sorriso franco e boa risada que
iniciou uma jornada ao lado do empresário Pedro
Lopes, muito antes que ele sonhasse em montar a
LPr. A empresa começou com cinco, seis funcio-
nários, conta Seu Cido. “Nós trabalhávamos no
almoxarifado e fazíamos um pouco de tudo”. E
o que ele chama de “tudo” eram tarefas distribuí-
das para quase todos, da limpeza do material ao
carregamento da carga para a montagem dos es-
tandes. “A gente carregava o caminhãozinho, via-
java, montava os estandes na feira e até dormia
dentro deles, quando não havia condições para
ficar em hotel. E não foram poucas vezes, não!
históriAs pArA contAr
SEU CIDO: a memória traz à tona os primeiros
anos da empresa, desafiantes, difíceis mas bons
de serem relembrados.
Valeu a pena tudo isso. Valeu a pena tantos anos de trabalho. É bacana participar desse trabalho e
ter histórias para contar.
“ “
LPR | 13
Na lembrança do Seu Cido, a velha caminho-
nete F-4000 era mais ou menos assim, uma
força modesta, porém gloriosa, no trabalho
de transportar os sonhos da empresa.
Tudo isso só nós cinco fazendo. Hoje já perdi a
conta de quantos funcionários somos.”
NA VELHA F-4000
No início, como os outros, Seu Cido também
estava aprendendo. “Começamos a viajar, correr
este país. Eu parava mais no mundão aí do que
em casa.” A caminhonete comia as estradas do in-
terior do Paraná e de São Paulo, sempre recheada
de materiais. Aquilo tudo reunido seguia para as
primeiras feiras que a LPr começou a montar um
pouco aqui, outro tanto ali. “A gente virava a noi-
te na estrada, ia para tudo quanto é lugar”. Cia-
norte, Maringá, Garça, Araçatuba... Paraná e São
Paulo eram destinos certos nos primeiros anos.
depois vieram rio Grande do Sul, Santa Catarina,
rio de Janeiro, e até Angola - na África -, além
dos Estados Unidos, vários países da Europa e os
Emirados Árabes Unidos.
Aos poucos, o que era sonho tornou-se reali-
dade. A estratégia foi se estruturando e sustentan-
do as novidades. Tudo que era visto como dife-
rente nas feiras a pequena equipe da LPr absorvia
imediatamente e levava de volta para Londrina,
onde as conversas e a vontade de mudar davam
conta de transformar em realidade. Assim, nas
viagens seguintes, quando a LPr chegava para a
montagem de novos estandes, um passo novo
havia sido dado. “Tínhamos aquela vontade de
alcançar os melhores, de crescer”, relembra Seu
Cido, nutrido do mesmo entusiasmo que o trou-
xe até a primeira década do século XXi trabalhan-
do na empresa que ama. “Foi essa vontade, essa
pressa de vencer, que fez com que a LPr crescesse
rapidamente, contratasse mais pessoas, até che-
gar ao que somos hoje, uma grande empresa,
umas das melhores do Brasil, trabalhando para
outros países, abrindo filiais.”
Em poucos anos, a LPr seguia a par e passo
com o mercado. As feiras já exigiam outros ma-
teriais, deixando para trás os tempos da madeira
pintada. O que começou pequeno ganhou corpo
e expressão e o sonho da LPr já não cabia mais
na velha caminhonete nem no pequeno barracão
dos primeiros tempos. Foi preciso mudar. Os ma-
históriAs pArA contAr
teriais ganhavam novo perfil e a pequena empre-
sa já não vencia mais atender a tantos pedidos.
Uma nova estratégia de organização interna ga-
nhou corpo. Seu Cido estava lá e viu a equipe seguir
uma coordenação especial sob a liderança do novo
colega Valdemir Alves da Silva, até hoje um senhor
diretor do setor na empresa, hoje chamado de lo-
gística. No comando do almoxarifado, Valdemir era
mais um companheiro na virada dos dias e noites
misturados à regra básica seguida pela equipe: ja-
mais atrasar uma montagem. “Virávamos uma, duas
noites trabalhando, dormindo só um pouquinho...”,
recorda-se Seu Cido. “Os motoristas ficavam espe-
rando com o caminhão para carregar porque a feira
ia começar e não podíamos atrasar.”
AVENTUrAS POr AÍ
Seu Cido é a própria memória da empresa
quando puxa os fatos como se fosse um filme pas-
Foi uma vitória montar em tempo recorde aqueles estandes inovadores que só as empresas experientes montavam. Por isso comemoramos.
“ “PEDRO LOPES: na feira em Maringá, no
Paraná, um grande feito marcou a agenda
da jovem empresa, com orgulho.
LPR | 14
sado com delicadeza. Lembra-se dos sufocos e das
dificuldades com a mesma alegria. Tudo faz parte
da história que ajudou a construir. Puxa do seu
arquivo pessoal as poucas e boas que viveu pela
estrada afora. Como aquela vez em que os rapazes
chegaram no tempo justo para montar o estande
numa feira e, por conta disso, acabaram ficando
sem “teto” para dormir, pois a feira já ia começar.
O jeito foi se ajeitar debaixo do caminhão mesmo,
onde todos puderam dormir o sono dos justos de-
pois de tanto trabalho.
Numa outra vez, em Ourinhos, interior de
São Paulo, o aperto foi pela falta de recursos para
comprar duas passagens que levassem Seu Cido
e o Valdir dali para Garça, destino do evento se-
guinte na agenda da LPr. “dentro da cabine do
caminhão não cabia todo mundo. Então, fomos
eu e o Valdir em cima da carga, nos ajeitando para
não sermos descobertos pelos guardas.”
Ele ri ao lembrar. recorda-se com uma boa gar-
galhada da friagem que ele, seus colegas e até o pa-
trão Pedro Lopes passaram na lendária Festa da Uva,
em Caxias do Sul, nos idos dos anos 1990. “Lembro-
-me de uma vez que até nevou! Eu estava com duas
blusas pesadas e ainda tremia de frio. Na casa em
que ficamos, eu é que levantava cedo para fazer o
café. Para que a água não congelasse na torneira, no
dia seguinte, era preciso colocá-la num balde grande
antes de dormir. Era isso todos os dias.”
histórias para contar
DEPOIS DE MUITO TRABALHO, nos pio-
neiros tempos da empresa, era nos ve-
lhos estandes de madeira que os heróicos
montadores da LPR iam dormir.
LPR | 15
No final, tudo dava certo e, em meio às bai-
xas temperaturas do Sul, a equipe da LPr tinha lá
suas maneiras de vencer o frio: com muita ener-
gia gerada pelo trabalho braçal e, no final, com
um bom copo de vinho para comemorar. Afinal,
era a Festa da Uva.
Eram tempos pioneiros, tempo de muitos de-
safios. Havia sufoco e havia compensações movi-
das à adrenalina exigida pelo tempo, o implacável
senhor da LPr. Foi na Expoingá, feira agrope-
cuária de Maringá (Norte do Paraná), que o reló-
gio tornou-se um cruel patrão. “Já chegamos um
pouco tarde, e quando terminamos e vimos que
havia dado tempo de montar todos os estandes,
pulamos de alegria”, recorda-se o Cido de 70
anos, jovem de novo com a alegria de poder
contar essa história com a mesma satisfação com
que a viveu no passado. “Eram muitos estandes.
Viramos noites, mas entregamos no prazo”.
O empresário Pedro Lopes confirma. Ele
também lembra como se fosse hoje. “Foi a pri-
meira vez que montamos um estande externo
com telhado. Como esse tipo de estande era
algo inovador, montado apenas por empresas
muito experientes, tornou-se um desafio impor-
tante para nós naquela feira de Maringá. Então,
realmente, foi uma comemoração. E os estandes
ficaram de fato bonitos, eram os mais bonitos
estandes da feira”, ressalta Pedro, sem modéstia
e com uma boa dose de nostalgia. Afinal, era na
LPR | 16
dureza daquelas horas contadas que a LPr ia fa-
zendo escola entre todos aqueles que aceitaram
o desafio de pertencer à empresa.
“Nessa época, a gente ainda dormia no es-
tande para economizar. Levava cobertor, pijama.
Enfrentava banheiro com água fria... Nós já pas-
samos por cada uma, hein?!”. Na memória do
Seu Cido, a lembrança é sempre boa, embora
fossem tempos difíceis. Seu sorriso franco de-
monstra que aqueles tempos pioneiros são
como um troféu para as vitórias conquistadas
até hoje. Seus olhos brilham e ninguém diz que
esse homem passou tantos dias fora de casa, de-
dicado ao trabalho, que quase não viu suas três
filhas crescerem. Hoje sente orgulho da família
que construiu junto à esposa rosa e da história
que ele ajudou a escrever na empresa.
NA ATiVA
Há alguns anos Seu Cido não viaja mais. Tra-
balha no almoxarifado da matriz, em Londrina,
um dos corações da LPr: por ali, todas as artérias
e todos os fatos circulam. A conexão com os de-
partamentos e com a vida da indústria é um vital
encontro em que se misturam o conhecimento, a
mão-de-obra, a experiência, a liderança e muito,
muito trabalho. Ali, o veterano homem dos primei-
ros tempos mantém-se na ativa. Não quer parar.
São quase 30 anos ao lado do empresário Pe-
históriAs pArA contAr
LPR | 17
dro Lopes, pois começou quando ainda trabalhava
no Londrina Country Club, onde era funcionário
de serviços gerais, e o empresário, presidente do
clube. dali, Pedro o levaria para trabalhar com ele e
sua equipe na construtora que dirigia e, na sequên-
cia, para a empresa de eventos que montaria. Cido
é colaborador de primeira hora. É um dos muitos
aventureiros que compuseram e continuam a fazer
parte da jovem LPr que jamais envelhece. “E eu,
como a empresa, não tenho tempo de envelhe-
cer”, diz ele, satisfeito com sua filosofia.
Há quem lhe pergunte se valeu a pena tanta
dedicação, e ele nem titubeia: “Eu digo que valeu
porque é bacana participar de uma empresa que
a gente viu nascer, acompanhou, participou, viu
crescer. Valeu a pena, sim, e muito. Criei as mi-
nhas filhas; tudo que tenho devo ao meu trabalho
aqui. Estou feliz. Tenho história para contar.”
históriAs pArA contAr
A semente da LPRCapítulo III
c tonomia de fazer valer por conta própria a sua
vontade de realizar. Esse poder tem lhe permitido
construir um lugar independente, podendo viver
milhares de anos através da vida dos povos que
para lá seguiram, oriundos de estados e países os
mais diversos.
Terra de forasteiros, a cidade forjou muitas em-
presas com essa mesma vontade, empresas que nas-
ceram nos primeiros tempos - na década de 1930
- e que ainda hoje convivem com as mais caçulas,
fazendo andar rápido a segunda maior cidade do
Paraná - depois da capital Curitiba -, a terceira do
Sul do país. Foi em Londrina, metrópole mutante e
jovem senhora, que a LPr deu os primeiros passos
ontar a história de uma empresa
é quase sempre contar a história
de quem a criou e sua terra natal,
assim como falar de uma família
é, necessariamente, relembrar
seus antepassados. A LPr nasceu
em Londrina, o que já esclarece muito sobre sua
identidade. Para quem não conhece, Londrina é
uma cidade do Norte do Paraná conhecida por
sua juventude eterna.
É verdade!
Esse pedaço do Brasil localizado no Sul do
país, e que tem apenas 77 anos de vida, construiu
uma história rica e diversa pautada sempre na au-
LPR | 18
A semente dA lpr
na década de 1980, tornando-se conhecida, anos
depois, em todo o país e no exterior.
Quando a década de 1980 chegou, com suas
mudanças pontuais na economia, na política e
nos costumes, Londrina vivia o primeiro passo de
uma cidade se verticalizando assustadoramente.
A “província” que vivera tantos anos sob a custó-
dia do ouro verde, tornando-se a Capital Mundial
do Café, ia ganhando outro perfil entre a década
de 1970 e de 1980, um perfil que encarava os no-
vos tempos de uma indústria diferente; não mais
a cultura exclusivista do café mas um movimento
que começava a revolucionar o terceiro setor. A
construção civil, os muitos projetos no setor edu-
cacional e a força de uma medicina de vanguarda
iam colecionando pontos para a cidade que ficou
tantos anos dependente da monocultura.
Com o lastro da Universidade Estadual de
Londrina - a primeira - e das faculdades diversas
anos depois, a educação e a cultura ganharam
força, promovendo debates com os festivais inter-
nacionais de teatro e de música com um vigor só
visto em grandes centros.
Londrina fervilhava nos anos 1980. Quem vi-
veu, sabe. Quem não viu, deve ter ouvido falar e
sente ainda hoje as marcas de uma cidade que
deu tudo de si para chegar ao século XXi vigorosa
e ciente da sua vocação para a prestação de servi-
ços. A indústria dos negócios ganhou força onde
antes se reivindicava um parque industrial base-
ado nas chaminés e na baixa qualidade de vida.
Também foram anos muito difíceis, apesar da
esperança que se espelhava no rosto dos brasilei-
ros. Com a abertura política, o retorno das elei-
ções diretas para os principais cargos políticos e
a volta dos civis ao poder trouxeram um facho
de luz à combalida fé do brasileiro-londrinense,
sufocada durante 20 anos com a ditadura militar.
Por todo o país, um lampejo de felicidade pairava
do café à construção civil, Lon-drina viveu muitas transforma-ções em poucas décadas.
LPR | 19
nas ruas, espalhada pelas mãos que aplaudiam o
movimento das Diretas Já. Londrina viu o lendá-
rio Calçadão ficar completamente tomado por
uma multidão de 50 mil pessoas, homens e mu-
lheres em busca do sonho prometido, exigindo
eleições diretas para Presidente.
Na década de 1980, os jovens que acorriam
do vizinho Estado de São Paulo – como seus an-
tepassados, que fincaram raízes no início da colo-
nização da cidade -, gozavam seus dias no movi-
mento estudantil ou nos botecos e agitadas festas
das “repúblicas”. As tais “revoluções”, no atacado
e no varejo, movimentavam a vida desses novos
habitantes da cidade, nesse período já preceden-
do o movimento educacional que a região metro-
politana da cidade viveria anos depois, com suas
18 instituições de ensino superior e as muitas en-
tidades educacionais que tornaram Londrina uma
referência em educação no Paraná.
Foi nessa época de mudanças, com crises eco-
nômicas de toda a ordem e com o Brasil abrindo-
-se para si mesmo e para o mundo, que as em-
presas “modernas” descobriram o ser humano.
O país começava a investir em recursos humanos
nas empresas, lastreado, principalmente, pela
Constituição de 1988, que precisava reverter a
falta de direitos suprimidos por mais de 20 anos
de ditadura. Os brasileiros abriram-se à mudança,
aos direitos da mulher de ter direito à licença-
-maternidade, aos direitos da criança e do ado-
lescente. As mulheres deram passos mais firmes
para ganhar o mercado de trabalho em massa.
A semente dA lpr
A revolução dos espigões levou os olhos dos londri-nenses para o alto.
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LPR | 21
Londrina seguia nessa toada.
O Brasil vivia já as conseqüências do malfada-
do milagre econômico, herança que os militares
iam deixando para os brasileiros sob o disfarce
da “abertura ampla e irrestrita”. Com o financia-
mento externo mais caro, a economia brasileira
entrou num período de dificuldades crescentes,
que levaram o país ao desequilíbrio da balança
de pagamentos e ao descontrole da inflação. Era
a recessão chegando, abrindo crises em todos os
lugares, ainda que o propalado Plano Cruzado
tentasse tudo para reverter os problemas. Vivia-
-se o mergulho numa longa recessão que pratica-
mente bloqueou todo o crescimento econômico,
ou o que se dizia haver dele.
Em plena década da abertura política, Londri-
na ganhava projeção com o terceiro setor se orga-
nizando, ainda que as lideranças clamassem por
uma vocação industrial, convocando os adminis-
tradores a atrair indústrias para fabricar empre-
gos. Mas a cidade produzia sua própria manufa-
tura, tendo na construção civil seu alicerce maior.
Todos precisavam de moradia – de estudantes a
empresários – e o marketing dos espigões ex-
plodiu, altaneiro. Construtoras de diversos tama-
nhos erguiam seus projetos dirigidos a diversas
classes sociais, fabricando moradias e empregos.
A tendência vinha de longa data.
Na década de 1950, a evasão de divisas levou um
empreendedor da cidade a inventar um desafio. O
dinheiro ganho na cidade estava sendo investido em
outras localidades, principalmente Curitiba e São
Paulo. Para tentar combater esse processo, o empre-
sário rômulo Veronesi iniciou, em 1957, uma série
de lançamentos imobiliários que iriam ajudar a man-
ter na cidade uma parcela maior dos ganhos com as
plantações de café e com o comércio. O primeiro
lançamento de Veronesi foi o Edifício Bosque, em
parceria com o jornalista e empresário João Milanez.
Em 1958, Veronesi lançou o Edifício Centro Co-
mercial, que vendeu em uma semana todos os 220
primeiros apartamentos. depois foram lançados os
edifícios Júlio Fuganti, Cinzia, Galeria Folha de Lon-
drina e Panorama, símbolos de uma época áurea da
cidade subindo aos céus.
Os prédios começaram a subir, um a um, en-
chendo os olhos dos londrinenses, e até mesmo
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daqueles que chegavam de cidades maiores. Mui-
tos ganharam dinheiro nessa época sabendo ofe-
recer ou comprar o imóvel certo na ocasião certa.
Era preciso correr para acompanhar a força
das casas e prédios que iam brotando pela cida-
de. Casas de madeira conviviam com palacetes
na Avenida Higienópolis e espigões pululavam
no centro, mostrando a “modernidade” daquela
gente que, estimulada pela construção civil, não
media tijolos para gastar o dinheiro ganho na
lavoura do café e no comércio. A tendência, por-
tanto, seguia fazendo escola nos agitados anos
1980. Foi nesse cenário que nasceu a Lopes &
Andrade, construtora que tinha à frente o enge-
nheiro civil Pedro Sperandio Lopes, formado na
primeira turma de engenharia civil da Universi-
dade Estadual de Londrina, e a empresária de
confecções rosana Andrade.
Com a construtora, foi possível a eles erguer
muitos sonhos, participando dessa época de tan-
tas realizações na construção civil da cidade.
O rEALiZAdOr
Mas a terra natal do empresário Pedro Lopes o
convocava a uma participação ainda maior. Como
se não bastasse o trabalho à frente da construtora
e a direção do Londrina Country Club, que aceitara
ocupar nos primeiros anos da década de 1980, Pe-
dro acabou assumindo outro desafio nesse período.
Wilson Moreira, um mineiro tinhoso que nunca
abandonava nada no meio do caminho, foi enfático
ao convidar Lopes para assumir a Autarquia de Es-
portes e Turismo da Prefeitura de Londrina, a Ame-
tur. Foi direto também ao retrucar a recusa do enge-
nheiro, que disse estar lisonjeado com o convite mas
que não podia aceitar porque não havia votado nele
e sim em seu adversário nas últimas eleições.
- Não estou procurando eleitor, mas gente que
saiba trabalhar – disse, convicto, o prefeito.
Foi o que bastou para que aquele homem de
31 anos, agitado e cheio de energia, aceitasse o
desafio de entrar para a equipe do famoso Wilson
Moreira, um empresário mineiro que adminis-
trou Londrina entre 1983 e 1988. Ele fez fama e
fortuna na região Norte do Paraná por conta de
sua obstinação, força de trabalho e poder de eco-
nomia. Era famoso por sua “mão fechada”, mas
era conhecido também, e principalmente, por
sua capacidade de realizar. Assim, receber um
convite desse homem de ação, que tanto prestí-
gio tinha na sociedade londrinense, era uma hon-
raria digna de vaidade.
Mas, para quem dispensava a vaidade sem pro-
pósito – como Pedro Lopes -, ser chamado para
compor a equipe que fez uma das mais brilhantes
administrações públicas de Londrina, já era, de
qualquer forma, um certificado de competência.
Ele confirma: “Trabalhar com o dr. Wilson foi
um aprendizado. Nas reuniões comandadas por
ele, eu me sentia como um aluno diante de um
professor rigoroso. Todo projeto que apresentá-
vamos tinha que estar acompanhado dos prós e
dos contras. Não bastavam apenas os prós; se o
A semente dA lpr
LPR | 23
O prefeito Wilson Moreira (no centro, de óculos), homenageia pioneiros de
Londrina, ao lado de autoridades da época. A festa havia sido coordenada
por seu secretário Pedro Lopes, a quem convidara para compor o governo.
projeto não contivesse os contras, ele simples-
mente o ignorava.”
Constavam na cartilha de Moreira os fatos re-
ais, sem maquiagem. Era assim que ele conseguia
realizar tanto: pondo os pés inteiramente no chão.
E foi assim que Pedro Lopes entendeu. “Ele me en-
sinou: faz a lista de prós e dos contras e veja qual
que ganha. Veja o que tem numa e o que tem na
outra; se as duas colunas estiverem meio empata-
das, não faça nada; isso indica que é para tentar um
outro projeto. É preciso ter pelo menos 80% de
prós para que você realize o projeto”, ensinou Mo-
reira, que, aliás, era também um engenheiro, como
Pedro Lopes, mas especializado em eletricidade.
Até hoje, 27 anos depois de protagonizar uma
das mais respeitadas e brilhantes administrações
à frente da Ametur – a autarquia que dirigiu entre
A semente dA lpr
1984 e 1986 -, Lopes confessa que a listinha não
lhe deixa errar na maioria dos planos que empre-
ende. Na LPr, empresa da qual se orgulha e com
a qual fez história no Paraná e no Brasil, os prós
e os contras continuam sendo uma justa medida
nos momentos cruciais de decisões da empresa.
Foi assim em muitos momentos da vida em-
presarial e naqueles primeiros anos que antece-
deram a criação da LPr. Pode-se dizer, aliás, que
a LPr tinha já sua semente lançada nos primeiros
atos de trabalho de Lopes à frente da Ametur,
ou até muito antes, quando o engenheiro civil
– dono da então Construtora Lopes & Andrade,
com cerca de 200 funcionários - nem sonhava em
se tornar um realizador de eventos.
“Fui convidado para a Ametur devido ao bom
trabalho que fiz no Londrina Country Club. O
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LPR | 24
À frente da Ametur, o engenheiro
Pedro Lopes reorganizava a autar-
quia, com uma administração enér-
gica e arrojada, que convidava Lon-
drina para as promoções culturais
e esportivas da cidade. A imprensa
deu espaço para que o secretário de
esportes expressasse sua opinião e
mostrasse um trabalho diferente e
fundamental para a administração
pública na época.
O secretário de esportes
LPR | 25
clube estava praticamente parado e precisava de
um empurrão”, relembra Lopes, que junto a uma
boa equipe de trabalho passou a dirigir o Country
com muito entusiasmo. No rol de desafios, os no-
vos diretores enfrentaram uma extensa ficha de
inadimplentes – cujas dívidas foram todas pagas
graças a um plano de cobrança sui generis pro-
posto por Lopes. A ideia era publicar no jornal
de maior circulação da cidade, a Folha de Lon-
drina, os nomes dos “famosos” inadimplentes. E
eles eram mesmo muito famosos – de políticos,
a empresários e representantes do high society
local -, o que acabou por resultar no pagamento
das dívidas. Ao lado do “saneamento básico” das
mensalidades, a equipe de Lopes protagonizou
uma extensa e prazerosa lista de promoções so-
ciais que movimentou a agenda social do clube.
resultado: a nova política administrativa ganhou
pontos junto aos associados e à sociedade londri-
nense como um todo. Pedro Lopes ficou em evidên-
cia mostrando sua capacidade de realização, e o pre-
feito Wilson Moreira gostou disso. Por isso o convite.
Já à frente da Ametur, outro desafio: reorgani-
zar a autarquia, propondo mudanças substanciais
na direção, com promoções diferenciadas para o
esporte e o turismo, e ainda, responder à altu-
ra aos críticos da sua nomeação, que alardeavam
pela cidade o fato de Lopes assumir um órgão pú-
blico que cuidava dos esportes.
- O que um engenheiro entende de esportes?
– questionavam aos quatro cantos.
Alimentado pelos desafios, Lopes foi em frente
e fez de sua gestão uma histórica passagem pelo ór-
gão. É de se registrar, por exemplo, a iniciativa pio-
neira de angariar patrocínios para os esportes, algo
incomum na cidade e, inclusive, no país daquela
época. A parceria tão comum hoje entre patroci-
nadores e eventos esportivos não era corriqueira,
afinal, eram os primeiros anos da década de 1980,
tempo em que nem o esporte nem as atividades
culturais viviam desse expediente. O país estava
engatinhando na abertura política e econômica e
as leis de mercado estavam ainda muito atreladas
ao sistema conduzido pela ditadura militar.
Londrina, sempre à frente em muitos aspec-
tos, em 1984 dava os primeiros sinais de que seria
possível viver novos tempos. Ao repórter que o
inquiriu sobre as transformações pretendidas na
A semente dA lpr
LPR | 26
A consagração
Contrariando as vozes dissonantes, Lopes destacou-se na Ame-
tur, pôs a casa em ordem, criou ideias revolucionárias para o
setor na época e levou artistas importantes para se apresentar
no cartão postal da cidade, o Lago Igapó. O palco flutuante,
projetado para a ocasião, mostrou-se um sucesso no show do
Cinquentenário. A comunidade compareceu em peso e o su-
cesso foi estampado na imprensa, nos dias seguintes.
LPR | 27
Ametur, onze dias apenas após sua posse, Pedro
Lopes foi enfático, antes mesmo que o jornalista
ligasse o gravador. “Sabe o que é? Com a revolu-
ção de 1964, a minha geração ficou amortecida.
Uns poucos resolveram ir à luta, a maioria deci-
diu ficar ausente de tudo. Agora, que estamos
recuperando um espaço, temos que aproveitar,
soltar aquela energia que estava contida.”
Pedro Lopes entendia o recado de seu tempo
e, por isso, abraçou a oportunidade que teve para
mostrar como se fazia uma boa gestão. Anunciou
novidades, como a Olimpíada do Trabalhador,
a venda de espaços publicitários no Ginásio de
Esportes Moringão – palco de jogos importantes
para a cidade -, cobrança da taxa de manutenção
das cadeiras cativas do Estádio do Café – expe-
diente criado anos antes e jamais cobrado dos
“donos” das cadeiras. “Fui atrás de grandes patro-
cinadores. Fiz contatos junto aos executivos do
Banestado (o Banco do Estado do Paraná) e do
Bamerindus para patrocinarem nossos eventos
esportivos, e isso foi o máximo na cidade!”. As
duas instituições financeiras já não existem, mas,
principalmente o Bamerindus – um banco genui-
namente paranaense -, ficou muito conhecido
nas décadas de 1980 e 1990 por seu expressivo
apoio à agenda cultural do Paraná e do Brasil.
Com status de secretário de esportes, Pedro
Lopes antecipou a era dos patrocínios privados
em Londrina e puxou a fila dos grandes eventos
promovidos de forma profissional com a partici-
pação expressiva da população da cidade. “To-
mei a iniciativa, por exemplo, de contatar a em-
presa de eventos do Luciano do Valle – o locutor
de TV que se tornou empresário do marketing
esportivo no Brasil - e acabei levando para Lon-
drina a luta do Maguila – o lutador de boxe mais
famoso da época no país. Além disso, levamos
para a cidade as seleções feminina e masculina
de basquete e, em contato com o Osmar Santos,
o maior locutor esportivo da época – ícone na
rede Globo -, levei o vôlei masculino e feminino
para brilhar na cidade”.
Era tudo novidade. E foi tudo um sucesso.
A imprensa cobriu com um espaço muito es-
pecial, dando às atividades do secretário Pedro
Lopes uma projeção à altura do trabalho que em-
preendia.
Folha de Londrina, 30 de março de 1984.
“Já familiarizado com a Ametur, Pedro re-
velou os seus planos, no mínimo audaciosos.
Ideias é o que não faltam a esse jovem que está
disposto a vencer o desafio.”
Pedro Lopes estava com 31 anos. Tinha energia
e fôlego para aceitar os desafios - e, melhor, para
inventá-los diante do que a vida lhe propunha.
Foram dias e dias de muitos acontecimentos
com uma lista grande de eventos promovidos
pela Ametur, autarquia que, no mínimo, estava
sendo chacoalhada pelo empresário Pedro Lopes,
aquele que diziam não ter condições de dirigir
um órgão responsável pelo esporte.
A semente dA lpr
LPR | 28
Assim, vencendo a natural resistência a seu
nome, até mesmo os esportistas e pessoas liga-
das ao setor - que antes o renegavam - passaram
a aplaudir as realizações da Ametur. A autarquia,
por sua vez, tornou-se presente na comunidade e
geradora de prazer junto aos cidadãos pagadores
de impostos de Londrina. isso porque, o enge-
nheiro civil traçou um plano de trabalho tão ou-
sado na direção da instituição que ele próprio se
revelou um promoter dos mais arrojados, numa
época em que esse termo sequer estava na moda.
realizou tão ou mais que a famosa lista dos prós
e contras de Wilson Moreira, e ganhou de vez o
respeito da comunidade londrinense, atraindo a
atenção daqueles que nem imaginavam a possibi-
lidade de ver o engenheiro civil Pedro Sperandio
Lopes erguer uma carreira no setor de eventos.
O clímax dessa verdadeira prova de fogo foi,
sem dúvida, o calendário de comemoração do
Cinquentenário de Londrina, uma série de eventos
engrenados e projetados para acontecer durante o
ano de 1984. “No dia do aniversário da cidade, 10
de dezembro, promovemos três bailes”, relembra
Lopes, em depoimento ao livro Wilson Moreira – a
política da eficiência, de José Antonio Pedriali. “O
palco flutuante no Lago igapó, onde Arrigo Barna-
bé deu um show, e Paulo Autran encenou, propor-
cionou momentos inesquecíveis. Construir o palco
foi um desafio aos céticos, que diziam que ele não
resistiria ao peso. Projetamos um palco capaz de
suportar várias vezes o peso previsto.”
Um sucesso!
Quem esteve nesse show de apresentações
culturais nem sequer percebeu que o palco era
móvel.
Foi um ano histórico! Além das comemorações
dos 50 anos da cidade, Pedro havia sido chamado
também para um outro trabalho, a organização
da Exposição Agropecuária de Londrina, que no
ano seguinte comemoraria suas bodas de prata.
Ali, Lopes lançou de vez a semente para a criação
da LPr. Foram necessárias muitas doses de ener-
gia naquele ano intenso, quando os frutos de um
trabalho dedicado à realização surgiam às pencas
para o engenheiro Pedro Lopes.
Conciliar tudo foi outro malabarismo possível
para o administrador de desafios.
de um lado, a direção da Ametur, exigindo
criatividade e atitudes enérgicas; de outro, mais
doses de disposição para encarar a montagem de
sua primeira edição da tradicional feira agrope-
cuária de Londrina. Foram dias agitados mesmo!
Chegar às 7 horas da manhã para as indefectíveis
reuniões do Prefeito Wilson Moreira com sua
equipe tornou-se um ponto de honra para Pedro
Lopes naquele período. “imagina como eu chega-
va para essas reuniões...”, recorda-se o empresá-
rio, no livro de memórias de Moreira.
As atividades daquele ano envolveram a co-
munidade e mostraram o prazer de Londrina por
realizar por conta própria. “Foi um ano inteiro de
muitas realizações. Foi um absurdo o quanto fize-
mos”, relembra Lopes, sem modéstia. “Foi muito
intenso! Considerei meu trabalho na Ametur um
A semente dA lpr
LPR | 29
grande prazer. Era bom de ver o ginásio de espor-
tes lotado com tanta gente! E encher o estádio
para os eventos da Ametur era algo que ninguém
tinha conseguido fazer antes”.
O apoio da imprensa, divulgando o trabalho
da Ametur, foi fundamental, relembra o ex-secre-
tário, salientando que a peça importante nesse
quebra-cabeças foi o fato dos jornalistas enten-
derem que “eu era um cara sério; com isso, não
precisei pagar para divulgarem os trabalhos da
Ametur: o sucesso foi um passaporte natural para
a divulgação de tudo que foi realizado”.
NOVOS dESAFiOS
E, enfim, quando as realizações chegaram ao
topo e Pedro Lopes teve sua motivação com prazo
de validade vencido, o prefeito Wilson Moreira foi
avisado: seu secretário de esportes buscava novas
tarefas, novos projetos; queria deixar o poder pú-
blico. “Sou movido a desafios; quando tudo pa-
rece mais ou menos pronto e parado, eu enlou-
queço”, diz Lopes. resultado: o prefeito Wilson
Moreira, que também era o desafio em pessoa,
não aceitou de jeito nenhum a recusa de Lopes.
Tinha certeza de que aquele realizador precisava
continuar na Prefeitura, ajudando a cidade.
Moreira pensou bem, “cozinhou” Pedro du-
rante um tempo – bem ao estilo mineiro - e, fi-
nalmente, encontrou outra tarefa para o homem
que adorava assumir missões quase-impossíveis:
Pedro Lopes seria o titular da Codel, a Compa-
nhia de desenvolvimento de Londrina, órgão
responsável pela administração dos negócios
promovidos pela prefeitura visando o desenvolvi-
mento da cidade. O trabalho intenso junto à Ame-
tur deu mais do que um passaporte válido para
Lopes assumir a Codel. Haveria muito por fazer.
Havia outro prazo importante para realizar o que
Moreira havia escalado para Lopes.
“dr. Wilson resolveu terminar a obra da rodo-
viária – pois Londrina estava deficitária com um
terminal muito antigo - e me colocou para cuidar
do condomínio, um sistema de cotas que ele criou
para viabilizar o terminal rodoviário à época”.
Era mais uma ideia ousada de Londrina. O
projeto do terminal rodoviário, que havia sido
proposto na gestão anterior, de Antonio Belinati,
e que, inclusive, fora projetado pelo renomado
arquiteto Oscar Niemeyer, estava parado há cin-
co anos, em vias de ser posto de lado pelo alto
custo de sua execução. A Folha de Londrina de
22 de junho de 1986 noticiou que “já haviam
sido gastos cerca de 20 milhões de cruzados para
a desapropriação do terreno, e investidos cerca
de 17 milhões de cruzados nas edificações (...),
que seriam necessários ainda mais 45 milhões de
cruzados para concluir o terminal, totalizando 82
milhões de cruzados, o que foi viabilizado graças
à venda de cotas a empresários de Londrina.”
Era preciso realizá-lo, pois a rodoviária an-
tiga já não comportava mais o fluxo de 25 mil
passageiros/dia, um movimento que dava bem a
dimensão da região metropolitana que ia se for-
A semente dA lpr
mando tendo Londrina como centro. Pois bem:
Wilson Moreira queria resolver de vez mais essa
equação aparentemente insolúvel. “Por sua mag-
nitude, seria um projeto dirigido mais à capital
São Paulo, não para a Londrina daquela época.
Para se ter uma ideia – compara Lopes - o investi-
mento representava mais que o orçamento de um
ano do município só para essa obra.”
Mas era preciso fazer. E Moreira era realizador.
Ele então se reuniu e negociou as mudanças pes-
soalmente com o arquiteto Niemeyer, visando à
economia na construção. Foi a única obra, no ex-
tenso currículo do renomado arquiteto, a sofrer
uma alteração. Lopes ficou responsável pelo or-
çamento e pelas cotas a serem negociadas com os
futuros condôminos. “Vendi mais de 70 milhões
em cotas e paguei a rodoviária com o dinheiro
das vendas. E para as pessoas que compraram foi
um bom negócio. Puderam pagar os impostos
cinco anos depois e rendeu muito mais do que
qualquer aplicação financeira da época. Não fos-
se pelas cotas, não haveria rodoviária como ela é
hoje. Aliás, essa foi a única obra em que o Oscar
Niemeyer aceitou mudar alguma coisa. É a única
obra dele que tem estrutura metálica, com telha-
do de alumínio.”
Em 1988, Londrina conhecia sua nova estação
rodoviária, em substituição ao terminal inaugura-
A semente dA lpr
Rodoviária com grifeCom o projeto assinado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer, a rodoviária de Londrina tornou-se uma realidade sob a administração de Wilson Mo-reira e coordenação de vendas das cotas de condo-mínio a cargo do secretário Pedro Lopes.
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A semente dA lpr
do em 1952, tendo projeto de outro famoso ar-
quiteto brasileiro, João Batista Villanova Artigas,
o papa da arquitetura dos anos 1950.
Assim, oito anos após ter aberto uma cons-
trutora, Pedro Lopes tornava-se responsável, em
grande parte, pela construção de uma agenda de
eventos destacados para o esporte e o turismo da
cidade, além da importante obra empresarial da
estação rodoviária de Londrina. Mas atuar como
servidor público era um viver transitório para Pe-
dro Lopes, o empresário livre e sem amarras. Seu
negócio era a iniciativa privada e tão logo os desa-
fios foram carecendo de incentivos vitais na admi-
nistração pública, Lopes foi voltando à dedicação
exclusiva de sua construtora, da qual não havia
se desligado. Todavia, o engenheiro que montara
sua construtora aos 24 anos de idade, aos 35 -
quando deixou a administração pública -, estava
mais ansioso do que nunca por realizar projetos
diferenciados. Precisava de um novo desafio, esse
substantivo abstrato que traçou o conceito de sua
vida e fez desenhar projetos ainda mais ousados
nos anos seguintes.
Pedro foi realizar eventos.
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Capítulo IV
omo se vê, é da gênese de Londrina
empreender com autonomia, so-
mando os talentos locais às ideias
oriundas de todos os cantos do
país. Foi assim nas empresas mais
antigas, tem sido assim nas mais
jovens. Aquele intenso movimento migratório do
início do século XX, que recheou a cidade de ho-
mens e mulheres em busca de seus sonhos, hoje
impulsiona Londrina em áreas que a tornam re-
ferência em todo o país. A cidade se mantém re-
ceptiva aos “de fora” e, por isso, também, cultiva
em sua verve cosmopolita a liberdade de quem
pode fazer o inverso: exportar produtos, serviços
e conhecimento para outras cidades e grandes ca-
pitais, como São Paulo e rio de Janeiro.
A LPr é o exemplo mais claro desse talento de
portas abertas.
Como Londrina, a empresa tem em seus qua-
dros pessoas de diversas regiões e, principalmen-
te, de variadas gerações. Por essa mesma porta
que recebe o mundo, a LPr exporta seu trabalho
e vê saírem prontas ideias transformadas em pro-
dutos e serviços que ultrapassam aquela máxima
de que, no mínimo, o que é bom só pode ser feito
nos grandes centros. Londrina prova o contrário
e mostra o porquê nessa mistura de gerações. A
história de trabalho dessa cidade explica muito
do que se fez em apenas 77 anos para construir
uma metrópole de meio milhão de habitantes.
Quando deu os primeiros passos na década
de 1980, a LPr era uma jovem empresa seguindo
os passos da cidade que lhe deu vida. Autônoma
e valente, uniu um punhado de pessoas dispostas
a fazer valer seus sonhos. Como Londrina, que
recebeu imigrantes e outros brasileiros em suas
lavouras e na cidade, a LPr contou com a parceria
de homens como João Ferreira de Lima, cearense
“arretado” que completou 87 anos em plenas bo-
das de prata da empresa que ama.
Como o colega Cido – paulista de Birigui -,
Seu João é outro importante personagem desta
história que se mostra igualmente impressiona-
do com o tamanho da empresa que ele ajudou
a construir. Não fosse pela memória já falhando
e ninguém diria que o valente cearense está pró-
cOs primeiros sonhos
os primeiros sonhos
SEU JOÃO (À DIREITA) E O AMOR
PELA EMPRESA: só falha a memória
dos fatos mas a memória do coração
está intacta. A empresa de sua vida
nunca desaparecerá. Mesmo apo-
sentado, ele gosta de visitar a LPR,
revendo as pessoas e revivendo os
velhos tempos.
Era uma época difícil. Não tinha facilidade, não. Agora tudo é mais fácil, é uma beleza!
“ “LPR | 34
ximo dos seus 90 anos. Já se aposentou, mas é
de lei sua ida à empresa sempre que tem vonta-
de. Chega, circula pelos departamentos e recheia
suas conversas com um presente tirado da sacola
que leva no ombro direito, atravessada na diago-
nal, como um moleque dos tempos do velho esti-
lingue. de lá, tira com um sorriso e uma conversa
boa, um punhado de balas que enche sua mão e
com as quais presenteia seus colegas em meio a
muita conversa.
Seu João adora passar horas falando e ouvin-
do o que têm a dizer esses “meninos”, como ele
chama os funcionários mais jovens, sejam eles de
que idade forem. O mais antigo deles, o próprio
Pedro Lopes, é também um desses “garotos” que
Seu João adota como parceiros de sua história.
Com ele mantém o respeito protocolar comum
entre patrão e empregado mas não se atém à dis-
tância natural desses mandamentos. Gasta tempo
com Pedro, como com qualquer outro colega,
e tem conversas informais com ele como se vi-
zinhos fossem de quarteirão. E Pedro, que não
desperdiça um bom papo com aqueles de quem
LPR | 35
LPR | 36
em 1931 -, também teve na LPr uma parceira im-
portante nesse período. Como Seu Cido, Pedro
recorda-se do frio que passaram no rio Grande
do Sul, por conta desse evento, em contraste com
o forte calor que deixavam para trás no Norte do
Paraná. “Era um sofrimento!”, recorda-se, rindo
muito. “E foi justamente na Festa da Uva que de-
mos um salto no mercado, até pela importância
da festa naquela época”, afiança Lopes.
Seu João se lembra vagamente dessas conver-
sas que os montadores voltavam contando de suas
aventuras pelos eventos afora. Todavia, tem bem
claro na memória o trabalho que ajudava a empe-
nhar na empresa antes que a equipe partisse levan-
do os materiais para a montagem fora de Londrina.
Ele era da turma que permanecia na fábrica. Seu
João cuidava dos serviços gerais. “Naquela época
eu tinha força, não sentia o trabalho. Agora não te-
nho força para nada.” Mas é com esse pouquinho
de energia que Seu João reúne suas lembranças
para visitar a casa que o acolheu por tantos anos.
“Quando eu comecei, eles eram da área de cons-
trução civil. Então, eu trabalhava com concreto,
fui pedreiro, assistente de pedreiro”. Esses conhe-
cimentos Seu João levou para a “fábrica de estan-
des”, onde aprendeu a construir uma outra forma
de trabalho e de vida.
reclamando da memória, que anda muito
ruim, segundo ele, Seu João recorda-se, no en-
tanto, dos primeiros tempos da transição dos
negócios da LPr, quando essa mesma construção
civil que o acolheu nos primórdios conviveu, du-
gosta, sempre tem uma boa palavra de afeto e
entusiasmo para o João que o acompanhou tam-
bém nessa jornada da LPr. “Outro dia nos encon-
tramos no corredor e a conversa durou toda a
manhã”, conta o antigo funcionário. Envolvidos
na troca de informações de dois velhos amigos,
ambos nem se deram conta de que o tempo pas-
sara... e Seu João acabou perdendo o ônibus que
o levaria de volta para casa. relembrando a oca-
sião, o velho funcionário se emociona. “Não tem
problema. Fui para casa em outro ônibus, pois o
que eu não podia perder era essa conversa com
ele, que estava muito boa!”
Se o velho João tem pela empresa o maior res-
peito, a LPr tem pelo antigo funcionário muita
gratidão. E esse bom relacionamento de “colegas”
é assim como uma marca registrada do empresá-
rio Pedro Lopes. Ele faz questão de ressaltar essa
qualidade que vê em si e que torna as relações
com a equipe mais forte, bem ao estilo espanhol
carismático e muito franco, conhecido por todos.
Alguns desses momentos de proximidade
com os funcionários ocupam parte da memória
da LPr e estão principalmente naqueles desafian-
tes tempos do início e na afirmação da empresa
no mercado fora de Londrina. O empresário re-
lembra com carinho que também viajava com os
montadores para acompanhar alguns processos
da montagem, como aconteceu na famosa Festa
da Uva, em Caxias do Sul, na década de 1990,
quando a LPr deu um grande salto em sua carrei-
ra como montadora. O destacado evento - criado
os primeiros sonhos
LPR | 37
os primeiros sonhos
rante algum tempo, com a promoção de eventos,
negócio que começava a despontar para a LPr.
“Eles me falaram que iam trabalhar só com a
montagem, que iriam entrar em outro ramo. Foi
quando a dona rosana me chamou e disse:
- Seu João, agora vamos trabalhar de outro
modo e se deus quiser vai ser muito bom para nós!
Eles tinham fé no meu serviço e eu rendia
bem”, conta orgulhoso o Seu João da boa con-
versa, já enchendo a mão com suas balas para
oferecê-las, simpático e sereno. Torna a reclamar
da memória mas imediatamente se recorda de
que foi tão bem recebido na empresa nos anos
1980 como já havia sido na cidade, na década de
1950, tão logo chegou do interior de São Pau-
lo, onde aportou ao chegar do Ceará. “Era uma
época difícil. Não tinha facilidade, não. Agora
é tudo mais fácil, é uma beleza!” Sem perder o
encanto que o tornou apaixonado pela empresa
que o acolheu há tantos anos, o bom e velho
João não tem dúvidas: “isso aqui é minha mora-
da; esse povo é minha família”. E como tal, ele
assim tratava os colegas e patrões, sempre com
um cumprimento carinhoso.
- Oi. Passei aqui para cumprimentar a senhora.
Bom dia!
O gesto diário e matinal jamais falhava, relem-
bra a empresária rosana Andrade, fundadora da
LPr junto ao ex-marido Pedro Lopes. Hoje atu-
ando na área de produtos orgânicos, rosana re-
lembra aquele carinho diário que Seu João tinha
com todos e o prazer que sentia ao oferecê-lo,
sem distinção. “Seu João era o nosso mascote, o
funcionário mais antigo e também um membro
querido da família LPr. Quando a empresa ain-
da era pequena, ele chegava mais cedo que todo
mundo, fazia o cafezinho e levava para o Pedro.
Era todo santo dia. Muito delicado, muito sensí-
vel, foi nos conquistando. Hoje, para ele, ir a LPr
é um passeio a lhe aguçar as boas lembranças da-
quele tempo.”
E é mesmo verdade. A ida à empresa, sempre
que pode, lhe dá um ânimo especial naquele dia
que se dedica a sair do seu bairro e peregrinar
pela LPr. A peregrinação, aliás, é assunto de sua
própria vida. No passado, foi assim que encon-
trou seu destino nas terras paulistas e depois na
terra roxa do Norte do Paraná. das lavouras de
São Paulo para o sonho do Eldorado Londrina,
Seu João não teve dúvidas: partiu para o Norte
do Paraná com sua esposa Francisca. Conhecia o
café, cultura com a qual trabalhara nas fazendas
paulistas. Poderia fazer ainda mais na Capital do
ouro verde. As notícias chegavam do Norte do
Paraná com muito entusiasmo e os trabalhadores
do interior de São Paulo se encantavam. Os cole-
gas animados falavam para o João:
- Vamos pro Paraná, João! Lá está um absurdo,
uma maravilha!
“de fato, as lavouras eram a coisa mais lin-
da!” – relembra ele, testemunha da fase áurea da
Londrina de prosperidade. “das fazendas paulistas
vim para o Paraná com minha esposa Francisca.
Plantava milho, arroz, feijão no meio das ruas do
LPR | 38
cedo, às seis horas, porque eu acordava às cinco.
Fazia o café em casa e depois preparava o café na
empresa. E o Pedro gostava do meu café!
Ele dizia:
- Ô, Seu João, meu café acabou, faz um cafezi-
nho para mim...
E aquele café ele bebia com gosto!”
desse carinho, ainda que a memória falhe,
Seu João nunca vai se esquecer. “Eu sei que passei
muita coisa, fiz muita coisa aqui, agradei muito a
eles... Sei disso porque já chegou um costado de
gente aqui e eles continuam gostando de mim.”
Seu João nunca mais voltou para o Ceará. A es-
posa Francisca faleceu há 15 anos e seus seis filhos
levam cada um a sua própria vida. Embora tenha
trabalhado tantos anos numa empresa que mon-
ta estandes para feiras e eventos, João nunca foi
a uma feira, pois seu serviço era ajudar na fábrica
de Londrina. de forma indireta, no entanto, ele
sempre trabalhou para que cada evento recebesse
direitinho os estandes a serem montados na oca-
sião. É como se ele estivesse lá também. “Sempre
trabalhei aqui dentro ajudando em tudo. Fiz tudo
com muito prazer, nunca falhei. Graças a deus eu
era uma pessoa forte, tinha saúde.”
OS MAiS VELHOS
Como Londrina precisou dessa gente valente, a
LPr teve ao lado esses homens vigorosos que ves-
tiram a camisa para suá-la com prazer. Seu Cido
café. Tinha muita fartura nesse negócio.” Mas com
a geada de 1975, que acabou com o café do Nor-
te do Paraná e o sonho da Capital Londrina, tudo
mudou. “Trabalhei na erradicação do café morto.
Batalhei tanto que nem lembro tudo que fiz”.
Como tantos outros órfãos do café – proprietá-
rios de terra ou trabalhadores braçais - Seu João foi
para a cidade se empenhar na construção civil, como
pedreiro. “E acabei trabalhando na construtora do
Seu Pedro; eles me ampararam muito. Eu trabalhei
lá até de ajudante de caminhão, trazendo cimento,
areia, terra... o que precisasse eu fazia. Fui criando
amizade com as pessoas e permaneci na LPr”.
Às vezes, aquele jovem João cheio de energia
bate à porta do velho João aposentado e, cheio
de saudades, puxa-lhe alguns fatos da memória
que ele nem sempre se lembra de organizar no
dia a dia. Nessa hora, o ex-funcionário da LPr
ganha fôlego e, cheio de vontade, pega o ônibus
e segue para a empresa como fez durante tantas
décadas, agora, apenas percorrendo os depar-
tamentos para manter acesa a chama dos bons
tempos. “Se eu pudesse vir trabalhar um pou-
quinho para ter a preocupação desse serviço,
mas não tem mais jeito...”, resigna-se o cearense
que fez sua vida no Sul e que sabe, na tranqui-
lidade de seu coração laborioso, que a vida é
a roda da transformação. Mas não deixa de so-
nhar como se a memória fosse uma maquininha
de tornar o passado um presente bem gostoso:
“Eu trabalhava aqui o dia inteiro e feliz. Chegava
os primeiros sonhos
LPR | 39
foi outro que a cidade recebeu como migrante
em busca de trabalho. Ele chegou menino ao
Norte do Paraná, acompanhando a família de Bi-
rigui, no Oeste Paulista, e viu tudo isso se erguer
com tamanha força que sabe ser ele mesmo um
dos milhares de responsáveis por tudo quanto
foi construído na cidade. “Aqui era tudo café e
mato. Londrina não tinha nada, era tudo chão”.
Hoje com dois netos e as filhas criadas e estuda-
das, Seu Cido tem até tempo para lembrar do
trabalho num frigorífico, dos serviços gerais no
Country Club e da lida de pedreiro na Constru-
tora Lopes & Andrade, onde atuou por cinco
anos. “Sempre gostei de trabalhar!”, diz, com
determinação esse “colega” do Pedro Lopes, que
se comunica com um sorriso e uma expressão
de dever cumprido.
Hoje nos cuidados com os tapetes e mate-
riais que está encarregado de limpar tão logo
chegam das feiras, Seu Cido mantém a mesma
responsabilidade dos tempos de menino, quan-
do ajudava a família na lavoura, em Bela Vista do
Paraíso, a 43 km de Londrina. O compromisso
é o mesmo também para Seu João, que não de-
sempenha mais tarefas na empresa. Ainda que
nada faça, já aposentado, não abre mão de sua ida
os primeiros sonhos
à fábrica onde viu sonhos serem construídos. É
uma forma de recarregar seus pulmões saudosos
do ar da LPr que ele respirou por toda a vida.
Seu João, assim como Seu Cido, viu os últimos
25 anos passarem por seus olhos e suas mãos
como um registro de suas próprias histórias. Cio-
so de suas tarefas hoje na empresa – mais leves
que as do passado -, Seu Cido não tem medo de
envelhecer. diz ele sobre seus 70 anos: não são
nada demais, apenas o natural. E acrescenta, sem
desdenhar da longa experiência, que não tem
tempo para ficar velho.
de fato, todos têm uma trajetória importante
dentro do caminho maior trilhado pela LPr. Os
mais antigos, naturalmente, terão sempre mais
histórias para contar. daqui a 25 anos, esse poder
será passado aos mais jovens de hoje. Como Seu
Cido e Seu João, esses “meninos” de hoje serão
os senhores do amanhã, donos de um tempo que
já se foi e que precisará ser relembrado para que,
de fato, possa permanecer para sempre.
É a própria vida fazendo girar a roda da trans-
formação, sem a qual, ninguém nem empresa
alguma poderá seguir evoluindo. Lá na frente,
como os antigos, os jovens de hoje também en-
tenderão o valor dos que fizeram primeiro.
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LPR | 41
Capítulo V
LPr nasceu assim, desses muitos
desafios que aconteceram nos pri-
meiros anos da década de 1980.
Nem bem deixava as últimas rea-
lizações na Prefeitura de Londri-
na como secretário de esportes, e
Pedro Lopes já se envolvia em novas invenções.
Lastreado pelas recentes realizações no Londrina
Country Club e na vitoriosa passagem pela Ame-
tur, ele começou a receber convites inusitados.
“As pessoas começaram a me procurar para fazer
festas; pediam que eu ajudasse na promoção de
eventos”.
- Pedro, dá uma força aí. Você entende disso.
“Eu fui dando essa força que pediam, ajudava
aqui, ali... Mas chegou um momento em que pa-
rei e pensei: espera aí, se eu entendo disso mes-
mo, então esse é um trabalho, ora essa. Sou um
especialista”.
E Pedro passou a cobrar pelos serviços que só
ele sabia fazer.
A primeira empreitada foi uma campanha para
vender ações do Londrina Esporte Clube, o time
de futebol da cidade. Pedro aceitou, realizou e,
logo, o segundo evento se apresentou, um con-
vite que o encantou. O amigo Brazílio de Araujo
Neto, então presidente da Sociedade rural do Pa-
raná e companheiro na direção do Country, suge-
ria seu nome para tomar conta da organização da
Exposição Agropecuária e industrial de Londrina.
Pedro estava à frente da Ametur nesse período
mas não recusou estar também na organização da
maior feira agropecuária do Paraná. Tratava-se de
um evento dos mais tradicionais da cidade, um
acontecimento anual que envolvia os setores agrí-
cola, comercial e industrial e que, ano a ano, ia
conquistando público e participantes de diversos
estados brasileiros.
A Exposição de Londrina ainda não havia se
tornado tão profissional quanto nos dias atuais,
quando figura entre as maiores e mais completas
do país. Eram os primeiros passos nesse sentido,
aOs primeiros estandes
LPR | 42
O primeiro evento
O primeiro evento oficial a ser considerado na agenda histórica da LPR foi a Exposição Agro-
pecuária e Industrial de Londrina. Com a chamada Exposição de Prata da Sociedade Rural do
Paraná, a LPR iniciou suas atividades como empresa promotora de eventos no Norte do Paraná.
LPR | 43
dados inclusive com a colaboração expressiva do
engenheiro Pedro Lopes. Era mais uma aventura
séria a suscitar o nascimento de uma empresa.
Era o caminho definitivo para a criação da LPr.
“Nessa época, não existíamos ainda como em-
presa constituída, mas isso logo se tornou reali-
dade”, lembra Pedro Lopes. O sucesso da orga-
nização do evento gerou resultados expressivos
que se tornaram frutos sendo colhidos em outras
regiões. Com o know-how da primeira feira, a
Construtora Lopes & Andrade transmutou-se
numa marca de organização de eventos agrope-
cuários por todo o Paraná. LPR – as iniciais do
sobrenome e dos nomes de Pedro e rosana – nas-
ceram para o mundo corporativo também como
logomarca e sinal de respeito no mercado de
eventos paranaense.
“Quando montamos a LPr, ela se tornou como
uma extensão da construtora na parte técnica”,
relembra rosana Andrade. Aliás, a construtora ca-
minhou lado a lado com a promotora de eventos
durante cinco anos, quando então, já dona de si e
líder num mercado que ia se estabelecendo forte,
a LPr passou a caminhar sozinha. Pedro e rosa-
na passaram a se dedicar exclusivamente à em-
presa de eventos, a LPR Publicidade, Promoção
e Montagem, que promoveu e organizou, como
primeiros trabalhos, a Exposição Agropecuária e
industrial de Londrina e a FiC - Feira da indústria
e Comércio, sediada no Londrina Country Club.
Começava um novo tempo para os empresá-
rios londrinenses, que passaram a realizar feiras
em diversos lugares do Paraná. A paixão pelo tra-
balho pegou as estradas rumo a outras regiões do
Estado e a primeira parada foi a cidade de Cianor-
te, 220 km a Noroeste de Londrina, onde aconte-
ceu a segunda feira agropecuária organizada pela
LPr. depois vieram Guarapuava, Maringá, Umu-
arama, Paranavaí, Pato Branco... e, mais adiante,
Assis, Ourinhos e Garça, entre outras cidades do
Estado de São Paulo.
Se era feira agropecuária, lá estava a LPr. “E or-
ganizávamos o evento como um todo”, relembra
rosana, cujo trabalho expressivo na área levou-a
a obter o registro de publicitária. “desde o proje-
to inicial, com definições de espaço, distribuição
de trabalho, segurança, portaria, chegando até a
contratação dos artistas de shows populares da
feira. Tudo era feito pela LPr”.
Sem dúvida, o embrião de formação da LPr
foi a atuação de Lopes naquela 25ª Exposição de
Londrina, em abril de 1985. “O material utilizado
na montagem dessa exposição veio de outra cida-
de, mas foi o suficiente para que em setembro de
1985 Pedro Sperandio Lopes e rosana Andrade
fundassem a LPr, passando a contar com seu pró-
prio material”, relembram os fundadores.
A LPr adquiriu prestígio e ganhou a adesão
de outros parceiros. Primeiro veio o Walter dre-
ves – engenheiro oriundo da construtora; depois,
o ismail Loução, encarregado das vendas de es-
paços para a montagem dos estandes nas feiras
que a LPr organizava. Quando havia três eventos
simultâneos, Pedro, rosana e Walter se dividiam
os primeiros estAndes
LPR | 44
O primeiro evento multisetorial
A assinatura da LPR seguia, orgulhosamen-
te, no material de divulgação da FIC - a Feira
da Indústria e Comércio de Londrina, o pri-
meiro evento multisetorial da LPR - Publici-
dade, Promoção e Montagem. Os estandes,
nessa época, ainda eram terceirizados. Mas
logo a LPR passaria a montá-los também,
tornando-se expert no assunto.
LPR | 45
para assumir cada um o seu papel no evento em
nome da empresa. rosana se lembra da rotina de
organização dessas feiras e o quanto palmilhou
as cidades do Paraná para ajudar a colocar de pé
eventos que entraram para a história da empresa.
GANHANdO EXPEriÊNCiA
A década de 1980 estava quase acabando
quando um novo acontecimento se colocou
como uma bússola apontando o poder e a ca-
pacidade dos empresários da LPr. O Brasil co-
memorava os 80 anos da imigração japonesa, e
Londrina, como uma das grandes e principais
colônias japonesas do país, queria fazer bonito,
comemorar a data à altura.
A LPr foi chamada. A experiência da Exposi-
ção Agropecuária fazia escola. Os líderes nikkeys
queriam um grande evento e Pedro Lopes preten-
dia mostrar do que era capaz. resultado: a Expo
imin foi um sucesso absoluto. O evento que co-
memorou os 80 anos de imigração japonesa no
Brasil fez história em Londrina e mudou os ru-
mos da LPr.
Era 1988. Nesse evento da Aliança Brasil-Ja-
pão, organizado e montado pela LPr, a empresa
adquiriu experiência e comprovou sua capacida-
de para a realização de eventos de porte nacio-
nal. Foram mais de 100 estandes montados e uma
estrutura que envolvia uma esmerada decoração
no estilo japonês. Além disso, a estrutura contava
com palco para shows e danças, pavilhão cultural,
histórico, agrícola, locais para a apresentação de
tradições japonesas, como a cerimônia do chá,
entre outras.
O evento alcançou importância nacional e re-
cebeu celebridades como o então Presidente da
república, José Sarney, o Governador do Paraná,
As logomarcas da LPR na década de 1990: dois momentos da imagem corporativa da empresa que também cuidava dos materiais publicitários dos eventos que promovia.
os primeiros estAndes
LPR | 46
Álvaro dias, o Príncipe Fumihito, do Japão, e sua
comitiva. depois desse evento, com o pedido ante-
cipado dos promotores para que a LPr realizasse a
comemoração dos 90 anos da imigração japonesa,
a empresa entendeu que estava pronta, que pode-
ria, sim, realizar eventos de qualquer porte.
PELA ESTrAdA AFOrA
Naquela época não havia computador, não
havia celular, o laptop era impensável. Era tudo
feito “na unha”, como se dizia. A organização e
a promoção de eventos exigiam, portanto, muito
mais de seus profissionais. rosana Andrade não
se esquece das estratégias e da criatividade neces-
sárias para que tudo acontecesse com a qualidade
imprescindível. “Eu viajava pelas cidades com mi-
nhas caixas de arquivo, cada uma delas contendo
o material referente ao evento de cada local. Eu
praticamente levava o escritório comigo. As caixi-
nhas de arquivo eram o meu laptop. Tinha tudo
lá, tudo guardadinho e organizado”, conta a em-
presária, entre boas lembranças e muita saudade.
Mesmo não estando mais à frente dos negócios da
LPr, rosana trata com o carinho merecido a his-
tória que ajudou a construir. São boas lembran-
ças que lhe valeram experiências impossíveis de
serem dimensionadas por qualquer medida que
não seja o sentimento de construção e idealismo.
É desse Hd afetivo que rosana retira fatos para
reconstituir um pouco desse passado histórico.
Na cidade-sede do evento, a LPr se instalava
no pavilhão onde acontecia a feira, e dali partiam
as ações para aquela cidade. Eram reuniões o
Os estandes de empresas londrinenses rechearam o pavilhão do Londrina Country Club.
FIC - um sucesso no Londrina Country Club
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dia todo com as pessoas que seriam contratadas,
com as empresas de comunicação e publicidade
- outdoors, jornais, TVs -, pessoal de segurança,
empresa disso, empresa daquilo. do latão de lixo
que ficaria localizado na entrada do evento à vei-
culação dos comerciais nas TVs, passando pelas
exigências e luxos dos cantores e bandas que se
apresentariam na feira, tudo era visto e cuidado
em detalhes pela LPr. rosana gostava desse de-
safio. “Contratávamos os artistas e cuidávamos
de tudo para que sua apresentação acontecesse
conforme o contrato. Toda a agenda artística era
por nossa conta. Se o cantor quisesse comer os-
tra, por exemplo, lá íamos nós atrás das ostras.
Um queria toalha quente, o outro, fria...” Era um
ritual que também precisava ser cumprido, em
detalhes.
Estava aberto o primeiro calendário de feiras multisetoriais promovidas pela LPR no Paraná.
A LPR assina sua primeira feira como promotora
ROSANA ANDRADE. A promoção e or-
ganização dos eventos exigia muito
trabalho e boas estratégias. A logística
incluía até levar o escritório da empre-
sa até onde estavam os eventos. E tudo
funcionava muito bem.
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O Imin 80
O IMIN 80, A FESTA DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL. Com essa importante promo-
ção, realizada em Londrina, os diretores da LPR entenderam que já possuíam capacida-
de para montar eventos em nível nacional. Foi um sucesso!
LPR | 49
de volta a Londrina, tudo era exposto nas
reuniões com a equipe. Orçamentos, propostas,
lay-outs de material promocional e de estandes...
assim toda a equipe podia acompanhar o que
acontecia sob responsabilidade de cada um. A
LPr criou um esquema próprio de organização
dos eventos e tornou-se referência no interior do
Paraná e Sul de São Paulo. O dono do evento fi-
cava descansado, pois tudo estava por conta dos
profissionais da empresa londrinense.
O pioneirismo e a forma arrojada de atuar
nesse setor abriram caminho a um novo mercado
de feiras nos dois Estados. rosana explica: “Nós
procurávamos os presidentes das feiras agrope-
cuárias, ou mesmo as prefeituras e associações
comerciais que promoviam as feiras, e propúnha-
mos uma nova maneira de realizar eventos, base-
ados em patrocínios, organização profissional e
resultados de bilheteria. Era o que a LPr chamava
de assessoria geral. A feira já começava totalmen-
te paga e o lucro do evento ficava pela bilheteria.
Tivemos muito resultado nessa época. Era um re-
torno muito bom”. Era tudo na ponta do lápis e
detalhado para um controle exímio. A parceria só
funcionava porque havia organização. E era disso
que cuidava a LPr.
Quando a empresa passou a montar seus pró-
prios estandes, já no final da década de 1980, a
lista de obrigações de cada responsável tornou-se
ainda maior. Quem partisse para cuidar do evento
em cada cidade tornava-se, também um “diretor
de montagem”, cargo que hoje tem encarregados
específicos na LPr, chamados de supervisores de
montagem. Mas nos primeiros tempos, eram os
próprios donos da LPr que cuidavam disso. “Che-
gávamos à cidade e alojávamos os montadores; dis-
tribuíamos os materiais e as pessoas por pavilhões.
demarcávamos tudo”, relembram rosana e Pedro.
E assim como não existiam computadores
para auxiliar na organização e criação dos proje-
tos, também não haviam sido inventados os mate-
riais mais tecnológicos que hoje integram a mon-
tagem de estandes, facilitando completamente
a vida das empresas do setor. No lugar do atual
octanorm - perfis com estrutura de alumínio - es-
tavam as paredes e divisórias de madeira.
O serviço exigia muito mais de todo mundo,
pois havia etapas que não podiam ser prepara-
das na fábrica em Londrina antes de partir para
os eventos. A divisória, por exemplo, precisava
ser pintada de branco para tampar as inscrições
e marcas do evento anterior, e esse trabalho só
podia ser feito no pavilhão da própria feira para
evitar que as paredes sujassem durante a viagem.
As marcas anteriores eram tampadas com massa
corrida antes da pintura e, uma vez prontas, as
placas recebiam as testeiras, que ficavam no alto e
onde seriam pintadas as logomarcas ou os nomes
das empresas expositoras.
Na década de 1990, novas tecnologias permiti-
ram mais recursos para a área gráfica e de design,
o que tornou mais ágil essa última etapa da mon-
tagem. Mesmo assim, ainda eram necessários vá-
rios cuidados com o material, recorda-se Teodoro
os primeiros estAndes
O SETOR AGROPECUÁRIO. As feiras agropecuárias frequentaram o calendário da LPR durante 13 anos. Do Paraná a São Paulo, a organização da empresa ficou conhecida por sua qualidade, profissionalismo e resultados.
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O SETOR AGROPECUÁRIO. As feiras agropecuárias frequentaram o calendário da LPR durante 13 anos. Do Paraná a São Paulo, a organização da empresa ficou conhecida por sua qualidade, profissionalismo e resultados.
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Os estandes externos criados e montados pela LPR eram atração nas feiras agropecuárias. Empresas como a Londriquímica...
Os estandes nas feiras agropecuárias
Aparecido Haura, funcionário do almoxarifado
que acompanhou as mudanças nos últimos 14
anos. “Quando já fazíamos as pinturas em madei-
ra feitas na própria fábrica, às vezes passávamos a
noite toda pintando. As placas precisavam secar,
então, as espalhávamos ao longo do barracão e,
no dia seguinte, íamos juntando todas elas para
embalar e mandar para a feira”, conta Teodoro.
A logística era completamente diferente dos
dias atuais. Em vez de organizadas montagens
com materiais separados por estande, o cami-
nhão chegava ao evento repleto de caibros, sar-
rafos e outros materiais para fazer as paredes e o
piso todo em madeira. Era preciso contar não só
com a mão-de-obra especializada e todo o know-
-how da empresa mas também com a ajuda de
todos os santos. isso porque, se chovesse ou es-
tivesse um tempo úmido, pintar as divisórias era
um trabalho ingrato. rosana se lembra de uma
feira em Guarapuava, no extremo sul do Paraná,
cujo clima frio e úmido impedia que a massa e
a tinta secassem. “Passávamos a massa e ela es-
corria, tornávamos a passar e ela escorria... Era
um grande estresse... mas tudo sempre acabava
acontecendo, de uma forma ou de outra.”
Eram as aventuras do período, muitas das
quais ajudaram a empresa a entender onde me-
lhorar, como aperfeiçoar, quando crescer. Foi na
montagem de estandes que a LPr também ga-
nhou fatias maiores no mercado, principalmente
LPR | 53
... o Banestado, a Tam e o Banco do Brasil tinham o acompanhamento exclusivo da LPR como montadora em todos os eventos nacionais de que participavam
O know-how dos estandes externos da época
nos primeiros tempos das feiras agropecuárias.
A empresa ocupou espaço considerável no se-
tor graças ao ineditismo e à ousadia. “Ficamos mui-
to conhecidos porque as feiras agropecuárias ainda
não ofereciam esse serviço de montagem de estan-
de. Cada empresa que participava desses eventos,
expondo seus produtos, montava sua própria bar-
raca, punha sua mesinha e vendia suas coisinhas.
Nós ajudamos a profissionalizar o setor”, aponta
rosana Andrade, fiel à trajetória da empresa.
Assim, organizar a feira e também poder mon-
tar os estandes foi uma tacada de mestre. A LPr
acertou em cheio. Mais uma vez, a oportunida-
de bateu às portas da empresa e a invenção do
desafio se fez. “Pensei: sou engenheiro, então
combina com o nosso negócio a ideia de mon-
tar os estandes”. Pedro Lopes tinha razão. “Com
cinco anos de trabalho, agregando a montagem
à organização, ficamos imbatíveis porque além
de comercializar a área de exposição, vendíamos
também o estande”.
Esse foi um momento de investimento para
a empresa, que adquiriu material próprio para
montagem, comprou caminhões e consolidou-
-se no setor agropecuário, sendo responsável
pelas mais importantes feiras do Paraná, como
as de Londrina, Maringá, Cascavel e Umuarama.
Vieram feiras do vestuário, como a Expovest, de
Cianorte; feiras de informática, como a infotech;
culturais e gastronômicas, como a Festa da Uva
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INSTALADA EM BAIRRO INDUSTRIAL com lo-
gística estratégica, a nova matriz da LPR em
Londrina foi inaugurada em 1995, ganhando
mais espaço e incorporando novos processos
a sua rotina fabril e de montagem.
a matriz
de Caxias do Sul; e multisetoriais, como a Feira
internacional industrial do Norte do Paraná - a
Londrina sem fronteiras.
Com o tempo, no entanto, a prática de orga-
nizar o evento e montar os estandes das feiras
apresentou um novo conflito e a mesma ideia
de unir as duas atividades também demonstrou
um caminho controverso. Pedro Lopes relembra:
“Eu, como organizador, muitas vezes precisava
dizer não, para que pudéssemos seguir o padrão
proposto pela nossa própria organização; no en-
tanto, como vendedor de estande, eu precisava
dizer sim para promover a comercialização dos
espaços”. Ou seja, a LPr passou a caminhar numa
estrada com mão dupla onde a regra determinava
uma contramão.
dessa forma, um novo caminho se abriu, natu-
ralmente. “Ficamos só com o setor de montagem.
Foi quando o primeiro parceiro saiu, o ismail. Ele
vendia áreas e, como não fazíamos mais a venda de
os primeiros estAndes
LPR | 55
espaços nos eventos, ele seguiu seu próprio cami-
nho. Ficamos só com a montadora. Era o início da
década de 1990. E na realidade vi que esse era o
nosso negócio: organizar e montar estande.”
razão de seu início e motivo de sua evolução
no mundo dos eventos, as feiras agropecuárias fre-
quentaram o calendário da LPr durante 13 anos.
de 1985 a 1998 a empresa londrinense projetou,
organizou e comandou dezenas de feiras do se-
tor pelo Paraná e Sul de São Paulo. Mas, como os
novos tempos assinalaram a opção exclusiva pela
montagem de estandes, assim também chegou a
hora de dedicar-se a outros mercados, ampliando a
agenda e marcando pontos em regiões fundamen-
tais, como a capital São Paulo, por exemplo.
dona de uma agenda multisetorial já considerá-
vel, a LPr passou a vislumbrar o mercado nacional
com mais determinação. O foco eram os eixos de
maior fluxo econômico, grandes centros polarizado-
res de feiras de negócios, como a capital paulista,
e também regiões-sede de produção segmentada,
como o rio Grande do Sul, onde se concentravam
os pólos moveleiro e vinícola, entre outros.
A empresa queria voar mais alto e os primei-
ros testes foram feitos em São Paulo, a partir de
1994. Na região metropolitana da capital paulista
foi montado o primeiro escritório fora de Londri-
na, o que ajudou a ampliar os horizontes da LPr
não só na direção de grandes centros como tam-
bém vislumbrando o mercado externo.
No ano seguinte, foi a vez de Canoas, região
metropolitana de Porto Alegre, receber a segun-
da filial da LPr. Nesse mesmo ano, em agosto de
1995, a matriz em Londrina ganhava novo espa-
ço para o tamanho que a empresa ia adquirindo.
Mudou-se então da Av. Tiradentes para o Bairro
industrial Cacique. Embora mais distante do cen-
tro da cidade, a nova área apresentava liberdade
para crescer espacialmente e uma logística mais
aperfeiçoada, com acesso aos principais pontos
de entrada e saída da cidade. A LPr mudou-se,
então, para a Av. dr. Francisco Xavier Toda, 525,
onde está até hoje.
Estavam lançadas as bases para os voos mais
altos. Para seguir à risca o que mandava o dNA da
empresa, a LPr não podia deixar de inventar no-
vos desafios. E eles chegariam tão logo o próximo
passo fosse dado.
os primeiros estAndes
Capítulo VI
uitos passos fo-
ram dados e tantos
bons desafios foram
vencidos, tendo o
talento como uma
das principais ferra-
mentas da equipe LPr. Um bom exemplo está no
traço dos que ajudaram a desenvolver o setor de
imagens e de logotipia, que impulsionou a LPr
no momento em que foi exigido da empresa su-
prir mercados mais profissionais. de uma forma
figurativa, a LPr sempre contou com muitos e
bons artistas em sua trajetória, alguns da área de
organização, outros da área de vendas, muitos da
área de montagem, outros tantos da criação de
projetos.
Especificamente no design merece destaque
o artista gráfico Wanderley Cerci, outro gran-
de companheiro de primeira hora da LPr e que
ajudou a escrever a história da empresa com seu
traço criativo e seu talento inato. Mais conheci-
do como Mudinho, por causa de sua deficiência
fono-auditiva, Wanderley é protagonista de uma
boa parte da saga gráfica da empresa, tendo co-
meçado num tempo em que o computador se-
quer imaginava existir. Tudo era feito à mão, de
forma artesanal.
Com pelo menos 23 anos dedicados à LPr, o
artista gráfico que começou a desenhar profissio-
nalmente ainda jovem, atravessou muitos anos
descrevendo em traços a evolução de uma arte
que ganhou novos contornos a partir da década
de 1990. Nesse período, seu talento com o lápis
mOs que vieram primeiro
LPR | 56
e o pincel recebeu o apoio da tecnologia, tão logo a informática aterrissou na empresa. Mas uma
outra revolução não menos importante já havia sido empreendida anos antes, quando Wanderley
rascunhou as primeiras letras e imagens para o empresário Pedro Lopes em suas pioneiras incur-
sões no mundo empresarial.
A sintonia entre os dois logo se fez. Pedro não se esquece de que nos primeiros anos de
convivência foi essa sintonia que selou a boa parceria que criaram no cotidiano da empresa.
“Nós nos entendíamos muito bem, independente do tipo de linguagem que cada um
utilizava para se comunicar”, revela Pedro Lopes.
Wanderley, por sua vez, confirma que a conexão de ideias foi harmoniosa desde o
início, o que permitiu um diálogo tranquilo na convivência profissional. “Sempre
gostei muito do Pedro e sempre me dei muito bem com ele”, conta o artista,
tendo o filho Fabiano como intérprete. Esse clima de camaradagem colabo-
rou muito para que o trabalho fosse realizado sempre de maneira serena,
sem qualquer sobressalto ou preconceito. “Meu pai sempre foi muito
bem recebido na LPr e valorizado pelo seu trabalho”, reconhece Fa-
biano, que junto ao irmão Paulo tornou-se parceiro do pai no trabalho
prestado à empresa.
A boa conversa e o jeito descontraído do empresário Pedro Lopes
tratar a todos sem distinção jamais deixaram dúvidas sobre o talento e a
capacidade de Wanderley. O bom humor de Pedro estava sempre presente
mantendo o equilíbrio, inclusive quando a situação podia parecer inusitada
ou prestes a sair do controle. Era o caso de momentos de aparente tensão que
acabavam se tornando boas anedotas contadas depois entre os funcionários
da empresa. Alguns desses momentos aconteceram durante eventos fora
de Londrina, no tempo em que o desenhista ainda precisava subir em
escadas para pintar as testeiras dos estandes, desenhando ali as logo-
marcas e pincelando as cores necessárias para definir as marcas de
cada empresa. Com o estande já pronto, essa era a última fase da
montagem, trabalho que só mesmo o desenhista poderia fazer.
Era uma tarefa totalmente artesanal e muitas vezes deman-
dava um bom tempo para ser realizada, dependendo da
complexidade da imagem. Mas isso não era problema
na p
onta
dos
ded
os
LPR | 57
LPR | 58
te gritava lá de baixo ser outro.
Pedro Lopes viu isso acontecer uma vez e ou-
viu muita reclamação por conta disso:
- Olha, aquele seu pintor é um grosso, sem
educação, a gente fala com ele e ele nem respon-
de, nem sequer olha para trás!...
Pedro Lopes então explicava, calmo como
nunca.
- Sabe o que é? Ele não escuta.
- Nossa! - desculpava-se a pessoa.
- Eu não sabia!.
E seguia-se uma ladainha de “puxa, não foi
por mal”, contornada por uma sequência de “não
tem problema, fique tranquilo”, conduzida por
Pedro Lopes.
os que vierAm primeiro
Com tudo feito à mão, eram o pincel e o talento as “tec-nologias” de Wanderley, nos idos de 1980 e 1990.
Os traços do passado
para o paciencioso domador das letras e tintas.
Era nesse clima de concentração do artista
que o cliente chegava e notava, por exemplo, al-
guma diferença na cor da marca sendo pintada.
Olhava para o alto e reclamava:
- Ei, rapaz! Essa letra aí está errada. Não é as-
sim a marca.
Em cima da escada, de costas, nada do Wan-
derley responder. Ele continuava em seu paciente
e silencioso trabalho lá no alto.
- Ei, amigo. Estou falando com você. Essa mar-
ca não está certa - repetia o cliente, já num tom
acima, irritando-se.
Nada do desenhista se abalar. Silenciosamen-
te, prosseguia pintando o tom da cor que o clien-
LPR | 59
Competente, claro, Wanderley fez uma cópia
perfeita.
Quando Pedro foi chamado pelo dono da clínica
para ver a arte que o desenhista havia feito, achou
que fosse receber um elogio, mas ficou perplexo:
de fato, o artista havia sido completamente fiel ao
modelo. Na parede da clínica, desenhada com per-
feição, lá estava a mulher com o seio à mostra e, bem
ao lado, todas as voltas do espiral que o xerox exibia,
de fora a fora, na página do livro. E tudo no formato
gigante da parede da clínica, bem na fachada. “Ele
desenhou tudo, inclusive o sombreado das marcas
do espiral”, conta o filho Fabiano, confirmando o
que Pedro Lopes já havia se fartado de relatar, aos
risos, pelos corredores da empresa.
Wanderley também ri, bem humorado. Nunca
teve qualquer problema para enfrentar as limita-
ções que a vida lhe impôs. Assim como os colegas
mais antigos - o Cido e o João - Wanderley gosta
de se lembrar de passagens na empresa que para
ele representam sua própria história de vida.
Natural de Porecatu, a 83 km de Londrina,
Wanderley começou sua carreira de desenhista na
capital Curitiba, onde também se casou e consti-
tuiu família. Mas foi no Norte do Paraná que seus
desenhos ampliaram os horizontes das empresas
em que trabalhou. “descoberto” pelo empresário
Pedro Lopes quando trabalhava numa agência de
out-doors em Londrina, logo Wanderley passou a
integrar a equipe LPr, levando seu talento para
as placas, imagens e sinalizações dos eventos pro-
movidos e montados pela empresa.
os que vierAm primeiro
Se havia alguém da LPr por perto, logo o
cliente ficava sabendo que não adiantava nada
reclamar daquela forma com o desenhista. Quase
sempre, a cena era digna de risadas contidas... de-
pois é que todos comentavam à larga, sem travas.
Essa “saia justa” tornou-se folclore e história na
empresa, como tantas outras que o livro da LPr
tem a missão de registrar.
Outro fato que entrou para o anedotário da
LPr ocorreu bem no início da empresa, quando
Pedro Lopes indicou Wanderley para um serviço
“extra”. Um amigo precisava de um desenhista
para pintar a fachada de uma clínica médica - era
ginecologista - e pediu ajuda ao Pedro. Ele in-
dicou o Wanderley e, como sempre fazia nessas
ocasiões, entregou-lhe a imagem na qual deveria
se basear. Era assim que normalmente acontecia.
Pedro entregava ao Wanderley um modelo para
ser reproduzido.
- Olha, esse é um cartão do Fulano de quem
lhe falei. Essa imagem com a marca tem que ser
colocada na placa nessa posição, na parede assim,
assim e assim... demonstrava.
Minucioso e preciso como era, Wanderley
sempre reproduzia fielmente tudo que estava no
impresso. No caso da clínica, tratava-se de uma
imagem de uma mulher com um seio à mostra,
desenhada num livro encadernado no formato
espiral. Para facilitar, Pedro tirou um xerox do li-
vro e entregou o modelo ao Wanderley e, como
de praxe, frisou que precisava ser tal e qual estava
no impresso.
os que vierAm primeiro
Os tempos mudaram, exigindo
agilidade. “Antigamente você che-
gava nas feiras com uma semana
de antecedência. Seu cliente che-
gava faltando quatro dias para a
abertura da feira; ia acompanhar a
montagem do estande, junto com
você, e ficava lá até o final do even-
to. Hoje, tudo está tão rápido e as
pessoas estão tão ocupadas que
não há mais esse acompanhamen-
to; o cliente chega exatamente no
dia do evento e o estande já está
pronto”, compara o filho Fabiano.
Tanto tempo se passou e Wan-
derley continua desenhando sua
história com a mesma precisão,
mas sem pressa de analisar os
fatos. Ele se diz feliz com essas
mudanças porque foram elas que
lhe exigiram melhorar a técnica e
atender mais clientes, além de po-
der ter sua própria empresa, acom-
panhar os filhos e suas máquinas,
manter com a família o mesmo
carinho. Como Seu Cido, Wander-
ley sente-se um jovem aos 73 anos,
acompanhando o melhor que a
vida lhe oferece.
desses pitorescos episódios
vêm as boas lembranças e toda a
experiência que somente o tempo
pode oferecer, com sua generosi-
dade e sabedoria. “Hoje está tudo
mais fácil e rápido em relação ao
que fazíamos naquele tempo”,
recorda-se Wanderley. “Antes de-
morava uma hora para fazer uma
plaquinha. Muitas vezes, era preci-
so esperar um tempão para que ela
secasse para só então passar uma
segunda mão, quando não pegava
bem a primeira”.
A tecnologia, naquele tempo,
era o próprio talento do profissio-
nal. Era preciso contar muito com
a criatividade nas ocasiões em que
os desafios despontavam. Wander-
ley se virava: com um equipamen-
to de luz projetava a imagem na
parede, bem grande, para ver os
detalhes com precisão. Era seu mo-
delo. Muita coisa também era feita
na guilhotina, como as chamadas
letras-molde, feitas em adesivo.
Eram produzidas uma a uma, ma-
nualmente. “Hoje, isso é história”,
conceitua Wanderley.
LPR | 60
LPR | 61
os que vierAm primeiro
O TALENTO. Tudo era feito artesanalmente nos primeiros anos da
empresa, tendo o talento de Wanderley como mola-mestra.
LPR | 62
Capítulo VII
ntre feiras agropecuárias e mul-
tisetoriais e um conhecimento
profundo da organização de
eventos, a década de 1990 ha-
via passado com muito apren-
dizado para a equipe da LPr.
Se a década anterior havia sido de muito trabalho
no lançamento do alicerce, nos dez anos seguin-
tes o investimento haveria de ser na ampliação
do que havia sido criado. A LPr corria para tornar
realidade o sonho de ser uma das maiores monta-
doras do país. “Queríamos ampliar nossa área de
atuação, trabalhando em diversas frentes”, pon-
tua Pedro Lopes.
O fato de a LPr ter se especializado na organi-
zação dos eventos durante muitos anos concedia-
-lhe, por assim dizer, um passaporte diplomático
no mercado de montagem, afinal, o know-how
adquirido como promotora tornava a equipe ex-
pert no “produto feira” como um todo. “Quan-
do passamos exclusivamente para a montagem,
tínhamos algo a mais: conhecíamos cada passo
de um evento, sabíamos onde estávamos pisan-
do, portanto, tínhamos segurança para oferecer
eA tecnologia da transformação
LPR | 63FUNCIONÁRIOS DA LPR durante uma confraternização promovida pela empresa, na década de 1990.
Maior e mais exigente, a LPR dos anos 1990 precisava imprimir agilidade e profissionalismo para competir no grande mercado brasileiro. Para isso, contava com a força de sua equipe, num clima de união sempre presente.
Sentimento de equipe
LPR | 64
ao cliente muito mais do que um estande bem
montado. Podíamos oferecer um produto com
soluções”, avalia Pedro Lopes.
A empresa, enfim, partia para uma segunda
etapa em sua jornada iniciada no calor dos agita-
dos anos 1980. Na década de 1990, o Brasil vivia
a euforia de novidades introduzidas no país pela
abertura ao produto estrangeiro, em contraponto
à reserva de mercado que pontuou os anos ante-
riores, uma política obtusa do Governo Sarney.
Quando as portas ao mercado externo se abri-
ram, exibíamos uma cara de espanto pelos nos-
sos acanhados computadores “feitos em casa”.
Encantados com as maravilhas que podiam ter
nas mãos, por conta da importação, os brasileiros
também passaram a entender do que eram capa-
zes. Havia um grau maior de comparação entre o
que se produzia aqui e o resto do mundo. O país
podia olhar “para fora” abertamente, buscando
saídas para o produto tecnológico obsoleto que
tinha nas mãos.
E mesmo que tenhamos sofrido com o desas-
troso governo de Fernando Collor de Mello, o
primeiro presidente civil eleito pelo voto direto
depois de anos de militarismo no poder, ainda
assim estávamos felizes com o que podíamos con-
quistar tendo a liberdade nas mãos. A memória
recente de um tempo de barbaridades ainda pai-
rava nos corações de muitos e até isso foi usado
como álibi silencioso para a política econômica
desastrosa de Collor, que sequestrou a poupança
da classe média brasileira de maneira absurda.
A redenção veio em 1994, com o Plano real,
administrado pelo Governo itamar Franco, sob
a condução do então ministro da Fazenda, Fer-
nando Henrique Cardoso. Já no poder pelo voto
direto, em 1995 FHC – como ficou conhecido
– acabou com a inflação, extinguindo a cultura
da desvalorização do dinheiro com consequente
poder à produção, ao trabalho e ao investimento.
Tudo isso refletiu nas empresas, deu realidade
e consistência aos ganhos empresariais. Aparen-
temente parecíamos ganhar menos – ao contrá-
rio dos tempos de inflação galopante – mas tínha-
mos dinheiro de verdade, valorizado. Criávamos,
enfim, uma nova geração de pessoas nascidas
sem conhecer o desespero de estocar produtos
para garantir preço menor nem ter que passar
orçamento de serviços com prazo de validade de
apenas algumas horas. Nasciam novos tempos,
com ações mais ágeis e uma vontade de acertar.
Nas empresas em Londrina, cidade jovem e com
a primeira geração ainda viva e atuante, os anos
1990 viam os “filhos da cidade” assumirem cargos
e pensar a gestão com um jeito diferente. Nas com-
panhias nascidas há pouco mais de 10 anos havia
sangue novo pondo referências mais ousadas na ad-
ministração. Pais e filhos começavam a trocar ideias,
a debater as diferenças. Muitas empresas, todavia,
não resistiram a esse embate, à passagem do bastão
no comando. Na cidade – e até mesmo no Estado
do Paraná e no país – algumas companhias tradicio-
nais não resistiram às trocas de comando. Outras,
não sobreviveram à mudança dos tempos.
A tecnologiA dA trAnsformAção
LPR | 65
Em Londrina, a vocação para a prestação de
serviços continuava firme, apontando para seto-
res “limpos” de uma indústria que não precisava
poluir para gerar empregos e divisas para a ci-
dade. A informática dava passos largos no setor
de software e o conhecimento em suas diversas
áreas ia ganhando poder e exportando produtos.
Falava-se muito na “produção de eventos”, mas
ainda pouco se fazia profissionalmente para que
essa economia se tornasse importante para mo-
ver a cidade.
Enquanto isso, os políticos demagogos, visí-
veis somente em época de eleições, continuavam
pregando a velha ladainha de que era preciso
“atrair mais indústrias para Londrina” e, por in-
dústrias, entendia-se as fábricas no velho esti-
Esse era o recado dos diretores da LPR para aqueles tempos de mudan-
ças. A missão era ganhar jogando com força, inteligência e entusiasmo.
Competir com entusiasmo
LPR | 66
lo “revolução industrial”, com suas chaminés e
toda a poluição que no passado representava o
progresso. Sem os políticos - e apesar deles -, a
cidade continuava sua trajetória, baseando-se na
agroindústria valente, num comércio em busca
de alternativas, erguendo um setor de saúde or-
ganizado, uma medicina de ponta em várias espe-
cialidades e um espaço educacional e de cultura
destacado para o porte de “cidade média” que
Londrina ostentava. A cidade se sobressaía com a
pesquisa, levada ao Brasil e ao mundo com o selo
da Embrapa Soja - com sede no município - e os
eventos culturais, com destaque para o Festival
internacional de Teatro e o Festival de Música, um
dos mais tradicionais do país.
No início da década a inauguração do hori-
zontal Catuaí Shopping Center mudou os rumos
do consumo e da geografia da cidade. Transfor-
mou absolutamente a Zona Sul, levando para
essa região um boom imobiliário que até o final
da década de 2000 ainda prosseguia, com cada
A informatização da em-presa tornou-se ferramenta imprescindível em todos os departamentos, da admi-nistração à logística.
A tecnologia
A tecnologiA dA trAnsformAção
LPR | 67
vez mais investimentos em residências, condomí-
nios verticais e horizontais, comércio e negócios
diferenciados e focados na qualidade de vida.
Nunca mais Londrina foi a mesma.
Ágil e em busca do tempo perdido, os anos
1990 deram celeridade à produção londrinense,
como bem demonstra a história da LPr. Ela é um
exemplo de como Londrina podia, sim, investir
no terceiro setor, ganhar com isso e ainda expor-
tar conhecimento e produtos de alta performan-
ce, como já acontecia em áreas da informática e
da pesquisa. Seguindo em frente e conquistando
cada dia mais clientes fora do Paraná, a LPr man-
tinha sua matriz na cidade, de onde partiam os
Da velha máquina de escrever, passando pelos rústicos computadores dos anos 1980 e chegando às “modernas” máquinas dos anos 1990, a LPR acompanhou a evolução das comunicações.
A evolução
LPR | 68
estandes que iam ganhando espaço em feiras e
eventos nas capitais e pelo Brasil afora, mostran-
do para que serve afinal um desafio.
Foi com esse espírito de conquista que rafael
Andrade Lopes assumiu suas primeiras funções na
LPr, em 1991. Filho dos fundadores da empresa,
Pedro e rosana, o jovem de apenas 17 anos iniciou
sua vida empresarial procurando entender como a
empresa funcionava e, por isso, escolheu começar
pelo almoxarifado, onde buscou organizar o setor.
Aos poucos, passou por vários outros departamen-
tos, recolhendo informações para galgar, aos pou-
cos, os degraus da experiência.
Com ele, a empresa entrou definitivamente na
era da informação via tecnologia da informática,
uma ferramenta da qual nenhuma empresa mais
podia prescindir já naqueles anos. rafael pesqui-
sou, acreditou e instigou um novo conceito de
comunicação interna utilizando a informática
como ferramenta-mestra. O sistema de produção
de projetos implantado sob sua coordenação so-
mou pontos fundamentais tão logo implantado.
Com isso, a empresa ficou mais ágil nos proces-
sos e mais atenta à qualidade.
Passar pelos diversos departamentos da em-
presa – a começar pelo vital almoxarifado – deu-
-lhe a base e também o olhar panorâmico sobre
a organização e os métodos a serem implantados
para que a LPr avançasse sem modéstias no mer-
cado que buscava. Esse processo também foi fun-
damental para interligar as filiais – que em 1994
chegava a São Paulo, em 1995, ao rio Grande do
Sul e, finalmente, em 2007, ao rio de Janeiro.
instalar-se na capital fluminense foi estratégico na
A tecnologiA dA trAnsformAção
DA PRANCHETA PARA O COMPUTADOR. O setor de projetos ganhou agilidade e maiores possibilidades para a criação de estandes.
LPR | 69
conquista de importantes eventos internacionais e na criação
de outras frentes de trabalho para a evolução da empresa.
Enfim, na década de 1990, a expansão da empresa entrou
numa segunda grande etapa. impulsionada pelas novas ideias
dos fundadores de dedicar-se exclusivamente à montagem
e conquistar os grandes mercados de feiras, a LPr buscou e
conquistou novo perfil. Quem começou a trabalhar ali nessa
época se lembra bem do clima de convocação para crescer. “A
partir desse período, muita coisa mudou aqui dentro”, confir-
ma o diretor de logística Valdemir Alves da Silva. Na empresa
desde 1994, ele se orgulha do trabalho que tem podido re-
alizar desde então junto à equipe do setor que ele também
ajudou a estruturar. Valdemir começou como encarregado
do almoxarifado e acompanhou os grandes saltos que a LPr
deu rumo à expansão tão sonhada por seus diretores. Hoje, a
comparação é inevitável. “Quando entrei, o departamento era
pequenininho. Éramos três funcio-
nários aqui dentro, num setor que
representava 5% do que é hoje”.
A evolução é nítida em todos os
sentidos. “Tínhamos dois compu-
tadores, e com aquela tela azul”,
recorda-se Mara Pisconti, que en-
trou na empresa em 1995, viveu
diversas etapas na organização e
hoje comanda o trabalho inédito
de controladoria no setor financei-
ro da empresa. “Nós disputávamos
aquele computador que era, assim,
como um padre ali parado, espe-
rando para que fôssemos confessar
com ele”. Hoje parece muito engra-
çado, mas a cerimônia que se criava
em torno daquela máquina era coisa
muito séria. Ninguém podia ir che-
gando e utilizando, como se fosse
dele. Havia um certo protocolo que
ninguém deixava de respeitar.
- E aí, você vai usar o computador
agora? – perguntava um.
- Não, pode usar – respondia o
outro.
Esse “dá licença” era muito co-
mum pois, ao contrário dos dias
atuais, ninguém tinha seu próprio
computador na mesa. Tinha mesmo
é que pedir bênção ao “grande sa-
cerdote”.
A tecnologiA dA trAnsformAção
VALDEMIR, O DIRETOR DE LOGÍSTICA diz que quando começou na empresa o departamento representava 5% do que ostenta nos prósperos dias de hoje.
LPR | 70
A internet, por sua vez, chegou timidamente
quase no final da década e, assim mesmo, aquela
“banda fina”, discada, através da linha telefônica.
Na empresa, era outra cerimônia para utilizar a tal
revolução. Ela também funcionava plugada num
único computador disponível que ficava instalado
numa sala exclusiva, onde os funcionários iam pe-
dir licença para utilizar. “Quando estávamos espe-
rando alguma informação que vinha pela internet,
era preciso ir a toda hora na sala para ver se a tal
mensagem já havia chegado”, recorda-se Vincenzo
Tadeu Eterno, gestor da área de comunicação vi-
sual da LPr. Vincenzo é outra testemunha ocular
dessa história; sua área, como nenhuma outra, al-
çou voos gigantescos desde que ele chegou à LPr
em 1993.
E o medo de usar aquela máquina e cometer
um erro desastroso, pondo tudo a perder no ema-
ranhado de teclas, letras e números que passavam
pela tela? Afinal, até então, a única referência de
“tecnologia” que as empresas haviam experimen-
tado na comunicação era a máquina de escrever e,
num grau ainda mais evoluído, o fax, maravilha do
intercâmbio empresarial que fez sucesso a partir
da década de 1980 e que também revolucionou o
conceito de informação corporativa. Parecia mági-
ca poder enviar um documento para outra empre-
sa numa cidade distante apenas com uma ligação
telefônica, um toque na máquina do fax emissor
e outro no fax receptor. Com a chegada do fax ao
Brasil, o mundo nunca pareceu tão ao alcance de
todos, portanto, menor do que nunca.
Da primeira tímida plotter, na dé-
cada de 1990, às impressoras de
grande formato e qualidade foto-
gráfica (fotos ao lado), a evolução
nunca mais parou.
A revolução digital
A tecnologiA dA trAnsformAção
LPR | 71
A tecnologiA dA trAnsformAção
As grandes imagensCom a evolução da tecnolo-
gia, o setor gráfico da LPR
passou a oferecer qualidade
de imagem digital e solu-
ções estéticas mais apro-
priadas para os clientes de
importantes feiras nacionais
e internacionais.
Como muitos dos membros da equipe, Vin-
cenzo também foi convocado a assumir um de-
safio na empresa, mas jamais imaginara que esse
desafio fosse permanecer constante, convocan-
do-o diariamente a se reinventar em seu trabalho.
Convidado pelo colega de faculdade rafael An-
drade Lopes, Vincenzo foi conhecer uma máqui-
na que a empresa havia adquirido e que ninguém
sabia como operar. Embora tivesse estudado ad-
ministração, como rafael, Vincenzo era um
curioso que “trabalhava com computador”
no iapar – o instituto Agronômico do Pa-
raná -, onde estagiava. E foi munido de sua
curiosidade que o rapaz apareceu um dia
na empresa do colega e conheceu a tal má-
quina. Era uma plotter - impressora de grandes
formatos - que a LPr havia adquirido para produ-
zir adesivos de identificação para os estandes que
montava. Tratava-se de uma tecnologia desconhe-
cida por todos ali, mas havia uma promessa de
que, uma vez funcionando, ela poderia permitir
avanços no setor em que tudo era feito à mão.
distante das máquinas atuais - que não só produ-
zem letras como imprimem imagens gigantescas
LPR | 72
O diretor de logística, Valdemir Alves da
Silva, falando à equipe, nos anos 1990.
Era uma época de muitas mudanças na
empresa e a sintonia entre a equipe era
um objetivo almejado pelos diretores da
LPR. As dinâmicas de grupo eram ativi-
dades que faziam parte desse processo.
Nas confraternizações, o espírito de equi-
pe marcava presença, demonstrando que
a união precisava ser constante para que a
corporação levasse seus sonhos à realidade.
Preparando o crescimento
A tecnologiA dA trAnsformAção
LPR | 73
A tecnologiA dA trAnsformAção
com qualidade e definição impecáveis -, a plotter
daquela época fazia apenas o recorte das letras.
Seria um avanço surpreendente, mas ninguém
sequer imaginava como fazer funcionar aquele bi-
cho-de-sete-cabecas. “Atendi o convite do rafael e
comecei a mexer na máquina. Fui me adaptando
e consegui fazer funcionar”, relembra Vincenzo,
à época acostumado a utilizar o Wordstar – pro-
grama de texto muito rústico cuja tela era aquela
azul à qual alguns poucos “iluminados” tinham
acesso na empresa. Assim, de tanto que “fuçou”,
Vincenzo acabou entendendo mesmo “de com-
putador”. A cartilha da área administrativa que
ele deveria seguir, por causa do curso que fez, foi
ficando de lado pois o estudo da tal máquina ha-
via apaixonado de vez o rapaz, capturando-o defi-
nitivamente para o mundo da imagem. Quando o
desafio da plotter apareceu na LPr, Vincenzo des-
cobriu o que de fato fazer com seu talento. “Tanto
que eu havia passado em 1995 num concurso da
Prefeitura mas preferi ficar na LPr”.
Vincenzo não se esquece da convivência com
aquele robozinho, nos seus primeiros dias na em-
presa. “A máquina parecia mesmo um robô cor-
tando as letras, depois que elas eram trabalhadas
pelo programa. Era uma atração: o pessoal passa-
va pelo corredor e parava para olhar. Eu também
nunca tinha visto aquilo”.
Naqueles primeiros anos da década de 1990
havia uma ansiedade por novos materiais para o
setor gráfico voltado à área de montagem. Come-
çava-se a trabalhar com o vinil e com o recorte de
letras. Já era realizada, por exemplo, a aplicação
de adesivo nas feiras. “Subíamos naquelas barra-
cas externas e aplicávamos o adesivo nas lonas.
Eu e meu pai viramos muitas noites trabalhando
nesses eventos”, recorda-se Fabiano Cerci, com
entusiasmo.
Eram tempos heroicos também nesse setor.
Algumas dificuldades, no entanto, iam sendo ven-
cidas. Ao contrário dos anos 1980 e boa parte dos
anos 1990, algumas divisórias dos estandes po-
diam embarcar para as feiras já com a aplicação das
imagens feita na fábrica da LPr. Naturalmente que
havia uma ou outra parede ou divisória que preci-
sava ser terminada diretamente no local do evento,
com a aplicação de tinta para depois esticar a lona,
mas, no geral, as mudanças de aplicação de ima-
gem nos estandes não tinham mais volta.
depois do passo inicial com a primeira plotter
debutando na empresa, outros avanços vieram. A
segunda máquina adquirida pela LPr, tempos de-
pois, já apresentava nova tecnologia. A impressão
à base de água em papel impressionava, embora
fosse necessário envernizar a imagem para que ela
não desaparecesse diante da umidade. depois,
outros recursos chegaram, os anos passaram, o
setor evoluiu tanto que, em determinado perío-
do, já era possível chamar a tecnologia disponível
de “digital”, ou seja, totalmente produzida ten-
do o computador como ferramenta principal.
Até que a empresa atingisse a excelência e a
rapidez exigidas pelas feiras modernas, muita his-
tória havia se passado e foi com essa experiência
LPR | 74
A tecnologiA dA trAnsformAção
vivida que a equipe LPr pôde dar o passo tecnoló-
gico mais apropriado para o setor de montagem.
Foi valorizando os mais experientes e incentivando
os mais novos que se chegou à evolução prome-
tida. Aliás, o encontro de gerações aconteceu na
maioria dos setores-chave da empresa, o que per-
mitiu avançar com segurança aceitando os desafios
futuros. Aquele momento vivido em 1993 foi um
primeiro passo rumo à completa informatização
em todos os setores, o que viria a acontecer, com o
foco constante na atualização, anos depois.
Aqueles que viveram a transição da pranche-
ta para o computador, enfrentaram dificuldades
para se adaptar. Tudo porque havia uma diferen-
ça entre o espaço real e o espaço virtual. Mas a
evolução proposta com a chegada do computa-
dor tornou a vida da empresa muito melhor; tudo
ganhou agilidade e profissionalização. Por exem-
plo: tornou-se uma facilidade apagar um erro
ou ter à mão blocos de objetos de uso frequen-
te prontos para serem utilizados. Na prancheta,
esse processo significava ter que refazer o serviço
muitas vezes.
MUdANÇAS CONSTANTES
Com a tecnologia, é claro, chegou também a
responsabilidade de quem produz com qualida-
de. O mercado passou a exigir ainda mais da LPr
e a rapidez, que antes demandava uma semana,
logo se tornou tão urgente que os serviços come-
çaram a ser executados de um dia para o outro,
provocados por um mercado em expansão, ten-
do empresas maiores como clientes, acostumadas
A EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA
alcançou os patamares dese-
jados na LPR. Desde aqueles
primeiros passos dados na in-
formática, em 1993, aos dias
atuais, os processos indus-
triais ganharam agilidade e
profissionalização, tornando
a empresa uma das mais rá-
pidas e confiáveis do merca-
do brasileiro de montagem.
LPR | 75
A tecnologiA dA trAnsformAção
a um padrão diferenciado de negócios. Era exata-
mente esse o caminho escolhido pela LPr. “Era
isso o que buscávamos”, confirma o Pedro Lopes
que ousou acreditar nas mudanças constantes.
diante delas – a cada dia mais ousadas - a LPr se
acostumou a não parar, desvendando os segredos
de programas de design específicos e poderosos,
materiais de montagem leves e práticos, métodos
de organização e logística velozes e funcionais.
diz a filosofia oriental que toda caminhada
começa com o primeiro passo. Nesse ensina-
mento atribuído a Confúcio está contida a ideia
de que não se pode parar, pois o segundo pas-
so já é o primeiro de outra caminhada. Era o
que a LPr já considerava um “desafio sem fim”
em meados da década de 1990, um combustí-
vel para seguir em frente, aperfeiçoando, crian-
do, ampliando e confirmando sua vocação nos
anos 2000.
Cada passo não representava somente o pri-
meiro de uma caminhada mas um passo adiante
em diversas direções.
Capítulo VIII
A genética da evolução
Quem vem depois aprende a li-
ção mas também ensina. É da
lei humana reunir os antigos
e os novos para que ambos
aprendam a passar a expe-
riência e ela siga renovada.
A LPr parece ter aprendido
essa lição com louvor. Tem
conseguido seguir em frente
reunindo o melhor da experiência do passado
com a força e a coragem das ideias inovadoras
do presente. Embora jovem, é uma senhora
empresa no auge de seus 25 anos muito bem
vividos, o que é muito expressivo nesse nosso
mundo corporativo tão volátil.
Talvez isso se dê exatamente pelo equilí-
brio das ideias entre a geração que deu início a
tudo e a geração que assumiu a continuidade.
Os mais velhos têm confiado na centelha dos
mais novos e esses parecem não desdenhar do
que lhes foi oferecido. O veterano Seu Cido diz
gostar desse encontro das gerações, sentimento
que vem acompanhado positivamente das pala-
vras do fundador Pedro Lopes.
Pedrocomeçou tudo com muito entusias-
mo, dono de seus próprios sonhos.
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LPR | 76
Eles começaram lá atrás e continuam se-
guindo em frente, tendo ao lado a força da
nova geração. “Hoje, é tudo gente jovem que
trabalha na LPr”, confirma o Senhor Cido de 70
anos que se veste com jovialidade, envergando
com orgulho a camiseta que exibe a logomarca
dos 25 anos da empresa. Sem participar dire-
tamente das feiras e eventos há alguns anos,
Seu Cido convive com diversas gerações de
profissionais na empresa, mas para ele todos
são jovens e ele confessa que adora mesmo é
estar entre os mais novos. Eles lhe dão a exata
medida do tempo que já passou e também da
energia que é possível manter para estar numa
empresa tão dinâmica.
O termo “jovem” utilizado pelo veterano
Cido não é um exagero; é, antes de mais nada,
a marca da LPr ao longo de seus 25 anos de
vida. de fato, a empresa tem uma média jovem
entre seus cerca de 200 funcionários, inclusi-
ve entre os diretores das empresas parceiras
da LPr. Mais do que meros números de idade
cronológica, essa jovialidade se explica princi-
palmente pela rapidez com que a companhia
Rafaeldá continuidade ao negócio da
família, com suas próprias ideias.
LPR | 77
LPR | 78
assimila novas ideias e encara bons desafios que
nem sempre pareceriam plausíveis a empresas
mais rígidas. Ela anda rápido e costuma ter em
suas fileiras um grande número de pessoas dis-
postas a acompanhá-la.
isso é o que significa jovialidade.
É também do dNA do próprio negócio estar
pronto para encarar o novo e o antigo renovado,
características que deram início à empresa com
a primeira geração e hoje ganhou impulso ainda
maior com a segunda geração dirigindo os negó-
cios. Há uma renovação constante, uma espécie
de genética da transformação que pega a todos in-
distintamente e permite a troca de informações e
experiências para que a empresa se mantenha sem-
pre na vanguarda de seu setor. É o que permite aos
empresários Pedro Lopes e rafael Andrade Lopes,
pai e filho, afirmarem, sem falsa modéstia, que o
olhar da empresa está sempre dirigido para a fren-
te, nunca para os lados. Para eles, esse é um dos
segredos de estar sempre na vanguarda do bom
atendimento ao mercado, focando exclusivamente
o cliente e suas necessidades. “Não nos preocupa-
mos com a concorrência, sinceramente; ocupamos
o tempo em melhorar nosso trabalho e atender o
mercado com o que sabemos fazer de melhor”.
Foi com esse olhar visionário, certamente her-
dado dos pais, que o jovem rafael pôs em prática
um plano audacioso para conquistar a montagem
dos Jogos Pan-Americanos no rio de Janeiro, em
2007, duas décadas depois de seus pais criarem
uma pequena empresa de eventos no Norte do
Paraná. Era 2007 e a LPr vencia uma concorrên-
cia nacional, sendo escolhida entre outras tantas
empresas brasileiras para montar cinco pavilhões
do riocentro, num importante evento esporti-
vo internacional sediado no Brasil. O dNA não
deixava dúvidas e o que parecia um grande risco
tornou-se uma conquista tal qual os primeiros
passos dados pelos pais nos cinco primeiros anos
da década de 1980.
Foi assim também no início. Tudo parecia lou-
cura quando seus pais deixaram o aparentemen-
te sólido ramo da construção civil em Londrina
para embrenhar-se na promoção de eventos pelo
Paraná e, depois, partirem para o setor de mon-
tagem de estandes, palmilhando diversos estados
brasileiros com fé e vontade. O engenheiro civil
e a empresária abraçaram as novidades e também
enfrentaram as diferenças, enquanto os filhos iam
aprendendo que erguer os sonhos é uma questão
de coragem e organização.
O filho primogênito rafael levou o desafio
dos pais adiante quando chegou a hora de esco-
lher seu próprio caminho. Como os aprendizes
do passado remoto, que recebiam as primeiras
orientações dos mestres para continuar no ofício,
rafael absorveu tudo que julgava necessário na
empresa, para depois escalar picos mais altos. “O
rafael trabalhou em todos os departamentos. Pas-
sou por tudo aqui dentro”, conta Pedro Lopes,
orgulhoso com a escolha do filho e por ter podi-
do acompanhá-lo em cada passo dado na empre-
sa. “rapidinho ele pegou gosto por tudo. E ele é
A genéticA dA evolução
LPR | 79
mais sério que o pai”, brinca Pedro Lopes.
O orgulho se explica não somente porque ra-
fael esteja continuando o negócio da família mas,
principalmente, porque está indo adiante com
ideias próprias, respeitando o legado da empresa.
dEdiCAdO AO TrABALHO
O perfil aparentemente tranquilo de rafael
é uma característica que o ajuda sobremaneira
a vencer os dias agitados da empresa, nos quais
estão inseridos contatos com clientes, reuniões
com os outros parceiros e com líderes dos diver-
sos departamentos, viagens para participar de li-
citações e um sem-parar de atividades que o deixa
conectado o tempo todo aos negócios. Há muita
coisa a ser feita e a praticidade ajuda muito nesses
momentos.
rafael é um homem prático. Seus 39 anos não
deixam transparecer a maturidade que está por
trás dos sonhos ousados que ele desenha para si
e para a empresa com a qual aprendeu a convi-
ver desde os 17 anos de idade. Naturalmente que
passou pelos diversos setores até chegar à dire-
ção onde hoje está, e foi justamente essa trajetó-
ria que o tornou capacitado a entender a engre-
nagem da LPr e as muitas faces que ela assume
no dia-a-dia agitado de um calendário rígido para
feiras e eventos Brasil afora.
rafael é dedicado ao trabalho. Sempre foi.
desde criança buscava formas de ganhar seu pró-
prio dinheiro, inventando estratégias para vender
produtos e serviços. Limões no pé viravam, rapi-
damente, jarras de limonada vendidas a bom pre-
ço na esquina de casa. Garrafas vazias de bebidas
rendiam bem uns trocados ao pequeno Lopes,
que comercializava os vasilhames a interessados
na reutilização do material. Teve tino comercial
desde muito pequeno. “Eu gostava de ganhar di-
nheiro. Moleque, aos 10 anos, descobri que papel
já valia alguma coisa, que garrafas vazias valiam
mais do que se imaginava. Via uma garrafa de
uísque vazia na casa de um tio, ia lá e recolhia.
Na casa da minha avó, juntava as revistas. Tudo
para vender. Se visse um pé de abacate, subia
nele, pegava uns 50 frutos e ficava na porta de
casa vendendo. Ganhava um pouquinho em cada
lugar – relembra - e podia comprar meu sorvete,
meu chocolate... Eu me virava.”
Vem desse tempo também o desejo de nunca
depender de ninguém ou de, pelo menos, traçar
o mapa de sua própria trajetória no mundo do
trabalho. Na fase adulta, não encontrou barreiras
para se decidir por uma carreira profissional. Em-
bora tenha buscado alternativas fora de Londrina
- estudando na capital Curitiba -, foi mesmo na
cidade em que nasceu que brotou a vontade de
administrar o negócio da família. Abraçou com
carinho e dedicação aquela empresa iniciada pe-
los pais, revelando-se um surpreendente homem
de negócios, como a infância já havia adiantado.
Graduou-se em administração no ensino supe-
rior mas suas ideias não nasceram exatamente dos
livros; brotaram da vida prática, alimentadas pela
A genéticA dA evolução
LPR | 80
veia de iniciativa própria e um crédito no olhar vi-
sionário. São ideias engendradas por uma mente
especialmente devotada a transformar a empresa
que começou pequena numa importante fonte de
atendimento total ao setor de eventos do Brasil.
Tempera bem a organização e a força herdadas da
mãe com a coragem e a energia conquistadora do
pai. É um homem gentil que sabe cobrar resulta-
dos e impor responsabilidades.
Talvez venha daí a liderança responsável que
tem aflorado nos diversos departamentos da LPr,
com profissionais bastante comprometidos com
suas áreas, uma semente plantada com fé e von-
tade pelos pais e que vem dando resultados pro-
fícuos na veia enérgica de uma boa geração de
colaboradores.
O próprio rafael se diz satisfeito com os re-
sultados, mas não se acomoda de jeito nenhum.
Para ele, esses resultados não são, nem de perto,
o que imagina para a empresa num futuro nada
distante. Ele quer mais. Sua ambição vem bem
acompanhada por uma boa dose de estratégias
paulatinamente acrescentadas ao dia a dia, como
se soassem naturais ao que o mercado pede. Sabe
que muitas delas poderiam parecer riscos maio-
res do que são aos olhos da maioria, por isso pre-
fere discuti-las aos poucos e, homeopaticamente,
ir introduzindo as mudanças que imagina. Com
menos velocidade do que gostaria, é verdade,
mas de forma segura à aceitação de todos.
Aliado às conversações com o pai – quando
as diferenças surgem naturalmente – e às cons-
Agitado e visceral, disposto a empreen-der e vencer. Nunca enjeitou desafios.
O jovem Lopes
Anos 1990
A genéticA dA evolução
LPR | 81
Conectado às mudanças, combina energia e controle rumo aos objetivos. Não enjeita desafios.
O jovem Andrade Lopes
tantes mudanças que propõe aos novos parcei-
ros, o modo de trabalhar de rafael vai se fazendo
notar em cada passo importante dado pela em-
presa num mercado que é, muitas vezes, viciado
em se conformar com o que já está instituído.
Ele aprendeu em sua jornada nos negócios que
o mundo corporativo exige velocidade nas mu-
danças; entretanto, os homens e mulheres que
movimentam esse mesmo universo nem sempre
digerem rapidamente a agilidade tão necessária.
Há que se ter paciência, ele sabe.
Além do mais, é saudável compreender que
nada se faz sozinho no mercado globalizado. Su-
bir na árvore, colher os abacates e vendê-los sem
ajuda de alguém é aventura de um tempo distan-
te. Os resultados que aquele menino empreende-
dor quer nos dias de hoje exige paciência, tenaci-
dade e colaboração em doses iguais.
interessante é que tudo isso tenha aconteci-
do sem que, na juventude, rafael tivesse planos
exatos e específicos para trabalhar na empresa da
família. Era a década de 1990 e a LPr dividia a
promoção de feiras com o trabalho de montagem
de estandes. rafael chegou exatamente nesse pe-
ríodo, o que lhe permitiu ver nascer, com todas as
características de uma gestação, o foco exclusivo
na área de montagem, tempos depois.
Na empresa, começou no almoxarifado. E, de
cara, viu a chance de organizar tudo por ali. Era
um espaço pequeno, nada do que se parece
hoje a grande central de materiais, departa-
mentos e logística onde se concentram as prin-
A genéticA dA evolução
Anos 2000
LPR | 82
cipais atividades da fábrica de estandes da LPr.
dali, rafael seguiu para o setor de compras
que, à época, não tinha todo o volume que hoje
agita a empresa em suas muitas atividades. Ali,
sua atuação foi ampliar a rede de fornecedores,
buscando mais cotações e preços reduzidos.
depois de passar pelo almoxarifado e o se-
tor de compras, ele foi conhecer os detalhes do
departamento financeiro. “Como sempre gostei
de organização – fruto do curso de administra-
ção que fiz - também resolvi organizar o fluxo
de informações por intermédio da informática”.
Eram os primeiros tempos da “computação” nas
empresas e a LPr logo aderiu à “modernidade”
da época. O que hoje nos admiramos de ver
como peças de museu – computadores grandes
e desengonçados -, naqueles primeiros anos de
1990 eram máquinas festejadas como verdadei-
ros deuses nas companhias brasileiras. As luzes
verdes e amareladas dos monitores brilhavam
bruxuleantes e todos se revelavam súditos da-
quela incipiente tecnologia de uma era que se
mostraria “revolucionária”.
Os primeiros rudimentos de informações
da LPr alimentaram essas incríveis máquinas
jurássicas até que, pela evolução e muito in-
vestimento no setor, elas se transformaram em
parceiras ágeis dos profissionais do setor. Foi
assim que logo os dados e a comunicação da
empresa ganharam uma agilidade espantosa e
os projetos desenhados à mão nas velhas pran-
chetas de arquitetura migraram para as telas
dos computadores, revolucionando o setor de
criação de projetos na LPr da década de 1990.
Uma ideia luminosa do então aprendiz de
empresário rafael Andrade Lopes.
Curioso, ele não sossegava. Foi numa visi-
ta a Fenasoft, em São Paulo, que - em busca
de novidades - encontrou parceiros perfeitos
para um novo salto na multiplicação dos dados
e da tecnologia da empresa. Encontrou o que
precisava num estande pequenininho, onde se
exibia um módulo do software Autocad especí-
fico para desenvolver móveis planejados. “Pen-
sei: se ele desenvolveu um módulo específico
para armários, por que não para estande?”. O
pensamento estava correto. O dono da empre-
sa, que aliás estava na feira, confessou a rafa-
el que também já havia pensado no assunto.
“Com eles, desenvolvemos o Grapho – progra-
ma específico para o setor - e hoje utilizado
no Brasil inteiro para esse fim”, indica rafael.
“Unimos nossas ideias, ele foi para Londrina,
deslocou uma equipe sua para acompanhar a
implantação do programa na LPr, e ali nascia
o setor de projetos informatizados. O que era
manual tornou-se digital”, recorda-se, com pra-
zer, o jovem empresário.
Era 1996 e a informática ia se tornando fer-
ramenta obrigatória nas empresas. Quem não
quisesse ficar para trás, não podia prescindir
do computador nas atividades empresariais. Se
não era possível informatizar tudo, ao menos
nos setores administrativos e de criação a tec-
A genéticA dA evolução
LPR | 83
nologia ia se impondo de forma irreversível.
Foi assim também na LPr, que ampliava seu
raio de ação pelas capitais.
rafael se orgulha de ter podido dar esse passo
fundamental para a evolução da empresa. Foi sua
natural curiosidade e uma ânsia de evoluir que
propiciaram saltos como esse na LPr. A visita a
feiras em busca de novos fornecedores foi o pon-
tapé inicial para que um novo tempo inaugurasse
um perfil tecnológico na empresa. Hoje, a pran-
cheta é lembrada até com uma certa ternura pe-
los mais antigos; os mais novos, esses já nasceram
navegando numa mesa virtual, onde a criação, o
design e a realidade convivem num mesmo espa-
ço de tempo ágil e urgente.
SEM MEdO dE APOSTAr
Aos poucos, os espaços e as ideias da empre-
sa foram se tornando tão familiares ao ex-novato
rafael que ele foi se sentindo à vontade para im-
plantar projetos que iam brotando na sua cabeça
e dando comichões para ganharem o mundo real.
Foi conhecendo o terreno em que pisava que o
empresário pôde vislumbrar uma miríade de pos-
sibilidades. dela nasceu, por exemplo, a ideia de
ampliar o leque da LPr, transformando em novos
negócios as oportunidades que iam surgindo a
cada nova conquista de mercado. Foi assim que
a LPr Locações tornou-se um novo foco de atu-
ação. São histórias de negócios geradas dentro
da LPr, que surgiram de um desafio vivido pela
empresa, ganhando vida própria. Além de prestar
serviços à LPr, as empresas parceiras têm autono-
mia para atender o mercado. A ousadia ganhou,
aos poucos, a adesão de outros profissionais que
já conheciam o roteiro de trabalho e que iam se
tornando aliados em novas frentes de trabalho.
Sem medo de apostar nesse modelo de ges-
tão, rafael se diz ainda a meio caminho do que
pretende. “Sempre pensando na próxima etapa,
digamos assim”. Seu projeto de atender como um
todo o mercado de eventos caminha seguro rumo
a um alvo que ele vê claramente como possível.
Montar estandes, diz ele, já está um pouco no li-
mite. Pelo menos em volume. “Poderíamos optar
por aumentar nossa meta em número de estan-
des montados; eu optei por crescer ampliando o
leque de serviços para o cliente.”
Esse é o mercado que carece de suprimentos,
acredita o homem que cresceu com sua empresa,
alicerçada no trabalho duro de seus pais e condu-
zida hoje com a responsabilidade de quem pre-
cisa continuar, dando o melhor de si, até como
uma forma de gratidão. Costuma ser assim entre
os orientais, e rafael gosta de observar filosofias
como as que privilegiam o fazer com determina-
ção e assertividade. Os problemas, diz ele, fazem
parte do viver; e viver numa empresa com tantas
atividades reunidas é assim como administrar a
vida com desafios e soluções. Tudo depende do
olhar que se tem sobre cada fato.
Foi mais ou menos isso que ele ouviu, um dia,
circulando por uma das muitas feiras brasileiras
A genéticA dA evolução
LPR | 84
Esmeradas obras da criação artesanal, os projetos dos estandes eram desenhados à mão pelos projetistas da LPR. Para aprovação do cliente, eram depois envia-dos pelo correio.
FEITO À MÃO
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Desenhados a lápis, com re-toques feitos a nanquim, os projetos criados para os ex-positores tinham riqueza de detalhes traçados em papel especial para apresentação ao cliente.
A “TECNOLOGIA” DA PRANCHETA
LPR | 86
que a LPr montava. Parados num estande, dois
homens conversavam sobre os problemas que
um deles havia tido recentemente. O que estava
desanimado com os acontecimentos ouviu do in-
terlocutor, um senhor de origem oriental, a bordo
de seu sotaque japonês, o seguinte ensinamento:
- Se você vê problema grande, problema fica
grande mesmo. Se você olha para problema
como se ele fosse pequeno, problema fica mes-
mo pequeno.
“Eu acredito que tudo tenha uma solução”,
emenda rafael. “Se não tiver, como diz o próprio
ditado, solucionado está. Temos que ir em frente.”
Essa filosofia, adaptada nas mais diversas situações,
segundo ele, lhe dá uma força incrível para acre-
ditar e se reerguer quando algo parece perdido.
“isso me tranquiliza: ser capaz de resolver um pro-
blema, de alguma forma, por pior que ele seja.” As-
sim como a lição do senhor oriental naquela feira,
ensinamentos de pessoas que já perderam tudo na
vida e reconquistaram sua posição novamente lhe
dão força para acreditar e seguir em frente.
Essa força surgiu em sua vida justamente
quando rafael entendeu sua própria capacida-
de para realizar, quando encontrou seu lugar na
empresa e passou a trilhar seu caminho da forma
como deveria ser, com seu jeito próprio e único.
Na diferenciação, o filho encontrou-se; a primeira
trajetória empreendida pelo pai já estava feita e
era preciso prosseguir conduzindo a empresa nos
novos tempos. “São formas diferentes de pensar,
que precisam ser respeitadas em suas particulari-
dades”, conceitua rafael.
Pedro Lopes sabe disso. Vê na rotina do filho,
agitada e recheada de compromissos, um tempo
que já não lhe cabe. Ele também foi assim, exi-
gente com os dias e as noites, correndo contra o
relógio para cumprir o que prometera aos clien-
tes, os quais tratava como amigos. Seu jeito caris-
mático toma conta dos negócios num formato de
coração; é visceral.
Mas o tempo é outro e Pedro está aprendendo
a respeitá-lo. “Trabalhar de madrugada, trabalhar
a noite inteira, correr e fazer tudo ao mesmo tem-
po... eu não tenho mais pique para isso”, concor-
da. “Antigamente eu passava a noite escrevendo
para entregar papel no outro dia, com as tarefas
de cada um. Hoje o pessoal recebe as ordens do
rafael por e-mail e logo cedo. Ele vê tudo, toma
decisões, enxerga o miudinho...”
É... muita coisa mudou; só não mudou o res-
peito que rafael conquistou junto ao pai e aos
funcionários, o mesmo respeito que sempre teve
por aquele que deu o primeiro passo. “Ele é com-
petente!”, elogia o pai. “Ele é muito importante
para a empresa”, diagnostica o filho.
As ideias entre pai e filho nem sempre encon-
tram a mesma sintonia; duas personalidades origi-
nais e determinadas, ambos sabem a força de cada
um, por isso, há que se adequar gestos e estra-
tégias para que os passos necessários sejam da-
dos harmoniosamente. Não há como mudar duas
gerações diferentes. Há como respeitar os pen-
samentos díspares, encontrando o meio termo
A genéticA dA evolução
LPR | 87
entre eles. Mas foi assim que a LPr se fez, com as
escolhas naturais exigidas de cada um. E escolhas
nem sempre são acertadas; mas precisam ser feitas.
“Acho que meu pai mudou o jeito dele, ao longo
do tempo”, acredita rafael. “Mudei. A vida me en-
sinou”, pondera Pedro. “Ele era mais parecido com
o que eu sou hoje”, compara o filho. “Hoje vou
mais com calma”, professa o pai, dizendo que, com
a idade, passou a analisar com mais cuidado todas
as situações, ponderando os prós e os contras.
O equilíbrio é mesmo um ideal que todos
buscam e é essa busca que faz o caminho ser tão
prazeroso.
À parte a natural diferença de gerações e as
ideias próprias de cada um, pai e filho sentem-se
fortalecidos pela presença um do outro na em-
presa. isso tem lhes permitido aprender a ousar
com os pés no chão, experimentando o gosto das
novidades, tal como exige o mercado, com um
bom roteiro na mão. Até porque as mudanças são
muito mais rápidas na LPr do ano 2011.
Como é de lei para cada geração, cada um a
seu modo deu uma nova forma à empresa, con-
tribuindo com fases distintas desse negócio apai-
xonante em que se transformou o agitado mundo
dos eventos.
A genéticA dA evolução
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LPR | 89
s feiras de negócios tornaram-
-se definitivamente a especiali-
dade da LPr. Em 1995, aos 10
anos de vida, a empresa selava
seu acordo com um mercado
que vinha conhecendo desde a
década anterior e que agora lhe parecia perfei-
tamente possível ser explorado de forma ainda
mais intensa e específica.
A LPr projetava-se para o Brasil, levando
sua garra à prestação de serviços no setor de
montagem. E a ocasião parecia feita especial-
mente para isso. As feiras de negócios amplia-
vam sua importância no chamado business
world, tornando-se centros especializados para
encontros entre empresários, clientes e forne-
cedores. Tudo isso soava em perfeita sintonia
com o final do século XX.
Nesse período, o Brasil e o mundo estavam
novamente se transformando. Apostava-se mui-
to numa fórmula “renovada” de um novo capita-
lismo, um jeito moderno de ir “socializando” os
bens e produtos, ocupando praticamente todo o
espaço deixado pelo “fracasso” do chamado so-
cialismo nos países do Leste Europeu. Era assim
Capítulo IX
que se falava sobre as tendências
daquele período.
As feiras de negócios - uma
espécie de vitrine dessa mudan-
ça - passaram a ganhar um novo
espaço no Brasil e, especialmente
em São Paulo, chamavam a aten-
ção dos empresários de forma ain-
da mais expressiva. Atraíam como
negócios em si mesmo, com uma
gama enorme de serviços sendo
oferecidos e movimentando uma
escala impressionante de ativida-
des e profissionais. do promotor
do evento às empresas montado-
ras, passando pelos clientes dos
produtos expostos e chegando
aos ganhos diretos e indiretos do
movimento da feira, criava-se uma
cadeia supreendente de negócios.
Paralelamente, eram excelentes in-
centivadores para as cidades que
sediavam o evento, demonstrando
uma força a impulsionar a econo-
mia dos municípios.
aNo mundo das feiras
LPR | 90
Nesse período, o mundo globalizado começa-
va a esboçar novo desenho no planeta, atraindo
países para eventos nos quais todos podiam falar
a mesma língua: o idioma das relações comer-
ciais. Em São Paulo, o Parque Anhembi se tornava
o espaço perfeito para esse cenário, pois a capital
paulista era o centro das atenções para as promo-
ções do chamado turismo de negócios. Afinal, ali
estava instalado o maior pavilhão de exposições
da América Latina à época. Os eventos já começa-
vam a ser vistos - de forma mais enérgica - como
grandes estimuladores da economia dos muni-
cípios, pois movimentavam os diversos setores
com receitas variadas, impulsionando o aumen-
to no números de empregos diretos e indiretos,
ocupação em hotéis e recolhimento de impostos.
Tudo isso sem falar na geração de negócios entre
os próprios fornecedores dos eventos, como era
o caso das empresas montadoras.
Um relatório de 1998 da Embratur - a Empre-
sa Brasileira de Turismo - já demonstrava que o
“turista de eventos” gastava três vezes mais do
que um turista “convencional” que estivesse pas-
seando em férias. Parecia tentador estimular esse
grande negócio – o evento.
Aberto ao mundo, o Brasil ia conhecendo
melhor o que o mercado de eventos poderia lhe
oferecer interna e externamente. Empresários e
governo passaram a enxergar nas feiras um uni-
verso ímpar a ser explorado para gerar dividen-
dos, enquanto as cifras aumentavam e os dados
estatísticos engordavam as pesquisas do setor,
demonstrando que esse mercado crescia, em mé-
dia, mais de 10% a cada ano. ia longe o tempo em
que a pioneira Fenit - a Feira Nacional da indús-
tria Têxtil - inaugurara como novidade o setor de
grandes eventos no país. O pioneiro evento acon-
teceu em 1958 e reuniu 97 expositores na feira
que fez história, marcando o “início das grandes
mostras industriais e comerciais no país”. Agora,
o número de expositores crescera e as feiras reu-
niam mais de uma centena de expositores.
São Paulo ia se tornando a meca do turismo de
eventos, dando os primeiros passos largos nesse
sentido na década de 1990. Em poucos anos - já no
século seguinte -, a capital dos paulistas se tornaria
a sede de 90 mil eventos anuais, com uma média
de um evento a cada 6 minutos. A maior cidade da
América Latina seria responsável também por 75%
dos eventos de negócios de todo o país, sediando,
na década de 2010, 120 das 172 grandes feiras re-
alizadas no Brasil.
Esse cenário se delineava com rapidez, o que
logo transformou o futuro num presente concreto.
rUMO A SÃO PAULO
A pouco mais de 500 quilômetros dali, os em-
presários londrinenses da LPr não tinham mais
dúvidas. A capital paulista era mesmo o local ide-
al para a instalação da primeira filial fora do Nor-
te do Paraná. A ideia era aproveitar esse terreno
fértil para expandir o atendimento ao mercado
brasileiro de feiras.
no mundo dAs feirAs
LPR | 91
Estratégica e fundamental na logística da capital paulista, a primeira filial da LPR instalada fora
do Paraná, em 1994, é um ponto de apoio às diversas atividades da montadora e também refe-
rência para a locação de móveis na região.
A filial São Paulo
1994. A LPr abria mercado, em busca da pri-
meira filial fora do Paraná. Foi com esse propósito
que, à época, rosana Andrade visitou os grandes
promotores de eventos de São Paulo, levando
o histórico da LPr, com vistas a entrar no setor
multisetorial. Ficavam para trás os bons tempos
de organização das feiras agropecuárias parana-
enses. “durante um jantar que promovemos em
Maringá, anunciamos oficialmente que a LPr ia
parar de fazer a feira”, recorda-se rosana, lem-
brando que as etapas seguintes não foram fáceis
mas que a garra da empresa mantinha-se intacta.
“Sempre trabalhamos em grande estilo, sempre
fomos muito unidos e corajosos.”
dedicando-se exclusivamente à atividade de
montagem já nessa época, a equipe da LPr des-
cobriu-se também apaixonada pelo setor. A ideia
de embrenhar-se mais profundamente na área de
montagem ganhou definitivamente as mentes e o
coração desses paranaenses que não enjeitavam
desafio; muito ao contrário, inventavam a cada
dia novas formas concretas desse substantivo abs-
trato. O universo da montagem, de forma exclusi-
va, era uma outra realidade para a empresa, o que
no mundo dAs feirAs
A decisão de atender exclusivamente o setor de montagem permitiu à LPR um incremento de novas tecnologias, novas estratégias
de organização e um know-how único para atender feiras grandes e promotores de eventos exigentes. A capital São Paulo foi o
“pulo do gato” rumo a novos e promissores mercados.
Know-how em montagem
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LPR | 93
mereceu estudos dos empresários londrinenses.
“Fui para a Alemanha e fiquei 21 dias para
acompanhar a montagem da tradicional Feira de
Hannover”, lembra rosana. Ela observou que na
meca das feiras, não havia “um fio de cabelo caído
no chão” durante a montagem dos estandes. Não
havia um parafuso no corredor. “Toda a monta-
gem ficava dentro do estande”. A empresária vol-
tou maravilhada e apresentou diversas ideias para
a padronização do trabalho, muitas das quais até
hoje permanecem na rotina do setor de monta-
gem. “Hoje, olho para a LPr e tenho o maior or-
gulho”, compara, emocionada.
EXPEriÊNCiA E rESPEiTO
A criação de um novo departamento comer-
cial também ganhou corpo nesse período. Afi-
nal, agora era preciso atender os novos clientes
de forma diferenciada. “E o novo departamento
comercial englobava as filiais de São Paulo e rio
Grande do Sul, ambas coordenadas pelo escritó-
rio da matriz em Londrina”, recorda-se rosana,
lembrando que ficou nessa função durante 4 a 5
anos, até realmente deixar a empresa para viver
novos negócios.
Já com uma boa história para contar e muita
determinação para vencer, a LPr passou a ser co-
nhecida dos promotores de eventos fora do eixo
do Paraná. Muitos passaram a visitar a matriz em
Londrina para conhecer a estrutura montada para
atender médios e grandes eventos. Muitas parce-
rias firmadas de modo categórico aconteceram
nesse período. “E a gente sempre cuidando mui-
to bem da montagem, escolhendo os melhores
materiais, atendendo aos clientes com um dife-
rencial...”, pontua rosana. “A diferença da nossa
empresa para as outras é que nós havíamos passa-
do por tantos desafios, que sabíamos como lidar
com o cliente da feira, aquele que, por sua vez, era
o cliente do promotor do evento. Conseguíamos
nos colocar no lugar do cliente. A experiência que
tínhamos na organização de eventos nos ajudou
muito nessa escalada. Acompanhar cada detalhe
da organização dos eventos que fizéramos até en-
tão nos dava um diferencial em relação a outras
empresas. Acabávamos ajudando muito mais o
expositor, oferecendo uma espécie de consultoria
informal”. Tudo isso permitiu a LPr ganhar cada
vez mais respeito junto aos promotores de eventos
“porque estávamos sempre surpreendendo”, con-
clui rosana.
Tradicionalmente ligada mais a São Paulo do
que à capital Curitiba, Londrina ia se tornando
“globalizada” para os diretores da LPr. A atual di-
retora comercial da empresa, Milena Lemos de Al-
meida Lopes, recorda-se que esse período marcou
os voos inaugurais da LPr pelo Brasil e pelo mun-
do. integrando a primeira equipe da filial em São
Paulo, nos anos 1990, Milena conhecia bem os
meandros do mercado em que a LPr inaugurava
seus negócios, pois acabara de deixar um cargo
expressivo como executiva de marketing da em-
presa aérea TAM. Então recém-casada com o em-
no mundo dAs feirAs
presário londrinense Pedro Lopes, a jovem expe-
rimentava desafios novos no setor de montagem
de estandes, do qual havia sido cliente até então.
“Na TAM, eu contratava a LPr para montar
nossos estandes nos eventos. A LPr era nossa
fornecedora”, recorda-se Milena, hoje à frente de
uma competente equipe de vendas e da organi-
zação do setor na LPr. Para ela, o atendimento
prestado pela montadora londrinense à tradicio-
nal empresa áerea brasileira deu uma justa me-
dida do caminho a ser seguido então pela LPr,
afinal, a TAM sempre foi uma empresa exigente,
que trabalhou muito com o conceito de qualida-
de e confiabilidade. “Tê-la como cliente naquela
época foi um sinal de que a LPr estava num bom
caminho. Foi um salto qualitativo”, avalia Milena.
Tendo a filial em São Paulo e o apoio funda-
mental da matriz em Londrina - onde estava toda
a sua estrutura -, aos poucos a LPr foi conquistan-
do uma seleta carteira de clientes, tornando-se co-
nhecida não só na capital paulista como também
em outros estados do país. Quem se lembra bem
dessa época é a atual gerente da filial, Simone
Adeline rodrigues, uma paulistana que diz amar a
“loucura” da metrópole São Paulo. Simone logo se
adaptou à forma diferenciada de trabalho da LPr.
Localizada estrategicamente em Nova Petrópolis, região metropolitana de Porto Alegre,
a filial da LPR no Rio Grande do Sul foi instalada em 1995, logo após a filial São Paulo.
A filial Rio Grande do Sul
no mundo dAs feirAs
LPR | 94
MILENA LEMOS DE ALMEI-DA LOPES, diretora comercial. Atender o mercado paulista, com foco especial na capital São Paulo, foi um passo deci-sivo para que a LPR ocupasse uma fatia importante do merca-do brasileiro. A empresa se po-sicionou, evoluiu e se destaca nesse competitivo mercado.
Mesmo por que, diz ela, já estava acostumada ao
ritmo ágil de outras empresas nas quais havia atua-
do, como o Sesc - Serviço Social do Comércio - e o
departamento de marketing da TAM.
Simone entendeu logo os desafios da empresa
paranaense recém-instalada em São Paulo. “O tem-
po todo vivemos isso aqui; a cada dia os desafios
são renovados, isso é o que me faz estar na empre-
sa há tanto tempo”, indica a gerente, salientando
que essa diversidade torna o cotidiano nada pre-
visível e, portanto, bom de se trabalhar. “Todos os
dias temos coisas novas”, diz ela, sentindo-se cons-
tantemente desafiada para novos projetos.
Como a primeira funcionária da equipe pau-
listana da LPr, Simone acompanhou de perto as
muitas mudanças vividas pela empresa atenden-
do o mercado paulista, do primeiro escritório
montado em 1994 para a atual sede da filial, inau-
gurada em 2007. A evolução foi grande, impossí-
vel de mensurar.
A parceria São Paulo-Londrina ia frutificando.
Ampliaram-se os contatos com os grandes promo-
tores de eventos, um trabalho sendo feito com
organização e método pela equipe das duas ci-
dades. Era uma nova perspectiva. Estar em São
Paulo era estratégico naquele momento. Ter tido
essa visão foi fundamental para o futuro da em-
presa, para o que viria depois. “O atendimento
a esse novo universo de clientes trouxe a neces-
sidade da empresa melhorar seu trabalho, afinal,
no mundo dAs feirAs
LPR | 95
estávamos participando de um mercado altamente
competitivo. Em São Paulo, a exigência era outra e
isso foi um desafio gigantesco para a LPr”, analisa
Milena. durante dois anos esse trabalho de formi-
guinha foi sendo realizado com determinação e o
primeiro espaço no Sudeste brasileiro, que antes
era apenas um escritório, transformou-se numa
importante filial para a LPr.
“Melhoramos em tudo, eu acredito. Foi um
momento bom para a empresa, em todos os sen-
tidos. Vieram muitos clientes de fora;
mesmo no Paraná - e no Sul como
um todo -, a empresa abriu muitos
mercados diferentes”. O foco ex-
clusivo na montagem ajudou muito
nesse novo caminho, acredita Pedro
Lopes. “Foi funda-
mental focar nesse objetivo. Tivemos um momen-
to dinâmico que, em seguida, permitiu a abertura
da filial no rio Grande do Sul, outro estado impor-
tante para as feiras-clientes da LPr”.
No Sul, criou-se um outro polo de eventos
específico, por conta do importante mercado de
móveis, vinhos, turismo e lazer. Cidades como as
capitais Florianópolis e Porto Alegre tornaram-se
referência não só na promoção de eventos liga-
dos à economia local, mas também como cida-
des-sede de feiras promovidas por empresas
de outros esta-
no mundo dAs feirAs
LPR | 96
LPR | 97
dos, ligadas aos mais variados segmentos
de negócios, como a avicultura, o cinema,
o lazer, entre outros.
Para atender esse importante centro de
negócios, a LPr criou em 1995 uma filial
em Canoas, na região metropolitana de
Porto Alegre. Convidado a assumir mais
essa novidade em sua vida de jovem enge-
nheiro, Luiz Basso aceitou o desafio pro-
posto pelo chefe Pedro Lopes. O convite
para implantar o conceito LPr na segunda
unidade fora de Londrina chegou como
uma charada proposta por Pedro.
- Luiz, você tem medo do frio?
- Medo do frio? - respondeu com outra
pergunta o novato na área de montagem.
- É. Você tem problemas com o clima
frio? - tornou a considerar o chefe, já adian-
tando que vinha coisa nova por aí.
Entendendo a charada, Luiz Basso
foi ao ponto.
- Se for para ganhar dinheiro, pode me
mandar até para o Polo Norte.
A equipe LPR passou a oferecer ao mercado brasileiro uma linha diferenciada de estandes, fossem eles
padrão, mistos ou construídos, utilizando materiais especiais e muito engenhosidade.
Estandes especiais
Era para fazer andar a segunda unidade da
LPr fora do eixo paranaense. A primeira já havia
sido instalada em São Paulo pouco mais de um
ano antes. Com um escritório no rio Grande do
Sul, a LPr poderia ter um foco maior nos eventos
daquela região, e Luiz Basso era o homem com-
prometido para acompanhar de perto esse desa-
fio, pensou Pedro Lopes. Já atendia clientes de
estandes há um certo tempo e palmilhava com
segurança a área de montagem, cujo know-how
adquiriu na prática da empresa. Portanto, não viu
problema algum em aceitar a proposta.
Oriundo da Construtora Lopes & Andrade,
Luiz Basso foi convidado a integrar o setor de
montagem da LPr tão logo terminou sua tarefa
de engenharia na construção do Armazém da
Moda, em Londrina. Era um empreendimento
empresarial no qual a construtora de Pedro Lopes
tornara-se parceira. Terminada a construção, Luiz
Basso foi convidado a trabalhar com uma outra
engenharia: a engenharia de montagem de estan-
des, um negócio que ele jamais imaginara existir
antes de receber o convite da empresa.
no mundo dAs feirAs
LPR | 98
A filial do rio Grande do Sul ficou sob sua co-
ordenação durante três anos, quando voltou para
Londrina. Tempos depois, o endereço da LPr no Sul
mudou para Nova Petrópolis – também na região
metropolitana de Porto Alegre - de onde passou a
dar suporte logístico às montagens de eventos.
Hoje à frente da filial no rio de Janeiro, o di-
retor Luiz Basso lembra-se com alegria daqueles
tempos heroicos em que a montagem começava
a ser decodificada pela equipe da LPr e ele pôde
colaborar com sucesso na formação e desenvolvi-
mento da filial do rio Grande do Sul.
O CrESCiMENTO
Os anos seguintes foram de um desbravamento
tão ou maior que os primeiros tempos. “As feiras
foram dando certo para a LPr. Eu acho – sem querer
ser arrogante - que tudo que é feito com foco, com
objetivo, vai dando certo”. Pensando assim, Pedro
Tornar-se a montadora oficial de importantes eventos nacionais foi uma das grandes conquistas da LPR desde
os anos 1990. Isso significa a confiança dos promotores de feiras e eventos no trabalho da equipe LPR, e um
passaporte a mais para que clientes expositores montem seus estandes com a empresa paranaense.
A montadora oficial
no mundo dAs feirAs
LPR | 99
Lopes e sua equipe foram acrescentando a seu co-
tidiano as feiras de negócios que exigiam, por sua
vez, materiais mais modernos para a montagem,
métodos mais ágeis para a organização dos trabalho,
uma equipe mais afiada na composição do serviços
e uma logística fiel ao que exigiam os novos tempos.
“As primeiras feiras dessa época foram um
aprendizado e tanto”, reconhece o empresário,
que passou a dominar o know-how do setor como
ninguém nos anos seguintes, chegando a se tornar
uma das maiores empresas de montagem do Brasil
quando os anos 2000 se instalaram. “Minha políti-
ca sempre foi: se vou fazer algo, faço bem feito, o
melhor que eu puder. Até hoje, o que leva nossos
projetos para a frente é o fato de termos a política
de fazer bem feito”. E o conceito acompanhou bem
sua trajetória, pois com os anos, as feiras de negó-
cios ganharam uma importância ímpar no merca-
do brasileiro, seguindo o caminho proposto pelos
países mais desenvolvidos.
Com o tempo, ficou claro para as empresas que
participar de feiras era mais do que importante; era
fundamental. Participar de feiras passou a ser enca-
rado como um investimento, uma peça estratégica
no grande projeto de comunicação empresarial.
OS diFErENCiAiS
Hoje morando em Londrina, para onde se mu-
dou no final dos anos 1990, a diretora comercial
da LPr, Milena Lemos de Almeida Lopes, olha para
trás e vê com respeito a história que a empresa
construiu antes dela e a história que pôde ajudar
a escrever desde que entrou para a equipe LPr.
A soma e a força desses anos todos deram à em-
presa londrinense a marca de uma organização
cosmopolita, como almejavam os pioneiros da
empresa. “A LPr é uma empresa hoje extrema-
mente respeitada, extremamente bem conceitua-
da”, avaliam seus diretores. “Temos, de fato, esse
conceito de confiabilidade”, reforça Milena. “So-
mos recebidos pelos presidentes, pelos diretores
das empresas com todo o respeito. E entregamos
cada montagem de feira com o maior prazer”.
O prazer de realizar, aliás, está no topo da lista
de tarefas cumpridas pela equipe LPr na capital
paulista, há 17 anos. O mundo mudou e o setor
de eventos transformou-se completamente nesse
período; só não mudaram os desafios enfrentados
pela equipe paulistana. “Aqui na LPr gerenciamos
as surpresas do dia a dia e não os planejamentos,
como é de costume em outras empresas”, revela
a gerente Simone Adeline rodrigues. Para manter
o timing e não desafinar das equipes das outras
filiais e da matriz, é preciso ter o foco na princi-
pal característica da LPr: a motivação para o desa-
fio. “E a principal qualidade de uma boa gerente
nessa área é exatamente essa: manter dentro das
pessoas a vontade de trabalhar cada dia com a
mesma garra do dia anterior. Ou melhor”, define.
É também impossível prescindir da criativi-
dade e do auto-controle para manter o foco na
qualidade do serviço. Administrar conflitos, afinal,
exige muita presença de espírito, outra caracte-
no mundo dAs feirAs
LPR | 100
rística que Simone diz ser necessária para manter
o equilíbrio na administração da filial. Foi o que
aconteceu em diversas ocasiões, quando a gerente
precisou administrar situações sui generis, como
um cliente querendo colocar um elefante dentro
do estande ou aquela cliente que vinha de outro
Estado e que marcava a reunião para discutir o
briefing do estande no salão de cabeleireiro...
As histórias são muitas e refletem a diversida-
de do trabalho que é ouvir, atender e prestar o
serviço necessário para a realização de uma boa
feira. Cada filial deve ter seu próprio “diário” dos
fatos que ultrapassam o lógico e o possível. do
passado, as histórias vêm com a carga do inusita-
do, pois eram tempos pioneiros, repletos de im-
provisação... O que não impedem os dias atuais
de terem suas próprias histórias especiais, como
a essa do elefante dentro do estande, fato que
acabou não se concretizando, graças ao bom sen-
so da funcionária da LPr.
de uma forma ou de outra, persiste o objetivo
de prestar o melhor serviço, seja levando em con-
ta o pioneirismo ou a aplicação de novas tecnolo-
gias. “Hoje a LPr é uma grande empresa porque
buscou melhorar o tempo todo”, avalia Simone,
salientando que o que muda é a aplicação dessas
mudanças. “Se no passado fazíamos de tudo para
acertar, hoje trabalhamos com o objetivo de não
errar em nada. Esse objetivo está na cabeça de
cada funcionário, mesmo que cada um deles não
perceba. E eu me incluo totalmente nisso”.
Com os anos, a experiência, a estrutura e a
capacitação humana reuniram-se num selo pró-
prio que a LPr costuma deixar estampado em
cada início e final de feira. Uma marca de quali-
dade na prestação de serviços que vem fazendo
história no setor de montagem. “Principalmente
a qualidade na prestação de serviços tem sido
uma marca forte da LPr. Esse é um grande dife-
rencial nosso”, afirma a diretora comercial Mile-
na, com orgulho. Ao mesmo tempo, esse mesmo
selo pode abrigar o conceito de confiabilidade
que a empresa conquistou em 25 anos de atu-
ação. É essa confiabilidade que faz do produto
imponderável que vende - um estande, um so-
nho - a certeza de que os anos futuros conti-
nuarão sendo pródigos. “isso é muito bacana!
Nosso cliente compra, na verdade, um projeto,
uma ideia. Ele confia que aquele projeto estará
montado, pronto, no dia marcado, na feira da
qual ele participará. Trair essa confiança é não
prestar o serviço conforme nos compromete-
mos a fazer”.
Outro método que a LPr incorporou a sua
experiência como prestadora de serviços pro-
fissional é o acompanhamento da feira, do iní-
cio ao fim. Esse trabalho diferenciado é muito
importante se o cliente precisar de algum apoio
durante o evento ou se houver a necessidade
de reposição de algum material do estande. “Te-
mos profissionais de manutenção acompanhan-
do o evento durante todo o tempo. Esse é outro
grande diferencial. O cliente se sente assistido”,
indica Milena.
no mundo dAs feirAs
LPR | 101
Não é pretensioso dizer que a evolução da
LPr acompanhou a evolução das feiras no Brasil.
A trajetória da LPr foi escrita tendo o mercado
como projetista exigente e determinante, mas
o carisma e a coragem da empresa londrinense,
que não teve medo de abrir fronteiras em outros
estados e até no exterior, demonstram que muito
foi feito tendo a visão futurista como um GPS a
orientar as ações da equipe.
Ao pôr os pés na década de 2000 – início de
um novo século, começo de um novo milênio -,
a LPr destilava as intenções que a haviam levado
até ali. Era já uma empresa conceituada em ou-
tros estados brasileiros, com 80% de seu fluxo de
atendimento fora do eixo Norte do Paraná.
Mas ela queria ainda mais.
no mundo dAs feirAs
LPR | 102
er grande, a maior, quem
sabe? Esse era o sonho
da LPR que inaugurava
o século XXI. E para os
sonhos não há medidas
exatas. Todavia, o olhar
determinado e a projeção programada
podem tornar a vida de uma empresa
muito próxima dos desejos impostos
pela imaginação de seus donos.
Ter alcançado o século XXI contando
quase 20 anos de idade era uma con-
quista esplêndida para uma empresa
brasileira, num tempo em que os espe-
cialistas ditavam como regra um prazo
de cinco anos de vida para a maioria das
companhias nacionais. Aquelas que con-
Capítulo X
s
A LPR, o Brasil e o mundo
Foi através de Angola que a LPR abriu frontei-
ras no mundo internacional. Foi em 2004 .
Uma filial na África
LPR | 103
Esse traço visionário, carregado de paixão
pelo desafio, continuava direcionando as ações
da empresa, o que dava à LPr o combustível para
seguir ao sabor do mercado e, ao mesmo tempo,
adiantando-se a ele. A forte estrutura montada
em Londrina, na matriz, as estratégicas filiais -
então em dois Estados - e a organização profis-
sional que se alinhavava em torno dos eventos
forneciam a segurança necessária para as metas
almejadas pela equipe.
Embora a noção de grandeza e importância te-
nha se estabelecido formalmente apenas no final
da década de 2000, com os eventos internacio-
nais, a intuição e a experiência da LPr já haviam
traçado um caminho e ele estava sendo trilhado.
A empresa paranaense ia, de fato, se tornando
uma das mais hábeis e competentes na monta-
gem de estandes em grande volume. Ganhava
licitações e conquistava promotores de eventos
graças à capacidade de montar milhares de me-
Atendendo a Embraer, a LPR
atuou em duas frentes fora do
Brasil, importantes para sua car-
reira internacional: a logística
de mock-ups e a montagem de
estandes em diversos países.
Voos altos no exterior
seguissem alcançar essa marca já podiam ser tidas
como vencedoras; as que ousassem ultrapassá-la,
seriam consideradas empreendimentos de muito
sucesso. O que dizer então de uma empresa que,
apesar dos reveses, seguia forte com mais de duas
décadas em seu calendário, já com uma história
para contar?
Os recentes passos dados na direção de um
mercado fora do Paraná, com foco exclusivo na
montagem de estandes, animava toda a equipe da
LPr. O diretor de logística da empresa, Valdemir
Alves da Silva, relembra que nesse período se dis-
cutia muito nas dinâmicas de grupo promovidas
pela empresa quais possibilidades a empresa al-
mejava para crescer: ser a maior ou ser a melhor?
“E quando víamos, o mercado vinha e nos puxava
para um lado que sequer imaginávamos”. O en-
tusiasmo era muito, diz Valdemir, olhando para o
passado não muito distante com o mesmo desejo
de fazer o melhor.
LPR | 104
Fiel funcionário do pequeno e pioneiro al-
moxarifado desde 1994, Valdemir cresceu com
a empresa nos 17 anos em que atua no setor,
tornando-se, na década de 2000, um dos vários
parceiros que ajudaram a impulsionar a evolução
da LPr no mercado. Crescer, para ele, no entanto,
não foi só comemoração; foi, antes de mais nada,
tomar para si ainda mais responsabilidade. “Com
o crescimento da LPr, tivemos que trabalhar ain-
da mais e isso aconteceu todas as vezes em que
alcançamos metas e conquistamos espaço. É a ló-
gica do mercado, do trabalho, da sobrevivência”,
avalia. Esse conjunto de fatores que move os mer-
cados em todo o mundo tem sido a mola-mestra
da empresa: evoluir com o setor, adiantando-se a
muitas das necessidades dos clientes. “Nós evo-
luímos bastante, tanto em estrutura física quanto
em pessoal”.
Os líderes e a equipe são tops no trabalho a
que se propõem a fazer, e esse comprometimen-
to é uma cultura que vem sendo construída ao
longo dos anos, através da qual a empresa não só
aceita desafios como, principalmente, os inventa.
“Nesse tipo de trabalho que fazemos precisamos
contar com gente que agarre o projeto. Foi as-
sim que crescemos, aceitando esses desafios que
o mercado foi nos apresentando. Nós os encará-
vamos, íamos realizando. É nessa hora que você
cresce; se deixar passar esse momento crucial,
continua daquele mesmo tamanho”.
Foi esse espírito de luta que também norteou
a evolução quando a LPr quis abrir filiais. Foi
tros quadrados em prazos curtos, desafiando o
tempo e a incredulidade de muitos.
Esse potencial permitiu à LPr se transformar
na montadora oficial de diversos eventos impor-
tantes do Brasil. Com os resultados positivos
desse status, tornou-se referência para outros
promotores de eventos, num círculo virtuoso
que ampliou seu calendário anual, desafiou-a a
se modernizar, instigou-a a organizar-se mais pro-
fissionalmente e tornou-a ainda mais capacitada
para novos negócios. Em suma, nos ágeis anos
2000, a ideia de tornar-se a maior empresa do
setor começava a vir acompanhada do desejo de
atender com ainda mais qualidade, encontrando
o equilíbrio entre ser a maior e ser a melhor.
E as estimativas animavam seus diretores. Se-
gundo especialistas do setor de turismo à época,
o mercado de feiras viveria um boom ainda maior
naqueles primeiros anos do século XXi. Afirmava-
-se que em 2003 o mercado de feiras movimenta-
ria, apenas no Brasil, 406% a mais que em 1992,
período em que a LPr praticamente começou a
atuar com exclusividade no setor de montagem.
A própria empresa paranaense ostentava núme-
ros bem valorizados em sua história recente.
“Éramos, no início dos anos 1990, montado-
res de 1000 metros, na totalidade dos eventos;
em 2011, já montávamos 12 mil metros num só
evento, num único pavilhão”, compara Valdemir,
orgulhoso da marca alcançada e, principalmen-
te, honrado por ter parte de sua vida dedicada a
construir esse sucesso.
A lpr, o brAsil e o mundo
LPR | 105
A lpr, o brAsil e o mundo
esse sentimento de que não se pode parar que
impulsionou a equipe a aceitar um novo desafio
nos primeiros anos de 2000, abraçando uma ideia
totalmente diferente do que a empresa vivera até
então. Era o primeiro passo dado na abertura de
mercados no exterior.
ANGOLA, UM APrENdiZAdO
de Londrina para o mundo! A frase não pare-
cia nada exagerada para os intrépidos empresá-
rios da LPr, e foi com ela a bordo que a empresa
aportou no Sudoeste da África, em 2004, para
uma verdadeira aventura de conquista em um
novo mercado.
“Nossa ida para Angola foi um grande apren-
dizado”, avalia o diretor rafael Andrade Lopes,
lembrando que esse primeiro passo dado fora do
Brasil contou com seu empenho pessoal à época.
Foi rafael - acompanhado pela diretora comercial
Milena Lemos de Almeida Lopes - quem fechou o
primeiro contrato com os representantes da Asso-
ciação industrial de Angola, entidade responsável
pela realização da principal feira de negócios da-
quele país. O diretor da LPr empenhou-se pesso-
almente no fechamento desse acordo que levou
a empressa londrinense a permanecer por quatro
anos como montadora oficial da Filda - a Feira in-
ternacional de Luanda.
Nascida em Benguela - cidade famosa por suas
praias -, Milena deixara o país com a família rumo
ao Brasil quando a guerra civil angolana estou-
rou, em 1975. No Brasil, a família refez sua vida
em São Paulo e Milena tornou-se uma “paulista-
na”. desde então, nunca mais voltara a sua terra
natal, o que acabou acontecendo por conta desse
contrato firmado entre a Filda e a LPr.
desde 2002, com o término da guerra civil dis-
putada entre três facções - a Unita, a FNLA (Frente
Nacional de Libertação de Angola) e o MPLA (Mo-
vimento Popular de Libertação de Angola) – An-
gola vivia um novo clima de desenvolvimento. O
novo governo, liderado pelo MPLA - grupo que
venceu a batalha - buscava reabilitar a infraestru-
tura, totalmente destruída, e manter a estabilida-
de econômica. O governo tentava atrair empresas
internacionais para investir no país. Angola pare-
ceu, então, um país propício aos desbravadores
estrangeiros. Muitos portugueses, chineses, eu-
ropeus e, principalmente, brasileiros, aportaram
naquela ex-colônia portuguesa pensando em
estabelecer-se e investir em novos negócios.
A Filda - a Feira internacional de Luanda - co-
locava-se como porta de entrada para esse encon-
tro com o capital estrangeiro disposto a investir
na reconstrução de um país com tudo por ser
feito, após tantos anos de guerras e destruição.
O Brasil atendeu ao chamado e tornou-se um dos
parceiros angolanos nessa nova empreitada. Em
2003, por exemplo, os brasileiros representaram
importante participação na maior feira multiseto-
rial de Angola. Foi a primeira vez que os brasilei-
ros participaram oficialmente dessa feira africana.
Em 2004, a expectativa era ainda maior.
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2004 a 2007
angolaA lpr, o brAsil e o mundo
LPR | 107
A maior feira multisetorial de Angola ganhou o profissionalismo da LPR na
montagem de seus estandes. Participam da feira países do mundo todo.
A FILDA, em Angola
A lpr , o brAsil e o mundo
Era esse espírito de “convo-
cação para a reconstrução do
país”, com aplausos aos investi-
mentos estrangeiros, que levou
também a LPr a aceitar o convite
de José Severino, o presidente
da Associação industrial de An-
gola, um dos responsáveis pela
realização da Filda. Severino era
velho conhecido da família de
Milena, a diretora comercial da
LPr, e havia permanecido em An-
gola após os sucessivos embates
vividos no país. À frente da Asso-
ciação industrial de Angola, Se-
verino conquistara um lugar de
prestígio na sociedade angolana.
“Ele soubera - através da es-
posa que havia visitado o Bra-
sil - que eu estava trabalhando
numa empresa de montagem de
estandes, então teve a ideia”.
- Pois são eles que vão mon-
tar a Filda este ano!
de fato, Severino entrou em
contato com a LPr e aquele as-
sunto tornou-se uma realidade.
Os angolanos queriam o
know-how da LPr para montar
o tradicional evento que acon-
tece na capital Luanda desde
1983, reunindo expositores
LPR | 108
da África, América, Europa e Ásia. Mas naquele
ano, especificamente, o governo angolano estava
apostando mais alto na feira. O país fervilhava em
busca de novos investimentos. Com eles, a LPr, do
Brasil. “Mas havia um detalhe”, relembra rafael.
“Como era tradição, a feira aconteceria em julho
daquele ano e estávamos em fevereiro quando fe-
chamos o negócio”. do tamanho do desafio era a
vontade de vencê-lo. A equipe aceitou, apesar do
tempo exíguo.
Com o contrato assinado, os profissionais
da LPr deram tratos à bola, organizando todo o
material para a montagem da feira. Semanas se
passaram e como tudo estava pronto, faltando
pouco para começar a feira, os líderes da LPr es-
tavam com o coração na mão. Tudo estava sendo
preparado “na confiança”, como se diz, pois nada
de chegar o primeiro pagamento combinado para
que o embarque do material fosse providenciado.
No Porto de itajaí, em Santa Catarina, o respon-
sável pelo contrato dos contêineres que partiriam
levando o material entrou em contato com rafa-
el, dando o último sinal. dizia ele que se o mate-
rial não seguisse no dia 20 de maio, a LPr corria
o risco de não chegar a tempo na África.
Enquanto isso, de Angola, vinham apenas pa-
lavras de que tudo estava certo. resultado: falta-
vam quatro dias para a data-limite e uma decisão
precisava ser tomada. Pedro Lopes questionou o
filho mas deixou para ele a palavra final, afinal,
ele é quem havia fechado o negócio.
O filho pensou, pensou, e decidiu:
- Vamos arriscar.
E o material embarcou, vencendo, inclusive,
uma greve de fiscais da receita Federal no Porto de
itajaí. A liberação só foi possível graças ao contra-
to que a LPr fechou também com a delegação do
Brasil na feira de Angola. “Íamos montar o pavilhão
do Brasil na Filda, algo com 20 e poucos estandes”.
Vinte dias depois, os contêineres chegavam
a África com todo o material necessário para a
montagem da importante feira. “Houve nesse tra-
balho em Angola de novo um grande avanço”, ava-
lia Milena. “A LPr tem alguns momentos assim em
sua história, momentos de salto em sua evolução, e
aquela ocasião foi um desses saltos”. Além do gran-
de investimento feito em materiais para a montagem
da feira, a LPr colocou à disposição do evento entre
40 e 50 profissionais, que partiram do Brasil rumo
à África para montar, a jato, a maior feira de Angola.
“inclusive nós também pusemos mãos à obra”, re-
lembra a diretora comercial.
A feira foi um sucesso do ponto de vista da em-
presa montadora. Tudo foi executado dentro do
prazo. Os organizadores estavam satisfeitos. Numa
estimativa feita à época, a 21ª edição da Feira in-
ternacional de Luanda - Filda 2004 - havia rendido
300 milhões de dólares em volumes de negócios, o
que era bem satisfatório para a ocasião. O aumento
em participação de expositores também tornara o
evento mais compensador, segundo a organização.
Foram 22 países e 600 expositores, dois países e
200 expositores a mais do que a edição de 2003.
isso representava um incremento substancial ao
A lpr, o brAsil e o mundo
LPR | 109
evento. O sucesso avaliado pelos organizadores
demonstrava que na edição seguinte seria necessá-
rio ampliar o espaço para acolher os novos exposi-
tores que prometiam chegar ao país.
Para os empresários da LPr a primeira etapa
estava vencida. A montagem fora cumprida com
sucesso e caberia agora se preparar para o retorno
ao Brasil, cuidando do embarque dos materiais de
volta ao outro lado do oceano. No entanto, devido
a um problema alfandegário, a grande carga teria
problemas para retornar ao Brasil. O fato fez os
diretores da LPr avaliarem a possibilidade de per-
manecer em Angola. E assim, começou mais uma
experiência inusitada para a empresa. “Acabamos
abrindo lá uma empresa em parceria com um em-
presário angolano. Com esse arranjo, logo uma
nova feira aconteceria e fomos ficando”, relembra
rafael.
Mais que as diferenças culturais, a falta de in-
fraestrutura do país e a extrema burocracia trans-
formavam o dia a dia numa tarefa bastante compli-
cada para os estrangeiros. Para vencê-la, havia que
ter paciência e muita criatividade. Tudo estava por
ser feito naquela nação tão precisada de mudan-
ças. Foram essas carências que deram à estada da
LPr em Angola o caráter de aprendizado e cresci-
mento, avalia rodolfo Andrade, representante da
LPr na abertura dessa primeira jornada da empre-
sa fora do Brasil. Ele encarava esse trabalho como
uma chance diferenciada em sua carreira.
O jovem rodolfo Andrade, formado em en-
genharia de telecomunicações, decidira aceitar a
proposta feita por rafael Andrade Lopes de co-
mandar a operação em Angola porque vira nessa
mudança de rumos uma grande oportunidade
para sua vida. Atuar na área na qual se gradua-
ra estava fora de cogitação diante do cenário de
privatização do setor de telecomunicações brasi-
leiras da época. Havia poucas perspectivas. A pro-
posta de representar a LPr em Angola, por ou-
tro lado, era tentadora. rodolfo agarrou-a “com
unhas e dentes”, como ele mesmo diz, certo de
que não seriam poucas as suas responsabilidades
no continente africano: “Eu seria os olhos da LPr
na empresa em Angola”, relembra. isso signifi-
cava, à época, atender clientes, vender, faturar,
entregar o estande... Era um gerente geral com
muitas outras atribuições.
A seu lado, o designer Fábio Gioffrê, que se-
guira para Angola, enviado pela LPr para suprir
a área dos projetos. Também ávido por esboçar
um desenho para sua carreira profissional, Fábio
Gioffrê encontrou nova oportunidade a desafiá-
-lo nessa empreitada, assim como a colega de em-
presa, Mara Pisconti, que seguiu à época para as
terras angolanas com a tarefa de cuidar do setor
financeiro, auxiliando rodolfo.
A ida para a África, na verdade, parecia ter che-
gado na hora certa para esses dinâmicos profis-
sionais da LPr, que atravessaram o oceano com
fome de trabalho em sua jovens veias brasileiras.
Fábio Gioffrê relembra que partiu em busca de
ação. Achava-se já pronto para novos desafios
depois de ter se dedicado a criar projetos de
A lpr , o brAsil e o mundo
LPR | 110
estandes em dois anos de atuação na matriz em
Londrina. Queria mais. O convite para mudar de
país pareceu uma leitura de seus pensamentos.
“Em Angola eu aprendi muito. Aprendi a detalhar
tudo nos projetos, a fazer qualquer tipo de peça,
mobiliário, estande, e a trabalhar com todo tipo
de material, ferro, tecido... Eu projetava e preci-
sava conseguir aquilo que inventava. Como nem
tudo havia por lá, com criatividade ia em busca
de substituir por materiais locais; então, apren-
di a me virar. Quando tínhamos um bom prazo,
o material seguia do Brasil; do contrário, era co-
locar a criatividade à prova”, recorda-se Fábio.
Na condução dos trabalhos, rodolfo Andra-
de, por sua vez, também se virava em mil para
colocar em prática os estandes vendidos para a
grande feira de Angola, programada para acon-
tecer anualmente, no final do primeiro semestre.
A primeira Filda sob sua gestão em Angola foi a
do ano de 2005, que começou a ser preparada
um ano antes. Foram tempos de muito trabalho,
relembra o jovem, salientando que a experiência
atingiu seu ápice em 2007, quando a LPr resolveu
encerrar sua participação na montagem da Filda.
Cumprira sua missão na África. “A experiência foi
rica mas já estava na hora de retornar”, relembra
rodolfo que, sem imaginar, tinha já outro desafio
esperando por ele e sua determinação. Trabalhar
fora do Brasil ainda faria parte dos planos do jo-
vem - mal sabia ele - e esses planos estavam nas
asas da Embraer, a empresa brasileira fabricante
de aeronaves para o transporte civil.
Na avaliação da diretoria da LPr o momento
era de encerrar essa etapa na África. A empresa
brasileira manteve-se, entretanto, como fornece-
dora dos materiais para a montagem dos estan-
des da Filda e de outros eventos que a empresa
parceira angolana haveria de contratar no futuro.
dessa experiência permaneceu também o apren-
dizado, o know-how que a LPr levou para muitos
de seus trabalhos de nível internacional, tanto
dentro como fora do Brasil. “Angola foi como
uma faculdade”, avalia o designer Fábio Gio-
ffrê, que viveu uma experiência rica e profícua
no país. “Foi um desafio especial e fundamental
para mim, o primeiro na LPr e já uma tarefa tão
importante”, resume rodolfo. “Agradeço ao rafa-
el e ao Pedro pela confiança”. “Nós fomos para
lá, fizemos nosso trabalho, obtivemos muita ex-
periência, mas estava na hora de voltar”, avalia
a diretora comercial Milena Lemos de Almeida
Lopes, para quem o processo de instalar-se em
outro país e, especialmente em Angola, estava já
com o prazo vencido. Na bagagem, a equipe LPr
trouxe um ganho incalculável: o conhecimento,
a experiência e a transformação só possíveis pela
realização de um bom trabalho.
“A empresa passou a ter uma visão de mun-
do completamente diferente. Abrimos uma
nova porta. A LPr passou a ser um empresa
internacional. Além do conhecimento de uma
nova cultura, ganhamos um know-how dife-
renciado. Tendo que fazer acontecer sem uma
estrutura mínima necessária, ganhamos uma
A lpr, o brAsil e o mundo
LPR | 111
Na Europa, Estados Unidos e Emirados Árabes, a LPR fez todo o trabalho de logística,
que levou estandes e mock-ups da Embraer para diversos eventos Estandes e mock-ups.
segurança muito grande para realizar qualquer
evento sem medo”, conclui a diretora comer-
cial. Fazer acontecer mesmo sem ter as ferra-
mentas adequadas foi a mais importante lição
que a LPr trouxe do continente africano. “Vol-
tamos melhores, mais amadurecidos”, concor-
da o diretor rafael Andrade Lopes.
A segurança adquirida com o primeiro tra-
balho internacional levou a empresa para cima,
mais uma vez. Era o mercado surpreendendo e
puxando a LPr para uma visão diferente, um
lugar inimaginado. Parecia o suficiente para a
empresa empreender outra grande aventura,
após deixar Angola. E foi o que aconteceu.
nas asas da Embraer
NOVOS E OUSAdOS VOOS
Animado com a possibilidade de prospectar
novos clientes e empreender voos mais altos, rafa-
el passara a se dedicar a essa tarefa pessoalmente.
Queria conquistar clientes com peso internacional.
Seu alvo naquele momento era a Embraer, a Em-
presa Brasileira de Aeronáutica, fabricante mundial
de aviões comerciais. “A conquista da conta já foi
difícil”, conta ele, lembrando a possibilidade que
tinha nas mãos e a vontade de vencer com ela.
O primeiro contato já lhe permitiu participar
de uma reunião na empresa. Em seguida, direto-
res da Embraer foram a Londrina conhecer a LPr.
A lpr , o brAsil e o mundo
LPR | 112
A lpr, o brAsil e o mundo
A apresentação dos mate-
riais da Embraer ganhou
espaços sofisticados, con-
forme requeria a ocasião.
O cenário
LPR | 113
A lpr , o brAsil e o mundo
Esse padrão fazia parte das etapas de aprovação da
capacidade da empresa. “A Embraer precisava ter
certeza de que teríamos condições de atendê-los”.
O projeto deu certo. A Embraer aprovou a par-
ticipação da LPr na montagem de seus estandes
em eventos internacionais. O gerenciamento dessa
operação requeria um profissional confiável, que
a administrasse à altura de sua importância. Para
isso, rafael designou o valente rodolfo Andrade,
que já estava a caminho do Brasil, deixando para
trás três anos dedicados à empreitada em Angola.
“Montamos inicialmente os estandes da Embraer
nos Estados Unidos, e aprendemos muito, tanto
com as diferenças culturais quanto com o padrão
diferenciado de seus materiais e formas de atuar”,
recorda-se rafael. Enfim, o trabalho foi feito e a
confiança do cliente totalmente conquistada.
Por conta disso, logo uma nova oportunidade
surgiu. A Embraer propôs que a LPr cuidasse da
logística de seus mock-ups - maquetes dos aviões
em tamanho real. Levar esses mock-ups para as
feiras em diversos países era a forma de apresen-
tar o produto para os futuros clientes. Com esse
verdadeiro show-room, era possível entrar, ir até
a cabine, sentir o conforto e a segurança da aero-
nave. A LPr providenciaria o transporte do mock-
-up para cada país onde seriam realizados 20 even-
tos para exposição da aeronave. Enfim, era todo o
trabalho de logística, montagem e desmontagem
do mock-up e a apresentação do produto no local,
com montagem, contratação de caminhão, empi-
lhadeira, recepcionista, tenda, buffet, carpete, cafe-
zinho... boa parte do que LPr já sabia fazer combi-
nada com outra boa parte do que a equipe estaria
aprendendo ao prestar esse serviço.
rafael pensou: do tamanho do desafio seria
a força da experiência. rodolfo Andrade enviou
a proposta de investimento para a empresa e,
de forma surpreendente, a aprovação chegou
rapidamente. Enquanto desembarcava no Bra-
sil, recém-chegado do trabalho em Memphis,
nos Estados Unidos, rafael recebia pelo celular a
informação de que a proposta da LPr havia sido
aprovada pela Embraer.
- rafael, o pessoal aprovou nossa proposta -
informou rodolfo, responsável por negociar com
a diretoria da empresa de aviação.
Ele sorriu de satisfação, enquanto rodolfo ter-
minava de dar a informação completa: era quinta-
-feira e já havia um evento para montar o mock-
-up na terça-feira, em roma, na itália.
- E agora? - pensou rafael, mal havia saído do
aeroporto de Guarulhos.
do pensamento à ação, o empresário foi rá-
pido. Não havia tempo para chegar a Londrina e
criar uma estratégia. Era preciso ser ágil naquele
momento. Pensou imediatamente no Bruno, o ra-
paz que havia feito a logística do embarque para
Memphis. Passou a mão no celular e ligou.
- Bruno, estou indo para Congonhas pegar o
voo para Londrina. Preciso falar com você no ae-
roporto dentro de uma hora, pode ser?
Em Congonhas, rafael foi direto ao ponto,
logo após explicar a proposta.
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A lpr, o brAsil e o mundo
- Preciso que você embarque hoje para a Europa.
Bruno também foi direto.
- Hoje não dá, porque preciso providenciar
diversas coisas. Mas na sexta eu embarco; no sá-
bado já estou lá, na hora do almoço.
de fato, nos dois meses seguintes, foi possível
realizar uma logística especialmente para conduzir
a Embraer nas asas da LPr. O primeiro trajeto in-
cluía Genebra, Turim, roma e Paris, no evento Air
Show 2007. Foi um sucesso, apesar do estresse ini-
cial. Tudo aconteceu conforme o roteiro previsto e
a empresa foi adquirindo mais um know-how em
atendimento internacional, conhecimento que se
tornaria muito útil à equipe, tempos depois.
A segunda etapa do projeto de logística foi
assumida por rodolfo, já que o Bruno não pôde
continuar o trabalho. O primeiro evento da agenda
sob sua responsabilidade aconteceu em São Paulo,
o Athina Onassis International Horse Show, uma
das maiores competições internacionais de hipis-
mo. No espaço externo da Sociedade Hípica Paulis-
ta, onde acontecia a última etapa do evento, a LPr
cuidou da exposição do jato executivo Phenom
100 da Embraer, em tamanho real. Atlanta, nos
Estados Unidos, foi a próxima parada, seguida da
Europa e, finalmente, chegando à cidade de dubai,
nos Emirados Árabes Unidos. O trabalho exigia um
atendimento amplo, tanto que rodolfo continuou
a conciliar montagem de estande com logística e
passou a contar com a colaboração de um parceiro
já bem conhecido, o designer Fábio Gioffrê, com
quem dividira os dias de trabalho em Angola. “An-
tes da crise de 2008, o mercado de aviação estava
aquecidíssimo”, relembra rodolfo, “e a Embraer
estava muito bem posicionada nesse mercado,
pois contava, além do know-how e da competên-
cia, com uma mão de obra mais barata do que seus
concorrentes.”
Os anos de experiência no Brasil
e em Angola tornaram-se ferra-
mentas importantes para a cria-
ção de uma pequena fábrica de
montagem provisória na Alema-
nha. Tudo para tornar mais ágil
a logística de trabalho naquela
região da Europa.
A fábrica
LPR | 115
A lpr , o brAsil e o mundo
O trabalho, portanto, também estava aquecido.
No roteiro seguinte, a montagem de estandes para
a Embraer em Genebra, na Suíça, e em Londres,
na inglaterra. Já bem por dentro da logística e dos
custos e investimentos necessários para a monta-
gem de estandes, rodolfo achou por bem alugar
um armazém na Alemanha, onde pudessem mon-
tar uma minifábrica de estandes que os ajudaria a
estar mais próximos dos eventos com qualidade
garantida e custos sob controle. “O que era mais
barato, enviávamos do Brasil. O que não era possí-
vel seguir daqui, montávamos lá”, explica rodolfo.
Fábio Gioffrê foi quem comandou a equipe da pe-
quena fábrica. “Montamos nossa base na Alemanha
e fomos fazer estandes em Genebra e na inglater-
ra. Em uma semana adquirimos todo o material
e montamos uma marcenaria, praticamente uma
empresa”, recorda-se, sem susto.
Com essa estrutura montada, a LPr enviou do
Brasil 15 profissionais e em 20 dias praticamen-
te foi construído o grande estande para abrigar
os mock-ups da Embraer. “Fomos para Genebra,
montamos, desmontamos, voltamos para a Alema-
nha e, ali, fizemos outros estandes, agora para le-
var para o evento em Londres”. Entre abril e agos-
to de 2008, a equipe LPr convocada para esse
desafio trabalhou precisamente nesse projeto da
Embraer, que incluía dois eventos em especial: o
Farnborough Air Show, na Inglaterra, e uma feira
de jatos executivos, em Genebra. Para cada um
dos eventos havia uma linha diferente de avião
oferecida pela Embraer.
O trabalho em si foi prazeroso e realizador,
mas as burocracias de cada país provocaram mui-
to cansaço e estresse na equipe. Fábio não se es-
quece do tempo em que foi barrado, com mais 12
pessoas, na alfandêga inglesa, sem poder ingres-
sar no país porque faltava um visto temporário.
Mesmo com uma carta da Embraer informando
que eles estavam a serviço e que ficariam apenas
30 dias, ainda assim, os ingleses permaneceram
irredutíveis.
Na França, onde buscou auxílio no consulado,
Fábio entendeu que a liberação do visto levaria
pelo menos uns 10 dias. O cliente não poderia
esperar, pensou. Havia prazo, havia um contrato,
havia o compromisso, e o nome da LPr estava em
jogo. rapidamente, fez contato com rodolfo, que
deixou o Brasil rumo a Portugal. Ali, contratou
16 funcionários da empresa parceira de mon-
tagem angolana e seguiu para Paris, onde se
encontrou com o colega Fábio. Este lhe passou
o projeto detalhadamente e rodolfo rumou
para a inglaterra, com a equipe portuguesa.
“Não medimos esforços nem investimento para
realizar o trabalho para o qual havíamos sido
contratados. Entrei na inglaterra com 8 dias de
atraso, mas o pessoal já estava lá, trabalhando
e tudo deu certo no final”, recorda-se Fábio,
com satisfação.
Quando pegou o canudo de Engenharia em
Telecomunicações, no Sul de Minas, em 2003,
rodolfo Andrade já sabia que a vida o levaria a
cálculos bem diferentes daqueles que projetou
LPR | 116
A lpr, o brAsil e o mundo
A montagem dos estandes da Em-
braer, como este nos Estados Uni-
dos, proporcionaram a abertura
de mais uma fronteira no conheci-
mento da equipe LPR. Abriu-se um
novo conceito de montagem para a
empresa brasileira.
Novo conceito
A invenção do desafio chegou ao setor
de logística e, ao trabalho de monta-
gem dos estandes, a LPR uniu os ser-
viços de transporte, montagem e des-
montagem dos mock-ups da Embraer.
Novo desafio
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para si, quando resolveu estudar para seguir
essa carreira. Ele tinha a certeza de que pode-
ria fazer qualquer coisa, menos engenharia.
“Eu pensava: quero ser um gestor”, e foi isso
que encontrou na primeira proposta de traba-
lho feito pela LPr, em 2004. Hoje, aos 32 anos,
tem certeza de que não errou ao escolher esse
caminho. Ele se diz um administrador de desa-
fios, mote que parece estar em toda a parte na
empresa que inventa desafios.
Foram tempos de muito trabalho. Entre
2007 e 2009, a LPr dedicou-se de forma especial
A lpr , o brAsil e o mundo
ao atendimento da Embraer. O último evento a
contar com a participação da LPr foi em Orlan-
do, nos Estados Unidos. depois, com o contra-
to cumprido, outros horizontes foram buscados
pela empresa londrinense, a essa altura, já com
uma nova sede no rio de Janeiro e muitas outras
ideias sendo postas em prática. A adrenalina con-
tinuava sendo o motor a alavancar os negócios
da empresa que, em 2007, realizara um trabalho
importantíssimo que mudaria os rumos da sua
administração, selando definitivamente sua pre-
sença na agenda dos eventos internacionais.
Capítulo XI
o tão aguardado século XXi che-
gou, sem qualquer sobressalto e
contrariando as estimativas dos
“futurólogos de plantão” que
propagavam que o mundo acaba-
ria por completo nesse período.
O que acabou, isso sim, foi uma
era de tranquilidade e vagareza,
um tempo em que era possível viver as 24 horas
de um dia sem ter a sensação de que ele voava.
Quando o novo milênio começou, noticiando a
chegada de seus primeiros anos, os dias e meses
passaram a ter uma velocidade supersônica. Com
ele, e a tal globalização, que aproximou distân-
cias, o mundo de fato tornou-se pequeno.
Talvez para uma montadora como a LPr es-
ses fatos já fossem corriqueiros, afinal, não era de
hoje que o relógio se tornara um patrão rigoro-
so a cobrar da equipe o cumprimento de metas
ousadas, visando atender os clientes expositores
com agilidade e presteza. Os anos 2000, portan-
to, pareceram caber como uma luva na empresa
paranaense, que já ocupava espaço importante
no mercado de montagem, conquistando pro-
motores de eventos com sua forma de atuar bem
comprometida.
A LPr já havia “ganhado o mundo” com sua
participação em três continentes distintos -
América, África e Europa -, o que lhe angariou
rica experiência na logística internacional e tam-
bém um conhecimento extra de montagem fora
do Brasil. Mas seria em seu país de origem que
haveria de experimentar um gosto diferente na
conquista de um grande evento de reconheci-
mento continental.
Em 2007, a LPr tornou-se a montadora dos
Jogos Pan-Americanos daquela temporada, im-
portante evento internacional sediado no rio
de Janeiro, sob a responsabilidade de uma das
maiores empresas internacionais de eventos, a GL
Events, grupo francês que administra o Riocentro
Exhibition & Convention Center. Tendo a conces-
são do riocentro por 50 anos, a companhia fran-
cesa - através de sua subsidiária no Brasil, a Fagga
Eventos - contratou nada menos que a LPr para
cuidar da montagem nos cinco pavilhões onde
Na velocidade dos anos 2000
E
LPR | 118
aconteceu parte dos Jogos Pan-Americanos.
O evento, aliás, também selou uma importan-
te parceria do rio de Janeiro com o turismo de
negócios, setor que já vinha sendo fortalecido na
capital fluminense desde os primeiros anos da-
quela década. isso graças a uma ação do governo
local em parceria com a iniciativa privada, que
trabalhou para colocar a cidade no topo do pódio
dos eventos de negócios.
Em julho de 2002, conforme noticiou o jor-
nal O Estado de S. Paulo, na reportagem Rio
quer provar que pode receber grandes eventos,
a prefeitura da cidade lançava uma campanha
para estimular o turismo de negócios, mercado
que havia movimentado no Brasil cerca de r$37
bilhões no ano anterior. A intenção era divulgar a
infraestrutura da cidade para receber exposições,
congressos e feiras de todos os tamanhos.
O riocentro era o foco principal dessa impor-
tante campanha, o local que, cinco anos depois,
entraria também para a história da LPr, marcan-
do mais uma fase fundamental de transformação
da empresa paranaense. Em 2002 - quando o rio
de Janeiro foi anunciado como a sede oficial dos
XV Jogos Pan-Americanos -, os mais de 500 mil
metros quadrados do importante pavilhão de
eventos ainda não haviam se conectado ao sonho
de ampliação da empresa londrinense, mas esse
encontro não tardaria a acontecer.
O certo é que a prefeitura do rio de Janeiro
e seus parceiros - o Rio Convention & Visitors
Bureau, as associações comerciais da Barra da
Tijuca e do recreio dos Bandeirantes, além de
companhias aéreas e do setor hoteleiro da re-
gião - queriam acrescer ao já famoso destino
turístico o título de sede fundamental de even-
tos na área de negócios, fortalecendo a agenda
turística da região.
LPR | 119
LPR | 120
Esse projeto foi a semente de uma série de ou-
tros acontecimentos que levaram o rio a ganhar
destaque como cidade-sede de negócios em diver-
sas áreas, culminando com a realização de promo-
ções esportivas de grande destaque internacional,
anos depois, como os Jogos Pan-Americanos. Com o
sucesso do Pan, a ex-capital do Brasil ganhou ainda
mais notoriedade, mostrando-se capaz de sediar ou-
tros importantes acontecimentos da área esportiva.
Essa é uma história bem interessante, mas
vale lembrar, antes de contá-la, o que a década de
2010 reservou para o Brasil e o mundo.
O MUNdO ViA iNTErNET
Foi na primeira década dos anos 2000 que a
internet finalmente se consolidou como veículo
de comunicação de massa expressivo e definiti-
vo. Nunca mais o mundo foi o mesmo depois da
agilidade revolucionária da maior rede de com-
putadores do mundo, turbinada pela agilidade de
softwares e da banda larga, cada vez mais velozes
e capazes de armazenar uma infinidade de dados
e informações jamais vistos na humanidade.
A democratização da comunicação parece ter
alcançado o maior espectro possível, com possi-
bilidades infinitas de utilização nas mais variadas
áreas, da medicina à educação, da arte e cultura
ao jornalismo. Com o advento da banda larga e
sua alta velocidade de transmissão de dados, no-
vas possibilidades se abriram para o vídeo, o áu-
dio e os softwares de todos os tipos e tamanhos,
dirigidos aos públicos mais variados e à maioria
das classes sociais no mundo.
No final da década de 2010, as redes sociais
alcançaram uma importância sem igual, reunin-
do milhões de pessoas em torno de conceitos de
“amizade” e “opiniões instantâneas”, na expres-
são mais aguçada do que se chamou globaliza-
ção. Com a internet, o mundo de fato tornou-se
uma aldeia global. instalou-se definitivamente o
comércio eletrônico, movimentando milhões em
moedas de todos os lastros. Parecia não haver
mais limite para o “contato” virtual.
A tecnologia da comunicação revolucionou
todos os setores, com destaque para o celular,
tornando-o a cada dia mais um aparelho de mil
e uma utilidades. Travestido de TV, máquina foto-
nA velocidAde dos Anos 2000
LPR | 121
gráfica, filmadora ou computador, o celular - que
na década de 1990 era apenas um telefone móvel -,
ganhou o status de “escritório virtual”, utilidade
doméstica e “parque de diversões”, com possibi-
lidades infinitas e bem ao estilo do período.
Com a chegada do tablet, um minimulti-
computador com recursos de leitura, internet
multimídia, acesso a bibliotecas virtuais, jornais,
revistas e livros, muito se falou na extinção dos
meios de comunicação tradicionais, feitos à base
de papel e, mais uma vez, o livro foi dado como
um veículo com os dias contados.
No Brasil, um dos maiores “clientes” da inter-
net no mundo, a tecnologia não havia ajudado
ainda a tornar o país menos desigual. A educação
continuava sendo um problema - não a solução
que deveria ser -, a política brasileira continuava
movida à corrupção e o país tinha seu primeiro
presidente operário, Luiz inácio Lula da Silva,
eleito para dois mandatos seguidos, depois de
amargar três derrotas em eleições anteriores.
dando continuidade aos projetos econômicos
e sociais iniciados nos governos de Itamar Franco
e Fernando Henrique Cardoso, o governo de Lula
protagonizou uma série de investimentos sociais
e ganhou o mundo com a fama de ter permitido
a ascensão dos mais pobres com a criação de uma
“nova classe média” no país. Enquanto isso, em
2008, uma grave crise econômica assolava parte
do mundo ocidental, tendo o foco principal nos
países ricos, como os Estados Unidos e parte do
continente europeu. Em contraponto a tanta cri-
se estava a ascensão dos países chamados “emer-
gentes”, entre eles a China, a Índia e o Brasil. O
maior país da América Latina tornava-se conhecido
em todo o planeta como a grande possibilidade de
investimento para o mundo capitalista.
O BrASiL rEdESCOBErTO
Os brasileiros viviam um oásis econômico, com
melhores salários, economia estável, consumo aque-
cido e muitos eventos sendo promovidos em todo
o país. Com os investidores estrangeiros apostando
suas fichas no Brasil, boa parte dos eventos promo-
vidos por aqui contavam com estandes patrocinados
por empresas internacionais, interessadas em apre-
sentar seus produtos ao mercado nacional.
Subitamente, o mundo “descobriu” o Brasil
e essa descoberta deu ainda mais impulso ao país
como sede de eventos internacionais. Sua estabilida-
de econômica, acompanhada das condições naturais
superprivilegiadas, deram ao país o status de desti-
no certo na promoção do turismo de negócios. Em
2008, a grande imprensa dava o tom do que corria
por esse mercado. As reportagens eram positivas.
Em texto publicado pelo jornal O Estado de S.
Paulo, em julho de 2008, a então presidente da
Embratur, Jeanine Pires, salientava que “o Brasil
está consolidado entre os dez países que mais re-
cebem eventos internacionais no mundo, de acor-
do com a International Congress and Convention
Association (iCCA). desde 2003, a Embratur de-
senvolve uma política intensa de captação de even-
nA velocidAde dos Anos 2000
LPR | 122
tos, que permitiu que o Brasil saísse do 19º lugar
no ranking mundial para a 8ª posição, em 2007”.
Exatamente nesse ano, segundo a Organização
Mundial do Turismo (OMT), 140 milhões de pes-
soas no mundo haviam viajado a negócios ou para
eventos, o que havia movimentado, segundo dados
da reportagem do Estadão, algo em torno de US$
150 bilhões. destacando o forte investimento no se-
tor e as amplas possibilidades que o país ainda tinha
a explorar, a imprensa mostrava que havia muito por
fazer mas que muito já estava sendo consolidado,
colocando o Brasil, portanto, no rol dos países pro-
pícios a receber eventos internacionais.
“O bom momento da economia brasileira tem
impacto direto nas viagens de negócios. Segundo
a World Travel & Tourism Council, o Brasil será o
país que mais crescerá no mundo no segmento
[de turismo] em 2008. É a hora certa para nos
consolidarmos como um grande destino de even-
tos internacionais”, afirmava, categoricamente, a
presidente da Embratur.
O dESAFiO dO PAN
Aqui, novamente a história tornava a ficar in-
teressante para a LPr. Em 2007 - seguindo a ten-
dência nacional - a empresa também consolidava
um trabalho que vinha sendo erguido, tijolo por
tijilo, desde 2003, coincidentemente, o ano em
que o rio de Janeiro passou a investir em seu
próprio futuro como “capital de eventos”. Foi em
2003 que um namoro à distância teve início entre
a LPr e a Cidade Maravilhosa.
Tudo começou em Porto Alegre (rS), onde a
montadora atendia a interseg, feira da área de se-
gurança pública, no pavilhão da Fiergs, a Federa-
ção da indústria do rio Grande do Sul. Em meio
à correria de entrega do evento aos clientes, os
diretores Pedro Lopes e Luiz Basso receberam um
comunicado da federação gaúcha de que a impor-
tante promotora de eventos, a Fagga, pedia uma
indicação de três montadoras para atender a seus
eventos pelo país, inclusive no rio de Janeiro.
Luiz Basso, hoje diretor da filial LPr no rio de
Janeiro, se lembra desse encontro até hoje.
“Atendemos as executivas da Fagga, ali mesmo na
Fiergs, e levamos aquele nosso jeito simples e práti-
co de atendimento, acompanhado da nossa experi-
ência e da nossa paixão em montar eventos”. Elas
ficaram impressionadas, recorda-se Luiz Basso, um
apaixonado pelo que faz. resultado: a LPr ganhou
a preferência da Fagga, passando a montar diversos
eventos da empresa no Brasil. “Eles ficaram, de fato,
muito impressionados com a qualidade do nosso
trabalho”, ressalta o engenheiro civil, especializado
em montagem de estandes e há 17 anos na LPr.
Quando, em 2007, os jogos Pan-Americanos
deram o sinal verde para a licitação dos serviços
de montagem, o jovem rafael Andrade Lopes não
teve dúvidas de que havia, sim, uma grande chan-
ce da LPr ocupar espaço naquele internacional
evento que tomaria conta do rio de Janeiro. Ten-
do o suporte do experiente Luiz Basso, trabalhou
incansavelmente para que a montadora londri-
nA velocidAde dos Anos 2000
LPR | 123
nense se tornasse fundamental nesse processo.
representando a segunda geração de inventores
de novos desafios da empresa, rafael foi concreti-
zar esse importante negócio para a LPr.
Ter a chance de montar os Jogos Pan-Americanos
começava a fazer sentido para a paranaense LPr. Sua
equipe acreditou nessa possibilidade e pôs mãos à
obra. Parecia um sonho - como tantos outros já rea-
lizados pela LPr. E como todos eles do passado, esse
também poderia dar certo... por que não?
rafael foi em frente. Preparou o projeto, com
sua equipe, obedecendo aos ítens do briefing pro-
posto pela empresa contratante, e que solicitava a
apresentação da estrutura da empresa, a relação
de clientes, os maiores e mais importantes traba-
lhos e os mais recentes. “Preparamos um senhor
material! Foram utilizadas duas caixas contendo a
apresentação da LPr. Afinal, eles deixaram muito
claro que queriam conhecer a empresa mesmo!”
A apresentação da proposta seria feita no rio de
Janeiro e, para isso, o jovem empresário quis ater-
rissar com antecedência na Cidade Maravilhosa.
“Pensei: vou com calma para apresentar a propos-
ta tranquilamente”.
Embarcou no voo das 16 horas em Londri-
na, no dia anterior à apresentação e, um pouco
cansado das atividades intensas daquela semana,
acabou pegando no sono. Não sem antes cuidar
pessoalmente das duas caixas que continham
todo o dossiê e o portfólio da LPr, um verdadeiro
estudo sobre a empresa, suas atividades e estru-
tura. Colocou as duas preciosidades no comparti-
mento de bagagens, bem próximas de sua enxuta
mochila de mão e, tranquilo, relaxou. dormiu a
viagem toda.
O rio estava lindo, como sempre. rafael esta-
va ansioso, mas tranquilo, pois sentia-se prepara-
do. Pegou a mochila, desceu do avião. Na recep-
ção das bagagens, pegou sua mala e seguiu para
o hotel. A beleza da praia de Copacabana, à frente
da qual rafael se instalou, convidou o empresário
a um passeio, e ele não se fez de rogado. Vestiu-
-se informalmente e resolveu caminhar pela areia.
A sensação de bem-estar o tomou por inteiro.
rafael respirou profundamente o ar de Copaca-
bana e, quando ensaiou os primeiros passos para
uma corrida saudável nas areias, as pernas bam-
bearam. O coração foi à boca. de repente, a men-
te voltou à rotina e o rapaz caiu em si:
- Cadê as caixas? - perguntou-se, desesperado.
E ele mesmo respondeu para si.
- Elas ficaram no avião!
de fato, descera da aeronave levando sua
bagagem de mão mas deixara para trás as duas
caixas preciosas. Enquanto dormia, a aeromoça
resolvera ajeitar a bagagem de outro passageiro
e tirara as caixas de perto da mochila de rafael.
Colocou-as mais à frente. Ao descer do avião, re-
laxado e tranquilo, o jovem apagara da mente seu
bem mais precioso naquela viagem.
Não adiantou o esforço da busca, através de
inúmeros telefonemas para a companhia aérea.
descobrira que o avião seguira para o recife, Na-
tal, e sabe-se-lá para onde mais... nada de caixas.
nA velocidAde dos Anos 2000
LPR | 124
nA velocidAde dos Anos 2000
A montagem dos Jogos Pan-Americanos foi um marco na
história da LPR. Além da qualidade do serviço prestado,
a empresa ganhou uma visibilidade fantástica junto aos
promotores de eventos do Rio de Janeiro. Um novo tempo
ficou marcado para a empresa paranaense.
A conquista e os resultados
resolveu atender à intuição e à praticidade, pois
agora, apesar de ter chegado com antecedência ao
rio, o tempo começava a ficar curto e intolerável.
Ligou para os líderes de sua equipe direta na
LPr em Londrina e programou imediatamente uma
operação de emergência. do rio, comandou o re-
envio dos materiais, que chegaram via internet para
que imprimisse num escritório express. “Trabalhan-
do a noite toda, a partir das 23 horas, foi possível
reorganizar 80% do que estava no outro material”,
relembra rafael, hoje podendo contar essa história
com muito mais tranquilidade, um episódio que pôs
à prova sua capacidade e a habilidade de sua equipe
para resolver com agilidade e precisão um hiato que
poderia ter posto a perder a conquista de um evento
como os Jogos Pan-Americanos do rio de Janeiro.
No dia seguinte, portanto, o representante da
LPr estava a postos, podendo apresentar suas “duas
caixas perdidas”, agora “refeitas” em seu conteúdo.
Ele também refeito, sentia-se seguro com seu “ar-
senal” de informações sobre a empresa. Tanto que
LPR | 125
nA velocidAde dos Anos 2000
pôde responder à altura, sem arrogância e sem mui-
ta conversa, quando um dos concorrentes se achou,
de antemão, já um vencedor naquela disputa.
- isso aqui é a minha proposta - disse ele,
olhando para os lados ao protocolar uma espécie
de livro, contendo seu portfólio.
Ele queria dizer com esse gesto: “Pelo tamanho
da minha apresentação, esse trabalho já é meu.”
Sem dar importância ao falastronismo do con-
corrente, o empresário londrinense pegou suas
duas caixas de conteúdos da LPr e também protoco-
lou o acervo. Os olhos do concorrente arregalaram:
- Nossa! Você está brincando!? isso tudo é por-
que se trata de arquibancadas?
- Não, é só overlay mesmo! – respondeu rafael,
referindo-se às instalações temporárias que ocupa-
riam os pavilhões do riocentro durante os jogos do
rio 2007 e que também eram alvo da licitação na-
quele momento.
O incidente foi apenas um fato a demonstrar
que o que estava em jogo ali era a capacidade de
realizar e, claro, a história construída por trás de
uma marca.
As propostas foram abertas e, como se tratava
de uma licitação privada, a empresa tinha liberda-
de para avaliar as propostas como lhe conviesse.
O que se buscava era a competência e não valo-
res, como numa licitação pública. “A ideia era que
os cinco pavilhões fossem distribuídos para cinco
empresas, cada uma se responsabilizando por um
espaço”, relembra rafael.
O portfólio da LPr ganhou a preferência e graças
a uma negociação que levou em conta a capacida-
de da empresa em trabalhar com grandes volumes
de montagem, a LPr tornou-se a empresa escolhida
para montar todos os cinco pavilhões dos Jogos Pan-
-Americanos, onde estavam sediados doze modali-
dades, o International Broadcast Center e o Main
Press Center. Segundo a Fagga Eventos, em seu site,
foi “a primeira vez na história que um Centro de
Convenções foi totalmente adaptado e transforma-
do em Complexo Multi-Esportivo capaz de receber
12 modalidades esportivas, além de abrigar o Me-
dia Center e o International Broadcasting Center,
por meio de instalações temporárias [ overlay ]
que ocuparam os cinco pavilhões do riocentro,
bem como sua área externa”. Mas a vida sempre
reserva uma surpresa e premia aqueles que se de-
dicam com sinceridade e esforço. O encontro da
LPr com o riocentro, o rio de Janeiro e os Jogos
Pan-Americanos desenhava-se sob a linha de um
traçado firme. O futuro inventado a partir desse
desafio começou, mais uma vez, a desenhar novo
caminho. Uma inusitada proposta surgia, diante da
mostra de capacidade da empresa .
- Vocês têm bastante móveis? - quiseram saber.
- Sim, temos - respondeu rafael.
- Você não quer olhar o briefing do mobiliário
para ver se a sua empresa tem condições de pegar
esse item também?
É que a maioria das empresas com as quais
a organização do evento estava pesquisando só
queria oferecer um tipo de móvel: só cadeiras ou
só geladeiras, por exemplo.
LPR | 126
nA velocidAde dos Anos 2000
rafael examinou a lista do mobiliário e arre-
galou os olhos: de fato, a LPr tinha todo o tipo
de mobiliário mas o número pedido para aquele
evento era realmente grande, muito além de sua
disponibilidade. Mas, do tamanho do desafio é a
força que se consegue empreender para vencê-lo,
e o empresário de Londrina aceitou considerar a
possibilidade de participar de mais essa concor-
rência. Preparou, junto a sua equipe, um levanta-
mento de custos para a aquisição dos móveis ne-
cessários, e apresentou a proposta para atender o
Pan-Americano também nesse quesito.
resultado: a LPr ganhou a concorrência tam-
bém para o mobiliário. Nascia aí mais um desafio,
inventado pelo jovem empresário rafael Andrade
Lopes. E desse desafio, outros vieram, transfor-
mados em novas empresas do grupo, brotadas da
semente da confiança na sua própria capacidade.
Veio o Pan-Americano, vieram os dias do evento,
tudo acontecendo conforme o esperado e, fi-
nalmente, ao encerrar suas atividades, o grande
evento internacional deixava como herança a dú-
vida: o que fazer com aqueles milhares de móveis
adquiridos para responder à demanda do Pan?
“Foi aí que tive a ideia de uma empresa de
locação de móveis”, recorda-se rafael. Nascia a
LPr Locações, a primeira empresa a ser criada
para atender a LPr e também para prestar servi-
ços a outras companhias do Brasil.
Mas essa é outra história, que mais adiante,
revelará a importância da invenção do desafio
também para o cotidiano da LPr nos anos 2000.
Da necessidade fez-se a oportunidade. A imensa variedade de móveis adquiridos pela LPR para atender aos Jogos
Pan-americanos resultou numa boa oportunidade: abrir uma locadora de móveis. A ideia deu certo.
Onde nasce a oportunidade
LPR | 127
nA velocidAde dos Anos 2000
Ao final do Pan-Americano, além dos resulta-
dos positivos com as novas ideias da empresa, o
reconhecimento chegou de forma bem inusitada.
Ao chegar ao riocentro, para onde foi represen-
tando a LPr - pois rafael estava em Angola -, Pe-
dro Lopes recebeu o aperto de mão do cliente
que, satisfeito, disse-lhe:
- Parabéns! Não ouvi falar de vocês durante
todo o evento!
Pedro Lopes não disse nada. Não havia enten-
dido o que aquele “elogio” significava, vindo da
boca de um importante empresário francês.
Esperou pela segunda frase. Quem sabe nela
estivesse a explicação. de fato:
- É que não ouvir o nome da empresa mon-
tadora durante todo o evento significa que não
houve problemas com a montagem. Quando te-
mos problemas na montagem, o que mais se ouve
é reclamação, e, por consequência, o nome da
empresa montadora.
Aí, sim, Pedro Lopes relaxou, e sorriu, tendo a
certeza daquele verdadeiro elogio. Os parabéns
eram, por direito, de toda a equipe que trabalhou
para que aquela “invenção de desafio” tivesse o re-
sultado feliz.
O esforço havia valido a pena. Tantos sustos
e tanta expectativa haviam se mostrado, afinal,
coerentes com a história da empresa paranaense
que, a partir daquele ano de 2007, passaria a ser
conhecida como a montadora brasileira que se
tornou “oficial” durante os Jogos Pan-Americanos
sediados no Brasil. Brotavam desse valoroso em-
penho uma parceria importante com a Fagga/GL
Events e o espaço para a montagem da filial da
LPr no rio de Janeiro, exatamente nas dependên-
cias do riocentro.
Com o nascimento do setor de locações de
móveis, a LPR inaugurava um novo tempo
em sua estrutura, ampliando o atendimen-
to a seus clientes no setor de montagem e,
ainda, abrindo um leque de opções infinitas
na área de locações. Com um catálogo re-
cheado de opções, a LPR Locações tornou-
-se um verdadeiro banco de móveis pronto a
atender clientes em todo o Brasil.
Banco mobiliário
LPR | 128
LPR | 129
Uma lição de ousadia
007. Como acontecera em outras fases de sua história, a
LPr alcançava uma nova etapa, e mais uma vez vivia uma
metamorfose que a levaria a outro estágio de evolução. A
lição de ousadia no episódio dos Jogos Pan-Americanos
deixou como resultado uma série de aprendizados que
foram sendo incorporados pela equipe ao longo dos anos
seguintes, permitindo que, tanto financeira quanto estrate-
gicamente, a empresa tomasse caminhos positivos rumo a uma gestão mais
enxuta e moderna. A criação de uma realidade diferente para a administração
da empresa foi um desses saltos importantes a desenhar uma nova fisiono-
mia para a montadora.
Com a instalação da filial no rio de Janeiro, em 2007, a LPr fechava o
triângulo da logística iniciado com as unidades de São Paulo e rio Grande
do Sul. Nascia também a LPr Locações, dedicada a ser a locadora oficial de
mobiliários para o riocentro. Além disso, a partir de 2007, diversas ações
ganharam peso na direção de uma administração mais participativa e ágil: os
líderes de setores conquistaram mais força e autonomia, a comunicação da
empresa passou a ser vista com mais profissionalismo (com ações internas
em recursos humanos e administração, e externas, com divulgação on line),
Capítulo XII
2
umA lição de ousAdiA
LPR | 130
A frota própria da LPR aten-
de o setor de montagem e de
locações, estando à disposi-
ção da matriz, em Londrina
e também das filiais em São
Paulo, Rio Grande do Sul e
Rio de Janeiro.
Estratégia e logística
LPR | 131
os negócios da LPr receberam o incremento de
novos parceiros e um atendimento mais amplo e
direcionado.
A LPr que brotava dos Jogos Pan-Americanos
era, de fato, outra empresa, assim como fora re-
novada a LPr dos anos 1990, apostando no mer-
cado nacional. A empresa surgida em 2007 era
essa que não parava de cobrar e mostrar resul-
tados, numa organização mais ágil e determina-
da. Personagem que viveu duas épocas distintas
e tão importantes para a LPr, o engenheiro civil
Luiz Basso foi quem assumiu a direção da filial
do rio de Janeiro nesse período. Sua trajetória vi-
nha desde 1994, quando deu os primeiros passos
na montagem de estandes e conheceu uma LPr
pequena em Londrina. Agora, ela se tornara uma
importante montadora a se destacar no cenário
do turismo de eventos brasileiro. Essa conquis-
ta se deu, diz Luiz Basso, pela motivação e pelo
comprometimento que se vê na equipe LPr, algo
difícil de encontrar em companhias brasileiras até
mais afamadas.
Tendo vivido uma trajetória tão singular e
abrangente, como foi a evolução da LPr entre a
década de 1990 e 2000, Luiz Basso não tem dú-
vidas de que a “caipira” empresa do Norte do Pa-
raná mostrou que não existem fronteiras para a
competência e a vontade de realizar. A LPr com
filiais no rio de Janeiro, em São Paulo e rio Gran-
de do Sul - e a ampla rede de serviços que criou
para atender todo o Brasil - é a melhor prova de
que não é preciso nascer numa capital para ser
competente e comprometida. dessa história de
comprometimento que ultrapassou duas déca-
das e meia originou-se uma empresa moderna e
dinâmica que ganhou o respeito de clientes das
capitais e do interior desse Brasil tão recheado de
diferenças e de regionalidades.
Quem também aposta nessa conquista é a ge-
rente comercial da LPr Locações do rio de Janei-
ro, a paranaense Bia Yuri Sato Martins de Souza.
Há apenas sete anos na empresa, Bia entendeu
rápido a cultura organizacional da LPr, levando
o conceito do desafio para a filial que abria suas
Instalada no Riocentro, no Rio de
Janeiro, a empresa paranaense
tem sua estrutura voltada para a
área de montagem e também para
a LPR Locações.
Empresa e filial
umA lição de ousAdiA
LPR | 132
Criada para oferecer aluguel de móveis
a empresas brasileiras, a LPR Locações
nasceu após os Jogos Pan-America-
nos, em 2007. Hoje, os móveis da LPR
Locações estão presentes em cenários
de programas de TV, shows e eventos
os mais variados, numa agenda a cada
dia mais ampla.
Aluga-se portas no rio. Chegou à unidade carioca em fe-
vereiro de 2008 sabendo pouco sobre locação de
móveis mas não demorou a captar todas as nu-
ances de um setor conquistado com garra pela
LPr. Hoje, diz ela, a LPr é uma empresa de ponta
na área de locação, destacando-se especialmen-
te no setor de aluguel de móveis para eventos.
“Nesse sentido, somos imbatíveis”, diz ela, lem-
brando que foi possível conquistar esse espaço
importante no mercado graças à capacidade da
diretoria em entender que não bastava se lançar
no mercado; era preciso apresentar um trabalho
diferenciado, com uma atenção mais do que es-
pecial ao setor.
LPR | 133
fazer mais e melhor. “Estamos bem posicionados,
atentos ao mercado e sem medo de enfrentar as
perspectivas que continuam anunciando boas
novas”, avalia. “É ainda melhor poder ter a segu-
rança, saber que tudo que fazemos depende de
um trabalho em cadeia e que a estrutura da LPr
nos oferece essa certeza. Afinal, para se prestar
um bom serviço dependemos de uma rede inter-
ligada, são diversos setores e pessoas unidas para
alcançar o resultado final.”
Uma experiência jamais pode ser assim cha-
mada se não transformar aqueles que dela par-
ticipam. A ampliação das atividades da empresa,
a criação de uma rede de parceiros e o investi-
mento em comunicação que a diretoria passou
a apoiar de 2007 em diante são exemplos claros
Hoje, a gerente de locações – que é formada
em relações públicas – não se intimida em avaliar
a LPr como a maior locadora do Brasil voltada
para eventos. A classificação, segundo ela, pode
ser entendida tanto em quantidade quanto em
capacidade de atendimento. “Se no início das
nossas atividades no rio o desafio era construir
um método de trabalho, hoje temos um processo
próprio de atendimento, de armazenagem e de
logística. Vencemos esses desafios. Estabelece-
mos nossa própria equipe, conquistamos clien-
tes, consolidamos a empresa no mercado”.
Hoje, avalia a gerente, os desafios estão em
escalas diferentes, como, aliás, tem sido próprio
da história da empresa. Tão logo um desafio se
cumpre, outro se instala para instigar a equipe a
LPR | 134
umA lição de ousAdiA
dessa transformação vibrante. rafael Andrade Lo-
pes confirma, satisfeito, que foi ele, sim, o artífice
dessa recente LPr multifaces. É cem por cento dele
a ideia de expandir a atuação da montadora, crian-
do uma rede de empresas parceiras para trabalhar
negócios diferenciados que atendam ao setor de
eventos em sua totalidade. Tudo isso criado sob o
signo da oportunidade e da independência.
A HiSTóriA FOi MAiS OU MENOS ASSiM...
Quando os Jogos Pan-Americanos termina-
ram, a LPr estava com um volume fantástico de
móveis para os quais não havia demanda no setor
de montagem. Foi então que o jovem inventor
de desafios rafael Andrade Lopes teve a ideia de
montar uma locadora de móveis, prestando servi-
ços a outras empresas do Brasil e estando à dispo-
sição da própria LPr. Nascia a LPr Locações, com
sede no rio de Janeiro.
A ideia de transformar um aparente “problema”
numa solução exata foi um tiro certeiro. É o que o
slogan da empresa tão bem apregoa: Pensando so-
luções. Aliás, é o que a cultura da LPr determina que
seja feito: mais que aceitar o desafio, inventá-lo. Tan-
to foi assim que, tempos depois, um novo negócio
surgia desse primeiro passo. Com o sucesso da LPr
Locações surgiu a ideia da WWL, uma empresa dedi-
cada à importação de móveis. “Na busca por novos
móveis, em feiras na China, enxergamos a possibili-
dade de ampliar nosso leque de atendimento”, con-
ta rodolfo Andrade, hoje diretor da WWL.
Se por um lado há a intenção de oferecer mais
serviços ao mesmo cliente, há também a importân-
cia dessas empresas parceiras como fornecedoras
da própria LPr, já que o volume de materiais exigi-
do pela montadora é gigantesco. São milhares de
metros de imagens necessários para uma só feira,
por exemplo. “Então, por que não formar uma par-
ceria que forneça especialmente para ela?”, pensou
rafael. A estratégia funcionou muito bem com a
LPr Locações e a locação de mobiliário; e também
com a WWL e a importação e venda de móveis. “É
gratificante ver a evolução da empresa”, confir-
ma outro importante parceiro, o Valdemir Alves
da Silva, diretor de logística da LPr. “Na década
de 1990 éramos 5% do que somos hoje; agora,
crescemos mais rapidamente em menos tempo,
assumindo compromissos gigantescos”. Por isso,
ainda que forme parcerias no mercado, a LPr
mantém-se como a célula maior, na opinião de
Valdemir.
As parcerias têm sido um mote importante para
o caráter multifaces que a LPr assumiu, após 2007,
tanto como empresa compradora quanto como
empresa prestadora de serviços. Graças a essas
parcerias, hoje a empresa paranaense oferece um
leque de opções nos eventos que assume. Além da
capacidade de montagem e locações, coloca à dis-
posição tecnologias de empresas parceiras como a
dos painéis de led, importantes tanto para shows
quanto grande eventos que exigem multimídias.
Por outro lado, as parcerias com promotoras
LPR | 135
de eventos têm sido votos de confiança que a LPr
conquistou no mercado. Graças a elas, foi possível
instalar-se em centros de eventos, como o riocentro
- onde está desde 2007 - e, mais recentemente, em
2010, no Centro de Convenções SulAmérica, espaço
multiuso localizado no centro do rio de Janeiro. No
complexo - inaugurado em 2007, com capacidade
para receber simultaneamente palestras, workshops,
congressos, convenções e feiras nacionais e interna-
cionais - a LPr abriu mais uma frente de trabalho
visando atender à demanda do local.
À frente dessa nova fronteira, a diretora Mari-
na Andrade Lopes, entusiasta dos desafios, como
é de praxe na família. A jovem está entusiasmada
com a função que assumiu à frente da nova LPr no
centro do rio de Janeiro. Formada em marketing
e propaganda e tendo atuado desde 2007 na filial
instalada no riocentro, Marina explica que a nova
unidade tem como suporte toda a tradição da LPr,
e ainda conta com um diferencial: abriga o show-
-room de móveis da LPr Locações, o que auxilia
clientes que queiram conhecer in loco o produto
oferecido pela empresa no setor de locações.
“Abracei cem por cento essa filial”, diz Marina,
salientando que dessa forma responde à confiança
que a diretoria está depositando em seu trabalho,
um trabalho aliás com o qual convive não é de
hoje. irmã mais nova de rafael, ela se acostumou,
desde criança, a acompanhar os pais nos eventos
que a empresa promovia e organizava. Adulta,
atuou nas áreas de marketing e vendas na matriz
em Londrina.
Quando surgiu a oportunidade de atuar na fi-
lial do rio de Janeiro, em 2007, Marina se viu dian-
te de uma grande oportunidade num mercado que
não tem parado de crescer, desde os primeiros
anos da década. “O rio de Janeiro tem se torna-
do um centro fundamental no quesito turismo de
eventos”, avalia a profissional, agora à frente da fi-
lial que ocupa um belo e histórico solar no centro
da Cidade Maravilhosa. O local, tombado pelo Pa-
trimônio Histórico do Município, tem a companhia
de dois edifícios comerciais bem contemporâneos
e o Centro de Convenções SulAmérica recheado de
tecnologia para receber eventos os mais variados.
É no antigo e belo solar que a nova filial LPr
umA lição de ousAdiA
Um dos edifícios do
Centro de Convenções
SulAmérica, no Rio de
Janeiro: uma importan-
te parceria com a LPRfot:
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csul
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ica.
com
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LPR | 136
umA lição de ousAdiA
está instalada, pronta a atender clientes como
montadora oficial do complexo SulAmérica. “Aqui
me sinto a representante da LPr numa unidade
da empresa”, orgulha-se Marina. “Está sendo uma
oportunidade em todos os sentidos e muito bom
para o meu amadurecimento”. Ela fala com paixão
desse novo momento em sua vida e revela que é
da sua personalidade fazer com paixão tudo que
assume. Para ela, esse é um dos mais importantes
ingredientes a mover a empresa: a paixão. Traba-
lhar na LPr, segundo diz, exige dedicação. Por isso,
alguns avaliam como um vício, que toma conta de
quem se dedica ao trabalho da empresa. Marina
se emociona ao dizer que sente muito orgulho da
família, dos pais, do irmão rafael. “realizar com
sucesso, fazendo o que se deve fazer, é uma forma
de retribuir com orgulho tudo que eles fizeram lá
atrás. Quero levar isso para a frente.”
diante desse importante momento comercial
que lhe coube assumir, Marina se diz assober-
bada, porém, muito feliz, pois se sente cobra-
da para que mostre do que é capaz. Esse tipo
de desafio move seus instintos e a deixa mais
motivada ainda para corresponder ao que lhe
foi proposto. E, de fato, o movimento é inten-
so no grande complexo de eventos SulAmérica,
um centro de convenções que nasceu como um
conglomerado de prédios e pavilhão de even-
tos, tendo a parceria público-privada como in-
centivo em sua construção. Para a LPr, é outro
grande passo. “Trata-se de uma expansão muito
grande”, avalia Marina, lembrando que a empre-
sa tem se posicionado com firmeza e arrojo na ca-
pital fluminense. “E a matriz está apostando mais
do que nunca no rio de Janeiro, justamente por-
que a filial tem exigido isso com seu movimen-
O Solar (à esquerda na foto), patrimônio histórico, em parceria com o Centro de Con-venções SulAmérica (prédio à direita): uma nova frente de trabalho posta em prática pela LPR no Rio de Janeiro.
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umA lição de ousAdiA
to e seus resultados. A LPr está acompanhando
essa evolução do rio e, por isso, crescendo com
o setor e ocupando espaços com qualidade”,
avalia a diretora.
COMUNiCAÇÃO E AÇÃO
Foi no calor do pós-2007 - que deu origem a
esse espírito de conquista de um mercado ainda
mais amplo - que nasceram ideias ainda mais de-
safiadoras para a LPr. A vontade de tornar a em-
presa globalizada já vinha sendo trabalhada, mas
ganhou corpo com a “conquista do rio”.
Como toda boa ideia, logo a semente deu novos
frutos e lá estava nascendo, fresquíssimo, um novo
departamento de comunicação que cuidaria não só
do setor de e-commerce para a venda de móveis,
mas também de todas as ações de comunicação da
LPr. Para isso - entre outras coisas - é preciso não
ter medo do tempo, conforme ensina uma das jo-
vens parceiras da LPr forjadas no calor dessa nova
administração iluminista. Com 26 anos de idade -
e apenas 9 dias mais velha que a própria empresa
onde trabalha -, a jornalista Ana Carolina Favarão diz
que aprendeu a trabalhar como uma verdadeira do-
madora do tempo. Para ela, que entrou na empresa
no final de 2007, o encontro com a LPr lhe trouxe a
certeza de que é possível realizar com o pouco que
se tem. “Aprendi que é possível planejar e que é pos-
sível também improvisar, se for imprescindível”.
Hoje liderando uma das mais novas frentes de
trabalho criadas para atuar em parceria com a LPr
Gazetinha, o jornal interno da LPR, é um dos pri-meiros veículos de comunicação a integrar a equi-pe da empresa, na matriz e filiais.
Comunicação interna
LPR | 138
- a área de comunicação -, Ana vê com esperança
a nova gestão que a empresa adotou a partir de
2007 e que coloca o planejamento como o líder
de todas as ações, parceiro também da imprevi-
sibilidade. É aquela velha história do roteiro: ele
existe até para que o viajante, ao se perder, possa
saber se encontrar. “Na LPr a cultura do plane-
jamento está mudando para que possamos estar
mais seguros até quando for necessário improvi-
sarmos”, diz Ana.
Jornalista por formação, Ana tem aprendi-
do que o espectro de visão de um profissional
precisa ir muito além daquilo que aprendeu nos
bancos acadêmicos. Por isso, a jovem tem utili-
zado com razão os ensinamentos da “faculdade
LPr”, um dia a dia que ensina, por exemplo, que
o jornalismo deve extrapolar a ideia de um sim-
ples texto de divulgação da empresa; o ofício da
profissão pode - e precisa - ser utilizado como um
caleidoscópio, a mostrar as múltiplas facetas de
uma empresa e seu mercado, permitindo planejar
a comunicação para um cotidiano imprevisível.
Em sua curta e intensa carreira na empresa,
Ana tem aprendido rápido, como é da cultura
LPr. Tanto que, em menos de cinco anos, tornou-
-se responsável pelo planejamento de toda a área
de comunicação, uma “diplomação” comum a
quem entende rápido o mecanismo de funciona-
mento da empresa. de fato, o cotidiano da LPr
forma profissionais especializados. “Grande par-
te dos funcionários é ‘fabricado’ aqui mesmo”,
confirma o diretor de logística, Valdemir Alves da
Concurso de cartões de Natal, visita do Papai Noel à em-presa, trabalhos sociais junto a creches e uma manhã especialmente voltada aos aniversariantes do mês, com café da manhã e bate papo. São algumas das ações do Departamento de Recursos Humanos em parceria com a Comunicação da empresa.
Ações em RH
LPR | 139
As confraternizações de fim de
ano sempre foram marcadas na
agenda da LPR como bons e im-
portantes momentos de encontro
entre funcionários. Em 2010 não
foi diferente.
Fim de ano
umA lição de ousAdiA
Silva. “Ninguém chegou aqui pronto. A maioria
se formou dentro da empresa. Por isso é que as
pessoas que estão aqui há 12, 15 anos, têm real-
mente a ‘cara’ da empresa, se consideram uma
espécie de pais e mães de um pedacinho da LPr”.
Ana concorda. diz que, além do amor à pri-
meira vista pelo dinamismo da empresa, aprendeu
todos os dias com o trabalho que passou a desen-
volver na área do jornalismo empresarial. Em com-
pensação, também sabe que pôde levar sua pró-
pria contribuição à corporação: um outro olhar
para a comunicação da empresa. Não à toa,
chegou à montadora no exato momento em
que ela precisava avançar nesse setor. “Com
o pós-Pan-Americano - como chamamos
aqui - nasceu uma preocupação de cuidar
da imagem da LPr, de ampliar esse setor.
Foi quando criamos o departamento de comunica-
ção. depois começamos a trabalhar com o concei-
to de unidade da marca, com a padronização dos
materiais, passando a orientar para que todos os
departamentos utilizassem a comunicação interna
e externa de forma padronizada”.
LPR | 140
As boas-vindas aos novos funcionários são feitas
logo que eles entram na empresa, com o Manual
de Integração LPR.
Manual de Integração
umA lição de ousAdiA
Nasceram, num primeiro momento dessa in-
tegração de ideias, o informativo interno Gazeti-
nha, os cartões de aniversário dirigidos aos fun-
cionários, a realização dos cafés da manhã para
comemorar os aniversários de funcionários e o
envio de news letters para atualização constante
dos clientes. Também tomou frente nessa nova
etapa da comunicação a criação de sites especí-
ficos e independentes para algumas áreas da em-
presa, como locações e venda de móveis.
As ações internas ganharam a parceria do de-
partamento de recursos humanos, que ampliou
sua atuação e contratou uma profissional espe-
cialmente para desenvolver a integração entre
o trabalho de orientação e de planejamento do
capital humano da empresa. integração, aliás, é
a palavra correta para definir a parceria entre o
setor de comunicação e o de recursos humanos,
ambos empenhados em fazer valer a verdadeira
cultura organizacional da LPr.
Há duas décadas, talvez as empresas não en-
contrassem nenhum parentesco entre as duas
áreas mas a LPr está realizando esse encontro de
maneira bastante correta na atualidade. É uma
forma inteligente de promover ações internas
porque une os dois setores que falam diretamen-
te com o funcionário. A política de recursos hu-
manos tem estimulado muito a equipe da empre-
sa para novos desafios.
Os planos são muitos e as estratégias já ga-
nharam a forma da cultura do desafio. É o caso
de promoções como a que envolveu os filhos de
funcionários num concurso para escolher o car-
tão do Natal de 2010. Além dos três desenhos
premiados com uma bicicleta para cada criança,
as outras produções foram expostas no mural da
empresa para estimular os “artistas” estreantes e
para que os funcionários conhecessem o trabalho
de todos.
LPR | 141
umA lição de ousAdiA
Outra ação importante na área de recursos
humanos é o Manual de integração, criado para
apresentar a empresa ao funcionário recém-admi-
tido na equipe. Esse importante instrumento de
comunicação faz parte do projeto maior da LPr
de fidelizar o colaborador, levando-o a conhecer
a empresa, sua história e a razão de sua existência.
Tudo para que o funcionário entenda a importân-
cia de fazer parte dessa família empresarial. Nes-
se sentido, também este livro com a história da
LPr torna-se uma peça fundamental na estratégia
do rH, afinal, a história da empresa compõe um
dos aspectos essenciais para o convívio do fun-
cionário com os colegas, para que ele consiga se
localizar no mapa da construção da empresa, en-
tendendo qual é o seu papel nessa engrenagem.
Se as ações do rH andam a todo vapor, os
planos da comunicação não ficam atrás. Há uma
estratégia sendo pensada e posta em prática pelo
departamento de comunicação, que hoje coorde-
na todo o planejamento da área na LPr. O site da
empresa está em constante reformulação, tendo
ganhado, inclusive, um espaço exclusivo para o
cliente conhecer projetos de estandes e poder
escolher aquele que mais se adequa à sua neces-
sidade. “O cliente pode entrar, ver o projeto, mu-
dar as cores e modificar alguns detalhes, visando
melhorar o processo interno de produção e o
externo de atendimento”, explica a jornalista Ana
Carolina Favarão.
Padronização da imagem, padronização da
comunicação, criação de veículos internos e ex-
ternos para falar com os diversos públicos, cone-
xão com o funcionário, com o cliente e com o
mundo. Esse conjunto de ações tornou a comu-
nicação um processo imprescindível. “Hoje, to-
dos reconhecem a importância da comunicação
dentro da empresa”, afirma Ana, lembrando que
esse também foi um “trabalho de formiguinha”
até alcançar o respeito que a comunicação deve
e precisa ter numa companhia do tamanho e da
história da LPr.
Essa é hoje a tarefa fundamental da Comuni-
cação, falando para públicos variados e impres-
cindíveis. “A LPr já está presente em mais de 15
redes sociais. Além de ser estratégico é obrigató-
rio nos dias atuais”, afirma Ana. Estão em anda-
mento, em caráter de planejamento, a assessoria
de imprensa e o projeto de uma rede social exclu-
siva da empresa que interligue os funcionários,
oferecendo chats, servidor com documentos ge-
rais da empresa, treinamento e reuniões on line,
enfim, “é a tecnologia como ferramenta a serviço
da organização da empresa”.
A CONTrOLAdOriA
Tantas mudanças exigiram reformulações no
ritmo interno, o que resultou num amplo traba-
lho também para o setor financeiro. Nesse senti-
do, a gerente do setor, Mara Pisconti, foi convida-
da mais uma vez a participar das mudanças.
Antiga parceira de desafios desde os anos
1990, Mara foi braço direito da diretoria à época
LPR | 142
para a regularização do departamento pessoal.
Hoje, depois de ter vivido fases distintas na em-
presa - inclusive participando ativamente da ex-
periência da empresa em Angola, no início dos
anos 2000 -, Mara se dedica exclusivamente à área
financeira, com destaque para um trabalho que
está mostrando resultados: a controladoria. “Trata-
-se do controle de todas as despesas que passam
pela LPr com o apoio de um acompanhamento
específico e permanente”, explica a profissional.
Com o volume de transações dos dias atuais,
é necessário acompanhar tudo muito de perto no
sistema da empresa, desde o momento em que
o departamento comercial capta os eventos até
o fechamento total da agenda, meses depois. O
controle, no entanto, é diário. “Elaboramos um
manual em 2009, visando facilitar e organizar
ao máximo todos os movimentos financeiros da
empresa, para que as pessoas sejam orientadas e
possam caminhar com suas próprias pernas”.
Criado há dois anos e meio, o trabalho de
controladoria já mostra resultados, aponta Mara.
“Os resultados positivos são fantásticos; se você
comparar com as prestações de contas de 2008,
quando começou a ser implantado o novo sis-
tema, já é possível sentir a diferença, tanto no
planejamento dos negócios como no direciona-
mento das despesas e investimentos”. Segundo
a gerente, com esse sistema economiza-se, hoje,
cerca de 20% nas despesas. “Conforme o tipo de
gasto, a economia é até maior, chegando muitas
vezes a 50%”. Por isso, também, Mara não tem
dúvidas: “A controladoria é totalmente necessá-
ria; é imprescindível ter alguém olhando para
isso constantemente”, avalia.
O olhar de quem viu a empresa passar por mui-
tas fases é o mesmo que aprendeu a enxergar as
mudanças como necessárias, conforme o momen-
to exigia. E a LPr mudou muito nesses anos todos,
aponta a arguta observação da profissional. “Hoje
as pessoas sabem mais sobre a empresa e partici-
pam mais dela”, acredita Mara. “Hoje também são
dadas mais oportunidade e abertura para a partici-
pação. A comunicação está melhor, não há dúvida.
umA lição de ousAdiA
LPR | 143
Há envolvimento, há participação. Muitas coisas
mudaram também nos cargos e funções. Foram
criados novos cargos, como o meu próprio, que
não existia. Hoje cada um tem a sua informação
e, se existir dúvida, ela é colocada para que seja
discutida, para todos trocarem ideias”.
Para a diretora comercial da LPr, Milena Lemos
de Almeida Lopes, nunca se buscou tanto projetar
e planejar como agora. Há muito a ser feito, diz
ela, mas as chances estão sendo aproveitadas ao
máximo. A gestão da empresa tem, por trás, uma
história como base, experiências que valem ouro.
dizendo-se motivada com o momento por que
passa a empresa, Milena vê os últimos quatro anos
como marcos de uma etapa importante para o
crescimento da LPr, algo que foi buscado lá atrás,
nos primeiros tempos da empresa. “Estou muito
motivada e sentindo que todos também estão. É
bom ver o trabalho dando resultado, chegando ao
que se sonhou. Temos muito orgulho da LPr”, ani-
ma-se Milena. Para ela, não há nada mais gratifican-
te do que chegar ao fim de um evento e receber o
aperto de mão ou o sorriso satisfeito dos clientes,
agradecidos. “Só isso já vale todo o esforço!”.
umA lição de ousAdiA
LPR | 144
LPR | 145
Capítulo XIII
ai longe o tempo em que uma pe-
quena caminhonete F-4000 e cinco
camaradas davam conta do recado.
Já é história aquela época em que o
material de montagem era retirado do
caminhão no local da exposição ten-
do ao lado importantes empresas do setor, com seus
funcionários uniformizados, chamando a atenção para
seu estilo organizado e grandioso, em contraste com a
modéstia do material da LPr em seus primeiros anos.
Vinte e cinco anos depois, os imponentes cami-
nhões da LPr também estacionam solenemente nos
pátios dos pavilhões de eventos mostrando profis-
sionalismo, obedecendo às normatizações do setor e
revelando uma equipe altamente especializada, reco-
nhecida em todo o Brasil”. Essa constatação é a reali-
zação de um sonho que parecia distante nos tempos
em que Seu Cido e a pequena equipe da LPr desciam
seus materiais da velha caminhonete e dormiam na
estrutura do próprio estande, enquanto os dias trans-
corriam longos para a pouca experiência de monta-
gem. Eram a raça e a vontade de fazer que moviam
aquela equipe ávida por se tornar, um dia, uma das
maiores empresas de montagem do Brasil.
vO desafio
LPR | 146
No século XXi, essa cena tornou-se possível em
cada uma das dezenas de cidades por onde passa a
equipe LPr, sugerindo que há muito mais a ser
realizado quando se tem a competência como
guia. E é na montagem propriamente dita que
o selo de qualidade da empresa se mostra mais
visível, atravessando fronteiras e marcando seu
espaço no mercado. É na montagem que o ta-
lento e a história da LPr se constroem, como
um quebra-cabeças, ganhando sentido e pondo
de pé a força de uma história que vem sendo
construída com empenho e inteligência.
LPr 24 HOrAS
Quando uma feira de negócios abre suas por-
tas nos grandes pavilhões de feiras, os empresá-
rios e clientes ansiosos que entram pelo portão
principal não têm ideia do que acontece nos
bastidores de uma empresa como a LPr. A “en-
trega do evento” é apenas a última etapa de um
trabalho que parece fugir aos rótulos e padrões
quando o assunto é normatização, planejamen-
to e organização. Para esse tipo de serviço, que
é “construir” um cenário de negócios, é neces-
sário mais que adrenalina. Comprometimento é
a palavra.
“Há algo que eu falo sempre para quem co-
meça aqui: você pode até não gostar da empre-
sa, pode querer ir embora com um mês apenas
de trabalho mas, se você fica, você vicia nesse
trabalho. Com essa adrenalina com a qual nós
convivemos, é preciso estar comprometido para
permanecer. Tudo é muito rápido e precisa ser
bem feito”. diretor de logística e um exímio co-
ordenador do almoxarifado da LPr há 17 anos,
Valdemir Alves da Silva fala com conhecimento de
causa. Para ele, correr contra o tempo é mais que
uma obrigação; é a certeza de que os clientes que
acreditaram na LPr poderão continuar confian-
do. “Para isso, vivemos um desafio todos os dias”,
ilustra Valdemir. Um desafio que é a verdadeira
história da LPr, uma história que começa todas as
manhãs por trás da aparente calma que reina na
matriz da empresa, em Londrina, onde um belo
jardim bem cuidado recorta sua fachada moder-
na, emoldurando a força de uma missão sem fim.
A capacidade para administrar grandes estru-
turas e grandes eventos, como diz o texto do site
da empresa, não foi uma vitória alcançada com
pouco suor. A estrutura e os profissionais foram
afinados para prestar um serviço justo e, ao mes-
mo tempo, encantador. do departamento de
criação, passando pela marcenaria, serralheria e
setores administrativos, são 15 mil m² na matriz
voltados especificamente à atividade que fez e faz
história na LPr.
“É difícil citar tudo o que aconteceu nesses
anos, lembrar de todos os fatos. Temos marcados
dentro da gente todas as conquistas e todos os
tombos que caímos para chegar onde chegamos”,
avalia Valdemir. “Quantas situações foram con-
tornadas e vencidas e quantas lembranças temos
conosco que são história e a própria cultura da
o desAfio
LPR | 147
empresa!?” Para o veterano diretor do almoxa-
rifado são essas histórias e esses sacrifícios que
garantem o sucesso do negócio e também a es-
tabilidade que hoje sentem os novatos, aqueles
que chegam com o sonho de começar numa das
empresas mais confiáveis do setor de montagem
brasileiro. Esse tempo sofrido e os desafios ven-
cidos com tanta determinação são como uma ga-
rantia de que as novas gerações possam começar
e prosseguir com novos amanhãs.
Que o diga o veterano Osvaldo Bento Filho,
colaborador desde 1994, 17 anos de empresa que
o transformaram, fazendo de sua vida uma dedica-
ção inteira ao setor de montagem. Encarregado do
setor de almoxarifado, Osvaldo deu seus primeiros
passos numa LPr bem pequena, que ele viu crescer
enquanto ele próprio evoluía, aprendendo a ser
profissional. Em sua atividade, ele é responsável
o desAfio
Nem bem o dia amanhece
e os desafios estão aqueci-
dos na “fábrica de sonhos”
que é a LPR. O comprome-
timento fala mais alto e o
trabalho não para.
Nos bastidores
LPR | 148
por separar os materiais e manter a organização e
ordem no setor de peças e utensílios que comanda
com precisão. Ali, de minuto em minuto, um cole-
ga aparece em busca de um mínimo item que só o
Osvaldo sabe onde está. “Quando eu entrei na em-
presa, eram apenas seis pessoas no almoxarifado.
Hoje, são mais de 50, só na matriz”, compara Os-
valdo, que não perde tempo, separando o material
solicitado. Ele também percorre o Brasil ajudando
na separação de materiais nos eventos. “Em 2010
- orgulha-se - viajei mais de 20 mil quilômetros.”
Os mil quilômetros de história que fazem sua
vida na empresa também relembram um tempo
em que Osvaldo controlava tudo manualmente.
Com o computador, tudo mudou. Permanecem as
lembranças boas de muito trabalho, muita ativida-
de, pouco tempo ocioso. “A gente já viu muito sol
se pôr aqui dentro. Foram tempos em que viráva-
mos a noite. Hoje, com a organização e os méto-
dos, isso não é mais preciso.”
Essa é a vida real de uma empresa, diz Val-
demir, para quem as noites passadas inteiras na
preparação de material de montagem e os dias
seguintes, prosseguidos sem descanso para que a
fábrica continuasse, são sinais de uma vitalidade
que hoje se mostra inteira, no selo de confian-
ça conquistado pela LPr. “Uma empresa é isso e
sua formação acontece em várias fases, algumas
boas, outras ruins, e nem sempre sabemos dar
nome a todas elas. São vários objetivos, vários
planos, e um caminho a seguir, sempre. Não se
pode parar. Quando entrei aqui, havia um plano;
aí crescemos, já era preciso ter outro plano... e
assim, foram tantos planos e tantos deles que fo-
ram se modificando...” Os objetivos também são
mutáveis, acredita Valdemir. Hoje é um; amanhã
ele poderá estar ultrapassado. E é sempre preciso
colocar objetivos alcançáveis para que, uma vez
atingido, outro se coloque como meta. “São vá-
rios degraus que você vai galgando.”
Assim, quando uma feira tem início sob o selo
de montagem oficial da LPr, também se ergue
Belos e imponentes, os estandes da LPR se constroem com a soma de muitos detalhes.Nos detalhes.
LPR | 149
o desafio
nos milhares de metros quadrados dos grandes
pavilhões uma vida toda feita de trabalho e tena-
cidade, muitas vidas envolvidas na tarefa de pres-
tar um serviço diferenciado. Naquele momento,
quando os portões da feira se abrem, a montado-
ra que nasceu em Londrina torna-se nacional, in-
ternacional, globalizada, atendendo empresários
de diversas regiões do país e do mundo.
Na matriz e nas filiais, enquanto isso, as equi-
pes de vendas já estão trabalhando em outra feira,
mantendo contato com antigos e novos clientes,
na busca por atender cada expositor e entender o
que ele precisa para que seu estande alcance o ob-
jetivo que pretende. Logo, esse atendimento se
materializará num projeto criado pela equipe de
design, analisado pelo engenheiro supervisor
para ser traduzido em valores cujo orçamento
voltará às mãos da equipe do comercial para
que remetam ao cliente. Aprovado, o projeto
ganha uma análise especial de outra equipe: o
pessoal do levantamento.
No almoxarifado da matriz, o coração da
LPr, ainda se sente a energia dos últimos ma-
teriais embarcados para os eventos da ocasião.
Nas filiais, o movimento é diferente, porém,
não menos intenso, pois os almoxarifados das
filiais são a síntese da matriz. Oriundo da fábri-
ca em Londrina e há quatro anos e meio no rio
de Janeiro, rubens Aparecido Haura adminis-
tra diversas tarefas reunidas na função de su-
pervisão do almoxarifado. É de sua responsabi-
lidade todo o trabalho que circula pelo setor, a
frota de veículos, a programação de entregas e
o controle do estoque, com entradas e saídas de
material, inclusive as transferências realizadas
entre as filiais. Tudo isso, acompanhado por in-
termédio de um sistema específico implantado
na empresa.
Graças ao grande movimento instaurado
na filial – que reúne montagem e locação de
móveis -, a unidade do rio de Janeiro tem um
ritmo intenso e que cresce a cada dia. “E a
Cada passo, cada pessoa é uma peça fundamental na montagem dos cenários produzidos pela montadora.
LPR | 150
o desAfio
O tempo orienta os pro-
cessos de produção. O cro-
nograma traça o roteiro
enquanto a equipe se mo-
vimenta no ritmo da preci-
são e do cumprimento de
prazos os mais variados.
As horas
LPR | 151
o desAfio
tendência é aumentar cada vez mais,
pois temos grande variedade de mó-
veis”, conta o profissional que está há
15 anos na LPr, tendo iniciado suas
atividades no almoxarifado da matriz,
em 1996. É tempo suficiente para assis-
tir à grande mudança operada no ritmo
e na evolução da LPr. “Envolve um vo-
lume muito grande de trabalho”, admi-
te rubens, se dizendo sempre disposto
para enfrentar os diversos desafios que
hoje a filial do rio de Janeiro tem pela
frente. Para rubens, não há outra pala-
vra que se encaixe melhor à realidade
da LPr, do seu nascimento aos dias de
hoje. A palavra é trabalho.
QUANTidAdE E QUALidAdE
Se convier e a empresa puder, o ca-
lendário estará recheado com três even-
tos ao mesmo tempo, o que tornará a
dinâmica fábrica uma verdadeira linha
de montagem. Homens e mulheres,
distribuídos em suas funções, estarão
montando tomadas e interruptores, se-
lecionando móveis, limpando tapetes e
carpetes, separando materiais, imprimin-
do imagens e adesivando peças com lo-
gomarcas de cada expositor.
No setor de marcenaria, onde está a
coordenação dos estandes construídos,
o ritmo não é menor. Pelo contrário. Carlos Alber-
to Moraes, encarregado do setor de marcenaria,
e Fábio Gioffrê, designer e expert na área de es-
tandes construídos, conduzem com maestria um
dos setores que mais crescem nos últimos anos,
mostrando a força da qualidade na produção de
estandes. depois de alcançar recordes em volu-
me e rapidez de montagens-padrão, a LPr vem
investindo na estética e na originalidade de seus
estandes construídos, uma tendência cada vez
maior em eventos diferenciados.
Carlinhos – como é mais conhecido na em-
presa – diz que os critérios de exigência nesse
setor seguem os mesmos padrões da LPr: rapi-
dez com qualidade. Para isso, ele e Fábio Gioffrê
acompanham tudo, da produção à entrega dos
LPR | 152
LPR | 153
A multiplicidade de itens é mar-
ca registrada da empresa. A todo
momento, um novo móvel, uma
nova parede, um novo objeto che-
ga para compor um dos vários es-
paços dos almoxarifados. E o que
não existe, se inventa.
De tudo um pouco
LPR | 154
estandes, conforme exigem a agenda e o volume
de trabalho nas grandes feiras. Marceneiro desde
os 15 anos de idade, Carlinhos ingressou na LPr
para atender o setor de móveis, mas logo migrou
para a marcenaria, por exigência da demanda. O
ritmo se tornou intenso e ele passou a acompa-
nhar todas as etapas da produção, acompanhan-
do a supervisão da montagem, nos eventos de
maior fluxo. “Vou para as feiras acompanhar a
montagem para conferir tudo”, conta Carlinhos.
Nessa função, quando necessário e a feira exigir,
ele se divide com Fábio, acompanhando cada de-
talhe da montagem e só deixando o local quando
o estande estiver de acordo com o que foi deter-
minado no projeto.
É um trabalho mais minucioso esse de estan-
des construídos. A produção - feita por marcena-
rias terceirizadas – é toda acompanhada pelos
responsáveis da marcenaria LPr. Os serviços de
serralheria e pintura, entretanto, são totalmen-
te realizados na fábrica da matriz, em Londrina.
Acompanhando as exigências de sustentabilida-
de, hoje 70% do material do estande construído
é reaproveitado. “Estamos desenvolvendo novos
sistemas com encaixes inteligentes de paredes
para que o reaproveitamento da madeira seja ain-
da maior no futuro”, indica Carlinhos.
Como acontece com a maioria dos diretores
e gerentes de vendas, locação, logística, almoxa-
rifado e montagem, a mesa do setor de marce-
naria também tem várias pastas com os detalhes
de cada evento. Elas se revesam, uma sobre a ou-
tra, ganhando prioridade à medida que o serviço
pede e avança. Essas indicações, presentes em
todos os setores, são o guia geral de homens e
mulheres da LPr que não param um só minuto
desde que entram na empresa. São elas a ligação
entre o setor administrativo - de onde partem as
o desAfio
Rapidez com qualidade são as máximas do
setor de marcenaria, onde as ideias andam
na velocidade da agenda de eventos. Ali,
são criados e administrados os projetos de
estandes construídos, outra área em que a
LPR vem se destacando nos últimos anos.
Ideias arrojadas
LPR | 155
decisões e os projetos - e os diversos departamen-
tos de montagem e logística.
O quebra-cabeça encontra seu clímax naquele
grande espaço do almoxarifado, onde, organizada-
mente, habitam materiais, móveis, eletrodomésti-
cos e um sem-número de itens que vão desde um
mínimo parafuso a um moderno aparelho de ar
condicionado, todos eles imprescindíveis para dar
vida aos milhares de estandes e espaços de feiras e
congressos cuja montagem têm o selo da LPr.
Olhando hoje pelo túnel do tempo, tudo pa-
recia mais simples há 25 anos. Mas não é bem
assim. É verdade que o mercado se tornou com-
plexo, com tantas variáveis e multiplicidade de
produtos e serviços, mas é também verdade que
as empresas sempre foram profissionais e, tanto
ontem quanto hoje, a exigência sobre o trabalho
é a mesma. Talvez no passado o volume fosse
menor, isso é fato; hoje, para atender a demanda
que a LPr um dia sonhou e trabalhou para ter, é
preciso estar organizado e atualizado, o que dá
a impressão de que tudo ficou mais trabalhoso.
No comparativo dessa história é possível sen-
tir a evolução em metros quadrados. O que levava
semanas para ficar pronto, hoje é realizado em
poucos dias. É também de sua estrutura poder
atender dois ou três eventos grandes ao mesmo
tempo, o que a diferencia no mercado. Poucos
conseguem tanto com o mesmo comprometi-
mento e agilidade. E isso se deve à experiência e à
capacidade profissional e produtiva da empresa.
Foi para isso que a equipe LPr trabalhou tanto lá
o desAfio
Nos departamentos de logística (no alto), comercial (no cen-
tro) e no financeiro (acima), o dia a dia da empresa pulsa em
ideias que agilizam os processos em busca de soluções para a
moderna empresa em que se transformou a LPR.
Soluções ágeis
LPR | 156
nos manter lá. Permanecer no topo é um desafio
enorme, maior até do que conquistá-lo.”
A proposta é se reinventar sempre, melhorar
sempre e trabalhar para que todas as empresas
parceiras andem no mesmo passo. “Agora a em-
presa está caminhando para algo bem monitora-
do e bem equilibrado”, garante André, confiante.
rOTiNA dETALHiSTA
Em 2011, os paralelos vão ganhando distância e
tudo que aconteceu há pouco já vai entrando para
a rica história da empresa. A praticidade ganha
pontos e incorpora o slogan Pensando soluções,
criado para demonstrar que o cliente terá seu aten-
dimento feito da melhor forma possível, sem so-
bressaltos. isso quer dizer que o comprometimen-
to é total, permitindo que haja respostas para tudo.
Ninguém, nenhum cliente fica sem uma solução,
sem uma resposta para o seu questionamento.
atrás, dando consistência àquela pequena empre-
sa de montagem surgida de um primeiro propósi-
to de organizar eventos no Norte do Paraná.
Para o diretor André Hass, há 18 anos na em-
presa, o crescimento da LPr foi vertiginoso, mas
há que estar sempre preparado para novas crises
- esses momentos com os quais as empresas bra-
sileiras estão bem familiarizadas. A própria LPr vi-
veu altos e baixos ao sabor da economia mundial
e nacional, e também após ter dado passos largos
que necessitaram de uma corrida para alcançar o
leme no momento seguinte.
Hoje a empresa caminha estruturada e, aos
poucos, também se prepara para viver os sonhos
os quais todos têm se empenhado para colocar
em prática. André Haas diz que o planejamento
é a ferramenta do momento e que deve ser uti-
lizada nessa jornada rumo a mais crescimento.
“Precisamos estar preparados para chegar lá e
o desAfio
A ferramenta do momento na LPR tem o
nome de planejamento. O diretor André Hass
diz que assim torna-se possível realizar so-
nhos. “Manter-se no topo é um desafio muito
grande, para isso, é preciso estar estrutura-
do”, diz ele.
Planejamento
LPR | 157
Com a experiência nasceram departamentos
que auxiliam na estruturação dessas soluções,
permitindo agilidade e rapidez no atendimento
aos eventos. É o caso do setor de levantamento,
por exemplo, no qual a equipe lida com uma roti-
na detalhista, cuja receita é a pormenorização dos
materiais utilizados em cada estande. É para ali
que segue o projeto de um estande criado pelo
departamento de design. Com o projeto aprova-
do pelo expositor, a equipe levanta todas as peças
que vão compor esse estande: alumínio, parafu-
sos, octanorm, mobiliário, vidros, piso... e passa
para o Valdemir, do setor de logística. Esse ma-
terial já fica separado especialmente para aquele
estande. Ali também é preparado o comando das
logomarcas, a medida das placas onde serão apli-
cadas as imagens da empresa, conforme o proje-
to criado pelos designers da LPr.
A evolução também chegou aí.
Como nos demais setores da empresa, a
área de levantamento viveu muitas mudanças
nos últimos anos, através das quais foi possível
alcançar uma organização mais ágil a cada novo
ano de trabalho. Essas mudanças se deram em
vários níveis, desde o investimento em versões
mais avançadas de software até a logística do
trabalho de levantamento. Também foi preciso
acrescentar novos materiais à rotina e à organi-
zação, pois depois de ter atendido a montagem
dos Jogos Pan-Americanos no rio de Janeiro,
em 2007, a LPr ampliou enormemente seu ca-
tálogo de materiais, com uma grande lista de
itens de mobiliário; logo, foi necessário acres-
centar novas bibliotecas ao sistema 3d, que é
o sistema que atende o setor de levantamento
e está em sintonia com a área de criação de
projetos.
É como se diz na empresa: nada para; a roti-
na da LPr é uma mudança constante. E vem daí
sua força e impulso para atender grandes fluxos
o desAfio
Sempre em alta no departamento
de projetos, a criatividade caminha
ao lado da eficiência. É preciso estar
atento, diz André Luiz Geovanini (à di-
reita na foto), utilizando as ferramen-
tas do design como aliadas e o cuidado
na busca da qualidade.
Criatividade
LPR | 158
o desAfio
de eventos na agenda, a cada ano mais recheada
de desafios a serem vencidos.
O COTidiANO
Muito chão foi percorrido para que essa evo-
lução fosse alcançada. Mudou o mundo, muda-
ram as pessoas, cresceu a tecnologia, evoluiu a
organização. Só uma coisa não mudou: a rigidez
e a determinação do relógio a cobrar resultados
rápidos e certeiros de uma equipe sempre dispos-
ta a acertar. E essa é uma qualidade que não pode
faltar onde o compromisso é a palavra de ordem
numa rotina nada convencional.
O cotidiano da LPr não é similar a nada que
se conheça em termos de indústria, de empresa,
de negócio. É um trabalho muito específico, para
o qual são necessários ferramentas e aprendizado
diferenciados. “Na LPr, não existe nenhum pro-
duto igual ao outro. Cada estande, cada painel
para shows, cada montagem é um produto úni-
co e original”, aponta o engenheiro João Márcio
Manzano Ceciliato. É esse trabalho minucioso
que dá ao engenheiro e sua equipe a possibilida-
de de orçar o valor do estande que será repassado
ao cliente pelas mãos dos vendedores.
Com sete anos dedicados à LPr, João diz que
para esse trabalho não existe uma mão de obra
disponível no mercado, formada por escolas ou
instituições. É no dia a dia que se molda um pro-
fissional da área de montagem; a empresa é a pró-
pria escola. “A montadora é uma grande faculda-
LPR | 159
o desAfio
de”, ensina o engenheiro João, com ares de quem
ainda tem fome de aprender sempre.
O cotidiano da LPr é, de fato, um mundo à par-
te. Trabalha-se muito, meses a fio, para construir
um “cenário” montado para apenas quatro ou cinco
dias. Entretanto, nos bastidores, muito antes, cente-
nas de pessoas já desenvolveram suas tarefas ardu-
amente, ponto por ponto, transformando o imenso
quebra-cabeças num show-room de especialidades.
Nos estandes, durantes as feiras, ou nos congressos
e eventos que monta, está um pouco do coração e
do suor de cada funcionário da empresa.
A LPr constrói sonhos, põe em prática ideias
que movimentam outros negócios, faz acontecer
o comércio, a indústria, o setor de serviços, ex-
pondo de modo bonito e elegante a produção
que o Brasil tem orgulho de produzir.
É bastante trabalho! dependendo da época,
o calendário reúne mais de um evento - dois,
três ao mesmo tempo - e há que ser versátil. O
trabalho está em toda a parte: na montagem de
uma grande feira no Sul e, simultaneamente, co-
meçando a ser comercializado no departamento
comercial da matriz ou das filiais da LPr, em três
diferentes estados do país.
Na filial São Paulo, Edilene daniel Guedes
representa bem essa versatilidade. Ela é ás no
trabalho de conciliar diversidades desde junho
do ano 2000, quando passou a integrar a equipe
da LPr, em Londrina. Era o dia seguinte ao seu
aniversário e Edilene começava nova fase em sua
vida: de secretária em uma clínica médica passou
A montagem dos estandes é tarefa que exige
continuidade e atenção. Há que se ter um olhar
para o projeto idealizado pelos designers da em-
presa e outro para a área onde se erguerá o es-
tande de cada cliente. É um trabalho de equipe.
Em equipe
LPR | 160
o desAfio
a vendedora de área de montagem e de estande.
Boa de venda, acabou se tornando uma expert
em comercialização de estandes básicos, uma
das especialidades da LPr. “Eu gosto do estande
básico”, diz Edilene, lembrando que mais impor-
tante do que o tamanho do estande é a forma do
cliente trabalhar a feira. “Tem que ser simpático,
usar material de apoio, não adianta ficar lá num
estande lindo e com cara amarrada.”
Tendo começado em Londrina no início dos
anos 2000, e se mudado para São Paulo há quatro
anos, Edilene diz que o prazer de trabalhar na LPr
é igual, pois a cultura do desafio proposto pela LPr
é o mesmo em qualquer uma das unidades da em-
presa. Aliás, como a maioria dos que trabalham na
LPr, Edilene ama o desafio. A única coisa de que
não gosta é o estresse de pessoas que se extremam
nas horas mais complicadas. “Tudo tem que ser fei-
to com jeito e bom senso. Eu gosto de ver aquele
papel de projetos concretizado em feira. Atingir
esse objetivo é mágico, é mágico ver tudo aquilo se
erguer, deixando o papel para se tornar realidade.”
O volume de trabalho é muito grande mas
o friozinho na barriga, na estreia de cada novo
evento, é o combustível a mover pessoas como
Edilene, uma parceira de longa data da LPr. Ela
fala da importância da sintonia no trabalho entre
todos os departamentos e elogia das telefonistas
aos montadores, passando por todos os departa-
mentos que tornam possível a realização de cada
evento. “A começar dos proprietários, que man-
têm o espírito familiar mas não se esquecem de
investir na profissionalização”, aponta Edilene.
Para ela, é isso que tem permitido à empresa evo-
luir com direção nos últimos anos.
É difícil explicar o dia a dia de uma empresa
como a montadora LPr. Só vivendo para crer. É
um cotidiano que exige atenção e controle acu-
rado, pois o produto que chega ao pavilhão de
exposições é um quebra-cabeças que precisa ter
Nas vendas e no contato com o
cliente ou na montagem, direta-
mente nos pavilhões de feiras, a
sintonia entre as equipes precisa
ser mantida, afinal, dois ou mais
eventos podem estar acontecendo
simultaneamente.
Sintonia
LPR | 161
o desAfio
encaixe perfeito. Para isso, suas peças são cuida-
dosamente criadas para atender às necessidades
do cliente e precisam chegar ao destino devida-
mente roteirizadas, prontas para serem utilizadas
conforme foram concebidas no projeto. Nesse
ponto, entra a logística da LPr.
A área de logística do transporte completa o tra-
balho de toda uma equipe. Para que tudo aconteça
de forma afinada, o projeto de logística conta com
um programa específico para controle de custos
no transporte e uma ampla rede de organização da
frota que percorre diversas cidades do país. É uma
nova visão para o controle da frota de caminhões
que levam e trazem os materiais das feiras.
Esse controle do transporte é como um fecha-
mento à altura de todo o trabalho realizado até
aquela etapa. É a outra ponta dessa história - que
começou lá atrás com uma velha F-4000 trotando
nas estradas do Paraná e São Paulo. São os novos
tempos com grandes volumes de negócios e de
trabalho a exigir rígidos controles das viagens re-
alizadas, do abastecimento por cartão nos postos
credenciados à empresa, um sistema que permite
à LPr controlar tim-tim por tim-tim o abastecimen-
to, o local, a quilometragem e os custos da viagem.
Foi essa racionalização com sistema próprio de
logística que permitiu à LPr reduzir custos e ga-
nhar em agilidade. E esse dois componentes são
fundamentais em grandes feiras que exigem, por
exemplo, a presença de 30 caminhões carregados
com material de montagem. A logística da LPr hoje
tem tecnologia, tem controle e tem programação.
Ela é fundamental e, por isso, tem vida própria.
VELOCidAdE COM QUALidAdE
Volume de trabalho não é novidade na LPr. A
empresa é conhecida por sua capaciade em lidar
com a palavra quantidade. O jovem André Luiz
Geovanini, de 29 anos, viu aumentar o número de
projetos sobre sua mesa desde que entrou na em-
presa, há 10 anos. Criativo, tem procurado, nesse
período, acompanhar todas as mudanças para que
as ferramentas novas sejam aliadas na administra-
ção dessa grande quantidade de trabalho.
Designer formado, André entendeu logo que
a empresa precisava mais do que um especialis-
ta, por isso, como líder, procurou se envolver em
diversas etapas, procurando ter a visão panorâ-
mica de quem lidera e pretende crescer com
o que faz. Para ele, só é possível melhorar na
qualidade do serviço se os erros forem detecta-
dos e corrigidos rapidamente. Os relatórios de
final de feira - feitos regularmente - têm esse
propósito. E neles estão envolvidos todos os
setores ligados diretamente à montagem da
feira. “Já dá para sentir a diferença no nível de
qualidade”, diz André, e isso se deve, também,
segundo ele, à sintonia maior entre todos os
setores, inclusive à conversa com os encarre-
gados de montagem. “Agora trocamos ideias,
investigamos juntos as falhas; a comunicação
está bem melhor”, diagnostica.
deixar a sala de criação e seguir para as fei-
ras foi outro passo importante. É como se o
projeto virtual fosse passear nos pavilhões dos
eventos para conhecer sua versão real, posta
em prática. Sete dias antes de inaugurar uma
feira, lá está um pequeno batalhão de olhares
detetivescos, em busca do melhor resultado. E
o desAfio
LPR | 162
LPR | 163
esse olhar com lente de aumento precisa estar
presente em tudo, pois se o forte da LPr é a
velocidade de montagem, é preciso trabalhar
para que a qualidade esteja junto nesse pro-
cesso. “Nós conseguimos trabalhar com vários
eventos aos mesmo tempo, e só garantimos os
resultados no final porque temos várias equi-
pes”, diz ele. “E se for preciso, varamos noites
para entregar no prazo”.
dETECTANdO MELHOriAS
A evolução e o investimento deram novos
ares à rotina, mas é preciso estar atento para
que o know-how seja permanentemente apri-
morado. Para isso, os diversos setores estão
sempre discutindo todos os processos da em-
presa, com destaque, inclusive, para as melho-
rias que nascem dos erros.
o desAfio
Tem sido justamente essa a proposta do se-
tor comercial nos últimos tempos: debater os
erros e construir acertos. Concorrem para essa
ideia, as reuniões com os funcionários envol-
vidos em cada etapa, encontro que permite a
cada um sugerir e analisar projetos com itens
diferenciados e trocar informações, antes e de-
pois do evento. A importância dessa discussão
é confirmada quando a equipe chega à feira,
para a entrega dos estandes. Na montagem e
na finalização estão o termômetro do que foi
debatido anteriormente.
A análise pós-feira completa o quadro, do
qual se destacam e são avaliados os erros, os
acertos, o que pode ser melhorado, onde a
presença da empresa poderia ter sido mais in-
cisiva... enfim, é feito um raio-x que permite
melhorar, acrescentar, evoluir. Essa avaliação
tem sido vista com bons olhos pelos líderes
As equipes de montagem seguem para
os pavilhões de exposição munidas dos
projetos que orientarão seu trabalho. O
supervisor de montagem é quem con-
duz o processo, orientando para que
cada passo seja seguido à risca.
O projeto
LPR | 164
de setores, certos de que estão no melhor ca-
minho. Eles são unânimes em afirmar que essa
democratização dos resultados tem aproximado
mais as pessoas envolvidas. Todos passam a ter
ainda mais comprometimento, pois entendem
o sentido do seu trabalho, a importância de ser
uma peça fundamental nessa engrenagem.
É o que se chama envolver as pessoas numa
rede de trabalho e de confiança. Esse método -
tão simples e eficaz - tem permitido avanços na
qualidade dos serviços, tanto que a cada três
meses, ou mesmo no final do ano, quando são
apresentados os números da empresa, é possí-
vel enxergar o crescimento. Para os líderes da
empresa, falam mais alto a sintonia e a sinceri-
dade no modo de trabalhar.
É fundamental também que os departa-
mentos trabalhem unidos, em harmonia, pois
um depende do outro, assim como cada item
minúsculo do estande concorre para sua sus-
tentação e beleza. “Como a LPr trabalha muito
bem com a velocidade - somos ágeis em reali-
zar todos os processos até a montagem final do
estande -, precisamos estar bem focados para
não perder de vista os detalhes”. A avaliação é,
mais uma vez, de André Luiz Geovanini, líder
do setor de projetos e orçamentos. Estar aten-
to, segundo ele, é também não deixar passar
em branco as novidades, estar por dentro do
mercado, sintonizado aos novos materiais, a
modos diferenciados de projetar os estandes
com criatividade, “e sempre tendo em vista
a praticidade e o custo compatível para os
clientes”.
É preciso sinceridade, muita sinceridade.
Pedro Lopes costuma dizer que a empresa só
não pode errar na verdade dos fatos. Para ele,
está fora do contexto a ideia de dizer sim quan-
do é preciso ser sincero, dizendo não ao clien-
te. “O que está errado é prometermos aquilo
que não vamos poder cumprir”, preconiza o
fundador da LPr. Nesse quesito, Pedro Lopes
é irredutível. Para ele, a sinceridade é a base
da construção de uma grande empresa, “é o
o desAfio
LPR | 165
alicerce que sustenta a marca, o nome que
construímos com tanta dedicação”. Vem daí,
diz ele, a confiança que o mercado tem hoje na
empresa que semeou há 25 anos e hoje colhe
os frutos.
Confiança. Essa é a palavra que, ainda em
tempos de promessas vãs, deve valer como
ponto final para empresas que acreditam e
pensam em soluções, como a LPr. E, diga-se
de passagem, tudo que a empresa vende é pura
confiança, é conceito, pois, se grande parte
dos clientes adquirem os estandes sabendo da
capacidade da empresa em prestar um bom
serviço, há outra parcela que, montando o es-
tande pela primeira vez com a LPr, aposta na
indicação de outros clientes ou, simplesmente,
na promessa “vendida” pelo bom atendimento.
LOGÍSTiCA E MONTAGEM
dias antes do evento inaugurar, vendedores,
supervisores ou mesmo os diretores seguem para
supervisionar o trabalho final de montagem e
entregar a feira aos expositores. isso significa
que os clientes vão receber uma “visita” do pro-
fissional da LPr antes e durante os primeiros dias
do evento. “Esse momento é importante porque
trata-se de um pós-venda, de uma atenção espe-
cial que o cliente recebe da nossa equipe”, apon-
ta a diretora comercial Milena Lemos de Almeida
Lopes. “E é um prazer poder entregar a feira
com a confiança de que está tudo bem”.
É preciso ter, antes de mais nada, nervos de
aço e foco no alvo para participar dessa corrida
contra o tempo que é a montagem de estrutu-
ras para eventos, a conquista do cliente, a cria-
ção de um cenário que exige de homens e mu-
lheres dias e meses debruçados sobre a venda
de um espaço virtual que se transformará num
estande, uma espécie de escritório temporário
do expositor para receber seu cliente naqueles
poucos dias de feira.
Quem está na coordenação da montagem
acostumou-se a ver o projeto se transformar
em realização, todavia, sabe que são necessá-
rias muita sintonia e profissionalização nesse
processo. O experiente supervisor de monta-
gem Cesar Henning, hoje na filial de São Paulo,
acompanha a evolução da montagem não é de
hoje.
Começou na LPr como empreiteiro, entre
1996 e 1999 - um free-lancer a prestar servi-
ços para a empresa - e tornou-se funcionário
a partir de 2003. desde 2007 como supervisor
de montagem, Cesar é um fiel parceiro da em-
presa, a qual aprendeu a respeitar e a qual se
dedica com prazer desde que o dia começa na
empresa. Coordena as montagens, as ativida-
des da locadora de móveis, faz as separações
de romaneio e organiza as rotas de entrega e
retirada. Conta com 23 colaboradores na lo-
cadora e seis na equipe de montagem. Cesar
é - como ele mesmo diz - um coringa, estando
sempre à disposição, seja na filial São Paulo ou
o desAfio
LPR | 166
mesmo na filial do rio de Janeiro, se for preci-
so. “Me encaixo em qualquer lugar, em qualquer
situação, ajudo nas licitações e feiras no rio de
Janeiro, estou sempre à disposição.” Atento e
pronto, César vive a empresa com o compro-
metimento necessário, por isso, diz que a me-
lhor palavra para definir a LPr é família, afinal,
“passo mais tempo na empresa...”
Nacional ou internacional, um evento não
precisa de rótulo especial para ter, nos bastido-
res, a energia posta em prática por uma equipe
comprometida com o que faz. Na verdadeira fá-
brica de estandes e cenários de eventos em que
se transformou a LPr, um dia é pouco para tan-
ta produção, e um mês é feito de muito mais
que 30 dias. Que o diga o agitado Agnaldo José
Leite, o Pitu, integrante da equipe veterana dos
montadores da LPr. Há 16 anos na empresa,
Pitu é a própria marca LPr em ação quando os
eventos chegam aos pavilhões de exposição
através da equipe de montagem.
Expert no assunto, hoje Pitu é um dos su-
pervisores de montagem, posto que atingiu
graças a sua dedicação e conhecimento, o que
pode ser dito também do irmão, Ademir Lei-
te - o Magrão -, outro dedicado funcionário
que comanda as montagens pelo Brasil afora.
“Comecei como auxiliar de montagem, não
sabia nada, mas fui aprendendo, porque eu
sou muito curioso. Acabei me identificando
com o serviço”. Esse é o Pitu, cheio de ener-
gia, mas o irmão, o Magrão, também é assim,
e atento ao trabalho no pavilhão vazio, que vai
ganhando recheio conforme ele coordena os
rapazes da equipe de montagem. “Não se pode
perder tempo e nenhum detalhe”, diz Magrão,
já correndo para supervisionar outro setor do
pavilhão numa feira que abrirá em alguns dias,
O setor de logística reúne processos avançados e precisos para que a frota seja utilizada de forma racional, atendendo às várias regiões brasileiras.
A fundamental logística
o desAfio
LPR | 167
no Norte do Paraná. Aos poucos, aqueles mate-
riais descidos do caminhão vão ganhando for-
ma e sentido, e logo, uma feira será erguida,
viva e pulsante.
Pitu já perdeu as contas de quanto andou
por esse Brasil afora. Até no exterior ele já es-
teve, conta, orgulhoso. Tanto andar, entretan-
to, não apagou os primeiros passos, logo que
começou na empresa. Até hoje, as imagens do
primeiro evento não lhe escapam da mente.
Foi em Paranavaí, no Noroeste do Paraná, que
Pitu estreou no setor de montagem. “Era uma
feira agropecuária. Tinha de tudo um pouco.
desde venda de carro até boi e parque de di-
versões. Foi a primeira vez que participei de
um evento como montador”, recorda-se.
O que mudou de lá para cá é uma vida toda,
compara Pitu. “Nunca imaginei que a LPr teria
a estrutura que tem hoje. Eu olho para trás,
vejo o que mudou e fico meio abismado. Nem
parece verdade!”, admira-se o supervisor de
montagem que está sempre na estrada. O mes-
mo que, várias vezes, voltou a Londrina ape-
nas para trocar a mala e pegar a estrada de
novo. “Já cheguei a ficar fora 52 dias, entre um
evento e outro”. O orgulho dele é também po-
der contar que viajou para os Estados Unidos
e Europa, montando estandes para clientes
em feiras internacionais. “Até em dubai eu já
estive!”, espanta-se com sua própria coragem
para aventuras.
Mas só é possível contar quilômetros por-
que eles são fatos de uma história construída
com muito trabalho. E organização, porque -
como bem diz o montador - a montagem só se
faz com organização e método. Colaboraram
para isso as muitas mudanças do setor e as
tecnologias que vieram para ajudar na evolu-
ção. São melhorias que aconteceram nesses 16
anos em que Pitu e o irmão Magrão estão na
LPr. “Tudo ficou mais detalhado, tudo chega
mais organizado para os montadores. E quan-
do isso acontece, a possibilidade de erros é
muito menor”.
O dESAFiO
O conhecimento deve andar de mãos dadas
com o bom senso. É o que se costuma obter
com os anos de experiência numa empresa
comprometida com a qualidade. O cliente é o
alvo desse cenário. O engenheiro João Márcio
Manzano Ceciliato exemplifica.
Projetar nem sempre é só uma ideia boni-
ta. Na hora de executar, o estande pode ficar
muito caro. Nessa hora, uma troca de material
mais em conta pode dar um efeito parecido
e a execução torna-se mais barata. “Não é só
engenharia; precisamos pensar em tudo. Tem
que pensar na dificuldade que o montador vai
ter na hora de executar aquilo, no custo. Tem
que ser prático.”
É fundamental saber o que o cliente vai
expor no estande, qual é o negócio dele?
o desAfio
LPR | 168
Se a feira é uma exposição de equipamentos
industriais e o cliente tem uma máquina de 7
toneladas para ser exposta, é preciso ter todas
as informações detalhadas para que o estande
suporte, sustente e, ainda, obedeça a critérios
muito rígidos e específicos; do contrário, os pro-
blemas certamente virão. “Vamos aprendendo a
ter o olho clínico de quem vê antes. Vamos nos
precavendo de possíveis problemas que possam
acontecer”. Por isso, o bom projeto, diz o enge-
nheiro, é aquele que traz o maior número pos-
sível de informações que o vendedor conseguir
obter do cliente. É uma matemática mágica cujas
contas devem compatibilizar custos, estética,
praticidade, estabilidade e satisfação do clien-
te. Tudo isso para que a LPr possa multiplicar
a qualidade do atendimento, evoluindo sempre.
“Se tiver tudo isso, estamos no caminho certo”,
preconiza o engenheiro João.
E o que é estar no caminho certo para uma
empresa que inventou um caminho próprio,
desde o início, ampliando seu atendimento
para diversos setores? O caminho é seguir em
frente com o melhor que a empresa pode ofe-
recer: seu comprometimento com o cliente,
com o mercado. Para Bia Yuri Sato Martins
de Souza, gerente comercial de locações no
rio de Janeiro, o atendimento da LPr cresceu
tanto de maneira linear – no setor de grandes
feiras e eventos - quanto de forma multilateral
– atendendo eventos os mais variados, o que
passou a acontecer a partir de 2007, com a
criação da LPr Locações, com filiais no rio de
Janeiro e em São Paulo.
Com a área de locações a LPr ampliou seu
leque de atendimento, extrapolando o calen-
dário convencional de feiras e atingindo um
sem-número de eventos que não obedecem
a uma agenda rígida. “O setor de locações
tornou a LPr mais conhecida do público em
geral, divulgando sua marca de forma mais
ampla”, avalia Bia Yuri. Hoje, os móveis da
LPr são locados para shows, programas de
TV, festas oficiais, comemorações públicas
e privadas, eventos corporativos em hotéis,
em empresas, na praia ou em lugares os mais
inusitados. É que o mercado de eventos criou
asas, ampliou-se, ganhou espaço com milhões
de possibilidades... e a LPr, pensando em
crescer, vem conseguindo assimilar a multi-
plicidade de acontecimentos que o Brasil do
final da década está propiciando. Só inves-
tindo muito em profissionalização é possível
atender a tanta demanda. “E a LPr está con-
seguindo porque, lá atrás, aceitou o desafio
de abrir-se, ouvindo o que tinham a dizer as
novas gerações”, conclui Bia Yuri.
É um trabalho de equipe. Tudo precisa es-
tar sincronizado. Se uma das partes falhar, lá
na frente o plano não vai funcionar. Ajustar
os ponteiros de todos os relógios é essencial
quando tem início uma maratona, como a
montagem de um evento ou a entrega de um
lote de móveis importantes para a estreia de
o desAfio
LPR | 169
um programa ou ainda o show de um cliente
que confiou na marca da empresa. A união da
equipe é fundamental sempre; sem ela, não há
tecnologia que resolva.
o desAfio
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LPR | 171
Capítulo XIV
A invenção do desafio
LPR | 172
já passa das 9 horas quando o “fun-
cionário” mais antigo da LPr chega
para “bater o ponto” na terceira
manhã da semana. Veste roupa es-
portiva e passa pelas salas cumpri-
mentando as pessoas. Muito à von-
tade, caminha pelo longo corredor
da empresa como quem chega à
própria casa depois da ginástica, um
pouco cansado e outro tanto alivia-
do com os resultados da empreitada
matinal. O Pilates, afinal, ajusta as
“juntas”, proporciona bem-estar, or-
ganiza os músculos e reorganiza o corpo; logo, a
mente fica em dia, e é disso que ultimamente tem
precisado esse tão diligente trabalhador da LPr
que desde as sete da manhã já está por dentro de
tudo que acontece na empresa.
A primeira conversa do dia é com o Valdemir,
o diretor de logística, responsável pelo centro de
movimentação da fábrica, o almoxarifado. Valde-
mir chega às 6 horas e logo recebe o primeiro te-
lefonema de Pedro Lopes, que quer saber a quan-
tas anda tal serviço, como ficou resolvido um
problema que apareceu no final do dia anterior,
firulas e importâncias que Pedro gosta de parti-
cipar e ser participado. Enquanto o filho rafael,
prático que só ele, dispara os e-mails da manhã e
“conversa” virtualmente com todos, o pai prefere
o modo antigo. Passa a mão no telefone e troca
ideias com quem precisar.
Só depois de se inteirar dos fatos é que Pedro
sai para sua ginástica, duas vezes por semana. Cui-
da de si, prestando um pouco mais de atenção a
sua saúde e ao bem-estar, combustíveis que o man-
têm em dia para respirar o ar fundamental da LPr.
Quando não há ginástica, Pedro gosta de chegar
mais cedo, como antigamente, olhando para tudo
com o carinho de quem construiu essa empresa,
como a sua própria vida. Aos poucos, os anos já
A invenção do desAfio
LPR | 173
começam a pesar, apesar da energia vigorosa que
nutre seus milhares de dias dedicados a criar pro-
jetos e inventar desafios. digamos que esse desafio
em particular – a dedicação a si mesmo e à sua saú-
de – seja só mais um dos muitos que o “inventor”
da LPr vem enfrentando desde que a empresa deu
os primeiros passos na década de 1980.
Os desafios pessoais costumam mesmo pa-
recer mais difíceis quando as conquistas profis-
sionais já se sentem seguras num caminho sedi-
mentado. Pedro está investindo na saúde depois
de investir anos na correria de uma empresa que
nasceu com a assinatura muito particular de sua
família. Como a maioria de todos nós que se de-
dica de corpo e alma ao trabalho e se lembra de
si mesmo só muito depois, Pedro faz jus ao nome
dado pelos pais, que lhe ensinaram a correr atrás
do seu sonho de forma bem concreta.
A invenção do desAfio
Pedro é determinado.
Por isso é que o longo corredor na entrada
da empresa é pequeno para a disposição do ho-
mem que há 25 anos ajudou a criar um local de
trabalho que é a sua própria vida. duas décadas
e meia depois, o trabalhador mais antigo da LPr
não pensa em aposentadoria – como todos os
O homem que inventou esse desafio é o mesmo que passeia pela
empresa, orgulhoso do que construiu com sua família. Nos velhos
tempos, quando ainda fumava, Pedro Lopes foi imortalizado numa
caricatura feito por um funcionário, um gesto de carinho em que o
desenhista o retrata de pé, com a mão esquerda descansada sobre o
quadril tendo nos dedos, à vontade, o cigarro que o acompanhava na
rotina estressante dos primeiros dias da empresa. Também com cari-
nho, Pedro mantém o desenho num quadro pendurado na parede de
sua sala, na empresa. É um retrato do líder sempre em dia.
Retrato do líder
LPR | 174
homens e mulheres de ideias. Chega de manhã
à empresa sentindo-se em sua própria casa, pois
é isso que representa a LPr para esse cidadão de
Londrina que, juntamente com uma equipe valo-
rosa, conquistou o Paraná, o Brasil e diversos paí-
ses do mundo com sua certeza de que, às dúvidas
deve-se responder com trabalho, muito trabalho.
A conversa picadinha, de porta em porta, nas
salas que antecedem e ultrapassam o seu próprio
escritório, é o reconhecimento diário de que
esse território tem uma marca muito particular.
Pedro visita cada pedaço da empresa, nos diver-
sos departamentos, levando uma boa conversa e
sua atenção especial a cada um dos funcionários,
como se assim fazendo, reconhecesse todos os
dias o território que ele mesmo criou para si e
para todos. É fundamental confirmar que esse co-
tidiano é o sentido de estar ali todos os dias.
A marca LPr, aliás, tornou-se também o ob-
jetivo de vida de centenas de pessoas que passa-
ram e ainda passam pela empresa, dedicando boa
parte de suas vidas a construir um lugar bom de
trabalhar, oferecendo soluções para seus clientes,
como bem apregoa o slogan.
É assim como uma boa lição de vida passada
do pai para os filhos, centenas de filhos que ali
trabalham e fazem sua história junto com a his-
tória da empresa, uma espécie de família que os
anos, a experiência e a vontade de vencer trans-
formaram no verniz especial com que a LPr con-
quistou o mundo corporativo moderno.
Nessa trajetória cotidiana que faz a história de
tanta gente, a LPr ganhou vida própria, tornou-
-se um ser com certidão de nascimento, infância,
adolescência e maturidade, um registro especial
na vida dos que a ela se dedicam.
Esse é o significado daquele brilho nos olhos
do Pedro Lopes que cumprimenta a todos com
uma disposição digna de quem construiu um so-
nho e o divide com os seus, todos os dias.
As pistas estão em toda a parte. Elas estão na
ponta de orgulho que se vê nos olhos do homem
e no seu carisma quando fala com os clientes;
estão na forma com que conduz a empresa com
seu filho rafael e na maneira visceral com que
defende seus princípios, os da permanência de
ideias e os da mudança constante. Há na LPr esse
traço fundamental que a torna original, ontem e
hoje. A jovem empresa de 25 anos parece seguir
a máxima do filósofo que diz que “só a mudança
é permanente”. Como um ser vivo em constante
ebulição, a LPr tem ritmo, modos e pensamentos
de uma tenacidade sempre em dia.
Quem participa dessa rotina sem marasmos
pode não perceber, mas um observador exter-
no, convidado a escrever a história da empresa,
percebe de imediato que nenhum dia é igual ao
outro nesse enorme bastidor de montar grandes
eventos que é a LPr. É visível, também, o quanto
as ideias nascem e são postas e dispostas ao lon-
go de poucos dias, num entusiasmo que não tem
medo de propor, mudar, transformar.
Pedro não tem modéstia quando fala dessa
história. Aliás, nenhum dos membros dessa equi-
A invenção do desAfio
LPR | 175
A invenção do desAfio
pe parece se importar com essa tal modéstia meio
sem utilidade no cotidiano de trabalho duro da
empresa. Percebe-se, antes, muito orgulho em
cada gesto, orgulho de pertencer a um grupo
de pessoas realizadoras. Talvez também por isso,
com esse mesmo sentimento, Pedro percorra to-
das as manhãs o corredor da empresa, as salas e
os departamentos, contando e ouvindo histórias
de pessoas de todas as idades. Sabe que não fez
nada sozinho e também se orgulha disso; sorri
ao relembrar fatos dos que com ele fizeram a em-
presa e não se furta a citá-los em cada pedaço de
lembrança que lhe vem à cabeça. Mas, avisa, de
tudo não se lembra, prefere que cada autor de
um “causo” conte sua própria versão.
Pedro gosta de contemplar o que construiu
com sua grande equipe, pessoas que ajudaram a
montar a LPr como só uma empresa que entende
de montagem pode fazer.
É por isso que, com uma ponta de orgulho
pelo trabalho realizado e outra ponta de inveja
pela juventude da empresa que jamais envelhece,
que Pedro Lopes “bate o ponto” todas as manhãs,
mantendo viva a ideia original dos primeiros tem-
pos, quando a LPr atual, com seu movimento e
prestígio, nem sonhava em existir.
Diário de bordo
LPR | 176
d o primeiro sonho às mais re-
centes realizações, muitos
anos se passaram e a experi-
ência da LPr tornou-se a base
para novas conquistas. Um
pouco desse trabalho, feito a muitas mãos,
foi registrado para a posteridade, para fu-
turos aprendizados, e merece ser visto.
A esse conjunto de experiências pode-
mos chamar de álbum de registros ou um
diário de bordo, cujas anotações são fotos
ou instantâneos feitos por membros da
equipe em suas viagens para realizar mon-
tagens e logística em diversas regiões do
planeta. de Norte a Sul do Brasil, em diver-
sas regiões do mundo, passando por quatro
continentes, a equipe LPr levou seu know-
-how e também aprendeu a ser melhor.
Homens e mulheres integraram essa
equipe viajante, buscando conhecimento e
trazendo experiência, pensando e levando
soluções a clientes mundo afora.
LPR | 177
Da Europa aos Emirados Árabes Unidos, passando pela Ásia e circulando por todo o Brasil, a LPR levou sua equipe a diversos pontos
do planeta, apta a prestar serviços e apresentar seu estilo de trabalho a povos de variadas culturas. Foi, fez e venceu.
LPR | 178
NOS ESTADOS UNIDOS
Os bastidores em Orlando
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EM TERRAS NORTE-AMERICANAS. Foi na América
do Norte que os primeiros voos foram empreendidos
no trabalho com a Embraer. Percorrendo o roteiro
que incluiu Orlando e Memphis, entre outros locais,
a equipe LPR montou os estandes da empresa aérea
brasileira e cuidou de cada detalhe da logística dos
mock-ups das aeronaves. Valeu o trabalho!
LPR | 180
Preparando o cenário em Miami
MUITO TRABALHO NA MONTAGEM. Contando
com a parceria de montadores americanos, a LPR
trabalhou com afinco na montagem do grande es-
tande que recebeu os clientes da aviação civil em
Miami. Ali também a Embraer teria seu espaço va-
lorizado pela criatividade da montadora brasileira.
Nos bastidores, instalados em um grande galpão,
o sucesso ganhava forma.
LPR | 181
NA ESTREIA, ÊXITO. Os jatos executivos da Embraer ganha-
ram importante espaço na feira em Miami, graças ao tra-
balho conjugado de brasileiros e norte-americanos. A LPR,
mais uma vez, mostrou seu comprometimento.
LPR | 182
NA EUROPA
França Inglaterra
ENTRE OS EUROPEUS. Foi possível realizar um
planejamento especial para conduzir a marca
Embraer pela Europa. A logística no continente
incluiu países como a França (com o Air Show
2007), a Inglaterra, a Alemanha, a Espanha, a
Itália e a Suíça. A equipe LPR registrou alguns
desses momentos, como a chegada e a monta-
gem do mock-up a Paris (fotos à esquerda) e a
Barcelona (foto acima), com a maquete do Phe-
nom 300 da Embraer, em maio de 2008.
Espanha
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E uma pausa para o registro da equipe
CONHECENDO CULTURAS. A equipe de
supervisores e montadores da LPR traba-
lhou duro nos diversos países para onde
levou sua garra e conhecimento. E embora
o tempo fosse exíguo e a agenda aperta-
da, sempre houve espaço para praticar o
espírito de família e amizade comum à equipe LPR.
Nas pausas, algumas fotos para relembrar o traba-
lho duro e o prazer de construir e conhecer novas
paisagens e as diferentes culturas.
LPR | 184
Na Alemanha, uma fábrica especial
MONTANDO O QUEBRA-CABEÇA. Especialmente
arquitetado para a montagem do mock-up da Em-
braer, na Alemanha, o armazém alugado pela LPR
viu nascer o cenário para a estreia do show-room
do Phenom 300. Aliás, aí está parte do mock-up
Phenom 300 - embalado na chegada à Alemanha, à
espera da montagem, em duas ocasiões (fotos ao
lado). Em junho de 2007 e em abril de 2008.
LPR | 185
Na Suíça, mais um sucesso
CRIAÇÃO E MONTAGEM DE BELOS
ESPAÇOS. Os projetos especial-
mente criados pela LPR para expôr
os mock-ups e receber os clientes
da Embraer na Europa atingiram a
perfeição. Eram locais projetados
para receber em grande estilo,
tendo em mente o importante pro-
duto que ali estava sendo exposto.
Em Genebra, a qualidade dos ma-
teriais e da criação ganharam seu
ápice na turnê européia. Mais um
orgulho para a equipe LPR, que ia
conquistando territórios e respeito
também no exterior.
LPR | 186
NA ÁFRICA
Angola
África do Sul
Em CapeTown, na África do Sul, a LPR marcou pre-
sença com a logística do mock-up do avião Phenom
300. Foi em setembro de 2008.
EXPERIÊNCIA INUSITADA. Foi em Angola que a
LPR inaugurou sua participação no mercado ex-
terno, abrindo uma frente de trabalho importante
para o futuro da empresa. Entre 2004 e 2007, a
empresa cuidou, como montadora oficial, da mon-
tagem da FILDA, a Feira Internacional de Angola,
que levou a equipe a conquistar experiência inter-
nacional. Um desafio inusitado.
LPR | 187
DIRETO NA FONTE. A China foi o destino da jornalista Ana Carolina Favarão, do Departamento
de Comunicação da LPR. Em setembro de 2008, ela foi em busca de novidades para o setor
de móveis, visitando importante feira do setor, realizada na capital Pequim. No diário de bordo
estava o objetivo: ampliar o catálogo da área de locações da LPR.
NA ÁSIA
China
LPR | 188
NOS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
Dubai
LOGÍSTICA NOS EMIRADOS ÁRABES. A
estratégia da LPR ampliou sua área de atu-
ação quando a equipe de montagem ater-
rissou em Dubai, nos Emirados Árabes Uni-
dos. Na imponente cidade, a LPR cuidou da
montagem dos estandes e da logística dos
mock-ups das aeronaves Phenom 300 e Li-
neage 1000, da Embraer. No diário de bordo
estava anotado: outubro de 2007.
LPR | 189
NO BRASIL
Belo Horizonte São Paulo
EVENTO INTERNACIONAL. No giro pelo mundo, São
Paulo também integrou o diário de viagens da equipe
LPR. Atendendo a Embraer, a LPR marcou presença no
Athina Onassis International Horse Show, importante
evento internacional de hipismo, cuja etapa final foi
realizada em São Paulo, em agosto de 2008.
EM MINAS GERAIS. Belo Horizonte foi escala obrigatória tam-
bém dos mock-ups da Embraer, para onde seguiu a equipe
LPR em janeiro de 2008. Na capital mineira, mais uma etapa
do giro pelo mundo anotado no diário de bordo da montadora.
Angra dos Reis
EM ANGRA. A Marina Verolme, em Angra dos Reis
(RJ), foi a parada seguinte do mock-up do avião
Phenom 100. Ali, mais uma vez, a aeronave da Em-
braer foi apresentada a clientes muito especiais.
JACAREPAGUÁ. Fazendo escala no Rio de Janeiro,
a equipe LPR registrou sua presença no Aeroporto
de Jacarepaguá, com o mock-up da aeronave Phe-
nom 100. Foi em dezembro de 2007.
Rio de Janeiro
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NOVAS FRONTEIRAS. Amplian-
do seu raio de ação, a LPR foi
ainda mais longe nas fronteiras
brasileiras, levando seu know-
-how. A equipe foi a responsá-
vel pela montagem da V Fiam,
a Feira Internacional da Amazô-
nia, realizada em 2009, na capi-
tal Manaus.
Em Manaus
LPR | 191
LOGÍSTICA AFIADA. Contando com seus 25 anos de
experiência em montagem, com logística especial-
mente afiada para atender longas distâncias, a LPR
cumpriu à risca as determinações da V FIAM, em
2009. A feira, que apresenta as novidades em fabrica-
ção de produtos da biodiversidade amazônica, contou
com 12 mil metros quadrados para abrigar 390 expo-
sitores, empresas regionais e delegações de diversos
países como o Chile, Peru, Portugal, Japão e Equador,
entre outros. Foi um desafio e tanto, cumprido com
sucesso pela equipe LPR, trabalhando a milhares de
quilômetros de sua matriz, no Sul do país.
Um desafio e tanto, a milhares de quilômetros da matriz.
LPR | 192
No Pará
OPERAÇÃO CIDADANIA XINGU. Somando know-how e forte estrutura de mon-
tagem, a equipe LPR foi especialmente destacada para atender a Operação
Cidadania Xingu. Trata-se de uma iniciativa da empresa Norte Energia, em
parceria com o Governo Federal, que percorreu uma dezena de municípios pa-
raenses levando mutirões de cidadania aos povos do extremo norte brasileiro.
LPR | 193
CIDADANIA COM FORTE ESTRUTURA. A Operação
Cidadania Xingu, que aconteceu em agosto de 2011,
permitiu a realização de mais de 100 mil atendimentos
a moradores das localidades do Pará. Foi montada, na
ocasião, pela LPR, uma forte estrutura para atendimen-
to à população, contando com estandes, palcos para
apresentações e áreas de atendimento nos setores
bancário, de documentação, de políticas públicas, en-
tre outros programas de valorização da cidadania.
LPR | 194
Feiras e estandes
Os 25 anos de vida da LPr são tam-
bém a trajetória de evolução do
mercado de feiras e eventos. Nes-
sas duas décadas e meia, o setor
evoluiu em todos os sentidos, dos
materiais disponíveis à tecnologia de softwa-
res. Esse avanço, aliado à conceituada equipe
de designers da LPr, tornou possível proje-
tos que aliam beleza e funcionalidade para o
expositor. A LPr soube entender essa evolu-
ção, colocando à disposição de seus clientes
um sem-número de possibilidades para cada
evento e setor. Aqui, alguns exemplos de es-
tandes mistos e construídos, que permitiram
utilizar materiais diversos.
LPR | 195
Para expressar o verdadeiro cenário de cada em-
presa e seus produtos, a LPR constrói estandes
com originalidade e beleza, mas não se esquece
da funcionalidade e da segurança.
Beleza e funcionalidade
Um cenário de negócios
LPR | 196
Estandes externos
Desafios especiais, os estandes externos fazem parte da história da LPR, remontando os primeiros anos em que
a empresa se dedicava à organização dos eventos agropecuários no Paraná e São Paulo. Vem daí a semente de
imponentes obras, criadas e estruturadas para atrair público e receber clientes especiais das empresas expositoras
em grandes shows do setor agrícola, como o Agrishow e a Exposição de Londrina.
LPR | 197
Especialmente para eventos de grande porte,
que contam com amplo espaço ao ar livre - caso
dos eventos agropecuários -, a LPR tem uma
solução para cada empresa. Os projetos levam
em conta tanto o paisagismo externo quanto a
decoração interna, com destaque para o produto
e o cliente, as grandes estrelas das feiras.
Espaços diferenciados
LPR | 198
Megashows e megafestivais
C om a montagem de diversos ambientes no
Rock in Rio 2011, a LPr selou definitiva-
mente sua experiência em atender gran-
des eventos. O megafestival de rock - um
dos maiores do mundo - foi realizado nos
dias 23, 24, 25, 29 e 30 de setembro e 1º e 2 de outubro,
no rio de Janeiro, e reuniu 160 atrações nos sete dias,
movimentando a Cidade do rock com um público esti-
mado em 700 mil pessoas.
Já com o nome consolidado no rio de Janeiro,
a LPr conquistou mais um importante espaço na
agenda turística da cidade. No espaço Village, que
funcionou como um shopping, com 28 lojas, a LPr
montou o piso deck, a estrutura e a cobertura da fa-
chada, além dos pilares e testeiras de todas as lojas.
A empresa também foi a responsável pela cenogra-
fia interna da loja Leader (espaço Village), das lojas
Hortifruti e de produtos oficiais na rock Street, a
rua cenográfica de 160 metros quadrados inspirada
na cidade de New Orleans. Na área ViP, que recebeu
cerca de 4000 pessoas por dia, a LPr fez a montagem
de balcões e do carpete da tenda. E teve muito mais,
conforme demonstram as fotos feitas especialmente
na Cidade do rock.
Coberturas do Village
Paredão da Eletrônica
Mobiliário especial da Rock Street
LPR | 199
Rock in Rio 2011
Móveis dos camarins dos palcos Sunset e MundoCobertura do mezanino da empresa Souza Cruz
Área interna da sala de imprensa
Balcões e carpetes da área vip
Mobiliário do estande do Ecad
Móveis dos contêineres da produção
LPR | 200
Bibliografia básica
LIVROS
O Desafio - A História do Hospital Evangélico de Londrina. Teresa Godoy, Midiograf ii -
Londrina, 2008.
Londrina! Cidade de braços abertos. O olhar de um pé vermelho da segunda geração.
José Luiz Alves Nunes. Edição do autor. Londrina, 2010.
Londrina Paraná Brasil: raízes e dados históricos - 1930-2004. Associação Pró-memória
de Londrina e região. Londrina, 10 de dezembro de 2004.
Wilson Moreira e a política da eficiência. José Antonio Pedriali. instituto Teotônio Vilela.
Julho de 2007.
REVISTA
A vocação para a indústria de eventos. Entrevista de rosana Andrade à jornalista Teresa
Godoy. revista Sucesso - Edição 20 - Ed. branco & preto. Londrina, abril de 2002.
JORNAIS
Folha de Londrina, edições de:
15 de março de 1984
16 de março de 1984
10 de abril de 1984
12 de abril de 1984
14 de abril de 1984
12 de dezembro de 1984
21 de junho de 1988: Londrina, uma cidade especializada em construir,
reportagem de Silvana Leão, para a Folha de Londrina, edição de 10 de dezembro de 2010.
LPR | 201
SITES
www.bonde.com.br/folha/folhad.php?id_ folha=2-1--5927-20101022
www.bonde.com.br/folha/?id_ folha=2-1--4494-20101210
www.botschaftangola.de/content.php?offset=48&nav=news/archiv&year=2004&month=7
www.brindice.com.br/noticia/399/feiras-de-negocios-trazem-otimo-retorno-para-empresas-que-sabem-aproveita_las.
www.couromoda.com/index.php?http://www.couromoda.com/noticias/setor_ gerais/Gnoticia_3178.html
www.estadao.com.br/arquivo/suplementos/2002/not20021121p72325.htm
www.fagga.com.br
www.feirasdobrasil.com.br/guia/especiais.asp?area=edguia&codigo=1
www.grimmixx.blogspot.com/
www.londrinahistorica.blogspot.com/2011/05/o-centro-de-londrina-em-outros-tempos_17.html
www.lpr.com.br
www.mda.gov.br/portal/noticias/item?item_id=3891619
www.portalangop.co.ao (portal ANGOP – Agência Angola Press)
http://spindola.blogspot.com/2007/06/24-filda-feira-internacional-de-luanda.htmlpt.globalvoicesonline.org/2008/09/28/
angola-um-novo-eldorado-africano-para-estrangeiros/
http://egal2009.easyplanners.info/area05/5766_Nascimento_Gustavo.pdf
www.riocentro.com.br
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Este livro foi composto em apple garamond e impresso pela Midiograf Gráfica e Editora para a
LPr sobre papel polen bold Ld 80 g, em novembro de 2011.
Tudo começou em Londrina, no Paraná, e hoje está
no Brasil e no mundo com toda a tecnologia
disponível, o know-how necessário e o comprometi-
mento fundamental. A história da LPR foi montada
com coragem e segue com estrutura forte, tendo
como base a força da paixão que ergue sonhos em
feiras e eventos por todo o Brasil.
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