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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIAREVISÃO E REDAÇÃO
SESSÃO: 021.2.53.O
DATA: 28/02/08
TURNO: Vespertino
TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD
LOCAL: Plenário Principal - CD
INÍCIO: 14h
TÉRMINO: 18h30min
DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO
Hora Fase Orador15:22 PE PAES LANDIM
Incluídos os seguintes discursos: do Deputado Paes Landim proferido naSessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 263, realizada em 27 desetembro de 2007; da Deputada Janete Rocha Pietá proferido na SessãoOrdinária da Câmara dos Deputados nº 011, realizada em 19 de fevereiro de2008.
CÂMARA DOS DEPUTADOSAta da 021ª Sessão, em 28 de fevereiro de 2008
Presidência dos Srs. ...................................................................
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ÀS 14 HORAS COMPARECEM À CASA OS SRS.:
Arlindo Chinaglia
Narcio Rodrigues
Inocêncio Oliveira
Osmar Serraglio
Ciro Nogueira
Waldemir Moka
José Carlos Machado
Manato
Arnon Bezerra
Alexandre Silveira
Deley
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I - ABERTURA DA SESSÃO
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A lista de presença registra na
Casa o comparecimento de 414 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.
Está aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos
trabalhos.
O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.
II - LEITURA DA ATA
O SR. MANATO, servindo como 2° Secretário, procede à leitura da ata da
sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Passa-se à leitura do expediente.
O SR. MANATO, servindo como 1° Secretário, procede à leitura do seguinte
III - EXPEDIENTE
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Finda a leitura do expediente,
passa-se ao
IV - PEQUENO EXPEDIENTE
Concedo a palavra ao Sr. Deputado Fernando Ferro.
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O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
registro com satisfação o lançamento, pelo Governo Federal, do Programa
Territórios da Cidadania.
No nosso Estado, serão destinados cerca de 570 milhões de reais para
Sertão do Pajeú, Mata Sul e Agreste Meridional.
Ao mesmo tempo, lamento a ameaça da Oposição de protocolar no STF ação
direta de inconstitucionalidade contra esse Programa. Tive a preocupação,
Presidente Inocêncio Oliveira, de verificar as cidades que serão beneficiadas. Em
Pernambuco, 50% das que se localizam no Agreste são administradas por Prefeitos
integrantes de partidos da Oposição. Ou seja, não há direcionamento para atender a
determinados municípios, diferentemente do que se falou. O Programa visa atender
e integrar socialmente regiões de menor IDH.
Lamento que a Oposição queira usar expediente tão pouco criativo para
impedir uma ação política e social de importância para regiões brasileiras que tanto
precisam de apoio. A falta de rumo e de proposta política leva a esse tipo de
maluquice.
Obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PROFESSOR RUY PAULETTI - Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PROFESSOR RUY PAULETTI (PSDB-RS. Pela ordem. Sem revisão
do orador.) - Sr. Presidente, o Correio do Povo e alguns periódicos brasileiros
estampam a seguinte manchete: O Brasil é corrupto, violento e racista, segundo a
ONU.
Essa declaração mereceria uma medida urgente, uma medida provisória para
tratar de assunto que não só envergonha o Brasil, mas pode causar graves
prejuízos.
Falarei sobre o tema em outra ocasião.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, após os escândalos envolvendo o uso
irregular de cartões corporativos, o Governo Lula anunciou que os Ministros não
poderão usar mais esse mecanismo para pagar suas despesas.
Outra medida anunciada foi a retirada do Portal da Transparência dos gastos
feitos pelo administrador que compra as refeições servidas ao Presidente Lula e sua
família.
Sabe-se também que o Governo poderá parar de divulgar as despesas feitas
pelos seguranças que protegem a família do Presidente da República.
Com muita surpresa, vi os Ministros da Casa Civil, da Comunicação e da
Segurança Institucional apoiarem a investigação parlamentar sobre os cartões.
Para a Ministra Dilma Rousseff, as falhas encontradas são individuais e cada
um sofrerá as conseqüências dos seus atos.
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Srs. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não acredito nessa máxima do
Governo. Depois dos fatos ocorridos, a Primeira-Dama dispensou a prestadora dos
serviços culinários pessoais, mas em compensação o marido estendeu a 11.510
servidores públicos as facilidades no uso de recursos do Tesouro Nacional para
gastos particulares. Tudo com o pretexto de facilitar a prestação de contas e de
tornar transparentes as despesas públicas, mas no fim o resultado é o mesmo. Isto
é, prevalecem as despesas privadas, até com a retirada de dinheiro vivo nas
máquina eletrônicas.
Sr. Presidente, revendo a história do nosso País, não constam nos Anais
fatos semelhantes acontecidos na República brasileira. Mesmo no período militar, os
generais-presidentes exerceram o poder em sua plenitude, acima da lei, mas, justiça
seja feita, pelo que consta não tiravam vantagens pessoais do Estado. Senão não
teriam morrido pobres como ocorreu.
Entendo da seguinte maneira: o Governo só tem uma saída para livrar-se dos
efeitos dessa desastrada confusão, para não usar palavras mais duras: editar um
decreto presidencial regulamentando, endurecendo, e cortar 50% das credenciais
dos funcionários responsáveis. E para os Ministros, permitir o uso de cartões só em
viagens.
A Chefe da Casa Civil afirmou há poucos dias que a partir de agora há uma
avaliação feita pelo Ministério do Planejamento no sentido de que o Ministro não
poderá ter cartão, porque fere o princípio da impessoalidade. E frisou que isso não
quer dizer que o Governo considere os Ministros gastadores, mas Lula acredita no
princípio da transparência, que impede que alguém compre no cartão corporativo
para si mesmo. Durma a Nação com esse borrachudo feito por aproveitadores.
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Sr. Presidente, depois da regulamentação das tarifas bancárias, um escárnio
contra a população, agora os cartões de crédito, o lucro dos bancos, o sonho de
alguns com o serviço da dívida.
Segundo dados obtidos, em 2007 o Sistema Nacional de Informações de
Defesa do Consumidor registrou várias queixas sobre os cartões de credito, que
reúnem dados de 88 cidades brasileiras. Esses cartões estão sendo acompanhados
por um grupo de trabalho formado pelo Ministério da Fazenda, pelo Banco Central e
pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça.
Em boa hora. O Banco Central deve começar a agir como agência
reguladora, e não defender os bancos.
Um grupo começa a estudar o comportamento das administradoras de
cartões de crédito, com o foco no consumidor, para avaliar a necessidade de criação
de um marco regulatório.
Apesar de mais de R$180 bilhões de reais movimentados anualmente pelos
100 milhões de clientes de cartões no Brasil, a atividade não tem regras específicas.
Lamentavelmente, o Banco Central, que deveria agir como agência
reguladora e não o faz, não se considera responsável porque parte das
administradoras não é tratada como instituição financeira, quer dizer, então, que
pode meter a mão no pobre cliente.
Por outro lado, não há regulamentação por parte dos bancos, que oferecem
aos clientes cartão com bandeiras de terceiros, e há atritos na relação entre
administradoras e lojistas.
Nesse meio confuso está o cliente, o único lesado, principalmente na
cobrança dos juros por falta de lei específica.
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Entendo que deveria haver uma CPI sobre o exagerado lucro dos bancos,
que tira o couro da população.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.
Deputado Fernando Melo.
O SR. FERNANDO MELO (PT-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, relato hoje a situação de vítimas da malária no
Município de Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, Estado do Acre. É a cidade onde
nasci.
Recebo dos Vereadores Omar de Almeida Farias e Romário Tavares Dávila
um apelo dramático dando conta de que diversos produtores rurais cruzeirenses
acometidos pela malária até mais de 10 vezes vivem um momento delicado na vida.
É raro encontrar uma pessoa naquela região que não tenha sido atacada pelo
mosquito anofelino, transmissor dessa doença.
Esses produtores rurais estão impossibilitados de trabalhar. Estão
completamente debilitados. Eles bateram na porta da Câmara de Vereadores de
Cruzeiro do Sul na esperança de obter alguma forma de socorro, da Saúde e da
Previdência Social.
A exemplo do combate ao desmatamento no Estado do Pará, situação que
levou o Governo Federal a autorizar uma operação especial, quero hoje reivindicar
uma força-tarefa para combater a malária no Juruá.
Uma força-tarefa que envolva, com a máxima urgência, um contingente do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica, os melhores sanitaristas e universitários.
Cruzeiro do Sul exerce influência sobre parte do sudoeste do Estado do
Amazonas, uma população superior a 100 mil pessoas.
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Faço nesta oportunidade uma homenagem póstuma ao grande médico
sanitarista brasileiro Carlos Chagas. Neste mês de fevereiro, completam-se 95 anos
da histórica expedição que fez à Amazônia.
Lamentavelmente, a malária que Carlos Chagas constatou em 1913 no Alto
Rio Negro vai continuar fazendo vítimas até 2010, conforme previsões da própria
Fundação Nacional de Saúde, a FUNASA.
Apelo ao Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, à direção da FUNASA e
ao Presidente Lula, que sempre foi compreensivo e sensível com a situação do
Acre.
Louvo o esforço dos Governos na busca de controlar essa doença. No dia 18,
por exemplo, a Secretaria de Saúde do Acre anunciou que o Setor de Endemias
investiu no tratamento da doença em menos de 48 horas e revelou ter adquirido
equipamentos de laboratório.
Mas a malária continua, Sras. e Srs. Deputados.
A situação dos Municípios de Vale do Juruá, principalmente Cruzeiro do Sul,
Mâncio Lima e Rodrigues Alves, reflete um problema secular. Prova disso são as
vítimas que sofreram de 1 a 10 vezes ou mais com a doença.
Exige-se, portanto, mais que os 7 mil mosquiteiros que vêm sendo
distribuídos à população. A própria Secretaria afirma que o mosquiteiro diminui o
ataque do mosquito, mas ainda não se sabe o quanto ele contribui para a redução
do número de casos.
O meu pedido para a designação de uma força-tarefa do Governo Federal
coincide com o conteúdo de um documento elaborado pelo Conselho Nacional de
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Secretários de Saúde, apresentando propostas para melhorar os serviços e as
condições de saúde na Amazônia Legal.
O Conselho reivindica ao Ministério uma estratégia de correção do repasse do
teto financeiro diante dos custos operacionais de controle da malária, da dengue, da
esquistossomose e da leishmaniose, levando-se em conta a situação endêmica de
tais doenças, seus aspectos geográficos e socioeconômicos.
Espero que o Governo e o Conselho Federal de Medicina cheguem a um
consenso e se iluminem para permitir que médicos brasileiros e formados no exterior
possam participar de um programa emergencial que contribua para amenizar a dor
do povo do Juruá e lhe dar esperança de vida.
Era o que tinha a dizer, com a certeza de que seremos atendidos.
Muito obrigado.
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O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os círculos sociorreligiosos do
meu Estado estarão comemorando, nesta sexta-feira, o cinqüentenário de
ordenação sacerdotal do Padre Fred Solon, pertencente à Ordem dos Jesuítas,
presentemente servindo ao Povo de Deus em Fortaleza, com extraordinária
dedicação no cumprimento de suas tarefas apostolares.
Cearense de nascimento, desde cedo demonstrou vocação para o exercício
do frutuoso mister, realizando diversos cursos, fora de nossa Unidade Federada,
inclusive no exterior, a fim de aprimorar a respectiva formação intelectual e
identificar-se, mais ainda, com os ensinamentos dos textos sagrados.
Como pregador dotado de impressionante fluência, as homilias a seu cargo
transformam-se em peças de fino lavor, que alcançam os mais variados segmentos,
pela beleza estilística, conjugada a uma simplicidade que o torna figura
extremamente benquista por entre os fieis, que lhe devotam arraigado respeito.
Depois de missa gratulatória, a ser oficiada às 19h, seguir-se-á um jantar de
adesão do Ideal Clube, com a participação de amigos e admiradores, além de
autoridades eclesiásticas, que certamente haverão de prestigiar o auspicioso
acontecimento.
O seu pai, já falecido, o saudoso Prof. Mozart Solon, exerceu o magistério
durante várias décadas, transmitindo aos filhos exemplos de austeridade e de amor
ao próximo.
E o Padre Fred Solon soube haurir as lições do inesquecível genitor,
transformando-se, presentemente, em vulto dos mais presentes nas solenidades
que são levadas a efeito em nossa metrópole.
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Na condição de seu amigo pessoal, posso testemunhar as virtudes
excepcionais que aureolam a fecunda atuação que tem sabido exercitar com
simplicidade encantadora.
Como membro da Companhia de Jesus, é leitor assíduo dos Sermões do
Padre Antonio Vieira, cujos 400 anos de nascimento são registrados na mídia
nacional, havendo comemorações no Brasil e da mesma forma em Portugal.
Registro, pois, desta tribuna as bodas sacerdotais do Padre Fred Solon, na
expectativa de que contribua para maior difusão da sua brilhante trajetória, com
acendrado fervor e inexcedível dedicação aos pesados encargos que
vocacionalmente se dispôs a cumprir.
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O SR. RAIMUNDO GOMES DE MATOS (PSDB-CE. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, retorno à tribuna desta Casa
para tratar de matéria que continua sendo motivo de constantes preocupações de
toda a sociedade: o tabagismo.
O cigarro é, hoje, um dos produtos de consumo mais vendidos no mercado
mundial, comercializado com elevadas taxas de lucratividade.
As inúmeras substâncias nocivas presentes no cigarro estão acarretando,
porém, sérios problemas à saúde de seus usuários. Estima-se que o número de
óbitos ocasionados pelo consumo de cigarro alcançará 1 bilhão no século XXI. Hoje,
o cigarro é a principal causa de morte evitável no mundo.
Enquanto nos países ricos se observa uma queda no consumo do tabaco, nos
países pobres e de renda média os dados revelam um processo de crescimento.
A Organização Mundial da Saúde recomenda a adoção de algumas medidas
de proteção da população, tais como: “monitoramento do consumo, ambientes livres
do fumo, programas de apoio aos que querem parar de fumar, alertas sobres os
malefícios do fumo apostos nos maços de cigarro, banimento da publicidade e
elevação dos tributos incidentes sobre o fumo”.
Não se verifica nas nações pobres, porém, a utilização concomitante de todas
essas medidas preconizadas pela OMS.
A legislação brasileira que determina a proibição de fumar em ambientes
fechados ainda é incipiente. Sua implantação está sendo agora iniciada no Estado
de São Paulo. Apresentei o Projeto de Lei nº 2.035, de 2007, que propõe alteração
do caput do art. 2º da Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996, determinando a proibição
do uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto
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fumígero, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo fechado, público ou
privado. Em termos práticos, extingue os “locais exclusivos para fumantes” e os
denominados “fumódromos”.
Aprovada a proposta de minha autoria, teremos uma legislação de âmbito
nacional que permite o banimento total do fumo em ambientes fechados e
estabelece sanções pelo não cumprimento da normal legal.
Com a nova legislação, as pessoas terão mais um mecanismo de defesa do
direito à saúde e os não-fumantes não mais serão condenados a se transformar em
“fumantes passivos”.
A proibição de fumar em ambientes fechados vem complementar uma série
de medidas já tomadas no Governo Fernando Henrique Cardoso quando era titular
do Ministério da Saúde o atual Governador de São Paulo, José Serra, com vistas à
proibição de propaganda comercial de produtos fumígeros e derivados do tabaco.
Com essas medidas, é dado um passo a mais no combate ao tabagismo, que
vem gerando enorme sobrecarga no sistema público de saúde. Os dispêndios
efetuados pelo SUS no atendimento e no tratamento de pacientes portadores de
doenças causadas ou agravadas pelo consumo de cigarro vêm crescendo
assustadoramente. Somam-se, ainda, os custos previdenciários (pensões e
aposentadorias precoces) e aqueles decorrentes da perda de produtividade no
trabalho, além dos custos sociais intangíveis gerados com a morte de chefes de
família, muitos deles em idade produtiva, e com o sofrimento causado às famílias
pelas enfermidades prolongadas e pelos óbitos.
Dados apresentados pelo Instituto Nacional de Câncer, referentes a 2004,
revelam que os dispêndios com o tratamento de doenças tabaco-relacionadas, com
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o tratamento do fumante e com ações de controle do tabagismo totalizaram 3,75
bilhões de reais.
Na maioria dos países desenvolvidos, é fartamente reconhecida a culpa da
indústria do fumo pelos danosos males à saúde e, consequentemente, pelos
elevados dispêndios feitos pelo Estado para o atendimento e o tratamento de
pacientes portadores de doenças causadas ou agravadas pelo consumo de cigarro.
Por isso, apresentamos à consideração dos nobres pares o Projeto de Lei
Complementar nº 161, de 2000, que cria o Fundo de Reparação Civil, que será
constituído por recursos repassados, anualmente, pela indústria fumageira instalada
no País.
Os recursos que constituem o Fundo serão utilizados para ressarcir o SUS,
para promover campanhas educativas e para fomentar pesquisas com vistas à
prevenção de patologias provocadas ou agravadas pelo tabagismo.
É o caminho da “responsabilidade social” na solução desse grave problema
de saúde pública.
Formulamos, aqui, um apelo à Câmara dos Deputados para que acelere a
tramitação do Projeto de Lei Complementar nº 161, de 2000, e do Projeto de Lei nº
2.035, de 2007, a fim de que a sociedade possa dispor de recursos e de
instrumentos legais para o enfrentamento deste grave problema que aflige o País
que é o tabagismo.
Era o que tínhamos a dizer.
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O SR. EMANUEL FERNANDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. EMANUEL FERNANDES (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, ocupo a tribuna par parabenizar Silveiras, no leste paulista.
Berço dos tropeiros, é uma linda cidade do Vale do Paraíba.
Parabéns à cidade de Silveiras.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. MANATO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MANATO (Bloco/PDT-ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, nobre Deputado Inocêncio Oliveira, gostaríamos de expressar nossa
posição sobre a reforma tributária, proposta que deverá ser recebida por esta Casa
nos próximos dias.
Sabemos que a iniciativa é relevante, pois há mais de 14 anos o País espera
por ela. A diminuição da burocracia e a unificação de alguns impostos são
importantíssimos.
Todavia, Sr. Presidente, não podemos aceitar que o ICMS sobre petróleo e
gás passe a ser cobrado no destino.
Atualmente, o Espírito Santo é um grande produtor de petróleo e gás. A
expectativa é a de que, até 2010, suprirá as necessidades de gás Brasil, eliminando
a importação da Bolívia. Nós, capixabas, não podemos concordar que a
arrecadação proveniente dessa riqueza não fique no Estado para proporcionar
melhor qualidade de vida aos nossos conterrâneos.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Deputado
Barbosa Neto.
O SR. BARBOSA NETO (Bloco/PDT-PR. Sem revisão do orador.) Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há tempos as reformas tributária e
previdenciária vêm sendo abordadas em diversos discursos não só neste
Parlamento como também por toda a sociedade brasileira. Não resta dúvida que são
temas extremamente importantes para todo o País, para que seja possível continuar
na rota do crescimento.
Por esse motivo, quero dar publicidade a texto bastante pertinente que o Sr.
Ernani de Queiroz Viana enviou ao meu gabinete, tratando desses 2 assuntos tão
importantes para ajudar a destravar o crescimento de nosso País.
Por acreditar que é extremamente lúcido e relevante, quero registrar nos
Anais desta Casa o manifesto desse cidadão cearense, que não só se preocupa
com questões estaduais, mais com o futuro de um País inteiro.
É um exemplo que faço questão de registrar na tarde de hoje.
Sr. Presidente, levantamos a bandeira da democratização da Previdência
Social. A proposta é antiga, mas extremamente importante para ajudar a destravar o
País, rumo ao tão almejado e sonhado crescimento. Para isso, precisamos aumentar
a base de contribuintes.
Pedimos redução de impostos. Queremos que as empresas, hoje tributadas a
partir do salário, passem a ser tributadas pelo lucro líquido. Assim haverá
desoneração da folha de pagamentos e mais possibilidades de contratação de
mão-de-obra.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
MANIFESTO A QUE SE REFERE O ORADOR
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Fortaleza, 25 de janeiro de 2.008
Levantar a “Bandeira da Democratização da Previdência Social” é trabalhar
em prol do País, é proporcionar a criação de novos empregos que
consequentemente ampliarão a base arrecadadora da Previdência Social, dando por
este fato um enorme passo na defesa da própria previdência, que segundo
expectativas de alguns poucos economistas, políticos, etc., que estudam um dos
principais pilares da equidade social, está com seus dias contados.
Levantar a “Bandeira da democratização da Previdência Social” é não permitir
que esta Instituição se torne o principal gargalo do crescimento econômico do país.
Este acontecimento, entre outros, está diretamente relacionado ao desenvolvimento
tecnológico, cada vez mais crescente, que proporciona às empresas de diversas
atividades uma significativa redução do seu quadro laboral.
A atual Legislação Previdenciária estabelece como base para cálculo do
recolhimento para Previdência, relativa a parcela patronal, como é sabido, a
totalidade de salários pagos. Em tempos idos, era equânime mas hoje, as empresas
que exploram atividades relacionadas a produtos primários estão severamente
injustiçados ou simplesmente carregando o piano para as empresas de ponta tocar;
esta é a atual Legislação que marcha em oposição ao progresso.
É necessário e urgente que vozes no parlamento se levantem, enquanto há
tempo e a Previdência ainda em sobrevivência continue existindo, para mudar este
estado de cosias transferindo a base da arrecadação para o Faturamento das
empresas, retirando desta forma o calculo que atualmente é feito sobre a folha de
pagamento de salários, principal entrave para a criação de empresas formais. Esta
providência tanto tornará a Contribuição Patronal seletiva e democrática, pois
tratará, de forma diferente os desiguais como proporcionará às empresas dos
setores primários o aumento desejado do seu quadro de mão de obra. É fácil
entender que ao ser adotado o faturamento como base única de recolhimento
previdenciário das empresas, a incidência de uma pequena porcentagem sobre o
mesmo será suficiente para garantir a gestão previdenciária do órgão em toda sua
plenitude, ao mesmo tempo em que afastará da sua órbita o permanente e
indesejado, para a Nação, o tão propalado fantasma do déficit orçamentário,
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exigindo anualmente sua suplementação, asfixiando os recursos do Tesouro
Nacional.
É oportuno frisar que empresas dos setores financeiros — Bancos —, de
comunicação — telefonia —, montadoras — de veículos aéreos e rodoviários —,
entre outros com expressivo faturamento, contribuem para a Previdência sobre
valores ínfimos por utilizarem sistemas informatizados de alta tecnologia em
substituição a mão de obra qualificada, semi-qualificada e afins, enquanto que para
as empresas do setor primário e tecnologia existente não é capaz de proporcionar a
dispensa do elemento humano. Esta realidade, que penaliza o setor primário, ocorre
exclusivamente em função da maioria dos próprios produtos in natura que por sua
própria natureza, composição e característica, só para citar alguns: calçados,
castanha de caju, pesca, dentre outros principais produtos das regiões mais
carentes do Brasil, etc., grandes absorvedores de mão de obra, não permitem nem
são flexíveis aos adventos da alta tecnologia.
Naturalmente que com a adoção de tal sistemática serão muitos os benefícios
dela oriundos que não se restringiram somente aos diretamente relacionados à
Previdência pois a desoneração da mão de obra ensejará a criação de empregos
formais com mais renda para as famílias nativas, a sua manutenção nos lugares de
origem, o que decisivamente contribuirá em muito para atenuar os desequilíbrios
regionais e a distribuição de riqueza.
Ernani de Queiroz Viana
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A SRA. ALICE PORTUGAL (Bloco/PCdoB-BA. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em 20 de fevereiro, a Comissão
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) completou 51 anos de criação.
A data histórica está sendo comemorada em todo o sul da Bahia, que
reconhece na CEPLAC um dos principais instrumentos impulsores do
desenvolvimento da região e vê com temor os boatos que tratam da reestruturação e
versam sobre a perda da autonomia da instituição.
Recentemente, durante sessão realizada pela Comissão de Agricultura e
Reforma Agrária do Senado, o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes,
anunciou a intenção do Governo de extinguir a Comissão Executiva do Plano da
Lavoura Cacaueira (CEPLAC). Segundo o Ministro, a parte de pesquisa da CEPLAC
iria para a EMBRAPA, as escolas seriam absorvidas pelo Ministério da Educação e
a cúpula do Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento conduziria a
política do setor.
O Ministro alegou na oportunidade que a questão da CEPLAC não será
definida agora, pois o Ministério da Agricultura quer priorizar a renegociação das
dívidas dos cacauicultores. Ele afirmou que este é um pensamento técnico e que
não pretende transformar o assunto em questão fechada. Disse ainda que em breve
haverá uma decisão do Governo sobre a CEPLAC, depois de concluído o trabalho
de grupos que estão examinando informações “mais técnicas e científicas do que
políticas” sobre o órgão.
Na ocasião em que se comemoram os 51 anos da CEPLAC, quero manifestar
minha solidariedade e meu irrestrito apoio ao amplo movimento que se ergue no sul
da Bahia em defesa do fortalecimento da instituição, de sua manutenção como
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principal órgão de fomento e pesquisa e da preservação de seu enorme patrimônio
tecnológico.
A CEPLAC vem acumulando inúmeras conquistas, graças ao seu modelo de
atuação integrada: num só órgão desenvolvem-se atividades de pesquisa, extensão
rural e ensino agrícola. Dentre essas conquistas destacam-se: elevação da
produção nacional de cacau em 310%, comparando-se os períodos de 60/65 a
80/85; aumento da produtividade do cacau de 220kg/ha, em 1962, para 740kg/ha; e
geração, através do Programa de Expansão da Cacauicultura — PROCACAU, de 80
mil empregos diretos.
Em seus 51 anos de vida, a CEPLAC consolidou-se como uma instituição de
pesquisa, extensão e ensino, constituindo um patrimônio moral e científico
reconhecido nacional e internacionalmente.
Longe de ser um órgão público que mereça perda de autonomia, a CEPLAC
tem se adaptado ao novo cenário nacional e mundial e está redirecionando sua
missão a fim de enfrentar os novos desafios, priorizando a recuperação da economia
regional, com ênfase para o combate à vassoura-de-bruxa, doença que está
dizimando os cacauais, deixando uma legião de mais de 200 mil desempregados e
causando danos irreparáveis à natureza; promovendo a diversificação vertical e
horizontal da atividade agropecuária, com o apoio à implantação de agroindústrias e
o plantio e/ou expansão de novos cultivos; e implementando ações voltadas para a
conservação ambiental, através de parcerias com organizações públicas e não
governamentais, visando ao desenvolvimento de atividades agroeconômicas
sustentáveis e à preservação dos fragmentos florestais remanescentes, por estar
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inserida em 2 dos mais estratégicos ecossistemas do Brasil — a Mata Atlântica e a
floresta amazônica.
A CEPLAC, ao longo de seus 51 anos de existência, soube cumprir
satisfatoriamente sua missão de promover a competitividade e a sustentabilidade
dos segmentos agropecuário, agroflorestal e agroindustrial para o desenvolvimento
das regiões produtoras de cacau, tendo o agricultor como parceiro e objetivo
principal. Para isso, adotou um modelo de atuação que integra desenvolvimento de
pesquisas, extensão rural e ensino agrícola e foi considerada, durante 3 décadas,
instituição-modelo na agricultura.
Seus pesquisadores são os mais qualificados e desenvolvem programas e
projetos agroindustriais e repassam seus conhecimentos técnicos aos produtores de
cacau, numa atuação que abrange também os campos da assistência técnica,
treinamento de mão-de-obra, cooperativismo, estímulo à diversificação de cultivos e
apoio a programas de infra-estrutura.
Na Bahia, a CEPLAC abrange mais de 100 municípios e possui uma sólida
estrutura que compreende 3 centros de pesquisa, 3 centros de extensão, 94
escritórios locais, 16 núcleos regionais, 24 postos avançados e 5 escolas médias de
agropecuária regional, que formam jovens em cursos técnicos de agropecuária,
agrimensura, alimentos e economia doméstica.
No momento atual, seu principal objetivo é recuperar a competitividade da
cacauicultura brasileira, missão que necessariamente implica a continuidade do
trabalho de capacitação dos produtores e no fortalecimento da instituição.
Diante da relevâncias dos serviços prestados pela CEPLAC ao País e à
sociedade ao longo de seus 51 anos, não vejo justificativa aceitável para qualquer
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ação governamental que implique a perda de sua autonomia ou seu esfacelamento.
Pelo contrário, essa instituição tão cara para a região sul da Bahia necessita
urgentemente ser fortalecida com a ampliação dos recursos a ela destinados, de
forma a permitir que ela cumpra sua missão de impulsora do desenvolvimento de
importantes regiões de nosso País.
Parabéns à CEPLAC, aos seus técnicos e ao seu corpo de funcionários pelos
51 anos de trabalho modelo, que fizeram com que esta instituição seja respeitada no
Brasil e no exterior.
Parabéns às lideranças do sul da Bahia que, a exemplo dos Vereadores
Wenceslau Júnior e Luis Sena, do PCdoB de Itabuna, estão erguendo amplo e
vigoroso movimento em defesa da CEPLAC.
Passo a outro assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Na próxima
quarta-feira, 5 de março, o Supremo Tribunal Federal vai julgar a Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADIN) nº 3.510, que contesta a constitucionalidade do art. 5º
da Lei de Biossegurança, que autorizou o uso de células-tronco embrionárias em
pesquisas científicas.
Tenho certeza de que os Ministros da mais alta Corte de Justiça de nosso
País estão cientes da importância e das implicações da decisão que irão tomar
nesse julgamento histórico, que significa a esperança de cura para centenas de
milhares de pessoas.
As células-tronco embrionárias são capazes de se transformar em qualquer
outro tipo de tecido humano, e as pesquisas vão definir, no futuro, a existência ou
não de tratamento para inúmeras doenças degenerativas que atingem a população e
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que hoje são consideradas incuráveis, como mal de Alzheimer, mal de Parkinson,
diabetes e lesões de medula, entre tantas outras.
Respeito as posições de quem contesta a constitucionalidade da lei, mas me
ponho ao lado dos defensores do uso das células-tronco embrionárias, que,
respaldados por renomados cientistas e por um processo de ampla discussão que
precedeu à votação da lei, mostram que essas pesquisas são determinantes para
salvar vidas humanas.
A Lei de Biossegurança estabeleceu que só poderão ser utilizados para as
pesquisas embriões inviáveis ou congelados há pelo menos 3 anos em clínicas de
fertilização, os quais normalmente são descartados após esse prazo.
A fertilização in vitro é um método de reprodução assistida, destinado a
superar a infertilidade conjugal. A fecundação é feita em laboratório, utilizando-se o
sêmen doado e os óvulos obtidos mediante aspiração folicular. A prática médica
consolidada é a de se retirarem diversos óvulos para serem fecundados
simultaneamente. Implantam-se de 2 a 3 embriões fecundados no útero da mãe, e o
remanescente é congelado. A lei em vigor não permite que sejam produzidos
embriões especificamente para a pesquisa; somente os excedentes do processo de
fertilização in vitro podem ser utilizados.
No Brasil, as pesquisas com células-tronco adultas já estão avançadas e
devem fazer parte de receituários médicos dentro em breve. Já as pesquisas com
células embrionárias, liberadas pela Lei de Biossegurança em 2005, só devem
proporcionar algum resultado entre 10 e 30 anos.
Não acredito que o Supremo Tribunal Federal vá ceder às pressões que, a
pretexto de preservar a vida, na verdade impedem que se salvem centenas de
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milhares de vidas. O STF não pode fechar os olhos para o fato de vivermos em um
país onde existem mais de 7 mil doenças genéticas degenerativas, que atingem
mais de 5 milhões de crianças nascidas de pais normais, um país onde os acidentes
produzem 10 mil lesionados de medula todos os anos.
As pesquisas com células-tronco embrionárias são consideradas estratégicas
pela maioria dos países desenvolvidos do mundo, pelo avanço científico que podem
representar. Por essa razão, espero que os Ministros do STF decidam com a mente
voltada para o futuro, presos aos fundamentos técnicos e científicos que respaldam
a legislação contestada e cientes de que milhares de brasileiros vivem com a
esperança de que as pesquisas com células-tronco embrionárias consigam a cura
para seus males.
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O SR. CHICO ALENCAR (PSOL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados e todos os que assistem a esta sessão ou nela
trabalham, diz um conto de Monteiro Lobato que, quando Deus fez o mundo, havia
um lugar onde se acumulavam as belezas naturais a serem distribuídas nos 4
cantos do planeta. Concluída a obra, criação perfeita, percebeu-se que sobrara no
sítio uma demasia de belezas. Como era o sétimo dia, reservado ao descanso, Ele
houve por bem deixar tudo lá mesmo. No Rio de Janeiro, o almoxarifado de Deus.
No chão dos homens, a aspereza, ao contrário, foi a tônica. A primeira
autoridade pública do Rio de Janeiro, Estácio de Sá, foi vítima da violência daqueles
tempos inaugurais, há mais de 4 séculos: morreu de uma flechada desferida por
índios aliados dos franceses, que disputavam contra os portugueses o controle das
exuberantes terras banhadas pela baía de Guanabara. Nascemos como
acampamento militar em guerra, e ninguém estava a salvo na “muy leal e heróica”
cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Por conta da preguiça divina, o carioca pode experimentar a possibilidade
sempre renovada de visões do paraíso. O mar em todas as suas cores e formas, as
montanhas e florestas em recortes e volumes talhados no molde da harmonia.
Os primeiros movimentos da ocupação branca, entretanto, foram destrutivos
do ambiente: manguezais aterrados, morros aplainados (como o do Castelo, que
deu lugar à esplanada), árvores derrubadas, rios poluídos e seus afluentes
desviados.
Os movimentos populacionais fizeram do Rio um burgo de negros, índios e
brancos, mas não havia muitas maravilhas nem alma cantante para quem aqui só
recebia argola, ferro, chicote e pau, em pleno fausto da Corte Imperial.
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A Capital da República Velha colocou o poder oficial a derrubar cortiços e no
encalço de capoeiras, sambistas e grevistas. Era preciso dar ares de portal
capitalista e “moderno” ao que, até então, a elite via, incomodada, como “povoado
africano”. Os pobres eram empurrados para o alto dos morros e para os subúrbios
distantes. A mancha urbana se espalhava e se dividia, as agressões e as reações à
exclusão aumentaram.
Apesar disso, há no Rio um exagero de festas. Aniversário, por exemplo, o
Rio comemora 3 vezes a cada ano. A chegada dos lusos e de janeiro, o martírio do
padroeiro, a fundação oficial, em datas aglomeradas em pleno esplendor do verão,
estação propícia aos folguedos.
Foi no primeiro dia do primeiro mês de 1502 que os portugueses, inebriados,
aportaram no que julgaram ser a foz de um rio maior que o Tejo. Daí nos veio o
nome: Rio de Janeiro. Rio de grito que explode no ar: reveillon! No dia 20 de janeiro,
São Sebastião, na data de seu martírio e ressurreição, nos livrou, em 1567,
milagrosamente, dos calvinistas franceses. Daí nos veio o padroeiro. Dois anos
antes, no primeiro de março de 1565, o capitão Estácio de Sá e seus anônimos
soldados fundaram o acampamento inicial. Daí nos veio o aniversário legal, a ser
comemorado neste fim de semana.
Assim, entre conflitos, devastação e desigualdades — mas também sonhos,
alegrias e amores —, a megacidade completa 443 anos. O Rio é espaço construído,
bela paisagem para uma humanidade machucada, céu e inferno, atração e repulsa,
luta e glória. O Rio de Janeiro continua sendo.
O Rio, cosmopolita e acolhedor, foi desde sempre uma cidade mundial e, ao
mesmo tempo, brasileiríssima. Freqüenta aquele colar de cidades que o mundo
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inteiro conhece, mas se move ao som do pandeiro e do tamborim. Foi vitrine e palco
iluminado para boa parte dos acontecimentos políticos e culturais mais importantes
da nossa história. Foi sede da Corte e Capital da República, e carrega no corpo as
marcas do tumultuário processo político brasileiro. A cultura popular e as tradições
libertárias do seu povo fazem do Rio, apesar do todos os percalços, um lugar de
permanente experimento e criatividade.
Nem tudo, no entanto, são flores. Entre os males contra o Rio, o maior de
todos é a pequena política que, faz tempo, nos governa. Por todos os títulos, um
desastre: social, ético, ambiental, estético e cultural. Não há políticas públicas
participativas e continuadas de segurança, habitação, saúde e educação. A cidade
anda espezinhada na sua beleza e muito maltratada pela crise da política que,
desviada de sua função maior, opera na contramão. Os mercadores do interesse
menor tomaram conta do templo majestoso. Causa espanto constatar que uma
cidade marcada por tamanha vitalidade cultural se deixe aprisionar por semelhante
malha.
O que queremos, na comemoração do seu 443º aniversário, é ver o Rio de
Janeiro reconciliado consigo mesmo. Com sua beleza, com a sua história e com a
alegria inigualável da sua gente. Apesar das mãos atadas e do peito coberto de
flechas, na imagem do Santo Padroeiro há um detalhe salvífico: o olhar mira o futuro
no horizonte. O pulso ainda pulsa: resgatemos, com ativa cidadania, o Rio de
Janeiro!
Agradeço a atenção.
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O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. (PSOL-SP. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o conjunto do funcionalismo
paulista e outras entidades de trabalhadores, como a Intersindical, Conlutas e CUT,
preparam para amanhã, dia 29, às 14h, um ato público em frente ao Palácio dos
Bandeirantes, sede do Governo de São Paulo, para protestar contra os ataques de
Serra, o desmonte do Estado e as privatizações.
Serra anunciou para o dia 26 de março o leilão da Companhia Enérgica de
São Paulo — CESP, a maior privatização desde a entrega do BANESPA. A CESP é
a maior geradora de energia do País, possuí 6 hidrelétricas e foi avaliada em R$6,6
bilhões. Detém importante quadro técnico e tecnologia de ponta para a geração de
energia. Trata-se, portanto, de uma empresa estratégica.
A privatização da CESP vem na esteira de outras privatizações programadas
pelo Governo do Estado, que não poupa nenhuma das estatais paulistas e ainda
inclui 7 rodovias. Entre as empresas listadas estão Nossa Caixa, SABESP,
CETESB, Metrô, CDHU, EMTU e até um instituto de pesquisa como o IPT não
escapa.
O PSOL está em plena campanha contra as privatizações e a destruição do
patrimônio público. Para isso, junto com outros partidos e entidades. vem
impulsionando a campanha Serra Liquida São Paulo, denunciando para o conjunto
da população que, se o projeto do atual Governador obtiver êxito, o papel do Estado
como provedor de serviços públicos de qualidade estará destruído e a população
ficará vítima dos interesses do mercado, pagará serviços caros e de má qualidade, a
exemplo do que já acontece em outras áreas, como a da telefonia.
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Ao vender a CESP, o Governo de São Paulo também estará abrindo mão de
importante instrumento de indução do crescimento econômico. Hoje, a geração de
energia é elemento estratégico para qualquer Governo. Não é à toa que privatização
nesse setor gera tanta cobiça das multinacionais.
O Governo de São Paulo também promove uma série de ataques aos
servidores públicos. Entre as categorias mais atacadas está a dos trabalhadores em
educação. Serra tenta estabelecer a meritocracia e a competitividade entre os
profissionais da área, desviando o foco das atenções. Agora, quem está sendo
responsabilizado pela má qualidade do ensino são os professores e não o Governo
e a falta de investimento em infra-estrutura, salários dignos, materiais didáticos e de
apoio ao ensino, número de alunos em sala de aula etc.
O Governo igualmente libera a terceirização na escola pública, tanto em
material didático e treinamento de professores como na contratação de funcionários.
É a iniciativa privada tomando posse do que é público. Essa lógica se repete na área
da saúde, com as chamadas Organizações Sociais administrando os hospitais e
demais serviços.
A ofensiva das privatizações, terceirizações e precarização dos serviços
públicos é a marca dos Governos tucanos, o que infelizmente vem se repetindo em
relação ao Governo Federal. É preciso barrar esses ataques. É preciso defender
serviços públicos de qualidade, que atendam às demandas do conjunto da
população. É preciso rediscutir o papel do Estado como garantidor do
desenvolvimento econômico com eqüidade social e soberania.
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Saudamos desta tribuna a iniciativa do funcionalismo paulista e das entidades
que o apóiam e estão organizando essa manifestação de resistência no Palácio dos
Bandeirantes.
Hoje, o povo brasileiro sabe muito bem o que são as privatizações, a quem
elas interessam e o impacto que causam na qualidade e no preço dos serviços
prestados e na soberania do País. Por isso, o povo brasileiro hoje é majoritariamente
contra as privatizações. Em que pese à campanha da grande mídia a favor, ele não
aceitará que mais empresas públicas sejam entregues às mãos do capital privado.
Desejo ainda registrar, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que no início
desta semana, exatamente no dia 25, estive presente em importante mobilização
social na cidade de São Paulo.
Integrantes do MST-Acampamento Irmã Alberta realizaram uma vigília em
frente à SABESP — Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, e,
em conjunto com representantes do Fórum de Desenvolvimento Regional de Perus,
ativistas ambientais, membros da Igreja Católica e Parlamentares do PSOL e do PT,
participaram de audiência com o Presidente da instituição, Sr. Gesner Oliveira, para
cobrar da empresa o cumprimento de acordo firmado de desapropriação da área da
Fazenda Itayê, localizada na região de Perus/Cajamar, para a finalidade de reforma
agrária, viabilizando o assentamento das famílias que lá já se encontram há 6 anos.
De forma surpreendente, a SABESP interrompeu uma negociação que
praticamente se encontrava em estágio conclusivo, com compromissos assumidos
pelos ex-Governadores Geraldo Alckmin e Cláudio Lembo, pelo ITESP — Instituto
de Terras do Estado de São Paulo e pelo INCRA — Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária, e anunciou nova destinação à área de sua
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propriedade, que passaria a ser depósito do lodo e resíduos extraídos do leito do Rio
Pinheiros como parte do Projeto de Despoluição do Rio Tietê, financiado pelo BID.
Trata-se de grande e grave retrocesso. As famílias que ocupam a Fazenda há
tanto tempo criaram raízes no local, produzem com seu trabalho, sofrem com as
intempéries, abrigam-se de forma precária em barracos de lona preta, lutam
duramente para alcançar mínimos direitos de saúde, educação e trabalho, já
possuem filhos nascidos no local, recusam-se a aceitar uma decisão tecnocrática de
gabinete que aparece como um verdadeiro raio em céu azul a destruir sonhos e
esperanças de uma vida mais digna.
Da mesma forma, a população do Distrito de Anhangüera, que historicamente
tem sido vítima de danos ambientais (vide as conseqüências para a saúde de seus
moradores do pó da Cia. de Cimento do Grupo Abdalla e da existência do Aterro
Sanitário Bandeirantes) provocados pela ganância dos lucros de empresas
poluidoras e da negligência da atual e de outras administrações públicas que se
recusaram e se recusam a enfrentar o problema, agora é “premiada” com o anúncio
da instalação de mais um lixão, o dos detritos do Rio Pinheiros. Não é possível que
não exista outra solução para a questão.
O MST, os trabalhadores acampados e os representantes das entidades dos
movimentos sociais da região de Perus deixaram claro que não aceitam e não vão
aceitar essa situação e demonstraram a disposição de continuidade da luta pela
efetivação do assentamento na Fazenda Itayê, bem como pela não-instalação de um
novo lixão na região.
Como resultado da audiência, foi agendada uma reunião de trabalho, na
próxima terça-feira, entre todas as partes envolvidas, para analisar os obstáculos
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técnicos e jurídicos alegados pela SABESP, inclusive com referência à definição do
valor de venda da área e também sobre as implicações para com o projeto
financiado pelo BID.
Desta tribuna, fazemos um apelo ao Governador Serra e ao Presidente da
SABESP para uma rápida solução do problema, que haja sensibilidade social e que
o acordo assumido pelo Governo do Estado seja cumprido, buscando-se alternativas
necessárias para o equacionamento dos projetos de saneamento em andamento.
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O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA (Bloco/PDT-AP. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero cumprimentar o Ministro do Trabalho e
Emprego pela sábia decisão de incluir na Internet o Portal da Transparência do
Ministério, mostrando que nada deve à opinião pública, que nada tem a esconder.
Aliás, Sr. Presidente, nós, do PDT, esperamos que essa polêmica com a Comissão
de Ética se encerre o mais rápido possível. Para nós está muito claro que o
Presidente do partido e Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, não descumpriu nenhuma
norma ética da Presidência da República, até porque foi convidado para o cargo.
Nessa ocasião, o Presidente Lula já sabia que Carlos Lupi era Presidente do PDT.
A Constituição prevê que a lei não pode retroagir para prejudicar o direito.
Então, se não havia nenhuma norma proibindo que Presidente de partido assumisse
o Ministério, não é agora que vão querer destituir o Ministro Carlos Lupi.
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O SR. EDINHO BEZ (Bloco/PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é lamentável o ocorrido recentemente no
domingo passado, durante a partida entre o Criciúma Esporte Clube e o Avaí
Futebol Clube pelo campeonato catarinense, no Estádio Heriberto Hülse,.
Mais inadmissível se torna o ato quando a covardia é anônima. Arremessar
contra pessoas pacíficas bombas ou outros artefatos capazes de infligir ferimentos,
ou mesmo provocar a morte, além de ser um ato de vandalismo indiscutível, é crime!
O aposentado de 62 anos vitimado pela bomba de fabricação caseira perdeu
uma das mãos em razão da potência da explosão. A polícia deteve dois suspeitos e
as investigações prosseguem.
Não é de hoje que a violência sem precedentes impera nos estádios de
futebol. Não podemos nem devemos admitir a impunidade. A punição exemplar e
medidas preventivas severas é o que a sociedade catarinense espera das
autoridades.
A exemplo do que as autoridades européias impuseram aos hooligans —
vândalos responsáveis por alguns eventos que entraram para a historia como
tragédias do esporte —, é preciso, indubitavelmente, a imposição de leis severas. As
penas previstas na Europa de até 10 anos de prisão para aqueles flagrados em
brigas e a atribuição de responsabilidade aos clubes pelos atos de sua torcida, além
de centrais policiais dedicadas ao assunto, são algumas das medidas pacificadoras
da violência nos estádios.
Aproveitemos o lamentável ocorrido como medida pedagógica para que
possamos acabar com o câncer do futebol: a criminalidade das torcidas.
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Avançarei na discussão ao propor um projeto de lei específico sobre os
crimes praticados pelas torcidas.
A falta de capacidade dos árbitros no futebol brasileiro tem irritado e
provocado brigas, desordem e desestímulo. Por exemplo, o Presidente do Botafogo
chegou a renunciar em protesto contra isso. Lamento a falta de competência, de
treinamento e de capacidade dos árbitros brasileiros.
Sr. Presidente, solicito ampla divulgação deste pronunciamento.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. ULDURICO PINTO (Bloco/PMN-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, encaminhamos à Mesa a Indicação nº 1.970, de
2008, solicitando ao Ministro da Saúde e ao Presidente da República empenho para
que seja aprovado projeto de lei que fixa o piso salarial dos agentes comunitários de
saúde e dos agentes de combates às endemias, categorias extremamente
importantes para a saúde pública brasileira. Defendemos que lhes seja atribuída
remuneração correspondente a 3 salários mínimos, isto é, R$1.236,00.
Encaminhamos também projeto que prevê a instituição de piso salarial para
odontólogos e enfermeiros no valor de 10 salários mínimos, o equivalente a
R$4.120,00, além das gratificações referentes a insalubridade e periculosidade.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. ÁTILA LINS (Bloco/PMDB-AM. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, volto a falar desta tribuna sobre a implantação
da TV digital em nosso País. Vou me ater a um detalhe que considero da máxima
importância.
Para a TV digital transformar-se em realidade, agora, no seu início, para que
ela chegue aos lares brasileiros e que os atuais televisores analógicos possam ser
aproveitados, impõe-se a aquisição de um pequeno equipamento — o set-top box,
equipamento que converte os sinais da TV digital para os televisores analógicos que
hoje estão nos lares brasileiros. Sem esse aparelho, as televisões atuais não
poderão ter acesso aos benefícios proporcionados pela TV digital.
Abriu-se, assim, a perspectiva de um grande negócio para a indústria
eletrônica.
E mais ema vez o Pólo Industrial de Manaus se faz presente, dá uma
demonstração de que está preparado para atender às demandas do País no que diz
respeito ao avanço tecnológico.
Por várias vezes, o Ministro das Comunicações, Sr. Hélio Costa,
manifestou-se preocupado com a possibilidade de o set-top box chegar ao mercado
com alto preço, exorbitante mesmo. S.Exa. chegou mesmo a defender a produção
incentivada desse conversor em todo o País como forma de barateá-lo.
Assim, caso vingasse a tese do Sr. Ministro, a Zona Franca de Manaus
perderia a condição de centralizar, com exclusividade, a produção do conversor,
como havia sido aprovado pelo Presidente Lula. Para justificar sua intenção de
acabar com essa exclusividade, o Ministro Hélio Costa chegou a alegar que a Zona
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Franca de Manaus não reunia condições para produzir o conversor em larga escala
e que seus preços seriam exagerados, fora do alcance da maioria dos brasileiros.
Os temores, as previsões do Ministro das Comunicações, porém, foram
desfeitas.
A PROVIEX, indústria instalada no Pólo Industrial de Manaus com
investimentos chineses, anunciou na semana passada que vai produzir o set-top box
e colocá-lo à venda nas lojas ao preço de R$299,00, valor equivalente a 170
dólares, que se aproxima da meta idealizada pelo Ministério das Comunicações. Ou
seja, o conversor dos sinais da TV digital para os televisores analógicos, fabricado
em Manaus, vai ter preço ao alcance de todos os segmentos da população
brasileira. Os primeiros aparelhos chegarão em março próximo às lojas de São
Paulo, único Estado onde o sinal de TV digital já está disponível.
A PROVIEX investiu 3 milhões de dólares no desenvolvimento do conversor.
O aparelho é verdadeiramente amazonense. Seu software, design, placas, enfim,
todo o projeto foi desenvolvido em Manaus, em parceria com universidades de
outros Estados.
A fábrica está preparada para produzir 100 mil conversores por mês. As
demais indústrias instaladas no Pólo Industrial de Manaus terão condições de
produzir 6 milhões de unidades por ano.
Portanto, a Zona Franca de Manaus, mais uma vez, dá ao País uma
demonstração de sua capacidade na área da indústria eletrônica.
A decisão do Presidente Lula de centralizar a produção do conversor da TV
digital no Amazonas foi mais do que acertada.
Era o que tinha a dizer, prezados Parlamentares.
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O SR. GERALDO RESENDE (Bloco/PMDB-MS. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, faço questão de demonstrar aqui o reconhecimento à
importância de apoiar, defender e fortalecer as iniciativas empreendedoras dos
profissionais e empresários da área de comunicação, que a cada dia vencem a
barreira da distância e do isolamento para levar aos brasileiros de todos os rincões
informações importantes, que traduzem a realidade do nosso País.
Foi com base nesse raciocínio que decidi reforçar o grupo de Parlamentares
que compõe a Frente Parlamentar de Apoio à Mídia Regional, criada no ano
passado, conduzida com maestria pelo Deputado Vignatti e que vem demonstrando,
ao longo dos meses, a importância da iniciativa, ao realizar encontros, seminários e
trazer à tona problemas enfrentados pelos veículos regionais de comunicação para
garantir que a boa informação chegue todos os dias aos leitores, ouvintes e
telespectadores.
Venho de um Estado de dimensões gigantescas. Só de Pantanal temos, em
território sul-mato-grossense, 210 mil quilômetros quadrados. É natural supor que as
dificuldades geográficas e de deslocamento terminem por aumentar ainda mais a
importância da existência dos veículos regionais de comunicação. Sem eles, nossa
população estaria no mais absoluto isolamento. As decisões do Governo, os fatos
importantes do cotidiano, as ações emergenciais, as campanhas públicas, tudo
levaria mais tempo para ser informado.
Recente levantamento feito pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul
revela o peso da mídia regional: são 13 diários, 73 semanários, 12 emissoras de
rádio na Capital, Campo Grande; 47 emissoras de rádio no interior; 37 rádios
comunitárias; 8 revistas; 15 sites de informação e 9 emissoras de televisão.
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Tenho na minha história de vida estreita relação com a notícia. Guardo boas
lembranças do tempo em que, ainda na adolescência, trabalhava nas oficinas
gráficas na minha cidade de Dourados e com a minha humilde colaboração fazia
chegar a centenas de lares douradenses edições semanais dos jornais Folha de
Dourados e O Progresso. Desde essa época tenho consciência da importância da
mídia regional para o desenvolvimento da sociedade e para a consolidação da
democracia.
Essa luta diária para captar as informações, tratá-las e fazê-las chegar às
comunidades não é tarefa fácil. À medida que o poder da informação cresce,
também crescem as exigências com relação às novas tecnologias que permitam
maior apuro e maior rapidez da notícia. E nós, Parlamentares, protagonistas da
história política do País, temos a obrigação de estar atentos às dificuldades
enfrentadas pelos representantes da mídia regional e apoiá-los em suas
dificuldades.
Por isso mesmo, faço questão de reafirmar meu compromisso de lutar para
que esse segmento tão específico e tão importante para o Estado Democrático
tenha cada vez mais condições de avançar, seja na qualidade tecnológica dos seus
produtos, seja principalmente na qualidade do conteúdo da informação que fazem
chegar aos seus fiéis leitores, ouvintes ou telespectadores, seja na defesa dos
princípios de liberdade e igualdade com que todos sonhamos para o nosso País.
Muito obrigado.
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O SR. GUSTAVO FRUET (PSDB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, registro o falecimento, aos 73 anos, na semana passada, em Curitiba,
do compositor Henrique Morozowicz. Por causa da pronúncia do nome, ele ficou
conhecido por Henrique de Curitiba.
O Gazeta do Povo, On Line, publicou o seguinte a seu respeito:
“A história da família Morozowicz se confunde com
a do Estado do Paraná. O patriarca Tadeu Morozowicz foi
dançarino e coreógrafo na Polônia, e se apresentou
regularmente no Teatro Scala, em Milão. Casado com
uma pianista, imigrou para o Brasil em 1926. Tiveram 3
filhos: além de Henrique, Milena, bailarina e professora de
dança, e Norton, maestro.”
Por muitos anos, Henrique Morozowicz estudou e fez cursos em diferentes
instituições ligadas à música, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Teve
importante participação em várias regiões do Brasil, destacando sua passagem por
São Paulo, Goiânia, Londrina e Curitiba. Especializou-se não só na obra de Chopin,
mas também em outras importantes obras. Realmente foi uma pessoa que marca,
juntamente com a sua família, a história do seu Estado.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
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O SR. GASTÃO VIEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. GASTÃO VIEIRA (Bloco/PMDB-MA. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, trago ao conhecimento desta Casa
e do País documento que recebi das classes empresariais do meu Estado pedindo
uma política mais firme contra invasões que ocorrem em São Luís.
O Porto do Itaqui, complexo mais importante do Estado, teve uma imensa
área invadida. Houve certa omissão do Poder Público quanto a esse problema. A
Universidade Federal do Maranhão já perdeu 60% da sua área para invasões.
Portanto, as classes produtoras do meu Estado têm razão em reclamar de todos nós
uma atitude firme no sentido de encontrarmos uma política para coibir esses abusos.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Ilderlei Cordeiro.
O SR. ILDERLEI CORDEIRO (PPS-AC. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estou encaminhando projeto de lei que altera o
art. 25 da Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002, que trata dos descontos especiais
nas tarifas de energia elétrica aplicáveis às unidades consumidoras classificadas na
classe rural, inclusive cooperativas de eletrificação rural, que serão concedidos ao
consumo que se verifique na atividade de irrigação, aqüicultura e conservação do
pescado no Brasil.
Trata-se de um projeto interessante que ajudará os pescadores que têm suas
cooperativas, o que, com certeza, vai diminuir o custo de energia para aquele grupo
que necessita de mais esse incentivo.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, quero fazer manifestação política de apoio e solidariedade
ao Governador do Paraná, Roberto Requião, do PMDB.
Faço essa manifestação a propósito da campanha que setores da grande
mídia e do próprio Poder Judiciário e do Ministério Público fazem contra o Governo
de Roberto Requião.
Não estou aqui entrando no mérito dessa ou daquela medida de governo.
Estou apenas manifestando apoio e solidariedade a uma liderança política que, ao
longo de sua história no Senado e no Governo do Paraná sempre teve posições
claras, firmes. Com quem trabalha, sempre tem posições solidárias.
Veja bem, Sr. Presidente, nessa campanha que a imprensa nacional divulgou
contra o Governador Requião, a respeito da questão da TV Educativa do Paraná,
que transmitia posições do Governador e palestras no Escola de Governo, foi
omitida uma decisão de Juíza Federal Substituta que garantiu o pleno direito de
manifestação pública do Governador. O que se destacava era a censura, no caso, a
proibição. O que se destacava era a ação penal contra o Governador e não a ação
civil pública, datada de dezembro de 2007, em que a Juíza Tani Maria destaca que o
agente público pode manifestar-se livremente no exercício de suas funções. Claro! A
propósito disso, não representa ofensa a direito, não está proibido de se manifestar.
É possível, sim, em função dessas manifestações, que se aleguem danos morais e
ataques pessoais, mas não foi esse o caso. Ela declara tranqüilamente isso na ação.
Sr. Presidente, esse processo não acontece apenas no Paraná. Existem
vários fatos que mostram que a mistura entre política, imprensa, Polícia, Ministério
Público e Justiça não dá bons resultados. Veja V.Exa. o que acontece, por exemplo,
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com a Igreja Universal, que é criticada numa campanha por entrar com ações em
várias partes do País. Mas os jornais são lidos em todas as partes do País. E pode
entrar. Levanta-se a idéia de que isso é para prejudicar a imprensa. Por que a
imprensa não noticia que ela própria entrou com ação contra o jornalista Luís Nassif,
que inclui em seu blog informações sobre a revista Veja? Por que não noticia que
ela mesma foi condenada no caso da Escola Base e que recorre sucessivamente
em primeira, segunda e terceira instâncias, sabendo que essa condenação ocorre
por consenso? E por que não noticia, por exemplo, o que acontece no livro Bar
Bodega — Um crime de imprensa, do jornalista Carlos Dorneles? Porque são ações
que mostram exatamente essa politização, essa judicialização. Essa relação entre
órgãos do Estado, política e imprensa gera um resultado que, a meu ver, fere os
direitos fundamentais.
A propósito, é importante situar a decisão tomada ontem pelo Supremo
Tribunal Federal. O Pleno do STF decidiu, por maioria, manter a liminar do Ministro
Ayres Britto, mas acrescentou: “Quando se tratar de direitos individuais no que diz
respeito à honra, esses dispositivos podem ser tratados pelo Código Penal”.
Eu sou contra a Lei de Imprensa que veio da ditadura militar. A plena
liberdade de imprensa é um valor fundamental da democracia. E lutei por esse valor,
foi o meu objetivo na Assembléia Nacional Constituinte, inclusive com emenda de
minha autoria. Mas o direito de o cidadão se defender, quando se sentir atingido nos
seus direitos fundamentais, como prevê o art. 5º da Constituição, não pode ficar a
critério desse ou daquele órgão de imprensa. Qualquer cidadão, ao recorrer à
Justiça, está exercendo um princípio democrático, ao defender a sua honra e a sua
dignidade.
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Por isso, Sr. Presidente, ao fazer esta manifestação, que poderia ser objeto
de um debate mais profundo, gostaria de dizer que esta Casa deve realizar um
debate sobre a necessidade de revogar a Lei de Imprensa que veio da ditadura
militar. Mas deve discutir também os novos elementos de pré-condenação, de
execração pública. Muitas vezes, setores da mídia agem com parcialidade. É
fundamental o aprofundamento e o aperfeiçoamento da democracia.
Pretendo, em outros momentos, abordar novamente essa questão e outros
fatos, porque entendo ser importante que esta Casa realize esse debate.
Reafirmo, Sr. Presidente, minha solidariedade ao Governador Roberto
Requião, do Paraná.
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O SR. JOSÉ CHAVES (PTB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o pronunciamento que faço tem o propósito de
manifestar a minha mais profunda alegria pela forma competente e séria com que o
Governador Eduardo Campos administra Pernambuco.
Acrescentaria que é uma administração honesta, limpa e plenamente exitosa.
Isso não é surpresa, apenas uma constatação de quem, desde os idos de 1986,
acompanha a carreira desse brilhante político.
Devo registrar, ademais, que tudo o que foi realizado nesses 14 meses de
mandato advém de detalhada análise da situação vigente no início de 2007 e
produto da reflexão de um governante responsável.
Além disso, as ações executadas apóiam-se em um plano de governo
democraticamente discutido com a sociedade de Pernambuco nos meses que
antecederam as eleições de 2006.
Sr. Presidente, a marca da atuação do jovem Governador é a visão que ele
tem de administração pública, sabedor de que Pernambuco ainda necessita avançar
— e muito! — para reduzir, substancialmente, a iníqua pobreza que atinge a maioria
do seu povo.
Nesse sentido, Eduardo Campos não teve dúvidas, não titubeou e, em todas
as partes do País, colheu subsídios e apreendeu medidas inovadoras para
modernizar a máquina administrativa do Governo.
Na última sexta-feira, após o término da reunião com o seu Secretariado, o
Governador resumiu o novo modelo de gestão do Estado, compondo um plano
estratégico, demoradamente estruturado: “Queremos fazer mais em menos tempo e
utilizando menos recursos”.
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Na oportunidade, Eduardo Campos traçou os caminhos para melhor
“administrar a máquina pública estadual”, esforço que, no próximo mês de abril,
passará a contar com “objetivos estratégicos, metas e prazos”.
E aduziu:
“A integração proposta para este novo modelo de
gestão, que estamos discutindo para Pernambuco, tem
por objetivos gerar mais produtividade, economizar tempo
e recursos e facilitar o processo de planejamento do
Estado”.
Sras. e Srs. Deputados, dentro dessa concepção de modernidade gerencial, o
Governador baseou-se em estudos técnicos do Instituto de Desenvolvimento
Gerencial, instituição que conduziu o Estado de Minas Gerais a auspicioso e positivo
choque de gestão.
Assim sendo, Sr. Presidente, Pernambuco também implantará ações
assemelhadas ao modelo adotado em Minas Gerais, mas que considerem as
peculiaridades do nosso Estado, e centradas em 4 áreas de intervenção.
Por sua vez, essas áreas serão desdobradas em 10 objetivos estratégicos,
abrangendo todas as ações da administração estadual condizentes com o Plano
Estratégico.
Constituirão um eixo norteador à realização das ações selecionadas.
A primeira área de intervenção é a social, composta de 4 grupos de trabalho,
preocupação básica de Eduardo Campos e bandeira histórica empunhada há mais
de 50 anos pela Frente Popular de Pernambuco que, por 3 vezes, elegeu Miguel
Arraes de Alencar: Trata-se de:
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- melhorar a qualidade da educação e ampliar o seu acesso para todas as
camadas da população, sobretudo as mais pobres, e valorizar a cultura;
- melhorar a atenção à saúde, cujos órgãos gestores terão de se estruturar
para o atendimento integral à população;
- prevenir e reduzir a violência; e
- promover a cidadania e aumentar a empregabilidade, com vistas a reduzir
as desigualdades socioeconômicas.
Em segundo lugar, o Plano Estratégico destaca a área econômica, dividido
em 2 grupos de trabalho, visando a:
- estruturar e modernizar a base científica, tecnológica e ambiental; e
- implantar empreendimentos estruturadores, além de fortalecer as cadeias e
arranjos produtivos.
A terceira área é a de infra-estrutura, com 2 objetivos específicos:
- universalizar o acesso à água potável e ao esgotamento sanitário e melhorar
as condições habitacionais; e
- aumentar e qualificar a infra-estrutura para o desenvolvimento.
A quarta e última área é a de governo e finanças, dividida em 2 grupos. O
primeiro está encarregado de cuidar do equilíbrio entre receitas e despesas públicas,
e o segundo, de valorizar o servidor e aumentar a capacidade de implementação de
políticas públicas.
Sras. e Srs. Deputados, o elenco de intervenções planejadas pelo
Governador Eduardo Campos não tem similar na história recente de Pernambuco.
Caracteriza a modernidade sem fantasias, sem rompantes de “salvador da
pátria”, sem populismo, mas fruto de uma visão de longo prazo, que veio para ficar.
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Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, essas são as boas novas
que, no último dia 22, foram anunciadas para o povo de Pernambuco, com quem me
congratulo e me solidarizo.
Parabéns ao Governador Eduardo Campos, à sua brilhante equipe de
Secretários e ao incansável Vice-Governador João Lyra Filho.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. HOMERO PEREIRA (PR-MT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, quero parabenizar o Senado Federal pela sessão solene
realizada hoje em homenagem ao saudoso Senador Jonas Pinheiro, do meu querido
Estado de Mato Grosso.
O Senador Jonas Pinheiro, em mais de 26 anos de vida pública, teve uma
conduta ilibada, cuja bandeira foi a defesa da agricultura e da pecuária de Mato
Grosso e do País. S.Exa. deixa um legado de honradez, de moralidade, de
dignidade no trato da coisa pública. Portanto, o Senado Federal fez hoje uma justa
homenagem ao Senador Jonas Pinheiro.
Queremos, aqui, da Câmara dos Deputados, associar-nos a essa
homenagem ao Senador Jonas Pinheiro, que exerceu 3 mandatos como Deputado
Federal, e registrar o fato nos Anais da Casa. Queremos também enviar o nosso
abraço a toda a sua família.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, refiro-me agora ao manifesto que
requeri fosse inserido nos Anais desta Casa, intitulado O Nortão reage.
Lideranças de todo o norte de Mato Grosso reuniram-se semana passada no
Município de Colíder e fizeram um diagnóstico da difícil situação por que passa
aquela região. São enormes as desigualdades regionais. Gostaríamos que aquela
região também tivesse os olhos de outros Ministérios, como os dos Transportes, da
Educação, da Saúde. Hoje, o Ministério que mais atua naquela região é o do Meio
Ambiente, e também a Polícia Federal. É como se toda a atividade produtiva
daquela região estivesse à margem da lei, o que não é verdade. Para aqueles que
estão à margem da lei, aplica-se a lei.
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Não podemos condenar uma população de mais de 500 mil pessoas que
moram naquela região como se estivessem totalmente à margem da lei, sobretudo
no tocante às questões ambientais.
Muitos que para lá foram o fizeram na época do famoso jargão Integrar para
não entregar. Daí ocuparam a Amazônia mato-grossense. E o ser mais importante
do meio ambiente que vive ali é o ser humano, e esse ser humano tem de ter
dignidade e acesso ao conforto tanto quanto os outros irmãos do sul do País.
Comunico que pedi a inserção nos Anais da Casa de pronunciamento do
Prefeito Municipal de Colíder, Celso Banazeski. Nesse discurso, o Prefeito faz todo
um diagnóstico da preocupação que todos têm com a perda de investimentos neste
momento. Ninguém mais quer mudar-se para aquela região, que tem gente, escolas
e hospitais. Tem de haver governança na região. Aqueles que porventura estejam
degradando a floresta e não produzam em harmonia com o meio ambiente devem
ser punidos.
É perfeitamente possível compatibilizar desenvolvimento com preservação.
Precisamos preservar, sim, mas temos de produzir também. É isso que estamos
tentando fazer em Mato Grosso sob a liderança do Governador Blairo Maggi.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, participei ontem de audiência no
Ministério das Relações Exteriores. Na ocasião, pude expor as preocupações da
bancada que defende o setor pecuário. No momento, o Brasil está passando por
uma situação vexatória, por todo esse imbróglio com a Comunidade Européia.
Não podemos admitir que apenas 106 propriedades estejam aptas a exportar
carne para a Comunidade Européia, como se os consumidores brasileiros fossem de
segunda categoria. Temos de reverter esse quadro o mais rapidamente possível. O
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Brasil tem de fazer valer a sua posição, sob pena de perder outros mercados. Afinal
de contas, o País exporta para outras 180 nações. O Brasil é o maior exportador de
carne bovina do mundo. Não nos podemos curvar às exigências da União Européia,
que importa apenas 3% da nossa carne.
Temos de abastecer o mercado interno, gerar excedentes exportáveis, ganhar
outros mercados e retomar nossa soberania nas relações comerciais, principalmente
com a União Européia.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.
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O SR. CARLOS ABICALIL (PT-MT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, é com grande satisfação que venho à tribuna para anunciar
que, a partir de hoje, o Estado de Mato Grosso contará com o programa federal
Territórios da Cidadania.
Implantado na última segunda-feira, o programa vai destinar 439 milhões de
reais para investimentos em Mato Grosso. Os recursos, já definidos e orçados pelo
Governo Federal, serão aplicados em ações de apoio a atividades produtivas, de
cidadania e desenvolvimento social e à infra-estrutura.
O Portal da Amazônia e o Baixo Araguaia estão entre os 60 territórios que
serão atendidos em todo o Brasil nesta etapa do programa. O investimento total
previsto para este ano nos 60 territórios é da ordem de 11,3 bilhões de reais e
contempla 135 ações de 15 Ministérios.
Com o programa, serão ampliadas ações de assistência técnica e
infra-estrutura de assentamentos rurais, para agricultores familiares e pescadores,
além de programas como o PRONAF, o Luz para Todos, o Bolsa-Família, o Saúde
da Família, o Farmácia Popular e o Brasil Sorridente.
O Territórios da Cidadania vai estimular o desenvolvimento regional e
assegurar direitos sociais em regiões que mais necessitam, com a integração de
ações dos Governos Federal, Estaduais e Municipais e participação da sociedade.
Na última terça-feira, à tarde, a partir das 14h, eles participaram de uma
videoconferência direta de Brasília, na qual o Governo Federal apresentou as
diretrizes do programa. No mesmo dia, os integrantes do Colegiado Territorial do
Portal da Amazônia, com a presença de representantes do Governo Federal,
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começaram a definir o Plano Territorial e o calendário de implementação das ações
previstas pelo programa no território. Essa etapa será concluída até o final de abril.
Portanto, quero mais uma vez destacar a presença do Governo Federal em
ações de infra-estrutura, preservação ambiental, desenvolvimento sustentável, bem
como outros programas voltados à população.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de aproveitar a ocasião para
parabenizar a iniciativa pública do Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e
Desenvolvimento — FORMAD. Em nota, a entidade explicita o apoio ao Ministério
do Meio Ambiente — MMA, à Ministra Marina Silva e às medidas contidas no
Decreto nº 6.321, de 21 de dezembro de 2007, que estabelece medidas para
desacelerar o desmatamento na Amazônia.
De acordo com a nota pública, entre as medidas anunciadas, destaca-se a
criação da lista dos municípios que mais desmatam, a atualização cadastral de
propriedades rurais para fins de monitoramento do desmatamento e o incentivo à
produção sustentável.
A sociedade mato-grossense precisa perceber que os setores ruralistas mais
descontentes com o MMA e a Ministra são os que querem continuar desmatando
mais do que o permitido por lei, lutam para diminuir a área de reserva legal. São os
que insistem em praticar o corte raso da floresta para praticar agricultura numa zona
que é destinada ao manejo florestal. Essa porção da sociedade se beneficia, em
detrimento dos graves problemas ambientais que afetam toda a população de Mato
Grosso, do Brasil, do mundo e atrapalha fortemente o setor produtivo que quer atuar
regularmente, dentro da lei.
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O FORMAD conclui o documento declarando que, apesar dos protestos de
alguns setores de Mato Grosso, atesta que grande parte da população do Estado
também está em defesa da Ministra. Os ataques pessoais que a mídia vem
repercutindo vem de setores predadores e não dos produtores responsáveis que,
em parceria com órgão do Estado brasileiro e com a bancada federal, vêm agindo
proativamente.
Não há dúvida de que a iniciativa dessa entidade demonstra claramente a
correta interpretação do decreto. Esse decreto tem provocado inúmeras
interpretações sobre sua intervenção na economia regional e nacional, gerando
inclusive falsas expectativas de que, no norte do meu Estado particularmente, há
estado de ânimo próximo ao pânico e ao terror. Alardeia-se na região que 19
municípios recentemente listados a partir de relatórios do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais — INPE, associados a mais 17 de outros Estados,
notadamente do Pará, somando um arco de 36 municípios, estariam com atividade
econômica totalmente embargada.
Essa é uma inverdade daqueles que interpretam o decreto de maneira
errônea e, como disse, disseminam idéias de reação desorganizada, ao mesmo
tempo potencializada por algumas lideranças locais, podendo causar enorme
prejuízo àquilo que é o fundamental objetivo do decreto, que não se trata, de
maneira alguma, de travar o desenvolvimento ou impedir que o setor produtivo tenha
suas atividades dentro da regularidade que é exigida pelo Direito brasileiro e que
naturalmente coloca como contrapartida a obrigação de o Estado conhecê-la,
monitorá-la, certificá-la e autorizá-la, conforme já afirmamos no discurso do dia 19 de
fevereiro, no Grande Expediente, neste plenário.
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Há cooperação com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente — SEMA,
propiciando as condições para que os pequenos e grandes produtores que
aceitaram o monitoramento ambiental ali estejam operando legalmente e possam
produzir com tranqüilidade. É isso que o nosso Estado, os produtores e os cidadãos
que foram para a Amazônia mais desejam.
Trata-se de uma nova pactuação federativa — isso já é notado em nosso
Estado — para fazer com que os municípios também sejam responsáveis pelo
desenvolvimento ambiental, também se engajem no acompanhamento e no
desenvolvimento sustentável, em projetos que incluam as proposituras que
conciliam desenvolvimento econômico com inclusão social, com sustentabilidade, ao
mesmo tempo fazendo com que a mobilização local seja um fator preponderante
para que a atividade legal, a atividade reconhecida, a atividade formal desses
produtores, seja reconhecida, em benefício das pessoas, das cidades, do meio
ambiente e da vida no planeta.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito a oportunidade para
informar que daqui a alguns minutos iniciaremos uma reunião na FUNAI para discutir
a implantação da PCH Paranatinga II. E debateremos com parte da população do
Xingu a desobstrução da área e o prosseguimento das obras, tendo em vista que
aquela PCH cumpriu todos os procedimentos legais e formais no que diz respeito ao
licenciamento ambiental, operação que desonerou 4 municípios de Mato Grosso de
queimarem 16 milhões de litros de óleo diesel por ano. Portanto, o efeito ambiental
foi altamente positivo para aquela região da Amazônia.
Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que seja autorizada a divulgação deste
pronunciamento nos meios de comunicação da Casa.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Vou conceder a palavra à ilustre
Deputada Jusmari Oliveira. Antes, porém, parabenizo S.Exa. pela maneira correta
com que conduziu todo esse processo que culminou em sua absolvição, por
unanimidade, pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Deputada Jusmari Oliveira, as minhas homenagens e os meus cumprimentos
a V.Exa. pela altivez com que defende o seu Estado e os mais sagrados interesses
do País.
Com a palavra a Deputada Jusmari Oliveira.
A SRA. JUSMARI OLIVEIRA (PR-BA. Sem revisão da oradora.) - Sr.
Presidente, V.Exa. me deixa emocionada com essas palavras.
Agradeço ao povo da Bahia que me elegeu para cumprir o mandato e não
para sofrer processos judiciais e ter de reconquistá-lo. Deus é fiel, e a Justiça
brasileira mostrou exemplarmente que reconhece a luta de quem trabalha e faz uma
política séria em benefício do seu povo.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna homenagear um
lugar e um povo com os quais mantenho uma relação muito especial. Por 3 vezes fui
ali a Deputada Estadual mais votada, a Deputada Federal mais votada, com quase a
unanimidade dos votos colocados nas urnas. É uma relação não só de Deputada,
mas de amiga; é uma relação de convivência, de cidadania, de irmandade.
Refiro-me ao Município de São Desidério, situado na região oeste da Bahia, que,
com seu povo, abraçou-me pela primeira vez em que eu, saída do sul do País,
busquei a Bahia como um lugar para morar, para viver e para conquistar uma vida
digna.
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Foi a minha primeira morada na Bahia, o Município de São Desidério, todos
sabem, na localidade de Buriti Seco. São Desidério, por meio das suas lideranças
políticas, às quais homenageio nesta tarde, proporcionou-me o privilégio de uma
parceria de trabalho e de luta; deu-me a oportunidade de participar de um dos mais
lindos processos de transformação socioeconômica e político-administrativa de um
território municipal do nosso País, o Brasil.
O Município de São Desidério, no último dia 22, completou 46 anos de idade.
Ao homenageá-lo, não serei justa se não citar a liderança responsável, o homem
responsável — personalizo, sim, esta homenagem — que começou esse processo
de transformação e que me deu a oportunidade de, com ele e todo o seu grupo
político, traçar novos caminhos e uma nova realidade para esse município. Eu
homenageio o povo de São Desidério, os homens e as mulheres, na pessoa do
ex-Prefeito e atual Secretário de Obras daquela cidade, o Sr. João de Souza
Sobrinho, popular, amigo e irmão Zito.
Com Zito, Sr. Presidente, São Desidério conheceu e experimentou uma nova
realidade. Há 12 anos, era um dos maiores municípios em extensão territorial da
Bahia, mas abrigava uma das maiores misérias, um dos maiores desleixos, um dos
maiores abandonos, principalmente na zona rural. Quando Zito assumiu a Prefeitura,
S.Exa. traçou uma nova realidade, determinou com muita capacidade e com muita
coragem a transformação da realidade de todos os são-desiderianos.
São Desidério, que era conhecido como o campeão de analfabetismo, é hoje
conhecido como o maior produtor brasileiro de algodão, como o maior produtor de
soja do Norte e do Nordeste e também como o maior produtor de milho do Nordeste
no País.
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Hoje, São Desidério vive e apresenta para o Brasil seu potencial turístico por
meio das suas riquezas naturais que só se tornaram conhecidas depois desse
trabalho, depois dessa demonstração de amor do Prefeito Zito e do seu grupo
político por aquele município. As minhas ações como Deputada Estadual e como
Deputada Federal junto àquele povo bravo e corajoso também só foram realmente
reconhecidas depois desse trabalho.
Em nome do ex-Prefeito Zito, quero homenagear a minha terra, São
Desidério, da qual sou cidadã, hoje, por decisão unânime dos Vereadores da
Câmara Municipal daquela cidade, o que muito me orgulha.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desejamos que São Desidério
prossiga a luta e o trabalho que o transformaram, o que está tendo continuidade por
intermédio do tão competente Prefeito Arnon Pereira Lessa, do Vice-Prefeito, seu
companheiro, João Neres, o Nerito, e dos Vereadores. Menciono o meu querido
amigo Camarão, Zezito, Manoel Bega, Reginaldo, Zé Barbosa, Devanir, Gerson da
Coelba, Zé Padeiro e Edivaldo.
Com certeza, Deus nos dará sabedoria para continuarmos a luta e
mostrarmos ao Brasil que São Desidério, além de muita terra, tem muita gente de
coragem e de força para contribuir com o desenvolvimento deste País e,
particularmente, da Bahia.
Parabéns, São Desidério! Deus o abençoe! Orgulho-me de, como Deputada,
representar seu povo.
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O SR. EDIGAR MÃO BRANCA (PV-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, Sras. e Srs. Deputados, minha Bahia,
quero dizer, a título de informação a determinadas pessoas, que sou Deputado pelo
PV, partido que tem como Presidente Nacional o nosso querido José Luiz de França
Penna, o poeta Penna; como Líder, o Deputado Sarney Filho, carinhosamente
conhecido como Zequinha Sarney. Sua bancada é formada por 14 Deputados,
sendo 2 da Bahia, 4 de Minas Gerais, 5 de São Paulo, 1 do Rio de Janeiro, 1 do
Maranhão e 1 de Rondônia.
Venho a esta tribuna hoje elogiar o Presidente Lula. Isso pode parecer meio
piegas ou pode dar a entender que eu queira fazer uma média com o PT. Não é
isso. A propósito, minha média não está muito boa com o meu Governador, do PT,
na Bahia. Apesar de ter completado 1 ano como Deputado nesta Casa, ainda não
consegui uma audiência com S.Exa.
Aproveito a oportunidade para, a respeito desse assunto, chamar a atenção
do nosso querido Secretário Rui Costa, do SERIN, do Deputado Valdenor Pereira,
que é Líder do Governo na Assembléia, e até mesmo do nosso querido Deputado
Walter Pinheiro, líder da nossa bancada nesta Casa.
Isso me preocupa porque, como músico, estou nos palcos todos os finais de
semana — graças a Deus —, e fico sem poder levar o recado desse povo ao
Governador. Mas sei que vamos, por intermédio dos nossos amigos, conseguir falar
com o Governador. Temos muitos recados para V.Exa., Governador.
Vou elogiar o Presidente Lula. Antes, porém, preciso dizer a todos que quem
me trouxe a esta Casa foi o pobre, as pessoas humildes, as pessoas da roça que
viram nesta figura a capacidade de defendê-los aqui neste lugar tão sagrado e
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poderoso, a tribuna. Não tive apoio de Prefeito ou Vereador, mas nem por isso deixo
de defender os interesses dos municípios do meu Estado. Sendo mais objetivo, eu
diria que meu salário de Deputado hoje representa o dobro do que gastei na minha
campanha política. Por isso, fico muito à vontade para fazer esse elogio. Sempre
digo aqui: que os ricos continuem ricos, mas que os pobres jamais permaneçam na
miséria.
Meu elogio ao Presidente Lula é relativo ao lançamento do Programa
Territórios da Cidadania, no dia 25 próximo passado, que beneficiará, só neste
primeiro ano, cerca de mil municípios em todo o Brasil, com investimentos da ordem
de 11,3 bilhões de reais.
Com uma filosofia de reunir, de concentrar cerca de 135 ações de
desenvolvimento regional e de garantia de direitos sociais — antes pulverizadas em
vários programas — nos territórios que apresentam os menores Índices de
Desenvolvimento Humano (IDH), certamente o Programa Territórios da Cidadania
despertou, em todas as comunidades que serão beneficiadas, o mais nobre
sentimento e a esperança num futuro melhor.
Indica, como grande diferencial em relação a outros programas sociais, a
proposta de não se restringir a enfrentar os problemas específicos com ações
dirigidas, mas sim a de combinar diferentes ações de vários programas, objetivando
a redução das desigualdades sociais e a promoção do desenvolvimento sustentável.
Parabéns, Presidente Lula, pelo seu novo programa de atendimento ao povo
pobre deste Brasil. Vejo, contudo, coisa errada em seu Governo. A burocracia, que
emperra a máquina estatal, por exemplo, é uma trava que incomoda a todos. A
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violência exigiria ações mais incisivas de seu Governo, a meu ver. Mas o que o
senhor tem feito pelo povo brasileiro sofredor deste País merece aplausos sempre.
Esse programa recentemente lançado foi xingado pela Oposição, que o
tachou de “eleitoreiro”. Disse isso quem foi criado à base de Toddy. E político criado
com Toddy não se sensibiliza com problema de pobre.
Presidente Lula, quem lhe fala é um brasileiro, baiano de Macarani, que um
dia se deparou com ela, a fome!
Quando somos crianças, não sentimos o tamanho da tragédia, até brincamos
com a situação. Demorei para perceber o que era aquilo e entender o motivo das
lágrimas dos adultos que me cercavam. A fome é a fome! Além de causar
subnutrição, inanição e um monte de doenças, humilha e decepciona a todos.
Considero uma das situações mais cruéis por que pode passar um ser humano. Por
isso, todo aquele que trabalha para evitar que o brasileiro passe fome e diminua a
desigualdade social tem o meu apoio e a minha admiração.
Assim, Presidente Lula, gostaria de parabenizá-lo por mais essa iniciativa,
que certamente contemplará as camadas mais carentes do nosso País e, de forma
especial, da minha Bahia.
Que os ricos continuem ricos, mas que os pobres jamais permaneçam na
miséria!
Obrigado.
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O SR. CHICO D’ANGELO (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, no dia 20 de fevereiro próximo passado, participei de
audiência com o Superintendente de Serviços Públicos da ANATEL, Dr. Gilberto
Alves, juntamente com várias lideranças dos municípios da Região dos Lagos,
Estado do Rio de Janeiro. Durante a audiência, solicitamos a inclusão desses
municípios na modalidade de tarifa local das ligações telefônicas entre os Municípios
de Saquarema, Araruama, Arraial do Cabo, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia,
Cabo Frio e Búzios.
Tendo como base os critérios de continuidade urbana utilizados pela
ANATEL, os Srs. André Mônica, de Araruama, William Rangel, de São Pedro da
Aldeia, e o Vereador Reginaldo Mendes, de Arraial do Cabo, entre outros,
apresentaram os argumentos de sustentação do pleito, convencendo o
representante da agência da necessidade e da importância de fazer nova análise
sobre as tarifas. Tal medida terá, objetivamente, impacto direto na economia da
região, o que é muito importante do ponto de vista turístico, e beneficiará
enormemente a população que vive e trabalha naquelas cidades.
É importante registrar o empenho do Presidente da Câmara Municipal de São
Pedro da Aldeia, Vereador Chumbinho, que se tem empenhado na solução desse
problema.
Em nome dos representantes dos municípios da Região dos Lagos, no Rio de
Janeiro, agradeço ao Superintendente Gilberto Alves e a toda a equipe da ANATEL
a forma competente e objetiva com que conduziram a reunião.
A meu ver, iniciativas como essa vêm objetivamente na lógica da
compreensão do Governo Lula, que trabalha com a perspectiva de inverter
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prioridades. Hoje, a própria ANATEL reconhece que aqueles municípios estão
dentro de critérios estabelecidos e são contíguos. Esperamos que, em breve espaço
de tempo, todos esses municípios da Região dos Lagos parem de pagar a tarifa de
DDD. A ANATEL está, neste momento, fazendo a análise.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.
e Srs. Deputados, na segunda-feira passada, o Presidente Lula, junto com vários
Ministérios, entre os quais o do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, lançou
o Programa Territórios da Cidadania.
Fiquei surpreso de ver a reação do PSDB e do PFL, que agora quer ser
chamado de Democratas, em relação a esse programa. Eles entraram com uma
ação no STF contra o Programa Territórios da Cidadania. Ora, é o tipo de ação que
o PSDB e o PFL, que quer ser chamado de Democratas, fazem justamente para
prejudicar os pobres do nosso País. Não há outra intenção.
O Brasil é desigual. Fazendeiros, que eles defendem, grilaram terras,
pegaram dinheiro emprestado de Governos e nunca pagam, ficam sempre adiando o
pagamento; capitalizaram-se com esse dinheiro, com esses recursos, investiram em
tecnologia, acumularam riqueza, terra e poder. Já os pequenos da agricultura
familiar nada tiveram.
No Governo do Presidente Lula, criou-se o Programa Luz para Todos, para
levar o mínimo de tecnologia para a agricultura familiar. Desenvolveram-se estudos
no campo que mostram que há regiões pobres, com baixo IDH, há regiões onde os
agricultores não têm condições de investir e vivem do Bolsa-Família, há regiões que
têm déficit de alimentação. Ou seja, a população é desnutrida e tem déficit de
infra-estrutura, de educação e de saúde. Baseado nesses déficits, foi criado um
mecanismo de superação, o Programa Territórios da Cidadania.
No meu Estado, Paraná, foram criados 2 territórios: um, que é mais ou menos
um triângulo, fica entre os Rios Cantu, Pequeri e Iguaçu; o outro fica no Vale do
Ribeira.
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O Vale do Ribeira é centenário. Até hoje ninguém havia asfaltado a estrada
federal. Os Governos Estaduais alegavam que era federal e não realizavam a obra.
Nem Fernando Henrique o fez nos seus 8 anos de Governo. O Presidente Lula
coloca asfalto na BR, leva luz para aquela região pobre, propõe os Territórios da
Cidadania, e o PSDB e o PFL, que quer ser chamado de Democratas, são
contrários.
O outro Território da Cidadania, localizado no triângulo entre aqueles 3 rios,
tem baixíssimo IDH.
Ora, o que querem esses partidos? Querem fazer a defesa da desigualdade,
querem que o trabalhador da agricultura familiar continue pobre, sem tecnologia,
sem infra-estrutura, sem condições de superação da pobreza, querem favorecer os
fazendeiros, os grileiros de terra, aqueles que já estão ricos por benesses do
Estado.
O Programa Territórios da Cidadania tem os seguintes temas: organização
sustentável da produção, ações fundiárias de regularização, educação e cultura,
direito e desenvolvimento social, saúde, saneamento e acesso à água, apoio à
gestão territorial e infra-estrutura. Programas levarão aos Territórios da Cidadania
condições para que possam superar a vida de pobreza e de miséria que levam hoje.
O PSDB e o PFL, que quer ser chamado de Democratas, querem que esse
povo continue pobre, miserável e pedindo esmola. Ali, com esse povo desinformado,
eles podem buscar o seu curral eleitoral. Alegam, como já ouvi em discursos neste
plenário, que Lula está levando esses programas a Prefeituras do Partido dos
Trabalhadores. Mentira! No Vale do Ribeira, o PT não administra nenhuma das
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Prefeituras. Dentre todos os municípios contemplados nos 2 Territórios, que incluem
mais de 20 municípios, o PT administra somente 3 Prefeituras.
Querem repetir essa mentira mil vezes para que ela se torne realidade. Isso
não acontecerá, porque esse povo atendido pelo Programa Territórios da Cidadania
sabe o que está sendo feito e saberá reconhecer que sua libertação da pobreza e da
miséria acontecerá devido a ações governamentais contra as quais se insurgiram o
PSDB e o PFL.
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O SR. OSMAR SERRAGLIO (Bloco/PMDB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na condição de Deputado pelo noroeste do
Paraná, faço um triste e necessário registro.
Participei, no penúltimo domingo, da cerimônia de sepultamento do
ex-Deputado Federal Alexandre Ceranto, em Umuarama, no Paraná.
Poucas vezes vi ou senti tamanha comoção. Ao som da banda de música
local, uma legião de admiradores esteve presente no velório e no sepultamento
desse homem admirável, cuja história fica como legado para todos que o
conhecemos e como referência para os que não tiveram e não terão esse privilégio.
Quanto a mim, perco um amigo. O Partido da Social Democracia Brasileira
perde um guerreiro incansável. Umuarama e o Brasil perdem um empresário
aguerrido e um homem público do mais alto quilate.
Alexandre Ceranto era paulista, mas fixou-se em Umuarama já em 1959. Na
cidade, foi empresário pioneiro, exemplo de ousadia e eficiência, responsável pela
instalação do primeiro frigorífico, o Frigorífico Umuarama, que alienou recentemente.
Ao morrer, deixa órfão o PSDB local e penalizados até mesmo seus
adversários políticos, pois, como homem público, respeitou e foi respeitado, sempre.
Soldado acostumado a muitas guerras, como ele mesmo disse, minutos antes
de submeter-se a delicada cirurgia cardíaca que lhe custaria a vida, no sábado, dia
16 de fevereiro, Ceranto deixa um legado inestimável, de uma vida ímpar, registrada
na história de sua cidade, de seu partido, de seu Estado, de seu País.
Em 73 anos de vida, portou-se como ser humano digno e homem público
exemplar, voltado sobretudo para os mais carentes, o que lhe rendeu o apelido
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carinhoso de “Pai dos Pobres”, em Umuarama, cidade de que foi Prefeito entre 1989
e 1992.
Em sua gestão, recebia os munícipes no auditório da Prefeitura. Ali ouvia o
clamor da sua gente, ali tomava as decisões.
Como gestor municipal, abdicou da prática de erguer obras monumentais,
para edificar melhores condições de vida para a sua gente.
Em seu tempo, os postos de saúde funcionavam com a precisão de um
relógio suíço. Ele, pessoalmente, fiscalizava o atendimento dos centros de saúde,
conversava com as pessoas na fila, checava estoques de remédios, enfim, fazia da
saúde a prioridade em seu governo.
Como patriota, implantou, em todas as escolas municipais, o canto,
diariamente, do Hino Nacional. Sua lei era para todos e sua solidariedade era
sempre maior para com os menos favorecidos.
Além de Prefeito, ocupou com galhardia os cargos de Deputado Estadual, nos
anos de 1987 e 1988, e foi suplente de Deputado Federal, assumindo a cadeira
entre 1995 e 1997.
Sua breve estada nesta Casa serviu para deixar aqui as marcas de um
homem público singular, orgulho de todos os que com ele conviveram e referência
para tantos quantos desejem espelhar-se na conduta de um homem probo, como
aliás deveriam ser todos aqueles que se atrevam a ostentar a condição de
representantes do povo.
A retirada de sua candidatura a Deputado Federal, em 1998, permitiu que me
elegesse e possibilitou à região noroeste do Paraná contar com um representante na
Câmara dos Deputados.
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Nas últimas eleições, ele e seu genro, Deputado Estadual Nelson Garcia,
atual Secretário de Estado do Trabalho, no Paraná, cerraram fileiras comigo,
orgulhando-se com seu apoio.
Fica, pois, o meu lamento, pela falta do amigo, e fica o registro desta Casa
pela perda do homem público que foi Alexandre Ceranto, rogando a Deus que
console os seus familiares e os tantos amigos e admiradores que o pranteiam.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. EDIO LOPES (Bloco/PMDB-RR. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, coube-nos a honra de ser designado para
presidir a Comissão que tem por incumbência dar parecer a um projeto de lei que
visa a regulamentar a mineração em terra indígena no Brasil, ao lado de tão
extraordinárias figuras desta Casa, dentre as quais destacamos o ilustre Deputado
rondoniense Eduardo Valverde, do Partido dos Trabalhadores, a quem compete a
relatoria dessa Comissão.
Desde o primeiro momento, sabíamos que nos fora entregue uma das mais
difíceis missões desta Casa, haja vista as divergências que se dirigem a esse
trabalho que nos propusemos a fazer. Contudo, em nenhum momento, mesmo
sabendo dos interesses conflitantes, imaginávamos que esta Comissão poderia ser
objeto de tão baixo nível de tratamento, justamente daqueles que mais deveriam
estar dando apoio a essa Comissão.
Sras. e Srs. Deputados, há cerca de 10 dias, em uma missão de contato e
trabalho, em que buscávamos colher subsídios para enriquecer os trabalhos da
Comissão, fomos aos Estados de Rondônia, Amazonas e Roraima.
Em Roraima, estivemos nas terras indígenas dos ianomâmis, particularmente
em 2 localidades: Surucucu e Auaris. Lá, a Subcomissão por mim presidida contou
com a presença do ilustre Relator, Deputado Eduardo Valverde, ao qual já me referi
no início da minha fala, e dos não menos importantes Deputados João Almeida, da
Bahia, e Marcio Junqueira, do meu Estado. Na comunidade do Auaris, cerca de 200
indígenas esperavam essa Comissão na cabeça da pista de pouso do pelotão do
Exército localizado naquele sítio.
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Após conversarmos, interagirmos, ouvirmos e colhermos subsídios
interessantes, eis que, ao retornarmos aos nossos trabalhos nesta Casa, fomos
surpreendidos por entrevistas e por uma nota pública expedida pelo Fórum em
Defesa dos Direitos Indígenas, presidido pelo índio, muito conhecido em Roraima,
Davi Yanomami. E ele começa a nota dizendo que repudia o autoritarismo, as
tentativas de persuasão, a chantagem e a coação praticados pela Comissão naquela
localidade.
Ora, Sr. Presidente, as acusações que aquela liderança indígena imputa a
essa Comissão são por demais graves para que as deixemos passar em segundo
plano.
Primeiro, não houve autoritarismo em nenhum momento por parte dessa
Comissão. Quando lá chegamos, discutimos, ouvimos e falamos da maneira como
deve ser o fino trato desta Casa.
Também em nenhum momento houve tentativa de persuasão, mesmo porque
a Comissão não trata da questão pontual de mineração em terra indígena, como se
ali estivéssemos a pedir ou não autorização a quem quer que seja.
E coação talvez seja uma palavra por demais pesada para aquela liderança
indígena imputar a essa Comissão, porque, em nenhum momento, mesmo pelos
nomes que ali estavam, poderíamos cometer tal estapafúrdio. É algo impensado,
irresponsável.
Mas digo tudo isso, Sr. Presidente, para chamar a atenção desta Casa para a
gravidade de fatos e atos que ocorrem na Amazônia brasileira sem que este País se
atente em acompanhá-los. Sabemos que ali existe um sem-número de estrangeiros,
de brancos e até de lideranças indígenas que procuram de todas as formas
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obstaculizar o trabalho do Estado brasileiro, em especial o trabalho desta Casa do
Congresso Nacional.
O Sr. Davi Yanomami é por demais conhecido de todos nós. Talvez quem
com mais perspicácia e inteligência tenha traduzido a índole do Sr. Davi Yanomami
seja o escritor, jurista e ex-Ministro Saulo Ramos, que relata na obra Código da Vida
sua passagem por Roraima, como Ministro. Certo dia, o líder Davi Yanomami o
procurou: “Ministro, o senhor tem que ser duro, o senhor tem que retirar os
garimpeiros da área ianomâmi”. Eis que, minutos depois, o mesmo Ministro Saulo
Ramos é surpreendido ao ver Davi Yanomami cochichar no ouvido do então
Governador Romero Jucá: “Governador, o senhor tem que ser duro, os garimpeiros
têm que continuar na reserva ianomâmi, porque nós precisamos deles”.
Talvez seja esse o melhor retrato do Sr. Davi Yanomami, que tenta, de todas
as formas, denegrir o trabalho do Congresso Nacional.
Obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, no início da tarde de hoje, a Comissão Mista de Orçamento concluiu
seus trabalhos. Quero parabenizar o Relator, Deputado José Pimentel, do Partido
dos Trabalhadores, pelo grandioso trabalho, pelo texto sui generis desenvolvido no
contexto do jogo orçamentário. Tivemos de fazer cortes, que começaram nos 32
bilhões de reais perdidos com a CPMF, mas depois, com a estimativa de receita e o
aumento de alíquota de alguns tributos, acabaram ficando tão-somente em 12
bilhões e 400 milhões de reais.
O que tem de tão importante para o País uma peça orçamentária? Explico. O
Orçamento reflete a cara do Governo, e o Relator tem de ter a preocupação de
manter essa identidade.
As áreas de saúde, educação e segurança pública tiveram suas dotações
originais mantidas. É preciso fazer uma redução do custeio da máquina, mas acho
que os pilares que sustentam a cara do Governo foram preservados. Como eu disse,
foram mantidos os recursos que garantirão a melhoria do ensino, a ampliação do
acesso a saúde pública de boa qualidade e os programas de redução da violência,
para que o cidadão tenha tranqüilidade nas ruas.
Além disso, dando continuidade à política de recuperação do salário mínimo,
o benefício foi aumentado em 8,5% — é bom lembrar que a inflação do ano passado
foi de 4,1%. É de fato necessário que o salário mínimo tenha seu poder de compra
recuperado, pois é ele que tem dado à população brasileira mais poder de consumo,
e é o consumo interno, não o externo, como no passado, que tem alavancado a
nossa economia, com a incorporação de quase 22 milhões de brasileiros, que
passaram a ter propensão para o consumo. É essa harmonia entre crescimento
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econômico e inclusão social que caracteriza o modelo de País adotado pelo
Presidente Lula.
Outro aspecto importante a considerar é o custeio dos servidores federais,
que durante passado pouco recente sofreram com um processo de desmonte do
Estado. O Governo está assegurando o montante de 3,4 bilhões de reais para dar
continuidade à reestruturação de planos de cargos e salários e à recuperação dos
vencimentos, para que o Estado nacional seja republicano e o servidor público
possa exercitar com autonomia o seu mister.
Rondônia foi um Estado tratado com carinho no Orçamento. No Plano de
Metas, foram alocados recursos para garantir as 3 principais obras do Estado, entre
elas o Gasoduto Urucu—Porto Velho.
Sabemos que a diversificação energética no nosso Estado já está
contemplada no PAC, e talvez com a maior obra energética do Governo Lula, a
construção da Hidrelétrica do Madeira, que precisa do gasoduto porque as usinas
térmicas, que hoje utilizam óleo diesel, precisarão do gás no período de construção
da hidrelétrica. Logo depois disso, quando a matriz energética for essencialmente
hidráulica, esse gás será direcionado para outras finalidades, como o uso
automotivo e o incentivo a empresas e indústrias que consomem gás natural.
O PAC assegura quase 40 bilhões de reais para a continuidade do processo
de melhoramento da infra-estrutura do País. Se o Brasil cresce com o consumo, ele
também tem de garantir que esse crescimento permita investimento em bens de
capital, para que o crescimento econômico não provoque inflação. Para tanto, é
fundamental dar continuidade às obras de infra-estrutura rodoviária, portuária,
energética — com a construção de hidrelétricas e de gasodutos —, para que nosso
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desenvolvimento, diferentemente de como foi no passado, signifique crescimento
econômico com justa distribuição de renda. Temos de consolidar nossos
investimentos não apenas na base econômica, mas também na área social, para
que o Brasil venha a ter outra cara, construa outra relação entre sociedade e Estado,
entre economia e inclusão social, rompendo aquele ciclo perverso que durou séculos
e fez deste País uma terra de dualidade e de tantas desigualdades.
Muito obrigado.
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O SR. ALBANO FRANCO (PSDB-SE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este meu pronunciamento tem como objetivo
fazer uma solicitação da Câmara dos Deputados ao Presidente do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Dr. Luiz Fernando de Almeida, para que
examine com especial atenção e agilize o processo de inserção da Praça São
Francisco, localizada em São Cristóvão, no meu Estado de Sergipe, na lista de
Patrimônios da Humanidade.
Vou mais além, Sr. Presidente. Creio que justo seria incluir não somente a
referida praça, mas toda a sede do Município, pois, além das edificações situadas na
Praça de São Francisco, tantas outras merecem destaque sob a ótica do patrimônio
artístico e cultural, e não só nacional, mas mundial.
Menciono a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, a Igreja de Nossa Senhora
do Rosário dos Homens Pretos, o Mosteiro de São Bento, o Convento da Ordem
Terceira do Carmo, muitos sobrados da cidade, a Rua das Flores e tantas outras
onde predomina a influência mourisca.
Reitero, também, que São Cristóvão é a quarta cidade mais antiga do Brasil,
portanto pioneira da colonização do Nordeste e do País.
Por tudo isso é que vejo como importante e justa essa causa e apelo para que
não só a Praça São Francisco, mas toda a cidade seja considerada Patrimônio da
Humanidade. Ali, tudo representa história viva, que deve ser preservada a fim de
que o passado não seja esquecido no futuro.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.
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O SR. NEUDO CAMPOS (PP-RR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente
Inocêncio Oliveira, Sras. e Srs. Deputados, estou aqui hoje para falar a respeito do
biodiesel, assunto que interessa de perto às pessoas pobres do nosso Estado, aos
nordestinos que escolheram Roraima para fazer suas vidas, àqueles que buscaram
um pedaço de terra e conseguiram-no, àqueles que estão lá dependentes de
projetos como o do biodiesel.
Esse é um projeto bom. A partir de janeiro, quando 2% de biodiesel tem que
ser obrigatoriamente misturado ao diesel, abre-se uma cortina de oportunidades
para essas pessoas mais pobres que têm terras abençoadas com o dendê. O nosso
Estado é capaz de produzir, por hectare, 6 mil litros de óleo dendê, para ser
transformado depois em biodiesel.
Com todos esses ingredientes bons, favoráveis, positivos, as pessoas vão
deixando a área de pobreza e miséria e passam a ter uma condição de vida muito
melhor. Elas estão precisando de projetos que sejam realmente tocados. Precisam
acontecer esses projetos. A partida já começou, o tempo está sendo contado, mas a
bola ainda não rolou, pelo menos no meu Estado.
Quero pedir ao Presidente Lula, que acabou de criar a Área de Livre
Comércio de Boa Vista, que não se esqueça deste ponto fundamental: a questão do
biodiesel.
No dia 29 de março de 2007, estive no Palácio do Planalto e vi quando o
Presidente, em resposta a uma reivindicação do Governador Ottomar Pinto, disse
que, em cerca de 3 meses, começaria a transferência das terras da União para o
Estado. Eu sei que não é falta de vontade do Presidente, mas a tecnocracia e a
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burocracia oprimem, atrasam, impedem que Rondônia receba suas terras, como o
irmão gêmeo Amapá.
Sr. Presidente, faça valer a sua condição e o que V.Exa. disse, e nós
roraimenses, de bom grado, agradecemos.
Muito obrigado.
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O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Sem revisão do orador.) -
DISCURSO DO SR. DEPUTADO PAES LANDIM QUE, ENTREGUE AO
ORADOR PARA REVISÃO, SERÁ POSTERIORMENTE PUBLICADO.
(Discurso publicado na Sessão nº 030, de 06/03/08.)
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O SR. LUIZ CARREIRA (DEM-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, venho externar uma preocupação com a economia do meu
Estado, fruto de artigos publicados nos jornais dos mais diversos locais do País,
como o que foi divulgado em um jornal baiano, na terça-feira passada, sobre a
constante perda de investimentos que vem atingindo a nossa Bahia nos últimos
anos.
Afirma o periódico: “por falta de investimentos do Governo Federal em
infra-estrutura e ausência de inversões privadas em Camaçari, fez com que o
Estado viesse a perder a instalação de uma indústria para produzir PVC da
Braskem, que agora vai para Alagoas”.
Aliás, além dessa, a Braskem pode retirar da Bahia também a indústria de
produção de resinas da cana-de-açúcar, levando-a para o Rio Grande do Sul. E
pensar que, há bem pouco tempo, as indústrias não iam para as terras gaúchas,
mas sim vinham de lá para se instalar na Bahia, a exemplo da Ford.
No início da semana, os jornais pernambucanos vangloriavam-se de que, em
pouco tempo, o Estado estará ultrapassando economicamente a Bahia, pois uma
série de investimentos, como os do complexo de fibras têxteis e da produção de
petroquímicos, deixam de ser implantadas na Bahia e irão para o Porto de Suape,
em Pernambuco. São mais de U$860 milhões escoando-se para outro lugar. Nada
temos que desmereça esse investimento. Nossa preocupação é com esses
investimentos no Estado. Nem parece que o Presidente Lula teve estrondosa
votação na Bahia, a maior de todo o Nordeste.
No setor de turismo, a revista Exame noticiou, no final do ano passado, a
perda de investimentos no setor hoteleiro no litoral norte baiano, por falta de
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definições envolvendo as normas ambientais, que vêm dificultando a implantação de
diversos empreendimentos turísticos na região; algumas delas, inclusive, chegando
a ser comemoradas em outros Estados nordestinos.
Alega a Exame que o Governador baiano, Jaques Wagner, “não conseguiu
reverter essa situação, que só se agrava, e que faz com que a Bahia perca
investimentos importantes. O esforço empreendido pelo Governador, em suas
viagens ao exterior, tentando atrair novos investimentos, não tem encontrado
respaldo nos demais órgãos do Governo Federal e isso traz sérios prejuízos ao
estado”. Aliás, recentemente, a construção de um hotel da rede Hilton, no centro de
Salvador, foi embargada, dessa vez pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, do Governo Federal.
Ao contrário do que ocorreu, Sr. Presidente, por mais de 12 anos
consecutivos, quando crescíamos o dobro da média nacional, a Bahia, em 2007,
cresceu menos do que o Brasil. Vejam os senhores, a nossa indústria cresceu
apenas 2%.
Ao alegar falta de recursos para atender a todas as reivindicações dos
Estados, o Governo Federal admite que atende prioritariamente àqueles que pedem
ou insistem mais. O próprio Presidente Lula disse, certa vez, que “quem gritar mais,
leva. Tem de ficar me pressionando”. Neste caso, o que estaria acontecendo em
relação à Bahia? Ou o Governo Lula não está nos atendendo como deveria, ou o
Governador do Estado não está sabendo gritar de forma correta para o Governo
Federal.
Infelizmente, para o povo baiano, os investimentos sumiram. Indústrias, a
Bahia viu mesmo foi na gestão do ex-Governador Paulo Souto, em que crescíamos
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duas vezes mais do que a média nacional, em que trouxemos a Nestlé, a Pirelli, a
Veracel, a Continental, a Firestone e também diversas outras indústrias para o
interior da Bahia. O que o atual Governo conseguiu para a Bahia? Até agora, nada!
O que é mais grave: apesar dos esforços da bancada baiana no Congresso
Nacional, que vem trabalhando unida, o Relator-Geral do Orçamento colocou a
Bahia na 9ª posição no ranking das emendas de bancada, com cerca de R$327,1
milhões, atrás mesmo de Estados de menor importância econômica, com menos
população ou área geográfica, como Paraíba, Pernambuco, Ceará, Tocantins e
Pará. Só para exemplificar esse “esquecimento da Bahia”, Minas Gerais, governado
pelo PSDB, receberá quase o dobro dos recursos destinados ao Estado (R$617,7
milhões).
Essa situação, Sr. Presidente, já foi alvo de protestos nossos, bem como dos
Deputados Walter Pinheiro, Claudio Cajado e Daniel Almeida, ao Relator do
OGU/2008, recolocando a Bahia a sua posição histórica de terceiro ou quarto
Estado mais contemplado com emendas de bancada. Estamos, agora, na
expectativa de que o Relator possa reverter essa situação.
No momento em que a Bahia vem perdendo competitividade para outros
Estados, a diminuição dos investimentos federais pode agravar ainda mais esse
quadro.
Se olharmos a execução orçamentária de 2007 (posição de 28 de fevereiro de
2008), vamos encontrar uma situação bastante preocupante. Os valores
efetivamente pagos não ultrapassam os 17% do total previsto para investimento
(R$990,3 milhões), sendo que em outros Estados o montante pago foi muito maior,
como os 23% do Distrito Federal, 34% de Mato Grosso do Sul, 48% do Acre, 26%
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do Tocantins, 32% de Minas Gerais, 36,5% para o Rio de Janeiro, 30% para o Rio
Grande do Sul, e 29,1% para Santa Catarina.
Para finalizar, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, creio que seja
necessário o Governo do Estado redobrar suas preocupações com os investimentos
federais na Bahia — e não ficar se iludindo somente com a ferrovia Bahia Oeste,
uma iniciativa importante, mas um sonho distante —, lutar, sim, por investimentos
em infra-estrutura, para garantir a elevação de competitividade ao Estado. Buscar
sanar, também, os gargalos criados pelas mudanças das normas ambientais, que
dificultam os investimentos tanto públicos quanto privados. Afora, é claro, tentar
resolver os cenários negativos provocados pela má gestão nas áreas da educação,
saúde e, especialmente, segurança pública.
Todos esses fatores resolvidos criam um ambiente favorável aos
investimentos, atraindo mais indústrias para o nosso Estado, gerando mais emprego
e renda.
A hora é de muito trabalho, planejamento e articulação com os agentes
econômicos e sociais, e não mais de ficar falando do passado. O momento é de
apresentar alternativas claras para o desenvolvimento sustentável do Estado.
Muito obrigado.
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O SR. PROFESSOR RUY PAULETTI (PSDB-RS. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, compareço a esta tribuna para trazer alguns
dados alvissareiros relativos ao crescimento econômico do meu Estado.
O Rio Grande do Sul cresceu, acima da média nacional, em torno de 7,5%,
graças ao esforço da nossa Governadora. E agora, com alguns programas
estruturantes para a irrigação, infra-estrutura e principalmente investimentos, o
Estado deverá voltar a ter um crescimento ainda maior.
Ainda nesta semana, o Governo do Estado assinou com a MPX Energia a
construção de mais uma usina termelétrica, a Usina de Seival, movida a carvão, o
que o Rio Grande do Sul tem em abundância. A usina vai produzir mais de 600
megawatts e teve um investimento de 2,3 bilhões de reais.
A Governadora promete, para a próxima semana, o anúncio de outras
medidas estruturantes para salvar o que estava combalido no Rio Grande do Sul,
isto é, as suas finanças.
Quero falar da minha região, que tem pouco mais de 100 anos de
povoamento. Quando os italianos chegaram, encontraram todas as dificuldades e
conseguiram vencê-las. Caxias teve um crescimento acima de 10,5%; Bento
Gonçalves, em torno de 9%; Farroupilha, outra cidade industrial, mais de 9%. Isso
significa que o povo acredita no trabalho; faz dele uma profissão de fé.
Acima de tudo, a nossa região é exemplo de políticos sérios. Nenhum Prefeito
foi acusado de deslize. Mansueto Serafini, por 6 anos; Mário Vanin, por 8 anos;
Pepe Vargas, nosso colega, também por 8 anos; e agora o Prefeito Sartori realiza
um bom trabalho.
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Nenhum deles, Sr. Presidente, teve anotado sequer um deslize pelo Tribunal
de Contas da União. Isso faz com que o empresariado acredite nas administrações
municipais e na administração do Governo do Estado. Por isso, vamos crescer e
ajudar este País a crescer ainda mais.
Esta é a minha região: 1 milhão de habitantes e um crescimento muito acima
da média do Brasil.
Muito obrigado.
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O SR. PEDRO WILSON - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PEDRO WILSON (PT-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna prestar homenagem ao
psicólogo e ambientalista Vanderlei Castro, falecido ontem na cidade de Diorama,
Goiás. Vanderlei dedicou toda a vida à luta em defesa do meio ambiente. A ele,
nossa saudade. Nossa solidariedade à sua esposa, Solange, à sua família e a seus
companheiros de luta em defesa do cerrado e dos povos da Amazônia.
Nossa homenagem a Vanderlei Castro, batalhador pelo desenvolvimento
sustentável do Brasil.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.
Deputado Fábio Souto.
O SR. FÁBIO SOUTO (DEM-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nossa Constituição Federal determina, em seu
art. 223, que a radiodifusão brasileira deverá ser norteada pela “complementaridade
dos sistemas privado, público e estatal”. Com isso, os Constituintes nos trouxeram
duas mensagens: uma mais explícita, que pode ser lida diretamente; e uma
implícita, que está nas entrelinhas do art. 223. Ambas as mensagens estão sendo
claramente desrespeitadas pelo atual Governo, que insiste em criar a TV Brasil, em
um modelo que afronta esses princípios constitucionais.
Está claro que, por força do que diz a Constituição, deve existir no Brasil um
equilíbrio entre as muitas formas de exploração dos serviços de rádio e de televisão.
A livre iniciativa, representada pelo investimento privado no setor, deve andar lado a
lado com empreendimentos públicos. Por “radiodifusão pública” devemos entender
aquele tipo de rádio e de televisão que é de todos, independente de um governo ou
de um governante, e cuja programação é pautada pela prestação de um serviço
essencial à população.
Mas o Governo atual, com a esdrúxula criação da TV Brasil, não apenas
desrespeita a Carta Magna, como também tenta nos confundir. O Governo do PT
teve a audácia de chamar essa tevê, ou a “Empresa Brasileira de Comunicações”,
como queiram, de “TV pública”.
Ora, como assim TV pública? Para ser efetivamente pública, Sr. Presidente,
ela deveria não estar condicionada nem às regras de mercado, nem ao controle de
poder político. Deveria ser dirigida por um órgão representativo da sociedade civil.
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Deveria estar a serviço da diversidade de opiniões políticas. Deveria estar imune ao
domínio de ideologias.
São muitos “deveria”, mas o maior deles é o seguinte: uma TV efetivamente
pública deveria ser fruto de ampla discussão com a sociedade. Não existe
radiodifusão pública criada pelo Estado. Todo empreendimento de comunicação
pública que efetivamente merece essa denominação, em todo o mundo, surgiu no
seio da sociedade, como fruto de movimentos organizados.
Não é nada disso o que vemos no Brasil. A TV pública nos foi praticamente
imposta, por meio de uma antidemocrática medida provisória. A tal “participação
popular” em seu conselho curador nada mais é do que um embuste, uma “máscara”
para encobrir sua verdadeira face intervencionista e politiqueira. Faltou “ouvir o outro
lado”, como qualquer bom jornalista faria.
E além disso, a marca do PT na administração e programação da TV Brasil
nem ao menos foi disfarçada. Basta um breve exame da lista dos dirigentes da
Empresa Brasileira de Comunicações para concluir o óbvio: esse é um
empreendimento muito menos de interesse público, e muito mais de interesse do
atual Governo. Estão lá nomes conhecidos por sua íntima relação com o Governo do
PT. Gente que não fez, não faz e nem fará outra coisa senão referendar e apoiar
tudo o que o Governo realiza, sem crítica e sem apego à verdade.
Apenas uma coisa, com certeza, é pública na “TV Brasil”: a verba que a
financia. Fala-se em algo próximo a R$500 milhões a serem gastos anualmente.
Dinheiro do povo, fruto de uma das mais pesadas cargas tributárias de todo o
mundo. Dinheiro que poderia estar indo para a saúde, para a educação, para a infra-
estrutura, mas que irá escorrer pelos ralos da pseudo TV pública desse governo.
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Por isso, Sras. e Srs. Deputados, registro aqui minha indignação com a forma
como está sendo conduzida a política de comunicação no Brasil. Trata-se de uma
política feita no escuro, sem transparência e sem prestação de contas à sociedade.
E todo ato que não pode ser amplamente apreciado pelo povo é, por definição,
injusto.
Muito obrigado.
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A SRA. VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB-AM. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os jornais de nosso País têm
divulgado uma notícia que, sem dúvida, enche de preocupação todos da população
da Amazônia.
Senhores, segundo matéria publicada na imprensa nacional, “mais de 50%
dos 160 terminais do Sistema de Proteção da região em Manaus estão inoperantes,
de acordo com o TCU”.
Ainda segundo a matéria, um sistema concebido para proteger a Amazônia e
que custou aos cofres públicos US$1,4 bilhão, entre 1998 e 2002, opera bem abaixo
da capacidade. Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou falhas no
Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e identificou que boa parte dos terminais
de comunicação via satélite (VSATs) — conjunto de telefone, computador e antena
— está inoperante.
Diante dos fatos expostos, solicitamos ao Poder Público que seja sensível a
essa grave situação, pois o SIPAM é imprescindível para a preservação e segurança
da região amazônica.
O Sr. Inocêncio Oliveira, 2º Vice-Presidente, deixa
a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Manato,
1º Suplente de Secretário.
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O SR. PRESIDENTE (Manato) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado
Inocêncio Oliveira.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PR-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Governador Eduardo Campos acaba de
lançar o Plano Estratégico de Turismo de Pernambuco, chamado de Pernambuco
para o Mundo, com o objetivo de atuar nos países emissores de turistas, que, no
caso do Nordeste do Brasil, hoje, são a Espanha e Portugal.
Realmente se observa o fluxo turístico desses países para o Brasil, verifica-se
que o Nordeste tem sido o destino mais procurado, especialmente Natal e suas
praias e Fortaleza, Salvador e Pernambuco. O brasileiro que passa pelas vitrines
das agências de viagem em Lisboa, Porto, Madri e Barcelona depara-se quase
sempre com os cartazes de ofertas de pacotes turísticos para essas cidades. Há
promoções a preços razoáveis, considerando-se o nível médio de renda do espanhol
e do português na atualidade.
O que o Governador de Pernambuco quer fazer é não deixar passar nenhuma
oportunidade de promover o Estado no circuito internacional do turismo, incluindo a
participação, com stands promocionais, nas feiras e exposições de turismo na
Europa e também nos Estados Unidos.
Com a vinda de turistas, o Governo de Pernambuco está tentando atrair,
cada vez mais, investidores estrangeiros para construção de complexos
turístico-hoteleiros nas praias Norte e Sul do Recife, oferecendo incentivos fiscais e
vantagens locacionais de infra-estrutura, convencido de que o turismo dirigido para
investimentos fixos — é a “indústria sem chaminés” — produz renda e cria empregos
em volume até superior ao de alguns tipos de indústrias excludentes de
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mão-de-obra, dada a alta concentração de tecnologia de ponta requerida nas suas
operações. É por isso que o setor terciário cresce nas economias dos Estados
nordestinos.
As projeções do plano turístico de Pernambuco absorvem a expectativa de
um investimento de aproximadamente 10,4 bilhões de reais principalmente na
construção de hotéis pelo setor privado até 2020. E não será exagero projetar a
criação de 487 mil postos de trabalho diretos e indiretos na economia.
Pernambuco já começou o ano de 2008, no setor de turismo, tendo à frente o
Secretário Silvio Costa Filho, participando da Bolsa de Turismo de Lisboa,
mostrando as potencialidades do Estado. Pretende desenvolver, mais ainda, as
ações promocionais no exterior nos próximos meses.
Ao mesmo tempo, Pernambuco precisa, também, fazer promoção
internamente, pois, além de outras potencialidades, temos a praia de Porto de
Galinhas, que, há 7 anos consecutivos, é escolhida como a melhor do Brasil.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, abordo agora outro assunto. É com
muita alegria que aplaudo o lançamento, ocorrido esta semana, de um importante
programa do Governo que tem como objetivo ajudar os mais necessitados de nosso
País. Estou falando do Territórios da Cidadania, lançado pelo Presidente Lula no
Palácio do Planalto. Reúne 135 ações de desenvolvimento regional e de garantia de
direitos sociais, tudo voltado para os setores rurais mais desassistidos no Brasil
inteiro. Só em 2008, a previsão de investimento é de 11 bilhões e 300 milhões de
reais.
Estou nesta tribuna, Sr. Presidente, com o coração cheio de esperança.
Esperança de dias melhores para os meus conterrâneos de Pernambuco,
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contemplados, já a partir de março, com uma substancial parcela dessa verba.
Serão 579 milhões de reais para os 59 municípios pernambucanos que registram o
Índice de Desenvolvimento Humano mais baixo em meu Estado.
As 59 cidades escolhidas se situam em 3 regiões de Pernambuco — o Sertão
do Pajeú, o Agreste Meridional e a Mata Sul —, onde meus concidadãos enfrentam
enormes dificuldades no seu dia-a-dia, sendo que a maior parte delas, aliás, é
praticamente desconhecida de quase todos nós neste recinto.
O Sertão do Pajeú, por exemplo, com IDH médio de 0,65, possui mais de 370
mil habitantes, espalhados entre as cidades de Afogados da Ingazeira, Brejinho,
Calumbi, Carnaíba, Flores, Iguaraci, Ingazeira, Itapetim, Mirandiba, Quixaba, Santa
Cruz da Baixa Verde, Santa Terezinha, Serra Talhada — a minha terra natal —,
Sertânia, São José do Belmonte, São José do Egito, Solidão, Tabira, Triunfo e
Tuparetama, beneficiadas pelo Territórios da Cidadania. Essa gente sofrida receberá
180 milhões e 600 mil reais sob a forma de 72 ações emergenciais do Governo, que
variam de assistência técnica para assentamentos rurais a ampliação de equipes do
Saúde da Família, além da expansão das intervenções dos programas Brasil
Sorridente, Farmácia Popular e Luz para Todos. O grande destaque para o Sertão
do Pajeú, no entanto, será na área de urbanização de assentamentos precários e no
investimento em obras de esgotamento sanitário.
O Agreste Meridional de Pernambuco, cujo IDH médio é de 0,56, vai receber
217 milhões de reais para 69 ações integradas previstas no Territórios da Cidadania.
Entre elas, quase 300 ligações de energia elétrica, financiamento para a construção
de unidades habitacionais e a construção de 250 cisternas. Essa ajuda beneficiará o
povo de Bom Conselho, Buíque, Caetés, Capoeiras, Águas Belas, Iati, Ibimirim,
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Inajá, Itaíba, Manari, Paranatama, Pedra, Saloá, Terezinha, Tupanatinga e
Venturosa.
Na Mata Sul, onde o IDH médio é de 0,62, os mais de 430 mil habitantes
distribuídos entre as cidades de Amaraji, Barreiros, Belém de Maria, Bonito,
Catende, Cortês, Gameleira, Água Preta, Jaqueira, Joaquim Nabuco, Maraial,
Palmares, Primavera, Ribeirão, Rio Formoso, São Benedito do Sul, José da Coroa
Grande, Tamandaré e Xexéu serão beneficiados com 49 ações previstas pelo
Territórios da Cidadania. Os 180 milhões e 900 mil reais serão canalizados
principalmente para a ampliação do Programa Bolsa-Família e para obras de
melhorias sanitárias.
Sr. Presidente, tomo a liberdade de repetir o IDH destas 3 regiões de
Pernambuco: Mata Sul, 0,62; Agreste Meridional, 0,56, e Sertão do Pajeú, 0,65. Não
precisamos ir muito longe para ver como é dura a vida de quem mora nesses
lugares. A Capital do Estado, Recife, tem um Índice de Desenvolvimento Humano
médio de 0,79, semelhante ao do México, sendo que diversos bairros da cidade
chegam perto de 1, o nível máximo.
Minha esperança se renova com mais esse programa do Governo do
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As ações implantadas no meu Estado vão
contar com a colaboração de nada menos do que 15 Ministérios. Em alguns casos,
como na ampliação das equipes do Saúde da Família, o repasse dos recursos será
feito diretamente para os municípios, pois essa ampliação será desenvolvida pelas
Prefeituras. Com isso, Sr. Presidente, vejo que as perversas diferenças regionais
serão reduzidas um pouco mais, e isso me faz aprofundar minha confiança num
futuro feliz para todos os habitantes de Pernambuco.
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Desejo aproveitar esta oportunidade para agradecer, mais uma vez, ao
Presidente Lula, que, por meio de uma videoconferência, enviou sua mensagem
diretamente aos Prefeitos, Secretários, representantes de associações comunitárias,
comunidades quilombolas e sindicatos de trabalhadores rurais de Pernambuco, por
ocasião do lançamento do Territórios da Cidadania na Gerência Regional de
Educação em Garanhuns.
Não entendo, Sr. Presidente, a crítica de alguns partidos que dizem que se
trata de um programa eleitoreiro. A promoção de desenvolvimento harmonioso e
sustentável em todo o Brasil — não apenas em Pernambuco — e a redução
constante das desigualdades sociais, Sr. Presidente, são e devem continuar sendo
nossa principal preocupação.
Muito obrigado.
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O SR. LAUREZ MOREIRA (Bloco/PSB-TO. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, imbuídos pelo sentimento de justiça,
destacamos, nesta oportunidade, o Programa Territórios da Cidadania, lançado na
última segunda-feira, pelo Presidente Lula, que vai tirar do esquecimento 24 milhões
de brasileiros e brasileiras que habitam as regiões com o menor Índice de
Desenvolvimento Humano do País.
Por meio de 135 ações integradas de 19 Ministérios, o Governo Federal vai
investir 11 bilhões e 300 milhões de reais em 958 municípios brasileiros, sendo 25
deles na região do Bico do Papagaio, no extremo norte do nosso querido Estado do
Tocantins, o qual representamos. Para se ter uma idéia do que isso significa, só a
nossa região tocantinense vai receber 457 milhões e 700 mil reais em investimentos.
É com alegria que reconhecemos o esforço do Governo do Brasil em
transformar em auto-sustentáveis populações inteiras que só conhecem da vida o
sofrimento e as dificuldades.
Cerca de 8 milhões de beneficiados residem na zona rural. Dois milhões são
agricultores familiares; 320 mil são famílias assentadas pela reforma agrária; mais
de 2 milhões de famílias são beneficiárias do Bolsa-Família. E há ainda 350
comunidades de quilombolas, 149 terras indígenas e 127 mil famílias de
pescadores.
O Territórios da Cidadania difere de outros programas sociais porque não se
limita a enfrentar problemas específicos com ações dirigidas. Ele combina diferentes
ações para reduzir as desigualdades sociais e promover um desenvolvimento
harmonioso e sustentável.
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O programa é resultado da soma de políticas públicas coordenadas, de
investimentos financeiros e, também, de participação popular. A integração visa,
sobretudo, a melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano dessas localidades,
evitar o êxodo rural e superar desigualdades regionais.
É com alegria que conclamo os amigos e amigas que residem nas localidades
selecionadas, especialmente nos 25 municípios tocantinenses que compõem a
região do Bico do Papagaio — Axixá, Sítio Novo, Darcinópolis, Riachinho, Angico,
Nazaré, Aguiarnópolis, Ananás, Araguatins, Augustinópolis, Buriti do Tocantins,
Cachoeirinha, Carrasco Bonito, Esperantina, Itaguatins, Luzinópolis, Maurilândia do
Tocantins, Palmeiras do Tocantins, Praia Norte, Sampaio, Santa Terezinha do
Tocantins, São Bento do Tocantins, São Miguel do Tocantins, São Sebastião do
Tocantins e Tocantinópolis —, a participarem ativamente das reuniões que vão
definir as ações prioritárias que serão implantadas.
Enfatizamos mais um ponto positivo do Programa Territórios da Cidadania: a
participação popular nas decisões. A sociedade organizada, por meio de
associações e sindicatos de trabalhadores rurais, comunidades indígenas e de
quilombolas, terá vez e voz.
A comunidade de cada território discute com representantes dos Governos
Federal, Estaduais e Municipais as ações a serem adotadas, levando em conta as
características de cada região. Poderão ser incluídas ações dos Governos Estaduais
e Municipais, ampliando a agenda pactuada entre Governo e sociedade. Por isso, é
muito importante a participação de cada cidadão e cada cidadã!
Agora é a vez de realizarmos sonhos antigos, como a implantação de escolas
de tempo integral com calendário escolar e conteúdos voltados para a realidade
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rural das comunidades locais. É importante e necessária a pedagogia da alternância,
com a valorização do território e das atividades específicas desenvolvidas na região
em que as famílias residem.
Chegou a hora de priorizarmos a implantação da agroindústria, porque grande
parte da produção agrícola dos assentamentos pode ser industrializada e vendida,
para agregar valores. Em vez de vender o abacaxi, por exemplo, o agricultor familiar
poderá vender a polpa da fruta, o que vai gerar empregos, melhorar a renda e,
conseqüentemente, a qualidade de vida de todos os trabalhadores.
Aproveito a oportunidade, Sr. Presidente, nobres colegas e profissionais da
imprensa, para me colocar à inteira disposição do Governador do Tocantins, Marcelo
Miranda, a quem temos a honra de apoiar, como representante dele e de todos os
tocantinenses no Congresso Nacional, para empreender esforços no sentido de que
sejam incluídos os municípios da região sudeste do Tocantins e da região do
Jalapão no Programa Territórios da Cidadania. Essa é a pretensão do nosso
Governador Marcelo Miranda. Vamos continuar trabalhando diuturnamente para
levar a esses municípios programas e investimentos que venham a acelerar o
crescimento das regiões e melhorar a qualidade de vida de nosso povo.
Portanto, parabenizamos o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os 19
Ministros e os respectivos Ministérios envolvidos no Programa Territórios da
Cidadania e abraçamos os 24 milhões de cidadãos e cidadãs que certamente vão
participar da construção de uma sociedade mais justa, humanitária, digna e fraterna.
Muito obrigado pela atenção de todos.
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O Sr. Manato, 1º Suplente de Secretário, deixa a
cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Inocêncio
Oliveira, 2º Vice-Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.
Deputado Natan Donadon.
O SR. NATAN DONADON (Bloco/PMDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.)
- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero nesta oportunidade mencionar
alguns recursos que direcionei para Rondônia, meu Estado de origem. Esse
benefício é mais precisamente para o Município de Vilhena, principal pólo regional
rondoniense e que passa por um rápido crescimento demográfico.
De início, aloquei emendas no valor de 616 mil reais para a construção de 36
casas populares. As obras estão em andamento. Pessoalmente, estive no bairro
Bodanese, local onde as obras estão sendo executadas, e fiquei feliz por ver que
muitas famílias humildes serão beneficiadas. Sabendo das necessidades dessas
famílias, na oportunidade, anunciei a construção de mais 30 casas populares, no
valor de 500 mil reais, o que garantirá a construção de casas para todas as pessoas
necessitadas.
Quero aqui também agradecer ao Prefeito de Vilhena, Marlon Donadon, que
não está medindo esforços na fiscalização das obras, objetivando melhores
condições de vida para os moradores de Vilhena.
Sr. Presidente desta Casa de leis, fico grato em saber que as benfeitorias que
aloquei farão muitas famílias de Vilhena felizes e que resolverão, em parte, o
problema da moradia própria. Sei que os problemas do nosso Estado são grandes,
mas, com esforço e trabalho, estamos conseguindo melhorar a infra-estrutura da
nossa comunidade.
Meu muito obrigado.
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O SR. GLADSON CAMELI (PP-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero, primeiramente, esclarecer que não sou a
favor do desmatamento, principalmente o desmatamento descontrolado que vem
ocorrendo na Amazônia. Não quero que amanhã ou depois me acusem de ser
contra o meio ambiente.
Feito este esclarecimento, quero, sim, chamar a atenção desta Casa e das
demais autoridades competentes para o problema que poderá vir a ocorrer com
todos os brasileiros que fazem da Amazônia seu hábitat natural.
Hoje, segundo as políticas públicas em vigor, o principal mecanismo para
frear a degradação da Amazônia é minimizar o crédito nos Estados da Região. Na
condição de representante do Acre e conhecedor das inúmeras dificuldades que o
povo enfrenta devido ao seu isolamento, quero alertar o Governo e as entidades
ambientais para que não coloquem em linha de igualdade seringueiros, índios e
ribeirinhos, que utilizam a floresta como meio legítimo de sobrevivência, com quem
realmente está por traz do desmatamento criminoso.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Governo tem noticiado que
centenas e centenas de homens vão participar de uma operação para coibir o
desmatamento. Isso, a meu ver, será mais uma ação paliativa. Não é dessa maneira
que o Governo vai solucionar o problema do desmatamento. Pelo contrário, pode
agravar ainda mais o segmento que realmente produz. Devemos, sim, cobrar
atitudes por parte dos governantes para que sejam criadas políticas públicas não só
de fiscalização, mas, principalmente, de desenvolvimento sustentável de toda a
região.
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Nesse sentido, quero parabenizar o Governador do Amazonas, Eduardo
Braga, pela iniciativa da criação do Bolsa-Floresta, programa que remunera as
populações que não desmatam a floresta. Desse modo, o Governador, além de criar
uma área recorde de reservas naturais, vem também contribuindo para mudar a
base da economia na manutenção do meio ambiente. Com isso, conseguirá um
fluxo financeiro a partir do valor ambiental da floresta coberta.
Finalizo ressaltando a importância fundamental de harmonizar a preservação
dos recursos naturais com indispensável desenvolvimento sustentado, através de
mecanismos de apoio aos pequenos agricultores.
É assim, Sras. e Srs. Deputados, que garantiremos o futuro do País,
preservando o meio ambiente, mas sem comprometer a sobrevivência das
populações ribeirinhas.
Muito obrigado.
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O SR. RATINHO JUNIOR (Bloco/PSC-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Brasil produz casos de superação dignos
da fé e esperança de nosso povo. Alguns exemplos ficam registrados na história
como símbolo de nossa capacidade de luta e transformam obstáculos gigantescos
em vitórias memoráveis. São casos que nos remetem às palavras de Shakespeare,
um dos maiores nomes da literatura universal: "Há quedas que provocam ascensões
maiores".
Faço referência, neste momento, à espetacular mobilização demonstrada pela
Universidade Tuiuti do Paraná nos últimos dias. No início deste mês, a menos de
uma semana da abertura do período letivo, a instituição sofreu um incêndio de
grandes proporções. Em poucas horas, praticamente foi devastado o campus
Champagnat, o mais emblemático e tradicional do grupo, onde a universidade
nasceu. Os danos materiais foram de grande vulto e milhares de alunos de diversos
cursos poderiam ser prejudicados.
A gravidade da tragédia, entretanto, não foi suficiente para esmorecer seu
corpo diretivo, professores, profissionais das diversas áreas e alunos. Não havia
tempo para lamentações nem disposição para viver o sofrimento. Ao demonstrar
uma capacidade ímpar e uma competência inigualável, em poucos dias a
universidade sobrepujou cada barreira, cada percalço. Levando ao extremo sua
missão de promoção humana e contribuição para o desenvolvimento da
humanidade, a Tuiuti assegurou a cada aluno o prosseguimento de suas atividades,
a aquisição de novos conhecimentos, sem interrupção e sem traumas.
Essa lição ninguém esquecerá, pois quem estiver ligado à instituição,
profissionalmente ou como aluno, vê no episódio sua responsabilidade aumentada e
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sua força mental enriquecida. E para quem não participa diretamente da vida da
universidade fica impossível não perceber a grandiosidade do seu trabalho.
Como todo paranaense, acompanhei com interesse as iniciativas e os
esforços empregados na solução dos problemas. Senti-me enaltecido por ver que a
educação estava sendo tratada com habilidade, desvelo e carinho. Particularmente,
tenho ainda um motivo especial para sentir orgulho da instituição Tuiuti: fui seu aluno
durante 4 anos, ainda na infância, nos primeiros passos de minha vida estudantil.
Levarei para sempre os ensinamentos daquele período, porém, o exemplo mais
emocionante, não tenho dúvida, ocorreu agora, em que adversidade e reconstrução
fizeram parte de um mesmo processo, com final a ser copiado por todos os que
sofrerem alguma queda. A certeza é uma só: a Universidade Tuiuti do Paraná
merece todas as honras e glórias por esse feito notável.
Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.
Venho hoje a esta tribuna enaltecer o grande trabalho de nosso colega desta Casa,
Reinhold Stephanes, atualmente licenciado para comandar a importante Pasta da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Como S.Exa. mesmo disse, ao assumir o Ministério, sua nomeação
representou uma volta às origens, haja vista que Stephanes iniciou a carreira
profissional exatamente na área agrícola, tendo ocupado diversos cargos diretivos
naquele órgão. Na Câmara dos Deputados, ao longo de 6 mandatos, S.Exa. foi
presidente de várias Comissões, sempre com atuação destacada. Sua experiência
expressiva deixa-me com a convicção de que em pouco tempo será um dos maiores
vultos da equipe do Presidente Lula.
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Poderia alongar-me em seu extenso currículo, repleto de atuações marcantes
no Executivo e no Legislativo, mas o que quero, neste momento, é apresentar às
Sras. Deputadas e Srs. Deputados uumm pouco do que vem conseguindo esse grande
homem público paranaense.
Há poucos dias, tivemos a confirmação de que o Brasil alcançará novo
recorde na safra agrícola 2007/2008, com mais de 136 milhões de toneladas de
grãos, enquanto as exportações do agronegócio aumentaram 11,9% em dezembro
de 2007, em relação a dezembro de 2006. Vale lembrar que o setor de carnes
liderou as vendas externas no período.
Não são apenas fatos positivos e notícias auspiciosas que pavimentam a
trajetória do Ministro. Atualmente, sua capacidade de articulação e seu carisma de
líder estão sendo colocados à prova nas decisivas negociações que envolvem forças
colossais como o setor do agronegócio, grandes mercados consumidores do mundo
inteiro e segmentos governamentais.
Apenas para ficar num exemplo, no episódio do embargo da carne bovina
brasileira promovido pela União Européia, Reinhold Stephanes vem mostrando
serenidade e capacidade resolutiva impressionantes. Com destemor e competência,
todos os obstáculos são superados a cada dia. Tenho a convicção de que seu
comando firme guiará o Brasil para o entendimento com os exigentes parceiros
europeus e, associado à competitividade e qualidade de nossos produtos, nosso
País sairá ainda mais fortalecido deste embate.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. CARLOS SOUZA (PP-AM. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao assomar a esta tribuna, quero externar meus
parabéns ao Presidente Lula e à sua equipe pela feliz iniciativa de instituir o
Programa Territórios da Cidadania, que compreende diversas ações interministeriais
visando precipuamente ao desenvolvimento territorial sustentável com a melhoria
das condições de vida, de acesso a bens e serviços públicos e a oportunidades de
inclusão social e econômica às populações que vivem no interior do País
Ao longo de 2008, o Governo Federal prevê o investimento de R$11,3 bilhões
em 137 ações coordenadas entre 19 Ministérios em 60 áreas carentes do País,
abrangendo 137 municípios com uma população de 23,9 milhões de habitantes.
No entanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não obstante a
importância e o alcance social do Programa Territórios da Cidadania, surpreendo-me
com a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.032 impetrada perante o Supremo
Tribunal Federal pelo PSDB e DEM, partidos de oposição ao Governo Federal.
Alegam na referida ação que os termos do decreto instituidor do programa
“colidem frontalmente com preceitos basilares da Constituição brasileira e, por isso,
não deve prosperar”.
Mencionam também que o Programa Territórios da Cidadania é “claramente
um programa nacional de desenvolvimento regional e que, nessa condição, depende
necessariamente de lei para ser instituído.” Segundo eles, “é vedado instituir
programa governamental voltado ao desenvolvimento regional por meio de decreto,
sem que suas diretrizes básicas tenham sido sufragadas pelo Poder Legislativo”.
Acontece, nobres colegas, que quem tem fome e outras necessidades
primárias não pode esperar. É preciso enfrentá-las com medidas emergenciais e
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estruturais. Devemos assumir nossas responsabilidades, e criarmos um ambiente de
maior igualdade e de oportunidades para todos. Questiúnculas políticas não podem
ser utilizadas como subterfúgio para a impetração de ações judiciais que venham
prejudicar quem tem necessidades prementes.
Acredito na democracia e respeito o papel constitucional e institucional das
oposições. Contudo, o que não se pode admitir são atitudes fundamentalistas,
principalmente de legendas partidárias que tem entre a maioria dos seus eleitores
pessoas das regiões com os menores Índices de Desenvolvimento Humano do País,
justamente aqueles que serão os maiores beneficiados com o referido programa.
Atitude mais inteligente seria apoiar a implantação do programa e,
posteriormente, se fosse necessário, apontar contradições, sugerir melhorias. Ficar
contra o programa apenas por picuinha é inadmissível. A não ser que queiram
assumir publicamente que são contra políticas para os pobres, que detestam a idéia
de inclusão social e que preferem políticas públicas excludentes.
Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desta tribuna lanço um
apelo para que o PSDB e DEM revejam as suas atitudes, principalmente porque nos
encontramos em um ano eleitoral e sua majestade, o cidadão-eleitor, é soberano.
Era o que tinha a dizer.
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A SRA. PERPÉTUA ALMEIDA (Bloco/PCdoB-AC. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desejo anunciar desta tribuna
mais uma conquista das mulheres acreanas. Foi criada no Estado do Acre a 5ª Vara
Criminal da Comarca de Rio Branco em Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher. É uma boa notícia, especialmente nas proximidades das comemorações
relativas ao Dia Internacional da Mulher.
Sr. Presidente, a criação da 5º Vara Criminal é acompanhada de uma grande
inovação. A prática e a comunicação dos atos ocorrerá por meios eletrônicos. Será a
primeira vara no Brasil a utilizar o sistema de tramitação eletrônica de processos.
Com essa medida, a Lei Maria da Penha poderá ser cumprida com mais
celeridade e o homem que bate em mulher no Acre, punido com rigor e eficiência. A
mulher acreana estará mais protegida.
Somam-se a essa medida as Delegacias da Mulher nas Cidades de Rio
Branco e Cruzeiro do Sul, diversos centros de referência para mulheres em situação
de risco, como, por exemplo, a Casa Rosa Mulher, em Rio Branco, e a Casa
Raimundo Chaar, em Brasiléia, bem como o Setor Jurídico da Secretaria
Extraordinária da Mulher, a Casa-Abrigo e Hospital Público e a Maternidade Barbará
Heliodora, com serviços de tratamento especializado em violência sexual e aborto
legal.
Ainda não é o suficiente, mas estamos lutando para garantir um sistema digno
de proteção à mulher em situação de risco.
Temos que limpar da nossa sociedade a violência doméstica contra a mulher.
Onde existe violência todo mundo perde: perde a mulher, perde o homem, perdem
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os filhos e os parentes. Com a criação desses mecanismos legais, poderemos inibir
a violência doméstica contra a mulher e melhorar a relação de gênero no Brasil.
Parabéns ao Tribunal, na figura da Desembargadora Izaura Maia, pela
iniciativa. Esperamos que alcancemos grandes resultados no combate à violência
contra a mulher.
Muito obrigada.
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O SR. PAULO ROCHA (PT-PA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o salário mínimo brasileiro passa a valer
R$412,40 a partir do próximo sábado, 1º de março. O reajuste de 8,5% sobre o valor
atual — R$380,00 — representa o dobro da inflação acumulada pelo IPCA no
período (4,1%) e dá continuidade à política de valorização do mínimo adotada pelo
Governo Lula como um importante instrumento de distribuição de renda e combate
às desigualdades.
Nobres colegas, do primeiro ano do Governo Lula até agora o salário mínimo
teve reajustes nominais que, somados, superam a casa dos 100% — e valia R$200
no início de 2003. Já o aumento real, acima da inflação, é de cerca de 35%.
Graças à política permanente de valorização, aliada a outras iniciativas do
Governo, como a democratização do crédito, os 35 milhões de brasileiros que
recebem o mínimo, entre aposentados e trabalhadores da ativa, passaram a gastar
menos com as necessidades primárias e a ter mais acesso ao mercado de consumo.
Outro importante avanço é a retroatividade na aplicação dos reajustes. Antes,
eles vigoravam a partir de maio. Em 2006, passaram a valer em abril; agora, em
março; em 2009, será em fevereiro; e, de 2010 em diante, a partir de janeiro.
Tanto a retroatividade quanto os aumentos reais permanentes foram
acertados após negociações do Governo Lula com as centrais sindicais. Tais
acertos estabeleceram que o cálculo para reajuste considerasse não apenas a
inflação, mas também a variação do Produto Interno Bruto nos anos anteriores, o
que de fato vem ocorrendo. A política de valorização segue até 2011, quando está
prevista a revisão do acordo através de novo processo de negociação.
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Também quero ressaltar que o Relator-Geral do Orçamento, Deputado José
Pimentel, afirmou que os recursos para o aumento do salário mínimo estão
garantidos na proposta orçamentária deste ano. Segundo Pimentel, no projeto de lei
encaminhado pelo Executivo ao Congresso Nacional, a previsão para o salário
mínimo era de R$407,41, mas, com a definição da reestimativa de receitas e da
inflação do ano passado, o valor acabou reajustado para R$412,40.
No parecer sobre a reestimativa de receitas, e também no parecer geral do
Relator, estamos reservando os recursos para atender ao salário mínimo no País e,
em especial, para os aposentados e pensionistas. Ele informou que o Executivo
deverá encaminhar ao Congresso Nacional medida provisória reajustando o salário
mínimo, já que o projeto de lei nesse sentido ainda não foi aprovado pela Câmara
dos Deputados e pelo Senado.
O novo salário mínimo vai injetar R$14,45 bilhões na economia brasileira este
ano, de acordo com projeções do Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos — DIEESE.
Segundo o DIEESE, o cálculo é com base na diferença entre o salário atual e
o novo, que é de R$32,40, multiplicado pelo número de pessoas que recebem o
salário mínimo, estimado em 45 milhões de trabalhadores. Pode ser uma melhora
pequena para o trabalhador, porém significativa, pois com esse aumento o
trabalhador poderá consumir um pouco mais.
Era o que tinha a dizer.
Obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Passa-se ao
V - GRANDE EXPEDIENTE
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O SR. MAURO BENEVIDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o
seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, anteriormente fixada
para amanhã, foi transferida para o dia 13 vindouro a sessão em homenagem à
memória do Cardeal Dom Aloísio Lorscheider, um dos mais destacados vultos da
Igreja no País, como projeção junto ao Vaticano, a ponto de haver sido lembrado na
sucessão de Paulo VI a fim de ocupar a Cadeira de Pedro.
O Senador Tasso Jereissati, no Senado Federal, e eu, nesta Casa Legislativa,
fomos subscritores do referido requerimento, num empenho conjugado destinado a
enaltecer as virtudes excepcionais que exornavam a personalidade daquele
eminente purpurado, nascido no Rio Grande do Sul.
Em Fortaleza e Aparecida do Norte o apostolado por ele exercitado foi dos
mais fecundos, assinalado pela atenção dedicada aos carentes e necessitados.
Homenageando-o, numa Solenidade do Parlamento Nacional, estaremos
perenizando a gratidão de todos a quem, de forma tão desvelada, cumpriu o seu
múnus pastoral.
Dom Aloísio Lorscheider receberá, naquela data, a reverência do Poder
Legislativo em evento a ser presidido pelo Senador Garibaldi Alves Filho e que
contará com a solidária presença de Arlindo Chinaglia.
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O SR. PEDRO FERNANDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PEDRO FERNANDES (PTB-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, concluímos, na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização, a aprovação do relatório final, que virá a plenário. Foi difícil retirar 40
bilhões de reais do Orçamento.
Mais uma vez, registro que a CPMF, que destinava 42% da sua arrecadação
ao Nordeste, foi derrotada por 14 votos de Senadores do Nordeste, o que
lamentamos profundamente. Os Srs. Senadores defendem seus Estados, e o
Nordeste foi prejudicado por 14 Srs. Senadores daquela região.
No entanto, temos um ganho. Anuncio o que todo o Brasil já sabe: a partir de
1º de março, o salário mínimo será de 412 reais. Lutamos muito nesta Casa, Sr.
Presidente, por um salário mínimo corresponde a 100 dólares. E o salário mínimo
ficará acima de 200 dólares.
Trata-se de uma vitória do Congresso Nacional, do Governo Lula e do
trabalhador brasileiro.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra à Deputada
Janete Capiberibe, do PSB do Amapá, por 25 minutos.
A SRA. JANETE CAPIBERIBE (Bloco/PSB-AP. Sem revisão da oradora.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, é o momento de esta Casa de leis
assumir a vanguarda e demonstrar que está decida a combater a corrupção. Este é
o momento apropriado para surgir desta Casa uma mensagem inovadora e forte que
passe segurança ao povo brasileiro. Ninguém agüenta mais a corrupção em nosso
País.
Essa situação é resultado de um Estado arcaico, de uma estrutura social
injusta e da falta de mecanismos democráticos de participação, de controle efetivo
por parte da população.
É possível, sim, colocar ao alcance de todos instrumentos necessários para
que possamos, cidadãos e cidadãs, conhecer e controlar diretamente os gastos do
Erário Público.
O Projeto Transparência é inovador, porque permite a todo e qualquer
cidadão acesso aos gastos do dinheiro público neste País, empurrando a Nação a
um salto rumo à modernidade, à vanguarda de políticas públicas voltadas para o
combate à corrupção.
Um projeto como esse não nasce a partir do nada. Ele é resultado de uma
longa trajetória de vida e de experiência no Poder Público adquirida por mim e pelo
Senador João Alberto Capiberibe, autor da idéia.
Nossa história, minha e da minha família, é pautada pela luta pela
democracia, pelos direitos humanos, pela justiça social. A militância política faz parte
da minha vida desde a adolescência. Na década de 70, naquele momento difícil, no
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período da ditadura militar em nosso País, paguei com a minha liberdade e fui
forçada a viver com minha família no exílio durante 10 anos por defender a
democracia e as liberdades individuais. No meu retorno ao Brasil, na década de 80,
continuei essa incansável luta, que ainda permanece e continuará para as futuras
gerações, pela democracia e por melhor divisão das riquezas no País.
O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. me permite, nobre Deputada Janete
Capiberibe?
A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Pois não, Deputado.
O Sr. Mauro Benevides - Nobre Deputada, quando V.Exa. se reporta
àqueles anos de 1970, destacando o momento crítico por que passavam as
liberdades públicas no Brasil, no meu Estado, exercendo eu a Presidência do MDB,
naquela camisa-de-força imposta ao País pelo bipartidarismo, nós nos
enfileirávamos nessa trincheira em defesa da reconquista do Estado Democrático de
Direito. Fui eu um dos 16 Senadores, eleitos em 1974, que traziam o mastro de uma
grande bandeira, a da normalização político-institucional, a fim de que aquele
quadro, que V.Exa. agora delineou, fosse aos poucos restabelecido e
convivêssemos com a nova realidade que decorreu da promulgação da Carta de 5
de outubro de 1988. É essa a história viva que V.Exa., reportando-se a si própria e à
sua família, traz ao conhecimento do Plenário na tarde de hoje. Meus cumprimentos
a V.Exa., nobre Deputada.
A SRA. JANETE CAPIBERIBE - O aparte de V.Exa. é muito oportuno,
Deputado, e o incorporo ao meu pronunciamento.
Fui eleita Vereadora de Macapá, Capital do meu Estado, em 1988. Em
seguida, o povo do meu Estado me concedeu 3 mandatos de Deputada Estadual e,
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posteriormente, fui eleita Deputada Federal para 2 mandatos, sempre pautando
minha atuação política na defesa das minorias e na democratização do acesso aos
serviços públicos e sempre eleita pelo Partido Socialista Brasileiro — PSB.
Meu companheiro, João Alberto Capiberibe, construiu ao meu lado uma
trajetória política vencedora. Foi Prefeito da Capital, Governador eleito e reeleito do
Amapá e coordenou o projeto de desenvolvimento sustentável no Estado. Esse
projeto é hoje a grande novidade no País e no mundo.
Naquela época, era difícil fazer parte dos nossos discursos rotineiros nesta
Casa o desenvolvimento sustentável, a sustentabilidade na cultura dos povos, no
desenvolvimento econômico, no equilíbrio ambiental.
O Sr. Átila Lins - V.Exa. me permite um aparte, Deputada?
A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Pois não, Deputado.
O Sr. Átila Lins - Deputada Janete Capiberibe, cumprimento V.Exa. pela
abordagem a respeito do ponto crucial para a nossa região: a sustentabilidade do
desenvolvimento. Hoje está consolidado em nossas mentes o fato de que só é
possível desenvolver a Amazônia com sustentabilidade. Eu sei que V.Exa. tem sido
intransigente defensora desse tema e destaco seu trabalho. Seu esposo, o Senador
João Alberto Capiberibe, no passado também se empenhou bastante nessa direção.
Sei que V.Exa., na próxima terça-feira, assumirá a Presidência da Comissão da
Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional. Nós, que somos da
região, estaremos juntos na Comissão para continuar o amplo debate a respeito das
questões mais importantes para o povo e a nossa região. V.Exa., sem dúvida
alguma, realizará um grande trabalho na Comissão da Amazônia, o foro mais
importante desta Casa para a discussão dos assuntos daquela vasta região.
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Parabéns a V.Exa. pela próxima posse como Presidenta! Receba meus
cumprimentos também pelo tema que traz ao debate esta tarde.
A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Muito obrigada, Deputado Átila Lins.
Assumiremos a Presidência da Comissão da Amazônia e, este ano inteiro,
debateremos as questões fundamentais para a população da região. Contamos com
o seu trabalho. Em conjunto, encontraremos soluções para o desenvolvimento
sustentável, com a utilização correta dos produtos da região, uma das mais bonitas
e mais cobiçadas do mundo.
O Governador do Amapá, João Alberto Capiberibe, em 2001, quando pouco
ainda se falava em transparência nas contas públicas, além de publicações em
Diários Oficiais da União, dos Estados e dos Municípios, mesmo com precariedade
técnica na informática, ousou implantar no Estado o Projeto Transparência.
Tratava-se de um inovador sistema de consulta das contas governamentais
que permitia que qualquer cidadão com acesso à Internet pudesse fiscalizar as
contas do Governo do Estado, ampliando a participação e o controle democrático
sobre a administração pública. Até hoje a movimentação financeira do Governo do
Estado é exibida na Internet. Faltava, porém, uma lei que garantisse a continuidade
do projeto.
Em seguida, em 2003, eleitos o Senador Capiberibe e eu, Deputada Federal,
apresentamos nesta Casa e no Senado um projeto de lei para implantar esta
ferramenta de participação e controle democrático em todos os órgãos da
administração pública do Brasil.
A tramitação foi mais ágil no Senado Federal. Já no final de 2004 o projeto
estava aprovado por unanimidade nas duas Comissões e no Plenário do Senado
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Federal. Foi enviado para apreciação da Câmara dos Deputados como Projeto de
Lei Complementar nº 217, de 2004.
Na Câmara dos Deputados, foi aprovado pela Comissão de Finanças e
Tributação e pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Em agosto do
ano passado, o Presidente desta Casa, Deputado Arlindo Chinaglia, o incluiu na
pauta de votações. Aguarda, agora, a desobstrução da pauta e a decisão dos líderes
para ser votado como proposta prioritária. Depois de aprovado pela Câmara vai à
sanção presidencial.
O Projeto Transparência é um antídoto à corrupção. Quando virar lei, todos os
órgãos públicos do País terão obrigação de divulgar suas contas em tempo real na
Internet, para que cada cidadão e cidadã brasileira saiba como estão sendo
aplicados os impostos municipais, estaduais e federais.
Após a publicação no Diário Oficial da União, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios com mais de 100 mil habitantes terão 1 ano para colocarem
as contas públicas na rede mundial de computadores. Os Municípios que têm entre
50 e 100 mil habitantes terão 2 anos para fazê-lo. Os municípios com menos de 50
mil habitantes terão prazo de 4 anos para implantar o projeto tão esperado pela
população brasileira que quer participar da sua execução.
Não há limitação técnica que dificulte a implantação do Projeto Transparência.
Como disse, foi muito difícil implantá-lo em 2001, no Amapá. O primeiro
provedor que lá chegou foi o do Governo do Estado, devido ao clamor e à
necessidade que a população brasileira tem de praticar democracia, que inclui
acompanhar a execução do Orçamento.
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Toda a receita (arrecadação) e toda a despesa (gastos) estará acessível pela
rede mundial de computadores. Com o Transparência, quando o órgão público
confirmar sua intenção de compra e pagamento, com a expedição da chamada nota
de empenho, a informação será publicada na Internet. O cidadão e a cidadã poderão
saber o nome do vendedor ou prestador do serviço, a descrição detalhada do
produto ou serviço, como a marca, por exemplo, as quantidades adquiridas, como
também o custo unitário e total do produto ou serviço.
Tomemos como exemplo a compra de macarrão para a merenda escolar por
uma secretaria de educação. Na hora em que a nota for emitida confirmando a
intenção de comprar esse produto, no mesmo instante poderá ser vista na tela do
computador, conectado a Internet, por qualquer cidadão. Ele vai saber o número da
nota de empenho, a quantidade de macarrão que a secretaria pretende comprar,
qual a marca, o peso do pacote, quanto custa cada pacote, o valor total da compra e
quem é a empresa que está vendendo para a secretaria. Com esses dados na mão,
o cidadão contribuinte pode comparar se o macarrão comprado pela secretaria está
no preço de mercado, se o produto está mais barato ou mais caro do que aquele
que o consumidor compra na venda. Se estiver mais caro, com indício de
superfaturamento, poderá fazer uma denúncia ao Ministério Público e a compra
pode ser suspensa, já que ainda não foi paga.
Todas as compras e gastos, licitados ou não, serão divulgados dessa forma.
Esse projeto significa uma grande economia para homens, mulheres, jovens,
adolescentes, crianças e idosos.
O Sr. Pedro Wilson - Permite-me um aparte, Deputada?
A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Concedo um aparte ao nobre Deputado.
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O Sr. Pedro Wilson - Nobre Deputada Janete Capiberibe, parabéns a V.Exa.
pela coragem de trazer a este plenário tema atual, que se insere na história do
Brasil: a luta pela transparência e contra a corrupção; a luta para saber, a todo
tempo, como são feitos todos os investimentos do setor público para fazer funcionar
sua máquina para atender a população. Isso é relevante. É importante para nós que
Ministério Público, CGU, Polícia Federal, Estados e Municípios se irmanem nesse
esforço enorme por uma política honesta, de maneira que sejam comprados os
melhores produtos e que se possa prestar conta imediatamente. Isso é importante
para o gestor que recebe a nota, mas também é preciso que o empresário a leve
para a arrecadação, porque vai haver cruzamento. Muitas vezes, alguém apresenta
uma nota mas não tem o contra-recibo. Podemos errar no Brasil, mas temos certeza
de que vamos passar este País a limpo, porque vamos ter o apoio dos Poderes
Executivo, Judiciário e Legislativo, do Ministério Público e principalmente da
sociedade para que no Amapá, em Goiás ou em Brasília tenhamos uma política que
aplique bem o dinheiro do Orçamento, em benefício do desenvolvimento do Brasil.
Gostaria ainda de parabenizar V.Exa. pela eleição para a Presidência da Comissão
da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional. Desejo-lhe um
bom trabalho. Que possamos associar Cerrado e Amazônia pelo desenvolvimento
sustentável no Brasil.
A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Muito obrigada, Deputado Pedro Wilson.
O Sr. Professor Ruy Pauletti - Deputada Janete Capiberibe, permite-me um
aparte?
A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Concedo o aparte ao Deputado Professor
Ruy Pauletti.
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O Sr. Professor Ruy Pauletti - Nobre Deputada, permita que um Deputado
do Rio Grande do Sul, apaixonado pela Amazônia, a cumprimente. Nunca entendi
exatamente o episódio ocorrido com V.Exa. e o ex-Governador Capiberibe. Gostaria,
naquele momento, de ter-lhe prestado solidariedade. Num país corrupto — hoje a
ONU confirmou que o Brasil é corrupto —, só aqueles que tentam praticar o bem são
punidos. Também quero cumprimentá-la pela eleição para a Presidência da
Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional. Nós,
do Rio Grande do Sul, gostaríamos de colaborar para o desenvolvimento da
Amazônia. Infelizmente, existe uma política no Brasil que faz com que todo aquele
que queira produzir seja um devastador. Os agricultores querem produção
sustentável. Pude constatar que muitas ONGs que trabalham na Amazônia prestam
desserviço ao Brasil. Parece que estão a serviço dos interesses internacionais. Isso
faz com que haja prejuízo para o desenvolvimento do País. Por exemplo, o medo
que estão espalhando com relação à água é inconcebível. O volume de água não
vai aumentar nem diminuir no mundo. O que pode haver é um custo maior pelo seu
uso, com o processo de dessalinização. Mas não vai faltar água. Estão incutindo na
mente do brasileiro que vai faltar água e com isso sustentam a impossibilidade de se
produzir em terras de Rondônia, Roraima e Amapá. Nosso problema é fome!
Deputada Janete Capiberibe, espero que o Projeto Transparência realmente seja
aprovado logo. Meus cumprimentos.
A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Muito obrigada, Deputado Professor Ruy
Pauletti, pela solidariedade. As considerações que fez em seu aparte são muito
importantes. V.Exa. é nosso convidado para participar dos debates da Comissão da
Amazônia. Representamos os 2 extremos do Brasil: sou do Oiapoque e V.Exa., do
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Chuí. Devemo-nos juntar por uma causa comum: a sustentabilidade da vida no
planeta.
Continuando, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, já existem portais de
transparência em algumas Prefeituras do interior, implantados por vontade política
do administrador. Há também o Portal da Transparência do Governo Federal, da
CGU, que representa importante avanço na fiscalização dos gastos públicos.
Muitos podem, com razão, estar se perguntando: por que criar uma lei para
publicar as contas públicas na Internet se isso já está sendo feito?
Porque entre o Projeto Transparência, que estamos para votar, e os portais
que já existem, há 4 grandes diferenças.
Em primeiro lugar, todos os órgãos públicos — Prefeituras, Câmaras
Municipais, Assembléias Legislativas, Governos Estaduais, Governo Federal,
Câmara dos Deputados, Senado Federal, Tribunais — vão ser obrigados a expor
suas contas na Internet. Vai haver lei nesse sentido. Hoje, só publica as contas do
órgão público o administrador que, por vontade própria, torna real sua vontade
política.
Segunda diferença: pelo Projeto Transparência, a exibição na Internet ocorre
em tempo real, automaticamente, no momento em que a nota de emprenho é
lançada no sistema de administração de gastos dos órgãos públicos. Nos demais
portais, não há disponibilidade em tempo real dos gastos públicos para
acompanhamento pelo cidadão. No Portal Transparência, do Governo Federal, a
atualização ocorre a cada 30 dias, mas há desatualizações de mais de 60 dias.
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Terceira: o Projeto Transparência obriga a publicação da compra antes que
seja efetivado o pagamento, o que torna possível até cancelar a compra. Nos portais
atuais, publica-se depois que a compra e o pagamento já estão finalizados.
Finalmente, o detalhamento proporcionado pelo Projeto Transparência chega
até o custo, marca e volume unitário do produto comprado em determinada nota
fiscal, além do volume total, data da compra e nome do fornecedor, permitindo a
fiscalização pela comparação. No Portal Transparência, do Governo Federal, por
exemplo, é publicado apenas o valor total da nota, a data da compra e o fornecedor.
Não é possível saber o que e quanto foi comprado, o custo e o volume unitário e
total nem a marca do item comprado. Essa falta de detalhamento dificulta ao
cidadão comum comparar dados referentes à compra para detectar, por exemplo, o
superfaturamento.
Então, é possível prevenir a corrupção, o desvio do dinheiro público a partir
da implantação desse mecanismo forte de que o povo brasileiro precisa.
A aprovação do Projeto de Lei Complementar nº 217, de 2004, o Projeto
Transparência, é uma vontade de toda a sociedade. Existem manifestações
favoráveis à sua implantação, com força de lei, em todo o País. Entidades da
sociedade civil já se manifestaram abertamente pela sua aprovação.
Durante todo o ano passado, reuni-me com diversas entidades apoiadoras da
proposta que já apresentaram ao Presidente Arlindo Chinaglia e aos colegas
Parlamentares o anseio da sociedade organizada.
São elas: Associação dos Juizes Federais do Brasil — AJUFE, Associação
Brasileira de Imprensa — ABI, Ordem dos Advogados do Brasil — OAB, Associação
Nacional dos Procuradores da República — ANPR, Conferência Nacional dos
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Bispos do Brasil — CNBB, Associação Nacional dos Membros do Ministério Público
— CONAMP, Associação dos Magistrados Brasileiros — AMB, Confederação
Nacional da Indústria — CNI, Federação do Comércio do Distrito Federal —
FECOMERCIO, Federação das Indústrias do Distrito Federal — FIBRA,
Procuradoria Geral da República — PGR, Controladoria Geral da União — CGU e a
ONG Transparência Brasil.
Nesta Casa, além da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, que reúne
mais de 150 Deputados, o Presidente Arlindo Chinaglia manifestou publicamente
sua vontade de ver aprovado o Projeto Transparência. Os líderes dos partidos da
base do Governo e da Oposição com quem conversei também são favoráveis ao
projeto.
Alguns escândalos revelados em operações da Polícia Federal, como
Anaconda, Propinoduto, Pororoca, Antídoto e Sanguessuga, e agora os cartões
corporativos do Governo Federal, do Governo do Estado de São Paulo e de outros
Estados mostram como o mau uso dos recursos públicos em proveito particular é
recorrente.
Junto com essa constatação, surge a necessidade de que os mecanismos de
controle democrático do orçamento público sejam ampliados, como declaram os
apoiadores do Projeto Transparência.
O alcance do PLP nº 217, de 2004, faz com que o preceito constitucional que
diz que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente” seja realizado na sua plenitude.
O povo exerce o poder indiretamente através de nós, representantes
legítimos de sua vontade. O referido projeto possibilita o exercício direto do poder
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pelo povo, porque cada cidadão terá a oportunidade de acompanhar para onde
estão indo os recursos arrecadados e como estão sendo gastos pelos órgãos
públicos. Essas informações são fundamentais para que a coletividade possa
exercer, de forma consciente, a fiscalização em defesa de seus interesses, em nome
da soberania popular.
O Projeto Transparência é uma medida simples, inovadora e de custo
baixíssimo que tem muito a oferecer à sociedade brasileira. Tornará mais
participativa a nossa democracia. Aproximará o administrador do cidadão. Instituirá
uma ferramenta que coíbe a corrupção e permite à classe política reabilitar-se
perante a sociedade.
Por isso, acredito no apoio dos nobres pares para a aprovação do Projeto de
Lei Complementar nº 217, de 2004, que é necessário, urgente, imprescindível para o
aperfeiçoamento da democracia brasileira.
Sr. Presidente, peço a divulgação deste meu pronunciamento nos órgãos de
comunicação desta Casa.
Muito obrigado a todos.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre
Deputado Lira Maia. S.Exa. dispõe de 25 minutos na tribuna.
O SR. LIRA MAIA (DEM-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Deputado Inocêncio Oliveira, Sras. e Srs. Deputados, cidadãos que nos assistem
pela TV Câmara, meu povo do Amazonas, particularmente do Pará, Estado que
tenho a satisfação de representar nesta Casa, retorno à tribuna para falar de um
assunto que sempre é tratado nesta Casa, que me emociona, que me toca e me
envolve: a Amazônia.
Retorno ao tema motivado pelas últimas decisões tomadas pelo Governo,
pelas últimas notícias oficiais do Governo e, sobretudo, pelas últimas atitudes do
Governo Federal, de forma direta e específica, ao meu Estado, o Pará.
A mim parece que todos os brasileiros, sobretudo aqueles que comandam os
destinos do País, estão pensando no desenvolvimento brasileiro sem realizar uma
política de desenvolvimento sustentável para a Amazônia. Não podemos pensar em
desenvolvimento do País sem desenvolver a Amazônia.
Vejo que muitas ações são equivocadas e sentimentais. São ações de
pessoas que talvez não conheçam a realidade daquela região. Digo isso não porque
conheço tudo, mas porque, na condição de caboclo da Amazônia, com certeza,
tenho muito a contribuir, participando dos debates sobre o desenvolvimento da
Amazônia.
Recentemente, foi noticiado pelos órgãos federais de meio ambiente uma
aceleração muito grande do desmatamento na Amazônia.
Particularmente –– sem poder provar ––, desconfio dos dados divulgados.
Primeiro, porque os satélites detectam a queima, mas não confirmam se ela está
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sendo feita na mata, nos pastos ou no preparo de alguma área. Geralmente, nobre
Deputado Mauro Benevides, toda e qualquer queima na Amazônia é contabilizada
como novo desmatamento. Por isso, considero equivocados esses dados, mas não
tenho como provar. Mas peço ao Governo que faça um estudo sério dos dados que
divulgo.
Com base nesses dados, o Governo Federal montou algumas ações, que
considero pirotécnicas, para chamar a atenção do mundo, numa demonstração de
quem quer, de fato, resolver o problema. Na minha opinião, essas operações
servem apenas para tapar o sol com a peneira, longe de chegar a uma decisão
sobre o que deve, de fato, ser feito na Amazônia.
Deputado João Oliveira, representante do meu Tocantins, acho que a
administração nacional está a dever à Amazônia um estudo sério sobre o
zoneamento econômico e ecológico, que daria um rumo, um norte, uma base de
planejamento para o Governo programar o desenvolvimento da região amazônica.
Quando as pessoas se referem à Amazônia, à sua preservação, é no sentido de
colocá-la num oratório, não a utilizando para produção. Mas a Amazônia tem muito a
contribuir para o desenvolvimento deste País.
Se fizermos o zoneamento econômico e ecológico e, de fato, um
planejamento, poderemos introduzi-la como instrumento de desenvolvimento do
Brasil.
Basta dizer que as ações de preservação não consideram que lá temos
residindo quase 20 milhões de brasileiros.
A Amazônia não está intacta. Lá não existem apenas árvores e animais, tem
também animais racionais, chamados seres humanos, que somam mais de 18
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milhões, que têm de morar, viver com dignidade e desenvolver-se. Portanto, acho
que o Governo Federal, os Governos Municipais, enfim, os governos voltados para a
Amazônia devem pensá-la como um modelo de desenvolvimento, sobretudo que o
que tem de mais importante e sagrado para se preservar na região são os seres
humanos que lá vivem e têm que se desenvolver.
Na última semana, tivemos em uma cidade do Pará — foi notícia nacional e
internacional —, a Força Nacional, para ajudar os órgãos ambientais a repelirem o
trabalho dos madeireiros. Sabemos que há madeireiros, assim como pessoas de
qualquer outra atividade, bons e ruins, sérios e irresponsáveis. Não podemos
colocá-los no mesmo balaio, não podemos considerar todos eles criminosos.
O Governo tem sua parcela de culpa, porque inúmeros planos de manejos
são feitos diária e mensalmente pelas empresas que exploram e querem explorar de
forma séria, correta e legal a indústria madeireira e que infelizmente o próprio
Governo não analisa os planos de manejo e não faz a liberação.
Ora, vamos liberar o que tem de ser liberado tecnicamente. Vamos impedir o
que tem de ser impedido tecnicamente. Já existe conhecimento científico e
tecnologia que dão conta de que podemos explorar a Amazônia de forma
sustentável.
Temos que considerar, Deputado Mauro Benevides, que só em Tailândia, no
Pará, 6 mil pessoas ficaram desempregadas esta semana. Essa atividade tem um
apelo social e econômico muito grande. O Governo não pode simplesmente repelir.
Tem que estudar como vai, de uma forma ou de outra, dar sustentação àquela
população que lá vive e tira seu sustento dessa atividade.
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Todos nós, brasileiros, sobretudo da Amazônia, temos que ter ações fortes e
vigilantes para preservar e ter a Amazônia por muito tempo. Mas não podemos, a
qualquer preço, concordar com ações danosas contra o ser humano.
Concedo um aparte ao ilustre Deputado João Oliveira, do Tocantins.
O Sr. João Oliveira - Muito obrigado, caro Deputado Lira Maia. Quero
parabenizá-lo por esse debate da maior importância para o Brasil e para o mundo.
As atenções estão voltadas para esse lado. Quando V.Exa. diz que tem visto ações
ineficazes por parte do Governo, é verdade. Cito que as matas estão caindo. Os
dados vêm de forma equivocada. Na verdade cai mais mata na Amazônia do que
mostram os dados da própria Ministra do Meio Ambiente, que tem uma grande
preocupação com esse problema. Recentemente, fui ao Estado do Maranhão — sou
do Tocantins, vizinho à região amazônica — e, ao chegar a Filadélfia, a Carolina,
pude observar que o Rio Tocantins estava com mais da metade encascalhado, ou
seja, foi feito um aterro dentro do rio. Onde estava a fiscalização do IBAMA? Aquela
era uma situação vergonhosa, praticamente uma parede tomava todo o leito do Rio
Tocantins. Preocupo-me com tudo isso, nobre Parlamentar. V.Exa., um apaixonado
pela preservação do meio ambiente, que foi um grande gestor em Santarém, haverá
de continuar lutando pela melhoria do povo e daquela região, focalizando o Estado
do Pará, que possui atrativos a grandes empreendimentos de latifundiários que
abusam da nossa Amazônia. Deputado Lira Maia, V.Exa. abre importantíssimo
debate. Congratulo-me com V.Exa., reforçando que é preciso haver ações eficazes
do Governo Federal, ações que venham combater verdadeiramente esses grandes
males causados à nossa Amazônia, às matas e a toda a natureza. Parabéns a
V.Exa. pelo pronunciamento desta tarde.
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O SR. LIRA MAIA - Obrigado, Deputado João Oliveira.
Ouço, com prazer, o nobre Deputado Mauro Benevides.
O Sr. Mauro Benevides - Nobre Deputado, o pronunciamento de V.Exa. é
indiscutivelmente de rara e palpitante atualidade. O tema está sendo abordado nas
televisões, na imprensa. V.Exa. tem a sensibilidade de apontar também outra
angulação que merece ser destacada. Anunciou que cerca de 6 mil pessoas estão
desempregadas na Amazônia, por falta de um planejamento capaz de equilibrar
ecologicamente essa situação e garantir a sobrevivência desses brasileiros.
Portanto, o tema que V.Exa. traz a debate na tarde de hoje tem uma palpitância que
exige de nós, representantes do povo, e do próprio Governo, essa busca de um
planejamento que resguarde os interesses da Amazônia. Meus cumprimentos a
V.Exa. pela seriedade do pronunciamento de hoje.
O SR. LIRA MAIA - Obrigado, Deputado Mauro Benevides.
Concedo o aparte ao Deputado Átila Lins, do Amazonas.
O Sr. Átila Lins - Quero agradecer, Deputado Lira Maia, a oportunidade do
aparte que V.Exa. me concede. Ao mesmo tempo, quero cumprimentá-lo pelo tema
que traz a debate nesta tarde. V.Exa., profundo conhecedor das questões
amazônicas, não apenas pelo fato de ter sido um dos mais operosos Prefeitos do
Município de Santarém, mas sobretudo pela sua longa vivência política, como
Deputado Estadual, agora como Deputado Federal, conhece muito bem todos os
ângulos da nossa problemática. É claro que o Pará e toda a região amazônica estão
enfrentando muitas dificuldades. Acompanhei pela imprensa as providências da
Polícia Federal, da Força Nacional, do IBAMA, na invasão à cidade de Tailândia, no
interior do Pará, exatamente para repelir possíveis excessos dos madeireiros. Mas,
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como V.Exa. diz, há bons madeireiros, que querem ganhar o pão de cada dia e que
têm uma folha de pagamento dos seus trabalhadores para honrar todo final de mês,
e há aqueles que fazem da profissão arma de depredação. Então, é preciso que o
Governo estabeleça premissas para atender aqueles que querem fazer o
desmatamento de acordo com a lei e com o manejo autorizado, sem o radicalismo
de dizer que não haverá autorização de manejo algum, pois isso cria essa celeuma
que, como V.Exa. sabe, é de difícil contorno. V.Exa. aborda o assunto com muita
propriedade. É preciso que haja políticas públicas para a região. O zoneamento
econômico e ecológico é uma necessidade. Já foi feito em alguns setores, mas é
preciso fazer em toda a região. É claro que todos nós estamos preocupados com o
desmatamento, queremos evitar que isso ocorra, mas queremos também que a
região desenvolva, porque os 22 milhões de brasileiros que lá estão precisam ter
condições de viver com dignidade. Parabéns a V.Exa. pelo discurso e muito
obrigado pela oportunidade de aparteá-lo.
O SR. LIRA MAIA - Muito obrigado, Deputado Átila Lins. Incorporo ao meu
pronunciamento os apartes dos companheiros.
A própria Governadora do Pará citou, nesta semana, em entrevista, que a
atividade madeireira representa 7% do PIB do Pará, sendo, portanto, uma atividade
altamente importante para o Estado.
No momento em que se faz apenas pirotecnia com relação à atividade, a
minha proposta é de discutir caminhos para de fato encontrarmos um modelo de
desenvolvimento para a Amazônia que realmente possa refletir tanto na sua
preservação como na do ser humano que lá vive.
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Também gostaríamos de abordar o tema da queimada. O madeireiro não
queima, o grande produtor não queima. Eles desenvolvem suas atividades de
maneira mais técnica.
Na realidade, a queima na Amazônia está sendo incentivada pelo próprio
Governo. Vejam bem: o Governo tem-se submetido aos produtores rurais de
pequena produção; tem submetido os produtores familiares a
pseudo-assentamentos, às vezes feitos em áreas intactas de mata da Amazônia,
Deputado Átila Lins, sem estudo ambiental algum e sem nenhuma infra-estrutura.
Isso para assentar famílias de produtores que querem trabalhar, que querem
produzir, que querem sobreviver. Submetem esses produtores a condições
adversas. Muitas vezes, os próprios madeireiros são seus parceiros. Abrem
estradas, ajudam a fazer escolas e, em contrapartida, compram a madeira produzida
pelos pequenos produtores.
Não sei se todos conhecem a realidade, mas, dos assentamentos feitos no
meu Estado e na Amazônia, o produtor rural é, oficial e até financeiramente,
autorizado a derrubar até 3 hectares por ano.
Vejam bem, Sras. e Srs. Deputados. No momento em que o Governo instala
10 mil famílias de assentados em área de mata, em áreas não licenciadas, autoriza
e financia anualmente o desmatamento de 30 mil hectares. A agricultura familiar não
merece tanta humilhação. Seriam feitos assentamentos em áreas já antropizadas,
que fossem de fato o local em que os produtores fizessem o desmatamento de
forma mais simples, sem cometer tamanhos danos e que os produtores pudessem
ter também trabalho, estrada, água, escola, condições básicas e mínimas para que
qualquer família sobreviva no campo.
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Ouço, com prazer, o ilustre Deputado Moreira Mendes.
O Sr. Moreira Mendes - Deputado Lira Maia, ouvi com atenção parte do
discurso de V.Exa. e lamento não tê-lo ouvido desde o início. Tenho ocupado esta
tribuna várias vezes, neste início de ano, para fazer a mesma denúncia. V.Exa. tem
toda razão: o Governo brasileiro está profundamente equivocado na condução do
desmatamento e das queimadas na Amazônia. Há uma distorção: toda vez que o
desmatamento diminui, o sucesso é do Governo, é do Ministério do Meio Ambiente;
quando recomeça, os culpados são o boi, a soja e o produtor. Na verdade, o grande
culpado disso tudo é o Governo, como V.Exa. tão bem tem demonstrado na questão
do INCRA. Esse instituto não cumpre o seu papel na Amazônia. Promove
assentamentos, joga as famílias lá dentro e não lhes dá nenhuma assistência, nem
estrada, nem escola, nem meios técnicos para se desenvolverem. Esse povo
precisa de apoio. Tenho dito, ilustre Deputado Lira Maia, que as políticas públicas do
Governo para a Amazônia são voltadas para as comunidades indígenas, para as
comunidades tradicionais. Não tenho absolutamente nada contra nenhuma delas,
mas elas representam menos de 0,1% daquela população. Enquanto o Governo não
voltar os olhos para os 23 milhões de brasileiros que lá vivem, não vamos conseguir
conter o desmatamento nem as queimadas. Temos de mudar nossos conceitos.
Temos verdadeiramente de nos preocupar com o meio ambiente. É preciso que o
Governo faça a sua parte. Parabenizo V.Exa., como Deputado do Pará, pelo
brilhante discurso. Em Rondônia, meu Estado, a situação não é diferente.
O SR. LIRA MAIA - Muito obrigado, Deputado Moreira Mendes.
Na minha opinião, se o Governo tivesse realmente o zoneamento econômico
e ecológico, fizesse um planejamento para a Amazônia, não seria preciso derrubar
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mais árvores. Não seria preciso derrubar nem mais 1 hectare de mata na Amazônia
para sermos o maior celeiro de produção não só do Brasil, mas do mundo.
Parece-me que hoje as pressões internacionais ocorrem em função de sermos o
primeiro produtor de laranja, de cana-de-açúcar, de carne e de frango. E vamos,
sim, este ano, ser o primeiro produtor de soja, até porque os Estados Unidos, que
lideram essa produção, estão cultivando muito mais milho em razão do etanol.
Vamos ser o maior em tudo. Isso causa realmente um alvoroço, uma inquietação em
quem está lá fora.
O Governo brasileiro tem de ter os olhos voltados para o seu potencial. E o
ser humano, com sua capacidade de criação, com a tecnologia hoje existente, com
os apelos científicos e tecnológicos de que dispõe, tem, sim, condições de conduzir
o processo de desenvolvimento da Amazônia, quer seja no campo da agropecuária,
quer seja na exploração de sua biodiversidade, na sua riqueza mineral, na água,
enfim, em tantos potenciais e recursos dessa Amazônia de meu Deus.
Os produtores de soja, os produtores de grãos da Amazônia têm sofrido
retaliações. Na minha cidade, há 700 mil hectares de áreas degradadas. Há mais de
500 mil hectares de áreas propícias à produção de grãos sem precisar derrubar uma
só árvore.
Basta que o Governo — essa a minha sugestão a ser estudada; a meu ver, a
fórmula mágica para resolver o problema da agropecuária da Amazônia — libere as
áreas antropizadas e devastadas para a produção. Pode fechar totalmente as áreas
intactas de matas que não precisa mais derrubar uma árvore para a produção. Só
não pode cometer equívocos.
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Na região do Novo Progresso, na BR-163, criaram uma reserva de
preservação permanente com 30 mil cabeças de gado. É um equívoco, é falta de
conhecimento. Não querem encontrar uma solução daqui de Brasília. Na área de
São Félix do Xingu, no meu Tucumã, sul do Pará, existe uma área de preservação
com 150 mil cabeças de gado na terra do meio, e assim por diante.
Há equívocos em Roraima. A situação da briga dos arrozeiros com os
indígenas é outro equívoco. Lá, a produção é feita em área de várzea, não há mais o
que preservar. Somente porque a área é declarada de índio, e foi declarada depois,
os produtores são obrigados a sair.
Sr. Presidente, venho à tribuna abordar esse tema não como forma de criticar
o Governo. Afinal de contas, o Governo a que me refiro não é o partidário. Falo dos
governos ao longo do tempo que não tomaram as providências necessárias para
realmente dar à Amazônia a condução do processo de desenvolvimento sustentável.
Na época do Governo militar, levaram os homens sem terra do Rio Grande do
Sul para as terras sem homens da Amazônia. Construíram a Transamazônica, a
Cuiabá—Santarém há mais de 30 anos — até hoje não estão prontas. A Santarém—
Cuiabá, BR-063, entrou no PAC como prioridade deste Governo.
No ano passado, foram executados 900 metros. Metros! Não foram
quilômetros. De uma estrada com 1.700 quilômetros, foram feitos 900 metros. A
estrada faz parte do PAC. Para esse ano estão previstos mais 40 quilômetros. No
ano passado, estavam previstos 20, foram feitos 900 metros. Para este ano, como
estão previstos 40 quilômetros, não sei quanto será feito.
Exponho esse tema ao Plenário para nós, da Amazônia e do País, realmente
encontramos uma solução. Não podemos submeter o povo da Amazônia a essa
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humilhação de virar notícia nacional e internacional. Não podemos chamar de
criminosos quem, de fato, quer gerar emprego, renda e produção no País.
Quero lançar o convite e o desafio para, na Comissão da Amazônia, nos
debates desta Casa, darmos atenção especial àquela área que requer, de fato,
proteção, sobretudo em respeito a sua população.
Que o debate seja feito com conhecimento de causa, não pelo lado emotivo,
não apenas com o coração.
Quero o debate com a razão, debate que, de fato, encaminhe, mostre, para
que cheguemos à solução viável para a Amazônia pensando no seu povo, no País.
Agradeço a todos por nos ouvirem com paciência.
PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez, venho a esta tribuna
para tratar de um assunto que, devido a sua importância, aguça a paixão de todos
os brasileiros, e principalmente, desperta o interesse da comunidade internacional.
Falo, Sras. e Srs. Parlamentares, da nossa Amazônia.
A Amazônia toda, incluindo porções dos países vizinhos, possui 7,6 milhões
de quilômetros quadrados e corresponde a 5% da sua superfície terrestre e, no
Brasil, compreende a três quintos de seu território. Como qualquer outra região do
planeta, possui uma imensa diversidade geológica e biológica. No entanto, toda
essa imensa diversidade ficou resumida a uma só palavra: Amazônia.
Tudo o que acontece, em qualquer ponto de seu imenso território, é sempre
noticiado como “aconteceu na Amazônia”. Um exemplo recente foi dado pela revista
Veja, que, ao noticiar a descoberta de uma quadrilha de fraudadores de guias do
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IBAMA, no Estado de Mato Grosso, no extremo sul da região amazônica, estampou
em sua capa: Amazônia à venda.
A morte de um camponês, ou de um sem-terra, em qualquer lugar do Brasil é
noticiada com destaque apenas do próprio local do evento. Como por exemplo:
“aconteceu no Pontal do Paranapanema”, ou “aconteceu na cidade Tal”. Na nossa
região não. Se alguém é assassinado em Belém ou em Xapuri, a imprensa divulga
que foi na “Amazônia” e os reflexos negativos repercutem por toda essa imensa
região, atingindo cidades a mais de 2 mil quilômetros do evento. Seria como se um
crime cometido no Rio Grande do Sul tivesse repercussão no Ceará ou no Rio
Grande do Norte.
Sempre que o assunto Amazônia é tratado, cria-se uma enorme expectativa
e, conseqüentemente, exageros e injustiças são cometidos. É o que está
acontecendo hoje no Município de Tailândia, no Estado do Pará. As ações
promovidas pelo Governo Federal estão colocando na marginalidade os madeireiros,
os agropecuaristas e os pequenos produtores rurais.
É lamentável que o Governo se valha de uma nuvem de fumaça para tapar o
problema que na maioria dos casos é provocado por ele mesmo.
Infelizmente, agindo dessa forma, o Governo não está preservando o maior
patrimônio que a Amazônia possui: o povo amazônida.
Falo isso, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, pois nas ações que o
Governo vem desenvolvendo na região não estão sendo considerados aspectos
fundamentais, peculiaridades da Amazônia e de seu povo.
Deve-se considerar a inquietação de um setor que quer funcionar dentro da
legalidade, que representa, segundo informação da Governadora do Estado do
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Pará, 7% do Produto Interno Bruto do Estado. Um setor que, em muitos casos,
funciona na ilegalidade devido à inoperância do Poder Público que não analisa os
planos de manejo em tempo razoável, principalmente por não ter pessoal suficiente
e qualificado, nem tão pouco possui o aparelhamento necessário para o bom
desempenho de suas funções.
Não quero, Sras. e Srs. Deputados, justificar a informalidade, a ilegalidade,
mas, em muitos municípios, o setor madeireiro tem a responsabilidade não só
econômica, mas principalmente social, tendo em vista que o setor representa a base
econômica principal desses municípios, sendo responsáveis por mais de 50% dos
empregos diretos, e isso tem que ser considerado.
Questiona-se em considerar que os dados sobre as queimadas na Amazônia
estão equivocados. Os dados apresentados pelo Governo deixam dúvidas.
Madeireiro não queima. Produtor de grãos não queima, principalmente, porque a
agricultura é tecnificada e feita normalmente em áreas já antropizadas por máquinas
e implementos agrícolas, empregados cada vez mais tecnificados e adaptados
buscam maior produtividade.
Deve-se considerar que o Governo erra na forma em que assenta o pequeno
produtor. Sou plenamente a favor da agricultura familiar, mas na forma que o
Governo faz está errado. No afã de aumentar as estatísticas referentes à reforma
agrária no País, o Governo não viabiliza os assentamentos rurais. Apressa-se a
assentar produtores em projetos sem a mínima infra-estrutura, quase sempre
suprida em parceria com madeireiros. Outras vezes, cria assentamentos e
consideram famílias que muitas vezes já se encontram ali há mais de 50 anos como
assentadas.
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Defendo o desenvolvimento sustentável da Amazônia com foco na
preservação. E justamente por querer e lutar pela preservação das nossas riquezas
naturais é que defendo essas atividades na região. Defendo, principalmente, os mais
de 18 milhões de habitantes que vivem na Amazônia e que precisam comer e viver
com dignidade.
Sras. e Srs. Parlamentares, é justamente por entender que essa nossa
imensa região não pode e não deve ser tratada como se fosse algo indivisível que
defendemos o desenvolvimento sustentável da Amazônia de forma setorizado. No
nosso ponto de vista, não há como colocar em um só invólucro toda essa imensa
variedade geográfica e biológica. Somente para dar um exemplo, assim como
existem áreas que suportam muito bem as atividades agropecuárias, existem outras
que devem permanecer intocadas sob o risco de grave dano ambiental.
Além da floresta, que é sempre o que mais se leva em conta, temos
imensuráveis riquezas minerais e um imenso potencial hídrico, além de extensas
áreas apropriadas para as atividades agropecuárias. Acreditamos que com um bom
planejamento é possível, sim, desenvolver importantes projetos nessas áreas e, ao
mesmo tempo, preservar a maior parte da cobertura florestal.
Cabe ressaltar que, ao contrário do que se divulgam, a Amazônia somente foi
desmatada em 16% da sua totalidade. O curioso é que o Governo Federal, que
promove essas “operações ditas emergenciais” apenas para se autopromover sob a
alegação de preservar, é, na verdade, quem mais incentiva o desmatamento e a
queima na Amazônia.
Logo explico, Sras. e Srs. Deputados. Ao promover um assentamento rural de
mil famílias, por exemplo, o Governo o faz em áreas totalmente intactas. Nesses
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assentamentos, o Governo autoriza o pequeno produtor a desmatar até 20% da área
a ele destinada, limitando-se em 3 hectares ao ano. Pois bem. Se considerarmos mil
famílias assentadas, são 30 mil hectares ao ano desmatados, autorizados e
financiados pelo Governo.
O problema vai além. Nesses assentamentos, não são dadas ao pequeno
produtor as condições básicas para o desenvolvimento da produção. Faltam
infra-estrutura para o assentado e sua família (casa, água, escola, etc.) e,
principalmente, acesso ao escoamento da produção do pequeno produtor.
Ambientalmente, quase sempre os assentamentos não são licenciados.
O madeireiro é hoje — ao contrário do que o Governo tenta passar para a
opinião pública — o grande aliado, o maior parceiro do pequeno produtor. Na
prática, o madeireiro substitui o Poder Público, fornecendo para o pequeno produtor
escola, moradia e estradas para o escoamento da produção. Em contrapartida, o
produtor vende a madeira retirada de suas terras para o madeireiro. Isso é lógico,
mas infelizmente ilegal.
Não é justo que o Governo venha a marginalizar esse importante segmento
da sociedade. Não posso aceitar que o Governo coloque a culpa da sua inoperância
nos madeireiros ou nos pequenos e grandes produtores agropecuários.
Como disse no início deste pronunciamento, os madeireiros e os produtores
não querem trabalhar na informalidade.
O Governo em seus projetos de assentamento rural deveria instalá-los já com
infra-estrutura e, principalmente, em áreas antropizadas. Nessas áreas, por meio da
tecnificação, não seria necessário promover novas derrubadas de floresta.
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Outro aspecto que deveria ser considerado pelo Governo é a instalação de
assentamentos rurais devidamente licenciados. Dessa forma, os produtores não
teriam problemas com os órgãos ambientais. Os assentamentos não possuem
sequer registro, conseqüentemente, não podem ter liberados os projetos de manejo
florestal, ou seja, estão autorizados a derrubar 3 hectares por ano, porém a madeira
retirada de suas terras são consideradas clandestinas. Para não ter problemas com
a fiscalização, essas madeiras são queimadas, quando, na verdade, deveriam ser
destinadas para indústrias ou fábricas de carvão vegetal, tão necessário na
siderurgia.
O Governo precisa considerar o aproveitamento dessa madeira.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todas as ações que envolvem a
Amazônia esbarram na falta de um Zoneamento Econômico-Ecológico — ZEE, que
balizaria com certeza as ações de desenvolvimento sustentável na região.
Infelizmente, sem o ZEE, nada disso pode ser realizado com clareza.
Somente por meio desse importante instrumento de planejamento seremos capazes
de elaborar planos e projetos que possam nos levar ao tão falado e esperado
“desenvolvimento sustentável”. O ZEE nos dará a diretriz daquilo que se pode e do
que não se pode fazer em cada região. Indicará os locais mais adequados para cada
tipo de atividade produtiva, e também aqueles que somente podem ser explorados
com um manejo adequado e aqueles que devem permanecer intocados, sob o risco
de grave dano ambiental.
Os estudos e as propostas que serão gerados pela realização do ZEE
favorecerão tanto o desenvolvimento das atividades produtivas quanto a
preservação ambiental, pois indicarão as áreas mais apropriadas para cada
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atividade. Dessa forma, quem quer produzir procurará, espontaneamente ou de
forma induzida, o local indicado pelo ZEE. As áreas indicadas para conservação ou
preservação poderão ter suas atividades produtivas restringidas ou até mesmo
proibidas por lei. Dessa forma, com os estudos adequados e com bastante vontade
política, acabaríamos com essa desordem que hoje prevalece na forma de ocupação
de nossas terras e que acabam se revertendo para o desmatamento.
Temos hoje imensas áreas de terras alteradas, antropizadas e até mesmo
degradadas, que poderiam estar produzindo alimentos, sendo mantidas,
obrigatoriamente, como reserva legal, assim como temos áreas de florestas sendo
derrubadas sob o abrigo da lei.
Marginalizar o madeireiro e o produtor não é a solução. No caso do Município
de Tailândia, temos hoje, após as ações do Governo Federal, cerca de 6 mil
pessoas desempregadas só por conta do setor madeireiro. Como essas pessoas
irão sobreviver? O Governo não pensou nessas pessoas que precisam comer e
viver com dignidade? Deveria o Governo — a exemplo do seguro-defeso dos
pescadores — criar uma espécie de proteção para manter as famílias dos
trabalhadores do setor madeireiro?
As ações do Governo provocaram reações de diversos segmentos da
sociedade e, nesse caso, solicito à Mesa Diretora desta Câmara dos Deputados que
autorize a transcrição nos Anais da Casa da nota oficial, publicada pela Federação
da Agricultura e Pecuária do Pará, intitulada Fale a verdade, Ministra! Produtor
amazônico não é bandido!
Para finalizar, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, devo dizer que com
o emprego de tecnologia, com os investimentos necessários em infra-estrutura e
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com o apoio do Poder Público na liberação de licenças e na elaboração do
Zoneamento Econômico-Ecológico na Amazônia podemos, sim, produzir alimentos,
explorar os recursos florestais e promover o desenvolvimento sustentável na região
amazônica, gerando emprego e renda para a nossa população. Tudo isso sem a
necessidade de destruir a natureza, valorizando o bem maior da Amazônia: o
homem.
A não ser que a intenção do Governo seja de fato submeter o povo da
Amazônia ao constrangimento de estar fadado e legado à própria sorte, sem o
direito de sobreviver com dignidade, apenas para atender interesses ocultos de
organismos internacionais que, a qualquer custo, querem inverter a escala de
valores, colocando os seres humanos que lá vivem em segundo plano, sob o
pretexto da vida futura.
Não podemos, nobres pares, suprimir o presente para preservar o futuro.
Acho que com conhecimento científico e emprego de tecnologia, podemos promover
o desenvolvimento sustentável.
Temos, sim, que definir um modelo de desenvolvimento específico para a
Amazônia, considerando que ela corresponde a três quintos deste País. Não
podemos pensar o Brasil sem pensar a Amazônia, sem considerar este grande
potencial disponível que, com o emprego da inteligência, pode, sem dúvida alguma,
colocar o País como uma das maiores potências do mundo.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.
Muito obrigado.
NOTA OFICIAL A QUE SE REFERE O ORADOR
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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 151 A 151-B)
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152
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência informa que hoje há
Ordem do Dia, e o Líder não pode transferir suas atribuições para o Vice-Líder.
Logo após a Ordem do Dia, concederei a palavra aos oradores inscritos:
Deputados Átila Lins, João Oliveira, Celso Maldaner, Praciano, Gilmar Machado,
Raul Jungmann, Nilson Mourão e outros.
Todos poderão falar, porque a sessão deverá se estender até as 18h50min.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Apresentação de proposições.
Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar queiram
fazê-lo.
APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.:
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VI - ORDEM DO DIA
PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A lista de presença registra o
comparecimento de 410 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Passa-se à apreciação da matéria
sobre a mesa e da constante da Ordem do Dia.
Item 1.
Medida Provisória nº 401, de 2007
(Do Poder Executivo)
Discussão, em turno único, da Medida Provisória nº
401, de 2007, que altera as Leis nºs 11.134, de 15 de
julho de 2005, e 11.361, de 19 de outubro de 2006, dispõe
sobre a remuneração devida aos militares da Polícia
Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal
e sobre os subsídios das carreiras de Delegado de Polícia
do Distrito Federal e de Polícia Civil do Distrito Federal.
Pendente de parecer da Comissão Mista.
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O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, há requerimento sobre a mesa solicitando a retirada de pauta ou a
votação nominal da matéria. Encaminhei o de votação nominal. Para votação
nominal não há admissibilidade, não sei se há para retirada de pauta.
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O SR. TADEU FILIPPELLI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. TADEU FILIPPELLI (Bloco/PMDB-DF. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, pelo entendimento de Liderança feito ontem, haveria a
votação simbólica desta MP hoje. É o que foi acordado.
Portanto, eu faria um apelo ao Deputado Miro Teixeira para que esta
verificação fosse retirada, de forma a mantermos o acordado ontem durante a
sessão.
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O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, mantenho o requerimento e vou dizer à Casa o porquê. Há
servidores da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do antigo Distrito Federal na
época em que era no Rio de Janeiro, que estão sendo excluídos pura e
simplesmente e tendo seus direitos mutilados por conta desta medida provisória.
Aqui há sempre um hábito de se olhar a questão eleitoral. Não tenho a menor
relação eleitoral com eles, é apenas uma questão de justiça.
Fala-se do vício de iniciativa na emenda, mas eu vou antes: o vício de
iniciativa está na exclusão daqueles que têm direitos assegurados pela Constituição
do País. Não há que se invocar o art. 61 quando se tem a violação da isonomia, do
art. 40, porque todos levam na aposentadoria ou na pensão os direitos que tinham.
Bom, hoje isto está sendo feito com essas pessoas. Algumas estão aqui, são
idosas e mal conseguem se deslocar para cá; são pobres, têm de fazer um rateio
para virem 4 ou 5.
Acho que haveria a possibilidade de entendimento se V.Exa. concedesse uns
5 minutos. Poderia não acolher na íntegra a emenda e apenas fazer a remissão à
Lei nº 10.486, porque eles já estão na lei. Pode-se fazer como parágrafo, para que a
matéria prossiga e se discuta no Senado a sua manutenção ou a sua supressão, ou
até na hora do veto. Ninguém é dono da verdade, a começar por mim, mas o que
não se pode é arrumar um pretexto de vício de iniciativa para excluir do plenário a
apreciação da matéria. Por isso, encaminhei o requerimento.
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Se houver a percepção de que se pode fazer justiça a essas pessoas, V.Exa.
poderia, talvez, dar a palavra a Deputados que ainda estão inscritos para falar — e
V.Exa. aplica o Regimento melhor do que qualquer um de nós — e nós faríamos
essa tentativa. Se houver obstinação, se for uma queda-de-braço, aí, eu preciso ter
aqui a bancada do Rio de Janeiro para que ela comece a prestar atenção ao que
está sendo feito. Toda semana há uma história desse tipo, atingindo a cidade ou o
Estado ou os servidores do antigo Distrito Federal, como é o caso.
Deixo a decisão na mão de V.Exa., Sr. Presidente, mas o requerimento está
mantido.
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O SR. MAGELA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MAGELA (PT-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, naturalmente, quero concordar em parte com as observações do nobre
Deputado Miro Teixeira de que nós temos que ter o maior cuidado nesta Casa para
não cometer injustiças contra quem quer que seja, especialmente, contra
trabalhadores da segurança pública do antigo Distrito Federal. Não podemos correr
o risco de esta Casa cometer injustiças.
No entanto, a medida provisória editada não prevê a extensão desses
benefícios que traz a esses servidores. Não há, portanto, como votarmos esta
medida provisória nesta tarde, mesmo que esse seja o desejo de todos nós.
Quero fazer a V.Exa. o pedido de retirada de pauta da medida provisória, para
que na terça-feira, com o Plenário refeito, possamos votar, pedindo inclusive ao
nobre Relator, Deputado Laerte Bessa, que muito bem conhece o assunto, que
promova, junto com o Deputado Miro Teixeira, a busca de entendimento. É natural
que, se houver o entendimento e pudermos votar consensualmente, assim o
faremos. Se não houver, em tendo disputa, é inevitável a solicitação de verificação
de quorum, o que faz com que nós já decidamos pela suspensão da pauta de hoje
para que não haja nenhum tipo de necessidade de obstrução de qualquer um dos
partidos.
Faço, então, esse requerimento a V.Exa.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Gostaria de informar que não há
nenhum requerimento na mesa para retirada de pauta. Há um, do Deputado Miro
Teixeira, para adiamento da votação nominal.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Mas V.Exa. abre um prazo para encaminhar?
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Vou abrir um prazo agora. Vou
ouvir todos os Líderes presentes.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Isso daria a possibilidade, Sr. Presidente, de o
Relator mexer.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Vou ouvir os Líderes. Depois, vou
dar a palavra aos Parlamentares e pedir que se reúnam por 10 minutos, para verem
se há entendimento. Senão, vou tomar uma decisão. Acho que a decisão mais sábia
seria ler a matéria, porque, sem encerrar a discussão, poderemos, a qualquer hora,
apresentar alguma emenda para alterar o texto. Por enquanto, não estou decidido,
pura e simplesmente, a retirá-la de pauta, porque é anti-regimental.
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O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, peço a
palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Pela ordem. Sem
revisão do orador.) - Sr. Presidente, não sou eu que vou fazer as vezes de Líder do
Governo. Ontem, elaboramos um acordo. O Democratas mantém a sua posição de
votar hoje esta medida provisória.
Quero chamar a atenção não apenas do Deputado Miro Teixeira, que é autor
de emenda, mas de toda a Casa para o fato de que também existe uma emenda do
Deputado Indio da Costa, que propõe instituir essa vantagem aos policiais do Rio de
Janeiro.
Nós, do Democratas, apresentamos destaque a essa emenda. É claro que
existe a análise de adequação orçamentária e financeira, que cabe ao Relator. Ao
que tudo indica, o parecer do Relator é pela inadmissibilidade da emenda. Se a
emenda fosse acatada, poderíamos avançar na votação do texto principal e, depois,
votaríamos o destaque, que já foi feito pela nossa bancada e procura garantir essa
emenda.
Ao ser aprovado o destaque, o benefício é estendido. Para isso, o Relator
precisaria alterar o seu parecer com relação à adequação orçamentária e financeira
da emenda.
Estamos prontos para votar e cumprir o acordo feito ontem. Representando a
Liderança do PT, o Deputado Magela manifestou sua opinião pela dificuldade de
votarmos. Quero apenas que fique muito claro que, se houver, mais uma vez, como
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houve na semana passada, descumprimento de acordo, não foi por iniciativa do
Democratas ou da Oposição.
Muito obrigado.
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O SR. MOREIRA MENDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MOREIRA MENDES (PPS-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, claro que está ocorrendo, verdadeiramente, uma discriminação,
ainda que por descuido de quem redigiu a medida provisória, porque estão excluídos
os ex-policiais civis e militares dos 3 Territórios de Rondônia, Roraima e Amapá, e
os policiais do Rio de Janeiro. São quadros em extinção dos ex-Territórios Federais.
Segundo bem disse o Líder do PDT, a Lei nº 10.486 é clara quando estabelece que
os policiais militares dos ex-Territórios têm todos os benefícios da legislação do
Distrito Federal.
Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, embora o PPS tenha de alguma
forma concordado com esse pacto de hoje votar essa medida provisória,
pessoalmente, por representar aqui hoje o PPS e por ser do Estado de Rondônia,
tenho muita dificuldade de avançar nesta discussão sem que encontremos uma
solução absolutamente justa, correta, legal. Não é possível discriminar os policiais
militares e civis dos ex-territórios de Rondônia, Roraima e Amapá, além dos do Rio
de Janeiro.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, pela ordem, ao
ilustre Deputado Jofran Frejat, Líder em exercício do PR.
O SR. JOFRAN FREJAT (PR-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o pleito do Deputado Miro Teixeira é extremamente justo. S.Exa. está
querendo beneficiar as pessoas do Rio de Janeiro que são da Polícia Militar, a
maioria bombeiros aposentados. O problema é que esse pessoal é pago
diretamente pelo Ministério da Fazenda e não pelo Fundo Constitucional do Distrito
Federal. Incluí-los nas despesas do Fundo Constitucional retirará do Distrito Federal
uma quantia substancial. Queremos encontrar uma solução. Achamos justo o pleito,
desde que não traga prejuízo ao Fundo Constitucional do Distrito Federal.
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O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, peço a
palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Pela ordem. Sem
revisão do orador.) - Sr. Presidente, parece coincidência, mas as nossas
quintas-feiras estão sendo de alguma forma prejudicadas pelas disputas do Rio de
Janeiro com o Distrito Federal.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, pela ordem, ao
Deputado Bruno Araújo, do PSDB.
O SR. BRUNO ARAÚJO (PSDB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, o PSDB fez acordo ontem para votar a matéria e não fará objeção à
votação, mas faz a reflexão de que a demanda trazida pelo Deputado Miro Teixeira
merece a atenção da Casa. Não obstaculizaremos a votação da matéria, porém
cabe à sensibilidade do Plenário analisar com bastante presteza essas disposições.
Caso seja entendimento do Governo prosseguir, honraremos o acordo feito ontem.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, pela ordem, ao
Deputado Tadeu Filippelli.
O SR. TADEU FILIPPELLI (Bloco/PMDB-DF. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, ouvindo atentamente as alegações dos Srs. Líderes,
entendemos que houve efetivamente um acordo para ser votada essa MP hoje, de
forma simbólica.
As questões levantadas pelo Deputado Miro Teixeira realmente se revestem
de justiça, porém temos de analisar que a MP nº 401 foi fruto de trabalho, de
debates, de estudos desde o mês de setembro. Não sabemos rigorosamente o
reflexo que terá, do ponto de vista financeiro, acolher a proposta feita pelo Deputado
Miro Teixeira. Defendo a justiça da emenda do Deputado Miro Teixeira, mas
devemos conhecer a envergadura, o alcance e, como bem lembrado pelo Deputado
Jofran Frejat, a despesa para o Fundo Constitucional do Distrito Federal. Torna-se
quase um impeditivo debater essa emenda, o que me leva a apelar para que o
Deputado Miro Teixeira retire a emenda. Volto a insistir que não são de fundamento
político as alegações, tanto é que o Deputado Bessa e eu, particularmente, somos
do PMDB, não pertencemos à base do Governo do Distrito Federal, que é do
Democratas. Aliás, é a única Unidade da Federação governada pelo Democratas.
Estou aqui, como oposição a esse Governo do Buriti, defendendo o
atendimento ao pleito do Palácio do Buriti e, conseqüentemente, a todos aqueles
policiais, tanto bombeiros, militares e civis que prestam serviço no Distrito Federal.
Faço esse apelo ao Líder do Democratas sobre a abordagem dessa outra
emenda e também ao Deputado Miro Teixeira em relação aos reflexos com o
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simples acatamento disso. Não podemos colocar em risco a votação da MP nº 401.
O que isso representará ao Fundo Constitucional do Distrito Federal?
Era o que tinha a dizer.
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O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, acho que está surgindo uma solução que terá de ser discutida na
segunda-feira. Torno público — conversei com o Deputado Antonio Carlos
Magalhães Neto — que estou disposto a fazer uma emenda aglutinativa. Nossas
assessorias já estão conversando, porque há emendas do DEM, as nossas e de
outros Parlamentares. Podemos fazer uma emenda aglutinativa e o enfrentamento
no Plenário. Essa é uma hipótese. A outra é, antes do enfrentamento, dentro das
boas práticas parlamentares, na segunda-feira, como já se dispõe o Relator,
conversarmos e votarmos simbolicamente.
Ninguém está buscando privilégio para ninguém. Esses servidores já são
remunerados pela União e a fonte pagadora pode continuar sendo a mesma. Não há
esse tipo de embaraço. A discussão não é essa. A discussão é de direitos. Agora
também avulta a expressão dos direitos dos servidores dos ex-Territórios.
Temos de nos sentar na segunda-feira para resolver isso democraticamente.
A maneira de chegarmos a isso é o Relator pedir prazo, o que facilitaria esse debate
— S.Exa. tem esse direito —, ou V.Exa. considerar o requerimento que faço.
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O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, peço a
palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Pela ordem. Sem
revisão do orador.) - Sr. Presidente, primeiro, quero reafirmar nossa disposição de
cumprir o acordo estabelecido. Contudo, gostaria de fazer uma sugestão aos demais
Líderes, especialmente aos da base do Governo. Poderíamos ler o texto, discutir a
matéria, encerrar a discussão e deixar o processo de votação para a semana que
vem. Que isso não seja compreendido como uma tentativa de descumprir o acordo.
Estou aqui para votar. Mas foi criado um impasse. Se houver um pedido de
verificação de votação, é claro que a sessão cairá imediatamente. Não há quorum
para sustentar esta sessão. Aí não conseguiremos sequer avançar na leitura e
discussão dessa medida provisória. A sugestão que faço à base do Governo é ler o
relatório, discutir a matéria, encerrar a discussão e, na semana que vem,
retomarmos o processo de votação.
A última ressalva que faço é a seguinte: tão logo a medida provisória seja
editada, os seus efeitos já alcançam seus beneficiários. Esses policiais estão
protegidos pelos efeitos da medida provisória. Não há nenhum prejuízo para aqueles
interessados na eventualidade de a matéria ficar para a semana que vem. Estamos
aqui para cumprir o acordo. Se houver o entendimento dos demais Líderes,
poderemos acatar a proposta que faço neste momento.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Regimentalmente, não há nenhum
requerimento de retirada. Agrada-me muito a proposta do ilustre Líder do
Democratas, Antonio Carlos Magalhães Neto, se houver acordo geral, mas devemos
seguir rigorosamente o Regimento. A votação deverá ser nominal. O Deputado Miro
Teixeira fala em nome do bloco, do qual é Vice-Líder.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem a palavra o Deputado Ricardo
Barros, pela Liderança do Governo.
O SR. RICARDO BARROS (PP-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, fizemos um entendimento para a votação dessa matéria hoje. O
Deputado Miro Teixeira, ontem, no final do dia, anunciou o seu interesse na
aprovação desse destaque. Estamos fazendo um esforço no Governo. Estamos
levantando quanto custa isso, até para subsidiar um eventual convencimento do
Governo da justiça do pleito que o Deputado Miro faz e o Governo mandar à Casa,
por meio de medida provisória ou projeto de lei, a matéria que é privativa do
Executivo, pois gera despesa. Temos feito um esforço nesse sentido. Infelizmente,
tivemos pouco tempo para essa negociação. Diferentemente da bancada do Distrito
Federal, que está trabalhando desde setembro na matéria, apenas ontem
recebemos essa notícia.
Meu desejo é cumprir o acordo e votar hoje a matéria. Assumimos o
compromisso de levar o pleito do Deputado Miro Teixeira ao Governo e, convencido
o Governo da justiça do pleito, aguardaremos uma mensagem que conduza ao
resultado que o Deputado Miro deseja. Essa é a posição da Liderança do Governo.
Faço um apelo para que se cumpra o acordo e votemos a matéria.
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O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Questão de ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, peço a V.Exa. que não encerre hoje a discussão — vou
manter meu requerimento — para possibilitar o entendimento. Na segunda-feira,
presumo que o Relator ainda poderá aceitar a sugestão de uma emenda
aglutinativa, incorporá-la ao próprio parecer, ou então votaríamos essa emenda em
separado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência gostaria que
houvesse requerimento nesse sentido.
Vamos fazer um acordo. O Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, do
Democratas, fez uma proposta concreta: o Relator leria o seu relatório, daria o
parecer, iniciaríamos a discussão e não a encerraríamos. Falariam, digamos, 3
oradores de cada lado, mas sem encerrar a discussão. Isso se não houver
requerimento de encerramento da discussão. Assim, ficaria aberta a possibilidade.
Falariam três e, na próxima terça-feira, começaríamos já com requerimento de
encerramento, sem verificação de votação. Isso possibilitaria, na segunda-feira, o
entendimento para apresentar qualquer emenda aglutinativa em torno do que já se
tem.
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O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, peço a
palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Pela ordem. Sem
revisão do orador.) - Sr. Presidente, só há uma questão regimental para a qual o
Relator precisa ficar bastante atento.
Estamos aqui atuando com o máximo de transparência possível, até porque
esse assunto acabou surgindo depois do acordo anunciado em plenário. Por isso
quero reafirmar ao Líder do Governo em exercício que o Democratas cumprirá o
acordo que fez ontem.
Contudo, para que possamos avançar na semana que vem na extensão
desse benefício, apenas para sermos transparentes — por isso estou fazendo essa
observação —, o Relator não pode dar o parecer pela inadequação financeira e
orçamentária dessa emenda, porque, se assim fizer, não poderemos destacá-la.
Isso é apenas para uma reflexão ampla na Casa. Estamos aqui para cumprir o
acordo. Não vamos pedir verificação hoje.
Agora, como o Deputado Miro Teixeira, o Deputado Moreira Mendes e outros
Deputados levantarem esse problema, é importante dialogar com o Relator, pois seu
parecer será decisivo para o andamento de um possível novo acordo.
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O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, concordo com o Deputado ACM Neto. A melhor coisa seria o
Relator não ler e pedir prazo. Há esse direito regimental.
A partir do momento em que S.Exa. ler o parecer pela inadequação
financeira, vamos ter de confrontar essa condição. Não basta o Relator dizer que é
inadequado financeiramente. Não é uma decisão monocrática. Pode ocorrer a
votação do Plenário, como já há precedentes na Casa, inclusive quanto a essa
faculdade de declarar inadequado. Mas o ambiente agora é de tentativa de conversa
e não de confronto. O melhor, repito, e sugiro, é que o Relator peça prazo, porque
não haverá nenhum embaraço.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nobre Deputado Miro Teixeira, é
regimental. Se o Relator pedir, não tem como dar prazo de 24 horas para fazer a
sessão. Amanhã não haverá Ordem do Dia, nem segunda-feira. Portanto, teria de
ser terça-feira.
Mas vamos continuar o entendimento. Estou ouvindo V.Exa. de bom grado.
Se o Relator pedir uma sessão, na segunda-feira faríamos um entendimento ou
mesmo amanhã é possível fazê-lo. Então, na terça-feira, cumpriríamos o acordo
feito: votaríamos sem verificação de votação, sem maiores problemas, dentro desse
espírito de conciliação, porque já há um entendimento prévio sobre a matéria. Fica
ruim para a Mesa, por ter aceito esse acordo ontem. O Presidente relutou muito em
aceitar esse acordo, queria continuar votando ontem e que houvesse outra sessão
de votação para hoje à tarde. Ele cedeu em função disso. Então, quero ver se
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poderíamos prorrogar esse entendimento para não haver, na terça-feira, votação
sobre a matéria, porque isso já estava acordado.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Mas, Sr. Presidente, sempre que houver um acordo,
não se pode excluir os autores de emenda. Eu ouvi aqui: “Mas ontem é que nós
tomamos conhecimento!” As emendas têm prazo para serem apresentadas. E foram
todas apresentadas no prazo. A Constituição já diz que a ninguém é dado
desconhecer a lei. Imaginem ocorrer isso aqui, no devido processo legislativo. As
emendas foram apresentadas e estão nos avulsos. A minha é de 19 de novembro.
Quem tomou conhecimento ontem, foi porque leu a respeito do prazo ontem.
Agora, os autores de emendas não podem ser ignorados quando houver
acordo. Senão, reúnem-se 4 ou 5 pessoas e ditam ao conjunto da Casa o que vai
acontecer no plenário. Com essa possibilidade de declarar financeiramente
inadequada uma iniciativa, aí então é que o mandato vai para o beleléu!
De um lado, a sucessão de medidas provisórias e, do outro, a impossibilidade
de emendar e de votar, a partir de quê? Da decisão monocrática do Relator de dizer
que é inadequado financeiramente? Eu acho inconstitucional mexermos na lei
excluindo aqueles que têm direito à isonomia. É assim que vamos conduzir os
trabalhos parlamentares, numa tentativa de rolo compressor? Eu, na oposição,
denunciaria isso e, hoje, mesmo apoiando o Governo Lula, também não vou deixar
de denunciar isso.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nobre Deputado Miro Teixeira, a
decisão não é monocrática do Relator. Ela representa uma Comissão Mista
devidamente estabelecida de Senadores e Deputados. Tanto assim que, nessa
Comissão Mista, tem a data-limite para a apresentação de emendas e, portanto, ele
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representa, não o Deputado Laerte Bessa, do PMDB do Distrito Federal. S.Exa. é o
Relator de uma Comissão Mista incumbida de analisar a Medida Provisória nº 401.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Mas, Sr. Presidente, a Comissão não examinou o
parecer do Relator. Tanto é que ele vai ler o parecer no plenário agora.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Mas, se a Comissão não se reúne,
ele representa a Comissão. Então, foi omissão da Comissão.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Com todo respeito ao Deputado. Quero ressalvar a
pessoa do Deputado. Sr. Presidente, permita-me isso. É um bom companheiro aqui,
uma pessoa de trato suave. Quero ressalvá-lo em tudo isso. Nós estamos discutindo
as questões do nosso mandato.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra, para oferecer
parecer à medida provisória e às emendas a ela apresentadas, pela Comissão
Mista, ao ilustre Deputado Laerte Bessa.
O SR. LAERTE BESSA (Bloco/PMDB-DF. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, senhoras e senhores policiais presentes nas
galerias da Casa, é lamentável que mais uma vez não seja cumprido acordo nesta
Casa. O acordo foi feito ontem, com o plenário lotado. Todos os Líderes se
pronunciaram.
Fico satisfeito, Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, pela sua presença
e disposição de cumprir o acordo, assim como a do Deputado Tadeu Filippelli, Líder
do PMDB, e a de outros Deputados. Porém, com este requerimento que chegou à
Mesa, pedindo votação nominal, não existe acordo algum. Ou seja, não existiu
acordo. Mais uma vez está protelada uma decisão referente à remuneração dos
policiais militares e do Corpo de Bombeiros, que deveria ter sido acordada há muito
tempo. Isso é lamentável. Não estamos aqui para isso.
Desculpe-me o Deputado Miro Teixeira, que muito admiro pela competência e
pelo excelente exercício do mandato, mas essa prerrogativa de destaque não existe,
porque estamos atacando a inconstitucionalidade dessas 6 emendas, conforme
comprovado. O art. 61, § 1º, inciso II, letras “a”, “b” e “c”, da Constituição, diz que é
privativo do Presidente da República a criação de cargos e o aumento da
remuneração dos servidores públicos do Executivo.
Faltou a indicação dos proventos, tanto para os militares do Rio de Janeiro,
antigo Distrito Federal, quanto para os dos ex-Territórios do Amapá, Rondônia e
Roraima. Eu também sou a favor deles.
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Hoje temos a melhor Polícia do Brasil, e não apenas graças aos salários, mas
também ao trabalho dos policiais, graças à Corregedoria forte e equipada que temos
no Distrito Federal, graças à capacitação oferecida na nossa academia. Temos a
melhor Polícia Civil, a melhor Polícia Militar e o melhor Corpo de Bombeiros do Brasil
porque essas corporações são bem administradas e têm bons salários.
Mas, Sr. Presidente, não podemos dar chance para uma situação dessas. Eu
respeito os militares dos antigos Territórios e acho que eles também deveriam ter
sido contemplados pela medida provisória, que em seu primeiro artigo dispõe que o
benefício é relativo privativamente aos policiais do Distrito Federal. Da mesma forma
como eles foram incluídos nas outras gratificações, deveriam ter sido atendidos
agora também. São merecedores. Foi com o coração partido que não acatei essa
emenda oferecida à Medida Provisória nº 401.
Para atender ao pedido não só do colega Miro Teixeira, mas de vários
colegas, como o Deputado Magela e outros que se pronunciaram, vamos conversar
na segunda-feira. Peço prazo, Sr. Presidente. Na segunda-feira vamos discutir essa
matéria, como cidadãos.
Fica a minha ressalva. Nós deixamos de cumprir um acordo. Esta Casa tem
de parar com esse tipo de conduta, tem de parar de não cumprir acordos firmados
no plenário.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nobre Deputado Laerte Bessa, o
pedido de V.Exa. é regimental. Concedo prazo de 1 sessão. Como amanhã não
haverá Ordem do Dia, nem na segunda-feira, fica a matéria como primeiro item da
pauta da sessão de terça-feira.
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E, como a pauta está trancada por uma série de medidas provisórias e esta é
a primeira — não há outra no mesmo dia, senão poderíamos passar à seguinte —
declaro encerrada a Ordem do Dia.
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O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, eu gostaria de cumprimentar o Deputado Laerte Bessa e
agradecer-lhe a referência elogiosa à minha pessoa.
A decisão foi sensata. Mas quero dizer a V.Exa. que não participei de acordo
nenhum. Quando participo de acordos — a Casa está sendo presidida por uma
pessoa que sabe disso —, quando dou minha palavra, pode passar 1 ano, porque
aquilo que foi dito vale, não precisam duvidar. Mas eu sou autor de emenda e não fui
sequer avisado de que estava havendo um acordo.
O acordo foi feito em plenário? Tudo bem, mas temos muitas atividades ao
mesmo tempo. Ontem, por exemplo, eu estive no Supremo Tribunal Federal,
participei de audiências, recebi pessoas aqui mesmo na Casa. Bastava a atenção de
um telefonema para o autor de uma emenda — elas não são tantas. A culpa não é
de V.Exa. não, mas acho que a Liderança do Governo deveria ter feito isso,
Deputado Ricardo Izar.
O SR. LAERTE BESSA - O acordo foi feito por todos os Líderes.
Infelizmente, o seu Líder...
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Deputado, V.Exa. já deu seu
parecer.
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O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO - Sr. Presidente, peço a
palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES NETO (DEM-BA. Pela ordem. Sem
revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero agradecer ao Deputado Laerte Bessa a
exceção que ressaltou, nominada, à posição do Democratas. Nós insistimos, ao
longo de toda esta sessão, no cumprimento do acordo feito.
Aproveito para registrar o empenho e o cuidado com que o Deputado Osório
Adriano tratou desta matéria, representando a nossa bancada.
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O SR. RICARDO BARROS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. RICARDO BARROS (PP-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, quero apenas dar um esclarecimento. Os Srs. Parlamentares que
apresentam emendas e querem aprová-las buscam, antecipadamente, um
consenso, com prazo suficiente para que tenhamos a oportunidade de examinar se
o pleito pode ou não ser atendido. Decisões de governo dependem de várias
instâncias, entre elas a instância técnica, que nos subsidia com informações sobre
impactos nas contas públicas.
Eu gostaria de agradecer ao Senador José Maranhão, ao Deputado José
Pimentel, ao Senador Francisco Dornelles e aos Relatores do Orçamento da União o
empenho, a dedicação a esse trabalho.
Concluímos a votação na Comissão. Na próxima semana, iremos ao plenário
informar ao Brasil sobre o Orçamento e imprimir ritmo aos avanços que estamos
conquistando neste momento de crescimento econômico.
Obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. ÁTILA LINS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ÁTILA LINS (Bloco/PMDB-AM. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a grande expectativa do
Congresso Nacional hoje, sem dúvida, foi a chegada da mensagem do Presidente
Lula propondo novas regras para o sistema tributário nacional. Trata-se de uma
iniciativa positiva, já que o País, em todos os seus segmentos, exige, há mais de
uma década, a implantação de uma reforma tributária moderna, em consonância
com a nova realidade brasileira. O País pede mudanças que estimulem o
crescimento da economia, simplifiquem o sistema tributário, incentivem a formulação
das relações do trabalho e criem condições para uma redução da nossa carga
tributária, hoje uma das mais altas do mundo.
Com a nova proposta de reforma tributária no Congresso Nacional é evidente
— e salutar — que surgirão novas idéias, que certamente serão transformadas em
emendas a serem apresentadas pelos Deputados e Senadores.
E lembro que, durante os trabalhos da Comissão Especial que estudou a
prorrogação da CPMF aqui na Câmara, no ano passado, defendi a tese de se
procurarem novos caminhos, novas idéias, novas soluções para o nosso sistema
tributário. Argumentei naquela ocasião, e volto a repetir agora, que a classe média é
a que mais sofre com o atual sistema de pagamento de impostos. Ela não tem mais
para onde correr, e acaba sofrendo no bolso descontos de todos os tipos, com
alíquotas na estratosfera.
Por isso, manifesto meu entusiasmo com a proposta elaborada pelo
economista Marcos Cintra, nosso ex-colega, hoje professor da Fundação Getúlio
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Vargas, em São Paulo. A proposta foi encampada pelo Deputado Luciano Castro. À
primeira vista, ela é revolucionária: prevê a extinção do Imposto de Renda da
Pessoa Física para quem ganha salário de até 30 mil reais mensais e prevê ainda a
queda no índice da contribuição patronal para o INSS dos atuais 20% para 10% da
folha de salários. Para compensar essa enorme redução de tributos, seria criado o
Imposto Mínimo, semelhante à extinta CPMF, mas com alíquota bem maior, de até
1% sobre as movimentações financeiras.
Ao elevar o limite de isenção para 30 mil reais mensais, livraríamos 90% dos
contribuintes do Imposto de Renda, todos da classe média. Pelos cálculos do Prof.
Marcos Cintra, o contingente de pagadores do Imposto de Renda seria formado por
apenas 2,3 milhões de pessoas, todas da classe alta, com supersalários acima de
30 mil reais mensais. As demais seriam tributadas via Imposto Mínimo.
É evidente que a proposta do Prof. Marcos Cintra é inovadora. Ela foge, e
muito, das práticas tributárias em curso no País. Mas sou da opinião de que ela deve
ser estudada com muita atenção e seriedade.
O meu partido, o PMDB, por decisão do seu Líder, o Deputado Henrique
Eduardo Alves, vai dispensar toda a atenção à proposta do Prof. Marcos Cintra e do
Deputado Líder do PR, Luciano Castro. Segundo o professor, serão resguardados
todos os repasses de recursos previstos para os municípios, notadamente os
repasses do Fundo de Participação dos Municípios. Existe ainda a possibilidade de
uma participação maior dos municípios no bolo de tributos federais. E não haveria
problema, pois todo mundo sabe que o FPM é constituído pelo Imposto de Renda.
Haveria uma redistribuição desses recursos, para não restar prejuízo para
municípios e Estados.
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Sr. Presidente, uma outra questão que me preocupa, e acredito que a todos
os Parlamentares, é como será o andamento da reforma tributária, aqui na Câmara,
se a ditadura das medidas provisórias continuar nos impondo a pauta de votações.
Neste mês de fevereiro cuidamos só de medida provisória, situação que se repetirá
em março e, possivelmente, em abril. É que se encontram na Casa, para entrar na
pauta de plenário, mais umas 30 medidas provisórias.
A Mesa da Câmara e os senhores Lideres terão de atentar bem para este
problema das medidas provisórias.
A partir de julho, como todos nós sabemos, os Parlamentares vão estar
envolvidas nas campanhas para a eleição de Prefeitos e Vereadores, em outubro.
Ninguém ficará aqui para votação de coisa alguma.
Se providências sérias não forem adotadas, a reforma tributária está fadada a
ir para o cemitério de projetos parados no Congresso Nacional, e que não são
votados unicamente por falta de tempo, já que o Congresso é todo ocupado só por
medidas provisórias.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.
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O SR. JOÃO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOÃO OLIVEIRA (DEM-TO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para registrar reportagem
publicada recentemente em revista de circulação nacional, que veio coroar os
esforços realizados pelo Governo do Tocantins, através da Secretaria de Educação
do Estado, para oferecer ensino público de qualidade a todos os tocantinenses.
Sou testemunha da luta empreendida pela Secretária de Educação do
Estado, Profa. Maria Auxiliadora Seabra Rezende, técnica competente, que se tem
mantido no cargo ao longo das 3 últimas administrações, resultado de sua
competência e da eficiência de sua gestão.
O resultado desse trabalho está em indicadores de fazer inveja a outros
Estados, conforme atesta a reportagem, como o salto espetacular no percentual de
alunos em nível adequado de aprendizagem ao final da 4ª série, de 5% em 2003
para 91% em 2006.
A gestão da Secretária Maria Auxiliadora Seabra Rezende frente à Secretaria
de Educação do Estado do Tocantins ergueu substancialmente a educação do
Estado para os resultados apontados pela reportagem da revista Época Negócios.
Através de um trabalho planejado e democrático, as escolas, nos municípios,
ganharam autonomia para administrar seus recursos, e mestres, pais e alunos
tornaram-se co-responsáveis pela gestão escolar.
Dessa forma, o Tocantins foi o Estado que mais avançou no Sistema de
Avaliação da Educação Básica. Em Português, a rede estadual teve desempenho
próximo ao do Estado do Rio de Janeiro, o que vem a ser extraordinário.
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Segundo a matéria da revista Época Negócios, “o mais interessante na
educação tocantinense é que, no lugar da rejeição habitual a um corpo estranho, o
sistema público do Estado está incorporando as inovações vindas de fora, como a
parceria construída com o Instituto Ayrton Senna, que é voltada para o treinamento
de professores”.
A reportagem afirma que ocorre no Estado do Tocantins uma parceria entre
organizações não-governamentais competentes e um Governo bem-intencionado,
fazendo funcionar a educação.
A Secretária Dorinha vem buscando instituições com larga experiência em
ensino, como o Conselho Britânico e a Fundação CESGRANRIO, que criaram um
sistema detalhado de indicadores e acompanhamento das turmas envolvidas em
projetos especiais. Um método tão simples quanto eficiente.
O caminho traçado pela Secretaria de Educação do Tocantins e pelo
Governador Marcelo Miranda é o melhor para o avanço econômico e social do nosso
Estado, pois educação é a condição essencial para o desenvolvimento.
Portanto, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de me congratular com o
Governador Marcelo Miranda pela construção desse grande projeto, que está
transformando a educação em condição essencial para o desenvolvimento do
Estado do Tocantins e a melhoria das condições sociais de nossa gente.
Cumprimento também a eficiente gestão da Secretaria de Educação, Profa.
Maria Auxiliadora Seabra Rezende, por ter construído um processo de
transformação ideológica e avassaladora que vem contribuindo para uma educação
inovadora, na busca do conhecimento eficaz.
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Informo que os municípios beneficiados que mais se destacaram foram os da
nossa representação: Novo Alegre, Lavandeira, Combinado e a nossa querida
Tocantínia.
Portanto, parabenizo essas escolas e os educadores do Tocantins e,
especialmente, a grande Secretária de Educação do meu Estado, Maria Auxiliadora
Seabra Rezende.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Celso Maldaner. (Pausa.) Ausente do plenário.
Com a palavra o ilustre Deputado Praciano. (Pausa.) Ausente do plenário.
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O SR. GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. GILMAR MACHADO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, informo que, embora com certo atraso,
provocado pela perda das receitas da CPMF, nesta tarde, felizmente, conseguimos
concluir a votação, na Comissão Mista de Orçamento, da peça orçamentária para
2008.
Cumprimento o Presidente Senador José Maranhão e o Relator Deputado
José Pimentel, que fez brilhante trabalho e teve muita calma e paciência para
concluir os trabalhos da Comissão, garantindo que, por orientação do Governo,
tivéssemos a manutenção, sem cortes, dos recursos das áreas da educação, saúde
e segurança. O PRONASCI vai assegurar os recursos para a execução das políticas
de melhoria da segurança da nossa população.
Nesta tarde, depois de longos debates e intensas negociações, a Câmara dos
Deputados e o Senado Federal concluíram a votação do Orçamento, que
esperamos, na próxima semana, na quarta-feira, poder votar no plenário do
Congresso Nacional, para que de fato o País tenha a sua peça orçamentária, e não
haja mais necessidade de envio de medidas provisórias especificamente sobre a
matéria — duas delas já estão aqui — e de voltarmos a esse debate. Faz-se medida
provisória para a pauta do Congresso Nacional. Ao concluirmos o trabalho,
garantimos esse processo.
Mais uma vez, ressalto o trabalho dos membros e agradeço o apoio a todos
os Líderes da Comissão.
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Anuncio que na próxima semana vamos fazer um debate mais aprofundado,
com maiores detalhes, a respeito do que foi aprovado. Vamos poder, então, fazer
um bom debate da reforma tributária, já que há hoje no País um processo de
crescimento.
Nessa política de recuperação, os trabalhadores brasileiros terão, a partir de
1º de maio, um novo salário mínimo. A peça orçamentária voltará em dezembro, e,
em janeiro de 2010, os trabalhadores já terão os seus salários pagos, conforme a
política de inclusão social e melhor distribuição de renda que a Câmara vem
pautando e o Governo adotando para que o País cresça mais ainda.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao ilustre
Deputado Raul Jungmann. (Pausa.) Ausente do plenário.
Com a palavra o ilustre Deputado Nilson Mourão. (Pausa.) Ausente do
plenário.
Com a palavra, pela ordem, o ilustre Deputado Manoel Junior, da gloriosa
Paraíba.
O SR. MANOEL JUNIOR (Bloco/PSB-PB. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, minha concordância com a “gloriosa”.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, senhores da imprensa, população que
assiste a esta sessão pela TV Câmara, o que me traz à tribuna é matéria divulgada
no jornal Folha de S.Paulo, no dia 22 de fevereiro, sexta-feira, na página B12,
intitulada Número de patentes do Brasil decepciona ONU.
Como Relator, Deputado Eduardo Valverde, da Área Temática IV, Educação,
Cultura, Ciência, Tecnologia e Esporte, sei que já avançamos muito, principalmente
no Governo Lula, no tocante à pesquisa, ao incentivo às universidades, às
instituições de pesquisa, mas estamos muito aquém do que poderíamos e
queremos.
De acordo com a matéria, mesmo diante de um crescimento de 15,3%, talvez
o maior de todos os países, que elevou o Brasil da 28ª colocação para a 24ª, o País
ainda apresenta apenas 384 patentes internacionais. No ranking, os Estados Unidos
ainda ocupam o primeiro lugar, com 52.380 pedidos de patentes internacionais,
seguido pelo Japão, com 27.731 pedidos.
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Há 30 anos, a Coréia registrava 10% dos pedidos de patentes do nosso País.
Nesse ranking publicado, com relação ao ano de 2007, a Coréia já aparece em
quarto lugar, com 7.061 patentes.
Importante dizer que desejamos algum dia chegar ao patamar dos países
desenvolvidos que aplicam 3% do seu PIB, entre recursos públicos e privados, na
pesquisa e na tecnologia. Infelizmente, ainda estamos patinando na casa de 1% do
nosso PIB, e os investimentos tanto públicos quanto privados são muito pequenos
na área de pesquisa.
Com grande alegria, satisfação e muita honra, registro que o segundo lugar
no ranking do Brasil, Sr. Presidente, entre as empresas e pessoas físicas que
registraram patentes, é de um pernambucano da terra de V.Exa., que tem nome
muito conhecido entre nós, até porque nos faz lembrar o rei do baião. Luiz Gonzaga
Granja Filho, médico cardiologista, formado pela Universidade Federal de
Pernambuco, aos 43 anos de idade, é o segundo colocado no ranking brasileiro de
patentes.
No ano passado, Deputado Eduardo Valverde, o Dr. Luiz Gonzaga Granja
pediu o registro internacional de 13 patentes, só perdendo para a multinacional
Whirlpool, empresa americana que produz eletrodomésticos para Cônsul e
Brastemp. Esse pernambucano bravo, inteligente, corajoso e destemido veio de
Belém de São Francisco, à beira do Rio São Francisco, e hoje expõe ao mundo seus
inventos, sua criatividade, não apenas na medicina, na área de cirurgia, mas na área
de tecnologia farmacêutica e outras que, com certeza, seja no momento recente ou
no futuro, poderão ajudar as pessoas em todo o País e no mundo.
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Sr. Presidente, voltarei a tratar dessa matéria porque ocuparei a tribuna em
outra fase desta sessão.
Destaco que, além da amizade que me une a Luiz Gonzaga Granja, além da
afetividade, que o transforma em um parente, queremos que este Brasil possa
reconhecer e investir nos talentos que poderiam gerar emprego e renda para o País.
Muito obrigado.
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A SRA. FÁTIMA BEZERRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. FÁTIMA BEZERRA (PT-RN. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -
Sr. Presidente, primeiramente, saúdo o Presidente Lula pela convocação da 1ª
Conferência Nacional GLBT, que será realizada em Brasília, nos dias 6, 7 e 8 de
junho.
A conferência terá como tema Direitos Humanos e Políticas Públicas: o
Caminho para Garantir a Cidadania de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e
Transexuais.
A primeira conferência nacional voltada para discutir a cidadania da
comunidade GLBT em nosso País é um marco.
Saúdo os movimentos sociais, a comunidade GLBT e todas as suas
entidades nacionais espalhadas pelo Brasil afora, que há anos vêm lutando. A
conferência é fruto do esforço político deles e da luta que vêm travando em defesa
da comunidade GLBT.
Reuniremos, nessa importante conferência, representação da comunidade
GLBT de todo o País, com a presença do Poder Público, e nos debruçaremos sobre
a seguinte pauta: uma política ou um plano para aperfeiçoar cada vez mais o
Programa Brasil sem Homofobia; um plano nacional de políticas públicas voltadas
para a promoção dos direitos da comunidade GLBT, e a agenda legislativa.
Quantos projetos importantes na defesa dos direitos da comunidade GLBT
estão engavetados no Parlamento até hoje? Temos de discutir essa pauta, bem
como o papel do Poder Judiciário.
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200
Durante esse período, ocorrerão conferências estaduais. Em junho, haverá a
conferência nacional. O nosso mandato é parceiro dessa luta e estará presente.
Em segundo lugar, refiro-me à luta das mulheres. Na terça-feira a bancada
feminina abrirá a programação com a instalação de uma Comissão Geral, ocasião
em que reuniremos as Parlamentares e a sociedade civil. Por meio de Comissão
Geral, o Regimento da Casa permite que acolhamos a participação da sociedade
civil, das entidades feministas, dos movimentos sociais.
Este ano, a bancada feminina e o Movimento de Mulheres escolheram duas
temáticas muito oportunas. A primeira, a Lei Maria da Penha, o combate à violência
contra as mulheres. Em que pese ter sido um avanço a aprovação dessa lei nesta
Casa, há ainda um longo caminho a percorrer para que ela se torne realidade.
Precisamos instalar os juizados e as varas especiais. Precisamos fazer com que o
Estado brasileiro tenha políticas públicas, uma rede de proteção social, delegacias
especializadas, centros de referência, casas abrigo. Neste momento, o nosso maior
desafio é, de um lado, divulgar a lei, que precisa ser conhecida por este País afora.
Aqueles que covardemente agridem, violentam, matam as mulheres precisam
saber que agora existe uma lei e que acabou essa história de bater em mulher e não
dar em nada, de ser castigado com o pagamento de cestas básicas. Bater em
mulher agora dá cadeia. Essa é uma temática que adotamos como tema da luta das
mulheres neste ano, por ocasião do 8 de março.
Outro tema é a mulher nos espaços de poder. O País não pode continuar com
esse quadro. Quase não há Vereadoras, Deputadas, Prefeitas, Governadoras. Em
2004, em 75% dos municípios brasileiros, não houve sequer uma mulher candidata
a Prefeita ou Vereadora. Sabemos quais são as razões que têm contribuído para
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 021.2.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 28/02/2008 Montagem: 4176
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que a mulher não se lance no mundo da política: a cultura machista e patriarcal; a
dupla e a tripla jornada de trabalho e a cultura dos partidos e da cúpula deles, que,
no geral, é muito fechada.
Por isso, adotamos esse tema para este ano de eleição. Deveria haver
muitas mulheres candidatas. Quanto mais mulheres candidatas, mais Prefeitas e
Vereadoras haverá por este País afora.
O Sr. Inocêncio Oliveira, 2º Vice-Presidente, deixa
a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Manoel
Junior, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.
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A SRA. NILMAR RUIZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Manoel Junior) - Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. NILMAR RUIZ (DEM-TO. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos que me assistem pela TV
Câmara, amanhã, no meu Estado do Tocantins, participarei do lançamento do livro
Viver de Cara Limpa... Uma Escolha, que retrata a história de Ricardo Ribeirinha, um
menino que aos 9 anos de idade, ao saber que era filho adotivo, escolheu viver nas
ruas de São Paulo. Lá, teve contato com as drogas e com todos os tipos de
violência.
Lembro o meu tempo de professora e coordenadora do PROEM — Promoção
Educativa do Menor, em Brasília. Quantos meninos e meninas sem cabelo na testa
por arrancar com cola de sapateiro? Quantas vezes tive que controlar “a viagem”
quando jovens chegavam totalmente drogados? Que decepção e sofrimento quando
um dos nossos alunos era preso ou morto? Quantos Ricardos, Rosinhas, Cláudias e
Joões temos hoje no Brasil?
Em junho de 2007, a Agência das Nações Unidas contra Drogas e Crime
publicou um documento mostrando que o consumo de cocaína e maconha no Brasil
aumentou nos últimos anos de 0,4% para 0,7% da população. Mais de 860 mil
pessoas são usuárias de cocaína no País.
As drogas não atingem somente os menos favorecidos. Está em cartaz nos
cinemas o filme Meu nome não é Johnny que retrata a história de João Guilherme
Estrella, também relatada em livro. Ele é um jovem de classe média alta que entra
no consumo e no tráfico de drogas. Tem seus momentos de glória, mas acaba na
prisão, depois no hospício e vive todos os tipos de sofrimento.
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203
As histórias de Ricardo e de João tiveram um final feliz. Ricardo encontrou na
Fazenda Esperança o carinho de Frei Hans. E aqui quero destacar o trabalho da
Fazenda Esperança no meu Estado. No Tocantins há duas unidades da Fazenda
coordenadas por Fátima Roriz. Lá, os internos recebem muito amor e reconhecem a
importância de ter fé em Deus. Por isso, muitas pessoas têm-se recuperado e
reconstruído a vida.
João Guilherme Estrella teve a sorte de sua história ter sensibilizado uma
juíza, que lhe concedeu a oportunidade de sair da cadeia para o manicômio e ter
sua pena reduzida. Hoje, assim como Ricardo, João é uma pessoa que trabalha
para que outros tenham as mesmas oportunidades.
Quantos outros, porém, morrem? Quantos outros estão presos? Quantos
outros estragam a vida e a de quem os rodeiam?
Os livros Viver de Cara Limpa... Uma Escolha e Viver de Cara Limpa... Uma
Experiência Socioeducativa fazem diferença. O primeiro relata a vida real de
meninas e meninos, de jovens que conviveram com as drogas e com o crime, que
fizeram parte da vida do Ricardo, e apresenta várias pesquisas e dados que nos dão
a grave dimensão do consumo de drogas no País.
O segundo faz parte desse projeto educativo de prevenção ao uso de drogas
que se desenvolve com a história de Ricardo Ribeirinha e sugere atividades de
conteúdos transversais sob vários enfoques sociais, geográficos, valorativos,
literários para serem utilizados por escolas e instituições que, por meio da educação,
possam oferecer um impulso para a vida de compreensão e de solidariedade de
“Cara Limpa”.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 021.2.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 28/02/2008 Montagem: 4176
204
Parabéns, Ricardo Ribeirinha. Parabéns, Fátima Roriz. Parabéns a todos os
que se empenharam e se dedicaram à construção de uma sociedade mais fraterna e
mais justa.
Muito obrigada.
O Sr. Manoel Junior, § 2º do art. 18 do Regimento
Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada
pelo Sr. Inocêncio Oliveira, 2º Vice-Presidente.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 021.2.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 28/02/2008 Montagem: 4176
205
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Com a palavra o Deputado Moreira
Mendes. (Pausa.) Ausente.
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206
O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA (Bloco/PDT-AP. Pela ordem. Sem revisão
do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tratarei brevemente de 2
assuntos desta tribuna. Em primeiro lugar, destaco matéria que saiu no jornal O
Globo Online, sob o título: Lula rebate acusações contra Ministro Carlos Lupi. A
matéria refere-se ao fato de que o Presidente da República reconhece o
comportamento republicano que o Ministro tem mostrado ao realizar convênios com
todos os partidos, com todas as Prefeituras e Governos.
O Presidente Lula mostra que é um estadista e está muito acima dessas
picuinhas, dessas querelas, sobretudo acima dessa perseguição que o Ministro Lupi
está sofrendo, principalmente por parte da Comissão de Ética.
Sr. Presidente, o segundo tema que abordo é de interesse internacional e diz
respeito aos direitos humanos, portanto, é de interesse da humanidade. Refere-se
aos reféns das FARC. Vimos hoje na imprensa o veemente apelo do Presidente
Nicolas Sarkozy pela liberação de Ingrid Betancourt, ex-candidata à presidência da
república colombiana.
Ao analisar esse assunto e tomando por parâmetro a libertação de 6 reféns —
primeiramente 2 mulheres e, agora, mais 4 reféns —, devemos refletir acerca do
sofrimento, da dor, da opressão que essas pessoas estão vivendo sob o comando
das FARC.
É muito importante e serve de simbologia para a humanidade a libertação,
sim, dos políticos: Senadores, ex-candidatos e da ex-candidata Ingrid Betancourt. O
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mundo faz esse apelo, sobretudo em virtude da fragilidade da saúde da Sra. Ingrid
Betancourt, que, segundo as notícias, sofre de grave hepatite crônica e corre sério
risco de vida. Mas também é importante refletir sobre os anônimos que ali estão.
Esperamos das FARC um gesto de boa vontade, mas que não libertem apenas os
políticos ou quem foi candidato. Esta é uma importante simbologia, uma vez que as
FARC direcionam suas ações no sentido da mensagem principal: a vontade de
libertar todos os reféns. Os apelos dos Presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, da
França, Nicolas Sarkozy, e da humanidade devem ser pela liberação de todos os
reféns das FARC.
Sabemos da importância das ações do Presidente da Venezuela, Hugo
Chávez. Fica apenas um ponto de interrogação: a que custo essas libertações são
feitas? Quais os verdadeiros interesses? O que leva as FARC a libertar apenas
políticos em um primeiro momento?
É preciso que a humanidade, os órgãos de direitos humanos, as organizações
multilaterais, a OMS e a ONU direcionem seus apelos para a liberdade de todos os
reféns.
É esse o apelo que faço da tribuna desta Casa. Sei que a TV Câmara, a
Rádio Câmara e a imprensa chegam a todos os rincões do Brasil. Por isso, esse
apelo deve ser reproduzido por todos nós, para que em um futuro próximo a
Colômbia esteja livre dessa opressão, dessa dor e desse sofrimento.
Muito obrigado.
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O SR. RODRIGO ROLLEMBERG - Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB-DF. Pela ordem. Sem revisão
do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, assomo à tribuna na tarde
de hoje para cumprimentar o Deputado Julio Semeghini pelo trabalho desenvolvido à
frente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. Terei
oportunidade de fazê-lo também na Comissão, mas não poderia deixar de
cumprimentá-lo neste plenário pela forma patriótica com que S.Exa. conduziu a
Comissão de Ciência e Tecnologia ao longo do ano.
Ao mesmo tempo, saúdo o novo Presidente, que, parece-me, será o
Deputado Walter Pinheiro ou o Deputado Jorge Bittar, também grandes expoentes
daquela Comissão.
A Comissão de Ciência e Tecnologia caracterizou-se, Deputado Manoel
Junior, ao longo de todo o ano e de sua trajetória, como fórum em que os interesses
estratégicos nacionais estão acima de qualquer interesse partidário. É assim que
temos atuado. O Deputado Paulo Piau, membro da Comissão, é testemunha disso.
Assim, atuamos no sentido de aprovar rapidamente a regulamentação do Fundo
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, logo que chegou ao
Congresso, com o apoio de todas as bancadas.
Sras. e Srs. Parlamentares, matéria da Folha de S.Paulo da última sexta-feira
aponta o crescimento de 15% do número de patentes no Brasil. No entanto, o País
ainda ocupa o 24º lugar no que se refere ao registro de patentes — apenas 384.
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Destaco que apenas o Médico-Cirurgião Luiz Gonzaga Granja, de Pernambuco, é
responsável por 13 delas.
Digo isso para lamentar o corte no Orçamento previsto para a área de ciência
e tecnologia. Sei do esforço e reconheço o patriotismo do Relator-Geral, Deputado
José Pimentel, que se encontra em situação muito delicada em função da rejeição
da CPMF pelo Senado Federal. S.Exa. será o primeiro Relator que, em vez de
distribuir recursos para aumentar as ações do Governo, terá que cortar verbas, e
substancialmente.
Quero fazer esta reflexão para chamar a atenção do Plenário: precisamos
investir em ciência, tecnologia e inovação, a fim de que o País possa agregar valor a
sua produção, a exemplo de Coréia e Japão, que se encontram em outro patamar
de desenvolvimento.
Sr. Presidente, V.Exa. é Presidente do Conselho de Altos Estudos da Câmara
dos Deputados, o Deputado Manoel Junior foi Relator-Setorial e deu grande
contribuição com seu trabalho para o desenvolvimento de ciência e tecnologia e o
Deputado Paulo Piau é Presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Pesquisas
Científicas. Todos temos de nos unir; o Congresso Nacional tem de se unir no
sentido de corrigir essa distorção.
Não podemos reduzir os recursos para bolsas de formação para
pesquisadores em áreas estratégicas da política industrial e tecnológica de comércio
exterior — fármacos, bens de capital, software, microeletrônica — e de setores
considerados fazedores de futuro, como os relativos à nanotecnologia, à
biotecnologia e à biomassa.
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O Brasil, neste momento de crescimento econômico, quando
reconhecidamente começa a ocupar lugar de destaque, não pode dar um passo
atrás; pelo contrário, temos de garantir aumento dos investimentos e fazer
cumprirem-se compromissos assumidos com base em que, paulatinamente,
recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico sairiam da
reserva de contingência — apenas 20% estariam nessa reserva este ano.
No relatório estão previstos 32% dos recursos para a reserva de contingência.
Temos de corrigir essa distorção para garantir recursos significativos, a fim de que o
Brasil possa continuar investindo na formação de doutores e sobretudo garantir
agregação de valor ao produto nacional. Isso se faz com inovação tecnológica e
investimento em ciência e tecnologia.
Conto com este Plenário para corrigir essa distorção.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência tem o prazer de
anunciar que visitam a Câmara dos Deputados, acompanhadas do Deputado
Betinho Rosado, a Exma. Prefeita de São José de Mipibu, Rio Grande do Norte,
Norma Ferreira, as Vereadoras Carla Simone e Kélia Serafim e a secretária Nádia
Ferreira.
Meus cumprimentos e votos de boa estada em Brasília. Que possam
conseguir recursos para o desenvolvimento de seu trabalho, sobretudo para obras
de infra-estrutura, fundamentais para o crescimento de seu querido município.
Registro também a presença do Presidente do Diretório Estadual do PSC do
Rio Grande do Norte, Carlos Alberto Rosado, do Vice-Presidente, Vereador Osório
Jácome, do Tesoureiro Emiliano Lamartine e do Vogal Carlos Jerônimo Rosado,
todos de São José de Mipibu.
Um abraço fraterno a todos.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Vai-se passar ao horário de
VII - COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES
Tem a palavra o Sr. Deputado Eduardo Valverde, pelo PT.
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O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, gostaria também de cumprimentar os visitantes que nos honram com
sua presença neste plenário.
O Presidente Lula acaba de entregar ao Congresso Nacional a proposta de
emenda constitucional que trata da reforma tributária. É um passo inicial.
Evidentemente, outras leis complementares e ordinárias deverão ser encaminhadas
para fechar esse texto, de forma corajosa, para tornar racional nosso sistema
tributário.
Obviamente, existem argumentos de que o Brasil tem carga tributária muito
elevada. Na verdade, ela é compatível com a dos países que se tornaram Estados
de bem-estar social. As nações européias que passaram a tal condição tinham carga
tributária compatível com o serviço que prestavam à sociedade nacional.
O que podemos questionar é a qualidade de nossos impostos. Na verdade, a
sua incidência maior é sobre o consumo. E os impostos que incidem sobre o
consumo são, em geral, regressivos. Não se diferencia quem é rico e quem é pobre,
não se pode graduar esse imposto, pode-se até eliminar a incidência em algum tipo
de produto, mas não em todos. Então, não é um imposto adequado.
A PEC apresentada a esta Casa unifica a legislação do ICMS, talvez o
principal imposto brasileiro. São 27 legislações diferentes. Isso estimula uma guerra
fiscal. É cumulativo. Por ser incidente sobre o consumo, obviamente não permite
progressividade e alcance necessário sobre a capacidade contributiva.
Ao unificá-lo, permite-se estancar e desonerar a economia nacional,
principalmente no caso das pessoas de baixa renda, que todos os dias precisam
comprar leite e pão, e a exportação. Ao mesmo tempo, impede-se que os Estados,
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que têm competência para legislar sobre esse tributo, o façam com o intuito de
praticar guerra fiscal. Afinal, ninguém ganha com ela. O Governador que a pratica
pensa no ganho, tem lucro de curto prazo e acaba prejudicando os municípios
vizinhos, porque quando o tributo é repartido com outro município, ao renunciar,
ocorrerá a renúncia da parcela municipal. Aquele investimento atraído por essa
redução pode gerar efeito em certo momento, mas, ao final, prejudicará a economia
do Estado.
Além disso, é importante observar que a PEC tira a incidência na origem,
passando o imposto a incidir sobre o destino. O Norte e o Nordeste, por exemplo,
que têm Estados consumidores, acabam perdendo essa arrecadação, porque o
ICMS é cobrado na origem. Nossa desigualdade regional, fruto, há várias décadas,
da falta de política de reequilíbrio federativo, fez com que existisse no Brasil um
centro de excelência, no caso do Sudeste. Há regiões que ainda sofrem pela falta de
acesso a desenvolvimento e infra-estrutura básica.
É necessário reformular, apesar dos avanços da Constituição de 1988 ao
instituir os Fundos Regionais de Desenvolvimento. Nosso sistema tributário acaba
atraindo, minando, retirando renda de regiões que poderiam estar se desenvolvendo
com os fundos regionais, porque são compradoras.
O projeto também prevê o fundo de equalização, importante para que durante
certo período haja equilíbrio, porque estancar a cobrança sobre a origem e passar a
aplicá-la no destino provavelmente causaria ao atual sistema, em dado momento,
uma perda brutal de arrecadação. Então, é necessário um prazo que permita essa
progressividade até se estabelecer uma uniformidade de alíquotas em todo o Brasil.
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Quando se fala em tributos, temos também que questionar a Oposição
quando diz que o Brasil arrecada muito, que é uma caixa à devassa. No entanto,
aqueles que fazem essa crítica não questionam que tipo de País tínhamos no
passado, que tipo de justiça social se praticava e qual era o papel do Estado na
distribuição de justiça e de igualdade. Precisamos que o Brasil seja construído sobre
outro paradigma, em que o Estado é instrumento importante para alcançar a justiça
social, que não se dá por acaso, de maneira espontânea, mas é construída. Só que
para isso precisa haver um instrumento de ação, de intervenção econômica e
também social. É ao que estamos assistindo neste momento.
Nossa carga tributária, muito embora não seja elevada, é regressiva. Mesmo
com essa regressividade, ainda se permite que o Governo do Presidente Lula
estabeleça uma forte política econômica e social que vem mudando a cara do País.
Incorporar setores importantes ao mercado consumidor de massa, direcionar
investimentos à infra-estrutura para melhorar nossa economia e fazer com que ela
seja competitiva, tudo isso é feito em função da arrecadação, tanto que hoje
acabamos de aprovar na Comissão Mista de Orçamento peça orçamentária de 40
bilhões.
Obviamente, com a reforma que se pretende, esses recursos poderiam vir de
quem pode pagar imposto, de quem tem capacidade contributiva. O Estado, com
esse instrumento, poderia redistribuir para aqueles segmentos da sociedade que
mais precisam. Hoje, com o nosso modelo, tiramos do remediado para atender ou
melhorar a vida do pobre, porque o rico paga muito pouco imposto
proporcionalmente à sua capacidade contributiva. Temos que inverter essa ótica,
criando um novo modelo, um novo paradigma, em que aqueles que podem pagar,
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que têm capacidade, renda ou patrimônio elevado possam dar sua contribuição,
permitindo ao Estado ter cobrar, fiscalizar, ter custo baixo na administração
tributária, para que seja muito mais eficiente. Isso permitirá ao Estado ter uma
melhor política social, combater a pobreza, a desigualdade regional, melhorar a
infra-estrutura do País, que tem uma potencialidade imensa.
Há pouco, estava conversando com um colega Deputado sobre o otimismo
que compartilhávamos por estar o País com um novo horizonte, uma nova
perspectiva, uma nova cara, em que o povo acredita no futuro, tem confiança, e
essa confiança estimula investimentos.
Se, neste momento, avançarmos, reformando os empecilhos que nos
impedem de andar com maior agilidade e maior eficácia, o resultado será mais
exitoso e terá maior rapidez.
Obviamente, a reforma tributária é um passo importante, assim como a
reforma política que vamos enfrentar nesta Casa. Não é mais competência do
Governo do Presidente Lula, mas do Congresso Nacional, onde imperam as agruras
de uma estrutura partidária e eleitoral arcaica, que não permite selecionar os
melhores da nossa sociedade e trazê-los a esta Casa para realizar os grandes
debates políticos. Isso aguça nossa capacidade de reflexão e nos impele a superar
as debilidades que temos no Parlamento, cujo Regimento Interno não permite o
andar ágil do processo legislativo. Portanto, temos de dar nossa contribuição, temos
de produzir fatos e boas ações no Congresso Nacional.
Concluo apresentando nosso posicionamento e nossa visão otimista no
sentido de que o Brasil está caminhando no rumo certo.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Para fazer uma indicação,
concedo a palavra, pela ordem, ao ilustre Deputado Lindomar Garçon.
O SR. LINDOMAR GARÇON (PV-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, trago aqui uma indicação, solicitando ao
Presidente Lula que reveja a Medida Provisória nº 415, que proíbe a venda de
bebidas alcóolicas nas rodovias federais.
Louvamos a iniciativa do Presidente da República, mas, ao mesmo tempo,
nos perímetros urbanos do Brasil, especialmente no Estado de Rondônia, na
Capital, Porto Velho, em Candeias e em outros municípios, está acontecendo algo
que desespera tanto os empresários quanto os comerciantes e os empregados:
infelizmente, muitas pessoas estão sendo demitidas, pois os grandes
supermercados estão tendo de retirar esses produtos das prateleiras. Mesmo o
produto não consumido ali está sendo retirado. Em conseqüência, os trabalhadores
estão sendo demitidos.
Mais de 100 Deputados assinaram esta indicação, requerendo ao Presidente
da República e às autoridades competentes, como o Ministro da Justiça, que
revejam essa medida provisória. Não somos contra a proibição de bebidas
alcóolicas nas rodovias federais, mas nos perímetros urbanos essa proibição está
causando grande transtorno para todo o Brasil. Defendo aqui, em especial, o Estado
de Rondônia. Por isso, desde já, fico agradecido.
Passo às mãos do Presidente Inocêncio Oliveira esta indicação.
Para finalizar, Sr. Presidente, mudando o tema, gostaria de fazer uma
pequena observação a respeito de Porto Velho. O Rio Madeira está cheio, no seu
limite. As pessoas que moram nos bairros Baixa da União e Cai n’Água estão sendo
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atingidas, pois está tudo alagado. Elas esperam do Poder Público um socorro
urgente. Nós temos o dever de cobrar, de reivindicar soluções das autoridades.
Apresento um programa de televisão justamente para auxiliar no trabalho
legislativo que realizamos aqui. Mostramos à sociedade imagens que vamos
encaminhar à Câmara dos Deputados para que tenha conhecimento do que está
acontecendo com aquelas famílias.
Sei que há também uma possível armação dos nossos adversários, que
dizem que estamos fazendo as filmagens com finalidade política, quando, na
verdade, estamos cumprindo nosso dever de Deputado Federal, de fiscalizar o uso
dos recursos públicos.
Já foram aplicados recursos públicos no famoso Beira Rio, naquela região,
que poderiam ter resolvido o problema. Mas, infelizmente, o povo do Cai n'Água, do
Baixo do Leão, em Porto Velho, tem sofrido muito nesse período de alagação, bem
como o povo do Bairro Nacional, desde a Avenida Farquar. Ali, com recursos de 2
convênios federais, foi feito um aterro, mas está totalmente submerso, alagado, de
maneira que as pessoas não têm por onde passar.
Sr. Presidente, estamos fazendo essa reivindicação justa e séria à Comissão
da Amazônia, da qual faço parte, ao Presidente da República, à Câmara dos
Deputados e a essa Presidência para que nos ajudem a resolver a situação da
nossa Capital de Rondônia, que sempre tem grandes problemas, mas poucas
soluções.
Muito obrigado pela oportunidade. Um abraço aos cidadãos de Porto Velho e
de Candeias.
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O SR. JOSÉ FERNANDO APARECIDO DE OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço
a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOSÉ FERNANDO APARECIDO DE OLIVEIRA (PV-MG. Pela ordem.
Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero apenas reforçar as palavras do
Deputado Lindomar Garçon, uma das grandes lideranças de Porto Velho, que
conhece os problemas da região e que, se Deus quiser, será o futuro Prefeito da
Capital de Rondônia.
Nós, do Partido Verde, estamos disputando a Prefeitura de Porto Velho com o
nome de Lindomar Garçon. É uma satisfação fazer essa breve intervenção sobre
S.Exa., um dos Deputados do Partido Verde mais atuantes desta Casa.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre
Deputado Manoel Junior, pelo Bloco Parlamentar PSB/PDT/PCdoB/PMN/PRB.
O SR. MANOEL JUNIOR (Bloco/PSB-PB. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, servidores desta Casa, volto novamente a um
tema, como disse há pouco o Deputado Rodrigo Rollemberg, muito importante para
o País.
Deputado Paulo Piau, fui Relator-Setorial da Área Temática IV — Educação,
Cultura, Ciência, Tecnologia e Esporte. Quando me deparei, no volume total de
recursos de 1 trilhão e 400 bilhões de reais do Orçamento, com o montante aportado
para essa área, levei um susto: 48 bilhões para áreas vitais, como educação, que só
obteve 42 bilhões nesse mar de dinheiro do Orçamento. Parte é para pagamento de
dívidas, embora boa parte seja para a execução de obras e serviços necessários em
todos os recantos do País, principalmente em regiões mais pobres, como o Norte, o
Nordeste e o Centro-Oeste. Nem me refiro ao Sul e Sudeste do País, mais
desenvolvidos.
Aqui falava com muita propriedade o ex-Secretário de Inclusão Social do
Ministério de Ciência e Tecnologia, Deputado Rodrigo Rollemberg, acerca de
números. A matéria do jornal Folha de S.Paulo a que me referi nas Breves
Comunicações intitula-se Número de patentes do Brasil decepciona ONU e cita a
OMPI, organismo responsável pela pesquisa, ano a ano, dos registros de patente no
mundo inteiro.
Os Estados Unidos são uma grande potência em função dos investimentos
em educação, pesquisa, ciência e tecnologia. O Brasil ainda está na época do
descobrimento, vendendo matéria-prima quando poderia estar investindo em ciência
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e tecnologia e em produtos manufaturados. Foi investindo em educação, tecnologia
e em tecnologia de informação que países como China e Japão, que saiu
praticamente arrasado no pós-guerra, hoje têm um desenvolvimento fantástico.
Referi-me à Coréia, que há 30 anos apresentava 10% dos pedidos de
patentes do Brasil e que hoje é a quarta colocada, logo após uma grande potência, a
Alemanha. No ano de 2007, ela apresentou 7.061 pedidos de patentes.
Mas, Sr. Presidente, a minha passagem na tribuna nesta tarde é justamente
para fazer justiça a um jovem pernambucano de 43 anos de idade, cirurgião
cardiovascular, um dos mais brilhantes na minha área. Sou médico e posso avaliar o
brilho, a inteligência, a habilidade pessoal e principalmente a forma como Luiz
Gonzaga Granja Júnior trata não só os pacientes e amigos, mas todos os que
interagem com alguém que irradia energia positiva.
Gonzaga, de Belém do São Francisco, fez faculdade na Universidade Federal
de Pernambuco e logo se destacou como um dos melhores alunos da turma de
Medicina de 1987, quando concluiu o curso. Logo depois fez cirurgia cardiovascular.
Em 1994, Deputado Paulo Piau, pela primeira vez no mundo, um cirurgião
executava, no Hospital Português, uma revascularização cardíaca sem circulação
extracorpórea.
O Dr. Gonzaga tem um defeito grave: inventa, cria, mas não tem o cuidado de
proteger suas criações. Aí apareceram aqueles que tomaram para si alguns de seus
inventos.
Ao ler a matéria do jornal Folha de S.Paulo, constatei que o Vice-Diretor da
OMPI — Organização Mundial de Propriedade Intelectual —, Dr. Francis Gurry,
qualificou o desempenho do Brasil como medíocre, apesar de estamos enquadrados
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entre as 25 maiores potências do mundo. Temos uma população fantástica, um
grande número de consumidores e de pessoas economicamente ativas.
Ao ver o sacrifício que Gonzaga fez, ao longo da vida, para obter o registro
internacional de 43 patentes, sem nenhum apoio governamental, volto justamente à
questão do Orçamento do nosso País. Não cuidamos e não temos olhado para
esses gonzagas que aparecem a todo instante, com vontade de inventar, de fazer
pesquisa, de cuidar justamente dos nossos filhos e netos, para que no futuro não
sejamos apenas exportadores de matéria-prima, mas estejamos inseridos no
contexto global do desenvolvimento. É através dele que iremos proteger as pessoas
que dependem do Poder Público, que precisam da saúde, da educação. Este País
não irá se desenvolver se não investir nas pessoas que geram e pagam impostos,
os contribuintes que sustentam o Poder Executivo, o Poder Judiciário, o Ministério
Público, o Poder Legislativo, enfim, o Poder Público.
Se não tivermos a coragem de enfrentar esses desafios, de fazer com que
este País destine, não só ao setor público mas também à iniciativa privada, 3% do
Produto Interno Bruto para pesquisa e desenvolvimento tecnológico, estaremos
fadados a daqui a 100 anos ainda usar métodos primitivos e a ver a população sem
saúde, sem educação, sem moradia, sem as mínimas condições de habitabilidade.
Quero aqui, senhoras e senhores espalhados pelo Brasil inteiro, dizer que é
uma alegria ver um nordestino, de uma região pobre, se destacar mundialmente. A
Organização Mundial de Propriedade Intelectual — OMPI é um organismo ligado à
ONU que atua em todos os países e que pesquisa justamente as pessoas que têm a
capacidade de inventar para diminuir o sofrimento dos outros.
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Eu poderia passar a tarde e a noite inteiras falando das descobertas de Luiz
Gonzaga Granja Júnior. Sr. Presidente, V.Exa., como médico, sabe muito bem a
quantidade de pessoas que morrem em decorrência dos diabetes tipo 1 ou tipo 2,
diante das complicações causadas, como nefropatia e pré-diabetes. O Dr. Gonzaga
vem tratando muitos pacientes com uma cirurgia simples, não mutiladora, no
Hospital Português, em Recife. Brevemente, essa cirurgia poderá estar acessível às
pessoas no âmbito público. No Brasil temos cerca de 56 milhões de pessoas
acometidas por doenças metabólicas, como o diabetes, a hipercolesterolemia, com
efeito patógeno nas coronárias, nos vasos periféricos.
Por último, quero deixar um pensamento a esta Casa. A cada ano precisamos
fazer um esforço, como fiz na Relatoria-Setorial IV, para que os investimentos
possam ser mantidos e elevados nas áreas de educação, ciência e tecnologia e
esporte a fim de atender às pessoas excluídas, das camadas mais pobres da
população.
Temos de rever, Deputado Inocêncio Oliveira, o orçamento da educação em
todos os níveis. Não apenas o da educação básica, mas do ensino
profissionalizante, do ensino superior, como fazem alguns países desenvolvidos,
que se responsabilizam integralmente pela formação e pelo cuidado intelectual com
a população.
Parabéns a Luiz Gonzaga Granja Júnior, parabéns a Pernambuco, parabéns
a este País.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Ilustre Deputado Manoel Junior,
associo-me às homenagens e ao reconhecimento que V.Exa. faz do grande
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cirurgião Luiz Gonzaga Granja Júnior, pernambucano, médico exemplar, que tem,
para o orgulho do País, registrado muitas patentes em produtos fundamentais para o
desenvolvimento não só da cirurgia, mas também de outras áreas.
Luiz Gonzaga merece todo o nosso respeito e consideração. Torço para que
o Brasil tenha mais pessoas da sua grandeza.
Enquanto os Estados Unidos da América, só citando um caso, tem mais de 52
mil patentes, o Brasil tem 300 e poucas, sendo que, este ano, 13 são do ilustre
médico Luiz Gonzaga Granja Júnior.
Minhas homenagens a esse grande médico e meu reconhecimento a V.Exa.
pelo discurso.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Deputado
Paulo Piau, pelo Bloco Parlamentar PMDB/PSC/PTC, por 10 minutos.
O SR. PAULO PIAU (Bloco/PMDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, senhores telespectadores da TV Câmara,
inicialmente quero cumprimentar o Deputado Manoel Junior por sua mensagem
referente à área da ciência e tecnologia e também o Deputado Rodrigo Rollemberg
pelo alerta que faz em relação aos cortes do orçamento para essa mesma área.
Quero também pegar um gancho da fala do Deputado Lindomar Garçon, que
falou dos transtornos gerados em nosso País com a aprovação da medida provisória
do Governo que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nas rodovias federais.
O ato é importante, pois sabemos que muitos acidentes são causados
exatamente pela embriaguez de motoristas de carros, ônibus e caminhões. Mas este
é o momento para refletirmos sobre o instrumento da medida provisória.
A medida provisória chega a esta Casa e já passa a valer após sua
publicação. Se essa matéria viesse à Câmara Federal na forma de projeto de lei,
toda a sociedade brasileira poderia vir participar de audiências públicas e expor suas
dúvidas para aperfeiçoar o projeto e evitar os transtornos causados por essa medida
provisória que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nas rodovias federais.
Mais uma vez, deixo aqui registrado o protesto da Câmara dos Deputados e o
meu, de maneira muito especial, contra a enxurrada de medidas provisórias relativas
a matérias sem urgência ou relevância que vêm a esta Casa.
Sr. Presidente, falo aqui em nome do PMDB, o meu partido. E a minha
missão é falar um pouco sobre o continente africano, especialmente sobre Angola,
onde estive recentemente.
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Reporto-me às palavras do Presidente Lula, quando do seu primeiro mandato.
S.Exa. disse que o Brasil deveria voltar os olhos para a África. Muita gente não
entendeu, e confesso que até eu não o havia entendido naquele momento, mas
concordo plenamente com o Presidente Lula, porque estive lá e acho que a África é
hoje um ponto de crescimento do mundo.
Fomos em uma missão, a convite do Governo de Angola, especialmente do
Governador do Estado de Benguela, sem custo algum para o Governo brasileiro, na
companhia do Prof. Luís César, da Universidade Federal de Viçosa, do Dr. Helvécio
Mattana Saturnino, da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem, e também do
Sr. Sinfrônio Júnior, Presidente da Câmara de Indústria e Comércio
Brasil-Moçambique e que tem um trabalho atuante em Angola.
O objetivo da nossa viagem foi analisar a possibilidade de implantar projetos
de irrigação naquele país. À primeira vista, há total possibilidade, porque Angola é
um país em que chove muito pouco, apenas 300 milímetros. Na minha região de
Uberaba, por exemplo, chovem 1.600 milímetros, em média. Mas lá os rios têm
bastante água, então, é um ambiente absolutamente propício para o
desenvolvimento da agricultura irrigada.
Conversei com o Governador do Estado de Benguela aqui no Brasil, em São
Paulo. O mote foi exatamente o Programa Irrigar Minas, lançado pelo Governador
Aécio Neves, em Minas Gerais, e que tive oportunidade de coordenar.
Na verdade, o programa está caminhando muito mais lentamente do que eu
gostaria, mas tenho certeza de que o nosso Secretário Gilman Viana Rodrigues vai
entender o alcance do projeto, porque no Brasil, e em Minas também, se irriga muito
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pouco. Não podemos deixar o Estado de São Paulo utilizar a nossa água do Rio
Grande e Minas Gerais não utilizar essa água tão preciosa para o desenvolvimento.
O Irrigar Minas tem como fundamento organizar os produtores em
microbacias e, a partir dessa organização, em uma parceria do Governo com os
produtores e empresários do ramo do agronegócio, providenciar a instalação de
energia elétrica, definir uma produção organizada, que reflita no mercado, e uma
estrutura organizacional que envolva os Governos Federal, Estaduais e Municipais e
a iniciativa privada.
Neste momento, o Ministério da Integração Nacional desenvolve, com a
cobertura do Ministro Geddel Vieira Lima, juntamente com a equipe técnica do
Ministério, o Programa Irrigar Brasil. O Brasil irriga pouco mais de 3 milhões de
hectares, o que representa menos de 10% do que irrigam os Estados Unidos e a
Índia. Nosso potencial é muito grande.
Agora o nosso desafio é estabelecer o Irrigar Benguela ou o Irrigar Angola. E
o programa também já está extrapolando para outras áreas.
Qual a importância dessa iniciativa para o Brasil? Angola, como o Brasil, tem
problemas. Aquele país tem problemas educacionais graves, tem problemas
tecnológicos, econômicos, sociais e de infra-estrutura. É um país totalmente
destruído depois de 30 anos de guerra. Mas tem riquezas, como o petróleo. Produz
mais de 2 milhões de barris de petróleo/dia, e o preço do barril está acima de 100
dólares. Portanto, não tem problemas financeiros. Tem também minas de diamante.
É um país com grandes riquezas naturais.
O Brasil pode suprir a África como um todo, especialmente Angola, com
muitas coisas. Por exemplo, a Universidade de Uberaba está presente em
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Moçambique, país africano, com a educação à distância. A universidade ministra
curso superior aos moçambicanos com o ensino à distância.
No campo tecnológico, temos a melhor tecnologia tropical do globo, um
patrimônio dos brasileiros. Portanto, podemos cooperar com eles.
Os problemas sociais são mais graves, porque a distribuição de renda é pior.
Setenta por cento dos angolanos vivem com 1 dólar por dia. Esse é um desafio que
eles têm de enfrentar, e é também um desafio para o Brasil tentar ajudar aquela
comunidade.
Angola tem 14 milhões de habitantes, e o seu grande problema é a produção
de alimento, hoje à base de milho e peixe.
O Brasil tem tecnologia, aliás, eu diria que o Brasil ainda tem tecnologia para
a África. Se esta Casa, juntamente com o Senado Federal, tiver a responsabilidade
de não cortar recursos da área da ciência e tecnologia, eu diria que o Brasil ainda
tem tecnologia para o desenvolvimento da África, especialmente de Angola.
O corte no Orçamento é muito preocupante. O Deputado Manoel Junior
referiu-se a um investimento de 3% do Produto Interno Bruto como o ideal. No
entanto, não investimos sequer 1% do Produto Interno Bruto na área de ciência e
tecnologia. Já estamos bastante defasados. A Coréia, que praticamente não possui
recursos naturais, chegou a investir 7% do seu Produto Interno Bruto na área de
ciência e tecnologia.
Somo-me aos apelos do Deputado Rodrigo Rollemberg e do Deputado
Manoel Junior no sentido de que na semana que vem, no plenário da Casa, façamos
um grande movimento para que o corte linear feito pelo Deputado José Pimentel —
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S.Exa. não pode ser responsabilizado por isso — seja corrigido, sob pena de o
Brasil ficar para trás no concerto dos outros países.
Não é admissível cortar bolsas do CNPq, recursos da FINEP e da EMBRAPA.
Na condição de Presidente da Frente Parlamentar de Apoio à Pesquisa, conclamo
todos os companheiros, os mais de 200 Deputados Estaduais que assinaram o
documento da Frente Parlamentar, para que, na semana que vem, corrijamos o
corte no Orçamento na área da ciência e tecnologia.
Vimos a tecnologia brasileira presente em Angola: lá está o nosso zebu, o
girolando, equipamentos e 4 grandes construtoras brasileiras reconstruindo o país.
Assistimos a uma compra de 300 caminhões Volkswagen de São Paulo feita por
Angola. Além disso, Angola está comprando uma usina de etanol. Quando digo que
o Brasil pode ajudar, refiro-me à cooperação, porque também nos beneficiaremos
com o desenvolvimento daquele país.
Vimos os chineses que ocupam a África. A meu ver, o Brasil também pode
ocupá-la, porque temos a tecnologia de que eles precisam nesse trabalho de
cooperação e, evidentemente, do ganha-ganha.
Por que isso acontece, Sr. Presidente? Diria que por 2 motivos. Primeiro, a
afinidade cultural entre a África e o Brasil. O Brasil é o segundo País mais negro do
mundo, ficando atrás apenas da Nigéria. O negro veio de lá para cá e essa afinidade
cultural faz com que o sonho do africano, especialmente do angolano, seja vir para o
Brasil. E essa correspondência facilita os negócios entre os 2 países.
Constatamos também que 70% dos angolanos assistem à nossa TV Globo.
Estimulamos isso. Ao conversar outro dia com o Ministro Hélio Costa, dizia que a
imprensa brasileira deveria estar cada vez mais presente em outros países africanos
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porque isso vende, no bom sentido, o Brasil para a África e abre novos negócios aos
brasileiros.
Após a nossa ida, haverá uma missão, principalmente de técnicos ligados à
Universidade Federal de Viçosa e à Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem,
que irá a Angola para possibilitar a irrigação daquele país com tecnologia simples,
porque eles não dispõem de técnicos nem de mão-de-obra especializada.
Levaremos para eles uma tecnologia bastante simples, capaz de propiciar, no
mínimo, a produção da comida que aquele povo precisa.
Agradeço a receptividade do povo angolano, principalmente da criança
angolana, da doce criançada angolana. Deixo aqui registrado o meu abraço e
manifesto minha alegria e satisfação ao ver um povo igual ao brasileiro.
Obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Deputado
Mauro Benevides, pelo Bloco Parlamentar PMDB/PSC/PTC.
O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na manhã de hoje, em
concorrida reunião, foi eleito Presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania o Deputado fluminense Eduardo Cunha, que pertence aos quadros do
PMDB.
Ressalte-se que o escolhido sucede ao seu companheiro de representação,
Leonardo Picciani, que ali se projetou merecidamente em razão de talento e
clarividência comprovadas nas seguidas decisões que prolatou à frente do aludido
colegiado.
Agora, caberá a Eduardo Cunha cumprir idêntica tarefa, e S.Exa. haverá de
fazê-lo com equilíbrio e dinamismo, para que as matérias submetidas à CCJ sejam
apreciadas com celeridade, a fim de que cheguem ao exame soberano do Plenário
da Câmara dos Deputados.
Como membro daquele órgão, a que pertenço desde passadas legislaturas,
acompanho os debates travados sobre temas relevantes, assistidos por outros
Parlamentares que, muitas vezes, também intervêm em temas mais controvertidos e
polêmicos.
Ao fazer o presente registro, desejo ao Deputado Eduardo Cunha um
desempenho fecundo, à altura das melhores tradições daquela Comissão
Permanente da Câmara dos Deputados.
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Inúmeras matérias de repercussão jurídico-constitucional acham-se
pendentes de definição conclusiva, tarefa de que se incumbirão os novos
componentes da mencionada Comissão.
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O SR. FELIPE MAIA - Sr. Presidente, peço palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. FELIPE MAIA (DEM-RN. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo hoje a tribuna desta Casa para repercutir
uma notícia veiculada em toda a imprensa do País. Trata-se de uma notícia muito
favorável, muito positiva, que diz respeito ao recorde de arrecadação do nosso País
no mês de janeiro de 2008. Em janeiro de 2007, foram arrecadados 52 bilhões de
reais. Em 2008, a arrecadação bateu a ordem de 62 bilhões de reais. Estamos
falando de 10 bilhões de reais a mais arrecadados nos cofres do Governo Federal.
A ver essa notícia, recordo-me dos apelos, dos falsos alertas, do desespero
com que o Governo Federal anunciava para o País a necessidade de prorrogação
da CPMF. Mas o Senado Federal, com muita responsabilidade, no final do ano
passado, extinguiu a continuidade de sua cobrança, fazendo com que o Governo
não tivesse mais a arrecadação de 38 bilhões de reais resultantes da CPMF, o que
desonerou o pai de família, o trabalhador e os empresários deste País que geram
emprego e renda.
Quero que a população e este Plenário verifiquem as falsas declarações do
Governo e vejam como ele é guloso no que se refere a impostos, como este
Governo quer arrecadar cada vez mais dinheiro. Para fazer o quê? Será que vou ter
que repetir os 24 mil cargos comissionados? Para a criação da TV pública, aprovada
nesta semana e que vai consumir, pelo que se imagina, 1 bilhão de reais? Para os
tantos gastos que o Governo tem com 37 Ministérios?
Trouxe a este plenário as declarações do Presidente Lula e do Ministro Guido
Mantega para mostrar que S.Exas. deveriam ter a responsabilidade de, perante este
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País, não iludir o povo brasileiro dizendo que o Governo não teria dinheiro para
manter os programas sociais.
Trago aqui a declaração do Presidente Lula, do dia 6 de dezembro de 2007,
quando disse: “Temos de dizer a cada casa quem são os Senadores responsáveis
por deixar milhões de pessoas sem o benefício do Programa Bolsa-Família. Temos
de dizer claramente.”
Temos, sim, Presidente, temos dizer que este Governo tem recorde de
arrecadação, que só no mês de janeiro arrecadou 10 bilhões de reais a mais do que
no ano passado, que o Orçamento está com o cofre lotado de dinheiro. O que é
necessário, sim, é fazer uma reforma tributária, diminuindo os impostos e
desonerando a classe produtiva do País.
Trago a declaração do Ministro Guido Mantega, do dia 4 de setembro de
2007, que dizia: “Será trágico para o País. Teremos que desativar programas e
reduzir o superávit primário. Talvez uma tragédia.”
O Governo perdeu 38 bilhões de reais em 1 ano e já arrecadou, só este mês
de janeiro, 10 bilhões! Que tragédia é essa? Será que a tragédia é ter que acabar
com os 37 Ministérios? Não fazer uma TV pública para o Presidente ficar se
divulgando diariamente? Ter que demitir os ocupantes de cargos comissionados, os
apadrinhados do Governo que servem para enriquecer os cofres do PT? É a essa
tragédia que o Presidente deveria referir-se.
Trago mais, Sr. Presidente. Trago uma declaração do Ministro do
Planejamento, Paulo Bernardo, que, no dia 29 de dezembro de 2007, declarou:
“Tenho 40 bilhões a menos de receita. Se não vamos cortar os programas sociais e
o PAC, teremos que ter outros investimentos.”
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Sr. Presidente Lula, que boa notícia! O Governo foi privado de 38 bilhões de
reais mas recebeu, só em janeiro, 10 bilhões. Não terá que se privar de
investimentos; terá, sim, é que privar — volto a dizer — o setor produtivo de
impostos, de uma carga tributária que hoje chega a 38% do PIB.
Estou ansioso, porque hoje o Ministro Guido Mantega teve um encontro com
o Presidente desta Casa, nobre Deputado Arlindo Chinaglia, e com o Presidente do
Senado Federal, meu conterrâneo, nobre Senador Garibaldi Alves Filho. Apresentou
a proposta aos Presidentes das 2 Casas, mas estou curioso em saber o que contém
esse projeto sobre reforma tributária.
Não podemos deixar de cobrar uma redução dos gastos públicos; não
podemos deixar de contemplar, imaginar que estará dentro dessa reforma um ajuste
fiscal a longo prazo; não podemos deixar de esperar que nessa reforma tributária
exista uma meta de redução dos gastos correntes em relação ao PIB. Mais do que
isso: não podemos deixar que não se estabeleça um teto na carga tributária.
Esperamos que o Presidente Lula, que os Ministros Guido Mantega e Paulo
Bernardo estabeleçam uma meta, um percentual de pagamento da carga tributária
em relação ao PIB. Sugiro 30%. Vamos forçar a que essa carga tributária diminua,
afinal de contas, menos imposto é mais emprego, e mais emprego é mais geração
de renda para o nosso País, para o povo de Pernambuco, para o povo do Rio
Grande do Norte, enfim, para o povo do Brasil.
Por isso, venho hoje a esta tribuna, com transparência, mostrar a realidade
dos cofres públicos. Se o Governo foi, em benefício do setor produtivo e do
empresariado do País, privado de 38 bilhões de reais, só no mês de janeiro foi
contemplado com 10 bilhões de reais.
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Srs. Ministros, V.Exas. já estão com os cofres abarrotados de dinheiro. Por
favor, diminuam a carga tributária do nosso País para que ele possa crescer. Aí, sim,
o povo terá um futuro melhor.
Sr. Presidente, era isso que gostaria de deixar bem claro nesta quinta-feira.
Que o povo brasileiro não se engane. O Senado fez seu papel com muita
responsabilidade, escutando as vozes das ruas. Aqui está a voz do Parlamento para
colocar ordem e esclarecer o povo. O Governo tem dinheiro para fazer
investimentos, para manter o Bolsa Família, para manter a saúde do País em
excelente qualidade. Só não o faz se não quiser. Tem dinheiro até para diminuir a
carga tributária, que é o que peço hoje desta tribuna.
Muito obrigado.
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VII - ENCERRAMENTO
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nada mais havendo a tratar, vou
encerrar a sessão.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - COMPARECEM MAIS OS SRS.:
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DEIXAM DE COMPARECER OS SRS.:
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Encerro a sessão, convocando
para amanhã, sexta-feira, dia 29, às 9h, sessão ordinária da Câmara dos
Deputados.
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(Encerra-se a sessão às 18 horas e 30 minutos.)
DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO PAES LANDIM NO PERÍODO
DESTINADO A COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES DA SESSÃO ORDINÁRIA
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 263, REALIZADA EM 27 DE SETEMBRO DE
2007 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:
O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, a Associação dos Juízes Federais do Brasil, presidida pelo competente
Juiz Federal do Rio Grande do Norte, Dr. Walter Nunes, inaugura hoje a nova sede
da associação em Brasília ao tempo em que ela completou, no dia 20 de setembro
último, 35 anos de existência.
A Justiça Federal, na sua nova etapa, digamos assim, foi criada pelo
ex-Presidente Castelo Branco. Instalada exatamente em 1967, a AJUFE foi criada
em 20 de setembro de 1972, por sugestão do então Juiz Federal e depois Ministro
do Tribunal Federal de Recursos Dr. Jesus Costa Lima.
A semente plantada pelos fundadores da AJUFE encontrou campo fértil e
cresceu forte. Os ideais da sua constituição permanecem vivos, aliando a defesa
dos direitos e das garantias dos juízes federais à contribuição para o aprimoramento
da República.
A atuação da AJUFE se espalha por todos os poderes e pela sociedade civil.
Quero destacar, sobretudo, o apoio relevante aos juízes federais do nosso País.
A Justiça Federal — tenho dito sempre — nasceu com a República. Ela foi
interrompida no Governo Getúlio Vargas, exatamente num governo discricionário
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que vivenciou muito ao arrepio das garantias constitucionais e, de certa maneira, via
na Justiça Federal um elemento de independência.
O movimento de 30, de certa maneira, acabou com a Justiça Federal, mas ela
foi revivida em 1967.
A Associação dos Juízes Federais do Brasil tem desempenhado os mais
relevantes papéis em nossa sociedade, exatamente na formulação de idéias, na
criação de novos mecanismos jurisdicionais, procedimentais, processuais, que
agilizem o funcionamento da prestação jurisdicional em nossa sociedade. Participa,
sobretudo, do próprio Colegiado da Justiça Federal, composta de juízes e
desembargadores federais do STJ.
Ela também é uma entidade que sempre defendeu a independência do
Conselho Nacional de Justiça e a reforma do Poder Judiciário, tanto a já aprovada
pelo Senado, a Emenda Constitucional nº 45, quanto a Proposta de Emenda à
Constituição nº 358, atualmente em tramitação nesta Casa.
As sugestões da Associação dos Juízes Federais do Brasil foram
fundamentais para a melhor elaboração dos trabalhos ligados à reforma.
Sr. Presidente, não há um setor da sociedade civil em que as preocupações
da AJUFE de engajar a cidadania exatamente no processo de prestação jurisdicional
não estejam presentes.
Ela foi sempre dirigida por juízes serenos, competentes, a exemplo do seu
atual Presidente, que é um retrato da maneira como a Justiça Federal vem
selecionando seus quadros em todo o País.
Eu me orgulho da Justiça Federal do meu Estado. É composta por pessoas
preparadas, estudiosas, íntegras, que são o perfil do magistrado no seu sentido mais
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elevado, dentro do perfil que Rui Barbosa traçou para a Justiça Federal do nosso
País. Trata-se da Justiça dos cidadãos, da Justiça de proteção do interesse da
cidadania. Trata-se, sobretudo, de uma Justiça vigilante, em defesa do patrimônio
público, da ordem jurídica e da vigência dos princípios éticos, que devem informar a
boa governança em nossa sociedade.
Há também que se destacar que foi da AJUFE o principal trabalho para
implementação na prática do princípio constitucional que criou os juizados federais,
sobretudo os juizados federais especiais. Partiu dela o grande movimento que fez
com que os juizados especiais fossem hoje a grande realidade institucional do nosso
País, que vêm prestando serviços de tal magnitude que é necessário que o Estado
brasileiro, que esta Casa, sobretudo, se sensibilize para ampliação de várias varas
federais, a fim de que os juizados, que têm sido verdadeiros juizados do povo, do
cidadão comum, sejam realmente um grande exercício da eficácia democrática no
nosso País com a amplitude da prestação jurisdicional.
Muito obrigado.
DISCURSO PROFERIDO PELA SRA. DEPUTADA JANETE ROCHA PIETÁ NO
PERÍODO DESTINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 011, REALIZADA EM 19 DE FEVEREIRO DE
2008 — RETIRADO PELA ORADORA PARA REVISÃO:
A SRA. JANETE ROCHA PIETÁ (PT-SP.) - Sr. Presidente, 2008 — 120 anos
da abolição incompleta. Defendemos a implantação, em todo o território nacional, da
Lei nº 10.639, de 2003, que inclui no currículo oficial da rede de ensino, a
obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira.
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Sras. e Srs. Parlamentares, em primeiro lugar, registro o resultado da
pesquisa CNT/Sensus, realizada entre os dias 11 a 16 de fevereiro, que ouviu 2 mil
pessoas em 136 municípios brasileiros, e que mostra que a aprovação do
Presidente Lula, apesar de estar apanhando demais desta Casa, continua
crescendo. Ele é como o pão, quanto mais apanha, mais cresce. Ele trabalha pelo
social e por políticas públicas que beneficiam não só os que mais precisam como
também as empresas e as indústrias. A pesquisa revela o melhor desempenho do
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde sua posse — 66,8% de aprovação,
superando os 61,2% verificados em pesquisa realizada em outubro de 2007.
Já 74,9% dos pesquisados crêem que os gastos irregulares com cartões
corporativos têm impacto na imagem do Presidente Lula, mas que esse fato não é
determinante para afetar a popularidade do Presidente, em face do sucesso da
economia e de programas sociais.
Em segundo lugar, registro a grande incidência de acidentes de trânsito, com
morte, de motoristas jovens, em razão do alto consumo de bebida alcoólica. Desde o
ano passado os noticiários revelam a vulnerabilidade dos jovens no trânsito
brasileiro.
Segundo pesquisa da Organização das Nações Unidas, realizada em 2006, o
Brasil é o terceiro país da América Latina em que os jovens mais bebem. A
Colômbia aparece em primeiro lugar com cerca de 51,9% de seus adolescentes.
Em São Paulo, 85% dos bares pesquisados vendem bebida alcoólica para
adolescentes. Vinte e cinco por cento dos condutores de veículos mortos em 2005,
no Estado de São Paulo, tinham idade entre 18 e 25 anos. Desses, 54% tinham
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índice de concentração de álcool no sangue acima do permitido por lei, que é de 0,6
gramas de álcool por litro de sangue.
O consumo abusivo do álcool provoca vários problemas de saúde também
entre as mulheres, que são mais vulneráveis, já que têm mais gordura e menos
água no organismo, o que influencia no metabolismo.
Mas não é somente o álcool que mata no trânsito. A imprudência, a imperícia,
a negligência, o descaso com a vida, a individualidade extremada, a competição, o
desrespeito ao Código Nacional de Trânsito são fatores que podem levar a
acidentes graves seguidos de morte.
Todos os dias pessoas perdem entes queridos no trânsito. Em muitos casos,
jovens são acometidos de lesões muitas vezes irrecuperáveis. Apelo hoje para que
as autoridades estaduais e municipais, o Governo Federal, por meio de seus
Ministérios, como o das Cidades e da Saúde e a Secretaria de Políticas para a
Juventude, e os veículos de comunicação intensifiquem campanhas pela
manutenção da vida no trânsito e alertem os pais e seus filhos para os perigos e
riscos do uso de álcool combinado com direção de veículo.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, dirigir um veículo, quer seja uma
moto, um carro, uma bicicleta, é um exercício coletivo, que deve ser valorizado para
preservação da vida. Não podemos esquecer que desse coletivo participam também
os pedestres, cujas mortes por atropelamento crescem em todo o País,
principalmente nas cidades de pequeno e médio portes.
Era o que tinha dizer, Sr. Presidente.
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