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Índice9 IMPACTOS E VULNERABILIDADES ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
11 1. Introdução
15 2. Metodologia
21 3. Energia solar
21 3.1. Impactodasalteraçõesclimáticasnoaproveitamentodorecursosolar24 3.2. Capacidadeadaptativaactual24 3.3. Vulnerabilidadeactual24 3.4. Medidasdeadaptaçãoecapacidadeadaptativafutura24 3.5. Vulnerabilidadefutura
27 4. Energia eólica
27 4.1. Impactodasalteraçõesclimáticasnorecursoeólico31 4.2. Capacidadeadaptativaactual31 4.3. Vulnerabilidadeactual31 4.4. Medidasdeadaptaçãoecapacidadeadaptativafutura31 4.5. Vulnerabilidadefutura
35 5. Energia da biomassa
35 5.1. Impactodasalteraçõesclimáticasnorecursobiomassa36 5.2. Capacidadeadaptativaactual36 5.3. Vulnerabilidadeactual36 5.4. MedidasdeAdaptaçãoecapacidadeadaptativafutura37 5.5. Vulnerabilidadefutura
39 6. Energia hídrica
39 6.1. Impactodasalteraçõesclimáticasnosrecursoshídricos42 6.2. Capacidadeadaptativaactual42 6.3. Vulnerabilidadeactual43 6.4. Medidasdeadaptaçãoecapacidadeadaptativafutura43 6.5. Vulnerabilidadefutura
47 7. Matrizes de vulnerabilidade
49 8. Conclusões
51 9. Referências Bibliográficas
55 ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
61 1. Introdução
67 2. Metodologia
71 3. Resultados
71 3.1. ProcuradeEnergiaTérmica71 3.1.1. Preparaçãodeáguasquentes
73 3.1.2. Climatizaçãodeedifícios
76 3.2. ProcuradeEnergiaEléctrica80 3.3. OfertadeEnergiaTérmica80 3.3.1. Segurançadoabastecimentodecombustíveis
82 3.3.2. EnergiaSolarTérmica
82 3.3.3. Biomassaparaqueima
86 3.4. OfertadeEnergiaEléctrica86 3.4.1. EnergiaSolarFotovoltaica
86 3.4.2. EnergiaEólica
87 3.4.3. EnergiaHídrica
90 3.4.4. CentraisTermoeléctricas
95 4. Conclusões
99 5. Referências Bibliográficas
105 6. Informação Extra
impactos e vulnerabilidades às alterações climáticas
ENERGIA
AUTORES
Ricardo Aguiar
Carlos Magro
2015
ENERGIA 11
1. IntroduçãoEstedocumentoconstituioprodutoentregável2.2.1mencionadonoDocumento-GuiaquedetalhaoProgramadeTrabalhosparaocasodosectorEnergia,designadamentecomoresul-tadodaTarefa2.2.1:“Avaliaroimpactododesenvolvimentodosrecursosrenováveis,elabo-randoumcenáriodereferênciaecaracterizandooscenáriosfuturos,avaliandoosimpactosnoquerespeitaaopotencialdeutilizaçãodasenergiasrenováveis.”OseuobjectivoéportantoexaminaroimpactodasalteraçõesclimáticasnasFontesdeEnergiaRenovável(FER),discutiravulnerabilidadedaproduçãodeenergiaapartirdeFEReidentificarpossíveismedidasdeadaptaçãoplaneada.
ParaacaracterizaçãogeraldosrecursosenergéticosdeFERnaRAMrecomendam-seosestudosdepotencialnaRAMelaboradosoupatrocinadospelaAREAM-AgênciaRegionaldaEnergiaeAmbientedaRegiãoAutónomadaMadeira,comdestaqueparaoProjectoERAMAC-Maxi-mizaçãodaPenetraçãodasEnergiasRenováveiseUtilizaçãoRacionaldaEnergianasIlhasdaMacaronésia:Pereiraet al.(2005a),emaisrecentementeoProjectoPAUER(2007)eoAtlasdeRadiaçãoSolardoArquipélagodaMadeira(Vázquezet al.,2008)paraaenergiasolar;Pereiraet al.(2005b)paraaenergiaeólica;AREAM(2005),paraaenergiahídrica;RosaeVieira(2006)eMelimMendeset al.(2006),paraaenergiadabiomassa.ORelatóriofinalCLIMAATII(2006)teminformaçãorelevanteemborasintéticasobrerecursosenergéticos;maisrecentementeatesededoutoramentodeC.Magro(2007)doLREC–LaboratórioRegionaldeEngenhariaCivil,incluiuresenhashistóricasinteressantesparacadarecurso,alémdedetalhessobreorecursosolar.AtesededoutoramentodeR.Tomé(2013)daUniversidadedosAçores,maisdetalhessobrevaria-çãodosparâmetrosatmosféricos,incluindotemperatura,precipitaçãoevento,numcontextodemudançaclimática.
Note-sequeasFERanalisadassãoasreferidasacima,viz.radiaçãosolar,vento,energiapotencialhídricaeenergiadequeimadebiomassa.Oaproveitamentodaenergiadabiomassaviabiocombustíveisnãoseanalisou,porváriasrazõesconcorrentes:porapequenaescalainviabilizareconomicamenteumabiorefinariadedicadanaRAM;pelaimaturidadedatecnologiadebiocombustíveisde2ªgeração;porseestimarnãoserambientalmentesustentávelàluzdoscritériosqueaUniãoEuropeiaestáactualmenteaconsiderar;esimplesmentepornão
ENERGIA12
existirinformaçãosuficiente,jáqueoúnicoestudoconhecido,deRosaeVieira,2006,refere-seàproduçãoapartirdeóleosalimentaresusados,enãoapartirdebiomassanosentidomaisestritoqueaquinosinteressa.Tambémosrecursosenergéticosassociadosàsondasecorrentesmarítimasnãoforamanalisados,porsimplesfaltadedadoscomopelaimaturidadedastecnolo-giasdeconversão.Aenergiageotérmicanãoseanalisouporqueemborasejarenovávelàescalahumana,dadaasuaorigempraticamentenãoéinfluenciadapelasalteraçõesdoclima.
Paraopanoramahistóricoeactual,eoplaneamentodaproduçãofuturadeenergiaapartirdeFER,recomenda-seaconsultadosPlanosdoGovernoRegionaldaRAM,comdestaqueparaoPlanodePolíticaEnergéticadaRAM-Anodereferência2000(PPERAM,2000)emaisrecentementeparaosPlanosdeAcçãoparaaEnergiaSustentávelelaboradosnocontextodoPactodasIlhas,PAESIMadeira(2012)ePAESIPortoSanto(2012).Adicionalmente,informaçãodemuitostipos,desdedadosestatísticosapanorâmicasgeraiseàdescriçãodetalhadasdecentraiseléctricas,quepodeserobtidaatravésdowebsitedaEEM-EmpresadeElectricidadedaMadeira(www.eem.pt).OwebsitedoINE–InstitutoNacionaldeEstatística(www.ine.pt)tambémpossuiinformaçãoestatísticarelevante.
Conformeprevisto,aanálisedeimpactosfoifeitaprincipalmentecombasenoscenáriosclimáticosdisponibilizadosinternamentenoProjecto,enabibliografiaexistentesobreimpactosdasalteraçõesclimáticas,aquicomdestaqueparaaspublicaçõesdoProjectoCLIMAATII(2006)patrocinadopelaDirecçãoGeraldoAmbientedaRAM.Adicionalmente,foramfeitosalgunsestudosadicionaisparaitensespecíficos,comoocasodaenergiasolar.Aanálisedasvulnera-bilidadesbaseou-seprincipalmentenasanálisesdoCLIMAAT IIenosPlanosEnergéticos,comalgumacontribuiçãodosestudosdaAREAMeLREC.
Aversãooriginaldestedocumentoresultouapenasdeestudos;apresenteversãorevista,tememcontaadicionalmenteaspercepçõeseopiniõesdaspartesinteressadasdaRAM,obtidasprincipalmenteatravésdedoisSemináriosnoFunchal.
ENERGIA 15
2. Metodologia SãoprimeiroconstruídascadeiasdeimpactosparaasFER,umesquemasimplificadodasprinci-paisinteracçõesentreimpactos,exposição,sensibilidadeecapacidadeadaptativa,cf.Fig.1.
Setas:acheio,dependênciascruciais;atracejado,dependênciasdesegundaordeme/ouocasionais.
Figura 1 – Cadeia de impactos no aproveitamento de energia a partir de FER.
Temperatura PrecipitaçãoCO2 Vento
Produção de sistemas eólicos
Produção de centrais hídricas
Produção sistemas solares
Vulnerabilidadeda produção
Produção de centrais de biomassa
Disponibilidade de sobrantes de biomassa Caudais
Produtividade
Radiação solar
Ordenamento do território
Eficiência energética
Tecnologia
Comporta-mentos
Capacidade logística
Capacidade de previsão
Capacidade de investimento
Regulamentos e fiscalização
IncentivosIncêndios
ENERGIA ENERGIA16 17
Tabela 1 – Escala de vulnerabilidade.
2 Muito Positiva
1 Positiva
0 Neutra
-1 Negativa
-2 Muito Negativa
-3 Crítica
Estasestimativasdevulnerabilidadesãoapresentadasemconjuntocomumaincertezaqueseavaliapelocruzamentoentreconcordânciadasváriasfontesbibliográficaseoutrosestudos,comaevidênciaquedelessepôdeobter,cf.Fig.2.
MÉDIAConcordânciaAltaEvidênciaLimitada
ALTAConcordânciaAltaEvidênciaMédia
MUITO ALTAConcordânciaAltaEvidênciaRobusta
BAIXAConcordâncaMédiaEvidênciaLimitada
MÉDIAConcordânciaMédiaEvidênciaMédia
ALTAConcordânciaMédiaEvidênciaRobusta
MUITO BAIXAConcordânciaBaixaEvidênciaLimitada
BAIXAConcordânciaBaixaEvidênciaMédia
MÉDIAConcordânciaBaixaEvidênciaRobusta
CON
COR
DÂ
NCI
A
EVIDÊNCIA
Figura 2 – Matriz de atribuição de confiança nos resultados.
Oestudodavulnerabilidadeéconduzidoprimeiroconsiderandoacapacidadeadaptativaactual,i.e.apenasacapacidadedeadaptaçãointrínsecarelativaàscondiçõeshistóricase/ouactuais,enãoincluindomedidasespecíficasparaasalteraçõesclimáticas.DadooqueapontámosarespeitodareduzidacapacidadeadaptativanoaproveitamentodeFER,podemosdesdelogodeduzirqueavulnerabilidadeactualreflectiráquasedirectamenteosimpactos.
Osimpactospotenciaissãoidentificadospelasinteracçõesdosfactoresdeexposiçãoclimática(parâmetrosmeteorológicos)comfactoresdesensibilidadefísicaouestrutural.NocasodaenergiaestesincluemprincipalmentearespostadossistemasdeconversãodeFER,portantodeequipamentoscomosistemassolarestérmicosefotovoltaicos,turbinaseólicas,centraisdeincineração,ecentraishidroeléctricas(note-sequeasquestõesligadasaoarmazenamento,transporteedistribuiçãodeenergiasãoconsideradasnoutraTarefa).
Noentantoháemalgunscasosfactoresadicionais.Comosemostranacadeiadeimpactos,paradeterminarossobranteseresíduosdebiomassadisponíveisparaaproduçãodeenergiaapartirdabiomassa–térmicanocasodecaldeiraselareiras,eléctricaapartirdacentraldeincineraçãoderesíduos–énecessárioteremcontaoriscodeincêndio.Note-sequeainforma-çãodeimpactosnecessáriaparaaenergiadabiomassaprovémentãobasicamentedosectordeAgriculturaeFlorestas.
OsegundocasoéodaproduçãodeenergiahidroeléctricanasdiversascentraisdaIlhadaMadeira,ondeénecessáriainformaçãosobrecaudais(edeformasecundáriasobredeslizamen-tos),aobterdosectordeRecursosHídricos.
Deseguidaconsidera-seacapacidadeadaptativa.Estaédefinidacomoacapacidadedeajustedossistemasamudançasclimáticas(incluindoavariabilidadeclimáticaeextremos)edelidarcomassuasconsequências,sejanamoderaçãodosdanospotenciais,sejanoaproveitamentodeoportunidades.NocasodoaproveitamentodeFER,háaconsiderarcomofactoresdesensibilidademaisimportantearespostadossistemasàdisponibilidadedorecurso.Depois,asquestõesdedimensionamentodesistemas,selecçãodeequipamentos,eenquadramentoslegais–emparticularregulamentos–edegestão,taiscomoplanosdedesenvolvimento,siste-masdeincentivos.Enquantonocasodaprocuradeenergiadeveríamosaindaadicionarfactorescomocontrolodesistemasecomportamentos,nestecasodaofertadeenergiaapartirdeFERainfluênciaquepodemteré,naprática,mínima.
DesdelogorealçamosqueacapacidadeadaptativadosequipamentosdeconversãodeFERémuitobaixa,umavezqueaproduçãodeenergiaestáintrínsecaedirectamenteligadaaosparâmetrosmeteorológicos(comparticularrelevânciaparaprecipitação,radiaçãosolar,einten-sidadedovento).Querdizer,aadaptaçãoaumamudançadorecursoenergético,sejanosentidodeoaproveitarmelhoroudecontrariarareduçãodasuadisponibilidade,implicarianestecasobasicamenteouumasubstituiçãoplenadopróprioequipamento,ouaadiçãodemaisequipa-mento.Oraissosófazsentidoquandodasubsituiçãodeequipamentosquechegamaoseufimdevidaútil,ouquandosãoadicionadosmaisequipamentos.Nessaalturaocorreoquepodere-mosclassificarcomoumaadaptaçãoespontânea,vistoqueodimensionamentodossistemaséadequadoàsituaçãononovoperíodo.
Daconjugaçãoentreimpactospotenciais(semconsideraçãodequalquertipodeadaptação)ecapacidadeadaptativaresultaumaavaliaçãodavulnerabilidade.Estavulnerabilidadeétraduzidanumaescalaqualitativadeseisníveisentreo“muitopositivo”eo“crítico”,verTabela1.
ENERGIA18
Asvulnerabilidadesassimidentificadassãoabaseparaaconcepçãoeselecçãodemedidasdeadaptaçãoplaneadaespecíficasdestinadasaaumentaracapacidadeadaptativafutura,eportantoobterumavulnerabilidadefutura.Casoexistamdadoseestudos,estaanáliseéfeitaparatrêsperíodosclimáticos(30anos):curto-prazo,2011-2040;médio-prazo,2041-2070;elon-go-prazo,2071-2099.Háaindaaconsiderardoiscenáriosdemudançaclimática,umcenárioA2maissevero,eumcenárioB2demenormudançaclimática.Nocurto-prazoestesdoiscenáriossãoindistinguíveis.
Osresultadosobtidossãoapresentadosdeformaconvenientenumaformamatricial,quealémdavisãodeconjuntoqueproporciona,permiteidentificarositensquenecessitamdemaisatenção,eportantopriorizarmedidasnumPlanodeAdaptaçãoàsAlteraçõesClimáticas.
NaespacializaçãodosimpactosevulnerabilidadesnestetemaespecíficodosectorEnergiaéprecisoconsiderarqueenquantoasconclusõessobreimpactosabrangemnapráticatodaumailha,asconclusõessobrecapacidadeadaptativaeportantovulnerabilidadeaplicam-seaoslugaresespecíficosondesefazoseuaproveitamento(quasesempreedifíciosoucentrais),agoraenofuturo.
Assimparaaenergiasolarnãoépraticávelfazerumaespacializaçãodetalhadapoissedes-conheceonúmeroeposiçãodossistemas,agoraenofuturo.Paraocasodaenergiaeólica,osparquestêmdeserinstaladosemzonasparticularmentefavoráveisquenocasodaIlhadaMadeiraparecemserapenasoPauldaSerra.Paraocasodaenergiadabiomassaparacalor,denovonosconfrontamoscomumnúmeropotencialmentegrandemasindeterminadodeedifícios,enquantoparaproduçãodeelectricidadeavulnerabilidadepodeconsiderar-se(actual-mente)localizadanaunidadedeincineraçãodeRSUsdeMeiaSerra.Finalmenteparaocasodahidroelectricidadepodeatribuir-seaoslocaisdas(actuais)centraishidroeléctricas.
ENERGIA 21
3. Energia solar
3.1. Impacto das alterações climáticas no aproveitamento
do recurso solar
OrecursosolarnaRAMémuitovariável,emparticularnaIlhadaMadeira,umavezqueaorogra-fiaémontanhosaemuitocomplexa,influindonaradiaçãosolarquechegaàsuperfícieatravésdavariaçãoemaltitudedependentedecamadasnebulosas,dosnumerososmicroclimas,edaprópriaobstruçãodohorizonteparticularacadalocal.Nestascondições,edadaainformaçãoquasenuladosmodelosclimáticossobrenebulosidadeemicroclimas,éimpraticávelaanáliseemaltaresoluçãodoimpactodasalteraçõesclimáticasnorecursosolar.Noentantoépossívelumaanálisedeanomalias,quenofundoéomaisinteressanteparaumestudodeAdaptação.
Emboracomodissemosorecursosolarsejamuitovariávelnoespaço(Pereiraet al.,2005a;Magro,2007,Vázquezet al.,2008),épertinentedaralgunsvalorestípicosparareflexão.Escolhe-mosusaraclimatologiaoficialparaaRAMdoSistemaNacionaldeCertificaçãodeEdifícios(SCE,2013a,2013b)preparadaporAguiar(2013),cf.Tabela2.
Tabela 2 – Climatologia típica da radiação solar na R.A. Madeira (kWh/m² por dia).
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANUAL
no topo da atmosfera 5.5 6.9 8.6 10.2 11.1 11.5 11.3 10.5 9.1 7.4 5.9 5.1 8.6
global horizontal 2.1 2.5 4.1 4.2 5.1 4.8 5.2 4.7 4.5 2.7 2.3 2.2 3.7
directa na horizontal 0.8 1.0 2.1 1.6 2.5 2.0 2.6 2.2 2.3 1.1 1.0 1.1 1.7
global incidente em 30° S 2.7 3.0 4.6 4.2 4.9 4.4 4.8 4.6 4.9 3.2 3.0 3.1 4.0
directa incidente em 30° S 1.4 1.4 2.5 1.7 2.3 1.7 2.3 2.2 2.6 1.5 1.6 1.9 1.9
índice de claridade 37% 37% 47% 41% 46% 42% 46% 45% 50% 36% 39% 42% 43%
fracção difusa 85% 85% 76% 84% 77% 83% 77% 79% 75% 85% 83% 79% 80%
ENERGIA ENERGIA22 23
(percentagemdeconsumoatendidaapartirdeenergiasolar)ligeiramentecrescente(de41%para43%).Emanálisemaisdetalhada,constata-sequeesteresultadopotencialmenteparadoxalsedeveráaumareduçãodasnecessidadesdeconsumodevidoaoaumentodatemperaturaeàdiminuiçãodeperdastérmicasparaoambiente,enãotemquevercomorecursosolaremsi.
Figura 3 – Alterações do desempenho de um sistema solar térmico típico.
Paraosistemasolarfotovoltaico–verFig.4–obtiveram-setambémflutuaçõesmuitopequenaseprovavelmenteespúrias,comumadiminuiçãonotempomuitopequenadaprodutividade(medidaaquipelaproduçãodeenergiaeléctricaporpotênciademódulosolarinstalada),de-1%alongoprazo.Maisumavez,esteresultadoparecedever-seprincipalmenteàinfluênciadatemperatura,destaveznaeficiênciadeconversãofotovoltaica,emuitopoucoàvariaçãodasazonalidadedorecursosolar.
Figura 4 – Alterações do desempenho de um sistema solar fotovoltaico típico.
Constata-sequeorecursosolarnaRAMébastantebaixotendoemcontaasuazonalatitudes,oqueéindicadoporvaloresdoíndicedeclaridade(razãoentreradiaçãoglobalàsuperfíciecomovalornotopodaatmosfera)entreapenas37%e50%evaloresdefracçãodaradiaçãoquechegasobaformadifusadaordemde80%.Estaconclusãogeralnãoémodificadasubstancialmentequandoseconsidera,emvezdahorizontal,oplanoinclinadocorrespondenteàcolocaçãodecolectoressolares(cf.Tabela1).
Ouseja,anebulosidadecaracterísticadaRAMinterferecomaradiaçãosolarereduzorecursoaproveitável.Apesardetudo,certamentequeesterecursonãoédesprezávelnocontextoeuropeu.
Ora,atendendoaqueàmudançaclimáticaemcursocorrespondegrosso modoumadeslocaçãoparanortedazonadeconvergênciadacéluladeHadleycomacéluladeFerreleportantodanebulosidadequelheestáassociada,poderiaesperar-seumareduçãogeraldenebulosidadecomimpactopositivonadisponibilidadedorecursosolar,tantoviareduçãodacoberturanebu-losacomodafracçãoderadiaçãodifusa.
Noentantooqueosdadosclimáticosdisponibilizadosparaopresenteestudoindicaméqueemtermosanuaisorecursosolarnãomostratendênciascomoavançardotempo,eapenasumareduçãonãosignificativaequepodeperfeitamenteserespúriadaordemde-2%nafracçãoderadiaçãodifusa.Jáseexaminarmosoassuntoaonívelsazonalnotamosumatendêncialentaeligeiraparamaisradiaçãonoinvernoemenosradiaçãonoverão,ambasdaordemde5%nohorizontedelongo-prazo,compensando-seaonívelanual.
Emconclusão,oimpactodasalteraçõesclimáticasnorecursoenergéticosolarpodeconsiderar-seneutroemtermosanuais.Noentantonãosepodeexcluirqueaspequenasvariaçõesanívelsazo-naltenhamumreflexoamplificadonodesempenhodossistemasdeaproveitamentodaenergiasolar.EstapossibilidadefoiavançadanoProjectoCLIMAATII,tendo-seconcluídoquehaveriaumaumentodeprodutividadedaordemde5%.Analisandoosresultadoseametodologiausadanaocasião,foiconsideradoqueasconclusõesnãoeramclarasemereciamumareanálise.
Assimforamsimuladosparaocorrenteestudoumsistemasolartérmicotípicoparaaqueci-mentodeáguassanitáriasnumavivendaeumsistemafotovoltaicotípicodemicro-geração/autoconsumo.Paraissofoinecessárioaumentaraescaladetempodassériesdedadosdiáriosdinsponibilizados,vistoqueassimulaçõessãofeitasembasehorária.Paraissoutilizou-seomeesmoconjuntodemetodologiasempregueporAguiar(2012)napreparaçãodedadospadronizadosparaoSistemadecertificaçãodeEdifícios.OsoftwaredesimulaçãoutilizadofoioSolterm6.0.0(build43),queéoutilizadooficialmenteparaoSistemadeCertificaçãodeEdifícios.Emanexoconstamexemplosdorelatóriosdesimulação,quedetalhamascaracterísticasdossistemasconsiderados,assimcomodoconsumo.
Paraosistemasolartérmico–verFig.3–obtiveram-seflutuaçõespequenaseprovavelmenteespúrias,eumadiminuiçãomuitopequenadaprodutividade(produçãodeenergiatérmicaporáreadecolectorsolarinstalado)de-2%alongoprazo;epelocontrárioumafracçãosolar
ENERGIA24
Estaanálisereforçaaconclusãodequeoimpactodasalteraçõesclimáticasnorecursoenaproduçãodeenergiasolaréligeiramentepositivoparaavertentetérmicaeneutroparaavertentefotovoltaica.
PorúltimoreferimosqueemboraadisponibilidadedeenergiasolarnaIlhadoPortoSantosejamaiorquenaIlhadaMadeira,asconclusõesdasanálisesparaPortoSantosãosimilaresàsantesreferidas.
3.2. Capacidade adaptativa actual
EmrelaçãoàcapacidadeadaptativaapartirdeFER,ocasodoaproveitamentodaenergiasolaréparadigmático.Umavezdimensionadosdeacordocomcertosdadosclimáticoseinstalados,osequipamentosdeconversãoreagemdirectamenteaorecursosolardisponível(esecundariamenteàtemperatura)eestãoadaptadosaoseventosextremos,oquenestecasoquerdizermuitobaixastemperaturaserajadasdevento.Aadaptaçãoaumamudançaclimáticadorecurso,implicariaasubstituiçãoplenadosistema,portantoabemdizerdeixandodeserumaadaptaçãodosistema.Assim,acapacidadeadaptativaactual(i.e.adossistemasactualmenteemoperação)émuitobaixa.
3.3. Vulnerabilidade actual
Nãoobstanteacapacidadeadaptativaactualsermuitobaixa,osimpactossãocomoseviuneu-tros,peloqueavulnerabilidadeactualéneutra(0).Aconfiançanesteresultadoé“muitoelevada”.
3.4. Medidas de adaptação e capacidade adaptativa futura
Aumaalteraçãosignificativadorecursosolaroudoentorno,poder-se-iarespondercom,porexemplo,alteraçõesnasregrasdedimensionamentoenotipodesistemasaempregar.Assimacapacidadeadaptativafuturapoderiasertornadaelevada.
Claroque,nãohavendoaesperaralteraçõessignificativasdorecursosolar,sãopoucoperti-nentesmedidasdeadaptação:basicamentepode-seconsideraraconveniênciadaactualizaçãoprogressivadosdadosclimáticosusadosnodimensionamentoeregulamentos,nocasodaRAMistoquerendodizernaprática,dosdadosdetemperatura.ÉinteressantenotarqueissojácomeçouaserfeitonoSCE.Assimpoderemosconsiderarconceptualmentequeacapacidadeadaptativafuturaéalta.
3.5. Vulnerabilidade futura
Empresençadeumacapacidadeadaptativafuturaelevada,avulnerabilidadeseguedirecta-menteosimpactos,sendoportantoligeiramentepositivaparaavertentetérmicaeneutraparaavertentefotovoltaica.
Aevidênciaélimitadaaoníveldasofisticaçãodoscenáriosclimáticosdisponíveis,masnãohádiscordâncias,peloqueaconfiançanesteresultadoé“elevada”.
ENERGIA 27
4. Energia eólica
4.1. Impacto das alterações climáticas no recurso eólico
OrecursoeóliconaRAMétambémmuitovariável,emparticularnaIlhadaMadeira,dadaaorografiamontanhosaemuitocomplexa.ComoexplicadoemdetalheporMagro(2007),amode-laçãodoventonestascondiçõesfoitentadamasémuitodifícileapesardoesforçointeressantedosProjectosCLIMAATII(2005)eERAMAC(Pereiraet al.,2005b)aindanãoexisteummapafiáveldepotencialeólicoparatodaaRAM.
Dequalquerformaissonãoéimportanteparaopresenteestudopoisapenasérelevanteopotencialqueexistenaszonasfavoráveis,napráticalinhasdecumesouplanaltos,comturbu-lêncianãomuitoelevada.NãoobstanteoestudodoERAMACapontarváriasdestaszonasnaIlhadaMadeira,aexperiênciatemmostradoqueatéagoraissosignificaapenasazonadoPauldaSerra,ondetêmvindoaserconstruídoseestãoplaneadosmaisparqueseólicos(PAESIMadeira,2012),tendofalhadoainstalaçãonoutraspotenciaiszonas,comooCaniçal.EstazonadoPauldaSerratemsidointensivamentemonitorizada(e.g.Afonsoet al.,2006;Junçaet al.,2006)emodelada(e.g.Mirandaet al.,2003;Afonsoet al.,2006).
OimpactodasalteraçõesclimáticasnaintensidadedoventonazonadoPauldaSerra(rectân-gulo32,72°Na32.78°Ne17,04°Wa17.12°W)talcomoobtidadosdadosCLIMAATIIapresen-ta-senasTabelas3e4.Recorda-sequeestesdadossãobaseadosnomodeloclimáticodecirculaçãoglobalHadCM3enoscenáriosdeemissõesSRESdoIPCC(cf.capítulosdeclimanoCLIMAAT,2006).
ENERGIA ENERGIA28 29
CURTO PRAZO
MÉDIO PRAZO LONGO PRAZO
A2 B2 A2 B2
jul 0% 0% 0% -3% 2%
ago -1% -1% -4% -7% -6%
set -1% -2% 1% 0% 0%
out 0% 0% 0% 0% 2%
nov 0% -1% 3% 0% 1%
dez 3% 6% 4% 0% 5%
anual 0% 0% 1% -1% 0%
Anívelanualamudançaclimáticaparecesermuitopequena;anívelsazonalháconsistênciaaolongodoséculoapenasnumareduçãodevelocidademédianosmesesdefevereiro,marçoeagosto,eaumentonosmesesdeabriledezembro.
RecentementeTomé(2013)veioreexaminaroassuntoparaosArquipélagos,usandomodelosclimáticosederegionalizaçãoespacialbastantemaisrecentes,baseadosnoscenáriosdeemissõesRCP4.5e8.5,sendoestesgrosso modosimilaresaosSREASB2eA2,respectivamente.Astendênciasqueencontrouforammaissignificativasanívelanual:(sic)“perdasrelativamentebaixasnailhadaMadeiradaintensidadedoventoparaomeiodoséculo(...)quevariamentre-1%(-0,07m/s)a-5%(-0,25m/s),sendoestadiminuiçãoligeiramentesuperiornofinaldoséculo(...)-3%(-0,18m/s)a-5%(-0,27m/s).NailhadePortoSantoasperdassãomenossentidas,apontandotodasasestimativasparaperdascomvaloresabaixodos-3%(contudo)nocenárioRCP8.5existeentre2040-2060e2080-2100umaumentodaintensidadedovento”.NoentantoaconclusãoaqueoautorchegaésimilaràdoCLIMAATII:(sic)“apesardestasperdas,podemosafirmarquedemaneirageral,asanomaliassãopoucosignificativas.”
Sejacomofor,paraavaliaroimpactodasalteraçõesclimáticasnoaproveitamentodaenergiaeólica,deveríamosconsiderarnãoaintensidadedoventov,massimapotênciaeólicadisponível:
PW=½ρAv³=½ApW (W) [1a]
compW=ρv³ (W/m²) [1b]
ondepwéadensidadedepotênciaeólica(porconveniênciadedefinição),Aéaáreavarridapelaspásdeumaturbina,ρéadensidadedoarevaintensidadedovento(supostaconstanteemtodaaáreaA).Portantoapotênciaeólicaédependentedocubodaintensidadedovento,oquesignificaquealteraçõespequenasquepoderíamosconsiderarpoucorelevantesnaintensi-dademédiadovento,navariabilidadediáriaoumesmonadistribuiçãodeprobabilidadede
Tabela 3 – Velocidade média CLIMAAT II na zona do Paul da Serra.
(m/s) RECENTE
CURTO PRAZO
MÉDIO PRAZO LONGO PRAZO
A2 B2 A2 B2
jan 7.0 6.9 6.8 6.8 6.6 7.1
fev 6.9 6.9 6.7 6.7 6.7 6.4
mar 7.3 7.2 7.0 7.3 7.1 7.1
abr 6.6 6.8 6.9 7.0 6.9 7.0
mai 6.8 6.8 6.9 7.1 7.2 7.0
jun 6.8 6.8 6.8 6.9 7.1 6.6
jul 6.8 6.8 6.8 6.9 6.6 7.0
ago 7.1 7.1 7.0 6.8 6.6 6.7
set 6.3 6.2 6.1 6.3 6.3 6.3
out 6.1 6.1 6.1 6.1 6.1 6.2
nov 6.1 6.1 6.0 6.3 6.1 6.1
dez 6.4 6.6 6.8 6.6 6.4 6.7
anual 6.7 6.7 6.7 6.7 6.6 6.7
Tabela 4 – Anomalias da velocidade média CLIMAAT II na zona do Paul da Serra em relação ao período de controlo.
CURTO PRAZO
MÉDIO PRAZO LONGO PRAZO
A2 B2 A2 B2
jan -2% -4% -4% -7% 0%
fev -1% -3% -3% -3% -8%
mar -2% -5% 0% -3% -3%
abr 2% 4% 5% 5% 6%
mai 1% 2% 5% 7% 3%
jun 0% 1% 2% 5% -3%
ENERGIA ENERGIA30 31
Finalmenteháqueteremcontaaturbulênciadovento,quereduzapotênciaeólicadisponível.Estaturbulênciaésensívelemespecialàrugosidadedoterreno,masemtermosdealteraçõesclimáticaseemterrenoacidentado,importamaisrealçaraquestãodadirecçãodominantedovento.Defacto,oposicionamentodasturbinaséfeito(entreoutroscritérios)deformaaminimizaraturbulênciaquerecebe:masessetrabalhoéfeitosegundooclimaactual,enquantonoclimafuturopodeacontecerqueadirecçãodominantecoloqueasturbinasmaisnaesteiradeobstáculos,arribas,etc.Nãodispomosdedadosfiáveisdedirecçãodoventoparaofuturo,demodoqueficaapenasestanota.
Emconclusão,osimpactosdasalteraçõesclimáticasnopotencialeólicodeverãoserouneutrosounopiordoscasos(e.g.alteraçãoprejudicialderumo),ligeiramentenegativos.
4.2. Capacidade adaptativa actual
Umavezdimensionadosdeacordocomcertosdadosclimáticoseinstaladas,asturbinaseólicadirectamenteaorecursoeólicodisponíveleestãoadaptadosaoseventosextremos,oquenestecasoquerdizeressencialmenterajadasdevento.Aadaptaçãoaumamudançaclimáticadorecurso,implicariaasubstituiçãoplenadosistema.Assim,acapacidadeadaptativaactual(i.e.adossistemasactualmenteemoperação)émuitobaixa.
4.3. Vulnerabilidade actual
Nãoobstanteacapacidadeadaptativaactualsermuitobaixa,osimpactossãocomoseviuneutros,peloqueavulnerabilidadeactualéneutra(0),comumaconfiança“muitoelevada”.
4.4. Medidas de adaptação e capacidade adaptativa futura
Aumaalteraçãosignificativadopotencialeólico,poder-se-iarespondercom,porexemplo,alteraçõesnaescolhadosmodelosdeturbinas.Istoseriaexequívelporqueasturbinastêmumtempodevidaútilinferioraumperíodoclimático,eportantoháregularmentesubstituiçãodeequipamentos.Assimacapacidadeadaptativafuturapoderiasertornadaelevada.Certamentequenãohavendoaesperaralteraçõessignificativasdorecursoeólico,sãopoucopertinentesmedidasdeadaptação,masparaopresenteefeitopoderemosconsiderarconceptualmentequeacapacidadeadaptativafuturaéalta.
4.5. Vulnerabilidade futura
Comumacapacidadeadaptativafuturaelevada,dadoqueosimpactossãoneutros,tantoquantopodemosapreciarcomainformaçãoactual,avulnerabilidadefuturaétambémneutra(0).
Aconcordânciaéelevada:todasasestimativassobreintensidademédiaevariabilidade,tantoapresentecomoasdeoutrosautores,apontamparaimpactosbaixos.Contudo,aevidênciaéapenasmédia,poisháfactoresquenãoseestãobemrepresentadosnoscenários(direcçãodo
ocorrência,podemseramplificadasetornar-serelevantesquandoseconsideraopontodevistadapotênciaeólica.
NosdadosCLIMAATIIavariabilidadediárianãomostratendênciassignificativas.Tomé(2013),chegatambémàconclusãodequeasalteraçõesnestavariabilidadediáriasãoinconsistentes:(sic)“nailhadePortoSantoameiodoséculo,existeumadiminuiçãosignificativadavariabili-dadediáriadovento,masparaofimdoséculoverificamosumaumentomuitoconsideráveldamesma.NaMadeira,nocenárioRCP4.5,avariabilidadediminuiameiodoséculoeapresentaumaumentobastantesignificativoparaofimdoséculo.”
Quantoàvariabilidadeaaindamenorescaladetempo,nãodispomosdadensidadedeproba-bilidadeaescalasdetempodaordemde10minutosqueserianecessária.Noentanto,háumexercícioquefoifeitoparaaáreadoPauldaSerranoProjectoCLIMAATII–emboraaonívelpadrãode2macimadasuperfícieparaoqualhaviadadosenãoaoníveldoeixodasturbinas–equeconsistiuemfazerumaaproximaçãodadistribuiçãodeprobabilidadetipoWeibull,comvalorestípicosdosseuscoeficienteskec:
k=0.73*v1/2 [3a]
c=v/Γ(1+1/k) [3b]
eusandodepoisassériesdevaloresdiáriosdevdisponíveisnobancodedadosmeteorológicosparacalcularsériesdedensidadedepotênciaeólicapW.Osresultadosapontaramparaumpequenoaumentodadisponibilidadedeenergiaeólicade81W/m²noperíododecontrolopara83a85W/m²alongoprazo.Maissignificativoqueaalteraçãoemsiéaindicaçãodequealtera-çõesnavariabilidadedoventopodemterefeitosnopotencialeólicoquecontrariamemesmosuplantamumaalteraçãodaintensidademédiadovento.
OutrofactorateremcontaemtermosdealteraçõesclimáticaséadiminuiçãodadensidadedoarcomoaumentodatemperaturaambienteT,quetendeaprejudicarageraçãoeólica:
ρ=p/RT [2]
ondeRdependeempartedahumidade,epéapressãoatmosférica.NocasodaRAM,usandovalorestípicosparaaaltitudeehumidadenoPauldaSerra,eT=10ºC,oresultadodeumaano-maliade2ºCalongoprazonatemperatura,seriacercade-0,7%emρ,directamentereflectidonamesmareduçãopercentualdapotênciaeólica.Nãoháinformaçãosobreasmudançasnapressãoatmosférica.Háumainfluênciadapressão,edahumidaderelativaemρ,atravésdocoeficienteR,quefuncionaemsentidocontrárioàdatemperatura(oarmaissecoémaisdenso),masémuitomaispequenadoquedatemperatura;dequalquermaneirasignificariaumaaltera-çãodapotênciaeólicaporestavia,aindainferior,digamos-0,5%.
ENERGIA32
vento,turbulência,baixasescalasdetempo)equeháindicaçõesdiferentessegundopontosdevistadeanálisediferentes(intensidadedovento,potênciaeólica,densidadedoar).Assimacon-fiançanesteresultadoéconsiderada“elevada”acurtoprazomasapenas“média”alongoprazo.
ENERGIA 35
5. Energia da biomassa
5.1. Impacto das alterações climáticas no recurso biomassa
AspossibilidadedeproduçãodeenergiatérmicaeeléctricanaRAMapartirdorecursobiomassanassuasváriasvertentes–biocombustíveis,biomassaparaqueima,biomassaparaelectricidadeviacentraldeincineraçãoderesíduos–eapartirdasváriasfontes–óleosalimentaresusados,resíduosflorestais,resíduosagrícolas,florestas–foramanalisadasnaprimeirafaseProjectoERA-MAC,vd.RosaeVieira(2006).AsdisponibilidadesdebiomassaflorestalforamdepoisanalisadasemmaiordetalhenasegundafasedesteProjecto,vd.MelimMendeset al.(2006).
Estasanálisesmostramumrecursobiomassamuitomultifacetadoequetemconsiderandoseproblemasmuitocomplexos.Noentanto,asquestõesessenciaisparatrataropontodevistadoimpactodasalteraçõesclimáticasparecemserapenasduas,comosesegue.
Emprimeirolugar,aexploraçãodabiomassaespecificamenteparaproduçãodeenergiaeléc-tricanãoparecesersustentávelnocasodaMadeira,comoaliásnamaiorpartedoContinente.Oproblemaéquesegastamaisenergianarecolha,destroçamento,acondicionamentoetrans-porteparaumacentraldequeimadebiomassadoqueoqueseobtémdepoisemelectricidade.Assim,oquefazemgeralmaissentidoéutilizarresíduosdebiomassaquehádequalquerformainteresseemrecolher,particularmenteparalimpezadeterrenos–resíduosagrícolasedejar-dins,comoporexemplopodas,manutençãodecaminhosrurais,etc.–eparareduçãoderiscodeincêndio–limpezadematoseflorestas,econtrolodeespéciesexóticas,comovariedadesdeacácia.Adisponibilidadedestesresíduosdependedaprodutividadeprimária,equeroestudoCLIMAATIIqueropresenteestudoindicamquede forma geralessaprodutividadetenderáaaumentarcomoaquecimentoprevisto,emboranãosejaclaroemquanto,devidoàreduçãoemsimultâneodaprecipitação.
Emsegundolugar,háaconsiderarquedevidoàcomplicadaorografiaeelevadosdeclivesdamaiorpartedailhadaMadeira,equeaúnicainstalaçãocandidataareceberabiomassaseriaacentraldeincineraçãodeMeiaSerra,opotencialexplorávelderesíduosdebiomassacircunscreve-seàszonasbaixasdacostasul.Ora,osestudosreferidossãobemclarosemque
ENERGIA ENERGIA36 37
5.5. Vulnerabilidade futura
Sendoelevadaacapacidadeadaptativafutura,masprincipalmentedadoqueosimpactossãoneutros,avulnerabilidadefuturaétambémneutra(0).Anívelsecundário,avulnerabilidadeépositiva(+1)paraocasodaslenhasparaaquecimentoderesidências.
Aconfiançanestesresultadoséconsiderada“muitoelevada”actualmentedadoqueaevidênciaéelevadaequeháumaconcordânciaderesultadosentreestudos;masvaidiminuindoparaperíodosfuturosdadooimpactocadavezmaisincertodascondiçõesdeprecipitaçãoedosefeitosdosincêndios.
aprodutividadeaumentarásim,massignificativamenteapenasnascotasmaiselevadas,acimade600ma700m.Ouseja,asalteraçõesclimáticasnãotêmimpactosignificativonopotencialexploráveldebiomassa.
5.2. Capacidade adaptativa actual
Actualmente,alimitaçãodeproduçãodeenergianãoestáligadaàdisponibilidadedorecursobiomassa,massimalimitaçõestécnicaseoperacionais,emparticularconstrangimentoseconómicosparaassegurarrecursoshumanosetécnicosparaarecolhaetransporte.Querdizerqueexistemuitomaisbiomassadoqueaquelaqueépossívelrecolher,mesmoemanosmenosprodutivos,eportantooimpactoclimáticoéirrelevanteparaoníveldeaproveita-mento.Diremosqueacapacidadeadaptativaébaixapoisaproduçãonãosepodeadaptaravariaçõesnorecurso;emboradeumpontodevistadamanutençãodeumaproduçãoestáveldeenergiaapartirdebiomassapudesseserconsideradaaltajáqueéinsensívelaessasflutuaçõesnorecurso.
5.3. Vulnerabilidade actual
Sejaqualforainterpretaçãosobreacapacidadeadaptativaactual,osimpactossãocomoseviuneutros,peloqueavulnerabilidadeactualéneutra(0).
Aconfiançanesteresultadoéconsiderada“muitoelevada”dadoqueexistemevidênciasequeháumaconcordânciaderesultadosentreváriosestudoseváriosperitos(incluindolocais)quantoaestaquestão.
5.4. Medidas de Adaptação e capacidade adaptativa futura
Omaioraproveitamentodorecursobiomassaécomosemencionouessencialmenteumaques-tãodeaumentarosrecursoshumanosetécnicosatribuídosàstarefasderecolhaetransporteapartirdeagricultura,jardins,matos,florestaplantada,naturaleexótica.Noentantonãopodemserasalteraçõesclimáticasajustificartalesforçodadoqueoseuefeitosesituaemzonaspoucoexploráveis,eportantotaismedidasnãoseriampropriamenteumaadaptação.Sejacomoforparaopresenteefeitopoderemosconsiderarconceptualmentequeacapacidadeadaptativafuturapodesertornadaelevada
Umanotaaindaparaautilizaçãodelenhasparaaquecimentoderesidências,emboranestecontextosejaumautilizaçãodeimportânciasecundária.Nestecasotemosumaconjunçãodereduçãodenecessidadesdeaquecimentoedereduçãodapopulação,queemsinergiacomaumentodaprodutividadedabiomassa,significamqueháumaboacapacidadeadaptativa.
ENERGIA 39
6. Energia hídrica
6.1. Impacto das alterações climáticas nos recursos hídricos
AproduçãodehidroelectricidadeénaRAMavertentedeenergiasrenováveismaiscomplexa.HáactualmentedezcentraishidroeléctricasnailhadaMadeira,cf.Fig.,sendoresponsáveispor15%a30%daproduçãototalanual.Ouseja,desdelogoseinfereumagrandesensibilidadedaproduçãohidroeléctricanoclima.
Figura 5 – Posição das centrais hidroeléctricas na Ilha da Madeira. (EEM, 2015)
Osistemaestáabundantementedescritoemváriosestudos,tesesePlanos,etambémnowebsitedaEEM(2015),comfichasparacadacentral,peloqueseriaredundanterefazeraquimaisumavezessadescrição,bastandomencionarerealçarosfactosmaisimportantesparaasquestõesdealteraçõesclimáticas.
Deformageralpodedizer-sequeosistemaactualsedesenvolveuemtornodosaprovei-tamentoshidroagrícolasrealizadosnosanos50eatémeadosde60doséculopassado.Oconceitobásicoéodeaproveitaraenergiapotencialdasquedasentreosníveisdeabasteci-mento(emnascentes,túneiselevadas)eosníveisdeutilização(emfinsagrícolas,municipais,
ENERGIA ENERGIA40 41
ACentraldosSocorridos(24MW)ficanamargemdaribeiradosSocorridos,àcotadeca.90m,emCâmaradeLobos.Utilizaáguasdeváriasorigens,incluindoasquevêmdacentraldaSerradeÁgua(eportantodoPaúldaSerra),eoutrascaptadasaolongodetúneiseemribeiras,incluindoaprópriaribeiradosSocorridos,eaindaáguasemexcessodestinadasaoregadio–éessencialmenteumacentraldeinverno,comosedisse.
ACentraldaFajãdaNogueira(2,4MW)ficajuntoàribeiradaAmetade,aca.625m.UtilizaáguasdaslevadasdaSerradoFaialedoJuncal,captadasentreca.1050meca.970m.Estacentraléespecialmenteimportantenashorasdeponta.
ACentraldaRibeiradaJanela(3,2MW)ficanafozdaribeiradomesmonome,nacostanoroeste,àcotadeca.11meéaúnicaemregimedefuncionamentopermanenteemquenãosereapro-veitaaáguaparairrigação,ouparaumasegundacentral.Estacentralutilizaáguascaptadasemribeirasacotasdeca.420m.
ACentraldaFajãdosPadres(1,7MW)ficanabasedeumafalésiajuntoaoCaboGirãoefuncionaintermitentemente:utilizacaudaisexcedentesrecolhidosaca.300m,quandoexistem.
Oprimeirofactorqueháareter,équeacaptaçãoprimáriaéfeitaaaltitudesdaordemde1000m(PauldaSerra,SerrasdoFaialedoJuncal),comaexcepçãodacentraldeRibeiradaJanelaemqueédaordemde400m.Estassãoaltitudesparaondeseprevêumareduçãosignificativadaprecipitação,emesmodaprecipitaçãooculta,cf.estudosdoProjectoCLIMAATIImasespecial-menteorelatóriosobreosectordeRecursosHídricosdestemesmoestudo(Pradaet al.,2015).
EmsegundolugartemosoespecialpapeldazonadoPauldaSerra,dequedepende,deumaformaoudeoutra,quase90%dapotênciainstaladanominal(ca.43MWemca.48MWtotal).Estaéaprecisamenteazonaquemereceumaioratençãonopresenteestudo,cf.denovoPradaet al.(2015),Capítulo4,emconjuntocomazonaAreeiro/SantodaSerra.AprevisãodarespostaàsalteraçõesclimáticasdeváriasnascentesegaleriasrepresentativasdoPauldaSerrafoisimulada,deacordocomosvaloresanuaismédiosestimadosnoâmbitodoCLIMAATII,paraadiminuiçãodarecarganocontextodosvárioscenáriosclimáticos.OsresultadosprincipaissãoreapresentadosnaTabela5paracomodidadedoleitor.
Tabela 5 – Valores anuais médios estimados para a variação da recarga em dois cenários de alterações climáticas.
MÉDIO PRAZO LONGO PRAZO
A2 B2 A2 B2
-31% -29% -46% -39%
abastecimentopúblico,etc.)perturbandomuitopoucoovolumedeáguadisponívelparaessesconsumos.Háaindaduascentrais,dosanos90,queaproveitamexcedentesdecaudaisdestinadosaoabastecimentopúblicoeaoregadioqueocorremduranteoinverno(SocorridoseCalheta II),esãoporissomesmodesignadascentraisdeinverno.Algumascentraisnosníveismaisbaixosdailhaaproveitamfluxosprovenientesdecentraisamontante,emesmosegundasquedas,comoporexemploCalhetaIIqueaproveitafluxosdeCalhetaI,maisacima.
Ascentraistêmcâmarasdecargaederegularização,naturalmentedimensionadasdeformaadequadaaoconsumodeáguadacentral,masquesógarantemumarmazenamentodeenergia(potencial)demuitocurtoprazo.
RecentementeumaestaçãodebombagemveiocomplementaracentraldeSocorridos,comoobjectivogarantiradisponibilidadedacentraldurantetodooano,especialmentenosmesesdeverão.Aoperaçãoconsisteemturbinaráguaacumuladanumareservaacotaelevada(TúneldoCovão)nashorasdeponta,erestituí-laporbombagemduranteanoiteenosperíodosdevaziodaprocura,aproveitandoadisponibilidadedepotênciaemexcessonaprodução,incluindodeturbinaseólicas,contribuindoassimparamaximizaroaproveitamentodosrecursosenergéticosrenováveis.Noentanto,nãohánosistemanenhumasalbufeirasdedimensãoquepermitaregularizaraproduçãodeorigemhídricapropriamentedita,quersazonalmente,querinteranualmente.
Dopontodevistadosimpactosdasalteraçõesclimáticas,nasituaçãodescritaaproduçãodeenergiadeveseranalisada,tantodopontodevistasistémico,dosistemacomoumtodo,onderessaltamasligaçõesentrecentraiseapartilhadealgumaszonasdecaptação,comodopontodevistafuncional,i.e.dofuncionamentodecadacentral-oquejustificareferenciaraquiascaracterísticasdecadacentralquesãomaisrelevantesparaopresenteestudo.
ACentraldaCalheta(4,6MW)naribeiradomesmonome,estáaca.660mdealtitude,eapro-veitaáguascomorigemnazonadoPaúldaSerra,quelhesãoconduzidasatravésdelevadasetúneisquereúnemáguasdenascenteseintersectambaciasdeumnumerosoconjuntoderibeiraseseusafluentes,acotasentreaproximadamentede1540me830m.
ACentraldaCalhetadeInverno(7,3MW)naviladaCalheta,estáàcotaca.13meaproveitaáguajáantesturbinadanaCentraldaCalheta.
ACentraldoLomboBrasil,(0,15MW)ficatambémpertodaCentraldaCalheta.Éumamini-hí-dricaqueutilizaoscaudaiscaptadosemgaleriaparaabastecimentopúblico.
ACentralSerradeÁgua(4,8MW)estáaumacotaca.570m,naribeiradaAchada.Funcionaempotênciamáximaapenasnashorasdepontaenoinverno,nosperíodosdeestiofuncionaemmodofio-de-água.UtilizatambémáguasdoPaúldaSerra,captadasaca.1000m.PartedoscaudaissãoturbinadosemsegundaquedanacentraldaFajãdosPadresemesmo,emperíodosdemaiorpluviosidade,nacentraldosSocorridos.
ENERGIA ENERGIA42 43
6.4. Medidas de adaptação e capacidade adaptativa futura
Paraaumentaracapacidadeadaptativaseriacrucialconseguiroarmazenamentodevolumesdeáguaquepermitissemassegurarumaproduçãomaisestávelaolongodoano,enosanosmaissecos.Sendodifícilconstruirtaisalbufeirasdadasascaracterísticasorográficasdoterritório,napráticaéumasoluçãopoucoviáveldeaumentodacapacidadedeadaptação,quedestepontodevistasemanteriabaixa.
Entretanto,écrucialconsiderarque,exceptoemRibeiradaJanela,aáguaquepassanascentraistemdestinosmuitoimportantescomooabastecimentopúblicoeaagricultura(emesmoaindústria).Assim,édeesperarquehajaumesforçodeaumentarasestruturasdecaptaçãodeáguaparaestesfins,beneficiandodepassagemaproduçãohidroeléctrica.Querdizer,aanálisedacapacidadeadaptativafuturadeveriaestarsubordinadaaoqueseestimanosectorderecursoshídricos,edepoisagravadaaindaalgodevidoàesperadareduçãodecaudaisnãonecessáriosparataisoutrosfins.
Entretantorefira-sequeàdatadasprimeirasversõesdestedocumentoaindanãoestavamdisponíveisinformaçõessobremedidasdeadaptaçãonosectordosrecursoshídricos,masape-nasdevulnerabilidadedasestruturasesistemasactuais,peloquedesdelogoseapontouumapossívelsubestimaçãodacapacidadeadaptativafuturaeportantoumasobrestimaçãodavul-nerabilidade.Issoveioaserconfirmadoduranteodecursodoprojecto.Nomeadamente,oPAESIMadeira(2012)eosplanosdaEmpresadeElectricidadedaMadeiracontemplammedidasparaimplementarcentraishidroeléctricasreversíveis(i.e.comcapacidadedebombagemdeumnívelinferiordevoltaaumarmazenamentoanívelmaiselevado).TemdestaqueaindaaampliaçãoemcursodosistemahidroeléctricodaCalheta(EEM,2014),queincluiaconstruçãodeumaalbufeiracomcapacidadedeacumulaçãodeca.1.000.000m³,deumacentralhidroeléctricacom30 MWdepotênciaedeumaestaçãoelevatóriacom18MW,esegundoinformaçõesrecolhidasdaEEM,existetambémjáumestudoprévioparaumsistemasimilarnoAproveitamentoHidroeléctricodoChãodaRibeiraemesmocenáriosdeestudoparaoAproveitamentodoChãodaLagoa.Osperitosregionaistambémdemonstraramconfiançanasmedidaseplanosemcurso,assimcomonaexistênciademaislocaispotencialmenteadaptáveisaarmazenamentodeágua.Assimconsidera-sequeacapacidadeadaptativafuturaserápelomenos“média”.
6.5. Vulnerabilidade futura
Consideremoscomparticularatençãoosresultadosnosectorderecursoshídricossuperficiais,vd.Quadro27dePradoet al.,2015.Esteindica,paraascaptaçõesaoníveldos1000mmaiscrucialparaaproduçãodeenergia,umavulnerabilidadetipicamentemuitonegativa(-2)amédioprazoemuitonegativaacrítica(-3)alongoprazo.Emzonasmenoselevadasavulnerabilidadeétipicamenteumescalãoabaixo(i.e.menosgrave).
Háevidentementeointeresseemassegurarumabastecimentodeáguaestávelparafinsessen-ciais,oqueteránecessariamentedeconduziramedidasdeadaptaçãonosector.Taismedidas
CitamostambémdoestudodePradaet al.(2015)oseguinteparágrafoespecialmenterelevante:“AsgaleriasegruposdenascentessituadasnascotasmaiselevadasdoPauldaSerra,dos1000mparacima,sãoasmaisvulneráveisàreduçãodarecarga,umavezqueonívelpiezo-métricoaobaixar,começaporafectarprimeirooscaudaisdascaptaçõesmaiselevadascujasituaçãosetornacríticanocasodasnascentesacimadacota1000menagaleriadoRabaçal”.
Considerandoqueaproduçãohidroeléctricadependedirectamentedasafluências,epor-tantooimpactosistémicoaparentasergrande,deca.-30%amédioprazoparaatéca.45%alongoprazo.
Dopontodevistafuncionalasituaçãoémaiscomplexa.Ascentraisdeprimeiraqueda(Calheta,FajãdaNogueira,RibeiradaJanela)emprincípiosofremimpactopotencialmentesemelhanteaoimpactosistémico.Jáasoutrascentrais,quedependemdesegundasquedaseexcessosdecaudaisdestinadosaoutrosfins,emprincípiosofrerãoumimpactopotencialaindamaiordevidoàreduçãodosditosexcessosdecaudais.
6.2. Capacidade adaptativa actual
Osistemadeaproveitamentodeáguas,temvindoaserrobustecidodesdeosanos50doséculopassado,commaiscaptações,túneiseoutrasobrashidráulicas,ganhandocapacidadedeadaptação,quesereflectetambémnumaproduçãohidroeléctricamaisestável.Noentanto,comoaproduçãodeenergiaéaúltimaprioridadeentreasváriasutilizaçõesdaágua,ascen-traisdepontaedeinverno,demaiorpotêncianominal,emparticularCalhetaIIeoimportantecomplexodosSocorridos,beneficiammenosdesseaumentodecapacidadedelidarcomasvariaçõesclimáticas.
Certoéqueactualmentenãoháalbufeirasdedimensãosignificativapararegularizaçãointer--anualouintra-anual,peloque,tudoconsiderado,consideramosqueacapacidadeadaptativaébaixa.Talécorroboradopelassignificativasvariaçõesdaproduçãohidroeléctricaanual,queseguemvariaçõesdepluviosidadeanual.
6.3. Vulnerabilidade actual
Tendoemcontaasensibilidadedaproduçãohidroeléctricaglobalfaceaoclima,aindaaumen-tadaaoníveldecertascentrais,conjugadacomumabaixacapacidadeadaptativa,avulnerabi-lidadeactualpoderiaserconsideradanegativa.Noentanto,essanãoéapercepçãodaspartesinteressadasregionais,queapontamobomregistohistóricoetêmumaboaapreciaçãodacapacidadedossistemashidroeléctricosemlidarcomaactualvariabilidadeclimática.Assimavulnerabilidadeactualéconsiderada“neutra”,talcomoparaoaproveitamentodeoutrasfontesdeenergiasrenováveis.
Aconfiançanesteresultadoéconsiderada“elevada”dadoqueexisteevidênciahistóricarobusta,masnãohácompletaconcordânciaentreanáliseseperitos.
ENERGIA44
poderãopassarmaisporaumentarascaptaçõesaníveiselevadosquesãodeterminantesnaproduçãodeenergiaoumaisporumamaioreficiênciahídrica/reduçãodeconsumos,eexplora-çãodeaquíferosemzonasmaisbaixas.
Acurtoprazoparecehavermuitoespaçoparacontrariarareduçãodedisponibilidadeshídricasemaltitudeatravésdemaiseficiênciahídricanotransporteesistemasdearmazenamento,peloqueavulnerabilidadeseria“neutra”.Estasmedidasterãonoentantoosseuslimitespeloquealongoprazoavulnerabilidaderesultapelomenos“negativa”.Aopiniãodosperitosregionaiséqueestavulnerabilidadenãochegaráaser“muitonegativa”ou“crítica”porquealongoprazoosistemaenergéticodaMadeiraevoluirámuitonumadirecçãodediversificaçãodefontesdeenergiaedescentralizaçãodaprodução.
Sejacomoforaincertezanassoluçõesaadoptarlevaaumaqualificaçãodeconfiança“média”nestesresultados.
ENERGIA 47
7. Matrizes de vulnerabilidadeApresenta-seagoranaTabela6,conformeametodologiaestabelecidanesteProjecto,amatrizdevulnerabilidadeparaaproduçãodeenergiaapartirdefontesrenováveisdeenergia.
Tabela 6 – Matriz de vulnerabilidade para a produção de energia a partir de fontes renováveis de energia, face às alterações climáticas.
PERÍODO ACTUAL CURTO PRAZO LONGO PRAZO
VERTENTES CONFIANÇA A2 B2 CONFIANÇA A2 B2 CONFIANÇA
Energiasolartérmica
0Muitoelevada
0 0 Elevada 0 0 Elevada
Energiasolarfotovoltaica
0Muitoelevada
0 0 Elevada 0 0 Elevada
Energiaeólica
0Muitoelevada
0 0 Elevada 0 0 Média
Energiadabiomassa
0Muitoelevada
0 0 Elevada 0 0 Média
Energiahídrica
0 Elevada 0 0 Média -2 -1 Média
ENERGIA 49
8. ConclusõesAnalisaram-seosimpactosdasalteraçõesclimáticasnaproduçãodeenergiaapartirdefontesdeenergiasrenováveisparaasvertentesquejáexibemmaturidadetecnológicaequepotencial-mentesãosensíveisaoclima:solar(térmicaefotovoltaica),eólica,biomassa(queima)ehídrica.
Aspossibilidadesdeaproveitamentodeenergiasolar,eólicaebiomassaparecemnãoserafecta-dassignificativamentepelasmudançasdoclima,considerandobasicamenteareduzidadimen-sãodoimpactodestasmudançasnosrespectivosrecursos,eacapacidadedepaulatinamenteirajustandoodimensionamentodossistemasporocasiãodasuarenovação.
Nestecontexto,aadaptaçãofaz-sedeformaespontânea,emparticularporocasiãodasubstitui-çãoouadiçãodenovosequipamentos,easmedidasdeadaptaçãoplaneadacircunscrevem-seentãoaalgunsajustamentosdepolíticaspúblicas,designadamentenautilizaçãoemPlanos,RegulamentoseIncentivos,dedadosclimáticoscompatíveiscomamudançaclimáticaemcurso,enãodedadoshistóricos.
Jánocasodaenergiahídrica(paraproduçãodeelectricidade)sãoestimadosimpactoseefeitosgraves,quevãodesdeumareduçãoglobaldaproduçãohidroeléctricaaoimpedimentodofuncionamentodealgumasdascentraismaisimportantes,queaproveitamfluxosemexcessodeoutrasutilizaçõesprioritáriasdaágua,particularmentedaáguacaptadaemzonasaltas(referimo-nosclaroàMadeira).Paracontrariarestesefeitosestáemcursoaadaptaçãoviaplaneamentoeconstruçãodealbufeiras.Noentantoacapacidadedelidarcomosimpactosdareduçãodaprecipitaçãoemaltitudedependeráemúltimaanálisedasmedidasdeadaptaçãoadoptadasparaosrecursoshídricosnoseutodo.
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SumárioOsimpactosdasalteraçõesclimáticasforamexaminadosparaaprocuraeaofertadeenergia,térmicaeeléctrica,comrecursoadocumentostécnicos,estudosacadémicosanteriores,algunsestudoscomplementares,eopiniõesdeperitoseprofissionaisdaáreaenergéticadaRAM.Osimpactosexistemmassãodeformageralmoderados,comaexcepção–únicamasimportante–dareduçãodeproduçãodeelectricidadepelaviahídrica,devidoàdiminuiçãodaprecipitaçãodaszonaselevadas.
Consideradasasmedidasdeadaptaçãoplaneadaquesepoderiamtomar,constata-sequesãoquasetodasmedidasnosentidodediminuiravulnerabilidadedaRAMàdependêncianoabastecimentoenergiaapartirdocontinente.Naturalmente,essamesmanecessidadetemsidodestehámuitosentidanaRAMpelointeressedeaumentarasegurançadeabastecimentoediminiraelevadafacturaenergética.Assim,numerosasmedidasjátêmvindodeformageralaserprevistaseimplementadasemPlanosaosdiversosníveisdegovernança.Maisrecentementedestacam-se,anívelnacionaloPNAERePNAEE,anívelregionalosPAESIMadeiraePortoSantoelaboradosaoabrigodoPactodasIlhas,eanívelMunicipalosPAESelaboradosaoabrigodoPactodosAutarcas.IstoparaalémdeoutrosPlanosambientaisedevariadosProjectoseAcçõesdaAREAMedaEEM.AmaiorambiçãoeaperfeiçoamentodestesPlanos,emtodasasvertentesdepromoçãodaeficiênciaenergéticanosedifíciosetransportes,maisproduçãodeelectrici-dadeapartirdefontesdeenergiasrenováveis,éumarecomendaçãogeralqueficaaindamaissublinhadapelaspressõesdeAdaptação.Destepontodevistadestaca-senoentantocomoprioritáriaaapostanumaumentodacapacidadedearmazenamentosazonaleinteranualdeenergia,nãoapenascomosuporteaummaioraproveitamentodasenergiasrenováveis,mastambémcomoúnicaformaactualmenteeficazdemitigaroforteimpactonosistemahidroe-léctrico,emparticularnaproduçãodaschamadascentraisdeInverno,associadoàreduçãodeprecipitaçãoqueéesperada.
AlgumasmedidasespecíficasdaAdaptaçãoforamtambémidentificadas,adicionaisàsmedidasprevistasnosváriosPlanosenergéticos.Destacam-seaadaptaçãodosterminaisdedescargadecombustívelàsubidadoníveldomareoreforçodaprotecçãodaCentraldaVitóriaedazonaanexadearmazenamentodecombustíveiscontracheias/aluviões,deslizamentoseinundações.
ENERGIA58
Apremênciadestetipodemedidasnãoénoentantoclaradevidoàactualgranderapidezdealteraçãodosistemaenergéticoemcontrastecomaprogressãorelativamentelentadasmudan-çasclimáticas.
ENERGIA 61
1. IntroduçãoEsterelatórioanalisaasvulnerabilidadesactuaisdosistemaenergéticodaRAMfaceaoclima,edepoisasmodificaçõesdessavulnerabilidadeporefeitodasalteraçõesclimáticas,istojáincorporandoaadaptaçãoespontânea.Paraositemsquemostramalteraçãodavulnerabilidade,examinam-seopçõesdeadaptaçãoplaneada,epropõem-seasmedidasdeadaptaçãoconsi-deradasmaisexequíveisemaiseficazes,estudandoemmaisdetalheaquelasqueaindanãoconstamdosgrandesPlanosenergéticosnacionaisedaRAM.Assim,aceitandodesdelogoaspolíticasenergéticasemcursonaRAM,pretende-seessencialmenteverificaracompatibilidadedosplanosemedidasactuaiscomasmudançasclimáticas,eencontrarasprioridadeseasmedidasadicionaisdopontodevistadaAdaptação.
OestudodoBancoMundialClimate Impacts on Energy Systems - Key Issues for Energy Sector Adap-tation(EbingereVergara,2011)forneceumaexcelentereflexãosobreasquestõesdeadaptaçãonosectorEnergiaanívelmundial;aquifaremosumaintroduçãoeenquadramentomaissimplifi-cados,mastambémmaisespecíficosepertinentesparaaRAM.
Osassuntosdosectorenergéticosãogeralmentetratadosdospontosdevistacomplementaresdaofertaedaprocuradeenergia.
Aofertadeenergiaincluiaproduçãodeenergia(térmicaoueléctrica)atravésdeequipamen-tosqueusamrecursosenergéticosfósseis–carvão,gásnatural,petróleoederivados–ourenováveis–hídrica,solar,eólica,geotermia,eváriosmodosdeaproveitamentodebiomassa,daqueimadirectaaobiogáseoutrosbiocombustíveis.NocasodaRAM,entendemosexcluiraenergiadasmarésegeotermiaprofundaporfaltadelocaiserecursofavoráveis;dasondasedascorrentesmarítimasporimaturidademanifestadatecnologia;eaenergianuclear,cujaviabili-dadecomatecnologiaactual,requerumuniversodeconsumidoresmaiorqueoqueexistenaRAMNoconceitodeofertadeenergiatambémseincluiatransmissãoatéaoconsumoatravésdevectoresenergéticos,comrealceparaaelectricidadeeparaospróprioscombustíveis.
NaRAMasituaçãodaofertadeenergiaédominadapelofactodesetratardeilhas,dependen-tesem95%decombustíveisfósseisimportados,vd.BalançoEnergéticodaRAM(DREM,2012).
ENERGIA ENERGIA62 63
designadamentequantoaoclima,aeventosextremosquepossamresultaremaluviões,deslizamentos,inundações.Aquestãodaelevaçãodoníveldomartambémsepõe,dadaaloca-lizaçãodascentraisjuntoaomar.
Porumlado,evidentementequenaRAMexistehámuitoapercepçãodestasvulnerabilidadesnosistemaenergético.Sendoqueestesectorassentamuitoemtecnologias,podeetemsidointen-samenteplaneadoealvodenumerosaspolíticasemedidas,emparticularparaosistemadeabastecimentoeléctrico,tendentestambémamitigarestasvulnerabilidades.Assimédeesperarquemuitasdestaspolíticasemedidasjácontenhamelementosdeadaptaçãoàsalteraçõescli-máticas,emboratenhamsidodesenhadaspararesponderessencialmenteapreocupaçõescomsegurançadeabastecimentoefacturaenergética.Entretanto,comoforamdesenhadosparaumenquadramentoclimáticoestável,histórico,podehaverquestõesquesãoagravadas,ouquesósepõem,numcontextodemudançaclimática.
Poroutrolado,éprecisoconsiderarqueéumsectorondevemocorrendoumaevoluçãotecno-lógicamuitorápidaeondeperiodicamenteasinstalaçõeseequipamentossãosubstituídosouprofundamenterenovados:desdeoladodaoferta,comonascentraiseléctricas,atéaoladodaprocura,comonosveículos,nosedifíciosenosequipamentosquelásãousados.Essesmomen-tosdesubstituiçãoourenovação(quasesempreporsistemasmaiseficientes)sãooportunida-desondeédeesperarqueocorraadaptaçãoespontâneaàsalteraçõesclimáticas,mesmoquenãohajaconsciênciaoupropósitodisso.
Finalmentefazemosnotarquenestesectorháimpactosaoníveldeequipamentoseinstalações(local)quepodemserdiferentesdosimpactosaoníveldosistemaenergético(regional).ComoseveráháefeitoslocaisquepodemsersignificativosmastomadosemconjuntoparaumaIlhaouparaaRAMpodemnãosesomarnomesmosentido,ounãoterexpressãosignificativaquerequeiraadaptaçãoplaneada.Aindaanotarqueaonívellocalocorrefrequentementeadaptaçãoespontâneaporiniciativadoscidadãosedasempresas;maséessencialmenteaonívelregionalquesepodefazeradaptaçãoplaneada.
Comojásedisseatrás,odesenhodemedidasdeadaptaçãoplaneadanosectorenergéticonãosefaznumvácuo.Muitopelocontrário,existemnumerososPlanosrelacionadoscomquestõesenergéticas,eMedidasjáemandamentooujáplaneadas.EmgeralessesPlanoseMedidassãodesenhadosparadiminuiradependênciaenergéticadaRAMdoexterior,mascomoissotemporefeitotambémreduziravulnerabilidadedosistemaenergético,acabamporirnomesmosentidodaadaptaçãoàsalteraçõesclimáticas.
Destacam-seaqui
•›oPlano de Política Energética da RAM (PPERAM,2000),queemborajácom15anosaindaconstituioenquadramentoparaosPlanosmaisrecentes;
Umavulnerabilidadefundamentalestáportantologoaoníveldasegurançadoabastecimentoapartirdocontinente,edepoisnoarmazenamentoenadistribuiçãodoscombustíveisdentrodaprópriailha.Estavulnerabilidadetemtambémumladoeconómico,nomeadamenteapesadafacturaenergéticanaaquisiçãodestescombustíveis,ecomsensibilidadedirectaàsvariaçõesdosseuspreçosnomercado.Assimemprincípio–emborafelizmenteatéagoranãonaprática–avariabilidadeclimáticapodecondicionaraofertadeseguraeapreçorazoáveldeenergianaRAM,designadamenteatravésdeeventosextremos:tempestadesnooceanoqueimpeçamoudemoremoreabastecimentoenergéticodeorigemfóssilecheias,aluviões,inundações,oufogosqueatinjamlocaisdearmazenamentodecombustíveise/ouperturbemoseutransportedentrodasilhas.
Umcasoespecialnaofertadeenergiaéaelectricidade,dadaasuaimportâncianasactividadeseconómicasenodia-a-diadaspessoas.Cercade80%daproduçãodeelectricidadetemorigememcombustíveisfósseis,daíportantorepetirem-seaspreocupaçõesantesapontadassobreoabastecimentoàsilhas,armazenamentoetransporteinternosdecombustíveisfósseis.
Porémnocasodosistemaeléctricoainsularidadeacrescentaproblemasextra.Ascentraistermoeléctricas(duasnaMadeiraeumanoPortoSanto)nãosãoapenasaorigemmaioritáriadaenergiaeléctrica,sãoessenciaisaofuncionamentodaredeeléctricaisoladaemcadaIlha,mantendoaqualidadedaondadetensão(estabilidadedafrequência)narede,ecompensandoadisponibilidadevariáveldascentraisafontesdeenergiarenovável(FER).NocasodailhadePortoSanto,aindisponibilidadedaCentralacarretaaindisponibilidadetotaldeenergianarede.NocasodailhadaMadeira,oimpactonãoseriatãograve,sendoemprincípioabasteceraszonasqualidadedeserviçoIeIImesmoemsituaçãodeparagemdamaiorCentral,adaVitória.
AscentraisFERsãomuitosensíveisaoclima,tambémaeventosextremos,masprincipalmentedevidoàvariabilidadedosrecursosrenováveisemtodasasescalasdetempo,emparticularaosníveisinteranual,sazonalediário.Asturbinaseólicaseasinstalaçõesfotovoltaicassãoumexem-plo,masnocasodaMadeiraocasodaenergiahídricaéomaisimportante:asflutuaçõesanuais,mensaisenassequênciasdediassemprecipitaçãotêmreflexodirecto,emboraeventualmentediferido,noscaudaisdisponíveisparaturbinagem,umavezquenãoexistesignificativacapaci-dadedearmazenagemdeáguanestasescalasdetempo.
Poroutroladopõe-seaquestãodaprópriaprocuradeelectricidadesersensívelaoclima,oqueéevidenteporexemplonocasodaelevaçãodatemperaturaambientequelevaaumaumentodasnecessidadesdearrefecimentoemedifícios,asersatisfeitasviaarcondicionado(eléctrico).Noentantoficaanotaqueémenosevidenteoimpactodoclimanoutrostiposdenecessidadesdeenergiaeléctrica,etambémtérmica,directaouindirectamente.
Sejacomoforasflutuaçõesdedisponibilidadedasenergiasrenováveisedaprocuradeelectricidade,sãoentãocompensadaspelascentraistérmicas,oquetornaaindamaiscrí-ticasquaisquervulnerabilidadesdestascentrais:nãoapenasasrelativasaoabastecimentodecombustíveljámencionadas,mastambémquaisquerameaçasfísicasàsinstalações;e
ENERGIA ENERGIA64 65
EstadiferençametodológicaedeconceitosseriagravesesetratasseaquidequantificaroimpactodemedidasdeadaptaçãonocontextodosPlanos,oquenãosucede(atédadasaslimi-taçõesderecursospostosaodispordopresenteProjecto).Assimseguiu-seumaabordagememqueseidentificousimplesmente,paracadatema,asmedidasquejáexistemequecontribuemparaaadaptaçãoàsalteraçõesclimáticas,edepoisasquesãopropostasdemedidasadicionais.
Outrasquestõesqueforamconsideradasnodesenhodasmedidassãoacompatibilidadedosplanosemedidascomasalteraçõesclimáticasemcurso,ondesedestacaaquestãodohorizonte temporal.Éque,sendoestasmudançasclimáticasrelativamentelentas,emcasoscomoporexemploaintroduçãomuitorápidadeenergiaFERdecaracterísticasintermitentes,seriacontra-producenteumaadaptaçãodemasiadosúbitaaimpactosquenaverdadesóserãosignificativosdaquiaalgumasdécadas,prejudicandocontudoodesempenhoesustentabilidadeeconómicadosactuaissistemas.
Asversões1a3destedocumentoresultaramessencialmentedeestudos;asversõesrevistas,incluindoapresenteversão5,têmemcontaadicionalmenteaspercepçõeseopiniõesdaspartesinteressadasdaRAM,obtidasprincipalmenteatravésdedoisSemináriosnoFunchal.
•›osPlanos de Acção para a Energia Sustentável,respectivamenteparaaIlhadaMadeira;(PAESIMadeira,2012)eparaaIlhadePortoSanto(PAESIPortoSanto,2012)enquadradosnoPacto das Ilhas(2011);
•›osPlanos de Acção para a Energia Sustentável(PAES)elaboradosaoabrigodoPactodosAutar-cas-EnergiaSustentávelnosMunicípios(PactodosAutarcas,2015),queemborasendoemsimesmosencaradoscomoumamedidadosPAESI(Acção6.2),contêmmedidasadicionais,emparticularumelencosobcontrolodirectodosmunicípios;destacamosaquioPAESFunchal(2012),porumladocomoexemploparadigmáticodosPAESeporoutrodadoqueéoúnicopresentementeaprovado;emboraduranteodecursodopresenteProjectotenhamsidosubmetidosparaaprovação,emfinalde2014,tambémosPAESparaoutrosmunicípiosdaRAM(cf.websitePactodosAutarcas,2015);
•›eoPlano de Desenvolvimento do Sistema Eléctrico do SEPM(EEM,2014a)daEmpresadeElec-tricidadedaMadeira,queemborareferenteapenasaoperíodoregulatório2015-2017,revelatambémmuitosaspectosdasuaestratégiademédioprazo.
Deformamaissecundária,temosaconsiderarosPlanosdaEEMdePromoçãodoDesempenhoAmbiental(PPDA,2014)edePromoçãodaEficiêncianoConsumo(PPEC,2014);inclusivéoPlanoRegionaldeEmprego(PRE,2015)eoPlanoReferencialEstratégicoMarMadeira2030(PREMAR,2015)tambémcontêmreferênciasaquestõesrelacionadascomaenergia.
AoexaminarestesPlanosdepara-se-nosumproblemametodológicoprático.Dopontodevistadodaadaptaçãoàsalteraçõesclimáticas,distingue-seadaptaçãoespontâneadeadaptaçãoplaneada.AsiniciativasdecidadãoseempresasquenãoderivamdeumplaneamentodirectodapartedoEstado,e.g.quenãosãoforçadasporleiseregulamentosespecíficos,ouencorajadasporsistemasdeincentivos,assimcomoasquedecorremdepolíticasgeraisjáemandamento,aníveleuropeu,nacional,regionaloumunicipal,sãoconsideradaspartedeumatendênciadebase(baseline).Taissãoporexemploocasodasubstituiçãodeequipamentosporoutrosmaiseficien-teseaimplantaçãodeproduçãoFERdistribuída,emconsequênciadaevoluçãotecnológicaedereduçãopaulatinadecustos.Abaselinetambémintegratendênciaseconómicas,demográficas,etc.,quenãopodemserlevadasàcontadeefeitosdePlanosemedidaseportantoémaisdoqueumcenáriodereferênciadotipobusiness as usual,emquedemografia,tecnologia,regulamentos,comportamentos,etc.estãocomoquecongeladosnotempo.Asacçõesautónomas adicionais aestabaseline,deadaptaçãoaumclimadiferente,sãoconsideradasentãocomoaadaptaçãoespontânea.Asacçõesplaneadas adicionaisàsdabaselineeàadaptaçãoespontânea,emqueaentidadequeplaneiatemresponsabilidadeecapacidade(inclusivefinanceiraelegal)paraimporocumprimentodoplano,équesãoconsideradascomomedidasdeadaptaçãoplaneada.
EnquantoosplanosdaEEMsãocompatíveiscomestepontodevista,osváriosPlanosdeAcçãodaRAMnãoosão.Asmedidasvoluntáriasdecidadãoseempresassãoconsideradasecon-tabilizadasnaesferadosPlanos,esemumabaselineclara.Asquestõesderesponsabilidadeecapacidadesãopartilhadasportodososprotagonistas,públicoseprivados.
ENERGIA 67
2. MetodologiaConceptualmente,osfactoresmeteorológicosdeterminamodesempenhodossistemasener-géticos,directamentenalgunscasos,noutrosatravésdesucessivasemúltiplasinteracçõescomoutrossistemasnaturais,artificiaisehumanos.Estaarquitecturaétãocomplexaqueháquesimplificareidentificarosefeitosquesãorealmenteimportantes,daquelesquesãodeimpor-tânciamuitoreduzida,sejalogoemteoriasejaporconstataçãonaprática.
Umaferramentaparapensarefazerestaidentificaçãoéodesenhodecadeiasdeimpactos,quenocasodosectorenergéticoseelaboramconvenientementeconsiderandoaprocuraeaoferta,paraaenergiatérmicaeparaaenergiaeléctrica.
Conceptualmenteseriadeincluirtodososparâmetrosmeteorológicosqueinfluenciamossiste-masenergéticos(exposição),mastratando-sedetantasquestões,tãocomplexas,edeumsectortãotransversal,todosossistemasestãoexpostosatodososparâmetros,peloqueistoseriapoucoútilsemumanoção,baseadanaexperiênciaenoconhecimentodofuncionamentodossistemas,daquelasconexõesquerealmentesãoimportantes(sensibilidade).Umoutroaspectoemqueascadeiasdeimpactostêmdesersimplificadasénainteracçãocomoutrossectores,senãoocondicionamentomútuodosváriossectoresimpediriaqualquerconclusão:apenasasligaçõesmaisfortessãoincluídas.
Finalmente,émuitoimportantenotarqueoscenáriosdisponíveisdealteraçõesclimáticasparaaRAM,emtermosdeeventosmeteorológicosextremos,apenasapontammaiorextensãoeintensi-dadedeondasdecaloreaaumentodosefeitosdetempestadesnacostadevidoàsubidadoníveldomar.Assimquenãoédeestranharaausêncianascadeiasdeimpactosdeeventosextremoscomoprecipitaçãointensae/oudegrandeduraçãoqueoriginedeslizamentos,cheiasrápidas,alu-viões,etc.Considerá-losénoentantoimportanteparaavulnerabilidadedesistemasactualmentemaladaptados,equedevemseradaptadoscomomedidageraldeaumentodaresiliênciafaceàsalteraçõesclimáticas,masnãoenquantorespostaespecíficaaumaalteraçãodoclima.
Seleccionadasascadeiasdeimpactosrelevantes,oidealseria,paracadasistema,analisá-loemdetalhe,obterummodelo,calibrá-lodeacordocomdadosexperimentaise/ouestatísticase
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impactos,enaselecçãodemedidasaaplicar,deentreumelencomaisvastodemedidaspoten-cialmenteaplicáveisnascincovertentesConhecimento,Tecnologia,Governança,SocioeconomiaeNatureza.
Finalmente,naapreciaçãodemedidasdeadaptação,tiveram-seemcontaosdiversosPlanosjáreferidosnaSecção1,aquesejuntouomaisrecente Plano de Acção para a Investigação, Desenvol-vimento Tecnológico e InovaçãonaRAM(PIDT&I,2012),especialmenteaspropostasdoGrupodeTrabalhoemEnergia,MobilidadeeAlteraçõesClimáticas(PIDT&IEMAC,2012).FoiconsideradoemmaisdetalheumconjuntodeestudoseProjectos,amaioriadelesdainiciativadaAREAMemparceriacomentidadesdeI&D,comdestaqueparaosrecentesENNEREG-RegionspavingthewayforaSustainableEnergyEurope(ENNEREG,2013)eTRES-TransiçãoparaumModeloEnergéticoSustentável(TRES,2015);estesestudosestãoemconsonânciacomosreferidosPla-nosouatémesmoimplementammedidasespecíficasdestes,especialmentedosPAESIePAESmunicipais.Refira-sequeapenasasmedidasdoe.g.noPAESFunchalpuderamsercruzadascomasmedidasdeadaptaçãodadoqueosrestantesforamsubmetidossónofinalde2014,jácomosestudosdopresenteProjectomuitoadiantados.
Umoutroaspectoéqueseapreciamapenasasmedidasdeadaptaçãodirectamentedirigidasaosproblemasouoportunidades,nãodesconhecendoqueexistemmedidasdesuporteàsprimeiras,taiscomoreforçodefiscalizaçãoderegulamentos,apoiosfinanceiroseincentivos,monitorização(cf.eg.Quadro30dosPAESI).
simularnumericamenteoseufuncionamento.Avaliandooseudesempenhocomoclimaactual,ficaríamosaconhecerasuavulnerabilidadeactual,queemprincípioouseráneutra(osistemalidabemcomoclimaactual)ouseránegativa(mesmonoclimaactualosistemaapresentapro-blemasdedesempenho).Voltandoasimularcomoclimafuturo,possivelmenteacompanhadodecenáriosdemográficos,económicos,etecnológicos,permitindoistolevaremlinhadecontaaadaptaçãoespontânea,conheceríamosvulnerabilidadedossistemasquantoaoclimafuturo–oquepoderiaagoraindicarefeitospositivos,nãoapenasneutrosounegativos.Napassagem,obteríamosacapacidade adaptativaqueosistematemnaactualidadeeestimativasdeincerteza (atravésdousodevárioscenários);poderíamosdesenharmedidasdeadaptaçãoparamelho-rá-lo;etestaroefeitodessasmedidascomummodelocorrespondentementemodificadodosistema,encontrandoasmaiseficazes.
Naprática,emmuitopoucoscasosesteprocedimentoidealépossível.Desdelogootempodeexecuçãoeosrecursosquefoipossívelalocarparaopresenteestudonãosãocompatíveiscomamodelaçãodetalhadadosnumerosossistemas,suacalibração,eváriosciclosdeexperimen-taçãocommedidas.Dequalquerforma,emmuitoscasossimplesmentenãoexistemassériesdemediçõeseestatísticasqueseriamessenciaisàmontagemdemodelosdetalhadoseàsuacalibração.
Nestascondições,paraestimarvulnerabilidadeecapacidadeadaptativa,éprecisorecorreressencialmente,porumladoaestudosacadémicosetécnicospublicadoseporoutro,aoconhecimentodoterrenodeperitoseprofissionaisnosváriossistemas.Aindaassiméporvezesnecessárioefectuaralgumaanáliseemodelaçãosimplificadadesistemas,paraelucidarinterac-çõeseefeitosmaisincertos.
Nocasopresente,comodocumentostécnicosmaisrelevantesconsultados,temosasestatísticasdeenergiadoINE,DREMedaEEM,asestatísticasclimáticasdoIPMA,ainformaçãosobreosistemaeléctricoqueéprovidenciadaonlinepelaEEMepelaAIE,eosestudossobreopotencialdeFERexecutadosporiniciativadaAREAMoupelaprópriaAREAM,amaiorparteaoabrigodoProjectoERAMAC(eólica-Afonsoetal.,2006;Junçaatal.,2006;hídrica-AREAM,2005;biomassa-MelimMendesetal.,2006;Pereiraetal.,2005a,2005b;RosaeVieira,2006)bemcomooutrossobreradiaçãosolardaalçadadoLREC(Magro,2007;PAUER,2007;Vázquezetal.,2008).
QuantoaestudosacadémicosespecíficosparaosefeitosdasalteraçõesclimáticasnosectorenergéticodaRAMaspublicaçõesdereferênciasãoasdoProjectoCLIMAATII(2006),incluindoosdadosecenáriosclimáticosSRESA2eB2,eaodocumentoelaboradoparaestemesmoProjectoClima-Madeira,Potencial das Energias Renováveis na RAM face às Alterações Climáticas (AguiareMagro,2015).HáalgunsartigoscientíficosquemencionamaRAMmassemmaterialadicionalrelevante.
Quantoaoscontributosdeperitoseprofissionaisnosváriossistemas,destaca-seoworkshop quetevelugarnoFunchalem12defevereirode2015.EsteworkshopfoimuitoproveitosonoaperfeiçoamentodapercepçãodosproblemasespecíficosdaRAM,namelhoriadascadeiasde
ENERGIA 71
3. Resultados
3.1. Procura de Energia Térmica3.1.1. Preparação de águas quentes
Esteitemrefere-seàdiminuiçãodasnecessidadesdeaquecimentodeáguas.Aelevaçãodatemperaturaambientereflecte-senatemperaturadaáguadeabastecimento.Assimparaumadadatemperatura-alvodeutilização,ocalorafornecerémenordoquenascondiçõesactuais.
OefeitofoiinvestigadonoProjectoCLIMAATII,teoricamentepoisnãohádadosestatísticostãodetalhadosquepermitamumaanálisedesteefeito.AsituaçãonãomudoumasaavaliaçãoCLIMAAT IIfoiumpoucomaisrefinadanopresenteProjecto.
Vulnerabilidade actual:neutra. Ossistemasdeaquecimentodeáguasestãoadaptadosàcondiçõesclimáticasactuais.
Impactos locais:pequenos. Dependemdatemperaturadeconsumo,podendoestimar-seentreca.-2%parautilizaçõesdomésticasaca.-4%parautilizaçõesindustriais.Istonolongoprazo,nocurto-médioprazooefeitoéinferiora-1%.
Impacto regional:muitopequeno. OefeitoagregadonaprocuradecalornaRAMéincertodadaareferidafaltadedadosestatísti-cos,masserácertamentemuitoinferiora-1%.
Capacidade adaptativa:positiva. Oefeitoestádirectamenteligadoàtemperatura.
Vulnerabilidade futura:neutraacurtoprazo,ligeiramentepositivaalongoprazo. Aadaptaçãoétotalmenteespontânea,ecomooimpactoébenéfico(reduçãodasnecessidadesdeenergia)podeserpositivo,emborapequeno..
ENERGIA ENERGIA72 73
3.1.2. Climatização de edifícios
Esteitemrefere-seàdiminuiçãodasnecessidadesdeaquecimentoeaoaumentodasneces-sidadesdearrefecimentoemedifícios,dadaaelevaçãodatemperaturaambienteexterior.Oaumentodaextensãodasondasdecalor,maisatédoqueastemperaturasmáximasatingidas,éespecialmenteimportante,dadoqueainérciatérmicadosedifíciostemlimitesnacapacidadedemitigaroefeitodeaumentodatemperaturaexterior.
OefeitofoiinvestigadonoProjectoCLIMAATII,atravésdemodelaçãotérmicadeumaresi-dênciaedeumhoteltípicosnazonadoFunchal.NopresenteProjectooassuntofoianalisadocomamesmaabordagemadicionalmenteparaumpequenoedifíciodeserviços,sendoqueasconclusõesgeraismantiveram-se:asnecessidadesdearrefecimentoaumentammaisdoquesereduzemasnecessidadesaquecimentomasadimensãodesteefeitodependemuitodotipoedautilizaçãodoedifício.Nosworkshopsconfirmou-sequejásecomeçaasentiramaiornecessidadeutilizaçãodearcondicionadoemedifíciosdeserviços,nazonadoFunchal.Noentantotambémfoiindicadoqueoefeitodependemuitodaaltitude,i.e.faz-sesentirnacostamasnãonaszonasmaisaltas,ondeasnecessidadesdearrefecimentocontinuamquasenulas.
Vulnerabilidade actual:neutra. Osedifíciosactuaisestãopreparadosparalidarcomoclimaactual,comrarasexcepçõesporocasiãodeondasdefriooudecalor.
Impactos locais:muitovariáveis. Oefeitodasalteraçõesclimáticasnãodeverásersignificativopararesidências,maspoderávalernolongoprazoentreca.+5%aca.+30%dosconsumosdeenergiadeclimatizaçãoparaedifíciosdeserviços,consoanteoseutipo,umavezqueissodependedatolerânciaàvariaçãodatempe-raturainteriorqueéadmitida,e.g.relativamenteamplaemescritórioseescolas,muitobaixaemhotéisecertaszonasdehospitais.Istoemzonasbaixas,enquanto,digamosapartirdos300m,oefeitodeverásernulo,oumesmopositivo(reduçãodenecessidades)nascotasmaiselevadas,digamosapartirdos600m.
Impacto regional:muitopequeno. Tendoematençãoadiversidadedeedifícios,asuadispersãoemaltitude,eacircunstânciadequepoucostiposedifíciospossuemaparelhosdearcondicionadoparasatisfazereventuaisnecessidadesdearrefecimento,estima-seumefeitoagregadomuitopequeno,certamentenãosignificativonocurto-médioprazo.
Capacidade adaptativa:muitobaixaacurtoprazo,médiaalongoprazo. Oefeitoestádirectamenteligadoàtemperaturaeemparticularamitigaçãodasnecessidadesdearrefecimentosópodeserfeitacomarenovaçãodosedifícios(maisisolamento,melhoresjanelas,etc.),oqueemgeralsóacontecenomédio-longoprazo,dadoolongotempodevidaútildecadaedifício,eocustodetaisintervenções.Quantoàreduçãodasnecessidadesdeaqueci-mento,elapodeseraindamaispotenciadapormedidasdeeficiênciaenergética,muitasvezessemelhantesàsdestinadasaoarrefecimento,comomaisisolamento,melhoresjanelas.
Vulnerabilidade cruzada com outros sectores:não.
Confiança:Muitoelevada. Nãoháincertezanacomputaçãodoefeitoparaumqualquersistemadeaquecimentodeáguas.Aconfiançanestesresultadosémuitoelevadapoisdecorremapenasdefactoresmeteorológicoscomevoluçãoconsistenteemtodososcenários.
Lacunas de conhecimento: Seriainteressantecalcularoefeitoanívelsectorialouregional;paratalseriamnecessáriosdadosestatísticosmuitomaisdetalhadosdoqueosqueexistem,acercadosvolumesetempera-turasdeconsumodeáguasquentesnossectoresdeedifícioseindustrial.
Medidas de adaptação: Trata-sedeumaoportunidade,quepodeserexploradacomatecnologiaexistente.
Favoreceentãoasmedidasdotipo
•›instalaçãodesistemassolareseequipamentosconexos(AcçõesdosPAESI1.1,1.2,1.9,1.10,2.1,3.4,3.7,3.8,3.9,3.10,3.12;e.g.noPAESFunchal1.1,1.3,1.8,1.12,1.16)
•›regulamentaçãoqueobrigaàadopçãodetecnologias(PAESI7.2,8.16)
•›apoiosfinanceiroseincentivosàadopçãodetecnologias(PAESI8.2,8.3,8.4,8.6)
•›outrasacçõesdesuportequepotenciamaadopçãodetecnologias,comoaconselhamento(PAESI8.1),sensibilização(PAESI8.7,8.8),formaçãoeeducação(PAESI8.11,8.12),
QuandoseexaminamestesPlanossóasoluçãodeaquecimentoviaenergiasolaréconsiderada.Noentantoascondiçõesclimáticasparecemviraseraindamaisfavoráveisparaassoluçõestipo“bombadecalor”.Seapercentagemdeenergiasrenováveisnomixenergéticodaelectricidadecontinuarasubir,estasoluçãotécnicapodeatésermaisinteressantedopontodevistaener-géticoedeemissõesdoqueaenergiasolar,tendoemcontaqueestanãodispensadeapoioaelectricidadeoucombustíveisfósseis.Recomendam-seestudosparaexplorarestaquestão(medidadotipoConhecimento).
Informação em mapas:zonasedificadas.
ENERGIA ENERGIA74 75
Sejacomoforasmedidaspertinentessãoaníveldemelhoriadaenvolventeedosequipamentosdeclimatizaçãoeaparecemjáprevistasnoenquadramentodacertificaçãoenergética:
•›anívelnacional,noSCE,
•›RegulamentodeEdifíciosdeHabitação(REH);
•›RegulamentodoDesempenhoEnergéticodosEdifíciosdeComércioeServiços(RECS);
•›anívelmunicipal,e.g.noPAESFunchal,
•›certificaçãodeedifíciosmunicipais(Acção1.6);
•›certificaçãodeedifíciosnão-municipais(1.17e1.19),emboraaparentementeemredun-dânciacomoSCE;
•›regulamentaçãomunicipaldeeficiênciaenergéticaadicionalànacional(4.14);
•›ereforçodafiscalização(4.16),emboranãosejaclaroqueorganismosqueirãoimple-mentarestamedida;
•›(alémdamedida4.15,deobediênciaaregulamentação,queéredundantecomoSCE)
Seanívelregional,nasAcçõesdosPAESInãoapareceestetipodemedidasdemelhoriadaenvolventedeedifícios,elaaparececontudoaonívelmunicipalnosPAES.
Informação em mapas:zonasedificadasabaixodeca.400m
Vulnerabilidade futura:negativaacurtoprazo,neutraalongoprazo. Édeesperarquetransitoriamentenãosejapossívelporumaquestãodecustosadaptarosedifíciosemsi,masapenasreagirviasistemasdeclimatização(AVAC).Noentantocabedizerqueaníveldecadaedifícioemconcretoavulnerabilidadepodesernegativa(e.g.hotéiseoutrosedifíciosdeserviçosemzonasmaisbaixas)oupositiva(residênciasemzonaselevadas).
Alongoprazoeemboraacapacidadeadaptativasejabaixa,aadaptaçãopaulatinadosedifíciosseráfeita–sejaviaregulamentaçãotérmica,sejaviasistemasAVAC–eoimpactoanívelregional(i.e.consideradostodosostiposdeedifícioseníveisdealtitude)éestimadocomosendomuitopequeno.
Vulnerabilidade cruzada com outros sectores:muitopouca. Identifica-seapenasocasodoTurismo,umavezqueoshotéisnazonacosteirasãoumtipodeedifíciocomvulnerabilidadenegativadadaaprática(actual,contudo)debandasdeconfortointeriormuitoestreitas.
Confiança:média.
Lacunas de conhecimento: Parareduziraincertezadasestimativasserianecessário,paracadatipologiadeedifícioseporbandasdealtitude(i)conduzirinquéritosestatísticossobreascaracterísticasconstrutivas,osequipamentosinstalados,eocomportamentodosutilizadores;(ii)fazercenáriosdataxaderenovaçãodosedifíciosedaevoluçãodascaracterísticasconstrutivas(ii)conduzirsimulaçõesdemodelosdeedifíciosrepresentativos,aonívelhorário,paravárioscenáriosclimáticos.
Medidas de adaptação: NesteparticularjáestãoemmarchamedidasdeadaptaçãoplaneadaviaSistemadeCertifica-çãodeEdifícios(SCE,2013a,2013b).Defactonãosóosregulamentosemsitendematornarosedifíciosnovoseprofundamenterenovados,melhoresalidarcomoclima,atravésdeexigênciasregulamentaresmaisseverassobreascaracterísticasconstrutivaseosprópriosequipamentosdeclimatização,comoosparâmetrosedadoshoráriosoficiaisparasimulaçãodosedifíciosanívelregulamentarjáintegramoefeitodasalteraçõesdoclima(Aguiar,2013).
Adicionalmente,osPAESIMadeiraePortoSanto(2012)contêmmedidasquevãonomesmosentidodemelhorarocomportamentotérmicodosedifícios,emboranaavaliaçãodasuaeficáciatalvezseestejaademasiadoeminiciativasvoluntáriasdecidadãoseempresas,emboraapoiadosporacçõesdesensibilizaçãoeinformação,epotencialacessoacertosfundosdoIDReIDE-RAM.Oproblemaéquearotaçãoerenovaçãodoparquedeedifíciosénestemomentomuitobaixa,oqueemnossaopiniãonãoéapenasconjuntural,masresultadodemacro-tendên-ciasquejávêmdosanos2000evãopersistir.
ENERGIA ENERGIA76 77
designadamentemedidasdeeficiênciaenergética(equipamentos,regulamentos,comportamen-tos).ArazãoéquecontribuemparabaixaravulnerabilidadedossistemasenergéticodaRAM,aoreduziranecessidadedeimportaçãodecombustíveisfósseis(versecções3.3.e3.4aseguir)aliásemsinergiacomadiversificaçãodomixdefontesnaofertadeenergia.
Assimpodemosindicarascategoriasdemedidas
edifícios•›equipamentosmaiseficientes(PAESI1.2,1.6,1.7,1.8,1.9,1.10,1.11,1.12,2.1,2.2,3.1,3.5,3.6,3.11;anívelmunicipal3vere.g.noPAESFunchal1.4,1.5,1.7,1.11,1.12,1.13,1.14,1.18)
•›melhoriasnaenvolventedosedifícios(SCE;e.g.noPAESFunchal1.4,1.17,4.15)
•›recuperaçãodecalor(PAESI2.1)
•›controlomaiseficientedeiluminação4,máquinasemotores(PAESI1.5,3.5,3.11;e.g.noPAESFunchal1.11,1.18,4.2)
•›práticasdepoupançaeusomaisracionaldeenergia(PAESI1.2,1.3,1.5,1.7,1.8,1.9,1.10,2.1,3.2,3.7,3.8,3.9,3.10,3.12;e.g.noPAESFunchal1.15,1.20)
•›acçõesdesuporteàsanteriores,como
•›monitorizaçãodeconsumos(PAESI3.2,3.6,3.7,3.8,3.9,3.10,3.12;e.g.noPAESFunchal1.5,6.9)
•›auditoriasenergéticas(PAESI3.7,3.8,3.9,3.10)
•›fiscalizaçãodaaplicaçãoderegulamentos(PAESI8.16,emboranãosejaclaraacapa-cidadelegaldaAREAMeMunicípiosfaceàADENEparafiscalizaroSCE;e.g.noPAESFunchal4.16)
•›certificação,eapoioàcertificaçãoenergética(SCE;e.g.noPAESFunchal1.6,1.19)5
•›apoiosfinanceiroseincentivos(PAESI8.2,8.3,8.4;e.g.noPAESFunchal6.3,6.4)
3 N.B.:émuitasvezesdifícilperceberseasacçõesdosPAESIsãoredundantesousobrepostascomasdosPAESmunicipais;nadúvidaoptou-seporindicartodasporqueoobjectivoaquiéidentificarapresençaounãodemedidasnasdiversascategorias.Cf.tambémanotanaIntroduçãorelativaàsmuitasmedidasquenãosãoemsiplaneadas,viz.decisõesdoscidadãoseempresas,estandooplaneamentopropriamenteditonasrespectivasmedidasdesuporte,taiscomocomoinformação,incentivos,etc.;masambasforamidentificadas.
4 cf.e.g.fichasdoProjectoENNEREG(2013)
5 vd.tambéme.g.ProjectoEEQAI-Escolas(2013)
3.2. Procura de Energia Eléctrica
Cabedizercomointroduçãoquedesdelogoaprocuradeenergiaeléctricaestáligadaàdeenergiatérmicaatravésdaclimatizaçãodeedifíciosantesdiscutida,i.e.pelautilizaçãodeequi-pamentoseléctricosdeclimatização.Noentanto,pareceinútilexplorarestepontopelamesmaviadasimulaçãodeedifícios,jáqueseiriareproduzir,apenascommenordimensão,osefeitosencontradosnocasodatérmica,equeseiriachegaràmesmaconclusãodequenãoseriamnecessáriasmedidasdeadaptaçãoplaneada,adicionaisàsqueestãojáemcurso.
Noentantotomandooutropontodevista,éconhecidoqueemmuitasregiões–porexemplonocontinente,ouatédeformamaispertinente,emilhasaçorianas(FerreiraeMendes,2009)–exis-temcorrelaçõesentreconsumoglobaldeelectricidadeetemperaturamédiaambiente,aonívelhorárioediário,quepodemserutilizadasemmodelosdeprevisãodoconsumo.Oracomoaelevaçãodatemperaturaambientepeloefeitodasalteraçõesclimáticasécerta,pode-seesperarqueissoseváreflectirnoconsumodeenergiaeléctricaeatéquantificaresseefeitoatravésdasditascorrelações1.
ComrespeitoàmetodologiautilizadapelaEEMnaprevisãodeconsumos,asinformaçõesrece-bidas2indicamqueéparcialmenteheurística.Sãotomadosemconta:odiagramadecargadodiaanterioredomesmodia,nasemanaanterior;asvariaçõesdosdiagramasdecargasentreosmesmosdiasesemanasdiferentes;odiadaSemanaedomês(diaútil,fimdesemana,feriado);aestaçãodoano;asocorrênciasdeeventosespeciais/fenómenossociais;osPlanosdeInterven-çõesdoTransporteeDistribuição;erealmente,oqueseriadeespecialinteresseparaasituaçãoquepretendemosanalisar,aprevisãometeorológicadatemperatura,humidadeenebulosidade.Contudo,ométodonãoétotalmentealgorítmico,contendoumacomponenteheurística,permi-tindoaoengenheirodeturnoajustaraprevisãocombasenasuaanálisepessoal.
Forampedidosalgunsdadosaentidadesregionaisquepermitissemumestudoexploratório.Paraoperíodo2008-2014foramobtidos,respectivamentedoIPAMedaEEM,dadosdiáriosdetemperaturamínima,máximaemédia,edadoshoráriosdepotênciaaparentesolicitadanaredeeléctrica.Osestudosefectuadosnãodetectaramnenhumacorrelaçãosignificativaentretemperaturasdiáriasepotênciamédiaoudepicodiárias,mesmoquandoremovidoomarcadoperfilsemanaldeconsumo.Istoatribuiu-seaoqueparecemseroutrasinfluênciasdominantesnoconsumoeléctricodeoutrosfactores,taiscomoassazonalidadesdatemperatura,dasneces-sidadesdeiluminação,edasactividadeeconómica,nestecasocomdestaqueparaaactividadenosectorTurismo(cf.InformaçãoExtra).
Emconclusãonãosepôdeencontrarevidênciasuficientedeimpactosdasalteraçõesclimá-ticasnaprocuradeenergiaeléctrica.Sejacomoforhámedidasaconsiderarnestavertente,
1 AquestãodejáexistiremcorrelaçõessimilaresnaRAMnãopodeserelucidadaemdefinitivonotempodisponívelparaesteProjecto,emborahajanotíciadepropostassimilaresdeestudosparaaEEM,integradanumaPlataformadeModelizaçãoparaaprevisãodoconsumoeléctriconaRAM.
2 CombasenarespostadaEEMaperguntasdeesclarecimentosolicitadasatravésdaDROTA.
ENERGIA ENERGIA78 79
•›evitarnecessidadesdedeslocações,porexemplovia
•›maiorusodetecnologiasdeinformaçãoecomunicação
•›possibilitarepromoverteletrabalho
aquisição de bens e serviços (“green procurement”)•›critériosnacontrataçãopública(PAESI7.1,8.7;e.g.noPAESFunchal5.1)
ÉderealçarqueosPAESIcontemplamdiversasmedidasparaapromoçãodamobilidadeeléc-trica.EmtermosdereduçãodousodecombustíveisfósseisoefeitodamobilidadeeléctricaemprincípioépositivoseapenetraçãodasFERnomixenergéticodaelectricidadeforsignificativa.Noentantocomoseaumentaaprocuradeenergiaeléctrica,quandoosistemadeproduçãodeenergiaeléctricaestávulnerávelàsalteraçõesclimáticas,comoéocaso(cf.secção3.4),amobilidadeeléctricapodesercontraproducente.Contudo,nanossaapreciaçãoedosperitosregionais,crê-sequeissonãosepassarádevidoàlentidãodaprogressãodaadopçãodoveículoeléctricoedosprópriosefeitosmaisseverosdasalteraçõesclimáticas.Portanto,crê-sequeapromoçãodamobilidadeeléctricaestácorrectaseforfeitadentrodeumritmodeexpansãomoderado.Poderávalerapenapromoverestudosespecíficosaesterespeito.
MobilidadeInovadoraeSustentávelnoFunchal,WirelessPassengerDetection,Sinais
•›aconselhamento(PAESI8.1,8.6;e.g.noPAESFunchal6.2)
•›formaçãoeeducação(PAESI8.11,8.13;e.g.noPAESFunchal6.7,6.13,6.14)
•›sensibilização(PAESI8.7,8.9;e.g.noPAESFunchal6.5,6.6,6.8,6.11)6
indústria•›recuperaçãodecalor(PAESI2.1,6.7;e.g.noPAESFunchal1.23)
•›aumentodosisolamentos(PAESI3.3;e.g.noPAESFunchal1.23)
•›acçõesdesuporteàsanteriores,como
•›monitorizaçãodeconsumoseauditoriasenergéticas(nãoexplicitamentecontempladonosPAESI,emborasobcontroloemdiversalegislaçãoeplanosdenívelnacional)
•›fiscalizaçãodaaplicaçãoderegulamentos(PAESI8.15)
iluminação pública (incluindo semáforos) •›maiseficiência,melhorcontrolo(PAESI3.13;e.g.noPAESFunchal1.21,1.22,)7
transportes•›veículosmaiseficienteseadequadosaosfins(PAESI4.1,4.2,4.3,4.4;e.g.noPAESFunchal2.7,2.9)
•›melhoriadoscomportamentosdecondução(PAESI4.1,4.2,4.3,8.12;e.g.noPAESFunchal2.3,2.12)
•›maiordisponibilidadedetransportespúblicos(e.g.noPAESFunchal2.6,4.10)
•›maiorutilizaçãodotransportepúblico(PAESI4.5,suportadopor6.3)
•›maiorescolha,epossibilidadedeescolha,dedeslocaçõesapéoudebicicleta(implícitoemPAESI6.3massemacçõesdirigidasespecíficas;e.g.noPAESFunchal2.10,2.11,4.8,4.9)
•›melhoriasaoníveldoordenamentodoterritório(PAESI6.1ediversosplanosdenívelmunici-pal,e.g.noPAESFunchal4.1,4.3,4.12,4.13,4.14)
•›melhoriasaoníveldoplaneamentodamobilidade(PAESI6.1,6.3;e.g.noPAESFunchal2.5,4.4,4.5,4.6,4.7)8
6 cf.e.g.ProjectosESENUR(2008),ENNEREG(2013),EEQAI-Escolas(2013),TRES(2015).
7 cf.e.g.ProjectosENNEREG(2013)ePlanosdePromoçãodaEficiêncianoConsumodaEEM(PPEC,2014).
8 cf.váriosProjectosdeI&DcomaempresaHorários do Funchal,e.g.AdPersonam,Seemore,Hibrimac,Civitas,
ENERGIA ENERGIA80 81
cortetemporáriodeabastecimentopodeserempartecompensado,deformaqueosimpactoslocaisnãosereflectemintegralmentenonívelregional.
Capacidade adaptativa:média. Nasuamaiorparteavulnerabilidadedecorredaprópriainsularidade.Existealgumacapa-cidadedeadaptaçãoquantoàelevaçãodoníveldomar,umavezqueasinfraestruturascosteirastêmdeserperiodicamenterenovadas,oqueforneceoportunidadesdeadaptação,admitindoboaspráticas.
Vulnerabilidade futura:neutra. Umavezquenãoseesperaaumentodoseventosextremoscomotempestadesechuvaintensa,noessencialavulnerabilidadenãosealteraporefeitodasalteraçõesclimáticas.Aexcepçãoérelativaaoníveldomar,masnessecasoacapacidadeadaptativaestápresente.
Vulnerabilidade cruzada com outros sectores:negativa. Quantomaioradependênciaenergéticadoexterior,maioravulnerabilidade,deformaquemaisprocuradeenergiaanívelsectorialpodeagravaravulnerabilidade.Contudo,asituaçãopareceirmaisnosentidodeumareduçãodaprocura.Comoseviunasecção3.1.1.,nãoéporviadasalte-raçõesclimáticasqueaprocurapoderáaumentarsignificativamente,eastendênciasdemográ-ficas,aprogressivamodernizaçãodosequipamentos(maiseficientes),asmedidasdeeficiênciaenergéticaeespecialmenteoaumentodepenetraçãodeenergiasrenováveisnaproduçãodeelectricidadeprevistasnosPAESIequetudoindicacontinuarãoeatéseintensificarãoparaalémde2020,apontampelocontrárioparaumareduçãodaprocuradecombustíveisfósseiseportantoatéumareduçãodavulnerabilidade.
Confiança:elevadaacurtoprazo,médiaalongoprazo. NapráticaareduçãodavulnerabilidadedependerádaeficáciadosPAESIeplanosqueselheseguirem.
Lacunas de conhecimento: Seriainteressanteavaliarvárioscenáriosdemográficos,económicosetecnológicosparaumamelhorcompreensãodoimpactodeproblemasnoabastecimentoexteriordeenergia.
Medidas de adaptação:
•›AumentaracapacidadedearmazenamentodeenergianaRAM EstamedidaestácontempladanosPAESI,comoobjectivodeaumentarpara20%em2020,em20%onúmerodediasdeautonomiadearmazenamentodeenergiaprimária,emrelaçãoa2005.Pretende-seconseguiristoporumladoviamedidasdeeficiênciaenergéticaquereduzemaprocuradeenergiaprimáriadeorigemfóssil,edeformadirecta,naMadeirapelaconstruçãodeinstalaçõesdearmazenamentodegásnatural,edesistemashídricosreversíveis,comoéocasodoempreendimento“CalhetaIII”(EEM,2014b),noPortoSantopelaconstruçãodeinstalaçõesdearmazenamentodebiocombustíveis.Otodoéajudadode
3.3. Oferta de Energia Térmica
Emprincípioháumimpactodirectodatemperaturanaeficiênciadasmáquinastérmicas,mascomoinvestigadonoProjectoCLIMAATII,esteefeitoétãopequenoquecabenacategoriadeneutro.Assimesteitemrefere-seaopotencialimpactodoclimanoabastecimentodecombus-tíveis:importação,desembarque,armazenamentoedistribuiçãonasIlhas,eaoimpactonosrecursosbiomassa(paraqueima,sejanasresidências,sejanacentraldeincineraçãodeRSUdeMeiaSerra)esolartérmico(águasquentessanitárias).
3.3.1. Segurança do abastecimento de combustíveis
Vulnerabilidade actual:neutra. AinsularidadedaRAMtrazconsigoumavulnerabilidadeessencialqueéadependêncianoabastecimentodecombustíveisporviamarítima(comosedisse,aRAMtemcercade95%dedependênciaenergéticadoexterior).Problemasnosportosdeorigemoutempestadesnomarpodematrasarasentregas.Nodesembarque,igualmentepodehaverproblemasporocasiãodetempestades,comdestaqueparaoterminaldegásnaturalnoCaniçal.TambémotransportedecombustíveisdentrodaRAM,sendofeitotodoporestrada,ésensívelaprecipitaçãointensaeefeitosconexoscomoinundaçõesealuviões,istoclaroqueemparticularnaIlhadaMadeira.Comparticularpreocupaçãorefere-seochamado“pipelinevirtual”,camiõescomdepósitosdegásqueabastecemazonadearmazenamentopróximoàcentraltermoeléctricadaVitóriaapartirdaZFIdoCaniçal.
Deformasimilaraszonasdearmazenamentopodemserafectadas;aqui,causadenovoparticu-larpreocupaçãoazonadearmazenamentodegásparaacentraltermoeléctricadaVitória,queestápróximodaembocaduradaribeiradosSocorridosedomarpropriamentedito,tornandoolocalvulnerável,especialmenteseocorrerememconjuntocheiasnaribeira,maréaltaesobree-levaçãodetempestadedoníveldomar.
Contudooqueoregistohistóricoevidencia,equeésuportadopelaopiniãodosperitosregionais,équeatéagoranãohouvedefactoproblemasehácapacidadedelidarcomosquesurgirem,dentrodascondiçõesclimáticasactuais.Portantoavulnerabilidadeactualtemdeserconsideradaneutra.
Impactos locais:muitopequenos. Umavezquenão se esperam mais eventos extremosemresultadodasalteraçõesclimáticas,oimpactodestastemaverbasicamentecomaelevaçãodoníveldomarparaasinfra-estruturascosteiras,emparticularterminaisdedescargaezonasdearmazenamentojámencionadas,queagravaoefeitodasobreelevaçãodetempestade.Noentantoasubidadoníveldomarélenta,daordemdealgunsmmporano,esóésignificativaalongoprazo.
Impacto regional:muitopequenoaneutro. Dadoqueexistecapacidadedispersadearmazenamentodecombustíveis,oimpactodeum
ENERGIA ENERGIA82 83
Impactos locais: positivos. Aprodutividadedematoseflorestasaumentarádeformageralmasmuitoemparticularnaszonasmaisaltas(CLIMAATII,2006;CorreiaePereira,2015).
Impacto regional:neutro. Oefeitolocalnadisponibilidadedebiomassadá-senaszonasaltas,noentantoquasetodaaofertaéobtidadaszonasmaisbaixas,tantopelaproximidadeaoconsumocomopeladificul-dadedeacessoeinviabilidadeeconómicaderecolhanaszonasmaiselevadas.Esteresultado,queseinferedosdocumentostécnicosedasanálisesdosectorAgriculturaeFlorestasdosPro-jectosCLIMAATIIedopresenteProjecto,foiconfirmadopeloscontributosdosperitosregionaisrecolhidosnoworkshopde12defevereirode2015.
Capacidade adaptativa:biomassa-baixa. NapráticaadisponibilidadedebiomassaactualjáparecesersuficienteparasatisfazerumagrandepartedaprocuradecalordaIlhadaMadeira.Contudoarecolhaestácondicionadapelaproximidadeaoconsumoepeladificuldadedeacessoeinviabilidadeeconómicaderecolhanaszonasmaiselevadas.
Vulnerabilidade futura:neutra. Mesmonapresençadecapacidadeadaptativaosimpactossãodemasiadopequenosparaalteraravulnerabilidadeactual.
Vulnerabilidade cruzada com outros sectores: sim. Aexistênciademaisincêndiosnapresençadealteraçõesclimáticaspodeeliminarosbenefíciosdoaumentodeprodutividade.
Confiança:elevadaacurtoprazo,médiaalongoprazo. Devidoàcrescenteincertezadosmodelosclimáticosparaofuturo,etambémcrescentedepen-dêncianosimpactoseadaptaçõesemoutrossectores,emparticularnasquestõesderiscoelutacontraincêndios.
Lacunas de conhecimento: Estesassuntosestãosobconstantereanáliseporpartedacomunidadecientíficaedostecnólo-gosdaárea,designadamentesobreaviabilidadeenergética(análisedeciclodevida)eeconó-micadoaproveitamentodabiomassa.
Medidas de adaptação: Nestecasotrata-sedeaproveitarumapotencialoportunidadeemresultadodasalteraçõesclimáticas.Àprimeiravistaasmedidasdeveriampoissernosentidodeaumentarousodebiomassaparaproduçãodeenergia,edesignadamentenaCentraldeMeiaSerra.Noentantoasituaçãonãoétãosimplescomoparece,mesmojáadmitindoqueamaiorprodutividadenãoéanuladapormaisincêndios.
formaindirectamasmuitoimportantepelastendênciasdereduçãodaprocuradeenergia.Notamosqueaquiestamedidaserefereàvulnerabilidadedoabastecimento,masapartedesistemashídricosreversíveistemimpactonoaumentodacapacidadedeabsorçãodeFERnaproduçãodeenergiaeléctrica,cf.secçõesseguintes.
•›Levaremcontaaelevaçãodoníveldomarquandosãorenovadasasinfraestruturascostei-ras(referimo-nosemparticularaoterminaldoCaniçal).
•›Reforçodaprotecçãodazonadearmazenamentodecombustíveispróximaàcentraltermoe-léctricadaVitória,oumelhorainda,mudançadelocal.
Informação em mapas: Estradas TerminaldegásnaturaldoCaniçal ParquedeArmazenamentodecombustíveisjuntoàCentralTermoeléctricadaVitória
3.3.2. Energia Solar Térmica
Nocasodaenergiasolarespera-seumpequenoaumentodorecursoenergético,masenquantonoProjectoCLIMAATIIissoeraestimadoteralgunsreflexosemaumentodaproduçãodossis-temassolarestérmicos,umexamemaisdetalhadonopresenteProjectonãoencontroureflexossignificativosnoseudesempenho(cf.AguiareMagro,2015).
Medidas de adaptação: Nãopertinente(nãoháimpactonorecurso).
OsPlanosregionaiscomoosPAESI,emunicipaiscomooe.g.noPAESFunchal,contêméclarováriasmedidasdeaproveitamentodeenergiasolartérmica,quenãosãoafectadaspelasaltera-çõesclimáticas.
3.3.3. Biomassa para queima
Paraocasodabiomassa,espera-sequeasalteraçõesclimáticastragamumamaiorprodu-tividadedematoseflorestas,portantopresumivelmenteaumentandoadisponibilidadedebiomassaparaenergia,sejaparaqueimaemresidênciassejacomoco-combustívelnacentraldeincineraçãodeRSUMeiaSerra,queproduzelectricidadeecalor;contudo,existemconstrangi-mentosquemodificamestaperspectiva.
Vulnerabilidade actual: neutra. Ossistemasdequeimadebiomassaestãoadaptadosàscondiçõesclimáticasactuais.
ENERGIA ENERGIA84 85
biomassaéco-incineradacomRSU,nemsecolocaaopçãodedevolverascinzasdebiomassaaossolos;eafertilizaçãoartificialteriaimpactossériosememissõesdeN2O.
Noentantotambémháaconsideraroco-benefíciodareduçãodoriscodeincêndio,setodaestarecolhadebiomassaestiverassociadaaprogramasdelimpezadasmataseflorestas.Aquantifi-caçãodesseco-benefícioédifícil.Àprimeiravistaseriaimportante,dadososimpactospositivospaisagísticosedereduçãodedesastresnaturais.Noentantoessesresíduosteriamdeserremovidosespecificamentedaszonascomsignificativoriscodeincêndio,oqueseconstatanãoserasempreasituação,segundoasanálisesdestemesmoProjecto.Eháaindaaquestãodareposiçãodosnutrientesnossolos,oquepodeserfeitoporqueimalocaldosresíduosematos,numaestratégiaalternativaaoencaminhamentodabiomassaparaaCentraldeMeiaSerra.
EmconclusãoapossibilidadedeaproveitamentopráticodaoportunidadequecolocaàRAMoaumentodaprodutividadedabiomassaemzonasaltasdaMadeira,dependedeformacomplexadequestõesambientais,técnicas,eeconómicas.
Amedidafundamentalaquiépoisaumentar o conhecimentosobreesteassunto.ÉdenotarqueestetipodeestudoestáemlinhacomumdospreconizadospelogrupodetrabalhoemEnergia,MobilidadeeAlteraçõesClimáticasdoPlano de Acção para a Investigação, Desenvolvimento Tecno-lógico e Inovação na RAM,(PIDT&I,2012).
Informação em mapas: CentraldeincineraçãodeRSUdeMeiaSerra. Manchasdematoseflorestascoincidentescomzonasdesignificativoriscodeincêndio.
Aviabilidadedautilizaçãodebiomassaparaproduçãodeelectricidadedeveservistasobospontosdevistadeimpactoambiental,económico,energético,edeemissõesdeGEE.Deumaformageral,podedizer-sequeosresultadosdasanálisescostumamserpositivosparaaqueimadelenhaspropriamenteditas(Gonçalves,2010),quandoaconcentraçãodebiomassaéelevadaeadistânciaàcentralenergéticaédaordemdasdezenasdequilómetros(Pintoet al.,2013)eseessacentralédedicadaàproduçãodeenergia(ManneSpath,1997)oufazco-incineraçãocomcombustíveisfósseis(Ferreiraet al.,2014).Noentantoasmesmasanálisestambémmostramquehásensibilidadedosresultadosaváriosparâmetrostécnicoseeconómicos,peloqueemsitua-çõesdistintasdasmencionadas,comoéocasodaMadeira,abondadedautilizaçãoderesíduosflorestaisematosparaenergiaeléctricanãoéa prioriumaevidência.
Dopontodevistaenergético,háaconsideraraenergiagastanarecolha(apanhae/oucorte,estilhamento,acondicionamento)etransporte,oquequasesemexcepçãoenvolveconsumosdegasóleo,vs.aenergiaeléctricaproduzidanaqueima,oquedependedascaracterísticastécnicasdacentraletambémdotipodebiomassa.Osconsumosdeenergianarecolhaetransportedebiomassadependemmuitodaacessibilidadedasfontesderesíduosflorestaisematosedadistânciaeacessosàcentral(e.g.Pintoet al.,2013).OranocasoparticulardaMadeirasabemosqueosacessossãodifíceispelaorografiacomplicada.Eseháaumentodeprodutividadedabiomassa,temlugarnaszonasmaisaltasdaIlha,ondeestadificuldadedeacessoéaumentada.Note-setambémqueemcentraisnãodedicadasàbiomassa,comoéocasodaCentraldeMeiaSerra,aeficiênciadeconversãoécomparativamentemodesta(ManneSpath,1997).Efinal-mentenotemosqueaenergiafóssilqueégastatemdesercomparadanãocomasuaqueimaemsubstituiçãodeRSUnaCentraldeMeiaSerra,massimcomasubstituiçãodequeimadegásnaturalnaCentralTérmicadaVitória,queéumacentralbastanteeficiente.
Dopontodevistaeconómico,écríticoopreçoqueacentralpagaàbiomassaentregueeaopreçodecompradaelectricidadeemitidaparaarede.Outrofactorimportanteapesaremdecisõesserãoosnovosempregoscriadosnarecolhadebiomassa.MasnocasodaMadeiraháaindaateremcontaasituaçãomuitoparticulardaviabilidadeeconómicadaprópriacentraldeMeiaSerra.Comefeito,desde2009queaquantidadedeRSUentreguetemvindoadiminuir(ValorAmbiente,2009,2010,2011,2012,2013).Esteproblemafoiprimeirocompensadocomodesvioparaincineraçãoderesíduosverdes(podas,jardins)queemprincípiosedestinariamacompostagemmasparacujosprodutosseveioaconstatarhaverpoucaprocura.Contudo,apartirde2011estareduçãodeRSUjásetraduzmesmonumareduçãodaproduçãoeléctrica,piorandoosbalançoseconómicos.Deacordocomasperspectivasdemográficasdereduçãodepopulação,edeaumentodastaxasdereciclagemdosRSU,édeesperarqueestatendênciasemantenha,emesmoseagrave.Pareceevidentequeaqueimadebiomassaflorestal/matosseriaimportantíssimaparaaCentraldeMeiaSerra.EevidentementequeestaCentraltemdecontinuaraexistirnaRAM,jáquenãoháalternativaparaodestinodosRSUdaRAM,atépeloscadavezmaisexigentescritériosambientaisdaUniãoEuropeia.
Dopontodevistaambientalparece-nosqueoprincipalproblemaseriaareduçãodafertilidadeassociadaàremoçãodenutrientescomosmatoseresíduosdabiomassaflorestal.Comoa
ENERGIA ENERGIA86 87
OsPlanosregionaisemunicipaiscontêméclarováriasmedidasdeaproveitamentodeenergiaeólica(PAESIMadeira5.3;PAESIPortoSanto5.1;e.g.noPAESFunchal3.2,3.3)edesuporteaoseuaproveitamento(PAESIMadeira6.5;PAESIPortoSanto5.4),quenãosãoafectadaspelasalteraçõesclimáticas.
3.4.3. Energia Hídrica
AenergiahídricaéaúnicavertentedasFERqueapresentaumasensibilidadegrandeàsaltera-çõesclimáticas.EstaquestãofoiexaminadacompormenornajácitadapublicaçãodopresenteProjectosobreaproduçãoFER,AguiareMagro(2015),seondeseextraemparaaquiapenasosaspectosprincipais.
AsdezcentraishidroeléctricasdailhadaMadeirasãoactualmenteresponsáveispor15%a30%daproduçãoeléctricatotalanual.Destavariaçãodacontribuiçãohidroeléctricaseinferelogoumagrandesensibilidadeaoclima.Deformageralascentraisaproveitamasquedasentreosníveisdeabastecimento(emnascentes,túneiselevadas)eosníveisdeutilização(emfinsagrícolas,municipais,abastecimentopúblico,etc.)perturbandomuitopoucoovolumedeáguadisponívelparaessesconsumos.Háduascentrais“deinverno”especialmenteimportantes,queaproveitamexcedentesdecaudaisdestinadosaoabastecimentopúblicoeaoregadioduranteoinverno,SocorridoseCalhetaII.Certascentraisnosníveismaisbaixosdailhaaproveitamfluxosprovenientesdecentraisamontante,emesmosegundasquedas,comoporexemploCalhetaIIqueaproveitafluxosdeCalhetaI,maisacima.
Ascentraistêmcâmarasdecargaederegularização,masquesógarantemumarmazenamentodeenergiademuitocurtoprazo.AcentraldeSocorridospossuiumaestaçãoelevatóriaqueduranteaschamadashorasdevazioaproveitaexcessosdepotênciadisponível,porexemplodeenergiaeólica,bombeandoáguadejusanteparaumreservatórioelevadoamontante,oqueaumentaadisponibilidadedacentral(eoptimizaoaproveitamentodaenergiaeólica).
Vulnerabilidade actual: neutra. Aproduçãohidroeléctricaésensívelaoclima,designadamenteaovaloranualeaoperfilsazonaldaprecipitação.Emboraexistamcâmaras,reservatórios,eosistemadebombagemdosSocor-ridos,nãoháalbufeirasdeumadimensãoquepermitaregularizaraproduçãodeorigemhídricapropriamentedita,nemanívelinteranualnemanívelsazonal.Noentantoosistemahidroeléc-tricoemsi,nocontextomaisvastodosistemaenergéticodaMadeira,encontra-seadaptadoaoclimaactual.
Impactos locais: graves. Oprimeirofactorqueháareter,équeacaptaçãoprimáriaéfeitaaaltitudesdaordemde1000m (PauldaSerra,SerrasdoFaialedoJuncal),comaexcepçãodacentraldeRibeiradaJanelaemqueédaordemde400m.Estassãoaltitudesparaondeseprevêumareduçãosignificativadapreci-pitação,emesmodaprecipitaçãooculta,cf.estudosdoProjectoCLIMAATIImasespecialmenteorelatóriosobreosectordeRecursosHídricosdoPresenteProjecto(Pradaetal.,2015).Como
3.4. Oferta de Energia Eléctrica
Emprincípioháumimpactodirectodatemperaturanaeficiêncianosmotoreseturbinasdeacopladasageradoreseléctricos,mascomoinvestigadonoProjectoCLIMAATII,esteefeitoétãopequenoquecabenacategoriadeneutro.Assimesteitemrefere-seaossistemasecentraisFER,àscentraistermoeléctricaseainda,àtransmissãodeelectricidade(linhasdetransportededistribuiçãoaváriosníveisdetensão).
Medidas (geral): OaumentodaproduçãodeelectricidadeapartirdeFERreduzavulnerabilidadedaRAMaoabastecimentoenergéticodoexteriorporcombustíveisfósseis.
Nestecontextopodedizer-sequeasestratégias,políticasemedidasdaRAMdeaumentaracomponentedeenergiasolarfotovoltaicanomixdaelectricidade,estãoemlinhacomaadaptaçãoàsalteraçõesclimáticas.AssimporexemplooObjectivo2dosPAESIéprecisamente“Reduziradependênciadoexterior”,comasmetasem2020deaumentarpara20%aparticipa-çãodasFERnaprocuradeenergiaprimária,epara50%aparticipaçãofazFERnaproduçãodeelectricidade.
3.4.1. Energia Solar Fotovoltaica
Comomencionadoantes,espera-seumpequenoaumentodorecursoenergéticosolar,masalgumefeitocontráriodatemperaturanaeficiênciadeconversãofotovoltaica,deformaqueassimulaçõesconduzidasnopresenteProjectonãoencontraramreflexossignificativosnodesem-penhodesistemasfotovoltaicos(cf.AguiareMagro,2015).
Medidas de adaptação: Nãopertinente(nãoháimpactonorecurso).
OsPlanosregionaisemunicipaiscontêméclarováriasmedidasdeaproveitamentodeenergiasolarfotovoltaica(PAESIMadeira5.4;PAESIPortoSanto5.2;e.g.noPAESFunchal3.2,3.3)edesuporteaoseuaproveitamento(PAESIMadeira6.5;PAESIPortoSanto5.4),quenãosãoafecta-daspelasalteraçõesclimáticas.
3.4.2. Energia Eólica
AsmudançasnorecursoeólicoforamexaminadaspeloProjectoCLIMAATII,masdenovocommaisdetalhenopresenteProjecto.Anívelanualamudançaclimáticaparecesermuitopequena;eemboraanívelsazonalhajavariaçõesrelativamenteaoclimaactual,osresultadosdassimulaçõesdesistemaseólicosrepresentativosnãoindicaramalteraçõessignificativasnaproduçãoanual.
Medidas de adaptação: Nãopertinente(nãoháimpactonorecurso).
ENERGIA ENERGIA88 89
produção,diversificaçãodefontesdeenergia,esistemasavançadosdearmazenamentodeenergia,queasolicitaçãodascentraishídricasserámuitomenordoqueactualmente.
Vulnerabilidade cruzada com outros sectores:elevada. Comoageraçãodeenergiahidroeléctricanãoéousomaisnobredaágua,osimpactosdasalteraçõesdoclimadependememboapartedotipodemedidasaplicadasnosrecursoshídricosparacompensarasreduçõesdaprecipitação.Seaestratégiafordecompensarareduçãodeaduçãodeáguaemaltitude(comdestaqueparaoPauldaSerra)commaisesforçodecaptaçãoemaioreficiênciahídricanotransporteatéàszonasbaixas,issovaimitigarareduçãodaprodu-çãohidroeléctrica.Sepelocontrárioaestratégiapassarporaumentarascaptaçõesemzonasmaisbaixasemelhoraraeficiênciahídricaaoníveldadistribuiçãoeutilizaçãofinal,abando-nandodecertaformaosistemaqueexisteemmaioraltitude,issovaiconduziraolimitesuperiordosimpactosprevistosparaaproduçãohidroeléctrica.
Confiança:média. Aconfiançanesteresultadoéconsiderada“média”dadoqueexisteaevidênciaestatísticaeaanálisedosistemahidroeléctricoedoseufuncionamentopermitemváriospontosdevista.Alémdequeháincertezaelevadaaoníveldaestratégiadeadaptaçãoqueserátomadaparaosrecursoshídricos.
Lacunas de conhecimento: Melhorconhecimentopoderiaserobtidoviautilizaçãodeummodelodesimulaçãodetodoosistemahídrico/hidroeléctricodailhadaMadeira,enquadradoporummodelo“macro”demográ-fico,económico,edaprocuraeofertadeenergia.
Medidas de adaptação: Comosediscutiuacima,aabordagemàadaptaçãodependeempartedaestratégianosectorderecursoshídricos.
Conceptualmenteexistemtrêstiposdemedidasparamitigarareduçãodaactualcontribuiçãodaenergiahidroeléctrica:
i )›aumentodacaptaçãoeaduçãodeáguaemaltitude(PAESIMadeira5.2);
ii )›reduçãodeperdasnotransporteatéàscentrais;
iii )›aumentodonúmerodecentrais(PAESIMadeira5.2).
Comosedisseasduasprimeirassoluçõessãopossíveismastêmumalcancelimitado,eparamaismuitocondicionadoàestratégianosectorderecursoshídricos,quepossivelmenteterámaisênfasenamudançadefontesdecaptaçãoparafurosaníveismaisbaixoseaumentodaeficiêncianadistribuiçãoeutilizaçãodeágua.Aterceiraopçãoactualmenteaindaépossível,masamédio-longoprazoparecefazerpoucosentidomultiplicarcentraisquandosabemosàpartidaquevãoreceberprogressivamentemenosafluênciascomopassardosanos.
segundofactorimportantetemosoespecialpapeldazonadoPauldaSerra,dequedepende,deumaformaoudeoutra,quase90%dapotênciainstaladanominal(ca.43MWemca.48MWtotal).EstaéazonaquemereceumaioratençãonoestudodePradaetal.(2015),emconjuntocomazonaAreeiro/SantodaSerra.ArespostaàsalteraçõesclimáticasdeváriasnascentesegaleriasrepresentativasdoPauldaSerrafoisimuladaosresultadosprincipaisindicaramumadiminuiçãodarecargadaordemde-30%amédioprazoe-40%a-46%alongoprazo.Éimpor-tantetambémcompreenderaforma,omecanismopeloqualessadiminuiçãosedá(sic.Pradaet al.,2015):“…asgaleriasegruposdenascentessituadasnascotasmaiselevadasdoPauldaSerra,dos1000mparacima,sãoasmaisvulneráveisàreduçãodarecarga,umavezqueonívelpiezométricoaobaixar,começaporafectarprimeirooscaudaisdascaptaçõesmaiselevadascujasituaçãosetornacríticanocasodasnascentesacimadacota1000menagaleriadoRabaçal”.
Assimaproduçãodascentraisdeprimeiraqueda(Calheta,FajãdaNogueira,RibeiradaJanela)emprincípiosofreráumimpactosemelhanteaodadiminuiçãodarecarga.Jáasoutrascentrais,quedependemdesegundasquedaseexcessosdecaudaisdestinadosaoutrosfins,emprincí-piosofrerãoumimpactoaindamaiordadoquedependemdeexcessosdecaudais,quenestecontextodealteraçãoclimáticatendemadesaparecer.
Impacto regional:grave. Dopontodevistasistémico,ondesetêmemcontaasligaçõesentrecentraiseapartilhadealgu-maszonasdecaptação,econsiderandoqueaproduçãohidroeléctricadependedirectamentedasafluências,oimpactoépelomenosdaordemdadiminuiçãodarecarga,digamos-30%amédioprazoparaatéca.-45%alongoprazo;masnolimitesuperior,alongoprazo,serealmentedesapareceremosexcessosdecaudalquealimentamasimportantescentraisdeinverno,estima-sequeoimpactopoderáchegaraos-80%.
Capacidade adaptativa:baixaamédia. Osistemadeaproveitamentodeáguas,temvindoaserrobustecidodesdeosanos50doséculopassado,commaiscaptações,túneiseoutrasobrashidráulicas,ganhandocapacidadedeadap-tação,quesereflectetambémnumaproduçãohidroeléctricamaisestável.Noentanto,comoaproduçãodeenergiaéaúltimaprioridadeentreasváriasutilizaçõesdaágua,ascentraisdepontaedeinverno,demaiorpotêncianominal,emparticularCalhetaIIeoimportantecomplexodosSocorridos,beneficiammenosdesseaumentodecapacidadedelidarcomasvariaçõesclimáticas.Ecomonãohá(porenquanto)albufeirasdedimensãosignificativapararegularizaçãointer-anualouintra-anual,osistemahidroeléctricoemsiacabaporseguirdepertoosritmosdaprecipitação.Noentantoasmedidaseplanosparaaumentardeformamuitosignificativaaresiliênciadosistemaestãoemmarcha,vermaisàfrente.
Vulnerabilidade futura:neutraanegativa. Estaavaliaçãoresultadacombinaçãodeimpactosgravescomcapacidadeadaptativabaixaamédia.Osperitoslocaisconcordamemquerealmente,comumsistemaenergéticomelhoradomasaindanoessencialsemelhanteaoactual,avulnerabilidadefuturaseriamuitonegativaacrítica.Noentantooparadigmaenergéticomudarádetalforma,commaiseficiêncianoconsumo,descentralizaçãoda
ENERGIA ENERGIA90 91
tambémexisteumaCT,daEEM,responsávelpor93%daenergiaeléctricaconsumida.Nestecasoosimpactosclimáticossãoestimadosmuitopequenos,peloqueorestantedestasecção sedebruçasobreosproblemasnailhadaMadeira.
Vulnerabilidade actual:neutra. Existedesdelogoumavulnerabilidadeintrínsecaàinsularidade,aseestaralidarcomredesisoladas.DefactoestasCTnãosãoapenasaorigemmaioritáriadaenergiaeléctrica,sãoessen-ciaisaofuncionamentodaredeeléctricaisoladaemcadaIlha,mantendoafrequênciadarede,ecompensandoadisponibilidadevariáveldascentraisFER.EmparticularparaailhadaMadeira,reforça-sequeemboradedimensãobemdiferente,cadaumadasCTéessencialparaaboaope-raçãodosistemaeléctricopúblico,sendoqueodeslastredecargasnumadelasouumproblemanaligaçãode60kVoriginainterrupçãodeabastecimento.Istoaconteceporvezesnasequênciadeproblemasrelacionadoscomoclima,designadamenteeventosextremoscomotempestadeseincêndios,comofoiconfirmadoporperitosregionaisnoworkshopde12defevereirode2015.NoentantoétambémdereferirquedadoopaulatinoaumentodapotênciainstaladaemFER,oabastecimentoàmaioriadosconsumidoreshojeemdiajápoderiaemprincípioserretomadoempoucotempomesmonumasituaçãocomoadescrita.
Outrasvertentesquepoderiamcontribuirparaumaavaliaçãonegativa,seriamavulnerabilidadejádiscutidanasecção3.3.1sobreoabastecimentodecombustíveisàsCT,masemparticularàCT Vitória;eaindaparaaCT Vitória,preocupaçõesquantoàsuaproximidadedaribeiradosSocorridos,quepodeserpalcodecheiasealuviões,edevertentesquepodemsofrerdesliza-mentos.Noentantoestavulnerabilidaderecebeuaclassificaçãodeneutra,cf.secção3.3.1.
Foiconsideradopelosperitosregionaisnãoserimpossível,massermuitoimprovávelterumconjuntodecircunstânciasemquetodosospotenciaisimpactosnegativosocorramsimultaneamente.
Impactos locais: neutros. AsensibilidadedasCT(eemparticulardaCTVitória)aoclima,passaquasesóporeventosextre-mosdeprecipitação,dequenãoseesperammaisemresultadodasalteraçõesclimáticas.
Impacto regional: negativo. Estaavaliaçãoresultadequeareduçãodaproduçãohidroeléctrica(deorigemclimática)vaiobrigaraoreforçodaproduçãotermoeléctrica.
Capacidade adaptativa: média. AcurtoprazoépossívelparaasCTlidarcompedidosdemaisproduçãoparacompensarasperdasnahidroelectricidade.Quantoaomédio-longoprazoestãoemandamentomedidasparaaumentarapenetraçãodasváriasFERnomixenergético(vd.PAESIMadeira,2012),eorumodapolíticaeuropeiadelongoprazoetambémesse,peloqueapressãosobreasCTdeveseraliviada.Noentanto,dadaaelevadavariabilidadeinteranualdaprecipitaçãoéconcebívelquenoprocessopossamocorrerepisódiosemqueapotênciainstaladanasCTnãosejasuficiente.
Contudo,seemsimesmaaproduçãohidroeléctricanomodeloactualparececondenadaadimi-nuir,édetodoprevisíveledesejávelqueelatenhaumenormepapeladesempenharnofuturodosistemaeléctricodaMadeira,comoreguladoradavariabilidadedasFERnumagrandegamadeescalasdetempo,dahoráriaàanual.
EvidentementequeexistenaRAMumaagudapercepçãodavulnerabilidadedaproduçãohidroeléctricaàsvariaçõesdoclima,mesmodoclimaactual.PorissooPAESIMadeiraeosplanosdaEEMjácontemplammedidasparaimplementarcentraishidroeléctricasreversíveis(i.e.comcapacidadedebombagemdeumnívelinferiordevoltaaumarmazenamentoanívelmaiselevado).TemdestaqueaampliaçãoemcursodosistemahidroeléctricodaCalheta(EEM,2014b),queincluiaconstruçãodeumaalbufeiracomcapacidadedeacumulaçãodeca.1.000.000m³,deumacentralhidroeléctricacom30MWdepotênciaedeumaestaçãoelevatóriacom18MW.SegundoinformaçõesrecolhidasdaEEM,existetambémumestudoprévioparaumsistemasimilarnoAproveitamentoHidroeléctricodoChãodaRibeiraemesmocenáriosdeestudoparaoAproveitamentodoChãodaLagoa.
Estetipodesoluçãotécnica,emboracomperdasemtornode30%,permitearmazenarenergiadeorigemFER,emparticulareólica,duranteashorasdevazioerestituí-laduranteashorasdeponta.Permitetambémarmazenarenergiadaprimaveraoudooutono(períodosdeprocuramaisbaixadeelectricidade)paraoverãoouoinverno(procuramaiselevada),oupossivelmentemesmodeumanomaischuvosoparaoutromaisseco.HábastantesanosqueestassoluçõesvêmsendoinvestigadasporiniciativadaEEM(PereiradaSilvaet al.,2005a,2005b,2009;PeçasLopeset al.,2009).EstesestudoseoPlanodeDesenvolvimentodoSistemaEléctricodoSEPMpara2015-2017(EEM,2014a)mostramquesãoefectivamentefundamentaisparaoaumentodapenetraçãodasFERnomixenergéticodaelectricidadenaMadeira.
Ouseja,osPlanosemedidasqueestãoasertomadasparaincrementarapenetraçãodasFERsãonapráticaasmesmasqueseaconselhariamparaadaptaçãoàsalteraçõesclimáticas.
Amédio-longoprazoestaestratégiapodeterdesealterar,sejaporesgotamentodelocaisfavo-ráveisparaalbufeiras,sejaporaparecimentodeoutrassoluçõesdearmazenamentodegrandesquantidadesdeenergia;peloquecertamenteconvémiracompanhandoosdesenvolvimentostécnicosanívelmundial.
Informação em mapas: Centraishidroeléctricas.
3.4.4. Centrais Termoeléctricas
Ascentraistermoeléctricas(CT)naIlhadaMadeirasãoduas:adaVitória,naembocaduradaRibeiradosSocorridos,pertençadaEEM;eadoCaniçal,naZIF,propriedadedaAIE(estaé,propriamentedita,umacentraldeco-geração).EstasduasCTestãoligadasporumalinhade60kVesãoresponsáveis,emmédia,porcercade80%daproduçãodeelectricidadeparaaIlhadaMadeira,mascomdestaqueparaaCTVitória,comcercade60%.NaIlhadePortoSanto
ENERGIA92
Sejacomofor,osistemaeléctricoestásobvigilânciapermanenteeainstalaçãodemaispotênciatérmicaépossívelemrelativamentepoucotempo.Finalmente,relativamenteaoseventosextre-mos,algoquenãopodesermudadofacilmenteéaposiçãodasCT,emparticulardaCTVitória,parafazerfaceaosriscosrelacionados,dadoqueparaolocalconvergemasprincipaislinhasdetransportedeelectricidade;nesteparticularacapacidadeadaptativaébaixa.Tudoconsideradoepesado,estimamosaavaliaçãode“médio”paraacapacidadeadaptativa.
Vulnerabilidade futura: neutra. Umavezquenãoseesperaaumentodoseventosextremoscomotempestadesechuvaintensa,noessencialavulnerabilidadedasCTnesteaspectonãosealteraporefeitodasalteraçõescli-máticas,i.e.continuanegativa.Apenasoaumentodoriscodeincêndiocolocaalgumascautelasacercadalinhade60kVentreasduasCT.Noentantonestecomonosrestantesaspectos,esti-ma-sequeacapacidadeadaptativasejasuficienteparalidarcomoimpactoregionalnegativo.
Vulnerabilidade cruzada com outros sectores: sim,comRecursosHídricos. Emprincípiopoderiamsurgiragravamentodevulnerabilidadeporoutrossectoresviaaumentodaprocuradeenergia,mascomoseviunãoéocaso;inclusivepodehaverumareduçãodaprocura.Aspectosdeinteracçãocomosectorderecursoshídricosjáforamtratadoseincluídosnasanálises.
Confiança: médiaalongoprazo. Estaavaliaçãoincertezareflecteaincertezaaoníveldasmedidasparaosrecursoshídricos,edaeficáciadosPAESIedeoutrosprogramasfuturosdomesmotipo.
Lacunas de conhecimento: AconfirmaçãodasestimativasdeimpactoevulnerabilidadeseriamelhorfeitaatravésdautilizaçãodeummodelodesimulaçãodetodoosistemaeléctricodailhadaMadeira,cf.outrasindicaçõesdelacunasdeconhecimentoanteriores.
Medidas de adaptação9: NaCTVitória,protecçãocontradeslizamentosereforçodaprotecçãojáexistentecontracheias/aluviõesnaribeiradeSocorridos.
Informação em mapas: Centraistermoeléctricas–N.B.nãofoipossívelatéagoraobterascoordenadasgeográficasmasapenasonomedoslocais,cf.EEM(2015).Linhade60kVentreZIFCaniçaleCTVitória.
9 Umamedidasugeridaduranteoworkshopde12defevereirode2015foi,amédio-longoprazo,aligaçãoporcabosubmarinodaRAMaocontinenteafricano,oqueeliminariaalgunsconstrangimentosecertamenteavulnerabilidadeintrínsecadeumaredeeléctricaisoladacomoasdaMadeiraedePortoSanto.
ENERGIA 95
4. ConclusõesOsimpactosdasalteraçõesclimáticasnãosãosignificativosparaasgrandesquestõesdapro-curaeofertadeenergia,comagrandeexcepçãodaproduçãodeelectricidadepelaviahídrica.
Peloladodaprocuradeenergianãoseestimahaverimpactossignificativos,quernaenergiatérmica,quereléctrica,porefeitodasalteraçõesclimáticas.
Peloladodaofertadeenergia,aanálisedeconsequênciaspotenciaisdeeventosextremosidentificoucomomedidasdeadaptaçãoplaneadaatomaramédio-longoprazo,aelevaçãodosterminaisdedescargadecombustíveldeacordocomasubidadoníveldomar;eoreforçodaprotecçãodaCentraldaVitóriacontracheias/aluviões,deslizamentoseinundações,assimcomodazonadearmazenamentodecombustíveisquelheestápróxima(oumudançadelocal).
Quantoàstendênciasclimáticasnaofertadeenergia,opanoramaémaiscomplexo.Naenergiasolarnãoseesperamimpactossignificativos.Háumapossívelmasnãoclaraoportunidadenabiomassaparaqueima.OimpactorealmentegravosoqueseidentificoufoiumareduçãodaaduçãodecaudaisdaszonaselevadasqueabastecemascentraishidroeléctricasdaMadeira,tornandomaiscríticaqualquervulnerabilidadedascentraistérmicasquecompensamasvaria-çõesdeenergiahídrica(eoutrarenovável).
Assimasmedidasmaisimportantesdeadaptaçãopassamporreforçarasegurançadefuncio-namentodascentraistérmicas,aumentaracontribuiçãodesistemasdeoutrostiposdefontesdeenergiasrenováveis.Anossovertrata-seprioritariamentesolarfotovoltaicaeenergiaeólica.Aenergiadabiomassadeverárecebermaisestudosquedemonstremumbalançoenergéticoglobalmentepositivodasuautilizaçãoemlargaescala.Tambémnãoéclaraaopçãopelaenergiasolartérmicaparaaquecimentodeáguaseambiente,faceasoluçõesalternativasdotipobombadecalor,especialmenteconsiderandosegundotudoindicaummixfuturonaelectricidadecombastantemaisenergiarenovável.UmaapostaemoutrastecnologiasFER,emespecialaquelasaindaimaturas,éumaopçãolegítimadaRAMmasquenãopodemosconsiderarprioritáriaemtermosdeAdaptação.
ENERGIA96
Consensualeprioritáriosempre,seráaumentaracapacidadedearmazenamentodeenergiaemlargaescala.ComatecnologiaactualenascondiçõesdaIlhadaMadeiraistosignificatransfor-maçãodascentraishídricasqueopermitamemsistemasdotiporeversível,comalbufeira.Noentantoestatransformaçãodeveserpaulatina,comorecordaaEEM,adequandoacapacidadedosistemaeléctricoàsnecessidadesdeconsumo,jáqueumexcessivosobredimensionamentodosistemaelectroprodutorpoderiaoriginarumafracautilizaçãodealgumasinstalações,peri-gandoasuasustentabilidadeeconómica.
Emparaleloaesteconjuntodemedidaseprioridadesnaofertaédesejávelumamaioreficiênciaenergética,oqueemsinergiacomastendênciasdemográficasetecnológicasemcursoassegu-raráaprogressivareduçãodeimportaçõesdecombustíveisfósseis,agrandevulnerabilidadedaRAManívelenergético.
Constata-sequeasgrandescategoriasdemedidasqueédesejáveladoptarparalidarcomtaisimpactosgravososdasalteraçõesclimáticas,napráticacoincidemcomasquejávêmsendoplaneadas,querestrategicamentejánoPlanodePolíticaEnergéticade2000,quermaisrecentementeanívelregionalnosPlanosdeAcçãoparaaEnergiaSustentávelenquadradosnoPactodasIlhas,nosPlanossimilaresanívelmunicipalenquadradospeloPactodosAutarcas,assimcomonosPlanosparaosistemaelectroprodutordaEmpresadeElectricidadedaMadeiraetambémporiniciativasdaAgênciaRegionaldeEnergiaeAmbientedaMadeira.
ENERGIA 99
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ENERGIA ENERGIA104 105
6. Informação Extra
Acrónimos
ADENE AgênciaparaaEnergiaAIE AtlanticIslandsElectricityAREAM AgênciaRegionaldeEnergiaeAmbientedaMadeiraCEEApIA CentrodeEstudosdeEconomiaAplicadadoAtlânticoDREM DirecçãoRegionaldeEstatísticadaMadeiraDROTA DirecçãoRegionaldeOrdenamentodoTerritórioeAmbienteEEM EmpresadeElectricidadedaMadeiraGEE GasescomEfeitodeEstufa(CO2,CH4,N2Oeoutros)IDR InstitutodeDesenvolvimentoRegionalIDE-RAM InstitutodeDesenvolvimentoEmpresarialdaRAMINE InstitutoNacionaldeEstatísticaIPMA InstitutoPortuguêsdoMaredaAtmosferaLREC LaboratórioRegionaldeEngenhariaCivilPAES PlanodeAcçãoparaaEnergiaSustentável(PactodosAutacas)PAESI PlanodeAcçãoparaaEnergiaSustentável(PactodasIlhas)RAM RegiãoAutónomadaMadeiraSCE SistemaNacionaldeCertificaçãoEnergéticadeEdifíciosZIF ZonaFrancaIndustrial
ENERGIA ENERGIA106 107
Temperatura
Procura de energia
Vulnerabilidadeda procura de
energia térmica (e eléctrica)
Radiação solar
Regulamentos de construção
Eficiência energética
Comporta-mentos
Outros sectores
Necessidades de aquecimento em
edifícios
Necessidades de arrefecimento em
edifícios
Grau de satisfação das necessidades
Figura 2 – Cadeia de impactos na procura de energia em edifícios.
Cadeias de Impactos
Setas:acheio,dependênciascruciais;atracejado,dependênciasdesegundaordem,ocasionaisouincertas.
Eventos extremosTemperatura
Sistemas solares térmicos
Vulnerabilidadeda procura de calor para águas quentes
Radiação solar
Caldeirasconvencionais
Necessidades do consumidor
Tempestades
Abastecimento de combustível
Cheias
Temperatura da água de
abastecimento
Vulnerabilidadeda procura de outra energia
térmica: transportes, cozinha, calor industrial, etc.
Figura 1 – Cadeia de impactos na procura de energia térmica em geral.
ENERGIA ENERGIA108 109
Escala de Vulnerabilidade
Tabela 1 – Escala de vulnerabilidade.
2 Muito Positiva
1 Positiva
0 Neutra
-1 Negativa
-2 Muito Negativa
-3 Crítica
Nota:foramconsideradasnazonaneutratodaasestimativasdevulnerabilidadeentre+1%e-1%,relativamenteàdimensão,conformeadequado,daofertaoudaprocuradeenergiaparaosistemaexaminado.
Temperatura PrecipitaçãoCO2 Vento
Produção de sistemas eólicos
Produção de centrais hídricas
Produção sistemas solares Produção de centrais
termoeléctricas
Transmissão de electricidade
Vulnerabilidadedo abastecimento
de energia eléctrica
Produção de centrais de biomassa
Disponibilidade de sobrantes de biomassa Caudais
Produtividade
Radiação solar
Ordenamento do território
Eficiência energética
Tecnologia
Comporta-mentos
Capacidade logística
Capacidade de previsão
Capacidade de investimento
Regulamentos e fiscalização
Incentivos
Nível do mar
Tempestades
Eventos extremos
Incêndios
Abastecimento de combustível
Cheias
Figura 3 – Cadeia de impactos na oferta de energia a eléctrica.
ENERGIA110
Comportamento da procura de energia eléctrica e
da temperatura
80
85
90
95
100
105
110
115
120
125
130
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
1 31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361
MW°C
dia juliano
2008Tmed
Pmed
Figura 4 – Exemplo típico de séries diárias de temperatura média diária (Tmed) e potência média diária aparente (Pmed) demonstrando a falta de correlação tanto a nível de dias individuais como de tendências sazonais*.
(*)Esteresultadofoiconfirmadoatravésdocálculodecorrelações,retirandoacomponentesazonalanualmédiaouportroços(estaçõesdoano),paracadadiadasemana,obtendo-sesemprecorrelaçõesmuitobaixas.
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