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FUNDAMENTOS TEÓRICO – METODOLÓGICOS GEOGRAFIA
1. O QUE É GEOGRAFIA?
Ao longo dos tempos a Geografia sofreu mudanças significativas,
tanto no que concerne a sua abordagem quanto ao próprio objeto de estudo,
considerando cada época histórica pela qual passou.
Suas origens remetem à necessidade do conhecimento da superfície
da Terra por parte do homem primitivo1, mesmo que de maneira fragmentada e
rudimentar, com vistas à garantia da sua própria existência.
Alguns povos, com o decorrer do tempo, contribuíram para o
desenvolvimento do campo do saber geográfico. Destacaram-se inicialmente
os gregos devido à ampliação das suas áreas de atuação, originadas pelos
intercâmbios comerciais realizados com os vários povos que habitavam a
região do Mar Mediterrâneo.
Os árabes também contribuíram para o avanço da área, mesmo que
não estivessem diretamente interessados em tal propósito. Em seus escritos
são retratados aspectos inerentes à natureza, bem como são abordadas
formas pelas quais tornaram-se possíveis a exploração e a ampliação dos
campos de domínio relacionados à própria natureza e, fundamentalmente,
sobre outros povos.
No contexto das Grandes Navegações, no fim do século XV, houve
um considerável avanço no campo dos saberes geográficos devido à crescente
urgência de instrumentos mais elaborados e precisos que proporcionassem o
sucesso das navegações. Apesar de alguns conhecimentos terem sido
sistematizados, a lógica descritiva permaneceu.
Com a exploração inerente ao domínio de novas terras (séculos XVII
e XVIII), tornou-se imprescindível o conhecimento dos oceanos e de
1 De acordo com Mendes (2008, p.10) os povos da Pré-História já utilizavam-se de
conhecimentos de cunho geográfico relativos à manutenção da sua sobrevivência quando buscavam abrigo em cavernas e áreas propícias para o desenvolvimento de algumas atividades, como as de caça e pesca. Entretanto, com suas técnicas rudimentares, não realizavam alterações expressivas no meio em que viviam, mas adquiriram maior conhecimento sobre a natureza, adaptando-a e/ou transformando-a de forma a atender as suas necessidades e interesses, ampliando o campo de domínio.
2
particularidades dos continentes, fazendo com que cada vez mais e de forma
mais intensa, esse conhecimento adquirisse força e progredisse.
Já no final do século XIX, devido ao enraizamento do modo de
produção capitalista2 e da burguesia no poder, o conhecimento acerca dos
recursos naturais para o abastecimento da indústria configurou-se no impulso
que faltava para conferir à Geografia o seu status de ciência emergente,
abordando e enfatizando as particularidades do seu campo de saber e atuação,
tornando-a uma ciência autônoma.
O processo histórico de desenvolvimento do conhecimento
geográfico, desde as primeiras comunidades humanas, passando pela
Antiguidade Clássica3 até o final do século XIX quando o grau de ciência lhe foi
conferido, permite evidenciar os diferentes objetivos para os quais o referido
saber foi produzido, organizado, utilizado e, paulatinamente, sistematizado.
Sem sombra de dúvidas, a necessidade de conhecimento do homem
em relação à Terra, de forma geral, serviu como mola propulsora para o
desenvolvimento da Geografia, evidenciando assim, todo o seu potencial, até
tornar-se, de fato, uma ciência indispensável à humanidade.
Seu objeto de estudo, a partir desse processo, pôde ser estruturado
com vistas a garantir e afirmar efetivamente o campo do saber geográfico.
Contudo, a sua caracterização não foi tão facilmente definida, em função da
abrangência e amplitude adquiridas.
Desde a Antiguidade expressa-se a necessidade do conhecimento
relativo à natureza e aos povos. Tal necessidade ainda hoje se mantém, mas
considerando todo o processo de ocupação, organização e transformação dos
espaços e ainda o processo dialético4 por meio do qual ocorre. Essa
2 Trata-se de um conceito marxista. Segundo K. Marx, historicamente a humanidade organizou-
se de maneiras diversas, sendo que a estrutura econômica teve influência direta sobre os outros aspectos da organização, tais como a política, a social e a cultural, determinando-as, inclusive. O Modo de Produção Capitalista é, portanto, aquele em que as formas de exploração atingiram picos mais dramáticos. 3 Refere-se ao período histórico marcado no Ocidente pelas Civilizações Grega e Romana.
4 O conceito de dialética é utilizado por diferentes doutrinas filosóficas, assumindo, portanto
significados distintos. O método dialético possui várias definições, tal como a hegeliana, a marxista entre outras. Para alguns, consiste em um modo esquemático de explicação da realidade baseado em oposições e em choques entre situações diversas ou opostas. Os elementos do esquema básico do método dialético são a tese (afirmação), a antítese (oposição) e a síntese (situação nova resultante do embate entre as duas anteriores). Consiste em uma nova tese com elementos resultantes do referido embate.
3
necessidade leva em conta a interdependência por uma via e a relação entre
esses fatores por outra, sendo estreitamente ligados às formas pelas quais os
grupos humanos os produziram, isto é, de acordo com seus interesses.
ANDRADE (2008, p.14) define a Geografia como:
A “ciência que estuda as relações entre a sociedade e a natureza”, ou melhor, a forma como a sociedade organiza o espaço terrestre, visando melhor explorar e dispor dos recursos da natureza. Naturalmente, no processo de produção e de reprodução do espaço, cada formação econômico-social procura organizar o espaço à sua maneira, ao seu modo, de acordo com os interesses do grupo dominante e de acordo também com as suas disponibilidades de técnica e de capital.
Em síntese, pode-se definir a Geografia, a partir da análise do
exposto, como a ciência que estuda o espaço geográfico sendo este,
portanto, o seu objeto de estudo, resultante das relações e das interações entre
os homens e/ou as sociedades com a natureza ao longo dos tempos,
expressando as relações sociais que originaram (e ainda originam) cada
organização espacial.
O espaço geográfico é socialmente elaborado e/ou produzido por
meio da ação humana, evidenciando como as sociedades organizam-se
historicamente de acordo com as normas estabelecidas. Devido ao seu caráter
de produção histórica e coletiva, o espaço geográfico afirma-se como um
produto histórico e social. SANTOS (1997, p. 51) definiu o objeto de estudo da
Geografia como sendo aquele
(...) formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como um quadro único no qual a história se dá. No começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina.
Para que o objeto de estudo efetivamente cumpra sua função e
potencial explicativo torna-se relevante considerar que o espaço geográfico
deve ser pensado, analisado, refletido e questionado sob a ótica da sua
produção/ocupação em interação com a natureza (fatores humanos e naturais
de maneira articulada). Isto porque está em constante processo de
transformação, não sendo, portanto, possível considerá-lo imutável, tampouco
estático. O mesmo se aplica a sociedade.
4
2. A GEOGRAFIA NO BRASIL
Diante das exigências relativas à organização espacial, a Geografia
surge, enquanto disciplina escolar, no século XIX, primeiramente com o intuito
de “nacionalizar” a população. Com o tempo essa Geografia, de caráter
tradicionalista e nacionalista, foi perdendo força para uma mais crítica que
considera o sujeito e o conhecimento por este adquirido por meio de suas
experiências, como elementos essenciais para o aprendizado do conhecimento
geográfico.
Historicamente o ensino de Geografia no Brasil encontrou grandes
entraves. Nas escolas de primeiras letras acabava fazendo-se presente por
meio da História do Brasil associada ao trabalho com a língua nacional, na qual
era realizada a descrição do território e das belezas naturais, não integrando
diretamente os conteúdos.
Em relação ao Ensino Secundário, agora denominado Ensino Médio, o
Colégio Pedro II, fundado em 1837, prescrevia alguns princípios para o ensino
de Geografia. Essa inserção curricular representou um avanço importante, pois
o Colégio era referência para a educação nacional. Cabe salientar, entretanto,
que o objetivo maior tanto da inserção de conteúdos da Geografia quanto da
História visava o acesso aos cursos superiores, visto que ambos faziam parte
dos exames.
A iniciativa privada e a primeira Escola Normal - aproximadamente 1874
- também ofertaram algumas noções relativas a esse conhecimento. Todavia, a
Geografia ensinada nessas escolas não pode ser considerada descritiva,
tampouco explicativa, pois eram abordadas noções muito gerais.
A criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), também
nesse período, representou avanços nos estudos dessas áreas, ainda que
objetivasse a construção de uma identidade nacional.
Com a reformulação da LDB5 nº. 4024/61 em 1971, resultando na LDB
nº. 5692/71, as disciplinas de Geografia e História passaram a compor uma
nova, intitulada “Estudos Sociais”. Vale ressaltar, portanto, que foram diluídas
5 A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) regulamenta o ensino público e
privado da Educação Básica ao Ensino Superior no país, sendo a LDB nº. 9394/96 a terceira promulgada e que encontra-se em vigência.
5
e descaracterizadas. As humanidades foram secundarizadas e ambas
perderam espaço significativo na grade curricular.
Após o período da Ditadura Militar (1964-1985), houve algumas
mudanças. A principal refere-se à implantação da Lei nº. 9394/96 que
considera ambas as disciplinas (Geografia e História) como ciências que
devem ser analisadas e estudadas levando em conta suas respectivas
especificidades.
A Geografia, até então tradicional6, começa a ser vista e pensada por
um novo enfoque. Passa então a considerar o ser humano como sujeito
primordial na relação com a natureza, bem como para a sua transformação por
meio da interação com ela estabelecida e, fundamentalmente, pelo trabalho.
Os debates, discussões e alguns movimentos iniciados a partir da
década de 1970 no mundo e mais intensamente na década seguinte, acabaram
por resultar nessa Geografia Crítica ou Radical7 que vem ganhando força nos
últimos anos, não apenas no Brasil, mas também em outros países do mundo.
Assinala-se que esse movimento irrompeu com o fim da Segunda
Guerra Mundial e o novo cenário resultante: “Guerra Fria” 8. Os geógrafos
iniciaram um intenso processo de discussão em busca de uma Geografia
Crítica capaz de abordar questões inerentes ao meio social e natural, surgindo
deste modo um movimento de renovação da disciplina. A esse respeito
MENDES (2010, p. 37) nos diz que
6 A intitulada Geografia Tradicional, de acordo com VESENTINI (2004), tem como base o
esquema “Homem – Terra”, abordando um ensino descritivo e mnemônico da superfície terrestre. 7 A Geografia Crítica desenvolveu-se a partir da década de 1970 e significou uma ruptura com
o pensamento anterior. O adjetivo “crítica” refere-se a uma postura frente à realidade. Seus autores e adeptos entendiam que havia a necessidade de pensar o estudo e a pesquisa em Geografia, posicionando-se em favor da transformação da realidade, considerando-a como um dos instrumentos de libertação do ser humano por meio da análise das contradições presentes na sociedade. 8 A Guerra Fria caracterizou-se pela disputa entre a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS) e os Estados Unidos da América (EUA). As duas superpotências foram as maiores responsáveis pela vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, no entanto possuíam regimes políticos antagônicos. A primeira socialista e a segunda, capitalista. As décadas seguintes foram de grande instabilidade e disputa por meio das Corridas Espacial e Armamentista, bem como pela tentativa de ampliação das áreas de influência de cada qual. Alguns eventos pelo mundo afora servem de referência para o entendimento da referida disputa: a Guerra do Vietnã; os Golpes Militares na América Latina e a Crise dos Mísseis em Cuba são alguns exemplos.
6
Nesse contexto, surgiu um movimento de renovação da geografia baseado na produção de conhecimentos geográficos comprometidos com a justiça social, as desigualdades na distribuição de rendas e a correção das desigualdades econômicas entre os países, dando origem a corrente teórica chamada Geografia Crítica ou Radical.
Ainda segundo MENDES (2010, p. 37) “com relação ao ensino da
geografia crítica na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, ganham espaço no desenvolvimento dos processos de ensino e
aprendizagem dessa disciplina o construtivismo e o socioconstrutivismo9,
tendências que enfocam a ação do sujeito sobre o objeto”.
Construtivista porque compreende o conhecimento como estando sempre em processo de construção, transformando-se mediante a ação do indivíduo no mundo, da ação do sujeito sobre o objeto, da sua transformação em sujeito ativo em processo de permanente construção. (MORAES, 1997, p. 25)
O que hoje se propõe é justamente esse ensino de Geografia. Um
ensino que considera o sujeito (criança) como agente construtor e
transformador do meio circundante; que participa ativamente no processo de
construção e aquisição do conhecimento científico, no qual suas experiências
são elementos significativos.
Uma Geografia capaz de analisar e compreender os processos de
produção, mudanças e transformações da natureza e das sociedades em seus
múltiplos aspectos: sociais (humanos), políticos, econômicos, culturais... Nesse
ensino de Geografia, o professor considera como ponto de partida, o
conhecimento que a criança traz e tem de suas experiências no e com o
espaço. É a partir delas, afinal, que leem o mundo, as paisagens, os lugares,
os elementos (naturais e culturais) que o compõe, com os quais, aliás,
estabelece relações constantemente.
9 Construtivismo e socioconstrutivismo referem-se às correntes teóricas de Piaget e Vigotski,
respectivamente. Ambos são construtivistas por considerarem que o conhecimento dá-se a partir da ação do sujeito sobre o objeto, sobre a realidade. Contudo, para Vigotski, o indivíduo não configura-se apenas em sujeito ativo, mas interativo, sendo o fator cultural e a mediação fundamentais, enquanto para Piaget pouco enfatizados. Vigotski enfatiza ainda que o processo de aquisição do conhecimento parte do campo social para o individual, assim como o aprendizado gera desenvolvimento e não o contrário, como preconiza Piaget por meio dos estágios do desenvolvimento humano.
7
3. O ENSINO DE GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O ser humano constitui-se enquanto sujeito em função da sua
organização em sociedade que, por sua vez, é efetivada por meio das relações
estabelecidas através do mundo do trabalho10.
O homem é ativo. A ação que realiza sobre o meio que o rodeia, para suprir as condições necessárias à manutenção da espécie, chama-se ação humana. Toda ação humana é trabalho e todo trabalho é trabalho geográfico. Não há produção que não seja produção do espaço, não há produção do espaço que se dê sem trabalho. Viver, para o homem, é produzir espaço. Como o homem não vive sem trabalho, o processo de vida é um processo de criação do espaço. (SANTOS, 1997, p. 89)
Sendo assim, torna-se a ele necessário dominar conhecimentos acerca
da organização espacial, de modo a compreendê-la e adquirir condições e/ou
mecanismos que possibilitem intervir na sua realidade (natural e social) de
maneira mais consciente. Consciência espacial, ou mais ainda, sócioespacial,
configura-se em um elemento essencial para que o indivíduo perceba-se como
parte integrante e, fundamentalmente, como agente transformador dos espaços
com os quais estabelece relações de forma direta ou indireta.
O trabalho com a Geografia é complexo e deve ser iniciado com as
crianças ainda pequenas, incitando-lhes a curiosidade pela dimensão espacial
e fornecendo-lhes condições de agir e interagir com o espaço de forma cada
vez mais autônoma e consciente.
É função da Geografia fazer com que as crianças percebam-se como
sujeitos pertencentes ao espaço geográfico e constituídos nas relações com
ele estabelecidas, enfatizando seu papel na construção, organização e
transformação, inicialmente no que refere-se aos seus espaços vividos.
Em função disso, o processo de identificação e de reconhecimento
desses espaços, associado ao trabalho com o corpo torna-se imprescindível,
10
Trabalho entendido como uma ação própria do homem, intencional e planejada sobre a natureza. Tendo como referência esse conceito, pode-se perceber sua relação direta com o objeto de estudo da Geografia, ou seja, o espaço geográfico, sendo este, por sua vez, resultante da interação do homem com a natureza.
8
pois será justamente nos espaços esperienciados11 que as crianças
encontrarão maiores possibilidades para o desenvolvimento das suas primeiras
noções espaciais, criando - portanto - seus primeiros referenciais. Conforme
ALMEIDA (2006), o domínio do espaço é ampliado pela criança por meio das
progressivas aquisições no nível corporal.
O ensino de Geografia deverá possibilitar-lhes que, por meio do trabalho
com o corpo e da leitura das paisagens dos lugares esperienciados, deem
início ao processo de desenvolvimento da noção de constituição espacial12,
sendo este o objetivo principal da área nesse nível de ensino.
A partir do objetivo mais amplo explicitado, podem-se definir outros,
visando garantir a efetivação do aprendizado no que concerne ao campo do
saber geográfico. CALLAI (2005, p. 241) nos diz a esse respeito que “nesse
nível de ensino, possibilitar à criança a leitura do espaço caracteriza o principal
objetivo de ensino da Geografia”.
O trabalho ainda deverá proporcionar que as crianças:
Identifiquem os elementos que compõem as paisagens dos lugares
esperienciados;
Percebam-se enquanto sujeitos que interferem na organização espacial;
Reconheçam o próprio corpo como elemento de referencial espacial;
Interajam com novos espaços ampliando suas experiências e vivências;
Percebam que os espaços são organizados de acordo com as necessidades
e interesses dos grupos;
Ampliem o domínio sobre os espaços, inicialmente cotidianos;
Observem, explorem, interajam e reflitam ampliando suas percepções
espaciais;
11
A expressão é utilizada ao longo do texto fazendo referência a espaço vivido. Grafa-se com a letra “s” por reportar-se a essa dimensão espacial específica, diferentemente de experienciado grafado com a letra “x” que relaciona-se com as experiências vividas pelos indivíduos. 12
Constituição Espacial refere-se a organização do espaço; aos elementos que nele constam; as ações realizadas e que formam um conjunto indissociável em sua totalidade.
9
Se reconheçam enquanto sujeitos pertencentes a uma determinada realidade
que possui uma organização espacial própria e que encontra-se num processo
constante de transformação;
Percebam que o meio circundante é totalmente lateralizado;
Utilizem elementos e/ou objetos das paisagens para criar mecanismos que
facilitem o processo de localização espacial;
Percebam a interdependência existente entre os espaços;
Exercitem o olhar e a curiosidade acerca da dimensão espacial; e
Estabeleçam relações de semelhanças e diferenças entre os espaços
esperienciados e destes em relação a outros espaços (espaço percebido).
Para a efetivação de tais finalidades e/ou objetivos, o trabalho
envolvendo a brincadeira associada ao movimento torna-se essencial no
cotidiano das atividades propostas nos CMEI’s (Centros Municipais de
Educação Infantil), ambos atrelados ao espaço, propiciando o desenvolvimento
das noções relativas à espacialidade13, bem como ao sentimento de
pertencimento a determinados espaços.
Desde as primeiras etapas da escolaridade, o ensino de Geografia pode e deve ter como objetivo mostrar ao aluno que cidadania é também o sentimento de pertencer a uma realidade na qual as relações entre a sociedade e a natureza formam um todo integrado – constantemente em transformação – do qual ele faz parte e, portanto, precisa conhecer e sentir-se como membro participante, afetivamente ligado, responsável e comprometido historicamente. (BRASIL, 2000)
Em cada período do desenvolvimento14 a criança apresenta uma
peculiar forma de relacionar-se com o mundo, com características próprias,
assim como de tomar consciência do espaço que a cerca, desenvolvendo a
capacidade de movimentação e manipulação dos objetos que encontram-se no
meio, construindo conhecimentos práticos.
13
Conforme já mencionado, o domínio no nível corporal amplia o domínio espacial.
14
Ver texto de Fundamentos Teórico - Metodológicos da Abordagem Histórico - Cultural.
10
As vivências15 espaciais manifestadas são, desse modo, resultantes da
prática cotidiana, das experiências as quais foram submetidas. Salienta-se que
estas não são singulares, mas plurais, pois cada um, a partir de sua história de
vida, capta e percebe informações distintas do meio. Assim, um mesmo lugar
terá configurações, sentidos e sentimentos diferenciados para cada indivíduo.
O trabalho geográfico deverá ser capaz, além de propiciar o
desenvolvimento da noção de constituição espacial, de ampliar o campo das
experiências, dos olhares sobre as paisagens dos diversos espaços.
A paisagem revela a realidade do espaço em um determinado momento do processo. O espaço é construído ao longo do tempo de vida das pessoas, considerando a forma como vivem, o tipo de relação existente entre elas e que estabelecem com a natureza. Dessa forma, o lugar mostra, através da paisagem, a história da população que ali vive, os recursos naturais de que dispõe e a forma como se utiliza tais recursos. A paisagem é o resultado do processo de construção do espaço. (CASTROGIOVANNI, 2000, p. 96-98)
Desde o início da vida o ser humano apresenta condições potenciais
para o desenvolvimento do domínio espacial. No entanto, para que estas
manifestem-se e desenvolvam-se plenamente, precisará experimentar
situações que venham a oportunizá-las como forma de aprendizado. Deste
modo, a estimulação dos bebês no CMEI torna-se relevante para a percepção
do corpo como um elemento presente e integrador do espaço.
Com as crianças pequenas o trabalho de descoberta do espaço em que
vivem deverá traduzir as percepções que detêm e ampliá-las, tornando
necessário observá-lo, explorá-lo, interagir e refletir sobre as descobertas,
afinal explicar o mundo é uma das tarefas que cabem a Geografia.
O andar e o falar provocarão um salto qualitativo no desenvolvimento,
visto que oportunizarão maior independência e autonomia para que haja a
exploração do espaço e dos objetos nele presentes, promovendo a sua leitura.
Ler o espaço, nesse nível de ensino, significa perceber o lugar
reconhecendo os elementos naturais e culturais nele contidos, iniciando o
processo de alfabetização geográfica. Para que essa habilidade se desenvolva,
a fala (relato) será um importante instrumento em benefício da espacialidade.
15
Vivências aqui entendidas como “ideias sobre a vida”.
11
Cabe salientar que o olhar e o apontar pelo bebê ou pelas crianças pequenas
também expressam entendimento.
A alfabetização, para a Geografia, somente pode significar que existe a possibilidade de o espaço geográfico ser lido e, consequentemente, entendido. Pode transformar-se, portanto, a partir disso, em instrumento concreto do conhecimento, em uma janela a mais para possibilitar o desvendamento da realidade pelo aluno. (PEREIRA, 2003)
O trabalho pedagógico deverá voltar-se à formação individual e social,
propiciando um vasto campo de experiências, oportunizando a exploração dos
espaços e criando instrumentos para o estabelecimento de relações com as
diversas pessoas com as quais convive-se, especialmente o professor e as
demais crianças.
No decorrer desse processo, torna-se imprescindível oportunizar-lhes a
percepção de que a sua sobrevivência e das demais pessoas está relacionada
e condicionada à existência, manutenção e/ou transformação dos espaços
analisados e de outros.
O espaço geográfico é historicamente produzido pelo homem enquanto organiza econômica e socialmente sua sociedade. A percepção espacial de cada indivíduo ou sociedade é marcada por laços afetivos e referências socioculturais. Nessa perspectiva, a historicidade enfoca o homem como sujeito construtor do espaço geográfico, um homem social e cultural, situado para além e através da perspectiva econômica e política, que imprime seus valores no processo de construção de seu espaço. (BRASIL, 2001. p. 109 - 110)
Com a manifestação das diversas formas de linguagem terá início o
processo de formação de conceitos16, exigindo a experimentação de
diferenciadas situações problematizadoras que provoquem e desafiem a
estrutura de pensamento das crianças para que estas possam dissociar o
esquema corporal do próprio corpo e, aos poucos, projetá-lo nos objetos.
Esses, por sua vez, assumirão a “tarefa” de estruturar o espaço, constituindo a
base para a sua representação sendo que, para tanto, as crianças utilizam-se
principalmente dos objetos fixos, tomando-os como referenciais.
16
O trabalho com conceitos dar-se-á por toda a vida, não consolidando-se, portanto, na Educação Infantil.
12
A Educação Infantil, de forma geral, deve equipar/instrumentalizar as
crianças com ferramentas para que interajam com o mundo e o compreendam.
Concebê-las como o centro do planejamento, identificando as maneiras por
meio das quais percebem o espaço coloca-se como ponto central, tendo como
referência o desenvolvimento da noção de constituição espacial.
Deste modo, evidencia-se a relevância de iniciar o trabalho pedagógico
com o corpo (movimento), seguido da leitura das paisagens dos lugares
esperienciados (vividos) e da sua organização para, então, identificar formas
de representá-lo. Na prática, esses elementos ocorrem de maneira
concomitante e não como uma sequência didática, no entanto, há que dar-se
ênfase a cada um num determinado momento, de acordo com o período de
desenvolvimento. “No processo de desenvolvimento humano, não há uma
separação do homem e da natureza. A natureza se socializa e o homem se
naturaliza”. (SANTOS, 1997. p, 89)
Há que se ter clareza de que todos esses conhecimentos não serão
consolidados nesse nível de ensino, conforme já mencionado, mas deverão ser
sistematizados, de modo que as crianças iniciem um processo de tomada de
consciência acerca do seu corpo e também do meio natural e social ao qual
pertencem.
No decorrer do desenvolvimento capacidades serão evidenciadas e
deverão ser exploradas pelo professor, objetivando a aquisição de novas
habilidades, sendo estas socialmente e culturalmente construídas. O
movimento, aqui considerado como capacidade expressiva, emocional e
intencional associado ao trabalho com as sensações, será um importante
instrumento, devendo ser valorizado, visto que a ampliação do domínio
espacial dependerá das aquisições efetivadas no nível corporal. A tríade
formada por tal associação (espaço, movimento e sensações) constitui a base
para todo o trabalho pedagógico que deverá ser desenvolvido.
As sensações, que caracterizam-se pelo recebimento de informações
por meio dos órgãos dos sentidos e as percepções, que configuram-se na
consciência das sensações, serão elementos-chave para o trabalho geográfico,
auxiliando no processo de identificação e leitura das paisagens.
Complementarmente, o estabelecimento de vínculos com o lugar, isto é, a
afetividade com ele criada também torna-se significativa.
13
As primeiras noções relativas à espacialidade, que ocorrem pelas
sensações, têm início por meio de um trabalho que propicie a observação e a
experimentação dos espaços. Torna-se relevante acrescentar, reafirmando,
que a consciência do corpo, que proporcionará maior conhecimento espacial,
não será efetivada na Educação Infantil, pois dependerá das diversas situações
experimentadas ao longo do desenvolvimento.
A noção de espaço é uma estrutura mental que será construída e
dependerá, precisamente, da interação com o meio e da qualidade das
mediações. Assim, a sua observação e exploração constituem-se nas
principais possibilidades de aprendizado, visto que o processo de descoberta
por parte da criança auxilia na estruturação da sua lógica de pensamento.
Nesse sentido, CALLAI (1998, p. 55) aponta três razões para estudar
Geografia
Primeira: para conhecer o mundo e obter informações; Segunda: podemos acrescer que a Geografia é a ciência que estuda, analisa e tenta explicar (conhecer) o espaço produzido pelo homem. Ao estudar certos tipos de organizações do espaço, procura-se compreender as causas que deram origem às
Afetividade
Sensações
(Percepção)
Movimentação
e Locomoção
Espaço Geográfico
14
formas resultantes das relações entre sociedade e natureza. Para entendê-las, faz-se necessário compreender como os homens se relacionam entre si. Terceira: instrumentalizar o aluno e fornecer-lhe as condições para que seja realmente construída a sua cidadania são objetivos da escola, mas cabe à Geografia um papel significativo nesse processo pelos temas e pelos assuntos de que trata.
Na dimensão do espaço vivido, caracterizado como uma rede de
manifestações cotidianas, as experiências espaciais possibilitam a construção
de interpretações, permitindo a realização de uma leitura do mundo e
desenvolvendo o sentimento de reconhecimento e pertencimento a uma
determinada realidade que, por sua vez, encontra-se em constante processo
de transformação.
O espaço vivido refere-se ao espaço físico, vivenciado através do movimento e do deslocamento. É aprendido pela criança através de brincadeiras ou de outras formas de percorrê-lo, delimitá-lo ou organizá-lo segundo seus interesses. Daí a importância de exercícios rítmicos e psicomotores para que ela explore com o próprio corpo as dimensões e relações espaciais. (ALMEIDA, 2001)
Uma leitura mais elaborada, que leve ao efetivo domínio espacial,
dependerá do estabelecimento de condições favoráveis e estas dar-se-ão pela
interação entre os fatores biológicos e sociais juntamente com um trabalho
sistemático em relação aos conteúdos de ensino.
Torna-se ainda necessário acrescentar que o meio ambiente é
totalmente lateralizado e é justamente nesse espaço que as crianças vivem,
crescem, brincam... A lateralidade17 manifesta-se primeiramente no próprio
corpo e, após a consolidação dessa aquisição, em relação aos corpos dos
outros indivíduos e objetos. “Num primeiro momento, a referência espacial da
criança é o seu corpo; depois, já consegue situar um objeto em relação ao
outro”. (KOZEL, 1996, p. 38)
Inicialmente manifestar-se-ão os referenciais absolutos ou elementares e
mais tarde os relativos. Ambos necessitarão ser contemplados constantemente
17
Predominância motora de um dos lados do corpo que será evidenciada ao longo do desenvolvimento. Os bebês e crianças pequenas são ambidestros, ou seja, detêm a capacidade de pegar (segurar, agarrar, manipular, mexer, etc.) nos objetos com ambas as mãos. A criança, ao manifestar a preferência por um dos lados do corpo, não deverá ser reprimida ou forçada para que utilize o outro lado, visto que poderá implicar em problemas de orientação espacial, fazendo-as, por exemplo, tropeçar em móveis e objetos.+
15
nos planejamentos para que as crianças os desenvolvam, considerando que
este processo além de gradativo é também complexo, exigindo noções ainda
mais abstratas, pressupondo, por exemplo, localização e conversão.
Podem-se considerar referenciais absolutos acima e abaixo; junto e
separado, por exemplo, e relativos, esquerda e direita, na frente e atrás. Torna-
se importante salientar que na natureza, no meio em que as crianças vivem,
encontrarão elementos e objetos que não possuem lateralidade definida (jarras,
garrafas e outros semelhantes). Assim, as condições propícias para o
desenvolvimento da lateralidade e da representação do espaço dar-se-ão,
inicialmente, a partir do corpo, para posterior utilização de objetos fixos que
encontram-se no meio, tanto natural como social, sobretudo tratando-se da
representação do espaço.
O trabalho pedagógico deve oportunizar, de acordo com a faixa etária,
desafios por meio das brincadeiras, dos cuidados, da observação, da
exploração do meio, conferindo-lhes um crescente grau de autonomia na
mobilidade e reconhecimento espacial.
O professor, nesse contexto, além de desempenhar a função de
mediador entre o conhecimento que as crianças detêm e aqueles que serão
produzidos e socializados (conhecimento científico), também configura-se
como o agente responsável pela promoção da criação de situações de ensino e
aprendizado que venham, de fato, gerar a experimentação do meio, utilizando-
se do corpo/ movimento (sensações); das brincadeiras e jogos; da observação
e da exploração do espaço; entre outros, conforme já evidenciado. De acordo
com SAVIANI, 1995
O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo.
As interferências provocadas pelas pessoas mais próximas, o professor
e/ou as próprias crianças, a partir das brincadeiras nos espaços que compõem
o CMEI, utilizando como situações de ensino e aprendizado, por exemplo, a
reorganização dos espaços que o constituem; o deslocamento de objetos e
16
móveis; retirando-os ou acrescentando-os; assim como atribuindo-lhes novas
significações, devem ser efetuados com frequência para que as crianças
percebam que os espaços, por menores que sejam, sofrem alterações ou
transformações que modificam a sua organização, a sua paisagem.
Todas essas alterações são importantes para a constituição das noções
espaciais e provocam mudanças, intencionais e/ou necessárias, na
organização espacial. Algumas, até mesmo irreversíveis gerando, portanto,
transformações. Estas precisam ser experimentadas diretamente ou
observadas, pois remetem ao objeto de estudo da Geografia e servem de
aporte para análise de transformações ocorridas em espaços/âmbitos maiores.
O conceito de transformação está presente em todo o estudo do espaço, uma vez que a sociedade humana, ao satisfazer as necessidades que ela mesma cria, atua sobre a natureza e modifica seu espaço. Essa intervenção se dá com a apropriação da natureza, ou seja, o homem não se submete ao espaço natural, cada vez mais ele o altera por meio do trabalho. (KOZEL, 1996, p. 28)
A observação das transformações ocorridas no meio, assim sendo,
configura-se num recurso indispensável à construção do saber no que
concerne ao domínio do conhecimento geográfico. Sendo nesse meio que as
crianças estão inseridas e com o qual mantêm contato de maneira imediata e
cotidiana, estabelecendo relações com as demais pessoas e com o mundo,
será justamente ele que deverá ser o seu primeiro espaço de observação,
análise e reflexão.
Entretanto, o estabelecimento de rotinas no e com o espaço é primordial.
A partir dessa consolidação, reorganizá-lo (retirando objetos, acrescentando,
escondendo, entre outras ações) possibilita uma desestruturação da lógica do
pensamento, exigindo maior esforço mental para identificar a nova organização
daquele espaço, mesmo que momentânea; percebendo as alterações pelas
quais passou; se eram necessárias, se trouxeram benefícios, etc. Esse
trabalho, quando realizado com as crianças pequenas, poderá dar início a
construção das primeiras noções relativas à espacialidade. Poderá também
propiciar-lhes condições para a assimilação/construção de conhecimentos
relativos à organização espacial.
17
Tendo clareza de que as crianças apropriam-se e expressam o
conhecimento apreendido por meio da brincadeira, caracterizada como um
elemento da cultura18 há que se considerar que a mesma ainda configura-se
como a atividade por excelência da criança. É a partir dela que as crianças
poderão reestruturar/reelaborar as situações humanas já produzidas ao longo
dos tempos (re) criando, (re) estruturando e (re) vivendo o conhecimento, ao
passo que dele apropriam-se.
É fundamental ter como definição que não basta apenas expor as
crianças a estímulos diversos; não é suficiente disponibilizar-lhes os objetos da
cultura. É preciso organizar e sistematizar os diversos conteúdos (situações de
ensino e aprendizado, encaminhamentos e/ou propostas) de modo que reflitam
a intencionalidade inerente ao trabalho. Nesse contexto, o professor torna-se
aquele que tem como função mediar o conhecimento que as crianças detêm e
o conhecimento oriundo da especificidade da área, ou seja, o conhecimento
científico.
(...) o ensino de Geografia deve visar ao desenvolvimento da capacidade de apreensão da realidade do ponto de vista da sua espacialidade. Isso porque se tem a convicção de que a prática da cidadania, sobretudo nesta virada de século, requer uma consciência espacial. (...) A finalidade de ensinar Geografia para crianças e jovens deve ser justamente a de os ajudar a formar raciocínios e concepções mais articulados e aprofundados a respeito do espaço. (CAVALCANTI, 1998, p. 24)
18
Cultura é algo essencialmente humano. Trata-se do conjunto de manifestações, comportamentos, valores, costumes e pensamentos de um povo. Do ponto de vista filosófico é possível afirmar que os seres humanos sentem, fazem e agem culturalmente e com base na sua cultura, pensam e refletem sobre o porquê de tudo á sua volta. Do ponto de vista etnológico, cultura define um modo de viver específico de determinado grupo humano ou etnia. Antropologicamente, diz-se que são sistemas de padrões de comportamento, de modo de organização social, econômica e política, em permanente adaptação, em função do relacionamento dos grupos humanos com seus respectivos espaços e ecossistemas; também pode ser entendida como sistema simbólico de determinado grupo e que apenas pode ser apreendido por outro grupo por meio de interpretação. Jamais por mera descrição.
18
4. CONTEÚDOS
O trabalho com a Geografia na Educação Infantil deve propiciar às
crianças a noção19 de constituição espacial. Para tanto, os conteúdos foram
organizados tendo como referência categorias espaciais de análise20,
permitindo ao professor sistematizá-los e, sempre que possível, fazê-lo de
maneira articulada durante a elaboração dos Planos de Trabalho Docentes
(PTD’s).
Ao considerar que o espaço geográfico, ou seja, que a organização
espacial21 não ocorre de forma fragmentada e desarticulada do contexto de sua
produção ou ocupação, o professor possibilitará às crianças que percebam a
interdependência existente entre os vários espaços que, em sua complexidade,
compõem o espaço geográfico.
Assim sendo, o aprendizado relativo à organização espacial acontecerá,
necessariamente, pelo desenvolvimento da noção de constituição espacial.
Esta, por sua vez, deverá ser sistematizada a partir da relação entre corpo e
espaço, assim como, da observação, da leitura e análise das paisagens, das
formas como os espaços estão organizados e ainda dos processos de
transformação ou modificação a que são ou foram submetidos.
As categorias espaciais de conteúdos propostas para o trabalho com as
crianças na Educação Infantil são:
1) A criança e o corpo: esquema corporal;
2) A criança e o campo perceptivo: paisagem e lugar;
3) A criança e o espaço: organização e representação; e
4) A criança e as relações sociais: trabalho e cultura.
19
Noção entendida enquanto conteúdo de formação operacional (função psicológica elementar), com vistas à apropriação, mesmo que em momento posterior, de conteúdos de formação teórica, ou seja, de conhecimento de cunho científico/conceitos (função psicológica superior). A noção de espaço é construída socialmente por meio de um diálogo constante referente tanto aos aspectos naturais quanto aos sociais que configuram os lugares, inicialmente os esperienciados. É preciso considerar, antes de tudo, que o ser humano desde que nasce tem contato com o meio (natural e social) e é nele que desenvolve-se. 20
Agrupamentos que reúnem conteúdos de mesma ordem ou natureza, facilitando suas respectivas identificações na organização espacial. Trata-se de uma forma didática de organização, objetivando uma maior compreensão, visto que estes na natureza e/ou na sociedade não ocorrem de maneira fragmentada e desarticulada. 21
Refere-se ao espaço geográfico em suas formas de ocupação, organização e transformação. Configura-se no objeto de estudo ou de conhecimento da Geografia.
19
As relações sociais são responsáveis pela organização dos espaços
uma vez que expressam regras e normas dos grupos sociais por meio das
crenças, incluindo costumes e tradições advindos da rede tecida pelo processo
cultural. Tal consideração permite percebê-las como elemento que integra e
permeia as categorias espaciais e também sua associação com os demais
conteúdos. Isto porque encontra-se diretamente relacionada ao fato de o
sujeito ter consciência do seu próprio corpo no espaço, da constituição das
paisagens e das formas de organização do trabalho no mundo produtivo.
Vale reafirmar, nesse ponto, a relevância do trabalho com o espaço
vivido (espaço de referência das crianças), experimentado fisicamente e de
maneira direta, facilitando a ação pedagógica inicial com vistas à aquisição e
ampliação da percepção espacial.
Instigar as crianças para que relembrem mentalmente os espaços
percorridos, os trajetos que realizam torna-se uma excelente oportunidade de
incitar-lhes a curiosidade acerca da observação e exploração do espaço. Do
mesmo modo, por meio da fala (relatos orais), oportuniza-se que descrevam,
analisem e reflitam sobre as paisagens observadas e experienciadas em outros
momentos.
Na Educação Infantil, esse processo constituirá o trabalho pedagógico
em relação ao espaço percebido, pois nesse período as crianças ainda estarão
adquirindo a habilidade de abstrair (recordar os elementos que integram a
paisagem dos espaços pelos quais circulam, sobretudo os mais próximos as
suas casa e CMEI). Deste modo, o professor deverá estimulá-las para que
observem as paisagens que constituem os espaços pelos quais circulam,
principalmente aquelas que fazem-se presentes na sua prática diária.
O espaço percebido não necessita ser vivido de maneira direta, podendo
ser relembrado por meio de um processo de lembrança/recordação. O caminho
que as crianças realizam para deslocarem-se de suas casas até o CMEI, por
exemplo, poderá ser considerado um dos primeiros espaços percebidos.
Além dos objetivos definidos anteriormente para a Geografia na
Educação Infantil, há outros, específicos para o trabalho em cada uma das
categorias espaciais, conforme evidenciado na tabela a seguir:
20
CATEGORIAS ESPACIAIS
OBJETIVOS
A criança deverá perceber que:
A CRIANÇA E O CORPO:
Esquema Corporal
(O primeiro espaço)
o seu corpo detém significado como elemento para a exploração do espaço e na construção da sua percepção;
o conhecimento do seu corpo
amplia a autonomia em relação ao conhecimento espacial.
A CRIANÇA E O CAMPO
PERCEPTIVO:
Paisagem e Lugar
as paisagens dos seus espaços vividos são constituídas por elementos distintos (naturais e culturais), sendo resultantes de um processo perceptivo, diretamente relacionado a vida no campo individual e social, podendo diferir de um indivíduo para outro.
A CRIANÇA E O ESPAÇO:
Organização e Representação
os espaços são organizados de acordo com interesses e/ou necessidades dos grupos sociais que os produziram ou que neles encontram-se inseridos, assim como estão sujeitos a mudanças e transformações no contexto diário;
torna-se importante e necessário
representar os espaços e que há diversas maneiras e objetivos para fazê-lo.
A CRIANÇA E AS RELAÇÕES
SOCIAIS:
Trabalho e Cultura
a instituição escolar constitui-se num espaço cultural singular em função da diversidade e, ao mesmo tempo, das específicas ações profissionais realizadas. Essas ações, pelo seu caráter de integração e interdependência, garantem o seu funcionamento, influenciando na sua produção e/ou reprodução.
21
4.1- A CRIANÇA E O CORPO: Esquema Corporal (O primeiro espaço)
O esquema corporal relaciona-se diretamente ao reconhecimento do
corpo como um elemento pertencente e integrador dos espaços natural e social
em que a criança encontra-se inserida.
Para a conquista, assim como para a ampliação da autonomia frente à
organização espacial, faz-se necessário o trabalho com o corpo na sua relação
direta com o espaço.
Essa identificação, por parte das crianças, será inicialmente propiciada
tendo em vista a movimentação nos espaços vividos, sistematizada no
contexto diário, promovendo oportunidades para o desenvolvimento corporal
em sua totalidade. Segundo CAVALCANTI, 1998 “(...) o espaço que se torna
familiar ao indivíduo, é o espaço vivido, do esperienciado”.
Perceber o espaço nas suas dimensões, cores, texturas e processos
culturais constitui-se em uma habilidade que o indivíduo construirá ao longo da
sua trajetória escolar e familiar, bem como a partir do seu desenvolvimento
social e cognitivo. Cabe salientar que o início desse processo ocorrerá
inicialmente por meio do conhecimento do seu próprio corpo e da percepção
desse em relação ao espaço.
Explorar o espaço e, antes ainda, percebê-lo, configura-se num
processo que a criança fará mais facilmente uma vez que tenha apreendido os
seus elementos constitutivos e as possibilidades de movimentação e
locomoção do seu corpo. Daí, para os corpos dos colegas e dos outros
indivíduos com quem convive no CMEI e fora dele.
4.2- A CRIANÇA E O CAMPO PERCEPTIVO: Paisagem e Lugar
A ideia de paisagem é tão antiga quanto à própria necessidade do
conhecimento geográfico, visto que os saberes dessa área foram
consolidando-se em detrimento da observação da natureza, a princípio para
satisfação de necessidades essenciais a sobrevivência.
Atualmente, devido a todas as situações e experiências a que os
indivíduos são expostos ao longo de suas vidas, esses terão e manifestarão
olhares diferenciados sobre as paisagens, ultrapassando a barreira do
22
simplesmente aparente. Deste modo, suas impressões, cultura, hábitos e
sensações serão relevantes no processo de identificação e leitura das
paisagens. Para SANTOS (1997, p. 62) “a dimensão da paisagem é a
dimensão da percepção, o que chega aos sentidos. Por isso, o aparelho
cognitivo tem importância crucial nessa apreensão, pelo fato de que toda
educação, formal ou informal, é feita de forma seletiva, pessoas diferentes
apresentam diversas versões do mesmo fato”. Portanto, a paisagem contém
uma dimensão objetiva e outra subjetiva, além de juntar, num dado momento,
passado e presente.
Alguns autores, como BERQUE (1995), consideram que a paisagem não
detém apenas os elementos da realidade, mas também os da imaginação.
Exemplificando: uma pessoa nativa de certa região/lugar não terá o mesmo
olhar do que um turista que a visita, pois suas experiências são distintas. A
pessoa nativa, além dos vínculos afetivos estabelecidos com esse lugar desde
a infância, provavelmente também terá presenciado o processo de
transformação e/ou de mudanças que nele ocorreram. Portanto, as
experiências com o lugar, e pode-se considerar também com a paisagem, são
plurais (muitas), tendo em vista que cada um capta, sente, percebe e vê aquilo
que suas experiências lhe proporcionam ver, olhar, ouvir, sentir, captar,
perceber...
Nesta lógica, a categoria “Lugar” detém caráter subjetivo, pois está
diretamente relacionada ao vínculo e identidade criados com cada lugar
específico. Nela, as relações humanas sobressaem-se, inclusive com a
natureza.
Segundo CAVALCANTI (2002), a paisagem e o espaço estão
articulados formando um par dialético. A paisagem é a materialização de um
instante da sociedade e o espaço contém o seu movimento.
Na Educação Infantil, o trabalho com o Lugar será propiciado por meio
da leitura das paisagens dos lugares (espaços) esperienciados; pela
identificação e diferenciação dos elementos naturais e culturais/humanizados
que os integram e, especialmente, objetivando que as crianças percebam-se
enquanto sujeitos que modificam o espaço, portanto, também construtores e
transformadores, como parte da paisagem.
4.3 - A CRIANÇA E O ESPAÇO: Organização e Representação
23
A criança apresenta uma forma peculiar de relacionar-se com o espaço.
Considerando as crianças da Educação Infantil, essa relação acontecerá nos
seus espaços vividos. A partir deles, deverão perceber que a organização
ocorre em detrimento de necessidades e/ou interesses dos grupos sociais que
os produziram, assim como estão sujeitos a transformações em função de
novas necessidades e interesses.
Inicialmente pensando-se que as experiências das crianças remetem-se
ao espaço familiar (moradia) e ao espaço escolar (CMEI), fazê-las perceber
que as relações estabelecidas em ambos originaram a organização tal como
apresenta-se, poderá propiciar-lhes subsídio para que possam compreender a
organização proveniente de espaços mais amplos, mesmo que posteriormente.
Cada sociedade ou grupo humano, ao longo dos tempos, encontrou as
formas que mais lhe convinham22 para organizar o espaço de que dispunham.
Deste modo, evidencia-se a diferenciação entre os diversos espaços que, em
sua complexa totalidade, integram o espaço geográfico.
A necessidade de representação acerca da organização dos espaços
tornou-se imprescindível por inúmeros fatores, entre os quais destaca-se o
próprio registro enquanto memória, por meio do qual é possível identificá-los,
analisá-los, compará-los, relembrá-los, etc.
As crianças da Educação Infantil deverão perceber que os espaços
podem ser representados, assim como a importância de tal procedimento, mas
antes necessitarão experimentar corporalmente variadas situações e
sensações, para depois encontrar formas para representá-los, podendo fazê-lo
utilizando-se de diferenciadas formas e recursos, tais como: desenhos,
recorte/colagem, massa de modelagem, maquetes, mapas, músicas,
dramatizações, entre outros.
A fotografia também caracteriza-se como um elemento primordial de
representação/registro, visto que o espaço geográfico da criança,
especialmente, encontra-se num constante processo de transformação além de
22
Considerando, para tanto, aspectos inerentes à própria natureza, bem como os sociais, políticos, econômicos e culturais, assim como os meios de que dispunham para tal organização por meio do trabalho (ação transformadora).
24
servir como acervo para a instituição, podendo ser utilizada em outros
momentos.
4.4 - A CRIANÇA E AS RELAÇÕES SOCIAIS: Trabalho e Cultura
Olhar o mundo à sua volta, que para a criança no CMEI tem início pelo
reconhecimento do próprio corpo, amplia-se por meio da percepção do espaço,
para além do seu e, mesmo dos corpos das pessoas com quem convive. Essa
conquista e/ou aquisição fará um complemento, ampliando a relação
estabelecida com os elementos constitutivos da organização espacial.
A percepção inicial dos elementos que compõem a teia de relações
sociais começa a ser construída a partir da observação das ações e do
trabalho desenvolvido no interior do próprio CMEI.
Diferentes pessoas e trabalhos diversos são desenvolvidos diariamente.
Uns mais, outros menos especializados, mas todos com sua especificidade e
interrelação, cuja articulação converge não apenas para a formação da criança,
como também produz e reelabora traços que revelam uma dada cultura, muito
própria do que denomina-se “Cultura da Escola” 23.
As relações sociais no trabalho, de difícil construção conceitual, são
percebidas por meio da observação do trabalho dos vários indivíduos que, com
seu fazer diário, concorrem para a organização espacial e efetivação do papel
social da instituição escolar.
5. QUADRO DE CONTEÚDOS DE ENSINO
Os quadros a seguir foram organizados a partir do objetivo principal para
cada uma das modalidades, contemplando o conhecimento espacial que
orientará a ação docente daquele período. Neles constam ainda as categorias
de análise, com seus respectivos conteúdos, bem como situações de ensino e
aprendizado.
23
Aquilo que é próprio da instituição e que nela desenvolve-se, tais como: suas práticas, ritos, ritmos, entre outros.
25
As sugestões de situações de ensino e aprendizado foram elencadas
para explicitar algumas possibilidades de trabalho com os diversos conteúdos
contemplados nas categorias espaciais, havendo outras de acordo com os
objetivos de trabalho e necessidades das turmas, visando auxiliar e orientar a
ação docente durante a elaboração do planejamento.
Os conteúdos de ensino, sempre que possível, devem ser
sistematizados nos Planos de Trabalho de maneira articulada abrangendo,
portanto, conteúdos inerentes a mais de uma categoria. Cabe salientar que o
trabalho envolvendo a articulação proporciona uma amplitude acerca da
dimensão espacial.
O esquema apresentado a seguir evidencia a articulação entre as
categorias espaciais, assim como, para a Educação Infantil, identificar a
categoria “A Criança e o Corpo: Esquema Corporal” permeando as demais,
visto que a ampliação do domínio corporal possibilitará maior conhecimento em
relação ao espaço, conforme já mencionado, permitindo, por meio do trabalho
pedagógico, que as crianças realizem as leituras das paisagens dos lugares
esperienciados; percebam como esses estão organizados; identifiquem formas
para representá-los; percebam que no espaço do CMEI são realizadas diversas
ações por diferentes pessoas/profissionais; etc.
BERÇÁRIO: crianças de quatro (04) meses a um (01) ano de idade
OBJETIVO PRINCIPAL
A Criança e o Corpo:
Esquema Corporal
A Criança e o Campo Perceptivo:
Paisagem e Lugar
A Criança e o Espaço:
Organização e Representação
A Criança e as Relações Sociais:
Trabalho e Cultura
26
► Perceber a si próprio como sujeito que ocupa um lugar no espaço. ◄
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O CORPO Esquema Corporal
CONTEÚDOS:
Consciência espacial: o corpo no espaço (Exploração do corpo: reconhecimento; o corpo como um todo);
Consciência corporal (Firmar o corpo/partes, engatinhar, sentar, rolar, pegar, apoiar-se, escalar, subir, andar).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO * Auxiliar as crianças a saírem de situações de desconforto (no berço, trocador, colchonete, tatame, chão, parquinho...) propiciando, por meio da conversa e da massagem/contato, a exploração do corpo e do espaço (venha mais para o centro, para o canto...). * Propor, durante as atividades rotineiras (troca de fraldas, alimentação, massagem, locomoção pelos espaços do CMEI...), bem como por meio de atividades dirigidas e músicas infantis (caixa musical com chocalhos, bolas com guizo; livros de pano e de banho...), que as crianças firmem o corpo, engatinhem para pegar objetos ou brinquedos, sentem, rolem, apoiem-se em móveis, escalem, subam, andem e, durante os movimentos, incentivados pela professora, visualizem o espaço de diferentes pontos de vista (os objetos, móveis, espelhos, brinquedos, portas, pessoas...); * Estimular os bebês em frente ao espelho para que deem início ao processo de reconhecimento da sua imagem, mostrando, apontando, tocando e nomeando as partes do seu corpo.
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O CAMPO PERCEPTIVO Paisagem e Lugar
CONTEÚDO:
Paisagem da sala de aula (Objetos e mobiliário; sensações).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Levar as crianças (no colo, deitadas e/ou sentadas em colchonetes e tatames, apoiadas em almofadas, engatinhando, caminhando com apoio) a observar e identificar os objetos e mobiliário próprios da sala de aula (espelhos, brinquedos, móbiles), incentivando-as a explorá-los sensorialmente (tocando, apertando, apalpando, trocando os objetos de lugar) para que os percebam nesse espaço;
27
* Andar pelo espaço da sala de aula com os bebês no colo apontando e nomeando os objetos e móveis presentes na paisagem.
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O ESPAÇO Organização Espacial
CONTEÚDO:
Relações espaciais (Referenciais absolutos: dentro/fora; em cima/ embaixo).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO * Incentivar, por meio de atividades rotineiras (troca, banho, massagem, alimentação, conversa), bem como através de brincadeiras, gestos, músicas/cantigas que enfatizem o trabalho com o próprio corpo (“a casa caiu”; bater palmas para cima; bater palmas para baixo), que as crianças iniciem o contato com alguns referenciais espaciais (dentro da cabana, do berço; fora da banheira; em cima do trocador; embaixo do cobertor), fazendo com que percebam e manipulem elementos e/ou objetos presentes na organização espacial da sua sala de aula.
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E AS RELAÇÕES SOCIAIS Trabalho e Cultura
CONTEÚDO: (***) Integração: relação espaço-trabalho.
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO * Levar as crianças para visitar e interagir com as demais crianças e funcionários e, por meio de observações, conversas e brincadeiras, iniciar o processo de descoberta em relação aos espaços que integram o CMEI, para que comecem a perceber que em cada um desses espaços há diferentes pessoas, organizações e trabalhos/funções sendo realizados. (***) Conteúdos que permeiam o trabalho no campo do saber geográfico e deverão compor a rotina das crianças no CMEI, não necessitando de Planos de Trabalho para sistematizá-los.
MATERNAL I: crianças de um (01) ano até dois (02) anos de idade
OBJETIVO PRINCIPAL
28
► Perceber que além de si o espaço comporta outras pessoas e elementos◄
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O CORPO Esquema Corporal
CONTEÚDOS:
Consciência espacial (Exploração do espaço: reconhecimento do seu corpo como um todo);
Consciência corporal (Rastejar, sentar, rolar, escalar, subir, andar, equilibrar, saltar, girar, correr, pular).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO * Propiciar momentos de exploração do próprio corpo e do corpo dos colegas nos diversos espaços do CMEI (sala, pátio, parque), por meio de brincadeiras, jogos, músicas, dramatizações; *Realizar diferenciados movimentos e posições corporais (rastejando para buscar objetos ou brinquedos, sentado, rolando, escalando, subindo, andando em diferentes direções, equilibrando-se, saltando, girando, correndo, pulando); * Solicitar, a partir de músicas e brincadeiras que as crianças toquem e/ou apontem as partes do seu corpo; * Incentivar que caminhem livremente e entre obstáculos; que saltem sobre uma corda balançando rente ao chão; *Organizar brincadeiras de imitação/ espelho; circuitos com saquinhos de areia, pneus, bambolês, minhocão, tendo em vista as diferenciadas possibilidades de locomoção e movimentação proporcionadas; * Estimular as crianças a partir do uso de espelhos para que reconheçam a sua imagem (corpo) e a dos colegas no espaço que encontram-se inseridas.
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O CAMPO PERCEPTIVO
Paisagem e Lugar
CONTEÚDO:
Paisagem da sala de aula (Objetos e mobiliário: funções/para que servem; sensações).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO * Orientar a observação de aspectos da paisagem da sala de aula (objetos e
29
móveis de que é composta); *Dialogar com as crianças acerca das funções dos objetos e móveis (para que servem), propiciando momentos de exploração, manuseio e utilização (em situações rotineiras, brincadeiras, jogos); * Trocar objetos e móveis de lugar, registrando por meio de fotografias as alterações realizadas no meio, tendo em vista que sejam observadas em outros momentos e possibilitem a percepção relativa às interferências que podem ocorrer na paisagem; * Promover momentos de observação e exploração dos objetos e móveis presentes na paisagem da sala de aula (pelo toque, brincadeiras, identificando-os a partir da observação de imagens/figuras, apontando-os; trocando-os de lugar, escondendo-os, mudando cores), abordando algumas preferências, sentimentos, etc. * Estimular as crianças para que percebam algumas propriedades sensoriais dos objetos e móveis da sala de aula.
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O ESPAÇO Organização Espacial
CONTEÚDOS:
Relações espaciais (Referenciais absolutos: dentro/fora; em cima/embaixo; junto/separado); (Referenciais relativos: perto/ longe);
Organização espacial da sua sala de aula (Objetos e móveis).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Promover variadas situações, cotidianas e lúdicas, (auxílio na organização dos brinquedos, brincadeiras, dramatizações), que envolvam a utilização de objetos e móveis que compõem a organização espacial da sala de aula, para que as crianças percebam que o corpo é um elemento que auxilia na relação com o espaço; * Propiciar brincadeiras, músicas infantis, assim como situações rotineiras (morto-vivo; caixa tátil ou surpresa; jogo de dados com figuras dos elementos que integram a organização espacial; relacionar imagens de objetos com os que constam no espaço da sala de aula), para que as crianças, por meio da relação direta do seu corpo no e com o espaço, utilizem os objetos e móveis que o compõem, podendo percebê-los a partir de alguns referenciais espaciais. (Dentro da caixa; fora do armário; em cima da mesa; embaixo da cadeira; bola ao cesto; macaco Simão/chefinho mandou; alguns comandos e questionamentos: agora todos juntos! A professora está longe ou perto de
30
você? E a mesa? Agora sente em cima da almofada; etc.).
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E AS RELAÇÕES SOCIAIS
Trabalho e Cultura
CONTEÚDO: (***) Integração: relação espaço-trabalho.
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Organizar momentos em que as crianças observem e explorem os espaços do CMEI (visitando-os; conhecendo os profissionais; observando-os na realização de seus respectivos trabalhos; imitando-os; experimentando as atividades por eles realizadas); * Organizar caixas com figuras e fotografias; promovendo a observação e alguns questionamentos: quem é/profissional; onde fica aquele espaço; brincando com as crianças das demais turmas) para que conheçam os demais espaços que integram o CMEI e as pessoas que neles realizam suas atividades, assim como se relacionem com as demais crianças e funcionários.
(***) Conteúdos que permeiam o trabalho no campo do saber geográfico e deverão compor a rotina das crianças no CMEI, não necessitando de Planos de Trabalho para sistematizá-los.
MATERNAL II: Crianças de três (03) anos completos ou a completar no
corrente ano
31
OBJETIVO PRINCIPAL
► Perceber que o espaço geográfico é constituído por vários lugares (espaços) e que nesses estão contidos elementos variados e diferenciados. ◄
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O CORPO
Esquema Corporal
CONTEÚDOS:
Consciência espacial (Exploração do espaço: reconhecimento do seu corpo como um todo);
Consciência corporal (Rastejar, sentar, rolar, escalar, subir, andar, equilibrar, saltar, girar, correr, pular, colocar, tirar, vestir-se).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Propor brincadeiras, músicas, jogos, dramatizações em que as crianças percebam o seu corpo como um elemento de exploração do espaço da sala de aula e de outros que compõem o CMEI (“Macaco Simão”; músicas infantis – “Pop-Pop”; “Cabeça, ombro, joelho e pé”). * Organizar momentos em que as crianças explorem os vários espaços da instituição (demais salas de aula, refeitório, parque, pátio) utilizando-se de diferentes posições corporais e possibilidades de movimentação e locomoção (rastejando, sentado, rolando, escalando, subindo, andando, equilibrando-se, saltando, girando, correndo, pulando, colocando, tirando, vestindo-se) de acordo com a organização de tais espaços. * Realizar brincadeiras e atividades, individuais e coletivas, como: comandos com bola e bexiga (rolar a bola; pular sobre ela; equilibrar a bexiga andando pelo espaço da sala de aula; etc.). * Confeccionar jogos de sobreposição com partes grandes, jogos de encaixe, quebra-cabeça, mapa do corpo, boneco de lata. * Contar histórias que envolvam diferentes possibilidades de movimentação e locomoção e que possam ser dramatizadas. * Organizar circuitos em que as crianças possam rastejar, correr, pular, etc.
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O CAMPO PERCEPTIVO
32
Paisagem e Lugar
CONTEÚDO:
Paisagem da sala de aula (Objetos da sala de aula, mobiliário: função/para que servem e como são utilizados; sensações).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
Proporcionar situações variadas, utilizando-se de brincadeiras e jogos que auxiliem na exploração e observação do espaço para que as crianças venham a perceber que as necessidades e/ou interesses do grupo interferem na paisagem. * Solicitar que identifiquem e nomeiem objetos e móveis que integram a paisagem da sala de aula, organizando momentos de manuseio e utilização (para que servem e como são utilizados – função social). * Realizar jogo da memória; mural com fotos; bingo com figuras de objetos questionando em quais locais estão inseridos no espaço da sala, bem como para que servem; caça ao tesouro com objetos escondidos e orientações a partir de pistas que retratem suas respectivas funções/ uso; organizar caixa surpresa ou tátil com objetos para que as crianças os identifiquem.
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O ESPAÇO Organização Espacial
CONTEÚDOS:
Relações espaciais (Referenciais absolutos: dentro/fora; em cima/embaixo; junto/separado; Referenciais Relativos: perto/longe; na frente/atrás);
Organização espacial da sua sala de aula e demais espaços do CMEI
(Noções de objetos, móveis e outros elementos).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Realizar visitações nos espaços que compõem o CMEI, conversando com as crianças sobre os objetos e mobiliário neles presentes, criando possibilidades de compará-los aos da sua sala de aula (observações; conversas dirigidas; representações através de desenhos, massa de modelar, recorte/colagem de figuras, fotografias), para que as crianças percebam as diferentes organizações espaciais presentes e ampliem suas experiências em relação ao espaço do CMEI; * Promover jogos, imitações, brincadeiras, músicas infantis, cantigas... (história
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da serpente; coelho sai da toca; lenço atrás; histórias dramatizadas; percursos/circuitos simples e com obstáculos; jogos da memória; brincadeiras com bolas e arcos/bambolês), em que as crianças experimentem alguns referenciais em relação ao seu corpo, bem como em relação aos objetos e móveis (em cima do armário; embaixo da mesa; dentro da gaveta; fora da sala; perto de você; longe da professora; na sua frente; atrás de você, todos juntos), para que as crianças percebam que tanto o seu corpo quanto os objetos que constam nos espaços do CMEI podem auxiliar no processo de localização/ orientação espacial.
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E AS RELAÇÕES SOCIAIS
Trabalho e Cultura
CONTEÚDO:
Relação espaço-trabalho.
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Realizar visitas dirigidas pelos espaços do CMEI apresentando os profissionais. * Propiciar a observação dos trabalhos realizados por cada profissional em seu respectivo espaço, fazendo com que as crianças observem-nos no exercício de suas funções; *Realizar brincadeiras (dramatização/ mímica) dos trabalhos observados; jogo da memória retratando os trabalhos/ profissões; recorte e colagem de figuras; etc., oportunizando experiências que permitam as crianças iniciar o processo de diferenciação dos trabalhos realizados em cada espaço que compõem o CMEI.
PRÉ - ESCOLAR I: crianças de quatro (04) anos completos ou a
completar no corrente ano
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OBJETIVO PRINCIPAL ► Perceber que o espaço é constituído por elementos naturais e culturais ◄
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O CORPO
Esquema Corporal
CONTEÚDOS:
Consciência espacial-corporal (Reconhecimento do seu corpo e do corpo dos colegas);
Consciência corporal (Rastejar, sentar, rolar, escalar, subir, descer, equilibrar, saltar, pular, correr, colocar, tirar, vestir-se, abotoar, amarrar, agachar).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO * Propiciar situações desafiadoras nos espaços experimentados no interior do CMEI para que as crianças percebam e experienciem diferenciadas possibilidades de movimentação e locomoção nesses espaços. * Realizar brincadeiras, jogos, entre outros que permitam movimentos e posições corporais variadas. (Rabiscando com materiais diversos em papel Kraft “bobina”; rastejando (dentro do minhocão, por exemplo) sentado para manipular e/ou observar determinados objetos; rolando sobre colchonetes ou tatames para buscar/ pegar objetos ou brinquedos; escalando, subindo/descendo, equilibrando objetos e equilibrando-se; pulando, correndo, colocando ou guardando objetos e brinquedos, tirando-os de caixas, agachando, etc. * Organizar circuitos com pequenos obstáculos (podem ser objetos, brinquedos e móveis que compõem a organização da sala ou outros selecionados previamente) para que as crianças saltem, corram, subam, desçam, agachem, rastejem.
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O CAMPO PERCEPTIVO Paisagem e Lugar
CONTEÚDO:
Paisagem de outros espaços do CMEI (Objetos e mobiliário: função e utilização; Noções de elementos naturais e culturais/humanizados).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO * Conversar frequentemente com as crianças em momentos reais de uso dos objetos e móveis que compõem a paisagem do espaço da sala de aula para
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que os reconheçam e identifiquem suas respectivas funções e necessidades, tanto no CMEI quanto na sociedade de modo geral. * Organizar conversas dirigidas, visitas monitoradas, brincadeiras e jogos que propiciem a observação e exploração dos elementos naturais e culturais presentes nos espaços do CMEI. * Promover a observação dos elementos naturais e culturais; confeccionando painel com figuras diferenciando-os; jogo da memória questionando, por exemplo, que elemento é e em que espaço está inserido. * Mostrar, nomear e diferenciar constantemente os elementos que constituem a paisagem da sua sala de aula e de outros espaços do CMEI em elementos naturais (produzidos pela dinâmica da natureza) e culturais (construídos pelo ser humano a partir da sua ação transformadora - o trabalho). * Realizar bingo contendo os objetos, móveis, bem como com os elementos naturais e culturais presentes na paisagem da sala de aula e do CMEI. * Questionar para que servem os objetos e móveis (finalidade), quem os utiliza, em quais momentos. * Organizar momentos de observação e análise com objetos de outros espaços do CMEI e, sempre que possível, observá-los nos locais em que encontram-se inseridos. * Estabelecer algumas relações de semelhanças e diferenças entre os objetos que constam na sala de aula e outros espaços observados e analisados no interior do CMEI. * Confeccionar quebra-cabeça dos objetos e móveis; jogo da memória com os elementos naturais e culturais, etc.
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O ESPAÇO Organização e Representação
CONTEÚDOS:
Relações espaciais (Referenciais Absolutos: dentro/fora; em cima/embaixo; junto/separado; Referenciais Relativos: perto/longe; na frente/atrás; esquerda/direita);
Organização espacial e Representação da sala de aula (Objetos e móveis);
Organização espacial do CMEI (Noções do espaço como um todo).
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SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Oportunizar experiências relativas ao corpo no espaço do CMEI, considerando-o como um elemento de localização e orientação, assim como de movimentação e locomoção. * Promover brincadeiras a partir dos referenciais espaciais para que as crianças percebam o seu corpo em relação aos objetos e mobiliário presentes na organização espacial da sua sala de aula. * Conversar com frequência sobre as funções dos objetos e mobiliário, bem como a respeito da importância e necessidade de representação dos espaços, inicialmente o espaço da sala de aula. * Organizar sequências com bambolês para passar por dentro; perto, longe, esquerda, direita (considerando o próprio corpo como referencial ou objetos delimitados anteriormente). * Localizar no espaço da sala de aula ou em outros espaços do CMEI os elementos naturais e culturais, identificando-os em relação a alguns referenciais espaciais delimitados anteriormente (o que está na frente, atrás, à esquerda, à direita, perto, longe. * Identificar, em determinados momentos, os lados direito e esquerdo das crianças em seus corpos e promover diferenciadas atividades (brincadeiras e jogos). * Promover visitas e conversas pelos diferentes espaços/ambientes que compõem a organização espacial do CMEI, tendo em vista que as crianças observem e percebam a relação de interdependência e, ao mesmo tempo, articulação existente entre eles, assim como solicitar que iniciem tentativas de representação de sua totalidade, relembrando anteriormente através de conversas os espaços que conheceram. (Quais elementos continham nesses espaços; que pessoas/profissionais realizam neles suas atividades; utilizando recorte/colagem de figuras para confeccionar painéis, desenhos; massa de modelar; maquetes simples com sucatas ou outros materiais, etc.).
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E AS RELAÇÕES SOCIAIS
Trabalho e Cultura
CONTEÚDOS:
Noções de normas/regras e costumes/tradições
Trabalho no CMEI (Quem trabalha; o que faz; em que espaço; com qual finalidade).
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SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Propiciar conversas e visitas dirigidas pelos espaços que compõem o CMEI, para que as crianças possam observar e perceber algumas regras/normas e costumes/tradições presentes em cada um deles e no CMEI de modo geral, identificando que alguns são próprios da cultura escolar e/ou da escola. (Exemplo: perceber que o refeitório detém algumas regras próprias desse espaço – todos devem permanecer sentados durante as refeições). * Estabelecer rotinas, horários; comparar as regras/normas e/ou costumes/tradições com outros espaços esperienciados pelas crianças, como por exemplo, o espaço familiar, religioso, distinguindo-os. * Realizar momentos de observação, análise, conversas dirigidas/ questionamentos em relação aos trabalhos desenvolvidos (Você trabalha? Seus pais/familiares trabalham? O que eles fazem? A professora trabalha?). * Promover jogos da memória e dramatizações que proporcionem a experimentação e a percepção de que no CMEI são realizados diferenciados trabalhos, enfatizando que cada qual detém sua especificidade, no entanto são interrelacionados e relevantes para o seu funcionamento.
PRÉ - ESCOLAR II: crianças de cinco (05) anos completos ou a
completar no corrente ano
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OBJETIVO PRINCIPAL
► Desenvolver a noção de constituição espacial ◄
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O CORPO
Esquema Corporal
CONTEÚDOS:
Consciência espacial-corporal (Identificação do seu corpo e do corpo dos colegas);
Consciência corporal (Rastejar, sentar, rolar, escalar, subir, descer, equilibrar, saltar, pular, correr, colocar, tirar, vestir-se, abotoar, amarrar, agachar).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Realizar conversas, jogos e brincadeiras que explorem a movimentação, diferenciadas posições corporais e a locomoção nos espaços que compõem o CMEI. * Fazer com que as crianças percebam o espaço no qual encontram-se inseridas, observando-o e explorando-o a partir de diferenciados pontos de vista. *Propor imitações, brincadeiras com músicas, inclusive utilizando espelhos, para que as crianças identifiquem tanto o seu corpo quanto o corpo dos colegas, compreendendo o seu lugar e o lugar do outro, numa perspectiva de totalidade, percebendo que este é um elemento fundamental para a exploração dos espaços. * Organizar momentos com brincadeiras desafiadoras com circuitos, por exemplo, explorando situações rotineiras nas quais as crianças possam experimentar posições corporais variadas. (Rastejando dentro do “minhocão” ou para pegar objetos e brinquedos, sentando em diferentes posições – no chão, nos móveis - para observar o espaço sob diferenciados pontos de vista, rolando sobre colchonetes e tatames, escalando e/ou subindo em determinados móveis ou em circuitos organizados previamente, equilibrando-se, saltando, pulando, correndo em espaços e percursos delimitados, colocando e tirando objetos e brinquedos em caixas ou outros locais (guardando-os), vestindo-se, agachando “morto-vivo”, etc.).
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O CAMPO PERCEPTIVO
Paisagem e Lugar
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CONTEÚDOS:
Paisagem dos demais espaços do CMEI (Objetos e mobiliário: função e utilização; Noções de elementos naturais e culturais/ humanizados);
Paisagem dos arredores do CMEI (Noções de elementos naturais e culturais/ humanizados);
Qualidade ambiental do CMEI e arredores (Noções de preservação/ poluição);
Paisagem do espaço de moradia (familiar) (Objetos e móveis).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Oportunizar momentos de brincadeiras, jogos, observação e exploração dos espaços que compõem o CMEI e seus arredores. * Realizar aula de campo no interior do CMEI e pelos arredores da instituição, com possibilidades de ampliação para outros espaços. * Promover a reorganização dos espaços vividos na instituição (sala de aula, pátio, entre outros), conversando em momentos reais de uso - situações rotineiras - sobre a função e utilização dos objetos e mobiliário que integram-os. * Diferenciar os elementos que constituem a paisagem do CMEI e seus arredores em naturais e culturais/humanizados, utilizando, além da observação, recorte/colagem, fotografias, jogos da memória, quebra-cabeça, percursos, etc. * Organizar aulas de campo para observação e análise das paisagens dos arredores do CMEI e outros espaços, sempre que possível, conversando com as crianças a respeito dos elementos que as integram; identificando os elementos naturais e culturais presentes; identificando barulhos/sons, cheiros; problemas, bem como possíveis alternativas de superação; confeccionando cartazes com figuras a partir de recorte/colagem, desenhos, fotografias, confecção de maquetes simples com sucatas ou outros materiais, massa de modelar, etc. * Analisar elementos que constituem e caracterizam as paisagens urbanas e rurais do município, por meio da observação de imagens, fotografias, aula de campo, conversas dirigidas, questionamentos, entre outros. * Propor pesquisas com familiares; solicitar observações, nas quais as crianças possam identificar alguns dos objetos e mobiliário que constituem a paisagem do seu espaço de moradia/familiar (casa), assim como possam
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representá-los utilizando-se de diferenciadas maneiras. * Estabelecer algumas relações de semelhanças e diferenças em relação aos objetos e móveis que são próprios do espaço escolar (CMEI) com os característicos do espaço de moradia (casa).
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E O ESPAÇO Organização e Representação
CONTEÚDOS:
Relações espaciais (Referenciais Absolutos: dentro/ fora; em cima/ embaixo; junto/separado; Referenciais Relativos: perto/ longe; frente/ atrás; esquerda/ direita);
Organização espacial e Representação da sala de aula (Objetos e móveis)
Organização e Representação espacial do CMEI (Noções do espaço como um todo; Desenhos, massa de modelar, recorte/ colagem, maquete...);
Organização e Representação do espaço familiar/ moradia (Noções do espaço como um todo).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Promover conversas dirigidas, brincadeiras, músicas, jogos, dramatizações e atividades rotineiras nas quais as crianças possam experienciar alguns referenciais relativos e absolutos. (Dentro do CMEI; fora da sala de aula; em cima da mesa; embaixo da cadeira; perto da sala de aula; longe do parque; atrás do refeitório; na frente do banheiro; a esquerda de...; a direita de...) nos espaços que compõem a totalidade do CMEI, utilizando-se da paisagem que o integra (objetos e mobiliário). * Propor momentos de observação/exploração, brincadeiras; organizando conversas dirigidas e questionamentos para que percebam a organização espacial (disposição de objetos e mobiliário), tanto da sala de aula (espaço de referência) quanto do CMEI em sua totalidade, identificando os diferentes ambientes que o compõem, assim como a relação de interdependência existente entre os mesmos. * Organizar situações para que as crianças percebam que os espaços são pensados e organizados de acordo com os interesses e/ou necessidades dos grupos. * Perceber que os espaços podem ser representados de diversas maneiras (noções de desenhos, recorte/colagem, maquetes, massa de modelar, músicas, fotografias, plantas baixas, mapas, croquis) e sua necessidade/
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função social (enquanto elemento auxiliar da memória, tendo em vista um espaço que não está presente; para análises/comparações e estabelecimento de relações em momentos posteriores; para observação; arquivo; etc.), propondo a utilização de algumas dessas formas para representar seus espaços vividos; * Organizar pesquisas/entrevistas com familiares, solicitando observações do espaço de moradia/casa (noções gerais do espaço: objetos, móveis, ambientes/cômodos,) utilizando para representá-lo desenhos, maquetes simples, recorte/colagem, massa de modelar. * Comparar os elementos presentes na organização dos vários espaços que integram tanto o espaço de moradia quanto o escolar, assim como em relação a diversidade de espaços relativos as moradias das crianças, visando que estabeleçam noções de semelhanças e diferenças entre tais espaços.
CATEGORIA ESPACIAL: A CRIANÇA E AS RELAÇÕES SOCIAIS Trabalho e Cultura
CONTEÚDOS:
Relações sociais (Noções de normas/regras; costumes/ tradições);
Trabalho no CMEI (Quem trabalha - o que faz; em que espaço; com qual finalidade).
SUGESTÕES DE SITUAÇÕES DE ENSINO E APRENDIZADO
* Perceber por meio de observações, conversas dirigidas e questionamentos que no interior do CMEI são realizados diversos trabalhos, reconhecendo suas respectivas necessidades, bem como a relevância de cada qual para o adequado funcionamento da instituição. * Confeccionar quebra-cabeça, jogo da memória; Realizar brincadeiras de dramatização/imitação para que as crianças identifiquem os trabalhos presentes na organização do CMEI. * Dialogar com as crianças, observando e analisando regras e normas e costumes e tradições característicos da cultura escolar ou da escola, fazendo-as perceber que essas auxiliam no seu funcionamento. (Exemplo: perceber que o refeitório detém algumas regras próprias desse espaço – todos devem permanecer sentados durante as refeições).
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ANDRADE, M. C. Geografia, ciência da sociedade: uma introdução à análise do pensamento geográfico. Recife: UFPE, 2008. BERQUE, A. Paisagem-marca, paisagem-matriz: elementos da problemática para a geografia cultural. In: CORREA, Roberto Lobato; ROSENDHAL, Zeny (Orgs.). Paisagem, tempo e cultura. Rio de Janeiro: Eduerj, 1998. p. 84-9. BRASIL. Geografia. Coleção Explorando o Ensino. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria do Ensino Fundamental (SEF). Parâmetros Curriculares Nacionais: História e Geografia. V. 5. 3. Ed. Brasília: MEC/SEF, 2001. CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Caderno Cedes, Campinas, v. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago. 2005. ____________________. O Ensino de Geografia: recortes espaciais para análise. In: Antônio C. Castrogiovanni (Org). Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Porto Alegre: AGB, 1998. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Org). Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2000. CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção do conhecimento. Campinas: Papirus: 1998. KOZEL, Salete; FILIZOLA, Roberto. Didática de Geografia: memórias da terra: o espaço vivido. São Paulo: FTD, 1996. MENDES, João. Fundamentos e metodologia do ensino de geografia. Curitiba: Fael, 2010. MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas. Papirus: 1997. PEREIRA, Diamantino. Paisagens, lugares e espaço: a Geografia no ensino básico. Boletim Paulista de Geografia, n. 79. Associação dos Geógrafos Brasileiros. Seção São Paulo: AGB, 2003. SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1997. ______________. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e metodológicos da geografia. São Paulo: Hucitec, 1997. ______________. Por uma geografia nova: da crítica da Geografia a Geografia crítica. 3ª ed. São Paulo: Hucitec, 1990.
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SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 5. Ed. São Paulo: Autores Associados, 1995. VESENTINI, J. W. (Org.). O ensino de geografia no século XXI. Campinas: Papirus, 2004.
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