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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
DESENVOLVIMENTO DE FORMAS FARMACÊUTICAS
SEMI-SÓLIDAS À BASE DE ÓLEO DE LINHAÇA
(Linum usitatissimum l.) COM AÇÃO CICATRIZANTE PARA
TRATAMENTO E PREVENÇÃO DE ULCERAS DE PRESSÃO
ANA FLÁVIA VASCONCELOS PESSANHA
Recife, 2011.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
DESENVOLVIMENTO DE FORMAS FARMACÊUTICAS
SEMI-SÓLIDAS À BASE DE ÓLEO DE LINHAÇA
(Linum usitatissimum l.) COM AÇÃO CICATRIZANTE PARA
TRATAMENTO E PREVENÇÃO DE ULCERAS DE PRESSÃO
ANA FLÁVIA VASCONCELOS PESSANHA
Orientador: Prof. Dr. Alexandre José da Silva Góes
Co-orientador: Prof. Dr. Pedro José Rolim Neto
Recife, 2011.
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas do Centro de Ciências
da Saúde da Universidade Federal de
Pernambuco, em cumprimento às
exigências para obtenção do grau de
mestre em Ciências Farmacêuticas
Pessanha, Ana Flávia Vasconcelos
Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça (Linum usitatissimum l.) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão / Ana Flávia Vasconcelos Pessanha. – Recife: O Autor, 2011.
66 folhas: il., fig.; 30 cm.
Orientador: Alexandre José da Silva Góes Dissertação (mestrado) – Universidade Federal
de Pernambuco. CCS. Ciências Farmacêuticas, 2011.
Inclui bibliografia.
1. Òleo de linhaça. 2. Ulceras de pressão. 3. Ácidos graxos essencial. 4. Caracterização físico-química. I. Góes, Alexandre José da Silva. II.Título.
UFPE 615.32
CDD (20.ed.) CCS2011-128
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins
VICE-REITOR
Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
PRÓ REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Prof. Dr. José Thadeu Pinheiro
VICE-DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Prof. Márcio Antônio de Andrade Coelho Gueiros
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMCÊUTICAS
Profª. Dalci Brondani
VICE-CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Prof. Antonio Rodolfo de Faria
COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
FARMACÊUTICAS
Prof. Dr. Pedro José Rolim Neto
VICE-COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO
EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Profª. Drª Beate Saegesser Santos
Dedico este trabalho a meus pais, que me
proporcionaram um ensino de qualidade e
sempre me orientaram em tudo, contribuindo
imprescindivelmente na formação do meu
caráter.
À minha filha pela alegria e carinho que me
serviram de motivação.
A esta instituição de ensino a qual devo
minha eterna gratidão em virtude de poder
estar proporcionando a realização de um
sonho.
Aos meus amigos que estão compartilhando
desta conquista comigo.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus que com Sua luz, ilumina minha vida.
A Universidade Federal de Pernambuco, em particular ao Programa de Pós Graduação em
Ciências Farmacêuticas, pela oportunidade na realização deste curso.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Alexandre Góes, pela oportunidade.
Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Pedro Rolim, pela dedicação, orientação e apoio tão
importante na nesta caminhada.
Aos meus pais, Ana Mércia e Jorge Renato, pelo incentivo, apoio e torcida ao longo da
minha jornada acadêmica.
À minha filha, Sofia, que com seu sorriso e seu carinho me fez seguir sempre em frente.
À Larissa, Lariza, Maria Luisa e Amanda pela colaboração tão importante para o trabalho.
À Lourenço, pela paciência e presteza.
Aos colegas do LTM que sempre estiveram presentes e de alguma forma contribuíram para
a realização desse projeto.
Aos colegas da Farmácia Bompreço, em especial a Alexandre, Flávio e Edson, pela
compreensão e paciência que me permitiram a conclusão desse trabalho.
Às minhas amigas Graziella, Raquel, Mariana, Evelyn, Valéria, Danielle e Larissa que
dividiram comigo todas as alegrias e ansiedades em todo esse período.
À minha amiga, Cristina, por todo o incentivo e motivação.
Enfim, a todos que colaboraram direta ou indiretamente a realização deste sonho.
“Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força
de sua alma, todo o universo conspira a seu favor.”
(Goethe)
SSUUMMÁÁRRIIOO
1. Introdução................................................................................................................18
2. Objetivos.................................................................................................................20
2.1 Objetivo Geral........................................................................................................21
2.2 Objetivos Específicos.............................................................................................21
3. Capítulo 1 - Revisão da Literatura: O Potencial Terapêutico do Óleo de Linhaça
para o Tratamento e Prevenção de Úlceras Pressão........................................................23
4. Capítulo 2- Caracterização do Óleo de Linhaça: Caracterização Fisico-Química
e Termo-Oxidativa de Óleo de Linhaça para utilização em Formulações
Farmacêuticas......................................................................................................................36
5. Capítulo 3 - Desenvolvimento da Forma Farmacêutica: Desenvolvimento e
caracterização físico-química de Pomada dermofarmacêutico a base de óleo de linhaça
para o tratamento de Úlceras de Pressão...........................................................................51
6. Conclusão e Perspectivas................................................................................................63
7. Referências Bibliográficas...............................................................................................66
LISTA DE ABREVIATURAS
UP – Ulcera de Pressão
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
NPUAP - National Pressure Ulcer Advisory Panel
EPUAP - European Pressure Ulcer Advisory Panel
AGE – Ácidos Graxos Essenciais
AA – Ácido Araquidônicos
EPA – Ácido eicosapentanóico
DHA – Ácido docosahexanoico
PGE2 – Prostaglandina 2
LTB4 - Leucotrieno
TG – Termogravimetria
DSC – Calorimetria Exploratória Diferencial
RE – Resolução
UV – Ultra Violeta
IV - Infravermelho
LISTA DE SIMBOLOS
%: porcentagem
mg:miligrama
mEq: miliequivalente
M: Molar
N: Normal
rpm: rotações por minuto
ºC: Graus Celsius
mL: mililitro
seg - segundos
min: minutos
h: horas
mPa : milipascal
nm: nanometro
kg: kilograma
g:grama
cm:centímetro
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 1
Figura 1: Percurso morfológico da úlcera de decúbito (Adaptado de PARISH et al., 2007 )
...................................................................................................................................................26
Figura 2: Estrutura química do ácido linoléico (a) e linolênico (b) .........................................28
Figura 3: Efeitos de ácidos graxos n-3 e n-9 na produção de mediadores da inflamação........30
Capítulo 2
Figura 1: Análise da viscosidade do óleo de linhaça...............................................................43
Figura 2: Cromatografia Gasosa do Óleo de Linhaça..............................................................44
Figura 3: Espectofotomeria na região do UV-visível do Óleo de Linhaça antes e após Estudo
de Estabildade Acelerado..........................................................................................................45
Figura 4: Espectros vibracionais no Infravermelho (A) – Óleo de Linhaça pós estudo de
Estabilidade; (B) – Óleo de linhaça antes do estudo de Estabilidade.......................................46
Figura 5: Termogravimetria Diferencial do Óleo de Linhaça antes do estudo de
Estabilidade...............................................................................................................................47
Figura 6: Termogravimetria Diferencial do Óleo de Linhaça após estudo de
Estabilidade...............................................................................................................................47
Capítulo 3
Figura 1: Lotes de bancada das pomadas hidrofóbicas a base de óleo de linhaça....................58
Figura 2: Amostra dos lotes em câmara climática de estabilidade acelerada...........................59
Figura 3: Teste de espalhabilidade com os Lotes de Bancada antes do estudo de
Estabilidade...............................................................................................................................59
Figura 4: Teste de espalhabilidade com os Lotes de Bancada após do estudo de Estabilidade
...................................................................................................................................................59
Figura 5: Espectros na Região IV do Óleo de Linhaça e do Lote de Banca 6.........................60.
Figura 6: DTG do Lote de Bancada 6......................................................................................61
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1
Tabela 1: Principais fatores envolvidos na formação das UP...................................................25
Capítulo 2
Tabela 1: Quantificação dos ácidos graxos essenciais presentes no óleo de linhaça
LinoOil®...................................................................................................................................45
Capítulo 3
Tabela 1: Lotes de bancada das pomadas................................................................................55
RESUMO
Ulceras de pressão (UP) são lesões cutâneas ulcerosas decorrentes de isquemia tecidual em
regiões comprometidas e/ou friccionadas por longo período de tempo, a qual possui
tratamento com impacto econômico significativo, uma vez que afeta milhões de pacientes,
particularmente aqueles inseridos nas unidades de terapia intensiva (UTI). Atualmente são
utilizadas emulsões oleosas à base de óleos vegetais com alto teor de ácidos graxos essenciais
(AGE) para o tratamento dessa patologia. Nesse contexto, o óleo de linhaça (Linum
usitatissimum) se torna uma opção, destacando-se devido ao alto conteúdo de ácidos graxos
essenciais, contendo ácido oléico (ômega 9), ácido linoléico (ômega 6) e ácido linolênico
(ômega 3) com composição média por mol de 14-30 %, 14-25 % e 45-60 % respectivamente.
O presente trabalho objetivou a caracterização do óleo de linhaça, para o desenvolvimento de
uma forma farmacêutica semi-sólida para incrementar a farmacoterapêutica das UP. Na etapa
de caracterização, foram identificados os ácidos graxos componentes do óleo através de
cromatografia gasosa (CG) e verificados os índices de acidez e de peróxidos, obtendo-se um
resultado de 0,47g/100g em ác. oleico e 1,64mEq/kg, respectivamente, atendendo aos
parâmetros de qualidade estabelecidos pela RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005. Foi
realizado um planejamento quali-quantitativo de excipientes para o delineamento da forma
farmacêutica pomada, utilizando 5% de óleo de linhaça como princípio ativo. A formulação
final foi escolhida de acordo com os resultados obtidos em estudos de espalhabilidade e
reologia, além de estudos prévios de estabilidade acelerada. Foram realizados os controles de
qualidade físico-químicos pertinentes, bem como análises térmicas, para assegurar a
qualidade do produto final.
Palavras-chave: Ulceras de Pressão, Óleo de Linhaça, ácidos graxos essenciais,
caracterização físico-química.
ABSTRACT
Pressure ulcers (PU) are ulcerative skin lesions due to ischemic regions involved in tissue that
has been rubbed for a long period of time, which has treated with significant economic
impact, since it affects millions of patients, particularly those within the intensive care units
(ICU). Oily emulsions are currently used for vegetable oils high in essential fatty acids (EFA)
to treat this condition. In this context, flaxseed oil (Linum usitatissimum) becomes an option,
especially due to the high content of essential fatty acids, containing oleic acid (omega 9),
linoleic acid (omega 6) and linolenic (omega 3) with an average composition per mole of 14-
30%, 14-25% and 45-60% respectively. This study aimed to characterize the linseed oil,in
order to develop a semi-solid dosage form to increase the pharmacotherapy of PU. The
characterization of the fatty acids were identified oil components by gas chromatography
(GC) and checked the acidity and peroxide, resulting in a score of 0.47 g/100g in CA. oleic
and 1.64 mEq / kg, respectively. This met the quality parameters established by RDC No.
270, September 22, 2005. We conducted a qualitative and quantitative planning of excipients
for the design of the dosage form ointment, using 5% of linseed oil as the active
ingredient. The final formulation was chosen according to the results obtained in studies of
spreadability and rheological behavior, and accelerated stability studies. We carried out the
quality controls relevant to a physical-chemical and thermal analysis to ensure final product
quality
KEY-WORDS: Pressure Ulcers, Flaxseed Oil, Essencial Fatty Acids, Characterization.
Pessanha, A.F.V. . Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Introdução
17
1.Introdução
Pessanha, A.F.V. . Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Introdução
18
As plantas medicinais constituem uma fonte importante de produtos com atividades
biológicas e muitos deles tornam-se protótipos para a síntese de um grande número de
compostos bioativos. O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo, contando com
um número estimado de mais de 20% do número total de espécies do planeta. Também vale
ressaltar a maior diversidade genética vegetal: são cerca de 55.000 espécies catalogadas de
um total estimado entre 350.000 e 550.00 espécies. E dentro desse leque de riquezas
biológicas, o país também se destaca em outro aspecto no que diz respeito às plantas: as
florestas brasileiras. guardam um número significativo de espécies que tem fins terapêuticos e
medicinais.(LOPES & LINK, 2011).
O uso de plantas medicinais ou de seus derivados ocupa um grande espaço na indústria
farmacêutica. É citado que o mercado mundial de fitoterápicos gira em torno de US$ 40
bilhões (SILVEIRA, 2003), enquanto que no Brasil se calcula que o faturamento esteja em
torno de um bilhão de dólares (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INDÚSTRIAS DE
FITOTERÁPICOS, 2009). Segundo o Professor Petrine, da Universidade de Zurique, a
Alemanha é a maior consumidora de fitoterápicos entre os países europeus. Lá o consumo
gira em torno de 40%, enquanto no Brasil o crescimento no consumo desses medicamentos é
de 20% ao ano. (SILVA, 2009)
A pesquisa para desenvolvimento de remédios baseia, majoritariamente, na síntese
química de novas substâncias. No entanto, se percebeu que os produtos de origem natural
tinham mais chances de apresentar alguma atividade biológica, uma vez que são sintetizados
por organismos vivos. Além do mais, não se pode negar a contribuição de conhecimentos
populares na descoberta de princípios ativos para o desenvolvimento de novas drogas e
remédios.(SILVA, 2009)
Matérias-primas vegetais como plantas, farmacógenos ou derivados (extratos, tinturas,
óleos essenciais ou produtos secos) têm sido largamente empregadas em farmácias de
Pessanha, A.F.V. . Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Introdução
19
manipulação e indústrias farmacêuticas. O que mais preocupa a comunidade científica é o uso
de novas espécies vegetais como medicamentos e que não apresentam dados comprovados de
ação biológica, toxidade (avaliada na espécie humana), efeitos colaterais, segurança, eficácia
e outros. Apesar dos fitoterápicos possuírem constituintes ativos naturais, devem ser avaliados
como medicamentos e, portanto, submetidos a rígidos controles que devem ser empregados
em cada fase da idealização, avaliação e obtenção do mesmo.
Dentro desse contexto, o presente trabalho propõe formulações semi-sólidas à base de
Óleo de semente de Linhaça (Linum usitatissimum) para o tratamento de úlceras de pressão. A
semente, de cor marrom avermelhada ou amarela, chata, oval, pontiaguda de sabor levemente
amargo, é fonte de ácidos graxos tais como ácido oléico (ômega 9), ácido linoléico (ômega 6)
e ácido linolênico (ômega 3) com composição média por mol de 14-30 %, 14-25 % e 45-60 %
respectivamente. (LAMPE, 2006) Substâncias essas com alta capacidade de estimulação da
cicatrização tecidual, principalmente no evento da granulação tecidual.
Assim, a formulação de um medicamento a base desse óleo vegetal objetiva propiciar
um diferencial dentre os tratamentos oferecidos para a melhoria de pacientes que sofrem com
a patologia referida.
Pessanha, A.F.V Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
.
Objetivos
20
2. Objetivos
Pessanha, A.F.V Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
.
Objetivos
21
3.1 Objetivo geral
Desenvolvimento de forma farmacêutica semi-sólida a base de óleo de linhaça para
administração tópica com ação cicatrizante.
3.2 Objetivos específicos
o Caracterização físico-quimica do óleo de linhaça.
o Avaliação da estabilidade da matéria-prima, segundo RE nº 01, de 29 de julho de 2005
da ANVISA
o Estudo de pré-formulação de forma farmacêutica semi-sólida à base de óleo de
linhaça;
o Obtenção tecnológica das formas farmacêuticas a partir da matéria-prima caracterizada
e realização dos controles de qualidade;
o Avaliação da estabilidade acelerada (em câmara climática) e de longa duração (em
prateleira) das formulações desenvolvidas, segundo a Resolução - RE n° 01, de 29 de
julho de 2005 da ANVISA, para definição da composição ideal de cada forma
farmacêutica desenvolvida.
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
22
Capítulo 1
3. Revisão da Literatura
O Potencial Terapêutico do Óleo de Linhaça para o Tratamento
e Prevenção de Úlceras de Pressão
(Artigo Submetido à Revista Brasileira de Farmácia)
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
23
O POTENCIAL TERAPÊUTICO DO ÓLEO DE LINHAÇA PARA O
TRATAMENTO E PREVENÇÃO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO
THE THERAPEUTIC POTENTIAL OF LINSEED OIL FOR
TREATMENT AND PREVENTION OF PRESSURE ULCERS
Ana Flávia Vasconcelos Pessanha1; Larissa Araújo Rolim
1; Lariza Darlene Santos Alves
1;
Luise Lopes Chaves1; Amanda Carla Quintas de Medeiros Vieira
1;
Alexandre Góes2; Pedro José Rolim Neto
1
RESUMO
As Úlceras de Pressão ainda se apresentam como um dos problemas mais comuns em
pacientes debilitados, podendo acometer até 60% de tetraplégicos. Elas são importantes
causadoras de morbidade e impactam diretamente no aumento dos custos dos serviços da
saúde. Para um resultado efetivo contra esse tipo de lesão, óleos a base de Ácidos Graxos
Essenciais, ricos em triglicerídeos de cadeia média são amplamente utilizados tanto na
prevenção, como no tratamento. O Óleo de Linhaça tem em sua composição 57% de Ácidos
Graxos Essenciais, principalmente os Ácidos Linolênico, Linoléico e o Oléico. Esses são
precursores das cadeias de reações anti-inflamatórias, além de atuar na manutenção da saúde
da membrana celular e promover a hidratação epitelial. Esse trabalho partiu da necessidade de
consolidar os conhecimentos a cerca do assunto e propor a utilização do Óleo de Linhaça na
prevenção e no tratamento da Úlcera de Pressão, baseado em uma extensa pesquisa
bibliográfica.
*Palavras-chave: úlceras de pressão, ácidos graxos essenciais, linhaça.
ABSTRACT
Pressure Ulcers still stand as one of the most common problems in debilitated patients and
may affect up to 60% of quadriplegic patients. They are important causes of morbidity and
directly impact the rising cost of health services. For an effective result against this type of
lesion, oils based in essential fatty acids, rich in medium chain triglycerides are widely used
both in prevention and in treatment. Linseed oil has in its composition 57% of essential fatty
acids, especially linolenic, linoleic and oleic acid. These chains are precursors of anti-
inflammatory reactions, besides act maintaining the health of the cell membrane and promote
epithelial hydration. That work stemmed from the need to consolidate the knowledge about
the subject and propose the utilization of linseed oil in the prevention and treatment of
pressure ulcers, based on an extensive literature search.
*Key-words: pressure ulcer, essentials fatty acids, linseed
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
24
1.0 INTRODUÇÃO
Úlceras de pressão (UP), de decúbito ou escaras são lesões cutâneas ulcerosas
decorrentes de isquemia tecidual em regiões comprimidas e/ou friccionadas por longo período
de tempo. Essas são mais comuns em pacientes com lesões medulares (paraplégicos,
tetraplégicos e hemiplégicos) e idosos cronicamente debilitados, causando desconforto e
gerando uma série de distúrbios ao organismo, como a perda significativa de proteínas,
fluidos e eletrólitos, além de possibilitar a entrada de infecções oportunistas, como
estreptococos, estafilococos e Escherichia coli (BLANES et al., 2004).
A etiologia da UP ainda não está totalmente esclarecida. Contudo, relata-se que fatores
intrínsecos e extrínsecos estejam relacionados nessa patologia. Para os fatores extrínsecos são
relatadas quatro causas principais: a pressão, o cisalhamento, a fricção e a umidade, sendo a
pressão contínua a principal causa (BLANES, 2004), pois apresenta-se como um fator crítico
que auxilia na normalidade da saúde da pele garantindo bons fluxo sanguíneo e circulação.
A pressão aumentada induz a isquemia tecidual, seguida de um eritema reacional e um
prolongamento desta causa extravasamento de plasma para o interstício, podendo aparecer
hemorragia no local (SHNEIDER, 2009).
A pele, por ser mais resistente que o tecido subcutâneo, permite o aparecimento de
tumoração amolecida, que pode infectar-se em caso de bacteremia (infecção endógena). As
forças de deslizamento que acontecem nos pacientes acamados com a cabeceira do leito
elevada que desliza em direção ao pé da cama, estrangulam os vasos subcutâneos e descolam
a pele, aumentando a tumoração. A fricção e umidade locais finalmente provocam a erosão do
tecido epitelial, protetor (SHNEIDER, 2009).
O impacto econômico do tratamento de UP é bastante significativo uma vez que trata-se
de um problema freqüente, afetando milhões de pacientes, sendo particularmente prevalente
nas unidades de terapia intensiva (UTI) (LOURO; FERREIRA; POVOA, 2007). Estimativas
internacionais publicadas com relação ao custo de tratamento revelaram um custo médio
hospitalar de US$ 21,67, incluído procedimentos clínicos e cirúrgicos. Além disso, quando
um paciente com fratura de fêmur desenvolve uma úlcera de pressão, os encargos hospitalares
aumentam em média em US$10,99 por paciente (USA, 1992).
Por diminuir a qualidade de vida dos pacientes, causar dor e exudatos (FOX, 2007), além
de aumentar os custos dos serviços de saúde e os índices de mortalidade, a UP é um assunto
amplamente discutido no mundo. Por sua relevância, podem-se considerar a National Pressure
Ulcer Advisory Panel (NPUAP) e a European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP) como
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
25
algumas das principais instituições preocupadas com essa problemática (SOUZA; SANTOS,
2007).
Na farmacoterapêutica dessa enfermidade, já existem alguns produtos farmacêuticos,
como curativos a base de soluções fisiológicas e enzimas que venham a ocluir e estimular a
proliferação celular. Contudo, vêm sendo realizados diversos estudos acerca da utilização de
princípios ativos ricos em Ácidos Graxos Essenciais (AGE). Na literatura especializada para o
tratamento de lesões cutâneas no Brasil, é comum a menção de AGE, uma vez que possuem
atividade comprovada na regeneração tecidual, promovendo quimiotaxia, angiogênese
mantendo o meio úmido (GODOY; PRADO; ALMEIDA, 2005). Por acelerarem o processo
de granulação tecidual, facilitam a entrada de fatores de crescimento, promovem mitose e a
proliferação celular (MANHEZI; BACHION; PEREIRA, 2008).
Existem vários óleos vegetais ricos em ácidos graxos essenciais, porém o óleo de
semente de linhaça (Linum usitatissimum L.) tem sido foco de diversos estudos, pela sua
composição rica em ácidos graxos poliinsaturados.
Portanto, o objetivo desse artigo foi realizar um levantamento bibliográfico que ressalte
o potencial terapêutico do óleo de linhaça, comprovando sua eficácia na prevenção e no
tratamento de úlceras de pressão.
2.0 PREVALÊNCIA DE ÚLCERAS DE PRESSÃO
As Escaras podem ser classificadas levando-se em conta o grau de destruição dos
tecidos lesionados, quanto mais camadas teciduais são comprometidas, maior o grau de
classificação da lesão. Comumente as UP desenvolvem-se em áreas onde existe pressão sobre
proeminências ósseas, tais como o sacro, ísquio, trocânter, ou menos freqüentemente o
calcâneo, região occipital, dorso do pé, o maléolo e a patela (COSTA et al, 2005) e podem ser
originadas pelos fatores extrínsecos e intrínsecos, como mostra a tabela abaixo:
Tabela 1: Principais fatores envolvidos na formação das úlceras de pressão
Fatores Extrínsecos Fatores Intrínsecos
Pressão
(sobre extremidades ósseas)
Imobilidade
Forças de tração Má perfusão / oxigenação tecidual
Forças de Fricção Estado Nutricional
Umidade Excessiva Idade
(Adaptado de ROCHA, MIRANDA & ANDRADE, 2006).
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
26
A NPUAP, em 1989, preconizou quatro estágios fisiopatológicos: Nas úlceras grau I, a
pele encontra-se intacta, mas observa-se uma área eritematosa, quente ou edemaciada na
região sob pressão, mesmo após o alívio da pressão. Quando se evidencia uma perda parcial
da pele acometendo a epiderme, a derme ou ambas, apresentando úlcera como uma abrasão,
uma bolha ou cratera rasa é classificada como de grau II. Nas úlceras grau III as lesões são
mais profundas, observa-se a morte tecidual de todas as camadas da pele com formação de
uma cratera profunda. A de grau IV, a mais severa de todas, compromete não só a pele como
também músculos e tecidos ósseos (Figura 1) (PARISH et al., 2007).
Figura 1: Percurso morfológico da úlcera de decúbito (Adaptado de PARISH et al., 2007).
Os estudos sobre essa patologia têm possibilitado a verificação da evolução do quadro
clínico e a análise da incidência em pacientes hospitalizados (PARISH et al., 2007). Alguns
dados da literatura internacional estimam que entre 3% a 14% de todos os pacientes
hospitalizados atualmente desenvolvem úlcera de pressão. Nos portadores de problemas
crônicos e residentes em asilos para idosos (nursing homes), a incidência estimada é de 15% a
25%. Em ambiente hospitalar, a prevalência das úlceras de pressão é bastante alta, variando
de 2,7% a 29,5%. Pacientes tetraplégicos (60%) e idosos com fraturas de fêmur (66%)
atingem as mais altas taxas de complicações, seguidos por pacientes criticamente doentes
(33%). De uma forma geral, aproximadamente 40% dos pacientes com lesões medulares
desenvolvem, pelo menos, uma ulceração. E desses, de 7 a 8% podem vir a óbito decorrente
desta patologia (COSTA et al., 2005).
No Brasil não foram divulgados dados que demonstrem a incidência e prevalência em
hospitais. Contudo, empiricamente, podemos confirmar que o problema existe e é bastante
freqüente (BERGSTROM et al., 1992).
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
27
3.0 TRATAMENTOS CONVENCIONAIS E PERSPECTIVAS
Os tratamentos atuais para UP englobam dois métodos: o cirúrgico e a aplicação de
curativos a base de solução salina, compostos enzimáticos ou compostos autolíticos. A
cirurgia é a maneira mais eficaz de retirar o tecido necrótico, evitando a infecção, geralmente
realizado em úlceras nas fases III e IV. Os curativos, que podem ser de Alginato de Cálcio,
Hidrocolóides, Colagenase, dentre outros, que são usados a depender da fase e das
características da escara (ROCHA; MIRANDA; ANDRADE, 2006).
Segundo a literatura, também podem ser utilizados Agentes Físicos no tratamento das
escaras. São eles, Lazer (He-Ne e Ga-As), Ultra-Som e Eletroestimulação. Esses métodos são
utilizados como coadjuvantes no tratamento, pois ainda não há comprovação científica de
suas eficácias (ROCHA; MIRANDA; ANDRADE, 2006).
A identificação e o tratamento precoce permitem uma redução significativa dos gastos.
O custo global do tratamento de uma úlcera de pressão grau IV é 10 vezes superior ao de uma
úlcera grau II. Portanto, devem ser efetuadas inspeções diárias da área ulcerada e um registro
semanal das suas características, como: estado, dimensão, exsudado, presença de tecido
necrótico, tecido de granulação, reepitelização ou sinais de celulite (ROCHA; MIRANDA;
ANDRADE, 2006).
Do ponto de vista da prevenção, são utilizados artifícios como, dispositivos de redução
de pressão (colchões, almofadas), otimização do estado nutricional do doente (dietas
adequadas) e massagens (óleos e emulsões hidratantes). Esses últimos recursos, denominadas
pelos profissionais como formulações a base ácidos graxos essenciais, para o tratamento de
feridas, apresenta apenas um ácido graxo essencial, o ácido linoléico (ômega 6), presente no
óleo de girassol com percentagem em torno de 40-75%, que é variável dependendo da área de
cultivo. O restante da composição apresenta ácidos graxos saturados comuns como ácido
caprílico, ácido cáprico, ácido capróico, ácido láurico, ácido palmítico e ácido mirístico.
4.0 ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS
Quimicamente, um ácido graxo consiste em uma série de átomos de carbono, unidos
uns aos outros por ligações simples (saturado) ou duplas (insaturado), com um grupo carboxil
e uma cauda hidrocarbonada chamada de grupo metil. São classificados de acordo com o
número de carbonos na cadeia, o número de ligações duplas e a posição da primeira ligação
dupla (MANHEZI, BACHION & PEREIRA, 2008). O ácido n-linoléico contém 18 Carbonos,
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
28
duas ligações duplas, uma no C9 e outra no C12, na posição ômega6 (C18:2, delta9,12,
ômega6). O ácido linolênico contém 18 Carbonos, três ligações duplas, uma no C9, uma no
C12 e outra no C15, na posição ômega3 (C18:3, 9,12, 15, ômega3). Esses ácidos não podem
ser sintetizados pelos mamíferos, por não possuírem a enzima delta9- dessaturase, são assim
chamados de ácidos graxos essenciais (AGE) e devem ser obtidas obrigatoriamente a partir da
dieta (MANHEZI, 2008).
Figura 2: Estrutura química do ácido linoléico (a) e linolênico (b)
Inúmeros trabalhos comprovam que os triglicérides de cadeia média atuam de forma
positiva no processo de cicatrização, tanto por sua ação bactericida como por sua interferência
em diversas fases do processo. Atuam sobre a membrana celular, aumentando sua
permeabilidade; facilitam a entrada de fatores de crescimento; promovem mitose e
proliferação celular; estimulam a neoangiogênese e são quimiotáxicos para leucócitos
podendo ser usados em qualquer fase da cicatrização. Além disso, auxiliam o desbridamento
autolítico; são bactericidas para S. Aureus; pode ser usado para fazer o desbridamento prévio
para agilizar o processo de cicatrização, podendo ser usado diariamente
(MANDELBAUM,2003).
4.1 ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS E INFLAMAÇÃO
Os ácidos graxos essenciais, ácidos linoléico (ômega 6) e linolênico (ômega 3), são os
mais potentes mediadores pró-inflamatórios do metabolismo, especialmente o ácido linoléico,
já que este é responsável pela migração de granulócitos e macrófagos, ou seja, promove a
quimiotaxia (WENDT, 2005). Uma vez que eles não podem ser produzidos pelos mamíferos,
por não possuírem a enzima delta-9-dessaturase, são denominados essenciais (MOREIRA;
CURI; MANCINI-FILHO, 2002).
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
29
A efetividade dos ácidos graxos essenciais nos problemas relacionados às lesões de
pele tem sido estudada desde 1929, quando foram realizadas as primeiras observações de
lesões de pele provocadas por uma deficiência nos níveis de ácidos graxos essenciais nos
alimentos que eram preparados (MARQUES et al., 2004). No homem adulto, a carência é
rara, mas se manifesta mais freqüentemente por problemas cutâneos como dermatoses
eczematiformes, retardo na cicatrização e problemas de equilíbrio lipídico do soro, de
coagulação e função plaquetária (MINAZZI-RODRIGUES; PENTEADO; MANCINI
FILHO, 1991).
Estes ácidos são essenciais para funções celulares normais, e atuam como precursores
para a síntese de ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa como os ácidos araquidônicos
(AA), eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA), que fazem parte de numerosas
funções celulares como a integridade e fluidez das membranas, atividade das enzimas de
membrana e síntese de eicosanóides como as prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos
(MANHEZI; BACHION; PEREIRA; 2008). Estes, por sua vez, possuem capacidade de
modificar reações inflamatórias e imunológicas, alterando funções leucocitárias e acelerando
o processo de granulação tecidual (JAMES; GIBSON; CLELAND, 2000).
Sintomaticamente a inflamação é caracterizada por dor, vermelhidão, e inchaço,
inflamação excessiva ou desordenada também implica a perda de função. Esta patologia
clínica resulta da liberação de mediadores inflamatórios, predominantemente a partir de
ativação de leucócitos que migram para a área de destino. Entre os principais
mediadores inflamatórios são o N26 eicosanóides, prostaglandina E2 (PGE2) e leucotrieno B4
(LTB4), que são obtidas a partir de ácidos graxos poliinsaturados (AGP) n-6 ácido
araquidônico (AA; 20:4 N26) (HENDERSON; PETTIPHER; HIGGS, 1987). Igualmente
importantes são as citocinas, interleucina1b (IL-1b) e o fator de necrose tumoral (TNF-a)
(AREND; DAYER, 1995) (ELLIOT et al, 1994). Neste sentido, a farmacoterapia
inflamatória, muitas vezes, visa à inibição da produção dos mediadores inflamatórios e assim
a possibilidade terapêutica de incorporar ácidos graxos n-3 e n-9 na dieta devido a interações
competitivas.
A prostaglandina 2 (PGE2) e o leucotriendo B4 (LTB4) têm ações próinflamatórias,a
PGE2 pode causar dor e vasodilatação enquanto que o LTB4 é uma sustância quimiotáxica
ativadora de neutrófilos, juntos eles podem causar fuga e extravasamento de líquido (JAMES;
GIBSON; CLELAND, 2000).
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
30
Assim, os mediadores lipídicos podem estar envolvidos na dor, vermelhidão, inchaço e
ocorre na inflamação aguda. O AA é o progenitor das duas PGE2 e LTB4 através da
cicloxigenase e 5-lipoxigenase enzimática vias, respectivamente, EPA, a n23 homólogo de
AA, pode inibir o metabolismo do AA competitivamente através destas vias enzimáticas e,
portanto, pode suprimir a produção de mediadores inflamatórios.
A EPA é um potencial substrato para cicloxigenase substrato sintetizar a PGE3, que
também tem atividade inflamatória, apesar da síntese da PGE3 ocorrer com baixa eficiência
ou não a todos. Assim, o aumento da oferta de n23 pode mudar o equilíbrio dos eicosanóides
produzidos gerando menor grau de inflamação (JAMES; GIBSON; CLELAND, 2000)
(Figura 2).
Esse mecanismo pode ser bastante útil no combate às UP Nível I, onde a região da
pele apresenta-se vermelha e edemaciada, se abertura da lesão, em que massagens progressiva
com óleo de linhaça, rico em ácidos n3 e n9, pode reduzir o processo inflamatório impedindo
abertura da lesão (JAMES; GIBSON; CLELAND, 2000)
Figura 3: Efeitos de ácidos graxos n-3 e n-9 na produção de mediadores da inflamação.
4.2 ÓLEO DE LINHAÇA COMO FONTE DE ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS
Dentro do tratamento com AGE para UP encontram-se três subgrupos: a) Derivados do
ácido linoléico: DERSANI®, ATIVODERM®, AGE DERM®, SANPELE®; b) Derivados
do ácido linoléico com lanolina: SOMMCARE®, SANISKIN®, PIELSANA®; c) Derivados
do ácido ricinoléico da mamona: HIG MED®. Tais formulações podem ser usadas em todos
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
31
os tipos de lesão, nos diversos estágios do processo cicatricial e como preventivo de lesões
(MANDELBAUM, DI SANTIS & MANDELBAUM, 2003).
Para suprir as possíveis carências nessas formulações, também são adicionados
outros componentes à formulação que são capazes de promover a hidratação da pele, como a
lanolina, ácidos ricinoléico, vitamina A e vitamina E.
Nos óleos vegetais, os óleos de canola e soja apresentam concentrações significativas do
ácido alfa-linolênico, porém a maior concentração ocorre no óleo de linhaça (MARTIN, et al,
2006).
A semente de linhaça (Linum usitatissimum) é de origem asiática e pertencente à
família Linaceae, tem cor marrom avermelhada ou amarela, chata, oval, pontiaguda de sabor
levemente amargo. É fonte de ácidos graxos essenciais contendo 39% de óleo na sua
composição tais como ácido oléico (ômega 9), ácido linoléico (ômega 6) e ácido linolênico
(ômega 3) com composição média por mol de 14-30 %, 14-25 % e 45-60 % respectivamente.
Contém minerais (potássio, sódio, magnésio, fósforo, ferro, cobre, zinco, manganês e selênio),
vitaminas (A, E, B1, B6, B12), proteínas e fibras, além de lignanas, fitoestrógenos que podem
ser metabolizados em enterolignanas metabolicamente ativas no intestino (COVINGTON,
2004).
Dessa forma, pode ser acrescido a formulações tópicas para o tratamento de psoríase,
rosácea e envelhecimento da pele. O uso tópico do óleo permite ao corpo de absorver alguns
dos ácidos graxos essenciais necessários para uma atividade celular saudável. O óleo de
linhaça pode amaciar e cicatrizar abrasões da pele, diminuir o eritema e edema de lesões
cutâneas e promover a saúde e a hidratação da pele. No eczema pode ser aplicado diretamente
sobre a pele. (GARCIA, 1994).
Esse ativo produz uma ação de cicatrização da ferida e acelera a recuperação do epitélio
nas membranas mucosas da cavidade oral. Devido à capacidade de formação de uma película
protetora elástica, óleo de linhaça foi recomendado para a preparação de curativos rápido
espessamento e aplicações no tratamento da periodontite. O extrato obtido da semente de
linhaça é usado para o tratamento da gengivite erosiva e ulcerosa (TOLKACHEV1;
ZHUCHENKO JR, 2000).
Além disso, estudos em várias áreas apontam os AGE, como potenciais tratamentos para
patologias, hoje, tratadas com princípios ativos sintéticos ou semi-sintéticos, que em vários
casos trazem consigo efeitos indesejáveis. No caso das doenças cardiovasculares, os ômega 3,
estão sendo estudados para que também possam atuar na prevenção dessas, causando redução
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
32
da lipemia pós-prandial, que está relacionada com a progressão da aterosclerose (CUPPARI,
2002). De acordo com TORRES & MACHADO (2001), esses ácidos graxos agem
diminuindo os níveis de triglicerídeos e colesterol, aumentando a fluidez sanguínea e
reduzindo a pressão arterial.
Por fim, alguns estudos desenvolvidos por PINHEIRO JR et al. (2007), relatam o quadro
caracterizado como “síndrome do olho seco”, ceratoconjuntivite seca (CCS) ou simplesmente
olho seco (OS), uma das doenças mais comuns da prática oftalmológica . Foi desenvolvida
uma terapia oral com óleo de linhaça, em cápsulas. Estudos preliminares apontam uma
redução da inflamação na superfície ocular e melhora os sintomas de olho seco em pacientes.
Partindo desse entendimento, e da ausência de formulação farmacêuticas registradas como
medicamentos, o óleo de linhaça é uma opção diferenciada na formulação de formas semi-
sólidas que podem atuar tanto na prevenção das escaras, como nas ulcerações abertas (Fase II,
III e IV). O principal interesse no estudo do uso do óleo de linhaça, para tal finalidade, é a
possibilidade de obtenção de uma concentração, de AGE, superior a dos demais óleos
utilizados nos cosméticos atuais, como o óleo de girassol.
5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A úlcera de pressão é uma patologia amplamente acometida no mundo e, portanto,
vem sendo estudada afim de que se possa amenizar ou extinguir o desconforto causado em
pacientes acamados e com lesões medulares, a população mais acometida. Ademais, os custos
relacionados com essa patologia aumentam significantemente, principalmente, com o
agravamento da lesão.
Existem vários tratamentos aplicáveis: físicos e químicos, como: a cirurgia, o curativo
e, para prevenção, a massagem com óleos ou emulsões enriquecidos com hidratantes e
emolientes que venham a restaurar a saúde do tecido cutâneo.
Nesse contexto, o óleo de linhaça surge como uma alternativa de ampla utilização, por
causa de sua composição rica em elementos antioxidantes, mediadores de processos
antiinflamatórios e promotores da regeneração tecidual. Seu alto rendimento de Ácidos
Graxos Essenciais, principalmente o Ácido Linolênico (de 45-60%), além de vitaminas
oleosas e minerais, é capaz de propiciar maior eficácia terapêutica em feridas crônicas, como
demonstrado teoricamente ao longo de todo o trabalho.
Por fim, vale ressaltar a importância dos produtos naturais do desenvolvimento
tecnológico de novas formas farmacêuticas para o tratamento de patologias. Cada vez mais,
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 1
33
são buscadas, em plantas, composições farmacologicamente favoráveis a várias patologias,
tanto de uso sistêmico, quanto local.
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(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 2
37
Capítulo 2
4. Caracterização do Óleo de Linhaça
Caracterização Fisico-Química e Termo-Oxidativa de Óleo de Linhaça para utilização
em Formulações Farmacêuticas
(Artigo a ser submetido a Revista Brasileira de Farmácia)
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 2
38
Caracterização Fisico-Química e Termo-Oxidativa de Óleo de
Linhaça para utilização em Formulações Farmacêuticas
Pessanha, A.F.V.
1; Rolim, L.A.
1; Alves, L.D.S.
1; Silva, R.M.F.
1,2; Rolim-Neto, P.J
1,*; Góes
A3.
1Departamento de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco;
2Laboratório de P&D Farmacotécnico, Universidade Federal do Pará;
3Departamento de Antibióticos, Universidade Federal de Pernambuco.
RESUMO
A linhaça (Linum usitatissimum L.) é uma das maiores fontes dos ácidos graxos essenciais,
seu óleo é rico em ômega 3 e ômega 6, conhecidos por exercerem atividade antioxidante. O
óleo foi caracterizado de acordo com os métodos padrões de análise de óleos e gorduras da
Farmacopéia Brasileira IV edição e métodos descritos pelo Instituto Adolf Lutz. Os ácidos
graxos presentes no óleo foram identificados e quantificados por meio de Cromatografia
Gasosa. Através das análises de Índice de Ácidez e Peróxidos, pôde-se averiguar que para
ambos os parâmetros o óleo apresenta-se dentro dos limites estipulados pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, obtendo-se 0,47 g de ácido oléico / 100g e 1,64 mEq/Kg
respectivamente. Baseado nos estudos realizados, é possível inferir que o óleo atende os
requisitos de qualidade para sua utilização em formulações farmacêuticas.
Palavras-chave: óleo de linhaça, atividade antioxidante, caracterização físico-química
ABSTRACT
Flaxseed (Linum usitatissimum L.) is one of the greatest sources of essential fatty acids, oil is
rich in omega 3 and omega 6, known to exert antioxidant activity. The oil was characterized
according to standard methods of analysis of fats and oils from Brazilian Pharmacopoeia
edition and methods described Adolf Lutz Institute. The fatty acids present in the oil were
identified and quantified by gas chromatography. Chemical analysis of acidity and peroxides,
we could verify that the parameters for both the oil has to be within the limits stipulated by
the National Agency for Sanitary Vigilance, we obtained 0.47 g of oleic acid / 100g and 1,64
mEq / kg respectively. Based on studies, it is possible to infer that the oil meets the quality
requirements for use in pharmaceutical formulations.
Keywords: linseed oil, antioxidant activity, physicochemical characterization
INTRODUÇÃO
Matérias-primas vegetais como plantas, farmacógenos ou derivados (extratos, tinturas,
óleos essenciais ou produtos secos) têm sido largamente empregadas em farmácias de
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 2
39
manipulação e indústrias farmacêuticas. O que mais preocupa a comunidade científica é o uso
de novas espécies vegetais como medicamentos e que não apresentam dados comprovados de
ação biológica, toxicidade (avaliada na espécie humana), efeitos colaterais, segurança,
eficácia e outros. Apesar dos fitoterápicos possuírem constituintes ativos naturais, devem ser
avaliados como medicamentos e, portanto, submetidos a rígidos controles que devem ser
empregados em cada fase da idealização, avaliação e obtenção do mesmo.(SILVA JUNIOR &
PEREIRA, 2009).
É de suma importância a caracterização físico-química da matéria-prima vegetal, pois,
dessa forma se permite estabelecer uma carta de identidade do produto, possibilitando sua
padronização e avaliação de sua pureza, tornando-o adequado para realização de estudos de
pré-formulação, principalmente por se tratar de um produto vegetal novo (ALVES et al,
2008).
A linhaça (Linum usitatissimum L.) é utilizada na indústria farmacêutica na sua forma de
cápsulas oleosas para suplementação alimentar, uma vez que é uma das maiores fontes dos
ácidos graxos essenciais. Seu óleo é rico em ômega 3 e ômega 6, conhecidos por exercerem
atividade antioxidante (MAYES, 1994).
O objetivo deste trabalho foi realizar a caracterização físico-química e determinar a pureza
do óleo de linhaça por cromatografia gasosa.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi utilizada como matéria-prima o óleo de linhaça dourada extração a frio Lino Oil®
já adicionado de Vitamina E, como antioxidante na concentração de 0,02%.
A caracterização físico-química foi realizada, em triplicata, no Laboratório de
Tecnologia de Medicamentos, da Universidade Federal de Pernambuco e no Laboratório de
Experimentação e Análise de Alimentos, da Universidade Federal de Pernambuco . O óleo foi
caracterizado de acordo com os métodos padrões de análise de óleos e gorduras da
Farmacopéia Brasileira IV(1998) edição e métodos descritos pelo Instituto Adolf Lutz (2008).
Determinações da densidade relativa, do índice de refração, da viscosidade e de água e
sedimentos
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 2
40
As determinações da densidade relativa, do índice de refração, da viscosidade e de
água e sedimentos foram realizadas segundo a Farmacopéia Brasileira IV edição (1998).
Índice de acidez
O índice de acidez foi realizado de acordo com o método proposto pelo Instituto Adolf
Lutz (2008). Foram pesados 2 g da amostra e dissolvidos em 25 mL de uma solução éter-
alcool (2:1). Adicionaram-se 2 gotas de fenolftaleína a 1%, com posterior titulação com a
mistura de hidróxido de sódio 0,1M, até o aparecimento da cor rósea persistente por 30 seg.
(IAL, 2008)
Índice de Peróxidos
Uma amostra de 5 g de óleo foi dissolvida em 30 mL de solução ácido acético-
clorofórmio (3:2) com leve agitação, seguindo-se da adição de 0,5 mL de solução saturada de
iodeto de potássio. A mistura foi deixada em repouso, ao abrigo da luz, por um minuto.
Adicionaram-se 30 mL de água destilada. Titulou-se a mistura com tiossulfato de sódio 0,1N,
em constante agitação, até o desaparecimento da cor amarela, Adicionou-se solução de amido
a 1%, até o desaparecimento da cor azul. (Instituto Adolf Lutz, 2008)
Determinação da reologia
A reologia dos sistemas foi obtida utilizando um viscosímetro Brookfield®.
Para determinação das viscosidades foram utilizados 15mL dos sistemas e o
comportamento reológico das amostras foram analisadas aumentando gradativamente a
velocidade de rotação do Spindle (0 a 100 rpm), em ambiente com temperatura de 25°C ±
2°C.
A partir dos resultados de viscosidade obtidos foi elaborado um gráfico da medida da
área de histerese formada entre a curva ascendente e descendente dos reogramas,
relacionando-se as viscosidades obtidas em função da tensão de cisalhamento.
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 2
41
Doseamento de Ácidos Graxos Essenciais
As análises foram feitas em um cromatógrafo à gás de alta resolução Shimadzu®
modelo GC 14-B por detecção em chama. Foi utilizada uma coluna capilar HP-Innowax
Agilent® de sílica fundida com revestimento de polietilenoglicol. O gás de arraste foi o hélio
com fluxo de 1 mL/min, split 1:20, temperatura do injetor de 200ºC, temperatura do detector
220ºC. A temperatura inicial da coluna foi 40ºC aquecida a uma razão de 40ºC/min até 150ºC
e à 1,7ºC/min até 201ºC. O volume de injeção foi 1µL.
A identificação qualitativa dos ésteres dos ácidos graxos foi realizada através da
comparação entre os cromatogramas do padrão de ésteres de ácidos graxos da Supelco®
(contendo uma mistura de 37 ácidos graxos).
Os triacilgliceróis do óleo foram esterificados seguindo a metodologia da IUPAC
(União Internacional de Química Pura e Aplicada). Foram pesados 50 mg da amostra do óleo
de linhaça, adicionados 4 mL de hexano e 0,2 mL de uma solução metanólica de KOH (2
moles/L) e, em seguida, centrifugados por 5 min. Foram adicionados 2 mL de solução
saturada de NaCl e deixada em repouso por 24 h, para a separação da fase orgânica. Esta
amostra foi injetada no cromatógrafo gasoso (Guedes, 2010).
Espectrofotometria na região do Ultravioleta
A amostra do óleo de linhaça foi analisada dissolvendo 0,1 mL de óleo em
diclorometano, sendo o volume completado para 10 mL com o mesmo solvente (Araújo,
2007). Após a leitura do branco com diclorometano, foi realizada uma varredura na faixa
compreendida (UV-mini, Shimatzu®) entre 200 e 400nm.
Espectroscopia na região do Infra vermelho
Os espectros foram obitidos na região entre 4000 a 400 cm-¹ em espestofotômetro
modelo Spectrum 400 (PerkinElmer®).
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 2
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Estudos de Análise Térmica
Foram realizadas análises de calorimetria exploratória diferencial (DSC) e
termogravimetria (TG) (Modelo: 60H - Shimatzu), verificou-se variação de massa em função
da temperatura, utilizando-se uma faixa de temperatura de 25-600ºC, sob um fluxo de gás 50
ml/min. As amostras pesaram 4,0 mg (± 0,2mg) e 10mg (± 0,5mg) para o DSC e TG,
respectivamente.
Estudos de Estabilidade Preliminar
O estudo foi realizado em câmara climática devidamente certificada em temperatura e
umidade adequadas, conforme preconiza a resolução RE nº1 de 29 de julho de 2005, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Foi realizado um estudo de estabilidade
acelerado com duração de 30 dias, a câmara climática foi certificada a uma temperatura de
40ºC e umidade ± 75%. As amostras foram submetidas as análises de cromatografia gasosa
para a quantificação de ácidos graxos após esse perído (Brasil, 2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização Físico-Química do Óleo de Linhaça
O óleo de Linhaça utilizado para a caracterização apresentou a coloração amarelo
mesmo após o teste de estabilidade acelerada de 30 dias em câmara climática. Sua massa
específica a 25ºC foi de 0,9296 g/cm³, estando de acordo com os resultados descritos em
CAMPESTRE (2011) e OLVEPIN (2011). A concentração do antioxidante presente no óleo
de linhaça, vitamina E 0,02%, esta dentro do estabelecido pelo handbook de excipientes 3ª
Edição 0,001% a 0,05% (KIBBE, 2000.)
A ANVISA através da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 270/2005 preconiza a
regulamentação técnica para óleos e gorduras vegetais. Nesta admite-se o limite máximo para
índice de acidez 4,0g de ácido Óleico/100g de amostra e índice de peróxidos 15 mEq/kg para
óleos e gorduras prensados a frio não refinados. Os resultados obtidos nas análises do óleo
utilizado obteve-se 0,47 g de ácido Oléico / 100g e 1,64 mEq/Kg para os índices,
respectivamente, atendendo as especificações.
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 2
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A média do Índice de Refração do óleo de linhaça estudado foi de 1,4725. O índice de
refração pode ser afetado pelo teor de ácidos graxos livres, oxidação e tratamento térmico
(EPAMINONDAS, 2009). Foi realizada a determinação de água e sedimentos e não houve
nenhuma alteração da amostra nem o aparecimento de sedimentos.
Viscosidade
Figura 7. Análise da viscosidade do óleo de Linhaça
O óleo de linhaça apresentou um caráter não newtoniado pseudoplastico, onde a
viscosidade aparente diminuiu com o aumento da tensão de cisilhamento (RPM) como mostra
o gráfico acima. Segundo AULTON (2005), a presença de moléculas longas, de elevada
massa molecular, sob influência de tensão tendem a tornar-se desembaraçadas e alinhar-se na
direção do fluxo, oferecendo menos resistência e, com isso, contribuindo para a diminuição da
viscosidade.
Quantificação de Ácidos Graxos Essenciais
O perfil lipídico foi obtido através do cromatograma mostrado abaixo (Figura 2) e a
quantificação dos ácidos graxos essenciais demonstrados na tabela 1.
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 2
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Figura 8 Cromatografia Gasosa do Óleo de Linhaça
Segundo LAMPE(2006), a composição média de ácidos graxos essenciais no óleo de linhaça
varia entre 14-30 %, 14-25 % e 45-60 % de ácido oléico (ômega 9), ácido linoléico (ômega
6) e ácido linolênico (ômega 3), respectivamente. Pode identificar os ácidos graxos estudados
através do tempo de retenção do cromatograma apresentado sendo o ômega 9 em 17.088,
ômega 6 em 25.437 e ômega 3 em 30.297. Abaixo no cromatograma do padrão pode-se
evidenciar os picos dos ácidos estudados no números 18 (ácido oléico), 20 (ácido linoléico) e
24 (ácido linolênico).
Figura 3 Cromatografia Gasosa do padrão SUPELCO® para 37 ácidos graxos
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 2
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Ácidos Graxos Essenciais Teor (%)
Ácido Oléico
16,4119
Ácido Linoléico
19,1365
Ácido Linolênico
59,2765
Tabela 2 Quantificação dos ácidos graxos essenciais presentes no óleo de linhaça LinoOil®
.
Espectrofotometria na região do Ultravioleta.
Pode ser observada uma maior absorvância na amostra após o estudo de estabilidade.
Isso ocorreu, possivelmente, por causa da degradação da Vitamina E, que devido a sua
estrutura química e possuir elétrons com menor energia de ativação (grupos cromóforos).
Por estar antes de 250nm, não está dentro da região do visível.
Figura 4 Espectofotomeria na região do UV-visível do Óleo de Linhaça antes e após Estudo
de Estabildade Acelerado Preliminar.
Espectroscopia na região do Infravermelho
O Óleo de Linhaça foi analisado antes e após o estudo de estabilidade acelerada.
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
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Capítulo 2
46
Figura 5. Espectros vibracionais no Infravermelho (A) – Óleo de Linhaça após estudo
de Estabilidade; (B) – Óleo de linhaça antes do estudo de Estabilidade
Segundo FONSECA & YOSHICA (2009), a banda de estiramento de carbonila em
1736 cm-1
e das carbonilas em 1164 e 1100cm-1
são indicativos da ligação éster no
triacilglicerol. Em 3010cm-1
, são as duplas =C-H não conjugadas na posição cis. A oxidação
da amostra provoca alterações na matriz com o alargamento da banda de absorção do grupo
carbonila (C=O) em aproximadamente 1700cm-1
. Na amostra analisada não foram
encontrados alargamentos significativos, por isso não demonstrando oxidação da mesma após
o estudo de estabilidade de 30 dias.
Estudos de Análise Térmica
As principais alterações químicas que ocorrem nos óleos vegetais são por processos
químicos como a auto-oxidação, a polimerização térmica ou a oxidação térmica, que podem
ser acelerados pelo calor, luz (foto-oxidação), ionização, traços de metais ou catalisadores.
Além destas reações, outras são simultaneamente desencadeadas levando à polimerização da
matriz por meio das ligações cruzadas “cross-linking” entre as cadeias de ácidos graxos de
uma molécula do triacilgliceróis. (FONSECA & YOSHICA, 2009).
O estudo foi realizado com o óleo de linhaça antes (Amostra 1) e após( Amostra 2) ser
submetido a estudo de estabilidade acelerada em câmara de 30 dias. No TG da amostra
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 2
47
1(Figura 6), observa-se estabilidade térmica até aproximadamente 200ºC. Já na amostra 2
(Figura7) essa estabilidade térmica ocorre até aproximadamente 300ºC. Após essa etapa,
ocorre o primeiro estágio com a degradação de ácidos graxos livres, ácidos esteárico,
palmítico e palmitoleico (Garcia et al, 2004) para ambas, que seguem com perda de massa de
95,08% em um processo que se encerra em 492ºC. Vale salientar que para Vasconcelos
(2009) a perda de massa entre 180ºC e 370ºC ocorro devido a degradação dos
triacilglicerídeos e em seguida a oxidação das cadeias poliinsaturdas.
Figura 6 Termogravimetria Diferencial do Óleo de Linhaça antes do estudo de Estabilidade
Figura 7 Termogravimetria Diferencial do Óleo de Linhaça após estudo de Estabilidade
Acelerada de 30 dias
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 2
48
CONCLUSÃO
O Óleo de Linhaça, dentre os demais óleos vegetais, se mostra como uma matéria
prima rentável à indústria farmacêutica para a obtenção de ácidos graxos essenciais, uma vez
demonstrado o alto teor A.G.E. por mol.
Após a análise de todos os parâmetros estudados, pode-se concluir que a amostra
submetida aos testes de controle de qualidade atendem aos padrões estabelecidos pela
ANVISA e outros que foram encontrados nas literaturas descritas no presente trabalho.
Vale salientar que a utilização da vitamina E como antioxidante para óleos vegetais
pode ser considerada preliminarmente satisfatória, visto resultados obtidos com a amostra do
óleo após o estudo de estabilidade acelerado de 30 dias.
REFERÊNCIAS
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estabilidade dos cristais em diferentes condições de armazenamento. Quím. Nova. 2008,
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Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 3
51
Capítulo 3
5. Desenvolvimento da Forma Farmacêutica
Desenvolvimento e caracterização físico-química de Pomada a base de
óleo de linhaça para o tratamento de Úlceras de Pressão
(Artigo a ser submetido a Revista Brasileira de Farmácia Básica e Aplicada)
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 3
52
Desenvolvimento e caracterização físico-química de Pomada a
base de óleo de linhaça para o tratamento de Úlceras de Pressão
Pessanha, A. F.V1.; Rolim, L.A
1.; Alves, L.D.S
1.; Góes A.
2; Rolim-Neto, P.J
1.
1. Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Ciências Farmacêuticas,
Laboratório de Tecnologia dos Medicamentos, Rua Prof. Arthur de Sá, S/N, Cidade
Universitária, CEP: 50740-521, Recife-PE, Brasil.
Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Antibióticos, Laboratório de Síntese
de Substâncias de Índice Terapêutico, Rua Prof. Arthur de Sá, S/N, Cidade Universitária,
CEP: 50740-521, Recife – PE, Brasil.
RESUMO
A linhaça, de origem asiática, cujo nome botânico é Linum usitatissimum pertence à família
Linaceae, é fonte de ácidos graxos tais como ácido oléico (ômega 9), ácido linoléico (ômega
6) e ácido linolênico (ômega 3). O objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de uma
pomada hidrofóbica a base de óleo de Linhaça e sua caracterização. Para isso foram
formulados e submetidos a estudos de estabilidade preliminares oito lotes de bancada, que
posteriormente foram caracterizados quanto às metodologias descritas na Farmacopéia
Brasileira IV. Os lotes compostos por silicone ou ausentes de parafina branca não se
comportaram de maneira satisfatória, havendo separação de fases. Os demais lotes foram
avaliados segundo testes de espalhabilidade e viscosidade, além de análise térmica, se
mostrando como uma formulação promissora no desenvolvimento de um medicamento a base
de óleo de Linhaça.
Palavras-chave: Pomada, óleo de linhaça, caracterização físico-química
ABSTRACT
Ointments are semi-solid pharmaceutical preparetions with adhesion to the surface of
application. Flaxseed, os Asian origin, whose botanical name is Linum usitatissimum belongs
to family of Linaceae, is source of fatty acids such as oleic acid (omega9), linoleic acid
(omega 6) and linolenic acid (omega 3). The objective was to develop a hydrofobic ointment
base oil Flaxseed and its characterization. For thatwere formulated and submitted to a
accelerated stability studies eight lots, wich subsequently were characterized by methods
described in Brazilian Pharmacopeia. Batches of silicone or white paraffin missing did not
behave satisfactorily, with phase separation. The others were evaluated following testo f
spreadability and viscosity, besides thermal analysis, showing itself as promising formulation
to develop a drug base on flaxseed oil.
Keywords: Ointment, linseed oil, physic-chemical characterization
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 3
53
INTRODUÇÃO
Os produtos naturais podem ser tão eficientes quanto os produzidos por síntese
química, contudo a transformação de uma planta em um medicamento deve visar à
preservação da integridade química e farmacológica do vegetal, garantindo a constância de
sua ação biológica e a sua segurança de utilização, além de valorizar seu potencial terapêutico
(TOLEDO et al, 2003).
A linhaça, de origem asiática, cujo nome botânico é Linum usitatissimum pertence à
família Linaceae e é fonte de ácidos graxos tais como ácido oléico (ômega 9), ácido linoléico
(ômega 6) e ácido linolênico (ômega 3), com composição média por mol de 14-30%, 14-25%
e 45-60% respectivamente (COVINGTON, 2004).
Úlceras de pressão (UP), de decúbito ou escaras, são lesões cutâneas ulcerosas
decorrentes de isquemia tecidual em regiões comprimidas e/ou friccionadas por longo período
de tempo (BLANES et al., 2004). A pele, por ser mais resistente que o tecido subcutâneo,
permite o aparecimento de tumoração amolecida, que pode infectar-se em caso de bacteremia
(infecção endógena) (SHNEIDER, 2010). A cicatrização da ferida é otimizada em ambiente
úmido, isto porque a síntese do colágeno e a formação do tecido de granulação são
melhoradas, ocorrendo com maior rapidez (TAYAR; PETERLINI; PEDREIRA, 2007).
As pomadas são preparações semissólidas, de consistência mole, destinadas ao uso na
pele e mucosas. Devem ser plásticas para que modifiquem sua forma com pequeno esforço
mecânico e se adaptem ao relevo do local onde estão sendo aplicadas. Um dos excipientes
utilizados nessas formulações é a vaselina sólida que proporciona um efeito oclusivo, o que
melhora a penetração e ação dos princípios ativos (BORELLA et al, 2010).
Esse artigo tem como objetivo o desenvolvimento de uma pomada hidrofóbica e base de
ólto de linhaça como princípio ativo para o tratamento de úlceras de pressão.
MATERIAL E MÉTODOS
Preparação das formulações
Foram manipulados 8 lotes de bancada com 50g, seguindo um planejamento quali-
quantitativo, segundo a tabela abaixo:
Pessanha, A.F.V. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 3
54
Lotes de Bancada
Componentes LB 1*
LB2 LB3 LB4 LB5 LB6 LB7 LB8
Óleo de Linhaça 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5%
Vaselina Sólida q.s.p q.s.p q.s.p q.s.p q.s.p q.s.p q.s.p q.s.p
Vaselina
Líquida
- - 10% - 10% - - 10%
Cera de Abelha
(Grau
farmacêutico)
- - - 5% 5% 5% 5% 5%
BHT 0,02% 0,02% 0,02% 0,02% 0,02% 0,02% 0,02% 0,02%
Silicone 3% 3% 3% - - - 3% 3%
Parafina Branca 5% 5% 5% - - 5% 5% 5%
Parabenos
(Nipagin/Nipazol)
0,2% 0,2% 0,2% 0,2% 0,2% 0,2% 0,2% 0,2%
Tabela 1 – Lotes de bancada das pomadas
As pomadas foram obtidas pela adição do metilparabeno e propilparabeno e o
butilhidroxitolueno (BHT) (previamente dissolvidos em propilenoglicol) ao óleo de linhaça.
Em seguida foi adicionada a base da pomada em temperatura de 25ºC, cuja constituição foi
realizada uma planificação qualitativa e qualitativa de excipientes, conforme mostra a Tabela
1. As pomadas foram acondicionadas em embalagens plásticas hermeticamente fechadas.Ao
lote 1 foi adicionada a base em temperatura superior a 25ºC, ocorrendo a formação de
grânulos.
A concentração utilizada de óleo de linhaça foi baseada em um estudo realizado
previamente no Departamento de Fisiologia da UFPE, no qual o protocolo foi aprovado pelo
comitê de ética da UFPE.
A caracterização físico-química da forma farmacêutica foi realizada em triplicata, no
Laboratório de Tecnologia de Medicamentos, da Universidade Federal de Pernambuco. A
pomada foi caracterizada de acordo com os métodos padrões de análise de semissólidos da
Farmacopéia Brasileira IV, entre outros ensaios pertinentes descritos na literatura como
espalhabilidade.
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(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 3
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Aspecto Macroscópico
Foram observados o aspecto, cor e odor assim como uma eventual separação de fases.
Determinação do pH
A determinação do pH das formulações foi realizada utilizando papel indicador
universal de pH (Merck®).
Determinaçãoda Espalhabilidade
Para determinação da espalhabilidade uma placa-molde circular de vidro (diâmetro =
20 cm; espessura = 0,3 cm), com orifício central de 1,2 cm de diâmetro, foi colocada sobre
uma placa suporte de vidro (20 cm x 20 cm). Sob essa placa posicionou-se uma folha de papel
milimetrado e uma fonte luminosa. Uma amostra de cada lote foi introduzida no orifício da
placa e a superfície foi nivelada com espátula. Após, a placa-molde foi cuidadosamente
retirada. Sobre a amostra foi colocada uma placa de vidro de peso pré-determinado. Depois de
um minuto, foi calculada a superfície abrangida, através da medição do diâmetro em duas
posições opostas, com auxílio da escala do papel milimetrado e com posterior cálculo do
diâmetro médio.
Este procedimento foi repetido acrescentando-se novas placas, em intervalos de um
minuto, registrando-se a cada determinação a superfície abrangida pela amostra e o peso da
placa adicionada até um número máximo de 19 placas (Knorst, 1991)
A espalhabilidade (Ei), determinada a temperatura de 24 ± 2 ºC, foi calculada através da
equação:
Onde: Ei = espalhabilidade da amostra para peso i (mm2); d = diâmetro médio (mm)
A espalhabilidade máxima foi considerada como o ponto no qual a adição de peso não
ocasionou alterações significativas nos valores da espalhabilidade, e o esforço limite
corresponde ao peso que resulta na espalhabilidade máxima.
Espectroscopia na região do Infra vermelho
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(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
Capítulo 3
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Foi realizado a Espectroscopia IV com o lote de bancada final, para a averiguação da
interação deste com a materia-prima. O espectro foi obtido na região entre 4000 a 400 cm-¹
em espestofotômetro modelo Spectrum 400 (PerkinElmer).
Estudos de Análise Térmica
Foram realizadas análises de calorimetria exploratória diferencial (DSC) e
termogravimetria (TG) (Modelo: 60H - Shimatzu), verificou-se variação de massa em função
da temperatura, utilizando-se uma faixa de temperatura de 25-600ºC, sob um fluxo de gás 50
ml/min. As amostras pesaram 10,0 mg (± 0,5mg) e 15mg (± 0,5mg) para o DSC e TG,
respectivamente.
Estudos de Estabilidade Acelerado
O estudo foi realizado em câmara climática devidamente certificada em temperatura e
umidade adequadas, conforme preconiza a resolução RE nº1 de 29 de julho de 2005, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No estudo de estabilidade acelerado, a
câmara climática foi certificada a uma temperatura de 40ºC e umidade ± 75ºC. (Brasil, 2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização Físico-Quimica
Os lotes apresentaram coloração semelhante e odor característico mesmo após o teste
de estabilidade acelerado em câmara climática.
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Capítulo 3
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Figura 1- Lotes de bancada das pomadas hidrofóbicas a base de óleo de linhaça
O lote de bancada 1, apresentou problemas no processo de formulação, apresentando-
se com aspecto arenoso após adicionado o silicone. Por este motivo, não apresentou qualidade
satisfatória para os aspectos macroscópicos, sendo retirado do processo de caracterização das
pomadas.
A determinação do pH foi realizado com o papel indicador universal de pH e o
resultado obtido foi de 4,5 para todas as amostras. Este resultado é o mesmo obtido quando
realizamos no óleo em separado.
Para os demais lotes, observou-se, separação de fases nos lotes 2, 4,7 e 8 após o estudo
de estabilidade foi observado que nessas houve utilização de silicone ou a ausência da
parafina. A mistura da cera de abelha e da parafina produziu formulações mais consistentes e
com melhor espalhabilidade e com aspecto mais uniforme.
Figura 2- Lotes em câmara climática de estabilidade acelerada
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Capítulo 3
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Os lotes foram submetidos a testes de espalhabilidade para averiguar a resistência das
pomadas ao movimento forçado. A representação gráfica da espalhabilidade em função da
massa aplicada revelou comportamentos semelhantes antes e após o estudo de estabilidade
acelerado preliminar com duração de 30 dias.
Figura 3 Teste de espalhabilidade com os Lotes de Bancada antes do estudo de Estabilidade
Figura 4 Teste de espalhabilidade com os Lotes de Bancada após do estudo de Estabilidade
preliminar com duração de 30 dias.
Após a avaliação dos lotes estudados antes e após o estudo de estabilidade, foi
escolhido o Lote de Bancada 6 (LB6) como o lote final para a continuação da caracterização
da forma farmacêutica desenvolvida, não só pelo comportamento uniforme neste parâmetro,
mas, principalmente, por causa do aspecto homogêneo da formulação ao final da averiguação.
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Capítulo 3
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Espectroscopia na região do Infra vermelho
. É possível identificar a presença do óleo na formulação pelo aparecimento da
banda característica da carbonila em 1700cm-1
. Em 2900 cm-1
, aparecem simultaneamente
para o óleo e para a formulação a banda referente as duplas não conjugadas presentes nos
materiais orgânicos.
Figura 5 Espectros na Região IV do Óleo de Linhaça e do Lote de Banca 6
Estudos de Análise Térmica
As principais alterações químicas que ocorrem nos óleos vegetais são por processos
químicos como a auto-oxidação, a polimerização térmica ou a oxidação térmica, que podem
ser acelerados pelo calor, luz (foto-oxidação), ionização, traços de metais ou catalisadores.
Além destas reações, outras são simultaneamente desencadeadas levando à polimerização da
matriz por meio das ligações cruzadas “cross-linking” entre as cadeias de ácidos graxos de
uma molécula do triacilgliceróis. (FONSECA & YOSHICA, 2009).
O estudo foi realizado com o lote de bancada 6 antes de ser submetido a estudo de
estabilidade acelerada de 30 dias em câmara (temperatura 40ºC e U.R 75%). No TG, observa-
se estabilidade térmica até 221Cº. Após isso, ocorre o primeiro estágio da degradação
(pontode fumaça) que seguem com perda de massa de cerca de 98% no ponto de 350ºC e
encerra-se em aproximadamente 420ºC.
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Figura 6 DTG do Lote de Bancada 6
CONCLUSÕES
As úlceras de pressão são uma enfermidade que acomete pacientes em todo o mundo,
trazendo um alto custo na manutenção do tratamento destes. A formulação de uma nova
alternativa terapêutica para tal patologia objetiva melhorar o tempo de cicatrização e a
diminuição de infecções oportunistas que são bastante frequentes. A utilização de uma
preparação semi-sólida totalmente hidrofóbica trás um incremento tecnológico de baixo custo
para a indústria farmacêutica, além de ampliar as opções eficazes no tratamento das UP.
Através destes estudos preliminares, é possível concluir que a forma farmacêutica
pomada é aconselhável para o tratamento e/ou prevenção das ulceras de pressão uma vez que,
além de se mostrar tão eficaz quanto os produtos disponíveis no mercado, em um menor
tempo, pois além do mecanismo antiinflamatório promovido pelos ômegas presente no óleo,
há também a oclusão da ferida por causa da utilização da vaselina, mantendo o ambiente
úmido e melhorando o mecanismo de re-epitelização.
Os estudos realizados demonstraram que a pomada delineada apresentou aspecto
homogêneo e bom perfil de espalhabilidade após o estudo de estabilidade preliminar. Os
testes de controle de qualidade ainda estão em fase de conclusão, sendo necessário também a
realização do estudo microbilógico e quantificação de ácidos graxos na forma farmacêutica,
por exemplo.
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(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
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REFERÊNCIAS
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farmacêutica semissólida contendo extratos de Calendula officinalis L. (Asteraceae) Rev
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BRASIL. Leis, decretos. RESOLUÇÃO – RE – No. 1, de 29 de julho de 2005. Guia para a
Realização de Estudos de Estabilidade. Diário Oficial da União, Brasília, 01 de agosto de
2005
COVINGTON, M.B.; Omega-3 fatty acids. American Family Physician, v.70, n.1, p.133-
140. 2004
FRANCO, E.S.; Avaliação pré-clínicada toxicidade térmica e reparação tecidual de uma
formulação semi-sólida do óleo de linhaça (Linum usitatissimun L.) em roedores e
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Recife.
KNORST, M. T. Desenvolvimento tecnológico de forma farmacêutica plástica contendo
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SHNEIDER,C. Cuidados com o paciente acamado. Instituto Francisco Pacheco Dias, Rio
Grande do Sul. Disponível em: <http://www.sogab.com.br/cuidadoscomopacte.pdf> - acessado em:
11/08/2010
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TOLEDO, A.C.O, et al ; Fitoterápicos: uma abordagem farmacotécnica, Revista Lecta, Bragança
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TAYAR, G.; PETERLINI, M.A.S.; PEDREIRA, M.L.G. Proposta de um algorítmo para
seleção de coberturas, segundo o tipo de lesão aberta em crianças. Acta Paulista de
Enfermagem, v. 20, n. 3, p. 284-290, São Paulo, 2007
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(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
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Conclusões e Perspectivas
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6.Conclusão e Perspectivas
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(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
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Conclusões e Perspectivas
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6.1 Conclusão
A caracterização físico-química do óleo de linhaça pode comprovar a viabilidade da
amostra analisada como princípio ativo farmacêutico, uma vez que está de acordo com
as especificações encontradas na literatura;
O desenvolvimento farmacotécnico da forma farmacêutica estudada mostrou-se
satisfatória uma vez que pode ser avaliada a estabilidade do óleo frente a vários
excipientes hidrofóbicos e pôde ser constatado sua instabilidade na presença de
silicones, por exemplo;
O processo inflamatório pode ser otimizado com a utilização de mediadores
antiinflamatórios como os ácidos graxos essenciais, ácido linoléico (ômega 6) e ácido
linolênico (ômega 3), uma vez que aceleram o processo de granulação tecidual.
6.2 Perspectivas
Otimização da forma farmacêutica testada
Desenvolvimento e validação da metodologia para a verificação da concentração de
ácidos graxos na formulação;
Realização do estudo microbiológico da formulação realizada
Estudos de estabilidade acelerado, longa duração.
Preparação de novas formas farmacêuticas não hidrofóbicas que contemplem outras
fases da ulcera de pressão, como por exemplo a fase 1 onde a pele está íntegra.
Pessanha, A.F.V Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
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Referências Bibliográficas
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8. Referências Bibliográficas
Pessanha, A.F.V Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça
(linum usitatissimum) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de ulceras de pressão.
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Referências Bibliográficas
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