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Universidade Federal de Itajubá
Instituto de Recursos Naturais
ENGENHARIA AMBIENTAL: UMA ANÁLISE
DESCRITIVA SOBRE O PROCESSO DE
FORMAÇÃO
Gabriela Rodrigues Valadão de Mello
Itajubá- MG
2018
ENGENHARIA AMBIENTAL: UMA ANÁLISE
DESCRITIVA SOBRE O PROCESSO DE
FORMAÇÃO
Gabriela Rodrigues Valadão de Mello
Monografia submetida à banca examinadora
do Trabalho Final de Graduação apresentado
à Universidade Federal de Itajubá, como
parte dos requisitos para a obtenção do título
de Engenheiro Ambiental.
Orientadora: Profa. Dra Lauren Ferreira Colvara
Coorientadora: Profa. Dra. Daniela R. T. Riondet-Costa
Itajubá- MG
2018
Dedico esse trabalho final de graduação aos meus pais que sempre me
apoiaram e a todos que vieram antes de mim e lutaram por uma engenharia
sustentável, popular e solidária.
Agradecimentos
Agradeço imensamente aos meus pais, Euclides e Denize, por todo o apoio até
aqui. Assim como agradeço ao meu irmão João, por ser meu parceiro de vida.
Agradeço também a minha tia Daniele, e as minhas primas Ana Flavia, Ana
Cristina, Vanessa e Patrícia por serem companhia nos meus melhores e piores dias.
Agradeço aos meus companheiros de jornada, meus amigos do CAEA, do
DCE, da AIESEC e da minha turma, desde o início dessa jornada me incentivando e
me levando mais longe do que eu podia imaginar.
E por fim agradeço minha orientadora Lauren e minha coorientadora Daniela,
por acreditarem em mim e serem parte essencial da construção deste trabalho e da
profissional que me comprometo a ser no futuro.
Gratidão a todos, eu existo em vocês.
“Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as
injustiças sociais de maneira crítica. ” Paulo Freire
RESUMO
Neste trabalho final de graduação buscou-se em analisar descritivamente de forma
concisa, a partir de dados primários e secundários, o processo de formação em
Engenharia Ambiental em contraponto com a atuação desse profissional e as outras
mobilidades de engenharia. Para entender o processo de formação da Engenharia
Ambiental foi feito um levantamento histórico da graduação e da área de
conhecimento, assim como a descrição das ênfases dos cursos de graduação e pós-
graduação e as atribuições delimitadas pelos órgãos regulamentadores da profissão.
Notou-se a importância de avaliar contextos nacionais e internacionais e a
fundamentação a partir de órgãos como o MEC, a CAPES, o CONFEA, os CREAs e
a legislação ambiental vigente para delimitar caminhos e entender onde se insere essa
grande área do conhecimento e qual sua contribuição para o desenvolvimento de
engenharia no Brasil. Ao final deste trabalho observou-se contribuições no âmbito de
construir um levantamento descritivo a nível nocional do processo de formação em
Engenharia Ambiental, que podem servir de plano de fundo para outros trabalhos.
Contribuições estas associadas a análise da distribuição geográfica e temporal dos
cursos de Engenharia Ambiental, verificação das ênfases dos cursos de pós-
graduação e graduação e a definição dos centros de excelência na formação em
Engenharia Ambiental.
Palavras-chave: Engenharia Ambiental, Graduação, Pós-graduação,
Atuação.
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior
CPC – Conceito Preliminar de Curso
CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
IDD – Indicador de Diferença de Desenvolvimentos
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
PROIES - Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das
Instituições de Ensino Superior
SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 19
2. OBJETIVOS........................................................................................... 21
2.1 Objetivo geral ..................................................................................... 21
2.2 Objetivos específicos.......................................................................... 21
3. METODOLOGIA .................................................................................... 22
4. HISTÓRICO DE FORMAÇÃO ............................................................... 25
4.1 Histórico da Engenharia Ambiental .................................................... 25
4.2 Contexto Brasileiro ............................................................................. 28
5. ANÁLISE DA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL
34
5.1 Enfâse dos Cursos de Graduação dm Engenharia Ambiental no Brasil
34
5.1.1 Filtragem de cursos por indicadores de desempenho .................. 38
5.2 Categorização das atribuições de Engenharia Ambiental – CREA E
CONFEA 43
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 54
1. INTRODUÇÃO
“A engenharia está intimamente ligada ao desenvolvimento tecnológico, o
advento dessa grande área do conhecimento acompanha o desenvolvimento da
humanidade” (BRASIL, 2010).
A engenharia com essa nomenclatura surgiu a serviço da demanda militar,
sendo essa até hoje referência no desenvolvimento de tecnologias de ponta. Mesmo
na esfera civil a engenharia pode ser facilmente associada à uma ideia de progresso
e desenvolvimento, que se desenvolve em uma agenda ‘neoliberal’. A Engenharia de
Minas de Ouro Preto foi o primeiro curso de Engenharia criado no Brasil no âmbito
civil (BRASIL, 2010).
A revolução industrial foi um dos panos de fundo dos quais se delimitam o que
se conhece hoje como trabalho e meios de produção; é também o período em que se
começa a associar a produção de bens a danos diretos ao meio ambiente
(SCANDELAI,2010). E, historicamente, é importante frisar a grande participação dos
movimentos sociais na luta por diretos trabalhistas e do meio ambiente (BRASIL,
2010)
Nesse contexto, em engenharia, quando se refere a investimentos do estado e
aos investimentos privados, ao longo dos anos, estão associados muitas vezes a
desperdícios e riscos ao meio ambiente. Segundo a Trajetória e Estado da Arte da
Formação em Engenharia, Arquitetura e Agronomia Volume VIII, confeccionado pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e
pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA).
Tudo isso (desenvolvimento e aplicação da Engenharia) tem um custo direto grande e, o pior, um custo indireto muito maior. Mesmo que hoje se busque a sustentabilidade dos produtos, dos processos e dos serviços, ainda assim o dano ao meio ambiente causado pelos impactos é muito considerável, seja devido ao uso intensivo dessas novas tecnologias, seja devido à não-sustentabilidade ambiental de alguns produtos. (BRASIL, 2010)
Dessa forma, de acordo com o levantamento do INEP e CONFEA (BRASIL,
2010) supracitado, a Engenharia Ambiental representa uma contraposição, tendo
como objetivo a preparação de profissionais especialistas no controle e na regulação
das atividades, que causam maior impacto ao meio ambiente e a manutenção do meio
ambiente e da sustentabilidade.
Esse é o objetivo original da existência do curso em Engenharia Ambiental,
dimensionada a partir da Engenharia Sanitária e frequentemente associada a
disciplinas de exatas, biológicas e humanas e a definição das estruturas curriculares
em Engenharia Ambiental é dada como multidisciplinar e muitas vezes multifocal.
Neste trabalho busca-se analisar, a partir das balizas normativas do MEC, do
CONFEA e dos CREAS, como vem sendo configurados os cursos de Engenharia
Ambiental e como tem sido avaliados para assim, verificar a importância e
representatividade do ensino em Engenharia Ambiental e que caminhos vem trilhando
a nível de graduação e pós-graduação, ou seja, quais campos de estudo e suas
atuações estão sendo explorados nessa grande área e quais os centros de excelência
que guiariam as pesquisas e a formação de profissionais da área.
Para realizar a análise dos cursos e definição dos centros de formação em
Engenharia Ambiental, realizou-se um levantamento histórico acerca dessa área do
conhecimento. Em seguida foi estudado as atribuições deste profissional, avaliado as
ênfases dos cursos de graduação e pós-graduação associados a essa área e
relacionado a atuação e práticas de Engenharia Ambiental com a legislação e o
cenário atual das demandas.
Esse trabalho surge a partir da preocupação com a aparente defasagem nos
cursos relacionados ao meio ambiente e com a dificuldade de reconhecimento do
curso de Engenharia Ambiental frente aos cursos de engenharia convencionais. A
definição deste projeto é delineada pela necessidade do entendimento da atuação do
Engenheiro Ambiental frente a multidisciplinariedade das matrizes curriculares e as
crescentes demandas ambientais, pela legislação, crimes ambientais ou atividade
industrial (REIS et al, 2005). Surge também em um momento muito conveniente visto
o questionamento crescente da importância das atividades referentes ao controle e
manutenção de impactos ao meio ambiente.
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
1. Analisar descritivamente o processo de formação em Engenharia Ambiental e
os objetivos das áreas de atuação.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Levantar dados sobre o histórico da Engenharia Ambiental no Brasil;
2. Categorizar as atribuições da Engenharia Ambiental no Brasil;
3. Realizar uma listagem e síntese das áreas de atuação conforme as ênfases
dos cursos de Engenharia Ambiental no Brasil;
4. Levantar e analisar as resoluções do Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia (CONFEA) e Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia
(CREA) relativo às áreas de atuação e controle das práticas;
5. Analisar os cursos de graduação e os cursos de pós-graduação em Engenharia
Ambiental na relação entre as balizas formativas e aquelas exigidas em termos
de atuação, definindo as tendências que esta grande área vem seguindo e os
centros de formação no Brasil.
3. METODOLOGIA
O trabalho consiste em uma pesquisa de levantamento de dados primários,
recolhidos pela autora e secundários, coletados em fontes da pesquisa com enfoque
crítico dialético (LAKATOS e MARCONI, 1996), buscando questionar o processo de
formação na Engenharia Ambiental, via levantamento dos cursos de graduação e pós-
graduação da grande área de Engenharia Ambiental, em contraponto com as áreas
de atuação regulamentadas pelos órgãos como o Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia (CONFEA) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).
Os procedimentos técnicos utilizados no trabalho foram a pesquisa
bibliográfica, que configura uma pesquisa num banco de dados existente e a partir de
pesquisas já finalizadas e documentadas relacionadas a dados não filtrados e a
realização destes e classificações, assim como a confecção dos mapas, gráficos e
tabelas presentes nesse trabalho (LAKATOS e MARCONI, 1996).
O trabalho iniciou com a realização de um panorama histórico e nesse passo é
importante salientar o que é engenharia e qual a trajetória da Engenharia Ambiental,
o que possibilitaria o embasamento necessário para levantar um questionamento
acerca da possível contradição entre o campo da engenharia e a esfera ambiental.
Para entender a intersecção desses dois ramos do conhecimento, tanto a
engenharia quanto a esfera ambiental, e sua multidisciplinaridade é importante
compreender quais as áreas surgem dessa combinação. De acordo com o Ministério
da Educação (MEC) a Engenharia Ambiental se subdivide em: Engenharia Ambiental
e Sanitária; Engenharia Ambiental e Urbana; Engenharia Ambiental e da
Sustentabilidade e Energias Renováveis e a chamada apenas de Engenharia
Ambiental, a qual será objeto de análise desse trabalho.
O MEC estabelece diretrizes básicas que fundamentam e direcionam o
processo de formação em Engenharia Ambiental, tais elementos que devem ser
analisados para a realização do panorama do que se propõem enquanto processo de
formação em Engenharia Ambiental e suas ênfases acadêmicas.
Foi realizado um levantamento do que é considerado um curso de Engenharia
Ambiental pelo MEC e quais as atribuições relacionadas das diferentes nomenclaturas
legisladas pelas ordens normativas do CREA. Na categorização foram consideradas
sete nomenclaturas presentes na plataforma e-MEC, sendo elas Engenharia
Ambiental e Sanitária, Engenharia Ambiental e Urbana, Engenharia Ambiental e
Energias Renováveis e Engenharia Ambiental.
Após o levantamento das categorizações e atribuições advindas das diretrizes
básicas elencadas pelo MEC, se fez importante analisar quais atribuições o Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) e o Conselho Regional de Engenharia
e Agronomia (CREA) irão regimentar este profissional. O funcionamento básico destas
instituições é regulamentar e controlar as práticas em engenharia, o que acarreta no
surgimento de outras áreas guiadas e formatadas por meio de diretrizes
mercadológicas. Neste estudo optou-se por analisar os cursos de graduação na
modalidade presencial.
Os levantamentos dos dados da pós-graduação foram feitos a partir da
plataforma Sucupira da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), adicionando todos os cursos que estão cadastrados em
“Engenharias I”, subdivisão referente a áreas de conhecimento na CAPES que
contempla Engenharia Civil, de transportes e sanitária, que abarca a Engenharia
Ambiental em sua nomenclatura. Dessa forma, mapeando a existência de cursos em
mestrado profissional e acadêmico bem como doutorado nesta área.
A partir do levantamento de dados primários nas plataformas supracitadas
foram coletados dados de data de inauguração, número de vagas, estado, região do
país, Universidade e notas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes
(ENADE), Indicador de Diferença entre os Desempenhos (IDD) e Conceito Preliminar
de Curso (CPC) para cursos de graduação e QUALIS para cursos de pós-graduação.
Com dados considerados, por hora, subjetivos foi realizada uma filtragem,
considerando os que possuam nota 3 a 5 nas análises disponíveis até o início da
pesquisa nos índices citados. Já para a pós-graduação utilizou-se todos os cursos
avaliados visto que um curso inicia com nota 3 podendo chegar até nota 7 neste
conceito.
Para entender o perfil do curso e seu aumento significativo durante os anos
foram construídos gráficos de quantidade de cursos ao longo do tempo; quantidade
de vagas; número de cursos por nomenclatura para a graduação; número de cursos
por modalidade de pós-graduação; e número de cursos ao longo dos anos.
E por fim, mapas de distribuição relacionado a concentração dos cursos de
graduação, mestrado (acadêmico e profissional) e doutorado, correlacionados ao
registro de desastres ambientais no âmbito brasileiro.
Foram levantados dados de profissionais cadastrados no CREA equivalente a
cada estado brasileiro e também os profissionais cadastrados como pesquisadores
na plataforma “Lattes” relacionados com a área no “Linkedin”, cada análise foi
minuciada contida em seu capitulo correspondente.
Foram analisadas todas as plataformas e matrizes curriculares dos 25 cursos
encontrados após uma filtragem dos cursos de graduação e dos 39 cursos de pós-
graduação, para assim analisar as ênfases desses cursos e de seus focos, caso
tenham, buscando correlações entre as propostas dos cursos e diferenças. Foi
confeccionada uma nuvem de “Tag” para a graduação e uma para a pós-graduação,
a fim de ilustrar as ênfases anexadas no trabalho.
A finalização da pesquisa se deu por meio de uma descrição analítica em que
se comparou os levantamentos de informação do MEC e CAPES, avaliando as
ênfases dos cursos, e do CONFEA e CREA, relacionado as áreas de atuação, com o
objetivo de mostrar como isso se operacionaliza em um curso de graduação em
Engenharia Ambiental, também são levantados os centros de formação em
Engenharia Ambiental, cruzando os dados das avaliações dos cursos de graduação e
a sua existência e as avaliações dos cursos de pós-graduação. A partir de todos esses
cruzamentos é possível traçar qual o caminho vem seguindo a formação da
Engenharia Ambiental no país em termos de área de estudos, pesquisas, e áreas de
atuação profissional.
4. HISTÓRICO DE FORMAÇÃO
4.1 HISTÓRICO DA ENGENHARIA AMBIENTAL
A invenção da Engenharia está ligada diretamente ao abandono do ser humano
de sua postura nômade e a solução de seus problemas, por meio de intervenção na
natureza para garantir sua fixação em determinados locais. Ao longo do
desenvolvimento da humanidade tais intervenções evoluíram tanto técnica quanto
tecnologicamente, ou seja, a Engenharia foi se expandido, se ramificando e criando
especializações. Até o momento em que se tornou preciso o retorno da solução de
problemas voltados aos recursos naturais que sofreram impactos severos ao longo do
desenvolvimento tanto da engenharia quanto da humanidade e nesse exato ponto de
expansão das engenharias conjuntamente com a necessidade da solução dos
problemas ligados aos recursos naturais, que nasce a Engenharia Ambiental. As
necessidades ambientais, que regem essa vertente, permeiam e se tornam cada vez
mais gritantes a cada mudança na sociedade e ganho tecnológico. Dentro desse
contexto sabe-se que a Engenharia como formação, os primeiros cursos de
graduação, surgiram num contexto militar e estratégico, a engenharia civil e suas
variantes possuem uma característica econômica, e está intrinsicamente ligado ao
desperdício (BRASIL, 2010).
A Engenharia Ambiental chega como uma contracorrente, aliada a conceitos
que vinham ganhando notoriedade no campo de pesquisa como a ecologia e a própria
sustentabilidade (BRASIL,2010). Esta engenharia tem como objetivo o controle e
regulamentação do uso dos recursos e impactos ao meio.
Para entender a trajetória da Engenharia Ambiental precisa-se estudar alguns
seguimentos da história tais como os movimentos sociais e trabalhistas, os desastres
naturais e a evolução legislativa do mundo e Brasil, que são muito importantes para o
amplo entendimento.
O advento da Engenharia Ambiental é marcado pelas lutas sociais. Nos
Estados Unidos e na Europa dos anos 1960 surgem revoltas sociais que buscam uma
conscientização política e organizacional acerca dos impactos ao meio ambiente
(CALIJURI ET AL, 2013). É também nessa década que surgem teorias humanísticas
da administração, buscando enfatizar o ser humano que agora não era mais visto
apenas como insumo no processo produtivo. Muitas pautas surgiram depois disso,
como por exemplo, a pauta da educação, Ferreti apud Saviani (1994) entende que a
educação potencializa o trabalho, logo o processo de formação de profissionais reflete
diretamente no ambiente de trabalho.
Na Figura 1 tem-se um panorama geral de acontecimentos importantes para o
histórico da Engenharia Ambiental. Iniciando com a utilização do termo Engenheiro
desde o século XVII, em português e em outras línguas, com o significado capaz de
fazer fortificações e engenhos bélicos. O termo já possuía relação com o contexto
militar, sendo profissionais habilitados em engenharia militar, sendo uma demanda da
época. Já o século XVIII foi marcado pelos acontecimentos da revolução industrial e
seu grande impacto na economia no que refere ao entendimento por trabalho e
produtividade.
A primeira escola a formar profissionais em engenharia foi a École Nationale
des Ponts et Chaussés e a École Nationale Supérieure des Mines, fundadas em 1747.
No Brasil a pioneira é a Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho no Rio de
Janeiro em 1792. A Universidade Federal de Itajubá foi inaugurada em 1913 sendo
pioneira em Engenharia Elétrica e Mecânica (BRASIL, 2010).
No ano de 1945 ocorre o fim da Segunda Guerra Mundial, marco histórico
lembrado pelo desenvolvimento de tecnologias bélicas de ponta e em 1972 é realizada
a 1° Conferência Mundial sobre Meio Ambiente em Estocolmo, na Suécia, trazendo a
preocupação ambiental para um panorama mundial (CRUVINEL ET AL, 2014).
Falando sobre as origens do curso de Engenharia Ambiental, o primeiro curso
de Ecologia foi inaugurado em 1975 na Universidade Estadual Paulista (USP) e o
primeiro curso de Engenharia Sanitária data de 1981 na Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul (UFMS). Já o primeiro curso reconhecido como Engenharia Ambiental
é da Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS), em Palmas, em 1992 (BRASIL,
2010).
As conferências mundiais continuaram e continuam sendo marcos para o
desenvolvimento ambiental a nível global. Há a conferência de Brutland em 1987, de
Joanesburgo em 2002 entre outras, o Brasil também foi sede de conferencias
mundiais, como 2° Conferência Mundial do Meio Ambiente, realizada no Rio de
Janeiro em 1992 e a Rio +10 e a Rio +20 seguintes a esta (CRUVINEL ET AL, 2014).
Algumas agendas pós 2015 focam em um estabelecimento de metas para o mundo
se tornar mais ambientalmente consciente, como por exemplo os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (FREITAS ET AL, 2014), criados pela Organização das
Nações Unidas (ONU) para substituir os Objetivos do Milênio e estipular 17 metas
para serem cumpridas até 2030.
Figura 1 – Cronograma de eventos importantes
Fonte: Elaborado pela autora.
Normalmente uma questão social surge do conflito entre o capital e o trabalho,
como afirma Scandelai (2010), caracterizado por uma problematização de demandas.
Assim acontece para com o trabalho infantil, o direito das mulheres, por exemplo,
pautas que são ainda muito atuais, valendo-se do mesmo para o meio ambiente,
segundo Calijuri et al (2013), a elevação da consciência ambiental é uma
responsabilidade da sociedade assim, em tal contexto a Engenharia Ambiental ganha
campo e vem sanar falhas de outras engenharias (CALLIJURI ET AL, 2013).
Em teoria, os profissionais formados em Engenharia Ambiental possuem a
responsabilidade de articular uma nova consciência ambiental para a humanidade. A
necessidade dessa mudança é notória, depois de inúmeros acidentes e desastres
ambientais, tais fatores causaram a maior expansão de uma modalidade de
engenharia no Brasil, associando velocidade de criação e número de cursos criados.
Perturbações no meio ambiente ocorrem naturalmente, como terremotos e
secas. O que caracteriza um desastre natural é o efeito dessas perturbações nas
pessoas, nos bens materiais e no meio ambiente (PARK E TANGLES, 2011). A
atividade humana pode também causar ou potencializar impactos, como os que
afetam diretamente a saúde pública, demandando ações práticas e pesquisas
(FREITAS ET AL, 2014). Muitas das vezes essas decisões são tomadas a um nível
mundial.
4.2 CONTEXTO BRASILEIRO
Contida na seção anterior é possível verificar um contexto global. Avaliar esse
contexto no Brasil tem sua importância para verificar a expansão e aplicabilidade a
nível nacional dessa carreira, para isso propõe-se um levantamento de desastres
naturais no Brasil fazendo uso dos dados do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais e
um levantamento da legislação ambiental vigente no país (BRASIL, 2013).
Para o entendimento dos desastres a partir do atlas serão apresentados dois
gráficos; o primeiro apresenta a ocorrência de desastres em número absoluto (Gráfico
1) de 1991 até 2012 notando um aumento representativo de desastres na década de
2000, alavancado pelo desenvolvimento desenfreado ou aumento da notificação de
desastres, em hipóteses (BRASIL, 2013).
Gráfico 1 – Número Absoluto de desastres naturais por ano de ocorrência
Fonte: Brasil, 2013
Já o gráfico 2 apresenta uma comparação dos tipos de desastres, sua
representatividade no total e sua relação com a vulnerabilidade humana. Os desastres
mais comuns que afetam a população brasileira são a estiagem e a seca, seguidos
por enxurradas.
Gráfico 2 – Porcentagem de desastres naturais por tipo ocorrido
Fonte: Brasil, 2013
Concluindo a análise dos desastres naturais brasileiros, é importante verificar
a ocorrência relacionada aos estados. Na figura 2, nota-se uma grande concentração
de ocorrências nas regiões: Sul, Sudeste e Nordeste, principalmente em áreas com
maior ocupação urbana e efeito antrópico, sendo a cidade de São Paulo destaque de
ocorrências.
Figura 2 – Distribuição nacional de ocorrência de desastres
Fonte: Brasil, 2013
De acordo com Brasil (2013), os desastres brasileiros podem ser considerados
um produto da complexa relação entre fenômenos naturais e desequilíbrios nos
ecossistemas, influenciados por atividades humanas. A vulnerabilidade humana é
afetada por diversos fatores: socioeconômicos, aspectos étnicos, gênero, educação,
cultura, entre outros.
A fim de controlar os impactos causados e a utilização irracional de recursos
pelo ser humano surgem as legislações ambientais, funcionando como mecanismo de
regulamentação. A legislação possui algumas falhas, mas é o instrumento que
regimenta as atividades potencialmente poluidoras e também quando fiscalizado
corretamente, só assim o meio ambiente será levado em consideração nas decisões,
mesmo que apenas para cumprimento das leis.
A Constituição Federal em seu artigo 225 afirma que:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988).
A partir dessa afirmação que surgem os outros aparatos legais envolvidos na
proteção do meio ambiente como leis, resoluções, portarias, decretos e etc., nos
âmbitos nacional, estadual e municipal.
A primeira lei a ser criada é a número 6.938 de 31 de agosto de 1981, conhecida
como Política Nacional do Meio Ambiente. Esta lei já sofreu muitas mudanças até os
dias atuais, sendo a última em 2015. Mas seu objetivo principal é a preservação,
melhoria e recuperação do meio ambiente proporcionando desenvolvimento
econômico, respeitando interesses da segurança nacional, proteção da dignidade,
vida humana e as limitações ambientais e sociais. (BRASIL, 1981).
Um dos objetivos da legislação ambiental é a proteção da flora, cuja Lei nº
4.771, de 15 de setembro de 1965, é responsável por instituir o Código Florestal. O
objetivo principal nesse caso é a proteção da vegetação, orienta e regulamenta a
exploração focando na preservação da biodiversidade e também de direcionamentos
para o correto funcionamento de atividades como o setor da alimentação e bioenergia
(BRASIL, 2012).
Em relação às águas, a legislação principal é a Política Nacional de Recursos
Hídricos, lei nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997, que diz sobre a gestão dos recursos
hídricos, de interesse nacional e institui o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (SINGREH), instrumento descentralizador e inclusivo (BRASIL,
1997).
Uma outra lei interessante é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),
Lei nº 12.305/2010, a qual prevê a redução e a prevenção na geração de resíduos,
introduzindo novas técnicas e instrumentos desde a coleta até a destinação final. A
PNRS foi instituída apenas em 2010, quando a situação brasileira era marcada pela
existência de muitos lixões e pela necessidade de um marco legal que orientasse os
planos de gerenciamento (BRASIL, 2010).
É também importante conhecer o estatuto das cidades, regulamentado pela lei
federal de n.º 10.257 de 2001 ou a chamada Política Urbana. Regulamenta o
planejamento urbano e surge para regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição
Federal, sendo que no primeiro é determinado o objetivo, ordenar o desenvolvimento
das cidades e garantir o bem-estar dos habitantes. (BRASIL, 2001)
É também de interesse do poder público legislar acerca da Fauna, a Educação
Ambiental, Crimes e Infrações Administrativas Ambientais, Patrimônio Genético, a
Proteção e o Acesso ao Conhecimento Tradicional Associado, a Repartição de
Benefícios, Organismos Geneticamente Modificados, Povos e Comunidades
Tradicionais.
Com todo esse aparato legal vão aparecendo as atribuições e áreas de atuação
de um Engenheiro Ambiental, justificado tanto em termos de demanda, tais como
desastres ambientais, quanto por legitimação, pelas próprias leis.
Analisando as áreas de atuação, o CONFEA, os CREAS, o MEC, a CAPES, os
órgãos licenciadores e o governo nota-se grande discussão acerca do exercício da
profissional de Engenharia Ambiental.
É importante conceituar cada um dos agentes envolvidos na legitimação do
curso. O CONFEA que é o órgão nacional de regulamentação das atribuições de
engenheiros, agrônomos, geólogos entre outros foi instituído pelo Decreto nº 23.569,
de 11 de dezembro de 1933; e os CREAs são órgãos fiscalizadores ligados ao
CONFEA a nível regional. Já o MEC e o Ministério da Educação, órgão responsável
pela política nacional de educação, abrangendo a educação infantil e a educação em
geral, compreendendo ensino fundamental, ensino médio, educação superior,
educação de jovens e adultos, educação profissional e tecnológica, educação especial
e educação a distância, exceto ensino militar; a avaliação, a informação e a pesquisa
educacionais; a pesquisa e a extensão universitárias; o magistério e a assistência
financeira a famílias carentes para a escolarização de seus filhos ou dependentes. Já
a CAPES por sua vez é uma ferramenta do MEC para o Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior focando na expansão e consolidação da pós-graduação a nível
nacional.
O primeiro curso de graduação em Engenharia Ambiental reconhecido pelo
MEC data de 1993 e já o primeiro curso de pós-graduação nesta grande área é de
1996. O reconhecimento pelo CONFEA e CREA vem só em 2000 com a definição das
atribuições.
É imprescindível levar em consideração a Lei das Diretrizes Básicas (LDB), lei
acerca da educação mais importante, aprovada em 1996 e abrange do ensino básico
ao ensino superior. Em tal lei que se encontra a carga horaria mínima para os cursos,
as diretrizes básicas curriculares e as funções dos profissionais em educação. Nas
diretrizes curriculares sobre a engenharia tem-se a resolução CNE/CES, de 11 de
março de 2002, que institui as diretrizes nacionais do Curso de Graduação em
Engenharia, a serem observadas na organização curricular das Instituições do
Sistema de Educação Superior do País.
Na resolução temos os conhecimentos necessários na formação em
engenharia:
Aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e
instrumentais à engenharia; II - projetar e conduzir experimentos e
interpretar resultados;
Conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos;
Planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de
engenharia;
Identificar, formular e resolver problemas de engenharia;
Desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas;
Supervisionar a operação e a manutenção de sistemas;
Avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas;
Comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica;
Atuar em equipes multidisciplinares;
Compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissionais;
Avaliar o impacto das atividades da engenharia no contexto social e
ambiental; XII - avaliar a viabilidade econômica de projetos de
engenharia;
Assumir a postura de permanente busca de atualização profissional.
E nestas diretrizes, também, se encontram as disciplinas incorporadas aos
núcleos básicos e específicos dos cursos.
Na instituição das carreiras das áreas que relacionam engenharia e meio
ambiente nota-se uma variedade de nomenclaturas, demonstrando certa
inconstância. Sendo tais nomenclaturas: Engenharia Ambiental e Sanitária,
Engenharia Ambiental e Urbana, Engenharia Ambiental e Energias Renováveis e
Engenharia Ambiental. Mas é de extrema importância salientar sobre a importância
desses cursos e da Engenharia Ambiental como transformadora do pensamento,
ligado a engenharia e a solução de problemas dentro do mercado, mesmo que
algumas pessoas sejam contra essas profissões, com o entendimento que os outros
profissionais deveriam atuar nesta área, como segundo plano de suas áreas de
atuação (REIS et al, 2005).
5. ANÁLISE DA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO EM ENGENHARIA
AMBIENTAL
Como mencionado no capítulo “Metodologia” a partir dos dados apresentados
para avaliar o processo de formação em Engenharia Ambiental realizou-se uma
comparação e um aprofundamento nos dados de distribuição geográfica, temporal e
ênfases nos cursos de graduação e pós-graduação, assim como nas atribuições
definidas pelo CREA e o número de cadastros na categoria supracitada.
A partir do aprofundamento nas características dos cursos busca-se, um
diagnóstico dos caminhos e da importância da construção da grande área em
Engenharia Ambiental, para só assim comprovar qual o papel desta engenharia em
relação as outras modalidades em um contexto que ainda é amplamente questionada
e suas atribuições muitas vezes são concedidas a outros profissionais.
5.1 ÊNFASE DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
AMBIENTAL NO BRASIL
A grande área da Engenharia Ambiental compreende, segundo o MEC, sete
nomenclaturas dos tais cursos. A plataforma do e-MEC (Sistema de Regulação do
Ensino Superior) tem cadastrado 419 cursos na modalidade presencial e 22 na
modalidade à distância. O crescimento temporal desses cursos presenciais indica um
grande crescimento, principalmente depois de 2014, os últimos nove anos dos 42 de
existência desta carreira, considerando cursos de Engenharia de todas as
nomenclaturas encontradas, representando 50% do número de inaugurações de
curso.
É possível com os dados do MEC notar alguns padrões, observando o gráfico
3 aparenta que a grande maioria dos cursos são nomeados como Engenharia
Ambiental (210) ou Engenharia Ambiental e Sanitária (211).
Gráfico 3 - Número de cursos por nomenclatura
Fonte: Elaborado pela Autora
Os cursos que contém “Engenharia Sanitária” em seu título são 51% (215
cursos) significando que ainda a Engenharia Ambiental está atrelada ao seu curso de
origem, o que impacta substancialmente o desenvolvimento dessa área durante os
anos, assim como as ênfases e objetos de pesquisa, a serem analisados nesse
estudo. Essa correlação representa uma proximidade ainda presente entre as grandes
áreas de Engenharia Ambiental e Engenharia Civil.
No caso da Engenharia Sanitária predecessora a Engenharia Ambiental está
mais associada a Engenharia Civil, especificamente hidráulica e saneamento, ou seja,
um profissional voltado exclusivamente para o saneamento básico. (BRASIL, 2010).
No universo analisado nota-se que existem cursos anteriores a 1993, data do
início de funcionamento do primeiro curso de Engenharia Ambiental na Universidade
Federal do Tocantins. Esses cursos são originalmente nomeados como Engenharia
Sanitária, inclusive o primeiro curso da Universidade Federal do Mato Grosso. Um
dado referente a esse cenário é dos 419 cursos, pelo menos 112 mudaram sua
nomenclatura durante a vigência, de acordo com o portal e-MEC. É de suma
importância realizar uma análise temporal dos cursos, como observa-se no gráfico 4.
Gráfico 4 – Cronograma do número de cursos acumulado
Fonte: Elaborado pela Autora
O aumento de vagas é mais visual a partir de 2000, isso está de acordo com
as metas e diretrizes também dos Planos Nacionais de Educação (PNE). No PNE de
2001 a 2010 objetiva-se a expansão de todo o ensino de superior para outras regiões,
com vistas à descentralização do ensino superior. Isso pode estar relacionado a
diversificação de cursos e agendas, dado o aumento significativo observado no gráfico
e descrito no Plano Nacional de Educação. Analisando a porcentagem relativa de
cursos fora do Sudeste e do Sul nota-se um aumento de 29% para 56%.
Outro marco nacional da educação a ser levado em conta é o Programa de
Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni)
que busca aumentar o acesso ao ensino superior. As ações do programa contemplam
o aumento de vagas nos cursos de graduação, com medidas para o setor público de
2003 a 2012 e está presente no Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE). Nesse
sentido se vê o número de cursos em instituições federais cresceu de 16 para 82
cursos no período de vigência do programa.
Com a análise temporal é possível verificar a quantidade relativa de vagas por
ano, contido no gráfico 5. Foram utilizados os números de vaga por curso no ano de
2018 e esse valor foi extrapolado dos outros anos considerando a quantidade de
cursos e quais já estavam em funcionamento, utilizando número de vagas de cada
curso multiplicado por ano de formação e utilizando gráfico de quantidade acumulada.
No gráfico observa-se a comparação relativa em porcentagem do número de cursos
e do número de vagas. É possível analisar que as vagas crescem quase
proporcionalmente, destaque para os anos de 2013 a 2017 em que a quantidade de
vagas relativas é maior ou igual por curso.
Gráfico 5 – Comparação em porcentagem relativa de número de curso e número de vagas
Fonte: Elaborado pela Autora
Outro dado relevante é em que 79% dos cursos são em instituições privadas e
apenas 21% em instituições públicas (Universidades Estaduais, Federais e Institutos
Federais). Cerca de 4% do total de cursos estão em processo de desativação e 3%
das instituições está cadastrada no Programa de Estímulo à Reestruturação e ao
Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (PROIES), e que de acordo com o
MEC objetiva assegurar condições para a continuidade das atividades de entidades
mantenedoras de instituições de ensino superior integrantes do sistema de ensino
federal. O programa foi instituído pela Lei nº 12.688, de 18 de julho de 2012,
condicionado a aprovação de plano de recuperação tributária e da concessão de
moratória.
Ao atentar a distribuição dos cursos presenciais de graduação da área de
Engenharia Ambiental no território brasileiro é possível assim verificar certa
concentração nos estados e regiões. Nota-se a partir do mapa de distribuição,
encontrado na figura 3, que a maior quantidade de cursos se concentra no Sudeste
totalizando 194 cursos, São Paulo possuindo a maior concentração de cursos do país
com 79 cursos e, em seguida, Minas Gerais com 66 cursos. Há 82 cursos na região
Sul, sendo uma parcela significativa, distribuídos em seus três estados, sendo o
Paraná com maior concentração contendo 34 cursos, Rio Grande do Sul com 26
cursos e Santa Catarina tem 22 cursos. O único estado que não possui curso de
Engenharia Ambiental é Roraima e, por fim, nenhum estado possui apenas um curso,
sendo o mínimo de dois cursos como no caso do: Acre, Amapá e Tocantins.
Figura 3 - Mapa de Distribuição de cursos por estado
Fonte: Elaborado pela Autora
Para melhor entender a área de Engenharia Ambiental e sua formação, foi
preciso compreender qual o status dos 419 cursos presenciais, para isso foi realizada
uma filtragem, a fim de classificar os cursos e destacar os principais centros de
formação de Engenheiros Ambientais no Brasil.
5.1.1 Filtragem de cursos por indicadores de desempenho
Para realizar a filtragem foram utilizados dados dos componentes do Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) que tem como objetivo a
avaliação das Instituições de Educação Superior (IES), ou seja, permite que se faça
uma filtragem dos cursos para um aprofundamento de análise. Para tanto, faz-se um
panorama geral das avaliações utilizando o critério da média 3, sendo a nota mínima
de continuidade e 5 abrangendo nota máxima da avaliação. O ciclo de avaliação da
Engenharia Ambiental disponível é do ano de 2014.
O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) é responsável por
avaliar o rendimento dos concluintes dos cursos de graduação, em relação aos
conteúdos programáticos, habilidades e competências adquiridas em sua formação
(Brasil, 2015). Esse exame é muito importante para o aluno e para sua instituição,
sendo hoje o principal e mais acessível parâmetro de avaliação das instituições e
cursos de ensino superior no país. O conceito pode também representar mais
incentivos e investimentos para os cursos mais bem avaliados, sendo um exame
obrigatório. Dentro deste trabalho foram considerados, na filtragem cursos avaliados,
em 2014 que obtiveram nota de 3 a 5 totalizando 94 cursos representando cerca de
22% do total.
O conceito Enade não é o único índice utilizado como Indicador do Ensino, há
também o Conceito Preliminar de Curso (CPC) que utiliza a nota do Enade em suas
análises conjuntamente com uma visita do MEC à instituição. O CPC avalia
organização didático-pedagógica, a infraestrutura destinada ao curso e a titulação dos
professores. O MEC utiliza este indicador para avaliar a continuidade dos cursos de
ensino superior, dada a última avaliação que foi realizada em 2014, nela 133 cursos
avaliados pelo CPC tiveram notas entre 3 a 5, ou seja, 32% dos cursos.
Outra avaliação existente é o Indicador de Diferença de Desenvolvimentos
(IDD) entre os desempenhos observados e esperados, que avalia a qualidade das
instituições de ensino superior, comparando as notas do ENEM e as notas dos
graduandos no ENADE, no entanto, este indicador ainda está em construção. “O IDD
é um indicador de qualidade que busca mensurar o valor agregado pelo curso ao
desenvolvimento dos estudantes concluintes, considerando seus desempenhos no
Enade e no Enem, como medida proxy (aproximação) das suas características de
desenvolvimento ao ingressar no curso de graduação avaliado” (BRASIL, INEP, 2018)
Conforme as avaliações de 2008, 39 cursos obtiveram notas de 3 a 5 pelo IDD.
É possível aferir comparando a quantidade de cursos avaliados pelo CPC e
pelo Enade que o número de avaliações de 3 a 5 no primeiro é maior que no segundo.
Isso pode indicar que instituições com boas avaliações em organização didático-
pedagógica, a infraestrutura destinada ao curso e a titulação dos professores tem
resultados não tão satisfatórios no Enade, que avalia a formação do discente, visto a
discrepância entre boas avaliações nos dois conceitos e o critério de avaliação em
cada um.
A combinação desses três indicadores é importante para se ter uma visão geral
da qualidade de ensino da instituição e dos cursos, influenciando o investimento e
competitividade entre cursos de uma mesma instituição e entre as instituições. Para a
continuidade das análises foram aplicados os três filtros, totalizando uma amostragem
de 25 cursos avaliados com notas entre 3 a 5 nos três indicadores, sendo duas em
universidade estadual, nove em instituições federais e 14 em instituições privadas de
ensino. Sendo essas instituições listadas abaixo:
Centro Universitário Braz Cubas
Centro Universitário de Volta Redonda
Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto
Faculdades Oswaldo Cruz
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Universidade Católica de Brasília
Universidade da Região de Joinville
Universidade de Caxias do Sul
Universidade de Santa Cruz do Sul
Universidade do Extremo Sul Catarinense
Universidade do Vale do Itajaí
Universidade Estadual do Centro Oeste
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Universidade Federal de Itajubá
Universidade Federal de Mato Grosso Do Sul
Universidade Federal de Ouro Preto
Universidade Federal de Santa Catarina
Universidade Federal de Viçosa
Universidade Federal do Espírito Santo
Universidade Federal do Paraná
Universidade Federal do Rio De Janeiro
Universidade Franciscana
Universidade Luterana do Brasil
Em questão de nomenclatura, 19 desses cursos são reconhecidos como
Engenharia Ambiental, cinco como Engenharia Ambiental e Sanitária e um como
Engenharia Sanitária e Ambiental, ademais é importante avaliar a distribuição
territorial nacional desses cursos e instituições.
Dos 25 cursos, 56% estão em instituições privadas (14) e 44% em instituições
públicas. E dois desses cursos estão em processo de extinção.
A existência dos cursos avaliados e reconhecidos se concentra no Sudeste (12)
e Sul (11) do país. O norte e o nordeste não possuem cursos e o Centro-Oeste conta
com dois cursos avaliados. São Paulo e Rio Grande do Sul possuem a maior
quantidade de cursos, cinco em cada estado. É interessante observar que nos dois
estados as instituições privadas são maioria que esse tipo de instituição representa
60% em São Paulo e 100% no Rio grande do Sul, utilizando dados filtrados. Minas
Gerais é o estado que mais possui instituições públicas após a filtragem, sendo três
universidades e 100% das instituições avaliadas no estado. Na Figura 4 observa-se a
distribuição geográfica dos cursos filtrados.
Figura 4 - Distribuição dos 25 cursos filtrados por estado.
Fonte: Elaborado pela Autora
Quando se utiliza os dados com filtro de índices do ensino superior está
selecionando cursos por excelência, assim é possível delimitar regionalmente os
centros de referência em desenvolvimento dessa grande área no país. Para a
continuidade dos estudos serão utilizados, principalmente, os dados filtrados dos
cursos de ensino superior em Engenharia Ambiental.
Após entender como se distribui territorialmente no Brasil e cronologicamente
os cursos, o exercício da Engenharia Ambiental é importante analisar como são
direcionados os estudos e as atribuições desse profissional. Para isso é necessário
estudar e conhecer as matrizes curriculares e as ênfases dos cursos que direcionam
este campo no Brasil. Neste trabalho entende-se que os centros de referência fazem
esse papel, e definiu-se anteriormente que esses centros são as instituições com
cursos de Engenharia Ambiental com conceito entre 3 a 5 nos índices ENADE, CPC
e IDD.
Normalmente os cursos de ensino superior em engenharia possuem um ciclo
básico, comum a todas as carreiras de engenharia e um ciclo específico, que difere
cada modalidade permitindo analisar as ênfases e campos de estudo.
No que tange a análise das ênfases, quando o curso tem a nomenclatura
“Engenharia Sanitária”, é proposta saneamento ambiental, no entanto, as outras
instituições em sua maioria apresentam grades curriculares multidisciplinares e
ênfases difusas. Em muitas não há uma declaração direta da ênfase, no entanto, há
palavras chaves e quantidades de disciplinas pela matriz curricular de cada um dos
cursos.
O levantamento das ênfases dos cursos de graduação foi realizado a partir dos
sites das instituições, suas matrizes curriculares e planos de ensino. A análise por
instituição consta anexado e para melhor visualização foi confeccionada uma nuvem
de “tags” (Figura 5). Analisando esta nuvem atesta-se a multidisciplinariedade dos
cursos pela equivalência de grande parte das palavras e da ocorrência de diversas
áreas do conhecimento, como biologia, matemática, economia entre outros. O
destaque fica para a expressão “Gestão Ambiental”, de maior ocorrência mostrando
que a formação a nível de graduação está ligada a procedimento de gestão e controle
ambientalmente adequados. As palavras recuperação, prevenção e monitoramento
também possuem grande incidência, já demonstrando uma concordância com as
atribuições desta modalidade e uma preocupação maior em evitar contaminações e
desastres do que remediar. Água, solo e ar também aparecem de forma recorrente e
equivalente demonstrando como esta modalidade de engenharia é multifocal e
trabalha em diversos setores.
Figura 5 – Nuvem de tag ênfases dos cursos de graduação
Fonte: Elaborado pela Autora
Quando utilizamos a filtragem de cursos com os indicadores de desempenho é
importante ressaltar que existe uma limitação temporal nesta análise. Isso acontece,
pois, a última análise do IDD foi em 2008, a do CPC e do ENADE em 2018 para os
dados analisados.
Essa análise hipotética possibilita uma comparação do número de vagas
disponíveis com o número de profissionais associados a grande área de Engenharia
Ambiental em três plataformas digitais com diferentes interesses. Primeiro a
plataforma Lattes, voltada para pesquisa e docência; segundo a plataforma do
CONFEA/CREA voltada para o exercício das atribuições de engenharia; e por último
o Linkedin, uma plataforma mais comercial e voltada para o mercado de trabalho e
conexões.
5.2 CATEGORIZAÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES DE ENGENHARIA
AMBIENTAL – CREA E CONFEA
A partir do histórico analisado, se vê que assim a Engenharia Ambiental surge
para também preencher lacunas sempre buscando respostas relacionados ao meio
ambiente e fenômenos físicos, químicos, matemáticos. A análise das
responsabilidades do engenheiro ambiental sempre está em pauta no CONFEA e no
CREA, visto que esta área é nova e multidisciplinar. Porém ressalta-se a importância
dessa discussão, assim, é importante mencionar e questionar as atribuições desta
mobilidade de engenharia e como este profissional é absorvido.
No geral os objetivos principais de todas essas configurações de grades de
ensino buscam uma vertente mais sustentável e consciente aos métodos da
engenharia visando a solução de problemas, de acordo com as propostas
apresentadas em seus canais de comunicação oficiais. O que difere esses cursos é a
grade curricular e as atribuições que o CREA, juntamente com CONFEA, especificam
para cada formação.
Para entender as atribuições do profissional em Engenharia Ambiental é
importante conhecer as atividades determinadas pelos órgãos para as diferentes
modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Essas atividades
foram definidas pela resolução Nº 218, DE 29 JUN 1973 (BRASIL, 1973) sendo elas
gerais a esses profissionais, sendo elas:
Supervisão, coordenação e orientação técnica;
Estudo, planejamento, projeto e especificação;
Estudo de viabilidade técnico-econômica;
Assistência, assessoria e consultoria;
Direção de obra e serviço técnico;
Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico;
Desempenho de cargo e função técnica;
Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica;
extensão;
Elaboração de orçamento;
Padronização, mensuração e controle de qualidade;
Execução de obra e serviço técnico;
Fiscalização de obra e serviço técnico;
Produção técnica e especializada;
Condução de trabalho técnico;
Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo
ou manutenção;
Execução de instalação, montagem e reparo;
Operação e manutenção de equipamento e instalação;
Execução de desenho técnico.
Nesta mesma resolução foram definidas as atribuições especificas de algumas
modalidades, sendo elas: Engenharia Aeronáutica, Engenharia de Agrimensura,
Engenharia Agrônoma, Engenharia de Cartografia, Engenharia Civil, Engenharia
Elétrica, Engenharia Florestal, Engenharia Geólogo, Engenharia de Minas,
Engenharia Mecânica, Engenharia Metalúrgica, entre outras. A Engenharia Sanitarista
já teve sua regulamentação nesta resolução, já a Engenharia Ambiental foi
regulamentada apenas pela RESOLUÇÃO Nº 447, DE 22 DE SETEMBRO DE 2000
(BRASIL, 2000). Esta resolução especifica que o engenheiro ambiental tem o direito
de realizar as primeiras 14 atividades e a última definidas pela RESOLUÇÃO N° 218.
O foco da Engenharia Ambiental é administração, gestão e ordenamento ambientais
e ao monitoramento e mitigação de impactos ambientais, seus serviços afins e
correlatos (BRASIL, 2000).
Ao acessar o portal do CREA tem-se o número de cadastros para Engenharia
Ambiental, e vale mencionar que no início do portal tal engenharia não é uma das
opções principais: Engenharia Eletricista, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica e
Metalúrgica, Agronomia, Engenharia Química, Engenharia Geologia e Minas,
Engenharia Agrimensura, sendo assim, para encontrar a Engenharia Ambiental é
necessário fazer uma busca personalizada. O resultado da distribuição territorial do
número de cadastros do CREA é apresentado na figura 6.
Figura 6 – Distribuição de Engenheiros Ambientais cadastrados no CONFEA/CREA
Fonte: Elaborado pela Autora
No total são 24499 cadastros na plataforma do CONFEA/CREA, o que
representa todos os profissionais credenciados nesta categoria e assim passíveis de
exercer as atribuições de Engenheiro Ambiental. Nesse cenário nota-se que este não
é um número tão alto comparado com número de vagas disponíveis em 2018, que é
47752. Já a plataforma Lattes possui 25853 perfis, estes representam os
pesquisadores relacionados a grande área de Engenharia Ambiental. Já o Linkedin é
uma plataforma que relaciona as pessoas e assim permite avaliar todos que estão
trabalhando na área, não necessariamente graduados na área ou graduandos e nesta
última plataforma são encontrados 152631 cadastros. Cruzando todos esses dados
pode-se observar que nem todas as pessoas que trabalham na área de Engenharia
Ambiental são graduados e há uma defasagem grande comparando número de vagas,
profissionais e pesquisadores.
5.3 ÊNFASE DOS CURSOS DE PÔS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
AMBIENTAL NO BRASIL
Após a análise da graduação e dos centros de excelência vê-se a necessidade
de entender o processo de formação em Engenharia Ambiental, de modo geral,
sabendo que é importante estudar a pós-graduação agrupados na área de
conhecimento Engenharia I e que contenham Engenharia Ambiental em sua
nomenclatura. Essa continuidade é importante para entender que caminho os estudos
dessa área vem seguindo, que pesquisas vêm sendo desenvolvidas e quais temas
são importantes para a construção da área.
Os cursos de pós-graduação são avaliados a partir da avaliação Qualis. A
classificação no Qualis é feita por comissões de consultores, cada qual focalizando
um conjunto específico de áreas do conhecimento e seguindo critérios diferenciados.
Tais critérios para atribuição de qualidade a um periódico variam entre áreas e estão
disponíveis no item “Critérios das Áreas”, na página do Qualis. Desse modo, não são
levados em consideração somente índices quantitativos de bases indexadoras, mas
também, outros critérios determinados pela comissão que representa a área. A
classificação pontua os cursos de 3 a 7, valendo-se que o curso já começa com nota
3 e pode subir em cada avaliação trienal realizada.
De acordo com a plataforma Sucupira da Capes (www…, encontra-se 24
cursos cadastrados como: mestrados profissionais, acadêmicos e doutorados. Esses
dados foram coletados a partir do acesso aos resultados da avaliação quadrienal e
selecionando o programa, assim todos os cursos com “Engenharia Ambiental” no
título, nesse trabalho intitulados “cursos de pós-graduação”. A distribuição geográfica
desses cursos apresenta-se na Figura 7.
Figura 7 - Distribuição dos cursos de pós-graduação por estado.
Fonte: Elaborado pela Autora
No mapa de distribuição dos cursos de pós-graduação, assim como nos de
graduação, nota-se uma concentração de cursos no Sudeste e no Sul; o Norte não
possui nenhum curso de pós-graduação em Engenharia Ambiental.
Além da análise geográfica faz-se necessária uma abordagem temporal dos
dados de pós-graduação. Os cursos em questão possuem períodos de crescimento
pontual e estabilidade, sendo o primeiro crescimento exponencial depois de 2010
(Gráfico 6) e isso provavelmente acontece por causa no plano de educação de 2001
a 2011 e 2011 a 2012.
Gráfico 6 – Análise temporal de cursos de pós-graduação em Engenharia Ambiental e relativos
Fonte: Elaborado pela Autora
É importante observar no Gráfico 7 que nos cursos de pós-graduação a
modalidade com maior incidência é a de Mestrado Acadêmico. Isso pode ser
explicado, pois o mestrado profissional é uma modalidade recente e o doutorado dura
mais tempo tornando-se mais restrito.
É possivel verficar que a modalidade de mestrado acadêmico dita o crecimento
do total também. Nota-se que o mestrado profissional surge a partir de 2004 e em
certo ponto é mais representativo que a modalidade de doutorados.
Gráfico 7 – Quantidade de cursos de pós por modalidade
Fonte: Elaborado pela Autora
Assim como na graduação, também foi confeccionada uma nuvem de tag
(Figura 8) para a pós-graduação afim de entender os caminhos da pesquisa nacional
e suas linhas de pesquisa. Novamente a palavra Gestão Ambiental é recorrente,
mostrando que ainda se busca inovações sustentáveis para a gestão de diversos
processos desde resíduos sólidos a processos industriais, como apresentados na
maioria das propostas dos cursos encontradas em seus canais oficiais, matrizes
curriculares e anexado nesse trabalho. Resíduos e indústria também são palavras
recorrentes, assim como tratamento que desta vez aparece mais vezes que
prevenção ou monitoramento, todavia é equivalente a controle. Água neste universo
aparece mais que solo e ar, notando uma tendência para a parte hídrica e sanitária
confirmada pela grande ocorrência das expressões recursos hídricos e saneamento
ambiental. Com isso conclui-se que os cursos de pós-graduação em Engenharia
Ambiental ainda possuem grande proximidade com a área do conhecimento
associada a Engenharia Sanitária, curso predecessor ao aqui tratado.
Figura 8 - Nuvem de Tag ênfases dos cursos de pós-graduação
Fonte: Elaborado pela autora
Após a análise da pós-graduação nota-se a existência de poucas instituições
que oferecem cursos completos, ou seja, cursos de graduação, mestrado e doutorado.
Sendo essas apenas cinco instituições, aqui considerados centros de formação em
Engenharia Ambiental. Sendo estas Universidade Federal do Paraná, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Espirito Santo, Universidade
Federal de Ouro Preto e a Universidade Federal de Santa Catarina, sendo únicas a
possuírem as três modalidades de educação superior.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Primeiramente pode-se afirmar que o desenvolvimento e aplicação da
engenharia estão concentrados no Sudeste e Sul do país. Estes estados ainda
concentram a maioria dos cursos de graduação e pós-graduação, dos profissionais
cadastrados no CREA assim como a maioria dos desastres naturais.
Mas o número crescente de cursos atinge também outras regiões, comparando
os cursos filtrados, aqui chamado de centro de formação e entendidos como mais
antigos, e o panorama geral dos 419 cursos, notando-se que dentre os cursos novos
há maior ocorrência de cursos em outras regiões fora das anteriormente citadas. Esse
aumento foi impulsionado por planos nacionais e legislações ambiental. É importante
ressaltar a importância do incentivo e ação dos diferentes níveis governamentais, de
municipais a federais, para a melhoria do Meio Ambiente e desenvolvimento de
tecnologias ambientais.
É possível afirmar, analisando o número de profissionais e de vagas que ainda
existe grande defasagem dos profissionais da área ambiental, aqui especificamente
Engenheiros Ambientais. Esta é uma modalidade de engenharia que ainda luta para
ser reconhecida e valorizada, visto que ainda não é considerada uma das
modalidades oficiais do CREA e suas atribuições as vezes se confundem com cursos
de Engenharia Sanitária e Civil. Mas, ser reconhecida em 2002 com atribuições
específicas já configura uma conquista nesse cenário.
Finalmente, analisando as ênfases dos cursos de graduação e pós-graduação,
nota-se que o processo de formação desta categoria é multidisciplinar o que pode
causar confusão ao entender sua função e aplicabilidade no mercado. Verifica-se
também uma proximidade ainda muito grande com a Engenharia Sanitária, sendo
ainda ferramenta associada à construção civil, como analisado pela quantidade de
cursos chamados Engenharia Sanitária e pela proximidade das ênfases dessas duas
carreiras; mas a expansão e o reconhecimento da grande área de Engenharia
Ambiental traz para a discussão, antes amplamente econômicos de pilares sociais e
ambientais, foca-se em prevenção e controle e não em remediar ou apenas minimizar
impactos, assim busca-se uma engenharia mais sustentável focada no meio
ambiente, na saúde do populacional e bem estar social como reforçam muitas
instituições de ensino.
Ressalta-se também a necessidade de outros estudos neste sentido. Que
englobem o levantamento do ENADE de 2017, por exemplo, para uma análise mais
atual e que exclua o fator temporal como excludente na definição de centros de
formação ou uma análise mais ampla da atuação efetiva dos profissionais em
Engenharia Ambiental, ou até mesmo expandir esse estudo para outros cursos e
grandes áreas do conhecimento. Esse estudo é eficaz em avaliar e descrever o campo
da Engenharia Ambiental no país, podendo servir de plano de fundo para outras
análises e orientar melhorias no processo de formação deste profissional.
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1981
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e Educação: um debate multidisciplinar. Petrópolis: Vozes, 1994.
ANEXOS
ANEXO A – Ênfases dos Cursos de Graduação filtrados
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) - Engenharia Ambiental
O curso de Ouro Preto, universidade referência na área de engenharia de
minas, traz em sua área específica Biologia, Geociência, Processos Industriais e
Ecologia. De acordo com a instituição, forma profissionais capazes de atuar nos
seguintes processos: preservação dos recursos naturais e, para isso, precisa planejar,
coordenar e administrar redes de distribuição e tratamento de água, tratamento de
esgoto, supervisionar coleta e descarte de lixo, também avaliando o impacto de
grandes obras sobre o meio ambiente. E as áreas de atuação são: Gestão e
Planejamento Ambiental Público e Privado, Avaliação de Impacto e Licenciamento
Ambiental de Obras e Empreendimentos, Gestão e Controle Ambiental de Resíduos
Domésticos e Industriais, Controle Ambiental da Poluição do Ar e da Água,
Monitoramento Geotécnico-hídrico-ambiental, Avaliação e Recuperação/Remediação
de Áreas Degradadas e Contaminadas, Auditorias e Perícias Ambientais, Pesquisa e
Desenvolvimento Tecnológico.
No curso oferecido destaca-se as matérias na área de geotécnica e mineração.
No campo de disciplinas eletivas tem-se uma vasta quantidade de especializações
como questões de manejo do solo e recuperação de áreas degradadas, também
relacionadas à geotécnica; processos mineradores e conceitos de qualidade da água
e atmosfera.
Universidade Federal De Viçosa (UFV) - Engenharia Ambiental
A Universidade Federal Viçosa forma profissionais na área de Engenharia
Ambiental e Sanitária. Esta instituição prepara o profissional para as áreas de
aproveitamento, proteção, monitoramento, manejo, gestão e preservação de recursos
naturais; recuperação de áreas degradadas; remediação de solos degradados e
águas contaminadas e prevenção e recuperação de processos erosivos,
planejamento ambiental em áreas urbanas e rurais; prevenção de desastres
ambientais; licenciamento ambiental; adequação ambiental de empresas;
monitoramento ambiental; avaliação de impactos ambientais e elaboração de ações
mitigadoras e controle de poluição ambiental.
Mas o destaca da matriz curricular é a área sanitária, que engloba as áreas:
avaliação de qualidade de águas e águas residuais, no projeto, operação e controle
de sistemas de abastecimento e tratamento de água, de coleta e tratamento de águas
residuais, de operação e monitoramento de aterros sanitários e de gerenciamento de
resíduos sólidos.
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) - Engenharia Ambiental
O curso da PUC busca equilibrar práticas ambientalmente corretas e
economicamente viáveis para o desenvolvimento sustentável das organizações e da
sociedade. E para isso foca na formação nas áreas de Engenharia Ambiental,
Sanitária voltada para Gestão Ambiental, como verificado na grade curricular. Utiliza
da perspectiva multidisciplinar, englobando disciplinas de Planejamento Ambiental,
Energia, Urbanização, Recuperação de área degradada e Monitoramento Ambiental.
A formação da Universidade coloca o profissional à frente em um mercado
competitivo.
Com grande interface com Planos de Recuperação de Áreas Degradadas,
Planos de Gestão Integrada, obras de cunho ambiental. Além disso, planos de
Monitoramento Ambiental; medidas de controle e a indústria.
Universidade de Caxias Do Sul (UCS) - Engenharia Ambiental
O objetivo do curso da Universidade de Caxias do Sul é elaborar soluções
sustentáveis, integrando as dimensões social, ecológica, tecnológica e econômica.
Forma profissionais para prever, analisar e tratar os impactos ambientais gerados pela
ação humana; projetar e propor soluções que evitem ou minimizem efeitos adversos
ao ambiente; desenvolver técnicas e tecnologias para otimização e uso dos bens
naturais.
Se caracteriza como um curso multidisciplinar, integrando as áreas: sistemas
de obtenção, tratamento e distribuição de água; controle da poluição da atmosfera e
do solo; sistemas de tratamento de efluentes, recuperação de áreas degradadas,
gestão e gerenciamento de resíduos; gestão ambiental nas organizações; avaliação
de impactos de empreendimentos; análise de ciclo de vida de produto; otimização.
Possuindo uma matriz curricular distribuída e integrada, com uma vertente de controle
e manutenção de processos bastante presente.
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp Rio Claro) –
Engenharia Ambiental
A matriz curricular da Engenharia Ambiental da UNESP se divide em três
frentes bem definida. O núcleo básico comum a todas as engenharias da UNESP, o
núcleo de formação profissional com as disciplinas de Ciências da Terra (geologia,
hidrologia, solos, sensoriamento remoto, etc.), de Gestão Ambiental (recuperação de
áreas degradadas, licenciamento ambiental, monitoramento e auditoria ambiental,
etc.), de Ecologia (ecossistemas, ecologia aplicada, etc.), de Energia, de Metodologia
e de Processos (poluição, análise de sistemas e modelagem ambiental, operações
unitárias, cadeias produtivas, etc.). E o núcleo especifico onde o aluno vai escolher as
optativas que quer cursar.
A universidade busca formar profissionais alinhados com o desenvolvimento
sustentável englobando em sua grade horária conhecimentos sobre o meio ambiente
físico, biológico e antrópico. O curso objetiva uma inter-relação entre esse tipo de
desenvolvimento e a gestão ambiental.
As áreas de atuação descritas são: participação nos estudos de caracterização
ambiental, na análise de suscetibilidades e vocações naturais do ambiente, na
elaboração de estudos de impactos ambientais, na proposição, implementação e
monitoramento de medidas mitigadoras ou de ações ambientais, tanto na área urbana
quanto na rural.
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP Sorocaba) –
Engenharia Ambiental
O curso de Sorocaba está alinhado com a perspectiva mercadológica e de
organização do curso de Rio Claro. Cita-se como áreas de atuação deste profissional:
recuperação e remediação do ambiente de um modo geral e o urbano e industrial em
particular, bem como no planejamento e gerenciamento ambiental como um todo.
Sendo estes os dois pilares definidos para atingir os objetivos do curso. Sendo os
principais objetivos: a formação de profissionais com competência e habilidade para
participar do objetivo realização de estudos de avaliação ambiental; desenvolver
tecnologias voltadas à adequada apropriação dos recursos naturais; estabelecer
medidas mitigadoras de impactos ambientais; estabelecer medidas corretivas para a
redução de impactos ambientais já instalados; e, também, estabelecer e adequar
programas de monitoramento ambiental.
O profissional poderá atuar em: centros de pesquisa nos níveis federal,
estadual e municipal; órgãos executores de gerenciamento e controle de meio
ambiente nos níveis federal, estadual e municipal; agências reguladoras de água,
energia elétrica e vigilância sanitária; universidades públicas ou privadas e demais
estabelecimentos de ensino; comitês e agências de bacias hidrográficas; indústrias
com atuação nas mais variadas atividades; empresas de consultoria e de prestação
de serviços; e profissional autônomo.
Universidade da Região de Joinville (Univille) – Engenharia Ambiental
Na Univille o curso de Engenharia Ambiental é muito associado aos impactos
antropogênicos do ser humano no meio ambiente. A universidade forma o profissional
de forma multifocal. As áreas de atuação englobam empresas privadas, universidades
e centros de pesquisa, organizações não governamentais, órgão multilaterais,
empreendedorismo, concessionárias de água e esgoto e órgão públicos. O curso já
atribui ao profissional o título de Engenheiro Ambiental Sanitarista. Os focos das
pesquisas e da formação desta instituição são: Recursos hídricos; Resíduos sólidos;
Ecodesign; Ecotoxicologia; Tratamento de efluentes; Poluição atmosférica; Qualidade
do ar.
O curso supracitado está em extinção de acordo com a plataforma e-MEC.
Faculdades Oswaldo Cruz (FOC) – Engenharia Ambiental
O foco do curso da FOC é a preservação do meio ambiente. O profissional
trabalhará na na proteção e racionalização dos recursos naturais; planejamento e
gerenciamento ambiental; minimização e remediação de impactos ambientais
causados pelo homem ou por eventos naturais. A áreas de interesse são: controle da
poluição e recuperação de áreas degradadas; tratamento de água, esgoto, lixo;
drenagem urbana (enchentes); controle de vetores transmissores de doenças e da
poluição atmosférica.
Como outros cursos dentro dessa carreira, o curso da FOC oferece uma matriz
curricular multidisciplinar. Favorecendo grandes áreas como e biologia, química e
aquelas próprias da engenharia. Formando um profissional preparado para
segmentos industrial, comercial e de serviços, bem como no desenvolvimento de
processos que permitem a produção de tecnologias limpas. Trabalhando com a parte
de resíduos sólidos por exemplo.
Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) – Engenharia Ambiental
Esta instituição possui dois cursos dentre os avaliados e com notas entre 3 e 5
nos três indicadores utilizados na filtragem. A universidade busca uma formação
ligada à sustentabilidade e sua aplicação, atuando no estudo, projeção, operação,
gerenciamento e avaliação de obras de engenharia relacionadas com a utilização dos
recursos naturais, diminuição e prevenção da poluição ambiental e de outros impactos
do homem e da indústria sobre o meio ambiente. A universidade aborda o mercado
para Engenharia Ambiental como algo muito amplo e passível a qualquer engenharia,
dando ênfase para o empreendedorismo e ao desenvolvimento sustentável.
Centro Universitário de Volta Redonda (Unifoa) – Engenharia Ambiental
A Unifoa reconhece o mercado de atuação desta modalidade de engenharia
como um campo em expansão. Englobando empresas e indústrias públicas e
privadas, administração pública (secretarias de meio ambiente, órgão estaduais
ambientais, Ministério do Meio Ambiente), ONGs de proteção ambiental e empresas
de consultoria.
O curso de Volta Redonda possui o diferencial de possuir as atribuições do
Conselho Federal de Química. Sendo um curso voltado para química ambiental
desenvolvendo diversas atividades como: controle de poluição e fiscalização de
projetos, pode atuar como consultor ou auditor no atendimento a construtoras e em
estudos de impacto ambiental.
Centro Universitário Braz Cubas – Engenharia Ambiental
Para o centro universitário Braz Cubas, Engenheiro ambiental é aquele capaz
de dominar todas as etapas do sistema de avaliação e controle do meio ambiente. As
áreas de atuação definidas neste caso são:
Gestão Ambiental: Planejamento e controle da ocupação espacial e
utilização de recursos naturais de forma sustentável ao longo do tempo;
Avaliação do potencial de impactos ambientais dos projetos de
engenharia no solo, ar e água, propondo soluções para mitigá-las e
monitorá-las;
Pesquisa e desenvolvimento de fontes alternativas de energia, reuso da
água e ciclo de vida dos materiais;
Tecnologia de Controle da Poluição: Aplicação dos conceitos técnicos
de prevenção a poluição.
O curso supracitado está em extinção de acordo com a plataforma e-MEC.
Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Engenharia Ambiental
O curso da UFPR investe em uma perspectiva científica e tecnológica. Dois
pontos importantes para a formulação do curso em questão são a qualidade de vida
e a preocupação com o meio ambiente. Partindo de características do estado do
Paraná e com a preocupação com a agricultura e industrialização levaram a criação
do curso.
Este é referência no ensino de ciências relacionadas ao ambiente e na
formação de profissionais nas empresas públicas e privadas, nos órgãos públicos e
nos institutos de pesquisa e universidades a partir do estudo multidisciplinar, que
engloba matemática, física, química, biologia e as geociências (geologia, hidrologia,
oceanografia e meteorologia).
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – Engenharia Ambiental
O curso da UFES possui uma matriz curricular bem organizada e
multidisciplinar. Engloba as grandes áreas de Gestão Ambiental e Saneamento
básico, assim como a área de energia e indústria. Área crescente no estado.
Na matriz curricular observa-se diversas disciplinas de petróleo e gás como
optativas, mostrando uma tendência para esta área.
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Engenharia Ambiental
A UFRJ diz formar lideranças técnicas para organismos governamentais,
empresas públicas e privadas, organizações não-governamentais e, de uma forma
geral, profissionais autônomos. Visa-se contribuir para a formação de quadros
especializados para o setor público e privado, e cujas atividades insiram a questão
ambiental como uma de suas importantes funções.
A UFRJ traz uma perspectiva histórica e social para a discussão ambiental,
trazendo uma proposta de ementa sólida, porém sistêmica. A matriz curricular é multi
e interdisciplinar englobando ciências sociais, jurídicas e econômicas e o contexto da
gestão ambiental, o domínio de técnicas e ferramentas de suporte aplicáveis ao
gerenciamento ambiental, o domínio dos diferentes instrumentos técnicos para a
gestão ambiental pública e da produção (privada), e finalmente, o domínio das
técnicas de intervenção para a mitigação e remediação. Assim preparando o
profissional para as empresas públicas e privadas, as organizações não
governamentais, bem como de forma geral, profissionais para o exercício autônomo
de suas atividades.
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) – Engenharia Ambiental
A Universidade Federal de Itajubá possui cursos de Engenharia Ambiental em
seus dois campus. Mas apenas o curso de Itajubá consta nesta lista e os cursos
possuem ênfases bem diferentes entre si. Enquanto o curso de Itabira foca em
geração de energia sustentável, o curso de Itajubá possui uma grade muito
multidisciplinar e próxima do curso de Engenharia Hídrica, assim dando destaque para
recursos hídricos e saneamento no seu processo de formação.
De acordo com a instituição o profissional em Engenharia Ambiental pode e
deve:
Atuar na preservação, na recuperação e controle da qualidade da água, ar
e solo;
Atuar na preservação, na recuperação e controle da qualidade da água, ar
e solo;
Analisar os processos ambientais tanto de forma holística quando
reducionista;
Atuar em gestão ambiental visando o desenvolvimento sustentável;
Ser capaz de adaptar-se a mudanças do mundo contemporâneo, bem como
ser agente de mudanças;
Ser agente de informação à sociedade em questões de interesse ambiental.
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) – Engenharia Ambiental
O curso de ensino superior oferecido pela UFMS possui uma estrutura flexível
e entende a matriz curricular como um conjunto de experiências de aprendizado.
Dentro dessa concepção o núcleo profissionalizante engloba as seguintes
áreas: Ergonomia e Segurança do Trabalho; Geoprocessamento; Geotécnica;
Gestão Ambiental; Hidráulica, Hidrologia Aplicada e Saneamento Básico; Métodos
Numéricos; Microbiologia (entre outros, listados no documento). A UFMS busca
formas Engenheiros generalistas, humanistas, críticos, reflexivos, capacitados a
absorver e desenvolver novas tecnologias. A atuação desse profissional deve ser
crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, considerando seus
aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética e
humanística, em atendimento às demandas da sociedade
Universidade Estadual Do Centro Oeste (UNICENTRO) – Engenharia Ambiental
A UNICENTRO entende o profissional em Engenharia Ambiental como um
coordenador de trabalhos ambientais multidisciplinares. Atuando em programas de
recuperação e preservação ambiental, gerenciamento de resíduos, avaliação de
impactos ambientais, educação ambiental e atividades de controle de poluição
atmosférica, hídrica e do solo.
Capazes de trabalhar em empresas de saneamento, órgãos públicos de
controle ambiental, indústria, serviços públicos municipais, estaduais e federais,
empresas de projetos, obras e consultoria, agências de regulação de serviços públicos
e institutos de pesquisa e desenvolvimento. A matriz curricular da instituição abrange
bem todas as grandes áreas associadas a Engenharia Ambiental, com destaque para
a área de Biologia e Ecologia muito presente nesta formação.
Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto – Engenharia Ambiental
A Estácio de Ribeirão Preto oferece um curso de 4 anos, o que é curioso no
universo de cursos de Engenharia Ambiental. Possui uma matriz curricular reduzida
nesta perspectiva, mas ainda assim muito completa e multidisciplinar. Não demonstra
qualquer ênfase clara durante a formação em Engenharia Ambiental.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ (UNIVALI) – Engenharia Ambiental
A instituição entende a formação em engenharia como uma formação técnico-
científica. Formando um profissional na prevenção e resolução de problemas
ambientais e sanitários que afetam a qualidade de vida da sociedade, atuando numa
visão interdisciplinar de modo ético, crítico e inovador. O foco deste curso é o
saneamento ambiental, trabalhando em instituições, organizações, indústrias e
empresas voltadas à prevenção, controle, monitoramento e fiscalização da qualidade
ambiental e sanitária, em atividades de pesquisa, projeto, planejamento e consultoria,
relacionadas aos setores produtivo, de prestação de serviços, governamental e não-
governamental.
Universidade Católica de Brasília (UCB) – Engenharia Ambiental e Sanitária
O curso oferecido pela UCB foca em formar profissionais focados em
Planejamento em Gestão Ambiental, Tecnologias Ambientais e Engenharia Sanitária.
O mercado de trabalho para este profissional engloba sistemas de obtenção e
distribuição de água, de coleta e tratamento de esgoto e do descarte ou da reciclagem
de resíduos sólidos, avaliação e prevenção da poluição do ar, do solo ou da água,
causada por indústrias e construção de residências em áreas vulneráveis, como
encostas e mananciais. Pode trabalhar em secretarias municipais e estaduais ou em
polos industriais.
Universidade Franciscana (UNIFRA) – Engenharia Ambiental
O objetivo do curso é formar profissionais com habilidades para atuar no
diagnóstico, manejo, tratamento e controle de problemas ambientais urbanos e rurais.
O curso da UFN é nomeado Engenharia Ambiental e Sanitária e foca no estudo de
saneamento ambiental e nas habilidades para atuar no diagnóstico, manejo,
tratamento e controle de problemas ambientais urbanos e rurais.
Na Instituição, o estudante tem a possibilidade de vivência prática em espaços
multiprofissionais como: O Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica dos Rios
Vacacaí e Vacacaí-Mirim, Núcleo de Geoprocessamento (NGEO), Núcleo de Estudos
em Toxicologia Aquática (NETA), Núcleo de estudos climáticos (NEC), Laboratórios
de Hidráulica, Solos, Microbiologia, Material de Construção, de avaliação e controle
da qualidade da água e Prestação de Serviço à Comunidade (PSC) para empresas
de Santa Maria.
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) – Engenharia Ambiental e Sanitária
A Ulbra visa formar profissionais capazes de trabalhar com soluções técnicas
para problemas ligados à preservação e recuperação do meio ambiente;
monitoramento da qualidade dos recursos hídricos de uma região; fertilidade de solo,
entre outras.
A instituição indica como mercado de trabalho em crescimento, as companhias
petrolíferas interessadas em investir em fontes renováveis de energia, laboratórios de
geoprocessamento de dados e institutos de pesquisa, empresas de saneamento e
Organizações Não Governamentais. Assim nota-se um foco da instituição em
trabalhar com energia, geotécnica, gestão ambiental e energia sanitária.
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) – Engenharia Ambiental e
Sanitária
A UNESC oferece um curso de Engenharia Ambiental e dois cursos de
Engenharia Ambiental e Sanitária. Os cursos possuem em comum o foco em
programas de gestão ambiental e desenvolvimento sustentável, e incentivos ao
empreendedorismo.
O curso nesta lista é um dos de Engenharia Ambiental e Sanitária, o diferencial
desta modalidade na instituição é a formação em engenheiro gestor ambiental e
engenheiro de tecnologia ambiental e sanitária.
O profissional pode atuar manejo de recursos naturais (processos de
aproveitamento, proteção, conservação, recuperação), recursos energéticos (fontes
tradicionais, alternativas e renováveis), em órgãos públicos e empresas de construção
de obras de infraestrutura hidráulica e de saneamento e gestão ambiental
(planejamento, prevenção, licenciamento, avaliação e perícia) em Indústrias,
empresas, ensino e pesquisa, organizações, instituições, prefeituras, sindicatos,
comércios e associações.
Universidade Federal De Santa Catarina (UFSC) – Engenharia Sanitária e
Ambiental
O curso da UFSC recebe a nomenclatura de Engenharia Sanitária e Ambiental,
e a instituição aponta que esse profissional possui inúmeras áreas de aplicação e
atuação.
Apesar do foco da graduação em saneamento ambiental, o curso está alinhado
com o programa de pós-graduação em Engenharia Ambiental da UFSC.
A existência de uma formação completa, de acordo com a universidade, facilita
a criação de parcerias com o setor empresarial e com a comunidade em geral.
O curso engloba as seguintes áreas: Recuperação de áreas degradadas;
Racionalização na exploração de recursos hídricos. Obras hidráulicas, como
barragens e reservatórios; Projeto, construção e operação de sistemas de tratamento
e abastecimento de água e de coleta, transporte e tratamento de esgoto e resíduos
sólidos. Sistemas de drenagem de águas pluviais; Implantação de sistemas de gestão
ambiental e elaboração de relatórios de impactos ambientais e Controle da poluição
atmosférica.
ANEXO B – Linhas de pesquisa e áreas de concentração dos cursos de pós-
graduação em Engenharia Ambiental
Universidade de São Paulo (USP São Carlos)
Um dos primeiros cursos de mestrado e doutorado da área. As atividades
principais são desenvolvidas no Centro de Pesquisa de Recursos Hídricos e Ecologia
Aplicada. O curso objetiva a realização de pesquisas que busquem atingir o bem-estar
social, a partir de uma visão integrada das diversas áreas do conhecimento,
necessária à interdisciplinaridade inerente às ciências ambientais.
As linhas de pesquisa desse programa são:
Aplicações das Ciências Ambientais Biotecnologia Ambiental
Climatologia Aplicada ao Meio Ambiente
Ecologia Industrial
Ecotoxicologia
Instrumentos de Política Ambiental
Limnologia
Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos
Química Ambiental
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
A Universidade de Santa Catarina é a única que possui cursos nas três
modalidades, mestrado acadêmico; profissional e doutorado. As linhas de pesquisas
do programa são:
Avaliação de impactos ambientais
Gestão ambiental em organizações
Gestão de recursos hídricos
Hidrodinâmica e ecologia de sistemas marinhos costeiros
Hidrologia e hidráulica aplicada
Poluição atmosférica
Remediação de solos e águas subterrâneas
Resíduos sólidos urbanos, industriais e agrícolas
Toxicologia ambiental
Tratamento de águas e efluentes domésticos, industriais e
agropecuários
Universidade Federal De Ouro Preto (UFOP)
O programa de pós-graduação da UFOP recebe o nome de PROAMB. Os
cursos de mestrado e doutorado se concentram nas áreas: Tecnologias Ambientais,
Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Essas áreas se dividem nas linhas de pesquisa:
Desenvolvimento de materiais com aplicação ambiental
Microbiologia aplicada a tratamento de resíduos e recuperação de
produtos de interesse industrial
Tratamento de águas de abastecimento
Tratamento de efluentes e resíduos sólidos domésticos e industriais
Licenciamento e avaliação de impactos
Gestão de resíduos, recursos naturais e políticas públicas ambientais
Gestão ambiental corporativa
Qualidade do ar, das águas e do solo
Planejamento integrado de recursos hídricos
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
O programa interdisciplinar em Engenharia Ambiental, o PPGEA, da UFPR
possui como área de concentração Tecnologia, Observação e Modelagem Ambiental.
E dentro desta especialidade temos as seguintes linhas de pesquisa:
Atmosfera e Mudanças globais
Água, Solo e Biosfera
Infraestrutura e Energia
Universidade Regional de Blumenau (FURB)
O programa da FURB, também conhecido como PPGEA, tem por objetivo
desenvolver estudos aprofundados em ciência ambiental na área de concentração de
tecnologia e gestão ambiental, englobando as linhas de pesquisa:
Tecnologias e gestão de resíduos
Gestão de ambientes naturais e construídos
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Na UFRJ o programa de pós-graduação em Engenharia Ambiental, o
PEA/UFRJ vem da união da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de
Janeiro e do o programa de pós-graduação em Tecnologia dos Processos Químicos
e Bioquímicos da Escola de Química-UFRJ, sendo um mestrado profissional.
Abaixo, apresenta cada área de concentração e suas linhas de pesquisa:
Saneamento Ambiental
o Gestão e Projetos de Sistemas de Águas Urbanas
o Controle da Poluição Industrial
o Qualidade e Monitoramento ambiental
o Biotecnologia
o Aplicada ao Saneamento Ambiental
Gestão Ambiental
o Desenvolvimento Sustentável
o Eficiência Energética e Gestão Ambiental
o Ecologia Industrial
o Bioindicadores e Biomonitoramento
o Indicadores biológicos para monitoramento de mudanças
ambientais.
o Gerenciamento de Resíduos Sólidos
o Desastres Socioambientais Associados a Movimentos de Massa
o Construção e Ambiente
Segurança Ambiental
Análise de Sistemas Complexos
Avaliação Quantitativa de Riscos
Gestão de SMS
A UFRJ também possui um curso de Mestrado Acadêmico e um curso de
doutorado. O programa possui como áreas de concentração: Saneamento Ambiental;
Gestão Ambiental e Segurança Ambiental com as mesmas linhas de pesquisa do
mestrado profissional.
Universidade Federal do Tocantins (UFT)
O foco do programa de pós-graduação em Engenharia Ambiental da
universidade federal do Tocantins (PPGEA/UFT) é a formação de recursos humanos
na área da engenharia, meio ambiente, recursos hídricos e saneamento ambiental na
região da Amazônia Legal.
Com um mestrado profissional sendo as áreas de concentração Saneamento
Ambiental e Recursos Hídricos e as linhas de pesquisa são:
Projetos de saneamento
Controle e monitoramento ambiental
Gestão dos Recursos Hídricos
Modelagem Hidráulica e Hidrológica
Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL)
A área de concentração do curso da UNIFAL é Ciência e Engenharia Ambiental
trazendo de forma multidisciplinar estudos de preservação e remediação de
ambientes naturais, envolvendo aspectos de ciências naturais (física, química e
biologia), ciências humanas (gestão e planejamento) e/ou ciência aplicada
(Engenharia Ambiental). E suas linhas de pesquisa são:
Recursos Hídricos e Meio Ambiente
Tratamento de Efluentes
Universidade Federal Rural De Pernambuco (UFRPE)
Não foi possível acessar as informações desta modalidade de curso de pós-
graduação pois o site estava fora do ar no momento da pesquisa.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
O Curso profissional da UERJ surge num contexto em que a Engenharia
Ambiental caminha para uma demanda na área de desenvolvimento sustentável das
cidades e dos processos produtivos. Possui uma única área de concentração em
Saneamento Ambiental: Controle da Poluição Urbana e Industrial, com 4 (quatro)
linhas de pesquisa:
Controle de Efluentes Líquidos e Emissões Atmosféricas
Gestão Sustentável de Recursos Hídricos
Saúde Ambiental e Trabalho
Tratamento e Destino Final de Resíduos Sólidos
A UERJ também possui um programa de mestrado acadêmico o Curso de Pós-
graduação Lato-Sensu em Engenharia Sanitária e Ambiental (CESA) focado em
profissionais como tecnólogos ambientais, engenheiros, arquitetos, oceanógrafos,
entre outros.
Não são apresentadas as linhas de pesquisa do curso.
Universidade Federal de Goiás (UFG)
O programa da UFG possui como área de concentração Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental, de modo a atender às necessidades do desenvolvimento
regional e nacional. O programa busca se consolidar como centro produtor de
pesquisa e de conhecimento voltado à discussão das relações entre o saneamento e
os recursos hídricos, a partir de uma perspectiva ambiental e integrada.
E suas linhas de pesquisa englobam:
Planejamento e gestão de sistemas de recursos hídricos
Sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário
Instituto federal de educação, ciência e tecnologia fluminense (IFF)
O IF fluminense possui um programa profissionalizante, a área de concentração
de Avaliação, Gestão e Conservação Ambiental do PPEA está focada em duas linhas
de pesquisa:
Avaliação, Gestão e Conservação ambiental; e
Desenvolvimento Sustentabilidade e Inovação.
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (PPGEAMB) possui
uma única área de concentração em Recursos Hídricos e Tecnologias Ambientais; e
quatro linhas de pesquisa, a citar:
Planejamento e Gestão ambiental;
Modelagem Hidroambiental;
Hidrossedimentologia
Saneamento Ambiental.
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