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e-ISSN: 2176-0756 doi.org/10.5585/riae.v20i1.18566
Received: 24 Oct. 2020 / Approved: 11 May 2021
Evaluation Process: Double Blind Review
Rev. Ibero-Am. de Est. – RIAE
Iberoamerican Journal of Strategic Management - IJSM
São Paulo, 20, p. 1-22, e18566, 2021 1 de 22
Raphael Alves de Paula1 Luiz Guilherme Rodrigues Antunes2 Arlete Aparecida de Abreu3
1 Graduado em Administração. Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Formiga (IFMG). alves.raphael11@outlook.com 2 Doutorando em Administração. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). luguiantunes@usp.br 3 Doutora em Administração. Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Instituto Federal de Minas Gerais – Campus
Formiga (IFMG). arlete.abreu@ifmg.edu.br
Resumo
Objetivo: A pesquisa busca identificar quais fatores críticos influenciam o
processo de planejamento, implementação e controle do planejamento
estratégico realizado por empresas juniores .
Metodologia: O estudo se caracteriza pela sua abordagem qualitativa, de
cunho descritivo, e com utilização de métodos de estudo de casos múltiplos,
em que se investigou sete empresas juniores. Como critérios de seleção das
empresas utilizou-se a acessibilidade e técnica de “bola de neve”. Como
coleta de dados aplicou-se entrevistas semiestruturadas. Já como plano de
análise seguiu-se os pressupostos de Bardin (2016). Por fim, para maior
credibilidade do estudo realizou-se a triangulação de pesquisadores tanto no
processo de coleta de dados quanto nas análises.
Principais resultados: Os resultados apontaram 28 categorias subdividas em
dificuldades e facilidades do processo de planejamento, implementação e
controle do planejamento estratégico. Porém somente 11 deles foram
considerados críticos.
Originalidade: como originalidade, o estudo aborda o processo estratégico
realizado por empresas juniores, ao tratar dessas empresas como entidades
organizacionais, que segundo Bervanger e Visentini (2016) ainda não foram
pesquisadas .
Contribuições teóricas: Como contribuição teórica às empresas juniores,
esse estudo avança no entendimento dessas instituições como entidades
organizacionais, sobretudo se a teoria de negócio vistos nos diferentes cursos
são colocadas em prática.
Contribuições sociais e gestão: A pesquisa tem contribuição potencial às
empresas juniores iniciantes que desejam desenvolver suas práticas de
planejamento estratégico, bem como as instituições a qual essas empresas
estão vinculadas como movimentos juniores e associação nacional.
Palavras-Chave: Planejamento estratégico. Empresa júnior. Fatores
críticos.
CRITICAL FACTORS OF THE STRATEGIC PLANNING
PROCESS IN JUNIOR FIRMS
Abstract
Objective: The research aims to identify which critical factors influence the
strategic planning process, implementation and control in junior firms’
strategic planning.
Methodology/approach: The study has a qualitative, descriptive approach,
using multiple cases studies method, which examined seven junior firms. As
a selection criterion, the accessibility and the snowball sampling technique
were used. As data collection, it was applied semi-structured interviews. As
a plan of analysis, it was considered Bardin’s assumptions (2016). Lastly, to
a greater reliability of the study it was performed the researchers triangulation
in both process of data collecting and analysis.
Main results: The results point out 28 categories subdivided in difficulty and
advantage of the planning process, implementation and control of strategic
planning. However, only 11 were considered critical.
Originality/Relevance: as originality, the result discusses the strategic
process performed by junior firms, that is considered here as organizational
entities, which, according to Bervager and Visentini (2016) it has not yet been
researched.
Theoretical contribution: As a theoretical contribution to junior firms, this
study progresses in understanding these institutions as organizational entities,
especially if the business theory presented in different courses is put into
practice.
Social and management contributions: The research has potential
contributions to beginning junior firms that want to develop its practices in
strategic planning, as well as connected institutions such as junior’s
movement and national association.
Keywords: Strategic planning. Junior firm. Critical factors.
FACTORES CRÍTICOS DEL PROCESO DE PLANIFICACIÓN
ESTRATÉGICA DE EMPRESAS JUNIOR
Resumen
Objetivo: Una búsqueda para identificar los criterios influye en el proceso
de planificación, implementación y control de la planificación estratégica que
realizan las empresas junior.
Metodología: El estudio destaca por su abordaje cualitativo, exploratorio-
descriptivo, y por métodos de estudio de casos múltiples, en los que se
investigaron siete empresas junior. Como criterio de selección de empresas
se utilizó la accesibilidad y la técnica de bola de nieve. Como recolección de
datos, se aplicaron cambios semiestructurados. En cuanto al plan de análisis,
se siguieron los supuestos de Bardin (2016). Finalmente, para una mayor
credibilidad del estudio, la triangulación de la investigación tanto en el
proceso de recolección de datos como en los análisis.
Principales resultados: Los resultados arrojaron 28 categorías subdivididas
en dificultades y facilidades en el proceso de planificación, implementación
y control de la planificación estratégica. Sin embargo, solo 11 se
consideraron importantes.
Originalidad: como originalidad, el estudio aborda el proceso estratégico
que llevan a cabo las empresas junior, tratando a estas empresas como
entidades organizativas, que según Bervanger y Visentini (2016) aún no ha
sido investigado.
Aporte teórico: Como aporte teórico a las empresas junior, este estudio
avanza en la comprensión de las instituciones como entidades organizativas,
especialmente si se pone en práctica la teoría empresarial vista en los
diferentes cursos.
Contribuciones sociales y gestión: La investigación tiene un potencial
aporte para las empresas de nueva creación junior, que deseen desarrollar sus
prácticas de planificación estratégica, así como las instituciones a las que
estas empresas están vinculadas como movimientos junior y asociación
nacional.
Palabras clave: Planificación estratégica. Empresa junior. Factores críticos.
FATORES CRÍTICOS DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE
EMPRESAS JUNIORES
Cite as / Como citar
American Psychological Association (APA)
Paula, R. A., Antunes, L. G. R. & Abreu, A. A. (2021). Fatores críticos do processo de planejamento estratégico de empresas juniores. Iberoamerican Journal of
Strategic Management (IJSM), 20, 1-22, e18566. https://doi.org/10.5585/riae.v20i1.18566.
(ABNT – NBR 6023/2018)
PAULA, Raphael Alves de; ANTUNES, Luiz Guilherme Rodrigues; ABREU, Arlete Aparecida de Fatores críticos do processo de planejamento estratégico de
empresas juniores. Iberoamerican Journal of Strategic Management (IJSM), v. 20, p. 1-22. 2021. https://doi.org/10.5585/riae.v20i1.18566.
Paula, R. A., Antunes, L. G. R. & Abreu, A. A. (2021). Fatores críticos do processo de
planejamento estratégico de empresas juniores
Rev. Ibero-Am. de Est. – RIAE
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Introdução
A tecnologia transformou o mundo de maneira profunda e irreversível, e tem provocado
mudanças no ambiente empresarial, exigindo novos instrumentos de gestão (Motta, 1976; Pontes,
2001; Fadel & Moraes, 2005) para tornar as empresas mais competitivas (Braga, Lima & Felix, 2018;
Desbessel, Both, Ruppenthal & Seibert, 2018). Como consequência, o mercado tem estabelecido perfis
diferenciados e multiprofissionais de seus colaboradores. Nas instituições de ensino superior, esse
novo perfil pode ser desenvolvido de diferentes formas, principalmente na vinculação da teoria à
prática, sendo esse o papel das empresas juniores (EJs) (Gondim, 2002).
As EJs tratam-se de “associação sem fins lucrativos, localizada na própria universidade, que
propícia aos acadêmicos a atuação no mercado de trabalho previamente à sua formatura” (Bervanger
& Visentini, 2016, p.198). Elas se caracterizam como pequenas empresas prestadoras de serviços, que
podem ser compreendidas como negócios de consultorias, geridas pelos próprios estudantes e voltadas
a assistência de micro e pequenos negócios (Tolfo & Schmitz, 2005; Picchiai, 2008). Por mais que
essas instituições sejam relevantes à formação dos discentes, elas sofrem com diversas limitações,
dentre as quais destacam-se a falta de tempo e experiência dos discentes e entraves associados a
qualquer micro e pequena empresa (Ziliotto & Berti, 2012). Por sua vez, as EJs necessitam de
instrumentos, procedimentos, métodos e técnicas favoráveis às suas características, sobretudo quando
se considera sua finalidade: a de disseminar o conhecimento ao corpo discente, ao mesmo tempo que
visa atender às demandas do mercado. Dentro desse contexto, destaca-se que o processo de
planejamento estratégico carece de investigações para compreender seus fatores críticos, uma vez que
são realizado por colaboradores/voluntários sem experiência prévia.
Sendo assim, emerge o seguinte questionamento: quais fatores influenciam o processo de
planejamento, implementação e controle do planejamento estratégico realizado por empresas juniores?
Como pressuposto advoga-se que o planejamento estratégico, como ferramenta de adaptação às
mudanças ambientais que visam à continuidade das organizações, se torna imprescindível paras as EJs,
ao mesmo tempo que proporcionam o alinhamento entre teoria e prática na formação dos alunados.
Desta forma, a presente pesquisa busca identificar quais fatores críticos influenciam o processo de
planejamento, implementação e controle do planejamento estratégico realizado por empresas juniores.
Justifica-se a realização da pesquisa por compreender que existe pouca produção acadêmica sobre esse
objeto de estudo, sendo a maioria delas focada no processo de formação dos alunos, enquanto
praticamente pouca ênfase se dá ao processo gerencial dessas entidades (Bervanger & Visentini, 2016).
Por fim, além dessa introdução, esse trabalho se divide em seis seções. Assim, na próxima
seção se apresenta o referencial teórico repartido em planejamento estratégico de a) pequenas empresas
e b) empresas juniores. Após, são apresentados métodos, procedimentos e os resultados obtidos. Por
conseguinte, têm-se as discussões e as considerações finais.
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planejamento estratégico de empresas juniores
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Planejamento estratégico de pequenas empresas
A estratégia começou a ser abordada como tema de pesquisa em trabalhos de autores como
Chandler, Ansoff e Katz e diversas abordagens foram desenvolvidas nas últimas décadas, isso para
estudar o fenômeno estratégico no campo empírico (Scheffel, 2013). Na perspectiva de aperfeiçoar
essa temática, a abordagem econômica ganhou maior notoriedade. Destaca-se, portanto, os trabalhos
de: Porter (1996) na vertente da organização industrial, que apresentou preocupações com o
posicionamento estratégico das firmas no mercado; Penrose (2002) e Barney (1991) argumentaram
sobre os recursos estratégicos para a vantagem competitiva, por meio da Resource Based View (RBV);
Coase (1937) e Williamson (1991) propuseram a teoria dos custos de transação e a relação entre
hierarquias e mercados; Noth (1990) destacou o papel das instituições; Teece, Pisano e Shuen (1997)
argumentaram sobre as capacidades, competências e conhecimentos; e, mais recentemente Dyer,
Singh e Hersterly (2018) trouxeram a teoria de criação e apropriação de valor por meio dos
relacionamentos. Contudo, outras abordagens ainda têm emergido dentro desse contexto.
Além do esforço de compreender a estratégia pelo prisma teórico, parte da literatura tem
buscado entender o processo estratégico dentro das organizações. Assim, movimentos têm sido
realizados a fim de desenvolver ferramentas que promovam a execução do planejamento estratégico.
Nesse interim, o planejamento estratégico tornou-se a “metodologia gerencial que efetiva o
comportamento estratégico” (Carvalho, 1995, p.30), por meio da idealização dos objetivos de longo
prazo e na deliberação das etapas adequadas a serem cumpridas para consolidar os objetivos de forma
inovadora e diferenciada (Oliveira, 2010). Nessa perspectiva, a literatura tem abordado o processo de
planejamento estratégico composto por quatro macro etapas: 1) o diagnóstico estratégico; 2) a
elaboração da missão, da visão, dos valores, dos objetivos e das metas; 3) a implementação do plano
estratégico; 4) o controle dos resultados (Kuyven, 2004). Trata-se de aparato administrativo que
permite identificar e trabalhar pontos positivos e negativos da organização, auxiliando a definição do
caminho a ser percorrido, ao mesmo tempo que aproveita os recursos à disposição (Lemos, Lima,
Desconti & Ehlers, 2004; Terence & Escrivão Filho, 2007; Vinayavekhin & Phaal, 2018).
O planejamento estratégico também permite considerar as características da empresa e do seu
mercado (Falsarella & Jannuzzi, 2017). Estudos de Batra, Sharma, Dixit e Vohra (2018) e Gomera,
Chinyamurindi e Mishi (2018) identificaram associações positivas nas micro e pequenas empresas
entre o seu processo de planejamento estratégico, seu ambiente, inovação e o seu desempenho
financeiro. Por sua vez, essa associação positiva permite inferir que o dinamismo do mercado pode ser
considerado como um dos influenciadores da performance desse tipo organizacional (Donkor, Donkor
& Kwarteng, 2018).
Outros estudos de micro e pequenas empresas têm apontado sobre as dificuldades acerca do
planejamento estratégico dessas entidades. As dificuldades estão relacionadas a: estruturação do
processo, excesso de tarefas operacionais, pouco conhecimento administrativo dos dirigentes e falta
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de recursos financeiros (Terence & Escrivão Filho, 2007). Além disso, a maioria dos pequenos
negócios acaba por descaracterizar a visão de longo prazo do planejamento estratégico, e as utilizam
como ações de curto prazo, atrapalhando a obtenção de bons resultados futuros (Lemos et al., 2004).
Empresas juniores no Brasil
A primeira EJ a ser criada no Mundo foi fundada em 1967, por Pierre-Marie Thauvin, na
Escola Superior de Ciências Econômicas e Comerciais de Paris (Federação das Empresas Juniores do
Estado de Minas Gerais [FEJEMG], 2019). A EJ almejava estabelecer ambiente empresarial que fosse
gerido pelos próprios estudantes da sua Instituição, de modo que eles pudessem desenvolver
habilidades profissionais por meio da prestação de serviços. No Brasil, a primeira EJ foi implementada
em 1988, por Daniel Alberto Bernard. Essa EJ foi apoiada pelos alunos da Universidade de São Paulo
(USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com sede na FGV-SP, a EJ tornou-se a primeira a ser
instituída na América Latina (FEJEMG, 2019).
De acordo com o site da Brasil Júnior (2019), até 2019, as EJS encontravam-se em expansão,
sendo 22 mil estudantes integrantes ao movimento. Além disso, dados apontam que essas organizações
já executaram mais de 20 mil projetos em diversas áreas, e estão espalhadas em mais de 900 EJs em
150 Universidades no País. O faturamento bruto dessas instituições, juntas, chegou a pouco mais de
R$ 33 milhões, o que reflete a expressividade desses negócios.
A fim de regulamentar esse tipo de negócio, em 06 de abril de 2016, no Brasil, foi sancionada
a Lei 13.267, a qual se configura como a primeira lei mundial a tratar desse tipo de negócio. Ela rege
o funcionamento das EJs, caracterizando-as como entidades vinculadas às instituições de ensino
superior. Além disso, as caracterizam como realizadoras de projetos e prestadoras de serviços que
visam desenvolver habilidades acadêmicas e profissionais dos seus membros (Brasil, 2016). Em outras
palavras, contribuem para indissociabilidade da teoria e prática, reproduzindo experiências
profissionais do mercado, ao integrá-la com o ambiente acadêmico. Isso faz com que os alunos
compartilhem conhecimentos e se adaptem a situações como vivências reais e, consequentemente,
elevem seu nível de confiança nas suas habilidades para ingressar no mercado profissional (Augusto,
2016).
No entanto, as EJs ainda se constituem como espaço de aprendizado pouco investigado
(Andrade, 2009; Bervanger & Visentini, 2016), sobretudo quando se considera esses tipos
organizacionais. Bervanger e Visentini (2016) expõem que a literatura sobre essa temática aborda as
EJs sob a perspectiva do processo formativo do discente; e ao considerá-las como habitats
organizacionais, ainda carecem de investigações que produzam e reflitam as suas práticas gerenciais,
especialmente por considerar aspectos da sua gestão do conhecimento, rotatividade de pessoal e falta
de experiência em gestão.
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Métodos e procedimentos
Conforme o objetivo da pesquisa, esse estudo caracteriza-se como qualitativo, descritivo, e de
casos múltiplos, que, segundo Yin (2005), permite a pesquisa se ampliar para além da análise
individual dos casos. Enquanto as análises individuais determinam seus próprios dados, a análise entre
os casos permite a identificação de modelos, proporcionando fundamentos para a criação de suposições
e a elaboração de teorias (Eisenhardt, 1989).
Assim, pesquisou-se as EJs mineiras, e para seu mapeamento recorreu-se à Federação das
Empresas Juniores de Minas Gerais (FEJEMG). Por sua vez, identificou-se 113 EJs pertencentes a 19
instituições de ensino brasileiras. Justifica-se o uso da base da Federação por considerar que para a
filiação à FEJEMG é necessário que as EJs apresentem requisitos mínimos de estruturação dos seus
negócios, como organização estratégica, financeira, mercadológica, pessoal e de projetos. Logo, o
desenvolvimento do processo de planejamento estratégico é um requisito obrigatório para a associação
à FEJEMG.
Como critério de escolha das EJs, considerou-se que elas deveriam ter no mínimo três anos de
atividade. Justifica-se o uso desse critério por compreender que o processo de adequação às normas da
FEJEMG demanda tempo das organizações. Para contatar as empresas, partiu-se, inicialmente, do
critério de acessibilidade. Desse modo, um dos pesquisadores obtinha contatos diretos com uma das
empresas investigadas. Essa EJs contatadas inicialmente se enquadrava nos critérios estipulados.
Posteriormente, durante a coleta de dados, procedeu-se a técnica da “bola de neve”, em que os
interrogados apontavam novas empresas à pesquisa. De acordo com Vinuto (2014), a bola de neve é
um tipo de técnica que compreende a utilização de documentos ou informantes-chave. Eles são
caracterizados por auxiliar na localização de indivíduos com o perfil necessário para a realização da
pesquisa.
Como critério de parada das entrevistas e da técnica da “bola de neve” verificou-se o ponto de
saturação. Essa saturação consiste na interrupção da coleta de dados ao se constatar que novos
elementos não contribuirão para o subsídio ou aprofundamento da teorização almejada (Fontanella,
Luchesi, Saidel, Ricas & Turato, 2011). Observou-se isso, quando as quatro macros etapas do processo
de planejamento não apresentavam maiores aprofundamentos. Além disso, verificou-se a saturação
das respostas em 96% das perguntas. A Tabela 01 apresenta as características dos entrevistados.
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Tabela 1 – Caracterização dos entrevistados
Codificação Ramo de
Atuação
Ano de
Fundação da EJ
Ano de
desenvolviment
o do 1° P.E.
Ciclo de
P.E.
Localidade
geográfica Entrevistado
E1 Alimentícia 2005 2016 2° Sul de
minas Presidente
E2 Ambiental 2012 2016 2° Sul de
minas Presidente
E3 Florestal 2013 2017 2° Sul de
Minas Presidente
E4 Advocacia 2014 2016 2° Sul de
Minas
Ex-
presidente*
E5 Computaciona
l 2009 2017 2°
Sudeste de Minas
Presidente
E6 Automação 2012 2015 3° Sul de
Minas Presidente
Nota: * foi entrevistado o ex-presidente, visto que a EJ tinha trocado de gestão e o atual presidente não havia sido
nomeado.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Como técnica de coleta de dados, utilizou-se entrevistas semiestruturadas com presidentes ou
ex-presidentes das EJs. Justifica-se a escolha desses sujeitos, visto que eles foram indicados pelos
próprios membros das EJs como principais responsáveis em lidar com essa ação estratégica. Para a
realização das entrevistas realizou-se três etapas. Na primeira, de planejamento, elaborou-se um roteiro
de entrevistas com 23 perguntas abertas subdividas em cinco blocos: aspectos introdutórios, formação,
formulação, implementação e controle do planejamento estratégico. Na segunda etapa, de execução,
as entrevistas foram realizadas por videoconferência. Ademais, os pesquisadores explicitaram os
objetivos da pesquisa, responderam às eventuais dúvidas e solicitaram a gravação dos depoimentos.
Ao final dessa etapa, foram solicitadas as indicações de possíveis participantes. Na última etapa, de
pós-execução, efetuou-se as transcrições na íntegra das investigações.
Como plano de análise, desenvolveu-se, então, a análise de conteúdo temático, que busca
descobrir os núcleos de sentido que compõe uma comunicação do tema presente nos discursos dos
respondentes (Bardin, 2016). Para sua operacionalização, realizou-se três etapas: pré-análise,
exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Assim, na primeira etapa,
efetuou-se a preparação e organização do material, bem como leitura e codificação. Posteriormente,
na etapa de exploração e tratamento foram localizados os trechos das narrativas mais pertinentes
considerando a grade mista. Em outras palavras, incialmente, se delimitou as dimensões de motivação,
formação, planejamento, implementação e controle do planejamento estratégico nas EJs.
Posteriormente, as categorias que emergiram empiricamente foram selecionadas conforme suas
contribuições, ou seja, positivas ou negativas. Por último, foram analisados as categorias e os trechos
selecionados face à literatura.
Por fim, cabe ressaltar que para a credibilidade da pesquisa se desenvolveu a estratégia de
triangulação por pesquisadores tanto no processo de coleta quanto de análise de dados. Esse tipo de
estratégia é indicado por Lincoln e Guba (1986) às pesquisas qualitativas, e refere-se à utilização de
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diferentes pesquisadores na investigação de um mesmo fenômeno, na tentativa de detectar ou
minimizar possíveis viesses provocados pela subjetividade do pesquisador (Vergara, 2015). Na
sequência apresentam-se os resultados encontrados.
Análise dos resultados
Para o desenvolvimento das análises dos resultados, esse tópico foi dividido em cinco
dimensões que refletem as etapas desde a criação até a aplicação atual do planejamento estratégico
(motivação, formação – que se referem ao primeiro planejamento estratégico - formulação, aplicação
e condução – que se referem ao atual planejamento estratégico). O Quadro 02 apresenta os resultados
das categorias obtidas dentro de cada dimensão. Os subtópicos seguintes discorrem em detalhes cada
uma das categorias observadas nas entrevistas.
Quadro 2 – Categorias obtidas com as entrevistas
Dimensões Dificuldade/
Facilidade
N° de
Categorias Categorias
Motivação - 4 Organização Interna da Empresa, Eficiência
Federação da Empresa Júnior e Foco no Negócio.
Formação Dificuldade 3
Falta de Conhecimentos sobre o Planejamento
Estratégico, Adequação do Planejamento Estratégico
à Federação e Aplicação e Condução do Planejamento
Estratégico.
Facilidade 1 Conhecimento sobre o Negócio da Empresa Júnior.
Formulação
Dificuldade 5
Organização do Planejamento Estratégico,
Rotatividade dos Membros, Alinhamento do Planejamento Estratégico aos órgãos Representativos,
Análise do Ambiente Externo e Tomada de Decisão.
Facilidade 3 Auxílio dos Parceiros, Controle das Variáveis Internas
e Colaboradores.
Aplicação
Dificuldade 4
Problemas da Etapa de Planejamento,
Comprometimento da Direção, Estímulo dos
Membros e Operacionalização da Implementação.
Facilidade 4 Engajamento dos Membros, Estrutura Organizacional,
Auxílio dos Parceiros e Planejamento Bem Elaborado.
Condução
Dificuldade 3 Acompanhamento dos Objetivos, Comprometimento
dos Membros e Falta de Informação.
Facilidade 5
Simplificação dos Indicadores, Métodos e Técnicas de
Acompanhamento, Planejamento Bem Elaborado,
Política de Reconhecimento e Engajamento dos
Membros.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Cabe destacar que, pelo fato da maioria das EJs ainda estarem gerenciando o segundo ciclo do
planejamento estratégico (etapa de condução) quando as entrevistas foram realizadas, a etapa de
avaliação não tinha sido realizada pelos entrevistados e por isso não foi abordada na pesquisa. Cabe,
portanto, a possibilidade de novos trabalhos que abordem esse aspecto.
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Motivações: qual a necessidade do desenvolvimento do planejamento estratégico?
Essa dimensão apresenta quatro categorias que informam as razões das empresas para
desenvolver o planejamento estratégico. Como primeira categoria se encontrou a necessidade de
Organização Interna da Empresa. Esse fator está diretamente relacionado com a organização dos
macroprocessos da EJ em desenvolver projetos, bem como na disseminação da cultura focado em
resultados e colaboração. Como ilustração desse aspecto apresenta-se o relato de E4.
“(...) nós vimos o quanto estávamos desorganizados, e o quanto estávamos sem metas definidas” [E4].
Outra categoria motivadora foi a Eficiência, que está associada com a necessidade de melhorar
desempenhos das próprias empresas para se evitar erros anteriores de gestão, desenvolvimento de
ações focadas em resultados mais palpáveis e gestão profissionalizada. Segue, portanto, trecho de E1
que exemplifica essa categoria.
“(...) Nós vimos que era preciso criar o planejamento estratégico para (...) conseguir melhorar o nosso
desempenho através do planejamento estratégico” [E1].
Já a Federação da Empresa Júnior, é a categoria proveniente da necessidade de implementar
o planejamento estratégico com fins para o cumprimento de pré-requisitos para a conquista da
associação à FEJEMG. Esse aspecto é observado na narrativa de E1.
“Então, o primeiro planejamento estratégico se deu pela necessidade da federação (...)” [E1].
Por fim, a última categoria foi o Foco no Negócio. Nesse fator encontram-se as motivações
que abordam o compromisso de se estabelecer maior foco no cumprimento dos objetivos de longo
prazo. Segue, então, o fragmento ilustrativo de E6 para essa categoria.
“Então, o planejamento estratégico, basicamente, surgiu da necessidade de a empresa encontrar um objetivo e foco” [E6].
A seguir é apresentado as dificuldades e facilidades que as EJs apresentaram para desenvolver
o processo de idealização, implementação e controle do primeiro planejamento estratégico.
Formação: quais dificuldades e facilidades da criação do planejamento estratégico?
Nessa dimensão também se encontrou quatro categorias. Porém as três primeiras delas
refletem as dificuldades provenientes da primeira vez que o planejamento estratégico foi executado,
enquanto a última categoria reflete a facilidade desse processo.
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Sendo assim, a primeira categoria dificultadora foi a Falta de Conhecimentos Sobre o
Planejamento Estratégico. Enquadram-se nesse fator aspectos como: (i) falta de conhecimentos sobre
o próprio processo de planejamento estratégico, como o seu tamanho e sua formalização; (ii)
conteúdos, especialmente sobre como, quem e quando desenvolver a identidade estratégica (visão,
missão, objetivos, metas e indicadores); e (iii) ferramentas mais adequadas a cada fase do processo. A
seguir foi extraído fragmento ilustrativo de E6 dessa categoria.
“(...) a falta de conhecimento sobre como construir o planejamento estratégico foi a nossa maior dificuldade”
[E6].
A segunda categoria dificultadora foi a Adequação do Planejamento Estratégico à
Federação. Nesse tópico encontram-se os relatos que apontaram o desafio para alinhar os próprios
objetivos da empresa com as metas e requisitos da federação, como exemplificado por E4.
“(...) a segunda dificuldade (...) foi entender o que nós tínhamos que fazer no planejamento estratégico; que
deveria estar em consonância com o outro planejamento estratégico FEJEMG (...) daí foi difícil (...)” [E4].
A última categoria dificultadora foi a Aplicação e Condução do Planejamento Estratégico.
Encontrou-se as dificuldades provenientes da etapa de implementação e controle, em que se verificou
aspectos como a complexidade desses processos, falta de disciplina dos membros e de apoio dos
orientadores, atribuições de responsabilidades e alteração da mentalidade anterior ao novo contexto.
Sobre isso extraiu-se o trecho de E1.
“(...). O primeiro planejamento estratégico foi feito sem muito conhecimento e acabou que ele não foi tão
aplicado. Existia o planejamento estratégico, mas ele não era seguido à risca para se conseguir os resultados,
não tinha o apoio da empresa e acabou que ele ficou só no papel (...)” [E1].
Por fim, a única categoria facilitadora dessa dimensão foram os Conhecimentos Sobre o
Negócio da Empresa Júnior. Logo, identificou-se nesse tópico que os membros tinham maiores
facilidades em definir o próprio negócio da empresa, bem como observar os pontos de melhoria que
deveriam ser realizadas. Como ilustração aponta-se o fragmento de E6.
“(...). Todo mundo sabia que nós precisávamos ser reconhecidos dentro da empresa, melhorar a vivência
empresarial (...) [E6].
Já no próximo tópico serão apresentados sobre a concepção atual do processo de formulação
do planejamento estratégico abordando, também, suas facilidades e dificuldades.
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Formulação: quais dificuldades e facilidades do atual processo de planejamento do planejamento
estratégico?
Diferentemente das dimensões anteriores, esse tópico apresenta oito categorias, em que cinco
delas apontam as dificuldades do processo de planejamento do atual planejamento estratégico e três
delas referem-se suas facilidades. Como primeira categoria dificultadora identificou-se a Organização
do Planejamento Estratégico. Encontra-se sob esse fator o dispêndio de tempo e recursos tanto para
a elaboração dessa etapa quanto para conscientização dos membros sobre a importância desse
momento. E1 relata:
“A dificuldade que nós temos é fazer com que (...) nós usássemos o planejamento estratégico como manual
para nós conseguirmos chegar aos nossos resultados (...)”. [E1]
Já a segunda categoria está diretamente associada com a categoria anterior, visto que os
dispêndios de tempo e recursos são impactados pela Rotatividade dos Membros. Desse modo,
observou-se os desafios de se gerenciar a alta entrada e saída de membros das EJs, visto os momentos
da graduação, problemas pessoais, falta de comprometimento e demais aspectos conturbadores
impactavam diretamente as atividades das empresas. Como ilustração extraiu-se o fragmento
ilustrativo de E4.
“(...) no final do ano passado, nós fizemos uma revisão no nosso planejamento estratégico. Revisão de metas,
pois a empresa tem essa característica da rotatividade de membros ser muito grande e muda muito rápido em
pouco tempo” [E4].
Outra categoria dificultadora foi o Alinhamento do Planejamento Estratégico aos Órgãos
Representativos. Assim como na etapa de formação do primeiro planejamento estratégico, o
alinhamento entre as metas da empresa com a Brasil Junior e FEJEMG são imperativos que causam
transtornos às empresas, conforme argumentado por E2:
“(...) esse ano a Brasil Junior também está reformulando o seu planejamento estratégico, então (...) nós temos
que rever o nosso para continuar alinhado a eles (...)” [E2].
Na quarta categoria encontra-se a Análise do Ambiente Externo. Aqui, reúne-se os desafios
que os membros têm de conhecer e analisar o mercado, concorrentes e até as suas próprias marcas.
Nesse aspecto E3 aborda:
“(...) A maior dificuldade, acho que, tanto do primeiro quanto do segundo planejamento, foi identificar os
fatores externos, algumas oportunidades e ameaças (...)” [E3].
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Como última categoria dificultadora obteve-se a Tomada de Decisão, em que se encontram
dificuldades em decidir tanto sobre o teor dos objetivos e metas (arriscadas ou conservadoras), quanto
quais delas devem ser priorizadas. Nesse sentido E2 dispõe:
“(...) vamos manter os ‘pés no chão’ e não aumentar em tantos por cento o nosso faturamento (...) ou vamos na zona de conforto? (...)” [E2].
Em contraposição, a primeira categoria facilitadora foram os Auxílios dos Parceiros.
Apresentam-se sob essa classe os treinamentos e suportes oferecidos por outras EJs e pela FEJEMG.
Sobre isso o discurso de E4 aponta:
“(...) nós tivemos a ajuda da FEJEMG. Na época, com os treinamentos que eles tinham online sobre estratégia,
sobre estratégias voltadas a projetos, voltadas a resultados e tudo mais” [E4].
A segunda categoria facilitadora está relacionada com o Controle das Variáveis Internas, ou
seja, a facilidade em revisar a identidade estratégica. Enquadra-se, portanto, a análise do ambiente
interno, ou seja, os pontos fortes e fracos. Como ilustração desse aspecto retirou-se o fragmento
ilustrativo de E4.
“Na época a empresa júnior parceira chegou a se reunir conosco. Apresentaram o planejamento estratégico
deles para entendermos melhor, e o deles era realmente bem estruturado (...)” [E4].
Por fim, a última categoria facilitadora são os próprios Colaboradores. Nesse aspecto
identificou-se que a proatividade dos membros, o trabalho em equipe e a sinergia do grupo foram
motivadores a desempenhar o planejamento do planejamento estratégico. Como exemplo dessa
categoria encontrou-se o discurso de E6.
“(...) Nós temos uma equipe muito em sintonia (...)” [E6].
A seguir são apresentados as dificuldades e facilidades do processo de implementação do
planejamento estratégico.
Aplicação: quais dificuldades e facilidades do atual processo de implementação do planejamento estratégico?
Essa dimensão também apresentou oito categorias. Entretanto, metade delas referem-se as
dificuldades do processo de implementação e a outra metade estão associados com as suas facilidades.
A primeira categoria dificultadora está associado com os Problemas da Etapa de
Planejamento. Refere-se, portanto, aos dilemas da falta de decisão sobre quais áreas empresariais
serão responsáveis por cada objetivo, quais indicadores deverão ser formulados e implementados e a
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mensuração dos riscos que envolvem a implementação dos objetivos e metas. Sobre esse aspecto E5
aponta:
“ (...). As ações nós tentamos seguir mais à risca possível, mas, geralmente, acontece alguma coisa que vai
nos fazer ter que improvisar. Isso é o tempo todo (...)” [E5].
Na segunda categoria dificultadora identificou-se o Comprometimento da Direção. Nesse
aspecto foram relatados que a cúpula estratégica não atribui importância para a implementação do
planejamento estratégico e ela acabam sendo deixadas de lado, especialmente por causa da
competitividade com as metas da FEJEMG. Sobre isso extraiu-se a narrativa de E3, abaixo.
“(...) Então nós seguimos o plano de ação da FEJEMG e o planejamento estratégico ficou um pouco de lado
(...)” [E3].
Já como terceira categoria estão os Estímulos dos Membros, em que se os voluntários não se
apresentam motivados em desenvolver a implementação do planejamento estratégico, o que resultou
na falta de comprometimento. Além disso, a alta rotatividade é um fator impactante. A narrativa de E2
exemplifica essa categoria.
“As dificuldades? Eu acho que é falta, às vezes, de interesse dos membros. (...) Então eu acho que a maior
dificuldade é tentar mostrar para os membros, de uma forma mais palpável, a importância desse planejamento
estratégico.” [E2].
Como última categoria dificultadora encontrou-se a Operacionalização da Implementação.
Como conteúdo dessa classe observou-se os desafios em como implementar as ações do planejamento
estratégico, especialmente por falta de conhecimentos sobre esse processo. Logo, E4 narra:
“(...) Então nós tivemos bastante dificuldade na implementação, de falta de conhecimento da diretoria em
saber o quanto realmente poderíamos gerar planos válidos (...)” [E4].
Em contrapartida, a primeira categoria facilitadora foi o Engajamento dos Membros, e
contempla a postura proativa de alguns membros frente à implementação. Sobre isso E6 relata:
“(...) entrando nessa parte do pessoal (..) vem a parte da proatividade. Muitos membros aprendem sendo
autodidatas. Nós contamos muito com a proatividade das pessoas. (...)” [E6].
A segunda categoria facilitadora foi a Estrutura Organizacional, uma vez que o tamanho
enxuto da arquitetura organizacional resultou em benefícios como maior facilidade de comunicação
interna. Essa comunicação serviu para sensibilizar os membros sobre esse processo. Como ilustração
aponta-se o discurso de E6.
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“(...) O formato mais horizontal do nosso organograma permite que todos se cobrem, sadiamente, o alcance
das nossas metas. Além disso, a nossa relação entre os membros é muito menos burocratizada, digamos
assim.” [E6].
Da mesma forma que na dimensão de planejamento, o Auxílio dos Parceiros foi verificado
como uma facilidade. Identificou-se a atuação de outras empresas juniores como fontes de
conhecimentos em como implementar melhor o planejamento estratégico. E3 aborda:
“(...) temos que procurar outros recursos, ou seja, outras empresas para estar se espelhando, obter dicas e como
trabalhar.” [E3].
Por fim, na última categoria facilitadora está o Planejamento Bem Elaborado. Assim, a
definição de objetivos claros e o desenvolvimento correto e fidedigno da etapa de planejamento
propiciaram meios viáveis para a implementação. Como exemplo tem-se E5.
“(...) o planejamento estratégico facilita bastante a implementação (...), pois, como planejou antes, é possível
definir as suas ações. (...)” [E5]
No tópico a seguir estão discorridos também sobre as dificuldades e facilidades do processo
de controle do planejamento estratégico.
Condução: quais dificuldades e facilidades da etapa de controle do atual planejamento estratégico?
O processo de controle do planejamento estratégico apresentou oito categorias, em que três
delas estão associadas às dificuldades desse processo e as outras cinco são referentes as suas
facilidades.
Sendo assim, a primeira categoria dificultadora foi o Acompanhamento dos Objetivos e
Metas. Nesse fator encontraram-se os entraves para acompanhar constantemente os planejamentos
estratégicos por falta de conhecimentos sobre como conduzi-la, frequência de verificação do
planejamento e tempo disponível para realizar o controle. Nesse sentido E2 relata:
“(...) O planejamento estratégico ficava ‘muito jogado’. No final do ano, quando íamos discutir sobre ela,
víamos que não sabíamos o que falar (...)” [E2].
Outra categoria dificultadora foi o Comprometimento dos Membros, que se relacionou
diretamente com a outra categoria, de estímulo aos membros da dimensão anterior. Logo, a falta de
comprometimento reflete na postura dos membros em não realizar o controle do planejamento
estratégico e se ausentarem nas reuniões de feedback. Sobre esse aspecto E2 aponta que:
“Algumas vezes, nós não conseguíamos marcar as reuniões por causa de alguns diretores (...) eles deixavam
muitas atividades atrasadas, o que, no final das contas, atrapalhava o nosso planejamento estratégico (...)”
[E2].
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Como última categoria dificultadora obteve-se a Falta de Informação, que está vinculado
com a ausência de dados nos instrumentos de controle. Identificou-se também que a falta de
informação se dava no conhecimento sobre quais indicadores acompanhar e em como mensurá-los. E5
apresenta trecho ilustrativo sobre esses aspectos.
“A dificuldade estava na hora que algo dava errado, quando algum membro deixava de entregar algum indicador (...)” [E5].
A primeira categoria facilitadora foi a Simplificação dos Indicadores. Nesse aspecto
identificou-se que a utilização de um mesmo indicador, mais complexo, porém utilizável para mais de
um setor permitiu melhor controle das metas e reduziu e enfatizou as atividades de comando. Sobre
isso E1 discorre que:
“Antes nós trabalhávamos com muitos indicadores, o que não era tão viável assim. Atualmente nós
enxugamos o número de indicadores para aqueles que realmente fazem efeito na nossa empresa. (...)” [E1].
Conjuntamente com a categoria anterior, observou-se a categoria dos Métodos e Técnicas
de Acompanhamento. Nesse aspecto a utilização de planilhas e métodos como gameficação
contribuíram para a performance de controle. Logo, extraiu-se o relato de E5:
“(...) Quando você tem indicadores e utiliza a gamificação dá certo. Se conseguir definir indicadores simples
e concisos é possível ter visão muito boa do que está acontecendo na empresa” [E5].
Outra categoria repetida foi o Planejamento Bem Elaborado. Conforme a dimensão anterior,
a definição de objetivos claros e o desenvolvimento correto e fidedigno da etapa de planejamento
propiciaram o desenvolvimento dessa etapa. Extraiu-se o fragmento ilustrativo de E6, que aponta:
“(...) Em termos de procedimento o planejamento estratégico está muito bem estruturado, e isso nos faz ir
acompanhando (...)” [E6].
Como penúltima categoria facilitadora, identificou-se que a Política de Reconhecimento
contribuiu para o processo de controle por estimular os membros a continuar suas atividades, conforme
indaga E6:
“(...) Quando o membro atinge uma porcentagem das suas metas, nós reconhecemos ele diante de toda a
equipe, parabenizando, premiando-o.” [E6].
O Engajamento dos Membros se tornou a última categoria facilitadora. A postura de alguns
membros foi fundamental para que o processo de controle fosse desenvolvido. Como ilustração dessa
categoria extraiu-se o fragmento de E6.
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“Apesar de ter muita interferência do fator humano, nós temos uma equipe muito honesta. Então, por exemplo,
a pessoa não atingiu a meta, ela deixa claro que ela não a atingiu, e nós conseguimos traçar plano de ação em
cima daquilo (...)” [E6].
Na próxima seção são apresentadas as discussões sobre os resultados aqui apresentados.
Discussões: em busca dos fatores críticos de planejamento, implementação e controle de
planejamento estratégico
Após a apresentação das categorias se faz importante discorrer e estabelecer as associações
entre os resultados, especialmente quando se considera a cronologia dos dados. Desse modo,
estabeleceu-se a Figura 01. Entretanto, deve-se ressaltar que tais entrelaçamentos devem ser
observados com cautela, uma vez que elas não abordam relações de causas e efeitos.
Conforme demonstrado na Figura 01, as categorias de planejamento, implementação e
controle do planejamento estratégico foram divididas segundo as dificuldades e facilidades obtidas
nesse processo. Observou-se que dentro dessas divisões as categorias se associavam direta ou
indiretamente, impactando, ou sendo impactadas, umas pelas outras, ora resultando em maiores
dificuldades ora em facilidades nas etapas seguintes
Dessa forma, as dificuldades e facilidades do processo de formação do planejamento
estratégico ainda impactam na rotina atual. Em outras palavras, as categorias da formação relacionadas
às dificuldades, como adequação ao Movimento de Empresa Juniores (MEJ), falta de conhecimentos;
aplicação e condução do planejamento estratégico influenciam diretamente o atual planejamento,
implementação e controle do planejamento estratégico. Mais detalhadamente, verificou-se que: (i) a
categoria adequação ao MEJ, associa à dificuldade de alinhamento aos órgãos representativos, do
planejamento; (ii) a categoria de falta de informação ainda ocorre nas categorias de análise do ambiente
externo, tomada de decisão, organização do planejamento, operacionalização da implementação e
acompanhamento dos objetivos e metas; e (iii) a categoria adequação e condução ainda se encontra
equivalente à todas as categorias das dimensões de implementação e controle do atual planejamento
estratégico. Com base nessas observações, é possível inferir que a falta de informação e experiência
dos membros nesse processo pode acarretar consequências para além do momento de desenvolvimento
do planejamento estratégico. Igualmente, a facilidade de conhecimento sobre o negócio, da dimensão
de formação, se verifica nas categorias de controle de variáveis internas, estrutura organizacional e
simplificação dos indicadores, do atual processo de planejamento, implementação e controle,
respectivamente.
Paula, R. A., Antunes, L. G. R. & Abreu, A. A. (2021). Fatores críticos do processo de
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Figura 1 – Relacionamentos entre as categorias nos processos de planejamento, implementação e controle
de planejamento estratégico
Fonte: Elaborado pelos autores.
Entretanto, ao analisar somente as dificuldades do atual planejamento, implementação e
controle do planejamento estratégico, observou-se que a primeira etapa se torna mais problemática do
que as seguintes. Dito de outra forma, as classes de tomada de decisão e alinhamento aos órgãos
representativos, do planejamento, são aqui consideradas mais críticas, uma vez que elas se associam
diretamente com outras categorias da implementação e condução; como por exemplo: a tomada de
decisão mal realizada acarreta problemas na etapa de planejamento (implementação), na busca de
informações e no acompanhamento das metas e objetivos (controle). Além disso, a falta de coesão
entre os objetivos dos órgãos representativos com a própria EJ também propicia mal desenvolvimento
do planejamento estratégico (implementação), principalmente por causa de decisões errôneas e
conflitos de prioridades. Nesse sentido, Yuliansyah & Jermias (2018) apontam que a falta de
alinhamento estratégico apresenta efeito negativo sobre a geração de conhecimento e os resultados
estratégicos de uma empresa.
Já a dimensão de implementação apresentou seis relações diretas ou indiretas que influenciam
o controle do planejamento estratégico. Porém, somente as categorias de problemas na etapa de
planejamento e operacionalização da implementação foram consideradas críticas, visto que (i) os
problemas da etapa de planejamento se estendem as dificuldades de acompanhamento de objetivos e
metas e ao comprometimento da direção (controle); e (ii) de operacionalização da implementação
propicia o aparecimento de entraves tanto na categoria de acompanhamento de objetivos e metas
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Paula, R. A., Antunes, L. G. R. & Abreu, A. A. (2021). Fatores críticos do processo de
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quanto em falta de informação (controle). Nesses pontos, cabe ressaltar que, primeiro, ambos fatores
críticos (problemas na etapa de planejamento e operacionalização da implementação) se influenciam
mutuamente; e segundo, a classe de problema na etapa de planejamento pode ser lastreada no próprio
processo de planejamento do planejamento estratégico. Por último, a dimensão de controle não
apresentou nenhuma categoria que viesse a influenciar alguma outra etapa.
De outra forma, a etapa de planejamento também evidenciou que as categorias dificultadoras
de alinhamento aos órgãos representativos, tomada de decisão, rotatividade e organização do
planejamento foram as mais influenciadas, no qual cada uma delas apresentou única relação direta ou
indireta dentro da própria etapa. Já no processo de implementação, a categoria de problemas da etapa
de planejamento se deu como mais influenciada, com quatro relações diretas ou indiretas,
especialmente que três delas vieram da etapa de planejamento e somente uma da mesma dimensão.
Isso valida o pressuposto de que, de fato, o mal desenvolvimento da etapa anterior, a de planejamento,
acarreta problemas de implementação. Por fim, na etapa de controle, verificou-se que somente a
categoria de acompanhamento dos objetivos e metas é mais influenciada, tanto pela implementação
como pelo planejamento. Assim, dos sete relacionamentos diretos ou indiretos da categoria do
controle, dois deles eram relativos ao planejamento, três da implementação e outras duas da sua própria
dimensão. Se faz salutar apontar que, da implementação, a categoria de problemas da etapa do
planejamento impacta diretamente o acompanhamento dos objetivos e metas. Isso reforça o
pressuposto de que o planejamento mal desenvolvido impacta no controle. Dessa forma, a correta
aplicação do planejamento estratégico contribui para o avanço da performance organizacional,
especialmente em pequenas e médias empresas (Donkor, Donkor & Kwarteng, 2018), e as “Estratégias
inadequadas podem levar a resultados organizacionais indesejados, comprometendo a excelência dos
resultados” (Carvalho, 1995, p. 77).
Sobre as facilidades, também se observou que o planejamento é uma etapa importante, com
seis relacionamentos diretos ou indiretos, visto que influencia as demais facilidades. A categoria
“colaboradores” foi a maior influenciadora no momento da implementação, com três relacionamentos.
Os colaboradores são elementos fundamentais no processo, uma vez que seu envolvimento e
capacitação vão interferir diretamente nos resultados (Ribeiro & Andrade, 2012). Já o processo de
implementação apresentou quatro relações com o controle, que tanto a estrutura organizacional como
o planejamento bem elaborado trouxeram benefícios para a etapa seguinte. Logo, argumenta-se que o
desenvolvimento do planejamento e a estrutura organizacional coerente com as estratégias permitem
maior êxito ao planejamento estratégico como um todo. Para que o planejamento estratégico seja
implementado de forma eficaz é necessário que o mesmo esteja alinhado à cultura e integrado à
estrutura organizacional (Kich & Pereira, 2012). Por último, assim como nas dificuldades, o controle
não apresentou influência nas outras etapas.
No que se refere a capacidade das categorias facilitadoras de serem influenciadas, o processo
de planejamento não apresentou nenhuma categoria nesse aspecto. Já na implementação, observou-se
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que somente o planejamento bem elaborado é influenciado por todas as categorias facilitadoras do
planejamento (controle das variáveis internas, auxílio dos parceiros e colaboradores), além de ser
influenciado pela própria categoria de estrutura organizacional da sua dimensão. As categorias do
controle de planejamento bem elaborado, simplificação dos indicadores e métodos e técnicas de
acompanhamento são influências pela sua própria dimensão e pelas categorias de estrutura
organizacional, planejamento bem elaborado e auxílio dos parceiros, da etapa de implementação. Cabe
aqui ressaltar a relação inversa encontrada entre o bom e mal planejamento do planejamento
estratégico.
Em síntese, apresenta-se o Quadro 03. Nesse quadro estão descritos os principais fatores
críticos do planejamento, implementação e controle do planejamento estratégico das empresas
juniores, assim como os autores que embasam as evidências. Justifica-se o termo ‘fatores críticos’ por
considerar que as categorias mais relevantes do processo de planejamento estratégico são aquelas que
influenciam o seu próprio processo, tanto em questões de dificuldade quanto de facilidades. Logo,
encontrou-se como fatores críticos todas as categorias da formação do planejamento estratégico
(primeira vez que ocorreu) e as demais categorias como: tomada de decisão, alinhamento aos órgãos
representativos, problemas na etapa de planejamento, operacionalização da implementação,
colaboradores, estrutura organizacional e planejamento bem elaborado.
Quadro 3 – Fatores críticos do processo de planejamento estratégico
Dimensões Categorias Autores E1 E2 E3 E4 E5 E6
Fo
rma
ção
Dif
.
Aplicação e condução Terence e Escrivão Filho (2007) x x x
Falta de conhecimento Terence e Escrivão Filho (2007) e
Teixeira e Alonso (2014) x x x x x
Adequação ao MEJ - x x
Fa
c.
Conhecimento sobre o
negócio Yuliansyah e Jermias (2018) x
Pla
nej
am
en
to
Dif
.
Alinhamento aos Órgão
Representantes - x x
Tomada de decisão Lemos et al. (2004) x x x
Fac.
Colaboradores Ribeiro e Andrade (2012) x x x
Imp
lem
en
tação
Dif
.
Problemas na etapa de
planejamento Carvalho (1995) x x x x
Operacionalização da
implementação
Terence e Escrivão Filho (2007) e
Teixeira e Alonso (2014) x x x
Fa
c. Estrutura Organizacional Kich e Pereira (2012). x
Planejamento bem
elaborado
Kich e Pereira (2012) e Donkor,
Donkor e Kwarteng (2018) x x
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Por fim, observa-se que nenhuma das categorias acima aponta as classes da etapa de controle,
uma vez que (i) esta dimensão não apresentou nenhum fator influenciador, mas sim influenciada; e (ii)
considera-se que essa dimensão se encontra ainda em etapa de execução, não permitindo que os
executores do planejamento executivo apontassem nos seus depoimentos as relações entre o controle
do antigo planejamento estratégico e o planejamento do seu novo ciclo.
Considerações finais
O objetivo da pesquisa foi identificar os fatores críticos do processo de planejamento,
implementação e controle do planejamento estratégico de empresas juniores e como resultado se
encontrou as categorias de tomada de decisão, alinhamento aos órgãos representativos e colaboradores,
da etapa de planejamento; problemas da etapa de planejamento, operacionalização da implementação
e estrutura organizacional, do momento da implementação; e nenhuma categoria do controle.
Como principal contribuição teórica se argumenta que o presente estudo avança no
entendimento das empresas juniores como entidades organizacionais, transpassando a corrente que
analisa esses objetos somente com viés acadêmico, ou seja, geradora de conhecimentos e formação
acadêmica. Já a contribuição teórica que avança a literatura de planejamento estratégico está na
associação de fatores críticos, o qual permite estabelecer os primeiros passos para análises mais
profundas, como aquelas de causa e efeito. Como originalidade revela-se o estudo de empresas juniores
como entidades organizacionais singulares, o qual ainda não foi abordado até a presente pesquisa.
Não menos que importante, esse estudo também contribui para a visão pedagógica das EJs.
Dito de outra forma, o estudo evidencia a necessidade de maiores informações e conhecimentos sobre
a prática gerencial, que deve ser refletida nos cursos superiores, principalmente àqueles cursos com
viés mais mercadológico. Como contribuições gerenciais, o estudo possibilita que os membros dessas
empresas possam se preparar para o processo de planejamento estratégico. Por último, a contribuição
social está relacionada com os movimentos e demais órgãos relacionados a esse público, visto que elas
podem incentivar, de forma mais pontual e efetiva ações e programas de capacitação às EJs.
Como limitação da pesquisa, aponta-se a falta de informações sobre a etapa de análise. Além
disso, o acesso aos sujeitos foi desafiador, uma vez que eles apresentavam muitas atividades
acadêmicas e empresariais. Como orientação às pesquisas futuras argumenta-se sobre a necessidade
de validar estatisticamente os fatores críticos aqui demonstrados. Além disso, aplicar métodos que
estabeleçam relações de causa e efeito são bem-vindos. Por fim, a análise longitudinal, em que
considere o planejamento em empresas juniores mais estabelecidas e com vários ciclos de
planejamento estratégico também é interessante, sobretudo considerando a aprendizagem dentro do
processo.
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