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HAFIZA ABDON MUSSER HADI
CRENÇAS DOS ENFERMEIROS DE UNIDADES
DIAGNÓSTICAS SOBRE O ATENDIMENTO À PARADA
CARDIORRESPIRATÓRIA
Dissertação apresentada à Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: Enfermagem na Saúde do Adulto Orientador: Prof. Dr. Paolo Meneghin
São Paulo 2008
Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca “Wanda de Aguiar Horta”
Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Hadi, Hafiza Abdon Musser.
Crenças dos enfermeiros de unidades diagnósticas sobre o
atendimento à parada cardiorrespiratória. / Hafiza Abdon Musser
Hadi. – São Paulo, 2008.
92 p.
Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo.
Orientador: Prof Dr Paolo Meneghin.
1. Cuidados críticos (enfermagem) 2. Parada cardíaca
3. Enfermeiras (atitudes). I. Título.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Nome: Hafiza Abdon Musser Hadi
Titulo: Crenças dos enfermeiros de unidades diagnósticas sobre o atendimento à parada cardiorrespiratória
Dissertação apresentada à Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Aprovado em: _____ / _____ / _____
Banca Examinadora
Prof. Dr. _________________________ Instituição: __________________________
Julgamento: ______________________ Assinatura: __________________________
Prof. Dr _________________________ Instituição: __________________________
Julgamento: ______________________ Assinatura: __________________________
Prof. Dr _________________________ Instituição: __________________________
Julgamento: ______________________ Assinatura: __________________________
Prof. Dr. _________________________ Instituição: __________________________
Julgamento: ______________________ Assinatura: __________________________
DEDICATÓRIA
A Deus, autor da vida, que me concedeu mais esta
conquista.
Aos meus pais, Mamede e Malmanoura (in memoriam), pelo
exemplo de vida a ser seguido e por construírem os alicerces da minha
formação.
Ao meu marido Mohamad, companheiro de todos os
momentos, pela compreensão e carinho ao longo do período de elaboração
deste trabalho.
A minha filha Hanadi, presença diária de amor e motivação.
Aos meus irmãos e irmãs que sempre cuidaram de mim com
muito carinho, em especial a minha irmã Aissa, companheira de orações.
AGRADECIMENTOS
Ao Orientador, Prof. Dr. Paolo Meneghin, pela competência
e atenção em todas as etapas deste trabalho.
À Professora Drª Kazuko U. Graziano, Coordenadora do
PROESA, por sua colaboração na realização deste curso de mestrado.
A minha amiga, Drª Ivana Lucia Correa Pimentel de Siqueira,
por seu inestimável apoio e incentivo na realização deste trabalho e pela
preciosa experiência profissional transmitida ao longo desses anos.
Aos Diretores e Superintendente do Hospital IGESP, por
todo apoio na realização deste trabalho.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Diagrama representativo das relações entre os fatores que determinam o comportamento do indivíduo, de acordo com a TRA (adaptado de Ajzen; Fishbein, 1980). ............................ 23
Figura 2 - Esquema da apresentação da Unidade Temática Central Crenças de Atitude.................................................................... 40
Figura 3 - Categoria Temática Central – Crenças Afetivas ........................ 42
Figura 4 - Esquema da apresentação da Unidade Temática Central Crenças Normativas.................................................................. 44
Figura 5 - Categoria Temática Central - Referentes Sociais que Estimulam o Comportamento.................................................... 46
Figura 6 - Categoria Temática Central – Referentes Sociais que Desestimulam o Comportamento. ............................................. 51
Figura 7 - Categoria Temática Central - Fatores que Estimulam o Comportamento......................................................................... 54
Figura 8 - Categoria Temática Central - Fatores que Desestimulam o Comportamento......................................................................... 58
LISTA DE SIGLAS
ACLS - Advanced Cardiac Life Support
AESP - Atividade Elétrica sem pulso
AHA - American Heart Association
BLS - Basic life support
FV - Fibrilação Ventricular
ICD - Instrumento de coleta de dados
ML - Máscara Laríngea
PA - Pronto Atendimento
PCR - Parada Cardiorrespiratória
RCP - Reanimação Cardiopulmonar
TV - Taquicardia Ventricular sem pulso
TRA - Teoria da Ação Racional
Hadi HAM. Crenças dos enfermeiros de unidades diagnósticas sobre o atendimento à parada cardiorrespiratória [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2008.
RESUMO
Este estudo, de cunho qualitativo, objetivou verificar as estruturas de atendimento à parada cardiorrespiratória e identificar as crenças pessoais e normativas dos enfermeiros que atuam em unidades diagnósticas, utilizando como referencial teórico a Teoria da Ação Racional (Theory of Reasoned Action – TRA). Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semi-estruturadas, junto a dezesseis enfermeiros de unidades diagnósticas de três hospitais privados e um público da cidade de São Paulo. Os dados foram submetidos à técnica de análise de conteúdo, que possibilitou evidenciar crenças positivas e negativas agrupadas em duas Unidades Temáticas Centrais, estabelecidas “a priori”, dentro dos pressupostos da TRA: Crenças de Atitude e Crenças Normativas. A análise das entrevistas evidenciou que entre as Crenças de Atitude, destacaram-se as crenças afetivas negativas em relação à execução do comportamento. Na unidade Crenças Normativas, foram evidenciados os referentes sociais positivos para a execução do comportamento: grupo de parada, equipe de enfermagem, médico do grupo de parada, médico anestesista, bem como os fatores estimuladores do comportamento: conhecimento e preparo dos médicos, treinamentos freqüentes, equipamentos disponíveis, atrelar o “bip” dos enfermeiros ao do grupo de parada; como referentes sociais que desestimulam o comportamento: equipe médica e de enfermagem, e, como fatores que desestimulam: planta física, déficit de conhecimento dos médicos e equipe de enfermagem e recursos humanos deficitários. Concluiu-se que é imprescindível que os programas educacionais sejam elaborados a partir de fatores que motivem, possibilitem e reforcem o enfermeiro a adotar determinado comportamento, tornando este profissional capaz de participar dos processos decisórios que envolvem o cuidado do paciente crítico, junto aos seus pares, de forma igualitária, tornando o atendimento seguro e eficaz ao paciente.
Palavras-chave: Enfermagem. Parada cardiorrespiratória. Comportamento.
Hadi HAM. Nurses' beliefs on managing cardiopulmonary arrest in the diagnosis unit [dissertation]. Sao Paulo: School of Nursing, University of Sao Paulo; 2008.
ABSTRACT
This study, on a qualitative stamp, aimed at verifying the structures of managing cardiopulmonary arrest (CPA) and identifying the personal and normative beliefs of nurses working in diagnosis units, using the Theory of Reasoned Action – (TRA) as a theoretical framework. The data were obtained through semi-structured interviews from sixteen diagnosis unit nurses of four hospitals (three private and one public) in Sao Paulo city. The data were submitted to a content analysis technique, attesting negative and positive beliefs which were grouped into two Central Thematical Units established beforehand within the estimated TRA: Attitude and Normative Beliefs. The analysis of the interviews proved that among the Attitude Beliefs, the negative affective beliefs stood out as far as the behavior performance is concerned. In the Normative Belief Units, when analyzed the behavior performances, the following positive social referents were evidenced: (CPA) group, nursing team, (CPA) group physician, anesthesia physician, as well as the behavior's stimulating factors: the physicians' knowledge and skill, frequent training, equipment available, attaching the nurses' bippers to the (CPA) group; as social referents which discourage the behavior: medical and nursing team, and as discouraging factors: hospital facility area, physicians' lack of knowledge and deficitary nursing team and human resources. As a conclusion, it is observed that the educational programs must be developed from factors which motivate, allow and reinforce the nurse to take a certain procedure, making this professional capable of participating on the decisive processes that involve the care for critical patients, together with his/her peers in a equalitarian way, making this care safe and effective to the patient.
Keywords: Nursing. Cardiopulmonary arrest. Behavior
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 11 1.1 O despertar para o problema ............................................................ 11 1.2 A enfermagem e a PCR .................................................................... 18 1.3 Referencial teórico ............................................................................ 21
2 OBJETIVOS........................................................................................... 27
3 MÉTODOS............................................................................................. 28 3.1 Delineamento do estudo ................................................................... 28 3.2 Campo de estudo.............................................................................. 29 3.3 População e critérios de inclusão...................................................... 29 3.4 Tamanho da amostra ........................................................................ 29 3.5 Coleta de dados e procedimentos éticos .......................................... 30 3.6 Análise dos dados ......................................................................... 30 3.7 Instrumento de coleta de dados........................................................ 34
3.7.1 Construção do Instrumento........................................................ 34 3.7.2 Validação do instrumento de coleta de dados ........................... 35
4 RESULTADOS....................................................................................... 37 4.1 Caracterização dos sujeitos ............................................................. 37 4.2 Dados relacionados às crenças ........................................................ 39
4.2.1 Unidade Temática Central: Crenças de Atitude ......................... 40 4.2.2 Unidade Temática Central: Crenças Normativas ....................... 44
5 Discussão .............................................................................................. 59 5.1 Sobre a Unidade Temática Central: Crenças de Atitude................... 60 5.2 Sobre a Unidade Temática Central: Crenças Normativas................. 62
6 Conclusão.............................................................................................. 69
7 Considerações Finais ............................................................................ 70
REFERÊNCIAS APÊNDICES ANEXOS
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 O despertar para o problema
O atendimento ao evento conhecido como “Parada Cardio-
respiratória” (PCR), geralmente, se traduz em um momento de estresse para
toda equipe de saúde, dada a própria circunstância. Lidar com a
possibilidade da perda de uma vida, e a premência em mantê-la, interfere
nas emoções de todas as pessoas envolvidas, influenciando a execução da
seqüência de atividades da reanimação cardiopulmonar (RCP).
O sucesso do atendimento a uma PCR fica, então, vinculado
à eficiência técnica e ao conhecimento científico dos profissionais.
Em se pensando que variáveis pouco controláveis podem
influenciar estes episódios, a sistematização e a padronização do
atendimento tornam-se fundamentais na minimização de fatores
intervenientes.
Com a finalidade de atender a essa sistematização, em
diversos centros médicos do mundo a padronização de atendimento às PCR
é denominado “Código Azul”, nome também adotado em algumas
instituições de saúde do Município de São Paulo 1.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, os objetivos
do Código Azul são: 1
• diminuir os custos hospitalares e sociais das PCR;
• estudar a incidência e a forma como são atendidas as
PCR nas diversas instituições médicas;
12
• sistematizar o atendimento de pacientes com suspeita de
PCR, de forma a abreviar, ao máximo, o acesso ao
suporte básico e avançado de vida, sempre que se fizer
necessário;
• aumentar a taxa de sobrevida de pacientes em PCR.
Ainda a respeito da padronização nesse tipo de
atendimento, a Sociedade Brasileira de Cardiologia preconiza que materiais
e equipamentos, contidos em carros de parada sejam divididos em níveis de
prioridade: 1
Nível l - itens essenciais, que devem estar disponíveis
IMEDIATAMENTE;
Nível II - itens altamente recomendados, que devem estar
disponíveis, no máximo, em 15 minutos;
Nível III - itens recomendados, mas opcionais.
A Associação Americana de Cardiologia (American Heart
Association - AHA), juntamente com a Fundação Interamericana do
Coração, realizam esforço conjunto para fazer com que os materiais
educacionais e os cursos de Atenção Cardiovascular de Emergência ou
RCP cheguem aos profissionais de saúde e ao público em geral, na América
Latina e no Caribe. Há um acordo entre a Fundação Interamericana do
Coração e a AHA para a organização de programas de RCP mais
atualizados e baseados em evidências científicas, através de uma rede de
organizações de treinamento.2
Os aspectos mais relevantes das diretrizes da AHA (2005-
2006) para profissionais de saúde incluem informações sobre o processo de
análise de evidências, em que se baseiam as novas diretrizes, sendo elas: 3
• Ênfase na realização de RCP de alta qualidade.
13
• Informações crescentes sobre o uso de máscara laríngea
(ML), de cânula esôfago-traqueal ou obturador esôfago-
traqueal (combitube).
• A confirmação da colocação do tubo endotraqueal em
posição correta requer tanto avaliação clínica quanto o
uso de um dispositivo ( por exemplo, um detector de CO2
exalado).
• O algoritmo para tratamento da parada cardíaca sem
pulso foi reorganizado de modo a incluir Fibrilação
Ventricular (FV), Taquicardia ventricular sem pulso (TV),
Assistolia e Atividade elétrica sem pulso (AESP).
• A administração intravenosa ou intra-óssea de
medicamentos é preferível à administração endotraqueal.
• Tratamento da FV/TV sem pulso:
1. Para tentar a desfibrilação, aplica-se um choque, seguido
imediatamente da realização de RCP (iniciando as
compressões torácicas).
2. Os socorristas devem minimizar as interrupções das
compressões torácicas.
3. O ideal é que as compressões sejam interrompidas
somente para verificação do ritmo cardíaco e aplicação
de choque.
4. Os socorristas não devem tentar palpar o pulso ou
verificar o ritmo cardíaco após a aplicação do choque.
Caso um ritmo organizado seja detectado , após 5 ciclos
( cerca de 2 minutos) de RCP, o socorrista deve verificar
o pulso.
14
5. Os medicamentos devem ser fornecidos durante a
realização da RCP, imediatamente após a verificação do
ritmo.
• Tratamento da assistolia/atividade elétrica sem pulso: a
epinefrina pode ser administrada a cada 3 a 5 minutos.
Uma dose da vasopressina ou dopamina pode ser
administrada enquanto se aguarda a colocação de um
marca-passo.
• Tratamento da bradicardia sintomática: a dose de
atropina recomendada atualmente é de 0,5mg
intravenosa, podendo ser repetida até um total de 3mg.
• Tratamento da taquicardia sintomática: um algoritmo
único simplificado inclui alguns, mas não todos os
medicamentos que podem ser administrados.
• A estabilização da vítima após a reanimação requer a
proteção dos órgãos vitais, procurando prognosticar o
desenvolvimento de disfunção miocárdica após a
reanimação.
• Evitar a hipertermia em todos os pacientes após a
reanimação. Considerar a possibilidade de induzir a
hipotermia após a RCP, caso o paciente esteja
inconsciente, mas com pressão arterial adequada.
Segundo o Consenso Nacional de Ressuscitação
Cardiorrespiratória e AHA e Fundación Interamericana del Corazón, as
desordens básicas do ritmo cardíaco na PCR são quatro: a assistolia,
caracterizada pela ausência de qualquer atividade elétrica ou mecânica dos
ventrículos; a fibrilação ventricular (FV), que é a contração incoordenada do
miocárdio em conseqüência da atividade elétrica caótica de diferentes
grupos de fibras miocárdicas, resultando na ineficácia total do coração em
15
manter um rendimento de volume sangüíneo adequado e cujo único
tratamento é a desfibrilação elétrica: a taquicardia ventricular sem pulso, em
que há uma sucessão rápida de batimentos ectópicos ventriculares que
podem levar à deterioração hemodinâmica; e a atividade elétrica sem pulso
(AESP), caracterizada pela ausência de pulso detectável na presença de
registro de atividade elétrica. 4
O aspecto crítico no tratamento da atividade elétrica sem
pulso é o entendimento que essa entidade está comumente associada a
causas clínicas reversíveis, se forem identificadas e tratadas
adequadamente. 5
A PCR é definida como a cessação da atividade cardíaca
em um indivíduo sem doença terminal. O indivíduo se encontra com
ausência de batimentos cardíacos eficazes, ausência de respiração e
inconsciente. 6
O diagnóstico clínico de PCR é realizado quando os
seguintes sinais estão presentes: inconsciência, respiração agônica ou
apnéia e ausência de pulso em grandes artérias. 7
Um diagnóstico rápido e preciso da PCR é a conduta que
inicia as manobras de suporte básico de vida. A checagem de pulso em
grandes artérias, como as carótidas, é responsabilidade de profissionais de
saúde. 8
O manejo de um paciente em PCR deve ocorrer de forma
rápida e eficaz. As prioridades são vias aéreas, respiração, oxigenação,
compressões torácicas, desfibrilação e acesso venoso. A desfibrilação
quando indicada é uma prioridade. 9
Os procedimentos de RCP são esforços, empregando
técnicas, na tentativa de promover oxigenação sistêmica de emergência e
restabelecer ritmo cardíaco com perfusão sistêmica efetiva e espontânea
para reversão da PCR e preservação de funções orgânicas. A meta da RCP
é restaurar o processo de vida, e não prolongar o processo de morte. 10
16
De modo geral, podemos dizer que o assunto PCR está
mais ligado às áreas críticas dos hospitais como Pronto-Atendimento,
Unidades de Terapia Intensiva, Unidades Cardiológicas e outras. Trabalhos
científicos sobre esse assunto geralmente são vinculados aos profissionais
destes setores, com pouca ou quase nenhuma participação de profissionais
de outras áreas de atendimento a pacientes.
Entretanto, cabe aqui ressaltar que os hospitais no país
abarcam, apenas, cerca de 3,74% de leitos para o atendimento de pacientes
graves ou em programa de cuidados intensivos. 11
Nos Centros de Diagnósticos, localizados dentro dos
hospitais, vale ressaltar que é grande o movimento de pacientes externos e
internados submetidos a inúmeros métodos diagnósticos, inclusive
invasivos.
Os profissionais de saúde que atendem pacientes externos,
em unidades diagnósticas localizadas dentro dos hospitais, que também
possuem potencial de risco para evoluir para uma situação de atendimento
de emergência, na sua grande maioria não conhecem a história clínica
desses pacientes, gerando uma situação estressante para os profissionais
quando se deparam com este tipo de atendimento crítico.
Dentre os exames que oferecem riscos em sua realização
estão os procedimentos endoscópicos e vasculares, cujas demandas vêm
crescendo, estimuladas pelos contínuos avanços tecnológicos.
A possível justificativa para tal aumento pode ser imputada à
crescente utilização dos espaços hospitalares para instalação dos modernos
e sofisticados equipamentos de exames diagnósticos. 12
A abordagem deste problema remete à idéia de que a
capacitação das equipes de atendimento intra-hospitalar não está voltada
para os profissionais que atuam nas áreas diagnósticas. Independentemente
da área de atuação, os profissionais devem estar preparados para o
atendimento à PCR, além de estarem inseridos em programas estratégicos
17
de atendimento, previamente elaborados e, ainda, munidos de recursos
materiais e físicos compatíveis. Para tal abordagem, os gestores da área,
bem como a diretoria das instituições, devem estar em sintonia e
preocupados com a qualificação deste atendimento.
O perfil dos profissionais que buscam estas áreas
ambulatoriais em geral não é voltado para a assistência crítica e eles,
tampouco, adquirem experiência do gênero com facilidade, dado a escassez
de atendimentos de urgência. Ainda pode-se conjeturar que esses
profissionais, em tais condições, tendem a apresentar comportamentos que
comprometem a agilidade e eficácia das ações, dada a insegurança advinda
da pouca prática em atendimento das urgências. Talvez por este motivo
encontramos situações de evasão durante o atendimento, demora na
tomada de decisão e até de atitudes “desesperadas“, desalinhadas às
necessidades exigidas nesta situação.
Vários questionamentos, relativos ao assunto, nos provocam
inquietações:
Como está estruturado o atendimento à PCR nos centros diagnósticos estudados?
Há programas estruturados de treinamento?
Quem são os instrutores do treinamento?
As estratégias de atendimento à PCR estão baseadas na normatização preconizada pela AHA?
Há profissionais capacitados por cursos de certificação como Basic Life Support (BLS) e Advanced Cardiac Life Support (ACLS)?
A infra-estrutura e os recursos materiais dispostos no local estão apropriados para o atendimento?
Os episódios de PCR são analisados “a posteriori”?
Quais os sentimentos dos enfermeiros no atendimento à PCR? Sentem-se seguros? Quais as suas reações?
18
Em se tratando de uma temática importante no contexto
hospitalar, que envolve vários aspectos relativos à capacitação e
estabelecimento de estratégias de atendimento nas áreas ambulatoriais,
consideramos que conhecer a realidade vigente nas instituições pode
subsidiar o fornecimento de dados para planejamento de um atendimento
eficaz dentro das perspectivas da qualidade de assistência integral ao
cliente.
A assistência médico-hospitalar é tão complexa como uma
orquestra sinfônica. Todos os instrumentos devem estar afinados,
coordenados e dirigidos de forma a obter o rendimento máximo. Atualmente,
“a qualidade é uma nova filosofia de vida, uma nova postura
comportamental, não somente para produzir mais, porém melhor, com
menos custo, menor desperdício, menos trabalho”. 13
A importância da qualidade e dos padrões de qualidade
cresceu drasticamente nos últimos anos. Não só a qualidade exercida é fator
determinante da aceitação do usuário, mas a certificação, a acreditação, o
selo ou qualquer outra forma de demonstração da existência da qualidade
na empresa, tornou-se fundamental para que fizesse diferença no mercado
mundial. 14
No contexto da qualidade, os serviços de enfermagem, que
são responsáveis por uma grande parcela de atendimento ao paciente em
um hospital, precisam estar em sintonia com o mundo moderno,
acompanhando todas as transformações. 15
1.2 A enfermagem e a PCR
A PCR é uma situação clínica que apresenta a maior
prioridade de atendimento. A RCP se caracteriza por um amplo conjunto de
manobras e técnicas na tentativa de restaurar as funções cardiocirculatória,
respiratória e cerebral da vítima.
19
A PCR é o limite da gravidade que impõe o atendimento
imediato por parte da equipe de saúde. A reanimação obedece a
determinada técnica e sistematização, devendo haver liderança,
conhecimento, funções estabelecidas para cada um dos membros
participantes do atendimento e infra-estrutura apropriada, representada pela
disponibilidade imediata de material e equipamentos. Convencionou-se, em
hospitais, estabelecer equipes de atendimento compostas por três pessoas
com função de realizar massagem, ventilação e auxílio à medicação e
equipamentos. 16
A enfermagem, quando atende pacientes em situação de
urgência ou emergência, tem como meta prestar assistência rápida e eficaz ,
contribuindo para prevenção de seqüelas e recuperação das condições de
saúde, baseada em conhecimentos científicos, trabalho sincronizado e
organizado.
Outros autores consideram que a equipe de atendimento à
RCP deve ser composta por cinco profissionais, cujas atribuições são: 17
Profissional 1 – representado pelo médico, lidera a equipe,
comanda todo o atendimento e realiza as compressões torácicas.
Profissional 2 – representado pelo enfermeiro, coordena a
equipe de enfermagem, monitoriza o paciente, faz anotação de enfermagem,
solicita o respirador, controla o tempo de administração das drogas
solicitadas pelo médico e desfibrila o paciente, se o líder solicitar, uma vez
que o enfermeiro ocupa a posição entre o tronco e a cabeceira do paciente.
Profissional 3 – representado pelo segundo médico, atua na
desfibrilação precoce diante da fibrilação ventricular ou taquicardia
ventricular sem pulso, intubando o paciente e mantendo a via aérea pérvia.
Profissional 4 – representado pelo auxiliar de enfermagem,
deve posicionar-se na região abdominal do paciente e ser o responsável
pelo acesso venoso, administrar os medicamentos solicitados, monitorizar a
20
infusão das drogas e realizar a coleta de sangue para exames laboratoriais
solicitados pelo profissional 1.
Profissional 5 – representado pelo segundo auxiliar de
enfermagem, se posiciona ao lado do carro de emergência, prepara os
medicamentos solicitados pelo líder e prepara o material de aspiração,
quando solicitado.
É importante ressaltar que o sucesso no atendimento
depende também do treinamento da equipe por meio de programas de
educação continuada, assim como avaliação periódica da retenção do
conhecimento.
Tal avaliação deve ter como foco principal tanto o grau de
conhecimento quanto a habilidade da equipe em relação ao atendimento à
PCR a fim de implementar intervenções educativas e não medidas punitivas
como ocorre em algumas instituições. A intimidação e o reforço negativo na
educação e no treinamento profissional de indivíduos adultos não se
justificam. Os profissionais da saúde, entretanto, freqüentemente
apresentam um baixo limiar para ansiedade e intimidação, quando são
desafiados a mostrar suas habilidades e conhecimentos. 18
É fundamental, portanto, que o enfermeiro entenda a
importância de suas ações no atendimento à PCR, procurando capacitar-se
cientificamente, desenvolvendo suas habilidades, conhecendo novas
metodologias de sistematização para o atendimento eficaz, assegurando aos
pacientes uma assistência de enfermagem qualificada.
O enfermeiro deve ser o facilitador do processo de
atendimento à PCR, por meio do preparo e organização do ambiente e do
provimento de recursos humanos e materiais a serem utilizados. Deve
garantir o planejamento da assistência por meio de estratégias que
assegurem recursos materiais, equipamentos de qualidade e uma equipe
preparada para a obtenção de resultados esperados. 19
21
O maior benefício do treinamento não está em se aprender
o novo; está em se fazer melhor o que já fazemos bem. 20
Desta forma, a necessidade de padronização de protocolos
assistenciais e a integração entre as equipes na busca de objetivos comuns,
minimizando eventos adversos, contribuem para assegurar ao paciente uma
assistência de enfermagem qualificada na busca de plenas condições para a
recuperação do paciente.
Para verificar a produção científica existente sobre tal
assunto, realizamos um levantamento bibliográfico, dos últimos dez anos,
nas bases de dados Medline e Lilacs, sobre o atendimento à PCR em
unidade diagnóstica não sendo encontrada qualquer abordagem sobre este
aspecto, e por conta disto consideramos importante desenvolver um
trabalho relativo ao tema.
1.3 Referencial teórico
Por considerar que o estudo investiga o sentimento e as
reações dos enfermeiros no atendimento da PCR, além do conhecimento,
optamos por uma teoria que permitisse identificar crenças comportamentais
e crenças normativas desses profissionais frente a esse evento.
O estudo do comportamento humano é difícil e exaustivo,
sendo necessários inúmeros modelos teóricos para a sua compreensão. 21-23
A aplicação destes modelos pode levar à obtenção de
resultados variados, de acordo com o comportamento analisado e com o tipo
de análise que se deseja fazer do mesmo. Assim, é possível distinguir entre
as teorias de prognóstico e as de mudança de comportamento. 21
As teorias comportamentais são unânimes em afirmar que
se deve, prioritariamente, descobrir o que as pessoas sabem sobre
determinado tema, analisar este conhecimento à luz das crenças e valores
22
de um grupo específico a fim de se perceber as intenções das pessoas e
prever comportamentos em questão. 22
As teorias de prognóstico poderiam ser vistas como o
primeiro passo na compreensão do comportamento, porque elas fornecem
subsídios para explicar por que os indivíduos se comportam de determinada
maneira. Ao ser identificado um número limitado de variáveis que servem
como determinantes potenciais de um dado comportamento, seria possível
mensurá-las e examinar a força de associação entre elas e a força de
associação entre cada uma dessas variáveis e o comportamento em
questão. Essas análises levariam à identificação de uma ou duas variáveis
que influenciam mais fortemente a decisão de realizar ou não um dado
comportamento numa população específica. Uma vez identificadas, essas
variáveis se tornam o foco principal de intervenção. 24
Entre as teorias de prognóstico, está a Theory of Reasoned
Action - TRA (Teoria da Ação Racional), que foi apresentada por Icek Ajzen
e Martin Fishbein em 1967, decorrente de estudos que tentavam
compreender a relação entre atitude e comportamento. A TRA discute as
relações entre crenças (comportamentais e normativas) e as atitudes,
intenções e comportamentos dos indivíduos. Essa teoria se baseia na
suposição de que a maior parte dos comportamentos, de relevância social,
está sob o controle volitivo do indivíduo, ou seja, sob a sua vontade e,
portanto, podem ser preditos a partir a intenção desse indivíduo em executá-
los. 24
A intenção, por sua vez, é função de dois componentes
básicos: um pessoal, as atitudes e, outro, social, as normas subjetivas.
Ambos são determinados pelas crenças comportamentais e normativas. A
TRA assume que, por ser racional, o ser humano faz uso sistemático das
informações que lhe estão disponíveis. Afirma que o indivíduo
freqüentemente avalia as implicações de suas ações antes de decidir
realizá-las e por isso é chamada de Teoria da Ação Racional. 24
23
A relação entre os “constructos” da TRA pode ser explicitada
como demonstra o diagrama a seguir:
Figura 1 - Diagrama representativo das relações entre os fatores que
determinam o comportamento do indivíduo, de acordo com a TRA
(adaptado de Ajzen; Fishbein, 1980). 24
Para a TRA é fundamental definir a ação que se deseja
estudar e para tanto o comportamento deve ser passível de ser executado e
observado. Outro aspecto importante, é que a TRA faz distinção entre o
comportamento e o resultado que pode ser obtido deste comportamento. O
alvo da TRA é o comportamento, seja ele singular ou um conjunto de ações
que formariam uma categoria comportamental.24
A intenção é o propósito, o desejo que a pessoa manifesta
em executar, ou não, determinado comportamento e envolve sempre uma
escolha. A pessoa pode escolher ou não uma determinada ação. Quando
Crenças comportamentais
ATITUDE
PESO RELATIVO
Crenças normativas NORMAS
SUBJETIVAS
INTENÇÃO
C O M P O R T A M E N T O
24
uma pessoa expressa esta escolha está indicando que existe uma grande
possibilidade de executar a alternativa escolhida. 23-24
De acordo com a TRA, para se predizer o comportamento
deve-se mensurar as intenções correspondentes a esse comportamento,
mas para se entender o porquê de as pessoas agirem do modo como agem,
o primeiro passo é identificar as atitudes e as normas subjetivas em relação
ao comportamento, que seriam os principais determinantes das intenções.
Desse modo, como há uma forte relação entre a intenção e o
comportamento, os fatores que determinam a intenção também ajudam a
explicar o comportamento. 22,24
A norma subjetiva é a percepção que o indivíduo tem sobre
a opinião de pessoas importantes para ele, em relação a executar ou não o
comportamento em questão. Assim, se há a percepção de que pessoas
importantes pensam que se deve realizar o comportamento e se há uma
motivação para atender esta expectativa, dizemos que há uma norma
subjetiva forte e uma forte intenção em realizar o comportamento. 24
De um modo geral, a atitude de uma pessoa é positiva em
relação a determinado comportamento quando pessoas, que lhe são
importantes, pensam que ela deveria executá-lo, mas há casos em que
estes dois componentes não são concordantes sendo, portanto, necessário
determinar o peso relativo desses componentes para cada situação
estudada. 21,24
Para a TRA, uma maior compreensão dos fatores que
influenciam o comportamento implica conhecer os determinantes das
atitudes e das normas subjetivas, que são as crenças que as pessoas têm
sobre si mesmas e seu meio ambiente, as informações que as pessoas têm
a respeito de si e do mundo ao seu redor. 24
As crenças sobre vários objetos, ações, eventos são
formadas ao longo da vida através de experiências, da observação direta,
autogeradas por um processo de inferências e podem ser adquiridas
25
indiretamente através de informações de recursos externos. As crenças
estão sujeitas a mudanças, podem ser fortalecidas ou enfraquecidas e novas
crenças podem ser formadas. Para os autores, uma pessoa pode ter um
grande número de crenças a respeito de um dado objeto, mas parece que
ela só consegue se fixar em um número relativamente pequeno de crenças,
as crenças salientes, pois estariam mais à tona na mente da pessoa. Assim
a atitude em relação a um objeto é determinada pelas crenças salientes do
indivíduo sobre esse objeto. 22,24
O foco da TRA são as atitudes em relação aos
comportamentos, pois estas são relevantes para se predizer e entender o
comportamento humano. Os determinantes da atitude são as crenças
comportamentais, que podem ser acessadas através de questionamentos
que permitam identificar as características, qualidades e atributos do
comportamento em questão, observados pelo indivíduo. Pode-se perguntar
às pessoas sobre as vantagens e desvantagens que elas percebem no
comportamento em questão. 24
Os determinantes das normas subjetivas são as crenças
normativas, que são as crenças sobre o que pensam pessoas importantes
quanto à execução ou não de determinado comportamento. As pessoas ou
grupos importantes são os que vêm à mente da pessoa quando ela pensa
em executar determinado comportamento. Para formar as normas subjetivas
o indivíduo leva em consideração as expectativas de outras pessoas em seu
meio ambiente. 21-24
Por isso, cada estudo precisa identificar os elementos das
crenças comportamentais e normativas relevantes para o comportamento de
interesse, na perspectiva da população que se pretende estudar. As crenças
comportamentais e normativas de uma determinada população podem ser
identificadas através do levantamento das crenças de uma amostra
representativa dessa população, que são as crenças modais salientes. 23-24
Um dos primeiros passos para a aplicação da TRA é
“provocar” o aparecimento das crenças sobre o comportamento que se
26
deseja estudar. Para Gallani, a implicação da utilização da TRA está na
possibilidade de se estabelecer um desenho de intervenção, voltado
especificamente para os fatores da “cadeia causal”, que liga crenças do
indivíduo ao comportamento, os quais tenham sido demonstrados como
determinantes da realização ou não do comportamento de interesse. 22
Desse modo, torna-se possível elaborar intervenções que
levem em conta os fatores que determinam o comportamento dos
enfermeiros face à sua atuação nas PCR e, assim, potencializar os fatores
positivos e trabalhar os negativos, proporcionando experiências de
aprendizagem que facilitem a interação dos profissionais com este contexto.
27
2 OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivo geral identificar, a partir da
Teoria da Ação Racional, os fatores que subsidiam a formação das crenças
dos enfermeiros que trabalham em Centro de Diagnóstico, em relação ao
atendimento a pacientes em PCR, nessas unidades.
Considerando-se que a intenção comportamental, de acordo
com a TRA é formada a partir da atitude, da norma subjetiva, este estudo
teve como objetivos específicos:
• Verificar as estruturas de atendimento à PCR
utilizadas nos Centros Diagnósticos estudados.
• Identificar as crenças pessoais e normativas dos
enfermeiros que atuam nos Centros Diagnósticos, em
relação ao atendimento à PCR.
28
3 MÉTODOS
3.1 Delineamento do estudo
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de caráter
qualitativo, desenvolvido junto a Unidades Diagnósticas de Hospitais no
Município de São Paulo. Conforme previsto na Teoria da Ação Racional,
este estudo se limitou à realização da primeira fase denominada “elicitation
study” para identificação das crenças gerais, pessoais e normativas da
população a ser estudada. 24
Nesta etapa, a pesquisadora procura verificar as estruturas
de atendimento à PCR utilizadas nos centros diagnósticos estudados e
identificar as crenças pessoais e normativas dos enfermeiros atuantes
nessas unidades, referentes ao atendimento à PCR. Uma das principais
características da pesquisa qualitativa é trabalhar com dados descritivos,
pois alcançar os significados que permeiam as relações sociais não seria
possível empregando métodos quantitativos. Na pesquisa qualitativa, o
significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida é preocupação
essencial do pesquisador. 25
Embora tradicionalmente utilizados nas ciências sociais, os
métodos qualitativos têm muito a oferecer às ciências da saúde, pois
permitem estudar entre outras coisas, os costumes e os comportamentos de
diferentes populações. 26
Deste modo, a abordagem qualitativa se caracteriza como o
método que atende à proposta desse estudo.
29
3.2 Campo de estudo
Este estudo foi realizado nos centros diagnósticos de
instituições privadas e pública, do município de São Paulo, que permitiram a
coleta de dados nas unidades selecionadas.
3.3 População e critérios de inclusão
Fizeram parte deste estudo 16 enfermeiros atuantes em
unidades diagnósticas de hospitais privados e público do Município de São
Paulo.
Foram considerados como critérios de inclusão para
participar deste estudo, enfermeiros que:
• atuassem em unidades diagnósticas;
• tivessem passado pelo evento de atendimento à PCR em
suas unidades;
• concordassem em participar da pesquisa assinando o
termo de consentimento livre e esclarecido ( Apêndice 1).
3.4 Tamanho da amostra
Por se tratar de um estudo de cunho qualitativo, realizado
por meio de entrevista semi-estruturada, o número de participantes foi
determinado empiricamente, através do critério de exaustão. Este critério
recomenda que as entrevistas sejam realizadas de forma contínua,
seqüencial e que o número de sujeitos seja encerrado quando, a partir de
30
um número mínimo de cinco entrevistas, as respostas obtidas nada
acrescentem às indagações propostas. 27
3.5 Coleta de dados e procedimentos éticos
O projeto foi submetido e aprovado pelos Comitês de Ética
das instituições selecionadas. (Anexos 1 a 4).
Os dados foram obtidos por meio da técnica de entrevista
semi-estruturada, gravada em fita magnética, norteada por um instrumento
de coleta de dados (ICD) composto por questões abertas e fechadas
(Apêndice 2), após consentimento do entrevistado, sendo transcritas
posteriormente na íntegra e analisados os respectivos conteúdos.
A entrevista é um instrumento básico de coleta de dados em
pesquisa qualitativa, que permite ao pesquisador descobrir o que é
significativo na vida dos entrevistados, suas percepções e interpretações. 28
As entrevistas foram agendadas previamente e realizadas
de forma individual em sala privativa na própria unidade diagnóstica das
instituições, procurando desta forma garantir a privacidade dos
entrevistados. As entrevistas foram realizadas no período de março a junho
de 2007 e tiveram a duração entre 40 a 60 minutos, sendo transcritas em
agosto de 2007, somando um total de 16 entrevistas.
3.6 Análise dos dados
Para tratamento e análise das informações, foi escolhida a
técnica de análise de conteúdo, segundo os pressupostos de Minayo.29
Do ponto de vista operacional, a análise de conteúdo parte
de uma leitura mais superficial para, aos poucos, atingir um nível mais
aprofundado sobre o discurso dos entrevistados: aquele que ultrapassa os
31
significados manifestos. Para isso, a análise de conteúdo, em termos gerais,
relaciona estruturas semânticas (significantes) com estruturas sociológicas
(significados) dos enunciados. 29
Essa forma de análise é uma técnica que se aplica a textos
escritos ou de qualquer comunicação (oral, visual, gestual) reduzida a um
texto ou documento. O objetivo desta técnica é compreender criticamente o
sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente e as
significações explícitas ou ocultas. 30
Essa metodologia permite conhecer o significado das
respostas, a análise dos sentimentos apontados nas falas dos sujeitos, o
conhecimento do comportamento dos profissionais e a busca das respostas
das inquietações da autora.
Sob o termo de análise de conteúdo designa-se: “um
conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção e recepção (variáveis
inferidas) dessas mensagens”. 31
A análise de conteúdo busca conhecer aquilo que está por
trás da palavra ou das mensagens em estudo. Essa técnica procura reduzir
o volume amplo de informações contidas em uma comunicação a algumas
características particulares ou categorias conceituais que permitam passar
dos elementos descritivos à interpretação ou à compreensão dos atores
sociais, no contexto cultural em que produzem a informação ou, enfim,
verificando a influência desse contexto no estilo, na forma e no conteúdo da
informação. 31
É uma técnica que visa aos produtos da ação humana
voltada mais para o estudo das idéias que das palavras em si. Permite
verificar as interações nos grupos, o estado psicológico das pessoas
32
envolvidas e a expressão de atitudes, interesses e valores pessoais e
grupais. 32
A análise das entrevistas iniciou-se com a elaboração de
questões norteadoras, que é o ponto de partida para a mesma.
Dessa forma, foram elaborados os seguintes
questionamentos:
1. Como o atendimento à PCR aparece nas entrevistas?
2. Que significados são atribuídos a esse tipo de
atendimento?
3. Como os sujeitos se referem à influência de seus pares?
A autora acrescenta ainda a necessidade de destacar os
seguintes questionamentos:
1. O que é enfatizado pelos sujeitos?
2. O quer não é dito?
3. O que está implícito?
4. Aparecem contradições?
5. Como as contradições se manifestam?
Estabelecidas as indagações, iniciaram-se as leituras e
releituras sucessivas de todas as entrevistas e a seguir cada uma foi
retomada para análise individual. Durante a leitura, os significados que se
destacavam e que respondiam direta ou indiretamente aos questionamentos
propostos, eram grifados no texto e grafados à sua margem.
Buscou-se identificar os significados que eram mais comuns
e que apareciam com maior freqüência. Para os significados que eram mais
33
comuns foi estabelecida uma codificação, que foi chamada de unidade de
significado.
Trechos da entrevista Unidade de Significado
Exemplo:
“Embora todos os funcionários
passem por treinamento, na verdade
é a prática que faz com que a gente
aprenda, não é um treinamento por
ano que vai fazer você prestar um
bom atendimento na hora de uma
parada.”
Falta de preparo devido à pouca
ocorrência do evento.
Todo o material foi lido e relido várias vezes para confirmar
as codificações já estabelecidas ou criar novas unidades de significado.
Cada unidade de significado foi submetida à análise de um outro
pesquisador com experiência nesta metodologia, para determinar o nível de
concordância das codificações que, quando concordantes, eram mantidas e,
em caso de discordância, era estudada uma nova codificação. As unidades
de significado foram analisadas à luz das indagações propostas, sempre se
reportando ao texto, codificadas e inseridas em subcategorias, de acordo
com a similaridade de seu conteúdo. As subcategorias, por sua vez, foram
agrupadas em categorias temáticas, as quais foram estabelecidas “a
priori”, de acordo com os pressupostos da TRA. 24
As categorias temáticas centrais foram agrupadas nas
suas respectivas unidades temáticas centrais: Crenças de Atitude e
Crenças Normativas, conforme os pressupostos da TRA.
As categorias temáticas e suas respectivas subcategorias e
unidades de significados reproduzem, de maneira evidente, o que foi
expresso de modo explícito ou não, as contradições, e as relações
existentes entre elas. O resultado final da análise foi ilustrado através de
diagramas que contribuíram para a compreensão dos significados
apreendidos.
34
3.7 Instrumento de coleta de dados
3.7.1 Construção do Instrumento
O instrumento foi construído baseado nos pressupostos da
TRA, sendo dividido em quatro partes (Apêndice 3):
1ª Parte – Conjunto de dados sociodemográficos, contendo
idade, sexo, cursos após a graduação, tempo de atuação na enfermagem,
tempo de atuação em unidade diagnóstica, tempo na instituição, local de
trabalho na unidade diagnóstica e tipo de hospital (público ou privado).
2ª Parte – Dados relacionados aos aspectos estruturais e
normativos, com a finalidade de identificar se a infra-estrutura e os recursos
materiais estavam apropriados para o atendimento à PCR, se existiam
programas de treinamento e se as estratégias de atendimento seguiam
alguma normatização.
3ª Parte - Dados relacionados aos aspectos cognitivos, com
finalidade de levantar o acúmulo de conhecimento e informação do
profissional.
4ª Parte – Dados relacionados às crenças dos enfermeiros
em relação ao atendimento da parada cardíaca: este grande item teve como
finalidade identificar as crenças dos enfermeiros em relação ao
comportamento em estudo. Para elaboração destas questões seguimos as
recomendações de Ajzen;Fishbein, com o objetivo de garantir o
levantamento de crenças referentes aos construtos que compõem o modelo
da TRA. Assim, este grande item foi subdividido nos seguintes subitens:
• Afetividade: com a finalidade de investigar a afetividade,
foram elaboradas questões que permitissem conhecer os
sentimentos dos sujeitos que afloram por ocasião da
realização do comportamento em estudo. Para conhecer
35
os sentimentos dos sujeitos foram elaboradas questões
como:
Na hora do atendimento, que sentimento você experimenta frente a essa situação? Explique.
• Crenças Sociais ou Normativas: para conhecer as
crenças normativas buscaram-se informações sobre a
percepção dos sujeitos em relação aos referentes e
fatores sociais que poderiam ou não determinar o
comportamento, ou seja, quais indivíduos ou fatores
específicos tinham influência sobre a realização ou não
do comportamento. Estas crenças foram obtidas através
de questões como:
Quem, na sua opinião, facilita o seu desempenho no atendimento à PCR?
Quem na sua opinião dificulta o seu desempenho no atendimento à PCR?
Você acha que há alguma dificuldade para o atendimento à PCR neste tipo de unidade? Explique.
O que, na sua opinião poderia facilitar o atendimento neste tipo de unidade?
3.7.2 Validação do instrumento de coleta de dados
O instrumento de coleta de dados foi submetido à avaliação
de três juízes com reconhecido saber sobre o tema ou sobre o referencial
teórico em questão. O perfil dos juízes foi o seguinte:
Juiz 1 – Enfermeiro, doutor em enfermagem, com
conhecimento sobre o referencial teórico adotado.
Juiz 2 – Enfermeiro, doutor em enfermagem, com
conhecimento sobre o tema do estudo e o referencial teórico adotado.
36
Juiz 3 – Médico, cardiologista, com conhecimento sobre o
tema do estudo.
Os juízes, por meio de um instrumento construído
especificamente para este fim realizaram avaliação do ICD quanto à
pertinência, objetividade e abrangência das questões.
Após avaliação dos juízes, o ICD foi reformulado tendo em
vista as sugestões apresentadas (Apêndice 4).
37
4 RESULTADOS
Os resultados são constituídos pela caracterização da
população, com a apresentação dos dados em percentuais, e pela análise
das entrevistas, apresentadas a partir dos trechos das mesmas, que
compõem unidades de significados, unidades temáticas centrais e
diagramas que apresentam o universo de crenças dos enfermeiros no
atendimento à PCR.
Em relação à estrutura de atendimento que se pretendia
verificar, os resultados encontrados nos deixaram impressionados, pois, a
grande maioria dos enfermeiros entrevistados relatou que a estrutura dos
serviços era feita mediante um fluxo já estabelecido pela comissão de PCR
do hospital. Todos os serviços possuíam infra-estrutura e recursos materiais
e equipamentos necessários ao atendimento, com programas de
treinamento que ocorriam anualmente ou semestralmente, sendo os
instrutores pertencente à comissão de PCR da instituição e capacitados
por cursos de certificação como BLS e ACLS. As estratégias de atendimento
à PCR eram baseadas nas normatizações preconizadas pela AHA.
Quanto aos recursos materiais, apenas um dos sujeitos do
estudo relatou que considerava insuficiente o número de desfibriladores em
virtude da dimensão da área física da unidade e que a sala de
ecocardiograma não estava apropriada para esse tipo de atendimento por
possuir uma estrutura física limitada.
4.1 Caracterização dos sujeitos
A caracterização dos sujeitos teve como propósito apenas
traçar um perfil da população estudada, não se ocupando com uma análise
de correlação entre os itens avaliados e suas variáveis.
38
O grupo, constituído por 16 enfermeiros, caracterizou-se
pelo predomínio do sexo feminino (93,7%), com idade entre 31 e 47 anos
(75%).
Em relação à formação acadêmica, a maioria (68,7%)
relatou ter concluído curso de especialização, com tempo de formados entre
4 e 10 anos (43,7%). Grande parte dos sujeitos (93,7%) informou jornada de
trabalho em turno diurno. O tempo de atuação na enfermagem foi entre 3
e10 anos (43,7%), tempo na instituição entre 4 e 10 anos (62,5%) e tempo
de atuação na unidade diagnóstica entre 2 e 6 anos (62,5%). Quanto aos
locais de estudo, participaram três instituições privadas e uma pública. Os
dados mais detalhados relativos à descrição dos sujeitos estão
apresentados na tabela 1.
39
Tabela 1 - Caracterização dos 16 enfermeiros entrevistados nas unidades
diagnósticas de quatro hospitais na cidade de São Paulo - 2007
Idade N % 31-35 anos 6 37,5 36-40 anos 2 12,5 41-47 anos 6 37,5 48-52 anos 2 12,5 Total 16 100,0 Sexo N % Feminino 15 93,7 Maculino 1 6,3 Total 16 100,0 Tempo de formado N % 4-10 anos 7 43,7 11-17 anos 1 6,3 18-24 anos 4 25,0 25-30 anos 4 25,0 Total 16 100,0 Turno de trabalho N % Diurno 15 93,7 Noturno 1 6,3 Total 16 100,0 Tempo de atuação na enfermagem N % 3-10 anos 7 43,7 11-18 anos 1 6,3 19-26 anos 6 37,5 27-30 anos 2 12,5 Total 16 100,0 Tempo na instituição N % 4-10 anos 10 62,5 11-17 anos 2 12,5 18-24 anos 2 12,5 25-26 anos 2 12,5 Total 16 100,0 Tempo de atuação em unidade diagnóstica
N %
2-6 anos 10 62,5 7-11 anos 2 12,5 12-16 anos 4 25,0 Total 16 100,0
4.2 Dados relacionados às crenças
Os resultados a seguir serão apresentados de acordo com
as duas grandes Unidades Temáticas Centrais, estabelecidas “a priori”, de
40
acordo com o referencial metodológico da TRA e suas respectivas
subcategorias, como esquematizadas no Quadro 1.
Quadro 1 - Quadro sinóptico das Unidades Temáticas Centrais e de suas
respectivas Categorias Temáticas Centrais.
Unidades Temáticas Centrais
Crenças de Atitude Crenças Normativas
Referentes sociais que estimulam
Referentes sociais que desestimulam
Fatores que estimulam
Categorias Temáticas Centrais
Crenças Afetivas
Fatores que desestimulam
4.2.1 Unidade Temática Central: Crenças de Atitude
A primeira unidade temática central a ser abordada é relativa
às Crenças de atitude, sendo subdividida em uma subcategoria: Crenças
Afetivas, conforme esquema apresentado na Figura 2.
UNIDADE TEMÁTICA CENTRAL CRENÇAS DE ATITUDE
CRENÇAS AFETIVAS
Figura 2 - Esquema da apresentação da Unidade Temática Central Crenças
de Atitude
41
Categoria Temática Central: Crenças Afetivas
As subcategorias associadas à categoria temática central
Crenças Afetivas foram: Estresse, Impotência, Medo e Ansiedade,
conforme esquematizado na Figura 3.
Em todas as subcategorias, observamos nos enunciados
dos enfermeiros, sentimentos que revelam afetividade negativa em relação
ao atendimento à PCR em unidade diagnóstica.
Os sujeitos expressaram sentimento de Estresse associado
a uma situação inesperada em unidade diagnóstica e pela espera da
chegada do grupo de atendimento à PCR.
“A gente não espera que um paciente do diagnóstico pare. Não é esperado pela enfermeira que ele pare. Então acho que tem esse stress, mesmo pela espera da chegada da equipe médica “ (Entrevistado 1).
“É uma situação complicada, muita adrenalina, cada parada é um novo evento, e cada parada a gente fica realmente com muita adrenalina porque um é diferente do outro, a gente quer que o paciente saia da parada, a gente quer que ele viva, que ele consiga sair bem sem seqüela principalmente. O stress é grande, é muito grande. É um sentimento difícil de entender, é muita adrenalina, muito stress.” (Entrevistado 7 ).
42
Crenças Afetivas
EstresseEstresse AnsiedadeAnsiedadeImpotênciaImpotência MedoMedo
Situação inesperada
Situação máxima
de acontecer
Não reverter o quadro
Corresponder às equipes
médica e de enfermagem no
atendimento
Tempo de espera para chegada do
grupo de PCR
Despreparo pela falta de prática
Risco é sempre iminente
Não conhecer a história clínica
prévia do paciente
Não gosta de atender
emergência
Evento pouco freqüente em
unidade diagnóstica
Reverter o quadro
Legenda: Relação de causalidade Inter-relação Relação de contradição Inter-relação oculta
Figura 3 - Categoria Temática Central – Crenças Afetivas
A Impotência foi verbalizada pelos enfermeiros por ser a
PCR uma situação máxima de acontecer. Na fala dos enfermeiros este
sentimento apresenta uma inter-relação oculta com o reconhecimento do
despreparo da equipe de enfermagem devido à falta de prática neste tipo de
43
atendimento e por não se identificar com o atendimento de urgência em
unidade diagnóstica.
“Eu realmente acho que a pessoa tem dom, e eu na minha experiência de vida eu percebi que eu tenho muitos dons, mas dom de atender parada, eu não gosto da urgência”.(Entrevistado 2).
“ Por mais que eu esteja fazendo, eu não acho que está correto, não me satisfaz, não sei se existe um conflito interno, que eu não gostaria que aquilo estivesse acontecendo, eu nunca atendo uma parada achando que eu fui bem, mas eu acho que isso, agora assim pela primeira vez falando na vida, eu acho que isso é pela própria sensação interna, no sentido de ser uma coisa tão máxima de acontecer uma parada que eu me sinto um pouco impotente. Quando eu vejo algumas pessoas atuando com calma e efetivamente, até demonstram dentro de mim que é possível realmente reverter um quadro “ (Entrevistado 2).
O enfermeiro deixa transparecer, na subcategoria Medo, que
considera o atendimento à PCR como o auge de todo seu desempenho e
refere medo de não reverter o quadro e do risco ser sempre iminente em
alguns exames diagnósticos, principalmente na hemodinâmica.
“Como eu acho que isso é o auge, a parada é o auge de tudo, dá um pouco de medo de não reverter” (Entrevistado 2).
“Medo, o ambiente da hemodinâmica já é estressante, o risco é iminente sempre, tanto é que já começamos o procedimento com atropina aspirada, gel nas pás e sempre alguém ao lado do carro de parada” (Entrevistado 13).
Nos discursos dos entrevistados, a Ansiedade foi associada
à necessidade de corresponder às expectativas das equipes médica e de
enfermagem quanto à precisão no atendimento da PCR, pela falta de
conhecimento prévio da história clínica do paciente, por não ser um evento
freqüente neste tipo de unidade e para reverter o quadro.
“Como foi a minha primeira parada eu fiquei ansiosa de estar vivenciando aquilo porque era como se eu não pudesse falhar, essa foi a primeira coisa que veio, então eu fiquei muito atenta com tudo que estava acontecendo. Nessa minha vivência eu tanto tinha que corresponder à equipe médica, à equipe com quem eu trabalho, assim como ao esposo da paciente que no caso também era médico e que em nenhum momento quis se ausentar da sala, então a gente fica pensando que não é uma pessoa leiga e estava vendo tudo que estava acontecendo e além de termos que fazer tudo de forma adequada e sincronizada pra
44
funcionar , ainda tinha de certa forma de esta correspondendo as expectativas do marido” (Entrevistado 3).
“No primeiro momento eu fico muito ansiosa para dar o atendimento corretamente” (Entrevistado 5).
“Fora da hemodinâmica a coisa muda de figura porque a maioria dos pacientes como a maioria do resto do centro diagnóstico ele é paciente externo, então nós não temos idéia de como está essa pessoa, não conhecemos a história, então ele chega pra fazer uma coisa teoricamente simples, uma tomografia ou colher exame de laboratório e de repente o paciente infarta, então, é lógico, a ansiedade é bem maior e aí a gente se cobra mais ainda, porque, é lógico, o paciente vem andando e sai complicado, então dependendo do local do centro diagnóstico as expectativas são diferentes” (Entrevistado 4).
“De muita ansiedade, porque não é um fato que ocorre com muita freqüência e por mais que a gente tenha treinamento, é uma situação bem estressante” (Entrevistado 8).
“Ansiedade, ansiosa é a palavra. Não tive medo, a primeira sensação foi de ansiedade mesmo, de uma certa maneira eu acreditava que a situação seria revertida e que não ia ter maiores problemas, não me imaginei tamponando o paciente, eu imaginei que ia dar tudo certo” (Entrevistado 5).
4.2.2 Unidade Temática Central: Crenças Normativas
A Unidade Temática Central – Crenças Normativas agrupou
as seguintes Categorias – Referentes Sociais que estimulam, Referentes
Sociais que desestimulam, Fatores que estimulam e Fatores que
desestimulam.
UNIDADE TEMÁTICA CENTRAL: CRENÇAS NORMATIVAS
REFERENTES SOCIASQUE ESTIMUALAM
REFERENTES SOCIAIS QUE DESESTIMUALAM
FATORES QUE ESTIMULAM
FATORES QUEDESESTIMULAM
Figura 4 - Esquema da apresentação da Unidade Temática Central Crenças
Normativas
45
Categoria Temática Central: Referentes sociais que
estimulam o comportamento
Nessa categoria foram depreendidas as seguintes
subcategorias: o “Grupo de PCR”, a Equipe de enfermagem, o Médico do
grupo de PCR e o Médico anestesista, como representado na Figura 5.
Referentes Sociais que Estimulam o Comportamento
Figura 5 - Categoria Temática Central - Referentes Sociais que Estimulam o Comportamento
Equipe de enfermagem da unidade diagnóstica
Médico anestesista
Dá um suporte maior
Gera maior confiança
Bem treinada
Ágil
Quando está preparado para o
atendimento
Dar as diretrizes
Quando está tranqüilo
Por ficar mais próximo
Médico do grupo de PCR
Grupo de PCR
46
(Legenda: ver Figura 3)
47
O estímulo que facilita o atendimento no momento da PCR
foi atribuído, por alguns sujeitos deste estudo, ao “Grupo de PCR”. Nesta
subcategoria foi enfatizado o suporte e a segurança que os componentes
desse grupo transmitem quando o evento ocorre.
“É o grupo de parada do hospital, de ressuscitação do hospital. Na hora do evento é a chegada de toda equipe, pra mim é, quando você consegue ver o médico, principalmente o médico porque ele vai poder te dar um suporte maior e também a fisioterapia que assume um papel que aqui a gente dividiu bem as tarefas. Um médico assume um papel a fisio um papel e a enfermagem vai assumir outro papel. Como geralmente na hora do evento estão a enfermeira e o auxiliar geralmente, então nós fazemos todos os papéis até a chegada de toda equipe, então conforme vai chegando a equipe vai dando mais suporte, então cada um assume seu papel, fica mais fácil de atender e gera mais segurança”. (Entrevistado 1).
Outro referente social que estimula o enfermeiro é a Equipe
de Enfermagem da Unidade Diagnóstica, quando treinada e atuando de
forma ágil.
“Quando o auxiliar está perto e está treinado,quando tem outra enfermeira perto também” (Entrevistado 2).
“Minha equipe treinada” (Entrevistado 3).
“O meu desempenho vai ser facilitado pelos colaboradores da enfermagem” (Entrevistado 7).
“O grupo de enfermagem aqui da unidade, o pessoal é bem ágil” (Entrevistado 14).
“A equipe de enfermagem bem treinada”(Entrevistado 16).
Os discursos também evidenciaram que um dos estímulos
para a realização do atendimento é o próprio Médico do Grupo de PCR
quando está preparado para prestar o atendimento, pelo fato de ser capaz
de dar as diretrizes e também possuir domínio emocional para liderar com
segurança o atendimento.
“Se temos médicos que sabem o que estão fazendo, isso com certeza facilita, porque dá as diretrizes, senão nós damos as diretrizes, mas aqui é complicado nós darmos as diretrizes. Dependendo da instituição você pode dar as diretrizes ou não” (Entrevistado 4)
48
“O médico que assume a liderança do atendimento com segurança” (Entrevistado 10).
“Quando o médico está tranqüilo facilita tudo” (Entrevistado 12).
Foi citado, também, o Médico Anestesista como referente
social que estimula o comportamento, devido este profissional ficar mais
próximo da equipe de enfermagem no momento do evento, em situações
onde se faz necessário o uso de contrastes venosos.
“Aqui pra nossa realidade é mais o anestesista mesmo, ele acaba ficando mais próximo” (Entrevistado 5).
Categoria Temática Central: Referentes sociais que
desestimulam o comportamento
Nesta unidade evidenciamos as seguintes subcategorias
temáticas: Médico da Unidade diagnóstica, Colaboradores da
Enfermagem, Médico do Grupo de PCR e Não há ninguém que
desestimula, como mostra a Figura 6.
A análise das entrevistas evidenciou que existem referentes
sociais negativos que desestimulam a realização do comportamento. Para
os enfermeiros, o Médico da Unidade Diagnóstica desestimula o
comportamento quando não possui treinamento, evidenciando não estar
preparado para conduzir a situação.
“Não acredito muito que o médico seja dificultador. Eu acho que ele não é nem o dificultador, nem o facilitador. A gente não conta praticamente com esta pessoa. Não seria um profissional que dificulta, eu não acho” (Entrevistado 1).
“A equipe médica não passa por esse treinamento, como é dado no hospital como um todo, nós seguimos uma linha e os médicos muitas vezes seguem outra” (Entrevistado 6).
“O médico que não esteja preparado” (Entrevistado 10).
“Se eu depender do médico daqui do serviço diagnóstico, isso me dificulta” (Entrevistado 14).
Os Colaboradores da Enfermagem também foram
identificados como um referente social negativo quando se encontram mal
49
treinados e, portanto, despreparados para prestar um atendimento de
qualidade, pois demonstram ansiedade durante o atendimento.
“A falta de treinamento dos funcionários da enfermagem”
(Entrevistado 3).
“O funcionário da enfermagem mal treinado e ansioso”
(Entrevistado 15).
Outro referente social negativo evidenciado nas falas dos
sujeitos foi o Médico do Grupo de PCR, quando se apresenta sem
liderança, estressado, inseguro e sem sincronismo com a equipe de
enfermagem.
“O fato do médico não ter liderança dificulta com certeza”
(Entrevistado 4).
“A falta de entrosamento da equipe médica com a equipe de enfermagem no atendimento da parada” (Entrevistado 6).
“O médico quando está inseguro” (Entrevistado 11 ).
“Quando o médico está nervoso” (Entrevistado 12).
“Médico quando está estressado” (Entrevistado 15 ).
Na subcategoria Grupo de Atendimento à PCR
encontramos as seguintes unidades temáticas: Grupo de atendimento sem
sincronismo com a enfermagem, ansioso e o número de médicos
durante o atendimento como referentes sociais que também desestimulam
o comportamento.
“O fato do médico não ter liderança dificulta com certeza, e o grupo todo se não tiver treinado falando a mesma língua, não flui, acaba tropeçando, não engrena e um bom atendimento de parada tem de ser engrenado senão o paciente não sai” (Entrevistado 4).
“Na verdade são as próprias pessoas que estão envolvidas mesmo no atendimento. O grupo que está atendendo, não diria uma categoria, se houver falta de sincronismo, isso dificulta mesmo, se houver o stress de todo mundo, das pessoas quererem ajudar mas não terem regras, a falta de sincronismo do grupo dificulta o meu desempenho no atendimento” (Entrevistado 5).
“Quem está mais ansioso, mesmo fazendo parte do grupo de parada, porque no mínimo descem sempre dois médicos do grupo
50
de parada, na maioria descem os três, até definir quem é o líder acaba dificultando” (Entrevistado 8).
Para um dos sujeitos Não há ninguém que desestimule a
execução do comportamento.
“Nenhum elemento humano” (Entrevistado 2).
Referentes Sociais que Desestimulam o Comportamento
Figura 6 - Categoria Temática Central – Referentes Sociais que Desestimulam o Comportamento.
Médico do grupo de PCR
Não se pode contar com ele
Não possuem treinamento
Despreparados
Mal treinados
Ansiosos
Sem liderança
Estressado
Sem sincronismo com a equipe de enfermagem
Inseguro
Sem sincronismo
Ansioso
Número de médicos durante o atendimento
Médico da unidade diagnóstica
Colaboradores da enfermagem
Grupo de atendimento à
PCR
Não há ninguém
52(Legenda: ver Figura 3)
52
Categoria Temática Central: Fatores que estimulam o
comportamento
Nesta categoria foram agrupadas quatro subcategorias:
Conhecimento e preparo do médico da unidade diagnóstica no
atendimento à PCR, treinamentos freqüentes, equipamentos
disponíveis e atrelar o “bip” dos enfermeiros da unidade diagnóstica ao
do grupo de atendimento à PCR, conforme ilustrado na Figura 7.
Na subcategoria Conhecimento e preparo do médico da
unidade diagnóstica no atendimento à PCR os entrevistados fazem
referência à importância da visão mais abrangente do médico em relação ao
paciente, demonstrando não estar preocupado apenas com os exames.
“Quando trabalho com médicos do diagnóstico que estão preparados para o atendimento de urgência é bem melhor. É ao ponto de fazer coisas invasivas, como uma intubação principalmente, falar pra gente fazer medicação. Quando eles não pensam só em tomo, em ressonância, a gente fica segura, então isso é uma coisa interessante ” (Entrevistado 1).
“A participação dos médicos, por exemplo, em estar não só entretido nos laudos, mas olhando o que está acontecendo, se aquele paciente é um paciente passível de parar, isso é uma grande facilidade, porque quando acontece a coisa o médico está no setor ” (Entrevistado 2).
Dentre as subcategorias apontadas como fatores que
estimulam o comportamento do enfermeiro, os Treinamentos freqüentes
para a equipe multiprofissional, com simulados nas salas da unidade
diagnóstica e simulados “surpresa”, também foram apontados como
facilitadores.
“Treinamento dos funcionários, intensificar passar a ser semestral, como não é um evento rotineiro em nosso serviço, a gente acaba não pegando mão nesse tipo de atendimento, por isso acho interessante investir mais em treinamento ” (Entrevistado 3).
“Treinamento em conjunto, com anestesista, porque em nossa realidade de centro diagnóstico não é o endoscopista, o radiologista que vai atender a parada porque eles não estão treinados , eles fogem e dependem que venha o anestesista ou o grupo do Código Azul nesse caso. Treinamento em conjunto, treinamento “in loco” justamente por causa desse problema , fazer uma simulação nas salas , porque a planta física de uma sala
53
para outra diverge , então fazer simulação com as pessoas envolvidas eu acho que isso funcionaria e facilitaria o atendimento” (Entrevistado 5 ).
“Um treinamento interno para os médicos como um todo, principalmente anestesistas, porque os eventos de parada em centros diagnósticos estão relacionados com indução anestésica e treinamento para os biomédicos” (Entrevistado 6).
“ Como tem muito pouca parada, a gente precisa de mais treinamento, porque a gente acaba esquecendo, a gente perde aquela prática porque não é o nosso dia-a-dia” (Entrevistado 7).
“ Mais treinamento, um tipo de treinamento teórico-prático de surpresa um tipo de simulado” (Entrevistado 10).
“O treinamento tinha que ser mais intenso, não só pra enfermagem mas de toda equipe, de se conversar mais sobre a logística de atendimento, como vivencio os dois lados, dentro da hemodinâmica tanto com equipe médica como da enfermagem a gente funciona melhor, não sei se é porque a gente vivencia mais ou se é porque a gente discute mais o antes e o pós-atendimento, temos uma sincronia maior” (Entrevistado 13).
“Poderia ter mais treinamento in loco, porque é um evento raro” (Entrevistado 15).]
O enfermeiro cita Equipamentos disponíveis nas salas da
unidade diagnóstica como um fator estimulante.
“Equipamentos disponíveis, contamos apenas com um desfibrilador para a dimensão desta área física e complexidade dos exames” (Entrevistado 4).
Atrelar o bip dos enfermeiros com do grupo de parada
foi, também, associado pelos sujeitos como um fator facilitador.
“Atrelar o nosso BIP ao do grupo de parada” (Entrevistado 9).
Fatores que estimulam o Comportamento
Figura 7 - Categoria Temática Central - Fatores que Estimulam o Comportamento.
Conhecimento e preparo dos médicos
da unidade diagnóstica
Equipamentos disponíveis
Visão abrangente do paciente
Para equipe de enfermagem
Simulados nas salas da unidade
diagnóstica
Simulado surpresa na unidade diagnóstica
Treinamentos Freqüentes Atrelar o bip das
enfermeiras com o do grupo de parada
(Legenda: ver Figura 3)
54
55
Categoria Temática Central: Fatores que desestimulam o
comportamento
Constatamos que dentre os fatores que desestimulam a
execução do comportamento destacam-se as seguintes subcategorias:
Planta física inadequada, Deficiência de conhecimento dos médicos e
da enfermagem, Recursos humanos deficitários, e Não tem fatores que
desestimulam. (Figura 8)
Alguns entrevistados apontaram a Planta física inadequada
como fator desestimulante tendo em vista a distância entre as salas da
unidade diagnóstica e a unidade de Pronto Atendimento (PA), uma vez
que, após a estabilização do quadro o paciente é encaminhado para ser
atendido pelo médico do PA. Os sujeitos referiram, também, que as salas
onde os exames são efetuados serem pequenas e inadequadas.
“Eu acho que a dificuldade é a planta física. É um dificultador a gente tem o diagnóstico em dois blocos: o bloco C e no B. então o bloco C, ele é próximo ao P.A., então o P.A. atende alí é muito mais fácil e o bloco B é mais difícil o atendimento, não que é impossível, não que demore, mais a planta física é realmente é um dificultador do atendimento. Quando o paciente pára no bloco próximo ao pronto atendimento, então dá mais tranqüilidade para atender, porque o médico está ali, está próximo, o médico do pronto atendimento vai atender a parada no bloco C, apesar de lá ter todo material, o carro de parada, mas o paciente estabiliza e vai para o PA. Então assim a chance de eu ter um atendimento mais rápido e locomover logo o paciente é mais rápido do que um atendimento no bloco B. Então é mais a planta física que é o fator que mais dificulta e é a nossa expectativa também porque a gente não espera que o paciente pare. Se bem que a equipe de enfermagem, a gente mexe muito com contraste, então a gente fica naquele sobreaviso de que a qualquer momento o paciente pode ter uma reação alérgica ao ponto de ter uma parada, ele incha, ele tem algumas reações importantes. Mesmo assim não é um evento que a gente espera.” (Entrevistado 1).
“Faz pouco tempo que eu estou nesse bloco aonde tem médico plantonista, mas na maior parte dos anos que eu trabalhei era o médico do P.A., porque eu ficava mais próxima do P.A. e era o P.A. que eu chamava. A minha aflição era também de saber que eu estava sozinha ” (Entrevistado 2)
“A área física não é adequada” (Entrevistado 3).
“Há algumas salas que são pequenas para o atendimento” (Entrevistado 8).
56
“A estrutura física de algumas salas” (Entrevistado 12).
Dentre os fatores que desestimulam, foi muito enfatizada
nas falas dos sujeitos a Deficiência de conhecimento dos médicos e da
enfermagem, por ser um evento pouco freqüente neste tipo de unidade. A
teoria acaba ficando dissociada da prática e o olhar do médico está voltado
exclusivamente para o exame diagnóstico.
“Sem dúvida, porque embora todos os funcionários, os enfermeiros, auxiliares, enfim passem por um treinamento, passe por uma orientação, na verdade é a prática que faz com que a gente aprenda, não é um treinamento por ano teórico que você vai lembrar na hora de uma parada, que é uma situação super angustiante como é que você tem que fazer, e aí é fundamental que você tenha uma boa liderança, agora no centro diagnóstico, os médicos não sabem cuidar de paciente, eles sabem é fazer o diagnóstico de imagem , não é a habilidade deles. Dificulta não ter um profissional médico naquela hora pra atender esse tipo de situação, muitas vezes eu fico até chocada com alguns tipos de conduta médica. A gente até entende que a realidade é outra, embora você tenha estrutura para o atendimento, não temos quem comande, porque o pessoal médico do diagnóstico não sabe, não faz idéia mesmo” (Entrevistado 4).
“Há essa coisa de ser uma coisa extremamente inesperada, acho que em outras unidades é a qualquer momento, pronto atendimento por exemplo, mas centro diagnóstico nós vemos o paciente deambulando, contactuando, vemos o paciente em uma situação social toda presente, é diferente de você já ver o paciente chegando deitado, monitorizado. O olhar é outro, a gente não espera muito e também não é muito freqüente, uma coisa é treinamento, a teoria e outra é você viver isso sempre no seu dia-a- dia e é uma coisa que graças a Deus em centro diagnóstico é raro, existe com pouca freqüência, é o inesperado” (Entrevistado 5).
“Acho que a dificuldade é a equipe, eu percebo que a equipe de enfermagem vem evoluindo para uma melhora, mas eu não sinto isso da área médica” (Entrevistado 6).
“Falta de Treinamento“in loco”, mais treinamento. (Entrevistado 7).
Existe, porque por mais que tenha tido vários treinamentos, não são todos os colaboradores que estão bem treinados” (Entrevistado 8).
“O que pode causar a dificuldade é o despreparo por não ser o dia-a-dia, algo que não acontece com freqüência a pessoa caba esquecendo” (Entrevistado 10).
“O despreparo pela falta de prática, a gente às vezes fica perdida por ser um evento raro nesta unidade” (Entrevistado 11).
57
“A nossa dificuldade principalmente na sala de hemodinâmica é que muitas vezes o médico esta em campo, ele sabe na maioria das vezes o que está causando a parada, a gente tem que chamar ajuda e outras unidades da cardiologia como eco, teste ergometrico é a inexeperiência de lidar com esse evento, porque ele acaba sendo raro nesse tipo de unidade, e quando acontece tem bastante dificuldade de lidar com essa situação, tem uma bagagem de stress e dificuldade bem maior “(Entrevistado 13).
“O fato do médico do setor não ser treinado para este tipo de atendimento, até o grupo de parada chegar o médico do setor não sabe o que fazer, o médico esta voltado para o exame, já perdeu mão para este tipo de atendimento e nós ficamos sozinhas com o paciente” (Entrevistado 14).
“Se formos depender do médico da unidade diagnóstica para o atendimento da parada, às vezes ficamos perdidos, porque eles não vivenciam o atendimento da parada” (Entrevistado 16).
Outro dificultador apontando, ainda que citado apenas por
um sujeito, foram os Recursos Humanos deficitários tendo em vista o
número insuficiente de enfermeiros na unidade diagnóstica interferindo
diretamente no atendimento.
“Eu sou a única enfermeira do setor e mesmo no meu horário de almoço os exames continuam correndo, como sou sozinha se ocorrer duas paradas ao mesmo tempo, vou ter que atender por prioridade, ter uma única enfermeira é um fator dificultador” (Entrevistado 14).
Outro entrevistado declarou que, para ele, Não há fatores
que desestimulem seu comportamento por ocasião de uma PCR..
“Eu não vejo dificuldade “(Entrevistado 15).
Fatores que Desestimulam o Comportamento
Figura 8 - Categoria Temática Central - Fatores que Desestimulam o Comportamento.
Salas pequenas
Distância do Pronto Atendimento
Tempo de chegada da equipe de parada
Falta de treinamento
Evento pouco freqüente
Conhecimento teórico distorcido com a prática
Única enfermeira no setor
Planta física Conhecimento
deficitário dos médicos e enfermeiros
Recursos Humanos deficitário
Não tem fatores
(Legenda: ver Figura 3)
58
59
5 Discussão
Discutir os resultados deste estudo, sob o prisma da TRA,
implica relembrar os pressupostos da teoria, cujos autores postulam que o
comportamento humano é determinado não apenas pelos aspectos
cognitivos que o indivíduo possui sobre algo ou alguém, mas também, pelos
aspectos afetivos representados por suas crenças, valores e normas
subjetivas. Esse conjunto de atributos sedimenta as atitudes e constrói as
intenções das pessoas em relação a um determinado comportamento. 22,24
A aplicação e o desenvolvimento da primeira fase da TRA
buscam evidenciar exatamente esses atributos determinantes do
comportamento: crenças, valores e atitudes, a fim de elucidar e desvendar
as concepções de determinado grupo a respeito de um dado fenômeno. 24
Por se tratar de uma fase predominantemente qualitativa da
teoria, os autores assumem que atitude é determinada pelas crenças acerca
de um determinado objeto, através da associação de várias características,
qualidades e atributos. Essas crenças seriam resultado da experiência de
vida do indivíduo, podendo decorrer da observação direta, ser adquiridas
indiretamente através de informações proveniente de outras fontes, ou ser
autogeradas, a partir de processos de inferências. Quanto à estabilidade,
algumas podem persistir ao longo do tempo, outras serem esquecidas, ou
ainda, novas crenças podem ser formuladas.
Para Azen;Fishbein, embora possam existir diversas crenças
em relação a um dado objeto, apenas as chamadas crenças salientes
seriam determinantes imediatos da atitude e esse grupo de crenças estaria
sujeito a enfraquecimento, reforço ou até mesmo substituição. Os autores
denominaram essa parcela de “crenças salientes” e são as que, com maior
freqüência, se manifestam nos discursos dos sujeitos. As mais freqüentes
são consideradas crenças modais salientes. 24
60
Desse modo, a compreensão aprofundada das crenças que
as pessoas desenvolvem ao longo de suas vidas é subsídio fundamental
para se obter informações sobre os determinantes do comportamento, uma
vez que elas possibilitam reconhecer os fatores que induzem uma pessoa a
se engajar ou não em determinado comportamento.
Os dados do presente estudo permitiram evidenciar, em
cada uma das Unidades Temáticas Centrais, tanto as crenças positivas
como as negativas que levariam o enfermeiro a executar um determinado
comportamento que, neste trabalho, é o atendimento à PCR. A seguir,
discutiremos os resultados obtidos, de acordo com as Unidades Temáticas
Centrais.
5.1 Sobre a Unidade Temática Central: Crenças de
Atitude
As crenças de atitude são constituídas pelos significados
positivos e negativos que as pessoas têm sobre a execução de um
comportamento. Na avaliação que o indivíduo faz previamente à sua
realização, as crenças negativas tendem a ter um maior impacto do que as
crenças positivas. Outro fator importante na determinação da intenção
favorável ou desfavorável do sujeito para execução do comportamento é o
fato de que as crenças positivas são mais acessíveis para decisões de longo
prazo, enquanto, em decisões a curto prazo, predominam as crenças
negativas. 33
Constatamos que foi elevado o número de crenças
negativas referidas pelos enfermeiros em relação à execução do
comportamento. Ao considerarmos que a decisão de executar um
comportamento pode ser interpretada como uma resolução a curto prazo, a
elevada prevalência de crenças negativas pode levar o enfermeiro, de
acordo com as proposições da TRA, a não executar o comportamento
esperado ou a se afastar dele. 21-24
61
Dentre as crenças que evidenciaram sentimentos negativos
ao executar o comportamento, verificamos que, na maioria dos discursos
dos enfermeiros, emerge o sentimento e a crença que a equipe de
enfermagem está despreparada para este tipo de atendimento pelo fato da
PCR não ser um evento freqüente em unidade diagnóstica, levando a um
déficit na habilidade dos profissionais envolvidos na assistência a esse
paciente, como mostram as unidades de significado – Despreparo pela falta
de prática, Situação máxima de acontecer e Evento pouco freqüente.
É importante destacar, no entanto, que a análise desses
dados sugere que, além do conhecimento e da habilidade técnica, é
imprescindível conhecer de que modo os valores, as crenças e as
expectativas influenciam a prática do enfermeiro.
Verificamos que as crenças afetivas emergiram com intensa
magnitude nos enunciados dos sujeitos estudados. Para eles, praticar a
RCP desperta sentimentos negativos como estresse, impotência, medo e
ansiedade, todos associados, de forma implícita ou explicita, ao despreparo
técnico-cognitivo do enfermeiro no cuidado ao paciente em PCR em unidade
diagnóstica por se tratar de um evento pouco freqüente neste tipo de
unidade. Isso pode contribuir de forma significativa para uma intenção
desfavorável em executar o comportamento, ou seja, em realizar a RCP.
Sobre estes aspectos, um estudo realizado na Inglaterra
apontou que a experiência acumulada pelos profissionais é classificada
como crucial para o sucesso do atendimento aos pacientes vítimas de
emergências cardiológicas. 34
Conforme observamos, os achados deste estudo indicam
haver necessidade de um programa educativo mais intenso para a equipe
multidisciplinar, com simulados de atendimento de emergência nas salas das
unidades diagnósticas. Além disso, é importante que o enfermeiro vislumbre
uma afetividade positiva em relação à execução do comportamento, para
que tenha uma intenção favorável em praticá-lo.
62
Pesquisadores do Canadá destacam que programas de
treinamento para otimizar a habilidade e a competência dos enfermeiros,
bem como a disponibilidade e facilidade de utilização dos materiais são
importantes no desenvolvimento de intervenções que visem estimular a
adesão dos enfermeiros a um determinado comportamento. No entanto, isto
pode não ser suficiente se não houver condições de trabalho adequadas.
Situações de importante sobrecarga de trabalho podem impedir a execução
de algumas atividades, mesmo aquelas consideradas essenciais, voltadas à
proteção do profissional. 35
Almeida reitera essa afirmação dizendo que a falta de
conhecimento e habilitação ao exercício da profissão, ou seja, a falta de
aptidão teórica, prática, ou ambas, para exercer uma determinada profissão,
embora credenciada por diploma, não passa de mera presunção de
competência. Nos casos de PCR, esse fato adquire maior gravidade, na
medida em que se trabalha com situações limítrofes de vida, em que a
presença de iatrogenias pode levar o paciente ao óbito. 36
As crenças negativas identificadas nas entrevistas só vêm
reforçar a necessidade de o profissional de saúde estar capacitado para
atender a uma situação de emergência, como a PCR, independentemente
da sua área de atuação, agindo de forma segura e competente, uma vez que
a falta de formação teórica-prática, freqüentemente, propicia ocorrências
iatrogênicas no decorrer da assistência.
5.2 Sobre a Unidade Temática Central: Crenças
Normativas
A decisão para aderir a um comportamento também é
influenciada pelas crenças normativas. As crenças normativas representam
a percepção que o indivíduo tem de que as pessoas mais importantes para
ele (seus referentes sociais) aprovam ou desaprovam o comportamento que
ele pretende realizar. 21-24
63
No presente estudo, dentre os Referentes sociais que
estimulam o enfermeiro a realizar a RCP, destacamos o Grupo de PCR, a
equipe de enfermagem da unidade diagnóstica, o médico do Grupo de PCR
e o médico anestesista.
O médico emerge como um importante referente social,
dentre as pessoas que estimulam o enfermeiro na execução do
comportamento, pois foi associado ao fato de ser reconhecido pela maioria
dos sujeitos como o profissional que oferece maior suporte durante o evento,
por ser capaz de dar as diretrizes e assumir a liderança do atendimento.
É possível inferir que, para os enfermeiros entrevistados, a
decisão de executar o comportamento está centrada na figura do médico.
Este achado torna evidente a posição de dependência do enfermeiro em
relação ao médico, no que se refere ao atendimento ao paciente em PCR.
Tal dado é preocupante, uma vez que o atendimento ao paciente crítico
deve ser visto como uma prática conjunta, interdisciplinar, situação na qual o
enfermeiro, apesar de não ser autônomo em todas as decisões durante o
atendimento, deve ter autonomia de conhecimento, para determinar as
necessidade do atendimento e posteriormente utilizar os dados no
planejamento da assistência de enfermagem.
Sobre este aspecto vários autores posicionam-se quanto à
necessidade de um membro da equipe assumir o papel de líder durante o
atendimento, sendo o enfermeiro o profissional mais adequado a essa
função. Os autores enfatizam a necessidade de se ter uma equipe bem
treinada, não só nos aspectos relativos à participação isolada de cada um
dos seus integrantes, mas de ação conjunta, a fim de que se possa atuar de
forma efetiva, evitando a desorganização e a ineficiência do
atendimento. 37-39
Outros autores referem que a eficiência das manobras de
RCP depende muito da integração perfeita entre todos os participantes da
equipe. Assim, além de uma clara definição das atribuições de cada
profissional envolvido no atendimento, essa equipe requer a presença de um
64
líder que a coordene, conduzindo a todos, assegurando a integração e a
harmonia do trabalho do grupo. 40-41
Outro referente social positivo citado pelos enfermeiros foi a
equipe de enfermagem quando treinada e atuando de forma ágil.
Identificamos, portanto, a importância de a equipe de enfermagem estar
capacitada para executar com precisão das manobras de RCP, reiterando
sua importância, tanto no provimento do suporte básico, quanto no auxílio ao
suporte avançado.
A atualização de conhecimentos e o desenvolvimento de
habilidades técnicas são recomendados pela AHA e pela Fundação
Interamericana do Coração, bem como as simulações dos atendimentos em
grupo, com a determinação de líderes que coordenem as ações. 2
O treinamento é recomendado com o intuito de garantir o
rápido diagnóstico e o início imediato das manobras de RCP. É de
responsabilidade das autoridades dos hospitais, em ação conjunta com os
comitês de reanimação, treinar adequadamente os profissionais de saúde no
atendimento ao paciente em PCR e não apenas imaginar que eles já
estejam capacitados. 41
Quanto aos Referentes sociais que desestimulam o
comportamento, encontramos um número semelhante de crenças salientes
em relação aos referentes sociais que estimulam o comportamento. É
importante destacar que os sujeitos deste estudo, ao mesmo tempo em que
apontam o médico e os colaboradores da enfermagem como referentes
positivos, atribuem-lhes o desestímulo na execução do comportamento.
Assim, para os enfermeiros entrevistados, o médico desestimula o
comportamento quando não possui treinamento, evidenciando não estar
preparado para conduzir o atendimento ou quando se encontra estressado,
ansioso e sem sincronismo com a equipe de enfermagem. Alguns sujeitos
apontaram também o número excessivo de médicos, que atuam de forma
confusa e desconexa durante o atendimento, como um referente social
negativo.
65
Neste ponto, os resultados de nosso estudo se alinham com
o trabalho de Kaye et al que descreveram esta forma de organização como
caótica, em que uma multidão se aglomera em torno do leito do paciente,
alguns desempenhando as tarefas necessárias, a maioria meramente
observando e muitos até interferindo sem que, normalmente, exista uma
percepção sobre a abordagem da equipe requerida para esse tipo de
atendimento. 42
Ainda neste aspecto, o estudo de O’Donnell revelou como
principal queixa entre médicos e enfermeiros, a presença excessiva de
pessoas, além daquelas diretamente envolvidas na reanimação, somada à
confusão ocasionada, principalmente, pela falta de liderança no
atendimento, levando os profissionais a não determinarem ou não
cumprirem as suas funções, o que pode ser claramente observado na fala
do entrevistado 8. 40
Outro fato a ser levado em consideração é o pressuposto de
que todo e qualquer profissional de saúde que atua no setor hospitalar deve
estar capacitado a participar de um atendimento de emergência, como o
atendimento a um paciente em PCR. Nessas circunstâncias, a presença de
um grande número de pessoas pode ser tão prejudicial à eficiência do
atendimento, quanto a presença de poucos ou ninguém. 43
A equipe de enfermagem foi citada como outro referente
social que desestimula o comportamento, quando se encontra mal treinada
e, portanto, despreparada para prestar um atendimento preciso e de
qualidade.
Identificamos, portanto, que o conhecimento técnico-
cientifíco acerca da sistematização do atendimento ao paciente em PCR,
juntamente às práticas adequadas das manobras de RCP são muito
importantes para o sucesso desse atendimento.
Um dos sujeitos entrevistados não apontou referentes
sociais que pudessem desestimular o comportamento. Isto nos traz a idéia
66
de que este profissional tem suas crenças normativas bem solidificadas e
que não necessita da aprovação de seus pares na execução do
comportamento.
Quanto aos Fatores que estimulam o comportamento,
constatamos que o mais citado pelos sujeitos foi a necessidade de
treinamentos freqüentes para a equipe multidisciplinar, com simulados de
atendimento nas salas da unidade diagnóstica. Os “simulados surpresa”
foram apontados como facilitadores.
A identificação de fatores que influenciam a adesão ao
comportamento é fundamental na obtenção de diretrizes para o
desenvolvimento de programas de intervenção que sejam eficazes em
otimizar e garantir a execução de algum procedimento ou técnica importante
na prática profissional. 35
É interessante notar que estudos que investigam o
comportamento do enfermeiro em relação à RCP, destacam que a pequena
retenção de conhecimentos e habilidades após um programa de educação
pode estar relacionado à falta de competência do instrutor, à metodologia de
ensino empregada e à freqüência dos programas de atualização. Acreditam
os autores, que, para o sucesso de um programa educacional, a intervenção
deve ser baseada na compreensão dos fatores que definem a intenção
comportamental dos enfermeiros em relação ao comportamento. 44
É imprescindível que os programas educacionais sejam
elaborados a partir de fatores que motivem, possibilitem e que reforcem o
enfermeiro a adotar determinado comportamento e, especialmente, que se
voltem para o desenvolvimento do raciocínio clínico, tornando o enfermeiro
auto-suficiente em relação à sua competência e, portanto, capaz de
participar dos processos decisórios que envolvem o cuidado do paciente
crítico, junto aos seus pares e à equipe multidisciplinar, de forma igualitária.
23,41
67
A análise das entrevistas revela, também, outros fatores que
estimulam a realização da RCP, como a disponibilidade de equipamentos
nas salas das unidades diagnósticas e atrelar o “bip” dos enfermeiros desta
unidade com o do grupo de PCR da instituição visando agilizar o
atendimento.
Em se tratando de recursos materiais e equipamentos,
enfatizamos a necessidade não só de suprimento adequado desses
recursos, como também da manutenção periódica desses aparelhos, visto
que a insuficiência ou falha em seu funcionamento poderá acarretar perda
de tempo para a equipe e conseqüente dano ao paciente.
O suprimento constante de recursos materiais e de
equipamentos deve ser indispensável em qualquer setor hospitalar. Devem
estar disponíveis em quantidades suficientes a qualquer momento, contando
com uma rotina de reposição e manutenção. 45
Um dos entrevistados mencionou, também, a necessidade
de atrelar o “bip” dos enfermeiros da unidade diagnóstica ao do grupo de
parada visando a agilização no atendimento. É interessante analisar essa
visão prática do enfermeiro quando atribui um significado e uma aplicação
específica a um equipamento inicialmente usado para outras situações a fim
de diminuir o tempo de resposta entre a ocorrência e o atendimento.
Sobre este aspecto, vários autores e associações de
especialistas referem que o tempo de resposta, ou seja, o tempo decorrido
entre a ocorrência da PCR, o seu reconhecimento e a instituição de
manobras de RCP adequadas, é elemento essencial e crucial na obtenção
de sucesso no atendimento. 2-3,45-49
Dentre os Fatores que desestimulam o comportamento
mais uma vez foi destacado pelos enfermeiros a deficiência de
conhecimento dos médicos e da enfermagem. O déficit de conhecimento dos
profissionais citados gera dificuldades para o atendimento à PCR,
contribuindo para um resultado insatisfatório da assistência ao paciente.
68
Alguns entrevistados apontaram também como fatores
negativos a planta física das salas de exames diagnósticos, recursos
humanos deficitários e, um dos entrevistados relatou não identificar fatores
que desestimulem a execução do comportamento.
69
6 Conclusão
Os resultados obtidos no presente estudo permitem concluir
que:
• Dentre as Crenças de Atitude relativas à execução do
comportamento pelo enfermeiro na assistência ao
paciente em PCR, prevaleceram as de significado
negativo. Sobressaíram-se como principais crenças de
afetividade, em relação ao comportamento, a impotência
e ansiedade em virtude do despreparo da equipe de
enfermagem no atendimento à PCR, por se tratar de um
evento pouco freqüente em unidade diagnóstica.
• No conjunto de Crenças Normativas, foram identificados
dois referentes sociais positivos para a execução do
comportamento: o médico e a equipe de enfermagem.
Como fatores que estimulam a realização do
comportamento encontramos a necessidade de
treinamentos freqüentes para a equipe multidisciplinar.
Dentre os referentes sociais negativos identificamos: o
médico, quando se encontra estressado, ansioso e sem
sincronismo com a equipe de enfermagem para conduzir
o atendimento e a equipe de enfermagem, quando mal
treinada. Como fatores que desestimulam o
comportamento foram evidenciados o déficit de
conhecimento dos médicos e da equipe de enfermagem
e a planta física da sala de exames.
70
7 Considerações Finais
Por meio da TRA, foi possível conhecer uma ampla gama de
crenças dos enfermeiros em relação ao comportamento no atendimento de
uma PCR em unidade diagnóstica e a percepção de como esses serviços
estão estruturados.
Em relação às crenças de atitudes, foi evidenciada uma
prevalência de crenças negativas nas falas dos sujeitos entrevistados por
perceberem que existe uma lacuna entre o conhecimento teórico e a
habilidade técnica na hora do atendimento, por se tratar de um evento pouco
freqüente neste tipo de unidade. Percebe-se, desta forma, a necessidade de
treinamentos mais freqüentes bem como de simulados nas salas de exames,
aproximando o processo de educação continuada e os programas
educativos da realidade desses profissionais.
Nas crenças normativas foi possível identificar os referentes
sociais e fatores que estimulam (ou não) a realização do comportamento. A
figura do médico foi ambígua, ora estimulando ora desestimulando o
comportamento. Dentre os fatores que estimulam a execução do
comportamento, destacou-se a necessidade de treinamentos freqüentes
para a equipe multidisciplinar, corroborando com os dados encontrados nos
fatores que desestimulam o comportamento, em relação ao déficit de
conhecimento dos profissionais envolvidos no atendimento.
Foi possível constatar que, apesar de toda organização da
infra-estrutura e da disponibilidade de materiais e equipamentos, o
atendimento à PCR ainda apresenta várias lacunas quanto ao conhecimento
técnico-científico dos profissionais relacionado ao aspecto prático e,
principalmente, que a equipe de saúde necessita de treinamento contínuo
em RCP, uma vez que esse conhecimento somente é adquirido a partir do
momento em que se coloca em prática o conteúdo teórico aprendido.
71
A análise desses resultados também aponta para a
necessidade de se investigar mais profundamente questões relacionadas às
crenças para melhor compreensão do comportamento humano, uma vez que
este aspecto exerce uma influência determinante na qualidade da
assistência ao paciente.
Ainda que incipiente, este trabalho produz resultados que
permitem uma compreensão inicial dos determinantes comportamentais que
podem estimular, ou não, o comportamento do enfermeiro de Unidades
Diagnósticas em atender à PCR e realizar as manobras de RCP e resultam
em algumas implicações:
- Para a assistência de enfermagem: as crenças e fatores positivos
que foram evidenciados certamente deverão ser reforçados para continuar
como determinantes fundamentais do comportamento. Em relação às
crenças negativas, sejam pessoais ou normativas, deverão ser analisadas e
servir de ponto de partida para a elaboração dos conteúdos de programas
educativos e de educação continuada visando à otimização da qualidade da
assistência.
- Para o ensino: esses resultados apontam para a urgente
necessidade de se introduzir, nos currículos de graduação, conteúdos
relacionados ao atendimento de emergência que ocorra em qualquer
situação e local, principalmente em cenários inusitados, preparando o futuro
profissional para o atendimento à pessoa em situação de emergência,
mormente em PCR, com habilidade e segurança necessárias ao
desempenho técnico e científico qualificado.
- Para a pesquisa: este trabalho indica que a investigação neste
campo apenas está começando e que os resultados obtidos vislumbram a
importância de maior aprofundamento nas questões que envolvem crenças,
valores e sentimentos para maior compreensão do comportamento humano.
Os dados deste estudo são bases preliminares para futura construção de
escalas psicométricas que deverão mensurar a força dessas crenças sobre
a intenção comportamental do enfermeiro.
72
REFERÊNCIAS
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47. Garcia AM; Meneghin P; Avansi PA. Revisão bibliográfica do Protocolo Utstein Style no atendimento pré-hospitalar. Revista Emergência 2006; 1(2):56-61.
48. Garcia AM. Tradução para o português e validação de um instrumento de avaliação de qualidade da ressuscitação cardiopulmonar no atendimento pré-hospitalar: Utstein Style [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2007.
49. Avansi PA. Tradução e validação para a língua portuguesa do “In-hospital Utstein style” [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2007.
77
APÊNDICE 1
CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996, segundo Conselho Nacional de Saúde.
Concordo em participar da pesquisa:
Título: Conhecimento e crenças dos enfermeiros no atendimento à parada Cardio-respiratória (RCP) de pacientes em unidades diagnósticas em hospitais no Município de São Paulo.
Objetivos: • Conhecer as estruturas de atendimento da PCR utilizadas nos centros
diagnósticos estudados. • Identificar as crenças pessoais e normativas dos enfermeiros que atuam
nos centros diagnósticos, em relação ao atendimento à PCR.
A pesquisa a ser desenvolvida consiste na Dissertação de Mestrado realizada junto ao Departamento de Enfermagem da Universidade de São Paulo. É de autoria e responsabilidade de Hafiza Abdon Musser Hadi, e está sob a orientação do Professor Doutor Paolo Meneghin.
Fui esclarecido sobre os procedimentos da pesquisa: participação de uma entrevista que será gravada.
Fui informado pelo pesquisador: • A participação é voluntária e que terei plena liberdade de não aceitar
participar; • Poderei a qualquer momento desistir de participar sem que isso possa
acarretar qualquer problema; • A minha participação não resultará em ganho ou prejuízo, pois essa
pesquisa não oferece riscos; • Garantia de anonimato; • A pesquisa será posteriormente publicada.
Local: ______________________Data: _____________________________ Nome: _______________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa _____________________________ Hafiza Abdon M. Hadi Pesquisadora Responsável Tel: 3147-6272 / 3147-6459 E-mail: hafiza@hospitaligesp.com.br
78
APÊNDICE 2
Roteiro de Entrevista
Sexo: F ( ) M ( ) Idade: _______ Tempo de Graduação: __________ Tempo na Instituição: ___________ Tempo na Unidade Diagnóstica: ___________ Cursos após a graduação:
� 1 Especialização: __________________________________________________________________
� 2 BLS � 3 ACLS � 4 Outros:
__________________________________________________________________ Tempo de atuação na enfermagem: ____________
Locais de Trabalho: Hospital Público Hospital Privado
1. Como está estruturado o atendimento da PCR em sua Unidade?
2. Existem Programas de Treinamento?
3. As estratégias de atendimento seguem alguma normatização? Qual?
4. Você já realizou algum curso de capacitação como ACLS ou BLS ou
outros cursos? Qual?
5. A infra-estrutura e os recursos materiais dispostos no local estão
apropriados para o atendimento?
6. Quantas vezes você já vivenciou o atendimento da PCR neste tipo de
unidade?
7. Quando acontece uma PCR o que você faz?
8. Na hora do atendimento, o que você sente frente essa situação?
9. O que você sentiu durante o atendimento da PCR neste tipo de unidade?
10. O que, na sua opinião dificulta o atendimento da PCR neste tipo de
unidade?
11. O que, na sua opinião facilita o atendimento da PCR neste tipo de
unidade?
79
APÊNDICE 3
São Paulo,-------------------------
Prezado Sr.
Estamos desenvolvendo um estudo que consiste na Dissertação
de Mestrado realizado junto ao Departamento de Enfermagem da Faculdade de
Enfermagem da Universidade de São Paulo, que tem por objetivos conhecer as
estruturas e normatização do atendimento da PCR utilizadas nos Centros
Diagnósticos de Hospitais Públicos e Privados no Município de São Paulo e
também conhecer os sentimentos referidos pelos Enfermeiros atuantes nessas
unidades, referente ao atendimento da PCR.
Utilizamos como referencial metodológico a análise de conteúdo,
segundo os pressupostos de Maria Cecília Minayo, que permitirá conhecer os
sentimentos apontados nas respostas, o conhecimento do comportamento dos
profissionais e a busca das respostas das inquietações da autora.
Considerando-se que a análise do instrumento realizada por
pessoas com reconhecido saber na área do estudo (seja na especialidade, no
referencial teórico ou na construção e avaliações de instrumentos) constitui etapa
imprescindível para avaliação da validade de conteúdo do instrumento e para
garantia da qualidade dos dados obtidos, gostaríamos de contar com sua
inestimável colaboração, por meio da avaliação deste instrumento.
Orientações para avaliação:
Solicitamos que leia cuidadosamente o instrumento como um
todo, e depois, cada um de seus itens e subitens para avaliá-los quanto as
seguintes propriedades definidas: pertinência, objetividade e abrangência.
Pertinência: propriedade a ser avaliada em cada um dos
subitens, cuja finalidade é verificar se o (s) dado (s) a ser (em) levantado(s) é (são)
adequado (s) quanto ao objeto de estudo (conhecer as estruturas e normatização
de atendimento da PCR utilizadas nos Centros Diagnósticos e conhecer os
sentimentos referidos pelos Enfermeiros atuantes nessa área, referentes ao
atendimento da PCR). Deve ser classificada assinalando um X sobre a pontuação
atribuída.
80
-1 0 +1
Não pertinente Sem opinião Pertinente
Objetividade: propriedade a ser avaliada em cada um dos subitens, cuja finalidade
é verificar se o objetivo de estudo está claro aos enfermeiros, sujeitos de estudo.
Deve ser classificada assinalando um X sobre a pontuação atribuída.
-1 0 +1
Não está objetivo Sem opinião objetivo
Abrangência: propriedade a ser avaliada ao final de cada bloco, cuja finalidade é
verificar se cada um dos grandes itens de instrumentos (dados sociodemográficos,
aspectos estruturais e normativos, aspectos cognitivos e aspectos afetivos) contêm
em todas as questões (ou na maioria delas), aspectos que permitam obter
informações suficientes para atingir o objetivo de cada item. Deve ser classificada
assinalando um X sobre a pontuação atribuída.
-1 0 +1 Não está abrangente Sem opinião Está abrangente
Informamos que, além do instrumento de avaliação dos juizes, segue em
anexo, cópia do instrumento de coleta de dados da forma como será aplicado.
Desde já, agradecemos sua participação, que com certeza, trará grande
contribuição à qualidade deste estudo.
________________________________ Hafiza Abdon Musser Hadi
Aluno da Pós- Graduação em Enfermagem Departamento de Enfermagem /USP /HC-FMUSP.
Pesquisadora
________________________________ Paolo Meneghin
Prof. Dr. Departamento de Enfermagem / USP /HC-FMUSP. Orientador
81
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ENFERMAGEM
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO – NÍVEL MESTRADO
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
I. DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
1.1 Idade: ____ anos Sexo 1Masc. 2 Fem.
1.2 CURSOS APÓS A GRADUAÇÃO: 1 Especialização: 2 BLS 3 ACLS 4 Outros:
1.3 Tempo de Graduação:
1.4 Tempo de Atuação na Enfermagem:
1.5 Tempo de atuação em Unidade Diagnóstica: ______anos
1.6 Tempo na Instituição:
1.7 Locais de trabalho: 1. público 2. privado
II. DADOS RELACIONADOS AOS ASPECTOS ESTRUTURAIS E NORMATIVOS
2.1 Como está estruturado o atendimento da PCR em sua Unidade?
2.2 Existem Programas de Treinamento?
2.3 As estratégias de atendimento seguem alguma normatização? Qual?
2.4 A infra-estrutura e os recursos materiais dispostos no local estão apropriados para o atendimento?
III. DADOS RELACIONADOS AOS ASPECTOS COGNITIVOS
3.1 Você já realizou algum curso de capacitação como ACLS ou BLS ou outros cursos? Qual?
3.2 Quantas vezes você já vivenciou o atendimento da PCR neste tipo de Unidade?
3.3 Quando acontece uma PCR o que você faz?
Data: / /
Início: Término:
Entevista nº:
Local:
Turno: �M �T �N
82
IV. DADOS RELACIONADOS AOS ASPECTOS AFETIVOS
4.1 Na hora do atendimento, o que você sente frente essa situação?
4.2 O que você sentiu durante o atendimento da PCR neste tipo de Unidade?
4.3 O que, na sua opinião dificulta o atendimento da PCR neste tipo de Unidade?
4.4 O que, na sua opinião facilita o atendimento da PCR neste tipo de Unidade?
83
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ENFERMAGEM
CURSO DE PÓS-GRAGUAÇÃO – NÍVEL MESTRADO
INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DE JUÍZES
I. DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
Considerando-se que o item DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS tem como finalidade obter informações que permitam caracterizar o perfil sociodemográfico dos enfermeiros deste estudo, qual sua avaliação sobre a pertinência e clareza dos seguintes subitens:
1.1 Idade: ____ anos Sexo 1Masc. 2 Fem.
-1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente Sem opinião Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
1.2 CURSOS APÓS A GRADUAÇÃO: 1 Especialização: 2 BLS 3 ACLS 4 Outros:
-1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
1.3 Tempo de Graduação:
-1 0 +1 -1 0 +1 Não
pertinente Sem opinião Pertinente Não está
objetivo Sem opinião Objetivo
1.4 Tempo de Atuação na Enfermagem: -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
1.5 Tempo de atuação em Unidade Diagnóstica: ______anos
-1 0 +1 -1 0 +1 Não
pertinente Sem opinião Pertinente Não está
objetivo Sem opinião Objetivo
1.6 Tempo na Instituição: -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
Data: / /
Início: Término:
Entevista nº:
Local:
Turno: �M �T �N
84
1.7 Locais de trabalho: 1. público 2. privado -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
Em relação aos itens desse bloco considera-se que é: -1 0 +1
Não está abrangente Sem opinião Está abrangente Se pontuação 0 ou –1, por favor faça sua sugestão.
II. DADOS RELACIONADOS AOS ASPECTOS ESTRUTURAIS E NORMATIVOS
Considerando-se as questões 2.1 a 2.4 pretendem o levantamento dos aspectos estruturais e normativos, qual sua avaliação sobre a pertinência e objetividade dos subitens:
2.1 Como está estruturado o atendimento da PCR em sua Unidade?
-1 0 +1 -1 0 +1 Não
pertinente Sem opinião Pertinente Não está
objetivo Sem opinião Objetivo
Se pontuação 0 ou –1 neste subitem, por favor, faça sua sugestão.
2.2 Existem Programas de Treinamento? -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
Se pontuação 0 ou –1 neste subitem, por favor, faça sua sugestão.
2.3 As estratégias de atendimento seguem alguma normatização? Qual? -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
Se pontuação 0 ou –1 neste subitem, por favor, faça sua sugestão.
2.4 A infra-estrutura e os recursos materiais dispostos no local estão apropriados para o atendimento? -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
Se pontuação 0 ou –1 neste subitem, por favor, faça sua sugestão.
Em relação aos itens desse bloco considera-se que é: -1 0 +1
Não está abrangente Sem opinião Está abrangente Se pontuação 0 ou –1, por favor faça sua sugestão.
85
III. DADOS RELACIONADOS AOS ASPECTOS COGNITIVOS
Considerando-se as questões 3.1 a 3.3 pretendem o levantamento dos aspectos cognitivos, qual sua avaliação sobre a pertinência e objetividade dos subitens:
3.1 Você já realizou algum curso de capacitação como ACLS ou BLS ou outros cursos? Qual? -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião
Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
Se pontuação 0 ou –1 neste subitem, por favor, faça sua sugestão.
3.2 Quantas vezes você já vivenciou o atendimento da PCR neste tipo de Unidade? -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião
Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
Se pontuação 0 ou –1 neste subitem, por favor, faça sua sugestão.
3.3 Quando acontece uma PCR o que você faz? -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião
Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
Se pontuação 0 ou –1 neste subitem, por favor, faça sua sugestão. Em relação aos itens desse bloco considera-se que é:
-1 0 +1 Não está abrangente Sem opinião Está abrangente Se pontuação 0 ou –1, por favor faça sua sugestão.
IV. DADOS RELACIONADOS AOS ASPECTOS AFETIVOS
Considerando-se as questões 4.1 a 4.4 pretendem o levantamento dos aspectos afetivos, qual sua avaliação sobre a pertinência e objetividade dos subitens:
4.1 Na hora do atendimento, o que você sente frente essa situação? -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião
Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
Se pontuação 0 ou –1 neste subitem, por favor, faça sua sugestão.
4.2 O que você sentiu durante o atendimento da PCR neste tipo de Unidade? -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião
Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
Se pontuação 0 ou –1 neste subitem, por favor, faça sua sugestão.
4.3 O que, na sua opinião dificulta o atendimento da PCR neste tipo de Unidade? -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião
Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
86
Se pontuação 0 ou –1 neste subitem, por favor, faça sua sugestão.
4.4 O que, na sua opinião facilita o atendimento da PCR neste tipo de Unidade? -1 0 +1 -1 0 +1
Não pertinente
Sem opinião
Pertinente Não está objetivo
Sem opinião Objetivo
Se pontuação 0 ou –1 neste subitem, por favor, faça sua sugestão. Em relação aos itens desse bloco considera-se que é:
-1 0 +1 Não está abrangente Sem opinião Está abrangente
Se pontuação 0 ou –1, por favor faça sua sugestão.
87
APÊNDICE 4 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ENFERMAGEM
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO – NÍVEL MESTRADO
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS - II
I. DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
1.1 Idade: ____ anos Sexo 1Masc. 2 Fem.
1.2 CURSOS APÓS A GRADUAÇÃO:
1 Especialização: Ano: 2 BLS Ano: 3 ACLS Ano: 4 Outros: Ano:
1.3 Tempo de Graduação:
1.4 Tempo de Atuação na Enfermagem:
1.5 Tempo de atuação em Unidade Diagnóstica: ______anos
1.6 Tempo na Instituição:
1.7 Locais de trabalho: UTI PA PS SEMI
II. DADOS RELACIONADOS AOS ASPECTOS ESTRUTURAIS E NORMATIVOS
2.1 Como está estruturado o atendimento da PCR em sua Unidade?
2.2 Existem Programas de Treinamento para PCR? Como estão estruturados?
Qual a periodicidade?
2.3 Existem estratégias e normas de atendimento à PCR? Como e quais são? Há manual?
2.4 A infra-estrutura e os recursos materiais dispostos no local estão apropriados para o atendimento? Porque? Explique.
Data: / /
Início: Término:
Entevista nº:
Local:
Turno: �M �T �N
88
III. DADOS RELACIONADOS AOS ASPECTOS COGNITIVOS
3.1 Quantas vezes você já vivenciou o atendimento da PCR neste tipo de Unidade?
3.2 Quando aconteceram episódios de PCR o que você fez?
O que você acha que deveria ter feito?
IV. DADOS RELACIONADOS AOS ASPECTOS AFETIVOS
4.1 Na hora do atendimento, que sentimentos você experimenta frente a essa situação? Explique.
4.2 Você acha que há alguma dificuldade para o atendimento da PCR neste tipo de Unidade? Explique
4.3 O que, na sua opinião poderia facilitar o atendimento da PCR neste tipo de Unidade?
89
Anexo 1
90
Anexo 2
91
Anexo 3
92
Anexo 4
Recommended