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DETERMINAÇÃO E AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO DE
DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DOS MUNICÍPIOS
PARANAENSES PARA OS ANOS DE 2000 E 20101
Neio Lúcio Peres Gualda2
Luigi Martins Soncin3
Resumo:
Este artigo procura apresentar e discutir alguns resultados parciais da pesquisa desenvolvida
pelo grupo de pesquisa "Arranjos Produtivos Locais", do Departamento de Economia da
Universidade Estadual de Maringá, que teve como objetivo mais amplo avaliar as
transformações recentes na estrutura socioeconômica do estado do Paraná. De forma mas
específica este estudo procurou avaliar o atual estágio de desenvolvimento industrial dos
municípios paranaenses, através da elaboração do Índice de Desenvolvimento Industrial (IDI),
para todos os municípios do Estado, nos anos de 2000 e 2010. Com os resultados obtidos foi
possível concluir que neste período não ocorreram mudanças tão expressivas na estrutura
produtiva, a exemplo das que ocorreram nas décadas de 1980 e 1990.
Palavras chave: desenvolvimento industrial, economia paranaense e IDI
Abstract:
This article seeks to present and discuss some preliminary results of research carried out by
the research group "Arranjos Produtivos Locais", Department of Economics, State University
of Maringa, which had the widest evaluate recent changes in the socioeconomic structure of
the state of Paraná. So specific but this study sought to evaluate the current stage of industrial
development of municipalities of Paraná, through the establishment of Industrial Development
Index (IDI), for all counties in the state, in 2000 and 2010. Based on these results it was
possible conclude that in this period there were no such significant changes in the production
structure, such as those that occurred in the 1980s and 1990s.
Key-words: industrial development, paranaense economy and IDI
1 Artigo elaborado a partir dos resultados parciais do projeto de pesquisa: "As transformações recentes
na estrutura socioeconômica do estado do Paraná: uma análise multidimensional" 2 Professor Titular do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá. E-mail:
ngualda@uem.br 3 Graduando em Ciências Econômicas, na Universidade Estadual de Maringá, e bolsista do programa de
iniciação científica PIBIC/CNPq/Fundação Araucária/UEM. E-mail: luigisoncin@gmail.com
1. Introdução
O caminho percorrido pela economia brasileira a partir dos anos 1990, teve como
principais elementos: a abertura econômica, a reforma do estado (marcada pelo processo de
desresponsabilização estatal), a estabilização monetária e gestão macroeconômica restritiva
(câmbio sobrevalorizado e juros elevados). Estes fatos impuseram importantes ajustes a
todos os setores da atividade econômica, particularmente intensos sobre o setor industrial4.
Entre outros impactos, intensificados a partir de meados da década, estão a forte
reestruturação do processo produtivo por parte das empresas, o aumento da demanda por
mão-de-obra qualificada e a reestruturação das cadeias produtivas locais5.
Neste sentido, as duas últimas décadas marcaram importantes mudanças na Estrutura
Produtiva Industrial do estado do Paraná. Instalou-se a grande indústria com ampla
capacidade de escala de produção e o emprego de tecnologias modernas, propiciando não
apenas a diversificação da produção industrial, mas, sobretudo, concedendo-lhe capacidade
de competição em mercados mais amplos, especialmente o mercado nacional67.
Diante deste cenário de reestruturação da base produtiva industrial do Estado e do
desenvolvimento anterior da mesma - marcado pelo crescimento econômico, concentração e
desigualdades espaciais -, buscamos avaliar o atual estágio de desenvolvimento industrial
dos municípios paranaenses, através da elaboração do Índice de Desenvolvimento Industrial
(IDI), para todos os municípios do Estado, nos anos de 2000 e 2010. Além desta introdução
o artigo está dividido em outras seções. A seguir é realizado um breve histórico das das
transformações da estrutura produtiva industrial do Paraná, nos anos de 1980 e 1990, tendo
como referencia os trabalhos de Trintin (2001 e 2005). A seguir são apresentado os principais
procedimentos metodológicos empregados e, na seqüência são analisados os principais
resultados obtidos. Como principal conclusão têm-se que não ocorreram mudanças
significativas na estrutura produtiva do estado do Paraná, nos primeiros dez anos deste
século.
2. Transformações da Estrutura Produtiva Industrial do Paraná
Entre meados da década de 1970 e os anos de 1980, conforme Trintin (2001), a
estrutura produtiva industrial do Estado passou por um processo de diversificação e
reestruturação, marcado pela integração com o mercado nacional, ocorrida através da
desconcentração produtiva, pela presença do grande capital e pela montagem e instalação
4 IPARDES (2007). 5 Idem. 6 Gualda, NLP, et al (2013). 7 Trintin (2001).
de gêneros mais dinâmicos, como: mecânico, material elétrico e de comunicação, química,
material de transporte, entre outros não menos importantes. No entanto, os gêneros mais
tradicionais, como alimentos, têxtil, vestuário e calçados, embora apresentem crescimento e
incorporarem novas tecnologias no seu processo produtivo, perdem importância relativa na
renda gerada pela indústria de transformação estadual8.
Segundo Trintin (2001), a distribuição das indústrias no Estado ocorreu de forma
polarizada. Por um lado, o Governo estadual fez um enorme esforço (materializado em
incentivos fiscais e financeiros) para atrair grandes investimentos para a região de Curitiba, -
este processo resultou no desenvolvimento da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) -, com a
clara preferência do desenvolvimento desta em detrimento das demais regiões, implicando
na diversificação e expansão da indústria e, por outro lado, formou-se o Complexo
Agroindustrial Norte (CAN), onde a proximidade da matéria-prima foi o fator decisivo para a
escolha do local de instalação das firmas. Este comportamento induziu a criação de duas
dinâmicas diferentes dentro do estado: a primeira (e mais desenvolvida), a CIC, ligada
intensamente com centros urbanos nacionais e, a segunda, o CAN, era caracterizado pela
exportação e, destarte, pela dependência do mercado externo.
O reflexo disso é que no final da década de 1990, dos oito gêneros mais importantes
em termos de geração de renda, seis deles tinham sua produção fortemente concentrada na
microrregião de Curitiba, visto que eram responsáveis por mais de 70% do valor adicionado
gerado no Estado9.
Na última década do século XX e no início da primeira década do século XXI, segundo
Gualda et al (2013), a dinâmica da Estrutura Produtiva Industrial do Paraná (EPIP) manteve
a mesma configuração das décadas de 1980 e 90, contudo ocorreram algumas modificações
que ajudaram a consolidar o modelo anterior. Sendo elas:
a) Mudança no perfil: além da produção de bens de consumo não duráveis, como
alimentos e bebidas, e de bens intermediários, como química e minerais não
metálicos, a economia paranaense elevou sua produção de bens de consumo
durável e bens de capital, a saber, principalmente, material de transporte.
b) Fortalecimento da integração com o mercado brasileiro: as vendas e as compras
de produtos realizadas internamente no Estado caiu, e as vendas e compras com
outros estados aumentou. Isso ocorreu(e) pelo fato de que, com o aumento da
produção de bens intensivos em tecnologia, as demandas passaram a ser
atendidas por grandes empresas nacionais e internacionais.
8 Ibid. 9 Id.
c) Concentração espacial: a concentração da EPIP não mudou em sua essência, uma
vez que a CIC é responsável por mais da metade do Valor Adicionado (VA)
Paranaense, em função de sua produção ser composta por produtos de elevado
VA, entretanto observa-se no CAN, cuja produção é majoritariamente composta
por produtos de consumo não durável, uma modificação nesta, onde os produtos
intermediários e bens de capital tiveram um modesto aumento na participação.
Neste contexto, de pequenas transformações estruturais, se faz importante
compreender o atual estágio de desenvolvimento da EPIP.
Na seção seguinte, expomos o conteúdo (os materiais) e a forma (os métodos)
utilizada para compreender nosso objeto (as modificação na EPIP).
3. Materiais e Métodos
Para ajudar a compreender as modificações ocorridas na base produtiva industrial do
Estado, construímos o Índice de Desenvolvimento Industrial (IDI). Para isso, foi necessário
uma ampla ordenação de dados sócioeconômicos referentes aos 399 municípios
paranaenses, para os anos de 2000 e 2010. As variáveis que compõem o indicador foram
escolhidas levando-se em conta o seu impacto econômico sobre a dinâmica do
desenvolvimento industrial.
A construção do IDI se deu em 4 etapas:
1) Determinação das participações relativas dos municípios nos agregados
econômicos;
2) Grau de primarização da produção dos municípios;
3) Obtenção de índices parciais para cada indicador; e,
4) Construção do índice de desenvolvimento industrial.
As variáveis, cujos desempenhos refletem melhores condições do crescimento
industrial, são: valor adicionado, emprego, renda, exportações - para o setor industrial do
Estado do Paraná.
3.1. Determinação das participações relativas dos municípios nos agregados
econômicos
A primeira etapa consiste em calcular as participações relativas dos municípios
paranaenses nos agregados selecionados, para 2000 e 2010.
Para o cálculo da Participação relativa do Valor Adicionado, utilizamos a seguinte
expressão:
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑉𝐴𝐼𝑖 =𝑉𝐴𝐼𝑖
∑ 𝑉𝐴𝐼𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙∗ 100
Onde:
PartVAIi – Participação Relativa do Valor Adicionado Industrial do município i;
VAIi - Valor Adicionado Industrial do município i;
∑VAi – Soma do Valor Adicionado Industrial de todos os municípios.
Para calcular as participações relativas do emprego industrial10, da renda industrial11 e
das exportações industriais foi utilizado o mesmo método.
3.2. Grau de primarização da produção dos municípios
Apoiado no conceito de “Primarização das Exportações” que se refere à redução da
participação dos produtos industriais nas exportações totais de um país, adaptamos o referido
conceito para “Primarização da Produção” que, por sua vez, expressa a baixa participação
dos produtos manufaturados no VA dos municípios. Considerou-se que um nível elevado da
produção não industrial (agropecuária e serviços) na produção total do município, possa
representar o grau de primarização da produção.
Conquanto, obtivemos o indicador pela seguinte expressão:
𝐺𝑃𝑟𝑖𝑖 = [1 − (𝑉𝐴𝐼𝑖
𝑉𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑖)] ∗ 100
Onde:
GPrii = Grau de Primarização da Produção do município i;
VAIi - Valor Adicionado Industrial do município i;
VAtotali – Valor Adicionado total do município i.
Para identificação do perfil da produção de um município, foram adotados os seguintes
parâmetros:
10 Os dados referentes ao emprego industriais foram obtidos na base de dados da RAIS/MTE. Nesta base
de dados emprego formal é definido como o número de empregos (postos de trabalho) corresponde ao
total de vínculos empregatícios ativos. Como vínculo empregatício entende-se a relação de emprego
mantida com o empregador durante o ano-base e que se estabelece sempre que ocorrer trabalho
remunerado com submissão hierárquica ao empregador e horário pré estabelecido por este. 11 Foi considerada a massa salarial paga pela soma de todos os setores da indústria, cuja série é
disponibilizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE
Quadro 1 Tipologia de Classificação do Perfil da Produção
Valores do GPri Perfil da Base Produtiva
GPri ≥ 65% Primarizada
GPri < 65% Industrial
Fonte: elaborado pelos autores.
3.3. Obtenção de índices parciais para cada indicador
Os índices parciais para cada município, nos dois anos, foram obtidos a partir da
seguinte expressão12:
𝐼𝑃𝑉𝐴𝐼𝑖 =(𝑃𝑎𝑟𝑡𝑉𝐴𝐼𝑖 − 𝑃𝑎𝑟𝑡𝑉𝐴𝐼𝑚í𝑛 )
(𝑃𝑎𝑟𝑡𝑉𝐴𝐼𝑚á𝑥 − 𝑃𝑎𝑟𝑡𝑉𝐴𝐼𝑚í𝑛)
Onde:
IPVAIi – Índice Parcial do Valor Adicionado Industrial do município i;
PartVAIi - Participação Relativa do Valor Adicionado Industrial do município i;
PartVAImín – Menor Participação Relativa do Valor Adicionado Industria;
PartVAImáx – Maior Participação Relativa do Valor Adicionado Industrial.
Para as demais variáveis os índices parciais foram obtidos a partir desta metodologia,
com exceção de uma variável: o Grau de Primarização da Produção, uma vez que para ele
um valor maior representa um desempenho inferior. Diante disso, foi adotado o seguinte
procedimento:
𝐼𝑃𝐺𝑃𝑟𝑖 =(𝐺𝑃𝑟𝑖𝑖 − 𝐺𝑃𝑟𝑖𝑚á𝑥)
(𝐺𝑃𝑟𝑖𝑚í𝑛 − 𝐺𝑃𝑟𝑖𝑚á𝑥)
Onde:
IPGPrii – Índice Parcial do Grau de Primarização da Produção do município i;
GPrii - Grau de Primarização da Produção do município i;
GPrimáx – Maior Grau de Primarização da Produção;
GPrimín – Menor Grau de Primarização da Produção.
12 Esta fórmula é utilizada por vários pesquisadores em diferentes estudos, a partir da metodologia
proposta por SEN, para construção do IDH. Tem como principal mérito estabelecer ordem (ranking), a
partir do desempenho de determinado indicador.
3.4. Construção do índice de desenvolvimento industrial
Após o cálculo dos índices parciais, com o intuito de obter um indicador com maior
representatividade, foi atribuindo peso a cada índice parcial, de acordo com a importância da
dimensão industrial no desenvolvimento do município. De tal forma que estrutura de
ponderação proposta foi a seguinte:
a. IPVAI – Índice Parcial de Participação no Valor Adicionado Industrial – peso
3;
b. IPEI – Índice Parcial de Participação do Emprego Industrial – peso 3;
c. IPYI – Índice Parcial de Participação da Renda Industrial – peso 1,5;
d. IPXI – Índice Parcial do Valor Monetário das Exportações Industriais – peso
1,0
e. IPGPri – Índice Parcial do Grau de Primarização da Produção municipal –
peso 1,5
Foram atribuídos pesos maiores para os indicadores de produção e emprego, em
razão do entendimento consensual que a situação sócioeconômica do município é fator
determinante do melhor nível de bem estar que possa oferecer aos seus moradores.
A partir do cálculo da média aritmética ponderada obtivemos o indicador social:
𝐼𝐷𝐼𝑖 = 𝐼𝑃𝑉𝐴𝐼 ∗ 0,3 + 𝐼𝑃𝐸𝐼 ∗ 0,3 + 𝐼𝑃𝑌𝐼 ∗ 0,15 + 𝐼𝑃𝑋𝐼 ∗ 0,1 + 𝐼𝑃𝐺𝑃𝑟𝑖 ∗ 0,15
3.4.1. Tipologia do IDI
Uma vez calculado o IDI para cada município foi possível classificá-los conforme o seu
estágio de desenvolvimento industrial, levando-se em conta a seguinte proposta de tipologia:
Quadro 2 Tipologia de Classificação do IDI
Valores do IDI Classificação
ID>0,70 Elevado
0,45<IDI<0,70 Satisfatório
0,20<IDI<0,45 Moderado
IDI<0,20 Reduzido
Fonte: elaborado pelos autores.
3.5. Biograma
Para compreender o desenvolvimento dos agregados, nos dois anos, de forma mais geral,
realizamos a construção de um biograma para o Estado, através do cálculo da média
aritmética simples dos índices parciais de cada município.
A utilização do biograma é oportuna para análises comparativas do estágio de
desenvolvimento de uma dada realidade (ou sistema), quer seja um território, uma região,
uma comunidade, um setor, etc13.
Ao empregar-se um indicador como o biograma, obtém-se uma ferramenta de análise
multidimensional que permite avaliar o grau de desenvolvimento da unidade de análise, bem
como identificar os possíveis desequilíbrios entre as diferentes dimensões analíticas14.
4. Análise dos Resultados
Essa análise está dividida em quatro partes. Na primeira, destacamos graficamente os 10
municípios com a maior participação relativa em cada variável selecionada no ano de 2000,
bem como suas respectivas participações no ano de 2010. Na segunda, analisamos o "Grau
de Primarização da Produção dos municípios e do Paraná", nos dois anos. Na terceira,
expomos o índice de desenvolvimento industrial dos municípios e do estado, em 2000 e 2010.
Por fim, analisamos o biograma para os agregados, a nível estadual.
4.1. Participações relativas dos municípios nos agregados econômicos
Na figura 1, estão os 10 municípios com a maior Participação Relativa no Valor
Adicionado Industrial (PartVAI) no Estado, em 2000, e suas participações em 2010. Nota-se,
como previsto, que Curitiba teve a maior participação nos dois anos. Ademais, São José dos
Pinhais e Araucária tiveram um aumento significativo nas participações e Foz do Iguaçu
reduziu sua participação bruscamente, de 11,37% para 4,35%.
Em 2010, na lista dos 10 municípios com maior participação no valor adicionado
industrial, com relação a 2000, houveram mudanças de três cidades. Saíram da lista,
Paranaguá, Cascavel e Toledo; e entraram Telêmaco Borba, Arapongas e Pinhais.
13 Gualda et al (2013). 14 Gualda et al (2013) apud SEPULVEDA, S., et all (2005).
Figura 1 Participação relativa no Valor Adicionado Industrial
Fonte: elaborado pelos autores.
Analisando a participação relativa no emprego industrial, dos 10 municípios que mais
participaram em 2000 e suas participações em 2010, destaca-se, na figura 2, a imensa
desigualdade na composição, uma vez que Curitiba detém a maior participação nos dois anos,
tendo uma participação mais de três vezes maior que Londrina e São José dos Pinhais, em
ambos os anos, mesmo tendo sua parcela reduzida de 2000 para 2010 (21,87% para 16,5%).
Ao analisar a redução da participação relativa no emprego industrial de Curitiba e os
demais municípios, podemos inferir que essa redução (que implica no aumento da
participação de um ou mais municípios) foi distribuída de forma homogênea entre os
municípios, uma vez que – como se pode ver – nenhum teve um aumento relevante de 2000
para 201015.
Em 2010, na lista dos 10 municípios com maior participação no emprego industrial,
com relação a 2000, houveram mudanças de duas cidades. Saíram da lista, Campo Largo e
Pinhais; e entraram Apucarana e Cascavel.
15 É válido destacar que, em valores absolutos, o Emprego Industrial de Curitiba e do Paraná aumentaram
de 2000 para 2010, de 81.914 para 178.538, e de 374.515 para 1.082.338, respectivamente.
17,78
11,378,56 8,34
17,30
4,35
14,94 14,73
0
5
10
15
20
Curitiba Foz doIguaçu
Araucária São Josédos Pinhais
Londrina Paranaguá PontaGrossa
Maringá Cascavel Toledo
2000 2010
Figura 2 Participação relativa no Emprego Industrial
Fonte: elaborado pelos autores.
Na figura 3, estão os 10 municípios com a maior Participação Relativa na Renda
Industrial do Paraná em 2000 e suas participações em 2010. A análise feita na figura anterior
se encaixa perfeitamente nesta figura, onde é clara a heterogeneidade das participações,
liderada por Curitiba, em ambos os anos, e seguida por São José dos Pinhais e Londrina.
A mesma inferência realizada para o emprego, pode ser feita para a renda industrial
(massa salarial).16
Em 2010, na lista dos 10 municípios com maior participação na renda industrial, com
relação a 2000, houveram mudanças de duas cidades. Saíram da lista, Campo Largo e Foz
do Iguaçu; e entraram Cascavel e Toledo.
Figura 3 Participação Relativa da Renda Industrial
Fonte: elaborado pelos autores.
16 Em valores absolutos, a renda industrial de Curitiba e do Paraná aumentaram de 2000 para 2010, de R$89.400.668,22 para R$350.605.275,55, e de R$233.960.728,85 para R$1.333.917.938,18, respectivamente.
21,87
5,26 4,51
16,50
4,28 5,23
0
5
10
15
20
25
Curitiba Londrina Sao Josedos Pinhais
Maringa PontaGrossa
Arapongas Araucaria CampoLargo
Toledo Pinhais
2000 2010
38,21
6,34 4,53
26,28
7,973,78
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Curitiba Sao Josedos Pinhais
Londrina PontaGrossa
Araucaria Maringa Pinhais CampoLargo
Foz doIguacu
Arapongas
2000 2010
Analisando a participação relativa das exportações industriais dos 10 municípios que
mais participaram em 2000 e suas participações em 2010, na figura 4, três pontos chamam
a atenção: primeiro, o município que tem a maior participação, nos dois anos, é São José dos
Pinhais (e não Curitiba, que vem logo em seguida); segundo, as três cidades que tiveram a
maior participação, nos dois anos, sofreram uma queda de 2000 para 2010; por fim, é evidente
que a distribuição dessas reduções não se deu de forma homogênea entre os municípios,
uma vez que Maringá mais que quadruplicou sua participação, de 2000 para 2010.
Em 2010, na lista dos 10 municípios com maior participação nas exportações
industriais, com relação a 2000, houveram mudanças de duas cidades. Saíram da lista,
Cornélio Procópio e Cambé; e entraram São Pedro do Ivaí e Telêmaco Borba.
Figura 4 Participação Relativa das Exportações Industriais
Fonte: elaborado pelos autores.
4.2. Grau de primarização da produção dos municípios e do Estado
Os resultados constantes na tabela 1, mostram o enquadramento17 de cada um dos
399 municípios paranaenses, a partir da caracterização do seu perfil produtivo, para os anos
de 2000 e 2010, bem como suas evoluções. Conforme pode ser visto, no primeiro ano 368
municípios apresentam perfil produtivo caracterizado como primarizado e apenas 31 foram
considerados como industrializados (a maioria deles localizado na CIC); no segundo ano,
comparado com o primeiro, houveram poucas modificações, sendo que houve um aumento
com um crescimento da quantidade de municípios com base produtiva industrial, de 31 para
39.
17 Esse enquadramento é ilustrado pelas figuras 5 e 6.
24,87
20,37
14,50
2,36
23,43
17,01
11,08 10,21
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
São Josédos Pinhais
Curitiba Paranaguá Foz doIguaçu
Londrina Araucária CornélioProcópio
PontaGrossa
Cambé Maringá
2000 2010
Tabela 1 Perfil dos Municípios
Perfil dos Municípios 2000 2010
Industrial 31 39
Primarizado 368 360
Fonte: elaborado pelos autores
Figura 5 Perfil produtivo dos municípios – 2000
Fonte: elaborado pelos autores
Figura 6 Perfil produtivo dos municípios – 2010
Fonte: elaborado pelos autores
Além de classificar os municípios, calculamos o GPri do Estado do Paraná. Os
resultados mostraram que no ano de 2000 o grau de primarização da produção estadual foi
de 70,7% e no ano de 2010 alcançou a cifra de 72,55%. Estes resultados, conforme os
parâmetros estabelecidos, expressam que a produção total do Estado pode ser caracteriza
como “Primarizada”18.
4.3. Índice de desenvolvimento industrial dos municípios e do Paraná
Seguindo a metodologia descrita, construímos o IDI, para cada município e para o
Estado19, em 2000 e 2010, e classificamos de acordo com a tipologia proposta.
Em ambos os anos a imensa maioria dos municípios se enquadraram no Índice de
Desenvolvimento Industrial “Reduzido”. Como se pode ver na tabela 2 e nas figuras 7 e 8,
dentre os 6 municípios que obtiveram um índice maior que Reduzido (IDI>0,2), em 2000, 4
deles são localizados região próxima a Cidade Industrial de Curitiba - CIC; e neste sentido,
em 2010, dentre os 5 municípios, três localizam no entorno da CIC. Ademais, somente Curitiba
teve um índice classificado como “Elevado”, em ambos os anos, e em 2010 somente São
José dos Pinhais teve seu índice na classificação “Satisfatório”.
Destaca-se o aumento significativo do IDI de São José dos Pinhais (de 0,42 para 0,58),
de Araucária (de 0,28 para 0,42) e a redução do IDI de Foz do Iguaçu (de 0,36 para 0,20).
18 Para saber em qual nível de primarização cada município se enquadra, ver Soncin & Gualda (2013). 19 O IDI do Paraná foi obtido através da média aritmética simples dos municípios.
Tabela 2 Municípios com IDI maior que "Reduzido"
Municípios IDI
2000 Classificação Municípios
IDI
2010 Classificação
Curitiba 0,87 Elevado Curitiba 0,85 Elevado
São José dos
Pinhais 0,42
Moderado
São José dos
Pinhais 0,58 Satisfatório
Foz do Iguaçu 0,36 Araucária 0,42
Moderado Araucária 0,28 Maringá 0,21
Londrina 0,21 Foz do Iguaçu 0,2
Paranaguá 0,2
Fonte: elaborado pelos autores.
Estes resultado confirmam as conclusões de pesquisas anteriores, que mostraram
que as transformação ocorridas na estrutura produtiva do estado do Paraná, favoreceram os
municípios de Curitiba e São José dos Pinhais, que foram amplamente favorecidos com os
programas de incentivos fiscais que visaram a industrialização do estado.
A exemplo das décadas anteriores, estes dois municípios continuam obtendo os
maiores índices de desenvolvimento industrial, apresentando elevada concentração de
produção e fatores de produção.
Figura 7 Índice de Desenvolvimento Industrial dos Municípios em 2000.
Fonte: elaboração própria
A análise do IDI para o estado do Paraná como um todo, em 2000 e 2010, mostra que
o ritmo de industrialização do estado se manteve constante entre os dois períodos analisados,
apresentando índice de 0,032 e 0,034, respectivamente. Sendo assim, o índice de
desenvolvimento industrial do Paraná é “Reduzido”.
Este resultado, ainda que pudesse ser deduzido intuitivamente - através da
contextualização histórica da estrutura produtiva do Paraná - é importante, pois mostra, por
estar próximo de zero, a imensa desigualdade do desenvolvimento industrial no Estado,
especialmente, quando comparado ao da cidade de Curitiba, que concentra parcela
significativa da produção industrial do estado.
Figura 8 Índice de Desenvolvimento Industrial dos Municípios em 2010
Fonte: elaboração própria.
4.4. Análise Multidimensional - Biograma
Para melhor qualificar os resultado encontrados, procurou-se empregar
métodos multidimensionais de análise como o biograma. A figura 9 mostra o
desempenho das variáveis empregados para calcular o índice de desenvolvimento
industrial. Através desta análise multidimensional procura avaliar qual fator apresentou
maior dinâmica para o impulsionar o crescimento industrial no estado do Paraná, nos
anos de 2000 e 2010.
Conforme apresentado nos procedimentos metodológicos, os indicadores mais
distantes do centro da figura, são aqueles que impuseram maior dinamismo ao objeto
avaliado. Assim, como pode ser visto na figura nº 9, no ano de 2000, o valor adicionado
constituiu-se no fator determinando para o crescimento da indústria no estado.
Entretanto, no ano de 2010, este papel coube a renda e ao emprego. Isto é, estas duas
variáveis constituíram-se que forças propulsoras do crescimento industrial. Enquanto
as exportações manteve o mesmo comportamento nos dois períodos analisados.
Contudo, estes resultados devem ser avaliados com algumas ressalvas, em
razão das médias dos valores do índices parciais utilizados serem muito próximas de
zero, o que mostra que, embora seja possível identificar os fatores que proporcionaram
os maiores impulsos, estes foram muito pequenos, haja vista o índice de
desenvolvimento industrial ser reduzido, nos dois períodos analisados.
Figura 9 - Biograma - Desenvolvimento Industrial
5. Conclusão
Os resultados da pesquisa permitiram algumas constatações importantes, como a que
mostra que o índice de industrialização do estado do Paraná é reduzido e que sua
distribuição territorial é bastante desigual, com ampla concentração na cidade de Curitiba e
seu entorno.
Através do IDI se pôde verificar que a absoluta maioria dos municípios paranaenses
apresentam baixo desenvolvimento industrial. Ao comparar as modificações no IDI nos dois
0,000
0,002
0,004
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016Valor Adicionado
Emprego
Renda
Exportações
2000 2010
anos, vê-se que não houveram mudanças significativas, ou seja, a essência da estrutura
produtiva industrial do Paraná, bem como sua concentração espacial, não se modificou entre
2000 e 2010.
Em suma, diante da contextualização histórica da estrutura produtiva do Estado e do
subsídio fornecido pelo IDI concluímos que: a maioria dos municípios, entre 2000 e 2010, não
conseguiram superar as condições e as relações de produções impostas por processos
históricos que se iniciaram com sua ocupação e se consolidaram a longo do tempo, em outros
termos, entre 2000 e 2010 não conseguiram desenvolver, de forma significativa, sua estrutura
produtiva industrial.
6. Referências
GUALDA, Neio Lúcio Peres et al. As transformações recentes na estrutura produtiva
industrial do Estado do Paraná: uma análise multidimensional. Maringá, 2012. 231 p.
GUALDA, N.L.P & SONCIN, L. Avaliação Do Grau De Primarização Da Produção Dos
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