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EMPRESAS RESILIENTES
João Marcos Varella 1
EMPRESAS RESILIENTES
João Marcos Varella 2
@JoãoMarcosVarella
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº
9.610, de 19/02/1998.
É necessária autorização prévia por escrito do autor para
reproduzir ou transmitir partes deste livro por recursos
eletrônicos, fotográficos, gravação ou outros.
Varella, João Marcos
EMPRESAS RESILIENTES
Ilustrações: Ane Sequinel
1ª Edição 2012
São Paulo
ISBN 978-85-8196-194-1
Editado pelo autor
jmarcos@joaomarcosvarella.com.br
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Agradecimentos
À minha família
Beatriz
Marcos Augusto
Simone
Ao Dr George Barbosa
Aos meus colegas de estudo de resiliência Joana Cros
Maria Emília
José Wesley
Vera Assis
Aos meus parceiros
Priscilla Melo
Carmelina Nickel
Luiz Concistré
E à ilustradora Ane Sequinel
EMPRESAS RESILIENTES
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ÍNDICE Prefácio 5
Introdução 13
O que é Resiliência? 15
Estresse 24
Autoconfiança 28
Autoestima 29
Identidade 30
Otimismo 31
Flow 31
A Empresa Resiliente 33
Flexibilidade das Competências 36
Novas oportunidades 36
Comunicação 37
Busca de qualidade 38
Proatividade 39
Adaptar-se 40
Liderança 41
Negociar 42
Organizar 43
Planejar 44
Relacionar-se e empatia 45
Dimensões de Resiliência e Competências 46
Comportamento Resiliente nas Organizações 49
Inovação 51
Processos seletivos 54
Desenvolvimento de Potencial e Retenção 55
Liderança 56
Fusões, aquisições, fechamento, demissões. 56
Conflitos e Mediação 57
Intolerância, Violência e Assédio moral 58
Qualidade de Vida, Bem-estar 60
Metodologia de intervenção 61
Quest Resiliência ™ 62
Coaching Cognitivo Resiliente ™ 63
Workshops 64
Bibliografia 65
Contatos 68
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João Marcos Varella 5
Prefácio
Prefaciar esse trabalho de João Marcos Varella tem
um significado especial. Isso porque o conteúdo
apresentado retrata muito de nossa caminhada. Isso
começou em 2007 quando sua esposa, Beatriz Varella, me
convidou a ir a um seminário que João Marcos iria
apresentar sobre Empreendedorismo. Assisti ao seminário
e ao final agradeci pelo convite, fiz alguns comentários e
disse que era um tema que poderia ser estudado alinhado à
minha área de pesquisas – a resiliência. Bem, passados
alguns meses recebi a visita de João Marcos convidando-
me a conhecer o grupo de consultores com quem ele
trabalhava na capacitação e formação de liderança. Havia
a possibilidade de treiná-los na teoria que eu vinha
fazendo todas as pesquisas.
Essas pesquisas estavam relacionadas aos
desdobramentos do meu doutorado finalizado em agosto
de 2006 no qual eu adaptei e validei a escala multifatorial
com 7 fatores, que foi primeiramente apresentado por
Reivich e Shatté, me refiro ao RQ Test. Ocorre que essa
escala trazia sérios problemas como falar em alguém estar
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Acima ou Abaixo da Média ou uma pessoa ter Forte e
Fraca resiliência.
Por essa época (2007) eu estava realizando os
desdobramentos sobre essa escala de resiliência e havia
aproveitado a ideia geral desse trabalho de 2006 e
desenvolvido uma escala com a concepção teórica de
esquemas básicos de crenças da Terapia Cognitiva, e
também havia inserido o campo das crenças sobre o
sentido da vida, tão discutido na Psicologia Positiva que
florescia entre nós.
Foi exatamente nesse momento em que comecei a
me reunir quinzenalmente com João Marcos e seus
colegas e apresentar a eles o produto das minhas
pesquisas. Desde então, passei a discutir com ele cada
novo avanço que eu conquistava na consolidação da escala
que se desdobrava. A partir de 2009 quando a estatística
estava finalizada e eu já tinha vários Trabalhos de
Conclusão de Cursos e Mestrados já realizados com a
escala, passei a conversar com ele sobre as ferramentas
que iriam acompanhar os resultados coletados com a
escala que chamei de “Quest_Resiliência”.
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João Marcos passou a ser um parceiro constante de
consultas e debates. Sua experiência como executivo e
consultor em organizações foi fundamental para eu
direcionar os caminhos das pesquisas. Opinou sobre o
layout que eu desenvolvia a cada documento, questionou
as minhas afirmações e contribuiu para que eu pudesse
apresentar todo o material para os mais renomados
consultores de formação de liderança em São Paulo. Como
psicólogo e professor universitário que foi na PUC-SP e
USP trás uma bagagem em conhecimento dentro da
psicologia que é impressionante e com isso pudemos ter
longas conversas sobre as implicações da Filosofia de
André Comte-Sponville na resiliência, os valores do
homem em Nietzsche e o significado de sobreviver face à
uma doença grave, por exemplo o Guillain Barré.
Em 2009, com outros parceiros eu participava da
fundação da Sociedade Brasileira de Resiliência –
SOBRARE. Essa iniciativa viria conectar e integrar
centenas de pesquisadores do tema resiliência, ao longo do
território brasileiro. Cedo João Marcos se associou e
passou a contribuir com seu conhecimento. Para debater
com outros pesquisadores e ampliar seu conhecimento
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quanto a resiliência no campo da inovação e na pessoa do
empreendedor passou a ser um leitor assíduo de livros
sobre esse tema. O que lhe foi garantindo saber sobre o
conceito e suas aplicações práticas, em particular, na
formação e capacitação de lideranças.
Em 2009 também eu já havia delineado a teoria
que chamamos de “Abordagem Resiliente” e que viria dar
corpo ao referencial teórico e ferramental que
necessitávamos para que a aplicabilidade da resiliência
ocorresse na academia, nas empresas, enfim, em diversos
ambientes. Isso enriqueceu demais a participação de João
Marcos porque a partir de 2010 passou a colaborar como
professor em vários dos cursos que a SOBRARE
promoveu na área de Recursos Humanos e Liderança, e, se
engajando na ideia de termos na SOBRARE um congresso
nacional.
Em julho de 2011 a direção da SOBRARE
começou os preparativos do Congresso Nacional. Deveria
ser uma oportunidade para que os pesquisadores
acadêmicos e os profissionais envolvidos com o trabalho
de resiliência nas empresas pudessem se encontrar,
também explicitar os seus trabalhos, fazer trocas e adquirir
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novos conhecimentos. Era o desejo da diretoria da
SOBRARE que a resiliência no Brasil ganhasse o mesmo
corpo que possui no Canadá, na França ou na Alemanha,
deixando de ser um tema que se baseia apenas na ideia
simplória de ser a superação de obstáculos, mas uma área
robusta que se desenvolve na psicologia clínica, na área
das organizações, no trato das questões urbanas, no campo
dos esportes, educação e saúde.
Em 2012, após mais de dois anos de preparativos, a
SOBRARE se capacitou para realizar a formação e
qualificação da primeira turma de coaches no seu
programa de Coaching Cognitivo Resiliente, e João
Marcos foi um dos certificados, adquirindo mais uma
certificação em sua carreira.
Quando convidei João Marcos para dar um curso
no congresso sobre a aplicabilidade da resiliência
especificamente para lideranças nas empresas, ele de
imediato se propôs. E o que temos nesse livro é o resumo
geral do conteúdo dado no curso.
Não é um livro que trás um aprofundamento dos
temas, mas é uma provocação para que o executivo ou o
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gestor interessado em aplicar resiliência em sua
organização se localize no assunto. Entenda os porquês, o
onde e o como se pode aplicar a resiliência entre os
colaboradores e lideranças de uma empresa.
A primeira parte do material expõe alguns tópicos
que elucidam a gênese da resiliência. Ênfase especial é
dada à ressignificação que é o conceito central da
“Abordagem Resiliente”.
Na segunda parte ele nos trás uma reflexão sobre a
flexibilidade nas competências necessárias ao ambiente
corporativo. Flexibilidade não é apresentada como um
traço de resiliência como costumam afirmar aqueles que
são afoitos no tema. Ela é descrita como o produto ou o
fruto da resiliência. O incremento da resiliência resulta em
maior flexibilidade no gestor ou líder. Dessa forma tem-se
uma forte conceituação teórica da flexibilidade.
A terceira parte aborda as aplicações práticas que a
resiliência pode encontrar entre as organizações e os
diferentes cenários que, em geral, encontramos nas
empresas.
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E na quarta parte expõe as ferramentas da
Abordagem Resiliente.
Vejo que, como material de apoio, guia para a
aplicação prática e material de divulgação científica para a
área de administração esse trabalho que o João Marcos nos
oferece é uma rica contribuição.
São Paulo, dezembro de 2012.
Dr. George Barbosa – Diretor Científico da
Sociedade Brasileira de Resiliência
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Introdução
Especular e refletir sobre aplicações do conceito
Resiliência nas organizações é um desafio e uma
provocação. Esta é a razão de questionar processos, usos e
costumes.
A questão é: um novo olhar pode trazer luzes e
permitir a descoberta de alternativas para questões com as
quais estamos acomodados?
A proposta foi colecionar uma série de
indagações e preocupações que acontecem na gestão de
recursos humanos e na empresa como um todo.
O questionamento mais amplo se refere ao desejo
das empresas serem ágeis, flexíveis, capazes de obter
sucesso num mundo turbulento. O que pode ser feito a
respeito?
Examinando condições que hoje estão
consolidadas, como gestão por competências, será possível
encontrar critérios para melhor avaliação das razões por
que as previsões não se realizam?
Dificuldades que exigem esforços para conduzir
um melhor resultado poderiam ter outros recursos para
solução? Questões como garantir o desenvolvimento de
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altos potenciais, preservar talentos e obter êxito na
retenção de pessoas estratégicas teriam outras formas de
ação?
Será que os critérios para admissão de pessoas
chave são eficazes, estão garantindo pessoas capazes de se
adaptar às mudanças, suportar pressão e obter resultados?
A desejada inovação, o intraempreendedorismo é
incentivado e o ambiente é propício para sua efetivação?
Como evitar o efeito e preservar a saúde das
pessoas quando organizações passam por grandes
mudanças como aquisições, fusões, fechamento de
unidades, demissões coletivas?
A ocorrência de conflitos mais graves entre áreas
da empresa, com fornecedores ou clientes e até mesmo o
risco de assédio moral pode ter ações preventivas?
Por último, é possível desenvolver lideranças
capazes de obter o melhor de suas equipes e prontas para
se adaptar às mudanças e à complexidade dos negócios?
São muitas as perguntas. Pode a resiliência
contribuir para a resposta de algumas dessas perguntas?
Essa reflexão tem início com um esclarecimento
sobre o conceito de resiliência para examinar alternativas
de aplicação.
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O QUE É RESILIÊNCIA?
A palavra Resiliência tem se popularizado com diversos
significados, conforme o contexto em que é usado,
distanciando-se do constructo teórico e de definições mais
corretas.
Também é frequente a visão simplista de que
resiliência se resume na capacidade de resistir ao estresse
ou de superar adversidades. Para complicar um tradutor
numa obra sobre resiliência considerou a palavra
resiliência como neologismo e traduziu por resistência,
aumentando a confusão.
Para compreendermos o que é resiliência é
necessário distinguir alguns pontos.
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