View
53
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
Ebook
Fundamentos da Educação
O ebook que você tem em mãos faz um apanhado de vários materiais
espalhados pela internet, nenhum artigo aqui é inédito e você encontrará
textos de autores renomados da teoria pedagógica brasileira e de autores
desconhecidos, mas que expressam muito bem o que querem dizer. Todos
os textos são devidamente creditados a seus respectivos autores logo após
o título e, ao final, é indicado o endereço da internet onde ele foi
encontrado. A intenção, então, deste singelo trabalho é apenas organizar
e agregar conteúdos pertinentes ao item Fundamentos da Educação do
novo Edital para contratação de professores para o quadro público do
estado do Paraná, a fim de auxiliar os candidatos a terem um
desempenho melhor no concurso. O valor cobrado justifica-se apenas
pelo empenho da organização e a montagem do ebook. Ao final você
encontrará alguns resumos do conteúdo e a prova de 2007 corrigida.
Bons estudos!
Ebook Fundamentos da Educação Página 1
Sumário1. Tendências e concepções pedagógicas......................................................................................................4
1.1 A educação e suas relações socioeconômicas políticas e culturais....................................................81.2 As relações entre educação, trabalho e cidadania.............................................................................211.3 Inclusão educacional e diversidade..................................................................................................381.4 Função social da escola....................................................................................................................46
2. Estrutura educacional brasileira..............................................................................................................562.1 Sistema educacional brasileiro: níveis e modalidades de ensino.....................................................582.2 Legislação: Lei no 9394/96 LDBEN, Lei no 8.069/90 ECA, Lei no 10639/03 História e cultura afro-brasileira e africana.........................................................................................................................612.3 As Diretrizes Curriculares Nacionais e Estadual para a educação básica........................................73
3. Elementos da prática pedagógica............................................................................................................763.1 Organização da escola e instâncias colegiadas.................................................................................813.2 Saberes escolares, método didático, avaliação escolar, recursos didáticos e o uso de novas tecnologias da informação e comunicação na educação........................................................................843.3 Projeto Político-Pedagógico da escola.............................................................................................943.4 Gestão Democrática.........................................................................................................................97
Resumão:...................................................................................................................................................100Prova de Fundamentos da Educação do concurso de 2007.......................................................................110
Ebook Fundamentos da Educação Página 2
Ementa do Edital Nº 017/2013 - SEED-PR
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO – DISCIPLINAS DOS ANOS FINAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL E ENSINO MÉDIO
1. Tendências e concepções pedagógicas;
1.1 A educação e suas relações socioeconômicas políticas e culturais;
1.2 As relações entre educação, trabalho e cidadania;
1.3 Inclusão educacional e diversidade;
1.4 Função social da escola.
2. Estrutura educacional brasileira;
2.1 Sistema educacional brasileiro: níveis e modalidades de ensino;
2.2 Legislação: Lei no 9394/96 LDBEN, Lei no 8.069/90 ECA, Lei no 10639/03
História e cultura afro-brasileira e africana
2.3 As Diretrizes Curriculares Nacionais e Estadual para a educação básica.
3. Elementos da prática pedagógica;
3.1Organização da escola e instâncias colegiadas;
3.2Saberes escolares, método didático, avaliação escolar, recursos didáticos e o
uso de novas tecnologias da informação e comunicação na educação.
3.3 Projeto Político-Pedagógico da escola.
3.4 Gestão Democrática.
Ebook Fundamentos da Educação Página 3
1. Tendências e concepções pedagógicas
Tendências pedagógicas: o que são e para que servemRoberto Ferreira dos Santos
Só serás bom se souberes ver as coisas boas e asvirtudes dos outros. Por isso, quando tiveres decorrigir, fá-lo com caridade, no momento oportuno,sem humilhar... E com intenção de aprender e demelhorar tu próprio, naquilo que corriges.
Jose María Escrivá
(...)
Alguns dos principais expoentes da história educacional nacional e internacional
debruçaram-se sobre a questão das tendências pedagógicas. Autores como Paulo
Freire, Luckesi, Libâneo, Saviani e Gadotti, entre outros não menos importantes,
dedicaram grande parte de suas vidas a estudos que pudessem contribuir para o
avanço da Educação, desenvolvendo teorias para nortear as práticas pedagógicas,
objetivando melhorar a qualidade do ensino que é aplicado nas escolas. Essa é a
função das tendências pedagógicas no universo educacional. O que se pretende
neste trabalho é justamente trazer à tona essa questão, erguendo a bandeira das
tendências pedagógicas contemporâneas, buscando, assim, contribuir para uma
melhor assimilação delas por parte de alguns professores de escolas públicas.
A relação entre as tendências pedagógicas e a prática docente
As tendências pedagógicas são de extrema relevância para a Educação,
principalmente as mais recentes, pois contribuem para a condução de um trabalho
docente mais consciente, baseado nas demandas atuais da clientela em questão. O
conhecimento dessas tendências e perspectivas de ensino por parte dos
professores é fundamental para a realização de uma prática docente realmente
significativa, que tenha algum sentido para o aluno, pois tais tendências objetivam
nortear o trabalho do educador, ajudando-o a responder a questões sobre as quais
Ebook Fundamentos da Educação Página 4
deve se estruturar todo o processo de ensino, tais como: o que ensinar? Para
quem? Como? Para quê? Por quê?
E para que a prática pedagógica em sala de aula alcance seus objetivos, o
professor deve ter as respostas para essas questões, pois, como defende Luckesi
(1994), “a Pedagogia não pode ser bem entendida e praticada na escola sem que
se tenha alguma clareza do seu significado. Isso nada mais é do que buscar o
sentido da prática docente”.
Essas tendências pedagógicas, formuladas ao longo dos tempos por diversos
teóricos que se debruçaram sobre o tema, foram concebidas com base nas visões
desses pensadores em relação ao contexto histórico das sociedades em que
estavam inseridos, além de suas concepções de homem e de mundo, tendo como
principal objetivo nortear o trabalho docente, modelando-o a partir das
necessidades de ensino observadas no âmbito social em que viviam.
Sendo assim, o conhecimento dessas correntes pedagógicas por parte dos
professores, principalmente as mais recentes, torna-se de extrema relevância,
visto que possibilitam ao educador um aprofundamento maior sobre os
pressupostos e variáveis do processo de ensino-aprendizagem, abrindo-lhe um
leque de possibilidades de direcionamento do seu trabalho a partir de suas
convicções pessoais, profissionais, políticas e sociais, contribuindo para a produção
de uma prática docente estruturada, significativa, esclarecedora e, principalmente,
interessante para os educandos.
A escola precisa ser reencantada, precisa encontrar motivos para que o aluno vá
para os bancos escolares com satisfação, alegria. Existem escolas esperançosas,
com gente animada, mas existe um mal-estar geral na maioria delas. Não acredito
que isso seja trágico. Essa insatisfação deve ser aproveitada para dar um salto. Se
o mal-estar for trabalhado, ele permite avanços. Se for aceito como fatalidade, ele
torna a escola um peso morto na história, que arrasta as pessoas e as impede de
sonhar, pensar e criar (Moacir Gadotti, em entrevista para a revista Nova Escola,
edição de novembro/2000).
Desse modo, creio que seja essencial que todos os professores tenham um
Ebook Fundamentos da Educação Página 5
conhecimento mais aprofundado das tendências pedagógicas, pois elas foram
concebidas para nortear as práticas pedagógicas. O educador deve conhecê-las,
principalmente as mais recentes, ainda que seja para negá-las, mas de forma
crítica e consciente, ou, quem sabe, para utilizar os pontos positivos observados
em cada uma delas para construir uma base pedagógica própria, mas com
coerência e propriedade.
Afinal, como já defendia Snyders (1974), é possível “pensar que se pode abrir um
caminho a uma pedagogia atual; que venha fazer a síntese do tradicional e do
moderno: síntese e não confusão”. O importante é que se busque tirar a venda dos
olhos para enxergar, literalmente, o alunado e assim poder dar um sentido político
e social ao trabalho que está sendo realizado, pois, como afirma Libâneo, aprender
é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real vivida
pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa
realidade, o que está em consonância com o que diz Saviani (1991):
a Pedagogia Crítica implica a clareza dosdeterminantes sociais da educação, acompreensão do grau em que ascontradições da sociedade marcam aeducação e, consequentemente, como épreciso se posicionar diante dessascontradições e desenredar a educação dasvisões ambíguas para perceber claramentequal é a direção que cabe imprimir àquestão educacional (p. 103).
Para Luckesi (1994), a “Pedagogia se delineia a partir de uma posição filosófica
definida”. Em seu livro Filosofia da Educação, o autor discorre sobre a relação
existente entre a Pedagogia e a Filosofia e busca clarificar as perspectivas das
relações entre educação e sociedade. No seu trabalho, Luckesi apresenta três
tendências filosóficas responsáveis por interpretar a função da educação na
sociedade: a Educação Redentora, a Educação Reprodutora e a Educação
Transformadora da sociedade. A primeira é otimista, acredita que a educação pode
exercer domínio sobre a sociedade (pedagogias liberais). A segunda é pessimista,
percebe a educação como sendo apenas reprodutora de um modelo social vigente,
enquanto a terceira tendência assume uma postura crítica com relação às duas
Ebook Fundamentos da Educação Página 6
anteriores, indo de encontro tanto ao “otimismo ilusório” quanto ao “pessimismo
imobilizador” (pedagogias Progressivistas).
Em consonância com estas leituras filosóficas sobre as relações entre educação e
sociedade, Libâneo (1985), ao realizar uma abordagem das tendências
pedagógicas, organiza as diferentes pedagogias em dois grupos: Pedagogia Liberal
e Pedagogia Progressivista. A Pedagogia Liberal é apresentada nas formas
Tradicional; Renovada Progressivista; Renovada Não diretiva; e Tecnicista. A
Pedagogia Progressivista é subdividida em Libertadora; Libertária; e Crítico-social
dos Conteúdos. O quadro a seguir apresenta de forma muito simplificada as
principais características de cada tendência pedagógica, seus conteúdos, métodos e
pressupostos de ensino-aprendizagem, assim como seus principais expoentes e os
papéis da escola, do professor e do aluno comuns a cada uma delas.
Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0327.html
Ebook Fundamentos da Educação Página 7
1.1 A educação e suas relações socioeconômicas políticas e culturais
As Condições Socioeconômicas da Educação e seus Reflexos na Relação
Ensino Aprendizagem.
João Rodholfo
Em uma visão geral a educação é uma combinação de aprendizagem e
aperfeiçoamento; e há bem pouco tempo atrás a educação tida como informal era
a principal responsável pelo desenvolvimento moral das pessoas e por seu preparo
básico para vida em sociedade. Isso porque, o ritmo de vida era mais lento o que
possibilitava um contato maior das crianças em formação com os seus pais e
parentes que tinham como principal objetivo passar os costumes e tradições da
família para seus filhos.
Porém, no mundo atual a realidade é bem diferente, o modo de vida capitalista e
globalizado dificulta o convívio em família nas quais a maioria das pessoas adultas
passam a maior parte do tempo fora de casa, se locomovendo, trabalhando e
estudando de maneira formal; atitudes cada vez mais valorizadas pela difusão dos
conhecimentos técnicos e científicos.
Percebe-se dessa maneira que a entrada das crianças nas escolas acontece cada
vez mais cedo, sendo perfeitamente aceitável que estas convivam mais no
ambiente escolar do que com os pais e parentes normalmente ocupados com
obrigações extras familiares. Tamanho sacrifício tem sido feito, pois se tornou
praticamente indispensável a boa formação escolar, requisito que gera
oportunidade para a conquista de novos relacionamentos, de melhores postos de
trabalho, de uma remuneração mais digna e é claro de projeção social. E é
pensando nessa satisfação social que se deve encarar o direito a educação tanto na
família quanto na escola como direito fundamental da pessoa humana.
Ebook Fundamentos da Educação Página 8
A possibilidade educacional não pode estar vinculada apenas ao nível
socioeconômico dos alunos e professores, diversos fatores devem ser levados em
consideração; os valores dominantes na sociedade, os costumes, a religião, tudo é
importante e deve ser usado de forma direta ou indireta na educação de qualquer
nível, formando um conjunto, ou seja, um sistema educacional homogêneo.
E para que esse sistema educacional funcione de maneira correta é preciso que as
escolas (de qualquer nível) objetivem a boa formação dos alunos e seu preparo
para atuar na sociedade, tendo a consciência de que são necessárias mudanças em
pontos estratégicos, tais como: as barreiras socioeconômicas da aprendizagem e
da educação.
Assim, para que as barreiras socioeconômicas, caiam é necessário que as verbas
destinadas a educação sejam melhor aproveitadas e que o mínimo que deve ser
repassado por obrigação Constitucional seja realmente usando para a construção,
reforma e manutenção das escolas de todo o pais. Além disso, é fundamental que
os governos invistam na capacitação dos professores, melhorando e aumentando
seus conhecimentos, possibilitando a utilização de novas técnicas de ensino,
satisfazendo os alunos e os profissionais que terão a possibilidade real de
aumentar seus rendimentos e viver melhor.
Outra exigência para a melhoria da educação é dar verdadeira oportunidade a
todos sem qualquer distinção. Não adianta nada dizer que todos têm direito de ir a
escola, se não existe possibilidade de concretizar esse direito. Na realidade, não
esta assegurado à todos o direito a educação onde não existe escola, onde os
usuários não podem pagar taxas do ensino privado ou mesmo quando os alunos
não tem acesso a livros e outros materiais indispensáveis ao seu preparo.
A efetivação desses fatores conjugados com a consciência dos professores de que
não importa a classe social a qual o aluno pertença; eles sempre partirão do
mesmo ponto tendo como objetivo atingir o seu máximo, que deve ser estimulado
Ebook Fundamentos da Educação Página 9
e filtrado pelos profissionais de educação. E que não bastam programas de inclusão
social para resolver os problemas da educação, já que cabe ao professor evitar os
conflitos de classes, as discriminações e os preconceitos, maximizando suas ações
voltando todo tempo possível para o aprendizado e preparo dos alunos. Atitudes
que serão possíveis graças a reestruturação física e intelectual (escola e professor)
que deve ser acontecer concomitantemente com a mudança de visão e atitudes
(governantes), possibilitando uma mudança radical nas relações professor/ aluno/
professor, escola/ professor/ escola e escola/ aluno/ escola.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CURY, Augusto Jorge. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro:
Sextante, 2003.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direito Humanos e Cidadania. 2ª ed. reform. São Paulo:
Moderna, 2004.
DEMO, Pedro – Aprender: Sabedoria dos Limites e Desafios – Texto Utilizado na
Tarefa – FVG.
SITES CONSULTADOS:
COSTA, Adalvo da Paixão Antonio. O Conteúdo Afetivo No Currículo Escolar.
Disponível em: . Acesso em:13 jan. 2008.
Fonte: http://nalei.com.br/as-condicoes-socioeconomicas-da-educacao-e-seus-
reflexos-na-relacao-ensino-aprendizagem-42/
Ebook Fundamentos da Educação Página 10
Educação e política em Demerval Saviani
Arthur Breno Stürmer
Introdução
Lembra-nos Gandin (2001, p. 101) que, "para muitos professores, é um pouco
escandaloso falar em política e em educação no mesmo texto". Entretanto a classe
magisterial é visivelmente avessa à política, conquanto tenha adquirido certo nível
de organização nos últimos anos, mas durante a maior parte da história brasileria
os termos educação e política não eram pronunciados juntos. A conseqüência é o
baixo interesse em discutir a temática, reforçado pela construção permanente do
lugar-comum "política e religião não se discute", que, por conseguinte, estariam
reservadas à esfera individual, ao Estado ou à Igreja, mas não à educação, de
modo que somente a partir da Abertura Política é que o debate circulou fora do
meio acadêmico, em fins dos anos 1970.
O presente artigo procura apresentar a contribuição de um dos teóricos mais
importantes da educação brasileira, reconhecido internacionalmente por ser o
formulador da pedagogia histórico-crítica, a qual fundamenta inúmeras
experiências no campo pedagógico e educacional. Aqui se discutirão os pontos de
convergência entre duas temáticas que constituem dimensões inseparáveis, porém
distintas: "Educação" e "Política", ressaltando em primeiro lugar a necessidade de
defini-las no intuito de identificá-las na atividade do professor - para quem este
artigo está dirigido -, visto que admite sejam inerentes a sua atividade. Isso posto,
passamos a discutir a especificidade da educação (prática educativa) e a dimensão
política da educação, partindo do que venha a ser cada uma e trazendo à tona as
relações que mantêm entre si e que configuram duas faces da atividade docente.
A especificidade da Educação e da Política
Ebook Fundamentos da Educação Página 11
Demerval Saviani, professor da Universidade Federal de São Paulo (USP),
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador do Cnpq, buscou
esclarecer, no campo da teoria educacional, as relações entre a educação e a
política, além do alcance da atuação política na prática educativa e qual seria a
especificidade da educação - certamente uma contribuição da mais importantes.
Dentre suas principais obras destacam-se: Educação: do senso comum à
consciência filosófica (1980), Escola e democracia (1983) e Pedagogia histórico-
crítica: primeiras aproximações (1991).
Em sua obra de maior repercussão no Brasil, Escola e Democracia, Demerval
Saviani afirma não existir uma identidade entre educação e política, embora ambas
se constituam em fenômenos inseparáveis e prevaleça a distinção entre a
dimensão política na educação e a dimensão da prática educativa. Mas então como
captar sua intervenção recíproca? O autor em questão fornece o primeiro passo:
especificá-las.
Saviani assegura que a interferência da política na educação e vice-versa só pode
ser captada quando as concebemos como distintas entre si, o que torna necessário
especificá-las:
a) a educação, alicerçada na persuasão (consenso, compreensão), acaba sendo
uma "relação de hegemonia" e sua especificidade se define pelo caráter de uma
relação travada entre contrários não-antagônicos;
b) a política, alicerçada na dissuasão (dissenso, repressão), por outro lado, é uma
"relação de dominação" e sua especificidade se define pelo caráter de uma relação
travada entre contrários antagônicos.
Por contrários não-antagônicos pode-se entender os conteúdos das disciplinas
escolares ou o conhecimento em si, os quais esclarecem-nos acerca de um
determinado objeto, e, portanto, são considerados "neutros", isto é, não
Ebook Fundamentos da Educação Página 12
concorreriam para outros fins que não o desenvolvimento e aperfeiçoamento da
humanidade ao longo do tempo. Para que isso se realize, devem concorrer o
esforço intencional voltado à construção de consensos baseados nos resultados da
pesquisa científica. Sob outra ótica, os conhecimentos de geometria ensindos pelo
professor, por exemplo, não entrariam em conflito com os conhecimentos
cartográficos.
Os contrários antagônicos, por sua vez, referem-se a saberes não necessariamente
externos às disciplinas escolares, mas que decorrem da crítica social realizada
sobre os conteúdos, o que pode ser interpretado erroneamente como uma ação
que ocorre posteriormente à prática educativa, mas que em verdade ocorre
simultaneamente a ela. São os contrários antagônicos que, por outro lado, geram
conflito entre si, pois estão comprometidos com uma certa visão do mundo que se
procura impor às pessoas, os educandos, promovendo e lançado mão, segundo
Saviani, do dissenso e da repressão e, como constituem-se em conhecimentos
parciais e interessados, orientam a prática educativa, conferindo-lhe um sentido,
uma razão ou um porquê. Demerval Saviani, porém, faz ressalva de que a
dimensão política da educação não escapa ou se divorcia da especificidade da
prática pedagógica, sob pena de não se fazer educação, mas outra coisa.
Em síntese, segue-se que na atividade do professor, em especial, convergem duas
dimensões importantes para a manutenção da estrutura social: o saber
educacional, disciplinar, intelectivo e o saber político, sectário, dogmático. São
dimensões que representam disputas em torno de saberes complementares entre
si. Se a origem desses saberes é teórica ou prática, não vem ao caso, porque a
atividade docente mescla tais saberes essenciais à prática social e bem evidentes
nas relações sociais travadas nas instituições escolares. Interessa ressaltar que:
educação e política se interpenetram e não estão isentas uma da outra; que, por
mais neutra que pareça a prática docente, ela carrega um sentido político quando
tomada em relação ao todo, ainda que esse sentido não se revele, não seja
intencional e passe despercebido pelo professor e demais educadores.
Ebook Fundamentos da Educação Página 13
Particularmente em relação à política, ela mesmo traz seu potencial educativo para
a prática concreta, que geralmente se converte em uma forma de educação
complementar ao que viemos definindo como prática (especificamente) educativa.
Disso se conclui que "as relações entre educação e política se dão na forma de
autonomia relativa e dependência recíproca" (SAVIANI, 1983, p. 92-93), com a
educação se subordinando à política e esta exercendo uma função educativa, uma
vez que em uma sociedade de classe a prática política subordina a prática
educativa, pois o primado da política reduz a margem de autonomia da educação -
essa foi uma constatação de Demerval Saviani que é extremamente atual.
Competência técnica e Compromisso político na Educação
A prática educativa é uma ação coletiva destinada a cumprir os fins específicos da
educação, os quais variam segundo as concepções pedagógicas vigentes em cada
época e, principalmente, as opções políticas que com elas se afinam. Logo, os fins
da educação dependem do papel que lhe é atribuído pela sociedade organizada e
seus problemas, ambos pertencentes a contextos históricos específicos, nos quais a
educação assume uma função política, mas somente enquanto prática
especificamente pedagógica, momento em que realiza sua contribuição política,
ainda que condicionada por uma autonomia relativa em face da política, como foi
dito antes.
Na obra Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações, Demerval Saviani
explora novamente a problemática, e a relação, por vezes sutil, entre educação e
política ao discutir a competência política e o compromisso técnico.
Sendo a prática educativa do professor uma atividade com "um sentido político em
si" - observado e desvelado na análise dessa prática "como um momento de uma
totalidade concreta" (SAVIANI, 2003, p. 27), - o compromisso político assume vital
importância, porque confere um rumo à competência técnica, a qual corresponde à
Ebook Fundamentos da Educação Página 14
habilidade para realizar uma ação: "(...) a competência técnica significa o
conhecimento, o domínio das formas adequadas de agir: é, pois, o saber-fazer".
(Ibid., p. 36). Assim, a competência técnica é uma das formas para se realizar o
compromisso político. "A competência é mediação, isto quer dizer que ela está
entre, no meio, no interior do compromisso político. (...) ela é, pois, instrumento,
ou seja, ela não se justifica por si mesma, mas tem o seu sentido, a sua razão de
ser no compromisso político" (Ibid., p. 34-35).
Um exemplo de compromisso político que requer o contributo da prática educativa
refere-se à superação do quadro de desintegração cultural brasileira identificada
por Saviani ao final da década de 1970, quando observou a existência de diferentes
graus de participação dos grupos (sociais) no usufruto dos bens culturais - o que
era uma conquista de toda a sociedade vinha sendo acessada por apenas uma
pequena fração dela. Fato reconhecido até os dias de hoje, fazendo com que se
defenda que "é preciso reconhecer a importância de se lutar pela apropriação da
cultura produzida historicamente, pois constitui direito do trabalhador ao consumo
de algo que é produzido sempre à custa de seus esforços, nesta e em todas as
gerações" (PARO, 2001, p. 133).
As frases acima sintetizam o compromisso político eminente, defendido por
Demerval Saviani, de garantir às populações, principalmente dos grandes centros,
o acesso ao saber escolar. Isso em um tempo marcado pelo altos índices de
analfabetismo, semi-analfabetismo e muitas dificuldades de acesso e permanência
na escola, num Brasil em processo de urbanização e crescimento industrial
intensos no Eixo Rio-São Paulo, com grande parcela da população necessitando
organizar-se para exigir do poder público direitos básicos como: educação,
moradia, saneamento e segurança, dentre outros, incluindo a participação política,
ou seja, direitos políticos, enfim, a democratização da sociedade.
Seguindo Saviani, à educação caberia desempenhar, então, "o papel de
reforçamento dos laços sociais, na medida em que for capaz de sistematizar a
Ebook Fundamentos da Educação Página 15
tendência à inovação", o que só seria possível "voltando-se para as formas de
convivência que se desenvolvem no seio dos diversos grupos sociais estimulando-
os na sua originalidade e promovendo o intercâmbio entre eles" (SAVIANI, 1986, p.
131). (O termo inovação designa mudança, novidade.)
Saviani e a especificidade da Educação Escolar
Levando-se em conta que a sociedade coloca a exigência do domínio de
determinado tipo de conhecimento, o conhecimento sistematizado, a tarefa da
educação será a de viabilizar o acesso a esse bem cultural que "integra o conjunto
dos meios de produção" (SAVIANI, 2003, p. 143), razão pela qual socializar o
conhecimento vem a ser uma ação política, pois em toda sociedade que se
democratiza surge a necessidade de difundir o conhecimento às diferentes
camadas sociais. Esse entendimento aparece já nas primeiras produções teóricas
de Saviani - que conviveu com a ditadura militar no Brasil -, mas cuja principal
contribuição se orquestra com uma sociedade já em processo de democratização, a
exigir uma instrumentalização da população para uma nova realidade, onde o
conhecimento é peça-chave tanto para a formação do cidadão quanto para a sua
inserção no mercado de bens de consumo. Na melhor hipótese, a população
receberia uma formação adequada à participação política através do tão almejado
voto direto, alvo da Campanha das "Diretas Já" (1984), anos mais tarde. Aqui se
inicia a construção, ainda que no campo teórico, do encontro positivo entre o
conhecimento e a participação em cada cidadão.
Adotando a ótica do professor, Demerval Saviani (1983) entendeu, em suas "onze
teses sobre educação e política", que a realização da educação, em sua
especificidade, cumpre sua função política. Logo, é na transmissão-assimilação do
saber sistematizado que a educação exerce essa função: "a importância política da
educação reside na sua função de socialização do conhecimento. É, pois,
realizando-se na especificidade que lhe é própria, que a educação cumpre sua
função política. (...) [Por outro lado], ao se dissolver a especificidade da
Ebook Fundamentos da Educação Página 16
contribuição pedagógica anula-se, em conseqüência, a sua importância política"
(SAVIANI, 1983, p. 92).
Vale registrar que Saviani (2003, p. 15) aponta como especificidade da educação
escolar a "transmissão-assimilação do saber sistematizado", que é "a atividade
nuclear da escola". Quer dizer: ao se falar em educação, a preocupação com o
ensinar e o aprender sobre o saber sistematizado deve se fazer presente e se
constituir no cerne de uma prática pedagógica compromissada - politicamente -
com a socialização (ampla) do conhecimento escolar.
A "pedagogia dos conteúdos"
Voltando à obra Escola e Democracia, observamos que a referência à "teoria da
curvatura da vara" serve para justificar o posicionamento de Saviani relativo a um
aspecto favorável à pedagogia tradicional: a valorização dos conteúdos. Na leitura
de Gadotti (2004, p. 104), "Sua expectativa é que, com essa inflexão, a vara
atinja, com o tempo, o ponto correto, que também não está em nenhum dos dois
tipos de pedagogia [da Escola Nova ou da Tradicional], mas na 'valorização dos
conteúdos' e na 'natureza específica da educação'".
A preocupação com "os conteúdos" rendeu à sua teoria pedagógica histórico-crítica
a alcunha de "pedagogia dos conteúdos", criada por José Carlos Libâneo (1985, p.
72): "a pedagogia dos conteúdos, de sentido crítico-social, afirma que a
emancipação das camadas populares requer o domínio dos conhecimentos
escolares como requisito essencial para a compreensão da prática social, vale dizer,
do movimento de desenvolvimento histórico do povo".
Considerações finais
Com Demerval Saviani, podemos distinguir o domínio da competência técnica - a
transmissão do saber - na sua relação com o compromisso político de promover a
Ebook Fundamentos da Educação Página 17
"socialização do saber sistematizado" (SAVIANI, id., p. 14), que é concreto,
objetivo: implica no engajamento do professor e demais educadores na
implementação de projetos de mudança da sociedade. Porquanto, explica Gandin
(Id., p. 54), "uma educação existe sempre para algo, não existe em si mesma, mas
está relacionada a uma concepção de sociedade, à construção de uma sociedade",
que, no caso, é a sociedade democrática que nasce em fins da década de 1980 e
continua a ser buscada atualmente no sentido de sua plenitude no cenário nacional
(democracia social, econômica e não apenas política).
GADOTTI, Moacir. A preocupação com a especificidade da educação: a "pedagogia
dos conteúdos". In: Pensamento pedagógico brasileiro. 8. ed. São Paulo: Ática,
2004. p. 99-113. (Série fundamentos, 19).
_____________ . Demerval Saviani: a especificidade da prática pedagógica. In:
História das idéias pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2005. p. 264-266. (Série
educação).
GANDIN, Danilo. Educação política na escola. In: Escola e transformação social. 7.
ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. p. 101-112.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico-social
dos conteúdos. 16. ed. São Paulo: Loyola, 1999. (Col. Educar, v. 1).
PARO, Vitor Henrique. Políticas educacionais: considerações sobre o discurso
genérico e a abstração da realidade. In: Escritos sobre educação. São Paulo: Xamã,
2001. p. 121-139.
SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. São Paulo: Cortez: Autores Associados,
1983.
Ebook Fundamentos da Educação Página 18
_____________ . Educação brasileira: problemas. In: Educação: do senso comum
à consciência filosófica. 8. ed. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986. p.
120-132. (Col. Educação contemporânea).
_____________ . Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 8. ed.
Campinas, SP: Autores Associados, 2003. (Col. Educação contemporânea).
Fonte: http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/educacao-politica-demerval-
saviavi.htm
Diálogos entre cultura e educação na escola
Maria Alice Setubal
Vale dizer que, embora a escola seja o local privilegiado da apropriação do
conhecimento, ela não é o único na sociedade. Em grandes cidades, como São
Paulo, temos vários locais de acesso a conhecimento. Existe, ainda, todo o
conhecimento que pode vir por meio da internet e de todas as tecnologias hoje
disponíveis, assim como de equipamentos e projetos culturais conduzidos por
organizações não governamentais.
Nesse contexto, um terceiro caminho para aproximar educação e cultura pressupõe
a articulação da escola com esses vários locais de conhecimento, equipamentos e
projetos de cultura, de forma que esta aliança traga um impacto positivo efetivo na
aprendizagem das crianças e dos adolescentes.
Hoje, no Brasil, há projetos conduzidos por inúmeras ONGs que são belíssimos e
muito importantes no sentido de levar a crianças e jovens alternativas à indústria
cultural e à grande mídia e de ampliar seu universo, por meio do resgate de
tradições culturais que eles ouviram em suas casas ou que eles próprios
vivenciaram, nos campos das artes plásticas, literatura, comunicação, teatro e
música.
Ebook Fundamentos da Educação Página 19
Além disso, dezenas de projetos dessas organizações no país já trabalham com um
conceito de cultura mais ampliado, ou seja, não uma cultura vista apenas como
evento cultural, e sim relacionada com cidadania, sustentabilidade, patrimônio
cultural e outros campos.
Esses projetos podem também atuar com as escolas, inserindo as suas
especificidades, de música, teatro ou outros campos, por exemplo, a questão do
letramento. Em termos práticos, a ideia é que o letramento seja um eixo central
nos projetos culturais, totalmente integrado às atividades e dinâmicas, seja na
letra da música, no texto do teatro, na instrução para construir um instrumento.
A abertura da escola à cultura de seu território, a escolha de uma grade curricular
que valorize a pluralidade e a diversidade cultural local e o intercâmbio da escola
com produções e produtores de cultura na sociedade são alguns caminhos para
unir educação e cultura. Os desafios, contudo, são muitos e continuam postos, e
cabe aos educadores e à sociedade engendrar novas aproximações possíveis.
Maria Alice Setubal, 58 anos, é socióloga, mestre em Ciências Políticas pela USP e
doutora em Psicologia da Educação pela PUC-SP, presidente da Fundação Tide
Setubal e diretora-presidente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,
Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), onde atua há mais de 20 anos. Foi
consultora do Unicef na área educacional para a América Latina e o Caribe.
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/gestao-escolar/dialogo-cultura-
escola-499667.shtml
Ebook Fundamentos da Educação Página 20
1.2 As relações entre educação, trabalho e cidadania
EDUCAÇÃO, TRABALHO E CIDADANIA:a educação brasileira e o desafio da
formação humana no atual cenário histórico
ANTÔNIO J. SEVERINO
Professor de Filosofia da Educação da Faculdade de Educação da USP
Resumo: O texto desenvolve uma reflexão filosófico-educacional sobre a condição da
educação como prática mediadora da existência histórica dos homens, explicitando seus
desafios e compromissos diante da sua situação concreta no contexto social brasileiro da
atualidade.
Palavras-chave: educação e sociedade; educação e trabalho; educação e realidade
brasileira.
A humanidade vive, hoje, um momento de sua história marcado por grandes
transformações, decorrentes sobretudo do avanço tecnológico, nas diversas esferas
de sua existência: na produção econômica dos bens naturais; nas relações políticas
da vida social; e na construção cultural. Esta nova condição exige um
redimensionamento de todas as práticas mediadoras de sua realidade histórica,
quais sejam, o trabalho, a sociabilidade e a cultura simbólica. Espera-se, pois, da
educação, como mediação dessas práticas, que se torne, para enfrentar o grande
desafio do 3º milênio, investimento sistemático nas forças construtivas dessas
práticas, de modo a contribuir mais eficazmente na construção da cidadania,
tornando-se fundamentalmente educação do homem social.
A educação, como processo pedagógico sistematizado de intervenção na dinâmica
da vida social, é considerada hoje objeto priorizado de estudos científicos com
vistas à definição de políticas estratégicas para o desenvolvimento integral das
sociedades. Ela é entendida como mediação básica da vida social de todas as
comunidades humanas. Esta reavaliação, que levou à sua revalorização, não pode,
Ebook Fundamentos da Educação Página 21
no entanto, fundar-se apenas na sua operacionalidade para a eficácia funcional do
sistema socioeconômico, como muitas vezes tendem a vê-la as organizações
oficiais, grandes economistas e outros especialistas que focam a questão sob a
perspectiva da teoria do capital humano.
Sem dúvida, a existência real dos homens é profundamente marcada pelos
aspectos econômicos, até porque esta dimensão econômica, devidamente
entendida, constitui mesmo uma referência condicionante para as outras
dimensões da vida humana, uma vez que ela se liga à própria sobrevivência da
vida material.
Porém, a significação dos processos sociais e, no seu âmbito, dos processos
educacionais não se restringe a essa sua funcionalidade operatória. Se, de um
lado, é a realidade dos fatos que permite que a educação tenha alguma incidência
social, de outro, essa eficácia só ganha legitimidade humana se se referir a
significações que ultrapassem sua mera facticidade e seu desempenho operacional.
Buscar explicitar esses valores e significações é o que cabe a uma abordagem
filosófica da educação e tal é o objetivo deste texto, ainda que nos restritos limites
de espaço de que dispõe.
Refletir filosoficamente sobre a educação não é dispensar os dados e análises que
as ciências especializadas podem trazer e fazer; ao contrário, uma abordagem
filosófico-educacional precisa levar em consideração esse retrato de corpo inteiro
que a ciência faz da educação nos dias de hoje. O pensar filosófico não parte de
referências abstratas e idealizadas, aprioristicamente colocadas, mas sim da
própria realidade de seu objeto. Assim ela toma em conta as conclusões das
ciências, procurando clarear os objetivos e finalidades que precisam ser
selecionados e privilegiados, até mesmo na definição dos meios, para que elas
possam subsidiar as políticas sociais. É neste plano das finalidades que se
estabelece o diálogo entre as perspectivas científica, filosófica e política, sendo esta
última perspectiva entendida como o planejamento e a execução de ações que
Ebook Fundamentos da Educação Página 22
interferem diretamente na dinâmica social.
Portanto, o objetivo do presente texto é aduzir algumas considerações sobre a
significação da educação, como mediação concreta da existência real da sociedade
brasileira, no quadrante histórico atual. Para tanto, parte de uma configuração da
situação em que se encontram as relações entre educação e sociedade,
desenvolvendo em seguida considerações sobre o necessário redimensionamento
de seu papel, em face das exigências postas pela significação da condição humana,
fundada na iminente dignidade dos seres humanos como pessoas.
A nova ordem mundial – A promessa
De acordo com um senso comum atualizado, vigente nos meios acadêmicos, nos
meios de comunicação e até mesmo nos meios populares, estaríamos vivendo hoje
um mundo totalmente diferente daquele projetado pela visão iluminista da
modernidade, constituindo uma nova ordem mundial. Estaríamos vivendo um
momento de plena revolução tecnológica, capaz de lidar com a produção e
transmissão de informações em extraordinária velocidade, num processo de
globalização não só da cultura, mas também da economia e da política. Tratar-se-ia
de um momento marcado pelo privilegiamento da iniciativa privada, pela
minimalização da ingerência do Estado nos negócios humanos, pela maximalização
das leis do mercado, pela ruptura de todas as fronteiras. Tal situação leva Octavio
Ianni (1998:28) a afirmar que "o que está em causa é a busca de maior e
crescente produtividade, competitividade e lucratividade, tendo em conta mercados
nacionais, regionais e mundiais. Daí a impressão de que o mundo se transforma no
território de uma vasta e complexa fábrica global e, ao mesmo tempo, em
shopping center global e disneylândia global".
No plano mais especificamente filosófico, estaria em pauta uma crítica cerrada às
formas de expressão da razão teórica da modernidade, propondo-se a
desconstrução de todos os discursos por ela produzidos, todos colocados sob
Ebook Fundamentos da Educação Página 23
suspeita, até mesmo aqueles da própria ciência. Todos os grandes sistemas
teóricos interpretativos da realidade humana são caracterizados como
metanarrativas e, como tal, desconsiderados. Já teríamos entrado então em plena
pós-modernidade.¹
No entanto, este modo de ver e existir atuais, de perfil assumidamente neoliberal,
com suas decorrências e expressões no plano cultural, com sua exacerbação do
individualismo, do produtivismo, do consumismo, da indústria cultural, da
mercadorização até mesmo dos bens simbólicos, não instaura nenhuma pós-
modernidade. Com efeito, o que está de fato acontecendo é a plena maturação das
premissas e promessas da própria modernidade. Nada mais moderno do que esta
expansão e consolidação do capitalismo, envolvido numa aura ideológica de
liberalismo extremado; nada mais moderno do que esta tecnicização, viabilizada
pela revolução informacional. Finalmente, a modernidade está realizando as
promessas embutidas em seu projeto civilizatório. Nada mais moderno do que o
individualismo egoísta dos dias de hoje. No fundo, é a mesma racionalidade que
continua dirigindo os rumos da história humana, em que pesem as críticas que são
feitas à sua forma de expressão até o século 19.
Que tal situação configure um contexto novo, não há como negar nem recusar. E
que obviamente exige reequacionamentos por parte de todos nós, quaisquer que
sejam os lugares que ocupemos na dinâmica sociocultural. Isso não está em
questão. Porém, o que cabe aqui é uma rigorosa atenção a essa especificidade do
momento histórico, não se deixando levar nem por uma atitude de mera
anatematização moralizante ou saudosista, nem por um deslumbramento
alienante. Análise detida e vigilância crítica, isto é o que se impõe.
Da mesma forma, é preciso não perder de vista a historicidade da existência
humana, não se deixando iludir pela idéia de que o fim das utopias do progresso
humano possa significar igualmente o fim da história. Portanto, deve-se ter bem
presente que a atual situação possui também uma configuração histórica.
Ebook Fundamentos da Educação Página 24
Além disso, é necessário considerar a dura realidade do contexto histórico latino-
americano, em que as marcas da exclusão humana continuam com presença muito
forte. A gravidade da situação desmente qualquer veleidade de que já se teria
encontrado o caminho certo para a construção de uma sociedade amadurecida,
justa e democrática. O processo de modernização pelo qual passou e continua
passando o continente está acontecendo a um preço muito alto. A organização
econômica, de lastro capitalista, sob um clima político de mandonismo interno das
elites nacionais e da dominação externa dos grupos internacionais, impõe uma
configuração socioeconômica na qual as condições de vida da imensa maioria da
população continuam extremamente precárias. Na verdade, o aclamado processo
de globalização da economia parece universalizar as vantagens do capital produtivo
e as desvantagens do trabalho assalariado. Dada essa situação, o conhecimento,
em geral, e a educação, em particular, são interpelados com relação a seu papel
histórico.
A América Latina vem sendo considerada, por todos os especialistas, a região do
planeta que apresenta as maiores desigualdades, que ademais são submetidas a
intensos processos de piora contínua. Aqui está ocorrendo um "excesso de
pobreza", responsável pela magnitude e profundidade dos impactos negativos
decorrentes da situação (Kliksberg, 2000:14).
Desordem e frustração da promessa
Entretanto, qual a realidade histórico-social encontrada no Brasil, neste atual
momento? Como andam essas mediações nas quais cabe a educação investir?
Segundo o Relatório das Nações Unidas, com a avaliação do IDH ¾ Índice de
Desenvolvimento Humano ¾, recém-lançado, o Brasil regride para o rol dos países
de desenvolvimento médio, passando a ocupar o 79o lugar entre 174 países
avaliados. Parece até uma boa colocação, não fosse o fato de que essa posição não
decorre da carência de recursos objetivos. Se estes fossem levados em conta, o
Ebook Fundamentos da Educação Página 25
país precisaria estar colocado entre os 30 primeiros países do planeta. O trágico é
que esta posição representa termos de selvageria na distribuição dos bens
materiais e culturais de que o país dispõe, provocando um grave nível de
desumanização.
Com efeito, o país está com uma das mais altas concentrações de renda do mundo,
medida pelo índice de Gini e que se expressa da seguinte maneira: enquanto os
20% mais pobres precisam distribuir entre si apenas 2,5% da renda do país, os
20% mais ricos se locupletam com 63,4%, ou seja, no Brasil, 30 milhões de
pessoas precisam sobreviver com a pequena fatia de 2,5% e outros 30 milhões
dispõem de 63,4% para o mesmo fim. O PIB anual per capita dos 20% mais ricos é
de US$ 18.563,00, enquanto o dos 20% mais pobres é de apenas US$ 578,00,
portanto, 32 vezes menor. Embora o país tenha enriquecido nos últimos anos, não
conseguiu transformar esta riqueza em maior expectativa de vida e em educação.2
Esta situação particular do Brasil é pior do que a do conjunto da América Latina,
que já é péssima: os 20% mais ricos dispõem de 52,94% da renda e os 20% mais
pobres, de 4,52%. Na África do Norte e no Oriente Médio, essa correlação é
45,35% e 6,90% (Kliksberg, 2000:34).
O retrato da existência real da população brasileira é o seguinte: 17% vivem na
miséria, ou seja, 26 milhões de pessoas; 17.600.000 de pessoas morrem antes de
atingir os 40 anos; 24.480.000 são analfabetos; 36.720.000 não contam com água
potável; e 45.900.000 não dispõem de esgoto.
No caso das condições das mulheres, medidas pelo IDH, verificou-se ligeira
melhora do desempenho do país, mas, como observa o jornal O Estado de S. Paulo
(11/07/99), "isso ocorre mais pelos problemas dos outros países do que pelas
virtudes brasileiras". O Brasil ocupa o 67o lugar, devido sobretudo à longevidade
feminina. A expectativa de vida das mulheres é de 71 anos, ao passo que a dos
homens é de 63 anos. Na educação, pequena vantagem para os homens:
Ebook Fundamentos da Educação Página 26
alfabetização e matrícula de meninos correspondem a, respectivamente, 84,1% e
82% contra 83,9% e 77% para as meninas. No entanto, na renda, o PIB per capita
refaz a diferença: o homem leva R$ 9.035,00 contra R$ 3.863,00 das mulheres,
portanto, uma diferença de 2,4 vezes, lembrando-se que a diferença média
mundial é de apenas 1,8 vez. No exercício do poder institucionalizado, a situação
das mulheres torna a cair, arrastando o Brasil para o 70o lugar entre 102 países:
só 5,9% das vagas parlamentares e 17,3% dos cargos diretivos cabem às
mulheres.
Apesar de ter índice de 100% de imunização contra a tuberculose, em 1997, o país
registrou 54 casos da doença por 100 mil habitantes. A média dos países
desenvolvidos é de 19,6 casos.
A mortalidade infantil, no Brasil, atinge 37 casos por mil nascimentos; as mortes
de crianças até 5 anos sobem para 44 casos por mil nascimentos. A mortalidade
materna alcança 220 casos por cem mil partos. Os médicos, no país, são 134 por
cem mil habitantes.
No Relatório Progresso das Nações 1999, publicado pela Unicef, o Brasil ocupa o
102o lugar no ranking de risco para a infância, entre 142 países pesquisados (Folha
de S.Paulo, 23/07/99). Para essa classificação, foram levados em conta o índice de
mortalidade infantil, o índice de amamentação integral e o índice de crianças fora
da escola.
Por outro lado, é alta a incidência de trabalho escravo no país. De 1966 a 1996,
foram constatados 21.826 trabalhadores escravizados (Folha de S.Paulo,
05/07/99).
Já de acordo com a PNAD, de 1995, das crianças em idade de 7 a 14 anos, 3% só
trabalham e 6,8% não trabalham mas também não estudam, o que corresponde a
cerca de 2.800.000 crianças fora de qualquer ambiente formal de estudo; e 10,5%
Ebook Fundamentos da Educação Página 27
estudam e trabalham simultaneamente, o que deixa, em 1995, 79,7% da
população desta faixa etária apenas estudando, atendida pelos serviços da
educação, ainda que de forma muitas vezes precária.
Atualmente, embora tenham melhorado esses índices de desempenho da educação
nacional, tanto no ensino médio como no fundamental, uma vez que, entre 1996 e
1997, diminuíram os índices de retenção e de evasão no sistema, os níveis ainda
são muito altos. A taxa de promoção no ensino fundamental, em 1997, foi de
77,5% e a de evasão, 11,1%. No ensino médio, estas taxas correspondem,
respectivamente, a 78,8% e 13%. O país continua com 16% de analfabetos, ou
seja, 24.480.000 pessoas.
Outro aspecto que merece atenção diz respeito à situação dos professores.
Segundo o MEC, o país tem 1.380.000 professores, dos quais 779.000 não
possuem curso superior; destes, 124.000 não concluíram o nível médio e 63.700
nem mesmo o ensino fundamental. Dos cerca de 600 mil com ensino superior, 81
mil têm licenciatura incompleta e quase 23.000 bacharéis lecionam mas não têm
formação pedagógica. Este quadro mostra que uma grande massa de professores
não possui formação específica para o magistério. Mostra também como o trabalho
está degradante; como a sociabilidade está deteriorada e opressiva; como a cultura
está alienante e precariamente dividida; como andam as mediações da existência
humana no Brasil, acenando para os desafios que a educação brasileira precisa
enfrentar para cumprir sua missão intrínseca que é a de investir nas forças
construtivas das práticas relacionadas ao trabalho, à vida social e à cultura
simbólica.
O que se constata, no entanto, com relação à educação brasileira, é que ela está
significativamente deficitária. Como se viu, o déficit educacional expressa-se em
números muito elevados. Tal situação cobra de todos os brasileiros sensíveis ao
valor da dignidade da pessoa humana, e portanto de sua postura ética, o seu
decisivo compromisso de estar fazendo com que sua prática político-educativa se
Ebook Fundamentos da Educação Página 28
transforme em investimento competente na consolidação das condições de
trabalho, na construção da cidadania (no plano das pessoas) e da democracia (no
plano da sociedade) e na expansão da cultura simbólica, utilizando-se de todos os
recursos disponíveis, de modo especial, a ferramenta do conhecimento.
Educação e formação do homem social
Ao contrário do que sempre alegaram a metafísica tradicional e a ciência moderna,
todas as formas de manifestação concreta da existência humana se realizam
mediante a ação real, o agir prático. Com efeito, a substância do existir é a prática.
Só se é algo mediante um contínuo processo de agir, só se é algo mediante a ação.
Assim, diferentemente do que pensavam os metafísicos clássicos, não é o agir que
decorre do ser, mas é o modo de ser que decorre do agir. É a ação que delineia,
circunscreve e determina a essência dos homens. É na e pela prática que as coisas
humanas efetivamente acontecem, que a história se faz.
Este é o sentido da historicidade da existência humana, ou seja, os homens não
são a mera expressão de uma essência metafísica predeterminada, nem a mera
resultante de um processo de transformações naturais que estariam em evolução.
Ao contrário, naquilo em que são especificamente humanos, eles são seres em
permanente processo de construção. Nunca estão prontos e acabados, nem no
plano individual, nem no plano coletivo, como espécie. Por sobre um lastro de uma
natureza físico-biológica prévia, mas que é pré-humana, compartilhada com todos
os demais seres vivos, eles vão se transformando e se reconstruindo como seres
especificamente humanos, como seres "culturais". E isso não apenas na linha de
um necessário aprimoramento, de um aperfeiçoamento contínuo ou de progresso:
ao contrário, estas mudanças transformativas, decorrentes de sua prática, podem
ser regressivas, nem sempre sinalizando para uma eventual direção de
aprimoramento de nosso modo de ser. O que é importante observar é que os seres
humanos vão sendo aquilo que se vão fazendo e este fazer-se, este constituir-se só
se dá mediante a ação e não pelos seus desejos, pelos seus pensamentos e
Ebook Fundamentos da Educação Página 29
teorias.
Assim, a educação não poderá mais ser vista como processo mecânico de
desenvolvimento de potencialidades. Ela será necessariamente um processo de
construção, ou seja, uma prática mediante a qual os homens estão se construindo
ao longo do tempo.
Conservação e Reposição da Existência pelo Trabalho
Porém, quando se analisa a realidade humana em sua historicidade, percebe-se
logo que a esfera básica da existência humana prática e histórica dos homens é
aquela do trabalho propriamente dito, ou seja, prática que alicerça e conserva a
existência material dos homens, já que a vida depende radicalmente dessa troca
entre o organismo e a natureza física.
Trabalho é entendido aqui não como mera operação técnica sobre a natureza, mas
como a densa relação dos homens com ela. Daí a sua caracterização como a esfera
produtiva, a esfera da prática econômica, mediante a qual os homens podem
prover a conservação de sua existência física.
Como bem o mostram as ciências econômicas, o processo produtivo, de bens
naturais e do próprio sujeito produtor, envolve, obviamente, não só o investimento
da energia dos organismos humanos. Está implicada nesse processo a apropriação
pelos homens dos recursos da terra, bem como dos meios tecnológicos da
produção. Por isso, estão em pauta a saúde corporal das pessoas, a disposição de
alimentos, de habitação, as formas e valores de remuneração do trabalho, enfim,
as condições objetivas da produção, que são igualmente as fontes objetivas da
existência real. Estas condições precisam estar equitativamente distribuídas, pois a
desigualdade dessa distribuição é que resulta na pobreza, na doença, no
desemprego, na baixa qualidade de vida, na privação também dos bens sociais e
culturais.
Ebook Fundamentos da Educação Página 30
Assim, de um primeiro ângulo, os homens estabelecem relações com a natureza
material, da qual recebem seu organismo físico-biológico e da qual retiram, direta
ou indiretamente, todos os elementos e recursos para a manutenção de sua
existência material e para sua sobrevivência, tanto como indivíduos quanto como
espécie. O conjunto das atividades desenvolvidas no âmbito destas relações
constitui o universo do trabalho, a esfera da produção técnica e econômica.
Organização da Sociedade para a Construção da Cidadania
Entretanto, a prática produtiva dos homens não se dá como trabalho individual: ela
é, antropologicamente falando, expressão necessária de um sujeito coletivo, ou
seja, a espécie humana só é humana à medida que se efetiva em sociedade. Não
se é propriamente humano fora de um tecido social, que constitui o solo de todas
as relações sociais, não apenas como referência circunstancial, mas como matriz,
placenta que nutre toda e qualquer atividade posta pelos sujeitos individuais.
Porém, é preciso observar que essa trama de relações sociais que tece a existência
real dos homens não se caracteriza apenas como coletividade gregária dos
indivíduos, como ocorre nas "sociedades" animais: um elemento específico
interfere aqui, mais uma vez marcando uma peculiaridade humana: a sociedade
humana é atravessada e impregnada por um coeficiente de poder, ou seja, os
sujeitos individuais não se justapõem, uns ao lado dos outros, em condições de
simétrica igualdade, mas se colocam hierarquicamente, uns sobre os outros, uns
dominando os outros. Torna-se assim uma sociedade política, uma cidade. Este
coeficiente que marca as nossas relações sociais como relações políticas e que
caracteriza nossa prática social envolve os indivíduos na esfera do poder.
Deste ponto de vista, uma estrutura social na qual o poder seja mais
equitativamente distribuído é condição básica para que os homens se humanizem.
É condição mínima para que haja cidadania. É neste sentido que se implicam as
situações de democracia e de cidadania. É por isso que, no sentido mais restrito,
Ebook Fundamentos da Educação Página 31
cidadania se reporta ao gozo dos direitos políticos e sociais, embora não se
limitando a eles, num sentido mais amplo.
A prática política responsável pela constituição histórica do existir humano se dá
mediante o exercício das relações sociais, modalidade de intercâmbio entre
pessoas: mas estas relações se humanizam na relação direta da minimização da
dominação e na razão inversa da maximalização da opressão de uns sobre os
outros. Trata-se de garantir para todos a participação nas tomadas de decisão
sobre o destino do todo social, ainda que a partir de núcleos específicos em que
este todo se realiza parcialmente.
Educação e Instauração da Cultura Simbólica
Porém, se a prática econômica e política são prioritárias e fundamentais na
configuração do modo de existir humano, é necessário considerar que o agir
humano tem suas especificidades, não se reduzindo nem ao determinismo onto-
essencialista da metafísica, nem ao mecanicismo naturalista da ciência, nem ao
seu decorrente pragmatismo funcionalista. A prática tipicamente humana, que
delineia seu modo de ser, não é a prática mecânica, transitiva; ao contrário, é uma
prática intencionalizada, marcada desde suas origens pela simbolização. É que,
instaurando-se como prolongamento das forças energéticas instintivas, a
subjetividade constitui-se como um novo equipamento, próprio da nova espécie,
transformando-se num instrumento de ação dos homens.
Vai ocorrer então que tanto a prática produtiva quanto a prática política só se
tornam práticas humanas porque são atravessadas por uma terceira dimensão
específica do agir humano: trata-se da simbolização, da prática simbolizadora. Com
efeito, a atividade técnica de transformação da natureza só se torna viável à
medida que os homens, graças a seu equipamento de subjetividade, são capazes
de duplicar simbolicamente os objetos de sua experiência, lidando com eles para
além de sua imediatez.
Ebook Fundamentos da Educação Página 32
Esse contexto, como que um tecido que vai se complexificando pela contínua
articulação de novas experiências, já tornadas possíveis pelas experiências
passadas e acumuladas, é a cultura uma das mediações concretas da existência
dos homens. E a cultura é o universo do saber. Isto é válido tanto no plano da
experiência epistêmica do indivíduo ¾ trata-se sempre de uma experiência que vai
se construindo, acumulando, sintetizando, reorganizando, sistematizando dados ¾
quanto no plano da própria humanidade, tanto na perspectiva ontogenética como
na perspectiva filogenética.
Educação como mediadora da existência histórica
Pode-se então equacionar a existência humana como se dando mediada pelo
tríplice universo do trabalho, da sociedade e da cultura. Como os três ângulos de
um triângulo, esses três universos se complementam e se implicam mutuamente,
um dependendo do outro, a partir de sua própria especificidade.
É nesse contexto que se pode entender as relações do conhecimento com o
universo social. Com efeito, o conhecimento pressupõe um solo de relações sociais,
não apenas como referência circunstancial, mas como matriz, como placenta que
nutre todo seu processamento. Entretanto, essa trama de relações sociais em que
se tece a existência real dos homens, como se viu antes, não se caracteriza apenas
pelas relações de gregaridade dos indivíduos, tal qual ocorre nas "sociedades"
animais, mas sobretudo por relações de hierarquização, envolvendo o elemento
específico a interferir no social humano, o poder, que torna política a sociedade.
O saber aparece, portanto, como instrumento para o fazer técnico-produtivo, como
mediação do poder e como ferramenta da própria criação dos símbolos, voltando-
se sobre si mesmo, ou seja, é sempre um processo de intencionalização. Assim, é
graças a essa intencionalização que nossa atividade técnica deixa de ser mecânica
e passa a se dar em função de uma projetividade, o trabalho ganhando um
Ebook Fundamentos da Educação Página 33
sentido. Do mesmo modo, a atividade propriamente política se ideologiza e a
atividade cultural transfigura a utilidade pragmática imediata de todas as coisas.
Como entender então a educação nesse contexto das mediações histórico-sociais
que efetivamente manifestam e concretizam a existência humana na realidade? Ela
deve ser entendida como prática simultaneamente técnica e política, atravessada
por uma intencionalidade teórica, fecundada pela significação simbólica, mediando
a integração dos sujeitos educandos nesse tríplice universo das mediações
existenciais: no universo do trabalho, da produção material, das relações
econômicas; no universo das mediações institucionais da vida social, lugar das
relações políticas, esfera do poder; no universo da cultura simbólica, lugar da
experiência da identidade subjetiva, esfera das relações intencionais. A educação
só se legitima intencionalizando a prática histórica dos homens.
Com efeito, se se espera, acertadamente, que a educação seja de fato um
processo de humanização, é preciso que ela se torne mediação que viabilize, que
invista na construção dessas mediações mais básicas, contribuindo para que elas
se efetivem em suas condições objetivas reais. Ora, esse processo não é
automático, não é decorrência mecânica da vida da espécie. É verdade que, ao
superar a transitividade do instinto e com ela a univocidade das respostas às
situações, a espécie humana ganha em flexibilidade, mas, ao mesmo tempo,
torna-se vítima fácil das forças alienantes, uma vez que todas as mediações são
ambivalentes: constituem, simultaneamente, o lugar da personalização, e o lugar
da desumanização, da despersonalização. Assim, a vida individual, a vida em
sociedade, o trabalho, as formas culturais e as vivências subjetivas podem estar
levando não a uma forma mais adequada de existência, da perspectiva humana,
mas antes a formas de despersonalização individual e coletiva, ao império da
alienação. Sempre é bom não perder de vista que o trabalho pode degradar o
homem, a vida social pode oprimi-lo e a cultura pode aliená-lo, ideologizando-o.
Daí se esperar da educação que ela se constitua, em sua efetividade prática, um
Ebook Fundamentos da Educação Página 34
decidido investimento na consolidação das forças construtivas dessas mediações. É
por isso que, ao lado do investimento na transmissão aos educandos, dos
conhecimentos científicos e técnicos, impõe-se garantir que a educação seja
mediação da percepção das relações situacionais, que ela lhes possibilite a
apreensão das intrincadas redes políticas da realidade social, pois só a partir daí
poderão se dar conta também do significado de suas atividades técnicas e
culturais. Por outro lado, cabe ainda à educação, no plano da intencionalidade da
consciência, desvendar os mascaramentos ideológicos de sua própria atividade,
evitando assim que se instaure como mera força de reprodução social e se torne
força de transformação da sociedade, contribuindo para extirpar do tecido desta
todos os focos da alienação.
Conclusão
O quadro da realidade social e educacional do Brasil mostra bem o quanto a
existência histórica dos brasileiros está longe de atingir um patamar mínimo de
qualidade. Mostra também o quanto é ainda grave o déficit educacional em termos
quantitativos e qualitativos e como é ainda grande o desafio para os gestores da
educação no Brasil. Exigem-se deles uma avaliação mais crítica da situação real da
nossa sociedade e uma maior vigilância diante do mavioso canto das sereias do
neoliberalismo.
Sem dúvida, a educação não é a alavanca da transformação social. No caso da
sociedade brasileira, ainda sob o império da formação econômica capitalista, o
núcleo substantivo de todas as relações sociais é a relação produtiva. Porém, a
educação, como também outras formas de ação sociocultural, está diretamente
relacionada com as condições da economia. É por isso que Gramsci (1976:9)
sempre insistiu que nenhuma reforma intelectual e moral pode estar desligada da
reforma econômica. Porém, se, por um lado, a educação pode contribuir para
disfarçar, legitimando-as ideologicamente, e abrandar as contradições e os conflitos
reais que acontecem no processo social, por outro, pode também desmascarar e
Ebook Fundamentos da Educação Página 35
aguçar a consciência dessas contradições, contribuindo para sua superação no
plano da realidade objetiva. Se a educação pode ser, como querem as teorias
reprodutivistas, um elemento fundamental na reprodução de determinado sistema
social, ela pode ser também elemento gerador de novas formas de concepções de
mundo capazes de se contraporem à concepção de mundo dominante em
determinado contexto sociocultural (Severino, 1986:96).
Notas
E-mail do autor: ajsev@uol.com.br
1. Esta nova condição e suas conseqüências econômicas, sociais e políticas estão bem
caracterizadas e analisadas em diversos artigos publicados no volume 12 da revista São Paulo em
Perspectiva, números 2 e 3, de 1998. Trata-se de volume dedicado ao capitalismo atual,
esclarecendo a situação do Brasil no contexto mundial. "No interior da internacionalização
econômica, são apresentadas e discutidas as repercussões do processo de globalização, o
significado da ideologia neoliberal e os efeitos das reformas políticas para alguns países da América
Latina (...)", situando "de forma geral a economia brasileira em face das novas características da
economia internacional" (São Paulo em Perspectiva, v.12, n.3, 1998:1).
2. O coeficiente de Gini é a medida dos graus de desigualdade na distribuição da renda. Ele é igual
a 0 quando a eqüidade é máxima, a renda sendo eqüitativamente distribuída entre todas as
pessoas que integram uma população. Vai de 0 a 1. Países altamente eqüitativos, como Suécia e
Espanha, têm o índice de Gini entre 0,25 a 0,30. A média mundial é 0,40. A média da América
Latina é de 0,57, enquanto o Brasil está com 0,69, após ter passado de 0,59 em 1980, para 0,63
em 1989, o que mostra a continuidade do agravamento da concentração de renda nas últimas
décadas (Kliksberg, 2000:84).
Referências bibliográficas
ALTHUSSER, L. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. São Paulo, Martins
Fontes, s/d. [ Links ]
BELLUZO, L.G. "Fim de século". São Paulo em Perspectiva. São Paulo, Fundação
Seade, v.12, n.2, abr./jun. 1992, p.21-26.
FERREIRA, N.T. Cidadania: uma questão para a educação. Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 1993.
Ebook Fundamentos da Educação Página 36
FRIGOTTO, G. A produtividade da escola improdutiva. São Paulo, Cortez/Autores
Associados, 1984.
GRAMSCI, A. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 1968.
__________ . Maquiavel, a política e o estado moderno. 2a ed. Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1976.
IANNI, O. "Globalização e neoliberalismo". São Paulo em Perspectiva. São Paulo,
Fundação Seade, v.12, n.2, abr./jun. 1998, p.27-32.
KLIKSBERG, B. Desigualdade na América Latina: o debate adiado. São Paulo,
Cortez/Unesco, 2000.
__________ . Repensando o Estado para o desenvolvimento social. São Paulo,
Cortez, 1998.
MARX, K. e ENGELS, F. A ideologia alemã. Lisboa, Presença, v.2, 1976.
ORTIZ, R. Mundialização e cultura. São Paulo, Brasiliense, 1994.
RODRIGUES, N. Estado, educação e desenvolvimento econômico. São Paulo,
Cortez/Autores Associados, 1982.
SEVERINO, A.J. Educação, ideologia e contra-ideologia. São Paulo, EPU, 1986.
__________ . Filosofia da educação. São Paulo, FTD, 1994 (Col. Ensinar &
Aprender).
__________ . "A escola e a construção da cidadania". Sociedade civil e educação.
Campinas, Papirus, 1992, p.9-14 (Coletânea CBE).
__________ . "A formação profissional do educador: pressupostos filosóficos e
implicações curriculares". Revista da Ande, n.17, jun. 1991, p.29-40.
SINGER, P. "Para além do neoliberalismo: a saga do capitalismo contemporâneo".
São Paulo em Perspectiva. São Paulo, Fundação Seade, v.12, n.2, abr./jun. 1992,
p.3-20.
Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000200010
Ebook Fundamentos da Educação Página 37
1.3 Inclusão educacional e diversidade
24 respostas para as principais dúvidas sobre inclusão
Noêmia Lopes
Um desenho feito com uma só cor tem muito valor e significado, mas não há como
negar que a introdução de matizes e tonalidades amplia o conteúdo e a riqueza
visual. Foi a favor da diversidade e pensando no direito de todos de aprender que a
Lei nº 7.853 (que obriga todas as escolas a aceitar matrículas de alunos com
deficiência e transforma em crime a recusa a esse direito) foi aprovada em 1989 e
regulamentada em 1999. Graças a isso, o número de crianças e jovens com
deficiência nas salas de aula regulares não para de crescer: em 2001, eram 81 mil;
em 2002, 110 mil; e 2009, mais de 386 mil - aí incluídas as deficiências, o
Transtorno Global do Desenvolvimento e as altas habilidades.
Hoje, boa parte das escolas tem estudantes assim. Mas você tem certeza de que
oferece um atendimento adequado e promove o desenvolvimento deles? Muitos
gestores ainda não sabem como atender às demandas específicas e, apesar de
acolher essas crianças e jovens, ainda têm dúvidas em relação à eficácia da
inclusão, ao trabalho de convencimento dos pais (de alunos com e sem deficiência)
e da equipe, à adaptação do espaço e dos materiais pedagógicos e aos
procedimentos administrativos necessários.
Para quebrar antigos paradigmas e incluir de verdade, todo diretor tem um papel
central. Afinal, é da gestão escolar que partem as decisões sobre a formação dos
professores, as mudanças estruturais e as relações com a comunidade.
Gestão administrativa
1. Como ter certeza de que um aluno com deficiência está apto a frequentar a
escola?
Ebook Fundamentos da Educação Página 38
Aos olhos da lei, essa questão não existe - todos têm esse direito. Só em alguns
casos é necessária uma autorização dos profissionais de saúde que atendem essa
criança. É dever do estado oferecer ainda uma pessoa para ajudar a cuidar desse
aluno e todos os equipamentos específicos necessários. "Cabe ao gestor oferecer
as condições adequadas conforme a realidade de sua escola", explica Daniela
Alonso, psicopedagoga especializada em inclusão e selecionadora do Prêmio Victor
Civita - Educador Nota 10.
2. As turmas que têm alunos com deficiência devem ser menores?
Sim, pois grupos pequenos (com ou sem alunos de inclusão) favorecem a
aprendizagem. Em classes numerosas, os professores encontram mais dificuldade
para flexibilizar as atividades e perceber as necessidades e habilidades de cada um.
3. Quantos alunos com deficiência podem ser colocados na mesma sala?
Não há uma regra em relação a isso, mas em geral existem dois ou, em alguns
casos, três por sala. Vale lembrar que a proporção de pessoas com deficiência é de
8 a 10% do total da população.
4. Para torna a escola inclusiva, o que compete às diversas esferas de governo?
"O governo federal presta assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito
Federal e aos municípios para o acesso dos alunos e a formação de professores",
explica Claudia Pereira Dutra, secretária de Educação Especial do Ministério da
Educação (MEC). Os gestores estaduais e municipais organizam sistemas de ensino
voltados à diversidade, firmam e fiscalizam parcerias com instituições
especializadas e administram os recursos que vêm do governo federal.
Gestão da aprendizagem
5. Quem tem deficiência aprende mesmo?
Sem dúvida. Sempre há avanços, seja qual for a deficiência. Surdos e cegos, por
exemplo, podem desenvolver a linguagem e o pensamento conceitual. Crianças
Ebook Fundamentos da Educação Página 39
com deficiência mental podem ter mais dificuldade para se alfabetizar, mas
adquirem a postura de estudante, conhecendo e incorporando regras sociais e
desenvolvendo habilidades como a oralidade e o reconhecimento de sinais gráficos.
"É importante entender que a escola não deve, necessariamente, determinar o que
e quando esse aluno vai aprender. Nesses casos, o gestor precisa rever a relação
entre currículo, tempo e espaço", afirma Daniela Alonso.
6. Ao promover a inclusão, é preciso rever o projeto político pedagógico (PPP) e o
currículo da escola?
Sim. O PPP deve contemplar o atendimento à diversidade e o aparato que a equipe
terá para atender e ensinar a todos. Já o currículo deve prever a flexibilização das
atividades (com mais recursos visuais, sonoros e táteis) para contemplar as
diversas necessidades.
7. Em que turma o aluno com deficiência deve ser matriculado?
Junto com as crianças da mesma idade. "As deficiências física, visual e auditiva não
costumam representar um problema, pois em geral permitem que o estudante
acompanhe o ritmo da turma. Já os que têm deficiência intelectual ou múltipla
exigem que o gestor consulte profissionais especializados ao tomar essa decisão",
diz Daniela Alonso. Um aluno com síndrome de Down, por exemplo, pode se
beneficiar ficando com um grupo de idade inferior à dele (no máximo, três anos de
diferença). Mas essa decisão tem de ser tomada caso a caso.
8. Alunos com deficiência atrapalham a qualidade de ensino em uma turma?
Não, ao contrário. Hoje, sabe-se que todos aprendem de forma diferente e que
uma atenção individual do professor a determinado estudante não prejudica o
grupo. Daí a necessidade de atender às necessidades de todos, contemplar as
diversas habilidades e não valorizar a homogeneidade e a competição.
9. Como os alunos de inclusão devem ser avaliados?
De acordo com os próprios avanços e nunca mediante critérios comparativos. Esse
Ebook Fundamentos da Educação Página 40
é o modelo adotado na EM Valentim João da Rocha, em Joinville, a 174 quilômetros
de Florianópolis (leia mais no quadro abaixo). "Os professores devem receber
formação para observar e considerar o desenvolvimento individual, mesmo que ele
fuja dos critérios previstos para o resto do grupo", explica Rossana Ramos,
professora da Universidade de Pernambuco (UPE). Quando o estudante acompanha
o ritmo da turma, basta fazer as adaptações, como uma prova em braile para os
cegos.
10. A nota da escola nas avaliações externas cai quando ela tem estudantes com
deficiência?
Em princípio, não. Porém há certa polêmica em relação aos casos de deficiência
intelectual. O MEC afirma que não há impacto significativo na nota. Já os
especialistas dizem o contrário. Professores costumam reclamar disso quando o
desempenho da escola tem impacto em bônus ou aumento salarial. "O ideal seria
ter provas adaptadas dentro da escola ou, ao menos, uma monitoria para que os
alunos pudessem realizá-las. Tudo isso, é claro, com a devida regulamentação
governamental", defende Daniela Alonso. Enquanto isso não acontece, cabe aos
gestores debater essas questões com a equipe e levá-las à Secretaria de Educação.
Gestão de equipe
11. É possível solicitar o apoio de pessoal especializado?
Mais do que possível, é necessário. O aluno tem direito à Educação regular em seu
turno e ao atendimento especializado no contraturno, responsabilidade que não
compete ao professor de sala. Para tanto, o gestor pode buscar informações na
Secretaria de Educação Especial do MEC, na Secretaria de Educação local e em
organizações não governamentais, associações e universidades. Além do
atendimento especializado, alunos com deficiência têm direito a um cuidador, que
deve participar das reuniões sobre o acompanhamento da aprendizagem, como na
EMEF Luiza Silvina Jardim Rebuzzi, em Aracruz, a 79 quilômetros de Vitória (leia
mais no quadro abaixo).
Ebook Fundamentos da Educação Página 41
12. Como integrar o trabalho do professor ao do especialista?
Disponibilizando tempo e espaço para que eles se encontrem e compartilhem
informações. Essa integração é fundamental para o processo de inclusão e cabe ao
diretor e ao coordenador pedagógico garantir que ela ocorra nos horários de
trabalho pedagógico coletivo.
13. Como lidar com as inseguranças dos professores?
Promovendo encontros de formação e discussões em que sejam apresentadas as
novas concepções sobre a inclusão (que falam, sobretudo, das possibilidades de
aprendizagem). "O contato com teorias e práticas pedagógicas transforma o
posicionamento do professor em relação à Educação inclusiva", diz Rossana Ramos.
Nesses encontros, não devem ser discutidas apenas características das
deficiências. "Apostamos pouco na capacidade desses alunos porque gastamos
muito tempo tentando entender o que eles têm, em vez de conhecer as
experiências pelas quais já passaram", afirma Luiza Russo, presidente do Instituto
Paradigma, de São Paulo.
14. Como preparar os funcionários para lidar com a inclusão?
Formação na própria escola é a solução, em encontros que permitam que eles
exponham dificuldades e tirem dúvidas. "Esse diálogo é uma maneira de mudar a
forma de ver a questão: em vez de atender essas crianças por boa vontade, é
importante mostrar que essa demanda exige a dedicação de todos os profissionais
da escola", diz Liliane Garcez, da comissão executiva do Fórum Permanente de
Educação Inclusiva e coordenadora de pós-graduação de Inclusão no Centro de
Estudos Educacionais Vera Cruz (Cevec). É possível também oferecer uma
orientação individual e ficar atento às ofertas de formação das Secretarias de
Educação.
Gestão da comunidade
Ebook Fundamentos da Educação Página 42
15. Como trabalhar com os alunos a chegada de colegas de inclusão?
Em casos de deficiências mais complexas, é recomendável orientar professores e
funcionários a conversar com as turmas sobre as mudanças que estão por vir,
como a colocação de uma carteira adaptada na classe ou a presença de um
intérprete durante as aulas. Quando a inclusão está incorporada ao dia a dia da
escola, esses procedimentos se tornam menos necessários.
16. O que fazer quando o aluno com deficiência é agressivo?
A equipe gestora deve investigar a origem do problema junto aos professores e aos
profissionais que acompanham esse estudante. "Pode ser que o planejamento não
esteja contemplando a participação dele nas atividades", afirma Daniela Alonso.
Nesse caso, cabe ao gestor rever com a equipe a proposta de inclusão. Se a
questão envolve reclamações de pais de alunos que tenham sido vítimas de
agressão, o ideal é convidar as famílias para uma conversa.
17. O que fazer quando a criança com deficiência é alvo de bullying?
É preciso elaborar um projeto institucional para envolver os alunos e a comunidade
e reforçar o trabalho de formação de valores.
18. Os pais precisam ser avisados que há um aluno com deficiência na mesma
turma de seu filho?
Não necessariamente. O importante é contar às famílias, no ato da matrícula, que
o PPP da escola contempla a diversidade. A exceção são os alunos com quadro
mais severo - nesses casos, a inclusão dá mais resultado se as famílias são
informadas em encontros com professores e gestores. "Isso porque as crianças
passam a levar informações para casa, como a de que o colega usa fralda ou baba.
E, em vez de se alarmar, os pais poderão dialogar", diz Daniela Alonso.
19. Como lidar com a resistência dos pais de alunos sem deficiência?
O argumento mais forte é o da lei, que prevê a matrícula de alunos com deficiência
em escolas regulares. Outro caminho é apresentar a nova concepção educacional
Ebook Fundamentos da Educação Página 43
que fundamenta e explica a inclusão como um processo de mão dupla, em que
todos, com deficiência ou não, aprendem pela interação e diversidade.
20. Uma criança com deficiência mora na vizinhança, mas não vai à escola. O que
fazer?
Alertar a família de que a matrícula é obrigatória. Ainda há preconceito, vergonha e
insegurança por parte dos pais. Quebrar resistências exige mostrar os benefícios
que a criança terá e que ela será bem cuidada. É o que faz a diretora da EM Osório
Leônidas Siqueira, em Petrolina, a 765 quilômetros do Recife (leia mais no quadro
abaixo). Os períodos de adaptação, em que os pais ficam na escola nos primeiros
dias, também ajudam. Se houver recusa em fazer a matrícula, é preciso avisar o
Conselho Tutelar e, em último caso, o Ministério Público.
Gestão do espaço
21. Como preparar os vários espaços da escola?
Ao buscar informações nas Secretarias de Educação e instituições que apoiam a
inclusão, cabe ao gestor perguntar sobre tudo o que está disponível. O MEC libera
recursos financeiros para ações de acessibilidade física, como rampas e elevadores,
sinalização tátil em paredes e no chão, corrimões, portas e corredores largos,
banheiros com vasos sanitários, pias e toalheiros adaptados e carteiras, mesas e
cadeiras adaptadas. É fato, porém, que há um grande descompasso entre a
demanda e a disponibilização dos recursos. O processo nem sempre é rápido e
exige do gestor criatividade para substituir a falta momentânea do material.
22. Há diferença entre a sala de apoio pedagógico e a de recursos?
A primeira é destinada a qualquer aluno que precise de reforço no ensino. Já a sala
de recursos oferece o chamado Atendimento Educacional Especializado (AEE)
exclusivamente para quem tem deficiência, algum transtorno global de
desenvolvimento ou altas habilidades.
Ebook Fundamentos da Educação Página 44
Gestão de material e suprimentos
23. É preciso ter uma sala de recursos dentro da própria escola?
Se possível, sim. A lei diz que, no turno regular, o aluno com deficiência deve
assistir às aulas na classe comum e, no contraturno, receber o AEE
preferencialmente na escola. Existem duas opções para montar uma sala de
recursos: a multifuncional (que o MEC disponibiliza) tem equipamentos para todas
as deficiências e a específica (modelo usado por algumas Secretarias) atende a
determinado tipo de deficiência. Enquanto a sala não for implantada, o gestor deve
procurar trabalhar em parceria com o atendimento especializado presente na
cidade e fazer acordos com centros de referência - como associações,
universidades, ONGs e instituições conveniadas ao governo.
24. Como requisitar material pedagógico adaptado para a escola?
Áudio-livros, jogos, computadores, livros em braile e mobiliário podem ser
requisitados à Secretaria de Educação local e ao MEC. "Para isso, é preciso que a
Secretaria de Educação apresente ao MEC um Plano de Ações Articuladas", explica
Claudia Dutra.
Bibliografia
Inclusão Escolar - O Que É? Por Quê? Como Fazer?, Maria Teresa Eglér Mantoan, 64
págs., Ed. Moderna, tel. 0800-172002, 20 reais
Inclusão na Prática: Estratégias Eficazes para a Educação Inclusiva, Rossana
Ramos, 128 págs., Ed. Summus, tel. (11) 3872-3322, 29,90 reais
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/24-respostas-principais-duvidas-inclusao-
acessivel-acessibilidade-deficiencia-565836.shtml?page=0
Ebook Fundamentos da Educação Página 45
1.4 Função social da escola
A Função social da escola
Cristiane Kuhn de Oliveira
A escola, principalmente a pública, é espaço democrático dentro da sociedade
contemporânea. Servindo para discutir suas questões, possibilitar o
desenvolvimento do pensamento crítico, trazer as informações, contextualizá-las e
dar caminhos para o aluno buscar mais conhecimento. Além disso, é o lugar de
sociabilidade de jovens, adolescentes e também de difusão sócio-cultural. Mas é
preciso considerar alguns aspectos no que se refere a sua função social ea
realidade vivida por grande parte dos estudantes brasileiros.
Na atualidade alguns discursos tenham ganhado força na teoria da educação. Estes
discursos e teorias, centrados na problemática educacional e na contradição
existente entre teoria e prática produzem certas conformações e acomodações
entre os educadores.
Muitos atribuem a problemática da educação às situações associadas aos valores
humanos, como a ausência e/ou ruptura de valores essenciais ao convívio humano.
Assim, como alegam despreparo profissional dos educadores, salas de aula
superlotadas, cursos de formação acelerados, salários baixos, falta de recursos,
currículos e programas pré-elaborados pelo governo, dentre tantos outros fatores,
tudo em busca da redução de custos.
Todas essas questões contribuem de fato para a crise educacional, mas é preciso ir
além e buscar compreender o núcleo dessa problemática, encontrar a raiz desses
fatores, entendendo de onde eles surgem. A grande questão é: qual a origem
desses fatores que impedem a qualidade na educação?
Certamente a resposta para uma discussão tão atual como essa surja com o estudo
Ebook Fundamentos da Educação Página 46
sobre as bases que compõem a sociedade atual. Pois, ao analisar o sistema
capitalista nas suas mais amplas esferas, descobre-se que todas essas
problemáticas surgem da forma como a sociedade está organizada com bases na
propriedade privada, lucro, exploração do ser humano e da natureza e se
manifestam na ideologia do sistema.
Um sistema que prega a acumulação privada de bens de produção, formando uma
concepção de mundo e de poder baseada no acumular sempre para consumir mais,
onde quanto mais bens possuir, maior será o poder que exercerá sobre a
sociedade, acaba por provocar diversos problemas para a população,
principalmente para as classes menos favorecidas, como: falta de qualidade na
educação, ineficiência na saúde, aumento da violência, tornando os sistemas
públicos, muitas vezes, caóticos.
Independentemente do discurso sobre a educação, ele sempre terá uma base
numa determinada visão de homem, dentro e em função de uma realidade
histórica e social específica. Acredita-se que a educação baseia-seem significações
políticas, de classe. Freitag (1980) ressalta a freqüente aceitação por parte de
muitos estudiosos de que toda doutrina pedagógica, de um modo ou de outro,
sempre terá como base uma filosofia de vida, uma concepção de homem e,
portanto, de sociedade.
Ainda segundo Freitag (1980, p.17) a educação é responsável pela manutenção,
integração, preservação da ordem e do equilíbrio, e conservação dos limites do
sistema social. E reforça "para que o sistema sobreviva, os novos indivíduos que
nele ingressam precisam assimilar e internalizar os valores e as normas que regem
o seu funcionamento."
A educação em geral, designa-se com esse termoa transmissão e o aprendizado das técnicasculturais, que são as técnicas de uso, produção ecomportamento, mediante as quais um grupo dehomens é capaz de satisfazer suas necessidades,proteger-se contra a hostilidade do ambiente físico
Ebook Fundamentos da Educação Página 47
e biológico e trabalhar em conjunto, de modo maisou menos ordenado e pacífico. Como o conjuntodessas técnicas se chama cultura, uma sociedadehumana não pode sobreviver se sua cultura não étransmitida de geração para geração; asmodalidades ou formas de realizar ou garantiressa transmissão chama-se educação.(ABBAGNANO, 2000, p. 305-306)
Assim a educação não alienada deve ter como finalidade a formação do homem
para que este possa realizar as transformações sociais necessárias à sua
humanização, buscando romper com o os sistemas que impedem seu livre
desenvolvimento.
A alienação toma as diretrizes do mundo do trabalho no seio da sociedade
capitalista e no modo como esse modelo de produção nega o homem enquanto ser,
pois a maioria das pessoas vive apenas para o trabalho alienado, não se completa
enquanto ser, tem como objetivo atingir a classe mais alta da sociedade ou, ao
menos, sair do estado de oprimido, de miserável. Perde-se em valores e
valorações, não consegue discernir situações e atitudes, vive para o trabalho e
trabalha para sobreviver. Sendo levado a esquecer de que é um ser humano, um
integrante do meio social em que vive, um cidadão capaz de transformar a
realidade que o aliena, o exclui.
Há uma contribuição de Saviani (2000, p.36) que a respeito do homem considera
"(...) existindo num meio que se define pelas coordenadas de espaço e tempo. Este
meio condiciona-o, determina-o em todas as suas manifestações." Vê-se a relação
da escola na formação do homem e na forma como ela reproduz o sistema de
classes.
Para Duarte (2003) assim como para Saviani (1997) o trabalho educativo produz
nos indivíduos a humanidade, alcançando sua finalidade quando os indivíduos se
apropriam dos elementos culturais necessários a sua humanização.
O essencial do trabalho educativo é garantir a possibilidade do homem tornar-se
Ebook Fundamentos da Educação Página 48
livre, consciente, responsável a fim de concretizar sua humanização. E para isso
tanto a escola como as demais esferas sociais devem proporcionar a procura, a
investigação, a reflexão, buscando razões para a explicação da realidade, uma vez
que é através da reflexão e do diálogo que surgem respostas aos problemas.
Saviani (2000, p.35) questiona "(...) a educação visa o homem; na verdade, que
sentido terá a educação se ela não estiver voltada para a promoção do homem?" E
continua sua indagação ao refletir "(...) uma visão histórica da educação mostra
como esta esteve sempre preocupada em formar determinado tipo de homem. Os
tipos variam de acordo com as diferentes exigências das diferentes épocas. Mas a
preocupação com o homem é uma constante."
Os espaços educativos, principalmente aqueles de formação de educadores devem
orientar para a necessidade da relação subjetividade-objetividade, buscando
compreender as relações, uma vez que, os homens se constroem na convivência,
na troca de experiências. É função daqueles que educam levar os alunos a
romperem com a superficialidade de uma relação onde muitos se relacionam
protegidos por máscaras sociais, rótulos.
A educação, vista de um outro paradigma, enquanto mecanismo de socialização e
de inserção social aponta-se como o caminho para construção da ética. Não
usando-a para cumprir funções ou realizar papéis sociais, mas para difundir e
exercitar a capacidade de reflexão, de criticidade e de trabalho não-alienado.
(...) sem ingenuidade, cabe reconhecer os limitesimpostos pela exploração, pela exclusão social epela renovada força da violência, da competição edo individualismo. Assim, se a educação e a éticanão são as únicas instâncias fundamentais, éinegável reconhecer que, sem a palavra, aparticipação, a criatividade e apolítica, muitopouco, ou quase nada, podemos fazer parainterferir nos contextos complexos do mundocontemporâneo. Esse é o desafio que diz respeitoa todos nós. (RIBEIRO; MARQUES; RIBEIRO 2003,p.93)
Ebook Fundamentos da Educação Página 49
A escola não pode continuar a desenvolver o papel de agência produtora de mão
de obra. Seu objetivo principal deve ser formar o educando como homem
humanizado e não apenas prepará-lo para o exercício de funções produtivas, para
ser consumidor de produtos, logo, esvaziados, alienados, deprimidos, fetichizados.
É necessário que a práxis educativa dos educadores e educadoras supere o espírito
de competitividade individualista e egoísta da sociedade capitalista. A fim de que
possa se converter em instrumento de ação política e social, a favor das classes
trabalhadoras.
Diante do exposto pode-se questionar: qual o perfil dos educadores e dos
estudantes de educação frente à problemática educacional na sociedade
capitalista?
É claro que não há um perfil determinado e nem um modelo que deva ser seguido
á risca. Mas pode-se salientar que os envolvidos com a educação e que desejam ou
acreditam na possível transformação social devem buscar através da dinâmica e da
dialética, assumir um compromisso com o povo, abandonando a postura de
neutralidade e visando a práxis transformadora; recusar o imobilismo, não ficando
somente na idéia de críticas e denúncias, mas pesquisando e apontando soluções;
encarar a educação como problematizadora, tendo a consciência de que não cabe a
educação realizar a transformação estrutural da sociedade, mas que, para que
ocorra essa transformação a educação tem um papel intransferível.
Mészáros (2005) salienta que a educação deve qualificar para a vida, e não para o
mercado, como está impregnada na ideologia capitalista, como mercadoria, um
negócio. Para ele a crise educacional não resulta apenas da modificação política dos
processos educacionais, mas da reprodução da estrutura dos valores que
perpetuam a ideologia da sociedade mercantil.
Ebook Fundamentos da Educação Página 50
Nessa perspectiva pode-se apontar que a origem dos fatores que impedem a
universalização da educação, uma educação igualitária e que promova o ser
humano e o ser social está na ideologia imposta pelo capital.
Trata-se de reações provocadas pelo trabalho alienado e alienante, condições
originadas das relações de produção, que levam os indivíduos a seguir modelos e a
desencadear tantas outras situações que fortalecem ainda mais o sistema. As
crises que agravam o sistema educacional são consequências do modelo econômico
vigente e contribuem para o maior agravamento da situação.
Atrelado a esse contexto, explica Mészáros (2005, p.27) "(...) é por isso que é
necessário romper com a lógica do capital se quisermos contemplar a criação de
uma alternativa educacional significativamente diferente."
Somente um sistema que pregue e realmente efetive a igualdade entre homens,
sem dominados nem dominantes, poderá contemplar a formação integral do
homem. Da mesma forma que, depende de uma educação de qualidade a
possibilidade de termos uma sociedade mais justa, em que a ética exista e se firme
enquanto ciência da conduta entre homens.
Para compreender mais nitidamente toda essa discussão, busca-se compreender
quem determina os rumos da educação. E para chegar a essa resposta basta
analisar que as classes dominantes impõem uma educação que sustente o trabalho
alienado, em que o capital destrói o lazer apostando num prazer alienado, de puro
entretenimento e voltado para o mercado, a fim de manter o trabalhador na
condição de dominado. Assim, as relações de trabalho originadas desse meio,
transformam e moldam a cultura ocorrendo a reprodução de valores que auxiliam a
continuação de concepções de homem e de mundo firmadas na sociedade
mercantil.
Em meio a todas essas questões torna-se preciso refletir se a educação de
Ebook Fundamentos da Educação Página 51
qualidade para todos prejudica o interesse de alguns. E para esse questionamento
Gomes (1994, p.47) explica que "(...) não pode haver educação livre ou universal,
enquanto existem classes. Embora possa utilizar disfarces sutis, a escola é o
instrumento da classe dominante."
A educação escolar, considerada como o principal meio de transformação social
através da conscientização, criticidade e reflexão do homem em relação ao meio
em que vive, tem tomado outros significados no seio da alienação da sociedade e
acaba desempenhando o papel de depósito de jovens, onde oferece os
conhecimentos úteis ao mercado de trabalho e legitima os valores ditos pela classe
dominante, integrando-se ao processo de acumulação de capital que perpetua e
reproduz o sistema de classes.
A escola, neste contexto, não é imparcial. Ela atua como instrumento de
dominação, sendo reprodutora das classes sociais por meio de processos de
exclusão dos mais pobres, concomitamente com a dissimulação dessa situação,
impondo uma cultura que considera legítima, tornando falsas quaisquer outras
manifestações que contrariam a ideologia dominante.
Vale salientar que, mesmo com todas essas problemáticas geradas pelo
capitalismo, e até mesmo, como resposta a todos esses conflitos, há uma parcela
da sociedade que lança mão das lutas sociais e das manifestações culturais e
artísticas a fim de difundir o pensamento dialético, de criticidade de forma a tentar
superar a ideologia vigente.
É evidente que devido a todas essas limitações provocadas pelo sistema, sempre
surgem novos movimentos como respostas a novas exigências sociais, originando-
se das carências sociais mais atuantes e relevantes e por isso mesmo, com a
possibilidade de compreender e interpretar os anseios populares. Dentre esses
movimentos pode-se destacar os que defendem os direitos humanos, as
populações marginalizadas e o meio ambiente.
Ebook Fundamentos da Educação Página 52
Mas a escola não pode ser vista apenas como instrumento de dominação. E através
dela que se busca a superação da realidade vigente. E é a escola, também, que
proporciona o surgimento de muitos movimentos sociais que almejam a superação
da crise capitalista. A escola pode e deve ser vista como espaço de prazer, de
trocas, de experiências, onde aprende-se a viver e a conviver. Não fosse assim,
não haveriam reações dos mais diferentes tipos por parte de alunos e de
professores que insatisfeitos com determinada situação buscam mudanças.
É urgente superar a educação tantas vezes deseducadora, abandonando posturas
embutidas na ideologia do sistema e ultrapassar a visão distorcida da educação
como mero instrumento de formação para o mercado de trabalho. Reformular o
compromisso de educadores com a atividade pedagógica e renovar o
comportamento frente à sociedade.
Vale reafirmar que embora a escola esteja comprometida com os interesses
econômicos, sociais e políticos dominantes, legitimando ou reproduzindo estas
estruturas, ela também pode ser transformadora desde que os sujeitos que a
integram tenham clareza, compreendam o movimento da realidade e construam
uma práxis transformadora que vise a verdadeira socialização dos bens materiais e
espirituais produzidos pela humanidade. Além do mais, a universidade e os cursos
de formação de professores tem um papel relevante ao reagirem sobre as bases
teóricas, o currículo e as discussões que negligenciam a análise crítica-radical da
sociedade.
A função social se amplia a fim de converter-se em centro privilegiado de
educação, cidadania e cultura. A escola, enquanto instituição ética e socializadora,
consiste num dos principais meios para a formação crítica e cidadã. E para o
exercício dessa incumbência a escola precisa assegurar a realização de atividades
que possuem relação com todos os aspectos que envolvem a tarefa maior da
escola: a qualidade em educação. Tendo como objetivo o processo de ensino e
Ebook Fundamentos da Educação Página 53
aprendizagem e a realização de atividades que não possuem uma relação direta
com o processo educativo, mas concorrem para torná-lo efetivo, propiciando as
condições básicas para que ele se realize, assim podemos citar algumas:
·Possuir autonomia, definindo e construindo seu próprio caminho pedagógico;
·Oferecer instrumentos de compreensão da realidade local, onde a escola considere
a realidade na qual está inserida, promovendo a identidade cultural do aluno;
·Propor planejamento adequado com ações articuladas aos objetivos, assim como
programas de avaliação de desempenho;
·Possuir um currículo contextualizado, que seja organizado e que assegure as
aprendizagens fundamentais estabelecidas para o país, mas que se identifique com
o contexto local;
·Promover a inclusão e a participação dos educandos em relações sociais
diversificadas e cada vez mais amplas;
·Estimular o exercício da cidadania;
·Criar a ação educativa partilhada com a comunidade local, ultrapassando os muros
da escola;
·Incentivar o professor a assumir sua condição de pesquisador, dentre tantas
outras.
Além disso cabe ao governo investir em política educacional de qualidade,
garantindo infra-estrutura de funcionamento, condições adequadas de trabalho e
salário, programas de capacitação e a adoção de uma gestão participativa e
democrática.
Assim é direito e dever de todos os segmentos sociais, que buscam e acreditam
numa sociedade democrática, exigir o cumprimento e realização das funções
primordiais da educação garantidas em lei. Sendo importante a participação nas
decisões relativas aos rumos, diretrizes e organização.
Referências
Ebook Fundamentos da Educação Página 54
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2000.
DUARTE, Newton. Sociedade do conhecimento ou sociedade das ilusões?
Campinas, SP: Autores Associados, 2003.
_________.(org.). Crítica ao fetichismo da individualidade. Campinas, SP: Autores
Associados, 2004.
FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. 3. ed. São Paulo:
Moraes, 1980.
FREITAG, Bárbara. Educação, estado e sociedade. 4. ed. rev. São Paulo: Moraes,
1980.
GOMES, Candido Alberto. A educação em perspectiva sociológica. 3. ed. rev. amp.
São Paulo: EPU,1994.
MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital. Tradução de Isa Tavares. São
Paulo: Boitempo, 2005.
RIBEIRO, Luís Távora Furtado; MARQUES, Marcelo Santos; RIBEIRO, Marco Aurélio
de Patrício . Ética em três dimensões. 2. ed. Fortaleza: Brasil Tropical, 2003.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 6. ed.
Campinas, Autores associados, 1997.
________. Educação: do senso comum à consciência filosófica. 13. ed. Campinas,
São Paulo: Autores Associados, 2000.
________. Escola e democracia: teorias daeducação, curvatura da vara, onze teses
sobre a educação política. 36. ed. rev. Campinas, SP: Autores Associados, 2003.
Fonte: http://www.webartigos.com/artigos/a-funcao-social-da-escola/26970/
Ebook Fundamentos da Educação Página 55
2. Estrutura educacional brasileira
Principais mudanças ocorridas no sistema educacional brasileiro nas
últimas décadas
Portal Terra
1961
Neste ano foi instituída a primeira Lei de Diretrizes de Base (LDB) brasileira (Lei n.º
4.024/61). Antes, o ensino era baseado na Reforma Capanema, pensada ainda na
Era Vargas, em 1942. A mudança tirou o latim do currículo das escolas, apesar de
ainda manter francês e inglês como línguas estrangeiras.
O sistema educacional era dividido em escola primária - com duração entre quatro
e seis anos e obrigatório para crianças a partir de sete anos - e ensino médio, com
três possibilidades, conforme a opção do aluno: clássico, normal (voltado para
formação de educadores) ou técnico (com cursos profissionalizantes). Para
ingressar no ensino médio, o aluno deveria ter 11 anos completos (ou completá-los
durante o primeiro ano do curso) e prestar um exame de admissão. Ao obter a
aprovação, o aluno iniciava o ginásio, que durava quatro anos. Após esse período,
havia o colegial, com tempo de formação mínimo de três anos e que direcionava o
aluno conforme a opção dele para o ensino médio.
1971
Dez anos após a primeira LDB, a segunda versão da lei foi promulgada no Brasil
(Lei n.º 5.692/71). A principal mudança foi a unificação da escola primária e do
ginásio, que formaram, a partir disso, o ensino de primeiro grau, com oito anos de
duração. (A lei) tentou dar uma unidade da primeira à oitava série, mas não
conseguiu. As séries iniciais continuaram a ser mais polivalentes, com um único
professor dando as aulas. Depois, continuou a ser disciplinar, analisa a vice-
presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação
(ANPEd), Leda Scheibe. Para ingressar no 1º grau, a criança deveria ter no mínimo
Ebook Fundamentos da Educação Página 56
sete anos. Já o ensino de segundo grau substituiu o colegial e tinha duração de
três ou quatro anos, conforme a habilitação.
Na lei de 1971, foi a primeira vez em que o ensino supletivo ganhou
regulamentação específica da LDB. Com o objetivo de suprir a escolarização de
adolescentes e adultos que não tinham conseguido concluir os estudos na idade
própria, a legislação estipulou a possibilidade de matrícula em cursos supletivos ou
em exames para o mesmo fim. A conclusão do 1º grau era permitida para os
maiores de 18 anos, enquanto o 2º grau era disponibilizado para os maiores de 21.
A segunda LDB brasileira resistiu à Reforma Constitucional de 1988, quando o País
concluiu o processo de redemocratização e promulgou a nova Carta Magna. Porém,
Leda explica que, logo depois da Assembleia Constituinte, deu-se início ao debate
sobre uma nova LDB, que seria instituída em 1996.
1996
Vigente até hoje, a LDB de 20 de dezembro de 1996 (Lei n.º 9.394) proporcionou,
na visão de Leda, uma alteração significativa: o estabelecimento do critério de
educação básica, que abrange a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino
médio - outras nomenclaturas implantadas pela nova lei. Essa formulação é
bastante importante em termos de financiamento, obrigatoriedade e direito à
educação, avalia a vice-presidente da ANPEd. O termo já aparecia na Constituição
de 1988 como um direito a ser assegurado dos 4 aos 17 anos.
O ensino fundamental tinha oito anos de duração e era obrigatório para crianças a
partir dos sete anos. Já o ensino médio seguiu sendo disciplinar e tinha no mínimo
três anos de duração, mas com uma desvantagem apontada por Leda: foi separado
da educação profissional pelo Decreto n.º 2.208/97. "A desintegração foi contrária
à demanda das entidades educacionais, e o ensino médio passou a representar
uma dualidade muito pesada para quem buscava ensino profissional", entende a
vice-presidente da ANPEd. O decreto dizia que a educação profissional deveria ter
Ebook Fundamentos da Educação Página 57
currículo próprio e independente do ensino médio. Segundo Leda, a situação só foi
revertida em 2004, quando o Decreto n.º 5.154 revogou o anterior. "Não é
obrigatório. A maioria das escolas tem ensino médio regular. Mas é um incentivo ao
ensino médio integrado", opina.
2006
Em 2006, a Lei n.º 11.274 estendeu o ensino fundamental para nove anos, com
matrícula obrigatória a partir dos seis anos. O prazo final para a adaptação dos
estabelecimentos de ensino era 2010.
Dois anos depois, a Lei n.º 11.769/08 instituiu o ensino obrigatório de música na
educação básica. As escolas teriam três anos para a adaptação, mas Leda ressalta
a falta de professores formados como um entrave para que a legislação seja
colocada na prática. Nesse mesmo ano, a Lei n.º 11.684/08 tornou obrigatórias as
disciplinas de filosofia e sociologia no ensino médio.
Fonte: http://www.terra.com.br/noticias/educacao/infograficos/sistema-educacional/
2.1 Sistema educacional brasileiro: níveis e modalidades de ensino
Estrutura atual do sistema educacional brasileiro após a LDB
Reportagem do site redeglobo.globo.com
Educação Infantil, Ensino Médio, Pré-Escola, Ensino Fundamental... tantos níveis e
subdivisões podem confundir pais e alunos. O sistema educacional brasileiro
ganhou novos nomes a partir de 1996, com a aprovação da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394). O atendimento de 0 a 3 anos
(creches) e de 4 a 6 anos (pré-escola) passou a ser denominado Educação Infantil.
Os antigos 1º e 2º graus foram rebatizados de Ensino Fundamental e Ensino Médio,
respectivamente. A LDB reduz a dois os níveis de educação escolar: Educação
Ebook Fundamentos da Educação Página 58
Básica (composta por Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio) e Educação
Superior.
Para Cristina Carvalho, professora do Departamento de Educação e coordenadora
da pós-graduação em Educação Infantil da PUC-Rio, a nova nomenclatura não
significa muita coisa na prática, e não é de fato o que precisa mudar na educação
brasileira.
“Nossa grande luta é pela qualidade da educação, que passa diretamente pela
formação dos professores. Estudos mostram que as crianças continuam saindo da
escola com um desempenho aquém do desejado. Historicamente, aumentou a
cobertura de atendimento à população, ou seja, a batalha pelo ingresso na escola
trouxe bons resultados. Mas a qualidade de ensino ainda é insuficiente. Precisamos
de mais políticas públicas para formação dos professores, que englobem todos os
aspectos, não só salários melhores”, ressalta a professora.
Em fevereiro de 2006, foi aprovada a lei 11.274, mudando a duração do ensino
fundamental de oito para nove anos, transformando assim o último ano da
educação infantil no primeiro ano do ensino fundamental. Com isso, a idade
mínima para ingresso no ensino fundamental passa a ser de 6 anos. Segundo
Cristina, essa mudança foi positiva.
“Os alunos ganharam a possibilidade de ampliar a formação. Outra novidade boa é
o reconhecimento cada vez maior da importância da Educação Infantil. Apesar de
ainda não ser obrigatória, uma vez que a lei entende que a creche e a pré-escola
são complementares ao papel da família, a Educação Infantil foi incluída no Plano
Nacional de Educação (PNE)”, explica.
Veja a seguir a evolução histórica do sistema educacional brasileiro:
Após a Lei n.º 9.394/96
Ebook Fundamentos da Educação Página 59
Educação Básica:
• Educação Infantil – Creche – Duração de 4 anos / De 0 a 3 anos
Pré-escola – Duração de 3 anos / De 4 a 6 anos
• Ensino Fundamental (obrigatório) – Duração de 9 anos / De 6 a 14 anos
• Ensino Médio – Duração de 3 anos / De 15 a 17 anos
Educação Superior:
• Cursos por área – Duração variável / Acima de 17 anos
Após a reforma de 1971
Pré-escola – Duração de 3 anos / De 4 a 6 anos
1º grau obrigatório – Duração de 8 anos / De 7 a 14 anos
2º grau obrigatório – Duração de 3 anos / De 15 a 17 anos
Ensino Superior – Variável – Acima de 17 anos
Antes da reforma de 1971
Pré-escola – Duração de 3 anos / De 4 a 6 anos
Escola primária – Duração de 4 anos / De 7 a 10 anos
Ginásio – Duração de 4 anos / De 11 a 14 anos
Colégio – Duração de 3 anos / De 15 a 17 anos
Ensino Superior – Duração variável / Acima de 18 anos
Fonte: http://redeglobo.globo.com/globoeducacao/noticia/2011/11/confira-estrutura-atual-do-
sistema-educacional-brasileiro-apos-ldb.html
Ebook Fundamentos da Educação Página 60
2.2 Legislação: Lei no 9394/96 LDBEN, Lei no 8.069/90 ECA, Lei no 10639/03História e cultura afro-brasileira e africana
Lei nº 9394/LDBEN
Resumo da LDB - Leis de Diretrizes e Base da educação brasileira
Célia Schultz
É ela o norte de toda a educação brasileira, inclusive da rede privada. Segue um
resumo, mas repare que ele se refere à LDB sem alterações, abaixo dele seguem
as alterações:
Lei de Diretrizes e Base (LDB)
Lei nr. 9394 de 1996
- Título I – Da Educação:
Art. 1º : A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.
- Título II – Dos princípios e fins da Educação Nacional:
Art. 3º : O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios (do I ao XI):
III – Pluralismo das idéias e concepções pedagógicas;
IV – Respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - Coexistência das instituições públicas e privadas de ensino;
VII – Valorização do profissional da educação escolar
- Título III – Do direito à Educação e do Dever de Educar:
Art. 4º: O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante
a garantia de (do I ao IX):
III - Atendimento educacional especializado e gratuito aos educandos com
necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino
Art. 6º : É dever dos pais ou responsáveis efetuar matrícula dos menores, a partir
Ebook Fundamentos da Educação Página 61
dos sete anos de idade, no ensino fundamental.
- Título IV – Da organização da Educação Nacional:
Art. 9º: A união incumbir-se-á de:
I – Elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios;
V – Coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação;
VI- Assegurar processo nacional de avaliação no rendimento escolar no ensino
fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino,
objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade de ensino;
IX – Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente os
cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos de seu sistema
de ensino.
§ Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com
funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei.
Art. 12: Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu
sistema de ensino, terão a incumbência de (do I ao VII):
VII – Informar os pais e os responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos
alunos bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica
Art. 13: Os docentes incumbir-se-ão de (do I ao VI):
IV – Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;
VI – Colaborar com atividades de articulação da escola com as famílias e a
comunidade
Cap. II – Da Educação Básica
Seção I – Das disposições gerais
Art. 23º
§ 1º A escola poderá reclassificar alunos, inclusive quando se tratar de
transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como
base as normas curriculares gerais.
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se à peculiaridades locais, inclusive
climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso
reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei.
Ebook Fundamentos da Educação Página 62
Art. 24º : A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de
acordo com as seguintes regras comuns (do I ao VII):
I – A carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um
mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado
aos exames finais, quando houver;
III – Nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento
escolar pode admitir forma de progressão parcial, desde que preservada a
seqüência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino;
IV – Poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com
níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas
estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares;
V – A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período
sobre os de eventuais provas finais;
b) Possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) Possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado;
d) Aproveitamento dos estudos aproveitados com êxito
e) Obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos aos
período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados
pelas instituições de ensino e seus regimentos;
Seção III - Do ensino Fundamental:
Art. 32º : O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e
gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão,
mediante (do I ao IV):
IV – O fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e
de tolerância recíproca em que se assenta a vida social
Art. 34º A jornada escolar de ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas
de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período
de permanência na escola.
Ebook Fundamentos da Educação Página 63
Seção IV – Do ensino médio
Art. 35º: O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de
três anos, terá como finalidades ((do I ao IV):
III – Aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação
ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV – A compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina
Art. 36 : O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste cap. e
as seguintes diretrizes (do I ao III)
§ 2: O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo
para o exercício de profissões técnicas.
§ 4: A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação
profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino
médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional
Cap. III – Da Educação Profissional
Art. 40º A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino
regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições
especializadas ou no ambiente de trabalho
Cap. IV – Da Educação Superior:
Art. 47º : Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano civil,
tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo
reservado aos exames finais, quando houver
§ 2: Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos,
demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação específicos,
aplicados por banca examinadora especial, poderão ter abreviada a duração de
seus cursos, de acordo com as normas e sistemas de ensino
Art. 52º : As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos
quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e
cultivo do saber humano, que se caracteriza por (do I ao III):
II - Um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado
ou doutorado
Ebook Fundamentos da Educação Página 64
III – Um terço do corpo docente em regime de tempo integral
Art. 57º : Nas instituições públicas de educação superior, o professor ficará
obrigado ao mínimo de oito horas semanais
Cap. V – Da Educação Especial
Art. 58: Entende-se por educação especial, para os efeitos dessa Lei, a modalidade
de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos portadores de necessidades especiais
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular,
para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não
for possível a sua integração em classes comuns
Art. 59º : Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades
especiais (do I ao V):
I - Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos,
para atender suas necessidade;
II - Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido
para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e
aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os
superdotados
Art. 65: A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de
ensino de, mínimo, de trezentas horas
Art. 67º : Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da
educaçãi, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de
carreira do magistério público(I ao VI):
V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluindo carga de
trabalho;
VI – condições adequadas de trabalho
Tit. VII: Dos recursos financeiros
Art. 69: A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas
Ebook Fundamentos da Educação Página 65
respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos,
compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e
desenvolvimento do ensino público.
Tit. VIII – Das disposições gerais:
Art. 80º : O poder público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de
programas de ensino à distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de
educação continuada.
Art. 85º Qualquer cidadão habilitado com a titulação própria poderá exigir a
abertura de concurso público de provas e títulos pelo cargo de docente de
instituição pública de ensino que estiver sendo ocupado por professor não
concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos assegurados pelos art.
41 da Const. Federal e 19 do Ato das Disposições Const. Trans.
Em 2006, surgem as seguintes alterações:
A aprovação da lei 11.274, em fevereiro de 2006, que muda a duração do ensino
fundamental de oito para nove anos, transformando o último ano da educação
infantil no primeiro ano do ensino fundamental. Desse modo, o aluno deve ser
matriculado na primeira série (agora chamada de “primeiro ano”) com seis, e não
com 7 anos de idade (como é no sistema atual). Outra lei, 11.114, de 2005, que
alterava a LDB (Lei nº 9.394, de 96), já aceitava a matrícula de alunos com seis
anos de idade no ensino fundamental.
As escolas tem (na verdade tinham) até o ano de 2010 para se adequar à lei.
O importante de se discutir e refletir sobre esse assunto é se, realmente, essas
mudanças irão melhorar o ensino nas escolas e irão preparar melhor o aluno, ou se
essas novas mudanças apenas servirão para se trocar o nome do último estágio do
ensino infantil pelo nome de primeira série do ensino fundamental.
Analisando páginas de algumas escolas particulares sobre o assunto, vemos que é,
para elas, apenas uma questão de nomenclatura:
9 anos 8 séries
1º ano Jardim III
Ebook Fundamentos da Educação Página 66
2º ano 1ª série
3º ano 2ª série
4º ano 3ª série
5º ano 4ª série
6º ano 5ª série
7º ano 6ª série
8º ano 7ª série
9º ano 8ª série
Em 2009, surgem as seguintes alterações:
Lei 12.013 (DOU 07/08/2009) - altera a LDB
Nova redação Como era
Art. 12 (...) VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola;
Art. 12 (...) VII - informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica
Lei 12.014 (DOU 07/08/2009) - altera a LDB
Nova redação Como era
Art. 61 Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: I - professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; II - trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos demestrado ou doutorado nas mesmas áreas; III - trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da
Art. 61 A formação de profissionais da educação, de modo aatender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades.
Ebook Fundamentos da Educação Página 67
educação básica, terá como fundamentos: I - a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; II - a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço; III - o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades.? (NR)
Lei 12.020 (DOU 28/08/2009 - altera a LDB
Nova redação Como era
Art. 20(...) II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por umaou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade;
Art. 20(...)II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por umaou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas depais, professores e alunos, que incluam em sua entidade mantenedora representantes da comunidade;
Fonte: http://auladefilosofiacelia.blogspot.com.br/2008/07/resumo-da-ldb-leis-de-diretrizes-e-
base.html
Lei nº 8069/90 ECA
RESUMO E ROTEIRO
Nome da autora
1. “Criança e Adolescente só têm direitos e não obrigações?” (art. 6º; art.
16, I; art. 17; art. 18).
Não. Nos termos do art. 6° do ECA, eles têm tanto direitos quanto deveres
individuais e coletivos. Até mesmo o direito à liberdade, previsto no art. 16 não é
ilimitado. Referido artigo enumera os aspectos compreendidos por esse direito.
Nada é ilimitado: nem os direitos, nem os deveres. Ambos são impostos por lei,
mas devem ser exercidos dentro dos limites legais.
A participação da comunidade escolar (leia-se pais de alunos) adquire grande
Ebook Fundamentos da Educação Página 68
importância, na medida em que é o Conselho de Escola que irá elaborar o
Regimento Escolar. Os pais (ou responsáveis) têm o direito de conhecer o processo
pedagógico da escola, de participar da definição das suas propostas educacionais,
mas também têm o dever de acompanhar a freqüência e o aproveitamento dos
seus filhos (ou pupilos).
Crianças e Adolescentes têm todos os seus direitos previstos e assegurados no
Estatuto. Deve-se respeitá-los, não se esquecendo de que, na escola, esses
direitos devem ser exercidos nos limites do Regimento Escolar.
2. O que fazer, ao tomar conhecimento de abusos praticados contra a
criança e o adolescente?
É obrigação do Diretor da Escola tentar resolver o problema com a família, além de
comunicar o Conselho Tutelar. Deve proceder da mesma forma, quando se tratar
de faltas injustificadas, maus tratos ou qualquer outra anormalidade.
3. Como deve ser vista a censura no ECA?
Deve ser vista como uma questão legal. Ou seja, a censura não é ética, moral, mas
legal.
Exemplo: uma fita de vídeo classificada com imprópria para menores de 18 anos
não poderá ser exibida para os alunos com idade inferior à indicada.
4. O Estatuto criou a figura Proteção integral à Criança e Adolescente.
5. Criança = 0 a 12 anos incompletos;
Adolescente = 12 a 18 anos; Excepcionalmente até os 21 anos (por
exemplo, quando tratar-se de assegurar direitos dos mesmos).
6. Os direitos da Criança e Adolescente devem ser assegurados “com
absoluta prioridade”.
7. Obrigações da direção:
a) comunicar ao Conselho Tutelar os casos de suspeita ou confirmação de maus
tratos (além de outras providências legais);
Ebook Fundamentos da Educação Página 69
b) não permitir que a Criança e Adolescente seja exposta a vexame ou
constrangimento (“escola não é extensão do lar”);
c) comunicar ao Conselho Tutelar os casos de reiteração de faltas injustificadas,
evasão escolar (esgotados os recursos escolares), elevados níveis de repetência
(depois de tentar resolver o problema com os pais/responsáveis);
d) tomar todas as medidas cabíveis quando da ocorrência de atos infracionais:
ressarcimento de dano, “queixa” no Distrito Policial, apelo à Polícia, comunicações
ao Conselho Tutelar, Juiz e Promotor;
e) não divulgar (e não permitir a divulgação) de atos (infracionais) administrativos,
policiais e judiciais referentes a Criança e Adolescente;
f) facilitar o acesso à escola (e à documentação) aos responsáveis por Criança e
Adolescente (principalmente o Ministério Público), desde que no exercício de suas
funções, não abdicando, porém, da condição
de diretor (art. 201, § 5º, b);
g) não permitir a exibição de filme, peça, etc., classificado pelo órgão competente
como não recomendado para Crianças e Adolescentes.
8. São deveres dos pais ou responsáveis:
a) matricular o filho ou pupilo na escola;
b) acompanhar sua freqüência;
c) acompanhar seu aproveitamento escolar.
9. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico,
bem como participar da definição das propostas educacionais.
10. Direitos da Criança e Adolescente:
a) opinião e expressão;
b) brincar, praticar esportes e divertir-se;
c) contestar critérios avaliativos e recorrer a instâncias superiores;
d) ser respeitado por seus educadores;
Ebook Fundamentos da Educação Página 70
e) organizar (e participar em) entidades estudantis;
f) vaga em escola pública próxima de sua residência;
g) sigilo em todos os tipos de processos;
h) se autor de ato infracional, não ser conduzido ou transportado indevidamente.
Fonte: http://www.pedagogiaaopedaletra.com.br/posts/estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-
resumo-e-roteiro/
Lei no 10639/03
BREVE RESUMO DA LEI 10.639/03
Leidiane Oliveira Santos
Objetivos
Ensinar História e Cultura Afro-brasileiras e africanas não é mais uma questão de
vontade pessoal e de interesse particular. É uma questão curricular de caráter
obrigatório que envolve as diferentes comunidades: escolar, familiar, e sociedade.
O objetivo principal para inserção da Lei é o de divulgar e produzir conhecimentos,
bem como atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade
étnico-racial, tornando-os capazes de interagir objetivos comuns que garantam
respeito aos direitos legais e valorização de identidade cultural brasileira e africana,
como outras que direta ou indiretamente contribuíram (contribuem) para a
formação da identidade cultural brasileira.
A lei 10639/03 visa fazer um resgate histórico para que as pessoas negras afro-
brasileiras conheçam um pouco mais o Brasil e melhor a sua própria história.
Desse modo, prevê ainda trabalhar o conhecimento da historia e cultura da África a
partir do processo de escravidão, bem como conceitos sócio-político-históricos
baseados no estudo da mesma como produtora de temáticas diversas: filosofia,
medicina, matemática, dentre outras.
Ebook Fundamentos da Educação Página 71
Contudo, na tentativa de amenizar os preconceitos em sala de aula propõe-se que
não sejam abordados nas escolas certos temas como: raça, racismo, etnia,
etnocentrismo, discriminação racial, etc.
Implementação da lei
Conforme Adami (2007) em março de 2005 foram apresentados alguns pontos
relacionados à implementação efetiva da lei, tais como: formação de professores e
de outros profissionais da educação.
Entretanto, os professores, que em sua formação também não receberam preparo
especial para o ensino da cultura africana e suas reais influências para a formação
da identidade do nosso país, entram em conflito quanto à melhor maneira de
trabalhar essa temática na escola. Nesse sentido, este ponto pode ser um dos
obstáculos estabelecidos com a lei 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, visto que a mesma não disciplina nem menciona em
nenhum de seus artigos cursos de capacitação voltados à preparação de
professores na área.
Além disso, discute-se ainda a reestruturação das bases pedagógicas num
movimento de resgate histórico, ressaltando os conceitos trabalhados em sala de
aula e a base teórica empregada. Por este motivo, incluiriam no rol de conteúdos e
em atividades curriculares dos cursos de educação das relações étnico-raciais
conhecimentos de matriz africana que diz respeito à população africana.
Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/12150/a-historia-e-cultura-afro-
brasileira-e-a-lei-10639-03#ixzz2LN5InlCH
Ebook Fundamentos da Educação Página 72
2.3 As Diretrizes Curriculares Nacionais e Estadual para a educação básica
O que são e para que servem as diretrizes curriculares?
Lucas Rodrigues
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) são normas obrigatórias para a
Educação Básica que orientam o planejamento curricular das escolas e dos
sistemas de ensino. Elas são discutidas, concebidas e fixadas pelo Conselho
Nacional de Educação (CNE).
Atualmente, existem diretrizes gerais para a Educação Básica. Cada etapa e
modalidade da dela (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio)
também apresentam diretrizes curriculares próprias. A mais recente é a do Ensino
Médio.
As diretrizes buscam promover a equidade de aprendizagem, garantindo que
conteúdos básicos sejam ensinados para todos os alunos, sem deixar de levar em
consideração os diversos contextos nos quais eles estão inseridos.
O que são e qual é a função das diretrizes curriculares?
As Diretrizes Curriculares Nacionais são um conjunto de definições doutrinárias
sobre princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica que orientam
as escolas na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas
propostas pedagógicas.
As DCNs têm origem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, que
assinala ser incumbência da União "estabelecer, em colaboração com os estados,
Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil,
o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e os seus
conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum".
Ebook Fundamentos da Educação Página 73
O processo de definição das diretrizes curriculares conta com a participação das
mais diversas esferas da sociedade. Dentre elas, o Conselho Nacional dos
Secretários Estaduais de Educação (Consed), a União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação (Undime), a Associação Nacional de Pós-Graduação e
Pesquisa em Educação (ANPEd), além de docentes, dirigentes municipais e
estaduais de ensino, pesquisadores e representantes de escolas privadas.
As diretrizes curriculares preservam a autonomia dos professores?
As diretrizes curriculares visam preservar a questão da autonomia da escola e da
proposta pedagógica, incentivando as instituições a montar seu currículo,
recortando, dentro das áreas de conhecimento, os conteúdos que lhe convêm para
a formação daquelas competências explícitas nas DCNs.
Desse modo, as escolas devem trabalhar os conteúdos básicos nos contextos que
lhe parecerem necessários, considerando o perfil dos alunos que atendem, a região
em que estão inseridas e outros aspectos locais relevantes.
Quais são as diferenças entre as diretrizes curriculares e os parâmetros
curriculares?
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são diretrizes separadas por
disciplinas elaboradas pelo governo federal e não obrigatórias por lei. Elas visam
subsidiar e orientar a elaboração ou revisão curricular; a formação inicial e
continuada dos professores; as discussões pedagógicas internas às escolas; a
produção de livros e outros materiais didáticos e a avaliação do sistema de
Educação. Os PCNs foram criados em 1997 e funcionaram como referenciais para a
renovação e reelaboração da proposta curricular da escola até a definição das
diretrizes curriculares.
Já as Diretrizes Curriculares Nacionais são normas obrigatórias para a Educação
Básica que têm como objetivo orientar o planejamento curricular das escolas e dos
sistemas de ensino, norteando seus currículos e conteúdos mínimos. Assim, as
Ebook Fundamentos da Educação Página 74
diretrizes asseguram a formação básica, com base na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB), definindo competências e diretrizes para a Educação Infantil, o
Ensino Fundamental e o Ensino Médio.
Quais são as diferenças entre as diretrizes curriculares e as expectativas
de aprendizagem (direitos de aprendizagem)?
As expectativas de aprendizagem definem o que se espera que todos os alunos
aprendam ao concluírem uma série e um nível de ensino. Elas foram previstas pelo
CNE nas diretrizes gerais da Educação Básica.
Diferentemente das diretrizes, que são mais amplas e genéricas, as expectativas
contemplam recomendações explícitas sobre os conhecimentos que precisam ser
abordados em cada disciplina. Contudo, as expectativas de aprendizagem não
configuram uma listagem de conteúdos, competências e habilidades, mas sim um
conjunto de orientações que possam auxiliar o planejamento dos professores,
como materiais adequados, tempo de trabalho e condições necessárias para
colocá-lo em prática. No momento, as expectativas de aprendizagem (direitos de
aprendizagem) estão em discussão no MEC.
Fonte: http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/noticias/23209/o-que-sao-e-
para-que-servem-as-diretrizes-curriculares/
Diretrizes Curriculares do Paraná
Para acessar as diretrizes curriculares do Estado do Paraná, acesse:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1
E baixe a diretriz de seu interesse.
Ebook Fundamentos da Educação Página 75
3. Elementos da prática pedagógica
A Prática Pedagógica da Educação Atual
Iivia Alves Branquinho
O processo educacional sempre foi alvo de constantes discussões e apontamentos
que motivaram sua evolução em vários aspectos, principalmente no que tange a
condução de metodologias de ensino por nossos educadores e a valorização do
contexto escolar formador para nossos alunos. Nesse aspecto GADOTTI (2000:4),
pesquisador desse processo afirma que,
Enraizada na sociedade de classes escravista daIdade Antiga, destinada a uma pequena minoria,a educação tradicional iniciou seu declínio já nomovimento renascentista, mas ela sobrevive atéhoje, apesar da extensão média da escolaridadetrazida pela educação burguesa. A educação nova,que surge de forma mais clara a partir da obra deRousseau, desenvolveu-se nesses últimos doisséculos e trouxe consigo numerosas conquistas,sobretudo no campo das ciências da educação edas metodologias de ensino. O conceito de“aprender fazendo” de John Dewey e as técnicasFreinet, por exemplo, são aquisições definitivas nahistória da pedagogia. Tanto a concepçãotradicional de educação quanto a nova,amplamente consolidadas, terão um lugargarantido na educação do futuro. (GADOTTI, M.Perspectivas atuais da educação, 2000)
Diante de enumeras transformações sociais, onde informações e descobertas
acontecem em frações de segundo, o processo de desenvolvimento da escola entra
na pauta como um dos mais importantes aspectos a serem discutidos neste
processo, pois é nela que são promovidas as mais importantes formulações
teóricas sobre o desenvolvimento cultural e social de todas as nações, dessa forma,
a pesquisa educacional acaba tomando um lugar central na busca de perspectivas
que possibilitem uma nova prática educacional, envolvendo principalmente os
agentes que conduzem o ambiente escolar, transformando o ensino em parte
integrante ou principal na motivação dessas transformações.
Ebook Fundamentos da Educação Página 76
Com as constantes modificações sofridas por nossa sociedade no decorrer do
tempo, dentre elas o desenvolvimento de tecnologias e o aprimoramento de um
modo de pensar menos autoritário e menos regrado, os agentes educacionais e a
escola de uma maneira geral, vêm vivenciando um processo de mudança que tem
refletido principalmente nas ações de seus alunos e na materialização destas no
contexto escolar, fato que tem se tornado ponto de dificuldade e insegurança entre
professores e agentes escolares de forma geral, configurando em forma de
comprometimento do processo ensino-aprendizagem, sobre isso, GADOTTI
(2000:6) afirma que,
Neste começo de um novo milênio, a educaçãoapresenta- se numa dupla encruzilhada: de umlado, o desempenho do sistema escolar não temdado conta da universalização da educação básicade qualidade; de outro, as novas matrizes teóricasnão apresentam ainda a consistência globalnecessária para indicar caminhos realmenteseguros numa época de profundas e rápidastransformações.(GADOTTI, M. Perspectivas atuaisda educação, 2000)
A escola contemporânea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a sua
volta, onde as informações são atualizadas em frações de segundos, ocasionando
de certa forma, o desgaste e o comprometimento das ações voltadas para o
aprimoramento do ensino, fazendo com que a sala de aula se torne um ambiente
de pouca relevância para a consolidação do conhecimento, tornando a vivência
social o requisito primordial para a busca de aprendizado, sobre essa escola,
AMÉLIA HAMZE (2004:1) afirma em seu artigo “O Professor e o Mundo
Contemporâneo”, que
Como educadores não devemos identificar o termoinformação como conhecimento, pois, emboraandem juntos, não são palavras sinônimas.Informações são fatos, expressão, opinião, quechegam as pessoas por ilimitados meios sem quese saiba os efeitos que acarretam. Conhecimentoé a compreensão da procedência da informação,da sua dinâmica própria, e das conseqüências quedela advem, exigindo para isso um certo grau deracionalidade. A apropriação do conhecimento, é
Ebook Fundamentos da Educação Página 77
feita através da construção de conceitos, quepossibilitam a leitura critica da informação,processo necessário para absorção da liberdade eautonomia mental.(HAMZE, A .O professor e omundo contemporâneo, 2004)
É perceptível que o saber científico e a busca pelo conhecimento, tem fugido do
interesse da sociedade em geral, pois a atualização das informações tem ocorrido
de forma acessível a todos os segmentos satisfazendo de uma forma geral aos
interesses daqueles que as buscam. A escola nesse contexto tem por opção
repensar suas ações e o seu papel no aprimoramento do saber, e para isso, uma
reflexão sobre seus conceitos didático-metodológicos precisa ser feita, de forma a
adequar-se ao momento atual e principalmente colocar-se na postura de
organização principal e mais importante na evolução dos princípios fundamentais
de uma sociedade, DOWBOR (1998:259), sobre essa temática diz que,
...será preciso trabalhar em dois tempos: o tempodo passado e o tempo do futuro. Fazer tudo hojepara superar as condições do atraso e, ao mesmotempo, criar as condições para aproveitar amanhãas possibilidades das novas tecnologias.(DOWBOR, L. A Reprodução Social, 1998)
GADOTTI (2000:8), sobre o assunto afirma que seja qual for à perspectiva que a
educação contemporânea tomar, uma educação voltada para o futuro será sempre
uma educação contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo
mercado, portanto, uma educação muito mais voltada para a transformação social
do que para a transmissão cultural.
Dessa Forma, a prática pedagógica dos agentes educacionais no momento atual,
bem como a condução do processo ensino-aprendizagem na sociedade
contemporânea, precisa ter como primícia a necessidade de uma reformulação
pedagógica que priorize uma prática formadora para o desenvolvimento, onde a
escola deixe de ser vista como uma obrigação a ser cumprida pelo aluno, e se
torne uma fonte de efetivação de seu conhecimento intelectual que o motivará a
participar do processo de desenvolvimento social, não como mero receptor de
Ebook Fundamentos da Educação Página 78
informações, mas como idealizador de práticas que favoreçam esse processo,
Na sociedade da informação, a escola deve servirde bússola para navegar nesse mar doconhecimento, superando a visão utilitarista de sóoferecer informações “úteis” para acompetitividade, para obter resultados. Deveoferecer uma formação geral na direção de umaeducação integral. O que significa servir debússola? Significa orientar criticamente, sobretudoas crianças e jovens, na busca de uma informaçãoque os faça crescer e não embrutecer.(GADOTTI,M. Perspectivas atuais da educação, 2000)
Segundo Ladislau Dowbor (1998:259), a escola deixará de ser “lecionadora” para
ser “gestora do conhecimento”. Prossegue dizendo que pela primeira vez a
educação tem a possibilidade de ser determinante sobre o desenvolvimento. A
educação tornou-se estratégica para o desenvolvimento, mas, para isso, não basta
“modernizá-la”, como querem alguns. Será preciso transformá-la profundamente.
O professor nesse contexto deve ter em mente a necessidade de se colocar em
uma postura norteadora do processo ensino-aprendizagem, levando em
consideração que sua prática pedagógica em sala de aula tem papel fundamental
no desenvolvimento intelectual de seu aluno, podendo ele ser o foco de
crescimento ou de introspecção do mesmo quando da sua aplicação metodológica
na condução da aprendizagem. Sobre essa prática, GADOTTI (2000:9) afirma que
“nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que
é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa construir conhecimento a partir do
que faz e, para isso, também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e
apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos”.
Ele afirma ainda que,
Os educadores, numa visão emancipadora, não sótransformam a informação em conhecimento e emconsciência crítica, mas também formam pessoas.Diante dos falsos pregadores da palavra, dosmarketeiros, eles são os verdadeiros “amantes dasabedoria”, os filósofos de que nos falavaSócrates. Eles fazem fluir o saber (não o dado, a
Ebook Fundamentos da Educação Página 79
informação e o puro conhecimento), porqueconstroem sentido para a vida das pessoas e paraa humanidade e buscam, juntos, um mundo maisjusto, mas produtivo e mais saudável para todos.Por isso eles são imprescindíveis.(GADOTTI, M.Perspectivas atuais da educação, 2000)
HAMZE (2004:1) em seu artigo “O Professor e o Mundo Contemporâneo” considera
que
Os novos tempos exigem um padrão educacionalque esteja voltado para o desenvolvimento de umconjunto de competências e de habilidadesessenciais, a fim de que os alunos possamfundamentalmente compreender e refletir sobre arealidade, participando e agindo no contexto deuma sociedade comprometida com o futuro.(HAMZE, A .O professor e o mundocontemporâneo, 2004)
Assim, faz-se necessário à busca de uma nova reflexão no processo educativo,
onde o agente escolar passe a vivenciar essas transformações de forma a
beneficiar suas ações podendo buscar novas formas didáticas e metodológicas de
promoção do processo ensino-aprendizagem com seu aluno, sem com isso ser
colocado como mero expectador dos avanços estruturais de nossa sociedade, mas
um instrumento de enfoque motivador desse processo.
Referências Bibliográficas
CASTRO, A. H. O professor e o mundo contemporâneo.Jornal O Diário Barretos,
opinião aberta, 08 jul 2004.
DOWBOR, L. A reprodução Social. São Paulo: Vozes, 1998.
GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas,
2000.
Fonte: http://meuartigo.brasilescola.com/pedagogia/a-pratica-pedagogica-educacao-atual.htm
Ebook Fundamentos da Educação Página 80
3.1 Organização da escola e instâncias colegiadas
Instâncias colegiadas
Material retirado do site www.diaadia.pr.gov.br
Instâncias Colegiadas são aquelas em que há representações diversas e as
decisões são tomadas em grupo, com o aproveitamento de experiências
diferenciadas.
APMF
APMF - Associação de Pais, Mestres e Funcionários, e similares, - pessoa jurídica de
direito privado, é um órgão de representação dos pais e profissionais do
estabelecimento, não tendo caráter político partidário, religioso, racial e nem fins
lucrativos, não sendo remunerados os seus Dirigentes e Conselheiros, sendo
constituído por prazo indeterminado.
Esse elo de ligação constante entre pais, professores e funcionários com a
comunidade, prima também pela busca de soluções equilibradas para os problemas
coletivos do cotidiano escolar, dando suporte à direção e à equipe, visando o bem-
estar e formação integral dos alunos.
Todos os envolvidos no processo são igualmente responsáveis pelo sucesso da
educação gratuita e com qualidade nas escolas públicas estaduais do Paraná. As
associações de pais, mestres e funcionários tiveram, até agosto de 2008, o apoio e
o acompanhamento da Secretaria de Estado da Educação, por meio da
Coordenação de Assuntos da Comunidade Escolar (CACE). Agora, tal trabalho é
realizado pela Coordenação de Gestão Escolar (CGE), que, através dos trabalhos de
capacitação que vem desenvolvendo, tem conscientizado a comunidade sobre a
importância de ir às escolas, para discutir, participar, colaborar e avaliar as
decisões coletivas.
Ebook Fundamentos da Educação Página 81
Documentos exigidos
Para que a APMF possa receber recursos financeiros de órgãos municipais,
estaduais, federais e até internacionais é necessário que ela apresente os seguintes
documentos:
• Estatuto registrado em cartório de títulos e documentos – Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
• Ata da Eleição da Diretoria Atual, registrado em Cartório. • Cartão de Inscrição do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ. • Certidão Liberatória do Tribunal de Contas do Estado. • Lei de Utilidade Pública. • Certidão Negativa de Débito do INSS. • Declaração de Imposto de Renda • DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Financeiros
Conselho Escolar
O Conselho Escolar é o órgão máximo de gestão no interior da escola. É por ele
que passam discussões importantes como a construção do Projeto Político-
Pedagógico, da Proposta Pedagógica Curricular, do Plano de Ação da escola e do
Regimento Escolar.
É importante garantir que todas as instâncias da escola tenham representatividade
no Conselho Escolar. Isso implica em tornar a escola pública mais democrática e
participativa, legitimando-a como espaço de socialização do conhecimento. Este é o
maior princípio sobre o qual se entende a função social da escola pública que é a
democratização do saber. Portanto, o Conselho Escolar tem a possibilidade de
conhecer as esferas legais da educação, de analisar as diferentes concepções
pedagógicas, de debater as diretrizes da mantenedora da escola, de aprofundar as
políticas públicas da educação e, desta forma, participar do processo de tomada de
decisões. Para que a comunidade escolar possa exercer seu papel de “controle”
público e acompanhamento das práticas escolares, é preciso que ela tenha os
instrumentos necessários para a compreensão deste processo e das questões
Ebook Fundamentos da Educação Página 82
legais que o sustentam.
Grêmio estudantil
O grêmio é uma organização sem fins lucrativos que representa o interesse dos
estudantes e que tem fins cívicos, culturais, educacionais, desportivos e sociais.
O grêmio é o órgão máximo de representação dos estudantes da escola. Atuando
nele, você defende seus direitos e interesses e aprende ética e cidadania na
prática.
A Secretaria de Estado da Educação entende que toda representação estudantil
deve ser estimulada, pois ela aponta um caminho para a democratização da Escola.
Por isso, o Grêmio nas Escolas públicas deve ser estimulado pelos gestores da
Escola, tendo em vista que ele é um apoio à Direção numa gestão colegiada.
Os Grêmios Estudantis compõem uma das mais duradouras tradições da nossa
juventude. Pode-se afirmar que no Brasil, com o surgimento dos grandes
estabelecimentos de ensino secundário, nasceram também os Grêmios Estudantis,
que cumpriram sempre um importante papel na formação e no desenvolvimento
educacional, cultural e esportivo da nossa juventude, organizando debates,
apresentações teatrais, festivais de música, torneios esportivos e outras
festividades.
As atividades dos Grêmios Estudantis representam para muitos jovens os primeiros
passos na vida social, cultural e política. Assim, os Grêmios contribuem,
decisivamente, para a formação e o enriquecimento educacional de grande parcela
da nossa juventude.
O regime instaurado com o golpe militar de 1964 foi, entretanto, perverso com a
juventude, promulgando leis que cercearam a livre organização dos estudantes e
Ebook Fundamentos da Educação Página 83
impediram as atividades dos Grêmios. Mas a juventude brasileira não aceitou
passivamente essas imposições.
Em muitas Escolas, contrariando as leis vigentes e correndo grandes riscos,
mantiveram as atividades dos Grêmios livres, que acabaram por se tornar
importantes núcleos democráticos de resistência à ditadura. Com a
redemocratização brasileira, as entidades estudantis voltaram a ser livres, legais,
ganhando reconhecimento de seu importante papel na formação da nossa
juventude. Em 1985, por ato do Poder Legislativo, o funcionamento dos Grêmios
Estudantis ficou assegurado pela Lei n. 7.398, como entidades autônomas de
representação dos estudantes.
Fonte: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=60
3.2 Saberes escolares, método didático, avaliação escolar, recursos didáticos e ouso de novas tecnologias da informação e comunicação na educação.
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA: os benefícios adquiridos no ensino e na
aprendizagem com o uso das novas tecnologias da informação
Shirleidy de Sousa Freire
1 Introdução
O mundo atual está passando por aceleradas transformações. Transformações
estas que estão presentes em todos os setores da sociedade. Desde os primórdios
da civilização, o homem está sempre em busca de adaptações,mudanças, novos
conhecimentos, fato este que está implícito em sua constante busca pela aquisição
do saber. A priori, eram os gestos, os grunhidos, os gritos, as mensagens grafadas
nas cavernas, os sinais e os símbolos; foram várias as formas de se registrar o
conhecimento antes que se chegasse à escrita propriamente dita. Também foram
vários os suportes para esse registro: tabletes de argila, papiro e pergaminho.
Ebook Fundamentos da Educação Página 84
O surgimento da imprensa, com Gutemberg, veio a intensificar esse processo, com
a aceleração da produção informacional, bem como a sua divulgação.
O que antes era restrito a apenas uma classe elitizada, detentora do poderio,
quando o conhecimento era de difícil acesso, tornou-se, então, sinônimo de
desenvolvimento.
Hoje, na chamada sociedade da informação, são inúmeras as formas de se adquirir
conhecimento, bem como também são diversas as ferramentas que propiciam essa
aquisição. Assim, a educação constitui-se em uma dessas ferramentas, onde o seu
investimento necessita ser priorizado, valorizado, principalmente no que tange ao
Brasil, um país em desenvolvimento, cuja estrutura educacional ainda deixa muito
a desejar.
Com relação às escolas no âmbito da sociedade da informação, estas são
apontadas como uma das principais alternativas para a minimização da
problemática educacional, cujo objetivo concentra-se na formação e no
desenvolvimento de cidadãos guarnidos de um perfil que conduza com as
exigências da sociedade moderna. Entretanto, é relevante ressaltar que educar não
se refere somente à questão da escolarização, ou seja, o desenvolvimento de
atividades em escolas, nas salas de aula. Educar extrapola os limites de sala de
aula, perpassa pela família; educar é criar, é dinamizar, é saber conviver com
determinadas circunstâncias, de forma que haja transformações benéficas. Educar
é aprender a aprender. Educar é mudar. Educar é inovar.
Dessa forma, as novas tecnologias da informação constituem-se em molas
propulsoras e recursos dinâmicos de educação, à medida que, quando bem
utilizadas pelos educadores e educandos permitem intensificar a melhoria das
práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula e fora dela.
Ebook Fundamentos da Educação Página 85
Na sociedade da informação aprende-se a reaprender, a conhecer, a comunicar-
nos, a ensinar, a, a interagir, a integrar o humano e o tecnológico; a integrar o
individual, o grupal e o social. Uma mudança qualitativa nos processos de ensino e
de aprendizagem acontece quando há o alcance da integração dentro de uma visão
inovadora do uso das tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as
orais, musicais, lúdicas e corporais, o computador, a Internet. E, para cada um
desses meios, tem-se uma maneira benéfica de explorá-los, e o contexto educativo
não se exclui dessa realidade.
Assim, este trabalho será desenvolvido no sentido de que as novas tecnologias
sejam vistas como mais uma ferramenta de auxílio ao processo de educação, como
dinamizadoras do processo de ensino e como instigadoras para a melhoria da
aprendizagem. Para tanto, adota-se como objetivo geral: Refletir sobre o uso das
novas tecnologias para a melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem.
E como específicos:
• Sensibilizar a comunidade escolar sobre as vantagens do uso das novas
tecnologias no contexto educativo;
• Reconhecer as novas tecnologias como procedimentos metodológicos para o
ensino e para a aprendizagem;
• Reconhecer a internet como grande fonte de pesquisa de variados assuntos.
2 O professor e as novas tecnologias da informação: como essas
ferramentas auxiliam nos processos de ensino e de aprendizagem?
O docente possui um grande leque de estratégias metodológicas para aperfeiçoar o
seu processo de ensino, no intuito de dinamizar as suas aulas, a fim de que os seus
alunos aprendam e apreendam mediante uma forma mais lúdica e dinâmica.
Através dessas possibilidades, ele amplia a sua comunicação com os alunos, o que
possibilita ainda a facilidade no momento da avaliação dos mesmos.
Ebook Fundamentos da Educação Página 86
Anteriormente, o mestre não dispunha de tantas inovações para utilizar em suas
aulas como ocorre no mundo atual, em que emerge uma sociedade pautada na
informação e no conhecimento. Essa ambiência condiz com uma nova sociedade,
pautada na informação e no conhecimento, onde as novas tecnologias da
informação "[...] trazem-nos a possibilidade virtual de ter acesso a todo tipo de
informação, em qualquer lugar e a qualquer momento [...]." (RODRIGUES, 1996).
Essa aceleração da informação trouxe enormes benefícios em termos de avanço
científico, educação, comunicação, lazer, processamento de dados e busca do
conhecimento.
O computador transformou-se em forma prática e fácil de acumular e gerenciar
dados. Este equipamento passou a auxiliar o homem no desenvolvimento de suas
atividades rotineiras. Além de habilidade para aprender, a sociedade da informação
exige dos cidadãos um processo contínuo de aprendizagem, porque a informação é
cada vez mais efêmera e a sociedade está em processo permanente de mudanças.
Conforme as diretrizes contidas no Livro Verde da Sociedade da Informação no
Brasil:
Educar em uma sociedade da informação significamuito mais que treinar as pessoas para o uso dastecnologias de informação e conhecimento: trata-se de investir na criação de competênciassuficientemente amplas que lhes permitam terdecisões fundamentais no conhecimento, operarcom fluência os novos meios e ferramentas em seutrabalho, bem como aplicá-los criativamente nasnovas mídias, seja em usos simples e rotineiros,seja em aplicações mais sofisticadas. Trata-setambém de formar os indivíduos para ‘aprender aaprender', de modo a serem capazes de lidarpositivamente com a contínua e aceleradatransformação da base tecnológica. (TAKAHASHI,2000).
Cada professor pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as várias
tecnologias e procedimentos metodológicos. Mas também é importante que amplie,
que aprenda a dominar as formas de comunicação interpessoal/grupal e as de
comunicação audiovisual/telemática.
Ebook Fundamentos da Educação Página 87
Não se trata de dar receitas, porque as situações são muito diversificadas. É
importante que cada educador / professor encontre o que lhe ajuda mais a sentir-
se bem, a comunicar-se bem, ensinar bem, ajudar os alunos a que aprendam
melhor. É importante diversificar as formas de dar aula, de realizar atividades, de
avaliar.
Nesse cenário e conforme afirma Macuch (2010),
O acesso dos professores e alunos às novastecnologias da informação é fundamental para oprocesso educacional. A transição do modeloexclusivamente presencial de sala de aula para omodelo que utiliza concomitantemente asmodalidades presencial e virtual é desafiadora,permeada de muitas expectativas, dúvidas, errose acertos. Além disso, com certeza exigeinvestimentos intensivos em capacitação,equipamentos e logística para que a suaimplantação seja efetiva e definitiva.
Dessa forma, garantir o acesso dos docentes a essas novas tecnologias é
imprescindível, onde as instituições escolares necessitam investir nesses acessos e
facilitá-los, de forma que se propicie a formação e capacitação desses profissionais.
Porém, essa preparação necessita ser efetivada de maneira holística, a fim de que
possa ser realmente inovado o processo educacional.
Como meio de comunicação, a novas tecnologias contribuem para interligar
pessoas no mundo todo, possibilitando discussões sobre os mais diferentes
assuntos. Diminui distâncias de tempo e espaço e reduz consideravelmente o custo
em relação ao telefone ou quaisquer outros meios conhecidos.
Não se pode dizer que essas ferramentas sejam exatamente o meio mais adequado
para a melhoria na educação, mas com certeza, influenciam, sobremaneira para a
intensificação desse processo, até porque trabalha-se com interatividade. É óbvio
que existem algumas restrições para o uso, principalmente quando se trata da
Ebook Fundamentos da Educação Página 88
internet, a rede mundial de computadores, que permite a transposição de limites
geográficos e das possíveis implicações culturais que ainda estão por vir e se
perceber. Graças à velocidade na circulação de informações e à facilidade do seu
acesso, pode-se começar a falar e a considerar sem maiores questionamentos à
formação de uma cultura global, onde a troca de conhecimento a ser produzida
será entre cidadãos a partir de seus interesses específicos.
Percebe-se, então que existem inúmeras qualificações relacionadas ao uso da rede
mundial de computadores, mas, em se tratando do limite de acesso, têm-se
algumas restrições, pois é sabido que, ao passo que se constitui em rica fonte de
pesquisa, pode também se tornar um inimigo aos seus usuários, quando os
mesmos absorvem informações que em nada vão incrementar em seu
aprendizado; pelo contrário, apenas vão servir para minimizar as informações
relevantes já obtidas. O que deve ser feito diante dessa situação é uma orientação
bem realizada, tanto pelos professores, quanto pela própria família, a fim de que
os alunos busquem somente informações relevantes na rede e que venham a
contribuir para o seu desenvolvimento intelecto-cultural.
A internet se constrói como um espaço de sociabilidade através da educação, que
parte principalmente da solidariedade dos seus integrantes. Essa nova é um
desafio para as instituições escolares nos moldes em que ela se encontra agora, já
que o universo de informações disponíveis na internet é muito maior do que as que
se tem acesso a partir dos professores na sala de aula. Por outro lado, o uso da
internet na educação não pode se restringir apenas a levar o modelo atual para
dentro da rede, mas sim entender seu potencial a partir de seu sentido real,
implicando numa mudança de comportamento.
A educação através das novas tecnologias será que ser responsável por esta
ruptura paradigmática a partir da mudança do próprio comportamento. O Uso das
novas tecnologias na educação interfere na produção de conhecimento, acelerando
esse processo. Colocam-se desafios para a educação no futuro a respeito dos
Ebook Fundamentos da Educação Página 89
currículos e paradigmas que irão se construir a partir dessa nova realidade.
Amplia-se radicalmente, através da mídia, o conhecimento sobre os mais variados
assuntos, em que os alunos, a partir da consulta às listas de discussão específicas,
home-pages etc, desenvolvem um trabalho mais rico, atualizado e mais amplo.
As novas tecnologias não podem ser apenas apresentadas como uma grande fonte
de dados sobre os mais diversos assuntos, sem que se perceba que se transformou
também o modo de produzir conhecimento. É a partir desta clareza que se devem
estabelecer os paradigmas e conteúdos da educação do futuro. Enquanto não se
parte para descobrir os verdadeiros potenciais desses aparatos tecnológicos e que
benefícios podem trazer para a educação, poderemos ser condenados ao não
desenvolvimento. Não devemos ter medo dessas ferramentas, mas saber utilizá-las
da maneira adequada, não somente no contexto da educação, mas em todos os
setores da sociedade.
A capacidade de aprendizado e de assimilação poderá ser bastante elevada e
estimulada, a partir de exemplos concretos, mas virtuais; as novas tecnologias
serão o palco de intercâmbio entre escolas (alunos e professores) de todo o
mundo. E, finalmente a escola será o berço da sociabilidade humana através do
contato (esporte, arte, teatro...), onde várias atividades educativas serão
desenvolvidas.
Uma das formas mais interessantes de trabalhar hoje colaborativamente é criar
uma página dos alunos, como um espaço virtual de referência, onde se constrói e
se coloca o que acontece de mais importante no curso, os textos, os endereços, as
análises, as pesquisas.
As novas tecnologias, em especial a internet, favorecem a construção cooperativa e
colaborativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos, próximos física ou
virtualmente. Poderá haver a participação de uma pesquisa em tempo real, de um
projeto entre vários grupos, de uma investigação sobre um problema de
Ebook Fundamentos da Educação Página 90
atualidade.
E, a família também não se exclui desse processo, mediante assevera Fernandes
Junior (2010),
Por sua vez, os pais e os professores tambémprecisam estar cientes desses novos espaços deaprendizagem que estão surgindo em nossasociedade. Novos ambientes começam a seconsolidar, novas formas de acesso à informação enovos conhecimentos estão presentes nosambientes virtuais, novas formas de se relacionarestão a acontecer nas comunidades virtuais, noschats de bate-papo e nos jogos eletrônicos,fenômeno dessa nova cultura digital, que estãosendo utilizados de variadas formas e nas maisdiversas finalidades.
3 Considerações finais
A reforma nos sistemas educativos, incluindo a formação digital, é passo primordial
para a preparação dos indivíduos para a sociedade pós-moderna. Mas, algumas
escolas brasileiras ainda resistem a essas mudanças; todavia, a escola necessita
estar conectada a esses novos procedimentos, apropriando-se das novas
tecnologias, bem como utilizá-las para dinamizar os processos de ensino e de
aprendizagem, tornando-os mais criativos.
As novas tecnologias são, pois, fundamental dentro do sistema educacional de um
país, pois, como parte integrante do sistema de informação, pode colaborar
consideravelmente para a adoção desses novos paradigmas, ou seja, o paradigma
da informação e do conhecimento.
Necessita-se, pois, capacitar os profissionais, incentivá-los em investir nesse novo
paradigma e apostar no contato com as novas tecnologias. E isso constitui-se em
grande desafio. Porque conforme Moran (2000),
Ensinar com as novas mídias será uma revolução,
Ebook Fundamentos da Educação Página 91
se mudarmos simultaneamente os paradigmasconvencionais do ensino, que mantêm distantesprofessores e alunos. Caso contrárioconseguiremos dar um verniz de modernidade,sem mexer no essencial. A Internet é um novomeio de comunicação, ainda incipiente, mas quepode ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificarmuitas das formas atuais de ensinar e deaprender.
A escola pode e precisa estabelecer elos com as novas tecnologias. Pode utilizá-las
como motivação do conteúdo de ensino, como ponto de partida mais dinâmicas e
interessantes diante de um novo assunto a ser estudado. Podem as novas
tecnologias da informação apresentar o próprio conteúdo de ensino (cursos
organizados em vídeo, por exemplo), bem como ser, eles próprios, objeto de
análise, de conhecimento (estudo crítico da televisão, do cinema, do rádio, dos
jornais e das revistas). A escola pode combinar as produções escritas
convencionais com as novas produções audiovisuais, principalmente em vídeo, que
capacitam o aluno a se expressar de forma mais viva e completa.
O processo ideal consiste em ter uma política ampla e efetiva de colocar a questão
da comunicação como algo importante dentro da escola. A melhor maneira de
desenvolver esta prática é utilizando as novas tecnologias para dinamizar as aulas,
educando os alunos para uma compreensão mais ampla dos meios e da
comunicação, ajudando-os a integrar as linguagens convencionais e audiovisuais.
Educar é, pois, colaborar para que professores e alunos - nas escolas e
organizações - transformem suas vidas em processos permanentes de
aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu
caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das
habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar
seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornarem-se cidadãos realizados e
produtivos.
Referências
Ebook Fundamentos da Educação Página 92
FERNANDES JUNIOR, Sebastião. Os professores e a formação para as tecnologias
educacionais. Revista Aprendizagem, ano 4, nº 20. São Paulo: Melo, 2010.
MACUCH, Regiane da Silva. Os professores e a formação para as tecnologias
educacionais. Revista Aprendizagem, ano 4, nº 20. São Paulo: Melo, 2010.
MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Revista
Informática na Educação: teoria e Prática, v. 3, n. 1. Porto Alegre: UFRGS.
RODRIGUES, Clarinda. A organização do conhecimento e tecnologias da
informação. Transinformação, Campinas, v.8, n.3, set./dez, 1996.
TAKAHASHI, T. (Org.) Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília:
Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.
Fonte: http://www.artigonal.com/educacao-artigos/educacao-e-tecnologia-os-beneficios-
adquiridos-no-ensino-e-na-aprendizagem-com-o-uso-das-novas-tecnologias-da-informacao-
4915382.html
Ebook Fundamentos da Educação Página 93
3.3 Projeto Político-Pedagógico da escola
O que é o projeto político-pedagógico (PPP)
Noemia Lopes
Toda escola tem objetivos que deseja alcançar, metas a cumprir e sonhos a
realizar. O conjunto dessas aspirações, bem como os meios para concretizá-las, é o
que dá forma e vida ao chamado projeto político-pedagógico - o famoso PPP. Se
você prestar atenção, as próprias palavras que compõem o nome do documento
dizem muito sobre ele:
É projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante
determinado período de tempo.
É político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos
conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na
sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir.
É pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos educativos
necessários ao processo de ensino e aprendizagem.
Ao juntar as três dimensões, o PPP ganha a força de um guia - aquele que indica a
direção a seguir não apenas para gestores e professores mas também funcionários,
alunos e famílias. Ele precisa ser completo o suficiente para não deixar dúvidas
sobre essa rota e flexível o bastante para se adaptar às necessidades de
aprendizagem dos alunos. Por isso, dizem os especialistas, a sua elaboração
precisa contemplar os seguintes tópicos:
• Missão
• Clientela
• Dados sobre a aprendizagem
• Relação com as famílias
Ebook Fundamentos da Educação Página 94
• Recursos
• Diretrizes pedagógicas
• Plano de ação
Por ter tantas informações relevantes, o PPP se configura numa ferramenta de
planejamento e avaliação que você e todos os membros das equipes gestora e
pedagógica devem consultar a cada tomada de decisão. Portanto, se o projeto de
sua escola está engavetado, desatualizado ou inacabado, é hora de mobilizar
esforços para resgatá-lo e repensá-lo (leia as dicas práticas). "O PPP se torna um
documento vivo e eficiente na medida em que serve de parâmetro para discutir
referências, experiências e ações de curto, médio e longo prazos", diz Paulo
Roberto Padilha, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.
Compartilhar a elaboração é essencial para uma gestão democrática
Infelizmente, muitos gestores veem o PPP como uma mera formalidade a ser
cumprida por exigência legal - no caso, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), de 1996. Essa é uma das razões pelas quais ainda há quem
prepare o documento às pressas, sem fazer as pesquisas essenciais para retratar
as reais necessidades da escola, ou simplesmente copie um modelo pronto (leia os
erros mais comuns).
Na última Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada no primeiro
semestre deste ano, o projeto políticopedagógico foi um dos temas em destaque.
Os debatedores lembraram e reforçaram a ideia de que sua existência é um dos
pilares mais fortes na construção de uma gestão democrática. "Por meio dele, o
gestor reconhece e concretiza a participação de todos na definição de metas e na
implementação de ações. Além disso, a equipe assume a responsabilidade de
cumprir os combinados e estar aberta a cobranças", aponta Maria Márcia Sigrist
Malavasi, coordenadora do curso de Pedagogia e pesquisadora do Laboratório de
Ebook Fundamentos da Educação Página 95
Observação e Estudos Descritivos da Faculdade de Educação da Universidade de
Campinas (Loed/Unicamp).
Envolver a comunidade nesse trabalho e compartilhar a responsabilidade de definir
os rumos da escola é um desafio e tanto. Mas o esforço compensa: com um PPP
bem estruturado, a escola ganha uma identidade clara, e a equipe, segurança para
tomar decisões. "Mesmo que no começo do processo de discussão poucos
participem com opiniões e sugestões, o gestor não deve desanimar. Os primeiros
participantes podem agir como multiplicadores e, assim, conquistar mais
colaboradores para as próximas revisões do PPP", afirma Celso dos Santos
Vasconcellos, educador e responsável pelo Libertad - Centro de Pesquisa, Formação
e Assessoria Pedagógica, em São Paulo.
Os erros mais comuns
Alguns descuidos no processo de elaboração do projeto político-pedagógico podem
prejudicar sua eficácia e devem ser evitados:
- Comprar modelos prontos ou encomendar o PPP a consultores externos. "Se a
própria comunidade escolar não participa da preparação do documento, não cria a
ideia de pertencimento", diz Paulo Padilha, do Instituto Paulo Freire.
- Com o passar dos anos, revisitar o arquivo somente para enviá-lo à Secretaria de
Educação sem analisar com profundidade as mudanças pelas quais a escola passou
e as novas necessidades dos alunos.
- Deixar o PPP guardado em gavetas e em arquivos de computador. Ele deve ser
acessível a todos.
- Ignorar os conflitos de ideias que surgem durante os debates. Eles devem ser
considerados, e as decisões, votadas democraticamente.
Ebook Fundamentos da Educação Página 96
- Confundir o PPP com relatórios de projetos institucionais - portfólios devem
constar no documento, mas são apenas uma parte dele.
Bibliografia
Planejamento Dialógico: Como Construir o Projeto Político-Pedagógico da Escola,
Paulo Roberto Padilha,
160 págs., Ed. Cortez.
Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico,
Celso dos Santos Vasconcellos, 208 pág., Ed. Libertad.
Projeto Político-Pedagógico: Construção e Implementação na Escola, Cássia Ravena
Mulin de Assis Medel, 128 págs., Ed. Autores Associados.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/planejamento/projeto-politico-
pedagogico-ppp-pratica-610995.shtml
3.4 Gestão Democrática
Gestão democrática
Amélia Hamze
Os artigos 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e 22 do Plano
Nacional de Educação (PNE) indicam que os sistemas de ensino definirão as
normas da gestão democrática do ensino público na educação básica obedecendo
aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolares e locais
em conselhos escolares. Devemos enfatizar então que a democracia na escola por
si só não tem significado. Ela só faz sentido se estiver vinculada a uma percepção
de democratização da sociedade.
Na Gestão democrática deve haver compreensão da administração escolar como
Ebook Fundamentos da Educação Página 97
atividade meio e reunião de esforços coletivos para o implemento dos fins da
educação, assim como a compreensão e aceitação do princípio de que a educação é
um processo de emancipação humana; que o Plano Político pedagógico (PPP) deve
ser elaborado através de construção coletiva e que além da formação deve haver o
fortalecimento do Conselho Escolar.
A gestão democrática da educação está vinculada aos mecanismos legais e
institucionais e à coordenação de atitudes que propõem a participação social: no
planejamento e elaboração de políticas educacionais; na tomada de decisões; na
escolha do uso de recursos e prioridades de aquisição; na execução das resoluções
colegiadas; nos períodos de avaliação da escola e da política educacional. Com a
aplicação da política da universalização do ensino deve-se estabelecer como
prioridade educacional a democratização do ingresso e a permanência do aluno na
escola, assim como a garantia da qualidade social da educação.
As atitudes, os conhecimentos, o desenvolvimento de habilidades e competências
na formação do gestor da educação são tão importantes quanto a prática de ensino
em sala de aula. No entanto, de nada valem estes atributos se o gestor não se
preocupar com o processo de ensino/aprendizagem na sua escola. Os gestores
devem também possuir habilidades para diagnosticar e propor soluções assertivas
às causas geradoras de conflitos nas equipes de trabalho, ter habilidades e
competências para a escolha de ferramentas e técnicas que possibilitem a melhor
administração do tempo, promovendo ganhos de qualidade e melhorando a
produtividade profissional. O Gestor deve estar ciente que a qualidade da escola é
global, devido à interação dos indivíduos e grupos que influenciam o seu
funcionamento. O gestor, que pratica a gestão com liderança deve buscar combinar
os vários estilos como, por exemplo: estilo participativo que é uma liderança
relacional que se caracteriza por uma dinâmica de relações recíprocas; estilo
perceptivo/flexível que é uma liderança situacional que se caracteriza por
responder a situações específicas;estilo participativo/negociador que é uma
liderança consensual que se caracteriza por estar voltada a objetivos comuns,
Ebook Fundamentos da Educação Página 98
negociados; e estilo inovador: que é uma liderança prospectiva que se caracteriza
por estar direcionada à oportunidade, isto é, à visão de futuro. O gestor deve saber
integrar objetivo, ação e resultado, assim agrega à sua gestão colaboradores
empreendedores, que procuram o bem comum de uma coletividade.
Referência
MATOS, F.G. Empresa que Pensa: Educação Empresarial-Renovação Contínua a
Distância.
Fonte: http://educador.brasilescola.com/gestao-educacional/gestao-democratica.htm
Ebook Fundamentos da Educação Página 99
Resumão:
1. Tendências e concepções pedagógicas;
1.1 A educação e suas relações socioeconômicas políticas e culturais;
1.2 As relações entre educação, trabalho e cidadania;
1.3 Inclusão educacional e diversidade;
1.4 Função social da escola.
Ebook Fundamentos da Educação Página 100
“As relações entre educação e política se dão na forma de autonomia relativa e dependência
recípocra” (SAVIANI), com a educação se subordinando à política e esta exercendo uma
função educativa, uma vez que em uma sociedade de classe a prática política subordina a
prática educativa, pois o primado da política reduz a margem de autonomia da educação.
“A importância política da educação reside na sua função de socialização do conhecimento.
É, pois, realizando-se na especificidade que lhe é própria, que a educação cumpre sua
função política.
“A pedagogia dos conteúdos, de sentido crítico-social, afirma que a emancipação das
camadas populares requer o domínio dos conhecimentos escolares como requisito essencial
para a compreensão da prática social, vale dizer, do movimento de desenvolvimento histórico
do povo” (LIBANÊO)
A abertuda da escola à cultura de seu território, a escolha de uma grade curricular que
valorize a pluralidade e a diversidade cultural local e o intercâmbio da escola com produções
e produtores de cultura na sociedade são alguns caminhos para unir educação e cultura.
A educação não pode ser vista como um processo mecânico de desenvolvimento de
Ebook Fundamentos da Educação Página 101
potencialidade. Ela será necessariamente um processo de construção, ou seja, uma prática
mediante a qual os homens estão se construindo ao longo do tempo.
Sempre é bom não perder de vista que o trabalho pode degradar o homem, a vida social
pode oprimi-lo e a cultura pode aliená-lo, ideologizando-o. Daí se esperar da educação que
ela se constitua, em sua efetividade prática, um decidido investimento na consolidação das
forças construtivas dessas mediações. É por isso que, ao lado do investimento na
transmissão aos educandos, dos conhecimentos científicos e técnicos, impõe-se garantir que
a educação seja mediação da percepção das relações situacionais, que ela lhes possibilite a
apreensão das intrincadas redes políticas da realidade social, pois só a partir daí poderão se
dar conta também do significado de suas atividades técnicas e culturais. Por outro lado, cabe
ainda à educação, no plano da intencionalidade da consciência, desvendar os
mascaramentos ideológicos de sua própria atividade, evitando assim que se instaure como
mera força de reprodução social e se torne força de transformação da sociedade,
contribuindo para extirpar do tecido desta todos os focos da alienação.
Lei nº 7853: Obriga todas as escolas a aceitar matrículas de alunos com deficiência e
transforma em crime a recusa. Aprovada em 1989 e regulamentada em 1999.
Ao promover a inclusão o PPP deve contemplar a atendimento à diversidade e o aparato que
a equipe terá para atender e ensinar a inclusão.
A escola, principalmente a pública, é espaço democrático dentro da sociedade
contemporânea. Servindo para discutir suas questões, possibilitar o desenvolvimento do
pensamento crítico, trazer as informações contextualizá-las e das caminhos para o aluno
buscar conhecimento.
A escola não pode continuar a desenvolver o papel de agência produtora de mão de obra.
Seu objetivo principal deve ser formar o educando como homem 'humanizado' e não apenas
prepará-lo pra o exercício de funções produtivas, para ser consumidor de produtos, logo,
esvaziados, alienados, deprimidos, fetichizados.
A educação deve qualificar para a vida e não para o mercado.
2. Estrutura educacional brasileira;
2.1 Sistema educacional brasileiro: níveis e modalidades de ensino;
2.2 Legislação: Lei no 9394/96 LDBEN, Lei no 8.069/90 ECA, Lei no 10639/03 História e cultura
afro-brasileira e africana
2.3 As Diretrizes Curriculares Nacionais e Estadual para a educação básica.
Após a Lei n.º 9.394/96
Ebook Fundamentos da Educação Página 102
Educação Básica:
Educação Infantil – Creche – Duração de 4 anos / De 0 a 3 anos
Pré-escola – Duração de 3 anos / De 4 a 6 anos
Ensino Fundamental (obrigatório) – Duração de 9 anos / De 6 a 14 anos
Ensino Médio – Duração de 3 anos / De 15 a 17 anos
LDB1:
A Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional (LDB), promulgada em 1996, é uma lei emanada
do Congresso Nacional. Como lei 9.394/96, deve ser cumprida e respeitada. No entanto, para os
educadores, deve ser tomada, também, como uma espécie de livro sagrado e, sendo assim,
reverenciada.
Na Lei da Educação, são muitas as acepções de aprender que podemos depreender a partir da
leitura de seus dispositivos legais referentes à educação escolar.
São estes princípios, indicados abaixo, um importante exemplário de conduta para diretores,
professores, pais e alunos e, por isso mesmo, devem nortear, à guisa de um decálogo da boa
aprendizagem, às práticas escolares:
1. A liberdade de aprender como principio de ensino (Inciso II, art. 3º, LDB): cabe ao educador a
tarefa de, no âmbito da instituição escolar, ensinar a aprender, mas respeitar, como princípio, a
liberdade de aprender. Só se aprende a aprender, papel fundamental da escola, na sociedade do
conhecimento, com espírito de liberalidade, com espírito de liberdade de perceber, conhecer e
aprender a ver o mundo com os olhos de um ser livre. Ensinar só tem sentido, no meio escolar,
quando a liberdade é guia para a ação de aprender.
2. A garantia de padrões mínimos de qualidade de ensino para desenvolvimento do processo de
ensino-aprendizagem. (Inciso IX, art. 4º, LDB): cabe ao poder público, através dos governos; às
famílias, através dos pais e responsáveis e à sociedade, como um todo, ofertar um ensino de
qualidade. A qualidade de ensino só pode ser medida sob enfoque da aprendizagem. Não há
qualidade de ensino quando o aluno deixa de aprender. Não há aprendizagem sem a garantia, a
priori, de que as condições objetivas de aprendizagem estão hoje e serão permanentemente
asseguradas: dinheiro direto na escola e gestão democrática de ensino.
3. O zelo pela aprendizagem dos alunos como incumbência dos docentes (Inciso III, art. 13, LDB ):
aos docentes, o zelo pela aprendizagem do ensino é, antes de tudo, uma questão de compromisso
profissional, ético, e resulta de uma atitude deontológica e ontológica perante seu papel educador
1 Resumo por Vicente Martins, professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), encontrado em http://apeoespbebedouro.blogspot.com.br/2011/07/ldb-resumo.html
Ebook Fundamentos da Educação Página 103
na sociedade do conhecimento. Quando o aluno deixa de aprender, por imperícia ou incapacidade
pedagógica, a escola perde o sentido de existir. Os alunos vão à escola para aprender a aprender,
formar as bases de sua cidadania, para um exercício de co-cidadania, a partir do conhecimento do
mundo e dos valores da sociedade.
4. A Flexibilidade para organização da educação básica para atender interesse do processo de
aprendizagem (art. 23, LDB): À escola cabe a tarefa de patrocinar todas as formas eficazes de
aprendizagem. O que interessa aos pais e agentes educacionais é a aprendizagem dos alunos.
Se for preciso, deve a escola desmontar a estrutura antiga, mesmo que tenha sido a melhor
referência educacional no século anterior. O importante é a escola fazer funcionar o ensino que
garanta a aprendizagem dos alunos. A sociedade do conhecimento não se fossiliza mais em
modelos, em paradigmas acabados: o paradigma novo, no meio escolar, é o devir, é a mudança
constante.
5. A verificação do aprendizado como critério para avanço nos cursos e nas séries (item c, inciso V,
art. 24, LDB): Quem aprende a aprender, isto é, passou a ser capaz de aprender com a orientação
docente, deve ser incentivado a ir adiante e, seu tempo escolar, deve ser, pois aligeirado ou
abreviado. A escola não pode ficar, com o aluno, mais de uma década, engessando seu andar, seu
pensar, seu aprender. A escola é meio. A escola não é fim. O fim da escola é a sociedade. O fim da
sociedade é humanidade, com toda carga semântica que esta palavra sugere no tempo e no espaço.
O fim escolar, pois, é estar bem em convivência, em sociedade. Assim, a aprendizagem vem da
interação. O que a escola deve ensinar é a estratégia de interagir, de aprender na socialização de
idéias e opiniões, para que o aluno, desde cedo, se prepare para ação no meio social. É a vida social
a verdadeira escola de tempo integral.
6. O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da
leitura, da escrita e do cálculo, como estratégia para objetivar a formação básica do cidadão no
ensino fundamental (Inciso I, art. 32, LDB): Ninguém nasce aprendiz, embora todo ser nasça para
aprender. A capacidade de aprender deve ser, pois, desenvolvida nos primeiros anos escolares. Para
tanto, devem ser definidas, desde logo, nas escolas, as estratégias de aprendizagem que priorizem
a leitura, a escrita e o cálculo. O que fazemos na sociedade do conhecimento depende unicamente
da leitura, escrita e o cálculo. Por isso, deveriam ser as três únicas disciplinas do currículo escolar. A
escola não deve se ocupar de domesticar, isto é, passar a ser, coadjuvante, de um aparelho
ideológico do Estado ou da sociedade política, de natureza coercitiva, assim como, historicamente,
vem procedendo a Igreja e a Justiça. A escola deve unicamente preparar seus alunos para a vida
em sociedade, para a prosperidade material e comunhão entre os homens.
Ebook Fundamentos da Educação Página 104
7. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores para objetivar a formação básica do
cidadão no ensino fundamental (Inciso III, ar. 32, LDB): cabe à escola desenvolver estratégias para
fortalecer a memória de longo prazo (MLP) dos educandos. A aprendizagem é o assegurar de
informações e conhecimentos, por parte do educando, no seu "estoque de informação na memória".
Quem memoriza, pensa mais. Quem pensa mais, aprende mais. Quem aprende mais, emancipa-se
mais cedo. O homem só aprende quando é capaz de manipular o que produz, os objetos, as
mercadorias e as máquinas. Uma criança que depende de uma simples máquina de calcular para
saber quanto é 2 + 2, ou 2 X 2 ou 2 X 9 ou 2 X 2,897 não está preparada para resolver, no mundo,
de cabeça, soluções domésticas, cotidianas, imediatas, em interação com outro, que exigem, em
ação rápida, uma decisão pronta, às vezes, uma questão de valor para a vida social. Aprender é
espécie de gol de placa quando a bola não cai no pé mas na cabeça.
8. A adoção no ensino fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação
do processo de ensino-aprendizagem,. (§ 2º, art. 32, LDB): cabe à escola criar as condições de
aprendizagem, através de oferta das mais diversas e criativas formas de aprender, e não temer que
seja avaliada por métodos inovadores, antigos, ou tradicionais. Por isso, a escola, pensando e
agindo bem, fazendo com que seu aluno sempre venha a progredir, deve constantemente atualizar
ou mudar seu ritmo de acesso aos saberes, e assim, seus docentes, devem estar atentos para as
formas de avaliação que vão se desenhando nas instituições educacionais, não como forma de
controle pedagógica, mas como forma de verificar se estar valendo a pena a mudança ou a
alteração dos modelos novos instaurados no meio escolar. Mudar é preciso para a garantia da ação
de aprender.
9. A garantia às comunidades indígenas da utilização, no ensino fundamental, de processos próprios
de aprendizagem. (§ 3º, art. 32, LDB): aos índios e a todos os representantes das minorias,
incluindo os pobres e negros, devem ter assegurados critérios justos de avaliação pedagógica.
Devemos tratar igualmente a todos por suas diferenças. Isso requer mais trabalho, maior suor dos
docentes, mas cumpre um papel importante de eqüidade na sociedade de classes. Quem respeita
as minorias, transforma a escola em excelência de eqüidade.
10. A continuidade do aprender como finalidade do ensino médio para o trabalho e a cidadania do
educando (inciso II, art. 35, LDB): quando concluímos a educação básica, devemos ser estimulados
a seguir a caminhada rumo à Universidade, instância da educação superior. Lá, somos
realfabetizados e descobrimos que aprender é um continuum: aprender é um processo que se dá,
inicialmente, no meio escolar, mas perdura, por toda vida, na sociedade. Aprender é como beber
água: é bom demais.
Ebook Fundamentos da Educação Página 105
ECA2:
Conforme o artigo 2º, considera-se criança a pessoa de até
12 anos incompletos e adolescentes de 12 e 18 anos. Trata-
se de critério etário/biológico.
Excepcionalmente o maior de 18 e menor de 21 anospoderá ser considerado.
Mesmo que o sujeito tenha sido emancipado, o ECAcontinuará valendo. A exemplo de menor emancipada quequeira posar nua em uma revista masculina.
PRINCÍPIOS DO ECA:
1. Princípio da Prevenção Geral
2. Princípio da Prevenção Especial
3. Princípio do Atendimento Integral
4. Princípio da Garantia Prioritária
5. Princípio da Proteção Estatal
6. Princípio da Prevalência do Interesse do Menor
7. Princípio da Indisponibilidade do Direito do Menor
8. Princípio da Reeducação e Reintegração
9. Princípio do Sigilo
10. Princípio da Gratuidade
11. Princípio do Contraditório
12. Princípio do Compromisso
FAMÍLIA NATURAL, FAMÍLIA SUBSTITUTA E FAMÍLIAEXTENSA:
A família natural é aquela que tem vínculo biológico, ouseja, é formada pelos genitores e a prole.
Já família substituta é uma forma de medida de proteçãoao menor e deve ser feita em última hipótese, vez quedeve prevalecer o convívio do menor em sua famílianatural. Tem como formas a guarda, tutela e adoção.
Por fim, família extensa ou ampliada é uma figura criadana Lei 12010/09 e significa os parentes do menor comquem este conviva e tenha afinidade. Trata-se de umaforma de colocar o menor em família que não a natural.
ADOÇÃO:
Trata-se de um ato jurídico que cria relação de filiaçãoentre as pessoas. No ordenamento jurídico brasileiro, a
adoção é plena, de forma que é irrevogável e rompe comos vínculos biológicos antigos (salvo para impedimentosmatrimoniais).
Não se pode ter adoção por procuração. É sempre pessoal.
Requisitos para adoção:
i) o adotante precisa ter uma diferença de 16 anos domenor adotando;
ii) os adotantes devem ser maiores de 18 anos;
iii) reais vantagens para o adotando – ou seja, motivolegítimo – formar uma família.
iv) consentimento dos pais biológicos;
Exceto se estiverem falecidos, desaparecidos, foremdesconhecidos ou destituídos do poder familiar.
**Não há limite de idade. Antes, falava-se em idade de 50anos no máximo. Agora não existe mais.
Impedimentos:
i) ascendente não adota descendente – para preservar alinha de sucessão. Exemplo: avô adotar neto.
**Os tios podem adotar.
Modalidades de adoção:
i) adoção conjunta:Quando feita por um casal casado ou que conviva em uniãoestável.
**a adoção pode ser realizada por casaisseparados/divorciados se no início do processo eles aindaeram um casal. Deve haver, no entanto, consenso e oestágio de convivência deve ter ocorrido durante ocasamento/união.
ii) adoção póstuma:Quando, durante o processo de adoção, o adotante falece.No entanto, se a declaração de vontade for irrefutável, nosentido de querer adotar, a adoção será deferida e osefeitos da sentença retroagirão para que o adotando possasuceder ao falecido.
iii) adoção unilateral:É feito por uma pessoa que conviva ou seja casado com amãe/pai do menor.
iv) adoção internacional:
v) adoção intuito personae:Para alguns, foi retirada do ordenamento jurídico pela Lei12010/09, tendo em vista a necessidade de os adotantes
2 Resume do Profº Carlos Andrade encontrado em: http://carlosandrade-concursos.blogspot.com.br/2012/01/resumo-eca.html
Ebook Fundamentos da Educação Página 106
terem inscrição no cadastro de adoção.
Essa adoção é aquela em que os pais consentem na adoçãoa um terceiro conhecido em que haja uma confiançaespecial (intuito personae). O problema é que muitas vezespode se tratar de uma forma de burlar a fila da adoção,bem como na venda de crianças.
**não é possível adoção de nascituro.
vi) adoção à brasileira:É aquela em que o adotante adota o adotando como sefosse seu filho sem o procedimento específico da adoção.Exemplo: sujeito encontra uma criança abandonada e aregistra como filho.
Constituição da adoção:
A partir do trânsito em julgado da sentença. No caso deadoção pós morte, no momento do falecimento – os efeitosda sentença retroagem.
Efeitos da adoção:
i) apesar de romper com os vínculos anteriores, estescontinuam para fins de impedimento de casamento (nãomantém obrigações alimentares);
ii) cria a relação de filiação, ou seja, o adotando passa aser filho do adotante, sendo proibida a discriminação;
iii) cria direitos sucessórios recíprocos;
iv) a morte do adotante não restabelece o poder familiardos pais biológicos;
v) dever de alimentos recíprocos;
TUTELA:Trata-se de um encargo assistencial, significando cuidar,dentro outros, da educação da criança em que não hajapoder familiar.
Pressupostos da tutela:
i) falecimento dos pais, interdição dos pais, abandono oudestituição do poder familiar;
Importante notar que, na nomeação, deve-se respeitar aseguinte ordem:
1. se os pais que faleceram deixaram em testamento aindicação de alguém para cuidar dos filhos (tutelatestamentária).
2. buscar dentre os parentes quem possa efetivamentecuidar da criança ou do adolescente (tutela legítima).
3. se não houver parentes ou forem inidôneos, decreta-sea tutela dativa.
PODER FAMILIAR: Surge da filiação.
1. múnus público;
2. irrenunciável;
3. inalienável;
4. imprescritível;
5. intransferível;
6. cria um vínculo de autoridade;
Destituição do Poder Familiar:
Ocorre através de ato judicial por conduta incompatívelcom a conduta de pai e mãe.
Guarda de filhos: Há 5 tipos de guarda (que não seconfundem com a medida de proteção do ECA):
i) individual (família monoparental);
ii) concomitante;
iii) alternada;
iv) por nidação (aninhamento);
v) compartilhada;
Visitas: dever ou direito? Exemplo: uma mãe que estáencarcerada tem direito a visitas? Pode pedir conduçãocoercitiva do pai que não visita o filho?
Artigo 1589 – o pai ou mãe que não tiver a guarda PODERÁvisitar o filho.
Hoje, o entendimento é de que a visita é um direito domenor e um dever dos pais. Deve-se, no entanto, fazerprevalecer o melhor interesse do menor, de modo que se avisita for prejudicial, deve-se tentar evita-la.
ALIMENTOS:
Os alimentos transcendem da necessidade básica dealimentação. Vai além, ou seja, significa a mantença deum status familiar que havia. Esse conceito vem do CódigoCivil – artigo 1694 a 1710.
Classificação quanto à origem: de que forma surge aobrigação de prestar alimentos
i) legais
ii) convencionais
iii) testamentários
iv) ressarcitórios - são frutos de atos ilícitos
Os alimentos são “blindados”:
i) são irrenunciáveis;
ii) não podem ser cedidos;
iii) não podem ser compensados;
Ebook Fundamentos da Educação Página 107
iv) não podem ser devolvidos;
v) imprescritíveis;
vi) podem advir de testamento;
Alimentos Gravídicos:
O fundamento do pedido dos alimentos gravídicos é podercolaborar com a grávida durante o período da gestaçãopara a mantença dela e do nascituro (período entre 36 e 40semanas). Estão regulamentados pela Lei 11804/08.
MEDIDAS DE PROTEÇÃO:
Ocorrem sempre que a criança ou o adolescente estiveremem situação de risco, a qual está prevista no artigo 98 edesloca a competência para a vara da infância ejuventude.
Importante notar que podem ser aplicadas em conjunto enão apenas isoladamente.
Durante a medida de proteção, o menor deve ter contatocom a família.
Princípios que regem a aplicação da medida deproteção: Foram incluídos pela Lei 12010.
i) toda aplicação de medida de proteção precisa ter emmente a condição do menor como sujeito de direitos;
ii) princípio da proteção integral e prioritária;
iii) princípio da responsabilidade primária e solidária doPoder Público;
iv) princípio do melhor interesse da criança e doadolescente;
v) princípio da privacidade;
vi) princípio da intervenção precoce;
vii) princípio da intervenção mínima;
viii) princípio da proporcionalidade e razoabilidade;
ix) princípio da responsabilidade parental;
x) princípio da prevalência da família;
xi) princípio do direito à informação;
xii) oitiva do menor;
As medidas de proteção estão elencadas no artigo 101 doECA:
Medidas que o Conselho Tutelar pode aplicar semintervenção judicial:
Medidas que o Conselho Tutelar pode aplicar semintervenção judicial:1 - encaminhamento aos pais ou responsável, mediantetermo de responsabilidade;2 - orientação, apoio e acompanhamento temporários;3 - matrícula e frequência obrigatórias emestabelecimento oficial de ensino fundamental;4 - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílioà família, à criança e ao adolescente;5 - requisição de tratamento médico, psicológico oupsiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;6 - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
Medidas que só o Juiz pode aplicar:7 - acolhimento institucional; **no passado era chamado de abrigo e orfanato.8 - inclusão em programa de acolhimento familiar; 9 - colocação em família substituta.
Lei 10639/03
A Lei 10.639 instituiu a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana no
ensino fundamental e médio das escolas públicas e particulares da federação.Esta lei foi sancionada
em março de 2003 e alterou a Lei 9.394 de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e
estabeleceu as Diretrizes Curriculares para a implementação da mesma.
Segundo a Lei 10.639, a temática deve ser trabalhada no âmbito de todo o currículo escolar, mas,
preferencialmente, nas disciplinas de História, Literatura e Educação Artística. Esta Lei também
instituiu a data de 20 de novembro no calendário escolar, como “Dia Nacional da Consciência
Negra”.
A Lei 10.639/2003 foi reformulada em 11 de março de 2008, resultando na Lei 11.645/2008, que
também trata da história dos povos indígenas, além da história da África.
Ebook Fundamentos da Educação Página 108
3. Elementos da prática pedagógica;
3.1Organização da escola e instâncias colegiadas;
3.2Saberes escolares, método didático, avaliação escolar, recursos didáticos e o uso de novas
tecnologias da informação e comunicação na educação.
3.3 Projeto Político-Pedagógico da escola.
3.4 Gestão Democrática.
Instâncias colegiadas:
APMF;
Conselho de classe;
Grêmio estudantil.
Ebook Fundamentos da Educação Página 109
Prova de Fundamentos da Educação do concurso de 2007
Comentário:
A prova de 2007 mostrou-se com um nível relativamente fácil, a maioria das
questões podem ser resolvidas por mera dedução, principalmente para quem já
trabalha no ambiente escolar. Os assuntos cobrados foram: teoria de pensamento
pedagógico, inclusão, LDB (uma questão inteira e alguns trechos em outras
questões), ECA (uma questão inteira), PPP, organização escolar, gestão,
metodologia (uso de tecnologias em sala de aula), DCN, DCE, instâncias
colegiadas e claro, ideias de Paulo Freire, que é sempre um teórico de destaque
nas ideias pedagógicas modernas no Brasil. Por falar nisso, a prova cobrará
assuntos que almejam uma tendência moderna na educação, então sempre alinhe
o pensamento de suas respostas para essa direção. Educação moderna,
democracia, inclusão e Paulo Freire, estes devem ser os termos norteadores da
prova.
Edital nº 09/2007 – GS/SEED
Prova – 25/11/2007
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
01 - A Educação Brasileira, ao longo de sua história, foi marcada por diferentes pedagogias. Correlacionecada educador da coluna da direita com sua corrente pedagógica na coluna da esquerda. 1. Pedagogia Tradicional. ( ) Dewey 2. Pedagogia da Escola Nova. ( ) Herbart 3. Pedagogia Libertadora. ( ) Dermeval Saviani 4. Pedagogia Histórico-Crítica. ( ) Paulo Freire Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da coluna da direita, de cima para baixo. a) 1 – 2 – 3 – 4. b) 4 – 3 – 2 – 1. c) 2 – 1 – 3 – 4. d) 3 – 4 – 1 – 2. e) 2 – 1 – 4 – 3.
02 - A Educação está diretamente relacionada com a sociedade. Diferentes perspectivas dessa relaçãosão consideradas em três grandes grupos. Numere os grupos da coluna de baixo de acordo com asrespectivas funções na coluna de cima. 1. A função da educação é resolver todos os problemas sociais. 2. A função da educação é fazer o trabalho mais avançado possível, apesar dos limites impostos pelomomento histórico.
Ebook Fundamentos da Educação Página 110
3. A função da educação é a reprodução da sociedade. ( ) Realismo Pedagógico ( ) Imobilismo Pedagógico ( ) Otimismo Pedagógico Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da coluna de baixo, de cima para baixo. a) 2 – 3 – 1. b) 1 – 2 – 3. c) 3 – 2 – 1. d) 1 – 3 – 2. e) 3 – 1 – 2.
03 - O trabalho e a educação são elementos fundamentais do processo de construção da cidadania. Acidadania exige deveres e direitos. Os direitos são classificados em três níveis: civis, políticos e sociais.Numere os direitos de cidadania da coluna de baixo de acordo com sua definição na coluna de cima.1. Direitos necessários à liberdade individual. 2. Respeito à participação e representação em sindicatos, partidos, etc. 3. Respeito ao bem-estar do indivíduo: segurança, trabalho, lazer, educação e saúde, entre outros. ( ) Direitos sociais ( ) Direitos civis ( ) Direitos políticos Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo. a) 1 – 2 – 3. b) 3 – 2 – 1. c) 1 – 3 – 2. d) 3 – 1 – 2. e) 2 – 1 – 3.
04 - A escola brasileira contemporânea enfrenta um grande desafio, qual seja o de garantir aaprendizagem a todos os seus alunos. Só se consegue atingir esse objetivo, quando a escola assume queas dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como oensino é ministrado, como a aprendizagem é concebida e avaliada. A escola precisa se tornar apta pararesponder às necessidades de cada um dos seus alunos, de acordo com suas especificidades. Nessesentido, um dos temas mais relevantes a serem considerados na atuação docente é: a) a autonomia da escola. b) a questão da inclusão e da diversidade. c) a gestão democrática. d) o conselho escolar. e) a direção participativa.
05 - A escola contemporânea tem assumido várias funções sociais, mas não pode deixar de cumprir bemo seu papel fundamental. Que papel é esse? a) Garantir aos alunos a apropriação dos conhecimentos historicamente acumulados. b) Estabelecer relações humanas satisfatórias. c) Eliminar as diferenças sociais. d) Excluir os incapazes. e) Democratizar a sociedade.
06 - Segundo a Lei 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a estrutura da educaçãoescolar é composta por: a) I – Ensino fundamental e médio. II – Ensino superior. b) I – Educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. II – Educação superior. c) I – Educação fundamental. II – Ensino médio. III – Educação superior. d) I – Ensino fundamental. II – Ensino médio. III – Ensino superior.
Ebook Fundamentos da Educação Página 111
IV – Ensino de pós-graduação. e) I – Creches. II – Pré-escola. III – Ensino fundamental. IV – Ensino médio. V – Ensino superior.
07 - Segundo o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), Lei 8069/90, são considerados crianças eadolescentes os sujeitos dentro das seguintes faixas etárias: a) crianças: até 12 anos de idade completos; adolescentes: entre 13 e 17 anos de idade. b) crianças: até 10 anos de idade incompletos; adolescentes: entre 11 e 18 anos de idade. c) crianças: até 12 anos de idade incompletos; adolescentes: entre 12 e 18 anos de idade. d) crianças: até 10 anos de idade completos; adolescentes: entre 11 e 17 anos de idade. e) crianças: até 11 anos de idade completos; adolescentes: entre 12 e 16 anos de idade.
08 - Assinale cada afirmativa com V (verdadeira) ou F (falsa). ( ) Paulo Freire, um dos maiores educadores brasileiros,propunha uma concepção pedagógica quearticulasse conhecimento e formação política. ( ) A Lei 10639/03 alterou a Lei 9394/96, que estabelece asdiretrizes e bases da educação nacional, paraincluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da disciplina: “Movimento dos Sem-Terrano Brasil”. ( ) A concepção pedagógica denominada Escola Nova foi a expressão educacional do período da ditaduramilitar no Brasil. ( ) A gestão democrática busca garantir aos diretores escolares a centralização das decisões. Assinale a alternativa que representa a sequência correta, de cima para baixo. a) F – V – F – V. b) V – F – F – F. c) V – F – V – F. d) V – V – V – F. e) F – F – F – V.
09 - Sobre o Projeto Político Pedagógico, considere as seguintes afirmativas: 1. Deve ser elaborado coletivamente. 2. Deve contemplar as demandas da comunidade atendida. 3. Deve partir de amplo e aprofundado processo de diagnóstico, análise e proposição de alternativas. 4. Deve atender as características e necessidades do alunado. São exigências do projeto político-pedagógico da escola os itens: a) 1 e 2 apenas. b) 2 e 3 apenas. c) 1, 2 e 3 apenas. d) 1 e 4 apenas. e) 1, 2, 3 e 4.
10 - Segundo os princípios da avaliação da aprendizagem, numere a coluna de baixo de acordo com suacorrespondência com a de cima. 1. Coleta dados relevantes, através de instrumentos que expressem o estado de aprendizagem do aluno,tendo em vista objetivos e capacidades que se pretende avaliar. 2. Tem caráter classificatório, somativo, controlador, com o objetivo de certificação; traduz-se emregistros quantitativos e medidas de produtos definidores da promoção ou reprovação dos alunos. 3. Organiza e arquiva registros das aprendizagens dos alunos, selecionados por eles próprios, comintenção de fornecer uma síntese de seu percurso ou trajetória de aprendizagem. 4. Tem função processual, descritiva e qualitativa, sinalizadora do patamar de aprendizagensconsolidadas pelo aluno e de suas dificuldades ao longo do trabalho. ( ) Dimensão Formativa ou Continuada ( ) Portfólio ( ) Dimensão Técnica ou Burocrática ( ) Diagnóstico Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da resposta, de cima para baixo. a) 4 – 3 – 2 – 1.
Ebook Fundamentos da Educação Página 112
b) 1 – 2 – 3 – 4. c) 3 – 4 – 2 – 1. d) 3 – 1 – 2 – 4. e) 2 – 3 – 1 – 4.
11 - O professor, para desempenhar sua função, precisa basear seu trabalho em três eixos fundamentais.Assinale a alternativa que apresenta esses eixos. a) Dom para ensinar, amor aos alunos e espírito solidário. b) Domínio teórico-prático dos conteúdos da disciplina, domínio de métodos para encaminhar didaticamenteesses conteúdos e compromisso com a aprendizagem dos alunos. c) Avaliação da aprendizagem de forma sistemática, uso de recursos didáticos essenciais às necessidades deensino-aprendizagem e domínios de novas tecnologias. d) Domínio legal, institucional e conceitual. e) Competência, habilidade e solidariedade.
12 - Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmativas: ( ) É preciso que os professores se conscientizem de que os alunos das escolas públicas, em sua maiorparte expostos a processos de exclusão social, são capazes de aprender: não possuem deficiênciaslingüísticas ou culturais. ( ) Por determinação federal, o Ensino Fundamental passa de 8 para 9 anos de duração. ( ) A avaliação na escola é uma mera formalidade burocrática. ( ) O Planejamento (processocoletivo de discussão do trabalho pedagógico) e o Plano (registro objetivodo que será desenvolvido) são algumas das condições necessárias da prática docente. ( ) A avaliação visa não apenas rotular os alunos (fortes, médios ou fracos), mas fundamentalmente poderintervir no processo, ou seja, reencaminhar o ensino para que o aluno aprenda. Assinale a alternativa que apresenta a seqüência correta, de cima para baixo. a) F – V – F – V – V. b) V – F – V – F – F. c) V – V – F – V – V. d) F – F – V – V – V. e) F – F – F – V – V.
13 - Uma escola pública de qualidade exige que se repensem as relações de trabalho vividas na práticapedagógica. Nesse sentido, as relações humanas dos profissionais da escola precisam estar baseadasem determinados princípios. Assinale a alternativa que NÃO apresenta um desses princípios. a) Avaliações contínuas. b) Trabalho articulado. c) Objetivos comuns. d) Planejamento participativo. e) Hierarquia rígida.
14 - Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmativas: ( ) A relação professor-aluno deve estar baseada no respeito e na responsabilidade. ( ) A equipe de profissionais da escola deve ter preocupação com a organização de uma escola da melhorqualidade possível. ( ) Os profissionais da escola devem incentivar a maior e melhor participação dos pais. ( ) O trabalho pedagógico na escola é antes de tudo um trabalho individualizado. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. a) F – V – V – V. b) F – V – F – V. c) V – F – V – F. d) V – V – V – F. e) F – F – V – V.
15 - A gestão democrática da escola passa, entre outras questões, pelo fortalecimento e pelaconsolidação de mecanismos de participação da comunidade escolar. Esses mecanismos prevêem: a) o respeito a todas as decisões individuais.
Ebook Fundamentos da Educação Página 113
b) o autoritarismo nos processos de decisão. c) o incentivo à eleição de diretores, conselhos escolares, grêmios estudantis e democratização dos processos dedecisão. d) a centralização das ações. e) a separação rígida entre as dimensões administrativas e pedagógicas da escola.
16 - Sobre a utilização das novas tecnologias de informação e comunicação na educação, avalie osseguintes itens. 1. Laboratórios de informática. 2. Apoio técnico ao professor nas atividades nos laboratórios. 3. Tempo disponível para a prática e domínio das ferramentas e programas (para os professores e alunos).4. Desenvolvimento de atividades que incentivem a comunicação e colaboração do grupo. A utilização dessas novas tecnologias exige: a) 1 e 2 apenas. b) 1, 2 e 3 apenas. c) 2, 3 e 4 apenas. d) 1 e 4 apenas. e) 1, 2, 3 e 4.
17 - A gestão democrática das escolas é desenvolvida de modo coletivo, com a participação de todos ossegmentos nas decisões e encaminhamentos, existindo um órgão máximo da escola, que é: a) o conselho de classe. b) a direção do estabelecimento. c) a coordenação pedagógica. d) o conselho escolar. e) a associação de pais.
18 - O Governo Federal estabeleceu, através do MEC, as Diretrizes Curriculares Nacionais, que procuram,entre outras questões, resgatar historicamente a contribuição dos negros na construção e formação dasociedade brasileira. Tais diretrizes estabelecem: a) cotas para alunos negros na escola básica. b) obrigatoriedade do ensino de história da África e dos africanos no currículo escolar do Ensino Fundamental eMédio. c) políticas afirmativas para o ingresso de afro-descendentes no Ensino Fundamental. d) garantia de que 50% das vagas de Ensino Médio serão destinadas a alunos afro-descendentes. e) garantia de que 30% dos professores das instituiçõesescolares serão oriundos de famílias afro-descendentes.
19 - As Diretrizes Curriculares para a Educação Pública do Estado do Paraná traçam estratégias quevisam nortear o trabalho dos professores e garantir a apropriação do conhecimento pelos estudantes darede pública. As construções das Diretrizes tiveram marcas bem precisas: a) A verticalidade (foi elaborada pela SEED e entregue às escolas) e a democracia (todas as escolas receberam). b) A autoridade (foi elaborada pela SEED, que é responsável pela educação no Paraná) e a obrigatoriedade(todas as escolas devem seguir). c) A continuidade(é uma nova etapa da educação no Paraná) e o compromisso(foi uma das bandeiras do governoatual). d) A horizontalidade (envolveu todas as escolas e Núcleos Regionais de Educação do estado) e arepresentatividade (sintetiza a voz dos professores das escolas públicas paranaenses). e) A competência (a SEED demonstrou condição para essa tarefa) e a autonomia (cabe à entidade mantenedoradar direção para o processo pedagógico).
20 - O domínio de um corpo teórico atualizado pela reflexão coletiva poderá conferir aos professores: 1. desenvolvimento de trabalho coletivo. 2. possibilidade de construção de instrumental didático. 3. alternativas metodológicas. 4. inviabilização de propostas articuladas. Assinale a alternativa correta. a) Somente os itens 2 e 4 são verdadeiros. b) Somente os itens 1 e 3 são verdadeiros. c) Somente os itens 2 e 3 são verdadeiros.
Ebook Fundamentos da Educação Página 114
d) Somente os itens 2, 3 e 4 são verdadeiros. e) Somente os itens 1, 2 e 3 são verdadeiros
Gabarito
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
E A D B A B C B E A B C E D C E D B D E
Ebook Fundamentos da Educação Página 115
Recommended