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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.ISBN: 978-85-7506-232-6
EMPREGO INDUSTRIAL E O AVANÇO DADISPERSÃO DA INDÚSTRIA PAULISTA NO FINAL
DO SÉCULO XX
Amanda Mergulhão Santos Barros
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
amandabarros@usp.br ; amanda.barros@ibge.gov.br
INTRODUÇÃO
O acirramento da concorrência exige patamares elevados de produtividade das
indústrias brasileiras no final do século XX. Consequentemente, o maior polo industrial do
país, presente no estado de São Paulo, necessita de transformações na esfera produtiva que
levam a impactos importantes no mercado de trabalho. A nova massa de rendimento
gerada pela produção industrial altera os padrões de consumo e investimento o que pode
estimular transformações territoriais importantes.
Com o objetivo de estudar as mudanças no mercado de trabalho no estado de
São Paulo neste período optou-se por trabalhar com fontes distintas de informações. Para
análises sob o ponto de vista do empregador foram feitas tabulações dos dados níveis
municipal e de microrregiões da Pesquisa Industrial Anual (PIA) - IBGE, do Cadastro de
Empresas (CEMPRE) – IBGE e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) – MTE. Para
construção de tabelas e divulgação dos dados estudados optou-se por consolidar as
informações nível Região Administrativa a fim de se obter maior consistência estatística para
os dados desagregados por atividade e sem infringir na legislação pertinente à
desidentificação do informante.
As atividades são captadas segundo a Classificação Nacional de Atividades
Econômicas (CNAE) vigente em cada período de referência da coleta dos dados, agregadas
nível divisão e posteriormente harmonizadas e consolidadas em uma classificação própria
ainda mais abrangente. Para estipula-las foram identificadas quais as atividades que mais
geram Valor de Produção e de Transformação Industrial para o estado, o que muitas vezes
coincide com o segundo critério adotado, maior contribuição para o emprego e massa
salarial.
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Para avaliações sob o ponto de vista do empregado, recorrem-se as pesquisas
domiciliares, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) – IBGE nível estadual e
Pesquisa Mensal de Emprego (PME) – IBGE para a Região Metropolitana de São Paulo.
Os detalhes sobre as atividades e fontes eleitas para a análise são especificados
na primeira parte deste trabalho. Posteriormente, são analisados os dados sob o ponto de
vista do empregador. Quando pertinente, a análise é complementada com informações
externas como dados de prefeituras e/ou trabalhos específicos sobre o tema. Na última
parte são apresentadas informações sob o ponto de vista do empregado e um panorama
recente do mercado de trabalho industrial paulista.
A ESCOLHA DAS FONTES DE INFORMAÇÃO E OS RAMOS DE ATIVIDADE ELEITOS PARA A ANÁLISE
Para a elaboração deste trabalho buscou-se fontes de informações oficiais que
permitisse análise ano a ano para os anos 1990 e 2000. Ademais, era imprescindível que
fossem passíveis de desagregação geográfica e por atividade. A intenção era obter dados de
Pessoas Ocupadas e Salários para áreas menores que o estado de São Paulo.
A princípio verificou-se que a RAIS do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
traz informações nível municipal e por atividade. Tabulações especiais da PIA e CEMPRE
ambos do IBGE, também são possíveis face ao peso das atividades industriais paulistas no
agregado brasileiro. Assim sendo, estas fontes foram incluídas na análise.
De posse das três possibilidades de estudo, o desafio foi desagregar as
informações por atividade. Mesmo com a tabulação dos dados para áreas geográficas
maiores que os municípios, como mesorregiões ou microrregiões havia o problema das
mudanças na CNAE no período. Como alternativa solicitou-se tabulações especiais dos
dados obedecendo um patamar de classificação bem abrangente, nível divisão, trabalhados
mediante uma tentativa de harmonização das atividades para um mesmo padrão de
classificação. Os dados mostraram-se ainda mais satisfatório a partir dos anos 2001.
Num momento seguinte, procuraram-se quais os ramos industriais mais
importantes para a industrialização paulista. Variáveis como Valor da Produção e da
Transformação Industrial, Pessoas Ocupadas e Salários pagos serviram de critério para se
eleger os seguintes ramos industriais eleitos para o estudo:
• Confecção de artigos do vestuário e acessórios;
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• Fabricação de artigos de borracha e plástico;
• Fabricação de produtos alimentícios e bebidas;
• Fabricação de produtos químicos;
• Fabricação de produtos têxteis;
• Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias;
• Metalurgia;
• Máquinas e equipamentos (inclui material elétrico, eletrônico, informática,
comunicações, médicos/hospitalares, automação industrial, escritório e de
transportes)
As informações oficiais captadas sob o ponto de vista do empregado são ainda
mais restritas, mais complementam a análise para o estado e para a Região Metropolitana
da Capital via PNAD e PME.
Eventualmente são utilizadas fontes complementares para enriquecer o estudo
e permitir captar de forma mais fidedigna possível as transformações no mercado de
trabalho industrial paulista no final do século XX, algumas mais evidentes no início da
década seguinte.
O COMPORTAMENTO DO EMPREGO E DA MASSA SALARIAL DAS INDÚSTRIAS PAULISTAS
Em 1999, o estado de São Paulo contribui com 41% do Valor Adicionado pelas
indústrias no Brasil, somente a Região Metropolitana da capital tem 21,6%, seguido pelas
Regiões Administrativas de Campinas (6,2%), São José dos Campos (3,7%) e Sorocaba (1,8%).
Ao longo dos anos 2000, os dados sobre Valor Adicionado pelas indústrias atestam queda na
participação das Regiões Metropolitana da capital e Administrativa de São José dos Campos,
um movimento contínuo, a favor apenas da Região Administrativa de Campinas (Tabela 01).
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Segundo a PIA do IBGE, as atividades que geraram maior Valor de
Transformação Industrial para o estado de São Paulo são justamente aquelas responsáveis
por empregar o maior número de pessoas em 31/12/2009. Respeitando a CNAE, as
atividades de Fabricação de produtos alimentícios e bebidas são responsáveis por empregar
15,5% das pessoas ocupadas em unidades locais industriais de empresas industriais com 5
ou mais pessoas ocupadas. A Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias
contribuem com 10% seguido pela Fabricação de produtos de metal 8,2%, Fabricação de
Máquinas e Equipamentos 7,6%, Fabricação de produtos de borracha e de material plástico
7,2%. Os dados são calculados a partir da Tabela 02.
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Em meados da década anterior, a participação da Indústria de Alimentos e
Bebidas era ainda mais expressiva, e constituía a principal fonte de empregos para a
indústria de diversas Regiões Administrativas paulistas segundo a PIA de 1996. A Região
Administrativa de Registro, por exemplo, só vem a diversificar esta participação ao longo dos
anos 2000, até então a maioria esmagadora das grandes indústrias desempenhava esta
atividade nesta parcela do território1.
A Região Administrativa de Ribeirão Preto já esta razoavelmente diversificada em
1996, com grandes empresas de confecção, química, têxtil, alimentos, sendo que em termos
de empregabilidade e números de unidades locais da indústria, a atividade de máquinas e
equipamentos cresce nos anos 2000.
A região se especializa industrialmente segundo os dados da PIA e do CEMPRE
do IBGE.
1 Dados coletados e tabulados segundo a classificação nacional de atividades vigentes no período.
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O estudo é possível mediante solicitação dos dados da pesquisa2 para os
municípios paulistas segundo grandes grupos de atividades para cada período3.
Posteriormente são selecionados novos grupos ainda mais abrangentes, apenas aqueles
historicamente responsáveis pelo maior número de empregos gerados pelas indústrias
paulistas. A metodologia permite constatar que a diversificação se mantém, mas mudam as
componentes da dinâmica industrial do território. A indústria de máquinas e equipamentos
se destaca principalmente pela produção de medicamentos e equipamentos na área da
saúde, atreladas ao desenvolvimento das faculdades de medicina e odontologia e dos
centros de pesquisa e hospitais na região. As mudanças na industrialização e
consequentemente no perfil do mercado de trabalho atestam as transformações na
configuração do território.
O município de Ribeirão Preto apresenta o mesmo comportamento para os
2 A autora agradece ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística pela tabulação dos dados oficiais.
3 Com o objetivo de assegurar o sigilo na divulgação de informações estatísticas, de acordo com a legislação vigente, foram adotadas regras de desidentificação da informação tabulada com o objetivo de evitar a individualização do informante, sendo assim, empresas industriais com menos de 3 pessoas ocupadas não foram alvo de tabulação por atividade.
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pequenos estabelecimentos no final dos anos 1990, aumento de 8% de 1999 para 2000. Os
ramos com maior número de estabelecimentos são a indústria do setor médico-hospitalar e
química (175 estabelecimentos), a indústria de alimentos (163 estabelecimentos) e a
indústria metalúrgica (159 estabelecimentos)4.
Os dados do CEMPRE do IBGE para a Região Administrativa de Santos mostram
razoável estabilidade na configuração industrial do território, mais evidente na tabulação
dos salários pagos. Destacam-se na região fabricação de produtos químicos, metalurgia e
máquinas e equipamentos (Tabela 04).
Os dados da PIA para empresas industriais com mais de 5 pessoas ocupadas
atestam estas informações, principalmente a relevância da fabricação de produtos químicos
e máquinas e equipamentos para as remunerações pagas pelas indústrias na Região
Administrativa de Santos em 2009 (Tabela 05).
4 Fonte: http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/crp/dados/industria/i01industria.htm.
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Para a fabricação de produtos químicos as médias e grandes empresas
contribuem mais para a empregabilidade e para as remunerações, enquanto que para
máquinas e equipamentos as indústrias menores também desempenham papel importante
no mercado de trabalho da Região Administrativa de Santos.
Campinas é a Região Administrativa que mais se diversifica no período. Em
meados dos anos 1990, a fabricação de máquinas e equipamentos seguida pela fabricação
de produtos alimentícios e bebidas são as atividades que mais contribuem para a geração
de emprego e pagamento de salários. Nos anos 2000, elas se mantêm robustas, sendo que
o ramo máquinas e equipamentos cresce bastante (Tabela 06).
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Outros ramos que não foram eleitos para o estudo ganham participação
segundo os dados do IBGE da PIA e do CEMPRE. Aumenta a participação das demais
indústrias, como aquelas dedicadas a fabricação de produtos de metal e as dedicadas ao
ramo petrolífero, à fabricação de móveis e às atividades industriais em geral. Em queda
expressiva estão as confecções e a produção têxtil. A Região cresce em importância
industrial para o estado no que se refere à produção, emprego, salários e diversificação do
parque produtivo.
Também cresce a contribuição da Região Administrativa de Sorocaba para o
valor adicionado pela indústria paulista. Em 1996, a fabricação de produtos alimentícios e
bebidas impera nesta parcela do território em conjunto com a fabricação de máquinas e
equipamentos. Nos anos 2000, a fabricação de máquinas e equipamentos segue trajetória
ascendente (Tabela 07).
Na Região Administrativa de São José dos Campos é a confecção de artigos do
vestuário e acessórios que tende a contribuir menos para o emprego e a massa salarial
gerada pelo setor industrial no estado. O ramo de veículos também não segue a trajetória
ascendente esperada, o que contribui para reduzir a participação deste ramo na geração de
empregos, massa salarial e Valor Adicionado pela indústria no estado de São Paulo.
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Aproximadamente 30% do emprego industrial gerado na Região Administrativa de São José
do Rio Preto provêm da fabricação de produtos alimentícios e bebidas em 2009, o que é
superior a participação de 24% em 2001 segundo dados do CEMPRE. A trajetória ascendente
deste ramo também é constatada na Região Administrativa Central.
Na Região de São Paulo, a Região Metropolitana da Capital, prevalece a
diversificação industrial. Contribuem mais para o crescimento do emprego e da massa
salarial as atividades de fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e
carroceria e a confecção de artigos do vestuário e acessórios. No entanto, ramos como a
fabricação de produtos têxteis tem prejudicado o desempenho do mercado de trabalho
industrial da região.
Os ramos industriais que apresentam maior crescimento para o emprego
industrial paulista são máquinas e equipamentos e fabricação de produtos alimentícios e
bebidas. Os dados da Tabela 08 mostram que as Regiões Administrativas que mais
contribuem para este resultado são Ribeirão Preto, Campinas e Sorocaba. A Região
Administrativa de Campinas tem mais unidades locais industriais o que faz com que sua
contribuição seja primordial para a análise do desempenho do conjunto das indústrias do
estado de São Paulo.
Os dados da RAIS também atestam a importância das Regiões Administrativas de
São Paulo, São José dos Campos, Campinas e Sorocaba para o emprego industrial do Brasil
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no final do século XX e início do século XXI. A tabulação do total de pessoas empregadas
pela indústria de transformação de todas as microrregiões do Brasil permite constatar que
há 9 microrregiões paulistas entre as 20 com melhor desempenho no período.
Na Tabela 09 é possível visualizar que as quedas nas participações das
microrregiões de Campinas e Sorocaba foram menores que outras microrregiões como São
Paulo e São José dos Campos. Estas áreas se destacam num momento em que o estado de
São Paulo perde participação no total da indústria nacional. As variações negativas são
comuns para diversas microrregiões, principalmente as maiores, que contribuíam com
quase 50% do emprego industrial do país no início dos anos 1990 e atingem
aproximadamente 33% em 2009.
O EMPREGO INDUSTRIAL SOB O PONTO DE VISTA DO EMPREGADO
As pesquisas domiciliares do IBGE disponibilizam informações do mercado de
trabalho sob o ponto de vista do empregado sendo a unidade de coleta o domicílio. Neste
caso, os dados estatísticos são mais restritos quanto à desagregação por grupos de
atividade e áreas geográficas.
Os dados da PME se referem à atividade principal desempenhada pelo
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informante na semana de referência de cada mês que é feita a pesquisa. A média das
informações mensais pode ser utilizada como estimativa anual que cresce initerruptamente
tanto para a Região Metropolitana de São Paulo – RMSP como para o total das Regiões
Metropolitanas que compõem a amostra até 2005. Em 2008 a Região Metropolitana de São
Paulo tem crescimento da população ocupada na indústria superior ao total das regiões, o
que se reverte rapidamente em 2009, consequência da crise econômica global que afeta o
mercado de trabalho nacional (Tabela 10).
Apesar da Tabela 09 mostrar que dois municípios importantes para o emprego
da indústria de transformação na Região Metropolitana de São Paulo estão em fase de
encolhimento (São Paulo e Guarulhos), a Tabela 10 destaca o crescimento superior da
Região Metropolitana paulista em relação às demais para todos os tipos de indústria menos
a construção civil em diversos momentos. De 2002 a 2009 o número de pessoas ocupadas
nestas indústrias da Região Metropolitana de São Paulo cresce 39%. No mesmo período
cresce 35,5% para todas as seis Regiões Metropolitanas investigadas, sendo elas São Paulo,
Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Rio de Janeiro.
Os resultados são coerentes com as informações das empresas provenientes do
IBGE e do Ministério do Trabalho e discutidos no item anterior, no qual, para os ramos
selecionados neste estudo os municípios e as Regiões Administrativas de Campinas,
Sorocaba e Ribeirão Preto tiveram desempenho melhor em termos de ocupação industrial
que o município de São Paulo e sua Região Metropolitana no período. Os dados da PME
complementam a análise comparando os dados de ocupação dos trabalhadores em toda a
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indústria das Regiões Metropolitanas de São Paulo com o desempenho das 6 principais
Regiões Metropolitanas do país de 2002 a 2009 esclarecendo que a primeira ainda tem
crescimento superior no que diz respeito a ocupação industrial.
A PNAD tem como referência a CNAE, o que permite agregar os dados segundo a
classificação proposta neste trabalho (confecção de artigos do vestuário e acessórios,
fabricação de artigos de borracha e plásticos, fabricação de produtos alimentícios e bebidas,
fabricação de produtos químicos, fabricação de produtos têxteis, fabricação e montagem de
veículos automotores, reboques e carrocerias, máquinas e equipamentos e por fim
metalurgia). A vantagem desta fonte é a possibilidade de estudar as ocupações e
remunerações segundo a categoria de emprego. As fontes cuja origem é a declaração do
empregador não contempla os trabalhadores sem carteira de trabalho assinada e os não
remunerados.
Grande parte dos trabalhadores industriais sem carteira de trabalho assinada e
não remunerados estão no ramo de confecção de artigos do vestuário e acessórios.
Também é neste ramo que se concentra mais da metade dos trabalhadores por conta
própria e a maior parcela das retiradas desta categoria de trabalho. No ramo de máquinas e
equipamentos há expressiva parcela de trabalhadores com carteira de trabalho assinada,
mas também inclui parcela de trabalhadores sem carteira de trabalho assinada, o que
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marca a presença da informalidade do mercado de trabalho neste ramo.
Sob o ponto de vista de todas as fontes analisadas, os ramos com maior
tecnologia, como máquinas e equipamentos, tendem a ocupar parcela importante do
mercado de trabalho industrial no estado de São Paulo, ênfase ao mercado formal de
trabalho, concentrando as maiores parcelas de salários e/ou remunerações pagas. Em
termos geográficos, são as Regiões Administrativas de Campinas, Ribeirão Preto e Sorocaba
que mais avançam neste processo, inclusive na participação do Valor Adicionado pela
indústria paulista. O desenvolvimento destas regiões configura característica marcante do
mapa industrial paulista no final do século XX e início do século XXI.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acompanhar as mudanças na industrialização paulista no final do século XX foi o
objetivo principal deste trabalho. Um critério para se definir as áreas que mais ganharam ou
perderam nesse processo de reconfiguração da produção industrial foi o de mudanças na
participação relativa de cada área no total do emprego industrial do estado entre meados
dos anos 1990 e 2009.
Ao longo do processo investigativo foram utilizadas diversas fontes estatísticas
selecionadas segundo oficialidade das informações, periodicidade, possibilidade de
desagregação das atividades e disponibilidade de dados para áreas geográficas menores
que o estado de São Paulo. As fontes escolhidas foram PIA - IBGE, CEMPRE -IBGE, RAIS – MTE
consideradas úteis para captar o mercado de trabalho sob o ponto de vista do empregador
uma vez que as empresas declaram as informações diretamente para os respectivos órgãos
responsáveis pela apuração e tabulação dos dados.
A PME e a PNAD enriqueceram a análise ao permitir agregar dados sob o ponto
de vista do empregado, com informações cuja unidade de investigação é o domicílio.
Os dados foram estudados por ramos definidos a partir da agregação de
atividades eleitas para a análise segundo relevância no Valor de Produção, Valor de
Transformação Industrial, Pessoas Ocupadas e Salários. Quando possível, as tabulações se
deram nível municipal sendo agregadas por Regiões Administrativas e/ou Regiões
Metropolitanas. Outras informações, como as provenientes das unidades domiciliares,
foram estudadas apenas nível estadual.
Mesmo com as limitações das fontes estatísticas foi possível identificar a
diversificação mais intensa da Região Administrativa de Registro ao longo dos anos
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enquanto que a Região Administrativa de Ribeirão Preto já se encontra razoavelmente
diversificada na década anterior e em fase de crescimento do ramo de máquinas e
equipamentos na década de 2000.
Há alterações menos drásticas na configuração industrial da Região
Administrativa de Santos que apresenta razoável estabilidade nos anos 2000, com destaque
para os ramos de fabricação de produtos químicos, metalurgia e máquinas e equipamentos.
Não obstante, Campinas é a Região Administrativa que mais se diversifica no período sendo
que infla a participação das demais indústrias, como aquelas dedicadas a fabricação de
produtos de metal e as dedicadas ao ramo petrolífero, à fabricação de móveis e às
atividades industriais em geral. Em queda estão as confecções e a produção têxtil.
Na Região Metropolitana de São Paulo prevalece a diversificação industrial. Para
os ramos selecionados neste estudo, contribuem mais para o crescimento do emprego e da
massa salarial as atividades de fabricação e montagem de veículos automotores. Mesmo
com o desempenho ruim da produção têxtil há momentos de crescimento superior das
pessoas ocupadas no setor industrial da Região Metropolitana de São Paulo em relação ao
conjunto das seis principais Regiões Metropolitanas do país quando se observa todos os
tipos de indústria menos a construção civil.
Constatou-se também que parcela significativa dos trabalhadores industriais
sem carteira de trabalho assinada e não remunerados estão no ramo de confecção de
artigos do vestuário e acessórios e fabricação de produtos alimentícios e bebidas. É no
primeiro ramo citado que se concentra mais da metade dos trabalhadores por conta própria
e a maior parcela das retiradas desta categoria de trabalho. Assim sendo, a precariedade do
mercado de trabalho coincide com atividades bem dispersas pelo território estadual.
Simultaneamente, crescem salários em atividades bastante formalizadas como
máquinas e equipamentos e em áreas em expansão como Regiões Administrativas de
Campinas, Ribeirão Preto e Sorocaba. Nestas áreas se desenvolvem indústrias
especializadas em ramos de maior tecnologia, contribuindo para a industrialização no
estado e evitando que a queda na participação da indústria paulista no total nacional seja
ainda mais expressiva.
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EMPREGO INDUSTRIAL E O AVANÇO DA DISPERSÃO DA INDÚSTRIA PAULISTA NO FINAL DO SÉCULO XX
EIXO 1 – Transformações territoriais em perspectiva histórica: processos, escalas e contradições
RESUMO
Durante as décadas de 1990 e 2000 há regiões que ganham participação no produto industrial
brasileiro enquanto outras áreas tradicionalmente industrializadas como a cidade de São Paulo
continuam em trajetória descendente. Este movimento pode ser estudado de diversas formas
sendo um dos critérios verificar as mudanças na participação relativa de cada microrregião no
emprego industrial no Brasil. Em 1990, as dez maiores microrregiões industriais representavam
49% do total do emprego industrial no país, número que caiu para 33% em 2009. Entender as
particularidades deste fenômeno pressupõe estudos de áreas menores, cujos números são de
difícil mensuração, principalmente por atividade. Tabulações especiais dos dados da Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), das pesquisas
industriais e das pesquisas domiciliares da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) auxiliam no desafio de estudar estas mudanças dentro do estado de São Paulo. O estudo
comparativo dos resultados proporcionados por cada uma destas fontes em conjunto com
análises qualitativas permite mostrar que as fontes convergem no que diz respeito à dispersão
industrial e que o fenômeno ocorre de maneira diferenciada de acordo com a atividade. Neste
contexto, identifica-se o acelerado desenvolvimento de pólos industriais, destaque para a região
metropolitana de Campinas com indústrias de tecnologia avançada e dados de remunerações
pagas mais elevados. Há outros pólos industriais específicos, como de máquinas agrícolas nos
arredores das regiões produtoras de cana-de-açúcar, e atividades industriais cada vez mais
dispersas pelo estado como a de produtos alimentares, ambos com dados de remunerações
pagas menores. Estes e demais resultados das fontes selecionadas estimulam discussões sobre
consequências e continuidades deste processo, ênfase ao mercado de trabalho.
Palavras-chave: emprego industrial; dispersão industrial; São Paulo
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