View
213
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Curso preparatório para o concurso:
Polícia Rodoviária Federal
Professor : Gustavo de Lima Pereira
Contato: gustavo.pereira@pucrs.br AULA 4 – PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS
REFUGIADOS, DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO E TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL
SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS:
PRINCIPAL DOCUMENTO:
CONVENÇÃO EUROPÉIA DE DIREITOS HUMANOS – 1950
(em vigor em 1953, após a 10ª ratificação)
A CONVENÇÃO EUROPEIA INSTITUI 3 ÓRGÃOS DISTINTOS:
1. COMISSÃO EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS
2. CORTE EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS
3. COMITÊ DE MINISTROS DO CONSELHO DA EUROPA
COMISSÃO EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS
FUNÇÕES:
- Apresentar regularmente relatórios ao Parlamento Europeu e um relatório anual sobre as atividades da União Europeia
- Atuar como guardiã dos Tratados e braço executivo da União Europeia
OBS: até 1998 (protocolo 11), a CEDH também era responsável pelo juízo de admissibilidade das petições ou comunicações antes do caso ser remetido à Corte Europeia de DH (como ocorre ainda no Sistema Interamericano)
CORTE EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS
SEDE: - Estrasburgo (França) COMPOSIÇÃO: - 47 juízes (mesmo número de Estados membros), eleitos pela Assembleia consultiva europeia, para um mandato de 9 anos, admitindo-se a reeleição uma vez)
CORTE EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS
FUNÇÕES: - Realizar juízo de admissibilidade e de mérito das petições a ela submetidas
- Emitir pareceres consultivos quando solicitados pelo Comitê de Ministros da União Europeia sobre a interpretação da Convenção Europeia e de seus Protocolos adicionais
COMITÊ DE MINISTROS DO CONSELHO DA EUROPA
FUNÇÕES: - Atuar como “órgão diplomático” para supervisionar o cumprimento das decisões da Corte Europeia de DH
OBS: até 1998 (protocolo 11), o Comitê também exercia a função de realizar juízo de admissibilidade das petições apresentadas perante a Comissão Europeia antes do caso ser remetido ao julgamento da Corte
PRINCIPAIS PROTOCOLOS ADICIONAIS DA CONVENÇÃO EUROPEIA DE DH:
-Protocolo 11 (1998): retira a necessidade de juízo de admissibilidade das petições pela Comissão Europeia e pelo Comitê de Ministros, possibilitando que os indivíduos ingressem com as demandas diretamente perante a Corte Europeia
-Protocolo 13 (2003): abole, por completo, a pena de morte, mesmo em situações e exceção
SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS:
PRINCIPAL DOCUMENTO:
CARTA AFRICANA DE DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS – 1981
(em vigor em 1986 e hoje conta com a adesão de todos os 56 estados africanos)
OBS: Contém direitos de 1ª e 2ª Dimensão já em seu texto original
ÓRGÃOS DO SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS:
1. COMISSÃO AFRICANA DE DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS
(11 MEMBROS)
2. CORTE AFRICANA DE DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS
(11 juízes – mandato de 6 anos)
- Em vigor em 2004, após a 15ª ratificação
LIGA DOS ESTADOS ÁRABES - 1945
- Criada com o propósito reforçar as relações entre os Estados-membros, coordenar suas políticas com o intuito de alcançar cooperação entre eles e de salvaguardar sua independência e soberania; e uma atenção generalizada para assuntos e interesses dos países árabes
- Atualmente conta com 22 Estados membros
O DIREITO MIGRATÓRIO E A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS
PONTOS INTRODUTÓRIOS AO TEMA DAS MIGRAÇÕES FORÇADAS:
•DIREITOS HUMANOS X SOBERANIA
•ESTRANGEIRO OU MIGRANTE?
• "DIREITO DE MIGRAR COMO UM DIREITO HUMANO" (ART XIII-D.U.D.H)
QUEM SE ENQUADRA NA CATEGOIA DE MIGRANTE FORÇADO?
•Refugiados
• Solicitantes de refúgio “situação de refúgio”
•Deslocados internos
•Apátridas
•Migrantes econômicos
• "Refugiados" ambientais (ou "ecomigrantes")
•Asilados políticos
Diferença entre asilo e refúgio: - Asilo é uma proteção internacional conferida a um indivíduo que está sendo perseguido injustamente por motivos sempre ligados questões políticas
- ESPÉCIES DE ASILO POLÍTICO:
• ASILO TERRITORIAL (dentro do Estado asilante)
• ASILO DIPLOMÁTICO (Fora do Estado asilante)
A PROTEÇÃO DOS REFUGIADOS CONTEXTO INTERNACIONAL E
BRASILEIRO
DIFERENÇA ENTRE:
REFUGIADO DE FATO E REFUGIADO DE DIREITO
ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS –
ACNUR
(Criado pela Resolução nº 428 da Assembleia das Nações Unidas, em 1950)
PESSOAS EM "SITUAÇÃO DE REFÚGIO" SOB O INTERESSE DE ATUAÇÃO DO ACNUR:
Refugiados
Solicitantes de refúgio
Deslocados Internos (Resolução 73/1992 – Comissão de DH)
Apátridas (10 milhões)
ESTATUTO DOS REFUGIADOS - 1951
LIMITADORES GEOGRÁFICO E ESPACIAL
EUROPA SEGUNDA GUERRA
PROTOCOLO DE 67:
-FIM DOS LIMITADORES GEOGRÁFICO E ESPACIAl
DEFINIÇÃO CLÁSSICA DE REFUGIADO - (Art. 1º Estatuto dos refugiados -1951):
BEM-FUNDADO TEMOR DE PERSEGUIÇÃO: I. RAÇA II. NACIONALIDADE III. RELIGIÃO IV. GRUPO SOCIAL V. OPINIÃO POLÍTICA
CRÍTICA À DEFINIÇÃO CLÁSSICA DE REFUGIADO:
•Não representa as vozes de boa parte dos migrantes do mundo atualmente
(Third World Approaches to International Law – TWAIL)
DEFINIÇÃO ESTENDIDA DE REFUGIADO (Declaração de Cartagena - 1984):
Estabelece que é também considerado refugiado quem retira-se do seu país em virtude de grave ameaça de violação de Direitos Humanos
DEMAIS REQUISITOS PARA ACONCESSÃO DO "STATUS" DE REFUGIADO:
Não estar recebendo proteção de outro Estado ou órgão da ONU
Não ter cometido crimes contra a humanidade, crimes de natureza grave (hediondo, terrorismo e tráfico de drogas)
Não ter atentado contra os princípios das Nações Unidas
Extraterritorialidade
PROTEÇÃO AO SOLICITANTE DE REFÚGIO:
Art. 33 do Estatuto dos Refugiados: • Princípio "non-refoulement " (não-devolução ou cláusula de não-retorno) - Proíbe a retirada compulsória (deportação, expulsão ou extradição) do solicitante de refúgio enquanto aguarda decisão sobre sua solicitação de proteção
Principais países de destino dos Refugiados:
1. Turquia (3.5 Milhões)
2. Paquistão (1.4 Milhões)
3. Uganda (1.4 Milhões)
4. Líbano (999 Mil)
5. Irã (979 mil)
6. Alemanha (970 mil)
7. Bangladesh (932 mil) Fonte: global trends UNHCR – 2018
O REFÚGIO NO CONTEXTO INTERNACIONAL EM NÚMEROS:
ESTRATÉGIAS DE SOLUÇÕES DURÁVEIS NA PROTEÇÃO DOS REFUGIADOS:
Repatriação Voluntária Integração Local Reassentamento
PROTEÇÃO DOS REFUGIADOS NO BRASIL:
Lei 9.474/97 (Recepciona o Estatuto dos refugiados e cria o CONARE - Comitê Nacional para Refugiados, vinculado ao Ministério da Justiça) •A Lei reconhece tanto a definição clássica quanto a estendida de “refugiado”
FUNÇÕES DO CONARE:
-Orientar e coordenar as ações necessárias à eficácia da proteção, assistência e apoio jurídico aos refugiados -Decidir, em primeira instância, à respeito das solicitações de refúgio no Brasil
DECISÕES DO CONARE:
-Todas as decisões do CONARE devem ser devidamente fundamentadas e individualizadas obs: em casos de decisões denegatórias, o solicitante de refúgio tem direito de ingressar com recurso ao ministro da justiça no prazo de 15 dias (Arts. 29 e 40 da Lei 9.474/97)
O CONARE contará com representantes do:
I. Ministério da Justiça
II. Ministério das Relações Exteriores
III.Polícia Federal
IV.Ministério do Trabalho
V. Ministério da Saúde
VI.Ministério da Educação e desporto
VII.ACNUR*
DIREITOS DO SOLICITANTE DE REFÚGIO NO BRASIL:
•Não ser impedido de solicitar refúgio em virtude de ingresso irregular no país (Art. 8° da lei 9.474/97)
• Permanecer em território nacional enquanto aguarda decisão sobre sua solicitação (non-refoulement)
• CPF, protocolo provisório de refúgio e cartão SUS
• Carteira de trabalho com a informação "estrangeiro com base na lei 9.474/97“
DIREITOS DO REFUGIADO RECONHECIDO NO BRASIL:
Reunião familiar (não se estende aos solicitantes de refúgio)
Facilitação do reconhecimento de certificados e diplomas
Integração local
•O Brasil conta atualmente com cerca de 10.145 mil refugiados reconhecidos (de 79 nacionalidades diferentes) e cerca de 86 mil solicitantes de refúgio OBS: dados do CONARE até setembro de 2017
A NOVA “LEI DE MIGRAÇÃO” BRASILEIRA - Lei 13.445/2017 Substitui o “Estatuto do Estrangeiro” (Lei 6.815/1980) PRINCIPAIS INOVAÇÕES DA NOVA LEI DE MIGRAÇÃO:
• Traz, como principais princípios, o repúdio e prevenção à xenofobia, a não criminalização da migração, repúdio à práticas de expulsão ou de deportação coletivas
• Prevê a possibilidade de concessão de vistos com finalidade de “acolhida humanitária” e “reunião familiar”
• Prevê o direito de reunião e associação ao imigrante que se encontre no território nacional
• Prevê igualdade de condições entre o nacional e o imigrante
• Dispõe sobre a Proteção do Apátrida e a redução da Apatridia
DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO - DIH
- Trata-se do conjunto de normas que visa limitar os efeitos de conflitos armados, protegendo as pessoas que não participam ou que deixaram de neles participar, restringindo os meios e métodos de combate em casos de guerras. O Direito Internacional Humanitário é também designado como “Direito da Guerra” e por ”Direito dos Conflitos Armados”
BREVE HISTÓRICO:
- 1859: Henry Dunant testemunha a “Batalha de Solferino” - 1862: Dunant escreve “Lembrança de Solferino” - 1876: o “Comitê Internacional para ajuda aos militares feridos” (1863) passa a se chamar COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA
COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA - CICV
(Organização internacional de direito privado, neutra e independente)
• Sede: Genebra (Suíça) • Missões: - Proteger e ajudar civis e militares vítimas de conflitos armados e outras situações de violência
• - Dirigir e coordenar a assistência internacional do Movimento para as vítimas de conflitos armados
• - Monitorar os Estados no cumprimento do Direito Internacional Humanitário
ATIVIDADES DO CICV:
• PROTEÇÃO
• ASSISTÊNCIA
• PREVENÇÃO
• COOPERAÇÃO
CONTEÚDO NORMATIVO DO DIH:
1ª CONVENÇÃO DE GENEBRA (1869)
- Cria o cicv e estabelce uma cruz vermelha como símbolo do movimento
- Estabelece os parâmetros dos chamados “crimes de guerra”
2ª CONVENÇÃO DE GENEBRA (1906)
- Estende a atuação do dih também para conflitos navais
3ª CONVENÇÃO DE GENEBRA (1929)
- Estabelece os direitos dos “prisioneiros de guerra” e a possibilidade da entrada do cicv em prisões de guerra
- Consagra o crescente vermelho também como símbolo do movimento (fruto da guerra turco-russa de 1876-1978)
4ª CONVENÇÃO DE GENEBRA (1949)
- Determina a proteção dos civis em períodos de guerra., além da proibição do sequestro, da utilização de prisioneiros como escudos humanos, bem como a proibição de agressão física e aos bens dos civis.
PROTOCOLOS ADICIONAIS (3): • I PROTOCOLO (1977)
Regulariza e garante a proteção de vítimas de conflitos armados internacionais, caracterizando-os de forma a serem diferenciados de outras vítimas de guerra
• II PROTOCOLO (1977)
Garante o reconhecimento e a proteção de vítimas de conflitos armados não internacionais (guerras civis)
• III PROTOCOLO (2005)
Institui novo emblema para as forças de paz e socorro,
o “cristal vermelho”, que se soma aos já aceitos:
a “cruz vermelha” e o “crescente vermelho”
RESPONSABILIZAÇÃO INDIVIDUAL NA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS:
-TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL-
SEDE: Haia
Criado pelo ESTATUTO DE ROMA -1998 (entrando em vigor em 2002, após as 60°
ratificação)
• (recepcionado pelo Brasil – artigo 5°, § 4 CF)
Motivos:
- Responsabilizar indivíduos pelo cometimento de determinados crimes
- Eliminar os “Tribunais de Exceção”
Princípios: - Complementaridade - Legalidade - Cooperação internacional
Crimes de sua competência: • Crimes de genocídio - Art. 6º: destruição ou tentativa de destruição a determinado grupo de indivíduo, tentativas de impedir nascimento em determinado grupo
• Crimes contra a humanidade – Art. 7º “Homicídio; Extermínio; Escravidão; Deportação ou transferência forçada de uma população; Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, Tortura; Crimes sexuais; Perseguição de pessoas por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, Desaparecimento forçado de pessoas; Crime de apartheid;”
Crimes de sua competência: • Crimes de guerra – Art. 8°: Convenções de Genebra sobre Direito Internacional Humanitário
“Utilizar de modo indevido a bandeira branca, a bandeira ou as insígnias militares ou o uniforme do inimigo ou das Nações Unidas, bem como os emblemas previstos nas Convenções de Genebra, destruição de bens culturais e hospitais, tortura à prisioneiros de guerra, recrutar crianças para atuação em forças armadas estatais ou para estatais
• Crimes de agressão – Art. 9°: ”bloqueio de portos ou costa marítima de um estado por forças armadas de outro estado, assim como a invasão ou ataque por forças de um estado contra o território de outro estado”
Modalidade de penas: - Multa
- Prisão de até 30 anos
- Confisco de bens
- Perpétua (em casos extremos)
Observações :
- Não há possibilidade dos países oferecerem reservas ao TPI
- Não há imunidade diplomática a quaisquer indivíduos
- O TPI é composto por 18 juízes (Cargo de 9 anos, podendo ser reeleito uma vez)
Recommended