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Fé em Quem? E para o quê?
Por
Silvio Dutra
Jul/2018
2
A474 Alves, Silvio Dutra Fé em quem e para o quê / Silvio Dutra Alves Rio de Janeiro, 2018. 44p.; 14,8 x21cm 1. Teologia. 2. Fé. 3. Alves, Silvio Dutra. I. Título. CDD 252
3
Se é correto dizer que Deus opera tudo em
todos, e que os instrumentos que ele costuma
usar em suas operações, os agentes angelicais
ou humanos, nada são, pois não são eles
propriamente que realizam os milagres e
realizações divinas, senão o próprio poder de
Deus, no entanto, algo é requerido dos
instrumentos, especialmente os humanos, a
saber, que eles tenham fé, pois sem fé, em todos
os sentidos, é impossível agradar a Deus.
No entanto, cabe ressaltar que nem mesmo a
própria fé é algo que tenha poder inerente para
tais realizações divinas, uma vez que sempre é o
próprio Deus, por sua graça e poder que tudo
opera em todos.
Então por que a fé é requerida?
Isto nos propomos a responder, mas não com
uma afirmação direta e simples, tendo em vista
a complexidade do assunto, e a grande extensão
do seu alcance. Por isso recorreremos ao
próprio texto bíblico para que numa apreciação
direta da revelação divina possamos chegar a
uma conclusão proveitosa e esclarecedora.
4
Antes de tudo, a Bíblia afirma que a fé é o meio
da justificação do pecador, e que o seu alvo, ou
fim, está relacionado à nossa salvação.
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com
Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.”
(Romanos 5.1)
“Obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa
alma.” (I Pedro 1.9)
Alguém dirá: “Mas isto eu já sabia. O que eu
gostaria de saber mesmo é como devo usar a fé
para atingir outros objetivos.” Calma. Nós
chegaremos lá. Todavia, começamos pelo
essencial porque é muito comum se esquecer
que a fé é este meio de justificação, sem a qual
ninguém pode ser perdoado e aceito por Deus, e
por isso o seu fim principal tem a ver com a
salvação da nossa alma, pois como afirma Jesus,
o que adianta ganhar o mundo inteiro se
viermos a perder nossa alma? O que valeria ter
fé para remover montanhas, como Paulo diz em
I Coríntios 13, e não ter o amor de Cristo que é
alcançado pela salvação?
Se o homem não estivesse morto em delitos e
em pecados – se não estivesse afastado de Deus
em razão disso, nenhuma fé seria necessária,
mas como o pecado tem tornado Deus invisível
5
e inacessível para o homem, este tem recebido a
fé como um dom de Deus para que por ela, possa
ser reaproximado dEle.
Eu sei que não somente a curiosidade é muito
grande, como também a confusão que rodeia
este assunto, sobretudo no que diz respeito à
medida da fé que devemos ter para, como por
exemplo, expulsar aquela casta de demônios
que os próprios apóstolos não puderam expelir
do rapaz lunático, que Jesus libertou e lhes disse
que aquela casta não é expulsa senão por jejum
e oração.
Por que uma fé comum, que é poderosa para nos
salvar não é suficiente para expulsar
determinados tipos de espíritos imundos
poderosos?
Aqui temos uma grande lição para ser
aprendida, a saber, que ainda que não tenhamos
a fé que seja suficiente para tal propósito, para
agir diretamente sobre o objeto que
pretendamos livrar, todavia, nada impede que
tenhamos fé no poder daquele que tudo pode
fazer, a saber, Jesus Cristo.
O pai do menino não tinha fé para expulsar os
demônios. Ele não podia crer que tivesse
qualquer capacidade em si mesmo para tal, mas
6
ele foi convocado pelo Senhor a crer nele, isto é,
que ele, Jesus, poderia fazê-lo, pois tudo é
possível ao que nele crê.
A mesma coisa foi exigida pelo Senhor a Jairo,
cuja filha havia morrido. Ele disse a Jairo, que
mesmo em face da ação daqueles que tentavam
dissuadi-lo do contrário, que ele continuasse
crendo que Ele poderia ressuscitar a sua filha.
Então, o foco da nossa fé nunca deve estar
centrado em nossa própria capacidade e poder,
que a propósito são de nenhuma valia, mas nos
de Jesus, nele próprio, em sua divindade, para o
qual nada é impossível.
Uma questão permanece. Como saber se é da
sua vontade divina libertar alguém? Seria
efetiva a fé que depositássemos nele, por
exemplo para salvar alguém, que como Judas,
era um filho da perdição?
Aqui então há algo a mais para ser devidamente
considerado: a fé está limitada em sua ação pela
soberania divina, ou seja, nada será feito por ele
caso tenha determinado não fazê-lo, assim
como nada poderá impedir que ele faça o que
determinou em contrário.
7
É ilusório o pensamento de que podemos fazer
Deus mudar sua decisão em relação a algo que
ele fixou em seus decretos eternos.
Quanto às coisas que são condicionais, que
dependem da bênção ou do castigo do Senhor,
conforme o nosso comportamento, e em outras
coisas suscetíveis a mudança, é óbvio que Deus
pode modificar as condições reinantes, mas
sempre o fará, assim mesmo, segundo a sua
soberania, e não segundo a nossa vontade.
Ele fará a sua vontade ser conhecida a nós, ou
então a agirmos em conformidade com ela, para
que possamos exercer fé neste sentido, e assim,
alcançar o fim almejado, que na verdade, como
vemos, terá sempre começado com ele, e nunca
conosco, pois até mesmo os nossos
pensamentos são conhecidos por ele antes de
virem à tona, e é sempre ele que efetua o nosso
querer e o realizar segundo a sua própria boa
vontade.
Se não fosse assim, o universo já seria de há
muito, um verdadeiro caos, pois onde todos os
seres pudessem agir com suas vontades
contraditórias, não poderia haver qualquer
continuidade de existência neste mundo.
8
Importa, portanto, que tudo esteja sujeito ao
domínio e controle totais do Senhor, e a fé deve
ser movida por ele, para que seus propósitos
sejam executados, para que todas as coisas
sigam o conselho da Sua vontade.
Esta é a razão de o apóstolo afirmar que sempre
seremos atendidos em nossas orações, caso elas
sejam conforme a vontade de Deus.
Mas Deus não poderia fazer tudo o que fosse
necessário ser feito sem o concurso da fé?
Sim, e há muito que ele opera sem que haja a
necessidade da presença da nossa fé, mas,
sempre que há algo relacionado à manifestação
da sua glória, o caminho comumente usado é o
de mover algum agente da fé, para testemunho
do cumprimento do seu poder e fidelidade.
Além disso aprendemos a ser dependentes de
Deus e a reconhecer que ele de fato tudo domina
e tem todo o poder, de maneira que aprendemos
a viver descansando e sossegados nele, a par de
todas as circunstâncias difíceis que tenhamos
que enfrentar, pois sabemos que temos um
Deus maravilhoso, interessado no nosso bem-
estar e que sempre nos atende quando a ele
recorremos nas horas de aflição.
9
Uma outra razão para a fé, é que pelo exercício
da mesma através da confiança e da oração,
nossa comunhão e familiaridade com Deus
aumenta progressivamente.
A observação atenta de todos os livramentos e
bênçãos que ele opera em nossas vidas, pelo
exercício da fé, muito nos estimula a confiar
inteiramente nele, o que é o seu propósito final,
tanto que uma vez que tudo for consumado com
a restauração futura, até mesmo a própria fé e a
esperança sairão de cena, por não mais serem
necessárias, e permanecerá apenas o amor.
Mas até lá, até que haja a consumação de tudo
pela glorificação final de Jesus e do seu reino,
necessitamos da fé e ser dirigidos por ela,
porque ela é a certeza das coisas que são
esperadas e a convicção das que são invisíveis.
Vivemos pelas promessas do Senhor e amamos
o Deus invisível, cujos atributos são também
invisíveis, e a mão que toma posse das bênçãos e
realidades esperadas e invisíveis é a da fé, e ela
somente, pois Deus entregou em sua soberania,
tudo à fé, para que tudo seja feito por graça, e
não por nossas próprias obras e nossos méritos.
Toda a glória é dirigida a ele quando
caminhamos por fé, e tudo buscamos para a
10
nossa própria glória quando caminhamos por
vista.
Assim, se queremos aplausos, se pretendemos
ser vistos e honrados pelos homens, o nosso
caminhar é segundo o homem, e não segundo a
fé, pois a fé sempre glorifica a Deus.
Se nos gloriamos na nossa fé, então não e a
verdadeira fé que temos, mas confiança em nós
mesmos, porque a verdadeira sempre repousa e
foca somente em Cristo. No que ele pode fazer e
não no que nós podemos.
De modo que se não posso crer num impossível,
posso todavia crer nAquele para quem tudo é
possível, e assim, minha alma acha descanso e
paz, por entregar tudo em suas mãos, seja para o
resultado que for, seja para a vida, seja para a
morte, pois sei que tudo está debaixo do seu
controle poderoso e total.
Agora, nunca é demais saber que a fé sempre
atua pelo amor. Se eu tiver fé e não tiver amor
nada me aproveitará.
“Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão,
nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé
que atua pelo amor.” (Gálatas 5.6)
11
Nós amamos a Deus porque ele nos amou
primeiro.
Nós cremos em Deus porque foi ele quem
despertou a fé em nós. Éramos seus inimigos
por nossa natureza decaída no pecado. Mas ele
nos reconciliou consigo mesmo através da
nossa fé em Jesus Cristo. Ele tão somente pediu
que confiássemos inteiramente nele para
sermos reaproximados pelo trabalho que Jesus
fez por nós na cruz. Não nos impôs qualificações,
poderes, méritos ou qualquer exigência para
sermos reconciliados em amor, senão apenas
que tivéssemos fé no seu amor e cuidado por
nós, em seu grande interesse para nos salvar da
condenação eterna, do inferno, do pecado, do
mundo, e nos fazer co-herdeiros juntamente
com Cristo.
Deus nos tem chamado à vida eterna por e em
seu Filho Unigênito, e esta vida é alcançada
somente pela fé, pois ele decretou que a vida do
justo seria obtida pela fé.
“Todavia, o meu justo viverá pela fé.” (Hebreus
10.18a)
A fé glorifica a Deus porque não recua diante de
todas as circunstâncias difíceis, e o crente
permanece fiel ao Senhor e à Sua vontade, tudo
12
fazendo e sofrendo por amor a ele, porque
confia inteiramente nele e em suas promessas.
Pela fé ele foi ligado ao Senhor e assim
permanecerá até o fim, pois não faz parte
daqueles que recuam para a perdição da alma,
porque não têm verdadeira fé em Deus.
“Todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se
retroceder, nele não se compraz a minha alma.
Nós, porém, não somos dos que retrocedem
para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a
conservação da alma.” (Hebreus 10.38,39).
A chamada galeria dos heróis da fé, de Hebreus
11, é introduzida logo após Hebreus 10.39, com o
propósito de demonstrar que nenhum deles
recuou diante das tribulações que tiveram que
enfrentar, por causa da fé que eles tinham em
Deus.
Outro ponto importante a ser destacado quanto
a fé, é que ela é uma companheira inseparável
do arrependimento, pois enquanto estivermos
vivendo aqui embaixo, teremos sempre muito
do que nos arrepender, e é pela convicção
gerada pela fé quanto ao que seja da vontade de
Deus que podemos ver o quanto temos nos
afastado desta vontade, de modo que podemos e
devemos nos arrepender destes desvios, por
13
meio do exercício confiante da fé de que Deus
nos perdoará se lhe confessarmos os nossos
pecados e os deixarmos.
“Se Deus quer
Ele desperta a fé,
E a fé diz,
Faça o Senhor como quiser.”
O bom testemunho que Deus dá daqueles que
têm a fé genuína é sempre baseado na vida
santificada e obediente que eles têm tido, e nem
tanto na capacidade de eles crerem que Deus
pode realizar impossíveis, pois isto, até mesmo
os demônios sabem.
Entretanto, a par desta verdade, a fé sempre é
exigida se somos chamados por Deus, por
exemplo, a crer:
- Que ele quer e pode salvar o pior dos
pecadores, quando eleitos por ele para a
salvação.
- Que ele pode curar enfermidades que os
próprios médicos deram como casos perdidos.
14
- Que ele pode reconciliar os piores inimigos,
quando se submetem à sua vontade.
- Que ele tem poder para restaurar crentes
desviados.
Enfim, que todo verdadeiro bem, conforme
definido em Sua Palavra pode ser alcançado por
aqueles que nele creem.
Dizemos bem definido na Palavra, porque há
uma grande conexão entre a fé e a Palavra de
Deus:
“E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação,
pela palavra de Cristo.”
A audição da Palavra pregada no Espírito, gera a
fé no coração do ouvinte. Esta fé não é apenas
confiança depositada na Palavra ouvida como
sendo a verdade, mas naquele que é pregado
pela Palavra, a saber Jesus Cristo e seu poder.
Com falamos antes, é Jesus e seu poder que tudo
faz, e não propriamente a fé ou os instrumentos
por ele usados.
De modo que pouco adiantaria ensinar a Palavra
de Deus a um endemoninhado para que ele seja
livrado somente por este meio e nada mais, pois
15
se Jesus não expulsar o demônio de sua vida, não
haverá qualquer mudança real em seu viver.
Mas, liberte-se primeiro o escravo, e então ele
será livre para viver para Deus. E permanecerá
livre vivendo debaixo do mesmo poder.
“4 A minha palavra e a minha pregação não
consistiram em linguagem persuasiva de
sabedoria, mas em demonstração do Espírito e
de poder,
5 para que a vossa fé não se apoiasse em
sabedoria humana, e sim no poder de Deus.” (I
Coríntios 2.4,5)
Assim, a fé é gerada pela Palavra, e a Palavra é
tornada viva para nós, pela fé.
Esta fé é celestial e divina, não é algo nosso e da
terra, pois é um dom de Deus gerado pelo
Espírito Santo.
É o Espírito Santo que nos convence do pecado,
da justiça e do juízo. Sem o seu trabalho em nós
não poderíamos reconhecer que somos
pecadores, não seriamos levados a nos
arrepender desta condição, não confiaríamos
em Cristo somente para ser a nossa justiça, e
que de fato ele possui todo o poder sobre o diabo
e o inferno, e que é o Juiz de tudo e todos.
16
Como a graça opera pela fé e não propriamente
pela Lei, e por isto Jesus se manifestou trazendo
a graça e a verdade para a nossa justificação,
então tudo foi entregue por Deus à fé, nesta nova
dispensação da graça, em que vigora o
evangelho, conforme se pode ver em vários
textos das Escrituras:
“19 Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que
vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e
todo o mundo seja culpável perante Deus,
20 visto que ninguém será justificado diante
dele por obras da lei, em razão de que pela lei
vem o pleno conhecimento do pecado.
21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de
Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;
22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo,
para todos [e sobre todos] os que creem; porque
não há distinção,
23 pois todos pecaram e carecem da glória de
Deus,
24 sendo justificados gratuitamente, por sua
graça, mediante a redenção que há em Cristo
Jesus,
17
25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como
propiciação, mediante a fé, para manifestar a
sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente
cometidos;
26 tendo em vista a manifestação da sua justiça
no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o
justificador daquele que tem fé em Jesus.
27 Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída.
Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela
lei da fé.
28 Concluímos, pois, que o homem é justificado
pela fé, independentemente das obras da lei.
29 É, porventura, Deus somente dos judeus?
Não o é também dos gentios? Sim, também dos
gentios,
30 visto que Deus é um só, o qual justificará, por
fé, o circunciso e, mediante a fé, o incircunciso.
31 Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira
nenhuma! Antes, confirmamos a lei.” (Romanos
3.19-31).
“Sabendo, contudo, que o homem não é
justificado por obras da lei, e sim mediante a fé
em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo
18
Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em
Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da
lei, ninguém será justificado.” (Gálatas 2.16)
“2 Quero apenas saber isto de vós: recebestes o
Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da
fé?
3 Sois assim insensatos que, tendo começado no
Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na
carne?
4 Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes?
Se, na verdade, foram em vão.
5 Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que
opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas
obras da lei ou pela pregação da fé?
6 É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso
lhe foi imputado para justiça.
7 Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de
Abraão.
8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus
justificaria pela fé os gentios, preanunciou o
evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados
todos os povos.
19
9 De modo que os da fé são abençoados com o
crente Abraão.
10 Todos quantos, pois, são das obras da lei estão
debaixo de maldição; porque está escrito:
Maldito todo aquele que não permanece em
todas as coisas escritas no Livro da lei, para
praticá-las.
11 E é evidente que, pela lei, ninguém é
justificado diante de Deus, porque o justo viverá
pela fé.
12 Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que
observar os seus preceitos por eles viverá.
13 Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar
(porque está escrito: Maldito todo aquele que
for pendurado em madeiro),
14 para que a bênção de Abraão chegasse aos
gentios, em Jesus Cristo, a fim de que
recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.”
(Gálatas 3.2-14).
“8 Sim, deveras considero tudo como perda, por
causa da sublimidade do conhecimento de
Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual
perdi todas as coisas e as considero como
refugo, para ganhar a Cristo
20
9 e ser achado nele, não tendo justiça própria,
que procede de lei, senão a que é mediante a fé
em Cristo, a justiça que procede de Deus,
baseada na fé;” (Filipenses 3.8,9).
Ora, se tudo foi entregue à fé, então a fé é muito
preciosa aos olhos de Deus e para nós mesmos,
e é importante saber que ela pode e deve
crescer, de maneira que quanto maior a fé,
maior a nossa comunhão com o Senhor e nossa
confiança nele. De modo que se diz que qualquer
crente só alcança uma vitória completa sobre o
temor da morte, quando a sua fé cresce muito e
ele chega a entender e a viver as realidade do
céu aqui mesmo na terra.
Por isso nossa fé é provada por Deus através,
especialmente, das tribulações. Ela será
refinada e aumentada por esse meio, para que
possamos melhor responder ao propósito de
Deus em nos ter salvado para viver para sempre
com ele, em pleno acordo de nossas vontades
juntamente com a dele.
Como aprenderíamos a paciência, a
longanimidade, a misericórdia, senão pelo
exercício das mesmas mediante a fé?
Sabemos que o Senhor está conosco em todas as
nossas tribulações e de que todas ele nos livrará,
21
para estarmos na sua presença, santos e
inculpáveis, e tanto maior será a nossa
convicção desta verdade e realidade, quanto
maior seja a nossa fé.
Não é portanto, sem motivo, que os apóstolos
pediram a Jesus que lhes aumentasse a fé.
“2 Meus irmãos, tende por motivo de toda
alegria o passardes por várias provações,
3 sabendo que a provação da vossa fé, uma vez
confirmada, produz perseverança.
4 Ora, a perseverança deve ter ação completa,
para que sejais perfeitos e íntegros, em nada
deficientes.” (Tiago 1.2-4).
“6 Nisso exultais, embora, no presente, por
breve tempo, se necessário, sejais contristados
por várias provações,
7 para que, uma vez confirmado o valor da vossa
fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível,
mesmo apurado por fogo, redunde em louvor,
glória e honra na revelação de Jesus Cristo;” (I
Pedro 1.6,7).
Finalmente, sem que tenhamos encerrado o
assunto relativo à fé, que é muito extenso,
destacamos a importância de a fé estar sempre
22
associada a uma boa consciência, bem instruída
pelos preceitos da Palavra de Deus, pois, onde
uma fracassar, a outra também afundará.
Muitos erram neste ponto, quando priorizam
tanto a fé, que esquecem que também deve ser
priorizada a santificação de suas vidas,
mediante a Palavra do Senhor.
Quem não anda na verdade não está apto para
ser fiel testemunha de Cristo, ainda que seja
muito grande a sua fé nele.
Muitos se desviaram da genuína fé do
evangelho, que sempre opera em santificação,
por causa de ganância, impureza e toda sorte de
pecados e luxúria da carne.
O amor procede de uma boa consciência e de
uma fé não fingida. Há sempre esta conexão. Se
Deus nos tem dado o espírito de ousadia da fé,
ele também tem juntado a ele o amor e a
moderação, de modo que a fé opere numa base
de justiça e santidade.
“Mantendo fé e boa consciência, porquanto
alguns, tendo rejeitado a boa consciência,
vieram a naufragar na fé.” (I Timóteo 1.19).
“Conservando o mistério da fé com a
consciência limpa.” (I Timóteo 3.9).
23
“1 Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos
últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por
obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos
de demônios,
2 pela hipocrisia dos que falam mentiras e que
têm cauterizada a própria consciência,” (I
Timóteo 4.1,2).
“Aproximemo-nos, com sincero coração, em
plena certeza de fé, tendo o coração purificado
de má consciência e lavado o corpo com água
pura.” (Hebreus 10.22).
Não foi sem motivo que Jesus sempre
repreendeu aqueles que foram alcançados por
seus milagres por terem tido fé para serem
curados de suas enfermidades físicas, e que no
entanto, não permitiram um trabalho completo
da fé em seus corações, convertendo-os de fato
a Deus.
Eles receberam o benefício da cura física, da
expulsão de demônios, tiveram sua fome de pão
saciada, e muitas outras bênçãos, mas não se
arrependeram de seus pecados, e assim foi
perdido o principal alvo da fé, que deveriam usar
para serem transformados em novas criaturas e
viverem em novidade de vida, mortificando
seus pecados e santificando-se no Espírito.
24
“20 Passou, então, Jesus a increpar as cidades
nas quais ele operara numerosos milagres, pelo
fato de não se terem arrependido:
21 Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se
em Tiro e em Sidom se tivessem operado os
milagres que em vós se fizeram, há muito que
elas se teriam arrependido com pano de saco e
cinza.
22 E, contudo, vos digo: no Dia do Juízo, haverá
menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós
outras.
23 Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até
ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em
Sodoma se tivessem operado os milagres que
em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao
dia de hoje.
24 Digo-vos, porém, que menos rigor haverá, no
Dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que
para contigo.” (Mateus 11.20-24).
A fé que eles tiveram para alcançar bênçãos
materiais somente serviria para agravar a
condição deles no dia do juízo, de modo que
teria sido melhor não terem obtido nenhuma
bênção de Cristo, porque tiveram maior motivo
para terem se arrependido do pecado e
25
entregue suas vidas a ele, em gratidão, e todavia
não o fizeram.
A fé que foi dada para a vida, acabou sendo usada
neste caso, como um instrumento de
agravamento da morte.
Isto serve para nos alertar, a todos nós, quando
temos o interesse de nos aproximarmos de
Cristo somente para alcançarmos o que seja da
nossa própria vontade, e não propriamente da
vontade de Deus, ou ainda que sendo da vontade
de Deus, como a cura de nossas enfermidades
físicas e atender nossas necessidades materiais,
sem que no entanto isto não seja acompanhado
de um verdadeiro desejo de viver para ele e fazer
sua vontade.
Alimente o pombo e ele engordará, e ao morrer
nada haverá senão um pombo gordo morto.
Alimente o mendigo, dê roupas novas para ele,
mas caso não venha a se converter, virá a
perecer eternamente no inferno, por melhor
que tenha sido a sua nova condição neste
mundo, quanto às coisas desta vida.
Deus sempre dará, portanto, um bom
testemunho da fé que nos conduza de fato à
santificação de nossas vidas, mas, de nenhum
26
modo, poderá louvar aqueles que vivam com a
forma de piedade, sem conhecerem o poder
dela, ou que ainda que afirmando crer nele,
pregando até mesmo a Sua Palavra, mas que não
tendo tal fé acompanhada por um viver santo,
jamais poderão contar com a sua aprovação
divina.
Estes que são da fé, são conhecidos por Deus e
foi para os tais que Jesus veio a este mundo para
morrer por eles, de modo a reconciliá-los, por
sua morte e ressurreição, com o Pai.
A narrativa do décimo segundo capítulo do
evangelho de João, registra as várias reações à
pessoa de Jesus Cristo, desde que ele havia
ressuscitado a Lázaro. O apóstolo teve por alvo
registrar a atitude de muitos que haviam
professado ter crido no Senhor, e que no
entanto não o confirmaram por uma fé genuína
que comprovasse efetivamente a salvação deles.
Ainda hoje isto ocorre, bem como ocorreu ao
longo da história da Igreja, em que o joio se junta
ao trigo, e professantes nominais aderem à
Igreja pelos mais variados motivos, e no
entanto, um pequeno número,
comparativamente falando, possui a verdadeira
fé que salva, comprovando-o por suas vidas
santificadas na verdade.
27
“1 Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus para
Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele
ressuscitara dentre os mortos.
2 Deram-lhe, pois, ali, uma ceia; Marta servia,
sendo Lázaro um dos que estavam com ele à
mesa.
3 Então, Maria, tomando uma libra de bálsamo
de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de
Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e
encheu-se toda a casa com o perfume do
bálsamo.
4 Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos,
o que estava para traí-lo, disse:
5 Por que não se vendeu este perfume por
trezentos denários e não se deu aos pobres?
6 Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos
pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa,
tirava o que nela se lançava.
7 Jesus, entretanto, disse: Deixa-a! Que ela
guarde isto para o dia em que me
embalsamarem;
8 porque os pobres, sempre os tendes convosco,
mas a mim nem sempre me tendes.
28
9 Soube numerosa multidão dos judeus que
Jesus estava ali, e lá foram não só por causa dele,
mas também para verem Lázaro, a quem ele
ressuscitara dentre os mortos.
10 Mas os principais sacerdotes resolveram
matar também Lázaro;
11 porque muitos dos judeus, por causa dele,
voltavam crendo em Jesus.
12 No dia seguinte, a numerosa multidão que
viera à festa, tendo ouvido que Jesus estava de
caminho para Jerusalém,
13 tomou ramos de palmeiras e saiu ao seu
encontro, clamando: Hosana! Bendito o que
vem em nome do Senhor e que é Rei de Israel!
14 E Jesus, tendo conseguido um jumentinho,
montou-o, segundo está escrito:
15 Não temas, filha de Sião, eis que o teu Rei aí
vem, montado em um filho de jumenta.
16 Seus discípulos a princípio não
compreenderam isto; quando, porém, Jesus foi
glorificado, então, eles se lembraram de que
estas coisas estavam escritas a respeito dele e
também de que isso lhe fizeram.
29
17 Dava, pois, testemunho disto a multidão que
estivera com ele, quando chamara a Lázaro do
túmulo e o levantara dentre os mortos.
18 Por causa disso, também, a multidão lhe saiu
ao encontro, pois ouviu que ele fizera este sinal.
19 De sorte que os fariseus disseram entre si:
Vede que nada aproveitais! Eis aí vai o mundo
após ele.
20 Ora, entre os que subiram para adorar
durante a festa, havia alguns gregos;
21 estes, pois, se dirigiram a Filipe, que era de
Betsaida da Galileia, e lhe rogaram: Senhor,
queremos ver Jesus.
22 Filipe foi dizê-lo a André, e André e Filipe o
comunicaram a Jesus.
23 Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de
ser glorificado o Filho do Homem.
24 Em verdade, em verdade vos digo: se o grão
de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só;
mas, se morrer, produz muito fruto.
25 Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que
odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para
a vida eterna.
30
26 Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu
estou, ali estará também o meu servo. E, se
alguém me servir, o Pai o honrará.
27 Agora, está angustiada a minha alma, e que
direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas
precisamente com este propósito vim para esta
hora.
28 Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz
do céu: Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei.
29 A multidão, pois, que ali estava, tendo ouvido
a voz, dizia ter havido um trovão. Outros diziam:
Foi um anjo que lhe falou.
30 Então, explicou Jesus: Não foi por mim que
veio esta voz, e sim por vossa causa.
31 Chegou o momento de ser julgado este
mundo, e agora o seu príncipe será expulso.
32 E eu, quando for levantado da terra, atrairei
todos a mim mesmo.
33 Isto dizia, significando de que gênero de
morte estava para morrer.
34 Replicou-lhe, pois, a multidão: Nós temos
ouvido da lei que o Cristo permanece para
sempre, e como dizes tu ser necessário que o
31
Filho do Homem seja levantado? Quem é esse
Filho do Homem?
35 Respondeu-lhes Jesus: Ainda por um pouco a
luz está convosco. Andai enquanto tendes a luz,
para que as trevas não vos apanhem; e quem
anda nas trevas não sabe para onde vai.
36 Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que
vos torneis filhos da luz. Jesus disse estas coisas
e, retirando-se, ocultou-se deles.
37 E, embora tivesse feito tantos sinais na sua
presença, não creram nele,
38 para se cumprir a palavra do profeta Isaías,
que diz: Senhor, quem creu em nossa pregação?
E a quem foi revelado o braço do Senhor?
39 Por isso, não podiam crer, porque Isaías disse
ainda:
40 Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o
coração, para que não vejam com os olhos, nem
entendam com o coração, e se convertam, e
sejam por mim curados.
41 Isto disse Isaías porque viu a glória dele e
falou a seu respeito.
32
42 Contudo, muitos dentre as próprias
autoridades creram nele, mas, por causa dos
fariseus, não o confessavam, para não serem
expulsos da sinagoga;
43 porque amaram mais a glória dos homens do
que a glória de Deus.
44 E Jesus clamou, dizendo: Quem crê em mim
crê, não em mim, mas naquele que me enviou.
45 E quem me vê a mim vê aquele que me
enviou.
46 Eu vim como luz para o mundo, a fim de que
todo aquele que crê em mim não permaneça nas
trevas.
47 Se alguém ouvir as minhas palavras e não as
guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para
julgar o mundo, e sim para salvá-lo.
48 Quem me rejeita e não recebe as minhas
palavras tem quem o julgue; a própria palavra
que tenho proferido, essa o julgará no último
dia.
49 Porque eu não tenho falado por mim mesmo,
mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito
o que dizer e o que anunciar.
33
50 E sei que o seu mandamento é a vida eterna.
As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo tem
dito, assim falo.” (João 12).
Estas palavras bem demonstram que Jesus não
veio procurar admiradores superficiais neste
mundo. Pessoas interesseiras e com toda a sorte
de motivações que sejam diferentes da única
que ele espera encontrar em nós, a saber, a de
nos arrependermos de nossos pecados e
corrermos para ele para ser o nosso Senhor e
Salvador.
Isto será comprovado pela demonstração
sincera de nos considerarmos mortos
juntamente com ele, quanto ao nosso velho
homem, de modo, que não mais vivamos nós,
mas ele em nós, conduzindo-nos segundo a sua
boa, perfeita e agradável vontade.
Nosso Senhor nunca escondeu esta verdade em
seu ministério terreno, nem tampouco os seus
apóstolos aos quais instruiu pessoalmente ou
pelo Espírito Santo.
A linguagem é muito franca e direta, para que
seja deturpada, pois é definidora de modo claro
de qual é a Sua missão permanente neste
mundo, que é a de converter pecadores a Deus,
34
conforme a comissão que deu ao apóstolo Paulo,
logo após a sua conversão:
“13 Ao meio-dia, ó rei, indo eu caminho fora, vi
uma luz no céu, mais resplandecente que o sol,
que brilhou ao redor de mim e dos que iam
comigo.
14 E, caindo todos nós por terra, ouvi uma voz
que me falava em língua hebraica: Saulo, Saulo,
por que me persegues? Dura coisa é
recalcitrares contra os aguilhões.
15 Então, eu perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao
que o Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem
tu persegues.
16 Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés,
porque por isto te apareci, para te constituir
ministro e testemunha, tanto das coisas em que
me viste como daquelas pelas quais te
aparecerei ainda,
17 livrando-te do povo e dos gentios, para os
quais eu te envio,
18 para lhes abrires os olhos e os converteres das
trevas para a luz e da potestade de Satanás para
Deus, a fim de que recebam eles remissão de
pecados e herança entre os que são santificados
pela fé em mim.” (Atos 26.13-18).
35
E também aos doze, antes dele:
“15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o
evangelho a toda criatura.
16 Quem crer e for batizado será salvo; quem,
porém, não crer será condenado.” (Marcos
16.15,16).
“18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo:
Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.
19 Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo;
20 ensinando-os a guardar todas as coisas que
vos tenho ordenado. E eis que estou convosco
todos os dias até à consumação do século.”
(Mateus 28.18-20).
Aos judeus, nosso Senhor havia se dirigido a
eles, em várias ocasiões, com palavras diretas
como estas:
“44 Como podeis crer, vós os que aceitais glória
uns dos outros e, contudo, não procurais a glória
que vem do Deus único?
36
45 Não penseis que eu vos acusarei perante o
Pai; quem vos acusa é Moisés, em quem tendes
firmado a vossa confiança.
46 Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés,
também creríeis em mim; porquanto ele
escreveu a meu respeito.
47 Se, porém, não credes nos seus escritos,
como crereis nas minhas palavras?” (João 5.45-
47).
“23 E prosseguiu: Vós sois cá de baixo, eu sou lá
de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo
não sou.
24 Por isso, eu vos disse que morrereis nos
vossos pecados; porque, se não crerdes que EU
SOU, morrereis nos vossos pecados.
25 Então, lhe perguntaram: Quem és tu?
Respondeu-lhes Jesus: Que é que desde o
princípio vos tenho dito?
26 Muitas coisas tenho para dizer a vosso
respeito e vos julgar; porém aquele que me
enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que
dele tenho ouvido, essas digo ao mundo.
27 Eles, porém, não atinaram que lhes falava do
Pai.
37
28 Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o
Filho do Homem, então, sabereis que EU SOU e
que nada faço por mim mesmo; mas falo como o
Pai me ensinou.
29 E aquele que me enviou está comigo, não me
deixou só, porque eu faço sempre o que lhe
agrada.
30 Ditas estas coisas, muitos creram nele.
31 Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido
nele: Se vós permanecerdes na minha palavra,
sois verdadeiramente meus discípulos;
32 e conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará.
33 Responderam-lhe: Somos descendência de
Abraão e jamais fomos escravos de alguém;
como dizes tu: Sereis livres?
34 Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade
vos digo: todo o que comete pecado é escravo do
pecado.
35 O escravo não fica sempre na casa; o filho,
sim, para sempre.
36 Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres.
38
37 Bem sei que sois descendência de Abraão;
contudo, procurais matar-me, porque a minha
palavra não está em vós.
38 Eu falo das coisas que vi junto de meu Pai; vós,
porém, fazeis o que vistes em vosso pai.
39 Então, lhe responderam: Nosso pai é Abraão.
Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão,
praticai as obras de Abraão.
40 Mas agora procurais matar-me, a mim que
vos tenho falado a verdade que ouvi de Deus;
assim não procedeu Abraão.
41 Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe
eles: Nós não somos bastardos; temos um pai,
que é Deus.
42 Replicou-lhes Jesus: Se Deus fosse, de fato,
vosso pai, certamente, me havíeis de amar;
porque eu vim de Deus e aqui estou; pois não
vim de mim mesmo, mas ele me enviou.
43 Qual a razão por que não compreendeis a
minha linguagem? É porque sois incapazes de
ouvir a minha palavra.
44 Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis
satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde
o princípio e jamais se firmou na verdade,
39
porque nele não há verdade. Quando ele profere
mentira, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso e pai da mentira.
45 Mas, porque eu digo a verdade, não me
credes.
46 Quem dentre vós me convence de pecado? Se
vos digo a verdade, por que razão não me
credes?
47 Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por
isso, não me dais ouvidos, porque não sois de
Deus.
48 Responderam, pois, os judeus e lhe disseram:
Porventura, não temos razão em dizer que és
samaritano e tens demônio?
49 Replicou Jesus: Eu não tenho demônio; pelo
contrário, honro a meu Pai, e vós me desonrais.
50 Eu não procuro a minha própria glória; há
quem a busque e julgue.
51 Em verdade, em verdade vos digo: se alguém
guardar a minha palavra, não verá a morte,
eternamente.
52 Disseram-lhe os judeus: Agora, estamos
certos de que tens demônio. Abraão morreu, e
40
também os profetas, e tu dizes: Se alguém
guardar a minha palavra, não provará a morte,
eternamente.
53 És maior do que Abraão, o nosso pai, que
morreu? Também os profetas morreram.
Quem, pois, te fazes ser?
54 Respondeu Jesus: Se eu me glorifico a mim
mesmo, a minha glória nada é; quem me
glorifica é meu Pai, o qual vós dizeis que é vosso
Deus.
55 Entretanto, vós não o tendes conhecido; eu,
porém, o conheço. Se eu disser que não o
conheço, serei como vós: mentiroso; mas eu o
conheço e guardo a sua palavra.
56 Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu
dia, viu-o e regozijou-se.
57 Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não
tens cinquenta anos e viste Abraão?
58 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em
verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse,
EU SOU.
59 Então, pegaram em pedras para atirarem
nele; mas Jesus se ocultou e saiu do templo.”
(João 8.23-59)
41
Vemos assim que a fé em Jesus significa muito
mais do que simplesmente afirmarmos que
cremos nele. A verdadeira fé em Jesus se ajusta
a tudo o que ele é em sua pessoa, seu caráter,
seus atributos, sua vontade relativa a nós,
expressada sobretudo nos seus mandamentos,
tanto que ele define o amor a ele como o ato de
guardarmos os seus mandamentos.
Não é apenas fé em alguém e em algo, portanto,
mas somente na verdade, em Deus, em Cristo,
no Espírito Santo, nas realidades espirituais,
celestiais e divinas, e que se traduza não
somente numa relação de nossa parte com tais
realidades, como também sermos efetivamente
transformados por elas, e termos o nosso
caminhar dirigido pelo comando do que é
celestial, e não segundo que é terreno, natural,
pecaminoso e carnal.
À luz desta verdade revelada na Bíblia, nós
podemos concluir de quão pequena ou
nenhuma importância e significado é aquela
atitude de se afirmar que temos muita fé para
alcançar vários objetivos em nossas vidas,
quando estes objetivos não são aqueles que são
relativos à verdade revelada.
Por isso a fé se apega ao que é invisível e eterno,
e não ao que é visível e passageiro. Ela se apega à
42
Palavra de Deus que jamais passará, e despreza
o que é deste mundo, e tudo o que não pode
trazer, por sua própria natureza, a marca da
santidade e da eternidade.
Agora, numa palavra final, lembremos que Deus
jamais honrará a incredulidade, seja para salvar
alguém da condenação eterna, seja para realizar
milagres e prodígios em benefício temporal
para quem deles necessite.
Jesus se recusou em seu ministério terreno a
realizar sinais onde não havia fé. E, é de ser
esperado, como ele não muda, que não os
realize ainda segundo o mesmo critério.
Assim, devemos ter a direção do Espírito Santo
sobre o quê e por quem orar. Ainda que
tenhamos fé no poder de Deus para realizar o
milagre, não podemos no entanto, ter sempre a
certeza de qual seja a Sua vontade para
determinadas situações específicas.
Não devemos excluir a qualquer pessoa de
nossas intercessões, porque Deus não faz
acepção de pessoas, e não olha, portanto, para a
condição social delas, ou diferenças de raça,
grau de sujeição ao pecado etc. Mas, não
podemos esquecer que ele conhece
perfeitamente os corações, e pode, pelo Espírito
43
Santo nos conduzir quanto sobre este assunto
de por quem devemos ou não interceder.
“Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes
por eles clamor nem oração; porque não os
ouvirei quando eles clamarem a mim, por causa
do seu mal.” (Jeremias 11.14)
“Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não
para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que
não pecam para morte. Há pecado para morte, e
por esse não digo que rogue.” (I João 5.16)
Insistir em orar para que Deus abra uma porta
que ele decidiu fechar para sempre será
totalmente inócuo, e em alguns casos, pode
conduzir ao pecado de presunção e
desobediência. É melhor neste caso, seguir a
verdade do que o sentimento, o coração.
Se por nossa intercessão visamos à paz, mas à
custa de sacrificar a verdade, é outro caso em
que não deveríamos orar, porque Deus jamais
renunciará à sua verdade, seja pelo motivo que
for. Que se perca a paz, mas não a verdade.
A nossa fé deve então ter sempre a verdade por
fundamento, pois não pode ser uma verdadeira
fé aquela que não está conformada à verdade.
44
Pela fé na verdade nós tivemos acesso à vida
eterna e santificação, e pela mesma fé, esta vida
santificada deve ser continuada, em
prosseguimento ao propósito inicial da sua
concessão.
Longe de nós então, o comportamento de
buscar sinais e prodígios à parte de uma busca
anterior de santificação. Isto deve vir primeiro,
os sinais e prodígios o seguirão.
Primeiro o que é santo, depois o milagre.
Devemos apontar as flechas da fé para a
santidade, e os feixes de milagres virão
juntamente com ela. Apontemos somente para
os sinais e prodígios, e mesmo sendo possível
que alguns deles venha, também é mais do que
possível que não venham acompanhados da
santidade.
Mais do que para a santidade, apontemos para
Cristo, porque é nele que se encontra toda a
nossa santificação.
Certamente, a fé nos foi dada por Deus para que
nos ligássemos por ela a Seu Filho Unigênito,
para que vivamos por meio dele.
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