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Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
Cartografia dos Fatores Intervenientes na Mortalidade Materna, Fetal e
Infantil no Distrito Sanitário Especial Indígena e dos Itinerários de Produção
de Saúde nas Áreas Indígenas
São Luis
2013
DSEI MARANHÃO
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
1 INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas integra a
Política Nacional de Saúde, compatibilizando as determinações da Lei Orgânica da
Saúde com as da Constituição Federal, que reconhece aos povos indígenas suas
especificidades étnicas e culturais bem como estabelece seus direitos sociais. Estes
direitos são reafirmados pela Convenção 169, ratificada pelo Brasil em 25 de julho
de 2003 e aprovada pelo Decreto no. 5.051, de 19 de abril de 2004.
A Lei Nº. 9.836/99 complementou a Lei Nº. 8.080/90, criando no Sistema
Único de Saúde o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, organizando-o em
Distritos Sanitários Especiais Indígenas – DSEI. Essa lei determina a necessidade
de diferenciação na organização do SUS para atender às especificidades da
atenção intercultural em saúde, recuperando o princípio de equidade das ações de
saúde; possibilita a representação indígena no Conselho Nacional de Saúde, nos
Conselhos Estaduais e Municipais; estabelece o financiamento no âmbito da União
para os DSEI; adota uma concepção de saúde integral e diferenciada; aplicam os
princípios do SUS de descentralização, hierarquização e regionalização ao
subsistema de saúde indígena.
Os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) são conceituados pela
Política Nacional de Saúde Indígena como um modelo de organização de serviços –
orientado para um espaço etno-cultural dinâmico, geográfico, populacional e
administrativo bem delimitado que contempla um conjunto de atividades técnicas,
visando medidas racionalizadas e qualificadas de atenção à saúde, promovendo a
reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e desenvolvendo atividades
administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência, com controle
social.
O Subsistema de Saúde Indígena do Sistema Único de Saúde (SAISUS)
está organizado em 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas – DSEI. A definição
do território de cada DSEI leva em consideração a distribuição geográfica,
antropológica e via de acesso de acesso aos serviços de saúde pelos povos
indígenas, nem sempre coincidindo com os limites dos municípios e estados.
(FUNASA, 2002).
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
Em 19 de outubro de 2010 o Presidente Lula assina o Decreto 7.336
criando na estrutura do Ministério da Saúde a Secretaria Especial de Saúde
Indígena – SESAI. A SESAI foi criada para coordenar e executar o processo de
gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena em todo Território Nacional.
Cabe a SESAI coordenar e avaliar as ações de atenção à saúde no âmbito do
Subsistema de Saúde Indígena; promoção, articulação e a integração com os
setores governamentais e não governamentais que possuam interface com a
atenção à saúde indígena. É responsabilidade da Secretaria também identificar,
organizar e disseminar conhecimentos referentes à saúde indígena e estabelecer
diretrizes e critérios para o planejamento, execução, monitoramento e avaliação das
ações de saneamento ambiental e de edificações nos Distritos Sanitários Especiais
Indígenas.
2 CARACTERIZAÇÃO DO DSEI/MA
O Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão operacionaliza suas
ações através de seis Pólos Base sendo eles: Polo Base de Amarante, Pólo Base de
Arame, Pólo Base de Barra do Corda, Pólo Base Pólo de Base Grajaú, Base Polo de
Santa Inês e Base Pólo de Zé Doca, além de três Casas de Apoio a Saúde do Índio
(CASAI) localizadas em São Luís e Imperatriz no Maranhão e em Teresina no Piauí.
O Distrito Sanitário Especial Indígena Maranhão - DSEI/MA como unidade
gestora, descentralizada ligada à Secretaria Especial de Saúde Indígena e ao
Ministério da Saúde, concentra a 7ª maior população indígena do país, conforme
dados do Sistema de Informação de Atenção à Saúde Indígena - SIASI, com 33.334
índios, distribuídos em 328 aldeias localizadas em 20 municípios, com 08 Etnias:
Guajajara, Gavião, Awá-guajá, Guajá, Urubu-ka’apor, Krikati, Kanela e Timbira,
pertences aos troncos linguísticos macro-jê e Tupi.
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
DISTRITO SANITÁRIO ESPECIAL INDÍGENA MARANHÃO - DSEI/MA
EXTENSÃO TERRITORIAL: 19.083,89 km2
1.908.389 ha.
POPULAÇÃO INDÍGENA: 33.334
TERRAS INDÍGENAS: 16
POVOS INDÍGENAS: 08
POLOS BASE: 06
Nº DE MUNICÍPIOS: 20
Nº DE ALDEIAS: 328
Nº DE CASAI: 03
Fonte: SIASI/DSEI/MA/SESAI/MS
O DSEI/MA tem sua sede na cidade de São Luís, capital do Estado do
Maranhão, possuindo um território de atuação de 19.083,83 km2 e operacionaliza
suas ações através de 06 (seis) Polos Bases com funções técnicas e administrativas
que são: Amarante, Arame, Barra do Corda, Grajaú, Santa Inês e Zé Doca, além de
três Casas de Saúde do Índio (CASAI) localizadas em São Luís e Imperatriz no
Maranhão e em Teresina no Piauí.
POPULAÇÃO INDÍGENA DSEI MARANHÃO
POVOS INDIGENAS Nº
GAVIÃO 756
GUAJÁ 382
GUAJAJARA 26.458
KAAPOR 1.457
KANELA APANIEKRA 742
KANELA RANKOKRAMEKRA 2.235
KRIKATI 979
TIMBIRA 302
SUBTOTAL 33.311
OUTRAS ETNIAS 23
TOTAL GERAL 33.334
Fonte: SIASI/DSEI/MA/SESAI/MS
Na organização da atenção básica, um aspecto fundamental é o
conhecimento do território, que não pode ser compreendido apenas como um
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
espaço geográfico, delimitado para constituir a área de atuação dos serviços. Ao
contrário, deve ser reconhecido como “Espaço Social” onde, ao longo da história, a
sociedade foi se constituindo e, por meio do processo social de produção, dividindo-
se em classes diferenciadas, com acessos também diferenciados aos serviços de
saúde.
Assim, conhecer o território implica em um processo de reconhecimento e
apropriação do espaço local e das relações da população da área de abrangência
com as equipes de saúde, levando em consideração dados como perfil demográfico
e epidemiológico da população, contexto histórico e cultural, equipamentos sociais,
lideranças locais e outros considerados relevantes para intervenção no processo
saúde-doença. Nesse contexto o DSEI/MA possui 28 Equipes Multidisciplinares de
Saúde Indígena (EMSI), que desenvolvem um conjunto de ações da atenção básica
nas terras indígenas visando à garantia da integralidade da assistência com o
compartilhamento de responsabilidades com outros níveis de referência.
Distribuição das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena
POLO BASE Nº EMSIs
AMARANTE 6
ARAME 3
BARRA DO CORDA 9
GRAJAÚ 6
SANTA INÊS 2
ZÉ DOCA 2
TOTAL 28
Fonte: DIASI/DSEI/MA
3 CARACTERIZAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS
3.1 Povo Guajajara
Os Guajajara (Tenetehara) são um dos povos indígenas mais numerosos
do Brasil. Habitam mais de 10 Terras Indígenas na margem oriental da Amazônia,
todas situadas no Maranhão.
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
O primeiro contato pode ter acontecido em 1615, nas margens do rio
Pindaré, com uma expedição francesa. Até os meados do século XVII, os
Tenetehara foram assolados pelas expedições escravagistas dos portugueses no
médio Pindaré. Esta situação mudou com a instalação das missões jesuítas (1653-
1755), que ofereceram certa proteção contra a escravidão, mas implicaram um
sistema de dependência e servidão. Sua história de mais de 380 anos de contato foi
marcada tanto por aproximações com os brancos como por recusas totais,
submissões, revoltas e grandes tragédias.
A revolta de 1901 contra os missionários capuchinhos teve como resposta
a última "guerra contra os índios" na história do Brasil, causada por um
empreendimento de missão e colonização dos capuchinhos, a partir de 1897, em
Alto Alegre, na região atual da Canabrava. Em 1901, o cacique Cauiré Imana
conseguiu unir um grande número de aldeias para destruir a missão e expulsar
todos os brancos da região entre as cidades de Barra do Corda e Grajaú. Poucos
meses depois, os índios foram derrotados pela milícia (composta de contingentes do
Exército, da Polícia Militar, de indivíduos da população regional e de guerreiros
Canelas) e perseguidos por vários anos, o que fez muito mais vítimas entre os
Guajajara do que entre os brancos. Novos conflitos sangrentos surgiram a partir dos
anos 1960 e 70, com a expansão descontrolada de latifúndios no centro do
Maranhão, empurrando muitos posseiros para dentro das Terras Indígenas. O maior
palco destes conflitos foi de novo Canabrava, com o povoado ilegal de São Pedro
dos Cacetes, que existiu de 1952 a 1995 e contra o qual os Guajajara tiveram que
resistir quatro décadas, com apoio apenas esporádico do Governo Federal. Outras
ameaças surgiram a partir dos anos 1980, com o Programa Grande Carajás e com a
cobiça de pequenas madeireiras regionais. O contato com outras etnias indígenas -
Guajá, Urubu-Ka'apor e vários grupos timbiras, entre os quais os Canela - era
tradicionalmente marcado por hostilidades. Apesar do fim dos confrontos armados,
ainda existem ressentimentos interétnicos, particularmente contra os Canelas e os
Guajá.
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
3.1.1 Localização
Todas as Terras Indígenas habitadas pelos Guajajara estão situadas no
centro do Maranhão, nas regiões dos rios Pindaré, Grajaú, Mearim e Zutiua. São
cobertas pelas florestas altas da Amazônia e por matas de cerradão.
Terras Indígenas Municípios Extensão (ha)
Araribóia Amarante, Grajaú, Santa Luzia. 413.288
Bacurizinho Grajaú 82.432
Cana-Brava Barra do Corda, Grajaú 137.329
Caru Bom Jardim 172.667
Governador Amarante 41.644
Krikati Amarante, Montes Altos, Sítio Novo. 146.000
Lagoa Comprida Barra do Corda 13.198
Morro Branco Grajaú 49
Rio Pindaré Bom Jardim, Monção. 15.002
Rodeador Barra do Corda 2.319
Urucu-Juruá Grajaú 12.697
Fonte: SIASI/DSEI/MA/SESAI/MS
As Terras Indígenas Araribóia, Bacurizinho e Cana-Brava abrigam cerca
de 85% da população Guajajara [dados de 2002]. Em várias terras, eles não são os
únicos habitantes indígenas: há grupos dos Guajá em Araribóia e Caru. Em duas
Terras Indígenas os Guajajara são minoria: em Governador, dos Gavião-Pukobyê,
onde representam cerca de 36% dos habitantes, e em Krikati, onde há uma
comunidade cujos moradores não falam mais a língua indígena.
3.1.2 Organização Social e Política
Atualmente, as aldeias não mais tomam nenhuma forma típica: são
compridas (ao longo de caminhos), redondas ou quadrangulares. Localizam-se de
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preferência à beira de rios ou, na falta de cursos d'água, perto de lagoas na mata. A
proximidade de uma estrada pode ser outro fator atraente, para vender artesanato,
por exemplo.
As aldeias, antigamente muito pequenas e de existência temporária, hoje
em dia são permanentes e poucas vezes transferidas. Podem ser constituídas por
uma única família, mas em alguns casos podem ter até 400 ou mais moradores. As
casas, construídas no estilo regional camponês, em geral são habitadas por famílias
nucleares. As aldeias costumam manter sua independência e poucas vezes formam
coligações regionais, mas existem diversas relações de parentesco, matrimoniais e
rituais entre as comunidades.
O sistema de parentesco e as formas de casamento destacam-se pela
flexibilidade em estabelecer e aproveitar relações. A unidade mais importante é a
família extensa, que é composta por um número de famílias nucleares unidas entre
si por laços de parentesco. Trata-se, em essência, de um grupo de mulheres
aparentadas e sob a liderança de um homem. Não há metades, clãs ou linhagens,
nem qualquer direito ou obrigação que se transmita por uma linha de descendência
específica.
A residência pós-nupcial é com os pais da mulher (uxorilocalidade), pelo
menos temporariamente. Muitos chefes de família extensa procuram manter o maior
número de mulheres junto de si, até adotando as filhas de homens falecidos que
eles costumavam chamar de "irmãos". Eles tentam arranjar casamentos para essas
moças para assim conseguir genros, que devem viver pelo menos um ou dois anos
junto aos sogros, prestando vários tipos de serviço. Se o chefe de família tem
bastante prestígio, consegue que os genros se fixem definitivamente com ele,
aumentando, desse modo, o número de colaboradores e angariando co-partidários
para formar uma facção na aldeia.
A chefia, sem regras fixas para se estabelecer, sofreu algumas mudanças
com a política indigenista. Os principais critérios tradicionais para assumir a
liderança (qualidades individuais e uma base de co-partidários por consanguinidade
e afinidade) ficaram menos importantes, comparados com as exigências de saber
lidar com o mundo dos brancos. Isto diz respeito, em primeiro lugar, à capacidade de
se relacionar com os órgãos governamentais e tirar vantagens disto para a
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comunidade local, e à qualidades individuais (conhecimentos do português e talento
diplomático, entre outras).
Cada aldeia tem seu próprio cacique ou capitão, mas há aldeias com mais
de um por causa das rivalidades entre várias famílias extensas. Alguns caciques
tentam estender sua influência às aldeias vizinhas, mas sua autoridade é muito
instável e pode ser contestada a qualquer instante pelos concorrentes da própria
aldeia. Neste jogo pelo poder, o órgão indigenista costuma intervir para promover
seus próprios protegidos, que podem ser personagens fracos, sem base verdadeira
nas aldeias.
3.2 Povo Canela
3.2.1 Histórico do Contato
Canela é o nome pelo qual ficaram conhecidos dois grupos Timbiras: os
Ramkokramekrá e os Apanyekrá. Há diferenças significativas entre esses grupos
vizinhos, mas ambos falam a mesma língua e são pautados pelo mesmo repertório
cultural. Muitos Canelas conseguem se expressar em português, mesmo que não o
falem corretamente. Os Ramkokramekrá têm maior domínio dessa língua do que os
Apanyekrá. Entre aqueles, os homens falam melhor o português do que as
mulheres, por contarem com mais experiências urbanas e por praticarem o
comércio.
Os Kapiekran, ancestrais dos Canelas, foram indiretamente contatados
por forças militares no fim do século XVII, mas apenas durante a última década do
século XVIII efetivamente ocorreram incursões contra sua população e seu modo de
vida. A primeira menção aos Apanyekrá data do final da década de 1810, quando
são citados pelo militar Francisco de Paula Ribeiro. Parece que eles habitavam a
área montanhosa a oeste dos Kapiekran, localizada muito ao norte dos caminhos
dos vales de rios utilizados pelos colonos brasileiros (pelo Itapicuru e baixo
Alpercatas, e pelos rios Parnaíba e Balsas). Sofriam, assim, menos ataques de
jagunços, já que estavam menos expostos que os Kapiekran, que habitavam as
terras mais planas a leste e a sul ao longo do Itapicuru e do baixo Alpercatas. No
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
início dos anos 1830, as terras férteis das nascentes do rio Corda e seus arredores
foram ocupados por uma família que criava gado. Os Apanyekrá passaram então a
conviver com sertanejos que viviam imediatamente ao sul, o que não aconteceu com
os Ramkokramekrá. Até a década de 1940, os Ramkokramekrá tinham menor
contato com a sociedade nacional e com outros grupos indígenas do que os
Apanyekrá. Depois disso, a situação inverteu-se. Os Apanyekrá eram mais isolados
do que os Ramkokramekrá não apenas porque aqueles estavam mais distantes de
Barra do Corda, mas também porque as florestas ao longo do rio Corda se
estendem quase continuamente entre a cidade e Porquinhos, dificultando a
construção de uma estrada direta entre as duas. A estrada de Barra do Corda para
os Ramkokamekrá, ao contrário, atravessa quase somente florestas de arbustos e
cerrados e necessitava de apenas uma ponte, que foi construída em 1971.
Não obstante, atualmente ambos os grupos têm sofrido uma forte
interferência por parte de algumas agências de contato, como FUNAI, fazendeiros e
missionários. Em contrapartida, têm procurado reaver a autonomia de suas
atividades produtivas e manter sua vitalidade cultural, expressa por uma complexa
vida ritual, práticas xamânicas e intrincada organização social.
3.2.2 Localização
A principal aldeia Ramkokramekrá, Escalvado, localiza-se em torno de 70
km a sul-sudeste de Barra do Corda, no estado do Maranhão. A Terra Indígena
Canela hoje está homologada e registrada. Até recentemente, essas terras de
cerrado, florestas-galeria e pequenas chapadas ficavam no município de Barra do
Corda, mas agora localizam-se no novo município de Fernando Falcão, que se
estruturou a partir do crescimento da antiga vila Jenipapo dos Resplandes. O limite
sul da Terra Indígena fica em grande parte delimitado pela serra das Alpercatas. O
rio Corda corre fora da TI, afastado 20 km, ao longo do limite noroeste.
No que diz respeito aos Apanyekrás, a regularização da Terra Indígena
Porquinhos aconteceu no começo da década de 1980. A aldeia principal encontra-se
a cerca de 80 km a sudoeste do município de Barra do Corda e 45 km a oeste da
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aldeia Ramkokamekrá, Escalvado. Está a leste do município de Grajaú, separada
por 75 km de área de cerrado facilmente transponível.
Enquanto os Ramkokamekrá vivem basicamente em áreas de cerrado
com pequenos igarapés, os Apanyekrá têm essa mesma ecologia a leste e sul,
contando, no entanto, com extensas florestas a norte e oeste. Possuem também o
rio Corda, que em alguns pontos tem oito metros de largura. Os Apanyekrá têm,
assim, a vantagem de dispor de melhor solo para a agricultura e maior abundância
de peixes, além da caça na floresta e no cerrado.
3.2.3 Organização Social e Política
Os sistemas de metades e sociedades cerimoniais existentes entre os
Canelas não apresenta caráter exogâmico1. As classes de idade - de afiliação
vitalícia - são formadas e iniciadas através de quatro cerimônias. Cada classe de
idade consiste em homens nascidos num período em torno de dez anos. Classes de
idade formadas consecutivamente sentam-se em lados opostos na praça, leste ou
oeste. Assim, classes de idade de homens por volta de seus 10, 30, 50 e 70 anos
sentam-se de um lado; enquanto homens em torno de seus 20, 40 e 60 anos
sentam-se do outro lado.
Quase todas as atividades são executadas por essas metades, ou por
classes de idade opostas, competindo entre si: danças e cânticos cerimoniais ou
cotidianos, corridas rasas ou com toras, assim como a abertura de roças, caçadas
para cerimônias, abertura de estradas ou de picadas sobre a linha divisória da Terra
Indígena. A cada 20 anos (dez anos entre os Apanyekrá), a classe ocidental - cujos
membros estão se aproximando dos 50 anos de idade - tradicionalmente transfere-
se para o centro do pátio, na qualidade de mais velhos, os pro-khãm-mã (mikhà para
os Apanyekrá). Por sua vez, a classe oriental - cujos membros acabaram de passar
dos 50 anos de idade - junta-se àquela, formando o conselho dos mais idosos. Os
homens da metade oriental aconselham, mas não governam.
1 s.f. Casamento de um indivíduo com um membro de grupo estranho àquele a que pertence.
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3.3 Povo Ka’apor
3.3.1 Histórico do Contato
Os Ka´apor surgiram como povo distinto há cerca de 300 anos,
provavelmente na região entre os rios Tocantins e Xingu. Talvez por causa de
conflitos com colonizadores luso-brasileiros e com outros povos nativos, iniciaram
uma longa e lenta migração que os levou, nos idos de 1870, do Pará, através do rio
Gurupi, ao Maranhão. Colonizadores brasileiros que atacaram e aniquilaram aldeias
Ka'apor, por volta de 1900, ficaram surpresos ao descobrirem esplêndidos cocares
de penas coloridas dentro de pequenos baús de cedro, que os sobreviventes, em
fuga, teriam deixado para trás. Quando as autoridades brasileiras tentaram "pacificá-
los" pela primeira vez, em 1911, os Ka'apor, como os Nambiquara no Mato Grosso,
eram considerados um dos povos nativos mais hostis no país. Tal pacificação, tanto
dos Ka'apor quanto dos karaí (não índios), ocorreu em 1928 e durou por quase 70
anos.
Em 1978, a Área Indígena Alto Turiaçu, consistindo em 2048 milhas
quadradas (5.301 km2) de floresta amazônica alta, ocupada por todos os
remanescentes Ka'apor, assim como por alguns Guajá, Tembé e Timbira, foi
demarcada pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI). A demarcação foi
homologada pelo Decreto nº 88.002 em 1982, na administração do Presidente João
Figueiredo. No entanto, cerca de um terço da área vem sendo devastada
ilegalmente e convertida em cidades, campos de arroz e pastagens por agricultores
sem terra, fazendeiros, madeireiros e políticos locais desde o final dos anos 80.
3.3.2 Localização
Os Ka'apor vivem no norte do Maranhão. Suas terras fazem limite, ao
norte, com o rio Gurupi; ao sul, com os afluentes meridionais do rio Turiaçu; a oeste,
com o Igarapé do Milho; a leste, com uma linha no sentido noroeste-sudeste quase
paralela à rodovia BR-316. Todos os córregos e rios drenam para três grandes rios:
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Maracaçumé, Turiaçu e Gurupi, que, por sua vez, desaguam diretamente no oceano
Atlântico. A vegetação predominante é a floresta alta pré-amazônica. Certas
espécies pan-amazônicas estão historicamente ausentes na região, tais como
castanheira, assacu, mucajá, buriti e a vitória-régia. Vários espécimes da fauna
aquática do rio Amazonas, tais como poraquês, arraias, botos e peixes-boi, estão
também ausentes. Mas a diversidade de espécies, a área basal e a fisionomia da
floresta pré-amazônica são comparáveis às de outros lugares da floresta
Amazônica.
A maior parte da fauna terrestre, incluindo mamíferos, insetos, répteis e
aves é amazônica; alguns deles são até mesmo endêmicos ou raros e ameaçados,
tais como o jaguar, o periquito dourado, o macaco capuchinho Ka'apor e o sagüi
barbado, também um macaco.
3.3.3 Organização Social e Política
A aldeia Ka'apor (hendá) consiste normalmente em um ou dois
agrupamentos residenciais uterinos. O irmão mais velho das irmãs casadas em um
agrupamento uterino é normalmente o chefe (kapitã) do agrupamento, de forma que
uma aldeia pode ter mais do que um chefe se houver mais de um agrupamento
residencial. Enquanto a residência tende a ser uxorilocal2, com a maior parte dos
homens deixando o seu agrupamento de origem em razão do casamento para
residir com os familiares de suas esposas, pelo menos um homem permanece,
normalmente um filho do chefe, sendo a sua esposa quem se muda para viver com
ele; entretanto, se ela é filha da irmã do seu pai, real ou classificatória, pode ser do
mesmo agrupamento. O agrupamento é, politicamente, uma facção, baseada tanto
no fato da co-residência quanto na doutrina da descendência repartida. O poder
político do chefe se limita a acertar os casamentos de suas irmãs reais e
classificatórias com homens dispostos a casar no seu agrupamento, que lhe
garantem lealdade difusa assim como as filhas solteiras casadouras deles, para que
ele ou seus filhos possam casar mais tarde. A terminologia de parentesco é
2 Após o casamento, somente os homens se deslocam e passam a habitar a casa da sogra.
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
basicamente dravidiana, o que quer dizer que as pessoas chamam alguns de seus
parentes por afinidade por termos de parentesco cognático (por exemplo, "tio" e
"sogro" são a mesma palavra, tutyr). Portanto, a terminologia de parentesco
dravidiana implica na regra de casamento de primos cruzados (filhos de um irmão e
de uma irmã real ou classificatória). A descendência é bilateral e não há metades ou
linhagens. Não existem classes de idade tampouco grupos de festas cerimoniais. A
sociedade é basicamente igualitária, não havendo autoridade central (o que pode
estar mudando com as crescentes pressões de posseiros invasores). Cada aldeia
tende a agir como uma entidade politicamente autônoma. Mais de um agrupamento
uterino pode constituir uma aldeia, especialmente as que abrigam mais do que 30
pessoas. No passado, o tamanho médio de uma aldeia comportava de 25 a 50
pessoas; hoje, algumas aldeias, como a Zé Gurupi (ao sul), abrigam mais de cem, e
não está claro se os padrões de liderança e de residência pós-matrimonial do
passado poderão sobreviver. Algumas aldeias Ka'apor estão se tornando como
povoados. Esta concentração reflete um aumento na taxa natural de crescimento
populacional, bem como na pressão sobre o espaço disponível na terra indígena,
tanto por conta da recuperação populacional quanto pela invasão da área por
posseiros sem terra. Talvez a concentração em núcleos maiores lhes proporcione
mais segurança.
3.4 Povo Krikati
3.4.1 Histórico do Contato
Os Krikati tiveram suas terras invadidas por fazendas de gado desde o
século XIX e só tiveram seus direitos territoriais plenamente reconhecidos pelo
Estado brasileiro em 2004, depois de décadas de conflitos. Hoje procuram dar curso
ao seu modo de vida e visão de mundo característicos dos povos Timbiras que
habitam essa região.
Todas as referências históricas aos Krikati (“Caracati”) os situam
exatamente no território descrito por Nimuendajú – Casteneau (1844), Ferreira
Gomes (1859) e Marques (1870). Na sua “Memória sobre as Nações Gentias”,
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
escrita em 1819, o major Francisco de Paula Ribeiro menciona de passagem os
“Poncatgêz”, grupo cujo território coincide com aquele historicamente ocupado pelos
Krikati. Juntamente com seus vizinhos Pãrecamekra (que habitavam ao norte do Rio
Farinha, Tocantins abaixo), aqueles índios foram atacados em 1814 por uma
bandeira organizada em São Pedro de Alcântara e auxiliada pelos Mãcamekra
(Paula Ribeiro, 1841). Além da coincidência geográfica, o seu nome coincide com a
designação que os Gavião-Pukopjê e demais Timbiras dão aos Krikati: Põcatejê
(“aqueles que dominam a chapada”). Tudo leva a crer que os “Põcatgêz” de Paula
Ribeiro seriam na verdade uma subdivisão – mais meridional – dos assim chamados
Krikati.
Aguerridos e belicosos, os Krikati tornaram infrutíferas as tentativas de
colonização da região compreendida entre as cabeceiras do Pindaré e Tocantins (os
“Campos do Grajaú”) até 1841. Em 1817 o governo do Maranhão financiaria a
instalação de uma colônia militar nas margens do alto rio Grajaú, a Colônia
Leopoldina, para “chamar os índios da região à paz” e permitir a colonização. A
execução desse projeto ficou a cargo de Francisco Pinto de Magalhães, o “bem
sucedido pacificador dos Mâkamekra”, e contou com o apoio de 40 soldados de
linha. Porém em 1821 nada mais restava dessa colônia, pois Francisco de
Magalhães “(...) viu-se obrigado (...) em presença da ferocidade (dos índios) a
abandonar o presídio e retirar-se com dezoito homens”. (Marques; [1870] 1970;
200,362). Depois da instalação da colônia militar de Santa Thereza (atual Imperatriz
do Maranhão) – por ordem e expensas do governo do Pará – e do estabelecimento
ali do missionário Manuel Procópio, alguns grupos de índios Timbiras começariam a
estabelecer contatos pacíficos com o padre: “Os primeiros com que (o padre) tratou
foram os Apinayé – mas que infelizmente se rebelaram e abandonando o lugar que
habitavam, se internaram. Dirigiu-se então as malocas dos Caracatis, Caracatigês e
Gaviões e com mais fortuna pode estreitar com eles relações amigáveis, tendo já
chegado ao ponto de conseguir que seus Tuxauas ou chefes, lhe prometessem
segui-lo e aldeiarem-se sobre sua direção. Havia o missionário escolhido para
assentamento da povoação o lugar denominado – Campo dos Frades – que lhe
pareceu ser o mais conveniente” (Aguiar, 1851: 57/58). Estas são as principais
referências explícitas aos “Caracati” nas fontes históricas enquanto um grupo
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diverso dos “Gaviões” – e através delas ficamos sabendo também que os primeiros
contatos pacíficos com os “Caracatis” somente teriam acontecido em 1854.
3.4.2 Localização
A Terra Indígena Krikati está localizada nos municípios maranhenses de
Montes Altos e Sítio Novo, a sudoeste do estado. A TI é banhada por rios e córregos
das bacias do Tocantins (Lajeado, Arraia, Tapuio, entre outros) e Pindaré/Mearim.
Aliás, o primeiro destes importantes rios do Maranhão tem sua cabeceira principal
dentro da Terra Indígena.
Em 2005, os Krikati habitavam em duas aldeias: São José (a maior e mais
antiga) e Raiz, esta fundada poucos meses depois da conclusão da demarcação
física da área em 1999. Havia ainda uma aldeia (Cocal) composta por indivíduos
guajajaras casados com algumas mulheres Krikati, hoje chamada de Recanto dos
Cocais.
3.4.3 Organização Social e Política
Para os Timbiras o tempo é visto como uma sequência de verão (amcró)
e inverno (ta’ti), ou melhor, da estação da seca (que compreende os meses de abril
até setembro, aproximadamente) e da estação das chuvas (de outubro a março,
aproximadamente). Estas duas estações regulam os dois períodos cerimoniais da
vida social e também o conjunto das atividades produtivas. Grande parte dos ritos
ligados ao ciclo anual se concentra no período da estação das chuvas, enquanto a
estação seca se reserva para a realização de um dos ritos ligados à iniciação. As
festas (amji kin, literalmente: “alegrar-se”) Kricati, como nos demais povos Timbiras,
são relativas ao ciclo anual (festa do milho, da batata-doce, da mudança da estação
do ano), à iniciação dos jovens, à regulamentação das relações de parentesco e
interpessoais, usando as relações entre os animais como paradigma (como a festa
do peixe, do papa-mel, das máscaras), as festas relativas à assunção ou a entrega
da dignidade de wyty (menino ou menina ritualmente associado aos indivíduos do
sexo oposto da aldeia) ou ainda as festas e pequenas cerimônias relativas ao ciclo
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vital de um indivíduo (fim de resguardo do casal pelo nascimento de filhos, ritos de
reintrodução de alguém que ficou afastado por muito tempo do convívio na aldeia,
por doença ou luto). Nestes dois últimos casos (wyty e ciclo vital), a
responsabilidade pelo suprimento de comida e bens da aldeia é da casa de origem
do homem ou mulher.
Estas festas exigem uma farta distribuição de alimentos, e hoje em dia
algumas delas se prolongam em período de “latência” de vários meses até que a
aldeia promotora possa providenciar comida e outros itens necessários para sua
conclusão. Além da comida, são necessários miçangas e cortes de pano, que são
oferecidos para os participantes das outras aldeias. Cada festa é marcada pelo
nome de uma tora de corrida específica e por cantos específicos – o que leva à
conclusão que sem um “cantador” (incrercatê) que domine os cantos, não se pode
realizar determinado ritual. As aldeias que se encontram nesta situação superam o
problema “contratando” um cantador de outra aldeia do próprio grupo ou de outra
aldeia Timbira.
As festas marcam assim a solidariedade necessária ao convívio nas
aldeias e são momentos onde se enfatizam as regras de comportamento. Os amjkin,
além de proporcionar um momento de “alegria” e descontração (pois nestes
momentos os jovens têm a oportunidade de conhecer mulheres de fora, e os
homens e mulheres casadas, para experimentarem relações sexuais
extramatrimoniais, porém permitidas), são fundamentais para a atualização da
estrutura sociocultural e para o equilíbrio das relações internas.
3.5 Povo Gavião Pukobjê
A história do contato entre os índios Pykopjê e os brancos, bem como da
região em que habitam, pode ser dividida em dois períodos fundamentais para o
entendimento tanto da situação em que se encontram atualmente como do nível de
relações estabelecidas com a sociedade nacional. O primeiro período tem início em
fins do século XVIII e se estende até meados do séc. XX, quando o território
secularmente habitado pelos grupos Timbira passa a ser penetrado por duas frentes
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de expansão: a pastoril e a agrícola. Mas é a primeira destas frentes a responsável
direta pela fixação do homem brasileiro na região.
Embora o impacto causado pelo confronto entre os índios e os criadores
de gado tenha se revestido da mesma violência ocorrida em outras áreas de
penetração recente, ela é “atenuada”, em um segundo momento, quando
comparada às frentes agrícolas e principalmente extrativistas, pela não necessidade
da mão-de-obra indígena nas atividades de produção, consistindo essencialmente
numa luta pela posse da terra.
Os Pykopjê aparecem na literatura como os mais aguerridos dos grupos
Timbira, os que mais baixas impuseram às entradas e bandeiras, impedindo a
ocupação da região pelos criadores de gado. Entretanto, após muitas lutas, por volta
de 1850 os Pykopjê foram enfim dominados.
Segundo Nimuendaju, os Gaviões do Pará (ou Paracatejê) faziam parte
do grupo Pykopjê (ou Gaviões do Leste) e se constituíram como um grupo autônomo
a partir deste momento de “paz” com os “civilizados”, quando uma facção que
discordava dessa paz embrenhou-se na área de floresta onde atualmente se
encontra.
Após essa longa fase de guerras de “pacificação”, a região foi
definitivamente ocupada em 1852 com a fundação da cidade de Imperatriz. Após os
primeiros impactos causados pela penetração da frente pastoril, passou a região por
uma longa fase de relativa estagnação, tendo permanecido sua população rarefeita,
praticando uma agricultura e pecuária de subsistência. Tal situação permitiu que os
Pykopjê, após tantas guerras, pudessem viver em situação de relativa tranquilidade,
tendo tempo de rearticular-se enquanto grupo e de criar mecanismos de defesa e
atuação adaptados à nova realidade. Entretanto, na década de 1950, durante o
governo de Juscelino Kubitschek, diante da perspectiva de abertura da rodovia
Belém-Brasília, a região passa a sofrer profundas modificações. A chegada dos
“paulistas” – fazendeiros vindos do sul da Bahia, Minas e São Paulo – promoveu
uma rápida valorização das terras e marca o início de um segundo período na
história das relações entre os Pykopjê e a sociedade nacional.
O contingente formado pelos fazendeiros do sul buscou, de imediato,
localizar-se em terras consideradas de melhor qualidade, em pontos estratégicos de
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fácil acesso a Belém-Brasília. Tal processo acarretou um forte processo de
expropriação dos pequenos lavradores que, pressionados, foram obrigados a vender
suas terras, procurando então, num novo movimento de interiorização, áreas de
terra onde pudesse fixar-se. A consequência disso foi uma forte corrida para as
áreas habitadas pelas populações indígenas da região: Pykopjê e Kricati. Por sua
vez, os “paulistas” chegados na década de 1960 e 1970, não encontrando mais
terras “disponíveis” e em face da altíssima valorização das áreas mais cobiçadas,
voltam-se também para as zonas de mata, expulsando da terra os pequenos
posseiros localizadas em áreas indígenas – o que agravou a situação de tensão,
ocasionando vários incidentes entre índios e regionais.
Em 1976 ocorreu o ataque de um fazendeiro “paulista” a uma das aldeias
Pykopjê, Rubiácea, ateando fogo em todas as casas e fazendo com que seus
habitantes, sentindo-se ameaçados, abandonassem a aldeia e fossem residir na
aldeia Governador. Após este episódio, a FUNAI começaria a tomar providências
para a demarcação de suas terras (Barata, 1993), cujos limites foram estabelecidos
pelo órgão em 1977 e finalmente homologados em 1982. Mas sua extensão, de
menos de 42 mil ha, é insuficiente para a reprodução física e cultural de seus
habitantes, de modo que estão reivindicando junto à FUNAI a ampliação da Terra.
Até os anos de 1950 existiam três aldeias Pykopjê, ocasião em que se
abateu sobre elas uma grande epidemia de gripe. Muitos índios morreram nessa
época, e os sobreviventes foram buscar os que restaram para todos morarem juntos
numa mesma aldeia, a Governador. Depois de um tempo, essa aldeia começou a
crescer muito e em 1990 foi dividida de novo. Daí surgiram três aldeias: Riachinho,
Governador e Rubiácea e atualmente surgiram mais três aldeias: Água Viva, Monte
Alegre e Nova.
Quanto às três aldeias Guajajaras na TI – Borges, Faveira e Barriguda –,
foi feito um pedido desses grupos Guajajaras aos Pykopjê para que pudessem
ocupar um pequeno espaço da área, pois eles não tinham para onde ir e não
queriam ir para a cidade, de modo que os Pykopjê permitiram sua entrada.
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3.5.1 Localização
Os Pykopjê habitam a parte sudoeste do Estado do Maranhão, na
microrregião de Imperatriz, que abrange uma faixa do contato entre a floresta
amazônica e as formações de cerrado. Estão localizados mais precisamente em
uma pequena faixa de terra de com cerca de 41.644 hectares de extensão, no
município de Amarante, a uma distância de apenas 10 km da sede do município.
Essa área compreende a Terra Indígena Governador, que também conta com
aldeias dos índios Guajajaras.
3.5.2 Organização Social e Política
Comum aos povos Timbiras e descrita no item Organização Social e
Política dos Krikatis.
3.6 Povo Guajá
3.6.1 Histórico do Contato
Os Guajá, que vivem na pré-amazônia brasileira, constituem um dos
últimos povos caçadores e coletores no Brasil. Além dos aldeados pela Fundação
Nacional do Índio (FUNAI), um certo número de Guajá vive na floresta, sem contato
permanente com a sociedade regional. As origens deste povo são obscuras, porém
acredita-se que seja originário do baixo rio Tocantins no estado do Pará. Formava,
provavelmente junto aos Ka’apor, Tembé e Guajajara (Tenetehara), um conjunto
maior, da família linguística Tupi-Guarani naquela região (Gomes 1988, 1989 &
1991; Balée 1994).
Na medida em que a expansão colonial foi exercendo uma pressão sobre
estes grupos indígenas, houve uma dispersão dos mesmos. Acredita-se que a partir
do conflito da Cabanagem, em torno de 1835-1840, este conjunto iniciou uma
migração no sentido leste, rumo ao Maranhão. É provável que por volta de 1950
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todos os Guajá já estivessem vivendo neste estado, no lado leste do rio Gurupi
(Gomes 1989 & 1991).
3.6.2 Localização
Os Guajá em contato permanente vivem no noroeste do estado do
Maranhão, nas Terras Indígenas Alto Turiaçu e Caru. Desde 1982 tentou-se
estabelecer uma nova área para os Guajá, a TI Awá. A criação desta reserva em
2005, ligou a TI Caru à TI Alto Turiaçu, estabelecendo assim um terreno contínuo,
em tese menos sujeito às invasões. Além de fornecer mais segurança, esta fusão
proporciona aos Guajá uma maior área para continuar as suas atividades de
subsistência. Servindo ainda como um território próprio, dado que a TI Caru e a TI
Alto Turiaçu são compartilhadas com as etnias Ka´apor, Timbira e Guajajara.
Acredita-se que alguns grupos Guajá, sem contato, residam nesta área,
assim sua demarcação proporciona proteção maior aos mesmos. Certos trechos da
área em questão já se encontram degradadas, além de existirem estradas cortando
o terreno. Porém, foi de suma importância a demarcação e homologação desta
reserva a fim de garantir um futuro mais seguro para os Guajá. A demora em
finalizar o processo demarcatório da área deveu-se, principalmente, à pressão dos
grandes interesses político-econômicos da região.
Na TI Araribóia, ao sul das TI Alto Turiaçu e Caru, foram avistados outros
grupos Guajá pelos Guajajara. Acredita-se, também, que existam outros Guajá
dentro da Reserva Biológica Gurupi, adjacente a TI Caru, a oeste. Dentro das
próprias TI Alto Turiaçu e TI Caru foram observados mais grupos arredios e
acampamentos abandonados, informações estas provindas dos Ka´apor e dos
Guajá contatados.
Ainda há informações de grupos mais distantes que se movem por uma
série de serras e chapadas que ligam os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí,
Goiás, Bahia e Minas Gerais. Este eixo, inclusive, tem servido como um refúgio
natural para os Guajá e já conduziu alguns indivíduos até Bahia e Minas Gerais. O
deslocamento por todas estas extensões demonstra a capacidade dos Guajás de se
adaptarem em vários ecossistemas diferentes.
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3.6.3 Organização Social e Política
Ao longo de sua vida, tanto um homem quanto uma mulher podem ter
vários matrimônios sucessivos. Não existe um tipo de casamento preferencial. Fica,
no entanto, difícil reconstruir o parentesco distante dos Guajá, uma vez que estes
indígenas se dispersaram e ficaram reduzidos a meros fragmentos de sua
população original. Antes do contato com a FUNAI, supõe-se que os Guajá
exploravam as matas do Maranhão em grupos de cinco a trinta pessoas. Houve
indivíduos que andaram por terras extremamente distantes de seu hábitat original
como no caso de dois índios que foram encontrados na Bahia e em Minas Gerais,
respectivamente. Um destes casos foi matéria de notícia na TV Cultura de Belém
(Pará). Trata-se do índio Guajá Karapiru, que sofreu emboscada de fazendeiros,
junto à sua família, no Maranhão, e foi obrigado a fugir para as matas sozinho, onde
sobreviveu durante dez anos, até ser encontrado às margens de uma fazenda, no
estado da Bahia. A frente de atração da FUNAI fez com que muitos grupos Guajá
desconhecidos ficassem aldeados juntos, o que possivelmente transformou a
organização social entre eles. É permitido o casamento entre primos cruzados,
embora a restruturação social dos Guajá favoreça, preferencialmente, o casamento
entre pessoas de grupos não relacionados. Neste sentido, talvez seja mais
apropriado compreender a prática do casamento atual entre os Guajá como uma
forma de "aliança" entre grupos que outrora exibiam uma certa tensão. Em alguns
casos, a própria FUNAI serviu de intermediadora de casamentos entre pessoas de
aldeias diferentes.
Além disso, desde que as hostilidades entre os grupos Guajá e Ka’apor
foram apaziguadas pela FUNAI, na década de 1970, a interação entre estes povos
tem sido de natureza amistosa, tanto que existe, atualmente, um casamento entre
um homem Guajá, da aldeia do PI Guajá, com uma mulher Ka’apor, da aldeia
Urutawy, ambas da TI Alto Turiaçu. Também sob influência da FUNAI, um outro
índio Guajá teve dois casamentos com mulheres brancas oriundas de povoados
circunvizinhos da TI Caru. Neste último caso, o índio em questão alegava ter
"vergonha" de ser índio e ter preferência particular por mulheres não indígenas.
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3.7 TIMBIRA E KRENYÊ
Timbira é o nome que designa um conjunto de povos: Apinayé, Canela
Apaniekrá, Canela Ramkokramekrá, Gavião Parkatejê, Gavião Pukopjê, Krahô e
Krikati. Outras etnias timbiras já não se apresentam como grupos autônomos: os
Krenyê e Kukoikateyê vivem entre os Tembé e Guajajaras, que falam uma língua
tupi-guarani (Tenetehara); os Kenkateyê, Krepumkateyê, Krorekamekhrá,
Põrekamekrá, Txokamekrá, recolheram-se e se dissolveram entre alguns dos sete
povos timbira inicialmente enumerados.
O nome Krenyê também se aplica a dois povos. O primeiro vivia nas
proximidades da localidade maranhense de Bacabal, no baixo Mearim, sendo a ele
pertencentes os Krenyês que hoje, estão em Barra do Corda.. O outro vivia no
médio Tocantins e transferiu-se para o rio Gurupi, tendo vivido algum tempo junto a
um afluente deste, o Cajuapara.
Quanto ao nome mais geral, Timbira, Curt Nimuendaju, o etnólogo
pioneiro no estudo desses povos, admite que, se for de origem tupi, então pode
significar "os amarrados" (tin = amarrar, pi'ra = passivo), uma referência às inúmeras
fitas de palha ou faixas trançadas em algodão que usam sobre o corpo: na testa, no
pescoço, nos braços, nos pulsos, abaixo dos joelhos, nos tornozelos. Mas vários
desses grupos chamam a si mesmos de Mehím.
Quando o etnólogo Curt Nimuendaju escrevia seu livro The Eastern
Timbira, publicado em 1946, os Krenyê e os Kukoikateyê ainda moravam em
localidades próximas, na floresta, a certa distância da margem direita do baixo
Grajaú. Destes povos há atualmente representantes dos Kukoikateyê, que vivem na
Terra Indígena Geralda/Toco Preto, cortada pelo rio Grajaú, no município de mesmo
nome, junto com índios Guajajara.
Em qualquer dos povos timbira da atualidade, os homens, além da língua
indígena, falam fluentemente o português; as mulheres, mesmo quando não o falam,
entendem. É bem provável que os Krenyê e os Kukoikateyê não mais façam uso da
língua timbira
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3.7.1 Histórico do Contato
O contato com os civilizados data do século XVIII. Em 1728 registra-se
uma grande invasão timbira na localidade de Oeiras, então capital da capitania do
Piauí. Porém, já na segunda metade do mesmo século não há mais notícia de
presença timbira a leste do rio Parnaíba. Foram as fazendas de gado em expansão
da Bahia para o Piauí e daí para o Maranhão que entraram em choque com eles,
empurrando-os para oeste. No norte do Maranhão, área florestal, desenvolviam-se
então as grandes plantações de arroz e algodão. Essa atividade também fazia
pressão sobre os Timbiras, porque necessitava de escravos para as plantações e
para os descaroçadores de algodão. Um outro mercado de escravos era Belém, que
se comunicava com a região timbira por meio do rio Tocantins. Favorecia a
escravização dos Timbiras uma Carta Régia de 5 de setembro de 1811, que permitia
a escravidão temporária dos índios do Tocantins e Araguaia que resistissem aos
colonizadores. Os índios eram combatidos por tropas constituídas de civis e militares
e ainda por índios cooptados, como os Krahó.
É possível distinguir três situações de contato com base na principal
atividade econômica regional: a) os que tiveram contato com as fazendas que fazem
criação extensiva de gado, que dispensam a contribuição de muitos trabalhadores,
ficaram à margem da atividade pecuária e não raro têm sido os mais hostilizados por
ocuparem terras necessárias à expansão desses estabelecimentos e por
transformarem em alvo o gado que ocupou suas áreas de caça. Mas, por outro lado,
são os que mais guardaram do modo de vida tradicional. Sem trabalho que lhes
produza um rendimento monetário que lhes permita comprar artigos industrializados,
tentam consegui-los por meio das longas viagens às grandes cidades. É o caso dos
Apanyekrá, Krahó, Pukobyê e Krikati; b) aqueles que, habitando a floresta, se viram
diante de uma frente extrativa de um produto de alto valor comercial, ao inserirem-se
nesta atividade, modificaram rapidamente sua cultura. É o caso dos Parkatêjê, que,
estabelecendo contato pacífico com os brancos, coletores de castanha-do-pará,
somente por volta de 1955, têm hoje sua cultura indígena muito mais modificada do
que os Timbiras que estão há quase dois séculos em contato com as fazendas de
gado; c) aqueles que puderam participar da extração de um produto de valor
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comercial mediano, garantindo-lhes um suprimento de artigos industrializados não
muito grande, mas constante, mantiveram boa parte de suas tradições, mas não
tanto como os que estão ao lado da atividade pecuária; é o caso dos Apinayés, que
extraem o coco babaçu, embora os Timbiras das vizinhanças do rio Gurupi que
participam da extração do óleo da copaíba estejam numa situação diferente, e pouco
conhecida.
Obviamente, esse é um modo de ver pautado nas perspectivas
etnológicas de meados do século XX, quando se consideravam as mudanças nas
culturas indígenas de acordo com a frente econômica que com elas fazia contato.
Hoje é preciso levar em conta outras formas de contato, como as grandes obras de
infraestrutura que, no caso dos Timbira, afetaram direta ou marginalmente sobretudo
o noroeste florestal da região em que vivem: a rodovia Belém-Brasília, a ferrovia
Serra de Carajás-Itaqui; a hidrelétrica de Tucuruí; as linhas de transmissão de
energia; as grandes empresas agropecuárias.
3.7.2 Localização
Os Timbiras Krepumkateyê e os Kukoikateyê remanescentes se
distribuem entre as aldeias da TI Geralda/Toco Preto, no município de Itaipava do
Grajaú.
3.7.3 Organização Social e Política
Comum aos povos Timbiras e descrita no item Organização Social e
Política dos Krikati.
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
4 CARACTERIZAÇÃO DOS POLOS BASE
POPULAÇÃO INDÍGENA POR POLO BASE
POLO BASE Nº de
Aldeias População
Distância da sede do
DSEI/MA
AMARANTE 64 6.406 778 km
ARAME 62 5.315 489 km
BARRA DO CORDA 109 11.119 439 km
GRAJAÚ 66 7.363 557 km
SANTA INÊS 15 1.566 251 km
ZÉ DOCA 12 1.565 316km
TOTAL 328 33.334
Fonte: SIASI/DSEI/MA/SESAI/MS
O Conselho Distrital de Saúde Indígena aprovou a criação dos Polos
Bases de Bom Jesus e Krikati atualmente pertencentes ao Polo Base Amarante,
aguardando homologação.
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
4.1 Polo Base Amarante
O polo Base Amarante situado no município de Amarante do Maranhão
possui quatro Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena-EMSI, distribuídas e
atuando em quatro territórios contíguos, como demonstrado no mapa abaixo:
Fonte: SESANI/DSEI/MA/SESAI/MS
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
ALDEIA POPULAÇAO ALDEIA POPULAÇAO
ÁGUA VIVA 106 KAATÉ 29
ALMESCLA 25 KARY 122
ANGELIM 39 KATITU 63
ANTA 8 LAGOA COMPRIDA 197
ARAPARI 48 LAGOA DO MANEZINHO 38
ARARIBÓIA 228 LAGOA QUIETA 86
BACABALZINHO 159 LAGOA TORTA 24
BACURI 63 MAMÃO 9
BACURÍ II 34 MARAJÁ 52
BARREIRO 226 MIRINDIBA 23
BARRIGUDA 99 MONTE ALEGRE 65
BELA VISTA 60 MUCURA 215
BEZERRA 59 NOVA 64
BOM JARDIM 40 NOVA CABEÇEIRA 41
BORGES 187 NOVA JERUSALÉM 96
BREJINHO 19 NOVA VIANA 76
BURACÃO 69 NOVO FUNIL 128
BURITIRANA 44 OLHO DÁGUA 37
CABEÇA DA ONÇA 38 PACIÊNCIA 31
CAFETEIRA 25 PLACA 26
CAMPO ALEGRE 52 RAIZES 103
CANUDAL 166 RECANTO DOS COCAIS 75
CEROZAL 46 RIACHINHO 74
CHUPÉ 118 RUBIACEA 279
CIGANA 93 SÃO JOSÉ 769
FAVEIRA 157 SERRINHA 45
FORMOSA 62 TAMBURI 19
GOVERNADOR 236 TARUMÃ 69
GUARUHÚ 166 TAWARI 48
IPORANGATÚ 78 TRÊS LAGOAS 58
JENIPAPO DOS RIBEIROS 99 TRÊS PASSAGENS 149
JUÇARAL 405 VILA FELIZ 42
Fonte: SIASI - FUNASA/MS
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
4.2 Polo Base Arame
O polo Base Arame com sede no município de Arame possui três Equipes
Multidisciplinares de Saúde Indígena-EMSI, distribuídas e atuando em três territórios
contíguos, como demonstrado no mapa abaixo:
Fonte: SESANI/DSEI/MA/SESAI/MS
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
ALDEIA POPULAÇÃO ALDEIA POPULAÇÃO
ABRAÃO 278 MALAQUIAS 24
ÁGUA BRANCA 161 MANGUEIRA 74
ANAJA 51 MARAJÁ 132
ANGICO TORTO 292 MARAJÁ I 30
BACURI DOCE 54 NOVA CONVIVÊNCIA 128
BARREIRINHA 43 NOVA LIMA 35
BARRO BRANCO 88 NOVA LIMA I 56
BELA VISTA 56 NOVA PROVIDÊNCIA 3
BETEL 58 NOVO ZUTIUA 61
BOA ESPERANÇA 117 PAPAMEL 52
BURITIRANA 64 PATIZAL 69
BURITIZAL 28 PIQUIZEIRO 38
CAJA 65 PONTA DÁGUA 104
CAJU JANEIRO 27 PORTUGAL 103
CAJUEIRO 28 SAFROAL 36
CANA BRAVA 99 SÃO ROMÃO 11
CAPIM QUEIMADO 90 SAPUCAIA 68
COCALIN I 36 SUCURUIU 48
COCALINHO 71 SUSSUAPARA 12
CRIULY 108 TAMBURIZINHO 40
CURURU 229 TARRAFA 62
DIVISA 37 TIRIRICA 140
ESTIRÃO 98 TIRIRICA II 26
FORMIGA 43 TOARIZINHO 141
JABUTI 65 TUCUMÃ 24
JACARÉ 140 VARGEM LIMPA 239
JACAREI 35 VILA NOVA 17
JACU 94 VILA TARRAFA 61
JOÃO AVELINO 22 ZÉ LEAL I 53
LAGO BRANCO 156 ZÉ LEAL II 50
LAGOA VERMELHA 50 ZUTIUA 595
Fonte: SIASI - FUNASA/MS
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
4.3 Polo Base Barra do Corda
O Polo Base Barra do Corda com sede no município de Barra do Corda
possui sete Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena-EMSI, distribuídas e
atuando em sete territórios contíguos, como demonstrado no mapa abaixo:
Fonte: SESANI/DSEI/MA/SESAI/MS
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ALDEIA POPULAÇÃO ALDEIA POPULAÇÃO
ALAGOINHA MEARIM 13 MACAUBA BR 82
ALDEIA VELHA 105 MAINUMY 70
ALTAMIRA II 70 MANGUEIRA 77
ALTAMIRA 1 56 MANGUEIRINHA BR 7
ANGELA AMORIM 12 MARDONIO 93
ARROZ 45 MARECHICO 55
BAIXÃO DO PEIXE 186 MARIA JOANA 28
BARRERINHA 195 MASSARANDUBA 25
BEIRA RIO 47 MISSAO NOVA 32
BOA ESPERANÇA 64 MONTANHA 33
BOA VISTA 44 MUSSUN 112
BOM JESUS 35 MYRYTIA 24
BONITA 30 NOVA 231
BUEIRA 80 NOVA BARRERINHA 54
CACHOEIRA 235 NOVA ESPERANÇA 18
CACHOEIRA COMPRIDA 30 NOVA ESPERANÇA 12
CACHOEIRINHA 61 NOVA VIDA 2
CACIMBA VELHA 197 NOVO EGITO 22
CAJAZEIRA 1 PANTANAL 21
CAJAZEIRA BERNIZ 41 PARAISO 166
CAJUEIRO REAL 82 PATIZAL 150
CANA BRAVA 613 PEDRA BRANCA 46
CANA-FISTULA 42 PEDRINHA 52
CANELEIRO 37 PLANALTO 22
CÃO FORMOSO 14 POMPEU 61
CASTANHAL 66 PORCO 108
CASTELO 5 PORQUINHOS 718
CHAPADINHA 49 RAIMUNDÃO 46
CHUPÉ 110 RAPOSA DO SOL 14
COCALINHO 121 RECANTO 48
COLONIA 638 REMANSO 53
COROATÁ 28 RIBEIRO 15
CRIOLY 90 RODEADOR 121
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
CRIOLY II 17 SANTA MARIA 161
CRIOLYZINHO 15 SÃO PEDRO 203
CUMARU 19 SAPUCAIA BR 60
DANIEL 16 SAPUCAIA DO MEARIM 66
DESCENDENTE DE SEVERINO 37 SARDINHA 209
EL BETEL 89 SARDINHA NOVA 53
ESCALVADO 2.145 SIBIRINO 86
FELIPE BONE 297 SOBRADINHO 32
FORMOSA 24 SUMAUMA I 114
GERALDA / TOCO PRETO 114 TABAJARA 27
INGARANA 112 TAIJARA 37
JATOBÁ 75 TAIWÁ 14
JENIPAPINHO 17 TALHADO 37
JENIPAPO 60 TAMARINDO 63
JERICÓ 8 TAMBURÍ 49
KITARA 79 TITIU 44
KURUMIM WAHY 28 URUAÇU 58
KWARAHY 142 VENTURA 14
LAGOA COMPRIDA I 52 VILA NOVA 56
LAGOA COMPRIDAII 139 VILA NOVA 43
LEITE 46 YWYPORANG 16
MACAÚBA 86
Fonte: SIASI - FUNASA/MS
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
4.4 Polo Base Grajaú
O Polo Base Grajaú com sede no município de Grajau possui seis
Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena-EMSI, distribuídas e atuando em seis
territórios contíguos, como demonstrado no mapa abaixo:
Fonte: SESANI/DSEI/MA/SESAI/MS
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
ALDEIA POPULAÇÃO ALDEIA POPULAÇÃO
ALDEIA NOVA 74 MANGUEIRA 114
APERTADO 95 MARCULINO 12
BACURIZINHO 809 MORRO BRANCO 320
BANANAL 466 NÃO ALDEIADOS 3
BATIZAL 9 NOVA JERUZALEM 100
BELA VISTA 77 OLHO D¿AGUA 245
BETANIA 41 PAPAGAIO 134
BOA ESPERANÇA 124 PAU D¿ARCO 71
BONITA 67 PAU FERRADO 115
BURITIRANA 72 PEDRA 53
BURITIZAL 67 PEDRA GRANDE 17
BURITIZINHO 79 PEDRA JACARÉ 89
CABEÇA DA ONÇA 47 PIAÇABA 55
CABOCLO 12 PIQUIZINHO 50
CAJAZEIRA 101 PLANALTINA 19
CAPINZAL 64 PLANALTO 22
CHAPADINHA 331 PLANICIE 50
COCAL 213 POÇO VELHO 72
COCALINHO 42 SABONETE 76
COQUINHO 421 SABONETE DO LEÃO 52
COQUINHOII 106 SANTA RITA 89
CUMARÚ 113 SÃO JOSÉ 44
ENTRADA DA JUREMA 8 SAPUCAIA 4
FAVEIRA 113 SITIO 70
FORMIGUEIRO 117 SUMAÚMA DO BACURIZINHO 10
GAMELEIRA 48 SUMAÚMA II 64
ILHA SÃO PEDRO 120 SUSUAPARA 27
IPÚ 560 TABOCA 182
ITAPEW 9 TABOQUINHA 37
JAPÃO 56 TALHADO 28
JURUÁ 254 TAMARINDO 163
LAGOA COMPRIDA 38 TERRA NOVA 36
MACACO 49 URUCÚ 138
Fonte: SIASI - FUNASA/MS
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
4.5 Polo Base Santa Inês
O Polo Base Santa Inês com sede no município de Santa Inês, possui
duas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena-EMSI, distribuídas e atuando em
quatro territórios contíguos, como demonstrado no mapa abaixo:
Fonte: SESANI/DSEI/MA/SESAI/MS
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
ALDEIA POPULAÇÃO
AGUA BRANCA 19
AREIÃO 97
AWÁ 187
CANAÃ 22
ESCADA 7
JANUARIA 452
JURITI 43
MAÇARANDUBA 238
NOVA VIDA 14
NOVO PLANETA 67
PIÇARRA PRETA 209
PV2 11
SANTA RITA 27
TABOCAL 117
TIRACAMBÚ (MIRÍ MIRÍ) 56
Fonte: SIASI - FUNASA/MS
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
4.6 Polo Base Zé Doca
O Polo Base Zé Doca com sede no município de Zé Doca possui duas
Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena-EMSI, distribuídas e atuando em
quatro territórios contíguos, como demonstrado no mapa abaixo:
Fonte: SESANI/DSEI/MA/SESAI/MS
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
ALDEIA POPULAÇÃO
AXINGUIRENDÁ 395
BACURIZEIRO 54
CAPITÃO MIRÁ 44
GUAJÁ 100
KUMARÚ 27
MARACAÇUMÉ 33
MYRAWYRENDÁ 105
PIQUIIZEIRO 104
TURIZINHO 58
XIMBORENDÁ 439
YAPÚ 6
ZÉ GURUPI 200
Fonte: SIASI - FUNASA/MS
5 MORTALIDADE MATERNA, INFANTIL E FETAL
A redução da mortalidade materna, infantil e fetal no Brasil representa um
desafio para os serviços de saúde e a sociedade como um todo, se encontra entre
as prioridades do Ministério da Saúde. Desta forma, a vigilância dessas mortes e os
fatores intervenientes constitui uma importante estratégia dando visibilidade às
elevadas taxas de mortalidade no País, contribuindo para melhorar o registro de
óbitos e possibilitar a adoção de medidas para a prevenção de óbitos considerados
evitáveis pelos serviços de saúde.
Essas metas contribuem para o cumprimento do compromisso assumido
pelo governo Brasileiro na reunião da Cúpula do Milênio, compromisso assumido
pelos países integrantes da Organização das Nações Unidas realizada de 6 a 8 de
setembro de 2000, em Nova Iorque (ONU), do qual participaram líderes de 191
países, entre eles o Brasil, para o combate à pobreza, à fome, ao analfabetismo, à
discriminação contra a mulher, à mortalidade infantil, aos agravos a saúde materna,
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
às doenças, à degradação do meio ambiente, visando diminuir a desigualdade e
melhorar o desenvolvimento humano no mundo até 2015 (United Nations, 2000).
No ano de 1987 o Ministério da Saúde iniciou sua atuação no campo da
vigilância do óbito materno, apoiando a implantação dos Comitês de Morte materna
a exemplo de experiências internacionais valorizadas pela Organização Pan-
Americana da saúde (OPAS).
Considera-se a mortalidade materna um indicador sensível à qualidade de
vida de uma população, por se referir a mortes consideradas precoces e evitáveis,
que em sua quase totalidade atinge mulheres com menor acesso aos bens sociais,
desta forma, considerado uma grave violação dos direitos humanos das mulheres
(Brasil, 2011). Esta situação reflete principalmente, a desarticulação,
desorganização e qualidade inadequada da assistência de saúde prestada à mulher
durante o ciclo gravídico-puerperal, pois a assistência pronta, oportuna e adequada
pode evitar a maioria dessas mortes.
Embora a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) para os indígenas ainda seja
mais elevada que a Taxa para a população geral, a análise da série história ao
longo dos últimos anos apontam uma tendência de queda significativa. No ano de
2000 a TMI era de 74,6 e em 2009 atingiu os valores de 41,9 óbitos para cada mil
nascidos vivos o que representa uma variação de 43,8 % no período.
A mortalidade infantil no DSEI/MA vem seguindo a tendência de queda da
mortalidade infantil do Estado, porém com um coeficiente maior tendo em vista a
vulnerabilidade dos Povos Indígenas aliada aos aspectos sócios culturais desses
Povos, como demonstrado no Gráfico 1.
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
Gráfico 1- Coeficiente de Mortalidade Infantil 2007 e 2012 DSEI-MA Fonte: SIM/DSEI/MA
Observa-se uma queda acentuada no coeficiente de mortalidade infantil
no período entre os anos 2007 e 2010, com um discreto aumento nos anos de
2011e 2012, isso se deve ao fato na melhoria da qualificação das informações.
As principais causas de morte no primeiro ano de vida que merecem
atenção especial são as doenças do aparelho respiratório que tem como principal
causa as pneumonias e as doenças com sinais e sintomas com causas mal
definidas que estão relacionadas à dificuldade de preenchimento das declarações de
óbito.
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
Gráfico 2- Principais causas morte < ano Dsei/MA Fonte: SIM/DSEI/MA
O diagnóstico desta situação evidencia que as causas, de um lado, são
relativas a agravos da gestação que levam ao nascimento prematuro e
complicações no momento do parto e, de outro, como as IRAS, as causas sem
assistência médica e outras complicações não especificadas, todas elas, na maioria
dos episódios, causas evitáveis.
No ano de 2011 o DSEI/MA em parceria com UNICEF e Secretária
Estadual de Saúde do Maranhão realizou Capacitação em Atenção Integrada às
Doenças Prevalentes na Infância, sendo capacitados 24 profissionais que compõe
as equipes multidisciplinares de saúde indígena com o objetivo de reduzir a
morbimortalidade infantil.
Em relação a Mortalidade Materna no ano de 2011 morreram 3 mulheres
e em 2012 morreram 4 mulheres, totalizando 07 mulheres ao todo. Vale ressaltar
que todas eram mulheres em idade fértil na faixa etária entre 13 e 27 anos. As
principais causas do óbito foram hipertensão com 3 óbitos, hemorragia com 3 óbitos
e óbito por mola hidatiforme.
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
Gráfico 3 - Coeficiente de Mortalidade Materna 2011 e 2012 DSEI-MA Fonte: DIASI/DSEI/MA
Gráfico 4 – Principais causa morte materna Fonte: DIASI/DSEI/MA
5.1 Fluxo das Informações do Óbito
Quando o óbito na população indígena do DSEI/MA ocorre no hospital o
mesmo emite a DO (declaração de óbito) que segue para ser inserido no SIM
municipal e uma cópia é enviada para Polo Base e o mesmo encaminha para o
DSEI para inserção no SIASI e FORMSUS.
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
Quando o óbito acontece na aldeia e a EMSI possui o profissional médico
o mesmo emite a DO. Quando a EMSI não possui médico em sua composição, o
enfermeiro promove a emissão do óbito em cartório que nem sempre é possível
devido à resistência do mesmo, o que tem ocasionado muitas subnotificações de
óbitos e o mesmo é enviado ao Polo Base que encaminha uma cópia para o SIM
municipal e outra para o DSEI/MA.
Fonte: DIASI/DSEI/MA
O monitoramento dos óbitos ocorre mensalmente através das planilhas
enviadas pelas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena à DIASI, juntamente
com as declarações de óbito, as planilhas utilizadas são as recomendadas pela
DASI/SESAI além de outras elaboradas pelas Responsáveis Técnicas com o
objetivo de qualificar a informação.
Constatam-se ainda dificuldades dos profissionais em estar enviando
informações incompletas e não fidedignas, atraso no envio das informações à sede
do DSEI, falho no preenchimento dos relatórios de óbito com inconsistências nas
informações, dificuldades dos profissionais em definições em aborto/óbito fetal,
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
natimorto/óbito neonatal, o que demonstra a necessidade urgente de capacitação
em Vigilância do óbito.
Com relação ao Comitê de Investigação de Óbito dos 6 polos existentes,
que contemplam 20 municípios onde possuem população indígena, nenhum possui
comitê instalado o que dificulta a investigação dos óbitos ocorridos entre os
indígenas na área de abrangência do DSEI/MA.
Porém a Responsável Técnica pela Saúde da Criança e pela Vigilância do
Óbito participa do Comitê Estadual de Investigação do Óbito Materno, Infantil e Fetal
do Estado do Maranhão, apesar do mesmo encontrar-se em fase de implementação.
Participa ainda da rede estadual pela primeira infância.
6 MONITORAMENTO DA GESTANTE
a) Quantidade de gestantes existente por Polo Base
Polo Base
Número de Gestantes – 2012
TOTAL JAN
FE
V MAR
AB
R MAI
JU
N JUL
AG
O
SE
T
OU
T NOV
DE
Z
AMARANTE 14 34 9 50 19 24 8 5 22 28 25 15 253
ARAME 6 - 18 29 22 24 36 7 23 13 7 7 192
BARRA DO CORDA 43 7 11 65 23 22 20 22 18 23 17 6 277
GRAJAÚ 17 12 23 22 64 27 23 15 17 38 22 14 294
SANTA INÊS 7 2 3 2 7 4 2 5 5 1 6 4 48
ZÉ DOCA 15 4 1 10 3 12 5 6 8 4 - 3 71
Total de Gestantes do
DSEI 102 59 65 178 138 113 94 60 93 107 77 49 1.135
Comentários:
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
Polo Base Número de Gestantes - 2013
TOTAL JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
AMARANTE 18 34 20 15 13 13
113
ARAME 21 7 16 26 12 09
91
BARRA DO CORDA 25 16 40 16 29 18
144
GRAJAÚ 31 46 35 22 12 31
177
SANTA INÊS 3 6 3 - - -
12
ZÉ DOCA 3 7 6 - - 3
19
Total de Gestantes do
DSEI 101 116 120 79
66
74
556
Comentários: A DIASI só tem as informações consolidadas até o mês de junho
b) Local de Realização do Parto
Ano de
2012
(janeiro a
dezembro)
Polo Base¹
Número de partos
ocorridos na Aldeia
Número de partos
ocorridos no Hospital
Outros
AMARANTE 82 111 -
ARAME 54 92 2
BARRA DO CORDA 102 180 6
GRAJAÚ 44 258 3
SANTA INÊS 11 7 33
ZÉ DOCA 46 27 -
Total
339 675 44
Ano de
2013
(Janeiro a
junho)
Polo Base¹
Número de partos
ocorridos na Aldeia
Número de partos
ocorridos no Hospital
Outros
AMARANTE 10 46 -
ARAME 31 51 -
BARRA DO CORDA 38 68 -
GRAJAÚ 17 93 -
SANTA INÊS 1 16 3
ZÉ DOCA 7 19 -
Total
104 293 3
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
Comentários: Observa-se existir uma predominância de partos realizados em
ambiente hospitalar, nos Polos Bases de Santa Inês e Zé Doca a predominância na
aldeia deve-se ao fato dos Povos Indígenas Guajá e Ka’apor ainda manterem o
parto tradicional.
O pré-natal geralmente é realizado e acompanhado pelas EMSIs quando
nas visitas as aldeias ou quando as gestantes procuram o Polo Base. Os exames
são realizados nas referências nos municípios sede do Polo Base. A média no
DSEI/MA é de 2 a 3 consultas de pré-natal por gestante durante a gestação.
c) Número de consultas de pré-natal por gestantes
CONSUTAS PRÉ-NATAL Nº CONSULTAS % CONSULTAS
2012 2013 2012 2013
NENHUMA 43 13 3,8 3,1
2 CONSULTAS 335 119 29,5 28,6
3 CONSULTAS 207 56 18,2 13,5
4 CONSULTAS 158 25 13,9 6,0
5+ CONSULTAS 162 37 14,3 8,9
SEM INTORMAÇÃO 230 166 20,3 39,9
TOTAL 1135 416 100 100
Comentários: Observa-se que a média de duas consultas por gestantes e um
número grande sem informação.
Quando a gravidez é de alto risco geralmente a gestante é encaminhada
para as CASAIs localizadas nos municípios de Imperatriz e São Luís que possui
unidades de saúde preparadas para atender.
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
d) Referências para exames laboratoriais de pré-natal por Polo Base:
POLO BASE
Nome do Serviço conforme CNES²
Número do
CNES² Cidade
Tipo de Gestão³
Público Municipal
Público Estadual
Conveniada ao SUS
AMARANTE
HOSPITAL MUNICIPAL SAO JOSE DE RIBAMAR
3667804 Amarante do
Maranhão X
HOSPITAL MUNICIPAL DR MILTON LOPES
2531771 Bom Jesus das
Selvas X
LABORATORIO MUN DE ANALISES CLINICA ANA CLEIA DOS S CARNEIRO
5469201 Amarante do
Maranhão X
ARAME
HOSPITAL MUNICIPAL DE ARAME
2463954 Arame X
HOSPITAL SANTA NEUSA LTDA
2462729 Grajaú X
BARRA DO CORDA
HOSPITAL ACRISIO FIGUEIRA
2462591 Barra do Corda X
HOSPITAL MATERNO INFANTIL
2462583 Barra do Corda X
LABORATORIO CLINICO SAO PAULO
2530899 Barra do Corda X
LABORATORIO FONSECA 2530929 Barra do Corda X
GRAJAÚ
HOSPITAL SANTA NEUSA LTDA
2462729
Grajaú
X
HOSPITAL SAO FRANCISCO DE ASSIS
2462753 X
LABORATORIO ITAMAR GUARA
5280729 X X
SANTA INÊS
HOSPITAL ADROALDO ALVES MATOS
2530031 Santa Inês X
HOSPITAL MUNICIPAL DE ALTO ALEGRE
2462192 Alto Alegre do
Pindaré X
CITOLAB 6162142 Santa Inês X
ZÉ DOCA
HOSPITAL SESP DE ZE DOCA
2465469 zé doca
X
NEW LAB 2797763 X
:
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
e) Exames realizados nas Gestantes:
Tipo de Exame Nº de Exames Ano
2012 2013
Tiragem para Sílis ou VDRL/RPR 585 168
Anti-HIV 408 105
Toxoplasmose IgM e IgG 141 33
Sorologia para hepatite B (HbsAg) 71 17
Tipo de Exame % de Gestantes com exames
2012 2013
Tiragem para Sílis ou VDRL/RPR 51,5 40,4
Anti-HIV 35,9 25,2
Toxoplasmose IgM e IgG 12,4 7,9
Sorologia para hepatite B (HbsAg) 6,3 4,0
Comentário: A DIASI não tem o controle dos outros exames realizados pelas
gestantes
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
f) Referências para ultrassonografia obstétrica por Polo Base:
POLO BASE
Nome do Serviço Conforme CNES²
Número do CNES
Cidade
Tipo de Gestão
Público Municipal
Público Estadual
Conveniada ao SUS
AMARANTE
HOSPITAL MUNICIPAL SAO JOSE DE RIBAMAR
3667804 Amarante do
Maranhão X
HOSPITAL MUNICIPAL DR MILTON LOPES
2531771 Bom Jesus das
Selvas X
ARAME HOSPITAL MUNICIPAL DE ARAME 2463954 Arame X
HOSPITAL SANTA NEUSA LTDA 2462729 Grajaú X
BARRA DO CORDA
CLINICA DE SAUDE E ULTRA SONOGRAFIA DR LEO PRIMEIRO
5981484 Barra do Corda
X
HOSPITAL MATERNO INFANTIL 2462583 X
GRAJAÚ
HOSPITAL SANTA NEUSA LTDA 2462729
Grajaú
X
CLINICA MEDICA DE ULTRASON DE GRAJAU LTDA
2390213 X
SANTA INÊS
UNICLINICA 6606415
SANTA INÊS
X
CENTRIMAGEM 6267653 X
HOSPITAL MUN THOMAZ MARTINS
2772299 X
ZÉ DOCA
CASA DE SAUDE E MATERNIDADE AFONSO BARROS
2465477 ZÉ DOCA
X
HOSPITAL SESP DE ZE DOCA 2465469 X
Comentário:
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
g) Referência Hospitalar para parto de risco habitual:
Polo Base Nome do Serviço CNES Número
do CNES
Cidade
Tipo de Gestão
Público Municipal
Público Estadual
Conveniada ao SUS
AMARANTE HOSPITAL MUNICIPAL SAO JOSE DE RIBAMAR
3667804 Amarante do
Maranhão X
ARAME
HOSPITAL MUNICIPAL DE ARAME
2463954 Arame X
HOSPITAL SANTA NEUSA LTDA
2462729
Grajaú
X
HOSPITAL SAO FRANCISCO DE ASSIS
2462753 X
BARRA DO CORDA
HOSPITAL MATERNO INFANTIL
2462583
Barra do Corda
X
HOSPITAL ACRISIO FIGUEIRA
2462591 X
GRAJAÚ
HOSPITAL SANTA NEUSA LTDA
2462729
Grajaú
X
HOSPITAL SAO FRANCISCO DE ASSIS
2462753 X
SANTA INÊS
HOSPITAL MUNICIPAL DE ALTO ALEGRE
2462192 Alto Alegre do
Pindaré X
HOSPITAL ADROALDO ALVES MATOS
2530031
Santa Inês
X
HOSPITAL MUNICIPAL THOMAZ MARTINS
2772299 X
ZÉ DOCA
CASA DE SAUDE E MATERNIDADE AFONSO BARROS
2465477
Zé Doca
X
HOSPITAL SAO FRANCISCO 2465485 X
HOSPITAL SESP DE ZE DOCA
2465469 X
Comentário:
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
h) Referência para parto de alto risco:
POLO BASE
NOME DO SERVIÇO CNES NÚMERO
DO CNES
CIDADE
TIPO DE GESTÃO
Público
Municipal
Público
Estadual
AMARANTE HRMI HOSPITAL REGIONAL MATERNO INFANTIL DE IMPERATRIZ
2452383 Imperatriz/MA X
ARAME
BARRA DO CORDA
MATERNIDADE DA COHAB MATERNIDADE MARLY SARNEY
2309254 São Luís X GRAJAÚ
SANTA INÊS
ZÉ DOCA HOSPITAL UNIVERSITARIO HUUFMA
2726653 São Luís X
Comentário:
i) Referência para urgência e emergência para população indígena em geral:
NOME CNES: Município:
HOSPITAL GERAL DE GRAJAU 695750 GRAJAÚ
HMI HOSPITAL MUNICIPAL DE IMPERATRIZ 2456672 IMPERATRIZ
HRMI HOSPITAL REGIONAL MATERNO INFANTIL DE IMPERATRIZ 2452383 IMPERATRIZ
UPA IMPERATRIZ 6929583 IMPERATRIZ
UPA SANTA RITA 7275099 IMPERATRIZ
HOSPITAL REGIONAL DE URG E EMERGENCIA DE PRESIDENTE DUTRA
6483089 PRESIDENTE
DUTRA
HOSPITAL MUNICIPAL THOMAZ MARTINS 2772299 SANTA INÊS
HOSPITAL SESP DE ZE DOCA 2465469 ZÉ DOCA
HOSPITAL DA CRIANCA 2646668 SÃO LUIS
HOSPITAL DA CRIANCA DR ODORICO AMARAL DE MATOS 2458799 SÃO LUIS
HOSPITAL MUNICIPAL DJALMA MARQUES SOCORRAO I 2308762 SÃO LUIS
HOSPITAL MUNI DE URGE E EMER CLEMENTINO MOURA SOCORRAO II
2308800 SÃO LUIS
OSPITAL NINA RODRIGUES 2457768 SÃO LUIS
HOSPITAL UNIVERSITARIO HUUFMA 2726653 SÃO LUIS
MATERNIDADE DA COHABMATERNIDADE MARLY SARNEY 2309254 SÃO LUIS
UPA CIDADE OPERARIA 6851312 SÃO LUIS
UPA ITAQUI BACANGA 6568734 SÃO LUIS
UPA PARQUE VITORIA 6826393 SÃO LUIS
UPA VINHAIS 6851304 SÃO LUIS
Projeto de Apoio aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas
O transporte das gestantes e os casos de urgências são realizados em
caminhonete não adequados para transporte de pacientes.
DESAFIOS:
a) Sensibilizar os gestores municipais e profissionais de saúde quanto a
importância da investigação do óbito materno e infantil como forma de
avaliação da assistência prestada pelos municípios;
b) Melhorar a qualidade da informação sobre óbitos infantil, fetal,
MIF/Materno no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM);
c) Fortalecimento da Vigilância do Óbito nos municípios;
d) Implantação e funcionamento dos Comitês de Prevenção de
Mortalidade como instância indutora de Políticas que visem a Redução
da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal.
Wellington Queiroz de Freitas
Apoio MS/SESAI/DSEI/MA
Licínio Brites Carmona
Coordenador DSEI Maranhão
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