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DIREITOS HUMANOS & EDUCAÇÃO PATRIMONIAL HISTÓRICO
CULTURAL
Magali Luzio Ferreira1
Maria Augusta de Castilho2
RESUMO:
O presente artigo tem como objeto de estudo os Direitos Humanos, tendo em vista sua
importância na Educação Patrimonial Histórico Cultural. O objetivo do estudo é mapear as
leis brasileiras que amparam e subsidiam as ações escolares voltadas ao conhecer, saber e
valorizar o legado da história e consequentemente as manifestações culturais brasileiras,
contextualizando-as com os programas e projetos contemplados no território nacional.
Infere-se que a relevância deste trabalho é o de salvaguardar o sentimento de pertença dos
cidadãos em prol dos direitos humanos. Daí a necessidade de não se privar da temática ao
currículo na educação básica. Para a realização da pesquisa, o método é o dedutivo com
uma abrangência sistêmica, por meio de uma investigação criteriosa em arquivos públicos
e bibliotecas, assinalando as obras que fornecerão subsídios ao trabalho em tela. Como
resultados, apontam-se ações educativas para o conhecimento e construção de ações
curriculares voltado a aferir uma postura de ensino que privilegie os Direitos Humanos por
meio da preservação da identidade, história e identificação cidadã.
Palavras-chave: direitos humanos. Educação. História Cultural. Território
.
1 INTRODUÇÃO
A Educação Patrimonial, embora seja reconhecida como de grande relevância
para a preservação da cultura material e imaterial das sociedades, ainda não é
suficientemente divulgada nos meios acadêmicos, principalmente com vínculo aos Direitos
Humanos. O objetivo do estudo é mapear as leis brasileiras que amparam e subsidiam as
1 Historiadora e doutoranda do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Local da Universidade
Católica Dom Bosco - UCDB. 2 Historiadora. Docente do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Local e do Curso de História,
ambos da Universidade Católica Dom Bosco - UCDB
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ações escolares voltadas para o saber, o conhecimento e a valorização do legado da história
e consequentemente as manifestações culturais brasileiras, contextualizando-as com os
programas e projetos contemplados no território nacional.
Com intuito de sustentabilizar a reflexão, a abordagem inicial deste contextualiza
com alguns elementos históricos a necessidade de leis, regras e acordos que durante o
transcorrer do homem como agente histórico e social foram necessários para subsistência e
consequentemente sobrevivência humana e o exercício da cidadania.
Nesse contexto registram-se os marcos para uma minuciosa reflexão, que começa
por contextualizar o Cilindro de Ciro, como um dos primeiros registros de forma de
Direitos Humanos, seguindo-se depois aos princípios da Revolução Francesa (1789) e
finalmente em 1948 após a segunda guerra mundial a ONU efetiva a Declaração Universal
dos Direitos Humanos.
O patrimônio histórico cultural está posto como esteio de uma forma de garantir
os direitos universais do ser humano, objetivando a salvaguarda da identidade cidadã por
meio do conhecimento de leis, projeto e programas propostos pelo Estado.
2 DIREITOS HUMANOS & CIDADANIA
As leis nascem para firmar os direitos, a ordem e igualdade entre os homens. Nelas
são pautados os direitos que proporcionam ao cidadão o viver pleno. Por anos a história da
humanidade veio configurar-se e entrelaçar-se com os direitos humanos postos para o bem
comum do mundo.
A ideia de um direito universal, válido para todo ser humano, vem sendo
construída por intermédio da história dos povos. O primeiro registro de
uma declaração dos direitos humanos, segundo pesquisadores, é o
Cilindro de Ciro, escrito por Ciro, o Grande, rei da Pérsia, por volta de
539 a.C. O texto menciona, entre outros feitos do rei, a restauração de
santuários religiosos e a repatriação de povos deportados. (BUSIN,
2013, p. 7)
Documentos comprovam a necessidade de normas, regras e argumentações de amparo
ao homem, como fez por exemplo, o rei Ciro rei da Pérsia (atual parte do Irã e Iraque), que
escreveu o cilindro de Ciro a.C. protegendo-o e restaurando santuários e templos; objeto deste
estudo com ênfase nos Direitos Humanos
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Figura 1- O cilindro de Ciro
Fonte: Disponível em: http://www.penapensante.com.br/2015/08/o-cilindro-de-ciro.html.
Acesso: 08 de ago. 2017.
Reconhecido como a primeira carta dos direitos humanos no mundo, registrado em
argila em escrita cuneiforme (em forma de cunha), foi descoberto em 1879 e em 1971,
traduzido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para os idiomas árabe, chinês,
inglês, francês, russo e espanhol. (CARVALHAES, 2015).
Sem exaurir outros marcos históricos que fundamentaram a luta por direitos para a
cidadania plena, ressalta-se no percurso da história da humanidade a Revolução Francesa
de 1789, que foi a inspiração não só para outros processos revolucionários contra a
submissão ao absolutismo e a Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela
Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948.
Uma das maiores representação da liberdade utilizada na Revolução Francesa foi o
quadro simbólico que guiou o povo para a queda da Bastilha
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Figura 2 - A Liberdade Guiando o Povo – Museu do Louvre – Obra em tela de Eugène Delacroix
(1830)
Fonte: Disponível em: http://estoriasdahistoria12.blogspot.com.br/2013/02/a-liberdade-guiando-o
povo-analise-da.html. Acesso: 08 de ago. 2017.
Delacroix representa uma cena de batalha através da qual não só exalta a
bravura dos combatentes revolucionários, mas também caracteriza,
através de detalhes significativos, a origem de cada personagem,
percebido através das vestimentas, prestando homenagem a uma multidão
de anônimos. Na figura feminina em destaque, representando a
Liberdade, há vestígios dos modelos gregos, mas também há traços que
revelam sua condição de mulher do povo, como os seios sujos de pólvora.
Sua mão direita erguida leva a bandeira tricolor transformada em símbolo
da Revolução Francesa (1789). Na mão esquerda segura um fuzil com
baioneta, o que significa estar preparada para a batalha corpo a corpo. A
cabeça é coberta por um gorro frígio, adotado durante a Revolução
Francesa, que converteu-se em um dos símbolos da República. (LITZ,
2009, p. 24).
No que se concerne à busca por liberdade de diretos a obra de Delacroix representa
um grande passo para a democracia. Continua a reafirmar que, vontade humana por
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reconhecimento estatal de participação e respeito é ávida no processo de vivência social. O
autor acima citado em suas palavras nos remete à liberdade, igualdade e fraternidade que
estão presentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela Organização
das Nações Unidas (ONU) em 1948. Esta declaração sinaliza em seu artigo 1º - Todos os
seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Nos diretos humanos estão implícitas as questões que permeiam a cidadania.
Assim, a busca por tais direitos se faz preservando sua identidade. Aspectos visíveis
quando estes dados de identificação cidadã, estão presentes principalmente em seu espaço
de origem ou no local ao qual este desenvolveu uma história que o identificou. No caso
brasileiro estão presentes inúmeras leis de defesa ao patrimônio histórico cultural, para a
salvaguarda dos bens de natureza material e imaterial e consequentemente a história de seu
povo.
3 PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL BRASILEIRO E SUAS LEIS DE
PRESERVAÇÃO
Antes de se adentrar nas contextualizações das leis que fizeram e fazem a
salvaguarda do bem mais preciso do brasileiro que é a sua identidade explícita nas
propriedades culturais, não só de pedra e cal (de origem material), mais também de hábitos
culturais. O saber-fazer, o ser e o sentir (de origem imaterial) se fazem necessários
descortinar e discutir alguns conceitos que emanam as leis que devem ser observadas por
todos.
Ao averiguar a terminologia da palavra patrimônio depara-se com algo bem
próximo ligado ao fator da existência do brasileiro. Ela vem do latim pater que significa
pai. No aporte de Funari (2006) a origem do patrimônio vem da palavra latina,
patrimonium, que se referia, entre os antigos romanos, a tudo o que pertencia ao pai, pater
ou pater famílias, pai de família.
Patrimônio histórico. A expressão designa um bem destinado ao usufruto
de uma comunidade que se ampliou a dimensões planetárias, constituído
pela acumulação contínua de uma diversidade de objetos que se
congregam por seu passado comum: obras e obras-primas das belas-artes
e das artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes e savoir-
faire dos seres humanos. Em nossa sociedade errante, constantemente
transformada pela mobilidade e ubiquidade de seu presente, “patrimônio
Histórico” tornou-se uma das palavras-chaves da tribo midiática. Ela
remete a uma instituição e a uma mentalidade. (CHOAY, 2011, p.11).
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Fato presente que ao se analisar um local ou fazer seu traçado histórico através dos tempos,
constata-se o crescimento populacional, com suas diversas correntes imigratórias, bem como, as
mudanças de hábitos e o próprio uso de um determinado patrimônio, mais especificamente o
material, que pode mudar suas inúmeras funções no transcorrer da história.
O patrimônio histórico nos dias atuais também está presente como processo de divulgação
cultural nos espaços midiáticos. Fato que comprova a mobilidade do conceito e que não perde a
essência do trato das instituições e das mentalidades. Choay (2011) pontua ainda, que o quadro
patrimonial histórico para uma comunidade pode atingir dimensões planetárias.
Portanto, o que distingue a noção de património cultural da de cultura é a
forma como a primeira se manifesta na representação da cultura através
da transformação do valor dos elementos culturais. Da cultura não
podemos patrimonializar nem conservar tudo, daí que o património
cultural seja só uma representação simbólica da cultura, e por isso
resultado dos processos de selecção e de negociação dos significados. De
aí que o património cultural implique uma selecção de elementos e
significados. (PEREIRO, 2006, p.24)
A marca cultural do local está ancorada nas formas de viver de seus primeiros moradores.
Porém, esta vai se moldando com o passar dos tempos, novos hábitos vão sendo incorporados. Os
símbolos culturais presentes neste local tornam-se sinais de identificação deste espaço. Desse
modo, ressalta-se a importância de a população saber não só o valor da sua história, bem como,
manifestar seu sentimento de pertencimento local. Assinala-se, portanto, a seleção de elementos
que formam o patrimônio cultural local fica em evidências nos processos de seleção e de
negociações de significados.
O campo do patrimônio pressupõe atribuição de significado a
determinados bens. Envolve concepções que mudam com o tempo, com
os valores da sociedade. Relaciona-se com os conceitos de identidade,
modernidade e nacionalidade e sua construção apresenta momentos em
comum com as trajetórias dos conceitos de história, arqueologia, arte e
arquitetura. (PEIXOTO, 2017, p. 1)
Efetivamente o patrimônio histórico cultural envolve representações de um povo que
apesar de, mudar de paradigma através dos tempos por fazer parte da história, cujo processo
histórico sofre modificações, por caminhar atrelado com o fazer humano, desejando preservar esse
legado que são representações de identidades presentes nas diversas manifestações artísticas e que
sua construção requer estudos, pesquisas e divulgação e em especial para seus atores, como forma
de oferecer um dos exercícios para sua plena cidadania.
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4 MAPEAR AS LEIS, AÇÕES E PROJETOS BRASILEIROS DE AMPARO A
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL & DIREITOS HUMANOS
Mapear as leis brasileiras, programas e projetos de amparo a Educação ao
Patrimônio Histórico Cultural é promover uma reflexão cidadã. Desse modo, levar ao leitor
a conhecer o caminho percorrido para o reconhecimento de um Brasil com uma história
que está sendo cuidada em prol das lutas que deve ser pautada nos Diretos Humanos.
Destaca-se que o patrimônio cultural de uma nação ou comunidade abrange um
conjunto de bens materiais e imateriais que fazem parte e constituem a identidade de um
grupo. Portanto, a Constituição Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 216, reza:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços
destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (BRASIL,
1988, p. 124)
Sob essa ótica, percebe-se a importância da Educação Patrimonial, uma vez que a
preservação do patrimônio cultural envolve muito mais do que o tombamento de
monumentos ou a guarda de documentos ou de arquivos. Antes, abrange a preservação da
memória coletiva e a valorização da história de um povo ou comunidade, história esta que
não se refere somente aos vestígios do passado distante, “[...] mas também a
contemporaneidade, os processos, a produção. ” (SANTOS, 2001, p.44).
Percebe-se que a preservação da memória coletiva envolve fatores tanto para o
desenvolvimento de uma sociedade quanto para a afirmação dos grupos, dominados ou
dominantes, que lutam ora pelo poder, ora pela sobrevivência.
Como principal instrumento social na luta pela equidade, a educação escolar tem
um compromisso social com a preservação da memória e da história. O respeito e a
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valorização da diversidade cultural é uma das premissas da legislação educacional, para
tanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação assevera:
Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma
base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e
da clientela. [...]
§ 4o O ensino da História do Brasil levará em conta as
contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo
brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia.
(BRASIL, 1996)
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB nº 9394/96, deve-
se assegurar aos alunos da educação básica o direito a aprenderem sobre as características
regionais e locais do espaço em que habitam, em permanentes interações com diferentes
culturas e etnias, presentes no patrimônio histórico cultural imaterial e material do local.
Da mesma forma, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), enfatizam que a
escola tem a possibilidade de apresentar a diversidade etnocultural que compõem o
patrimônio sociocultural brasileiro e oferecer o trabalho com questões patrimoniais via
tema transversal - Pluralidade Cultural (BRASIL, 1997).
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, no caderno
Educação Patrimonial - Histórico, conceitos e processos (BRASIL, 2014) relata que desde
a sua criação, em 1937, na época com a identificação de “Serviço do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional – SPHAN” manifestou em documentos e projetos a realização de
ações educativas com discussões que se encontram na base das atuais políticas públicas de
Estado na área.
O material menciona que, logo de início da criação do órgão, já existia a
preocupação com a instalação de museus de caráter pedagógico. Em 1970, com a criação
do Centro Nacional de Referência Cultural - CNRC, suas diretrizes teóricas e conceituais
favoreciam uma interlocução mais abrangente com os processos educacionais de
preservação patrimonial. Com o centro surge o Projeto Interação, voltado mais
especificamente para ações de Educação Patrimonial.
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Em 2009, o Decreto nº 6. 844 vinculou a Coordenação de Educação Patrimonial –
CEDUC ao Departamento de Articulação e Fomento – DAF, com o objetivo de coordenar,
integrar, avaliar e programar e projetos de Educação Patrimonial.
Atualmente o Instituto de Patrimônio Histórico Artístico Nacional – IPHAN
promove a educação patrimonial em suas ações institucionais com o objetivo de oferecer a
sociedade políticas para salvaguardar o patrimônio cultural e para isso deve firmar
parcerias, como por exemplo, com o projeto pedagógico, de escolas “Casas do Patrimônio”
que oferece capacitação que visa oportunizar a construção do conhecimento e a
participação social para valorização do patrimônio cultural.
O IPHAN, além disso, apoia o Programa Mais Educação, do governo federal, que
tem como objetivo subsidiar escolas com baixo rendimento escolar apontado pelo Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), com ampliação das jornadas diárias e
reorganização dos currículos com atividades em tempo integral.
O Programa Mais Educação, criado pela Portaria Interministerial nº
17/2007 e regulamentado pelo Decreto 7.083/10, constitui-se como
estratégia do Ministério da Educação para indução da construção da
agenda de educação integral nas redes estaduais e municipais de ensino
que amplia a jornada escolar nas escolas públicas, para no mínimo 7
horas diárias, por meio de atividades optativas nos macrocampos:
acompanhamento pedagógico; educação ambiental; esporte e lazer;
direitos humanos em educação; cultura e artes; cultura digital; promoção
da saúde; comunicação e uso de mídias; investigação no campo das
ciências da natureza e educação econômica. (FLORÊNCIO, 2014a).
Dentre as atividades promovidas e recomendadas pelo programa estão as ações
voltadas em direitos humanos em educação, cultura e arte. Temas estes que vem a
comtemplar as aspirações desta pesquisa, uma vez que, infere-se que a relevância deste
trabalho é o de salvaguardar o sentimento de pertença dos cidadãos em prol dos direitos
humanos.
O IPHAN firmou, também, parceria com o Programa Nacional de Extensão
Universitária (PROEXT), que tem como objetivo estimular a participação e o
envolvimento de outros agentes capazes de se associar à política de reconhecimento,
promoção e proteção ao patrimônio cultural brasileiro.
O Programa de Extensão Universitária (ProExt) tem o objetivo de apoiar
as instituições públicas de ensino superior no desenvolvimento de
programas ou projetos de extensão que contribuam para a implementação
de políticas públicas. Criado em 2003, o ProExt abrange a extensão
universitária com ênfase na inclusão social. (FLORÊNCIO, 2014ab).
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O papel educacional em cumprir com o estabelecido pela constituição e
consequentemente com os Direitos Humanos no que se refere à preservação, com o
Patrimônio Histórico brasileiro, está bem evidente no processo de construção cultura e de
identidade brasileira, com objetivos e necessidades em parcerias com as leis, projetos e
programas educacionais em todos os níveis escolares.
A Educação Patrimonial deve-se aferir no processo do ensino escolar, para tanto se
faz necessário que os docentes sejam capacitados para desenvolvê-los. A seguir foram
nominados alguns exemplos do Brasil com a inserção docente no projeto de Educação
Patrimonial. O primeiro retrata o Projeto de Educaçã Patrimonial para docentes no
município de São Borja – RS (Figura 3).
Figura 3 - Projeto Educação Patrimonial
Fonte: Disponível em: http://porteiras.r.unipampa.edu.br/portais/proextprojetos/2014/12/03/projeto-
de-educacao-patrimonial-para-os-docentes-da-rede-publica-de-sao-borja-rs/. Acesso: 08 de ago. 2017.
O município de São Borja-RS está localizado na fronteira oeste do estado
do Rio Grande do Sul e faz divisa com a municipalidade de Santo Tomé-
Argentina. Devido à importância histórica, política e cultural que teve no
passado, São Borja é reconhecida nacionalmente no Brasil, como
“Primeiro dos Sete Povos das Missões”, “berço do trabalhismo” e
principalmente por “Terra dos presidentes”, o que contribuiu para o
“título de cidade histórica”. Esta relevante trajetória histórica construiu
símbolos culturais e narrativas sociais que estão representados através das
paisagens culturais. Estas paisagens culturais abarcam as idéias de
significado, pertencimento, valor, bem como a singularidade de um lugar.
Em vista disso, está sendo realizado um Projeto de Extensão vinculado à
UNIPAMPA, que visa contribuir com o processo de valorização e
aprendizagem sobre a história, cultura, patrimônio, identidades, e espaços
sociais desta cidade histórica. Esta iniciativa intitulada Projeto Proext-
Mec “Curso de Educação Patrimonial para os docentes da rede pública”
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objetiva realizar oficinas e mini-cursos sobre diversas temáticas da
realidade sociocultural local, assim como elaborar um livro didático e
cartilha com técnicas para o ensino do patrimônio Histórico-Cultural
fronteiriço. Como instrumento metodológico de pesquisa, estão
levantadas e analisadas diversas paisagens que representam o cotidiano
sociocultural da fronteira. (UNIPAMA, 2013)
Outro exemplo a ser destacado refere-se as atividades desenvolvidas no Laboratório
de História – Curso de História da Universidade Católica Dom Bosco - UCDB, localizado
no município de Campo Grande – MS. (Figura 4).
Figura 4 - Projeto Educação Patrimonial
A extensão no Laboratório de História - LABHIS é desenvolvida para
atender, a demanda de escolas públicas bimestralmente no que diz
respeito à educação patrimonial. Tal atividade é feita pelos alunos do
curso de história juntamente com os bolsistas de extensão, visando assim
à formação completa dos acadêmicos envolvidos no projeto. A extensão
no LABHIS também se propõe orientar os trabalhos de pesquisa e de
ensino dos alunos do curso de História, Direito e Arquitetura e
Urbanismo, para a complementação do ensino-aprendizagem em sala de
aula. Nesse contexto, ressalta-se que o LABHIS, enquanto Laboratório de
memória objetiva arquivar e preservar a documentação sob sua
responsabilidade; possibilitar o acesso e orientar o uso dos documentos;
implementar e assessorar atividades de pesquisa e de extensão no âmbito
da sua atuação; divulgar o acervo sob sua responsabilidade e os saberes
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decorrentes da sua atuação; promover ações em associação com
instituições congêneres da cidade e região, tendo em vista fortalecer
atitudes de respeito e responsabilidade pela memória social, expressos
nas ações da comunidade. As atividades de extensão são desenvolvidas,
por meio de oficinas, cursos, participação de eventos, orientações de
pesquisas e visitas em escolas públicas para trabalhar o patrimônio
cultural em Campo Grande-MS. (UCDB.BR/HIS, Disponível em: http://site.ucdb.br.> Acesso: 08 de ago. 2017).
O trabalho para o respeito, valorização e preservação ao Patrimônio Histórico Cultural
pode ser realizado em todas as instituições. Porém, como terreno fértil e prolífero para a
disseminação de boas intenções culturais, sociais, saudáveeis que também podem desenvolver a
sustentabilidade, é o ambiente escolar uma seara em condições de absorver ideias, compromissos
tratados em congressos e que compactuam com os escritos firmados nos Direitos Humanos.
Ressalta-se como muita propriedade o filme a Lista Schindeler revelando que em
cada edificação, existe uma história com sentimentos e identidade e que merece ser
estudada, pesquisada e conhecida. Em respeito, acima de tudo ao ser humano e
consequentemente a humanidade, as redes midiáticas mostram muitas vezes um passado
guardado na memória que estabelece uma conexão com a realidade daqueles que
vivenciaram um fato real, como mostra a figura 5.
Figura 5 - Fotografia do Filme: A Lista de Schindeler (1993), que retrata a 2ª Guerra Mundial
Fonte: Disponível em: https://cinemaedebate.com/2011/03/27/a-lista-de-schindler. Acesso: 08 de ago. 2017.
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Em pedra e cal cabem inúmeras histórias e acima de tudo os anseios de um mundo
que está sendo delineado por todos os agentes da “modernidade”. Sendo que, para que este
“afer”, não destrua os Diretos Humanos de 1948, os educadores devem continua a
trabalhar no âmbito educacional por meio da Educação Patrimonial.
5 Considerações Finais
A Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela Organização das
Nações Unidas (ONU) em 1948, surgiu depois da barbárie da segunda grande guerra
mundial. O contexto desta deixou não só derramamento de sangue, mas inúmeras
identidades foram destruídas em nome do poder dominador. Por buscas imperialistas
perde-se ter significados de vidas que deixaram rastros de angústias e desespero.
Com esta declaração e com os envolvimentos históricos desde então, pode-se cada
vez mais abrir horizontes para as participações políticas, sendo que, a história em seu bojo
existencial, sempre deixa marcada e deixará a luta dos humanos contra o poder tirânico que
deve ser substituído pelo respeito, valor e soluções feitas por diálogos para assegurar que
lutar por dignidade é possível, mesmos depois de vários horrores históricos.
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Avaliação da Pró-Reitoria de Extensão da UNIPAMPA apresenta nesta página os
campuses com seus devidos projetos/programas/cursos/eventos de extensão. 2013.
Disponívelem:http://porteiras.r.unipampa.edu.br/portais/proextprojetos/2014/12/03/projeto
- -de-educacao-patrimonial-para-os-docentes-da-rede-publica-de-sao-borja-rs/. Acesso em:
08 de ago. 2017.
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
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