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FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
LEONARDO CÍCERO RAFAEL GONÇALVES
REVISTA ÍNTIMA EM PRESÍDIOS E A VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE
DA PESSOA HUMANA
CABEDELO - PB
2015
LEONARDO CÍCERO RAFAEL GONÇALVES
REVISTA ÍNTIMA EM PRESÍDIOS E A VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo Científico apresentado à Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Área: Direito Penal
Orientador(a): Prof.ª Esp. Gabriella Henriques
da Nóbrega
CABEDELO - PB
2015
LEONARDO CÍCERO RAFAEL GONÇALVES
REVISTA ÍNTIMA EM PRESÍDIOS E A VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE
DA PESSOA HUMANA
Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.
APROVADO EM _____/______ 2015
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof.ª Esp. Gabriella Henriques da Nóbrega
ORIENTADOR- FESP
_____________________________________________
Prof.ª Ms. Ana Carolina Gondim de Albuquerque Oliveira
MEMBRO- FESP
____________________________________________
Prof.ª Esp. Juliana Porto Vieira
MEMBRO- FESP
À minha querida família, incentivadora incondicional, pela paciência e compreensão diante das ausências enfrentadas durante toda a extensão do curso.
. Dedico.
AGRADECIMENTOS
À minha querida mãe que sempre sonhou com o dia em que me tornaria um
bacharel em direito, a minha tia Gláucia Ferrer pelo apoio irrestrito em todos os
sentidos, ao meu pai, Francisco Lucena (in memorian) e a minha família, pelo
incentivo incondicional durante todo o meu período acadêmico.
Aos funcionários da Fesp Faculdades, por toda paciência, compreensão e
vontade de me ajudar em todos os momentos da minha vida.
À minha orientadora, Prof.ª Gabriella Henriques da Nóbrega, pela paciência,
dedicação e interesse no bom desempenho deste trabalho.
À Prof. Socorro Menezes pelas correções e formatação do texto desse trabalho
científico dentro das normas da ABNT.
Enfim, a todos que contribuíram e torceram pela efetivação deste sonho que
ora se concretiza com a construção deste TCC.
Justiça é consciência, não uma consciência pessoal, mas a consciência de toda a humanidade. Aqueles que reconhecem claramente a voz de suas próprias consciências, normalmente reconhecem também a voz da justiça.
(Alexander Solzhenitsyn)
SUMÁRIO
RESUMO...........................................................................................................08
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................08
2 A REVISTA ÍNTIMA PESSOAL E O SISTEMA PENITENCIÁRIO
BRASILEIRO.....................................................................................................11
3 A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NAS VISITAS ÍNTIMAS E
SOCIAIS NOS PRESÍDIOS BRASILEIROS E ESTRANGEIROS....................15
4 A TRANSFERÊNCIA DA PENA DA PESSOA CONDENADA
PARA VISITANTE.............................................................................................18
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................20
ABSTRACT.......................................................................................................22
REFERÊNCIAS.................................................................................................23
8
REVISTA ÍNTIMA EM PRESÍDIOS E A VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
LEONARDO CÍCERO RAFAEL GONÇALVES
GABRIELLA HENRIQUES DA NÓBREGA
RESUMO
Tem-se aqui o objetivo precípuo de levantar questionamentos sobre o processo de revista íntima naqueles visitantes e familiares de presos que queiram adentrar nos estabelecimentos prisionais brasileiros. Há de se ressaltar os constrangimentos que essas pessoas passam para ter o direito que visitar seus familiares e amigos. Na maioria dos casos o princípio da dignidade da pessoa humana não é levado em consideração e crianças e adultos são submetidos a esta prática humilhante e traumática nesses presídios. Operadores do direito e doutrinadores, hodiernamente, entendem que esta prática da revista íntima é vexatória e abusiva, e decisões nos principais tribunais brasileiros já determinam a extinção da referida prática nos locais de encarceramento. Apesar de todos os avanços no sentido de abolir tamanha conduta violadora dos direitos humanos, estabelecimentos prisionais vêm mantendo esta ação, alegando que falta infraestrutura e equipamentos adequados para excluí-la do rol de procedimentos a serem realizados nos visitantes e familiares de presos. PALAVRAS CHAVE: Revista Íntima. Presídios. Dignidade da Pessoa Humana.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A revista íntima hoje realizada nas pessoas que queiram adentrar nos
estabelecimentos prisionais brasileiros, é considerada por muitos juristas e
operadores do direito, uma forma altamente constrangedora e violadora dos direitos
humanos. A revista íntima daqueles que queiram adentrar nos presídios consiste em
um procedimento de inspeção na qual o revistado, normalmente do mesmo sexo do
revistador, se submete a um processo, que inclui agachamentos sob um espelho com
o corpo totalmente desnudo e outros exames clínicos, com o intuito de se encontrar
algum objeto ou produto ilícito que possa estar sendo escondido pelo revistado.
Em outras palavras, pode-se dizer que a expressão revista íntima, na verdade é
um procedimento mais invasivo e agressivo na pessoa que queira adentrar a um
estabelecimento prisional ou congênere, pois exige o exame do próprio corpo do
* Graduado em administração de empresas, servidor público federal, aluno concluinte do Curso de Bacharelado em Direito da Fesp Faculdades, semestre 2015.2. e-mail: leonardo.goncalves@mj.gov.br. ** Perita Oficial Criminal e Professora de Ciências Criminais na Fesp Faculdades (Direto Penal, Direito Processual Penal, Criminalística, Política Criminal e Medicina Legal), atuou como orientadora desse TCC. e-mail: gabriellanobrega@yahoo.com.br.
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indivíduo, com atos de despir e quando necessário, toques ou contatos físicos
conduzidos pelo revistador, que normalmente é servidor do sistema prisional
brasileiro. Existem também revistas íntimas para acesso a estabelecimentos privados
por parte dos funcionários que laboram nessas empresas, mas esse não é o foco do
trabalho em questão.
A grande problemática aqui a ser tratada, reside no fato de essas revistas
estarem violando o princípio da dignidade da pessoa humana, ou seja, esse
procedimento vem atingindo a honra dessas pessoas e ocasionando muitos
constrangimentos nesses visitantes, causando traumas nessas pessoas, que em
muitos casos, submetem até crianças a esses procedimentos.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 (CF/88), mais precisamente em seu
artigo 5º, inciso III, prescreve que: “ninguém pode ser submetido a tortura ou a
tratamento cruel ou desumano”. Isso leva a conclusão de que a dignidade humana,
deve ser preservada de todas as formas, por ser uma garantia basilar do nosso
Estado Constitucional de Direito, conquistada com muito sacrifício após período
ditatorial vivenciado pelo Brasil em um passado não muito distante. O exercício da
autoridade pública, nesse caso os servidores penitenciários, agindo como
representantes do Estado, tem a obrigação de não ultrapassar os limites do Estado de
direito, e respeitar sobre todas as formas a dignidade da pessoa humana.
Partindo para o plano internacional da questão, várias são as normas jurídicas
vigentes que protegem essas pessoas e que regem a matéria jurídica envolvida,
destacando-se aqui a Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH), que em
seu artigo 5º, proíbe medida degradante ou tortura, assim como a transcendência da
pena para outras pessoas.
O artigo 21° traz ainda a proteção da privacidade, da honra e da dignidade, e o
art. 19°, traz normas de proteção as crianças, além do 24° falar da proteção das
mulheres. Como visto, o assunto é bastante polêmico e já existe no ordenamento
tanto pátrio como internacional, normas que regulam e protegem os envolvidos
nessas revistas íntimas.
Segundo a jurisprudência internacional que trata do tema discutido,
especificamente no que tange as mulheres que queiram adentrar nos
estabelecimentos prisionais, tem-se que para se estabelecer a inspeção vaginal, deve
o Estado cumprir quatro condições imprescindíveis: absoluta necessidade;
inexistência de nenhuma outra alternativa; ordem judicial e que seja realizada
10
unicamente por profissionais da saúde pública. Acontece que na maioria dos casos,
alguns desses itens são desrespeitados ou até a totalidade deles.
Recentemente, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
recomendou, em resolução publicada no Diário Oficial da União, na data de 02 de
setembro de 2014, o fim da revista íntima nos presídios brasileiros, considerada, uma
prática vexatória, desumana ou degradante. Este mesmo Conselho pede o fim do
desnudamento parcial ou total, da introdução de objetos nas pessoas revistadas, dos
agachamentos ou saltos e do uso de cães ou animais farejadores durante o
procedimento das revistas.
Cabe então fazer aqui uma pergunta crucial: a revista íntima em presídios,
viola o princípio da dignidade da pessoa humana? É realmente necessário o uso
deste tipo de procedimento para que se combata a entrada de produtos ilícitos nos
presídios brasileiros? Diante do posicionamento acima evidenciado, iremos discorrer
durante este estudo, sobre os aspectos que levam a adoção da revista íntima e nos
casos em que ela deve ser abolida de vez do nosso cotidiano, seguindo uma
tendência mundial de valorização dos direitos humanos e levando em consideração a
integridade física do visitante.
Com relação a concepção metodológica da pesquisa realizada neste trabalho,
pode-se dizer que foi fundamentada na técnica da pesquisa bibliográfica, que se trata
de um procedimento que oferece a metodologia de observação ao pesquisador, para
tanto, usando da possibilidade de se buscar alternativas para a solução do problema a
ser resolvido, ou seja, é de fato uma pesquisa minuciosa para que se encontre uma
real solução para a problemática, objeto do estudo.
Apesar de não existir uma literatura vasta no Brasil que trate do tema proposto
neste estudo, ainda assim foram consultadas algumas obras impressas e outras
encontradas na rede mundial de computadores que serviram de base para tratar do
assunto em questão. A pesquisa bibliográfica encontrada está intrinsecamente ligada
a autores que laboram na atividade prisional e também por aqueles que de alguma
forma trabalham na defesa dos direitos humanos e fundamentais dos encarcerados.
11
2 A REVISTA ÍNTIMA PESSOAL E O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
A revista íntima atualmente realizada nos cárceres brasileiros é considerada
vexatória perante aqueles que passam por ela. Na verdade este é um procedimento
pelo qual são submetidas as pessoas que pretendem visitar algum familiar na prisão.
Essa prática é considerada vexatória, exatamente pelo seu caráter humilhante e
abusivo. Essas pessoas, adultos, idosos e até crianças são ordenadas a ficarem nuas,
agachar diversas vezes, muitas delas tendo seus órgãos genitais inspecionados.
Segue definição de revista íntima com relação a realizada dentro dos presídios:
Essa revista pessoal íntima é considerada preventiva, uma vez que é feita por autoridade competente e tem a função de prevenir a entrada de objetos proibidos no interior dos presídios (MARIATH, 2008).
Segundo levantamento do Núcleo Especializado de Situação Carcerária da
Defensoria Pública do Estado de São Paulo, essa é a difícil situação de
aproximadamente 500 mil pessoas que passam por esses procedimentos
semanalmente no Brasil.
É do conhecimento de todos que os presídios brasileiros se encontram em
situação bastante precária e na maioria das vezes não há recursos financeiros
suficientes e nem material humano compatível com a quantidade de presos existentes
nestes estabelecimentos. Os servidores que laboram nestes locais de cumprimento
de pena estão na maioria das vezes em situação de risco perante a massa carcerária,
pois a qualquer momento podem sofrer uma tentativa de ataque a sua integridade
física, diante do péssimo relacionamento existente entre presos e agentes
penitenciários.
Esses servidores, em sua grande maioria, trabalham em condições
estressantes e com o psicológico afetado em muitas ocasiões. Não é à toa que a
profissão de agente penitenciário é considerada pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) como a 2ª mais perigosa do mundo, segundo dados divulgados por
esta organização. Também é considerada uma das mais antigas profissões da
humanidade de acordo com esta mesma (OIT).
Segundo estudo feito pela Estudo do Instituto de Psicologia da Universidade de
São Paulo (USP), revelou que a expectativa de vida de um agente penitenciário em
12
São Paulo é de aproximadamente 45 anos e que as péssimas condições de
infraestrutura das penitenciárias, a extensa jornada de trabalho e o estresse são os
fatores responsáveis por essa baixa expectativa de vida desses trabalhadores.
Além das questões acima elencadas, existem as facções criminosas que
dominam o crime organizado de dentro e fora das cadeias e, que em muitas
oportunidades, são as responsáveis por encomendarem as mortes destes servidores,
até mesmo com promessas de recompensa para os executores desses homicídios.
Partindo agora para o outro lado da problemática demonstrada, têm-se a
situação vivenciada pelos visitantes e familiares dos presos no Brasil, vindo a ser o
objetivo principal desta pesquisa. Para começar, pode-se dizer que as penitenciárias
brasileiras, em sua grande maioria, não possuem locais adequados de visitação para
que estas pessoas possam visitar seus entes que se encontram encarcerados. O que
existe nos presídios brasileiros é uma completa falta de investimento por parte do
estado e que se perdura por várias administrações e governos.
O dia a dia na vida de um visitante não é nada fácil quando se pretende visitar
um preso dentro do cárcere. Para que se consiga alcançar esse objetivo que é visitar o
preso, existem inúmeros requisitos a serem cumpridos. O primeiro passo é enviar um
cadastro para que um setor específico dentro dos estabelecimentos prisionais
proceda a investigação social do indivíduo candidato a visitação. Após uma vasta lista
de documentos exigidos para que haja o devido cadastro, é necessário também um
prévio agendamento com o setor de visitas da unidade prisional (DEPEN, 2015).
Após cumpridas as etapas acima elencadas, aí sim é chegado o dia da
visitação. Na maioria dos presídios brasileiros, é necessário que se chegue logo ao
amanhecer, enfrentar uma longa fila e horas de espera para que se consiga ter direito
a visita, seja ela social ou íntima. Logo na entrada existem barreiras que efetuam
revistas minuciosas nos pertences dos visitantes e nos produtos que eles carregam a
fim de levarem para seus familiares. O principal intuito dessas revistas é evitar a
entrada de produtos proibidos e substâncias ilícitas, como drogas, armas e aparelhos
celulares.
A principal queixa dos visitantes que adentram nesses estabelecimentos, é
justamente as revistas íntimas que em muitas ocasiões e em muitos
estabelecimentos, trazem sofrimento, humilhação, vexame, entre outras condutas
inapropriadas, ferindo assim a dignidade da pessoa humana, princípio basilar e
13
presente em nossa Carta Magna. Há estudos que demonstram, dentre aqueles que
condenam essa prática, que as revistas íntimas não são as principais responsáveis
por introduzir dentro dos presídios os objetos ilícitos.
Entretanto, dentre aqueles que laboram nessas prisões, o fim da revista íntima
só traria mais insegurança para dentro desses estabelecimentos, retirando assim, um
dos únicos meios de se impedir a entrada de produtos proibidos nas unidades,
principalmente nas cadeias mais precárias que não dispõem de outros meios de
fiscalização.
Segundo levantamento da campanha "Pelo fim da revista vexatória", da Rede
de Justiça Criminal de São Paulo, apenas 0,03% das revistas íntimas nos presídios
leva à apreensão de algum material proibido, como drogas, armas e celulares. Os
dados apontam também que a apreensão de objetos com parentes é quatro vezes
menor do que os encontrados com os presos.
Decisões judiciais mais atuais, caminham no sentido de vedar essa prática
considerada abusiva. A prática de revista vexatória para ingresso em unidades
prisionais do Brasil teve expressiva redução com a aprovação de leis e determinações
judiciais que a proíbem, entretanto algumas dessas leis não são cumpridas, de acordo
com um estudo realizado através de um mapa produzido pela Pastoral Carcerária e
pela Rede Justiça Criminal. O mapa aponta que os estados de São Paulo e Minas
Gerais são os que mais transgridem esses novos ordenamentos jurídicos.
Conforme mencionado no tópico introdutório desta pesquisa, em agosto de
2014, o Conselho Nacional de Política Criminal Penitenciária (CNPCP) editou uma
resolução recomendando o fim da revista vexatória em todos os presídios do país. Ao
todo, conforme o levantamento, 24 leis, portarias, instruções normativas ou
determinações judiciais vedam as revistas vexatórias. Doze delas proíbem os
procedimentos em Estados inteiros, enquanto as outras são restritas a um município
ou a um presídio específico.
De acordo ainda com a pesquisa elaborada pela Pastoral Carcerária, o mapa
aponta que estados nordestinos como Pernambuco (editou uma portaria que proíbe a
realização da revista vexatória e prevê que o agente público que a descumprir deverá
responder a processo administrativo disciplinar), Paraíba (uma lei de 2000 trouxe a
proibição da revista vexatória nas unidades prisionais), Bahia (o Estatuto Penitenciário
determina que a revista dos visitantes deve ser feita por funcionário do mesmo sexo,
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sem expor o revistado a constrangimento), e o Ceará (publicou portaria para o
controle de ingresso às unidades prisionais, que prevê medida de respeito ao princípio
da integridade da pessoa humana), saíram na frente através da iniciativa de leis,
decretos, portarias e regulamentos que tratam da matéria, evitando assim, na teoria,
que visitantes passem por constrangimentos. Resta agora o papel de fiscalizar o
cumprimento de tais medidas (PASTORAL CARCERÁRIA, BRASIL, 2014).
No Estado do Rio de Janeiro, vigora desde 2009 uma resolução que
regulamenta o procedimento de revista, um projeto de lei que proibiria a prática de fato
foi aprovado pela Assembleia Legislativa, mas vetado pelo governador. No Estado de
Goiás foi implantado a "Revista Humanizada", em julho de 2012, que proibiu que o
visitante fique nu ou passe por exames invasivos. No Pará, uma decisão recente deu
120 dias para que a Superintendência do Sistema Penal suspenda as revistas íntimas
em visitantes, sob pena de multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. O
Espírito Santo proibiu a revista vexatória por portaria em dezembro de 2012. A
portaria determina que as unidades prisionais capixabas obrigatoriamente devem usar
equipamentos de inspeção pessoal, como raio-x e scanners corporais para a revista
de visitantes.
Já no Mato Grosso, uma instrução normativa da Secretaria de Estado de
Justiça e Direitos Humanos proibiu, em julho de 2014, que os visitantes fiquem nus,
realizem agachamentos ou deem saltos, tenham suas partes íntimas visualizadas por
agentes do Estado, submetam-se a exame clínico invasivo e retirem suas roupas
íntimas. No Rio Grande do Sul, portaria do Estado alterou as normas para revista
íntima, que deve ser feita por inspeção visual, detector de metal ou outro equipamento
próprio para detecção de materiais ilícitos (PASTORAL CARCERÁRIA, BRASIL,
2014).
Por conseguinte, esforços estão sendo feitos no sentido de se abolir as revistas
íntimas das penitenciárias brasileiras e essa é uma tendência de valorização dos
direitos humanos que tende a atingir cada vez um número maior de estados
brasileiros. Portanto há uma luz no fim do túnel de que realmente dias melhores virão
para aqueles que queiram visitar seus familiares e amigos encarcerados sem ter que
passar por abusos diversos.
15
3 A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NAS VISITAS ÍNTIMAS E SOCIAIS NOS
PRESÍDIOS BRASILEIROS E ESTRANGEIROS
Nos dias atuais, há uma discussão em vigor, que trata das visitas íntimas nos
presídios brasileiros. A Constituição Federal Brasileira de 1988, nos traz os seguintes
dizeres:
Ninguém pode ser submetido à tortura ou a tratamento cruel ou desumano (art. 5º, inc. III); a dignidade da pessoa humana” (art. 1º, III); construir uma sociedade livre, justa e solidária e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, I e IV) (BRASIL, 1988).
A Lei de Execuções Penais (LEP), instituída pela Lei nº 7.210, de 11 de julho de
1984, garante ao preso a “visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos
em dias determinados” (art. 40, X). Já o Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária publicou, em 30 de março de 1999, a resolução nº 01, que estabelece o
seguinte com relação a visita íntima:
Art. 1º - A visita íntima é entendida como a recepção pelo preso, nacional ou estrangeiro, homem ou mulher, de cônjuge ou outro parceiro, no estabelecimento prisional em que estiver recolhido, em ambiente reservado,
cuja privacidade e inviolabilidade sejam asseguradas. Art. 2º - O direito de visita íntima, é, também, assegurado aos presos casados entre si ou em união estável. Art. 3º - A direção do estabelecimento prisional deve assegurar ao preso visita íntima de, pelo menos, uma vez por mês. Art. 3º - A direção do estabelecimento prisional deve assegurar ao preso visita íntima de, pelo menos, uma vez por mês (BRASIL, 1984).
Este mesmo Conselho, em 29 de junho de 2011, publicou a resolução n° 4, que
revogou a resolução n° 1, de 30 de março de 1988, que também garante a visita
íntima, de acordo com o que segue abaixo:
Art. 1º - A visita íntima é entendida como a recepção pela pessoa presa, nacional ou estrangeira, homem ou mulher, de cônjuge ou outro parceiro ou parceira, no estabelecimento prisional em que estiver recolhido, em ambiente reservado, cuja privacidade e inviolabilidade sejam asseguradas às relações heteroafetivas e homoafetivas. Art. 2º - O direito de visita íntima, é, também, assegurado às pessoas presas casadas entre si, em união estável ou em relação homoafetiva. Art. 3º - A direção do estabelecimento prisional deve assegurar a pessoa presa visita íntima de, pelo menos, uma vez por mês (BRASIL, 1988).
Entretanto, o passo mais importante dado em direção ao fim das revistas
íntimas e consequentemente o fim de abusos e transgressões ao princípio da
16
dignidade humana, foi com a edição da resolução n º 4 de 28 de agosto de 2014, do
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária que traz o seguinte:
Art. 1º. A revista pessoal é a inspeção que se efetua, com fins de segurança, em todas as pessoas que pretendem ingressar em locais de privação de liberdade e que venham a ter contato direto ou indireto com pessoas privadas de liberdade ou com o interior do estabelecimento, devendo preservar a integridade física, psicológica e moral da pessoa revistada. Parágrafo único. A revista pessoal deverá ocorrer mediante uso de equipamentos eletrônicos detectores de metais, aparelhos de raio-x, scanner corporal, dentre outras tecnologias e equipamentos de segurança capazes de identificar armas, explosivos, drogas ou outros objetos ilícitos, ou, excepcionalmente, de forma manual. Art. 2º. São vedadas quaisquer formas de revista vexatória, desumana ou degradante. Parágrafo único. Consideram-se, dentre outras, formas de revista vexatória, desumana ou degradante: I - desnudamento parcial ou total; II - qualquer conduta que implique a introdução de objetos nas cavidades corporais da pessoa revistada; III - uso de cães ou animais farejadores, ainda que treinados para esse fim; IV - agachamento ou saltos. Art. 3º. O acesso de gestantes ou pessoas com qualquer limitação física impeditiva da utilização de recursos tecnológicos aos estabelecimentos prisionais será assegurado pelas autoridades administrativas, observado o disposto nesta Resolução. Art. 4º. A revista pessoal em crianças e adolescentes deve ser precedida de autorização expressa de seu representante legal e somente será realizada na presença deste. Art. 5º. Cabe à administração penitenciária estabelecer medidas de segurança e de controle de acesso às unidades prisionais, observado o disposto nesta Resolução (BRASIL, 2014).
Portanto, como pode ser visto, o país tem leis e regras jurídicas suficientes para
que se combata o mal das revistas íntimas, entretanto é necessário o cumprimento
efetivo dessas legislações, sob o risco de se criarem leis que sirvam apenas para
existirem no papel.
Partindo agora para a situação dos presídios no exterior e fazendo um breve
comparativo entre outros países e o Brasil, cujo é o objeto deste estudo, tem-se o que
se segue: em se tratando de revistas nas visitas íntimas e sociais nos presídios
federais dos Estados Unidos, principalmente nas unidades chamadas de “Supermax”,
que serviram de modelo para a construção e idealização das penitenciárias federais
brasileiras, pode-se dizer que não existe tais revistas em decorrência de não existir o
contato físico entre preso e visitante. Nessas prisões norte-americanas, o preso não
tem direito ao contato físico com o seu familiar, mas sim contato por meio de um
sistema de comunicação eletrônica através de interfones, no qual ele fica em um
parlatório separado do seu familiar por um vidro blindado.
17
Assim, o infrator que está cumprindo pena nessas cadeias chamadas de
“Supermax”, é considerado um preso dentro de um regime diferenciado de
cumprimento da pena, onde vários tipos de direitos e regalias são cortados. Como
exemplo da retirada desses direitos, podemos citar o direito a visita íntima, que em
decorrência de sua estadia nestas unidades, não é autorizado pela direção das
unidades (DEPEN, 2015).
No sistema penitenciário argentino, as características das visitas são bem
assemelhadas as do sistema brasileiro. Nas prisões federais argentinas, assim como
no Brasil, a visita é um direito do preso e não um privilégio para aqueles que possuem
bom comportamento. As revistas também são bastante similares, ocasionando
problemas semelhantes e infringindo o princípio da dignidade da pessoa humana.
Assim como ocorrem nas prisões brasileiras, as penitenciárias do continente
africano trazem problemas até maiores dos que os encontrados por aqui. Gangues e
facções comandam, assim como no Brasil, o crime de dentro das cadeias. Há um
crescente número de mortes dentro das penitenciárias e essas mortes são
provocadas pelos próprios detentos, de acordo com reportagem do jornal sul africano
“The Citizen”. Superlotação também é um problema frequente nas unidades de
internação daquele país de acordo com o periódico.
Frequentemente, assim como ocorre aqui no Brasil, equipes internacionais das
Comissões de direitos humanos visitam as consideradas piores penitenciárias
brasileiras a fim de que se cessem as opressões, maus tratos e atitudes que tragam
violações aos direitos humanos.
No país, o Presídio Central de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o complexo
do Curado (antigo Aníbal Bruno), em Pernambuco, o presídio Urso Branco, em
Rondônia, os Centros de Detenção Provisória de São Paulo e a Cadeia Pública Vidal
Pessoa, de Manaus, no Amazonas, são as piores cadeias do Brasil segundo relatório
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Esses dados foram obtidos através de
pesquisas com juízes, promotores, policiais e agentes penitenciários que laboram
nessas unidades ou que de alguma forma mantem contato com os indivíduos
encarcerados.
Portanto, se há tantos problemas nessas unidades prisionais, o que se dizer
então da situação dos visitantes que necessitam adentrar nesses estabelecimentos.
Se há superlotação, maus tratos, péssimas condições de higiene, precariedade nas
instalações físicas, dá para se imaginar que melhor não será a experiência dessas
18
pessoas que visitam seus familiares. E pior ainda será a situação daqueles que
necessitam passar por vistorias íntimas para poderem ingressar nessas unidades.
Portanto, cabe aos estados e a união, combater esse mal que tanto aflige os visitantes
e familiares dos presos, dando a oportunidade de se ser respeitada a condição
elementar de ser humano, sem que haja desrespeito às leis e princípios garantidores
dos direitos humanos.
Como pode ser visto então, durante todo este tópico, a dignidade da pessoa
humana é princípio fundamental do Estado Democrático de Direito, instituído pelo art.
1º, inciso III, da nossa Carta Magna, que estabelece ainda a inviolabilidade da
intimidade e da honra das pessoas, coibindo ainda qualquer forma de tratamento
desumano ou degradante, conforme expressamente vedado no art. 5º, inciso III
(BRASIL, 1988).
A necessidade de manter a integridade física e moral dos internos, visitantes,
servidores e autoridades que visitem ou exerçam suas funções no sistema
penitenciário brasileiro, ensejou a criação da Lei nº 10.792/2003, que em seu art. 3º,
determina que todos que queiram ter acesso aos estabelecimentos penais devem se
submeter aos aparelhos detectores de metais, independentemente de cargo ou
função pública, evitando assim com que se respeite os princípios norteadores do
Estado Democrático de Direito (BRASIL, 2005).
4 A TRANSFERÊNCIA DA PENA DA PESSOA CONDENADA PARA A VISITANTE
É princípio basilar do Direito Penal pátrio, que a pena não pode passar da
pessoa do condenado. Isso nos leva a entender que somente as pessoas que
possuem responsabilidade criminal é que devem figurar na ação penal. Na vasta
doutrina criminal, este instituto é conhecido como o princípio da personalidade,
intranscendência ou responsabilidade pessoal e está destacada na Carta Magna,
servindo de base para a aplicação das penas impostas aos condenados. Segue na
íntegra o que prevê o art. 5°, XLV da nossa lei maior:
Art. 5º [...] XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido [...] (BRASIL, 1988).
19
Não cabe aqui comentar ou adentrar na esfera do Direito Civil, que autoriza o
perdimento de bens em favor do credor, de acordo com o que menciona a segunda
parte do inciso constitucional acima demonstrado. O que nos cabe aqui debater, é
uma forma de, utilizando-se da analogia, dizer que o princípio da intranscendência de
fato não esteja sendo violado, pois como é do conhecimento de todos, o preso que
está cumprindo sua pena e pagando pelos seus atos, está de certa forma em dia com
suas obrigações.
Esmiuçando o parágrafo supra, tem-se que a condenação não pode atingir sob
nenhum aspecto seus familiares e pessoas que queiram visita-lo, o que acaba por
ocorrer quando não são oferecidas condições adequadas para a visitação. Exemplo
que pode ser citado como forma de violação deste princípio, e ponto chave desta
pesquisa acadêmica, é a revista íntima, que viola esse princípio, atingindo os
visitantes em sua dignidade, penalizando-os em todos os sentidos.
É observado que na falta de uma legislação específica para criar um
procedimento padrão de revista íntima, os estabelecimentos prisionais, acabam por
conferir uma discricionariedade ao servidor para com os métodos empregados e os
seus limites, criando condições para que se cometam os mais diversos tipos de
constrangimento para com os visitantes.
A transferência da penalização recebida pelo preso à sua família ocorre
também no meio social. Os parentes dos presos sofrem preconceito nas mais
diversas esferas da sociedade, quer seja na vida pessoal ou profissional. Na medida
que se tem uma pessoa na família que encontra-se encarcerada, os olhares se voltam
para essas pessoas com certa discriminação, como se elas próprias tivessem
cometido e que fossem condenadas por esses crimes. Assim podemos citar:
O preconceito que o familiar de recluso sofre fora do muro e dentro da sociedade, punibiliza-o em sua dignidade, pois, sendo pessoas livres, são perseguidas de várias formas, tanto em sua liberdade e direito de trabalhar, como de frequentar certos lugares, como de viver uma vida sem se sentir culpado e ser constantemente punido pela sociedade por um crime que não cometeu (DUTRA, 2008).
O simples fato de ser familiar de um condenado impõe a ele uma marca que
acarreta graves consequências, não apenas no âmbito social, comprometendo as
relações afetivas, mas também em sua condição econômica, em decorrência de que o
20
mercado de trabalho dificulta a entrada de pessoas com essas condições, o que de
fato não deveria ocorrer.
Em certas situações os filhos da pessoa presa sofrem rotulações pejorativas de
todas as formas e em muitos casos são também considerados de forma absurda
como meliantes. Tudo isso pela conduta criminosa dos pais praticada no passado,
provocando consequências psíquicas irreversíveis em certas pessoas, podendo ainda
serem determinantes para a formação desse indivíduo e a forma como ele venha a se
relacionar na sociedade.
Por conseguinte, é verificado que os procedimentos de revista íntima e pessoal,
que se configuram como medidas de segurança adotadas pelos estabelecimentos
prisionais, são ações que estigmatizam socialmente os seus familiares, uma vez que
são tratados como indivíduos suspeitos, ocasionando situações recorrentes de
abordagens preventivas, monitoramento durante a sua permanência no presídio e
condutas infringidoras dos direitos humanos.
É inadmissível, que uma criança ou idoso, adentrando um estabelecimento
prisional, sofra a ação conhecida como revista íntima. É uma situação extremamente
vexatória e não deve ocorrer de acordo com as recentes alterações legislativas e
principalmente porque não respeita os bons costumes e a moral de uma sociedade,
que deve ter seus direitos respeitados sob todos os aspectos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil, não é raro ver reportagens e matérias sobre o precário estado em
que se encontram os presídios. Os presos na grande maioria desses
estabelecimentos são maltratados e não têm em muitos casos, seus direitos humanos
resguardados.
A revista pessoal e íntima a que são submetidos os familiares de presos para
ingresso nos estabelecimentos prisionais onde se encontram seus parentes, muitas
das vezes ferem o princípio da dignidade da pessoa humana, pois em certas
situações, esses familiares necessitam passar por completa vistoria de forma invasiva
em sua intimidade, tendo que ficarem despidos na presença de servidores e demais
funcionários que trabalham nesses procedimentos de revista.
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É comum crianças e mulheres terem que se agachar completamente despidos,
embaixo de espelhos, para fins de fiscalização para saber se tal pessoa está portando
alguma substância ilícita. Tal procedimento não há de ser mantido em nosso sistema
penal e essa é a intenção dos legisladores e operadores do direito. Diversos
magistrados têm manifestado suas decisões no sentido de abolirem tais revistas, ou
então exigir que elas sejam feitas usando equipamentos eletrônicos de revista, tais
como “escâner corporal”, detectores de metais, máquinas de raio-x, dentre outros.
Realmente, se existe a disposição daqueles que laboram no ambiente prisional
equipamentos eletrônicos capazes de auxiliar no combate a entrada de objetos
ilícitos, por que motivo ainda seria utilizado métodos de revistas íntimas invasivas nos
familiares de presos? Essa é uma pergunta realmente difícil de ser respondida e nos
leva a crer que a razão da manutenção desses procedimentos seria justamente a falta
destes por parte dos estados e municípios que se encontram com seus presídios e
demais estabelecimentos prisionais totalmente sucateados.
É interessante frisar também, que parte desse problema advém das condições
em que trabalham os agentes e demais servidores do sistema penitenciário. Muitos
deles recebem salários baixíssimos, laboram em ambiente insalubre e de certa forma
encontram-se “encarcerados” assim como seus “clientes”.
Dessa forma, uma solução palpável para esse problema brasileiro, seria tratar
e investir com seriedade e compromisso no sistema penitenciário, assim como foi feito
nas construções dos presídios federais brasileiros, com a aquisição de equipamentos
modernos de detecção de produtos ilegais, além da criação de novas leis que tratem
de forma atual a problemática vivenciada, introduzindo no ordenamento punições
severas para aqueles que venham a transgredir os direitos fundamentais e a
dignidade da pessoa humana, claro sem colocar em risco o sistema penitenciário
como um todo.
Tais medidas poderiam de fato ajudar a ressocializar o preso e melhorar o
ambiente prisional, para que o reeducando retornasse ao convívio da sociedade sem
precisar e nem ter o intuito de voltar a transgredir. Uma das ferramentas que deveriam
ser colocadas em prática num primeiro momento e de forma responsável, seria
justamente como tratar e receber essas pessoas que por algum motivo na vida
necessitam visitar seus entes que se encontram encarcerados, respeitando assim
seus direitos e garantias asseverados pela lei maior desta nação.
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Portanto, não cabe aqui a desculpa ou argumento do estado em manter o
diálogo de não ter condições financeiras suficientes para dotar os presídios de
equipamentos eletrônicos modernos para detectar a entrada de produtos ilícitos,
evitando assim as revistas íntimas vexatórias. Com essas medidas além de gerar um
ambiente mais humano dentro das cadeias, com certeza também trariam maior
segurança para aqueles que também laboram nesses locais e para aqueles que lá
cumprem sua pena, evitando assim rebeliões, homicídios entre os próprios preso e
fugas.
A dignidade da pessoa humana é um princípio que sob nenhum aspecto ou
razão deve ser pormenorizado em decorrência da falta de recursos por parte do
estado, não devendo progredir tamanha aberração em pleno século XXI.
Por conseguinte, o que aqui se quer deixar explicitado nesta pesquisa
acadêmica, é que de nenhuma forma, a necessidade de se prevenir crimes no sistema
penitenciário não pode afastar o respeito ao Estado Democrático de Direito, devendo
o próprio Estado solucionar a questão e buscar de todas as formas e meios
necessários. Dessa forma, poderão ser utilizados recursos tecnológicos avançados
que detectem objetos ilícitos que possam estar dissimulados com estas pessoas que
queriam adentrar nos presídios como visitantes, além de se adotarem outras ações de
fácil implementação e sem grandes investimentos, como por exemplo a revista
pessoal no preso quando do retorno às suas celas de convivência, detectando
possíveis produtos proibidos sendo portados por eles. Tais ações com certeza trariam
maiores benefícios e de uma vez por todas, cessariam assim as revistas íntimas
vexatórias nos presídios brasileiros.
BODY SEARCHES IN PRISONS AND VIOLATION OF THE PRINCIPLE OF HUMAN DIGNITY
ABSTRACT
It has been here the main objective to raise questions about the strip search process those visitors and prisoners of families who want to step into in Brazilian prisons. One has to emphasize the constraints that these people go to have the right to visit their families and friends. In most cases, the principle of human dignity is not taken into consideration and children and adults are subjected to this humiliating and traumatic practice in these prisons. Operators of law and scholars, in our times, consider that this practice of body searches is vexatious and abusive, and decisions on major Brazilian courts have banned the practice in these detention sites. Despite all the advances to abolish such conduct violating human rights, prisons have maintained this action,
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claiming that lack infrastructure and adequate equipment to delete it from the list of procedures to be carried out on visitors and prisoners of family. KEYWORDS: Body Searches. Prisons. Human Dignity.
REFERÊNCIAS
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DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA. Brasil: [s.n.], 2011. _______. RESOLUÇÃO Nº 5, DE 28 DE AGOSTO DE 2014: CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA. Brasil: [s.n.], 2014. AS MÁS condições nos presídios. Disponível em:
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G635r Gonçalves, Leonardo Cícero Rafael. Revista íntima em presídios e a violação ao princípio da dignidade da
pessoa humana. / Leonardo Cícero Rafael Gonçalves. – Joao Pessoa, 2015.
17f. Orientadora: Profª. Esp. Gabriela Henriques da Nóbrega. Artigo Científico (Graduação em Direito).Faculdades de Ensino Superior
da Paraíba – FESP
1. Revista Íntima. 2. Presídios. 3. Dignidade da Pessoa Humana. I. Título
BC/Fesp
CDU: 343 (043)
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