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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DE RIBEIRÃO PRETO
Estudo de utilização da varfarina em pacientes hospitalizados:
análise do risco de interações medicamentosas e reações adversas
Camilo Molino Guidoni
Ribeirão Preto
2012
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DE RIBEIRÃO PRETO
Estudo de utilização da varfarina em pacientes hospitalizados:
análise do risco de interações medicamentosas e reações adversas
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas para
obtenção do Título de Doutor em Ciências.
Área de Concentração: Medicamentos e
Cosméticos
Orientado: Camilo Molino Guidoni
Orientador: Prof. Dr. Leonardo Régis Leira Pereira
Ribeirão Preto
2012
FICHA CATALOGRÁFICA
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Guidoni, Camilo Molino
Estudo de utilização da varfarina em pacientes hospitalizados: análise do
risco de interações medicamentosas e reações adversas. Ribeirão Preto, 2012.
100 p.: il. ; 30cm
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em
Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão
Preto, Universidade de São Paulo. Área de concentração: Medicamentos e
Cosméticos.
Orientador: Pereira, Leonardo Régis Leira
1. Banco de dados. 2. Efeitos adversos. 3. Farmacoepidemiologia.
4. Interação medicamentosa. 5. Varfarina. 6. Sistema Único de Saúde.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Camilo Molino Guidoni
Estudo de utilização da varfarina em pacientes hospitalizados:
análise do risco de interações medicamentosas e reações adversas
Tese de doutorado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas para
obtenção do Título de Doutor em Ciências.
Área de Concentração: Medicamentos e
Cosméticos
Orientador: Prof. Dr. Leonardo Regis Leira Pereira
Aprovado em:
Banca Examinadora
Prof.Dr. _________________________________________________________________ Instituição: __________________________________Assinatura:______________________ Prof.Dr. _________________________________________________________________ Instituição: __________________________________Assinatura:______________________ Prof.Dr. _________________________________________________________________ Instituição: __________________________________Assinatura:______________________ Prof.Dr. _________________________________________________________________ Instituição: __________________________________Assinatura:______________________ Prof.Dr. _________________________________________________________________ Instituição: __________________________________Assinatura:______________________
DEDICATÓRIA
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq,
pela bolsa de doutorado concedida desde o início deste trabalho.
Ao Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP, por ter permitido a realização deste
trabalho.
Ao Centro de Pesquisa em Assistência Farmacêutica e Farmácia Clínica
(CPAFF) da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP, por ter
colaborado na execução deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Leonardo Régis Leira Pereira, pela orientação e contribuições
fundamentais na realização do trabalho, além do exemplo de profissionalismo,
dedicação, competência, conhecimento, formação e honestidade.
Ao docente responsável pelo Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento
Farmacotécnico da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP,
reduto de sabedoria e discussões científicas.
Aos professores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-
USP, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto-USP, pela contribuição à minha formação acadêmica e profissional.
Ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP
por permitir o acesso ao banco de dados das prescrições eletrônicas utilizada na
coleta de dados, em especial ao Fernando, Fernando Fávero e Wilson Moraes Góes
do Centro de Informação e Análises.
Aos pacientes do estudo, que de forma indireta contribuíram com a realização
deste trabalho.
Aos professores que fizeram parte da banca examinadora no exame de
qualificação, pelas discussões e sugestões na redação desta tese.
Aos funcionários da seção de Pós-graduação da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP, em especial a Ana Lúcia, Eleni e Rosana.
Ao funcionário da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-
USP, Antônio Cid Garbin Júnior, pela contribuição no rearranjo e disposição dos
dados nos programas Excel® e Acces®.
E a todas as pessoas que estiveram sempre ao meu lado, e que de alguma
maneira participaram deste trabalho durante estes quase quatro anos.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por esta oportunidade de realizar o meu doutorado, especialmente na
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP. Sei que ele está
sempre comigo, nos momentos de alegria e de angústia.
À minha mãe, Ivete Catarina Molino Guidoni (In memorian), que se foi sem ao
menos poder ver o seu filho conquistar alguns sonhos compartilhados com ela.
Obrigado por tudo que fez por mim, por todos os gestos e palavras de carinho,
incentivo, companheirismo, e por sempre ter acreditado no meu potencial. Obrigado
também pelo exemplo de vida, de garra, perseverança, inteligência e amor. Tenho
absoluta certeza que está explodindo de alegria, seja onde estiver. Dedico
especialmente esta Tese a você, mãe. Sinto sua falta!
Ao meu pai, Lucimar Guidoni (In memorian), que mesmo tendo estudado até
a quarta série do ensino fundamental, nunca deixou de me incentivar a seguir nos
estudos, buscando sempre algo melhor. Obrigado pelo exemplo de vida, exemplo de
alegria, carinho, dedicação e amor. Obrigado pelo grande ensinamento: podemos
conquistar tudo o que quisermos com honestidade, depende apenas de nós!
A minha irmã, Leticia Molino Guidoni, pelo exemplo de vida, de mulher, de
irmã. Em vários momentos difíceis da minha vida, você estava presente, sempre ao
meu lado, mesmo estando distante fisicamente. Talvez não saiba disto! Sou feliz por
ter você como irmã, e tenha certeza que esta conquista também é sua.
Ao meu irmão, Luciano Molino Guidoni, que mesmo possuindo outras
filosofias de vida, sempre se orgulhou de minhas conquistas e me ensinou vários
ensinamentos. Valeu por ser meu irmão!
Aos meus Tios, João Anselmo e Lucília, que me acolheram em sua casa
como um filho e financiaram parte dos meus estudos, sempre me incentivando a
busca algo “a mais”. Agradeço pelos conselhos, pelo carinho, pelo amor recebido
sempre.
À minha madrinha, Marinês, e padrinho, Eloílson, pela atenção, abrigo,
carinho e amor, sempre me dando força. Como é bom saber que existem pessoas
que se preocupam com a gente e com quem podemos contar. Obrigado por tudo!
Aos meus tios, Marcileni e Edivan, pela simplicidade e força de vontade!
Aos meus primos, Otila, Olivia, Thiago, Tathiani, Juliano, João Vitor e Luiz
Henrique.
Ao Prof. Dr. Leonardo, que foi mais que um orientador, foi um amigo,
companheiro, incentivador, colega, enfim, uma pessoa que faz parte da minha vida
eternamente. Lembro até hoje do dia que me aceitou como possível orientando,
mesmo nem me conhecendo. Disse apenas que dependia de mim! Espero ter
retribuído a confiança.
Ao docente responsável pelo Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento
Farmacotécnico da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP,
pela amizade, carinho, confiança e pelos conselhos profissionais e pessoais.
Ao amigo e irmão André Baldoni, o qual esteve sempre presente em toda esta
minha caminhada, me apoiando em tudo o que eu precisava. Foi mais que um
amigo, foi um irmão que encontrei em Ribeirão Preto-SP, sempre acreditando no
meu potencial, sempre me colocando “para cima”. Obrigado por tudo, você tem um
pedacinho desta conquista.
À minha amiga e irmã Andrea Fontoura, pelo carinho e amor. Fico feliz de tê-
la próxima a mim, e tenho a felicidade de ter ti conhecido. Obrigado pelo incentivo e
confiança!
Ao amigo João Paulo, o qual foi companheiro de Moradia-USP (Ponto G) e
República (084480) pela amizade e companheirismo em toda a minha caminhada na
pós-graduação.
À minha namorada Ana Carolina, que mesmo estando há pouco tempo
comigo, conhece e apoia esta minha caminha desde quando éramos amigos.
Obrigado pelo amor, carinho, companheirismo e compreensão que tem e teve no
processo de construção deste trabalho.
Aos meus colegas do Laboratório do Centro de Pesquisa em Assistência
Farmacêutica e Farmácia Clínica (CPAFF), Anna Paula, Beatriz, Iahel, Marília,
Maíra, João Paulo, Lorena, Lucas, Tiago, Manuela, Anaí, pela amizade e
companheirismo.
Aos colegas do Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento Farmacotécnico
da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP, em especial a
Maria Paula, Maíra, Camila e Renê.
Aos meus velhos e novos colegas de república, Ricardo (Pancinha), Luciana
e Jonílson, pelos bons momentos de descontração e pelas palavras de amizade e
incentivo.
Aos meus amigos e colegas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de
Ribeirão Preto-USP, em especial Fernando (capixaba), Willian (vascaíno), Joel.
A todos os meus colegas da comissão organizadora do III SINPOSPq (2009).
Aos funcionários da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-
USP, Ana Lúcia, Rosana, Vânia (Seção de pessoal), Antônio e Valdir (vigias), José
Maria Puga.
Aos amigos da “Quinta dos amigos”, pelo companheirismo e por ter me
proporcionado momentos de distração, tão importante na construção deste trabalho.
Aos alunos do curso de graduação em Farmácia da Faculdade de Ciências
Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP que cursaram a disciplina de Farmácia Clínica
e Terapêutica no ano de 2010, pela confiança e troca de experiências, em especial a
Turma 05 (noturno) por ter me escolhido com farmacêutico homenageado.
Às alunas de graduação do Projeto Rondon Camila Alba, Camila Fernanda,
Gabriela, Juliana, Kátia, Laísa, Michele, Tabatha e à equipe da PUC de Porto Alegre
chefiada pelos professores Dênis e Fábio.
Aos alunos de tutoria do curso de graduação em Farmácia da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto-USP (período noturno, ingressos no ano
de 2011), em especial a Mariana, Guilherme, Bianca Bueno, Joyce, Nayara,
Roberta, Danielle, Marcella, Thaís, Mariana Quinhone, Vanessa e Aline Kowara.
A todos meus amigos de turma do Curso de Farmácia-Bioquímica da
Universidade Federal do Espírito Santo, pela convivência, amizade e aprendizado no
período de graduação. Em especial, aos meus amigos de turma João Maurício e
Júlio, pela amizade e companheirismo.
À Hindra Colodetti, pelo carinho, amizade e companheirismo durante todo
este tempo, sempre me incentivando a buscar algo a mais.
À turma do ensino médio do Centro Federal de Educação Tecnológica do
Espírito Santo (CEFETES), em especial a Arthur e Cleiton, pela amizade sincera e
carinho, sempre me apoiando e incentivando a buscar meus sonhos.
À minha amiga Juliana Nichio, pela amizade e incentivo.
À turma do futebol do Abel, do futebol de terça, do futebol de quinta, do
futebol de sábado, pelos momentos de distração e divertimento, fundamentais para
a realização deste trabalho.
Aos professores e secretário do Departamento de Ciências Farmacêuticas da
Universidade Estadual de Londrina, pelo acolhimento, compreensão e
companheirismo, em especial a Edmarlon, Marcela e a professora responsável pelas
disciplinas de Farmácia Clínica e Farmacoterapia do DCF/UEL.
Aos amigos de Londrina, Daniela, Erik, Michele, Ademar (mineiro), Tiago,
Alessandra (turca) e Keli pela acolhida e carinho.
A todos que de alguma forma estão envolvidos na minha vida e que me
ajudaram a construir este caminho.
“Viva intensamente, desconfie do futuro, siga em frente,
Basta acreditar, vale a pena sonhar”
(Gustavo Lima)
RESUMO Guidoni, C. M. Estudo de utilização da varfarina em pacientes hospitalizados: análise do risco de interações medicamentosas e reações adversas. 2012. 100p. Tese (Doutorado). Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2012. Introdução. A varfarina tem sido considerada a principal terapêutica anticoagulante oral há aproximadamente 50 anos, estando entre os dez medicamentos mais envolvidos com reações adversas a medicamentos (RAM), apresenta estreita janela terapêutica e complexo regime posológico, exibe enorme variabilidade dose-resposta e elevado risco de interações medicamentosas (IM). Objetivo. Identificar e avaliar as IM e RAM relacionadas com a administração da varfarina. Casuística e Métodos. Trata-se de um estudo transversal. Os dados foram coletados retrospectivamente através do banco de dados informatizado do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo pertencente ao Sistema Único de Saúde. As prescrições de janeiro/2004 a dezembro/2010 dos pacientes que utilizaram varfarina foram analisadas, sendo os pacientes divididos em dois grupos: estudo (uso de vitamina K até 168 horas após prescrição de varfarina) e controle. Posteriormente, as prescrições medicamentosas que não continham varfarina foram excluídas da análise. As informações coletadas incluíram idade, gênero, raça, unidade de atendimento, diagnóstico clínico, doses e medicamentos, e exames laboratoriais. As IM com varfarina foram classificadas em risco A, B, C, D e X de acordo a base de dados da Lexi-Interact™ Online. Foi realizada análise descritiva e analítica (p<0,05). Resultados e Discussão. Foram identificados 3048 pacientes, os quais receberam 154161 prescrições medicamentosas (42120 continham varfarina). A idade média foi de 55,8 (±19,3) anos, 53,2% do gênero feminino, prevalência de idosos (48,1%) e do diagnóstico outras doenças cerebrovasculares específicas (4,3%). Os valores médios da international normalized ratio (INR) (2,4±1,7) e dose de varfarina (5,1±1,8mg) encontraram-se dentro dos preconizados pelos protocolos terapêuticos. Foi observado que 66,4% dos pacientes realizaram uso de polifarmácia, o que pode elevar o risco de IM. Além disso, 63,2% dos pacientes apresentaram prescrição(ões) de medicamentos classificados como risco D e/ou X, com média de 1,4 (±0,4) medicamento/prescrição, destacando-se o ácido acetilsalicílico e amiodarona. Quando comparado grupo de estudo (n=429) versus controle (n=2619), houve diferença estatisticamente significativa na idade média (anos) (59,0±18,8 vs. 55,5±19,3; p<0,000), número médio de medicamentos/prescrição (7,1±2,8 vs. 6,2±2,8; p<0,000), número médio de medicamentos de Risco D e X de IM por prescrição (1,4±1,3 vs. 1,0±1,0; p<0,000), albumina sérica (g/dL) (3,4±0,6 vs. 3,7±0,6; p<0,000), aspartato aminotransferase (U/L) (60,7± 200,6 vs. 41,5±84,5; p<0,005) e INR (4,9±3,4 vs. 2,1±0,7; p<0,000), fatores estes que podem ter contribuído para ocorrência de RAM no grupo de estudo. Conclusão. Observou-se elevada ocorrência de possíveis IM e RAM nos usuários de varfarina, as quais podem comprometer a efetividade e segurança do tratamento farmacológico. Como possíveis fatores de risco para ocorrência de RAM, destacam-se elevados valores de idade, número de medicamentos/prescrição, prescrição de medicamentos classificados como risco D e/ou X, de INR e de aspartato aminotransferase, e valores diminuídos de albumina sérica. Palavras-chave: Banco de dados, Efeitos adversos, Farmacoepidemiologia, Interação medicamentosa, Varfarina, Vitamina K.
ABSTRACT Guidoni, C. M. Study of warfarin utilization in hospitalized patients: analysis of risk of drug interactions and adverse reactions. 2012. 100p. Thesis (Doctoral). Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2012. Introduction. Warfarin has been considered the main oral anticoagulant therapy about 50 years ago and is among the ten drugs most commonly involved in adverse drug reactions (ADR), has a narrow therapeutic index and complex dosage regimen, exhibits enormous variability dose-response and high risk drug-drug interactions (DDI). Objective. To Identify and evaluate DDI and ADR related to the administration of warfarin. Casuistry and Methods. This was a cross sectional study. Data were collected retrospectively through the computerized database of the Faculty of Medicine of Ribeirao Preto Hospital, University of Sao Paulo linked to the Unified Health System. The prescriptions of the January/2004 to December/2010 of patients using warfarin were analyzed, and the patients were divided into two groups: study (utilization of vitamin K until 168 hours after prescribing warfarin) and control. Thereafter, the drug prescriptions that did not contain warfarin were excluded from analysis. Information collected included age, gender, race, patient service center, clinical diagnosis, dosages and drugs, and laboratory exams. The warfarin DDI were classified at risk A, B, C, D and X according to the database Lexi-Interact ™ Online. Descriptive and analytical analysis were performed (p<0.05). Results and Discussion. We identified 3048 patients who received 154,161 drug prescriptions (42,120 contained warfarin). The mean age was 55.8 (±19.3) years, 53.2% female, prevalence of elderly (48.1%) and other cerebrovascular diseases specific diagnosis (4.3%). The average values of international normalized ratio (INR) (2.4±1.7) and warfarin dose (5.1±1.8mg) were within those recommended by therapeutic protocols. It was observed that 66.4% of patients received polypharmacy, which can raise the risk of DDI. In addition, 63.2% of patients had prescription(s) of drugs classified as D or X risk, with an average of 1.4 (±0.4) drugs per prescription, especially aspirin and amiodarone. Compared study group (n=429) versus control (n =2619), there was a statistically significant difference in mean age (years) (59.0±18.8 vs. 55.5±19.3; p<0.000), average number of medications/prescriptions (7.1±2.8 vs. 6.2±2.8; p<0.000), mean number of drugs with risk D and X DDI/prescription (1.4±1.3 vs. 1.0±1.0, p<0.000), serum albumin (g/dL) (3.4±0.6 vs. 3.7±0.6; p<0.000), aspartate aminotransferases (U/L) (60.7±200.6 vs. 41.5±84.5; p<0.005) and INR (4.9±3.4 vs. 2.1±0.7; p<0.000), factors that may have contributed to the occurrence of ADR in the study group. Conclusion. There was a high occurrence of possible DDI and ADR in patients treated with warfarin, which may compromise the effectiveness and safety of pharmacological treatment. Noteworthy is the high values of age, number of medications/prescriptions, prescription drugs classified as risk D or X, INR and aspartate aminotransferases, and lower values of serum albumin as potential risk factors for the occurrence of ADR. Keywords: Database, Adverse effects, Pharmacoepidemiology, Drug Interactions, Warfarin, Vitamin k.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Fluxograma da representação esquemática da coleta de dados e análise
das informações dos pacientes tratados com varfarina no HCFMRP-USP no período
entre janeiro/2004 a dezembro/2010. ........................... Erro! Indicador não definido.
Figura 2. Fluxograma da representação esquemática da identificação de pacientes
com possível ocorrência de reação adversa devido ao uso de varfarina no HCFMRP-
USP no período entre janeiro/2004 a dezembro/2010. Erro! Indicador não definido.
Figura 3. Distribuição da faixa de dose de varfarina (mg/dia) dos pacientes tratados
com varfarina no HCFMRP-USP no período entre janeiro/2004 a dezembro/2010
(n=3048). ...................................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 4. Distribuição da faixa de valores da International Normalized Ratio dos
pacientes tratados com varfarina no HCFMRP-USP no período entre janeiro/2004 a
dezembro/2010 (n=3048). ............................................ Erro! Indicador não definido.
Figura 5. Relação entre dose média de varfarina (mg/dia) e International Normalized
Ratio médio dos pacientes tratados com varfarina no HCFMRP-USP no período
entre janeiro/2004 a dezembro/2010 (n=3048). ........... Erro! Indicador não definido.
Figura 6. Distribuição do número total de medicamentos/prescrição dos pacientes
tratados com varfarina no HCFMRP-USP no período entre janeiro/2004 a
dezembro/2010. ........................................................... Erro! Indicador não definido.
Figura 7. Fluxograma da representação esquemática da identificação de pacientes
com possível ocorrência de reação adversa devido ao uso de varfarina no HCFMRP-
USP no período entre janeiro/2004 a dezembro/2010 (n=3048).Erro! Indicador não
definido.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Parâmetros farmacocinéticos da varfarina. ............................................... 25
Tabela 2. Demonstração das faixas terapêuticas do International Normalized Ratio
recomendado por indicação do uso de varfarina. ...................................................... 29
Tabela 3. Recomendação para o manejo e reversão dos valores da International
Normalized Ratio elevados ou risco de sangramento em pacientes utilizando
vitamina K segundo American College Of Chest Physicians, 2004*. ........................ 31
Tabela 4. Relação dos exames laboratoriais coletados dos pacientes tratados com
varfarina no HCFMRP-USP no período entre janeiro/2004 a dezembro/2010. .... Erro!
Indicador não definido.
Tabela 5. Distribuição dos grupos anatômicos principais do primeiro nível de
classificação da Anatomical Therapeutic Chemical (ATC) Classification System. Erro!
Indicador não definido.
Tabela 6. Classificação de Risco, Ação e Descrição das interações
medicamentosas e alimentares segundo a base de dados Lexi-Interact™ Online.
..................................................................................... Erro! Indicador não definido.
Tabela 7. Descrição das características sócio-demográficas, unidade de
atendimento e diagnóstico clínico dos pacientes tratados com varfarina no HCFMRP-
USP no período entre janeiro/2004 a dezembro/2010 (n=3048).Erro! Indicador não
definido.
Tabela 8. Distribuição da dose média (mg/dia) e faixa de dose (mg/dia) de varfarina
dos pacientes tratados com varfarina no HCFMRP-USP no período entre
janeiro/2004 a dezembro/2010 (n=3048). .................... Erro! Indicador não definido.
Tabela 9. Distribuição dos valores médios dos exames laboratoriais dos pacientes
tratados com varfarina no HCFMRP-USP no período entre janeiro/2004 a
dezembro/2010. ........................................................... Erro! Indicador não definido.
Tabela 10. Distribuição do número total de medicamentos/prescrição dos pacientes
tratados com varfarina no HCFMRP-USP no período entre janeiro/2004 a
dezembro/2010. ........................................................... Erro! Indicador não definido.
Tabela 11. Descrição dos 15 medicamentos mais prevalentes utilizados pelos
pacientes tratados com varfarina no HCFMRP-USP no período entre janeiro/2004 a
dezembro/2010 (n=3048). ............................................ Erro! Indicador não definido.
Tabela 12. Descrição dos códigos da Anatomical Therapeutic Chemical (ATC)
Classification System mais frequentemente prescritos para os pacientes tratados
com varfarina no HCFMRP-USP no período entre janeiro/2004 a dezembro/2010
(n=3048). ...................................................................... Erro! Indicador não definido.
Tabela 13. Representação dos 10 medicamentos mais prevalentes que apresentam
interação com varfarina utilizados pelos pacientes tratados com varfarina no
HCFMRP-USP no período entre janeiro/2004 a dezembro/2010 (n=3048). ........ Erro!
Indicador não definido.
Tabela 14. Descrição do tempo ao qual ocorreu a prescrição de vitamina K para os
pacientes do grupo de estudo tratados com varfarina no HCFMRP-USP no período
entre janeiro/2004 a dezembro/2010 (n=429). ............. Erro! Indicador não definido.
Tabela 15. Distribuição da dose e via de administração da utilização de vitamina K
prescrita aos pacientes do grupo de estudo tratados com varfarina no HCFMRP-USP
no período entre janeiro/2004 a dezembro/2010 (n=429).Erro! Indicador não
definido.
Tabela 16. Comparação da idade média, dose média de varfarina, número de
medicamentos/prescrição, número de medicamentos de risco D e X de interação
com varfarina, e exames laboratoriais entre o grupo de estudo versus grupo controle.
..................................................................................... Erro! Indicador não definido.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AINES Antiinflamatórios não-esteroidais
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AST Aspartato aminotransferase
ALT Alanino aminotransferase
ATC Anatomical Therapeutic Chemical
CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças
CYP Citocromo P450
EAM Evento Adverso a Medicamentos
FDA Food and Drug Administration
HCFMRP-USP Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo
IM Interação medicamentosa
INR International Normalized Ratio
OMS Organização Mundial de Saúde
RAM Reação Adversa aos Medicamentos
SUS Sistema Único de Saúde
TP Tempo de protrombina
VKORC1 Complexo da vitamina K epóxido redutase
SUMÁRIO RESUMO...............................................................................................................................................
ABSTRACT...........................................................................................................................................
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 19
1.1. EVENTO ADVERSO AOS MEDICAMENTOS ......................................................................................... 20
1.2. SISTEMAS DE NOTIFICAÇÃO DE REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTOS ............................................... 21
1.3. A VARFARINA ................................................................................................................................ 23
1.4. ESTRATÉGIAS PARA IDENTIFICAÇÃO DE REAÇÃO ADVERSA A VARFARINA – O USO DE MARCADORES ... 29
1.5. REVERSÃO DA ANTICOAGULAÇÃO EXCESSIVA RELACIONADA AO USO DE VARFARINA ......................... 31
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 34
2.1. GERAL ........................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
2.2. ESPECÍFICOS .................................................................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS .............................................................................................................. 35
3.1. LOCAL DO ESTUDO E DELINEAMENTO ............................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.2. BANCO DE DADOS ........................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.3. POPULAÇÃO DO ESTUDO ................................................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.4. COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ...................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.5. PROTOCOLO EXPERIMENTAL ............................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.5.1. SEÇÃO A ..................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.5.1.1. Descrição da população de estudo ..................................... Erro! Indicador não definido.
3.5.1.2. Análise das possíveis interações medicamentosas ............ Erro! Indicador não definido.
3.5.1.3. Análise Estatística ............................................................... Erro! Indicador não definido.
3.5.2. SEÇÃO B ..................................................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.5.2.1. Análise do risco de desenvolvimento de reações adversas Erro! Indicador não definido.
3.5.2.2. Análise Estatística ............................................................... Erro! Indicador não definido.
4. RESULTADOS .................................................................................................................................. 36
4.1. SEÇÃO A ........................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
4.1.1. Descrição da população de estudo ........................................ Erro! Indicador não definido.
4.1.2. Análise das possíveis interações medicamentosas ............... Erro! Indicador não definido.
4.2. SEÇÃO B ........................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
4.2.1. Análise do risco de desenvolvimento de reações adversas .. Erro! Indicador não definido.
5. DISCUSSÃO ..................................................................................................................................... 37
5.1. SEÇÃO A ........................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
5.1.1. Descrição da população de estudo ........................................ Erro! Indicador não definido.
5.1.2. Análise das possíveis interações medicamentosas ............... Erro! Indicador não definido.
5.2. SEÇÃO B ........................................................................................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
5.2.1. Análise do risco de desenvolvimento de reações adversas .. Erro! Indicador não definido.
6. CONCLUSÕES ................................................................................................................................. 38
7. REFERÊNCIA ................................................................................................................................... 41
APÊNDICES .......................................................................................................................................... 53
ANEXO .................................................................................................................................................. 54
1. INTRODUÇÃO
20
1.1. Evento adverso aos medicamentos
A disponibilidade dos medicamentos para a prevenção e combate às doenças
fez da terapia farmacológica uma das principais tecnologias farmacêuticas no
tratamento dos indivíduos para recuperação da saúde. Embora sejam reconhecidos
como eficazes, em sua maioria, minimizando sofrimentos e curando pessoas, os
fármacos podem também representar sérios riscos à saúde, especialmente quando
utilizados de maneira inadequada. Dessa forma, a segurança do usuário no
processo de utilização do medicamento, visando à redução de danos e prejuízos
previsíveis, deve ser prioridade nos serviços de saúde (Kawano et al., 2006).
Os medicamentos podem aumentar a expectativa de vida, erradicar doenças,
trazer benefícios sociais e econômicos, entretanto podem onerar os custos com a
saúde, promovendo a ocorrência de Reações Adversas aos Medicamentos (RAM)
(Pfaffenbach et al., 2002). O próprio nome fármaco, de origem grega phármakon,
apresenta controvérsia no significado, podendo representar aquilo que tanto pode
trazer o bem como o mal, manter a vida ou causar a morte (Weatherall, 1990).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define evento adverso a
medicamento (EAM) como “qualquer ocorrência médica desfavorável, que pode
ocorrer durante o tratamento com um medicamento, mas que não possui,
necessariamente, relação causal com este tratamento” (OMS, 2002) e RAM como
“uma resposta nociva e não intencional ao uso de um medicamento que ocorre em
doses normalmente utilizadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico ou
tratamento de doenças ou para modificação da função fisiológica” (OMS, 1972).
Os problemas relacionados com medicamentos são importantes causas de
morbidade e mortalidade e possuem significante impacto nos recursos financeiros
dos sistemas de saúde (Committee on Quality of Health Care in America and
Institute of Medicine, 1999). As revisões sistemáticas têm demonstrado que 4,9% a
7,7% das admissões hospitalares estão relacionadas com os EAM (Howard et al.,
2007; Winterstein et al., 2002a; Beijer, de Blaey, 2002).
Atualmente, estima-se que mais de 5,0% das admissões hospitalares, 28,0%
de todas as visitas de emergência (pronto-atendimento) e 5,0% das mortes
hospitalares são causadas por RAM (Wilson et al., 2003). Segundo Budnitz et al.
21
(2011), 37,5% das visitas de pacientes idosos ao pronto atendimento devido aos
EAM resultaram em hospitalização subsequente.
Estudo realizado por Howard et al. (2007) demonstrou que os agentes
antiplaquetários, diuréticos, antiinflamatórios não-esteroidais (AINES) e
anticoagulantes são responsáveis por mais da metade do grupo de medicamentos
associados com admissões hospitalares preveníveis relacionadas a medicamentos.
Dessa forma, concentrar intervenções nestes quatro grupos de medicamentos pode
apreciavelmente reduzir as admissões hospitalares preveníveis relacionadas a
medicamentos (Howard et al., 2007).
Em adição, vale destacar que cerca de dois terços das hospitalizações de
idosos nos Estados Unidos (2007-2009) relacionadas aos EAM ocorreram devido ao
uso de varfarina, insulina, antiplaquetários ou hipoglicemiantes orais, sendo que
50,0% destas hospitalizações corresponderam à utilização de varfarina, cuja
manifestação clínica predominante é a hemorragia. Dessa forma, esforços
coordenados para promover o manejo seguro de agentes antitrombóticos e
antidiabéticos apresentam o potencial de reduzir substancialmente o dano para o
paciente (Budnitz et al., 2011).
1.2. Sistemas de notificação de reação adversa a medicamentos
A identificação das RAM ocorre principalmente por meio de duas
metodologias: a monitorização intensiva ou busca ativa e a notificação voluntária ou
espontânea. A notificação voluntária ou espontânea é a prática mais comumente
utilizada, principalmente por seu melhor potencial custo-efetivo (Wilholm et al.,
2000). Entretanto essa prática necessita ser continuamente estimulada pelo
profissional e pela equipe de saúde, sendo que a monitorização das RAM deve ser
contínua e incessante.
O método da notificação voluntária consiste na coleta e comunicação de um
sinal que é definido pela OMS como “possível relação causal entre uma RAM e um
medicamento, desconhecida ou incompletamente documentada anteriormente”
(OMS, 2011a). A causalidade da notificação deve ser avaliada com a aplicação de
algoritmos desenvolvidos para essa finalidade e, dependendo da consistência da
hipótese, da gravidade da RAM observada, do volume de notificações e do número
22
potencial de pessoas afetadas, são tomadas as decisões e as medidas necessárias
(Coêlho et al., 1999).
Apesar da importância para a segurança dos pacientes e do estímulo dessa
prática, a notificação voluntária de eventos sérios raramente excede 10,0% (Green
et al., 2001). Além disso, apresenta eficácia limitada devido à dificuldade no
estabelecimento da causalidade (Figueiras et al., 1997), pois geralmente as RAM
são notificadas sem associação causal a algum medicamento (Shakir, 2007),
havendo necessidade de complementação por rigorosos estudos epidemiológicos,
como ensaios clínicos, estudo de coorte e caso-controle (Laporte, Tognoni, 1993).
Além desta, outras desvantagens do método são dados incompletos e informações
limitadas sobre a população exposta, e a falta de denominadores que dificulta o
cálculo da incidência dos eventos (Brewer, Colditz, 1999; Committee on the
Assessment of the US drug Safety System, 2006).
Os sistemas de notificação espontânea de RAM têm sido o principal método
utilizado na detecção de sinais em Farmacovigilância nas últimas quatro décades
(Rodriguez et al., 2001; Meyboom et al., 2002). Recentemente, entretanto, tem
ocorrido discussões sobre a necessidade de melhorar o sistema de monitoramento
de segurança dos medicamentos como resultado dos elevados impactos desses na
segurança do paciente (Avorn, 2006; Wadman, 2007). Tornou-se evidente que
algumas RAM podem estar sendo detectadas tardiamente, quando milhões de
pessoas já foram expostas. Dessa forma, existe a necessidade de detecção precoce
e realização de um método pró-ativo de vigilância da segurança dos medicamentos,
fato este que tem recebido maior atenção nos países da Europa e América do Norte
(Schneeweiss, Avorn, 2005; FDA, 2007; EMEA, 2007). Por conseguinte, a
disponibilidade crescente na área da saúde de banco de dados eletrônicos
possibilita oportunidades para investigar um amplo espectro de RAM e detecção dos
sinais próximo do momento de ocorrência.
A adoção de outro método, como a monitorização intensiva ou busca ativa,
contribui para aumentar a eficiência das notificações voluntárias, promovendo a
detecção precoce de novos sinais (Harmark et al., 2006), a familiarização dos
profissionais de saúde com o diagnóstico de RAM e a colaboração para a
racionalização da utilização dos medicamentos e dos custos com a saúde
(Pfaffenbach et al., 2002).
23
A monitorização intensiva tem como vantagens o acesso a dados completos e
confiáveis dos eventos relacionados aos pacientes, realizado através da revisão do
prontuário, entrevista com o paciente e/ou com os profissionais de saúde, além de
monitoramento por meio de base de dados para a coleta de informações sobre os
pacientes, tais como as prescrições (Mazzeo et al., 2005). Entretanto, pode
apresentar um custo mais elevado do que a notificação voluntária uma vez que
necessitará de um profissional que trabalhe especificamente com esta atividade.
Atualmente, as redes sociais online são cada vez mais utilizadas para a
comunicação entre os pacientes com a mesma enfermidade e entre pacientes e
médicos. Os pacientes compartilham suas informações clínicas, solicitam orientação
específica de cuidado da doença e recebem apoio emocional de outros pacientes e
de seus médicos (Greene et al., 2010; Jain et al., 2009). Dessa forma, alguns
autores propõem que o Facebook® pode ser uma ferramenta promissora para a
identificação e relato de RAM, como demonstrado no estudo realizado por Knezevic
et al. (2011).
Com recursos de informatização e banco de dados contendo informações
sobre a utilização de medicamentos, torna-se possível realizar estudos de
farmacovigilância de qualidade e com elevado número de pacientes. Os resultados
obtidos de tais estudos são fundamentais para melhorar a comunicação entre
médicos e farmacêuticos, corrigindo possíveis erros de prescrição e utilização
inadequada, prevenindo e identificando de fatores de risco para ocorrência de RAM,
além de permitirem avaliar o perfil de utilização de medicamentos na população,
auxiliando na gestão pública dos recursos destinados à saúde, principalmente no
planejamento das políticas de Assistência Farmacêutica, regulação sanitária
(registro e fiscalização) e uso racional dos medicamentos (Guidoni, 2009).
1.3. A varfarina
1.3.1. Farmacocinética e Indicações de uso
A varfarina, também designada de antivitamina K, tem sido considerada o
principal fármaco da terapêutica anticoagulante oral há cerca de 50 anos e seu
consumo é crescente (Ansel et al., 2004). Estudo nos Estados Unidos demonstrou
24
elevação de 45,0% na dispensação da varfarina, passando de 21 milhões (1998)
para aproximadamente 30,6 milhões (2004) (Wysowski et al., 2007). Possivelmente,
esta elevação no consumo está relacionada ao envelhecimento populacional e
aumento na incidência de doenças cardiovasculares, como por exemplo,
tromboembolismo venoso e fibrilação atrial (Wiedermann et al., 2008).
Em geral, é indicada para a prevenção do tromboembolismo venoso, da
embolia sistêmica em pacientes com próteses valvulares cardíacas ou fibrilação
auricular, e prevenção primária ou prevenção da recorrência do infarto agudo do
miocárdio (Ansel et al., 2004).
A varfarina é um derivado cumarínico formado pela mistura racêmica de dois
isômeros opticamente ativos (R e S), em igual proporção, sendo que o isômero S é
cinco vezes mais potente (Ansel et al, 2004). Atua interferindo na interconversão
cíclica da vitamina K em 2,3 epóxido (vitamina K epóxido), inibindo assim a síntese
de fatores dependentes da vitamina K, que incluem fatores de coagulação II, VII, IV
e X, e as proteínas anticoagulantes C e S (Whitlon et al., 1978; Fasco, et al., 1982;
Choonara et al., 1988). Os parâmetros farmacocinéticos são representados na
Tabela 01.
O efeito anticoagulante da varfarina é observado dentro de dois a sete dias
após o início da terapia, de acordo com a dose administrada. Quando um efeito
rápido é necessário, a heparina pode ser administrada concomitantemente com
varfarina e interrompida assim que International Normalized Ratio (INR) alcance a
faixa terapêutica por dois dias (Hirsh et al., 2003; Hirsh et al., 2001).
A dose inicial de varfarina em indivíduos saudáveis pode variar de 2 a
10mg/dia nos dois primeiros dias, ajustados posteriormente pela análise dos valores
de INR (Holbrook et al., 2012; Micromedex, 2012). Normalmente a dose média de
manutenção é 5 mg/dia, o que geralmente resulta em um INR superior 2,0 após
quatro ou cinco dias de tratamento (Hirsh et al., 2003; Hirsh et al., 2001).
25
Tabela 1. Parâmetros farmacocinéticos da varfarina.
Parâmetros Descrição
Absorção
É rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal (90min) e
apresenta elevada biodisponibilidade.
A absorção não sofre influência de alimentos.
Distribuição
Apresenta baixo volume de distribuição (0,14L/Kg)
Apresenta alta taxa de ligação às proteínas plasmática,
especificamente a albumina (99,0%).
Metabolismo
Apresenta metabolismo hepático via citocromo P450 (CYP), através
das isoenzimas CYP2C9 (isoenzima primária), CYP2C19, CYP2C8,
CYP2C18 e CYP3A4.
Os metabólitos são inativos.
Excreção Apresenta excreção renal (92,0%) e em menor extensão pela bile.
Apresenta meia-vida de eliminação de uma semana (168h).
Referência: Micromedex, 2012.
1.3.2. Fatores que influenciam na resposta a varfarina
a) Relacionado ao Paciente
Vale destacar que existem muitos fatores que contribuem para a variabilidade
na dose e resposta à varfarina, destacando-se a idade, gênero, peso corporal (ou
uma indicação de massa corporal), os quais são responsáveis por uma variabilidade
de 10,0 a 20,0% da dose requerida (Sconce et al., 2005).
Além disso, o estado nutricional do paciente pode influenciar na resposta do
tratamento com varfarina, destacando-se os valores basais e de ingestão de
vitamina K (Cushman et al., 2001), que é substrato para produção dos fatores de
coagulação, assim como a variação da concentração da albumina sérica, devido a
ligação proteína-fármaco (White, 2010).
b) Comorbidades
O fígado desempenha um papel crítico na produção de fatores da coagulação
sanguínea e no metabolismo da varfarina através do citocromo P450 (Deitcher,
2002). Vale destacar que o metabolismo da varfarina está reduzido em pacientes
26
com doença hepática e corresponde a um aumento da prevalência de valores de
INR supraterapêuticas e risco de hemorragia (Zhang et al., 2006).
Estudos observacionais sugerem que pacientes com insuficiência renal
apresentam maior risco de eventos hemorrágicos no início da terapia com varfarina
(Beyth et al., 1998). Dessa forma, histórico de doença renal ou hepática tem sido
identificado como fator de risco significativo para sangramento em pacientes com
fibrilação atrial crônica que utilizam varfarina (DiMarco et al., 2005).
c) Farmacogenética e Etnia
A relação entre a dose-resposta da varfarina é extensamente influenciada
pelos fatores genéticos e ambientais, incluindo mutações nos genes que codificam o
citocromo P450 (Higashi et al., 2002).
Variações genéticas na isoforma da CYP2C9 e no l complexo da vitamina K
epóxido redutase (VKORC1), associados aos fatores clínicos, são responsáveis por
aproximadamente 50,0% da variabilidade da dose varfarina (Johnson et al., 2011).
Com relação à etnia, estudo retrospectivo demonstrou diferentes doses médias
semanais de varfarina para o INR alvo de 2,0 a 3,0 para as etnias asiático-
americano, hispânico, branco e negro americano. A variabilidade genética da
CYP2C9 e VKORC1 parece não explicar a menor dose requerida para os hispânicos
em relação aos brancos (Dang et al., 2005), a qual pode ser devido a outros
polimorfismos que ainda não foram descobertos (White, 2010).
d) Interação Medicamentosa
Por conseguinte, uma grande influência adicional sobre a variabilidade na
resposta da varfarina é a interação medicamentosa (IM) e com alimentos (Holbrook
et al., 2005). Estas interações podem alterar a atividade anticoagulante, elevando o
risco de hemorragias graves ou de evento trombótico. Exemplo de medicamentos
que elevam o efeito terapêutico são a amiodarona, paracetamol, omeprazol, ácido
acetilsalicílico, sinvastatina, tamoxifeno e que reduzem o efeito são barbitúricos,
carbamazepina, entre outros (Ansel et al., 2004).
Dados na literatura demonstram amplo espectro de interação varfarina-
medicamentos, podendo apresentar de 46 a 326 interações, dependendo da fonte
de informação utilizada (Guidoni et al., 2011). Na prática clínica, estudo realizado por
27
Malone et al. (2003) relatou que dentre as 25 potenciais IM consideradas
significativas no estudo, 24,0% envolviam o fármaco varfarina.
e) Relacionado ao medicamento
A varfarina encontra-se disponível no Brasil como medicamento genérico,
referência ou similar, destacando-se que os medicamentos genéricos e referência
são intercambiáveis (Brasil, 1999). Alguns médicos e pacientes tem expressado
preocupação quanto ao fato de que as diferentes apresentações farmacêuticas
podem não apresentar efeitos terapêuticos equivalentes nos variados parâmetros
fisiológicos (pressão arterial, frequência cardíaca,) laboratoriais (INR), e de
resultados ou desfechos (utilização dos sistemas de saúde, mortalidade). Ademais,
existe preocupação quanto a intercambialidade de medicamentos com baixo índice
terapêutico, como a varfarina, o qual as doses efetivas e tóxicas são separadas por
uma pequena concentração plasmática (Paveliu et al., 2011; Shrank et al., 2009).
Sendo assim, resultados de estudos de revisão sistemática e metanálise
sugerem que a apresentação da varfarina na forma genérica é segura e efetiva
quando comparada ao medicamento de referência e que os pacientes podem ser
seguramente tratados com este produto. Entretanto, os autores destes estudos
recomendam o monitoramente intensivo quando realizado a intercambialidade de
medicamentos uma vez que pode ocorrer variação individual nos valores de INR e
risco de eventos adversos (Dentali et al., 2011; Kesselheim et al., 2008).
Por conseguinte, vale destacar que este tópico é de extrema importância
clínica, terapêutica e econômica, uma vez que no gerenciamento da Assistência
Farmacêutica do Sistema Único de Saúde (SUS), os medicamentos normalmente
são adquiridos através da modalidade licitação, vencendo a concorrência as
apresentações farmacêuticas de menor custo unitário, principalmente os
medicamentos similares, os quais não apresentam teste de bioequivalência e
biodisponibilidade para serem comercializados.
1.3.3. Reação adversa
Devido às características descritas acima, a varfarina está entre os dez
medicamentos com o maior número de relatos de eventos adversos graves
28
apresentados durante as décadas de 1990 e 2000 no sistema de notificação de EAM
da Food and Drug Administration (FDA) (Winterstein et al., 2002b; Wysowski et al.,
2007).
Dos atestados de óbito dos Estados Unidos, os anticoagulantes ocuparam o
primeiro lugar (2003 a 2004) relativo ao número de total de menções de mortes por
medicamentos. Dados do departamento de emergência dos hospitais nos Estados
Unidos (1999 a 2003) indicaram que a varfarina esteve associada a
aproximadamente 29.000 visitas/ano por complicações hemorrágicas (Wysowski et
al., 2007). Segundo Winterstein et al. (2002b), os anticoagulantes orais foram
responsáveis por 32,0% das RAM identificadas, sendo que a anticoagulação
excessiva foi o evento mais prevalente.
1.3.4. Monitorização terapêutica
O exame do tempo de protrombina (TP) é o teste mais comum para monitorar
a terapia com anticoagulantes orais. O TP responde pela redução de três dos quatro
fatores pró-coagulantes dependentes da vitamina K (II, VII e X). Durante os primeiros
dias de terapia com varfarina, o prolongamento do TP reflete principalmente na
redução do fator VII (meia-vida de 6 horas) enquanto que, subsequentemente,
ocorre redução dos fatores X e II (Hirsh et al., 2003; Hirsh et al., 2001).
O exame é realizado, basicamente, através da adição de tromboplastina a
amostra sanguínea. A Tromboplastina varia na sua capacidade de resposta aos
efeitos anticoagulantes da varfarina, em função da sua origem, do conteúdo de
fosfolipídio e da preparação. A capacidade de resposta de uma tromboplastina pode
ser medida avaliando-se o Índice de Sensibilidade Internacional (ISI - International
Sensitivity Index) (Hirsh et al., 2003; Hirsh et al., 2001).
A monitorização do tratamento com varfarina é impreciso quando avaliado a
proporção direta do TP (calculado como uma taxa simples do valor do plasma do
paciente/plasma controle) porque tromboplastinas podem variar consideravelmente
na sua capacidade de resposta a varfarina. Esta variação na capacidade de
resposta da tromboplastina foi a principal razão para as diferenças clinicamente
importantes na dosagem de anticoagulante oral em diferentes países (Poller,
Taberner, 1982). Sendo assim, o reconhecimento dessas deficiências no
29
monitoramento TP estimulou o desenvolvimento do padrão de INR para monitorar a
terapia anticoagulante oral, e da adoção deste padrão melhorou a segurança da
terapia anticoagulante oral e facilitou seu monitoramento (Hirsh et al., 2003; Hirsh et
al., 2001; OMS, 1999).
Encontram-se descritas na Tabela 02 as recomendações referentes ao
intervalo terapêutico Ideal de INR para as diferentes indicações da varfarina.
Tabela 2. Demonstração das faixas terapêuticas do International Normalized Ratio recomendado por indicação do uso de varfarina.
Indicação INR alvo
Profilaxia do tromboembolismo venoso
2,0 – 3,0
Tratamento do tromboembolismo venoso
Profilaxia do embolismo pulmonar
Tratamento do embolismo pulmonar
Prevenção do embolismo sistêmico:
Válvulas de doença cardíaca
Válvulas de tecido cardíaco
Infarto Agudo do Miocárdioa
Fibrilação atrial
Válvulas prostéticas mecânicas (alto risco) 2,5 – 3,5
Válvula Mecânica na posição aórtica 2,0 – 3,0
a Se anticoagulante oral for utilizado para prevenir recorrência de infarto agudo do miocárdio,
considerar INR alvo entre 2,5 e 3,5. INR: International Normalized Ratio. Referência: Hirsh et al., 2001.
Dessa forma, exceto para algumas indicações, o INR alvo recomendado para
a terapia anticoagulante oral é 2,5 (faixa de 2,0 a 3,0) (Holbrook et al., 2012; Keeling
et al., 2011). Em adição, sempre que uma terapia anticoagulante com valores de INR
mais intensivos (maior que 3,0) é comparada em estudos randomizados com INR de
2,0 a 3,0, o INR menos intenso é tão eficaz e seguro (Hirsh et al., 2001).
1.4. Estratégias para identificação de reação adversa a varfarina – o uso de
marcadores
O uso de sistemas computacionais para detecção de RAM tem crescido
mundialmente. Classen et al. (1992) validaram o conceito de rastreadores de
30
eventos adversos computadorizados, incluindo a utilização de indicadores
específicos ou "gatilhos" (triggers) de possíveis EAM, tais como interrupção abrupta
da utilização do medicamento, valores de exames laboratoriais ou uso de
medicamentos específicos ou antídotos
Os anticoagulantes orais são os medicamentos mais comuns relacionados
com a detecção de EAM através da utilização dos “triggers” (Rozich et al., 2003).
Organizações têm utilizado diferentes “triggers”, incluindo valores anormais de INR,
evidências clínicas de sangramento ou progressivo desenvolvimento para anemia
para identificar resultados diretamente relacionados com danos ao paciente. Assim,
os “triggers” permitem a extração de dados para analisar as condições que
descrevem o processo que envolve o uso do anticoagulante varfarina. Essa
abordagem abrevia esforços, permitindo que os clínicos mensurem o risco de uso
associado à varfarina e quantifiquem a efetividade de introduzir alterações no seu
uso, tais como protocolos para padronização da dose (Rozich et al., 2003; Kilbridge,
Classen, 2002).
O Institute for Healthcare Improvemeny descreve 24 “triggers” que podem ser
utilizados na prática clínica para a detecção de possível ocorrência de eventos
adversos, dentre eles a vitamina K e INR superior a 6,0, ambos correlacionados com
anticoagulação excessiva devido ao uso de varfarina (Rozich et al., 2003). A
varfarina, como descrita anteriormente, exerce sua ação através da inibição da
síntese de fatores de coagulação dependentes de vitamina K. Doses excessivas de
varfarina elevam os valores laboratoriais do INR e aumentam o risco de hemorragia,
favorecendo a ocorrência de RAM, sendo que a vitamina K é utilizada para reverter
este efeito.
Estudo realizado por Roque e Melo (2010) adaptou os critérios da Institute for
Healthcare Improvemeny descritos acima para serem utilizados no Brasil, mantendo,
sem alteração, os dois marcadores de possível evento adverso ao uso de varfarina.
Além disso, vale destacar que estes marcadores receberam as maiores pontuações
pela avaliação dos especialistas do estudo, o que demonstra forte associação entre
uso do marcador e possibilidade de ocorrência de EAM.
31
1.5. Reversão da anticoagulação excessiva relacionada ao uso de varfarina
As recomendações da American College of Chest Physicians (Ansel et al.,
2004) para o manejo e reversão dos valores de INR elevados ou risco de
sangramento em pacientes utilizando vitamina K encontram-se descritos na Tabela
03.
Tabela 3. Recomendação para o manejo e reversão dos valores da International Normalized Ratio elevados ou risco de sangramento em pacientes utilizando vitamina K segundo American College Of Chest Physicians, 2004*.
Condição Descrição
Se INR aumentado, mas
<5,0; sem hemorragia
significativa.
Omitir próxima dose ou diminuir dose até valores
terapêuticos de INR
Se INR ≥ 5,0, mas <9,0;
sem hemorragia
significativa.
Omitir próxima dose ou duas doses. Reiniciar quando
INR na margem terapêutica.
Alternativa: omitir próxima dose e administrar vitamina
(≤ 5mg oral) particularmente se risco aumentado de
sangramento.
Se INR > 9.0; sem
hemorragia significativa.
Administrar maior dose de vitamina K (3 a 5mg oral). O
INR deve reduzir em 24 a 48 horas. Se necessário,
administrar novamente vitamina K.
.
Hemorragia grave com
qualquer valor de
elevação do INR
Administrar vitamina K (10 mg endovenosa, lenta),
complementado com plasma fresco ou concentrado de
complexo de protrombina. A administração de vitamina
K pode ser repetida a cada 12 horas.
Hemorragia com risco de
vida
Administrar concentrado de protrombina com vitamina
K (10mg endovenosa, lenta). Fator VIIa recombinante
pode ser considerado como uma alternativa para
complexo concentrado de protrombina. Pode repetir-se
este esquema, se necessário, de acordo com INR.
* Se for indicado continuação da terapêutica com varfarina após ter sido feita alta dosagem de
vitamina K: administrar heparina até efeitos da vitamina K serem revertidos e o paciente tornar-se a
responder à varfarina.
Referência: Ansel et al., 2004.
32
Atualmente, a American College Of Chest Physicians recomenda para pacientes
em uso de varfarina (Holbrook et al, 2012):
Com valores de INR entre 4,5 e 10,0, sem evidência de sangramento: sugere-se
não utilizar rotineiramente a vitamina K.
Com valores de INR maior que 10,0, sem evidência de sangramento: sugere-se
administração de vitamina K.
Associado com hemorragia grave: sugere-se rápida reversão da anticoagulação
com o complexo concentrado de protrombina. Além disso, sugere-se o uso
adicional de vitamina K de 5 a 10mg administrada vagarosamente via
endovenosa.
Por outro lado, o protocolo clínico da British Committee for Standards in
Haematology recomenda que (Keeling et al, 2011):
Pacientes com hemorragia grave deveriam receber 25-50 U/Kg de complexo
concentrado de protrombina e 5mg de vitamina K endovenosa.
Pacientes em que hemorragia não é grave deveriam receber 1,0 a 3,0mg de
vitamina K endovenosa.
Pacientes com INR superior que 5,0, mas sem hemorragia, deveria omitir uma
ou duas doses de varfarina e reduzir dose de manutenção. Investigar causa de
elevação do INR.
Pacientes com INR superior a 8,0 deveriam receber 1,0 a 5,0mg de vitamina K
via oral.
Dessa forma, observa-se que os protocolos clínicos diferem quanto aos
valores de INR no qual é necessário suspender o uso de varfarina, e/ou administrar
vitamina K, e/ou administrar complexo concentrado de protrombina.
Por conseguinte, como descrito anteriormente, a varfarina está entre os
medicamentos anticoagulantes orais mais prescritos, entre os dez medicamentos
mais comumente envolvidos com as RAM, pois apresenta estreita janela terapêutica,
enorme variabilidade em termos de dose-resposta intra e interindividual, elevado
número de IM, entre outros (Wysowski et al., 2007; Ansel et al., 2004; Winterstein et
al., 2002b). Diante do exposto, fica claramente evidenciada a necessidade e a
relevância da monitorização da utilização da varfarina para controlar e prevenir as
33
RAM e IM, principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil, onde tais
estudos são escassos.
Sendo assim, a presença de banco de dados informatizados como o de
prescrição eletrônica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP) e da lista de marcadores de
possíveis EAM, permite avaliar a utilização de medicamentos em um número
significativo de pacientes de forma consistente, precisa e pouco onerosa, pois não
necessita de significativa tecnologia para ser implementada. Além disso, vale
destacar que esta é uma ferramenta que possibilita analisar a racionalidade da
prescrição, o padrão de uso dos medicamentos, o perfil clínico do paciente, os riscos
de ocorrência de EAM, além de outros fatores que apresentam fundamental
importância na efetividade dos medicamentos, e que geralmente não podem ser
observados em estudos pré-clínicos.
Dessa forma, o presente estudo contribui fundamentalmente para a
otimização do tratamento farmacológico dos usuários de varfarina no HCFMRP-
USP, pois fornece subsídios para a avaliação da utilização e dos fatores de risco
associados ao uso deste medicamento.
2. OBJETIVOS
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS
36
4. RESULTADOS
5. DISCUSSÃO
38
6. CONCLUSÕES
39
Através da análise farmacoepidemiológica dos usuários de varfarina do
HCFMRP-USP, observa-se:
Prevalência do gênero feminino, raça branca, 55,8 anos (idade média)
e de idosos;
Ingresso no hospital preferencialmente pela clínica médica,
prevalecendo o diagnóstico de outras doenças cerebrovasculares
especificadas (I678);
Dose média da varfarina e de valores de INR dentro da faixa
terapêutica recomendada pelos protocolos clínicos, não existindo,
entretanto, correlação entre o INR mensurado e dose utilizada;
Prescrição de dose média de varfarina elevada nos pacientes idosos.
Além disso, estes pacientes apresentaram elevados valores de INR,
uso de politerapia e valores diminuídos de albumina sérica;
Prevalência do uso de politerapia, tendo principalmente a prescrição
concomitante de enoxaparina, omeprazol, furosemida e ácido
acetilsalicílico (100mg/dia).
Prescrição principalmente de medicamentos do grupo anatômico
principal sangue e órgãos hematopoiéticos da classificação ATC.
Através da análise das possíveis IM com varfarina, observa-se:
96,4% dos pacientes receberam prescrição de medicamentos com
potencial risco de interação com a varfarina, sendo que 63,2% destes
receberam prescrição de medicamentos classificados como risco D
e/ou X;
Média de 1,4±0,4 medicamentos classificados como risco D e/ou X de
interação com varfarina por prescrição;
Dois pacientes receberam a prescrição de tamoxifeno, medicamento
que deve ser evitado com uso concomitante de varfarina, sendo
classificado de risco X de interação;
Prevalência de uso de enoxaparina (risco C), omeprazol (risco C),
ácido acetilsalicílico (risco D) e heparina (risco C), potenciais
medicamentos que podem interagir com a varfarina.
40
Através da análise dos possíveis fatores de risco relacionados à
ocorrência de RAM nos usuários de varfarina, observa-se:
14,1% dos pacientes receberam prescrição de vitamina K para reverter
possível ocorrência de RAM relacionada à varfarina
Prescrição de vitamina K preferencialmente pela via endovenosa, até
48 horas após prescrição de varfarina e na dose média de 6,1±4,0mg;
Como possíveis fatores de risco para ocorrência de RAM (comparação
grupo de estudo versus controle): a idade elevada, elevado número de
medicamentos/prescrição, prescrição de medicamentos classificados
como risco D e/ou X de interação com a varfarina, elevados valores de
INR e de AST, e valores diminuído de albumina sérica.
Por conseguinte, observa-se elevada ocorrência de possíveis IM e
RAM nos usuários de varfarina do HCFMRP-USP, as quais podem comprometer a
efetividade e segurança do tratamento farmacológico, a qualidade de vida dos
pacientes e onerar os recursos financeiros do SUS. Dessa forma, a utilização de
bancos de dados eletrônicos torna-se uma ferramenta útil como estratégia de
minimização dos riscos de eventos adversos, na promoção do uso racional dos
medicamentos e na reorientação da gestão da Assistência Farmacêutica, sendo
ainda subutilizados nos países em desenvolvimento.
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APÊNDICES
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ANEXO
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