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MARCELO VIEIRA DOS SANTOS
DETERMINAÇÃO DOS NÍVEIS DE UTILIZAÇÃO DA
CAPACIDADE PRODUTIVA DOS FABRICANTES DE
PRANCHAS DE SURFE NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS
Trabalho apresentado à
Universidade Federal de
Santa Catarina, como
parte dos requisitos para
a conclusão do Curso de
Engenharia de Produção
Civil.
Orientador: Artur Santa
Catarina
FLORIANÓPOLIS/SC
2018
MARCELO VIEIRA DOS SANTOS
DETERMINAÇÃO DOS NÍVEIS DE UTILIZAÇÃO DA
CAPACIDADE PRODUTIVA DOS FABRICANTES DE
PRANCHAS DE SURFE NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado
adequado para obtenção de Título de Engenheiro de Produção
Civil e aprovado em sua forma final pelo Programa de
Graduação.
Florianópolis, 26 de Junho de 2018
___________________________
Professora Marina Bouzon
Coordenadora do Curso
Banca Examinadora:
___________________________
Professor Artur Santa Catarina
Orientador
___________________________
Professor Maurício Uriona Maldonado
___________________________
Professor Antônio Cezar Bornia
AGRADECIMENTOS
Ao meu professor orientador Artur Santa Catarina por
todo auxílio, orientação, paciência, dedicação e amizade, que
foram essenciais para a efetivação dessa pesquisa.
Aos meus pais, Luiz Henrique e Flori que, além de me
proporcionarem uma educação de qualidade, são os grandes
responsáveis pela formação do meu caráter. E, a minha irmã,
Mariana, pelo companheirismo, amizade e amor fraternal.
A minha namorada Maria Julia, que esteve ao meu lado
me incentivando e apoiando em todos os momentos.
A Universidade Federal de Santa Catarina pela
oportunidade de estudar numa instituição de ensino pública de
qualidade.
Aos meus colegas de turma, professores, familiares,
amigos e a todos que contribuíram, e que de alguma forma,
tornaram a realização desse trabalho possível, meu muito
obrigado!
RESUMO
O presente estudo refere-se à realização de uma
pesquisa de campo sobre o processo produtivo de fabricantes de
pranchas de surf de Florianópolis com o objetivo de determinar
os níveis da capacidade produtiva dos fabricantes. O trabalho
busca analisar os níveis de mecanização e terceirização das
etapas do processo de fabricação, a demanda por pranchas de
surfe, a capacidade produtiva e estratégias utilizadas pelos
fabricantes para a ocupação das mesmas com base nos dados
obtidos através de entrevistas com os fabricantes e aplicação de
um questionário. Notou-se um baixo nível de ocupação nas
capacidades produtivas dos fabricantes de pranchas de surfe e
ociosidade no sistema produtivo fazendo com que os fabricantes
atuantes no mercado adotassem novas estratégias para
captação de novos clientes. Os baixos níveis das capacidades
produtivas dos fabricantes atuais do mercado afetam as novas
empresas que queiram entrar no mercado e isso resulta em um
novo comportamento dos fabricantes onde focam mais na
captação de novos clientes e terceirizam seu processo produtivo.
Palavras-Chave: Fabricantes de Prancha de Surf,
Planejamento a Longo Prazo, Capacidade Produtiva.
ABSTRACT
The present study refers to the realization of a field research on
the productive process of surfboard manufacturers of
Florianópolis in order to determine the levels of the productive
capacity of the manufacturers. The work seeks to analyze the
levels of mechanization and outsourcing of the stages of the
manufacturing process, the demand for surfboards, the
productive capacity and strategies used by the manufacturers to
occupy them based on data obtained through interviews with the
manufacturers and application of a questionnaire. There was a
low level of occupancy in the productive capacities of the
surfboard manufacturers and idleness in the production system,
causing the manufacturers in the market to adopt new strategies
to attract new customers. The low levels of production capacities
of today's market makers affect new entrants who want to enter
the market and this results in a new behavior of manufacturers
where they focus more on capturing new customers and
outsource their production process.
Key Words: Surfboard Manufacturers, Long-Term
Planning, Productive Capacity.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Princípios para implementação da escalabilidade.....12
Figura 2: Custo Unitário x Capacidade Produtiva.....................16
Figura 3: Tipos de Pranchas de Surf........................................22
Figura 4: Tipos de Rabeta........................................................24
Figura 5: Tipos de Fundo......................................................... 24
Figura 6: Tipos de Encaixe de Quilhas.....................................25
Figura 7: Processos de confecção de uma prancha de surfe...26
Figura 8: Máquina de desbaste CNC........................................29
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Definição de Tamanho das Fábricas......................... 34
Tabela 2: Número de Recursos x Tamanho do Fabricante..... ..40
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Medidas de capacidade de insumos para diferentes
operações...................................................................................7
Quadro 2: Evolução das Pranchas de Surfe.............................19
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Demanda Média Mensal dos Fabricantes de
Prancha......................................................................................35
Gráfico 2: Porcentagem da Demanda na Alta Temporada.........36
Gráfico 3: Distribuição dos Produtos Possíveis.........................37
Gráfico 4: Material Utilizado.......................................................38
Gráfico 5: Mecanização das Etapas do Sistema Produtivo.......41
Gráfico 6: Mecanização nas Empresas Grandes......................42
Gráfico 7: Mecanização nas Empresas Médias........................44
Gráfico 8: Mecanização nas Empresas Pequenas............... ....45
Gráfico 9: Fabricação Própria x Terceirização..........................48
Gráfico 10: Aumento da Capacidade........................................49
Gráfico 11: Média da Ocupação da Capacidade.......................50
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
ISA Internacional Surf Association
ABRASP Associação Brasileira de Surf Professional
CBS Confederação Brasileira de Surf
PU Bloco de espuma poliuretano
EPS Bloco de espuma de poliestireno expandido
SUP Stand Up Paddle
CAD Desenho Assistido por Computador
CAM Manufatura Assistida por Computador
CNC Controle Numérico Computadorizado
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................... 1
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................. 3
1.2 OBJETIVOS .................................................................. 3
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................... 3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................. 5
2.1 CAPACIDADE PRODUTIVA ............................................... 5
2.1.1 Capacidade Produtiva no Longo Prazo ............. 8
2.2 ESTUDO DE TAMANHO ............................................. 10
2.3 ESCALABILIDADE ....................................................... 11
2.3.1 Métodos para a análise de escala .................... 14
2.4 ANÁLISE DO PROCESSO PRODUTIVO DA
PRANCHA DE SURF .............................................................. 18
2.4.1 Histórico .............................................................. 18
2.4.2 O mercado de pranchas de surfe ..................... 20
2.4.3 Tipos e Formas ................................................... 21
2.4.4 O Processo .......................................................... 25
2.4.5 Usinagem de Pranchas ...................................... 29
3 METODOLOGIA .................................................................. 31
3.1 ETAPAS DO ESTUDO................................................. 31
3.2 COLETA DE DADOS ................................................... 32
3.2.1 Aplicação ............................................................. 33
3.3 ANÁLISE DOS DADOS ............................................... 33
4 RESULTADOS .................................................................... 35
4.1 DEMANDA ................................................................... 35
4.2 PRODUTOS ................................................................. 37
4.3 PROCESSO PRODUTIVO .......................................... 39
4.3.1 Funcionários ....................................................... 40
4.3.2 Mecanização do Sistema ................................... 41
4.3.3 Fabricação Própria ou Terceirização ............... 46
4.4 OCUPAÇÃO DA CAPACIDADE E OCIOSIDADE ...... 48
4.5 AUMENTO DA CAPACIDADE .................................... 49
4.5.1 Estratégias para Ocupação da Capacidade .... 51
5 CONCLUSÃO ...................................................................... 53
REFÊRENCIAS.................................................................... 57
APÊNCIDE A – Questionário ........................................... 61
1
1 INTRODUÇÃO
Em plena ascensão nas últimas décadas, o surfe
brasileiro cresceu devido à conquista do título mundial dos
brasileiros Gabriel Medina e Adriano de Souza e devido às boas
campanhas de outros surfistas brasileiros, denominados de
“Brazilian Storm” na elite do surfe mundial. Essa ascensão
contribuiu para o crescimento do número de surfistas e
simpatizantes; segundo dados publicados em 2013 pela ISA –
Internacional Surf Association, o número de surfistas no mundo
chegou a 35 milhões e estimam que 3 milhões somente no Brasil
(Alma Surf 2011, Clima Surf 2014). Os adeptos a esse estilo de
vida movimentam cerca de 9 bilhões de reais de acordo com
Alma Surf e a Toledo & Associados. Levando em conta toda essa
ascensão do esporte, grandes empresas multinacionais e
nacionais estão atuando nesse mercado com produtos que vão
desde as roupas de surfe “surfwear” como bermudas, camisas,
óculos, tênis, entre outras, até produtos mais específicos do
ramo como as pranchas de surfe, acessórios, roupas de
borrachas, etc.
Com a profissionalização do esporte, as pranchas de
surfe passaram de uma produção artesanal e informal onde o
“shaper”, profissional responsável pelo processo, fazia tudo a
mão para uma produção mais automatizada, possuindo uma
disponibilidade de máquinas em diversas escalas. Atualmente,
as máquinas fazem quase todo o processo de cravar as medidas
nos blocos de poliuretano ou blocos de isopor. No Brasil essas
novas tecnologias ganharam mercado rapidamente fazendo com
que fabricantes locais pudessem fabricar em larga escala, fator
determinante para o surgimento de diversas fábricas de pranchas
no país.
O crescimento do mercado do surfe gerou um ambiente
altamente competitivo e um mercado bastante pulverizado.
Diante desse cenário, as empresas apresentam diversos
desafios no quesito de fabricação de pranchas, como a melhoria
da qualidade, adequação às recentes tecnologias, diminuição
dos custos de produção e uma demanda cada vez mais
específica e exigente.
Neste contexto impõe-se a busca constante por padrões
de desempenho operacional que assegurem índices de
rentabilidade favoráveis à consolidação do negócio (ZHANG et
al,2012).
Buscando reduzir seus custos operacionais e atender a
sua crescente demanda muitas empresas se veem
impulsionadas a transformar continuamente seus processos,
melhorando a utilização de sua capacidade produtiva
(BITTENCOURT, 2010, ZHANG et al, 2012).
Portanto, é fundamental que o fabricante de pranchas
conheça plenamente a sua capacidade e possa, a qualquer
momento, determinar a viabilidade de atender a novos pedidos
de clientes.
3
1.1 Justificativa
A determinação do nível da capacidade produtiva das
empresas de fabricação de pranchas de surfe é de suma
importância, não só para a análise da capacidade interna, mas
também para impulsionar a entrada de novas empresas no
mercado. O ramo da fabricação de pranchas de surf encontra-se
pulverizado atualmente, para que esse cenário torne-se mais
competitivo e estável é necessário a análise de diversos fatores
para implementação de novos empreendimentos, um deles é a
analise do nível de utilização da capacidade produtiva das
empresas já atuantes no mercado a fim de compreender se
operam em níveis ociosos ou não.
1.2 Objetivos
O objetivo é determinar o nível de uso da capacidade
produtiva dos fabricantes de pranchas de surfe no município de
Florianópolis.
1.3 Objetivos específicos
Para que o objetivo principal seja alcançado, traçaram-se
os seguintes objetivos específicos.
Listagem dos principais fabricantes da cidade de
Florianópolis;
Caracterização da demanda por pranchas de
surfe;
Caracterizar o processo produtivo dos principais
fabricantes da cidade de Florianópolis;
Analisar o nível de utilização da capacidade
produtiva dos fabricantes;
Analisar o nível de terceirização dos processos
existentes na fabricação de pranchas de surfe;
5
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A revisão da literatura sobre o tema proposto é essencial
para o entendimento embasado na retomada de conceitos e
aquisição de conhecimento teórico da solução a ser proposta. No
presente trabalho serão revisados os seguintes temas:
Capacidade Produtiva, Estudo de Tamanho, Escalabilidade e o
Processo Produtivo da Prancha de Surfe.
2.1 Capacidade Produtiva
No cenário competitivo atual, muitas empresas estão
mudando seus processos produtivos a fim de aumentar a
eficiência. Um dos quesitos a ser analisado para garantir a
eficiência no momento da tomada de decisão é o conhecimento
da capacidade produtiva da empresa.
Os autores Slack et al (2009), Moreira (2012) e
Jacobs;Chase (2009) definem a capacidade produtiva como a
quantidade máxima de bens e ou serviços que podem ser
produzidos em uma operação em um determinado período de
tempo, sob condições normais de operação.
Quanto maior for uma capacidade produtiva, maior será
seu nível de investimento e consequentemente a necessidade de
capital de giro, o que impactará diretamente na viabilidade
técnica, econômica e financeira do empreendimento. Para a
tomada de decisão da empresa, torna-se necessário analisar os
três horizontes de tempo (curto, médio e longo prazo) para que
se tenha uma compreensão do tamanho da capacidade
produtiva. Para Jacobs e Chase (2009), esses horizontes são
definidos como:
Longo prazo – mais de um ano. Nesse caso, os
recursos produtivos (como prédios, equipamentos
ou instalações) demoram muito tempo para ser
adquiridos ou eliminados.
Médio prazo – planos mensais ou trimestrais até
18 meses. Nesse caso, a capacidade pode ser
variada por alternativas, como contratações,
dimensões, mudanças de layout, ferramentas
novas, compras de equipamentos menores e
terceirização.
Curto prazo – menos de um mês. E
relacionado ao processo de programação diária
ou semanal e requer ajustes para eliminar a
variação entre o resultado planejado e o real. Isso
abrange alternativas, como horas extras,
remanejamentos de pessoal e roteiros
alternativos de produção.
Segundo Moreira (2012) há duas formas de medir a
capacidade: por meio de produção e de insumos. Por meio de
produção, as unidades de medida devem ser comuns ao tipo de
produto produzido. É possível estabelecer que só exista um
produto para facilitar a medição da capacidade da produção. A
medição por meio de insumos é utilizada quando há dificuldades
de se identificar o que é produzido e consequentemente medi-lo.
7
Esse tipo de medição é muito utilizado em serviços. Exemplos
podem ser vistos na Quadro 1 a seguir.
Quadro 1: Medidas de capacidade de insumos para diferentes operações
Operações Medida de
Capacidade de
Insumos
Medida de
Capacidade de
Produtos
Fábrica Ar
Condicionado
Horas / Máquinas
disponíveis
Número de
unidades por
semana
Hospital Leitos disponíveis Número de
pacientes tratados
por semana
Teatro Número de
assentos
Número de clientes
por semana
Universidade Número de
estudantes
Estudantes
graduados por ano
Loja de Venda Área de Venda Número de itens
vendidos por dia
Linha Aérea Número de
assentos
disponíveis no setor
Número de
passageiros por
semana
Cervejaria Volume dos
tanques
Litros por semana
Fonte: Adaptado de SLACK, 2009 p321.
2.1.1 Capacidade Produtiva no Longo Prazo
A análise de capacidade ao longo prazo fornece
informações para as futuras tomadas de decisões sobre a escala
ou tamanho dos sistemas de produção (SANTA CATARINA,
2017).
Slack et. al (2009) diferem capacidade de longo prazo da
capacidade de curto ou médio prazo, pois as últimas duas não
implicam em mudanças físicas, e sim, em quesitos operacionais
e de flexibilização do processo produtivo.
Santa Catarina (2017) atribui as decisões sobre a
definição da capacidade produtiva como:
As decisões da definição da capacidade produtiva no longo prazo influenciam diretamente no capital do projeto e também nos riscos em projetar um sistema de produção desalinhado com a demanda do mercado, por isso para o desenvolvimento de novos negócios a decisão sobre a capacidade produtiva ao longo prazo se torna de suma importância.
Para uma decisão sobre a capacidade ao longo prazo,
Moreira (2012) considera os estudos de mercado e a previsão da
demanda a maior fonte de informação, influenciando diretamente
no planejamento das instalações produtivas e no planejamento
das necessidades de equipamentos e mão de obra. Desta forma,
o efeito das decisões tomadas no presente sobre a capacidade
acaba projetando efeitos que estendem com o tempo, ou seja, no
longo prazo (MOREIRA, 2012).
9
O planejamento ao longo prazo é sensível às
circunstâncias variáveis como alterações nos padrões de
preferência de consumo, estabilidade econômica, legislação,
desenvolvimento tecnológico, entre outras. Portanto, as decisões
da capacidade produtiva ao longo prazo assumem um papel
fundamental no quesito estratégico, pois todo dimensionamento
das instalações, futuras expansões ou reduções terão que ser
previstas estrategicamente reduzindo futuras perdas ou
capacidade ociosa.
Para Breure (2013) e Corrêa; Corrêa (2012) quando uma
empresa opera em um nível abaixo de sua capacidade,
antecipando-se à demanda, o investimento em capital é
antecipado o que representa maiores custos unitários de
operação, tornando a operação ociosa. Por outro lado, quando
uma empresa opera acima da sua capacidade, quando a
demanda excede a capacidade, uma parcela substancial de
clientes não é atendida, acarretando em pedidos recusados e
consequentes perdas de receita e de clientes.
Portanto uma análise da capacidade ao longo prazo
torna-se imprescindível para empresas que almejam entrar no
mercado, sendo uma etapa essencial onde às decisões
estratégicas deverão ser tomadas para o futuro da empresa,
mesmo sendo em um período prolongado e lidando com as
incertezas das previsões.
2.2 Estudo de Tamanho
Segundo Casarotto (2009) o tamanho de uma fábrica
significa definir a capacidade de produção e o nível de utilização
dessa capacidade. Para isso o autor definiu diversos fatores em
que se deve levar em conta para a escolha do tamanho.
Um desses fatores são os produtos escolhidos para
produção, os segmentos de mercado (obtidos no estudo do
mercado) e regiões, pois a diversificação destes indica fábricas
de menor porte e o tamanho de mercado indica maiores
capacidades de produção.
Além dos fatores supracitados, Casarotto (2009) elencou
11 (onze) fatores essenciais para a definição do tamanho de uma
fábrica, a saber: a estratégia de produção; a velocidade das
mudanças ambientais; às possíveis localizações para as
unidades em decorrência da disponibilidade dos fatores de
produção; a sazonalidade das matérias-primas e/ou das vendas;
a disponibilidade comercial de equipamentos; a curva de
economia de escala dos equipamentos e investimentos fixos uma
vez que o custo unitário diminui com o aumento da capacidade
produtiva, salvo raras exceções; a disponibilidade e as condições
de financiamento; o resultado das análises de portfólio e a
disponibilidade de recursos próprios para investimento; possíveis
terceirizações da produção; melhor utilização da capacidade
produtiva e a taxa de retorno do acionista.
11
2.3 Escalabilidade
Putnik et al.(2013) definem escalabilidade como um
termo de proporção que uma empresa tem para reduzir ou
expandir sua capacidade produtiva através de uma escala, capaz
de se adequar de acordo com as futuras trocas demandas.
Essas mudanças de escala na capacidade produtiva
podem ser em um simples acréscimo de hardware, contratação
de novos empregados ou até mesmo criação de novos postos de
trabalho (PUTNIK et al,2013).
Os mesmo autores, Putnik et al (2013) e Fricke; Shulz
(2005) definem dois princípios para a modificação física do
sistema de produção. O primeiro princípio demonstra que as
unidades semelhantes de trabalho podem ser vinculadas para
fornecer escala de performance ou funcionalidade trabalhando
com mais ou menos recursos. Já o segundo princípio demonstra
que um único elemento da unidade pode ser redimensionado
para garantir variação da capacidade do elemento
proporcionando escalabilidade das suas funcionalidades, como
vemos na Figura 1. Além disso, Putnick et al (2013) argumentam
que os dois princípios podem ser combinados.
Figura 1: Princípios para implementação da escalabilidade
Fonte: PUTNIK, 2013 p 753
De acordo com os dois princípios, nota se que a forma
como as unidades produtivas são organizadas influenciam na
escala de produção, possibilitando a redução ou incremento de
recursos. Assim como a capacidade produtiva (unidade/tempo) e
quantidade de recursos definem se o sistema pode crescer ou
não.
Santa Catarina (2017) elenca alguns passos para a
escolha do sistema de produção com diferentes tamanhos,
porém com especificidades técnicas diferentes a fim de analisar
as opções propostas. Os passos são os seguintes:
1- Análise da escalabilidade do processo produtivo:
Etapa de reconhecimento do processo produtivo,
formas de organização, capacidade produtiva e
recursos.
13
2- Seleção das alternativas possíveis de escala de
produção: Lista as alternativas de tamanho, com
mais ou menos capacidade produtiva.
3- Definir e escolher um dos métodos de análise de
escala: Definição entre os métodos do Custo
Unitário, da Rentabilidade e Análise de Retorno,
futuramente analisados nesse trabalho.
4- Análise de dados e das alternativas: A análise e as
escolhas devem levar em consideração outros
aspectos além dos dados econômicos. Essas
escolhas podem ser em relação à estratégia adotada
pela empresa como foco no ganho de mercado, aos
limites e restrições para o empreendimento como
recursos financeiros, e a flexibilidade do processo.
5- Escolha do tamanho: Após a análise das
alternativas apresentarem as vantagens,
desvantagens e impacto estratégico de cada uma.
Outro fator relacionado à definição estratégica citada por
Santa Catarina (2016) no passo 4 é a estratégia para operar com
o tamanho máximo com o objetivo de extrair o máximo retorno de
um grande mercado, almejando-se a liderança por custos através
de estratégias de penetração e ganho de mercado, assim como a
busca de financiamento de terceiros. Outra estratégia é definir o
tamanho possível para garantir o máximo retorno alcançado,
focando na diferenciação do produto aumentando a margem de
lucro. Essas duas estratégias mudariam conforme a adaptação
da escalabilidade, em uma liderança por custo o produto ganha
pela quantidade de vendas o que necessitaria um aumento
compreensível da capacidade. Já na estratégia com foco em
diferenciação a empresa se adaptaria a um processo mais
especificado fazendo com que a capacidade não cresça tanto e
sim se especialize para entregar o produto almejado sem perder
a qualidade do produto.
2.3.1 Métodos para a análise de escala
Como visto anteriormente há três formas de se analisar
uma escala: Método do Custo Unitário, Método da Rentabilidade
e o Método da Análise de Retorno. Esses três métodos diferem
entre si na escolha do quesito monetário.
2.3.1.1 Método do Custo Unitário
Bornia (2010) define custo unitário como o custo para se
fabricar uma unidade do produto, dividindo o custo total do
produto pela sua produção como visto na equação 1. Bornia
(2010) define, também, os custos totais como o montante
despendido no período para a fabricação de todos os produtos,
sendo ele (equação 2) a soma dos custos fixos - custos que não
variam com alterações no volume de produção, e custos
variáveis - custos relacionados com a produção e nível de
atividade da empresa.
15
Equação 1: Definição de Custo Unitário
Equação 2: Definição de Custo Total
O mesmo autor, Bornia (2010) também define custo
unitário como um fator relacionado com a eficiência interna da
empresa, se a mesma possuir um custo unitário menor será mais
eficiente e consequentemente usará menos recursos para
produzir seus itens.
Entrando na esfera do método do custo unitário,
Casarotto (2009) cita o método como sendo o mais tradicional
para a definição da escala. Slack et al (2009) demonstram alguns
exemplos desta abordagem onde o custo total é dividido pela
capacidade produtiva, Equação 1. Assim, após uma análise das
diferentes escalas produtivas dentro de uma empresa, a decisão
estratégica pelo método do custo unitário escolherá o cenário
que possuir o menor custo ou a escala produtiva adequada
definida pelo ponto mais abaixo do gráfico demonstrado na
Figura 2.
Figura 2: Custo Unitário x Capacidade Produtiva
Fonte: Adaptado Casarotto, 2009.
Porem esse método contém algumas críticas. Casarotto
(2009) cita que este método não considera os aspectos
estratégicos, principalmente os de competitividade como a
competição através da adoção de lideranças de custo ou
diferenciação, e também desconsidera o custo de recuperação
de capital.
2.3.1.2 Método da Rentabilidade
O retorno de investimento também é utilizado para
comparar as alternativas de tamanho. Segundo Casarotto (2009)
o índice é calculado dividindo o saldo do acionista (Sa) pelo
inve imen o do acioni a (Ia), onde “e” é uma e cala e “e+1”
uma escala superior, como visto na equação 3.
17
Equação 3: Equação para analise de retorno de investimento
No método de rentabilidade, o índice de rentabilidade é
calculado para cada capacidade produtiva estudada na tomada
de decisão, optando por aquele que tiver maior índice de retorno
de investimento.
Santa Catarina (2017) cita duas fraquezas na utilização
desse método: desconsideração do valor de tempo do dinheiro,
pois compara dinheiro em tempos diferentes, o investimento no
presente e o saldo ao longo dos anos e a falta de
desconsideração do efeito acumulado dos saltos durante o ciclo
da vida da empresa.
2.3.1.3 Método da Análise de Retorno
O método de análise de retorno visa encontrar a
capacidade produtiva e o seu respectivo retorno, para isso utiliza
os princípios da engenharia econômica utilizando métodos já
conhecidos como o VAUE ou VPL.
Ehrlich; Moraes (2013) definem o método VPL, como um
método que consiste em trazer para a data zero todos os fluxos
de caixa, assim torna-se possível calcular os valores atuais
equivalentes às series correspondentes a fim de decidir o melhor
com uma comparação.
Santa Catarina (2017) analisa que ao calcular o VPL para
escolha das alternativas de capacidade produtiva de uma
empresa o valor mais alto adquirido do VPL torna a melhor
alternativa, indicando a maior expectativa de retorno sobre um
investimento.
A fraqueza do método VPL é a exigência do
conhecimento de diversos parâmetros, gerando incertezas nas
definições de custos e demais variáveis o que torna o processo
de estimativa de caixa impreciso, inviabilizando a análise.
2.4 Analise do Processo Produtivo da Prancha de Surfe
2.4.1 Histórico
A evolução das pranchas de surfe foi determinante para a
evolução do esporte. Em meados de 1700, polinésios surfavam
com pranchas confeccionadas em madeiras com mais de 100
quilos. O tempo foi passando e a cultura do surfe foi se
propagando ao planeta, porém só em 1912 um havaiano
começou a expandir o esporte para o continente americano e
australiano. Na década de 40, Robert Simons introduziu a
utilização da fibra de vidro e resinas poliéster que passaram a
revestir as pranchas de surfe tornando-as mais leves e
resistentes o que gerou a explosão do surfe nos Estados Unidos
(GRIJÓ, 2004).
As evoluções das quilhas também progrediram com a
evolução das pranchas. Nas décadas de 30 e 40, pranchas
mono-quilha possibilitavam trocas de direções mais bruscas nas
ondas.
19
Nas décadas de 50 e 60, movidos por novos processos
utilizando o petróleo, aconteceu o maior salto na evolução das
pranchas. Segundo Schultz (2009) a inserção da espuma de
poliuretano (PU), introduzida por Gordon Clark, como a alma da
prancha revestida pela fibra de vidro e resina de poliéster, foi
tratada como uma revolução. Esse sistema é adotado até hoje e
possibilitou a redução incrível no peso das pranchas,
aumentando consideravelmente a resistência. O Quadro 2
sintetiza bem a evolução das pranchas de surfe.
Quadro 2: Evolução das Pranchas de Surfe
Período Tipo de
Prancha
Materiais Características
Início de
1920
Madeira Madeira Balsa Resistencia e
Flutuabilidade
Final de
1920
Madeira
Envernizada
Madeira Balsa
e Verniz
Resistencia,
Flutuabilidade e
Resistente à Água.
1930 Madeira Oca
e Quilhas
Madeira Balsa,
Verniz e Cola.
Flutuabilidade e
Resistente à Água
1946 Madeiras,
Resina e
Fibra de
Vidro.
Madeira Balsa,
Resina e Fibra
de Vidro.
Resistencia,
Flutuabilidade e
Resistente à Água.
Período Tipo de
Prancha
Materiais Características
1948-
agora
Espuma,
Resina e
Fibra de
Vidro.
Espuma de
Poliuretano,
Fibra de Vidro e
Resina
Poliéster.
Leveza,
Flutuabilidade e
Resistente à Água.
Fonte: Adaptado de Sullivan (2007)
No Brasil o percursor do esporte foi o santista Osmar
Gonçalves. Em 1938, segundo Grijó (2004) Osmar foi o primeiro
a confeccionar uma prancha no Brasil. Em 1968 a primeira
fabrica de blocos foi fundada no Brasil e, em 1978, a poderosa
Clark Foam que comandava o mercado mundial começou a
aparecer no litoral brasileiro aumentando a diversidade e
qualidade dos produtos e ajudando no crescimento do esporte.
Porem o surfe no Brasil explodiu mesmo nos anos 80
com o apoio da mídia e a profissionalização do esporte, que
deixou de ser somente apenas lazer, com a criação da ABRASP
– Associação Brasileira de Surfe Profissional, que futuramente
passaria a se chamar CBS – Confederação Brasileira de Surfe,
órgão que rege todas as entidades organizacionais ligadas ao
esporte atualmente.
2.4.2 O mercado de pranchas de surfe
Em plena ascensão o mercado de pranchas de
surfe cresceu em torno de 20% nos últimos três anos
21
segundo o IBRASURF – Instituto Brasileiro de Surf, onde
estima-se que surfistas e simpatizantes movimentam
cerca de 7 bilhões por ano entre gastos com acessórios
de surf e surfwear e que atualmente no Brasil existem
mais de três milhões de praticantes.
No quesito fabricação de prancha o IBRASURF
demonstra que os fabricantes nacionais possuem uma
fabricação de 80 mil pranchas por ano, no que
representa em 20% das pranchas fabricadas no mundo,
havendo cerca de 1500 fabricas de pranchas no país e
ao menos 85% delas são microempresas.
2.4.3 Tipos e Formas
Após diversos avanços, atualmente, o mercado possui
uma diversidade de pranchas com estilos e medidas diferentes,
podendo citar 4 modalidades diferentes para a escolha, são elas:
as pranchas convencionais, funboards, longboards e o SUP –
Stand Up Paddle, como visto da Figura 3.
Figura 3: Tipos de Prancha de Surfe
Fonte: Totalsurfcamp
As pranchas convencionais podem ser fabricadas a partir
da combinação do bloco de Poliuretano (PU), resina de poliéster
e fibras de vidro ou Bloco de espuma de poliestireno (isopor),
resina epóxi, fibra de vidro ou carbono, e tem o seu tamanho
limitado até 7 pés, com exceção das pranchas para ondas
grandes (gunsboards) que podem atingir tamanhos maiores. As
pranchas com bloco de Poliuretano geralmente são as mais
utilizadas, pois apresentam uma ótima durabilidade e uma
melhor trabalhabilidade na questão da moldagem devido à
combinação com a resina poliéster. Porém, nos últimos anos
vem se empregando as pranchas com o bloco de espuma
Poliestireno (isopor) que garante uma maior flutuabilidade e
maleabilidade nas pranchas e um custo menor.
23
Já os FunBoards são fabricados nos mesmos materiais
das pranchas normais e tem o seu tamanho limitado entre 7 pés
a 9 pés. Assim como os longboards, limitados inferiormente a 9
pés.
O SUP – Stand Up Paddle, modalidade crescente nos
últimos, não tem limitação de tamanho e é geralmente fabricado
pela combinação Bloco de espuma de poliestireno (isopor),
resina epóxi, fibra de vidro ou carbono, devido à redução de peso
e aumento da flutuabilidade que esses materiais proporcionam.
Como cada prancha é única, confeccionada de forma
específica para cada pessoa em que se consideram
características como altura, peso, nível de surfe, tipos de ondas
almejadas, há uma infinidade de combinações de
layouts/desenhos. Esses layouts podem mudar devido ao
tamanho, tipos de rabeta (botton) Figura 4, tipos de fundos
Figura 5 e encaixe das quilhas Figura 6.
Figura 4: Tipos de Rabetas
Fonte: Pranchas Snap
Figura 5: Tipos de Fundo
Fonte: Pranchas Snap
25
Figura 6: Tipos Encaixe de Quilhas
Fonte: Pranchas Snap
2.4.4 O Processo
O processo de confecção de uma prancha passa por 6
macro processos, que são: (1) Corte e Moldagem do Bloco; (2)
Colocação dos Copinhos; (3) Pintura; (4) Laminação; (5)
Processo de Cura; e (6) Acabamento.
Grijó (2004) cita os materiais utilizados dos diferentes
tipos de bloco utilizados, bloco de espuma de poliuretano (PU) e
o bloco de espuma de poliestileno ( isopor):
Bloco de espuma de Poliuretano (PU) de alta
densidade, resina de poliéster, fibra de vidro,
peróxido de metil etila (catalisador), cobalto
(acelerador), pastas PNE (pigmentos), monômero
de estireno (torna a resina mais líquida e
transparente), parafina bruta e acetona como
solvente;
Bloco de espuma de poliestireno expandido
(isopor), resina epóxi, fibra de carbono,
catalisador, acelerador, pastas PNE, monômero
de estireno, parafina bruta e acetona também
como solvente.
No primeiro macro processo o fabricante de pranchas
define o desenho após uma consulta com o cliente e faz recortes
do outline no bloco de isopor ou PU, essa etapa pode ser
automatizada ou manual. Quando feitas manualmente as
ferramentas utilizadas são o serrote, serra elétrica, lixas e
plainas. Já quando são usinadas em máquinas especializadas o
fabricante já sai com o formato quase finalizado, somente
faltando ajustes finos como deitar as bordas, retirada de
imperfeições e verificação da precisão das medidas.
A etapa de colocação de copinhos é orientada por um
gabarito onde se define a inclinação e as distâncias utilizadas
podendo variar dependendo da preferência do cliente. Os
buracos no bloco são perfurados por uma serra copo do diâmetro
exato do copinho.
Pintura é uma etapa que não ocorre em todas as
pranchas e é definido conforme o pedido do cliente. Para a
realização da pintura o pintor utiliza pistola com compressor,
pincel e rolo com tintas.
Na laminação é onde são adicionadas as resinas de
poliéster, no caso dos blocos de PU, ou resinas epóxi, no caso
das pranchas de isopor e as fibras de vidro. Esse processo
27
consiste em posicionar os tecidos de fibras de vidro pelo bloco
encaixando-os com a virada do bloco e despejar
gravitacionalmente as resinas por cima, controlando a
homogeneidade da aplicação e as arestas. São feitas duas
aplicaçõe de re ina, denominado primeiro e egundo “banho”,
com um intervalo de tempo. Nesse quesito a resina de poliéster
utilizadas nas pranchas de PU levam vantagens diante das
resinas epóxi devido ao tempo que levam para curar entre as
aplicações e a facilidade de manuseio. Apó o doi “banho ”
alguns fabricantes utilizam um sistema de estufas para acelerar o
processo de cura da prancha.
Por fim o acabamento é feito por lixas de grau menores
retirando imperfeições do processo de laminação. Alguns clientes
podem optar pelas pranchas com um polimento ao invés das
foscas, assim é utilizada lixas mais finas.
Mazzoco (2007) elaborou um fluxo de processos
representando as entradas e saídas, como pode ser visto na
Figura 7.
Figura 7: Processos de confecção de uma prancha de surfe
Fonte: Adaptado de Mazzoco (2007)
29
2.4.5 Usinagem de Pranchas
Com o avanço tecnológico foram desenvolvidas
máquinas de corte de pranchas, aparecendo empresas
especializadas em fazer somente partes do processo de
fabricação de uma prancha, como acontece com o corte do bloco
(usinagem), laminação e fabricação de quilhas.
Para o corte dos blocos, PU ou EPS, é comumente
utilizado a junção de softwares específicos para desenho de
pranchas como o shape3D® ou outros com a mesma finalidade,
que utilizam arquivos em formato CAD/CAM junto com máquinas
de usinagem com tecnologia CNC- Controle Numérico
Computadorizado para o desbaste, Figura 8. Essa junção
melhorou a precisão dos cortes e qualidade do processo,
diminuiu o desperdício e ocasionou um grande aumento de
produtividade.
Figura 8: Máquina de Desbaste CNC
Fonte: Autor
As máquinas com tecnologia CNC – Controle Numérico
Computadorizado utilizam a linguagem G (G–Code) para
definição dos processos de usinagem. Geralmente, as máquinas
destinadas à fabricação de pranchas de surf apresentam
configuração do tipo rolante – Gantry, ou seja, o bloco
permanece estático enquanto a ferramenta fresadora executa o
desbaste nos eixos X, Y e Z (GUESSER et al, 2007).
De acordo com fabricantes a usinagem de um bloco leva
em torno de 15 a 20 minutos, dependendo do tamanho e forma
da prancha. A usinagem gera cristas no bloco cabendo ao
shaper fazer o acabamento manual final. Isso gera um aumento
no tempo de usinagem, assim como, um aumento no consumo
de energia cabendo ao produtor escolher entre produtividade e
serviço.
Apesar do alto custo de aquisição (em torno de 140mil
reais) e manutenção dessas máquinas, a adesão das máquinas
é notável no atual mercado, principalmente pelos grandes
produtores e empresas especializadas.
31
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para a realização da pesquisa foi
classificada de acordo com Gerhardt e; Silveira(2009) que
separou os tipos de pesquisa quanto abordagem, natureza,
objetivos e procedimentos adotados.
Quanto à abordagem da coleta de dados a pesquisa se
demonstrou quantitativa pois utilizou instrumentos formais para
coleta de dados e também uma posterior análise de dados
(GERHARDT E; SILVEIRA,2009).
A natureza é uma pesquisa aplicada, pois objetiva gerar
soluções para problemas concretos (GERHARDT E; SILVEIRA,
2009) e (VERGARA 1997).
Sobre o objetivo caracterizou uma pesquisa exploratória
– descritiva Exploratória, pois se tem pouco conhecimento sobre
o assunto Vergara(1997). Então o objetivo é proporcionar com a
pesquisa uma maior familiaridade sobre o assunto. Descritiva
porque expõe características de uma determinada população
(VERGARA,1997).
Os procedimentos adotados foram típicos de uma
pesquisa de campo por ser uma investigação empírica que
dispõe elementos para explica-lo, utilizando uma entrevista com
aplicação de um questionário participante (VERGARA,1997).
3.1 Etapas do estudo
As etapas presentes no estudo foram: listagem dos
fabricantes de pranchas, aplicação de um questionário para a
obtenção de dados e uma analise de dados.
Na listagem dos fabricantes foram encontrados 77
fabricantes de pranchas no munícipio de Florianópolis, sendo
que 3 desses são fábricas que somente fazem a usinagem. Os
fabricantes foram encontrados através das redes sociais e sites
de buscas, porém acredita-se que tenham mais de 100
fabricantes atuantes no mercado.
Ressalta-se a dificuldade na obtenção do endereço das
fábricas devido às informações desatualizadas das páginas dos
fabricantes de pranchas de surfe o que resultou na entrevista de
apenas 23 dos 77 fabricantes listados.
3.2 Coleta de dados
A coleta de dados foi feita através de visitas presenciais
aos fabricantes onde os endereços foram obtidos na parte da
listagem, tendo como delimitação geográfica a cidade de
Florianópolis. Aos fabricantes sem endereço foi enviado uma
tentativa de contato virtualmente através das redes sociais,
assim como os fabricantes que não possuíam nenhum tipo de
marcação visual no terreno dos endereços indicados. Percebeu-
se também que algumas páginas das redes sociais das
empresas apresentavam-se desatualizadas indicando endereços
e telefones antigos.
O período de coleta de dados foi em meados de Outubro
de 2017 a Fevereiro de 2018.
33
3.2.1 Aplicação
O questionário utilizado para as entrevistas foi composto
por perguntas que possam ter uma compreensão do processo
produtivo das empresas como quantas pranchas são produzidas
por mês na alta e na baixa temporada, tipos de pranchas que são
produzidas, material predominante utilizado, quantas pessoas
trabalham na empresa, quais etapas do processo produtivo são
automatizadas, capacidade máxima de produção e como
aumentaria a capacidade. O questionário pode ser visto por
completo no Apêndice A.
3.3 Análise de dados
A análise dos dados foi feita seguindo a premissa que
existem diferentes tamanhos de empresas no ramo. Classificou-
se os fabricantes em três escalas produtivas diferentes: Grande,
Média e Pequena, no qual foram definidas de acordo com a
quantidade de pranchas produzidas por mês na alta temporada,
como vemos na Tabela 1. De acordo com conversas informais
com os fabricantes, antes ou depois da aplicação do
questionário, chegou-se a conclusão que a alta temporada para
os fabricantes de pranchas de surfe são os meses de outubro até
março e a baixa temporada são os meses de inverno. O período
da alta temporada pode ser explicado pela época de praia no
pré-verão e a período da baixa temporada pode ser explicado em
decorrência da época da tainha, período em que se fica proibido
a prática no surfe em algumas praias de Florianópolis.
Tabela 1: Definição de Tamanho das Fábricas
Fonte: Autor
Foi elaborada uma escala própria de acordo com a
produção, diferentemente de Barcelos (2015) que classificou os
diferentes tipos de tamanhos de empresas de acordo com o
número de funcionários, sendo classificada como empresa
grande aquela com mais de dez colaboradores, média entre três
a cinco e pequenas com menos de três colaboradores. Notou-se
que ao usar a divisão de Barcelos (2015) não foi possível
identificar as empresas nos três tipos de porte, uma das causas
seria a crise atual do mercado ocasionando uma diminuição do
quadro de funcionários.
A separação feita foi de acordo com o tamanho dos
fabricantes e obteve-se a seguinte separação de entrevistados: 7
fabricantes grandes, 11 médios e 5 pequenos.
Tamanho
Pequena menor ou igual 10 pranchas
Média entre 10 a 50 pranchas
Grande maior ou igual 50 pranchas
Produção na Alta Temporada
35
4 RESULTADOS
Nesse capitulo é feito uma analise de acordo com os
dados obtido referente à aplicação do questionário sobre os
assuntos de caracterização do processo produtivo dos
fabricantes de pranchas de surf de Florianópolis.
O capitulo conta com informações sobre a demanda por
pranchas de surfe, produtos possíveis fabricados, material
predominante, processo produtivo, numero de funcionários nas
empresas e terceirizados e as etapas do sistema produtivo que
são mecanizadas.
4.1 Demanda
Após a separação por tamanho, obteve-se uma
estimativa da demanda média dos três diferentes tamanhos de
empresas, (grande, média e pequena), como visto na Gráfico 1.
Gráfico 1: Demanda Média Mensal dos Fabricantes de Prancha
Fonte: Autor
Grandes Médias Pequenas
Alta 120 20 3
Baixa 79 12 1
0
204060
80
100
120
Demanda Média Mensal
Gráfico 2: Porcentagem da Demanda na Alta Temporada
Fonte: Autor
De acordo com a Gráfico 2 conclui-se que as grandes
empresas possuem maior parcela do mercado tanto na baixa
como na alta temporada representando cerca de 85% em média
de todo o mercado como visto no Gráfico 1. Essa parcela do
mercado dominada pelos fabricantes de grande porte pode se
dar pela presença das grandes marcas de fabricantes
internacionais que utilizam um sistema de franquia, aumentando
o número de vendas devido as suas tradições no mercado assim
como ações de marketing, assim como uma maior automatização
do processo produtivo.
84%
14%
2%
Demanda dos Fabricantes na alta temporada
Grandes
Médias
Pequenas
37
4.2 Produtos
Sobre a diversidade de produtos ofertados, dentre
pranchas convencionais, longboards e stand up paddle - SUP, os
dados obtidos demonstraram que a maioria dos fabricantes tem
competência para produzir todos os formatos, como visto no
Gráfico 3
Gráfico 3: Distribuição dos Produtos Possíveis
Fonte: Autor
Percebeu-se que 78% dos fabricantes produzem os três
tipos de produtos. Todos os fabricantes produzem as pranchas
convencionais que é o produto padrão. Outros fabricantes, cerca
de 17% preferem fabricar somente as pranchas convencionais,
100%
83% 78%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
PranchasConvencionais
Longboard SUP
Produtos
geralmente essa opção é escolhida pelos fabricantes que
querem se diferenciar pelo alto desempenho de seu produto.
Mesmo não contabilizando nenhum dado de fabricantes
que produzem somente SUP ou Longboard, tem-se o
conhecimento que existam fabricantes que agem somente nesse
ramo do mercado.
Percebeu-se que o material predominante, Gráfico 4,
mesmo com uma diferença mínima, é o EPS, comumente
chamado de Epóxi ou isopor, diferentemente dos últimos estudos
realizados sobre o tema feitos por Grijó(2004), Mazzoco(2007) e
Zambom(2016) onde apontavam um predomínio do uso do PU
nas pranchas.
Gráfico 4: Materiais Utilizados
Fonte: Autor
48% 52%
Material Predominante
PU EPS
39
O uso do EPS, como material predominante pode ser
dado ao fato da evolução do material, assim como o custo mais
barato. Outro fator preponderante para a escolha do EPS é a
poluição que os blocos de PU-poliuretano ocasionam ao meio
ambiente. Grijó (2004) demonstra em seu estudo que cerca de
50% a 70% do material utilizado para a fabricação de uma
prancha é descartado gerando problema na questão ambiental
por conter tolueno diisocianato em sua composição, substância
tóxica ao ser humano e ao meio ambiente proibido em diversos
países.
Portanto, mostra-se uma futura tendência de uma
predominância do uso do EPS como material padrão utilizado
nas pranchas de surfe, mesmo as pranchas fabricadas com o PU
terem demonstrado um maior desempenho na questão de
performance.
4.3 Processo Produtivo
No âmbito do processo produtivo, as informações obtidas
foram sobre a quantidade média de funcionários presentes nas
empresas, o nível de mecanização nas etapas do processo
produtivo, nível de terceirização ou fabricação própria, a
ocupação da capacidade dos fabricantes e estratégias utilizadas
pelos fabricantes para um aumento de capacidade.
4.3.1 Funcionários
Conhecer o número de funcionários das empresas é
muito importante principalmente quando está entrando em um
novo cenário das empresas utilizando um processo produtivo
mais mecanizado no que necessita uma mão de obra
especializada cabendo a empresa decidir entre contratar
funcionário sem vinculo empregatício especializado ou treinar
seu próprio funcionário para que se adeque aos novos sistemas.
De acordo com os dados obtidos observou-se o seguinte
cenário com as médias de funcionário por empresas de
diferentes tamanhos:
Tabela 2: Número de Recursos x Tamanho do Fabricante
Fonte: Autor
Nota-se que os grandes fabricantes preferem contratar e
treinar seus funcionários a vide Tabela 2, pois isso pode
comprometer no cumprimento dos prazos e na qualidade do
serviço. Já nos fabricantes pequenos, o shaper participa de todas
as etapas do processo produtivo da prancha de surfe e os
fabricantes médios possuem em média um funcionário,
geralmente laminador ou um funcionário responsável por
serviços gerais e reparo de pranchas quebradas, que é uma o
outra forma de obtenção de retorno pelos fabricantes de
pranchas.
Recursos / Tamanho Grande Média Pequena
Funcionários 5 1 0
41
4.3.2 Mecanização do Sistema
Na questão da mecanização do processo produtivo
somente duas etapas são comumente mecanizadas: a etapa de
definição das medidas do modelo a ser adotado, utilizando
softwares como o shape3D® ou outros com a mesma finalidade
que utilizam arquivos em formato CAD/CAM, e a etapa do corte
dos blocos de PU ou EPS, onde é utilizado máquinas CNC que
desbastam todo o bloco deixando apenas algumas imperfeições
para um ajuste fino feita pelo shaper, como podem ser
observados na Gráfico 5.
Já as outras etapas do processo produtivo apresentaram
um modo de fabricação manual, algumas dessas etapas já
possuem tecnologia para uma automação, porém os
investimentos para a compra ainda são muito elevados, como
ocorre na etapa de laminação onde o retorno de capital de uma
automação desse processo é longo, sendo mais viável fazê-lo
manualmente.
Gráfico 5: Mecanização das Etapas do Sistema Produtivo
Fonte: Autor
4.3.2.1 Mecanização nas Empresas Grandes.
Nos dados obtidos somente das empresas grandes nota-
se que todos os fabricantes já utilizam as máquinas de desbaste
CNC para a confecção das pranchas, assim como a definição de
medidas utilizando softwares especializados.
As etapas de acabamento, pintura, laminação, secagem
e acabamento final ainda são feitas manualmente pelos grandes
fabricantes, Gráfico 6. A etapa de embalagem não é muito
utilizada no mercado, levando em conta que a entrega de
prancha é feita diretamente ao cliente, somente a metade dos
fabricantes optam por realizar essa etapa.
43
Gráfico 6: Mecanização nas Empresas Grandes
Fonte: Autor
4.3.2.2 Mecanização nas Empresas Médias
Nas empresas médias as etapas que são mecanizadas
seguem quase nas mesmas proporções que nas empresas
grandes para as etapas de definição de medidas e corte das
pranchas. Na etapa de definição de medidas todas utilizam meio
automatizados e na etapa do corte apenas 9% utiliza meios
manuais, demonstrando uma adequação aos meios
automatizados. Alguns fabricantes mais antigos ainda possuem
uma resistência às maquinas, motivados pela tradição e o know
how dos princípios do esporte.
As demais etapas do processo produtivo seguem as
mesmas tendências que as empresas grandes onde fazem
manualmente.
Alguns fabricantes médios preferem terceirizar as etapas
de corte, laminação e pintura do seu processo para empresas
especializadas por diversos motivos como capital para comprar
uma máquina, limitação de espaço físico, falta de competência
pra tal atividade e dificuldade de contração de mão de obra
especializada, sendo assim assunto que será debatido nos
próximos tópicos.
Gráfico 7: Mecanização nas Empresas Médias
Fonte: Autor
45
4.3.2.3 Mecanização nas Empresas Pequenas
Os fabricantes pequenos demonstraram uma maior
resistência à mecanização do sistema, fabricando pranchas de
surf de uma maneira mais artesanal. Essa motivação pela forma
manual de fabricar as pranchas pode se levar a tradições do
esporte e principalmente a baixa demanda por pranchas.
Fazendo tudo manual o fabricante consegue diminuir custos de
terceirização da etapa do corte.
Gráfico 8: Mecanização nas Empresas Pequenas
Fonte: Autor
Geralmente o fabricante de pequeno porte não possui a
máquina para desbaste assim a etapa de corte que aparece na
Gráfico 8 como mecanizada significa que o fabricante opta por
terceirizar essa etapa, como visto no próximo tópico.
4.3.3 Fabricação Própria ou Terceirização
Algumas empresas apresentam dificuldades de compra
de uma máquina CNC por falta de capital inicial para
investimentos, assim como limitações de espaço físico de suas
fábricas, dificuldade de contração de mão de obra especializada
e até mesmo por falta de conhecimento sobre a confecção de
algumas etapas do sistema produtivo. Assim preferem terceirizar
sua produção ou parte dela para empresas especializadas.
Geralmente a terceirização ocorre nas etapas de corte do bloco,
laminação e pintura ocasionando uma abertura de novos ramos
no mercado como a criação de empresas especializadas ou
funcionários que fazem somente algumas etapas da fabricação
de uma prancha. Essas empresas ou funcionários sem vinculo
empregatício podem trabalhar de diversas maneiras, indo
diretamente na fábrica do fabricante de pranchas ou atuando no
seu próprio local de trabalho recebendo as encomendas para os
clientes.
Na etapa de laminação, essas empresas
terceirizadas/funcionários sem vinculo empregatício, trabalham
geralmente para os pequenos e médios fabricantes podendo
atuar das duas maneiras. Já na etapa na pintura as empresas
terceirizadas/funcionários sem vinculo empregatício comumente
vão diretamente à fábrica do fabricante contratante.
De acordo com os dados obtidos notou-se que as
empresas de médio porte são as que geralmente utilizam a
47
contração de funcionários terceirizados, com média de 1
funcionário terceirizado por empresa, e esse funcionário
terceirizado geralmente atua nas etapas de laminação, pintura,
serviços gerais ou conserto de pranchas. Já as empresas
grandes não utilizam essa modalidade e preferem ter
funcionários próprios a terceirizar não ficando refém de outras
empresas/funcionários especializadas, diminuindo a qualidade de
seu produto e correndo o risco de perda de prazo de entrega.
Nas empresas pequenas notou-se que o dono/shaper atua em
todo processo produtivo.
Em relação às etapas em que geralmente acontece
terceirização (corte, laminação e pintura) notou-se que as
empresas de médio porte estão mais inclinadas a terceirizar
etapas do seu processo produtivo, Gráfico 9. Algumas das
empresas médias não possuem máquinas de desbaste CNC,
optando por terceirizar essa etapa de corte dos blocos. Assim
ocorre também nas etapas de pintura e laminação onde alguns
fabricantes médios optam por terceirizar essas etapas por
motivos já citados, porém não são a maioria.
As empresas de grande porte por possuírem as
máquinas de desbaste CNC e geralmente ter espaços físicos
adequados para fazerem todo o processo produtivo optam por
não terceirizar nenhuma etapa do processo produtivo.
As empresas de pequeno porte também não possuem as
máquinas de desbaste CNC para o corte dos blocos tendo como
essa etapa a única em que os fabricantes desse porte optam por
terceirizar.
Gráfico 9: Fabricação Própria x Terceirização
Fonte: Autor
4.4 Ocupação da Capacidade e Ociosidade
A ocupação da capacidade é relativamente pequena em
todos os níveis de fabricantes, sendo mais sentida pelos
fabricantes pequenos. Essa ocupação da capacidade pequena é
ocasionada certamente pelo mercado pulverizado, contribuindo
49
para a ociosidade do sistema produtivo onde a oferta de fábricas
de pranchas é maior que a demanda atual do mercado como
demonstra a Gráfico 10.
Gráfico 10: Média da Ocupação da Capacidade
Fonte: Autor
4.5 Aumento da capacidade
A última questão levada em conta no questionário era o
que um fabricante faria para um aumento da capacidade
produtiva num possível cenário de aumento da demanda,
podendo escolher múltiplas escolhas entre contratar novos
funcionários, horas extras, terceirizar e comprar novas máquinas.
Gráfico 11: Aumento da Capacidade
Fonte: Autor
De acordo com os dados obtidos os fabricantes optariam
por fazer horas extras e terceirizar algumas etapas do processo
produtivo para um aumento de capacidade, a contratar novos
funcionários. A opção de compra de uma máquina foi a menos
escolhida, como visto do Gráfico 11.
Na questão da contratação de funcionários, os
fabricantes relataram uma falta de qualidade nos recursos
humanos e em relação à compra o custo elevado da máquina.
51
4.5.1 Estratégias para Ocupação da Capacidade
Algumas empresas possuíram um melhor desempenho
que outras na questão da ocupação da capacidade produtiva, e
nelas observou-se algumas estratégias para qual.
Um grupo de fabricantes utilizam recursos de marketing
para aumentar seu nível de vendas investindo em propagandas
nas redes sociais através de anúncios buscando um publico alvo.
Destaque para um fabricante que utiliza como propaganda o
novo sistema produtivo utilizado junto também com parceria com
outros shapers de renome que assinam o desenho/layout das
pranchas e se mostram aderentes ao processo produtivo
inovador.
Outros optam por realizar parcerias com algumas lojas de
surfe nos estados vizinhos (Paraná e Rio Grande do Sul) com o
objetivo de abastecer essas lojas durante todo o ano, optando
por estratégia de mercado o preço baixo de seus produtos. Os
demais produtores normalmente comercializam suas pranchas
em regiões imediatas.
Outro fabricante com destaque no quesito de ocupação
da capacidade do sistema produtivo reconhecido pela qualidade
do seu sistema produtivo e por ser precursor do uso de máquinas
no estado STAHËLIN (2005), permite que outras empresas
confeccionem produtos em sua fábrica, tornando possível a
ocupação da maioria da capacidade.
Alguns fabricantes terceirizam totalmente seu sistema
produtivo com empresas especializadas cabendo apenas a etapa
de acabamento no processo produtivo pós corte para os donos.
Estratégia direcionada na captação de clientes com um
marketing intensivo através do uso de sua marca.
53
5 CONCLUSÃO
A compreensão da capacidade produtiva é imprescindível
para os fabricantes de pranchas de surfe, principalmente, por
estarem situados em um mercado pulverizado em que existem
muitos fabricantes para pouca demanda por pranchas de surfe.
Com o mercado pulverizado notou-se um baixo nível de
ocupação nas capacidades produtivas das empresas
ocasionando uma relativa ociosidade no sistema produtivo tanto
na baixa e na alta temporada. Devido ao nível baixo de ocupação
da capacidade produtiva, alguns fabricantes desenvolveram
estratégias para suprir a capacidade ociosa, essas estratégias
vão desde o uso de marketing ostensivo na obtenção de novos
clientes, busca de novos mercados em estados vizinhos,
parcerias com outras marcas e terceirização total do sistema
produtivo - cabendo à empresa, nesse caso, apenas a venda e
captação de novos clientes.
No entanto, o baixo nível do uso da capacidade produtiva
dos fabricantes atuantes no mercado surge um novo cenário
onde as novas empresas que queiram entrar no mercado terão
que se adequar, principalmente na escolha do tamanho da sua
capacidade produtiva, pois o que demonstra é que o mercado
sofre com o excesso de oferta de empresas atuantes que já
operam em níveis baixos. Essas novas adequações podem
representar uma troca de comportamento e costume dos
fabricantes que passam de ser produtores de pranchas de surf e
terceirizam quase todo o processo produtivo, restando apenas o
acabamento final nas pranchas e a captação de novos clientes
com ações de marketing.
Sobre a demanda detectou-se que as grandes empresas
possuem a maior parcela do mercado, cerca de 85%. Atrela-se
esse resultado às estratégias de parceria adotadas pelas
grandes empresas e ao alto nível de automação do processo
produtivo o que faz com que as grandes empresas sejam
capazes de abastecer o mercado.
A respeito dos tipos de pranchas mais fabricadas, as
pranchas convencionais se sobressaíram diante das demais:
100% dos fabricantes entrevistados produzem pranchas
convencionais tendo os tipos de prancha, Longboard e SUP,
apenas como produtos adicionais de produção – nenhum
fabricante respondeu que faz somente Longboard ou somente
SUP. Diferentemente dos últimos trabalhos publicados, o
material predominante na fabricação da prancha foi o bloco de
EPS, mais comumente conhecido como Epóxi. Essa preferência
atual dos blocos de EPS está atrelada às recentes proibições do
uso de bloco de PU em países desenvolvidos, assim como, a
evolução tecnológica do EPS aliado com o seu baixo custo.
No âmbito do processo produtivo, conclui-se que os
fabricantes de empresas de grande porte são responsáveis pela
maior contratação de funcionários do ramo, devido a grande
parcela de mercado e a mecanização do processo produtivo o
que resulta na necessidade de funcionários especializados.
Enquanto que, os fabricantes de empresas de pequeno e médio
porte, muitas vezes, necessitam terceirizar algumas etapas do
55
processo produtivo ou realizá-las por conta própria o que faz com
que esses fabricantes não consigam cumprir de forma
tempestiva com toda a demanda.
A respeito da mecanização do processo produtivo, duas
etapas se demonstraram mecanizáveis: a etapa de definição das
medidas do modelo em que comumente são utilizados softwares
com finalidade CAD/CAM e a etapa de corte dos blocos que
utilizam máquinas de desbaste com tecnologia CNC - Controle
Numérico Computadorizado. Essa opção mais automatizada,
principalmente a máquina de desbaste, é geralmente privilégio
apenas dos grandes fabricantes ou de empresas especializadas
que fazem somente essa parte do processo produtivo. Isso
porque essas máquinas automatizadas possuem um alto custo
de compra e manutenção, ocasionando uma prática comum no
mercado de terceirização da etapa de corte dos blocos,
principalmente pelos fabricantes de menor porte.
Além da terceirização da etapa de corte dos blocos,
outras etapas demonstraram-se passíveis de terceirização são
as etapas de pintura e laminação, geralmente terceirizadas por
fabricantes de menor porte onde usufruem de funcionários e
empresas especializadas presentes no mercado com objetivo de
aumentar a qualidade de seus produtos.
Num possível cenário de aumento de demanda o
comportamento analisado de acordo com os dados obtidos foi
que os fabricantes mostraram-se avessos à compra de novas
máquinas para aumentar a capacidade produtiva, preferindo
terceirizar o serviço e fazer horas extras , reforçando o novo
comportamento dos fabricantes perante o mercado.
Estudos futuros sobre a viabilidade de mecanização das
etapas de laminação e secagem/cura das pranchas serão de
grande valia para os fabricantes de pranchas de surfe que
queiram automatizar seu processo produtivo. Assim também,
como o estudo sobre estratégias de marketing para vendas no e-
commerce, pois o mercado de pranchas de surfe ainda
apresenta resistência a esse tipo de venda em virtude das
peculiaridades do cliente que muitas vezes opta por analisar a
qualidade do produto pessoalmente.
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REFÊRENCIAS
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APÊNCIDE A – Questionário
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
Centro Tecnológico – CTC
Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas – DEPS
Esta pesquisa tem como objetivo obter dados relacionados aos
fabricantes de pranchas de surf. Os dados serão utilizados
posteriormente no Trabalho de Conclusão do curso de
Engenharia de Produção, utilizados somente para uso interno.
Assim, seria de extremo auxílio e importância sua colaboração
respondendo ao questionário abaixo. As respostas não são
obrigatórias podendo ser deixadas em branco caso o
entrevistado não se sinta a vontade.
Nome do Fabricante:
1. Quantas pranchas são vendidas por mês?
Alta Baixa
2. Quais tipos de prancha você produz (prancha convencional,
longboard, SUP, outras)?
3. Qual o material predominante (PU – poliuretano; epóxi;
carbono; quilhas de encaixe etc)?
4. Quantas pessoas trabalham na sua empresa(dono,
funcionário, terceirizado?
5. Marque com um X quais são as principais etapas da sua produção e escreva quais equipamentos são utilizados em cada etapa (Ex. lixadeira, plaina, máquina automatizada, etc)? Diga também se a etapa for manual ou feita com parceiros (terceirizado).
Definir medidas do modelo - Mecanizada ( ), Manual ( ) , Não se aplica ( )
Corte do bloco - Mecanizada ( ), Manual ( ) , Não se aplica ( )
Acabamento(medidas finais)- Mecanizada ( ), Manual ( ) , Não se aplica( )
Pintura - Mecanizada ( ), Manual ( ) , Não se aplica ( )
Laminação - Mecanizada ( ), Manual ( ) , Não se aplica ( )
Secagem/cura - Mecanizada ( ), Manual ( ) , Não se aplica ( )
Acabamento final - Mecanizada ( ), Manual ( ) , Não se aplica ( )
Embalagem - Mecanizada ( ), Manual ( ) , Não se aplica ( )
6. Num cenário ideal qual seria sua capacidade máxima de
produção? E a sua capacidade atual?
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7. Caso você passasse a vender mais pranchas, como
conseguiria aumentar a capacidade? Marque as alternativas,
pode ser mais de uma.
Contratar funcionários?
Fazer horas extras?
Parceiros/terceirizados?
Comprar novas
máquinas?
Agradeço sua colaboração.
Atenciosamente,
Marcelo Vieira dos Santos, graduando do curso de Engenharia
de Produção Civil da Universidade Federal de Santa Catarina.
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