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Em sua segunda edição, o Concurso Literário promovido pela Academia Leopoldinense de Letras e Artes premiou obras nos gêneros POESIA, CONTO, CRÔNICA E CARTUM, nas modalidades Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio e Ensino Superior e Público.
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Apresentação
Em sua segunda edição, o Concurso Literário promovido pela Academia
Leopoldinense de Letras e Artes premiou obras nos gêneros POESIA, CONTO, CRÔNICA E
CARTUM, nas modalidades Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio e Ensino Superior e
Público. Além disso, o COLÉGIO EQUIPE DE LEOPOLDINA foi homenageado pelo mérito de
incentivo na participação dos alunos.
Antes de tudo, gostaríamos de agradecer a participação de todos os alunos inscritos e
o empenho e incentivo das escolas e dos professores. Nosso objetivo com esse concurso é
que haja o envolvimento de toda a comunidade escolar do município e que o sentimento de
amor e apego a nossa cidade seja cultivado para que todos queiram cuidar cada vez com
mais carinho de toda nossa terra.
Escolher dentre todos os trabalhos inscritos não foi tarefa fácil, pois a qualidade dos
textos inscritos está ainda melhor. Para essa tarefa, contamos com a participação de
diversos acadêmicos.
Seguem os textos premiados na íntegra, ou seja, não sofreram nenhuma intervenção
para a publicação.
Boa Leitura!
Acaba de sair o resultado do Concurso Literário, promovido pela ALLA. Louvável foi a
participação de muitas escolas, com empenho dos professores e adesão dos alunos. Trata-se
de um evento de suma importância no que tange ao desenvolvimento de habilidades dos
jovens. Não basta ater-se ao conhecimento básico dos conteúdos da grade curricular
estabelecida pelo sistema. Algo mais pode ser descoberto e desenvolvido. Educação,
formação, desenvolvimento, isto é um processo. É crescente e dinâmico. Tem que se
encontrar alguma habilidade em potencial no jovem. Seja na Literatura, na Pintura, na
Escultura, na Música e outras modalidades de saber e arte. Encontrar e cultivar. Isto
depende do interesse e empenho das pessoas envolvidas no processo educacional. Não se
pode contar com a atenção do "sistema". No caso presente, foi a Literatura. E foi um
sucesso. E merecem louvores todos os participantes.
Professor Luiz de Melo Sobrinho
ÍNDICE
A carta, crônica de Fernanda Rayol Campana Pires ................................................................. 16
A casa dos 1991 demônios, conto de Walace Carvalho Guida .................................................. 4
Ao nosso Museu, poesia de Mariana de Almeida Thomaz Barbosa .......................................... 8
Cartum de Lucas Benício Lourenço Melo ................................................................................. 11
Cruz Queimada, poesia de Jhúlia Cunha Macedo .................................................................... 18
Escalada, poesia de Ana Carolina da Silva Medeiros Correia ................................................... 19
História, poesia de Miguel Domingues Klimek ........................................................................... 3
Leopoldina, mineira gostosa, poesia de Denis Cunha .............................................................. 24
Leopoldina, poesia de Ana Clara Almeida Paulino de Andrade ................................................. 1
Leopoldina, poesia de Ana Laura de Souza Ribeiro .................................................................... 2
Mineira gostosa, crônica de Lucas Benício Lourenço Melo ..................................................... 12
Minha cidade querida, poesia de Letícia Zangirolani Cerqueira ................................................ 7
Minha Leopoldina, poesia de Micaela Mendonça de Oliveira da Silva ...................................... 9
Modesta Leopoldina, poesia de Camila de Souza Castro ......................................................... 21
Que saudades de um tempo que não vivi!, crônica de Ana Cristina Miranda Fajardo ............ 23
1
Ana Clara Almeida Paulino de Andrade Pseudônimo: Melzinha
Instituto Metodista Arca de Noé Ensino Fundamental I
Poesia 1º lugar
Leopoldina
Minha cidade é pequenina,
Mas eu gosto muito dela,
Aqui é legal e sensacional.
As paisagens são belas e maravilhosas!
Tenho muitos amigos por aqui.
Que cidade querida,
Queria todos aqui.
O Morro do Cruzeiro
Com a sua maravilha
Nos ensina a natureza respeitar.
Por aqui tem muita novidade
Nunca quero me mudar,
Eu amo essa cidade
Porque aqui e o meu lar.
2
Ana Laura de Souza Ribeiro Pseudônimo: LP
Instituto Metodista Arca de Noé Ensino Fundamental I
Poesia 2º lugar
Leopoldina
Minha cidade querida,
Escondida entre os montes,
É a minha Leopoldina!
Tem tantas coisas legais,
Igreja do Rosário,
Antigo cinema,
Igreja Catedral,
E muito mais!
Eu amo minha cidade,
Leopoldina,
E nunca quero me mudar.
3
Miguel Domingues Klimek Pseudônimo: Miguelito
Colégio Imaculada Conceição Ensino Fundamental I
Poesia 3º lugar
História
Muitas coisas são memórias
Que fizeram história,
Como o Museu Augusto dos Anjos.
Pois lá viveu alguém famoso,
Inteligente e glorioso.
Foi Augusto,
Um poeta de verdade,
Pois os poemas dele,
Foram história para a cidade.
Que pena que a vida o levou,
Sem piedade,
Morto por uma doença ainda jovem,
Mas viveu com bênção.
Ainda morreu com só um livro feito,
Mas foi extraordinário, sem defeito
Muitas pessoas acharam e acham,
Seus poemas perfeitos.
O histórico de Augusto dos Anjos foi guardado
Em sua casa, que tudo lá foi aprimorado.
E então, tudo isso virou um museu,
E foi assim que tudo aconteceu.
4
Walace Carvalho Guida Pseudônimo: Lalo
Colégio Equipe Leopoldina Ensino Fundamental II Conto 1º lugar
A casa dos 1001 demônios
Era uma vez um lugar sombrio, frio e escuro que ficava situado em uma das praças
mais macabras e pouco movimentada de uma cidade chamada Leopoldina. Havia uma casa
também misteriosa, que nos dias atuais é conhecida como CASA DE LEITURA.
Essa casa estava abandonada no ano de 1986 e uma legião de demônios com cerca
de 1001 entidades maléficas assombravam aquele local.
Um dia, alunos de uma escola LEOPOLDINENSE tentaram pichar essa casa, mas
quando a primeira gota de tinta bateu na parede tudo começou a tremer e de repente a
casa começou a afundar no chão de terra macia e fofa. Os alunos se viram em um momento
aterrorizante, então uma voz começou a gritar seus nomes: Alex, Luciano, Pedro e por fim
Daniel. Eles, obviamente, começaram a correr, mas as portas da casa se fecharam e bateram
com muita força fazendo um barulho BBBRRRRRRAAAAAAAAMMM!!!!!!!!!! Eles ficaram
aterrorizados de medo. Então Luciano falou que era a morte indo lhes buscar e ele acertou,
pois assim que ele disse isso 5 demônios possuíram Pedro, um de seus amigos. Assim os três
outros amigos ficaram apavorados e começaram a rezar a AVE MARIA e o PAI NOSSO e assim
os cinco demônios saíram do corpo de Pedro e voltaram para seu grupo que se fortalecia a
cada minuto com o medo dos pobres garotos indefesos.
Naquele momento, Daniel que era de família de médiuns, começou um ritual de
expulsão para os demônios. E ele conseguiu expulsar cerca de 30 demônios, mas ainda
faltavam 970 entidades do mal e esses rituais estavam tomando toda a sua força. Assim ele
se cansou, Alex tomou a iniciativa de fazer uma prece em voz alta fazendo os 970 demônios
ficarem mais fracos. Então Pedro e Luciano começaram a ajudá-lo e assim as entidades iam
sumindo até que chegaram ao número de 503 demônios.
Quando eles tiveram um breve período de calmaria, a casa inteira começou a tremer
e após alguns minutos a casa saía do chão flutuando como se algo a puxasse para o espaço e
assim os meninos se viram em um momento de muita alegria: as portas se abriram e eles
puderam sair daquela casa de horrores.
5
Mas tudo estava prestes a piorar ainda mais, pois eles esqueceram a porta aberta e
os 503 demônios acabaram escapando e possuíram Luciano e Alex fazendo os dois pularem
na frente de um ônibus que estava passando.
Agora só havia duas entidades: o ÓDIO e a VINGANÇA. O ÓDIO possuiu Pedro e a
VINGANÇA não conseguiu possuir Daniel, pois Daniel era um médium. Então a VINGANÇA
saiu vagando por aí se tornando uma alma penada, quanto a Pedro, o ÓDIO o fez suicidar se
jogando de um prédio de 32 andares.
Daniel estava caído no chão feito um saco de batatas chorando e lamentando a
morte de seus melhores amigos, mas no dia do enterro de seus amigos estava chovendo e
quando os três caixões foram enterrados um raio da grossura de uma árvore centenária caiu
no chão e com a intensidade da descarga elétrica os seus amigos voltaram à vida em um
piscar de olhos. Eles levantaram as mãos direitas e seus corpos destroçados pelos acidentes
saíram do chão, dessa forma todos ali presentes saíram correndo desesperados de tanto
medo e assim os três zumbis saíram perambulando pela cidade a fora, começando uma
caçada que deixou os cidadãos de LEOPOLDINA exauridos.
Então quando acharam os zumbis os aprisionaram em uma cúpula de vidro à prova
de balas e após 97 dias eles comeram uns aos outros e a pequena cidade pôde viver em paz
novamente.
E assim, Daniel, finalmente pôde ter um minuto de paz antes de conhecer a pessoa
por quem iria se apaixonar. Aline era seu nome, e no momento em que ele bateu seus olhos
cinza, no rosto dela, sabia que aquela era sua alma gêmea. Ele sentiu-se nas nuvens quando
pôde avistá-la. Seus olhos pretos como se fossem feitos do mais puro carvão, seu longo
cabelo loiro com as pontas rosa choque, seu corpo alto e seu lindo rosto que foi obviamente
a primeira coisa que ele viu e foi o suficiente para ele se apaixonar. Assim nos oito anos
seguintes a amizade foi ficando mais intensa até o ponto que eles começaram a namorar, e
aos vinte e nove anos eles se casaram.
Nos dez anos que se passaram eles tiveram dois filhos gêmeos: Bélgica e Victor Hugo.
Nos dias atuais Daniel é um rico advogado e nas horas vagas se dedica a meditação e
a exercícios espirituais (nunca tocou no assunto nos 39 anos que se passaram, exceto com
sua esposa).
6
Hoje ele tem uma família muito feliz, seus filhos têm seis anos e eles se divertem
muito. Daniel se lembra daquele dia como se fosse ontem e nunca mais entrou na casa onde
tudo aconteceu.
7
Letícia Zangirolani Cerqueira Pseudônimo: Lele Cerqueira
Colégio Equipe de Leopoldina Ensino Fundamental II Poesia 1º lugar
Minha cidade querida
Leopoldina, minha cidade querida,
Atenas da zona da Mata,
É uma cidade pequena, mas muito camarada.
Aqui temos o Ginásio, patrimônio municipal,
E também o conservatório, com seu lindo toque musical.
A Praça Félix Martins já foi lugar dos namorados,
O Cine Brasil e o Alencar, cinemas admirados
A Exposição, a melhor da região,
E a cooperativa de leite, sempre manteve seu padrão.
Catedral de São Sebastião representa nossa fé.
E o Espaço dos Anjos tem poesia para quem quiser.
E assim como diz o poeta e vai ficar para a eternidade:
“Mineira gostosa, minha cidade”.
8
Mariana de Almeida Thomaz Barbosa Pseudônimo: Lili
Colégio Equipe de Leopoldina Ensino Fundamental II Poesia 2º lugar
Ao nosso Museu
Nosso Museu, nossas histórias
Ele é o guardião de nossa memória.
Ele faz parte de nossa identidade,
Joia rara de nossa cidade.
Casa de Cultura, poesia e diversão
Pintura, arte e emoção.
Luiz Raphael, o mago das cores,
Em nossa cidade despertou amores.
Cuidou de nossa memória,
Com sua luta, conseguimos a vitória.
Vitória Leopoldinense.
O poeta da morte ficou para sempre presente.
Augusto dos Anjos, nosso poeta,
Seus restos mortais ficaram para sempre em nossa terra.
Viva, viva o poeta!
De versos difíceis, versos inesquecíveis.
9
Micaela Mendonça de Oliveira da Silva Pseudônimo: Gaúcha
Colégio Equipe de Leopoldina Ensino Fundamental II Poesia 3º lugar
Minha Leopoldina
Minha agradável Leopoldina,
do Morro do Cruzeiro,
da simpatia leopoldinense,
e do povo mineiro.
Minha bela Leopoldina,
uma Atenas da Zona da Mata,
da arquitetura grega,
sempre pacata.
Minha cultural Leopoldina,
dos azulejos pintados à mão,
da Praça Félix Martins,
da Catedral de São Sebastião.
Das lendas e histórias,
surgiu o Feijão Cru,
dos carnavais animados,
a Praça do Urubu.
Minha atual Leopoldina,
da emancipação,
do desenvolvimento econômico,
da independência sem revolução.
Minha agradável Leopoldina,
10
bela, cultural e atual.
minha grande cidadezinha,
minha terra natal.
11
Lucas Benício Lourenço Melo Pseudônimo: Benner
Colégio Imaculada Conceição ENSINO MÉDIO
Cartum 1º lugar
12
Lucas Benício Lourenço Melo Pseudônimo: Ben Belo
Colégio Imaculada Conceição ENSINO MÉDIO
Crônica 1º lugar
“Mineira gostosa”
Um dia, eu estava andando pelas ruas da minha cidade, Leopoldina, no estado de
Minas Gerais, quando avistei o Morro do Cruzeiro, grande obra da natureza, que só nós,
habitantes, podemos ver todos os dias, mas acabamos não dando importância.
Nossa cidade tem uma bela estrutura natural, porém, a maioria da população não se
importa com o potencial desse espaço.
Primeiro, dominada por tribos indígenas e utilizada por contrabandistas de ouro e
proibida pela coroa, essa terra estava escondida na mata. Com a escassez do ouro nas
demais regiões mineiras, a zona da mata foi “aberta ao público” e começou a ser explorada
por desbravadores, que pararam nas margens de um córrego, atualmente denominado
Feijão Cru, cujo nome faz referência aos tropeiros, que perderam sua refeição que foi jogada
nas águas depois de uma forte chuva. Eles fundaram uma vila nessas mesmas margens, a vila
de São Sebastião do Feijão Cru, que mais tarde viria a ser chamada de Leopoldina,
homenageando a segunda filha do então imperador Dom Pedro II.
A vila virou cidade e rapidamente prosperou em razão do café e depois da estrada de
ferro. Ela chegou a ter o segundo maior número de escravos do estado de Minas Gerais,
famílias muito influentes, educação que atraía pessoas de todas as partes e muitos outros
destaques.
Mas, com a crise do café e seus abalos, o nosso município perdeu grande destaque
na economia, e uma cidade que tanto prosperou, estagnou no tempo, apresentando poucas
mudanças ao longo dos anos. Hoje, possui apenas algo em torno de sessenta mil habitantes.
Muitos chegam a criticar a sorte por terem nascido aqui, ou terem vindo parar em
um lugar tão pequeno e atrasado, sem Mc Donald’s ou Burger King, ou outras futilidades
que acabam escondendo a verdadeira essência da cidade, a história.
Entretanto, alguns veem o potencial do nosso berço e estão, por meio de
investimentos culturais, comerciais e educacionais, complementando o trabalho dos
cafeicultores, mesmo sem a presença do café.
13
Paloma Greiciana Pseudônimo: Kiara Mello
Colégio Equipe Leopoldina ENSINO MÉDIO
Crônica 2º lugar
A primeira crônica
Lá está ela. O tema desta primeira crônica. A casa da família Botelho. Depois das
incontáveis vezes que a visitei, só agora a torno o assunto de minha escrita. Refiro-me à Casa
de Leitura Lya Botelho, à casa que pertencia ao engenheiro Ormeu Junqueira Botelho e que
hoje se tornou um lugar aberto ao público, às imaginações, às idéias.
Em uma nova visita, entrei pelo portão verde escuro e já me deparei com a
construção que teve como base a casa do filme “E o vento levou”. As próprias pilastras
brancas na parte da frente denunciavam as semelhanças. Dirigi-me à recepção, onde estava
a escada de madeira que dava para o segundo andar, e, depois de assinar o meu nome em
um caderno com uma grande lista de visitantes, cheguei na pequena sala dirigida ao Dr.
Ormeu e sua história. Havia ali imagens em preto e branco dele e de sua família, com
identificação de cada pessoa que fazia parte dela, além de um texto (tinha uma parede
dedicada somente a ele) que relata a vida do engenheiro. Enquanto eu lia a biografia de
Ormeu, percebi que uma pequena menina passara correndo, alegre, em direção à área atrás
da casa. Corria abraçada a um livro como se ele fosse um presente que ela acabara de
receber. Provavelmente, a criança estava vindo da sala que tinha prateleiras com livros.
Fui até a parte de trás da casa e, como se fosse a primeira vez que a visitasse, fiquei
admirando todo aquele espaço e, depois, corri em direção ao verde gramado. Comecei a
rodar e então deitei no chão. Sentia-me de um jeito diferente. Eu estava feliz por ter todo
aquele contato com a natureza. Levantei-me e olhei para o orquidário, para as árvores e
para todo aquele tapete verde em que fiz questão de pisar descalça. Foi então que percebi
uma família fazendo um piquenique e, entre aquelas pessoas, estava a criança que corria
enquanto eu estava na saleta. Sentei-me em um dos bancos que havia naquela área e
observei que no colo da mãe se encontrava o livro levado pela pequenina enquanto corria.
Esta ficava atenta aos gestos feitos pela mãe à medida que a história era contada. Senti que
precisava ler.
14
Logo, corri de volta para a recepção e do lado havia sala onde estavam os livros.
Imediatamente entrei e passei a olhar as prateleiras. Comecei a pegar vários livros, olhar
seus títulos, autores, resumos, até que encontrei um que chamou a minha atenção. Na capa,
havia a ilustração de uma menina em um jardim, era o jardim de Monet. Comecei a folheá-lo
e senti a necessidade de lê-lo para aquela garotinha. Voltei ao jardim atrás da casa e
carinhosamente perguntei à pequena se poderia ler aquele livro para ela. A criança não me
respondia. Fique desanimada. Expliquei à menina que aquele livro tratava de uma garota
que visitou o jardim de um pintor chamado Monet. Mas ela parecia não entender e virou o
rosto. Depois que eu entendi o porquê daquela situação, e antes que a mãe pudesse me
explicar, comecei a fazer gestos. A menina passou a me olhar com atenção. Pedi ajuda à
mãe. Eu queria me comunicar com a garotinha. Afinal, ela era surda-muda. Mesmo assim,
sua deficiência não a impediu de entrar no mundo dos livros. Ela não podia falar, não podia
escutar, mas podia imaginar.
15
Fernanda Rayol Campana Pires Pseudônimo: Benito
Colégio Equipe Leopoldina ENSINO MÉDIO
Crônica 3º lugar
A carta
Era domingo. Como de costume, eu e meus pais iríamos à casa da minha bisavó Iná.
Dona Iná mora em Leopoldina mesmo, próximo à Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Então,
chegaríamos lá em menos de vinte minutos.
Assim que chegamos, a bisa veio toda alegre abrir o portão para entrarmos.
Almoçamos. E agora começa o mesmo tédio de todos os domingos na casa da Dona Iná. Eu
não tinha o que fazer. Fiquei olhando um bom tempo para o teto, observando como parecia
que este cairia sobre minha cabeça a qualquer momento.
Estava indo para o quarto, para poder dormir um pouco, quando eu vi uma porta
embaixo da escada. Como eu não estava fazendo nada, decidi conferir e, por sorte, estava
aberta. Entrei e tinha alguns degraus para descer. Desci procurando um interruptor em meio
à escuridão. Acendi a luz e diante dos meus olhos estava o que parecia um quarto antigo.
Tinha uma mesa perto da escada, com várias folhas escurecidas e lápis desgastados. Logo ao
lado, havia uma espécie de guarda-roupa entreaberto, com várias coisas velhas, espalhadas
e bagunçadas como se tivesse passado um furacão. Até que avistei uma coisa que me
chamou atenção: um baú gigante e dourado, parecido com o de um pirata. Fui explorar esse
tesouro! E, de novo, por sorte, estava aberto. Havia bastante joias, algumas penas, livros e,
no meio disso tudo, uma carta. Uma única carta. Abri-a e comecei a ler:
“Caro alguém, quem vos escreve é Marieta. Estou, neste exato momento, em pé
diante da construção do ‘Gymnásio Leopoldinense’. Ainda não tem nada além de uma grade,
algumas árvores e uma haste com uma bandeira na ponta. Ao decorrer do tempo volto a lhe
escrever como este patrimônio ficará depois de pronto.”
Virei para a outra folha, louca de curiosidade para saber o fim dessa história.
“Estive conversando com meus amigos e descobri a razão da realização desta
grandiosa construção: os irmãos Custódio e o sr. José Monteiro Ribeiro Junqueira estão
querendo educar os filhos da oligarquia da Zona da mata Mineira, construindo uma escola.
Vamos ver o que irá acontecer.”
16
Fui para a outra folha.
“Passaram-se três meses, e no dia 3 de junho de 1906, a Escola Normal do Ginásio
Leopoldinense foi inaugurada. Magnífica, deslumbrante, uma escola com um excelente
ensino. Mal vejo a hora de ter um ensino digno!”
Continuei lendo...
“Estamos em 1918, e já estou formada. Passei em frente à minha antiga escola e me
deparei com a construção do lado esquerdo da mesma. Agora sim está ficando bonita por
demais. Quero só ver o término disso...”.
“Ano de 1926, já estou com 36 anos, tenho família. Moro na mesma casa quando era
criança, então passo todo dia em frente ao Ginásio. Fiquei sabendo que em 1921 o curso de
odontologia foi suprimido e, logo em seguida, o curso de farmácia. Mas que lástima, não?!
Em mais uma passagem pela fachada daquela escola, vi que o lado direito estava sendo
construído. Belíssimo!!!
Enfim 1946, já estou na fase idosa, e não deixo de assentar na praça para observar e
relembrar os velhos tempos na minha escola. A mesma, que fez com que Leopoldina se
destacasse trazendo para a cidade, centenas de estudantes de toda a redondeza, foi
adquirido pelo bispado.
Já estou no hospital escrevendo esta carta, entregá-la-ei à minha filha Iná para que
ela guarde com carinho. É 1955, o patrimônio que eu tanto observava já mudou de nome.
Agora se chama ‘Colégio Estadual Professor Botelho Reis’, em homenagem ao diretor.
Espero também que minha filha repasse esta carta para a filha dela e assim por diante para
elas notarem a diferença, como ocorreu a construção e que fique guardado para sempre na
memória de cada descendente desta família.
Assim a carta acabou. Então saí em disparada para ver de perto a escola. Chegando à
praça, fiquei imóvel, observando e imaginando minha tataravó ali sentada, como eu estou,
vendo tudo aquilo acontecer. Desde as primeiras paredes até a última. Se a dona Marieta
estivesse viva, ficaria decepcionada com a transformação que a sua escola passou. Continua
com uma belíssima fachada, porém com várias pichações, vandalismo e janelas quebradas.
Infelizmente, nem todo patrimônio pode ser conservado. Mas garanto que vou levar
esta história e este aprendizado para todos da minha futura família e meus amigos.
17
Jhúlia Cunha Macedo Pseudônimo: Docinho
Colégio Equipe Leopoldina Ensino Médio
Poesia 1º lugar
Cruz Queimada
Um homem sem coração
uma maldade quis fazer
uma cruz ardendo em chamas
para toda se desfazer.
Mas felizmente não conseguiu
porque não tinha fé
ela hoje ainda existe
e ainda está de pé.
Um símbolo religioso
que existe naquele lugar
uma cruz que pegou fogo
e queimada agora está.
De longe vêm pessoas
para uma promessa cumprir
onde viajantes e turistas
vão se redimir.
No distrito de Piacatuba
ela ainda via ficar
existente há muito tempo
pra sempre vai estar.
18
Ana Carolina da Silva Medeiros Correia Pseudônimo: Dália
Colégio Equipe Leopoldina Ensino Médio
Poesia 2º lugar
Escalada
Pedaço de terra amontoada;
Aventura para desbravadores;
Diversão para turistas;
Lugar de muitos amores.
Lembrança da mata amada
Cuidada com emoção
Ó, Cruzeiro querido,
Estará sempre em meu coração!
Almas são relembradas
Por elas ali passadas
Lembranças, energias e poesias,
Anonimatos em demasia!
Vista bela, haja energia!
Pista de artistas no voo.
Antenas dão o sinal
Sem elas nada afinal!
Pessoas desesperadas,
Segredos que pra si guarda,
Peregrinações iluminadas
Que são abençoadas.
Destinos, caminhos
19
Montes e horizontes
Tropeços e arremessos
De muitos desfechos
Mistérios sem fim.
20
Camila de Souza Castro Pseudônimo: Joana
Colégio Equipe Leopoldina Ensino Médio
Poesia 3º lugar
Modesta Leopoldina
As tuas iniciais,
São nome de princesa.
São dez letras legítimas,
Que expressam sua grandeza.
Tenho gosto e orgulho
Por ter nascido em Leopoldina
Sou desta linda cidade
Tão singela e pequenina.
Sou da Athenas da Zona da Mata
Famosa mineira gostosa
Terra de muitas culturas
Que no mundo é formosa.
Quem passa por aqui,
Não consegue se esquecer.
Se encanta com a simplicidade
E com o amor que se pode ter.
E do velho ribeirão
Nasceu este lugar
Um pequeno pontinho no mapa
Cheio de história pra contar.
Ambiente que traz a paz
21
Situado num ponto culminante,
Rodeados de montanhas
E de eternos viajantes.
22
Ana Cristina Miranda Fajardo Pseudônimo: Habela
Público em geral Crônica 1º lugar
Que saudades de um tempo que não vivi!
Pouco mais de cem anos. Muito tempo? Pouco, para tantas transformações, ou
melhor dizendo, tantas destruições. Luiz Botelho Rousseau, em seu magnífico livro de
memórias, Alto Sereno, escrito quando ele já havia passado dos oitenta anos, apresenta-nos
uma Leopoldina do final do século XIX e início do XX única, mágica, bela. Sobrados e mais
sobrados, com suas incontáveis janelas. Fazendas suntuosas onde se produzia de tudo, onde
havia água límpida e abundante. Reuniões familiares com muita fartura nas mesas e boa
música vinda dos pianos. Linha férrea com estação onde hoje é o centro da cidade. Áreas
verdes de fauna e flora bastante diversificadas. Um frio que chega a dar arrepios!
Época boa, mas pouco restou dela. Os sobrados se foram, o trem de ferro com seu
“piui, piui” já não passa mais aqui. A água, cada vez mais escassa, já traz prejuízo às poucas
fazendas que persistem em continuar suas atividades. O Feijão Cru, onde se nadava, hoje é
um esgoto a céu aberto. As reuniões familiares foram trocadas pelas conversas virtuais
intermináveis e a boa música, essa nem se fala, foi trocada por umas batidas
incompreensíveis.
O patrimônio da época do menino Luizinho se foi. A infância que ele viveu não
voltará, pois o progresso, acompanhado da tecnologia, não permite. Brincadeiras como
bilosca, pião, carro de boi de sabugo de milho, nadar em “trajes de Adão” nos inúmeros
córregos que por aqui singravam, andar quilômetros e mais quilômetros em busca de
aventuras, como descascar cana com os dentes, só mesmo lendo memórias.
Resta-nos preservá-las e para isso precisamos divulgá-las. Não há como não se
apaixonar por uma Leopoldina outrora tão majestosa.
“Quem ama, cuida”. Clichê? Sim, mas nossa cidade precisa de cuidado. Disseminar
nossas memórias para preservar o patrimônio que ainda nos resta é o que deve ser feito
hoje, agora. Uma história tão rica não pode se esvair como fumaça. Não pode ser destruída
por um tão controverso progresso.
23
Denis Cunha Pseudônimo: Kirana
Público em geral Poesia 1º lugar
Leopoldina, mineira gostosa
É preciso cantá-la, seja em versos ou prosas
Com rimas ou desafinado
Pois pulsa na alma de seu povo seu perpétuo legado
Athenas da Zona da Mata
Assim cantada pelo seu filho do rock
O Serginho: mas não só ele
Aqui tem Helenas, Yaras, Valentines e Licas
Yolandas, Ninis, Inêz também tem
Tem Chiquinhos, Biras, Botelhos
Felipes, Eugênios, Cícero também tem
Tem Fontes que não jorram água
Mas é onde todo o povo se mistura feito ondas do mar
Tem lindas mulheres cheias de charme nas manhãs de sábado
Não há mais os trilhos da linha férrea mas tem o trenzinho da alegria
Tem bandas, kung fu e nostalgias
Não é Liverpool mas tem Hey Joe
Não tem Cinédia ou Atlântida ou Luiz Severiano Ribeiro
Mas tem o grande, o Telo
Tem imponente Catedral e Amor ao Próximo
Tem Cotegipe sensual
Tem médico escritor e escritor radialista
Tem a pedra do Cruzeiro e a pedrada do Caial
Tem tanto, tanto, que deixar algo ou alguém de fora é normal
E se aqui não fosse assim tão celestial
Não haveria de vir viver aqui e aqui até morrer um anjo do céu
O Augusto, poeta nacional.
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